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Quine-o-que-ha-1948

Date post: 13-Nov-2015
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v W V QUINE DE UM PONTO DE VISTA LÓC ICO- Tradução de Luis Henrique dos Santos (Sobre o que Há), Marcelo Guimarães da Silva Lima (Dois Dogmas do Empirismo) e João Paulo Monteiro (Identidade, Ostensão, Hipóstase) -t r Traduzido do original inglès: From a Logical Point of View, Cambridge, Mass., 1953, Ha¡vard University Press. Desse texto são extraídos os ensaios acima citados, que constituem os três primeiræ capítulos. (N. do E.)
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  • vW V QUINE

    DE UM PONTODE VISTALC ICO-

    Traduo de Luis Henrique dos Santos (Sobre o que H), Marcelo Guimares da Silva Lima(Dois Dogmas do Empirismo) e Joo Paulo Monteiro (Identidade, Ostenso, Hipstase)

    -t

    r Traduzido do original ingls: From a Logical Point of View, Cambridge, Mass., 1953, Havard UniversityPress. Desse texto so extrados os ensaios acima citados, que constituem os trs primeir captulos. (N.do E.)

  • rSOBRE O QUE H*Um aspecto eurioso do problema ontolgico sua simplicidade. Ele pode

    ser formulado com trs monosslabos portugueses: "O que h?" Alm disso,pode ser resolvido com uma palavra

    -

    "fsds" -

    e todos aceitaro essaresposta como verdadeira. No entanto, isso simplesmente dizer que h o queh. Resta margem para desacordo em situaes particulares; e assim a questopermaneceu de p pelos siculos.

    Suponhamos que dois ilsofos, McX e eu, discordem em ontologia. Supo-nhamos que McX sustente haver algo que eu sustente no haver. McX pode,inteiramente de acordo com seu prprio ponto de vista, traar nossa diferenade opinio dizendo que eu me recuso a reconhecer certas entidades. Devo, natu-ralmente, objetar que sua formulao de nosso desacordo no correta, poissustento no haver nenhuma entidade, da espcie que ele alega, para que euas reconhea; mas julgar incorreta sua formulao de nosso desacordo irrele-vante, pois de qualquer modo sou obrigado a considerar sua ontologia incorreta,

    Quando, por outro lado, tento formular nossa diferena de opinio, pareceque me vejo em embarao. No posso admitir que h coisas que McX sustentae eu no, pois, ao admitir que h tais coisas, eu estaria contradizendo minhaprpria rejeio delas.

    Seguir-se-ia, se esse raciocnio fosse s^olido, que em toda disputa ontol-gica quem defende a parte negativa sofre d desvantagem de no poder admitirque seu oponente dele discorda.

    Esse o velho enigma platnico do no-ser. O no-ser deve em algumsentido ser, caso contrrio o que seria aquilo, que no ? Essa doutrina emara-nhada pode ser apelidacla de a barba de Plto; historicamente provou-se obsti-nada tirando freqentemente o fio da navalha de Occam,

    E uma tal linha de pensamento que conduz filsofos como McX a atribuirser onde, de outro modo, se contentariam em reconhecer que no h nada.Assim, tomemos Pgaso. Se Pgaso no fosse, argumenta McX, no estaramosfalando de nada quando usamos essa palavra; portanto, no teria sentido dizernem mesmo que Pgaso no . Acreditando ter assim mostrado que a negaode Pgaso no pode ser coerentemente mantida, conclui que Pgaso .

    McX no pode, na verdade, persuadir-se de todo de que alguma regiodo espao-tempo, prxima ou remota, contenha um cavalo alado de carne eosso. Instado a fornecer mais pormenores acerca de Pgaso, diz ento que uma idia nas mentes dos homens. Aqui, entretanto, comea a se tornar evidente

    * Traduzido do original ingls "On What There is", in From a Logical Point ol View,H.ar-per & Row, Nova York, 1963, pp. 1-19.

    --

  • -.ri

    224 QUINE

    uma confuso. podemos, para argunentar, conceder que haja uma entidade,e mesmo uma nica .iiJ t"rno1u.de fato isso sej pouco plausvel)' queseria a idia-mental-p;;;;^J n- "tta entidade mentl que se est falandoouando se nega Pgaso.' McX nuca confunde o Partenon coa idia-Partenon mentalde idias, e no tenho na idia-Partenon invisv

    na.

