UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
CURSO DE ZOOTECNIA
MELISA FRUCTUOSO MACHADO
LACTAÇÃO NA SUINOCULTURA: ASPECTOS FISIOLÓGICOS, MATEMÁTICOS EPRÁTICOS
CURITIBA2012
MELISA FRUCTUOSO MACHADO
LACTAÇÃO NA SUINOCULTURA: ASPECTOS FISIOLÓGICOS, MATEMÁTICOS EPRÁTICOS
Trabalho de Conclusão do Curso de Gradaçãoem Zootecnia da Universidade Federal doParaná, apresentado como requisito parcial àobtenção do título de Bacharel em Zootecnia.
Orientador: Prof. Dr. Marson BruckWarpechowski
Orientador do Estágio Supervisionado: Dr.Bruno A. N. Silva. Zootecnista.
CURITIBA2012
TERMO DE APROVAÇÃO
MELISA FRUCTUOSO MACHADO
LACTAÇÃO NA SUINOCULTURA: ASPECTOS FISIOLÓGICOS, MATEMÁTICOS EPRÁTICOS
Trabalho de conclusão de curso aprovado como requisito parcial para obtenção do graude Bacharel em Zootecnia pela Universidade Federal do Paraná.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________Prof. Dr. Marson Bruck WarpechowskiDepartamento de Zootecnia - UFPR
Presidente da Banca
____________________________________________Prof. Dr. Antonio João Scandolera
Departamento de Zootecnia - UFPR
____________________________________________Profa. Dra. Laila Talarico Dias TeixeiraDepartamento de Zootecnia - UFPR
Curitiba2012
Ao meu pai, Carlos (in memorian), obrigada por me ensinar a beleza da vida.
Mamy e Mah, a vocês meu amor Incondicional
Dedico
“Você nunca sabe a força que tem, até que a sua única alternativa é ser forte”Johnny Depp
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela benção da vida e pela dádiva dos que me acompanham;
Aos meus Avôs que tanto me ajudaram e ensinaram durante minha vida, Vózinha, jamais
poderei te retribuir “meu extremo”;
Aos meus familiares, de sangue ou de coração, pelo apoio e torcida;
Ao meu pai, por sempre estar ao meu lado, por me abençoar com tanta bondade e
alegria, por ser metade de mim, por me dar forças e garra para continuar, eu só queria
que você pudesse ver de perto, só por hoje;
A minha mãe e minha irmã, jamais poderei agradecer o bastante, vocês são o meu
esforço, minha força, meu tudo. Este trabalho É PARA VOCÊS. “É apenas nas
misteriosas equações do amor que qualquer lógica ou razão podem ser encontradas. Eu
só estou aqui hoje por causa de vocês. Vocês são a única razão do meu ser. Vocês são
todos meus motivos.” - A Beautiful Mind.Ao Marcus, por ser bem mais que um cunhado, um amigo, um irmão, um pai;
A Nana, por tantos anos de irmandade e companheirismo, eu sei que não foi fácil;
Aos professores que tive ao longo do curso, principalmente os que foram mais do que
mestres, se tornaram amigos, conselheiros, e se me atrevo dizer, colegas de profissão.
Prof. Amilton Leal, Prof. Paulo Rossi, Prof. Ostrensky, Profa. Carla, Profa. Laila, meu
muito obrigado, vocês me tornaram uma pessoa melhor;
Ao Prof. Marson, em especial, pela confiança depositada, por dividir comigo um pouco da
sua genialidade, pelo tão precioso tempo. OBRIGADA!
Ao Bruno A. N. Silva, pela oportunidade e confiança, por estar sempre à disposição e
pronto a ajudar, você é um modelo a ser seguido;
A empresa TOPIGS pelo suporte durante o estágio final. Aos funcionários da Granja
Beilen de Holambra/SP e seus FAMILIARES, por terem feito meu período de estágio ser
tão produtivo e acolhedor, Milton e André vocês foram verdadeiros professores.
A Stefani, Bruna, Vanessa, Alysson e Lucas, por dividirem comigo o trabalho e os
momentos de descontração durante o estágio.
As amigas que estão comigo desde o começo, que me ajudaram e sempre estiveram ao
meu lado quando precisei Carol, Dé, Mari e Marys. As mineirinhas mais incríveis da
minha vida Jana e Tamy. Aos meus calouros preferidos, que se tornaram meus
companheiros do dia a dia, amigos queridos, Biju e Jaque não sei o que faria sem vocês,
Gabi, Lezinha, Deia, Fer, Gus, Stifler, Jacaré, Jeanzinho, Mineiro, Vini, Lucas, Chen (tá
você não é calouro). Agradeço por ter conhecido tantas pessoas incríveis nessa
faculdade, e que de alguma forma, foram especiais.
A todos os colegas do Dep. de Anatomia, GAMA, LABEA, LEPNAN e LAPBOV.
Principalmente a equipe do LabSisZoot, por me aceitarem no grupo, pelos ensinamentos,
obrigada a todos (novos e velhos) pela paciência e pelo convívio. Jose sou sua fã, você
sabe disso.
E por fim, a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização desta
conquista, por todo apoio, pela força nos momentos difíceis que aconteceram, por
fazerem parte da finalização de mais uma etapa, meu MUITO OBRIGADO.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Controle endócrino da produção e ejeção de leite em matrizes suínas... .......... 18
Figura 2. Esquema da granja Luizão..................................... ............................................ 39
Figura 3. Visão geral da granja Luizão.............................................................................. 41
Figura 4. Baia individual e salas de maternidade e creche... ............................................ 43
Figura 5. Silos de armazenagem de ração........................................................................ 46
Figura 6. Pesagem da ração... .......................................................................................... 49
Figura 7. Galpão de gestação... ........................................................................................ 52
Figura 8. Identificação da linhagem genética do animal.................................................... 54
Figura 9. Utensílios utilizados para o manejo de parto...................................................... 54
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Composição do leite suíno........................................................................... 19
Tabela 2. Utilização relativa dos constituintes do plasma plea glândula mamária de
fêmeas suínas lactantes........................................................................... 22
Tabela 3. Médias e desvios-padrão para os parâmetros zootécnicos utilizados,
mensurados durante o período de lactação, de acordo com a ordem de parto e
com o nível de arraçoamento................................................................... 30
Tabela 4. Coeficientes de correlação (r) e probabilidade (p) do consumo de ração entre
as variáveis testadas para utilização na modelagem.....................................33
Tabela 5.Quantidade de ração fornecida de acordo com a idade e sexo do animal ..57
LISTA DE ABREVIATURAS
Ad libitum Consumo a vontade
C3M Ração de Crescimento para machos
C3F Ração de Crescimento para fêmeas
EM Energia metabolizável
ET Espessura de toucinho
GH Hormônio de crescimento
GPM Ganho de Peso Médio
IA Inseminação artificial
IGFBP-5 Insulin-like growth factor-binding protein 5
Kg Quilo (medida de peso)
LM Ração lactação medicada
OP Ordem de Parto
PRL Prolactina
PV0. 75 Peso Vivo metabólico
TM Ração terminação para machos
TF Ração terminação para fêmeas
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 132. OBJETIVO............................................................................................................. 153. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 16
3.1. Aparelho mamário ............................................................................................. 163.2. Controle endócrino da produção e ejeção do leite ............................................ 173.3. Constituintes do leite e precursores no sangue................................................. 193.4. Hormônios da lactação ...................................................................................... 203.5. Produção e precursores metabólicos para síntese do leite ............................... 213.6. Temperatura ambiente e sua influência na produção de leite ........................... 233.7. Efeito da nutrição na produção de leite ............................................................. 243.8. Modelagem........................................................................................................ 25
4. PESQUISA: MODELAGEM NA LACTAÇÃO: DECOMPOSIÇÃO DO CONSUMOALIMENTAR EM VARIÁVEIS POSSÍVEIS DE MENSURAÇÃO A CAMPO................ 28
4.1. Material e métodos......................................................................................... 284.2. Resultados e discussão............................................................................ .... 304.3. Conclusão.............................................................................................. ......... 37
5. RELATÓRIO DE ESTÁGIO................................................................................... 385.1. Plano de estágio ............................................................................................... 385.2. A empresa ........................................................................................................ 385.3. Instalações e equipamentos ............................................................................. 40
5.3.1. Granja Luizão ............................................................................................. 405.3.2. Granja Teco-Teco....................................................................................... 445.3.3. Fábrica de ração......................................................................................... 45
5.4. Experimento ..................................................................................................... 465.4.1. Manejo do experimento .............................................................................. 48
5.5. Manejo cotidiano da granja Beilen...................................................................... 505.5.1 Marrãs ......................................................................................................... 505.5.2 Gestação ..................................................................................................... 515.5.3. Maternidade................................................................................................. 525.5.3.1 Manejo de Parto até desmame.................................................................. 535.5.4 Creche ......................................................................................................... 565.5.5. Terminação.................................................................................................. 56
5.6. Discussão ........................................................................................................... 576. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 62REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 63ANEXOS ....................................................................................................................... 70
Anexo 1. Análise de variância do consumo de ração considerando a ordem de partodas fêmeas................................................................................................. 70
Anexo 2. Análise de variância do consumo de ração considerando o período delactação (dias) ............................................................................................ 71
Anexo 3. Plano de estágio......................................................................................... 72Anexo 4. Plano de estágio......................................................................................... 73Anexo 5. Termo de compromisso. ............................................................................. 74Anexo 6. Ficha de controle de frequência. ............................................................... 77Anexo 7. Ficha de avaliação do estágio .................................................................... 80Anexo 8. Ficha de sugestões. .................................................................................. 81
RESUMO
A suinocultura encontra-se em pleno desenvolvimento na corrida por animais maisprodutivos. Contudo, tais avanços trazem consigo maiores exigências que devem serrespeitadas para que o animal consiga desempenhar seu máximo potencial. Sendoassim é fundamental que o zootecnista seja capaz de criar um elo entre as necessidadesdo produtor, perante o mercado, com as condições e capacidade da granja. Devido àimportância da fase de lactação no sistema de produção, foi realizada uma revisão sobreos fatores indispensáveis ao sucesso desta fase, entre eles os processos fisiológicos esuas consequências para a produção de leite, a bioclimatologia e os requerimentosnutricionais da fêmea lactante. A pesquisa realizada teve como objetivo detectar se asvariáveis disponíveis a campo são importantes para a estimação das necessidadesnutricionais na fase de lactação. Além disto, foram descritas as principais atividadesexecutadas durante o estágio final, realizado na Estação Experimental de Holambra,regida pela TOPIGS do Brasil, por representar uma grande oportunidade para a vivênciaprática em uma granja comercial/experimental, bem como suas restrições e dificuldades.Sendo possível perceber um aprimoramento nos conceitos obtidos ao longo dagraduação, aperfeiçoando a formação acadêmica e o desenvolvimento pessoal.
Palavras-chaves: Consumo, maternidade, modelos nutricionais, porcas.
13
1. INTRODUÇÃO
A carne suína vem sendo utilizada como importante fonte de proteína,
consumida por grande parte da população mundial (CORTEZ et al., 2009). Entretanto,
no Brasil há preferência pela carne bovina e de aves sobre a carne suína (DIAS et al.,
2011).
O Brasil ocupa a posição de quarto maior produtor de suínos, precedido pela
China, Estados Unidos e União Europeia, responsável por cerca de 515 mil toneladas
de carne exportadas no período de 2011-2012, segundo dados divulgados pela
Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Suína (ABIPECS, 2012a).
Na busca por animais precoces e aumento da produtividade, inúmeros avanços
ocorreram, tais como o uso da inseminação artificial, melhoramento genético,
biossegurança, nutrição, bem-estar, sanidade entre outros (BARCELLOS, 2008).
Apesar deste crescente desenvolvimento, é possível perceber que existem entraves e
dificuldades enfrentados pelo setor, que se agravaram no primeiro semestre de 2012,
refletindo em redução da produção e exportação da carne suína, chegando a uma
queda de mais de 14% no preço médio do suíno no mês de Junho/2012 em relação ao
mesmo período de 2011 (ABIPECS, 2012b).
Em relação às fases produtivas, o período de lactação para a suinocultura,
representará o momento em que a fêmea deverá produzir leite suficiente para garantir
um crescimento e ganho de peso da leitegada, compatíveis com a viabilidade
econômica do processo (SILVEIRA et al., 1998).
Sendo uma fase fundamental para a produção, o primeiro capítulo deste
trabalho será formado por uma revisão bibliográfica sobre os fatores que afetam a fase
lactacional, tais como fisiologia, bioclimatologia e nutrição. Fatores estes que exercem
14
influências diretas e indiretas sobre a eficiência da produção de leite e,
consequentemente, sobre o desempenho da leitegada.
Pensando na diversidade de fatores, o segundo capítulo será referente á
pesquisa realizada durante o período de estágio, com o intuito de verificar as variáveis
disponíveis na granja e sua importância para estimar exigências nutricionais. Sendo
assim, a modelagem representa uma importante ferramenta na suinocultura, pois com
ela, é possível levar em consideração os parâmetros biológicos presentes,
transformando-os em dados matemáticos capazes de ajudar na tomada de decisão.
Por fim, o terceiro e último capítulo consiste no relatório de estágio desenvolvido
na estação experimental de Holambra-SP da empresa TOPIGS, com enfoque em
pesquisa e produção suína. O estágio realizado serviu como oportunidade para
compreender e participar de todos os pontos de uma granja de ciclo completo e
experimental.
15
2. OBJETIVO
Este trabalho tem por objetivo verificar quais medidas e variáveis possíveis de se
obter no sistema produtivo são mais importantes para estimar as necessidades
nutricionais na fase de lactação dos suínos.
16
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A suinocultura consiste em um sistema de produção dinâmico, que vem se
desenvolvendo rapidamente. Entre os avanços alcançados nos últimos anos se
destaca o aumento na média de leitões nascidos vivos, visto que várias granjas já
alcançam médias superiores a 12,5 leitões/parto (DIAS e CARRARO, 2008).
Desta forma, o aumento da produtividade das fêmeas acaba tendo como
consequência uma adaptação dos manejos utilizados na maternidade, afim de garantir
bons índices zootécnico (MEINCKE, 200_).
3.1. Aparelho mamário
O aparelho mamário dos suínos é composto por cerca de sete pares de tetas
funcionais, responsáveis pela produção e fornecimento de leite aos leitões.
Sua formação tem início na fase embrionária, por uma saliência constituída de
tecido epidermal, sendo que seu crescimento acompanha o mesmo ritmo dos demais
tecidos até o período da puberdade. Após a puberdade, ocorre um crescimento
alométrico das glândulas. A cada novo ciclo estral ocorre à formação de novas
estruturas (ductos e alvéolos) dentro das glândulas, e em torno do 90º dia de gestação,
a glândula mamária já está histologicamente completa (BORTOLOZZO et al., 2010).
