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Instituto Universitrio de Lisboa (ISCTE-IUL)
Escola de Sociologia e Polticas Pblicas
Departamento de Sociologia
Licenciatura em Sociologia
TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS
Materiais das Aulas Tericas, 2014/15
Coordenador: Rui Pena Pires
Docentes: Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita
TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 2/123
INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS
DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]
ndice
Aula 01 ......................................................................................................................................................... 3 Aula 02 ....................................................................................................................................................... 11 Aula 03 ....................................................................................................................................................... 17 Aula 04 ....................................................................................................................................................... 23 Aula 05 ....................................................................................................................................................... 30 Aula 06 ....................................................................................................................................................... 36 Aula 07 ....................................................................................................................................................... 43 Aula 10 ....................................................................................................................................................... 49 Aula 11 ....................................................................................................................................................... 56 Aula 12 ....................................................................................................................................................... 62 Aula 13 ....................................................................................................................................................... 72 Aula 14 ....................................................................................................................................................... 78 Aula 15 ....................................................................................................................................................... 85 Aula 18 ....................................................................................................................................................... 91 Aula 19 ..................................................................................................................................................... 100 Aula 20 ..................................................................................................................................................... 108 Aula 21 ..................................................................................................................................................... 115 Aula 24 ..................................................................................................................................................... 120
TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 3/123
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Aula 01
Tpico Apresentao e organizao.
Sumrio (a) O programa e a bibliografia.
(b) Os processos de ensino-aprendizagem e de avaliao.
Tpico [01] Controvrsias e correntes nas teorias sociolgicas
contemporneas.
Sumrio (a) As controvrsias: individualismo vs. colectivismo;
subjectivismo vs. objectivismo; aco vs. estrutura; micro vs. macro.
(b) As tradies sociolgicas: funcionalismo, conflito, utilitarismo
e interacionismo.
(c) Desenvolvimentos contemporneos: mecanismos, reducionismos
e snteses.
Referncia George Ritzer e Douglas J. Goodman (2003), A historical sketch of
sociological theory: the later years, em George Ritzer e Douglas J.
Goodman (2003), Sociological Theory, 6. ed., Nova Iorque, McGraw-Hill,
pp. 185-225.
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(0.a.1) O programa
Introduo
01 Correntes e controvrsias na teoria sociolgica contempornea
I Teorias sistmicas contemporneas
02 Perspectivas sistmicas contemporneas
03 A teoria neofuncionalista da diferenciao social
04 A anlise de redes sociais
II Teorias interacionistas contemporneas
05 Perspectivas interacionistas contemporneas
06 A teoria dos rituais de interao
07 Ordem simblica e interao: contributos da etnometodologia
III Teorias da ao racional
08 Razo, troca e escolha
09 Princpios gerais da teoria da troca
10 Teorias da escolha racional: a questo das normas
11 O individualismo metodolgico: razes e efeitos de agregao
12 A sociologia analtica: relaes micro-macro e dinmicas sociais
IV A articulao ao-estrutura na teoria sociolgica contempornea
13 Modos de articulao entre ao e estrutura
14 A internalizao da estrutura: campos e habitus
15 A dualidade da estrutura: agncia e estruturao
16 O dualismo ao-estrutura: realismo e morfognese
17 A articulao na modernidade: sistema e mundo da vida
Concluso
18 Dilemas e desafios da pluralidade terica em sociologia
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(0.a.2) A bibliografia
Trs tipos de bibliografia:
bibliografia bsica (de referncia);
bibliografia de trabalho (aula a aula);
bibliografia complementar (de aprofundamento).
Bibliografia bsica (de referncia):
Baert, Patrick (1998), Social Theory in the Twentieth Century, Cambridge, Polity Press.
Ritzer, George, e Douglas J. Goodman (2004), Sociological Theory, 6. ed., Nova
Iorque, McGraw-Hill.
Turner, Jonathan H. (2003), The Structure of Sociological Theory, 7. ed., Belmont, CA,
Wadsworth-Thomson (ed. original 1974).
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(0.b.1) O processo de ensino-aprendizagem
Trs tipos de aulas:
18 tericas;
3 de reviso;
3 de avaliao.
Aulas tericas:
1 de introduo;
16 sobre o ncleo do programa;
1 de concluso.
Aulas tericas nucleares:
dois blocos de trs aulas cada para atualizao dos desenvolvimentos
contemporneos das teorias sociolgicas modernas;
dois blocos de cinco aulas cada sobre as novas correntes da teoria sociolgica
contempornea: ao racional e articulao ao/estrutura.
Um texto de apoio para cada aula terica (bibliografia de trabalho).
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(0.b.2) O processo de avaliao
Avaliao peridica
Trs testes (uma hora/cada), com a mesma ponderao, a realizar nos tempos lectivos:
o primeiro sobre as teorias sistmicas e interacionistas contemporneas;
o segundo sobre as teorias da ao racional;
o terceiro sobre as teorias da articulao ao-estrutura.
ou
Avaliao final
Um exame final de duas horas.
Nota
Quem tiver negativa ou faltar a um dos testes pode optar por, no momento do exame
final, ser avaliado apenas na matria daquele teste (exame parcial, uma hora).
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(a) As controvrsias
Dois problemas fundamentais:
a) ontolgico
subjetivismo vs. objectivismo
b) metodolgico
individualismo vs. colectivismo
subjetivismo
(agente atuante)
objectivismo
(relaes sociais)
individualismo
(reducionismo)
interacionismo
[interao]
{interacionismo simblico
etnometodologia}
utilitarismo
[razo]
{teoria da troca
escolha racional}
colectivismo
(holismo)
funcionalismo
[sistema]
{estruturo-funcionalismo
neofuncionalismo}
estruturalismo
[estrutura]
{neomarxismo,
teoria crtica, ...}
Oposies parcialmente sobrepostas:
ao vs. estrutura;
micro vs. macro.
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(b) As tradies sociolgicas: funcionalismo, conflito,
utilitarismo e interacionismo
Funcionalismo: de Durkheim a Parsons
Macro, sistema e funo (interpretao).
Conflito: de Marx (e Weber) a Dahrendorf
Macro, sistema e conflito (interesse).
Interacionismo: de Mead (e Durkheim) a Goffman
Micro (situao), interao e interpretao.
Utilitarismo: um comeo tardio: de Homans s teorias da escolha racional.
Micro (escolha), racionalidade e agregao.
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(c) Desenvolvimentos contemporneos: mecanismos, reducionismos e snteses
Mecanismos
Mudana de foco para a anlise dos processos e mecanismos gerais.
(Antecedentes na sociologia formal simmeliana.)
Reducionismos
A articulao micro-macro por reducionismo: as microfundamentaes
do macrossocial.
(Antecedentes no individualismo metodolgico weberiano.)
Snteses
A articulao ao-estrutura por conflao ou por multidimensionalidade.
(Antecedentes na sntese parsoniana.)
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Aula 02
Tpico [02] Perspectivas sistmicas contemporneas.
Sumrio (a) O funcionalismo: funo, anlise funcional e explicao funcional.
(b) Estrutura da ao social: o conceito de ato elementar.
(c) A ordem social como ordem normativa: papis sociais e consenso
normativo.
