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1 Trovart Publications
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1 Trovart

Publications

2 Trovart

Publications

Alessa B.

Curitiba/Paraná: Edição Independente, 2012. 41p.

Curitiba 2012. Todos os direitos reservados

Esta obra está licenciada sob uma Licença CreativeCommons

Capa: Axills Produção Editorial: Samuel Achilles

2012 TrovartPublications

3 Trovart

Publications

SUMÁRIO

PREFÁCIO ..................................................................................................................... 5

CERIMONIAL ................................................................................................................ 8

VAZÃO ............................................................................................................................ 9

PECADO ORIGINAL ................................................................................................. 10

QUASE MORTE... ..................................................................................................... 11

SENSORIAL ................................................................................................................ 12

DELEITE ...................................................................................................................... 13

SONNET AUX AMANTS ........................................................................................... 14

BEIJA-FLOR ............................................................................................................... 15

PASSEIO... .................................................................................................................. 16

ECLIPSE ....................................................................................................................... 17

APOLÍNEO ................................................................................................................... 18

MÃOS DE VELUDO .................................................................................................. 19

LÁBIOS DE ORGIA ................................................................................................... 20

QUEDA LIVRE ........................................................................................................... 21

SACRAMENTO ........................................................................................................... 22

AO PHALLOS .............................................................................................................. 23

VAGINAL – UMA ODE À VAGINA ........................................................................ 24

AUDACIOSA................................................................................................................ 25

ÉROTIQUE .................................................................................................................. 26

VÊNUS EM COUROS ............................................................................................... 27

FESTIM ......................................................................................................................... 28

ARTESÃO ..................................................................................................................... 29

PEGA-BRASAS ........................................................................................................... 30

TRANSCENDENTAL ................................................................................................. 31

ARDENTIS ................................................................................................................... 32

MATINAL ...................................................................................................................... 33

* LASCIVO ................................................................................................................... 34

AKHILLEUS ................................................................................................................. 35

LEITE DERRAMADO................................................................................................ 36

MULHER-MANGA ..................................................................................................... 37

PÊNIS-ZANGÃO ......................................................................................................... 38

POSFÁCIO I ................................................................................................................ 39

POSFÁCIO II ............................................................................................................... 40

4 Trovart

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Ao Leitor...

Que as graças e os apelos de Afrodite, Te levem aos jardins da Tentação

E nestes versos fluas em apetite Por entre preces, gozos e paixão...

Que as prendas e os apelos de Afrodite

Te lancem às esferas do prazer, Que tua alma em ânsias mil palpite,

E aos Céus teu corpo possa transcender.

Alessa B.

5 Trovart

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PREFÁCIO

Afrodisíacos é um vocábulo proveniente do grego Aphrodisiakos,

relativo à “afrodisia”, que significa “desejo sexual” e é também derivado do

nome da deusa grega Afrodite, divindade relacionada ao Amor em seus

mais variados aspectos, à virilidade e à beleza, portadora de um forte e

intenso poder de sedução.

Segundo o mito, Afrodite teria surgido da espuma das águas do mar,

onde Chronos, o deus do Tempo teria atirado os genitais de Urano, deus do

Céu (conhecido por sua sensualidade e maldade), após tê-lo castrado e as

quais formaram ondas chamadas de aphros a partir de seu sêmen.

Por sua origem, a deusa passou a ser cultuada e reverenciada pelos

humanos como a deusa do amor de alma e do amor carnal, amando e

sendo amada por muitos deuses e mortais. As festas em sua honra eram

chamadas de “afrodisíacas”.

Vem daí que o vocábulo “afrodisíacos” passou a ser usado para se

referir a alimentos e elixires feitos a partir de ervas, raízes e plantas

medicinais indicados para a restauração das forças geradoras e

estimulantes dos impulsos e apetites de ordem libidinosa, uma vez que o

homem de todas as épocas e de todas as culturas busca aprimorar seu

desempenho sexual.

Assim, segundo a crença esses alimentos e elixires, tais como:

ostras, chocolate, frutas, mel, pimenta, canela, manjericão, orégano,

salsinha, vinho, entre outros, combinados de diversas formas e preparados

de maneira bem arranjada e apetitosa ao paladar, ao olfato e à visão têm o

poder de excitar e estimular os sentidos para a prática do erotismo, tendo

surgido as primeiras receitas já na Antiguidade.

