NATHÁLIA GONÇALVES DE PAULA
IMPORTÂNCIA DO MANEJO INICIAL NA CRIAÇÃO DE
FRANGOS DE CORTE
JATAÍ – GO
2016/2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
REGIONAL JATAÍ
PROJETO ORIENTADO
ii
NATHÁLIA GONÇALVES DE PAULA
IMPORTÂNCIA DO MANEJO INICIAL NA CRIAÇÃO DE FRANGO DE CORTE
Orientadora: Profª. Drª. Karina Ludovico de Almeida Martinez Lopes
Relatório de Projeto Orientado apresentado
ao Colegiado do Curso de Zootecnia, como
parte das exigências para a obtenção do
título de Bacharel em Zootecnia.
JATAÍ – GO
2016/2
iii
Dedico;
Primeiramente ao criador que me deu o dom da vida, e forças para
percorrer essa jornada, aos meus pais Telma e Vicente que sempre me
apoiaram em todas as minhas decisões, com carinho e compreensão.
Ao meu namorado Lindomar que é meu porto seguro sempre, e meu
incentivador nas horas difíceis.
iv
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos os professores da universidade Federal de Goiás Regional Jataí
pelo conhecimento repassado ao longo da minha formação, em especial agradeço à
minha orientadora Profª. Drª. Karina Ludovico de Almeida Martinez Lopes, pelo
conhecimento repassado, pela compreensão, paciência, dedicação e apoio, que foram
fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho.
Agradeço aos meus pais Telma e Vicente por sempre estarem ao meu lado,
apesar de todas as dificuldades me proporcionaram a oportunidade de ter uma formação
acadêmica, agradeço a eles todo o amor, carinho, compreensão, paciência e princípios,
que me deram em todos os momentos da minha vida, sem eles eu nada seria.
Agradeço ao meu namorado Lindomar, pois sempre esteve ao meu lado sendo
meu apoio, minha segurança. Agradeço por todo amor e carinho que me deste nos
inúmeros momentos que precisei.
Agradeço a todos os meus colegas, pelos momentos de alegria vividos, esses
anos de graduação não seriam os mesmos sem a companhia de todos.
Agradeço a Deus, por todas essas pessoas que ele colocou em meu caminho, por
ter caminhado ao meu lado e em muitos momentos me levado em seus braços. Por ter
secado minhas lagrimas nos momentos em que achei que seria impossível, e me
mostrado que eu nunca estive sozinha, pois mesmo em silêncio eu sei que olhas por
mim.
vi
RESUMO
O objetivo desta revisão é caracterizar o desenvolvimento inicial de frangos de corte e descrever os fatores que interferem nesta etapa do desenvolvimento, uma vez que ela corresponde a 30% da vida do frango. As aves após a eclosão não recebem alimento de imediato, só vão se alimentar quando chegam ao seu destino, o galpão de cria, onde então será introduzido o primeiro alimento de forma exógena. No processo de incubação, a eclosão não ocorre ao mesmo tempo, podendo passar por uma espera até serem retiradas do nascedouro, e ainda levam um tempo no transporte até o galpão de cria. Esse tempo entre eclosão e transporte é o que influencia na sua iniciação alimentar levando a resultados mais demorados que aves que tiveram a alimentação imediata. O ganho de peso de aves que sofreram com o jejum pós-eclosão é menor e mais lento. Apesar da ave se nutrir do saco da gema, o desenvolvimentos das vilosidades intestinais fica comprometido, pois só será possível o crescimento das vilosidades através da alimentação exógena. O conhecimento dos fatores que interferem no desenvolvimento inicial de frangos de corte é imprescindível na otimização dos resultados no final da criação de um lote.
Palavras chave: avicultura de corte, desempenho animal, jejum, pós-eclosão nutrição pós-alojamento.
vii
ABSTRACT
The objective of this review is characterize the initial development of broiler chickens and describe the factors that interfere in this stage of development, since it corresponds of 30% of chicken life. When the birds leave the incubator; they don´t receive food immediately, they will only feed when it arrives at it’s destination, the breeding shed, where then the first food will be introduced exogenously. The birds do not hatch at the same time in the incubator and still take time in the transportation to the breeding shed, that time between hatching and transport is what influences their feeding initiation leading to more time consuming results than birds that had immediate feeding. The weight gain of birds that have suffered post-hatching fasting is slower and slower, although the bird feeds on the yolk sac, the development of the intestinal villi is compromised, as it will only be possible to grow the villi through exogenous feeding . Several studies have shown that birds undergoing this fasting have found it difficult to regain weight when they begin to eat normally. Keyword: fasting; Post-hatching; Animal performance; Post-housing nutrition.
