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Relacoes Historicas Entre Biblioteconomia Documentacao e Ciencia Da Informacao

Date post: 24-Nov-2015
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08/04/13 DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - Artigo 03 www.dgz.org.br/out04/Art_03.htm 1/16 DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.5 n.5 out/04 ARTIGO 03 Relações históricas entre Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação [1 ] Historical relationships among Librarianship, Documentation and Information Science por Cristina Dotta Ortega Resumo: Apresenta uma breve e panorâmica história da Biblioteconomia, da Documentação e da Ciência da Informação, em especial, sob o ponto de vista dos processos de organização da informação. Analisa a constituição destas áreas nos Estados Unidos e Europa, em especial do final do século XIX até metade do século XX, relatando as distinções culturais decorrentes destas origens e seus desenvolvimentos. Sob esta abordagem histórica, aponta a relevância e atualidade dos estudos e experimentos europeus em Documentação e a contribuição fundamental destes princípios para a constituição da Ciência da Informação. Palavras-chave: História da Biblioteconomia; História da Documentação; História da Ciência da Informação; Epistemologia da Ciência da Informação; Organização da Informação. Abstract: It presents a panoramic and summarized history of Librarianship, Documentation and Information Science, focusing on the processes of information organization. It analyses the constitution of these fields in the United States and Europe, in special from end of nineteen century until half of twenty century, and relates the cultural distinctions resulting from their roots and their developments. According to historical point view, it points to the relevance of European studies and experiments in Documentation even in present time, and their fundamental contribution to the Information Science. Keywords: History of Librarianship; History of Documentation; History of Information Science; Epistemology of Information Science; Information Organization. Introdução Considerando a história das instituições e das profissões que realizaram e realizam os processos de organização e preservação da informação registrada, são apresentados cronologicamente alguns fatos que a compõem. Contudo, esta tentativa de representação linear da temporalidade é deflagrada pelos variados avanços em culturas e locais diversos. Em especial, a partir do final do século XIX até metade do século XX, observam-se estudos e práticas de abordagens distintas que, ora convivem independentes, ora entram em conflito, ora assistem à dominação ou à assimilação de uns pelos outros. A abordagem sobre Ciência da Informação que segue se justifica pela percepção do seu a-historicismo (supostamente devido a uma origem remota não reconhecida) e pelas constantes dissidências de grupos profissionais e campos de estudos que levaram à fragmentação em diversas vertentes, simultaneamente a uma convivência conjunta ainda não devidamente questionada, e a uma recorrente dificuldade de elaboração de seus fundamentos comuns. Estes fatores decorrem em uma atual e urgente necessidade de construção de identidades para a área e para os profissionais envolvidos nesta trajetória. Parte-se das primeiras evidências de organização de documentos segundo seus conteúdos, apontando estes processos e as bibliotecas primitivas da Antigüidade que os realizavam como a origem do que depois foi denominado Biblioteconomia. Define-se Biblioteconomia, no seu sentido restrito, como a área que realiza a organização, gestão e disponibilização de acervos de bibliotecas, e a Bibliografia como a atividade de geração de produtos que indicam os conteúdos dos documentos, independente dos espaços institucionais em que estes se encontrem. Neste sentido, em fins do século XIX, a Bibliografia foi aprimorada e tornada autônoma como decorrência da sedimentação da Documentação (de cunho essencialmente europeu), ao mesmo tempo em que a Biblioteconomia desenvolvia e disseminava o projeto da biblioteca pública moderna, de acesso universal, amplo e gratuito (particularmente nos Estados Unidos). São traçados aqui os movimentos que impulsionaram ambos, a Documentação e o projeto da biblioteca pública, enquanto manifestações técnicas, culturais e políticas expressadas sob a forma de interesses distintos e cujos desenvolvimentos não levaram a projetos integrados entre si. Discute-se
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  • 08/04/13 DataGramaZero - Revista de Cincia da Informao - Artigo 03

    www.dgz.org.br/out04/Art_03.htm 1/16

    DataGramaZero - Revista de Cincia da Informao - v.5 n.5 out/04 ARTIGO 03

    Relaes histricas entre Biblioteconomia, Documentao e Cincia da Informao [1]

    Historical relationships among Librarianship, Documentation and Information Science

    por Cristina Dotta Ortega

    Resumo: Apresenta uma breve e panormica histria da Biblioteconomia, da Documentao e da Cincia daInformao, em especial, sob o ponto de vista dos processos de organizao da informao. Analisa a constituiodestas reas nos Estados Unidos e Europa, em especial do final do sculo XIX at metade do sculo XX, relatandoas distines culturais decorrentes destas origens e seus desenvolvimentos. Sob esta abordagem histrica, apontaa relevncia e atualidade dos estudos e experimentos europeus em Documentao e a contribuio fundamental

    destes princpios para a constituio da Cincia da Informao. Palavras-chave: Histria da Biblioteconomia; Histria da Documentao; Histria da Cincia da Informao;Epistemologia da Cincia da Informao; Organizao da Informao.

    Abstract: It presents a panoramic and summarized history of Librarianship, Documentation and Information Science,focusing on the processes of information organization. It analyses the constitution of these fields in the UnitedStates and Europe, in special from end of nineteen century until half of twenty century, and relates the culturaldistinctions resulting from their roots and their developments. According to historical point view, it points to therelevance of European studies and experiments in Documentation even in present time, and their fundamental

    contribution to the Information Science. Keywords: History of Librarianship; History of Documentation; History of Information Science; Epistemology ofInformation Science; Information Organization.

    Introduo Considerando a histria das instituies e das profisses que realizaram e realizam os processos de organizao epreservao da informao registrada, so apresentados cronologicamente alguns fatos que a compem. Contudo,esta tentativa de representao linear da temporalidade deflagrada pelos variados avanos em culturas e locaisdiversos. Em especial, a partir do final do sculo XIX at metade do sculo XX, observam-se estudos e prticas deabordagens distintas que, ora convivem independentes, ora entram em conflito, ora assistem dominao ou assimilao de uns pelos outros.

    A abordagem sobre Cincia da Informao que segue se justifica pela percepo do seu a-historicismo(supostamente devido a uma origem remota no reconhecida) e pelas constantes dissidncias de gruposprofissionais e campos de estudos que levaram fragmentao em diversas vertentes, simultaneamente a umaconvivncia conjunta ainda no devidamente questionada, e a uma recorrente dificuldade de elaborao de seusfundamentos comuns. Estes fatores decorrem em uma atual e urgente necessidade de construo de identidadespara a rea e para os profissionais envolvidos nesta trajetria.

    Parte-se das primeiras evidncias de organizao de documentos segundo seus contedos, apontando estesprocessos e as bibliotecas primitivas da Antigidade que os realizavam como a origem do que depois foidenominado Biblioteconomia. Define-se Biblioteconomia, no seu sentido restrito, como a rea que realiza aorganizao, gesto e disponibilizao de acervos de bibliotecas, e a Bibliografia como a atividade de gerao deprodutos que indicam os contedos dos documentos, independente dos espaos institucionais em que estes seencontrem. Neste sentido, em fins do sculo XIX, a Bibliografia foi aprimorada e tornada autnoma comodecorrncia da sedimentao da Documentao (de cunho essencialmente europeu), ao mesmo tempo em que aBiblioteconomia desenvolvia e disseminava o projeto da biblioteca pblica moderna, de acesso universal, amplo egratuito (particularmente nos Estados Unidos). So traados aqui os movimentos que impulsionaram ambos, aDocumentao e o projeto da biblioteca pblica, enquanto manifestaes tcnicas, culturais e polticas expressadassob a forma de interesses distintos e cujos desenvolvimentos no levaram a projetos integrados entre si. Discute-se

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    a continuidade destes movimentos no sculo XX, quais sejam, o surgimento da linha dominante da Biblioteconomiaconstruda pela Escola de Chicago dos Estados Unidos entre os anos 30 e 60 e o impasse gerado pela discussoentre Biblioteconomia e Documentao. As conseqncias da Segunda Guerra Mundial, tanto de evoluo quantode reconstruo, e o grande desenvolvimento tecnolgico ocorrido a partir dos anos 50 com o surgimento doscomputadores figuram como elementos importantes no quadro internacional, influindo sobre o modo como a cinciae as tcnicas relacionadas organizao da informao caminharam em cada cultura. Estas manifestaes, ocorridasde formas particulares mas com origens comuns, e em perodos distintos porm prximos, desembocaram em umanova rea que passou a ser denominada Cincia da Informao no final dos anos 50, e que permanece ainda hoje emconstante processo de discusso e tentativa de consolidao.

