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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS · mercados europeus e dos EUA, os índices de...

Date post: 08-Aug-2020
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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018
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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE

VALORES MOBILIÁRIOS

2018

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

ÍNDICE

SÍNTESE ................................................................................................................................................................................................... 7

Evolução Global dos Mercados Acionistas ..................................................................................................... 8

Rentabilidade e Atratividade do Mercado de Valores Mobiliários Português ..... 27

Mercado Primário e Ofertas ......................................................................................................................................... 32

Mercado Secundário ............................................................................................................................................................. 38

Intermediação Financeira ................................................................................................................................................ 55

Gestão de Ativos ........................................................................................................................................................................ 64

O Mercado De Valores Mobiliários Enquanto Fonte De Financiamento .................. 82

Perspetivas .......................................................................................................................................................................................... 91

ANEXOS ............................................................................................................................................................................................... 98

2018 EM NÚMEROS ............................................................................................................................................................. 115

1.

2.3.

4.

5.

6.

7.

8.

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LISTA DE QUADROS

Rentabilidade e risco de algumas opções de investimento em Portugal, 2008-2018 ............................... 29

Evolução da rentabilidade do capital acionista, distribuição e retenção de dividendos - empresas

cotadas na Euronext Lisbon....................................................................................................................................................... 88

Principais fatores limitativos ao financiamento 2018-2019 ...................................................................................... 89

Quadro 1

Quadro 2

Quadro 3

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LISTA DE GRÁFICOS

Valor, rentabilidade e volatilidade anual do PSI 20 (janela móvel de 1 ano) ................................................................................... 9

Valor negociado do PSI 20 .............................................................................................................................................................................................. 11

Resultados por ação (esq) e margem de lucro (dir)....................................................................................................................................... 12

Price-to-book (esq) e earnings yield (dir) .............................................................................................................................................................. 13

Crescimento do comércio global e cadeias de valor ................................................................................................................................... 14

Proporção das importações afetadas por novas tarifas ........................................................................................................................... 15

Proporção de economias avançadas e emergentes com inflação abaixo do objetivo

definido pela autoridade monetária ........................................................................................................................................................................ 16

Curva de rendimentos (esq) e spreads soberanos a cinco anos (dir) ............................................................................................... 17

Competitividade do setor exportador português ......................................................................................................................................... 20

Rácio entre dívida pública e PIB (esq) e empréstimos bancários concedidos

a empresas não financeiras (dir) .............................................................................................................................................................................. 21

Dívida das famílias (esq) e respetivo peso em Portugal (dir) .................................................................................................................. 21

Imobiliário residencial: rácios preços-rendas (esq) e preços-rendimento (dir) ...................................................................... 22

Yields de obrigações emitidas por empresas não financeiras (cabaz mundial) ..................................................................... 24

Preço de algumas matérias-primas ..................................................................................................................................................................... 24

SovCISS (esq) e CLIFS (dir) .......................................................................................................................................................................................... 26

Rentabilidade acumulada de algumas das opções de investimento, Portugal ........................................................................ 29

Subscrições líquidas de algumas aplicações financeiras ...................................................................................................................... 30

IPO, aumentos de capital e incerteza política - Europa .......................................................................................................................... 34

Emissões de Obrigações - Portugal ...................................................................................................................................................................... 36

Montantes colocados de obrigações do Tesouro de taxa fixa ............................................................................................................. 36

Capitalização bolsista – Portugal ............................................................................................................................................................................ 39

Transações no mercado a contado ........................................................................................................................................................................ 21

Índices acionistas MSCI ................................................................................................................................................................................................ 42

Índices setoriais do setor financeiro - Europa e EUA .............................................................................................................................. 43

Volatilidade implícita (esq) e histórica (dir) ..................................................................................................................................................... 44

Indicador compósito de liquidez (esq) e liquidez das ações com maior capitalização

bolsista (dir) – Portugal .................................................................................................................................................................................................. 45

Capital detido por tipo de acionista e principal nacionalidade (PSI 20, 2018, %) ..................................................................... 46

Peso das plataformas no valor negociado de ações do PSI 20 (esq) e peso

da negociação de ações em mercado regulamentado (dir) ................................................................................................................... 47

Valor negociado em ações na Euronext Lisbon por membro do mercado ................................................................................... 47

Liquidez em mercados de obrigações soberanas ........................................................................................................................................ 48

Diferencial de spread das yields de dívida privada de rating A e BBB relativamente

aos bilhetes do Tesouro americano a 10 anos (esq) e à dívida pública alemã a 10 anos (dir) ........................................... 49

Gráfico 1

Gráfico 2

Gráfico 3

Gráfico 4

Gráfico 5

Gráfico 6

Gráfico 7

Gráfico 8

Gráfico 9

Gráfico 10

Gráfico 11

Gráfico 12

Gráfico 13

Gráfico 14

Gráfico 15

Gráfico 16

Gráfico 17

Gráfico 18

Gráfico 19

Gráfico 20

Gráfico 21

Gráfico 22

Gráfico 23

Gráfico 24

Gráfico 25

Gráfico 26

Gráfico 27

Gráfico 28

Gráfico 29

Gráfico 30

Gráfico 31

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Transações e posições em contratos de futuros e opções em mercados

organizados (esq) e posições em contratos de derivados em mercados não organizados (dir) ................................... 50

Volume negociado (esq) e colocado nos leilões (dir) - mercado de derivados

do MIBEL (em MWh) ........................................................................................................................................................................................................... 52

Membros do MIBEL e concentração da negociação .................................................................................................................................... 53

Preço do contrato de futuros com entrega em dezembro de 2018 (esq) e PTEL

e SPEL Base Load no mercado à vista (dir) - euros/MWh ......................................................................................................................... 54

Valor das ordens recebidas por tipo de intermediário financeiro (2018 esq e 2010 dir) ...................................................... 57

Ordens recebidas por tipo de valor mobiliário (esq) e instrumento derivado (dir) .................................................................. 58

Valor das ordens recebidas por conta de outrem ......................................................................................................................................... 59

Ordens executadas por tipo de valor mobiliário (esq) e por instrumento derivado (dir) ..................................................... 60

Negociação por conta própria por tipo de valor mobiliário (esq)

e instrumento derivado (dir) ....................................................................................................................................................................................... 62

Registo e depósito por conta de outrem: titulares por tipo de valor mobiliário....................................................................... 63

Montante sob gestão - evolução (esq) e detalhe no final de 2018 (dir) ............................................................................................ 65

Valor sob gestão, por tipo de investidor - gestão individual (esq) e gestão coletiva (dir)

- final de 2018 ........................................................................................................................................................................................................................ 66

Valor sob gestão, por tipo de ativo - gestão individual (esq) e gestão coletiva

- OICVM (dir) - final de 2018 ........................................................................................................................................................................................... 67

Peso das emissões de sociedades não financeiras e governos detidas na carteira

dos fundos de investimento da Zona Euro ........................................................................................................................................................ 68

Valor médio da carteira por tipo de cliente ....................................................................................................................................................... 69

Origem da dívida detida pela gestão por conta de outrem (esq) e duração modificada

por tipo de dívida (dir) ...................................................................................................................................................................................................... 70

Valor sob gestão dos OICVM (esq) e saldo líquido de investimento (dir) ........................................................................................ 72

Número de participantes em fundos de investimento (esq) e valor médio por tipo

de fundo (dir) .......................................................................................................................................................................................................................... 73

Origem da dívida detida pelos OICVM (esq) e duração modificada da carteira

de obrigações dos OIC (dir) .......................................................................................................................................................................................... 73

Estrutura da carteira (esq) e saldo líquido de investimento nos FIA (dir) ..................................................................................... 75

Número de participantes em fundos de investimento mobiliário alternativo

e valor médio por participante .................................................................................................................................................................................. 75

Valor sob gestão por fundos de investimento imobiliário ....................................................................................................................... 76

Estrutura da carteira (esq) e utilização dos imóveis (dir) ........................................................................................................................ 77

Ativos sob gestão (esq) e número de sociedades e fundos de capital de risco (dir) ............................................................. 78

Carteira do capital de risco por fases de investimento ............................................................................................................................ 79

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 32

Gráfico 33

Gráfico 34

Gráfico 35

Gráfico 36

Gráfico 37

Gráfico 38

Gráfico 39

Gráfico 40

Gráfico 41

Gráfico 42

Gráfico 43

Gráfico 44

Gráfico 45

Gráfico 46

Gráfico 47

Gráfico 48

Gráfico 49

Gráfico 50

Gráfico 51

Gráfico 52

Gráfico 53

Gráfico 54

Gráfico 55

Gráfico 56

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Valor sob gestão e número de fundos e emissões da titularização de créditos ..................................................................... 80

OICVM estrangeiros (esq) e valor colocado por ativo dominante (dir) ............................................................................................. 81

Variação dos ativos financeiros líquidos e taxa de poupança dos particulares (esq)

e preferências de financiamento de novo investimento (dir) .............................................................................................................. 83

Peso de vários elementos no total da economia .......................................................................................................................................... 84

Peso dos empréstimos nas “sociedades não financeiras” (esq) e nos “particulares” (dir) ............................................... 85

Rácios entre o EBITDA e os juros suportados, entre o EBITDA e a soma

do capital próprio e financiamento obtido, e resultado líquido sobre capital próprio ........................................................ 85

Rácios de crédito vencido (esq) e empréstimos concedidos (dir) por dimensão

de sociedade não financeira ...................................................................................................................................................................................... 87

Price-earnings ratio e price-to-book observado (2018) e previsto (2019-21) (esq)

e price-earnings previsto setorial (dir) ............................................................................................................................................................... 93

Índice de surpresa económica ................................................................................................................................................................................. 94

Previsão para o PIB Global, para os EUA, Zona Euro e Portugal ......................................................................................................... 95

Índice de condições financeiras, nos EUA (esq) e na Zona Euro (dir) ............................................................................................. 95

Indicadores de incerteza política e económica e geopolítico (esq)

e de sentimento económico do consumidor (dir) ........................................................................................................................................ 96

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 57

Gráfico 58

Gráfico 59

Gráfico 60

Gráfico 61

Gráfico 62

Gráfico 63

Gráfico 64

Gráfico 65

Gráfico 66

Gráfico 67

Gráfico 68

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Tensões comerciais e incerteza ............................................................................................................................................................................... 14

Composição acionista das empresas do PSI 20 ........................................................................................................................................... 45

Negociação de ações em mercado regulamentado ................................................................................................................................... 47

Finanças sustentáveis ................................................................................................................................................................................................... 89

LISTA DE CAIXAS

Caixa 1

Caixa 2

Caixa 3

Caixa 4

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SÍNTESE

crescimento económico mundial manteve-se robusto, pese embora tenham surgido alguns sinais de desaceleração na segunda metade do ano. Esse abrandamento foi particularmen-te notório na Zona Euro, na China, no Japão e em algumas economias emergentes. Os prin-cipais índices acionistas internacionais apresentaram uma desvalorização acentuada, re-fletindo uma degradação do sentimento dos mercados financeiros e uma deterioração das condições financeiras. A incerteza ao nível das políticas comerciais das maiores econo-mias mundiais, da política monetária mais restritiva (em particular nos EUA) e preocupa-ções com a situação económica da China originaram alguns episódios de turbulência nos mercados financeiros, em particular no último trimestre de 2018.

O PSI 20 DESVALORIZOU 12,2% EM 2018, QUEDA MENOS INTENSA DO QUE A VERIFICADA NO PRINCIPAL ÍNDICE DE REFERÊNCIA DA ZONA EURO (EUROSTOXX 600), QUE DEPRECIOU 13,2%.

A QUEDA DOS ÍNDICES ACIONISTAS FOI ACOMPANHADA DO AUMENTO DA VOLATILIDADE E DA REDUÇÃO DOS VALORES TRANSACIONADOS EM MERCADO REGULAMENTADO.

APESAR DE SE TER VERIFICADO UM AUMENTO DOS LUCROS EM 2018, AS EMPRESAS PORTUGUESAS COTADAS OPTARAM POR DISTRIBUIR MENOS DIVIDENDOS AOS ACIONISTAS.

A GRADUAL REDUÇÃO DAS YIELDS DOS TÍTULOS DE DÍVIDA PÚBLICA PORTUGUESA E A MELHORIA DA NOTAÇÃO DE RISCO DE CRÉDITO DA REPÚBLICA PELAS AGÊNCIAS DE RATING FORAM SEGUIDAS POR UM AUMENTO DA NEGOCIAÇÃO.

A VOLATILIDADE NO MERCADO OBRIGACIONISTA PERMANECEU HISTORICAMENTE BAIXA.

O TOTAL DOS ATIVOS SOB GESTÃO (INDIVIDUAL E COLETIVA) REPRESENTAVA 42,7% DO PIB NO FINAL DE 2018. O MÁXIMO HISTÓRICO FOI DE 61% DO PIB EM 30 DE JUNHO DE 2007.

OS VALORES ADMINISTRADOS ATRAVÉS DE GESTÃO COLETIVA DECRESCERAM 5,3%.

O

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EVOLUÇÃO GLOBALDOS MERCADOS ACIONISTAS

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

EVOLUÇÃO GLOBALDOS MERCADOS ACIONISTAS

s índices acionistas desvalorizaram em 2018, particularmente no quarto trimestre. Nos mercados europeus e dos EUA, os índices de referência Eurostoxx 600 e S&P 500 caíram 13,2% e 6,2%, respetivamente. Em Portugal, o PSI 20 desvalorizou 12,2%.

A evolução favorável da economia mundial contribuiu para um ambiente de relativa esta-bilidade durante os três primeiros trimestres do ano. No último trimestre, contudo, preo-cupações com a evolução da economia chinesa e a materialização de vulnerabilidades em economias emergentes (EME) como a Turquia e a Argentina deterioraram as expectativas dos investidores e aumentaram a incerteza.

O ÍNDICE PSI 20 DESVALORIZOU 12,2%, EM LINHA COM OS PRINCIPAIS ÍNDICES INTERNACIONAIS

A VOLATILIDADE DOS MERCADOS ACIONISTAS AUMENTOU, MAS MANTEVE-SE ABAIXO DA MÉDIA HISTÓRICA

O CRESCIMENTO ECONÓMICO MUNDIAL PERMANECE ROBUSTO, MAS EVIDENCIOU ALGUNS SINAIS DE DESACELERAÇÃO NA SEGUNDA METADE DO ANO

1.

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Gráfico 1 – Valor, rentabilidade e volatilidade anual do PSI 20 (janela móvel de 1 ano)

Dez.09

Dez.18

PSI 20

Variação Anual

Fonte: Bloomberg;cálculos CMVM.

Graf Esq.

Reto

rno A

nual

Pont

os de

Índic

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(%)

25%

-35%

-15%

-5%

5%

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Dez.17

Dez.16

Dez.15

Dez.13

Dez.14

Dez.12

Dez.11

Dez.10

Dez.09

Dez.18

Dez.17

Dez.16

Dez.15

Dez.13

Dez.14

Dez.12

Dez.11

Dez.10

VolatilidadeAnualizada PSI 20

Volatilidade PSI 20(Média 2000-2018)

Graf Dir.

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

A volatilidade dos índices representativos dos mercados acionistas português, europeu e norte-americano atingiu 12,9%, 12,7% e 17,1% no conjunto do ano, nos três casos superior à verificada em 2017 (mais 1,7 p.p., 4,3 p.p. e 10,3 p.p., respetivamente). O aumento pro-nunciado da volatilidade do índice norte-americano aproximou aquele indicador da média histórica (17,6% no período 2000-2018), mas no caso dos índices português e europeu a volatilidade permaneceu significativamente abaixo do respetivo valor histórico.

Os dois últimos anos foram marcados por uma queda da volatilidade transversal a várias classes de ativos, que poderá ter induzido nos investidores um sentimento de maior con-fiança e segurança. Os desenvolvimentos políticos e geopolíticos ocorridos em 2018 (polí-ticas dos EUA, relações comerciais transatlânticas, condições financeiras das EME, nego-ciações no âmbito do Brexit, desenvolvimentos em Itália, protestos de rua em França, crise política na Venezuela, entre outros) representaram uma preocupação para os investidores e originaram surtos de volatilidade nos EUA e nos mercados europeus, em particular nos meses de fevereiro (decorrente de correções transitórias nos preços das ações a nível global e de alterações das expectativas dos investidores), outubro e dezembro (em resul-tado de fortes pressões vendedoras com origem no aumento das tensões comerciais).

Os picos de volatilidade tiveram curta duração. Juntamente com o facto de que os níveis atuais de incerteza ainda são inferiores à média de longo prazo, tal pode ser interpretado como um sinal de que as expectativas de mercado sobre os preços têm, pelo menos par-cialmente, origem nalguns eventos específicos como, por exemplo, os atrás referidos.

A crescente incerteza política e geopolítica teve igualmente impacto na volatilidade im-plícita. Os recentes picos do índice SKEW1 podem estar ligados à escalada das tensões comerciais e revelam um custo crescente de seguro contra uma grande queda do S&P 500 no mercado de opções. A maior diferença SKEW-VIX no terceiro trimestre de 2018 constitui evidência de maior risco implícito de um evento negativo e de uma probabilidade crescente de existência de retornos anormais. Os dois índices convergiram no final do ano após uma queda acentuada do SKEW.

O valor negociado no mercado regulamentado Euronext Lisbon atingiu 24 919 milhões de euros em 2018 (menos 15,8% que no ano anterior). O mercado acionista representou nove em cada dez euros negociados, tendo o respetivo valor transacionado caído 4,5%.t

1 Índice que mede a probabilidade de ocorrência de eventos extremos.

A

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

A queda da atividade de negociação foi menos pronunciada entre as ações das empresas de maior dimensão e liquidez. Com efeito, o valor negociado em ações que integram o PSI 20 continuou bastante aquém da média histórica do período 2002-2017, tendo diminuído 3,1% em 2018 (uma redução inferior em termos absolutos à observada para a totalidade do mercado acionista). Em sentido contrário, o valor negociado em ações dos índices S&P 500 e Eurostoxx 600 cresceu 31,9% e 2,3%, respetivamente. No caso do índice S&P 500, a negociação atingiu valores máximos do período posterior à crise financeira internacional.

Em termos globais, assistiu-se a um ligeiro aumento das margens de lucro das empresas cotadas. No caso das que integram o índice MSCI World, a margem de lucro atingiu os 8,9% em 2018, um incremento anual de 0,3 p.p.. O aumento foi mais pronunciado entre as empre-sas do índice S&P 500, o que pode refletir fatores conjunturais como a maior capacidade de mark-up2 das empresas norte-americanas (fruto da evolução da procura agregada mundial nos últimos anos), o aumento da eficiência e da produtividade, ou fatores estruturais como o aumento da concentração em algumas das indústrias mais dinâmicas.

Em contraste, na Europa a margem de lucro das empresas cotadas diminuiu, o que poderá estar associado à desaceleração da atividade económica no último trimestre do ano. No caso de Portugal, a margem de lucro das empresas do PSI 20 cresceu 3,5 p.p., situando-se no seu ponto mais elevado desde o início da crise das dívidas soberanas. Este aumento da margem de lucro foi favorecido por uma subida de 12,4% das receitas.t

2 O mark-up reflete a capacidade de uma empresa fixar preços acima do custo médio.

0

100

200

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400

500

600

Gráfico 2 – Valor negociado do PSI 20

Dez.09 Dez.11 Dez.12 Dez.13 Dez.14 Dez.15 Dez.16 Dez.17Dez.10 Dez.18

Valor Negociadodo PSI 20 (diário)

PSI 20 -VariaçãoAnual do Valor

Negociado (Dir.)

Valor médiodiário negociado

(2002-2018)

Fonte: Bloomberg;cálculos CMVM.

Milhõ

es de

Euro

50%

40%

30%

20%

10%

0

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-20%

-30%

-40%

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8%

-3%-21%-26%-27%

-31%

-42%

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Em paralelo, assistiu-se ao aumento generalizado dos resultados por ação nas maiores so-ciedades cotadas em Portugal. Esse crescimento foi de 95,2% em 2018, um valor muito su-perior à variação percentual do índice de preços no consumidor (1,2%). Em consequência, o retorno do capital próprio investido aumentou 2,76 p.p.. Entre as empresas que integram o PSI 20, as que obtiveram lucros conheceram um aumento dos resultados de 2,0%, pelo que o crescimento agregado dos resultados por ação do conjunto das empresas de maior dimensão e liquidez é explicado quase na totalidade pela diminuição dos prejuízos nas em-presas que registaram perdas.

Evolução semelhante, embora de magnitude bastante inferior, foi observada nas empresas que integram os índices S&P 500 e MSCI World. No caso do MSCI Europa, o aumento dos re-sultados por ação foi marginal e em linha com a taxa de inflação da região. Em todos estes casos e ainda no do PSI 20, os resultados por ação excederam em mais de 30% as respeti-vas médias dos dez anos antecedentes, o que reflete o enquadramento macroeconómico favorável dos anos mais recentes.

O earnings yield das empresas do PSI 20 atingiu 8,2% no final de 2018, um incremento de 4,7 p.p. face à média da última década. Em termos internacionais, as empresas do S&P 500, do MSCI Europa e do MSCI World também conheceram aumentos deste indicador, com o ear-nings yield do final de 2018 a situar-se acima da média dos últimos dez anos. Em suma, com-portamentos opostos dos resultados por ação e do preço das ações traduziram-se num reforço do earnings yield. Tal poderá significar que os investidores não consideram sus-tentável o aumento dos lucros das empresas que integram aqueles índices ou que perce-cionam, a médio prazo, uma desaceleração do crescimento dos resultados devido à desa-celeração da procura, à falta de oportunidades de crescimento, à maior concorrência ou a alterações do quadro regulatório ou fiscal.

-100%

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50%

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Gráfico 3 – Resultados por ação (esq) e margem de lucro (dir)

20002018

20022004

20062008

20102012

20142016

20072017

20182009

20112013

2015

Fonte: Bloomberg;cálculos CMVM.

Graf Esq.

PSI 20

S&P 500

Graf Dir.

MSCI W

MSCI EU

PSI 20

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MSCI W

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

No caso particular das empresas portuguesas, é de sublinhar o fraco investimento em in-vestigação e desenvolvimento (I&D) e em despesas de capital nos anos mais recentes. De facto, a despesa em I&D correspondeu a 0,063% do EBITDA em 2018, valor que compara com 17,4% para as empresas que integram o S&P 500 e 16,4% para as do Eurostoxx 600. As des-pesas de capital representavam 2,3% do valor contabilístico dos ativos das empresas do PSI 20, ao passo que para as do S&P 500 (Eurostoxx 600) correspondiam a 2,1% (1,0%). Assim, as empresas portuguesas privilegiaram o investimento em capital fixo em detrimento de ativos intangíveis, contrariamente ao que tem sucedido nas empresas norte-americanas e euro-peias, em que o investimento em I&D conquista maior peso no investimento total.

As estimativas dos resultados por ação a um e a três anos reportadas pelos analistas finan-ceiros para as empresas do PSI 20 sugerem um crescimento anual deste indicador de 1,2% e de 4,0%, respetivamente, percentagens bastante inferiores às projetadas para as empre-sas norte-americanos e europeias.

O price-to-book ratio (PBR) das empresas do PSI 20 era de 137% no final de 2018, um decrés-cimo de 1,1 p.p. face ao período homólogo (0,6 p.p. abaixo da média dos últimos dez anos). Os principais índices internacionais analisados também conheceram reduções deste indi-cador, em geral mais pronunciadas que a verificada para o PSI 20. Contudo, o PBR do S&P 500 continuou a situar-se acima da média dos últimos dez anos.

A evolução destes indicadores ao longo de 2018 ocorreu em paralelo com o abrandamento do crescimento económico de algumas das maiores economias mundiais, como a euro-peia, japonesa ou chinesa. Este, por seu turno, não pode ser dissociado do exacerbar das já referidas tensões comerciais entre EUA e China, do impasse nas negociações entre a UE e o Reino Unido relativas ao Brexit e da normalização da política monetária nos EUA. Os

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50%

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350%

Gráfico 4 – Price-to-book (esq) e earnings yield (dir)

20102018

20122014 2016

PSI 20

S&P 500

MSCI W

MSCI EU

Fonte: Bloomberg;cálculos CMVM.

Graf Esq.

2006

2009

Graf Dir.

2012

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PSI 20

S&P 500

MSCI W

MSCI EU

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

dois primeiros eventos conduziram a maior incerteza política e económica nas principais economias mundiais, e condicionaram o comércio mundial, enquanto a normalização da política monetária nos EUA alimentou alguns episódios de stress financeiro em economias emergentes e em países em desenvolvimento.

As últimas duas décadas foram marcadas pela criação de acordos multilaterais de comércio que se materializaram numa diminuição generalizada das barreiras comerciais (não só das tarifas adua-neiras, mas também de outras barreiras mais latentes). A abolição dessas barreiras contribuiu para um forte aumento do comércio mundial de bens e serviços: a taxa de crescimento das exportações de bens e serviços a nível global foi negativa apenas num dos últimos trinta anos. O crescimento do comércio internacional foi acompanhado por um crescimento similar do investimento global.

A redução das tarifas aduaneiras e os acordos multilaterais de comércio permitiram o desenvol-vimento de cadeias de valor internacionais, com repercussões diretas na eficiência da logística e dos processos de produção das empresas multinacionais e, por conseguinte, na produtividade global.

CAIXA 1 – TENSÕES COMERCIAIS E INCERTEZA

O ano foi marcado pelo escalar das tensões comerciais internacionais, envolvendo nomeadamen-te os EUA. Com efeito, o governo norte-americano promoveu ao longo do ano uma alteração nas relações com os seus principais parceiros comerciais: i) extinção do Tratado Norte-Americano de

Gráfico 5 – Crescimento do comércio global e cadeias de valor

2007 2008 2009 20102010 2011 2012 201820172016201520142013 2007 2008 2009 20102010 2011 2012 201820172016201520142013

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Fonte: Banco Mundial; cálculos CMVM.

Performance da Logística(Esquerda)

Tx. Crescimento dasExportações e Serviços (%)

Tx. Crescimento Investimento (%)(Formação Bruta de Capital)

Tarifas sobre importações (%)(Direita)

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Livre Comércio (NAFTA) iniciado com o Canadá e o México em 1992; ii) ameaça de agravamento de tarifas comerciais à UE, posteriormente suspensas; iii) saída do Acordo de Parceria Económica Estratégica Transpacífica; e iv) agravamento de tarifas comerciais à China. Este último caso con-duziu à retaliação pela China, através do agravamento de tarifas comerciais de importações pro-venientes dos EUA. No conjunto, o Banco Mundial estima que 11,9% (6,5%) das importações dos EUA (China) tenham sido afetadas pelas novas tarifas alfandegárias. Estas restrições bilaterais podem, contudo, dar origem a novas oportunidades de parcerias e de acordos de comércio com outros parceiros.

Entre os efeitos colaterais da denúncia dos acordos multilaterais pelos signatários poderão es-tar a disrupção das cadeias de valor globais e eventuais custos irrecuperáveis associados à rea-fetação de recursos, à menor produtividade e ao aumento transitório dos preços de alguns bens transacionáveis, bem como uma influência negativa sobre o sentimento dos mercados, incluindo o financeiro, os spreads e as moedas dos mercados emergentes. Não obstante este quadro pes-simista, o comércio global registou um aumento homólogo de 3,8% em 2018. A aplicação das no-vas tarifas não foi imediata, pelo que este crescimento poderá refletir a antecipação de importa-ções pelos agentes económicos com o objetivo de reduzir os impactos da adoção de tais medidas restritivas.

O impacto das tensões comerciais no crescimento do comércio global deverá ser desfasado e lento em virtude das vicissitudes da aplicação das novas regras. Sem prejuízo disso, como se verá adian-te, o aumento da incerteza relativamente à evolução das tarifas aduaneiras foi bastante notório no investimento (formação bruta de capital fixo) e na produção industrial global.

Gráfico 6 – Proporção das importações afetadas por novas tarifas

EUA China México Europa Mercados Emergentese PVD

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Fonte: Banco Mundial; cálculos CMVM.

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Em simultâneo com o crescimento económico recente, a generalidade dos bancos centrais de economias avançadas observou o crescimento dos preços abaixo dos objetivos defini-dos, num contexto de forte dinamismo do mercado de trabalho (diminuição das taxas de desemprego, aumento do emprego e crescimento dos salários reais). Nos EUA, a inflação encontra-se acima da tendência de longo prazo e assistiu-se em 2018 ao aumento ligeiro das expectativas de longo prazo para este indicador, implícitas em alguns instrumentos de dívida. Na Zona Euro, a inflação core situou-se em 1%, ao passo que as expectativas de in-flação para o médio prazo se encontravam ancoradas em 1,6%. O crescimento dos preços nesta zona monetária acelerou, particularmente no segundo trimestre, impulsionado pelos preços de matérias-primas energéticas. A tendência ascendente do preço do petróleo foi brevemente interrompida em junho, após a OPEP anunciar um aumento imediato do forne-cimento de petróleo. A volatilidade dos preços em torno dos níveis atuais deve persistir por algum tempo, à medida que as tensões geopolíticas e as possíveis interrupções no forneci-mento daquela matéria-prima permanecem no horizonte.

