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TSC_201415_Aulas

Date post: 06-Nov-2015
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Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) Escola de Sociologia e Políticas Públicas Departamento de Sociologia Licenciatura em Sociologia TEORIAS SOCIOLÓGICAS CONTEMPORÂNEAS Materiais das Aulas Teóricas, 2014/15 Coordenador: Rui Pena Pires Docentes: Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita
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  • Instituto Universitrio de Lisboa (ISCTE-IUL)

    Escola de Sociologia e Polticas Pblicas

    Departamento de Sociologia

    Licenciatura em Sociologia

    TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS

    Materiais das Aulas Tericas, 2014/15

    Coordenador: Rui Pena Pires

    Docentes: Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 2/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    ndice

    Aula 01 ......................................................................................................................................................... 3 Aula 02 ....................................................................................................................................................... 11 Aula 03 ....................................................................................................................................................... 17 Aula 04 ....................................................................................................................................................... 23 Aula 05 ....................................................................................................................................................... 30 Aula 06 ....................................................................................................................................................... 36 Aula 07 ....................................................................................................................................................... 43 Aula 10 ....................................................................................................................................................... 49 Aula 11 ....................................................................................................................................................... 56 Aula 12 ....................................................................................................................................................... 62 Aula 13 ....................................................................................................................................................... 72 Aula 14 ....................................................................................................................................................... 78 Aula 15 ....................................................................................................................................................... 85 Aula 18 ....................................................................................................................................................... 91 Aula 19 ..................................................................................................................................................... 100 Aula 20 ..................................................................................................................................................... 108 Aula 21 ..................................................................................................................................................... 115 Aula 24 ..................................................................................................................................................... 120

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    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    Aula 01

    Tpico Apresentao e organizao.

    Sumrio (a) O programa e a bibliografia.

    (b) Os processos de ensino-aprendizagem e de avaliao.

    Tpico [01] Controvrsias e correntes nas teorias sociolgicas

    contemporneas.

    Sumrio (a) As controvrsias: individualismo vs. colectivismo;

    subjectivismo vs. objectivismo; aco vs. estrutura; micro vs. macro.

    (b) As tradies sociolgicas: funcionalismo, conflito, utilitarismo

    e interacionismo.

    (c) Desenvolvimentos contemporneos: mecanismos, reducionismos

    e snteses.

    Referncia George Ritzer e Douglas J. Goodman (2003), A historical sketch of

    sociological theory: the later years, em George Ritzer e Douglas J.

    Goodman (2003), Sociological Theory, 6. ed., Nova Iorque, McGraw-Hill,

    pp. 185-225.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 4/123

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    (0.a.1) O programa

    Introduo

    01 Correntes e controvrsias na teoria sociolgica contempornea

    I Teorias sistmicas contemporneas

    02 Perspectivas sistmicas contemporneas

    03 A teoria neofuncionalista da diferenciao social

    04 A anlise de redes sociais

    II Teorias interacionistas contemporneas

    05 Perspectivas interacionistas contemporneas

    06 A teoria dos rituais de interao

    07 Ordem simblica e interao: contributos da etnometodologia

    III Teorias da ao racional

    08 Razo, troca e escolha

    09 Princpios gerais da teoria da troca

    10 Teorias da escolha racional: a questo das normas

    11 O individualismo metodolgico: razes e efeitos de agregao

    12 A sociologia analtica: relaes micro-macro e dinmicas sociais

    IV A articulao ao-estrutura na teoria sociolgica contempornea

    13 Modos de articulao entre ao e estrutura

    14 A internalizao da estrutura: campos e habitus

    15 A dualidade da estrutura: agncia e estruturao

    16 O dualismo ao-estrutura: realismo e morfognese

    17 A articulao na modernidade: sistema e mundo da vida

    Concluso

    18 Dilemas e desafios da pluralidade terica em sociologia

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 5/123

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    (0.a.2) A bibliografia

    Trs tipos de bibliografia:

    bibliografia bsica (de referncia);

    bibliografia de trabalho (aula a aula);

    bibliografia complementar (de aprofundamento).

    Bibliografia bsica (de referncia):

    Baert, Patrick (1998), Social Theory in the Twentieth Century, Cambridge, Polity Press.

    Ritzer, George, e Douglas J. Goodman (2004), Sociological Theory, 6. ed., Nova

    Iorque, McGraw-Hill.

    Turner, Jonathan H. (2003), The Structure of Sociological Theory, 7. ed., Belmont, CA,

    Wadsworth-Thomson (ed. original 1974).

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 6/123

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    (0.b.1) O processo de ensino-aprendizagem

    Trs tipos de aulas:

    18 tericas;

    3 de reviso;

    3 de avaliao.

    Aulas tericas:

    1 de introduo;

    16 sobre o ncleo do programa;

    1 de concluso.

    Aulas tericas nucleares:

    dois blocos de trs aulas cada para atualizao dos desenvolvimentos

    contemporneos das teorias sociolgicas modernas;

    dois blocos de cinco aulas cada sobre as novas correntes da teoria sociolgica

    contempornea: ao racional e articulao ao/estrutura.

    Um texto de apoio para cada aula terica (bibliografia de trabalho).

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    (0.b.2) O processo de avaliao

    Avaliao peridica

    Trs testes (uma hora/cada), com a mesma ponderao, a realizar nos tempos lectivos:

    o primeiro sobre as teorias sistmicas e interacionistas contemporneas;

    o segundo sobre as teorias da ao racional;

    o terceiro sobre as teorias da articulao ao-estrutura.

    ou

    Avaliao final

    Um exame final de duas horas.

    Nota

    Quem tiver negativa ou faltar a um dos testes pode optar por, no momento do exame

    final, ser avaliado apenas na matria daquele teste (exame parcial, uma hora).

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 8/123

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    (a) As controvrsias

    Dois problemas fundamentais:

    a) ontolgico

    subjetivismo vs. objectivismo

    b) metodolgico

    individualismo vs. colectivismo

    subjetivismo

    (agente atuante)

    objectivismo

    (relaes sociais)

    individualismo

    (reducionismo)

    interacionismo

    [interao]

    {interacionismo simblico

    etnometodologia}

    utilitarismo

    [razo]

    {teoria da troca

    escolha racional}

    colectivismo

    (holismo)

    funcionalismo

    [sistema]

    {estruturo-funcionalismo

    neofuncionalismo}

    estruturalismo

    [estrutura]

    {neomarxismo,

    teoria crtica, ...}

    Oposies parcialmente sobrepostas:

    ao vs. estrutura;

    micro vs. macro.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 9/123

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    (b) As tradies sociolgicas: funcionalismo, conflito,

    utilitarismo e interacionismo

    Funcionalismo: de Durkheim a Parsons

    Macro, sistema e funo (interpretao).

    Conflito: de Marx (e Weber) a Dahrendorf

    Macro, sistema e conflito (interesse).

    Interacionismo: de Mead (e Durkheim) a Goffman

    Micro (situao), interao e interpretao.

    Utilitarismo: um comeo tardio: de Homans s teorias da escolha racional.

    Micro (escolha), racionalidade e agregao.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 10/123

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    (c) Desenvolvimentos contemporneos: mecanismos, reducionismos e snteses

    Mecanismos

    Mudana de foco para a anlise dos processos e mecanismos gerais.

    (Antecedentes na sociologia formal simmeliana.)

    Reducionismos

    A articulao micro-macro por reducionismo: as microfundamentaes

    do macrossocial.

    (Antecedentes no individualismo metodolgico weberiano.)

    Snteses

    A articulao ao-estrutura por conflao ou por multidimensionalidade.

    (Antecedentes na sntese parsoniana.)