    ; voltemos ontologia do sr' Y' ,.', por muitos aspectos, desagradvel'o'n'., tm uma queda Por Paisagens

  • 7SOBRE O QUE H 225

    desertas, mas isso no o pior. O cortio de possveis do sr, Y um terrenopropcio roliferao de elementos desordeiros. Considere-se, por exemplo,o homem gordo possvel no umbral daquela porta; e agora o homem calvopossvel no umbral daquela porta. So eles o mesmo homem possvel ou doishomens possveis? Como decidir? Quantos homens possveis h no umbral daquelaporta? H mais magros do que gordos possveis? Quantos deles so semelhantes?Ou o fato de serem semelhantes torna-os um nico? Duas coisas possveis nuncaso semelhantes? Isso o mesno /que afirmar ser impossvel que duas coisassejam semelhantes? Ou, finalmente, o conceito de identidade simplesmenteinaplicvel a possveis no realizados? Mas que sentido h em falar de entidadesque no podem significativamente ser ditas idntica's a si mesmas e distintas umada outra? Esses elementos so praticamente incorrigveis. Por meio de uma terapiafregiana de conceitos individuais 2 poder-se-ia lazer uma tentativa de reabili-tao; mas pressinto que o melhor seja simplesmente remover o cortio do sr. Ye esquec-lo.

    A possibilidade, assim como as demais modalidades da-necessidade, impos-sibilidade e contingncia, coloca problemas aos quais no pretendo sugerir quedevamos dar as costas. Mas podemos ao menos restringir as modalidades aenunciados globais. Podemos impor o advrbio "possivelmente" a um enunciadoglobal e podemos perfeitamente preocupar-nos com a anlise semntica dessaconstruo; mas de esperar um pequeno progresso efetivo nessa anlisepor expandirmos nosso universo a fim de nele incluir as chamadas entidadespossveis. Suspeito que o principal motivo dessa expanso seja simplesmente avelha idia de que Pgaso, por exemplo, deva ser, porque caso contrrio noteria sentido dizer nem mesmo que ele no .

    Ainda mais, toda a riqlueza e exuberncia do universo de possveis do sr. ypareceria reduzir-se a nada ao modificarmos um pouco o exemplo e falarmosno de Pgaso, mas da cpula redonda e quadrada do Berkeley College. Se, arnenos que Pgaso fosse, no tivesse sentido dizer que ele no , ento, pelomesmo motivo, a menos que a cpula redonda e quadrada do Berkeley Collegefosse no teria sentido dizer que ela no . Mas, ao contrrio de Pgaso, acpula redonda e quadrada do Berkeley College no pode ser admitida nemmesmo como um possvel no realizado. Podemos agora obrigar o sr. Y a admitirtambm um reino de impossveis no realizados? Nesse caso, um bom nmerode questes embaraosas poder-se-ia levantar a seu respeito. Poderamos inclu-sive esperar que o sr. Y fosse apanhado em contradies, levando-o a admitirque algumas dessas entidades so ao mesmo tempo redondas e quadradas. Maso esperto sr. Y escolhe a outra parte do dilema e concede que no tem sentido'dizer que a cpula redonda e quadrada do Berkeley College no seja. Ele dizque a expresso "cpula redonda e quadrada" assignificativa.

    O sr. Y no foi o primeiro a abraar essa alternativa, A doutrina da assig-nificatividade das contradies remonta ao passado. A tradio sobrevive, almdisso, em autores que parecem no compartilhar de nenhuma das motivaesdo sr, Y, Ainda assim, fico imaginando se no foi essencialmente a mesma moti-vao observada no sr. Y que pela primeira vez instigou a uma tal doutrina.Ela no dispe, certamente, de nenhum atrativo intrnseco; e conduziu seusadeptos a extremos to quixotescos quanto o de contestar o mtodo de prova

    {

    2 Cf. Quine, From a Logical Point ol View, Harper & Row, Nova York, 1963, p, 152,

  • 226 QUINE

    por reductio ad absurdum -

    atitude em que pressinto tma reductio ad absurduntda prpria doutrina.

    Alm disso, a doutrina de assignificatividade das contradies apresenta asria desvantagem metodolgica de tornar impossvel, por princpio, que algumdia se elaboreim teste efetiyo de significatividade. No nos seria jamais possvelarquitetar meios sistemticos para decidir se uma c do

    -memo para cada um de ns individualmente, deix do -ou no. Isso porque se segue de uma descoberta mate-

    mtica que no pode haver nenhum teste de contraditoriedade geralmente apli-cvel.

    Referi-me desairosamente barba de Plato e insinuei que ela emara-nhada. Estendi-me longamente sobre os inconvenientes de sustent-la. ' horade pensar em medidas positivas.

    Russell, em sua teoria das chamadas descries singulares, mostrou clara-mente como podemos empfegar significativamente nomes aparentes sem suporque haja as ntidades supostamente nomeadas. Os nomes a que a teoria deRussell diretamente se aplica so nomes descritivos complexos, tais como "oautor de Waverley", "o atual rei da Frana", " cpula redonda e quadrada doBerkeley College". Russell analisa tais expresses sistematicamente como frag-mentos das sentenas globais onde ocorrem. A sentena "O autor de Wverleyfoi um poeta", por exemplo, globalmente interpretada como significando"Algum (ou melhor: aljo) escrevet Waverley e foi um poeta, e nada maisescrveu Waverley". (O objetivo dessa orao adicional o de afirmar a unici-dade que est implcita na palavra "o", em "o autor de Waverley"./ A sentena"A cpula redonda e quadrada do Berkeley College losa" interpretada como"Algo- redondo e quadrado e uma cpula rlo Berkeley College e rosa' enad mais redondo e quadrado e uma cpula do Berkeley College"' a

