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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Dan Nogueira...

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR Curso de Engenharia Ambiental ELABORAÇÃO DE UM PROGRAMA DE CERTIFICAÇÃO APLICADO À GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL Ac: Dan Nogueira Santos Orientador: Rafaela Picolotto, Esp. Itajaí, junho/2013
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U N I V E R S I D AD E D O V AL E D O I T AJ AÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DA TERRA E DO MAR Curso de Engenharia Ambiental

ELABORAÇÃO DE UM PROGRAMA DE CERTIFICAÇÃO APLICADO

À GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Ac: Dan Nogueira Santos

Orientador: Rafaela Picolotto, Esp.

Itajaí, junho/2013

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U N I V E R S I D AD E D O V AL E D O I T AJ AÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DA TERRA E DO MAR Curso de Engenharia Ambiental

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ELABORAÇÃO DE UM PROGRAMA DE CERTIFICAÇÃO APLICADO

À GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Dan Nogueira Santos

Monografia apresentada à banca examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Ambiental como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Ambiental.

Itajaí, junho/2013

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i

DEDICATÓRIA

A meus queridos pais, Nara de Fatima Nogueira Santos

e Carlos Carvalho Dos Santos.

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ii

AGRADECIMENTOS

A DEUS, criando as oportunidades que serviriam de caminho, me levando sem perceber até

uma das minhas realizações pessoais;

Gostaria de fazer um agradecimento em especial aos meus pais, pelo apoio moral e

incentivo de todas as horas de minha vida, que acreditaram que um dia eu chegaria lá;

Agradeço a minha namorada Nikole Maas Bachmann, por me aturar durante os momentos

difíceis e nervosos, quando faltei com atenção e compreensão. E também, pelo apoio dado

durante a execução da monografia com sugestões e correções em meu trabalho;

Aos meus colegas e amigos Engenheiros Ambientais e aos que continuam nesta

caminhada, que de alguma maneira me ajudaram na conclusão deste trabalho, e/ou

contribuíram na minha formação de Engenheira Ambiental;

À professora Rafaela Picolotto, por toda orientação, dedicação e carinho durante o

desenvolvimento deste trabalho;

À amiga Liege Chiaradia Ferreira, que me entregou a oportunidade de pesquisar sobre o

tema e desenvolver este trabalho.

À professora Sônia Iara Portalupi Ramos, por toda ajuda oferecida ao inicio da realização do

projeto e por aceitar o convite de ser banca examinadora deste trabalho;

À o professor George Luiz Bleyer Ferreira, por aceitar o convite de ser banca examinadora

deste trabalho.

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RESUMO

O setor da construção civil consome grandes quantidades de matérias primas e, ainda, é o

setor que mais gera resíduos, chamados de resíduos da construção civil (RCC) ou resíduos

da construção e demolição (RCD). Além dos impactos econômicos e sociais, os problemas

ambientais referentes aos resíduos estão principalmente relacionados ao fato da sua

disposição final, acondicionamento e à exploração de matérias primas. Pela necessidade da

otimização e gestão dos resíduos da construção civil (GRCC) visando à diminuição dos

impactos no meio, fica a necessidade da elaboração de conceitos e diretrizes os quais

possam ser considerados em todas as etapas do resíduo na obra e fora dela. O presente

projeto desenvolveu um programa de certificação, com base em modelos já existentes de

sistemas de avaliação e classificação de desempenho ambiental de edifícios, aplicado a

gestão de resíduos da construção civil. Diferentemente dos programas já existentes, os

quais avaliam todos os pontos de um edifício, o modelo a ser apresentado é direcionado a

gestão de resíduos. Esse modelo apresenta parâmetros baseados nas metodologias

priorizadas na pesquisa e legislação pertinente a serem seguidos e medidos, a fim de

garantir menores impactos e maiores ganhos econômicos e ambientais, além de ser uma

ferramenta que garanta credibilidade à obra.

Palavras-chaves: metodologias de avaliação de desempenho; resíduos da construção e

demolição; certificação ambiental de edifícios; selo gestão ambiental.

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iv

SUMÁRIO

Dedicatória ............................................................................................................................. i

Agradecimentos ..................................................................................................................... ii

Resumo ................................................................................................................................. iii

Sumário ................................................................................................................................ iv

Lista de Figuras .................................................................................................................... vii

Lista de Quadros ................................................................................................................. viii

Lista de Tabelas ................................................................................................................... ix

Lista de Abreviaturas ............................................................................................................. x

1 Introdução ....................................................................................................................... 1

1.1 Objetivos ................................................................................................................. 3

1.1.1 Geral ................................................................................................................ 3

1.1.2 Específicos ....................................................................................................... 3

2 Fundamentação Teórica ................................................................................................. 4

2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ........................................................................... 4

2.1.1 Classificação e Composição ............................................................................. 4

2.1.2 Destinação/Tratamento .................................................................................... 6

2.2 CONSTRUÇÃO CIVIL ............................................................................................. 7

2.2.1 Desempenho do Setor no Brasil ....................................................................... 8

2.2.2 Condições de trabalho e do rendimento dos trabalhadores .............................. 9

2.2.3 Aspectos e Impactos Ambientais .................................................................... 10

2.3 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................................................. 12

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v

2.3.1 Origem, composição e classificação ............................................................... 13

2.3.2 Geração de Resíduos da Construção Civil ..................................................... 15

2.3.3 Impactos econômicos, ambientais e sociais ................................................... 16

2.4 LEGISLAÇÃO PERTINENTE ................................................................................ 18

2.4.1 Âmbito municipal, estadual e nacional. ........................................................... 18

2.4.2 Normas técnicas brasileiras ............................................................................ 21

2.5 GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................................ 22

2.5.1 Etapas da Gestão de Resíduos no Canteiro de Obras ................................... 23

2.6 METODOLOGIAS DE CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL ........................................... 26

2.6.1 Building Research Establishment Environmental Assessment Method

(BREEAM) .................................................................................................................... 27

2.6.2 Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) ............................... 30

2.6.3 Alta Qualidade Ambiental (AQUA) .................................................................. 32

3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 36

3.1 Delimitação da Pesquisa ....................................................................................... 36

3.2 Área de Estudo, Região do Vale do Itajaí .............................................................. 36

3.3 Classificação da Pesquisa ..................................................................................... 38

3.3.1 Roteiro Metodológico ...................................................................................... 38

3.3.2 Descrição Detalhada das Atividades .............................................................. 42

4 RESULTADO E DISCUSSÃO ....................................................................................... 44

4.1 Comparação entre as Metodologias de Certificação .............................................. 44

4.2 Elaboração de Requisitos ...................................................................................... 47

4.3 Elaboração das Categorias .................................................................................... 52

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vi

4.4 Classificação dos Requisitos ................................................................................. 54

4.5 Ferramenta de Avaliação da Gestão...................................................................... 56

4.6 Classificação da Gestão dos Resíduos na Obra .................................................... 57

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 60

5.1 Conclusões ............................................................................................................ 60

5.1.1 Quanto aos objetivos do trabalho ................................................................... 60

5.1.2 Quanto aos métodos de certificação priorizados na pesquisa ........................ 61

5.1.3 Quanto à proposta do programa de certificação ............................................. 62

5.2 Recomendações para Trabalhos Futuros .............................................................. 62

6 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 64

7 APÊNDICE ................................................................................................................... 68

Ferramenta de avaliação da gestão dos resíduos da construção civil .................................. 68

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Origem dos RCC em alguns municípios brasileiros ............................................. 13

Figura 2 - Estrutura de avaliação do BREEAM for offices procurement & design 2006 ........ 29

Figura 3 - Categorias avaliadas pelo AQUA ......................................................................... 34

Figura 4 - Sequência metodológica adotada no trabalho ..................................................... 39

Figura 5 - Categorias da ferramenta de certificação ............................................................ 52

Figura 6 - Estrutura da ferramenta de avaliação .................................................................. 56

Figura 7 - Selo de Gestão Ambiental nível Bronze ............................................................... 58

Figura 8 - Selo de Gestão Ambiental nível Prata ................................................................. 58

Figura 9 - Selo de Gestão Ambiental nível Ouro .................................................................. 59

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Classificação dos resíduos sólidos quanto à periculosidade ................................ 6

Quadro 2 - Classes dos resíduos de acordo com a Resolução do CONAMA 307/2002 ....... 14

Quadro 3 - Fonte geradora de resíduos e causas da geração ............................................. 16

Quadro 4 - Lógico de proposta da destinação final de componentes de obras .................... 26

Quadro 5 - Síntese dos métodos de certificação abordados no projeto ............................... 27

Quadro 6- Categorias e Requisitos de Avaliação do BREEAM for offices 2006 ................... 30

Quadro 7- Categoria e requisitos avaliados pelo LEED ....................................................... 31

Quadro 8 - Níveis de classificação LEED ............................................................................. 32

Quadro 9 - Estrutura da Categoria Gestão dos Resíduos de Uso e Operação do Edifício ... 35

Quadro 10 - Síntese da comparação entre as metodologias de certificação ........................ 46

Quadro 11 – Referências dos requisitos abordados na ferramenta ...................................... 49

Quadro 12 - Requisitos de avaliação, expressa em Exigido ou Recomendado .................... 55

Quadro 13 - Perfil mínimo exigido por cada nível de certificação ......................................... 57

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Desperdícios de materiais em atividades construtivas ........................................ 15

Tabela 2 - Roteiro metodológico contendo as atividades do trabalho .................................. 41

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x

LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

AQUA - Alta Qualidade Ambiental

BREEAM - Building Research Establishment Environmental Assessment Method

CEMPRE - Compromisso Empresarial Para Reciclagem

CONAMA - Conselho Nacional Do Meio Ambiente

CONSEMA - Conselho do Meio Ambiente

CTR - Controle de Transporte de Resíduos

DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos

FATMA - Fundação do Meio Ambiente

FECOMERCIOSP - Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado

de São Paulo

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPI – Imposto de Produto Industrializado

IPT - Instituto de Pesquisa Tecnológica

LEED - Leadership in Energy and Environmental Design

PAC – Programa de Aceleração do Crescimento

PGRS - Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

PIB – Produto Interno Bruto

PMCMV – Programa Minha Casa, Minha Vida

PNSB - Pesquisa Nacional de Saneamento Básico

RCC – Resíduo da Construção Civil

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xi

RCC - Resíduos de Construção Civil

RCD - Resíduos de Construção e Demolição

RCD – Resíduos de Construção e Demolição

SBPE - Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo

SINDUSCON - Sindicato da Indústria da Construção Civil

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1 INTRODUÇÃO

O setor da construção civil sempre existiu para as necessidades da sociedade e nem

sempre o meio ambiente esteve ligado a essa necessidade. De acordo com Araújo (2012),

começou a se pensar em obras sustentáveis depois da crise do petróleo em 1973,

primeiramente o desafio era superar a Crise do Petróleo através de prédios menos

impactantes. Depois, o inimigo passou a ser o entulho gerado pela obra. Desde seus

primórdios, em 1973, até o presente, a visão sobre o que é construção sustentável e o que é

entulho vem se modificando.

Atualmente, o setor da construção civil se encontra em crescente evolução, correspondendo

por uma grande porcentagem do PIB nacional, além de garantir muitos empregos diretos e

indiretos. Porém, para sustentar essa evolução há um enorme consumo de matéria primas.

Segundo o Anuário Mineral Brasileiro de 2011, disponibilizado pelo Departamento Nacional

de Produção Mineral (DNPM), aproximadamente 40% do volume total de recursos naturais

empregados no setor produtivo são consumidos pela construção civil, além disso, foi

responsável por aproximadamente 75% do consumo da areia e 85% do consumo de brita no

ano de 2011 (DNPM, 2012).

Em geração, os resíduos sólidos produzidos pelo setor da construção civil superam o

volume de resíduos doméstico. Segundo Pinto Gonzáles (2005) pode representar até duas

toneladas de entulho para cada tonelada de lixo domiciliar.

Por conta disso, se fazem necessárias normas e resoluções que direcionem estas

operações. No caso dos canteiros de obras, a principal resolução do CONSELHO

NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA é a nº307, de 5 de julho de 2002, que

estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção

civil. Em 25 de maio de 2011 entrou em vigor a resolução n° 431/2011 que Altera o art. 3° da

Resolução n° 307, estabelecendo nova classificação para o gesso. Além delas, a LEI Nº

12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que

estabelece definições sobre a disposição final e preliminar dos resíduos e ainda sobre os

planos de resíduos sólidos, da responsabilidade dos geradores e do poder público, bem

como consequências para quem descumpri-las (BRASIL, 2010).

Os resíduos da construção civil (RCC) ocasionam vários danos ambientais, como poluição

do solo e da água. Isso se deve principalmente ao mau acondicionamento e destinação

incorreta, sendo que grande parte dos resíduos é depositada clandestinamente em terrenos

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baldios, várzeas e taludes de cursos d’água. Dessa forma, provocando impactos

ambientais e comprometimento do paisagismo local.

Diante dessa situação, faz-se necessário uma correta gestão dos resíduos em uma obra,

visando à redução do volume de RCC e ainda promovendo uma reciclagem dos materiais

gerados, além de uma correta destinação, trazendo benefícios no aspecto social, econômico

e ambiental.

Conforme Silva (2003), o mais conhecido sistema de avaliação e classificação de

desempenho ambiental de edifícios é o Building Research Establishment Environmental

Assessment Method (BREEAM), lançado em 1990 no Reino Unido por pesquisadores do

setor privado. Este sistema atribui uma certificação de desempenho direcionada ao

marketing de edifícios.

Ainda segundo Silva (2003), versões internacionais foram adaptadas ás condições de

Canadá e Hong Kong. Além disso, outras versões estão sendo desenvolvidas, na

Dinamarca, Noruega, Austrália, Nova Zelândia. Seguindo a Linha do BREEAM foram

lançados posteriormente o Building environmental performance assessment criteria

(BEPAC), no Canadá em 1993 e o Leardership in Energy and Environmental Design (LEED)

nos EUA em 1996.

Ambas as certificações são constituídas por checklists que atribuem créditos a ações de

projeto, construção ou gerenciamento que contribuam para redução do impacto ambiental

global dos edifícios. Um pouco diferente, mas ainda seguindo a linha do BREEAM, está o

Chamado Green Building Challenge (GBC), que tem o objetivo de desenvolver um novo

método para avaliar o desempenho ambiental de edifícios (SILVA, 2003).

Sabendo-se disso e reconhecendo que os programas de gestão ambiental de edifícios não

são específicos para a gestão de resíduos da construção civil, entende-se a necessidade de

criar, uma metodologia sólida e estruturada enquanto ferramenta de projeto, para diminuição

dos impactos no meio ambiente decorrentes dos RCC. O presente projeto desenvolveu um

programa de certificação, aplicado a gestão de resíduos da construção civil (GRCC),

estruturada em aspectos ambientais, sociais e econômicos associados ao alcance da

sustentabilidade da gestão no canteiro de obras da construção Civil. O qual se apresentou

apropriado a qualquer empreendimento gerador de resíduos da construção civil, que queira

partilhar do principio da sustentabilidade e consequentemente atendimento a legislação

pertinente e reconhecimento pela qualidade do seu sistema de gestão de resíduos.

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1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Geral

Desenvolver uma proposta de programa de certificação, aplicado a gestão de resíduos da

construção civil.

1.1.2 Específicos

Definir os indicadores da gestão de resíduos da construção civil dentro das

certificações ambientais de edifícios existentes e legislações específicas;

Elaborar a ferramenta para avaliação da gestão de resíduos da construção civil;

Desenvolver o programa de certificação para metodologia de gestão de resíduos da

construção civil;

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Os resíduos sólidos são partes de matérias que são gerados após a produção, utilização ou

transformação de bens de consumos. Grande parte destes resíduos é produzida nos

grandes centros urbanos. São originários, principalmente, de residências, escolas, vias

públicas, indústrias e construção civil (VIANA, 2009).

O crescimento populacional e o aumento desordenado das cidades, juntamente com a

melhoria da economia e, consequentemente, o aumento do consumo, trouxeram fatores que

acabam gerando resíduos distintos daqueles que as cidades produziam á quarenta anos

atrás. Os resíduos atuais se diferem em quantidade e qualidade, em volume e em

composição. A industrialização presente em nossos dias traz, naturalmente, um maior

número de materiais a serem descartados (GRIPPI, 2001).

Desta maneira, Viana (2009) complementa que além dos fatores como o número de

habitantes, o poder aquisitivo desses, os hábitos e costumes da população e seu nível

educacional e cultural também interferem na produção de resíduos sólidos.

Inicialmente, quando não se falava sobre os impactos ambientais, os resíduos sólidos

tinham como destino os corpos d’água e terrenos. Com a expansão demográfica e o

aumento da migração da população para o centro urbano a problemática relacionada,

principalmente, a destinação dos resíduos é potencializada, uma vez que áreas próximas ao

centro urbano estão ficando cada vez mais escassas (GRIPPI, 2001).

Segundo Gonçalves (2003), é necessária uma série de reflexões com relação à questão dos

resíduos sólidos, pois a sociedade considera que “lixo/resíduo” é tudo aquilo que não se

pode aproveitar, que não presta. Porém, deve-se ressaltar que os resíduos são constituídos

por uma parcela de 40% de materiais recicláveis, sendo que esses tem destinação

alternativa ao aterro sanitário, ou seja, são os que constituem interesse de transformação,

que tem mercado ou operação que viabiliza sua transformação.

2.1.1 Classificação e Composição

Conforme definido pela NBR 10.004, os resíduos sólidos são aqueles nos estados sólido e

semissólido, que resultam de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica,

hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição, os

lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos

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e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas

particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos

d’água (ABNT, 2004).