Os lactócitos, unidades secretoras de leite, formam uma camada simples de
células epiteliais, localizadas em torno do alvéolo, sendo responsáveis por retirar do
sangue os elementos requeridos para a síntese do leite. Uma vez sintetizado, o leite é
secretado dentro do lúmen alveolar, onde é armazenado (CHUNG & JACOBSON,
1996).
17
No pré-parto o desenvolvimento mamário, mamogênese, sofre uma regulação
via hormônios mamogênicos, sendo os estrógenos, a progesterona e a relaxina os
mais importantes. Já na primeira semana de lactação, este desenvolvimento passa a
depender dos estímulos ligados à sucção do leite, ganhando prioridade o tamanho da
leitegada, que influência na frequência das mamadas e sua intensidade. Próximo ao
pico de lactação, por volta dos 21 dias, o principal limitante se transforma no aporte
nutricional à glândula mamária, oriundo da dieta ou da mobilização de reservas
corporais da fêmea (HORTA et al., 2007).
Já a lactogênese consiste no processo de diferenciação enzimática e citológica,
pelo qual as células alveolares adquirem a capacidade de secretar leite (CHUNG &
JACOBSON, 1996). Segundo Bortolozzo et al (2010), a lactogênese se relaciona com
a preparação do tecido mamário, desde o início da síntese de constituintes do leite
presentes na gestação até o início da secreção abundante de leite no momento do
parto, ocorrendo devido à queda dos níveis da progesterona ao parto, culminando com
a remoção do colostro pela sucção dos leitões, desencadeando o início da secreção do
leite.
3.2. Controle endócrino da produção e ejeção do leite
A estimulação mecânica dos tetos se dá pela sucção de leite com ativação de
receptores neurais na pele, iniciando o reflexo neural que se propaga dos tetos à
medula espinhal até os núcleos paraventricular e supra-óptico do hipotálamo,
chegando a neuro-hipófise, onde a ocitocina é descarregada para o sangue. Pelos
receptores que se ligam a ocitocina, ocorre a contração das células mioepiteliais,
fazendo com que ocorra a ejeção do leite (CUNNINGHAN, 2004). O aumento do fluxo
de sangue faz que com haja um aumento da temperatura dos tetos, estimulando a
sucção pelos leitões (ALGERS, 1993).
Reflexos neuro-endócrinos, especialmente os envolvidos na liberação de
ocitocina e da prolactina, estão intimamente ligados ao comportamento social e ao
meio ambiente. Em determinados ambientes adversos é possível ocorrer a inibição da
18
secreção de leite das fêmeas, podendo levar à redução na produção de leite pela
involução do parênquima mamário (SOBESTIANSKY et al., 1998).
No processo de amamentação estão envolvidos fatores de interações visuais,
olfativos e auditivos. Desta forma, inicialmente ocorrem vocalizações sucessivas
emitidas pela matriz seguido pela massagem nos tetos pelos leitões, desencadeando
impulsos nervosos sensoriais que estimulam os receptores locais a promoverem um
reflexo neuro-endócrino de liberação da ocitocina a nível neuro-hipófisário (Figura 1),
seguindo-se de um breve período de ejeção do leite (10 a 20 segundos), e uma nova
massagem dos tetos (ALGERS, 1993).
Figura 1. Controle endócrino da produção e ejeção de leite em matrizes suínas(Adaptado de Hafez et al., 2004)
Desta forma, a presença dos leitões realizando a sucção dos tetos, representa
um potente estimulador da liberação de leite em matrizes suínas, aumentando não
apenas o fluxo de sangue (RENAUDEAU et al., 2002), como também a disponibilidade
dos substratos utilizados para a síntese de leite (HARTMANN et al., 1997).
19
3.3. Constituintes do leite e precursores no sangue
O leite representa um fluido complexo formado por inúmeras moléculas que
atendem as necessidades nutritivas, imunológicas e de desenvolvimento para os
neonatos, possuindo como principal constituinte a água. Sua produção é determinada
primariamente pelo volume de água que acompanha os solutos, como os íons e outros
componentes sólidos (BORTOLOZZO et al., 2010).
De acordo com Hurley (2001), as glândulas mamárias utilizam aproximadamente
metade da glicose total que entra na circulação sanguínea, já a fonte principal de
ácidos graxos no leite é derivada de triglicerídeos do plasma.
A composição do leite suíno varia de acordo com as diferentes fases da
lactação, da alimentação e também do seu potencial genético (KLOBOSA, 1987). O
colostro possui maior concentração de proteínas que aumentam a percentagem de
sólidos e proteínas totais no leite. No decorrer da lactação, ocorre o aumento nas
concentrações de gordura e lactose, e a redução da proteína (JONES, 1986). Na
Tabela 1 estão indicadas as porcentagens de colostro e leite suíno.
Tabela 1. Composição do leite suíno
Nutrientes (%) Colostro Leite normal
Sólidos Totais 30,0 20,0Proteínas 17,0 5,4Gorduras 7,5 8,3Lactose 3,0 5,0Minerais 0,6 0,8
Fonte: Adaptado de OLIVEIRA et al. (2011)
A lactose representa um dos principais carboidratos do leite, sendo secretada
para o lúmen a partir dos alvéolos assim como a proteína e alguns minerais. Estes
componentes em conjunto com a lactose são responsáveis pela característica iso-
osmótica do leite com o plasma sanguíneo (BOYD e KENSINGER, 1998). Devido a
relação entre água, íons e a lactose, a quantidade de lactose produzida determinará o
volume de leite produzido. Sua concentração no leite aumenta drasticamente nas duas
primeiras semanas de lactação, devido ao rápido aumento da produção de leite e
20
depois, reduz-se de forma gradativa com o avanço do estágio lactacional (MACKENZIE
e REVELL, 1998).
O colostro é a primeira fonte de energia fornecida ao neonato, contendo
imunoglobulinas secretadas pelas glândulas mamárias que são absorvidas pelas
células do trato intestinal do leitão e transferidas imediatamente à corrente sanguínea.
Quando o indivíduo recebe uma boa quantidade de colostro no momento adequado, o
leitão terá uma imunidade sérica comparável à da mãe, em natureza e especificidade
(SOBESTIANSKY et al., 1998).
3.4. Hormônios da lactação
De acordo com Martins et al. (2010), um dos fatores mais importantes do
começo da lactação está relacionado com a presença de hormônios, que
desempenham um papel fundamental na lactogênese.
A produção de ocitocina está ligada a estímulos sensoriais, sendo estes
dependentes da presença do leitão (massagem e sucção), realizando a liberação deste
hormônio na corrente sanguínea (QUESNEL e PRUNIER, 1995). Através do feedback
positivo a ocitocina consegue ativar sua própria liberação, em contrapartida, no caso de
situações de estresse ela acaba sendo neutralizada por catecolaminas, β-endorfina
e/ou cortisol (WELLNITZ e BRUCKMAIER, 2001).
A prolactina é o hormônio polipeptídico liberado pela adeno-hipófise de forma
pulsátil, atuando principalmente na glândula mamária, além de estar presente em
outros tecidos orgânicos, incluindo o hipotálamo, o útero, os fibroblastos dermais e os
componentes do sistema imune (KNIGHT, 2001). Segundo Farmer et al. (2000) este
hormônio é indispensável para o desenvolvimento mamário, principalmente de leitoas,
por alterar no último trimestre gestacional, a afinidade dos receptores da glândula
mamária. Sendo a ligação desses receptores com a prolactina indispensável para
iniciar o processo lactacional, sendo responsável por uma série de eventos que irão
regular a secreção das proteínas do leite (BOISGARD et al., 2001).
O hormônio de crescimento (GH), além de exercer ação nas células somáticas
(divisão celular e crescimento ósseo), no metabolismo dos carboidratos, proteínas e de
21
lipídeos, a somatotropina também possui efeito galactopoiético. Atua de forma indireta,
a partir da síntese e secreção de metabólitos intermediários no fígado (IGF-I e IGF-II),
sendo responsável por ações mamogênicas através de mecanismos endócrinos,
parácrinos e autócrinos (TUCKER, 2000). Em se tratando de suínos, o controle das
atividades galactopoiéticas sofre regulação da secreção de prolactina e do GH
(QUESNEL e PRUNIER, 1995). O GH estimula a síntese de IGF, e a prolactina
auxiliando a ação do IGFBP-5 (Insulin-like growth factor-binding protein 5), aumentando
assim a sobrevivência e as funções das células epiteliais mamárias (FLINT et al.,
2001).
3.5. Produção e precursores metabólicos para síntese do leite
Os nutrientes demandados pelo tecido mamário para a síntese de leite provêm
da dieta e das reservas corporais da fêmea. Cerca de 70% do total de energia
necessária para uma fêmea lactante é usada para manter a produção de leite, sendo
que mais de 90% dos aminoácidos absorvidos são requeridos para a síntese do leite e
crescimento mamário durante a lactação (BOYD e KESINGER, 1998; PETTIGREW et
al.,1998).
A aptidão leiteira é determinada pelo número de células secretoras, genética,
nutrição e efeitos climáticos. Assim um fornecimento adequado de energia e proteína
pode maximizar o crescimento mamário e a produção de leite (KIM et al., 1999).
A glicose absorvida é utilizada não somente para atender a energia de mantença
da glândula mamária, como também por ser precursora primária para a síntese da
lactose (cerca de 70%), além de ser uma fonte energética. Sendo também considerada
precursora do glicerol e substrato para a produção de ácidos graxos (BORTOLOZZO et
al., 2010).
Os lipídeos do leite são compostos principalmente pelos triglicerídeos em
conjunto com quantidades reduzidas de di e mono-glicerídeos, fosfolipídeos, colesterol,
vitaminas lipossolúveis e ácidos graxos livres (BOYD e KESINGER, 1998).
No leite suíno, um terço do total da matéria seca é gordura, que acaba sendo
aproveitada de forma eficaz pelo leitão desde o início da vida. Nas duas primeiras
22
semanas de vida o leitão está fisiologicamente apto para digerir as proteínas do leite
(caseína), o açúcar (lactose), a glicose e a gordura (LOVATTO e SAUVANT, 2001).
As proteínas são macromoléculas, fontes de aminoácidos, componentes
essenciais de todas as dietas animais (LEHNINGER et al., 1995).
Segundo Bortolozzo et al. (2010), cerca de 50% dos ácidos graxos presentes no
leite da fêmea suína são obtidos do sangue, sendo o restante sintetizado novamente
pelas glândulas mamárias. Os autores ainda relatam que quase 95% das proteínas são
sintetizadas na glândula mamária, sua maior parte acaba sendo utilizada para a
formação das proteínas do leite, estima-se que 25% dos aminoácidos essenciais
absorvidos sejam retidos todos os dias.
A seguir na Tabela 2 está representada a utilização de constituintes plasmáticos
pela glândula mamária.
Tabela 2. Utilização relativa dos constituintes do plasma pela glândula mamária de fêmeas suínaslactantes
(Adaptado de Boyd e Kensinger, 1998).1Percentual do total de massa (g) dos constituintes extraídos2Assumindo 375 ml de plasma passando através do complexo mamário por 1ml de leite secretado
Na tabela acima é possível perceber uma visão simplificada da absorção de
metabólitos energéticos e proteicos da dieta. Existe uma integração entre os tecidos
para suportar a síntese de leite, entretanto, durante a gestação ocorrem adaptações
para que o sistema mamário seja priorizado, recebendo assim, maiores quantidades de
glicose (BOYD e KENSINGER, 1998).
Constituinte Utilização relativa1 Utilização para a síntese do leite2
(% Total) (g/dl de leite)
Glicose 61 14,1
Triacilglicerol 12 2,7
Aminoácidos 24 6,2
Lactato 2 0,5
23
3.6. Temperatura ambiente e sua influência na produção de leite
Existe uma crescente preocupação com relação ao ambiente térmico em que os
animais são mantidos, e a influência direta com o seu desempenho produtivo. Suínos
possuem um aparelho termorregulador ineficiente, tendo dificuldade no processo de
transpiração em consequência ao pequeno número de glândulas sudoríparas (LIMA et
al., 2011).
Na maternidade, especificamente, são encontradas duas categorias animais
com temperaturas distintas de conforto térmico. De um lado as fêmeas lactantes com
uma faixa de conforto térmico de 16 a 22ºC; e do outro a leitegada cujo conforto é de
30 a 32ºC (DE BRAGANÇA et al., 1998). Sendo assim, ocorre a redução do consumo
alimentar e produção de leite pela fêmea quando sua temperatura se aproxima da zona
de conforto dos leitões (HARTMANN et al., 1997).
Essa redução do consumo alimentar ocorre como forma de diminuir o efeito
termogênico do alimento, ocasionando também adaptações fisiológicas, devido as altas
temperaturas, como o redirecionamento do fluxo sanguíneo, que se desvia para a pele,
com diminuição para a glândula mamária (RENAUDEAU et al., 2003).
Desta forma a fêmea cria alternativas para dissipar o calor quando sua
temperatura ultrapassa a temperatura crítica máxima (TCM), passando a mobilizar
mais reservas corporais para manter a produção de leite ou então reduzindo a
produção de leite. Ao chegar neste ponto, é nítido o prejuízo à leitegada devido ao seu
baixo crescimento (MAKKINK e SCHRAMA,1998).
Em casos extremos, a redução da produção de leite e aumento da perda de
peso da fêmea suína, devido ao calor, pode resultar no atraso do cio pós-desmame ou
cios inférteis e aumento das taxas de mortalidade embrionária nas fêmeas que
fecundaram. O estresse calórico também inflige em danos ao bem-estar animal,
trazendo mudanças comportamentais que comprometem não somente seu ciclo
reprodutivo, como também o desempenho dos leitões (SILVA, 2006).
Com o intuito de elevar o consumo de ração e reduzir os impactos das altas
temperaturas sobre a fêmea suína, é comumente realizado o manejo nutricional, com
24
fornecimento de dietas de baixos níveis proteicos, porém, isso acarreta em maiores
benefícios para a fêmea do que para a leitegada (RENAUDEAU e NOBLET, 2001).
A utilização de alternativas nutricionais e manejos podem não ser suficientes
para reverter os efeitos negativos causados por temperaturas extremas. Sendo assim,
torna-se necessária a utilização de medidas de controle ambientais nas instalações,
garantindo melhorias nos parâmetros fisiológicos e no desempenho das fêmeas e suas
leitegadas (SILVA, 2010).
Segundo Makkink e Scharma (1998), a dificuldade de realizar mensurações
precisas sobre a produção de calor para fêmeas lactantes é grande, devido
principalmente a necessidade da presença constante dos leitões para não existir
distúrbios na produção de leite.
3.7. Efeito da nutrição na produção de leite
As matrizes modernas apresentam altas demandas nutricionais devido à elevada
produção de leite. Visto que, normalmente, o consumo alimentar voluntário não é
suficiente, o animal acaba entrando em um quadro de balanço energético negativo e
catabolismo de suas reservas corporais (MELLAGI et al., 2010).
