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Tecnologia: novas abordagens, conceitos, dimensões e gestão · do o escoamento do excedente da...

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50 Revista Produção v. 13 n. 1 2003 Technology: news approaches, concepts, dimensions and management Abstract This paper discusses technology concepts and dimensions, in the field of technology management at the manufacture sector, with respect to product and process. Considering the embedded technology in products/ process, and the technology capability in the organizations, was possible the deployment of the term “technology”, creating the concepts of “macrotechnology” and “microtechnology”. While the macrotechnology is referent to the systemic concept of technology inside the organization, the microtechnology is referent to the technology inside the product/process. These concepts allow to analyze strategic and operational aspects of technology manage- ment. A preliminary field research has detected limited capability in organizations with respect the components of microtecnology and macrotechnology. Key words Technology, technology management, product development. JOSÉ CARLOS TEIXEIRA DA SILVA Dr. Eng. Produção / Escola Politécnica - USP Prof. Dr. Depto. Eng. de Produção - Unesp - Bauru - SP Email: [email protected] Resumo Este trabalho discute conceitos e dimensões do termo “tecnologia”, no campo da gestão da tecnologia em empresas de manufatura. Considerando a tecnologia embutida em produtos/processos, e a capabilidade tecnológica nas organizações, foi possível desdobrar o “conteúdo da tecnologia”, criando os conceitos de “macrotecnologia” e “microtecnologia”. Enquanto a macrotecnologia é referente ao conceito sistêmico dentro da organização, a microtecnologia envolve a tecnologia embutida em um produto/processo. Esses conceitos permitem análises estratégicas e operacionais no campo da gestão da tecnologia nas organizações. Uma pesquisa de campo preliminar indicou limitações das organizações com relação aos componentes da microtecnologia e da macrotecnologia. Palavras-chave Tecnologia, gestão da tecnologia, desenvolvimento do produto. Tecnologia: novas abordagens, conceitos, dimensões e gestão
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Silva

50 Revista Produção v. 13 n. 1 2003

Technology: news approaches,

concepts, dimensions and management

Abstract

This paper discusses technology concepts and dimensions, in the field of technology management at the

manufacture sector, with respect to product and process. Considering the embedded technology in products/

process, and the technology capability in the organizations, was possible the deployment of the term “technology”,

creating the concepts of “macrotechnology” and “microtechnology”. While the macrotechnology is referent to the

systemic concept of technology inside the organization, the microtechnology is referent to the technology inside

the product/process. These concepts allow to analyze strategic and operational aspects of technology manage-

ment. A preliminary field research has detected limited capability in organizations with respect the components of

microtecnology and macrotechnology.

Key words

Technology, technology management, product development.

JOSÉ CARLOS TEIXEIRA DA SILVA

Dr. Eng. Produção / Escola Politécnica - USP

Prof. Dr. Depto. Eng. de Produção - Unesp - Bauru - SP

Email: [email protected]

Resumo

Este trabalho discute conceitos e dimensões do termo “tecnologia”, no campo da gestão da tecnologia em empresas

de manufatura. Considerando a tecnologia embutida em produtos/processos, e a capabilidade tecnológica nas

organizações, foi possível desdobrar o “conteúdo da tecnologia”, criando os conceitos de “macrotecnologia” e

“microtecnologia”. Enquanto a macrotecnologia é referente ao conceito sistêmico dentro da organização, a

microtecnologia envolve a tecnologia embutida em um produto/processo. Esses conceitos permitem análises

estratégicas e operacionais no campo da gestão da tecnologia nas organizações. Uma pesquisa de campo preliminar

indicou limitações das organizações com relação aos componentes da microtecnologia e da macrotecnologia.

Palavras-chave

Tecnologia, gestão da tecnologia, desenvolvimento do produto.

Tecnologia: novas abordagens,

conceitos, dimensões e gestão

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Tecnologia: novas abordagens, conceitos, dimensões e gestão

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INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A gestão da tecnologia (“technology management” ou“management of technology”) é um campo recente de abor-dagem multidisciplinar, dentro das dimensões atuais decompetitividade das empresas na economia globalizada.Pode-se dizer que os primeiros passos ocorreram a partir dasegunda metade da década de 1980 nos Estados Unidos daAmérica – EUA, envolvendo governo, empresas e universi-dades. Essa abordagem é decorrente de movimentos nocampo da teoria organizacional das empresas.

Um histórico do sistema produtivo de maior escala, compraticamente dois séculos de maturação, indica diferentesfases quanto à forma organizacional da empresa, da produ-ção e do trabalho, bem como nas relações com o mercado eo meio ambiente, e sobretudo como são desenvolvidas eutilizadas as tecnologias de produto e de processo de produ-ção. Na última metade do século XVIII a máquina a vaporconstituiu uma inovação tecnológica importante, pois per-mitiu mecanizar o siste-ma produtivo, aumen-tando a escala de produ-ção, e agilizar os meiosde transporte, com asferrovias e a navegação,permitindo a expansãodos mercados e o escoa-mento da produção in-dustrial, agrícola e agro-industrial. Constata-se osurgimento das indústriasferroviárias e navais, com as novas tecnologias de aciona-mento, e uma série de equipamentos e componentes atéentão nunca utilizados pelos métodos anteriores de trans-porte. A expansão da produção agroindustrial, ao longo dasferrovias, quer seja no velho mundo ou no novo mundo,abriu fronteiras agrícolas nunca antes exploradas, permitin-do o escoamento do excedente da produção dos países paraoutras regiões do globo.

O movimento da qualidade empreendido pelas empresasjaponesas, a partir da década de 1960, influenciou o setorindustrial de todos os países, no campo da abordagemorganizacional da empresa, da produção e do trabalho, pelasua diferenciação da teoria da administração científicataylorista do início do século XX. A adaptação das empre-sas ocidentais àquela forma organizacional alternativa pas-sou a se constituir um paradigma, tendo em vista as diferen-ças entre as culturas ocidental e japonesa. Após quase umadécada de adaptações, no início da década de 1990 constata-se certo equilíbrio do nível de produtividade e de qualidadeentre as chamadas “empresas de classe mundial”, segundo aclassificação de Merli (1994). Essa situação induziu a um

direcionamento adicional, a partir da década de 1990, paraoutra dimensão de competitividade relacionada à inovaçãoem produtos, em processos e em tecnologia. A inovação emprodutos / tecnologia passa a ser então função de aspectosinternos e externos à empresa, dentro de um meio ambienteexterno dinâmico e de transformações. Internos, no que serefere a uma forma organizacional que permita comunica-ção contínua entre todos os níveis da organização, incluindoos aspectos de planejamento estratégico, de aprendizagem,de geração de conhecimentos, e de competência. Externos,quanto ao seu relacionamento com o mercado e meio ambi-ente, aí incluídos os consumidores, fornecedores, concor-rentes, e a análise constante da evolução tecnológica e domercado. As empresas que ainda não se adaptaram a essanova forma de gestão têm uma dupla missão, dentro dessacomplexidade de reformulação organizacional, envolvendosimultaneamente a gestão da qualidade e a gestão da tecno-logia, como fatores de competitividade e sobrevivência nomercado.

