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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Às alunas da Graduação, Juliane de Souza Borges e...

Date post: 25-Oct-2020
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA Aspectos clínicos, radiográficos e histológicos da superfície oclusal de molares decíduos com e sem lesão de cárie: Estudo in vitro NATAL RN 2011
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

Aspectos clínicos, radiográficos e

histológicos da superfície oclusal

de molares decíduos com e sem

lesão de cárie: Estudo in vitro

NATAL – RN

2011

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GISELE CHAVES DE MEDEIROS

Aspectos clínicos, radiográficos e histológicos da superfície

oclusal de molares decíduos com e sem lesão de cárie:

Estudo in vitro

Orientador (a): Profª. Drª. Isauremi Vieira de Assunção Pinheiro

NATAL

2011

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Odontologia da UFRN como requisito parcial para obtenção

do título de Mestre em Odontologia, área de concentração em

Saúde Coletiva.

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Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia

Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”.

Medeiros, Gisele Chaves de.

Aspectos clínicos, radiográficos e histológicos da superfície

oclusal de molares decíduos com e sem lesão de cárie: estudo in vitro /Gisele Chaves de Medeiros. – Natal, RN, 2011.

124 f. : il.

Orientador: Profa. Dra. Isauremi Vieira de Assunção Pinheiro.

Dissertação (Mestrado em Odontologia) – Universidade Federal do Rio Grande

do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em

Odontologia.

1. Cárie dentária – Dissertação. 2. Diagnóstico – Dissertação. 3. Odontologia

preventiva – Dissertação. I. Pinheiro, Isauremi Vieira de Assunção. II. Título.

RN/UF/BSO Black D585

RN/UF/BSO Black D74

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A Deus...

Razão Suprema da minha existência e minha luz. Ao conceder-me o Dom da vida, deu-

me também todas as oportunidades e me permitiu realizá-las. Agradeço a Ele por ter me

fortalecido em todos os momentos de fraqueza e sempre ter olhado por mim de forma

especial.

Aos meus pais...

Obrigada pelos exemplos de amor, honestidade e dedicação que moldaram meu caráter

da melhor forma possível.

Tenho muita sorte de ter pais como vocês.

Amo muito vocês e obrigada por tudo.

Aos meus irmãos...

Danielle e Antônio Eduardo, em especial a Danielle, sempre paciente, compressiva e

companheira, mesmo nos meus dias de insuportável humor. Vocês dão cor a minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus parentes maternos e paternos, que sempre apoiaram as minhas

escolhas e torceram pelo meu sucesso. Sei que cada pequena vitória, por vezes

insignificante, é motivo de orgulho para vocês. Palavras me faltam para expressar a

imensa gratidão que tenho a Deus por ter me presenteado com uma família tão

maravilhosa. Sortuda eu sei que sou. Muito. “E quem não sabe dar valor pra essas

coisas... Ter um lar é um tesouro!”

Aos meus colegas de mestrado, pela agradável convivência durante esses

dois anos. Em especial a Anna Paula, a Maria Regina, ao Jânio, a Emanuelle e a

Angela. Cada um de vocês contribuiu de alguma forma para o meu

engrandecimento pessoal e profissional. Obrigada pelos momentos felizes,

engraçados e divertidos que compartilhamos juntos. Nunca esquecerei vocês.

A todos os meus amigos, das antigas e os recentes, que sempre apoiaram e

apóiam os meus sonhos, e que agora vibram por essa grande conquista na minha

vida. Eu nada seria sem vocês.

Às alunas da Graduação, Juliane de Souza Borges e Adrielle Silva Barreto.

Não tenho palavras para descrever a imensa gratidão que tenho a vocês. Essa

pesquisa não teria sido possível sem sua crucial ajuda. Obrigada a Adrielle, sempre

tão solícita, e a Juli, sempre tão paciente, compreensiva, disposta a me ajudar em

qualquer momento e situação. Juli, você é especial! Saibam que sempre estarei

orando pela felicidade das duas. Muito obrigada! Deus as abençoe!

Aos também alunos da Graduação, Raphael Ferreira de Souza Bezerra

Araújo, Fabrício Lopes da Rocha Pereira e Allison de Araújo Lucena, por toda a

ajuda que me deram durante o mestrado. Não tenho dúvidas de que serão

grandes profissionais. Torço muito pelo sucesso de vocês.

A ex-aluna de Graduação e agora cirurgiã-dentista Pryscyla Pascally Targino

Araújo, que tanto me ajudou e me acompanhou durante as coletas de dados.

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Você é um exemplo de profissional responsável, dedicada e com certeza será uma

mulher vencedora. Muito obrigada!

A minha orientadora do Mestrado Profa. Dra. Isauremi Vieira de Assunção

Pinheiro, pelo incentivo, apoio, orientação e paciência. Muitíssimo obrigada!

A minha mestra e amiga Profa. Dra. Maria Helena Chaves de Vasconcelos

Catão, da UEPB. Obrigada pela confiança que sempre depositou em mim, pela

amizade e orientação profissional durante todos esses anos, e acima de tudo, pelo

apoio e incentivo para que eu desse esse passo tão importante, que foi o curso de

Mestrado. A senhora sempre acreditou em mim, mesmo quando nem eu mesma

acreditava ser capaz. Meu muito obrigada!

Ao Prof. Dr. Carlos Augusto Galvão Barbosa, pela ajuda nos momentos de

dúvidas e por se mostrar solícito sempre que pôde. Obrigada!

A Profa. Dra. Sally de Franca Lacerda Pinheiro, por ter se mostrado tão solícita

e contribuído com sugestões para enriquecimento do trabalho. Obrigada

imensamente!

Ao Prof. Dr. Kenio da Costa Lima, coordenador da PPGO, por contribuir para

meu enriquecimento intelectual e por todo apoio durante momentos de dúvidas.

Tenho profunda admiração pelo seu trabalho. Muito obrigada!

Às professoras da Disciplina de Odontopediatria da UFRN, por tão

gentilmente cederem o espaço da clínica para a realização desse trabalho.

A Marcilene, pela paciência e ajuda, sempre se mostrando disponível,

abrindo mão até de suas férias, permitindo a realização das pesquisas nas clínicas.

Muito obrigada!

Aos funcionários da Biblioteca do Departamento de Odontologia da UFRN,

que por tantas vezes foram os meus companheiros durante longos momentos de

estudo. Obrigada por toda a ajuda!

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Ao Lucas e a Sandra, da secretaria do PPGO, funcionários exemplo de

competência, sempre gentis e disponíveis a ajudar. Muitíssimo obrigada!

Aos técnicos do NEPGN/UFRN, Artejose e Érico, pela ajuda durante as análises

em MEV.

Às técnicas do Laboratório de Técnicas Histológicas do Centro de

Biociências/ UFRN, Lourdinha, Maria do Socorro, Melina e Sara, pela enorme ajuda

durante o preparo dos espécimes em microscopia de luz.

A todos os funcionários e professores da UFRN, que me ajudaram e

contribuíram para o andamento do meu curso de mestrado.

Ao Prof. MsC. Gildenor Xavier Medeiros, meu tio querido, do curso de

Medicina Veterinária da UFCG, Campus Patos – PB, pela crucial ajuda durante as

análises em microscopia de luz.

À doutoranda da Pós-Graduação em Medicina Veterinária da UFCG,

Campus Patos – PB, Profa. MsC. Clarice Ricardo de Macêdo Pessoa, pela ajuda no

manuseio do microscópio de luz, na visualização das lâminas e na captação das

imagens.

Ao residente em Patologia Animal da UFCG, Andrei Manoel Brum Febronio,

pela igual ajuda no manuseio do microscópio de luz, na visualização das lâminas e

captação das imagens.

Ao laboratório de Patologia Animal do Departamento de Medicina

Veterinária da UFCG, Campus Patos – PB, na figura dos seus alunos de graduação e

pós-graduação, bem como de seus funcionários, por tão gentilmente me

acolherem para a execução da etapa de exames em microscopia de luz.

Às crianças que participaram deste trabalho. É gratificante trabalhar com

vocês e para vocês. Igualmente, aos pais/responsáveis das crianças, que

compreensivamente contribuíram para o andamento da pesquisa.

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A CAPES pelo auxílio financeiro.

A todos que de forma direta ou indireta, contribuíram para a realização

desse trabalho.

Muito Obrigada.

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Tem Calma

Pe. Fábio de Melo

Composição: Martim Valverde

Tem calma contigo mesmo e olha aonde vais

Espera um minuto, pensa no que farás

No meio da tormenta é duro navegar

E uma escolha incerta pode caro custar

Nem todo mau momento te faz fracassar

E em caminhos de pedras haverás de passar

Pois nem tudo na vida é como a gente quer

Mesmo sem sombras na terra o sol brilha no céu

Segue adiante, sem olhar atrás

Vive cada dia e nada mais

E o que vier tu vencerás

Só tu tens a chave: abres ou fecharás

Tem calma na vida o jogo é de verdade

Pra ganhar a partida vai com forca e coragem

São as regras do jogo é bom sempre lembrar

Diante dos desafios é preciso tentar

Tu és precioso acredite ou não

Mas o amor tem sua casa nos terrenos da dor

E assim como o ouro pelo fogo irás passar

E o que tens de melhor o fogo vai revelar

Ainda que chores, tu vencerás

Só aquele que perde sabe também ganhar

Segue adiante, sem olhar atrás

Vive cada dia e nada mais

E o que vier tu vencerás

Só tu tens a chave: abres ou fecharás

Tem calma... tem calma... tem calma...

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RESUMO

Devido ao fato de o diagnóstico precoce e a conduta terapêutica a ser adotada para as lesões

de cárie oclusal figurar como um dos principais temas abordados pelas pesquisas na área da

Cariologia nos últimos anos, faz-se importante o estudo dos testes histológicos utilizados

como métodos de validação (padrão-ouro), de forma a esclarecer dúvidas e orientar a

comunidade científica sobre quais métodos são mais adequados e seguros a serem utilizados.

Este estudo tem como proposta realizar, in vitro, uma avaliação comparativa entre os métodos

de diagnóstico clínico visual, radiográfico interproximal e histológico (Microscopia

Eletrônica de Varredura (MEV) e Microscopia de Luz (ML) em superfície oclusal de molares

decíduos. Um único examinador calibrado efetuou os exames visual e radiográfico

interproximal em 66 sítios de 33 molares decíduos esfoliados apresentando pigmentação em

fóssulas e fissuras na superfície oclusal. Após os exames macroscóspicos, as amostras foram

submetidas a um seccionamento mesio-distal, de forma que, para cada amostra, foram obtidas

duas secções, onde uma foi preparada e examinada ao microscópio de luz (ML), e a outra,

igualmente preparada para ser analisada ao microscópio eletrônico de varredura (MEV). Após

a análise histológica (padrão ouro), foi constatada a presença de lesões cariosas em 34 sítios,

sendo 23 restritas ao esmalte e 11 com envolvimento dentinário. Histologicamente, as análises

ao ML e ao MEV permitiram visualizar a presença de dentina esclerosada e dentina reacional,

compatíveis com lesões de cárie crônica inativas. As imagens obtidas por meio da ML e MEV

apresentaram uma boa correlação, uma vez que, de uma forma geral, as lesões de cárie em

dentina incipientes em ML e MEV exibiram eventos semelhantes, como presença de dentina

desmineralizada, esclerose dentinária e dentina reparadora ou reacional, com padrões

tubulares de acordo nas duas técnicas, sugerindo, portanto, que o uso de uma das duas

técnicas mencionadas poderia atender a necessidade do estudo. Com a constatação, através

deste estudo, de que os exames histológicos através do MEV e da ML permitem a

diferenciação entre o estado da lesão de cárie, através da visualização micro estrutural de

elementos que possam evidenciar a paralisação ou não do processo carioso, o mesmo pode

servir de base para auxilio as pesquisas clínicas já existentes poderem utilizar esta técnica

visando comparar os resultados clínicos e radiográficos já encontrados e poder aumentar sua

evidência científica em situações de tratamento não invasivo para cárie em dentina.

Palavras-chave: Cárie dentária, Diagnóstico, Odontologia Preventiva

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ABSTRACT

Because early diagnosis and therapeutic approach to be adopted for occlusal caries lesions

appear as one of the key topics for research in Cariology in recent years, it is important to

study the histological tests used as validation methods (gold standard) in order to answer

questions and guide the scientific community about which methods are most suitable and safe

to use. This research aims to carry out in vitro, a comparative evaluation of methods of visual

clinical diagnosis, bitewing radiographic and histological (electron microscopy (SEM) and

Light Microscopy (LM) on occlusal surfaces of primary molars. A single investigator

calibrated conducted the visual and radiographic examinations in 66 interproximal sites of 33

exfoliated primary molars showing pigmentation in pits and fissures on the occlusal surface.

macroscóspicos After the tests, the samples were subjected to a sectioned mesio-distally so

that, for each sample, were obtained from two sections, where one was prepared and

examined under a light microscope (LM), and another, equally ready to be analyzed by

scanning electron microscopy (SEM). After the histological analysis (gold standard),

confirmed the presence of carious lesions in 34 sites, 23 and 11 restricted to the enamel with

dentine involvement. Histologically, the LM analysis and SEM allowed us to visualize the

presence of sclerotic dentin and reactionary dentin caries lesions compatible with chronic

inactive. The images obtained through LM and SEM showed a good correlation, since, in

general, carious lesions in dentin and SEM incipient LM exhibited similar events, such as the

presence of demineralized dentin, dentin and reparative dentin sclerosis or reactive with

tubular patterns According to the two techniques, suggesting that the use of one of the two

techniques mentioned could meet the need of study. With the confirmation, through this

study, the histological examinations by SEM and LM allow differentiation between status of

carious lesions by visualization of micro structural elements that can show whether or not the

stoppage of the carious process, it can serve as a basis to help existing medical research can

use this technique to compare the clinical and radiographic results already found and may

increase its scientific evidence in situations of non-invasive treatment for caries in dentin.

Key Words: Dental Caries, Diagnosis, Preventive Dentistry

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Armazenagem das amostras em recipientes contendo formaldeído a 10%. ...........48

Figura 2 – Limpeza dos elementos dentários com jato de bicarbonato....................................48

Figura 3 – Elementos dentários fixados em bloco de cera utilidade para realização da inspeção

visual.........................................................................................................................................49

Figura 4 – Exemplo de fotografia contendo o esquema de setas com os sítios (A e B)

selecionados para as análises....................................................................................................50

Figura 5 – Procedimento adotado para realização da inspeção visual......................................52

Figura 6 – Seqüência de preparação do posicionador para as tomadas radiográficas..............53

Figura 7 – Procedimento padrão adotado para a realização das tomadas radiográficas...........54

Figura 8 – Visão geral da cortadeira de precisão utilizada para os cortes das amostras...........56

Figura 9 – Preparação dos espécimes para visualização ao ML...............................................59

Figura 10 – Microscópio de Luz Nikon Eclipse E-200, com câmera fotográfica acoplada, do

Departamento de Patologia Animal do CSTR – UFCG – Patos - PB.......................................61

Figura 11 – Microscópio Eletrônico de varredura Philips – XL30 do NEPGN da UFRN.......63

Figura 12 – Preparação dos espécimes para metalização e visualização ao MEV...................64

Figura 13 – Aspecto macroscópico e radiográfico de um segundo molar decíduo inferior com

sítio indicado para análise, hígido.............................................................................................72

Figura 14 – Aspecto macroscópico e radiográfico de um primeiro molar decíduo superior com

sítio indicado para análise, com pigmentação em sulcos e fissuras..........................................73

Figura 15 – Aspecto macroscópico e radiográfico de um primeiro molar decíduo inferior com

sítio indicado para análise, com microcavitação.......................................................................74

Figura 16.1 – Imagens em MEV exibindo diversas regiões dentinárias (1.000x e 2.500x).....76

Figura 16.2 – Imagens em MEV exibindo diversas regiões dentinárias (500x, 1.000x e

2.500x)......................................................................................................................................78

Figura 16.3 – Imagens em MEV da dentina normal, em amostras hígidas (500x e 2500x)..............79

Figura 17.1 – Imagens em ML em amostra hígida e com microcavitação (40x).....................80

Figura 17.2 – Imagens em ML em amostra com pigmentação sem microcavitação e com

microcavitação..........................................................................................................................81

Figura 17.3 – Imagens em ML em amostras com microcavitação (40x).................................82

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Critérios definidos para o exame visual ................................................................. 52

Quadro 2 – Critérios definidos para o exame radiográfico ....................................................... 54

Quadro 3 – Critérios definidos para a análise microscópica (ML e MEV) ............................... 55

Quadro 4 – Variáveis analisadas neste estudo..........................................................................65

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Valores do índice Kappa (k)...................................................................................66

Tabela 2 – Resultados expressos pelo examinador E nos métodos avaliados em relação ao

padrão ouro realizado para validação dos mesmos (análise microscópica). ............................. 68

Tabela 3 – Concordância intra-examinador obtida pelo coeficiente Cohen’s kappa (k) para a

presença de todas as lesões (T) e lesões em dentina (D) na superfície oclusal de molares

decíduos.................. .................................................................................................................. .69

Tabela 4 – Descrição das características clínicas e radiográficas dos elementos dentários

estudados... ................................................................................................................................ 69

Tabela 5 – Resumo das características clínicas e radiográficas da amostra analisada. ............. 71

Tabela 6 – Comparação entre as características clínicas, radiográficas e histológicas em MEV

e ML dos elementos dentários estudados.. .............................................................................. 119

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................16

2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................20

2.1 ASPECTOS RELACIONADOS À CÁRIE DENTÁRIA......................................20

2.2 HISTOLOGIA DA LESÃO DE CÁRIE................................................................23

2.2.1 Lesão de cárie em esmalte....................................................................................23

2.2.2 Lesão de cárie em dentina....................................................................................24

2.3 LESÃO DE CÁRIE EM SUPERFÍCIE OCLUSAL ..............................................27

2.4 DIAGNÓSTICO DE LESÕES DE CÁRIE DENTÁRIA.......................................29

2.4.1 Exame clínico visual e tátil...................................................................................30

2.4.2 Exame radiográfico interproximal......................................................................32

2.5 TRATAMENTO CONSERVADOR DE LESÕES DE CÁRIE OCLUSAL.........35

2.6 AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DA LESÃO DE CÁRIE.....................................38

3 OBJETIVOS..........................................................................................................44

3.1 OBJETIVO GERAL...............................................................................................44

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................................44

4 METODOLOGIA.................................................................................................46

4.1 DELINEAMENTOS DO ESTUDO.......................................................................46

4.2 ASPECTOS ÉTICOS..............................................................................................46

4.3 AMOSTRA.............................................................................................................46

4.3.1 Critérios de Inclusão.............................................................................................47

4.3.2 Critérios de Exclusão............................................................................................47

4.4 PREPARO DAS AMOSTRAS PARA OS EXAMES VISUAL E RADIOGRÁFICO

INTERPROXIMAL..................................................................................................................47

4.5 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DOS SÍTIOS........................................................50

4.5.1 Calibração do examinador...................................................................................51

4.5.2 Inspeção visual.......................................................................................................52

4.5.3 Exame radiográfico interproximal......................................................................53

4.5.4 Análise microscópica.............................................................................................55

4.5.4.1 Preparo dos espécimes.............................................................................................55

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4.5.4.1.1 Preparo dos espécimes para análise em Microscopia de Luz e critérios de

diagnóstico utilizados...............................................................................................................56

4.5.4.1.2 Preparo dos espécimes para análise em Microscopia Eletrônica de Varredura....62

4.6 ELENCO DE VARIÁVEIS DO ESTUDO............................................................65

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA.....................................................................................65

4.7.1 Análise Descritiva em Microscopia de Luz e Microscopia Eletrônica de Varredura

para as lesões de cárie em dentina............................................................................................66

5 RESULTADOS......................................................................................................68

5.1 EXAMES VISUAL E RADIOGRÁFICO..............................................................68

5.2 CONCORDÂNCIA INTRA-EXAMINADOR NOS DIFERENTES MÉTODOS DE

DIAGNÓSTICO UTILIZADOS...............................................................................................68

5.3 ANÁLISE MACROSCÓPICA E RADIOGRÁFICA DA AMOSTRA.................69

5.4 ANÁLISE DAS 33 AMOSTRAS REALIZADAS POR MEIO DA MEV............75

5.5 ANÁLISE DAS 33 AMOSTRAS REALIZADAS POR MEIO DA ML...............80

6 DISCUSSÃO..........................................................................................................85

7 CONCLUSÕES.....................................................................................................94

REFERÊNCIAS....................................................................................................96

APÊNDICES........................................................................................................105

ANEXO................................................................................................................123

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Eyshila

“Eu sei que não estou só

E já posso crer que amanhã

Vai ser bem melhor

Só porque Deus está comigo.”

INTRODUÇÃO

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16

1 INTRODUÇÃO

A conduta terapêutica a ser adotada para as lesões de cárie tem sido alvo de estudos

pela comunidade científica nos últimos anos. O maior conhecimento sobre a sua patogênese e

a possibilidade de reversão da lesão em estágios iniciais propiciou a adoção de uma postura

voltada para o controle da doença através de tratamento não invasivo. Dessa forma, a prática

tradicional restauradora vem sendo substituída pela Odontologia Minimamente Invasiva, que

tem como filosofia a conservação da maior quantidade possível de estrutura dentária 9

.

Dentro desse contexto de Odontologia Minimamente Invasiva encontra-se a discussão

acerca da detecção precoce da lesão de cárie oclusal visando possibilitar a adoção de um

plano de tratamento preventivo e interceptador 29, 123

.

Segundo Bastos e colaboradores 10

, o conceito de diagnóstico de cárie na Odontologia

tradicional não tem sustentação, uma vez que não determina risco, severidade e atividade da

doença. A Odontologia tradicional apresenta uma abordagem quase que exclusivamente

curativa. O que observamos, portanto, é a presença de um ciclo restaurador repetitivo em que

os procedimentos, embasados em um diagnóstico incorreto, feito por meio da identificação de

danos já ocorridos (sequelas da doença). Na urgência em realizar tratamento de caráter

invasivo, desgastam, desnecessariamente, as estruturas dentais, o que não favorece o controle

das doenças bucais e, conseqüentemente, não melhora os níveis de saúde bucal, pois não se

combate os agentes causais, apenas reparam as seqüelas da doença.

