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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI VERA LUCIA LÂNGARO …siaibib01.univali.br/pdf/Vera Lucia Langaro...

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI VERA LUCIA LÂNGARO AMARAL ESTUDO DE TOXICIDADE REPRODUTIVA E POTENCIAL MUTAGÊNICO DE FITOTERÁPICO CONTENDO Cinchona calisaya, Jateorhiza palmata, Centaurim erythraea, Baccharis trimera, Artemisia absinthium, Matricaria recutita e Cinnamomum cassia. Itajaí, 2011.
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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI

VERA LUCIA LÂNGARO AMARAL

ESTUDO DE TOXICIDADE REPRODUTIVA E POTENCIAL

MUTAGÊNICO DE FITOTERÁPICO CONTENDO Cinchona calisaya, Jateorhiza palmata, Centaurim erythraea, Baccharis trimera, Artemisia

absinthium, Matricaria recutita e Cinnamomum cassia.

Itajaí, 2011.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI

PROGRAMA DE MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

SUBSTÂNCIAS BIOATIVAS

VERA LUCIA LÂNGARO AMARAL

ESTUDO DE TOXICIDADE REPRODUTIVA E POTENCIAL MUTAGÊNICO DE FITOTERÁPICO CONTENDO Cinchona calisaya,

Jateorhiza palmata, Centaurim erythraea, Baccharis trimera, Artemisia

absinthium, Matricaria recutita e Cinnamomum cassia.

Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas.

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Faloni de Andrade. Co-orientador: Prof. Dr. Rilton Alves de Freitas.

Itajaí, julho de 2011

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FICHA CATALOGRÁFICA

A 13e

Amaral, Vera Lucia Lângaro, 1964-

Estudo de toxicidade reprodutiva e potencial mutagênico

de fitoterápico contendo Cinchona calisaya, Jateorhiza palamta,

Centaurim erythraea, Baccharis trimera, Artemísia absinthium,

Matricaria recutita e Cinnamomum cassia / Vera Lucia Lângaro

Amaral, 2011.

76 f. ; il., tab. ; fig.

Cópia de computador (Printout(s)).

Dissertação (Mestrado) Universidade do Vale do Itajaí,

Mestrado em Ciências Farmacêuticas.

“Orientador : Prof. Dr. Sérgio Faloni de Andrade”

Bibliografia : p.62-76

1. Fitoterapia. 2. Testes de mutagenicidade. 3. Pesquisa

de mutagenos. 4. Camundongo. 5. Química farmacêutica. I. Título.

CDU: 615.1

Josete de Almeida Burg – CRB 14.ª 293

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Dedicatória

Este trabalho é dedicado aos animais

que de forma involuntária proporcionaram os

resultados deste estudo.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida e pelas oportunidades de aprender e crescer;

Aos meus pais que me ensinaram os valores pessoais e sempre me incentivaram e

apoiaram na busca das minhas realizações;

À minha família, Silas, Victor e Nicole, pelo amor, apoio e compreensão pela minha

ausência em muitos momentos importantes;

Ao amigo Marcel, parceiro de caminhada, por me apresentar esta área apaixonante

que é a reprodução e pela tranquilidade e força que sempre me transmite.

À Martina, minha amiga, irmã e parceira de todos os momentos, pelo apoio, auxílio e

alegria que me faz sentir melhor.

À amiga Dirce, pela ajuda e amizade que sempre estiveram presente.

À Samara e Aninha, pela dedicação e auxilio na minha ausência durante algumas

etapas importantes deste estudo.

Ao Professor Sérgio Faloni, pela sua orientação e confiança depositada no meu

trabalho.

Ao Professor Rilton Alves pelo exemplo de profissionalismo e de dedicação ao

estudo, que me inspirará sempre.

A todos que de alguma forma contribuíram para execução deste trabalho e aos que

simplesmente estiveram ao meu lado no decorrer do mestrado, pelo

companheirismo e amizade que tornam a vida mais leve e alegre.

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ESTUDO DE TOXICIDADE REPRODUTIVA E POTENCIAL MUTAGÊNICO DE FITOTERÁPICO CONTENDO Cinchona calisaya;

Jateorhiza palmata; Centaurim erythraea; Baccharis trimera; Artemisia absinthium; Matricaria recutita e Cinnamomum cassia.

Vera Lucia Lângaro Amaral

Junho/2011

Orientador: Dr.Sérgio Faloni de Andrade Área de Concentração: Produtos naturais e substâncias sintéticas bioativas Número de páginas: 76

O uso de plantas medicinais é amplamente difundido e a maior parte dos fitoterápicos comercializados é de venda sem prescrição médica. Um dos principais problemas da utilização destes produtos é a crença de que produtos de origem vegetal são isentos efeitos tóxicos. As gestantes constituem um grupo populacional que culturalmente recorre ao uso de fitoterápicos, por acreditarem que não causam danos ao feto. O fitoterápico (Água Inglesa ®) composto pela associação de Cinchona calisaya (quinina), Jateorhiza palmata (calumba), Centaurim erythraea (fel-da terra), Baccharis trimera (carqueja), Artemisia absinthium (losna), Matricaria recutita (camomila) e Cinnamomum cassia (canela da china), é comercializado com a indicação de tônico e aperiente. Porém, tem sido amplamente utilizado de forma empírica para tratar a infertilidade. Este estudo foi o primeiro a investigar este composto e seus efeitos sobre a reprodução em fêmeas de camundongos BALB/c . Também foi verificado seu potencial mutagênico através do ensaio do micronúcleo em eritrócitos da medula dos camundongos. O fitoterápico foi administrado diariamente por 42 dias, em três doses diferentes, abrangendo o período pré-acasalamento, acasalamento, período de embriogênese e implantação. Foram avaliados os sinais clínicos de toxicidade, variação na massa corporal e peso do fígado, além das variáveis que podem indicar toxicidade reprodutiva: cópula, prenhez, perdas pré e pós-implantação, índice placentário (peso da placenta/peso do feto) e malformações maiores nos conceptos. Os resultados, interpretados em conjunto, mostraram que a formulação fitoterápica investigada, não causou toxicidade sistêmica e reprodutiva quando administrado por via oral em dose proporcional preconizada para humanos, durante 42 dias em fêmeas e fetos de camundongos. O grupo que recebeu três vezes a dose indicada para humanos apresentou um maior (p=0, 001) índice placentário em relação aos demais grupos, indicando efeito tóxico materno que de forma indireta afetou negativamente o peso dos fetos. Não houve efeito mutagênico ou citotóxico na dose de 2000 mg/kg nas condições experimentais executadas. Desta maneira, a Água inglesa® pode ser considerada relativamente inócua, desde que seja administrada na dose indicada. Palavras-chave: FITOTERÁPICO. TOXICIDADE REPRODUTIVA. MUTAGENICIDADE. CAMUNDONGOS.

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STUDY OF THE REPRODUCTIVE TOXICITY AND MUTAGENIC POTENTIAL OF A HERBAL MEDICINE CONTAINING Cinchona

calisaya; Jateorhiza palmata, Centaurim erythraea, Baccharis trimera, Artemisia absinthium, Matricaria recutita and Cinnamomum cassia.

Vera Lucia Lângaro Amaral

June/2011

Supervisor: Dr.Sérgio Faloni de Andrade Area of Concentration: Natural products and bioactive synthetic substances Number of pages: 76

The use of medicinal plants is widespread, and most herbal medicines are marketed for sale without prescription. One of the main problems in the use of these products is the belief that plant products are free of toxic effects. Pregnant women constitute a group that traditionally uses herbal medicines, believing that they cause no damage to the fetus. The herbal compound (Água Inglesa ®), which is composed of an association of Cinchona calisaya (quinina); Jateorhiza palmata (calumba); Centaurim erythraea (fel-da terra); Baccharis trimera (carqueja); Artemisia absinthium (losna); Matricaria recutita (camomila) and Cinnamomum cassia (canela da china), is marketed for its tonic and laxative effects. However, its empirical use is widespread as a treatment for infertility. This study is the first to investigate this compound and its effects on reproduction in female BALB/c mice. The compound was administered daily for 42 days at three different doses, covering the periods of pre-mating, mating and embryogenesis development. We evaluated the clinical signs of toxicity, variation in body mass and liver weight, as well as the variables that may indicate reproductive toxicity in mating, pregnancy, pre- and post-implantation loss, placental index (weight of placenta/fetal weight), major malformations, and mutagenic potential of the micronuclei in the bone marrow of mice. The results show that the herbal formulation investigated did not cause systemic toxicity, and did not affect reproductive performance when administered orally at a proportional dose to that used in humans, for 42 days, in female mice. Also, no genotoxic effect was observed capable of inducing mutations. The group that received three times the dose recommended for humans showed a higher (p = 0,001) placental index than the other groups, indicating a maternal toxic effect that had a negative indirect affect on the weight of the fetus. At a dose of 2000mg/kg, under the experimental conditions, no mutagenic or cytotoxic effect was observed. Thus, Água Inglesa® can be considered relatively harmless, provided it is administered at the dose indicated.

Key words: HERBAL MEDICINE. TOXICITY. REPRODUCTIVE.

MUTAGENICITY. MICE.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mecanismos de formação de micronúcleos. .............................................. 24

Figura 2: Citologia vaginal de fêmeas de camundongos. (A) células cornificadas, (B)

células nucleadas e (c) neutrófilos. .................................................................... 40

Figura 3: Período de tratamento. ............................................................................... 41

Figura 4: Eventos reprodutivos. ................................................................................. 42

Figura 5: Células de medula de camundongos vistas sob microscopia (400x)

indicando a viabilidade celular determinada pela ausência de corante no interior

das células. ........................................................................................................ 44

Figura 6: Dados da variação de massa corporal (g), expresso em média dos grupos

durante as seis semanas de tratamento com as três doses do composto

fitoterápico e controles. ...................................................................................... 46

Figura 7: Média e erro padrão do peso do fígado das fêmeas prenhes (PR) e não

prenhes (NP) dos grupos tratados. .................................................................... 48

Figura 8: Tampão seminal depositado na vagina da fêmea de camundongo. .......... 49

Figura 9: Ovário de fêmea de camundongo com presença de corpos lúteos (n=5) no

15º dia de prenhez. ............................................................................................ 52

Figura 10: Reabsorções embrionárias (A) precoce (B) tardia. .................................. 53

Figura 11: Fetos de camundongo no 15º dia de prenhez e suas respectivas

placentas. ........................................................................................................... 55

Figura 12: Feto de camundongo no 15º dia de prenhez com ausência do membro

superior.......................................................................................................................58

Figura 13: Eritrócito policromático com micronúcleo (MN). ....................................... 58

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Dados de cópula e de prenhez das fêmeas dos grupos tratados e controle.

Os valores foram expressos em número absoluto (Nº de fêmeas e

prenhas) e percentual (Cópula e Prenhez). .............................................. 49

Tabela 2: Fetos vivos por grupo de fêmeas prenhes e media de fetos por fêmea.

