UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA
MARYJANE DINIZ DE ARAÚJO GOMES
SUSTENTABILIDADE DE SISTEMAS DE CULTIVO IRRIGADOS ORGÂNICO E
CONVENCIONAL DE BASE FAMILIAR
FORTALEZA
2015
MARYJANE DINIZ DE ARAÚJO GOMES
SUSTENTABILIDADE DE SISTEMAS DE CULTIVO IRRIGADOS ORGÂNICO E
CONVENCIONAL DE BASE FAMILIAR
Dissertação submetida à Coordenação do
Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Agrícola, da Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial
para obtenção do grau de Mestre em
Engenharia Agrícola.
Área de concentração: Irrigação e
Drenagem
Orientador: Prof. Dr. Raimundo Nonato
Távora Costa.
FORTALEZA
2015
MARYJANE DINIZ DE ARAÚJO GOMES
SUSTENTABILIDADE DE SISTEMAS DE CULTIVO IRRIGADOS ORGÂNICO E
CONVENCIONAL DE BASE FAMILIAR
Dissertação submetida à Coordenação do
Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Agrícola, da Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial
para obtenção do grau de Mestre em
Engenharia Agrícola. Área de
concentração: Irrigação e Drenagem
À Deus, por sempre me conceder
sabedoria nas escolhas dos melhores
caminhos.
Aos meus pais, João Bosco Gomes e
Mariana Diniz de Araújo Gomes, pela
confiança e motivação incondicional.
Que sempre me impulsionam em direção
às vitórias dos meus desafios.
Aos meus filhos, Jéssica Letícia Diniz
Gomes dos Santos e Ricken Diniz
Gomes dos Santos, por todo amor e
carinho.
Ao meu esposo, José Iranilson B. de
Oliveira Gomes, pelo incentivo e
presença constante nos momentos
difíceis.
AGRADECIMENTOS
À Deus, pela vida.
À Universidade Federal do Ceará (UFC), pela oportunidade de realização da
pós-graduação.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), pelo apoio financeiro com a concessão da bolsa de estudos.
As dificuldades de toda caminhada são mais facilmente transportadas
quando, além dos nossos próprios passos, outros pés compartilham a caminhada. Daí,
meu sincero agradecimento ao meu orientador, Raimundo Nonato Távora Costa, por
todos os momentos de paciência, compreensão e competência.
Ao Dr. Guillermo Gamarra Rojas e Dr. José Aglodualdo Holanda
Cavalcante Júnior, por aceitarem compor a banca examinadora e por suas valiosas
contribuições ao trabalho de dissertação.
Ao meu pai, João Bosco Gomes, homem que tenho como exemplo de vida.
Meu eterno agradecimento pelos momentos que esteve ao meu lado, fazendo-me
acreditar que nada é impossível.
À minha mãe, Mariana Diniz de Araújo Gomes, por ter sido tão dedicada à
minha educação. Obrigada pelo amor, carinho e compreensão que me destes durante
toda a vida.
À minha irmã, Meyrianne Diniz de Araújo Gomes, pelo apoio concedido
nas horas de dificuldade.
Aos meus filhos, Jéssica Letícia Diniz Gomes dos Santos e Ricken Diniz
Gomes dos Santos, que em muitos momentos proporcionaram a força e o incentivo
necessário para esta caminhada e por sempre entenderem que a minha ausência era
necessária para construção do nosso futuro.
Ao meu esposo, José Iranilson Borges de Oliveira Gomes, pelo seu carinho
e compreensão. E por me ensinar que devemos encarar os problemas e as dificuldades
da vida não como pedras no meio do caminho, mas como degraus de uma escada que
nos levará à vitória.
Aos colegas do Grupo de Pesquisa em Engenharia de Água e Solo no
Semiárido (GPEAS – Semiárido), em especial ao Francisco Tiago Rodrigues, que
esteve ao meu lado durante toda a execução do trabalho, dando apoio incondicional e
ensinando-me a transformar as dificuldades em oportunidade de crescimento.
Longe de casa e de toda família, muitas vezes surge os sentimentos de
insegurança e solidão, mas encontrei uma nova família na Fazenda Carcará. Gestos de
carinho, atenção e delicadeza fazem-nos perceber quanto algumas pessoas são especiais
na forma de ser e como são bem-vindas as suas ações, agradeço imensamente por todo
carinho e atenção que me proporcionaram.
Aos agricultores da Fazenda Estufa Limoeiro, por ter dedicado parte do seu
tempo contribuindo na coleta de dados desta pesquisa.
Ao Prof. Dr. Claudivan Feitosa de Lacerda, por permitir o uso das
dependências do Laboratório de Relação Água e Solo (Departamento de Engenharia
Agrícola) durante a realização das análises de solo.
Aos professores do Departamento de Engenharia Agrícola e do
Departamento de Solos e Nutrição de Plantas, em especial ao Dr. Francisco Marcus
Lima Bezerra, Dr. Marlos Alves Bezerra (Embrapa), Dr. Fernando Felipe Ferreira
Hernandez e ao Dr. Raimundo Nonato Assis Júnior, pelos ensinamentos contribuindo
para minha formação no curso de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola.
Ao Professor Paulo Furtado Mendes Filho, pelo suporte à realização de
parte desta dissertação concedendo material para elaboração das análises feitas em
laboratório.
Agradeço aos meus amigos, Aberlado Amaral, Alexandre Bosco de
Oliveira, Almiro Tavares, Amparo Cisneros, Benito Moreira de Azevedo, Francisca
Gleiciane, Francisco Elder, Jean Paulo, Kadson Frutuoso, Manoel Rodrigues, Manuel
Filipe, Marconi Seabra, Maria da Saúde, Susana Eliote, Wanderson Pires, pelo
momentos compartilhados...a amizade é um amor que nunca morre.
Muito frequentemente, com a correria da nossa caminhada, nós
subestimamos o poder do carinho, de um sorriso, de uma palavra amável, de um ombro
amigo, de um elogio honesto ou o menor ato de dedicação, mas quando nesta
caminhada existem familiares e amigos, estes simples gestos se tornam indispensáveis.
Daí, meu agradecimento a todos os meus amigos e familiares que direta ou
indiretamente transformaram esta caminhada mais prazerosa.
―Sem sonhos, as perdas se tornam
insuportáveis, as pedras do caminho se
tornam montanhas, os fracassos se
transformam em golpes fatais. Mas, se
você tiver grandes sonhos... seus erros
produzirão crescimento, seus desafios
produzirão oportunidades, seus medos
produzirão coragem. Por isso, meu
ardente desejo é que você NUNCA
DESISTA DE SEUS SONHOS.‖
(Augusto Cury).
RESUMO
GOMES, Maryjane Diniz de Araújo Gomes. Universidade Federal do Ceará. Fevereiro
de 2015. Sustentabilidade de sistemas de cultivo irrigados orgânica e convencional
de base familiar. Fortaleza: UFC. 78f. (Dissertação). 2015.
A agricultura familiar vem contribuindo para o desenvolvimento social, pois através de
seus milhões de pequenos produtores é um setor em crescimento e de inteira relevância
para o desenvolvimento do país. Apesar da elevada eficiência produtiva atual na
agricultura, tem se observado diversos impactos ambientais e sociais, tais como erosão
dos solos, contaminação das águas superficiais e subterrâneas, redução da
biodiversidade e perda de saberes tradicionais associados, dependência econômica,
redução das oportunidades de trabalho e renda, êxodo rural e exclusão social. Por este
motivo, nos últimos tempos, tem se dado ênfase aos benefícios ecológicos provenientes
do cultivo de produtos orgânicos. A pesquisa tem como objetivo geral analisar
comparativamente, a partir de indicadores de sustentabilidade econômica, social e
ambiental, dois sistemas irrigados de produção, um orgânico o outro convencional. O
valor da produção e da renda do agricultor foram avaliados como variáveis associadas
com dimensões sociais e econômicas, respectivamente. A análise estatística dos dados
ambientais foi realizada através do programa ―ASSISTAT 7.5 BETA‖ submetidos à
análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey. A geração de
empregos diretos por unidade de área no sistema de cultivo convencional corresponde
aos valores de referência. Já o sistema de cultivo orgânico proporciona uma geração de
empregos diretos que chega a corresponder três vezes à média da capacidade de geração
de emprego por unidade de área da agricultura irrigada na região do semiárido
brasileiro, criando assim de forma sustentável, condições de permanência do homem no
campo. O sistema de cultivo orgânico apresenta um menor risco associado à dimensão
econômica comparativamente ao sistema de cultivo convencional. As superfícies
agrícolas úteis atuais das duas unidades de produção permitem que as mesmas se
mantenham na atividade agropecuária assegurando a reprodução social dos agricultores
num cenário com financiamento do Pronaf. Os resultados das variáveis ambientais
avaliadas demonstram que a unidade de produção com cultivo orgânico apresenta maior
sustentabilidade ambiental, uma vez que o solo encontra-se em condições físicas e
químicas mais satisfatórias para o desenvolvimento dos microrganismos.
Palavras-chave: Irrigação; Agricultura familiar; Desenvolvimento sustentável.
ABSTRACT
GOMES, Maryjane Diniz de Araújo Gomes. Federal University of Ceará. February
2015. Sustainability of organic and conventional family based irrigated cropping
systems. Fortaleza: UFC. 78f. (Dissertation ). 2015.
Family farming has contributed to social development because through millions of
small producers it has been a growing industry of entire relevance for the development
of the country. Despite the high current production efficiency in agriculture it has been
observed many environmental and social impacts, such as: soil erosion, contamination
of surface and groundwater, loss of biodiversity, loss of traditional knowledge
associated with economic dependence, reducing of job opportunities and income as
well as rural exodus and social exclusion. For this reason, in the past few years it has
been giving very strong focus on ecological benefits from cultivation of organic
products. The general objective of this research is to comparatively analyze, based on
indicators of economic, social and environmental indicators, two irrigated cultivation
systems of organic and conventional production. The value of production and income of
the farmer were respectively evaluated as variables associated to social and economic
dimensions. The microbial activity of the soil was used as an environmental variable
and the statistical analysis was performed using the program "ASSISTAT 7.5 BETA".
The generation of direct jobs per area unit in the conventional tillage system
corresponds to the reference values. Nevertheless, the organic system provides a
generation of direct jobs that may reach three times the average capacity of employment
generation per area unit of irrigated agriculture in the Brazilian semi-arid region, thus
creating in a sustainable way, maintenance conditions for peasants. The organic system
has a lower risk associated with the economic dimension compared to conventional
tillage system. Current useful agricultural areas of the two production units allow them
to remain in agricultural activity ensuring the social reproduction of farmers in a
scenario with funding from the Pronaf. The results of the evaluated environmental
variables demonstrate that production unit with organic farming has higher
environmental sustainability, since the soil has good physical and chemical conditions
that are more satisfactory to the development of microorganisms.
Keywords: Irrigation; Family farming; Sustainable development.
LISTA DE FIGURAS
Pág.
Figura 1 - Valor Bruto da Produção (VBP) anual da Fazenda Estufa Limoeiro
no ano de 2013.................................................................................. 47
Figura 2 - Valor Bruto da Produção (VBP) mensal da Fazenda Carcará no
ano de 2013...................................................................................... 48
Figura 3 - Teores de carbono orgânico total do solo (CO) no período seco
(outubro) no município de Guaraciaba do Norte-CE. Os valores
estão representados por média e, as médias seguidas pela mesma
letra não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey.................................................. 58
Figura 4 - Teores de carbono da biomassa microbiana (CBM) no período
seco (outubro) no município de Guaraciaba do Norte-CE. Os
valores estão representados por média e, as médias seguidas pela
mesma letra não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5%
de probabilidade pelo teste de Tukey................................................ 59
Figura 5 - Teores da respiração basal do solo (RBS) no período seco
(outubro) no município de Guaraciaba do Norte-CE. Os valores
estão representados por média e, as médias seguidas pela mesma
letra não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey..................................................... 62
Figura 6 - Quociente microbiano (qMIC) e quociente metabólico (qCO) no
período seco (outubro) no município de Guaraciaba do Norte-CE.
Os valores estão representados por média e, as médias seguidas
pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si ao nível de
5% de probabilidade pelo teste deTukey........................................... 65
LISTA DE TABELAS
Pág.
Tabela 1 - Plano de ocupação da Fazenda Estufa Limoeiro no ano
2013........................................................................................ 45
Tabela 2 - Plano de ocupação da Fazenda Carcará no ano 2013........................ 46
Tabela 3 - Custos de produção da Fazenda Estufa Limoeiro (sistema
convencional) e da Fazenda Carcará (sistema orgânico) com
financiamento do Pronaf Mais Alimento para 1,0ha de
produção.................................................................................. 49
Tabela 4 - Custos de produção da Fazenda Estufa Limoeiro (sistema
convencional) e da Fazenda Carcará (sistema orgânico) sem
financiamento do Pronaf Mais Alimento para 1,0ha de
produção.................................................................................. 51
Tabela 5 - Juros pagos à agente financiador em relação à créditos de
investimentos do Pronaf Mais Alimentos no ano de 2013 para
1,0ha de produção.................................................................... 53
Tabela 6 - Parâmetros utilizados para cálculo da renda do agricultor (RA) de
cada sistema de produção para 1,0ha de
produção.................................................................................. 54
Tabela 7 - Resumo da análise de variância para as áreas de diferente
manejo................................................................................................ 57
Tabela 8 - Atributos físico e químico do solo das diferentes áreas
estudadas............................................................................................ 63
LISTA DE GRÁFICOS
Pág.
Gráfico 1 - Valor agregado de produção da Fazenda Estufa Limoeiro (sistema
convencional) e da Fazenda Carcará (sistema orgânico) com
financiamento do Pronaf Mais Alimento........................................ 50
Gráfico 2 - Valor agregado de produção da Fazenda Estufa Limoeiro (sistema
convencional) e da Fazenda Carcará (sistema orgânico) sem
financiamento................................................................................. 52
Gráfico 3 - Renda do agricultor (RA) da Fazenda Estufa Limoeiro (sistema
convencional) e da Fazenda Carcará (sistema orgânico) com
financiamento do Pronaf................................................................. 54
Gráfico 4 - Renda do agricultor (RA) da Fazenda Estufa Limoeiro (sistema
convencional) e da Fazenda Carcará (sistema orgânico) sem
financiamento.................................................................................. 56
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 15
2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 17
2.1 Agricultura orgânica em nível de Brasil e do Estado do Ceará ........................ 17
2.2 Agricultura familiar ............................................................................................ 23
2.3 Indicadores para avaliação da sustentabilidade de agroecossistemas ............... 25
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 31
3.1 Caracterização das unidades de produção ......................................................... 31
3.2 Indicadores utilizados na análise dos sistemas de produção.............................. 33
3.2.1 Dimensão social ................................................................................................ 33
3.2.2 Dimensão econômica ......................................................................................... 35
3.2.3 Dimensão ambiental .......................................................................................... 37
3.2.3.1 Coleta do solo ................................................................................................. 37
3.2.3.2 Carbono orgânico do solo ............................................................................... 38
3.2.3.3 Carbono da biomassa microbiana ................................................................... 39
3.2.3.4 Respiração basal ............................................................................................. 41
3.2.3.5 Quociente metabólico ...................................................................................... 42
3.2.3.6 Quociente microbiano ..................................................................................... 43
3.2.3.7 Delineamento experimental e análise estatística .............................................. 43
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 44
4.1. Análise Social ...................................................................................................... 44
4.1.1 Geração de emprego .......................................................................................... 44
4.1.2 Valor agregado da produção ............................................................................. 45
4.2. Análise econômica .............................................................................................. 52
4.3. Análise Ambiental .............................................................................................. 57
4.3.1. Carbono orgânico total do solo......................................................................... 57
4.3.2. Carbono da biomassa microbiana .................................................................... 59
4.3.3. Respiração Basal do Solo ................................................................................. 61
4.3.4. Quociente microbiano e quociente metabólico ................................................. 64
5 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 68
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 70
APÊNDICE A – VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO DA FAZENDA CARCARÁ
NO ANO DE 2013 .........................................................................................................78
15
1 INTRODUÇÃO
A agricultura familiar vem contribuindo para o desenvolvimento social, pois
através de seus milhões de pequenos produtores é um setor em crescimento e de inteira
relevância para o desenvolvimento do país. Todos os anos ela movimenta bilhões de
reais, produzindo mais da metade dos alimentos que são consumidos. Também tem
participação na criação de empregos, geração e distribuição de renda e diminuição do
êxodo rural.
No Estado do Ceará, o setor agrícola é um promotor do desenvolvimento
econômico rural, principalmente no que se refere à geração de renda. A agricultura
ocupa 30,8% da população economicamente ativa. A população rural do Ceará
corresponde a 24,91% (IBGE – Censo Demográfico de 2010) e dentro desta população
54,32% são agricultores familiares (IBGE – Censo Agropecuário de 2006).