O papel da Odontologia atual deve ser a adoção de medidas preventivas e

interceptadoras, ao invés do emprego do tratamento invasivo imediato. Para que isto ocorra,

necessário se faz um correto diagnóstico de cárie, principalmente em superfície oclusal, bem

como a adoção de tratamentos não invasivos interceptadores 70

. As pesquisas clínicas

realizadas até o presente momento apresentam evidências de sucesso desses tratamentos não

invasivos através de observações clínicas e radiográficas. Para maior evidência científica, a

realização de uma pesquisa utilizando padrão ouro seria de grande valia. Este padrão ouro

seria um exame histológico, que só é possível de ser realizado em estudos com dentes

decíduos que permitem a realização do mesmo após a esfoliação. O estudo e conhecimento da

morfologia dentária sadia e atingida por lesões de cárie são necessários para o entendimento

dos mecanismos envolvidos na etiopatogenia da doença e, principalmente, no momento em

que se busca a compreensão dos fundamentos básicos à manutenção da integridade dos

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17

tecidos dentários por meio de técnicas restauradoras não invasivas, como, por exemplo, o

selamento oclusal de cárie em dentina.

Já é sabido da possibilidade de paralisação de uma lesão de cárie quando a mesma se

encontra confinada em esmalte e, para tal, se adotam tratamentos não invasivos para resolução

do problema 64

. Quando temos a situação de lesão de cárie em dentina, a dentística operatória

preconiza tratamento invasivo (restauração) por não acreditar na possibilidade de paralisação

ao nível dentinário.

Estudos têm mostrado possibilidade de paralisação da lesão de cárie em dentina (na

situação clínica de cavidade aberta e sem a remoção total da dentina cariada) apenas com o

selamento da superfície (utilizando material restaurador). Estes estudos acompanharam estes

dentes por 10 anos e puderam comprovar a paralisação da lesão neste tecido 43, 72, 79

.

Estes resultados provavelmente ocorrem devido ao fato de que, com o vedamento da

superfície da cavidade, impede-se a presença do biofilme, que é o principal substrato para o

desenvolvimento da lesão cariosa. Com este feito, as bactérias se tornam inviáveis, morrem

por inanição e não continuam o processo carioso. A nutrição oriunda do ápice provavelmente

é insuficiente para manter as bactérias viáveis 16, 17, 56, 95

.

Diante desta constatação, vem a indagação: se é possível paralisar uma lesão de cárie

em dentina em uma cavidade aberta, de média a extensa profundidade, porque não conseguir

o mesmo feito quando temos lesão no início da dentina, logo abaixo do limite amelo-

dentinário, diagnosticada apenas radiograficamente, pois clinicamente se encontra ainda sem

cavitação visível macroscopicamente 16, 17, 56, 95

.

Situações clínicas de cárie em dentina detectadas apenas radiograficamente, sem

cavitação clínica, estão sendo submetidas a tratamentos não invasivos (selamento oclusal) e

acompanhadas clinica e radiograficamente para verificação da possibilidade de paralisação

destas lesões em alguns estudos clínicos 16, 17, 64

.

Estudos vêm sendo desenvolvidos nesta área, utilizando uma amostra maior e um

maior tempo de acompanhamento, porém ainda sem realização de um padrão ouro. Pesquisas

com dentes decíduos estão sendo realizadas para possibilitar uma análise histológica, tendo

em vista a possibilidade de obtenção do dente pós-período de esfoliação. Faz-se necessário,

portanto, um estudo acerca de como se dariam estas técnicas histológicas e em que elas

poderiam contribuir para visualizarmos uma paralisação ou não do processo carioso.

Devido à necessidade de verificação de que tipos de exames histológicos poderiam ser

úteis neste ponto em questão, este estudo se propôs a realizar, in vitro, uma análise histológica

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18

através da microscopia eletrônica de varredura (MEV) e da microscopia de luz (ML) em

dentes com diferentes situações variando do hígido ao cariado.

Os resultados encontrados serão de grande valia para subsidiar pesquisas clínicas em

dentes decíduos (por permitir a avaliação histológica pós-esfoliação) que utilizam o

tratamento não invasivo em cárie de dentina através do selamento de fóssulas e fissuras.

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Walmir Alencar

“Deus é capaz de trocar reinos por ti

Abre mares para que possas atravessar

E se preciso fosse, daria novamente, a vida por ti

Deus só não é capaz... de deixar de te amar!”

REVISÃO DE LITERATURA

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20

2 REVISÃO DE LITERATURA

Sabe-se que existe alta prevalência de cárie dental na população brasileira,

determinando a perda precoce de dentes decíduos e permanentes, constituindo um dos

maiores problemas de saúde pública no Brasil, e na maioria dos países subdesenvolvidos.

No que se refere às lesões de cárie na superfície oclusal, é sabido que, devido a sua

morfologia e subseqüente padrão de desenvolvimento, há muito têm despertado o interesse

por parte dos estudiosos, no que diz respeito ao seu diagnóstico e ao tratamento mais

adequado a ser adotado. Considerando a importância desse assunto, esta revisão versará

acerca dos aspectos gerais relacionados à cárie dentária, a histologia da lesão de cárie em

esmalte e em dentina, aspectos relacionados às lesões de cárie em superfície oclusal,

abordará alguns métodos indicados para a detecção e tratamento das referidas lesões e o

estudo das lesões de cárie por meio da análise histológica.

2.1 ASPECTOS RELACIONADOS À DOENÇA CÁRIE DENTÁRIA

Os países subdesenvolvidos e/ou emergentes estão experimentando um declínio muito

pequeno nos níveis da doença cárie. No Brasil, está havendo uma importante redução no

índice CPO-D em dentes permanentes de escolares nas áreas urbanas. Contudo, esse declínio

não é homogêneo e não parece ser tão expressivo, existindo ainda um significativo ataque

cariogênico na dentição decídua75

. Esse quadro tem sido atribuído, sobretudo, a uma dieta

com alto teor de carboidratos, associado a diversos fatores, tais como desigualdades entre

classes sociais, nível de instrução e ausência de definição de uma política de saúde pública

pelos governantes 100

.

A cárie dentária é uma doença infecciosa de origem bacteriana 86,

96

e, por sua

severidade e magnitude, constitui-se em um grave problema de saúde pública 31

. Os fatores

que contribuem para o surgimento da cárie incluem Streptococcus mutans, pH salivar, dieta

deficiente e a presença de superfícies dos dentes susceptíveis, além de esta doença estar

fortemente relacionada ao estilo de vida do indivíduo, influenciada por fatores culturais e

sócio – econômicos. Existem evidências de que fatores genéticos do hospedeiro conferem

suscetibilidade ou resistência a esta doença 107

. Diferentemente da maioria das doenças

infecciosas que acometem o homem, a cárie é o resultado de um desequilíbrio da microbiota

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21

bucal nativa e não de um patógeno exógeno não nativo. A introdução de açúcar na dieta das

sociedades abalou o equilíbrio entre a saúde e a doença 23

.

De acordo com o modelo biopisicossocial, são três os fatores da doença cárie: o

biológico, que está fundamentado na presença da bactéria Streptococcus mutans; o social, que

sofre interferência da etnia, educação, família, trabalho e renda; e o psicológico, que é

influenciado pelo conhecimento sobre saúde bucal, estresse, auto – eficácia e ponto de

controle. Portanto, o acúmulo de biofilme bacteriano sobre a superfície dental por si só não é

capaz de se tornar patogênico, necessitando para a instalação dessa afecção, a ocorrência de

fatores mais abrangentes, como os processos psico – somático – ambientais desequilibrados,

podendo ser intermediados por fatores comportamentais 48

.

No que diz respeito ao Streptococcus mutans, este é facilmente reconhecido nos meios

de cultura com altas taxas de sacarose, por desenvolver colônias rugosas, convexas,

irregulares, opacas e enroladas em espiral, com uma morfologia geral com aspecto de amora.

Todas as espécies desses microrganismos compartilham a capacidade de cultivar

polissacarídeos extracelulares a partir da sacarose e de produzir polissacarídeos intracelulares

a partir de carboidratos fermentáveis 54

.

Um conceito atual define a cárie como uma doença de progressão contínua, que

evolui a partir de uma condição subclínica, passa por alterações na subsuperfície do esmalte,

culminando em lesões clinicamente detectáveis 97

. No entanto, como já discutido, a cárie

dentária não se restringe apenas à presença de cavidades nas superfícies dentárias. É uma

doença multifatorial 21, 88

e cujos sinais aparecem em função de uma alteração causada no

processo de desmineralização/remineralização dos tecidos dentários, ocasionada por

mudanças dinâmicas nas propriedades do biofilme dental. Isso promove como resultado uma

cascata de eventos que leva à desmineralização dos tecidos dentários e início da formação da

lesão de cárie 41, 87, 110

.

A desmineralização dos tecidos dentários (esmalte, dentina e cemento) é ocasionada

por ácidos, em especial o ácido láctico produzido pela fermentação bacteriana dos

carboidratos da alimentação, geralmente a sacarose. A queda do pH acarreta dissolução do

esmalte e transporte do cálcio e fosfato para o meio ambiente bucal. Esse processo pode ser

compensado, já que os sistemas tampão da saliva e biofilme bacteriano, bem como a presença

de flúor, determinam um equilíbrio entre a desmineralização e remineralização. Dessa forma,

a cárie dentária é considerada um desequilíbrio decorrente da constante troca iônica

(DES/RE), em favor da desmineralização. O processo carioso se inicia quando, por razões

diversas, a saída de íons acaba sendo maior que sua reposição 21, 96

.

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22

Como decorrência da perda mineral, ocorre o surgimento da lesão cariosa, que

corresponde a um sinal da doença. Este sinal pode refletir clinicamente de diversas maneiras,

desde opacidades no esmalte, difíceis de serem discernidas, até grandes cavidades que se

estendem até a polpa dental. A manifestação clínica inicial da cárie dental caracteriza-se pelo

surgimento de uma lesão de coloração branca e aspecto opaco, evoluindo para o aparecimento

de uma cavidade ou tornando-se paralisada 10

. Quando diagnosticada nessa fase, pode-se

intervir através de métodos terapêuticos não-invasivos (orientação de higiene, aplicação de

flúor, selantes e proservação), paralisando o processo carioso e mantendo a estrutura dentária

sadia 11

.

No que diz respeito à progressão e às alterações ao nível morfológico da cárie

dentária, estas possuem aspectos distintos de acordo com o tecido dentário afetado. Dessa

forma, a microscopia da lesão de cárie deve ser dividida de acordo com os três tecidos

dentários duros envolvidos (esmalte, dentina e cemento). No entanto, esta separação

morfológica aparente raramente se observa na análise microscópica, já que o processo de

cárie dentária dificilmente afeta única e exclusivamente um dos tipos de tecidos dentários.

Ainda que a lesão de cárie atinja apenas o esmalte, alterações dentinárias e pulpares podem

ser detectadas numa cárie incipiente. A morfologia da cárie dentária, além do tipo de tecido

dentário envolvido, também se modifica microscopicamente quando se considera a superfície

dentária afetada, a história pregressa da doença (se primária ou secundária), ou ainda, o grau

de velocidade do processo (se agudo ou crônico) 27

.

A associação entre experiência de cárie em molares decíduos e primeiros molares

permanentes foi verificada através de um estudo conduzido por Feldens e colaboradores 42

, no

qual foram avaliadas 100 crianças de 06 a 09 anos de idade atendidas no Curso de

Odontologia da Universidade Luterana do Brasil, Canoas-RS. O exame físico foi conduzido

por um único examinador treinado e calibrado (k=0,94). Os resultados mostraram correlação

positiva (rS=0,336) e significante (p=0,001) entre o número de molares decíduos (ceo-MD) e

primeiros molares permanentes (CPO-MP) cariados, perdidos e obturados. A análise de

regressão logística após ajuste para possíveis fatores de confusão mostrou que a chance de

cárie em primeiro molar permanente foi 06 vezes maior nas crianças com ceo-MD=6 a 08 em

relação às crianças com ceo-MD= 0 a 02 e quase 05 vezes maior se houvesse ao menos um

molar decíduo extraído em relação às crianças com todos os molares decíduos presentes. A

variável com melhor acurácia e valor preditivo positivo para detectar experiência de cárie em

primeiros molares permanentes foi apresentar pelo menos um molar decíduo extraído. Para os

autores, a experiência de cárie em primeiros molares permanentes está fortemente associada à

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perda precoce e à experiência de cárie em molares decíduos em crianças de 06 a 09 anos de

idade, o que deve ser considerado na identificação de crianças alvo de programas preventivos

nessa faixa etária.

2.2 HISTOLOGIA DA LESÃO DE CÁRIE DENTÁRIA

2.2.1 Lesão de cárie em esmalte

Em virtude da anatomia peculiar da área das fissuras, a lesão se alarga ao se aproximar

da dentina subjacente. As lesões de cárie não começam usualmente no fundo das fissuras.

Mais freqüentemente ocorrem de maneira bilateral ao longo das paredes da cavidade. A

localização pode, entretanto, ser muito variável. Em virtude do padrão peculiar de

espalhamento, são observadas mais freqüentemente duas lesões de cárie independentes que se

expandem divergentemente em direção à dentina. Com a expansão lateral na junção

amelodentinária, a área de dentina envolvida é muito maior do que a de uma única lesão em

uma superfície lisa. Diante disso, parte do esmalte circunjacente pode ser solapada, e isso

seria visto clinicamente como uma extensão de uma área opaca ou pigmentada ao longo da

fissura oclusal 113

.

A cárie de esmalte, no sentido da superfície em direção à junção amelodentinária,

apresenta as seguintes características, antes da formação de cavidade 26, 113

.

1) Camada superficial aprismática ou camada de Darling;

2) Corpo da lesão, com 10% a 25% de seu volume constituído por microporos;

3) Zona escura, com 2% a 4% de seu volume constituído por microporos;

4) Zona translúcida, com 1% de seu volume ocupado por microporos.

Segundo Consolaro 26

a progressão da cárie de esmalte se faz na mesma direção dos

prismas e das estrias incrementais de Retzius. Assim, o direcionamento em um corte

microscópico de cárie de esmalte quando observado ao microscópio de luz, encontrar-se com

seu contorno determinado pela distribuição destas duas estruturas. Quando ocorre o

comprometimento da junção amelodentinária, independentemente da existência ou não de

cavidade, muitos ácidos alcançam a dentina por difusão, podendo ser encontradas alterações

dentinárias e/ou pulpares. Algumas características morfológicas locais e propriedades

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inerentes à saliva podem determinar um equilíbrio momentâneo ou duradouro entre o

processo de desmineralização e remineralização, podendo levar à regressão da própria cárie

de esmalte ou a sua paralisação no estágio em que se encontre. Este tipo de cárie é

denominado de inativa, crônica, marrom ou mais comumente cárie paralisada.

Ainda de acordo com Consolaro 26

, na patogenia da cárie de esmalte, podem ser

classificados seis estágios, determinados de forma mais precisa do ponto de vista

microscópico e assim distribuídos seqüencialmente:

1) Estabelecimento da zona translúcida: anteriormente a ela, somente a microscopia eletrônica

de transmissão permitiria a detecção de alterações no esmalte. A zona translúcida seria a

primeira alteração morfológica específica do esmalte na cárie, visualizável ao microscópio de

luz;

2) Surgimento da zona escura;

3) Visualização da formação do corpo da lesão;

4) Aparecimento da lesão branca: a parte orgânica estaria modificada e a dentina poderia

apresentar-se alterada;

5) Estabelecimento de uma superfície gredosa no esmalte: nesta fase, e menos comumente na

fase anterior, seria possível obter o sinal radiográfico inicial da cárie;

6) Formação de cavidade.

Na superfície oclusal, a progressão do processo segue a orientação dos prismas

lateralmente, assumindo uma forma triangular com base voltada para a junção

amelodentinária, pela qual ocorreria o espalhamento da cárie, bem como resultaria em

comprometimento da dentina, em maior ou menor grau 26

.

2.2.2 Lesão de cárie em dentina

É sabido que o comprometimento da cárie em dentina possui uma atividade

diferenciada da observada quando a lesão se encontra em nível de esmalte, além de, na

dentina, o processo de iniciação e progressão da lesão de cárie ser mais complexo quando

comparado ao esmalte. A estrutura particular da dentina, com composição diferente e ainda

maior permeabilidade, faz com que o processo carioso se difunda de maneira mais agressiva

neste tecido. No entanto, no momento em que o processo carioso se inicia, o organismo já está

lançando mão de seus mecanismos de defesa através da formação de esclerose dentinária,

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25

seguida de uma zona de desmineralização inicial, antes mesmo da presença de bactérias no

interior dos canalículos dentinários. Com o avanço da lesão cariosa para o interior da dentina,

com conseqüente infecção dos canalículos dentinários, ocorre a formação de uma zona de

desmineralização avançada assumindo a forma de um cone invertido, afinando à medida que

se aproxima da parede pulpar. Se não tratada (de maneira invasiva ou interceptadora), poderá

progredir e futuramente comprometer a polpa dentária. Os efeitos patológicos da cárie levam

a alterações na estrutura dentinária que podem ser observadas como trechos inertes, esclerose

e/ou adição de dentina reparadora, comumente presentes nas lesões agudas ou crônicas em

dentina 15, 89

.

Consolaro 26

ressaltou que quando a cárie dentária compromete a junção

amelodentinária, o processo sofre espalhamento em grande parte da superfície dentinária,

como se estabelecesse um plano de clivagem entre o esmalte e a dentina, aumentando

significativamente a área de contato e, em conseqüência, a disseminação dos produtos

bacterianos e das próprias bactérias pelo tecido dentinário, minando e solapando

gradativamente o esmalte sobrejacente. De acordo com o autor, o complexo dentinopulpar

reage às agressões, especialmente à cárie dentária, por meio de três mecanismos principais:

1) Submetendo seus canalículos à esclerose;

2) Estabelecendo a formação de dentina reacional na superfície interna;

3) Induzindo um processo inflamatório no tecido pulpar.

A esclerose dentinária é o primeiro aspecto que se estabeleceria na cárie de dentina. A

região da dentina esclerosada também pode ser denominada de zona translúcida ou

transparente da cárie de dentina. A seguir ocorre, freqüentemente, em áreas de esclerose

dentinária, uma desmineralização inicial, promovida por produtos bacterianos, tais como

ácidos e enzimas, a qual precede a invasão bacteriana propriamente dita dos canalículos

dentinários, para promover a desmineralização avançada e posterior destruição e

desorganização total da dentina. Embora estes aspectos não possam ser identificados

individualmente, em um mesmo corte microscópico de dentina, em decorrência das várias

técnicas de preparo dos espécimes, a cárie poderia ser dividida morfologicamente, no sentido

da polpa para a superfície em cinco regiões, de acordo com Consolaro 26

:

1) Zona de esclerose dentinária;

2) Zona de desmineralização inicial ou profunda;

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26

3) Zona de invasão bacteriana;

4) Zona de desmineralização avançada ou superficial;

5) Zona de destruição e desorganização total.

A impossibilidade de distinção entre as várias zonas de evolução da cárie de dentina,

microscópica e/ou clinicamente, levou à necessidade de outros critérios de distinção entre

uma dentina inicialmente cariada e uma dentina totalmente destruída. Assim, na cárie em

dentina, podem ser distinguidos dois tipos de dentina comprometida, no sentido da superfície

para a polpa 26

:

1) Dentina infectada: consistência mole, de cor amarelada, assemelhando-se a um queijo.

Nesta dentina pode ser distinguida uma zona de dentina necrótica, desorganizada e amolecida.

Microscopicamente, é observado um material granuloso, eosinófilo e em quase sua totalidade

sem qualquer preservação estrutural, ou seja, praticamente amorfo. Uma outra região, mais

profundamente localizada corresponderia à zona de dentina desmineralizada superficial,

caracterizada pela deformação da morfologia canalicular e manutenção da matriz orgânica. A

dentina infectada, desta forma, não poderia ser remineralizada;

2) Dentina contaminada: aparece como uma estrutura distorcida, mas com textura

parcialmente mantida, assemelhando-se à do couro. Na dentina contaminada pode ser

distinguida, da superfície para a polpa, em três regiões: uma zona de desmineralização

profunda, localizada abaixo da zona de desmineralização mais superficial; uma zona de

esclerose dentinária; e, freqüentemente, a dentina reacional, que juntas constituem a zona de

dentina hipermineralizada. Na zona de dentina desmineralizada profunda, a matriz canalicular

encontra-se preservada e intacta, podendo ser considerada remineralizável

A estrutura da dentina terciária reparadora em dentes decíduos foi avaliada no estudo

de Klinge 66

, utilizando cortes de 25 dentes decíduos para a produção de contatos

microrradiográficos. Outros 30 dentes decíduos foram desmineralizados, embebidos em

parafina, seccionados e corados com hematoxilina-eosina. Algumas secções desmineralizadas

de cada dente foram também estudadas através da microscopia eletrônica de varredura.

Muitos dos dentes mostraram algum tipo de formação de dentina terciária. Também pôde ser

observado tecido mineralizado com algum tipo de variedade morfológica. Em dentes que

haviam sido sujeitos a trauma foi possível observar, em algumas amostras, toda a câmara

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27

pulpar obliterada. A mineralização pareceu iniciar na região incisal e a parte central da polpa

foi a última parte a ser obliterada. Espaços vazios radiolucentes e canais foram observados. A

matriz orgânica encontrada era densa e fibrosa. Na câmara pulpar e, especialmente, nos canais

radiculares, ocorreu reabsorção, indicando que os sinais que davam origem aos odontoclastos

também estavam presentes. A reabsorção foi, muitas vezes, seguida por deposição de grande

quantidade de tecido reparador cementário. Acredita-se que as células responsáveis pela

formação da dentina reparadora são os subodontoblastos ou células ectomesenquimais

indiferenciadas. A morfologia variada da dentina reparadora observada na polpa dos dentes

examinados indica que diferentes estímulos permitem a indução de células formadoras de

tecido duro, as quais produzem diferentes tipos de tecido duro.

