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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS -...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós - Graduação em Parasitologia Dissertação Helmintos e artrópodes de Vanellus chilensis (Molina, 1782), quero -quero, da região sul do Rio Grande do Sul Luciano Fagundes Avancini Pelotas,2009 .
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Programa de Pós - Graduação em Parasitologia

Dissertação

H elmintos e artrópodes de Vanellus chilensis (Molina, 1782),

quero - quero, da região sul do Rio Grande do Sul

Luciano Fagundes Avancini

Pelotas, 2009 .

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Luciano Fagundes Avancini

Helmintos e artrópodes de Vanellus chilensis (Molina, 1782), quero-

quero, da região sul do Rio Grande do Sul

Orientadora: Gertrud Müller Antunes

Co-orientador: João Guilherme Werner Brum

Pelotas, 2009

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Parasitologia da Universidade Federal

de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do

título de Mestre em Ciências com ênfase em

Parasitologia.

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Banca examinadora:

__________________________________________________________

Prof.a Dr.a Gertrud Müller Antunes

Orientadora e presidente da Comissão

__________________________________________________________

Prof.a Dr.a Maria Elizabeth Aires Berne

Membro da Comissão

__________________________________________________________

Prof. Dr. Jerônimo Lopes Ruas

Membro da Comissão

__________________________________________________________

Prof. Dr. Marcos Marreiro Villela

Membro da Comissão

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Para minha mãe, Maria do Carmo e para minha

filha, Júlia. Quem me mostrou a profissão e para

quem eu realizo este trabalho.

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Agradecimentos

A minha família antes de tudo, Aline e Júlia, pela imensa paciência e

compreensão enquanto eu me ausentava (inclusive em casa) para realizar este

trabalho, e a minha família emprestada, João Batista, Elda, Jota e Letícia, pela

ajuda, incentivo e preocupação.

A meus professores, que se tornaram meus amigos, Sídia, Claus e Luís

Fernando, que me mostraram como ser um biólogo e de uma forma ou outra,

sempre me incentivaram.

A meu grande amigo George, pela ajuda inestimável, companheirismo,

incentivo, conversas e reuniões sem fim e a sua família, por me agüentarem

durante um longo tempo (gracias pelo quarto Gabriel)

Ao João Guilherme Brum, pelo início de tudo e a Gertrud Muller, pela

orientação, incentivo, paciência sem fim e por fazer tudo o que podia e não

podia para me ajudar a terminar este trabalho.

Aos colegas e amigos do Laboratório de Parasitologia pela enorme

dedicação e auxílio imprescindível durante estes anos, em especial um enorme

muito obrigado a Carolina e Tati e também ao Marco, pelo apoio, pelos

conselhos e pela ajuda na disponibilização dos hospedeiros e das informações

relacionadas.

A todos os professores e funcionários do IB, por de uma maneira ou

outra, contribuírem para a realização deste trabalho.

Ao Programa de Pós-Graduação em Parasitologia, pela oportunidade.

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RESUMO

AVANCINI, LUCIANO FAGUNDES. Helmintos e artrópodes de Vanellus

chilensis (Molina, 1782), quero-quero, da região sul do Rio Grande do Sul.

2009. 58f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em

Parasitologia. Universidade Federal de Pelotas, RS.

Vanellus chilensis, quero-quero, tem distribuição na América do Sul e América

Central, é uma ave muito comum na região sul do RS. Há poucos relatos a

respeito de parasitos nesta espécie, o que incentivou o desenvolvimento deste

trabalho. Com o objetivo de conhecer os helmintos e artrópodes que ocorrem

em V. chilensis foram examinadas 28 aves, as quais foram lavadas,

individualmente, em água com detergente para obtenção dos ectoparasitos e

após necropsiadas para a coleta de helmintos. Os helmintos encontrados e

respectivas prevalências, abundância média e intensidade média foram

Brevithominx asperodorsus (Enoplida, Capilariidae) – 53,6%, 4,5 e 8,4;

Heterakis psophiae (Oxyurida, Heterakidae) – 39,3%, 1,0 e 2,55; Dispharynx

nasuta (Spirurida, Acuariidae) – 28,6%, 4,11 e 14,38; Echinostoma aphylactum

(Echinostomida, Echinostomatidae) – 17,9%, 0,64 e 3.6; Stomylotrema vicarium

(Plagiorchiida, Stomylotrematidae) – 10,7%, 0,25 e 2,33; Neivaia cymbium

(Cyclocoeloidea, Cyclocoelidae) – 7,1%, 0,14 e 2,0; Gyrocoelia perversa

(Cyclophyllidea, Dioecocestidae) – 60,7%. Os Phthiraptera encontrados foram

Actornithopilus sp. (Amblycera: Menoponidae) e Quadraceps guimaraesi

(Ischnocera, Philopteridae), e o ácaro nasal Rhinonyssus sp. (Acarina:

Rhinonyssidae). B. asperodorsus, E. aphylactum, N. cymbium, tem seu

primeiro registro na família Charadriidae para o RS, H. psophiae tem seu

primeiro registro na ordem Charadriiformes para o RS. Este é o primeiro

registro de infecção natural por S. vicarium em Charadriidae para o RS. G.

perversa e D. nasuta tem seu primeiro registro em V. chilensis no RS.

Palavras-chave: quero-quero, Charadriidae, Nematoda, Platyhelminthes,

Phthiraptera, Gamasida.

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ABSTRACT

AVANCINI, Luciano Fagundes. Identification of helminths and arthropods in

Vanellus chilensis (Molina, 1782) (Charadriiformes: Charadriidae),

lapwing, in the south region of the Rio Grande do Sul state. 2009. 58f.

Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Parasitologia

Universidade Federal de Pelotas, RS.

Vanellus chilensis is a bird species of the family Charadriidae distributed across Central and South America. Despite its high abundance and broad distribution, there are few records of parasites on this species. Aiming to identify the helminths and arthropods that parasitize V. chilensis in southern Brazil, twenty eight birds were necropsied. For collection of ectoparasites, the birds were individually washed in water containing detergent. After that, they were necropsied and their organs were examined for helminths under a stereomicroscope. The helminths found and its respective prevalence, mean abundance and mean intensity were: Brevithominx asperodorsus (Enoplida, Capilariidae) – 53.6%, 4.5 and 8.4; Heterakis psophiae (Oxyurida, Heterakidae) – 39.3%, 1.0 and 2.55; Dispharynx nasuta (Spirurida, Acuariidae) – 28.6%, 4.11 and 14.38; Echinostoma aphylactum (Echinostomida, Echinostomatidae) – 17.9%, 0.64 and 3.6; Stomylotrema vicarium (Plagiorchiida, Stomylotrematidae) – 10.7%, 0.25 and 2.33; Neivaia cymbium (Cyclocoeloidea, Cyclocoelidae) – 7.1%, 0.14 and 2.0; Gyrocoelia perversa (Cyclophyllidea, Dioecocestidae) – 60.7%. The Phthiraptera found were Actornithopilus sp. (Amblycera, Menoponidae) and Quadraceps guimaraesi (Ischnocera, Philopteridae). Another arthropod collected was the nasal mite Rhinonyssus sp. (Acarina, Rhinonyssidae). H. psophiae is cited for the first time parasitizing the order Charadriiformes in RS. B. asperodorsus, E. aphylactum, N. cymbium represent new records for Charadiidae in the State. This is the first report of natural infection in Charadriidae by the parasite S. vicarium in the region of study. The cestode G. perversa and the nematode D. nasuta are cited for the first time parasitizing V. chilensis in RS. The lice Actornithopilus sp. and Quadraceps guimaraesi are new records in RS as parasites of V. chilensis, which is also reported as a new host for the nasal mite Rhinonyssus sp.