    A virtude dessa anlise consiste em que o nome aparente parafraseadono contexto, como um chamado smbolo incompleto. Nenhuma expresso inde-pendente se oferece como uma anlise de expresso descritiva, mas o enunciadocomo um todo, que era o contexto dessa expresso, mantm ainda sua cotaintegral de significado

    -

    seja ele verdadeiro ou falso,O enunciado no analisado "O autor de Waverley foi um poeta" contm

    uma parte, "o autor de Waverley", illlo McX e o sr. Y incorretamente supemexigir referncia objetiva para ser de alguma maneira significativa. Mas, natraduo de Russell, "Algo escreveu Waverley e foi um poeta e nada maisescreveu Waverley", o fardo da referncia objetiva, que se havia posto sobrea expresso descritiva, agora assumido por palavras do tipo daquelas que oslgicos chamam de variveis ligadas, variveis de quantificao, a saber, palavrascomo "algo", "nada", "tudo", Essas palavras, longe de pretenderem ser nomesespecificamente do autor de Waverley, no pretendem absolutamente ser nomes;referem-se a entidades em geral, com uma espcie de ambigidade intencionalque lhes peculiar.5 Essas palavras quantificacionais ou variveis ligadas cons-tituem naturalmente uma parte bsica da linguagem e sua significatividade, aomenos em contextos, no deve ser contestada. Mas sua significatividade de modo

    3 Cf, Church, "A note on the Entscheidungsproblem", Iournal of Symbolic Losic I, L936,pp. 40 e ss., 101 e sS. Para uma apresentao possivelmente mais conveniente do argumento,f. Hitbert and Bernavs, Grundlagen der Mathematk, vol. 2 (Springer), Berlim, 1934, 1939;segunda impresso, Edwards, Ann Arbor, 1944). Para mais pormenores sobre a teoria das descries, cf. Quine, op. cit., pp. 85 e s., 166 e s'5 Para um tratamento mais explcito das varaveis ligadas, cf, Quine, op. cit., pp. 82, 102 e s'

    r;

    'L

  • 7-

    qlggm plessu_pqg haver ou o autor de waverley, ou a redonda cpula quadradado Berkeley College, ou quaisquer outros objetos especificamente predeterminados.

    No que diz respeito a descries, no h mais qualquer dificuldade emafirmar ou negar ser. "H o autor de Waverley" interpretado por Russell comosignificando "A_lgum (ou mais rigorosamente, algo) escreveu lYaverley e nadamais escrevet waverley". "o autor de waverley- no interpretado, corres-pondentemente, como a disjuno "Ou cada coisa no escreveu Waverley, ouduas ou mais coisas-escreveram waverley". Essa disjuno falsa, mas signi-ficativa; e no contm nenhuma expresso que pretenda nomear o autor deWaverley. O enunciado "A cpula redonda e quadrada do Berkeley Collegeno " analisado de maneira anloga._Arruna-se assim a velha idia de queenunciados de no-ser se autodestroem. Quando um enunciado de ser ou no-er analisado segundo a

    .teoria das descries de Russell, deixa de conter qual-quer expresso que at mesmo pretenda nomear a suposta entidade cujo serest em questo, de modo que no se pode mais conceber que a signifiativi-dade do enunciado pressuponha haver tal entidade.

    E quanto a "Pgaso"? Sendo uma palavra, mais do que uma expressodescritiva, a ela o argumento de Russell no se aplica imediatamente. No eitanto,pode-se facilmente fazer com que se aplique. Temos apenas que reescrever"Pgaso" como uma descrio, de qualquer maneira que parea particularizaradequadamente nossa idia; digamos, "o cavalo alado que foi cpturado porBelerofonte", substituindo "Pgaso" por essa expresso, podemos enfo proceera uma anlise do enunciado "Pgaso ", ou "Pgaso rto ", exatamente anloga anlise de Russel de "O autor de Waverley " e "O autor de d,e Iloverley no ,.

    Assim, para subsumir um nome, ou suposto nome, constitudo por umanica palavra, como "Pgaso", sob a teoria das descries de Russell, natural-rnente devemos antes ser capazes de traduzir essa palavra em termos de umadescrio. Mas essa no uma restrio efetiva. Se a idia de pgaso fosse toobscura ou to bsica a ponto de naturalmente no se ter oferecido nenhumatraduo conveniente em termos de uma expresso descritiva, poderamos aindater-nos valido do seguinte estratagema artificial e aparentemente trivial; pode-ramos ter recorrido ao atributo de ser Pgaso, ex hypothesl no analislvel eirredutvel, adotando para exprim-lo o verbo "-Pgaso", ou ,,pegaseia',. Osubstantivo "Pgaso" poderia ento, ele prprio, ser tratado como erivado eidentificado, em ltima instncia, com a descrio: "a coisa que -pgaso,',,,coisa que pegaseia".

