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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA - :: Netran Trânsito :: DE VERLANI FINAL.pdf · Half of the...

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52
UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO VERLANI LUCIA BORDIN O EXAME PSICOLÓGICO, PARA OBTENÇÃO DA CNH, EM CURITIBA-PR MACEIÓ - AL 2014
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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO

VERLANI LUCIA BORDIN

O EXAME PSICOLÓGICO, PARA OBTENÇÃO DA CNH, EM

CURITIBA-PR

MACEIÓ - AL

2014

VERLANI LUCIA BORDIN

O EXAME PSICOLÓGICO, PARA OBTENÇÃO DA CNH, EM CURITIBA-PR

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof. Dr. Liércio Pinheiro de Araújo

MACEIÓ - AL

2014

VERLANI LUCIA BORDIN

O EXAME PSICOLÓGICO, PARA OBTENÇÃO DA CNH, EM CURITIBA-PR

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.

APROVADO EM ____/____/____

______________________________________________________

PROF.DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO

ORIENTADOR

______________________________________________________

PROF. DR. MANOEL FERREIRA DO NASCIMENTO FILHO

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________

PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA

BANCA EXAMINADORA BANCA EXAMINADORA

4

RESUMO

As transformações que ocorrem diariamente influenciam o ato de deslocar e o comportamento humano no trânsito. A Psicologia do Trânsito auxilia na investigação do comportamento humano no trânsito seus fatores e processos. Desta forma o objetivo do presente estudo foi de analisar a qualidade da avaliação psicológica coletiva na investigação do perfil do candidato à motorista, com relação a visão dos profissionais avaliadores, peritos em trânsito em clínicas credenciadas ao DETRAN-PR da cidade de Curitiba/PR. Realizou-se um questionário com seis perguntas, uma delas aberta para opinião do profissional sobre o tema, ele foi respondido por 10 profissionais da área de pericia em trânsito de clínicas credenciadas ao DETRAN-PR da cidade em questão. O mesmo foi encaminhado por e-mail e outros foram entregues pessoalmente. Com base nos questionários observou-se como resposta ao estudo que a maioria dos entrevistados considera que a avaliação à CNH na atualidade é regular. Metade dos psicólogos entrevistados avalia de forma boa a separação do exame coletivo em duas etapas. Assim como a grande maioria acredita que o método ajudaria obter maior conhecimento do perfil de motorista e na melhoria da avaliação de habilidades cognitivas e emocionais do candidato a CNH. Dentre os avaliados 40% são indiferentes à ideia de que o método possa oferecer condições emocionais mais adequadas no desempenho do candidato a motorista. Dentre os entrevistados, pode ser observado que a falta de tempo para avaliação psicológica poderia ajudar a interferir numa melhor investigação das habilidades, assim, com o método sugerido haveria a possibilidade de avaliar o candidato com maior afinco, fazendo uso de um maior numero técnicas de investigação das habilidades para caracterizar um perfil para o candidato a CNH. Faz-se necessário uma investigação sobre o assunto em relação a qualidade da avaliação como é realizada atualmente em termos de garantir maior fidedignidade daquilo que o profissional está incumbido em suas atividades de pericia. Palavras chave: Avaliação Psicológica, Psicologia do Trânsito, Exame Coletivo, Testes Psicológicos.

5

ABSTRACT

Human behavior and the act of movement is directly influenced by the transformations that occurs every day. The Traffic Psychology assists in the investigation of human behavior in traffic factor and processes. Therefore, the objective of this study is to analyze the quality of collective psychological assessment investigation of the candidate's profile, according to professional evaluators, traffic bachelors affiliated with DETRAN-PR at Curitiba/PR. It had been conducted a formal questionnaire with six questions , one of them opened to the professional opinion on the subject, with was answered by 10 professionals from accredited expertise in transit and affiliated to DETRAN-PR at Curitiba-PR. In fact, the questionnaire was forwarded by e-mail and personally delivered. Based on the answers of most of the participants, it was agreed and considered that the evaluation CNH today is regular . Half of the psychologists interviewed agreed that the method of collective test, divided in two stages, offers good evaluations. The majority believes that the method would help to obtain better knowledge of the driver's profile and improving the assessment of cognitive and emotional skills of the candidate. Other 40 % interviewed were indifferent to the idea that the method can provide more appropriate emotional conditions on the performance of trainee drivers. It could be observed that the lack of time for psychological evaluation could help intervene in better research skills, as well, with the suggested method would be able to assess the candidate with the most hard , making use of a greater number of technical research skills to characterize a profile for the candidate. It is necessary an investigation into the subject regarding the quality of assessment as it is currently conducted in terms of ensuring greater reliability of what the professional is responsible for its activities in forensics. Keywords: Psychological evaluation, psychological tests, Traffic Psychology, Collective Examination, Psychological Assessment Tests.

6

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1: Distribuição, em porcentagem, quanto a percepção do profissional

sobre avaliação psicológica para candidatos a CNH. ............................... 36

Gráfico 2: Distribuição, em porcentagem, quanto percepção sobre a separação

do exame coletivo em duas etapas: uma cognitiva e outra emocional: .... 37

Gráfico 3: Distribuição, em porcentagem, quanto o método ajudar a obter maior

conhecimento do perfil de motorista. ........................................................ 38

Gráfico 4: Distribuição, em porcentagem, quanto a qualidade na avaliação

psicológica nas habilidades cognitivas e emocionais nos candidatos. ..... 38

Gráfico 5: Distribuição, em porcentagem, quanto a possibilidade em se obter

dados mais qualificados da personalidade e habilidade cognitiva de

candidatos a CNH. ................................................................................... 39

Gráfico 6: Distribuição, em porcentagem, quanto ao método possa oferecer

condições emocionais adequadas no desempenho do candidato

durante a realização dos testes. ............................................................... 40

7

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CFP – Conselho Federal de Psicologia

CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito

CNH – Carteira Nacional de Habilitação

CRP – Conselho Regional de Psicologia

CTB – Código de Trânsito Brasileiro

8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 12

2.1 Psicologia e trânsito ......................................................................................... 13

2.2 Avaliação psicológica ....................................................................................... 16

2.3 Avaliação psicológica no contexto do trânsito .............................................. 18

2.4 Papel do psicólogo na avaliação psicológica para o transito e perfil para motorista. .................................................................................................. 22

2.5 Entrevista ........................................................................................................... 24

2.7 Principais testes Psicológicos utilizados na avaliação coletiva para obtenção de CNH .............................................................................................. 28

2.7.1 Teste de Atenção ............................................................................................ 30

2.7.2 Teste de Raciocínio Lógico ........................................................................... 31

2.7.3 Teste de personalidade .................................................................................. 31

2.7.4 Teste de Memória ........................................................................................... 33

3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 34

3.1 Ética .................................................................................................................... 34

3.2 Tipo de Pesquisa ............................................................................................... 34

3.3 Local e População de Estudo ........................................................................... 34

3.4 Procedimentos para Coleta de Dados ............................................................. 34

3.5 Procedimentos para Análise dos Dados ......................................................... 35

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 36

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 42

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 45

APÊNDICE ................................................................................................................ 50

ANEXO ..................................................................................................................... 51

9

1 INTRODUÇÃO

Com a invenção da roda há mais de cinco mil anos, a vida dos indivíduos

começou a transformar com as primeiras formas de locomoção com veículos pouco

convencionais e fáceis como os de atualmente, que eram puxados pelos homens e

mais tarde por animais, surgindo então os meios de transporte.

Essas transformações influenciam no conceito de trânsito. Que está ligado ao

ato de deslocar, ao movimento do tráfego de pessoas ou veículos em vias para

circulação. O trânsito preza pela organização, regido por leis e regras, seguindo por

faixas de circulação sendo elas em calçadas para pedestres ou vias para veículos,

ciclovias aos ciclistas. As regras objetivam o bom funcionamento para o

deslocamento dos indivíduos, essas regras são necessárias para que haja interação

entre veículos distintos e pedestres.

O comportamento no trânsito é influenciado pelo comportamento, como pelo

sistema de valores relacionado à dimensão sociocultural. A Psicologia do Trânsito

apresenta-se de forma a compreender essa relação, facilitando a convivência entre

os mesmos. A Psicologia de Trânsito é definida como uma aérea que investiga os

comportamentos humanos no transito, seus fatores, processos internos e externos,

conscientes e inconscientes que os provocam ou alteram.

A Psicologia do Trânsito consiste em investigar os elementos para o ser

humano e para a sociedade, por meio do estudo de uma variedade de

comportamentos nas diferentes situações em relação ao trânsito, oferecendo

métodos educativos e sugerindo práticas para a melhoria da mobilidade no contexto

viário, visando a segurança e a redução dos riscos de acidentes.

A avaliação atualmente é uma exigência do Código de Trânsito Brasileiro e do

Conselho Nacional de Trânsito e regulamentada pelo conselho Federal de

Psicologia, considerada uma atividade restrita do psicólogo. O processo ministra

informações fundamentadas que possibilita um diagnóstico visando orientar, sugerir

e sustentar o processo de tomada de decisão em algum contexto específico. Desse

modo, os psicólogos de trânsito fazem uso da avaliação psicológica para investigar

as características psicológicas dos candidatos à obtenção da CNH ou da mudança

da categoria da CNH ou ainda para registro de estrangeiros ou para fins

psicopedagógicos.

10

Com base no exposto, ressalta-se que é papel do psicólogo do trânsito atuar

no processo de habilitação, realizando avaliação psicológica pericial de motoristas,

sendo este um procedimento obrigatório para todos os candidatos à obtenção da

carteira de motorista e na sua renovação, como diz o Código de Transito Brasileiro.