    1. As Bibliotecas e a Biblioteconomia (terceiro milnio a.C. ao sculo XVII) A existncia comprovada das primeiras colees organizadas de documentos, ou o que se poderia chamar deprimeira biblioteca primitiva, data do terceiro milnio a.C. Trata-se da Biblioteca de Ebla, na Sria, cuja coleo eracomposta de textos administrativos, literrios e cientficos, registrados em 15 mil tbuas de argila, as quais foramdispostas criteriosamente em estantes segundo o tema abordado, alm de 15 tbuas pequenas com resumos docontedo de documentos. A escrita era a cuneiforme, porm no no seu idioma original (o sumrio), mas numalngua desconhecida a qual se chamou eblata. A descoberta desta biblioteca, em 1975, altera a histria conhecidasobre a Sria e sobre o Oriente Mdio no perodo e a organizao nela encontrada vem sendo considerada a origemdos princpios da Biblioteconomia (Sagredo e Nuo, 1994).

    Segundo Kato (1987), data tambm do terceiro milnio a.C. o incio da escrita propriamente dita, como a escritacuneiforme e os hierglifos (respectivamente do idioma sumrio e egpcio), em substituio aos sistemaspictogrficos que ainda no eram representaes da fala. A escrita demorou sculos para se constituir em sistemasde representao similares aos que conhecemos hoje; contudo, pode-se dizer que seu surgimento decorreu, deforma relativamente rpida, no incio das atividades de organizao sistemtica de documentos.

    No segundo milnio a.C., na civilizao mesopotmica, foi constatada a organizao de documentos acompanhadade representaes para fins de recuperao: tbuas de argila eram protegidas por espcies de envelopes nos quaisestavam dispostos resumos (Witty citado por Kobashi, 1996).

    Lemos (1998) cita a existncia de grandes bibliotecas da Antigidade entre os sculos VIII e VII a.C., como a deAssurbanipal, rei da Assria. A partir do sculo IV a. C, tm-se notcia das bibliotecas dos templos gregos, sendo asmais importantes aquelas referentes ao auge da cultura helnica, como a que Aristteles criou em sua Escola deFilosofia. Esta biblioteca teria sido o modelo para a fundao, no sculo III a.C., da famosa biblioteca de Alexandria,uma das maiores j conhecidas e que sobreviveu a muitos saques e desastres naturais, at ter seu fim definitivo.Manguel (1997, p. 217) comenta que Alexandria, no Egito, era uma cidade excessivamente burocrtica com umtrnsito de documentos administrativos maior que sua capacidade para tal, o que demonstra disseminado domnioda escrita. No entanto, no se sabe se a biblioteca era reservada apenas aos eruditos ou a um pblico mais amplo.Parte do acervo desta biblioteca foi constitudo principalmente a partir de um decreto de Ptolomeu III em que todosos navios que parassem em Alexandria tinham que entregar seus livros para serem copiados (aps a cpia, s vezesdevolviam-se os originais, s vezes as cpias). O objetivo era o de uma biblioteca que abrigasse a totalidade doconhecimento humano registrado.

    Na Idade Mdia, predominaram as bibliotecas ligadas a ordens religiosas tanto no Ocidente como no Oriente, asquais foram responsveis pela preservao da antiga cultura greco-romana registrada. No sculo XIII, na Europa,comearam a ser fundadas as bibliotecas das universidades, ao mesmo tempo em que surgiram os grandescolecionadores de livros entre a nobreza, cujas colees viriam a formar o ncleo de algumas bibliotecas nacionais(Lemos, 1998).

    Por volta do ano de 1440, ocorreu a inveno da imprensa por Gutenberg. Aps vrios aperfeioamentos einvestimentos de grandes somas de dinheiro, ele apresentou, na Feira de Frankfurt, uma Bblia impressa, cujatecnologia permaneceu basicamente a mesma at o incio do sculo XX. Ao que consta, a tipografia foi, nos seusprimeiros tempos, uma arte hermtica de iniciados que prometiam segredo sob juramento por razes mais comerciaisque intelectuais pois os produtos impressos imitavam os manuscritos e, por isso, assemelhavam-se ao trabalholento e caro dos escribas. Em 1462, com a tomada da Mogncia, na Alemanha, os impressores foram dispersos pelosdiversos pases da Europa, permitindo a vulgarizao da imprensa (Martins, 1996, p. 156). Esta revoluotecnolgica impulsionou a produo do livro, contribuindo para seu barateamento e acelerando e ampliando suadistribuio. Tambm propiciou o rompimento do monoplio que a Igreja exercia sobre a produo editorial.

    Durante a Idade Antiga e a Idade Mdia, museus, arquivos e bibliotecas constituam praticamente a mesma

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    entidade, pois organizavam e armazenavam todos os tipos de documentos. Esta entidade manteve-se inalterada ata Idade Moderna quando a produo dos livros tipogrficos, entre outros motivos, levou a que as bibliotecaspassassem a existir separadamente e a adquirir maior relevncia enquanto elemento social.

    A tecnologia da impresso promoveu uma primeira modificao na atividade da organizao e preservao dedocumentos, uma vez que, aos poucos, foi retirada da biblioteca a tarefa de reproduo de manuscritos realizadapelos copistas, que passou a ser feita em oficinas especializadas. Apesar do crescente destaque social vivido pelabiblioteca a partir de ento, pode-se dizer que o trabalhador da biblioteca perdeu certa responsabilidade,cumplicidade e envolvimento com os documentos, j que no realizava mais a reproduo dos mesmos e acompreenso e organizao dos contedos que lhe decorrente. Aos poucos, tanto a biblioteca quanto o"bibliotecrio" de ento se distanciaram dos processos de organizao, mas ganharam maior visibilidade pblica esocial.

    Este fenmeno recebeu impulso no sculo XVII, nos pases mais desenvolvidos da Europa e depois nos EstadosUnidos, com o surgimento do conceito de biblioteca pblica moderna, constituda de acervos gerais de livros eaberta gratuitamente ao pblico em horrios regulares. Eram bibliotecas financiadas por mecenas, cujo movimentocontinuou at praticamente o sculo XX (Lemos, 1998).

    A biblioteca pblica, espao para acesso a acervo organizado, e no a Biblioteconomia, conjunto integrado deprocessos que possibilita aquela, que fez parte da nova concepo de mundo que passou a ser chamada demodernidade, em oposio s noes de antigo e de medieval que a antecederam. De fato, em funo do surgimentoda biblioteca pblica, geral e aberta e do crescimento dos peridicos e de sua importncia na divulgao cientfica, aBiblioteconomia trilhou novos caminhos, passando a dividir seus espaos com as atividades desenvolvidas pelaDocumentao.

    Gabriel Naud, em sua obra "Advis pour adresser une bibliothque", cuja primeira edio de 1927, escreveu osprimeiros princpios da Biblioteconomia moderna. Alm de fornecer uma das primeiras conceituaes sobrebiblioteca como a conhecemos hoje, Naud trabalhou com a idia da "ordem bibliogrfica", a qual permitiria oacesso e o compartilhamento do saber, conduzindo a uma organizao da razo poltica. Props um mtodo deproduo de bibliografias que contava com o levantamento de referncias e a identificao de falsificaes, o que secaracterizava como uma operao de verificao; esse mtodo proporcionou uma nova forma de realizar umapesquisa, a qual se iniciava com a elaborao de um inventrio, que era um balano preliminar do conhecimentoacumulado. Naud apresentou a biblioteca como necessariamente pblica e universal e defendeu um projeto polticopara substituir a autoridade espiritual da Igreja pela "mquina cultural" da biblioteca (Coelho, 1997, p. 76-79).

    Contudo, o termo "biblioteconomia" foi usado pela primeira vez somente em 1839 na obra intitulada"Bibliothconomie: instructions sur larrangement, la conservation e ladministration des bibliothques", publicadapelo livreiro e bibligrafo Lopold-Auguste-Constantin Hesse. Mas foi efetivamente no sculo XIX que as tcnicase prticas dos bibliotecrios comeam a ser sistematizadas (Lahary, 1997).

    2. A Biblioteconomia, a Bibliografia e a Documentao (sculo XV at incio do sculo XX) O percurso da Biblioteconomia, da Bibliografia e da Documentao no perodo citado tratado aqui essencialmentea partir de Shera e Egan (1961).

    Estes autores citam que a atividade de organizao de contedos de documentos, a Bibliografia, j era realizada deforma limitada desde a Idade Antiga, na Inglaterra. Efetivamente, as primeiras bibliografias relevantes so acompilao realizada pelo alemo Konrad Gesner, no final do sculo XV, e a primeira tentativa de uma bibliografiauniversal pelo suo Johann Tritheim, na metade do sculo XVI. Aps estas obras, foram crescentementeproduzidos catlogos de bibliotecas particulares e bibliografias especializadas, a ponto de, em fins do sculo XVI,na Europa, os estudiosos sentirem necessidade de sistematizarem este grande volume de ndices catalogrficos ebibliogrficos. Surgiram ento muitas bibliografias comerciais, precursoras das bibliografias nacionais, mas poucoadequadas aos estudiosos. Esta atividade de elaborao de bibliografias considerada a origem da Documentao.