Dados expressos em número absoluto (fêmeas prenhes e fetos vivos) e

média e erro padrão da média (fetos/fêmeas). ......................................... 51

Tabela 3: Índices materno-fetais observados nos grupos tratados e controle. Dados

expressos em média e erro padrão da média (corpos lúteos) e percentual

e erro padrão da média (implantação, perdas pré e pós-implantação e

viabilidade fetal) ........................................................................................ 53

Tabela 4: Peso da placenta e respectivos fetos e o índice placentário dos grupos

tratados e controles. Dados expressos em média e erro padrão. ............ 55

Tabela 5: Análise de 2000 células de medula de machos e fêmeas tratados com o

composto fitoterápico e controles. Dados expressos em número (EPCMNs

por animal/sexo) e média e desvio padrão (EPCMNs e EPC/ENC). ........ 59

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANOVA Análise de Variância

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

COFID Coordenação de Fitoterápicos, Dinamizados e Notificados

EMS Etil metanossulfonato

EPA Environmental Protection Agency, U.S. (Agência de Proteção Ambiental

dos Estados Unidos)

EPCMN Eritrócito Policromático Micronucleado

GGMED Gerência Geral de Medicamentos

GTFAR Gerência de Tecnologia Farmacêutica

MN Micronúcleo

NCE Eritrócito normocromático

PCE Eritrócito policromático

ROS Espécies reativas de oxigênio

SFB Soro Fetal Bovino

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 12

2 OBJETIVOS ................................................................................................... 15

2.1 Objetivo geral ................................................................................................ 15

2.2 Objetivos específicos ................................................................................... 15

3 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................... 16

3.1 Plantas medicinais e a fitoterapia ............................................................... 16

3.2 Toxicologia sistêmica e reprodutiva ........................................................... 20

3.3 Teste do Micronúcleo ................................................................................... 22

3.4 Composto fitoterápico utilizado no estudo (Água Inglesa®) .................... 26

3.4.1 Cinchona calisaya ........................................................................................... 27

3.4.2 Artemisia absinthium....................................................................................... 29

3.4.3 Matricaria recutita L. ....................................................................................... 30

3.4.4 Baccharis trimera ............................................................................................ 31

3.4.5 Cinnamomum cassia ...................................................................................... 33

3.4.6 Jateorhiza palmata.......................................................................................... 34

3.4.7 Centaurim erythraea ....................................................................................... 35

4 METODOLOGIA ............................................................................................. 37

4.1 Animais .......................................................................................................... 37

4.2 Administração dos tratamentos .................................................................. 37

4.3 Citologia Vaginal ........................................................................................... 39

4.4 Delineamento experimental e Manejo reprodutivo .................................... 40

4.5 Avaliação dos parâmetros reprodutivos .................................................... 41

4.5.1 Taxa de cópula ............................................................................................... 42

4.5.2 Taxa de Prenhez ............................................................................................ 42

4.5.3 Taxa de Viabilidade fetal ................................................................................. 42

4.5.4 Taxa implantação ........................................................................................... 42

4.5.5 Perdas pré-implante........................................................................................ 43

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4.5.6 Perdas pós-implante ....................................................................................... 43

4.5.7 Índice placentário ............................................................................................ 43

4.6 Teste de micronúcleo em eritrócitos de medula de camundongo ........... 43

4.7 Análise estatística......................................................................................... 45

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 46

5.1 Toxicidade e massa corporal ....................................................................... 46

5.2 Peso do fígado .............................................................................................. 47

5.3 Índices de fertilidade .................................................................................... 48

5.4 Índices materno-fetais .................................................................................. 50

5.5 Malformações fetais ..................................................................................... 57

5.6 Teste de mutagenicidade ............................................................................ 58

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 61

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 62

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1 INTRODUÇÃO

Observou-se nas últimas décadas a revalorização do emprego de

preparações fitoterápicas como terapia altrernativa (ASCHWANDEN, 2001).

Terapias alternativas são métodos que visam à assistência à saúde, seja na

prevenção, tratamento ou cura do indivíduo. Seu objetivo é diferente daqueles da

assistência alopática, na qual a cura deve ocorrer através da intervenção direta no

órgão ou parte doente. Há crescente interesse mundial pela utilização dessas

práticas alternativas dentre as quais se inclui a fitoterapia, e tal interesse é devido a

vários fatores, tais como: elevado custo da assistência médica privada, elevado

custo dos medicamentos alopáticos e precariedade da assistência prestada pelos

serviços públicos de saúde (KLEIN et al., 2009).

No Brasil, o uso de plantas medicinais é amplamente difundido e a maior

parte dos fitoterápicos comercializados são vendidos sem a prescrição médica. A

população que utiliza estes recursos raramente informa o uso aos profissionais da

saúde. Um dos principais problemas da utilização destes produtos é a crença de que

produtos de origem vegetal são isentos de reações adversas e efeitos tóxicos

(RATES, 2001).

A ocorrência de efeitos indesejáveis decorrentes do uso de plantas

medicinais muitas vezes é menor quando comparada a fármacos sintéticos.

Entretanto experimentos clínicos têm revelado que efeitos adversos também

ocorrem com a utilização de plantas medicinais, e são necessários estudos

toxicológicos bem controlados para provar a sua segurança (CALIXTO, 2000).

Produtos de origem vegetal possuem constituição química complexa, sendo

possível que alguns dos seus constituintes não tenham sido identificados ou que

ainda não se conheça suas ações sobre o organismo. Isso faz com que seja

necessário um maior cuidado na administração destes produtos. Deve-se levar em

conta, também, que as plantas medicinais e ou fitoterápicos podem interferir na

atividade de outros medicamentos sintéticos, eventualmente utilizados pela

população em geral (CLARKE; RATES; BRIDI, 2007).

O uso concomitante de fármacos e plantas medicinais e/ou medicamentos

fitoterápicos pode alterar os processos de absorção, distribuição, metabolismo e

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excreção dos fármacos, resultando em ampliação ou redução dos efeitos esperados,

devido ao sinergismo ou antagonismo, respectivamente (FUGH-BERMAN, 2000).

Gestantes e lactantes constituem um grupo populacional que culturalmente

recorre ao uso de plantas medicinais, por acreditarem que não causam danos ao

feto ou ao bebê (WEIER; BEAL, 2004). Pouca informação se tem sobre os possíveis

efeitos tóxicos sobre a fertilidade e reprodução. Ainda são escassos os estudos

clínicos controlados que forneçam subsídios para a prescrição e utilização segura de

fitoterápicos durante o período gestacional. Isto gera a necessidade de bases

normativas e estudos bem desenhados, para oferecer mais garantias aos

profissionais na orientação da gestante e nutriz (SILVA; LIMA, 2009).

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) tem como

papel proteger e promover a saúde da população, e como uma de suas ações o

registro de medicamentos. A regulamentação em vigor para o registro de

medicamentos fitoterápicos é a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) 48/2004

(BRASIL, 2004a).

Quanto a determinação da segurança do uso é necessária a realização de

estudos pré-clínicos de toxicidade que atendam às exigências estipuladas pelo

Conselho Nacional de Saúde – CNS (BRASIL, 2004b).

Entretanto, os testes de toxicidade reprodutiva não são obrigatórios, já os

estudos de mutagenicidade, verificado pelo ensaio do micronúcleo em eritrócitos da

medula de roedores, são indicados aos medicamentos fitoterápicos de uso

prolongado.

Dentre os testes de avaliação de genotoxicidade preconizados pelas

agências internacionais e instituições governamentais, o teste de micronúcleo em

medula óssea de roedores in vivo é amplamente aceito e recomendado para a

avaliação e o registro de novos produtos químicos e farmacêuticos que são inseridos

anualmente no mercado mundial (RIBEIRO; SALVADORI; MARQUES, 2003).

No mercado nacional é comercializado um fitoterápico (Água Inglesa®),

composto de sete tinturas, obtidas das seguintes plantas: Cinchona calisaya;

Jateorhiza palmata; Centaurim erythraea; Baccharis trimera; Artemisia absinthium;

Matricaria recutita e Cinnamomum cassia, que é indicado como tônico e estimulante

do apetite. Este composto também tem sido usado popularmente por mulheres para

tratar infertilidade. Porém, nenhum estudo científico foi encontrado na literatura

comprovando os efeitos indicados na bula, e muito menos os efeitos sobre a

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reprodução. Existem algumas publicações isoladas do uso dos extratos que

constituem esse fitoterápico, mas não em associação, como neste produto

comercializado.

Tendo em vista o desconhecimento dos possíveis efeitos sobre os

parâmetros reprodutivos deste fitoterápico, justifica-se a execução de ensaios

biológicos e análises toxicológicas capazes de determinar os efeitos destes agentes

e suas conseqüências sobre a população. Neste estudo propôs-se a avaliação dos

efeitos desta associação fitoterápica sobre os parâmetros reprodutivos e seu

potencial mutagênico em camundongos.

De acordo com Ko e Luca (2009), o camundongo compreende 67% de todos

os animais utilizados na pesquisa biomédica. É um animal dócil, de fácil manuseio,

curto ciclo de vida, alta fecundidade, curta gestação, tamanho pequeno e baixo

custo. Essas características fazem que sejam modelos animais úteis para estudos

de genética e teratologia, além de outros, como a toxicologia.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar os efeitos da utilização da associação fitoterápica (Água Inglesa ®),

nos parâmetros reprodutivos e potencial mutagênico em fêmeas de camundongos

BALB/c.

2.2 Objetivos específicos

Observar sinais de toxicidade sistêmica durante o tratamento;

Registrar a massa corporal das fêmeas durante o tratamento;

Analisar a taxa de cópula das fêmeas acasaladas durante o tratamento com o

composto fitoterápico;

Analisar a taxa de prenhez das fêmeas acasaladas durante o tratamento com o

composto fitoterápico;

Verificar os corpos lúteos no 15° dia de prenhez;

Verificar os sítios de implantação no 15° dia de prenhez;

Registrar os fetos vivos no 15° dia de prenhez;

Calcular o índice placentário através do peso das placentas e fetos;

Registrar o peso do fígado das fêmeas no15° dia de prenhez;

Avaliar o potencial mutagênico pelo ensaio de micronúcleo;

Registrar mortalidade das fêmeas durante o tratamento com o composto

fitoterápico.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Plantas medicinais e a fitoterapia

As plantas têm sido há séculos, um recurso ao alcance do ser humano.

Durante milênios o homem empiricamente aprofundou seus conhecimentos com o

objetivo de buscar a melhoria nas condições de alimentação e cura de suas

enfermidades, demonstrando uma estreita inter-relação entre o uso das plantas e

sua evolução (MACIEL; PINTO; VEIGA, 2002; TAUFNER; FERRACO; RIBEIRO,

2006).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) considera

medicamentos fitoterápicos os obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas

ativas vegetais, cuja eficácia e segurança são validadas por meio de levantamentos

etnofarmacológicos, de utilização, documentações tecnocientíficas ou evidências

clínicas (BRASIL, 2004a).

O conhecimento popular sobre o uso e a eficácia de plantas medicinais

contribui de forma relevante para a divulgação das propriedades terapêuticas dos

vegetais, prescritos ou utilizados com frequência, pelos efeitos medicinais que

produzem, apesar de não terem seus constituintes químicos conhecidos. De

maneira indireta, este tipo de cultura medicinal desperta o interesse de

pesquisadores em estudos envolvendo áreas multidisciplinares, como por exemplo,

botânica, farmacologia e fitoquímica, que juntas enriquecem os conhecimentos

sobre a inesgotável fonte medicinal natural: a flora mundial (MACIEL; PINTO;

VEIGA, 2002; TUROLLA; NASCIMENTO, 2006).

Nos últimos anos, a enorme contribuição das universidades brasileiras,

especialmente o grupo de pesquisadores dedicados à pesquisa e desenvolvimento

de fitoterápicos, e a interação com a indústria farmacêutica nacional, constituíram

um verdadeiro marco na história da fitomedicina do Brasil (BRANDÃO, 2009).

A tendência observada é de participação da fitoterapia cada vez mais

intensa na assistência à saúde da população. Desta forma, não se pode prescindir

da avaliação dos efeitos terapêuticos de cada fitomedicamento, com base em

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estudos clínicos, conduzidos dentro de padrões éticos e científicos (KLEIN et al.,

2009).

A etnobotânica é citada na literatura como um dos caminhos alternativos que

mais evoluiu para a descoberta de produtos naturais bioativos. As pesquisas com

plantas medicinais envolvem investigações da medicina tradicional e popular

(etnobotânica); isolamento, purificação e caracterização de princípios ativos (química

orgânica, fitoquímica); investigação farmacológica de extratos e dos constituintes

químicos isolados (farmacologia); transformações químicas de princípios ativos

(química orgânica sintética); estudo da relação estrutura/atividade e dos

mecanismos de ação dos princípios ativos (química medicinal e farmacologia) e

finalmente a operação de formulações para a produção de fitoterápicos. A

integração destas áreas na pesquisa de plantas medicinais conduz a um caminho

promissor e eficaz para descobertas de novos medicamentos (MACIEL; PINTO;

VEIGA, 2002).

É sabido que as plantas contêm uma grande diversidade de metabólitos

secundários e essa diversidade pressupõe uma elevada probabilidade de

interações. Na fitoterapia, existem vantagens significativas das associações, como o

aumento da eficiência, redução d e efeitos indesejáveis, aumento na estabilidade ou

a biodisponibilidade de agentes livres, e a obtenção de uma terapêutica adequada

com efeito com doses relativamente pequenas, quando comparado a um

medicamento sintético (BIAVATTI, 2009).

No Brasil, as plantas medicinais da flora nativa são consumidas com pouca

ou nenhuma comprovação de suas propriedades farmacológicas, propagadas por

usuários ou comerciantes. Muitas vezes essas plantas são, inclusive, empregadas

para fins medicinais diferentes daqueles utilizados pelos silvícolas (SILVA; LIMA,

2009).

A toxicidade de plantas medicinais e fitoterápicos pode parecer irrelevante

quando comparada com medicamento alopáticos. Isto, entretanto, não é verdade, os

efeitos adversos dos fitoterápicos, possíveis adulterações e toxidez, bem como a

ação sinérgica (interação com outras drogas) ocorrem comumente e este fato pode

ser considerado um problema sério de saúde pública (VEIGA JUNIOR; PINTO,

2005).

O aumento no consumo de fitoterápicos está associado ao fato de que as

populações questionam os perigos do uso dos medicamentos alopáticos associados

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a seus custos muitas vezes dispendiosos e procuram substituí-los pelo uso de

plantas medicinais. A comprovação da ação terapêutica, associada à insatisfação da

população perante o sistema de saúde, tem favorecido essa dinâmica (TOMAZZONI;

NEGRELLE; CENTA, 2006).