Na região da Serra da Ibiapaba, um dos principais centros produtores de
frutas e hortaliças do Norte/Nordeste do país, a agricultura caracteriza-se pela presença
de agricultores familiares, os quais têm sido muito importantes para a economia
cearense, com uma inquestionável contribuição ao desenvolvimento do estado. Dentre
os fatores que favorecem esse status estão: clima e temperatura favoráveis, água em
abundância e a presença de uma estrutura rodoviária que facilita o canal de
comercialização entre o produtor e comerciante, principalmente os atacadistas.
Apesar da elevada eficiência produtiva atual na agricultura, tem se
observado diversos impactos ambientais e sociais, tais como erosão dos solos,
contaminação das águas superficiais e subterrâneas, redução da biodiversidade e perda
de saberes tradicionais associados, dependência econômica, redução das oportunidades
de trabalho e renda, êxodo rural e exclusão social. Por este motivo, atualmente, tem se
dado ênfase muito grande aos benefícios ecológicos provenientes do cultivo de produtos
orgânicos, face os impactos causados no cultivo tradicional com uso de agrotóxicos.
No Brasil estão cadastrados 7.949 produtores certificados, sendo que no
Estado do Ceara foram encontrados 233 cadastros, dos quais 77 cadastros oriundos da
serra da Ibiapaba, representando 1/3 dos produtores orgânicos certificados no estado
(MAPA, 2014).
Vale ressaltar que apesar da elevada produção brasileira, o perfil dos
consumidores vem se modificando, aumentando a exigência por produtos de melhor
qualidade e em especial por produtos com baixo nível de resíduos de agrotóxicos. Com
16
isso, a agricultura orgânica e suas derivações tem tido um crescimento acelerado em
todo o mundo.
A exposição humana a agrotóxicos se constitui em grave problema de saúde
pública em todo o mundo, principalmente nos países em desenvolvimento. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, anualmente, em torno de três
milhões de pessoas sofram intoxicações agudas decorrentes da exposição à agrotóxicos,
gerando cerca de 220 mil mortes ao ano (PIRES; CALDAS; RECENA, 2005). Segundo
dados do último censo agropecuário realizado pelo IBGE, em 2006 havia
aproximadamente 16 milhões de trabalhadores envolvidos com a atividade agropecuária
no país. Estima-se que 533 mil trabalhadores tenham sido intoxicados por agrotóxicos
nesse ano (MOREIRA et al., 2002).
A agricultura convencional está cada vez mais na dependência de insumos
ou fatores de produção, acarretando, por conseguinte em muitas situações, redução nos
níveis de produtividade e, portanto, em sua eficiência econômica. Neste contexto, o
agricultor começa a entender a necessidade de mudar as bases produtivas, buscando
assim um modelo que possa lhe proporcionar uma maior sustentabilidade econômica,
além de menores malefícios ao ambiente e sua saúde.
Diante do exposto, urge a necessidade de estudos comparativos que
envolvam sistemas de produção tais como o praticado na Fazenda Estufa Limoeiro, cujo
modelo é exclusivamente convencional, e os praticados na Fazenda Carcará, de cultivo
orgânico, ambos localizados na Serra da Ibiapaba, município de Guaraciaba do Norte,
Ceará. Neste sentido, a pesquisa assume a premissa de que o sistema de produção com
cultivo orgânico apresenta valores de renda do agricultor e valor agregado, ambos por
unidade de trabalho familiar, que o caracteriza como altamente intensivo, e cujos
valores se apresentam superiores ao do sistema de produção com cultivo convencional.
Presume-se ainda que o mesmo apresente uma maior sustentabilidade do ponto de vista
ambiental.
O objetivo geral da pesquisa foi analisar comparativamente a partir de
indicadores de sustentabilidade econômica, social e ambiental, dois sistemas irrigados
de produção orgânica e convencional.
17
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Agricultura orgânica em nível de Brasil e do Estado do Ceará
A agricultura convencional aumentou significativamente a produtividade,
dobrando a produção de alimentos entre os anos de 1950 e 1984 (SOUZA; RESENDE,
2006). No entanto, a partir de 1985, ocorreu uma diminuição na produtividade da
agricultura mundial baseada no sistema convencional, devido em grande parte, à falta de
respeito à sustentabilidade do meio ambiente (GLIESSMAN, 2001). Após a observação
da degradação das condições essenciais à manutenção da vida no planeta realizou-se
uma busca intensa de um novo modelo de desenvolvimento, concretizado no conceito
de sustentabilidade criado na ECO-92, no Rio de Janeiro (KHATOUNIAN, 2001).
A agricultura convencional sofreu impactos com o uso intensivo de
agrotóxicos que provocaram um aumento expressivo na produção agrícola. Mas, aos
poucos ficaram evidentes problemas como compactação dos solos, perda da fertilidade,
erosão, perda da biodiversidade, contaminação dos alimentos, contaminação das águas
por nitratos e agrotóxicos, intoxicações crônicas e agudas dos trabalhadores rurais,
aparecimento de pragas resistentes aos agrotóxicos, novas pragas, alimentos sem sabor e
sem durabilidade.
Nesse contexto, resgata-se o modelo de produção de alimentos sem a
utilização de agroquímicos, conhecido por sistema orgânico de produção. A agricultura
orgânica seria basicamente um conjunto de processos de produção agrícola que parte do
pressuposto de que a fertilidade é função direta da matéria orgânica contida no solo
(ORMOND et al., 2002). O crescente interesse é consequência de uma grande exigência
por parte dos consumidores, por alimentos mais saudáveis, produzidos em um sistema
que respeite o meio ambiente e seja socialmente justo (HENZ; ALCÂNTARA;
RESENDE, 2007).
A agricultura orgânica surgiu entre 1925 e 1930 com os trabalhos do inglês
Albert Howard, que ressaltam a importância da matéria orgânica para os processos
produtivos e mostram que o solo deve ser entendido como um organismo vivo. Ainda
na década de 1920 surgiram, quase que simultaneamente, alguns movimentos contrários
à adubação química, que tinham por objetivo o uso da matéria orgânica e outras práticas
culturais que fossem favoráveis aos processos biológicos. No entanto, apenas na década
de 1970, o conjunto dessas vertentes passou a ser chamado de agricultura alternativa, e
algum tempo depois o termo agricultura orgânica passou a ser tido como sinônimo de
18
agricultura alternativa (SAMINÊZ et al., 2007). Ela preconiza a rotação de culturas, a
biodiversidade, a não utilização de insumos que tenham como base recursos minerais
não renováveis ou compostos sintéticos e, no lugar destes, a aplicação de adubos verdes,
estercos, restos culturais, palhas e o controle natural de pragas e doenças.
Takatsuka et al. (2009) relatam que a agricultura orgânica compreende
todos os sistemas agrícolas que promovem a produção sustentável de alimentos, fibras e
outros produtos não alimentícios (cosméticos, óleos essenciais, entre outros), de modo
ambiental, social e economicamente responsável. Logo, a agricultura orgânica tem por
objetivo aperfeiçoar a qualidade em todos os aspectos da agricultura, do ambiente e da
sua interação com a humanidade pelo respeito à capacidade natural das plantas, animais
e ambientes.
Para Rodrigues (2005), os produtos da agricultura orgânica não apresentam
contaminação por adubos químicos capazes de causar vários tipos de doenças, além de
estarem livre de agrotóxicos, que se vão acumulando em diversos órgãos, acarretando o
seu acúmulo ao longo do tempo.
A principal preocupação na agricultura orgânica é evitar o uso de quaisquer
substâncias que possam apresentar efeitos adversos à saúde das pessoas a partir da
cadeia alimentar como consumidor dos animais, plantas ou do ecossistema. Sendo
assim, o papel da agricultura orgânica é sustentar e aumentar a saúde do solo, das
plantas, dos animais, do homem e do planeta, seja por meio do manejo do solo, do
processamento dos alimentos, da distribuição ou do consumo. Por conseguinte, somente
em solo saudável é possível produzir alimentos que vão sustentar animais e pessoas de
forma saudável, influenciando a saúde das comunidades que, por sua vez, não pode ser
separada da saúde do ecossistema no qual se inserem (DAROLT, 2002).
O manejo orgânico deve ser adaptado às condições locais, à ecologia e às
tradições e cultura da região. Os insumos externos devem ser reduzidos através da
reutilização, reciclagem e manejo eficiente dos recursos naturais, e inclusive da energia,
para que seja possível conservar esses recursos. Assim, a produção deve basear-se nos
processos ecológicos e na reciclagem. A caça e a coleta devem observar um plano de
manejo que não prejudique a sobrevivência da espécie. Todos que participam da
produção orgânica, como produtores, processadores, distribuidores e consumidores
devem proteger a natureza, ou seja, a paisagem, o clima, a biodiversidade, o ar e a água,
os homens e os animais (AQUINO; ASSIS, 2005).
19
Precaução e responsabilidade devem permear as tomadas de decisão e as
escolhas de tecnologias. As decisões devem refletir os valores e necessidades de todos
que possam ser afetados, através de processo transparente e participativo. Portanto, a
agricultura orgânica deve ser planejada e desenvolvida de forma responsável e
cuidadosa, de modo a proteger a saúde e o bem-estar das pessoas e das gerações futuras,
bem como a qualidade do ambiente. Assim, a agricultura orgânica deve procurar
aumentar a eficiência e a produtividade, mas sem colocar em risco a sustentabilidade do
agroecossistema (ROSSI; MOREIRA; RAUEN, 2008).
A noção de qualidade é relativa ao usuário do produto ou ao serviço
envolvido. As redes dos produtos agrícolas envolvem pelo menos três atores: os
produtores, que estarão particularmente atentos à qualidade agronômica e zootécnica
(potencial de rendimento, rusticidade, resistência às doenças e pragas, precocidade); os
transformadores e os distribuidores, que serão particularmente ligados à qualidade
tecnológica do produto (produção, conservação, transformação, transporte); os
consumidores, para os quais a noção de qualidade se reagrupa em diferentes
expectativas (ORMOND et al., 2002).
O cultivo orgânico vem ganhando destaque no entorno das cidades,
denominada por agricultura urbana (AQUINO; ASSIS, 2007). Isso adquiriu força
devido à baixa exigência, por parte do sistema orgânico de cultivo, de insumos externos
e a possibilidade de cultivo em menores escalas, devido ao maior valor agregado aos
produtos (ASSIS, 2003).
Porém, para um perfeito desenvolvimento de uma agricultura baseada no
cultivo orgânico, é preciso certo nível de organização dos agricultores familiares para
obtenção de informações e competitividade no mercado. Dessa forma, a atuação do
poder público, com políticas específicas voltadas para promoção desse processo junto a
esse estrato socioeconômico de agricultores, é fundamental para que o mesmo ocorra de
forma mais ampla. Essa ação do poder público deve ocorrer após a articulação entre as
decisões locais e as demandas sociais, viabilizando mercados locais a partir de uma ação
coordenada de aproximação e ordenamento de interesses entre agricultores familiares,
comerciantes e consumidores locais (ASSIS, 2003).
A Instrução Normativa dos Mecanismos de Garantia e Informação da
Qualidade Orgânica não trabalha o conceito de qualidade orgânica, mas o Decreto
presidencial n° 6.323 (BRASIL, 2007) define como qualidade o que traz vinculada a
ela, os princípios da produção orgânica relacionada a questões sanitárias, ambientais e
20
sociais. Nesta instrução normativa encontra-se a obrigatoriedade da certificação dos
produtos orgânicos.
A certificação de produtos orgânicos engloba uma série de procedimentos
estabelecidos e acordados entre agricultores, compradores de produtos agropecuários,
comerciantes e consumidores que garantem que bens ou serviços foram produzidos de
forma diferenciada dos demais. Visa conquistar maior credibilidade dos consumidores e
conferir maior transparência às práticas e aos princípios utilizados na produção orgânica
fornecendo uma forma de garantia para comercialização dos produtos com o selo
certificador de produto orgânico; mostrando que os mesmos têm procedência isenta de
contaminações químicas e que a sua produção respeita o meio ambiente e o trabalhador
rural (BRANCHER, 2004; CAMPANHOLA; VALARINI, 2001; MARTINS; FILHO;
BUENO, 2006).
Branco (2003) afirma que em todo o mundo, principalmente nos países do
norte europeu, existe hoje um movimento favorável à produção de alimentos orgânicos,
ou seja, alimentos de origem animal ou vegetal em cuja produção não são utilizados
agrotóxicos, hormônios, fertilizantes químicos ou qualquer substância estranha à
natureza ou ao meio ambiente.
O mercado de orgânicos é promissor e vem crescendo cada vez mais.
No Japão, o mercado é estimado em U$ 1 bilhão e nos EUA a venda de alimentos
orgânicos cresce a uma taxa de 20% ao ano. Os principais motivos para esse
crescimento envolvem a sensibilidade cada vez maior dos consumidores com questões
de saúde e meio ambiente, busca por alimentos saudáveis e com melhor sabor.
Pesquisas indicam que os consumidores estão dispostos a pagar mais pela qualidade
orgânica agregada ao produto (DULLEY, 2003).
A grande expansão observada na agricultura orgânica no Brasil pode ser
verificada tanto pela comparação da área cultivada, do número de agricultores
envolvidos ou da diversidade de produtos comercializados, inclusive com crescente
oferta de produtos processados e volume de vendas no mercado interno e externo, a par
da inserção mais que assumida de diversas instituições de ensino e pesquisa no
desenvolvimento da produção orgânica, indicando claramente a pujança do movimento
(NEVES et al., 2005).
No Brasil, assim como em vários outros países, a agricultura orgânica está
crescendo, ganhando mercado e envolvendo progressivamente um maior número de
produtores. Em nosso território o número de estabelecimentos orgânicos apontados pelo
21
Censo Agropecuário 2006 é de 90.497 mil, sendo a maior parte destes produtores do
tipo familiar, representando 90% do total, os 10% restantes são produtores do tipo
empresarial, ligados a empresas privadas.
Embora não haja dados oficiais sobre a agricultura orgânica no Brasil, o
Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento estima que a área envolvida
com produção orgânica se situa em torno de 8,6 milhões de hectares, incluindo o
extrativismo sustentável, e envolvendo cerca de 20.000 agricultores. Já segundo o
Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural (IBD), 500 mil hectares são cultivados
com produtos orgânicos, excluído o extrativismo (FEIDEN; SILVA, 2006).
A demanda pelos produtos orgânicos está aumentando no mundo, com
vendas no varejo estimadas em US$ 33 bilhões em 2005 (WILLER; YUSSEFI, 2007).
Estes resultados refletem os esforços de diferentes agentes da cadeia, tanto pelo lado da
oferta (diversidade de produtos, canais de comercialização, certificação) quanto da
demanda (preocupação com a saúde, com a inocuidade dos alimentos e com a proteção
à natureza), e das políticas públicas estabelecidas.
Atualmente, observam-se sistemas de produção orgânicos em diferentes
condições ambientais, apresentando resultados satisfatórios do ponto de vista ecológico,
agronômico e social. Aliado a isto, um mercado específico para consumo desses
produtos tem tido um crescimento elevado (ASSIS, 2003).
Analisando o Censo Agropecuário 2006, sob o ponto de vista da área
cultivada, o Brasil possuía em 2006, 4,9 milhões de hectares, com cultivo orgânico,
sendo 4,4 milhões de hectares de área não certificada e 517 mil hectares de áreas
certificadas. O Ceará ocupava, no país, o 11º lugar em áreas com cultivo orgânico,
correspondendo a 174 mil hectares ou 3,53% e o 4º dentre os estados nordestinos,
perdendo, em área para os estados da Bahia, Piauí e Maranhão.
Segundo Silveira (2005), no Estado do Ceará, a agricultura orgânica está
distribuída em vários agropólos: Ibiapaba, Cariri, região Metropolitana, Inhamuns,
Litoral Leste e Litoral Oeste. Contudo, segundo a mesma fonte, a agricultura orgânica
enfrenta alguns problemas, dentre eles o alto custo de convenção (transformação da
agricultura tradicional para orgânica) e problemas relativos à comercialização.
A comercialização dos produtos constitui-se, em geral, um entrave para os pequenos
produtores, que em razão de alguns fatores como, por exemplo, a pequena escala de
produção, tornam-se reféns dos intermediários, fato este que se agrava quanto menor for
o seu poder de barganha (KHAN; SILVA; CARVALHO, 1998).
22
A agricultura orgânica é considerada como uma alternativa para melhorar a
qualidade de vida dos pequenos produtores, especialmente no Ceará, onde as condições
climáticas geram grandes desafios para a relação sociedade-natureza. Além disso, a
procura por produtos orgânicos que tem aumentado em torno de 10% ao ano no
mercado interno e entre 20 e 30% no mercado externo (SEAGRI, 2004), criando assim
oportunidades de inserção de mercado para pequenos produtores. Mas, a produção de
orgânicos no Ceará ainda não está totalmente sistematizada. O setor distribui-se de
forma irregular e a cadeia produtiva ainda não possui um bom nível de organização.