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 11/123

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    Aula 02

    Tpico [02] Perspectivas sistmicas contemporneas.

    Sumrio (a) O funcionalismo: funo, anlise funcional e explicao funcional.

    (b) Estrutura da ao social: o conceito de ato elementar.

    (c) A ordem social como ordem normativa: papis sociais e consenso

    normativo.

    Referncia Patrick Baert (1998), The biological metaphor: functionalism and

    neo-functionalism, em Patrick Baert (1998), Social Theory in the

    Twentieth Century, Cambridge, Polity Press, pp. 37-65.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 12/123

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    (a) O funcionalismo: funo, anlise funcional e explicao funcional

    Funo: consequncia de um processo que favorvel reproduo do sistema no

    mbito do qual esse processo ocorre.

    Anlise funcional: identificao das funes-chave de um sistema e,

    concomitantemente, dos requisitos funcionais desse sistema.

    Explicao funcional: atribuio da origem de um fenmeno s funes desse mesmo

    fenmeno.

    Crtica mertoniana dos trs postulados do funcionalismo clssico:

    postulado da unidade funcional;

    postulado do funcionalismo universal;

    postulado da indispensabilidade funcional.

    Alternativa mertoniana:

    carcter problemtico da integrao e necessidade de especificao da anlise

    funcional;

    diversidade das consequncias (funcionais, disfuncionais ou irrelevantes,

    manifestas ou latentes);

    alternativas, equivalentes e substitutos funcionais.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 13/123

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    (b) Estrutura da ao social: o conceito de ato elementar

    As componentes do ato elementar:

    um ator (ou o esforo de um ator);

    fins;

    meios;

    condies;

    orientaes.

    Turner, 2003: 40)]

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 14/123

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    (c) A ordem social como ordem normativa: papis sociais e consenso normativo

    Papel: complexo de expectativas normativas partilhadas sobre o comportamento de um ator.

    Sistemas da ao:

    a) sistema cultural (orientaes)

    b) sistema social (papis e colectividades)

    c) sistema da personalidade (necessidades/disposies)

    Processos de padronizao

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 15/123

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    (Apndice 1) Desenvolvimentos e reformulaes: correntes

    T. Parsons

    desenvolvimentos

    alternativos

    R.K. Merton

    ncleo funcionalista

    W. Moore e K. Davis (teoria da estratificao)

    N.J. Smelser (sociologia econmica)

    R.N. Bellah (sociologia da religio)

    revisionismos precursores

    S.N. Eisenstadt (sociologia da modernizao)

    neofuncionalismo

    R. Mnch

    P. Colomy

    J. Alexander

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    (Apndice 2) Desenvolvimentos e reformulaes: o contributo

    do neofuncionalismo

    Crtica-chave

    Desvalorizao/abandono do conceito requisitos funcionais.

    Seleo de contributos

    Concepo da sociedade como sistema de partes inter-relacionadas.

    Distino entre sistema cultural, sistema social e sistema da personalidade

    (e, em particular, a distino entre cultural e social).

    Anlise nos processos de integrao (e de desintegrao).

    Identificao da diferenciao como componente fundamental da mudana social.

    Especificao da soluo neofuncionalista

    Preservao dos contributos acima referenciados anlise sistmica.

    Resposta s crticas ao funcionalismo anlise da contingencialidade da ao.

    Participao no novo movimento terico de sntese sntese como

    multidimensionalidade.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 17/123

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    Aula 03

    Tpico [03] A teoria neofuncionalista da diferenciao social.

    Sumrio (a) Sistema e ambiente: a questo da reduo da complexidade.

    (b) Sistemas sociais e domnios funcionais.

    (c) Diferenciao e integrao.

    Referncia Jonathan H. Turner (2003), Systems funcionalism: Niklas Luhmann,

    em Jonathan H. Turner (2003), The Structure of Sociological Theory,

    7. ed., Belmont, CA, Wadsworth-Thomson, pp. 54-72.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 18/123

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    (a) Sistema e ambiente: a questo da reduo da complexidade

    Definies (teoria geral dos sistemas 99de Luhmann):

    a ao humana organiza-se e estrutura-se em sistemas sociais;

    sistema social toda a inter-relao significativa da ao de diferentes pessoas;

    a inter-relao entre as aes faz-se atravs da comunicao;

    a comunicao opera atravs de cdigos simblicos;

    os sistemas sociais existem em ambientes multidimensionais;

    os ambientes dos sistemas sociais colocam problemas de complexidade.

    Tese. Um sistema social s funciona caso se desenvolvam no seu mbito mecanismos

    de reduo da complexidade nas relaes sistema-ambiente:

    a reduo da complexidade passa pela construo de fronteiras entre sistema

    e ambiente;

    a reduo da complexidade constitui requisito funcional [necessidade]

    dos sistemas sociais;

    a anlise dos processos sociais deve centrar-se na identificao do seu contributo

    para a reduo da complexidade;

    a diferenciao constitui processo bsico de reduo da complexidade

    nas relaes com o ambiente atravs de incrementos de complexidade do sistema.

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    (b.1) Tipos de diferenciao

    Tipos de diviso:

    segmentao (partes autnomas e semelhantes);

    interdependncia.

    Tipos de interdependncia:

    hierarquizao (partes interdependentes por controlo);

    diferenciao (partes interdependentes por especializao).

    Tipos de diferenciao:

    estrutural (especializao de mecanismos e processos);

    funcional (especializao de funes).

    Trs tipos bsicos de diviso social:

    segmentao;

    hierarquizao;

    diferenciao.

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    (b.2) Tipos de sistema social e domnios funcionais: definies

    Tipos de sistema social

    Sistemas sociais [ou nveis de ao social] resultantes da diferenciao estrutural entre:

    sistemas de interao (copresena);

    sistemas organizacionais (coordenao de atividades);

    sistemas societais (meios comunicacionais generalizados).

    Os sistemas sociais esto encastrados uns nos outros: os mais gerais funcionam atravs

    dos mais especficos e estes funcionam no quadro dos mais gerais.

    Domnios funcionais

    Domnios de diferenciao funcional dos sistemas societais [a que correspondem

    diferentes meios comunicacionais generalizados]:

    economia [moeda];

    poltica [poder];

    famlia [amor];

    cincia [confiana];

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    (c) Diferenciao e integrao

    Problemas de integrao resultantes de acrscimos de diferenciao estrutural

    e funcional so resolvidos atravs dessa mesma diferenciao, que permite:

    especificar, pelo encastramento dos sistemas sociais, as condies

    de funcionamento dos mais especficos;

    diferenciar pessoas, papis, organizaes e domnios, reduzindo o potencial

    de conflito generalizado pela multiplicao das identidades e filiaes individuais;

    especializar a coordenao das unidades diferenciadas.

    Perspectiva evolucionista

    Os problemas de integrao so produzidos e resolvidos pelo (mesmo) processo:

    a diferenciao.

    A diferenciao constitui-se assim em requisito funcional mais decisivo do que

    o envolvimento moral ou o consenso normativo.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 22/123

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    (Apndice) Referncias

    Niklas Luhmann (1927-1998)

    Formao: universidades de Freiburg (licenciatura, 1949)

    e de Mnster (doutoramento, 1966).

    Professor: universidades de Cincias Administrativas,

    em Speyer (1962-65), de Mnster (1965-68)

    e de Bielefeld (1969-93).

    Algumas obras de Niklas Luhmann

    (1982), The Differentiation of Society, Nova Iorque, Columbia University Press.

    (1990), Political Theory in the Welfare State, Berlim, De Gruyter.

    (1995), Social Systems, Stanford, CA, Stanford University Press.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 23/123

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    Aula 04

    Tpico [04] A anlise de redes sociais.