Tanto a efetividade como a toxicidade e sua variabilidade é possível de ser

controlada pelos rígidos padrões de qualidade na produção de medicamentos

fitoterápicos, visando assegurar sua eficácia e segurança (YAMADA, 2009).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é o principal órgão

responsável no Brasil pela regulamentação de plantas medicinais e seus derivados,

e que tem como papel, proteger e promover a saúde da população garantindo a

segurança sanitária de produtos e serviços e participando da construção de seu

acesso. Uma das ações realizadas pela ANVISA para garantir a segurança da saúde

da população é o registro de medicamentos, etapa na qual os mesmos são

avaliados quanto a sua segurança, eficácia e qualidade antes de serem expostos a

venda para utilização pela população (CARVALHO et al., 2008).

A Coordenação de Fitoterápicos, Dinamizados e Notificados (COFID) é um

órgão da Anvisa que tem por atribuição emitir documentos circunstanciados e

conclusivos em relação ao registro e pós-registro de medicamentos fitoterápicos,

dinamizados (homeopáticos, antroposóficos e anti-homotóxicos) e notificação de

medicamentos conforme legislação vigente.

Como forma de aperfeiçoar o marco regulatório, a legislação sanitária

brasileira que dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos foi

recentemente atualizada, sendo publicada na forma de Resolução de RDC nº.

14/2010, permitindo o acompanhamento do desenvolvimento científico e

tecnológico, e possibilitando a ampliação do acesso da população aos

medicamentos. Os ensaios pré-clínicos e clínicos de segurança e eficácia deverão

ser realizados quando não existirem estudos que comprovem a segurança pré-

clínica, os mesmos deverão ser realizados seguindo, como parâmetro mínimo, o

"Guia para a realização de estudos de toxicidade pré-clínica de fitoterápico”

publicado pela ANVISA na RE nº. 90, de 16 de março de 2004, ou suas

atualizações.

Uma forma possível de registro é a apresentação de levantamento

bibliográfico etnofarmacológico, mostrando eficácia e segurança do produto que

tenha uso comprovado por um período igual ou superior a 20 anos. Nesse caso, é

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necessário considerar o tempo de uso proposto para o medicamento, que deve ser

episódico ou curto, e uma busca detalhada por substâncias químicas potencialmente

tóxicas ao usuário. É necessário ainda apresentar comprovação de que o produto

não é potencialmente tóxico, sendo para isso solicitado um teste de toxicologia pré-

clínica (BRASIL, 2010).

O uso de plantas medicinais e fitoterápicos durante a gravidez ou lactação

deve ser considerado, uma vez que podem causar: estímulo da contração uterina e

conseqüente aborto ou parto prematuro; ação hormonal que possibilite alterações no

desenvolvimento fetal ou do sexo da criança; ações genotóxicas, mutagênicas,

citotóxicas, fetotóxicas e teratogênicas (CAMPESATO, 2005).

Várias formulações fitoterápicas são compostas por extratos de mais de uma

planta, sendo para elas indispensáveis os estudos de eficácia e toxicidade. Nelas há

a explícita recomendação da não utilização durante a gestação, alegando ausência

de testes específicos (MELLO; LANGELOH; MELLO, 2007). Não há, até a presente

data, nenhum fitoterápico, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA), para utilização no ciclo gravídico-puerperal (SILVA; LIMA, 2009).

Entre as plantas medicinais de uso sistêmico que podem causar riscos para

mulheres grávidas, por estimular a motilidade uterina e provocar aborto, encontram-

se o alho (Allium sativum), babosa (Aloe ferox), angélica (Angelica archangelica),

arnica (Arnica montana), cânfora (Cinnamomum canphora), confrei (Symphitum

officinalis), eucalipto (Eucaliptus globulus), alecrim (Rosmarinus officinalis), gengibre

(Zengiber officinalis) e sene (Cassia angustifolia e Cassia acutifolia), entre outras

(VEIGA JUNIOR; PINTO, 2005).

Segundo Clarke, Rates e Bridi, (2007), o Rio de Janeiro é o único Estado

brasileiro que possui uma legislação sobre a utilização de plantas medicinais por

mulheres grávidas. A Resolução da Secretaria de Estado de Saúde/RJ nº. 1757,

leva em conta o potencial tóxico, teratogênico e abortivo de diversas espécies

vegetais medicinais e visa a esclarecer a população em geral e aos profissionais de

saúde sobre o risco do uso indiscriminado de espécies medicinais. Ainda,

contraindica o uso interno de drogas vegetais medicinais durante o primeiro trimestre

de gestação e lactação, cujos efeitos toxicológicos não tenham sido investigados,

bem como de produtos que tenham efeitos tóxicos comprovados.

O princípio básico da prescrição para gestantes e lactantes baseia-se,

sobretudo, no risco versus benefício. Porém, existem poucos trabalhos científicos

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sobre o consumo de fitoterápicos durante a gravidez e seus efeitos tóxicos (SILVA;

LIMA, 2009).

Os clínicos dependem, na maior parte, de estudos realizados em animais e

de estudos epidemiológicos (que podem estar repletos de fatores geradores de

variáveis) para estabelecer o potencial tóxico e teratogênico de um fármaco (GOLAN

et al., 2009).

3.2 Toxicologia reprodutiva

A toxicologia é o estudo dos mecanismos de toxicidade e a sua subsequente

aplicação na previsão dos efeitos adversos resultantes da exposição de um

organismo a agentes químicos físicos ou biológicos (OGA, 2003; REIS, 2007).

Segundo Barros e Davino (2003), a toxicologia reprodutiva juntamente com a

teratologia, fazem parte da toxicologia do desenvolvimento que estuda efeitos

adversos que ocorrem nos organismos em desenvolvimento, decorrentes da

exposição a substancias nocivas antes da concepção, durante o período perinatal ou

pós-natal.

A toxicologia reprodutiva engloba a biologia reprodutiva e a toxicologia,

sendo necessário considerar tanto o mecanismo, bem como, o local de ação das

substâncias. Os processos reprodutivos agrupados na fase que antecede a

fertilização são bastante amplos e incluem o desenvolvimento do sistema

reprodutivo, maturação sexual, liberação de gametas e transporte, bem como efeitos

hormonais sobre os órgãos reprodutivos. A manifestação de toxicidade podem incluir

ainda,efeitos sobre a fertilidade, gestação, parto, lactação e modificações em outras

funções que são dependente da integridade do sistema reprodutor (MATTISON;

NIGHTINGALE; SHIROMIZU, 1983; OGA, 2003).

A unidade básica da reprodução é composta pela fêmea , macho e a prole.

A manutenção da homeostase de uma espécie requer um bom desenvolvimento na

função reprodutiva destes três componentes. Ao avaliar os efeitos reprodutivos, é

importante considerar a presença, e sempre que possível, de outras manifestações

da toxicidade como a mutagenicidade ou carcinogenicidade, bem como outras

formas de toxicidade sistêmica geral (HOYER, 2010).

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O efeito tóxico de uma substância pode ocorrer durante todo o ciclo

reprodutivo de um mamífero, dependendo da fase em que ocorre essa exposição, as

conseqüências serão diversas . O corpo dos mamíferos é regulado por dois grandes

sistemas de controle: o sistema nervoso e endócrino. Cada órgão que compõe o

sistema endócrino secreta um tipo de hormônio que tem efeito regulador em outros

órgãos (LEMONICA, 2003).

Tanto em humanos como em animais, a sinalização endócrina está

envolvida na reprodução, desenvolvimento embrionário, crescimento, maturação,

produção de energia, uso e estoque de energia e balanço eletrolítico. Qualquer

desequilíbrio nesse balanço pode causar prejuízo fisiológico no organismo,

principalmente durante os estágios iniciais do desenvolvimento. Numerosos

compostos naturais e sintéticos podem interferir no eixo reprodutivo de mamíferos

(CASERTA et al., 2008; BIANCO et al., 2010).

Devido à complexidade do sistema reprodutivo feminino, o campo da

toxicologia reprodutiva feminina tem evoluído de forma relativamente lenta. Em

estudos epidemiológicos, avaliação de riscos humanos é fundamentada em

observações de grupos ou populações. Em contraste, uma abordagem toxicológica

utilizando estudos em animais e in vitro podem fornecer dados específicos de

toxicidade reprodutiva. Os estudos geralmente são conduzidos em animais de

laboratório (principalmente roedores), pois podem ser controlados e isto em

humanos é praticamente impossível e eticamente questionável (EPA, 1996;

FOSTER, 1999).

De uma forma geral, admite-se que o homem seja mais sensível aos

agentes químicos que os animais de laboratório, o que faz com que, para a

comercialização de uma nova droga, sejam aplicados índices de segurança para a

determinação das doses seguras, para a utilização humana, de uma molécula

testada em animais (HORTA, 2002; LEMONICA, 2003).

Uma riqueza de informações continua a ser recolhida sobre a base genética

do camundongo, e estas informações são de relevância clinica nas extrapolações

entre as duas espécies (GEORGIADES; FERGUSON-SMITH; BURTON, 2002).

Na área da reprodução, por exemplo, o camundongo tem sido utilizado

constantemente para estudos de toxicidade e um agente que produz efeito

reprodutivo adverso pode representar uma ameaça em potencial para os humanos.

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Algumas suposições padrão na avaliação de toxicidade reprodutiva

determinam o risco para humanos (EPA,1996):

1. Um agente que produz um efeito adverso na reprodução de animais de

experimentação representa uma ameaça potencial para os humanos.

2. Efeitos de substâncias nos processos reprodutivos masculinos e

femininos são assumidos serem semelhantes, a menos que demonstrado o

contrário.

3. Na ausência de informações para determinar as espécies experimentais

mais adequadas, os dados das espécies mais sensíveis devem ser usados.

4. Na ausência de informações em contrário, um agente que afeta a função

reprodutiva em um sexo é assumido como afetar adversamente a função reprodutiva

no outro sexo.

5. A curva dose-resposta não linear é assumida por toxicidade reprodutiva.

3.3 Teste do Micronúcleo

Estudos de genotoxicidade e anti-genotoxicidade podem ajudar a avaliar a

segurança e a eficácia de plantas medicinais.

O estudo de danos ao DNA induzido por substâncias de origem natural ou

sintética é uma área essencial da toxicologia genética, uma vez que a mutação em

cromossomos é um evento importante para a carcinogênese (FENECH, 2005;

KLEIN et al., 2006).

A toxicologia genética tem por objetivo detectar e entender a ação de

determinadas substâncias denominadas genotóxicas sobre o organismo, com

especificidade para ácidos nucléicos, especialmente DNA. Toda e qualquer

alteração no DNA ou RNA, que pode afetar o gene, é considerada uma mutação e

pode ser transmitida aos descendentes, se forem atingidas células germinativas,

gerando indivíduos com uma ou mais características genéticas diferentes

(FONSECA; PEREIRA, 2004).

As mutações gênicas são definidas como mudanças que ocorrem em um

determinado gene, enquanto as mutações cromossômicas são mudanças em uma

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região cromossômica que envolve vários genes, ocasionando mudança na estrutura

do cromossomo ou no seu número (GRIFFITHS et al., 2008).

Segundo Ferrari (1991), torna-se cada vez mais necessário a utilização de

métodos confiáveis capazes de detectar e medir o dano no DNA, bem como,

estabelecer possibilidades de proteção ou redução desses efeitos.

De acordo com Flores e Yamaguchi (2008), é de fundamental importância a

avaliação do potencial mutagênico de xenobióticos e para isso existem diversas

metodologias adequadamente padronizadas, utilizadas com o objetivo de classificar

as substâncias quanto ao seu grau de toxicidade. Dentre todas estas técnicas, o

teste do micronúcleo destaca-se por apresentar algumas vantagens em relação aos

demais. Sua simplicidade o torna bastante atrativo, uma vez que grande número de

células pode ser analisado.

O teste do micronúcleo foi proposto por Schimid e colaboradores em 1971,

tendo sido modificado alguns anos depois (SCHIMID, 1975). O ensaio foi

desenvolvido primeiramente em sistema-teste in vivo, em células de medula óssea

de camundongos, e posteriormente teve a versão in vitro introduzida por Heddle, em

1976 (VILLARINI et al., 1998). Atualmente é aplicado em vários tipos celulares,

sendo muito utilizado para a detecção de agentes clastogênicos, os que quebram os

cromossomos, e de agentes aneugênicos (fig.1), os que induzem aneuploidia ou

segregação cromossômica anormal (FLORES; YAMAGUCHI, 2008; TERRADAS et

al., 2010).

O teste de micronúcleo (MN) em células da medula óssea de camundongos

tem sido amplamente empregado e aceito pelas agências reguladoras e comunidade

científica (RIBEIRO; SALVADORI; MARQUES, 2003; FENECH, 2005; MATEUCA et

al., 2006).