Internamente, a maior parte da produção de orgânicos do Ceará é destinada
aos supermercados, mas ultimamente vem conquistando a preferência de outros
segmentos, tais como hotéis e restaurantes. Segundo Silveira (2005), a produção
orgânica do Ceará ganha espaço no mercado externo, devido à grande demanda por
produtos orgânicos, principalmente nos Estados Unidos e Europa.
No Ceará, a serra de Ibiapaba abrange oito municípios: Viçosa do Ceará,
Ipu, Guaraciaba do Norte, Carnaubal, São Benedito, Ibiapina, Ubajara e Tianguá. Possui
318.437 habitantes, com densidade demográfica de 63,68 habitantes/km2
(IBGE, 2010).
Situada ao Norte do Estado, divisa com o Estado do Piauí, é grande produtora de
hortaliças, onde se destacam as culturas de tomate, chuchu, repolho, pimentão, dentre
outras. As cidades são todas interligadas por rodovias asfaltadas e próximas umas das
outras. O valor bruto da produção agrícola já movimenta anualmente cerca de
R$1.674 milhões (IBGE – PAM, 2012), com culturas diversas, como tomate, pimenta,
hortaliças, maracujá e flores, dentre outras, gerando diversos empregos diretos.
A Serra da Ibiapaba é de intenso uso agrícola. Existem evidências nítidas de
degradação quase generalizada dos recursos vegetais que têm conduzido a um
esgotamento do potencial edáfico onde os efeitos de lixiviação são mais perceptíveis na
área escarpada (SOUZA, 2000).
A agricultura orgânica vem apresentando desenvolvimento substancial na
região da Chapada da Ibiapaba, principalmente no município de Guaraciaba do Norte,
onde alguns agricultores com passado de cultivo convencional aderiram ao sistema
orgânico de produção, visando obter melhoria da qualidade de vida, comprometida até
então pelo uso indiscriminado de agrotóxicos e contaminação dos produtos agrícolas
(MAPURUNGA, 2000).
Uma das unidades de produção orgânica do munícipio de Guaraciaba do
Norte que merece destaque é a Fazenda Carcará que há 17 anos produzia de forma
23
convencional, mas diante dos problemas que surgiam decidiram mudar suas bases de
produção do sistema convencional para o sistema orgânico. Hoje possui 1,16 ha em
produção com 58 culturas diferentes instaladas no campo durante o ano. Possui seus
produtos certificados pela IBD Certificações, os quais recebem selo de qualidade para
que o consumidor possa adquiri-los com garantia de qualidade e segurança alimentar.
A certificação exige uma série de cuidados, como a desintoxicação do solo
por um a três anos para áreas em transição de agricultura convencional para orgânica, a
não utilização de adubos químicos e agrotóxicos, a obediência a aspectos ecológicos
(manutenção de Áreas de Preservação Permanente, por exemplo, com a recomposição
de matas ciliares) e a preservação de espécies nativas e mananciais, o respeito às
reservas indígenas e às normas sociais baseadas nos acordos internacionais do trabalho,
o tratamento humanitário de animais e para o protocolo ECOSOCIAL, o envolvimento
com projetos sociais e de preservação ambiental (IBD, 2014). O processo de
certificação tem uma importância fundamental na viabilização da agricultura orgânica,
sendo uma importante ferramenta no processo de desenvolvimento da consciência
ecológica e social.
Apesar do Estado do Ceará ocupar, no país, o 11º lugar em áreas com
cultivo orgânico, e o 4º dentre os estados nordestinos, a produção orgânica comparada
com a produção convencional é ainda incipiente, pois ainda existem muitos agricultores
que produzem utilizando de forma intensiva os recursos naturais. No munícipio de
Guaraciaba do Norte pode-se usar como exemplo de unidade de produção convencional
a Fazenda Estufa Limoeiro que possui, atualmente, 4,5 ha em produção com apenas
quatro culturas instaladas. Os agricultores desta Fazenda utilizam o solo de forma
intensiva, usando quantidades indiscriminadas de agrotóxicos no cultivo das hortaliças e
frutíferas presentes na área.
2.2 Agricultura familiar
A agricultura familiar vem contribuindo para o desenvolvimento social e
para equilibrar o país (DAMASCENO; KHAN; LIMA, 2011), pois através de seus
milhões de pequenos produtores é um setor em crescimento e de inteira relevância para
nossa nação. Todos os anos ela movimenta bilhões de reais para o país, produzindo
mais da metade dos alimentos que são consumidos por nós. E também, tem participação
na criação de empregos, geração e distribuição de renda e diminuição das saídas do
campo para as cidades.
24
A produção familiar é tida como a principal atividade econômica de muitas
regiões da nossa nação e precisa ser fortalecida, pois a gama de oportunidades para os
produtores no que tange a empregabilidade e renda é muito importante. É preciso
garantir-lhes acesso ao crédito, condições e recursos tecnológicos para a produção e
manejo sustentável de seus estabelecimentos, bem como garantias de comercialização
da sua produção, seja agrícola ou não (LIMA; WILKINSON, 2002 apud NAZZARI;
BERTOLINI; BRANDALISE, 2010).
Ainda que tardia, se comparada aos estudos dos países desenvolvidos sobre
a agricultura familiar, o Brasil passou a estudar esse contexto em meados da década de
1990 (SCHNEIDER, 2003). Azevedo e Pessôa (2011) completam que o
reconhecimento da agricultura familiar no Brasil ocorreu principalmente a partir dos
estudos realizados pela Foodand Agriculture Organization (FAO) em conjunto com o
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no início daquele ano.
Estudos mostram a relevância da agricultura familiar na organização e na
estruturação do espaço agrário no Brasil, ainda que ao longo dos anos este segmento da
sociedade não tenha tido uma atenção especial ou valorização no que tange às políticas
públicas e na atuação do Estado Nacional, quando comparados a outros segmentos, tal
como a agricultura patronal (AZEVEDO; PESSÔA, 2011).
A agricultura familiar no Brasil apresenta-se como um dos fatores
condicionantes do desenvolvimento rural e regional. O censo agropecuário de 2006
mostra que a agricultura familiar responde em 38% (ou R$ 54,4 bilhões) do valor total
produzido pela agropecuária brasileira (SOUZA; NEY; POCIANO, 2011). Ainda,
deve-se fazer menção da importância do pessoal ocupado nesse segmento, equivalente a
cerca de 12,3 milhões de pessoas, ou 74,4% do pessoal ocupado no total de
estabelecimentos agropecuários. Não obstante, apesar da grande importância que tem a
agricultura familiar para o nosso país, tradicionalmente ela foi colocada em segundo
plano em função dos instrumentos de crédito subsidiados que, no contexto do
conservadorismo moderno, direcionou-se a maior parte para as regiões mais
desenvolvidas tais como Sul e Sudeste, para grandes produtores e para os produtos de
exportação.
Os agricultores familiares possuem uma vocação natural para a
diversificação e a integração das atividades e menor utilização de insumos externos.
Nesse sentido, até para que possam continuar cumprindo seu papel social no meio
produtivo, os agricultores familiares têm a necessidade premente de buscarem modelos
25
mais integrados, que reciclem e reutilizem os recursos internos dos sistemas
sustentáveis. Além disso, diferentes organizações representantes dos movimentos
sociais e dos agricultores familiares já possuem várias experiências em relação a
modelos mais sustentáveis de produção (DIDONET et al., 2006).
Quanto à sustentabilidade apontada por Veiga (1996), a agricultura familiar
apresenta um perfil essencialmente distributivo e, se comparada à agricultura patronal,
manifesta melhores resultados em termos socioculturais, ambientais e territoriais. Deste
modo, no artigo Agricultura familiar e sustentabilidade, o mesmo autor classificou as
unidades familiares de produção como sendo resilientes, sustentáveis e versáteis.
Resilientes porque possui capacidade rápida de adaptação às mudanças e é responsável
pelos processos decisórios no interior da propriedade, no contexto da qual se decide o
quê e como produzir.
A versatilidade das unidades familiares de produção se opõe à
especialização cada vez mais intensa da agricultura patronal, sendo a diversificação do
sistema de produção, uma característica marcante da agricultura familiar, que adota essa
estratégia para diminuir os riscos de perdas totais, racionalizando o uso da mão de obra
e tirando o máximo de proveito da interação entre diversas culturas e criações.
2.3 Indicadores para avaliação da sustentabilidade de agroecossistemas
O termo indicador é originário do Latim indicare, que significa descobrir,
apontar, anunciar e estimar. Os indicadores podem comunicar ou informar acerca do
progresso em direção a uma determinada meta, como por exemplo, o desenvolvimento
sustentável, mas também podem ser entendidos como um recurso que deixa mais
perceptível uma tendência ou fenômeno que não seja imediatamente detectável
(HAMMOND et al., 1995).
Tunstall (1994) apud BELLEN (2007) define que as principais funções dos
indicadores são: avaliação de condições e tendências, comparação entre lugares e
situações, prover informações de advertências e antecipar futuras condições e
tendências.
Pintér, Hardi e Bartelmus (2005), em estudos sobre o uso de indicadores,
destacam a importância de utilizar indicadores agregados e o crescimento do uso desta
técnica para análise de sustentabilidade buscando simplificar questões de análise de
sistemas complexos.
26
Sarandón (2002) entende não existir um conjunto de indicadores aplicáveis
a todos os casos. Os mesmos devem ser eleitos e construídos de acordo com os nossos
objetivos e é importante que sejam sensíveis às mudanças.
Os indicadores de sustentabilidade procuram "medir" as condições de
sustentabilidade, indicando ordens de grandeza e, quando possível, apontar medidas
corretivas ou alternativas para reverter o quadro identificado. São ferramentas úteis para
operacionalização dos objetivos na perspectiva do desenvolvimento sustentável e,
importantes referências no processo decisório. Pereira (2001) lembra que tanto
indicadores econômicos quanto sociais são utilizados há muito tempo em todos os
níveis, ao contrário dos ambientais, pois ―os indicadores ambientais foram
desenvolvidos a pouco tempo, além do que muitos aspectos ambientais são de difícil
mensuração‖.
Dentre as pesquisas de maior credibilidade sobre os indicadores de
sustentabilidade ambiental, destacam-se os Indicadores de Sustentabilidade Ambiental
desenvolvidos pelos pesquisadores das Universidades de Yale e Columbia (YALE,
2002). Os indicadores desenvolvidos correspondem a medidas do progresso em direção
ao desenvolvimento sustentável, tendo sido desenvolvido para 142 países. Na
ponderação dos indicadores finais entra 20 indicadores cruzados obtidos através de 68
variáveis, que permitem realizar comparações entre países do progresso ambiental de
forma qualitativa e quantitativa.
As necessidades de desenvolver indicadores de desenvolvimento sustentável
estão expressas na própria Agenda 21 em seus capítulos 8 e 40. Na Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – ECO 92 reconheceu-se o
importante papel que indicadores podem ter no auxílio a políticas governamentais para a
tomada de decisões na busca do desenvolvimento sustentável.
A operacionalização do conceito de sustentabilidade é necessária, tornando-
se indispensável à avaliação, o monitoramento e a quantificação daqueles indicadores
que irão ―indicar‖ ou não a sustentabilidade de um determinado agroecossistema.
Somente desta maneira poderá ser observado o comportamento dos agroecossistemas
nas dimensões socioeconômica e ambiental. Assim, também haverá possibilidade de
observação do nível de transição agroecológica e das perspectivas das famílias
agricultoras frente a novas propostas de sistema de produção e de organização
(ALTIERI, 2004; VERONA, 2008).
27
Gliessman (2001) salienta a importância de utilizar ferramentas que
permitam a análise do agroecossistema, evidenciando seu desempenho e eficiência
como sistema produtivo e os problemas que estão sendo enfrentados, de modo que
possam trazer informações para as tomadas de decisões e monitoramento das ações
desenvolvidas em unidades de produção, a partir da seleção de um conjunto de
indicadores de sustentabilidade. Este autor define agroecossistema como sendo um local
de produção agrícola, ou uma unidade agrícola, englobando todos os organismos, sejam
eles de interesse agropecuário ou não, levando em consideração as interações nos níveis
de população, comunidade ou ecossistema e tendo como prioridade a sustentabilidade.
Sem dúvida, sustentabilidade é um termo bastante dinâmico e complexo,
que parte de um sistema de valores, com foco ao longo do tempo. Dessa maneira, torna-
se praticamente impossível obter uma definição única. Apesar desta variação de
entendimento sobre o conceito, existe certo consenso sobre o significado do termo
sustentabilidade em relação às necessidades de se reduzir a poluição ambiental, eliminar
os desperdícios e diminuir o índice de pobreza (BARONI, 1992). O desenvolvimento
sustentável é hoje o termo mais utilizado para definir um novo modelo de
desenvolvimento socioeconômico (VAN BELLEN, 2005).
Uma agricultura para ser sustentável deve ser suficientemente produtiva,
ecologicamente adequada, economicamente viável e, culturalmente e socialmente
aceitável. Sendo assim, os indicadores para avaliar a sustentabilidade devem ser
derivados de atributos previamente definidos (SARANDÓN, 2002). Esta intersecção do
puramente econômico com o social e o ambiental ampliou as dimensões do
desenvolvimento e aumentou consideravelmente a sua complexidade.
Dentro desta temática sobre sustentabilidade, a agricultura com base
agroecológica e familiar possui um destaque especial na busca de uma agricultura
sustentável. No entendimento de Gliessman (2001), a agricultura sustentável é um
processo que reconhece a natureza sistêmica da produção de alimentos, forragens e
fibras, equilibrando com equidade, preocupações relacionadas à saúde ambiental, justiça
social e viabilidade econômica entre os diferentes setores da população, incluindo
distintos povos e diferentes gerações.
Para Sarandón (2002), o aspecto econômico deve ser relacionado à
rentabilidade dos sistemas produtivos, pois nenhum sistema é sustentável ao longo do
tempo se não é economicamente viável, por isso é necessário decidir que tipo de
28
evolução econômica se pretende. Enfatiza que um modelo econômico não é sustentável
se não pode atribuir valores para a degradação dos meios de produção.
Na sustentabilidade observada da perspectiva social a ênfase é dada à
presença do ser humano na ecosfera. Para Sachs (1997), a sustentabilidade social
refere-se a um processo de desenvolvimento que leve a um crescimento estável com
distribuição equitativa de renda, gerando, com isto, a diminuição das atuais diferenças
entre os diversos níveis na sociedade e a melhoria das condições de vida das
populações.
Para Rutherford (1997), na sustentabilidade da perspectiva ambiental, a
principal preocupação é relativa aos impactos das atividades humanas sobre o meio
ambiente. Esta preocupação é expressa pelo que os economistas chamam de capital
natural. Nesta visão, a produção primária, oferecida pela natureza, é a base fundamental
sobre a qual se assenta a espécie humana.
Segundo Silva Neto (2005), a geração de riqueza para a sociedade medida
através do valor agregado da produção e a viabilidade econômica no nível da unidade de
produção medida pela renda de cada sistema de produção são indicadores que podem
ser utilizados para estudo do desenvolvimento da agricultura em uma localidade.
Os indicadores ambientais devem ser significativos diante da dinâmica
interna das propriedades. Dentro deste contexto, o recurso água, solo, as áreas de
Preservação Permanente e Reserva Legal, são considerados indicadores que podem
contribuir na definição de estratégias e servir como instrumentos de decisão no
planejamento da gestão ambiental (BROETTO et al., 2009).
Indicadores biológicos são componentes que medem as condições da biota
de um determinado ambiente e são utilizados para obter informações gerais sobre a
complexidade dos ecossistemas. De acordo com Araújo e Monteiro (2007), os
indicadores biológicos do solo podem ser agrupados em químicos, físicos ou biológicos.
As medições de macro e microrganismos, sua atividade ou seus subprodutos são
exemplos de indicadores biológicos do solo.
As comunidades microbianas do solo podem fornecer medidas integradas de
qualidade do solo, pois apresentam uma grande sensibilidade às condições ambientais
(WINDING; HUND-RINKE; RUTGERS, 2005). Tais microrganismos podem
responder sensivelmente a estresses e a alterações ambientais, pois possuem íntimas
relações com o ambiente.