    Sumrio (a) Pontos, laos e redes: propriedades e tipos.

    (b) Redes sociais e capital social.

    (c) A fora dos laos fracos.

    Referncia Jonathan H. Turner (2003), Network theory, em Jonathan H. Turner

    (2003), The Structure of Sociological Theory, 7. ed., Belmont, CA,

    Wadsworth-Thomson, pp. 503-514.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 24/123

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    (a) Pontos, laos e redes: propriedades e tipos

    Conceitos-chave:

    pontos, laos e redes (sociogramas);

    propriedades dos laos (direo, reciprocidade, transitividade, fora);

    propriedades das redes (densidade, multiplexidade e latncia);

    tipos de pontos (centralidade e mediao);

    tipos de laos (conexes e pontes);

    tipos de redes (cliques e clusters).

    A1

    A2

    A3

    A4

    A5

    A6

    C1

    C4

    C3

    C2

    B1

    B2

    B3

    B4

    B5

    B6

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 25/123

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    (b) Redes sociais e capital social

    Definio

    Capital social = conjunto de recursos relacionais de um indivduo.

    Modelo terico

    de:

    posio nos sistemas relacionais permite acesso a recursos;

    a:

    conjunto de relaes recurso.

    Logo:

    Mais capital social = mais capacidade para aceder a outros recursos.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 26/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (c.1) A tese de Mark Granovetter sobre a fora dos laos fracos: enunciados

    Definies

    Laos fracos: laos com menor consumo de tempo e de emoes, menos ntimos

    e menos recprocos.

    Ponte: lao tendencialmente nico (ou mais curto) entre dois pontos de uma rede

    (ou entre duas cliques ou clusters).

    Dimenso da ponte: a dimenso n de uma ponte representa o nmero de caminhos

    mais curtos, entre dois pontos, que passam por essa ponte (para alm do caminho

    entre os pontos que delimitam a ponte).

    Teses

    1. Pontes tendem a ser laos fracos.

    2. Laos fracos permitem uma maior circulao de informao e recursos

    entre indivduos e grupos do que laos fortes.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 27/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (c.2) A tese de Mark Granovetter sobre a fora dos laos fracos:

    integrao social no plano micro

    Teses

    1. No plano individual, os laos fracos aumentam as oportunidades de mobilidade.

    2. Laos fracos permitem aumentar o capital social dos indivduos.

    3. Laos fracos permitem relacionar mais pontos (pessoas).

    4. Laos fracos articulam micro e macro (e constituem este ltimo).

    [5. Laos fracos so frequentemente latentes e mantidos por recurso a rituais

    comemorativos.]

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 28/123

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    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (c.3) A tese de Mark Granovetter sobre a fora dos laos fracos:

    organizao social no plano macro

    Tese: no plano macro, os laos fracos aumentam a coeso social.

    Citaes (proposicionais)

    Granovetter: quanto mais pontes locais (por pessoa?) existirem numa comunidade,

    e quanto maior for a dimenso dessas pontes, mais coesa e capaz de atuar efetivamente

    ser essa comunidade (1973: 1376).

    Turner: o grau de integrao numa rede composta por subcliques de elevada densidade

    uma funo positiva da extensividade de pontes, suportadas por laos fracos, entre

    essas subcliques (2003: 513).

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 29/123

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    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (Apndice) Referncias

    Mark Granovetter

    Formao: universidades de Princeton (licenciatura, 1965)

    e de Harvard (doutoramento, 1970).

    Professor: universidades de Johns Hopkins (1970-73),

    Harvard (1973-77), Nova Iorque (State, 1977-92),

    Northwestern (1992-95) e Stanford (1995-).

    Algumas obras de Mark Granovetter

    (1973), The strength of weak ties, American Journal of Sociology, 78, pp. 1360-1380.

    (1974), Getting a Job. A Study of Contacts and Careers, Chicago, University

    of Chicago Press (2. ed. revista e ampliada, 1995).

    (1985), Economic action and social structure. The problem of embeddedness,

    American Journal of Sociology, 91, pp. 481-510.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 30/123

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    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    Aula 05

    Tpico [05] Perspectivas interacionistas contemporneas.

    Sumrio (a) A interao social como interao simblica.

    (b) A construo social do selfe.

    (c) Encontros, rituais e ordem da interao.

    Referncia Patrick Baert (1998), The enigma of everyday life: symbolic

    interaccionism, the dramaturgical approach and ethnomethodology,

    em Patrick Baert (1998), Social Theory in the Twentieth Century,

    Cambridge, Polity Press, pp. 134-152.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 31/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (a.1) A interao social como interao simblica: os contributos originais

    de George Hebert Mead (1863-1931)

    A ao social requer a construo de interpretaes sobre o significado da situao

    de interao, atuando os indivduos com base nessa interpretao.

    Pressupostos:

    todo o comportamento que facilite o ajustamento e a adaptao dos indivduos

    ao seu ambiente tende a ser reproduzido;

    a sociedade constitui o ambiente dos indivduos;

    o factor crtico que distingue as sociedades humanas das sociedades de animais

    a linguagem;

    as sociedades humanas desenvolvem-se como comunidades comunicacionais;

    agir interpretar o sentido das aes prprias e das aes dos outros;

    os indivduos, para interpretarem, tm que se colocar no papel do outro;

    a interpretao, enquanto processo de ajustamento e adaptao ao ambiente social

    (comunicacional), est na base do desenvolvimento do selfe e da mente;

    o selfe estabiliza os processos de interpretao.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 32/123

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    (a.2) A interao social como interao simblica: os contributos de Herbert

    Blumer

    As trs premissas do interacionismo simblico:

    os seres humanos atuam em relao s coisas na base dos significados que

    atribuem a tais coisas (sejam elas objetos materiais, valores e outras ideias

    ou instituies sociais);

    os significados dessas coisas emergem das interaes sociais em que

    os indivduos se envolvem;

    aqueles significados so expressos e modificados em processos de interpretao

    que as pessoas realizam quando se encontram com tais coisas.

    Contraste entre Mead e Blumer (contingncia enquanto dimenso da ao

    vs. contingncia enquanto caracterstica distintiva da ao):

    Mead | simbolizao: sistemas simblicos supra-individuais constituem fonte

    mais frequente da criao de significados na interao

    [distino entre o Eu inovador e o mim socializado]

    [contingncia dimenso da ao e da ordem sociais];

    Blumer | auto-indicao: reflexividade constitui a fonte mais frequente

    da criao de significados na interao

    [sobreposio do Eu inovador ao mim socializado]

    [ao e ordem sociais so contingentes/negociadas].

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 33/123

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    (b) A construo social do selfe

    Selfe: conjunto de concepes estveis dos indivduos sobre si-prprios que inclui

    as concepes sobre si-prprios enquanto realidade exterior socialmente situada.

    A sociedade existe pela capacidade de os indivduos se verem a si prprios enquanto

    realidade exterior socialmente situada.

    Desenvolvimento do selfe (Mead), enquanto desenvolvimento da capacidade para:

    se colocar no lugar de outros crescentemente variados e generalizados;

    se autocontrolar de modos que permitam ajustamentos eficazes nos processos

    comunicacionais com outros variados e generalizados;

    se definir a si prprio de modo estvel em relao a outros variados

    e generalizados.

    Fases de desenvolvimento do selfe (Mead):

    1) brincadeira [aprendizagem por imitao];

    2) jogo [aprendizagem das regras do jogo];

    3) outro generalizado [integrao das orientaes dos outros] selfe completo

    e unificado.

    Blumer: ausncia do outro generalizado, substitudo pela autorreflexividade

    sistemtica. [Desvantagens e vantagens da imagem do social como algo em permanente

    reconstruo e mudana.]