viii
SUMÁRIO
RESUMO ........................................................................................................................ VI
ABSTRACT ..................................................................................................................... VII
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 01
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 02
2.1. Caracterização do desenvolvimento embrionário ..................................................... 02
2.2. Desenvolvimentos do trato gastrointestinal e utilização do saco vitelínico na primeira
semana de vida dos frangos de corte .............................................................................. 03
2.3. Fatores que influenciam no desenvolvimento inicial das aves .................................. 06
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 09
4. REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 10
1
1. INTRODUÇÃO
A avicultura brasileira tem crescido muito nos últimos anos, graças aos
avanços nas áreas da genética, nutrição, manejo e sanidade, constituindo em grande
fonte geradora de empregos. Atualmente o Brasil é o terceiro maior produtor mundial
de carne de frango, e o maior exportador, por conseguir aliar precocidade, qualidade
do produto e custo de produção competitivo (ABPA, 2015).
Atualmente, no Brasil cerca de 6,5 milhões de pintos de um dia são
transportados por ano dos incubatórios para o galpão de criação (APINCO, 2016).
Neste contexto, fatores iniciais que afetam o desenvolvimento das aves estão sendo
estudados, buscando-se o melhor desempenho. Existem inúmeros fatores que podem
interferir no resultado final de uma criação, que compreendem desde o
desenvolvimento embrionário até o manejo inicial das aves. Muito se tem discutido
sobre a importância da fase inicial da criação do frango de corte, que compreende os
dez primeiros dias de vida, para se garantir bons resultados no momento do abate.
O acesso imediato ao alimento e água após a eclosão, além das condições
ambientais adequadas nas primeiras semanas de vida são imprescindíveis para o bom
desenvolvimento inicial, com impacto no desenvolvimento final das aves. Neste
sentido, o tempo de incubação, o período entre eclosão e alojamento, e o manejo
inicial são fatores decisivos para o sucesso da criação, pois irão determinar o
momento em que a ave terá acesso ao alimento e à água.
Embora a ave apresente uma reserva de nutrientes, que é o saco vitelino, a
demora no fornecimento de alimento, afeta de forma negativa o peso das aves à idade
de abate. Deste modo, ações que resultem na redução do intervalo entre a eclosão e
o alojamento, de forma a garantir o rápido acesso à alimentação podem resultar em
benefícios produtivos para a criação de frangos de corte. A compreensão acerca do
desenvolvimento embrionário pode fornecer subsídios para entender as reais
necessidades da ave nos primeiros dias de vida, e para se determinar manejos que
resultem na otimização dos resultados.
Portanto objetiva-se com o presente trabalho discorrer sobre o
desenvolvimento inicial de frangos de corte, bem como os fatores que influenciam
nessa fase da criação.
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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Caracterizações do Desenvolvimento Embrionário
Nas primeiras horas de vida do embrião já se pode observar o
desenvolvimento do trato gastrintestinal. O intestino é derivado de endoderme e
rodeado por mesoderma esplâncnico. Ao terceiro dia de incubação o mesmo pode ser
dividido em intestino anterior, intestino médio e intestino grosso (MACARI &
GONZALES, 2003; MOORE & PERSAUD, 2008).
Durante o desenvolvimento embrionário a endoderme origina o revestimento
epitelial do intestino e os ductos das glândulas mucosas, e a mesoderme dá origem à
parede muscular e ao tecido conjuntivo (DIBNER & RICHARDS, 2004; DIBNER et al.,
2007).
Na porção ascendente do duodeno, abrem-se os ductos biliares e
pancreáticos, que conduzem os sucos biliar e pancreático para a região anterior do
intestino delgado. No quarto dia de incubação o intestino grosso primitivo dará origem
à cloaca e à bolsa de Fabricius (MACARI et al., 2008).