Em 2016, a Reserva Federal Norte-americana (FED) iniciou um ciclo de subidas das taxas de juro de referência (federal funds rate) e assinalou o início da diminuição do balanço da instituição. Esses aumentos tinham em vista a prossecução de uma política monetária mais restritiva e a normalização das condições monetárias e financeiras dos EUA, até en-tão marcadas por taxas de juro de curto e longo prazo historicamente baixas. Desde então, ocorreram nove subidas daquela taxa, quatro das quais em 2018, com o respetivo target a fixar-se no intervalo 2,25%-2,50%.

Esta evolução influenciou as taxas de juro interbancárias de prazos mais longos. No final de 2018, a US Libor a três meses situava-se nos 2,8%, valor que contrasta com o padrão da última década (em geral inferior a 1%). Concomitantemente, a FED comprometeu-se com a diminuição do reinvestimento de reembolsos associados a investimentos realizados ao

0%

20%

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100%

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Gráfico 7 – Proporção de economias avançadas e emergentescom inflação abaixo do objetivo definido pela autoridade monetária

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Fonte: Banco Mundial;cálculos CMVM.

EconomiasAvançadas

Economias Emergentese Países em

Desenvolvimento

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

abrigo do SOMA (System Open Market Account).

Os sinais de abrandamento da economia mundial e a deterioração da liquidez ao longo de 2018 levaram recentemente os responsáveis pela política monetária norte-americana a reajustar o ritmo de normalização das taxas de juro. Embora continuem a sinalizar a norma-lização dessas taxas no médio prazo, a ata da reunião de governadores da FED que ocorreu em dezembro indicia maior inclinação para a suavização desse processo. Esta alteração de posição influenciou o consenso do mercado em relação à evolução próxima da política mo-netária, com o consequente aumento da probabilidade de um cenário sem alterações das taxas de juro diretoras em 2019.

Os sucessivos aumentos das taxas de juro diretoras dos EUA tiveram um impacto negativo nalgumas economias, com as economias emergentes ou em desenvolvimento com maio-res desequilíbrios externos e necessidades de financiamento a assistir a saídas avultadas de capitais e à deterioração das respetivas condições financeiras.

Na Zona Euro, a política monetária manteve-se quase inalterada. O processo de normali-zação das condições monetárias deverá decorrer de uma forma mais gradual do que nos EUA. Não obstante, o BCE decidiu terminar o seu programa de compras (líquidas) de ativos na reunião de governadores de dezembro. O BCE deverá manter no seu balanço um stock considerável de ativos adquiridos com o intuito de, em conjunto com as taxas diretoras, ancorar as expectativas de médio prazo para a taxa de inflação da Zona Euro. A EONIA era negativa e inferior a -0,3% no final de 2018, à semelhança do sucedido nos dois anos pre-cedentes; as taxas de juro interbancárias de prazos mais longos tiveram um ligeiro agrava-mento face ao ano anterior (em particular as taxas Euribor a três, seis e doze meses) e as taxas de juro à vista mantiveram-se negativas nas maturidades inferiores a sete anos.

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Gráfico 8 – Curva de rendimentos (esq) e spreads soberanos a cinco anos (dir)

Dez.09

Dez.18

Dez.10

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Dez.12

Dez.13

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Dez.15

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Fonte: Bloomberg;cálculos CMVM.

Alemanha 2018

Alemanha 2010

Graf Esq.

Portugal

IT+ES+FR

Graf Dir.

EUA 2018

EUA 2010

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

s taxas de juro exigidas sobre a dívida portuguesa a cinco anos baixaram 22 p.b. em 2018. Essa redução é essencialmente explicada pela evolução favorável das taxas de juro à vista sem risco (-18 p.b.), uma vez que o spread de crédito apenas baixou 4 p.b.. No final do ano, os spreads de crédito a cinco anos sobre a dívida portuguesa eram substancialmente infe-riores aos de Itália.

O declive da curva de rendimentos das obrigações soberanas pode ser interpretado como indicador de previsão da atividade económica futura e das expectativas do mercado para a evolução das taxas de juro de curto prazo. No caso dos EUA (da Alemanha), o diferencial médio das yields a dez e a dois anos era de 0,2 (0,9) p.p. em dezembro de 2018, o que com-para com 0,5 (1,1) p.p. no período homólogo. A curva de rendimentos nos EUA é quase ho-rizontal, o que pode ser justificado por expectativas de uma desaceleração da economia norte-americana no médio prazo e consequente abrandamento do ritmo de subidas das ta-xas de juro diretoras pela Reserva Federal. Já na Zona Euro, as taxas de juro sofreram agra-vamentos ligeiros em todos os prazos, embora superiores nas maturidades mais longas.

Em Portugal, assistiu-se à diminuição do declive da curva de rendimentos, que encontra justificação na queda mais acentuada dos spreads de crédito nas maturidades mais longas. O menor risco percecionado sobre a possibilidade de insolvência no longo prazo parece as-sim explicar a evolução do declive da curva de rendimentos, porquanto ao longo do ano as taxas de juro reais e as expectativas de inflação variaram em sentido oposto.

A economia mundial cresceu, em termos reais, 3,7% em 2018. Essa evolução traduziu-se numa ligeira desaceleração face ao ano anterior (-0,1 p.p.), e com maior heterogeneida-de entre as economias. Não obstante o abrandamento económico na parte final do ano (que originou mesmo a revisão em baixa das expectativas), o crescimento das economias avançadas encontrava-se acima do potencial de longo prazo (Update IMF Economic Outlook 2019).

A atividade económica nos EUA foi sustentada por uma política fiscal expansionista e uma política monetária modestamente acomodatícia. A redução de impostos sobre as empre-sas foi um fator determinante para o aumento do défice orçamental e do investimento pri-vado, enquanto a contribuição do consumo para o crescimento foi impulsionada pelo di-namismo do mercado de trabalho. A taxa de desemprego atingiu mínimos de 50 anos, a produtividade do trabalho aumentou e os salários nominais conheceram aumentos supe-riores aos dos preços.

Na Zona Euro, o PIB evoluiu abaixo das previsões realizadas por entidades internacionais como o FMI, OCDE e a Comissão Europeia durante 2017. Apesar disso, a taxa de crescimen-to situou-se acima da taxa de crescimento potencial. A desaceleração da atividade econó-mica tornou-se mais visível a partir do terceiro trimestre de 2018, com o abrandamento da criação de emprego, a diminuição da confiança dos consumidores, a queda da produção

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

industrial e o aumento da taxa de poupança. Este abrandamento é parcialmente explicado pela contração da procura externa, mas também por alguns fatores idiossincráticos como tensões sociais (por exemplo, os protestos dos coletes amarelos em França), novas regras para a emissão de gases poluentes na Alemanha com implicações na produção industrial e o aumento dos riscos político, soberano e financeiro na Itália.

diminuição do desemprego e o crescimento real dos salários contribuíram para o reforço da procura interna e do consumo privado da Zona Euro. Os baixos custos de financiamen-to proporcionados pela política monetária acomodatícia do BCE, as políticas orçamentais ligeiramente expansionistas em alguns países e a evolução do preço das matérias-primas energéticas também contribuíram para o desempenho económico da região. A evolução ne-gativa de indicadores de sentimento (consumidores, clima de negócios e sentimento eco-nómico) e de indicadores avançados da atividade económica (Markit Eurozone Composite PMI e indicador avançado compósito da OECD) no final de 2018 apontam para a continuação do abrandamento da atividade económica na Zona Euro nos primeiros trimestres de 2019.

As maiores economias asiáticas também conheceram uma desaceleração do crescimen-to económico. No caso da China, o PIB cresceu, em termos reais, 6,5% em 2018, em vir-tude do desempenho do consumo privado e da recuperação do investimento privado. Em sentido contrário, maiores limitações ao endividamento (fora do balanço) dos gover-nos regionais conduziram a uma diminuição do investimento público, designadamente em infraestruturas.

Más condições meteorológicas e desastres naturais, entre outros fatores, afetaram nega-tivamente o desempenho da economia nipónica. Ainda assim, o mercado de trabalho apre-sentou algum dinamismo, com o salário real a aumentar, mas com um lento crescimento da produtividade. O Banco do Japão manteve as taxas de juro de longo prazo próximas de zero e expandiu o seu balanço, contabilizando no final de 2018 cerca de 40% da dívida pública do país.

A economia portuguesa continuou a recuperar, com o PIB de 2018 a superar o nível anterior à crise financeira e a taxa de desemprego a diminuir para valores inferiores a 7%. O maior contributo para o crescimento económico esteve associado ao consumo privado e à recu-peração do investimento, enquanto a desaceleração da procura externa (menor procura pelos parceiros comerciais e interrupção da produção em alguns setores industriais) teve um efeito negativo sobre a atividade económica. Contrariamente a anos anteriores, a ba-lança corrente foi deficitária. t

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

A recuperação económica no período posterior à crise das dívidas soberanas foi inicial-mente alimentada pelo forte crescimento das exportações, com o turismo a apresentar um crescimento médio anual de 10% entre 2010 e 2017. Em 2018, o crescimento das exporta-ções foi menos robusto do que em anos anteriores, para o que contribuíram fatores transi-tórios (greve dos trabalhadores dos portos), mas também a diminuição da procura externa. Sem prejuízo disso, é de registar uma apreciação da taxa de câmbio real efetiva e um cres-cimento real dos custos unitários do trabalho no último triénio, que poderão pesar na com-petitividade externa nos próximos anos. Em matéria de importações, aumentaram as aqui-sições de bens de equipamento e máquinas, associadas à recuperação do investimento.

É também de assinalar a redução do rácio de dívida pública no PIB, de 130,6% em 2014 para 121% em 2018. Três fatores contribuíram para a estabilização da dinâmica da dívida pública nos anos mais recentes. Desde logo, a redução significativa das taxas de juro de curto pra-zo promovida pelo BCE, conjugada com a compra de ativos, garantiram uma diminuição dos custos de financiamento da República. Em segundo lugar, o crescimento económico e a re-dução do desemprego permitiram aumentar as receitas públicas e reduzir encargos com a segurança social, contribuindo desse modo para a redução dos défices públicos. Em terceiro lugar, a redução do spread de crédito exigido à dívida soberana portuguesa – conjugada com a melhoria das notações de crédito das agências de rating – reforçaram os nexos entre a di-minuição do serviço da dívida e a diminuição do peso da dívida pública na riqueza produzida.

Em relação à dívida privada, o montante de empréstimos bancários concedidos a empresas não financeiras em Portugal diminuiu 4,2% em 2018 (-29% em termos nominais, desde o se-gundo trimestre de 2007). A evolução do crédito bancário às empresas não financeiras em Portugal contrasta marcadamente com a evidenciada no conjunto dos países da Zona Euro, onde aqueles empréstimos cresceram 2% em 2018, mas onde os níveis de endividamento empresarial não são tão elevados.

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Gráfico 9 – Competitividade do setor exportador português

2004

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2004

2005 20

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2009 20

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2013 20

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2017 20

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Fonte: OCDE cálculos CMVM.

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Graf Esq.

Indicador deCompetividade

Produtividadedo Fator Trabalho

Graf Dir.

Custo Unitáriodo Trabalho 0,90

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Por seu turno, os empréstimos concedidos às famílias em Portugal aumentaram 0,6% face ao ano anterior, em termos nominais. Ainda assim, encontravam-se 12,5% aquém do veri-ficado no segundo semestre de 2008. Quando consideradas as famílias e as entidades sem fins lucrativos em conjunto, assistiu-se à diminuição do endividamento bancário (quando medido em percentagem do PIB) e do serviço da dívida, para o qual contribuiu igualmente a diminuição das taxas de juro (indexante e spread exigido pela banca) nos últimos anos.

Em linha com a tendência iniciada em 2012, os preços do imobiliário residencial em Portugal aumentaram de novo em 2018 (+5,1% e +6,5% em termos reais e nominais, respetivamente), para o que contribuiu decisivamente o crescente interesse de investidores internacionais.

Gráfico 10 – Rácio entre dívida pública e PIB (esq)e empréstimos bancários concedidos a empresas não financeiras (dir)

Dívid

a Pú

blica

em %

PIB

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Fonte: BIS e BCE;cálculos CMVM.

Graf Esq.

Zona Euro

Portugal

Graf Dir.

Portugal (Dir.)

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4 400

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20092010 2011

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20142015

20162017

20182010 2011

20122013

20142015

20162017

2018

Unidade: 10^6 €

4 400

4 600

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5 200

5 400

5 600

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Gráfico 11 – Dívida das famílias (esq) e respetivo peso em Portugal (dir)

Dez.09

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Dez.15

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Dez.18

Dez.09

Dez.10

Dez.11

Dez.12

Dez.13

Dez.14

Dez.15

Dez.16

Dez.17

Dez.18

Fonte: BIS; cálculos CMVM.

Zona Euro (Esq.)

Portugal (Dir.)

Graf Esq.

Serviço da dívidaem % do

rendimento (Esq.)

Dívida das Famíliasem % do PIB (Dir.)

Graf Dir.

Unidade: (%)Unidade: 10^6 €

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Em 2017, o valor das transações efetuadas por não-residentes representaram 11,5% do total. Esta evolução acompanha, ainda que de forma mais pronunciada, a tendência recente ob-servada na Zona Euro e na OCDE, situação semelhante à verificada no caso do aumento dos rácios entre os preços e as rendas dos imóveis e entre os preços e o rendimento disponível.

O aumento dos preços da habitação tem estado mais concentrado no segmento da ha-bitação em segunda mão. Dada a tendência ascendente do número de casas vendidas, a evolução dos preços pode ser explicada por um lento crescimento da oferta face ao com-portamento mais dinâmico da procura. Com efeito, na primeira metade da última década diminuíram as licenças de construção, mas nos últimos cinco anos assistiu-se à recupe-ração da emissão de novas licenças de construção. No entanto, devido ao desfasamento temporal entre o investimento e a colocação no mercado da nova habitação essa recente recuperação nas licenças emitidas ainda não está refletida nos preços.

Note-se que quedas de preços acentuadas no mercado imobiliário podem ter repercussões macroeconómicas e afetar a estabilidade financeira. Podendo ser usado quer como ativo de investimento, quer como bem de consumo, o imobiliário representa uma fatia relevante do património das famílias, pelo que a variação dos preços dos imóveis afeta diretamente a ri-queza líquida das famílias e influencia o consumo privado. O imobiliário é igualmente usado como colateral para financiamento bancário de famílias e pequenas empresas e a sua desva-lorização pode conduzir a uma deterioração da carteira de crédito de instituições financeiras.

Uma preocupação associada ao crescimento dos preços do imobiliário relaciona-se com as potenciais interligações do sistema financeiro com o setor imobiliário. Em teoria, o crédito à habitação poderá alimentar bolhas especulativas ao estimular em demasia a procura. Por seu turno, uma queda abruta dos preços do imobiliário reduz o valor do colateral do crédito, o que, associado a uma crise económica, tenderá a incrementar situações de incumprimento.

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Gráfico 12 – Imobiliário residencial: rácios preços-rendas (esq)e preços-rendimento (dir)

2010 20112012

20132014

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20172018

2010 20112012

20132014

20152016

20172018

Fonte: OCDE;cálculos CMVM.

Graf Esq.

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PortugalMédia UE

(2000-2018)Média EUA

(2000-2018)Média Portugal

(2000-2018)

Graf Dir. UEEUA

PortugalMédia UE

(2000-2018)Média EUA

(2000-2018)Média Portugal

(2000-2018)

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

s saldos totais de crédito à habitação concedidos pelo setor financeiro português diminuí-ram 0,2% em 2018. Uma análise a um período histórico mais alargado revela que esse indi-cador permanece 11,0% abaixo do registado em 2008. As taxas de juro no crédito à habita-ção caíram nos últimos anos em virtude da diminuição dos respetivos indexantes, tendência reforçada numa fase ulterior pela descida dos spreads de crédito (variação de -0,2 p.p. em 2018). As repercussões estendem-se aos fundos de investimento imobiliário, onde os au-mentos de preços beneficiam o valor dos imóveis em carteira e o aumento da procura pos-sibilita a venda de imóveis a melhor preço e assim contribui para aliviar eventuais problemas de liquidez.

Os mercados cambiais exibiram igualmente alguma instabilidade em 2018. Algumas econo-mias emergentes e países em desenvolvimento enfrentaram avultadas saídas (líquidas) de capitais e dificuldades em realizar o roll-over das suas dívidas, em particular no terceiro tri-mestre. O menor apetite pelo risco de mercados emergentes traduziu-se na reavaliação dos ativos e em instabilidade cambial. A normalização da política monetária nos EUA desenca-deou uma reavaliação do preço do risco a nível global, com consequências diretas para al-gumas economias emergentes e países em desenvolvimento que se encontravam mais ex-postos a choques externos devido a vulnerabilidades do seu sistema financeiro ou a falta de competitividade externa crónica. Os efeitos da apreciação do dólar e da subida dos juros nos EUA foram mais notórios em países com elevado endividamento do setor público e privado expresso em moeda estrangeira e com maiores desequilíbrios macroeconómicos. Alguns destes países carecem de uma base de investidores domésticos e de reservas que lhes per-mitam enfrentar condições do mercado adversas. A Argentina e a Turquia encontram-se en-tre os países mais afetados, registando no último ano um aumento significativo do respetivo risco soberano e desvalorizações cambiais abrutas.

Nos mercados de dívida assistiu-se ao aumento do spread de crédito de obrigações especu-lativas (high-yield) face a obrigações de nível de investimento (investment grade). O diferen-cial das taxas de juro de obrigações com notação Aaa e com notação Baa alargou 40 p.b. em 2018. Esta evolução não pode ser dissociada de políticas monetárias mais restritivas (não só nos EUA, mas também de alguns países emergentes que aumentaram as taxas de juro dire-toras com o objetivo de estabilizar fluxos de capitais e taxas de câmbio) e de condições de liquidez menos favoráveis.t

O

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Concomitantemente, assistiu-se à queda dos preços de algumas matérias-primas nego-ciadas nos mercados de derivados, associada à desaceleração da procura global, e em par-ticular à diminuição da procura da China, que condicionou negativamente os preços dos metais e bens agrícolas. A expetativa de aumentos de tarifas comerciais sobre alguns bens alimentares também condicionou expectativas e contribuiu para o declínio daqueles pre-ços. Quanto às matérias-primas energéticas, verificou-se uma redução do preço do petró-leo, para 53,8 dólares norte-americanos (USD) no final de 2018. Não obstante alguma volati-lidade ao longo do ano, o preço do gás natural registou uma desvalorização inferior a 0,5%. Os preços do ouro e da prata deslizaram 1,6% e 8,5%, respetivamente.

0

1

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4

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9

Gráfico 13 – Yields de obrigações emitidas por empresas não financeiras (cabaz mundial)

Dez.09 Dez.10 Dez.11 Dez.12 Dez.13 Dez.14 Dez.15 Dez.16 Dez.17 Dez.18

(%)

AAA

BAA

Fonte: Bloomberg;cálculos CMVM.

Graf Esq.

AAA (Média 2000-2018)

BAA (Média 2000-2018)

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Gráfico 14 – Preço de algumas matérias-primas

Fonte: Bloomberg;cálculos CMVM.

Graf Esq.

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2018

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

Ouro

Prata

Graf Dir.

Petróleo

GásNatural

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

expansão económica dos últimos anos contribuiu para melhorar o desempenho do sistema financeiro, o que se traduziu no aumento do retorno dos capitais próprios (retorno do ativo) da banca portuguesa para 7% (0,66%) em 2018. O rácio de transformação de depósitos em créditos também apresenta uma tendência decrescente nos últimos anos, sinalizando uma menor alavancagem do setor.

A evolução descrita sumariamente nos parágrafos anteriores materializa-se em indicado-res de risco sistémico que confirmam um cenário financeiro relativamente estável. Nos Estados Unidos, o St. Louis Fed Financial Stress Index sugere níveis de risco sistémico in-feriores à média de longo prazo. O aumento do indicador no quarto trimestre não pode ser dissociado da incerteza resultante de eventos geopolíticos e medidas protecionistas, e da inversão da curva de rendimentos em alguns momentos e que sinaliza uma deterioração do cenário macroeconómico.

Na Zona Euro, o Composite Indicator of Systemic Stress (CISS) conheceu alguma instabili-dade de curto prazo no primeiro semestre, com aumentos mais relevantes nos meses de fevereiro e junho em resultado do pico de volatilidade no segmento acionista e de eventos adversos no mercado obrigacionista, respetivamente. No segundo semestre, o aumento do CISS está associado a desenvolvimentos nos mercados de dívida soberana (e.g., Itália), riscos políticos, tensões nalgumas economias emergentes (Argentina e Turquia) e ainda a perspetivas económicas menos otimistas.

A intermediação financeira continuou a ter o maior contributo para o risco sistémico, sina-lizando a relevância deste setor como fonte de risco. Apesar do aumento da resiliência do setor financeiro europeu, em virtude do novo enquadramento regulatório, de uma supervi-são mais reforçada e da melhoria da conjuntura económica, alguns países ainda possuem problemas estruturais relevantes (e.g. excesso de capacidade, exposição a EME) e o cená-rio de baixas taxas de juro continua a influenciar negativamente a rentabilidade do setor. A digitalização e a concorrência de novas empresas no segmento Fintech não pode igual-mente ser descurada. t

A

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

m Portugal, a evolução do Country-Level Index of Financial Stress (CLIFS) sugere níveis de risco sistémico em linha com o observado na Zona Euro. À semelhança do Sovereign CISS (SovCISS) para a Zona Euro, o SovCISS para Portugal foi penalizado pela evolução das ta-xas de retorno da dívida pública de Itália (em resultado dos desenvolvimentos ao nível da aprovação do orçamento e das finanças públicas). Já a melhoria da notação de crédito da República Portuguesa pela DBRS (abril) e pela Moody’s (outubro)3 permitiu beneficiar de condições de financiamento mais favoráveis nos mercados de dívida soberana, e condicio-nou positivamente a trajetória do SovCISS para Portugal. l

3 A Fitch (novembro de 2018) confirmou o outlook estável para a classe de investimento. A Standard & Poor’s aumentou o rating em março de

2019, e o outlook positivo foi confirmado pela DBRS (em abril de 2019).

E

0,0

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1,0SOVCISS

Gráfico 15 – SovCISS (esq) e CLIFS (dir)

Graf Esq.

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Graf Dir.

Amplitude

PT

MédiaES+GR+IE+IT+PT

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Fonte: BCE; cálculos CMVM.

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2. RENTABILIDADEE ATRATIVIDADE DO MERCADO

DE VALORESMOBILIÁRIOS PORTUGUÊS

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

RENTABILIDADE E ATRATIVIDADE DO MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS PORTUGUÊS

s principais índices acionistas portugueses tiveram um desempenho negativo em 2018, com variações de -12,2% (PSI 20), -8,7% (PSI 20 TR) e -9,9% (PSI Geral)4, o que contrasta com as valorizações ocorridas no ano anterior. A queda dos índices portugueses foi inferior à contabilizada pela generalidade dos principais índices europeus (com a exceção do índice bolsista francês CAC 40).

Os índices acionistas podem ser utilizados como proxies para o investimento em valores mo-biliários com risco. A tabela seguinte compara, para o período 2008-2018, as taxas médias de rentabilidade e o respetivo risco (medido através do desvio padrão) de algumas opções de investimento. O investimento em índices acionistas teria tido, em média, um retorno positi-vo (exceto se efetuado no índice PSI 20, o qual não considera o efeito financeiro dos dividen-dos distribuídos). Contudo, este tipo de investimento teria tido por contrapartida um risco mais elevado quando comparado com outras opções tradicionalmente mais conservadoras (designadamente os certificados de aforro), mas que, ainda assim, proporcionaram rentabi-lidades nominais mais elevadas do que as do mercado acionista neste período5.

OS PRINCIPAIS ÍNDICES ACIONISTAS PORTUGUESES TIVERAM UM DESEMPENHO NEGATIVO EM 2018, O QUE CONTRASTA COM AS VALORIZAÇÕES OCORRIDAS NO ANO ANTERIOR.

UM INVESTIDOR QUE TIVESSE FEITO UM INVESTIMENTO NUMA CARTEIRA DIVERSIFICADA (AÇÕES, DEPÓSITOS, DÍVIDA PÚBLICA) EM 31 DE DEZEMBRO DE 2008, TERIA OBTIDO EM 10 ANOS UMA RENTABILIDADE ACUMULADA DE CERCA DE 20%.

GLOBALMENTE, NEM O SETOR SEGURADOR NEM O SETOR DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO TÊM CONSEGUIDO AFIRMAR-SE COMO DINAMIZADORES DA POUPANÇA EM PORTUGAL.

2.

O

4 Quer o PSI 20 TR quer o PSI Geral incorporam eventos societários como a distribuição de dividendos.

5 No período 2013-2018 os índices acionistas portugueses apresentaram taxas de variação negativas (PSI Geral: -2,3%, PSI 20 TR: -3,1%, PSI

20: -6,3%), o que contrasta com as taxas oferecidas por outras opções de investimento (i.e., as obrigações do Tesouro (2,8%) e os certificados

de aforro (1,6%)). Ainda nestes cinco anos, a volatilidade dos referidos índices (PSI Geral: 15,3%, PSI 20 TR: 18,8%, PSI 20: 17,9%) foi bastante

semelhante à das obrigações do Tesouro (20,2%).

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Fonte: Bloomberg, Refinitiv, IGCP, Banco de Portugal e INE; cálculos CMVM. * Rentabilidade calculada no pressuposto de a OT ter sido com-

prada no final de 2008 e mantida até à maturidade. ** Taxa média geométrica anual oferecida pelos certificados de aforro entre 2008 e 2018.

Quadro 1 – Rentabilidade e risco de algumas opções de investimento em Portugal - 2008-2018Investimento Rentabilidade Nominal Anual Risco

PSI Geral 1,5% 23,9%

PSI 20 TR 0,9% 25,3%

PSI 20 -2,9% 24,3%

Obrigações do Tesouro (OT) 4,5%* 22%

Certificados de Aforro (CA) 1,7%** n.a.

A estes valores importa incorporar o efeito dos preços no período, pois poderia acontecer que em 2018 o investidor comprasse menos bens do que com um euro em 2008. O investi-mento em dívida pública teria sido mais atrativo (e com menor risco) e o único que permiti-ria aumentar o poder de compra.

A análise anterior assume que a aplicação financeira é feita numa única opção de investi-mento. No entanto, a grande maioria dos investidores decide (e bem) diversificar os seus in-vestimentos, constituindo uma carteira com vários instrumentos financeiros. Tomando por referência dados sobre os patrimónios financeiros (ativos) do segmento de particulares6, caso um investidor tivesse aplicado 100 000 euros no final de 2008 numa carteira constituí-da por vários tipos de ativos financeiros, nomeadamente, depósitos a prazo (84,9%), obri-gações do Tesouro (5,4%), certificados de aforro (5,4%) e ações cotadas (4,3%), essa car-teira teria, no final de 2018, um valor de 119 857 euros. Ou seja, num período de uma década, o investidor teria obtido uma rentabilidade nominal acumulada de cerca de 20%, mesmo tendo sofrido perdas no mercado acionista no último ano e apesar das muito baixas taxas

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

de juro atualmente em vigor para os depósitos bancários.

A composição desta carteira de investimentos altera-se ao longo dos dez anos por força das diferentes taxas de retorno das respetivas componentes.7 No final de 2018 existiria uma diminuição do peso dos depósitos a prazo (de cerca de -1,8 p.p. face a 2008, para 83,1%), das ações cotadas (de -0,1 p.p., para 4,2%) e dos certificados de aforro (de cerca de -0,1 p.p., para 5,3%), contrastando com um aumento no peso das OT (de cerca de 2 p.p., para 7,4%).

6 Tendo por base os patrimónios das Contas Nacionais Financeiras para o segmento de particulares (fonte: Banco de Portugal).

7 A análise assume que não são efetuados rebalanceamentos da carteira.

2013

2014

2015

2016

2017

2018

Gráfico 17 – Subscrições de diversas aplicações financeiras

Fonte: CMVM, IGCP, ASF eBanco de Portugal, cálculos CMVM(*) Soma da variação do saldo dosdepósitos a prazo de particularese de sociedades não financeiras.

Sub. Líq.OIC Nac.

Sub. Líq.OICVM Estr.

Produtosde Seguros

Var. Saldo Cert.Aforro e Tesouro

Var. SaldoDep. Prazo (*)

-2 000

0

2 000

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8 000

10 000

€ Mi

lhões

Por outro lado, a evolução das subscrições (líquidas de resgates) de vários produtos finan-ceiros permite analisar a estrutura de aplicações financeiras e as decisões de investimento das famílias em Portugal, num contexto de muito baixas taxas de poupança.