2.3 LESÃO DE CÁRIE EM SUPERFÍCIE OCLUSAL

As lesões de cárie em superfície oclusal têm sido descritas na literatura 4 como as de

maior dificuldade de diagnóstico devido à sua complexidade anatômica e à dificuldade de

higienização, quando comparadas às superfícies lisas. Ademais, casos de cárie sob superfície

hígida têm sido apontados como de significativa prevalência, o que requer mais cuidado por

parte do cirurgião-dentista para um diagnóstico adequado bem como para a correta conduta

terapêutica a ser realizada. A anatomia de fóssulas e fissuras proporciona uma maior

facilidade para acúmulo de biofilme na superfície dentária, sobretudo durante o processo de

erupção, uma vez que, abaixo do plano oclusal, esta superfície tem seu acesso dificultado

durante o processo de escovação. Além disso, não participa do processo mastigatório e não

está acessível à limpeza, realizada naturalmente pelas bochechas e pela saliva. Essas

características tornam as superfícies oclusais mais suscetíveis à ocorrência de cárie, sobretudo

tratando-se de molares.

Segundo Newbrun 84

, a espessura do esmalte na base das fissuras profundas é mínima.

Em muitos casos, estas se estendem praticamente até a dentina. Enquanto a espessura do

esmalte nas demais áreas do dente varia entre 1,5 a 2,0 mm, na base das fissuras profundas ela

é de 0,2 mm ou menos. Com relação à dentição decídua, os sulcos e fissuras nos dentes

decíduos guardam proporções menores em profundidade quando comparados aos dentes

permanentes.

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28

Devido ao fato de as cicatrículas e fissuras apresentarem pequena dimensão, os

microrganismos presentes nestas áreas não estão susceptíveis à interferência mecânica. No

entanto, através da microscopia eletrônica de varredura realizada no biofilme bacteriano de

fossas e sulcos, foi observado que a morfologia desse sistema influencia a viabilidade dos

microrganismos nesta área. Evidências apontaram que microrganismos localizados nas áreas

mais profundas das fissuras estreitas não sobrevivem, possivelmente devido à ausência de

nutrientes, enquanto que, aqueles presentes nas regiões mais altas das fissuras e nos sulcos

mais abertos, são metabolicamente ativos. Esta estrutura do biofilme bacteriano determina, até

determinado ponto, a velocidade de progressão da cárie dentária, que é maior na entrada do

que na base da fissura 19

.

Diversos são os trabalhos encontrados na literatura que analisam diferentes métodos

para diagnóstico de cárie, como o de Deery e colaboradores 34

, que analisaram o diagnóstico

e o plano de tratamento para lesões de cárie oclusal através do tratamento restaurador ou pelo

uso de selantes. Cento e sessenta dentes permanentes posteriores com cáries oclusais em

diferentes profundidades foram examinados por vinte e cinco profissionais. Os autores

constataram que, na dúvida sobre o diagnóstico, os profissionais não optam pelo uso de

selantes como agente terapêutico.

A relação entre a anatomia da superfície oclusal e a doença cárie foi o objeto de estudo

de Valera e colaboradores 118

que realizaram um trabalho comparativo, partindo-se da

hipótese nula de que não há diferença morfológica entre pré-molares e molares em relação à

presença de cicatrículas e fissuras com a prevalência de cárie. Foram utilizados 22 dentes

humanos extraídos, os quais foram seccionados e avaliados imaginologicamente quanto à

presença ou não de cicatrículas e fissuras e a prevalência de cárie em cada espécime obtido.

Após a análise estatística, os dentes molares e pré-molares apresentaram-se estatisticamente

iguais. No geral, os resultados mostraram uma prevalência de 22,5% de cicatrículas e fissuras,

dentre as quais 92% encontravam-se cariadas, e apenas 34% dos sulcos e fossas apresentavam

cáries. De posse desses resultados, os autores concluíram que, apesar da prevalência de

cicatrículas e fissuras ter sido baixa, esta influenciou de forma direta na presença ou não de

lesões cariosas.

A prevalência de lesões de cárie oclusal sem cavitação foi verificada no estudo de

Meirelles 76

, que teve como proposta constatar a prevalência de lesões de cárie oculta oclusal

em escolares de 12 a 15 anos de idade através de métodos complementares de diagnóstico em

levantamentos epidemiológicos. Para tanto, 179 escolares de 12 a 15 anos matriculados em 20

escolas públicas do município de Piracicaba foram selecionados. Após o exame visual

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29

segundo os critérios da OMS (1997), 1290 dentes sem sinal de cavitação na superfície oclusal

foram reavaliados por meio do exame visual com secagem prévia; exame radiográfico e com

o auxílio do aparelho DIAGNOdent. A média do Índice CPO- D na população estudada foi de

2,3 e 32,5% dos escolares estavam livres de cárie segundo o exame visual. Das 1290

superfícies examinadas no exame visual, 918 superfícies oclusais foram diagnosticadas como

hígidas. Destas, 241 (26,3%) apresentaram imagem radiolúcida sugerindo cárie em dentina

pelo exame radiográfico. Das 41 superfícies que apresentaram escurecimento da dentina sob

esmalte íntegro, 25 também apresentaram imagem radiolúcida sugerindo cárie em dentina.

Incluindo as lesões em dentina diagnosticadas pelo exame radiográfico, o CPO-D dos

escolares seria de 3,1 e apenas 13,4% dos escolares estariam livres de cárie. A prevalência de

cárie oculta foi de 56,4%, com média de 1,68 superfícies oclusais afetadas por escolar.

Quando comparados os resultados do exame com o aparelho DIAGNOdent em relação ao

exame radiográfico, a sensibilidade foi de 64% e a especificidade de 74%. Diante dos

resultados obtidos, concluiu-se que a prevalência de lesões de cárie oculta oclusal obtida

através de levantamentos epidemiológicos sem o uso de métodos auxiliares está sendo

subestimada. O autor afirma que estudos epidemiológicos que busquem estimar esta

subestimação são importantes para contribuir para o planejamento dos serviços de saúde

bucal.

2.4 DIAGNÓSTICO DE LESÕES DE CÁRIE OCLUSAL

A área de cicatrículas e fissuras, em especial, a superfície oclusal, tem sido

considerada pelos cirurgiões-dentistas como uma superfície de expressiva preocupação, em

relação ao risco de cárie e diagnóstico, despertando, inclusive, discussões e experimentos

sobre essa questão, nas últimas décadas. Dessa forma, o diagnóstico precoce da lesão de cárie

torna-se de extrema importância, a fim de que tratamentos não invasivos sejam utilizados,

preservando a integridade da superfície oclusal 91, 122

.

Devido ao fato do aspecto da lesão de cárie vir se modificando com o tempo, a sua

detecção está se tornando cada vez mais difícil. As dificuldades encontradas na clínica

odontológica no que se refere ao seu diagnóstico não se encontram mais nas lesões avançadas,

mas, principalmente, nas incipientes 28

. O diagnóstico precoce tornou-se um passo

fundamental no delineamento do plano de tratamento. A intervenção em lesão incipiente evita

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30

a progressão da cárie e consequentemente perda de estrutura dentária, além de possibilitar a

indicação de tratamentos não-invasivos 109

.

2.4.1 Exame clínico visual e tátil

O exame visual, que se baseia nos aspectos clínicos da superfície, ainda é o método

mais difundido e utilizado pelos profissionais e acadêmicos, talvez pelo fato de ser mais

vantajoso em relação aos métodos modernos em termos de custo e simplicidade 117

. Tem

como fundamento os danos ocorridos nas estruturas dentárias, denominados de “cavidade”, ou

seja, somente identifica lesões cariosas no estágio em que o procedimento invasivo

restaurador torna-se necessário 13

.

Há muitos anos, a prática do uso do explorador ou sonda vem sendo utilizada,

alicerçada na teoria de que o sinal tátil de resistência do explorador seria considerado como

sinônimo de presença de cárie. No entanto, comumente a sonda exploradora pode-se prender

às fissuras dos dentes posteriores, sem cavitação macroscópica visível, devido à sua

morfologia e não necessariamente, devido à lesão de cárie, provando que a morfologia da

fissura interfere no diagnóstico da cárie oclusal. Logo, o uso do explorador não é considerado

um método seguro para detectar a doença, além de possibilitar o rompimento da superfície de

lesões incipientes e transmitir microrganismos cariogênicos para outros elementos da arcada

dentária 3, 19, 80, 92, 93

.

Portanto, compreende-se que o uso tradicional do explorador deve ser evitado, pois

estudos demonstram que a superfície do esmalte hígida, porém descalcificada, ao ser sondada,

pode ser rompida, facilitando ainda mais o acesso de microrganismos na região ou, se

utilizado, o explorador deve ser de ponta romba e usado cuidadosamente, sem exercer pressão

excessiva 10, 124

. O diagnóstico clínico deve ser realizado, preferencialmente, com a inspeção

visual das superfícies, pois a doença apresenta sinais subclínicos que não podem ser

detectados com a ponta do explorador 3.

O diagnóstico clínico baseado na inspeção visual das superfícies é sugerido como

método de escolha, considerando textura, mudança de coloração e configuração anatômica do

dente em questão, mais especificamente da superfície oclusal examinada. Para tanto, é

imprescindível que se faça uma boa visualização, com o campo bem iluminado, pois esta

verifica desde cárie incipiente até cavidades, estando cada quadrante isolado com roletes de

algodão, as superfícies dentais limpas, livres de placa pela profilaxia, secas e bem iluminadas

19, 44, 92, 124.

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31

Segundo Bastos e colaboradores 10

, o diagnóstico realizado somente por meio da

sondagem é um método incompleto, que começa a perder seu espaço na Odontologia. Ainda

assim, o método visual é imprescindível para qualquer exame, já que entre todos, é o único

que apresenta a capacidade de estimar se a lesão é inativa ou ativa. Essa técnica, se utilizada

isoladamente, não apresenta segurança necessária para fechar um diagnóstico, devendo

sempre que possível, ser complementada com uma técnica auxiliar, seja a radiografia

tradicional ou digital, de forma a dar uma maior segurança ao profissional.

Visualmente, observa-se que a lesão inicial é caracterizada pela perda de translucidez

do esmalte, que adquire aparência de uma lesão branca, com superfície rugosa, sem brilho e

sem cavitação. Nesta ocasião, a lesão ainda é passível de remineralização, pode tornar-se

inativa, com aspecto branco – brilhante ou ainda com diferentes tonalidades que vão do

castanho ao preto, em função da incorporação de pigmentos exógenos e minerais 3.

A concordância entre examinadores quanto ao diagnóstico e tratamento da cárie de

superfície oclusal sem cavitação de 38 superfícies de primeiros molares permanentes

totalmente erupcionados foi avaliada por Amaral e Silva 2. Participaram do estudo 14

examinadores, sendo 12 alunos e 2 professores do curso de pós – graduação da Faculdade de

Odontologia de Anápolis. Cada examinador realizou os exames clínico e radiográfico dos

elementos dentários e, a partir disso, tendo que optar por tratamento invasivo ou não –

invasivo. A concordância entre os examinadores girou em torno de 63% para o diagnóstico e

76% para o tratamento. Os autores concluíram que há dificuldade de padronização do

diagnóstico clínico desta superfície (oclusal), o que pode acarretar indicações errôneas de

tratamento, muitas vezes irreversíveis.

Um estudo in vitro enfocando métodos de diagnóstico clínico de lesão de cárie oclusal

foi realizado por Zanardo e Rego 121

. Os autores analisaram faces oclusais de 32 dentes

humanos extraídos, utilizando-se o método visual, radiografia interproximal convencional,

transiluminação por fibra óptica (FOTI), laser diodo (DIAGNOdent‚) e radiografia digital

direta (RDD). Os resultados obtidos entre diferentes métodos foram comparados com o exame

histológico (padrão ouro). Os resultados revelaram que, para lesões com demineralização em

esmalte, o método que apresentou maior sensibilidade em profundidade foi a inspeção visual,

com diferença significativa para os demais métodos, com exceção para associação de

inspeção visual e radiografia interproximal. Para a desmineralização em dentina, a inspeção

visual apresentou maior sensibilidade, com diferença para radiografia interproximal

convencional e sem diferença significativa para os demais métodos. Os autores concluíram

que o método mais sensível foi a inspeção visual (0,67), seguindo-se associação da inspeção

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32

visual com a radiografia interproximal (0,58). O método que apresentou menor sensibilidade

foi a radiografia interproximal (0,41). Os métodos mais específicos foram a associação da

inspeção visual com a radiografia interproximal (0,90) e a transiluminação por fibra óptica

(0,90). O método com menor especificidade foi a radiografia digital direta (0,30).

Outro estudo in vitro também foi realizado por Santos e Moimaz 105

, que avaliaram os

métodos de inspeção visual e o uso do laser fluorescente DIAGNOdent, em sessenta e seis

sítios oclusais, num total de 48 dentes. Quanto ao exame visual, este se apresentou com uma

sensibilidade de 0,87, especificidade de 0,38 e 0,81 de acurácia, no que se refere à presença de

lesão e ausência de lesão. Para lesões em dentina, obtiveram-se no exame visual valores de

0,76 de sensibilidade, 0,45 de especificidade e 0,61 para acurácia. Os autores constaram que o

exame visual foi o melhor para diagnosticar sítios oclusais hígidos.

Diferentemente dos estudos supracitados, os autores Mialhe, Bosquiroli e Silva 81

avaliaram o conhecimento de cirurgiões – dentistas de consultórios particulares da cidade de

Cascavel – PR, acerca dos métodos modernos e os tradicionais de diagnóstico de cárie bem

como de que forma esses profissionais estão utilizando os métodos tradicionais. Os

pesquisadores constataram que a maioria dos profissionais utilizava a sonda exploradora de

ponta aguçada durante o exame visual (88,6%), predispondo superfícies dentárias

previamente desmineralizadas a danos irreversíveis; menos da metade (45,7%) afirmaram

realizar profilaxia prévia ao procedimento, o que leva a redução da eficácia desse exame,

predispondo-os à realização de um maior número de diagnósticos falso – positivo e falso –

negativo.

2.4.2 Exame radiográfico interproximal

O exame radiográfico é um método auxiliar de diagnóstico amplamente empregado

pelo cirurgião – dentista, desempenhando um relevante papel na prática clínica em razão de

sua reconhecida importância no diagnóstico 124

. É de grande valia no diagnóstico de cárie,

sendo inúmeros os estudos que comprovam que sua eficácia é equivalente ou maior do que o

sistema radiográfico digital. Este exame não foi, durante muito tempo, considerado alternativa

de escolha como auxiliar no diagnóstico de cáries oclusais. Atualmente este conceito está

sendo alterado, devido às modificações apresentadas no comportamento da doença, e o exame

radiográfico tem sido considerado de grande valia, principalmente para o diagnóstico de

lesões em dentina 29

.

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33

O uso de Raios – X melhora a capacidade do profissional diagnosticar de maneira

correta lesões de cárie. Contudo, a realização de radiografias bite – wing ou periapicais em

massa acompanhando os exames clínicos e epidemiológicos é bastante discutível. A atitude

correta é reduzir ao mínimo possível o emprego de radiações ionizantes, com a finalidade de

aplicar as menores doses possíveis quando for inevitável a exposição do paciente 96

.

Algumas precauções devem ser tomadas durante a interpretação radiográfica, pois

somente lesões que avançam mais de 0,5 mm da junção amelodentinária em direção à polpa é

que são susceptíveis à visualização na radiografia interproximal. Pode haver superposição de

cárie na superfície vestibular e/ou lingual/palatina em dentina. Além disso, as radiografias

podem subestimar o tamanho das lesões pela projeção de esmalte hígido da superfície

vestibular e/ou lingual/palatina 102

.

O exame radiográfico é um recurso essencial para diagnóstico de processos cariosos,

primando pela qualidade do exame. Os autores advertem para o fato de os Raios-X

produzirem uma imagem bidimensional, portanto, sem uma distinção exata da superfície

saudável da cariada, por não fornecerem a profundidade ou a extensão das lesões em seu

formato real 55

.

O exame radiográfico no diagnóstico de cárie é objeto de estudo em diversas

pesquisas, como a dos autores Torriani, Gonçalves e Vieira 115

, que compararam em seu

trabalho as decisões de tratamento restaurador de superfícies oclusais, sem cavitação, quando

realizadas através dos aspectos clínicos e radiográficos, convencional e digitalizado. Para tal,

foram examinados 33 sítios das superfícies oclusais de 30 molares permanentes extraídos,

com e sem pigmentação. O plano de tratamento para cada região foi realizado por 05

cirurgiões-dentistas, professores universitários, utilizando dois tipos de exames: exame visual

de fotografias e radiografia interproximal convencional (IV + RXC); e exame visual de

fotografias e radiografia digitalizada (IV + DIGORA). O padrão de validação para os planos

de tratamento foi realizado através do aspecto histológico. A sensibilidade em determinar a

não-necessidade de tratamento restaurador foi, em média, tanto para a IV + RXC quanto para

a IV + DIGORA, de 0,23. A especificidade foi, em média, de 0,83 e 0,86, para a IV + RXC e

IV + DIGORA, respectivamente. Quando se comparou os planos de tratamento intra-

examinadores, não foi encontrada diferença estatisticamente significante a nível de 5%.

Baseado nestes dados, os autores concluíram que os métodos radiográficos, convencional e

digitalizado, não demonstraram diferenças na efetividade da determinação do plano de

tratamento de superfícies oclusais sem cavitação.

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34

A sensibilidade e a especificidade do exame clínico visual para a detecção de lesões de

cárie oclusais em comparação com as radiografias interproximais foram testadas em pesquisa

in vivo, por Fracaro e colaboradores 45

. Cinco examinadores avaliaram 481 crianças com

idades de 5 a 12 anos, onde obtiveram 1.929 superfícies oclusais dos primeiros e segundos

molares permanentes para o estudo. Os critérios para a classificação clínica das lesões de cárie

foi o seguinte: 0- Hígido; 1 – Descoloração de esmalte após secagem; 2 – Desmineralização

visível depois da secagem; 3 – Desmineralização em descoloração visíveis sem secagem; 4 –

Pequena cavidade na superfície oclusal, detectável com explorador ou presença de

descoloração acinzentada na dentina; 5 – Nítida cavidade na dentina. As radiografias

interproximais foram realizadas imediatamente após os exames clínicos, com filmes

radiográficos convencionais Ultraspeed (Kodak). Os resultados mostraram que em 96%, os

achados clínicos eram coincidentes com os achados radiográficos na avaliação da superfície

hígida, apontando para uma boa sensibilidade. Por outro lado, a especificidade teve um índice

de 0,58 uma vez que apenas 58% das lesões de cárie consideradas clinicamente como na

dentina foram confirmadas como radioluscência no exame radiográfico. Os autores

concluíram que para as superfícies oclusais os exames clínicos foram mais confiáveis que os

exames radiográficos.

Comparar o desempenho diagnóstico do exame radiográfico convencional com o

sistema digital foi objetivo de Tovo e colaboradores 116

, que avaliou em seu estudo o

desempenho diagnóstico do exame radiográfico convencional (Ekaspeed plus) do sistema

digital (Digora). Observou que o método radiográfico convencional foi tanto ou mais sensível

que o sistema digital, diagnosticando todas as lesões e também lesões dentinárias, porém de

menor acurácia quando comparados com as modalidades de imagem digital.

O mesmo objetivo teve Lambert 69

, que em 2004 comprovou em pesquisa visando

comparar a radiografia convencional e digitalizada nos processos de

desmineralização/remineralização do esmalte dentário, que ambos os métodos apresentaram

baixa sensibilidade, encontrando porcentagens de 3,5% para o exame radiográfico visual

convencional, 7,89% para o digital visual sem uso de recursos, e 9,65% para o digital com

recursos, utilizando a análise estatística pelo método t de Student. Com relação à

especificidade, todos os métodos apresentaram valores idênticos.

O desempenho da inspeção visual, radiografia interproximal e fluorescência a laser no

diagnóstico de lesões cariosas oclusais de 72 dentes permanentes posteriores foi comparado

por Valera e colaboradores 119

em um estudo in vitro . Quanto à radiografia interproximal, os

resultados mostraram que esse método apresentou dentre os três, a menor sensibilidade

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35

(15%), em contrapartida do exame visual (64%) e o laser (59%), bem como a menor

especificidade (89%), contra o exame visual e o laser, ambos com 96%. O exame radiográfico

foi o único método a apresentar baixa reprodutibilidade intra – examinador (0,74). Os autores

concluíram que os métodos de inspeção visual e a fluorescência a laser são, entre os três

métodos estudados, os mais indicados para diagnóstico de lesões cariosas oclusais.

Avaliar a influência do treinamento e da experiência do examinador no diagnóstico

radiográfico de cáries proximais, utilizando-se 80 dentes hígidos ou portadores de cáries

proximais foi objetivo de Carmona e colaboradores 24

. As radiografias foram avaliadas por

três examinadores: um examinador realizou duas avaliações – uma antes de iniciar a

disciplina de Radiologia, e outra após ter concluído a disciplina -, um segundo examinador,

que realizou a avaliação após ter cursado a disciplina, e um terceiro, radiologista. Os

resultados obtidos mostraram que na avaliação inicial do primeiro examinador a sensibilidade

foi 0,72, a especificidade 0,25 indicando alto número de respostas falso-positivas. Após a

disciplina de Radiologia, os resultados foram semelhantes para ambos os alunos. O

especialista apresentou os maiores valores de especificidade (0,85) e acurácia (0,69). Os

autores concluíram que a experiência do examinador influenciou no diagnóstico radiográfico

da cárie dentária.

2.5 TRATAMENTO CONSERVADOR DE LESÕES DE CÁRIE

OCLUSAL

Com a evolução do conhecimento sobre a doença cárie dentária, especialmente da

compreensão desta como uma doença e não meramente como lesões (manchas e cavidades),

têm surgido inúmeras propostas para controlá-la 41

. Esse modelo de atuação distancia-se,

então, do modelo cirúrgico-restaurador previamente proposto, para satisfazer a um modelo de

promoção de saúde, que prima por garantir ao indivíduo formas de se livrar da doença e se

manter com saúde. Além disso, de tal maneira, evita-se a ocorrência do ciclo restaurador

repetitivo 37

, uma vez que a cada troca de restauração tende-se a incorrer na perda de estrutura

dentária sadia 106

.

A escolha por uma ou outra modalidade de tratamento, por sua vez, deve estar atrelada

ao diagnóstico da doença (atividade e risco) associado ao conhecimento do comportamento

dos agentes etiológicos específicos em cada paciente, assim como à detecção dos sinais da

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doença em sua cavidade bucal. Dessa forma, o diagnóstico é essencial para a escolha da

terapêutica 85

.