Key-words: lapwing, Charadriidae, Nematoda, Platyhelminthes, Phthiraptera,

Gamasida

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Lista de Figuras - Introdução

Figura 1 – Vanellus chilensis – quero-quero......................................................13

Figura 2 – Distribuição geográfica de Vanellus chilensis ..................................15

Lista de Figuras – Artigo 1

Figura 1 – Porcentagem dos taxa encontrados em Vanellus chilensis da região

sul do RS, no período 2007-2008......................................................................25

Figura 2 – Parâmetros de prevalência, abundância média e intensidade média

dos helmintos encontrados em Vanellus chilensis, na região sul do RS, no

período de 2007-2008........................................................................................26

Figura 3 – Cutícula de Brevithominx asperodorsus – fêmea (10X)...................27

Figura 4 – Brevithominx asperodorsus, fêmea (10X)..............................................27

Figura 5 – Extremidade posterior de Heterakis psophiae – macho (10x)..........29

Figura 6 – Extremidade anterior de Heterakis psophiae (10x).........................29

Figura 7 – Dhisparynx nasuta – fêmea (4x).......................................................31

Figura 8 – Dhisparynx nasuta - detalhe da extremidade anterior.(10x).............31

Figura 9– Echinostoma aphylactum (4x)...........................................................32

Figura 10– Echinostoma aphylactum – detalhe da extremidade anterior (10x).........32

Figura 11– Stomylotrema vicarium (4x).............................................................34

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Figura 12 – Neivaia cymbium – extremidade anterior (4x)................................35

Figura 13 – Neivaia cymbium – extremidade posterior (4x)..............................35

Figura 14 – Gyrocoelia perversa (2x)................................................................37

Figura 15 – Gyrocoelia perversa – detalhe do rostro (40x)...............................37

Lista de Figuras – Artigo 2

Figura 1 – Actornithopilus sp. – macho (4x)......................................................51

Figura 2 – Quadraceps guimaraesi – macho (4x).............................................52

Figura 3 – Quadraceps guimaraesi – detalhe da genitália do macho (10x)......52

Figura 4 – Rhinonyssus sp. (4x)........................................................................54

Figura 5 – Rhinonyssus sp. (10x)......................................................................54

Lista de Tabelas – Artigo 1

Tabela 1 – Valores de prevalência, abundância média e intensidade média por

táxon encontrados em Vanellus chilensis da região sul do RS.........................26

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Sumário

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11

1.1 Vanellus chilensis (Molina, 1782) ............................................................ 12

1.2 Sistemática do hospedeiro ...................................................................... 16

1.3 Objetivo ................................................................................................... 16

2 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 17

Artigo 1 – Helmintos em Vanellus chilensis (Molina, 1782) (Charadriiformes:

Charadriidae), quero-quero, da região sul do Rio Grande do Sul .................... 19

RESUMO .......................................................................................................... 20

ABSTRACT ...................................................................................................... 21

1 INTRODUÇÂO .............................................................................................. 22

2 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................. 24

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 25

3.1 Helmintofauna de Vanellus chilensis ....................................................... 26

3.1.1 Filo Nematoda................................................................................... 27

3.1.2 Filo Platyhelminthes .......................................................................... 31

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4 CONCLUSÕES ............................................................................................. 37

5 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 38

Artigo 2 – Phthiraptera e Gamasida em Vanellus chilensis (Molina, 1782),

quero-quero, da região sul do Rio Grande do Sul.............................................44

RESUMO .......................................................................................................... 45

ABSTRACT ...................................................................................................... 46

1 INTRODUÇÂO .............................................................................................. 47

2 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................. 49

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 50

4 CONCLUSÕES ............................................................................................. 54

5 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 55

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1 INTRODUÇÃO

A América do Sul é considerada o continente das aves, vivendo aqui

cerca de um terço das espécies existentes na terra. No Brasil ocorrem 1.676

espécies de aves, entre visitantes e residentes, correspondendo mais da

metade das espécies de aves registradas para a América do Sul (ANDRADE,

1997).

As aves são um dos grupos animais mais distintos e bem estudados,

podendo ser utilizados com sucesso como bioindicadores de alterações

ambientais (VERNER, 1981). O conhecimento das exigências ecológicas de

muitas famílias, gêneros e espécies de aves pode ser suficiente em diversas

situações para indicar condições ambientais às quais são sensíveis

(DONATELLI, 2004; TELINO-JÚNIOR et al., 2005).

Segundo SICK (1997), o Brasil possui 1.590 espécies de aves, em 23

ordens e 86 famílias residentes no Brasil, das quais 624 espécies foram

registradas no Rio Grande do Sul, o que corresponde a mais de um terço de

todas as espécies conhecidas no Brasil. SICK (2001) agrupa as aves

brasileiras em dois grandes grupos: Aves residentes – 1524 espécies e

visitantes – 153 espécies.

O Rio Grande do Sul ocupa uma zona de transição com uma diversidade

considerável de espécies. Das 466 espécies reprodutoras no estado, somente

166 ou 35,6% tem distribuição além das fronteiras terrestres em todos os três

lados do Rio Grande do Sul, enquanto que 300 espécies ou 64,4% estão

distribuídas dentro dos limites do Rio Grande do Sul (BELTON 1994).

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O parasitismo, enquanto relação ecológica entre dois indivíduos é uma

relação co-evolutiva, que reflete a história filogenética dos táxons envolvidos.

Desse modo, a pesquisa dos parasitos que ocorrem em aves tem

também resultados e implicações taxonômicas, aspecto este que recentemente

tem sido considerado (PROCTOR & OWENS, 2000).

Os estudos sobre parasitos de aves silvestres são escassos, não

abrangendo a grande maioria dos grupos taxonômicos, entre as quais a

Família Charadriidae, que no Brasil está presente com 10 espécies, sendo

cinco migratórias e cinco residentes. Entre as espécies residentes desta família

está Vanellus chilensis, quero-quero. Em relação a V. chilensis, poucos

estudos científicos foram feitos, em sua maioria trabalhos de morfologia, alguns

poucos de comportamento e praticamente nenhum em relação a parasitos.

Dada a carência de dados no que tange a parasitologia de V. chilensis,

esta investigação objetiva estudar a fauna parasitária do quero-quero para

obtenção de um maior conhecimento da biodiversidade de parasitos de aves

silvestres do Rio Grande do Sul, com a possível descrição de novas espécies.

1.1 Vanellus chilensis (Molina, 1782)

A ordem Charadriiformes contempla 343 espécies em 18 famílias, sendo

alocadas em três subordens, Alcae (somente a família Alcidae), Lari

(Stercorariidae, Laridae, Sternidae e Rynchopidae) e Charadrii, com 13

famílias, entre elas a família Charadriidae (ERICSON, 2003).

A família Charadriidae é cosmopolita, e apresenta aves aquáticas, com

alimentação predominantemente animal. Costumam tremular os pés sobre a

areia dos ambientes de águas rasas a fim de afugentar pequenos animais

escondidos e desta forma alimentarem-se deles (SICK, 1997).

THOMAS et al. (2004) cita a família Charadriidae como um ótimo grupo

para estudos sobre hipóteses evolucionárias e ecológicas, devido aos seus

hábitos sócias e ecológicos. O mesmo autor ainda confirma, em Charadriidae a

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subfamília Charadriinae como mais basal, e o gênero Vanellus também como

mais basal na subfamília Charadriinae.

Segundo SICK (2001), são dez os representes da família Charadriidae

registrados no Brasil, sendo cinco espécies visitantes, Pluvialis squaterola

(Batuiruçu-de-axila-preta), P. dominica (Batuiruçu) e Charadrius semipalmatus

(Batuíra-de-bando), da América do Norte, visitantes setentrionais, e Zonibyx

modestus (Batuíra-de-peito-tijolo) e Eudromias ruficollis (Batuíra-de-papo-

ferrugíneo) da região meridio-andina, visitantes meridionais, sendo estas raras

no Brasil, atingindo o extremo sul durante o inverno austral, principalmente em

julho e agosto. As espécies residentes são o Hoploxypterus cayanus (Batuíra-

de-esporão), Charadrius falklandicus (Batuíra-de-coleira-dupla), Charadrius

collaris (Batuíra-de-coleira), Charadrius wilsonia (Batuíra-bicuda) e Vanellus

chilensis (Quero-quero).

Uma das espécies da família Charadriidae de maior importância no Rio

Grande do Sul é Vanellus chilensis (figura 1). Popularmente é conhecida por

―Quero-quero‖, no sul do Brasil, e por ―Chiqueira‖, ―Espanta-boiada‖, ―Gaivota-

preta, ‖Quer-quer‖, ―Teu-téu‖ ou ―Tetéu‖, em outras regiões do Brasil. Na

América do norte é denominada de ―Southern Lapwing‖ e em espanhol é

conhecida por ―Tero-tero‖, sendo a origem do nome popular de Quero-quero

derivada da semelhança da vocalização da ave com a sentença ―quero-quero‖.

Esta vocalização é repetida durante qualquer hora do dia ou da noite, mas é

mais utilizada e principalmente na defesa do território. V. chilensis possui como

característica morfológica um esporão em cada asa, que são utilizados para

defesa ou ataque (SICK, 2001).

Figura 1 – Vanellus chilensis – quero-quero.