Em complemento a avaliação psicológica pericial, o profissional fica obrigado

a realizar a entrevista psicológica, que é um momento para conhecer e compreender

o candidato, fazer levantamentos de dados que serão analisados junto com os

elementos levantados na testagem psicológica.

O desenvolvimento da avaliação psicológica sucede com o desenvolvimento

das estratégias que permitem derivar inferências acerca do funcionamento psíquico

do candidato, e nisso o Conselho Federal de Psicologia assumiu papel importante

quanto à atuação do profissional, regulamentando, definindo elaborando o uso, dos

testes psicológicos.

A avaliação psicológica pericial é um processo fundamentado em informações

cientificas; que permitem ao psicólogo avaliar um comportamento, tomar

conhecimento de capacidades cognitivas e sensório motoras, componentes sociais,

emocionais, afetivos, motivacionais, aptidões específicas e indicadores

psicopatológicos de candidatos.

Dada a importância da avaliação psicológica para a obtenção da CNH,

(Carteira Nacional de Habilitação), desenvolveu-se esta pesquisa na área para que

sirva de contribuição. Para chegar a uma conclusão da necessidade de se realizar

uma avaliação mais precisa. Foi realizada uma pesquisa com profissionais peritos

em avaliação psicológica para o transito, indagando a opinião dos profissionais da

área sobre mudanças na avaliação coletiva, visando uma para dados cognitivos e

outra de personalidade. Os capítulos que se seguem, objetivam fundamentar a

pesquisa, apresentando os dados analisados.

Tendo em vista esta problemática, observou-se a importância de verificar a

concepção do profissional avaliador para a melhoria na investigação do perfil do

candidato.

Com a investigação nos critérios de avaliação, sugere-se melhoria na avaliação

cognitiva, com baixo nível de estresse e ansiedade ao realizar os testes. Com

relação ao profissional avaliador, acarretou no número de dados a serem avaliados

para analisar a condição de estar apto ou inapto a condição de motorista veículo.

11

Objetivo do trabalho foi de analisar a qualidade da avaliação psicológica coletiva

na investigação do perfil do candidato à motorista, com relação a visão dos

profissionais avaliadores, peritos em trânsito, bem como abranger conhecimento

mais detalhado do perfil desse candidato, obter conhecimento sobre a percepção

dos profissionais avaliadores, DETRAN-PR de Curitiba PR, para avaliação desses

motoristas, no intuito de sugerir melhoria na qualidade de avaliação psicológica para

motoristas nas habilidades cognitivas e emocionais, corroborando para obter dados

mais qualificados da personalidade e habilidade cognitiva de candidatos a

motoristas, assim como favorecer condições emocionais mais adequadas no

desempenho do candidato a motorista durante a realização dos testes na avaliação

coletiva.

12

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Com a invenção da roda há mais de cinco mil anos, a vida dos indivíduos

começou a se transformar. As primeiras utilizações foram na locomoção com

veículos pouco convencionais e fáceis como os de hoje em dia, que eram puxados

pelos homens e mais tarde por animais, surgindo então os meios de transporte. A

revolução industrial e avanço da ciência, o homem, então fez surgir os veículos com

motor, que a cada ano evolui mais com as novas tecnologias.

Essas transformações influenciam no conceito de trânsito. Que está ligado ao

ato de deslocar, ao movimento do tráfego de pessoas ou veículos em vias para

circulação. O trânsito preza pela organização, é regido por leis e regras, seguindo

por faixas de circulação sendo elas em calçadas para pedestres ou vias para

veículos, ciclovias aos ciclistas. As regras objetivam o bom funcionamento para o

deslocamento dos indivíduos, essas regras são necessárias para que haja interação

entre veículos distintos e pedestres.

Sobre o assunto, Rozestraten (1988) relata que o trânsito pode ser definido

como um conjunto de deslocamentos entre pessoas e veículos, dentro de um

sistema convencional de normas, tendo como finalidade assegurar a integridade de

seus participantes. Ressalta, ainda, que o transito é produzido pelo comportamento

dos indivíduos e seus efeitos no ambiente, que por suas características físicas,

desencadeia certos comportamentos e impede a ocorrência de outros.

Madeira (2009) esclarece que para compreender o transito não basta discutir

apenas seus problemas de congestionamentos e acidentes, mas analisar o

comportamento considerando seus interesses e necessidades. Sobre o tema,

Vasconcelos (1998) ilustra que no trânsito acontece uma disputa do espaço coletivo

pelo espaço físico, refletindo numa negociação do espaço, coletivo e conflituoso.

Conforme o autor, tal negociação tem uma base ideológica e política que irá

depender da forma como cada indivíduo se vê na sociedade e de seu acesso real ao

poder.

Queiroz e Oliveira (2003) ressaltam que o comportamento no trânsito é

influenciado tanto pelo comportamento, como pelo sistema de valores relacionado à

dimensão sociocultural. Com base no que é explanado pelos autores, se mostra

importante um conhecimento com proporções maiores dos contextos socioculturais

13

e psicológicos para que o desenvolvimento de programas de capacitação,

reabilitação e educação que promovam o comportamento adequado no transito,

gerando a redução das consequências de acidentes graves e o alto custo social que

se apresentam na atualidade.

2.1 Psicologia e trânsito

No Brasil, a história da psicologia do trânsito apresenta-se entre a década de 1930,

quando se iniciaram as primeiras aplicações de instrumentos psicológicos de orientação e

seleção profissional das ferrovias em São Paulo. Em torno de 1950 houve a contratação de

psicólogos pelo DETRAN-RJ com objetivo de estudar o comportamento dos condutores.

Isso ocorreu em razão do avanço da indústria automobilística e do aumento da demanda por

segurança, formação e orientação dos condutores, a psicologia do trânsito direcionou suas

atividades para o transporte rodoviário, a fim de tentar frear o aumento nos índices de

acidentes (Mange, 1956; Trench, 1956). Foi sancionada a Lei 9545, que instituía o Exame

Psicotécnico para candidatos à Carteira Nacional de Habilitação (CNH), sendo o Instituto de

Seleção e Orientação Profissional (ISOP) o responsável por tal atividade. Desse modo,

desde 1951 até hoje, a avaliação psicológica (psicotécnico) se inseriu no processo de

habilitação, sendo atualmente uma etapa preliminar, obrigatória, eliminatória e

complementar para todos os condutores e candidatos a obtenção da habilitação.

(SILVA&ALCHIERI, 2007)

Discorrendo sobre o assunto, verifica-se que durante anos o psicólogo perito em

transito só faz avaliações de DETRAN, selecionando candidatos que poderão ou

não ser motoristas, segundo Machado (2000), faz-se isso com o mínimo grau de

certeza, sem pesquisas para basear o trabalho , segundo ela, nem o perfil de bom

motorista foi realizado ainda, utiliza-se testes pouco adequados a nossa realidade

social, também faz-se a avaliação de forma desintegrada, profissionais desta área

não se falam e às vezes não se conhecem.

Teles (2003) define a Psicologia do Transito, como, uma observação para compreender

o homem e seu comportamento facilitando a convivência entre os mesmos. A Psicologia de

Trânsito passou a ser definida como “uma área da Psicologia que investiga os

comportamentos humanos no trânsito, os fatores e processos externos e internos,

conscientes e inconscientes que os provocam ou os alteram” (Conselho Federal de

Psicologia, 2000, p. 10).

Segundo Hoffman e Cruz (pag. 17, 2007) a evolução da psicologia do trânsito no Brasil pode ser estruturada em 4 grandes etapas:

14

... a primeira compreende o inicio do exame por meio de técnicas psicológicas até a regulamentação da psicologia como profissão; a segunda corresponde a regulamentação da psicologia de transito como matéria cientifica; a terceira o seu desenvolvimento dentro da área e sua presença no meio interdisciplinar e a quarta foi marcada pela aprovação no Código de Transito Brasileiro (Lei 9.503 de 23/09/97), e por um período de maior sensibilização da sociedade e dos psicólogos do transito no que remete à politicas públicas de saúde, educação e segurança relacionadas a circulação humana.

Hoffman (2003, p.21), por sua vez, define como: o estudo do comportamento do

usuário das vias e dos fenômenos psicossociais subjacentes ao comportamento.

Rozestraten (1998), por sua vez, apresenta como uma ciência que investiga o

comportamento dos participantes no trânsito indistintamente, não excluindo

ninguém. Dessa forma, a finalidade incide em estudar e analisar o comportamento

humano relacionado ao trânsito, sobretudo, no que se refere ao comportamento dos

sujeitos que compõem o contexto viário, sejam eles passivos ou ativos, como:

pedestres, ciclistas, condutores de veículos ou motociclistas.

A Psicologia do Trânsito tem por objeto o comportamento dos cidadãos que

participam do trânsito, procurando entender esse comportamento pela observação e

experimentação, do inter-relacionamento com outras ciências que estudam o trânsito

e ajudar, por meio de métodos científicos e didáticos, na formação de

comportamentos mais seguros e condizentes com o exercício de uma perfeita

cidadania. (ROZESTRATEN, 2003).

Ainda na concepção de Rozestraten (1988), os processos que envolvem a

Psicologia do transito não são tão simples, pois incluem: atenção, detecção,

diferenciação, percepção, tomada de processamento de informações, memória de

curto prazo e longo prazo, aprendizagem, conhecimento de normas e símbolos,

motivação, tomada de decisões, habilidade para executar manobras rápidas,

capacidade de reagir prontamente o feedback, previsão de situações, bem como

uma série de atitudes em relação aos outros usuários, as normas de segurança,

limite de velocidade, entre outros.