A remoção total do tecido dentário atingido foi, durante muito tempo, a terapêutica

preconizada e adotada pelos cirurgiões-dentistas para lesões de cárie. Os preparos cavitários

preconizados por Black no final do século XIX deram início à era da Odontologia

Restauradora baseada nos princípios de extensão preventiva, que incluía a abertura de fossas e

fissuras hígidas, com posterior restauração, no intuito de prevenir o aparecimento de lesões de

cárie nessas regiões 71

. Essa filosofia perpetuou-se, de certa forma, até as décadas de 80 e 90,

quando ainda era indicava a invasão de sulcos e fissuras escurecidos, antes da aplicação de

selantes, também com cunho preventivo 64

.

Com a introdução da “mínima intervenção” na Odontologia, o tratamento de lesões

que eram diagnosticadas precocemente, em estágios iniciais no esmalte e/ou dentina, passou a

envolver procedimentos e condutas de paralisação do processo carioso e acompanhamento

clínico, enquanto em estágios mais avançados, elegiam-se os procedimentos “minimamente

invasivos”, ou seja, procedimentos restauradores conservadores da estrutura dental,

destacando-se o tratamento da doença cárie, através do controle de seus fatores etiológicos 68

.

Além de evitar o desgaste desnecessário de tecidos sadios, esse tipo de conduta também

proporciona maior conforto ao paciente 82

, fatores que sempre devem ser buscados no

tratamento odontológico 64

.

Os selantes de fossas e fissuras são materiais desenvolvidos com o intuito de serem

aplicados sobre a superfície oclusal de dentes suscetíveis ao desenvolvimento de lesões de

cárie. Eles agem recobrindo as fossas e fissuras e formando uma camada que impede o

acúmulo de resíduos alimentares e a formação do biofilme nessas áreas anatômicas de difícil

controle de higiene, prevenindo assim o desenvolvimento da lesão de cárie 67

. O uso de

selantes na prevenção de cárie apresenta uma forte evidência em relação à sua efetividade,

comprovada por uma série de estudos clínicos e revisões sistemáticas 52, 87

. No entanto, sua

eficácia tem sido maior em indivíduos de alto risco, sugerindo que os selantes têm mais uma

função terapêutica, na paralisação de lesões de cárie em progressão, do que uma preventiva,

sobre superfícies oclusais hígidas 64

.

Isso é suportado pelas novas teorias que defendem que o biofilme dentário sobre a

superfície da lesão de cárie é fator etiológico fundamental para o avanço das lesões cariosas, e

não as bactérias presentes no interior do tecido cariado. Assim sendo, a aplicação de um

selante sobre lesões de cárie, mesmo sem a remoção de tecido cariado, reduziria o acúmulo de

biofilme sobre a superfície e proporcionaria a paralisação dessas lesões. De fato, desde a

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37

década de 70, diversos estudos têm sido realizados utilizando os selantes resinosos no

tratamento de lesões de cárie 55, 57, 59

. Os resultados mostraram que esse material pode ser

aplicado sobre lesões que atingem esmalte e/ou dentina, proporcionando a paralisação e o

controle destas, ao mesmo tempo em que promove a preservação da estrutura dentária 64

.

Os selantes, avaliados sob a ótica da promoção de saúde, constituem-se em uma

maneira não invasiva de controle de alguns dos fatores etiológicos da doença cárie, atuando

como barreira mecânica que impede o contato entre o biofilme e a superfície dentária. Assim,

conseguem minimizar a retenção do biofilme na entrada das fissuras, que é fator crucial para

o desenvolvimento de lesões de cárie 110

. Por ter essa atuação pontual, deve ser indicado com

critério, em superfícies que realmente necessitem desse tipo de controle e, também, não deve

ser separado da questão educativa, a qual estaria atuando em outros aspectos da etiologia

complexa apresentada pela doença cárie 18, 64

.

Revisões sistemáticas em relação à remoção do tecido cariado têm sido conduzidas em

estudo recentes, como a de Thompson e colaboradores 114

, que utilizando cinco base de dados,

mostrou, por meio de três estudos clínicos randomizados, comparando remoção parcial e total

do tecido cariado, que havia evidência suficiente para a manutenção de dentina afetada na

cavidade, cuja remoção poderia aumentar o risco de exposição pulpar.

Avaliando revisões sistemáticas existentes na literatura com o objetivo de esboçar

alternativas para a terapêutica de lesões de cárie incipientes e também aquelas que eram

suspeitas de atingir a dentina, observou-se que as evidências existentes sugerem que o

selamento de lesões cariosas, tanto restritas ao esmalte quanto passíveis de atingir dentina é a

abordagem mais efetiva, sendo fundamental para tanto, que a manutenção da face selada seja

assegurada de forma adequada 9.

Em 2008, a Academia Americana de Odontopediatria 1 publicou um manual acerca do

tratamento restaurador em Odontopediatria. Nesse manual, o selamento de lesões cariosas

incipientes foi recomendado, mediante diagnóstico e acompanhamento adequados. De acordo

com essa publicação, o selamento de lesões promoveria a diminuição da microbiota

cariogênica sob o selante, o que consiste na chave do tratamento com esse material. No

entanto, no manual não é específico com relação à profundidade exata dessas lesões iniciais,

não discriminando se esse tipo de conduta pode ser adotada tanto para dentes decíduos como

para permanentes.

A tendência em se praticar mínima intervenção nas lesões de cárie tem sido observada,

sempre que possível. Alguns estudos preliminares têm descrito técnicas recentemente

propostas, como o uso de um cimento antibacteriano associado à não remoção de tecido

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38

cariado em cavidades profundas 94

. No entanto, as diversas técnicas existentes ainda são muito

recentes e poucas evidências estão disponíveis na literatura, necessitando de mais pesquisas

futuras nesse sentido. Por outro lado, confirmam a tendência de diminuir o desgaste

desnecessário da estrutura dentária e priorizar o conforto para o paciente 64

.

Seguindo essa filosofia, grande parte dos estudos tem apontado para a adoção do uso

de selantes não apenas como um método minimamente invasivo com abordagem preventiva,

mas também como terapêutico para lesões de cárie oclusal ao nível dentinário. Isso está

embasado, principalmente, nos resultados positivos apontados de que o selamento dessas

lesões é um procedimento seguro e efetivo, sendo, deste modo, capaz de promover o controle

da progressão das lesões de cárie em dentina 59, 67, 60

.

Assim sendo, faz-se necessário que mais estudos clínicos controlados e realizados de

buscando esclarecer questões pertinentes em relação à efetividade do uso dos selantes, em

especial, quando abrange crianças, população esta bastante beneficiada com esse tipo de

conduta, principalmente devido à intervenção mínima, que almeja não apenas a preservar a

maior quantidade de estruturas dentárias, como também a garantia de mais conforto para o

paciente 64

.

2.6 AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DA LESÃO DE CÁRIE

Diferentes métodos de diagnóstico para a cárie dental têm sido propostos 30

, variando

desde o exame clínico convencional até métodos mais sofisticados, como a fluorescência

induzida pelo laser. Para que se possa medir a acurácia de tais métodos, seus resultados

precisam ser validados contra um método confiável, denominado na literatura de “padrão-

ouro” (gold standard) 111

.

Padrão-ouro ou gold standard seria um método de diagnóstico preciso para se predizer

presença ou ausência de doença. No intuito de que o padrão-ouro seja realmente

representativo, é indispensável que três critérios sejam preenchidos: (1) deve ser estabelecido

através de um método reprodutível; (2) deve refletir a aparência anátomo-patológica da

doença a ser detectada; e (3) deve ser estabelecido independentemente do método diagnóstico

sob avaliação 61

.

Diversos testes têm sido usados como

critérios de validação para os métodos de diagnóstico de lesões de cárie. Dentre eles, estão a

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inspeção visual, radiografia convencional e digital, preparo cavitário, microrradiografia

transversa, microscopia de luz polarizada e estereomicroscopia 12, 30, 35, 38, 61, 62, 63, 80, 98, 103

. No

entanto, pode-se observar que poucos estudos utilizam a microscopia eletrônica de varredura

como teste de validação.

Como explicitado anteriormente, um dos critérios para que um método de validação

seja confiável é que ele seja reprodutível. Segundo ten Bosch e Angmar-Mansson 111

,

reprodutibilidade pode ser definida como a capacidade de um método em produzir os mesmos

resultados sob diferentes circunstâncias. Quando se comparam resultados obtidos pelo mesmo

examinador em diferentes ocasiões encontra-se a reprodutibilidade intra-examinador. Ao

serem confrontados resultados entre diferentes examinadores obtém-se a reprodutibilidade

inter-examinador. Apesar da reprodutibilidade do padrão-ouro ser considerada fundamental

para que ele possa validar adequadamente novos métodos de diagnóstico de cárie, a literatura

cita poucos trabalhos sobre a mesma 61, 63, 98, 111

.

Quanto à Microscopia de Luz ou Microscopia Óptica, Raven e colaboradores 101

afirmam que os melhores microscópios têm um poder de resolução de 0,2 micrômetro, ou

aproximadamente 200 nanômetros e, portanto, aumentam a resolução do olho nu em 500

vezes. É teoricamente impossível a construção de um microscópio óptico (ou de luz) capaz de

melhor resolução. O fator limitante é o comprimento de onda da luz, que varia de 0,4

micrômetro para a luz violeta até 0,7 micrômetro para a luz vermelha.

Com relação à utilização da Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), esta veio

oferecer maior acuidade e precisão na determinação dos tipos de inter-relação entre esmalte,

cemento e dentina. Esse método de observação, além de permitir um estudo mais criterioso da

morfologia de superfície, possibilita a análise em toda a circunferência cervical de um mesmo

dente53

. Constitui-se, segundo Goracci e Mori 49

, em um método adequado para observação da

dentina, devido à relativa facilidade do preparo dos espécimes e, principalmente, pela

facilidade de o feixe de elétrons penetrar no espécime e nos dar uma imagem tridimensional.

O preparo de um tecido para análise, assim como da estrutura dentária, é relativamente

simples e compreendem basicamente o processo de desmineralização e a deposição de uma

camada de metal para refletir a imagem.

É importante notar que o poder de resolução e a ampliação são diferentes para os dois

microscópios. Por exemplo, usando-se o melhor microscópio de luz, ao tirar uma fotografia

de duas linhas que distam menos de 200 nanômetros, é possível aumentá-la indefinidamente.

No entanto, estas linhas terão pouca definição. A utilização de lentes mais potentes permite

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40

que se obtenha um maior aumento, o que, no entanto, não implica em uma melhor

resolução53

.

Por outro lado, a resolução do microscópio eletrônico de varredura (Scanning Electron

Microscope) é de 10 nanômetros, constituindo-se em uma ferramenta bastante importante em

atividades de pesquisas. As aplicações do microscópio eletrônico de varredura (MEV)

incluem desde estudo de organismos inteiros, tecidos e órgãos, até em certos casos,

visualização in situ de organelas subcelulares. O MEV usa elétrons que se dispersam ou são

emitidos a partir da superfície da amostra. O feixe de elétrons é localizado dentro de uma

pequena sonda que passa rapidamente para frente e para trás sobre a amostra. O rastreamento

completo de cima abaixo geralmente leva apenas alguns segundos. As diferenças na superfície

da amostra afetam o padrão com o qual os elétrons são dispersos a partir deste. Buracos ou

fissuras aparecem escuros, as protuberâncias e saliências aparecem claras, resultando em uma

imagem tridimensional. Somente estruturas superficiais podem ser examinadas com o MEV.

Consequentemente, este é utilizado para estudar células inteiras, tecidos e superfícies de

diversas estruturas 25

.

O microscópio eletrônico de varredura é considerado o mais versátil instrumento para

avaliação, exame e análise das características microestruturais de amostras biológicas e não-

biológicas. O maior interesse é obter informações topográficas. A grande vantagem deste

instrumento é a elevada profundidade de campo, da ordem de 10 μm para aumentos de cerca

de 10.000 X, chegando a 1 cm para aumentos de 20 X. Esta característica possibilita obter

imagens estereoscópicas e bem enfocadas com espécimes até macroscópicos. Além disso, no

MEV, a amostra pode ser inclinada e rotacionada sob o feixe eletrônico em todas as

orientações, logo precisa estar bem preservada nas três dimensões 53

.

A análise de lesões de cárie em espécimes preparados por desgaste por meio da

microscopia de luz convencional ou microscopia de luz polarizada costuma identificar e

diferenciar dentina desmineralizada, esclerose dentinária, zona translúcida abaixo da dentina

desmineralizada, tratos mortos dentinários e dentina sadia. Lesões incipientes e lesões

experimentais avaliadas por microscopia convencional ou de luz polarizada mostram,

freqüentemente, um padrão de desmineralização com formato característico de “meia-lua”,

enquanto que lesões de cárie dentinária avançadas, especialmente aquelas que acometem a

coroa dental, geralmente apresentam padrão de desmineralização em forma de um cone com o

vértice voltado para a polpa e a base para a superfície, isto por conta do direcionamento dos

canalículos dentinários 6, 26

.

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41

Apesar do uso da microscopia de luz e da microscopia de luz polarizada em associação

com o MEV permita a inspeção visual das alterações qualitativas do conteúdo mineral durante

o processo de cárie, ele não permite o estudo ou análise do conteúdo mineral exato nas lesões

de cárie e tecidos adjacentes. Devido a esse fato, diversos trabalhos publicados

complementam o estudo da cárie por ML e MEV com a microanálise, que foi utilizada pela

primeira vez em tecido dentário por Frank, Capitant e Goni 46

, em 1996. A microanálise

permite a quantificação dos elementos presentes em um tecido, mesmo quando em pequena

porcentagem 5, 6, 7

.

Para análise da composição da parte inorgânica da dentina, são utilizados instrumentos

sofisticados e pontas sensíveis para avaliar os componentes anatômicos presentes, sendo que

cada instrumento apresenta vantagens específicas e limitações. Entretanto, as informações

podem complementar-se e o uso de muitos métodos, frequentemente é necessário para uma

compreensão melhor dos componentes das superfícies. Um dos métodos de escolha é a

espectroscopia de dispersão de energia (EDS), o qual permite uma análise do topo das

camadas atômicas da superfície das estruturas, no entanto, não apresenta resolução espacial e

não pode distinguir entre dentina peritubular e dentina intertubular da superfície dentinária

exposta 22

.

Quando o elétron da amostra é arrancado de seu orbital, o elétron do orbital

imediatamente mais externo tem que preencher o orbital vazio, perdendo energia, que pode

ocorrer na forma de um fóton de raio-x ou na forma de outro elétron que é ejetado. Os raios-x

podem ser captados por uma sonda posicionada perto da amostra, sendo analisados e

transformados em informações a respeito da composição química da amostra. Como cada

elemento emite raios-x característicos, o equipamento de espectroscopia de dispersão de

energia pode identificar a composição atômica da amostra. Em resumo, o reconhecimento dos

elementos químicos é baseado na dispersão dos raios-x e a energia liberada pela interação

com a amostra, daí esse tipo de microanálise, o mais usado para estudos em lesões de cárie,

receber o nome de espectroscopia de dispersão de energia 7.

A razão entre o conteúdo mineral em porcentagem por peso de Cálcio (Ca) e Fósforo

(P), calculada a partir da utilização da microanálise, reflete a composição mineral dos tecidos

avaliados e esta razão varia nos tecidos biológicos mineralizados, considerando normal que na

dentina esta razão varie de 1,7 a 2,4 7.

Alguns estudos buscam avaliar a validade de métodos diagnósticos de cárie, valendo-

se do exame histológico como padrão-ouro. É o caso do estudo de Bille e Thylstrup 14

, que

em 1982 realizaram um trabalho para avaliar a validade do exame radiográfico e o comparam

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com o exame histológico. Verificaram que, das lesões que, radiograficamente, se

apresentavam localizadas no terço externo do esmalte, histologicamente 13% estavam

cavitadas; das que se localizavam no terço interno do esmalte, 20% estavam cavitadas; e, das

que na radiografia, se localizavam na junção amelodentinária, 50% se apresentavam

cavitadas.

Arnold, Konopka e Gaengler 8 investigaram as características e o conteúdo mineral,

através da quantificação do cálcio (Ca), fósforo (P), magnésio (Mg), oxigênio (O) e carbono

(C) da dentina sadia, desmineralizada, secundária, intratubular e peritubular, e formação de

nova dentina, devido à progressão da lesão de cárie e comparar o conteúdo mineral com o da

hidroxiapatita quimicamente pura. Para tanto, 18 dentes extraídos com lesões de cárie

profunda foram embebidos com Technovit 9100 (Kulzer), e cortes seriados de 80

micrômetros de espessura foram realizados. Esses cortes foram, então, investigados através da

microscopia de luz polarizada para identificar as lesões. Duas secções de cada dente foram

revestidas com carbono e observadas por meio da microscopia eletrônica de varredura. Dos

18 dentes, 8 mostraram a formação de dentina tubular. O conteúdo mineral foi mensurado

utilizando a análise de espectroscopia por energia dispersiva de raios – x (EDX). Os autores

observaram que cerca de 75% de todos os túbulos dentinários envolvidos mostraram a

formação de nova dentina intertubular. A razão Ca/P na dentina sadia, dentina

desmineralizada, dentina peritubular e dentina secundária estava dentro da faixa da

hidroxiapatita pura, considerando que na dentina intratubular a razão Ca/P foi diferente da

razão da hidroxiapatita. Com relação à análise do Ca, esta mostrou-se estatisticamente

significativa (p<0,01) entre a dentina sadia/ dentina intratubular, dentina sadia/dentina

peritubular, e dentina sadia/ dentina secundária, mas não entre a dentina sadia/ dentina

desmineralizada e dentina sadia/hidroxiapatita. Para os outros elementos mensurados,

diferenças estatísticas foram encontradas. Os autores concluíram que a dentina intratubular

não obstrui completamente os túbulos dentinários e mineraliza diferentemente da dentina

sadia.

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Celina Borges

“Vou persistir, continuar a esperar e crer

E mesmo quando a visão se turva e o

coração só chora

Mas na alma, há certeza da vitória.”

OBJETIVOS

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44

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Este estudo tem como proposta realizar, in vitro, uma avaliação comparativa entre os

métodos de diagnóstico clínico visual, radiográfico interproximal e histológico (Microscopia

Eletrônica de Varredura (MEV) e Microscopia de Luz (ML)) em superfície oclusal de molares

decíduos.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar a reprodutibilidade intra-examinador durante os exames visual, radiográfico e

histológico;

Relacionar os aspectos clínicos, radiográficos e histológicos, em molares decíduos hígidos

bem como com diferentes níveis de cárie em dentina;

Comparar as características micromorfológicas encontradas na Microscopia de Luz (ML)

com as encontradas nas diferentes áreas da dentina por meio da Microscopia Eletrônica de

Varredura (MEV), e observar quais estruturas podem ser visualizadas concomitantemente nos

dois métodos e quais estruturas são observadas especificamente na ML e na MEV.

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Robson Júnior

“Não é tarde, não te entregues não.

Deus conhece e aceita as verdades do

teu coração.

Não é tarde pra viver melhor.

O teu passado é água que não move

O moinho do teu coração

Nem do coração de Deus.”

METODOLOGIA

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4 METODOLOGIA

4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO

O presente estudo teve como local de realização a Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (Departamento de Odontologia, Departamento de Morfologia, Departamento

de Química e o Núcleo de Estudos em Petróleo e Gás Natural) e a Universidade Federal de

Campina Grande (Departamento de Patologia Animal – Campus Patos/PB). Constitui-se em

um estudo de diagnóstico, no qual o padrão ouro foram os exames histológicos – Microscopia

Eletrônica de Varredura e Microscopia de Luz – que determinaram a presença ou ausência de

lesões de cárie nos espécimes avaliados, sua localização, e os aspectos ultraestruturais

relacionados a essas lesões.

4.2 ASPECTOS ÉTICOS

Seguindo os preceitos da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que

normatiza a pesquisa com seres humanos, o presente trabalho foi submetido ao Comitê de

Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN e

aprovado sob o registro de número 120/09, de 08 de outubro de 2009 (Anexo A).

Após a aprovação, realizou-se a coleta dos elementos dentários decíduos (molares)

esfoliados, na Clínica de Odontopediatria do Departamento de Odontologia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte. Esclareceu-se às crianças e aos seus responsáveis sobre a

importância do estudo para a Odontologia, para a Universidade e para a prevenção e

tratamento da cárie dentária.

As crianças e os responsáveis foram convidados a participar da pesquisa e após as

explicações sobre o objetivo do estudo, aceitaram, voluntariamente, doar os dentes decíduos

esfoliados e, ambos os pais e as crianças, assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido (Apêndices A e B).

4.3 AMOSTRA

Foram selecionados, por conveniência, 33 molares decíduos superiores e inferiores de

crianças de ambos os sexos, com faixa etária entre 09 e 11 anos de idade, brasileiros,

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pacientes da Clínica de Odontopediatria do Departamento de Odontologia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. As exodontias foram solicitadas e realizadas pelos

alunos do curso de graduação do Departamento de Odontologia e eram determinadas de

acordo com o plano de tratamento desenvolvido pelos acadêmicos para cada paciente, sob

orientação do professor orientador da disciplina.

4.3.1 Critérios de inclusão

Para a seleção das amostras, foram seguidos os seguintes critérios de inclusão:

Molares decíduos que estivessem em fase final de rizólise ou com indicação para exodontia

por motivos ortodônticos ou outros motivos (diagnóstico clínico e radiográfico), apresentando

as seguintes características na superfície oclusal: hígidos; com superfície oclusal pigmentada

sem cavitação; com superfície oclusal pigmentada ou não e com cavitação.

4.3.2 Critérios de exclusão

Foram excluídos do estudo, molares decíduos que se apresentassem nas seguintes

condições:

Cavidades cariosas extensas ou com indicação de exodontia;

Presença de restauração e/ou selantes de fóssulas e fissuras;

Hipoplasia do esmalte;

Fluorose;

Cavitação distintamente visível na superfície proximal adjacente ao sítio oclusal examinado.