Este teste detecta alterações genômicas ou/e dano ao aparato mitótico,

sendo os micronúcleos indicativos de perdas irreversíveis de DNA. Embora a

toxicidade genética não seja medida de carcinogenicidade, esta é freqüentemente

associada ao aparecimento do câncer, visto que, existe uma correlação positiva

entre o aumento da frequência de micronúcleos e o aparecimento de tumores em

roedores e no homem (AZEVEDO et al., 2003).

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(A) O uso de agentes aneugênicos gera micronúcleos em consequência de perdas de cromossomos

inteiros. Esses cromossomos são deixados de fora do núcleo da célula, no final da mitose, assim, a

filha células iriam provavelmente levar micronúcleos com cromossomas inteiros. O DNA dos

micronúcleos poderia equilibrar o DNA nuclear e resultar em um genoma completo, ou estar

adicionais ao genoma da célula. Agentes (B) clastogênicos produzem micronúcleos, quebrando a

dupla hélice do DNA, formando fragmentos acêntricos. Esses fragmentos são incapazes de aderir às

fibras do fuso e se integrarem nos núcleos da filha, e são, portanto, deixados para trás durante a

mitose.

Figura 1: Mecanismos de formação de micronúcleos. Fonte: Adaptado de Terradas et al. (2010).

A exposição crônica ou aguda a substâncias tóxicas que provocam lesão do

DNA pode sobrepujar o mecanismo de reparo, resultando em mutagênese,

carcinogênese ou morte celular (GOLAN et al., 2009).

De acordo com relatos de vários autores (KRISHNA; HAYASHI, 2000;

IARMARCOVAI et al., 2008; TERRADAS et al., 2010) por meio desta técnica é

possível detectar e identificar efeitos genotóxicos através de aberrações

cromossômicas em células de organismos expostos a substâncias com potencial de

mutagenicidade, inclusive radiações ionizantes, uma vez que os micronúcleos se

encontram significativamente aumentados, quando comparados com grupos-

controle. Assim, atuam como marcadores biológicos de danos genéticos e podem

ser utilizados como indicadores de mutagenicidade e como um instrumento de

monitoração, considerando-se que retornam aos níveis basais quando o organismo

permanece durante certo período sem contato com a substância indutora.

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Os micronúcleos são corpos de cromatina presentes no citoplasma,

originários de fragmentos de cromossomos acêntricos ou de cromossomos inteiros

que não foram incorporados no núcleo de células filhas durante os últimos estágios

da mitose (WAHNSCHAFFE; BITSCH; KIELHORN, 2005). Estes possíveis danos

são analisados através de amostras de eritrócitos em células da medula óssea e/ou

em células do sangue periférico de animais, sendo os roedores os mais utilizados

(OECD, 1997).

Quando um eritroblasto da medula óssea se desenvolve em um eritrócito

policromático, o núcleo principal é excluído. Qualquer micronúcleo que foi formado

pode permanecer no lado anucleado do citoplasma e assim ser facilmente

detectado. O aumento na freqüência de micronúcleos de eritrócitos policromáticos

em animais tratados é indicativo da indução de danos cromossômicos (KRISHNA;

HAYASHI, 2000; WAHNSCHAFFE; BITSCH; KIELHORN, 2005; TERRADAS et al.,

2010).

De acordo com Mavournin et al. (1990), o tempo que deve transcorrer entre

a absorção pelo animal de um agente mutagênico, sua metabolização ,

complementação dos estágios finais do ciclo de divisão, eliminação do núcleo do

eritroblasto, e o aparecimento dos micronúcleos nos PCE da medula óssea, é no

mínimo de 6 h, incluindo os atrasos que podem ocorrer no ciclo de divisão.

Aproximadamente 12-24 h após a absorção, os PCE presentes na medula óssea

correspondem aos descendentes das células que foram expostas ao agente antes

da divisão celular.

Os micronúcleos são também indicadores de instabilidade cromossômica,

uma vez que a freqüência de micronúcleos é maior em células tumorais. Em alguns

sistemas celulares, micronúcleos são considerados como material genético que é

perdido, enquanto outros estudos sugerem que o DNA micronuclear está ativamente

transcrito e seus genes são totalmente expressos. Em geral, estes achados

reforçam as importantes conseqüências da formação de micronúcleos em termos de

instabilidade cromossômica em geral e perda de genes (IARMARCOVAI et al. 2008;

TERRADAS et al., 2010).

O uso do teste MN em estudos tem aumentado muito nos últimos 15 anos, e

recentes esforços da comunidade científica internacional têm contribuído

sobremaneira para melhorar a fiabilidade deste teste, fornecendo orientações

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técnicas e detecção das principais fontes de variabilidade (IARMARCOVAI et al.

2008).

O teste do MN além do baixo custo possui rapidez de análise para triagem de

grande número de substâncias. Ele também é capaz de considerar e avaliar as

diferentes fases da farmacocinética das drogas, analisar danos cromossômicos e

possui reprodutibilidade satisfatória, já que foi adaptado por vários autores ao estudo

em diferentes espécies (GARAJ-VRHOVAC; ZELJEZIC, 2002).

O teste de micronúcleo in vivo é então, especialmente relevante para indicar

dano mutagênico e permite considerar fatores metabólicos, farmacológicos e o

processo de reparo no DNA in vivo e também é útil para promover investigações

sobre efeitos mutagêncios detectados em testes genotoxicológicos in vitro

(KRISHNA; HAYASHI, 2000).

Os testes de genotoxicidade e mutagenicidade fazem parte da bateria de

estudos não clínicos de segurança durante o desenvolvimento de medicamentos

(BRASIL, 2010). Este estudo deve ser efetuado quando houver indicação de uso

contínuo ou prolongado do medicamento em humanos.

Os testes de genotoxicidade/mutagenicidade são, portanto, de particular

importância, pois são capazes de detectarem compostos que induzem danos

genéticos direta (metabolização) ou indiretamente (biotransformação) por diversos

mecanismos.

3.4 Composto fitoterápico utilizado no estudo (Água Inglesa®)

Encontra-se no mercado brasileiro um composto fitoterápico (Água

Inglesa®), indicado como aperiente e tônico, porém apesar de não existir indicação

na bula do produto, este é ampla e empiricamente utilizado pela população feminina

na busca de soluções para a infertilidade.

Numa rápida pesquisa num buscador da web, digitando o “nome comercial”

+ a palavra “gravidez”, é possível encontrar mais de 70 mil endereços de sites com

comentários, dúvidas e informações que associam essa formulação com a fertilidade

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das mulheres. Muitos relatam sobre seu efeito de “limpar o útero” para engravidar e

sua utilização após abortos provocados ou retidos.

Nenhum artigo científico foi encontrado na literatura relacionado ao seu uso

para este fim, ou mesmo testes para comprovar este efeito ou outro qualquer. Num

contato, via e-mail, com o laboratório responsável por esta formulação, recebemos a

informação que os extratos isoladamente, já foram testados em animais,

comprovando as indicações da bula (aperiente e tônico). Porém, nenhum teste foi

realizado a fim de verificar os efeitos deste produto sobre a reprodução.

O fitoterápico é composto por esta associação:

Tintura extraída de Cinchona calisaya .................................. 0,0400 mL

Tintura extraída de Jateorhiza palmata ................................. 0,0150 mL

Tintura extraída de Centaurim erythraea .............................. 0,0150 mL

Tintura extraída de Baccharis trimera ................................... 0,0076 mL

Tintura extraída de Artemisia absinthium .............................. 0,0076 mL

Tintura extraída de Matricaria recutita................................... 0,0076 mL

Tintura extraída de Cinnamomum cassia .............................. 0,0036 mL

Excipiente: álcool (16%)

3.4.1 Cinchona calisaya

Popularmente, a Cinchona calisaya é denominada de quineira, quina-

amarela, quina-verdadeira.

A árvore de Cinchona tem cerca de 20 m de altura, pertence à família das

Rubiáceas, que possui entre outros membros, o café e as gardênias. Os europeus

classificaram o gênero como Cinchona do qual as espécies mais importantes são:

Cinchona ledgeriana, C. officinalis, C. calisaya e C. pubescens (OLIVEIRA;

SZCZERBOWSKI, 2009).

A descoberta das propriedades curativas da quineira representou um dos

fatos mais importantes para as regiões tropicais no século XVII, tornando-se a planta

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mais importante da época. Em 1820 foi isolado de sua casca o alcaloide (quinina) de

ação eficaz contra malária, passando a ser extraído industrialmente e

comercializado (LORENZI; MATOS, 2002; BOTSARIS, 2007).

Após o isolamento do alcalóide quinina, seguiu-se uma intensa competição

para se identificar a espécie com o mais alto teor desse composto, o que causou a

extinção de populações de plantas de cinchonas selvagens no início do século XIX e

induziu o cultivo das espécies (POLLITO; TOMAZELLO FILHO, 2006; CUNICO et

al., 2008).

A descoberta da quineira ocasionou o contrabando de sementes, plantações

equivocadas e exploração predatória; a tentativa de obter sua síntese deu origem,

mesmo que por desconhecimento, ao desenvolvimento da indústria química

moderna e foi a base da indústria de corantes; sua síntese em 1944 foi feita (ainda

que parcialmente) sem equipamentos de ressonância magnética nuclear (RMN),

coluna flash ou cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) (OLIVEIRA;

SZCZERBOWSKI, 2009).

Os principais componentes das espécies do gênero Cinchona são os

alcalóides quinólicos (quinina, quinidina, dihidroquinidina, cinconidina, cinconina e

dehidrocinconina) e indólicos (dihidroquinamina e 3 epi-dihidroquinamina), com a

quinina apresentando a mais alta atividade antimalárica (VERPOORTE;

SCHRIPSEMA; VAN-DER-LEER, 1988).

A quinina e a quinidina são utilizadas contra problemas de eretismo cardíaco

e anginas precordiais; o clohidrato de quinina para esclerose de origem hemorroidal;

o ascorbato de quinina, associado à vitamina B, para o tabagismo e para cãibra, é

analgésica e antipirética (REA, 1995). A quinina é usada como aditivo amargo nos

alimentos e bebidas e na indústria química nas catálises e imobilizações de matrizes

poliméricas (VERPOORTE; SCHRIPSEMA; VAN-DER-LEER, 1988). A quinidina

como antifibrilante é adequada ao tratamento preventivo da taquicardia

(BRUNETON, 2001).

A quinina não se acumula no organismo com a administração continuada,

porém atravessa a placenta, sendo encontrada em concentrações relativamente alta

no cordão umbilical. É também excretada no leite materno, atingindo concentrações

de aproximadamente 1/3 da concentração presente no plasma materno (TAVARES,

1996).

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3.4.2 Artemisia absinthium

Popularmente, a espécie Artemisia absinthum é denominada de losna,

absinto, artemísia, erva-do-fel.

O gênero Artemisia compreende mais de 400 espécies, incluindo um número

enorme de espécies importantes pelas suas propriedades medicinais (WRIGHT,

2002). A Artemisia absinthum pertence a família Asteraceae, é detentora de

inúmeras espécies utilizadas na medicina popular. Conhecida popularmente por

possuir funções sobre o sistema digestivo sendo usada, inclusive, na fabricação da

bebida absinto (JOLY, 1998).

Análises do seu óleo essencial indicaram a presença de 60 a 90 compostos,

incluindo mono e sesquiterpenos, além de seus derivados oxigenados (LORENZI;

MATOS, 2002). Sua propriedade estimulante é dependente de substâncias amargas

como lactonas sesquiterpenicas e dímero de lactonas sesquiterpênicas

(JUDPENTIENË; MOCKUTË, 2004).

Artemisia absinthium é uma erva aromática-amarga, usada tradicionalmente

no Irã. Esta espécie é conhecida por possuir propriedades relacionadas com a

atividade anti-helmíntica (TARIQ et al., 2009), antifúngicas e bacteriana, balsâmico,

depurativa, digestiva, diurética e no tratamento de leucemia e esclerose

(CANADANOVIC-BRUNET et al., 2004).

Em Cuba, a losna é utilizada no combate à giardíase e amebíase, enquanto

que os índios guaranis a utilizam no tratamento da malária e os marroquinos, na

aplicação em picadas de víboras e escorpiões. Em geral, a losna é usada como

aperiente, vermífuga, em transtornos digestivos pela hipoprodução de sucos

gástricos e no tratamento e anorexias, sendo também um abortivo perigoso

(ALONSO, 2004).

Em estudos prévios, foi verificado o potencial efeito abortivo do extrato

aquoso das partes aéreas quando administrado em ratas em doses a partir de 200

mg/kg (ALONSO, 2004). Além disso, a planta possui um potente agente neurotóxico,

cujo mecanismo de intoxicação já foi elucidado e seus principais metabólitos

identificados (HÖLD et al., 2000). Designado como α-tujona , esse componente é

responsável por vômitos, tremores e convulsões, sendo proibido o seu uso durante a

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lactância, pois estudos já confirmaram que pode passar ao leite materno (ALONSO,

2004).