Com a estruturação da profissão, foi na década de 80 que se intensificaram as

discussões sobre a avaliação psicológica e o trânsito, com isso vieram os vários

congressos nacionais e neles começaram a surgir duras críticas sobre a avaliação

psicológica para aquisição da CNH. Com isso, vários teóricos passaram a

apresentar propostas na busca de solucionar as dificuldades. Em 1986, José Sollero

Neto apresenta em publicação da revista Psicologia: Ciência e Profissão,

15

modificações na legislação do trânsito, propondo especificar os processos psíquicos

elementares do comportamento do motorista e sugerindo os exames

complementares, assim como a preparação adequada dos profissionais e a

fiscalização desse trabalho. (RUEDA, 2011).

Em seguida, a resolução 168/2004 (CONTRAN, 2004) que estabelece normas e

procedimentos para a formação de condutores de veículos automotores e elétricos,

a realização dos exames, a expedição de documentos de habilitação, os cursos de

formação, especializados, de reciclagem e dá outras providências; e mais

recentemente a resolução 267/2008, que dispõe sobre o exame de aptidão física e

mental, a avaliação psicológica e o credenciamento das entidades públicas e

privadas de que tratam o art. 147, I e §§ 1º a 4º e o art. 148 do Código de Trânsito

Brasileiro. Em 01 de julho de 2008 estabelece a resolução 287 que altera a

Resolução nº 267, de 15 de fevereiro de 2008, do CONTRAN, e dispõe sobre o

exame de aptidão física e mental, a avaliação psicológica e o credenciamento das

entidades públicas e privadas de que tratam o art. 147, I e §§ 1º e 4º e o art. 148 do

Código de Trânsito Brasileiro – CTB.

A cada resolução instituída pelo CONTRAN, o Conselho Federal de Psicologia

(CFP) acompanha o processo publicando resoluções que respaldam o trabalho do

Psicólogo no Trânsito. Neste sentido, em 19/12/2002 o CFP estabeleceu a resolução

nº 16/2002 que dispõe o trabalho do psicólogo na avaliação psicológica de

candidatos à carteira nacional de habilitação e aos condutores de veículos

automotores, normatizando e qualificando os procedimentos relacionados à prática

de avaliação psicológica devendo ser realizados em espaços exclusivos e

adequados para esse procedimento, não podendo haver nenhum tipo de vínculo

com os Centros de Formação de Condutores (CFCs), cumprindo com isso, o novo

Código de Trânsito Brasileiro - CTB. (CFP, 2002).

Tendo em vista auxiliar o psicólogo na produção qualificada de documentos

escritos decorrentes da avaliação psicológica, o CFP institui através da resolução

nº007/2003, o Manual de Elaboração de documentos escritos produzidos pelo

psicólogo, decorrente de avaliação psicológica e revoga a resolução 17/2002. O

referido Manual dispõe sobre os seguintes itens: Princípios Norteadores,

Modalidades de Documentos, Conceito/Finalidade/Estrutura, Validades dos

Documentos e Guarda dos Documentos. (CFP, 2003).

16

Em 19 de maio de 2011 o CFP publica a resolução nº 009/2011que altera o texto

do anexo II da resolução nº 07/2009, sobre os referenciais de interpretação dos

testes aplicados no contexto do trânsito, recomenda-se que sejam utilizadas normas

específicas e/ou gerais dos instrumentos, e que sejam seguidas as orientações

previstas nos respectivos Manuais para análises dos dados encontrados. (CFP,

2011).

Machado (2000) ressalta, que a história do trânsito transcorre de forma dinâmica

e rápida com as novas tecnologias, novas máquinas, novo estudo de segurança,

leis, motoristas a cada instante, novas mortes, perdas, mutilações e sofrimento a

cada instante. Inserido nesse imenso problema social está o psicólogo aplicando e

aprovando ou reprovando, como que isolado em sua especialidade, protegido do

furacão, às voltas com seus testes e entrevistas.

Portando, a Psicologia do Trânsito, apresenta elementos para o ser humano e

para a sociedade, por meio do estudo de uma variedade de comportamentos nas

diferentes situações em relação ao trânsito, oferecendo métodos educativos e

sugerindo práticas para a melhoria da mobilidade no contexto viário, visando a

segurança e a redução dos riscos de acidentes.

O novo Código de Trânsito Brasileiro e as resoluções publicadas atribuem ao

trabalho do psicólogo: seriedade, compromisso e responsabilidade. Com isso, no

momento atual faz-se necessário o aprofundamento sobre a avaliação psicológica

na área do trânsito em conformidade às discussões sobre mobilidade humana e

urbana e as políticas públicas implantadas.

2.2 Avaliação psicológica

A avaliação psicológica é um processo que constrói conhecimento por meio

de aspectos psicológicos, com objetivo de produzir, orientar, monitorar e encaminhar

ações e intervenções sobre a pessoa avaliada, e, solicita cuidados no planejamento,

na análise e na síntese dos resultados obtidos. (Conselho Federal de Psicologia,

2010, p. 16). Pasquali (1999) comenta que avaliação tem uma história recente e

ressalva que se deve aos psicólogos do fim do século XIX a sua origem, formal e

sistemática.

Tendo como premissa ser de uso privativo do psicólogo a lei 4.119/62, a

avaliação psicológica refere-se à obtenção, análise e interpretação de informações

17

psicológicas, resultantes de um conjunto de procedimentos confiáveis; que

apresentam alto grau de precisão e validade. Existem procedimentos que exigem o

uso de regras objetivas e outros exigem a intervenção interpretativa do examinador.

(ALCHIERI, 2000)

No inicio da década de 90 tem se renovado o interesse pelos testes e outros

instrumentos de avaliação psicológica. Foi resultado da criação e/ou consolidação

de laboratórios de pesquisa, dedicados ao tema, como o LabPAM ( Laboratório de

Pesquisa em Avaliação e Medida), na universidade de Brasília. Porém IBAPP

(Instituto Brasileiro de Avaliação e Pesquisa em Psicologia) foi destinado como o

marco principal de referencia no cenário nacional. (GOUVEIA, SILVA, SILVA,

ANDRADE, SILVA FILHO, COSTA, 2002).

A avaliação psicológica visa obter amostras do comportamento do indivíduo.

Inclui a coleta de dados, avaliação e análise de dados apropriados ao objetivo que

se propõe. Utiliza-se de métodos, técnicas e instrumentos para se chegar a um

diagnóstico prognóstico. (MACHADO, 2007, p.13 e 19). É uma atividade profissional

bastante questionada e controvertida na Psicologia, se deu com a rotulação dos

doentes e débeis mentais e foi criticada pelos seus métodos psicofísicos e pela

pouca precisão cientifica de seus resultados (ANASTASI & URBINA, 2000,

ANCONA- LOPES, 1987).

Para Pasquali (1992), apud Noronha (2002) as contestações e os

questionamentos continuarão, sendo necessárias a superar outras que são devindas

a natureza e incompreensões de outra natureza. Segundo o autor, ainda são

presentes os questionamentos de se realizar ou não avaliação psicológica em

determinadas áreas de atuação. Parece inconcebível o fato de que intervenções

ocorram, sem que antes tenham se precedido avaliações, já que é fundamental para

uma atuação adequada. Aftanas (1994) ainda diz em seu estudo que a avaliação

deve ser considerada uma avaliação primária. Para Witter e David (1996) serve para

orientar uma ação mais segura e adequada do profissional em seu trabalho.

Já Primi (2010), a avaliação psicológica é geralmente entendida como uma

área aplicada, técnica, de produção de instrumentos para o psicólogo, visão

certamente simplista da área. A avaliação psicológica não é simplesmente uma área

técnica produtora de ferramentas profissionais, mas sim a área da psicologia

responsável pela operacionalização das teorias psicológicas em eventos

observáveis. Percebe-se assim que a avaliação psicológica é uma atividade

18

complexa e constitui-se na busca de conhecimento a respeito do funcionamento

psicológico das pessoas, de tal forma a poder orientar ações e decisões futuras.

Esse conhecimento é sempre gerado em situações que envolvem questões e

problemas específicos.

Machado (2007, 9. 17-18) a avaliação psicológica, para o psicólogo abrange

dimensões nas áreas:

a) Técnica – o profissional precisa ter vasto conhecimento das técnicas

que pretende utilizar;

b) Relacional – conhecimento dos mecanismos transferênciais e

contratransferências presentes no momento da avaliação;

c) Ética – deve reger o trabalho do profissional;

d) Legal – questionamento atuais sobre esta dimensão;

e) Profissional – implicações e consequências de ordem profissional no

momento de uma avaliação;

f) Social – reflexões mais amplas que dizem respeito a sociedade.

Portanto os resultados das avaliações devem considerar e analisar os dados

históricos e sociais e seus efeitos no psiquismo, com a finalidade de servir como

instrumentos para atuar não somente sobre o sujeito, mas na modificação desses

condicionantes que operam desde a formulação da demanda até a conclusão do

processo de avaliação psicológica.

2.3 Avaliação psicológica no contexto do trânsito

Avaliação psicológica no contexto do trânsito é recente no país, iniciou por

volta da década de 1950, quando passou a ser definida como “área da psicologia

que investiga os comportamentos humanos no transito, os fatores externos e

internos, conscientes e inconscientes no transito, os fatores internos e externos,

conscientes e inconscientes que os provocam ou alteram”. (CONSELHO FEDERAL

DE PSICOLOGIA, 2000 p. 10 apud LAMOUNIER&RUEDA, 2005, p. 36).