Referncia Patrick Baert (1998), The biological metaphor: functionalism and
neo-functionalism, em Patrick Baert (1998), Social Theory in the
Twentieth Century, Cambridge, Polity Press, pp. 37-65.
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(a) O funcionalismo: funo, anlise funcional e explicao funcional
Funo: consequncia de um processo que favorvel reproduo do sistema no
mbito do qual esse processo ocorre.
Anlise funcional: identificao das funes-chave de um sistema e,
concomitantemente, dos requisitos funcionais desse sistema.
Explicao funcional: atribuio da origem de um fenmeno s funes desse mesmo
fenmeno.
Crtica mertoniana dos trs postulados do funcionalismo clssico:
postulado da unidade funcional;
postulado do funcionalismo universal;
postulado da indispensabilidade funcional.
Alternativa mertoniana:
carcter problemtico da integrao e necessidade de especificao da anlise
funcional;
diversidade das consequncias (funcionais, disfuncionais ou irrelevantes,
manifestas ou latentes);
alternativas, equivalentes e substitutos funcionais.
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(b) Estrutura da ao social: o conceito de ato elementar
As componentes do ato elementar:
um ator (ou o esforo de um ator);
fins;
meios;
condies;
orientaes.
Turner, 2003: 40)]
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(c) A ordem social como ordem normativa: papis sociais e consenso normativo
Papel: complexo de expectativas normativas partilhadas sobre o comportamento de um ator.
Sistemas da ao:
a) sistema cultural (orientaes)
b) sistema social (papis e colectividades)
c) sistema da personalidade (necessidades/disposies)
Processos de padronizao
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(Apndice 1) Desenvolvimentos e reformulaes: correntes
T. Parsons
desenvolvimentos
alternativos
R.K. Merton
ncleo funcionalista
W. Moore e K. Davis (teoria da estratificao)
N.J. Smelser (sociologia econmica)
R.N. Bellah (sociologia da religio)
revisionismos precursores
S.N. Eisenstadt (sociologia da modernizao)
neofuncionalismo
R. Mnch
P. Colomy
J. Alexander
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(Apndice 2) Desenvolvimentos e reformulaes: o contributo
do neofuncionalismo
Crtica-chave
Desvalorizao/abandono do conceito requisitos funcionais.
Seleo de contributos
Concepo da sociedade como sistema de partes inter-relacionadas.
Distino entre sistema cultural, sistema social e sistema da personalidade
(e, em particular, a distino entre cultural e social).
Anlise nos processos de integrao (e de desintegrao).
Identificao da diferenciao como componente fundamental da mudana social.
Especificao da soluo neofuncionalista
Preservao dos contributos acima referenciados anlise sistmica.
Resposta s crticas ao funcionalismo anlise da contingencialidade da ao.
Participao no novo movimento terico de sntese sntese como
multidimensionalidade.
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Aula 03
Tpico [03] A teoria neofuncionalista da diferenciao social.
Sumrio (a) Sistema e ambiente: a questo da reduo da complexidade.
(b) Sistemas sociais e domnios funcionais.
(c) Diferenciao e integrao.
Referncia Jonathan H. Turner (2003), Systems funcionalism: Niklas Luhmann,
em Jonathan H. Turner (2003), The Structure of Sociological Theory,
7. ed., Belmont, CA, Wadsworth-Thomson, pp. 54-72.
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(a) Sistema e ambiente: a questo da reduo da complexidade
Definies (teoria geral dos sistemas 99de Luhmann):
a ao humana organiza-se e estrutura-se em sistemas sociais;
sistema social toda a inter-relao significativa da ao de diferentes pessoas;
a inter-relao entre as aes faz-se atravs da comunicao;
a comunicao opera atravs de cdigos simblicos;
os sistemas sociais existem em ambientes multidimensionais;
os ambientes dos sistemas sociais colocam problemas de complexidade.
Tese. Um sistema social s funciona caso se desenvolvam no seu mbito mecanismos
de reduo da complexidade nas relaes sistema-ambiente:
a reduo da complexidade passa pela construo de fronteiras entre sistema
e ambiente;
a reduo da complexidade constitui requisito funcional [necessidade]
dos sistemas sociais;
a anlise dos processos sociais deve centrar-se na identificao do seu contributo
para a reduo da complexidade;
a diferenciao constitui processo bsico de reduo da complexidade
nas relaes com o ambiente atravs de incrementos de complexidade do sistema.
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(b.1) Tipos de diferenciao
Tipos de diviso:
segmentao (partes autnomas e semelhantes);
interdependncia.
Tipos de interdependncia:
hierarquizao (partes interdependentes por controlo);
diferenciao (partes interdependentes por especializao).
Tipos de diferenciao:
estrutural (especializao de mecanismos e processos);
funcional (especializao de funes).
Trs tipos bsicos de diviso social:
segmentao;
hierarquizao;
diferenciao.
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(b.2) Tipos de sistema social e domnios funcionais: definies
Tipos de sistema social
Sistemas sociais [ou nveis de ao social] resultantes da diferenciao estrutural entre:
sistemas de interao (copresena);
sistemas organizacionais (coordenao de atividades);
sistemas societais (meios comunicacionais generalizados).
Os sistemas sociais esto encastrados uns nos outros: os mais gerais funcionam atravs
dos mais especficos e estes funcionam no quadro dos mais gerais.
Domnios funcionais
Domnios de diferenciao funcional dos sistemas societais [a que correspondem
diferentes meios comunicacionais generalizados]:
economia [moeda];
poltica [poder];
famlia [amor];
cincia [confiana];
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(c) Diferenciao e integrao
Problemas de integrao resultantes de acrscimos de diferenciao estrutural
e funcional so resolvidos atravs dessa mesma diferenciao, que permite:
especificar, pelo encastramento dos sistemas sociais, as condies
de funcionamento dos mais especficos;
diferenciar pessoas, papis, organizaes e domnios, reduzindo o potencial
de conflito generalizado pela multiplicao das identidades e filiaes individuais;
especializar a coordenao das unidades diferenciadas.
Perspectiva evolucionista
Os problemas de integrao so produzidos e resolvidos pelo (mesmo) processo:
a diferenciao.
A diferenciao constitui-se assim em requisito funcional mais decisivo do que
o envolvimento moral ou o consenso normativo.
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(Apndice) Referncias
Niklas Luhmann (1927-1998)
Formao: universidades de Freiburg (licenciatura, 1949)
e de Mnster (doutoramento, 1966).
Professor: universidades de Cincias Administrativas,
em Speyer (1962-65), de Mnster (1965-68)
e de Bielefeld (1969-93).
Algumas obras de Niklas Luhmann
(1982), The Differentiation of Society, Nova Iorque, Columbia University Press.
(1990), Political Theory in the Welfare State, Berlim, De Gruyter.
(1995), Social Systems, Stanford, CA, Stanford University Press.
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Aula 04
Tpico [04] A anlise de redes sociais.
Sumrio (a) Pontos, laos e redes: propriedades e tipos.
(b) Redes sociais e capital social.
(c) A fora dos laos fracos.
Referncia Jonathan H. Turner (2003), Network theory, em Jonathan H. Turner
(2003), The Structure of Sociological Theory, 7. ed., Belmont, CA,
Wadsworth-Thomson, pp. 503-514.