As necessidades nutricionais para a fêmeas lactantes englobam energia,
proteína e aminoácidos essenciais, minerais e vitaminas, lembrando da importância da
água como nutriente essencial (NRC, 1998).
Segundo Bortolozzo et al. (2010), o leite da fêmea suína é mais rico em energia
e proteínas do que o leite da vaca, 1150 vs. 750 kcal/l e 5.8 vs. 3.2%, respectivamente,
o que proporciona um rápido crescimento dos leitões e também em contrapartida, altas
necessidades nutricionais. Desta forma, os autores ainda relatam que para se obter
leitegadas numerosas e de boa qualidade até o desmame, é preciso conciliar uma
adequada nutrição das fêmeas com a busca pela produção de bons leitões, visto que a
mesma precisará estar apta a ser novamente inseminada em um curto período de
tempo, mantendo desta forma os índices reprodutivos da granja.
Segundo Close & Cole (2001), para cada quilo de ganho de peso do leitão são
necessários 3,8 kg de leite, 0,7 kg de matéria seca do leite, ou 4,4 Mcal da energia do
leite, sendo que, as necessidades nutricionais para a fêmea englobam energia,
25
proteína e aminoácidos essenciais, minerais e vitaminas e água. Devido à intensa
mobilização de tecidos (magro e adiposo) que ocorre nas fêmeas durante esta fase, as
principais exigências acabam sendo concentradas em aminoácidos e energia (NOBLET
et al.,1998).
Fica clara a necessidade de estabelecer os requerimentos de aminoácidos
ideais para fêmeas em lactação, maximizando a produção de leite para os leitões, mas
também auxiliando na mantença da condição corporal, garantindo longevidade para a
matriz (KIM e EASTER, 2000). De acordo com Abreu et al. (2005), estas exigências de
proteína e de lisina podem ser estimadas fatorialmente, retirando as quantidades
fornecidas por meio da mobilização da proteína corporal.
É perceptível a facilidade apresentada pela matriz em mobilizar suas reservas
corporais para contribuir com energia e aminoácidos para a produção de leite. Outro
fato observado é a amplitude do potencial de produção de leite de cada fêmea,
contribuindo desta forma, para a variação das exigências nutricionais de cada animal
(NRC, 1998).
É importante relembrar que os cuidados com a fêmea não devem ser
restringidos apenas ao período de lactação, mas sim ao longo de sua vida produtiva,
respeitando as necessidades de cada fase. Desta forma, será possível prover fêmeas
bem preparadas, com reservas corporais adequadas, reduzir o impacto da lactação e
facilitar o restabelecimento na próxima gestação (BORTOLOZZO et al., 2010). Animais
que não recebem quantidades suficientes de proteínas durante a gestação, acabam
por limitar suas reservas proteicas durante o parto, reduzindo, portanto, sua
capacidade de fornecimento de aminoácidos endógenos para a produção de leite
(WILLIAMS, 1998).
3.8. Modelagem
Com o uso de simulações é possível prever a necessidade nutricional para o
crescimento dos animais, independente da condição a que estão expostos, o que seria
trabalhoso caso avaliados a campo. Modelos estatísticos e matemáticos servem para
estimar estas exigências, a condição corporal dos animais e os fatores de desempenho
afetados durante o crescimento ou reprodução (HAUSCHILD, 2010).
26
Os modelos estatísticos são amplamente utilizados para a produção animal,
como por exemplo, o modelo nutricional, representado pela maior acurácia e facilidade
em padronizar os dados de entrada, amplamente utilizado para crescimento de suínos.
Em contrapartida, o modelo metabólico, aproveitado principalmente para a fase de
lactação, é capaz de quantificar as entradas nutricionais da fêmea, predizendo a
quantidade de produção descrita sob a forma de proteína de leite, gordura e lactose
(PETTIGREW, 1998).
O uso destes modelos nutricionais, mesmo em caso de menor acurácia quando
comparados com os dados empíricos, devem ser considerados. O seu uso em
pesquisas é fundamental, pois adéqua os dados de entrada, a fim de identificar as
áreas e pontos falhos que necessitem de mais pesquisas (CHIBA, 2000).
De acordo com Ruiz (2011) inúmeras decisões referentes a nutrição e produção
precisam ser tomadas diariamente pelos suinocultores. Apesar de tradicionalmente ser
considerada estática, a nutrição não deve ser embasada apenas em tabelas de
requerimentos dietéticos e conteúdos nutricionais de ingredientes. O autor ainda relata
a importância de conhecer novos sistemas, que se utilizam da matemática para traduzir
a biologia suína numa plataforma digital, auxiliando na tomada de decisão de forma
mais rápida e certeira, levando em consideração as diferentes fases de produção,
fisiologia, pool de nutrientes e valor para o produtor.
A utilização destes modelos na suinocultura permite a integração dos aspectos
econômicos, nutricionais, ambientais, sanitários, genéticos e de manejo. Quando
utilizada, a modelagem pode servir como uma forte ferramenta, visando aperfeiçoar o
desempenho e a veracidade dos sistemas, fazendo simulações e chegando a
resultados muito próximos da realidade (LOVATTO e SAUVANT, 2001).
Desta forma, é preciso integrar os fenômenos relacionados aos animais e ao
ambiente em que estão inseridos, levando em consideração os modelos nutricionais,
torna-se necessário que os mesmos sejam descrições detalhadas sobre a alimentação
e metabolismo do animal (LOVATTO et al., 2010)
Os primeiros modelos descritos por Pettigrew et al. (1992), foram considerados
sólidos, embora imperfeitos. Entretanto, foram essenciais para demonstrar a
necessidade de compreensão das ligações biológicas entre dieta, produção de leite e a
27
reprodução. Entretanto, nenhum modelo é totalmente preciso, visto que os animais
possuem genéticas distintas e também, respondem de formas diferentes perante o
mesmo desafio. Por isso, torna-se necessário o ajuste constante da modelagem de
acordo com as características do plantel (LOVATTO et al., 2010).
28
4. PESQUISA: Modelagem na lactação: decomposição do consumo alimentarem variáveis possíveis de mensuração a campo.
4.1. MATERIAL E METÓDOS
Foram utilizados dados parciais do experimento intitulado: “Efeito do nível
proteico e suplementação de aminoácidos e da mobilização de tecido na lactação
anterior”, realizado no período de dezembro de 2011 a setembro de 2012, conduzido
em Holambra- SP, na granja experimental de suínos (Beilen do Brasil). Este projeto foi
executado em parceria entre a TOPIGS do Brasil e a Universidade Federal do Paraná,
sob coordenação do Dr. Bruno A. N. Silva e colaboração do Prof. Dr. Alex Maiorka.
Apenas os dados relativos ao período de lactação foram disponibilizados para a
realização do presente estudo.
Apenas os dados de 79 fêmeas da linhagem TOPIGS 20 de ordem de parto de
um a cinco foram usados, estes animais eram provenientes de 12 grupos de cobertura
e que receberam três diferentes manejos nutricionais na gestação (informações não
disponíveis). Durante a lactação, as fêmeas receberam a mesma dieta, em dois
manejos de arraçoamento: oferecimento de aproximadamente 8 Kg diários ou de 4 Kg
diários. A ração de lactação foi formulada a base de milho e farelo de soja, com 3.449
kcal/Kg de energia metabolizável, 18,78% de proteína bruta e 1% de lisina digestível.
Após o parto, as fêmeas foram pesadas individualmente em balança digital, e
tiveram suas medidas de espessura de toucinho tomadas no ponto P2 (6,5 cm da linha
dorsal à direita e esquerda à altura da décima costela) utilizando aparelho Renco®,
configurado para fêmeas. As leitegadas foram equalizadas em aproximadamente 12
leitões, até 24 h após o parto.
29
No 7° dia as fêmeas foram novamente pesadas e a espessura de toucinho
mensurada no ponto P2. As fêmeas que perderam mais e menos peso (extremos) de
cada grupo de cobertura foram descartadas do experimento. O peso e a espessura de
toicinho foram tomados novamente ao desmame, realizado em média aos 28 dias pós-
parto.
As variáveis avaliadas foram: consumo, referente a quantidade de ração ingerida
pelo animal no período, em Kg. Período de lactação (DL), expresso pelo número de
dias que a fêmea esteve em processo de lactação. Peso da fêmea pós-parto (PPP),
medido 24 horas após o parto, em Kg. Peso vivo metabólico (PV), expresso pelo peso
corporal elevado a 0,75. Alteração do peso corporal da fêmea no período (AP), medido
pela diferença entre o peso ao desmame e peso pós-parto, em Kg. Espessura de
toucinho pós-parto (ETP), mensurada no ponto P2, 24 horas após o parto, em mm.
Alteração da ET da fêmea durante o período (AET), diferença dos pontos medidos ao
desmame e pós-parto, em mm. Número de leitões (NL), expressando a quantidade de
leitões nascidos vivos. Número de leitões desmamados (ND), representando os leitões
presentes na leitegada ao desmame. Peso da leitegada ao nascimento (PN), pelo
somatório dos pesos individuais dos leitões 24 horas pós-parto, em Kg. Peso da
leitegada ao desmame (PD), somatório dos pesos individuais dos leitões ao desmame,
em Kg. Ganho de peso total da leitegada (GPT), calculado pelo ganho de peso diário
dos leitões, incluindo o ganho de peso dos mortos no período e o número de dias de
permanência destes leitões na leitegada, em Kg/leitão.
Foi realizada a análise de correlação linear para identificação das melhores
combinações de variáveis a serem utilizadas e observar a coerência das relações entre
variáveis.
Com o intuito de decompor a ingestão da ração pela fêmea lactante nos
parâmetros avaliados, foi utilizada análise de variância e covariância utilizando o
módulo GLM do programa computacional estatístico StatGraphics Centurium XV
(STATGRAPHICS, 2007). O modelo inicial geral inseriu todas as variáveis disponíveis,
incluindo ordem de parto e manejo alimentar. Os fatores com menor significância foram
sequencialmente retirados do modelo, simulando o método backward step wise
selection, com nível mínimo de significância de 5%.
30
4.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 2 estão apresentadas as médias e os desvios-padrão das variáveis
observadas, de acordo com a ordem de parto dos animais durante o período de
lactação e arraçoamento (normal ou restrito).
31
Tabela 3. Médias e desvios-padrão para os parâmetros zootécnicos utilizados, mensurados durante o período de lactação, de acordo com aordem de parto e nível de arraçoamento
Parâmetros / Ordem de parto Ordem 1 Ordem 2 Ordem 3 Ordem 4 Ordem 5Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP
Arraçoamento normal (8 kg/dia)Número de fêmeas avaliadas 6 4 5 16 5Peso da fêmea pós parto (kg) 186,5 10,36 239 12,66 223 17,71 240,59 16,85 241,30 14,73ET pós parto (mm) 16 2,07 16 1,97 15 2,80 15 3,20 14 1,10Alteração de peso no período (kg) -16,1 7,16 -14,5 6,57 -8,7 12,16 -11,44 12,23 -7,70 9,02Alteração da ET no período (mm) -3 0,68 -2 2,26 -2 1,22 -2 1,36 -1 1,03Período lactação (dias) 30 1,51 29 0,82 29 1,22 29 0,91 28 2,30Consumo de ração no período (kg/fêmea) 175 9,34 171 6,46 173 3,50 170,92 14,58 164,36 13,63Nascidos vivos/parto 13 0,75 12 0,96 12 1,14 12 0,70 12 1,34Número de leitões desm./parto 12 1,17 12 1,5 12 1,48 12 1,17 11 1,14Peso da leitegada ao nascimento (kg) 18 1,78 20 3,25 18 2,46 16,81 3,78 16,63 2,09Peso da leitegada ao desmame (kg) 83 7,02 91 16,58 90 19,25 87,87 11,07 80,44 7,87GPMD da leitegada corrigido (g/dia)* 0,192 0,011 0,214 0,026 0,221 0,038 0,213 0,023 0,225 0,027Mortalidade até o desmame (%) 7,6 4,1 5,1 4,1 8,6
Arraçoamento restrito (4 kg/dia)Número de fêmeas avaliadas 7 4 4 18 10Peso da fêmea pós parto (kg) 193 11,99 234 7,09 227 9,89 239,89 13,75 250,35 22,98ET da fêmea pós parto (mm) 17 2,56 17 1,40 16 3,76 15 2,43 16 2,66Alteração do peso no período (kg) -26,9 13,19 -36,1 15,80 -33,1 11,63 -32,42 9,33 -22,49 11,75Alteração da ET no período (mm) -4 1,73 -4 1,93 -3 3,16 -3 1,13 -2 2,25Período lactação (dias) 29 0,69 30 0,50 29 1,41 29 1,44 28 1,14Consumo de ração no período (kg/fêmea) 115 6,08 118 4,00 115 6,15 110,83 6,79 116,96 17,61Nascidos vivos/parto 13 1,27 12 0,5 13 0,5 13 1,34 12 1,25Número de leitões desm,/parto. 13 1,27 12 1,26 13 0,58 12 1,20 12 1,52Peso da leitegada ao nascimento (kg) 15,53 3,54 17,70 3,96 16,46 4,71 19,03 5,97 18,05 3,45Peso da leitegada ao desmame (kg) 79,65 14,41 86,28 19,83 85,98 22,40 82,15 9,82 79,28 13,29GPMD da leitegada corrigido (g/dia)* 0,176 0,020 0,195 0,023 0,191 0,043 0,184 0,028 0,187 0,027Mortalidade até o desmame (%) 0,0 4,3 2,0 2,7 3,3
ET, espessura de toucinho no ponto P2; GPMD, ganho de peso médio diário, *Calculado pelo GPMD da leitegada, incluindo o ganho de peso dosmortos no período e o número de dias de permanência destes leitões na leitegada.
32
A produção de leite só não é prejudicada pelo consumo alimentar de forma mais
brusca, devido à capacidade da fêmea em mobilizar suas reservas corporais (MELLAGI
et al., 2010). A quantidade e composição das reservas corporais que são mobilizadas
durante a lactação dependem diretamente da deficiência nutricional do animal, já a
mobilização do tecido magro está relacionada diretamente com o balanço entre as
necessidades proteicas para a produção de leite e o consumo de proteína pela fêmea
em lactação (DOURMAD et al., 2008).
Fêmeas sob manejo alimentar restrito tiveram alterações em seus pesos
corporais, principalmente as de ordem de parto dois (- 36 Kg) e ordem de parto três (-
33 Kg). A Ordem de parto e o tamanho da leitegada também possuem grande
influência na necessidade de energia para a produção de leite que corresponde a cerca
de 60 – 80% de toda a necessidade nutricional (CLOSE & COLE, 2001).