A avaliação psicológica é uma função privativa do psicólogo, assegurada pela Lei N.º 4.119 de 27/08/62, que pretende investigar aspectos da personalidade de determinado sujeito no seu respectivo contexto de vida,

19

segundo a queixa apresentada e suas específicas características. Entendida como um processo no qual o psicólogo pode ou não utilizar testes, inclui o Psicodiagnóstico, este sim, definido como um procedimento científico que, necessariamente, utiliza testes psicológicos. Esta técnica visa abarcar os aspectos passados, presentes (psicodiagnóstico) e futuros (prognóstico) da personalidade avaliada, por meio de métodos e técnicas psicológicas reconhecidas. (AMENDOLA, 2004, p26)

A avaliação é uma exigência do Código de Transito Brasileiro e do conselho

Nacional de Trânsito e regulamentada pelo conselho Federal de Psicologia, sendo

uma atividade restrita do psicólogo. O processo ministra informações cientificamente

fundamentadas que possibilita um diagnóstico visando orientar, sugerir e sustentar o

processo de tomada de decisão em algum contexto específico. Desse modo, os

psicólogos de trânsito fazem uso da avaliação psicológica para investigar as

características psicológicas dos candidatos à obtenção da CNH ou da mudança da

categoria da CNH ou ainda para registro de estrangeiros ou para fins

psicopedagógicos (instrutor de auto escola). ( LAMOUNIER&RUEDA, 2005).

A Avaliação Psicológica, infelizmente, é vista como mera formalidade, que

não há utilidade em sua execução, que todos os candidatos passam, etc. A

população em geral e mesmo a classe de psicólogos não tem esclarecimento sobre

seus objetivos e importância, criando , à partir da ignorância e auxiliados pelo senso

comum, uma série de concepções errôneas do trabalho do psicólogo em DETRAN’s.

Os exames respeitados pela população em geral são os de Legislação e

Sinalização. (MACHADO, 2000)

A questão acima representa uma séria dificuldade para a atuação dos

profissionais, já que o sujeito reage à frustração da nova avaliação como fosse o

primeiro, o que gera grande resistência à avaliação. Uma das críticas dos

profissionais, é a de ter que avaliar o candidato sem o mesmo estar disponível para

tal, não tem o desejo pela avaliação, o que torna muito difícil tecnicamente, exigindo

do profissional uma grande habilidade para transpor estar barreiras antes de poder

continuar seu trabalho, que sem a colaboração do sujeito, fica impossível de ser

realizado. (MACHADO, 2000)

É tida como indispensável na avaliação do candidato a condutor, poios se

utiliza de técnicas e instrumentos confiáveis, validados pelo CFP (Conselho Federal

de Psicologia), podendo o profissional perito em transito, com os instrumentos

concluir se uma pessoa está apta ou não naquele momento de sua vida. Para tal

20

função o profissional deve estar capacitado, visto que é uma avaliação que engloba

várias áreas do funcionamento humano. (MACHADO, 2000)

O Código Brasileiro define o processo de avaliação psicológica como uma

etapa preliminar, obrigatória, eliminatória e complementar para todos os candidatos

à obtenção da CNH, assim como na renovação desse documento no caso de

motoristas que trabalham exercendo atividade remunerada conduzindo veículos.

(BRASIL, 2002).

É um processo técnico cientifico de coleta de dados, estudos e interpretação

de informações a respeito dos fenômenos psicológicos dos indivíduos, um processo

de conhecimento do outro de forma cientifica e especializada. Sugere resultados que

podem ser positivos e negativos para o avaliado.

Com a vinda do novo Código de Trânsito, perceberam-se algumas mudanças,

como os Cursos de Capacitação, para atuação na área, trabalhos mesmo que

isolados na área da Psicologia do Trânsito, Especializações com abordagem

multidisciplinar do transito, associações de profissionais, como a recente Associação

dos Psicólogos de Trânsito do Estado do Paraná. Com o Veto Presidencial ao

exame Psicológico aconteceram os fóruns Regionais de Psicologia de Trânsito e o

Fórum Nacional de Psicologia do Trânsito, onde nasceram as Comissões de

Trânsito do Conselho Regional de Psicologia – 8a Região, já existentes em Curitiba,

Londrina e Maringá. (MACHADO, 2000)

A indicação da avaliação psicológica para motoristas implica na existência de

pessoas que podem e outras que não podem dirigir, sendo um selecionador de

indivíduos que apresentam bom e mau desempenho no papel de condutor. Essa

necessidade vem em função do crescimento do numero de veículos que disputam

espaço restrito e onde é exigida uma série de habilidades daqueles que participam

desse espaço chamado transito, para que ele cumpra sua intenção de deslocamento

de forma dinâmica e segura.

Dentre os instrumentos psicológicos utilizados para a avaliação psicológica

encontram-se os testes, entrevistas, questionários e observações. Para os

candidatos a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) a entrevista individual e os

testes são obrigatórios para a realização da avaliação psicológica.

Ressalva-se que o objetivo da Avaliação Psicológica Pericial no contexto de

Trânsito nunca foi o de predizer se um determinado indivíduo viria a se envolver em

acidente ou não, e sim de realizar um trabalho preventivo, no qual fosse possível

21

diminuir as possibilidades de um motorista se expor a situações de risco. Por

conseguinte, não é possível prever se uma pessoa que apresenta traços agressivos

e impulsivos vá manifestar esse comportamento no trânsito ou em qualquer outra

situação, ela pode simplesmente canalizar esse comportamento quando dirige e

manifestá-lo em outra conjuntura. Por ser um trabalho preventivo, verifica-se a

necessidade de evitar que o avaliando dirija e se exponha em situações de risco

podendo envolver outras vitimas. (LAMOUNIER&RUEDA, 2005).

Alguns autores consideram a Avaliação Psicológica no trânsito

desnecessária, e com base nisso dirigem críticas aos profissionais da área e aos

instrumentos que são utilizados (Gouveia, Silva, Silva, Andrade, Filho & Costa,

2002). É certo que existem muitos profissionais pouco capacitados para serem

peritos examinadores de trânsito, mas essa verdade também se encaixa nas

diversas áreas da Psicologia e da Ciência. Talvez por ser uma das áreas com que a

população de modo geral tenha mais contato, esteja mais vulnerável a exposições e

críticas.

A crítica que recai à avaliação psicológica é sobre as técnicas empregadas

que não se modernizam a falta de preparo dos profissionais e a credibilidade dos

testes (ALCHIERI; STROEHER, 2002). Nos últimos anos, vários estudos estão

sendo realizados para responder a questionamentos e promover melhorias no

processo. Por ser uma área nova, as pesquisas são escassas, mas há um interesse

dos profissionais em aprimorar suas técnicas e alcançar seus objetivos.

O que se percebe com a função de Psicólogo Perito em transito é uma falta

de esclarecimento à população em geral a respeito do trabalho nesta área, algumas

premissas vêm mudando durante os anos, porém ainda se recebe indivíduos com a

visão de que sua avaliação gira em torno de ser ou não caracterizada como louca.

Como facilitador a minimizar tais questões o psicólogo avaliador deve sempre

estabelecer um contrato de trabalho com o candidato, deixando o mais claro

possível como vai acontecer o processo, quais são as possibilidades de aprovação,

reprovação e aproveitar todas as oportunidades possíveis para esclarecer à

população em geral à respeito do seu trabalho e da responsabilidade social do

mesmo, desmistificando as fantasias e irrealidades com que se apresentam durante

o processo, além de deixar aberto a comunicação para que se tirem as dúvidas

referentes a avaliação em que se encontram.

22

2.4 Papel do psicólogo na avaliação psicológica para o transito e perfil para

motorista.

Lamounier e Rueda (2005, p.19) explicam que a Psicologia do Transito e a

Avaliação Psicológica são áreas fins, consistem em um processo técnico cientifico

de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos

fenômenos psicológicos. Completam ainda, que por meio do processo de avaliação

é possível obter informações cientificamente fundamentadas que possibilitam um

diagnóstico que visam orientar, sugerir e sustentar o processo de tomada de decisão

em alguns contextos.

Trata-se de uma ramificação da psicologia com o intuito de investigar o

comportamento das pessoas nesse campo e os elementos tanto interno como

externos, objetivos e subjetivos capazes de provocar ações e reações das mais

variadas. Machado (2007) entende que a avaliação psicológica é um processo

dinâmico que busca conhecer por meio de métodos científicos, ou seja, um trabalho

especializado cuja intenção é obter amostras de comportamentos.

Avaliando o assunto em questão, remete-se que um dos maiores desafios ao

trabalho do psicólogo de trânsito sempre foi à construção do perfil de um bom

motorista, cuja fundamentação científica ainda não foi alcançada, porém, a

importância de se conhecer o perfil de um bom motorista estaria na possibilidade de

se desenvolver ferramentas de avaliação psicológica em conformidade com este

perfil, e que, portanto, selecionariam adequadamente os candidatos à carteira de

habilitação (FARINA apud SCHWARZER, 2006).

De acordo com Silva (2010) o psicólogo deve focar as suas analises de acordo

com o que deva analisar isso implica para a Psicologia do Trânsito em levar em

consideração os aspectos subjetivos, não devendo traçar um perfil das funções

patológicas ou os agravantes determinantes da saúde mental, mas observar os

aspectos pertinentes ao trânsito.

Os comportamentos e processos cognitivos e emocionais analisados são

amplos, como memória curta e longo prazo, tempo de reação, capacidade de

aprendizagem, processo de detecção, o processo de diferenciação, tomada de

decisão, e os diferentes tipos de atenção.