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(a) Pontos, laos e redes: propriedades e tipos
Conceitos-chave:
pontos, laos e redes (sociogramas);
propriedades dos laos (direo, reciprocidade, transitividade, fora);
propriedades das redes (densidade, multiplexidade e latncia);
tipos de pontos (centralidade e mediao);
tipos de laos (conexes e pontes);
tipos de redes (cliques e clusters).
A1
A2
A3
A4
A5
A6
C1
C4
C3
C2
B1
B2
B3
B4
B5
B6
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(b) Redes sociais e capital social
Definio
Capital social = conjunto de recursos relacionais de um indivduo.
Modelo terico
de:
posio nos sistemas relacionais permite acesso a recursos;
a:
conjunto de relaes recurso.
Logo:
Mais capital social = mais capacidade para aceder a outros recursos.
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(c.1) A tese de Mark Granovetter sobre a fora dos laos fracos: enunciados
Definies
Laos fracos: laos com menor consumo de tempo e de emoes, menos ntimos
e menos recprocos.
Ponte: lao tendencialmente nico (ou mais curto) entre dois pontos de uma rede
(ou entre duas cliques ou clusters).
Dimenso da ponte: a dimenso n de uma ponte representa o nmero de caminhos
mais curtos, entre dois pontos, que passam por essa ponte (para alm do caminho
entre os pontos que delimitam a ponte).
Teses
1. Pontes tendem a ser laos fracos.
2. Laos fracos permitem uma maior circulao de informao e recursos
entre indivduos e grupos do que laos fortes.
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(c.2) A tese de Mark Granovetter sobre a fora dos laos fracos:
integrao social no plano micro
Teses
1. No plano individual, os laos fracos aumentam as oportunidades de mobilidade.
2. Laos fracos permitem aumentar o capital social dos indivduos.
3. Laos fracos permitem relacionar mais pontos (pessoas).
4. Laos fracos articulam micro e macro (e constituem este ltimo).
[5. Laos fracos so frequentemente latentes e mantidos por recurso a rituais
comemorativos.]
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(c.3) A tese de Mark Granovetter sobre a fora dos laos fracos:
organizao social no plano macro
Tese: no plano macro, os laos fracos aumentam a coeso social.
Citaes (proposicionais)
Granovetter: quanto mais pontes locais (por pessoa?) existirem numa comunidade,
e quanto maior for a dimenso dessas pontes, mais coesa e capaz de atuar efetivamente
ser essa comunidade (1973: 1376).
Turner: o grau de integrao numa rede composta por subcliques de elevada densidade
uma funo positiva da extensividade de pontes, suportadas por laos fracos, entre
essas subcliques (2003: 513).
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(Apndice) Referncias
Mark Granovetter
Formao: universidades de Princeton (licenciatura, 1965)
e de Harvard (doutoramento, 1970).
Professor: universidades de Johns Hopkins (1970-73),
Harvard (1973-77), Nova Iorque (State, 1977-92),
Northwestern (1992-95) e Stanford (1995-).
Algumas obras de Mark Granovetter
(1973), The strength of weak ties, American Journal of Sociology, 78, pp. 1360-1380.
(1974), Getting a Job. A Study of Contacts and Careers, Chicago, University
of Chicago Press (2. ed. revista e ampliada, 1995).
(1985), Economic action and social structure. The problem of embeddedness,
American Journal of Sociology, 91, pp. 481-510.
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Aula 05
Tpico [05] Perspectivas interacionistas contemporneas.
Sumrio (a) A interao social como interao simblica.
(b) A construo social do selfe.
(c) Encontros, rituais e ordem da interao.
Referncia Patrick Baert (1998), The enigma of everyday life: symbolic
interaccionism, the dramaturgical approach and ethnomethodology,
em Patrick Baert (1998), Social Theory in the Twentieth Century,
Cambridge, Polity Press, pp. 134-152.
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(a.1) A interao social como interao simblica: os contributos originais
de George Hebert Mead (1863-1931)
A ao social requer a construo de interpretaes sobre o significado da situao
de interao, atuando os indivduos com base nessa interpretao.
Pressupostos:
todo o comportamento que facilite o ajustamento e a adaptao dos indivduos
ao seu ambiente tende a ser reproduzido;
a sociedade constitui o ambiente dos indivduos;
o factor crtico que distingue as sociedades humanas das sociedades de animais
a linguagem;
as sociedades humanas desenvolvem-se como comunidades comunicacionais;
agir interpretar o sentido das aes prprias e das aes dos outros;
os indivduos, para interpretarem, tm que se colocar no papel do outro;
a interpretao, enquanto processo de ajustamento e adaptao ao ambiente social
(comunicacional), est na base do desenvolvimento do selfe e da mente;
o selfe estabiliza os processos de interpretao.
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(a.2) A interao social como interao simblica: os contributos de Herbert
Blumer
As trs premissas do interacionismo simblico:
os seres humanos atuam em relao s coisas na base dos significados que
atribuem a tais coisas (sejam elas objetos materiais, valores e outras ideias
ou instituies sociais);
os significados dessas coisas emergem das interaes sociais em que
os indivduos se envolvem;
aqueles significados so expressos e modificados em processos de interpretao
que as pessoas realizam quando se encontram com tais coisas.
Contraste entre Mead e Blumer (contingncia enquanto dimenso da ao
vs. contingncia enquanto caracterstica distintiva da ao):
Mead | simbolizao: sistemas simblicos supra-individuais constituem fonte
mais frequente da criao de significados na interao
[distino entre o Eu inovador e o mim socializado]
[contingncia dimenso da ao e da ordem sociais];
Blumer | auto-indicao: reflexividade constitui a fonte mais frequente
da criao de significados na interao
[sobreposio do Eu inovador ao mim socializado]
[ao e ordem sociais so contingentes/negociadas].
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(b) A construo social do selfe
Selfe: conjunto de concepes estveis dos indivduos sobre si-prprios que inclui
as concepes sobre si-prprios enquanto realidade exterior socialmente situada.
A sociedade existe pela capacidade de os indivduos se verem a si prprios enquanto
realidade exterior socialmente situada.
Desenvolvimento do selfe (Mead), enquanto desenvolvimento da capacidade para:
se colocar no lugar de outros crescentemente variados e generalizados;
se autocontrolar de modos que permitam ajustamentos eficazes nos processos
comunicacionais com outros variados e generalizados;
se definir a si prprio de modo estvel em relao a outros variados
e generalizados.
Fases de desenvolvimento do selfe (Mead):
1) brincadeira [aprendizagem por imitao];
2) jogo [aprendizagem das regras do jogo];
3) outro generalizado [integrao das orientaes dos outros] selfe completo
e unificado.
Blumer: ausncia do outro generalizado, substitudo pela autorreflexividade
sistemtica. [Desvantagens e vantagens da imagem do social como algo em permanente
reconstruo e mudana.]
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(c) Encontros, rituais e ordem da interao (Goffman)
A interao (face-a-face) realiza-se por reunio (ocasio social) de indivduos
num mesmo territrio, podendo ser:
no focalizada;
focalizada (encontro).
Encontros
A interao nos encontros regulada por regras sobre quem, o qu e como participa
no encontro, bem como sobre a fala e a honra dos participantes.