A política nacional dos resíduos sólidos (PNRS) classifica os resíduos quanto a sua origem,

composição química, à presença de umidade e à toxidade, da seguinte forma: (BRASIL,

2010).

Quanto à origem

Domiciliar: originados na vida diária das residências;

Comercial: onde se encontra a maior porcentagem de resíduos recicláveis;

Público: originados dos serviços de limpeza pública urbana;

Hospitalar ou de Serviços de saúde: onde as maiores porcentagem dos mesmos

contém ou potencialmente podem conter germes patogênicos;

Industrial: originado nas atividades dos diversos ramos da indústria;

Portos, aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários: estes contêm ou

potencialmente podem conter germes patogênicos;

Agrícola: provenientes das atividades agrícolas e da pecuária;

Construção civil: composto por materiais de demolições, restos de obras, solos de

escavações diversas etc.

Quanto à composição química

Orgânico: papel, jornais, revistas, plásticos, embalagens, borrachas, pneus, luvas,

remédios, restos de alimento, restos de colheita entre outros;

Inorgânicos: metais, vidros, cerâmicas, areias, pedras.

Quanto à presença de umidade

Seco ou úmido.

Quanto à toxidade

Para os efeitos da Norma NBR 10.004 (2004), os resíduos sólidos podem ser classificados

quanto a sua periculosidade, como relatado no Quadro 1:

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Quadro 1 - Classificação dos resíduos sólidos quanto à periculosidade

CLASSIFICAÇÃO CONCEITO

Classe I – Perigosos

São aqueles que apresentam risco a saúde pública ou ao

meio ambiente, caracterizando-se por possuir uma ou mais

das seguintes propriedades: inflamabilidade, corrosividade,

reatividade, toxicidade ou patogenicidade.

Classe II – Não Perigosos

IIA – Não inertes

Podem ter propriedades, tais como: combustibilidade,

biodegrabilidade ou solubilidade, contudo, não se

enquadram como resíduo classe I ou IIB.

IIB – Inertes Não tem constituinte algum solubilizado em concetração

superior ao padrão de potabilidade de águas.

Fonte: ABNT NBR 10004 (2004)

A Norma NBR 10.004 (2004) classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos

potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados

adequadamente. Os resíduos radioativos não são objeto desta Norma, pois são de

competência exclusiva da Comissão Nacional de Energia Nuclear.

2.1.2 Destinação/Tratamento

A destinação dos resíduos sólidos se da de acordo com a classificação e composição do

resíduo. Dentre os locais para a disposição dos resíduos destacam-se:

2.1.2.1 Usinas de Triagem

As usinas de triagem são usadas para separação dos materiais recicláveis do lixo

proveniente da coleta e transporte usual. É uma maneira de reduzir sensivelmente a

quantidade de resíduos enviados ao aterro, atingindo taxas de 50% quando bem

gerenciadas (IPT/CEMPRE, 2010).

2.1.2.2 Reciclagem

A reciclagem é um procedimento aplicado apenas aos resíduos comuns e/ou especiais de

um estabelecimento, que consiste em recuperar os materiais que podem ser processados

para uso posterior (IPT/CEMPRE, 2010).

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2.1.2.3 Aterro sanitário

O aterro sanitário, quando devidamente controlado, constitui-se no método mais adequado

para a disposição de todo tipo de resíduo, incluindo os resíduos de saúde (IPT/CEMPRE,

2010). Segundo Abreu (2001), o aterro tem a função de conter resíduos por longos períodos

com uma mínima emissão de poluentes gasosos e líquidos. Para tanto, necessita de

isolamento do solo e do ar, bem como formas de coleta, contenção e tratamento de

chorume, passando a ser compactado e coberto diariamente, tendo, desta forma, sistema

de tratamento de chorume, drenagem das águas superficiais, bem como a coleta e queima

do biogás.

2.1.2.4 Lixão e Aterro controlado

De acordo com Gonçalves (2003), as práticas de disposição dos resíduos sólidos a céu

aberto “Lixões” e Aterro controlado, é realizada principalmente em países em

desenvolvimento como o Brasil. Tal prática pode acarretar na contaminação do ar, do solo e

da água superficial e subterrânea por agentes patológicos, propiciando ainda o crescimento

de vetores transmissores de doenças, além de depreciar a paisagem natural. Porém, essas

práticas estão com os dias contados, pela nova Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei

nº 12.305/10), até 2014, todos os municípios brasileiros terão que transformar os seus

depósitos inadequados de lixo, em aterros sanitários.

Tendo ainda como locais de destinação o aterro industrial, a Compostagem e a Incineração.

Este último é o método preferencial de tratamento de resíduos em países como Holanda,

Japão e Cingapura, dispondo nos aterros somente as cinzas originadas no processo. Essa

opção de tratamento custa de 6 a 7 vezes mais que o uso dos aterros sanitários, em função

da complexidade do sistema e do custo de tratamento dos gases gerados. Entretanto, reduz

o volume de lixo em até 90% (GRIPPI, 2001), prolongando assim, a utilização dos aterros

por mais tempo.

2.2 CONSTRUÇÃO CIVIL

Não faz parte da história do setor da construção civil, a preocupação com o meio ambiente.

No século passado o principal foco da indústria da construção civil estava voltado somente

para o produto final, no qual o sucesso estava ligado à capacidade de produzir. Esse tema

era restrito a um pequeno grupo de ambientalistas, que não possuíam poderes necessários

para impedir a dinâmica de degradação, tanto na retirada da matéria- prima como nos

resíduos da obra. Mas hoje, a preocupação com o meio ambiente tem importância global,

sendo evidente a gravidade da crise ambiental, que possa ocorrer nos anos futuros senão

forem tomadas medidas mitigadoras (SILVA FILHO, 2005).

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Desta maneira Souza (2010), questiona os processos utilizados no setor da construção

civil, principalmente pelo fato do setor ser o maior responsável pela geração de resíduos

sólidos, um dos mais graves problemas contemporâneos.

Essa preocupação pode ser justificada por vários fatores como: mão de obra desqualificada,

atraso tecnológico, grande rotatividade da mão de obra, perdas no processo produtivo,

acomodação dos empresários, além da construção de forma artesanal que é um dos

principais vilões do setor, principalmente pelo fato dos desperdícios de materiais, da falta de

aproveitamento, e o pouco emprego de materiais reciclados, tornando elevado o custo das

moradias.

2.2.1 Desempenho do Setor no Brasil

O cenário nacional nos últimos anos foi marcado pelo crescimento econômico, com

elevação no PIB. Impulsionada, principalmente, pelo setor da construção civil, que obteve

altas taxas de crescimento, fazendo com que o Brasil passasse com certa tranquilidade pela

instabilidade mundial pós-crise financeira de 2009 (DIEESE, 2011). É visível que nos últimos

anos o setor da construção civil está aquecido, em qualquer cidade, é possível observar

edifícios sendo construídos. A previsão é que esse cenário continue assim pelos próximos

anos, pelo menos até 2016, em virtude da realização das Olimpíadas.

O desempenho do setor da construção civil acompanhou a tendência nacional, com altas

taxas de crescimento, sendo o ano de 2011 o melhor desempenho dos últimos 25 anos,

segundo dados do PIB setorial. A estabilização da economia, o acesso ao crédito e o

crescimento da renda no Brasil, foram importantes para o bom desempenho do setor da

construção nesse mesmo ano (IBGE, 2012). Outros fatores que contribuem para a boa fase

do Brasil e do setor da construção civil são o apoio dos bancos públicos ao setor produtivo

no momento mais agudo da crise financeira de 2009, queda nas taxas de juros, redução de

impostos, obras públicas - as de infraestrutura dentro do Programa de Aceleração do

Crescimento (PAC), habitação, com o Programa Minha Casa, Minha Vida.

A previsão de aumento do financiamento, tanto para a área habitacional como para grandes

projetos, faz com que os empresários do setor estimem crescimento de 8,5% em 2012,

acima do previsto para o PIB deste ano, que está em torno de 4,5%. Além disso, muitas

atividades que estão recebendo investimentos, sejam públicos ou privados, influenciam

diretamente a cadeia da construção, como a ampliação e a construção de novas fábricas,

shopping/centros de compras, construção/reforma de postos de saúde, escolas, entre

outras. (DIEESE, 2011).

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A estimativa do crescimento do setor conta também com os investimentos programados

para o segmento da construção pesada, para a realização das obras de geração de energia,

Programa de Aceleração do Crescimento - PAC, Programa Minha Casa, Minha Vida –

PMCMV, Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016.

De acordo com Dieese (2011), a segunda etapa do PAC, lançado em 29 março de 2010,

tem previsão de investimentos de R$ 1,59 trilhão para os próximos anos. Já para a etapa do

PMCMV, que vai de 2011 a 2014, a previsão preliminar de investimentos está na ordem de

R$ 278,2 bilhões, divididos em três eixos: o Programa Minha Casa, Minha Vida (produção

habitacional para famílias de baixa renda); o financiamento do Sistema Brasileiro de

Poupança e Empréstimo - SBPE (construção, aquisição de imóveis novos e usados e

reforma de unidades habitacionais); e a Urbanização de Assentamentos Precários

(melhorias habitacionais – água, esgoto, drenagem, transformação de favelas em bairros

populares, entre outras).

A realização da Copa do Mundo no Brasil trará importantes melhorias para a população,

sobretudo, nas cidades-sede dos jogos, tanto nos estádios de futebol, como também nos

aeroportos, portos, rede hoteleira e transportes públicos, que serão preparados para operar

com maior eficiência e rapidez. Pelo menos essa é a expectativa gerada em torno deste

grande evento que tem previsão para mais de R$ 17 bilhões em investimentos, dos quais

R$ 11,4 bilhões serão destinados para mobilidade urbana e R$ 5,7 bilhões para os estádios

(DIEESE, 2011).

Estes investimentos previstos para o setor da construção civil influenciam diretamente na

indústria de materiais para construção, como cimento, tijolo, areia, brita, entre outros. Essa

indústria tem apresentado crescimento anual de cerca de 10% nos últimos cinco anos

(DIEESE, 2011). Segundo Fecomerciosp (2012), o governo, pensando em incentivar a

indústria tomou medidas como a Instrução Normativa, que regulamenta o Financiamento de

Material de Construção e manteve a redução do IPI para a indústria até o final de 2012, pelo

Decreto Nº 7.660/11 (IBGE, 2012).

2.2.2 Condições de trabalho e do rendimento dos trabalhadores

Os números de trabalhadores com carteira assinada na construção civil não para de

crescer. De acordo com Conz (2012), o segmento registrou recorde de novas contratações,

até o final de junho de 2012, cerca de 3 milhões de trabalhadores com carteira assinada.

Destes, cerca de 1,5 milhão estavam no Sudeste; 634.247 no Nordeste; 421.833 no Sul;

237.357 no Centro-Oeste e 176.213 no Norte. Esta situação pode ser confirmada pelos

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dados do IBGE que demonstram o menor índice de desemprego registrado desde 2002,

ficando em 6,7% (IBGE, 2012).

Porém, essas boas novas obtidas dos últimos anos tiveram pouca influência na melhoria

das condições de trabalho e no rendimento dos trabalhadores. As condições de saúde e

segurança no trabalho não tem apresentado grandes avanços, com alta ocorrência de

acidentes de trabalho. Além disso, os trabalhadores ainda são submetidos, muitas vezes, a

condições muito precárias, o que motivou as últimas greves da categoria (DIEESE, 2011).

O setor da construção civil está em segundo lugar na frequência de acidentes

particularmente, dos acidentes graves e fatais registrados em todo o país, ficando atrás

apenas do setor rural. Grande parte dos acidentes está associada à negligência dos

operários, que cometem atos inseguros. No entanto, as verdadeiras causas dos acidentes

de trabalho correspondem às condições ambientais a que estão expostos os trabalhadores.

Esse perfil pode ser traduzido como gerador de inúmeras perdas de recursos humanos e

financeiros no setor. (ARAÚJO, 1998 apud CONZ, 2012).

2.2.3 Aspectos e Impactos Ambientais

De acordo com a Resolução 01 do CONAMA, Impacto ambiental é qualquer alteração das

propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, sendo causada por qualquer

das atividades humanas. Desta maneira, Silva Filho (2005) mostra que a indústria da

construção civil provoca impactos negativos tanto por substituir o solo e a vegetação por

edificações como também por retirar da natureza a matéria prima, como os agregados,

principalmente areias e britas; aglomerantes como cal e gesso e aglomerados como

cimento, que além da extração do calcário e argila, passam por um processo industrial com

grande consumo de energia; e ainda as rochas, como mármore e granito, minérios como

ferro, alumínio e cobre retirados de jazidas, produzem erosão e outros danos; a madeira é

outro elemento muito utilizado como formas, esquadrias, estrutura de cobertura, lambris,

pisos, assoalhos é até como elemento estrutural, provocando parte da devastação das

florestas.

Sendo assim, no setor da construção civil as alterações e impactos no meio ambiente que

mais se destacam são a utilização de recursos naturais, a poluição atmosférica, o consumo

de energia e a geração de resíduos.

Seguindo com a Resolução 01 do CONAMA, aspectos ambientais são entendidos como

elementos das atividades, produtos ou serviços de uma organização que podem interagir

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com o meio ambiente, causando ou podendo causar impactos ambientais, positivos ou

negativos.

2.2.3.1 Consumo de Matérias Primas

Desde o século 19, a partir da Revolução Industrial, o homem utiliza de forma inadequada

os recursos naturais, aumentando cada vez mais a exploração, devido principalmente, ao

grande crescimento populacional, a intensa industrialização e o aumento do poder aquisitivo

da população em geral. A maior problemática dessas ações é o dano contínuo que a

extração e o processo de industrialização causam ao meio ambiente, sendo que a maior

parte dos materiais que entram nos processos industriais acaba saindo por outro extremo,

em forma de resíduos.

Segundo Gaede (2008), a construção civil é responsável por entre 15 e 50 % do consumo

dos recursos naturais extraídos, esse dado coloca o setor como o maior consumidor

individual de recursos naturais. Em países como o Reino Unido o consumo de materiais de

construção civil é de aproximadamente 6 toneladas/habitante.ano. O consumo de agregados

naturais varia entre 1 e 8 toneladas/habitante.ano. No entanto, o Brasil apresenta valores

bem superiores, chegando a 220 milhões de toneladas somente na produção de concreto e

argamassas. Outro ponto visto pelo autor é o grande consumo de madeira natural,

chegando a um consumo de 66 %, a qual é extraída de florestas que não são manejadas.

Algumas matérias primas tradicionais da construção civil tem reservas mapeadas escassas.

O cobre e o zinco, por exemplo, tem reservas nacionais suficientes apenas para 60 anos.

2.2.3.2 Emissões atmosféricas

A degradação da qualidade do ar é verificada, principalmente, nos sistemas produtivos de

alguns materiais para a indústria da construção civil. Além de extrair recursos naturais, a

produção de materiais de construção também gera poluição como poeira e Dióxido de

Carbono (CO2), gás contribuinte para o Efeito Estufa. Um exemplo disso é o processo

produtivo do cimento que, necessariamente gera CO2. Para cada tonelada produzida, mais

de 600 kg do gás são gerados (JOHN, 2000).

A nível local, a poluição atmosférica é verificada especialmente nas atividades construtivas e

de demolição. Gaede (2008) fala que o manejo inadequado dos materiais e a ausência de

equipamentos de retenção de particulados (telas e sistemas de micro-aspersão hidráulica)

promovem a geração excessiva de poeira, trazendo transtornos na área de operação e

manejo nas construções dos centros urbanos.

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2.2.3.3 Consumo de Energia

De acordo com Gaede (2008), a indústria da construção civil consome muita energia devido

à dispersão espacial dos locais de extração de matéria-prima e do sistema de transporte de

insumos a grandes distâncias. Um exemplo é o cimento que no seu processo industrial

consome grandes quantidades de energia, tendo como base o último levantamento feito em

2003, o consumo médio de energia térmica e elétrica na indústria do cimento brasileira

apresenta valores, respectivamente, de cerca de 825 Kcal por kg de clínquer e 93 kWh por

tonelada de cimento (MME, 2012).

Outro exemplo disso pode ser visto por John (2000) que expressa a extração de areia na

cidade de São Paulo, que necessita de transporte a grandes distâncias aumentando o

consumo de energia e queima de combustível, o que gera poluição atmosférica.

2.2.3.4 Geração de resíduos

Dentre todos os impactos ambientais gerados pelo setor da construção civil, pode-se

destacar a grande produção de resíduos, que supera o volume de lixo doméstico. Segundo

Pinto e Gonzáles (2005) pode representar até duas toneladas de entulho para cada tonelada

de lixo domiciliar.

Esta quantidade de resíduo é bastante preocupante no Brasil, porque o impacto ambiental

provocado pela disposição incorreta dos resíduos é agravado pelas precárias condições

sanitárias do país. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB),

63,6% dos municípios dispõem a grande maioria dos seus resíduos em “lixões”.

2.3 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Resíduos de construção civil (RCC) ou resíduos de construção e demolição (RCD) são os

provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras da construção civil,

tem forma sólida, com características físicas variáveis, que dependem do seu processo

gerador, podendo revelar-se tanto em dimensões e geometria já conhecidas dos materiais

de construção, como em formatos e dimensões irregulares (SEMA, 2006).

A Resolução CONAMA n° 307 de 2002 define RCC como aqueles materiais

“provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha”.

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Conforme Bidone (2001), o termo entulho pode ser entendido como um conjunto de

fragmentos ou restos de argamassa, concreto, tijolo, aço, madeira, plásticos, etc., oriundos

do desperdício em construção. Budke, Cardoso e Vale (2012), fala que nas cidades

brasileiras o entulho demonstra um enorme desperdício de material. Os custos deste

desperdício são distribuídos por toda a sociedade, não só pelo aumento do custo final das

construções como também pelos custos de remoção e tratamento do entulho, além do

impacto visual e ambiental decorrente da sua destinação incorreta.