As pequenas e médias empresas – PMEs podem serconsideradas como fundamentais para a atividade econômi-ca e representam um instrumento de geração de empregos ede inovação, quando bem gerenciadas. Entretanto, as opor-tunidades de negócios para essas empresas, em um mercadoglobalizado, estão limitadas por uma variedade de fatores,entre eles, as dificuldades de acesso à informação e integra-ção naquele mercado, além da limitada capabilidade degestão da tecnologia para geração de novas tecnologias deprodutos/processos que resultem em produção comercialcom sucesso. Essas empresas têm motivado a preocupaçãogovernamental em países desenvolvidos e em desenvolvi-mento, no que refere ao fator emprego dentro do processode globalização, diretamente relacionado à manutenção eexpansão de seus mercados, e também função dos níveis decompetitividade nos campos da gestão da qualidade e dagestão da tecnologia de produtos/processos.

O presente trabalho discute aspectos relacionados aosconceitos da palavra “tecnologia”, bem como o desenvolvi-mento de novas abordagens e dimensões, dentro da configu-ração da gestão da tecnologia em empresas de manufatura,

Agestão da tecnologia (“technology management”

ou “management of technology”) é um campo

recente de abordagem multidisciplinar, dentro das

dimensões atuais de competitividade das empresas

na economia globalizada.

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independentemente de sua dimensão, envolvendo princi-palmente o campo das tecnologias de produto/processo e acapabilidade tecnológica da organização. Uma pesquisa decampo preliminar também foi conduzida, através de entre-vistas, em pequenas e médias empresas tradicionais do setorde manufaturados, visando detectar o nível de conhecimen-to dessas organizações nesse campo.

CONCEITOS E NOVAS ABORDAGENS

DA DIMENSÃO TECNOLOGIA

A utilização da palavra “tecnologia” vem sendo amplia-da para muitas áreas do conhecimento, alterando muitasvezes seu significado e distanciando-se da conceituaçãotradicional. Assim, seria oportuno caracterizar o significa-do da palavra “tecnologia” que será utilizado neste trabalho.Os conceitos envolvendo desenvolvimento de novos produ-tos, da mesma forma como abordaram Wheelwright; Clark(1992) e Utterback (1994), devem ser diferenciados doconceito de inovação tecnológica. Vamos considerar o de-senvolvimento do produto como o processo de transforma-ção de idéias, dados de mercado e tecnologias, em novosconhecimentos para geração de produtos e serviços emprodução comercial. A palavra tecnologia nesse contextopoderá significar tecnologias já conhecidas ou novas tecno-logias, uma vez que um novo produto poderá ou não incor-porar novas tecnologias. O conceito de tecnologia poderáter maior ou menor abrangência, dependendo do foco emanálise. Segundo Longo (1984), “tecnologia é o conjunto de

conhecimentos científicos ou empíricos empregados naprodução e comercialização de bens e serviços”. A concei-tuação de Blaumer (1964) apud Fleury (1978) se concentramais na fabricação, ou seja, “se refere ao conjunto deobjetos físicos e operações técnicas (mecanizadas ou manu-ais) empregadas na transformação de produtos em umaindústria”, similar à proposição de Abetti (1989) apudSteensma(1996), que define tecnologia como “um corpo deconhecimentos, ferramentas e técnicas, derivados da ciên-cia e da experiência prática, que é usado no desenvolvimen-to, projeto, produção, e aplicação de produtos, processos,sistemas e serviços”. Já a conceituação utilizada por Krugli-anskas (1996), quando analisa a gestão da inovação tecnoló-

gica em pequenas e médias empresas é mais ampla, ou seja,“tecnologia é o conjunto de conhecimentos necessários parase conceber, produzir e distribuir bens e serviços de formacompetitiva”, o que engloba todos os conhecimentos relaci-onados às atividades da empresa.

Portanto, o conceito de tecnologia utilizado neste traba-lho envolve todos esses conceitos, embora na área específi-ca de desenvolvimento do produto possa parecer, à primeiravista, que esteja incorporada somente a conceituação deBlaumer (1964) apud Fleury (1978) anteriormente referen-ciada. Os dados de mercado embutidos nos conceitos envol-vem todos os aspectos externos à empresa, que interferemem sua área de atuação, incluindo fornecedores, concorren-tes, produtos, clientes, etc., e as idéias significam o ponto departida do desenvolvimento, sendo uma dimensão depen-dente de vários fatores para sua viabilização.

Tradicionalmente, a tecnologia utilizada por uma organi-zação, dependendo das condições do meio ambiente, pode-rá ser desenvolvida internamente ou absorvida externamen-te através de contratos de pesquisa, licenciamento, partici-pação minoritária ou majoritária em outras empresas, e“joint-ventures”. Quando do desenvolvimento interno comsucesso comercial, tanto para o produto, como para o pro-cesso, a organização adquire competência naquela tecnolo-gia. De acordo com Steensma (1996), essa capacitaçãotecnológica está diretamente associada a aspectos organiza-cionais que envolvem comunicação entre as pessoas eaprendizagem, e indica que “aprendizagem organizacionalé o processo de intermediação entre a interação colaborativa

e a aquisição da competên-cia técnica”, em nível daorganização. A aprendiza-gem individual, segundoAegyris; Schom (1978)apud Steensma (1996), “énecessária mas não sufici-ente para a organização deaprendizagem (organizati-onal learning)”, e como as-

sinala Meyers (1990) apud Steensma (1996), “parece que oaprendizado da organização é diferente da soma dos conhe-cimentos dos indivíduos que a compõem”. Portanto, quan-do do desenvolvimento interno de uma tecnologia ou novoproduto em uma empresa, existe um ambiente de conforma-ção que leva a organização a adquirir capabilidade para essetipo de atividade, ou seja, uma competência da organizaçãono campo daquela tecnologia ou novo produto, extrapolan-do o conhecimento ou a competência individual das pessoasque fazem parte daquele meio ambiente. Essa competência,que denominaremos de “capabilidade tecnológica”, é umacaracterística implícita daquela organização, tipicamenteintangível, naquele escopo de tecnologia e naquele momen-

Autilização da palavra “tecnologia” vem sendo

ampliada para muitas áreas do conhecimento,

alterando muitas vezes seu significado e

distanciando-se da conceituação tradicional.