O valor dos resgates ultrapassou o das subscrições no conjunto dos fundos de investimen-to mobiliário nacionais em 412 milhões de euros em 2018. Tal resultou quer dos resgates observados nos OICVM, quer nos Fundos de Investimento Alternativo Mobiliário (FIA), con-trariamente ao que tinha sido observado no ano anterior, em que os OICVM apresentaram subscrições líquidas positivas.

As subscrições líquidas de OICVM estrangeiros comercializados em Portugal, embora po-sitivas, decresceram significativamente por comparação com o ano transato. Nos últimos cinco anos, as subscrições líquidas acumuladas deste tipo de fundos atingiram os 3 230 mi-

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

lhões de euros, enquanto nos OICVM nacionais e no mesmo período as subscrições foram superiores aos resgastes em 1868 milhões de euros. Esta evolução diferenciada acentuou a perda de relevância dos fundos de investimento mobiliário geridos por entidades nacionais em matéria de aplicação de poupanças por residentes. Por sua vez, os fundos de investi-mento imobiliário abertos tiveram de novo subscrições líquidas positivas em 2018, o que está certamente associado à dinâmica recente do mercado imobiliário em Portugal e aos níveis de rentabilidade mais elevados que este tipo de fundos tem proporcionado.

o conjunto das aplicações em certificados de aforro e do Tesouro, as subscrições também foram superiores aos resgates. Tal deveu-se ao aumento do saldo líquido de investimento nos certificados do Tesouro, uma vez que, pelo segundo ano consecutivo, os certificados de aforro apresentam um saldo de investimento negativo.

Os produtos de aforro do ramo segurador (que incluem os designados unit linked, as ope-rações de capitalização e os fundos de pensões de adesão individual) também tiveram subscrições superiores aos resgates, embora marginais. Contudo, nos últimos seis anos assistiu-se a um forte desinvestimento (4 867 milhões de euros) em produtos do setor se-gurador, o que estará associado às baixas taxas de longo prazo proporcionadas pelos títu-los de taxa fixa.

O stock líquido de depósitos a prazo efetuados tanto por particulares como por sociedades não financeiras também aumentou significativamente. Este aumento foi particularmente relevante nos depósitos de particulares, uma vez que o crescimento dos depósitos de so-ciedades não financeiras foi menos expressivo do que no ano anterior. Num quadro de bai-xas ou mesmo nulas taxas de remuneração deste produto tradicional bancário, nem o setor segurador nem o dos fundos de investimento têm conseguido afirmar-se como dinamiza-dores da poupança em Portugal, e não têm constituído alternativas para a aplicação das poupanças dos investidores, que continuam a preferir alternativas mais tradicionais, mas também de menor risco. l

N

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3. MERCADO PRIMÁRIOE OFERTAS

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

MERCADO PRIMÁRIOE OFERTAS

SEGMENTO ACIONISTA

m contraste com o aumento registado no ano 2017, o valor das emissões de ações dimi-nuiu na Europa. A quebra foi mais acentuada nos aumentos de capital (-48%) relativamente às ofertas públicas iniciais (-15%), e foi mais expressiva nas empresas do setor financeiro. Esta contração terá ocorrido como reação a um cenário de incerteza política nalguns paí-ses da Europa, bem como aos picos de volatilidade das cotações, após um período de mui-to baixa volatilidade em todos os segmentos de mercado. Com efeito, ao longo de 2018, os picos de volatilidade de curto prazo estiveram associados a decisões de cancelamento ou de adiamento de ofertas públicas iniciais (IPO), nomeadamente nos meses de fevereiro e novembro. Durante o ano, um total de 51 IPO foram cancelados ou adiados8 nas bolsas eu-ropeias, o número mais elevado desde 2008.

Ao nível setorial, os setores financeiro, transportes e eletrónica concentraram mais de me-tade das emissões em IPO na Europa. Em termos geográficos, mais de metade das emis-sões foram efetuadas por emitentes sediados na Alemanha e no Reino Unido. No entanto, a evolução dos montantes emitidos foi diferenciada, com o valor dos IPO na Alemanha a cres-cer de forma muito relevante e no Reino Unido a registar uma ligeira contração. As bolsas LSE Group e Deutsche Borse lideraram as ofertas.t

CONTRAÇÃO DO VALOR DAS EMISSÕES DE AÇÕES NA EUROPA.

CANCELAMENTO E/OU ADIAMENTO DE IPOS, EM PORTUGALE NA EUROPA, ASSOCIADO A PICOS DE VOLATILIDADE DAS COTAÇÕES.

AUMENTO DA EMISSÃO DE GREEN BONDS SOBERANOS.

3.

E

8 Fonte: AFME

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Nos EUA, o montante emitido em IPO foi de 49,9 mil milhões de dólares (USD) e em aumen-tos de capital foi de 164,6 mil milhões de USD.9 Empresas de 15 países diferentes escolhe-ram as bolsas americanas para a emissão de ações, com as de maior valor a ocorrer nos setores financeiro, da saúde e tecnológico.

Em Portugal, a Raize obteve 5,5 milhões de euros na IPO lançada em 2018. O final do ano ficou marcado pelo cancelamento ou adiamento de três ofertas públicas de ações, duas delas iniciais, já após a aprovação dos respetivos prospetos. A volatilidade nos mercados internacionais foi um motivo referido para justificar esses cancelamentos ou adiamentos.

Em matéria de ofertas, foram objeto de supervisão pela CMVM três ofertas públicas de aqui-sição (OPA). As ofertas da China Three Gorges sobre a EDP – Energias de Portugal e sobre a EDP Renováveis foram preliminarmente anunciadas, tendo sido extinto o processo ad-ministrativo no primeiro semestre de 2019, por indeferimento do pedido de registo da OPA pela CMVM. No seu conjunto, estas duas OPA visavam a aquisição de capital num montante de 10 261,8 milhões de euros. Por outro lado, a OPA preliminarmente anunciada pela MEO - Serviços de Telecomunicações e Multimédia sobre o Grupo Media Capital foi concluída sem sucesso em virtude da ausência de obtenção da autorização administrativa necessária.t

9 Fonte: SIFMA

Gráfico 18 – IPO, aumentos de capital e incerteza política - Europa

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2018

2017

2016

2015

2014

2013

2012 0 50050 100 150 200 250 300 350 400 450

N.º d

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Os)

0

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50

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0

100

50

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200

250

Fonte: AFME e Economic Policy Uncertainty; cálculos CMVM.

Graf Esq.

Aumentode capital

2015-2016

2017

2018

Mediana ValorEmitido

(8,6 € 10^9)

IPOs

Graf Dir.

N.ºnegócios

€ 10^9

Indicador de incerteza política (Europa)

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

SEGMENTO OBRIGACIONISTA

Dívida Privadamercado obrigacionista de dívida privada continua a representar uma importante fonte de financiamento de longo prazo para as empresas e representa uma classe de ativos para os investidores. Em termos mundiais, assistiu-se ao aumento das emissões no período pós crise financeira de 2008, mais expressivo nas economias emergentes, nomeadamente na China. Todavia, em 2018 as emissões de dívida privada caíram cerca de 25% face ao ano anterior.

Na Europa, observou-se um padrão heterogéneo ao longo do ano. A emissão de dívida pri-vada contraiu do primeiro semestre, de modo generalizado em todos os setores, e essen-cialmente no caso das emissões da classe de investment grade. No entanto, no terceiro trimestre assistiu-se ao aumento das emissões, nomeadamente de dívida investment gra-de. O final do ano foi de novo marcado por uma contração das emissões, provavelmente como resposta à redução da atividade económica e do sentimento de mercado. Em parale-lo, os spreads da dívida privada aumentaram, associados à revisão em baixa do crescimento económico, à incerteza política e ao final do programa de compras do BCE em dezembro. Apesar do prémio de risco ter aumentado em todas as classes de risco, esse crescimento foi mais acentuado nas classes de high yield.10

Nos EUA também ocorreu uma redução das emissões de dívida privada, transversal aos segmentos high yield (-39%) e investment grade (-15%). As emissões de dívida privada nos EUA representam aproximadamente 35% das emissões mundiais e as da Europa aproxima-damente 20%.11

A dívida privada emitida em Portugal ascendeu a 16 787 milhões de euros em 2018, corres-pondendo a um aumento de 5,1% face ao ano anterior. A emissão de obrigações clássicas cresceu 117,4%, representando aproximadamente 55% das emissões totais. A emissão de obrigações hipotecárias registou um aumento de 149,1%, correspondendo a 20% das emis-sões totais no ano de 2018.t

10 Fonte: ESMA

11 OCDE

O

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Dívida PúblicaA emissão de dívida direta pelo Estado Português através de obrigações do Tesouro a taxa fixa12 ascendeu a cerca de 17,7 mil milhões de euros, um aumento de 3,0% relativamente ao montante colocado no ano transato. O Tesouro emitiu ainda um total de mil milhões de eu-ros em OT de rendimento variável destinadas a investidores de retalho, um montante infe-rior ao colocado no ano anterior. A duração modificada da dívida pública nacional era de 4,9 anos no final do ano.

12 Mediante leilões e emissões sindicadas.

Gráfico 19 – Emissões de Obrigações - Portugal

0

8 000

6 000

4 000

2 000

10 000

12 000

14 000

16 000

18 000

Fonte: CMVM e Banco de Portugal; cálculos CMVM. Nota: Valor efetivamente colocado ao preço de subscrição.

10^6 €Setor Público

Outras(subordinadas/

/contigentes//perpétuas/

/permutáveis)

Titulazizadas

Estruturas//Cupão Zero

Hipotecários

Clássicas

2016 2017 2018

Gráfico 20 – Montantes colocados de obrigações do Tesouro de taxa fixa

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

0

5,000

10,000

15,000

20,000

25,000

Fonte: Bloomberg; cálculos CMVM.

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

taxa média ponderada das colocações de dívida pública oscilou entre 0,58% (maturidade de quatro anos) e 2,80% (maturidade de 29 anos). Nalguns casos, e para maturidades se-melhantes, as taxas de cupão média e ponderada diminuíram em 2018. A taxa de juro média da dívida emitida durante o ano baixou para os 1,8%, um mínimo histórico. As emissões con-centraram-se na maturidade de 10 anos.

Considerando a totalidade das emissões de dívida pública (que não apenas OT), a taxa de colocação média foi de 1,0% em Portugal (0,4% na Europa), revelando um custo de financia-mento da República superior à média da Europa. Esta taxa caiu 0,2 p.p. face a 201613, o que poderá ser justificado, nomeadamente, pela melhoria da notação de risco da República.

O valor emitido de dívida pública na Europa foi o mais baixo desde a crise financeira de 2008.14 Esta evolução acompanha a consolidação das finanças públicas e a redução de de-sequilíbrios orçamentais em alguns Estados-membros durante a última década.

Por outro lado, o ano fica ainda marcado pelo crescimento da emissão de green bonds15

soberanos (França, Bélgica, Polónia, Lituânia e Irlanda). Não obstante, no final do primei-ro semestre os green bonds representavam menos de 1% da dívida pública elegível para o programa de compra de ativos do BCE (que compara com um peso de 4% das emissões de dívida privada). l

13 Fonte: BCE.

14 Fonte: AFME.

15 Modo de captação de financiamento para projetos com benefícios ambientais.

A

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4. MERCADO SECUNDÁRIO

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

MERCADO SECUNDÁRIO

capitalização bolsista dos instrumentos financeiros admitidos à negociação nos diversos segmentos da Euronext em Portugal (Euronext Lisbon, Euronext Access e Euronext Growth) diminuiu para 193 662,6 milhões de euros no final do ano, essencialmente em resultado da exclusão da negociação das ações do Banco Santander a partir de outubro. Assim, assistiu--se no ano a uma forte queda da capitalização acionista (-64,3%), segmento que representa 28% da capitalização bolsista total. Eliminando o efeito daquela exclusão, a capitalização acionista diminuiu 14,2%, o que está associado à forte queda das cotações acionistas no úl-timo trimestre e ainda à exclusão da negociação das ações de outras sociedades cotadas, que não foi compensada pelo acréscimo de novas empresas no mercado.

DIMINUIÇÃO DA CAPITALIZAÇÃO BOLSISTA DAS PRINCIPAISPRAÇAS FINANCEIRAS GLOBAIS.

O VALOR NEGOCIADO EM AÇÕES NOS PRINCIPAIS MERCADOS INTERNACIONAIS CONTINUOU A CRESCER.

A VOLATILIDADE NO MERCADO OBRIGACIONISTA PERMANECE HISTORICAMENTE BAIXA.

4.

A

Gráfico 21 – Capitalização bolsista – Portugal

Fonte: Euronext Lisbon;cálculos CMVM. “M €” refere-se

a milhões de euros.

Obrigações

Ações

Certificados

Warrants

TP e UP

ETF

152,015 M €; 53%

2,159 M €; 1%

129,961 M €; 46%

54,306 M €; 28%

136,945 M €; 71%117 M €; 0%

1,943 M €; 1%

11 M €; 0%

163 M €; 0%178 M €; 0%

342 M €; 0%

115 M €; 0%

2017 2018

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

16 Neste relatório um bilião = 1012.

capitalização obrigacionista manteve a tendência de crescimento iniciada em 2010 e é atualmente o maior segmento de mercado, correspondendo a um pouco mais de sete em cada dez euros do total. Os warrants mais do que duplicaram a respetiva capitalização, em-bora continuem a ter uma pequena expressão. Por sua vez, o Euronext Growth e o Euronext Access (onde foram admitidos dois novos títulos) continuam a evidenciar um peso reduzi-do, tendo voltado a contabilizar reduções nas respetivas capitalizações bolsistas.

Em termos mundiais, no início de 2018 a capitalização acionista atingiu o máximo dos dois últimos anos (89,8 biliões de dólares).16 Contudo, no segundo semestre assistiu-se a uma inversão desse padrão de crescimento em virtude da conjuntura adversa vivida nos merca-dos financeiros internacionais, tendo a capitalização acionista global decrescido 12,9% em termos homólogos no final do ano.

Esta evolução foi transversal às maiores praças financeiras internacionais. No mercado norte-americano a diminuição foi de 6,3% na NYSE e de 2,8% no NASDAQ. Na Europa, o LSE Group (London Stock Exchange e Borsa Italiana) e a Euronext viram a respetiva capitaliza-ção acionista decrescer 18,3% e 15,1%, respetivamente. No entanto, o número de empresas admitidas à negociação nas praças norte-americanas aumentou. Portugal contribuiu para a redução do número de sociedades cotadas nos mercados da Europa, tendo durante o ano sido admitidas à negociação ações de uma emitente no mercado regulamentado e de duas no não regulamentado, e tendo sido excluídas da negociação cinco emitentes de ações no mercado regulamentado e uma emitente no não regulamentado.

A nível mundial, não obstante a forte diminuição das cotações nos últimos meses do ano, o valor transacionado em ações cresceu 15,4%, essencialmente em consequência do au-mento da negociação nas praças norte-americana e europeias, uma vez que nos mercados asiáticos se contabilizou uma diminuição dos montantes transacionados.

Em Portugal, assistiu-se ao decréscimo do valor total negociado nos mercados regulamen-tados (-15,8%), e ao expressivo aumento do valor transacionado nos sistemas de negocia-ção multilateral (MTF; +39,3%). O crescimento do montante negociado no MTF (que corres-ponde a mais de oito em cada dez euros transacionados no mercado a contado) contribuiu decisivamente para o aumento da relevância dos sistemas de negociação multilateral e para a redução do peso dos mercados regulamentados.t

A

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

82488 M €; 73% 115809 M €; 82%

Gráfico 22 – Transações no mercado a contado

Fonte: CMVM, EuronextLisbon e MTS; cálculosCMVM. “M €” refere-se

a milhões de euros.

Euronext Growth

Euronext Access

MTS

29598 M €; 26%Euronext Lisbon

2017 20181121 M €; 1%0

24919 M €; 18%

675 M €; 0%0

A liquidação e o registo de valores mobiliários é uma atividade subsequente à negociação, e é fundamental para assegurar o bom funcionamento do mercado. Em Portugal essas fun-ções são asseguradas pela Central de Valores Mobiliários (CVM), integrada na Interbolsa, ou por esta encaminhadas para plataformas europeias. No final do ano encontravam-se re-gistadas 2 290 emissões de valores mobiliários na CVM, menos 140 emissões que no perío-do homólogo. Do total de emissões, 42,9% correspondiam a warrants, 26,3% a obrigações (maioritariamente divida privada), 20,1% a ações e 5,2% a certificados.

A quantidade de valores mobiliários integrados na CVM aumentou para 1 957 218 milhões de unidades no final do ano, com a quase totalidade a corresponder a ações. As unidades de participação, warrants e certificados representavam no seu conjunto apenas 0,1% do total. O total das emissões encontrava-se avaliado em 301 985 milhões de euros no final do ano, o que se traduziu num aumento de 2,0% em termos homólogos.17

t

17 A partir de 2016, as obrigações, os títulos de participação, os valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis (VMOC) e os bilhetes do

Tesouro passaram a ser integrados na CVM pelo montante do valor nominal da emissão.

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

A Interbolsa gere os sistemas de liquidação, assegurando a realização de transferências de dinheiro, valores mobiliários, direitos e garantias relativas a operações sobre valores mobiliários. Em 2018, foram liquidadas 311 598 instruções através do sistema de liquidação geral18 desta entidade, relativas a operações realizadas em mercado regulamentado e em sistema de negociação multilateral, das quais 99,4% respeitantes a operações garantidas19

e o remanescente a operações não garantidas. O montante envolvido nestas operações decresceu para 28,3 mil milhões de euros, essencialmente em resultado do decréscimo do montante liquidado em operações garantidas. No que diz respeito às ‘operações fora de mercado e outras’20, foram liquidadas 550 743 operações, das quais 81,3% respeitavam a instruções delivery versus payment e as restantes a instruções free of payment.

MERCADO ACIONISTA A generalidade dos índices acionistas caiu em 2018, quebra que foi mais acentuada no último trimestre. Em Portugal, os principais índices acionistas apresentaram uma evolução seme-lhante à verificada nos mercados europeus, com pior desempenho na segunda metade do ano. A correlação entre os índices acionistas dos diversos países tem vindo a aumentar, o que pode estar associado a níveis mais elevados de contágio nos mercados de ações.

18 O sistema de liquidação geral processa operações relacionadas com a liquidação de operações realizadas nos mercados geridos pela Euronext

Lisbon, em outros mercados regulamentados, em mercado não regulamentado, fora do mercado e de transferências livres de pagamento.

19 A LCH.Clearnet, S.A. (contraparte central) define os instrumentos financeiros por si garantidos, resultante das operações realizadas e ou

registadas, independentemente do mercado ou da plataforma de negociação onde tenha ocorrido a negociação. Os instrumentos financeiros

não garantidos pela LCH.Clearnet, S.A. encontram-se identificados em lista divulgada no sítio da internet desta entidade, sendo a lista atuali-

zada semanalmente. As operações identificadas como não garantidas são diariamente transmitidas para a CSD (Interbolsa), onde se processa

a respetiva liquidação.

20 O item ‘Outras’ inclui liquidações no mercado primário, market claims e outros movimentos entre intermediários financeiros.

Gráfico 23 – Índices acionistas MSCI

Fonte: Boomberg; cálculos CMVM.As cotações dos índices acionistas

encontram-se expressas emeuros. Base 100 em janeiro de 2006.

MSCI_Índice Mundial

0

50

100

150

250

Jan/06

Jan/14

Jan/13

Jan/12

Jan/10

Jan/11Jan/19

Jan/18

Jan/17

Jan/15

Jan/16Jan/0

9

Jan/08

Jan/07

MSCI

MSCI_América do Norte

MSCI_Zona Euro

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

m conjunto com a banca, o setor automóvel contabilizou a maior desvalorização entre os índices europeus, mas no mercado norte-americano os setores ‘energia’, ‘materiais’ e ‘servi-ços de comunicação’ tiveram as maiores quedas. Na Europa, o setor automóvel foi afetado pelas dificuldades na implementação da nova norma de homologação de emissões e con-sumo para os novos veículos matriculados (a WLTP - Worldwide harmonized Light Vehicles Test Procedure). Os setores de cuidados de saúde e as utilities superaram o desempenho global dos índices europeu e norte-americano, o que no primeiro caso poderá ser justifica-do pela maior atenção dos investidores a inovações terapêuticas na área da saúde.

No setor financeiro do S&P 500 as cotações recuperaram no início do ano para valores pró-ximos dos atingidos antes da crise financeira internacional de 2008, para caírem de modo relevante no final do ano, evolução que foi semelhante nos subsetores da banca, dos segu-ros e dos serviços financeiros. Também na Europa se assistiu a uma forte queda dos pre-ços das ações das empresas financeiras no quarto trimestre, mas as cotações do subsetor bancário ainda estão longe das atingidas antes da crise financeira internacional. Apesar dos progressos observados na banca na Europa, ainda prevalecem algumas preocupações estruturais (excesso de capacidade, elevado nível de ativos com reduzida rentabilidade em algumas geografias e custos operacionais elevados, entre outros) que não têm permitido uma recuperação em linha com a dos índices globais.

A digitalização e a surgimento das Fintech acrescentam desafios adicionais ao modelo de negócio bancário. Numa perspetiva de longo prazo, as empresas tecnológicas são um dos principais fatores determinantes da evolução dos mercados acionistas globais. As compras online e mobile, o uso de dispositivos móveis complexos e as redes sociais estão presentes no dia-a-dia dos consumidores e empresas, e têm surgido novas áreas de foco, como a rea-lidade virtual e a inteligência artificial.

Gráfico 24 – Índices setoriais do setor financeiro - Europa e EUA

Fonte: Bloomberg; cálculos CMVM.Base 100 em janeiro de 2006.

S&P500 - Financeiro

Jan/

06Ju

l/06

Jan/

11Ju

l/10

Jan/

10

Jan/

09Ju

l/09

Jan/

08Ju

l/07

Jan/

07

Jul/1

1Ja

n/12

Jan/

16Ju

l/15

Jan/

15

Jan/

14Ju

l/14

Jul/1

3

Jul/0

8

Jul/1

6

Jul/1

8Ja

n/19

Jul/1

7Ja

n/18

Jan/

17

Jan/

13Ju

l/12

Jan/

06Ju

l/06

Jan/

11Ju

l/10

Jan/

10

Jan/

09Ju

l/09

Jan/

08Ju

l/07

Jan/

07

Jul/1

1Ja

n/12

Jan/

16Ju

l/15

Jan/

15

Jan/

14Ju

l/14

Jul/1

3

Jul/0

8

Jul/1

6

Jul/1

8Ja

n/19

Jul/1

7Ja

n/18

Jan/

17

Jan/

13Ju

l/12

S&P500 - Bancos

S&P500 - Serviços Financeiros

S&P500 - Seguros

0

20

40

60

80

100

120

140

160Graf Esq.

Graf Dir.

EuroStoxx - Financeiro

EuroStoxx - Bancos

EuroStoxx - Serviços Financeiros

EuroStoxx - Seguros

0

20

40

60

80

100

120

140

160

E

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

A evolução dos principais índices de volatilidade implícita dos mercados europeu (VSTOXX) e norte-americano (VIX) sugere um aumento da incerteza dos investidores quanto ao de-sempenho futuro dos mercados acionistas. Ambos os índices conheceram aumentos de valor durante 2018, mas ainda se encontram abaixo dos valores médios registados na última década. A comparação das volatilidades implícita e histórica no mercado europeu sugere a existência de prémios de risco superiores à média histórica na negociação de derivados. Com efeito, o diferencial entre o VSTOXX e a volatilidade a 90 dias do Eurostoxx50 foi de 4,3 p.p., um valor semelhante ao verificado em 2017, mas 2 p.p. acima do valor médio dos últi-mos dez anos.

Gráfico 25 – Volatilidade Implícita (esq) e Histórica (dir)

Fonte: Bloomberg; cálculos CMVM. 2010 20112012

20132014

20152016

20172018

2010 20112012

20132014

20152016

20172018

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

VIX

VIX (média 2000-2018)

VSTOXX

VSTOXX (média 2000-2018)

Graf Esq.

VOL 90D S&P 500

VOL 90D S&P 500(média 2000-2018)

VOL 90D Eurostoxx 50

VOL 90D Eurostoxx 50(média 2000-2018)

Graf Dir.

O valor negociado em ações nos principais mercados internacionais continuou a crescer. O S&P 500 e o DAX 40 contabilizam os maiores aumentos no valor transacionado (+31,9% e +21,0%, respetivamente, no final de dezembro), enquanto para o IBEX 35 o valor das ações negociadas continuou em queda. No mercado português, o valor das ações negociadas de-cresceu gradualmente desde o início do ano. Outros indicadores de liquidez para o PSI 20 (bid-ask spread, Amihud e velocidade de circulação do capital) confirmam esta evolução. A exclusão da negociação de alguns valores mobiliários durante 2018 (Luz Saúde, Banco BPI, SDC Investimentos, Sumol + Compal e o fim da dupla cotação do Banco Santander), junta-mente com a descida de preços, contribuíram para a menor atividade de negociação. Três novas empresas tinham ações admitidas à negociação no final de dezembro: Flexdeal, no mercado regulamentado, e Farminvest e Raize no mercado não regulamentado.

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Gráfico 26 – Indicador Compósito de Liquidez - Mercados Acionistas

20002001

20022003

20042005

20062007

20082009

2010 20112012

20132014

20152016

20172018

20062007

20082009

2010 20112012

20132014

20152016

20172018

-6

-4

-2

0

2

4

6

0

1

2

3

4

5

6

0%

0.20%

0.40%

0.60%

0.80%

1.00%

1.20%

PSI 20Eurostoxx50

Graf Esq.

Amihud (Esq.)Bid-Ask Spread (Dir.)

Velocidade deCirculação (Dir.)

Graf Dir.

Fonte: Bloomberg; cálculos CMVM.

O indicador compósito de liquidez usado consiste na primeira componente principal de um conjunto de quatro indicadores de liquidez: bid-ask

spread, Amihud, valor das transações e velocidade de circulação do capital. A metodologia de construção do indicador implica que valores su-

periores (inferiores) a zero reflitam liquidez acima (abaixo) da média histórica.

A evolução do free float dos 13 títulos que se mantiveram como constituintes do PSI 20 nos últimos dez anos permite concluir que, em média, a percentagem de ações disponíveis para negociação em mercado regulamentado se tem mantido estável ao longo do tempo. O free float médio dessas ações foi de 40,6% em 2018, semelhante à verificada em 2009. Todavia, entre estes dois anos, assistiu-se a uma trajetória negativa até 2012, ano em que se atingiu a média mais reduzida (32,8%), seguida de uma forte recuperação, registando-se o máximo da série em 2014 (41,0%).

Em média, 35,7% do capital das sociedades que integram o índice PSI 20 é detido por empresas privadas. Fundos de pensões, seguradoras e hedge funds têm uma importância residual.

O principal acionista para mais de 70% das empresas do PSI 20 é de origem nacional. Os EUA são o domicílio do segundo maior acionista para a maioria dos títulos, mas Espanha e Reino Unido também são frequentemente países de origem dos principais acionistas das empresas do PSI 20. Todavia, no que diz respeito à percentagem de capital detido, em média, os acionistas de origem portuguesa detêm 47,5% das ações dos emitentes do PSI 20, seguidos por acionistas das Ilhas Virgens Britânicas, Angola e China.

Nem a composição em termos de tipo de investidor, nem a nacionalidade dos principais acionis-tas, se alteraram substancialmente face ao ano 2017. Todavia, o crescimento observado no índice

CAIXA 2 – COMPOSIÇÃO ACIONISTA DAS EMPRESAS DO PSI 20

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

HHI e no capital detido pelos três e pelos cinco maiores acionistas (para 58,6% e 65,3%, respetiva-mente) sinalizam o aumento da concentração da propriedade acionista no último ano.

Fonte: Refinitiv; cálculos CMVM.

A percentagem de capital detido pelos acionistas do PSI 20 é calculado através de uma média aritmética simples.

A categoria “Outros investidores institucionais” engloba a gestão de ativos e a consultoria para investimento.