Desta feita, estes versos concebidos sob as sagradas leis, bênçãos e

apelos de Afrodite pretendem, de forma simples e poética, fazer as vezes

destes estimulantes do apetite e do prazer sensual a fim de excitar e

despertar a luxúria e os desejos libidinosos mais íntimos e mais secretos

6 Trovart

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do estimado(a) leitor(a) que por aqui se aventurar, pois como acreditava

Anais Nin (e eu também), “o erotismo é uma das bases do conhecimento de

nós próprios, tão indispensável como a poesia”.

Além disso, segundo o poeta e ensaísta mexicano Octávio Paz, em

seu maravilhoso ensaio sobre o amor e o erotismo intitulado, A dupla

chama, “a relação entre erotismo e poesia é tal que se pode dizer que [...] a

imagem poética é o abraço de realidades opostas e a rima é a cópula de

sons; a poesia erotiza a linguagem e o mundo porque ela própria, em seu

modo de operação, já é erotismo”.

Lembrando que, ainda de acordo com o poeta e ensaísta, “poesia e

erotismo nascem dos sentidos, mas não terminam neles. Ao se soltarem,

inventam configurações imaginárias – poemas e cerimônias”...

Portanto, nada mais resta a esta humilde poetisa desejar que a

leitura destes versos lhe seja fartamente prazerosa e estimulante, amigo(a)

leitor(a).

Alessa B.

Curitiba, PR, 2011.

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O primeiro grito – parto da palavra – se faz em sussurro

macio de gozo, veludo de ventos.

Aníbal Beça

Como é belo o ritual, cheio de anseios, Entre amantes que camuflam seus aspectos

Para o pronto desnudar-se, sem receios!

Alma Welt

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CERIMONIAL Dou-te a carne que sou... mas teu anseio Fora possuí-la – a espiritual, a rara, Essa que tem o olhar ao mundo alheio, Essa que tão somente astros encara.

Gilka Machado

Debruça-te a este altar em devoção E unge teu círio c’óleos consagrados,

E deixa a deusa guiar-te em transição E dar-te benção, beijos conflagrados.

Vem, curva-te a este ventre imortal,

Violácea rosa, casta, em suspensão. Que nela flua o sêmen celestial,

A mais fecunda graça em comunhão.

Que eflúvios e apelos d’Afrodite, Suspendam-te às matizes do prazer,

Que o seio teu, em ânsias mil palpite...

E tua carne faça-se ascender. Que, de paixão, te sirva em apetites... Em chamas, ó mortal, a estremecer!

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VAZÃO Tudo nas cordas dos violões ecoa E vibra e se contorce no ar, convulso... Tudo na noite, tudo clama e voa Sob a febril agitação de um pulso.

Cruz e Sousa

Nas vielas desse verso venturoso, Verter-te vem no vulto em volição, Vassalo teu vivaz e vaporoso,

Vencida minha verve nos teus vãos!

Amado, veste o ventre veludoso, Violácea vulva, viva convulsão...

Do sêmen mais voraz e mais viscoso, Vazando vagas vozes, vibração.

Em versos valorosos, mil vagidos,

Vaidosos, vigorosos, com ardor! Uivando vorazmente vão no vento,

Verbetes revirados sem pudor!

Varando pelo ventre, um segmento, Volúpia revertida ao vencedor!

10 Trovart

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PECADO ORIGINAL Vem de Creta até este templo sagrado, onde há um gracioso bosque de macieiras e altares onde arde o incenso... Safo

Vem, prova da maçã que te ofereço, Colhida na candura do pecado,

Formoso ardil, celeste adereço, O fruto à volúpia consagrado!

Vem, volta lá comigo, no começo,

Nos bosques onde Adão bem inspirado... Me toca, belo Amado, que estremeço,

Comamos nós do fruto malsinado!

Se pros teus olhos Eva te pareço, Convite à luxúria do teu lado,

Me morda a maçã que te endoideço,

Deleite teu em êxtase tentado! Se for deixar o Paraíso, o preço,

Façamos nosso Éden, belo Amado!