Ao quinto dia de vida embrionária, pode-se observar a diferenciação da boca e
a formação do proventrículo e da moela. No sexto dia de vida inicia a formação do
bico, podendo-se observar a presença da alça duodenal, do intestino delgado e dos
cecos. Ao décimo quarto dia de vida embrionária ocorre à introdução do intestino na
cavidade abdominal. Nesse período, as vilosidades ainda são primárias, porém, no
décimo sétimo dia já são observadas vilosidades em diferentes fases de
desenvolvimento. Nesta fase ocorre a abertura do Divertículo de Meckel, e pode-se
observar o mecanismo fisiológico de absorção do saco vitelino (MAIORKA & ROCHA,
2009).
Durante a incubação, o crescimento do intestino delgado é maior que os
demais órgãos, a maior fase de desenvolvimento ocorre a partir do 17º dia, com o trato
gastrintestinal passando de 1% do peso do embrião aos 18 dias de incubação, para
3,5% no momento da eclosão. Este aumento se deve ao rápido desenvolvimento dos
vilos no final da incubação, que está relacionado à ingestão do líquido amniótico que
ocorre nesse período (SANTOS 2007 e UNI et al., 2003).
O embrião apresenta algumas enzimas digestivas a partir do 16° dia (SKLAN et
al., 2003), e próximo ao momento da eclosão pode-se observar o aumento da
atividade das enzimas da borda em escova (UNI et al., 2003).
As principais mudanças morfológicas no desenvolvimento do intestino,
observadas próximo ao período de eclosão, incluem a diferenciação dos enterócitos e
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a definição das criptas, bem como, o grande aumento da superfície absortiva do
intestino (SKLAN, 2001).
O fluido amniótico é totalmente ingerido antes da bicagem interna da casca do
ovo, aos 21 dias, preparando e desenvolvendo o trato gastrointestinal para a nutrição
pós-eclosão (BOHORQUEZ, 2010). A quantidade e a qualidade nutricional do âmnio
irão determinar a passagem fisiológica e metabólica do embrião para a nutrição
externa, sendo esta qualidade e quantidade do âmnio, influenciada pela nutrição e
idade da matriz bem como pelas condições de incubação (LOPEZ et al., 1992).
A utilização do saco vitelino se inicia ainda na vida embrionária dos pintos,
sendo sua única fonte energética. Os lipídeos presentes no saco vitelino são
transferidos na forma de lipoproteínas para o sistema circulatório (LAMBSON, 1970;
citado por GOMES, 2007). Próximo à eclosão o saco vitelino é incorporado no interior
da cavidade abdominal através da formação final das alças intestinais, e será
responsável pelo fornecimento de nutrientes para a sobrevivência da ave enquanto
não ocorre o fornecimento de alimento exógeno (BOLELI et al., 2002).
As mudanças celulares no final do período embrionário ocorrem especialmente
com o objetivo de preparar o trato gastrintestinal das aves para o período pós-eclosão,
em que ocorrerá a transição para nutrição exógena (OZAYDIN & CELIK, 2012).
2.2. Desenvolvimento do trato gastrointestinal e utilização do saco vitelino na
primeira semana de vida dos frangos de corte.
No momento da eclosão, embora anatomicamente completo, o sistema
digestivo da ave ainda se apresenta imaturo, com limitada capacidade de digestão e
absorção. Neste sentido, medidas estratégicas de alimentação inicial, se tornam
importantes para garantir o desenvolvimento adequado, principalmente pelas
condições adversas de estresse em que estes animais são colocados logo após a
eclosão (LILBURN, 1998).
Mesmo a ave não tendo ingerido alimento até o momento da eclosão, as
enzimas do intestino e pâncreas, assim como a capacidade de transporte de
nutrientes fazem-se presentes no animal (BUDDINGTON, 1992). Porém a capacidade
de digerir os nutrientes, ainda não está totalmente estabelecida neste momento inicial
da vida da ave (KROGDAHL& SELL, 1989). Várias mudanças na ontogênese podem
ocorrer, tanto antes como após a eclosão, que incluem aumento nos níveis de
enzimas pancreáticas e intestinais, aumento da área de absorção total do trato
gastrointestinal, e mudanças em transportadores de nutrientes (BUDDINGTON&
DIAMOND, 1989; SKLAN et al., 2003).
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Nos primeiros dias pós-eclosão, as aves jovens passam por uma transição da
nutrição endógena proveniente da gema com grande disponibilidade em lipídios para a
alimentação exógena rica em carboidratos e proteínas. Esta mudança é imprescindível
para o crescimento rápido, e a ave passará por mudanças no trato gastrointestinal,
envolvendo a secreção de enzimas digestivas e o início da absorção de aminoácidos e
hexoses (UNI et al., 1995).