O contributo dos mercados regulamentados para a atividade de negociação de ações nos EUA é superior ao evidenciado na Zona Euro. Em 2018, esse contributo foi reforçado nos EUA, mas diminuiu na Zona Euro. Em Portugal, o peso dos mercados regulamentados na negociação de ações domiciliadas também conheceu uma quebra, tendo-se assistido ao aumento da relevância dos internalizadores sistemáticos e à diminuição da negociação off-book. Também na Zona Euro, desde a entrada em vigor da diretiva dos mercados de instrumentos financeiros (DMIF II), a quota de mercado de internalizadores sistemáticos na negociação de ações aumentou de forma significativa. A fragmentação do mercado traz novos desafios à supervisão (associados, por exemplo, à determinação do preço de refe-rência para a avaliação dos ativos). No entanto, a fragmentação do mercado também pode contribuir para a inovação tecnológica nas plataformas de negociação e a diminuição dos custos em resultado da maior concorrência.t

Gráfico 27 – Capital detido por tipo de acionista e principal nacionalidade (PSI 20, 2018, %)

0

5

10

15

20

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

A negociação de ações no mercado regulamento da Euronext Lisbon foi efetuada através de 71 membros em 2018 (77 em 2017), dos quais 15 são nacionais e 56 são estrangeiros. Um pouco mais de oito em cada dez euros foram negociados através de membros estrangeiros. O valor médio de cada negócio efetuado através de membros de mercado nacionais foi de 5 832 euros, superior ao correspondente para membros estrangeiros. Considerando apenas os títulos do PSI 20, a relevân-cia dos membros de mercado nacionais seria ainda inferior (14% em 2018). Os três principais mem-

bros têm uma quota de mercado conjunta de aproximadamente 28% (29% em 2017), enquanto os cinco maiores detêm um peso de 42% (41% em 2017). O baixo índice HHI (552 em 2018) confirma a reduzida concentração na negociação de ações na Euronext Lisbon.

CAIXA 3 – NEGOCIAÇÃO DE AÇÕES EM MERCADO REGULAMENTADO

Portugal Zona Euro EUA

Gráfico 28 – Peso das plataformas no valor negociado de ações do PSI 20 (esq)e peso da negociação de ações em mercado regulamentado (dir)

Graf Esq.

Regulamentado

Dark Pools

Internalizadores Sistemáticos

Off-Book

Graf Dir.

2016

2017

2018

2018

2017

20160%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Fonte: Fidessa; cálculos CMVM.

Gráfico 29 – Valores negociados em ações na Euronext Lisbon por membro do mercado

Nacionais

Estrangeiros

2017 2018

4,305 M €; 18%

19,243 M €; 82%

3,369 M €; 14%

20,179 M €; 86%

Fonte: Euronext, CMVM; cálculos CMVM. Nota: “M €” refere-se a milhões de euros.

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

MERCADO OBRIGACIONISTA negociação da dívida pública nacional realizou-se fundamentalmente através da platafor-ma MTS. A gradual redução das yields dos títulos de dívida pública portuguesa e a melhoria da notação de risco de crédito da República pelas agências de rating foram acompanhadas pelo aumento da negociação. Com efeito, os valores transacionados ascenderam a 115,8 mil milhões de euros (o valor mais elevado desde 2015). As obrigações do Tesouro (OT), em particular, registaram um crescimento de 76% do valor transacionado e reforçaram a sua importância face a outros instrumentos de dívida pública. Apesar de algumas OT (sobretu-do Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV) também se encontrarem admiti-das à negociação no mercado regulamentado da Euronext Lisbon, os volumes negociados no MTS são mais expressivos, o que pode estar associado a maior atividade de negociação efetuada por investidores institucionais. Os dados recolhidos dos intermediários financei-ros que em Portugal exercem a atividade de receção de ordens revelam que os investidores preferem direcionar as suas ordens para o mercado de balcão.

A volatilidade no mercado obrigacionista permanece historicamente baixa. O índice de vo-latilidade J.P. Morgan G7 (VXY), um indicador para avaliar a volatilidade do mercado de tí-tulos em economias avançadas, manteve-se em torno de 8,7% nos últimos meses de 2018, inferior à média dos dez anos mais recentes (10,2%). Três fatores justificam este padrão: i) fortes fundamentos económicos, consubstanciados num robusto crescimento económi-co recente; ii) baixo risco de liquidez neste segmento de mercado; e iii) política monetária (quantitative easing, nas principais economias), que contribuiu para a redução do risco da dívida soberana.

O diferencial médio entre o preço das obrigações transacionadas em mercado secundário e o seu valor teórico é usado como indicador de iliquidez do mercado de obrigações sobe-ranas. Em termos médios, este indicador situou-se entre 0,9 e 7,4 p.b. (EUA e Itália, respeti-

A

Gráfico 30 – Liquidez em Mercados de Obrigações Soberanas

Fonte: Bloomberg.

Alemanha

EUA

França

Itália

Espanha

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2010 20112012

20132014

20152016

20172018

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se

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

vamente) em 2018, e apresenta uma evolução heterogénea. Assim, a dívida pública italiana teve um forte agravamento dos custos médios de transação, mas estes custos diminuíram nos casos da dívida pública norte-americana, espanhola e francesa. O comportamento di-vergente da dívida italiana face às demais estará certamente relacionado com o aumento do risco político/soberano na sequência de divergências com a Comissão Europeia quanto à política fiscal seguida naquele país.

o que respeita à dívida privada, o valor das transações deste tipo de dívida no mercado re-gulamentado da Euronext Lisbon permanece relativamente inexpressivo (5% do valor tran-sacionado em ações). Ainda assim, existiu um ligeiro aumento da negociação face ao ano anterior, explicado pelo aumento da atratividade deste segmento decorrente da melhoria da notação de risco de alguns emitentes nacionais. Tal como no caso da dívida pública, as ordens recebidas pelos intermediários financeiros que em Portugal exercem a atividade de receção, execução e transmissão de ordens indicam que os investidores continuam a direcionar as suas ordens sobretudo para ‘fora de mercado’ e preferencialmente para obri-gações estrangeiras.

Tanto as obrigações de dívida privada norte-americanas de notação de risco A, como as de notação BBB, conheceram um aumento do spread de crédito. É também de assinalar o alargamento do diferencial das yields destas duas categorias de obrigações em 16 p.b. face ao período homólogo, situando-se agora esse diferencial acima da média dos últimos doze anos. No mesmo sentido, assistiu-se ao aumento do diferencial das taxas de juro exigidas a obrigações de empresas europeias de notação A e BBB (23 p.b.). Ambas as classes de risco conheceram um agravamento dos spreads face a obrigações soberanas com maturidade a dez anos, mas esse aumento foi substancialmente mais elevado para as obrigações com maior perfil de risco de crédito.

Gráfico 31 - Diferencial de Spread das Yields de Dívida Privada de Rating A e BBB

Fonte: Bloomberg. 20102011

20122013

20142015

20162017

2018

BBB Spread Eur

A Spread Eur

Diferencial

BBB Spread Eur (média 2006-2018)

A Spread Eur (média 2006-2018)

0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

as economias emergentes, as yields de títulos especulativos (high yield) de rendimento fixo aumentaram 233 p.b. entre os últimos trimestres de 2017 e 2018, enquanto a yield de títu-los com grau de investimento (investment grade) aumentou 57 p.b., provavelmente em con-sequência do aumento das taxas diretoras nos EUA e do recrudescer das tensões comer-ciais. Em conjunto, aqueles padrões sugerem uma fuga para a segurança (flight to safety) em mercados emergentes. A Turquia e a Argentina foram os países mais atingidos, com os respetivos spreads de CDS soberanos a cinco anos a aumentar 197 p.b. e 562 p.b., respeti-vamente, em 2018. Outros mercados emergentes (México, Rússia, Colômbia e África do Sul) foram pouco afetados, o que sugere, por enquanto, um contágio limitado às outras econo-mias emergentes.

MERCADO DE FUTUROS E OPÇÕESO valor transacionado em contratos de futuros em Portugal acentuou a tendência de queda iniciada em 2015, atingindo os 691,6 milhões de euros para o conjunto do ano. Esse valor diz respeito apenas a contratos de futuros sobre o PSI 20, porquanto voltou a não ocorrer qual-quer transação de futuros sobre ações individuais. No final do ano estavam abertas 12 553 posições em contratos de futuros sobre o PSI 20. A informação recolhida junto dos interme-diários financeiros no âmbito da receção e transmissão de ordens confirma esta trajetória, com o valor das ordens recebidas sobre futuros e opções a reduzir-se nos últimos anos.

Futuros(2017)

Futuros(2018)

Opções(2017)

Opções(2018)

Total Crédito AçõesMercadoCambial

Taxasde Juro

Mercadorias

Gráfico 32 – Transações e posições em contratos de futuros e opções em mercadosorganizados (esq) e posições em contratos de derivados em mercados

Graf Esq.

Posições em aberto

Valor transacionado(média diária)

Graf Dir.

2017

2018

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200 000

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400 000

500 000

600 000

Fonte: BIS; cálculos CMVM.

USD

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O relevo dado pelos investidores ao mercado de derivados em Portugal mantém-se, assim, residual e, sobretudo, divergente da evolução dos mercados de derivados internacionais, onde os valores transacionados em mercados organizados continuaram a aumentar. Em termos mundiais, os valores transacionados em bolsa e as posições em aberto de contra-tos de futuros e de opções aumentaram em 2018, o que ocorreu igualmente na Europa. Os

N

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

montantes nocionais em aberto de derivados negociados em mercado de balcão também cresceram, atingindo o valor máximo desde 2015, pese embora o seu valor de mercado con-tinue a decrescer. No que diz respeito ao tipo de subjacente, é de assinalar o crescimento dos montantes nocionais em aberto de derivados sobre taxas de juro e de câmbio, possivel-mente em resultado de alteração das expectativas relacionadas com a política monetária seguida pelos bancos centrais das economias mais avançadas e ainda do aumento da ins-tabilidade cambial resultante do recrudescer das tensões comerciais.

MERCADO DE DERIVADOS DO MIBELO ano foi marcado pelo lançamento e admissão à negociação de novos contratos de deriva-dos no MIBEL. O contrato de futuros sobre eletricidade com vencimento a cinco anos está associado ao facto de os projetos de energias renováveis (v.g. os PPA – Power Purchase Agreements) terem implicado compromissos em prazos cada vez mais longos.21 A exten-são da curva até ao Ano+5 abrangeu os contratos sobre eletricidade nas zonas portuguesa, espanhola, francesa e alemã, tendo ocorrido a transação de um contrato anual com ven-cimento no Ano+5 (i.e. 2023): um contrato de futuros de eletricidade de carga base (Base Load) com entrega na zona espanhola do MIBEL (futuros SPEL Base Load).

É igualmente de assinalar a admissão à negociação de contratos de futuros cujo subjacente é o índice SPEL Solar (futuros SPEL Solar Load). Estes contratos vieram substituir os mini--swaps sobre o preço de referência na zona espanhola para a energia solar e encontram-se alinhados com as características dos demais produtos de eletricidade oferecidos pelo OMIP em termos de modalidade de negociação, unidade de negociação e maturidade. Em 2018 não ocorreram negócios nestes novos contratos. Finalmente, em 16 de fevereiro de 2018 foi iniciada a negociação de contratos de futuros de gás natural com transferência de titulari-dade no Ponto Virtual de Balanço espanhol (contratos admitidos em novembro de 2017).22

t

21 Já em janeiro de 2019, o OMIP procedeu ao lançamento para negociação e registo de contratos de futuros sobre eletricidade com vencimento

a 6 e 7 anos. Estas novas maturidades aplicam-se a todos os contratos de futuros sobre eletricidade admitidos à negociação no OMIP (v.g. Base

Load, Peak Load, solar, forwards e swaps).

22 Estes contratos de futuros de gás natural têm entrega física e são somente negociados em mercado de balcão (registo de transações

bilaterais).

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Gráfico 33 – Volume negociado (esq) e colocado nos leilões (dir) - mercadode derivados do MIBEL (em MWh)

Graf Dir.

Produção em regimeespecial (PRE)

Direitos financeiros sobrecapacidade de interligação (FTR)

Mar/17

Jan/17

Jan-

17Fe

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Mar

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17M

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Mar

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Jun/17

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Dez/17

Mar/18

Jun/18

Set/18

Dez/18

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3500000

2000000

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1000000

500000

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4500000

5000000

0

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2000000

3000000

4000000

5000000

6000000

7000000Graf Esq.

Volume negociado (MWh)

Média 2017

Média 2018

Fonte: OMIPShare PowerDerivatives e Omiclear;

cálculos CMVM. Inclui negociaçãoem contínuo, leilão e OTC (esq).

A quantidade total de energia negociada no mercado de derivados do MIBEL ascendeu a 29 865 GWh, o que corresponde a uma queda de 15,9% face ao ano anterior. Entre o conjun-to de produtos que se encontravam admitidos à negociação neste mercado apenas foram registadas transações em contratos de futuros sobre a eletricidade com entrega na zona espanhola, tanto de carga base como ponta (respetivamente, SPEL Base Load e SPEL Peak Load), em contratos de futuros sobre a eletricidade de carga base com entrega na zona portuguesa (PTEL Base Load), em contratos de direitos financeiros de utilização da capaci-dade de interligação (FTR) entre Portugal e Espanha (para cada um dos sentidos da interli-gação) e nos já referidos contratos de futuros de gás natural com transferência de titulari-dade no Ponto Virtual de Balanço espanhol.

À semelhança do ano anterior, os contratos de futuros SPEL Base Load foram o instrumen-to mais negociado, seguidos dos PTEL Base Load. A maioria das transações concentrou-se nas maturidades anuais e trimestrais. Os contratos SPEL Base Load e SPEL Peak Load fo-ram os únicos transacionados em contínuo. Os meses com maior volume negociado foram março, junho, setembro e dezembro, que, por norma, correspondem aos meses em que o OMIP realiza leilões periódicos (leilões PRE e leilões FTR).23

23 Leilões PRE: leilões para a colocação de energia adquirida pelo comercializador de último recurso (EDP – Serviço Universal) a produtores

em regime especial, sendo operacionalizados através da venda de contratos de futuros PTEL Base Load. Leilões FTR: leilões conjuntos (i.e.

harmonizados a nível ibérico) de capacidade de transporte de energia elétrica na interligação entre Portugal e Espanha, tendo como propósito

proporcionar cobertura financeira aos agentes de mercado relativamente ao risco da diferença de preços entre ambas as zonas do MIBEL de-

corrente de uma situação de congestionamento na interligação.

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

24 Em 22 de março, 21 de junho, 20 de setembro e 19 de dezembro.

25 Em 15 de março, 19 de junho e 18 de setembro.

Foram realizados quatro leilões24 para a colocação de energia adquirida pela EDP – Serviço Universal (entidade comercializadora de último recurso em Portugal) a produtores em re-gime especial (leilões PRE). O volume de contratos colocados em leilão teve subjacente um total de energia equivalente de 5 694 GWh. Paralelamente, ocorreram três leilões harmoni-zados a nível ibérico de capacidade de transporte de energia elétrica na interligação entre Portugal e Espanha (leilões FTR),25 menos um que no ano transato. O volume negociado nos leilões FTR atingiu os 5 727 GWh (-12,6% face ao ano anterior). Os FTR foram novamente o único tipo de swaps negociados, com a totalidade das transações a ser realizada através destes leilões periódicos.

Gráfico 34 – Membros do MIBEL e concentração da negociação

Fonte: OMIPShare PowerDerivatives; cálculos CMVM.

Nº de membros de mercado

Jan/06

Jan/14

Jan/13

Jan/12

Jan/10

Jan/11Jan/19

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Jan/17

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9

Jan/08

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Jan/06

Jan/14

Jan/14

Jan/13

Jan/12

Jan/10

Jan/11Jan/0

9

Jan/08

Jan/07

Quota de mercado (top-5)

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0%

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54%

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81%

90%

No mercado gerido pelo OMIP, o preço de referência do contrato de futuros mensal com entrega em dezembro de 2018 foi superior ao do mercado alemão/austríaco e ao dos países nórdicos. Entre junho e agosto, o preço deste contrato foi superior ao verificado no mer-cado francês. Estes diferenciais podem ser justificados por diferentes opções de políticas energéticas e recursos energéticos disponíveis.

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Gráfico 35 – Preço do contrato de futuros (esq) e PTEL e SPEL Base Load no mercado à vista (dir)

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80

90

0

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20

30

40

50

60

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80

França (EEX)

Espanha (OMIP)

Alemanha-Áustria (EEX)

Nórdico

Graf Esq.

Espanha OMEL DayAhead Average Baseload

Electricity Spot Price

Portugal OMEL DayAhead Baseload

Electricity Spot Price

Graf Dir.

Jun/18Jul/1

8

Ago/18Set/1

8

Nov/18

Dez/18

Out/18

Jan/18Fev/1

8Mar/1

8Abr/1

8

Jun/18Jul/1

8

Ago/18Set/1

8Out/1

8

Nov/18

Dez/18

Mai/18

Fonte: Bloomberg – tickers FTBZ8M18 COMDTY para a série Espanha (OMIP), UTDZ8 COMDTY para Alemanha-Áustria (EEX), NEXZ8M18 COMDTY

para o mercado nórdico e FACZ8 COMDTY para França (EEX); a série Espanha (OMIP) termina em 30 de novembro de 2018; tickers OMPTDAHD

INDEX para Portugal (PTEL Base Load) e OMLPDAHD Index para Espanha (SPEL Base Load); cálculos CMVM.

À semelhança do ocorrido no ano anterior, a média aritmética dos preços diários da zona portuguesa do MIBEL (57,57 euros/MWh) foi ligeiramente superior à dos preços diários da zona espanhola (57,45 euros/MWh). Trata-se, em ambos os casos, de um aumento de apro-ximadamente 10% face às médias calculadas para 2017. Ao longo de 2018, os preços das duas zonas foram iguais em cerca de 70% das sessões de negociação, tendo nos meses de janeiro, março e abril existido maior divergência de preços. Em março e em maio ocorreu, respetivamente, a maior queda e o maior aumento dos preços diários. Os coeficientes de variação das séries de preços atingiram 18,4% para a zona portuguesa e 18,7% para a zona espanhola, o que traduz níveis de variabilidade muito próximos. A média da diferença entre os preços diários das duas zonas situou-se em 0,12 euros/MWh. l

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5. INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

INTERMEDIAÇÃOFINANCEIRA

RECEÇÃO DE ORDENS POR CONTA DE OUTREM

O valor das ordens recebidas e executadas por intermediários financeiros (instituições de crédito, sucursais de instituições de crédito, empresas de investimento - que incluem as sociedades corretoras e as sociedades financeiras de corretagem - e sucursais de empre-sas de investimento) registados na CMVM para o serviço de receção e transmissão de or-dens por conta de outrem situou-se em 168,6 mil milhões de euros no último ano, o que constitui um decréscimo de 14% face ao período homólogo. Tomando por referência os úl-timos dez anos, este montante corresponde apenas a 40% do valor das ordens recebidas e executadas no ano de 200826.t

O VALOR DAS ORDENS RECEBIDAS E EXECUTADASPOR INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS NACIONAIS DECRESCEU NO MERCADO A CONTADO E CRESCEU NO MERCADO A PRAZO.

A DÍVIDA PÚBLICA MANTEVE-SE COMO A PRINCIPAL CAPTAÇÃO DO VALOR RECECIONADO NO MERCADOA CONTADO, EXECUTADAS MAIORITARIAMENTE ATRAVÉS DE “INTERNALIZAÇÃO”.

O VALOR DOS INSTRUMENTOS FINANCEIROS REGISTADOS POR CONTA DE OUTREM FOI INFERIORAO ANO ANTERIOR, EM RESULTADO DA DIMINUIÇÃO DOS VALORES SOB CUSTÓDIA DE CLIENTES NÃO RESIDENTES.

5.

E

26 Para mais detalhe ver Indicadores Trimestrais de Intermediação Financeira, disponível em www.cmvm.pt.

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

a última década, a diminuição do valor das ordens rececionadas foi mais intensa no mer-cado a prazo, embora em 2018 se tenha assistido a um ligeiro aumento do valor das ordens dirigidas para este mercado. No mercado a contado, as ordens recebidas atingiram o valor mais reduzido dos últimos dez anos, e continuaram a ser transmitidas preferencialmente por telefone, fax ou presencialmente nas instalações dos intermediários financeiros. A uti-lização da internet ou de outros meios eletrónicos representou cerca de treze em cada cem euros rececionados, uma percentagem ligeiramente superior à verificada em 2008 (11%), o que sugere que os investidores ainda manifestam reduzida apetência pela utilização dos meios eletrónicos para a transmissão das ordens que dirigem para este mercado. Este per-fil difere por tipo de instrumento financeiro e de investidor. A título ilustrativo, o peso re-lativo do canal online é superior para as ações, por comparação com outros instrumentos, enquanto os clientes não institucionais apresentam maior propensão para a utilização da internet e de outros meios eletrónicos do que outras tipologias de clientes.

A par do mercado nacional, as ordens dirigidas para os mercados americano, francês e ale-mão tiveram a preferência dos investidores, o que poderá estar associado a enviesamento país no caso de Portugal e a procura de diversificação ou menor risco, nos demais casos. A receção de ordens sobre ações representou durante muitos anos a maior proporção do valor total, a que se seguia o segmento de dívida (privada e pública). Contudo, na sequência das crises do euro e da dívida soberana, em 2012 assistiu-se a uma inversão de perfil, com o valor das ordens sobre dívida a atingir a maior quota na receção de ordens, e com o seg-mento da dívida pública a aumentar progressivamente de importância até se tornar hege-mónico. Por seu turno, as ordens sobre outros valores mobiliários (onde se incluem, entre outros, o papel comercial e os certificados) conheceram um aumento relevante de impor-tância, particularmente no período em que Portugal esteve sob ajuda financeira externa, o

NFonte: CMVM. Legenda: BN - Bancos Nacionais; EIVS - Empresas de Investimento Estrangeiras com Sede na UE (Sucursal); ICS - Instituições de CréditoEstrangeiras; SC - Sociedades Corretoras; SCI – Sociedades de Consultoria para Investimento; SFC - Sociedades Financeiras de Corretagem.

Gráfico 36 – Valor das ordens recebidas por tipo de intermediário financeiro(2018 esq e 2010 dir)

BN70%

BN77%

SC 4,%

SFC 7%

IFC 6% ICS 1%

SC 3%

SFC 14%

IFC 2%

ICS 1% EIVS 0,1%

SCI 0,04%

EIVS 16%

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

que estará associado às maiores dificuldades de financiamento empresarial junto de sis-tema bancário nesse período e à concomitante procura de alternativas de financiamento. A dívida pública manteve-se como a principal captação do valor rececionado no mercado a contado, correspondendo a mais de metade desse valor (53%), e as ordens sobre ações atingiram 21% do total. O peso da dívida pública no total das ordens rececionadas foi acom-panhado pelo aumento dos valores transacionados neste tipo de dívida no MTS Portugal, e terá refletido alguma procura de retorno num contexto de muito baixas taxas de juro (algu-mas mesmo negativas, nos prazos mais curtos).

No segmento de dívida pública as ordens recebidas pelos intermediários financeiros regis-tados na CMVM foram executadas maioritariamente através de “Internalização”, ao passo que na dívida privada as ordens foram principalmente dirigidas para fora de mercado (OTC). Na execução de ordens sobre ações, o valor das ordens dirigidas aos mercados nacionais diminuiu, mas a sua importância relativa no total de ordens rececionadas aumentou em re-sultado da forte queda, para menos de metade, das ordens sobre dívida privada.

O mercado a prazo voltou a ganhar importância relativa, fruto do ligeiro aumento do valor das ordens sobre derivados e da quebra nas dirigidas para o mercado a contado. A receção de ordens dirigidas aos intermediários financeiros nacionais sobre instrumentos financei-ros derivados aumentou nos segmentos de CFD (contracts for diferences) e opções, mas diminuiu para os futuros e os outros derivados. No caso das ordens sobre CFD, o aumento no conjunto do ano resultou do incremento verificado no primeiro semestre uma vez que na segunda metade do ano se assistiu a uma quebra (face aos semestres anterior e homólogo) em resultado das restrições à comercialização, distribuição e venda de CFD a investidores

Gráfico 37 – Ordens recebidas por tipo de valor mobiliário (esq)e instrumento financeiro derivado (dir)

90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%

100% 250,000

200,000

150,000

100,000

50,000

0

350,000

300,000

250,000

200,000

150,000

100,000

50,000

0

90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%

100%

Fonte: CMVM.Nota: Excluíram-se ordens transmitidas por intermediários financeiros nacionais a outros intermediários financeiros de modo a evitar dupla contagem.

€ Milhões € MilhõesGraf Esq.

Ações

Dívida Pública

Dívida Privada

WarrantsAutónomos

Outros ValoresMobiliários

Total

Graf Dir.

Futuros

Contratos porDiferenças

Opções

Outros Derivados

Total 2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

não profissionais adotadas pela ESMA (que entraram em vigor em 1 de agosto de 2018).27 As ordens rececionadas sobre futuros também caíram, de modo mais intenso nos últimos meses do ano e para o subjacente taxas de câmbio, o que poderá estar relacionado com o recrudescer de tensões comerciais e geopolíticas no contexto internacional.

o mercado a prazo, os canais internet e outros meios eletrónicos conheceram um expressi-vo aumento de importância relativa nos últimos dez anos, com o respetivo valor das ordens a ultrapassar sete em cada dez euros rececionados sobre derivados. Este predomínio está relacionado com o tipo de instrumento financeiro derivado transacionado (maioritariamen-te CFD) e com o facto de as plataformas de negociação (usadas para a negociação OTC de CFD) estarem disponíveis através da internet e de outros meios eletrónicos.28

As ordens emitidas sobre futuros e sobre opções foram essencialmente dirigidas a mer-cados internacionais, enquanto nos CFD e nos outros derivados as transações ocorreram fundamentalmente em OTC. Por sua vez, a preferência dos investidores em termos de sub-jacentes nas ordens emitidas sobre derivados alterou-se ligeiramente, recaindo principal-mente sobre os índices (33% do total em 2018; em 2017 as taxas de câmbio representavam 46% do total). Esta alteração ocorreu num contexto em que também na gestão de ativos se intensificou em termos internacionais a designada gestão passiva.

27 De que são exemplo a imposição de limites de alavancagem na abertura de posições, que vão de 2 para 1 no caso das criptomoedas a 30 para

1 nos principais pares cambiais, e a introdução de uma regra de fecho de posições quando é consumida 50% da margem. Anteriormente, no iní-

cio de julho de 2018, tinha igualmente entrado em vigor uma limitação temporária à comercialização, distribuição e venda de opções binárias a

investidores não profissionais. Quer no caso dos CFD quer no das opções binárias, as restrições foram impostas pela ESMA ao abrigo do artigo

40.º do Regulamento (UE) 600/2014 (Regulamento dos Mercados de Instrumentos Financeiros - RMIF).

28 Em 2008, as ordens rececionadas através da internet e de outros meios eletrónicos correspondiam a 10,1% do valor total das ordens sobre

derivados, e as ordens sobre CFD correspondiam a 11,6% daquele total.

N

Gráfico 38 – Valor das ordens recebidas por conta de outrem

2010

2011

2018

2017

2016

2015

2014

2013

2012

2010

2011

2018

2017

2016

2015

2014

2013

2012

Mercado a Contado Mercado a Prazo

010%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Fonte: CMVM.

Graf Esq.

Graf Dir.

InstitucionaisResidentes

Não InstitucionaisResidentes

InstitucionaisNão Residentes

Não InstitucionaisNão Residentes

InstitucionaisResidentes

Não InstitucionaisResidentes

InstitucionaisNão Residentes

Não InstitucionaisNão Residentes

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

peso das ordens com origem em investidores residentes aumentou ligeiramente em 2018 no mercado a contado, e interrompeu a tendência de queda observada desde 2012. No mer-cado a prazo, pelo contrário, os investidores residentes têm aumentado a sua importância relativa, particularmente em resultado da diminuição do valor das ordens provenientes de investidores institucionais não residentes.

EXECUÇÃO DE ORDENS POR CONTA DE OUTREMÀ semelhança do que ocorre na receção de ordens, também a execução pode ser efetuada por intermediários financeiros que não estão registados em Portugal e, como tal, sem obri-gação de reporte de informação à CMVM. Tal acontece mais frequentemente na atividade de execução de ordens, principalmente no caso do mercado de derivados, com a utilização de plataformas de negociação não registadas no nosso país.

O valor das ordens executadas por conta de outrem por intermediários financeiros regis-tados na CMVM para o exercício desta atividade atingiu 90,9 mil milhões de euros em 2018, uma diminuição de 27% face ao ano anterior. A queda foi transversal a todos os segmentos, mas foi mais pronunciada na dívida privada. Não obstante, no contexto de muito baixas ta-xas de juro e até agora, a dívida privada não parece ter constituído uma forte alternativa de aplicação de poupanças, sendo progressivamente substituída pela negociação de dívida pública, percecionada como tendo risco inferior.

Os CFD continuaram a ser o instrumento financeiro derivado com maior valor de ordens executadas no mercado a prazo, mas os futuros registaram um crescimento relevante no último ano. Em termos de subjacente destacam-se de novo os contratos de derivados e as taxas de câmbio. As ordens continuaram a ser executadas maioritariamente no mercado de balcão.

