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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CURSO DE … · marcos vinicius soares camargo prÁticas de...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA MARCOS VINICIUS SOARES CAMARGO PRÁTICAS DE MANEJO EM PISCICULTURA SEMI-INTENSIVA NA FAZENDA EXPERIMENTAL DA UFMT CUIABÁ 2016
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

MARCOS VINICIUS SOARES CAMARGO

PRÁTICAS DE MANEJO EM PISCICULTURA SEMI-INTENSIVA NA FAZENDA

EXPERIMENTAL DA UFMT

CUIABÁ

2016

MARCOS VINICIUS SOARES CAMARGO

PRÁTICAS DE MANEJO EM PISCICULTURA SEMI-INTENSIVA NA FAZENDA

EXPERIMENTAL DA UFMT

Trabalho de Conclusão do Curso de Gradação em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Zootecnia. Orientador: Profa. Dra. Janessa Sampaio

de Abreu Ribeiro

CUIABÁ

2016

MARCOS VINICIUS SOARES CAMARGO

PRÁTICAS DE MANEJO EM PISCICULTURA SEMI-INTENSIVA NA FAZENDA

EXPERIMENTAL DA UFMT

Trabalho de conclusão de curso aprovado como requisito parcial para obtenção do

grau de Bacharel em Zootecnia pela Universidade Federal de Mato Grosso.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________

Profa. Dra. Janessa Sampaio de Abreu Ribeiro

Departamento de Zootecnia e Extensão Rural (DZER)

Faculdade de Agronomia e Zootecnia (FAAZ/UFMT)

Presidente da Banca

____________________________________________

Prof. Dr.MárcioAquioHoshiba

Departamento de Zootecnia e Extensão Rural (DZER)

Faculdade de Agronomia e Zootecnia (FAAZ/UFMT)

____________________________________________

Zootecnista Calixto Ramos Corrêa Neto

Programa de Pós Graduação em Ciência Animal (PGCA/UFMT)

Faculdade de Agronomia e Zootecnia (FAAZ/UFMT)

Cuiabá

2016

DEDICATÓRIA

Primeramente dedico este trabalho à Deus, que iluminouminha jornada até aqui, se

mostrando presente e me dando forças para superar todas as dificuldades que

enfrentei.

Aos meus pais, Marcos Camargo da Silva e Nadir Ferreira Soares Camargo da

Silva, que nunca mediram esforços para que eu chegasse até aqui, deixo minha

imensa gratidão.

À minha namorada, futura esposa, Tamyres Carmen de Barros Pfeifer, que me

incentivou à estudar e não desistir dos meus objetivos.

Aos meus professores, em especial à minha orientadora professora Janessa

Sampaio de Abreu Ribeiro e o professor Márcio Aquio Hoshiba por terem acreditado

em meu potencial e me ajudarem nesta caminhada.

Aos meus amigos, Calixto Correa Neto e Donaldo por terem me fornecido suporte e

conhecimento além de grande ajuda nesta etapa da minha vida.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Tambaqui (Colossoma macropomum). ....................................................... 5

Figura 2.Pacu (Piaractus mesopotamicus). ................................................................ 5

Figura 3.Tambacu (Colossoma macropomum fêmea + Piaractus mesopotamicus

macho) ........................................................................................................................ 6

Figura 4.Tambatinga (Colossoma macropomum fêmea x Piaractus brachypomus

macho) ........................................................................................................................ 6

Figura 5. Pintado da Amazônia (Pseudoplatystoma spp fêmea + Leiarius

marmoratus macho) .................................................................................................... 7

Figura 6. Sistema de cultivo extensivo. ...................................................................... 9

Figura 7. Sistema de cultivo semi-intensivo................................................................ 9

Figura 8. Sistema de cultivo intensivo. ..................................................................... 10

Figura 9. Sistema de cultivo superintensivo. ............................................................ 10

Figura 10. Vista frontal do laboratório de piscicultura da fazenda experimental. ...... 11

Figura 11. Equipamento para a análise de pH da água. .......................................... 12

Figura 12. Oxímetro digital para análise dos níveis de oxigênio dissolvido na água.

.................................................................................................................................. 12

Figura 13. Disco de Secchi para análise da transparência da água. ........................ 13

Figura 14. Incubadoras utilizadas na reprodução de peixes em cativeiro. ............... 13

Figura 15. Caixas utilizadas para experimentos. ...................................................... 14

Figura 16. Vista panorâmica dos viveiros da fazenda experimental da UFMT. ........ 14

Figura 17. Vista panorâmica da represa que abastece viveiros da fazenda

experimental. ............................................................................................................. 15

Figura 18. Sistema de escoamento do tipo cachimbo em viveiro de piscicultura. .... 15

Figura 19. Desenho esquemático do viveiro do Setor de Piscicultura da fazenda

experimental subdividido em 6 unidades com seus respectivos estoques numéricos

de peixes. Unidades 4 e 6 não apresentavam peixes estocados. ............................. 16

Figura 20. Materiais utilizados para a análise de alcalinidade da água. ................... 18

Figura 21. Leitura do chip. ........................................................................................ 22

Figura 22. Pesagem. ................................................................................................ 23

Figura 23. Coleta de medidas. .................................................................................. 23

Figura 24. Plantas aquáticas emersas. .................................................................... 24

Figura 25. Plantas aquáticas com folhas flutuantes. ................................................ 24

Figura 26. Plantas aquáticas submersas enraizadas. .............................................. 24

Figura 27. Aglomerados de algas filamentosas. ....................................................... 24

Figura 28. Número de carpas-capim que deverão ser colocadas nos viveiros para controle das macrófitas..............................................................................................25 Figura 29.Viveiro de piscicultura com alta proliferação de macrófitas. ..................... 26