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to, sendo praticamente impossível sua transferência globalpara outras organizações, pois é função daquele meio ambi-ente. Esse aspecto da gestão da tecnologia ou desenvolvi-mento de novos produtos é fundamental para a empresa,porém ainda pouco estudado, uma vez que ele não pode sergeneralizado, ou melhor, sua caracterização é complexa einerente à própria organização. Por isso é que a “transferên-cia de tecnologia” entre organizações constitui um aspectocomplexo, pois a organização receptora não tem o mesmoambiente da organização“doadora” daquela tecnolo-gia. Essa complexidade variaem função da característicada tecnologia a ser absorvi-da, sendo menor para tecno-logias similares à existentena organização, e maior paramudanças no escopo da tec-nologia. Em sua análise so-bre aquisição de competên-cia técnica através da colabo-ração inter-organizacional,sob o ponto de vista de apren-dizado da organização re-ceptora, Steensma (1996) relaciona os diversos níveis decolaboração (contrato de pesquisa, licenciamento, inves-timento minoritário, joint-ventures, aquisição do contro-le) com o nível de aprendizado existente (simples, adap-tativo, transição, criativo), e conclui que “quanto maior onível de aprendizado existente em uma empresa, maiorsua capacidade de assumir um compromisso inter-orga-nizacional de absorção de tecnologia”. Nesse contexto,quando da pouca capacitação da empresa para a absor-ção, a universidade poderia intermediar esse processo nageração de capacitação, indo além dos contratos de pes-quisa tradicionais, resguardados os aspectos de sigilo eética envolvidos.

A gestão da tecnologia na empresa poderá ter seu espec-tro ampliado em função do conceito adotado para a palavra“tecnologia”. Uma conceituação ampliada poderá facilitar avisualização do estágio tecnológico de uma determinadaorganização em um determinado instante, independente-mente de sua dimensão, apesar das dificuldades existentesno campo das pequenas e médias empresas com a problemá-tica da transposição de teorias organizacionais desenvolvi-das em grandes empresas, de forma similar ao que ocorreuno campo da gestão da qualidade.

Tecnologia é um tópico extenso que pode significarmuitas coisas para as pessoas. Martino (1983) cita que oWebster’s Seventh Collegiate Dictionary define “tecnolo-gia” como “the totality of the means employed to provideobjects necessary for human sustenance and comfort”. Uma

versão mais generalizada do conceito de tecnologia poderiaser : “tecnologia é um sistema através do qual a sociedadesatisfaz as necessidades e desejos de seus membros”. Essesistema contém equipamentos, programas, pessoas, proces-sos, organização, e finalidade de propósito. Nesse contexto,um produto é o artefato da tecnologia, que pode ser umequipamento, programa, processo, ou sistema, o qual porsua vez pode ser parte do meio ou sistema contendo outratecnologia.

Essa abrangência indica o significado da tecnologia nacompetitividade. Muitos autores, entre eles Dussauge;Hart; Ramantsoa (1992) excluem do conceito de tecnologiaas atividades não envolvidas na produção de objetos mate-riais ou serviços, como por exemplo marketing. Tradicio-nalmente, no desenvolvimento integrado de produto e pro-cesso, as atividades de marketing fornecem um guia dosistema para produção de objetos materiais de alto valorpara o consumidor, constituindo-se de um processo de valorinerente que fornece um serviço, que na realidade é umametodologia e não uma tecnologia. Dussauge; Hart; Ra-mantsoa (1992) indicam que “a inovação tecnológica geral-mente modifica a base da competição em uma dada indús-tria ou tecnologia, e em muitos casos constitui a principalfonte de vantagem competitiva” e que “uma firma pode usara tecnologia para se colocar deliberadamente no meio com-petitivo, forçando redefinições dos negócios atuais e mu-dando as regras do jogo”. Também notam que “as vantagensconstruídas nos últimos vintes anos na indústria de semi-condutores, com relação ao custo da memória (ou processa-mento de dados), são devidas à velocidade de introduçãodas inovações e não devidas ao aumento da produção”.Acentuam ainda que, “exceto para a indústria eletrônica ede computação, os dados históricos mostraram que nosEUA uma nova tecnologia raramente reduziu os custos,pois elas geralmente aumentam o desempenho e complexi-dade dos sistemas, como, por exemplo, na indústria militare indústria de equipamentos médicos”.

Quando falamos em tecnologias de produto e

processo, quer sejam conhecidas ou novas,

na realidade estamos nos referindo a um conjunto

de tecnologias inter-relacionadas dentro do

contexto de um produto ou de um processo,

ao qual designaremos daqui para a frente pela

terminologia “microtecnologia”.

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Ainda recentemente, a indústria de manufatura ameri-cana definia seu desempenho com base em tecnologiasdisponíveis e naquilo que o consumidor queria. Ocasio-nalmente aumentava qualidade com aumento de desempe-nho. De acordo com Dertouzoz; Lester; Solow (1989), oaumento de custos com o aumento aleatório da qualidade,ao invés de baixos custos e alta qualidade, levou a indús-tria americana a perder vantagem competitiva. Em con-traste, dentro do conceito sistêmico, o Japão projetou sua“nova forma organizacional”, visando alto valor agrega-do, e incorporando “alta qualidade” e “baixo preço”, in-corporando métodos para ouvir o consumidor e desenvol-ver novos produtos, através de conceitos de desenvolvi-mento de produto e processo integrados, do desdobramentoda função qualidade, custos, confiabilidade, além do de-senvolvimento de novos mercados. Assim, somente den-tro dessa nova metodologia (sistêmica organizacional) épossível perceber o que as indústrias japonesas realmentefizeram para ter vantagem competitiva.

Dentro de uma visão sistêmica, o termo “transferência detecnologia” dificilmente se aplica, pois significaria transfe-rência de todos os aspectos do sistema, de acordo com aFigura 1. É claro que a transferência de somente uma partedo sistema não transfere tecnologia.

É evidente que esse conceito sistêmico de tecnologia, oqual designaremos de “macrotecnologia”, constitui a basepara a gestão e uso das tecnologias propriamente ditas, ou

Pessoas

Comportamento

ProcessosInformação

Conhecimento

OrganizaçãoEstrutura

Equipamentos

ProgramasCriatividade

Sincronização

Função

TECNOLOGIA

Figura 1: Conceitos Embutidos na Macrotecnologia.

seja, aquelas que designaremos de “microtecnologias”, queenvolvem as tecnologias principais e as tecnologias com-plementares, como veremos posteriormente. Análisespreliminares de alguns aspectos relacionados a esse campoforam conduzidas anteriormente em Silva (2001), Silva(2002a) e Silva (2002b). Esses conceitos se inserem nocontexto de produtos/processos, tanto novos como exis-tentes, pois a maioria dos desenvolvimentos utiliza tec-nologias já existentes. Para abordagem com novastecnologias, os componentes da “macrotecnologia” assi-nalados anteriormente são necessários, mas não suficien-tes, para ter sucesso no empreendimento, pois além dealto grau de “criatividade” o mercado deve “puxar” emdireção à inovação.