Estima-se que a cada quilograma perdido de peso corporal exista o
fornecimento de cerca de 3000 Kcal de energia, sendo assim, uma fêmea que perdeu
10 Kg em 21 dias de lactação acaba ganhando 14300 Kcal/dia oriundos de suas
reservas corporais (CLOSE & COLE, 2001).
Os índices de mortalidade mais discrepantes encontrados foram de 8,6% (ordem
de parto cinco) no tratamento normal, e de 0% (ordem de parto um) no tratamento
restrito.
As perdas na ET dos animais ao longo do período lactacional variaram de - 4
mm a -2 mm para os arraçoados de forma restrita e de -3 mm a -1 mm para os de
forma normal.
O consumo dos animais mantidos em arraçoamento restrito recebeu
quantidades superiores a prevista de 50% ad libitum, podendo ter interferido nos
resultados. Segundo Young et al. (2004), em se tratando de primíparas, a redução do
consumo torna-se um problema ainda maior, visto que estas matrizes apresentam
menor capacidade de consumo alimentar, cerca de 20% quando comparadas com as
multíparas, e ainda se encontram em fase de crescimento.
33
A partir da análise de correlação linear foram descritas as variáveis que mais
demonstraram significância com o consumo de ração pela fêmea lactante. Os valores
encontrados estão apresentados na Tabela 3.
Tabela 4. Coeficientes de correlação (r) e probabilidade (P) do consumo de ração entre as variáveistestadas para utilização na modelagem
ParâmetrosConsumo de Ração (Kg)r P
Ordem de parto -0,0951 0,4043Número de leitões 0,0008 0,9943Peso metabólico pós-parto da fêmea (PV0,75) 0,2697 0,0162Peso ao desmame da fêmea (Kg) 0,2734 0,0148Alteração de peso no período (Kg) 0,6207 0,0000Alteração de ET no período (mm) 0,2877 0,0101GPM da leitegada (kg/leitão) 0,4904 0,0000GPM por dia (g/dia) 0,4453 0,0000Peso metabólico ao desmame da leitegada (PV0,75) 0,3938 0,0003Período de lactação (dias) 0,2468 0,0283
De acordo com a tabela 3 é possível notar que ordem de parto e NL não
apresentaram correlação estatística significativa (P>0,05). Entretanto, essas variáveis
foram utilizadas no teste do modelo por apresentarem interação com os demais. As
demais variáveis apresentou significância a 5%, podendo ser assim, utilizadas no
modelo desenvolvido.
Os valores encontrados para GPM foram altamente significativos (P<0,01),
demonstrando que o aumento no consumo de ração pela fêmea poderia trazer maiores
benefícios para o ganho de peso da leitegada. No desenvolvimento de modelos
nutricionais, é preciso fornecer nutrientes adequados para suprir as demandas de
mantença, favorecendo a lactogênese. Busca-se a redução da mortalidade e aumento
do desenvolvimento da leitegada, garantindo que o consumo alimentar das fêmeas não
fique abaixo de suas demandas nutricionais (LOVATTO et al., 2010).
Foram desenvolvidos dois modelos para decompor a quantidade de ração
ingerida pela fêmea durante o processo de lactação. O peso da fêmea, apesar de ser
correlacionado positivamente com o consumo, não foi considerado no modelo por
apresentar combinação linear entre as demais mensurações de peso. No uso de
modelos metabólicos, são utilizadas as mesmas taxas para a síntese de leite,
independente do tamanho da matriz, ocasionando que fêmeas menores tenham um
34
gasto maior para produzir a mesma quantidade de leite (PETTIGREW et al., 1992;
NOBLET et al., 1997).
As variáveis PPP, PV, ETP também não apresentaram significância (P>0,07), e
depois de testadas foram retiradas do modelo, permanecendo apenas a AP (P<0,05) e
AET (P<0,05), representando a perda de peso e a composição corporal da fêmea no
período. Já os gastos referentes aos leitões foram melhor expressos pelo GPML e o
NL.
No primeiro modelo, foi levada em consideração a distribuição dos animais de
acordo com sua ordem de parto. Após seleção das melhores variáveis o consumo
poderia ser decomposto pela seguinte equação:
Consumo = -53,87 + efeito Ordem de parto + 1,16AP + 4,16AET + 19,22GPT +9,70NL
Onde:
AP a alteração do peso da fêmea durante o período, em Kg;
AET a alteração da ET da fêmea durante o período, em mm;
NL o número de leitões;
GPT o ganho de peso total da leitegada, em Kg/leitão.
O efeito da ordem de parto no intercepto da decomposição do consumo foi de +
8,10 (em caso de ordem de parto um), + 6,05 (em caso de ordem de parto dois), - 3,72
(em caso de ordem de parto três), +1,12 (em caso de ordem de parto quatro) e – 11,54
(em caso de ordem de parto cinco). Esta equação conseguiu explicar cerca de 70% da
variação no consumo, com erro padrão residual de 13,39 Kg de ração por porca no
total do período de lactação. A análise de variância do consumo deste modelo se
encontra no Anexo 1.
No segundo modelo foi considerado o período de lactação (DL), o que causou
exclusão da ordem de parto. A equação gerada para a decomposição do consumo foi:
Consumo = -148,70 + 4,09*DL + 1,24*AP + 2,80*AET + 16,38*GPT + 8,94*NL
Onde:
DL o número de dias que a fêmea se manteve lactante;
AP a alteração do peso da fêmea durante o período, em Kg;
35
AET a alteração da ET da fêmea durante o período, em mm;
NL o número de leitões;
GPT o ganho de peso total da leitegada, em Kg/leitão.
Esta equação explicou cerca de 68,71% da variação no consumo, com erro
padrão residual de 14,41 Kg por porca no total da fase. A análise de variância completa
para geração desse modelo se encontra no Anexo 2.
Para a interpretação biológica dos coeficientes obtidos na Equação 2, deve-se
considerar que AP e AET representam as saídas de energia para mantença,
manutenção de temperatura corporal, atividade física e os processos metabólicos
envolvidos na produção de leite, e de outro lado, o NL e GPT representando a energia
de mantença dos leitões (incluindo os gastos com manutenção da temperatura corporal
e com atividade física) e seu desenvolvimento pela transformação da ração consumida
pela porca em leite e, consequentemente, em ganho de peso da leitegada.
Inicialmente, as variáveis PPP e ETP quando testadas, explicaram 77% da
variação do consumo de ração, entretanto, ao contrário do que se esperava, não foram
significativas a 5% e modificavam negativamente os coeficientes das demais variáveis.
As variáveis AP e AET possuem correlação alta e positiva com o consumo, por
estarem relacionadas com a quantidade ingerida. Contudo, as exigências nutricionais e
o processo de produção de leite durante a lactação acabam fazendo com que a fêmea
gaste suas reservas, tornando seus índices negativos, e consequentemente seus
coeficientes utilizados na equação. Dessa forma, a fêmea manteria suas reservas
corporais.
Para o GPT, grande parte do que é consumido pela fêmea, acaba sendo
utilizado para a produção de leite. Assim, a redução do consumo alimentar pode causar
grandes impactos sobre a leitegada.
Comparando com equações já propostas (CLOSE & COLE, 2001; SAMUEL et
al., 2008), as variáveis analisadas serviriam também para determinação de índices e
taxas nutricionais, tais como: ganho proteico, quantidade de lisina, energia
metabolizável, produção de leite, etc; sendo medidas de fácil mensuração à campo.
Existe uma demanda por novos modelos, capazes de transformar a realidade
em dados matemáticos utilizados para tomadas de decisões na granja. A modelagem é
36
uma ferramenta imprescindível para identificar os entraves ao longo das etapas do ciclo
produtivo das fêmeas pela simulação das situações observadas (LOVATTO et al.,
2010).
37
4.3. CONCLUSÃO
As variáveis obtidas durante a lactação (variação do peso e espessura de
toucinho da fêmea, peso da leitegada, número de leitões nascidos vivos, consumo de
ração, ordem de parto e dias em lactação) são de fácil mensuração e podem ser
utilizadas para estimar as necessidades nutricionais desta categoria animal.
38
5. RELATÓRIO DE ESTÁGIO
5.1. Plano de estágio
O Plano de trabalho foi elaborado de acordo com as necessidades encontradas
na granja Beilien, com o intuito de auxiliar não somente no processo experimental, mas
também nos manejos diários da granja comercial, e estão listadas abaixo:
Acompanhamento de projeto de pesquisa intitulado: Determinação da
reconstituição de reservas corporais em fêmeas suínas durante a gestação:
efeito do nível proteico e suplementação de aminoácidos e da mobilização de
tecido na lactação anterior;
o Montagem dos blocos experimentais;
o Coleta de dados produtivos, fisiológicos e amostras de sangue;
o Manejo de fêmeas na maternidade e gestação;
Acompanhamento de coleta de dados referentes ao protocolo genético da granja
experimental;
Acompanhamento de todas as atividades e manejos rotineiros da granja.
O estágio foi realizado durante o período de 16/01/2012 a 24/05/2012, de
segunda a sexta- feira, totalizando 450 horas.
5.2. A empresa
A TOPIGS é uma das principais empresas na área de genética, e vem
assumindo a liderança em diversos países sobre o mercado devido ao progresso em
suínos que promove. Realiza inúmeros projetos de desenvolvimento, executados
39
devido a parceria com as principais universidades e institutos de pesquisa do mundo,
na busca por aperfeiçoamento e obtenção de produtos cada vez melhores.
Pesquisa, inovação e melhoramento genético representam os pilares que
sustentam esta empresa. Diversos distribuidores e companhias filiadas formam sua
intensa rede internacional, presente nos mais importantes países produtores de suínos,
sendo responsável pela propagação do conhecimento e experiência técnica. Possui
uma equipe de especialistas que fornece suporte aos clientes da genética TOPIGS nas
áreas de seleção, nutrição, sanidade e qualidade de carcaça e da carne.
Há cerca de três anos, a Granja Beilen passou a integrar a rede TOPIGS,
começando a desenvolver experimentos em conjunto com sua produção comercial de
suínos, visando um melhor acompanhamento dos avanços que poderiam ser
alcançados em suas propriedades e também a reposição do plantel pela genética
TOPIGS20.
Localizada em Holambra, interior de São Paulo, a agora denominada Estação
Experimental Beilen TOPIGS, fica situada no setor rural da cidade, a 8 Km do centro.
Conta com três áreas distintas, a granja Luizão de ciclo completo (Figura 2), a granja
Teco-Teco utilizada para animais em terminação, e o escritório central que dispõem de
uma fábrica de ração.
Figura 2. Esquema da granja Luizão. Galpão de terminação (1); galpão de gestação (2); galpão dematernidade (3); escritório (4) e lagoa de dejetos(5).
Fonte: Adaptado de Google Earth ©2012
40
A granja Luizão possui atualmente quatro funcionários que trabalham
diretamente com as obrigações da granja, sendo responsáveis pelos manejos de todas
as fases (cria, recria, engorda). Conta com trabalhadores externos que fazem o
transporte das rações e materiais, além de profissionais indiretos que são chamados
esporadicamente ou quando há necessidade.
O senhor João Ruitter, descendente de Holandeses e proprietário da granja,
administra a empresa em conjunto com seus filhos Fernando e Stephanie Ruitter.
Após a compra das propriedades, a família que também dispõem de plantações de
laranja, limão, milho e estufas de flores, optaram por seguir o modelo holandês de
produção suína, adaptando suas instalações e manejos diários.
O período de estágio ocorreu em sua totalidade na Granja Luizão, com
supervisão do Zootecnista Dr. Bruno A. N. Silva, nutricionista da TOPIGS, orientação
do Prof. Dr. Marson Bruck Warpechowski (UFPR), colaboração da aluna de mestrado
Stefani De Bettio (UFPR) e estagiários: Bruna Umbria e Lucas Barrilli (Graduação em
Zootecnia –UFPR) e Vanessa Faria (Graduação em Zootecnia – UFV).
5.3. Instalações e equipamentos
A Estação Experimental está dividida em três grandes áreas: a granja de
terminação, o escritório central da Beilien em conjunto com as estufas de flores e a
fábrica de rações, e a granja “Luizão” aonde são realizadas todos os experimentos, a
produção de ciclo completo e sede do estágio curricular obrigatório.
5.3.1. Granja Luizão
A granja conta com uma casa, do gerente da propriedade, juntamente com sua
família, um escritório e dois vestiários (sendo um feminino e um masculino), contendo
vaso sanitário e chuveiro para higiene pessoal dos funcionários e visitantes. Essas
instalações serão demonstradas na figura a seguir. As roupas utilizadas durante o
estágio foram fornecidas pela empresa TOPIGS.
41
Figura 3. Visão geral da granja Luizão, em destaque o escritório
A granja possuía duas balanças para manejo dos animais sendo uma analógica
que se encontrava no corredor de embarque/desembarque dos animais e outra digital
com capacidade para 500 kg, com uma gaiola de pesagem medindo 0,7 m x 1,75 m x
1,25 m (largura x comprimento x altura). Essa balança contava com uma área de
manejo externa de 24,5 m² para os manejos diários da granja, tais como higiene das
matrizes que desciam para a maternidade, pesagem de fêmeas pós-parto, fêmeas
desmamadas, etc.
Para o alojamento das futuras matrizes, a granja dispunha de um galpão de
recria de mãrras, com uma área total de 112 m² (8 m x 14 m) dividida em quatro baias
de 28 m² cada uma. Esse galpão possuía um lado fechado com tijolos, sendo os outros
três lados totalmente abertos, e sem nenhum tipo de fechamento por cortinas.
Cada baia comportava em média, de 6 a 7 fêmeas, com cerca de 4,6 m² livres
de espaço individual, tendo um comedouro de 4 metros de comprimento e dois
bebedouros tipo niple.
O galpão de gestação, onde ficavam alojadas as matrizes prenhas e
posteriormente as novas marrãs, tinha cerca de 500 m² de área com muretas de 0,50
m de altura nas laterais, três ventiladores e cortinas de lona para manejo da
temperatura ambiente. Nesse galpão estavam dispostas 205 baias individuais de 2 m x
0,65 m x 1,25 m de dimensões. Cada gaiola contava com um comedouro frontal,
dividido em dois espaços para o abastecimento de ração, com capacidade de 2kg de
ração para cada lado.
42
Para a circulação dos animais e tratadores existiam quatro corredores de
passagem, sendo três deles com 0,90 m de largura, localizados na região posterior das
fêmeas, utilizados primordialmente para o manejo de limpeza (fezes e urina). Já o
corredor mais estreito (0,80 m) servia como passagem para o carrinho de ração,
auxiliando no arraçoamento. O único cocho para oferta de água, do tipo canaleta
medindo 0,25 m X 0,12 m, era utilizado para o fornecimento também do alimento das
fêmeas, devido ao mau estado de conservação dos cochos próprios para o
arraçoamento.
Como enfermaria, para animais que apresentassem algum problema
sanitário ou locomotor e fêmeas de descarte, eram utilizadas baias com área de
circulação maior (3,5 m x 7 m) localizadas no final do galpão, evitando qualquer contato
com os demais animais.