Figura 30. Remoção manual de macrófitas de viveiro de piscicultura. ..................... 27

Figura 31. Viveiro de piscicultura após a remoção das macrófitas. .......................... 27

Figura 32. Caminhão portando caixas de transporte. ............................................... 29

Figura 33. Rede de arrasto utilizada na despesca. .................................................. 30

Figura 34. Sacola de transporte utilizada na despesca. ........................................... 30

Figura 35. Bioflocos observados em microscópio óptico. ......................................... 31

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Média dos parâmetros de qualidade de água dos viveiros do Setor de

Piscicultura da fazenda experimental no período de 12 de junho à 20 de agosto de

2016. ......................................................................................................................... 19

Tabela 2. Parâmetros zootécnicos durante os meses de julho e agosto de 2016 de

tambaquis de segunda geração do programa de melhoramento genéticos em

experimentação no Setor de Piscicultura da fazenda experimental. ......................... 20

Tabela 3. Ingredientes utilizados para instalação e manutenção do bioflocos. ........ 32

SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

2.OBJETIVOS ............................................................................................................. 3

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 3

3.1 Produção de organismos aquáticos no Brasil ................................................. 3

3.2 Principais espécies produzidas em Mato Grosso ............................................ 3

3.3 Sistemas de criação em piscicultura ................................................................. 7

4.DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ............................................................... 11

5.ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .......................................................................... 17

5.1 Análise de água ................................................................................................. 17

5.2 Arraçoamento .................................................................................................... 19

5.3 Biometria ............................................................................................................ 21

5.4 Controle de macrófitas ..................................................................................... 23

5.5 Adubação ........................................................................................................... 28

5.6 Despesca ............................................................................................................ 28

5.7 Instalação e implantação de Bioflocos............................................................ 31

6.CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 33

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 35

RESUMO

No Brasil a prática da piscicultura encontra-se em constante crescimento, devido à

fatores ambientais e econômicos favoráveis. Tal prática dispõe de quatro técnicas de

cultivos diferentes, a extensiva, a semi-intensiva, a intensiva e a super intensiva. O

estágio foi realizado no período 12 de junho a 20 de agosto de 2016, no Setor de

Piscicultura da fazenda experimental da Universidade Federal de Mato Grosso e

teve por objetivo acompanhar as atividades realizadas no setor de piscicultura. No

local do estágio, o método de cultivo utilizado é o semi-intensivo, tendo como

espécies cultivadas o tambaqui, pacu e híbridos tambacu, tambatinga e Pintado da

Amazônia. Durante o período de estágio foram realizadas as atividades de análise

de água; arraçoamento dos peixes do setor; biometria dos peixes em

experimentação; controle e remoção de macrófitas dos viveiros; adubação dos

viveiros; despesca e instalação e implantação do sistema de bioflocos na área

laboratorial. A experiência adquirida no período de aprendizagem durante o estágio

possibilitou obter um alicerce para lidar com futuras situações semelhantes na

carreira profissional. Foi uma grande oportunidade de assimilar a teoria com a

prática e fixar o conhecimento adquirido, uma vez que as atividades que vinham

sendo abordadas dentro da Universidade passam a se concretizar na prática.

Palavras-chave: bioflocos, peixes redondos, qualidade de água.

1

1. INTRODUÇÃO

A aquicultura é uma prática que envolve o desenvolvimento de organismos

aquáticos, como crustáceos, moluscos, plantas e peixes em ambientes propícios,

visando um alto nível de qualidade. Segundo alguns registros, esta prática é

considerada milenar, sendo reproduzida em várias culturas, podendo ser encontrada

até mesmo em hieróglifos egípcios, datados de cerca de 4 mil anos atrás.

Inicialmente surgiu com o intuito de atender à crescente demanda por pescado, que

a captura em ambientes naturais não era capaz de suprir, e também afim de

preservar a fauna da destruição resultante da pesca excessiva em mares e rios.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU, 2014), a aquicultura será a

solução para o aumento da demanda mundial, produzindo 2/3 do consumo global de

peixes em 2030. Um documento, resultante da colaboração entre a Food and

Agriculture Organization (FAO) e o International Food Policy Research Institute

(IFPRI) relata que 62% dos peixes resultarão da aquicultura, com o crescimento do

consumo de tilápia, carpa e bagre.

De acordo com Kubitza (2015), o Brasil produziu, no ano de 2014,

aproximadamente 600 mil toneladas de pescado oriundos da aquicultura. Derivando

da mesma, dispomos do sistema produtivo mais antigo do ramo, a piscicultura, que

visa exclusivamente a criação de peixes. Esta prática, assim como outras do ramo,

veio mantendo um desempenho acima da média, superando a taxa de produção de

outras carnes no Brasil, mostrando a crescente demanda do país e sendo Rondônia

o maior produtor, com 75.023 t em 2014 segundo o Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística (IBGE, 2014).

Na região centro oeste, segundo a Secretaria Especial de Agricultura Familiar

e Desenvolvimento Agrário (SEAF, 2015), foram produzidas 127.112 mil toneladas

de peixes. Em Mato Grosso, estado que outrora liderava as produções de peixe do

país, decaiu para o segundo lugar no ano de 2014, com a produção de 60.946

toneladas de pescado. Sorriso sendo o principal município produtor, com 21.5 t.

2

2. OBJETIVOS

Acompanhar atividades realizadas no setor de piscicultura na Fazenda

Experimental da UFMT. Estabelecer relação entre a teoria e a prática, utilizando a

bagagem teórica adquirida em sala.

3

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Produção de organismos aquáticos no Brasil

O Brasil está entre os países com grande potencial para a aquicultura devido

à quantidade de recursos hídricos, clima favorável, vasto território, entre outros

fatores. A Organização das Nações Unidas (ONU, 2016) afirmou, através de dados

de um relatório da FAO, que a produção de aquicultura no Brasil poderá crescer

104% até 2025.