As tecnologias de produto/processo utilizadas por umaorganização são dependentes das condições do meio ambi-ente, mas devem ser competitivas no mercado em que atua.Preponderantemente devem ser desenvolvidas dentro daorganização. No campo das PMEs tradicionais, entretanto,poderá existir limitação para esse processo, pois ele édependente da existência de capacitação tecnológica daempresa, e esta, de acordo com Steensma (1996), como jácitamos anteriormente, “está diretamente associada a as-pectos organizacionais que envolvem a comunicação entreas pessoas e a aprendizagem”. Adicionalmente, a capabili-dade tecnológica incorpora também uma “habilidade” nagestão e operacionalização de um planejamento estratégico

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de tecnologia em direção às melhorias incrementais contí-nuas e novos produtos/processos, como assinalaram Silva;Plonski (1996) e Silva (2002b) quando analisam a inovaçãotecnológica na empresa. Para uma economia globalizada o“conceito de macrotecnologia” indica que o termo “transfe-rência de tecnologia” é impraticável, devido à impossibili-dade de transferência de todas as pessoas, conhecimentos efacilidades, do sistema de tecnologia de uma organizaçãopara outra.

No contexto atual da economia glo-balizada, uma empresa que não desen-volve suas próprias tecnologias de pro-duto e de processo não é competitiva,embora possa estar temporariamentecompetitiva, dependendo do setor emque atua. Essa vulnerabilidade tecnoló-gica poderá ser analisada em função dascaracterísticas das tecnologias de pro-duto e de processo utilizadas pela orga-nização em um determinado instante, deacordo com a Figura 2.

Com a orientação adotada na Figura 2, no campo detecnologias já conhecidas ou novas, podemos analisar oestágio de vulnerabilidade quanto ao produto e ao processo,em relação ao domínio dessas tecnologias, ou seja, públicasou restritas. Quando utilizamos o termo “domínio público”significa uma tecnologia de domínio público, ou seja, qual-quer concorrente poderá dispor dessa tecnologia a qualquermomento, pois os direitos de propriedade industrial já fo-ram universalizados, ou são de baixo valor agregado. Quan-do utilizamos o termo “domínio restrito” significa umatecnologia que não é de domínio público, podendo ocorrerduas possibilidades: uma relacionada à existência de proprie-dade industrial (própria ou licenciada); e a outra de proprieda-de da empresa, ainda não licenciada. Podemos ter umaempresa com reduzido conteúdo tecnológico embutido emum produto, porém com razoável conteúdo tecnológico noprocesso, ou seja, vulnerabilidade baixa. Quando a empresagera um produto com conteúdo tecnológico, mas com pro-cesso de domínio público, a vulnerabilidade pode ser consi-derada média. No caso de tecnologias de produto e processocom reduzidos conteúdos tecnológicos, a vulnerabilidade

Figura 2: Vulnerabilidade das Tecnologias na Empresa.

ProcessoProduto

Tecnologia

Conhecida

Nova

Tecnologia

Domínio Público

Domínio Restrito

Domínio Restrito

Domínio Restrito

Domínio Restrito

Domínio Público

Domínio Público

Domínio Restrito

Domínio Público

Domínio Restrito

Vulnerabilidade

Alta

Média

Baixa

Média

Baixa

pode ser considerada alta. Muitas empresas desconhecem alegislação pertinente à propriedade industrial, e expõemsuas tecnologias aos concorrentes. Evidentemente, as tec-nologias embutidas em um produto estão expostas no mer-cado, o que não ocorre com as tecnologias de processo deprodução, que são internas à empresa. Nesse ponto seriainteressante colocar que existe distinção quando falamos detecnologia de processo e de tecnologia de fabricação. A

tecnologia de processo é definida pela empresa quando dodesenvolvimento de um novo produto, e a tecnologia defabricação está relacionada às etapas do processo, ou seja,função dos equipamentos de produção adquiridos de tercei-ros, como por exemplo de fabricantes de bens de capital. Astecnologias embutidas em um bem de capital são bastanterelevantes no contexto da gestão da tecnologia em umaempresa, incluindo o contexto daquela que adquire o equi-pamento, que passa a ser dependente da tecnologia utilizadapela empresa que produz o “bem de capital”.

No caso de novas tecnologias, ainda de acordo com aFigura 2, a vulnerabilidade tecnológica poderá ser média ebaixa, dependendo se o domínio for restrito ou público, poisa nova tecnologia poderá ser de produto ou processo, ouambas. Evidentemente, a vulnerabilidade tecnológica é umadimensão temporal, pois estamos analisando um determina-do instante histórico da empresa (como uma fotografia),isto significando que o termo “não vulnerabilidade” nãopode ser utilizado, pois nenhuma tecnologia se enquadranesse contexto ao longo do tempo, pela difusão e transfor-mação dos conhecimentos.

Os conceitos de microtecnologia e

macrotecnologia, pelos seus

desdobramentos, permitem direcionar

mais adequadamente a gestão da tecnologia

dentro de uma organização, através de um

planejamento estratégico de tecnologia.

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TECNOLOGIA

PRINCIPAL

(TP)

Figura 3: Microtecnologia: Conjunto de Tecnologias de um Produto ou Processo.

TC

(N)

TC

(7)

TC

(6)

TC

(1)

TC

(5)

TC

(2)

TC

(3)

TC

(4)

Quando falamos em tecnologias de produto e processo,quer sejam conhecidas ou novas, na realidade estamos nosreferindo a um conjunto de tecnologias inter-relacionadasdentro do contexto de um produto ou de um processo, aoqual designaremos daqui para a frente pela terminologia“microtecnologia”. Tanto com relação ao produto, comopara o processo, podemos esquematizar, de modo similar,os relacionamentos, de acordo com a Figura 3.

Vamos introduzir nesse esquema alguns conceitos paradescrição dos conjuntos. O termo “Tecnologia Principal-TP” (que em linguagem inglesa poderia ser “Core Techno-logy-CT”) se refere à tecnologia principal do produto oudo processo, ou seja, aquela que distingue aquele produtoou processo de outros produtos e processos, dentro dasfinalidades específicas de utilização. O termo “TecnologiaComplementar-TC” (que analogamente poderia ser“Boundary Technology-BT”) se refere às tecnologias, nãoobrigatoriamente desenvolvidas pela empresa geradora doproduto ou processo, que colaboram para a operacionali-zação da tecnologia principal, como, por exemplo, partese componentes.