A granja possuía três cachaços, utilizados como rufiões para identificação de
cio, sendo que os dois machos mais velhos ficavam em baias no final do galpão, com 9
m² de área individual. O macho mais novo era alojado em uma baia de 5,2 m² (2 m X
2,6 m) localizada entre as fêmeas, na linha de produção.
As fêmeas quando se aproximavam do dia do parto eram transferidas para as
baias de parto individual. A granja contava com cinco salas de maternidade, com 76,5
m² de área total (9 m x 8,5 m), estas salas eram subdivididas em 10 baias, provendo
um espaço individual de 3 m² (1,75 m x 2 m). Os dois lados da sala eram de meia
parede, sendo um com cortina para manejo da temperatura interna. Para controle do
ambiente, também era utilizado um sistema de resfriamento adiabático com um tubo de
lona que percorria todas as salas da maternidade, levando o ar puxado por um
ventilador de fora para dentro das salas.
Em cada baia havia uma gaiola de parição e lactação de 1,4 m² (0,7 m X 2 m),
com comedouro e bebedouro de cimento, frontal às fêmeas com 0,70 m de largura. O
piso era parcialmente vazado, com barras de aço arredondadas, facilitando a higiene e
escoamento dos dejetos. Havia um escamoteador com duas entradas, e um bocal para
lâmpadas incandescentes para aquecimento da leitegada. Os pisos utilizados para os
leitões eram de plástico vazado para evitar contaminações e reduzir ferimentos.
43
A sala era composta por três corredores, um central de um metro de largura e
dois laterais de 0,90 m de largura utilizados para o manejo de arraçoamento das
matrizes e demais procedimentos realizados na granja.
Para a creche estavam disponíveis sete salas, cada uma com 40,5 m² de área
total (4,5 m X 9 m), era subdividida em seis baias coletivas, utilizadas após a
separação dos animais de acordo com sua linha genética e gênero. Por estarem
distribuídas no mesmo galpão da maternidade, sequencialmente, o manejo da
temperatura ambiente era realizado da mesma forma (cortina de um lado e ventilador
central ao longo das salas).
As quatro baias localizadas nos cantos extremos da sala possuíam 5,5 m² de
área total (1,85 m X 3 m), com dois bebedouros do tipo niple e dois comedores. Em
duas salas estavam sendo utilizados os novos comedouros, tipo funil, para testes de
desempenho. As duas baias centrais, com 3,23 m² de área (1,75 m x 1,85 m)
apresentavam apenas um comedouro e bebedouro do tipo niple.
A taxa de lotação das baias variava entre 15 a 22 leitões nas baias maiores, com
uma densidade média de 0,31 m²/leitão, já nas baias menores a taxa de lotação não
passava de 10 animais, com uma densidade próxima a das baias maiores, em torno de
0,32 m² por leitão.
Na figura abaixo, estão ilustradas o galpão de maternidade e creche.
Figura 4. Baia de parição/lactação individual (1), Sala da Maternidade (2) e Sala da Creche (3)
Para armazenamento das rações utilizadas ao longo da semana, por todas as
fases, a granja possuía uma sala de depósito de ração de 31,5 m² (3,5 m x 9 m). Neste
44
depósito ficavam também guardadas as ferramentas e equipamentos de uso rotineiro,
uma balança analógica e uma balança digital móvel para pesagens de ração de cada
trato.
As salas de maternidade, sala de ração, salas de creche e sala de marrãs
pertenciam a uma única estrutura, com nove metros de largura e, aproximadamente, 93
metros de comprimento.
Por fim as instalações da recria/terminação, contavam com um galpão de 600 m²
(10 m x 60 m), com muretas de 0,50 m de altura nas laterais e cortina para manejo da
temperatura e controle de sol. Esse galpão era dividido em 40 baias de 9 m² (3 m x 3
m) de área/baia e ainda possuía dois corredores de um metro de largura cada,
localizados nas extremidades de cada lado do galpão.
Cada baia continha um comedouro e um bebedouro do tipo niple, com piso de
cimento e vazado nas extremidades para facilitar a limpeza e o escoamento de dejetos
para fossa. Com uma densidade de 0,9 m²/ animal, as baias possuíam uma capacidade
máxima de alojamento de 10 animais. Das 40 baias uma se encontrava desativada,
servindo como depósito de ração para os tratos do fim de semana.
5.3.2. Granja Teco-Teco
Com menores proporções, a granja Teco-Teco estava localizada próxima a
granja Luizão. Possuía uma casa, habitada pelo Sr. Celio, o encarregado da granja e
sua família, um pequeno vestiário com sanitário e chuveiro e um galpão para
armazenagem das rações e equipamentos de uso rotineiro.
Nesta granja era realizada apenas a fase de terminação, e para tal, dispunha de
dois galpões (A e B). O galpão A, com 20 metros de comprimento era dividido em 22
baias individuais, tendo como diferencial, uma área externa para acesso em cada baia,
com 6 m² (2 m x 3 m) dispondo de um bebedouro extra do tipo niple.
A baia interna, com 8,7 m² (3 m x 2,9 m), continha um bebedouro e um
comedouro, com capacidade para até 10 animais, com densidade máxima de 1,47
m²/animal (quando somados área externa + área interna). Neste galpão, havia um
45
único corredor central com 1,2 metros de largura na área coberta, e dois laterais
descobertos de 1 metro de largura por onde os animais eram manejados.
Já o galpão B, representado por uma estrutura maior, com 480 m² de área total
(8 m x 60 m), contava com paredes de tijolo vazado a partir de 1,5 metros de altura do
chão. Na parte inferior havia uma pequena abertura, fechada por grades de aço, que
auxiliavam na ventilação de cada baia. Esse galpão continha 38 baias individuais, cada
qual com 10,55 m² de área total (3,7 m x 2,85 m), com um bebedouro tipo niple e um
comedouro, sem nenhum tipo de área externa. O galpão possuía ainda um corredor
central de 1 m de largura para passagem do tratador.
Os animais quando atingiam o peso adequado, eram transportados então para
os frigoríficos parceiros.
5.3.3. Fábrica de ração
No intuito de atender a demanda semanal da ração utilizada nas dependências
da granja Beilen, a empresa investiu na construção de uma pequena fábrica de ração.
Com uma capacidade de produção de oito toneladas por dia, a fábrica recebe
produtos da Nutron e Ajinomoto, compra de fornecedores de outros estados, milho,
soja e demais grãos, além de produzir o próprio milho.
A ração é transportada em sacas de 20 Kg, 30 Kg ou 40 Kg, dependendo do tipo
e frequência de uso na granja, e quando necessário é distribuída em caminhões
diretamente nos silos de cada propriedade.
Para armazenamento de toda a ração utilizada ao longo da semana, a granja
contava com oito silos (Figura 5) com capacidade de quatro toneladas cada, sendo
quatro silos na granja Luizão e quatro na granja Teco-Teco. Cada silo correspondia a
uma determinada ração, e sua fase.
46
Figura 5. Silos para armazenamento de ração na Granja Luizão (1) e na Granja Teco-teco (2)
5.4. Experimento
Em paralelo aos manejos da granja, ocorria o experimento de determinação da
reconstituição de reservas corporais em fêmeas suínas durante a gestação, intitulado:
efeito do nível proteico e suplementação de aminoácidos e da mobilização de tecido na
lactação anterior, realizado pela mestranda Stefani De Bettio (parceria TOPIGS e
UFPR).
Foram utilizadas 108 fêmeas suínas gestantes, linhagem TOPIGS 20,
distribuídas em delineamento experimental de blocos ao acaso, em arranjo fatorial 2 x
3. Sendo dois níveis de mobilização corporal (alta e baixa) e três dietas: dieta nível
normal de proteína (NP); dieta alta proteína (HP) e dieta baixa proteína e adição de
aminoácidos sintéticos (LP + AA), com 18 repetições, sendo cada animal considerado
uma unidade experimental. Na formação dos blocos foram considerados a ordem de
parto, o peso corporal e a espessura de toucinho ao início da gestação. As fêmeas
permaneceram no experimento aproximadamente 115 dias, compreendendo o período
da cobertura até o parto seguinte.
Durante a gestação, as fêmeas foram alojadas em gaiolas individuais, dotadas
de comedouro e bebedouros tipo canaleta. As condições ambientais no interior do
galpão foram registradas diariamente por meio do equipamento datalogger (01 leitura
de temperatura e 01 de umidade a cada 02 minutos), mantido isolado em uma gaiola
vazia no centro do galpão, a meia altura do corpo dos animais.
47
Uma avaliação piloto foi conduzida, com o intuito de induzir a perda de tecido
corporal nas fêmeas durante a lactação. Dessa forma, as fêmeas foram pesadas e
tomou-se a espessura de toucinho no ponto P2. A leitegada foi equalizada em 12
leitões até 24 h após o parto. Estas fêmeas seguiram um regime alimentar step-up que
estimulou o aumento gradativo do consumo diário até o 7° dia pós-parto, estabilizando
em aproximadamente 8 kg de ração/dia (2,0 kg fêmea + 0,5 kg leitão), valor baseado
no histórico de dados da granja. No 7° dia as fêmeas foram novamente pesadas e a
espessura de toucinho mensurada no ponto P2, de forma que as fêmeas que perderem
mais e menos peso (extremo) neste período não fossem utilizadas no experimento. As
fêmeas que restaram após essa desclassificação foram divididas em dois grupos, onde
um grupo foi alimentado de forma ad libitum (aprox. 8,0 kg/dia) e o segundo grupo
alimentado em 50% do ad libitum (aprox. 4,0 kg/dia). O peso e a espessura de toucinho
foram mensuradas novamente ao desmame, realizado em média aos 28 dias pós-
parto.
Essas fêmeas desmamadas foram encaminhadas para a gestação onde o
retorno ao cio era identificado com auxílio de um cachaço rufião que passava de
manhã nas gaiolas das fêmeas. Ao sinal de reflexo positivo de tolerância ao homem e
ao macho essas fêmeas eram inseminadas novamente. Durante o período de
desmame-estro os diferentes grupos de arraçoamento (normal ou restrito) receberam o
mesmo manejo alimentar, 4,0 kg de ração lactação medicada por dia até serem
inseminadas. Após a inseminação, os grupos de fêmeas foram submetidos aos três
tratamentos até os 84 dias de gestação. Dos 85 até os 110 dias todas as fêmeas foram
alimentadas com a dieta 01, que é a normal de manejo da granja. Durante a gestação
as fêmeas eram arraçoadas seguindo uma mesma curva (0 – 49 dias: 2,2 kg/dia; 50 –
84 dias: 2,5 kg/dia; e 85 – 110 dias: 3,1 kg/dia). Aos 111 dias todas as fêmeas eram
encaminhadas para a maternidade onde recebiam 2,5 kg/dia de uma dieta de pré-
parto.
Após a inseminação, as fêmeas eram submetidas a coletas de urina e fezes
durante a semana: aos 35, 60 e 84 dias de gestação. As amostras dos cinco dias então
eram misturadas e uma amostra de urina e de fezes representativa era formada. As
48
fêmeas que participavam do experimento eram pesadas aos 35, 60, 84, e 110 dias de
gestação. No momento das pesagens era mensurada a espessura de toucinho no
ponto P2. Nos períodos de 35, 60 e 84 dias de gestação as fêmeas eram submetidas à
coleta de sangue, através da veia jugular duas horas após a alimentação. As amostras
de sangue eram coletadas em tubos com e sem anticoagulante e armazenados em
caixa térmica (4°C) até serem enviadas para o laboratório em Campinas – SP para
análises.
As rações experimentais foram formuladas à base de milho, farelo de soja, farelo
de trigo e suplementadas com minerais, vitaminas e aminoácidos sintéticos para
atender às exigências dessa categoria animal, de acordo com IPG Sow Model 2010®,
exceto para a proteína bruta e lisina digestível. Em todas as rações foram verificadas
as relações entre os aminoácidos essenciais com a lisina digestível, a fim de assegurar
que nenhum aminoácido seria limitante. Amostras das rações experimentais para cada
período da gestação eram coletadas para serem enviadas e analisadas
bromatologicamente no Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia
da Universidade Federal do Paraná – PR e para análises de conteúdo aminoácidico
pela Ajinomoto do Brasil.
5.4.1. Manejo do experimento
Para facilitar o controle do manejo, todos os animais possuíam uma ficha em
frente a sua gaiola com seus dados (número do animal, grupo, tratamento, quantidade
de ração, etc), bem como seu número localizado na parte de trás da gaiola.
Diariamente, às 7:00 da manhã acontecia o primeiro arraçoamento dos animais
no galpão de gestação, em que cada fêmea recebia seu tratamento e quantidade
específica de ração de acordo com seu grupo. Após o consumo ocorria a limpeza dos
cochos e posteriormente o fornecimento de água. Este mesmo procedimento era
repetido às 15:00 horas, correspondendo ao trato da tarde. Em ambos os momentos
ocorria também a coleta de fezes dos animais após o arraçoamento.
49
Na coleta de urina, cerca de 2 horas após o trato, era coletado o primeiro jato
disponível com o auxílio de garrafas pet, sendo transferidas após 20 minutos para um
pote contendo 6 ml de ácido sulfúrico.
Às terças-feiras, era realizada a pesagem e coleta de sangue do grupo da
semana. Com o uso de uma corda grossa como caximbo, na intenção de minimizar o
estresse causado aos animais, as fêmeas eram contidas e pesadas. Era colhido 20 ml
de sangue pela veia jugular e realizada a medição da glicose, depois os animais eram
novamente levados para suas gaiolas. Para controle do experimento diariamente era
realizada uma passagem pelo galpão de gestação e maternidade, a fim de verificar as
fêmeas e seu desenvolvimento.
Com o intuito de otimizar o tempo disponível na granja, sempre que possível,
ocorria a pesagem e armazenamento das rações em sacos plásticos, identificados com
o tratamento (T1, T2, T3 ou LM) e a quantidade de ração (1,1 Kg, 1,25 Kg ou 1,5 Kg),
que seriam distribuídos para cada animal, demonstrado na Figura a seguir.
Na maternidade, as fêmeas lactantes e os neonatos recebiam cuidados
especiais, desta forma sempre que necessário, acontecia o auxílio na hora do parto e
durante as mamadas, evitando principalmente, esmagamento dos leitões e rompimento
do cordão umbilical que só era removido mais tarde durante o manejo de parto.
Nos períodos de 24 horas pós-parto, sete dias de lactação, desmame, e depois
das coletas de sangue eram realizadas as pesagens individuais dos animais em
balança digital, e mensuração das espessuras de toucinho (P2).
Figura 6. Pesagem da ração (1) e cocho utilizado para ração no galpão de gestação (2)
50
5.5. Manejo cotidiano da granja Beilen
Os manejos descritos abaixo representam apenas o manejo realizado na granja
Luizão, local em que foi realizado o estágio.