    Se a importao de um predicado como "pegaseia" parece obrigar-nos areconhecer que h, no cu de Plato ou nas mentes dos homens, um atributocorrespondente, o pegasear, est tudo muito bem. At agora nem ns nem osr. Y nem McX discutamos a respeito do ser ou no-ser dos universais, masa respeito do ser ou no-ser de Pgaso. Se em termos de pegasear podemosinterpretar o substantivo "Pgaso" como uma descrio sujeita teoria dasdescries de Russell, afastamos ento a velha idia de que no se pode dizerque Pgaso no sem pressupor que, em algum sentido, Pgaso seja.

    Nosso argumento agora sufitientemente geral. McX e o sr, y supunhamque no podamos significativamente afirmar um enunciado da forma "Tal-e-talno ", com um substantivo singular simples ou descritivo no lugar de "tal-e-tal",a menos que tal-e-tal fosse. Vemos agora que essa suposio geralmente infun-

    SOBRE O QUE H^4, ))1

    Para mais observaes quanto a essa assimilao de todos os termos singulares em des-cries, cf. Quine, op. ct., p. 167; tambm Qluine, Methods of Logic, Holt, Nova York,1950, pp, 218-224.

    -,-

  • I228 OUINE

    dada, desde que o substantivo singular em questo pode sempre, trivialmenteou no, ser convertido numa descrio singular e ento analisado /c Russell.

    quando dizemos que Pgaso, ou o autor de Waverley, ou a cpula em questoiao . No precisamos mais trabalhar sob o peso da iluso de que a significa-tividade de um enunciado que contm um termo singular pressupe uma enti-dade nomeada pelo termo. Um termo singular no precisa nomear para ser signi-ficante.

    Um simples pressentimento desse fato poderia ter iluminado o sr. Y e McX,mesmo sem proveito para Russell, se tivessem percebido

    -

    como to poucos

    nesse caso, sendo diferentes um do outro, devem ser distintos do objeto nomeado,que um e o mesmo em ambos os casos.

    A confuso entre significar e nomear no apenas fez McX acreditar que

    mente, pol sua vez, a idia de idias na mente. Pgaso, portanto, inicialmenteconfundldo com um significado, acaba como uma idia na mente. O mais notvel o fato de que o sr. Y, sujeito mesma motivao inicial que McX, devesseevitar essa bobagem particular e, em compensao, acabar com possveis norealizados.

    Voltemo-nos agora ao problema ontolgico dos universais: questo desaber se h entidades tais como atributos, relaes, classes, nmeros, funes.McX, bem caracteristicamente, acredita que h. Falando de atributos, ele diz:"H casas vermelhas, rosas vermelhas, ocasos vermelhos; tudo isso senso comumpr-filosfico, com o que todos devemos concordar. Essas casas, rosas e ocasostm, pois, algo em comum; e isso que eles tm em comum tudo o queentendo pelo atributo da vermelhido". Para McX, portanto, havel atributos

    z Cf. Frege, "On Sense and Nominatum", in Feigl and Sellars (eds.), Rdigs in Philoso-phical Analysrs, Appleton-Century-Crofts, 1949, pp, 85-102. Traduo de "Ueber Sinn undBedeutung", Zetschrift luer Philosophie und Philosophische Kritk l0O, 1892, pp' 25-10'

    t

  • SOBRE O QUE H 229

    ainda mais bvio e trivial do que o fato bvio e trivial de haver casas, rosas eocasos vermelhos. Isso, creio eu, caracterstico da metaflsica, ou ao menosdaquela parte da metafsica chamada de ontologia: quem considera um enunciadodessa disciplina de algum modo verdadeiro, deve considerlo trivialmente verda-deiro. A ontologia de cada um est na base do esquema conceitual por meiodo qual interpreta todas as suas experincias, mesmo as mais ordinrias. Julgadono interior de algum esquema conceitual particular

    -

    e de que outro modo possvel um juzo?

    -

    um enunciado ontolgico mantm-se por si, no reque-rendo absolutamente nenhuma justificao particular. Enunciados ontolgicosseguem-se imediatamente de toda espcie de enunciados casuais acerca de fatosordinrios, assim como

    -

    ao menos do ponto de vista do esquema conceitualde McX

    -

    "H um atributo" segue-se de -"H casas vermelhas,-rosas vermelhas,ocasos vermelhos".