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 34/123

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    (c) Encontros, rituais e ordem da interao (Goffman)

    A interao (face-a-face) realiza-se por reunio (ocasio social) de indivduos

    num mesmo territrio, podendo ser:

    no focalizada;

    focalizada (encontro).

    Encontros

    A interao nos encontros regulada por regras sobre quem, o qu e como participa

    no encontro, bem como sobre a fala e a honra dos participantes.

    Os territrios dos encontros dividem-se entre palcos e bastidores.

    nos palcos, os desempenhos tendem a ser mais estereotipados (ritualizados);

    nos bastidores os desempenhos tendem a ser mais contingentes.

    Rituais

    A interao repetida, no focalizada ou focalizada, tende a ser ritualizada,

    sobretudo quando realizada em palcos, isto , tende a usar guies culturais partilhados

    e formalizados, eventualmente cerimoniais, reproduzindo-os por esse uso. Interao

    ritualizada promove ainda o desenvolvimento emocional da correo moral.

    A especificidade da ordem da interao

    Existe uma ordem da interao irredutvel ordem institucional;

    existe uma ordem institucional irredutvel ordem da interao.

    A especificidade da ordem da interao radica na contingencialidade da interao.

    Os rituais so processos fundamentais na articulao entre a ordem institucional,

    normativa, e a ordem da interao, simblica.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 35/123

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    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (Apndice) Desenvolvimentos e reformulaes

    1) Teoria interacionista do desvio de Howard Becker:

    o desvio como processo de categorizao.

    2) Teoria interacionista dos papis de Ralph H. Turner:

    a interao como colocao no papel e como construo de papis.

    3) Teoria interacionista do selfe socializado de Manfred Kuhn:

    o selfe como identidade individual socialmente construda.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 36/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    Aula 06

    Tpico [06] A teoria dos rituais de interao.

    Sumrio (a) Rituais e cadeias de rituais como base micro da organizao social.

    (b) Componentes, processos e resultados dos rituais de interao.

    (c) Rituais, emoes e interesses.

    Referncia Jrg Rssel e Randall Collins (2001), Conflict theory and interaction

    rituals: the microfoundations of conflict theory,

    em Jonathan H. Turner (org.) (2001), Handbook of Sociological

    Theory, Nova Iorque, Kluwer Academic, pp. 509-531.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 37/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (a.1) Rituais e cadeias de rituais como base micro da organizao social:

    genealogia do conceito de ritual na teoria sociolgica

    Durkheim

    A anlise dos rituais religiosos:

    a atividade ritualizada refora o sentido de solidariedade, base da integrao;

    a manuteno da ordem (macro) social depende da realizao de (micro) rituais

    interpessoais.

    Goffman

    A anlise dos rituais como atos (inter)individuais:

    interaes no quotidiano definidas como rituais;

    processos de quase sacralizao do indivduo.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 38/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (a.2) Rituais e cadeias de rituais como base micro da organizao social:

    dos rituais s macroestruturas

    Microtraduo

    Pressupostos etnometodolgicos:

    objecto = comportamento observvel;

    explicao = relao entre observveis

    (exclui referncia a regras e normas sociais no observveis).

    Cadeias de rituais

    Cadeias de rituais so repeties dos rituais:

    no tempo e no espao;

    entre nmero alargado de indivduos.

    Dimenses das macroestruturas

    Componentes:

    tempo;

    espao;

    nmero (de indivduos).

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 39/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (a.3) Rituais e cadeias de rituais como base micro da organizao social:

    dimenses das macroestruturas (modelo)

    mic

    ro

    mac

    ro

    tempo

    es

    pa

    o

    nmero d

    e pessoa

    s

    +

    +

    +

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 40/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (b) Rituais de interao: componentes, processos e resultados

    Componentes:

    agrupamento (copresena) de indivduos;

    barreiras a estranhos;

    focalizao mtua (conscincia do outro);

    partilha emocional.

    Processos:

    ao em comum (incluindo formalidades estereotipadas);

    estmulo emocional;

    intensificao retroativa;

    efervescncia colectiva.

    Resultados (incrementos de):

    solidariedade grupal;

    energia emocional individual;

    simbolizao da relao social;

    normas de moralidade;

    reforo emocional da correo moral.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 41/123

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    (c) Rituais, emoes e interesses

    Condies dos rituais:

    motivao emocional do encontro (energia);

    distribuio dos indivduos no espao (densidade);

    distribuio dos recursos materiais e culturais entre os indivduos (desigualdade);

    dinmica negocial do encontro (conflito).

    Dupla relao entre encontros ritualizados e desigualdade:

    negociao da incluso/excluso da pertena ao grupo

    (desigualdade como resultado);

    acessibilidade diferencial aos rituais

    (desigualdade como condio).

    Cadeias de rituais resultam no relacionamento de resultados e condies, estabelecendo-

    se relaes de poder (definido como capacidade de coero).

    Tipos de rituais e poder:

    rituais estatutrios = encontro igualitrio ambos ganham energia emocional;

    rituais de poder = encontro desigual dominante ganha energia emocional,

    dominado perde.

    Como energia emocional condio motivacional do ritual, rituais de poder reproduzem

    relaes de poder.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 42/123

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    (Apndice) Referncias

    Randall Collins (n. 1941)

    Formao: Harvard (licenciatura, 1963), Stanford (master, 1964)

    e Califrnia, Berkeley (1969).

    Professor: Universidade da Califrnia, San Diego, 1969-77,

    Universidade da Virgnia, 1978-82, Universidade da Califrnia,

    Riverside, 1985-97, Universidade da Pensilvnia desde 1997.

    Algumas obras de Randall Collins

    (1975), Conflict Sociology. Toward an Explanatory Science, Nova Iorque, Academic

    Press.

    (1979), The Credential Society. An Historical Sociology of Education and Stratification,

    Nova Iorque, Academic Press.

    (2004), Interaction Ritual Chains, Princeton, NJ, Princeton University Press.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 43/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    Aula 07

    Tpico [07] Ordem simblica e interao: contributos da etnometodologia.

    Sumrio (a) Ordem simblica e facticidade do mundo social.

    (b) Reflexividade e ao.

    (c) Contexto, interao e indexicabilidade.

    Referncia Jonathan H. Turner (2003), Ethnomethodological theory, em

    Jonathan H. Turner (2003), The Structure of Sociological Theory,

    7. ed., Belmont, CA, Wadsworth-Thomson, pp. 419-431.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 44/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (a) Ordem simblica e facticidade do mundo social

    Os fundamentos da etnometodologia:

    a ordem social existe incorporada como ordem simblica;

    a ordem simblica resulta de procedimentos cognitivos de estabelecimento

    da facticidade do mundo social (tido como certo);

    esses procedimentos cognitivos constituem-se como regras prticas

    de interpretao;

    os indivduos presumem o emprego desses mesmos procedimentos pelos outros

    indivduos com quem interagem;

    a interpretao sempre contextual, relacionando a situao de interao em que

    decorre a regras gerais usadas nessa interpretao (indexicabilidade).

    Facticidade

    Questo-chave: como constroem e comunicam as pessoas a presuno de que o mundo

    social existe (como mundo ordenado real)?

    Resposta (Garfinkel): interpretao e representao, nos actos, constitui o principal

    mecanismo usado para construir e comunicar essa presuno relevncia

    das narrativas interpretativas e autojustificativas.

    Objectivo da etnometodologia: anlise dos mtodos e tcnicas que as pessoas usam

    para criar, manter e, eventualmente, transformar uma viso da realidade como realidade

    ordenada.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 45/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (b) Reflexividade e ao

    Ao reflexiva

    Ao reflexiva porque as regras de interpretao, mesmo que internalizadas,

    s tm efeitos quando usadas num trabalho de interpretao. Esse trabalho reflexivo

    consiste sobretudo em processos de normalizao (do sentido, ou tipificaes).