Com relação aos produtos, o valor agregado do conteúdotecnológico poderá ser maior ou menor, como, por exemplo,um veículo automotor ou um balde de plástico, respectiva-mente. Enquanto que no veículo a CT e a BT são importantes,

no balde elas praticamente não se caracterizam. Nos veícu-los automotores a CT é concentrada no motor a combustãointerna, e as BTs em outras partes como transmissão, sus-pensão, freios, refrigeração, geração de corrente elétrica,aerodinâmica etc. Na maioria dos automóveis a CT, quesignificou uma inovação tecnológica importante no séculoXIX, praticamente não sofreu alterações, enquanto houvegrande evolução das BTs. Com relação à CT em um auto-móvel, atualmente já existem alternativas ao motor a com-bustão interna, como, por exemplo, o motor elétrico abateria, energia solar, célula de combustível, significandoassim alterações na TP ou CT. Podemos afirmar que amaioria das melhorias incrementais em produtos ocorre nas“boundaries technologies” e não nas “core technologies”.Um exemplo de alterações da CT de um produto já existen-te é o caso do toca-disco de vinil convencional e o toca-disco laser CD, onde a tecnologia principal foi substituída.Outro exemplo de tecnologias distintas pode ser constatadonas máquinas de lavar roupas com eixos verticais e horizon-tais, onde as tecnologias principais são distintas. Essa alte-ração da tecnologia principal, e algumas das complementa-res, faz com que aquela de eixo horizontal utilize em partea gravidade para o processo de lavagem, com resultadossurpreendentes na redução do consumo de energia, água,sabão-em-pó, e aumento da eficiência de lavagem. Esses

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dados são conhecidos, pois toda lavagem industrial utilizaequipamentos com eixos horizontais.

De maneira geral a CT pode ser considerada como ofoco e o embasamento tecnológico da empresa, ou seja, odiferencial em relação aos concorrentes, devendo dessaforma ser preservada e protegida através de direitos depropriedade industrial. Já as BT não devem fazer parte dofoco tecnológico principal da empresa, pois são oriundasde terceiros ou de domínio público, podendo no máximoocorrer parceria com o fornecedor para ajustes de projeto,qualidade e especificações.

No caso do processo de produção as tecnologias utiliza-das também podem ser caracterizadas como “tecnologiasprincipais” e “tecnologias complementares”, porém são denatureza múltipla, ou seja, todo o processo ou cada etapa doprocesso de produção poderá utilizar uma “core technolo-gy” e várias “bondaries technologies”, embutidas em suasmáquinas (“bens de capital”) de fabricação, bem como emoutros equipamentos utilizados no processo de produção doproduto. Nesse campo, de caracterização mais complexa,também a CT deve ser desenvolvida pela empresa e protegi-da através de direitos de propriedade industrial, pois essafase é fundamental para a competitividade da empresa nomercado. Enquanto a tecnologia embutida em um produtopode ser pesquisada e copiada, pois está no mercado e àvista de qualquer consumidor ou concorrente, o mesmo não

ocorre com a tecnologia embutida no processo, que é inter-na à empresa, preliminarmente não acessível ao consumi-dor e à concorrência. Similarmente ao caso do produto, asBTs do processo são originárias de terceiros, envolvendoequipamentos de produção e de processo.

Esse modelo de caracterização das tecnologias de produ-to e de processo, na indústria de manufaturados, permiteanalisar vários aspectos correlacionados a essas tecnologias,como: gestão das tecnologias (CT e BT) a curto, médio elongo prazo; prospecção tecnológica; vulnerabilidade tec-nológica; melhorias em produtos e processos; formação,adequação e manutenção de capabilidade tecnológica; rela-ção das tecnologias de produto e processo com o meioambiente e conservação de energia; influência do setor debens de capital no processo de produção etc.

GESTÃO DA TECNOLOGIA NAS EMPRESAS

A gestão da tecnologia nas empresas vem sendo estuda-da por muitos pesquisadores no exterior e no Brasil, entreesses por exemplo os trabalhos de Silva; Plonski (1996),Silva (1999), Silva; Plonski (1999), Silva (2002a), e Silva(2002b), onde analisam desde aspectos estratégicos atéoperacionais, incluindo pesquisa de campo. O contextodessa abordagem está nas tecnologias de produto e deprocesso de produção do setor de manufaturados.

Figura 04 - Matriz de Relacionamentos das Atividades na Organização

Gerenciamento Global da EmpresaGerenciamento Global da EmpresaGerenciamento Global da EmpresaGerenciamento Global da EmpresaGerenciamento Global da Empresa

Estratégia

Operações

Finanças

Recursos Humanos

Tecnologia �

Qualidade

Marketing

Benchmarking

Tecnologia/ Produtos

Produto / Mercado

Novos Produtos e Processos

Melhorias Incrementais

Meio Ambiente

Conservação de Energia

Informação / Conhecimento

Matriz de

Relacionamento

das Atividades

na Organização

Estratégia

Operações

Fin

anças

Recursos

Hum

anos

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Qualidade

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Produtos

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Mercado

Novos

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Embora a tecnologia seja uma dimensão de primeiraordem dentro de qualquer empresa, pois nenhum produto/serviço poderá ser gerado sem sua utilização, ainda não étradicional a existência de uma área específica, sejafuncional ou virtual, dentro da maioria das organizações.Uma das razões que poderia ser colocada seria o sigilo,em função da vulnerabilidade tecnológica e da estratégiada empresa no mercado. Historicamente, a qualidade foiincorporada como área funcional, dentro das empresas,nas primeiras décadas do século XX. No campo da tecno-logia, somente a partir da década de 1990 as empresasmais avançadas introduziram essa incorporação, porémde forma diferenciada, envolvendo mais efetivamentegerenciamento por processos do que a criação de umaárea funcional. A Figura 4 esquematiza inter-relações da“dimensão tecnologia” com outras funções ou atividadesda empresa.