    Julgado em outro esquema conceitual, um enunciado ontolgico que axio-mtico para a mente de McX pode, de modo igualmente imedito e trivial, serpronunciado falso. Algum pode admitir que haja casas, rosas e ocasos ver-melhos, mas negar, exceto como uma maneira de dizer vulgar e traioeira, queeles tenham algo em comum. As palavras "casas", "rosas" e "ocasos" so verda-deiras de diversas entidades individuais que so casas e rosas e ocasos, e apalavra "vermelho", ou "objeto vermelho", verdadeira de cada uma das diversasentidades individuais que so casas vermelhas, rosas vermelhas, ocasos vermelhos;mas no h, alm disso, qualquer entidade, individual ou no, nomeada pelapalavra "vermelhido" nem, do mesmo modo, pela palavra "casidade", "rosi-dade", "ocasidade". Que as casas, rosas e ocasos sejam todos eles vermelhospode ser. considerado algo fundamental e irredutvel, e pode-se sustentar qeMcX no ganha nada, em termos de poder explicativo fetivo, com todas asentidades ocultas que ele pe sob nomes tais como "vermelhido".

    Uma das maneiras pelas quais McX poderia naturalmente ter-nos tentadoimp-or sua ontologia de universis j foi afstada, antes que nos voltssemos aoproblema dos universais. McX no pode argumentil que redicados como "ver-melho" ou "-vermelho", que todos concordamos em mpregar, devam ser enca-rados como nomes, cada um de uma nica entidade universal, a fim de seremde algrtm modo significativos. Isto porque vimos que ser nome de algo umtrao muito mais especfico do que ser significativo. Ele no pode nem mesmonos acusar

    -

    ao menos no por este atgtJmento -

    de termos suposto um atri-buto de pegasear ao adotarmos o predicado "pegaseia".

    No entanto, McX descobre um estratagema diferente. "Aceitemos", diz ele,"essa distino entre significar e nomear que voc tanto preza. Aceitemos mesmoque '-vermelho', 'pegaseia', etc., no sejam nomes de atributos. Ainda assimvoc admite que possuem significados. Mas esses signilicados, sejam eles nomea-dos ou no, so ainda universais, e arrisco-me a dizer que alguns deles podemme.smo ser as prprias coisas que chamo de atributos, u algo que em ltimaanlise resulte no mesmo,"

    Para McX esse um discurso extraordinariamente penetrante; e no sei deoutra maneira de opor-me a ele seno ecusando-me a aceitar significados. Noentanto, no sinto nenhuma relutncia em recusar-me a aceitar significados, poisnem por isso nego que palavras e enunciados sejam significativos. McX e eupodemos-,concordar literalmente em nossa classifi-cao das formas lingsticasem significativas e assignificativas, mesmo McX construindo a significalividadecomo o possuir (em algum sentido de "possuir") alguma entidade abstrata quechama de significado, enquanto eu no o fao. continuo livre para susteniarque o fato de que uma dada emisso lingstica seja significativa (ou significante,

    ,,_

  • 230 QUINE

    s modo a no favorecer a hipstase de significados comorealidade fundamental e irredutvel; ou ento posso tentarem termos do que as pessoas fazem na presena da emisso

    lingstica em questo e de outras semelhantes a ela.Reduzem-ie a duas as maneiras teis como as pessoas ordinariamente falam,

    ou aparentemente falam, de significados: o t significado, que a significncia,e a itentdade de significado, u sinonmia. O que chamamos dar o .significadode uma emisso consiste simplesmente em emitir um sinnimo, freqentementeformulado numa linguagem mais clara. Se formos alrgicos aos signlficados

    - te de emisses como sendo significantesu heternimas uma em relao outra."significante" e "sinnimo" com algumia' a meu. rffi i'-,i.il :irffi'"ffi i:

    chamadas de significados, certamente ilusrio.

    que podemos e ignificante-eisupor haver a Pretendemque podemos r exemPlo,

    predicados, sem reconhecJs cmo nomes de entidades abstratas' Argumenteiindu qu" podemos encarar emisses como significantes, e sinnimas ou heter-nimas ma-em relao outra, sem admitir um reino de entidades chamadas sig-nificados. Nesta altura McX comea a se perguntar se h algum tipo de limitepara nossa imunidade ontolgica. Nada do que possamos dizer nos compfome-'te

    com a assuno de univeisais ou o ltras entidades que possamos julgar in-desejveis?

    J sugeri uma resposta negativa a essa questo, ao falar_de variveis ligadas,ou varivel de quantifcao, em conexo com a teoria das descries de Russell'Podemos facihnte envolver-nos em compromissos ontolgicos dizendo, porexemplo, qu;e h algo (varinel ligada)mum; ou q:ue h algo que um nmeronca maneira de nos envolvermos em cde variveis ligadas. O uso de supostosnome pode sei repudiado num piscar de olhos, a menos que a assuno de umaentidae correspodente possa ser descoberta entre aquilo que afirmamos emtermos de varieis ligads. Os nomes so, de fato, totalmente irrelevantes parao problema ontolgic, pois mostrei, em relao a "P-gaso" e "pegasear",. queno-mes pode.m ser conveltidos em descries, e Russell mostfou que descriespodem er eliminadas. Tudo quanto dizemos com o auxlio de nomes pode seito numa linguagem que os dispense totalmente. Se entidade ,pura e simpleme-nte, s'er reconhicido como o valor Em termosas categorlas da gramtica tradicional, isso equivale a dizer queser estar no domnio de referncia de um prono o os meiosbsicos de referncia; os substantivos, melhor seria cham-los de propronomes.As variveis de quantificao, "algo", "nada", "tudo", percorrem toda a nossaontologia, qualquei que seja ela; e iicamos atados e_ uma pressuposio ontolgicaparticular s e omente se o pretenso pressuposto tiver que ser reconhecido entre

    I O sentido dessa observao apenas se torna claro se atentamos etimologia do corre-spon-dente ingls da palavra "significativo": meanngful : meanng (significado) + lll (cheio).(N. do T.)s Cf. Quine, From a Logical Point ol View, ed. cit., artigos II e III.