Segundo Hutz (p. 79, 2011) no Brasil, por muito tempo o teste psicológico foi

rejeitado na prática profissional, por não atingir as expectativas injustificadas que se

23

tinha a respeito dele, e não oferecia a confiabilidade necessária. A qualidade técnica

do teste foi muito questionada, não sem razão, o que gerou a criação de resoluções

instauradas pelo conselho Federal de Psicologia, as quais determinaram que os

testes devem ser submetidos a um processo de avaliação para que, uma vez

atendidas as condições sejam disponibilizas para uso profissional.

Sem contar com dados precisos é muito comum a sensação de insegurança

que vem sido causada em pedestres e demais condutores pelas atitudes e

comportamentos de alguns condutores no espaço viário. Veem-se agressões no

volante, imprudência e imperícia no transito, desatenção e negligencia nas ruas,

irresponsabilidade. Pouco se sabe sobre quais fatores permitiriam diferenciar com

exatidão os bons dos maus condutores, é uma tarefa que exige muita atenção dos

profissionais da psicologia que se interessam neste tipo de comportamento.

Os resultados das pesquisas ainda não permitem traçar um perfil, isto, não

impede que os departamentos de Trânsito se esforcem nessa direção, definindo o

bom condutor nos seguintes termos (MACHADO, 2001) apud Gouveia, Silva, Silva,

Andrade, Silva Filho, Costa (2002); pessoas que pouco se acidentam ou quase não

se envolvem em problemas de trânsito; e em sua vida agem de forma respeitosa,

solidaria e consciente, o que levam a dirigir de forma educada, respeitando as

normas, cientes dos riscos e valorizando a vida de todos inclusive a sua.

Com base no exposto, ressalta-se que é papel do psicólogo do transito atuar

no processo de habilitação, realizando avaliação psicológica pericial de motoristas,

sendo este um procedimento obrigatório para todos os candidatos à obtenção da

carteira de motorista e na sua renovação, como diz o Código de Transito Brasileiro.

Assim, a concessão da CNH passou a ser considerado um direito adquirido,

porém, o candidato deve provar possuir capacidade para conduzir um veículo em

segurança, por meio de uma bateria de testes e exames cognitivos, emocionais e

comportamentais.

Além disso, Amaral (2001) propõe que haja uma uniformidade nas aulas

práticas e teóricas, no treinamento e nos exames. O autor considera que dirigir em

alta velocidade exige respostas rápidas e precisas, demandando outros critérios

além dos que foram citados.

Compreende-se a necessidade da validade do documento de habilitação ser

temporária e não mais permanente, sendo necessárias verificações periódicas das

condições mínimas de capacidade física e psíquica dos motoristas bem como a

24

definição da forma e dos critérios e da forma de avaliação dessa capacidade

conforme o tipo de habilitação, uma vez que, diferentes categorias de veículos,

exigem diferentes habilidades (SILVA; GÜNTER, 2009). Importante ressaltar que

existem várias técnicas de avaliação, sendo todas importantes requerendo

planejamento adequado e a execução cautelosa para se alcançar resultados

coerentes.

Percebe-se que existem diferentes aspectos a considerar no momento de

decidir sobre a adequação da necessidade da avaliação psicológica. O futuro

depende da capacidade dos psicólogos em realizar adequadamente sua atividade e

mostrar a utilidade de seu serviço.

2.5 Entrevista

Conforme resolução do CFP, 007/2009, “a entrevista psicológica é uma conversação

dirigida a um propósito definido de avaliação. Sua função básica é equipar o avaliador de

subsídios técnicos acerca da conduta do candidato, completando os dados obtidos pelos

demais instrumentos utilizados”. Neste sentido, a entrevista psicológica é efetuada pelos

psicólogos no exercício de suas atividades e possibilita formular um julgamento, uma

orientação nos diversos contextos da avaliação psicológica.

A entrevista clínica é um conjunto de técnicas de investigação, de tempo delimitado, dirigido por um entrevistador treinado, que utiliza conhecimentos psicológicos, em uma relação profissional, com o objetivo de descrever e avaliar aspectos pessoais relacionais ou sistêmicos, em um processo que visa a fazer recomendações, encaminhamentos ou propor algum tipo de intervenção em benefício das pessoas entrevistadas. (TAVARES, p 45,2000).

Bleger (1980) a define como um campo de trabalho no qual se investiga a

conduta e a personalidade de seres humanos, permitindo ao profissional acesso

amplo e profundo ao outro, a seu modo de se estruturar e de se relacionar, mais de

que qualquer outro método de coleta de informação. (TAVARES, 2000). Na

entrevista psicológica, o profissional deve saber escutar, observar, entender e no

momento adequado dar a interpretação do conteúdo. Ela é baseada no relado do

entrevistado juntamente com a observação do psicólogo.

Cabe ao psicólogo exercer papel de investigador e de profissional, respaldado

na ética e na ciência, interpretando e avaliando os fenômenos inerentes ao

25

comportamento humano. Bastos (2000) ressalta que o profissional dever ser flexível,

sem mostrar-se displicente, deve buscar rigorosidade , não sendo rígido e

dogmático, sabendo ouvir, suportar ansiedade, a expectativa e a frustação do

entrevistado.

No contexto do trânsito geralmente é utilizada um modelo semiestruturado

para a coleta de informações, que permite uma padronização deste instrumento,

conforme institui a resolução nº 007/2007-CFP que apresenta os indicadores como

informação básica: 1. Identificação pessoal; 2. Motivo da avaliação psicológica; 3.

Histórico escolar e profissional; 4. Histórico familiar; 5. Indicadores de Saúde /

doença; 6. Aspectos da conduta social.

A entrevista psicológica, não deve ser uma simples conversa ou a realização

de um inquérito de “perguntas e respostas”, porém, um momento para conhecimento

e compreensão do candidato, portanto a sequencia dos itens acima não deverão

seguir necessariamente a sequencia citada acima.

Na avaliação Psicológica no contexto do trânsito além da entrevista inicial, de

acordo com a resolução do CFP nº 007/2009, “Fica o psicólogo obrigado a realizar a

entrevista devolutiva, apresentando de forma clara e objetiva, a todos os candidatos,

o resultado de sua avaliação psicológica”, orientando aos Aptos, Inaptos

Temporários e Inaptos os procedimentos que poderão auxiliar na sua adequação

futura. Aos aptos, quando apresentarem desempenhos na avaliação psicológica

condizentes para a condução de veículo automotor na categoria pretendida; Aos

Inaptos Temporários, quando não apresentarem desempenho condizente para a

condução de veículo automotor, porém passível de adequação e aos Inaptos

quando não apresentarem desempenho condizente para a condução de veículo

automotor.

Neste sentido é importante por parte do entrevistador responder ao

entrevistado que eleva a voz e se exalta sempre em voz baixa e mostrando que está

sendo inadequado e hostil. (DALGALARRONDO, 2008). O profissional deve criar um

contexto esclarecedor do resultado da avaliação psicológica do sujeito,

apresentando esse resultado de forma clara e objetiva.

26

2.6 Testes Psicológicos

O desenvolvimento da avaliação psicológica dependeu do desenvolvimento

das estratégias que permitiram derivar inferências acerca do funcionamento psíquico

humano. (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2010). A resolução no 002/2003

do Conselho Federal de Psicologia assumiu papel importante quanto à atuação do

Psicólogo de Trânsito, uma vez que definiu e regulamentou o uso, elaboração e

comercialização dos testes psicológicos.

Esta resolução aprimorou os instrumentos e procedimentos de trabalho do

psicólogo, bem como revisão periódicas das condições dos métodos e técnicas, com

objetivo de garantir a qualidade técnica e ética à população usuária desses serviços.

O artigo 1o da referida resolução estabelece que:

Art. 1º - Os Testes Psicológicos são instrumentos de avaliação ou mensuração de características psicológicas, constituindo-se um método ou uma técnica de uso privativo do psicólogo. Parágrafo único: Para efeito do disposto no caput deste artigo, os testes psicológicos são procedimentos sistemáticos de observação e registro de amostras de comportamentos e respostas de indivíduos com o objetivo de descrever e/ou mensurar características e processos psicológicos, compreendidos tradicionalmente nas áreas emoção/afeto, cognição/inteligência, motivação, personalidade, psicomotricidade, atenção, memória, percepção, dentre outras, nas suas mais diversas formas de expressão, segundo padrões definidos pela construção dos instrumentos (BRASIL, 2003).

As técnicas utilizadas para avaliação psicológicas têm provocado

questionamentos, tanto no que se refere à qualidade dos instrumentos, de maneira

geral, ao uso que os psicólogos fazem dos instrumentos, bem como em relação à

validade geral dos resultados da avaliação psicológica. (NORONHA, PRIMI,

ALCHIERI, 2004)

Os autores acima citados ainda ressaltam, que o comportamento humano é

complexo e com base nisso sua avaliação também deve ser. Os instrumentos

propõem tarefas específicas às pessoas como forma de se observar a manifestação

de características psicológicas. Da forma como respondem, características

específicas podem ser apresentadas. Porém se um instrumento não possui validade

para análise, não há segurança para as interpretações sobre as características

sugeridas nas repostas.

27

Segundo, Noronha, Primi e Alchieri (2004), outra característica ligada à

validade dos instrumentos é a precisão assim como a padronização do material.

Como nenhuma avaliação é livre de erro, este também deve ser levado em

consideração para estimar o tamanho do erro esperado (ou erro padrão) cometido

nas avaliações.