    Ao reflexiva e facticidade

    Questo: como compatibilizar presuno de facticidade do mundo social

    com experincias cognitivamente disruptivas dessa facticidade?

    Ou seja, com a interpretao de acontecimentos que parecem no fazer sentido?

    Resposta: propriedade reflexiva da ao permite reinterpretar essas experincias

    e construir explicaes que salvaguardem aquela presuno de facticidade.

    Nota metodolgica: o carcter revelador dos acontecimentos disruptivos inspirou

    a construo de mtodos e tcnicas de anlise dos processos interpretativos prticos,

    experincias reveladoras.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 46/123

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    (c) Contexto, interao e indexicabilidade

    Sentido da comunicao interpretado contextualmente.

    Duplo sentido de indexabilidade:

    h expresses comunicativas indexadas a contextos particulares;

    novos objetos/gestos/falas tendem a ser indexados a significados normalizados.

    Uso e construo de expresses indexadas tm por objectivo sustentar a presuno

    de facticidade do mundo social, relacionando contexto e norma (de sentido),

    contingncia e ordem.

    Condies objectivas so sempre interpretadas em funo

    de interpretaes subjetivas (ordenadas) anteriores.

    Relao entre subjetividade e ordenao interpretativa (referenciao interna da ao).

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 47/123

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    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (Apndice 1) Referncias

    Harold Garfinkel (1917-2011)

    Formao: universidades de Newark (licenciatura, 1939),

    da Carolina do Norte (master, 1942)

    e de Harvard (doutoramento, 1952).

    Professor: universidades de Princeton (1950-52) e da Califrnia,

    Los Angeles (1954-87).

    Algumas obras de Harold Garfinkel

    (1967), Studies in Ethnomethodology, Englewood Cliffs, NJ, Prentice-Hall.

    (2002), Ethnomethodology's Program. Working Out Durkheim's Aphorism

    (organizao e introduo de Anne Rawls), Lanham, MD, Rowman & Littlefield.

    Algumas obras sobre Garfinkel

    Heritage, John (1985), Garfinkel and Ethnomethodology, Cambridge, Polity.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 48/123

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    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (Apndice 2) Desenvolvimentos

    1. Crescente individualismo de Garfinkel e seus discpulos diretos (redefinio

    da atividade social como atividade exclusivamente prtica e crtica da concepo de ator

    em Parsons como drogado cultural).

    2. Sociologia cognitiva de Aaron V. Cicourel visando a identificao das regras bsicas,

    invariantes, usadas em todo o tipo de interao. Exemplos de regras bsicas:

    a procura da forma normal;

    a presuno da reciprocidade de perspectivas;

    o uso do princpio et cetera.

    (figura adaptada de Scott, 1995: 199)

    Estrutura visvel

    Estrutura profunda

    procedimentos

    interpretativos

    prticas de

    responsabilizao

    Ordem

    social

    sentido de

    estrutura social

    Ordem

    normativa

    relaes

    de papis

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 49/123

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    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    Aula 10

    Tpico [08] Razo, troca e escolha.

    Sumrio (a) Os fundamentos microindividuais da ordem macro.

    (b) O conceito de racionalidade.

    (c) Troca, escolha e razo.

    Referncia Patrick Baert (1998), The invasion of economic man: rational choice

    theory, em Patrick Baert (1998), Social Theory in the Twentieth

    Century, Cambridge, Polity Press, pp. 153-172.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 50/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (a.1) Os fundamentos microindividuais da ordem macro: antecedentes e variantes

    Antecedentes:

    individualismo e aco racional em Weber;

    o utilitarismo nas cincias sociais.

    Variantes tericas:

    teorias da troca;

    teorias da escolha racional;

    individualismo metodolgico.

    As instituies, organizaes e sociedades que os socilogos estudam podem sempre

    ser analisadas, sem resduo, analisando o comportamento do homem individual.

    Devem, pois, ser explicadas por proposies sobre o comportamento do homem

    individual [Homans (1964), Commentary, Sociological Inquiry, 34, p. 231].

    todo o fenmeno social [] o produto de aes, decises atitudes, comportamentos,

    crenas, etc. individuais, sendo os indivduos os nicos substratos possveis da ao, da

    deciso, etc., a partir do momento em que consideramos estas noes num sentido no

    metafrico [Boudon (2003), Raison, Bonnes Raisons, p. 19].

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 51/123

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    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (a.2) Os fundamentos microindividuais da ordem macro: diagrama Coleman-

    Lindenberg

    [diagrama Coleman-Lindenberg]

    Modos de combinao da ao na transio micro macro:

    imposio unilateral de externalidades (positivas ou negativas);

    troca bilateral resultante em acordos ou contratos (negociao);

    competio em mercados (regulado por regras);

    regras de deciso colectiva baseadas em escolhas individuais;

    organizao por via de regras e incentivos de interdependncias assimtricas;

    estabelecimento de direitos colectivos de controlo social via normas/sanes.

    causas micro

    causas macro resultados macro

    aco micro

    p2

    p3

    p4

    p1: proposio macro macro

    p2: proposio macro micro

    p3: proposio micro micro

    p4: proposio micro macro

    traduo micro de p1

    estatuto

    problemtico

    da transio

    micro macro

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    (b) O conceito de racionalidade

    Racionalidade na tradio utilitarista

    Ao racional:

    intencional orientada por interesses;

    escolha entre meios para alcanar um fim;

    clculo dos custos e benefcios;

    maximizao do resultado.

    Racionalidade em Weber

    Tipos de ao:

    racional;

    tradicional;

    emocional.

    Tipos de ao racional:

    instrumental (escolha entre meios orientada por interesses);

    axiolgica (escolha entre fins orientada por valores).

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    (c.1) Troca, escolha e razo: variantes

    Teoria da troca (Homans): da troca econmica troca social;

    Teoria da escolha racional (Coleman + Hechter): construo de sistemas sociais e

    culturais (organizaes, grupos e normas) em resultado de interesses individuais.

    Tndividualismo metodolgico (modelo racional geral): a racionalidade plural (objectiva

    vs. subjetiva; instrumental, axiolgica, cognitiva ).

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 54/123

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    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (c.2.1) Troca, escolha e razo: antecedentes do conceito de troca na economia e

    na antropologia

    Na economia

    Utilitarismo: comportamento orientado pela maximizao dos benefcios materiais

    individuais (utilidades) atravs de trocas nos mercados, racionalmente, isto ,

    calculando a relao custos/benefcios das alternativas e escolhendo a mais

    compensadora.

    Na antropologia

    Generalizao do conceito de troca:

    da troca material troca simblica;

    da troca direta troca indireta.

    Relacionamento entre os conceitos de troca e de estrutura social:

    no plano da anlise das consequncias das trocas;

    no plano da anlise das condies das trocas.

    [Nomeadamente, Malinowski, Mauss e Lvi-Strauss.]

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 55/123

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    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (c.2.2) Troca, escolha e razo: antecedentes do conceito de troca na psicologia e

    na sociologia

    Na psicologia

    Corrente comportamentalista [nomeadamente Thorndike, Watson, Skinner]:

    comportamento orientado positivamente pela recompensa (benefcio)

    e negativamente pela punio (custo);

    repetio do comportamento bem-sucedido na base no circuito estmulo-resposta

    e na sua recordao.

    Na sociologia clssica

    Contributo da dialctica de Marx para a anlise das dinmicas da troca em situaes

    de desigualdade na distribuio dos recursos.