29
A biomassa microbiana do solo (BMS) compreende a parte viva da matéria
orgânica, excluída as raízes e organismos vivos maiores do que 5 x 103 µm
3, contendo,
em média 2 a 5% de carbono orgânico e 1 a 5% do nitrogênio total do solo (CERRI;
ANDREUX; EDUARDO, 1992; DE-POLLI; GUERRA, 1997). A biomassa atua como
agente de transformação da matéria orgânica, na ciclagem de nutrientes e no fluxo de
energia, favorecendo ao maior estabelecimento e desenvolvimento de espécies vegetais
que forem implantadas em uma área. A dupla função da BMS, como fonte e dreno de
nutrientes, e catalizadora de processos enzimáticos do solo, é amplamente aceita
(TEMPLER; FINDLAY; LOVETT, 2003).
A relação entre o carbono da biomassa microbiana (CMB) e o carbono
orgânico do solo denominado de ―quociente microbiano‖ (qMIC) tem sido considerada
como bom indicador das alterações dos processos que ocorrem no solo (ANDERSON;
DOMSCH, 1989). O quociente microbiano expressa a quantidade de carbono
imobilizado na biomassa e reflete o aporte de carbono no solo e a conversão de
substratos orgânicos em carbono da biomassa microbiana (SILVA et al., 2001;
SPARLING, 1992)
Segundo Moreira e Siqueira (2002), a respiração basal do solo é outro
método bastante utilizado para quantificar a atividade metabólica do solo, sendo
avaliada através da liberação de CO2, podendo ser quantificada de duas formas:
respiração basal e respiração induzida pelo substrato. Sua medição é considerada uma
estimativa indireta da velocidade de decomposição da matéria orgânica ou de algum
material adicionado ao solo (SEVERINO et al., 2004).
De acordo com Vieira (1999), a relação entre respiração basal e biomassa
microbiana é conhecida como quociente metabólico (qCO2), o qual pode caracterizar a
microbiota do solo pela eficiência de energia. E, segundo Anderson e Domsch (1990),
uso de um quociente metabólico se torna uma ferramenta fundamental na elucidação de
fluxos de entrada de elementos ou energia através da BMS.
Dahl (1997) afirma que, dada à dimensão e a complexidade do objeto, o
desenvolvimento sustentável e a compreensão deste através da utilização de indicadores
constituem um grande desafio. O objetivo principal da mensuração é auxiliar os
tomadores de decisão na avaliação de seu desempenho em relação aos objetivos
estabelecidos, fornecendo bases para o planejamento de futuras ações.
Neste contexto percebe-se que os indicadores expressam um compromisso
e, apesar de sua imprecisão, fazem parte do processo de compreensão das relações entre
30
o homem e o meio ambiente dentro do campo do desenvolvimento. Por definição, os
indicadores de sustentabilidade são instrumentos imperfeitos e não universalmente
aplicáveis, sendo que cada vez se torna mais necessário conhecer as particularidades dos
diferentes sistemas, suas características e aplicações.
31
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Caracterização das unidades de produção
As unidades de produção em estudo são a Fazenda Carcará e a Fazenda
Estufa Limoeiro. Estas duas unidades de produção encontram-se inseridas em realidades
bem distintas e representativas dos sistemas de cultivo orgânico e convencional,
respectivamente. Ambas estão localizadas no município de Guaraciaba do Norte,
localizado no nordeste do Ceará, na Chapada da Ibiapaba.
A Fazenda Carcará está localizada geograficamente a 04°10’52’’ de latitude
sul, 40°49’41’’ de longitude oeste e altitude de 885 m. De acordo com a classificação
climática de Köppen, o clima da região é do tipo Am, caracterizado como clima tropical
chuvoso, característico de áreas elevadas, com temperaturas médias máxima de 26° C e
mínima de 18° C. O solo da área é classificado como Neossolo Quartzarênico de textura
arenosa (EMBRAPA, 2006).
A Fazenda Carcará há 15 anos possuía um sistema de produção
convencional. Diante da perspectiva de mudança para um sistema que representasse
uma nova proposta de produção a qual se preocupa com a qualidade de vida do homem
do campo, com a qualidade dos produtos produzidos e com o meio ambiente mudaram
suas bases de produção para o sistema orgânico. Hoje a Fazenda possui 1,16 ha em
produção cultivando durante o ano 49 espécies ou cultivares distintas. É certificada pela
IBD Certificações, que é uma empresa 100% brasileira que desenvolve atividades de
inspeção e certificação agropecuária, de processamento e de produtos extrativistas,
orgânicos, biodinâmicos e de mercado justo e recebe selo de segurança Produto
Orgânico Brasil.
A Fazenda Estufa Limoeiro está localizada nas proximidades da Fazenda
Carcará, possuindo, portanto a mesma classificação climática. Não obstante estarem
localizadas relativamente próximas, possuem solos de texturas e classificação
diferentes, sendo o solo da Fazenda Estufa Limoeiro classificado como Argissolo
Vermelho (EMBRAPA, 2006).
A Fazenda Estufa Limoeiro possui um sistema de produção baseado na
forma convencional, predominando a monocultura. Atualmente possui 4,5 ha em
produção com apenas quatro tipos de cultivos. Apesar de produzir de forma
convencional com o uso indiscriminado de agrotóxicos, os agricultores da Fazenda
Estufa Limoeiro possuem visão de mudar suas bases de produção, pois na medida do
32
possível tentam adquirir as características do sistema de produção orgânico da Fazenda
Carcará, no que diz respeito, por exemplo, à recuperação das nascentes dos rios que
passam em sua propriedade fazendo reflorestamento com plantas nativas.
O município de Guaraciaba do Norte está localizado na Chapada da
Ibiapaba, região noroeste do estado, distando 320 km da capital Fortaleza. A vegetação
predominante na região é do tipo Carrasco (vegetação xerófila arbustiva densa alta) nas
áreas mais secas e de baixa pluviosidade, e floresta subperenifólia tropical plúvio-
nebular nas regiões serranas e de mata úmida. A unidade geomorfológica em que se
encontra o município é denominada de Superfície Cuestiforme do Planalto da Ibiapaba,
com classes de solo predominantes referidas como Neossolos Quartzarênicos e
Latossolos. A economia do município é predominantemente agrícola, com mais da
metade da população de 37.775 habitantes residente na zona rural (IBGE, 2010; IPECE,
2011; APRECE, 2012).
A escolha deste município é devida ao destaque no uso exagerado e
indiscriminado de agrotóxicos no cultivo de olerícolas no Estado do Ceará, gerando
casos de intoxicação de agricultores, assim como pelo fato de alguns agricultores
desenvolverem uma agricultura sem o uso de agrotóxicos, representando uma nova
proposta de produção que se preocupa com a qualidade de vida do homem do campo, a
qualidade dos produtos produzidos, o meio ambiente, e atende a demanda de
consumidores que buscam alimentos produzidos sem agrotóxicos (MAPURUNGA,
2000; EMBRAPA, 2011). Nessa linha, compreende-se a necessidade de se abster do
modelo de desenvolvimento baseado exclusivamente na produtividade, com uso
excessivo de fertilizantes e agrotóxicos, levando ao esgotamento dos solos e
consequente processo de desertificação.
Observa-se que os agricultores da região necessitam de apoios
governamentais e/ou não governamentais, os quais podem ser desenvolvidos através de
estudos pontuais com vistas à possibilidade de uma transição agroecológica. Nestes
estudos são instaladas unidades de experimentação, que permitem aos agricultores o
conhecimento de outras técnicas para avaliar seus resultados econômicos, sociais e
ambientais e refletir sobre as vantagens de seus resultados quando comparadas com
tecnologias utilizadas convencionalmente.
33
3.2 Indicadores utilizados na análise dos sistemas de produção
Na análise dos dois sistemas de produção foram utilizados indicadores de
sustentabilidade econômica, social e ambiental, conforme a seguir detalhados.
3.2.1 Dimensão social
A dimensão social foi avaliada em base aos indicadores geração de emprego
direto e valor agregado.
O coeficiente de geração de emprego direto se constitui num dos principais
indicadores sociais e revela a capacidade que o sistema de produção tem de gerar
empregos diretos. Pode ser estimado, tendo em vista que tem relação direta com o
coeficiente de utilização da terra e relação inversa com o coeficiente de dias trabalhado
no ano. No presente estudo, no entanto, a geração de emprego direto foi medida a partir
de informações obtidas diretamente com os agricultores.
A título de ilustração, os Perímetros Irrigados Públicos Federais do Dnocs
geram em média 0,71 emprego direto por hectare irrigado. Enquanto no setor da
agricultura irrigada tem-se um investimento médio de US$5.500,00 para a geração de
um emprego permanente, no setor químico e petroquímico, este valor é da ordem de
US$220.000,00 (COSTA; OLIVEIRA; ARAÚJO, 2011).
O indicador valor agregado tem o objetivo de analisar a capacidade que uma
unidade de produção possui na geração de riquezas para sociedade e pode ser calculado
conforme a equação 1:
( ) (1)
sendo:
VA: valor agregado, R$
VBP: valor bruto da produção, R$
CF: custos fixos associados ao sistema de produção, R$
CV: custos variáveis associados ao sistema de produção, exceto o custo da
mão de obra, R$
D: depreciação de equipamentos e instalações, R$.
34
O valor bruto da produção (VBP) pode ser obtido pelo produto da
produtividade da cultura (kg ha-1
) pelo preço de venda do produto (R$ kg-1
), associado à
área estabelecida com a cultura (ha). No entanto, no presente estudo, foi obtido a partir
de informações diárias contidas em planilhas relativas às vendas dos produtos agrícolas.
Os custos fixos (CF) foram compostos pelos valores anuais das
amortizações dos investimentos nos itens sistema de irrigação, máquinas e implementos
agrícolas, equipamentos e utensílios, estufas e ―packing house‖. O valor anual da
amortização teve como base o enquadramento do agricultor em uma linha do Pronaf.
Os custos variáveis (CV) foram constituídos dos custos de produção das
culturas, incluindo para o produtor orgânico, a parcela de certificação anual. Quanto aos
custos de produção das culturas sob cultivo orgânico consideraram-se os seguintes itens:
sementes, composto orgânico (esterco de aves, esterco bovino e bagana de carnaúba),
pulverizações (calda bordalesa) e energia elétrica. Já para o cultivo convencional, os
itens se compuseram de sementes, fertilizantes, pulverizações e energia elétrica. Cabe
destacar que em ambos os cultivos foram excluídos os custos associados à mão de obra,
por não constituir parcela inerente ao cálculo do valor agregado.
No estudo considerou-se que os agricultores obtiveram financiamento para
investimento e custeio junto ao Banco do Nordeste, através da linha de financiamento
do Pronaf denominada ―Mais Alimento‖. O Programa destina recursos para
investimentos em infraestrutura da propriedade rural e, assim, cria as condições
necessárias para o aumento da produção e da produtividade da agricultura familiar. O
contrato de investimento estabelece um prazo de até 10 anos, com carência de três anos
e taxas de juros de 1% ao ano para financiamento de até R$ 10 mil e de 2% ao ano para
financiamento acima de R$ 10 mil (PRONAF, 2012).
A depreciação (D) dos bens do ativo imobilizado representa o desgaste ou a
perda da capacidade de utilização (vida útil) dos elementos tangíveis ali classificáveis,
resultantes do desgaste pelo uso, da ação da natureza ou de obsolescência normal
(provocada pela evolução tecnológica). No cálculo foi utilizado o método linear,
também denominado de quotas constantes, que contabiliza como despesa ou custo, uma
parcela constante do valor do bem em cada período. A depreciação foi calculada
conforme equação 2:
35
(2)
Sendo:
Dk: cota anual de depreciação, R$.
n: vida útil esperada, anos.
C: valor inicial do bem, R$.
R: valor residual, R$.
Considerando que o valor agregado (VA) calculado para cada unidade de
produção foi associado a uma força de trabalho familiar, bem como a uma superfície
agrícola útil, que teve como base 1,0 ha, expandiu-se esta relação de forma linear, como
forma de se obter um gráfico que relacione valor agregado/unidade de trabalho familiar
(VA/UTf) versus superfície agrícola/unidade de trabalho familiar (SAU/UTf). A
geração deste gráfico permitiu identificar a contribuição social (valor agregado) dos
sistemas de produção e tipos de agricultores, considerando-se as necessidades de área e
de capital fixo para a sua implantação, conforme Silva Neto ( 2005).
Estabelecidos os gráficos para os dois sistemas de produção, foram obtidas
equações lineares representativas dos respectivos gráficos. Maiores declividades
representam sistemas de produção mais intensivos, ou seja; proporcionam maior valor
agregado por unidade de área. Por outro lado, menores coeficientes lineares representam
sistemas de produção que exigem menos capital por pessoa (SILVA NETO, 2005).
3.2.2 Dimensão econômica
A análise econômica dos sistemas de produção teve como base o indicador
renda do agricultor, o qual permite que se avalie a viabilidade econômica em nível de
unidade de produção, podendo ser calculado pela equação 3:
RA = VA – ( J + S + I) (3)
Sendo:
RA: renda do agricultor, R$.
VA: valor agregado, R$.
J: juros pagos aos bancos ou outro agente financeiro, R$.
36
S: salários pagos à mão de obra, R$.
I: impostos e tarifas pagas ao Estado, R$.
Os juros pagos aos bancos (J) foram calculados de acordo com a linha do
Pronaf que cada agricultor se insere, mencionado anteriormente.
Os salários pagos à mão de obra (S) incluem os trabalhadores eventuais e os
permanentes, sendo considerado permanente o trabalhador que possui contrato de
trabalho sem término estabelecido, tendo como base de remuneração o salário mínimo.
O trabalhador eventual é aquele que foi contratado por tempo determinado para executar
um trabalho específico, o qual ao ser concluído, o contrato ou acordo de trabalho estará
encerrado.
A parcela relativa a impostos e tarifas pagos ao Estado (I) foi constituída
pelo valor anual do Imposto Territorial Rural (ITR), que tem como fato gerador a
propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona
urbana do município, conforme a Lei 9.393/1996 da Constituição Ferderal (BRASIL,
1996).
A partir dos valores produzidos por cada sistema de produção foram
elaborados modelos lineares que descreveram a variação do resultado econômico global
dos sistemas de produção em relação à superfície agrícola útil (SAU) da unidade de
produção. Este modelo possibilita identificar os tipos de unidade de produção com
maiores dificuldades de se manter na atividade agrícola e as suas perspectivas de acordo
com a dinâmica de acumulação do sistema agrário.
A partir dos modelos de renda deduziu-se a superfície agrícola útil mínima
para que a unidade de produção pudesse manter-se na atividade agropecuária,
assegurando a reprodução social (NRS) do tipo de agricultor em questão, que é
representado pelo salário mínimo, conforme descrito anteriormente. Assim, quanto
maior o capital fixo por pessoa necessário para implantar o sistema de produção
(coeficiente b) e menor a contribuição marginal em relação a área (coeficiente a), maior
será a superfície agrícola útil por pessoa para que cada trabalhador da família possa
receber uma renda suficiente para a sua manutenção na atividade agropecuária (SILVA
NETO, 2005).
37
3.2.3 Dimensão ambiental
Para análise da atividade biológica do solo foram determinados os seguintes
parâmetros: carbono orgânico (CO), carbono da biomassa microbiana (CBM), quociente
microbiano (qMIC), respiração basal (RS) e quociente metabólico (qCO2). Estes
parâmetros foram avaliados nos dois tipos de sistemas, orgânico e convencional, e de
uma área nativa.
O solo é um recurso natural vital para o funcionamento do ecossistema
terrestre e representa um balanço entre os fatores físicos, químicos e biológicos. A
fração biológica é composta, principalmente, por microrganismos (bactérias e fungos),
além de minhocas, insetos e nematóides. Os microrganismos realizam diversas funções
essenciais para o funcionamento do solo, tais como decomposição da matéria orgânica,
liberação de nutrientes em formas disponíveis às plantas e degradação de substâncias
tóxicas.
A atividade biológica é altamente concentrada nas primeiras camadas do
solo, na profundidade entre 0,01 m e 0,30 m. Nessas camadas, os microrganismos
ocupam uma fração menor que 0,5 % do volume total do solo e representam menos que
10 % da matéria orgânica (ARAÚJO; MONTEIRO, 2007).
Os dados de cada característica avaliada foram submetidos à análise de
variância (Anova) e posteriormente, quando significativos pelo teste F, foram
submetidos ao teste de médias de Tukey (5%).
3.2.3.1 Coleta do solo
As amostras de solo foram coletadas na camada superficial (0 – 0,10m) em
setembro de 2014, compreendendo três áreas distintas, sendo cada área separada
aleatoriamente em cinco subáreas. Em cada subdivisão foram retiradas, com auxílio de
um trado, 25 amostras com estrutura alterada, as quais formaram amostras compostas.
No procedimento de coleta realizou-se um percurso em forma de ziguezague. Ainda em
campo, o material das amostras foi peneirado em malha de 0,002 m e em seguida
colocadas em sacos plásticos identificados e acondicionados em caixas térmicas
contendo gelo na base, para fins de condução ao Laboratório de Hidráulica da
Universidade Federal do Ceará, onde foram conservadas sob refrigeração, para posterior
processamento e análises.