O Brasil possui cerca de 3000 espécies de peixes e entre as mais produzidas

se encontram a tilápia, tambaqui, tambacu, tambatinga, pintado, cachapira,

pintachara, surubim e carpa comum (BASTOS, 2015)

No ano de 2014, das 600 mil toneladas de pescado produzidas pelo Brasil,

de acordo com Kubitza (2015) 260.985 t foram de tilápia, 186.299 t de peixes

redondos, 90.000 t de camarão marinho, 39.358 t de outros peixes, 20.000 t de

mexilhões e 4.000 de outras espécies.

3.2 Principais espécies produzidas em Mato Grosso

Mato Grosso é atualmente o segundo maior produtor de peixes redondos do

país, com a produção de aproximadamente 40 mil toneladas ficando atrás somente

deRondônia, com 60 mil toneladas (IBGE, 2014).

Entre os peixes redondos produzidos em Mato Grosso encontram-se

tambaqui, pacu, tambacu e tambatinga. Entre os bagres, o pintado da Amazônia.

O tambaqui (Colossoma macropomum) (Figura 1), originário da bacia do

Amazonas, apresenta grande adaptação ao cativeiro e possui carne de ótima

4

aceitação comercial. Apresenta resultados gratificantes no cultivo semi-intensivo,

podendo atingir um peso acima de 1kg em um ano se criado de forma correta. Em

seu habitat natural, é onívoro, e em cativeiro possui grande aceitação de rações

extrusadas e peletizadas. A produtividade dessa espécie varia de 1,5 a 10 toneladas

de acordo com o nível de tecnologia empregado no cultivo. A maior restrição do

tambaqui é a temperatura, que abaixo de 16ºC causa morte (FARIA et al., 2013).

O pacu (Piaractus mesopotamicus) (Figura 2) é originário das bacias do

Paraná, Uruguai. Possui características rústicas e maior resistência ao frio do que o

tambaqui, entretanto cresce de forma mais lenta, atingindo no máximo somente 1 kg

em 1 ano. Apresenta grande quantidade de gordura em sua carcaça. Assim como o

tambaqui, é uma espécie onívora e em cativeiro possui boa aceitação de ração

peletizada e extrusada (FARIA et al., 2013).

O tambacu (Colossoma macropomum fêmea + Piaractus mesopotamicus

macho) (Figura 3) é um hibrido que resulta do cruzamento da fêmea da espécie

tambaqui e do macho da espécie pacu. Possui as características de crescimento do

tambaqui e a resistência à baixas temperaturas do pacu. No sistema semi-intensivo,

os espécimes são alimentados com ração balanceada na quantidade de 2% a 5% do

valor da biomassa e são estocados de 1 a 2 por m² (FARIA et al., 2013).

A tambatinga (Colossoma macropomum fêmea x Piaractus brachypomus

macho) (Figura 4), segundo Abrunhosa (2011), é um hibrido resultante do

cruzamento entre a fêmea do tambaqui e o macho da pirapitinga. Peixe de escamas,

onívoro, possui características rústicas, grande porte e rápido crescimento.

O pintado da Amazônia (Pseudoplatystoma spp fêmea + Leiarius marmoratus

macho) (Figura 5) é um hibrido resultante da cruza entre a fêmea da espécie

cachara e o macho da espécie jundiá-onça. Apresenta crescimento mais acelerado e

manejo de produção mais simples que o pintado ou cachara, que se deve a sua

alimentação voraz e hábito alimentar mais onívoro. Esse espécime se mostra

bastante tolerante à baixa concentração de oxigênio dissolvido e a outras condições

de cultivo intensivo. Possui boa aceitação à qualquer tipo de ração (KUBITZA et al.,

2011).

5

Figura 1. Tambaqui (Colossoma macropomum).

Fonte: http://pescariamadora.blogspot.com.br/2012/03/diferenca-entre-tambaqui-tambacu-e-

pacu.html

Figura 2.Pacu (Piaractus mesopotamicus).

Fonte: http://pescariamadora.blogspot.com.br/2012/03/diferenca-entre-tambaqui-tambacu-e-

pacu.html

6

Figura 3.Tambacu (Colossoma macropomum fêmea + Piaractus mesopotamicus macho)

Fonte: http://pescariamadora.blogspot.com.br/2012/03/diferenca-entre-tambaqui-tambacu-e-

pacu.html

Figura 4.Tambatinga (Colossoma macropomum fêmea x Piaractus brachypomus macho)

Fonte: http://www.agronovas.com.br/como-criar-tambatinga-2/

7

Figura 5. Pintado da Amazônia (Pseudoplatystoma spp fêmea + Leiarius marmoratus macho)

Fonte: Arquivo pessoal.

3.3 Sistemas de criação em piscicultura

Os sistemas de criação podem ser classificados de acordo com Lima (2013)

em extensivo, semi-intensivo, intensivo e superintensivo.

O extensivo (Figura 6) pode ser praticado em reservatórios naturais ou

artificiais de qualquer tamanho. É caracterizado pela baixa produtividade que varia

de 100 a 1000kg/ha/ano e baixos custos. Não ocorre alimentação de forma regular,

os peixes se alimentam de organismos presentes nos viveiros, não há controle de

predadores e nem de reprodução e não ocorre nenhum tipo de adubação. Esse

sistema depende da capacidade de produção natural de alimento e nutrientes da

8

agua do viveiro, da escolha de espécies, da taxa de povoamento e da sobrevivência

do povoamento.

O semi-intensivo (Figura 7) utiliza viveiros planejados e escavados,

geralmente de 1.000 a 60.000 m² com troca diária de 1% à 10% da água.

