UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E BIOLOGIA MOLECULAR
MARCELA CRISTINA RABELO
TERMOESTABILIDADE DE ENZIMAS DOS SUCOS DE GRAVIOLA E CAJU
FORTALEZA-CE
2012
MARCELA CRISTINA RABELO
TERMOESTABILIDADE DE ENZIMAS DOS SUCOS DE GRAVIOLA E CAJU
Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-
Graduação em Bioquímica do Departamento de Bioquímica e
Biologia Molecular da Universidade Federal do Ceará como
requisito para a obtenção do título de Mestre em Bioquímica.
Área de Concentração: Bioquímica Vegetal.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Raquel Alcântara de Miranda.
FORTALEZA
2012
MARCELA CRISTINA RABELO
TERMOESTABILIDADE DE ENZIMAS DOS SUCOS DE GRAVIOLA E CAJU
Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-
Graduação em Bioquímica da Universidade Federal do Ceará
como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em
Bioquímica com área de concentração em Bioquímica Vegetal.
Aprovada em _____/_____/_____
BANCA EXAMINADORA
Profa. Dra. Maria Raquel Alcântara de Miranda (Orientadora)
Universidade Federal do Ceará
Pesquisador Dr. Carlos Farley Herbster Moura
Embrapa Agroindústria Tropical
Pesquisador Dr. Edy Sousa de Brito
Embrapa Agroindústria Tropical
Pesquisadora Dra. Henriette Monteiro Cordeiro de Azeredo
Embrapa Agroindústria Tropical
AGRADECIMENTOS
À Deus pela saúde e paz.
À professora Dra. Maria Raquel Alcântara de Miranda pela orientação, compreensão e
confiança, fatores fundamentais para o desenvolvimento de trabalho.
Ao pesquisador Dr. Edy Sousa de Brito e seu orientando Jeferson pelo apoio na
elaboração e realização do delineamento experimental e fornecimento de suco.
Ao pesquisador Dr. Carlos Farley Herbster Moura pelo fornecimento de frutos
necessários para o desenvolvimento desse estudo.
Ao professor Dr. Enéas Gomes Filho pelo auxílio quanto ao cálculo e análise de dados
cinéticos.
À Thaís Andrade pela ajuda na bancada e aos demais colegas do Laboratório de
Bioquímica e Fisiologia de Frutos da UFC, Aurelice Barbosa, Luciana de Siqueira, Marília
Freiras, Roberta Lopes, Frederico, Mônica Lopes, Jessika Golçalves, Kellina Oliveira, Sérgio
Dantas e Ana Lívia Brasil pelo auxílio e agradável convivência durante o desenvolvimento
deste trabalho.
Ao programa de pós-graduação em Bioquímica do departamento de Bioquímica e
Biologia Molecular da Universidade Federal do Ceará pelo auxílio em minha formação.
À EMBRAPA Agroindústria Tropical.
Ao projeto Instituto Nacional de Frutos Tropicais e ao CNPq pelo apoio financeiro.
RESUMO
A industrialização de produtos alimentícios visa à obtenção de produtos com características
sensoriais e nutricionais próximas ao produto in natura e que sejam seguros sob o ponto de
vista microbiológico. Nas operações de processamento e durante o armazenamento de suco de
frutas ocorrem transformações que podem resultar em perdas ou aparecimento de sabor e
aroma desagradáveis devido a várias reações bioquímicas complexas entre seus constituintes.
Enzimas, como as peroxidases e as pectinases podem comprometer a qualidade e tempo de
vida útil dos sucos, devendo, portanto, ser inativadas durante as etapas do processamento.
Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do tratamento térmico sobre a atividade de
enzimas nos sucos de caju e graviola. Polpas de graviola madura foram homogeneizadas em
aparelho liquidificador doméstico e diluídas em água destilada na proporção de 1:1, para a
obtenção do suco. Já o suco de caju foi preparado a partir da prensagem de pedúnculos
maduros. Os sucos foram tratados com diferentes temperaturas (55, 65, 75, 85 e 95 °C) por
diferentes tempos (1, 3, 5, 10, 15, 20 e 30 minutos) e então avaliados quanto à atividade das
enzimas dismutase do superóxido (SOD), catalase (CAT), peroxidases do ascorbato (APX) e
guaiacol (G-POD), pectinametilesterase (PME) e poligalacturonase (PG). Para o suco de caju,
observou-se que a SOD apresenta uma elevada resistência a altas temperaturas, de modo que a
exposição a 95 °C resultou em decréscimo em sua atividade residual no primeiro minuto e
depois, em uma recuperação e manutenção da atividade até os 30 min, quando houve então
um declínio para 74%. A atividade residual da APX sofreu um declínio no primeiro minuto de
todos os tratamentos aplicados, seguido de um aumento principalmente a 55 °C. A PME de
suco de caju mostrou-se termorresistente como pode ser observado pelo tratamento a 55 °C
que aumentou sua atividade em até 10 vezes e os demais tratamentos não provocaram grandes
alterações na atividade da PME em relação ao controle. Os resultados encontrados para a PG
se assemelham aos encontrados para a PME, quando as temperaturas mais baixas estimularam
a atividade e de modo geral, o aquecimento nas condições empregadas não reduziu sua
atividade. Para o suco de graviola, o tratamento a 85 e 95 °C resultou em total inativação da
SOD, após 3 min. A G-POD foi inativada em a partir de 1 min a 65 °C. A PME do suco de
graviola se apresentou susceptível ao aquecimento e o tratamento a 95 °C apresentou a maior
redução em sua atividade caindo para 39%, após 30 min. As temperaturas de 85 e 95 °C
resultaram na maior inativação da PG que apresentou atividade residual de 26 e 18% após 30
min, respectivamente. De um modo geral, as enzimas provenientes do suco de caju
mostraram-se mais termorresistentes do que aquelas provenientes do suco de graviola, o que
indica que a origem e as características da solução onde tais enzimas estão inseridas
influenciam em sua termoestabilidade. Como conclusão para o suco de caju, o tratamento a
75 °C por 30 min foi considerado o melhor, enquanto que para o suco de graviola, o
tratamento a 55 °C por 30 min mostrou-se já eficiente em reduzir a atividade residual de
enzimas que levariam a uma depreciação do suco sem comprometer a atividade de enzimas
desejáveis.
Palavras-chave: graviola, caju, enzimas, cinética, calor, inativação enzimática
ABSTRACT
The industrialization of fruit into juices aims to maintain its sensorial and nutritional
characteristics as similar as possible to in natura produce, besides ensuring the
microbiological safety. However, processing and storage of fruit juice triggers a range of
complex biochemical reactions that may lead to losses of desirable or development of
unpleasant flavors. Enzymes such as peroxidases and pectinases may compromise the quality
and shelf-life of juices and therefore should be inactivated. This work´s objective was to
evaluate the thermostability of enzymes from cashew apple and soursop juices. Juices were
prepared as ripe soursop pulp was homogenized with a domestic blender and diluted in water
distilled (1:1) meanwhile, ripe cashew apples were expeller-pressed. The juices were
submitted to different thermal treatments (55, 65, 75, 85 and 95 °C) for different periods of
times (1, 3, 5, 10, 15, 20 and 30 min) and then, evaluated for activity of enzymes: superoxide
dismutase (SOD), catalase (CAT), ascorbate (APX) and guaiacol (G-POD) peroxidases,
pectinamethylesterase (PME) and polygalacturonase (PG). For the cashew juice, SOD activity
was highly resistant to thermal treatments as the exposure to 95 °C initially decreased its
activity followed by a recovery and maintenance of 74% of residual activity, after 30 min.
APX residual activity initially declined under all temperatures tested, but then increased,
especially at 55 °C. PME from cashew juice was thermoresistant as the 55 °C treatment
increased its activity 10-fold and the greater temperatures did not differ from control. PG and
PME presented similar thermostability patterns as the lower tested temperatures stimulated
their activities and the higher temperatures did not alter them. For the soursop juice, the 85
and 95 °C treatments totally inactivated SOD, after 3 min. The G-POD was inactivated after 1
min, at 65 °C. The PME was thermolabile and treatment at 95 °C caused the greatest
reduction in activity, 39%, after 30 min. Treatments at 95 and 85 °C led to the greatest
inactivation of PG to 26 and 18%, respectively, after 30min. The enzymes from cashew apple
juice were more resistant to heating than those from soursop juice, indicating that
characteristics particular to each fruit species and the different preparation methods influenced
their thermostability. As a conclusion, the treatment at 75 °C for 30 min was considered
optimum for cashew juice enzyme inactivation, whereas 55 °C for 30 min was efficient for
the soursop juice in reducing significant amounts of the residual activity of enzymes that
would lead to quality loss without compromising the activity of desirable enzymes.
Keywords: soursop, cashew-apple, juice, kinetics, heat
LISTA DE FIGURAS
1. Atividade residual da SOD nos sucos de caju (A) e graviola (B) em relação ao tempo
sob diferentes temperaturas.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2. Atividade residual da APX no suco de caju (A) e G-POD no suco de graviola (B) em
relação ao tempo sob diferentes temperaturas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3. Atividade residual da CAT em suco de caju sob diferentes temperaturas, em relação ao
tempo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4. Atividade residual da PME nos sucos de caju (A) e graviola (B) em relação ao tempo
sob diferentes temperaturas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35
5. Atividade residual da PG nos sucos de caju (A) e graviola (B) em relação ao tempo
sob diferentes temperaturas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40
LISTA DE TABELAS
1. Atividade específica de enzimas do suco de caju e graviola não tratados termicamente.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23
2. Parâmetros cinéticos estimados para a inativação térmica da SOD em suco de caju e
graviola. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3. Parâmetros cinéticos estimados para a inativação térmica da APX do suco de caju e
da G-POD do suco de graviola. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
4. Parâmetros cinéticos estimados para a inativação térmica da CAT em suco de caju.. 33
5. Parâmetros cinéticos estimados para a inativação térmica da PME de sucos de caju e
graviola. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
6. Parâmetros cinéticos estimados para a inativação térmica da PG em sucos de caju e
graviola. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.1 Importância nutricional e econômica do suco de frutas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.2 Processamento de sucos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.3 Enzimas antioxidantes e responsáveis pelo escurecimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5
2.3.1 Dismutase do superóxido. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.3.2 Peroxidases . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6
2.3.3 Polifenoloxidase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.3.4 Catalase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8
2.4 Enzimas hidrolíticas de componentes da parede celular vegetal. . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.4.1 Pectinametilesterase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.4.2 Poligalacturonase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.5 Cajueiro (Anacardium occidentale L.) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12
2.6 Gravioleira (Annona muricata L.) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
3. OBJETIVOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
4. METODOLOGIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4.1 Preparo do suco. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4.2 Tratamento térmico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4.3 Análise de proteínas totais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4.4 Análise de enzimas antioxidantes e responsáveis pleo escurecimento. . . . . . . . . . . . 17
4.4.1 Obtenção do extrato. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4.4.2 Atividade da dismutase do superóxido. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4.4.3 Atividade da peroxidase do ascorbato. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
4.4.4 Atividade da peroxidase do guaiacol. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
4.4.5 Atividade da catalase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
4.4.6 Atividade da polifenoloxidase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
4.5 Análise de enzimas hidrolíticas de componentes da parede celular vegetal. . . . . . . . 19
4.5.1 Atividade da pectinametilesterase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
4.5.2 Atividade da poligalacturonase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
4.6 Análise dos dados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4.6.1 Cálculo da atividade residual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4.6.2 Cálculo de parâmetros cinéticos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
5.1 Enzimas antioxidantes e responsáveis pelo escurecimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
5.1.1 Dismutase do superóxido. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
5.1.2 Peroxidases. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
5.1.3 Polifenoloxidase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
5.1.4 Catalase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
5.2 Enzimas hidrolíticas de componentes da parede celular. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
5.2.1 Pectinametilesterase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34
5.2.2 Poligalacturonase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
6. CONCLUSÕES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
1
1. INTRODUÇÃO
Uma dieta que é rica em frutos e vegetais tem sido associada com a proteção contra
doenças cardiovasculares (BAZZANO et al., 2002) e alguns tipos de câncer (VAN‟T VEER
et al., 2000). Por isso, a demanda por alimentos mais saudáveis tem aumentado
continuamente por parte dos consumidores, o que contribui para o crescente consumo de suco
de frutas observado nos últimos anos (SANCHO et al., 2007). Na última década, a indústria
brasileira de sucos mostrou um rápido e intenso crescimento, principalmente devido ao
aumento no interesse em sucos de frutas, uma vez que estes produtos foram fortemente
associados a benefícios para a saúde (NIELSEN, 2008).