38
3.2.3.2 Carbono orgânico do solo
Foi realizado pelo processo de oxidação da matéria orgânica por via úmida,
colocando uma amostra de solo juntamente com uma mistura sulfocrômica (dicromato
de potássio) e, aquecido a mistura até fervura branda (SILVA, 1999). O dicromato de
potássio oxidará a matéria orgânica e, após essa oxidação o excesso de dicromato de
potássio é determinado por titulação com sulfato ferroso amoniacal. O método por via
úmida somente determina o carbono orgânico, não oxidando o carbono inorgânico, nem
a matéria orgânica que não é prontamente fermentável.
Inicialmente pesaram-se 0,5g de solo triturado em gral de porcelana e
transferiram-se as amostras para tubos de digestão. Em seguida foi adicionado 5mL de
dicromato de potássio (K2Cr2O7) 0,167 M e 7,5 mL de ácido sulfúrico (H2SO4 P.A.).
Após o pré-aquecimento do bloco digestor até a temperatura de 170°C, os tubos foram
colocados no bloco e mantidos nessa temperatura por 30 minutos. Quando as amostras
esfriaram foram transferidas para Erlenmmeyer de 250 mL, adicionado 80 mL de água
destilada e três gotas do indicador difenilamina 1% (m/v). As soluções foram tituladas
com sulfato ferroso amoniacal 0,2 mol.L-1
. O ponto de viragem da titulação é nítido
passando do verde para o violeta-escuro.
Nas mesmas condições das amostras de solo foram feitos quatro brancos
controles. Dois destes brancos foram levados para a digestão, e os outros dois
permaneceram sem aquecimento, em temperatura ambiente. O branco controle não
aquecido é importante para o cálculo do total de dicromato perdido no aquecimento na
ausência da amostra. O carbono orgânico foi calculado com base no volume da solução
de sal Mohr gasto na titulação da amostra (V), do branco aquecido (Vba) e do branco
não aquecido (Vbn), conforme as equações 4 e 5:
( ) ( )
( ) (4)
Sendo:
A: Volume de sal Mohr gasto na titulação da amostra
Vba: volume gasto na titulação do branco controle com aquecimento
Vbn: volume gasto na titulação do branco controle sem aquecimento
Vam: volume gasto na titulação da amostra
39
( ) ( ) ( ) ( )
(5)
Sendo:
CO: carbono orgânico total do solo, mg.kg-1
de solo
A: Sal de Mohr
M: molaridade do Sulfato Ferroso
0,003: resultado da relação entre o número de mols de Cr2O7-que reage com
Fe2+
(1/6), multiplicado pelo número de mols de Cr2O7 -
que reage com C° (3/2),
multiplicado pela massa atômica do C (12)
1000: fator de conversão
3.2.3.3 Carbono da biomassa microbiana
Foi utilizada a metodologia de fumigação-extração segundo Vance, Brookes
e Jenkinson (1987), realizando fumigação com adição de clorofórmico (isento de etanol)
diretamente na amostra, mantendo-se em local escuro por 24 horas e em seguida
procedendo-se a extração e quantificação do carbono microbiano.
Foi pesado 20g de solo de cada amostra (fumigadas e não fumigadas). As
amostras não fumigadas foram colocadas em Erlenmmeyer de 250 mL e as amostras
que iriam ser fumigadas foram colocadas em vidros vedados com tampa. Após a
pesagem foi colocado 1,0 mL de clorofórmico em todos os frascos destinados a
fumigação e armazenados em local isento de luminosidade por 24 horas.
A extração das amostras fumigadas foi feio após o tempo de fumigação de
24h e nas amostras não fumigadas realizadas imediatamente logo após a pesagem. As
amostras fumigadas e não fumigadas foram colocadas em Erlenmmeyer de 250 mL e
adicionados 50 mL de solução de 0,5 M de sulfato de potássio (K2SO4). Em seguida os
fracos Erlenmmeyer foram levados a mesa agitadora orbital a 220 rpm 30 minutos, após
este período os frascos foram deixados em repouso por mais 30 minutos para que
houvesse a decantação da massa mais grosseira do solo. O sobrenadante foi retirado e
passado por filtro lento – faixa azul, para se obter o extrato livre do solo e de partículas
40
grosseiras da matéria orgânica que foram destinados para quantificação do carbono
microbiano.
Para determinação do carbono microbiano foi transferido 10 mL do extrato
previamente filtrado para outro Erlenmeyer de 250 mL e adicionados 2,0 mL de solução
de dicromato de potássio (K2CR2O7) 0,066 M para reagir com o CBM e 10 mL ácido
sulfúrico (H2SO4 P.A.), pois p dicromato só reage com matéria orgânica em meio ácido.
Em seguida foi adicionado 50 mL de água destilada, na medida que as amostras em
esfriando adicionou-se o 3 gotas do indicador difenilamina a 1% (m/v), para titulação
com sulfato ferroso amoniacal (Fe(NH4)2(SO4)2.6H2O) 0,03 M, preparado no mesmo
dia.
O carbono nos extratos foi calculado conforme a equação 6:
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
( ) ( ) (6)
Sendo:
C: carbono extraído do solo;
Vb: volume do sulfato ferroso amoniacal gasto na titulação da solução
controle (branco), mL;
Va: volume do sulfato ferroso amoniacal gasto na titulação das amostras,
mL;
M: molaridade exata do sulfato ferroso amoniacal;
3: massa equivalente do carbono;
1000: fator de conversão;
V extrator: volume do extrator utilizado (K2SO4), mL;
V extrato: alíquota pipetada do estrato para titulação, mL;
Ps: massa de solo seco, g.
O carbono microbiano foi calculado pela diferença entre o carbono extraído
do filtrado das amostras fumigadas e não fumigadas conforme a equação 7:
41
( ) (7)
sendo:
Cmic: carbono da biomassa microbiana, mg C.kg-1
solo
CF: carbono da amostra fumigado
CNF: carbono da amostra não fumigado
3.2.3.4 Respiração basal
A respiração basal do solo (RBS) foi determinada pela metodologia descrita
por Mendonça e Matos (2005), através da evolução e quantificação do C-CO2 liberado
no processo de respiração microbiana durante oito dias de incubação sob condições de
luminosidade e temperatura controladas.
Foram pesados 50g da amostra peneirada e acondicionadas dentro de
frascos de 1,7 L e ajustado teor de umidade para 70% da capacidade de campo,
permitindo-se obter as mesmas condições para diferentes amostras e mensurar a
respiração dos microrganismos presentes no solo. Em seguida foram fechados
hermeticamente para evitar a entrada de CO2 do ar externo ou a fuga do CO2 interno e
foram colocados em ambiente com temperatura ajustada para 28 2°C, incubadas por
oito dias no escuro para que os microrganismos fotossintetizantes não capturassem o
CO2 produzido.
No oitavo dia foram acondicionados no mesmo frasco de 1,7 L dois
cadinhos, um contendo água para que o meio permanecesse úmido e outro contendo 20
mL de hidróxido de sódio (NaOH) 1 M para capturar o CO2 produzido e, incubado
novamente por 24 horas. Após este período os cadinhos com NaOH foram retirados dos
fracos e, com ajuda da pipeta volumétrica foram retirados 10 mL para serem colocados
em Erlenmeyer de 125 mL e rapidamente acrescidos de 2,0mL de cloreto de bário
(BaCl2) para que o mesmo precipitasse na forma de Na2CO3, a partir do CO2 capturado
pelo NaOH. Cada recipiente contendo o solo foi mantido aberto durante 15 minutos
para que ocorresse a troca de ar e decorrido este tempo foi colocado dentro dos frascos
um novo cadinho contendo 20 mL de uma nova solução de NaOH 0,5 mol/L. Em
seguida, cada Erlenmeyer recebeu 3 gotas do indicador fenolftaleína 1% (m/v) sendo
esta solução titulada com ácido clorídrico (HCl) 0,5 M padronizado com NaOH 0,5
mol/L. Todo o procedimento foi repetido durante 8 dias.
42
→
( )
Considerou-se o ponto de viragem da solução de violeta para incolor. Os
valores da titulação foram lançados na equação 8 para se calcular a respiração basal do
solo expressa em mg de C - CO2.g-1
de solo.
( ) (
) (8)
Sendo:
C-CO3: carbono mineralizável, mg de C-CO3.kg-1
solo.
B: volume do HC no branco, mL.
V: volume do HCl gasto na amostra, mL.
M: concentração real do HCl, mol.L-1
.
6: massa atômica do carbono (12) dividido pelo número de mols de CO2 que
reagem com o NaOH.
V1: volume total de NaOH usado na captura do CO2, mL.
V2: volume total de NaOH usado na titulação, mL.
A quantidade de C-CO2 produzido é igual ao somatório dos valores obtidos
durante cada amostragem.
O grupo controle foi realizado com os mesmos frascos de 1,7 litros
contendo apenas dois cadinhos, um com água e outro com 10 mL de NaOH incubado e
titulado sob as mesmas condições das amostras.
3.2.3.5 Quociente metabólico
Foi avaliado segundo o procedimento descrito por Anderson e Domsch
(1986) que relaciona o CO2 liberado pela respiração e o CBM sendo esta análise usada
como indicador da eficiência da comunidade microbiana em incorporar carbono à
própria biomassa. Os resultados foram expressos em µg CO2 .µg CBM-1
e calculados
através da equação 9:
43
(9)
Sendo:
qCO2: quociente metabólico, %
RBS: carbono proveniente da respiração basal do solo, mg C-CO2.Kg-1
solo
CBM: carbono da biomassa microbiana, mg C.kg-1
solo
3.2.3.6 Quociente microbiano
O quociente microbiano foi calculado a partir da relação entre o CBM e o
CO do solo e representou a quantidade de carbono imobilizado na biomassa microbiana.
Os resultados foram expressos em % de carbono microbiano e foram calculados através
da equação 10:
(10)
Sendo:
qMIC: quociente microbiano, %
CBM: carbono da biomassa microbiana, mgC.kg-1
solo
CO: carbono orgânico, mg C-CO2.kg-1
solo.
3.2.3.7 Delineamento experimental e análise estatística
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com
três tratamentos (área convencional, preservada e orgânica) e cinco repetições. A análise
estatística dos dados foi realizada utilizando-se o programa ―ASSISTAT 7.5 BETA‖
submetidos á análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey.
44
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Análise Social
4.1.1 Geração de emprego
A agricultura é um setor importante para a economia do Brasil e,
particularmente, no Estado do Ceará tem dado, historicamente, uma inquestionável
contribuição ao desenvolvimento do estado, contribuindo na geração de emprego e
renda. De acordo com o resultado setorial realizado pelo Ministério do Trabalho e
Emprego no primeiro semestre de 2012, o setor agrícola gerou 135.440 empregos
registrando a maior taxa de crescimento entre os setores com um crescimento de 8,69%
ao ano anterior (MTE, 2012).
A capacidade de geração de emprego da agricultura irrigada, na região do
semiárido, pode ser verificada por meio de alguns estudos e relatórios que permitem
avaliar o potencial da geração de empregos diretos e indiretos a partir do agronegócio da
irrigação. Naturalmente que os dados apresentam variações que são consequência do
tipo de exploração existente no período da análise, pois cada cultura tem uma demanda
específica de necessidade de mão de obra. Pode-se afirmar com base em dados citados e
experiências acumuladas, que um hectare irrigado gera de 0,8 a 1,2 empregos diretos, e
1,0 a 1,2 indiretos, de forma consistente e estável, contra 0,22 empregos diretos na
agricultura de sequeiro (BNB, 2001).
A Fazenda Estufa Limoeiro possui atualmente 4,5 ha em produção, o qual
emprega seis trabalhadores permanentes durante o ano, gerando 1,33 empregos para
cada hectare em produção. Já a Fazenda Carcará possui 1,16 ha em produção e gera
3,45 empregos para cada hectare em produção, considerando que possui quatro
trabalhadores permanentes e dois trabalhadores eventuais. Deve-se salientar que, além
dos trabalhos permanentes, ambos os sistemas de produção possuem mão de obra da
família, sendo a Fazenda Estufa Limoeiro representada por dois trabalhadores da família
e a Fazenda Carcará por três.
Comparando os dados apresentados percebe-se que a Fazenda Carcará é
uma unidade de produção que possui a maior geração de emprego, visto que por
unidade de área possui uma maior quantidade de mão de obra. Este fato pode ser
explicado pela diversificação produtiva no sistema de produção, visto que nesta Fazenda
a diversidades de sua produção no espaço e no tempo é bem maior que na Fazenda
45
Estufa Limoeiro, sendo um sistema pouco mecanizado e, por isso, demandador de mão
de obra.
4.1.2 Valor agregado da produção
No ano de 2013, a Fazenda Estufa Limoeiro possuía uma área cultivada de
4,5 ha e, de acordo com o plano de ocupação (Tabela 1), as culturas instaladas eram
banana prata, pimentão verde, repolho verde e tomate comum. A área estava dividida
em quatro talhões, sendo um de 1,5 ha, correspondente a área cultivada com bananeira e
três talhões de 1,0 ha, cultivados com as demais culturas.
Tabela 1 - Plano de ocupação da Fazenda Estufa Limoeiro no ano de 2013.
Neste Sistema, a diversidade de cultivares é bastante reduzida
caracterizando bem a forma convencional de produção que é voltada para a
monocultura, aliada a exigência de grandes escalas de produção.
Na Fazenda Carcará, considerando o mesmo ano agrícola, a área cultivada
era de 1,16 ha, mesmo sendo considerada uma área relativamente pequena pode-se
afirmar, baseando-se no plano de ocupação (Tabela 2), que esta área é intensamente
utilizada visto que em apenas 1,16 ha são cultivadas 49 culturas diferentes, dentre elas
diversas hortaliças e algumas frutíferas. As hortaliças cultivadas são as mais variadas
possíveis: alfaces, couve flor, repolho, cebolinha, cenoura, acelga, dentre outras. E as
frutíferas que se destacam são o Limão Tahiti e a Banana Prata. As hortaliças folhosas
são cultivadas, praticamente, o ano todo, com destaque para as alfaces (Lisa, Crespa,
Americana e Roxa), acelga, coentro e cebolinha por serem as mais resistentes a pragas e
doenças.
A preferência pelo cultivo de hortaliças, em muitos agroecossistemas, pode
ser explicada por ser uma componente chave para a diversificação, pois geralmente são
de ciclo curto e a área ocupada é variável, dependendo da espécie, o que facilita o
planejamento de ocupação da área. O retorno econômico é rápido e alguns produtos
exigem pouco processamento, podendo ser vendidos in natura, sendo de fácil aceitação
no mercado.
Plano de ocupação da área de sistema convencional (4,5 ha)
Culturas Jan Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Agos. Set Out. Nov. Dez.
Banana prata x x x x x x x x x x x x
Pimentão verde x x x x x x x x x x
Repolho verde x x x x
Tomate comum x x x x x x x x x x
46
Tabela 2 – Plano de ocupação da Fazenda Carcará no ano de 2013.
Segundo dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (IBGE, 2009), o
consumo de hortaliças no Estado do Ceará é de 13,593 kg ano-1
per capita, sendo este
Plano de ocupação da área de sistema orgânico (1,16ha).
Culturas Jan. Fev. Mar. Abril Mai. Jun. Jul. Agos. Set. Out. Nov. Dez.
Abóbora de Leite
x x x x x
Abóbora jacaré
x x x x x
Abóbora menina
x x x x x
Abobrinha
x x x x
Acelga x x x x x x x x x
x x
Agrião da Terra
x x x x x x x
Alecrim x x x x x x x x x x x x
Alface americana x x x x x x x x x x x x
Alface crespa x x x x x x x x x x x x
Alface lisa x x x x x x x x x x x x
Alface roxa x x x x x x x x x x x x
Alho poró x x x x x x x x x x x
Banana prata x x x x x x x x x x x x
Batata doce
x x x x x
Batata yacon x x x x x
x
Beringela x x
x x x x x x x x
Beterraba x x x x x x x x x x x x
Brócoles cabeça x x x x x x x x x x x x
Brócoles ramoso
x x x
x x x
Cebola pera x x
Cebolinha x x x x x x x x x x x x
Cenoura x x x x x x x x x x x x
Chicória x x x x x x x x x x x x
Coentro x x x x x x x x x x x x
Couve flor x x x x x x x x x x x x
Couve folha x x x x x x x x x x x x
Escarola
x x
Espinafre x x x x x x x x x x x x
Folha de couve-flor
x x x
Hortelã x x x x x x x x x x x x
Limão tahiti x x x x x x x x x x x x
Milho verde x x x
x x x x x x x
Nabo x x
Pepino comum
x x
Pepino japonês x x x x x
Pimenta ardida
x x
Pimenta dedo moça x x x x
Pimentão verde x x x x x x
x x x x
Quiabo
x x x x x
Rabanete x x x x x x x x x x x x
Repolho roxo x x x x x x x x x x x x
Repolho verde x x x x x x x x x x x x
Romã x x x x x x x x x x x x
Rúcula x x x x x x x x x x x x
Salsa lisa x x x x x x x x x x x
Salsão
x x x x x
Tangerina x x
x x
x
Tomate cereja x x x x x x x x x x x x
Tomate comum x x x x
Vagem comum
x x x
47
valor representado por 10,82% de hortaliças folhosas; 48,08% de hortaliças frutais e
41,10% de hortaliças tuberosas. A pesquisa também relata que o consumo anual per
capita de frutas no Estado é de 24,653 kg.
