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Relatório da Agência Internacional da Energia_ 2011

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 AGÊNCIA INTERNACIONAL DE ENERGIA 

A Agência Internacional de Energia (AIE) é um organismo autónomo, criado em Novembrode 1974. A sua missão principal era – e continua a ser – dupla: promover a segurança energética

entre os países membros, ao propor uma resposta colectiva às rupturas de abastecimento depetróleo, e fornecer estudos e análises idóneas sobre as formas de garantir aos 28 países membros

e a outros, uma energia ável, a preços acessíveis e limpa. A AIE desenvolve um extenso programa decooperação energética entre seus países membros, através do qual cada um tem a obrigação de manter

stocks de petróleo equivalentes a 90 dias das suas importações líquidas. A agência tem por objectivos:

n  Assegurar o acesso dos países membros a fontes de aprovisionamento áveis e amplas de todasas formas de energia, em particular, através da manutenção de uma capacidade de resposta deemergência eciente em caso de ruptura do abastecimento de petróleo.

n  Promover políticas energéticas sustentáveis que estimulem o crescimento económico e a protecçãodo meio ambiente num contexto global – em particular em matéria de redução das emissões degases com efeito de estufa, que contribuem para a alteração climática.

n  Melhorar a transparência dos mercados internacionais através da colecta e análise de dadosrelativos à energia.

n  Apoiar a colaboração mundial em matéria de tecnologias energéticas de modo a asseguraros abastecimentos de energia no futuro e a diminuir o seu impacto ambiental,

inclusive através de uma maior eciência energética, do desenvolvimento e dadisseminação de tecnologias de baixo carbono.

n  Encontrar soluções para os desaos energéticos mediante o empenho eo diálogo com os países não-membros, a indústria, as organizações

internacionais e outras partes interessadas.

Países membros da AIE:

Alemanha

 Austrália

 Áustria

Bélgica

Canadá

Coreia (República da)Dinamarca

Espanha

Estados Unidos da América

Finlândia

França

Grécia

Hungria

Irlanda

Itália

 JapãoLuxemburgo

Noruega

Nova Zelândia

Países Baixos

Polónia

Portugal

Reino Unido

República Checa

República Eslovaca

SuéciaSuíça

 Turquia

 A Comissão Europeia também

participa no trabalho da AIE.

 A presente publicação está sujeitaa restrições específcas que limitam

a sua utilização e distribuição. Os termose condições podem ser consultados na página:

www.iea.org/about/copyright.asp

© OECD/IEA, 2011

International Energy Agency 9 rue de la Fédération

75739 Paris Cedex 15, Francewww.iea.org

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3Sumário

SUMÁRIO

“Se não mudarmos rapidamente de rumo, chegaremos ao lugar para onde nos dirigimos” 

Poucos sinais apontam para a efecva mudança de rumo das tendências mundiais daenergia, embora seja urgentemente necessária. Apesar da recuperação contrastada daeconomia mundial desde 2009 e das perspecvas económicas ainda incertas, a procuramundial de energia primária realizou um salto notável de 5% em 2010, provocando um novopico das emissões de CO

2. Os subsídios que esmulam o consumo excessivo de combusveis

fósseis subiram para mais de 400 000 milhões1 de dólares. O número de pessoas semacesso à electricidade manteve-se ao nível inaceitavelmente elevado de 1,3 mil milhões,representando cerca de 20% da população mundial. Ainda que muitos países denam como

prioridade uma maior eciência energéca, a intensidade energéca global deteriorou-sepelo segundo ano consecuvo. Sobre este pano de fundo pouco animador, eventos comoo acidente na central nuclear de Fukushima Daiichi e as convulsões no Médio Oriente eno Norte de África (MENA) suscitaram dúvidas quanto à abilidade do abastecimento deenergia, enquanto as preocupações sobre a integridade nanceira soberana desviarama políca energéca do centro das atenções dos governos e limitaram os seus meios deintervenção políca, pressagiando a diculdade de alcançar os objecvos acordados parafazer frente às alterações climácas.