Devido à α-tujona, a ingestão de losna em altas concentrações pode

provocar crises epiléticas e até mesmo aborto (DUKE, 2002; SIMÕES et al., 2003).

Tal excesso de uso é conhecido por absintismo, e que, segundo Mengue, Mentz e

Schenkel (2001), foi associado a distúrbios visuais, alterações de personalidade e

convulsões, podendo causar danos irreversíveis ao sistema nervoso central, motivo

pelo qual, seu uso é proibido em alguns países.

O extrato metanólico das partes aéreas da A. Absinthium demonstrou

atividade antioxidante e antidepressiva em camundongos e apresentou alto teor de

compostos fenólicos e flavonóides (MAHMOUDI et al., 2009).

3.4.3 Matricaria recutita L.

Popularmente, a Matricaria recutita é denominda de camomila, maçanilha e

matricária

Matricaria recutita L. é da família Asteraceae, é uma das plantas mais

usadas e bem documentadas do mundo, originária da Europa e cultivada em

inúmeros países, inclusive na região centro-sul do Brasil é uma excelente auxiliar na

digestão, nas inflamações da boca, da pele, da faringe e do trato gastrintestinal

(LORENZI; MATOS, 2002).

A camomila é amplamente consumida como um chá ou tônico, seu uso é

interno ou externo e está indicada para tratamento de uma extensa lista de

condições fisiológicas. É usada externamente para feridas, úlceras, eczemas, gota,

irritação da pele, nevralgias, dores reumáticas e hemorróidas (NEWALL;

ANDERSON; PHILLIPSON, 1996) e internamente para tratar a ansiedade, histeria,

pesadelos, insônia e outros problemas do sono, convulsões e até mesmo delirium

tremens (MARTENS, 1995).

Grande parte de seus efeitos farmacológicos são devido à presença de

flavonóides e de óleo essencial, dando ênfase à atividade antiinflamatória e

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antiespasmódica. Seu óleo é utilizado no tratamento de inflamações oculares e em

eczemas (ALONSO, 2004).

A Matricaria recutita é uma das poucas plantas medicinais cujos

constituintes químicos foram exaustivamente avaliados farmacologicamente,

inclusive em testes clínicos. A atividade antinflamatória da droga deve-se à presença

de óleos essenciais, ricos em azuleno, matricina e alfa(-)-bisabolol, enquanto a

atividade espasmolítica é atribuída à presença de grande concentração de

flavonóides e outros constituintes fenólicos (CATTELAN et al., 2007).

Devido à presença de componentes bioativos (sesquiterpenos, flavonóides,

cumarinas e poliacetilenos) é uma planta de grande interesse por possuir diversas

propriedades farmacológicas (HOJATI et al., 2011).

Kupfersztain et al. (2003), analisaram a associação dos extratos de Angélica

sinensis e Matricaria recutita L. em 55 mulheres na pós-menopausa durante 12

semanas e relataram que houve um declínio de 90% em fogachos no grupo tratado

versus uma redução de 15% no grupo placebo.

Chandrashekhara et al. (2010), em recente estudo, sugerem que a

Matricaria recutita L. possui um potencial de neuroproteção contra a isquemia

cerebral induzida pelo estress oxidativo em ratos.

3.4.4 Baccharis trimera

Popularmente, a Baccharis trimera é denominada de carqueja ou carqueja

amargosa.

A Baccharis trimera é pertencente à família Asteraceae (Compositae), sendo

uma espécie vegetal herbácea ou arbustiva (JOLY, 1998), nativa dos campos e

beiras de matas do sul do Brasil, Bolívia, Paraguai, Uruguai e norte da Argentina, e

segundo Oliveira e Akissue (1993), está incluída na Farmacopéia Brasileira.

O gênero Baccharis é constituído por cerca de 500 espécies. Uma das mais

importantes é Baccharis trimera (Less.) DC, também denominada Baccharis

genistelloides var. trimera (Less.) Baker, com grande utilização na medicina

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tradicional e na produção de fitoterápicos (RITTER et al., 2002; NUNES et al., 2003;

BORELLA et al., 2006).

Conforme o saber popular, seu chá é utilizado no tratamento de problemas

hepáticos, digestivos, malária, úlceras, diabetes, anemia, diarréia, inflamações

urinárias, amidalite, verminoses (VERDI; BRIGHENTE; PIZZOLATI, 2005), além do

uso como agente abortivo (ALONSO, 2004). Lorenzi e Matos (2002) registram seu

uso sobre o tratamento da esterilidade feminina e impotência masculina. Entretanto,

Franco (2001), havia relatado que a administração do extrato de carqueja em ratas

exerceu ação abortiva, sendo contra-indicada durante a gestação e a lactação.

Gené et al. (1996), ressaltam o uso da infusão da carqueja no combate a

inflamações, em especial do trato digestório, anemia, enfermidades renais,

pancreáticas e da bexiga, auxiliando, inclusive, em regimes de emagrecimento e no

tratamento do diabetes. A análise química desta espécie permitiu determinar a

presença de grande quantidade de terpenoides, seguido de flavonoides, ligninas,

carquejol e em menor quantidade, cumarinas. Os efeitos analgésicos e

antinflamatórios observados devem-se, principalmente, a um complexo de

saponinas que tem como componente majoritário o ácido equinocístico.

Rodrigues et al. (2009), relatam a ação protetora contra as espécies reativas

de oxigênio (ROS) associada à ação antioxidante dos flavonóides. Pádua et al.

(2010), também observaram ação antioxidante em testes in vitro e in vivo do extrato

hidroetanólico da Baccharis trimera, que é capaz de reduzir a produção e liberação

de ROS em neutrófilos, as principais células recrutadas durante processos

inflamatórios, protegendo o organismo contra os radicais livres.

Souza e Rocha (2005), utilizaram meristemas radiculares de Allium cepa no

monitoramento do efeito do extrato aquoso de Baccharis trimera e observaram a

redução do ciclo mitótico, em concentrações elevadas, bem como o surgimento de

anormalidades cromossômicas. Fachinetto e Tedesco (2009), também verificaram

atividade antiproliferativa e mutagênica dos extratos aquosos de Baccharis trimera

sobre o sistema teste de Allium cepa.

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3.4.5 Cinnamomum cassia

Popularmente, a Cinnamomum cassia é chamada de canela da China,

pertence à família Lauraceae, a canela tem como espécies mais conhecidas a

canela-do-Ceilão (Cinnamomum zeylanicum) e a canela da China (Cinnamomum

cassia), tendo como principais diferenças entre elas, as variadas concentrações de

constituintes químicos, como o eugenol e a ausência de súber na C. zeylanicum

(BENARROZ, 2007). Estas duas espécies encontram-se na Farmacopeia Brasileira,

são geralmente usadas na forma de chás, tanto das folhas quanto da casca, para o

tratamento de resfriados, porém, a infusão feita com a casca é considerada um

abortivo, o que restringe seu uso (MARQUES, 2001).

A Cinnamomum cassia é uma espécie de árvore perene, amplamente no

Sudeste da Ásia, a sua casca tem sido considerada como uma especiaria natural e

popular desde a antiguidade e têm sido utilizada tradicionalmente em tratamentos de

gastrite, distúrbios da circulação arterial, dispepsia e doenças inflamatórias (CHOI et

al., 2001; WANG et al., 2008).

Devido às suas propriedades organolépticas, a canela é muito difundida na

culinária ocidental, em perfumarias, nas indústrias de flavorizantes, de bebidas e de

alimentos. Na cultura popular, tem uma variedade de aplicações empíricas, que vai

desde o tratamento de transtornos digestivos, sendo tônico, carminativo e

antidiarreico, ao tratamento de resfriados, hipertensão, inflamação dos olhos,

vaginite, reumatismo, ferimentos e cefaléia (ALONSO, 2004).

Kong et al. (2002), verificaram que C. cassia pode ser eficiente também no

tratamento da gota, possivelmente devido ao efeito inibitório da xantina oxidase. Yu,

Lee e Jang (2007), registraram que o extrato etanólico da C. cassia apresenta efeito

ansiolítico que pode ser regulado pelos sistemas gabaérgico e serotonérgico e, além

disso, o extrato não apresenta efeito sedativo nem relaxante muscular

O óleo essencial obtido a partir da casca e dos ramos jovens da planta tem

sido largamente utilizado para a medicina, pelas propriedades antioxidantes e

atividades antiifúngicas e antibacteriana (GENG et al., 2011). O Cinamaldeído foi

identificado como um componente ativo fungitóxico e é também conhecido por inibir

a proliferação de linfócitos e crescimento de tumores. A atividade antimutagênica in

vitro do cinamaldeído foi relatada pela primeira vez por Ohta et al. (1983), na

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mutagênese induzida em Escherichia coli como resultado do rastreio de fatores

antimutagênico nos gêneros alimentícios.

Em estudos realizados por Sharma et al. (2001), demonstram que o

potencial antimutagênico da Cinnamomum cassia poderia ser atribuído ao seu efeito

modulador sobre a bioativação de xenobióticos e processos de detoxificação.

Verspohl, Bauer e Neddermann (2005), relataram em um estudo com ratos

diabéticos, a ação do extrato de Cinnamomum cassia. Na diminuição dos níveis de

glicose no sangue, mostrando seu efeito hipoglicemiante.

Recentemente Sung et al. (2011), demonstrou que o extrato de C. cassia

reduziu a infiltração dérmica de células inflamatórias em camundongos com

dermatite atópica induzida, suprimindo a resposta celular do linfócito T auxiliar 2

(Th2) e assim, inibindo o desenvolvimento da patologia.

3.4.6 Jateorhiza palmata

Popularmente, a Jateorhiza palmata é denominada de calumba, columbo.

A raiz amarga dessa planta menispermácea africana é usada com tônico

estomacal, indicada em distúrbios gástricos, cólicas gástricas, flatulência, disenteria,

diarréia, anemia, opilação, fraqueza geral, falta de apetite, anorexia, tonteira, vermes

intestinais, febre intermitente, bronquite, hipertensão arterial, impotência sexual,

debilidade muscular em crianças, náusea e vômito (inclusive em grávidas), afecção

do estômago, dispepsia, atonia do tubo intestinal e escorbuto (PLANTAMED, 2010),

Kohno et al. (2002), publicaram resultados que indicam a capacidade

quimiopreventiva da raiz da Jateorhiza palmata contra a tumorigênese do cólon

induzido quimicamente durante a fase de iniciação. Fornecendo uma base científica

para a capacidade de um quimiopreventivo contra o câncer de cólon humano.

A bibliografia é extremamente escassa a respeito de estudos realizados para

avaliação dos efeitos da Jateorhiza palmata.

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3.4.7 Centaurim erythraea

Popularmente, a Centaurium erythraea é denominada de fel-da-terra,

cantáurea-menor.

A Centaurium erythraea é da família Gentianaceae. Esta planta é mais

abundante na zona do Mediterrâneo, na medicina popular marroquina é utilizada em

diferentes terapias, e tem sido utilizada na medicina por seu efeito depurativo,

sedativo e as propriedades antipiréticas, é também utilizado para aliviar a indigestão,

tratar a icterícia, feridas e úlceras (HALOUI et al., 2000; HAMZA et al., 2010). A

infusão das partes aéreas possui uma atividade antioxidante e é utilizado para

reduzir a pressão arterial, espasmos do trato gastrintestinal, inflamação e edema

(VALENTÃO et al., 2002).

É uma erva muito amarga, que possui propriedades eupépticas, coleréticas,

por possuir glicosídeos amargos como a genciopicrina e eritrocentaurina, agindo

ainda como antigripal. Como uso externo, possui indicações em casos de alopecia e

crises reumáticas. Além do uso do ponto de vista medicinal, tal espécie é usada na

elaboração de licores e bebidas amargas (ALONSO, 2004).

A planta tem sido utilizada também, no tratamento de asma, eczema,

icterícia, parasitoses intestinais, reumatismo, feridas e úlceras, como bem como para

reduzir a pressão sanguínea, espasmos, edema e distúrbios digestivos (KULTUR,

2007).

Tahraoui, Israili e Lyoussi (2010), administraram o extrato da Centaurium

erythraea em doses relativamente altas por via oral e intraperitoneal em roedores, e

observaram ausência de mortalidade ou mudanças clínicas adversas significantes

nos parâmetros biológicos e hematológicos, e também na morfologia do fígado e dos

rins. Constataram assim, a ausência de toxicidade, além disso, considerando as

doses consumidas empiricamente na medicina tradicional, concluem que há uma

ampla margem de segurança para o seu uso terapêutico do extrato da Centaurium

erythraea .