  • 7-

    SOBRE O QUE H

    as entidades_ que nossas variveis percorrem a fim de tornar uma de nossas afir-maes verdadeiras,

    Podemos dizer, por exemplo, que alguns ces so brancos e nem por issonos comprometemos a reconhecer ou a canidade ou a bancura como eiltidades.

    coisas que so ces so brancas; e, aas coisas que a varivel ligada ,,algo"mas no precisam incluir a canidde

    dizemos que algumas espcies zoolgicas

    abstratas que sejam. Permanecemos asstetarmos alguma maneira de parafrasa aparente referncia a espcies por neira de dizer evitvel.ro

    A matemtica clssica,.cgpo o. exemplo dos primos maiores que um milhoilustra claramente, est envolvida atlogia de entidades abstratas, Assim universais reacendeu-se na modernamais ue antes,exPl que onto ursoest oia est comaquelas entidades a que as variveis lig e sereferir a fim de que as afirmaes feitai. .,

    Pjrq" esse citrio de pressuposio ontolgica no emergiu claramente natradio filosfica, os matemticos filsofos modrnos .m g"rui no perceberamqu-e debatiam o mesmo e velho pr lema dos universais,"em uma iorma elu-cidada de maneira orinal. Mas as sicas ente os moderno, ponto,de vista sobre os fundamentos da mate fato reduzem-se bem opli"ii-mente a divergncias acerca do domnio ades a que as variveis iigud.,devem ser autorizadas a se referir.Os medievais mais importantes no que concerne aosuniversai s historiadores com realismo, coceitualismo e no_minalism as mesmas trs doutrina, ,.upr."r- nas exposiesda filosofia da matemtica do sculo XX sob os novos tro-., di togicismb, nti-cionismo formalismo..

    o realismo, tal como essa palavra empregada em conexo com a contro-vrsia medieval dos universais, doutrin que universais ou entidadesabstratasmas no a mente pode descobri_los,church

    " liil#:::iLil,i,ff3;abstratas ecificveis ou no, indiscriminadamente.is, mas que eles so produtos clanuma forma ou noutra, por poin-

    o inventadas -

    de fato, uma maneiraentre realismo e conceitualismo. Essa

    23r

    l0 Para mais pormenores a esse respeito, cf. euine, idem, artigo VL

  • --

    232 QUINE

    oposio no um mero jogo de palavraconcerne poro da matemtica clssicaLogicistas ou realistas podem a partir dedentes de infinito de Cantor; os intuicionistas so obrigados a parar na ordem deinfinito mais baixa e, como conseqncia indireta, a abandonar at mesmo algumasdas leis clssicas dos nmeros reis.r A moderna controvrsia entre logicismo eintuicionismo nasce, de fato, de divergncias acerca do infinito.

    O formalismo, associado ao nome de Hilbert, faz eco ao intuicionismo aodeplorar o recuso desenfreado do logicista a universais. Mas o formalismo tambmjulga o intuicionismo insatisfatrio. Isso poderia ocorrer por uma de cluas razesopostas. O formalista poderia, como o logicista, opor-se mutilao da mate-mica clssica; ou poderia, com os nominalistas de antigamente, opor-se admis-so de quaisquer entidacles abstratas, mesmo no sentido restrito de entidades pro-duzidas pela mente. O desfecho o mesmo: o formalista conserva a matemticaclssica omo um jogo de notaes no significantes. Esse jogo de notaes pode,no obstante, ter sua utilidade

    -

    toda a utilidade que j mostrou possuir naqualidade de muleta para fsicos e tecnlogos. Mas utilidade no implica neces-sriamente em significncia, em qualquer sentido lingstico literal. Nem o sucessomarcante dos matemticos em desfiar teoremas e encontrar bases objetivas paraacordo recproco quanto aos resultados de cada um implica necessariamente emsignificnci. Isto orque uma base adequada para acordo entre os matemticospode ser encontrada simplesmente nas regras que governam a manipulao dasotaes

    -

    essas regras sintticas sendo, ao contrrio das prprias notaes, per-feitamente significantes e inteligveis. 12

    Argumentei que o tipo de ontologia que aclotamos pode ser relevante -especialmente no que diz respeito matemtica, embora trate-se apenas d9 um

    exmplo. Ora, como decidir diante de ontologias rivais'l A resposta no cer-tamente proporcionada pela frmula semntica "Ser ser o valor de uma va-rivel"; pelo contrrio, essa lrmula serve antes para testar a conformidade deuma ceria afirmao ou doutrina com respeito a um critrio ontolgico prvio.Atentamos a variveis ligadas no contexto da ontologia no a fim de saber oque h, mas a fim de saber o que uma certa afirmao ou doutrina, nossa oude outrem, diz que h; enquanto tal, esse propriamente um problema que dizrespeito linguagem. Mas o que h uma outra questo.