    Contributo de Simmel na Filosofia do Dinheiro, enfatizando as relaes entre:

    troca e utilidade (troca como realizao de uma utilidade);

    troca e escassez (valor como uma funo da utilidade e raridade);

    troca e poder (troca assimtrica como resultado e causa de diferenciais de poder);

    troca e conflito (trocas assimtricas geram tenses que podem resultar

    em conflitos).

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 56/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    Aula 11

    Tpico [09] Princpios gerais da teoria da troca.

    Sumrio (a) Os pressupostos: comportamentalismo e reducionismo.

    (b) Espaos, utilidades e meios gerais de troca social.

    (c) Dinmicas da troca social.

    Referncia Jonathan H. Turner (2003), Behavoristic exchange theory:

    George C. Homans, em Jonathan H. Turner (2003), The Structure

    of Sociological Theory, 7. ed., Belmont, CA, Wadsworth-Thomson,

    pp. 285-293.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 57/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (a) Os pressupostos: comportamentalismo e reducionismo

    Comportamentalismo

    Circuito estmulo/resposta (reforo): se algum tem uma necessidade/interesse,

    tender a satisfaz-la/realiz-lo agindo de modos que no passado foram bem-sucedidos.

    Ao (comportamento selecionado) = valor x probabilidade. Pressupe:

    escassez (oportunidades);

    valor (preferncias em termos de recompensas/punies);

    escolha (oportunidades/preferncias);

    antecipao (percepo e expectativas dos nveis de recompensas/punies).

    Racionalidade como resposta aprendida (no motivada nem calculada).

    Reducionismo

    Enunciado: As instituies, organizaes e sociedades que os socilogos estudam

    podem sempre ser analisadas, sem resduo, analisando o comportamento do homem

    individual. Devem, pois, ser explicadas por proposies sobre o comportamento do

    homem individual [Homans (1964), Commentary, Sociological Inquiry, 34, p. 231].

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 58/123

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    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (b) Espaos, utilidades e meios gerais de troca social

    H trocas porque h interesses, mas interesses no so s econmicos ou materiais;

    portanto, trocas no so s materiais.

    Da troca econmica troca social

    (generalizao de conceitos da economia)

    Espaos sociais de troca:

    dos mercados econmicos aos mercados sociais

    (ex.: mercados matrimoniais, banco de favores).

    Utilidades sociais de troca:

    das recompensas materiais s recompensas simblicas

    (ex.: trocas de afeio, ajuda, confiana, estima).

    Meios gerais de troca:

    do dinheiro aprovao

    (enquanto mecanismo geral de reforo).

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 59/123

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    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (c) Dinmicas da troca social

    Proposies bsicas da teoria da troca (ao nvel do comportamento)

    Princpio da racionalidade aprendida:

    o comportamento recompensado tende a ser reproduzido.

    Princpio da reciprocidade:

    a troca com ganhos recprocos tende a ser reproduzida.

    Princpio da utilidade marginal decrescente:

    a recompensa frequente tende a ser menos valorizada.

    Princpio da justia distributiva:

    a reproduo da troca supe a existncia de proporcionalidade

    entre recompensas e punies (ou entre valor e custo).

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 60/123

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    (Apndice 1) Referncias

    George C. Homans (1910-1989)

    Formao: Harvard (licenciatura, 1932).

    Professor: Universidade de Harvard (1939-1980).

    Algumas obras de George C. Homans

    (1950), The Human Group, Nova Iorque, Harcourt.

    (1961), Social Behavior. Its Elementary Forms, Nova Iorque, Harcourt.

    (1964), Bringing men back in, American Sociological Review, 29 (5), pp. 809-818.

    (1984), Coming to My Senses. The Autobiography of a Sociologist, New Brunswick, NJ,

    Transaction Books.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 61/123

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    (Apndice 2) Desenvolvimentos e reformulaes

    Teorias da troca

    Objectivo: explicar os processos de interao como trocas orientadas por escolhas

    racionais feitas por indivduos. Exemplos:

    a teoria da troca de Blau, articulando troca/poder/conflito

    e micro/macroestruturas da troca.

    teoria da troca de Emerson desenvolvida como sociologia formal

    centrada na anlise de redes.

    Teoria(s) da escolha racional

    Objectivo: explicar os fenmenos sociais emergentes como o resultado de escolhas

    racionais feitas por indivduos orientados por critrios utilitaristas. Exemplos:

    a teoria da escolha pblica de Coleman [emergncia dos sistemas sociais

    e culturais (organizaes e normas) como resultado de escolhas de atores

    interessados em estabilizar os ambientes das trocas];

    a teoria da solidariedade grupal de Hechter [emergncia dos grupos

    e das obrigaes normativas associadas participao em grupos como resultado

    de escolhas de atores interessados na existncia da controlo social].

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 62/123

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    Aula 12

    Tpico [10] Teorias da escolha racional: a questo das normas.

    Sumrio (a) Racionalidade, interesses e normas.

    (b) Transferncia de direitos para agir e estabilizao das relaes de troca.

    (c) Solidariedade grupal e padres de controlo social.

    Referncia Jonathan H. Turner (2003), Rational choice theory, em Jonathan

    H. Turner (2003), The Structure of Sociological Theory, 7. ed.,

    Belmont, CA, Wadsworth-Thomson, pp. 325-340.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 63/123

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    (a) Racionalidade, interesses e normas

    Externalidades negativas da escolha racional (externalidades de 1. ordem):

    multiplicao do nmero de atores/transaes;

    instabilidade dos diferimentos e encadeamentos das trocas;

    dilema do comportamento oportunista (free-rider).

    Interesses dos indivduos em transferir direitos para agir (sistemas de autoridade)

    em troca da reduo dos custos das externalidades.

    Criao de normas negativas e de mecanismos de sano.

    Externalidades negativas do controlo, com custos crescentes (externalidades de 2. ordem).

    Interesses dos indivduos na criao de normas prescritivas e de mecanismos de compensao.

    Construo de sistemas sociais e culturais (organizaes + normas)

    em resultado de interesses individuais.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 64/123

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    (b) transferncias de direitos para agir e estabilizao das relaes de troca

    1. Sistemas de trocas alargados e estabilizados requerem a existncia de relaes

    durveis.

    2. Relaes durveis baseiam-se na confiana.

    3. A estabilizao da confiana exige transferncias de direitos individuais para agir.

    4. As relaes originadas pelas transferncias de direitos individuais para agir geram

    recursos sociais:

    [relaes] [recursos]

    confiana obrigaes;

    autoridade poder;

    normas valores.

    5. O conjunto dos recursos sociais constitui capital social.

    6. O capital social usado na constituio de atores colectivos.

    7. Os atores colectivos desenvolvem interesses prprios.

    8. A prossecuo dos interesses prprios pelos atores colectivos faz-se custa dos

    interesses individuais

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 65/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (c.1) Solidariedade grupal e padres de controlo social: tese e argumentos

    Questo: como conter os comportamentos free-rider no domnio dos bens pblicos?

    Tese: pertena a grupos permite conter os comportamentos free-rider.

    Argumentos:

    solidariedade de grupo como controlo social;

    dependncia do grupo para aceder a recursos e bens;

    interesse na pertena a grupos;

    dependncia do grupo como incentivo para criar obrigaes normativas;

    obrigaes normativas mais econmicas do que processos de conformidade

    baseados em monitorizao e sano.

    Concluso: solidariedade grupal como o produto da dependncia e conformidade.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 66/123

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    (c.2) Solidariedade grupal e padres de controlo social: tipos de grupos e padres

    de controlo

    Tese: eficcia do grupo no controlo social depende do tamanho e do tipo do grupo.

    Tipos de grupos: compensatrios e obrigatrios.