    O primeiro cdigo nacional de catalogao e o incio do uso de catlogos em fichas tiveram lugar na Frana, em1791, como decorrncia da Revoluo Francesa. Apesar disto, at 1840, praticamente nenhuma biblioteca tinhandice de assunto de seus acervos, nem estava completamente catalogada. A partir desta data, catlogos de autor eassunto passaram a ser empregados e as bibliografias foram se aperfeioando. Alguns fatos explicam estesavanos: em 1841, no Reino Unido, foram publicadas as "91 regras" de catalogao elaboradas por Anthony Panizzi,que estabeleceram as bases da catalogao durante vrias geraes; em 1850, nos Estados Unidos, Charles Jewett,da Smithsonian Institution, props a criao de um centro nacional de bibliografia e documentao a partir de um

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    catlogo coletivo do acervo das bibliotecas pblicas do pas, por meio de um modelo padronizado de fichas a seremreproduzidas com uso da estereotipia, enfatizando a importncia do aprimoramento das tcnicas de organizaobibliogrfica dos documentos das bibliotecas para sua melhor utilizao; em 1876, Melvil Dewey publicou nosEstados Unidos a primeira edio de sua Classificao Decimal, primeiro sistema do gnero a ser amplamenteadotado, inclusive at os dias de hoje; no mesmo ano e pas, Charles Ami Cutter publicou as Regras para umCatlogo Dicionrio que, alm do cdigo de catalogao inclua uma declarao sobre os objetivos do catlogo; em1899, as Instrues Prussianas, surgidas de estudos de catalogao de dcadas anteriores, foram adotadas naAlemanha, alcanando grande aceitao na Europa; e em 1901, a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidosliderou a organizao bibliogrfica em bibliotecas com o sistema de distribuio de fichas catalogrficas impressas epadronizadas (Shera e Egan, 1961), (Fayet-Scribe e Canet, 2000).

    A crescente importncia dos peridicos como veculo de publicao atingiu seu auge em 1850 e levou necessidade do tratamento de suas unidades de informao para possibilitar sua recuperao. Na primeiraconferncia da American Library Association (ALA), em 1876, bibliotecrios e bibligrafos, confrontados com asdificuldades decorrentes do trabalho bibliogrfico, mostraram-se motivados em realizar esforos cooperativos. Teveincio, neste perodo, um movimento geral para a anlise de assuntos de artigos de peridicos e a criao de ndicescoletivos, cuja tarefa foi considerada como atividade de responsabilidade de bibliotecas. Contudo, a continuidadedeste servio pelas bibliotecas decorreu em fracasso pois o catlogo e o esquema de classificao das bibliotecasforam baseados nas monografias, ou seja, idealizados para reunir em uma proximidade fsica os documentos decontedos semelhantes, o que tornava as bibliotecas inoperantes para trabalhar os peridicos, j que no haviatanta preocupao com a diversidade intelectual do seu contedo. Alm disso, a viabilidade da organizao polticae tecnolgica entre bibliotecas independentes e distantes mostrou-se muito difcil.

    A partir da, esse segmento foi recolhido e desenvolvido pelo crescente grupo de documentalistas, deixando obibliotecrio de ter como atribuio o tratamento de parte da literatura e a biblioteca reduzindo-se a sua antigafuno de custdia de documentos. Acredita-se que este fato tenha colaborado para o no fortalecimento do carterintelectualizado da profisso bibliotecria, em contraposio nfase em atividades burocrticas.

    Em fins do sculo XIX, a Biblioteconomia e a Documentao apresentavam um desenvolvimento em grande parteinseparvel: surgiram em conseqncia das mesmas necessidades, empregavam processos e instrumentos comuns(como as fichas de 7,5 por 12,5 cm e a Classificao Decimal de Dewey-CDD), tinham objetivos quase idnticos e emmuitos casos deviam seu progresso aos mesmos homens. Havia, no entanto, uma tentativa dos documentalistas emevitar os instrumentos e at mesmo os termos adotados pela Biblioteconomia, o que levou, muitas vezes, a queaqueles seguissem os caminhos j trilhados e at descartados por esta. A diferena da Documentao era quepretendia fazer uma anlise de contedo mais profunda. Da mesma forma, os arquivos apresentavam problemassemelhantes de organizao. A Biblioteconomia, a Documentao e a custdia dos arquivos, como j citado, eramtratadas de forma nica: no entanto, interesses particulares comearam a dividir estas atividades em gruposseparados, os quais passaram a adotar atitudes de intolerncia entre si.

    Uma circunstncia que levou os bibliotecrios a desviar suas atenes dos processos de anlise e representaodas unidades do conhecimento registrado foi o movimento de criao e disseminao das bibliotecas pblicas. AIdade do Iluminismo, o crescimento do Mercantilismo e, mais tarde, a Revoluo Industrial levaram necessidade deum corpo de trabalhadores alfabetizados e treinados em tarefas manuais especficas. Neste contexto, em especial naInglaterra e nos Estados Unidos, por volta de 1850 (portanto, no perodo do auge do crescimento dos peridicos), abiblioteca pblica era considerada uma agncia educacional das massas e da democratizao da cultura. Com aabsoro do bibliotecrio tradicional pela funo "educativa" ou pelo culto da educao universal e a negao dosignificado do servio de informao, os documentalistas adotaram as tcnicas da Biblioteconomia e asaperfeioaram.

    Supe-se que esta diviso poderia ter encontrado outros caminhos caso houvesse o reconhecimento da naturezadiversa do acervo e do atendimento para ambos os casos: em uma biblioteca com fins educacionais so necessriosttulos devidamente escolhidos para permitir uma orientao eficiente ao leitor. A necessidade de estender osprivilgios da educao a todos ocorreu sem que se tivesse formulado os mecanismos para garantir esse objetivoeducacional e cultural, alm de levar ao cancelamento dos trabalhos de bibliografia.

    A divergncia entre bibliotecrios e documentalistas refletiu-se na segmentao das associaes. Em 1908, umgrupo de bibliotecrios especializados nos Estados Unidos separou-se da American Library Association paraformar sua prpria associao, a Special Libraries Association. E assim como estes, vrios casos se sucederam dedissidncias de associaes inicialmente de bibliotecrios, que passaram a representar a Documentao (AmericanDocumentation Institute, criada em 1937, e atualmente denominada American Society for Information Science andTechnology-ASIS&T), a Microfilmagem (National Microfilm Association), e reas temticas como Biologia e

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    Qumica.

    A ciso entre Biblioteconomia e Documentao tornou-se cada vez mais profunda, sem levar necessariamente aodesenvolvimento e sedimentao de uma ou outra rea. Shera (1980) cita que este fenmeno tem particular interessepara a sociologia da profissionalizao, que ocorre quando um grupo muda a terminologia de outro para parecer quese ocupa de uma nova disciplina, porm com mais dignidade e carter cientfico.

    Nesta nova Biblioteconomia, estavam homens de cincia ou pessoas que se preocupavam com o acesso aoscontedos dos documentos. J os bibliotecrios, representados por eruditos e biblifilos desde a biblioteca deAlexandria, sofreram uma acentuada mudana. Registros do conhecimento erudito foram, por muito tempo, osnicos a serem tratados em bibliotecas, levando a que muitos bibliotecrios continuassem dominados pela forma deorganizao imposta pela tradio filosfica que marcou o mundo antigo e medieval. A sociedade moderna, porm,cresceu e se transformou rapidamente, graas tradio cientfica da pesquisa indutiva e emprica, que exigiu novasformas de organizao do pensamento registrado.

    A partir desta histria da Biblioteconomia, um comentrio aparentemente bvio de Shera (1980) procura esclarecer ofato de os bibliotecrios serem comumente taxados como os mais culpados neste conflito: unicamente tiveram maistempo de s-lo. Assim, o bibliotecrio deveria reaver a erudio que perdeu, construindo uma nova intelectualidade,com base na sua histria, nos seus novos contextos e a partir de uma linguagem de especialidade prpria.

    Por mais de quatro sculos, a Biblioteconomia foi quase sinnimo de Bibliografia. Considerando a Bibliografia comoo princpio da Documentao, pode-se dizer que esta esteve unida Biblioteconomia desde o sculo XV at fins dosculo XIX, quando Otlet e La Fontaine sistematizaram e desenvolveram a Documentao enquanto disciplinadistinta da Biblioteconomia. Os europeus deram continuidade a estes estudos e aplicaes at que, os movimentoscausados pela Segunda Guerra Mundial acentuaram estes avanos devido s necessidades especficas dos pasesenvolvidos na recuperao de contedos a partir de tipos diversos de documentos, inclusive com tentativasrudimentares de recuperao mecnica da informao.