5.5.1 Marrãs
Por se tratar de uma granja multiplicadora, acontecia a reposição das fêmeas do
plantel da granja. Sendo assim, a troca de matrizes com ordem de parto superior a
cinco partos, por marrãs tornava-se fundamental. Tendo em vista este objetivo, a cada
45 dias, 12 novos animais eram introduzidos no plantel, com idades entre 125 e 150
dias. Os animais eram pesados individualmente, em balança digital, e logo em seguida
distribuídos em baias coletivas, aproximadamente quatro animais por baia de acordo
com sua idade, onde passavam o período de adaptação antes de ingressar no plantel
reprodutivo da granja.
No primeiro dia, as fêmeas recebiam, através de via injetável, uma dose de
Draxxin® (antibiótico), seguindo a recomendação de 1 ml/40 Kg. Já no quinto dia eram
ministrados individualmente 2 ml de Coglapix® (vacina contra doenças respiratórias
micoplasma e pleuropneumonia). Após a recepção eram alimentadas com 2,5 Kg/dia
de ração específica para marrã, sendo a mesma dividida em dois tratos, ambos com
adição de água facilitando a ingestão pela fêmea.
A partir do 150º dia, começava o manejo de detecção do cio, que consistia na
passagem do macho rufião, uma vez ao dia, geralmente no período da manhã, por
cerca de 15 minutos em cada baia estimulando o cio da fêmea. Caso a mesma não
demonstrasse nenhum sinal de cio acabava sendo realocada em uma baia mais tardia,
para uma segunda tentativa. Caso o cio não fosse detectado este animal era
encaminhado para o galpão de gestação e mantido junto ao macho por um período de
tempo (variando de 15 minutos até 2 horas).
Ao completar 180 dias era ministrada a primeira dose e aos 200 dias a segunda
dose de Farrowsure®B (vacina para prevenção de Erisipela, Leptospirose e
Parvovirose suína). Após os 200 dias, os animais eram pesados individualmente e
51
então transferidos para o galpão de gestação, aonde seriam remanejados em baias
individuais dando início ao período produtivo.
Para preparação da fêmea para a reprodução foi realizado um flushing
nutricional, com isso estes animais passavam a receber 10 dias antes da inseminação,
3 Kg de ração lactação medicada, com alto valor energético, também divididos em dois
tratos com adição de água. Quando levadas para o galpão de gestação, para facilitar o
manejo, as fêmeas eram colocadas em sequência de acordo com seu escore corporal,
das mais magras para as mais gordas.
5.5.2 Gestação
Depois de desmamadas as fêmeas eram pesadas individualmente e tinham a
espessura de toucinho medida, através do aparelho Renco®, configurado para fêmeas.
Posteriormente eram novamente realocadas nas gaiolas individuais da gestação,
seguindo a sequência semanal da granja para reprodução. Recebiam 3 kg de ração
lactação medicada, dando continuidade ao flushing que foi iniciado uma semana antes
na maternidade (final da lactação).
Após a observação de cio, realizada no período da manhã diariamente pela
passagem do macho rufião pelos corredores do galpão, era realizado o procedimento
de inseminação artificial, após a detecção dos sinais de cio e aceitação do macho e ao
homem (Reflexo de tolerância ao macho e ao homem). No caso de fêmeas que
permaneciam sem demonstrar sinais de estro por mais de três cios seguidos eram
destinadas ao abate.
As fêmeas continuavam sendo alimentadas com ração lactação medicada até o
quinto dia após transferência para o galpão de gestação, após esta data passavam a
receber ração de gestação.
As matrizes recebiam 2,2 kg de ração/dia até os 84 dias de idade, mudando para
2,5 kg/dia até completarem 94 dias, chegando aos 3 kg/dia, mantidos até o momento
da transferência para a maternidade. Os machos recebiam apenas 2 Kg/dia de ração
gestação, todos os arraçoamentos eram realizados em dois tratos diários, com o auxílio
de uma balança digital móvel agregada a um carrinho, com fornecimento de água após
o consumo.
52
Aos 95 dias de gestação era aplicada uma dose de 5 ml de Gletvax®6 (vacina
contra E. Colli) e uma dose de 2 ml de Coglapix® (vacina contra doenças respiratórias).
Nesta data ocorria a mudança de ração, em que as fêmeas passavam a receber ração
pré-parto até o momento de serem transferidas para a sala de maternidade.
Figura 7. Interior do galpão de gestação com suas gaiolas individuais
5.5.3. Maternidade
A granja contava com cinco salas disponíveis para maternidade que seguiam
uma sequência semanal de desmame, cada uma composta por 10 baias individuais.
Ao final de cada desmame, acontecia a limpeza completa da sala, realizando a
desinfecção e vazio sanitário (cerca de três dias) para a entrada do próximo grupo. A
lavagem era feita com esguichos de alta pressão, em todas as dependências da sala,
após a secagem ocorria a pulverização com desinfetante seguida pela pintura de uma
camada de cal em todas as paredes.
As fêmeas que estavam na gestação até cerca dos 110-112 dias de idade, eram
realocadas para o galpão da maternidade, sendo pesadas individualmente com o
auxílio de uma balança digital. Elas então eram lavadas e conduzidas de maneira
aleatória para as baias localizadas na sala de maternidade, criando um período de
adaptação pré-parto e evitando o início do parto nas baias de gestação.
Ao final do alojamento, as fêmeas recebiam 2 kg de ração pré-parto divididos em
dois tratos ao dia. No dia do parto a ração era retirada até o dia seguinte, quando
passava a ser fornecido 2 Kg de ração lactação. A partir deste momento a quantidade
53
de ração a ser fornecida a cada fêmea dependia do número de leitões lactentes, sendo
como padrão fornecido 1 kg de ração a mais por dia (caso a fêmea tivesse mais de 10
leitões), ou 0,5 kg a mais de ração por dia (fêmeas com menos de 10 leitões), até o
sexto dia de lactação.
A partir do sétimo dia, os animais recebiam 2 kg de ração, mais 0,5 kg por cada
leitão, podendo chegar ao máximo de 8 kg de ração lactação por dia, divididos em três
tratos diários, com adição de água. Nesse momento as marrãs recebiam uma dose de
5 ml de Farrowsure®B.
Na última semana do período lactacional, próximo ao dia do desmame as
fêmeas recebiam 3 kg de ração lactação medicada, iniciando assim o processo de
flushing, preparando a fêmea para o próximo período de serviço.
5.5.3.1 Manejo de Parto até desmame
Durante o parto, eram colocados dois tapetes a fim de evitar o contato direto de
contaminantes com o neonato, e uma lâmpada de 150 Watts próxima dos tetos da
fêmea, mantendo a temperatura adequada aos leitões. Após o nascimento eram
confinados por cerca de 20 minutos no escamoteador com uma lâmpada de 60, 100 ou
150 watts dependendo da temperatura externa, aumentando o conforto térmico e
possibilitando a adaptação do recém-nascido com o espaço.
Em um período de 24 horas, acontecia o manejo de pós-parto, que consistia no
agrupamento dos leitões da baia dentro de caixas, a fim de separá-los de acordo com
seu gênero. Ocorria então, de forma individual, o desgaste dos dentes com uma
miniretífica e o corte do cordão umbilical com tesoura comum. Posteriormente, era
realizada a marcação dos leitões pela técnica de mossagem da orelha direita de cada
animal correspondendo a sua linhagem genética (Topigs, Pietrain ou Talent), sendo
demonstrado na figura abaixo.
54
Figura 8. Representação da identificação da linhagem animal através da orelha direita. Linhagem Topigscom dois cortes no centro da orelha (1); linhagem Pietrain com um corte na ponta da orelha (2);e linhagem Talent com apenas um corte na margem superior da orelha (3)
Os animais eram pesados individualmente, começando pelas fêmeas, sempre
em ordem decrescente de peso, passando para os machos seguindo os mesmos
padrões e por último os natimortos, caso houvesse. No final desta pesagem os animais
recebiam um brinco, colocado na orelha esquerda, referente ao seu número na
propriedade. Finalizando o manejo, os animais eram devolvidos a sua baia, após terem
todos seus dados anotados na ficha da fêmea para controle.
Na figura abaixo serão demonstrados os equipamentos utilizados para o manejo
pós-parto da leitegada.
Figura 9. Kit com os utensílios utilizados para o manejo de parto sendo eles: alicate para fixação dobrinco (1); máquina retífica para desgaste dos dentes (2); tesoura para corte do cordãoumbilical (3); alicate para mossa da linhagem (4) e brinco de identificação animal (5)
55
Ao fim, as matrizes eram pesadas individualmente na balança digital e mantidas
lá para lavagem higiênica. Ao retornar as baias, tinham suas espessuras de toucinho
mensuradas no ponto P2.
No terceiro dia de vida os leitões recebiam uma dose de 1 ml de ferro de
Lectron®20% (ferro) e 1 ml de Baycox® (coccidicida), a fim de evitar anemia ferropriva
e diarreia, respectivamente. Neste momento também acontecia a cauterização da
cauda de todos os leitões com ferro incandescente.
Entre três e quatro dias de idade, em média, ocorria a equalização da leitegada
na sala, de forma que os leitões eram realocados nas baias de acordo com seu
desempenho até esta idade e a capacidade produtiva da mãe, visando melhorar o peso
ao desmame da sala em geral.
Aos sete dias de idade era realizada a pesagem de cada leitegada, por baia,
para controle de desempenho da granja. Por volta do décimo dia de vida, os machos
eram castrados pelo método inguinal com auxílio do bisturi, sendo em sequência
utilizado um pó secante para evitar hemorragias e contaminações no local do corte.
Como manejo preventivo as segundas, quartas e sextas feiras, acontecia uma
verificava-se, em todas as salas, a ocorrência de diarreia e artrite no plantel, caso fosse
constatado algum caso procedia-se a aplicação de 1ml/10kg de Agrodel® (antibiótico e
antiinflamatório) e de Minoxel® Plus (antibiótico) para controle das mesmas. Em casos
de surtos, essas verificações passavam a ser diárias.
A partir do quinto dia de idade os leitões recebiam ração para leitão (Porcello
600) em pequenas quantidades, porém a vontade, oferecidas em pequenos cochos
localizados no fundo das baias. Em casos extremos de desnutrição, de animais refugo,
ou na presença de mães de leite acabava sendo fornecido sucedâneo na tentativa de
recuperar esses animais.
Ao fim do período os leitões eram desmamados por volta dos 28 dias de idade.
Os animais tinham os pesos tomados de forma individual e recebiam uma dose de 2 ml
de M+Pac® (vacina contra micoplasma), e eram tatuados na orelha esquerda, com o
mesmo número do brinco de identificação, com isso os animais já acabavam sendo
separados de acordo com sua linha genética e gênero para facilitar o realocamento nas
baias da creche.
56
5.5.4 Creche
Os leitões que acabavam de ser desmamados seguiam para as salas da creche,
permaneciam nas novas baias até por volta dos 63 dias de idade.
Durante os quatro dias de adaptação, era fornecida uma papinha fabricada pela
Nutron, sendo ofertado em conjunto mais 1,4 Kg de ração porcelo600 por animal
presente na baia. Com o fim desta ração ocorria a mudança para 3 Kg/animal/baia de
ração porcelo400 que ao acabar era aumentada para 7 Kg/animal/baia de ração
porcelo250. No término desta ração, começava o fornecimento de ração inicial II, ad
libitum, até o momento da transferência para a recria/terminação ou comercialização.
Como medida preventiva, o mesmo manejo utilizado na maternidade também
acontecia na creche às segundas, quartas e sexta- feiras ( 1 ml/10Kg de Agrodel® e de
Minoxel® Plus quando necessário).
Na saída de creche os animais eram pesados individualmente em uma balança
analógica, e recebiam uma dose de 2 ml de Coglapix®. Ao final da transferência de
todos os animais da sala, acontecia a limpeza, desinfecção e vazio sanitário a fim de
receber o próximo lote a ser desmamado na semana seguinte.
5.5.5. Terminação
Após o período de creche, os animais destinados a terminação eram
transferidos e distribuídos nos galpões de terminação, sendo alojados de acordo com
seu gênero e linhagem assim como na creche, com uma lotação máxima de 10 animais
por baia.
Desde o primeiro dia estes animais recebiam ração de crescimento I, ad libitum,
sem diferenciação por sexo, até completarem 84 dias de idade. A partir deste momento
ocorria uma mudança no arraçoamento para ração de crescimento II, ad libitum , porém
separadas de acordo com o sexo (C2M e C2F) até os 105 dias.
Ao completarem 105 dias, eram realizadas as primeiras pesagens de cada um
destes animais em uma balança analógica, e a mensuração da espessura de toucinho
pelo aparelho Renco®, configurado para suínos pesados. Com o auxílio de crayons
57
para marcação animal eram identificados quatro pontos ao longo da coluna vertebral
para referência.
Aos 106 dias, os animais recebiam ração crescimento III medicada, que por sua
vez, possuía restrições de acordo com o sexo e peso dos animais sendo ofertada até
os 126º dia de idade. Antes de ser realizada a última mudança de ração, aos 126 dias
de idade, era realizada uma nova pesagem, da mesma forma da anterior, fazendo a
troca para ração de terminação crescimento III comum, oferecida de forma restrita e
separada por sexo e peso dos animais. Os valores referentes as quantidades de ração
fornecida aos animais e suas respectivas idades (C3M, C3F, TM e TF) estão
representadas na tabela a seguir.
Tabela 5. Quantidade de ração fornecida de acordo com a idade e sexo do animal
Ração Crescimento III
Fêmeas MachosIdade (dias) Fornecido (Kg) Idade (dias) Fornecido (Kg)
106-112 2,350 106-112 2,400113-119 2,400 113-119 2,500120-126 2,450 120-126 2,600
Ração Terminação
127-133 2,650 127-133 2,750134-140 2,700 134-140 2,800141-147 2,700 141-147 2,850
148-venda 2,700 148-venda 2,850
O abate ocorria por volta dos 150 dias de idade, sendo os animais pesados
individualmente, e as medidas de espessura de toucinho anotadas e encaminhados
logo depois para a rampa de acesso ao caminhão, seguindo para o frigorífico
responsável pelo seu abate.
5.6. Discussão
O sistema de manejo de limpeza e desinfecção conhecido como “All in, all out”
(todos dentro, todos fora) é amplamente utilizado na suinocultura. Consiste na retirada
de todos os animais e equipamentos da sala para realizar primeiramente a limpeza
seca (vassouras e pás), passando para a limpeza úmida, utilizando-se de um jato de
água de alta pressão para retirada de toda matéria orgânica dos pisos e paredes. No
58
dia seguinte, há a aplicação de desinfetante na instalação já totalmente seca, sendo
recomendado aguardar um vazio sanitário mínimo de cinco dias, deixando nesse
período a sala fechada (SESTI et al., 1998; OLIVEIRA et al., 2010). Apesar dos
manejos sanitários utilizados na granja serem corretamente executados, o período
inadequado do vazio sanitário realizado, em média de apenas três dias, era justificado
pelo pequeno quadro de funcionários.