Durante os primeiros 23 dias de vida da ave, o crescimento do pâncreas e
intestino delgado, atinge seu pico entre o oitavo e décimo dia, sendo quatro vezes
maior que o crescimento corporal, enquanto que o fígado é apenas duas vezes maior,
no 11° dia de vida (NITSAN et al., 1991).
A atividade enzimática da tripsina, amilase e lipase no pâncreas diminuem nos
primeiros três a seis dias após a eclosão, aumentando até o 21° dia de idade, entre 10
a 20%. A quimiotripsina aumenta gradualmente até o dia 14° e depois se mantém
constante. Alterações fisiológicas estão relacionadas com o aumento na capacidade
de digestão e absorção do intestino, devido ao aumento na produção de enzimas
pancreáticas e de membrana, que possibilitam o desenvolvimento da mucosa
intestinal, melhorando a absorção dos nutrientes fornecidos pela dieta exógena
(MAIORKA, 2002).
Desde que em condições adequadas, as aves demonstram um rápido
desenvolvimento estrutural e funcional do trato gastrintestinal logo após a eclosão,
adaptando sua capacidade de digerir alimentos e assimilar nutrientes da dieta
exógena. O ápice desse desenvolvimento é observado entre o sétimo dia pós-eclosão,
com posterior redução na taxa de crescimento a partir da segunda semana de vida
(MURAKAMI et al., 1992). Segundo Uni & Ferket (2004), o desenvolvimento intestinal
precoce proporciona um crescimento maior e mais rápido, possibilitando ao animal a
expressão do seu potencial genético.
Segundo Cony & Zocche (2004), as aves são alojadas entre 24 a 36 horas
após a eclosão, período esse que pode influenciar bastante no desenvolvimento final,
pois quanto mais rápido o acesso à alimentação exógena, mais rápido será o
desenvolvimento da ave, e consequentemente maior o ganho de peso. A ave
necessita do estímulo alimentar para desenvolver seu sistema digestório, com esse
desenvolvimento e aumento das vilosidades, ela consegue absorver mais nutrientes e
melhorar seu desempenho.
Durante os primeiros quatro dias de vida dos pintos, a prioridade é o
crescimento do sistema gastrointestinal, nesse período, 25% da proteína absorvida é
direcionada para o desenvolvimento intestinal (NOY & SKLAN, 1999). Há um aumento
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relativamente rápido no peso do intestino, em relação ao peso do animal, atingindo
seu desenvolvimento máximo no décimo dia de vida.
A presença de alimentos no trato gastrintestinal nesse período é importante,
pois demanda menor mobilização dos nutrientes do saco vitelino. Após 48 horas de
vida das aves o fornecimento de nutrientes via saco vitelino reduz. A velocidade de
absorção do saco vitelino irá refletir diretamente na maturação digestiva, pois está
diretamente ligada à alimentação exógena, assim as aves que têm acesso mais rápido
ao alimento, apresentam uma maior absorção do saco vitelino, em um menor tempo.
Estudos indicam que além das reservas nutricionais contidas no saco vitelino, seu
conteúdo está associado à imunidade passiva, tendo sua fração protéica, em grande
parte constituída por anticorpos (NOY et al., 1996).
Vários fatores irão determinar o período de jejum que este animal irá sofrer no
pré-alojamento, como a quantidade de horas para o rompimento da casca,
temperatura de incubação e tamanho do ovo. Estas variáveis resultam em pintos com
diferentes períodos de eclosão entre 36 e 48 horas (SKLAN et al., 2000; VIEIRA et al.,
2005).
Outros fatores também influenciam no desenvolvimento das aves como o
manejo no incubatório, tempo necessário para sexagem, vacinação e transporte até a
granja, podendo influenciar no ganho de peso em até 10%, uma vez que as aves não
são alimentadas durante esse período (CANÇADO & BAIÃO, 2002).
O Jejum pós-eclosão pode provocar perda de peso e atrasar o crescimento da
ave que pode chegar a um ou dois dias de ganho de peso (NIR & LEVANON, 1993).