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QUASE MORTE... Uma nuvem confusa me enevoa o olhar. Não ouço mais! Eu caio num langor supremo; E pálida e perdida e febril e sem ar, Um frêmito me abala... Eu quase morro... Eu tremo!

Safo

Quando teu membro em transe me recebe, Sugando meus vãos numa ânsia louca...

Sinto em meu corpo tua intensa febre E a esse fervor me penso um tanto pouca...

Teu falo em fogo, em fúria, firme e forte,

Flamejando em meus flancos, frenesi. Sou-te efeito túnel e quase morte,

Frêmito ardente, a fremitar por si.

Duas almas nucleadas em etéreo Perfazem num instante um ano-luz,

Vagando sob as valas do Mistério...

Esquecem na Terra seus corpos nus. E desfraldando-se em mil planisférios, Espasmamos num Céu que em nós reluz...

12 Trovart

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SENSORIAL E tanto penso em ti, ó meu ausente amado! que te sinto no Vento e a ele, feliz, me exponho. [...] E não podes saber do meu gozo violento, quando me fico assim, neste ermo, toda nua, completa-te exposta à Volúpia do Vento!

Gilka Machado

Aspira, querido, o som desse gemido...

Renhido, esculpido nos ecos do vento, É meu corpo febril, castanho, atrevido,

Fluído, mexido em frugal movimento.

Apalpa, querido, esse olhar fescenino, Felino, ladino qu’em ti, eu sustento,

Instinto voraz, carnal, feminino... Ferino, latino com que me alimento.

Saboreia, querido, esse cheiro vertido,

Fruído, despido em meu pensamento. Em sonhos caído; em delírios volvido,

Aturdido, expandido em ritmo lento.

Mira, querido, esse tato menino Libertino, franzino tão em contento!

Deslizando sobre o meu figurino, Nesse andor e ardor e fervor violento!

Ouça, querido, esse pranto em libido

Parido, provido d’meu sentimento, Em meus flancos em amor convertido,

Incontido, vencido em teu acalento!

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DELEITE E todo o corpo é esse movimento em torno em volta no centro desses lábios.

Maria Tereza Horta

Serena sob a Lua descansava,

Ornada em flébeis sonhos deleitosos, No níveo seio a chama palpitava,

Ardendo em mil desejos fervorosos...

Visão febril nas pálpebras sentia, O Céu num transe, lábios suspirosos.

A mão no ventre lúbrica descia... Oásis de fluídos langorosos!

Transporte entorpecido, olor supremo,

Vagando nas entranhas ondulosas... Um barco a navegar em mar sem remos,

Naufrágio em águas densas tão fogosas.

Da Terra ao Céu varando os mil extremos, Furor em nuvens tensas tão ditosas...

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SONNET AUX AMANTS Et c’est une splendeur claire que rien n’égale, Sous le soleil penchant ou la nuit automnale!

Albert Lozeau

Vendo-te a amar-me ora aqui à noitinha, Hora em que Vênus no céu resplandece,

Monótono outono qu’antes me tinha... De meu peito, no teu colo espairece.

Que tamanha felicidade a minha!

A ter-te em mim desse jeito silvestre, Jubilando em ti – abelha rainha...

Gozos da carne em fluência celeste!

Contigo aqui, amor, à hora vadia Com o seio ruflando em descompasso,

Sinto em mim a noite tragar o dia...

Provendo cada vazio, cada espaço... E no extático voo em sincronia

Feneço frouxa de amor em teus braços...

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BEIJA-FLOR É boca aberta hiante para de encher-se ao que se mova nela. [...] É beijo tudo o que de lábios seja quanto de lábios se deseja.

Jorge de Sena

Teus lábios repousa sobre a fina flor, Guardiã do néctar de febris desejos,

E tal como o dedicado beija-flor, Sugue-a em suaves e doces beijos...

Toque-a, gentil amado, com o teu amor,

Solícito em mil pompas e cortejos... Que ela se revolva trêmula em ardor,

Abrindo-se feliz em tais festejos.

Com prazer acolha o viscoso mel, Derramado entre as pétalas ardentes,

Que ele te eleve bem junto ao Céu,

Lá onde os sentidos são frementes. Seiva cristalina, tenro coquetel...