Assim temos a “Matriz de Relacionamentos das Ativi-dades na Organização” dentro do “Gerenciamento Glo-bal da Empresa”, destacando-se a atividade “tecnolo-gia”. Como podemos constatar, a função tecnologia,juntamente com a função informação/conhecimento, seinter-relacionam com todas as outras funções da organi-zação. A natureza dessas inter-relações, bem como aeficiência e a eficácia da função tecnologia, depende daforma organizacional da empresa. As organizações mo-dernas, com sistemas consolidados de gestão da qualida-de, têm maior facilidade para gerenciar essas inter-rela-ções. Por outro lado, as organizações excessivamente

funcionais, bem como aquelas que trabalham com “ge-renciamento por objetivos”, não dispõem de sistema dequalidade eficiente, e têm grandes dificuldades para ge-renciar aquelas inter-relações. Essa constatação é decor-rente do fato de que as organizações com sistema degestão da qualidade moderno têm forma organizacionaldistinta daquelas com predomínio funcional. Desta for-ma, o aprendizado na implantação do sistema de gestãoda qualidade poderá ser importante na implantação dosistema de gestão da tecnologia, sob o ponto de vistaorganizacional. Enquanto que no sistema de qualidademuitas atividades são repetitivas, em atendimento aopróprio fluxo da produção, no sistema de tecnologia asatividades são dinâmicas, pois todos os projetos de pros-pecção tecnológica e de desenvolvimento têm caracterís-ticas individuais. Uma análise da Figura 4 fornece indi-cações da importância do “conceito da macrotecnologia”no contexto da capabilidade tecnológica.

Vamos agora detalhar alguns aspectos da gestão da tec-nologia na empresa, a curto, médio e longo prazo, comopode ser observado na Figura 5.

Como podemos constatar, as “atividades correntes” en-volvem o gerenciamento da utilização das tecnologias jádesenvolvidas ou existentes na empresa, e todas as implica-ções dentro do sistema produtivo. O “desenvolvimento defutura capabilidade tecnológica” engloba atividades deprospecção tecnológica, de geração de novas tecnologias ede formação da própria capabilidade tecnológica da organi-zação. As atividades “monitorando programas e melhoria

Figura 5: Inter-Relações de Aspectos da Gestão da Tecnologia na Empresa.

Gerenciamento Global da EmpresaGerenciamento Global da EmpresaGerenciamento Global da EmpresaGerenciamento Global da EmpresaGerenciamento Global da Empresa

Atividades

Correntes

Desenvolvendo Futuras

Capabilidades

Monitorando Programas

e Melhoria Contínua

Gerenciamento

a Curto, Médio

e Longo Prazo

Estratégia

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contínua” são geradoras da etapa anterior, e envolve aspec-tos estratégicos no campo da tecnologia e inter-relaçõescom outras áreas da empresa, visando a melhoria contínuadas tecnologias de produto e de processo. Pode-se dizer queas atividades especificadas em curto prazo estão enfoca-das mais em desdobramentos da dimensão “microtecnolo-gia”, enquanto que as atividades de médio e longo prazo nadimensão “macrotecnologia”.

ANÁLISE DE CAMPO: MACROTECNOLOGIA E

MICROTECNOLOGIA

A dimensão tecnologia, dentro de uma organização, é ofator chave que leva a empresa a gerar produtos e serviçospara a comunidade. Pode-se dizer que se constitui no “se-gredo” mais relevante, cujo conteúdo é o conhecimento“gerado e armazenado” pelas pessoas da organização, decaráter restritivo, e dentro de um mundo real. Uma empresanão pode existir sem ter a capacidade de manejar as tecno-logias que geram seus produtos e serviços. As tecnologiaspatenteadas dão à empresa alguma segurança relativa nomercado durante um certo período de tempo, o qual naprática é indeterminado, pois tecnologias alternativas pode-rão aparecer nesse mercado.

Abordamos anteriormente o significado da palavra “tec-nologia”, segundo vários autores, e desenvolvemos os con-ceitos da “macrotecnologia” e da “microtecnologia”, abor-dados pelas Figuras 1 e 2. O conceito da microtecnologiapermite caracterizar de maneira mais precisa o valor agre-

gado das tecnologias de produto e de processo, e desdobrara tradicionalmente chamada “tecnologia” em “tecnologiaprincipal” e “tecnologias complementares”, embutidas emum produto ou processo. Já o conceito de macrotecnologiavisualiza o aspecto sistêmico dos conhecimentos embutidosem uma tecnologia, dentro da organização, ou seja, as inter-relações entre pessoas, equipamentos, programas, e áreasfuncionais no contexto daquela tecnologia.

Essa configuração e desdobramento permitem à empresauma auto-avaliação de seus conhecimentos das diferentestecnologias envolvidas em seu produto ou processo deprodução, cujos resultados poderão direcionar os esforçospara formação de capabilidade tecnológica dentro da orga-nização.

A pesquisa de campo foi conduzida no ano de 2001,através de entrevistas em 35 empresas, selecionadasdentre as 82 empresas utilizadas no trabalho desenvolvi-do por Silva; Plonski (1999), com análise de dados se-gundo Siegel (1975) no campo da estatística não paramé-trica, utilizando o projeto de “pesquisa qualitativa” e ométodo de pesquisa “entrevista semi-estruturada”, deacordo com a metodologia de Bryman (1989). No campoda microtecnologia, a Figura 6 apresenta a análise do“valor agregado tecnológico” e do “domínio das tecno-logias principais” de produto e de processo no contextodas empresas. Com relação à tecnologia principal doproduto, seu valor agregado é considerado alto por so-mente 6% das empresas, médio por 35%, e baixo por59%. Esses valores estão compatíveis, tendo em vista

Figura 6: Microtecnologia: Valor Agregado e Domínio das Tecnologias.

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que a maioria das empresas pesquisadas pode ser conside-rada tradicional no setor de manufaturados, não envolvendoalta tecnologia. No caso da tecnologia principal de processo,o valor agregado é considerado alto por 10% das empresas,médio por 54% , e baixo por 46%, indicando que a maioriadas empresas (64%) considera seus processos de produçãorazoavelmente competitivos no mercado em que atuam.

Com relação ao “domínio das tecnologias” de produto,7% das empresas indicam desenvolvimento próprio, 37%de domínio restrito, e 56% de domínio público. Esses dadosestão coerentes com aqueles delineados na análise do “sur-vey” anterior, citados em Silva; Plonski (1999). Quanto ao“domínio das tecnologias” principais de processo, 3% dasempresas indicaram desenvolvimento próprio, 33% domí-nio restrito, e 64% domínio público. O conjunto dessesdados indica dependência da maioria das empresas dastecnologias embutidas nos bens de capital. Por isso, o setorde bens de capital tem influência relevante nas tecnologiasde processo e de operação nas empresas, merecendo serestudado com mais detalhamento no campo da gestão datecnologia.