O Brasil é pioneiro e líder no aproveitamento do pedúnculo de caju (Anacardium
occidentale L.), o qual é uma excelente fonte de vitamina C chegando a apresentar de quatro a
cinco vezes o conteúdo de vitamina C dos frutos cítricos (cerca de 50 mg/100 mL)
(MENEZES et al., 1995). O segmento de sucos é considerado da maior importância no
aproveitamento industrial do pedúnculo de caju com grande potencial no mercado nacional e
internacional (CAMPOS et al.,2002; COSTA et al.,2000; SKLIUTAS et al.,2000).
Assim como o cajueiro, a gravioleira (Annona muricata L.) representa um enorme
potencial agroeonômico para a região Nordeste do Brasil. A polpa de seu fruto é branca e
macia, de sabor doce e é também uma boa fonte de vitaminas do complexo B sendo
principalmente destinada a indústria de sucos (TEIXEIRA et al., 2006; LIMA, 2006).
A industrialização de produtos alimentícios visa à obtenção de produtos com
características sensoriais e nutricionais próximas ao produto in natura e que sejam seguros
sob o ponto de vista microbiológico. Nas operações de processamento e durante o
armazenamento de suco de frutas ocorrem transformações, que podem resultar em perdas no
sabor e/ou aparecimento de cor, sabor e aroma desagradáveis devido à várias reações
bioquímicas complexas entre seus constituintes (GAVA, 1985).
Os sucos naturais também podem apresentar atividade de algumas enzimas, como as
peroxidases e polifenoloxidase, as quais promovem alterações na cor (escurecimento
enzimático) e off-flavor, e as pectinases como a pectinametilesterase e a poligalacturonase , as
quais degradam compostos oriundos da matriz de pectina da parede celular das células
vegetais que comprometem a qualidade e tempo de vida útil desses sucos, devendo, portanto,
ser inativadas durante os processamentos pelos quais esses produtos passam.
O processamento térmico, apesar de poder promover a degradação de alguns
nutrientes e levar a perda de atributos de qualidade como cor e aroma, é o método mais
2
comum para aumentar a vida de prateleira de sucos, possibilitando inibição do crescimento de
microrganismos ou a inativação de enzimas (ELES-MARTÍNEZ et al., 2007). Porém,
dependendo da temperatura e do tempo de exposição, além da espécie vegetal utiliza para o
preparo do suco, algumas destas enzimas podem permanecer ativas mesmo após a aplicação
de calor.
Portanto, os objetivos desse trabalho foram avaliar os efeitos do tratamento térmico
sobre a atividade residual de enzimas antioxidantes e responsáveis pelo escurecimento e
hidrolíticas de componentes da parede celular vegetal presentes no suco de caju e graviola.
3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Importância nutricional e econômica de suco de frutas
A demanda por alimentos mais saudáveis tem aumentado continuamente por parte dos
consumidores, o que contribui para o crescente consumo de suco de frutas observado nos
últimos anos (SANCHO et al., 2007). Uma dieta que é rica em frutos e vegetais tem sido
associada com a proteção contra doenças cardiovasculares (BAZZANO et al., 2002) e alguns
tipos de câncer (VAN‟T VEER et al., 2000). Essa propriedade está relacionada à presença de
fibras solúveis e compostos antioxidantes. No passado, os pesquisadores não conseguiam
definir a diferença entre os efeitos benéficos do consumo de frutas e seus respectivos sucos.
Dessa forma, a descoberta de que os sucos apresentam efeitos similares ao do fruto íntegro só
ocorreu nos últimos anos (RUXTON et al., 2006). Em recomendações sobre a prevenção
contra doenças cardiovasculares e câncer, a Organização Mundial de Saúde (2003) não faz
nenhuma distinção entre frutos e sucos. O consumo mundial de suco de frutas em 2010
chegou a 38,7 bilhões de litros, ficando à frente de bebidas como vinho e leite aromatizado,
com 27,4 e 14,5 bilhões de litros, respectivamente (CITRUSBR, 2012).
Na última década, a indústria brasileira de sucos mostrou um rápido e intenso
crescimento, principalmente devido ao aumento no interesse em sucos uma vez que estes
produtos foram fortemente associados a benefícios para a saúde. Segundo uma pesquisa do
Ibraf (2011), a exportação de sucos não fermentados do Brasil cresceu 7,72% entre 2009 e
2010. Os sucos são fontes de nutrientes como vitaminas, minerais e fibras solúveis.
Dependendo do fruto, fitoquímicos como polifenóis, especialmente os flavonóides, os quais
conferem proteção à saúde humana, podem também estar presentes (MINTEL, 2004).
2.2 Processamentos de sucos
A alta perecibilidade das frutas associada à ausência e/ou deficiência de técnicas
adequadas de manuseio, transporte e armazenamento têm gerado grandes perdas, as quais
podem ser reduzidas pelo processamento.
O processamento industrial de sucos promove o prolongamento da sua vida útil,
tornando-os mais atraentes ao paladar; entretanto, induz mudanças e interações entre os
constituintes do suco. Assim, o processamento pode ter um impacto positivo (destruição de
inibidores ou formação de complexos desejáveis entre os componentes dos alimentos e os
4
íons metálicos) ou um impacto negativo (perda de nutrientes). Durante o processamento, o
suco é exposto a diversos fatores que podem interferir na sua estrutura e composição
nutricional, sendo que temperatura, luz, oxigênio, umidade e pH do meio são os fatores que
mais contribuem para essa alteração (CORREIA et al., 2008).
Muitos são os processos empregados com o intuito de produzir alimentos estáveis e
seguros como a refrigeração, congelamento, desidratação, salga, adição de açúcar,
acidificação, fermentação, pasteurização, esterilização, utilização de pulsos elétricos,
tecnologia de barreiras ou métodos combinados, entre outros (SOUZA FILHO et al., 1999). O
processamento com emprego de calor, processamento térmico, é o método mais comum para
aumentar a vida de prateleira dos produtos, possibilitando a inativação ou inibição do
crescimento de microrganismos e enzimas (ELES-MARTÍNEZ et al., 2007). A aplicação de
calor como forma de processamento de alimentos pode ocorrer de diversas formas. Os
principais tratamentos térmicos utilizados na indústria de alimentos são: branqueamento,
esterilização e pasteurização.
O branqueamento consiste em um tratamento prévio que utiliza água em ebulição ou
vapor por um tempo e uma temperatura pré-estabelecidos, tendo como finalidade inativar
enzimas responsáveis por reações de deterioração, que causam alterações sensoriais e
nutricionais (PROCHASKA et al., 2000). Esse tratamento também reduz a carga microbiana
inicial do produto, promove o amaciamento de tecidos vegetais, facilitando o envase e
removendo o ar dos espaços intercelulares, no caso de vegetais enlatados (AZEREDO, 2004).
O branqueamento também é empregado no processo de esterilização comercial com o
objetivo de remover gases dos tecidos de alimentos e pré-aquecer o produto, diminuindo o
tempo de uso da autoclave (SILVA, 2007).
O processo de esterilização consiste em uma operação unitária, na qual os alimentos
são aquecidos a uma temperatura suficientemente elevada, durante minutos ou segundos,
visando à destruição total de microrganismos e inativação de enzimas capazes de deteriorar o
produto durante o armazenamento (FELLOWS, 1994). Para definir o tempo de tratamento
que deverá ser aplicado, faz-se necessário conhecer a resistência térmica, tanto dos
microrganismos como das enzimas presentes, a velocidade de penetração de calor no
alimento, o seu estado físico e as propriedades térmicas do alimento e do material de envase
(SILVA et al., 2000).
No processo de pasteurização, ocorre o extermínio parcial da flora deteriorante, a
eliminação total da flora microbiana patogênica e a inativação de enzimas prejudiciais. É um
tratamento térmico relativamente suave (temperaturas inferiores a 100 ºC) que promove o
5
prolongamento da vida útil dos alimentos durante vários dias ou meses (FELLOWS, 2000). A
temperatura de pasteurização e o tempo de duração utilizados dependem da carga de
contaminação do produto e das condições de transferência de calor através do mesmo. O
tratamento térmico pode ser feito de duas formas: pasteurização lenta (62-65 °C/ 30 min) e
pasteurização rápida (72-75 °C/ 15-20 s) (EVANGELISTA, 2001).
O tratamento térmico mostra-se eficiente na inativação de enzimas pelo fato de o calor
promover desnaturação de proteínas por modificação em sua estrutura conformacional, a qual
é fundamental para a atividade enzimática e evitar que o substrato atinja o sítio ativo de sua
respectiva enzima (MARTÍNEZ et al., 2006). Independente da técnica utilizada, o tratamento
térmico tem a finalidade de eliminar possíveis microrganismos que poderiam estar presentes
no produto final e inativar enzimas tais como peroxidases, pectinametilesterase e
poligalacturonase, que, quando ativas, depreciam o valor nutricional e qualidade sensorial de
produtos alimentícios à base de frutas, em especial os sucos. Porém, dependendo da
temperatura e do tempo de exposição, além da espécie vegetal utilizada no preparo do suco,
algumas destas enzimas podem permanecer ativas mesmo após a aplicação de calor.
2.3 Enzimas antioxidantes e responsáveis pelo escurecimento
O estresse oxidativo é um desequilíbrio entre a capacidade oxidativa e antioxidativa
nas células vegetais (ARORA et al., 2002) e desta forma, o estresse é definido como uma
condição biótica ou abiótica que interrompe, restringe ou acelera o processo metabólico
normal do organismo (HODGES, 2003). Assim, mudanças nas condições ambientais como
umidade, injúrias mecânicas, normalmente observadas durante a extração de suco de frutas, e
variações de temperatura, dentre outras, podem causar danos oxidativos nas células vegetais,
bem como em órgão como um todo, como o são os frutos e, consequentemente, em seus
derivados (ALSCHER et al.,1997).
2.3.1 Dismutase do superóxido
A dismutase do superóxido (SOD, EC, 1.15.1.1) é uma metaloenzima existente em
vegetais em três isoformas, manganês-SOD (Mn-SOD), Ferro-SOD (Fe-SOD) e cobre-zinco-
SOD (CuZn-SOD), as quais diferem entre si pelo tipo de metal utilizado como cofator
(SANTOS et al., 2000; MORAN et al., 2003). Essa enzima catalisa a dismutação do radical
superóxido (O2•−
) a peróxido de hidrogênio (H2O2). As plantas, normalmente, têm Cu/Zn-
6
SOD no citosol, Cu/Zn e/ou Fe- SOD no cloroplasto e Mn-SOD na mitocôndria. As SOD‟s
são consideradas importantes agentes antioxidantes, porém em elevadas concentrações nas
células animais e bacterianas podem induzir disfunções e morte celular (BAKER E
ORLANDI, 1995). Jiao e Wang (2000) determinaram a atividade de enzimas antioxidantes no
suco de seis diferentes cultivares de amoras pretas (Rubus sp) e evidenciaram a presença da
enzima SOD com atividade entre 8,62 a 13,98 UAE.mg de proteína-1
. Lacan e Baccou (1998)
analisaram a correlação entre enzimas antioxidantes e retardamento da senescência em duas
variedades de melão (Cuccumis melo L.) e observaram elevada atividade da enzima SOD na
variedade de vida útil longa quando comparada à variedade de vida útil curta. Portanto, tal
efeito dessa enzima antioxidante também poderia elevar a vida útil do suco dessa variedade.
2.3.2 Peroxidases
As peroxidases são enzimas antioxidantes essenciais para o sistema de detoxificação
celular que regula os níveis internos de peróxido de hidrogênio, reduzindo este às custas da
oxidação de outros compostos. Em vegetais, as peroxidases são encontradas na forma de
várias isoenzimas, variando no tipo de substrato doador de elétrons utilizado, estabilidade
térmica, peso molecular, ponto isoelétrico e propriedades imunológicas (ROBINSON, 1991).
A peroxidase do ascorbato (APX, EC, 1.11.1.1) é a mais importante na detoxificação
do H2O2 catalisando sua redução usando o poder redutor do ácido ascórbico ou vitamina C
(NOCTOR E FOYER, 1998).