Segundo Baião & Cançado (1998) e Cançado & Baião (2002), essa perda de peso
pode ser de aproximadamente 5% a 10%, e após 48 horas em jejum de água e ração
passa a ocorrer perda de gordura corporal.
Os efeitos negativos do jejum pós-eclosão não são eliminados com a
realimentação em um período de cinco dias, segundo Nakage (2002). De acordo com
Almeida (2002), aves submetidas a jejum pós-eclosão de 72 horas não apresentam
ganho de peso compensatório com a realimentação e atingem os 42 dias de idade
com peso corporal menor que o das aves que não sofrerão com o jejum.
Segundo Vieira & Pophal et al., (2000), o tempo gasto com sexagem,
vacinação e transporte pode atrasar o alojamento e a alimentação dos pintos e, neste
momento o saco vitelino é muito importante para garantir a sobrevivência da ave nas
primeiras horas de vida, pois é ele que vai nutrir o pintinho neste período. De acordo
com Noy & Sklan (1999), o atraso no fornecimento de ração na fase pós-eclosão afeta
o ganho de peso dos frangos à idade de abate, visto que os nutrientes do resíduo da
gema são insuficientes para melhorar o desempenho dos pintos nos primeiros dias de
6
idade. Vieira & Pophal (2000) sugeriram diminuir o tempo para o alojamento
garantindo maior conforto e bem-estar aos pintos após o período de estresse do
nascimento ao alojamento.
Após a eclosão, a maior demanda por energia e proteína das aves é
direcionada para o desenvolvimento do trato digestório, principalmente intestinos
(FISCHER da SILVA, 2001). Este direcionamento de nutrientes para o crescimento
preferencial ocorre tanto na presença quanto na ausência do alimento (LAURENTIZ et
al., 2001). Quando os neonatos não recebem estes nutrientes através da ração, eles
utilizam o saco vitelino como suplemento energético e como fonte protéica para o
crescimento intestinal.
Porém segundo Dibner et al. (1998), 20% da proteína residual do saco vitelino
são representadas pelas imunoglobulinas maternas, e que a gordura bruta residual é
constituída basicamente de triglicerídeos, fosfolipídios e colesterol. É provável que o
uso destes nutrientes provenientes do saco vitelino para fins nutricionais priva o
neonato da proteção de anticorpos, e dependendo o período de jejum que o pintinho
sofrer esses nutrientes não serão suficientes para seu desenvolvimento.
2.3 Fatores que influenciam o desenvolvimento inicial das aves
Diferente dos mamíferos, as aves passam por um desenvolvimento restrito ao
conteúdo de nutrientes presentes no ovo, em que o rápido crescimento das atuais
linhagens resulta em maior exigência metabólica, fazendo com que o período pós-
eclosão seja ponto crítico na eficiência produtiva. As aves passam por vários
procedimentos antes de chegar ao galpão de criação, que determinam o tempo de
jejum alimentar, tais como espera no nascedouro, manejo de classificação, sexagem,
vacinação e tempo de transporte até o galpão.
O momento ideal para retirada das aves do nascedouro é quando estiverem
completos anatomicamente, sendo ideal quando ainda estiverem um pouco úmidos
com pelo menos as costas secas. Este procedimento evita que se tenha em uma
coleta antecipada ovos bicados vivos e mortos, e em uma coleta atrasada pintos que
apresentem desidratação, o que poderia acarretar em piora da qualidade e redução na
quantidade dos pintos eclodidos (GUSTIN, 2003).
Após a coleta dos pintos no nascedouro, estes passam pelos processos de
seleção, sexagem e vacinação, que devem ser realizados de forma dinâmica para que
as aves sejam liberadas o mais rápido possível para serem transportadas. O último
procedimento antes de chegar à granja é o transporte das aves, que necessita de
7
cuidados para evitar que as aves sofram com estresse, desidratação, mortalidade e
refugagem.
As aves são transportadas em caixas de papelão ou plásticas específicas para
o transporte, com uma capacidade para 50 a 100 pintos (CAMPOS, 2000), algumas
dessas caixas possuem quatro divisórias onde podem ser colocados 25 pintos em
cada, isso evita que se amontoem e morram por asfixia.
O veículo para o transporte deve manter sua temperatura interior entre 26°C,
com umidade relativa de 55 a 60% (ANTUNES & ÁVILA, 2005). Durante a viagem é
preciso que a haja o revezamento dos motoristas, evitar movimentos bruscos e
paradas o mínimo possível (GUSTIN, 2003).