Fonte: http://avibase.bsc-eoc.org/ - tonygalvez

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Os habitats de V. chilensis consistem de áreas de pastagens, áreas

terraplanadas, áreas alagadas, ambientes fazendeiros, ambientes límnicos

(próximo de corpos d´água, brejos, lagoas, açudes) e pastagens (SICK, 2001;

RIBON, 2004), tendo alimentação onívora (DONATELLI, 2004), incluindo

hábitos carnívoros (PALERMO, 1985 apud PISTONE et al., 2002). É uma

espécie gregária, com o tamanho dos grupos variando de acordo com o

período anual (COSTA, 1985 apud COSTA, 2002).

Estas aves apresentam dorso cinza - pardo, com uma extensa mancha

negra ventral que se estende da fronte até o peito, e o ventre é branco. Nota-se

um penacho negro na nuca, as patas são vermelhas assim como o bico, porém

este possui a ponta preta (EFE, MOHR & BUGONI, 2001).

O quero-quero nidifica no solo, geralmente em depressões rasas e

secas, recobertas com folhas secas de gramíneas. Os ovos são depositados

em número entre dois e quatro, possuindo coloração parda amarelada e verde,

com desenhos pretos, o que facilita a camuflagem com o solo. Os ovos medem

entre 45x33mm e são incubados principalmente pela fêmea. Os filhotes são

nidífugos, sendo alimentados principalmente pela fêmea. No período da

incubação o macho torna-se extremamente agressivo e ocorre como sistema

de acasalamento, monogamia e poligamia (COSTA, 2002).

É uma espécie altamente territorial, que realiza vôos rasantes fortes e

diretos com ataques súbitos e velozes para assustar os intrusos que

eventualmente aparecem em seu território (BELTON, 1994), e como

característica possui na ponta de cada asa, escondido na plumagem, um

esporão que fica bem evidente quando atacam (EFE, MOHR & BUGONI,

2001). Os machos são mais ativos no comportamento de defesa (KIS et al.,

2000).

Vanellus chilensis ocorre desde a América Central até a Terra do Fogo,

e em todo o território brasileiro (SICK, 2001) (figura 2).

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Em vários inquéritos de avifauna foram registrados o encontro de V.

chilensis e de espécies da família Charadriidae no Brasil. Entre esses estão

Silveira e D´Horta (2002), no Mato Grosso, na região de Ilha Bela da

Santíssima Trindade, que registrou V. chilensis, P. dominica e C. collaris; na

Coroa do Avião, Pernambuco, foram registradas as espécies P. squatarola, C.

semipalmatus, C. collaris e C. wilsonia (TELINO-JÚNIOR et al., 2003). Branco

(2004) registrou no litoral de Santa Catarina V. chilensis, P. dominica, C.

semipalmatus e C. collaris, e Cabral (2006), na Área de Proteção Ambiental de

Piaçabuçu, Alagoas, V. chilensis, P. squatarola e C. semipalmatus.

No interior paulista, V. chilensis foi a única espécie da família

Charadriidae registrada em áreas abertas de floresta semidecídua (POZZA,

2003), em uma mata de eucaliptos no interior de São Paulo (WILLIS, 2003) e

em fragmentos de mata da Fazenda Rio Claro, Lençóis Paulista, (DONATELLI,

Figura 2 – Distribuição geográfica de Vanellus chilensis.

Fonte: http://avibase.bsc-eoc.org/

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16

2004), assim como na reserva estadual de Gurjaú, Pernambuco (LYRA-NEVES

et al., 2004; TELINO-JÚNIOR, 2005).

1.2 Sistemática do hospedeiro

Reino Animalia

Filo Chordata

Subfilo Vertebrata

Classe Aves

Ordem Charadriiformes

Família Charadriidae

Gênero Vanellus Brisson 1760

Espécie Vanellus chilensis (Molina, 1782)

1.3 Objetivo

Identificar os helmintos e artrópodes que parasitam Vanellus chilensis,

procedentes da região sul do RS, avaliando os parâmetros de prevalência,

abundância média e intensidade média dos helmintos encontrados, sendo

apresentados em dois artigos: 1) Helmintos de Vanellus chilensis (Molina,

1972) (Charadriiformes: Charadriidae), quero-quero, da região sul do Rio

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17

Grande do Sul e, 2) Artrópodes de Vanellus chilensis. (Molina, 1972)

(Charadriiformes: Charadriidae), quero-quero, da região sul do Rio Grande do

Sul.

2 REFERÊNCIAS

ANDRADE, M.A. Lista de campo das aves no Brasil. Belo Horizonte:

Fundação Acangaú. 1995. 40p.

BELTON, W. Aves do Rio Grande do Sul: distribuição e biologia. 1994. 175p.

BRANCO, J. O.; MACHADO, I. F. & BOVENDORP, M. S. Avifauna associada a ambientes de influência marítima no litoral de Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia,v.21,n.3, p.459-466, setembro 2004.

COSTA, L. C. M. O Comportamento Interespecífico de defesa do Quero-quero Vanellus chilensis (Molina, 1782) (Charadriiformes: Charadriidae). Revista de Etologia, v.4, n.2, p.95-108, 2002.

DONATELLI, R.J.; COSTA, T.V.V.; FERREIRA, C.D. Dinâmica da avifauna em fragmento de mata na fazenda Rio Claro, Lençóis Paulista, São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia,v.21,n.1,p.97-114, março 2004.

EFE, M. A., MOHR, L. V., & BUGONI, L. Guia ilustrado das aves dos parques de Porto Alegre, Prefeitura de Porto Alegre, Secretaria Municipal do Meio Ambiente. 2001. 144p.

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ARTIGO 1

Artigo 1 – Helmintos (Molina, 1782) (do Sul

Helmintos em Vanellus chilensis (Molina, 1782) (Charadriiformes:

Charadriidae), quero-quero, da região sul do Rio Grande do Sul

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RESUMO

AVANCINI, Luciano Fagundes. Helmintos em Vanellus chilensis (Molina,

1782) (Charadriiformes: Charadriidae), quero-quero, da região sul do Rio

Grande do Sul. 2009. 58f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-

Graduação em Parasitologia. Universidade Federal de Pelotas, RS.

Vanellus chilensis, quero-quero, tem distribuição na América do Sul e América Central, é uma ave muito comum na região sul do Rio Grande do Sul. Há poucos relatos a respeito de endoparasitos nesta espécie, o que incentivou o desenvolvimento deste trabalho. Com o objetivo de estudar a fauna helmíntica de V. chilensis (quero-quero) foram examinadas 28 aves provenientes da região sul do RS. Todos os órgãos foram examinados ao estereomicroscópio e os conteúdos lavados em tamis com malha de 63μm para coleta dos parasitos, os quais foram fixados em álcool 70GL. Os nematóides foram clarificados em lactofenol e os trematódeos e cestóides corados. Os helmintos encontrados e suas respectivas prevalências, abundância média e intensidade média foram: Brevithominx asperodorsus (Enoplida, Capilariidae) – 53,6%, 4,5 e 8,4; Heterakis psophiae (Oxyurida, Heterakidae) – 39,3%, 1,0 e 2,55; Dispharynx nasuta (Spirurida, Acuariidae) – 28,6%, 4,11 e 14,38; Echinostoma aphylactum (Echinostomida, Echinostomatidae) – 17,9%, 0,64 e 3,6; Stomylotrema vicarium (Plagiorchiida, Stomylotrematidae) – 10,7%, 0,25 e 2,33; Neivaia cymbium (Cyclocoeloidea, Cyclocoelidae) – 7,1%, 0,14 e 2,0; Gyrocoelia perversa (Cyclophyllidea, Dioecocestidae) – 60,7%. B. asperodorsus, E. aphylactum, N. cymbium, tem seu primeiro registro na família Charadriidae para o RS, H. psophiae tem seu primeiro registro na ordem Charadriiformes para o RS. Este é o primeiro registro de infecção natural de S. vicarium Charadriidae para o RS. G. perversa e D. nasuta tem seu primeiro registro em V. chilensis no RS.

Palavras-chave: quero-quero, Charadriidae, fauna parasitária, Nematoda,

Trematoda, Cestoda.

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ABSTRACT

AVANCINI, Luciano Fagundes. Helminths in Vanellus chilensis (Molina,

1782) (Charadriiformes: Charadriidae), lapwing, in the south region of the

Rio Grande do Sul state. 2009. 58f. Dissertação (Mestrado) – Programa de

Pós-Graduação em Parasitologia Universidade Federal de Pelotas, RS.