Outra classe de peroxidases (G-POD, EC 1.11.1.7.) utiliza o poder redutor de
compostos fenólicos para degradar o peróxido de hidrogênio. Substratos fenólicos artificiais
como o guaiacol podem ser utilizados nas análises de peroxidases dessa classe, independente
de qual seja seu substrato natural (LOPEZ et al., 1994; MIKA E LUTHJE, 2003; PASSARDI
et al., 2005). A atividade dessas enzimas é indesejada em sucos por ser responsável pelo
desenvolvimento de off-flavor e off-colours, os quais correspondem à formação de sabor e
coloração, respectivamente, endesejáveis.
Essas enzimas promovem um grande número de reações e consequentemente possuem
uma versatilidade que não é excedida por nenhuma outra enzima. Existem naturalmente
vários compostos fenólicos que podem ser oxidados pelas peroxidases na presença de uma
pequena quantidade de peróxido de hidrogênio. Devido à diversidade dos compostos
suscetíveis à oxidação causada por essas enzimas, a variedade de produtos formados (os quais
7
promovem as características indesejáveis citadas) é muito extensa. As peroxidases utilizam
tanto um substrato oxidante, usualmente o H2O2, quanto um redutor (ROBINSON, 1991).
As peroxidases são geralmente as enzimas mais termoestáveis encontradas em frutos e
vegetais, o que faz com que ela seja utilizada como um indicador de inativação enzimática
após determinados tratamentos térmicos (ANTHON et al., 2002), sendo essa estabilidade
dependente do tecido e da espécie (ROBINSON, 1991). Estudos que avaliaram o
comportamento cinético da atividade de peroxidases de extratos de couve-flor (Brassica
oleracea var. Botrytis) submetidos a tratamento térmico mostraram que esta enzima mantém
100% de sua atividade inicial (atividade residual) mesmo após uma exposição por 30 min a 50
°C. Quando a temperatura aumenta para 85 °C, a atividade cai para 11,6%, restando apenas
2,1% a 100 °C (RAYAN et al., 2011). Anthon et al. (2002) observaram que a peroxidase de
suco de tomate da cultivar CXD 199 foi rapidamente inativada a 72 °C, apresentando menor
estabilidade térmica que PME e PG desse mesmo suco. Já a peroxidase de suco de cenoura
apresenta uma alta termoestabilidade, mantendo-se ativa mesmo após 150 min de exposição a
70 °C (JAKOB et al., 2010).
2.3.3 Polifenoloxidase
O escurecimento observado quando a maioria das frutas e dos vegetais é amassada,
cortada, triturada ou processada em suco, é oriunda de reações catalisadas pela enzima
polifenoloxidase (PPO). A ação dessa enzima em várias frutas e vegetais in natura acarreta
perdas econômicas consideráveis, além de diminuição da qualidade nutritiva e alteração do
sabor (ARAÚJO, 1999).
A polifenoloxidase (PPO, EC 1.14.18.1) é uma enzima que contém cobre e é capaz de
catalisar dois diferentes tipos de reação: a hidroxilação de monofenóis a o- difenóis e a de
hidrogenação de o- difenóis a o- quinonas. As quinonas produzidas conduzem
subsequentemente a uma série de reações não enzimáticas que produzem pigmentos e
melanina de cor marrom escura. Na maioria dos tecidos vegetais, essa enzima está localizada
nos plastídios, enquanto que seus substratos localizam-se no vacúolo celular. Dessa forma, a
atividade da PPO só ocorre quando há a ruptura desses tecidos e a liberação do conteúdo
desses compartimentos, o que proporciona o encontro da enzima com o substrato. A PPO é
geralmente considerada uma enzima de baixa termoestabilidade. Tratamentos térmicos de
duração relativamente curta a 70-90°C são suficientes para reduzir substancialmente ou
8
eliminar completamente a atividade dessa enzima em produtos de origem vegetal. No entanto,
a PPO é relativamente estável sob armazenamento a temperatura abaixo de zero (YORUK E
MARSHALL, 2006; ZAWISTOWSKI et al., 1991).
De acordo com Weemaes et al. (1998), a inativação da polifenoloxidase por
tratamento térmico é o método mais eficaz para controlar o escurecimento enzimático. Esses
autores estudaram a estabilidade térmica da PPO em extrato de maçã, abacate, uva, pêra e
ameixa e a inativação térmica dessa enzima foi descrita como cinética de primeira ordem. No
entanto, no caso da ameixa, uma queda na atividade enzimática foi observada nos primeiros
30 s. Como a PPO presente na ameixa é formada por pelo menos duas isoenzimas, é possível
que o decaimento inicial rápido causado pelo aquecimento seja devido à isoenzima com
menor estabilidade. O decréscimo mais lento foi decorrente da isoenzima mais termoestável.
2.3.4 Catalase
Como as peroxidases discutidas anteriormente, a catalase (CAT, EC 1.11.1.6) é uma
enzima que participa na remoção de peróxidos, mais especificamente convertendo o peróxido
de hidrogênio (H2O2) em água (H2O) e oxigênio molecular (O2). As plantas possuem várias
isoformas de catalase, as quais estão presentes nos peroxissomas e glioxissomas. São as
principais enzimas de detoxificação do H2O2 em plantas e podem dismutar diretamente o
H2O2 ou oxidar substratos, tais como metanol, etanol, formaldeído e ácido fórmico. As
catalases podem ser divididas em três classes: catalases da classe 1 removem o H2O2
produzido durante a fotorespiração em tecidos fotossintéticos; catalases da classe 2 são
produzidas em tecidos vasculares e podem exercer uma função de lignificação, mas sua exata
função biológica permanece desconhecida; e na classe 3 estão as catalases presentes
abundantemente em sementes e plantas jovens, e cuja atividade está relacionada à remoção do
H2O2 produzido durante a degradação dos ácidos graxos no glioxissoma. As catalases
funcionam então como canal de limpeza do H2O2 celular (BREUSEGEM et al., 2001). Dessa
forma, a atividade dessa enzima em sucos seria importante no sentido neutralizar a ação do
peróxido de hidrogênio, impedindo sua ação deteriorante sobre as biomoléculas presentes
nesse produto.
9
2.4 Enzimas hidrolíticas de componentes da parede celular vegetal
A estrutura da parede celular dos vegetais é formada por polissacarídeos, que podem
ser divididos de acordo com suas propriedades físico-químicas em: substâncias pécticas,
hemicelulose e celulose. As substâncias pécticas são a pectina e o ácido péctico. A pectina é
um polímero hidrofílico contendo blocos de ácido galacturônico parcialmente esterificados
com grupos metoxila e blocos com outros açúcares como a arabinogalactose, galactose e
arabinose em uma estrutura altamente ramificada. O ácido péctico ou ácido galacturônico é o
resultado da desmetoxilação da pectina (IPPA, 2011).
A pectina é classificada como um agente suspensor e funciona como um estabilizante
em sucos proporcionando a manutenção da sua turbidez (BABYLON, 2011). Além disso,
pectinas e polissacarídeos pécticos estão emergindo como ingredientes alimentares bioativos.
Pectina de toranja é usada industrialmente como estabilizante e suplemento alimentar, pois
melhora a nutrição e o desenvolvimento físico infantil. Esses oligogalacturonídeos e seus
produtos de degradação por enzimas pectinolíticas são classificados como “probióticos” por
serem não digeríveis, ou seja, não são hidrolisados na parte superior do trato gastrointestinal e
podem ser usados como promotores de saúde em nutrição humana e animal por estimularem
seletivamente o crescimento e/ou a atividade de bactérias do colo intestinal (LANG et al.,
2000).
A capacidade de produtos derivados de frutas como purês, polpas e sucos em manter
sua porção sólida em suspensão, ou seja, manter sua viscosidade por toda a sua vida útil
depende principalmente da quantidade e qualidade do material péctico presente em solução
(BEMILLER, 1986; CHOU et al., 1987). A perda de viscosidade e, consequentemente, da
qualidade e aceitação por parte dos consumidores de sucos de frutas é uma conseqüência
direta de alterações na estrutura da matriz de pectina da parede celular vegetal (VAN
BUREN, 1979).
Alterações na composição péctica de produtos derivados de vegetais podem ocorrer
devido à modificação química desses compostos como a -eliminação ou por ação de enzimas
hidrolíticas endógenas, as quais degradam pectina, como a pectinametilesterase e
poligalacturonase (VERLENT et al., 2004). Algumas das implicações destas enzimas nas
indústrias de alimentos incluem o amadurecimento de frutas, clarificação e redução de
viscosidade em sucos de frutas, tratamento preliminar do suco de uva para indústrias
vinícolas, extração de polpa de tomate, fermentação de chá e chocolate, tratamento de
10
resíduos vegetais, degomagem de fibras nas indústrias têxteis e de papel, nutrição animal,
enriquecimento protéico de alimentos infantis e extração de óleos (UENOJO et al., 2007).
2.4.1 Pectinametilesterase
A enzima pectinametilesterase (PME; EC 3.1.1.11) provoca redução na turbidez e
viscosidade de sucos comerciais (KIMBALL, 1991). É uma enzima que está presente
principalmente na lamela média e junções celulares e pode ser encontrada em diferentes
isoformas as quais variam com a espécie vegetal e, no caso de frutos, com o estádio de
maturação (TUCKER et al., 1982). Todas as isoformas compreendem apenas uma cadeia
polipeptídica com massa molecular variando de 10 a 60 kDa (ALONSO et al., 1997;
GIOVANE et al., 1990).
A PME catalisa a hidrólise de grupos metoxil da pectina formando ácidos pécticos
como produtos de sua reação. Essa enzima atua preferencialmente em um grupo metil-éster de
uma unidade de galacturonato próxima a uma unidade não esterificada de galacturonato. A
redução no grau de metoxilação da pectina, catalisada pela PME pode provocar diversas
alterações em relação à textura e firmeza de produtos vegetais (TIJSKENS et al., 1999).
A remoção dos grupos metoxil da cadeia de ácido poligalacturônico a qual forma a
matriz de pectina leva a um aumento no número de grupos carboxílicos livres, os quais podem
se ligar a cátions e gerar ligações cruzadas na cadeia de pectina. A formação dessas ligações
cruzadas é indesejável em sucos, pois faz com que haja a formação de agregados de pectina,
os quais podem precipitar e reduzir o aspecto homogêneo do suco (ANTHON et al., 2002).
Dessa forma, para a manutenção da qualidade de sucos, os processamentos industriais
objetivam a inativação da PME tornando-a uma das enzimas mais importantes na
industrialização e preservação de frutos, sucos e outros produtos industrializados que
envolvem a presença ou a ausência de pectina intacta (ALONSO et al., 1997 ). Além disso, a
PME também torna a pectina suscetível à ação catalítica da enzima poligalacturonase, a qual
atua somente em segmentos da cadeia de pectina que foram desmetiladas por ação da PME
(ANTHON et al., 2002).
Em um estudo com goiaba (Psidium guajava L., cv. Paluma), foi observado que a
temperatura ótima de atividade da PME em extrato concentrado foi entre 75 e 85 °C. Nesse
mesmo estudo, observou-se que essa enzima teve sua atividade aumentada após 30 min de
exposição do extrato a 75 °C, permanecendo com atividade significativa mesmo após 8 h a 90
°C. Segundo os autores desse trabalho, esse comportamento é possível devido à liberação de
11
enzimas que poderiam estar formando complexos com substâncias reguladoras e/ou
inibidoras. Além disso, a elevada atividade da PME sob altas temperaturas nessa espécie pode
estar sendo promovida pela associação dessa enzima a outras biomoléculas que lhe conferem
termoestabilidade (LEITE et al., 2006). Assis et al. (2000) estudaram a PME em acerola
(Malpighia emarginata DC.) e observaram uma redução de cerca de 90% na atividade dessa
enzima em 2 min de incubação a 106 °C. Cameron e Grohmann (1996) estudando isoenzimas
de suco cítrico observaram que uma das isoformas da PME era mais termoestável mantendo
49,2% de sua atividade inicial após 1 min de incubação a 95 °C. Javeri e Wicker (1991)
relataram que a PME em pêssego (Prunus pérsica (L.) Batsch) perde 77% de sua atividade
quando incubada por 5 min a 65 °C e é completamente inativada a 70 °C por 5 min. Seymour
et al. (1991) isolaram duas isformas de PME de toranja (Citrus paradis) e verificaram que
elas diferiam em relação à quantidade de carboidratos a elas associados. Com a remoção
desses carboidratos, houve uma diminuição da estabilidade térmica, sugerindo que essas
moléculas contribuem para a estabilidade térmica da PME.
