Date post: | 12-Nov-2015 |
Category: |
Documents |
Upload: | paulo-chagas-de-souza |
View: | 16 times |
Download: | 0 times |
Paulo Chagas de Souza
DL-FFLCH-USP
100 Anos com Saussure
DL/FFLCH/USP - 2013
1
Saussures Four Dichotomies and the Lopsided Development
of Linguistic Theory
As Dicotomias de Saussure
Sincronia x diacronia.
Lngua x fala.
Significante x significado.
Sintagma x paradigma.
Deram origem a escolhas equivocadas.
A 2 tarefa da lingustica (cap. 2, intro. CLG) buscar as foras que esto em jogo de modo permanente e universal em todas as lnguas.
2
A Lingustica e as Dicotomias
Com relao a vrias das dicotomias, estruturalismo e gerativismo tenderam a optar por um dos lados.
Sincronia vs (diacronia). J em Saussure.
Lngua vs (fala). J em Saussure.
Significante vs (significado).
Sintagma vs (paradigma).
3
1) Sincronia vs diacronia
Lingustica no sc XIX: histrico-comparativa.
Genealogia, mudanas. Leis fonticas.
Saussure de cerma forma teve que enfatizar a sincronia para afirm-la diante da diacronia (Paul).
Pontos de vista com resultados diferentes: dcrpi e dcrpit (cap. 3 da parte III).
Portugus: obcecado e obsesso.
4
Ilustrando
Verbos latinos formavam derivados chamados intensivos ou iterativos.
pello, pellere, pulsum: bater, impelir.
pulso, pulsare, pulsatum: bater (horas).
Houve casos em que s o particpio sobreviveu. Ex.:
accipio, accipere, acceptu-.
accepto, acceptare, acceptatu-.
Sem intensividade ou iteratividade.
5
Persistncia Diacrnica
Surgiram verbos com particpios duplos sem alternncia no radical.
Diferentes de prender (prendido, preso).
Os verbos intensivos e iterativos eram da 1a conjugao.
Esse tipo de particpio duplo aparentemente se restringiu 1a conjugao durante quase 2 milnios.
6
Fonologia Evolutiva
Blevins (2004): Evolutionary Phonology.
Vira a dicotomia sincronia x diacronia de cabea para baixo.
Processos fonolgicos sincrnicos comuns so processos diacrnicos comuns.
A explicao fundamental a diacrnica.
A sincrnica frequentemente desnecessria.
Ex.: palatalizao, ensurdecimento final.
7
Arbitrariedade
Outro ponto fundamental da concepo saussuriana da linguagem a arbitrariedade do signo.
O signo arbitrrio sincronicamente.
Diacronicamente, ele a preservao de uma tradio.
8
2) Lngua e Fala
Lngua (vs fala). Competncia (vs performance).
Sociolingustica (Labov): estudar a variao e, por consequncia, a mudana.
Variao era uma das latas de lixo da lingustica.
Resgate tambm dos corpora.
Resgate da fala.
9
Lingustica baseada no Uso
O uso modifica a gramtica.
A fala modifica a lngua.
Bybee (2001): morfologia, fonologia.
Paralelo com gramaticalizao.
Papel importante da frequncia.
Exs: (o)brigado, (es)t, (es)tava, (li)cena, precisa > psa.
10
Outra concepo
Aquisio no se baseia numa gramtica universal, mas se fundamenta em duas capacidades mais gerais do ser humano (Tomasello 2003).
1) Capacidade de identificar padres ou categorizar (pattern-finding).
2) Capacidade de identificar a inteno de outros seres humanos (intention-reading).
11
3) Significado vs significante
Dificuldade notria do estruturalismo americano de lidar com tudo que no fosse visvel.
Lingustica gerativa: apesar de romper com o estruturalismo, segue quase fielmente na averso a lidar com o significado.
Centralismo sinttico: predomnio dos aspectos configuracionais do significado (rvores sintticas).
12
Semntica interpretativa? Se a semntica interpretativa, ela
essencialmente fica de braos cruzados esperando o que a toda poderosa sintaxe vai conceder a ela.
Jackendoff (1990): por que os sintaticistas deveriam se importar com solues semnticas se tm ferramentas sintticas?
Isso seria equivalente a buscar uma moeda perdido em volta de um s poste de iluminao.
A soluo proposta por Jackendoff a de construir mais postes.
13
Belletti & Rizzi (1988) a) Giannik sik teme.
b) * Giannik sik preoccupa.
Contorcionismo para explicar a diferena sintaticamente.
Jackendoff e outras teorias sintticas (HPSG e LFG, por ex.) consideram a existncia de um nvel semntico autnomo (o nome varia).
O Minimalismo multiplica o nmero de operaes sintticas.
14
4) Sintagma vs paradigma
Relaes sintagmtica (in prsentia) vs relaes associativas (in absentia) ou paradigmticas.
Lingustica gerativa: nfase em modelos restritivos (seja qual for o critrio dessa restritividade).
O sintagma talvez seja mais limitado.
As associaes ou analogias so essencialmente irrestritas.
Morfologia Distribuda: no h paradigmas.
15
Unidade e Diversidade
Estruturalismo: frequentemente buscava estudar cada lngua em seus prprios termos.
nfase na diversidade.
Joos: As lnguas podem variar praticamente sem limite.
Gerativismo: nfase na universalidade. Gramtica universal. nfase na sintaxe.
Incio baseado no ingls.
16
Acentuao em grego
Acentuao do genitivo plural dos nomes gregos da primeira declinao:
Regra geral sistemtica: acento sempre cai na terminao -n. Exs. (resp. nom. sg e gen. pl.): [tim], [timn] honra; [xra], [xrn] pas; [alatta], [alattn] mar.
H uma exceo sistemtica nos adjetivos de 1/2 conjugao: [prtos], [prt], [prton] , o feminino faz o genitivo [prtn].
17
Uma Sntese? Muitas escolhas tericas excluem diversos fenmenos ou perspectivas por decreto.
Estruturalismo: fala, diacronia; significado (EUA).
Gerativismo: performance, paradigma, (significado).
Abordagens dedutivas a priori so apresentadas como mais adequadas, mas do origem a universais de 15 minutos ou, pior, de 15 anos, sem sustentao.
18
Um Rumo? Que as hipteses sejam hipteses, e no se transformem em dogmas, o que infelizmente ocorre com muita facilidade.
Que ns linguistas no promovamos a persistncia diacrnica das teorias por inrcia ou coisa pior.
Que as reas da lingustica no sejam territrios defendidos a qualquer custo.
Que nenhum lado de nenhuma dicotomia seja excluda por decreto.
19
Referncias
Belletti, Adriana & Rizzi, Luigi (1988). Psych-Verbs and -Theory, in Natural Language and Linguistic Theory 6: 291-352.
Blevins, Juliette (2004). Evolutionary Phonology: The Emergence of Sound Patterns. Cambridge: CUP.
Bybee, Joan (2001). Phonology and Language Use. Cambridge: CUP.
Jackendoff, Ray (1990). Semantic Structures. Cambridge, MA: MIT Press.
Tomasello, Michael (2003). Constructing a Language. Harvard University Press.
20