Os territrios dos encontros dividem-se entre palcos e bastidores.
nos palcos, os desempenhos tendem a ser mais estereotipados (ritualizados);
nos bastidores os desempenhos tendem a ser mais contingentes.
Rituais
A interao repetida, no focalizada ou focalizada, tende a ser ritualizada,
sobretudo quando realizada em palcos, isto , tende a usar guies culturais partilhados
e formalizados, eventualmente cerimoniais, reproduzindo-os por esse uso. Interao
ritualizada promove ainda o desenvolvimento emocional da correo moral.
A especificidade da ordem da interao
Existe uma ordem da interao irredutvel ordem institucional;
existe uma ordem institucional irredutvel ordem da interao.
A especificidade da ordem da interao radica na contingencialidade da interao.
Os rituais so processos fundamentais na articulao entre a ordem institucional,
normativa, e a ordem da interao, simblica.
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(Apndice) Desenvolvimentos e reformulaes
1) Teoria interacionista do desvio de Howard Becker:
o desvio como processo de categorizao.
2) Teoria interacionista dos papis de Ralph H. Turner:
a interao como colocao no papel e como construo de papis.
3) Teoria interacionista do selfe socializado de Manfred Kuhn:
o selfe como identidade individual socialmente construda.
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Aula 06
Tpico [06] A teoria dos rituais de interao.
Sumrio (a) Rituais e cadeias de rituais como base micro da organizao social.
(b) Componentes, processos e resultados dos rituais de interao.
(c) Rituais, emoes e interesses.
Referncia Jrg Rssel e Randall Collins (2001), Conflict theory and interaction
rituals: the microfoundations of conflict theory,
em Jonathan H. Turner (org.) (2001), Handbook of Sociological
Theory, Nova Iorque, Kluwer Academic, pp. 509-531.
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(a.1) Rituais e cadeias de rituais como base micro da organizao social:
genealogia do conceito de ritual na teoria sociolgica
Durkheim
A anlise dos rituais religiosos:
a atividade ritualizada refora o sentido de solidariedade, base da integrao;
a manuteno da ordem (macro) social depende da realizao de (micro) rituais
interpessoais.
Goffman
A anlise dos rituais como atos (inter)individuais:
interaes no quotidiano definidas como rituais;
processos de quase sacralizao do indivduo.
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(a.2) Rituais e cadeias de rituais como base micro da organizao social:
dos rituais s macroestruturas
Microtraduo
Pressupostos etnometodolgicos:
objecto = comportamento observvel;
explicao = relao entre observveis
(exclui referncia a regras e normas sociais no observveis).
Cadeias de rituais
Cadeias de rituais so repeties dos rituais:
no tempo e no espao;
entre nmero alargado de indivduos.
Dimenses das macroestruturas
Componentes:
tempo;
espao;
nmero (de indivduos).
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(a.3) Rituais e cadeias de rituais como base micro da organizao social:
dimenses das macroestruturas (modelo)
mic
ro
mac
ro
tempo
es
pa
o
nmero d
e pessoa
s
+
+
+
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(b) Rituais de interao: componentes, processos e resultados
Componentes:
agrupamento (copresena) de indivduos;
barreiras a estranhos;
focalizao mtua (conscincia do outro);
partilha emocional.
Processos:
ao em comum (incluindo formalidades estereotipadas);
estmulo emocional;
intensificao retroativa;
efervescncia colectiva.
Resultados (incrementos de):
solidariedade grupal;
energia emocional individual;
simbolizao da relao social;
normas de moralidade;
reforo emocional da correo moral.
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(c) Rituais, emoes e interesses
Condies dos rituais:
motivao emocional do encontro (energia);
distribuio dos indivduos no espao (densidade);
distribuio dos recursos materiais e culturais entre os indivduos (desigualdade);
dinmica negocial do encontro (conflito).
Dupla relao entre encontros ritualizados e desigualdade:
negociao da incluso/excluso da pertena ao grupo
(desigualdade como resultado);
acessibilidade diferencial aos rituais
(desigualdade como condio).
Cadeias de rituais resultam no relacionamento de resultados e condies, estabelecendo-
se relaes de poder (definido como capacidade de coero).
Tipos de rituais e poder:
rituais estatutrios = encontro igualitrio ambos ganham energia emocional;
rituais de poder = encontro desigual dominante ganha energia emocional,
dominado perde.
Como energia emocional condio motivacional do ritual, rituais de poder reproduzem
relaes de poder.
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(Apndice) Referncias
Randall Collins (n. 1941)
Formao: Harvard (licenciatura, 1963), Stanford (master, 1964)
e Califrnia, Berkeley (1969).
Professor: Universidade da Califrnia, San Diego, 1969-77,
Universidade da Virgnia, 1978-82, Universidade da Califrnia,
Riverside, 1985-97, Universidade da Pensilvnia desde 1997.
Algumas obras de Randall Collins
(1975), Conflict Sociology. Toward an Explanatory Science, Nova Iorque, Academic
Press.
(1979), The Credential Society. An Historical Sociology of Education and Stratification,
Nova Iorque, Academic Press.
(2004), Interaction Ritual Chains, Princeton, NJ, Princeton University Press.
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Aula 07
Tpico [07] Ordem simblica e interao: contributos da etnometodologia.
Sumrio (a) Ordem simblica e facticidade do mundo social.
(b) Reflexividade e ao.
(c) Contexto, interao e indexicabilidade.
Referncia Jonathan H. Turner (2003), Ethnomethodological theory, em
Jonathan H. Turner (2003), The Structure of Sociological Theory,
7. ed., Belmont, CA, Wadsworth-Thomson, pp. 419-431.
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(a) Ordem simblica e facticidade do mundo social
Os fundamentos da etnometodologia:
a ordem social existe incorporada como ordem simblica;
a ordem simblica resulta de procedimentos cognitivos de estabelecimento
da facticidade do mundo social (tido como certo);
esses procedimentos cognitivos constituem-se como regras prticas
de interpretao;
os indivduos presumem o emprego desses mesmos procedimentos pelos outros
indivduos com quem interagem;
a interpretao sempre contextual, relacionando a situao de interao em que
decorre a regras gerais usadas nessa interpretao (indexicabilidade).
Facticidade
Questo-chave: como constroem e comunicam as pessoas a presuno de que o mundo
social existe (como mundo ordenado real)?
Resposta (Garfinkel): interpretao e representao, nos actos, constitui o principal
mecanismo usado para construir e comunicar essa presuno relevncia
das narrativas interpretativas e autojustificativas.
Objectivo da etnometodologia: anlise dos mtodos e tcnicas que as pessoas usam
para criar, manter e, eventualmente, transformar uma viso da realidade como realidade
ordenada.
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(b) Reflexividade e ao
Ao reflexiva
Ao reflexiva porque as regras de interpretao, mesmo que internalizadas,
s tm efeitos quando usadas num trabalho de interpretao. Esse trabalho reflexivo
consiste sobretudo em processos de normalizao (do sentido, ou tipificaes).
Ao reflexiva e facticidade
Questo: como compatibilizar presuno de facticidade do mundo social
com experincias cognitivamente disruptivas dessa facticidade?