Um estudo com a PME de cinco cultivares de tomate (Lycopersicon esculentum Mill.)
(LARATA et al., 1995) mostrou que uma delas tinha elevada estabilidade térmica e isso
explicaria a perda de consistência de alguns produtos industriais derivados de tomate durante
o armazenamento. Macdonald et al. (1997) utilizando um ensaio de fluxo contínuo, isolaram
quatro isoformas de PME de limão (Citrus limonum) e observaram que uma delas mostrou
alta estabilidade térmica, mantendo a sua atividade mesmo após ser armazenada a 86 °C por 9
min. Os autores atribuíram a desestabilização do suco de limão à termoestabilidade desta
isoforma.
2.4.2 Poligalacturonase
A poligalacturonase (PG; EC 1.2.1.15) catalisa a clivagem hidrolítica das ligações -
1,4 da cadeia de ácido poligalacturônico da pectina, levando a uma redução na viscosidade e
uma precipitação de partículas sólidas durante o armazenamento de produtos derivados de
frutas e legumes. A ação dessa enzima depende diretamente da ação da PME, pois o substrato
ideal para a PG é a pectina desmetilada. Algumas espécies vegetais, tais como tomates
(Lycopersicon esculentum Mill.) apresentam três isoformas de PG: PG1, PG2A e PG2B, onde
PG2A e PG2B encontram-se normalmente agrupadas formando PG2. Nessas espécies, a
isoforma PG2 é termolábil e totalmente inativada em um tratamento de 5 minutos a 65 °C. A
PG1 é um dímero formado a partir de uma associação da PG2 com uma glicoproteína
12
termostável conhecida como -subunidade, a qual promove a termoestabilidade dessa
isoforma (FACHIN et al., 2003).
A atividade da PG já foi encontrada em vários sucos de frutos. Em produtos a base de
tomate, um aumento na solubilidade de constituintes da parede celular é devido a ação da
poligalacturonase, o que leva a uma redução na viscosidade do produto final (LOPEZ et al.,
1997). Para evitar danos relacionados à ação da PG, sua inativação é normalmente realizada
por processamento térmico, porém há poucos dados na literatura sobre a cinética de
inativação dessa enzima (GOULD, 1992). Fachin et al. (2003), analisaram a atividade da
poligalacturonase em suco de tomate (Lycopersicon esculentum Mill.) tratado por 5 minutos
com temperaturas variando de 40 a 90 °C e observaram duas fases de inativação, a primeira
em torno de 55 °C e a segunda a aproximadamente 65 °C, o que sugere a presença de duas
isoenzimas de PG com diferentes termoestabilidades. Anthon et al. (2002), estudando cinética
de inativação da PG em sucos de tomates da cultivar 199 CXD, observaram que a isoforma
termoestável PG1 mantinha-se ainda ativa com 15% da atividade inicial quando o suco era
exposto a 85 °C, enaquanto que a PG2 foi completamente inativada a 75 °C.
2.5 Cajueiro (Annacardium occidentade L.)
O cajueiro (Anacardium occidenlale L.) pertence à família Anacardiaceae, a qual
inclui árvores e arbustos tropicais e subtropicais. Esta família possui cerca de 60 gêneros e
400 espécies, englobando ainda a mangueira (Mangifera indica L.), os cajás e a cirigüela
pertencentes ao gênero Spondias (CRANE E CAMPBELL, 1990; JOHNSON, 1973). É uma
planta xerófila, rústica e típica de clima tropical. Originária do Brasil, do litoral nordestino, a
árvore espalhou-se para diversos países da África e para a Índia (PARENTE et al., 1991).
Planta de porte baixo é um caráter da maior importância em frutíferas perenes. No
cajueiro, clones comerciais do tipo anão-precoce possuem este caráter, que facilita práticas de
manejo (como poda e combate a pragas e doenças) de difícil execução ou inviáveis em
pomares de cajueiro do tipo comum. A uniformidade da copa é importante no arranjo e
manipulação das plantas, com reflexos positivos para o manejo do pomar e para a produção
(BARROS et al., 2000).
O fruto do cajueiro é a castanha, um aquênio reniforme (3g a 32g), com tegumento
liso, coriáceo, cinzento ou verde acinzentado; o mesocarpo é espesso, alveolado, cheio de um
líquido viscoso, vermelho, acre, cáustico e inflamável, comumente chamado LCC (líquido da
casca da castanha). Desenvolve-se por seis a oito semanas após a polinização, com o
13
pedúnculo (maçã ou pseudofruto) desenvolvendo-se mais intensamente durante as duas
últimas semanas. O fruto e o pedúnculo caem juntos e espontaneamente após sete a oito
semanas (WUNNACHIT E SEDGLEY, 1992).
O pedúnculo do cajueiro é carnoso, suculento e apresenta grande variação de tamanho
desde 3 cm até 20 cm de comprimento por 3 cm até 12 cm de largura, com peso entre 15 g a
200 g, formatos diversos e cor variando desde o amarelo-canário até o vermelho vinho
(BARROS et al., 1984).
O Brasil é pioneiro e líder no aproveitamento de pedúnculo de caju. Entretanto, a
adstringência decorrente da presença natural de taninos vem sendo tradicionalmente referida
como um dos principais obstáculos contra o aumento das exportações dos pedúnculos de caju
(AGOSTINI-COSTA et al., 2003). Os taninos são constituídos por compostos fenólicos com
peso molecular relativamente elevado, solúveis em água, que formam complexos
razoavelmente fortes com proteínas e outros polímeros (JOSLYN, 1964). Por causa da
concentração bastante elevada de taninos no pedúnculo do caju, esse grupo de compostos
desempenha importante papel na determinação do sabor. O pedúnculo do caju é uma
excelente fonte de vitamina C, chegando a apresentar quatro a cinco vezes o teor de vitamina
C dos frutos cítricos (MENEZES et al., 1995). De acordo com Garruti et al. (2002),
pseudofrutos do clone CCP 76 cultivado sob condições de sequeiro apresentaram coloração
do amarelo-alaranjado ao laranja e características sensoriais como elevada suculência e
maciez, sabor e aroma doce; já as amostras de clones BRS 189, cultivadas sob as mesmas
condições, apresentaram coloração vermelho-alaranjado, forte aroma doce e elevada
adstringência.
2.6 Gravioleira (Annona muricata L)
A gravioleira (Annona muricata L) é considerada a mais tropical das anonáceas,
família onde estão incluídas plantas como a ateira, pinha ou fruta-do-conde, condessa,
araticum, biribá e cherimóia. É uma espécie nativa da América Tropical, porém há
controvérsias quanto ao seu lugar de origem (STANDLEY, 1973).
São-José et al. (2000) citam que as áreas produtoras de graviola estão instaladas
principalmente nas regiões litorâneas e semiáridas do Nordeste do Brasil, onde predominam
as variedades „Nordestina‟ e „Crioula‟. A produção, que era totalmente destinada para a
agroindústria, já tem um volume significativo comercializado como fruto fresco
especialmente nos mercados de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Fortaleza e
14
Brasília. No entanto, a alta perecibilidade do fruto e o curto período de conservação após a
colheita respondem por altos índices de perdas (MOSCA et al., 1997).
O fruto da gravioleira é uma baga com inúmeros carpelos verdes vulgarmente
denominados de “acúleos” ou “espinhos”, com peso variando de 0,9 a 10 kg (LEÓN, 1987).
De acordo com Corrêa (1978), esse fruto tem forma irregular, elipsóide e pode medir 30 cm
de comprimento por 12 cm de largura, apresentando epiderme verde‐escuro, espessa e
areolada. A polpa é branca sucosa, macia, de sabor doce, um pouco fibrosa, com sementes de
cor castanha ou preta e, além disso, é também uma boa fonte de vitaminas do complexo B
(LIMA, 2006; TEIXEIRA et al., 2006).Durante o amadurecimento desses frutos há um
aumento no conteúdo de ácido ascórbico, sacarose, frutose e glicose, além de um aumento na
atividade das enzimas amilase, poligalacturonase e celulase (PAULL, 1982).
O fruto é normalmente consumido na forma in natura, mas apresenta-se como uma
fonte potencial para a produção comercial de polpa congelada, purê, geléia, fruto em pó e
sucos (ABBO et al., 2006). Apesar de poucos estudos feitos sobre os efeitos da Annona
muricata L. em seres humanos, Oberlies et al. (1997) relataram que a graviola pode ser um
medicamento eficaz no controle de células tumorais. Já Champy et al. (2004) afirmam que a
anonacina, um constituinte lipofílico isolado da graviola, é inibidor do complexo I
mitocondrial e induz a neurodegeneração estriatal e da substância nigra, uma disfunção
neuronal que pode acarretar a doença de Parkinson.
15
3 OBJETIVOS
Esse trabalho teve como objetivo geral avaliar o efeito do tratamento térmico sobre a
atividade das enzimas dismutase do superóxido, peroxidases, polifenoloxidase, catalase,
pectinametilesterase e poligalacturonase nos sucos de caju e graviola.
Objetivos específicos a serem avaliados são:
- Analisar qual tratamento seria o mais eficiente a fim de promover a inativação das
enzimas indesejadas sem afetar a qualidade do suco;
- Verificar quais são as enzimas mais e menos resistente às elevadas temperaturas
aplicadas aos sucos.
16
4 METODOLOGIA
4.1 Preparo dos sucos
Pedúnculos de Anacardium occidenlale L. do clone CCP76, no estádio maduro e com
coloração alaranjada foram utilizados para a obtenção do suco prensado, conforme descrito
por Abreu (2001). O preparo do suco consiste basicamente na prensagem do pedúnculo com
prensa do tipo EXPELLER da marca CEIL com uma força de 730 N.
Para a obtenção do suco de graviola, frutos maduros da variedade „Crioula‟ ou
„Nordestina‟ tiveram suas sementes e casca removidas para a obtenção de aproximadamente 4
kg de polpa, a qual foi homogeneizada em aparelho liquidificador doméstico da marca Walita
com água destilada, em uma proporção de 1:1.
4.2 Tratamento térmico
Para ambas as espécies analisadas, o suco foi distribuído em tubos de ensaio contendo
50 mL cada, e então transferidos para banho-Maria onde permaneceram por 1, 3, 5, 10, 15, 20
e 30 minutos nas temperaturas de 55, 65, 75, 85 e 95 °C. Ao término de cada período, o suco
foi imediatamente transferido para banho de gelo e em seguida acondicionado em frasco
devidamente etiquetado e armazenado a –80 °C, até o dia de análise. As amostras foram
separadas em três repetições as quais foram analisadas em duplicata quanto à atividade das
enzimas dismutase do superóxido, catalase, peroxidases do ascorbato e guaiacol,
poligalacturonase e pectinametilesterase.
4.3 Análise de proteínas totais
O conteúdo total de proteínas foi analisado segundo a metodologia proposta por
Bradford (1976) onde, 1000 µL de reagente de Bradford foi adicionado a 100 µL de extrato e
analisados em espectrofotômetro a 595 nm. A atividade de todas as enzimas foi baseada no
conteúdo de proteínas totais de cada extrato, representando sua atividade específica. Cada
amostra foi analisada em duplicata.
17
4.4 Análise de enzimas antioxidantes e responsáveis pelo escurecimento
4.4.1 Obtenção do extrato
Para a obtenção do extrato, 1 g de suco foi homogeneizada em vortex com 5 mL de
solução tampão contendo fosfato de potássio monobásico 0,1 M e EDTA 0,1 mM, pH 7,0, por
1 min. Em seguida, o homogeneizado foi centrifugado a 5000 rpm e 4 ºC por 40 min. O
material precipitado foi descartado e o sobrenadante foi recolhido e congelado a –18 ºC para
posterior utilização como extrato para a análise das enzimas dismutase do superóxido,
peroxidase do ascorbato e guaiacol e catalase.