Outro fator importante que acaba influenciando na biossegurança da granja está
relacionado com a presença de vetores, principalmente roedores e insetos, neste caso
a limpeza e organização da ração e ingredientes são fundamentais a fim de impedir a
proliferação dos mesmos. No caso de roedores, o combate pode ser direto (armadilhas
e ratoeiras) ou indireto com o uso de produtos químicos (raticidas), sendo
recomendada a desratização a cada seis meses para evitar sua superpopulação
(EMBRAPA SUÍNOS E AVES, 2003). Durante o estágio, houve um grande surto de
roedores, o qual foi controlado com o uso de raticidas e limpeza dos depósitos de
ração.
Um problema referente aos animais são as opções de destino para os animais
mortos. Todo sistema de produção possui um acúmulo de carcaças de animais mortos
e restos de placentas, umbigos, etc., que precisam ser destinados adequadamente
evitando a transmissão de agentes patogênicos, a proliferação de moscas e a
contaminação ambiental, preservando a saúde pública. Entre as formas de destino, o
uso de fossa anaeróbica apresenta problemas operacionais e forte odor, tendo como
opção a compostagem ou a incineração (PAIVA e BLEY JÚNIOR, 2001). Devido a falta
de recursos financeiros para investimentos na propriedade, os animais mortos na
granja eram destinados a fossa anaeróbica que existia no terreno.
Com relação às instalações, o principal agravante era a orientação de seu eixo
longitudinal, no sentido Norte-Sul. Segundo pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves
(2003), as instalações devem ser construídas com seu eixo longitudinal orientado
sempre no sentido leste-oeste, para que nas horas mais quentes do dia a sombra
incida embaixo da cobertura, sendo a carga calorífica recebida pela instalação a menor
possível.
59
Em se tratando de bioclimatologia e ambiência, Silva et al. (2006) relataram que
a redução dos efeitos negativos ocasionados pelo stress calórico das fêmeas poderia
ser favorável não apenas para ela, como também para o desempenho da leitegada.
Quando o animal se encontra sob a zona de conforto térmico sua produção de calor
deixa de ser dependente do clima, sofrendo influência do nível de alimentação,
atividade física ou até mesmo no seu estágio fisiológico (RENAUDEAU, 2008). Sendo
assim o uso da nutrição como forma de dissipar os efeitos negativos do calor vem
sendo amplamente utilizado (SILVA et al., 2009), demonstrando a importância de se
manter a temperatura adequada à cada fase.
O uso de técnicas como a inseminação artificial (I.A.) em suínos, vem trazendo
grandes avanços para a cadeia produtiva, tais como redução no custo das instalações,
aumento da eficiência e manutenção de um número menor de machos (FÁVERO e
FIGUEIREDO, 2009; VASQUEZ et al., 2008), sendo amplamente utilizada em granjas
comerciais com o uso de múltiplas I.A. por estro (VASQUEZ et al.,2008). Isto pode ser
explicado em função da maior duração do estro, como uma forma de compensação
pela imprecisão no momento da ovulação (ALVARENGA et al.,2010). Ainda de acordo
com o trabalho destes autores, o uso de mais de três I.A. durante o estro acarretaria
em aumento nos custos por fêmea inseminada, entretanto, sem nenhum benefício no
desempenho produtivo das mesmas.
Dessa forma é importante padronizar a atividade de detecção de cio, criando
uma rotina diária. Em fêmeas nas gaiolas, o recomendado é a utilização de um
cachaço em combinação com o teste da pressão lombar, sendo o ideal realizar este
diagnóstico duas vezes ao dia, com um intervalo ótimo de 12 horas (EMBRAPA
SUÍNOS E AVES, 2003). Devido a falta de mão de obra, a granja realizava apenas um
diagnóstico de cio no período da manhã seguido da I.A., entretanto não existiram
muitos casos de anestro, talvez pela experiência e competência do responsável, Sr.
André.
A espécie suína possui um comportamento próprio durante a mamada,
conquistado pela evolução de um sistema de comunicação entre a fêmea e seus
leitões, visto que estes, distintos das demais espécies, já nascem capazes de mamar
por conta própria (SOUZA et al., 2010).
60
Um dos pontos positivos da granja, era a destreza e funcionalidade que o
funcionário da maternidade aplicava no manejo dos leitões, em que todos os
procedimentos realizados (castração, desgaste de dentes, corte da cauda, etc)
estavam de acordo com o proposto por Lovatto (1996a). A fase de maternidade
apresenta altas taxas de mortalidade, devido principalmente ao esmagamento e
inanição dos leitões, sendo outro fator relevante a presença de quadros de diarréia que
podem ocasionar o óbito do neonato (MORES et al., 1991), problemas estes que
persistem até a fase de creche quando não são corretamente erradicados a tempo
(MORES et al., 1998). Apesar de existirem focos de diarréia em grande parte das salas
de maternidade, o controle era eficaz e a redução no uso de água durante a limpeza
diária das baias auxiliou na redução dos casos.
Segundo diversos autores, existe uma interação entre nutrição e reprodução. O
sistema reprodutivo possui uma menor prioridade para os nutrientes advindos da
digestão dos alimentos, sendo estes direcionados primeiramente aos sistemas
indispensáveis a sobrevivência do animal, desta forma animais que tiverem uma
nutrição inadequada teriam um sério comprometimento em sua capacidade
reprodutiva, principalmente fêmeas (ALMEIDA e FOXCROFT, 2006).
A fase de creche representa um grande desafio nutricional, devido a
sensibilidade do momento para o leitão, que pode vir a desenvolver transtornos
intestinais quando alimentados em excesso (LOVATTO, 1996b).
Fêmeas de alta produção de leite necessitam de 50-55g/d de lisina a fim de
atingir taxas de crescimento aceitáveis da leitegada (KING, 1998). Segundo Noblet et
al. (1990), as exigências energéticas correspondem a 0,46 MJ (ou 110 kcal) e 0,44 MJ
(ou 105 kcal) de EM/kg de peso metabólico (PC0.75) para as fases de lactação e
gestação, respectivamente. Apesar do consumo alimentar não ser suficiente para suprir
a demanda nutricional durante a lactação, a fêmea acaba por mobilizar suas reservas
corporais, mantendo assim a produção de leite (MELLAGI et al., 2010), quando em
excesso, pode acarretar em perda de peso corporal, resultando em falhas reprodutivas
e redução da vida útil do animal, principalmente em matrizes de primeiro parto que
ainda estão em crescimento (OELKE, 2007).
61
O consumo total de rações por fase produtiva dos suínos durante um ano (ciclo
completo) corresponde a 11% na gestação, 6% na lactação, 13% pelos leitões na
creche, e 70% pelos suínos no crescimento e terminação (EMBRAPA SUÍNOS e
AVES, 2003), isso demonstra a importância de suprir as exigências nutricionais dos
animais, de acordo com sua fase produtiva.
Neste sentido, na busca por alcançar ao mesmo tempo produtividade e
longevidade do plantel, torna-se preciso estabelecer um adequado programa de
nutrição voltado para matrizes modernas e compreender a interação entre o genótipo, a
nutrição e a reprodução da fêmea suína (SILVA, 2010).
62
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Zootecnista deve ser capaz de atuar e também criar um elo entre as diversas
áreas de atuação de trabalho, buscando sempre, melhorias para o sistema produtivo.
A oportunidade de realizar um estágio curricular na sede de uma empresa
multinacional possibilitou a vivência prática em uma granja de produção e pesquisa,
sendo fundamental para aprimorar a capacidade profissional para entrar no mercado
de trabalho.
Ficou clara a necessidade de se manter constantemente atualizado, visto que os
avanços tecnológicos acontecem cada vez mais rápidos. Sendo assim, é preciso
acompanhar este desenvolvimento, além de se aperfeiçoar em áreas distintas (línguas,
estatística, nutrição, etc.) tentando ser sempre, o mais completo possível.
Apesar da pouca prática, as experiências obtidas ao longo da formação foram
suficientes para realizar o estágio de maneira satisfatória, entretando, em diversas
ocasiões a busca por mais informações foi necessária. A oportunidade de estagiar em
uma granja suinícola comercial/experimental foi de grande valia, pois além de
presenciar as dificuldades e entraves de uma granja comercial, foi possível aprimorar
os conceitos sobre pesquisa científica.
Foi extremamente gratificante e educativa esta experiência pois aumentou as
perspectivas de seguir a carreira acadêmica na área de suinocultura.
63
REFERÊNCIAS
ABIPECS. Estatísticas: Os números das exportações brasileiras de carne suínaem 2012a. Disponível em: <http://www.abipecs.org.br/uploads/relatorios/mercado-externo/exportacoes/12meses/exp_12meses_set10_ago12.pdf>. Acesso em:25/08/2012.
ABIPECS. Estatísticas: Os números das exportações brasileiras de carne suínaem 2012b. Disponível em: <http://www.abipecs.org.br/uploads/relatorios/mercado-externo/exportacoes/anuais/jan-ago-2012_jan-ago-2011.pdf>. Acesso em 26/08/2012.
ABREU, M.L.T.; DONZELE, J.L.; OLIVEIRA, R.F.M. Exigências nutricionais de matrizessuínas gestantes e lactantes. In: IV Seminário Internacional de Aves e Suínos -Avesui, pg. 33-59. 2005.
ALGERS, B. Nursing in pigs: communicating needs and distributing resources. Journalof Animal Science, Champaign, v. 71, n. 10, pg. 2826-2831, 1993.
ALMEIDA, L.C.R.F. e FOXCROFT, R. G. Manejo nutricional para fêmeas suínas de altaperformance reprodutiva. Anais de Simpósios da 43ª Reunião Anual da SBZ – JoãoPessoa – PB, pg. 389-403. 2006.
ALVARENGA, F.V.M.; et al. Número de inseminações artificiais por estro em fêmeassuínas: associação com o perfil estral e impacto sobre o desempenho reprodutivo.Cência Animal Brasileira, Goiânia, v. 11, n. 3, pg. 520-526. 2010.
BARCELLOS, D. E. S. N.; MORES, T. J.; SANTI, M.; GHELLER, N. B. Avanços emprogramas de biosseguridade em granjas de suínos. Acta Scientiae Veterinariae,v.36, pg. 47-52. 2008.
BOISGARD, R.; CHANAT, E.; LAVIALLE, F.; et al. Roads taken by milk proteins inmammary epithelial cells. Livestock Production Science, Amsterdam, v. 70, n. 1-2,pg. 49-61. 2001.
BORTOLOZZO, F.; et al. Suinocultura em Ação: A Fêmea Suína em Lactação. PortoAlegre, Gráfica da UFRGS, 234 pg. 2010.
BOYD, R.D. and KENSINGER, R.S. Metabolic precursors for milk synthesis. M.W.A. In:VERTEGEN, M.W.A.; MOUGHAN, P.J.; SCHRAMA, J.W. The Lactation of sow.Wageningen, Netherlands, Wageningen Press, Cap. 4, pg. 71-95. 1998.
CHIBA, L.I. Feeding systems for pigs. In: THEODOROU, M.K. and FRANCE, J. (eds).Feeding Systems and Feed Evaluation Models. CABI Publishing, New York. 2000.
64
CHUNG, S. P.; JACOBSON, M. L. Glândula mamária e lactação. In: SWENSON, M. J.;REECE, W. D. DUKES. Fisiologia dos animais domésticos. 11 ed. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, Cap. 37, pg. 645-660. 1996.
CLOSE W.H. & COLE D.J.A. Nutrition of sows and boars. 1st ed. Nottingham:Nottingham University Press, 377pg. 2001. (citado)
CORTEZ, S.M.N., et al. Suíno “light”: teores de gorduras e presença de lesõesvasculares. 2009. Disponível em <http://www.porkworld.com.br/artigos/post/suino-light-teores-de-gorduras-e-presenca-de-lesoes_15104>. Acesso em: 18/04/2012.
DIAS, C.A. e CARRARO, B. Z. Mortalidade de leitões na maternidade em granjas comalta prolificidade: falha de planejamento ou manejos de rotina inadequados? 2008.Disponível em: <http://www.porkworld.com.br/artigos/post/mortalidade-de-leitoes-na-maternidade-em-granjas-com-alta-prolificidade-falha-de-planejamento-ou-manejos-de-rotina-inadequadosg_12571>. Acesso em: 01/11/2012.
DIAS, C. A.; et al; Manual brasileiro de boas práticas agropecuárias na produção desuínos. Brasília, DF; ABCS; MAPA; Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 29,7 cm,140pg. 2011.
DE BRAGANÇA, M.M.; MOUNIER, M.; PRUNIER, A. Does feed restriction mimic theeffects of increased ambient temperature in lactating sows? Journal of AnimalScience, v. 76, pg. 2017-2024. 1998.
DOURMAD J.Y.; ETIENNE. M.; NOBLET, J.; et al. InraPorc: A model and decisionsupport tool for the nutrition of sows. Animal Feed Science and Technology, v.3, pg.372-386. 2008.
EMBRAPA SUÍNOS E AVES. Produção de Suínos. 2003. Disponível em:<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Suinos/SPSuinos/construcao.html>. Acesso em: 20/05/2012.
FARMER, C.; SORENSEN, M.T.; PETICLERE, D. Inhibition of prolactin in the lasttrimester of gestation decreases mammary gland development in gilts. Journal ofAnimal Science, Savoy, v. 78, n. 5, pg. 1303-1309. 2000.
FÁVERO, A.J. e FIGUEIREDO, P.A.E. Evolução do melhoramento genético de suínosno Brasil. Revista Ceres, v. 56, n.4, pg. 420-427. 2009.
FLINT, D. J.; TONNER, E.; KNIGHT, C. H. et al. Control of mammary involution byinsulin-like growth factor binding proteins: role of prolactin. Livestock ProductionScience, Amsterdam, v. 70, n. 1-2, pg. 115-120. 2001.
GOOGLE EARTH® - Digital Globs, Google MapLink ©2012.
65
HAFEZ, E. S. E; et al.; Hormônios, fatores de crescimento e reprodução. In:Reprodução animal, sétima edição. São Paulo: Ed. Manole, pg. 40. 2004.
HARTMANN, P. E.; SMITH, N. A.; THOMPSON, M. J. et al.; The lactation cycle in thesow: physiological and management contradictions. Livestock Production Science,Amsterdam, v. 50, n. 1-2, pg. 75-87. 1997.
HAUSCHILD, L. Modelagem Individual e em tempo real das exigências nutricionais desuínos em crescimento. 142 f. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Centro de CiênciasRurais, Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, 2010.