A inexistência de padronização brasileira ou a padronização inadequada no

Brasil pode trazer dificuldades nas interpretações dos resultados, já que as pessoas

serão comparadas com expectativas que podem ser inapropriadas. Outro ponto

importante é a de que muitos profissionais não pensam criticamente a respeito

dessas questões ao utilizar um instrumento psicológico. (LANDEIRA-FERNANEZ, &

PRIMI, 2002, PASQUALI, 2002).

A medida tomada pelo CFP, no que se refere à avaliação dos testes

comercializados, e a indicação, aos profissionais, dos que possuem condições

mínimas, teve um grande impacto para reverter o problema. O movimento promoveu

o crescimento da área, considerando que bons instrumentos e profissionais

competentes e embasados por uma adequada formação profissional tendem a gerar

ações mais qualificadas. ((NORONHA, PRIMI, ALCHIERI, 2004).

Com base neles, as principais técnicas usadas para Avaliação Psicológica no

Transito são: entrevistas, observação, testes psicológicos. Um dos testes mais

usados para avaliação de condutores é a Bateria de Funções Mentais para

Motoristas, BFM, pode ser aplicada de forma individual ou coletiva. A finalidade é

estabelecer uma investigação, avaliação, classificação e padronização das funções

psíquicas consideradas fundamentais para dirigir um veículo, avaliando os 3 tipos de

atenção: atenção concentrada , atenção discriminativa, atenção difusa, função de

memória, considerada fundamental ao condutora na utilização de um veículo,

raciocínio lógico de placas e inteligência não verbal, investiga operações mentais

envolvidas no raciocínio lógico dos candidatos a motoristas.

A resolução no 12/2000 do Conselho Federal de Psicologia determina que

para avaliar o perfil do candidato à CNH devem ser considerados aspectos como:

nível intelectual, o nível de atenção, nível psicomotor, a personalidade e o nível

psicofísico.

Rueda e Gurgel (2008) explicam que nos testes de avaliação para condutores

que procuram por categorias, C, D, E, seria interessante, criar normas específicas,

28

visto que o grupo deva apresentar níveis de atenção concentrada mais elevados, já

que transportam outras pessoas sob sua responsabilidade.

Além dos dados cognitivos, são analisados, emocional e personalidade. O

instrumento usado em sua maioria pelos profissionais é do teste Palográfico, que

poder ser para uso tanto individual e coletivo, busca analisar dados já observados na

entrevista ou outros mais significativos que de apresentam no teste naquele

momento.

Observa-se que a Avaliação psicológica é um requisito indispensável a

concessão da carteira nacional de habilitação, sendo exigência do Conselho

Nacional de Trânsito. Nota-se a extrema importância do seu uso, porém ainda sofre

com a falta de perspicácia por parte dos psicólogos e da sociedade.

2.7 Principais testes Psicológicos utilizados na avaliação coletiva para

obtenção de CNH

Souza Filho, Belo e Gouveia (2006) discorrem que o início da Psicologia

enquanto disciplina científica, sempre foi constante a tentativa de realizar

objetivamente diferenciações de variáveis psicológicas. Nesse contexto, surgiram os

testes psicológicos, que assumiram, ao longo dos anos, um caráter emblemático da

Psicologia e justificam, até certo ponto, a associação entre a figura do psicólogo e a

administração de testes realizada pelo grande público.

Os autores acima, ainda ressaltam que os testes psicológicos têm provido

contribuições tanto no campo teórico, em pesquisas básicas e aplicadas, como no

campo prático, onde são fundamentais na realização de diagnósticos, seleções e

classificações, orientações e treinamentos. (SOUZA FILHO, BELO E GOUVEIA,

2006)

Para Noronha et alli (2002) há muita polêmica em torno dos testes

psicológicos. Inicialmente por serem medidas basicamente psicofísicas, que se

resumiam a observações diretas dos fenômenos a serem medidos. Posteriormente,

e ainda hoje, os testes são muitas vezes discriminados pela própria comunidade

psicológica. Ainda estão presentes as incorreções e as más interpretações a

respeito do significado e da importância desse tipo de material. São muitos os

autores que fizeram extensas discussões sobre o tema.

29

Discorrem, ainda, sobre as dificuldades que os pesquisadores brasileiros vêm

enfrentando, ou seja, não se encontram facilmente referências sobre os

procedimentos nacionais de construção, revisão ou padronização. Assim como não

há uma sistematização dos instrumentos disponíveis ou da qualidade que cada um

possui. A Resolução no 25/2001, concedida recentemente pelo Conselho Federal de

Psicologia (CFP, 2001), vêm satisfazer esta necessidade, que é a de oferecer

padrões de qualidade e condições de trabalho aos psicólogos que utilizam testes

psicológicos. Acredita-se que algumas críticas recebidas poderão ser minimizadas,

uma vez que o CFP instituiu que testes que não passarem por revisões sistemáticas

ou que não apresentarem dados de pesquisa sobre suas qualidades, serão retirados

do mercado profissional. (NORONHA et ali, 2002).

De acordo com Portugal e Santos (1991), o sistema de trânsito, pela sua

ordem e importância social, necessita de uma estrutura organizacional que propicie

não apenas a captação e formulação mas, principalmente, a implementação de

políticas públicas para o setor. Ainda segundo estes autores, os órgãos de trânsito

são responsáveis por objetivos cujo efetivo alcance está diretamente relacionado

com múltiplos fatores, a saber: (1) o adequado nível de articulação e a devida

definição de competência entre eles e outros órgãos atuantes no setor; (2) o grau de

compatibilização dos recursos disponíveis (humanos, materiais, financeiros, etc.)

com o esforço requerido para o cumprimento pleno de suas atribuições; e (3) o nível

de aproximação da resultante das forças e pressões sociais em relação aos reais

interesses da população.

Embora sem contar com dados precisos a respeito, o que se sabe é a

sensação de que os comportamentos e atitudes de vários condutores no espaço

viário têm, frequentemente, causado insegurança aos pedestres e aos demais

condutores. Fala-se em agressão no volante, imprudência e imperícia no trânsito,

desatenção e negligência nas ruas, irresponsabilidade. Não obstante, pouco se sabe

sobre o que realmente ou quais fatores permitiriam diferenciar com exatidão os bons

dos maus condutores. Esta é uma tarefa que exige atenção dos profissionais da

Psicologia interessados no comportamento no trânsito, que contam com a vantagem

de dispor de: sujeitos cativos e um banco de dados informatizado e permanente

onde figuram a quantidade e os tipos de infração no trânsito. Por exemplo, sem ir

muito longe, seria possível relacionar os resultados dos exames psicológicos de

cada condutor com o seu desempenho em situação real no trânsito. Isto geraria um

30

modelo explicativo o qual ajudaria a traçar um perfil do bom condutor, e auxiliaria na

seleção dos instrumentos psicológicos mais adequados neste contexto. GOUVEIA et

ali, 2002).

2.7.1 Teste de Atenção

A habilidade de atenção é de fundamental importância para o transito, é um

dos requisitos essenciais para obter a CNH, para que o sujeito possa se orientar no

tráfego de veículos, na discriminação de leituras de placas, orientação de espaço,

tomada de decisão rápida.

A forma mais usada para avaliação dessa habilidade é a BFM 1,(Bateria de

Funções Mentais para Motoristas - 1) , de Emílio Carlos Tonglet, voltado para os

motoristas. A Bateria de Funções Mentais para Motorista (BFM-1) obteve parecer

favorável do CFP. Esta Bateria, segundo Tonglet (2007, p. 22), “se constitui num

conjunto de instrumentos psicológicos destinados à investigação, avaliação,

classificação e padronização das funções psíquicas consideradas fundamentais para

o condutor”. Os testes de atenção da BFM-1 são particularmente importantes, pois

“o examinando [...] em certo momento tem que utilizar sua atenção de forma difusa,

num outro momento precisa empregar sua atenção de maneira concentrada e ainda

em outro instante focaliza sua atenção de modo discriminativo” (TONGLET, 2007, p.

24).

Assim, verifica-se que os testes da BFM-1 avaliam três aspectos da atenção:

a atenção difusa (TADIM), a atenção concentrada (TACOM) e a atenção

discriminativa (TADIS). A atenção difusa é chamada de função de vigilância e

consiste na capacidade de estar atento e em busca de estímulos; é uma função

mental que focaliza diversos estímulos dispersos espacialmente de uma só vez. A

atenção concentrada consiste na capacidade de selecionar o estímulo relevante do

meio e dirigir sua atenção para esse estímulo; é uma função mental de focalização.

A atenção discriminativa é uma função mental que, ao focalizar estímulos diferentes,

separa-os considerando somente o estímulo de interesse e emite respostas

específicas a ele (BRAGA, 2007).

Na avaliação psicológica de candidatos à primeira habilitação, Tonglet (2007)

afirma ser importante que os três níveis de atenção sejam considerados para que o

desempenho dos testes seja analisado de forma integrada. Os três testes de

31

atenção da BFM 1 têm sido utilizados na avaliação psicológica no trânsito em

candidatos à obtenção da CNH e, para isso, as placas de sinalização de trânsito são

apresentadas como estímulo.

2.7.2 Teste de Raciocínio Lógico

A inteligência é também uma capacidade avaliada no contexto de trânsito.

Observa-se que a avaliação da inteligência ocupa, na maioria das vezes, um papel

central na avaliação das capacidades das pessoas que desejam obter carteira de

habilitação para dirigir veículos automotores. De acordo com Sisto, Bartholomeu e

Fernandes (2005 apud NAKANO, SAMPAIO e SILVA, 2011), isso ocorre pelo fato da

inteligência ser um aspecto socialmente valorizado e por existirem pesquisas que

revelam existência de relação entre inteligência pobre e maior envolvimento em

acidentes de trânsito, assim como maiores dificuldades de aprender a dirigir e no

próprio ato de dirigir.