Recentemente, Hamza et al. (2010), publicaram que o extrato da Centaurium

erythraea reduziu os efeitos do diabetes tipo 2 em camundongos alimentados com

uma dieta hiperlipídica. Estes resultados confirmam os resultados anteriores

encontrado em um modelo preventivo de diabetes tipo 2 em camundongos (HAMZA

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et al., 2010), e se apresentam como um modelo estabelecido de tratamento, análogo

ao tratamento de pacientes humanos com diabetes.

Sefi et al. (2011), também demonstraram um efeito terapêutico protetor para

o diabetes, diminuindo o estresse oxidativo e danos às celulas pancreáticas de

ratos, provavelmente pelo seu potencial antioxidante.

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4 METODOLOGIA

4.1 Animais

Foram utilizados 35 camundongos (Mus musculus) machos adultos com

idade entre 3 a 4 meses e 105 fêmeas da linhagem isogênica BALB/c, pesando

entre 20-30g e com aproximadamente 3 meses de idade, provenientes do Biotério

Central da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI para os testes de

mutagenicidade e de toxicologia reprodutiva. O camundongo torna-se apto à

reprodução aos 60 dias de idade, sendo que os efeitos hormonais iniciais já estão

presentes em ambos os sexos ao redor dos 30 dias de idade, (CHORILLI;

MICHELIN; SALGADO, 2007). Os animais foram mantidos em caixas de

polipropileno, em ambiente com temperatura (22 + 2ºC) e ciclo controlado

(claro/escuro 12 horas cada), com ração (Nuvital) e água a vontade. Os animais

foram aclimatados no laboratório experimental por uma semana antes do inicio do

estudo. O microambiente foi enriquecido com papel toalha para elaboração de

ninhos. Este projeto foi submetido à Comissão de ética no uso de animais -

CEUA/UNIVALI, e foi aprovado sob o Parecer nº 004/10.

4.2 Tratamentos

A dose terapêutica diária do composto fitoterápico indicada para seres

humanos é 30 mL antes das refeições, a dose total diária a ser ingerida por um

adulto médio (60 kg) é de 90 mL. Portanto,a dose diária/animal baseada na humana

de 1,5 mL/kg, foi considerada de 1,5 L/g. Levando em conta que a formulação

fitoterápica deve ser empregada por via oral, esta via foi eleita para a administração

nos animais, sendo administrada por sonda rígida. Os animais foram pesados

semanalmente para ajuste da dose.

As fêmeas (n=90) foram divididas em 6 grupos, além dos três grupos que

receberam o composto fitoterápico em doses diferentes, o grupo do excipiente e

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controle negativo, outro grupo controle negativo foi adicionado, com o objetivo de

avaliar a hipótese de que a contensão física diária do animal para a administração

dos tratamentos, causasse estresse e assim pudesse influenciar os resultados. Para

Stott (1981) o estresse é uma reação a forças deletérias que podem manifesta-se

por alterações neuroendócrinas ou adrenocorticais, e pode ser causado por técnicas

de contenção e afetar inclusive a reprodução.

Grupo CTSM: Este grupo foi mantido sem nenhum tratamento ou contenção

manual.

Grupo CT (controle negativo): Os animais receberam água (150 L) uma vez

ao dia, via oral, por sonda rígida.

Grupo AL (excipiente): Os animais receberam álcool a 16% (150 L) uma vez

ao dia, via oral, por sonda rígida.

Grupo AI1 (dose humana): os animais receberam a dose do composto (150

L), equivalente a indicação do laboratório para um adulto de 60 kg, ou seja, 1,5

L/g, uma vez ao dia, via oral, por sonda rígida.

Grupo AI2 (2x dose humana): Os animais receberam 2x (3 L/g), a dose do

composto (150 L), uma vez ao dia, via oral, por sonda rígida.

Grupo AI3 (3x dose humana): Os animais receberão 3x (4,5 L/g) a dose do

composto, uma vez ao dia, via oral, por sonda rígida.

As doses diárias foram administradas no mesmo horário e num volume

ajustado para 150 L/animal. Para a administração oral (gavagem), os animais foram

contidos manualmente em posição vertical e a sonda rígida introduzida até o

estomago do animal. A água e ração foram fornecidas a vontade durante todo o

experimento.

Os grupos foram constituídos por 15 fêmeas nulíparas, com pelo menos um

ciclo estral comprovado por citologia vaginal e receberam os tratamentos

diariamente por aproximadamente 42 dias.

O peso corporal foi registrado semanalmente durante o tratamento. Também

foram observados sinais de toxicidade como perda de peso, piloereção, diarréia,

convulsões, alterações do comportamento e da locomoção. A toxicidade sistêmica

pode ser verificada pela diminuição da massa corporal dos animais e diminuição do

desenvolvimento ponderal, ingestão alimentar, pelo aparecimento de alterações

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comportamentais como apatia, prostração, piloereção, além de alterações na massa

relativa dos órgãos (MELLO, 2001; RAZA et al., 2002).

4.3 Citologia Vaginal

O ciclo estral refere-se a uma série de alterações do trato reprodutor da

fêmea levando a uma condição de cio ou estro, no momento que a fêmea é mais

receptiva ao acasalamento (KO; LUCA, 2009).

Via de regra o ciclo total tem uma duração aproximada de 5 dias, sendo que

este período depende do tempo de regressão do corpo lúteo e cessação da ação da

progesterona (SALGADO; PASSOS, 2009). O ciclo estral das fêmeas é dividido em

quatro fases: proestro, estro, metaestro e diestro.

O ciclo estral em camundongos pode ser aferido por esfregaço vaginal, as

mudanças anatômicas e hormonais no trato reprodutor estão relacionadas com a

diversidade celular apresentada no epitélio vaginal.

Na citologia, a característica é o aparecimento de células cornificadas (como

células de descamação), durante o estro, elas aparecem em maior número, muitas

vezes podem formar grumos (Figura 2A).

A fase do proestro é confirmada pela presença de células epiteliais

nucleadas (Figura 2B) e ocorre aumento nos níveis de estradiol (ALVES et al.,

2009).

A fase do metaestro caracteriza-se por predominância de leucócitos e

poucas células cornificadas. A fase diestro é a mais longa do ciclo e caracteriza-se

pela quase que exclusiva prevalência de leucócitos (Figura 2C) e caracteriza-se por

concentrações baixas de estrogênio esta fase é considerada como pré- ovulatória.

Foi realizado o esfregaço vaginal das fêmeas diariamente, com a utilização

de pinça apropriada e algodão embebido em soro fisiológico. Foi realizada a

coloração das lâminas com o Kit Panótico Rápido (Laborclin®). A visualização feita

em microscopia óptica da citologia vaginal foi relacionada com a fase do ciclo estral.

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Figura 2: Citologia vaginal de fêmeas de camundongos. (A) células cornificadas, (B) células nucleadas e (c) neutrófilos.

4.4 Delineamento experimental e Manejo reprodutivo

Após os primeiros 28 dias de tratamento as fêmeas foram acasaladas

individualmente com machos adultos, com fertilidade testada. As fêmeas

permaneceram com o macho por um período de 7 dias consecutivos, considerando-

se que o ciclo estral tem duração de 4-5 dias, e segundo Ko e Luca (2009), as

fêmeas acabam entrando em cio três dias após o primeiro contato, em sincronia

(efeito Whitten). Durante este período as fêmeas continuaram a receber os

tratamentos. A ciclicidade do estro e ovulação é controlada pelo ritmo diurno do

fotoperíodo. Acasalamento, estro e ovulação ocorrem com maior frequência durante

a fase escura do fotoperíodo (JACOBY; FOX; DAVISSON, 2002).

A cada manhã após a exposição com os machos, as fêmeas eram

inspecionadas quanto a presença de tampão vaginal (sêmen solidificado), o que

confirmaria que as mesmas foram copuladas. As fêmeas que tiverem confirmação

de cópula foram separadas e este foi considerado o dia zero da prenhez, isto se deu

com variação do primeiro ao último dia de acasalamento. As fêmeas prenhes

continuaram recebendo o tratamento por mais 7 dias, durante a embriogênese e

início da gastrulação. As fêmeas foram mortas por deslocamento cervical, no 15º dia

da prenhez para avaliação dos parâmetros reprodutivos que indicassem toxicidade.

O período de gestação em camundongos é de 19 a 21 dias (Figura 3).

A B C

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Figura 3: Período de tratamento.

4.5 Avaliação dos parâmetros reprodutivos

Imediatamente após a morte do animal, foi realizada uma incisão abdominal

para exteriorização dos cornos uterinos e registrado os seguintes parâmetros.

Número de fetos vivos (avaliados pela resposta táctil) e mortos.

Presença de malformações maiores nos fetos.

Número de implantações;

Número de reabsorções precoces e tardias;

Corpos lúteos;

Peso do feto e respectiva placenta

Peso da fêmea no 15º dia da prenhez.

A contagem dos corpos lúteos (indicativo do número de ovulações) se deu

após a retirada dos ovários e observação sob estereomicroscópio, reconhecidos

pela coloração rósea e forma arredondada.

Para avaliação de malformações maiores nos fetos, estes foram retirados

dos envoltórios embrionários e placentários e sob estereomicroscópio foram

observadas a presença de fenda palatina, inserção de orelhas e alteração ou falta

de membros.

As reabsorções precoces e tardias foram avaliadas por observação direta.

As reabsorções tardias foram reconhecidas pela possibilidade de distinção entre os

tecidos embrionários e placentários, o que não acontece na reabsorção precoce

(Figura 4). Além dos parâmetros reprodutivos, também foi avaliado um parâmetro

metabólico através do peso do fígado.

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Figura 4: Eventos reprodutivos.

As taxas e índices reprodutivos foram calculados conforme a descrição

abaixo (EPA, 1996; LEMONICA et al.,2003):

4.5.1 Taxa de cópula

Nº de fêmeas acasaladas x 100

Nº de fêmeas copuladas (com tampão seminal)

4.5.2 Taxa de Prenhez

Nº de fêmeas copuladas e prenhes x100

Nº de fêmeas copuladas não prenhes

4.5.3 Taxa de Viabilidade fetal

Total de fetos vivos x100

Total de implantes

4.5.4 Taxa implantação

Nº de implantações x 100

Nº de corpos lúteos

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4.5.5 Perdas pré-implante

Nº de corpos lúteos- N de implantes x 100

Nº de corpos lúteos

4.5.6 Perdas pós-implante

Nº de implantes – N de fetos vivos x 100

Nº de implantes

4.5.7 Índice placentário

Peso da Placenta

Peso do feto

4.6 Teste de micronúcleo em eritrócitos de medula de camundongo

Para este ensaio foram utilizados três grupos de 10 animais, compostos por

5 machos e 5 fêmeas de camundongos Balb/c.

Grupo I - Controle negativo (água, via oral)

Grupo II- Controle positivo (etilmetanossulfonato-EMS- 50 mg/kg)

Grupo III - Tratamento (composto fitoterápico 2000 mg/kg, via oral)

A técnica utilizada para o estudo de micronúcleo (MN) em células de medula

óssea foi descrita por Schmid (1975), com modificações seguidas da OECD- 474

(1997).

Os animais receberam em dose única (0,1 mL/10g), por via oral com sonda

rígida, a água (controle negativo) e o composto fitoterápico (2000 mg/kg). O controle

positivo (agente mutagênico) etilmetanometilsufonato (EMS) foi administrado (50

mg/kg) por via intraperitoneal.

Após 24 h os animais foram mortos por deslocamento cervical os fêmures

foram retirados e as epífises distais cortadas.

A medula óssea foi coletada com o auxílio de uma seringa de 1 mL

preenchida com soro fetal bovino- SFB(Gibco®). O material foi depositado em um

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tubo cônico contendo 1 mL de SFB, e homogeneizado com uma pipeta Pasteur

descartável.

A suspensão celular foi centrifugada por 5 minutos a 2000 rpm descartando-

se o sobrenadante e conservando um volume de 0,5 mL para posterior

homogeneização do precipitado celular.

Uma alíquota de 20 L foi adicionada a 80 l de azul de tripan (Sigma) para

verificação da viabilidade celular. Em seguida, uma gota da suspensão foi colocada

em câmara de Neubauer e realizada a contagem percentual, sendo consideradas

mortas as células que incorporavam o corante e, vivas as que excluíam o azul tripan

(Figura 5).

Da suspensão resultante, foi retirado 10 L para a realização do esfregaço

em lâminas limpas e previamente marcada com o código do animal, em seguida,

com o auxilio de outra lamina num ângulo de 45°, realizou-se o esfregaço. As

laminas foram secas à temperatura ambiente e fixadas com metanol.

Para a avaliação da atividade genotóxica as lâminas foram e coradas com

Wright-Giemsa (Merck®) e analisadas em microscopia de luz (1000x). Em cada

lâmina, foram analisados 2000 os eritrócitos policromáticos (PCEs) nos quais foram

contadas a quantidade de micronúcleos encontrados. Para avaliação da citotoxidade

foram avaliados os eritrócitos normocromáticos (NCEs) e os eritrócitos

policromáticos (PCEs) simultaneamente.