A Figura 7 apresenta, ainda no campo da microtecnolo-gia, dados sobre o domínio das tecnologias complementa-res de produto e processo nas empresas, utilizando umaescala que relaciona: utilização, conhecimento, controle,manejo, alteração. Com relação ao domínio sobre a tecnolo-gia complementar de produto, apenas 26% das empresasindicaram sua utilização, 45% têm conhecimento, 24%controlam, 32% manejam, e somente 5% têm capacitação

Figura 7: Domínio das Tecnologias Complementares de Produto/Processo.

para alteração dessas tecnologias. No que se refere aodomínio das tecnologias complementares de processo,100% das empresas fazem sua utilização, 32% têm conheci-mento, 19% controlam, 25% manejam, e somente 2% têmcapacidade de alterar essas tecnologias.

O conceito da “macrotecnologia”, que envolve umavisão interfuncional sistêmica da tecnologia, incorporainformações, conhecimentos, estrutura e comportamentodas pessoas, e se aplica a qualquer tipo de tecnologiautilizada dentro de uma organização. Assim, sua análisedeve considerar diferentes aspectos, entre eles algunsitens pesquisados ao longo do presente trabalho, e outrosque merecerão continuidade futura. Com base na análiseefetuada anteriormente, através do “survey” e das entre-vistas, quanto aos diferentes aspectos da gestão da tecno-logia na empresa, podemos agora concluir preliminarmen-te que no contexto dos diferentes “componentes da macro-tecnologia”, as principais dificuldades das empresas pes-quisadas estão concentradas em: “informação e conheci-mento”, “pessoas e comportamentos”, “processos”, e “or-ganização”. Como os outros componentes são decorrentese parte inseparável do sistema, concluímos por limitaçõesna macrotecnologia para a maioria das organizações con-sultadas.

Quanto maior o valor agregado das tecnologias embuti-das em produtos ou processos, maior a capabilidade tecno-lógica da organização e possibilidade de competitividadeno mercado. Por outro lado, quando o valor agregado ébaixo, para todos os produtos e processos, a empresa não

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Tecnologia: novas abordagens, conceitos, dimensões e gestão

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dispõe de capabilidade tecnológica e terá constantes difi-culdades para competir no mercado. É necessário destacarque para uma grande parte de produtos manufaturados ovalor agregado tecnológico não é substancial, ou seja, é dedomínio público, o que teoricamente abre a possibilidade dequalquer empresa do ramo fabricar aqueles produtos. Nessecontexto tecnológico, a diferenciação de competitividadeentre as empresas poderá estar na microtecnologia de pro-cesso, que seria nesse caso o fator chave dominante.

O nível de desenvolvimento de um país ou região estádiretamente relacionado ao estágio científico e tecnológicode sua comunidade nos diferentes ramos do conhecimento.Dentro dessas comunidades existe uma configuração médiade conhecimento tecnológico, quepoderíamos chamar de “capabilida-de tecnológica de domínio público”,que é maior quanto mais desenvolvi-do for o país ou região. Esse conheci-mento tecnológico difundido para aspessoas, no sentido coletivo, podeser considerado como uma “aprendi-zagem da comunidade” ao longo dotempo, e constitui um fator impor-tante para o desenvolvimento dasempresas inseridas nesse meio. Pa-ralelamente a esse “conhecimentomédio tecnológico comunitário” estão as tecnologias paten-teadas ou de domínio restrito, as quais não são difundidaspara a comunidade durante um certo período de tempo, emfunção dos direitos de propriedade industrial e/ou da matu-ração do uso dessas tecnologias em bens e serviços. Apósesse período essas tecnologias se difundem e se incorporamao conhecimento tecnológico comunitário, inicialmente daregião e depois do país. O conhecimento tecnológico égerado pelas necessidades de uma determinada comunida-de, sendo sua translação para outras comunidades um ver-dadeiro paradigma, podendo repercutir e influenciar aspec-tos sociais e culturais da sociedade receptora, positivamenteou negativamente. Como as comunidades têm tambémmuitas características próprias, essas necessidades podemser diferenciadas, com a conseqüente geração de tecnologiastambém diferenciadas. Essa dinâmica e diversificação sãofatores importantes para o desenvolvimento científico etecnológico dos povos, com evolução cíclica e diferencia-ção regional entre as nações

5. CONCLUSÃO

O presente trabalho, concentrado na linha de pesquisa“gestão da tecnologia” é continuidade da pesquisa organi-zacional que vem sendo desenvolvida durante os últimos6(seis) anos, cujos resultados têm sido publicados nas prin-

cipais revistas indexadas e congressos do País, no campo daengenharia de produção. Procurou dar continuidade e de-senvolver novos conceitos importantes dentro da gestão datecnologia nas empresas, enfocando as tecnologias de pro-duto e de processo de produção. Os estudos realizados nãocontemplam o termo “tecnologia”, como vem sendo atual-mente utilizado, nas relações entre hardware e software,dentro da tecnologia da informação, pois essa terminologiaé genérica e tem caráter mais popular do que científico. Osaspectos da informação e tecnologia da informação foramevidentemente considerados, dentro do presente estudo, noque eles realmente representam dentro do campo da gestãoda tecnologia, em produtos e processos nas empresas.

A pesquisa procurou levantar os aspectos atuais maisimportantes dentro do campo da gestão da tecnologia nasempresas, em nível internacional, bem como desenvolvernovos conceitos de “tecnologia” do produto e de processo,como a “microtecnologia” e a “macrotecnologia”. O mode-lo conceitual, através das dimensões estratégica e operacio-nal da tecnologia, induziu ao desenvolvimento de amplotrabalho de campo, envolvendo originalmente o levanta-mento “survey” como projeto de pesquisa e o “questionárioauto-administrado” como método de pesquisa, complemen-tados posteriormente pelo projeto de “pesquisa qualitativa”e método de pesquisa “entrevistas semi-estruturadas”,abrangendo 35 empresas de várias cidades do Estado de SãoPaulo e Capital, com razoável nível de industrialização.

Foram analisados e discutidos vários elementos da ges-tão da tecnologia na empresa, envolvendo aspectos gerais,estratégicos e operacionais da tecnologia, como também aconfiguração dos novos conceitos de microtecnologia emacrotecnologia, e finalmente a caracterização da tecnolo-gia e da gestão da tecnologia dentro das relações inter-funcionais nas organizações. Em síntese, podemos dizerque a maior parte das organizações consultadas ainda nãodespertou para a importância da tecnologia para a competi-tividade no mercado globalizado, diferentemente das em-presas de países desenvolvidos, onde as ações efetivas nessecampo surgiram a partir da década de 1990. Ironicamente,

Em síntese, a microtecnologia é o

resultado final da macrotecnologia,

onde é gerada e construída a capabilidade

tecnológica através das inter-relações entre

os diferentes setores de uma organização e

entre a organização e o meio exterior.