Vanellus chilensis is a bird species of the family Charadriidae distributed across Central and South America. Despite its high abundance and broad distribution, there are few records of endoparasites on this species. With the aim of determining the endoparasite fauna of V. chilensis in southern Rio Grande do Sul state, twenty eight birds were examined. All internal organs were inspected under a stereomicroscope. The stomach and intestinal contents were washed in

a sieve with mesh size of 63m. The parasites were stored in vials containing alcohol 70ºGL for later identification and counting. Nematodes were clarified in lactophenol and trematodes and cestodes were stained with Delafield’s hematoxylin. The helminths found and its respective prevalence, mean abundance and mean intensity were: Brevithominx asperodorsus (Enoplida, Capilariidae) – 53.6%, 4.5 and 8.4; Heterakis psophiae (Oxyurida, Heterakidae) – 39.3%, 1.0 and 2.55; Dispharynx nasuta (Spirurida, Acuariidae) – 28.6%, 4.11 and 14.38; Echinostoma aphylactum (Echinostomida, Echinostomatidae) – 17.9%, 0.64 and 3.6; Stomylotrema vicarium (Plagiorchiida, Stomylotrematidae) – 10.7%, 0.25 and 2.33; Neivaia cymbium (Cyclocoeloidea, Cyclocoelidae) – 7.1%, 0.14 and 2.0; Gyrocoelia perversa (Cyclophyllidea, Dioecocestidae) – 60.7%. H. psophiae is cited for the first time parasitizing the order Charadriiformes in RS. B. asperodorsus, E. aphylactum, N. cymbium represent new records for Charadiidae in the State. This is the first report of natural infection in Charadriidae by the parasite S. vicarium in the region of study. The cestode G. perversa and the nematode D. nasuta are cited for the first time parasitizing V. chilensis in RS.

Key-words: lapwing, Charadriide Nematoda, Trematoda, Cestoda

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1 INTRODUÇÂO

No Brasil existem poucos estudos sobre helmintos parasitando Vanellus

chilensis, sendo exemplos os estudos de VICENTE et al. (1995) de Oxyspirura

matogrosensis e Ancyracanthopsis coronata, e de Travassos & Teixeira de

Freitas (1940), de dois espécimes de Belonopterus chilensis lampronotus

(Wagl.), sinonímia de V. chilensis, parasitados por cestóides, sem identificação

taxonômica dos parasitos. No Chile, González-Acuña et al. (2008) registraram

em V. chilensis de Nuble, o nematóide Dispharynx nasuta, o acantocéfalo

Plagiorhynchus sp. e o cestóide Infula sp. Nos demais artigos encontrados na

literatura há descrições de helmintos em outras espécies de aves da família

Charadriidae, tais como Wardium canarisi, Nadejdolepis arenariae,

Anomotaenia multifilamenta, Acanthocirrus retirostris, Paramaritremopsis

solielangi, Levinseniella carteretensis, Arhythmorhynchus longicolle,

Nadejdolepis paranitidulans, Paramaritremopsis solielangi, Nadejdolepis

litoralis, Progynotaenia americana, Microphallus kinsellae, Plagiorhynchus

charadrii, Arhythmorhynchus longicolle e Proterogynotaenia texanum em

Arenaria interpres, Pluvialis squaterola, Calidris fuscicollis, C. semipalmatus e

C. alexandrinus relatados por CANARIS & KINSELLA (2001) e BARUS (2005)

o capilarídeo Pterothominx (Pterothominx) totani para Charadriiformes.

A família Capilariidae é cosmopolita, possuindo mais de 300 espécies e

parasitando todas as classes de vertebrados (MORAVEC et al., 1987). De

acordo com Lopez-Neyra (1947) e Moravec (1982) é uma das famílias menos

elucidadas e que apresenta uma maior dificuldade de classificação sistemática.

Brevithominx asperodorsus Travassos, Freitas & Mendonça, 1964 foi registrado

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em Capella paraguayae (Vieill.) (Scolopacidae: Charadriiformes), na

submucosa da moela, no estado do Espírito Santo.

Chimaerula leonovi (Cestoda: Dilepididae) foi originalmente descrito em

Charadrius mongolus e posteriormente em C. alexandrinus da Bulgária

(VASILEVA et al., 1998). e KINSELLA & DEBLOCK (2000) descreveram

Wardium canarisi (Cestoda: Hymenolepididae) em Arenaria melanocephala no

Alasca. Há relato de Hymenolepididae em Charadriidae, nas espécies Calidris

alpina, Charadrius marginatus e Arenaria interpres (DEBLOCK & CANARIS,

2001a, b, c).

Em Belize, na América Central, Canaris & Deblock (2000), descreveram

os digenéticos Paramaritremopsis solielangi n. sp. e Microphallus kinsellai, em

Arenaria interpres e Actitis macularia (Charadriidae). Deblock & Canaris (2000)

descreveram três espécies de Nadejdolepis (Hymenolepididae) em Charadrius

alexandrinus, Arenaria interpres e Calidris fuscicolis de Belize, na América

Central. Deblock & Canaris (2001b) descreveram três espécies de

Nadejdolepis (Hymenolepididae) em Charadrius ruficapillus e Arenaria interpres

da Austrália.

O trematódeo parasito da conjuntiva palpebral Philophthalmus

lachrymosus Braun, 1902 (Digenea, Philophthalmidae), que tem o homem

como hospedeiro acidental foi registrado em Larus dominicanus

(Charadriiformes: Lariidae) (PINTO et al., 2005).

CREMONTE et al. (2001) descreveram a nova espécie Tetrameres

(Tetrameres) megaphasmidiata (Nematoda: Tetrameridae) em Charadrius

falklandicus e Calidris fuscicollis da Argentina.

Este trabalho foi desenvolvido objetivando ampliar o conhecimento sobre

a fauna parasitária de V. chilensis através da identificação dos helmintos, bem

como da avaliação dos parâmetros de prevalência, abundância média e

intensidade média desses parasitos.

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2 MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados 28 espécimes de Vanellus chilensis, destes 16

provenientes do Núcleo de Reabilitação de Fauna Silvestre e Centro de

Triagem de Animais Silvestres da Universidade Federal de Pelotas (NURFS-

CETAS/UFPel), onde vieram ao óbito, 11 foram abatidos sob licença do

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Não Renováveis

(IBAMA/SISBIO/licença nº151741-1) e um espécime proveniente de

atropelamento.

Para a coleta dos helmintos as aves foram submetidas à necropsia

através de um corte longitudinal ventral da boca à cloaca. Os órgãos foram

individualizados e tiveram seus conteúdos e mucosas inspecionados ao

estereomicroscópio. Os órgãos examinados foram: globo ocular; pulmão;

traquéia; coração; rins; fígado; boca e faringe; sacos aéreos; esôfago; papo e

pró-ventrículo; moela; intestino delgado; intestino grosso e cloaca; aparelho

reprodutor, e por último observou-se o interior da cavidade corporal. Os

conteúdos dos órgãos foram lavados em tamis com abertura de malha de

63μm, sob água corrente, para coleta dos parasitos, os quais foram

acondicionados em frascos com álcool 70ºGL, devidamente identificados. Os

parasitos do filo Nematoda foram clarificados em lactofenol de Amann e

identificados de acordo com Pereira & Vaz (1933), Anderson, (1957), Yamaguti

(1961), Vicente et al., (1983), Duarte & Dórea (1987), Vicente et al., (1995) e

Zhang et al., (2004).

Os helmintos pertencentes às classes Trematoda e Cestoda foram

corados e preparados para a identificação segundo técnica de Amato et al.

(1991).

Os espécimes da classe Trematoda foram identificados conforme Freitas

(1951), Travassos et al. (1969) e Kohn & Fernandes (1972).

A identificação dos cestóides foi realizada de acordo com Yamaguti

(1959), Georgiev & Kornyushin (1993) e Khalil & Jones (1994).

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Os exemplares foram catalogados e depositados na coleção de

helmintos do Laboratório de Parasitologia de Animais Silvestres do

Departamento de Microbiologia e Parasitologia do Instituto de Biologia da

UFPel.

Os parâmetros avaliados foram de prevalência, abundância média e

intensidade média, segundo Bush et al. (1997) com o uso do programa

Quantitative Parasitology 3.0, (ROZSA et al., 2000). Para a construção dos

gráficos foi utilizado o software Microsoft Excel 2002.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos 28 espécimes de Vanellus chilensis necropsiados, 50% (n=14) eram

machos adultos, 32,14% (n=9) fêmeas adultas, 10,71% (n=3) de machos

juvenis e 7,14% (n=2) de juvenis indeterminados. Deste total, 85,71% (n=24)

apresentaram pelo menos uma espécie de helminto.

Ao todo foram encontrados 372 helmintos, dos quais 72,6% (n=270)

pertencentes ao Filo Nematoda e 27,4% (n=102) ao Filo Platyhelminthes,

sendo 19,6% (n=73) da Classe Trematoda e 7,8% (n=29) da Classe Cestoda

(Figura 3).