Esta edição do World Energy   Outlook  avalia as ameaças e oportunidades do sistema

global de energia, apoiando-se numa rigorosa análise quantava das tendênciasda energia e do clima. A análise inclui três cenários globais e vários estudos de caso. Ocenário central desta edição do Outlook  é o Cenário Novas Polícas, o qual assume queos recentes compromissos polícos dos governos serão implementados cautelosamente – mesmo que ainda não assentem em medidas sólidas. A comparação com os resultadosdo Cenário Polícas Actuais, o qual assume que não serão denidas novas polícas alémdaquelas que já existem em meados de 2011, ilustra o valor desses compromissos e planos.De outro ponto de vista, é igualmente instruva a comparação com o Cenário 450, queretoma o objecvo internacional de limitar o aumento a longo prazo da temperatura média

a dois graus Celsius (2°C) acima dos níveis da época pré-industrial, de modo a traçar umcaminho possível para angir essa meta. A grande diferença nos resultados obdos porestes três cenários sublinha o papel críco dos governos na denição dos objecvos e naimplementação das polícas necessárias para modelar o nosso futuro energéco.

 As incertezas a curto prazo não alteram signicativamente aperspectiva a longo prazo

Apesar das incertezas quanto às perspecvas de crescimento económico a curto prazo,no Cenário Novas Polícas, a procura de energia cresce fortemente, aumentando umterço entre 2010 e 2035. As hipóteses de crescimento da população mundial de 1,7 mil

1. Notar que em Português do Brasil 1 bilhão corresponde a 1000 milhões em Português de Portugal.

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4 World Energy Outlook 2011

milhões de pessoas e de 3,5% crescimento médio anual da economia mundial geram umaprocura sempre crescente no domínio dos serviços de energia e de mobilidade. Uma taxade crescimento do PIB mundial a curto prazo mais reduzida do que a assumida nesta ediçãodo Outlook teria somente uma inuência marginal nas tendências a longo prazo.

A dinâmica dos mercados da energia é cada vez mais determinada por países fora da

OCDE. Os países não membros da OCDE são responsáveis por 90% do crescimento dapopulação, 70% do aumento da produção económica e 90% do incremento da procura deenergia, entre 2010 e 2035. A China reforça ainda mais a sua posição de principal consumidormundial de energia: em 2035, consome pracamente 70% de energia a mais do que osEstados Unidos da América, segundo consumidor mundial, embora no mesmo período, oconsumo energéco per capita da China represente ainda menos de metade do valor dosEstados Unidos. As taxas de crescimento do consumo de energia na Índia, na Indonésia, noBrasil e no Médio Oriente aumentam a um ritmo ainda mais rápido do que a China.

É necessário um invesmento mundial nas estruturas de transporte da energia de38 biliões de dólares (em valores de 2010) no período 2011-2035. Pracamente dois terçosdo invesmento total são realizados em países fora da OCDE. O petróleo e o gás representamconjuntamente cerca de 20 biliões de dólares, tendo em conta o aumento a médio e a longoprazo das necessidades de invesmento a montante e dos respecvos custos. O sector daelectricidade exige a maior parte do valor remanescente, com mais de 40% desnado àsredes de transmissão e distribuição.

A era dos combusveis fósseis está longe de ter acabado, mas a sua predominânciatende a declinar. A procura aumenta para todos os combusveis, mas a percentagem de

combusveis fósseis no consumo global de energia primária acusa uma ligeira quebra,passando de 81% em 2010 para 75% em 2035: o gás natural é o único combusvelfóssil cuja percentagem aumenta no combinado energéco global, até 2035. No sectorda electricidade, as tecnologias das energias renováveis, lideradas pelas energiashidroeléctrica e eólica, constuem metade da nova capacidade instalada para responderà procura crescente.

 Alguns passos na boa direcção, mas a janela dos 2°C está a fechar-se

Não podemos dar-nos ao luxo de protelar qualquer acção desnada a lutar contra asalterações climácas se quisermos alcançar a um preço razoável o objecvo a longo prazo delimitar o aumento médio global da temperatura a 2°C, tal como previsto no Cenário 450. NoCenário Novas Polícas, o mundo segue uma trajectória que resulta num nível de emissõescorrespondente a um aumento de temperatura a longo prazo superior a 3,5°C. Sem essasnovas polícas, estaremos numa rota ainda mais perigosa, que levará a um aumento de 6°Cou mais da temperatura.