Ou seja, com a interpretao de acontecimentos que parecem no fazer sentido?
Resposta: propriedade reflexiva da ao permite reinterpretar essas experincias
e construir explicaes que salvaguardem aquela presuno de facticidade.
Nota metodolgica: o carcter revelador dos acontecimentos disruptivos inspirou
a construo de mtodos e tcnicas de anlise dos processos interpretativos prticos,
experincias reveladoras.
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(c) Contexto, interao e indexicabilidade
Sentido da comunicao interpretado contextualmente.
Duplo sentido de indexabilidade:
h expresses comunicativas indexadas a contextos particulares;
novos objetos/gestos/falas tendem a ser indexados a significados normalizados.
Uso e construo de expresses indexadas tm por objectivo sustentar a presuno
de facticidade do mundo social, relacionando contexto e norma (de sentido),
contingncia e ordem.
Condies objectivas so sempre interpretadas em funo
de interpretaes subjetivas (ordenadas) anteriores.
Relao entre subjetividade e ordenao interpretativa (referenciao interna da ao).
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(Apndice 1) Referncias
Harold Garfinkel (1917-2011)
Formao: universidades de Newark (licenciatura, 1939),
da Carolina do Norte (master, 1942)
e de Harvard (doutoramento, 1952).
Professor: universidades de Princeton (1950-52) e da Califrnia,
Los Angeles (1954-87).
Algumas obras de Harold Garfinkel
(1967), Studies in Ethnomethodology, Englewood Cliffs, NJ, Prentice-Hall.
(2002), Ethnomethodology's Program. Working Out Durkheim's Aphorism
(organizao e introduo de Anne Rawls), Lanham, MD, Rowman & Littlefield.
Algumas obras sobre Garfinkel
Heritage, John (1985), Garfinkel and Ethnomethodology, Cambridge, Polity.
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(Apndice 2) Desenvolvimentos
1. Crescente individualismo de Garfinkel e seus discpulos diretos (redefinio
da atividade social como atividade exclusivamente prtica e crtica da concepo de ator
em Parsons como drogado cultural).
2. Sociologia cognitiva de Aaron V. Cicourel visando a identificao das regras bsicas,
invariantes, usadas em todo o tipo de interao. Exemplos de regras bsicas:
a procura da forma normal;
a presuno da reciprocidade de perspectivas;
o uso do princpio et cetera.
(figura adaptada de Scott, 1995: 199)
Estrutura visvel
Estrutura profunda
procedimentos
interpretativos
prticas de
responsabilizao
Ordem
social
sentido de
estrutura social
Ordem
normativa
relaes
de papis
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Aula 10
Tpico [08] Razo, troca e escolha.
Sumrio (a) Os fundamentos microindividuais da ordem macro.
(b) O conceito de racionalidade.
(c) Troca, escolha e razo.
Referncia Patrick Baert (1998), The invasion of economic man: rational choice
theory, em Patrick Baert (1998), Social Theory in the Twentieth
Century, Cambridge, Polity Press, pp. 153-172.
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(a.1) Os fundamentos microindividuais da ordem macro: antecedentes e variantes
Antecedentes:
individualismo e aco racional em Weber;
o utilitarismo nas cincias sociais.
Variantes tericas:
teorias da troca;
teorias da escolha racional;
individualismo metodolgico.
As instituies, organizaes e sociedades que os socilogos estudam podem sempre
ser analisadas, sem resduo, analisando o comportamento do homem individual.
Devem, pois, ser explicadas por proposies sobre o comportamento do homem
individual [Homans (1964), Commentary, Sociological Inquiry, 34, p. 231].
todo o fenmeno social [] o produto de aes, decises atitudes, comportamentos,
crenas, etc. individuais, sendo os indivduos os nicos substratos possveis da ao, da
deciso, etc., a partir do momento em que consideramos estas noes num sentido no
metafrico [Boudon (2003), Raison, Bonnes Raisons, p. 19].
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(a.2) Os fundamentos microindividuais da ordem macro: diagrama Coleman-
Lindenberg
[diagrama Coleman-Lindenberg]
Modos de combinao da ao na transio micro macro:
imposio unilateral de externalidades (positivas ou negativas);
troca bilateral resultante em acordos ou contratos (negociao);
competio em mercados (regulado por regras);
regras de deciso colectiva baseadas em escolhas individuais;
organizao por via de regras e incentivos de interdependncias assimtricas;
estabelecimento de direitos colectivos de controlo social via normas/sanes.
causas micro
causas macro resultados macro
aco micro
p2
p3
p4
p1: proposio macro macro
p2: proposio macro micro
p3: proposio micro micro
p4: proposio micro macro
traduo micro de p1
estatuto
problemtico
da transio
micro macro
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(b) O conceito de racionalidade
Racionalidade na tradio utilitarista
Ao racional:
intencional orientada por interesses;
escolha entre meios para alcanar um fim;
clculo dos custos e benefcios;
maximizao do resultado.
Racionalidade em Weber
Tipos de ao:
racional;
tradicional;
emocional.
Tipos de ao racional:
instrumental (escolha entre meios orientada por interesses);
axiolgica (escolha entre fins orientada por valores).
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(c.1) Troca, escolha e razo: variantes
Teoria da troca (Homans): da troca econmica troca social;
Teoria da escolha racional (Coleman + Hechter): construo de sistemas sociais e
culturais (organizaes, grupos e normas) em resultado de interesses individuais.
Tndividualismo metodolgico (modelo racional geral): a racionalidade plural (objectiva
vs. subjetiva; instrumental, axiolgica, cognitiva ).
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(c.2.1) Troca, escolha e razo: antecedentes do conceito de troca na economia e
na antropologia
Na economia
Utilitarismo: comportamento orientado pela maximizao dos benefcios materiais
individuais (utilidades) atravs de trocas nos mercados, racionalmente, isto ,
calculando a relao custos/benefcios das alternativas e escolhendo a mais
compensadora.
Na antropologia
Generalizao do conceito de troca:
da troca material troca simblica;
da troca direta troca indireta.
Relacionamento entre os conceitos de troca e de estrutura social:
no plano da anlise das consequncias das trocas;
no plano da anlise das condies das trocas.
[Nomeadamente, Malinowski, Mauss e Lvi-Strauss.]
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(c.2.2) Troca, escolha e razo: antecedentes do conceito de troca na psicologia e
na sociologia
Na psicologia
Corrente comportamentalista [nomeadamente Thorndike, Watson, Skinner]:
comportamento orientado positivamente pela recompensa (benefcio)
e negativamente pela punio (custo);
repetio do comportamento bem-sucedido na base no circuito estmulo-resposta
e na sua recordao.
Na sociologia clssica
Contributo da dialctica de Marx para a anlise das dinmicas da troca em situaes
de desigualdade na distribuio dos recursos.
Contributo de Simmel na Filosofia do Dinheiro, enfatizando as relaes entre:
troca e utilidade (troca como realizao de uma utilidade);
troca e escassez (valor como uma funo da utilidade e raridade);
troca e poder (troca assimtrica como resultado e causa de diferenciais de poder);
troca e conflito (trocas assimtricas geram tenses que podem resultar
em conflitos).
TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 56/123
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Aula 11
Tpico [09] Princpios gerais da teoria da troca.