4.4.2 Atividade da dismutase do superóxido
A enzima dismutase do superóxido (SOD, EC 1.15.1.1) foi analisada de forma
indireta, como foi descrito por Giannopolitis e Ries (1977), baseando-se no conteúdo de
formazana oriundo da reação entre o radical superóxido, proveniente da reação entre o
oxigênio atmosférico e a riboflavina na presença de luz, e o nitro blue tetrazolium (NBT). A
SOD presente nos extratos degradaria o radical superóxido e assim, impediria a formação de
formazana. Então, foram misturados 1000 µL de solução tampão com pH 7,8 contendo
fosfato de potássio monobásico 0,05 M, EDTA 0,1 mM e metionina 19,5 mM, 50 µL de
extrato, 150 µL de NBT 750 µM e 300 µL de riboflavina 10 µM. Para essa análise utilizaram-
se ainda dois tipos de controle, um claro e um escuro, onde o volume correspondente ao
extrato foi substituído por solução tampão. Os tubos contendo o branco claro e os diferentes
extratos a serem analisados foram colocados em uma caixa de madeira revestida com papel
alumínio contendo duas lâmpadas fluorescentes de 20 W por 15 min. O controle escuro
permaneceu no escuro durante os mesmos períodos de tempo. Ao final desse período,
seguiram-se as análises de conteúdo de formazana em espectrofotômetro a 560 nm, onde o
controle escuro foi utilizado para zerar o mesmo. Uma unidade de atividade (UA) foi definida
como a quantidade de enzima necessária para inibir em 50% a fotorredução do NBT
(BEAUCHAMP E FRIDOVICH, 1971). Cada extrato foi analisado em duplicata e a atividade
específica média expressa como UAE/ mg de proteína.
18
4.4.3 Atividade da peroxidase do ascorbato
Para a determinação da atividade da enzima peroxidase do ascorbato (APX, EC
1.11.1.1), 1350 µL de solução tampão fosfato de potássio monobásico 0,05 M e EDTA 0,05
mM pH 6,0 foram colocados em banho-Maria a 30 ºC e adicionados 50 µL de extrato, 50 µL
de solução de peróxido de hidrogênio 0,03 M e 50 µL de ácido ascórbico 0,015 M. A mistura
foi homogeneizada em vortex e analisada em espectrofotômetro a 290 nm em um intervalo de
5 min. As amostras foram analisadas em duplicata. Essa marcha analítica visa a análise da
atividade da APX presente nos extratos a partir da mensuração da decrescente concentração
de ácido ascórbico, o qual é oxidado durante a degradação de peróxido de hidrogênio, como
foi descrito por Nakano e Asada (1981). A atividade média foi expressa como µmol H2O2.mg
de proteína-1
.min, considerando que é necessário dois mols de ácido ascórbico para reduzir
um mol de H2O2 (AMANKO et al.,1994).
4.4.4 Atividade da peroxidase do guaiacol
O extrato enzimático utilizado na análise dessa enzima é o mesmo utilizado para a
análise das enzimas antioxidantes. Para essa análise, 950 µL de solução tampão de fosfato de
potássio monobásico 0,1 M e EDTA 0,1 mM, pH 7,0, foram mantidos a 30 °C por 10 min e,
em seguida, foram adicionados 500 µL de solução de guaiacol 0,2 M, 500 µL de solução de
H2O2 e 50 µL de extrato enzimático. A solução resultante foi homogeneizada em vortex e,
então, sua absorbância foi medida em espectrofotômetro a 470 nm em um intervalo de 5
minutos (AMANKO et al.,1994). A média dos resultados foi expressa em µmol de H2O2.min-
1. mg de proteína.
4.4.5 Atividade da catalase
A atividade da catalase (CAT, EC 1.11.1.6) foi mensurada a partir da análise de
degradação de peróxido de hidrogênio, composto cuja concentração foi medida em
espectrofotômetro a 240 nm. Para essa análise, 1390 µL de solução tampão fosfato de
potássio monobásico 0,1 M e EDTA 0,1 mM pH 7,0 foram colocados em banho-Maria a 30
ºC e em seguida adicionou-se 60 µL de solução de peróxido de hidrogênio 0,5 M e 50 µL de
extrato. O volume final foi homogeneizado em vortex e sua absorbância foi analisada em um
19
intervalo de 5 min de acordo com Beers e Sizer (1952). Essa análise foi realizada em triplicata
e a atividade média foi expressa como µmol H2O2.mg de proteína-1
.min.
4.4.6 Atividade da polifenoloxidase
Para a obtenção do extrato, 5 g de suco foi homogeneizada em vortex com 10 mL de
solução tampão contendo fosfato de potássio monobásico 50 mM e 1% de PVP, pH 7,0, por 1
min. Em seguida, o homogeneizado foi centrifugado a 5000 rpm e 4 ºC por 40 min. O
material precipitado foi descartado e o sobrenadante foi recolhido e congelado a –18 ºC para
posterior utilização como extrato para a análise das enzimas antioxidante.
Para essa analise, uma mistura de reação contendo 300 µL de extrato e 1,85 mL de
solução tampão fosfato de potássio 0,1 M com catecol 0,1 M, pH 6,0 (preparada no momento
da análise), foi acondicionada em banho-Maria a 30 °C por 30 min. Tal ensaio visa a
formação de quinonas e pigmentos de coloração escura resultantes da ação da PPO, presente
no extrato, sobre o substrato presente na solução tampão (catecol). Ao término do tempo de
acondicionamento, 800 µL de solução de ácido perclórico 0,2 N foram adicionados à mistura
para que a reação da PPO fosse paralisada. Essa mistura final foi centrifugada a 5000 rpm por
5 min e o sobrenadante submetido à leitura em espectrofotômetro a 395 nm (WISSEMANN et
al., 1980).
4.5 Análise de enzimas hidrolíticas de componentes da parede celular vegetal
4.5.1 Atividade da pectinametilesterase
O extrato para a análise da PME (PME; EC 3.1.1.11) foi obtido a partir de uma
adaptação do método proposto por Korner et al. (1980), onde o suco (5 g) foi homogeneizado
em 20 mL de solução de NaCl 0,2 M gelada e filtrado em papel de filtro. O filtrado foi
utilizado como extrato para a análise de atividade dessa enzima e o conteúdo total de
proteínas foi determinado segundo a metodologia de Bradford (1976).
A atividade da PME foi determinada a partir da mensuração por titulometria da
quantidade de grupos carboxílicos livres formados como resultado da ação dessa enzima
sobre a pectina (substrato), de acordo com o método proposto por Kertesz (1955). Já que, os
grupos carboxílicos liberados em solução reduzem o pH da mesma. Dessa forma, 5 mL de
extrato enzimático foram adicionados a 30 mL de solução de pectina cítrica 1% em NaCl 0,2
20
M, pH 7,0. A solução final foi titulada com NaOH 0,1 M até que o pH da mesma se
mantivesse em 7,0 ± 0,09 por 10 min. Uma unidade de atividade dessa enzima é definida
como a quantidade de enzima capaz de desmetilar pectina correspondendo ao consumo de 1
mol de NaOH.min-1
.g de massa fresca, sendo a média representada como UAE.mg de
proteína-1
.
4.5.2 Atividade da poligalacturonase
Inicialmente, 12,5 g de suco foram homogeneizados com 25 mL de água destilada
gelada e, em seguida, foram centrifugados a 5000 rpm por 10 min a 4 °C. O sobrenadante foi
descartado e o precipitado foi ressuspenso em 10 mL de água destilada e submetido a uma
nova centrifugação nas mesmas condições da primeira. Esse passo foi repetido ainda uma
terceira vez, até que o sobrenadante foi descartado e o precipitado ressuspenso em NaCl 1 M,
e teve seu pH aferido para 6,0 por meio de adição de solução de NaOH 1M, sendo então
mantido em repouso a 4 °C por 1 h. Ao final desse período, a solução foi submetida a uma
nova centrifugação a 5000 rpm e 4 °C por 20 min. O sobrenadante resultante desse processo
foi separado como o extrato. O conteúdo total de proteínas foi determinado segundo a
metodologia de Bradford (1976).
A análise de atividade da poligalacturonase (PG, EC 3.2.1.15) baseia-se na
determinação da quantidade de açúcar redutor liberado em solução devido à atividade desta
enzima quando em um meio contendo condições ótimas de temperatura, pH e concentração de
substrato. Dessa forma, foram preparados dois ensaios. No primeiro ensaio, 3 mL de extrato
enzimático foram adicionados a 3 mL de água destilada, gerando uma solução final da qual
foi retirada uma alíquota (AR-1) de 1,5 mL para a determinação da concentração de açúcares
redutores pelo método do DNS. No segundo ensaio, 3 mL de extrato enzimático foram
adicionados a 3 mL de solução de ácido poligalacturônico 0,25% em tampão acetato de sódio
37,5 mM, pH 5,0. Essa solução foi mantida em banho-Maria a 30 °C por 3 h (condições para
que a enzima atue sobre seu substrato e libere açúcar em solução). Ao final, a reação da PG
foi interrompida por exposição à água em ebulição (100 o
C). Então, foi retirada uma alíquota
(AR-2) de 1,5 mL para a determinação da concentração de açúcares redutores pelo método do
DNS. A subtração do valor de AR-1 por AR-2 foi utilizado nos cálculos para determinação da
atividade média da poligalacturonase, a qual foi expressa µmol de açúcares redutores. min-
1.mg de proteína.
21
A determinação de açúcares redutores (AR) é realizada em meio alcalino, no qual os
açúcares redutores reduzem o ácido 3,5 dinitro salicílico (DNS) à ácido 3-amino-5-
nitrossalicílico, enquanto que, o grupamento aldeído é oxidado a ácido aldônico. O ácido 3-
amino-5-nitrossalicílico é um produto de cor laranja, sendo a intensidade da coloração
correspondente a concentração de AR (MILLER, 1959).
Para quantificar o conteúdo de açúcares redutores, 1,5 mL da amostra e 1000 µL do
reagente DNS foram homogeneizados em vortex e depois submetidos à água fervente (100
oC) por 5 min. A água fervente é necessária para que haja a reação de redução do DNS, a qual
só ocorre sob elevadas temperatura. Após o tempo de reação, o tubo de ensaio é
imediatamente transferido para banho de gelo para que a reação seja interrompida. Após a
solução ter atingido a temperatura ambiente, adiciona-se água destilada à mesma até um
volume final de 10 mL e, então, procede-se a medição em espectrofotômetro a 540 nm. O
cálculo da concentração de AR é feito com o auxílio de uma curva padrão preparada com
concentrações previamente estabelecidas de glicose e é dado em µg de AR.g de massa fresca
-1.
4.6 Análise dos dados
4.6.1 Cálculo da atividade residual
Os resultados de atividade de todas as enzimas analisadas foram expressos como
porcentagem (%) da atividade residual média, a qual é calculada a partir da razão entre o valor
médio de atividade específica (A) encontrado no suco para um determinado tempo de
tratamento e a atividade média específica inicial (A0) que representa a atividade no suco não
tratado, multiplicado por 100.
4.6.2 Cálculo de parâmetros cinéticos
Além da atividade residual, também foram calculados alguns parâmetros cinéticos da
atividade enzimática. Segundo Terefe et al. (2009), para alimentos processados, reações
enzimáticas de primeira ordem são comumente expressas pelos valores de k e D, onde k
representa a constante de inativação enzimática de primeira ordem (expressa em min-1
) e D é
o tempo (min) necessário para que uma enzima perca 90% de sua atividade. Esses parâmetros
podem ser estimados partir do gráfico do log (A/A0) sob determinada temperatura versus
tempo de exposição, onde o k corresponde à tangente desse gráfico e o D é a razão entre 2,303
22
e k (D = 2,303 / k). Dessa forma, a inativação enzimática à medida que a temperatura do meio
se eleva é acompanhada por um aumento no valor de sua constante de inativação e uma
redução no valor D.
23
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os tratamentos térmicos são utilizados para manter a estabilidade de produtos
alimentícios a fim de remover microorganismos e inativar enzimas, tais como as peroxidases
e as pectinases que poderiam deteriorar o produto final, reduzindo assim seu tempo de vida
útil (CORREIA et al., 2008). O tratamento térmico mostra-se eficiente na inativação de
enzimas pelo fato do calor promover a desnaturação de proteínas por modificação de sua
estrutura conformacional, evitando que o substrato chegue até o sítio ativo de sua respectiva
enzima (MARTÍNEZ et al., 2006). Porém, esse tipo de processamento também pode acarretar
perdas nutricionais e levar à inativação de compostos que, quando presentes, aumentam os
índices de qualidade e aceitação desses produtos, como é o caso dos antioxidantes
enzimáticos e não enzimáticos que atuam na eliminação de espécies reativas de oxigênio
(EROs), as quais depreciam a qualidade e o tempo de prateleira de alimentos de origem
vegetal. Todavia, não há relatos na literatura sobre os efeitos do tratamento térmico na
atividade de enzimas antioxidantes.