Em 2035, quatro quintos das emissões admissíveis totais de CO2

relacionadas com aenergia no Cenário 450 já estão “garandos” pelo stock existente (centrais eléctricas,

edicios, fábricas, etc.). Se não forem tomadas novas medidas rigorosas até 2017, as infra-estruturas implantadas nessa altura gerarão todas as emissões de CO

2admissíveis no

Cenário 450 até 2035, não deixando qualquer possibilidade de criação de novas centrais,

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Sumário 5

fábricas ou outras infra-estruturas, a menos que gerem 0 emissões de carbono, o que setornaria extremamente oneroso. Adiar a acção é uma falsa economia, pois para cada dólarque não se investe no sector eléctrico antes de 2020, será necessário invesr mais 4,3dólares depois dessa data, para compensar o aumento das emissões.

As novas medidas de eciência energéca fazem a diferença, mais é preciso muito mais .

No Cenário Novas Polícas, a eciência energéca aumenta a um ritmo que correspondeao dobro dos úlmos 25 anos, sendo esmulada por normas mais rigorosas em todos ossectores e por uma redução gradual dos subsídios aos combusveis fósseis. No Cenário 450,o ritmo de mudança é ainda mais rápido, com melhorias de eciência representando metadeda redução adicional de emissões. A maior contribuição para angir a segurança energécae os objecvos climácos provém da energia que não consumimos.

O aumento da procura no domínio dos transportes e dos custos a

crescente conrmam mais uma vez o m da era do petróleo barato

As pressões a curto prazo nos mercados do petróleo poderão ser moderadas peloabrandamento do crescimento económico e pelo regresso esperado do petróleo líbiono mercado, mas as tendências tanto da procura como da oferta de petróleo mantêma pressão sobre os preços. Assumimos que o preço médio nos países membros da AIEdo petróleo bruto importado permanece elevado, aproximando-se dos 120 dólares/barril (em valores de 2010) em 2035 (mais de 210 dólares/barril em valores nominais)no Cenário Novas Polícas, embora muito provavelmente, na práca, a volalidade dospreços se mantenha.

O aumento líquido da procura de petróleo deve-se na totalidade ao sector do transportenas economias emergentes, dado que o crescimento económico impulsiona a procurade mobilidade das pessoas e das mercadorias. A procura de petróleo (à exclusão dosbiocombusveis) sobe de 87 milhões de barris por dia (mb/d) em 2010 para 99 mb/d em2035. O número total de veículos leves de passageiros duplica, angindo pracamente1,7 mil milhões em 2035. As vendas nos mercados dos países não-membros da OCDEultrapassam as dos países membros da OCDE em 2020, ao mesmo tempo que o centro degravidade da produção automóvel passa para países fora da OCDE, antes de 2015. O recurso

ao petróleo aumenta, apesar de avanços impressionantes em matéria de economias decombusvel em certas regiões, nomeadamente para os veículos de passageiros na Europae os veículos pesados de mercadorias nos Estados Unidos da América. As novas tecnologiasalternavas aplicadas aos veículos ulizam o petróleo de uma forma muito mais ecienteou prescindem totalmente deste combusvel, como no caso dos veículos eléctricos, maslevam tempo a tornarem-se comercialmente viáveis e a penetrar nos mercados. Devido aopotencial limitado de substuição do petróleo como combusvel no domínio do transporte,a concentração da procura de petróleo neste sector expõe menos a procura às variações depreço do petróleo (sobretudo onde os produtos à base de petróleo são subsidiados).

O custo de comercialização do petróleo aumenta, à medida que as companhias sãoobrigadas a recorrer a fontes de mais dicil acesso e onerosas, para substuir a capacidadeperdida e atender à procura crescente. A produção de petróleo bruto convencional – o

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6 World Energy Outlook 2011

principal componente único no aprovisionamento de petróleo – mantém-se nos níveisactuais, antes de diminuir ligeiramente para cerca de 68 mb/d em 2035. Para compensaro declínio do petróleo bruto nos campos existentes, são necessários mais 47 mb/d decapacidade bruta, o dobro da produção de petróleo total actual no conjunto dos países daOPEC do Médio Oriente. Uma parte crescente da produção provém do gás natural liquefeito

(mais de 18 mb/d em 2035) e de fontes não convencionais (10 mb/d). O maior aumentona produção de petróleo deve-se ao Iraque, seguido da Arábia Saudita, do Brasil, doCazaquistão e do Canadá. O fornecimento de biocombusveis triplica, angindo um valorequivalente a mais de 4 mb/d, sustentado por 1,4 bilião de dólares de subsídios durante operíodo de projecção.