Sumrio (a) Os pressupostos: comportamentalismo e reducionismo.
(b) Espaos, utilidades e meios gerais de troca social.
(c) Dinmicas da troca social.
Referncia Jonathan H. Turner (2003), Behavoristic exchange theory:
George C. Homans, em Jonathan H. Turner (2003), The Structure
of Sociological Theory, 7. ed., Belmont, CA, Wadsworth-Thomson,
pp. 285-293.
TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 57/123
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(a) Os pressupostos: comportamentalismo e reducionismo
Comportamentalismo
Circuito estmulo/resposta (reforo): se algum tem uma necessidade/interesse,
tender a satisfaz-la/realiz-lo agindo de modos que no passado foram bem-sucedidos.
Ao (comportamento selecionado) = valor x probabilidade. Pressupe:
escassez (oportunidades);
valor (preferncias em termos de recompensas/punies);
escolha (oportunidades/preferncias);
antecipao (percepo e expectativas dos nveis de recompensas/punies).
Racionalidade como resposta aprendida (no motivada nem calculada).
Reducionismo
Enunciado: As instituies, organizaes e sociedades que os socilogos estudam
podem sempre ser analisadas, sem resduo, analisando o comportamento do homem
individual. Devem, pois, ser explicadas por proposies sobre o comportamento do
homem individual [Homans (1964), Commentary, Sociological Inquiry, 34, p. 231].
TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 58/123
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(b) Espaos, utilidades e meios gerais de troca social
H trocas porque h interesses, mas interesses no so s econmicos ou materiais;
portanto, trocas no so s materiais.
Da troca econmica troca social
(generalizao de conceitos da economia)
Espaos sociais de troca:
dos mercados econmicos aos mercados sociais
(ex.: mercados matrimoniais, banco de favores).
Utilidades sociais de troca:
das recompensas materiais s recompensas simblicas
(ex.: trocas de afeio, ajuda, confiana, estima).
Meios gerais de troca:
do dinheiro aprovao
(enquanto mecanismo geral de reforo).
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(c) Dinmicas da troca social
Proposies bsicas da teoria da troca (ao nvel do comportamento)
Princpio da racionalidade aprendida:
o comportamento recompensado tende a ser reproduzido.
Princpio da reciprocidade:
a troca com ganhos recprocos tende a ser reproduzida.
Princpio da utilidade marginal decrescente:
a recompensa frequente tende a ser menos valorizada.
Princpio da justia distributiva:
a reproduo da troca supe a existncia de proporcionalidade
entre recompensas e punies (ou entre valor e custo).
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(Apndice 1) Referncias
George C. Homans (1910-1989)
Formao: Harvard (licenciatura, 1932).
Professor: Universidade de Harvard (1939-1980).
Algumas obras de George C. Homans
(1950), The Human Group, Nova Iorque, Harcourt.
(1961), Social Behavior. Its Elementary Forms, Nova Iorque, Harcourt.
(1964), Bringing men back in, American Sociological Review, 29 (5), pp. 809-818.
(1984), Coming to My Senses. The Autobiography of a Sociologist, New Brunswick, NJ,
Transaction Books.
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(Apndice 2) Desenvolvimentos e reformulaes
Teorias da troca
Objectivo: explicar os processos de interao como trocas orientadas por escolhas
racionais feitas por indivduos. Exemplos:
a teoria da troca de Blau, articulando troca/poder/conflito
e micro/macroestruturas da troca.
teoria da troca de Emerson desenvolvida como sociologia formal
centrada na anlise de redes.
Teoria(s) da escolha racional
Objectivo: explicar os fenmenos sociais emergentes como o resultado de escolhas
racionais feitas por indivduos orientados por critrios utilitaristas. Exemplos:
a teoria da escolha pblica de Coleman [emergncia dos sistemas sociais
e culturais (organizaes e normas) como resultado de escolhas de atores
interessados em estabilizar os ambientes das trocas];
a teoria da solidariedade grupal de Hechter [emergncia dos grupos
e das obrigaes normativas associadas participao em grupos como resultado
de escolhas de atores interessados na existncia da controlo social].
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Aula 12
Tpico [10] Teorias da escolha racional: a questo das normas.
Sumrio (a) Racionalidade, interesses e normas.
(b) Transferncia de direitos para agir e estabilizao das relaes de troca.
(c) Solidariedade grupal e padres de controlo social.
Referncia Jonathan H. Turner (2003), Rational choice theory, em Jonathan
H. Turner (2003), The Structure of Sociological Theory, 7. ed.,
Belmont, CA, Wadsworth-Thomson, pp. 325-340.
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(a) Racionalidade, interesses e normas
Externalidades negativas da escolha racional (externalidades de 1. ordem):
multiplicao do nmero de atores/transaes;
instabilidade dos diferimentos e encadeamentos das trocas;
dilema do comportamento oportunista (free-rider).
Interesses dos indivduos em transferir direitos para agir (sistemas de autoridade)
em troca da reduo dos custos das externalidades.
Criao de normas negativas e de mecanismos de sano.
Externalidades negativas do controlo, com custos crescentes (externalidades de 2. ordem).
Interesses dos indivduos na criao de normas prescritivas e de mecanismos de compensao.
Construo de sistemas sociais e culturais (organizaes + normas)
em resultado de interesses individuais.
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(b) transferncias de direitos para agir e estabilizao das relaes de troca
1. Sistemas de trocas alargados e estabilizados requerem a existncia de relaes
durveis.
2. Relaes durveis baseiam-se na confiana.
3. A estabilizao da confiana exige transferncias de direitos individuais para agir.
4. As relaes originadas pelas transferncias de direitos individuais para agir geram
recursos sociais:
[relaes] [recursos]
confiana obrigaes;
autoridade poder;
normas valores.
5. O conjunto dos recursos sociais constitui capital social.
6. O capital social usado na constituio de atores colectivos.
7. Os atores colectivos desenvolvem interesses prprios.
8. A prossecuo dos interesses prprios pelos atores colectivos faz-se custa dos
interesses individuais
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(c.1) Solidariedade grupal e padres de controlo social: tese e argumentos
Questo: como conter os comportamentos free-rider no domnio dos bens pblicos?
Tese: pertena a grupos permite conter os comportamentos free-rider.
Argumentos:
solidariedade de grupo como controlo social;
dependncia do grupo para aceder a recursos e bens;
interesse na pertena a grupos;
dependncia do grupo como incentivo para criar obrigaes normativas;
obrigaes normativas mais econmicas do que processos de conformidade
baseados em monitorizao e sano.
Concluso: solidariedade grupal como o produto da dependncia e conformidade.
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(c.2) Solidariedade grupal e padres de controlo social: tipos de grupos e padres
de controlo
Tese: eficcia do grupo no controlo social depende do tamanho e do tipo do grupo.
Tipos de grupos: compensatrios e obrigatrios.
Eficcia do controlo e economia das sanes:
custos da monitorizao e sano competem com custos do free-riding;
controlo do grupo, sobretudo quando reduzido e obrigatrio, mais eficaz e
econmico do que os mecanismos de monitorizao e sano.