O Teste de Raciocínio Lógico de Placas (TRAP-1), que faz parte da BFM-3,

foi elaborado com a finalidade de investigar, avaliar e mensurar o raciocínio lógico

dos candidatos à obtenção da CNH, motoristas que estão mudando a categoria,

bem como aqueles profissionais que estão renovando os exames. O raciocínio

lógico é a função mental cujo procedimento intelectual envolve a interação e

conexão entre vários mecanismos do pensamento que são encadeados de modo

lógico, com finalidade de adquirir e verificar um conhecimento. O TRAP-1 é

composto de 40 questões e o encadeamento das questões obedece um grau de

complexidade progressiva, sendo que pode ser aplicado com marcação dos tempos

(10, 15, 20 minutos) ou com tempo livre. Compõem o material do teste: manual do

BFM-3, caderno do teste, folha de respostas, crivo de apuração e crivo de análise de

erros. Vale ressaltar que a validade do TRAP-1 foi dada através da validade

simultânea com o R-1 (TONGLET, 2001).

2.7.3 Teste de personalidade

Os testes de personalidade representam a maior parcela de instrumentos

disponíveis no mercado, visto que a avaliação é indispensável em diferentes

contextos, assim como no contexto do trânsito (NORONHA et al, 2002). Os testes de

32

personalidade procuram medir as características da personalidade, em um momento

determinado. Conforme Tebaldi e Ferreira (2009), a personalidade do indivíduo não

muda quando ele se senta diante do volante do carro. Ou seja, no trânsito, as

características da personalidade, como o desejo de ser mais corajoso, podem

aparecer com intensidade porque essas características fazem parte da vida do

indivíduo. Sendo assim, avaliar as características da personalidade é fundamental

para prevenir comportamentos de risco.

Dos testes de personalidade, o Teste Palográfico é amplamente utilizado. O

Teste Palográfico teve validação, no Brasil, com os estudos do Professor Agostinho

Minicucci, na década de 1960, que introduziu um Centro de Estudos de Grafoanálise

(Análise da Escrita) e Testes Gráficos, sendo que, na década de 1970, o uso do

Palográfico foi difundido largamente no país. (Universidade Estácio de Sá, 2003).

Para Vels (1982, apud ALVES e ESTEVES, 2009), o teste Palográfico pode

ser aplicado tanto a crianças a partir dos oito anos quanto em adolescentes e

adultos, tendo uma estrutura simples, que consiste na realização de traços verticais.

Sua aplicação é dividida em duas partes, tendo a primeira duração de dois minutos e

trinta segundos, não devendo ser avaliada, mas apenas com o objetivo de diminuir

as inibições naturais que os testes produzem nos indivíduos. A segunda parte possui

caráter avaliativo e dura cinco minutos, sendo controlado o tempo de realização a

cada minuto, no qual se diz a palavra “sinal” quando o examinando deve fazer um

traço horizontal e continuar a tarefa.

Para Vels (1982), a rapidez do grafismo revela a vivacidade dos processos

motores, psíquicos e mentais, bem como a atividade, a prontidão da compreensão,

da assimilação e da decisão. No Palográfico a velocidade está relacionada ao

número de traços que o examinado consegue fazer em cada tempo e no total do

teste.

A irregularidade ou à regularidade do ritmo no Palográfico é avaliada pelo

nível de oscilação rítmica (NOR), que é uma comparação do número de palos

realizados em cada intervalo de tempo. Se o ritmo é considerado normal, indica

estabilidade emocional, constância, perseverança no trabalho, boa adaptação em

relação à vida social, profissional e familiar.

33

2.7.4 Teste de Memória

Segundo Rueda&Sisto (2007, pág. 15), desde quando a habilidade começou

a ser estudada empiricamente, várias correntes teóricas e pesquisadores se

propuseram definir o que se entendia pelo constructo. A primeira foi a empírica, que

introduzia a teoria de associação por contiguidade, onde as idéias simples são

baseadas em sensações que seriam vivenciadas simultaneamente em tempo e/ou

espaço.

Investigações posteriores propuseram outros paradigmas que testavam a

performance da memória em diferentes contextos. As memórias começaram a ser

testadas tanto por lembrança, reconhecimento, reconstrução como por uma

variedade de medidas indiretas. (RUEDA & SISTO, 2007, p. 16).

Segundo Garner (1962) apud Rueda e Sisto (2007, p. 16) nas décadas de 50

e 60 do século vinte houve um grande desenvolvimento da pesquisa na corrente

cognivista, que inspirados pela teoria S-R, que concebia a memória como um

processo de codificar e decodificar uma informação, atribuindo o conceito de “

capacidade limitada”

34

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Ética

Foram considerados os procedimentos éticos, ou seja, os sujeitos da

pesquisa foram informados dos objetivos do estudo e assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido TCLE, concordando em participar da pesquisa,

sendo garantida sua privacidade e identidade (nomes e sobrenomes), conforme

determina a legislação nacional, através da Resolução n. 196/96 do Conselho

Nacional de Saúde.

3.2 Tipo de Pesquisa

Trata-se de estudo exploratório descritivo, de abordagem quantitativa. A

escolha por esse tipo de pesquisa se deu em virtude de ser a que utiliza a descrição

matemática como uma linguagem, ou seja, a linguagem matemática é utilizada para

descrever as causas de um fenômeno e as relações entre variáveis.

3.3 Local e População de Estudo

O estudo foi desenvolvido com profissionais psicólogos peritos em trânsito,

em clínicas credenciadas ao DETRAN – PR da cidade de Curitiba - PR. A população

foi constituída por 10 profissionais com perfil etário diferenciado e com experiência

díspares, não contando para a presente análise a condição etária nem o tempo de

experiência.

3.4 Procedimentos para Coleta de Dados

A coleta de dados foi realizada através de aplicação de um questionário

contendo questões que alcançaram os objetivos da pesquisa. O contato com o

profissional psicólogo deu-se por meio de um primeiro contato com a clínica através

de telefone, via e-mail e pessoalmente.

35

3.5 Procedimentos para Análise dos Dados

Os dados coletados foram tratados de forma estatística descritiva.

Inicialmente, receberam o seguinte tratamento: confecção de quadros e gráficos,

com intenção de permitir uma leitura mais fácil dos dados. Em seguida, os dados

colhidos foram analisados com a revisão bibliográfica, o que rendeu maior

entendimento da temática em estudo.

36

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esta análise tem caráter descritivo-exploratório com abordagem quantitativa.

Participaram da pesquisa dez profissionais, psicólogos peritos em trânsito da cidade

de Curitiba/PR, com perfil etário diferenciado e com experiência semelhante, tendo

como matriz norteadora analisar a visão dos colegas de profissão acerca da

avaliação psicológica coletiva cognitiva e de personalidade, ampliando o

conhecimento empírico sobre a temática.

Nesse sentido, o gráfico 1 questiona aos profissionais da área que trabalham

com a avaliação psicológica no contexto do trânsito em Curitiba/PR, sobre sua

percepção a respeito da avaliação psicológica para candidatos a CNH, atualmente.

Gráfico 1: Distribuição, em porcentagem, quanto a percepção do profissional sobre avaliação psicológica para candidatos a CNH.

Fonte: Dados da Pesquisa. Curitiba/PR. 2013.

Verifica-se que 40% dos profissionais consideram avaliação psicológica boa e

60% regular, com relação à atualidade.

O gráfico 2 demonstra a percepção da separação do exame coletivo em duas

etapas: uma para avaliação cognitiva e outra emocional.

37

Gráfico 2: Distribuição, em porcentagem, quanto percepção sobre a separação do exame coletivo em duas etapas: uma cognitiva e outra emocional:

Fonte: Dados da Pesquisa. Curitiba/PR. 2013.

Constata-se que 50% dos profissionais da psicologia peritos em trânsito da

cidade de Curitiba/PR consideram bom, 30% consideram avaliação regular e 20%

ruim.

O fato da maioria dos profissionais entrevistados mostrarem opinião favorável

a essa questão pode ser observada através dos comentários dos mesmos, como:

Entrevistado A: “(...) quanto mais dispusermos de tempo para avaliar – melhor

seria o resultado”.

Entrevistado B: “(...) acho pouco o tempo que temos na entrevista para avaliar

a personalidade do candidato juntamente com a aplicação com um teste de

personalidade (...)”.

Entrevistado C: “Acho importante avaliar principalmente o estado emocional

do candidato em situações de estresse, desconforto (...)”.

Entrevistado D: “Acredito que com este método favorecerá a coleta de dados

emocionais principalmente se existir a possibilidade de aplicar mais de um teste que

avalie esta área e se esta etapa for realizada individualmente. (...)”.

Entrevistado E: “(...) As duas formas de avaliação são completamente

distintas, oferecendo, cada uma, uma analise diferenciada e rica em detalhes nas

diferentes formas.”

O gráfico 3 apresenta o questionamento em relação ao método proposto pela

pesquisa ajudar a obter conhecimento melhor detalhado do perfil de motorista.

38

Gráfico 3: Distribuição, em porcentagem, quanto o método ajudar a obter maior conhecimento do perfil de motorista.

Fonte: Dados da Pesquisa. Curitiba/PR. 2013.

Neste contexto, verifica-se que 70% dos psicólogos entrevistados acreditam

que o método ajudaria obter maior conhecimento do perfil, 10% discordam, 20% são

indiferentes.