2.3.1 Origem, composição e classificação

De acordo com Pinto e Gonzáles (2005), os resíduos da construção civil no Brasil tem

diferentes origens, destacando-se a grande quantidade de resíduos que são gerados em

reformas, ampliações e demolições, o qual 75% são provenientes de construções informais,

ou seja, obras não licenciadas pelo poder público, enquanto 15% a 30% são oriundas de

obras formais.

Figura 1 - Origem dos RCC em alguns municípios brasileiros

Fonte: Adaptado de Pinto e Gonzáles (2005)

Pinto (1999) fala que além das diferentes origens, estes também apresentam elementos de

diferentes naturezas, tais como: solo; rocha; concreto armado ou não; argamassa de

cimento e cal; metais, madeiras e etc. Estes dependem basicamente: da origem do RCC,

fases da obra, tecnologia construtiva e da natureza da construção.

Conforme estabelecido na resolução do CONAMA n° 307 de 2002 e atualizada pela

Resolução nº448 de 2012, os resíduos gerados durante o processo de implantação do

empreendimento são classificados de acordo com a sua periculosidade (Quadro 2).

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Quadro 2 - Classes dos resíduos de acordo com a Resolução do CONAMA 307/2002

CLASSES DESCRIÇÃO

Classe A - Resíduos reutilizáveis ou recicláveis como

agregados.

a) de construção, demolição, reformas e

reparos de pavimentação e de outras obras de

infraestrutura, inclusive solos provenientes de

terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e

reparos de edificações: componentes

cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de

revestimento, etc.) argamassa e concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de

peças pré-moldadas em concreto (blocos,

tubos, meios-fios, etc.) produzidas nos

canteiros de obras;

Classe B - Resíduos recicláveis para outras

destinações.

Plásticos, papel/papelão, metais, vidros,

madeiras, gesso e outros;

Classe C - Resíduos para os quais não foram

desenvolvidas tecnologias ou aplicações

economicamente viáveis que permitam a sua

reciclagem/recuperação.

Produtos oriundos do isopor.

Classe D - Resíduos perigosos oriundos do processo

de construção.

Tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles

contaminados oriundos de demolições,

reformas e reparos de clínicas radiológicas,

instalações industriais e outros.

Fonte: Resolução nº 307 do CONAMA atualizada pela Resolução nº448.

Segundo Kunkel (2009), a sua composição pode variar de acordo com a diversidade de

matérias-primas e técnicas construtivas. Outros aspectos, como o desenvolvimento

econômico e tecnológico da região, as técnicas de demolição empregadas, e a estação do

ano também podem interferir indiretamente na composição dos resíduos.

Com tudo a composição é basicamente formada por componentes inorgânicos e minerais,

tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas,

tintas, madeiras e compensados, forros, argamassas, gesso, telhas, pavimento asfáltico,

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vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica, entre outros. Como ainda resíduos não

inertes e/ou perigosos (KUNKEL, 2009).

2.3.2 Geração de Resíduos da Construção Civil

Segundo Boff (2009), a principal causa da geração de RCC é decorrente de perdas durante

o processo, sendo por superprodução, transporte, elaboração, produtos com defeitos e

armazenamento. Outro fator de grande contribuição para a geração de RCD se caracteriza

pela ausência ou ineficiência de processos que visem à reutilização e a reciclagem destes

materiais.

Neste contexto, Zordan (1997) mostra que o excesso de consumo de materiais nos

canteiros de obras causa desperdício, que é entendido como a percentagem entre a

quantidade de material teoricamente necessário e a quantidade de material realmente

utilizado.

Desta maneira, Pinto (1999), relata a seguir, na Tabela 1, os valores de desperdícios de

materiais em atividades construtivas convencionais em estados brasileiros.

Tabela 1 - Desperdícios de materiais em atividades construtivas

Fonte: Adaptado de PINTO (1999)

Desta quantidade de desperdícios, estima-se que, aproximadamente, 50% dos materiais

desperdiçados sejam responsáveis pela geração dos resíduos da construção civil

(ZORDAN, 1997).

O Quadro 3 apresenta as fontes e causas da geração de perdas e consequentemente

geração de resíduos durante uma obra nas diferentes fases da construção.

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Quadro 3 - Fonte geradora de resíduos e causas da geração

FONTE CAUSA

Projeto - Erros nos contratos; - Modificação no projeto; - Contratos incompletos.

Intervenção - Ordens erradas, ausência ou excesso de ordens; - Erros nos fornecimentos.

Manipulação dos materiais - Danos durante o transporte; - Estoque inapropriado.

Operação

- Erros do operário; - Mau funcionamento de equipamentos; - Ambiente impróprio; - Dano causado por trabalhos anteriores e posteriores; - Uso de materiais incorretos em substituições; - Sobras de cortes; - Sobras de dosagens; - Resíduos do processo de aplicação.

Outros - Vandalismo e roubo; - Falta de controle de materiais e de gerenciamento de resíduos.

Fonte: Ângulo (2000)

Além do desperdício que representa grande parte dos resíduos gerados no Brasil, Pinto e

Gonzáles (2005) relata que a falta de gerenciamento de resíduos sólidos durante o processo

construtivo e ainda o desconhecimento na necessidade de utilizar materiais reciclados, de

viabilizar as atividades de reciclagem e assegurar a qualidade dos resíduos segregados são

os fatores complementares na geração de resíduos no Brasil.

De acordo com John (2000), as estimativas da geração per capta de RCC internacionais

variam de 130 a 3000 kg/hab.ano. Esta grande variação nos valores é devida à classificação

dos resíduos, pois alguns estudos incluem a remoção de solo enquanto outros não. Além

disso, essa amplitude deve-se as diferentes tecnologias de construção empregada nos

diferentes países. Por não constar dados atuais o autor Pinto (1999), encontra valores

estimados no Brasil entre 230 a 760 kg/hab.ano. Esse valor claramente está desatualizado

por conta do crescimento de edifícios novos e de demolições nas cidades brasileiras,

gerando, consequentemente, um maior volume de resíduos.

2.3.3 Impactos econômicos, ambientais e sociais

De acordo com Gaede (2008), todas as etapas do processo construtivo, tais como extração

da matéria-prima, produção de materiais, construção, utilização e demolição, causam

impactos econômicos, ambientais e sociais que afetam direta ou indiretamente os seguintes

aspectos:

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A saúde, a segurança e o bem-estar da população;

As atividades sociais e econômicas;

A biota;

As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

A qualidade dos recursos ambientais.

Seguindo com o mesmo tema, Pinto e Gonzáles (2005), fala que os resíduos da construção

civil geram os seguintes impactos sobre o meio ambiente:

Assoreamento de rios e córregos;

Obstrução dos sistemas de drenagem, tais como galerias, sarjetas, etc.;

Ocupação de vias e logradouros públicos por resíduos, com prejuízo à circulação de

pessoas e veículos, além da própria degradação da paisagem urbana;

Existência e acúmulo de resíduos que podem gerar risco por sua periculosidade;

Degradação das áreas de manancial e de proteção permanente;

Proliferação de agentes transmissores de doenças.

Complementando, Gaede (2008), mostra que independentemente das características do

resíduo, o mesmo sendo depositado em local inapropriado causa os seguintes problemas

ambientais:

Instabilidade de encostas;

Provocam atração de outros tipos de resíduos como, por exemplo, resíduos

domésticos.

Dessa forma, torna-se um ambiente de proliferação de vetores transmissores de doenças,

prejudicando as condições de saneamento e saúde humana, propiciando também

ambientes ideais para a proliferação de outros vetores como: roedores, insetos peçonhentos

(aranhas, escorpiões), e insetos transmissores de endemias perigosas (dengue) (PINTO,

1999).

Gaede (2008) diz que a indústria da construção civil está no centro de discussões na busca

pelo desenvolvimento sustentável nas suas diversas dimensões pelo fato de que a

disposição inadequada dos seus resíduos ocasiona transtorno à população e demanda altos

investimentos financeiros.

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2.4 LEGISLAÇÃO PERTINENTE

A legislação ambiental brasileira se desenvolveu de forma tardia em relação a outras

políticas setoriais do país e, devido a isso, apresenta deficiências e lacunas apesar dos

grandes avanços já alcançados, impulsionados, principalmente, por exigências do

movimento ambientalista internacional.

O conjunto de leis, normas e políticas nacionais para resíduos sólidos da construção civil

também é recente e possui alguns problemas, que envolvem a polêmica para o descarte de

pilhas e baterias, como ainda o quadro cultural das empresas e da sociedade, que não tem

percepção de educação ambiental, entre outros problemas. Esse conjunto é fundamental na

gestão dos resíduos, contribuindo para minimizar os possíveis impactos ambientais gerados

pelos mesmos (FRANÇA, 2009).

2.4.1 Âmbito municipal, estadual e nacional.

2.4.1.1 Legislação Federal

Encontram-se Leis e Resoluções, como:

A Lei nº 9605, dos Crimes Ambientais, de 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as

sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio

ambiente, e dá outras providências.

E a Lei nº 12.305, da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, de 02 de agosto de 2010, foi

criada com o intuito de minimizar os impactos causados pelos resíduos oriundos de diversos

setores, ficando como Lei que os municípios ficam obrigados a elaborar um Plano de

Gerenciamento de Resíduos Sólidos, que deverá ser aprovado pelo órgão ambiental

competente (BRASIL, 2010).

Resolução CONAMA nº 307, de 05 de julho de 2002, estabelecendo diretrizes, critérios e

procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Sendo a principal resolução

no caso dos canteiros de obras, foi criada pela necessidade de uma gestão diferenciada

para os resíduos da construção civil, visando solucionar os impactos ambientais

provenientes das atividades relacionadas à geração, transporte e, principalmente, a

destinação dos RCC.

De acordo com o CONAMA, com o passar dos anos, a Resolução n° 307 sofreu algumas

atualizações e modificações, como:

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A resolução n° 431, de 25 de maio de 2011 que altera o os incisos II e III do art. 3°

da Resolução n° 307, estabelecendo nova classificação para o gesso;

A resolução n° 348, de 16 de agosto de 2004, que altera o inciso IV do art. 3° da

Resolução n° 307, incluindo o amianto na classe de resíduos perigosos;

A resolução nº 448, de 18 de janeiro de 2012, que altera os artigos 2º, 4º, 5º, 6º, 8º,

9º, 10 e 11 e revoga os artigos 7º, 12 e 13 da Resolução n° 307, estabelecendo

novos critérios de destinação, priorizando a não geração de resíduos, redução,

reutilização, reciclagem, tratamento.

Os principais aspectos da resolução n° 307 com suas atualizações são os seguintes

(PINTO, 2005):

1. Definição e princípios

• Definição – Resíduos da construção e demolição são os provenientes da construção, demolição, reformas, reparos e da preparação e escavação de solo.

• Princípios – priorizar a não-geração de resíduos e proibir disposição final em locais inadequados, como aterros sanitários, em bota-foras, lotes vagos, corpos-d’água, encostas e áreas protegidas por lei.

2. Classificação e destinação

• Classe A – alvenaria, concreto, argamassas e solos. Destinação: reutilização ou reciclagem com uso na forma de agregados, além da disposição final em aterros licenciados.

• Classe B – madeira, metal, plástico e papel. Destinação: reutilização, reciclagem ou armazenamento temporário.

• Classe C – produtos sem tecnologia disponível para recuperação (isopor, por exemplo). Destinação: conforme norma técnica específica.

• Classe D – resíduos perigosos (tintas, óleos, solventes etc.), conforme NBR 10004:2004 (Resíduos Sólidos – Classificação). Destinação: conforme norma técnica específica.

3. Responsabilidades

• Municípios - elaborar Plano Integrado de Gerenciamento, que incorpore: a) Programa Municipal de Gerenciamento (para geradores de pequenos volumes); b) Projetos de Gerenciamento em obra (para aprovação dos empreendimentos dos geradores de grandes volumes).

• Geradores – elaborar Projetos de Gerenciamento em obra (caracterizando os resíduos e indicando procedimentos para triagem, acondicionamento, transporte e destinação).

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2.4.1.2 Legislação Estadual

Dentre as leis, resoluções e decretos no estado de Santa Catarina, destacam se as

referentes aos resíduos sólidos como:

A Lei 11.347, de 17 de janeiro de 2000, que dispõe sobre a coleta, o recolhimento e o

destino final de resíduos sólidos potencialmente perigosos que menciona, e adota outras

providências.

A Lei 407, de 29 de outubro de 2009, trata sobre a coleta dos resíduos sólidos inorgânicos

nas áreas rurais.

Decreto 3.272, de 19 de maio de 2010, que fixa os critérios básicos sobre os quais devem

ser elaborados os Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos – PGRS, referentes a

resíduos sólidos urbanos municipais, previstos na Lei nº 14.675, de 13 de abril de 2009, que

institui o Código Estadual do Meio Ambiente.

No estado de Santa Catarina existe ainda a CONSEMA - Conselho do Meio Ambiente, tendo

a Resolução 003, de 13 de maio de 2008, que aprova a listagem das atividades

consideradas potencialmente causadoras de degradação ambiental passíveis de

licenciamento pela Fundação do Meio Ambiente – FATMA.

2.4.1.3 Legislação Municipal

No município de Itajaí não constam leis especificas aos resíduos da construção civil.

Diferente do município de Balneário Camboriú, onde as Leis referentes aos resíduos sólidos

da construção civil são:

Lei 2223 de 2003, que dispõe sobre a colocação e a permanência de caçambas para a

coleta de resíduos inorgânicos nas vias e logradouros públicos do município de Balneário

Camboriú e dá outras providências.

Lei 2508 de 2005, que institui o Sistema para a Gestão Sustentável de Resíduos da

Construção Civil no município de Balneário Camboriú e dá outras providências.

Além das Leis cada município deverá elaborar o seu decreto referente aos resíduos sólidos,

se o município não dispuser de um decreto, adota-se o de um município próximo com as

mesmas características, os municípios de Itajaí e Balneário Camboriú dispõem de decretos.

O Decreto Municipal Nº 5.125, de 05 de agosto de 2008, do município de Balneário

Camboriú, regulamenta o Sistema para Gestão Sustentável de Resíduos da Construção

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Civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais.

Esse decreto é baseado na Resolução CONAMA nº 307, de 2002, e trata do

estabelecimento de definições, classificações para os RCC, definem responsabilidades e

disciplinam os agentes envolvidos.

O Decreto Municipal Nº123, de 08 de maio de 2012, do município de Itajaí, que regulamenta

o Sistema de Gestão Sustentável de Resíduos da Construção Civil e Resíduos Volumosos e

o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil de acordo com o

previsto na Resolução CONAMA n º307, de 2002, e na Lei Federal nº 12.305, de 2010, e dá

outras providências.

2.4.2 Normas técnicas brasileiras

Entre as normas técnicas existentes, as referentes aos resíduos sólidos são:

NBR 10004:2004 - Resíduos sólidos – Classificação.

Objetivo: Classifica os resíduos sólidos quanto aos seus potenciais danos ao meio ambiente

e à saúde pública, para que possam ser gerenciados adequadamente.

NBR 15112:2004 - Resíduos da construção civil e resíduos volumosos - Áreas de

transbordo e triagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação.

Objetivo: Fixa os requisitos exigíveis para projeto, implantação e operação de áreas de

transbordo e triagem de resíduos da construção civil e resíduos volumosos.

NBR 15113:2004 - Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes - Aterros -

Diretrizes para projeto, implantação e operação.

Objetivo: Afirma os requisitos mínimos exigíveis para projeto, implantação e operação de

aterros de resíduos sólidos da construção civil classe A e de resíduos inertes.

NBR 15114:2004 - Resíduos sólidos da Construção civil - Áreas de reciclagem - Diretrizes

para projeto, implantação e operação.

Objetivo: Fixa os requisitos mínimos exigíveis para projeto, implantação e operação de

áreas de reciclagem de resíduos sólidos da construção civil classe A.

NBR 15115:2004 - Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes - Aterros -

Diretrizes para projeto, implantação e operação.

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Objetivo: Estabelece os critérios para execução de camadas de reforço do subleito, sub-

base e base de pavimentos, bem como camada de revestimento primário, com agregado

reciclado de resíduo sólido da construção civil, denominado agregado reciclado, em obras

de pavimentação.

NBR 15116:2004 - Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil - Utilização

em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – Requisitos.

Objetivo: Estabelece os requisitos para o emprego de agregados reciclados de resíduos

sólidos da construção civil.

2.5 GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

A resolução do CONAMA n° 307 de 2002 define, a gestão de resíduos como:

“o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos”.

A gestão pode ser entendida como um conjunto de atitudes (comportamentos,

procedimentos, propósitos) que tem como foco principal, a eliminação dos impactos

ambientais negativos, associados à produção e à destinação do resíduo. Esse conjunto de

atitudes proporciona níveis crescentes de qualidade de vida, saúde pública e bem estar

social, além de gerar uma redução das despesas de recuperação das áreas degradadas, da

água e do ar poluídos, como ainda uma redução dos custos da obra, com a diminuição do

volume transportado.