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(Apndice 1) Referncias
James S. Coleman (1926-1995)
Formao: Purdue University (licenciatura, 1949)
e Columbia, NY (doutoramento, 1955).
Professor: University of Chicago (1956-1959),
Johns Hopkins University (1959-1973) e,
de novo, University of Chicago (1973-1955).
Outras atividades: direco do National Opinion Research Center,
Chicago (1973-1955).
Algumas obras de James S. Coleman
(1961), The Adolescent Society, Glencoe, IL, Free Press.
(1973), The Mathematics of Collective Action, Londres, Heinemann.
(1990), Foundations of Social Theory, Cambridge, MA, Harvard University Press.
Michael Hechter (n. 1934)
Formao: Columbia University (doutoramento, 1972).
Professor: Director da School of Global Studies
e Professor na Arizona State University.
Algumas obras de Michael Hechter
(1987), Principles of Group Solidarity, Berkeley, University of
California Press.
(2000), Containing Nationalism, Oxford, Oxford University Press.
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(Apndice 2.1) Desenvolvimentos e reformulaes (teorias da escolha racional)
Teorias da escolha racional
Reformulaes:
do reducionismo metodolgico ao exclusivismo ontolgico;
do princpio da parcimnia ao privilgio paradigmtico.
Pressupostos:
individualismo (causalidade);
optimizao (clculo);
interesse prprio (utilitarismo).
Desenvolvimento: aplicao da teoria dos jogos s teorias da escolha racional.
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(Apndice 2.2) Desenvolvimentos e reformulaes (teoria dos jogos)
Aplicao da teoria dos jogos s teorias da escolha racional
Tipos de ao racional:
paramtrica , a ao do outro considerada como certa
(ambiente de certeza ou de risco calculado)
(comportamentalista);
estratgica, o ator necessita de calcular/antecipar a ao do outro
(ambiente de incerteza)
(cognitivista processos de aprendizagem/evolucionrios).
Aplicao da teoria dos jogos
Tipos de jogos em funo:
das regras do jogo (competio/cooperao);
dos resultados (soma nula/no nula);
da informao (completa/incompleta);
do n. de jogadores (2 n);
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(Apndice 2.3) Desenvolvimentos e reformulaes (ex. do dilema do prisioneiro)
Dilema do prisioneiro
Situao: dois cmplices de um crime so capturados e interrogados em celas separadas.
Prisioneiro B
Confessa Nega
Prisioneiro A Confessa 2, 2 4, 1
Nega 1, 4 3, 3
Condies (apresentadas separadamente a cada um):
os dois confessam, 10 anos de priso para cada um;
os dois negam, 5 anos de priso para cada um;
um confessa e o outro nega, o que confessa libertado, o que nega condenado
a 20 anos de priso.
Escala de preferncias individuais:
mnimo: 20 anos (valor 1);
10 anos (valor 2);
5 anos (valor 3);
mximo: libertao (valor 4).
Soluo racional do jogo: ambos confessam (resultado subptimo).
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(Apndice 2.4) Desenvolvimentos e reformulaes (limites internos da teoria)
Limite da ordenao
Se a racionalidade definida como clculo visando afectao ptima dos meios aos fins,
presume-se a existncia de um critrio nico permitindo a ordenao total de um
conjunto finito de meios (concepo ordinal da racionalidade).
Limite da transitividade
Se a racionalidade definida como escolha ptima em funo das preferncias
individuais, presume-se a existncia de um portflio de preferncias transitivamente
ordenado (concepo holista da racionalidade).
Limite da contextualidade
Se a racionalidade definida em termos formais, pela adequao objectiva da relao
entre ao e contexto da ao, presume-se uma definio estrutural, em termos
posicionais, do mbito da racionalidade (concepo estrutural da racionalidade).
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Aula 13
Tpico [11] O individualismo metodolgico: razes e efeitos de agregao.
Sumrio (a) Teoria da escolha racional e modelo racional geral.
(b) Tipos de racionalidade: instrumental, cognitiva e axiolgica.
(c) O macro como efeito de agregao: os efeitos no intencionais
da ao intencional.
Referncia Michel Dubois (2000), Lindividualisme mthodologique: principes
de la sociologie de laction, em Michel Dubois (2000), Premires
Leons sur la Sociologie de Raymond Boudon, PUF, pp. 21-42.
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(a) Teoria da escolha racional (TER) e modelo racional geral (MRG)
Pressupostos
p1 Individualismo: todo o fenmeno social o produto de aes, decises, atitudes,
comportamentos, crenas, (ADACC) individuais.
p2 Compreenso: toda a ADACC individual pode ser compreendida.
p3 Racionalidade: as ADACC so, em regra, o produto de razes.
p4 Consequencialismo: as razes das ADACC dizem respeito s consequncias
das ADACC.
p5 Egosmo: o indivduo d prioridade s ADACC que lhe interessam pessoalmente.
p6 Maximizao: o indivduo conhece as consequncias das ADACC e seleciona a que
tiver um saldo vantagens/inconvenientes que lhe seja mais favorvel.
p6 Satisfao: o indivduo tem um conhecimento limitado sobre as consequncias
das ADACC e seleciona a que tiver um saldo vantagens/inconvenientes que lhe
parea satisfatrio.
TER = p1, p2, p3, p4, p5, p6 (p6).
MRG = p1, p2, p3.
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(b) Tipos de racionalidade: instrumental, cognitiva e axiolgica
Definies de racionalidade:
objectiva: optimizao da relao meios/fins (TER);
subjetiva: razes (intencionais) da ao (MRG).
Tipos de racionalidade (subjetiva)
Tipo Princpio de explicao X tem boas razes para fazer Y porque
1. Instrumental
1.1. Utilitria Interesse/preferncia Y corresponde ao seu interesse/preferncia
1.2. Teleolgica Finalidade Y o melhor meio para atingir o objectivo pretendido por X
2. Axiolgica Norma
Valor
Y resulta da norma Z X acredita em Z e tem boas razes para tal
3. Cognitiva Teoria
Conhecimento
Y resulta da teoria Z X acredita em Z e tem boas razes para tal
4. Tradicional Costume/hbito X sempre fez Y e no tem razes para questionar tal prtica
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(c.1) O macro como efeito de agregao: os efeitos no intencionais
da ao intencional
A frmula da explicao sociolgica:
M=MmSM
ou seja, o fenmeno M uma funo das aes m, as quais dependem da situao S
do ator, sendo essa situao afectada por dados macrossociais M .
Os fenmenos sociais so consequncia por vezes previsvel, mas mais frequentemente
no previsvel, dos comportamentos sociais.
Efeitos de agregao: resultados das combinaes de efeitos no intencionais da ao
intencional.
Tipos de efeitos de agregao
Efeitos de agregao simples (sumativos).
Efeitos de agregao complexos (contraintuitivos). Exemplos:
efeito de frustrao relativa: resultante do aumento das oportunidades de todos;
efeito de segregao: resultante da preferncia por uma distribuio maioritria;
efeito de deteriorao em espiral: a deteriorao de uma situao evolui de modo
cumulativo.
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(c.2) O macro como efeito de agregao: tipos de efeitos de agregao
Julgamento do efeito Tipo de agregao
Simples Complexo
+ 1 2
3 4
+ / 5 6
nenhum 7 8
Fonte: em Dubois (2000: 36).