4.4 PREPARO DAS AMOSTRAS PARA OS EXAMES VISUAL E

RADIOGRÁFICO INTERPROXIMAL

Após a coleta dos elementos a serem utilizados neste experimento, os mesmos foram

armazenados em recipientes plásticos contendo solução de formaldeído a 10% até sua

utilização (Figura 1). Todos os recipientes continham uma etiqueta identificando o número do

dente, idade do paciente e data em que foi realizada a exodontia. Precedendo-se aos exames,

as amostras foram submetidas a uma profilaxia com jato de bicarbonato e água (Profident,

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Dabi-Atlante®, São Paulo, SP, Brasil) por no máximo 30 segundos, a uma distância de até 05

mm (Figura 2), lavadas em água corrente, devolvidas novamente à solução de formaldeído a

10% e em outro momento fixadas em blocos de cera utilidade (NewWax – TechNew®,

Brasil), com a respectiva numeração (Figura 3), para que fosse realizado o exame visual.

Figura 1: Armazenagem das amostras em recipientes contendo formaldeído a 10%.

Figura 2: Limpeza dos elementos dentários com jato de bicarbonato (Profident, Dabi-Atlante, São

Paulo, SP, Brasil).

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Figura 3: Elementos dentários fixados em bloco de cera utilidade para realização da inspeção visual.

As superfícies oclusais foram fotografadas individualmente com equipamento Nikon

Coolpix 4500, 4 Megapixel de resolução, zoom digital 4x. As imagens obtidas foram

transferidas para o computador e com auxílio do programa Portable Adobe PhotoShop CS4

11.0, os “sítios” previamente selecionados na face oclusal foram marcados através de setas,

dois para cada dente (Sítio A e Sítio B), como exemplificado na Figura 4. Após a escolha dos

sítios, as imagens foram impressas em papel, 10x15 cm, obtendo-se fotografias para

orientação do examinador durante o procedimento de avaliação através dos exames: inspeção

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visual (I.V.) e radiografia interproximal (E.R.I.). A realização destas fotos objetivou localizar

a região exata da superfície dentária para ser avaliada pelo examinador, quando da execução

da inspeção visual e do exame radiográfico interproximal.

Figura 4: Exemplo de fotografia contendo o esquema de setas

com os sítios (A e B) selecionados para as análises.

4.5 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DOS SÍTIOS

Os sítios foram avaliados por um único examinador (Examinador E), cirurgião-

dentista, com pós-graduação em Patologia Oral. Os métodos utilizados para avaliação clínica

das superfícies oclusais dos molares decíduos foram a inspeção visual e exame radiográfico

interproximal. O exame microscópico, adotado como padrão de validação dos dados (ou

padrão ouro), foi obtido por meio da microscopia de luz (ML) e microscopia eletrônica de

varredura(MEV).

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Os exames seguiram uma sequência sistemática, onde cada dente passou inicialmente

pelo exame visual, seguido pelo exame radiográfico. Em seguida, os elementos dentários

foram seccionados ao meio, no sentido mésio-distal, exatamente sobre o(s) sítio(s)

examinado(s) anteriormente, de forma que fossem obtidas duas secções, onde uma secção foi

preparada e examinada ao microscópio eletrônico de varredura, e a outra, igualmente

preparada para ser analisada ao microscópio de luz. Para a análise microscópica, o laudo foi

dado pelo mesmo examinador (Examinador E) patologista.

4.5.1 Calibração do Examinador

Foi realizado, inicialmente, o treinamento teórico e laboratorial do examinador ou

calibração que, realizada antes de um estudo, tem como objetivo eliminar ou diminuir

discordâncias, de forma que pode ser considerada de suma importância para obtenção de

critérios uniformes, reproduzíveis e estatisticamente significativos, sendo tão importante

quanto o próprio método diagnóstico 96

.

O primeiro passo para o exercício de calibração consistiu na padronização de critérios

teóricos e códigos utilizados nos exames, assim como possibilitou o primeiro contato do

examinador com as fichas de anotação (Apêndices C, D e E). Um pesquisador responsável

encarregou-se de explicitar os critérios utilizados no estudo de avaliação das características

clínicas e radiográficas dos elementos dentários utilizados na pesquisa, quanto ao ambiente e

forma como deveriam ser conduzidos os exames, assim como os códigos utilizados, aqui

adotados os códigos propostos por Ekstrand e colaboradores 40

.

Para tal, 05 molares decíduos com características idênticas à amostra a ser examinada

nesse estudo (molares decíduos hígidos, com pigmentação na superfície oclusal e/ou

microcavitação) foram selecionados para realização do treinamento. O examinador E realizou,

primeiramente, o exame visual e a análise das radiografias interproximais de acordo com

critérios explicitados nos itens 4.5.2 e 4.5.3. Após 15 dias, os exames foram repetidos, de

forma a verificar a concordância intraexaminador. Esse intervalo foi importante para

comparar os resultados dos dois exames, de forma a ter uma idéia da extensão e da natureza

dos erros de diagnóstico.

A taxa de concordância encontrada ficou na faixa de 90%, sendo considerada aceitável

para prosseguimento do estudo.

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4.5.2 Inspeção visual

Os dentes incluídos da amostra foram dispostos um ao lado do outro e fixados em

lâminas de cera utilidade sobre uma bancada auxiliar para a realização da inspeção visual. A

bancada foi posicionada ao lado de um equipo com seringa tríplice de ar comprimido livre de

óleo e água e um refletor de luz clínico-odontológico (Figura 5).

Figura 5: Procedimento adotado para realização da inspeção visual.

Os dentes, previamente secos com jato de ar, foram examinados a uma distância

aproximada de 20 centímetros, sendo que os aspectos macroscópicos dos sítios eleitos para

análise foram classificados de acordo com a condição clínica apresentada, seguindo-se

critérios propostos por Ekstrand e colaboradores 40

, de acordo com o Quadro 1. Os achados

foram registrados individualmente e anotados em ficha padronizada (Apêndice C).

Graus Exame Visual

0 Hígido

1 Lesão de cárie na ½ externa do esmalte

2 Lesão de cárie na ½ interna do esmalte

3 Lesão de cárie em dentina inicial

4 Lesão de cárie em dentina profunda

Quadro 1 – Critérios definidos para o exame visual.

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4.5.3 Exame radiográfico interproximal

Cada molar decíduo foi separadamente radiografado pela técnica interproximal,

utilizando-se para tal um filme KODAK® Ultraspeed (Eastman Kodak Company, Rochester,

NY) sob o tempo de exposição de 0.64 segundos. Utilizou-se o aparelho de raio-x Timex 70 C

modelo de coluna móvel (Gnatus®, Araraquara, SP, Brasil).

Para padronização da técnica, adaptou-se uma lâmina de cera utilidade com 5mm de

espessura sobre a asa de mordida de um posicionador (Jon®, São Paulo, SP, Brasil) (Figura 6)

, fixando-a ao colo do dente, de maneira que seu longo eixo ficasse paralelo ao filme e sua

face vestibular voltada para o aparelho de raio-x. O conjunto, acoplado ao cabeçote do

aparelho de acordo com a orientação do posicionador, foi fixado com fita adesiva, a uma

distância foco-filme de 24 cm ficando o raio central dirigido para o centro do filme, paralelo

às faces proximais do dente (Figura 7).

Figura 6: Sequência de preparação do posicionador para as tomadas radiográficas.

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Figura 7: Procedimento padrão adotado para a realização das tomadas radiográficas.

O processo de revelação se deu pelo método tempo/temperatura, seguindo-se o

esquema: 02 minutos no revelador, 01 minuto de lavagem em água corrente e 10 minutos no

fixador, na temperatura de 20ºC. Passado este processo, os filmes foram lavados novamente

em água corrente por 01 minuto e esperou-se sua secagem espontânea. Após estarem secos,

cada filme foi armazenado em cartela plástica, enumeradas de 01 a 33 e, posteriormente,

examinados em condições ideais de interpretação, a saber: em ambiente escurecido, sobre

negatoscópio cuja luz foi limitada ao tamanho do filme por máscara de cartolina preta, para

controlar a passagem de luz, e com auxílio de lupa com duas vezes (2x) de aumento 104

.

Para a análise radiográfica, seguiram-se os critérios propostos por Ekstrand e

colaboradores 40

e estão representados no Quadro 2.

Graus Exame Radiográfico

0 Ausência de radiolucidez

1 Radiolucidez em esmalte

2 Radiolucidez no 1/3 externo de dentina

3 Radiolucidez no 1/3 médio da dentina

4 Radiolucidez no 1/3 interno da dentina

Quadro 2 – Critérios definidos para o exame radiográfico.

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4.5.4 Análise microscópica

Para a avaliação da ausência ou presença da lesão e a profundidade das mesmas, os

sítios selecionados foram analisados à Microscopia de Luz e Microscopia Eletrônica de

Varredura. Os achados histológicos para cada sítio foram registrados seguindo os critérios

definidos por Ekstrand e colaboradores 40

, sendo utilizados para análise comparativa com os

exames visual e radiográfico, ao microscópio de luz e ao microscópio eletrônico de varredura

(Quadro 3). Para análise descritiva dos achados histológicos, levou-se em consideração a

presença de dentina sadia, dentina esclerosada, dentina reacional e padrão tubular (túbulos

abertos ou ocluídos).

Graus Análise Microscópica

0 Hígido

1 Lesão de cárie na ½ externa do esmalte

2 Lesão de cárie na ½ interna do esmalte

3 Lesão de cárie em dentina inicial

4 Lesão de cárie em dentina profunda

Quadro 3 – Critérios definidos para a análise microscópica (ML e MEV).

4.5.4.1 Preparo dos espécimes

Essa etapa foi realizada no Laboratório de Cimento do Departamento de Química da

UFRN. Os dentes foram secos e colados em pequenas placas de vidro. Esse procedimento foi

realizado para facilitar a adaptação do conjunto placa-dente ao dispositivo a vácuo do corte.

Os dentes foram seccionadas com auxílio de um disco diamantado n. 7020 (KG Sorensen,

Barueri, SP, Brasil), acoplado em mandril e montados no motor da cortadeira (Figura 8). Cada

dente foi cortado de maneira que o disco passava no meio do sítio selecionado, resultando em

dois lados, contendo, cada um, parte da cavidade. Dessa forma, cada dente gerou 02

espécimes, para cada sítio, totalizando 66 espécimes. Esse procedimento promoveu a

exposição dos sítios selecionados, possibilitando o preparo dos espécimes para uma

subsequente análise. Os elementos dentários foram seccionadas no sentido mésio-distal,

obtendo-se cortes com 100 µm de espessura. A superfície dos cortes foi polida com lixas de

carbeto de silício (3M do Brasil Ltda, Sumaré, SP, Brasil) nas granulações 600, 1.200, 2.000 e

4.000 para planificação.

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Figura 8: Visão geral da cortadeira de precisão utilizada para os cortes das amostras. Natal, RN,

2011.

Após obtenção das fatias, duas foram selecionadas aleatoriamente para o exame em

Microscopia de Luz e em Microscopia Eletrônica de Varredura.

4.5.4.1.1 Preparo dos espécimes para análise em Microscopia de Luz (ML) e

critérios de diagnóstico utilizados

O processamento do material foi realizado no Laboratório de Técnicas Histológicas do

Departamento de Morfologia da UFRN. A análise em ML compreendeu as etapas de inclusão,

microtomia, coloração e a montagem. As secções, inicialmente fixadas em formaldeído a 10%

e aleatoriamente escolhidas para esta modalidade de análise, foram submetidas à técnica de

descalcificação, obedecendo ao seguinte protocolo padrão e ilustrado na Figura 9:

Desmineralização: Com solução de ácido etilediaminotetracético (EDTA) a 10% para

desmineralização, com volume 100 vezes maior ao da peça, trocando-se o líquido

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diariamente, até que fosse evidenciada a descalcificação do tecido, procedimento este

realizado perfurando o material com uma agulha de insulina, em uma área distante da área de

interesse. Esse processo durou cerca de 5 semanas;

Lavagem em água corrente por 24 horas: Uma vez que as peças fixadas, o próximo passo

foi a lavagem em água corrente por 24 horas, aproximadamente, com o que estavam prontas

para a etapa seguinte que foi a desidratação.

Desidratação: Visa retirar a água dos tecidos, a fim de permitir a impregnação da peça com

parafina. Para isso, a peça é submetida a banhos sucessivos em álcoois de teor crescente e

depende do tamanho da peça a permanência nesses líquidos. Portanto, os espécimes

receberam banhos de álcool em concentrações crescentes (70%, 80%, 90% e absoluto). Esses

banhos foram realizados fazendo-se a imersão de cada fatia no álcool, dentro dos próprios

recipientes de armazenagem, durante 40 minutos cada banho;

Diafanização: Visa impregnar a peça com um solvente de parafina. No caso, a diafanização

foi feita mergulhando a peça com solvente orgânico Xilol (Quell Ltda, São Paulo, SP, Brasil).

Foram feitos três banhos de Xilol, com intervalos de 40 minutos entre as trocas;

Banho de parafina: Feito mergulhando a peça em parafina histológica (Quell Ltda, São

Paulo, SP, Brasil) derretida em estufa (Fanem Ltda, São Paulo, SP, Brasil) a +60ºC. Aqui,

dois banhos em parafina foram realizados (Parafina I e Parafina II).

Inclusão: É a passagem da peça que estava na estufa para um recipiente retangular (forma)

contendo parafina fundida que, depois de solidificada à temperatura ambiente, dá origem ao

chamado “bloco de parafina”. Essa etapa é necessária para que o material seja endurecido, a

fim de que as navalhas do micrótomo consigam retirar fatias suficientemente delgadas. Para

tal, a parafina definitiva de inclusão foi colocada em molde metálico, especialmente

preparado para esse procedimento, vertendo-se a parafina líquida a 58ºC e mergulhando-se

dentro da peça, acomodando-a de modo que a superfície de interesse ficasse na posição a ser

visualizada. Com o resfriamento, a parafina foi solidificada, obtendo-se o “bloco de inclusão”.

Os blocos foram devidamente identificados, de acordo com a numeração da amostra.

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Microtomia: É a etapa em que se obtém delgadas fatias de peças incluídas na parafina,

através de um aparelho chamado micrótomo, que possui navalha de aço. O corte foi realizado

por meio do micrótomo para tecidos duros, obtendo-se secções de 05 m no sentido mésio-

distal;

Desparafinização: Foi realizado um banho de 01 minuto em xilol, e em seguida, um outro

banho de 01 minuto com álcool absoluto (Quell Ltda, São Paulo, SP, Brasil);

Hidratação: A hidratação foi realizada com banhos de álcool em concentrações

decrescentes (96%, 90%, 70%) e água, por 01 minuto cada banho;

Coloração: Tem a finalidade de dar contraste aos componentes dos tecidos, tornando-os

visíveis e destacados uns dos outros. Para realizá-la, são observados 3 itens:

a) Eliminação da parafina: Por meio de banhos sucessivos em xilol, benzol ou toluol;

b) Hidratação: Executada quando o corante utilizado é solúvel em água. Deve ser gradativa,

com álcoois de teor decrescente, para evitar o rompimento dos tecidos;

c) Coloração: os corantes são compostos químicos com determinados radicais ácidos ou

básicos que possuem cor, e apresentam afinidade de combinação com estruturas básicas ou

ácidas dos tecidos.

Nesse estudo, foram utilizados os corantes hematoxilina e eosina;

Diafanização: Visa retirar a água, quando os corantes utilizados forem soluções aquosas, a

fim de permitir perfeita visualização dos tecidos, pois a água possui índice de refração

diferente do vidro, e ainda prevenir a difusão dos corantes. Para isto usaram-se banhos em

álcoois de teor crescente (70%, 80%, 90% e absoluto).

Montagem: É a etapa final da técnica histológica, e consiste na colagem da lamínula sobre o

corte, com bálsamo do Canadá, que é solúvel em xilol e insolúvel em água. A lamínula

impede que haja hidratação do corte pela umidade do ar ambiente, permitindo então que estas

lâminas se mantenham estáveis por tempo indefinido. Após a montagem, levaram-se as

lâminas à estufa, para secagem do bálsamo do Canadá. As lâminas foram devidamente

numeradas e armazenadas em um porta-lâmina.

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A

B

C

D

E F

G H

C

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60

Em um aumento de 40x, foram analisadas desmineralizações em esmalte e as zonas de

cárie em dentina, os padrões de desmineralização em dentina e a presença ou não de dentina

reacional, com o auxílio do microscópio de luz binocular marca Nikon Modelo Eclipse E-200,

do Departamento de Patologia Veterinária do Centro de Saúde e Tecnologia Rural da UFCG,

Campus de Patos – PB. Para captação das imagens, utilizou-se a câmera Nikon Coolpix 4500,

4 Megapixel de resolução, zoom digital 4x, acoplada ao microscópio (Figura 10).

I J

K L

Figura 9: Preparação dos espécimes para visualização ao ML. A – Espécimes em desidratação,

recebendo a imersão de álcool em concentrações crescentes, nos próprios recipientes de

armazenamento. B – Xilol utilizado para a diafanização. C e D – Derretimento da parafina para

os banhos nos espécimes. E – Estufa utilizada para desparafinização. F, G e H – Procedimento

de inclusão. I – Micrótomo Leka. J e K – Substâncias e seus respectivos recipientes utilizados

para: Desparafinização, hidratação, coloração e diafanização. L – Espécimes montados em

lâminas. Natal, RN, 2011.

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Figura 10: Microscópio de Luz Nikon Eclipse E-200, com câmera fotográfica acoplada,

do Departamento de Patologia Animal do CSTR – UFCG – Patos - PB.

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4.5.4.2 Preparo dos espécimes para análise em Microscopia Eletrônica de Varredura

As secções utilizadas para a análise ao MEV foram preparadas seguindo a seqüência

padrão descrita adiante:

Fixação em solução de glutaraldeído a 2% em tampão fosfato de sódio 0,1 M, por

duas horas em temperatura ambiente;

Pós-fixação com solução de tetróxido de ósmio (OsO4) a 1% no mesmo tampão, por

duas em temperatura ambiente;

Lavagem com água destilada por 10 minutos;

Desidratação em etanol em série crescente (30º, 50º, 70º e absoluto), por quarenta

minutos em cada banho;

Imersão em hexametildisilazane (HMDS) por 30 minutos;

Secagem no ar dentro da capela (SP Labor, São Paulo, SP, Brasil).

Após esse procedimento, os espécimes foram armazenados em potes plásticos

hermeticamente fechados, para evitar contaminação, até o momento das análises. Para análise

por microscopia eletrônica, foi utilizado um microscópio Philips - XL30 no Núcleo de

Estudos de Petróleo e Gás Natural da UFRN (Figura 11).

Para análise ao MEV, as amostras foram, inicialmente, fixadas em “stubs” através de

uma fita de carbono dupla face, e, em seguida, posicionadas no aparelho Sputter Coater (Bal-

Tech, Liechtenstein) modelo SCD005 para metalização, representada pela cobertura

aproximada de 10 nm de espessura de ouro. Após a metalização, foram presas,

adicionalmente, pequenas fitas de carbono nos espécimes fixados nos “stubs”, com o objetivo

de fixar o material, além de proporcionar a condução e escoamento dos elétrons para a

superfície do microscópio. Concluído esse procedimento, os espécimes foram transportados

para o interior do microscópio (Figura 12).

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63

Figura 11: Microscópio Eletrônico de varredura Philips – XL30 do NEPGN da UFRN.

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64

A

B

C

D

E

F

Figura 12: Preparação dos espécimes para metalização e visualização ao MEV. A – Fixação nos

“stubs”. B e C – Posicionamento no aparelho Sputter Coater para metalização. D – Espécimes

metalizados. E – Colocação de finas tiras de carbono nos espécimes. F – Inserção dos “stubs” no

cone do MEV para início das análises.

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65

Imagens de todas as amostras foram obtidas no MEV com distância focal de trabalho

de 20 mm e operando numa aceleração de voltagem de 20 Kv. A leitura das imagens foi

inicialmente realizada com aumento de 30X, e, a seguir, com maiores aumentos entre 100X e

2000X, percorrendo as áreas de interesse, que correspondiam aos sítios analisados clinica e

radiograficamente.

4.6 ELENCO DE VARIÁVEIS DO ESTUDO

As variáveis desse estudo, bem como suas respectivas categorias, encontram-se

descritas no Quadro 4.

VARIÁVEIS DO ESTUDO

GRAU DE

CONCORDÂNCIA

INTRAEXAMINADOR

Valor k obtido a partir da concordância

obtida pelo Examinador E,

independentemente, em momentos

distintos: E1 x E2.

Baixíssima confiabilidade

Baixa confiabilidade

Moderada confiabilidade

Substancial confiabilidade

Boa confiabilidade

ANÁLISE DESCRITIVA

DA MORFOLOGIA

DENTINÁRIA EM ML E

MEV

Análise descritiva dos aspectos dentinários observados ao MEV e ao ML, nos

elementos dentários com diferentes níveis de lesão de cárie em dentina

encontrados.

Quadro 4 – Variáveis analisadas neste estudo. Natal – RN, 2011.

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para avaliar o grau de concordância intra-examinador, foi instituída a medição de

reprodutibilidade dos exames visual e radiográfico interproximal. A amostra foi reexaminada

em 100% do seu total após 15 dias, quando utilizou-se o coeficiente Cohen´s kappa (k) para a

obtenção dos valores de concordância. Estes valores estão expressos, de acordo com Bulman

e Osborn 20

, na Tabela 1.

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66

k = Po – Pe/1- Pe

Tabela 1 – Valores do índice Kappa (k).

Valor de k Representação

Igual a 0 Baixíssima confiabilidade

Maior que 0 e menor que 0,40 Baixa confiabilidade

0.41 – 0.60 Moderada confiabilidade

0.61 – 0.80 Substancial confiabilidade

0.81 – 1.00 Boa confiabilidade

Fonte: Bulman e Osborn 20

.

Sendo este cálculo realizado pela seguinte fórmula:

Onde:

Po significa a porcentagem de dentes nos quais houve concordância

diagnóstica;

Pe significa a porcentagem de concordância esperada.

4.7.1 Análise Descritiva em Microscopia de Luz e Microscopia Eletrônica de

Varredura para as lesões de cárie em dentina

Para as análises micro estruturais, foi considerado o plano superficial, correspondente

à superfície obtida após a realização das secções, tendo como área de interesse os sítios

previamente selecionados e analisados pelo examinador, nos exames visual e radiográfico.