Figura 1 – Porcentagem dos taxa encontrados em Vanellus chilensis

da região sul do RS, no período 2007-2008.

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Tabela 1 – Valores de prevalência, abundância média e intensidade média por

táxon em Vanellus chilensis da região sul do RS, período de 2007-2008.

Taxa / parâmetro Prevalência % Abundância

média

Intensidade

média

Nematoda 67,9 9,6 14,2

Trematoda 35,7 2,6 7,3

Cestoda 28,6 - -

3.1Helmintofauna de Vanellus chilensis

0 10 20 30 40 50 60 70

Brevithominx asperodorsus

Heterakis psophiae

Dispharynx nasuta

Echinostoma aphylactum

Stomylotrema vicarium

Neivaia cymbium

Gyrocoelia perversa

Intensidade média

Abundância média

Prevalência %

Figura 2 – Parâmetros de prevalência, abundância média e intensidade média

dos helmintos encontrados em Vanellus chilensis, na região sul do RS, no

período de 2007-2008.

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3.1.1 Filo Nematoda

Brevithominx asperodorsus Travassos, Freitas & Mendonça, 1964

Enoplida, Capilariidae

Localização: Submucosa da moela.

B. asperodorsus (figuras 5 e 6) ocorreu com um total de 126 exemplares

(5 machos – 121 fêmeas), com uma prevalência de 53,6%, abundância média

de 4,50 e intensidade média de 8,40. Este é o primeiro registro de B.

asperodorsus em ave da família Charadriidae e o primeiro registro da espécie

no Rio Grande do Sul.

Figura 3 – Cutícula de Brevithominx

asperodorsus – fêmea (10x).

Figura 4 – Brevithominx asperodorsus

fêmea 10(x).

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Heterakis psophiae Travassos, 1913

Oxyurida, Heterakidae

Localização: Ceco

A subfamília Heterakinae, Railliet & Henry (1912), engloba os

representantes da família Ascaridae que possuem uma ventosa pré-anal. De

acordo com o mesmo autor, estão incluídos nesta subfamília os gêneros

Aspidodera Railliet & Henry, 1912, Heterakis Dujardin, 1845, Ascaridia

Dujardin, 1845, Subulura Molin, 1860 e Cissophylus Railliet & Henry, 1912. Em

sua maioria são parasitos de aves, monoxênicos, realizando duas mudas

dentro do ovo, sendo infectivos no segundo estágio larval. A infecção da ave

pode ser através de hospedeiros paratênicos, no caso de H. gallinarum, cujo

ciclo é o único conhecido. Após a ingestão pelo hospedeiro, as larvas migram

para o ceco onde se tornam adultas. Os ovos saem para o ambiente não

embrionados, demorando de quatro a seis dias para tornarem-se infectantes.

Travassos (1913) citou que o gênero Heterakis caracteriza-se por possuir três

lábios, seis papilas na extremidade anterior, membranas laterais discretas ao

longo do corpo, o esôfago apresenta um bulbo na extremidade posterior e um

número variável de papilas na extremidade posterior, sendo um caráter

utilizado para a identificação específica.

H. psophiae (figuras7 e 8) tem como característica o esôfago com um

pequeno bulbo e a parte anterior do intestino enormemente dilatada, presença

de dez papilas na extremidade posterior, sendo três pré-anais (duas ao lado da

ventosa e uma perto do ânus), sete pós-anais, sendo três papilas grandes

laterais e uma pequena, interna, próxima ao ânus, e um grupo de três, muito

pequenas perto da extremidade do corpo. Os espículos são curtos e iguais. O

macho possui tamanho aproximado de 10mm e a fêmea, 12mm (TRAVASSOS,

1913).

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A prevalência de H. psophiae foi 39,3%, abundância média de 1 e

intensidade média de 2,55 parasitos (figura 4). Esta espécie foi registrada

somente em Psophia viridis SPIX, (Gruiformes: Psophiidae), Jacamim-das-

costas-verdes, habitando o intestino, na localidade de Porto Velho, Rondônia

(TRAVASSOS, 1913).

Este é o primeiro registro de H. psophiae em V. chilensis para o Rio

Grande do Sul e o primeiro registro da presença em ave da ordem

Charadriiformes.

Dispharynx nasuta (Rudolphi, 1819)

Spirurida, Acuariidae

Localização: moela e pró-ventrículo

D. nasuta (Rudolphi, 1819) pode ser encontrada parasitando o pró-

ventrículo de diversas espécies de aves em diferentes áreas (GLOBE & KUTZ,

1945). A validade do gênero e da espécie foi discutida entre vários autores.

Quanto ao gênero, Chabaud (1975), Mawson (1982), Cid Del Prado et al.

(1985), Pinto et al. (1996), Rodríguez (2002) e Zhang et al. (2004)

consideraram Dispharynx um subgênero de Synhimantus Railliet, Henry &

Figura 5 – Extremidade posterior de

Heterakis psophiae – macho (10x).

Figura 6 – Extremidade anterior de

Heterakis psophiae (10x).

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Sisof, 1912, já Globe & Kutz (1945), Yamaguti (1961) e Vicente et al. (1995)

consideraram Dispharynx um gênero distinto. Chabaud (1975) citou em sua

chave que a diferença nos cordões cefálicos, não anastomosados em

Dispharynx e anastomosados em Synhimantus não constituem caráter de

diferenciação genérica suficiente para separar os dois gêneros. Yamaguti

(1961) e Vicente et al. (1995) ao exporem as características de ambos os

gêneros citaram que além das diferenças nos cordões, Dispharynx pode

apresentar papila cervical simples, bi ou tricúspide e Synhimantus apenas

tricúspide. De acordo com Globo & Kutz (1945) D. nasuta tem identidade

morfológica com D. spiralis (Molin, 1858) razão pela qual as consideraram

sinônimas. Citaram também que a posição da vulva nas fêmeas seria o caráter

proposto para distinguir D. spiralis de D. nasuta, e ao revisarem a literatura

existente na época relataram que apenas Dujardin (1844) apud Globe & Kutz

(1945) descreveu a vulva na região anterior do corpo, e os demais autores se

referiram a vulva na porção posterior ou não fizeram menção a essa

característica. Globe & Kutz (1945) examinaram vários espécimes e

constataram que todos apresentavam vulva na região posterior do corpo,

conforme descreveu Molin (1958) apud Globe & Kutz (1945) para D. spiralis e

Piana (1897) apud Globe & Kutz (1945) para D. nasuta. Rodriguez (2002)

descreveu em Synhimantus dispharynx spiralis vulva na região posterior e

Zhang et al. (2004) descreveram a mesma característica para Synhimantus

dispharynx nasuta. Yamaguti (1961) e Vicente et al. (1995) reconheceram a

validade de ambas as espécies. Gupta (1960) considerou D. nasuta sinônimo

de D. pavonis Sanwal, 1951 e Duarte & Dórea (1987) consideraram D. nasuta

sinônimo de D. spiralis e D. pavonis.

Neste trabalho optou-se por seguir o proposto por Yamaguti (1961) e

Vicente et al. (1995) em relação ao gênero, e Globe & Kutz (1945) no que se

refere a espécie, considerando portanto a espécie D. nasuta.

No Brasil ocorrem ambas as espécies, D. spiralis e D. nasuta. Calegaro-

Marques (2006) citou D. nasuta parasitando o pro-ventrículo de Passer

domesticus (Linnaeus, 1758) (pardal) em Porto Alegre, RS, com prevalência de

0,63% e intensidade média de 18. Coimbra (2007) relatou a presença de D.

nasuta no pro-ventrículo e moela de Columbina picui (Temminck, 1813)

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(rolinha-picui) em Pelotas, RS, com prevalência de 6,06% e intensidade média

de 16, e prevalência de 3,03% e intensidade media de 7, respectivamente,

Mascarenhas (2008) citou D. nasuta em Paroaria coronata (Miller, 1776)

(cardeal), provenientes da região de Pelotas, RS, parasitando o pro-ventrículo

e moela com prevalência de 2,5% e intensidade média de 3 e 1,

respectivamente. Gonzále-Acuña et al. (2008) relataram o encontro de D.

nasuta em V. chilensis (um espécime positivo), localizados no lúmem e mucosa

do ventrículo e no estômago muscular, com intensidade média de 4 e

prevalência de 2,8%.

D. nasuta (figuras 9 e 10) ocorreu em V. chilensis com 28,6% de

prevalência, 4,11 de abundância média e 14,38 de intensidade média.

3.1.2 Filo Platyhelminthes

Echinostoma aphylactum Dietz, 1909

Echinostomida, Echinostomatidae

Localização: Intestino delgado e intestino grosso

Figura 8 – Dhisparynx nasuta - detalhe

da extremidade anterior (10x).