    Eficcia do controlo e economia das sanes:

    custos da monitorizao e sano competem com custos do free-riding;

    controlo do grupo, sobretudo quando reduzido e obrigatrio, mais eficaz e

    econmico do que os mecanismos de monitorizao e sano.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 67/123

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    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (Apndice 1) Referncias

    James S. Coleman (1926-1995)

    Formao: Purdue University (licenciatura, 1949)

    e Columbia, NY (doutoramento, 1955).

    Professor: University of Chicago (1956-1959),

    Johns Hopkins University (1959-1973) e,

    de novo, University of Chicago (1973-1955).

    Outras atividades: direco do National Opinion Research Center,

    Chicago (1973-1955).

    Algumas obras de James S. Coleman

    (1961), The Adolescent Society, Glencoe, IL, Free Press.

    (1973), The Mathematics of Collective Action, Londres, Heinemann.

    (1990), Foundations of Social Theory, Cambridge, MA, Harvard University Press.

    Michael Hechter (n. 1934)

    Formao: Columbia University (doutoramento, 1972).

    Professor: Director da School of Global Studies

    e Professor na Arizona State University.

    Algumas obras de Michael Hechter

    (1987), Principles of Group Solidarity, Berkeley, University of

    California Press.

    (2000), Containing Nationalism, Oxford, Oxford University Press.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 68/123

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    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (Apndice 2.1) Desenvolvimentos e reformulaes (teorias da escolha racional)

    Teorias da escolha racional

    Reformulaes:

    do reducionismo metodolgico ao exclusivismo ontolgico;

    do princpio da parcimnia ao privilgio paradigmtico.

    Pressupostos:

    individualismo (causalidade);

    optimizao (clculo);

    interesse prprio (utilitarismo).

    Desenvolvimento: aplicao da teoria dos jogos s teorias da escolha racional.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 69/123

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    (Apndice 2.2) Desenvolvimentos e reformulaes (teoria dos jogos)

    Aplicao da teoria dos jogos s teorias da escolha racional

    Tipos de ao racional:

    paramtrica , a ao do outro considerada como certa

    (ambiente de certeza ou de risco calculado)

    (comportamentalista);

    estratgica, o ator necessita de calcular/antecipar a ao do outro

    (ambiente de incerteza)

    (cognitivista processos de aprendizagem/evolucionrios).

    Aplicao da teoria dos jogos

    Tipos de jogos em funo:

    das regras do jogo (competio/cooperao);

    dos resultados (soma nula/no nula);

    da informao (completa/incompleta);

    do n. de jogadores (2 n);

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 70/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

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    (Apndice 2.3) Desenvolvimentos e reformulaes (ex. do dilema do prisioneiro)

    Dilema do prisioneiro

    Situao: dois cmplices de um crime so capturados e interrogados em celas separadas.

    Prisioneiro B

    Confessa Nega

    Prisioneiro A Confessa 2, 2 4, 1

    Nega 1, 4 3, 3

    Condies (apresentadas separadamente a cada um):

    os dois confessam, 10 anos de priso para cada um;

    os dois negam, 5 anos de priso para cada um;

    um confessa e o outro nega, o que confessa libertado, o que nega condenado

    a 20 anos de priso.

    Escala de preferncias individuais:

    mnimo: 20 anos (valor 1);

    10 anos (valor 2);

    5 anos (valor 3);

    mximo: libertao (valor 4).

    Soluo racional do jogo: ambos confessam (resultado subptimo).

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 71/123

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    (Apndice 2.4) Desenvolvimentos e reformulaes (limites internos da teoria)

    Limite da ordenao

    Se a racionalidade definida como clculo visando afectao ptima dos meios aos fins,

    presume-se a existncia de um critrio nico permitindo a ordenao total de um

    conjunto finito de meios (concepo ordinal da racionalidade).

    Limite da transitividade

    Se a racionalidade definida como escolha ptima em funo das preferncias

    individuais, presume-se a existncia de um portflio de preferncias transitivamente

    ordenado (concepo holista da racionalidade).

    Limite da contextualidade

    Se a racionalidade definida em termos formais, pela adequao objectiva da relao

    entre ao e contexto da ao, presume-se uma definio estrutural, em termos

    posicionais, do mbito da racionalidade (concepo estrutural da racionalidade).

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 72/123

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    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    Aula 13

    Tpico [11] O individualismo metodolgico: razes e efeitos de agregao.

    Sumrio (a) Teoria da escolha racional e modelo racional geral.

    (b) Tipos de racionalidade: instrumental, cognitiva e axiolgica.

    (c) O macro como efeito de agregao: os efeitos no intencionais

    da ao intencional.

    Referncia Michel Dubois (2000), Lindividualisme mthodologique: principes

    de la sociologie de laction, em Michel Dubois (2000), Premires

    Leons sur la Sociologie de Raymond Boudon, PUF, pp. 21-42.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 73/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (a) Teoria da escolha racional (TER) e modelo racional geral (MRG)

    Pressupostos

    p1 Individualismo: todo o fenmeno social o produto de aes, decises, atitudes,

    comportamentos, crenas, (ADACC) individuais.

    p2 Compreenso: toda a ADACC individual pode ser compreendida.

    p3 Racionalidade: as ADACC so, em regra, o produto de razes.

    p4 Consequencialismo: as razes das ADACC dizem respeito s consequncias

    das ADACC.

    p5 Egosmo: o indivduo d prioridade s ADACC que lhe interessam pessoalmente.

    p6 Maximizao: o indivduo conhece as consequncias das ADACC e seleciona a que

    tiver um saldo vantagens/inconvenientes que lhe seja mais favorvel.

    p6 Satisfao: o indivduo tem um conhecimento limitado sobre as consequncias

    das ADACC e seleciona a que tiver um saldo vantagens/inconvenientes que lhe

    parea satisfatrio.

    TER = p1, p2, p3, p4, p5, p6 (p6).

    MRG = p1, p2, p3.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 74/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (b) Tipos de racionalidade: instrumental, cognitiva e axiolgica

    Definies de racionalidade:

    objectiva: optimizao da relao meios/fins (TER);

    subjetiva: razes (intencionais) da ao (MRG).

    Tipos de racionalidade (subjetiva)

    Tipo Princpio de explicao X tem boas razes para fazer Y porque

    1. Instrumental

    1.1. Utilitria Interesse/preferncia Y corresponde ao seu interesse/preferncia

    1.2. Teleolgica Finalidade Y o melhor meio para atingir o objectivo pretendido por X

    2. Axiolgica Norma

    Valor

    Y resulta da norma Z X acredita em Z e tem boas razes para tal

    3. Cognitiva Teoria

    Conhecimento

    Y resulta da teoria Z X acredita em Z e tem boas razes para tal

    4. Tradicional Costume/hbito X sempre fez Y e no tem razes para questionar tal prtica

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 75/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (c.1) O macro como efeito de agregao: os efeitos no intencionais

    da ao intencional

    A frmula da explicao sociolgica:

    M=MmSM

    ou seja, o fenmeno M uma funo das aes m, as quais dependem da situao S

    do ator, sendo essa situao afectada por dados macrossociais M .

    Os fenmenos sociais so consequncia por vezes previsvel, mas mais frequentemente

    no previsvel, dos comportamentos sociais.

    Efeitos de agregao: resultados das combinaes de efeitos no intencionais da ao

    intencional.

    Tipos de efeitos de agregao

    Efeitos de agregao simples (sumativos).