As importações de petróleo para os Estados Unidos da América, o maior importadormundial actual, diminuem à medida que os ganhos de eciência reduzem a procura eque são desenvolvidas novas fontes de abastecimento, como o petróleo leve condensado;contudo, a dependência crescente das importações de petróleo nas outras partes do

mundo aumenta as preocupações sobre o custo das importações e a segurança dosabastecimentos. Em 2035, quatro quintos do petróleo consumido nos países Asiácos nãomembros da OCDE provêm de importações, enquanto esse valor representa apenas poucomais de metade em 2010. Globalmente, a dependência aumenta em relação a um númerode produtores bastante limitado, sobretudo na região MENA, com o petróleo a transitarpor vias de aprovisionamento vulneráveis. Em valores agregados, o aumento da produçãooriunda desta região é superior a 90% do crescimento necessário na produção mundial depetróleo, elevando a quota-parte da OPEC na produção global para mais de 50% em 2035.

A insuciência de invesmentos a crescente na região MENA poderá ter um impacto muitoabrangente nos mercados mundiais da energia. Essa carência poderá resultar de váriosfactores, incluindo a percepção de um maior risco de invesmento, polícas deliberadasdos governos para desenvolver mais lentamente a capacidade de produção ou limitaçõesdos uxos de capital interno a crescente devido à concentração das despesas noutros posde programas públicos. Se, entre 2011 e 2015, o invesmento na região MENA for um terçoinferior aos 100 mil milhões de dólares anuais necessários no Cenário Novas Polícas, osconsumidores poderão ter que enfrentar um aumento signicavo do preço do petróleo acurto prazo, de 150 dólares/barril (em valores de 2010).

Perspectivas muito favoráveis para o gás natural

O panorama é muito menos incerto para o gás natural: vários factores, tanto a nível daoferta como da procura, apontam para um futuro brilhante, ou mesmo uma era de ouro,para o gás natural. As perspecvas desta edição do Outlook  vêm reforçar as principaisconclusões de um relatório especial do WEO publicado em Junho de 2011: o consumode gás aumenta nos três cenários, sublinhando o bom desempenho do gás num grandenúmero de futuras orientações polícas. No Cenário Novas Polícas, a procura de gás angepracamente o nível do carvão, sendo 80% da procura adicional oriunda de países fora da

OCDE. As polícas que promovem a diversicação das fontes de combusvel sustentama expansão considerável da ulização do gás na China, alcançada através do aumento daprodução domésca e dos desenvolvimentos do comércio do gás natural liquefeito nas

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Sumário 7

importações e da rede de transporte da Eurásia. O comércio global duplica, sendo mais deum terço deste aumento desnado à China. A Rússia connua a ser o maior produtor de gásem 2035 e o país que mais contribui para o desenvolvimento do aprovisionamento mundial,seguido da China, do Qatar, dos Estados Unidos da América e da Austrália.

O gás não convencional representa actualmente metade da base dos recursos de gás

natural e apresenta uma dispersão maior do que a dos recursos convencionais, o quetem um efeito posivo na segurança do gás. A quota-parte de gás não convencionalpassa a constuir um quinto da produção total de gás em 2035, embora o seu ritmo decrescimento varie consideravelmente entre regiões. Por sua vez, o aumento da produçãoserá determinado pela capacidade da indústria do gás em vencer os desaos ambientais:uma era de ouro do gás requer padrões de ouro em matéria de produção. O gás natural éo combusvel fóssil mais limpo, mas em si, o aumento do consumo de gás (sem captação earmazenamento de carbono) não será suciente para nos colocar numa rota de emissões decarbono que seja compavel como a limitação do aumento da temperatura global de 2°C.