Figura 7 – Dhisparynx nasuta – fêmea

(4x)

..

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Echinostoma é o gênero tipo da família Echinostomatidae, e o que tem o

maior número de espécies descritas (KANEV et al., 2009), mas em

contrapartida, a literatura sobre E. aphylactum é escassa, existindo poucas

publicações sobre a espécie. Entre elas, Travassos & Teixeira de Freitas

(1940) registraram em Guira-guira (Cuculidae) Echinostoma sp., Tatcher &

Porter (1968) citaram o parasitismo por E. aphylactum em primatas do Panamá

e Travassos et al. (1969) registraram E. aphylactum em Porphyrula martinica

(L.) (Gruiformes: Rallidae) e Gallinula chloropus galeata (Licht) (Gruiformes:

Rallidae). O parasito ocorreu com 17,9% de prevalência, 0,64 de abundância

média e 3,60 de intensidade média.

Este é o primeiro relato de E. aphylactum (figuras 11 e 12) em V.

chilensis para o RS e também o primeiro registro em ave da família

Charadriidade.

Stomylotrema vicarium Loos 1900

Plagiorchiida, Stomylotrematidae

Localização: Intestino grosso e ceco

Figura 9 – Echinostoma aphylactum

(4x).

Figura 10– Echinostoma aphylactum –

detalhe da extremidade anterior (10x).

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Lunaschi & Drago (2009) citaram sete espécies de Stomylotrema para

regiões neotropicais, sendo elas S. vicarium, S. bijugum Braum, 1901, S.

fastosum Braum, 1901, S. tagax, Braum, 1901, S. perpastum Braum, 1902, S.

gratiosus Travassos, 1922 e S. ucremium Brenes, Arroyo & Muñoz, 1966.

Amato & Amato (2006) registraram pela primeira vez no Brasil como

segundo hospedeiro natural de S. vicarium, Belastoma dilatatum (Hemiptera:

Belostomatidae) no município de Eldorado do Sul, e Ostrowski de Núñez

(1978) apud Amato & Amato (2006) citou a obtenção de larvas de S. vicarium

de Megadytes glauca Brullé, 1837 (Dysticidae).

Travassos & Teixeira de Freitas (1940) registraram a ocorrência de

Stomylotrema sp. em Guira guira (Crotophagidae). Outras espécies registradas

como hospedeiras são Harpiprion caerulescens (Threskiornithidae) (Travassos,

1941) e Jabiru mycteria (Ciconiidae) (Travassos & de Freitas, 1943), ambas

com a identificação do parasito até gênero.

Em Cuba, Macko et al. (1999) registraram S. bijugum em Ajaia ajaja e S.

vicarium em Egretta caerulea e Podiceps dominicus dominicus (Ciconiiformes).

Canaris & Gardner (2003) registraram as espécies S. ali-ibrahimi em

Himantopus himantopus (Recurvirostridae), S. chabaudi em Tyto alba

(Tytonidae) e S. vachoni em Ardea cinerea (Ardeidae) e Corvus scapulatus

(Corvidae), todos na África.

Também foi registrado em Eudocimus albus (Threskiornithidae) na

cloaca e intestino grosso (DRONEN & BLEND, 2008) no Texas, no intestino e

cloaca de Theristicus caerulescens (Threskiornithidae), Ciconia maguari e

Jabiru mycteria (Ciconiidae) do Brasil, Egretta caerulea (Ardeidae) e

Tachybaptus dominicus (Podicipedidae) de Cuba e Larus dominicanus

(Laridae) da Argentina (LUNASCHI & DRAGO, 2009). Busarellus nigricollis e B.

meridionalis (Accipitridae) são registrados pela primeira vez como hospedeiros

de S. vicarium, ocorrendo na cloaca (LUNASCHI & DRAGO, 2009), e Ostrowski

de Núnez (1978) apud Lunaschi & Drago (2009) relatou a infecção

experimental de V. chilensis por S. vicarium.

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Encontrado em três hospedeiros, no intestino grosso e ceco, sendo a

prevalência de 10,7%, abundância média de 0,25 e intensidade média de 2,33.

Este é o primeiro registro da ocorrência natural de S. vicarium (figura 13)

em V. chilensis, e o primeiro registro parasitando ave da ordem

Charadriiformes.

Neivaia cymbium (Diesing, 1850) Dubois, 1959

Cyclocoeloidea, Cyclocoelidae

Localização: boca e traquéia

De acordo com Travassos et al. (1969) o gênero Neivaia apresenta o

corpo elíptico, ventosa oral e acetábulo ausentes. Faringe presente. Esôfago

curto. Cecos intestinais sem divertículos, fusionados posteriormente. Poro

genital pré-faringeano. A bolsa do cirro ultrapassa a bifurcação esofagiana, os

Figura 11 – Stomylotrema vicarium (4x).

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testículos são de forma alongada, não ramificados e situados na extremidade

posterior do corpo. Ovário redondo, lateral, situado adiante do testículo

posterior e na zona testicular anterior. Alças uterinas intercecais. Vitelinos

extracecais, estendendo-se da zona da faringe até a extremidade caudal,

confluindo posteriormente. São parasitos de aves e a espécie tipo é N.

cymbium (Diesing, 1850) Dubois, 1959.

Pode localizar-se no esôfago e traquéia dos hospedeiros. Sobre o ciclo

biológico, Olsen (1974) comentou em relação a Thyplocoelium cymbium (=N.

cymbium) sobre o desenvolvimento da rédia no miracídio antes que este

ecloda. Segundo Machado et al. (2006), o ciclo de desenvolvimento é

semelhante ao de T. cucumerinum. O miracídio já contém uma rédia formada,

que penetra no molusco, e o desenvolvimento atinge a fase de cercária sem

passar pela fase de esporocisto, culminando com a formação das

metacercárias na cavidade pericárdica do molusco. A infecção da ave se faz

pela ingestão do molusco contendo a metacercária, o que pode ser explicado

pelo hábito do hospedeiro e a região de captura que compreende várzeas e

banhados o que favorece o encontro e ingestão das formas intermediárias.

N. cymbium foi registrado na traquéia de Anatidade sp. e Charadrius

wilsonia wilsonia Ord (= Himantopus wilsoni) (TRAVASSOS et al., 1969;

FERNANDES, 1976) e em Anas braziliensis (=Amazonetta braziliensis)

(Anseriformes: Anatidae) (MACHADO et al., 2006) no Brasil.

Este é o primeiro registro de N. cymbium (figuras 14 e 15) em V.

chilensis e o primeiro registro para o RS. O parasito ocorreu com prevalência

de 7,1%, abundância de 0,14 e intensidade média de 2.

Figura 12 – Neivaia cymbium –

extremidade anterior (4x).

Figura 13 – Neivaia cymbium –

extremidade posterior (4x).

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Gyrocoelia perversa Fuhrmann, 1899

Cyclophyllidea, Dioecocestidae

Localização: intestino delgado

Cyclophyllidea é a maior ordem de Cestoda, sendo parasitos de

vertebrados terrestres ou semi-aquáticos, possuindo uma enorme variedade de

hospedeiros intermediários e tem como principal característica o escólex

rodeado por ventosas. A família Dioecocestidae, parasitos de aves, apresenta

os sexos separados ou o estróbilo regionalmente unisexual. O rostro pode

estar presente ou não e, se presente, pode ser armado ou não. Dentro da

família Dioecocestidae, apresentam-se seis gêneros: Dioecocestus,

Neodioecocestus, Shipleya, Infula, Pseudoshipleya e Gyrocoelia. O gênero

Gyrocoelia apresenta-se com o rostro armado, os poros genitais do macho são

irregularmente alternados. O cirro é grande e armado e os testículos são

poucos, passando entre os canais osmorregulatórios. O ovário é largo, lobado,

as glândulas vitelinas são pós-ovário, a vagina é ausente. O receptáculo

seminal esta presente. O útero é em forma de anel, com ramos laterais. A

espécie tipo é G. perversa Fuhrmann 1899. Ocorre em Charadriiformes e

ocasionalmente Pelicaniformes.

Rêgo (1968) descreveu G. fuhrmanni sp. n. em Charadrius collaris e G.

crassa Furhmann 1900, no intestino de Belonopterus chilensis cayenensis

(Gm), B. chilensis lampronotus (Wagl.) e B. chilensis. Schmidt (2000) relatou G.

perversa em Actophilus africanus, Himantopus himantopus, Hoplopterus

spinosus, Limosa rufa e Vanellus sp. na África.