    Na discusso acerca do que h, aincla h razes para operarmos num planosemntico. IJma razo escapar do embarao apontado no incio deste ensaio:o lato de no poder eu admitir que h coisas que McX sustenta e eu no' En-quanto eu estiver ligado minha ontologia, oposta que de Mc X, no podereipermitir que minhas variveis ligadas se refiram a entidades que pertenam ontologia de McX e no minha. Posso, no entanto, descrever coerentementenossa divergncia, caracterizando os enunciados que McX afirma. Desde que

  • -SOBRE O QUE H 233

    minha ontologia simplesmente adrnita formas lingsticas, ou ao menos inscri-es concretas e emisses, posso falar a respeito das sentenas de McX.

    Outra razo para retirarmo-nos a um plano semntico encontrar terrenocomum para argumentar. Divergncias quanto ontologia envolvem divergnciasbsicas, quanto a esquemas conceituais; entretanto, a despeito dessas divergnciasbsicas, McX e eu damo-nos conta de que nossos esquemas conceituais convergemem suas ramificaes interrnedirias e superiores o bastante para capacitar-nosa uma comunicao proveitosa a respeito de tpicos como poltica, tempo e, emparticular, linguagem. Na medida em que nossa controvrsia bsica sobre onto-Iogia puder ser transformada numa controvrsia semntica aceca de palavras edo que fazer com elas, a degenerao da controvrsia em peties de-princpiospoder ser adiada.

    No de admirar, pois, que controvrsias ontolgicas devam levar a contro-vrsias sobre linguagem. Mas no devemos saltar concluso de que o que hdepende de palavras. A tradutibilidade de uma questo em termos semnticosno uma indicao de que a questo seja lingistica. ver Npoles carregarum nome que, anteposto s palavras " v Npoles", produz uma sentena ver-dadeira; ainda assim, no h nada de lingstico em ver Npoles.

    Nossa aceitao de uma ontologia , creio eu, semelhante em princpio anossa aceitao de uma teoria cientfica, digamos, de um sisteina de fsica: ado-tamos, ao menos na medida em que somos razoweis, o esquema conceitual maissimples no qual os fragmentos desordenados da experincia bruta podem serrcomodados e organizados. Nossa ontologia fica determinada uma vez fixado oesquema conceitual global destinado a acomodar a cincia no sentido maisamplo; e as consideraes que determinam uma construo razovel de qualquerparte desse esquema conceitual, por exemplo, da parte fsica ou da biolgica, noso diferentes em espcie das consideraes que determinam uma construorazovel do todo. Tanto quanto a adoo de qualquer sistema de teoria cientficapode_.ser_dita uma questo de linguagem, o mesmo

    -

    mas no mais -

    podeser dito da adoo de uma ontologia.

    A simplicidade, porm, enquanto princpio orientador da construo de es-quemas conceituais, no uma idia clara e despida de ambigidade; e ela perfeitamente capaz de apresentar um critrio duplo ou mltiplo. Imaginem, porexemplo, que tenhamos arquitetado o conjunto de conceitos mais econmico eadequado ao relato ponto-por-ponto da experincia imediata. As entidades deter-minadas por esse esquema

    -

    ss ylees das variveis ligadas -

    so, suponhamos,eventos subjetivos individuais de sensao e reflexo. Ainda assim, concluiramos,sem dvida nenhuma, que um esquema conceitual fisicalista, gue pretende falarde objetos externos, oferece muitas vantagens ao simplificar nossos relatos globais.Reunindo os eventos sensveis dispersos e tratando-os como percepes de umobjeto, reduzimos a complexidade de nosso fluxo de experincia a uma simpli-cidade conceitual manipulvel. A regra da simplicidade , na verdade, a mximaque nos orienta na atribuio de dados sensveis a objetos: associamos uma sen-sao anterior de redondo e uma sensao posterior de redondo mesma assimchamada moeda, ou a duas assim chamadas moedas diferentes, obedecendo sexigncias de simplicidade mxima para nosso quadro gtobal do mundo.

    Temos aqui dois esquemas conceituais rivais, um fenomenalista e outro fisi-calista. Qual deve prevalecer? Cada um tem suas vantagens; cada um tem, a seumodo, sua simplicidade especfica. Cada um, eu proponho, merece ser desen-volvido. Cada um pode ser dito, de fato, o mais fundamental, embora em sentidosdiferentes: um epistemologicamente, outro fisicamente fundamental.