 As fontes de energia renováveis assumem maior protagonismo

A percentagem de fontes de energia renováveis não hidroeléctricas na geração deelectricidade sobe de 3% em 2009 para 15% em 2035, apoiadas através de subsídios anuaisàs fontes de energia renováveis que aumentam pracamente por um factor de cinco, numvalor de 180 mil milhões de dólares. A China e a União Europeia lideram esta expansão erepresentam cerca de metade do crescimento. Embora se preveja uma diminuição no valordos subsídios por unidade de produção, a maior parte das fontes de energia renováveis

precisam de ser apoiadas durante todo o período de projecção, para serem compevasnos mercados de electricidade. Apesar do custo elevado, acredita-se que os beneciosserão duradouros em matéria de segurança energéca e protecção do meio ambiente. Paraobter mais electricidade proveniente de fontes de energia renováveis, por vezes situadasem locais remotos, serão necessários invesmentos adicionais nas redes de transmissão,representando 10% do invesmento de transmissão total: na União Europeia, para angiresse objecvo, será necessário dedicar 25% do invesmento às redes de transmissão.A contribuição da energia hidroeléctrica para a produção total de energia permanececonstante, à volta de 15%, representando a China, a Índia e o Brasil pracamente metade

dos 680 gigawas de capacidade adicional.

Carvão: marcar passo ou prosseguir a todo o vapor?

Na úlma década, o carvão atendeu a pracamente metade do aumento da procuramundial de energia. Saber se esta tendência mudará e a que velocidade, eis uma dasquestões mais importantes para o futuro da economia mundial da energia. Mantendo-se as polícas actuais, o peso do carvão representaria 65% em 2035, suplantando opetróleo enquanto principal combusvel no combinado energéco mundial. No Cenário

Novas Polícas, o consumo global de carvão aumenta nos próximos dez anos mas emseguida, estagna, terminando 25% acima dos níveis de 2009. Para que o Cenário 450 serealize, o consumo de carvão tem de angir o seu pico muito antes de 2020, começando

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8 World Energy Outlook 2011

seguidamente a declinar. Em 2035, o nível da procura de carvão projectado nos três cenáriosé pracamente equivalente ao da procura mundial total de 2009. As consequências dasopções polícas e tecnológicas no clima global são consideráveis.

O consumo de carvão por parte da China representa pracamente metade da procuramundial. O seu plano quinquenal de 2011 a 2015, que visa reduzir a intensidade

energéca e do carbono na economia, será um factor determinante para os mercadosmundiais do carvão. A emergência da China em 2009 como importador de carvão emtermos líquidos acarretou uma subida de preços e a realização de novos invesmentos nospaíses exportadores, incluindo a Austrália, a Indonésia, a Rússia e a Mongólia. No CenárioNovas Polícas, o mercado principal do comércio do carvão connua a transferir-se doAtlânco para o Pacíco, mas a escala e a orientação dos uxos do comércio internacionalsão extremamente incertos, sobretudo após 2020. Seria apenas necessária uma pequenamudança na procura ou na oferta interna para a China se tornar novamente um exportadorem termos líquidos, passando assim a comper no mercado com os países que investem

actualmente para atender à sua procura. O consumo de carvão na Índia duplica no CenárioNovas Polícas, passando a ocupar a posição anterior dos Estados Unidos de segundoconsumidor mundial de carvão e tornando-se o maior importador de carvão nos anos 2020.

A implantação em grande escala de centrais eléctricas a carvão mais ecientes e datecnologia de captação e armazenamento de carbono (CAC) poderiam dar um impulsoàs projecções a longo prazo para o carvão; contudo, subsistem ainda obstáculosimportantes. Se a eciência média de todas as centrais eléctricas a carvão subisse paracinco pontos percentuais acima dos valores do Cenário Novas Polícas em 2035, esse rápidodecréscimo das tecnologias de combustão menos ecientes acarretaria uma diminuiçãode 8% das emissões de CO

2no sector eléctrico e reduziria localmente a poluição do ar. A

escolha de tecnologias mais ecientes para as novas centrais eléctricas a carvão exigiriainvesmentos suplementares relavamente modestos, enquanto o custo do melhoramentodos níveis de eciência nas centrais existentes seria muito mais elevado. No Cenário NovasPolícas, a tecnologia de captação e armazenamento de carbono (CAC) tem algumainuência unicamente no m do período de projecção. Não obstante, a CAC constuiuma opção fundamental para a diminuição das emissões no Cenário 450 , representandopracamente um quinto da redução de emissões suplementar exigida. Caso a CAC nãoesteja implementada em grande escala nos anos 2020, será extraordinariamente dicilangir, mediante as tecnologias com baixas emissões de carbono, os níveis de emissõesexigidos para cumprir os objecvos climácos globais.