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muitas empresas ainda estão no mercado interno porque nãoocorreu essa mobilização na maioria das organizações.Todavia, elas não têm condições de competitividade nomercado internacional de países desenvolvidos, onde seconcentra o maior poder aquisitivo.

Alguns movimentos que ocorreram nos EUA no inícioda década de 1990, envolvendo os meios acadêmicos, go-vernamental e empresarial, no campo da inovação tecnoló-gica, estão tendo reflexos iniciais somente agora no Brasilno âmbito dos Governos Federal e Estadual, com a criaçãode programas e fundos de apoio ao desenvolvimento denovas tecnologias. No setor privado constatam-se algumasações de associações e confederações, procurando consci-entizar os empresários da importância do desenvolvimentotecnológico. Não basta a substituição de equipamentos por

bens de capital importados, como tem ocorrido nos últimosanos, com a isenção de impostos de importação, pois esseprocedimento não incorpora capabilidade tecnológica àempresa. A organização deve se capacitar para desenvolvercontinuamente novos produtos viáveis, e investir no desen-volvimento de novas tecnologias para produtos e processos.Essa capacitação, que denominamos de capabilidade tecno-lógica, envolve todos os setores da organização em ativida-des contínuas, similarmente com o que ocorre em outrasáreas. Se a forma organizacional da empresa for funcional,existe necessidade de criação de um setor específico detecnologia. Se não for funcional, há necessidade de desen-volvimento de um processo que incorpore as atividadestecnológicas da organização. Independentemente da formaorganizacional da empresa, a função tecnologia, quer sejaespecífica ou virtual, deve ser desenvolvida com a integra-ção entre os diferentes setores e níveis hierárquicos daempresa.

O gerenciamento por processo permite distinguir a dife-rença entre processo e operação, ou seja, uma análise de umprocesso produtivo sob dois pontos de vista. Nesse contex-to, o uso do conceito de microtecnologia, com a tecnologiaprincipal e tecnologias complementares do processo pro-dutivo, permite uma análise tecnológica importante no deli-neamento dos valores agregados e domínio das tecnologias

atualmente utilizadas, bem como programar o desenvolvi-mento e uso de novas tecnologias para aquele processo eoperações, ou para novos processos e novas operações. Asimples divisão do processo produtivo em micro processos,dentro de um modelo linear, poderá induzir a equívocosnessa análise.

Uma análise da organização sob o ponto de vista damicrotecnologia permite delinear os resultados finais dacapabilidade da empresa em dois campos importantes edistintos: tecnologia de produto e tecnologia de processoprodutivo. O valor agregado da tecnologia de produto con-figura a empresa no contexto do mercado, pois seus produ-tos e serviços representam o espelho da empresa para acomunidade. Já as tecnologias de processo produtivo cons-tituem um conjunto de conhecimentos acumulados que

permitem gerar produtos e serviços,de forma competitiva ou não, depen-dendo da capabilidade tecnológicada empresa no contexto do mercado.Em síntese, a microtecnologia é oresultado final da macrotecnologia,onde é gerada e construída a capabi-lidade tecnológica através das inter-relações entre os diferentes setoresde uma organização e entre a organi-zação e o meio exterior.

As operações de um processoprodutivo são conduzidas com o auxílio de instrumentos,programas, equipamentos e máquinas de produção, geral-mente fornecidas por outras empresas, caracterizadascomo do setor de bens de capital. Esse setor é consideradocomo a indústria de base para a implantação de outrasempresas, com seu estágio tecnológico influenciando todaa cadeia produtiva e o desenvolvimento de um país. Destaforma, sugerimos pesquisar como as empresas do setor debens de capital utilizam e desenvolvem as tecnologias em-butidas em seus equipamentos, no campo da gestão datecnologia. Um trabalho de pesquisa preliminar poderia ser,por exemplo, “gestão da tecnologia no setor de bens decapital”, com desdobramentos futuros para outros projetosespecíficos em áreas importantes como agroindústria, side-rurgia, energia, papel e celulose, eletrônica, alimentos, tele-comunicações, ferroviária, automobilística, e outras.

Qualquer sistema produtivo, nas funções manufatura,serviços, transporte e suprimento, gera resíduos direta ouindiretamente, com maior concentração na indústria demanufatura. Muitos produtos eliminam resíduos com o seuuso durante o período de sua vida útil, e se tornam resíduosapós esse período. Desta forma, toda a cadeia do sistemaprodutivo influencia o meio ambiente, através de uma rela-ção direta com a gestão da tecnologia nas empresas, desde oprojeto do produto e microtecnologia do produto, até o

Oconsumo e tipo de energia necessários

em um sistema produtivo dependem do

projeto do produto e do projeto do processo

produtivo, relacionados com a gestão da

tecnologia na empresa.

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Tecnologia: novas abordagens, conceitos, dimensões e gestão

Revista Produção v. 13 n. 1 2003 63

projeto do processo produtivo e a microtecnologia desteprocesso. Adicionalmente temos também a correlação entrea microtecnologia do processo produtivo as tecnologiasespecíficas de reciclagem e tratamento de resíduos, dentrodo sistema de controle ambiental da organização. Em faceda importância desse campo, sugerimos projeto de pesquisaque proceda à análise, através de conceitos e de pesquisa decampo, das relações entre a gestão da tecnologia na empresae a gestão do meio ambiente.

Outro campo de pesquisa importante está relacionado aouso e conservação de energia em sistemas produtivos, quetambém tem relacionamento com os aspectos ambientais,mas merece ser destacado e estudado com detalhamento.Adicionalmente, temos também a correlação entre a micro-tecnologia do processo produtivo e as tecnologias específi-cas de conservação de energia, dentro do sistema de racio-nalização do uso de energia da organização. Em face da

importância desse campo, dentro do programa de raciona-mento de energia elétrica, nas condições atuais do País,sugerimos projeto de pesquisa que proceda à análise, atra-vés de conceitos e de pesquisa de campo, das relações entrea gestão da tecnologia na empresa e a conservação deenergia no sistema produtivo.

Concluindo, o presente trabalho constatou que ainda hágrande potencial, de otimização e pesquisa, a ser exploradopelas empresas e universidades, envolvendo associações,governos federal e estaduais, visando implementação dacapabilidade tecnológica das organizações, em direção àcompetitividade no mercado interno e externo. Temos pro-curado divulgar os resultados das pesquisas e ressaltar aimportância desse campo para as empresas, através deconferências em órgãos representativos empresariais, comoCIESP/ FIESP regionais, universidades, simpósios, con-gressos, e seminários de trabalho.

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Revisado em 27/11/2002

Aprovado para publicação em 13/02/2003

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