O

Gráfico 39 – Ordens executadas por tipo de valor mobiliário (esq) e por instrumento derivado (dir)

90%

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%

100% 200,000

180,000

140,000

100,000

60,000

20,000

160,000

120,000

80,000

40,000

0

45,000

40,000

35,000

30,000

25,000

20,000

15,000

10,000

5,000

0

00%

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%

100%

Fonte: CMVM.

€ Milhões € MilhõesGraf Esq.

Ações

Dívida Pública

Dívida Privada

WarrantsAutónomos

Outros ValoresMobiliários

Total

Graf Dir.

Futuros

Contratos porDiferenças

Opções

Outros Derivados

Total 2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

NEGOCIAÇÃO POR CONTA PRÓPRIA valor global negociado por conta própria diminuiu para 312,8 mil milhões de euros em 2018, mantendo-se a carteira de investimentos como o principal destino deste tipo de negocia-ção no mercado a contado. Apesar de em queda, as transações para a carteira de negocia-ção continuam a representar cerca de um terço do valor negociado por conta própria. Por sua vez, as transações efetuadas no âmbito de contratos de fomento de liquidez no merca-do a contado aumentaram no ano, mas continuam a corresponder a menos de um em cada dez euros negociados por conta própria.

O aumento dos valores transacionados no segmento da dívida pública não compensou a di-minuição observada nos demais segmentos. Em termos de mercado de execução, as tran-sações de dívida pública ocorreram essencialmente através de ‘internalização’, embora o crescimento mais acentuado se tenha verificado nos mercados internacionais. A negocia-ção por conta própria de dívida privada e de ações ocorreu principalmente em mercados internacionais, enquanto no caso dos outros valores mobiliários as transações para a car-teira de negociação ocorreram fora de mercado. No segmento acionista, EDP, REN, Altri, Sonae e Jerónimo Martins foram o destino de três em cada quatro euros negociados em ações nacionais para a carteira própria dos intermediários financeiros.

Na negociação por conta própria de instrumentos financeiros derivados, a carteira de ne-gociação representou 84,8% do total em 2018, com o remanescente a ser aplicado em ope-rações de cobertura de risco. O valor das transações para a carteira de negociação au-mentou, apesar da quebra observada nas transações de futuros, que se mantém como o principal instrumento financeiro derivado negociado. As transações continuaram a reali-zar-se quase exclusivamente nos mercados internacionais e, em conjunto com os índices, as taxas de juro (de curto, médio e longo prazos) reuniram a preferência dos intermediários financeiros. No entanto, as transações sobre subjacentes de taxas de juro de curto prazo foram mais intensas na primeira metade do ano do que na segunda, o que poderá estar as-sociado ao fim do programa de compras líquidas de ativos pelo BCE e à expectativa de nor-malização gradual das condições monetárias na Zona Euro.t

O

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

REGISTO E DEPÓSITO DE INSTRUMENTOS FINANCEIROS O valor dos instrumentos financeiros registados por conta de outrem teve uma redução de 1%, para 225,5 mil milhões de euros no final do ano. Esta evolução resulta da queda dos va-lores sob custódia de clientes não residentes, que viram a sua importância relativa diminuir para 21,4% do montante registado. Os investidores residentes continuaram a deter princi-palmente outros valores mobiliários e dívida pública, enquanto os não residentes detinham maioritariamente ações.

A atividade de custódia de títulos tem vindo a ser progressivamente deslocada para insti-tuições financeiras que prestam esse serviço noutros países. Esta progressiva deslocaliza-ção tem contribuído para a redução dos montantes sob custódia em Portugal. Recorde-se, a este propósito, que em 2016 um grande intermediário financeiro nacional descontinuou a sua atividade de custódia por conta de investidores não residentes, o que permite explicar a redução dos valores sob registo e depósito de não residentes, nomeadamente de dívida pública, a partir daquele ano. A redução do valor inscrito por tipo de valor mobiliário surge ainda aliada à diminuição do valor das ordens recebidas, executadas e negociadas por valor mobiliário, oriundas particularmente de institucionais não residentes.t

Gráfico 40 – Negociação por conta própria por tipo de valor mobiliário (esq) e instrumento derivado (dir)

90%

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%

100% 600,000

500,000

300,000

100,000

400,000

200,000

0

350,000

300,000

250,000

200,000

150,000

100,000

50,000

0

90%

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%

100%

Fonte: CMVM.

€ Milhões € MilhõesGraf Esq.

Ações

Dívida Pública

Dívida Privada

WarrantsAutónomos

Outros ValoresMobiliários

Total

Graf Dir.

Futuros

Contratos porDiferenças

Opções

Total

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

A atividade de custódia também é exercida por conta própria, isto é, relativamente aos ins-trumentos financeiros detidos pelos próprios intermediários financeiros. O valor dos ins-trumentos financeiros registados por conta própria aumentou para 112,2 mil milhões de euros no final do ano, com mais de dois terços do montante registado a dizer respeito a clientes residentes.

Em suma, na intermediação financeira assistiu-se em 2018 à diminuição das ordens rece-cionadas e executadas por conta de outrem, sobretudo no que diz respeito ao mercado a contado, e ao decréscimo do valor dos instrumentos financeiros registados ou depositados em intermediários financeiros nacionais, num contexto de queda da taxa de poupança das famílias para mínimos históricos. l

Gráfico 41 – Registo e depósito por conta de outrem: titulares por tipo de valor mobiliário Residentes Não Residentes

Fonte: CMVM.

Graf Esq.

Graf Dir.

Ações

Dívida Pública

Outros ValoresMobiliários

Ações

Dívida Pública

Outros ValoresMobiliários

0

50,000

100,000

150,000

200,000

250,000

0

50,000

100,000

150,000

200,000

250,000

2010

2011

2018

2017

2016

2015

2014

2013

2012

2010

2011

2018

2017

2016

2015

2014

2013

2012

10^6 Euros 10^6 Euros

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6. GESTÃO DE ATIVOS

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

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65

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

GESTÃO DE ATIVOS

total dos ativos sob gestão (individual e coletiva) atingiu 86,0 mil milhões de euros (42,7% do PIB) no final de 2018. 29 No caso da gestão individual, os valores administrados aumentaram 1,0% no ano, enquanto na gestão coletiva decresceram 5,3%.

O VALOR ADMINISTRADO PELA GESTÃO INDIVIDUAL AUMENTOU E O DA GESTÃO COLETIVA DIMINUIU.

OS FUNDOS ESTRANGEIROS COMERCIALIZADOS EM PORTUGAL CONTINUARAM A TER MAIS SUBSCRIÇÕES QUE RESGATES.

OS ATIVOS SOB GESTÃO DOS OPERADORES NACIONAIS DE CAPITAL DE RISCO VOLTARAM A AUMENTAR.

6.

O

29 Este valor reduz-se para 84,9 mil milhões de euros caso se desconsidere o efeito de dupla contagem (isto é, o investimento efetuado em par-

ticipações de OIC nacionais pelo conjunto da gestão de ativos). O investimento em participações de OIC nacionais tem sido estável nos últimos

três anos, oscilando entre 1,1 e 1,2 mil milhões de euros.

Gestão Coletiva 21 860

Gestão Individual 64 132

Gráfico 42 – Montantes sob Gestão - Evolução (esq) e Detalhe no Final de 2018 (dir)

0

20 000

40 000

60 000

80 000

100 000

120 000

10^6 Euros

2010 20112012

20132014

20152016

20172018

Gestão Individual

Gestão Coletiva

Fonte: CMVM.

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66

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

A relevância da gestão individual de carteiras nacional tem sido crescente desde o início do milénio, tendo o respetivo valor administrado ascendido a 75% do total da gestão de ativos no final de 2018, uma percentagem bastante superior à média europeia 30 e que se deve so-bretudo à atual menor importância relativa da gestão coletiva de ativos em Portugal. A ges-tão de ativos representava 147% do PIB europeu em 2017 e, desconsiderando jurisdições como o Luxemburgo e a Irlanda, os rácios de ativos sob gestão no PIB são mais elevados no Reino Unido, na Suíça e na Holanda. Direta e indiretamente, as cerca de 4 200 entidades ges-toras de ativos europeias eram responsáveis por um pouco mais de 600 mil postos de traba-lho. A nível mundial, o bloco europeu é o segundo mercado mais relevante, dado que os EUA representam cerca de metade do total da gestão de ativos mundial.

Em 30 de janeiro de 2019, a Presidente da CMVM foi nomeada pela Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados (ESMA) para presidir ao seu Comité sobre Gestão de Ativos (Investment Management Standing Committee). A nomeação foi feita pelo Conselho de Supervisores (Board of Supervisors) da ESMA, sendo o mandato válido até 30 de outubro de 2020.

Para o conjunto da gestão de ativos, no final do ano as pessoas singulares (isto é, os investi-dores de retalho) eram detentoras de dezanove em cada cem euros sob administração. Esta percentagem é mais elevada no caso da gestão coletiva (53,7%), embora tenha ocorrido algu-ma retoma da gestão de carteiras de pessoas singulares, para o que terão contribuído a recu-peração de rendimentos e a menor competitividade de outras alternativas de investimento. Na Europa, as pessoas singulares representam cerca de 30% dos ativos sob gestão, com a gestão individual a apresentar, tal como em Portugal, uma quota inferior à da gestão coletiva.

30 A gestão individual de carteiras correspondia a 48% do valor total dos ativos sob gestão na Europa no final de 2017 (fonte: EFAMA).

Gráfico 43 – Valor sob Gestão, por Tipo de Investidor - Gestão Individual (esq)e Gestão Coletiva (dir) - Final de 2018

Fonte: CMVM.

Fundos de Investimento

Fundos de Pensões

Outros Clientes Institucionais

Pessoas Coletivas

Pessoas Singulares

Companhia de Seguros

Fundos de Investimento

Fundos de Pensões

Instituições de Crédito

Pessoas Coletivas

Pessoas Singulares

Graf Esq.

Graf Dir.

1,1%

70,9%

7,6% 1,8%

18,6%

53,7%

3,9% 1,8%

17,4%

4,8%

18,5%

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67

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Não obstante a diminuição dos valores sob gestão de ativos em Portugal, o número de so-ciedades em atividade não se alterou, mas a concentração do setor aumentou. No final do ano, os cinco principais operadores agregavam cerca de três em cada quatro euros sob ges-tão. Também nos demais países europeus o setor é dominado por um número restrito de empresas.

O principal instrumento financeiro em que a gestão individual nacional realiza os seus inves-timentos tem sido a dívida pública, em particular a nacional, mas na gestão coletiva a dívida privada estrangeira assume maior relevância. As ações apresentam um peso reduzido (me-nos de cinco em cada cem euros investidos) na gestão de ativos nacional comparativamente com o que sucede na Europa (31%). Contudo, na Europa mantém-se ainda um elevado peso da dívida nas carteiras (41%). Tal tem sido atribuído ao facto de estes instrumentos serem per-cecionados como mais seguros em termos de preservação de capital e de geração de rendi-mento periódico, ao enquadramento regulatório em matéria de fundos próprios dos bancos (que favorece a emissão de instrumentos de dívida e outros de natureza híbrida em detrimen-to de instrumentos de capital próprio) e, dada a persistência de muito baixas taxas de juro, a movimentos de procura de retorno (search-for-yield), particularmente envolvendo dívida de empresas não financeiras. t

Dívida Pública9,33%

UP 27,31%

Obrigações 28,87%

Outros VM 0,04%

Ações 11,78%Outros Activos 22,67%

Outros VM 0,03%

Dívida Pública 42,34%

Obrigações 24,88%

Ações 3,94%

Gráfico 44 – Valor sob Gestão, por Tipo de Ativo - Gestão Individual (esq)e Gestão Coletiva - OICVM (dir) - Final de 2018"

Fonte: CMVM.

Outros Activos 10,76%

UP 18,04%

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68

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Gráfico 45 – Peso das Emissões de Sociedades Não Financeiras e Governos Detidasna Carteira dos Fundos de Investimento da Zona Euro

Fonte: BCE; cálculos CMVM.

Governos - Dívida

EmpresasNão Financeiras - Dívida

EmpresasNão Financeiras - Ações

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

Dez/09

Jun/10

Dez/10

Jun/11

Dez/11

Jun/12

Dez/12

Jun/13

Dez/13

Jun/14

Dez/14

Jun/15

Dez/15

Jun/16

Dez/16

Jun/17

Dez/17

Jun/18

Dez/18

A relevância dos fundos de investimento da Zona Euro no financiamento da economia euro-peia é visível através da proporção das emissões de dívida e de ações das empresas incluídas nas respetivas carteiras. No final de 2018, os fundos de investimento da Zona Euro detinham 27,5% da dívida e 17,7% das ações emitidas pelas sociedades não financeiras europeias, e 10,6% da dívida emitida pelos Estados. Apesar de o peso da dívida privada se ter reduzido li-geiramente, e de o da dívida pública e das ações ter estabilizado, estas quotas são represen-tativas da importância dos fundos enquanto investidores institucionais que asseguram a sa-tisfação das necessidades de financiamento das empresas e dos Estados europeus quando estes procuram obter fundos através do mercado de capitais. Os fundos de investimento re-gistados em Portugal detinham em carteira no final do ano ações que correspondiam a 0,4% da capitalização acionista da Euronext Lisbon e detinham 0,07% da dívida soberana emitida pela República.

GESTÃO INDIVIDUAL DE CARTEIRAS POR CONTA DE OUTREM

A gestão individual de carteiras por conta de outrem é exercida por instituições de crédito, empresas de investimento (em particular entidades gestoras de patrimónios) e entidades gestoras de fundos. Os títulos que integram as respetivas carteiras são detidos individual-mente por cada cliente.

O valor administrado pela gestão individual de carteiras aumentou para 64,1 mil milhões de euros no final de 2018.31 O número de intermediários financeiros em atividade foi idên-tico ao do período homólogo e a concentração no setor aumentou ligeiramente, com os

31 Para maior detalhe ver “Indicadores Trimestrais de Gestão de Ativos” e “Séries Longas”, em www.cmvm.pt.

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69

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Gráfico 46 - Valor médio da carteira por tipo de cliente

20152014 2016 2017 2018Fonte: CMVM.

Fundos

Outros Clientes Institucionais

Pessoas Coletivas

Pessoas Singulares

0,3 1,21,1

67,9

39,6

1,3 0,4 1,2 0,4

49,6

59,562,6

42,5

0,3

70,3

37,6

€ Mi

lhõe

s

43,0

0,9 0,2

43,4

cinco maiores operadores a deter 85,4% dos ativos sob gestão no final do ano.

A maioria dos clientes desta atividade residia em Portugal e, contrariamente ao verificado no ano transato, ocorreu um aumento do número de carteiras de pessoas singulares. O valor médio anual das carteiras destes investidores aumentou para cerca de 419 mil euros, em re-sultado do aumento do valor sob gestão superior ao do respetivo número de carteiras.

Existem fundos de pensões e de investimento que atribuem à gestão individual mandato para a gestão dos respetivos fundos. Estas situações correspondem a uma percentagem não des-picienda (20,4%) dos valores sob gestão individual por conta de outrem. O valor médio das carteiras destes clientes institucionais aumentou de forma expressiva, em virtude do in-cremento do valor sob gestão e ainda da manutenção do número de carteiras deste tipo de clientes.

O perfil de risco das carteiras da gestão individual sofreu, novamente, alterações de relevo, mas em sentido inverso às ocorridas no ano anterior. O número de carteiras de baixo risco diminuiu e o das de médio e de alto risco aumentou, o que revela um posicionamento menos defensivo dos clientes da gestão individual e dos respetivos gestores e eventualmente pro-cura de retorno, num ano em que os mercados acionistas tiveram um desempenho genera-lizadamente desfavorável no último trimestre e em que as taxas de juro de aplicações finan-ceiras tradicionais e de menor risco continuaram a ser muito reduzidas (nomeadamente para prazos mais curtos).

No que respeita à alocação de ativos, a dívida pública, sobretudo a nacional (que representa-va cerca de 75% do total da dívida soberana no conjunto das carteiras sob gestão individual),

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

continuou a ter o maior peso no total sob administração. É de assinalar a concentração em dívida soberana de Portugal, Espanha e Itália. Historicamente, as taxas de retorno dos sobe-ranos destes países estão positivamente associadas, o que pode comprometer a diversifica-ção do risco das carteiras sob gestão individual.

Gráfico 47 - Origem da dívida detida pela gestão por conta de outrem (esq)e Duração modificada por tipo de dívida (dir)

5,48

4,61

4,00

2,68

1,59

4,92

4,14

4,48

2,85

2,01

Fonte: CMVM.

Graf Esq.

Graf Dir.

EspanhaAlemanha

França

EUA

Itália

Reino Unido

Portugal

Outros

Portfolio de Obrigações Total

Dívida Pública Estrangeira

Dívida Pública Portuguesa

Dívida Privada Estrangeira

Dívida Privada Portuguesa1

2

3

4

5

6

Dez/16Dez/18Dez/17Dez/16Dez/15Dez/14 Dez/17Jun/17 Jun/18 Dez/18

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

A duração modificada da dívida pública nacional era de 4,9 anos no final do ano (4,5 anos no caso da dívida pública estrangeira), o que revela uma exposição relevante ao risco de taxa de juro. Assim, na gestão individual, o investimento em dívida com maturidades de mais longo prazo é superior, em termos relativos, ao existente, por exemplo, nas carteiras dos OIC.

Na Europa, o investimento da gestão individual é também maioritariamente direcionado para dívida (50%), mas o peso das ações (24%) é bastante superior ao verificado em Portugal (4%), o que parece traduzir quer uma maior aversão ao risco quer uma perspetiva de mais curto prazo dos operadores e clientes nacionais da gestão individual de carteiras.

GESTÃO COLETIVA DE ATIVOSNa gestão de ativos com a forma de organismos de investimento coletivo (OIC) mobiliários ou imobiliários com (contratuais) ou sem (societários) personalidade jurídica 32, os investidores (participantes) têm um direito financeiro sobre o respetivo património e não a sua titularida-de direta. Os OIC têm por objeto o investimento coletivo de poupança recolhida junto de in-vestidores e as entidades que os gerem devem observar, entre outros, princípios de reparti-ção de riscos e de prossecução do exclusivo interesse dos participantes.

32 Os fundos de titularização de crédito e os de capital de risco não são aqui considerados, sendo objeto de análise em secção posterior.

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

A gestão coletiva de ativos engloba os OICVM (isto é, aqueles que gozam da possibilidade de serem livremente comercializados no espaço da UE), os fundos de investimento alternativos (onde se incluem os fundos que invistam em valores mobiliários e outros instrumentos finan-ceiros, mas que não se possam qualificar como OICVM), os fundos de investimento imobiliário e ainda os fundos de capital de risco. São também incluídos na gestão coletiva os fundos de titularização de créditos.

ORGANISMOS DE INVESTIMENTO COLETIVO EM VALORES MOBILIÁRIOSepois do significativo aumento registado no ano transato, o valor gerido por OICVM diminuiu 5,7%, situando-se em 10,5 mil milhões de euros no final de 2018. No decurso do ano foram constituídos oito novos fundos, liquidados dois e deu-se a fusão por incorporação de outros três fundos. A reduzida dimensão dos montantes sob gestão de alguns fundos e a necessida-de de adaptação às condições de mercado ditaram alguns processos de fusão, que resulta-ram na extinção de vários OICVM.

No essencial, a redução do valor gerido ocorreu em resultado da evolução adversa nos fun-dos de obrigações e na categoria ‘outros fundos’, enquanto os fundos de ações (apesar de um efeito preço adverso) e os do mercado monetário conheceram um aumento do valor sob ges-tão. Além do efeito preço resultante da desvalorização de alguns dos ativos que integram as carteiras dos OICVM, a queda do valor gerido é ainda explicada por resgates (líquidos de subs-crições) positivos, particularmente nos fundos de obrigações, nos ‘outros fundos’ e também nos de poupança reforma (FPR). Os FPR eram a única tipologia de fundos com subscrições líquidas positivas nos últimos três anos. Contrariamente, os fundos do mercado monetário, que tinham registado resgates superiores às subscrições no mesmo triénio, apresentam em 2018 subscrições superiores aos resgates.

A nível europeu também se assistiu à redução dos ativos sob gestão, para 9,3 biliões de eu-ros ³³, isto apesar das subscrições líquidas de 117 mil milhões de euros, sobretudo em fundos de ações e mistos.³⁴ Nos EUA os ativos sob gestão também se reduziram (ligeiramente) para 20,2 biliões de euros, pese embora as subscrições líquidas tenham sido ainda mais expres-sivas do que na Europa. 35 Assim, os ativos sob gestão dos fundos de investimento nos EUA diminuíram em resultado da evolução adversa (nomeadamente no quarto trimestre) dos pre-ços de muitos ativos que compunham as carteiras dos fundos. t

33 Bilião = 10^12.

34 Fonte: EFAMA Quarterly Statistics Release.

35 Fonte: EFAMA International Statistical Release.

D

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Gráfico 48 – Valor sob gestão dos OICVM (esq) e saldo líquido de investimento (dir)

Fonte: CMVM.

Graf Esq.

Graf Dir.

Outros fundosFundos Poupança Reforma

Fundos de ObrigaçõesFundos FlexíveisFundos de Ações

Fundos do Mercado Monetário

TotalOutros Fundos

Fundos Poupança ReformaFundos de Acções

Fundos de Obrigações Fundos Flexíveis

Fundos do Mercado Monetário

0

2 000

4 000

6 000

8 000

10 000

12 000

2010 20112012

20132014

20152016

20172018

2010 20112012

20132014

20152016

20172018

-3 000

-2 500

-2 000

-1 500

-1 000

-500

0

500

1 000

1 500

2 00010^6 Euros10^6 Euros

Após ter crescido significativamente no ano anterior e atingido o valor mais elevado desde setembro de 2011, o número de participantes em OICVM voltou a cair. Esta redução ocorreu na maior parte das tipologias de fundos, com exceção dos fundos de ações e dos FPR. O va-lor médio investido por participante reduziu-se, assim, para 11,5 mil euros no final do ano, tendo aumentado apenas nos fundos do mercado monetário e nos flexíveis.

As pessoas singulares detinham 88,4% do valor sob gestão dos OICVM, com um valor mé-dio por participante de 10,4 mil euros. O valor médio investido por pessoa singular diminuiu, dado que a redução do valor sob gestão foi superior à do número de participantes. A rele-vância dos fundos de pensões e das ‘outras pessoas coletivas’ também diminuiu; todavia, no caso dos fundos de pensões assistiu-se ao aumento do valor médio por participante (10 milhões de euros no final do ano) em resultado da queda expressiva do número de partici-pantes. Ao invés, as companhias de seguros e os fundos de investimento aumentaram a sua quota de valor detido dos OICVM, no primeiro caso com um crescimento significativo do va-lor médio (para 4,4 milhões de euros) e, nos fundos de investimento, com uma diminuição re-levante desse valor médio. Em ambos os casos, esta evolução esteve associada à alteração do número de participantes, o que poderá encontrar explicação na passagem de titularidade de carteiras entre companhias de seguros e fundos de investimento integrados no mesmo grupo financeiro.t

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Gráfico 49 – Número de participantes em fundos de investimento (esq) e valor médio por tipo de fundo (dir)

0

240 000

480 000

720 000

960 000

1 200 000

Fonte: CMVM.

Graf Esq.

Outros Fundos

Fundos Flexíveis

Graf Dir.

Fundos Poupança Reforma

Fundos do Mercado Monetário

Fundos de Obrigações

Fundos de Ações

Fundos de Ações

Fundos de Obrigações

Fundos do Mercado Monetário

Fundos Poupança Reforma

Fundos Flexíveis

Outros Fundos 0

5 000

10 000

15 000

20 000

25 000

30 000

2010 20112012

20132014

20152016

20172018

2010 20112012

20132014

20152016

20172018

(€)

Gráfico 50 - Origem da dívida detida pelos OICVM (esq)e Duração modificada da carteira de obrigações dos OIC (dir)

Fonte: CMVM.

0

1

2

3

4

5

Dez/18

Nov/

15

Jan/

16

Mar

/16

Mai

/16

Jul/1

6

Set/

16

Nov/

16

Jan/

17

Mar

/17

Mai

/17

Jul/1

7

Set/

17

Nov/

17

Jan/

18

Mar

/18

Mai

/18

Jul/1

8

Set/

18

Nov/

18Dez/17Dez/16Dez/15Dez/14

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%Graf Esq.

EspanhaAlemanha

França

EUA

Itália

Reino Unido

Portugal

Outros

Graf Dir.

Portfolio de Obrigações Total

Dívida Pública Estrangeira

Dívida Pública Portuguesa

Dívida Privada Estrangeira

Dívida Privada Portuguesa

2,18

3,63

2 ,49

1,64

0,60

3,34

2,18

3,20

1,05

2,03

A estrutura da carteira dos OICVM registou alterações que merecem ser assinaladas. As aplicações em dívida privada diminuíram 10,4% no ano, mas o valor das aplicações em dívi-da pública (21,2%) e ações (1,8%) aumentou. O aumento do valor investido em dívida pública foi mais intenso nos fundos do mercado monetário e nos flexíveis, sendo que estes últimos beneficiam de maior amplitude para definir a sua política de investimento a cada momento, pelo que não surpreende que tenham uma estrutura de carteira menos estável.

No que respeita à origem geográfica dos emitentes, registou-se, com exceção do caso de Portugal, uma diminuição global do valor investido em dívida emitida por empresas de França, da Espanha, de Itália, da Alemanha e, em especial, dos EUA. Nas obrigações sobera-

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

nas houve desinvestimento em dívida de França e de Portugal. Apesar da contínua melhoria da notação de risco de crédito da República Portuguesa, o estreitamento das yields para mí-nimos históricos poderá explicar esta evolução. Ao invés, os OICVM reforçaram significati-vamente as aplicações em dívida pública italiana, eventualmente numa ótica de procura de retorno dada a subida das taxas italianas em mercado secundário. As aplicações em dívida soberana espanhola e alemã também aumentaram, embora menos intensamente.

duração modificada da dívida da carteira de obrigações dos OIC manteve-se em valores pró-ximos aos do ano anterior, tendo sido, porém, superior na dívida pública nacional e inferior na dívida pública estrangeira. No caso da dívida pública portuguesa, a duração da dívida dos fundos é inferior à do stock da dívida pública nacional e, por conseguinte, a exposição dos fundos ao risco de taxa de juro é relativamente reduzida. A duração foi bastante inferior na dívida privada, quer na nacional, quer na estrangeira. Em geral, a duração modificada da carteira de obrigações dos OIC é inferior à da carteira de obrigações da gestão individual por conta de outrem, pelo que a sensibilidade do preço das obrigações a alterações das taxas de juro varia não só consoante o tipo de dívida detida, mas também com o tipo de gestão. Contudo, na dívida pública a duração é bastante mais aproximada entre os fundos (3,3 anos na dívida pública nacional e 3,2 anos na dívida pública estrangeira) e a gestão individual (4,9 anos na dívida pública nacional e 4,5 anos na dívida pública estrangeira).

FUNDOS DE INVESTIMENTO ALTERNATIVO

O valor gerido pelo conjunto dos fundos de investimento alternativo, que engloba fundos de investimento mobiliário alternativo (FIMA) 36, fundos de investimento imobiliário (FII) e fun-dos de capital de risco (FCR), ascendeu a 15,8 mil milhões de euros, menos 3,0% do que no final do ano transato.

Fundos de Investimento Mobiliário AlternativoO valor gerido por FIMA voltou a diminuir, atingindo 750 milhões de euros no final do ano. Para além de resgates líquidos de 272 milhões de euros, assistiu-se ainda à diminuição do número de fundos em atividade. Assim, dois fundos foram liquidados em julho, e em novem-bro um fundo alternativo foi incorporado num fundo flexível. Esta tendência do mercado na-cional é contrária à evolução ocorrida na Europa, onde, apesar de os ativos sob gestão deste tipo de fundos se terem mantido em valores idênticos aos do final do ano anterior, as subs-crições foram superiores aos resgates em 128 mil milhões de euros.37 t

36 Por razões de homogeneidade de análise, não se incluem nos FIMA, mas antes nos OICVM, os três FPR que ainda não se transformaram

em fundos harmonizados. Todos os demais FPR são já considerados harmonizados, ainda que nenhum seja comercializado fora de Portugal.

37 Fonte: EFAMA Quarterly Statistics Release.

A

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Gráfico 51 – Estrutura da Carteira (esq) e Saldo Líquido de Investimento nos FIA (dir)

Fonte: CMVM.

Outros

Unidades de Participação

Obrigações

Dívida Pública

Liquidez

Ações

2010 20112012

20132014

20152016

20172018

2010 20112012

20132014

20152016

20172018

0

1 000

2 000

3 000

4 000

5 000

6 00010^6 Euros 10^6 Euros

-600

-400

-200

0

200

400

600

800

1 000

1 200

Neste contexto de queda acentuada, a carteira global dos FIMA era, no final de 2018, quase exclusivamente composta por unidades de participação de outros fundos e por liquidez. O investimento em dívida privada e pública era inferior a 100 milhões de euros, tendo-se veri-ficado um desinvestimento quase generalizado nas diversas geografias de origem dos emi-tentes de dívida.