Efeitos perversos: tipo particular de efeitos no intencionais da ao intencional,
em que, por agregao, o resultado combinado o contrrio do que era pretendido por
cada indivduo agindo racionalmente (tipo 4).
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(Apndice) Referncias
Raymond Boudon (n. 1934)
Formao: Sorbonne, Ecole Normale Suprieure
(agregado em 1958).
Professor: Universit de Paris IV, Sorbonne (desde 1978).
Outras atividades: direco do Centre dEtudes
Sociologiques (1969-1972) e do Groupe dtudes
des Mthodes de lAnalyse Sociologique (1972-1998).
Algumas obras de Raymond Boudon
(1973), LIngalit des Chances, Paris, Armand Colin.
(1979), La Logique du Social, Paris, Hachette.
(2003), Raison, Bonnes Raisons, Paris, PUF.
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Aula 14
Tpico [12] A sociologia analtica: relaes micro-macro e dinmicas sociais.
Sumrio (a) Individualismo estrutural.
(b) Estruturas de oportunidades e processos de filtragem da ao.
(c) Efeitos no intencionais da ao e dinmicas relacionais cumulativas.
Referncia Peter Hedstrm e Lars Udehn (2009), Analytical theory and theories
of the middle range, em Peter Hedstrm e Peter Bearman (orgs.)
(2009), The Oxford Handbook of Analytical Sociology, Oxford,
Oxford University Press, pp. 25-47.
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(a) Individualismo estrutural
Princpio bsico de explicao: identificar as entidades, atividades e relaes que,
conjuntamente, produzem o resultado colectivo a ser explicado.
Individualismo porque:
toda a explicao requer anlise da ao individual.
Estrutural porque:
toda a explicao requer anlise das relaes entre atores individuais e estas no so
redutveis s propriedades dos atores individuais ou das aes individuais.
Antecedentes (principais):
Weber;
Merton;
Coleman;
Elster.
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(b.1) Estruturas de oportunidades e processos de filtragem da ao
Estrutura de oportunidades: conceito-chave na anlise das relaes macro micro.
Definio (Merton): acesso diferencial a oportunidades por agentes com diferentes
posies sociais.
Efeitos de estrutura: efeitos sobre escolhas entre alternativas socialmente estruturadas.
Oportunidades manifestam-se como processos de filtragem.
Filtros (Elster):
constrangimentos estruturais;
mecanismos possibilitadores.
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(b.2) Estruturas de oportunidades e processos de filtragem da ao: modelo
constragimentos
estruturaismecanismos
Cursos de ao
possveis
em abstrato
Cursos de ao
realizveisAes realizadasFiltro 1 Filtro 2
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(c.1) Efeitos no intencionais da ao e dinmicas relacionais cumulativas:
consequncias da ao
Dinmicas sociais micro macro: consequncias da ao.
Distines analticas (consequncias da ao)
Consequncias
no antecipadas
Comportamento
individual
Comportamento
no intencional
Ao
intencional
Ao
racional
Ao em
parte racional
MiopiaWishful
thinkingComplexidade
Ignorncia
e erro
Consequncias
antecipadas
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(c.2) Efeitos no intencionais da ao e dinmicas relacionais cumulativas:
exemplos
Profecia autorrealizada
Definio (teorema de Thomas)
Se as pessoas definirem uma situao como real, ela ser real nas suas consequncias.
[Crenas cognitivas criam, em vez de refletirem, a realidade]
Propriedades:
processo dinmico;
resultados no antecipados;
impulsionado por interaes sociais;
dinmica endgena de autorreforo
centrada em crenas.
Efeito de Mateus
Definio
Processo de vantagens/desvantagens cumulativas
Propriedades
idem;
centrada em oportunidades em vez de crenas.
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(Apndice) Referncias
Peter Hedstrm (n. 1955)
Formao: Doutoramento, Universidade de Harvard (1987).
Professor: Nuffield College, Universidade de Oxford (2003-2011).
Outras atividades: Director do Institute for Futures Studies, Estocolmo (desde 2011).
Algumas obras de Peter Hedstrm
(1998), Social Mechanisms. An Analytical Approach to Social Theory, Cambridge,
Cambridge University Press (organizador, com R. Swedberg).
(2005), Dissecting the Social. On the Principles of Analytical Sociology, Cambridge,
Cambridge University Press, 2005.
(2009), The Oxford Handbook of Analytical Sociology, Oxford, Oxford University Press,
(organizador, com Peter Bearman).
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Aula 15
Tpico [13] Modos de articulao entre ao e estrutura.
Sumrio (a) A oposio entre ao e estrutura.
(b) Articulao por conflao entre ao e estrutura.
(c) Articulao por reconstruo multidimensional da oposio
entre ao e estrutura.
Referncia George Ritzer e Douglas J. Goodman (2004), Agency-structure
integration, em George Ritzer e Douglas J. Goodman (2004),
Sociological Theory, 6. ed., Nova Iorque, McGraw-Hill, pp. 508-537.
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(a) A oposio entre ao e estrutura
Na histria da sociologia, as teorias da estrutura social e as teorias da aco social
constituem tradies tericas rivais de explicao da ordem social.
Teorias da aco social: a ordem social resulta da existncia de condies de eficcia
da aco que limitam, internamente, a variabilidade desta.
Teorias da estrutura social: a ordem social resulta da existncia de foras sociais
emergentes que constrangem, externamente, o potencial de autonomia individual;
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(b.1) Articulao por conflao entre ao e estrutura: modalidades e enunciados
Estruturacionismo = teorias sobre a internalizao (incorporao) das estruturas
socioculturais.
Implica articulao entre os conceitos de aco e de estrutura.
Concepes de estrutura:
estrutura externa: efeitos de estruturao so constrangimentos negativos
(limitaes do potencial de imprevisibilidade da agncia humana);
estrutura internalizada: efeitos de estruturao so generativos, isto , limitam
as possibilidades de agir pelos mesmos processos por que possibilitam agir
estrutura internalizada ordena socialmente ordenando generativamente a aco.
Internalizao da estrutura implica estrutura externa [prvia internalizao].
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(b.2) Articulao por conflao entre ao e estrutura: antecedentes
Durkheim,
Marx,
Husserl
Weber
Goffman
Garfinkel
Teoria da prtica
Pierre Bourdieu (1930-2002)
Teoria da estruturao
Anthony Giddens (n. 1938)
sociologia psicolgica
(Bernard Lahire)
perspectiva morfogentica
(Margaret Archer)
TEORIAS SOCIOLGICAS CONTEMPORNEAS: MATERIAIS DAS AULAS TERICAS, 2014/15 89/123
INSTITUTO UNIVERSITRIO DE LISBOA (ISCTE-IUL), ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLTICAS PBLICAS
DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA [Rui Pena Pires, Pedro Vasconcelos e Miguel Cabrita]
(c.1) Articulao por reconstruo multidimensional da oposio entre ao
e estrutura: enunciados
Dualismo analtico: estrutura e ao so mutuamente irredutveis e articulam-se no
tempo.
Ciclo morfogentico
(i) [] a estrutura precede necessariamente a ao que conduz sua reproduo
ou transformao;
(ii) [] a elaborao estrutural suce