A Tabela 1 mostra os valores de atividade específica das enzimas analisadas nos sucos
que não foram submetidos a tratamento térmico (suco controle ou tempo zero), a qual serviu
de referência para o cálculo da atividade residual.
Tabela 1. Atividade específica de enzimas do suco de caju e graviola não tratados termicamente
Enzima Suco Atividade Específica
SOD
(UA.mg proteína-1
)
Caju 7,14 ± 0,03
Graviola 10,72 ± 0,04
APX
(µmol H2O2.min-1
.mg proteína)
Caju 0,60 ± 0,00
G-POD
(µmol H2O2.min-1
.mg proteína)
Graviola 0,02 ± 0,00
PPO
(UAE.min-1
.mg proteína)
Caju
Grviola
-
-
CAT
(µmol H2O2.min-1
.mg proteína)
Caju 74,00 ± 0,06
Graviola -
PME
(UAE. min-1
.mg proteína)
Caju 501,84 ± 32,1
Graviola 7128,15 ± 45,3
PG
(mol AR.min-1
.mg protein)
Caju 50,42 ± 3,02
Graviola 42,85 ± 2,07
(-): atividade não determinada.
24
5.1 Enzimas antioxidantes e responsáveis pelo escurecimento
5.1.1 Dismutase do superóxido
Dismutase do superóxido são metaloenzimas que apresentam um papel chave na
proteção contra o estresse oxidativo (MORAN et al., 2003; SANTOS et al., 2000). As Figuras
1(A e B) mostram os resultados de atividade da dismutase do superóxido nos sucos de caju e
graviola submetidos a tratamento térmico, respectivamente. No suco de caju, a SOD mostrou
uma resistência ao tratamento térmico, de modo que em 55 °C a atividade dessa enzima pouco
foi alterada, mantendo-se sempre com mais de 80% de sua atividade residual até o fim do
tratamento. A exposição a 65 °C provocou uma redução na atividade dessa enzima após 5 min
de tratamento, que se manteve por todo o experimento chegando a 45% de redução na
atividade residual ao final dos 30 min de exposição. Aos 75 °C há uma queda quase linear na
atividade da SOD nos 15 min iniciais de tratamento chegando a atividade residual a 61,5%. O
tratamento a 85 °C provoca as maiores perdas na atividade dessa enzima logo no início do
tratamento com perda de 63% após 1 min e após essa queda inicial, o aumento no tempo de
exposição a essa temperatura provoca uma relativa manutenção na atividade residual da SOD,
mostrando que a enzima do suco de caju apresenta uma elevada resistência a altas
temperaturas. Para corroborar com essa afirmação, a exposição desse suco a 95 °C resultou
em um decréscimo no primeiro minuto e depois, em uma recuperação e manutenção da
atividade até os 30 min, quando atingiu 74%.
Quando o suco de graviola foi submetido a uma temperatura de 55 °C, a atividade da
SOD decaiu no primeiro minuto seguido por um pico atingido 150% de atividade residual aos
5 min, depois do qual decaiu para 67%. Aos 65 °C houve uma redução na atividade da SOD
seguida de aumento aos 10 min para depois decair continuamente até atingir 6,7%, aos 30
min. Já aos 75 °C, a SOD do suco de graviola apresentou apenas 11% de sua atividade inicial
aos 5 min e foi completamente inativada após 10 min. Quando o suco foi exposto a 85 e 95
°C, a enzima em questão só resistiu ao primeiro minuto de tratamento, sendo totalmente
inativada após 3 min.
25
Figura 1. Atividade residual da SOD nos sucos de caju (A) e graviola (B) em relação ao tempo sob diferentes
temperaturas.
26
A Tabela 2 mostra os valores de alguns parâmetros cinéticos calculados para a
atividade da SOD após o tratamento térmico. A constante de inativação k reflete a propriedade
de inativação das enzimas de modo que, quanto maior for o seu valor, maior será a inativação.
Os valores de k foram muito baixos para a enzima proveniente do suco de caju em todos os
tratamentos, refletindo sua elevada estabilidade térmica. A SOD do suco de graviola não foi
inativada pelo tratamento a 55 °C (Figura 1B), mas os elevados valores de k em temperaturas
a partir de 65 °C mostram sua sensibilidade a esses tratamentos.
Tabela 2. Parâmetros cinéticos estimados para a inativação térmica da SOD em suco de de caju e graviola.
Temperatura (°C) Suco k (min-1
) D (min)
55 Caju 0,003 767,66
Graviola 0,003 767,66
65 Caju 0,044 52,34
Graviola 0,118 19,51
75 Caju 0,023 100,13
Graviola 0,359 6,41
85 Caju 0,009 255,88
Graviola 0,287 8,02
95 Caju 0,006 383,83
Graviola 0,262 8,79
Já o parâmetro D está relacionado com o tempo necessário para reduzir em 90% a
atividade enzimática inicial de modo que, quanto maior for o seu valor, mais lentamente a
enzima está sendo inativada. O valor D (767,66) do suco de caju tratado a 55 °C pode ser
associado ao baixo valor k indicando que dificilmente será inativada nessas condições. Aos 95
°C, os valores de D mostram que a SOD do suco de caju demoraria 383,8 min, enquanto a de
graviola demoraria 8,7 min para reduzir em 90% sua atividade. Então, como pôde ser visto a
SOD proveniente do suco de caju mostrou-se muito mais resistente ao tratamento térmico do
que a do suco de graviola e essa diferença pode ser devido às diferenças próprias de cada
espécie vegetal e à forma de preparo de cada suco, prensagem e homogeneização,
respectivamente. O suco de caju apresentou uma maior quantidade de partículas em
suspensão, o que pode ter contribuído para uma maior estabilidade térmica de suas enzimas,
uma vez que estas são protegidas pela presença de outras biomoléculas, tais como proteínas,
carboidratos e pectinas (WHITAKER, 1972).
Scalzo et al. (2004) analisando os efeitos do processamento térmico sobre os
antioxidantes presentes em suco de Citrus sinensis (L.) observaram que um tratamento a 80
27
°C por 6 min é capaz de reduzir significativamente os conteúdos de antioxidantes não
enzimáticos como o ácido ascórbico e antocianinas, além de promover uma redução na
capacidade antioxidante total. Na literatura não há relatos sobre temperatura ótima,
estabilidade térmica e comportamento cinético da SOD para que sejam comparados aos dados
encontrados nesse trabalho.
5.1.2 Peroxidases
A peroxidase (POD) é do grupo das oxidoredutases, sendo capaz de catalisar um
grande número de reações oxidativas que resultam em alterações de sabor e coloração de
frutos e seus derivados (VÁMOS-VIGYÁZÓ, 1981). Para evitar essas reações indesejáveis,
tratamentos térmicos capazes de inativar essas enzimas são usualmente empregados para a
preservação desses produtos alimentícios (WILLIAMS et al.,1986). As peroxidases são
geralmente consideradas as enzimas mais termoestáveis em plantas (KHAN et al., 1993).
Como consequência dessa termoestabilidade, elas têm sido amplamente usadas como um
indicador de tratamentos térmicos em alimentos processados (KHAN et al., 1993;
CLEMENTE, 2002).
A APX é a peroxidase mais importante na degradação do H2O2, catalisando a redução
dessa espécie reativa à água usando o poder redutor do ascorbato (NOCTOR E FOYER,
1998). A G-POD é uma isoforma de peroxidases que utiliza um composto fenólico como
agente redutor, o guaiacol (o-metoxifenol), para promover a degradação do H2O2. A oxidação
de compostos fenólicos resulta na formação de compostos de coloração escura (TAYEFI-
NASRABADI et al., 2011). Os sucos de caju e graviola foram avaliados quanto à atividade
das duas formas de peroxidases, porém a única encontrada no suco de caju foi a APX e no
suco de graviola, foi a G-POD. Então, a Figura 2 (A e B) mostra a atividade residual da
peroxidase do ascorbato no suco de caju e da peroxidase do guaiacol no de graviola.
28
Figura 2. Atividade residual da APX no suco de caju (A) e G-POD no suco de graviola (B) em relação ao tempo
sob diferentes temperaturas.
29
No suco de caju, a atividade residual da peroxidase do ascorbato sofreu um declínio
em sua atividade residual logo no primeiro minuto de todos os tratamentos aplicados e depois
voltou a aumentar principalmente a 55 °C atingindo menos de 80% ao final dos 30 min. As
demais temperaturas testadas tenderam a reduzir atividade por até 20 min, então quando se
pôde observar um novo aumento. Esses resultados indicam que a temperatura mais baixa
utilizada estimulou a APX e que as demais temperaturas inicialmente a reduziram, porém ao
final, isoformas mais resistentes foram ativadas.
No suco de graviola, o tratamento a 55 °C promoveu uma redução lenta na atividade
residual da G-POD, a qual manteve apenas 54,1% de sua atividade residual após 30 min. As
temperaturas igual e acima de 65 °C provocaram uma drástica queda na atividade logo no
primeiro minuto de tratamento levando à inativação dessa enzima, apesar desta ser
considerada pela literatura como uma enzima termoresistente.
A atividade da G-POD não foi detectada em suco de caju, o que sugere que possíveis
alterações na coloração devido a reações que provocam escurecimento não se devem à ação
dessa enzima. Damasceno et al. (2008) concluíram que o escurecimento observado em suco
de caju durante seu armazenamento pós-tratamento térmico era devido à degradação da
vitamina C e não à ação enzimática.
Um outro estudo mostrou que diferentes temperaturas de pasteurização reduziram a
atividade de peroxidases na polpa de graviola (TEIXEIRA et al., 2006). Após um segundo a
70 °C, a atividade residual dessa enzima caiu para 57,4% chegando até 27,4%, após 5 min.
Nesse mesmo trabalho, a aplicação de temperaturas mais elevadas não resultou em menores
atividades e, apesar da pasteurização acima de 80 °C não ter inativado a peroxidase na polpa
de graviola, os autores consideraram o tratamento aplicado como bastante eficiente na
conservação desses produtos. Esses resultados mostram que a peroxidase na polpa de graviola
mostrou-se muito mais resistente a elevadas temperaturas do que as formas presentes no suco
aqui analisado. Essa diferença de resultados pode ser devido ao processamento que desintegra
a estrutura dos tecidos e/ou à ação de diferentes isoformas de peroxidases que podem
apresentar diferentes estabilidades térmicas. Há uma grande variedade de isoformas dessa
enzima em plantas superiores, onde mais de 40 genes são codificadores de isoperoxidases e
várias outras isoformas podem ser geradas por modificações pós-transcricionais e pós-
traducionais (DE MARCO et al., 1995; WELINDER et al., 1996).
Freitas et al. (2008) relataram que o tratamento térmico de sucos de uvas das
variedades „Benitaka‟ e „Rubi‟ resultou em decréscimo na atividade da POD, porém o
30
comportamento de inativação foi não linear. Assim, a maior inativação enzimática foi obtida
na temperatura de 85 °C e com tempo de exposição de 10 min. No entanto, observou-se que
os tratamentos térmicos utilizados não foram suficientes para a total inativação dessa enzima.
Valderrama et al. (2001) observaram um comportamento similar a esse quando estudaram
essa enzima em maçãs. A peroxidase de suco de cenoura apresentou uma alta
termoestabilidade mantendo-se ativa mesmo após 150 min de exposição a 70 °C (JAKOB et
al., 2010)
A atividade de peroxidases de extratos de couve-flor (Brassica oleracea var. Botrytis)
submetidos a tratamento térmico manteve-se em 100% mesmo após uma exposição por 30
min a 50 °C (RAYAN et al., 2011). Quando a temperatura aumenta para 85°C, a atividade cai
para 11,6% restando apenas 2,1%, a 100 °C. Um trabalho com suco de laranja mostrou que a
peroxidase era quase completamente inativada em temperaturas acima de 62 °C (HIRSCH et
al., 2008). Esses resultados se assemelham aos apresentados aqui com o suco de graviola.
Anthon et al. (2002) também observaram que a peroxidase de suco de tomate CXD 199 foi
rapidamente inativada a 72 °C, apresentando uma menor estabilidade térmica do que PME e
PG desse mesmo suco.
Publicações anteriores descreveram uma forte influência do pH do extrato enzimático,
além da temperatura, sobre a estabilidade térmica das peroxidases (MCLELLAN et al., 1995;
CLEMENTE et al., 1995; CLEMENTE, 2002). De modo que há uma inativação total das
POD quando em pH 3,5 e expostas a temperaturas acima de 76 °C por 30 s. Abbo et al.