Cálice que queima nos teus dentes.

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PASSEIO... E os gritos se tornam uma canção No meio da tempestade de sentidos Quando dois corpos atrevidos Tateiam as paredes do infinito...

R.

Meus lábios, toca com os teus, Tua língua insinua sobre a minha. Beija-me o beijo impudico dos ateus,

Provoca-me o frio lascivo na espinha!

Teus lábios, desliza no meu queixo, Escorrega-os em direção ao alvo pescoço.

Tira-me de mim, do meu próprio eixo, Ah, perturba-me o âmago, até o osso!

Abre caminho pro vale entre os seios,

Em frente segue até o ventre sedoso. Perca-os, detenha-os em outros veios,

Ah, tortura febril, passeio audacioso!

Volta à estrada, desce um pouco mais, Há um monte que t’espera, um remanso.

Outros lábios, quentes lábios sensuais, Ah, oásis de delírios, teu descanso!

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ECLIPSE Libidos soltas nessa imagem tão sonhada! No lusco-fusco das paredes do meu quarto, Nossos orgasmos pelos vãos da madrugada. Magmah

A noite escorre rente ao nosso leito, Transpiram mil estrelas em erupção...

Os corpos vibram densos, liquefeitos, Em cálidas nuances pela vastidão.

Um canto universal, ritmo perfeito,

Explode em ondas... sacra composição. São luz e sombra, múltiplos efeitos,

Trançando meus desejos, elevação...

Vão juntos, incessantes e parelhos, Na ânsia do prazer que os comprime,

Vazados um em outro, dois espelhos,

Derramam em espaços tenso crime. Gozando num eclipse tons vermelhos,

Refluem nas esferas do sublime...

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APOLÍNEO Quisera que te vissem como eu via Depois, à luz da lâmpada macia O púbis negro sobre o corpo branco. Vinicius de Moraes

Teu corpo esculpido contra a Lua, Apolo soberano em evidência,

Da pele um calor que se insinua, Arfando meus desejos, tua essência...

Mil graças, eu te rendo seminua,

Em preces de ternura e indecência... A serva que te ama e te cultua

Com votos de louvor e apetência.

No branco dos lençóis as tuas linhas Transpiram convulsões em nós assentes,

Que se desembaraçam pelas minhas

Em fluxos e refluxos tão crescentes! O gozo frouxo que se adivinha...

Nas tuas formas belas tão contentes!

19 Trovart

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MÃOS DE VELUDO Aquelas mãos em toques eternos em alguns minutos apenas horas se tornaram Eternos movimentos das pontas dos dedos Procuravam retorno desejado presente na pele...

Líria Bordinhão Dahlke

As mãos que desatavam nesta carne Soluços langorosos no veludo,

Os meus sentidos todos em alarme, Espasmos calorosos tão desnudos.

E todas as defesas em desarme,

Entregue o corpo lasso todo mudo, Tuas mãos matreiras a regozijar-me

Num sonho de volúpia que foi tudo.

E longe delas, ai que não seguro, A febre delirante por um toque,

Que firme, sedutor e tão maduro,

Em ébrios transes queime e me coloque! Que desvairadamente, eu procuro,

Na súbita centelha de um só choque.

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LÁBIOS DE ORGIA Embora de teus lábios afastada Que importa? – Tua boca está vazia... Beijo esses lábios com que fui beijada, Beijo teus beijos numa nova orgia.

Gilka Machado

Ah! Teus lábios tão firmes, de intenso beijar,

Supra sumo vermelho – dois gomos – carnudos, Ah! Que tenros morangos, deleitoso manjar!

Esses lábios tão rubros que me fazem corar,

São mil beijos vorazes, em carne desnudos Que na boca derretem... ai, não ouso falar!

São sussurros nervosos, ardentes bramidos,

Furiosos que queimam da cintura ao ouvido, Percorrendo em transe meu corpo ditosos

Num balanço fogoso, fugaz, atrevido.

Ah! Rompantes agudos de lábios ansiosos, Que na pele penetram sabor de libido.

Escorregam em beijos densos, ociosos, Sequiosos em ondas, furor destemido.