Caracteriza-se pela maximização da produção de alimento natural a partir da

adubação orgânica ou química. A alimentação artificial é utilizada para aumentar a

produção ou o crescimento dos peixes. Nesse sistema os viveiros são drenados

uma ou mais vezes por ano e são povoados somente por peixes de cultivo, exigindo

muito esforço para manter peixes invasores afastados, como os peixes carnívoros

que colocam em risco o povoamento dos peixes. Este é o sistema utilizado na

Fazenda Experimental da UFMT.

O intensivo (Figura 8), assim como o semi-intensivo, também utiliza viveiros

planejados, escavados, com declive para facilitar o escoamento da água e despesca

dos peixes e geralmente em monocultivo. A diferença está no sistema de renovação

da água que elimina as excretas e suporta a biomassa do pescado. Devido à alta

estocagem de animais, o alimento natural não é suficiente, então é feito o uso de

necessário de uma ração balanceada.

O Superintensivo (Figura 9) utiliza viveiros de pequeno e grande porte com

grande fluxo de água de elevada qualidade a fim de promover a renovação de água

rapidamente. Nesse sistema, não se pode contar com os alimentos naturais, os

peixes são alimentados somente com alimentos de alto custo, comprimidos ou

semelhantes, balanceados com ingredientes necessários para seu crescimento, por

isso são cultivados peixes de elevado valor comercial.

9

Figura 6. Sistema de cultivo extensivo.

Fonte: http://www.tucanoterraplanagem.com.br/products/A%E7udes.html

Figura 7. Sistema de cultivo semi-intensivo.

Fonte: Arquivo pessoal

10

Figura 8. Sistema de cultivo intensivo.

Fonte:http://1.bp.blogspot.com/-kmcLcI1JAtk/ULpKOjvwGVI/AAAAAAAAA-4/QOG_CqflfDs/s1600/IMG_1486.JPG

Figura 9. Sistema de cultivo superintensivo.

Fonte:http://acuiculturaenargentina.blogspot.com.br/2012/09/una-experiencia-de-acuicultura.html

11

4.DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

O estágio curricular supervisionado obrigatório II foi realizado na fazenda

experimental da UFMT, situada no município de Santo Antônio do Leverger, a cerca

de 30 km do campus universitário de Cuiabá. A execução prática das atividades foi

realizada no setor de piscicultura da fazenda, que dispõe de área laboratorial

(Figura 10) com equipamentos variados para análises de água, como pHmetro

(Figura 11), oxímetro digital (Figura 12) e disco de Secchi (Figura 13); área de

reprodução contendo 6 incubadoras de 200 litros (Figura14) e 3 incubadoras de 56

litros, área experimental contendo 16 caixas de 100 litros (Figura 15), além de um

laboratório para peixes ornamentais ainda em implantação.

Figura 10. Vista frontal do laboratório de piscicultura da fazenda experimental. Fonte: Arquivo pessoal.

12

Figura 11. Equipamento para a análise de pH da água.

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 12. Oxímetro digital para análise dos níveis de oxigênio dissolvido na água.

Fonte:https://www.google.com.br/search?q=multiparametro+ysi

13

Figura 13. Disco de Secchi para análise da transparência da água.

Fonte: http://www.acquasupre.com.br/product

Figura 14. Incubadoras utilizadas na reprodução de peixes em cativeiro.

Fonte: Arquivo pessoal.

14

Figura 15. Caixas utilizadas para experimentos.

Fonte: Arquivo pessoal.

O setor possui oito viveiros escavados (Figura 16) de 800 m² e cerca de

1,70m de profundidade, abastecidos através de canal a céu aberto com água que

provém de uma represa (Figura 17) e com sistema de escoamento e drenagem de

água tipo cachimbo (Figura 18).

Figura 16. Vista panorâmica dos viveiros da fazenda experimental da UFMT.

Fonte: Arquivo pessoal.

15

Figura 17. Vista panorâmica da represa que abastece viveiros da fazenda experimental.

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 18. Sistema de escoamento do tipo cachimbo em viveiro de piscicultura.

Fonte: Arquivo pessoal.

Nos viveiros nº 1 e 5 estavam cultivados, respectivamente, 284 e 272

tambaquis cedidos pela empresa Delicious Fish, provindos de um programa

melhoramento genético e que estavam sob experimentação de mestrandos do

Programa de Pós graduação em Ciência Animal (PGCA) da UFMT.

Os viveiros de nº 2, 4 e 8 foram esvaziados durante o estágio para realização

de manejos rotineiros do setor. O viveiro nº 3 estocava aproximadamente 160 peixes

16

das espécies tambaqui (Colossoma macropomum) e pacu (Piaractus

mesopotamicus) compondo o plantel de matrizes e reprodutores da fazenda.

Os viveiros 6 e 7, encontravam-se divididos em 6 unidades e são utilizados

para realização de experimentos a campo no setor. No viveiro 6 estavam estocados

peixes que restaram de experimentos anteriores, separados nas unidades, conforme

ilustrado na figura 19. Estes peixes podem a vir ser utilizados em outros

experimentos desenvolvidos no Setor. O viveiro 7 também foi esvaziado ao durante

o estágio para a troca das telas que dividem as unidades experimentais.

Figura 19. Desenho esquemático do viveiro do Setor de Piscicultura da fazenda experimental

subdividido em 6 unidades com seus respectivos estoques numéricos de peixes. Unidades 4 e 6 não apresentavam peixes estocados.