Considerando que o Brasil possui uma produção de 19,62 milhões de
toneladas de hortaliças (ABCSEM, 2014), os dados da pesquisa do IBGE mostram que
o consumo de frutas e hortaliças no país ainda é muito baixo perante a capacidade de
produção e variedade que o Brasil apresenta. Porém, essa realidade vem se modificando
e alguns dos motivos para esse fato são alterações nos hábitos de vida, preocupação por
uma alimentação mais saudável, estabilização na economia e consequente aumento na
renda familiar e falta de tempo disponível para o preparo de refeições.
No histograma do Valor Bruto da Produção anual de cada cultura da área de
Sistema Convencional (Figura 1), verifica-se que a cultura com maior contribuição no
VBP da propriedade é a tomate, com R$ 78.750,00 representando 40,5% do valor total
(R$194.450,00).
Figura 1 – Valor Bruto da Produção (VBP) anual da Fazenda Estufa Limoeiro no ano de 2013.
Analisando o Valor Bruto da Produção mensal da área de Sistema Orgânico
(Figura 2), verificam-se as maiores contribuições relativas aos meses de janeiro e julho,
sendo o mês de dezembro o mais crítico quanto à geração de recurso financeiro.
Durante o ano agrícola de 2013, o valor bruto da produção correspondeu a R$
53.137,00. As culturas mais representativas são alface americana, alface crespa,
cenoura, couve-flor e repolho verde, que juntas corresponderam a 40,6% do VBP total.
Estas hortaliças são de grande importância na alimentação, pois são fonte de vitaminas,
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
Tomate Pimentão Repolho Banana
VB
P (
R$
)
48
sais minerais e fibras, além de serem muito utilizadas em saladas devido à facilidade de
seu preparo.
Figura 2 – Valor Bruto da Produção (VBP) mensal da Fazenda Carcará no ano de 2013.
Além do valor bruto da produção, para o cálculo do valor agregado, foi
necessário fazer o detalhamento dos custos fixos, dos custos variáveis e da depreciação
dos equipamentos, considerando que o agricultor realizou operação de financiamento
pelo Pronaf ―Mais Alimento‖ para custeio do seu empreendimento. Na Tabela 3 são
especificados todos os custos de produção, a depreciação anual das máquinas e
implementos, os valores brutos da produção e valor agregado para um hectare de cada
unidade estudada.
Cada item corresponde aos valores para um hectare de produção. O valor da
parcela do financiamento dos custos fixos e variáveis refere-se à parcela anual que o
agricultor paga ao agente financiador, levando em consideração que foi calculado com
base na linha de crédito já citada, a qual o agricultor tem 10 anos para pagar o
investimento. Deve-se enfatizar que para o cálculo do valor agregado foi utilizado a
parcela do financiamento.
O sistema de irrigação obteve um desconto no valor total do projeto de 7,5%
para o sistema convencional e 15% para o sistema orgânico (MDA, 2015). As máquinas
e os implementos também foram financiados com desconto no valor total. Estes
descontos são referentes ao Pronaf Mais Alimentos que também financia equipamentos
para irrigação.
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
VB
P (
R$
)
49
Tabela 3 – Custos de produção anual da Fazenda Estufa Limoeiro (sistema convencional) e da Fazenda
Carcará (sistema orgânico) com financiamento do Pronaf Mais Alimento para 1,0 ha de produção.
A depreciação está representada pela cota anual de depreciação das
máquinas e implementos, considerando que possui uma vida útil de 10 anos e que a
depreciação de cada período é constante, baseando-se no Método Linear.
O valor agregado foi calculado incialmente para um hectare de produção e
para os demais hectares foi utilizado uma relação linear (Y = aX + b), sendo o eixo das
ordenadas o valor agregado e o das abcissas representada pela superfície agrícola,
levando em consideração que o valor agregado e a superfície agrícola possuem relação
de dependência. O coeficiente angular da reta (a) representa a contribuição marginal em
relação à área e o coeficiente linear (b) representa o capital fixo necessário para
implantar o sistema de produção.
Os modelos de valor agregado em reação à superfície agrícola útil estão
representados no Gráfico 1, possibilitando identificar a contribuição social dos
diferentes sistemas de produção estudados considerando-se as necessidades de área e de
custo fixo para sua implantação. A área de sistema orgânico exige um maior custo fixo
(R$ 5.467,36) necessário para implantar o empreendimento e uma maior contribuição
marginal (R$ 41.946,72) por unidade de área. Já a área de sistema convencional se
comporta diferente, visto que possui a necessidade de menor custo fixo (R$ 3.783,04) e
uma menor contribuição marginal (R$ 33.654,22).
Discriminação Sistema convencional Sistema orgânico
Custo Fixo (CF)
Máquinas e implementos R$ 26.254,83 R$ 32.753,03
Sistema de irrigação R$ 6.506,15 R$ 6.403,30
Equipamentos e utensílios R$ 625,00 R$ 862,07
Estufa R$ 3.333,33 R$ 4.310,34
Packing house R$ 1.111,11 R$ 10.344,83
Total/ha R$ 37.830,43 R$ 54.673,58
Parcela do financiamento R$ 3.783,04 R$ 5.467,36
Custos variáveis (CV)
Sementes R$ 4.288,44 R$ 3.265,52
Composto R$ 3.111,11 R$ 5.689,66
Fertilizantes R$ 933,33 R$ 0,00
Defensivos R$ 933,33 R$ 86,21
Energia Elétrica R$ 3.600,00 R$ 2.327,59
Certificação R$ 0,00 R$ 646,55
Total/ha R$ 12.866,22 R$ 12.015,52
Parcela do financiamento R$ 1.286,62 R$ 1.201,55
Depreciação Anual R$ 8.270,27 R$ 2.659,55
Produção Valor bruto (VBP) R$ 43.211,11 R$ 45.807,82
Valore agregado VA = VBP – (CF+CV+D) R$ 29.871,18 R$ 36.479,36
50
O sistema orgânico possui em relação ao sistema convencional um
incremento de custo fixo de 30,80%. Na contribuição marginal para um hectare de
produção este incremento é de 19,76%. Analisando o valor agregado dos dois sistemas
de produção percebe-se que o sistema orgânico possui um maior custo fixo para
instalação do seu empreendimento, porém apresenta uma maior contribuição marginal e,
consequentemente, maior valor agregado para cada hectare em produção, sendo,
portanto mais intensivo do que a unidade de sistema convencional.
Gráfico 1 – Valor agregado de produção da Fazenda Estufa Limoeiro (sistema convencional) e da
Fazenda Carcará (sistema orgânico) com financiamento do Pronaf Mais Alimento.
Percebe-se que ambos os sistemas necessitam de pelo menos 1,0ha para
poder suprir os gastos fixos de produção, porém o sistema orgânico é considerado mais
intensivo visto que sua contribuição marginal é maior, podendo este fato estar associada
ao maior valor bruto de um hectare de produção, decorrente da maior diversidade de
culturas estabelecidas no campo, permitindo que o sistema sofra menos com a variação
de preço de mercado e consequentemente mantenha um valor bruto da produção sem
muitas oscilações durante o ano.
De acordo com Silva Neto (2005), a análise econômica dos sistemas de
produção pode ser realizada por meio de modelagens do valor agregado avaliando a
capacidade de geração de riquezas para a sociedade, medida pelo valor agregado de
forma que, quanto menor o custo fixo (coeficiente linear) necessário para implantação
da unidade de produção e quanto maior a contribuição marginal (coeficiente angular)
-50000
-14000
22000
58000
94000
130000
166000
202000
238000
0 1 2 3 4 5
VA
/UT
f (R
$/p
esso
a)
SAU/UTf (ha/pessoa)
Sistema Orgânico (b = - 5.467,36 e a = 41.946,72)
Sistema Convencional (b = - 3.783,04 e a = 33.654,22)
51
desta área, os sistemas de produção são considerados mais intensivos e
consequentemente, possuem uma maior capacidade de geração de riquezas para a
sociedade.
Ao analisar o valor agregado da produção sem financiamento para custeio
do empreendimento, observa-se na Tabela 4 que os agricultores não conseguem suprir
os gastos do investimento com apenas um hectare de produção, visto que o valor
agregado encontra-se com saldo negativo.
Tabela 4 - Custos de produção anual da Fazenda Estufa Limoeiro (sistema convencional) e da Fazenda
Carcará (sistema orgânico) sem financiamento para 1,0ha de produção.
Percebe-se claramente no Gráfico 2 que apenas com 1,0 ha de produção
não é suficiente para que as unidades estudadas viabilizem um sistema de produção num
cenário que não contemple financiamento. Só a partir de 3,0 ha que os sistemas de
produção conseguem pagar o investimento, quando atinge um valor agregado de R$
17.613,94 no sistema orgânico e R$ 20.830, 64 no sistema convencional.
Verifica-se ainda que o sistema convencional apresenta para 3,0 há de
produção um valor agregado um pouco superior ao sistema orgânico, decorrente do
menor custo fixo (R$ 41.975,05) para implantação da sua unidade de produção, porém a
partir de 4,0ha de produção o sistema orgânico apresenta um maior valor agregado
devido a sua maior contribuição marginal (R$ 29.828,13), o que implica na maior
intensidade da atividade e consequentemente maior geração de riquezas para a
sociedade.
De acordo com a pesquisa observa-se que os custos referentes à implantação
das unidades variam para cada situação e são bastante elevados, neste caso pode-se
Discriminação Sistema convencional Sistema orgânico
Custo Fixo (CF)
Máquinas e implementos R$ 29.871,93 R$ 48.819,90
Sistema de irrigação R$ 7.033,68 R$ 7.533,29
Equipamentos e utensílios R$ 625,00 R$ 862,07
Estufa R$ 3.333,33 R$ 4.310,34
Packing house R$ 1.111,11 R$ 10.344,83
Total R$ 41.975,05 R$ 71.870,43
Custos variáveis (CV)
Sementes R$ 4.288,44 R$ 3.265,52
Composto R$ 3.111,11 R$ 5.689,66
Fertilizantes R$ 933,33 R$ 0,00
Defensivos R$ 933,33 R$ 86,21
Energia Elétrica R$ 3.600,00 R$ 2.327,59
Certificação R$ 0,00 R$ 646,55
Total R$ 12.866,22 R$ 12.015,52
Depreciação Anual R$ 9.409,66 R$ 3.964,18
Produção Valor bruto (VBP) R$ 43.211,11 R$ 45.807,82
Valore agregado VA = VBP – (CF+CV+D) -R$ 21.039,82 -R$ 42.042,30
52
dizer que nem sempre os recursos financeiros no início do processo podem ser arcados
pelo agricultor familiar, sendo, portanto oportuno e imprescindível o acesso ao crédito,
demonstrando assim a importância do Pronaf para o agricultor familiar.
Gráfico 2 - Valor agregado de produção da Fazenda Estufa Limoeiro (sistema convencional) e da
Fazenda Carcará (sistema orgânico) sem financiamento.
A produção da Fazenda Estufa Limoeiro está voltada para a especificidade
de algumas culturas, cujo propósito é maximizar suas produtividades e, portanto o lucro,
com o uso intensivo de insumos. Além disso, o uso de tecnologias é diretamente ligado
ao desejo de reduzir a necessidade de mão de obra, reduzindo o custo de produção, na
tentativa de otimizar o lucro, caracterizando-se como uma agricultura patronal, visto
que sua produção está voltada diretamente para o mercado. Já a Fazenda Carcará possui
uma grande diversificação da produção para abastecer o mercado e também visa
produzir para seu próprio consumo.
Noronha, Callegaro e Luke (2005), analisando a agricultura de Venâncio
Aires - RS, constataram que os sistemas de produção mais intensivos são aqueles
praticados pelos agricultores familiares.
4.2. Análise econômica
A agricultura familiar vem cada vez mais se fortalecendo e diversificando
sua capacidade produtiva, contribuindo na produção de alimentos para atender o
mercador interno, abastecer as agroindústrias e participar de forma expressiva nas
exportações brasileiras, sendo geradora de postos de trabalhos e renda. Essa
-80000
-30000
20000
70000
120000
170000
220000
0 1 2 3 4 5 6
VA
/UT
f (R
$/p
esso
a)
SAU/UTf (ha/pessoa)
Sistema Orgânico (b = - 71.870,45 e a = 29.828,13)
Sistema Convencional (b = - 41.975,05 e a = 20.935, 23)
53
diversificação tem consequências fundamentais para avaliar como a agricultura familiar
age economicamente na sociedade.
É de fundamental importância analisar economicamente os sistemas de
produção e para isso é necessário ter conhecimentos sobre a renda do agricultor, pois a
manutenção na atividade agropecuária; a fixação do homem no campo e sua qualidade
de vida estão estreitamente relacionados com ela, visto que contribui para assegurar a
reprodução social. Para analisar os sistemas de produção através de sua renda foi
utilizado o valor agregado de produção, os juros pagos a agentes financeiros para
implantação do empreendimento, tarifas pagas ao Estado e os salários pagos a
trabalhadores.
Foi considerado que os agricultores utilizaram para implantação do
empreendimento créditos de investimentos do Pronaf Mais Alimentos, o qual possui 2%
de taxas de juros ao ano, sendo estes juros referentes ao investimento feitos com os
custos fixos e variados de produção e, com os salários pagos a trabalhadores, conforme
representados na Tabela 5.
Tabela 5 – Juros pagos à agente financiador em relação à créditos de investimentos do Pronaf Mais
Alimentos no ano de 2013 para 1,0 ha de produção.
Os salários pagos a trabalhadores foram calculados para um hectare,
considerando as particularidades de cada unidade, visto que apenas a Fazenda Carcará
possui trabalhadores eventuais, representados na Tabela 6 junto com os demais
parâmetros necessários para o calculo da renda do agricultor.
Ainda na Tabela 6, está descrito o valor do ITR e o valor agregado de
produção. O ITR representa as taxas de juros pagas ao Estado referente ao imposto pago
de um imóvel rural e o valor agregado referente a um hectare de produção já foi
mencionando anteriormente quando se analisava a contribuição social de cada
propriedade, mas foi inserido na tabela a título de ilustração.
Discriminação Sistema Convencional Sistema Orgânico
Custos
Fixo R$ 37.830,43 R$ 54.673,58
Variável R$ 12.866,22 R$ 12.015,52
Salários pagos a trabalhadores R$ 11.584,00 R$ 26336,21
Total R$ 62.280,65 R$ 93.025,30
Juros 2% R$ 1.245,61 R$ 1.860,51
54
Tabela 6 – Parâmetros utilizados para cálculo da renda do agricultor (RA) de cada sistema de produção
com financiamento do Pronaf Mais Alimento para 1,0 ha de produção.
A renda do agricultor foi calculada através da diferença do valor agregado
da produção pelos gastos com juros pagos à agente financeiros, tarifas pagas ao Estado
e salários pagos aos trabalhadores. Foi realizado uma relação linear entre o valor
agregado calculado anteriormente, quando se analisava a contribuição social de cada
unidade de produção para uma superfície agrícola útil de até 5,0ha, com a renda do
agricultor, sendo representada no Gráfico 3.
O nível de reprodução social (NRS) representado Gráfico 3 está relacionado
com a renda necessária à reprodução social baseado no salário mínimo que, pelo
Decreto Nº 7.872, de 26 de Dezembro de 2012, a partir de 01/01/2013 era de R$ 678,00.
Neste caso o valor do NRS representado no gráfico refere-se ao salário anual (BRASIL,
2012).
Gráfico 3 – Renda do agricultor (RA) da Fazenda Estufa Limoeiro (sistema convencional) e da Fazenda
Carcará (sistema orgânico) com financiamento do Pronaf.