Figura 5: Células de medula de camundongos vistas sob microscopia (400x) indicando a viabilidade celular determinada pela ausência de corante no interior das células.

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4.7 Análise estatística

Os parâmetros registrados foram avaliados por Análise de variância

(ANOVA). Em caso de uma Anova significativa (p<0,05), o teste de Tukey para

comparação de médias foi utilizado. Todas as análises foram avaliadas com

confiança de 95% (α =0,05) ou 99% (α =0,01). No texto, foram relatados os níveis de

significância alcançados (P). Todos os resultados foram apresentados em média e

erro padrão da média.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O presente estudo avaliou um fitoterápico (Água Inglesa®) que vem sendo

usado há décadas no mercado, indicado como tônico e aperiente. Entretanto é

sabido que inúmeras mulheres fazem seu uso para promover a fertilidade. Não há

bibliografia espéciefica que comprove sua ação ou toxicidade. Na literatura são

encontrados somente estudos isolados dos extratos das espécies que o constituem

(Cinchona calisaya; Jateorhiza palmata; Centaurim erythraea; Baccharis trimera;

Artemisia absinthium; Matricaria recutita e Cinnamomum cassia), porém não foram

encontrados relatos da ação de sua associação

5.1 Toxicidade e massa corporal

Não foram encontrados indícios clínicos de toxicidade (diarréia, piloereção,

tremores, mudança de hábitos de postura e higiene, etc) em nenhum dos grupos

observados durante o tratamento. Foi registrada a morte de uma fêmea do grupo AI2

no 22º dia de tratamento, sem apresentar nenhuma causa aparente.

Não houve diferença estatística entre os grupos no peso inicial das fêmeas

(p=0,36) e também na variação da massa corporal (p=0,42) entre os grupos tratados

e controle durante o período de pré-acasalamento (28 dias), acasalamento (1 a 7

dias) e no período da embriogênese e início da gastrulação (1 a 7 dias) (Figura 6).

Figura 6: Dados da variação de massa corporal (g), expresso em média dos grupos durante as seis semanas de tratamento com as três doses do composto fitoterápico e controles.

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O teste do composto fitoterápico de Água Inglesa, nas três doses

administradas, no período pré-acasalamento não afetou o ganho de massa corporal

dos grupos tratados. Estes resultados sugerem que o composto testado nas doses

investigadas não demonstrou toxicidade no período avaliado. Muto et al. (2003),

também não encontraram sinais de toxicidade sistêmica em estudo realizado com a

utilização de extrato de Artemisia absinthium em ratos, planta que faz parte da

composição do fitorerápico em nosso estudo.

Tahraoui, Israili e Lyoussi (2010), em recente estudo de toxicidade sub-

crônica do extrato de Centaurim erythraea em ratos, administrado por via oral em

doses diárias de 100, 600 e 1200 mg/kg por 90 dias, não encontraram alterações no

comportamentodos animais. O ganho de peso corporal não foi diferente nos ratos

tratados em comparação com os controles.

O efeito do extrato hidroetanólico de Baccharis trimera (planta presente na

associação fitoterápica testada neste estudo), testado na dose de 8,4 mg/kg por via

oral em ratas prenhes, não resultou em sinais clínicos de toxicidade materna e

nenhuma alteração nos parâmetros hematológicos; embora alterações

histopatológicas tenham sido encontradas no fígado (GRANCE et al., 2008).

5.2 Peso do fígado

O fígado é considerado o principal órgão de metabolismo dos fármacos.

Alterações no peso do fígado podem demonstrar sinais de toxicidade, pois é o órgão

que encerra maior concentração de enzimas responsáveis pela biotransformação de

agentes tóxicos (OGA, 2003; GOLAN et al., 2009).

O peso do fígado das fêmeas prenhes (PR) foi maior (p<0,001) que o das

fêmeas não prenhes (NP) (Figura 7). Porém quando comparados dentro de cada

grupo (fêmeas prenhes e não prenhes) não houve diferença entre os tratamentos

(p=0,1).

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Figura 7: Média e erro padrão do peso do fígado das fêmeas prenhes (PR) e não prenhes (NP) dos grupos tratados.

O peso do fígado aumenta durante a prenhez em ratas, em decorrência da

retenção hídrica e aumento dos constituintes citoplasmáticos (MOURA; QUEIRÓZ;

CURI, 1991). Provavelmente este aumento tem como finalidade suprir a elevada

carga metabólica que é imposta neste período.

Este episódio foi observado em nosso estudo, pois o peso do fígado das

fêmeas prenhes foi maior quando comparado com as fêmeas não-prenhes.

Alterações no peso do fígado podem demonstrar sinais de toxicidade, entretanto isto

não foi observado em nosso estudo, pois quando comparamos o peso do fígado

somente entre as fêmeas prenhes e somente entre as não-prenhes não foi

encontrada diferença significativa.

5.3 Índices de fertilidade

Agentes tóxicos podem afetar parâmetros como o comportamento sexual,

normalidade do ciclo reprodutivo, função gonadal e consequentemente a fertilidade

(EPA, 1996). Nesta linha, todas as fêmeas acasaladas neste estudo (89)

apresentaram tampão seminal (Figura 8), indicativo de cópula, dado este que sugere

a ausência de influencia dos tratamentos no ciclo estral ou libido .

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Figura 82: Tampão seminal depositado na vagina da fêmea de camundongo.

O desempenho reprodutivo pode ser definido como uma medida de avaliar a

capacidade dos machos e fêmeas para acasalar com sucesso e produzir

descendentes viáveis (FOSTER, 1999).

Todos os machos utilizados neste estudo, copularam e tiveram fêmeas

prenhes. O grupo CTSM apresentou um número maior de fêmeas prenhes (p=0,18)

em relação aos outros grupos (Tabela 1).

Tabela 1: Dados de cópula e de prenhez das fêmeas dos grupos tratados e controle. Os valores foram expressos em número absoluto (Nº de fêmeas e prenhas) e percentual (cópula e prenhez).

*Diferença significativa entre os grupos (p< 0,05; ANOVA).

A taxa de cópula é um índice que fornece informações associadas ao eixo

neuroendócrino-gonadal, e muitos parâmetros podem ser influenciados por este

sistema, incluindo libido, estabilidade hormonal e alterações no ciclo estral

(FOSTER, 1999).

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Embora o presente estudo tenha registrado 100% de cópula no

acasalamento, a média geral de prenhez foi de 60,5% sendo observada uma

variação entre 50 a 86% de fêmeas prenhes entre os grupos. Estes dados são

maiores que alguns apresentados na literatura para esta linhagem. A linhagem

isogênica BALB/c apresenta em média 47% de cruzamentos produtivos sendo que

outras linhagens como, por exemplo, a C57BL/6J tem uma produtividade alta com

cerca de 84% de cruzamentos viáveis (ANDERSEN et al., 2004).

De acordo com Eskola e Kaliste-Korhone (1999), um grupo alojado de

camundongos fêmeas mantidas isoladas, quando apresentado a um macho ou

feromônios masculinos, retoma o ciclo estral sincronizado, efeito este conhecido

como Whitten. Também a pseudoprenhes pode ocorrer causada por alterações nas

interações sociais. Outro aspecto relacionado ao feromônio na fisiologia da

reprodução em camundongos é o efeito Bruce. Se a fêmea prenhe for exposta a um

novo macho ou mesmo o odor de sua urina até 4 dias após a cópula, a prenhez

existente será geralmente reabsorvida e a fêmea retornará ao estro (KO; LUCA,

2009).

Além destes fatores expostos, outra possível explicação para os resultados

observados pode ser que algumas fêmeas aceitaram a monta, mesmo sem estar no

estro, por insistência do macho, por estresse ou cansaço da fuga. A qualidade

oocitária também pode afetar a fertilização e implantação dos embriões, porém isto

não foi avaliado no presente estudo.

O grupo que não recebeu tratamento (CTSM) e nem mesmo foi contido

manualmente, apresentou um número maior de fêmeas prenhes. É possível sugerir

que o estresse diário da contenção e a gavagem interferiram nas funções

reprodutivas. Dallman et al. (1985), também relatam a influência do estresse,

quando prolongado, pode inibir a secreção dos hormônios luteinizante (LH) e do

folículo estimulante (FSH) causando bloqueio da ovulação.

5.4 Índices materno-fetais

Um total de 332 fetos vivos foi observado no 15º dia de prenhez. O grupo

CTSM apresentou uma média de fetos por fêmea menor que os demais grupos. Não

houve diferença estatística (p= 0,7) entre os grupos (Tabela 2).

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Tabela 2: Fetos vivos por grupo de fêmeas prenhes e media de fetos por fêmea. Dados expressos em número absoluto (fêmeas prenhes e fetos vivos) e média e erro padrão da média (fetos/fêmeas).

Sem diferença significativa entre os grupos (p>0,05; ANOVA).

A média de fetos por fêmea encontrada neste estudo foi de 6,03. Embora

tenha sido observado que o grupo CTSM apresentou uma média de fetos por fêmea

menor que os demais grupos, estes resultados encontram-se dentro da expectativa

de fetos para esta linhagem. Segundo Silver (1995), o tamanho da ninhada de

fêmeas da linhagem BALB/c é de 5 a 7 filhotes por fêmea.

Vários fatores podem influenciar o tamanho da ninhada, dentre eles o

aumento de filhotes após o primeiro parto e a diminuição após o quinto, além de

fatores genéticos como diferenças entre várias linhagens de camundongos

(KRACKOW; GRUBER, 1990). Um estado ótimo de produtividade é alcançado entre

a segunda e oitava gestação. Em isogênicos a produtividade é, em geral, menor que

nos heterozigotos (HARKNESS; WAGNER, 1993).

Ainda, segundo Foster (1999), a diminuição no tamanho da ninhada indica

um efeito adverso no desempenho reprodutivo e pode muitas vezes ser um

indicador mais sensível que outros índices. Ela pode resultar de uma diminuição do

número de oócitos ovulados, um aumento de perdas pré ou pós-implantação,

concentração espermática insuficiente, ou espermatozóides de má qualidade.

O número de oócitos ovulados está relacionado com o número de corpos

lúteos (CL) formados. No camundongo o CL apresenta-se de coloração roseada e é

possível realizar sua contagem sob lupa (Figura 9). O número de corpos lúteos é um

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dado importante, visto que pode-se saber quantos oócitos foram ovulados em cada

ovário, e assim, calcular as taxas de implantação, perdas pré e pós-implantação.

A ovulação da fêmea de camundongo é espontânea, ocorre quando os

folículos maduros se rompem de forma independentemente da

cópula/acasalamento. Após a ruptura do folículo e liberação dos oócitos, o LH

(hormônio luteinizante) estimula formação o corpo lúteo e favorece a produção de

estrogênio e progesterona, caso houver a cópula (SALGADO; PASSOS, 2009).

Em seres humanos o corpo lúteo é a fonte primária para produção de

esteróides sexuais durante o primeiro trimestre de gestação sendo a placenta a

principal responsável pela secreção destes hormônios até o nascimento. Em

roedores a manutenção do CL está sob a influência de picos diários de prolactina

liberada pela hipófise. Estes picos são iniciados como resultado da estimulação

cervical que ocorre durante a cópula. Se a cópula não ocorrer o corpo lúteo sofre

atresia (MALASSINE; FRENDO; EVAIN-BRION, 2003).

Figura 9: Ovário de fêmea de camundongo com presença de corpos lúteos (n=5) no 15º dia de prenhez.

Não houve diferença estatística (p=0,6) na média (8,22±0,25) de ovulações

(número de corpo lúteo) por fêmeas entre os grupos. Grance (2007), em estudo

similar a este, também não encontrou diferença na ovulação de ratas tratadas com

extrato hidroetanólico de Baccharis trimera.

Dos oócitos ovulados e fertilizados, a taxa de implantação embrionária do

estudo foi de 96,6 ± 0,4%. Não houve diferença estatística (p=0,8) entre os grupos

tratados e o controle quanto a esta taxa. Da mesma forma, não houve diferença

estatística (p=0,8) entre os grupos tratados e o controle quanto a taxa de perdas pré

e pós-implantação embrionária (reabsorções precoces e tardias) (Figura 10). A

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média geral do estudo foi de (20,4±1,6%) e (2,7±0,01%) para as perdas pré e pós-

implantação embrionária, respectivamente (Tabela 3).

Figura 103: Reabsorções embrionárias (A) precoce (B) tardia.

Não houve diferença estatística (p=0,8) na viabilidade fetal entre os grupos

tratados e o controle (Tabela 3).