    Efeitos de agregao complexos (contraintuitivos). Exemplos:

    efeito de frustrao relativa: resultante do aumento das oportunidades de todos;

    efeito de segregao: resultante da preferncia por uma distribuio maioritria;

    efeito de deteriorao em espiral: a deteriorao de uma situao evolui de modo

    cumulativo.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 76/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (c.2) O macro como efeito de agregao: tipos de efeitos de agregao

    Julgamento do efeito Tipo de agregao

    Simples Complexo

    + 1 2

    3 4

    + / 5 6

    nenhum 7 8

    Fonte: em Dubois (2000: 36).

    Efeitos perversos: tipo particular de efeitos no intencionais da ao intencional,

    em que, por agregao, o resultado combinado o contrrio do que era pretendido por

    cada indivduo agindo racionalmente (tipo 4).

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    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (Apndice) Referncias

    Raymond Boudon (n. 1934)

    Formao: Sorbonne, Ecole Normale Suprieure

    (agregado em 1958).

    Professor: Universit de Paris IV, Sorbonne (desde 1978).

    Outras atividades: direco do Centre dEtudes

    Sociologiques (1969-1972) e do Groupe dtudes

    des Mthodes de lAnalyse Sociologique (1972-1998).

    Algumas obras de Raymond Boudon

    (1973), LIngalit des Chances, Paris, Armand Colin.

    (1979), La Logique du Social, Paris, Hachette.

    (2003), Raison, Bonnes Raisons, Paris, PUF.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 78/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    Aula 14

    Tpico [12] A sociologia analtica: relaes micro-macro e dinmicas sociais.

    Sumrio (a) Individualismo estrutural.

    (b) Estruturas de oportunidades e processos de filtragem da ao.

    (c) Efeitos no intencionais da ao e dinmicas relacionais cumulativas.

    Referncia Peter Hedstrm e Lars Udehn (2009), Analytical theory and theories

    of the middle range, em Peter Hedstrm e Peter Bearman (orgs.)

    (2009), The Oxford Handbook of Analytical Sociology, Oxford,

    Oxford University Press, pp. 25-47.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 79/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (a) Individualismo estrutural

    Princpio bsico de explicao: identificar as entidades, atividades e relaes que,

    conjuntamente, produzem o resultado colectivo a ser explicado.

    Individualismo porque:

    toda a explicao requer anlise da ao individual.

    Estrutural porque:

    toda a explicao requer anlise das relaes entre atores individuais e estas no so

    redutveis s propriedades dos atores individuais ou das aes individuais.

    Antecedentes (principais):

    Weber;

    Merton;

    Coleman;

    Elster.

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    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (b.1) Estruturas de oportunidades e processos de filtragem da ao

    Estrutura de oportunidades: conceito-chave na anlise das relaes macro micro.

    Definio (Merton): acesso diferencial a oportunidades por agentes com diferentes

    posies sociais.

    Efeitos de estrutura: efeitos sobre escolhas entre alternativas socialmente estruturadas.

    Oportunidades manifestam-se como processos de filtragem.

    Filtros (Elster):

    constrangimentos estruturais;

    mecanismos possibilitadores.

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    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (b.2) Estruturas de oportunidades e processos de filtragem da ao: modelo

    constragimentos

    estruturaismecanismos

    Cursos de ao

    possveis

    em abstrato

    Cursos de ao

    realizveisAes realizadasFiltro 1 Filtro 2

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 82/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (c.1) Efeitos no intencionais da ao e dinmicas relacionais cumulativas:

    consequncias da ao

    Dinmicas sociais micro macro: consequncias da ao.

    Distines analticas (consequncias da ao)

    Consequncias

    no antecipadas

    Comportamento

    individual

    Comportamento

    no intencional

    Ao

    intencional

    Ao

    racional

    Ao em

    parte racional

    MiopiaWishful

    thinkingComplexidade

    Ignorncia

    e erro

    Consequncias

    antecipadas

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    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (c.2) Efeitos no intencionais da ao e dinmicas relacionais cumulativas:

    exemplos

    Profecia autorrealizada

    Definio (teorema de Thomas)

    Se as pessoas definirem uma situao como real, ela ser real nas suas consequncias.

    [Crenas cognitivas criam, em vez de refletirem, a realidade]

    Propriedades:

    processo dinmico;

    resultados no antecipados;

    impulsionado por interaes sociais;

    dinmica endgena de autorreforo

    centrada em crenas.

    Efeito de Mateus

    Definio

    Processo de vantagens/desvantagens cumulativas

    Propriedades

    idem;

    centrada em oportunidades em vez de crenas.

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    (Apndice) Referncias

    Peter Hedstrm (n. 1955)

    Formao: Doutoramento, Universidade de Harvard (1987).

    Professor: Nuffield College, Universidade de Oxford (2003-2011).

    Outras atividades: Director do Institute for Futures Studies, Estocolmo (desde 2011).

    Algumas obras de Peter Hedstrm

    (1998), Social Mechanisms. An Analytical Approach to Social Theory, Cambridge,

    Cambridge University Press (organizador, com R. Swedberg).

    (2005), Dissecting the Social. On the Principles of Analytical Sociology, Cambridge,

    Cambridge University Press, 2005.

    (2009), The Oxford Handbook of Analytical Sociology, Oxford, Oxford University Press,

    (organizador, com Peter Bearman).

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 85/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    Aula 15

    Tpico [13] Modos de articulao entre ao e estrutura.

    Sumrio (a) A oposio entre ao e estrutura.

    (b) Articulao por conflao entre ao e estrutura.

    (c) Articulao por reconstruo multidimensional da oposio

    entre ao e estrutura.

    Referncia George Ritzer e Douglas J. Goodman (2004), Agency-structure

    integration, em George Ritzer e Douglas J. Goodman (2004),

    Sociological Theory, 6. ed., Nova Iorque, McGraw-Hill, pp. 508-537.

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 86/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (a) A oposio entre ao e estrutura

    Na histria da sociologia, as teorias da estrutura social e as teorias da aco social

    constituem tradies tericas rivais de explicao da ordem social.

    Teorias da aco social: a ordem social resulta da existncia de condies de eficcia

    da aco que limitam, internamente, a variabilidade desta.

    Teorias da estrutura social: a ordem social resulta da existncia de foras sociais

    emergentes que constrangem, externamente, o potencial de autonomia individual;

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 87/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (b.1) Articulao por conflao entre ao e estrutura: modalidades e enunciados

    Estruturacionismo = teorias sobre a internalizao (incorporao) das estruturas

    socioculturais.

    Implica articulao entre os conceitos de aco e de estrutura.

    Concepes de estrutura:

    estrutura externa: efeitos de estruturao so constrangimentos negativos

    (limitaes do potencial de imprevisibilidade da agncia humana);

    estrutura internalizada: efeitos de estruturao so generativos, isto , limitam

    as possibilidades de agir pelos mesmos processos por que possibilitam agir

    estrutura internalizada ordena socialmente ordenando generativamente a aco.

    Internalizao da estrutura implica estrutura externa [prvia internalizao].

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 88/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (b.2) Articulao por conflao entre ao e estrutura: antecedentes

    Durkheim,

    Marx,

    Husserl

    Weber

    Goffman

    Garfinkel

    Teoria da prtica

    Pierre Bourdieu (1930-2002)

    Teoria da estruturao

    Anthony Giddens (n. 1938)

    sociologia psicolgica

    (Bernard Lahire)

    perspectiva morfogentica

    (Margaret Archer)

  • TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 89/123

    INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS

    DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]

    (c.1) Articulao por reconstruo multidimensional da oposio entre ao

    e estrutura: enunciados

    Dualismo analtico: estrutura e ao so mutuamente irredutveis e articulam-se no

    tempo.

    Ciclo morfogentico

    (i) [] a estrutura precede necessariamente a ao que conduz sua reproduo

    ou transformao;

    (ii) [] a elaborao estrutural suce