Foram encontrados 28 escóleces em sete hospedeiros (respectivamente

8-3-2-3-7-2-3), mas em outros (dez hospedeiros) foram encontrados

fragmentos do estróbilo, não sendo possível identificar quantos parasitos

estavam presentes, o que inviabilizou o cálculo da abundância média e

intensidade média. A prevalência foi de 60,7%.

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Este é o primeiro registro de G. perversa (figuras 16 e 17) em V.

chilensis bem como o primeiro registro para o RS.

4 CONCLUSÕES

- Vanellus chilensis apresenta ampla diversidade parasitária;

- Brevithominx asperodorsus, Heterakis psophiae, Dispharynx nasuta,

Echinostoma aphylactum, Stomylotrema vicarium, Neivaia cymbium e

Gyrocoelia perversa são relatados pela primeira vez em Vanellus chilensis para

o Rio Grande do Sul;

- Os trematódeos Stomylotrema vicarium e Neivaia cymbium são

registrados pela primeira vez parasitando ave da família Charadriidae;

- O cestóide Gyrocoelia perversa é registrado pela primeira vez em

Vanellus chilensis;

- O nematóide Heterakis psophiae tem seu primeiro registro em

Charadriiformes;

- Os nematóides são os helmintos predominantes em Vanellus chilensis.

Figura 15 – Gyrocoelia perversa – detalhe do

rostro (40x).

Figura 14 – Gyrocoelia perversa (2x).

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ARTIGO 2

Phthiraptera e Gamasida em Vanellus chilensis (Molina, 1782), quero-

quero, da região sul do Rio Grande do Sul

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RESUMO

AVANCINI, Luciano Fagundes. Phthiraptera e Gamasida em Vanellus

chilensis (Molina, 1782), quero-quero, da região sul do Rio Grande do Sul.

2009. 58f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em

Parasitologia. Universidade Federal de Pelotas, RS.

Vanellus chilensis tem distribuição na América do Sul e América Central, é uma ave muito comum na região sul do RS que emite uma vocalização denominada ―quero-quero‖, pelo qual é conhecida. Há poucos relatos a respeito de ectoparasitos nesta espécie, o que incentivou o desenvolvimento deste trabalho. Com o objetivo de estudar a fauna ectoparasitária de Vanellus chilensis foram examinadas 28 aves oriundas da região sul do Rio Grande do Sul. Para coleta de Phthiraptera, as aves foram banhadas, individualmente, em água com detergente e esta passada em tamis de malha 63µm para coleta dos ectoparasitos, os quais foram fixados em álcool 70ºGL. A coleta de Gamasida foi realizada a partir da dissecação e lavagem da cavidade nasal. Ambos foram clarificados em lactofenol para identificação. Todas as aves estavam parasitadas por Actornithopilus sp. (Amblycera: Menoponidae) e Quadraceps guimaraesi (Ischnocera, Philopteridae), e duas pelo ácaro nasal Rhinonyssus sp. (Acarina: Rhinonyssidae), caracterizando uma infestação comum por estes Phthiraptera e rara pelo ácaro Gamasida, em V. chilensis da região sul do Rio Grande do Sul.

Palavras-chave: quero-quero, ectoparasitos, Acari, Phthiraptera.

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ABSTRACT

AVANCINI, Luciano Fagundes. Phthiraptera and Gamasida in Vanellus

chilensis (Molina, 1782) (Charadriiformes: Charadriidae), lapwing, in the

south region of the Rio Grande do Sul state. 2009. 58f. Dissertação

(Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Parasitologia Universidade

Federal de Pelotas, RS.

Vanellus chilensis is a bird species of the family Charadriidae distributed across

Central and South America. Despite its high abundance and broad distribution,

there are few records of ectoparasites on this species. Aiming to identify the

arthropods that parasitize V. chilensis in southern Brazil, twenty eight birds were

necropsied. For collection of Phthiraptera the birds were individually washed in

water containing detergent, which was subsequently sieved. For collection of

Gamasida, the nasal cavity was dissected and washed. The arthropods were

fixed in alcohol 70°GL and clarified in lactophenol. All birds were found

parasitized by the lice Actornithopilus sp. (Amblycera: Menoponidae) and

Quadraceps guimaraesi (Ischnocera, Philopteridae). The nasal mite

Rhinonyssus sp. (Acarina: Rhinonyssidae) was found only in two individuals.

This is the first record of Actornithopilus sp. and Quadraceps guimaraesi as

parasites of V. chilensis in Rio Grande do Sul state and the first report of the

nasal mite Rhinonyssus sp. in this bird species.

Key-words: lapwing, Charadriidae, Phthiraptera, Gamasida

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1 INTRODUÇÂO

Os pássaros são hospedeiros de uma grande diversidade de simbiontes,

tais como piolhos e ácaros. Já foram descritas aproximadamente 3.000

espécies de ácaros distribuidas em mais de 40 famílias que vivem em

associação com as aves (PROCTOR & OWENS, 2000; KNEE & PROCTOR,

2006). Os Phthiraptera estão distribuídos em sete famílias, e destas, três

famílias são parasitos de aves (BRUM et al., 2005).

Vanellus chilensis apresenta dorso cinza-pardo, com uma extensa

mancha negra ventral que se estende da fronte até o peito, e o ventre é branco.

Nota-se um penacho negro na nuca, as patas são vermelhas assim como o

bico, porém este possui a ponta preta (EFE, MOHR & BUGONI, 2001). A ave

tem como habitats áreas de pastagens, áreas terraplanadas, áreas alagadas,

locais de criação de gado, ambientes limículas (próximo de corpos d´água,

brejos, lagoas, açudes) e pastagens (SICK, 2001; RIBON, 2004), tendo

alimentação onívora (DONATELLI, 2004), incluindo hábitos carnívoros

(PALERMO, 1985 apud PISTONE et al., 2002). É uma espécie gregária, com o

tamanho dos grupos variando de acordo com o período anual (COSTA, 1985

apud COSTA, 2002). V. chilensis ocorre desde a América Central até a Terra

do Fogo, e em todo o território brasileiro (SICK, 2001).

V. chilensis nidifica no solo, geralmente em depressões rasas e secas,

recobertas com folhas secas de gramíneas. Os ovos são depositados em

número entre dois e quatro, possuindo coloração parda amarelada e verde,

com desenhos pretos, o que facilita a camuflagem com o solo. Os ovos medem

entre 45x 33 mm e são incubados principalmente pela fêmea. Os filhotes são

nidífugos e alimentados principalmente pela fêmea. No período da incubação o

macho torna-se extremamente agressivo e ocorre como sistema de

acasalamento, monogamia e poligamia (COSTA, 2002). É uma espécie

altamente territorial, que realiza vôos rasantes fortes e diretos com ataques

súbitos e velozes para assustar os intrusos que eventualmente aparecem em

seu território (BELTON, 1994), e como característica possui na ponta de cada

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asa, escondido na plumagem, um esporão que fica bem evidente quando

atacam (EFE, MOHR & BUGONI, 2001). Os machos são mais ativos no

comportamento de defesa (KIS et al., 2000).

A maioria dos trabalhos sobre ectoparasitos engloba os membros da

ordem Charadriiformes, por exemplo, a descrição da espécie Aploparaksis

mackoi em Gallinago gallinago (Scopolocinae) por BONDARENKO (2004).

Existem poucos relatos de ectoparasitos em V. chilensis, Dabert (2002),

descreveu três novas espécies do gênero Magimelia (Astigmata: Pterolichidae)

na plumagem dos charadriiformes, sendo M. chilensis em V. chilensis.

BOCHKOV (2004) relatou cinco novas espécies e dois gêneros da

família Syringophilidae (Acari: Cheyletoidea), sendo Charadriaulobia vanelli n.

g., n. sp. de um espécime de V. chilensis importado do Brasil, que veio a óbito

durante a quarentena em um zoológico na Bélgica.

Os ácaros nasais habitam o sistema respiratório das aves, sendo

encontrados preferencialmente na membrana que reveste os cornetos nasais.

Todavia, são freqüentemente encontrados na porção anterior das narinas,

laringe, traquéia, pulmão, sacos aéreos e conjuntivais (AMARAL &

REBOUÇAS, 1974).

O pouco conhecimento sobre a atropodofauna de V. chilensis, levou ao

desenvolvimento deste trabalho, objetivando identificar os espécimes dos

grupos Phthiraptera e Gamasida que parasitam este hospedeiro.

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2 MATERIAIS E MÉTODOS

Foram examinados 28 espécimes de Vanellus chilensis provenientes da

região sul do Rio Grande do Sul, dos quais 16 foram encaminhadas pelo

Núcleo de Reabilitação de Fauna Silvestre e Centro de Triagem de Animais

Silvestres da Universidade Federal de Pelotas (NURFS-CETAS/UFPel) onde

as aves vieram ao óbito, 11 foram abatidas sob licença do Instituto Brasileiro do

Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA licença nº 151741-1)

e uma proveniente de atropelamento.