Tabela 3: Índices materno-fetais observados nos grupos tratados e controle. Dados expressos em média e erro padrão da média (corpos lúteos) e percentual (implantação, perdas pré e pós-implantação e viabilidade fetal)

Não houve diferença significativa entre os grupos (p>0,05; ANOVA).

Grance (2007) relatou redução significativa na taxa de implantação e aumento

na taxa de perdas pré-implantação em ratas tratadas com 8,4 mg/kg do extrato

hidroalcoólico de B. trimera, informando que este achado pode estar associado ao

efeito relaxante do extrato na musculatura lisa da tuba uterina, interferindo no

transporte do embrião até o útero.

Este efeito já foi relatado por Torres et al. (2000) em estudos experimentais

com flavonóides isolados de B. trimera Franco (2001) relatou que a administração do

extrato de carqueja em ratas exerceu ação abortiva, sendo contra-indicada durante a

gestação e a lactação.

A B

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Apesar dos relatos de diminuição da implantação e perdas embrionárias com

o B. trimera, este efeito não foi observado no presente estudo. A diferença de

concentração deste extrato ou mesmo o sinergismo com as várias outras tinturas

presentes no fitoterápico testado podem ser o motivo da ausência de alterações na

implantação.

Existem vários pontos no processo de implantação que pode ser perturbado

por substâncias tóxicas e levar à interrupção da prenhez (HARENG et al., 2005).

Esta ação tóxica pode ser observada através de índices que fornecem dados de

implantação embrionária, desenvolvimento embrionário e fetal, reabsorções,

viabilidade fetal, entre outros.

A viablilidade fetal é calculada pela diferença de fetos vivos pelo total de

fetos que implantaram e indica a capacidade de se manter a relação materno/fetal

até o final da gestação. Os fetos são considerados viáveis quando respondem ao

estímulo táctico ou mesmo é possivel observar movimentos, após a abertura do

corno uterino e retirada dos envoltórios fetais. O presente estudo apresentou uma

média de 78,% de fetos viáveis, sendo que no grupo AI1 foi observado um número

maior de fetos viáveis e o grupo AI3 menor que os outros grupos, apesar de não

haver diferença estatistica.

O grupo AI3 apresentou redução significativa (p< 0,01) no peso dos fetos

em relação aos outros grupos. Este resultado fez com que o índice placentário

(peso da placenta/peso do feto) (Figura 11) fosse maior (p< 0,01) neste grupo.

Grance (2007) também verificou aumento do índice placentário quando

utilizou 8,4 mg/kg do extrato hidroetanólico de B. trimera em ratas prenhes.

Não houve diferença (p=0,059) no peso das placentas entre os grupos. A

média do peso das placentas dos grupos foi de 0,124 ±0,008 mg (Tabela 4).

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Figura11: Fetos de camundongo no 15º dia de prenhez e suas respectivas placentas.

Tabela 4: Peso da placenta e respectivos fetos e o índice placentário dos grupos tratados e controles. Dados expressos em média e erro padrão.

*Diferença estatística significativa p<0,01 entre os tratamentos (ANOVA e Tukey)

O grupo AI3 recebeu três vezes a dose terapêutica do composto e esta pode

ter sido a causa deste efeito A maior concentração dos extratos pode ter causado

algum efeito tóxico na mãe que comprometesse as trocas materno-fetais através da

placenta. De acordo com Hareng e colaboradores (2005), um bom funcionamento da

placenta é essencial para o desenvolvimento embrionário e fetal e o sofrimento fetal

pode de fato ser secundária a disfunção placentária.

Tem sido demonstrada uma correlação positiva entre o peso placentário e

peso fetal, mas a base fisiológica desta correlação ainda está sendo estudada. Este

fato constitui uma lacuna importante, porque a placenta é uma estrutura importante

pela estreita relação materno-fetal.

Se a função placentária estiver insuficiente, pode se tornar um fator limitante,

não apenas para a nutrição do feto, mas também para a troca materno-fetal dos

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constituintes fisiológicos e resíduos que podem representar um risco patológico para

o feto (RAMA SASTRY, 1998).

A placenta desempenha, entre outras, a função de respiração, de excreção,

de hematopoese e produção hormonal, todas diretamente relacionadas com a

nutrição fetal e com o objetivo de preparar o feto para a vida extra-uterina (RAMA

SASTRY, 1998; DIAS; RUDGE; TRINDADE, 2001).

Vários autores observaram redução no peso placentário, tanto na espécie

humana como em outros animais, devido a causas, como a nutrição materna e

exposição a substâncias tóxicas pela mãe (DIAS; RUDGE; TRINDADE, 2001).

A placenta de camundongos possui inúmeras similaridades com a placenta

de humanos, inclusive fatores de transcrição envolvidos na expressão de vários

genes. O uso de modelos de camundongos transgênicos tem melhorado muito a

compreensão do controle genético da placenta e de investigação em biologia do

desenvolvimento (MALASSINE; FRENDO; EVAIN-BRION, 2003).

Os agentes químicos que apresentam características necessárias para

transpor outras membranas atravessam também a barreira placentária. Assim,

substâncias com baixo peso molecular transpõem facilmente a placenta por simples

gradiente de concentração. Além do peso molecular, interferem com a passagem

outras propriedades, a lipossolubilidade, grau de ionização e ligação com proteínas

plasmáticas (LEMONICA, 2003).

Outro aspecto importante é que a quantidade de álcool utilizado como

excipiente também foi administrado em dose tripla. Segundo Rama Sastry (1998),

gestantes expostas ao álcool têm suas funções placentárias comprometidas. O

efeito se apresenta como um atraso de crescimento intra-uterino do feto e um

decréscimo em todas as dimensões do crescimento fetal. O álcool influencia o fluxo

sanguíneo placentário e a fluidez da membrana da placenta e, consequentemente, o

aporte nutricional do feto.

Como o álcool atravessa facilmente a placenta, se ingerido pela gestante é

entregue diretamente para o feto que possui muito pouca tolerância para seu

metabolismo. O álcool tem propriedades teratogênicas e seus efeitos adversos

incluem aborto espontâneo, parto prematuro, baixo peso ao nascer, anomalias do

crescimento, entre outros (COOK, 2003).

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5.5 Malformações fetais

Foram avaliados 332 fetos e não se observou alterações morfológicas

externas que evidenciassem malformações maiores ou menores, com exceção de

um feto do grupo AI1 que apresentou ausência de um dos membros superiores

(Figura 12), porém esta incidência pode ser considerada normal, visto que em

humanos, é cerca de 2 a 3% (MONTELEONE-NETO; CASTILLA; LOPEZ-CAMELO,

1991).

Mesmo com uma dose três vezes maior do composto fitoterápico, que a

preconizada para uso em humanos, os fetos não apresentaram malformações

visíveis, como fenda palatina, alterações ou falta de membros.

Figura 12: Feto de camundongo no 15º dia de prenhez com

ausência do membro superior.

Grance (2007) testou o extrato hidroetanólico de B. trimera, na concentração

de 8,4 mg/kg durante todo o período de prenhez em ratas e observou toxicidade

materna e a presença de malformações nos conceptos que incluíram alterações

viscerais e esqueléticas, redução no peso, tamanho fetal e ossificação. Este efeito

encontrado na prole é consequência da toxicidade materna.

Mello, Mello e Langelohn (2008), testaram um fitoterápico contendo B.

trimera e outras associações (Gotas Preciosas®) quanto aos potenciais efeitos

tóxicos com dose 10 vezes maior que a preconizada para fins terapêuticos em

humanos. O produto foi administrado por via oral em ratas Wistar durante 44 dias,

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correspondendo ao período de prenhez e lactação. O tratamento foi considerado

inócuo, pois nenhuma malformação foi observada nos conceptos.

Estes resultados, como em nosso estudo, sugerem que a associação

fitoterápica estudada, não é potencialmente capaz de desencadear efeitos como

malformações nos fetos.

5.6 Teste de mutagenicidade – Micronúcleo

Os resultados deste estudo mostraram que a utilização de 2000 mg/kg do

composto fitoterápico não induziu aumento de eritrócitos policromáticos

micronucleados (EPCMNs) (Figura 13), comparado com os grupos controle.

Figura 13: Eritrócito policromático com micronúcleo (MN).

A frequência de (EPCMNs) do grupo controle positivo em relação ao controle

negativo e do composto testado foi significativa (p < 0,001). O grupo do composto

testado não diferiu do grupo controle negativo (p>0,05). A proporção estimada de

EPC/NCE entre os grupos não apresentaram diferenças estatisticamente

significativas na eritropoiese (Tabela 5).

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Tabela 5: Análise de 2000 eritrócitos policromáticos da medula de machos e fêmeas de camundongos tratados com o composto fitoterápico e controles. Dados expressos em número (EPCMNs por animal/sexo) e média e desvio padrão (EPCMNs e EPC/ENC).

EPCMNs = Eritrócitos policromáticos micronucleados; EPC=Eritrócitos policromáticos;

ENC = Eritrócitos normocromáticos. F= feminino M= Masculino *Diferença significativa para o controle negativo (p < 0.001).

Rodrigues e colaboradores (2009), investigaram in vivo o efeito

genotóxico/antigenotóxico e potencial mutagênico da B. trimera. Independentemente

da dose, nenhum efeito genotóxico foi observado em amostras de sangue e fígado

de camundongos, analisadas pelo ensaio cometa. Porém, a mostrou um efeito

antigenotóxico no sangue dos animais tratados, desta forma protegendo as células

contra danos oxidativos no DNA induzidos pelo tratamento ex- vivo com peróxido de

hidrogênio. Por outro lado, o extrato aumentou a frequência de micronúcleos na

medula óssea dos camundongos tratados, indicando uma atividade mutagênica.

Também não encontrraram diferença na relação EPC/ENC em nenhum dos grupos

tratados e controles, assim como demonstrado em nosso estudo.

Entretanto, os autores advertem que medicamentos preparados a partir

desta planta devem ser usados com cautela, embora os resultados também sugiram

efeitos antigenotóxicos de extrato aquoso de B. trimera.

Ainda, a mutagenicidade da infusão da carqueja (Baccharis trimera), nas

concentrações de 6,85 e 68,50 mg/mL e do suco de beringela (Solanum melongena

L.), nas concentrações de 21,97 e 43,94 mg/mL, foi testada em células de medula

óssea de ratos. As concentrações testadas das duas plantas não causaram ação

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citotóxica, estatisticamente significativa, e nem alterações cromossômicas nas

células de medula óssea dos ratos. (PERON et al., 2008).

Aquino, Perazzo e Maistro (2011), avaliaram o artesunato, um derivado da

artemisina, principio ativo da Artemisia annua L. em um ensaio de células da medula

óssea de camundongos. Foi observado que altas doses de artesunato causou um

aumento no número médio de eritrócitos policromáticos micronucleados (EPCMNs)

demonstrando efeito clastogênico.

Sharma et al. (2001) utilizaram o teste do MN para avaliar o efeito

antimutagênico de Cinnamomum cassia contra dois agentes mutagênicos em ratos.

Os resultados deste estudo demonstram que seu potencial antimutagênico poderia

ser atribuída ao seu efeito modulador sobre a bioativação xenobióticos e processos

de desintoxicação.

O aumento de frequência de MN nas células é indicativo do potencial

mutagênico por quebras e/ou perdas cromossômicas e fornece evidências de

genotoxicidade sistêmica do composto avaliado. Assim, este estudo sugere a Água

Inglesa não possui potencial mutagênico e genotoxicidade sistêmica.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados deste estudo demonstraram que o composto conhecido como

Água Inglesa®, quando testado em camundongos fêmeas da linhagem BALB/c, na

dose correspondente e indicada para humanos não apresentou efeitos sobre os

seguintes parâmetros: massa corporal das fêmeas; sinais de toxicidade sistêmica;

peso do fígado das fêmeas; ovulações; perdas pré e pós-implantação; viabilidade

fetal, malformações fetais e índice placentário.

A Água Inglesa® quando administrada na dose de 2000mg/kg não

apresentou efeito mutagênico ou toxicidade celular, verificado pelo ensaio de

micronúcleo.

Os dados obtidos sugerem que a Água Inglesa®, quando utilizada da forma

indicada é inócua para os parâmetros avaliados. Entretanto, quando utilizada na

dose três vezes maior que a preconizada para humanos, apresentou efeito negativo

sobre o peso dos fetos, com alteração no índice placentário.

Nenhum estudo em humanos ou em animais, com a Água Inglesa® foi

encontrado na literatura, somente referências com seus extratos testados

isoladamente. A escassez de estudos relacionados a toxicidade reprodutiva e a

ausência de trabalhos semelhantes a este, dificultou a comparação dos resultados.

Este estudo avaliou parâmetros reprodutivos importantes como o

desempenho reprodutivo das fêmeas, fertilidade e o desenvolvimento embrio-fetal. O

desenvolvimento da prole e função materna na amamentação poderia ser a próxima

etapa de investigação.

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