17

5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

O período do estágio foi de 12 de junho à 20 de agostode 2016, sendo

desenvolvidas as seguintes atividades:

Análise de água

Arraçoamento dos peixes do setor

Biometria dos peixes em experimentação

Controle e remoção de macrófitas dos viveiros

Adubação dos viveiros

Despesca

Instalação e implantação do sistema de Bioflocos

5.1 Análise de água

A qualidade da água na piscicultura é de extrema importância, pois influencia

diretamente no desenvolvimento dos peixes. Alguns dos principais fatores que

podem afetar a qualidade da água são: Oxigênio, o fator mais importante, medido

em mg/L e cujos níveis baixos podem desencadear estresse nos animais, e

consequentemente o surgimento de patologias que podem levar a mortalidade;

Temperatura, que influencia as atividades fisiológicas do peixe, e cuja mudança

repentina e extrema causa choque térmico nos animais, que são extremamente

suscetíveis, podendo ocorrer mortalidade; o pH, que consiste num índice que indica

acidez, neutralidade, ou alcalinidade de um meio onde sua mudança brusca pode

causar a mortalidade dos peixes; a transparência, diretamente ligada à penetração

de raios solares no viveiro, que influencia no crescimento do fitoplâncton ligado à

produção de oxigênio, alcalinidade, que exerce um poder tampão, contribuindo para

menor variação no pH da água, entre outros. Se a água estiver fora dos parâmetros

adequados à espécie de cultivo, vários fatores indesejáveis são desencadeados,

comprometendo o desempenho das espécies cultivadas, o que leva a baixa

produtividade e prejuízos financeiros ao piscicultor.

18

Durante o estágio, foram realizadas semanalmente análises de oxigênio,

temperatura e pH. As 8 horas da manhã, com o auxílio do oxímetro digital era

possível mensurar simultaneamente temperatura e oxigênio dissolvido na água dos

viveiros. No caso de resultados inferiores ao padrão (< 3,0 mg/L), a melhor

alternativa seria o uso de aeradores, mas, devido à ausência de tal tecnologia no

setor, optava-se por utilizar a renovação de água.

Para verificar a alcalinidade e o pH, foram coletadas amostras de 200 ml de

água de cada viveiro, as quais eram encaminhadas para o laboratório. O pH da água

era medido diretamente na amostra coletada, utilizando um pHmetro digital.

Para análise de alcalinidade (Figura 20), com o auxílio de uma proveta, o

volume de 100 ml da amostra coletada era depositado em um Erlenmeyer e

acrescentado 3 gotas de alaranjado de metila (reagente de cor). Esta solução era,

então, titulada através de uma bureta, com H2SO4 (Ácido Sulfúrico) a 0,02N até

mudança de cor da solução. Neste momento, o volume gasto do Ácido era anotado

e através de uma fórmula calculava-se o valor da alcalinidade em mg de CaCO3/L.

Figura 20. Materiais utilizados para a análise de alcalinidade da água. Fonte: Arquivo pessoal.

19

Os parâmetros de qualidade de água medidos durante a realização do estágio

são apresentados na tabela 1.

Tabela 1. Média dos parâmetros de qualidade de água dos viveiros do Setor de Piscicultura da fazenda experimental no período de 12 de junho à 20 de agosto de 2016.

Viveiros

1 2 3 4 5 6

Oxigênio dissolvido (mg/L) 5,20 5,77 8,05 6,26 5,97 6,90

Temperatura (°C) 26,2 25,2 26,2 26,2 26,3 26,2

pH 8,60 8,60 8,07 8,17 7,90 7,79

Transparência (cm) 85,8 83,1 60,0 58,1 86,2 63,4

Alcalinidade (mg de CaCO3/L) 30 36 52 28 33 40

Fonte: Acervo pessoal

5.2 Arraçoamento

A alimentação representa cerca de 70% dos investimentos na área, e essa

alta porcentagem deve-se ao fato da necessidade proteica dos peixes ser maior que

a de outras espécies. Essa exigência proteica é relacionada de forma direta com

uma composição equilibrada de aminoácidos apropriada, a fim de manter um bom

desenvolvimento dos animais. (BORGES, 2012)

Devido ao elevado custo das rações, o desperdício deve ser evitado ao

máximo. O guarnecimento de alimento em quantidade e qualidade adequada é de

suma importância para o êxito financeiro da produção. O manejo alimentar depende

de vários fatores, como hábitos alimentares das espécies cultivadas, temperatura,

qualidade da água, entre outros.

As rações podem ser fareladas, peletizadas ou extrusadas (MORO e

RODRIGUES, 2015). Nas rações fareladas, os ingredientes são somente moídos e

misturados. As peletizadas derivam da combinação de calor, umidade e pressão, de

20

forma que partículas menores se aglomeram para formar partículas maiores. As

extrusadas resultam de um processo de cozimento em elevadas temperaturas,

umidade controlada e pressão.

O alimento pode ser fornecido de forma manual, através de comedouros ou

pelo uso de máquinas automáticas. Na Fazenda Experimental, o arraçoamento dos

peixes em experimentação, estocados nos viveiros 1 e 5, era realizado com ração

extrusada da marca VB® alimentos, que continha 32% de proteína bruta, péletes

com diâmetro entre 8 e 10 mm, indicada para a fase de terminação de peixes

onívoros.

O cálculo da quantidade de ração a ser fornecida, que tinha como base 1%

do peso vivo do animal, estava diretamente ligado aos dados coletados através da

biometria dos lotes. A alimentação era fornecida rotineiramente de forma manual à

lanço em dois momentos, o primeiro às oito horas da manhã, e o outro às quatro

horas da tarde. No mês de junho, devido à chegada de uma frente fria,

desencadeou-se uma redução no consumo de ração, pois a baixa temperatura

influenciou diretamente na queda do metabolismo dos peixes (Tabela 2).

Tabela 2. Parâmetros zootécnicos durante os meses de julho e agosto de 2016 de tambaquis de segunda geração do programa de melhoramento genéticos em experimentação no Setor de Piscicultura da fazenda experimental.