    O esquema conceitual fsico simplifica nossa considerao da experincia em

  • Ivirtude da maneira como inmelos eventos sensveis dispersos Passam a ser as-sociados aos chamados objetos singulares; e mais, no nada verossmil que todasentena a respeito de objetos fsicos possa efetivamente ser traduzida, nem mesmode moo tortuoso e complexo, na linguagem fenomenalista. Objetos fsicos soentidades postuladas que uniformizam e simplificam nossa considerao do fluxoda experincia, assim como a introduo dos nmeros irracileis da aritmtica. Do pnto de vista exclusivo do esquema concelementar dos nmeros racionais, a aritmtica mais ampla dose irracionais teria o estatuto de mito conveniente, mais simples que a verdadeliteral (a saber, aritmtica dos racionais) e, no entanto, contendo essa verdadeliteral como parte dispersa, Analogamente, de um ponto de vista fenomenalista oesquema coneitual dos objetos fsicos um mito conveniente, mais simples qu.ea vrdade literal e, no entanto, contendo essa verdade literal como parte dispersa. 13

    E quanto a classes ou atributos de objetos fsicos, pol seu lado? Uma ontologiaplatnic dessa espcie , de um ponto de vista de um esquema conceitual, estri-tamente fisicalista, um mito, tanto quanto o prprio esquema conceitual fisica-lista o para o fenomenalismo. Esse mito mais elevado, por sua vez, bom etil, na rnedida em que simplifica nossa considerao da fsica. Sendo a mate-mtica uma parte intgrante desse mito mais elevado, a utilidade desse.mito paraa cincia fsia suficientemente evidente. Referindo-me a ele, apesar disso, comoa um mito, ao eco quela filosofia da matemtica a que aludi anteriormente sobo nome de formalismo. Mas uma atitude formalista poderia, com o mesmo direito,ser adotada em relao ao esquema conceitual fsico, por sua vez, pelo esteta oufenomenalista puro.

    A analogia entre o mito da matemtica e o mito da fsica , por algunsaspectos suplementares e talvez fortuitos, visivelmente estreita. Considere-se, porexemplo, a crise precipitada nos fundamentos da matemtica, no incio do sculo,oela descoberta do oaradoxo de Russell e outras antinomias em teoria dos con'junto's. Essas contraiO tiveram que se obviadas por meio de artfcios ad hoc,no intuitivos; r nossa produo matemtica de mitos tornou-se deliberada eevidente a todos. E quanto fsica? Surgiu uma antinomia entre as explicaesondutatria e corpuscular da luz; e se ela no rigorosamente uma contradio,como o o paraoxo de Russell, suspeito que isso ocorra por no ser a fsicato rigorosa quanto a matemtica. Do mesmo modo, segunda grande crise mo-derna nos fundamentos da matemica

    -

    precipitada em 1931 pela prova deGoedels de que h inevitavelmente enunciados indecidveis em aritmtica

    -corresponde, em fsica, o princpio da indeterminao de Heisenberg.Em pginas anteriores empenhei-me em mostrar que alguns argumentos

    comuns em favor de certas ontologias so falaciosos. Adiantei, em seguida, umcritrio explcito para decidir quais os compromissos ontolgicos de uma teoria.Mas a questo de saber que ontologia efetivamente adotar permanece ainda aberta,e o conselho bvio tolerncia e esprito experimental. Usemos de todos os meiospara verificar quanto do esquema conceitual fisicalista pode ser reduzido a umfenomenalista; ainda assim, a fsica tambm requer, naturalmente' ser levadaadiante, mesmo se irredutvel in toto. Verifiquemos como e em que grau pode-se

    234 QUINE

    rs A analogia aritmtica deve-se a Frank, Modern Science and s Philosophy, Harvard Uni-versity Press, Cambridge, 1949, pp. 108 e ss.ra Cf, Quine, idem, pp. 90 e ss., 96 e ss., 122 e ss.ts Cf. Goedel, "Ueber formal unentscheidbare Satze der Principia Mathematica und verwandterSysteme", Monatshelre fuer Mathematk und Physk 38 (1931), pp' 173-198. (Para um exameintrodutrio e mais referncias, cf, Qttir.e, Methods o Logc, ed. cit., pp. 245 e ss')

    I

  • - SOBRE O QUE H. 235

    tornar a cincia'natural independente da matemtica platnica; mas tambm le-vemos adiante a matemtica, e aprofundemo-nos em seus fundamentos platnicos.

    Dentre os vrios esquemas conceituais mais apropriados a essas vrias em-presas, um deles

    -

    6 fsnsrnenalista -

    reivindica prioridade epistemolgica,Encaradas do interior do esquema conceitual fenomenalista, as ontologias-dosobjetos fsicos e dos objetos matemticos so mitos, A qualidade de mito, noentanto, relativa; relativa, nesse caso, ao ponto de vista epistemolgico. Esseponto de vista um entre vrios, correspondendo a um entre vrios e nossosinteresses e propsitos.


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