Gráfico 52 – Número de participantes em fundos de investimentomobiliário alternativo e valor médio por participante

Número de Participantes

Valor Médio

Fonte: CMVM. 20102011

20122013

20142015

20162017

2018

0

20 000

40 000

60 000

80 000

100 000

120 000

140 000

160 000

180 000

200 000

0

10 000

20 000

30 000

40 000

50 000

60 000

Euros

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

O valor médio investido por participante em FIMA manteve-se estável, uma vez que a que-da do número de participantes foi similar à do valor sob gestão. Cada participante detinha, em média, 23,7 mil euros no final do ano, um valor superior ao correspondente dos OICVM. As pessoas singulares representavam apenas 45,3% do valor sob gestão no final de 2018, o que corresponde a um valor médio por participante de aproximadamente 11 mil euros. Nos anos mais recentes tem-se assistido à diminuição do valor sob gestão dos FIMA e do res-petivo número de participantes. Com exceção das companhias de seguros e dos fundos de pensões, nos demais tipos de participantes ocorreu igualmente uma redução da respetiva quota de valor gerido por FIMA.

Fundos de Investimento ImobiliárioApós a recuperação verificada no ano transato, em 2018 voltou a registar-se uma nova dimi-nuição dos valores geridos. No final do ano existiam 215 fundos em atividade, menos doze do que em 2017. Apesar de as subscrições líquidas em fundos abertos terem sido positivas (cerca de 282 milhões de euros38) e do continuado aumento dos preços dos imóveis, nomea-damente residenciais, tal não permitiu compensar a perda de valor gerido resultante dos fundos que se liquidaram no ano. Na Europa também se assistiu ao aumento das subscri-ções líquidas dos fundos imobiliários (33,5 mil milhões de euros em 2018 e 28 mil milhões de euros em 2017).39

38 Calculadas fundo a fundo, mediante a variação anual do VLGF expurgada da respetiva rentabilidade no período, e agregadas para o conjunto

dos fundos abertos.

39 Fonte: EFAMA Quarterly Statistics Release.

Gráfico 53 – Valor sob gestão por fundos de investimento imobiliário

Fonte: CMVM.

Fundos de InvestimentoImobiliário

Fundos Especiais deInvestimento Imobiliário

Fundos de InvestimentoImobiliário de Arrendamento

Habitacional

Fundos de Gestão dePatrimónio Imobiliário

2010 20112012

20132014

20152016

20172018

0

1 000

2 000

3 000

4 000

5 000

6 000

7 000

8 000

9 000

10 00010^6 Euros

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

A maioria dos fundos imobiliários continuou a registar rentabilidades positivas em 2018, o que certamente encontra explicação na subida dos preços e das rendas no setor imobiliário residencial e comercial em Portugal, em particular nos grandes centros urbanos e turísti-cos, uma vez que os fundos imobiliários não investem (pelo menos diretamente) em imóveis localizados no estrangeiro.

Gráfico 54 – Estrutura da carteira (esq) e utilização dos imóveis (dir)

Fonte: CMVM.

Graf Esq.

Liquidez

Outros Ativos e Passivos

Graf Dir.

Construções Não Arrendadas

Construções Arrendadas

Terrenos e Projetos

Empréstimos

Outros

Logística

Turismo

Indústria

Serviços

Comércio

Habitação

20162017

20182010 2011

20122013

20142015

20162017

2018

-4 000

-2 000

0

2 000

4 000

6 000

8 000

10 000

12 000

14 00010^6 Euros

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Na estrutura da carteira dos fundos imobiliários continuou, ainda que menos intensamente, a reduzir-se o valor dos empréstimos e verificou-se um novo aumento significativo da liqui-dez. Saliente-se, também, o aumento das construções acabadas destinadas a arrendamen-to que, em decorrência do ciclo favorável de mercado, fizeram com que a taxa de ocupação dos imóveis dos fundos imobiliários atingisse um máximo de 83%. No que respeita à utiliza-ção dos imóveis, continuou a diminuir o peso dos destinados à habitação, enquanto aqueles cuja utilização está afeta ao comércio, à indústria e ao turismo ganharam importância, em resultado da recuperação da economia Portuguesa e em particular do crescimento da ativi-dade turística.

O número de participantes aumentou face ao ano anterior (+6 mil), provocando a diminuição do valor médio sob gestão para 119 mil euros por participante (130 mil euros no final de 2017). As instituições de crédito e as ‘outras pessoas coletivas’ detêm dois em cada três euros sob gestão. Contudo, a importância das pessoas singulares aumentou nos anos mais recentes, quer em valor sob gestão, quer em número de participantes, fixando-se o respetivo valor médio em 25,2 mil euros no final de 2018.

Contrariamente ao que sucede com os fundos mobiliários, os índices de concentração do setor são baixos: as cinco principais sociedades gestoras representam 52,8% do valor

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

sob gestão de fundos imobiliários, uma diminuição de 1,3 p.p. face ao ano anterior.

Fundos de Capital de Fisco e Sociedades de Capital de RiscoNo final de 2018, os operadores nacionais de capital de risco geriam ativos que ascendiam a 4,8 mil milhões de euros40, um acréscimo de 0,9% face a 2017. Este ligeiro aumento deveu-se essencialmente aos FCR41e foi consubstanciado no aumento do investimento em ‘participa-ções sociais’ e ‘outros investimentos’ (que mais do que compensou a diminuição das rubri-cas ‘outros financiamentos’ e ‘depósitos e outros meios líquidos afetos a capital de risco’). Na Europa, o valor gerido pelo capital de risco ascendia a 640 mil milhões de euros e existiam cerca de 8 mil fundos em atividade.42

40 Os ativos sob gestão incluem participações sociais, outros financiamentos, liquidez, posições sobre derivados e outros ativos.

41 Atendendo aos fundos que iniciaram atividade e aos que se liquidaram, no final de 2018 havia mais 22 FCR que no final do ano anterior.

42 Fonte: Invest Europe, dados de 2017.

Gráfico 55 – Ativos sob gestão (esq) e Número de sociedades e fundos de capital de risco (dir)

Fonte: CMVM.

Graf Esq.

Sociedades deCapital de Risco

Fundos de Capital de Risco

Graf Dir.

N.º Sociedades deCapital de Risco

N.º Fundos de Capital de Risco

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

0

1 000

2 000

3 000

4 000

5 000

6 000

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Nas sociedades de capital de risco (SCR) o aumento dos ativos sob gestão foi marginal, mas a reafectação de investimentos entre rubricas foi similar à verificada nos FCR. No capital de risco como um todo, o desinvestimento foi mais acentuado nos setores da indústria extra-tiva e de alojamento e restauração, enquanto nas atividades de informação e comunicação, nas administrativas e de serviços de apoio e nas de consultoria, científicas, técnicas e simi-lares os ativos sob gestão cresceram.

As operações de reorientação estratégica ou de recuperação de empresas (turnaround) continuaram a ser as mais expressivas, e corresponderam a cerca de três em cada dez ope-

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

rações de investimento em private equity e a um terço do investimento do setor. Já a fase de investimento ‘expansão’ canalizou um em cada cinco euros do investimento do setor. Os operadores de capital de risco continuaram a revelar menos apetência para investir em pro-jetos com elevado risco e em fase de arranque, uma vez que o investimento nessas empre-sas permaneceu reduzido e até diminuiu de forma relevante face ao ano anterior (-13,8%). As operações de venture capital (seed capital, start-up e early-stage) corresponderam a um em cada seis euros do investimento do setor. Contudo, o número de participações detidas não foi muito inferior ao do segmento de private equity, o que significa que a dimensão média dos investimentos é substancialmente menor no venture capital.

Outros 3% Seed capital 5%

Start-up 9%

Early-stage 6%

Management buyout 17%

Refinanciamento dadivida bancária 0%

Turnaround 34% Capital de substituição 4%

Expansão 22%

Management buyin 0%

Outros 2% Seed capital 5%

Start-up 8%

Early-stage 5%Management buyout 18%

Refinanciamento dadivida bancária 0%

Turnaround 34% Capital de substituição 6%

Expansão 22%

Management buyin 0%

Gráfico 56 – Carteira do capital de risco por fases de investimento - 2017 (esq) e 2018 (dir)

Fonte: CMVM.

O investimento em capital de risco permite apoiar modelos de negócio inovadores, recapi-talizar empresas e criar emprego, dinamizando assim a economia. Porém, o capital de risco nacional representa apenas 2,4% do PIB, o que significa que este setor tem margem para se afirmar como uma importante alavanca do crescimento económico em Portugal. Refira-se, a este propósito, a entrada em atividade em 2018 da primeira sociedade de investimento mobiliário de fomento à economia (SIMFE), que tem por objetivo investir em pequenas e mé-dias empresas com potencial de crescimento, e cujas ações serão admitidas à negociação em mercado regulamentado.

Em 2018 foi igualmente constituída e registada a primeira sociedade de empreendedorismo social e foi iniciado o processo de mera comunicação prévia do primeiro fundo de empreen-dedorismo social. A atividade das sociedades e dos fundos de empreendedorismo social centra-se na procura de soluções para problemas de cariz social e na produção de incidên-cias sociais positivas, mensuráveis e sustentáveis, mantendo-se, no entanto, o objetivo de obtenção de rentabilidades positivas e de retorno financeiro para os investidores.

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Os investimentos em SGPS, um veículo para investimentos noutras atividades não finan-ceiras, canalizaram cerca de mil milhões de euros, enquanto o investimento em atividades imobiliárias atingiu 371,6 milhões de euros (sendo quase exclusivamente realizado via FCR) e representa 10,8% do total dos investimentos do setor do capital de risco.

FUNDOS DE TITULARIZAÇÃO DE CRÉDITOS E SOCIEDADESDE TITULARIZAÇÃO DE CRÉDITOSAs operações de titularização podem ser concretizadas mediante a constituição de fundos (FTC) ou a emissão de obrigações por sociedades de titularização de créditos (STC). Apesar de o número de fundos em atividade se ter mantido estável face ao ano anterior, o valor sob gestão dos FTC manteve uma trajetória descendente. Já nas operações de titularização realizadas via STC, realizou-se mais uma emissão do que no ano transato e o valor global as-sociado às oito emissões colocadas traduziu uma dinâmica de crescimento que não se tinha observado no mercado de obrigações titularizadas nos últimos dois anos.

Gráfico 57 – Valor sob gestão e número de fundos e emissões da titularização de créditos

Fonte: CMVM.

Valor líquido Global

Valor Emitido

N.º Fundos

2010 20112012

20132014

20152017

2018

0

5 000

10 000

15 000

20 000

25, 000

30 000

35 00010^6 Euros

0

20

15

10

5

25

30

35

40

45

50

N.º fundos /N.º emissões

N.º Emissões

Os créditos hipotecários continuaram a ser o elemento preponderante da carteira dos FTC. Por outro lado, do montante emitido de obrigações titularizadas por sociedades de titulari-zação (3,3 mil milhões de euros), seis das oito emissões realizadas foram relativas a créditos dentro do sistema financeiro, alguns relativos a non-performing loans. Entre os que foram objeto de titularização fora do sistema financeiro, um envolveu direitos de crédito advenien-tes da implementação de política energética por um emitente e o outro direitos televisivos detidos por uma sociedade anónima desportiva.

A titularização de créditos também conheceu um aumento de atividade na Europa, mas caiu 12% nos EUA. O valor agregado das emissões de titularização na Europa atingiu os 269,4 mil

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

milhões de euros (236,5 mil milhões de euros em 2017) 43, correspondendo as emissões na-cionais a 1,2% das realizadas no espaço europeu.

PARTICIPAÇÕES EM INSTITUIÇÕES DE INVESTIMENTOCOLETIVO ESTRANGEIRAS COMERCIALIZADAS EM PORTUGALOs organismos de investimento coletivo em valores mobiliários estrangeiros autoriza-dos a ser comercializados em Portugal têm vindo a ganhar importância no mercado na-cional. Após seis anos consecutivos de aumento, o valor colocado por OICVM estrangeiros comercializados no mercado português diminuiu 2,7%, ascendendo a cerca de quatro mil milhões de euros. Os investimentos efetuados direcionam-se para diversas categorias de fundos, embora os de obrigações e mistos representem cerca de 60% do valor colocado em Portugal.

O número de OICVM e de sub-fundos comercializados teve uma redução marginal, e as subscrições líquidas de resgates atingiram cerca de 150 milhões de euros em 2018. Assim, é exclusivamente o efeito preço, associado à forte queda das cotações ocorrida no quarto trimestre, que explica a redução do valor colocado junto dos investidores em Portugal.

O valor médio investido por participante era de 17,5 mil euros no final do ano, superior em mais seis mil euros ao correspondente para os fundos nacionais. l

43 Fonte: Association for Financial Markets in Europe (AFME).

Gráfico 58 – OICVM estrangeiros (esq) e valor colocado por ativo dominante (dir)

Fonte: CMVM e Bloomberg;cálculos CMVM.

Graf Esq.

Valor das subscrições (dir)

Valor dos resgates (dir)

Graf Dir.

Outros

Mistos

Obrigações

Ações

Valor sob gestão (esq)

2010 20112012

20132014

20152016

20172018

20132012

20142015

20162017

2018

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

0

500

1 000

1 500

2 000

2 500

3 000

3 500

4 000

4 50010^6 Euros10^6 Euros

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

43,3%

34,8%

14,1%

7,8%

47,2%

31,9%

15,0%

6,0%

28,1% 25,7% 19,4% 17,8% 16,3%

41,0% 34,1% 34,5% 31,6%36,1%

34,3% 29,5%30,9%

11,7% 22,6%15,2%

28,5%

36,0%

2,3% 4,3%

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7. O MERCADO DE VALORESMOBILIÁRIOS ENQUANTO

FONTE DE FINANCIAMENTO

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

O MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS ENQUANTO FONTE DE FINANCIAMENTO

s últimos anos foram marcados por uma conjuntura económica favorável. Sem prejuízo dis-so, continuou a assistir-se à queda continuada da taxa de poupança das famílias em Portugal, para níveis historicamente baixos.

São diversas as motivações relacionadas com a poupança das famílias: a estabilidade dos padrões de consumo ao longo do ciclo de vida, o financiamento do consumo em períodos de diminuição do rendimento, o financiamento das despesas com educação e com a aquisição de bens de consumo duradouro (entre os quais a habitação), o financiamento da reforma ou

AS EMPRESAS NÂO FINANCEIRAS PORTUGUESAS AUMENTARAM A MARGEM OPERACIONAL, E OS RESPETIVOS RISCOS FINANCEIROS DIMINUIRAM.

OS LUCROS DAS EMPRESAS COTADAS NA EURONEXT LISBON, EM ESPECIAL AS DO PSI 20, AUMENTARAM E OS DIVIDENDOS DISTRIBUÍDOS DIMINUIRAM.

7.

OGráfico 59 – Variação dos ativos financeiros líquidos e taxa de poupança dos particulares (esq)e preferências de financiamento de novo investimento (dir)

€ Mi

lhões

%

Fonte: Banco de Portugal e INE, cálculos CMVM.

Graf Esq.

Numerárioe Depósitos

Empréstimos

Regimes de seguros, pensões

e garantias estandartizadas

Outros débitose créditos

Títulos de dívida

Ações e outrasparticipações

Derivadosfinanceiros

Total da poupança

Crédito Bancário Auto FinanciamentoEmpréstimos do Estado

Ações e Obrigações OutrosFundos U.E.

0

10

20

30

40

50

60

70

-10,000

-5,000

0

5,000

10,000

15,000

20,000

25,000

-10

-5

0

5

10

15

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

a acumulação de riqueza. Assim, as atitudes e comportamentos das famílias em matéria de poupança são influenciados por variáveis de natureza específica como a dimensão do agre-gado familiar, a aversão ao risco e as preferências inter-temporais, mas também pelas taxas de juro, pelas políticas social e orçamental, pela (variação da) riqueza líquida e da taxa de crescimento do produto e pela incerteza em relação aos rendimentos futuros, entre outros.

Em Portugal tem-se assistido à retoma do consumo privado, que tem crescido mais do que o rendimento disponível. Em simultâneo, continuou a assistir-se ao investimento das fa-mílias no setor imobiliário e à recomposição da carteira de ativos financeiros das famílias, fruto do crescimento das aplicações em depósitos, efeito que mais do que compensou a redução em empréstimos, outros créditos e em títulos de dívida.

Por outro lado, o peso do investimento (Formação Bruta de Capital Fixo), em percentagem do PIB em Portugal, foi inferior ao da Zona Euro nos últimos anos, o que limita o aumento da capacidade produtiva e da produtividade da economia Portuguesa e em particular a con-vergência com os seus pares.

De acordo com o INE, as duas principais fontes de financiamento dos investimentos das empresas em Portugal são, à semelhança de anos anteriores, o autofinanciamento (em li-geira diminuição face ao ano anterior) e o crédito bancário (com ligeiro aumento). O merca-do de capitais (ações e obrigações) continua a ter uma importância residual nas opções de financiamento do investimento empresarial.

Confirmando a progressiva desalavancagem dos agentes económicos em Portugal, que criará as condições para um melhor desempenho da economia no médio e longo prazo, o peso dos empréstimos no total da economia Portuguesa diminuiu entre 2016 e 2018,

Gráfico 60 – Peso de vários elementos no total da economia

2016T3 2017T3

Títulos exceto ações

2018T3 2016T3 2017T3

Empréstimos

2018T3 2016T3 2017T3

Ações e outras participações

2018T3

50%

40%

30%

20%

10%

0%

Fonte: Eurostat;cálculos CMVM.

Portugal

Média Zona Euro

3.º Q

1.º Q

Mediana

Total da Economia

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

44 Os valores apresentados são consolidados, ou seja, eliminam as operações entre entidades do mesmo setor institucional.

e aproximou-se (sendo, contudo, ainda superior) da média (e da mediana) dos países da Zona Euro. Esta tendência ocorre quer nas sociedades não financeiras, quer nas famí-lias, e é mais intensa em Portugal do que na média da Zona Euro. A componente das con-tas financeiras relativa às ações e outras participações viu o seu crescimento ser mais suave em Portugal e na Zona Euro, mas continua a aumentar de importância no total da economia.

Gráfico 61 – Peso dos empréstimos nas “sociedades não financeiras” (esq) e nos “particulares” (dir)

Sociedades Não Financeiras Particulares

2016T3 2017T3

Empréstimos

2018T3 2016T3 2017T3

Empréstimos

2018T3

40%

35%

20%

25%

95%

90%

85%

70%

Fonte: Eurostat;cálculos CMVM.

Portugal

Média Zona Euro

3.º Q

1.º Q

Mediana

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

-2

0

2

4

6

8

10

12

14

Gráfico 62 – Rácios entre o EBITDA e os juros suportados, entre o EBITDA e a soma do capital próprio e financiamento obtido, e resultado líquido sobre capital próprio

Set.07 Set.08 Set.09 Set.10 Set.11 Set.12 Set.13 Set.14 Set.15 Set.16 Set.17 Set.18

Fonte: Banco de Portugal – Central de Balanços;

cálculos CMVM.

Graf Esq.

EBITDA//Juros suport.

EBITDA/(Cap. próp.+Fin. obt.)

(%)

ROE: Res. líq.período/

/Cap. próp. (%)

EBITD

A/Ju

ros s

upor

t.

EBITD

A/(Ca

p.pró

.+Fin.

obt.)

(%)

ROE:

Res.

líq. p

eríod

o/Ca

p. pr

óp. (%

)

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

ambém tem ocorrido um crescimento sustentado da rentabilidade das empresas portu-guesas desde 2012, com a rentabilidade dos capitais próprios, apesar de ainda distante do máximo dos últimos 10 anos, a atingir 9,7% em setembro de 2018. O número de empresas em dificuldades financeiras diminuiu significativamente quando comparado com os anos da crise financeira. O EBITDA em proporção dos juros suportados pelas empresas tem igualmente aumentado de forma consistente, traduzindo uma maior capacidade relativa de as empresas cumprirem os encargos associados com os juros do respetivo financiamento por dívida. Finalmente, a evolução do EBITDA em percentagem da soma do capital próprio e do financiamento obtido confirma igualmente a maior capacidade no cumprimento dos compromissos com a dívida.

De igual modo, a dívida das empresas não financeiras em percentagem do respetivo ren-dimento tem evoluído de modo favorável, em sinal de que estas sociedades podem be-neficiar de maiores facilidades no financiamento através de dívida. A estrutura de fi-nanciamento das empresas portuguesas, apesar de relativamente estável ao longo do tempo e menos favorável do que a das empresas da Zona Euro, observou alterações assinaláveis no último ano, com a autonomia financeira a atingir o máximo (37,9%) des-de 2006, enquanto o peso do financiamento obtido em percentagem do ativo atingiu o mínimo (33,8%). Os indicadores financeiros disponíveis para 2018 assinalam que a me-lhoria observada nos últimos anos se prolongou no ano em análise, com a atividade ope-racional das empresas a ser cada vez mais capaz de fazer face aos gastos com o finan-ciamento. Tal permitiu aumentar a margem operacional das empresas não financeiras, com a consequente redução dos respetivos riscos financeiros. Esta evolução positiva da saúde financeira das empresas também se refletiu na redução dos atrasos em honrar os compromissos, atingindo o prazo médio de pagamento um mínimo histórico no final do ano.

O processo de desalavancagem das empresas tem continuado, em conformidade com a evolução observada para as empresas europeias, embora o rácio de endividamento das empresas portuguesas ainda continue bastante superior à média da Zona Euro. As empre-sas têm beneficiado da queda das taxas de juro e, no final de 2018, os custos de finan-ciamento (juros) que as empresas suportaram atingiram um novo mínimo, situando-se em 2,8% dos financiamentos obtidos.

O montante de empréstimos concedidos às empresas acentuou a sua tendência de que-da, com as microempresas a registarem o maior decréscimo e as grandes empresas a ser a exceção. Apesar da redução ocorrida em todos os prazos dos empréstimos, os de curto prazo (até um ano) têm vindo a perder importância relativa, representando no final do ano 23% do total de empréstimos concedidos. Isto significa que as empresas não financeiras têm aproveitado as baixas taxas de juro para estenderem as maturidades dos empréstimos contraídos para o financiamento da sua atividade.

T

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

No caso das sociedades com capital aberto ao investimento do público, as admitidas à nego-ciação na Euronext Lisbon apresentam um crescimento de cerca de 27% nos lucros obtidos (e na rentabilidade do capital próprio), em especial as integrantes do PSI 20. Este aumento está em linha com o crescimento, ainda que ligeiro (+1,4%), dos dividendos distribuídos e do dividend yield (rácio entre os dividendos distribuídos e o preço da respetiva ação). O payout ratio (proporção dos rendimentos entregues aos acionistas como dividendos) diminuiu de modo expressivo nas empresas do PSI 20, mas tal resultou de algumas delas terem tido lu-cros negativos, uma vez que as empresas que tiveram resultados líquidos positivos aumen-taram em média a percentagem de lucros distribuídos sob a forma de dividendos. No mes-mo período, uma análise às contas financeiras destas empresas possibilitou ainda observar uma diminuição de 10,6% nos montantes dos capitais próprios e de 16,7% na capitalização bolsista, principalmente nas empresas não integrantes do PSI 20. 45

t

45 Refira-se, contudo, que em 2018 há menos três sociedades incluídas na análise.

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

0

5

10

15

20

25

30

Gráfico 63– Rácios de crédito vencido (esq)e empréstimos concedidos (dir) por dimensão de sociedade não financeira

€ Mi

lhões

(%)

Fonte: Bloomberg;cálculos CMVM.

Microempresas

Pequenas Empresas

Médias Empresas

Grandes Empresas

Dez.

10

Dez.

11

Dez.

12

Dez.

13

Dez.

14

Dez.

15

Dez.

16

Dez.

17

Dez.

18

Dez.

10

Dez.

11

Dez.

12

Dez.

13

Dez.

14

Dez.

15

Dez.

16

Dez.

17

Dez.

18

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Fonte: Refinitiv e Relatórios e Contas das Empresas; cálculos CMVM.

Notas: No que diz respeito ao exercício de 2017 incluem-se os dividendos distribuídos até 31/12/2018 e relativamente ao exercício de 2018 in-

cluem-se os dividendos distribuídos e as propostas aprovadas em Assembleia Geral de Acionistas até 26/06/2019. As Sociedades Anónimas

desportivas não foram incluídas. Informação sobre a Sociedade Comercial Orey Antunes, S.A. não se encontrava disponível para 2018.

Quadro 2 – Evolução da rentabilidade do capital acionista, distribuição e retenção de dividendos - empresas cotadas na Euronext Lisbon 2018 2017

Montante de Lucros Obtidos (Milhões de euros) 3656 2887

Empresas Integrantes do PSI 20 3512 2748

Empresas Não Integrantes do PSI 20 144 140

Rendibilidade do Capital Próprio 9,6% 6,8%

Empresas Integrantes do PSI 20 9,8% 7,5%

Empresas Não Integrantes do PSI 20 6,9% 2,4%

Número de Empresas que Distribuíram Dividendos 20 20

Número de Empresas que não Distribuíram Dividendos 17 20

Montante de Dividendos Distribuídos (Milhões de euros) 2458 2425

Empresas Integrantes do PSI 20 2412 2378

Empresas Não Integrantes do PSI 20§ 46 46

Payout Ratio (todas as empresas) 67% 84%

Empresas Integrantes do PSI 20 69% 87%

Empresas Não Integrantes do PSI 20 32% 33%

Payout Ratio (empresas com resultados líquidos positivos) 67% 65%

Empresas Integrantes do PSI 20 68% 67%

Empresas Não Integrantes do PSI 20 27% 25%

Dividend Yield 4,6% 3,8%

Empresas Integrantes do PSI 20 4,7% 4,0%

Empresas Não Integrantes do PSI 20 2,9% 1,1%

A recompra de ações constitui uma forma alternativa de remuneração acionista, existindo diversas razões que a justifiquem. Assim, a recompra de ações constitui uma forma de remu-neração acionista mais flexível que a distribuição de dividendos. A aplicação de excedentes de tesouraria, a existência de programas de atribuição de ações à gestão e a trabalhadores, ou objetivos relacionados com alterações na estrutura de capital ou com operações de fusão e aquisição também podem motivar a recompra de ações próprias pelas sociedades cotadas.

No último ano, assistiu-se ao aumento do volume de recompra de ações próprias, que atin-giu 9,6 milhões de euros (um milhão de euros em 2017). Também o número de empresas a efetuar a recompra de ações próprias aumentou para cinco (duas no ano anterior). Quando analisada em percentagem do valor transacionado sobre essas ações, a recompra de ações correspondeu apenas a 0,4% desse valor em 2018. Adicionalmente, dos emitentes que efe-tuaram recompra de ações próprias no último ano apenas um não distribuiu dividendos, com o dividend yield dos demais a situar-se em 6,2%, significativamente acima do apresentado pela globalidade das empresas integrantes do PSI 20.

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Pode, pois, concluir-se que a rentabilidade das empresas tem melhorado, o que pode le-var a uma maior facilidade na captação de financiamento. Apesar desta melhoria, segun-do o Inquérito de Conjuntura ao Investimento de outubro de 2018 do INE, as empresas em Portugal continuam a considerar a incerteza associada ao autofinanciamento como um dos principais fatores limitativos a um maior aumento do seu investimento em 2019 (o principal fator continua a ser a deterioração das perspetivas de vendas). Por outras palavras, apesar de esperarem utilizar fundos internos decorrentes das suas atividades como principal fon-te de financiamento para o investimento futuro, a incerteza associada a essa rubrica é um dos principais entraves ao aumento desse investimento. O mercado de capitais continua a ser o fator menos limitativo ao financiamento empresarial; contudo, tal não se tem mate-rializado nem no aumento do número de novas empresas a dispersar o seu capital, nem no aumento expressivo da emissão de dívida privada pelas empresas.

Fonte: INE; cálculos CMVM.