Em qualquer obra da construção civil existe a necessidade de uma gestão diferenciada para

os resíduos. Esta gestão tem como objetivo principal atender a Resolução nº 307 do

CONAMA, que fornece um conjunto de ações e diretrizes para resultar na captação máxima

dos resíduos gerados, reciclagem e/ou reutilização dos resíduos captados e alteração de

procedimentos culturais, estabelecendo ainda os seguintes objetivos:

Introduzir práticas de sustentabilidade aos envolvidos na obra;

Desenvolver a consciência ecológica nos envolvidos da obra;

Reduzir os custos municipais com a limpeza urbana, com a destinação dos resíduos

e com a correção dos impactos ocorrentes na Gestão Corretiva;

Facilitar a deposição dos pequenos volumes de RCD gerados;

Descarte racional dos grandes volumes gerados;

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Preservação do sistema de aterros como condição para a sustentação do

desenvolvimento;

Incentivo à presença e consolidação de novos agentes de limpeza urbana;

Preservação ambiental com a redução dos impactos por má deposição, redução do

volume aterrado e redução das resultantes da exploração de jazidas naturais de

agregados para a construção civil;

Preservação da paisagem e da qualidade de vida nos ambientes urbanos;

Incentivo às parcerias para captação, reciclagem e reutilização de resíduos;

Incentivo à redução da geração nas atividades construtivas.

Conforme a Lei 9.605 – 12/02/98, Lei do Meio Ambiente, a Gestão dos RCC deve ser vista

como uma atividade recuperadora e preservadora do meio ambiente local, como o exercício

efetivo das competências municipais previstas nas leis maiores (BRASIL, 1998).

Em uma gestão eficiente é necessária também, a conscientização dos construtores para a

separação e reciclagem de materiais no próprio canteiro de obras, o que possibilita a

utilização dos materiais inertes, promovendo uma significativa redução de resíduos.

2.5.1 Etapas da Gestão de Resíduos no Canteiro de Obras

A gestão dos RCD deve seguir os preceitos do Projeto de Gerenciamento de Resíduos da

Construção Civil (PGRCC) elaborado para o empreendimento e apresentado ao órgão

fiscalizador competente. Sendo que a primeira ação do PGRCC é realizar um levantamento

estatístico da geração desses resíduos. A gestão dos resíduos da construção civil deve ter

as atividades de caracterização, triagem, acondicionamento e transporte, destinação final e

controle das etapas anteriores.

Segue, pormenorizada, cada etapa que a gestão deve seguir.

2.5.1.1 Caracterização dos RCC

É necessário caracterizar o volume e a composição dos resíduos gerados, pois são dados

fundamentais para proceder ao dimensionamento dos recipientes que acondicionarão estes

RCD.

De acordo com Pinto Gonzáles (2005), essa etapa prevê a identificação dos resíduos, sendo

de demolição ou construção, e os possíveis materiais a serem gerados na obra, como:

Madeiras, Ferro, Brita, Concreto, Massa para Reboco, Telhas Cerâmica, Pregos, Lona

Plástica, Revestimentos Cerâmicos, Gesso, Tijolos, Fuga, Espassadores, Tinta acrílica,

Tinta esmalte, Granito, Calhas, Rufos, Tubos de PVC, Isolante Térmico, Manta asfáltica,

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Impermeabilizantes, Placas cimentícias, Conduíte Plástico, Fio de Cobre, Fios (Cabo

Galvanizado). Estes resíduos podem ter suas características variadas de acordo com a

comunidade, com os hábitos de concepção do projeto, poder aquisitivo, clima,

desenvolvimento e nível de educação dos envolvidos na obra.

Para este levantamento, comumente são usados formulários de produção mensal dos

resíduos, tendo como base as quantidades cadastradas de obras anteriores da empresa,

desde que as obras tenham o mesmo padrão (sistema construtivo, número de pavimentos,

área construída, etc). Caso a empresa não possua um acervo de obras anteriores,

levantamentos estatísticos e referências bibliográficas nacionais e internacionais são

adotados.

2.5.1.2 Segregação ou Triagem

Esta é uma etapa relevante para o processo de gerenciamento dos RCC, pois, se bem

executada, possibilitará a máxima reciclagem dos resíduos, considerando que estes sejam

encaminhados para usinas de reciclagem. A triagem dos materiais na fonte de origem é de

grande importância, pois assegura a qualidade do resíduo, potencializa a sua reciclagem e

garante utilização futura (PINTO GONZÁLES, 2005).

A segregação se faz necessária pelo fato de os RCC contaminados com materiais não-

inertes produzirem reciclados de pouca qualidade. Sendo assim, é fundamental a separação

dos diversos tipos de resíduos produzidos para que sejam reciclados e reaproveitados ao

uso a que se propõem.

Segundo John (2000), além de contribuir ao processo de reciclagem, a atividade de

segregação dos resíduos possibilita a organização e limpeza do local de trabalho podendo

trazer como benefício indireto a redução no índice de afastamento de trabalhadores por

acidente provocado pela desordem no canteiro.

2.5.1.3 Acondicionamento

De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo, o

acondicionamento consiste de duas etapas: primeiro, deve-se dispor os RCC já segregados

em recipientes específicos para cada tipo e finalidade de resíduos; e, posteriormente, deve-

se encaminhá-los para o armazenamento final.

No caso de restos de madeira, metal, papel, plástico e vidro em pequenas quantidades,

podem ser utilizadas bombonas, tambores ou mesmo coletores de lixo de tamanhos

variados. No caso de resíduos orgânicos, copos plásticos descartáveis, papéis sujos ou

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outros passíveis de coleta pública, deve-se utilizar recipiente com tampa e saco de lixo

simples. A localização deve ser nas proximidades do refeitório e de bebedouros.

Para resíduos mais volumosos e pesados, como os de Classe A, podem ser utilizadas baias

fixas ou móveis ou mesmo caçambas estacionárias em locais de fácil retirada pela empresa

contratada. Já os resíduos volumosos e leves, como papéis, plásticos, entre outros, podem

ser dispostos em grandes caixas e ficar abrigados em locais com cobertura e fácil acesso

para remoção pela empresa contratada.

Seja qual for o acondicionamento, é necessária à sinalização do tipo de resíduo por meio de

adesivo com indicação da cor padronizada, segundo a Resolução 275, de 25 de abril de

2001, do CONAMA.

2.5.1.4 Transporte

O transporte pode ser dividido em interno e externo. Desta maneira, o deslocamento interno

dos resíduos é realizado em carrinhos de mão e giricas; e o deslocamento vertical é

realizado em tubos condutores de entulho. Caso o volume de resíduos seja muito grande,

usa-se a grua para o transporte vertical.

Já o transporte externo deverá ser executado por transportador cadastrado pelo Poder

Público, respeitadas as etapas anteriores e as normas técnicas vigentes para o transporte

de resíduos e/ou cooperativas.

Vale ressaltar que estes transportadores, além dos geradores dos resíduos, também são

responsabilizados pela destinação e gerenciamento, sendo que estes deverão possuir

documento que especifique a origem e a destinação, os quais seguem o manifesto

denominado de CTR - Controle de Transporte de Resíduos, que é feito em três vias, quais

sejam, 1ª via para o gerador, 2ª via para o transportador e a 3ª via para o destinatário final

para controle, o qual comprova a destinação correta dos resíduos sólidos da construção civil

(SIDUSCON-BC, 2012).

2.5.1.5 Destinação

Os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de resíduos

domiciliares, em áreas de “bota fora”, em encostas, corpos d’água, lotes vagos e em áreas

protegidas por Lei, passando a ser fundamental a definição de novos destinos, conforme

estabelece na resolução do CONAMA número n°307 de 2002.

O Quadro 4 a seguir apresenta a lógica de proposta da destinação final de resíduos de

obras.

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Quadro 4 - Lógico de proposta da destinação final de componentes de obras

CLASSE DESTINAÇÃO

Classe A Área de Grande Volume – aterro ou usina de reciclagem

Classe B Centros de triagem e reciclagem

Classe B - Madeira Estabelecimentos que utilizam caldeira

Classe C Armazenados

Classe D Aterro industrial, co-processamento

Desta maneira, os resíduos da construção civil deverão ser destinados seguindo a logica da

destinação final de componentes de obra em conformidade com as normas técnicas

específicas.

2.6 METODOLOGIAS DE CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL

As metodologias de Certificação Ambiental foram criadas com o intuito de verificar o nível de

desempenho ambiental de edifícios. Aspectos relacionados ao consumo de água, energia,

reuso de materiais, emissão de poluentes e gestão de resíduos são tratados nessa

ferramenta.

Com o passar dos anos, países que acreditavam dominar os conceitos de projeto

ambientalmente corretos, verificaram que não existiam formas de avaliar a veracidade do

desempenho ambiental dos edifícios. Além da necessidade de avaliação, pesquisadores e

agências governamentais viram que a classificação de desempenho relacionada aos

sistemas de certificação mostrou-se importante para elevar o nível de desempenho

ambiental. Estes dois impulsos foram essenciais para a consolidação dos métodos de

certificação, tanto de novos edifícios como nos já existentes (SILVA, 2007).

Pelo fato de cada país ter peculiaridades na construção civil, novos métodos foram criados

ou adaptados de acordo com as aplicações pretendidas para estes sistemas. Atualmente,

praticamente todos os países europeus, além dos Estados Unidos, Canadá, Austrália e

Japão, possui um sistema de avaliação e classificação de desempenho ambiental de

edifícios (SILVA, 2007).

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De acordo com Silva (2003), para se construir um panorama abrangente dos sistemas de

avaliação de desempenho ambiental, deve-se ter conhecimentos dos métodos essenciais,

como o BREEAM, LEED e AQUA, priorizados nessa pesquisa.

A seguir serão sintetizadas as metodologias de certificação ambiental priorizados pelo

projeto no Quadro 5, com isso, obtém-se um entendimento da estrutura, pontuação,

classificação e os resultados de cada método. Nessa pesquisa ficam claras as diferenças

entre os métodos em todos os aspectos, principalmente na gestão de resíduos, a qual

algumas certificações dão mais ênfase que outras.

Quadro 5 - Síntese dos métodos de certificação abordados no projeto

NBR ISO 14001 de 2004 é o principal método de avaliação e certificação de

sustentabilidade no Brasil e dá todas as providências necessárias para a gestão ambiental,

principalmente referente ao gasto de energia, poluição e consumo de água, mas com

relação a gestão de resíduos, a Norma não se apresenta de forma clara e objetiva,

diferentemente das metodologias escolhidas para o projeto que, além de serem específicas

para o setor da construção civil, apresentam os indicadores para uma gestão dos RCC

atendendo a necessidade do objetivo do projeto.

2.6.1 Building Research Establishment Environmental Assessment Method

(BREEAM)

Conforme Silva (2003), no Reino Unido, em 1990 foi lançado por pesquisadores do Building

Research Establishment (BRE) e do setor privado, o mais conhecido sistema de avaliação e

BREAM LEED AQUA

Lançamento 1990 1994 2007

Origem Reino unido Estados Unidos Brasil/França

Versão BREEAM for offices 2006 V1. 2 LEED 2009 Versão 0, de 2007

Avaliação 8 categorias 7 Categorias 14 Categorias

Ponderação Sim Não Não

Classificação 4 Classes 4 Classes 3 Classes

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classificação de desempenho ambiental, o Building Research Establishment

Environmental Assessment Method (BREEAM), esse sistema é direcionado ao marketing de

edifícios.

A popularidade do BREEAM em grande parte deve-se: à abordagem de desempenho de

referência; ampla cobertura de aspectos relacionados à energia, impacto ambiental, e saúde

e produtividade; e identificação de oportunidades para melhoria e vantagens financeiras

adicionais (SILVA, 2007).

De acordo com Fossati (2008), o BREEAM é a metodologia de maior aceitação

internacional, estimando-se que entre 30% e 40% dos novos edifícios de escritórios do

Reino Unido sejam submetidos a esta avaliação anualmente. Versões parecidas deste

sistema foram adaptadas às condições do Canadá e Hong Kong, com o objetivo de priorizar

aspectos de relevância regional na avaliação. Outras versões foram desenvolvidas na

Dinamarca, Noruega, Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos, no entanto, não há

publicações relatando resultados destas experiências no Brasil.

O objetivo geral é orientar sobre maneiras de minimizar os efeitos dos edifícios nos

ambientes local e global, como ainda promover um ambiente interno saudável e confortável.

Os objetivos específicos deste método são (BALDWIN et al., 1998):

Distinguir edifícios de menor impacto ambiental no mercado;

Encorajar práticas ambientais de excelência no projeto e execução, gestão e

operação;

Definir critérios e padrões indo além daqueles exigidos por lei, normas e

regulamentações;

Conscientizar proprietários, ocupantes, projetistas e operadores quanto aos

benefícios de edifícios com menor impacto ambiental.

O BREEAM fornece um processo de avaliação em checklist baseado em uma auditoria

externa que verifica o atendimento de itens indispensáveis de desempenho e atribui a ele

créditos ambientais. Esses créditos são ponderados para obtenção de um índice de

desempenho ambiental. Atendendo a quantidade mínima de critérios, esse indicador habilita

a certificação em uma das classes de desempenho, permitindo a comparação entre os

edifícios certificados pelo sistema (SILVA, 2007).

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2.6.1.1 Estrutura e Pontuação

A estrutura possui oito categorias principais com requisitos para obtenção de créditos dentro

de cada categoria. A avaliação dos créditos é feita com ponderações para obtenção de um

índice de desempenho ambiental, denominado de EPI, esta avaliação é feita por uma

equipe habilitada pelo BRE, que avalia o atendimento de itens mínimos de desempenho e

atribuem os créditos por categoria.

A pontuação geral é feita através da metodologia de ponderação disponível no site do

BREEAM for offices procurement & design 2006. Entretanto, a metodologia completa fica

acessível apenas para os avaliadores credenciados pelo programa. Na metodologia

disponível, o desempenho Máximo é de 100 pontos. Com isso, o edifício é enquadrado em

uma das classes proposta pelo programa como Aprovado, Bom, Muito Bom e Excelente

(Figura 2).

Figura 2 - Estrutura de avaliação do BREEAM for offices procurement & design 2006

Fonte: (BRE, 2006)

Os critérios de avaliação necessitam da análise das oito categorias, onde dentro de cada

categoria há requisitos que também devem ser avaliados, os quais são agrupados seguindo

a escala dos impactos global, local e interna. Cada requisito tem um número específico de

créditos e a ponderação destes é feita pelo critério da importância da categoria (FOSSATI,

2008).

A seguir o Quadro 6, contendo as categorias e requisitos de avaliação da metodologia

BREEAM.

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Quadro 6- Categorias e Requisitos de Avaliação do BREEAM for offices 2006

Fonte: Adaptado de Fossati (2008)

Como pode ser visto na Tabela 2, a categoria Gestão, que corresponde a 15% do total da

pontuação, tem como requisitos de avaliação pertinentes ao projeto: a separação e

reciclagem de resíduos e transporte e desperdício nas atividades do canteiro de obras. Na

categoria Materiais (10% do total de pontos), tem os requisitos: reuso de fachadas e

estruturas de edifícios existentes, implicações ambientais da seleção de materiais e espaços

destinados ao armazenamento de materiais reciclados.

2.6.2 Leadership in Energy and Environmental Design (LEED)

Conforme Silva (2003), nos Estados Unidos, em 1994, iniciou-se um programa com objetivo

de desenvolver um sistema de classificação de desempenho ambiental, visando acelerar o

desenvolvimento e a implementação de práticas de projeto e construção ambientalmente

responsáveis. Esse programa foi desenvolvido pelo US Green Building Council (USGBC),

instituição financiada pelo NIST (National Institute of Standards and Technology).

A primeira versão piloto, LEED 1.0, foi lançada em 1999, tendo como referência o BREEAM.

Após testes, o programa sofreu reestruturações, sendo substituído por novas versões como

o LEED – NC lançado em 2000 e suas versões 2.1 em 2002 e 2.2 em 2005. Em 2008, foi

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criada a versão LEED 2009, contemplando todos os aspectos das versões anteriores. A

certificação tem validade de cinco anos, sendo necessário, após esse período, uma nova

solicitação de avaliação (FOSSATI, 2008). Essa última versão será tratada nesse capítulo.

Segundo Silva (2003), da mesma forma que o BREEAM, este sistema concede créditos

para o atendimento de critérios pré-estabelecidos. O LEED é considerado um método de

estrutura simples, facilitando a sua incorporação à prática profissional, tendo como base em

especificação de desempenho em vez de critérios prescritivos, toma por referência

princípios ambiental e de uso de energia consolidados em normas e recomendações de

organismos de credibilidade reconhecida, como a ASHRAE; a ASTM; a EPA; e o DOE.

2.6.2.1 Estrutura e Pontuação

A estrutura possui sete pré-requisitos e oito categorias. A avaliação é feita com um critério

mínimo de pré-requisitos exigidos para nivelamento. Caso todos os pré-requisitos sejam

atendidos, o edifício torna-se apto a passar para a etapa de análise e classificação de

desempenho, dada pelo número de créditos obtidos (SILVA, 2007).

A baixa a Quadro 7, contendo as categorias e requisitos de avaliação da metodologia LEED.

Quadro 7- Categoria e requisitos avaliados pelo LEED

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Fonte: (USGBC, 2010 (Updated August 2011))

Com pode ser visto na Tabela 3, a categoria Materiais e Recursos, que corresponde 13% da

pontuação total, abrange a gestão de resíduos da construção civil e demolição, que avalia

os requisitos de incentivo ao reuso de estruturas existentes e de materiais, uso de materiais

de rápida renovação, compra de materiais regionais e madeiras certificadas.

Na etapa de análise e classificação de desempenho, caso o edifício atinja um mínimo de

40% dos 110 pontos possíveis em todas as categorias, ele será certificado em um dos

quatro níveis mostrados no Quadro 8 (SILVA, 2007).

Quadro 8 - Níveis de classificação LEED

NÍVEL DE CLASSIFICAÇÃO PONTOS (TOTAL 110 pts)

LEED Certified 40 a 49 pts (36-44%)

Silver 50 a 59 pts (45-54%)

Gold 60 a 79 pts (55-72%)

Platinum > 80 pts ( >73 %)

Fonte: (USGBC, 2010 (Updated August 2011))

Diferentemente do sistema anterior, o LEED determina pesos iguais para as categorias, não

tendo um critério de ponderação, mas como cada categoria tem um número diferente de

requisitos, ficam definidos pesos para cada uma delas.