Para descrição micromorfológica observaram-se as características da dentina sadia, oriundas

dos dentes hígidos, através do MEV e ML, além das lesões em esmalte e dentina, em todas as

amostras. Para lesões em dentina, relacionaram-se as características próprias das lesões ativas

e inativas de cárie em dentina. Os dados observados foram anotados em fichas específicas

(Apêndices F e G).

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Pe Fábio de Melo

“Deus mora em mim, sou sua casa,

tenda humana

Ele é meu tudo, meu princípio, meio e fim.”

RESULTADOS

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68

5 RESULTADOS

5.1 EXAMES VISUAL E RADIOGRÁFICO

A amostra foi composta de 33 dentes, perfazendo um total de 66 sítios (Sítio A e Sítio

B) examinados. Os exames em ML e MEV obtidos após o seccionamento dos elementos

dentários da amostra permitiram a análise com resultados alcançados pelos métodos de

diagnóstico avaliados. Dos sítios selecionados, 32 apresentavam-se hígidos (46,9%), 23 lesões

estavam restritas ao esmalte (34,8%), estando 15 em metade externa do esmalte e 08

localizavam-se em metade interna do esmalte; 11 lesões de cárie envolviam dentina (16,6%),

estando 09 com sua desmineralização em dentina inicial e 03 em dentina profunda.

A Tabela 2 ilustra os resultados explicitados pelo examinador E em relação ao padrão

ouro realizado através de análise histológica em ME e ML.

Tabela 2 – Resultados expressos pelo examinador E nos métodos avaliados em relação ao padrão ouro

realizado para validação dos mesmos (análise microscópica). Natal, RN, 2011.

Escore Visual Radiográfico MEV ML

0

1*

2**

30

29

07

28

30

08

32

23

11

32

23

11

TOTAL 66 66 66 66

* = Corresponde aos escores 1 e 2 – Lesão de cárie envolvendo esmalte.

** = Corresponde aos escores 3 e 4 – Lesão de cárie envolvendo dentina.

5.2 CONCORDÂNCIA INTRA-EXAMINADOR NOS DIFERENTES

MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO UTILIZADOS

Os resultados de concordância intra-examinador nos diferentes métodos de

diagnóstico utilizados e cut-offs “todas as lesões” (T) e “lesões em dentina” (D) estão

explicitados na tabela 03.

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69

Tabela 3 – Concordância intra-examinador obtida pelo coeficiente Cohen’s kappa (k) para a presença

de todas as lesões (T) e lesões em dentina (D) na superfície oclusal de molares decíduos. Natal, RN,

2011.

E1 x E2

Visual Radiográfico

T D T D

0,96 0,97 0,86 0,80

De acordo com a tabela 03, pode-se observar que a concordância intra-examinador foi

considerada de boa confiabilidade, em ambos os exames para ambos os cut-offs.

5.3 ANÁLISE MACROSCÓPICA E RADIOGRÁFICA DA AMOSTRA

A análise efetuada mostrou que a maioria dos dentes da amostra eram primeiros

molares superiores, totalizando 20 elementos, sendo 03 primeiros molares superiores

esquerdos, 07 primeiros molares superiores direitos, 05 segundos molares superiores

esquerdos e 05 segundos molares superiores direitos. Os molares inferiores, por sua vez,

constituíram 13 elementos, sendo 04 primeiros molares inferiores direitos, 03 primeiros

molares inferiores esquerdos, 03 segundos molares inferiores esquerdos e 03 segundos

molares inferiores direitos. A descrição das características clínicas e radiográficas pode ser

observada na Tabela 4.

Tabela 4 – Descrição das características clínicas e radiográficas dos elementos dentários estudados.

Natal, RN, 2011.

AMOSTRA

(Nº) DENTE CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

CARACTERÍSTICAS

RADIOGRÁFICAS

01 54 Pigmentação sem microcavitação Nenhuma alteração radiográfica

importante.

02 84 Pigmentação com microcavitação

Discreta imagem radiolúcida com

extensão para a dentina, porém sem

ultrapassar a JAD.

03 74 Pigmentação sem microcavitação Nenhuma alteração radiográfica

importante.

04 64 Pigmentação com microcavitação

Discreta imagem radiolúcida

estendo-se além da JAD, porém não

ultrapassando o 1/3 inicial da

dentina.

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70

05 55 Pigmentação sem microcavitação

Imagem radiolúcida ultrapassando a

junção amelodentinária, não

ultrapassando o 1/3 médio da

dentina.

06 85 Hígido Nenhuma alteração radiográfica

importante.

07 65 Pigmentação com microcavitação Imagem radiolúcida ao nível da

JAD.

08 54 Pigmentação com microcavitação Imagem radiolúcida atingindo o 1/3

médio da dentina.

09 54 Pigmentação com microcavitação Imagem radiolúcida ao nível de

esmalte.

10 85 Hígido Imagem radiolúcida limitando-

se à JAD.

11 74 Pigmentação com microcavitação Discreta imagem radiolúcida em

região de esmalte, aquém da JAD.

12 64 Pigmentação com microcavitação

Imagem radiolúcida estendendo-se

além do nível da JAD, não

chegando, entretanto, a atingir o

limite do terço médio da dentina.

13 55 Hígido Nenhuma alteração radiográfica

importante.

14 65 Hígido Nenhuma alteração radiográfica

importante.

15 74 Pigmentação com microcavitação Discreta imagem radiolúcida

estendendo-se ao nível da JAD.

16 54 Pigmentação sem microcavitação Discreta imagem radiolúcida

ultrapassando o limite JAD.

17 64 Hígido Nenhuma alteração radiográfica

importante.

18 84 Pigmentação com microcavitação Discreta imagem radiolúcida restrita

à região de esmalte.

19 55 Pigmentação com microcavitação

Imagem radiolúcida se estendo além

da JAD, alcançando o 1/3 médio da

dentina.

20 85 Hígido Nenhuma alteração radiográfica

importante.

21 54 Pigmentação com microcavitação Discreta imagem radiolúcida ao

nível de esmalte.

22 65 Pigmentação com microcavitação Discreta imagem radiolúcida restrita

ao esmalte.

23 75 Pigmentação com microcavitação Imagem radiolúcida não

ultrapassando a JAD.

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71

24 55 Pigmentação com microcavitação Discreta imagem radiolúcida

ultrapassando a JAD.

25 55 Pigmentação sem microcavitação

Imagem radiolúcida que se estendia

em direção à dentina, ultrapassando

a JAD.

26 84 Pigmentação com microcavitação

Imagem radiolúcida em nível

dentinário, ultrapassando o 1/3

médio da dentina.

27 65 Pigmentação com microcavitação Discreta imagem radiolúcida

restringindo-se ao nível de esmalte.

28 84 Pigmentação com microcavitação Imagem radiolúcida restringindo-se

ao esmalte.

29 75 Hígido Nenhuma alteração radiográfica

importante.

30 54 Hígido Nenhuma alteração radiográfica

importante.

31 65 Pigmentação com microcavitação Discreta radiolucidez ao nível de

esmalte.

32 75 Hígido Nenhuma alteração radiográfica

importante.

33 54 Pigmentação com microcavitação Imagem radiolúcida estendendo-se

ao nível do 1/3 médio da dentina.

A tabela 5 expressa o resumo das características clínicas e radiográficas da amostra

desse estudo.

Tabela 5 – Resumo das características clínicas e radiográficas da amostra analisada. Natal, RN, 2011.

Sem alteração

macroscópica

Pigmentação sem

cavitação

Pigmentação com

cavitação

Quantidade 11 05 17

As figuras 13, 14 e 15 apresentam exemplos de casos de elementos dentários com

características macroscópicas e radiográficas analisadas nesse estudo (hígido, pigmentação

com e sem cavitação).

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72

Figura 13: Aspecto macroscópico e radiográfico de um segundo molar decíduo

inferior com sítio indicado para análise, hígido.

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73

Figura 14: Aspecto macroscópico e radiográfico de um primeiro molar decíduo

superior com sítio indicado para análise, com pigmentação em sulcos e fissuras.

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74

Figura 15: Aspecto macroscópico e radiográfico de um primeiro molar

decíduo inferior com sítio indicado para análise, com microcavitação.

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75

5.4 ANÁLISE DAS 33 AMOSTRAS REALIZADAS POR MEIO DA

MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)

Na figura 16.1 observa-se a presença de perda da estrutura dentinária com conseqüente

destruição dos túbulos dentinários (Figura 16.1A). Na figura 16.1B visualizou-se a obliteração

completa dos túbulos dentinários no interior da dentina cariada. A figura 16.1C exibe o

padrão tubular nomal.

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76

Figura 16.1: Imagens em MEV exibindo diversas regiões dentinárias, em aumentos 1.000x e 2.500x.

A= Visão externa da dentina cariada em um molar com microcavitação em região de fissura oclusal

(2.500x); B = Visão interna da dentina cariada em um molar com microcavitação em região de fissura

oclusal (1.000x); C = Dentina sadia (2.500x). D = Túbulo destruído; O = Túbulo ocluído; T = Túbulo

aberto.

C

A

O

B

A

D

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77

Nas amostras cariadas, através de uma visão externa da lesão de cárie em dentina, em

todos os níveis estudados nessa pesquisa (dentina inicial e dentina profunda), observou-se:

perda da estrutura dentinária com conseqüente destruição dos túbulos dentinários, como

demonstra a figura 16.2 A e 16.2B. A figura 16.2C exibe imagens encontradas em amostras

hígidas, com túbulos dentinários abertos.

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78

Figura 16.2: Imagens em MEV exibindo diversas regiões dentinárias, em aumentos 500x, 1.000x e

2.500x. A= Visão externa da dentina cariada em um molar com pigmentação oclusal sem

microcavitação (2500x); B = Visão interna da dentina cariada em um molar com pigmentação oclusal

sem microcavitação (1000x); C = Dentina sadia (500x). D = Túbulo destruído; O = Túbulo ocluídos.

C

B

O

A

D

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79

A figura 16.3A e 16.3B exibe imagens do padrão tubular normal nas amostras hígidas.

Figura 16.3: Imagens em MEV da dentina normal, em amostras hígidas (Aumentos 500x e 2500x). A=

Dentina normal demonstrando um túbulo aberto; B = Túbulos dentinários na dentina normal.

Cristais

A

B

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80

5.5 ANÁLISE DAS 33 AMOSTRAS REALIZADAS POR MEIO DA

MICROSCOPIA DE LUZ (ML)

Com o uso da ML, evidências de desmineralização e diferentes zonas de cárie em

dentina puderam ser observadas na grande maioria dos espécimes.

Na figura 17.1 é possível visualizar a presença de esclerose dentinária (Figura 17.1A),

onde o padrão de túbulos escassos e por vezes obstruídos foi encontrado, em contraste com o

padrão morfológico dentário normal como pode ser observado na figura 17.1B.

A

Es

JAD

D

E

B

Figura 17.1: Imagens em ML em amostra hígida e com microcavitação (40x). A= Visão de fissura

com lesão de cárie (40x); B = Dentina Normal (40x); Es = Esclerose dentinária; E = Esmalte; T =

Túbulos dentinários JAD = Junção amelodentinária.

T

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81

A figura 17.2 exibe a presença de alterações tais como, dentina reacional e esclerose

dentinária foram achados comuns no material analisado, configurando as características

peculiares de lesões de cárie crônica.

Figura 17.2: Imagens em ML em amostra com pigmentação sem microcavitação e com

microcavitação. A= Lesão dentinária no limite do terço médio, exibindo dentina reacional (40x); B =

Visão de fissura com lesão de cárie (40x); DR = Dentina Reacional; Es = Esclerose detinária; T =

Túbulos abertos; E = Esmalte (Nesse exemplo, quase completamente desmineralizado em decorrência

da ação do EDTA a 10%).

T

A

DR

T

B

Es

S

E

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82

Nas áreas correspondentes às fissuras, pôde ser visualizada, em alguns espécimes,

presença de dentina desmineralizada, como na figura 17.3 A e esclerose dentinária (Figura

17.3B), achados comuns na quase totalidade da amostra com lesão de cárie.

Figura 17.3: Imagens em ML em amostras com microcavitação (40x). A= Lesão dentinária na região

do 1/3 externo (40x); B = Visão de fissura com lesão de cárie (40x); Des = Desmineralização

dentinária; Es = Esclerose detinária; T = Túbulos abertos; E = Esmalte (Nos exemplos, quase

completamente desmineralizado em decorrência da ação do EDTA a 10%).

E

T

Es

Des

B E

Es

A

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83

Diante das imagens encontradas, por vezes repetitivas, não cabendo sua discussão

aqui, verificou-se que esses serão os prováveis achados que serão visualizados caso exista a

possibilidade de realização de um exame histológico em elementos dentários que foram

submetidos à técnica do selamento terapêutico. A título de observação, as amostras de

números 24 e 33 foram perdidas durante o preparo, mais especificamente na etapa da

microtomia, por apresentarem-se relativamente espessas e incompletamente desmineralizadas,

o que impossibilitou os seus cortes.

Na tabela 6 (Apêndice H), estão descritos, individualmente, os aspectos clínicos e

radiográficos e a comparação com o padrão de desmineralização e as características ultra-

estruturais baseadas no uso da MEV e da ML.

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Pe Fábio de Melo

“Graças, Pai.

Hoje venho te dar e prostrar-me aos Teus pés

somente para agradecer-Te, somente para dar-Te graças

pois não encontro outras palavras em meu ser.”.

DISCUSSÃO

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85

7 DISCUSSÃO

A Saúde Pública tem buscado, com relativo sucesso, meios de diminuir a incidência

de lesões de cárie na população, através de programas de fluoretação da água e programas

educativos para uma maior conscientização da comunidade através de campanhas valorizando

a integridade e conservação dos dentes 108

. No entanto, a cárie continua sendo um dos mais

importantes problemas na área odontológica, em especial entre a população mais carente,

exigindo atenção especial e muita dedicação por parte dos cirurgiões-dentistas no que

concerne ao diagnóstico e tratamento das causas da doença. Como infelizmente nem sempre

isso acontece e o foco do tratamento fica voltado para os sintomas da doença (cavidades),

observamos elementos dentários que poderiam estar hígidos e que muitas vezes acabam sendo

perdidos.

Com relação aos dentes decíduos, estes elementos assumem um papel de grande

relevância na cavidade bucal, tanto no aspecto funcional como no estético, necessitando de

uma maior atenção por parte do clínico, entre outros aspectos, para o diagnóstico oportuno de

lesões de cárie que acaso venham a surgir e, consequentemente, a uma terapêutica adequada,

preferencialmente conservadora. A literatura 90, 109

afirma, portanto, que o diagnóstico precoce

da lesão de cárie dentária é o grande desafio da Odontologia atual, sendo imprescindível a

detecção dos fatores de risco bem como dos primeiros sinais da doença, para que se possa

realizar as devidas orientações, fazer acompanhamento e/ou tratamento não invasivo

interceptador.

No que diz respeito à superfície oclusal, é sabido que a maior prevalência de lesões de

cárie que acometem crianças e adolescentes ocorrem na superfície oclusal de molares e pré-

molares. Os molares decíduos são também os principais responsáveis pela experiência de

cárie em crianças, sendo sua superfície oclusal a mais afetada 64

. Essas afirmativas reforçam a

importância da realização de pesquisas no âmbito da Cariologia, relacionadas ao diagnóstico e

terapêutica de lesões de cárie que acometem essa superfície.

Dentro desse contexto, com o avanço dos conhecimentos científicos, atualmente já se

está pesquisando o uso do selante oclusal não só como prevenção ao surgimento de lesões

cariosas, mas também como terapia no tratamento interceptador das mesmas. Essa idéia está

diretamente relacionada à filosofia da Odontologia Minimamente Invasiva, que vem sendo

embasada em estudos que mostram que a lesão de cárie, mesmo já atingido a dentina, pode

paralisar com o emprego de procedimentos conservadores não invasivos, devido ao fato de se

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86

acreditar que eliminando o acesso do principal fator de desenvolvimento carioso (biofilme)

através do selamento, possa inviabilizar a progressão do processo carioso 16, 17, 64

.

Alguns estudos realizados com cárie em dentina com acompanhamento de mais de um

ano 56, 57, 58, 60, 64, 67, 77, 78, 79

, obtiveram resultados clínicos e radiográficos favoráveis à

realização do tratamento não invasivo. No entanto, para que se mude uma conduta de

tratamento, é necessário ter-se evidência científica de sua validade. Para tanto, mais estudos

precisam ser realizados para se unir aos já existentes. Ademais, além de evidências de sucesso

da terapia não invasiva através de dados clínicos e radiográficos, precisa-se de mais critérios

de comprovação deste sucesso clínico para que se possa ter evidência científica, através do

padrão-ouro. Isso só é possível com estudos ao nível de dentes decíduos, que além da

observação clínica e radiográfica, podem-se realizar estudos histológicos pós-esfoliação do

dente.

Até o presente momento, há uma carência de estudos que comprovem a paralisação da

lesão de cárie ao nível dentinário, fazendo-se uso dos selantes de fóssulas e fissuras. As

evidências existentes na literatura dessa nova filosofia de terapêutica 16, 17, 64

obtiveram

resultados de paralisação da cárie em dentina através de dados clínicos e radiográficos. Para

que se tenha maior evidência científica, necessário se faz mais estudos, maior tempo de

acompanhamento, maior número de amostras, bem como a associação de outros métodos de

validação dos resultados. Com relação ao aumento do número de amostras e tempo de

acompanhamento, já existem pesquisas sendo realizadas, o que, a médio prazo, teremos

possibilidade de ver resultados. Já com relação a inserção de um novo método de avaliação da

progressão ou não da cárie, ainda não se tem estudos apesar de já se sentir a necessidade desta

demanda. Para tal, este estudo se propôs a contribuir com o estudo de metodologias

histológicas que possam ser incorporadas às pesquisas clínicas para somar aos resultados

clínicos e radiográficos encontrados nos estudos de paralisação de cárie em dentina com

tratamento não invasivo através do selamento oclusal.

O tratamento não invasivo, através da aplicação dos selantes em lesões de cárie em

dentina, é um assunto, atualmente, em evidência no campo da Cariologia. Faz-se necessário

que tanto os pesquisadores quanto os clínicos que adotarem a técnica, tenham conhecimento

dos fenômenos histológicos que ocorrem em um processo de paralisação e até mesmo de

regressão da lesão de cárie dentinária. O estudo ao nível da microscopia deve ser de

conhecimento do meio acadêmico e clínico, visto ser o exame mais adequado para comprovar

a eficácia dos selantes de fóssulas e fissuras, uma vez que identifica e distingue uma lesão de

cárie paralisada de uma lesão em progressão.

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87

Fica evidente a necessidade de se realizar estudos calcados em evidências científicas

confiáveis, verificando a necessidade de mais informações sobre esse tema. Diante disso, esse

estudo teve, dentre os seus objetivos, realizar uma avaliação comparativa entre os métodos de

diagnóstico clínico visual, radiográfico interproximal e histológico (MEV e ML) em

superfície oclusal de molares decíduos, através da concordância intra examinador. Para tal,

realizou-se uma análise ultraestrutural e morfológica dos elementos dentários envolvidos na

amostra, por meio da Microscopia de Luz (ML) e Microscopia Eletrônica de Varredura

(MEV). Objetivou-se relacionar as características clínicas e radiográficas da superfície oclusal

com os aspectos histológicos visualizados. Os dados apresentados podem abrir novos

horizontes para pesquisas futuras que queiram trabalhar com essas técnicas.

O diagnóstico de lesões de cárie dentária desperta o interesse de pesquisadores na

comunidade acadêmica nas últimas décadas, devido a sua grande incidência, prevalência e

dificuldades de diagnóstico. Alguns autores 117, 119

afirmam que o comprometimento da face

oclusal chega a atingir 84% do total das lesões cariosas encontradas em pacientes com faixa

etária entre 05 e 17 anos de idade. A realização de um correto diagnóstico tornou-se um

requisito imprescindível na escolha do plano de tratamento. O diagnóstico precoce de lesões

de cárie é importante para evitar a progressão e consequente perda de estrutura dentária, além

de possibilitar a indicação de tratamentos não invasivos.

No presente estudo, levou-se em consideração o fato de os exames visual e

radiográfico interproximal serem os mais utilizados em pesquisas referentes ao uso de

métodos não invasivos para tratamento de lesões de cárie em dentina 16, 17, 47, 59, 60, 67, 73

. A

análise microcoscópica dos 66 sítios selecionados revelou que 32 destes apresentavam-se

hígidos e 34 possuíam lesão de cárie. Após a dicotomização dessas lesões, constatou-se que

23 encontravam-se ao nível de esmalte e 11 ao nível dentinário.

Analisando-se os dados referentes à reprodutibilidade intra-examinador, para o exame

visual, obteve-se um valor, no cut-off “lesões em dentina”, igual a 0,97 (Tabela 03), sendo

classificada como de boa confiabilidade, estando esse resultado de acordo com Cortês,

Elwood e Eckstrand 30

.

A reprodutibilidade intra-examinador para o exame radiográfico interproximal, nos

cut-offs “todas as lesões” e “lesões em dentina” e foi de 0.86 e 0.80, respectivamente (tabela

03), denotando substancial confiabilidade a boa confiabilidade, de acordo com Bulman e

Osborn 20

. O exame radiográfico interproximal apresentou valores de concordância intra-

examinador ligeiramente inferiores ao exame visual. Esse desempenho do exame radiográfico

interproximal com relação à concordância intra-examinador está relacionado à imprecisão do

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88

método em diagnosticar a lesão de cárie dentária em seus estágios iniciais. Dos 66 sítios, 11

(16,6%) apresentavam-se com lesões envolvendo dentina e, na quase totalidade, incipientes,

além de 23 estarem restritas ao esmalte. Em todas as situações o diagnóstico radiográfico

pode mostrar-se impreciso devido à superposição de estruturas dentinárias. Este fato faz com

que áreas de desmineralização permaneçam radiopacas, por sobreposição, favorecendo um

maior número de diagnósticos falso-negativos 109

. Ocorrências como essas devem ser levadas

em consideração e serem discutidas no meio científico, visto que repercutem diretamente

durante a tomada de decisão no momento de assumir a terapêutica mais adequada para o

elemento dentário, em pesquisas nesse campo.