HORTA,F.C.; MARTINS, S.M.M.; MORETTI, A.S. Desenvolvimento da glândulamamária na fêmea suína e suas implicações (Mamogênese). Suinos & cia, ano V, n.22, pg. 21-24. 2007.
HURLEY, W. L. Mammary gland growth in the lactating sow. Livestock ProductionScience, Amsterdam, v. 70, n. 1-2, pg. 149-157. 2001.
JONES, R. Farrowing and Lactation in the Sow and Gilt. Bulletin 872/March, TheUniversity of Georgia. Valley State College 1986. Disponível em: <http://www.animalgenome.org/edu/PIH/prod_nursing.html >. Acesso em: 20/05/2012.
KIM, S. W.; OSAKA, I.; HURLEY, W.L.; and EASTER, R.A. Mammary Gland Growth asAffected by Litter Size in Lactating Sows: Impact on Lysine Requirement. Journal ofAnimal Science, v. 77, pg. 316-3321. 1999.
KIM, S.W. and EASTER, R.A. Establishing nutrient requirements for the lactatingsow: a summary of recent Illinois research. 2000. Disponível em:<www.traill.uiuc.edu/porknet/paperDisplay.cfm?Type=paper&ContentID=107>.Acessoem 10/06/2012.
KING R.H. Dietary amino acids and milk production. In: VERTEGEN, M.W.A.;MOUGHAN, P.J.; SCHRAMA, J.W. The Lactation of sow, Wageningen, Netherlands,Wageningen Press, Cap. 7, pg. 131-142. 1998.
KLOBOSA, F.; WERHAHN, E. and BUTLER, J.E. Composition of sow milk duringLactation. Journal of animal science, v. 64, pg. 1458-1466. 1987.
KNIGHT, C. H. Overview of prolactin´s role in farm animal lactation. LivestockProduction Science, Amsterdam, v. 70, n. 1-2, pg. 87-93. 2001.
LIMA, L.A.; DONZELE, L.J.; et al. Resfriamento do piso da maternidade para porcasem lactação no verão. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 40, n. 4, pg. 804-811. 2011.
LEHNINGER, A.L.; NELSON, D.L.; COX, M.M. Princípios de Bioquímica. 2a Ed. SãoPaulo, SP: Sarvier, 839 pg. 1995.
66
LOVATTO, P.A. Manejo de animais para o abate. pg. 1-11, 1996. In: LOVATTO, P.A.;OLIVEIRA, V.de; EBERT, A.R. Suinocultura Geral. 1ª ed. Santa Maria, 165 pg. 1996a.
LOVATTO, P.A. Nutrição e alimentação. pg. 1-22, 1996. In: LOVATTO, P.A.;OLIVEIRA, V.de; EBERT, A.R. Suinocultura Geral. 1ª ed. Santa Maria, 165 pg. 1996b.
LOVATTO, P.A. e SAUVANT, D. Modelagem aplicada aos processos digestivos emetabólicos do suíno. Ciência Rural, v. 31, pg. 663-670. 2001.
LOVATTO, P.R.; LEHNEN, C.R.; ANDRETTA, I. Uso de modelagem para aracionalização do manejo nutricional de fêmeas suínas gestantes e lactantes. ActaScientiae Veterinariae. V. 38 (Supl. 1), pg. 211-220. 2010.
MACKENZIE, D.D.S. and E. REVELL, D.K. Genetic influences on milk quality. In:VERTEGEN, M.W.A.; MOUGHAN, P.J.; SCHRAMA, J.W. The Lactation of sow.Wageningen, Netherlands, Wageningen Press, Cap. 5, pg. 97-112. 1998.
MAKKINK C.A & SCHRAMA J.W. Thermal requirements of the lactating sow. In:VERTEGEN, M.W.A.; MOUGHAN, P.J.; SCHRAMA, J.W. The Lactation of sow.Wageningen, Netherlands, Wageningen Press, Cap. 15, pg. 271-283. 1998.
MARTINS,T. D.D.; COSTA,A. N., VILAR DA SILVA,J.H. Controle neuro-endócrino dalactação em fêmeas suínas – Revisão. Revista Centauro, v. 1, n. 1, pg. 19-32. 2010.
MEINCKE, W. Com fêmeas hiperprolíferas, os cuidados com as práticas de manejona maternidade devem ser redobrados. 200_. Disponível em:http://www.genetiporc.com/download/Com_femeas_hiperproliferas_os_cuidados_com_as_praticas_de_manejo_na_maternidade_devem_ser_redobrados.pdf. Acesso em:27/10/2012.
MELLAGI, A.P.G.; WENTZ, I.; BORTOLOZZO, F.P.; et al.; Aspectos nutricionais dematrizes suínas durante a lactação e o impacto na fertilidade. Acta ScientiaeVeterinariae. 38 (Supl 1): s181-s209, 2010.
MORES, N.; SOBESTIANSKY, J.; CIACCI, J. R.; AMARAL, A. L. do; BARIONIJUNIOR, W. Fatores de risco na maternidade associados a diarréia, mortalidade ebaixo desempenho dos leitões. Concórdia: EMBRAPA - CNPSA, 4 pg. (EMBRAPA -CNPSA. Comunicado Técnico, 178). 1991.
MORES, N.; SOBESTIANSKY, J.; et al. Fatores de risco associados aos problemasdos leitões no período pós-desmame. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 11 pg.Embrapa Suínos e Aves. Comunicado Técnico, 226). 1998.
67
NOBLET, J.; DOURMAD, J.Y. and ETIENNE, M. Energy utilization in pregnant andlactating sows: modeling of energy requirements. Journal of Animal Science, v. 68 pg.562-572. 1990.
NOBLET, J.; DOURMAD, J.Y.; ETIENNE, M. and LE DIVIDICH, J. Energy metabolismin pregnant sows and newborn pigs. Journal of Animal Science, v. 75, pg. 2708-2714.1997.
NOBLET, J.; ETIENNE, M. and DOURMAD, J.Y. Energetic efficiency of milk production.In: VERTEGEN, M.W.A.; MOUGHAN, P.J.; SCHRAMA, J.W. The Lactation of sow.Wageningen, Netherlands, Wageningen Press, Cap. 6, pg. 113-130. 1998.
NRC. 1998. Nutrient Requirements of Swine. 10th. ed. Washington: The NationalAcademy Press, 189pg.
OLIVEIRA, J.R.; et al.; Biossegurança e vazio sanitário das instalações zootécnicas.PUBVET, v. 4, n. 7, Ed. 112, Art. 754, 2010.
OLIVEIRA, F. H.; SANTANA, E. S.; SOBESTIANSKY, J. ; MATOS, MOEMA P. C .Fisiopatologia da Glândula mamária da Fêmea Suína em Produção. Enciclopédiabiosfera, v. 7, pg. 2-21. 2011.
OELKE, C.A. Níveis de lisina digestível em dietas de fêmeas suínas primíparas emlactação. 2007. 77 pg. Dissertação de mestrado em Ciências Veterinárias,Universidade Federal do Paraná. 2007.
PAIVA, D. P. de; BLEY JÚNIOR, C. Emprego da compostagem para destinaçãofinal de suínos mortos e restos de parição. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 12pg. (Embrapa Suínos e Aves. Circular Técnica, 26). 2001.
PETTIGREW, J.E.; et al. Evaluation of a mathematical model of lactating sowmetabolism. Journal of animal science, v.70, pg. 3762-3773. 1992.
PETTIGREW, E.J. Modelling metabolism of the lactating sow. In: VERTEGEN, M.W.A.;MOUGHAN, P.J.; SCHRAMA, J.W. The Lactation of sow. Wageningen, Netherlands,Wageningen Press, Cap. 14, pg. 259-269. 1998.
QUESNEL, H.; PRUNIER, A. Endocrine bases of lactational anoestrus in the sow.Reproduction, Nutrition, Development. Paris, v. 35, n. 1, pg. 395-414. 1995.
RENAUDEAU, D. and NOBLET, J. Effects of exposure to high ambient temperature anddietary protein level on sow milk production and performance of piglets. Journal ofAnimal Science, v. 79, pg. 1540-1548. 2001.
68
RENAUDEAU, D.; LEBRETON, Y.; NOBLET, J. et al.; Measurement of blood flowthrough the mammary gland in lactating sows: Methodological aspects. Journal ofAnimal Science, Savoy, v. 80, n. 1, pg. 196-201. 2002.
RENAUDEAU, D.; NOBLET, J. and DOURMAD, Y. Effect of ambient temperature onmammary gland metabolism in lactating sows. Journal of Animal Science, v.81, pg.217- 231. 2003.
RENAUDEAU, D. Nutrition of the lactating sows in hot conditions. In. 3rd CLANAcongress. Cancun, Q. Roo,Mexico Colegio Latinamericano de Nutricion Animal. 2008.
RUIZ, A.H.J. Uso da modelagem biológica na suinocultura. Pork world online.Publicado em 15/08/2011. Disponível em:<http://www.porkworld.com.br/artigos/post/uso-da-modelagem-biologica-na-suinocultura>. Acesso em 24/05/2012.
SAMUEL, R. S.; S. MOEHN; P. B. PENCHARZ; and R. O. BALL. Dietary lysinerequirement for maintenance is 49 mg/kg0.75 in a population of modern, high producingsows. Advances in Pork Production. 19: A1. 2008
SESTI, L.A.C.; SOBESTIANSKY, J. e BARCELLOS,D. Limpeza e desinfecção emSuinocultura. Suinocultura Dinâmica. Embrapa, ano VI, n. 20. 1998.
SILVA, B. A. N.; et al. Effect of floor cooling on performance of lactating sows duringsummer. Livestock Production Science, v. 105, pg. 176–184. 2006.
SILVA, B. A. N.; et al. Effect of floor cooling and dietary amino acid content onperformance and behaviour of lactating primiparous sows during summer. LivestockProduction Science, v. 120, pg. 25-34. 2009.
SILVA, A.N.B. Nutrição de Fêmeas Suínas de Alta Performance Reprodutiva nosTrópicos. Palestra na SUINTER. 2010.
SILVEIRA, P.R.S.; BORTOLOZZO, F.; WENTZ, I.; SOBESTIANSKY, J. Manejo dafêmea reprodutora. In: SOBESTIANSKY, J.; WENTZ, I.;SILVEIRA, P.R.S.; SESTI,L.A.C. Suinocultura Intensiva – Produção, Manejo e Saúde do Rebanho. Brasília:EMBRAPA-SPI; Concórdia: EMBRAPA-CNPSa, pg. 187-189. EMBRAPA/CNPSA.1998.
SOBESTIANSKY, J.; WENTZ, I.; MORES, N.; MORENO, A. M. Manejo do leitão desdeo nascimento até o abate. In: SOBESTIANSKY, J.; WENTZ, I.; SILVEIRA,P. R. S.;SESTI, L. A. C. Suinocultura Intensiva – Produção, Manejo e Saúde do Rebanho.Brasília: EMBRAPA-SPI; Concórdia: EMBRAPA-CNPSa, cap.7, pg.135-162. 1998.
69
SOUZA,P.L.; et al. Aspectos comportamentais da fêmea e dos leitões relacionados aodesempenho durante a mamada. SUINOTEC. 2010. Disponível em<http://suinotec.com.br/principal.php?id=14&id_p=1>. Acesso em: 14/05/2012.
STATGRAPHICS. Statgraphics Centurion XV, versão 15.2.11.0. StatPointTechnologies. 2007.
TOPIGS. Site oficial TOPIGS do Brasil LTDA. 2011. Disponível em<http://topigs.com.br/>. Acesso em 07/06/2012.
TUCKER, H. A. Hormones, mammary growth, and lactation: 41-year perspective.Journal of Dairy Science, Savoy, v. 83, n. 4, pg. 874-884. 2000.
VAZQUEZ J. M.; et al.; New developments in low-dose insemination technology.Theriogenology, v. 70, pg. 1216-1224. 2008.
WELLNITZ, O.; BRUCKMAIER, R. M. Central and peripheral inhibition of milk ejection.Livestock Production Science, Amsterdam, v. 70, n. 1-2, pg. 135-140. 2001.
WILLIAMS, H.I. Nutritional effects during lactation and during the interval from weaningto oestrus. In: VERTEGEN, M.W.A.; MOUGHAN, P.J.; SCHRAMA, J.W. The Lactationof sow. Wageningen, Netherlands, Wageningen Press, Cap. 9, pg. 159-181. 1998.
YOUNG, M.G.; et al.; Comparison of three methods of feeding sows in gestation andthe subsequent effects on lactation performance. Journal of Animal Science, v. 82,pg. 3058-3070. 2004.
70
ANEXOS
Anexo 1. Análise de variância do consumo de ração considerando a ordem departo das fêmeas
GL: grau de liberdade; SQ: soma de quadrados; QM: quadrado médio; F: teste de F e P: probabilidade
GL: grau de liberdade; SQ: soma de quadrados; QM: quadrado médio; F: teste de F e P: probabilidade
R² = 70,28%R² ajustado = 66,88%Desvio-Padrão = 17,71%Erro = 13,39
Fonte de Variação GL SQ QM F PModelo 8 51937,9 6492,23 20,69 0,0000Resíduo 70 21960,3 313,718
Fonte de Variação GL SQ QM F POrdem de Parto 4 2846,91 711,726 2,27 0,0704Número de Leitões 1 6457,66 6457,66 20,58 0,0000Alteração de Peso da porca no períodoAlteração da ET da porca no período
11
16415,62678,82
16415,62678,82
52,338,54
59,90
0,00000,0047
GPT da leitegada 1 18791,6 18791,6 0,0000Resíduo 70 21960,3 313,718
71
Anexo 2. Análise de variância do consumo de ração considerando o período delactação (dias)
GL: grau de liberdade; SQ: soma de quadrados; QM: quadrado médio; F: teste de F e P: probabilidade
Fonte de Variação GL SQ QM F PPeríodo de lactação 1 1685,6 1685,6 5,32 0,0239Número de leitões 1 5321,01 5321,01 16,80 0,0001Alteração de peso da fêmea no período 1 18758,7 18758,7 59,23 0,0000Alteração da ET da fêmea no período 1 1367,47 1367,47 4,32 0,0412GPT da leitegada 1 12064,0 12064,0 38,09 0,0000Residual 73 23121,6 316,734GL: grau de liberdade; SQ: soma de quadrados; QM: quadrado médio; F: teste de F e P: probabilidade
R² = 68,71 %R² ajustado = 66,56 %Desvio-Padrão = 17,79%Erro = 14,41%
Fonte de Variação GL SQ QM F PModelo 5 50776,5 10155,3 32,06 0,0000Resíduo 73 23121,6 316,734
72
Anexo 3. Plano de estágio.
73
Anexo 4. Plano de estágio.
74
Anexo 5. Termo de compromisso.
75
76
77
Anexo 6. Ficha de controle de frequência.
78
79
80
Anexo 7. Ficha de avaliação do estágio
81
Anexo 8. Ficha de sugestões.