Mês Peso médio dos

peixes (kg)

Quantidade

de peixes

Biomassa (Kg) Ração (Kg)*

Julho/ V1 1.730 284 491,3 4,913

Julho/V5 1.932 272 525,5 5,255

Agosto/V1 1,577 284 448 4,480

Agosto/V5 2,235 272 608 6,080

V1 – Viveiro 1; V5- Viveiro 5;

* Estimativa da quantidade de ração a ser ofertada, considerando taxa de arraçoamento de 1% da

biomassa.

No mês de julho, ocorreu uma biometria amostral, onde foram capturados somente

30 peixes de cada viveiro, tais peixes eram os de menores medidas, devido à isso o

21

peso médio foi inferior se comparado ao mês de agosto, onde ocorreu a biometria

total.

5.3 Biometria

Na piscicultura, coletar dados sobre o crescimento dos peixes durante o ciclo

produtivo é fundamental. Essa coleta de dados é chamada de Biometria, que deve

ser realizada de forma rigorosa e cuidadosa, evitando a perda de dados e de peixes.

Através dessa técnica, é possível analisar o desenvolvimento e a saúde dos

animais, sendo possível fazer um comparativo de diferentes manejos e rações,

permitindo a escolha e obtenção de melhores resultados de produção, além de

evitar o desperdício de alimentos, pois permite um cálculo de ração ideal.

Durante o período de estágio foram realizadas duas biometrias dos peixes

(tambaquis) que estavam em experimentação, sendo a primeira realizada no dia três

de julho e a segunda no dia 5 de agosto de 2016, ambas iniciadas às seis horas da

manhã. No mês de junho, não ocorreu a coleta de dados, em decorrência do tempo

frio, pois o tambaqui é suscetível ao frio, e a combinação da baixa temperatura e do

estresse do manejo poderia resultar na mortalidade dos mesmos e

comprometimento do experimento que estava em andamento.

O processo de preparação para a biometria consistia em manter os peixes

em jejum por 24 horas antes do procedimento, para limpeza do trato gastrointestinal

do animal, uma vez que a ração consumida poderia afetar na pesagem.

Entre os materiais utilizados na biometria, encontravam-se: rede de arrasto e

puçás, utilizados para captura dos peixes; hapas, utilizadas na contenção; contador

manual, utilizado na contagem; Caixas de 100 litros (2), utilizada no armazenamento

dos espécimes; balde de 20 litros, utilizado para encher as caixas com água do

viveiro; bombas de aquário (5), utilizadas com a finalidade de manter um padrão

ideal de oxigênio dissolvido na água durante anestesia; eugenol (C10H12O2)diluído

em álcool, utilizado como anestésico; leitor de microchips, utilizado na identificação

dos peixes; balança, utilizada na pesagem; ictiômetro, utilizado para aferir

comprimento total e comprimento padrão e paquímetro e fita métrica, utilizados para

mensurar parâmetros morfométricos, como altura da cabeça e, largura e perímetro

do corpo.

22

Inicialmente, os peixes eram capturados através da rede de arrasto (foto

aqui) e transferidos para as hapas, onde permaneciam até que as caixas fossem

completadas com água. Assim que as caixas se encontrassem cheias, o eugenol

diluído era adicionado em uma delas, na proporção de 50 mg/l, as bombas de

oxigênio e a balança era ativada, e só então os peixes eram transferidos para a

caixa que continha eugenol, afim de serem anestesiados para facilitar no manejo e

na redução de estresse dos mesmos.

Após o tempo necessário para a completa anestesia dos espécimes, os

mesmos eram individualmente identificados através do leitor de chip (figura 21),

conduzidos até a balança para a pesagem (figura 22), em seguida com o auxílio da

fita métrica e do paquímetro as medidas eram devidamente coletadas (figura 23) e

anotadas em uma planilha. Finalizados os processos, os peixes eram transferidos

para a caixa que se encontrava sem eugenol, onde permaneciam até que o efeito do

anestésico se dissipasse por completo. Por fim, os animais eram cuidadosamente

devolvidos aos seus respectivos viveiros.

Figura 21. Leitura do chip. Fonte: Arquivo pessoal.

23

Figura 22. Pesagem. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 23. Coleta de medidas.

Fontes: Arquivo pessoal.

5.4 Controle de macrófitas

Macrófitas são plantas de variadas espécies que se desenvolvem próximas

ou dentro dos viveiros (OSTRENSKY e BOEGER, 1998). Segundo os autores, as

macrófitas podem ser de quatro tipos, sendo elas: Emersas (figura 24), que

possuem caule e folhas na superfície da água e as raízes submersas; Com folhas

flutuantes (figura 25), que possuem caule e raízes submersos e somente as folhas

emersas; Submersas enraizadas (figura 26), que possuem raízes fixadas ao solo do

24

viveiro, caules e folhas submersos; Filamentosas (figura 27), que não possui caules,

folhas e raízes e é constituída por uma cadeia de células chamada de filamentos.

Figura 24. Plantas aquáticas emersas. Fonte: http://www.acquaimagem.com.br/docs/Pan123_Kub_controle_plantas_aquaticas.pdf

Figura 25. Plantas aquáticas com folhas flutuantes.

Fonte: http://www.acquaimagem.com.br/docs/Pan123_Kub_controle_plantas_aquaticas.pdf

Figura 26. Plantas aquáticas submersas enraizadas.

Fonte: http://www.acquaimagem.com.br/docs/Pan123_Kub_controle_plantas_aquaticas.pdf

Figura 27. Aglomerados de algas filamentosas. Fonte: http://www.acquaimagem.com.br/docs/Pan123_Kub_controle_plantas_aquaticas.pdf

25

As macrófitas são responsáveis, de acordo com Ostrensky e Boeger (1998),

por diversos fatores negativos na piscicultura, devem ser amplamente evitadas pois

diminuem a penetração de luz, que impede o desenvolvimento do fitoplâncton e

consomem nutrientes destinados aos mesmos; dificultam o manejo e a despesca;

consomem o oxigênio dissolvido na água; servem de abrigo para predadores e

organismos indesejados; podem atrapalhar a natação e o desenvolvimento dos

peixes e podem alterar a qualidade e o cheiro da água.