A preparação dos galpões, a recepção das aves e o manejo na primeira
semana é muito importante para que estas aves expressem seu potencial ao máximo.
Um bom manejo na fase inicial da vida das aves tem grandes reflexos no peso ao
abate destes animais, pois é nos primeiros dias de vida que há um maior
desenvolvimento do trato gastrointestinal, possibilitando uma maior absorção dos
nutrientes ingeridos. Quando o manejo inicial não é feito de maneira correta, todos os
processos fisiológicos são comprometidos prejudicando o desempenho produtivo do
lote, levando a um atraso para atingir o peso de abate (MENDES et al., 2004).
No processo de criação do frango de corte o sistema de iluminação utilizado é
contínuo, com um longo período de luz seguido de um curto período de escuro, de
forma a estimular ao máximo o consumo de ração, com a intenção de aumentar o
ganho de peso diário na primeira semana. O período escuro é utilizado para que as
aves se acostumem com possíveis quedas de energia. A redução do fotoperíodo
diminui a frequência de alimentação e o peso vivo aos sete dias da ave. A umidade
relativa dentro do aviário deve-se manter a níveis superiores a 50%, pois abaixo disso
é observada desidratação causando efeitos negativos no desempenho dos pintos
(MENDES et al., 2004).
O aquecimento inadequado do aviário é um problema na avicultura gerando
mortalidade das aves, vários autores nos mostram que a morte de pintos fracamente
aquecidos é maior que a de pintos adequadamente aquecidos. May & Lott (2000)
trabalharam com pintos submetidos a várias temperaturas diferentes, e observaram
que os lotes submetidos a temperaturas mais baixas obtiveram um índice maior de
mortalidade. Os autores concluíram que altas temperaturas prejudicam o ganho de
peso e a conversão alimentar, e as baixas temperaturas estão ligadas a mortalidade
das aves principalmente nos primeiros dias de vida. Portanto, o cuidado no manejo
inicial das aves é de extrema importância, pois vai determinar a qualidade de vida
desse animal, obtendo resultados satisfatórios.
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O tempo que se leva desde o momento da eclosão até a chegada ao aviário é
determinante para o desenvolvimento do trato gastrintestinal da ave, pois ela só vai
receber a alimentação exógena quando for alojada. Maiorka et al. (2000) relataram em
seus estudos o menor desenvolvimento intestinal em aves recém eclodidas mantidas
em restrição alimentar. Já Almeida et al. (2006) e Gonzales et al. (2008), observaram
a dificuldade de absorção dos nutrientes do saco vitelino e redução no peso de órgãos
secretores (fígado, pâncreas e intestino) em aves submetidas a 36 horas de jejum,
com prejuízos ao seu desempenho aos 42 dias de idade.
Assim fatores como atraso no alojamento, manejo inicial, preparo para a
chegada dos pintos de um dia, envolvendo temperatura, estrutura do galpão, umidade,
iluminação, ventilação e qualidade da dieta, influenciam no desempenho final das aves
(MENDES et al., 2004).
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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os vários procedimentos que acontecem no início da vida dos frangos de corte
vão refletir significativamente no seu desempenho final. As etapas necessárias no
incubatório demandam um tempo onde estes animais vão permanecer em jejum total.
Após essa etapa eles ainda passam pelo transporte e alojamento e só então começam
a ingerir alimento de forma exógena, tudo isso vai influenciar no seu desenvolvimento.
O tempo de jejum ao qual o pinto recém-eclodido é submetido acarreta em
grandes prejuízos no final do ciclo de vida. O desenvolvimento do trato gastrointestinal
é um desses prejuízos, pois quanto mais tardia é essa introdução de alimento na vida
da ave, menor será o desenvolvimento das vilosidades no intestino. Nos primeiros dias
de vida da ave há um maior crescimento do trato gastrointestinal em relação ao
crescimento corporal, potencializando a absorção de nutrientes, possibilitando que
esse animal desempenhe todo o seu potencial genético.
Portanto pode-se concluir que animais que recebem alimento o mais rápido
possível e passam por um manejo inicial com todos os cuidados necessários irão
expressar melhor seu potencial de crescimento e desenvolvimento, não atrasando seu
tempo de abate, potencializando a produção de frangos de corte.
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REFERÊNCIAS
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