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QUEDA LIVRE Quem não sente no corpo a alma expandir-se até desabrochar em puro grito de orgasmo, num instante de infinito? Carlos Drummond de Andrade

E chegas abrasado na loucura, As mãos apunhalando meus cabelos,

Faminto vens, a língua me procura, Queimando pela nuca aos tornozelos.

E nessa chama a pele mais acura,

Meus pelos abraçados com teus pelos, Calor que se propaga in natura,

Vibrando na paixão dos meus apelos.

Os corpos se contorcem numa trama, As almas se entrelaçam num atrito,

Ardendo plenas na etérea chama,

Que vaza num espasmo oco, infinito. Em queda livre, leves sobre a cama,

Vertendo nas paredes um só grito.

22 Trovart

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SACRAMENTO Teu corpo é chama e flameja [...] A água clara que serpeja, Que em cantigas se derrama... Volúpia de água e da chama...

Manuel Bandeira

E chegas bem talhado no desejo, Palavras capciosas pelo ouvido,

Traceja minha pele com mil beijos, Acende o fátuo fogo da libido...

E cheio de urgência, com traquejo,

Rasgando com furor o meu vestido, Amado em ti, deságuo e me despejo,

O corpo lasso, leve em sustenido.

Teu cálice bem firme e bem sedento, Adentra minhas águas tão fogoso,

Fervendo em forte e fero movimento,

Ondula os corpos tersos tão gostoso. Deitando fogo em água, sacramento,

A sede vai matando num só gozo.

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AO PHALLOS Entre as pernas lânguidas, O membro se afoga Em prazeres obscenos Bebe o sabor desconexo Dos teus soluços e gemidos Consagrando-os à Vênus.

R.

Humana carne, Falo esculpido,

Soergue insuflado em cada coito. É rijo, firme, forte, decidido,

É fogo em falo, fero e tão afoito!

Sulcando grelos traça destemido, Sutil passagem, busca do intróito.

Sob os meus flancos, falo em sustenido É gozo duas, três vezes, quase oito!

Rompendo por caminhos imprecisos

Se perde nas penumbras do desejo... São voos trêmulos, lassos, indivisos

Cegando o Falo em mil lampejos!

Na Terra desnudando paraísos, No Céu gozando em mil festejos!

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VAGINAL – UMA ODE À VAGINA Pequeno furo, furo arteiro, furo Tão bem guardado em matagal obscuro, Que ao mais rebelde domas com presteza: Todo vero galã, para te honrar, Devia de joelhos te adorar, Firme empunhando a sua vela acesa!

Pierre de Ronsard

Varão, veja que tanto de vaginas,

Perpassam por você todos os dias, Nas gurias, nas damas, nas vadias,

Nas praças, nas calçadas, nas esquinas!

Varão, bem veja que é sua Sina Qual sina abençoada dum Messias,

É servo que bem sabe o que expia, Gozando-as entre todas as doutrinas!

Adentre em pelo o templo consagrado,

Adore-as em mil gozos infinitos... O círio bem aceso e bem untado

Ardendo na cadência desses ritos!

Nas mãos o belo sexo desnudado, É hóstia de perdão dos seus delitos!

25 Trovart

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AUDACIOSA E, nesta febre ansiosa que me invade [...] Olhos a arder em êxtases de amor, [...] Sou a charneca rude a abrir em flor!

Florbela Espanca

Despi-lo com meus olhos? Não ousaria...

Gentil cavalheiro dos meus devaneios! De que este estratagema me serviria?

Se não mitigaria nenhum d’meus anseios?

Amá-lo em meus sonhos? Não, nem tentaria... Gentil cavalheiro que me consome!

Por que este arroubo me deleitaria? Se pouco satisfaria esta imensa fome?

Tê-lo em meus braços? Muito me agradaria!

Gentil cavalheiro que me desconcerta! Não sabes com que prazer me entregaria...

Ao teu corpo, ao teu gozo em flor aberta!

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ÉROTIQUE Que tu éclates entre mes cuisses Que mes désirs soient exaucés sur sol fertile De ton corps sans pudeur. Joyce Monsour

Varão me suga todas as entranhas, Irrompe densas gotas de orvalho...