Van Amerongen e colaboradores 120

ao analisarem as limitações do método

radiográfico, verificaram que 74% das lesões de cárie que ultrapassavam 0.5mm do limite

amelo-dentinário, não apresentavam evidências na análise radiográfica (radiolucidez).

Ekstrand, Ricketts e Kidd 39

relataram dificuldade do exame radiográfico interproximal em

diagnosticar a cárie na superfície oclusal em seus estágios iniciais. Porém, a radiografia

interproximal tem sido destacada como um importante recurso de diagnóstico para lesões de

cárie oclusal. Estudos como os de Van Amerongen e colaboradores 120

relatam a importância

do método radiográfico para detecção de lesões de cárie, pois as radiografias interproximais

revelam, em média, duas vezes mais lesões de cárie com extensão à dentina do que a inspeção

visual.

Com relação às características clínicas da superfície oclusal dos molares decíduos

componentes dessa amostra, foi verificado nos 11 sítios com diagnóstico histológico de lesões

de cárie em dentina, que as características clínicas na face oclusal apresentaram dois padrões,

a saber: Pigmentação em fóssula e fissura sem microcavitação clínica aparente (04 sítios);

Pigmentação em fóssula e fissura com microcavitação visível (07 sítios). Dos 08 sítios com

lesão dentinária estendendo-se do limite amelodentinário, podendo atingir até o terço médio

da dentina, 03 apresentaram-se clinicamente com pigmentação sem cavitação e 05 com

pigmentação com cavitação. Dos 03 sítios diagnosticados histologicamente com lesão

ultrapassando o terço médio da dentina, todos se apresentaram com os sulcos e fissuras da

superfície oclusal com pigmentação e microcavitação. Independente da presença de

microcavitação nas superfícies analisadas, todas as lesões em dentina apresentaram

características clínicas compatíveis com cárie paralisada. Segundo De Jean e colaboradores 36

,

denomina-se lesão de cárie oculta aquela que acomete a estrutura dentinária, mas o esmalte

aparentemente se mantém hígido ou levemente desmineralizado, sendo de difícil diagnóstico,

necessitando da associação de dois ou mais métodos para atingir um diagnóstico conclusivo.

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89

Sabe-se que o conhecimento da estrutura dentinária e os fenômenos que ocorrem

durante o processo de paralisação de lesões de cárie nesse tecido são de grande relevância do

ponto de vista acadêmico e para os profissionais que atuam na clínica odontológica, no que

diz respeito à capacidade de associar as variações na superfície dos sulcos e fissuras na face

oclusal, a partir de critérios visuais e radiográficos, com a validação histológica das porções

internas de esmalte e dentina, sendo este um dos objetivos desse estudo.

Qualquer fenômeno que afete as características da dentina, tais como diâmetro,

volume e estrutura química, deve ser levado em consideração, visto que afetará a

permeabilidade dentinária. Levando essa discussão para os estudos realizados com o uso de

selantes de fossas e fissuras com indicação terapêutica, fica evidente que o principal objetivo,

do ponto de vista microscópico, da adoção dessa técnica, é a obliteração gradual dos túbulos

dentinários. Ao nível histológico, espera-se encontrar, portanto, esclerose dentinária e/ou

formação de dentina reacional, o que se configura como lesão de cárie paralisada 26

.

As propriedades essenciais da dentina, conservadas durante a evolução da espécie,

incluem sensibilidade, contínuo crescimento, capacidade reparadora e hipermineralização em

resposta a estímulos externos, como a doença cárie. O complexo dentino-pulpar de elementos

dentários sadios reage às agressões por cárie utilizando-se de três mecanismos principais,

submetendo seus canalículos à esclerose, formando dentina reacional e levando à inflamação

pulpar. Estes mecanismos são induzidos pela dissolução da matriz orgânica dentinária pela

cárie, que libera fatores de crescimento para odontoblastos, estimulando-os à produção

acelerada de dentina intra-tubular para estabelecimento da esclerose dentinária, bem como

produção acelerada de dentina reacional (também conhecida como dentina terciária,

reparatória, de irritação ou secundária patológica), fenômenos reacionais que visam retardar a

progressão da cárie 7, 26

. Dentro das possibilidades deste estudo, as duas reações dentinárias

que tentam diminuir a progressão da cárie, esclerose dentinária por meio da deposição de

dentina intra-tubular e dentina reacional, foram encontradas tanto na análise por ML quanto

em MEV.

Na análise à ML, observou-se, em 06 lesões em dentina, a presença de túbulos

dentinários superficiais, abaixo da dentina desmineralizada, apresentando-se ocluídos ou

parcialmente ocluídos, nos cortes avaliados, caracterizando a esclerose dentinária. Diversos

estudos 6, 7, 8

demonstraram a deposição de dentina intra-tubular por MEV em zona translúcida

de lesões de cárie em dentina. A esclerose dentinária baseia-se na obliteração dos túbulos

dentinários por meio da deposição de dentina intratubular, encontrada também neste estudo

durante análise em MEV.

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90

A dentina reacional, também denominada de terciária, apresenta segundo Consolaro26

,

uma estrutura organizada de acordo com seu ritmo de formação. O autor afirma que, de um

modo geral, esse tipo de dentina possui número menor de túbulos (atubular), apresentando um

arranjo irregular (tortuoso), com diâmetro e comprimento também irregulares. Pelo fato desse

tipo de dentina possuir menor conteúdo mineral, impossibilita, na maioria das vezes, sua

visualização no exame radiográfico. Reforçando esta informação, no presente estudo, foi

possível encontrar um arranjo estrutural sugestivo de dentina reacional, ao MEV, nas

amostras nºs 05, 19 e 33, e ao ML, visualizou-se nas amostras nºs 19 e 26, confirmando a

capacidade de resposta dos dentes decíduos.

A explicação para presença, em quase totalidade dos espécimes estudados, de

esclerose dentária e dentina reacional, ou mesma a presença variável destes de acordo com o

método utilizado (alguns espécimes que apresentaram dentina reacional/esclerose dentinária

em ML não exibiram imagem correspondente em MEV, ou o contrário), pode ser justificada

pela já descrita presença destas reações em lesões de cáries crônicas, devido ao lento

progresso de destruição dos tecidos dentários duros, ou ainda pela diferença existente entre os

próprios cortes de um mesmo espécime, ou seja, em algumas amostras uma secção

possibilitou a visualização da lesão em um determinado nível de profundidade, e no outra

secção isso não foi possível 32, 33

.

Embora não possam ser identificados individualmente em um mesmo corte

microscópico de dentina devido às várias técnicas de preparo dos espécimes, a lesão de cárie

em dentina pode ser dividida, morfologicamente, principalmente nos dentes preparados por

desmineralização – como nesse estudo – e desgaste, no sentido da polpa para superfície, em

cinco regiões: zona de esclerose dentinária, zona de desmineralização inicial ou profunda,

zona de invasão bacteriana, zona de desmineralização avançada ou superficial e zona de

destruição e desorganização total 26

.

As imagens em ML e MEV apresentaram uma boa correlação neste estudo, uma vez

que, de uma forma geral, as lesões de cárie em dentina incipientes em ML e MEV exibiram

eventos semelhantes, como presença de dentina desmineralizada, esclerose dentinária e

dentina reparadora ou reacional, com padrões tubulares de acordo nas duas técnicas.

Quanto ao preparo dos espécimes, a técnica por MEV mostrou-se como uma técnica

relativamente mais simples, menos tempo foi despendido, além de ter permitido maior

conservação das estruturas dentárias. Na técnica por desmineralização para visualização em

ML, observou-se perda de estrutura de esmalte em muitos espécimes, além da impossibilidade

de preparação das amostras nº 24 e nº 33, perdidas na etapa de microtomização, pois não se

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encontravam adequadamente desmineralizadas. O descalcificador utilizado nessa pesquisa foi

o EDTA (Ácido etileno diamino tetracético) numa concentração a 10% e, como a própria

denominação sugere, sua função é descalcificar o tecido duro até que o mesmo obtenha uma

consistência borrachóide, estando apto para processamento e montagem nas lâminas

histológicas. As dificuldades encontradas nesse estudo corroboram com os resultados de

Grando e colaboradores 51

, nos quais se observou que o EDTA, além de exigir um tempo mais

longo de processamento das peças, alterou as características morfológicas da estrutura

dentária. Esse fato não necessariamente comprometeu os resultados analisados, porém, pode-

se aqui apontar esse episódio como desvantagem da ML em relação a MEV.

As zonas e áreas de lesão de cárie em dentina no material avaliado mostraram, tanto

pela ML quanto pela MEV, características semelhantes às lesões de cárie em dentina relatadas

na literatura já publicada sobre o assunto 5, 6, 26, 65, 66, 74, 83, 89, 99, 112

.

Tendo por base os resultados aqui descritos, fica claro que o diagnóstico preciso e

inquestionável das lesões de cárie é obtido apenas na avaliação histológica. Nenhum dos

métodos avaliados neste estudo diagnosticou com a mesma intensidade que a avaliação

histológica por meio da ML e MEV. O diagnóstico de lesão de cárie oclusal incipiente é um

desafio para clínicos e pesquisadores. Há a necessidade, devido à situação de alta prevalência

deste tipo de lesão, tanto na dentição decídua quanto na permanente, da utilização de um

método de diagnóstico com alta sensibilidade que possa detectar a doença em seus estágios

iniciais. Uma abordagem focada no controle dos fatores etiológicos, realizada no momento

adequado, proporciona a oportunidade de decisão pelo tratamento restaurador não invasivo. O

conhecimento da etiopatogenia, das informações decorrentes da anamnese e do exame clínico

do paciente, somados à atualização profissional com relação aos métodos de diagnóstico, bem

como do tratamento da lesão inicial, irão contribuir para a redução de sobretratamentos.

Fica evidente que um adequado diagnóstico repercute sobremaneira nos resultados da

terapêutica com selantes em elementos dentários apresentando lesão de cárie em dentina. No

entanto, importantes questionamentos devem ser levados à discussão, uma vez que um dos

principais objetivos da Odontologia de Mínima Intervenção, e por que não o primordial,

sejam os benefícios sociais que tais estudos proporcionam. Persistem questões importantes

como: 1. De que forma aplicar esses exames de diagnóstico no serviço público, uma vez que o

uso do aparelho de raios-X é pouco acessível à atenção básica no Brasil; 2. De que maneira o

profissional da atenção básica poderá aplicar a técnica de selamento terapêutico, visto não ter

a disponibilidade do aparelho de raios-X para diagnóstico e acompanhamento do paciente.

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92

Em contrapartida a conduta utilizada nos serviços públicos de realizar sempre

tratamento invasivo (restaurações) também leva a questionamentos como, por exemplo: 1.

Uma restauração isolada vai fazer o paciente ficar livre de cárie sem que existam programas

de orientação de higiene oral que garantam remoção e\ou desorganização do biofilme; 2.

Como evitar que o paciente que foi submetido a um procedimento invasivo de dentística

restauradora entre no ciclo restaurador repetitivo, onerando os gastos do serviço público, além

de aumentar a complexidade da nova restauração levando a trocas em demasia acarretando,

muitas vezes, em perda dentária.

A necessidade de um investimento inicial nos serviços públicos, no que diz respeito a

ter uma estrutura que permita a operação da Odontologia de mínima intervenção, ainda é a

melhor opção tanto para reduzir gastos futuros para o próprio serviço como para garantir

saúde bucal para a população.

Com a constatação, através deste estudo, de que os exames histológicos através do

MEV e da ML permitem a diferenciação entre o estado da cárie, através da visualização micro

estrutural de elementos que possam evidenciar a paralisação ou não do processo carioso, o

mesmo pode servir de base para auxilio as pesquisas clínicas já existentes poderem utilizar

esta técnica visando comparar os resultados clínicos e radiográficos já encontrados e poder

aumentar sua evidência científica em situações de tratamento não invasivo para cárie em

dentina.

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Pe Fábio de Melo

“Deus te quer vencedor, a vitória já está preparada feito o

presente que está embrulhado

e que precisa ser aberto. Não perca tempo!

Já começou a vencer aquele que se levantou para

recomeçar o caminho.”

CONCLUSÕES

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7 CONCLUSÕES

De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir:

A concordância intra-examinador para ambos os cut-offs (todas as lesões e lesões em

dentina) variaram de substancial confiabilidade a boa confiabilidade;

Observando os aspectos clínicos e radiográficos percebe-se que: com relação às amostras

hígidas, os mesmos foram considerados satisfatórios em suas análises. Em relação às amostras

pigmentadas com e sem cavitação, percebe-se uma tendência ao diagnóstico de cariado, o que

de certa forma condiz com os resultados dos exames microscópicos (MEV e ML), uma vez

que as lesões realmente são vistas ao nível histológico, porém, o aspecto nos mostra um

padrão de cárie voltado para cárie de evolução crônica que não necessita de intervenção

invasiva. Histologicamente, as análises ao ML e ao MEV permitiram visualizar a presença de

dentina esclerosada e dentina reacional, compatíveis com lesões de cárie crônica inativas;

As imagens obtidas por meio da ML e MEV apresentaram uma boa correlação, uma vez

que, de uma forma geral, as lesões de cárie em dentina incipientes em ML e MEV exibiram

eventos semelhantes, como presença de dentina desmineralizada, esclerose dentinária e

dentina reparadora ou reacional, com padrões tubulares de acordo nas duas técnicas,

sugerindo, portanto, que o uso de uma das duas técnicas mencionadas poderia atender a

necessidade do estudo.

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Kleber Lucas

“Deus cuida de mim na sombra das suas asas,

Deus cuida de mim, eu amo a sua casa,

E não ando sozinho, não estou sozinho,

Pois sei: Deus cuida de mim”.

REFERÊNCIAS

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Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Às alunas da Graduação, Juliane de Souza Borges e Adrielle Silva Barreto. Não tenho palavras para descrever a imensa gratidão que

APÊNDICES

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106

APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e esclarecido (Para os responsáveis)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO EM OBSERVÃNCIA A

RESOLUÇÃO Nº 196/96 – CNS (PARA OS RESPONSÁVEIS)

Agradecemos a sua disponibilidade em participar desta pesquisa.

Leia atentamente os termos abaixo e assine no espaço devido.

Em caso de dúvida, pergunte ao pesquisador.

(Caso o responsável pelo sujeito da pesquisa não possa ler, um familiar ou uma pessoa de

sua confiança deverá fazê-lo)

Título do Projeto: Estudo clínico e histológico para avaliação da eficácia do tratamento não

invasivo de cárie oclusal em dentina em molares decíduos

Responsável do voluntário nº. ( )

Iniciais do voluntário ( )

Iniciais dos Responsável ( )

1. Objetivos e justificativa do estudo

O objetivo desta pesquisa é investigar a necessidade real de se restaurar cáries muito

pequenas que não tenham cavidade, mas que apareçam no raio-x como cárie em dentina.

Com os resultados obtidos, a classe odontológica poderá saber mais sobre o melhor

tipo de tratamento para essas cáries, de forma a evitar o tratamento restaurador invasivo de

maneira desnecessária, conforme vem sendo realizado como tratamento para este tipo de

cárie.

2. Procedimentos que serão realizados na pesquisa

A criança passará por exames odontológicos com espelhos para ver se os seus dentes

têm cáries em dentina, sem cavitação. A partir daí, o dentista tirará uma radiografia do dente

para comprovar a existência de cárie em dentina e saber como está o estágio de reabsorção da

raiz (troca do dente de leite pelo dente permanente).

Após este procedimento, iremos acompanhar as lesões de cárie e trata-las de formas

diferentes (um grupo fará apenas escovação e outro receberá selante resinoso contendo flúor)

para observar a progressão ou não destas lesões através de um tratamento não-invasivo.

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107

Desta forma, o dente da criança poderá passar por um dos procedimentos acima

descritos: ou ele será selado com uma substância chamada selante resinoso (que cobrirá a sua

cárie deixando-a com uma coloração branca e, além disso, liberará flúor) ou então ele será

controlado por nós a cada 4 meses com escovação feita pela criança e supervisionada pelo

responsável. O dentista não saberá o que ele vai fazer, pois haverá um sorteio e este sorteio

determinará quais dentes serão selados e quais serão escovados. Não haverá prejuízo para a

criança em nenhum dos casos, pois, até o final da pesquisa, a criança vai receber todo o

tratamento necessário, e seu dente será acompanhado em consultas regulares a cada 4 meses.

Nós ensinaremos à criança a melhor maneira de escovar seus dentes. Daremos a você

uma cópia deste documento, e um cartão com nossos nomes e telefones para você entrar em

contato caso tenha qualquer duvida.

A criança será remarcada para uma segunda consulta para realizar todo o tratamento

dentário que ela necessitar nos dentes que não fazem parte da pesquisa, de acordo com a sua

necessidade e conveniência.

Após o tratamento completado, a criança deverá retornar num intervalo de 4 em 4

meses para nova consulta, quando serão feitos nova limpeza e novo exame radiográfico, para

avaliar como está o processo de reabsorção da raiz do dente de leite, e se já está perto de ser

trocado pelo dente permanente. Esses procedimentos serão feitos até que se encerre esta

pesquisa, sendo estipulado um prazo de um ano. Caso necessário, os selamentos com o

selante resinoso serão recolocados e os dentes sem selamentos que vierem a cavitar serão

restaurados; por isso, é importante o seu compromisso em supervisionar, e o da criança com a

escovação, e o retorno a todas as consultas que serão marcadas.

Após um ano, será observado na radiografia se o seu dente já está perto de esfoliar (ou

seja, ser trocado pelo dente permanente). Em caso afirmativo, ele será removido na clínica de

Odontopediatria, e será avaliado ao microscópio, de forma a comprovar se houve ou não

paralisação da cárie, em virtude do uso ou não do material utilizado como selante nesta

pesquisa.

3. Desconforto, riscos e benefícios esperados

O exame clínico e a radiografia são atividades rotineiras da clínica odontológica e não

causam qualquer tipo de incômodo. Os dentes estudados estarão protegidos ou pelo selante

resinoso ou pela escovação, não havendo qualquer desconforto. Além disso, a cárie para se

desenvolver demora meses (variando de indivíduo para indivíduo); deste modo, a escovação

realizada pela criança e as consultas de controle que iremos realizar irão garantir a saúde da

criança e impedir qualquer tipo de desconforto.

A remoção do dente, ao final da pesquisa, só será realizada após criterioso exame

clínico e radiográfico e com total comprovação de que 2/3 da raiz está absorvida, o que indica

que o dente já está perto de “cair”, ou seja, ser trocado pelo dente permanente. A análise do

dente ao microscópio é a forma mais confiável de comprovar se houve ou não avanço da

cárie, e consequentemente, de comprovar a eficácia do material utilizado, no caso, o selante

resinoso.

Se durante a pesquisa houver qualquer indício da progressão da cárie ou o aumento da

lesão, o dente da criança será restaurado com a técnica específica para o caso, preservando-o e

contribuindo para sua saúde bucal.

4. Forma de Acompanhamento e Assistência

Os resultados deste estudo serão disponibilizados aos sujeitos participantes e à

comunidade científica através da publicação em revistas e divulgação em eventos da classe

odontológica. Mesmo antes da publicação do estudo, nós nos disponibilizamos para qualquer

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108

dúvida ou esclarecimento que você necessite através da pesquisadora Gisele Chaves de

Medeiros, no telefone (84) 8882-6423 (celular) ou do e-mail [email protected] e pelo

endereço Av. Alexandrino de Alencar, 1392, Tirol. Você poderá ainda entrar em contato com

o Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN, localizado na Praça do Campus Universitário,

Lagoa Nova, Caixa Postal 1666, CEP 59072-970, Natal – RN, Telefone/Fax (84) 215-3135.

Vale lembrar que a criança será acompanhado de 4 em 4 meses mesmo após o tratamento

haver sido concluído, até a finalização desta pesquisa, e que no seu cartão de consulta

constará os telefones para contato que você poderá utilizar caso julgue necessário.

É importante ressaltar que você e a criança poderá desistir da pesquisa a qualquer

momento sem quaisquer constrangimentos ou prejuízos.

5. Remuneração – Ressarcimento – Indenização

A sua participação e a da criança nesta pesquisa deverá ser espontânea e voluntária e,

portanto, não está previsto nenhum tipo de remuneração ou ressarcimento. No entanto, você e

a criança serão ressarcidos de despesas decorrentes de sua participação nesta pesquisa

(passagem e alimentação) e indenizados caso ocorra dano comprovadamente decorrente da

pesquisa (Resolução nº 196/96 – CNS itens IV 1h e IV 1i). Estamos disponíveis para

quaisquer dúvidas ou esclarecimentos através dos telefones e e-mails presentes no item

anterior (4).

6. Confidencialidade dos dados

Os dados gerados por este estudo serão guardados com absoluta confidencialidade e

não serão disponibilizados para outro fim que não publicações científicas odontológicas

(como revistas, jornais, etc.) ou métodos de ensino (aulas, slides, apostilas), sempre mantendo

a privacidade e resguardando sua identidade. Você terá acesso a qualquer informação

referente ao caso da criança ou ao tratamento no momento que desejar.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

TERMO DE CONSENTIMENTO

Declaro que, após ter lido e compreendido as informações contidas neste documento, concordo que a

criança pela qual estou responsável poderá participar desta pesquisa.

Através deste instrumento e da melhor forma de direito, autorizo a Cirurgiã-Dentista e mestranda em

Odontologia Gisele Chaves de Medeiros, brasileira, solteira, CRO-PB 4045 e a Profª Drª Isauremi Vieira de

Assunção Pinheiro CRO-RN 1699 a utilizarem as informações obtidas durante a pesquisa para publicações

científicas. Concedo também o direito de retenção deste formulário e dos demais instrumentos de documentação

obtidos durante esta pesquisa (fichas clínicas, radiografias e fotografias dentais), bem como o seu uso para fins

de ensino e divulgação em jornais/revistas nacionais e internacionais, desde que haja sigilo total e absoluto sobre

a identidade do menor.

Estou ciente que nada tenho a exigir de ressarcimento ou indenização pela minha participação na

pesquisa.