Reconsiderar a energia nuclear poderá ter consequências

a longo prazo

Os acontecimentos de Fukushima Daiichi suscitaram interrogações sobre o futuro papelda energia nuclear, embora não tenham alterado as polícas de países como a China,a Índia, a Rússia e a Coreia, que determinam a expansão desta fonte de energia. No

Cenário Novas Polícas, a produção de energia nuclear aumenta mais de 70% até 2035,uma percentagem apenas ligeiramente inferior à projectada no ano passado. Contudo,examinamos igualmente as possíveis implicações de um decréscimo adicional da energia

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Sumário 9

nuclear, através de um Cenário Nuclear Baixo (“Low Nuclear Case”), que assume que nãoserão construídos novos reactores nos países da OCDE, que os países não membros daOCDE apenas constroem metade dos suplementos projectados no Cenário Novas Polícase que a vida úl de funcionamento das centrais nucleares actuais é encurtada. Embora crieoportunidades para as energias renováveis, este futuro, com uma componente nuclear

baixa, também poderá esmular a procura de combusveis fósseis: o aumento da procuraglobal de carvão equivale ao dobro do nível das actuais exportações de carvão-vapor daAustrália da e o aumento da procura de gás equivale a dois terços das exportações actuaisde gás natural da Rússia. Esta situação acarretaria uma maior pressão nos preços da energia,preocupações acrescidas em matéria de segurança energéca, dicultando e agravandoo custo da luta contra as alterações climácas. As consequências serão parcularmentegraves para os países com parcos recursos energécos endógenos, que têm previsto umadependência bastante forte da energia nuclear. Por sua vez, as economias emergentes teriammuito mais diculdade em sasfazer a sua rapidamente crescente procura de energia.

O mundo precisa da energia russa e a Rússia precisa de consumir menos energia

Os recursos energécos abundantes da Rússia connuarão a fazer do país uma pedraangular da economia energéca mundial da nas próximas décadas. A procura potencialelevada e os preços mundiais dos combusveis fósseis poderão parecer garanr boasperspecvas à Rússia; todavia, em muitos aspectos, os desaos à sua frente são tãoimpressionantes quanto a própria magnitude dos seus recursos. Os principais campos russosde petróleo e gás na Sibéria ocidental vão declinar e uma nova geração de campos com umcusto mais elevado deverá ser desenvolvida, tanto nas áreas de produção tradicionais daSibéria ocidental como nas novas fronteiras da Sibéria oriental e do Árcco. A Rússia deverádotar-se de um sistema scal reacvo, capaz de incenvar sucientemente o invesmento.A produção de petróleo ange um planalto à volta de 10,5 mb/d, antes de iniciar uma ligeiradescida para 9,7 mb/d em 2035; a produção de gás aumenta 35%, passando para 860 milmilhões de metros cúbicos (bcm) em 2035 e fazendo da península de Yamal o novo centrode abastecimento da Rússia.

As mudanças geográcas da produção russa de petróleo e gás acarretam uma mudança na

geograa das exportações. A maior parte das exportações russas connua a ter por desnoo ocidente, com os mercados tradicionais da Europa, embora se assista a um uxo crescenteem direcção aos mercados asiácos. Consequentemente, a Rússia apresenta uma maiordiversidade de rendimentos das suas exportações: a quota-parte da China no valor totaldas exportações russas de combusveis fósseis sobe de 2% em 2010 para 20% em 2035,enquanto a quota-parte da União Europeia diminui de 61% para 48%.

A Rússia visa criar uma economia mais eciente, menos dependente do petróleo e dogás, mas precisa de acompanhar o ritmo de mudança. Se a Rússia aumentasse a eciênciaenergéca de cada um dos seus sectores aos níveis de países da OCDE comparáveis, poderia

economizar pracamente um terço do seu uso anual de energia primária, valor comparávelcom o da energia usada num ano pelo Reino Unido. As economias potenciais, somente nodomínio do gás natural, de 180 bcm, aproximam-se do valor das exportações líquidas da

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10 World Energy Outlook 2011

Rússia em 2010. As novas polícas em matéria de eciência energéca e as connuadasreformas dos preços do gás e da electricidade permitem melhorar a situação mas, na nossaanálise, apenas destravam uma parte do potencial da eciência russa. Uma implementaçãomais rápida das evoluções em matéria de eciência, aliada à reforma do mercado da energia,permirá acelerar a modernização da economia russa e logo, minorar a sua dependência

dos movimentos dos preços mundiais das matérias-primas.