(2006) observaram um aumento na acidez de sucos de graviola após um processo de
pasteurização. Isso pode explicar a baixa resistência térmica da G-POD encontrada aqui no
suco de graviola que resultaria do fato de o tratamento térmico promover uma redução no pH
do meio propiciando uma desestabilização de tais enzimas.
A Tabela 3 mostra os resultados encontrados para os parâmetros cinéticos avaliados da
APX do suco de caju e da G-POD do suco de graviola. Apesar da queda inicial na atividade
residual (Figura 2A) e de acordo com o valor de k inexistente, não houve inativação da APX
no suco de caju tratado a 55 °C. Os demais tratamentos também não chegaram a inativar essa
enzima durante o período de tempo utilizado nesse experimento, o que seria bom para a
preservação do suco de caju (NOCTOR E FOYER, 1998). Para o suco de graviola, os valores
de k aumentam com as temperaturas testadas e de modo que, a 95 oC, o valor de D indica que
a atividade inicial da G-POD é reduzida em 90% após 9,75 min, nessas condições.
31
Tabela 3. Parâmetros cinéticos estimados para a inativação térmica da APX do suco de caju e da G-POD do
suco de graviola.
Temperatura (°C) Suco k (min-1
) D (min)
55 Caju - -
Graviola 0,028 82,50
65 Caju 0,014 164,50
Graviola 0,190 12,12
75 Caju 0,021 109,66
Graviola 0,168 13,70
85 Caju 0,073 31,54
Graviola 0,224 10,28
95 Caju 0,037 62,24
Graviola 0,236 9,75
Os elevados valores de constante de inativação refletem a baixa estabilidade térmica
da G-POD no suco de graviola. Uma rápida inativação dessa enzima também foi observada
por Anthon et al. (2002) ao analisarem POD de suco de tomate das cultivares CXD 199 e
BOS 3155 tratados a 70 °C, onde encontraram valores para k de 0,026 e 0,032 s-1
e para D de
1,5 e 1,2 min, respectivamente. Segundo esses autores, os resultados observados foram
surpreendentes, uma vez que a POD é uma das enzimas mais termoestáveis encontradas em
frutas e legumes.
Os efeitos do tratamento térmico a 66 °C também já foram analisados sobre PODs
provenientes de suco de brócolis, cenoura e batata. Foi observado que há duas isoformas
dessa enzima em brócolis, as quais diferem quanto a sua constante de inativação (k 0,264 e
0,015 min -1
). Já o suco de cenoura apresentou quatro isoformas de POD, para as quais o k
sobre essa temperatura foi 3,48; 3,78; 0,0051 e 0,254 min -1
. No suco de batata também foram
observadas quatro isoformas dessa enzima com valores de k de 42,52; 12,68; 0,0064 e 8,29
min -1
. O conhecimento desse parâmetro cinético, o qual reflete a diferença na estabilidade
térmica dessas isoformas, pode ser útil na escolha de um tratamento térmico mais eficiente no
sentido de inativar completamente a POD (POLATA et al., 2009).
5.1.3 Polifenoloxidase
Não foi detectada atividade da polifenoloxidase nos sucos analisados neste trabalho, o
que pode ser devido à ausência dessa enzima em caju e graviola, à desnaturação decorrente do
preparo dos sucos ou ao método de análise empregado. De acordo com Murasaki (2005) a
32
determinação precisa da PPO é um desafio, o que pode ser constatado nos numerosos
métodos descritos na literatura. Isto devido as quinonas formadas durante o curso da reação
enzimática, proveniente de reações secundárias, substratos não reagentes, oxigênio e outros
constituintes da enzima. Estas reações levam à formação de moléculas poliméricas complexas
interferindo na análise. A existência de outras enzimas com propriedades similares, tais como
peroxidases, podem causar erro na medida da atividade da PPO.
A PPO pode funcionar como um mecanismo de defesa que é ativado quando vegetais
e seus derivados são submetidos a condições de estresse. Em um trabalho com suco de caju,
Queiroz et al. (2011) observaram que houve um aumento de cinco vezes na atividade da PPO
após um período de 24 h a 27 °C e um aumento de apenas duas vezes após 24 h a 40 ° C,
mostrando um efeito negativo da temperatura sobre a atividade dessa enzima. Já Zhao et al.
(2005) relataram um aumento na atividade de enzimas relacionadas a condições de estresse,
inclusive da PPO, em mudas de pepino (Cucumis sativus L.) após estresses simultâneos.
Aquino-Bolaños e Mercado-Silva (2004) observaram uma ativação da PPO em extratos de
(Pachyrizus erosus L. Urban) após danos mecânicos e armazenamento a 20 °C.
A estabilidade térmica e as propriedades térmicas da PPO têm sido citadas em
diversos trabalhos. O problema é que, em alguns são realizadas análises em condições
experimentais diferentes, para estudar características das enzimas, em outros, o estudo é sobre
diferentes procedimentos de extração e purificação e, portanto torna-se difícil uma
comparação direta entre os resultados obtidos (WEEMAES et al., 1998).
5.1.4 Catalase
A catalase é uma enzima que converte o H2O2 em H2O e O2 e é considerada umas das
enzimas antioxidantes mais ativas em produtos vegetais (BREUSEGEM et al., 2001). O suco
de graviola preparado nesse trabalho não apresentou atividade significativa dessa enzima,
portanto a Figura 3 mostra a atividade residual da CAT somente no suco de caju submetido a
diferentes temperaturas.
Houve uma grande variação na atividade residual da CAT no decorrer dos tratamentos
aplicados, ficando mais fácil explicar o comportamento dessa enzima através de seus
parâmetros cinéticos (Tabela 4). Os baixos valores de k observados indicam uma elevada
estabilidade térmica dessa enzima, apesar de quedas em sua atividade residual (Figura 3) e
como pode ser observado pelos valores de D que, aos 55 °C é 329 min e a 95 °C, cai para 95,9
min.
33
Figura 3. Atividade residual da CAT em suco de caju sob diferentes temperaturas, em relação ao tempo.
Os resultados sugerem que nesse suco há mais de uma isoforma de CAT com
diferentes resistências às temperaturas aplicadas, o que explicaria a variabilidade observada
na atividade residual. De acordo com Scandalios et al. (1997), catalases são homoproteínas
tetraméricas que existem como múltiplas isoenzimas codificadas por genes nucleares. Não há
relatos de estudos relacionados à atividade e/ou ao comportamento cinético da CAT sob
tratamento térmico para que sejam comparados aos obtidos nesse trabalho.
Tabela 4. Parâmetros cinéticos estimados para a inativação térmica da catalase em suco de caju.
Temperatura (°C) k (min-1
) D (min)
55 0,007 329,00
65 0,008 287,87
75 0,028 82,25
85 0,019 121,21
95 0,024 95,95
34
5.2 Enzimas hidrolíticas de componentes da parede celular
Uma das características físicas mais importantes em sucos de frutas é sua turbidez e,
portanto, é um dos principais alvos dos tratamentos de conservação como o tratamento
térmico que objetiva a inativação das enzimas hidrolíticas de componentes da parede celular
(RIVAS et al., 2006). Enquanto, a PME catalisa a desesterificação da pectina liberando ácido
péctico com menor grau de esterificação, a PG catalisa a clivagem hidrolítica das ligações 1-
4 do ácido péctico acarretando na perda de viscosidade e na separação de fases durante o
armazenamento de sucos. Assim, essas enzimas atuam em conjunto, uma vez que o produto
da reação da PME serve como substrato para a ação da PG (FACHIN et al., 2003).
5.2.1 Pectinametilesterase
A Figura 4 (A e B) mostra os resultados de atividade residual obtidos após os
tratamentos térmicos aplicados em sucos de caju e graviola para pectinametilesterase. A PME
de suco de caju mostrou-se termorresistente como pode ser observado pelo tratamento a 55 °C
que aumentou a atividade da PME em até 10 vezes. As temperaturas de 65 e 85 °C também
resultaram em aumento no primeiro minuto de exposição e então decaindo até o final do
experimento quando voltaram a aumentar. Os demais tratamentos não provocaram alterações
significativas na atividade da PME em relação a sua atividade no suco não tratado. Esses
resultados sugerem que a PME do suco de caju apresenta uma elevada temperatura ótima de
atividade. Em goiabas, a temperatura ótima de atividade dessa enzima varia de 75 a 85 °C
(LEITE et al., 2006).
35
Figura 4. Atividade residual da PME nos sucos de caju (A) e graviola (B) em relação ao tempo sob diferentes
temperaturas.
36
A PME proveniente do suco de graviola se apresentou pouco susceptível ao
aquecimento. Todas as temperaturas de tratamento reduziram a atividade da PME de graviola
no primeiro minuto e depois se seguiu uma estabilidade pelos 30 min de exposição.
Inicialmente, a 55 °C, a atividade residual dessa enzima decaiu em 15% enquanto a 85 e 95
°C, a atividade decaiu aproximadamente em 30%. O tratamento a 95 °C apresentou a maior
redução na atividade da PME em suco de graviola atingindo quase 39% após 30 min.
Resultados semelhantes aos observados para o suco de caju foram encontrados por
Leite et al. (2006) em um estudo com goiabas (Psidium guajava L., cv. Paluma), onde
observou-se que a atividade da PME aumentou após 30 min de exposição a 75 °C e
permaneceu significativamente alta mesmo após 8h a 90 °C. Segundo os autores, esse
comportamento é possível devido à liberação de enzimas que poderiam formar complexos
com substâncias reguladoras e/ou inibidoras. Além disso, a elevada atividade da PME sob
altas temperaturas nessa espécie pode estar sendo promovida pela associação dessa enzima a
outras biomoléculas que lhe conferem termoestabilidade.
Esses resultados mostram que a inativação da PME após o aquecimento dos sucos de
caju, e mesmo o de graviola, está muito aquém da necessária em termos de conservação e
manutenção de atributos de qualidade como viscosidade e turbidez esperados por esse tipo de
tratamento, sugerindo que temperaturas mais elevadas ou por períodos mais longos seriam
mais eficientes para esse intuito. Um estudo com a PME de cinco cultivares de tomate
mostrou que uma delas tinha elevada estabilidade térmica e isso explicaria a perda de
consistência de alguns produtos industriais derivados de tomate durante o armazenamento
(LARATA et al., 1995). Macdonald et al. (1997) isolaram quatro isoformas de PME de limão
e observaram que uma delas apresentava uma alta estabilidade térmica mantendo a sua
atividade mesmo após ser mantida a 86 °C por 9 min. Os autores atribuíram a desestabilização
do suco de limão à termoestabilidade desta isoforma. Já Cameron e Grohmann (1996),
estudando isoformas de PME de suco cítrico, observaram que uma das isoformas era mais
termoestável, mantendo 49,2% de sua atividade inicial após 1 min a 95 °C.
Outros resultados de atividade residual que se contrapõem aos encontrados nesse
estudo foram observados com a PME de acerola (Malpighia emarginata DC.) reduzida em
90% após 2 min, a 106 °C (ASSIS et al., 2000). Javeri e Wicker (1991) também relataram
que a PME de pêssego (Prunus pérsica L.) perde 77% de sua atividade quando incubada por 5
min a 65 °C e é completamente inativada após 5 min, a 70 °C. Rivas et al. (2006) observaram
que a atividade da PME em um suco preparado com laranja e cenoura (80% e 20%,
37
respectivamente) decaiu para 2% após um tratamento a 98 °C por 21 s. Seymour et al. (1991)
isolaram duas isoformas de PME de toranja (Citrus paradis) e verificaram que elas diferiam
em relação à quantidade de carboidratos a elas associados. Com a remoção desses
carboidratos, houve uma diminuição da estabilidade térmica, sugerindo que essas moléculas
contribuem para a estabilidade térmica da PME. Isso poderia explicar as diversas variações
citadas em relação à estabilidade térmica da PME.
Além das isoformas, outros fatores que podem fazer com que haja divergência de
resultados é o pH e o grau de purificação das amostras contendo a enzima. Sentandreu et al.
(2005) relataram atividade residual da PME de 1 a 4% em diversos sucos cítricos após um
aquecimento contínuo a 85 ou 90 °C por 10 s. Uma redução no pH dos sucos pode levar a um
aumento na sensibilidade térmica da PME, o que pode contribuir para uma variação em sua
atividade (ROUSE et al., 1952). Em um estudo com tomates, Fachin et al. (2002)
demonstraram que a PME purificada pode ser mais termoestável do que aquela proveniente de
um extrato bruto. Porém, o uso dessa enzima na indústria de alimentos como indicador de
tratamento térmico requer uma análise sem etapas prévias de purificação, uma vez que é o
comportamento desses extratos brutos provenientes do suco processado que possuem maior
relevância.