Façamos as mais loucas façanhas E que a cona canse teu caralho.

Desbrava essa mata alta e castanha,

Só não confundas alhos com bugalhos. Te unta se preciso for em banha

E bem usa os teus penduricalhos!

Que meus desejos todos satisfeitos, Nas órbitas frementes do conexo

Espumem fortes ondas pelo leito,

Explodam sobre nós em mil reflexos! Pra que possas no fim bater no peito:

− Sou macho e sei comer bem o teu sexo!

27 Trovart

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VÊNUS EM COUROS Açoita-me – eu imploro –, açoita-me sem piedade. [...] Açoita-me, eu imploro, causa-me este prazer.

Sacher-Masoch

Eu quero te açoitar o corpo inteiro, A Vênus sem pudores só em couro.

Fazer o teu desejo cavalheiro, Em doses de sadismo, teu tesouro.

Deixar-te satisfeito e bem faceiro,

Chicote retumbando num estouro. Gravar-te pelo dorso e no traseiro,

Amor suado, lágrima de choro.

No ardor do golpe forte tão certeiro, Em busca do delírio já vindouro,

A ver-te, um menino sem cueiro

Gozando teu instante em bom agouro. Aos meus pés ter-te dócil e rasteiro,

O rabo balançando, meu cachorro.

28 Trovart

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FESTIM E o tato mais vibrante, O sabor mais sutil, a cor mais louca, O perfume mais doido, o som mais provocante Moram na flor triunfal da tua boca!

Guilherme de Almeida

Me toca com fervor o falo grosso E deixa que se expanda na boceta.

Eu quero a tua porra em alvoroço, Os lábios me chupando as duas tetas!

De mim faz a tua janta e, ou almoço

Me come sem ter medo de careta, Da carne te regala, rói-me o osso,

Arrota o teu sêmen de veneta!

De sobremesa, à tua boca eu ponho O grelo bem rosado da contenda,

Eu quero-te corado e bem risonho

Saciado nos sabores dessa prenda. Querendo, põe o creme feito sonho E caso queiras, dou-te mais merenda.

29 Trovart

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ARTESÃO Por isso, corre, por servir-me, [...] Corre o cinzel. [...] Corre; desenha, enfeita a imagem, [...] No verso de ouro engasta a rima.

Olavo Bilac

Que teu cinzel traçando vá seguro, Meus versos e veredas sinuosas,

Lavrando firmemente, com apuro, As formas tenras, rijas, cavernosas.

Bem hábil, carinhoso, tão maduro,

Queimando as linhas tênues, ondulosas, Em busca do produto nascituro,

Surgido das entranhas tão rugosas.

Trabalho prazeroso, artesanal, Calcado no mais fino acabamento,

Matéria prima grã universal,

Artista em solo fértil, aposento. A plena conjunção atemporal,

Da arte e do labor em sentimento.

30 Trovart

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PEGA-BRASAS Teu corpo seja brasa E o meu a casa Que se consome no fogo Um incêndio basta Pra consumar esse jogo.

Alice Ruiz

Me pega bem de jeito e me enlouquece,

Me banha no teu corpo em combustão Enquanto nossa chama incandesce,

Vertendo vivamente pelos vãos.

Um corpo noutro corpo se conhece, Em pernas sobre pernas, confusão.

Assim a natureza nos aquece Em fátuos fogos feros, profusão.

Façamos desse instante a morada

De sonhos descabidos sem razão, Perdidos em delírios sobre o nada,

Efêmera fogueira em ascensão.

Intensos nos amemos na alvorada, Queimando em tensas brasas de paixão.

31 Trovart

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TRANSCENDENTAL Que força em nossos flancos nos transporta A essa extrema região etérea, eterna, [...] Nessa morte mais suave do que o sono: A pausa dos sentidos, satisfeita.

Carlos Drummond de Andrade

Sagrados em transe num céu opalino

Perfazem dois corpos caminhos de luz, Buscando mistérios na paz do Divino,

Orgasmos etéreos que a ele conduz.

Atiram-se ávidos quais peregrinos Dum carma venéreo que chega, seduz,

Somando desejos, fugaz desatino Num leito sidéreo na forma de cruz.