Quadro 3 – Principais fatores limitativos ao financiamento 2018-2019 Insuficiência Deterioração Dificuldade Nível Rentabilidade Capacidade Dificuldade Mercado Outros da das de da dos de Em Obter de Capacidade Perspetivas Contratar Taxa Investimentos Auto Crédito Capitais Produtiva De Venda Pessoal de Financiamento Bancário Qualificado juro

2018 3,3% 29,0% 7,4% 0,9% 19,8% 18,4% 8,8% 0,6% 11,8%

2019 3,3% 30,8% 6,5% 0,9% 19,9% 20,3% 7,3% 0,6% 10,5%

A CMVM está comprometida com os objetivos da Sustentabilidade, não só enquanto organização, mas também como promotora das Finanças Sustentáveis entendidas como a incorporação de as-petos ambientais, sociais e de governo das sociedades (ESG) nos mercados financeiros. Nesse domínio, no decorrer de 2018 organizou a conferência “Sustainable Finance: The Road Ahead” 46, divulgou no seu website as principais ideias resultantes da conferência, publicou um documento de perguntas e respostas mais frequentes sobre esta temática 47 e, já no início de 2019, disponibi-lizou um documento de reflexão e consulta pública sobre Finanças Sustentáveis. 48

No mercado português, o desenvolvimento de produtos financeiros sustentáveis também tem vin-do a evidenciar-se. Existiam em 2018 algumas empresas do PSI 20 em índices bolsistas compostos por empresas sustentáveis, três no STOXX Europe Sustainability Index e quatro no FTSE4Good. No

CAIXA 4 – FINANÇAS SUSTENTÁVEIS

46 Ver https://www.cmvm.pt/pt/Comunicados/ConferenciasdaCMVM/Pages/conferencia_anual_2018.aspx

47 Ver https://www.cmvm.pt/pt/AreadoInvestidor/Faq/Pages/faq-financas-sustentaveis.aspx

48Ver https://www.cmvm.pt/pt/Legislacao/ConsultasPublicas/CMVM/Documents/CP%20Sustainable%20Finance.PDF

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

decorrer do ano, a EDP emitiu 600 milhões de euros em green bonds com maturidade a sete anos. O montante obtido com a emissão destes títulos, semelhantes a outros tipos de obrigações, tem como destino o financiamento de projetos sustentáveis. Por outro lado, foi registada na CMVM a primeira sociedade de empreendedorismo social, a Mustard Seed Maze.

No que diz respeito aos fundos de investimento, alguns intermediários financeiros oferecem aos investidores a possibilidade de aplicarem as suas poupanças em fundos socialmente responsá-veis (isto é, fundos que promovem o investimento em empresas que cumprem critérios de susten-tabilidade ambiental, responsabilidade social e de melhores práticas de governo corporativo). São os casos do fundo “Caixa Investimento Socialmente Responsável”, um fundo de apoio à refloresta-ção, e do fundo “Santander Sustentável”, constituído no final de 2018.

O mercado dispõe atualmente de alguma informação (ESG disclosure scores) 49 que permite aos in-vestidores e outros agentes do mercado averiguar a transparência, as oportunidades e os riscos de uma empresa em matéria social, ambiental e de governance. Este indicador está compreendi-do entre 0 e 100, e indica a quantidade e qualidade de informação relevante disponibilizada pelas empresas. Os mais recentes ESG disclosure scores dos emitentes portugueses encontram-se dis-poníveis para 12 das empresas do PSI 20, que obtiveram um score médio de 51,9 em 2017 (46,7 em 2016). 50 Quatro dessas empresas, maioritariamente do setor energético, viram o respetivo score diminuir em 2017. Aquele aumento médio de score revela maior transparência na divulgação de in-formação sobre os diversos domínios ESG, de que são exemplo o uso de energia, as emissões de CO2, a produção de lixo, a percentagem de mulheres no conselho de administração, a percenta-

gem de diretores independentes, a percentagem de acidentes dos trabalhadores e o montante in-vestido em sustentabilidade e filantropia. Mas revela igualmente que ainda há uma grande margem de progressão, que se espera venha a acontecer num futuro próximo. l

49 Fonte: Bloomberg.

50A média europeia (representada pelo STOXX Europe Total Market) foi de 47,3 em 2017.

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8. PERSPETIVAS

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

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92

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

PERSPETIVAS

incerteza ao nível da política económica tem vindo a aumentar desde meados de 2016, tanto nos EUA como na Europa, o que pode levar as empresas a adiar despesas em capital físico e humano, e a sua internacionalização. Ao contribuir para enfraquecer a confiança dos consu-midores, essa incerteza também contribui para a diminuição do consumo. Nos EUA, a incer-teza resulta de alterações nas políticas monetária, comercial e de imigração. Por sua vez, a Europa encontra como principais desafios a integração económica e política, com o cresci-mento da base de apoio a partidos populistas e a incerteza prolongada do Brexit a constituir as principais ameaças no curto-prazo. A dimensão do Reino Unido, conjugada com o facto de se tratar do mais importante centro de serviços financeiros da UE, permite antever um aumento da turbulência dos mercados caso um hard Brexit venha a materializar-se.

As cotações dos índices acionistas na Europa e nos Estados Unidos diminuíram em 2018, no-meadamente no último trimestre do ano. O mercado Português também apresentou um de-sempenho superior no primeiro semestre por comparação com o segundo. As revisões em baixa das perspetivas de crescimento económico no quarto trimestre de 2018 elevaram o sentimento de aversão ao risco, e conduziram a comportamentos de flight to safety e a cor-reções nas bolsas mundiais. A revisão em baixa das previsões macroeconómicas e os riscos de natureza geopolítica terão estado na origem da reavaliação do preço dos principais ativos.

A evolução dos índices acionistas no primeiro trimestre de 2019 foi positiva. A decisão da au-toridade monetária nos Estados Unidos de abrandamento do ritmo de aumento das taxas de juro de curto prazo, o anúncio pelo Banco Central Europeu (BCE) da manutenção das taxas de juro de referência pelo menos até ao final de 2019 e a consequente preservação de con-dições de financiamento favoráveis terão contribuído para estimular a apetência dos inves-tidores pelo risco.

O price-to-book do mercado norte-americano manteve-se em 2018 acima da média de longo prazo. Não obstante, existe alguma idiossincrasia ao nível sectorial, com os sectores finan-

EXPECTATIVA DE MELHORIA DO PRICE-TO-BOOK E DO PRICE-EARNINGS EM 2019.

A MATERIALIZAÇÃO DE RISCOS DE NATUREZA POLÍTICA É SUSCETÍVEL DE GERAR INCERTEZA NOS MERCADOS FINANCEIROSE DE PROMOVER A REAVALIAÇÃO GLOBAL DOS PRÉMIOS DE RISCO.

8.

A

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93

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

ceiro e da energia a exibirem valores significativamente inferiores à média e os de consumo discricionário e tecnologias de informação a superarem a média global. Na Europa, o valor mais reduzido deste indicador (e inferior à unidade) é apresentado pelas empresas bancá-rias. O fraco desempenho dos bancos que integram o EuroStoxx600 é justificado pelas dú-vidas quanto à sustentabilidade dos resultados do sector e a consequente necessidade de revisão do modelo de negócio. Também o cenário prolongado de baixas taxas de juro na Europa continua a pesar na rentabilidade das instituições bancárias.

A recente alteração da política monetária nos EUA e a sua esperada normalização na Europa constituem um desafio para o sector bancário dessas regiões. A rentabilidade bancária, em particular a margem de intermediação (net interest margin), poderia ser fomentada por ta-xas de juros nominais mais elevadas. No entanto, taxas de juros mais altas podem impactar negativamente os ativos do balanço dos bancos uma vez que conduziriam a menores avalia-ções dos ativos financeiros.

Em termos globais, as previsões dos analistas no início de 2019 apontam para uma melhoria do price-to-book e do price-earnings em 2019, mas são menos otimistas para os dois anos seguintes. As previsões de crescimento dos resultados no longo prazo são superiores no mercado americano relativamente ao europeu.

20

Gráfico 64 – Price-earnings ratio e price-to-book observado (2018) e previsto (2019-21) (esq)

Fonte: Bloomberg; cálculos CMVM.

2019 P

2020 P

Graf Dir.

0

10

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1 1.5 2 2.5 3 3.5

PSI20 19-21 Eurostoxx600 19-21 S&P500 19-21

PSI20 18 Eurostoxx600 18 S&P500 18

201918

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212120

Price-to-book

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Gráfico 65 – Índice de surpresa económica

Fonte: Citigroup; cálculos CMVM.

Indicador positivo (Zona Euro)

Índice de SurpresaEconómica (Zona Euro)

Índice de SurpresaEconómica (EUA)

Jan/05

Jan/06

Jan/07

Jan/08

Jan/09

Jan/10Jan/11

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-200

-150

-100

-50

0

50

100

150

200

Índice

de Su

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onóm

ica

O crescente protecionismo comercial contribuiu para a intensificação dos riscos relativos ao crescimento global. Entre as medidas tomadas, os EUA impuseram tarifas sobre o aço e o alumínio da China, da UE, do Canadá e do México, e sobre algumas importações oriundas da China. Alguns dos parceiros comerciais dos EUA, incluindo a UE, responderam com contra-medidas. Até ao momento, o impacto de tais medidas restritivas sobre o crescimento global ainda é relativamente modesto. Todavia, a escalada mais recente pode influenciar signifi-cativamente o sentimento dos mercados, incluindo o financeiro, impactar negativamente os spreads e as moedas dos mercados emergentes, interromper as cadeias de fornecimen-to globais, desacelerar o investimento e o comércio e comprometer a recuperação proje-tada do crescimento mundial em 2019. O valor mais recente (98,6) do World Trade Outlook Indicator (WTOI) sinaliza uma diminuição do crescimento do comércio nos próximos meses.

Algumas organizações internacionais (e.g., BCE, OCDE, Comissão Europeia e FMI) reviram em baixa as previsões para o crescimento mundial de 2019 e alertaram para um aumento do risco associado a essas previsões. A reavaliação do cenário macroeconómico reflete, nomeadamente, a incerteza geopolítica, as tensões comerciais e a contração do comércio

or outro lado, o índice de surpresa económica na Zona Euro registou valores negativos no primeiro trimestre de 2019, o que é evidência de uma possível reversão do ciclo de expan-são. Em 2017 o indicador contabilizou valores sempre positivos e em 2018 o desempenho económico observado foi superior ao esperado em apenas 18% dos dias.51 Nos EUA o de-sempenho ultrapassou as previsões em 62% dos dias de 2018, reduzindo-se essa percenta-gem para 16% no primeiro trimestre de 2019.

51 Os índices de surpresa económica comparam dados efetivos com as previsões de diversas fontes. Valores superiores a zero indicam que o

desempenho da economia foi superior ao esperado.

P

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Gráfico 66 – Previsão para o PIB Global (esq) e Previsão para o PIB Global, para os EUA, Zona Euro e Portugal (dir)

Graf Esq.

Graf Dir.

Amplitude Portugal

3ºT 2018

1.º T 2019

EUA

Portugal

Zona Euro Dens

idade

de Pr

obab

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e0.

81.

0 1.1

1.3

1.4

1.6

1.8

1.9

2.1

2.2

2.4

2.6

2.7

2.9

3.0

3.2

3.4

3.5

3.7

3.8

4.0

4.2

4.3

4.5

4.6

4.8

5.0

5.1

5.3

5.4

5.6

5.8

5.9

6.1

6.2

6.4

Previsão da Taxa de Crescimento Global do PIB

-5.0

-4.0

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

2012 2013 2014 2015 2016 2017 20192018 2020

Fonte: FMI (esq) e Bloomberg (dir); cálculos CMVM.

A previsão (dir.) apresentada resulta de um indicador de consenso de entidades oficiais e privadas. A amplitude do intervalo de previsão para

Portugal reflete as previsões de todas as entidades.

Fonte: FMI; cálculos CMVM. FCI – Financial Conditions Index (z-scores); valores inferiores a zero representam condições monetárias acomoda-

tícias face à média histórica (1996-2018).

internacional, o risco de desaceleração do crescimento na China e as vulnerabilidades nas economias emergentes. A inversão da curva de rendimentos nos EUA sugere a inversão do ciclo de crescimento económico. Esta revisão do cenário macroeconómico terá justifica-do, no início de 2019, a desaceleração do ritmo de aumento das taxas de juro diretoras pela Reserva Federal e o reforço da intenção do BCE de manter a política monetária inalterada até ao final do ano.

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6FCI

-0,5

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0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

Gráfico 67 – Índice de condições financeiras, nos EUA (esq) e na Zona Euro (dir)

Graf Esq.

Taxas de juro

Preços imobiliário

Graf Dir.

Avaliação empresas

FCI Zona Euro

Taxas de juro

Preços imobiliário

Avaliação empresas

FCI EUA

Mar

.12

Mar

.13

Mar

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Mar

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Mar

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Mar

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Mar

.12

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.13

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.15

Mar

.16

Mar

.17

Mar

.18

Mar

.19

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96

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

erante uma conjuntura internacional menos favorável, poderão surgir ajustamentos na Balança Comercial da Zona Euro, decorrentes nomeadamente da redução da procura ex-terna. A inflação permanece reduzida na Zona Euro, o desemprego caiu e o rendimento disponível das famílias aumentou, o que constitui um fator de dinamização do consumo privado.

Em Portugal, continuam a observar-se sinais positivos, nomeadamente ao nível das fi-nanças públicas, refletidas na melhoria da notação de risco da República, classificado na classe de investimento por todas as agências de notação de risco nas últimas avaliações. Espera-se que o crescimento da economia seja suportado pela evolução positiva do con-sumo privado e do investimento. O indicador de confiança dos consumidores tem seguido a tendência de evolução observada na Zona Euro. Apesar dos valores observados se situa-rem acima da média de longo prazo, assistiu-se a uma ligeira contração no indicador de confiança destes agentes económicos.

Como referido, a economia da Zona Euro encontra-se vulnerável a diversos fatores, entre os quais o prolongamento da incerteza quanto ao Brexit, as dificuldades da economia de Itália (refletidas num aumento dos spreads da dívida pública) e a redução da produção auto-móvel na Alemanha (como resultado da necessidade de adaptação à nova diretiva de emis-sões pelo setor). No entanto, a expectativa é de que essas perturbações sejam transitórias. O cenário mais provável a médio prazo é benigno, atendendo à reduzida probabilidade de uma recessão antecipada pelo mercado.

Gráfico 68 – Indicadores de incerteza política e económica e geopolítico (esq)e Indicadores de sentimento económico do consumidor (dir)

Graf Esq.

Risco Geoplítico

Graf Dir.

Índice de incertezapolítica (Europa)

Índice de incertezapolítica (EUA)

Portugal

EUA

Zona Euro

Jan/

07Ju

l/07

Jan/

08Ju

l/08

Jan/

09Ju

l/09

Jan/

10Ju

l/10

Jan/

11Ju

l/11

Jan/

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l/12

Jan/

13Ju

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Jan/

14Ju

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Jan/

15Ju

l/15

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16Ju

l/16

Jan/

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l/17

Jan/

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Jan/

19

Jan/

07Ju

l/07

Jan/

08Ju

l/08

Jan/

09Ju

l/09

Jan/

10Ju

l/10

Jan/

11Ju

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Jan/

12Ju

l/12

Jan/

13Ju

l/13

Jan/

14Ju

l/14

Jan/

15Ju

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Jan/

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17Ju

l/17

Jan/

18Ju

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Jan/

19

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50

100

150

200

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93

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Índice

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Fonte: OCDE (esq) e Economic Policy Uncertainty (dir); cálculos CMVM.

P

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97

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

A materialização de riscos de natureza política (e.g. saída desordenada do Reino Unido da UE) é suscetível de gerar incerteza nos mercados financeiros (com o subsequente aumento da volatilidade) e reavaliação global dos prémios de risco, transversal a vários segmentos do mercado. Uma reavaliação dos prémios de risco pode ter um impacto negativo na renta-bilidade das carteiras dos fundos de investimento e da gestão de patrimónios (atendendo à sua exposição a dívida soberana), nos níveis de capital das instituições financeiras nacio-nais, nas condições de financiamento em mercado das instituições financeiras e na atual trajetória de redução dos níveis de ativos não produtivos dos bancos.

É, pois, neste contexto e nesta data, que se tem a expetativa de evolução dos mercados de valores mobiliários em Portugal em 2019, bem como da atividade da CMVM. l

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98

ANEXOS

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

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99

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

ANEXOS

Fonte: Bloomberg; cálculos CMVM.

Quadro A1 – Evolução Macroeconómica 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

PortugalVariação do PIB real (%) 1,9 -1,8 -4,1 -1,1 0,9 1,8 1,9 2,8 2,1Desemprego (%) 10,8 12,7 15,6 16,2 13,9 12,4 11,1 8,9 7,0Défice Orçamental (% PIB) -11,2 -7,4 -5,7 -4,8 -7,2 -4,4 -2,0 -3,0 Variação do Índice de Preços do Consumidor (%) 1,4 3,6 2,8 0,5 -0,2 0,5 0,6 1,6 1,2Balança Corrente (% do PIB) -10,2 -6,0 -1,8 1,6 0,1 0,1 0,6 0,5 -0,6Zona Euro Variação do PIB real (%) 2,1 1,6 -0,9 -0,2 1,4 2,1 2,0 2,4 1,8Desemprego (%) 10,2 10,2 11,4 12,0 11,6 10,9 10,0 9,1 8,2Défice Orçamental (% PIB) -6,2 -4,2 -3,7 -3,1 -2,5 -2,0 -1,6 -1,0 Variação do Índice de Preços do Consumidor (%) 1,6 2,7 2,5 1,4 0,4 0,2 0,2 1,5 1,8Balança Corrente (% do PIB) -0,1 -0,1 1,4 2,3 2,5 2,9 3,2 3,2 3,0EUA Variação do PIB real (%) 2,6 1,6 2,2 1,8 2,5 2,9 1,6 2,2 2,9Desemprego (%) 9,6 8,9 8,1 7,4 6,2 5,3 4,9 4,4 3,9Défice Orçamental (% PIB) -8,4 -7,9 -6,5 -3,3 -2,7 -2,6 -3,1 -3,4 -4,2Variação do Índice de Preços do Consumidor (%) 1,4 1,6 1,9 1,5 1,6 1,3 1,7 1,6 1,9Balança Corrente (% do PIB) -2,9 -2,9 -2,6 -2,1 -2,1 -2,2 -2,3 -2,3 BRICS Variação do PIB real (%) 8,7 7,5 6,1 5,9 5,4 5,0 5,2 5,7 5,7Desemprego (%) 6,0 5,6 5,2 5,3 5,1 5,2 5,5 5,7 5,3Défice Orçamental (% PIB) -2,4 -2,2 -2,1 -2,3 -2,3 -3,9 -4,4 -4,2 Variação do Índice de Preços do Consumidor (%) 5,4 6,5 4,3 4,6 3,9 3,9 3,6 2,3 2,6Balança Corrente (% do PIB) 1,4 0,6 0,6 0,2 0,9 1,8 1,1 0,7 0,9Economia Mundial Variação do PIB real (%) 5,4 4,3 3,5 3,5 3,6 3,5 3,3 3,8 3,7Variação do Índice de Preços do Consumidor (%) 3,7 5,1 4,1 3,7 3,2 2,8 2,8 3,2 3,8

-0,6

-0,1

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0,9

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2,4

2,9

3,4

0,0

0,5

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1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

Gráfico A1 – Curva de rendimentos nos mercados interbancários dos EUA e Zona Euro

Ref. Rate

1 SemanaOIS

1 Mês

6 Meses

3 Meses

12 Meses

Ref. Rate

1 SemanaOIS

1 Mês

6 Meses

3 Meses

12 Meses

(%) (%)

Fonte: Bloomberg;cálculos CMVM.

Graf Esq.

Graf Dir.

2018

2015

2012

2009

2018

2015

2012

2009

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100

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

MERCADO PRIMÁRIO E OFERTAS

Fonte: AFME; cálculos CMVM.

Fonte: Bloomberg (esq) e BCE (dir); cálculos CMVM.

Gráfico A3 – Valor dos IPOs na Europa por país (esq) e setor do emitente (dir)

Alemanha

Reino Unido

Siíça

Itália

Holanda

França

Suécia

Finlândia

Espanha

República Checa

Eslovénia

Dinamarca

Bélgica

Outros

FinanceiroTransportes

EletrónicaSaúde

ImobiliárioPapel

AutomóvelFundos de Invest.

CombustíveisEnergia

RestauraçãoMineração

EquipamentoServ. Profissionais

ConstruçãoRetalho

TelecomunicaçõesQuímicos

Outros

11.3 7.45.4

5.35.2

2.81.5

1.31.11.1

0.80.6

0.40.40.40.3

0.10.1

0.2

0.2

8.0

2.9

2.0

1.1

0.90.9

0.8

0.70.7

0.6

0.6

2.1

2.0

0

€ 10^9 € 10^9

2 4 6 8 10 12 0 1 2 3 4 5 6 7 8

0

10

20

30

40

50

60

70VIX SKEW

100

105

110

115

120

125

130

135

140

145

150

Gráfico A2 – VIX e SKEW (esq) e CISS - Zona Euro (dir)

Graf Esq.

Graf Dir.

MercadoObrigacionista

Mercado Acionista

IntermediáriosFinanceiros

Mercado CambialMercado Monetário

Correlação

VIX

SKEW

SKEW Média Móvel(12 meses)

CISS_ECB

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Jan.

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8

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101

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Quadro A2 – Montantes colocados de obrigações do Tesouro de taxa fixa

Meses 2014 2015 2016 2017 2018

Janeiro 3 250,0 5 500,0 4 000,0 3 000,0 4 000,0

Fevereiro 3 000,0 3 043,0 - 1 301,1 1 311,0

Março - - 2 380,4 1 158,5 1 267,3

Abril 750,0 4 026,4 1 500,0 1 388,7 3 000,0

Maio - 3 552,3 1 367,8 1 427,6 1 207,0

Junho 975,0 - 1 065,4 1 350,8 1 000,0

Julho - 1 740,6 2 340,1 1 130,6 950,0

Agosto - - - - -

Setembro 3 500,0 3 000,0 1 947,8 2 732,9 1 000,0

Outubro 1 141,6 1 300,0 1 021,0 1 386,9 797,3

Novembro 2 956,9 1 183,8 780,2 1 250,0 1 250,0

Dezembro - - - 1 039,0 1 906,0

TOTAL 15 573,6 23 346,1 16 402,7 17 166,3 17 688,6

Quadro A3 – Maturidade e taxas ponderadas das obrigações do Tesouro de taxa fixa

Perído da Taxa Fixa 2017 2018

3 anos 508 3,0 4,80 1,22 - - - -

4 anos - - - - 490 2,8 2,20 0,58

5 anos 5 627 32,8 2,20 1,44 3 527 19,9 4,95 0,60

6 anos - - - - - - - -

7 anos 636 3,7 5,65 3,67 - - - -

8 anos 721 4,2 2,88 3,30 - - - -

9 anos 651 3,8 2,88 3,95 341,00 1,9 4,125 1,62

10 anos 8 666 50,5 4,13 3,16 9 738 55,1 2,125 1,98

11 anos - - - - - - - -

14 anos - - - - - - - -

15 anos - - - - - - - -

16 anos - - - - 3 300 18,7 2,25 2,32

21 anos - - - - - - - -

22 anos - - - - - - - -

27 anos - - - - 292 1,7 4,10 2,80

28 anos 359 2,1 4,10 3,98 - - - -

29 anos - - - - - - - -

30 anos - - - - - - - -

TOTAL 17 166 100,0 17 689 100,0

Fonte: IGCP; cálculos CMVM.

Fonte: IGCP; cálculos CMVM.

Valor % Taxa de cupão (%)

TMP das Colocações (%)

Valor % Taxa de cupão (%)

TMP das Colocações (%)

Unidade: 10^6

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102

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

MERCADO SECUNDÁRIO

Quadro A4 – Capitalização bolsista – Portugal

Valor % Valor % Valor % (2016-17) (2017-18)

Obrigações 110 970,5 46,7 129 961,3 45,7 136 945,5 70,7 17,1 5,4

Dívida Pública 107 141,6 45,1 126 821,3 44,6 135 289,2 69,9 18,4 6,7

O. Fundos Públicos e Equip. 7,4 0,0 6,5 0,0 6,0 0,0 -11,6 -7,2

Diversas 3 821,5 1,6 3 133,5 1,1 1 650,2 0,9 -18,0 -47,3

Ações 124 261,0 52,3 152 015,0 53,4 54 306,1 28,0 22,3 -64,3

PSI 20 (1) 49 504,1 20,8 58 708,9 20,6 52 210,5 27,0 18,6 -11,1

Outras 74 756,8 31,4 93 306,2 32,8 2 095,6 1,1 24,8 -97,8

TP e UP 342,8 0,1 178,3 0,1 114,6 0,1 -48,0 -35,7

Direitos 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 - -

Warrants 274,8 0,1 162,5 0,1 341,6 0,2 -40,9 110,2

Certificados 1953,7 0,8 2158,7 0,8 1943,4 1,0 10,5 -10,0

Convertíveis 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 - -

ETF 12,2 0,0 16,9 0,0 11,5 0,0 38,7 -32,3

TOTAL (2) 237 814,9 100,0 284 492,7 100,0 193 662,6 100,0 19,6 -31,9

Euronext Lisbon 234 858,2 98,8 281 492,2 98,9 190 990,4 98,6 19,9 -32,2

Euronext Access 2 912,6 1,2 2 967,5 1,0 2 641,2 1,4 1,9 -11,0

Euronext Growth 44,2 0,0 33,0 0,0 31,1 0,0 -25,3 -5,8

Quadro A5 – Transações no mercado a contado

Perído da Taxa Fixa

Mercados Regulamentados 25 670,7 21,1 29 597,6 26,1 24 919,2 17,6

Euronext Lisbon - Sessões Normais 22 170,7 18,2 25 013,6 22,1 23 758,1 16,8

Euronext Lisbon - Sessões Especiais 3 500,0 2,9 4 584,0 4,0 1 161,1 0,8

Sistemas de Negociação Multilateral 96 271,8 78,9 83 609,2 73,9 116 484,2 82,4

Euronext Growth 0,0 0,0 0,3 0,0 0,0 0,0

Euronext Access 569,8 0,5 1 121,4 1,0 675,2 0,5

MTS 95 702,0 78,5 82 487,5 72,9 115 809,0 81,9

Internalização Sistemática 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

TOTAL 121 942,5 100,0 113 206,8 100,0 141 403,4 100,0

Fonte: Euronext; cálculos CMVM.

(1) Em 31 de dezembro de 2018 o índice PSI 20 era composto por 18 títulos (os valores da tabela contabilizam o valor de mercado das empresas

que integram o PSI 20, sem aplicação dos seus limites de composição); (2) Inclui a capitalização bolsista de emitentes de direito estrangeiro.

Fonte: CMVM, Euronext Lisbon e MTS; cálculos CMVM. (1) artigo nº 198 do Código dos Valores Mobiliários.

Valor.%Valor.%201820172016

Valor Peso % Valor Peso % Valor Peso %201820172016

Unidade: € Milhões

Unidade: € Milhões

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103

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Fonte: Bloomberg, cálculos CMVM.

Nota: Europa - Eurostoxx e EUA – S&P500; Base 1 janeiro de 2018.

Fonte: WFE; cálculos CMVM.

Gráfico A4 – Capitalização bolsista (esq) e número de empresas listadas (dir) em bolsas americanas e europeias

NYSE Nasdaq - US Euronext LSE Group NYSE Nasdaq - US Euronext LSE Group

0

5

10

15

20

25

Graf Esq.

Dez.16

Dez.17

Graf Dir.

Dez.18

PSI 20

S&P 500

MSCI W

MSCI EU

USD Biliões N.º

0

500

1 000

1 500

2 000

2 500

3 000

3 500

Gráfico A5– Retorno dos índices setoriais na Europa (esq) e nos EUA – S&P500 (dir)

Utili

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20%

10%

0%

-10%

-20%

-30%

-40%

Graf Esq.

2018

31.12.18

Graf Dir.

2018

31.12.18

Utili

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Saúd

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Cons

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30%

20%

1%

-10%

-10%

-20%

-30%

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104

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Quadro A6 – Indicadores de liquidez das ações admitidas ao Euronext Lisbon

Var. 2014 2015 2016 2017 2018 (2017-18)

20 Ações mais Transacionadas

Quantidade 127 788 801 923 116 976 654 642 78 122 965 518 24 303 559 749 17 414 814 672 -28,3%

Valor (€ Milhões) 37 887 27 838 21 564 23 451 22 667 -3,3%

Quota (Quantidade) 98,6% 98,0% 99,8% 98,6% 98,9% 0,4 p.p.

Quota (Valor) 98,4% 99,4% 98,4% 99,3% 98,6% -0,7 p.p.

Turnover Médio (1) 67,8% 60,3% 50,5% 52,4% 44,7% -7,7 p.p.

Frequência Média de Negociação (2) 96,7% 99,6% 99,6% 99,7% 100,0% 0,3 p.p.

Restantes Ações Admitidas no Euronext Lisbon

Quantidade 1 851 956 051 2 406 920 702 128 784 366 350 166 718 186 965 991 -46,6%

Valor (€ Milhões) 622 179 358 155 317 104,0%

Quota (Quantidade) 1,4% 2,0% 0,2% 1,4% 1,1% -0,4 p.p.

Quota (Valor) 1,6% 0,6% 1,6% 0,7% 1,4% 0,7 p.p.