    3. Otlet e a Documentao (fins do sculo XIX at dcada de 1930) As atividades dos documentalistas foram se desenvolvendo simultaneamente ao surgimento das bibliotecaspblicas. Na virada do sculo, Otlet e La Fontaine sistematizaram a Documentao, cunhando este termo parasignificar, de forma mais ampla, aquilo antes denominado Bibliografia. Mais que isso, Otlet vem sendo consideradoprecursor e fundador da Documentao e da prpria Cincia da Informao.

    Vrios autores, como Rayward (1997) e Sagredo (1994), argumentam sobre a antecipao e previso das tecnologiaspor Otlet, como os sistemas de hipertexto e hipermdia. A atualidade da obra de Otlet, de certa forma presente nosestudos realizados hoje por pesquisadores de Cincia da Informao figura, por exemplo, na eleio ampla dosprofissionais envolvidos nas operaes distribudas que constituem a Documentao, quais sejam, autores,copistas, impressores, editores, livreiros, bibliotecrios, documentadores, bibligrafos, crticos, analistas,compiladores, leitores, pesquisadores e trabalhadores intelectuais; as operaes documentrias acompanham odocumento desde o instante em que ele surge da pena do autor at o momento em que impressiona o crebro doleitor (Otlet, 1937). A sistematizao realizada por Otlet culminou na publicao, em 1934, do "Trait deDocumentation".

    Segundo Rayward (1997) e Bradford (1961), o projeto teve incio no encontro entre Paul Otlet e Henri La Fontaine,em 1892, e no reconhecimento de preocupaes comuns quanto organizao bibliogrfica da produo cientfica,para o que criaram o Escritrio Internacional de Bibliografia, em Bruxelas, na casa de Otlet. Logo perceberam que,para organizar um ndice universal, era necessria uma cooperao internacional. Em 1895, promoveram a IConferncia Internacional de Bibliografia, na qual foi aprovada a criao do Instituto Internacional de Bibliografia(IIB), com o apoio do governo belga. Iniciativa pioneira dentre as associaes internacionais no campo dainformao, o IIB teve seu nome alterado para Instituto Internacional de Documentao (IID), em 1931, e paraFederao Internacional de Documentao (FID), em 1938. Desde 1986, recebe a denominao de FederaoInternacional de Informao e Documentao, mas mantm a sigla original.

    O IIB tinha como pretenso desenvolver o Repertrio Bibliogrfico Universal (RBU). A Classificao DecimalUniversal (CDU) foi criada, a partir da CDD, para contemplar as necessidades de tratamento da informaoespecializada e viabilizar a elaborao do RBU. Devido s primeiras experincias de trabalho cooperativo, optou-sepela descentralizao e pelo emprego de bibligrafos especializados em cincias. Para tanto, foram estabelecidoscentros de informao cientfica em um grande nmero de bibliotecas cientficas ou em anexos destas. Em 1934, oRepertrio Bibliogrfico Universal continha 16 milhes de entradas e, at o final da Segunda Guerra Mundial, doze

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    pases tinham Sees Nacionais do IIB, quais sejam, Alemanha, Blgica, Dinamarca, Estados Unidos, Frana, ReinoUnido, Holanda, Itlia, Polnia, Rssia, Sua e Tchecoslovquia, e mais seis estavam em formao.

    O IIB prestava servios de pesquisa a partir das fichas catalogrficas, contemplando a estratgia e acontextualizao da busca. Para a determinao dos assuntos trabalhava-se com mapas conceituais que mostravamas intricadas relaes dos conceitos dentro das vrias reas. No tratamento bibliogrfico, utilizava-se o princpiomonogrfico, descrito como a diviso fsica do livro de acordo com a diviso intelectual de idias contida no mesmo,o que consistia na fragmentao do documento para chegar s unidades de informao. Supe-se que estas duasidias, os mapas conceituais e o princpio monogrfico, ensaiavam, respectivamente, as noes de tesauro e detratamento documentrio das partes dos documentos (ou analticas), o que provavelmente contribuiu para orefinamento dos processos documentrios.

    Otlet fazia crticas s bibliotecas por conta das polticas de seleo (advindas do princpio jesutico) e da resistncias inovaes tcnicas e prestao de servios de informao. Alm disso, o projeto de Otlet pretendia armazenar arepresentao das unidades de todo o conhecimento humano em um nico local; era um projeto universalista econcebido como uma ao para a promoo da paz mundial, de onde se pode considerar que as bases daDocumentao eram tcnicas, mas tambm fortemente polticas.

    Fonseca (1961) cita que, no Brasil, em 1899, o IIB tinha como membro Juliano Moreira, diretor dos "Annais daSociedade de Medicina e Cirurgia da Bahia". No comeo do sculo XX, a Livraria Civilizao, em So Paulo, recebiaassinaturas e encomendas de publicaes do IIB, alm de fichrios padronizados. Em 1900, Oswaldo Cruz introduziua CDU na biblioteca do instituto de pesquisas que fundou e hoje tem o seu nome. E em 1911, o professor de DireitoManoel Ccero Pelegrino da Silva, diretor-geral da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, criou o Servio deBibliografia e Documentao em correspondncia com o IIB, com a pretenso de organizar o repertrio bibliogrficobrasileiro em fichas catalogrficas e com uso da CDU, incluindo o tratamento dos artigos de peridicos, como umacontribuio ao controle bibliogrfico internacional.

    No entanto, sendo a CDU um sistema europeu, passou a ser rechaado pela influncia estadunidense que teveincio por volta de 1930 na Biblioteconomia brasileira, sendo retomado pelos centros de documentao e bibliotecasespecializadas a partir dos anos 50. De uma forma geral, a influncia do modelo estadunidense de biblioteca pblicatrouxe benefcios, dentre os quais, a renovao dos processos tcnicos e administrativos, a melhoria ediversificao dos servios, como no caso do emprstimo domiciliar, maior liberdade nas relaes com o pblico e acompreenso sobre o papel da biblioteca para a educao e recreao da populao em geral e como estmulo spesquisas especializadas. Como aspecto negativo, processos e instrumentos (como a CDU e o catlogo dicionrio,que foram substitudos pela CDD e pelo catlogo dicionrio) foram deixados de lado, sem considerar aespecificidade das colees e dos usurios.

    Quanto ao Instituto, em 1924, foi reestruturado, mudou seu foco e a CDU tornou-se uma de suas nicas tarefas. Noincio de 1992, foi criado o Conscio CDU (UDC Consortium), que agrupa a FID e editores da CDU de vrios pases.Em 1995, no centsimo aniversrio da agora denominada FID, foi firmada a Resoluo de Tquio por 35organizaes no governamentais em informao, comunicao e conhecimento como uma aliana estratgica paramelhor servir comunidade mundial. Tambm foi organizado o Frum de Conhecimento da FID a fim de reunir edisponibilizar a experincia comum e o conhecimento acumulado em diferentes comunidades. A FID continuaorganizando eventos em nvel mundial.

    4. A Biblioteconomia nos Estados Unidos (fins do sculo XIX at dcada de 1950) O perodo que corresponde ao final do sculo XIX at metade do sculo XX foi marcado por uma diviso deinteresses entre bibliotecas pblicas e processos documentrios, com maior nfase nos Estados Unidos e Europa,respectivamente.

    Buckland (1996), pesquisador dos Estados Unidos mas versado na literatura em idioma francs, explorou o tema dadistino entre as culturas estadunidense e europia na rea da Biblioteconomia, da Documentao e da Cincia daInformao, com foco para a questo tecnolgica, justificando porm, tratar-se de uma anlise especulativa.

    Afirma que a Biblioteconomia nos Estados Unidos, no final do sculo XIX, foi marcada por sua sedimentao e porinovaes tcnicas e tecnolgicas. J na primeira metade do sculo XX (at o incio da Segunda Guerra Mundial),houve uma expanso de servios de bibliotecas por todo o pas, especialmente nas reas rurais, acompanhada,porm, de uma relativa estabilidade tcnica e tecnolgica. De fato, ocorreram aplicaes tecnolgicas parabibliotecas durante este perodo, como as cpias fotostticas (projeo fotocopiadora em papel sensvel) de 1912 ea microfilmagem, por volta dos anos 30. Houve tambm a retomada de desenvolvimentos do sculo XIX, como a

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    duplicao a tinta e estncil, telefones e mquinas de escrever e o uso de regras para catalogao, classificao earquivo. Contudo, estas inovaes no foram significativamente estudadas e adotadas.