Se atritam matérias, almas, aortas

Com flébeis espasmos contíguos, afins, Tecendo mil linhas concêntricas, tortas

Nas fibras da derme, porosos cetins,

Abrindo na Terra as esferas e portas Dos ermos e fartos, brumosos jardins.

32 Trovart

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ARDENTIS Já a tua boca

[...] que vai sorvendo os lábios [...] E todo o corpo é esse movimento em torno em volta no centro desses lábios.

Oh meu amor... devagar... até que eu fique louca!

Maria Tereza Horta

De boca escorrega na pimenta

E queima febrilmente essa língua Em pouco no palato ela assenta,

Ardida em teus lábios como pinga!

Bem tenra seu sabor ela sustenta E vibra na papila sua ginga,

Enquanto o fero fogo pela venta Soergue meu prazer em tua língua!

E quanto mais nos lábios ela esquenta

O fogo sobe e desce na espinha A chama viva que arde e alimenta,

O transe flébil que o corpo adivinha.

E então no sal interno acre da pimenta O gozo vem cozendo as entrelinhas.

33 Trovart

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MATINAL Ao amado amante amor...

Perdidos ambos no deserto infinito Que sonho lindo, que visões também! E o éter puro como véu d'estrelas... E a chama delas a tremer além!...

Rita Barém de Melo

Vão breves no findar da madrugada, Estrelas a tocar tão leve o chão

Bem quando pela alcova revirada Teu falo vem brincar em minhas mãos.

Te sorvo ébria, plena, dedicada,

Trabalho febrilmente em teu tesão Pra que por mil esferas graduadas

Derrame teus espasmos de paixão.

E quando o sol desperta de seu sono Teu corpo desenhado junto ao meu,

Sonhamos a beleza deste outono,

Encontro sensual que o Amor nos deu. Entramos nas veredas do deus Chronos,

Na mão fugaz do eterno deus Morpheu.

34 Trovart

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* LASCIVO Neste instante já não sou nada, Somente corpo, pele, pelos, línguas, bocas. E a vida brota da semente.

Cláudia Marczak

Amado, põe-me crua, leve, sem roupa, Maestro sensual que me conduz

A língua ardendo do ventre à boca Na alcova pela noite à alva luz.

Perturba, vem, desfruta-me, não poupa Bem firme, apanha, doma e me seduz

Em teu suor queimando em febre louca No fátuo fogo nossos corpos nus.

Domina, Amado, em pernas faz teu laço

No mais intenso amor assim sem nome, Abrindo brechas, rompendo espaços

Delírio vil e santo em nós assome.

E no calor vibrante dos teus braços Saciemos nossa eterna e farta fome.

* Em parceria com Axills.

35 Trovart

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AKHILLEUS E desde então sou porque tu és, e desde então é, sou e somos e por amor serei, serás, seremos. Pablo Neruda

Amar-te docemente e com ternura, Amado do mais lindo sonho meu,

Pra ti ser o placebo, tua cura, O sol se derramando no teu breu.

Livrar-te da tristeza e da agrura,

De cada farpa que tua alma absorveu. Amor, te dar a paz e a quentura

Do níveo seio cônscio em apogeu.

Estar contigo, ser a residência, Morada do desejo vasto teu.

A tua calma dentro da urgência,

O credo firme, forte de um ateu. Colher em ti a cor da existência,

Nos teus acordes líricos, ó Orfeu!

36 Trovart

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LEITE DERRAMADO Teu gozo exploda em mim feito uma bomba debata-se e debata-se vencido calando o meu grunhir na tua boca... Isabel Machado

Por que chorar o leite derramado

Por nosso fogo

fartamente aferventado?

37 Trovart

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MULHER-MANGA Mulher és um fruto da terra [...] Aquele que saboreia a uva ou a amora Mas que mangas e ameixas adora.

Mourão

Chupa essa manga de polpa suculenta e rosada

que te olha de cima da mesa.

Chupa essa manga de polpa bem tenra e macia,

Deixa-a só no caroço

e palita teus dentes depois...

38 Trovart

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PÊNIS-ZANGÃO

Teu pênis, Zangão, copula na minha

abelha-rainha.

Pênis picão te mato na minha

calcinha.