Já no gráfico 4, o mesmo aponta sobre o questionamento na melhoria da

qualidade na avaliação psicológica ser dividida em duas etapas, sendo uma para

habilidade cognitiva e outra para habilidades emocionais nos candidatos a CNH.

Gráfico 4: Distribuição, em porcentagem, quanto a qualidade na avaliação psicológica nas habilidades cognitivas e emocionais nos candidatos.

Fonte: Dados da Pesquisa. Curitiba/PR. 2013.

39

A pesquisa apontou que 30% da população entrevistada é indiferente ao

método, 10% não acreditam e 60% acreditam na melhoria da avaliação.

O gráfico 5 refere-se a possibilidade em se obter dados mais qualificados da

personalidade e habilidades cognitivas dos candidatos .

Gráfico 5: Distribuição, em porcentagem, quanto a possibilidade em se obter dados mais qualificados da personalidade e habilidade cognitiva de candidatos a CNH.

Fonte: Dados da Pesquisa. Curitiba/PR. 2013.

Quanto à possibilidade de se obter dados mais qualificados da personalidade

e habilidade cognitiva, 70% dos peritos abordados consideram satisfatória e 30%

são indiferentes a possibilidade.

Finalmente, o gráfico 6 indaga se o método oferece condições emocionais mais

adequadas no desempenho do candidato a motorista durante a realização da

testagem coletiva.

40

Gráfico 6: Distribuição, em porcentagem, quanto ao método possa oferecer condições emocionais adequadas no desempenho do candidato durante a realização dos testes.

Fonte: Dados da Pesquisa. Curitiba/PR. 2013.

Dentre os avaliados 40% são indiferentes a ideia de que o método possa

oferecer condições emocionais mais adequadas no desempenho do candidato a

motorista, 30% não a consideram interessante e 30% são adeptos ao método para

melhoria do desempenho dos candidatos na testagem coletiva.

A pesquisa revelou que não existe uma uniformidade sobre a qualidade da

avaliação psicológica na atualidade, dentre os entrevistados, pode ser observado

que a falta de tempo para avaliação psicológica poderia ajudar a interferir numa

melhor investigação das habilidades, assim, com o método sugerido haveria a

possibilidade de avaliar o candidato com maior afinco, fazendo uso de um maior

numero técnicas de investigação das habilidades para caracterizar um perfil para o

candidato a CNH.

Conforme, Machado (2007), a avaliação psicológica é um processo dinâmico

que busca conhecer por meio de métodos científicos, ou seja, um trabalho

especializado cuja intenção é obter amostras de comportamentos.

Os profissionais pesquisados apontaram a importância e contribuição da avaliação

psicológica para análise do comportamento do condutor. Infere um dos maiores desafios

no trabalho do psicólogo de trânsito que sempre foi à construção do perfil de um

bom motorista, cuja fundamentação científica ainda não foi alcançada, porém, a

importância de se conhecer o perfil de um bom motorista estaria na possibilidade de

se desenvolver ferramentas de avaliação psicológica em conformidade com este

30%

30%

40% Sim

Não

Indiferente

41

perfil, e que, portanto, selecionariam adequadamente os candidatos à carteira de

habilitação (FARINA apud SCHWARZER, 2006).

A pesquisa ainda ressalta que os entrevistados consideram o método de avaliação ser

dividida em duas etapas satisfatória para obtenção de dados mais detalhados para

habilidades cognitivas e emocionais. A avaliação psicológica visa alcançar amostras do

comportamento do indivíduo. Incluindo a coleta de dados, avaliação e análise de

dados apropriados ao objetivo que se propõe, requerendo um planejamento

adequado para que se possa realizar o resultado da mesma. (MACHADO, 2007,

p.13 e 19). Refere-se à importância de um conjunto de instrumentos adequados para

a reunião de dados e a realização do trabalho avaliativo.

42

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final do estudo foi possível fazer algumas considerações importantes no

que abrange a sua significância. A revisão literária aponta que a psicologia do

trânsito estuda por meio de métodos científicos, o comportamento humano no

trânsito: o pedestre, o motorista, o ciclista, o motociclista, ou seja, os sujeitos ativos

e passivos que compõem o organismo do trânsito.

A avaliação psicológica manifesta-se de relevante importância no contexto do

trânsito, sendo um processo técnico-científico de coleta de dados, estudos e

interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos, realizado por

meio de estratégias psicológicas como métodos, técnicas e instrumentos validados

permitindo um conhecimento cognitivo e psicossocial do condutor, fornecendo

informações que possibilitam um diagnóstico a fim de orientar, sugerir e sustentar o

processo de tomada de decisão para o fornecimento da CNH.

O comportamento do motorista é apontado como fator responsável por

acidentes de trânsito, nessa visão a perícia psicológica tem papel importante na

prevenção desses acidentes. Apesar das críticas, a grande maioria dos autores

defende como fundamental o papel da Avaliação Psicológica Pericial de condutores

de veículos como instrumento indispensável na prevenção de acidentes, já que o

trânsito deve ser visto como uma questão social e política que está intimamente

relacionada com as características da sociedade, o comportamento humano e com

atuais modelos de gestão econômicos.

Diante das diferentes formas de avaliação a resolução assumiu papel

importante quanto à atuação do Psicólogo de Trânsito, uma vez que definiu e

regulamentou o uso, elaboração e comercialização dos testes psicológicos.

Embasada na resolução no 002/2003 do Conselho Federal de Psicologia, que

definiu e regulamentou o uso, elaboração e comercialização de testes psicológicos,

na atuação do Psicólogo de Trânsito, este trabalho aprofundou suas pesquisas na

percepção do profissional sobre a Avaliação Psicológica coletiva.

Conforme a pesquisa aos entrevistados peritos em transito de clinicas

credenciadas da Cidade de Curitiba PR, apresentaram percepção regular sobre

avaliação psicologia na atualidade, e a maioria deles confirmou opinião positiva

43

sobre o método de avaliação ser dividido em duas etapas, uma com investigação

cognitiva e outra de personalidade, conforme o tema da pesquisa.

Outro aspecto constatado, por meio da percepção de grande parte dos

psicólogos entrevistados, é que o método ajudaria na obtenção de maior

conhecimento cognitivo e emocional sobre o candidato, já que avaliação abrangeria

um tempo maior para investigação dos dados.

De acordo com Silva (2010) o psicólogo deve focar as suas analises de acordo

com o que deva analisar isso implica para a Psicologia do Trânsito em levar em

consideração os aspectos subjetivos, não devendo traçar um perfil das funções

patológicas ou os agravantes determinantes da saúde mental, mas observar os

aspectos pertinentes ao trânsito.

Levando em consideração que os testes psicológicos têm provido

contribuições tanto no campo teórico, em pesquisas básicas e aplicadas, como no

campo prático, onde são fundamentais na realização de diagnósticos, seleções e

classificações, orientações e treinamentos. (SOUZA FILHO, BELO E GOUVEIA,

2006).

Com base no exposto, ressalta-se que é papel do Psicólogo do Trânsito atuar

no processo de habilitação, realizando avaliação psicológica pericial de motoristas,

sendo este um procedimento obrigatório para todos os candidatos à obtenção da

carteira de motorista e na sua renovação, como diz o Código de Trânsito Brasileiro.

Durante a realização da pesquisa, foi observada a dificuldade de acesso aos

profissionais Psicólogos Peritos em Trânsito para a realização do trabalho, sendo

necessário fazer várias tentativas de contato, essas foram realizadas tanto por e-

mail quanto por telefone para lembrar o profissional da relevância da pesquisa para

a nossa profissão, surtiu pouco efeito, já que foram conquistadas apenas dez

entrevistas que colaboraram com o desenvolvimento do trabalho, visto que a cidade

comporta hoje 52 clinicas credenciadas ao DETRANPR na cidade de Curitiba/PR.

Diante desses dados, faz-se necessário uma investigação aprofundada do

assunto em relação a separação do exame coletivo em duas etapas para analise

dos fatores emocionais e cognitivos dos candidatos a obtenção a CNH. A pesquisa

proporia uma melhor adequação do processo de habilitação e a qualidade do serviço

da Psicologia do Trânsito. Um estudo aprofundado sobre avaliação psicológica e

possíveis interferências emocionais e cognitivas, referente ansiedade do candidato

44

para obtenção da CNH, formação e conduta adequada que o profissional deve

assegurar para a qualidade da avaliação psicológica para motoristas.

45

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50

APÊNDICE

QUESTIONÁRIO

Pesquisa a ser realizada para o curso de especialização em psicologia do transito:

Percepção dos profissionais peritos das clinicas de Curitiba PR sobre os critérios

avaliativos para obtenção de CNH.

Qual sua percepção sobre avaliação psicológica de candidatos a CNH, hoje?

( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim

Qual sua percepção sobre a separação do exame coletivo para CNH em duas etapas:

uma para avaliação cognitiva e outra para avaliação emocional?

( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim

Justifique:

Você acredita que com este método ajudaria obter conhecimento mais detalhado do

perfil de motorista?

( ) Sim ( )Não ()indiferente

Você acredita que haveria uma melhor qualidade na avaliação psicológica nas

habilidades cognitivas e emocionais nos candidatos a CNH?

( ) Sim ( )Não ( )indiferente

Você acredita que haveria possibilidade em se obter dados mais qualificados da

personalidade e habilidade cognitiva de candidatos a CNH?

( ) Sim ( )Não ( )indiferente

Você acredita que esse método possa oferecer condições emocionais mais adequados

no desempenho do candidato a motorista durante a realização dos testes na avaliação

coletiva?

( ) Sim ( )Não ( )indiferente

51

ANEXO

52


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