O acesso à energia para toda a população não teria umcusto excessivo

Calculamos que, em 2009, foram invesdos mundialmente cerca de 9 mil milhões dedólares para fornecer um acesso directo à energia moderna; contudo, será precisoinvesr mais de cinco vezes esse valor, ou seja 48 mil milhões de dólares, para permiro acesso universal em 2030. Facultar o acesso à energia a toda a população mundial em2030 é um objecvo fundamental anunciado pelo Secretário-Geral da ONU. Actualmente,

1,3 mil milhões de pessoas não dispõem de electricidade e 2,7 mil milhões de pessoasainda dependem do uso tradicional da biomassa para cozinhar. O invesmento necessárioequivale a cerca de 3% do invesmento total na energia até 2030. Sem este aumento, opanorama global de 2030 pouco evoluirá em relação à situação actual, ou mesmo, piorarána região da África subsariana. Algumas das polícas actuais desnadas a ajudar os maispobres não angem os seus objecvos. Em 2010, apenas 8% dos subsídios ao consumo decombusveis fósseis beneciaram os 20% da população mais pobre.

O acesso à energia torna-se uma preocupação crescente. As Nações Unidas declararam

2012 “Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos” e a Cimeira do Rio+20 constuiuma importante ocasião para agir. Mais nanciamento, de fontes variadas e sob diferentesformas, é necessário para facultar a todos o acesso a uma energia moderna, com soluçõesadaptadas aos desaos, riscos e retornos nanceiros especícos de cada po de projecto. Oinvesmento do sector privado é aquele que mais precisa de crescer, o que não aconteceráse os governos nacionais não adoptarem quadros governamentais e regulamentares rígidose se não invesrem na criação de capacidade. O sector público, incluindo os dadores, temde usar as suas alavancas para fomentar o invesmento do sector privado que, de outraforma tem um interesse comercial limitado. Em 2030, o acesso universal corresponderia a

um aumento da procura mundial de combusveis fósseis e das subsequentes emissões deCO

2inferior a 1%, um valor irrelevante comparado com a contribuição de tal evolução para

o desenvolvimento e o bem-estar da humanidade.

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Este relatório foi inicialmente escrito em inglês. Embora tenham sido envidados todosos esforços para assegurar a delidade da tradução, poderá haver ligeiras diferenças

entre esta e a versão original.

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www.worldenergyoutlook.org

  WORLD ENERGY OUTLOOK 

2 0 11O World Energy Outlook 2011 reúne mais um ano de dados, políticas desenvolvidase experiências, oferecendo uma sólida análise e uma visão dos mercadosmundiais de energia actuais e para os próximos 25 anos. Esta edição do WEO,publicação de destaque da AIE, fornece as mais recentes projecções em matériade procura e oferta de energia para vários cenários futuros, discriminados porpaíses, tipos de combustíveis e sectores. Além disso, debruça-se sobre certasquestões específcas relacionadas com o sector da energia:

 �  As perspectivas energéticas da Rússia e as suas consequências para osmercados mundiais.

 �  O papel do carvão no desenvolvimento económico de um mundo comrestrições de emissões.

 �  As implicações de um possível atraso de investimento nos sectores do

petróleo e do gás no Médio Oriente e no Norte de África.

 �  Em que medida a manutenção de uma infraestrutura altamente

consumidora de carbono está a difcultar o êxito da meta climática dos

2°C e a torná-la mais onerosa.

 �  O nível de subsídios às energias fósseis e o apoio às energias

renováveis, assim como o seu impacto nas tendências da energia, da

economia e do meio ambiente.

 �  Um “Cenário Nuclear Baixo” para perceber as implicações no panaromamundial da energia de uma redução rápida da utilização da energia nuclear.

 �  A escala e o tipo de investimentos necessários para oferecer uma energia

moderna aos milhares de milhões de pobres no mundo que nãodispõem desse acesso.


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