39 Trovart

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POSFÁCIO I

A poeta cumpre aqui o papel da gueixa, da sacerdotisa, de Afrodite,

todos esses seres que estimulam arquetipicamente em nós a libido, os

calores mais íntimos, as fomes mais profundas. Sem perder o ritmo e o

compasso, ela sopra com maestria e talento os vapores que nos estimulam

ao prazer. Seu eu lírico levita em forma de ninfeta, cujo gozo verseja em

verbos aquosos na boca de um Eros inebriado.

Dentro de cada poema desses se despe e se mostra a figura feminina

exótica, arrebatada, com sede e fome de amor. Existe um jogo de entrelace

entre os versos que conduz à sutileza de todas as mulheres em uma só e

dessa em todas as outras, concomitantemente. Haverá algo mais erótico do

que o olhar por sobre o lirismo sensual de uma mulher apaixonada?

Trata-se de um convite para um passeio pelos meandros da alma do

ser humano, seus recantos mais escusos e evidentes, num conflito de

desejos e satisfações. Evidenciando as cores e texturas da nossa

animalidade divina, o bicho que Deus nos fez para contrabalançar com a

pureza e para reforçar o Sagrado.

Eis que todo o poema é antes de tudo um sentimento, uma ânsia,

uma busca, um vazio a ser preenchido por letras, palavras e sentenças que

o traduzem. Aqui, a poeta se veste com roupagens de meninas sapecas, de

damas sensuais, que se escondem e se mostram, tremulam os cílios,

provocam, nos excitam a imaginação...

Magmah, jornalista e poetisa.

Montenegro, RS, dez/2011.

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POSFÁCIO II

Esses "verbetes revirados sem pudor" espalhados ao longo de

APHRODISIAKOS nos apresentam um Éden voluptuoso e ao mesmo tempo

tenro e elegante. A poeta Alessa B., que ao longo de sua curta carreira já

acumula significativos prêmios como o 1º lugar no Prêmio FEUC de

Literatura – 2011, mostra-nos sua poesia "literalmente" nua,

arrebatadoramente erótica e sensual.

É justamente essa poesia nua que faz com que o leitor também se

dispa de censuras e abrace a concupiscência inebriante de versos que nos

criam fotos imaginárias como se fossem filmes de Almodóvar com roteiro

de Neruda.

E neste mundo imaginário, em que tocados pelos versos, nos

envolvemos a ponto de sentir na pele o real calor da poesia incandescente,

afogados nesse fogo alimentado pelo sabor picante da pimenta e de outros

alimentos e elementos igualmente afrodisíacos, atingimos, enfim, o clímax

da orgasmática pungência literária.

Axills, músico e poeta.

Curitiba, PR, dez/2011.

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CONTATOS COM A AUTORA

Recanto das Letras

http://recantodasletras.uol.com.br/autores/alebertazzo

Alquimia, Arte & Poesia

http://transversu.blogspot.com/

Alquimia, Erotismo & Poesia

http://alquimiaerotica.blogspot.com/

Livros, Cinema & Literatura

http://literanaveia.blogspot.com/

E-mail: [email protected]

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E silenciem os que amam, entre lençol e cortina

ainda úmidos de sêmen, estes segredos de cama.

Carlos Drummond de Andrade

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A poeta cumpre aqui o papel da gueixa, da sacerdotisa, de Afrodite, todos esses

seres que estimulam arquetipicamente em nós a libido, os calores mais íntimos, as fomes mais

profundas. Sem perder o ritmo e o compasso, ela sopra com maestria e talento os vapores que nos

estimulam ao prazer. Seu eu lírico levita em forma de ninfeta, cujo gozo verseja

em verbos aquosos na boca de um Eros inebriado.

Magmah, jornalista e poetisa.

Montenegro, RS, dez/2011.

E neste mundo imaginário, em que tocados pelos versos, nos envolvemos a ponto de sentir na pele o

real calor da poesia incandescente, afogados nesse fogo alimentado pelo sabor picante da pimenta e

de outros alimentos e elementos igualmente afrodisíacos, atingimos, enfim, o clímax da orgasmática

pungência literária.

Axills, músico e poeta.

Curitiba, PR, dez/2011.


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