A Tabela 5 mostra os resultados obtidos para os parâmetros cinéticos da PME presente
nos sucos de caju e graviola. Como já foi dito anteriormente (Figura 4A), a PME oriunda do
suco de caju mostrou-se muito resistente ao tratamento térmico e isso também pôde ser
comprovado pelos valores dos dados cinéticos encontrados. De acordo com a constante de
inativação que foi inexistente, a PME não será inativada a 55 e 65 °C e a partir dessas
temperaturas, a inativação pode ocorrer, porém lentamente. Os parâmetros cinéticos do suco
de graviola também indicam que essa enzima foi pouco afetada pelo tratamento térmico
aplicado, sendo necessários 109,6 min a 90 °C para reduzir em 90% sua atividade.
38
Tabela 5. Parâmetros cinéticos estimados para a inativação térmica da pectinametilesterase de sucos de caju e
graviola.
Temperatura (°C) Suco k (min-1
) D (min)
55 Caju - -
Graviola 0,012 191,91
65 Caju - -
Graviola 0,013 177,15
75 Caju 0,018 127,94
Graviola 0,018 127,94
85 Caju 0,011 209,94
Graviola 0,016 143,93
95 Caju 0,019 106,84
Graviola 0,021 109,66
A cinética de inativação térmica da PME já foi bem estudada em produtos à base de
tomate, havendo uma variação significativa na literatura entre os valores encontrados para
esses parâmetros. Em análise de PME de suco de tomate submetido a tratamentos sob
diversas temperaturas, Terefe et al. (2009) encontraram valores de constante de inativação
entre 0,026 min-1
a 60 °C e 0,57 min-1
a 75 °C, os quais correspondem a valores D de 89 e
4,04 min, respectivamente. A inativação da PME alcançada para esse suco de tomate a 60 °C
só é conseguida para o suco de graviola a 95 °C (k = 0,021 min-1
), o que reflete a elevada
estabilidade térmica dessa enzima em graviola. Raviyan et al. (2005) encontraram valores D
que variaram de 1,5 a 36,4 min em estudos de inativação da PME a 70 °C, um valor muito
mais baixo do que foi encontrado neste trabalho para os sucos de caju e graviola, o que reflete
a alta estabilidade térmica dessa enzima nesses dois sucos. Anthon et al. (2002) relataram
valores D de 7,2 e 10,4 min para a inativação térmica a 70 °C de PME em suco de tomate para
as cultivares BOS 3155 e CXD-199, respectivamente. Nos sucos de caju e graviola aqui
analisados, os valores a 75 °C foram maiores indicando que seria necessário um tempo dez
vezes maior para atigir o mesmo nível de inativação.
Vários fatores podem ser responsáveis pelas discrepâncias observadas entre os valores
cinéticos citados. Alguns estudos trataram da inativação da PME em sucos ou purês de frutas,
enquanto que outros realizaram o experimento sob elevadas temperaturas utilizando extratos
enzimáticos ou suspensões dessa enzima em tampões com diferentes valores de pH.
Tajchakavit et al. (1997) constataram que a PME de suco de laranja é estabilizada contra a
desnaturação pelo calor por um aumento nos valores de pH e teor de sólidos solúveis totais.
Anthon et al. (2002) observaram que a redução do pH de suco de tomate de 4,36 para 4,
promove um aumento de 4 vezes na constante de inativação da PME a 71,8 °C, ou seja,
39
quanto menor o valor do pH da solução, menor é a estabilidade térmica dessa enzima. A
cinética de inativação da PME também já foi determinada em extratos purificados e
parcialmente purificados. Em geral, uma enzima é mais estável em tecido intacto ou em um
homogeneizado de tecido, onde é protegida pela presença de outros materiais, tais como
proteínas, carboidroatos e pectinas, do que em sua forma purificada (WHITAKER, 1972).
Lopez et al. (1997) mediram a inativação dessa enzima em uma preparação parcialmente
purificada em tampão citrato a pH 4 e encontraram um valor D a 70 °C de 1,53 min,
refletindo a alta sensibilidade térmica da PME nesse tipo de extrato.
5.2.2 Poligalacturonase
Os resultados do tratamento térmico sobre a atividade da poligalacturonase estão
apresentados nas Figuras 5A e 5B para os sucos caju e graviola, respectivamente.
No suco de caju, as temperaturas de 55 e 65 °C promoveram um aumento na atividade
da PG nos 3 e 1 min iniciais, respectivamente. Após esses picos as atividades decaíram
continuamente. Acima de 75 oC, observa-se uma queda gradual e lenta na atividade da PG
chegando a 40% após 30 min a 85 e 95 oC. Os resultados encontrados para a PG se
assemelham aos encontrados para a PME de suco de caju (Figura 4A), quando as
temperaturas mais baixas estimularam a atividade de modo geral.
40
Figura 5. Atividade residual da PG nos sucos de caju (A) e graviola (B) em relação ao tempo sob diferentes
temperaturas.
41
A PG do suco de graviola apresentou um decréscimo na atividade residual logo no
primeiro minuto de exposição a todas as temperaturas testadas, sendo esse efeito mais
acentuado a 75 °C quando a atividade residual chegou a 20% seguido por um aumento. Após
essa queda inicial, as atividades apresentavam uma constância na atividade até o final do
período de 30 min quando voltavam a cair, com excessão das temperaturas de 55 e 65 °C que
apresentavam oscilações. A 85 e 95 °C, a PG do suco de graviola mostrou uma maior
sensibilidade apresentando atividade residual de 26 e 18% após 30 min, respectivamente,.
Fachin et al. (2003) analisaram a atividade da poligalacturonase em suco de tomate
submetido a temperaturas entre 40 e 90 °C por 5 min e observaram duas fases de inativação, a
primeira em torno de 55 °C e a segunda aos 65 °C. Isso sugere a presença de isoenzimas de
PG com diferentes termoestabilidades. Segundo esses autores, entre 55 e 65 °C a atividade
residual dessa enzima manteve-se entre 60 e 80% devido a presença da PG1, a qual é
termoestável. Anthon et al. (2002) estudaram a cinética de inativação da PG em sucos de
tomates CXD199 e observaram que a isoforma termoestável, PG1, mantinha-se ativa com
15% da atividade inicial quando o suco era exposto a 85 °C, enquanto que a PG2 foi
completamente inativada a 75 °C. A presença dessas isoformas com diferentes estabilidades
térmicas poderia explicar o efeito dos tratamento acima de 65 °C sobre a PG do suco de
graviola, onde a queda na atividade da isoforma menos estável, PG2, seria responsável pela
redução na atividade residual observada no primeiro minuto de tratamento. A isoforma PG1,
mais resistente a elevadas temperaturas, seria responsável pela atividade remanescente até o
fim do tratamento.
Resultados contrários e que sugerem a existência de isoformas menos resistentes ao
calor foram encontrados por Hsu (2008) que analisou o efeito do processamento térmico em
suco de tomate e observou que a PG manteve apenas 12% de sua atividade após 2 min a 60
°C. Já Crelier et al. (2001) observaram uma completa inativação da PG após 3 min de
exposição a 93 °C.
A Tabela 6 mostra os resultados obtidos para os parâmetros cinéticos k e D da PG nos
sucos de caju e graviola tratados termicamente. Os resultados mostram a estabilidade térmica
da PG do suco de caju, a qual apresentou valores de constante de inativação baixos em todos
os tratamentos aplicados. Aos 55 °C, a atividade da PG do suco de caju apresentou um valor
de k de 0,010 min -1
e demoraria 230,3 min para reduzir em 90% sua atividade. Os valores de
k e D encontrados mostram que nenhum dos tratamentos aplicados foi capaz de inativar
42
completamente a PG em ambos os sucos, ratificando os resultados obtidos na análise da
atividade residual (Figura 5A e B).
Tabela 6. Parâmetros cinéticos estimados para a inativação térmica da PG em sucos de caju e graviola.
Temperatura (°C) Suco k (min-1
) D (min)
55 Caju 0,010 230,30
Graviola 0,057 40,40
65 Caju 0,041 56,17
Graviola 0,044 52,34
75 Caju 0,036 60,60
Graviola 0,059 39,03
85 Caju 0,035 65,80
Graviola 0,047 49,00
95 Caju 0,050 46,09
Graviola 0,065 35,43
Há uma grande variação na literatura para os dados cinéticos de inativação térmica da
PG. Em relação àqueles encontrados para sucos de caju e graviola, valores de constante de
inativação mais elevados e que sugerem uma maior sensibilidade térmica dessa enzima foram
encontrados por Terefe et al. (2009). Esses autores avaliaram o suco de tomate da variedade
„Heinz 3402‟ e observaram que a constante de inativação da PG variou de 0,085 min-1
a 60 °C
para 0,57 min-1
a 75 °C com os valores de D variando de 11,7 a 1,75 min. Fachin et al.
(2002), também estudando produtos à base de tomate, encontraram um valor D de 3,99 min
em extrato parcialmente purificado em tampão acetato de sódio (pH 4,4) tratado a 70 °C,
enquanto que no suco sob a mesma temperatura o D encontrado foi 0,78 min. Em outro
estudo de inativação térmica da PG em suco de tomates da variedade Flandria Prince, Fachim
et al. (2003) observaram que a constante de inativação para essa enzima aumentava com o
aumento da temperatura, apresentando valores de 0,0003 min-1
a 55 °C e 0,0035 min-1
a 65
°C, chegando a 0,013 min-1
a 70 °C. Crelier et al. (2001), estudando a cinética de atividade da
PG em suco de tomate da variedade Nema 1401, também encontraram valores de k que
aumentaram com a temperatura de tratamento: 0,0004; 0,0012; 0,0019; 0,0031 e 0,0131 min-1
a 80, 85 90, 97 e 105 °C, respectivamente. A partir desses baixos valores de constante de
inativação, podemos observar que a PG proveniente do suco de tomate da variedade Nema
1401 mostrou-se mais resistente à elevadas temperaturas do que àquelas estudadas nos sucos
de graviola, caju e demais variedades de tomate citadas.
Esses resultados variáveis não são incomuns, uma vez que a estabilidade das enzimas
depende de vários fatores, tais como a fonte, pH e a composição da solução onde está
43
inserida. Pressey (1986), analisando a atividade da PG em purê de tomate, o qual apresenta
uma elevada quantidade de partículas sólidas em suspensão, encontrou uma constante de
inativação de 0,0031 min-1
após um tratamento a 90 °C, a qual é aproximadamente três vezes
menor que a observada por Lopez et al. (1997) (k = 0,009 min-1
) após tratar um extrato
parcialmente purificado em tampão citrato (pH 4) sob a mesma temperatura, indicando que a
PG foi mais estável quando em contato com substâncias oriundas do tecido vegetal do que
quando isolada.
44
6 CONCLUSÕES
De modo geral, as enzimas provenientes do suco de caju mostraram-se mais
termorresistentes do que aquelas provenientes do suco de graviola, o que indica que a
composição do suco influencia em sua termoestabilidade.
Em suco de caju, o tratamento a 75 °C por 30 min se mostrou como o melhor levando
em consideração apenas a atividade residual. Nessas condições, ocorreu a inativação da PME
em torno de 30% e da PG em 36%, todavia manteve a atividade residual das enzimas
antioxidantes SOD, APX e CAT. Nesse suco, a PME foi a enzima mais resistente a elevadas
temperaturas, apresentando mais de 100% de sua atividade residual após 30 min a 95 °C,
seguida pela CAT (74,14%), SOD (74%), APX (56,97%) e PG, 44%. Nenhum dos
tratamentos aplicados foi capaz de inativar completamente as enzimas citadas.
Para o suco de graviola, o tratamento a 55 °C por 30 min mostrou-se o mais eficiente
em reduzir a atividade residual das enzimas G-POD, PME e PG, sem causar fortes
depreciações na atividade da SOD. A PME foi a enzima com maior termoestabilidade
também no suco de graviola, permanecendo com 61% de sua atividade residual mesmo após
30 min de tratamento a 95 °C, seguida pela PG (18%). G-POD e SOD foram as menos
estáveis, sendo que a peroxidase foi a enzima mais sensível dentre as analisadas.
45
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