2.6.3 Alta Qualidade Ambiental (AQUA)

No Brasil, em 2007, iniciou-se o programa AQUA de certificação de edifícios, desenvolvida

pela universidade Politécnica de São Paulo. O AQUA é uma adequação para a realidade

brasileira do referencial técnico de certificação Frances Referentiel Technique de

Certification “Bâtiments Tertiaires – Démarche HQE”.

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2.6.3.1 Estrutura e Pontuação

Segundo AQUA (2007), o referencial técnico de certificação estrutura-se em dois

instrumentos, permitindo avaliar os desempenhos alcançados com relação aos dois

elementos que estruturam esta certificação:

- Sistema de Gestão do Empreendimento (SGE), para avaliar o sistema de gestão

ambiental implementado pelo empreendedor;

- Qualidade Ambiental do Edifício (QAE), para avaliar o desempenho arquitetônico e

técnico da construção.

No referencial técnico fica claro que a implementação do SGE permite definir a qualidade

ambiental para o edifício e ainda permite controlar o conjunto dos processos operacionais

relacionados às fases do programa, concepção e realização da construção.

Quando o empreendedor decide implementar as exigências desta certificação ao conjunto

de seus empreendimentos, pode implementar um sistema de gestão ambiental (SGA)

conforme a norma NBR ISO 14001 "Sistemas de gestão ambiental". Isso é possível pelo fato

do SGE estar estruturada de maneira semelhante à norma NBR:ISSO 14001/2004 (AQUA,

2007).

O Referencial Técnico de Certificação AQUA (2007), avalia um empreendimento, novo ou

que esteja em uma reabilitação significativa. Pode ser utilizado no empreendimento desde o

projeto até a sua entrega e tem como objetivo principal gerenciar os impactos externos e

internos de um empreendimento. Para atender esse objetivo, o programa é dividido em três

fases descritas a seguir:

- Programa: Fase no qual é elaborado o programa de necessidades, destinado aos

projetistas para a concepção arquitetônica e técnica de um empreendimento.

- Concepção: Fase o qual os projetistas elaboram a concepção arquitetônica e técnica

de um empreendimento, com base nas informações do programa.

- Realização: Fase onde os projetos são construídos, tendo como resultado a

construção de um empreendimento.

- Uso e Operação: Fase a qual o empreendimento já construído, propõe-se a avaliar a

utilização e manutenção do edifício.

A pontuação do programa tem sua atribuição associada à obtenção de um perfil mínimo

exigido pela Qualidade Ambiental do Edifício (QAE) expressa em 3 níveis de certificação,

Bom, Superior, Excelente, definidos pelo AQUA (2007):

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34

- BOM: nível correspondendo ao desempenho mínimo aceitável para um

empreendimento de Alta Qualidade Ambiental.

- SUPERIOR: nível correspondendo ao das boas práticas.

- EXCELENTE: nível calibrado em função dos desempenhos máximos constatados em

empreendimentos de Alta Qualidade Ambiental, assegurando que estes possam ser

atingíveis.

Como pode ser visto na Figura 3, a Qualidade Ambiental do Edifício está dividido em 14

categorias, que são desmembradas em subcategorias, representando as principais

preocupações associadas a desafios ambientais e depois em preocupações elementares.

Figura 3 - Categorias avaliadas pelo AQUA

Fonte: AQUA 2007

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35

Na categoria 6, denominada GESTÃO DOS RESÍDUOS DE USO E OPERAÇÃO DO

EDIFÍCIO, existem 2 subcategorias (6.1 e 6.2) relacionadas ao tema, existindo ainda, dentro

de cada uma, indicadores para atingir essas subcategorias (AQUA, 2007). Como pode ser

visto a seguir no Quadro 9.

Essa categoria também tem interações com as outras categorias e ainda apresenta

interações com o SGE (AQUA, 2007).

Categoria 1 "Relação do edifício com o seu entorno"

Implantação e acessibilidade à área de estocagem dos resíduos e de compostagem

dos resíduos orgânicos.

Categoria 3 "Canteiro de obras com baixo impacto ambiental"

Otimização da gestão do canteiro;

Redução dos incômodos causados pelo canteiro.

Categoria 12 "Qualidade sanitária dos ambientes"

Condições de higiene específicas dos locais de estocagem e dos equipamentos de

manuseio e transporte.

SGE “Sistema de Gestão do Empreendimento”

Anexo A.7 – Manual de uso e operação do edifício. Transmite, ao proprietário e ao

responsável pelo gerenciamento do uso e operação do empreendimento, as

informações para o planejamento dos resíduos de uso e operação do edifício

Quadro 9 - Estrutura da Categoria Gestão dos Resíduos de Uso e Operação do Edifício

Subcategoria Indicadores

Categoria 6

6.1 – Otimização da valorização dos resíduos gerados pelas atividades de uso e operação do edifício.

6.1.1 - Identificar e classificar a produção de resíduos de uso e operação do edifício com a finalidade de valorizados ao máximo;

6.1.2 - Estimular a triagem de resíduos na fonte geradora.

6.2 – Qualidade do sistema de gestão dos resíduos de uso e operação do edifício.

6.2.1 - Facilitar a gestão dos resíduos;

6.2.2 - Otimizar os circuitos dos resíduos de uso e operação;

6.2.3 - Assegurar a permanência do desempenho do sistema de gestão de resíduos de uso e operação.

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36

(natureza, categoria, quantidades, fluxo, cadeias locais de reaproveitamento de

resíduos, custos).

3 METODOLOGIA

O presente capítulo compreende a Delimitação da pesquisa, Área de Estudo, Classificação

da Pesquisa, com um breve referencial teórico sobre o tema; o Roteiro Metodológico no qual

são apresentadas as etapas adotadas para a realização do trabalho; e a Descrição

Detalhada das Atividades, em que são apresentadas as etapas da sequência metodológica

adotada no trabalho.

3.1 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

Procurou-se analisar os requisitos referentes à gestão de resíduos inseridos nas três

metodologias de certificação abordadas no projeto: BREEAM, LEED, AQUA; e ainda

analisar a legislação pertinente ao tema gestão de resíduos da construção civil. A NBR ISO

14001/2004 não será abordada neste projeto.

3.2 ÁREA DE ESTUDO, REGIÃO DO VALE DO ITAJAÍ

O estado de Santa Catarina reflete o que foi visto no cenário nacional, com altas taxas de

crescimento, impulsionadas, principalmente, pelo setor da construção civil. No ano de 2008,

Santa Catarina registrou um percentual acima do Produto Interno Bruto (PIB), e ainda

superou a média brasileira de crescimento da construção civil, esse avanço registrou índices

acima de 10%, fazendo com que o estado fique em uma boa posição na produção

imobiliária, mostrando que o setor é destaque e já está consolidado na economia do país.

Continuando com um crescimento bom quando comparados a outros setores, para 2012

está prevista uma taxa de 6% (IBGE, 2012).

O litoral catarinense é privilegiado por ter uma beleza cênica, um clima agradável e ter

infraestrutura de grandes metrópoles, acumulando todos os fatores essenciais para a

atração do turismo e de investidores com poder de compra para a região.

De acordo com Boff (2009), a região do Vale do Itajaí, mais especificamente as cidades de

Itajaí e Balneário Camboriú, apresentam um crescimento superior à média nacional na

economia, sendo que a construção civil e o turismo são os principais fatores desse

crescimento. A demanda de infraestrutura, devido ao crescimento populacional, acompanha

essa onda de crescimento. Sendo assim, o SIDUSCON da foz do Rio Itajaí (2012) fala que a

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37

atividade da construção civil, além de suma importância para a região, gera empregos

tanto diretos quanto indiretos.

Porém, essas boas novas fazem aumentar a problemática da disposição dos resíduos

gerados pela construção civil. Esses resíduos são retirados da obra e, na grande maioria

das vezes, dispostos ilegalmente em locais como lixões, terrenos baldios, encostas de rios e

ruas das periferias. Nem sempre o gerador é o único culpado pela disposição clandestina,

em alguns casos a empresa de transporte que deveria levar para lugares licenciados,

escolhe lugares como os citados anteriormente a fim de obter maior lucro. Além dos

impactos ambientais, esse problema faz com que os municípios tenham mais gastos para a

remoção ou tratamento dos mesmos.

Construção civil em Itajaí

O município de Itajaí localiza-se no litoral centro norte catarinense e faz parte do Vale

Europeu, na foz do Rio Itajaí-Açu. Segundo o censo realizado pelo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística, sua população em 2010 era de 183 388 habitantes. O Porto de

Itajaí, o Turismo e a Construção Civil são os principais setores que movimentam a economia

da cidade (IBGE, 2012).

A construção civil na cidade de Itajaí apresentou um crescimento maior que a media

nacional. Um dos principais motivos desse crescimento é decorrente da estabilidade da

economia e o aumento populacional em virtude da migração do interior para o litoral, o Porto

de Itajaí também atrai muitas empresas de comércio exterior, o que desperta o interesse dos

empresários e profissionais do setor (SIDUSCON-ITAJAÍ, 2012).

Construção Civil em Balneário Camboriú

Balneário Camboriú faz parte da Região Metropolitana da Foz do Rio Itajaí, no litoral norte

do estado. Possui, segundo o censo IBGE do ano de 2010, uma população de 108 089

habitantes, tendo como principais setores da economia, o Turismo e a Construção Civil

sendo esse o que movimenta 30% da economia da cidade (IBGE, 2012).

A cidade tem como característica a falta da disponibilidade de espaço para construções,

acarretando em um grande número de edifícios construídos com o mais alto padrão de

qualidade. Essa grande procura por imóveis na cidade atrai investidores a procura de

negócios que tragam um bom retorno, tornando uma das regiões com maior valorização

imobiliária do país (SIDUSCON-BC, 2012).

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3.3 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

Para Silva & Menezes (2005), a classificação da pesquisa é um conjunto de ações e

propostas, que visa à solução de um problema, com base em procedimentos que

estabelecem maneiras de classificação: quanto à natureza, quanto à forma de abordagem

dos problemas, quanto aos objetivos e quanto aos procedimentos adotados.

Quanto à natureza o projeto pode ser classificado como Pesquisa, pois essa classificação

destina-se a trabalhos com objetivos a geração de conhecimentos de aplicação prática,

voltados à solução de problemas específicos (SILVA & MENEZES, 2005).

Pode se classificar o projeto como Pesquisa Qualitativa, no procedimento quanto à forma de

abordagem dos problemas, pois segundo Silva & Menezes (2005) essa classificação não

requer uso de métodos estatísticos e o ambiente é a fonte direta para a coleta dos dados e o

pesquisador é o instrumento principal.

O presente projeto pode ser classificado quanto aos objetivos em Pesquisa Exploratória,

pois este tipo de pesquisa permite um aprimoramento de ideias que proporcionam um maior

esclarecimento sobre o problema em questão.

Por fim, quanto aos procedimentos adotados. No desenvolvimento da pesquisa foram

utilizadas variadas fontes como, livros, jornais, revistas, periódicos, boletins, entrevistas,

questionários, as quais definem o projeto como Pesquisa Bibliográfica. É ainda classificado

como Estudo de Caso, que é definido por Silva & Menezes (2005) como uma categoria de

pesquisa, cujo objeto permita o seu amplo e detalhado conhecimento.

3.3.1 Roteiro Metodológico

O projeto proposto foi elaborado através de uma sequência metodológica, a fim de se obter

uma melhor operacionalização da pesquisa, favorecendo a clareza de informação e

objetividade para avaliação dos dados.

A seguir, na Figura 4, a sequência metodológica onde foram concluídas todas as etapas

previstas.

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39

Figura 4 - Sequência metodológica adotada no trabalho

A seguir, será descrito detalhadamente cada atividade da sequência metodológica.

Pesquisa Bibliográfica: pesquisa na internet, revistas especializadas, livros, legislação

pertinente, material disponibilizado pelo orientador sobre o tema.

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Analise das metodologias: analise das três metodologias de certificação ambiental

BREEAM, LEED, AQUA.

Seleção das Categorias: selecionar as categorias que abordam gestão de resíduos dentro

das metodologias de certificação.

Analise dos Indicadores: analise dos requisitos e pré-requisitos que servem como

indicadores das categorias pertinentes ao tema gestão de resíduos.

Analise da Legislação Pertinente: analise de toda a legislação pertinente ao tema,

principalmente da Resolução CONAMA nº 307 e suas atualizações, e a Lei nº 12.305, da

Política Nacional dos Resíduos Sólidos.

Analise dos Indicadores: analise dos requisitos e pré-requisitos que servem como

indicadores da legislação pertinente.

Referencial teórico: todo referencial bibliográfico utilizado na fundamentação teórica do

projeto, incluindo analise das metodologias e analise da legislação pertinente.

Elaboração de novos Indicadores: através do conhecimento da pesquisa, identificar

requisitos relevantes à sustentabilidade no canteiro de obras, que não foram tratadas ou não

foram devidamente especificados nas metodologias de certificação e legislação pertinente.

Escolha da Forma de Avaliação: cada metodologia tem uma forma de avaliação, sendo o

formato em ckecklist a preferencial das metodologias de certificação.

Elaboração do conjunto de diretrizes: elaborar um conjunto de diretrizes para cada

requisito de avaliação, este conjunto formado por requisitos de avaliação, critérios de

avaliação e alternativa.

Criação da Ferramenta de Verificação: criar uma ferramenta, de forma que, seguindo os

passos da mesma, a obra seja menos impactante ao meio ambiente e consequentemente,

que atenda a legislação pertinente.

Escolha da Forma de Ponderação para o modelo: elaborar uma importância para cada

requisito de avaliação.

Desenvolvimento de uma Certificação criar um método de certificação, de maneira que a

obra que atender a ferramenta possa ganhar um selo, certificando o seu comprometimento

com a gestão dos resíduos.

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A seguir na Tabela 4, é apresentado o roteiro metodológico adotado na realização do

projeto, onde nela consta as descrições das atividades relacionadas com o tempo estipulado

para entrega do mesmo.

Tabela 2 - Roteiro metodológico contendo as atividades do trabalho

ROTEIRO METODOLÓGICO Ano 2012 Ano 2013

Posteriormente, será descrito detalhadamente cada atividade do projeto.

Atividade/Mês

Sub – Atividades

07

08

09

10

11

12

03

04

05

06

Revisão Bibliográfica

Construção Civil X X

Danos ambientais provocados pelos RCC X X

Legislação pertinente a GRCC X X

RCC e a GRCC X X

As certificações e selos ambientais X X

Desenvolvimento da Metodologia

Agrupar informações X X

Selecionar o padrão para a metodologia X

Criar a metodologia X X

Desenvolvimento da Certificação

Agrupar informações X

Definir um critério de avaliação X X

Desenvolver o modelo de certificação

X X

Relatório Final

Elaboração do documento escrito 1 e 2

X X X X

Revisões X X

Apresentação do TICT X

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42

3.3.2 Descrição Detalhada das Atividades

Revisão Bibliográfica

A etapa inicial do projeto foi constituída pelo levantamento bibliográfico em revistas

especializadas, pesquisa na internet, livros, material disponibilizado pelo orientador,

abrangendo diversos temas relacionados à gestão dos resíduos da construção civil e

metodologias de certificação ambiental. Dentro da pesquisa bibliográfica procurou-se

subsídios para atender o objetivo do projeto e outros que foram surgindo à medida que se

desenvolviam os estudos sobre os temas envolvidos, podendo assim, desenvolver a

fundamentação teórica referente ao tema.

A fundamentação iniciou-se com o tema construção civil, onde obteve-se o entendimento

da situação atual do setor da construção civil, como ainda os resíduos e os impactos

relacionados a essa atividade. Em seguida, fez-se uma pesquisa na legislação referente a

esse setor e aos resíduos, com também buscou-se mostrar as etapas da gestão dos

resíduos no canteiro de obra. Posteriormente, foi fundamentado o tema resíduo sólidos, que

abrange os resíduos Domiciliar, Comercial, Público, Hospitalar ou de Serviços de saúde,

Industrial, Portos, Agrícola e Construção Civil. E, por fim, fez-se estudos sobre o tema

metodologias de certificação.

No total foram estudadas diversas referências, sendo 11 sobre o tema construção civil, 6

sobre resíduos sólidos, 13 sobre resíduos da construção civil, 5 de gestão de resíduos da

construção civil, 3 de legislação e 6 de metodologias de certificação ambiental. Essa etapa

de fundamentação teórica foi de extrema importância, pois serviu como base para a

segunda etapa do projeto.

Os principais assuntos encontrados na pesquisa foram: leis e normas específicas para os

RCC e impactos causados pelos RCC como também formas de GRCC.

Desenvolvimento da Metodologia de Avaliação da Gestão dos Resíduos na Obra

Nessa fase, foi realizada uma analise nas metodologias de certificação LEED, AQUA,

BREEAM, com o intuito de realizar um filtro de todas as categorias que avaliam a gestão de

resíduos da construção civil que estejam inseridas nas metodologias de certificação

ambiental analisadas.

Após o filtro das categorias foram identificados os requisitos e pré-requisitos que avaliam

cada categoria nas metodologias de certificação ambiental, esses requisitos foram

agrupados de forma a identificar possíveis lacunas nos assuntos referentes aos resíduos da

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construção civil, e então foram criados novas categorias e requisitos de forma mais

detalhada, com base na legislação pertinente e revisão bibliográfica.

Após essa etapa foi realizada uma nova analise dos requisitos das metodologias de

certificação ambiental LEED, AQUA, BREEAM, e os requisitos criados para a ferramenta,

essa analise consiste em uma comparação entre si dos requisitos para eliminação dos

repetidos e seleção dos com melhor redação.