Esses organismos indesejados, segundo os autores, geralmente se

encontram presentes próximas aos viveiros e até mesmo na água utilizada no

abastecimento.

Nos viveiros da fazenda experimental, o surgimento das macrófitas deveu-se

à água utilizada para abastecer os tanques, que abrigam sementes das mesmas, e

devido à presença abundante de nutrientes dos viveiros, ocorre uma rápida

proliferação das algas. As espécies encontradas foram a Lemia minor, popularmente

conhecida como lentilha d’agua, a Elodia sp, popularmente conhecida como rabo de

raposa e a Salvinia.

Para o controle das macrófitas, Ostensky e Boeger (1998) afirmam que

existem três métodos: o mecânico, que consiste em remover manualmente, com o

auxílio de instrumentos adequados, os excessos de vegetação; o biológico, que

utiliza uma quantidade adequada de fitoplâncton, afim de impedir a penetração de

luz no viveiro, o que diminui a proliferação das algas e também pode ser utilizada a

introdução de carpas (Figura 28), que se alimentam dessa vegetação; e o químico,

método delicado que utiliza herbicidas.

Figura 28. Número de carpas-capim que deverão ser colocadas nos viveiros para controle das macrófitas.

Fonte: Livro piscicultura fundamentos e técnicas de manejo Pag. 56.

26

Ao ser observado um alastramento de macrófitas (Figura 29), foram feitas

retiradas das mesmas manualmente do viveiro de número 2 (Figura 30) e de uma

das unidades do tanque subdividido de número 6. No período matutino, do dia 9 de

agosto de 2016, munidos de rede, rastelo, puçá e sacolas, os estagiários deram

início ao processo de retirada das algas, e aconselhados pelo Prof. Dr. Marcio

Hoshiba, utilizaram dois bambus de aproximadamente 2 m de comprimento para

remover a vegetação superficial, uma vez que os mesmos boiam e facilitam na

retirada. Após essa remoção primária, deram início à remoção das macrófitas

submersas com o auxílio de uma rede, para contê-las, e utilizando puçás e sacolas,

as plantas foram retiradas do viveiro (Figura 31).

Figura 29.Viveiro de piscicultura com alta proliferação de macrófitas. Fonte: Arquivo pessoal.

27

Figura 30. Remoção manual de macrófitas de viveiro de piscicultura. Fonte: Arquivo pessoal

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 31. Viveiro de piscicultura após a remoção das macrófitas.

28

5.5 Adubação

A adubação promove a produção de alimento natural no viveiro, ou seja,

através da dela o fitoplancton e outras bactérias podem se desenvolver. A adubação

deve ser feita após a calagem e pode ocorrer de forma orgânica ou química

(KUBITZA, 2003).

O esterco de boi, suínos ou aves são os principais tipos de adubo orgânico

empregados. Os adubos químicos mais comumente utilizados são: o superfosfato

triplo, superfosfato simples, sulfato de amônia, uréia e o nitrato de amônia são os

(MATHIAS, 1998).

Segundo Kubitza (2008), ou uso exacerbado da adubação orgânica resulta

em déficits de oxigênio, e o exagero da adubação química provoca um

desenvolvimento excessivo de fitoplâncton.

As adubações nos viveiros da fazenda experimental foram

químicas+composto orgânico, feitas com o objetivo de alterar a transparência da

água, evitando assim a proliferação de macrófitas. Foram aplicados por viveiro, 6 kg

de sulfato de amônia, 2 kg de superfosfato simples e 2 kg de farelo de milho.

No decorrer do período do mês de junho, após a adubação, foi observado que

a mesma não surtiu efeito, devido a presença de grande quantidade de macrófitas

que absorveram todos os nutriente, ocorrendo então uma maior proliferação das

mesmas, resultando em um alastramento delas pelo viveiro.

5.6 Despesca

De acordo com Sousa e Teixeira Filho (1985), a captura dos peixes é uma

preocupação básica na piscicultura e pode ser feita de duas formas diferentes:

Através de utilização de materiais de pesca e através do esvaziamento do viveiro,

maneira mais adequada.

Na Fazenda Experimental, foram realizadas despescas de 35 peixes nos

tanques de Nº 2 e 4, que abrigavam matrizes e reprodutores da primeira geração de

29

tambaqui do programa de melhoramento genético, afim de transportar as mesmas

para a fazenda Bom Futuro.

Nesta atividade, os materiais utilizados foram: oxímetro digital; rede de

arrasto; balança; leitor de chip; sacolas de transporte; caminhão contendo caixas de

transporte. O procedimento de despesca teve início às 7 horas da manhã com a

retirada do cachimbo para esvaziamento parcial do viveiro, seguido da mensuração

de oxigênio dissolvido e temperatura dos viveiros e das caixas de transportes

(Figura 32) para aclimatação dos peixes a serem transportados. Após, iniciou-se a

captura dos animais, com o auxílio da rede de arrasto (Figura 33). Após serem

capturados, os peixes eram manualmente coletados e depositados individualmente

em sacolas de transporte (Figura 34) onde ocorria a leitura do chip e a pesagem.

Após a coleta de dados, os espécimes foram conduzidos às caixas de transporte

que continham sal, substância que segundo Kubitza (2007) serve para amenizar os

efeitos do estresse, estimular produção de muco que irá recobrir ferimentos oriundos

do manejo e impedir o desequilíbrio osmorregulatório.

Figura 32. Caminhão portando caixas de transporte. Fonte: Arquivo pessoal.