Analisando o gráfico da renda do agricultor, percebe-se que tanto a Fazenda
Estufa Limoeiro como a Fazenda Carcará consegue ultrapassar o NRS com
aproximadamente 0,5ha em produção, porém a partir de um hectare de produção é
perceptível que o sistema orgânico possui um maior nível de reprodução social do que o
Discriminação Sistema convencional Sistema orgânico
Valor Agregado (VA) VA R$ 29.871,18 R$ 36.479,36
Juros 2% R$ 1.245,61 R$ 1.860,51
Tarifas paga ao Estado (I) ITR R$ 10,00 R$ 10,00
Salários (S)
Trabalhadores permanentes R$ 11.584,00 R$ 24.827,59
Trabalhadores eventuais R$ 0,00 R$ 1.508,62
Total R$ 11.584,00 R$ 26.336,21
Parcela do financiamento R$ 1.158,40 R$ 2.633,62
-50000
-14000
22000
58000
94000
130000
166000
202000
238000
0 1 2 3 4 5
RA
/UT
f (R
$/p
esso
a)
SAU/UTf (ha/pessoa)
Sistema Convencional
Sistema Orgânico
NRS = R$ 8.136,00
55
sistema convencional, garantido assim, em termos gerais, uma melhor qualidade de vida
a este agricultor e sua família.
Para avaliar a renda do agricultor de forma específica foi necessário levar
em consideração as pessoas da família que dependem desta renda, além do agricultor.
Neste caso, a Fazenda Estufa Limoeiro possui cinco pessoas que dependem da renda da
unidade de produção e a Fazenda Carcará possui quatro.
Considerando o fato de que a Fazenda Estufa Limoeiro possui cinco pessoas
dependentes da renda de sua unidade de produção, ela não consegue pagar um salário
mínimo a cada dependente com apenas 1,0ha em produção, pois para um hectare sua
renda anual é de R$ 27.457,16 que corresponde a R$ 2.288,10 mensal e, dividindo este
valor mensal por cada pessoa daria uma renda de R$ 457,62/pessoa, valor este
correspondente a apenas 67,5% do salário mínimo. Porém, com 2,0 ha em produção, a
Fazenda Estufa Limoeiro consegue pagar mais de um salário mínimo a cada
dependente, pois a renda para dois hectares é de R$ 61.111,38 anualmente, a qual
corresponde ao valor de R$ 1018,52 para cada dependente mensalmente.
A Fazenda Carcará com apenas 1,0ha em produção consegue pagar de sua
renda a cada dependente, o valor de R$ 666,15 mensalmente, visto que a renda anual
para um hectare é de R$ 31.975,24 e possuir quatro pessoas dependentes desta renda.
Percebe-se ainda que neste sistema de produção, com apenas 1,0ha em produção, o
salário que cada pessoa recebe mensalmente representa 98,3% do salário mínimo do ano
em estudo.
Segundo Silva Neto (2005), os modelos dos sistemas representados por
gráficos da renda do agricultor permitem identificar os tipos de agricultores com
maiores dificuldades de se manter na atividade agrícola e suas perspectiva de acordo
com a dinâmica de acumulação do sistema agrário, deduzindo-se facilmente a superfície
agrícola útil mínima para que a unidade de produção possa se manter na atividade
agropecuária assegurando a reprodução social (NRS) do tipo de agricultor em análise.
Comparando os dois sistemas de produção pode-se dizer que o sistema
convencional precisaria de uma superfície agrícola útil maior do que o sistema orgânico
para poder se manter na atividade agrícola assegurando a reprodução social da sua
unidade de produção e de cada membro da família que depende de sua renda. Este
resultado pode estar relacionado ao valor agregado de produção em razão do sistema
orgânico de produção da Fazenda Carcará possuir um maior valor agregado dos seus
produtos em consequência da alta diversidade de cultivo, pois esta diversificação
56
confere ao agricultor a estabilidade da renda durante o ano, reduzindo os riscos
inerentes a flutuações nos preços dos produtos, bem como possíveis problemas
relacionados a decréscimos de produtividades de seus produtos decorrentes, por
exemplo, da ocorrência de pragas e doenças. Cabe destacar ainda o diferencial nos
preços dos produtos orgânicos em relação aos produtos convencionais.
No Gráfico 4 está representado o comportamento da renda do agricultor,
considerando um cenário tal, que para iniciar seu empreendimento ele não realizaria
financiamento. Neste caso, o agricultor não usufrui da possibilidade de pagar seu
investimento em parcelas anuais durante 10 anos, necessitando, por conseguinte dispor
de todo o recurso financeiro necessário à implementação da atividade. Neste modelo
percebe-se a dificuldade que ambos os agricultores possuem de gerar uma renda maior
que a renda mínima necessária para assegurar a reprodução social.
Gráfico 4 – Renda do agricultor (RA) da Fazenda Estufa Limoeiro (sistema convencional) e da Fazenda
Carcará (sistema orgânico) sem financiamento.
Percebe-se que só ultrapassam o NRS se sua superfície agrícola útil fosse de
4,0ha e, sendo que neste cenário, o sistema convencional se torna mais viável do que o
orgânico, pois com 4,0ha produz uma renda de R$ 28.783,65; ao passo que o sistema
orgânico obtém uma renda de R$ 21.095,87. Respectivas rendas representam para cada
dependente da família os valores de R$ 479,73 e R$ 439,50; para o sistema
convencional e orgânico, respectivamente.
Neste cenário, a Fazenda Carcará só teria uma renda maior do que a
Fazenda Estufa Limoeiro, com uma superfície agrícola útil a partir de 5,0ha em
produção. Há que se considerar nesta análise, os maiores custos fixos e com
-120000
-80000
-40000
0
40000
80000
120000
0 2 4 6 8 10
RA
/UT
f (R
$/p
esso
a)
SAU/UTf (ha/pessoa)
Sistema Convencional
Sistema Orgânico
NRS = R$ 8.136,00
57
trabalhadores por unidade de área que a Fazenda Carcará possui em relação à Fazenda
Estufa Limoeiro.
4.3. Análise Ambiental
Com base nos dados da análise de variância (Tabela 7) verificam-se efeitos
significativos do carbono orgânico total, da biomassa microbiana, da respiração basal do
solo, do quociente microbiano e do quociente metabólico nas áreas estudadas, sendo
influenciados pelo sistema de manejo do solo, apresentando diferença estatística
significativa em nível de 1% de probabilidade.
Tabela 7 – Resumo da análise de variância para as áreas de diferente manejo.
Fonte de
Variação GL
Quadrados Médios
Carbono
Orgâncio
Carbono da
Biomassa
Respiração
Basal
Quociente
Metabólico
Quociente
Microbiano
Manejo
do Solo 2 112,33141
** 802,23750
** 0,56074
** 0,744
** 0,00103
**
Resíduo 12 3,64795 2,86875 0,00295 0,02711 0,00001
Total 14
CV (%) 8,42 5.59 3,52 12,42 5,24
** significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F (p ˂ 0,01).
4.3.1. Carbono orgânico total do solo
O teor de carbono orgânico total do solo não variou entre o Sistema
Orgânico e o Sistema Convencional, mas comparados com a área Preservada (mata
nativa) houve uma diferença significativa quando avaliados a uma profundidade de 0 a
0,10 m, sendo o teor de carbono orgânico na área Preservada (28,03 mg .kg-1
de solo)
maior do que as área cultivadas (Figura 3).
O carbono orgânico foi maior no solo da área Preservada, indicando que
houve maior incorporação de matéria orgânica neste agroecossistema, em comparação
ao solo da área do Sistema Orgânico e do Sistema Convencional, havendo diferença
significativa (p ˂ 0,01), sendo esta diferença correspondente a 25,16% em relação ao
solo do Sistema Convencional e 32,14% em relação ao solo do Sistema Orgânico. Este
fato deve-se a adição constante e permanente de resíduos vegetais no solo sob a copa
das plantas proporcionando maior uniformidade de umidade e temperatura, aumentando
assim, a decomposição dos resíduos e consequentemente a adição de carbono orgânico
ao solo. Sendo assim pode-se inferir que a menor quantidade de carbono orgânico do
solo apresentado nos Sistema Convencional e Orgânico deve-se ao fato de que a área
58
onde foi coletado o solo estava em pousio cerca de um ano, considerando que as áreas
encontram-se sem vegetação e consequentemente sem deposição de biomassa vegetal.
Figura 3 – Teores de carbono orgânico total do solo (CO) no período seco (outubro) no município de
Guaraciaba do Norte-CE. Os valores estão representados por média e, as médias seguidas pela mesma
letra não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
Vários trabalhos indicam maiores teores de carbono orgânico em áreas de
vegetação nativa. Sampaio, Araújo e Santos (2008) e Silva et al. (2009) constataram
maior teor de carbono orgânico em áreas com vegetação natural, em relação ao solo de
sistemas de cultivo com frutíferas ou essências florestais. O maior teor de carbono
orgânico do solo de vegetação nativa também foi constatado por Alcantara et al. (2007),
em relação a áreas de cultivo orgânico, e por Jakelaitis et al. (2008), em relação a áreas
de pastagem.
Comparando-se as áreas com cultivo convencional e orgânico, os teores de
carbono orgânico do solo não diferiram estatisticamente, tendo uma diferença nas suas
médias de apenas de 9,3%. Apesar da área orgânica possuir um tempo bem superior de
cultivo comparativamente à área com cultivo convencional, há que se considerar que
esta última foi incorporada ao processo produtivo há apenas dois anos, quando então se
tratava de área com vegetação nativa, sendo esta uma das razões que justifica o maior
teor de carbono orgânico do solo na área com cultivo convencional. Cabe ainda
destacar que a área com sistema orgânico, apesar de há 17 anos ser cultivada sob
manejo orgânico, anteriormente a este período foi submetida a uso intensivo do solo sob
sistema convencional durante 16 anos.
b
b
0
5
10
15
20
25
30
Convencional Preservado Orgânico
CO
(m
g .
kg
-1 d
e so
lo)
a
59
4.3.2. Carbono da biomassa microbiana
Foi detectado maior teor na área Preservada (43,65 mg C.kg-1
solo), teor
médio na área do Sistema Orgânico (28,80 mg C.kg-1
solo) e menor na área de Sistema
Convencional (18,45 mg C.kg-1
solo), diferindo em 34,02% e 42,26% da área
Preservada, respectivamente, conforme ilustração contida na Figura 4.
A biomassa está relacionada à densidade microbiana do solo, podendo
compreender tanto as comunidades de microrganismos cultiváveis como não
cultiváveis. Ela representa um dos compartimentos do ciclo de carbono no solo, e, de
acordo com as condições edafoclimáticas dos ecossistemas e da composição dos
resíduos vegetais existentes e depositados sobre a superfície do solo, pode funcionar
como compartimento de reserva, dreno ou como um catalisador na decomposição da
matéria orgânica (PAUL; CLARK, 1989).
Figura 4 – Teores de carbono da biomassa microbiana (CBM) no período seco (outubro) no município de
Guaraciaba do Norte-CE. Os valores estão representados por média e, as médias seguidas pela mesma
letra não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
A área Preservada apresentou maiores teores de carbono orgânico do solo e,
como a correlação positiva entre a matéria orgânica e a biomassa microbiana do solo,
comumente reportada, demostra-se ser uma relação bastante estreita. Neste contexto, os
maiores teores de carbono da biomassa na área preservada, podem ser explicados por
esta área possui um maior aporte de material orgânico no solo.
Os fungos são os principais contribuintes, em peso, para a biomassa
microbiana do solo: variam de 104 a 10
6 organismos por grama de solo, podendo ser
c
a
b
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Convencional Preservado Orgânico
CB
M (
mg C
.kg
-1 s
olo
)
60
responsáveis por, aproximadamente, 70% da matéria seca (BRANDÃO, 1992). Entre os
prováveis fatores responsáveis por condições mais favoráveis ao desenvolvimento
microbiano na área preservada, merecem destaques a ausência de preparo do solo e a
maior diversidade florística dessa área. A ausência de revolvimento do solo favorece a
preservação das hifas fúngicas, o acúmulo da serapilheira na superfície do solo
(propiciando a ocorrência de menor variação e de níveis mais adequados de temperatura
e umidade) e resulta na maior presença de raízes finas, que aumentam a entrada de
substratos orgânicos no sistema, via exsudatos radiculares.
No sistema convencional a área é preparada de forma intensiva, realizando-
se arações e gradagens a cada ciclo de cultivo. As gradagens são feitas para
destorroamento do solo, o que ocasiona a desestruturação na camada superficial do solo.
Este sistema de preparo determina modificações nas condições originais do solo, através
de sua mobilização, repercutindo sobre a agregação, diferenciação no aporte de material
orgânico, em termos quantitativos e qualitativos, bem como a disposição do material no
perfil do solo e consequentemente afetando a biomassa microbiana, visto que dentre
vários fatores que afeta sua atividade, a qualidade física do solo e o aporte de material
orgânico disponível é essencial. Sendo assim, os baixos teores de carbono da biomassa
microbiana encontrados no sistema convencional podem ter sido afetados devido a
perturbações físicas.
A maior parte do preparo do solo, na área de sistema orgânico, é realizado
manualmente, reduzindo ao mínimo a degradação da estrutura física do solo. Quando a
área está sendo cultivada são introduzidos, semanalmente, compostos orgânicos que são
incorporados ao solo sem nenhuma mecanização. Porém, a área de sistema orgânico
possui teores de carbono orgânico igual ao do sistema convencional (Figura 3), o que
poderia influenciar a biomassa microbiana na mesma intensidade, mas isso não foi
constatado, pois a quantidade de carbono da biomassa microbiana na área orgânica é
superior significativamente, à da área de sistema convencional (Figura 4). Este fato
pode ser explicado pelo manejo adotado na preparação do solo, visto que o
revolvimento da camada superficial do solo é reduzido devido aos manejos manuais,
isto se comparar ao manejo mecanizado utilizado na área de sistema convencional.
Os nutrientes imobilizados na biomassa microbiana encontram-se em uma
forma mais lábil que aqueles contidos na matéria orgânica total (SCHNÜRER et al.,
1986). Ela é mais sensível que os dados quantitativos de carbono orgânico total para a
61
avaliação de alterações na matéria orgânica causadas pelo manejo do solo e pelas
práticas de cultivo (SAFFIGNA et al., 1989).
De forma semelhante, Junior Reis e Mendes (2007), comparando os
sistemas de preparo direto, convencional e mata nativa no Cerrado, verificaram níveis
mais baixos de carbono da biomassa microbiano nas áreas cultivadas. Após a
incorporação dos solos sob vegetação de Cerrado ao processo agrícola, ocorreu uma
queda nos níveis da fração viva e mais ativa da matéria orgânica do solo.
4.3.3. Respiração Basal do Solo
A área de sistema orgânico apresentou maior quantidade de CO2 liberado
pela respiração dos microrganismos, ou seja, apresentou a maior quantidade de carbono
prontamente mineralizável, representando uma média de 1,80254 mg kg-1
de solo
(Figura 5). Embora a área preservada tenha apresentado uma redução de apenas 7,98%
(1,65864 mg kg-1
de solo) na respiração basal do solo, comparativamente à área de
sistema orgânico, de acordo com a análise estatística este valor possui uma diferença
significativa (p ˂ 0,001). A área de sistema convencional apresentou a menor
quantidade de CO2 liberado (1,16410 mg kg-1
de solo), o que representa uma redução de
35,41% em relação a área de sistema orgânico.
O pH influencia a disponibilidade e toxicidade de nutrientes minerais tais
como Fe, Mn e Al, podendo desta forma prejudicar a microbiota do solo, pela
possibilidade de atingir níveis tóxicos em razão de valores de pH menores que 5,0.
Processos como a germinação e o crescimento do tubo germinativo de esporos de
fungos micorrízicos, por exemplo, são afetados negativamente pela elevação da
concentração de Al (MOREIRA; SIQUEIRA, 2006). Os mesmos autores relatam que a
maioria das bactérias, incluindo actinomicetos e cianobactérias são mais adaptados a
valores de pH entre 6,0 e 8,0.
De acordo com a análise de atributos químicos do solo (Tabela 8) verifica-
se que o pH do solo da área do sistema convencional e da área preservada estão bastante
baixos, indicando acidez do solo e consequentemente a maior disponibilidade de
nutrientes tóxicos como o Al, visto que os teores de Al nestas áreas são elevados. Sendo
assim, denota-se que a menor quantidade de respiração basal do solo nessas duas áreas
(convencional e preservada), estar sendo influenciada pela acidez do solo, visto que em
solos com acidez elevada prejudica a quantidade de microrganismos, como por
62
exemplo, os fungos micorrízicos e as bactérias, prejudicando assim a atividade
metabólica destes microrganismos.
Figura 5 – Teores da respiração basal do solo (RBS) no período seco (outubro) no município de
Guaraciaba do Norte-CE. Os valores estão representados por média e, as médias seguidas pela mesma
letra não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
Além do pH influenciar na atividade metabólica dos microrganismos,
existem diversos outros fatores que também influenciam, como por exemplo, a
disponibilidade de nutrientes. Assim, como ocorre com a adição de matéria orgânica, há
uma resposta pronunciada da população de microrganismo à aplicação de nutrientes
minerais (MOREIRA; SIQUEIRA, 2006).