Em seguida, foi elaborada a ferramenta de avaliação com o formato de checklist a

preferencial da maioria dos autores na pesquisa bibliográfica, a ferramenta elaborada

agrupou as categorias e requisitos, tanto as criadas como as já existentes nas metodologias

de certificação ambiental. Além das categorias e requisitos foi criada uma avaliação dos

requisitos e alternativas para atender aos requisitos, com intuito de aperfeiçoar os requisitos

e facilitar o entendimento do auditado na obra. Os resultados da avaliação são dados com

três possibilidades de resposta sim, não e não aplicável.

Esta ferramenta foi desenvolvida de forma que, seguindo os passos da mesma, a obra seja

menos impactante ao meio ambiente e, consequentemente, que atenda além da legislação

pertinente.

Desenvolvimento da Certificação e Relatório final

Para o desenvolvimento da metodologia de certificação, primeiramente, foi feita uma análise

da melhor forma de avaliação, e separados os assuntos pertinentes à gestão de resíduos na

obra. Foi dada uma importância para cada requisito de avalição, expressa em requisitos

exigidos e Recomendados.

Foram elaborados critérios mínimos para que a obra seja certificada, como ainda um

número mínimo de créditos para que se enquadre em uma das classes de certificação

propostas pelo projeto, Bronze, Prata, Ouro. O selo de gestão ambiental foi criado para cada

classe de certificação a partir da ferramenta CorelDraw.

Com o objetivo de validar a ferramenta, foi escolhido um empreendimento de pequeno porte

localizado no município de Palmeira das Missões – RS, no qual foi realizada a aplicação da

mesma.

O relatório final foi dividido em duas etapas, sendo a primeira entregue no começo do mês

de novembro do ano de 2012, já corrigido e revisado. A segunda metade deverá ser

entregue em junho de 2013, já corrigido e revisado.

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4 RESULTADO E DISCUSSÃO

Esse capítulo destina-se a apresentar e discutir os resultados obtidos a partir da

Metodologia descrita no Capítulo 3. No primeiro item, “Comparação Entre as Metodologias

de Certificação”, são discutidas as formas de avaliação e a importância dada à gestão de

resíduos por cada metodologia. Logo no item seguinte, denominado “Criação de Requisitos“,

são apresentados os requisitos de avaliação criados para a ferramenta e suas referências.

Em seguida, descrito no item “Criação das Categorias”, são discutidas as categorias que

agrupam os requisitos de avaliação apresentados no item anterior. No item “Ferramenta de

Avaliação“ é descrito a forma de avaliação no canteiro de obras. E por fim, é apresentado o

item denominado “Modelo de Certificação“, onde são apresentados os selos de certificação

e a ponderação do programa.

4.1 COMPARAÇÃO ENTRE AS METODOLOGIAS DE CERTIFICAÇÃO

A comparação das metodologias consiste em avaliá-las de acordo com o tema, gestão de

resíduos, e como estão estruturadas em relação ao número de requisitos, categorias e

pontuação perante o sistema de cada método, assim, identifica-se o grau de importância da

gestão de resíduos dentro das metodologias analisadas.

Através da comparação entre o número de requisitos, categorias e pontuação é possível

identificar, além da importância dada à gestão de resíduos, quais metodologias tem o tema

mais desenvolvido e apresentam maior exigência.

A metodologia BREEAM reserva certa importância para o tema da emissão de CO2,

principalmente nos requisitos relacionados à energia e ao ambiente externo, transporte e

localização, os quais representam cerca de 70% do sistema de pontuação. Sobre a gestão

de resíduos, foram identificadas 2 categorias referentes ao tema “Gestão” e “Materiais”, que

representam 25% do sistema de pontuação da metodologia.

A categoria “Gestão”, correspondente a 15% do total da pontuação do sistema, porém

somente 9% é pertinente ao tema da gestão de resíduos. A categoria apresenta 9 requisitos

ao todo, sendo que 5 são sobre o tema: separação e reciclagem de resíduos no canteiro;

manual do usuário; transporte; e desperdício nas atividades do canteiro de obras.

Na categoria “Materiais” 10% do total de pontos, os 3 requisitos de avaliação mencionam a

gestão de resíduos: reuso de fachadas e estruturas de edifícios existentes; implicações

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ambientais da seleção de materiais; e espaços destinados ao armazenamento de

materiais reciclados.

Na metodologia LEED há uma ênfase nos temas relacionados à energia, atmosfera e sítios

sustentáveis, os quais representam 56% do total de pontos do sistema. Na questão da

gestão de resíduos, há uma categoria denominada “Materiais e Recursos”, que corresponde

a 13% da pontuação total. Os 6 requisitos de avaliação desta categoria são pertinentes ao

tema gestão de resíduos: gestão de resíduos da construção civil e demolição; incentivo ao

reuso de estruturas existentes e de materiais; uso de materiais de rápida renovação; compra

de materiais regionais; e madeiras certificadas.

A metodologia AQUA apresenta um enfoque para o tema conforto individual do usuário, o

qual tem 7 categorias e 51 requisitos no programa de pontuação. Porém, a metodologia

AQUA trabalha com um sistema de pontuação diferente, a qual não atribui uma ponderação

por categorias, e sim uma classificação geral dada a cada categoria: Bom, Superior e

Excelente. Esta classificação em níveis associada à categoria estrutura um perfil mínimo

exigido pela Qualidade Ambiental do Edifício (QAE), que também é expressa nestes três

níveis de certificação. Sendo assim, esse método de avaliação inviabilizou a comparação da

importância da gestão dos resíduos com os outros métodos perante a pontuação.

Sobre a gestão dos resíduos, a metodologia AQUA apresenta 4 categorias e 9 requisitos

relacionadas ao tema. A primeira categoria, “Relação do edifício com o seu entorno”,

somente 1 requisito é pertinente ao tema: implantação e acessibilidade à área de estocagem

dos resíduos e de compostagem dos resíduos orgânicos. Na categoria “Gestão dos resíduos

de uso e operação do edifício”, há 5 requisitos relacionados: identificar e classificar a

produção de resíduos de uso e operação do edifício com a finalidade de valorizá-los ao

máximo; estimular a triagem de resíduos na fonte geradora; facilitar a gestão dos resíduos;

otimizar os circuitos dos resíduos de uso e operação; assegurar a permanência do

desempenho do sistema de gestão de resíduos de uso e operação. A categoria “Canteiro de

obras com baixo impacto ambiental”, tem 2 requisitos sobre o tema: otimização da gestão do

canteiro; redução dos incômodos causados pelo canteiro. E a quarta categoria, “Qualidade

sanitária dos ambientes”, apresenta apenas 1 requisito pertinente: condições de higiene

específicas dos locais de estocagem e dos equipamentos de manuseio e transporte.

A metodologia proposta pelo autor é uma ferramenta direcionada inteiramente a gestão de

resíduos, sendo formada por 9 categorias e 35 requisitos pertinentes ao tema, os quais

serão descritos nos próximos tópicos.

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Tendo em vista a comparação entre as metodologias BREEAM, LEED e AQUA com a

ferramenta proposta, é possível verificar a semelhança de exigência perante a gestão de

resíduos dos sistemas já existentes, destacando-se a ferramenta proposta pelo alto grau de

exigência com o tema. Abaixo segue o Quadro 10 simplificando a comparação anterior.

Quadro 10 - Síntese da comparação entre as metodologias de certificação

Nessa análise ficam claras as diferenças entre os métodos em relação a todos os aspectos,

principalmente na gestão de resíduos, a qual certas metodologias dão mais ênfase que

outras. Para essas diferenças, a origem de criação do método é primordial. Como exemplo

disto, o LEED, que é um método americano, apresenta ênfase nos temas relacionados a

energia e atmosfera devido ao país ter como principal fonte de energia a queima de

combustíveis fósseis. Outra particularidade do método é que o número de requisitos é

menos desigual, isso devido ao fato de não possuir ponderação por requisito, logo, evita

grandes disparidades entre as categorias, a metodologia ainda apresenta alguns requisitos

bem diferenciados dos demais métodos, tendo um maior enfoque na parte de planejamento

da obra, principalmente com temas relacionados à compra de materiais e inovações

tecnológicas no edifício.

Sobre o método BREEAM, este apresentou requisitos genéricos, deixando a desejar na

redação dos requisitos quando comparado aos outros métodos. Em contra partida, o método

AQUA é o que mais necessitou simplificação da redação dos requisitos e parâmetros de

avaliação, deixando a desejar na objetividade e clareza dos seus requisitos.

Através da comparação entre os modelos de certificação, foi possível identificar a

necessidade de uma metodologia nacional, tendo em vista que as metodologias estudadas

apresentam particularidades específicas dos lugares onde foram criadas. Sendo assim, uma

particularidade brasileira é o certo descaso com relação aos resíduos sólidos em geral,

Metodologias N

o de categorias

pertinentes à gestão de resíduos

No de requisitos

pertinentes à gestão de resíduos

Importância dada à gestão dos resíduos

Tema enfatizado

BREEAM 2 8 19% do total da pontuação aborda a gestão de resíduos

Energia, ambiente externo

LEED 1 6 13% do total da pontuação aborda a gestão de resíduos

Energia, atmosfera e sítios sustentáveis

AQUA 4 9 - Conforto individual do usuário

FERRAMENTA PROPOSTA

9 35 100% da pontuação aborda a gestão de resíduos

Gestão dos resíduos

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47

incluindo os resíduos da construção civil, que representam cerca de 50% do volume dos

resíduos do país. Desta maneira, há uma necessidade da criação de uma metodologia

específica para a área de gestão de resíduos da construção civil, tendo em vista a

importância e a necessidade de maior exigência acerca do tema, justificando ainda a

proposta do projeto.

4.2 ELABORAÇÃO DE REQUISITOS

Para a ferramenta de certificação aplicada à gestão de resíduos da construção civil, foram

estabelecidos 35 requisitos de avaliação, cada qual tem uma forma de avaliação e uma

alternativa para atender o requisito.

Este item teve como início o agrupamento de todos os requisitos de avaliação referente à

gestão de resíduos encontrados nas metodologias estudadas no projeto: BREEAM, LEED e

AQUA. Após, foi feita uma nova análise para encontrar requisitos repetidos e os com melhor

redação, restando 19 requisitos a serem abordados na ferramenta proposta. Destes 19

requisitos, 5 são referente ao BREEAM, 4 ao LEED e 6 ao AQUA, tendo ainda 2 requisitos

repetidos encontrados no BREEAM e no LEED, 1 requisito repetido encontrado no BREEAM

e no AQUA e 1 requisito repetido encontrado no AQUA e também no LEED, totalizando 23

requisitos de avaliação encontradas nas metodologias estudadas.

Desta maneira, todos os requisitos encontrados nas metodologias analisadas foram

utilizados na ferramenta, mesmo os repetidos, os quais tinham algumas particularidades que

foram somadas e incorporadas na proposta de ferramenta de avaliação da gestão dos

resíduos.

Contudo, os requisitos usados na ferramenta precisaram de alterações e adequações para o

projeto, principalmente pelo fato dos métodos analisados serem específicos para a

certificação de edifícios, assim, vários requisitos referentes à gestão de resíduos referem-se

aos resíduos de uso e operação do edifício e não dos resíduos gerados durante a

construção da obra, os chamados resíduos da construção civil, como é proposto pela

ferramenta.

Na segunda etapa, foi feita uma pesquisa a legislação penitente ao tema, Resolução

CONOMA 307 e suas respectivas atualizações e ao PNRS. Esta pesquisa teve o intuito de

identificar novos requisitos, como ainda aprimorar os requisitos analisados nas metodologias

estudadas. Ao final, foram identificados 8 novos requisitos a serem abordados na

ferramenta. Esses referem-se aos requisitos de número 8, 19, 21, 26, 28, 29, 30 e 31,

apresentados no Quadro 11.

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48

Na terceira parte, foi feito um estudo do referencial bibliográfico do projeto, que, somado

ao conhecimento adquirido ao longo do curso de engenharia ambiental, identificou-se mais 4

novos requisitos a serem abordados na ferramenta, os quais se referem ao requisitos de

número 14, 15, 22 e 32, também vistos no Quadro 11. Ainda na terceira parte, foi

identificada a necessidade de criar 4 novos requisitos que especificam itens não bem

tradados nas metodologias analisadas, totalizando, após essa etapa, 35 requisitos a serem

utilizados na proposta de ferramenta de avaliação da gestão dos resíduos.

Em seguida, foi feito um novo estudo na legislação pertinente e nos referenciais técnicos

das metodologias analisadas, com o objetivo de melhorar a redação dos requisitos

abordados na ferramenta. Cada requisito foi analisado individualmente de acordo com os

padrões de referência e legislação, aplicabilidade, simplicidade e objetividade, desta

maneira, proporcionando um melhor entendimento tanto para o auditor, quanto para o

auditado.

A seguir, apresenta-se o Quadro 11 contendo os 35 requisitos de avaliação e sua

respectivas referências.

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Quadro 11 – Referências dos requisitos abordados na ferramenta

N° REQUISITO BREEAM LEED AQUA CONAMA PNRS

(1) Práticas de sustentabilidade aos

envolvidos na execução da obra

Desperdício nas diversas

atividades do canteiro de obras

-

-

Art. 6º Resolução

448/12 Art. 8º

(2) Manual de uso e operação (manual do usuário)

Manual de usuário e de condomínio

-

Manual de uso e operação do

edifício

-

-

(3) Reuso de estruturas existentes

Reuso de fachadas e estruturas de

edifícios existentes

Reuso de

estruturas existentes

-

-

-

(4) Introdução de

equipamentos e/ou medidas de retenção de particulados

da obra

-

-

Redução dos incômodos

causados pelo canteiro

-

-

(5) Implicações ambientais na seleção dos materiais

Implicações ambientais da

seleção de materiais

Uso de materiais de

rápida renovação

-

-

-

(6) Análise de fornecedores

-

-

Análise de

fornecedores

-

Art. 20º

(7) Plano de gestão de resíduos da construção civil

(PGRCC)

-

Gestão de resíduos de

construção e demolição

Identificar e classificar a

produção de resíduos de uso e operação do edifício com a finalidade de

valorizados ao máximo

Art. 8º Resolução

448/12

Art. 20º

(8) CTR - Controle de Transporte de Resíduos

-

-

-

Art. 6º

Resolução 448/12

-

(9) Transporte externo dos resíduos

Transporte

-

-

Art. 9º

Resolução 448/12

Art. 20º

(10) Uso de madeira certificada

-

Uso de madeira certificada

- - -

(11) Uso de materiais regionais

-

Uso de materiais regionais

-

- -

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N° REQUISITO BREEAM LEED AQUA CONAMA PNRS

(12) Introdução de inovações à obra

-

Introdução de inovações

tecnológicas que garantam um

desempenho acima do padrão

estabelecido pelos critérios LEED.

-

- -

(13) Participação de um profissional comprometido

com as questões ambientais na obra

-

Um profissional credenciado pelo LEED participando

da equipe de construção do

empreendimento.

-

- -

(14) Utilização de EPI - Equipamento de Proteção

Individual

-

-

- - -

(15) Sinalização de áreas de risco

-

-

- - -

(16) Triagem de resíduos na fonte geradora

-

-

Estimular a triagem de resíduos na

fonte geradora.

- -

(17) Triagem dos resíduos gerados

Separação

-

-

Art. 9º

Resolução 448/12

-

(18) Triagem dos resíduos recicláveis

Separação

-

- - -

(19) Áreas de armazenamento dos resíduos

-

-

-

Art. 9º

Resolução 448/12

-

(20) Áreas de armazenamento dos resíduos

recicláveis

Espaços destinados ao

armazenamento de materiais reciclados.

-

-

- -

(21) Sinalização das áreas de armazenamento - - - - -

(22) Dimensionamento das áreas de armazenamento

-

-

- - -

(23) Condições de higiene dos locais de estocagem e dos

equipamentos de manuseio e transporte

-

-

Condições de higiene

específicas dos locais de

estocagem e dos equipamentos de manuseio e

transporte.

- -

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N° REQUISITO BREEAM LEED AQUA CONAMA PNRS

(24) Acessos para coleta e depósito nas áreas de

armazenamento

-

-

Implantação e acessibilidade à

área de estocagem dos resíduos e de compostagem dos resíduos orgânicos.

- -

(25) Transporte interno dos resíduos

Transporte

- - - -

(26) Logística reversa

-

-

- - -

(27) Reciclagem de resíduos no canteiro de obras

Reciclagem de resíduos no

canteiro.

-

- - -

(28) Destinação dos resíduos classe A - - -

Art. 10º

Resolução 448/12

- (29) Destinação dos resíduos

classe B

-

-

-

Art. 10º

Resolução 448/12

-

(30) Destinação dos resíduos classe C

-

-

-

Art. 10º

Resolução 448/12

-

(31) Destinação dos resíduos classe D

-

-

-

Art. 10º

Resolução 448/12

-

(32) Gestão dos resíduos gerados pelos colaboradores

da obra

-

-

- - -

(33) Otimização da gestão dos resíduos

-

-

Facilitar a gestão dos resíduos e

otimizar os circuitos dos

resíduos de uso e operação.

- -

(34) Assegurar a permanência do sistema de gestão de

resíduos

-

-

Assegurar a permanência do desempenho do

sistema de gestão de resíduos de uso

e operação.

- -

(35) Limpeza das vias de interferência da obra

-

-

Redução dos incômodos

causados pelo canteiro.

- -

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52

4.3 ELABORAÇÃO DAS CATEGORIAS

Para a ferramenta de certificação, aplicado a gestão dos resíduos da construção civil, foram

estabelecidas 9 categorias, como pode ser visto na Figura 5 a seguir, que agrupam por

temas os 35 requisitos de avaliação.