Turnover Médio (1) 16,3% 8,6% 5,5% 11,0% 6,3% -4,7 p.p.

Frequência Média de Negociação (2) 64,1% 59,2% 50,5% 63,4% 66,2% 2,8 p.p.

Quadro A7 – Valores mobiliários integrados na Central de Valores Mobiliários

Valores Mobiliários

Acções 477 473 461 364 061 55 591 378 863 64 477 1 956 209 63 699

UP 40 40 43 525 0 124 0 108 0

Warrants 1 433 887 982 671 0 459 0 605 0

Certificados 327 301 118 559 0 391 0 296 0

SubTotal 2 277 1 701 1 604 365 817 55 591 379 837 64 477 1 957 218 63 699

Emissões integradas pelo montante do valor nominal emitido

Obrigações 712 673 602 (*) 208 192 (*) 213 985 (*) 222 160

Dívida Pública 22 25 27 (*) 115 940 (*) 126 013 (*) 135 222

Outras 690 648 575 (*) 92 252 (*) 87 971 (*) 86 938

TP 4 4 2 (*) 107 (*) 107 (*) 79

VMOC 2 2 3 (*) 135 (*) 135 (*) 139

V.Estruturados 1 5 27 (*) 0 (*) 13 (*) 379

Papel Comercial 25 38 46 (*) 1 959 (*) 2 063 (*) 1 909

Outros val. Destacados 1 1 0 (*) 0 (*) 0 (*) 0

Bilhetes do Tesouro 6 6 6 (*) 15 189 (*) 15 427 (*) 13 620

SubTotal 751 729 686 (*) 225 582 (*) 231 730 (*) 238 285

TOTAL 3 028 2 430 2 290 365 817 281 173 379 837 296 207 1 957 218 301 985

Fonte: Euronext Lisbon; cálculos CMVM.

Legenda: (1) O Turnover Médio é a média simples do turnover do conjunto de ações a que se refere; o turnover é o rácio entre a quantidade tran-

sacionada e a quantidade admitida no período em análise; (2) A Frequência Média de Negociação é a média simples da frequência de negocia-

ção do conjunto de ações a que se refere; a frequência de negociação é o rácio entre o número de sessões em que a ação negociou e o número

de sessões em que esteve admitida à negociação.

Fonte: Interbolsa; cálculos CMVM.

Legenda: (*) Valores Mobiliários Integrados na Central de Valores Mobiliários pelo montante da emissão.

2016Número de Emissões Quantidade Integrada

2017 2018 Milhões Unidades

Valor (€ Milhões)

Milhões Unidades

Valor (€ Milhões)

Milhões Unidades

Valor (€ Milhões)

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Quadro A8 – Serviços de liquidação de valores mobiliáriosgeridos pela Interbolsa através da Plataforma T2S

Valores Mobiliários

Quadro A9 – Transações em contratos de futuros - Portugal

Contratos de Futuros

PSI-20 2011 4 389 2 008 77 939 528,02012 6 431 1 255 66 279 348,02013 10 934 2 074 112 489 681,82014 21 748 14 675 263 883 1 642,22015 18 675 14 898 271 991 1 487,72016 15 225 6 679 197 332 934,52017 15 396 1 695 170 838 861,72018 12 553 710 130 941 691,6Ações 2011 60 83 23 188 2,72012 0 51 1 241 0,62013 0 27 372 0,22014 0 15 160 0,12015 0 12 111 0,12016 0 6 60 0,02017 0 0 0 0,02018 0 0 0 0,0TOTAL2011 4 449 2 091 101 127 530,82012 6 431 1 306 67 520 348,62013 10 934 2 101 112 861 682,02014 21 748 14 690 264 043 1 642,42015 18 675 14 910 272 102 1 487,72016 15 225 6 685 197 392 934,52017 15 396 1 695 170 838 861,72018 12 553 710 130 941 691,6

Fonte: Interbolsa; cálculos CMVM. Notas: (a) Estas operações são realizadas em mercado regulamentado e em sistema de negociação mul-tilateral; (b) O item “Outras” inclui: Liquidações no mercado primário; Market claims; e Outros movimentos entre Intermediários Financeiros.

Fonte: Euronext Lisbon; cálculos CMVM.

Posições Aberta(finaldoano)

Número de Negócios

Número de Contratos

Valor Transacionado(€ Milhões)

Operações Garantidas (a) 330 195 29 119 654 309 579 28 329 687 Obrigações 15 343 1 809 750 18 879 2 260 043 Dívida Pública 10 957 1 729 819 14 275 2 175 723 Dívida Privada 4 386 79 931 4 604 84 320 Acções 271 397 26 091 294 254 714 25 460 591 TP 27 33 0 0 UP 4 034 71 366 2 046 45 593 Warrants 26 709 100 639 25 134 80 845 Certificados 11 720 798 237 8 806 482 616 Direitos 965 248 335 0 0Operações Não Garantidas (a) 1 414 21 496 2 019 9 706 Obrigações 836 19 576 437 6 887 Acções 578 1 920 1 582 2 819Total das Operações Garantidas e Não Garantidas 331 609 29 141 149 311 598 28 339 393Operações fora do Mercado e Outras (b) 550 383 163 923 968 550 743 145 742 992 DVP 447 482 163 923 968 447 834 145 742 992 FOP 102 901 0 102 909 0

2017 2018Nº.

InstruçõesMontante

(€ Milhares)Nº.

InstruçõesMontante

(€ Milhares)

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106

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA

Quadro A10 – Ordens recebidas por tipo de investidor

Residente 36 652,5 47,3% 42 152,3 40,1% -13,0% Institucionais 24 808,7 32,0% 28 203,6 26,8% -12,0% Gestão de Ativos 2 792,8 3,6% 5 396,6 5,1% -48,2% Seguros e Fundos Pensões 10 924,5 14,1% 7 771,3 7,4% 40,6% Outros Investidores 11 091,4 14,3% 15 035,7 14,3% -26,2% Não Institucionais 11 843,8 15,3% 13 948,7 13,3% -15,1%Não Residente 40 800,5 52,7% 62 960,2 59,9% -35,2% Institucionais 34 163,9 44,1% 59 032,0 56,2% -42,1% Intermediários Financeiros 9 483,4 12,2% 7 721,7 7,3% 22,8% Gestão de Ativos 2 885,4 3,7% 3 343,0 3,2% -13,7% Seguros e Fundos Pensões 45,6 0,1% 171,3 0,2% -73,4% Outros Investidores 21 749,6 28,1% 47 796,1 45,5% -54,5% Não Institucionais 6 636,6 8,6% 3 928,2 3,7% 68,9% TOTAL 77 453,0 100,0% 105 112,5 100,0% -26,3%

Quadro A11 – Ordens recebidas por valor mobiliário e mercado de execução

Ações 16 344,5 21,1% 20 455,4 19,5% -20,1% Mercados Nacionais 7 581,1 9,8% 10 127,7 9,6% -25,1% Mercados Internacionais 5 800,2 7,5% 7 864,7 7,5% -26,2% Fora de Mercado 2 908,5 3,8% 2 448,1 2,3% 18,8% Euronext Access Lisbon 0,4 0,0% 0,4 0,0% -9,4% “Internalização” 54,3 0,1% 14,9 0,0% 264,2%Dívida Pública 41 356,8 53,4% 47 961,1 45,6% -13,8% Mercados Nacionais 1 569,9 2,0% 1 301,4 1,2% 20,6% Mercados Internacionais 426,2 0,6% 39,9 0,0% 969,4% Fora de Mercado 14 420,8 18,6% 21 843,4 20,8% -34,0% Euronext Access Lisbon 0,0 0,0% 0,0 0,0% - “Internalização” 24 940,0 32,2% 24 776,4 23,6% 0,7%Dívida Privada 12 937,3 16,7% 28 248,5 26,9% -54,2% Mercados Nacionais 179,4 0,2% 259,3 0,2% -30,8% Mercados Internacionais 501,6 0,6% 366,3 0,3% 36,9% Fora de Mercado 8 537,6 11,0% 16 764,5 15,9% -49,1% Euronext Access Lisbon 0,0 0,0% 0,2 0,0% -100,0% “Internalização” 3 718,7 4,8% 10 858,4 10,3% -65,8%Warrants Autónomos 265,9 0,3% 331,0 0,3% -19,7% Mercados Nacionais 145,5 0,2% 231,1 0,2% -37,1% Mercados Internacionais 4,6 0,0% 20,7 0,0% -78,0% Fora de Mercado 115,8 0,1% 78,9 0,1% 46,8% Euronext Access Lisbon 0,1 0,0% 0,3 0,0% -84,3% “Internalização” 0,0 0,0% 0,0 0,0% -100,0%Outros VMs 6 548,5 8,5% 8 116,5 7,7% -19,3% Mercados Nacionais 724,3 0,9% 1 493,7 1,4% -51,5% Mercados Internacionais 2 120,0 2,7% 1 712,3 1,6% 23,8% Fora de Mercado 1 488,4 1,9% 1 686,0 1,6% -11,7% Euronext Access Lisbon 0,0 0,0% 0,0 0,0% -100,0% “Internalização” 2 215,8 2,9% 3 224,5 3,1% -31,3% TOTAL 77 453,0 100,0% 105 112,5 100,0% -26,3%

Fonte: CMVM.

Fonte: CMVM.

Valor % Valor % Δanual2018 2017

Valor % Valor % Δanual2018 2017

Unidade: € Milhões

Unidade: € Milhões

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Quadro A13 – Ordens recebidas (todos os derivados) - por tipo de investidor

Residente 75 466,5 82,8% 76 437,1 84,0% -1,3%

Institucionais 24 647,0 27,0% 23 953,5 26,3% 2,9%

Gestão de Ativos 9 504,6 10,4% 6 485,9 7,1% 46,5%

Seguros e Fundos Pensões 14 780,4 16,2% 16 101,5 17,7% -8,2%

Outros Investidores 362,0 0,4% 1 366,0 1,5% -73,5%

Não Institucionais 50 819,4 55,8% 52 483,6 57,6% -3,2%

Não Residente 15 679,8 17,2% 14 603,2 16,0% 7,4%

Institucionais 3 806,8 4,2% 4 422,1 4,9% -13,9%

Intermediários Financeiros 779,2 0,9% 786,0 0,9% -0,9%

Gestão de Ativos 1 893,5 2,1% 1 526,9 1,7% 24,0%

Seguros e Fundos Pensões 0,0 0,0% 0,0 0,0% -

Outros Investidores 1 134,1 1,2% 2 109,3 2,3% -46,2%

Não Institucionais 11 873,1 13,0% 10 181,1 11,2% 16,6%

TOTAL 91 146,3 100,0% 91 040,3 100,0% 0,1%

Fonte: CMVM.

Quadro A12 – Tipo de instrumento financeiro derivado

Futuros 35 144,9 38,6% 37 224,7 40,9% -5,6%

Opções 66,7 0,1% 28,8 0,0% 131,3%

CFD 54 257,0 59,5% 51 142,5 56,2% 6,1%

Outros Derivados 1 677,8 1,8% 2 644,3 2,9% -36,6%

TOTAL 91 146,3 100,0% 91 040,3 100,0% 0,1%

Fonte: CMVM.

Quadro A14 – Transações executadas por tipo de valor mobiliário

Ações 10 889,7 16,5% 12 722,0 14,1% -14,4%

Dívida Pública 40 397,5 61,3% 47 193,0 52,4% -14,4%

Dívida Privada 12 333,1 18,7% 26 728,4 29,7% -53,9%

Warrants Autónomos 230,3 0,3% 299,4 0,3% -23,1%

Outros VMs 2 003,9 3,0% 3 113,5 3,5% -35,6%

TOTAL 65 854,5 100,0% 90 056,1 100,0% -26,9%Fonte: CMVM.

Unidade: € Milhões

Valor % Valor % Δanual2018 2017

Valor % Valor % Δanual2018 2017

Valor % Valor % Δanual2018 2017

Unidade: € Milhões

Unidade: € Milhões

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Quadro A16 – Transações na carteira de negociação por valor mobiliário e tipo de mercado

Quadro A15 – Ordens executadas por tipo instrumento financeiro derivado (todos os derivados)

Futuros 2 235,5 8,9% 1 649,6 5,4% 35,5%

Opções 0,1 0,0% 1,9 0,0% -93,4%

CFD 22 755,3 90,7% 28 557,4 93,8% -20,3%

Outros Derivados 98,0 0,4% 238,3 0,8% -58,9%

TOTAL 25 088,9 100,0% 30 447,2 100,0% -17,6%

Fonte: CMVM.

Unidade: € Milhões

Valor % Valor % Δanual2018 2017

Ações 794,4 0,9% 1 697,4 1,6% -53,2%

Mercados Nacionais 215,8 0,2% 274,2 0,3% -21,3%

Mercados Internacionais 524,7 0,6% 1 186,9 1,1% -55,8%

Fora de Mercado 50,2 0,1% 95,6 0,1% -47,5%

“Internalização” 3,7 0,0% 140,6 0,1% -97,4%

Dívida Pública 64 610,4 74,0% 62 387,3 59,7% 3,6%

Mercados Nacionais 602,3 0,7% 2 494,3 2,4% -75,9%

Mercados Internacionais 27 808,4 31,8% 17 050,4 16,3% 63,1%

Fora de Mercado 6 535,0 7,5% 15 281,6 14,6% -57,2%

“Internalização” 29 664,7 34,0% 27 561,0 26,4% 7,6%

Dívida Privada 20 798,5 23,8% 38 331,0 36,7% -45,7%

Mercados Nacionais 109,1 0,1% 119,6 0,1% -8,8%

Mercados Internacionais 7 486,0 8,6% 12 709,0 12,2% -41,1%

Fora de Mercado 5 761,2 6,6% 10 032,5 9,6% -42,6%

“Internalização” 7 442,2 8,5% 15 469,9 14,8% -51,9%

Warrants Autónomos 0,0 0,0% 0,2 0,0% -86,9%

Mercados Nacionais 0,0 0,0% 0,0 0,0% -100,0%

Mercados Internacionais 0,0 0,0% 0,2 0,0% -97,5%

Fora de Mercado 0,0 0,0% 0,0 0,0% -

Euronext Access Lisbon 0,0 0,0% 0,0 0,0% -

“Internalização” 0,0 0,0% 0,0 0,0% -100,0%

Outros VMs 1 125,9 1,3% 2 140,3 2,0% -47,4%

Mercados Nacionais 50,4 0,1% 104,4 0,1% -51,7%

Mercados Internacionais 310,3 0,4% 74,8 0,1% 314,7%

Fora de Mercado 618,4 0,7% 930,2 0,9% -33,5%

“Internalização” 146,8 0,2% 1 030,9 1,0% -85,8%

TOTAL 87 329,2 100,0% 104 556,1 100,0% -16,5%Fonte: CMVM.

Unidade: € Milhões

Valor % Valor % Δanual2018 2017

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Quadro A17 – Transações na carteira de negociação por instrumento financeiro derivado

Fonte: WFE; cálculos CMVM.

Futuros 58 675,7 100,0% 55 662,4 99,7% 5,4%

Opções 14,1 0,0% 152,6 0,3% -90,7%

CFD 5,7 0,0% 0,6 0,0% 900,5%

Outros Derivados 0,0 0,0% 0,0 0,0% -

TOTAL 58 695,5 100,0% 55 815,6 100,0% 5,2%

Fonte: CMVM.

Unidade: € Milhões

Valor % Valor % Δanual2018 2017

Gráfico A6 – Registo e depósito por conta própria:titulares por tipo de valor mobiliário no mercado regulamentadoResidentes Não Residentes

2010 20112012

20132014 2015 2016 2017

20182010 2011

20122013

2014 2015 2016 20172018

€ Milhões € Milhões

Graf Esq.

Ações

Dívida Pública

Graf Dir.

Outros ValoresMobiliários

Ações

Dívida Pública

Outros ValoresMobiliários

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

0

2500

5000

7500

10000

12500

15000

17500

20000

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

GESTÃO DE ATIVOSGestão Individual de Carteiras por Conta de Outrem

Fonte: CMVM.

Fonte: CMVM.

Gráfico A7 – Valor médio das carteiras

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

0

500

10 000

15 000

20 000

25 000

30 000

35 000Número de

Carteiras (Esq.)

Valor Médio das Carteiras

Sob Gestão (Dir.)

0

1 000

2 000

3 000

4 000

5 000

6 00010^3 Euros

Gráfico A8 – Composição das carteiras geridas por conta de outrem

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Ações

Dívida Pública

Obrigações

Outros VM

UP

Outros Activos

0

10 000

20 000

30 000

40 000

50 000

60 000

70 000

80 00010^6 Euros

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

GESTÃO COLETIVA DE ATIVOS

Organismos de Investimento Coletivo em Valores Mobiliários

Fonte: CMVM.

Quadro A18 – Ativos líquidos - Mundo

2018 9,3 5,9 15,2 20,22017 9,7 5,9 15,6 20,32016 8,7 5,5 14,2 19,8

Fonte: EFAMA e ICI.

Quadro A19 – Subscrições líquidas de resgates - Europa10^9 Euros

OICVM 2018 108 78 -26 -11 -33 128 1172017 160 176 314 68 22 671 7402016 -9 49 110 111 9 159 270FIA 2018 -10 32 -14 -8 -128 136 1282017 27 42 -14 -3 157 212 2082016 13 66 18 1 93 189 191Total 2018 98 110 -40 -19 -161 264 2452017 187 218 300 65 179 883 9482016 4 115 128 112 102 348 461

Fonte: EFAMA; cálculos CMVM

Gráfico A9 – Estrutura da carteira dos OICVM

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Ações

Dívida Pública

Liquidez

Obrigações

UP

Outros

2 000

4 000

6 000

8 000

10 000

12 000

14 00010^6 Euros

0

OICVM FIA Total TotalEuropa EUA

Ações Mistos Obrigações Mercado Outros Longo Prazo Total Monetário

Unidade: 10^12 Euros

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Fundos de capital de riscoe sociedades de capital de risco

Quadro A20 – Carteira de investimento dos FCR e das SCR, por fase de investimento

697,0 771 601,1 754

Seed capital 175,5 217 157,4 234

Start-up 317,0 416 288,0 380

Early-stage 204,5 138 155,7 140

2 841,2 849 2 835,9 893

Expansão 758,9 422 771,3 442

Capital de substituição 156,5 36 199,4 42

Turnaround 1 194,6 276 1 151,4 284

Refinanciamento da divida bancária 0,8 34 0,8 34

Management buyout 615,1 17 615,3 12

Management buyin 13,9 2 15,4 10

Outros 101,4 62 82,3 69

Total 3 538,2 1 620 3 437,0 1 647

Fonte: CMVM.

Quadro A21 – Ativos sob gestão das SCR, por tipo de investimentos

Participações 64 19,4 8,0 84 28,1 11,8

Participações sociais - ações não cotadas 60 19,4 8,0 76 26,2 11,0

Participações sociais - ações cotadas 1 0,0 0,0 1 0,0 0,0

Participações sociais - quotas 3 0,0 0,0 7 1,9 0,8

Outrosfinanciamentos 72 95,2 39,1 70 87,1 36,6

Prestações suplementares 3 1,0 0,4 6 0,9 0,4

Prestações acessórias 6 0,4 0,2 3 0,1 0,1

Suprimentos 12 4,5 1,9 8 2,1 0,9

Obrigações e Outros Títulos de Dívida 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0

Empréstimos 4 0,6 0,3 3 0,5 0,2

Investimentos em UP de FCR 47 88,6 36,5 50 83,5 35,1

Sub Total 136 114,5 47,1 154 115,3 48,4

Depósitos e outros meios líquidos afectos a CR 91,6 37,7 85,4 35,9

Outros (3) 37,0 15,2 37,4 15,7

Sub Total 128,6 52,9 122,8 51,6

Total 243,1 100,0 238,1 100,0

Fonte: CMVM. Notas: (1) Valores em milhões de Euros. (2) De acordo com a valorização de cada ativo reportada no âmbito da Instrução CMVM Nº 7/2016. (3) Outros ativos afetos ao investimento em capital de risco.

Fases do Investimento Dez. 2017 Dez. 2018Investimento

(10^6 Euro)N.º

ParticipaçõesInvestimento

(10^6 Euro)N.º

Participações

SCR Dez. 2017 Dez. 2018

Nº de investimentos

Valor (1) (2) % Ativo sob gestão

Nº de investimentos

Valor (1) (2) % Ativo sob gestão

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Quadro A22 – Ativos sob gestão dos FCR, por tipo de investimentos

Participações 660 933,5 20,6 27,3 672 982,9 21,4 29,6

Participações sociais - ações não cotadas 592 861,2 19,0 25,2 590 944,2 20,6 28,4

Participações sociais - ações cotadas 5 8,1 0,2 0,2 6 9,5 0,2 0,3

Participações sociais - quotas 63 64,3 1,4 1,9 76 29,2 0,6 0,9

Outros financiamentos 824 2 490,1 54,9 72,7 821 2 338,8 51,0 70,4

Prestações suplementares 83 57,8 1,3 1,7 110 112,6 2,5 3,4

Prestações acessórias 220 982,4 21,7 28,7 207 867, 18,9 26,1

Suprimentos 314 790,9 17,4 23,1 291 728,3 15,9 21,9

Empréstimos titulados 36 52, 1,1 1,5 42 60, 1,3 1,8

Empréstimos não titulados 148 558,7 12,3 16,3 148 524,1 11,4 15,8

Investimentos em UP de FCR 23 48,3 1,1 1,4 23 46,8 1,0 1,4

Sub Total 1 484 3 423,6 75,4 100,0 1 493 3 321,7 72,4 100,0

Depósitos e outros meios líquidos afectos a CR 374,5 8,3 363, 7,9

Outros (3) 739,6 16,3 902,7 19,7

Sub Total 1 114,0 24,6 1 265,7 27,6

Total 4 537,6 100,0 4 587,4 100,0

Fonte: CMVM. Notas: (1) Valores em milhões de Euros. (2) De acordo com a valorização de cada ativo reportada no âmbito da Instrução CMVM Nº 7/2016. (3) Outros ativos afetos ao investimento em capital de risco.

FCR Dez. 2017 Dez. 2018

%invest.

Nº de invest.

Valor (1) (2) % Ativosob gestão

%invest.

Nº de invest.

Valor (1) (2) % Ativosob gestão

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

Fonte: Pordata; cálculos CMVM.

52 Dados não consolidados, ou seja, são consideradas as operações entre entidades do mesmo setor institucional. A análise das contas nacio-

nais financeiras não consolidadas justifica-se pela disponibilidade dos dados relativos a todos os países da Zona Euro, o que não se verifica,

até à data de elaboração deste relatório, nos dados consolidados. A grande diferença entre as contas consolidadas e as não consolidadas ex-

plica-se pelo volume substancial de operações ocorridas dentro do mesmo setor ou subsetor institucional, posteriormente eliminadas com a

consolidação. Em Portugal, as principais responsáveis pela diferença entre contas consolidadas e não consolidadas são as operações entre as

entidades financeiras e em menor grau entre as sociedades não financeiras.

O MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS ENQUANTO FONTE DE FINANCIAMENTOGráfico A10 – Formação bruta de capital fixo (% do PIB)

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

0

5%

10%

15%

20%

25%Portugal

Média Zona Euro

Fonte: Eurostat52

; cálculos CMVM.

Gráfico A11 – Rácio debt-to-income das sociedades não financeiras

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

0

200%

400%

600%

800%

1 000%

1 200%

1 400%

1 600%Euro area 19

Portugal

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2018 EM NÚMEROS

RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

2018 EM NÚMEROS

MERCADO SECUNDÁRIO 53

53 Euronext Lisbon inclui o mercado

regulamento e os sistemas

de negociação multilateral

Euronext Access e Euronext Growth.

VOLATILIDADE ANUAL DO PSI 20

12,7%

VALORIZAÇÃO ANUAL DO PSI 20

-12,2%

NÚMERO DE EMPRESAS QUE DEIXARAM DE ESTAR COTADAS NA EURONEXT LISBON

6

NÚMERO DE NOVAS EMPRESAS ADMITIDAS À NEGOCIAÇÃO NA EURONEXT LISBON

3CAPITALIZAÇÃO BOLSISTA DA TOTALIDADE DOS INSTRUMENTOS FINANCEIROS ADMITIDOS NA EURONEXT LISBON

193,7MIL MILHÕES DE EUROS

CAPITALIZAÇÃO BOLSISTA EM AÇÕES NACIONAIS ADMITIDAS NA EURONEXT LISBON

54,3MIL MILHÕES DE EUROS

pmps
Cross-Out
pmps
Cross-Out
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RELATÓRIO SOBRE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS 2018

MERCADO SECUNDÁRIO

PERCENTAGEM DA NEGOCIAÇÃO EFETUADA FORA DO MERCADO RELATIVA A AÇÕES DOMICILIADAS EM PORTUGAL

56,9%

VALOR NEGOCIADO EM AÇÕESNA EURONEXT LISBON

22,5%VALOR DE DÍVIDA PÚBLICA NACIONAL TRANSACIONADO NA PLATAFORMA MTS

115,8MIL MILHÕES DE EUROS

VALOR TRANSACIONADO EM CONTRATOS DE FUTUROS SOBRE O PSI 20 NO MERCADO DE FUTUROS E OPÇÕES DA EURONEXT LISBON

692MILHÕES DE EUROS

ENERGIA NEGOCIADA EM CONTRATOS A PRAZO NO MIBEL

29 865GWH

pmps
Cross-Out
pmps
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pmps
Cross-Out
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MERCADO PRIMÁRIO E OFERTAS

3ADMISSÕES E

6 EXCLUSÕES DE EMITENTES DE AÇÕES

5 PROSPETOS DE AÇÕES

3 ADMISSÕES E

3 EXCLUSÕES DE EMITENTES DE OBRIGAÇÕES

16787MILHÕES DE EUROS VALOR DA DÍVIDA PRIVADA EMITIDA EM PORTUGAL

695MILHÕES DE EUROS VALOR DAS OBRIGAÇÕES ESTRUTURADAS/CUPÃO ZERO EMITIDAS

18,7MIL MILHÕES DE EUROS VALOR DE EMISSÃO DE DÍVIDA DIRETA PELO ESTADO PORTUGUÊS ATRAVÉS DE OBRIGAÇÕES DO TESOURO E OBRIGAÇÕES DO TESOURO DE RENDIMENTO VARIÁVEL

4,9DURAÇÃO MODIFICADA DO STOCK DE DÍVIDA PÚBLICA

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INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA

168,6 MIL MILHÕES DE EUROSVALOR DAS ORDENS RECEBIDAS POR INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS AUTORIZADOS A PRESTAR EM PORTUGAL O SERVIÇO DE RECEÇÃOE TRANSMISSÃO DE ORDENS POR CONTA DE OUTREM

312,8MIL MILHÕES DE EUROSVALOR NEGOCIADO POR CONTA PRÓPRIA PELOS INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS

337,7MIL MILHÕES DE EUROSVALOR DOS INSTRUMENTOS FINANCEIROS REGISTADOS PELOS INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS

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GESTÃO DE ATIVOS

VALOR SOB GESTÃO INDIVIDUAL DE CARTEIRAS

64,1MIL MILHÕES DE EUROS

VALOR GERIDO POR FUNDOSDE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO(215 FUNDOS)

10,6MIL MILHÕES DE EUROS

RESGATES LÍQUIDOS EM FUNDOS DE INVESTIMENTO MOBILIÁRIO

412MILHÕES DE EUROS

VALOR GERIDO POR FUNDOS DE INVESTIMENTO MOBILIÁRIO (154 FUNDOS)

11,2MIL MILHÕES DE EUROS

SUBSCRIÇÕES LÍQUIDAS EM FUNDOS DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO

282MILHÕES DE EUROS

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Cross-Out
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GESTÃO DE ATIVOS

4,0MIL MILHÕES DE EUROS

MONTANTE EMITIDO DE OBRIGAÇÕES TITULARIZADAS POR SOCIEDADES DE TITULARIZAÇÃO DE CRÉDITOS

3,3MIL MILHÕES DE EUROS

SUBSCRIÇÕES LÍQUIDAS EM FUNDOS DE INVESTIMENTO DOMICILIADOS NO ESTRANGEIRO AUTORIZADOS A SEREM COMERCIALIZADOS EM PORTUGAL

150MILHÕES DE EUROS

VALOR DE FUNDOS DE INVESTIMENTO DOMICILIADOS NO ESTRANGEIRO AUTORIZADOS A SEREM COMERCIALIZADOS EM PORTUGAL

VALOR GERIDO POR FUNDOS DE TITULARIZAÇÃO DE CRÉDITOS

5,3MIL MILHÕES DE EUROS

ATIVOS SOB GESTÃO POR OPERADORES NACIONAIS DE CAPITAL DE RISCO

4,8MIL MILHÕES DE EUROS

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sifm
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