Os ectoparasitos presentes no corpo e nas penas dos hospedeiros

foram coletados de acordo com a técnica de Clayton & Drow (2001), que

consiste na submersão do hospedeiro em um recipiente contendo água e

detergente líquido. As aves ficaram submersas por no mínimo 30 minutos, e

também foram friccionadas, manualmente, para otimizar o desprendimento dos

ectoparasitos. Após este procedimento, o líquido foi tamisado em malha de

63µm. O conteúdo obtido foi examinado em estereomicroscópio e os parasitos

encontrados foram fixados em álcool 70oGL.

Os ácaros nasais foram coletados de acordo com Fain (1957) apud

Amaral & Rebouças (1974), cuja técnica consiste na abertura das fossas

nasais com um corte a partir de uma das narinas até o orifício externo do

ouvido, repetindo o processo para o outro lado. As fossas nasais foram lavadas

com jatos de água e o conteúdo obtido foi observado em estereomicroscópio.

Os ácaros obtidos foram fixados em álcool 70oGL.

Os espécimes de Phthiraptera foram clarificados em lactofenol e

identificados conforme Cicchino (1982) e Mey (2004).

Os ácaros nasais foram clarificados em lactofenol de Amann, montados

entre lâmina e lamínula e identificados conforme Castro (1948), Pence (1973),

Pence (1975) e Pence & Casto (1976).

Os parasitos foram catalogados e depositados na coleção de artrópodes

do Laboratório de Parasitologia do Departamento de Microbiologia e

Parasitologia do Instituto de Biologia da UFPel.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os malófagos Actornithopilus sp. e Quadraceps guimaraesi, da ordem

Phthiraptera, foram encontrados em 100% dos exemplares de Vanellus

chilensis. No entanto, o ácaro nasal Rhinonyssus sp., da ordem Gamasida, foi

encontrado em apenas dois hospedeiros.

Actornithopilus Ferris, 1916

Amblycera, Menoponidae

O Gênero Actornithopilus Ferris 1916 é característico da subordem

Charadrii, com exceção de Jacanidae e Thinocoridae e da subordem Lari,

exceto Stercorariidae e Rynchopidae (CLAY, 1962). A. gracilis foi relatado em

ovos de charadrídeos (RANKIN, 1982) e parasitando V. vanellus (PALMA &

JENSEN, 2005; VAN DEN BROEK & JENSEN Jr., 1964). A. hoplopteri foi

citado como um dos ectoparasitos mais freqüente no gênero Vanellus por

Zlotorzycka et al., (1999). A grande parte dos representantes da subordem

Ischnocera alimenta-se de penas, enquanto os da subordem Amblycera são

hematófagos (ASH, 1960).

Aegialitidis e A. gracilis foram citados por Cicchino & Castro (1998a) na

Argentina e Price et al., (2003) citaram A. aegialitidis em três espécies de

Vanellus, sendo V. vanellus (Linnaeus, 1758), V. miles (Boddaert, 1783) e V.

coronatus (Boddaert, 1783).

González-Acuña et al., (2008) registraram o encontro de Austromenopon

aegialitidis (Durant, 1906) (Amblycera: Menoponidae), Actornithophilus gracilis

(Piaget, 1880), (Amblycera: Menoponidae) e Quadraceps guimaraesi

Timmermann 1954 (Ischnocera: Philopteridae) em V. chilensis do Chile. O

mesmo autor ainda comentou que a combinação de A. gracilis e Q. guimaraesi

ocorre mais comumente no hospedeiro.

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A classificação taxonômica das espécies de Actornithopilus ainda é

baseada em Clay (1962). Para isso é necessário observar o tamanho, a

posição e a disposição das setas. Nos ectoparasitos observados, as setas

estavam comprometidas, principalmente a disposição das setas do tergito

abdominal, não sendo possível uma definição segura da espécie de

Actornithopilus encontrada. Clay (1962) ainda comentou a dificuldade de

construir uma chave que identifique as espécies de Actornithopilus, pois como

a distinção é baseada na quetotaxia, várias espécies apresentam variações na

posição e tamanho das mesmas. A mesma autora ainda citou como exemplo

um espécime de Actornithopilus em V. vanellus que apresenta uma variação

anormal das setas do metanoto, mas que provavelmente seja A. gracilis.

Neste trabalho, a disposição e tamanho das setas dos espécimes de

Actornithopilus (figuras 18 e 19) coletados em V. chilensis não estão de acordo

com as características da espécie descrita por Clay (1962), embora outras

características tenham se confirmado, portanto, com o embasamento das

informações sobre as possíveis variações na quetotaxia que podem ocorrer na

espécie, é provável que o espécime encontrado (figuras 18 e 19) seja A.

gracilis (Piaget, 1880).

Figura 1 – Actornithopilus sp. – macho

(4x).

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Quadraceps guimaraesi

Ischnocera, Philopteridae

As espécies do gênero Quadraceps são encontradas principalmente em

Charadriiformes (MARTENS & PALMA, 1981; EMERSON & PRICE, 1985) e os

autores estimam que das 300 espécies de hospedeiros, 240 sejam parasitadas

por Quadraceps spp. O Gênero Austromenopon também foi citado como

parasito da família Charadriidae (EMERSON & PRICE, 1986).

O gênero Quadraceps engloba várias espécies parasitos de

Charadriiformes (EMERSON & PRICE, 1985; PALMA, 1995, PRICE et al.,

2003). Q. guimaraesi foi registrado somente em V. chilensis lampronotus

(Wagler) no Brasil (Timmermann, 1954).

Q. guimaraesi também foi citado em V. chilensis chilensis na Argentina

por Cicchino & Castro, (1998b) e registrado em V. chilensis do Chile por

González-Acuña et al. (2008).

O ectoparasito Q. guimaraesi (figuras 20 e 21) esteve presente em todos

os hospedeiros, sempre em conjunto com Actornithopilus.

Figura 2 – Quadraceps guimaraesi. –

macho (4x).

Figura 3 – Quadraceps guimaraesi –

detalhe da genitália do macho (10x).

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Rhinonyssus sp.

Acarina, Rhinonyssidae

Os ácaros nasais habitam o sistema respiratório das aves, mas seu

estudo é pouco explorado. Segundo Strandtmann (1948) a família

Rhinonyssidae é dividida em duas subfamílias, Rhinonyssinae e Ptilonyssinae

e que são ácaros pouco conhecidos.

Sobre o gênero Rhinonyssus, Strandtmann (1951) descreveu a espécie

R. himantopus, de Himantopus mexicanus (Charadriidae), e Van Riper (1975)

fez o registro de Rhinonyssus sp. em Loxops virens virens (Passeriformes,

Fringiliidae).

Wilson (1964) registrou Rhinonyssus coniventris Trouessart, 1894 em

Pluvialis Dominica (Charadriidae), e Thul (1985) registrou R. rhinolethrum em

Aix sponsa (Anseriformes, Anatidae).

Mwase & Baker (2006) fizeram o registro de Rhinonyssus himantopus

Strandtmann, 1951 em Hoplopterus spinosus Linnaeus (=Vanellus spinosus)

(spur-winged plover) (Charadriiformes: Charadriidae) e R. rhinolethrum

(Trouessart, 1895) em Anas (Nettion) punctatum Burchell (= Anas hottentota

(Eyton)) (Anseriformes: Anatidae).

Recentemente, Mascarenhas et al., (2009) relataram Cygnus

melanocoryphusi e Callonetta leucophrys (Anseriformes: Anatidae), como

novos hospedeiros para o ácaro nasal R. rhinolethrum (Trouessart) no Brasil.

Nos hospedeiros examinados, somente dois apresentaram parasitismo

por Rhinonyssus sp., (figuras 22 e 23) sendo recuperados apenas 4

espécimes, demonstrando a baixa ocorrência deste ácaro nasal em V.

chilensis.

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chilensis.

4 CONCLUSÕES

- Quadraceps guimaraesi e Actornithopilus são ectoparasitos comuns de

Vanellus chilensis na região sul do RS;

- Este é o primeiro registro de Q. guimaraesi e Actornithopilus parasitando

Vanellus chilensis no Rio Grande do Sul;

- Rhinonyssus sp. é citado pela primeira vez parasitando Vanellus chilensis;

- O ácaro nasal Rhinonyssus sp. é pouco freqüente em Vanellus chilensis.

Figura 4 – Rhinonyssus sp. (4x). Figura 5 – Rhinonyssus sp. (10x).

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