Figura 5 - Categorias da ferramenta de certificação

A seguir, será descrito detalhadamente cada categoria do projeto.

Para essa categoria selecionaram-se os requisitos 1 ao 5

(Quadro 9 – Página 48), referentes ao planejamento da obra,

os quais devem avaliar a melhor maneira de executar os

diversos serviços, compras de materiais e a definição das

metas, prazos e qualidade a serem exigidas durante a

execução da obra.

A categoria avalia os produtos já beneficiados e seus impactos ambientais, como ainda o

consumo de matérias primas, a reutilização de componentes e elementos estruturais através

do reuso de estruturas de edificações já existentes, entre outros. Assim, se faz necessário o

apoio da equipe de engenharia de concepção do projeto para planejar todas as etapas de

construção da obra, a compra de materiais, serviços e equipamentos, prever os locais de

maior produção de resíduos e promover a capacitação dos colaboradores e a

conscientização da importância de cada um na gestão dos resíduos.

Na seguinte categoria selecionaram-se os requisitos 6 ao 11

(Quadro 9 – Página 48) que envolvem toda a documentação

formal necessária para a correta gestão.

Essa categoria deve ser apurada pelo cliente antes da auditoria, tendo em vista a

necessidade de análise de diversos documentos que devem estar em mãos no dia da

auditoria.

PLANEJAMENTO E

MATERIAIS

DOCUMENTOS

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Nesta categoria selecionaram-se os requisitos 12 e 13

(Quadro 9 – Páginas 49), objetivando incentivar o

empreendimento a buscar novas soluções além dos requisitos

apresentados.

Destina-se a obras que apresentam inovações mensuráveis que garantem uma melhoria na

gestão dos resíduos para alcançar um benefício não identificado pelos requisitos propostos.

Essa categoria teve como referência a categoria Inovação e Design da metodologia LEED.

Para esta categoria selecionaram-se os requisitos 14 e 15

(Quadro 9 – Página 49), os quais avaliam na obra o mínimo de

saúde e segurança do trabalho no canteiro de obras.

Esse tema não é tratado nas metodologias BREEAM, LEED, AQUA, da mesma maneira,

não é prioridade para a ferramenta proposta, então, identificaram-se requisitos mínimos de

saúde e segurança exigidos no canteiro que tenham ligação com os resíduos gerados na

obra.

Na categoria em questão selecionaram-se os requisitos 16, 17

e 18 (Quadro 9 – Página 49), que representam toda a triagem

necessária dos resíduos da construção civil gerados no

canteiro de obras.

Essa categoria é de extrema importância para a valorização dos resíduos gerados na obra e

ainda possibilita a correta destinação dos mesmos, sendo separados de acordo com o tipo

de resíduo e sua finalidade.

Selecionaram-se os requisitos 19 ao 23 (Quadro 9 – Página

49), que abordam toda a parte de armazenamentos dos RCC

gerados na obra.

Destina-se ao armazenamento de todos os resíduos da construção civil gerados na obra,

segundo o tipo do resíduo e sua finalidade e também ao armazenamento dos equipamentos

de manuseio utilizados.

Para a seguinte categoria selecionaram-se os requisitos 24 e

25 (Quadro 9 – Página 50), destinando-se ao transporte interno

dos resíduos.

INOVAÇÃO E

CRIATIVIDADE

SAÚDE E SEGURANÇA

DO TRABALHO DA

OBRA

TRIAGEM

ARMAZENAMENTO

TRANSPORTE

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A categoria aborda o transporte interno dos resíduos no canteiro de obras e os acessos,

tanto interno como externo para a coleta e a disposição destes. O tema sobre o transporte

externo é tratado na categoria Documentos.

Nessa categoria selecionaram-se os requisitos 26 ao 31

(Quadro 9 – Página 50), tratando da destinação dos resíduos

da construção civil gerados na obra.

Esta categoria trata-se da correta destinação seguindo a classificação CONAMA no 307

atualizada pela resolução no 448, incluindo também a logística reversa e a reciclagem de

resíduos no canteiro de obras.

Selecionaram-se os requisitos 32 ao 35 (Quadro 9 – Página

50), que apresentam, de uma forma geral, a qualidade do

sistema de gestão implantado na obra.

Questiona o sistema de gestão de forma geral, incluindo a qualidade das estruturas

implantadas, a organização e a limpeza, tanto na obra como em seu entorno.

4.4 CLASSIFICAÇÃO DOS REQUISITOS

A ponderação da ferramenta de certificação utilizou como base os modelos propostos pela

metodologia LEED, que não atribui ponderação entre os requisitos de avaliação, e a

metodologia AQUA, que não avalia seu método por categoria e sim, por importância no

contexto geral.

Desta maneira, a ferramenta proposta, que não tem um padrão de número de requisitos de

avaliação por categoria, não atribui pontuação para as mesmas, assim, evitando que a

diferença de quantidade de requisitos dentro das categorias não gere uma avaliação

precipitada sobre a qualidade da gestão dos resíduos.

Os requisitos de avaliação também não recebem pontuação, e sim, são classificados de

acordo com a importância de cada requisito, expressa em “Exigido” ou “Recomendado”. Os

requisitos considerados exigidos são os entendidos como indispensáveis pela legislação

pertinente para a correta gestão dos resíduos na obra. Já os requisitos considerados

recomendados, são os que aumentam a qualidade do sistema de gestão, fazendo com que

a obra seja menos impactante ao meio ambiente e ao entorno da obra, mas ainda assim são

considerados importantes num contexto geral da gestão. Neste contexto, foram

selecionados 15 requisitos de avaliação como “Exigidos” e 20 requisitos de avaliação como

“Recomendado”, como é visto no Quadro 12 a seguir.

Destinação

QUALIDADE DO

SISTEMA DE GESTÃO

DOS RESÍDUOS

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Quadro 12 - Requisitos de avaliação, expressa em Exigido ou Recomendado

REQUISITOS EXIGIDOS REQUISITOS RECOMENDADOS

(7) Plano de gestão de resíduos da construção civil

(PGRCC)

(1) Práticas de sustentabilidade aos envolvidos na execução da

obra

(8) CTR - Controle de Transporte de Resíduos (2) Manual de uso e operação (manual do usuário)

(9) Transporte externo dos resíduos (3) Reuso de estruturas existentes

(14) Utilização de EPI - Equipamento de Proteção

Individual

(4) Introdução de equipamentos e/ou medidas de retenção de

particulados da obra

(15) Sinalização de áreas de risco (5) Implicações ambientais na seleção dos materiais

(17) Triagem dos resíduos gerados (6) Análise de fornecedores

(18) Triagem dos resíduos recicláveis (10) Uso de madeira certificada

(19) Áreas de armazenamento dos resíduos (11) Uso de materiais regionais

(20) Áreas de armazenamento dos resíduos recicláveis (12) Introdução de inovações à obra

(21) Sinalização das áreas de armazenamento (13) Participação de um profissional comprometido com as

questões ambientais na obra

(28) Destinação dos resíduos classe A (16) Triagem de resíduos na fonte geradora

(29) Destinação dos resíduos classe B (22) Dimensionamento das áreas de armazenamento

(30) Destinação dos resíduos classe C (23) Condições de higiene dos locais de estocagem e dos

equipamentos de manuseio e transporte

(31) Destinação dos resíduos classe D (24) Acessos para coleta e depósito nas áreas de

armazenamento

(32) Gestão dos resíduos gerados pelos colaboradores

da obra (25) Transporte interno dos resíduos

(26) Logística reversa

(27) Reciclagem de resíduos no canteiro de obras

(33) Otimização da gestão dos resíduos

(34) Assegurar a permanência do sistema de gestão de

resíduos

(35) Limpeza das vias de interferência da obra

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56

O fato de não ter sido atribuída uma pontuação diferente para cada requisito elimina o

erro da estimativa, pois uma pontuação teria que ser estimada para cada, fazendo com que

estes tivessem importâncias diferentes, o que permitiria dar uma falsa sensação de maior

importância a algum requisito em relação a outro. Desta maneira, optou-se em não estimar

valores para cada requisito de avaliação e sim, classificá-los em dois grupos de importância

na gestão dos resíduos: “Exigido” ou “Recomendado”.

Através desse método, supõe-se que o empreendimento releva apenas dois níveis de

importância, concentrando maiores esforços conforme o que o empreendimento almeja com

a certificação: atender apenas a legislação pertinente ou também melhorar a qualidade do

seu sistema de gestão de resíduos com o objetivo de minimizar os impactos ao meio

ambiente.

4.5 FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO DA GESTÃO

A ferramenta de avaliação é estruturada em formato de Checklist, formato preferencial das

metodologias estudadas. O checklist tem como objetivo verificar as atividades já efetuadas e

as que ainda serão feitas no canteiro de obras. Essa verificação é dada por requisitos de

avaliação pré-definidos que norteiam os princípios de sustentabilidade para a construção

civil, identificando aspectos como: sustentabilidade social, econômica e ambiental.

A estrutura da ferramenta de verificação é vista logo abaixo, na Figura 6. Porém, a

ferramenta completa é vista no anexo 1, no final do projeto.

Primeiramente, a categoria é identificada, sendo que esta tem a finalidade de facilitar a

auditoria no canteiro de obras e melhorar o entendimento do tema principal abordado por

cada requisito de avaliação. As categorias fazem a primeira filtragem do tema a ser

abordado pelos requisitos.

Em seguida, vem um conjunto de diretrizes: o requisito que deve ser atendido pelo

empreendimento, sendo que cada um tem uma forma de ser avaliado; a avaliação, que

refere-se à descrição do que deve ser observado na obra para atender o requisito; e ainda,

Figura 6 - Estrutura da ferramenta de avaliação

CATEGORIA N° REQUISITO

CRITÉRIOS

DE

AVALIAÇÃO

ALTERNATIVA EXIGIDO /

RECOMENDADO

AVALIAÇÃO

SIM NÃO NÃO

APLICA

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57

para esse mesmo requisito, há uma alternativa que descreve a forma esperada para o

empreendimento atender o requisito solicitado na obra.

Nesse conjunto, procurou-se facilitar a forma de exibição para que a ferramenta possa ser

usada tanto como uma ferramenta de certificação, quanto como um guia para a gestão dos

resíduos.

Os requisitos de avaliação podem ser classificados como “Exigido” ou “Recomendado”, de

acordo com a sua importância na gestão dos resíduos, como foi especificado no item

anterior.

E, por fim, cada requisito apresenta três opções de resposta: sim, não ou não aplicável. A

pontuação é obtida no critério quando a resposta é afirmativa.

A opção “Não Aplicável” da ferramenta de avaliação é válida somente para os requisitos

recomendados, destinando-se a obras que não necessitam de itens específicos presentes

nos requisitos, como por exemplo, madeira certificada: se o empreendimento não compra

madeira, o requisito que fala sobre esse tema não se aplica a esta obra. Sendo assim, a

ponderação para obter o nível de certificação (bronze, prata ou ouro), neste caso, deve ser

proporcional somente ao total de requisitos aplicáveis.

4.6 CLASSIFICAÇÃO DA GESTÃO DOS RESÍDUOS NA OBRA

O empreendimento é avaliado conforme o desempenho obtido em todos os requisitos, e

recebe a certificação quando atende o desempenho associado ao perfil mínimo exigido por

cada nível de certificação, Bronze, Prata ou Ouro, visto no Quadro 13.

Quadro 13 - Perfil mínimo exigido por cada nível de certificação

Bronze Prata Ouro

Todos os requisitos exigidos

Todos os requisitos exigidos e

40% a 70% dos requisitos

recomendados

Todos os requisitos exigidos e

75% a 100% dos requisitos

recomendados

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58

O primeiro nível de certificação é o Bronze, que consiste na conformidade somente dos

15 requisitos considerados como exigidos para a Gestão dos Resíduos da Construção Civil

(Figura 7).

Figura 7 - Selo de Gestão Ambiental nível Bronze

O segundo nível de certificação é o Prata, é o nível intermediário da Gestão de Resíduos da

Construção Civil, que exige a conformidade dos 15 requisitos considerados exigidos e 40%

a 70% dos requisitos considerados recomendados para a melhoria do desempenho do

Sistema de Gestão (Figura 8).

Figura 8 - Selo de Gestão Ambiental nível Prata

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O melhor nível de desempenho ambiental é o nível Ouro, considerado como nível

avançado na gestão dos resíduos da construção civil. Para o empreendimento ser

certificado nesse nível é necessário a conformidade dos 15 requisitos considerados exigidos

e 75% a 100% dos requisitos considerados recomendados para a melhoria do desempenho

do Sistema de Gestão (Figura 9).

Figura 9 - Selo de Gestão Ambiental nível Ouro

Procurou-se definir os níveis de classificação de acordo com a legislação pertinente e o

aumento do desempenho ambiental no canteiro de obras.

Todos os níveis de certificação precisam de um perfil mínimo exigido, esse perfil, no nível

prata e ouro, tem uma amplitude de até 30% dentro do nível de certificação. Essa amplitude

é vista no nível prata como sendo 40-70% de conformidade dos requisitos recomendados, e

no nível ouro, é visto em 75-100% de conformidade dos requisitos recomendados.

Essa amplitude de porcentagem do perfil mínimo exigido para atingir o nível de certificação

é uma tentativa de estimular o auditado na obra a almejar uma melhoria, pelo fato que se o

perfil fosse mais rígido, como por exemplo, 100% dos requisitos devessem ser atendidos

para obter o nível ouro, poderia desestimular o auditado pela dificuldade de atingir esse

nível. O selo de gestão ambiental foi criado a partir de conceitos de selos ambientais

existentes, como os selos da ISO 14001, LEED, AQUA e BREAM. A criação do selo teve

auxilio da ferramenta CorelDraw.

A aplicação do programa no empreendimento mostrou resultados satisfatórios, pois não foi

preciso efetuar alterações na estrutura do programa e nem no conjunto de diretrizes,

formado por requisito, critérios de avaliação e alternativa. Observou-se ainda, que o mesmo

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60

apresentou objetividade nos requisitos, clareza das informações e esclareceu dúvidas aos

auditados.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este tópico refere-se às conclusões obtidas a respeito dos objetivos como uma forma de

avaliação da execução e sucesso do projeto realizado, assim como uma síntese das

limitações acerca dos métodos estudados e fragilidades e potencialidades do programa de

certificação proposto. Ao final do capítulo, identificaram-se recomendações para trabalhos

futuros.

5.1 CONCLUSÕES

As conclusões são apresentadas quanto aos objetivos e quanto aos métodos priorizados

nesta pesquisa e ainda, a respeito da proposta do programa de certificação, conforme os

itens a seguir.

5.1.1 Quanto aos objetivos do trabalho

Em relação aos objetivos específicos, previamente estabelecidos, estes foram devidamente

alcançados por meio do desenvolvimento da pesquisa.

O primeiro objetivo específico ”Definir os indicadores da gestão de resíduos da

construção civil dentro das certificações ambientais de edifícios existentes e

legislações específicas” foi alcançado, inicialmente, por meio da elaboração do capitulo 2

(Fundamentação teórica), onde foram abordados todos os requisitos/indicadores pertinentes

a gestão de resíduos da construção civil das metodologias de certificação ambiental e

legislação pertinente nos tópicos “2.3 Legislações Pertinente” e “2.6 Metodologias de

Certificação Ambiental”.

Posteriormente é definido o capitulo 4 (Resultados e Discussões), onde no tópico “4.1

Comparação entre as Metodologias de Certificação”, são apresentados de forma sintetizada

os requisitos/indicadores referentes somente a gestão de resíduos da construção civil dentro

das certificações ambientais de edifícios existentes. Entretanto, o objetivo foi alcançado por

completo ainda no capitulo 4 (Resultados e Discussões), tópico “4.2 Criação dos

Requisitos”, onde são apresentados todos os requisitos/indicadores criados para a

ferramenta proposta e, consequentemente, a definição dos indicadores da gestão de

resíduos da construção civil dentro das certificações ambientais de edifícios existentes e

legislações específicas.

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61

O segundo objetivo específico “Elaborar a ferramenta para avaliação da gestão de

resíduos da construção civil” apresentou embasamento inicial no capitulo 2

(Fundamentação Teórica), com o tópico “2.6 Metodologias de Certificação Ambiental”, onde

foi identificada a forma em Checklist como a preferencial das metodologias analisadas.

Em seguida, no capitulo 4 (Resultados e Discussões), tópico “4.4 Ferramenta de Avaliação

da Gestão”, é descrito a estrutura da ferramenta proposta de avaliação da gestão dos

resíduos, sendo que este objetivo foi concluído em sua plenitude no anexo do projeto, com a

ferramenta completa de avaliação da gestão de resíduos da construção civil.

O terceiro objetivo específico “Desenvolver o programa de certificação para metodologia

de gestão de resíduos da construção civil” foi alcançado através do cumprimento dos

tópicos “4.5 Classificação dos Requisitos”, o qual consiste na classificação dos requisitos em

dois grupos de importância na gestão dos resíduos: “Exigido” ou “Recomendado”; e através

do tópico “4.6 Classificação da Gestão dos Resíduos na Obra”, que avalia a gestão da obra

conforme o desempenho obtido em todos os requisitos, permitindo uma certificação

associado ao perfil mínimo exigido por cada nível de certificação (bronze, prata e ouro).

Referente ao objetivo geral, “Desenvolver uma proposta de programa de certificação,

aplicado a gestão de resíduos da construção civil”, este foi concluído plenamente no

alcance integral dos três objetivos específicos. Nestes objetivos, o conjunto de requisitos

inseridos na ferramenta de avaliação para a gestão dos resíduos da construção civil orienta

o setor da construção civil a adequação às práticas de sustentabilidade ambiental, social e

econômica; e a ponderação para cada requisito de avaliação permite a certificação da obra

associada a um perfil mínimo exigido pelos níveis de certificação da gestão de resíduos da

construção civil.