    Um dos elementos que ajuda a explicar por que estes desenvolvimentos foram grandemente ignorados nos crculosde bibliotecas antes da Segunda Guerra Mundial foi a influncia da Graduate Library School, da University ofChicago, considerada o centro intelectual da Biblioteconomia dos Estados Unidos, dos anos 30 at os anos 60,como segue abaixo.

    A obra de Pierce Butler, "Introduction to Library Science", de 1933, considerada uma emblemtica da assimconhecida Escola de Chicago e suas influncias. Butler admitiu que essa obra se tornaria obsoleta com o tempo, masno houve produo que a substitusse. Afirmou que as bibliografias eram importantes desde que houvesse clarezasobre seus fins e que, deveria haver um deslocamento do foco nos processos para a funo, com nfase para ostatus social dos bibliotecrios e a funo social das bibliotecas (Butler, 1971). Nesta obra, observam-se trs pontosnegligenciados: (1) modelos, tecnologias, tcnicas e habilidades de gerenciamento que forneam um efetivo eeficiente servio de biblioteca; (2) meno a grandes nomes que contriburam para a Biblioteconomia, como Panizzi,Cutter, Dewey, Jewett, Bliss, causando a impresso de que suas contribuies no existiram; e (3) elaborao deaspectos cientficos dos processos e servios (a despeito do ttulo da obra).

    Na Escola de Biblioteconomia de Chicago, houve alguma ateno para a administrao de bibliotecas mas ointeresse era limitado se comparado com os estudos e aplicaes do pas no final do sculo XX e nos dias atuais.Pesquisadores da dcada de 70 criticaram a Escola de Chicago por esta no sustentar uma abordagem cientfica.

    Na dcada de 50, Margaret Egan e Jesse Shera, membros da Escola de Biblioteconomia de Chicago, avaliam que aateno dos bibliotecrios durante os anos anteriores esteve voltada para a revoluo da comunicao de massa eseu provvel efeito sobre os servios de biblioteca para o leitor em geral, enquanto poucos se preocuparam com arevoluo da organizao e servios de biblioteca, a qual foi tratada por outro campo, nomeado "comunicao dainformao especializada" e desenvolvido por documentalistas e especialistas de informao. Shera apontou aprpria Escola como uma das principais responsveis pela repulsa dos bibliotecrios por habilidades tcnicas.

    Por outro lado, h indcios que demonstram que a Escola de Chicago tinha conscincia da relevncia das inovaestecnolgicas para servios de biblioteca (ao que parece, nem tanto no que se refere s inovaes tcnicas), comoindicam o papel ativo de pesquisadores da Escola, especialistas na tecnologia de microfilmagem, no CongressoMundial da Documentao Universal, em Paris, em 1937, e a introduo de um curso sobre microfilme na Escola em1939, entre outros.

    Em oposio Escola de Chicago houve, ao mesmo tempo, um interesse por aspectos tecnolgicos dos servios debiblioteca no Massachussetts Institute of Technology (MIT), Estados Unidos. Desde o incio dos anos 30,Vannevar Bush, um professor do MIT e administrador acadmico, tentou persuadir fundaes e corporaes afinanciar seus experimentos em recuperao de informao em bibliotecas. O famoso artigo de Bush, "As we maything", embora publicado em 1945, foi escrito no final dos anos 30. Contudo, neste perodo, a Biblioteconomianaquele pas era essencialmente representada pela Escola de Chicago.

    J em relao Europa, a anlise da produo dos anos 30 da revista Library Quartely, publicada pela Escola deBiblioteconomia de Chicago, em comparao com a anlise dos anais dos congressos da FID do mesmo perodo,constata que os aspectos tecnolgicos foram evitados na primeira revista, apontando para um contraste deinteresses que evidencia que as escolas europia e estadunidense eram marcadamente distintas.

    Ao mesmo tempo em que escolas distintas se desenvolviam, a ajuda dos Estados Unidos aps o final da PrimeiraGuerra Mundial aos pases europeus atingidos, disseminou o modelo estadunidense de biblioteca pblica naFrana, por meio do projeto de reconstituio das bibliotecas pblicas francesas e do funcionamento de uma escolaestadunidense de bibliotecrios em Paris entre 1923 e 1929. Neste perodo, configurou-se um rico trabalhocooperativo que envolveu o modelo das bibliotecas pblicas, especialmente trazido pela Biblioteconomia pblicaestadunidense, e os servios de informao especializados, em sintonia e continuidade filosofia do IIB e de Otlet(Fayet-Scribe, 1998).

    Nos Estados Unidos, o movimento de bibliotecas especializadas foi formalizado em 1908, com o grupo dissidenteque constituiu a Special Libraries Association, e a influncia da Documentao europia evidenciou-se no final dosanos 30, com a criao do American Documentation Institute. Contudo, somente nos anos 50, uma mudana tornou-se aparente na literatura dos Estados Unidos sobre Biblioteconomia em funo da tentativa de reconstruir, analisar einterpretar o ps Segunda Guerra Mundial, ocasionando uma discusso baseada na dicotomia Cincia daInformao versus Biblioteconomia. Houve um perodo de tenso pois a abordagem dominante da Biblioteconomia

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    dos Estados Unidos, orientada para o no tecnolgico e para as Cincias Sociais e representada pela Escola deChicago, foi desafiada e transformada pelo retorno do interesse em modelos e em tecnologia. Os assuntos quetinham interessado aos documentalistas europeus emergiram com muita fora na Biblioteconomia dos EstadosUnidos 20 anos depois que na Europa, mas aquilo que foi produzido na Europa, principalmente em francs e alemo,foi amplamente esquecido.

    Elegeu-se um nome para esta nova rea Cincia da Informao e o principal elemento foi a presena deindivduos voltados tecnologia e de fora da Biblioteconomia, que estavam procurando conduzir a nova tecnologiaeletrnica para resolver velhos problemas. Afinal, a Biblioteconomia dos Estados Unidos, neste momento, no eraformada por indivduos sofisticados tecnologicamente e com experincia e competncia nos problemas eoportunidades de tecnologia em servios de biblioteca, Documentao e gerenciamento de informaoespecializada, uma vez que a linha dominante representada pela pesquisa de Chicago no contemplava estesaspectos.

    Buckland acredita que a disputa sobre Cincia da Informao e Biblioteconomia poderia ter ocasionado uma grandemudana se tivesse ocorrido uma retomada das primeiras posies dos documentalistas europeus e dos estudos epropostas dos pioneiros estadunidenses que atuaram em fins do sculo XIX. Considera que as pesquisas eaplicaes em Cincia da Informao dos Estados Unidos do ps Segunda Guerra realizadas por engenheiros, foramcaras e ineficazes, mas que poderiam ter sido produtivas se no tivesse havido uma separao institucionalizada eatitudinal entre engenheiros e bibliotecrios. Pesquisadores e profissionais da Cincia da Informao erampercebidos por muitos bibliotecrios como uma espcie de ameaa at o final dos anos 70, quando o debate sobreCincia da Informao versus Biblioteconomia dispersou em segmentos diferentes aquilo que era uma nfaseconstrutiva sobre teoria, modelos e servios.

    Uma temporria falta de nfase em modelos e em tecnologia contribuiu para uma prolongada falta de identidade edireo nos departamentos acadmicos de estudos de biblioteca e de informao, que levou carncia de objetivos,alm de sustentar a continuidade de treinamento em procedimentos, a preocupao com o profissionalismo e poucabase para uma agenda de pesquisa. Com o tempo, passou-se a acreditar na necessidade de incluir novos estudos deCincia da Informao e Documentao no currculo bsico das escolas de Biblioteconomia dos Estados Unidos, oque foi um desafio contnuo desde os anos 60. O que estava sendo introduzido era, mais ou menos, uma versoatualizada dos estudos apresentados nos congressos da FID dos anos 30.

    A partir de Buckland, pode-se inferir que, na primeira metade do sculo XX, a Europa inovou em termos de pesquisae experimentos de processos de organizao da informao, mas o patamar tecnolgico de ento e dificuldadespolticas e econmicas no permitiram sua disseminao e implementao. Ao mesmo tempo, os Estados Unidosestavam preocupados com a ampliao do nmero de bibliotecas, vistas como equipamentos culturais eeducacionais, e a garantia de acesso universal aos seus acervos. Mesmo considerando que havia alguma pesquisae experimentao no pas em tecnologias (mas no em tcnicas e modelos) para processos de bibliotecas, ela no foisignificativa. Contudo, durante e aps a Segunda Guerra Mundial, o esprito pragmtico e o apoio em pesquisatecnolgica dos Estados Unidos gerou um grande avano, permitindo vrias implementaes. Enquanto isso, aEuropa estava devastada pela Guerra: no pde acompanhar o avano estadunidense mas recebeu suas influnciassem, no entanto, ver aproveitados seus desenvolvimentos.