A saturação por bases (V) é um excelente indicativo das condições gerais de
fertilidade do solo, sendo utilizada até como complemento na nomenclatura dos solos.
Os solos podem ser divididos de acordo com a saturação por bases: solos eutróficos (V
≥ 50%) e solos distróficos (V<50%). Um índice de saturação por base em níveis baixos
significa que há pequenas quantidades de cátions saturando as cargas negativas dos
colóides, e que a maioria delas está sendo neutralizada por H+ e Al
3+ (RONQUIM,
2010).
Na análise química dos solos avaliados (Tabela 8) verifica-se que os solos
da área do sistema convencional e da área preservada apresentam valores de saturação
por base de 21% e 10% respectivamente, considerado, portanto, um solo distrófico.
c
b
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
Convencional Preservado Orgânico
RB
S (
mg d
e C
-CO
3.k
g-1
so
lo)
a
63
Funceme – 14/10/2014
Tabela 8 - Atributos físico e químico do solo das diferentes áreas estudadas.
ÁREAS pH Ca
2+ Mg
2+ Na
+ K
+ H++
Al3+ Al
3+ S C N MO
P
Assimilável V Classificação
Água cmolc/kg cmolc/kg cmolc/kg cmolc/kg cmolc/kg cmolc/kg cmolc/kg g/kg g/kg g/kg mg/kg % Textura
Convencional 4,5 0,50 0,50 0,08 0,14 4,62 0,65 1,2 5,58 0,54 9,62 9,0 21 Areia Franca
Preservada 4,5 0,20 0,20 0,07 0,03 4,29
0,75
0,50 7,68 0,81 13,24 3,0 10 Areia Franca
Orgânica 6,6 3,00 0,70 0,10 0,17 0,99 0,10 4,00 7,20 0,70 12,41 166 80 Franco Arenosa
64
Segundo Moreira e Siqueira (2006), a disponibilidade de nutrientes
influencia positivamente na microbiota do solo, pois assim como ocorre com a adição
de matéria orgânica, há uma resposta pronunciada da população de microrganismos à
aplicação de nutrientes minerais. Então, pode-se dizer que além de ter sido afetada pela
acidez do solo, a baixa respiração basal do solo nas áreas de sistema convencional e
preservada pode ter sido influenciada pela baixa fertilidade destes solos.
Segundo Wardle (1994), o alumínio limita a atividade de alguns
microrganismos devido a sua toxicidade e seu efeito no pH do solo. Neste sentido é
importante destacar que valores de respiração basal apresentaram correlação
significativa com pH do solo, obtendo-se valores baixos quando em solos ácidos
(KUMMER et al., 2008).
Assis Junior et al. (2003) trabalhando com respiração basal do solo, em
Vazante (MG), verificou os maiores valores para mata nativa e os menores para
sistemas de monoculturas e área desmatada. Já Costa et al. (2008) detectaram que
acumulação de material vegetal na superfície do solo, como o plantio direto, aumenta a
respiração basal. Tais estudos corroboram em parte com o presente trabalho, já que na
área de sistema orgânico se verificou maior taxa respiratória do que na área preservada,
e ainda, na área de sistema convencional, basicamente com monocultura, verificou-se a
menor taxa respiratória.
4.3.4. Quociente microbiano e quociente metabólico
Houve efeito significativo no quociente microbiano das áreas estudadas,
sendo que não foi verificado diferenças do quociente microbiano do solo na área
Preservada e na área de Sistema Orgânico, apresentando os maiores valores de média,
com 157% e 151%, respectivamente. A área de Sistema Convencional apresentou o
menor valor do qMIC (88%), tendo uma redução em relação as áreas Preservada e de
Sistema Orgânico de 43,9% e 41,72% (Figura 6A).
Os dados da análise de variância (Tabela 7), para a variável-resposta
quociente metabólico, demonstram também efeito significativo em nível de 1% de
probabilidade pelo teste F (p ˂ 0,01). As áreas com cultivo convencional e orgânico não
apresentaram diferenças, sendo o qCO2 representado por 6,32% e 6,24%,
respectivamente. Já a área preservada apresentou valor de 3,80% para a respectiva
variável (Figura 6B).
65
Figura 6 – Quociente microbiano (qMIC) e quociente metabólico (qCO) no período seco (outubro) no
município de Guaraciaba do Norte-CE. Os valores estão representados por média e, as médias seguidas
pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste
deTukey
Os maiores valores do qMIC observados nas áreas preservada e sob cultivo
orgânico indicam que grande quantidade de carbono orgânico é imobilizado na
biomassa microbiana. Tal resultado pode estar associado a uma maior taxa de
b
aa
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Convencional Preservado Orgânico
qM
IC (
%)
A
a
b
a
0
1
2
3
4
5
6
7
Convencional Preservado Orgânico
qC
O2 (
%)
B
66
mineralização da matéria orgânica pelos microrganismos nestes solos. O maior
quociente microbiano sugere que o carbono orgânico, nestas áreas, encontra-se
disponível para a microbiota do solo, uma vez que a relação entre carbono da biomassa
microbiana e carbono orgânico total do solo é um indicador de disponibilidade da
matéria orgânica para os microrganismos (ANDERSON; DOMSCH, 1989), e um alto
quociente microbiano indica uma matéria orgânica muito ativa e sujeita a
transformações (HAR; AUGUST; WEST, 1989).
O menor valor do qMIC verificado na área sob cultivo convencional indica
que os microrganismos estão em condições de estresse, diminuindo assim, a capacidade
de utilização do carbono, podendo também ser explicado pela ausência de adição de
matéria orgânica de boa qualidade, visto que, na área de sistema orgânico a adição de
matéria orgânica de boa qualidade constantemente, implica no incremento da biomassa
microbiana, ainda que os teores de carbono orgânico total do solo permaneçam
inalterados.
Conforme Moreira e Siqueira (2006), os substratos e a taxa de degradação
pelos microrganismos dependeram do tipo substrato, levando em consideração que nem
toda substância orgânica é passível de degradação por microrganismos. Sendo assim, o
quociente microbiano é um índice utilizado para fornecer indicações sobre a qualidade
da matéria orgânica, pois em solos com matéria orgânica de baixa qualidade nutricional,
a biomassa se encontrará sob condições de estresse, tornando-se incapaz de utilizar
totalmente o carbono orgânico total do solo.
Uma biomassa mais eficiente seria aquela que perderia menos carbono na
forma de CO2 com a respiração e incorporaria mais carbono aos tecidos microbianos, de
tal forma que solos com baixo quociente metabólico estariam próximos do estado de
equilíbrio e valores elevados, em condições ambientais estressantes, nas quais a
biomassa microbiana necessita de mais carbono para sua manutenção (MENDES et al.,
2009).
Percebe-se que mesmo a área preservada apresentando algumas
características de condições estressadas, tais como a acidez do solo, apresentou um
quociente metabólico menor, indicando uma biomassa mais eficiente do que as demais
áreas estudadas, podendo ter sido ocasionado pelo maior teor da biomassa microbiana
(Figura 4), visto que na área preservada a camada de solo que foi avaliada (0- 0,10 m)
estar constantemente protegida pela serapilheira, provocando assim uma menor
temperatura do solo e consequentemente uma maior atividade da biomassa microbiana,
67
podendo deduzir que as áreas em cultivo orgânico e convencional apresentaram maiores
valores de quociente metabólico por se encontrarem sem vegetação ou serapilheira,
aumentando assim a temperatura do solo.
Matos (2010) estudando áreas cultivadas sob diferentes tipos de manejo em
período seco, verificou valores maiores de qCO2 nestas áreas em relação a áreas com
mata nativa, resultados estes que corroboram com os resultados obtidos nesta pesquisa.
68
5 CONCLUSÕES
A geração de empregos diretos por unidade de área no sistema de cultivo
convencional corresponde aos valores de referência para agricultura irrigada. Já o
sistema de cultivo orgânico proporciona uma geração de empregos diretos que chega a
corresponder três vezes à média da capacidade de geração de emprego por unidade de
área da agricultura irrigada na região do semiárido brasileiro.
O investimento anual por geração de cada emprego direto do sistema de
cultivo orgânico corresponde à metade do valor para a geração de emprego no sistema
convencional, porquanto no sistema orgânico é de R$1.900,00 para cada emprego
direto, e no sistema convencional este valor é de R$3.800,00. Ademais, estes valores
demonstram a importância do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar, tendo em vista que num cenário sem o financiamento do Pronaf, o custo anual
da geração de cada emprego direto no sistema de cultivo convencional requer um
investimento oito vezes superior ao sistema de cultivo orgânico.
O sistema de cultivo orgânico apresenta um menor risco associado à
dimensão econômica comparativamente ao sistema de cultivo convencional, porquanto
para um mesmo percentual de valor bruto da produção (40,5%), a relação é de cinco
culturas no sistema orgânico para apenas um cultivo no sistema convencional.
Apresenta ainda em relação ao sistema de cultivo convencional uma maior contribuição
marginal, o que implica na maior intensidade desta atividade. Não obstante, para a
superfície agrícola útil utilizada na Fazenda Carcará (1,16 ha), este sistema de cultivo
não apresentaria viabilidade, num cenário que não contemplasse financiamento pelo
Pronaf.
As superfícies agrícolas úteis atuais das duas unidades de produção
permitem que as mesmas se mantenham na atividade agropecuária assegurando a
reprodução social dos agricultores num cenário com financiamento do Pronaf. Apesar
da unidade de produção orgânica ser mais intensiva, num cenário sem o financiamento
do Pronaf, a superfície agrícola útil atual não asseguraria a reprodução social de seus
agricultores.
Os resultados das variáveis avaliadas demonstram que a unidade de
produção com cultivo orgânico apresenta maior sustentabilidade ambiental, uma vez
que o solo encontra-se em condições físicas e químicas mais satisfatórias para o
desenvolvimento dos microrganismos. O manejo mínimo do solo e a introdução
69
constante de matéria orgânica realizado neste sistema de produção contribuem para
atividade microbiana, aumentado assim a biomassa microbiana e consequentemente o
carbono imobilizado no solo, funcionando como compartimento de reserva,
assegurando uma menor degradação.
70
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APÊNDICE A – VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO DA FAZENDA CARCARÁ
NO ANO DE 2013.
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
1 Abóbora de Leite 0 0 0 0 0 0 0 0 90 0 0 0 R$ 90,00 0,17
2 Abóbora Jacaré 0 0 0 0 0 0 0 0 292,8 0 0 0 R$ 292,80 0,55
3 Abóbora Menina 0 0 0 0 0 0 0 54 26,4 0 0 0 R$ 80,40 0,15
4 Abobrinha 0 0 0 0 0 0 0 0 119,6 66,3 10,4 0 R$ 196,30 0,37
5 Acelga 172,9 132,6 59,8 583,7 267,8 91 265,2 87,1 52 0 11,7 111,8 R$ 1.835,60 3,45
6 Agrião da Terra 0 0 0 0 600,6 0 96,5 68 7,5 30,5 22 0 R$ 825,10 1,55
7 Alecrim 0 0 0 0 504 0 0 2 663,3 4 0 0 R$ 1.173,30 2,21
8 Alface Americana 880 726 594 704 56 429 817,3 674,3 423,9 515,9 534,6 0 R$ 6.355,00 11,96
9 Alface Crespa 684 472,5 306 463,5 248 423 506,7 488,7 70 386,1 473,4 0 R$ 4.521,90 8,51
10 Alface Lisa 195,3 270,2 143,5 140 243 74,9 154,7 77,7 90,4 156,1 129,5 0 R$ 1.675,30 3,15
11 Alface Roxa 164 168 208 180 11,7 176 276,8 113,6 78 251,2 168 0 R$ 1.795,30 3,38
12 Alho Poró 108 0 0 30 0 99 0 0 0 168 171 0 R$ 576,00 1,08
13 Banana Prata 0 0 0 0 0 27,3 20,8 0 0 0 62,4 0 R$ 110,50 0,21
14 Batata Doce 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 194,4 R$ 194,40 0,37
15 Batata Yacon 0 0 0 70 38,5 0 0 0 0 0 0 248 R$ 356,50 0,67
16 Beringela 192 24 0 9,6 0 0 294 192 43,2 33,6 219,6 37,2 R$ 1.045,20 1,97
17 Beterraba 294 190 20 94 176 0 40 44 152 78 94 58 R$ 1.240,00 2,33
18 Brócoles Cabeça 0 192,5 101,5 24,5 238 609 504 58 105 3,5 119 49 R$ 2.004,00 3,77
19 Brócoles Ramoso 0 0 0 90 0 0 201 0 0 0 0 0 R$ 291,00 0,55
20 Cebola Pera 75 50 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 R$ 125,00 0,24
21 Cebolinha 575 10 40 0 40 208 154,4 115,2 126,8 40,4 127,2 0 R$ 1.437,00 2,70
22 Cenoura 94 663 75 285 283,5 94,5 800,7 486 139,5 505,5 0 0 R$ 3.426,70 6,45
23 Chicória 672 68 93,6 40 16 0 0 51,2 52,8 48,8 51,2 0 R$ 1.093,60 2,06
24 Coentro 88 113,6 124 168 40 164 149,6 260,4 149,6 40,4 66 0 R$ 1.363,60 2,57
25 Couve Flor 326 167,31 221,1 234,3 877,8 561 970,2 442,2 250,8 141,9 135,3 0 R$ 4.327,91 8,14
26 Couve Folha 188,1 123,2 112 146,3 192,5 119 200,2 108,5 49,7 148,4 259,7 574,2 R$ 2.221,80 4,18
27 Escarola 0 0 0 0 56 0 0 0 0 0 0 0 R$ 56,00 0,11
28 Espinafre 217 140 0 0 234,5 133 107,8 114,1 163,1 92,4 104,3 0 R$ 1.306,20 2,46
29 Folha de couve-flor 0 0 0 0 0 0 0 0 11,9 0 0 0 R$ 11,90 0,02
30 Hortelã 130 76 4 78 50 34 51,2 40,8 61,2 64,8 78,4 0 R$ 668,40 1,26
31 Limão Tahiti 177,6 175,2 119,2 103,2 76,8 97,6 162,4 80 19,2 33,6 17,6 41,6 R$ 1.104,00 2,08
32 Milho verde 0 0 42 306 0 0 0 292,5 0 106,5 18 0 R$ 765,00 1,44
33 Nabo Comprido/Redondo 79,5 54 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 R$ 133,50 0,25
34 Pepino Comum 0 0 26,4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 R$ 26,40 0,05
35 Pepino Japonês 440,3 173,4 23,8 42,5 62,9 0 0 0 0 0 0 0 R$ 742,90 1,40
36 Pimenta Ardida 0 0 0 0 0 0 0 0 13,8 6 0 0 R$ 19,80 0,04
37 Pimenta Dedo de Moça 0 0 0 10,5 0 0 0 0 0 0 0 0 R$ 10,50 0,02
38 Pimentão Verde 178 74 88 84 30 18 0 0 0 0 0 152,5 R$ 624,50 1,18
39 Quiabo 0 0 0 0 0 0 0 0 14,76 43,2 52,2 0 R$ 110,16 0,21
40 Rabanete 28 46,2 174,3 26,6 78,4 72,1 103,6 60,2 0 25,2 37,8 0 R$ 652,40 1,23
41 Repolho Roxo 161,2 0 106,6 0 0 52 150,8 0 62,4 117 31,2 26 R$ 707,20 1,33
42 Repolho Verde 302,4 17,6 252,8 11,2 116,8 364,8 928 489,6 176 0 0 507,2 R$ 3.166,40 5,96
43 Romã 0 4 0 0 0 0 0 0 0 40 0 0 R$ 44,00 0,08
44 Rúcula 98 59,5 119 39,9 78,4 59,5 68,6 97,3 77 18,9 11,9 0 R$ 728,00 1,37
45 Salsa Lisa 171,5 168 140 238 98 28 49,7 73,5 93,8 93,8 104,3 0 R$ 1.258,60 2,37
46 Salsão 75 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 12 R$ 87,00 0,16
47 Tangerina 0 0 0 0 0 0 130 172 0 0 28 0 R$ 330,00 0,62
48 Tomate Cereja 0 0 65 472,5 0 0 21 565 582,5 197,5 12,5 0 R$ 1.916,00 3,61
49 Vagem Comum 0 0 0 14 0 0 0 0 0 0 0 0 R$ 14,00 0,03
R$ 6.766,80 R$ 4.358,81 R$ 3.259,60 R$ 4.689,30 R$ 4.715,20 R$ 3.934,70 R$ 7.225,20 R$ 5.307,90 R$ 4.258,96 R$ 3.457,50 R$ 3.151,20 R$ 2.011,90 R$ 53.137,07 100,00
Valor Bruto da Produção (R$)Cultivares VBP anual/cultivar
VBP mensal/cultivar
VBP (%)