5.1.2 Quanto aos métodos de certificação priorizados na pesquisa

As metodologias apresentadas na pesquisa dão pouca importância aos requisitos de

avaliação referente à gestão de resíduos, sendo possível notar que houve a necessidade de

acrescentar vários requisitos de avaliação na ferramenta proposta, ou seja, ocorreu a

omissão de processos inerentes às atividades geradoras de resíduos nas metodologias

analisadas. Esta pouca importância dada aos resíduos pode ser associada à realidade de

onde cada metodologia foi criada, que historicamente, não apresentam grandes problemas

associados aos resíduos da construção civil, diferentemente do Brasil, onde é visto no

capítulo “Fundamentação Teórica” que os resíduos são considerados, por muitos, como

sendo um dos maiores problemas do setor. Isto também pode ser justificado pelo fato de

que as metodologias analisadas associam a certificação a edifícios, e estes tem várias áreas

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62

a ser analisadas pelas metodologias, o que pode fazer com que temas como os resíduos

não sejam especificados como deveriam ser.

5.1.3 Quanto à proposta do programa de certificação

O Programa de Certificação Aplicado a Gestão de Resíduos da Construção Civil é uma

ferramenta estruturada em aspectos ambientais, sociais e econômicos. O programa Alcançou

o termo sustentabilidade da gestão no canteiro de obras da construção civil. E também

mostrou-se apropriado como uma forma de orientação da gestão no canteiro de obras, além

de uma ferramenta de certificação da gestão de resíduos da construção civil adequada à

realidade brasileira.

A ferramenta apresenta-se adequada a empreendimentos que contenham no mínimo o

Plano de Gerenciamento dos Resíduos da Construção Civil (PGRCC), tendo em vista o

Artigo 19 da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que trata o plano como

documento obrigatório no processo de licenciamento das atividades e que deve contemplar

os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, armazenamento, coleta,

transporte, tratamento e disposição final dos resíduos, bem como a eliminação dos riscos, a

proteção à saúde e ao ambiente. Desta maneira, a ferramenta é aplicável a qualquer

empreendimento gerador de resíduos da construção civil que queira partilhar do principio da

sustentabilidade além de atender a legislação pertinente e buscar o reconhecimento pela

qualidade do seu sistema de gestão de resíduos.

A proposta da ferramenta de avaliação confirma as expectativas geradas entorno da falta de

orientação do setor da construção civil para incorporar o conceito de sustentabilidade no

canteiro de obras.

5.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

A partir da pesquisa desenvolvida e dos resultados apresentados, sugere-se, como

recomendação para futuros trabalhos, as seguintes oportunidades:

Operacionalização do Programa: sugere-se implantação do programa, o qual deve conter

sugestões de abordagem sobre a auditoria na obra; diagnóstico da validade da auditoria e

necessidade de revisões periódicas na obra, com o intuito de avaliar a manutenção da

gestão dos resíduos no empreendimento; criar etapas dos processos de operação; elaborar

relatórios; notificações e termos de ajustes; como ainda, identificar os responsáveis pelas

respostas da avaliação no dia da auditoria.

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Validação do programa de certificação: utilizar a ferramenta proposta com a finalidade

de avaliar o grau da gestão dos resíduos dos empreendimentos de diferentes portes e em

diferentes estágios da obra e diversas localizações. A partir do resultado alcançado (número

de requisitos atendidos), identificar o nível da certificação que os empreendimentos

alcançaram e, assim, desenvolver objetivos, metas e programas para a melhoria contínua

do sistema de gestão dos resíduos.

Desenvolvimento de programas de certificação para outros setores: comprovar a

viabilidade do caráter replicável da metodologia elaborada no presente projeto com a

elaboração de requisitos de avaliação para outros setores deficientes em orientações neste

sentido.

Incorporar atualizações de metodologias de certificação: a ferramenta está estruturada

com base em três metodologias de certificação, porém, essas metodologias periodicamente

sofrem atualizações, algumas delas são aperfeiçoadas a cada ano e novas metodologias

surgem. Desta maneira, recomenda-se incorporar novas metodologias de certificação e até

mesmo sugerir que quanto mais metodologias, mais criteriosa será a ferramenta, pelo fato

que mais metodologias incorporadas resultarão em mais requisitos de avalição e,

consequentemente, maior será a especificação e a abrangência da avaliação executada.

Elaboração de Software para Tablet PCs: para o gerenciamento dos requisitos e

classificação do empreendimento em um dos níveis proposto pela ferramenta em tempo real

na auditoria, havendo a adaptação do Conjunto de Requisitos e Diretrizes para um software

com interface objetiva e de fácil compreensão, facilitando a manutenção dos requisitos

atendidos e aqueles a serem alcançados.

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7 APÊNDICE

FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO DA GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO

CIVIL

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CATEGORIA N° REQUISITO CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ALTERNATIVA EXIGIDO/ RECOMENDADO

AVALIAÇÃO

SIM NÃO NÃO APLICA

PLANEJAMENTO

E MATERIAIS

(1) Práticas de sustentabilidade aos

envolvidos na execução da obra

Os colaboradores que estão no canteiro com a responsabilidade de executar as tarefas da obra, estão envolvidos e conscientizados sobre suas responsabilidades na gestão dos resíduos?

Prever uma conscientização dos colaboradores na apresentação do PGRCC a obra, realizar treinamento que incentive a redução da geração dos resíduos nas atividades construtivas e o não desperdício nas diversas atividades do canteiro de obras.

RECOMENDADO

(2) Manual de uso e operação

Está previsto a elaboração do manual de usuário ao empreendimento?

Elaborar o manual de uso e operação da organização, contendo características técnicas da edificação, descrição de procedimentos recomendáveis e obrigatórios para a conservação, uso e manutenção da edificação e operação dos seus equipamentos.

RECOMENDADO

(3) Reuso de estruturas existentes

As estruturas utilizadas para acabamento, pintura e outros, pode ser facilmente desmontada e reutilizada na obra? A obra reutiliza fachadas e estruturas de obras existentes?

Reutilizar fachadas, portas, pisos e outras estruturas de obras existentes. Usar estruturas que podem ser facilmente removidas separadamente para renovação e remodelação e reuso. Elaborar programas para organizar a demolição seletiva ou desconstrução.

RECOMENDADO

(4) Introdução de equipamentos e/ou medidas de retenção de particulados

da obra

A obra utiliza equipamentos e/ou medidas que retenham os particulados gerados?

Adotar equipamentos para retenção de particulados, como telas ao redor do empreendimento, filtros, aspiradores. Molhar as áreas com excesso de particulados.

RECOMENDADO

(5) Implicações ambientais na seleção dos materiais

A organização faz uso de materiais reciclados e/ou de rápida renovação?

Selecionar e utilizar materiais com menor impacto ao meio ambiente, como bambu, lã, isolamento por algodão, sacos biodegradáveis e materiais reutilizados.

RECOMENDADO

DOCUMENTOS

(6) Avaliação de fornecedores

Há registros dos fornecedores de materiais, serviços e processos implementados na obra?

Registrar em documento informações como produto fornecido, razão social, n° da licença, endereço e contato, dos fornecedores dos materiais e serviços utilizados na obra como fundações, contra piso, revestimento em geral (parede, teto, entre outros).

RECOMENDADO

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CATEGORIA N° REQUISITO CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ALTERNATIVA EXIGIDO/ RECOMENDADO

AVALIAÇÃO

SIM NÃO NÃO APLICA

DOCUMENTOS

(7) Plano de gestão de resíduos da construção civil (PGRCC)

Há um PGRCC que atenda os requisitos exigidos pela PNRS e CONAMA 307 ao empreendimento?

Adotar o PGRCC, que no mínimo atenda a PNRS e CONAMA 307 e assim identifique e classifique os tipos de resíduos gerados com a finalidade de valorizar ao máximo, selecione transportadores cadastrados no Poder Públicas e alternativas para destinação.

EXIGIDO

(8) CTR - Controle de Transporte de Resíduos

Há o documento de Controle de Transporte de Resíduos (CTR) que especifique e controle a origem e a destinação dos resíduos?

Elaborar documento de CTR, que identifique e registre os transportadores e os locais de destinação dos resíduos em conformidade com as normas técnicas específicas.

EXIGIDO

(9) Transporte externo dos resíduos

Há o documento que comprove que o deslocamento externo é executado por transportadores cadastrados e licenciadas pelo Poder Público?

O transporte externo deve ser feito por empresas cadastradas e licenciadas pelo Poder Público, respeitando as etapas anteriores e as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos e/ou cooperativas.

EXIGIDO

(10) Uso de madeira certificada

Há documento que certifique que no mínimo 50% do custo mensal gasto com madeira utilizada e/ou produtos derivados da madeira utilizada na obra são certificados?

Identificar fornecedores cadastrados em órgãos responsáveis e estabelecer meta para utilização da madeira certificada. RECOMENDADO

(11) Uso de materiais regionais

Há documento que certifique que no mínimo 30% do total gasto em materiais na obra são fabricados a menos de 300 km do local da obra?

Identificar fornecedores de materiais regionais a e estabelecer uma meta de aquisição.

RECOMENDADO

INOVAÇÃO E

CRIATIVIDADE

(12) Introdução de inovações à obra

Existe inovação tecnológica ou artesanal que garanta um desempenho acima do padrão estabelecido pelos critérios dessa ferramenta?

Introduzir inovações à obra as quais estabeleçam um padrão acima dos critérios dessa ferramenta, Inovações como captação da água da chuva para limpeza no local de trabalho, uso de energia solar e permacultura em áreas temporárias da obra, entre outros.

RECOMENDADO

(13) Participação de um profissional comprometido com as questões ambientais na obra

Existe um profissional credenciado relacionado a resíduos comprometido com as questões ambientais na obra?

Participação de um engenheiro ambiental, e/ou outro profissional classificado na área ambiental.

RECOMENDADO

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CATEGORIA N° REQUISITO CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ALTERNATIVA EXIGIDO/ RECOMENDADO

AVALIAÇÃO

SIM NÃO NÃO APLICA

SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO DA

OBRA

(14) Utilização de EPI - Equipamento de Proteção

Individual

Os colaboradores tem treinamento sobre o uso de EPIs e fazem uso corretamente destes com as devidas especificações?

Disponibilizar EPIs e incentivar, treinar, registrar e alertar sobre a importância do seu uso.

EXIGIDO

(15) Sinalização de áreas de risco

Há sinalização de segurança com placas, adesivos ou outros nos locais de eminente risco?

Sinalizar áreas de perigo onde não seja possível evitar a existência destes ou onde estes não possam ser adequadamente reduzidos através da aplicação de medidas preventivas.

EXIGIDO

TRIAGEM

(16) Triagem de resíduos na fonte geradora

Os diferentes resíduos gerados na obra são segregados diretamente na fonte geradora de acordo com sua classe?

Implantar medidas e estimular os colaboradores para a realização da triagem de resíduos na fonte geradora, ex.: disponibilizar recipientes coletores de resíduos próximos às zonas de geração.

RECOMENDADO

(17) Triagem dos resíduos gerados

É feita a triagem segundo a Resolução CONAMA 307 que estabelece classes A, B, C e D dos diferentes resíduos?

Segregar os resíduos de acordo com a classificação do CONAMA 307. EXIGIDO

(18) Triagem dos resíduos recicláveis

É feita a triagem dos resíduos classe B, separando-os, no mínimo em papel, vidro, plástico, metal e madeira?

Segregar os resíduos classe B seguindo a classificação dos resíduos recicláveis. EXIGIDO

ARMAZENAMENTO

(19) Áreas de armazenamento dos resíduos

As áreas de armazenamento são adequadas e específicas para cada classe A, B, C e D estabelecidas pelo CONAMA 307?

As áreas destinadas ao armazenamento devem ser específicas para cada classe de resíduos, e adequadas à destinação, ex.: local coberto e impermeável, baias, contêiner, entre outros.

EXIGIDO

(20) Áreas de armazenamento dos resíduos recicláveis

As áreas destinadas ao armazenamento dos resíduos de classe B são divididas no mínimo em papel, vidro, plástico, metais e madeira, e são adequadas à suas destinações?

As áreas destinadas ao armazenamento dos recicláveis devem ser divididas no mínimo em papel, vidro, plástico, metais e madeira, e adequadas para possibilitar a sua correta destinação para reciclagem e reuso.

EXIGIDO

(21) Sinalização das áreas de armazenamento

Áreas destinadas ao armazenamento estão com a devida sinalização?

Posicionar placas e/ou adesivos que identifique os diferentes tipos de áreas de armazenamento.

EXIGIDO

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CATEGORIA N° REQUISITO CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ALTERNATIVA EXIGIDO/ RECOMENDADO

AVALIAÇÃO

SIM NÃO NÃO APLICA

ARMAZENAMENTO

(22) Dimensionamento das áreas de armazenamento

O dimensionamento das áreas de acondicionamento de resíduos é adequado ao volume gerado?

Dimensionar as áreas de acondicionamento, tendo como base valores levantados em referências bibliográficas nacionais e internacionais de obras que tenham o mesmo padrão (sistema construtivo, número de pavimentos, área construída, etc).

RECOMENDADO

(23) Condições de higiene dos locais de estocagem e dos

equipamentos de manuseio e transporte

Os locais de estocagem são mantidos limpos e isentos de pó, contaminação e umidade? Os equipamentos de manuseio e transporte são higienizados para o seu uso no dia seguinte?

Manter os locais de estocagem limpos e isentos de umidade. Higienizar os equipamentos de manuseio e transporte quando necessário e sempre ao final do dia de trabalho. Pode ser aplicada a técnica japonesa dos 5 S, que fala na liberação de áreas, organização, limpeza, padronização, asseio e arrumação e disciplina no local de trabalho.

RECOMENDADO

TRANSPORTE

(24) Acessos para coleta e depósito nas áreas de

armazenamento

É de fácil acesso as áreas dedicadas à coleta e disposição dos diversos resíduos gerados na obra, principalmente dos resíduos gerados em maior volume e maior frequência?

Espaço central fornecido com bons acessos destinados ao armazenamento de materiais recicláveis. Considerar o acesso aos caminhões para os resíduos de classe A.

RECOMENDADO

(25) Transporte interno dos resíduos

O deslocamento interno até depósitos temporários e/ou até contêineres ou baias de armazenamento para coleta e/ou reutilização é realizado de forma organizada e pratica?

Definição de equipamentos de transporte (gruas, andaimes suspensos, carrinhos de mão, etc.) e a quantidade de equipamentos necessários na obra, o fluxo dos resíduos no canteiro, evitando transtornos e interferências no desenvolvimento da obra, particularmente em canteiros com áreas reduzidas.

RECOMENDADO

DESTINAÇÃO

(26) Logística reversa

Há logística reversa de materiais na obra?

Identificar fornecedores e promover a logística reversa, retornando resíduos, como o gesso, plástico, embalagens, entre outros ao seu local de fabricação.

RECOMENDADO

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CATEGORIA N° REQUISITO CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ALTERNATIVA EXIGIDO/ RECOMENDADO

AVALIÇÃO

SIM NÃO NÃO APLICA

DESTINAÇÃO

(27) Reciclagem de resíduos no canteiro de obras

Há medidas e/ou equipamentos que promovem a reciclagem dos resíduos no próprio canteiro de obras?

Reciclar os diferentes resíduos, principalmente os de classe A na forma de agregados no próprio canteiro de obras, Ex.: britador mandíbula e britador de impacto.

RECOMENDADO

(28) Destinação dos resíduos classe A

Estes resíduos são encaminhados para áreas Licenciadas?

Os resíduos de classe A podem ser destinados para aterros da construção civil ou usina de reciclagem, entre outros.

EXIGIDO

(29) Destinação dos resíduos classe B

Estes resíduos são encaminhados para cooperativas?

Centros de triagem e reciclagem e estabelecimentos que utilizam caldeira para a utilização das sobras de madeira que não podem ser reutilizadas ou recicladas na obra.

EXIGIDO

(30) Destinação dos resíduos classe C

Estes resíduos são destinados em conformidade com as normas técnicas específicas do resíduo gerado?

Armazenamento dos resíduos e aplicação de logística reversa.

EXIGIDO

(31) Destinação dos resíduos classe D

Estes resíduos são destinados em conformidade com as normas técnicas específicas do resíduo gerado?

Destinação para aterro industrial, co-processamento ou aplicação de logística reversa.

EXIGIDO

QUALIDADE DO SISTEMA DE GESTÃO

DOS RESÍDUOS

(32) Gestão dos resíduos gerados pelos colaboradores

da obra

Existem estruturas de coleta dos resíduos gerados pelos colaboradores da obra, incluindo resíduos dos banheiros, lixo orgânico e reciclado?

Incluir no planejamento a coleta dos resíduos gerados pela permanência dos colaboradores no local de trabalho, (copos plásticos, bitucas de cigarro, restos de alimentos, entre outros).

EXIGIDO

(33) Otimização da gestão dos resíduos

A gestão dos resíduos é prática e otimiza o tempo dos serviços corriqueiros da obra?

Adotar uma gestão funcional na obra que garanta o cumprimento das etapas previstas. RECOMENDADO

(34) Assegurar a permanência do sistema de gestão de

resíduos

Há iniciativas de gestão dos resíduos após a conclusão do canteiro de obras e planejamento de futuras evoluções da obra?

Permanência de coletores de resíduos de diversos tipos. Antecipar os futuros locais de reaproveitamento e serviços de retirada de resíduos.

RECOMENDADO

(35) Limpeza das vias de interferência da obra

As vias de interferência diretamente afetadas pela obra são limpas?

Limpar frequentemente as vias de acesso ou molhar superficialmente quando não for possível a limpeza imediata.

RECOMENDADO

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