    5. A Cincia da Informao (dcada de 1950 em diante) Shera e Egan (1961) citam que a Documentao e a Biblioteconomia evoluram como artes prticas com o fim deatenderem necessidades imediatas. Tanto as bibliotecas quanto os centros de documentao trabalharam de formaisolada, decorrente de um perodo caracterizado por poucas bibliotecas, acervo reduzido e clientela homognea eerudita que pouco se relacionava entre si.

    No final da dcada de 60, nos Estados Unidos, com o crescente desenvolvimento da Cincia da Informao, aDocumentao chegou a ser considerada at mais antiquada que a Biblioteconomia (Shera, 1980). J na Europacontinental, o termo Documentao ainda hoje amplamente utilizado e se confunde, muitas vezes, com a idiaexpressada pela Cincia da Informao.

    conseqncia (mas tambm causa) da relativa ausncia dos estudos sobre Documentao nos Estados Unidos otardio aparecimento de literatura na rea em idioma ingls. Considerando a obra "Trait de Documentation", deOtlet, de 1934, em Bruxelas, como a primeira e significativa sobre o tema, e a obra "Die Decimal Klassification", deFrank, de 1946, em Berlim, cuja primeira parte trata dos princpios documentrios, somente um ano depois, foiproduzido em idioma ingls, o livro "Documentation", por Bradford, em Londres. A obra referencial seguinte a esta intitulada "Quest-ce que la Documentation", de autoria de Suzanne Briet, de 1951 (Shera e Egan, 1961). Como se v,

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    estas obras de referncia sobre Documentao foram produzidas na Europa (contudo, a citao de pesquisadoresestadunidenses). Alm disso, percebe-se que, ainda hoje, as literaturas em ingls e em francs sobre organizao dainformao apresentam abordagens bastante peculiares.

    Em especial, na Frana, a diviso profissional entre bibliotecrios e documentalistas deu-se de forma marcante,como pode ser observado atualmente pelos cursos de formao especficos e pela ampla disseminao dos centrosde documentao. Os primeiros centros de documentao surgiram neste pas entre as duas Grandes Guerras e semultiplicaram depois de 1945. A atuao dos centros de documentao ilustra o papel que desempenha ainformao na ajuda pesquisa e tomada de deciso nas organizaes (Pomart, 1997, p. 124). J na rea escolar, osassim chamados centros de documentao e informao (CDI) so estruturas documentrias dos estabelecimentosescolares do segundo grau do sistema de ensino francs, que englobam biblioteca, sala de leitura, audioteca evideoteca, entre outros, e efetivam o tratamento documentrio dos materiais, a pesquisa, a promoo de leitura e aao cultural. Neles trabalham os professores-documentalistas (Vernotte, 1997, p. 125).

    Por outro lado, nos Estados Unidos, os CDIs so representados pelas midiatecas (media centers) ou bibliotecasescolares, assim como, os centros de documentao especializada so geralmente denominados bibliotecasespecializadas (special libraries) ou centros de informao (information centers). Contudo, a linha existente entrecentros de documentao e bibliotecas especializadas no evidente (Pallier, 1997, p. 99).

    De fato, h muita pesquisa histrica a ser realizada a partir da explorao dos fatores que levaram ao surgimento, emseparado, da Biblioteconomia Especializada e da Documentao, uma vez que esta diviso profissional (juntamentecom a diviso entre Biblioteconomia "Generalista" e Documentao) gerou um estado de debilidade para a Cinciada Informao, que perdura at os dias atuais (Williams, 1998). Uma das diferenas pode ser observada naabrangncia dos princpios documentrios para alm das reas especializadas do conhecimento, aproximando-se danoo atual de Cincia da Informao.

    Apesar disto, inicialmente, a tendncia predominante exercida pelos Estados Unidos contou com a Cincia daInformao sendo empregada para designar a Biblioteconomia do tipo no tradicional, passando-se do problema dadiferena entre Biblioteconomia e Documentao para a relao entre Biblioteconomia e Cincia da Informao.

    Dado que estas trs reas apresentam mais divergncia entre si que arcabouo cientfico comum, acredita-se quefundamentos cientficos estejam mais presentes nos princpios modernos da Documentao que nas prticastradicionais da Biblioteconomia. Para Frohmann (2004), os estudos contemporneos devem muito ao movimentodocumentalista do final do sculo XIX ao incio do sculo XX, pois as prticas documentrias foram as primeiras acontemplar o tratamento da informao. Segundo este autor, a Documentao, em seu sentido amplo, cobre umterritrio maior que os estudos de informao.

    Contudo, um dos fatores que explica a criao da noo de Cincia da Informao paralelamente de Documentaofoi o surgimento dos bancos de dados: enquanto a Documentao fornecia referncias de documentos a seremconsultados, os bancos de dados ofereciam informaes propriamente, alm de clculos complexos a partir dasmesmas (Enciclopdia Mirador Internacional, 1994, p. 6115).

    Apesar deste fator, a Cincia da Informao no apresenta um conjunto de noes gerais comuns e significativasque garanta a orientao a campos mais especficos de atividade e estudo. De outra forma, na Medicina ou noDireito, por exemplo, o estudante aprende os princpios gerais da rea e quando se especializa sabe que isto fazparte de um conjunto mais amplo (Shera, 1980).

    Neste sentido, a histria da Cincia da Informao apresenta menos dados factuais, mas muita discusso sobre suamal resolvida identidade e controvertida constituio como rea de conhecimento.

    Para Pinheiro (1999, p. 156), a Cincia da Informao "parte do reconhecimento de sua interdisciplinaridade, de suanatureza social, forte e profundamente relacionada tecnologia da informao e do novo papel da informao nasociedade e na cultura contemporneas, caractersticas essenciais da rea". A Cincia da Informao tem suas razesna bifurcao da Documentao/ Bibliografia e da Recuperao da Informao (Information Retrieval). umacincia social cujo objeto a informao, tendo incio no campo da informao cientfica e tecnolgica, passando aatuar tambm com a informao para fins educacionais, sociais e culturais. Apresenta interfaces com aBiblioteconomia, Cincia da Computao, Cincia Cognitiva, Sociologia da Cincia e Comunicao, entre outrasreas.

    Outras abordagens sobre a constituio da Cincia da Informao incluem ainda reas do conhecimento como aAdministrao, que busca fornecer formas otimizadas para a operao do fluxo da informao registrada, e a

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    Editorao, na produo de documentos impressos e eletrnicos. Tambm podem ser citadas a Lingstica, Lgica,Psicologia, Estatstica e Economia.

    Goffman (citado por Pinheiro, 1999, p. 164-165), aborda a questo da relao da Cincia da Informao com aBiblioteconomia e com a Cincia da Computao. Entende que as bibliotecas foram as primeiras instituies queoperam com informao a utilizarem o processamento automtico e que a Biblioteconomia necessita de uma cinciaque fornea a respeitabilidade acadmica que lhe falta. No caso da Cincia da Computao, so apontadas tambm adefinio de problemas e a busca de legitimidade acadmica. No entanto, afirma que a Cincia da Informao nopode restringir-se nem a uma nem a outra e deve transcender os sistemas fsicos das bibliotecas ou doscomputadores, embora possa utilizar suas aplicaes e se beneficiar tanto da Biblioteconomia quanto da Cincia daComputao. Comenta ainda que, a ligao da Cincia da Informao com estas reas to forte que, em seu incio,na dcada de 60, era confundida com elas.

    Buckland e Liu (1998) afirmam que os termos Information Science e Information Retrieval foram adotados parasubstituir o antigo termo Documentation. Entendem a Cincia da Informao como a aplicao de reasespecializadas, como arquivos, bibliotecas e servios de informao corporativa, e afirmam que as bases tericas daBiblioteconomia e da Documentao esto relacionadas s da Cincia da Informao.

    Outra denominao inicialmente utilizada para a Cincia da Informao foi Informatologia, como uma tentativa deevitar o termo Documentao. O termo Informatologia foi utilizado pela primeira vez em 1962 em uma universidade deEstocolmo, na Sucia, como nome de um curso de cem horas, que foi oferecido durante vrios anos (Chernyi,Gilyarevskii e Mikhailov, 1973).

    A Enciclopdia Mirador Internacional (1994, p. 6114-6115) aborda extensamente o tema, dividindo o verbete"Informao" em trs partes, quais sejam: Teoria da Informao, Informao e autmatas e Informatologia. Nestaltima parte, constam as informaes que seguem.

    Considera-se que a Biblioteconomia deu origem Bibliografia, que fundamentou a Documentao, que por sua vez,forneceu insumos constituio da Cincia da Informao, tambm nomeada Informatologia. A Cincia daInformao entendida como a preocupao com a unidade fundamental do saber, atravs de estudosinterdisciplinares e de mtodos como o estrutural. Engloba o conjunto das disciplinas voltadas para a produo,comunicao e consumo da informao que, chamadas por isso de cincias da informao, passaram a serconsideradas como uma s cincia da informao.