30

Figura 33. Rede de arrasto utilizada na despesca.

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 34. Sacola de transporte utilizada na despesca.

Fonte: Arquivo pessoal.

31

5.7 Instalação e implantação de Bioflocos

Bioflocos (Figura 35) são partículas orgânica suspensas na água ou aderidas

às paredes dos viveiros,que possuem material orgânico particulado, no qual se

desenvolvem microalgas, diversos organismos microscópicos e diversas bactérias

heterotróficas (KUBITZA, 2011).

Derivado do sistema de recirculação de água, a criação de peixes em

sistemas com bioflocos não utiliza filtros, as excretas, o muco dos peixes e as sobras

de alimentos são desintegrados e mantidos suspensos dentro dos viveiros, afim de

servir como substrato para o desenvolvimento das bactérias que se encarregam de

purificar a água utilizando compostos nitrogenados, potencialmente tóxicos ao

pescado, para a síntese e biomassa microbiana que enriquece os bioflocos. Para

que ocorra de maneira correta, é necessário que sejam mantidos níveis de oxigênio,

pH e alcalinidade adequados. Também é importante manter uma relação C/N

próxima a 20:1 nos resíduos orgânicos presentes na água, que ocorre pela adição

de uma fonte adicional de carbono e/ou da alimentação com rações com baixos

níveis de proteína (KUBITZA, 2011).

Figura 35. Bioflocos observados em microscópio óptico. Fonte: http://www.acquaimagem.com.br/docs/Pan125_Kub_bioflocos_piscicultura.pdf

32

Os níveis da relação C/N está diretamente relacionado aos níveis de proteína

da ração utilizada, quanto maior o nível de proteína, maior o teor de nitrogênio na

ração que resulta em resíduos com baixa relação C/N. O carbono é um fator que

limita o desenvolvimento da massa bacteriana e formação dos bioflocos, devido a

quantidade de proteína presente nas rações utilizadas, e para que isso seja evitado,

o produtor deve periodicamente realizar aplicações de fontes ricas em carbono. Tais

aplicações são definidas baseando-se na concentração de nitrogênio presente na

água dos viveiros (KUBITZA, 2011).

Sob a supervisão do idealizador do projeto, Prof. Dr. Marcio Aquio Hoshiba,

os estagiários de zootecnia colaboraram na implantação pioneira do sistema de

bioflocos na fazenda experimental. O sistema foi implantado no laboratório

experimental, com a utilização de duas piscinas, uma de forma retangular (612,3 L)

e outra circular (578,79 L) que abrigavam, respectivamente, peixes da espécie

kinguio (Carassius auratus) e espadinha (Xiphophorus hellerii) e uma caixa d’agua

de fibra circular (367,708 L), todas constantemente aeradas.

Baseando-se no volume de água dos reservatórios, a quantidade de ração

triturada, melaço em pó e os probióticos (microorganismos vivos benéficos à saúde

do animal) eram pesados (Tabela 3) e ministrados diariamente. Devido à constante

queda de energia e a ausência de um gerador no laboratório, parte dos bioflocos

eram perdidos em decorrência da falta de oxigenação, o que acarretou na baixa

produtividade de bioflocos.

Tabela 3. Ingredientes utilizados para instalação e manutenção do bioflocos.

Reservatórios

Ingredientes Piscina retangular Piscina redonda Caixa d´água

Melaço em Pó 6,1232g 5,7878g 3,6770g

Ração 45% PB 3,0616g 2,8939g 1,8385g

Probiótico 3,0616g 2,8939g 1,8385g

TOTAL 12,2464g 11,5756g 7,3540g

33

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi de suma importância a experiência adquirida no período de aprendizagem

durante o estágio, no qual foi possível obter um alicerce para lidar com futuras

situações semelhantes na carreira profissional. No decurso deste tempo, houve

grandes oportunidades de assimilar a teoria com a prática, a forma com que os fatos

ocorrem exteriormente à sala de aula, o que contribuiu no momento de fixar todo o

conhecimento, enxergando de fato as construções resultantes de todo o esforço do

processo de aprendizagem, a partir da parte teórica, até o instante em que as

atividades que vinham sendo abordadas dentro da Universidade passam a se

concretizar na prática.

Quanto à carga horária obrigatória a ser cumprida, é um intervalo de tempo

proveitoso, pois permite ao acadêmico a obtenção de resultados gratificantes. Pude

vivenciar situações rotineiras do mercado de trabalho, como fazer contatos com

pessoas já inseridas nesse meio, ou que possuíam ampla experiência de trabalho

diante daquele que ainda está no processo de formação.

O local de realização do estágio foi de grande relevância, pois forneceu suporte

para a realização de todas as incumbências propostas, dispondo de materiais

laboratoriais e de auxílio de profissionais qualificados para sanar qualquer dúvida.

Ao final dessas etapas, pude então concluir que o conhecimento e experiências

adquiridos em campo foram de extrema importância para o adequado preparo do

terreno de atuação profissional de um futuro Zootecnista. O contato com a prática

disponibiliza benefícios, desafios, e situações extraordinárias que permitem ao

discente conciliar a teoria e a prática, sendo então capaz de superar obstáculos,

aprimorar técnicas e aumentar seu próprio desempenho, podendo então

consequentemente transformar uma cadeia produtiva, tornando-a mais eficiente

através da adição ou adaptação de tecnologias e práticas de manejos, almejando

resultados satisfatórios e necessários para um correto desenvolvimento de qualquer

atividade proposta.

34

Essas então são algumas das principais situações encontradas no decorrer da

participação como estagiário, contudo posso concluir que foi uma ótima experiência

onde obtive um excelente aproveitamento e com certeza tudo que eu aprendi

durante o período irei usar na minha carreira profissional.

35

REFERÊNCIAS

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36

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