    A adoo do termo Cincia da Informao no idioma ingls, pode ser verificada j em 1958, com a criao, emLondres, do Institute of Information Scientists, e dez anos depois, com a mudana de denominao do AmericanDocumentation Institute para American Society for Information Science and Technology, o mesmo ocorrendo comescolas de Biblioteconomia e publicaes.

    Marco considerado importante nesta nova cincia a Encyclopedia of Library and Information Science, editada porAllen Kent e Harold Lancour, em New York, desde 1968 e at hoje publicada, cujo prefcio discorre sobre "umanova disciplina constituda sobre princpios fundamentais decorrentes da experincia acumulada e que incorporamtodos os novos conceitos e tcnicas", isto , "uma cincia integrada da biblioteconomia e informao"(Enciclopdia Mirador Internacional, 1994, p. 6115). A prpria Enciclopdia Britnica publicou, em 1968, longoverbete intitulado Information processing, considerando a necessidade de muitas disciplinas, tecnologias eatividades sobre o processamento da informao para sua organizao, armazenamento, comunicao e uso.

    Chernyi, Gilyarevskii e Mikhailov (1973) e Moreiro Gonzlez (1995) tratam da construo do conceito que envolve aCincia da Informao, na Unio Sovitica, que teve incio alguns anos depois de fundamentado e desenvolvidopelos Estados Unidos. A equipe de Mikhailov concebeu alguns enfoques diferentes e criou o termo Informatikapara defini-lo. Para os russos, essa nova disciplina responsvel pelo estudo da estrutura e das peculiaridades dainformao cientfica (a qual engloba todas as reas do conhecimento), assim como as leis que regem essa atividade,sua teoria, histria, mtodos e organizao. O assunto fundamental da Informatika a informao considerada nocontexto comunicativo dentro do sistema social interessado pelas mudanas no estado dos conhecimentos: deveproduzir alteraes no pensamento das pessoas, o que significa que a informao comunicao que se recebe e seassimila. As reas que compem a Informatika foram definidas por: Informatika terica (estuda os sistemasabstratos de informao); Informatika de gesto (relaciona-se com a gesto de sistemas de informao);Informatika cientfica (investiga os sistemas de informao automatizados); e Informatika bibliotecria (estuda ossistemas de informao bibliotecria).

    Os pesquisadores russos apontam para uma distino entre o servio de informao cientfica e o trabalho ativo

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    com o leitor, a divulgao do livro e a orientao para a leitura, como uma crtica aos desenvolvimentos dos"bibliotecrios burgueses". Citam que estes, por pensarem as atividades da biblioteca como meramente tcnicas,baseadas na aquisio de livros e sua organizao para os leitores, acreditavam que livros seriam substitudos pelosmicrofilmes e as bibliotecas e os bibliotecrios estariam em extino. Na Unio Sovitica, a ao do bibliotecrio e abiblioteca pblica eram essenciais pois possuam um papel pedaggico e formativo, como meio para edificao dasociedade socialista.

    No entanto, ocorreu um processo que levou adoo ampla da concepo e do termo Information Science,elaborado nos Estados Unidos, em detrimento da Informatika, pensada pelos russos no mesmo perodo. Ofenmeno explicado pela ambigidade do termo Informtica no Ocidente e pelos avanos na constituioconceitual e nas aplicaes da corrente estadunidense, sustentada pelo predomnio terico e comercial. Com oesgotamento do regime socialista, teve fim tambm uma das principais correntes terico-prticas da Cincia daInformao.

    Dentre as abordagens mais consistentes sobre Cincia da Informao est a de Saracevic. Terico de produorelevante no campo da Comunicao, considera o objeto da Cincia da Informao como o comportamento, aspropriedades e os efeitos da informao em todas as suas facetas, tanto quanto os vrios processos dacomunicao que afetam e so afetados pelo homem. A Cincia da Informao estuda: (1) a dinmica e a esttica doconhecimento, ou seja, suas fontes, organizao, criao, disperso, distribuio, utilizao, expresso bibliogrficae obsolescncia; (2) os aspectos comunicacionais relacionados ao homem enquanto produtor e usurio deinformao; (3) os problemas da representao simblica da informao como na classificao e indexao; e, porextenso, (4) o funcionamento de sistemas de informao como as bibliotecas e os servios de armazenagem,recuperao e processamento de dados (Saracevic citado por Enciclopdia Mirador Internacional, 1994, p. 6115).

    Wersig (1997) argumenta a favor da natureza da Cincia da Informao como uma cincia ps-moderna. Isto implicaum novo entendimento da noo de conhecimento, por meio do abandono da idia de paradigmas como categoriasnicas de compreenso cientfica. Diferente da cincia clssica, que baseada na pesquisa do completoentendimento de como as palavras trabalham, a cincia ps-moderna trata do desenvolvimento de estratgias pararesolver em particular aqueles problemas causados pelas cincias clssicas e pelas tecnologias. Wersig defineCincia da Informao como o conjunto de modelos, desenvolvidos sob o ponto de vista do problema do uso doconhecimento nas condies ps-modernas de informatizao.

    A aplicao do conhecimento cientfico deu origem tecnologia, que por sua vez, transformou e transforma asformas de disseminao e uso do conhecimento. Possuindo como contexto a ps-modernidade, o perodocontemporneo marcado pela informao (unidade do conhecimento ou o dado agregado de valorcomunicacional), pela comunicao (que vulgariza o conhecimento por meio da disseminao massiva possibilitadapela tecnologia) e pela tecnologia (ferramenta transformadora das formas de produo e transmisso de contedos).Para Mendona (2000, p. 65), o campo da construo terica da Cincia da Informao est situado entre otecnolgico e o humano, pois os avanos tecnolgicos afetam o conceito e o uso da informao, que por sua vezinfluem na estruturao do conhecimento.

    Consideraes Finais A Biblioteconomia apresenta uma longa histria de atividades de organizao e conservao de documentos, desdeo incio da escrita at a poca moderna, no sculo XV, quando recebeu novos insumos em funo da inveno daimprensa e do Renascimento cientfico e cultural. Este perodo teve como elementos marcantes a primeira explosode produo e circulao de livros e o distanciamento dos ento bibliotecrios das atividades de (re)produo dedocumentos e, portanto, de uma maior relao com o contedo dos mesmos. Por volta de 1850, a Biblioteconomiasofreu uma ruptura com a Bibliografia, devido proliferao dos peridicos e necessidade de acesso a seusartigos. Esta ruptura foi concretizada pela sistematizao e aplicao da Documentao por Otlet e pelacontinuidade e aprimoramento deste movimento na Europa. No mesmo perodo, na Europa, e principalmente nosEstados Unidos, tiveram incio a criao e a disseminao das bibliotecas pblicas, entendidas como equipamentosde acesso universal educao e cultura. Tambm foi emblemtica a pesquisa em Biblioteconomia da Escola deChicago, entre os anos 30 e 60, focada na questo da funo social da biblioteca e do bibliotecrio, emcontraposio aos progressos em tratamento documentrio e mecanizao realizados pelos documentalistaseuropeus desde o final do sculo XIX. Uma outra ruptura (que reforou a anterior) ocorreu com a sedimentao daCincia da Informao nos Estados Unidos, a partir dos anos 50, justificada essencialmente pela evoluo datecnologia eletrnica e construda sem a retomada dos estudos sobre processos e tecnologias anteriormentedesenvolvidos pela Documentao.

    Dos mritos da Biblioteconomia, os maiores talvez tenham sido a preservao dos documentos acumulados pela

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    humanidade, a prestao de servios para acesso e uso destes documentos e a possibilidade (no a efetividade) doacesso e uso de seus contedos. Entretanto, ressalvas so feitas ao apego s tradies e regras estabelecidas, dificuldade de constituio cientfica enquanto rea do conhecimento (apesar de ser nomeada como organizadora deunidades do conhecimento de outras reas) e resistncia em desenvolver uma postura mais reflexiva e uma aoprofissional com vis intelectual e poltico, que considere os modelos tericos em contnua interao com a prtica esegundo seus contextos de implantao.

    O quadro apresentado indica que parte da relao entre Biblioteconomia e Cincia da Informao decorrncia dacontinuidade da oposio entre Biblioteconomia e Documentao. Afinal, se a Documentao surgiu de uma cisoda Biblioteconomia e impulsionou a formao da Cincia da Informao, seria coerente considerar as duas ltimascomo divergentes. Apesar de ser verificvel relativa divergncia, ela s no maior pois a Biblioteconomiaassimilou algumas tcnicas da Documentao, sendo por isso definida atualmente como uma grande rea nomeada"Biblioteconomia e Documentao".

    Contudo, houve baixa absoro dos princpios documentrios pela Cincia da Informao moldada nos EstadosUnidos. Este fenmeno poderia encontrar justificativa no apelo dos avanos tecnolgicos, os quais obscurecem ainformao que veiculam, e no controverso estgio embrionrio da Cincia da Informao, que no propicia aapropriao de fato das reas que lhe deram origem. J a Recuperao da Informao (segundo a noo adotadapelo termo ingls Information Retrieval), que tambm est na base originria da Cincia da Informao, parecerealizar uma contribuio mais reconhecida. Sob o ponto de vista do argumento da origem europia daDocumentao e da origem estadunidense da Recuperao da Informao, refora-se a necessidade de estudos paraavanar na compreenso da Cincia da Informao com base nas peculiaridades e caractersticas histricas destasduas culturas.

    A Lingstica Documentria e a Informtica Documentria so campos que representam elaboraes da Lingsticae da Informtica aplicadas aos processos documentrios. Estando em sua origem ligados Documentao e suasdenominaes assim o indicarem, expressam contedos essenciais para a composio da Cincia da Informao porconsiderarem, respectivamente, a natureza lgico-semntica da estruturao do contedo dos documentos e osrequisitos tecnolgicos para a sua produo, organizao e disseminao. Observa-se uma lacuna na literaturasobre Cincia da Informao ao considerar a Lingstica e a Informtica (ou Cincia da Computao) em detrimentoda Lingstica Documentria e da Informtica Documentria. Uma explicao possvel est na constatao de que, aexemplo da Documentao, estes campos so pouco conhecidos. Isto, no entanto, no justifica que a construoterica da Cincia da Informao no opere pela assimilao destes campos interdisciplinares, de alguma forma jconstitudos e aplicados.

    Pode-se inferir que, a construo terico-prtica da Cincia da Informao pela Unio Sovitica, a partir dos anos 60,contou com relativa clareza sobre a distino entre os servios de informao cientfica e os trabalhos de estmulo leitura, assim como, sobre os mtodos para a efetivao de cada um deles, a despeito do controle socialista sobre aproduo e uso de informao. J nos Estados Unidos e pases europeus, houve um constante embate entre oprojeto da biblioteca pblica e educativa e a Biblioteconomia especializada (e a Documentao), desde o final dosculo XIX at a metade do sculo XX. Apesar de este fenmeno ter ocorrido de forma peculiar em cada pas,nenhum obteve sucesso na consolidao de uma conformao global da rea.

    Contudo, verifica-se que, na Frana, a influncia do modelo estadunidense de biblioteca pblica e os avanosdocumentrios europeus em constante reformulao produziram fundamentos abrangentes e integrados, que podemser observados na literatura tcnico-cientfica do pas. Mesmo que a separao profissional entre bibliotecrios edocumentalistas seja marcante na Frana, mais que nos Estados Unidos onde predomina forte corporativismobibliotecrio, interessa o fato de a literatura em francs realizar uma abordagem tal que, em suas bases, contempla esubsidia a ao e a reflexo dos diversos profissionais que atuam com organizao da informao.

    Esta mesma abordagem reflete-se na literatura em idioma espanhol, configurando-se em uma excelente fonte deestudo para os profissionais brasileiros, dada a maior familiaridade com o idioma. Porm, observa-se que as tcnicasdocumentrias encontram-se pouco difundidas, em especial, no Brasil. Aqui, o modelo da Biblioteconomiadisseminado pelos Estados Unidos est sendo acrescido dos princpios da Cincia da Informao sem a retomadados princpios documentrios, cuja importncia vem sendo citada na literatura internacional da ltima dcada.

    Uma outra dificuldade apresentada nos estudos em Cincia da Informao est em se recorrer s conceituaes deinformao de forma descontextualizada. Acredita-se que o que est em questo antes a abordagem realizadasobre a informao pela Cincia da Informao do que a informao em sua singularidade. Neste sentido, a Cinciada Informao pode ser definida como a rea que estuda a teoria, os mtodos e as prticas da produo,organizao, armazenamento, recuperao, disseminao e promoo do uso da informao, processos esses

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    compreendidos no mbito dos fluxos comunicacionais, e a informao abordada enquanto unidadeoperacionalizvel do conhecimento.

    A fragmentao, o no reconhecimento de campos constitudos e aplicados e a falta de foco (ou a conduo a focosaqui considerados secundrios) ainda hoje causam incmodo e se colocam como um obstculo queles que buscamcompreender teoricamente a rea e desenvolver uma prtica fundamentada e abrangente.

    Conclui-se que a Biblioteconomia, a Documentao e a Cincia da Informao so reas que se relacionamconceitual e historicamente.

    A Biblioteconomia tem origem efetiva na atividade de preservao das unidades do conhecimento registrado,alterando-se com o tempo por meio da democratizao do acesso educao e cultura em atividade de gesto deservios de biblioteca, porm sem constituir rea cientificamente fundamentada no seu todo. marcada pela intensadisseminao de seus equipamentos fsicos, as bibliotecas, muitas das quais estabeleceram redes cooperativas decatalogao, cujos laos so essencialmente produtivos e formais, mas no estabelecidos com base na informao eseu contexto de produo e uso.

    A Documentao, uma dissidncia da anterior mas tambm componente dela, caracteriza-se pelo tratamento docontedo dos documentos, pela diversidade dos tipos de registros de informao com que trabalha e pelo usootimizado das inovaes tecnolgicas em seus processos. Mesmo que crticas possam ser feitas, por exemplo, limitada perspectiva comunicacional efetivada pelos antigos centros de documentao, seus preceitos baseiam-sena contextualizao institucional e de pblico como critrios para a definio dos processos e servios.Desenvolveu tcnicas mais amplamente aplicveis e atingiu significativo grau de sistematizao de seus princpios emodelos. Deu insumo Cincia da Informao que, entendida como cincia ps-moderna, portanto interdisciplinar esem vinculao a paradigma nico, reflete a mudana instaurada no sculo XX pela comunicao, pela tecnologiaeletrnica e pelos fluxos de informao.

    Finalmente, sendo a Biblioteconomia, a atividade mais antiga de organizao de documentos, encontra na Cincia daInformao a possibilidade de construo de referenciais tericos e de conquista de status cientfico, enquanto estaencontra naquela parte da histria e das prticas que compem aquilo que vem elaborando a partir de diversasdisciplinas e aplicaes. J a Documentao, considerada em separado da Biblioteconomia, desenvolveu princpiose tcnicas voltadas organizao e recuperao da informao, independente dos suportes e tipos documentais ecom base nos contextos de aplicao e tipos de informao. Neste sentido, os princpios documentrios permitem Biblioteconomia maior abstrao e adequao na elaborao de seus processos e servios, e fornecem Cincia daInformao insumos para uma construo cientfica slida, ao conduzir a um foco ou ncleo de referncia para aalocao integrada das demais disciplinas e aplicaes.

    O desafio atual de elaborao terica, assim como, de constituio dos diversos servios de informao,independente do nvel de especializao ou generalizao da informao e do pblico, necessita da integraoconceitual e procedimental entre: (1) o acmulo decorrente das prticas da Biblioteconomia; (2) os primeirosprincpios e tcnicas da Documentao at as elaboraes mais recentes; e (3) os avanos epistemolgicos emCincia da Informao.

    Atualmente, verifica-se a elaborao de tesauros e outras linguagens documentrias, a criao de servios deindexao e resumos, a organizao de contedos de sites e a construo e gerenciamento de servios deinformao empresarial, governamental ou do Terceiro Setor realizados por diversos profissionais que no osoriundos da rea da Biblioteconomia. Este fato refora a ocupao histrica (desde fins do sculo XIX, pelo menos)por outros profissionais nas lacunas deixadas pela Biblioteconomia. Corporativismo parte, pois a histria mostrouque esta postura no tem sido profcua e a diversidade de profissionais tende a ser saudvel Cincia daInformao, seria de se esperar que os historicamente conhecidos profissionais da informao atuassem ampla esignificativamente na pesquisa terica e emprica, assim como, nos processos de produo, organizao,recuperao, disseminao e promoo do uso da informao segundo contextos determinados.

    Nota

    [1] Artigo baseado na dissertao de mestrado intitulada Informtica Documentria: estado da arte, defendida emSo Paulo, em 2002, na Escola de Comunicaes e Artes (ECA), da Universidade de So Paulo (USP).

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    Mestre, Professora Assistente da Escola da Cincia da Informao (ECI) da UFMG. Endereo: Rua Joo Antnio Cardoso, 128 apto. 202 Bairro Ouro Preto Belo Horizonte-MG 31310-390 Telefones: (011) 9295-6897 / (031) 3498-6733


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