Natal________de_______________de 200___

De acordo, ________________________________________________________________________

RG nº____________ CPF nº____________

Endereço___________________________________________________________________________________

____________________________________________________________

_________________________________ ________________________________

Assinatura do Participante da Pesquisa Assinatura da Testemunha ou

Responsável Legal

______________________________________

Assinatura do Pesquisador

Impressão

dactiloscópica

Impressão

dactiloscópica

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110

APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e esclarecido (Para as crianças)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO EM OBSERVÃNCIA A

RESOLUÇÃO Nº 196/96 – CNS (PARA AS CRIANÇAS)

Agradecemos a sua disponibilidade em participar desta pesquisa.

Leia atentamente os termos abaixo e assine no espaço devido.

Em caso de dúvida, pergunte ao pesquisador.

Título do Projeto: Estudo clínico e histológico para avaliação da eficácia do tratamento não

invasivo de cárie oclusal em dentina em molares decíduos

Voluntário nº. ( )

Iniciais do voluntário ( )

Iniciais dos Responsável ( )

1. Objetivos e justificativa do estudo

O objetivo desta pesquisa é investigar a necessidade real de se restaurar cáries muito

pequenas que não tenham cavidade (“furinhos”), mas que apareçam no raio-x como cárie já

na dentina, que é um das partes do dente (esmalte – dentina – e polpa). A dentina fica na parte

do meio do dente.

Com os resultados obtidos, a classe odontológica (os dentistas) poderá saber mais

sobre o melhor tipo de tratamento para essas cáries, de forma a evitar a “obturação”, feita com

o “motor” (tratamento restaurador invasivo), sem necessidade, que é o que vem sendo

realizado como tratamento para este tipo de cárie.

2. Procedimentos que serão realizados na pesquisa

Você passará por exames odontológicos com espelhos para ver se os seus dentes têm

cáries em dentina, sem cavitação, o “buraquinho”. A partir daí, o dentista tirará uma

radiografia do seu dente para comprovar a existência de cárie em dentina e saber como está o

estágio troca do dente de leite pelo dente permanente (dente de adulto), ou seja, quando ele irá

“ficar mole”.

Feito isso, iremos acompanhar essas cáries e trata-las de formas diferentes: um grupo

fará apenas escovação e outro receberá um material chamado selante resinoso, que contém

flúor, para observar se essas cáries aumentaram ou não.

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111

Desta forma, o seu dente poderá passar por um dos procedimentos acima

apresentados: ou ele será selado com uma substância chamada selante resinoso (que cobrirá a

sua cárie deixando-a com uma coloração branca e, além disso, liberará flúor) ou então ele será

controlado por nós a cada 4 meses com escovação feita por você e supervisionada pelo seu

responsável (mãe, pai, etc.). O dentista não saberá o que ele vai fazer, pois haverá um sorteio

e este sorteio decidirá quais dentes serão selados e quais serão escovados. Não haverá prejuízo

para você em nenhum dos casos, pois, até o final da pesquisa, você vai receber todo o

tratamento necessário, e seu dente será acompanhado em consultas regulares a cada 4 meses.

Nós ensinaremos a você a melhor maneira de escovar seus dentes. Daremos a você e

ao seu responsável uma cópia deste documento, e um cartão com nossos nomes e telefones

para você ou seu responsável entrar em contato caso tenha qualquer duvida.

Você será remarcado para uma segunda consulta para realizar todo o tratamento

dentário que você necessitar nos dentes que não fazem parte da pesquisa, de acordo com a sua

necessidade e seu tempo livre para vir fazer o tratamento.

Após o tratamento completado, você deverá voltar num intervalo de 4 em 4 meses

para nova consulta, quando serão feitos nova limpeza e novo exame radiográfico, para ver

como está o processo troca do dente de leite pelo dente permanente. Esses procedimentos

serão feitos até que se encerre esta pesquisa, sendo planejado um prazo de um ano. Caso

necessário, os selamentos com o selante resinoso serão recolocados e os dentes sem

selamentos que vierem a cavitar, ou seja criar uma cárie maior (um “furinho”), serão

restaurados (“obturados”); por isso, é importante o seu compromisso com a escovação, e o

retorno a todas as consultas que serão marcadas.

Após um ano, será observado na radiografia se o seu dente já está perto de ser trocado

pelo dente permanente. Se sim, ele será removido na clínica de Odontopediatria, e será

avaliado ao microscópio, de forma a comprovar se houve ou não paralisação da cárie, devido

ao uso ou não do material utilizado como selante nesta pesquisa.

3. Desconforto, riscos e benefícios esperados

O exame clínico e a radiografia são atividades muito comuns entre os dentistas e não

causam qualquer tipo de incômodo. Os seus dentes estudados estarão protegidos ou pelo

selante resinoso ou pela escovação, não havendo qualquer desconforto. Além disso, a cárie

para se desenvolver demora meses (variando de pessoa para pessoa); deste modo, a escovação

realizada por você e as consultas de controle que iremos realizar irão garantir a sua saúde e

impedir qualquer tipo de desconforto.

A retirada do seu dentinho, ao final da pesquisa, só será realizada após a dentista

avaliar bem os exames e for comprovado que o seu dentinho já está na época de “cair”, ou

seja, ser trocado pelo dente permanente. Observar o dente ao microscópio é a forma mais

segura de comprovar se houve ou não avanço da cárie, e consequentemente, de comprovar

que o material utilizado é “bom”, ou seja, é eficaz.

Se durante a pesquisa houver qualquer sinal de que a cárie avançou ou aumentou, o

seu dente será restaurado (“obturado”) com a técnica mais indicada para seu o caso, e

contribuindo para sua saúde bucal.

4. Forma de Acompanhamento e Assistência

Os resultados deste estudo serão disponibilizados aos participantes e à comunidade

científica através da publicação em revistas e divulgação em eventos da Odontologia. Mesmo

antes da publicação do estudo, nós nos disponibilizamos para qualquer dúvida ou

esclarecimento que você necessite através da pesquisadora Gisele Chaves de Medeiros, no

telefone (84) 8882-6423 (celular) ou do e-mail [email protected] e pelo endereço Av.

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112

Alexandrino de Alencar, 1392, Tirol. Você poderá ainda entrar em contato com o Comitê de

Ética em Pesquisa da UFRN, localizado na Praça do Campus Universitário, Lagoa Nova,

Caixa Postal 1666, CEP 59072-970, Natal – RN, Telefone/Fax (84) 215-3135. Vale lembrar

que você será acompanhado de 4 em 4 meses mesmo após o tratamento haver sido concluído,

até a finalização desta pesquisa, e que no seu cartão de consulta constará os telefones para

contato que você poderá utilizar caso julgue necessário.

É importante lembrar que você poderá desistir da pesquisa a qualquer momento sem

quaisquer constrangimentos ou prejuízos.

5. Remuneração – Ressarcimento – Indenização

A sua participação nesta pesquisa deverá ser de livre vontade e, portanto, ela não será

paga. No entanto, você e seu responsável terão as despesas de sua participação nesta pesquisa

(passagem e alimentação) e indenizados caso ocorra prejuízo comprovadamente por causa da

pesquisa (Resolução nº 196/96 – CNS itens IV 1h e IV 1i). Estamos disponíveis para

quaisquer dúvidas ou esclarecimentos através dos telefones e e-mails presentes no item

anterior (4).

6. Confidencialidade dos dados

Os dados gerados por este estudo serão guardados com absoluta confidencialidade, ou

seja, todo o tratamento e tudo o que foi feito não será divulgado, e só ficarão disponíveis para

publicações científicas para dentistas (como revistas, jornais, etc.) ou métodos de ensino

(aulas, slides, apostilas), sempre mantendo a privacidade e protegendo sua identidade. Você

terá acesso a qualquer informação sobre o tratamento no momento que desejar.

Page 116: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Às alunas da Graduação, Juliane de Souza Borges e Adrielle Silva Barreto. Não tenho palavras para descrever a imensa gratidão que

113

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

TERMO DE CONSENTIMENTO

Declaro que, após ter lido e compreendido as informações contidas neste documento, concordo em

participar desta pesquisa.

Através deste instrumento e da melhor forma de direito, autorizo a Cirurgiã-Dentista e mestranda em

Odontologia Gisele Chaves de Medeiros, brasileira, solteira, CRO-PB 4045 e a Profª Drª Isauremi Vieira de

Assunção Pinheiro CRO-RN 1699 a utilizarem as informações obtidas durante a pesquisa para publicações

científicas. Concedo também o direito de retenção deste formulário e dos demais instrumentos de documentação

obtidos durante esta pesquisa (fichas clínicas, radiografias e fotografias dentais), bem como o seu uso para fins

de ensino e divulgação em jornais/revistas nacionais e internacionais, desde que haja sigilo total e absoluto sobre

a identidade do menor.

Estou ciente que nada tenho a exigir de ressarcimento ou indenização pela minha participação na

pesquisa.

Natal________de_______________de 200___

De acordo, ________________________________________________________________________

RG nº____________ CPF nº____________

Endereço___________________________________________________________________________________

____________________________________________________________

_________________________________ ________________________________

Assinatura do Participante da Pesquisa Assinatura da Testemunha ou

Responsável Legal

______________________________________

Assinatura do Pesquisador

Impressão

dactiloscópica

Impressão

dactiloscópica

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APÊNDICE C – Ficha de exame diagnóstico de inspeção visual

FICHA DE INSPEÇÃO VISUAL

Examinador: _________________________________________ Data: / /

Amostra nº Sítio A Sítio B

01

02

03

04

05

06

07

08

09

10

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12

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14

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17

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19

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25

26

28

28

29

30

31

32

33

Graus Exame Visual

0 Hígido

1 Lesão de cárie na ½ externa do esmalte

2 Lesão de cárie na ½ interna do esmalte

3 Lesão de cárie em dentina inicial

4 Lesão de cárie em dentina profunda

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APÊNDICE D - Ficha de diagnóstico de exame radiográfico

FICHA DE EXAME RADIOGRÁFICO

Examinador: _________________________________________ Data: / /

Amostra nº Sítio A Sítio B

01

02

03

04

05

06

07

08

09

10

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28

28

29

30

31

32

33

Graus Exame Radiográfico

0 Ausência de radiolucidez

1 Radiolucidez em esmalte

2 Radiolucidez no 1/3 externo de dentina

3 Radiolucidez no 1/3 médio da dentina

4 Radiolucidez no 1/3 interno da dentina

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116

APÊNDICE E - Ficha de diagnóstico do exame histológico (MEV e ML)

FICHA DE EXAME HISTOLÓGICO

Data: / /

Amostra nº Sítio A Sítio B

01

02

03

04

05

06

07

08

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10

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26

28

28

29

30

31

32

33

Graus Exame Histológico

0 Hígido

1 Lesão de cárie na ½ externa do esmalte

2 Lesão de cárie na ½ interna do esmalte

3 Lesão de cárie em dentina inicial

4 Lesão de cárie em dentina profunda

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APÊNDICE F - Ficha da análise morfológica em MEV

Data: / /

ANÁLISE EM MEV

Amostra nº Condição do espécime

(Hígido/Cariado) Aspectos morfológicos observados

01

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

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20

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APÊNDICE G - Ficha da análise morfológica em ML

Data: / /

ANÁLISE EM ML

Amostra nº Condição do espécime

(Hígido/Cariado) Aspectos morfológicos observados

01

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

28

28

29

30

31

32

33

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119

APÊNDICE H - Tabela 06 – Comparação entre as características clínicas, radiográficas e histológicas em MEV e ML dos elementos dentários estudados. Natal, RN, 2011.

Tabela 06 – Comparação entre as características clínicas, radiográficas e histológicas em MEV e ML dos elementos dentários estudados. Natal, RN, 2011.

AMOSTRA

(Nº) DENTE

CARACTERÍSTICAS

CLÍNICAS E

RADIOGRÁFICAS

CARACTERÍSTICAS MEV CARACTERÍSTICAS ML

01 54

Pigmentação sem microcavitação.

Nenhuma alteração radiográfica

importante.

Discreta lesão de cárie em esmalte, com presença de desmineralização

superficial restrita à metade externa, em área de fissura (Sítio A). Não

se observou alteração dentinária associada.

Esmalte com ausência de cavitação e discretas áreas de

desmineralização. Dentina sem achados de alterações

morfológicas, exibindo um padrão tubular normal.

02 84

Pigmentação com microcavitação.

Discreta imagem radiolúcida com

extensão para a dentina, porém sem

ultrapassar a JAD.

Presença de desmineralização superficial em esmalte e dentina,

podendo-se observar discretas áreas de esclerose dentinária subjacente

à área da JAD.

Esmalte com lesão de cárie incipiente em fissura,

desmineralizado superficialmente, associado à discreta área

de desmineralização em dentina, com esclerose dentinária.

03 74

Pigmentação sem microcavitação.

Nenhuma alteração radiográfica

importante.

Discreta lesão de cárie em esmalte, com presença de desmineralização

superficial restrita à metade externa, em área de fissura (Sítio A). Não

se observou alteração dentinária associada.

Esmalte com ausência de cavitação e discretas áreas de

desmineralização. Dentina sem achados de alterações

morfológicas, exibindo um padrão tubular normal.

04 64

Pigmentação com microcavitação.

Discreta imagem radiolúcida estendo-

se além da JAD, porém não

ultrapassando o 1/3 inicial da dentina.

Discreta lesão de cárie em dentina, ultrapassando o limite da junção

amelodentinária, com limites bem definidos, podendo-se visualizar um

padrão tubular mais regular e, ocasionalmente, alguns túbulos

dentinários parcialmente obliterados, sugerindo presença de dentina

esclerosada. Na área correspondente ao sítio B, observou-se uma

discreta reentrância ao nível de esmalte, indicando lesão de cárie ao

nível de porção externa do esmalte, sem, contudo, ser verificado

comprometimento da dentina subjacente.

Lesão de cárie ao nível dentinário, podendo-se observar a

presença de dentina esclerosada, com extensão ao nível da

junção amelodentinária. Na área correspondente ao sítio B,

presença de desmineralização em esmalte, em sua porção

externa.

05 55

Pigmentação sem microcavitação.

Imagem radiolúcida ultrapassando a

junção amelodentinária, não

ultrapassando o 1/3 médio da dentina.

Características histológicas semelhantes à amostra nº 04, com cárie

incipiente em dentina e discreta cavitação em esmalte, não visualizada

clinicamente. Presença de discreta camada de dentina reacional, com

túbulos de diâmetros e comprimentos irregulares.

Presença de lesão de cárie incipiente ao nível de dentina, em

sua porção externa, na área correspondente à junção

amelodentinária. A maior parte dos túbulos dentinários exibe

padrão de normalidade.

06 85 Hígido. Nenhuma alteração

radiográfica importante.

Aspecto de esmalte e dentina normais, sem alterações microscópicas.

Superfície do esmalte apresentando irregularidades próprias do

desenvolvimento em forma de depressão. A dentina demonstra padrão

tubular regular.

Achados semelhantes ao encontrados ao MEV.

07 65 Pigmentação com microcavitação.

Imagem radiolúcida ao nível da JAD.

Lesão de cárie em dentina incipiente, ficando restrita ao limite da

junção amelodentinária, com limites bem definidos, visualizando-se

um padrão tubular mais regular, com ausência de camada esclerótica.

Presença de esmalte desmineralizado superficialmente,

podendo-se observar, nesse corte, discreta esclerose

dentinária na área subjacente à lesão, evidência essa que não

foi possível visualizar ao MEV.

08 54

Pigmentação sem microcavitação.

Imagem radiolúcida ultrapassando a

junção amelodentinária, não

ultrapassando o 1/3 médio da dentina.

Características histológicas semelhantes à amostra nº 04, com cárie

incipiente em dentina e discreta cavitação em esmalte, não visualizada

clinicamente. Presença de discreta camada de dentina reacional, com

túbulos de diâmetros e comprimentos irregulares.

Presença de lesão de cárie incipiente ao nível de dentina, em

sua porção externa, na área correspondente à junção

amelodentinária. A maior parte dos túbulos dentinários exibe

padrão de normalidade.

Page 123: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Às alunas da Graduação, Juliane de Souza Borges e Adrielle Silva Barreto. Não tenho palavras para descrever a imensa gratidão que

120

09 54

Pigmentação com microcavitação.

Imagem radiolúcida ao nível de

esmalte.

Presença de desmineralização superficial em esmalte e dentina,

podendo-se observar discretas áreas de esclerose dentinária subjacente

à área da JAD.

Esmalte com lesão de cárie incipiente em fissura,

desmineralizado superficialmente, associado à discreta área

de desmineralização em dentina, com esclerose dentinária.

10 85 Hígido. Imagem radiolúcida

limitando-se à JAD.

Aspecto de esmalte e dentina normais, sem alterações microscópicas.

Superfície do esmalte apresentando irregularidades próprias do

desenvolvimento em forma de depressão. A dentina demonstra padrão

tubular regular.

Achados semelhantes ao encontrados ao MEV.

11 74

Pigmentação com microcavitação.

Discreta imagem radiolúcida em

região de esmalte, aquém da JAD.

Presença de desmineralização superficial em esmalte e dentina,

podendo-se observar discretas áreas de esclerose dentinária subjacente

à área da JAD.

Esmalte com lesão de cárie incipiente em fissura,

desmineralizado superficialmente, associado à discreta área

de desmineralização em dentina, com esclerose dentinária.

12 64

Pigmentação com microcavitação.

Imagem radiolúcida estendendo-se

além do nível da JAD, não chegando,

entretanto, a atingir o limite do terço

médio da dentina.

Lesão de cárie em dentina indo de encontro ao terço médio, porém

sem ultrapassá-lo. Observou-se presença de túbulos dentinários

parcialmente obstruídos, seguido de uma camada de dentina saudável.

Elemento 64 exibindo lesão de cárie em dentina ao nível do

terço externo, caracterizada por presença de esclerose

dentinária.

13 55 Hígido. Nenhuma alteração

radiográfica importante.

Aspecto de esmalte e dentina normais, sem alterações microscópicas.

Superfície do esmalte apresentando irregularidades próprias do

desenvolvimento em forma de depressão. A dentina demonstra padrão

tubular regular.

Achados semelhantes ao encontrados ao MEV.

14 65 Hígido. Nenhuma alteração

radiográfica importante.

Aspecto de esmalte e dentina normais, sem alterações microscópicas.

Superfície do esmalte apresentando irregularidades próprias do

desenvolvimento em forma de depressão. A dentina demonstra padrão

tubular regular.

Achados semelhantes ao encontrados ao MEV.

15 74

Pigmentação com microcavitação.

Discreta imagem radiolúcida

estendendo-se ao nível da JAD.

Presença de desmineralização superficial em esmalte e dentina,

podendo-se observar discretas áreas de esclerose dentinária subjacente

à área da JAD.

Esmalte com lesão de cárie incipiente em fissura,

desmineralizado superficialmente, associado à discreta área

de desmineralização em dentina, com esclerose dentinária.

16 54

Pigmentação sem microcavitação.

Discreta imagem radiolúcida

ultrapassando o limite JAD.

Discreta lesão de cárie em dentina ultrapassando o limite da junção

amelodentinária. Os achados microscópicos, semelhantes aos demais,

surgem com a presença de túbulos dentinários parcialmente ocluídos,

Discreta lesão de cárie em dentina, ao nível da junção

amelodentinária sendo possível visualizar, nesse corte, um

formato cônico da lesão, com vértice voltado para polpa e

base para a superfície. O arranjo tubular com características

de normalidade.

17 64 Hígido. Nenhuma alteração

radiográfica importante.

Aspecto de esmalte e dentina normais, sem alterações microscópicas.

Superfície do esmalte apresentando irregularidades próprias do

desenvolvimento em forma de depressão. A dentina demonstra padrão

tubular regular.

Achados semelhantes ao encontrados ao MEV.

18 84

Pigmentação com microcavitação.

Discreta imagem radiolúcida restrita à

região de esmalte.

Presença de desmineralização superficial em esmalte e dentina,

podendo-se observar discretas áreas de esclerose dentinária subjacente

à área da JAD.

Esmalte com lesão de cárie incipiente em fissura,

desmineralizado superficialmente, associado à discreta área

de desmineralização em dentina, com esclerose dentinária.

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121

19 55

Pigmentação com microcavitação.

Imagem radiolúcida se estendo além

da JAD, alcançando o 1/3 médio da

dentina.

Lesão de cárie em dentina ultrapassando ligeiramente o terço médio,

apresentando limites bem definidos, observando-se perda de estrutura

dentinária, com presença ocasional de uma camada de material amorfo

e túbulos dentinários destruídos, e logo em seguida, uma camada de

dentina reacional, com padrão tubular irregular.

Lesão de cárie em dentina, onde foi possível visualizar a

presença de dentina desmineralizada, esclerose dentinária e,

eventualmente, dentina reacional com túbulos dentinários

distribuídos de modo irregular, ao nível do terço médio.

Contudo, diferentemente das alterações encontradas ao

MEV, a lesão não chegou a ultrapassar esse limite.

20 85 Hígido. Nenhuma alteração

radiográfica importante.

Aspecto de esmalte e dentina normais, sem alterações microscópicas.

Superfície do esmalte apresentando irregularidades próprias do

desenvolvimento em forma de depressão. A dentina demonstra padrão

tubular regular.

Achados semelhantes ao encontrados ao MEV.

21 54

Pigmentação com microcavitação.

Discreta imagem radiolúcida ao nível

de esmalte.

Presença de desmineralização superficial em esmalte e dentina,

podendo-se observar discretas áreas de esclerose dentinária subjacente

à área da JAD.

Esmalte com lesão de cárie incipiente em fissura,

desmineralizado superficialmente, associado à discreta área

de desmineralização em dentina, com esclerose dentinária.

22 65

Pigmentação com microcavitação.

Discreta imagem radiolúcida restrita

ao esmalte.

Presença de desmineralização superficial em esmalte e dentina,

podendo-se observar discretas áreas de esclerose dentinária subjacente

à área da JAD.

Esmalte com lesão de cárie incipiente em fissura,

desmineralizado superficialmente, associado à discreta área

de desmineralização em dentina, com esclerose dentinária.

23 75

Pigmentação com microcavitação.

Imagem radiolúcida não ultrapassando

a JAD.

Presença de desmineralização superficial em esmalte e dentina,

podendo-se observar discretas áreas de esclerose dentinária subjacente

à área da JAD.

Esmalte com lesão de cárie incipiente em fissura,

desmineralizado superficialmente, associado à discreta área

de desmineralização em dentina, com esclerose dentinária.

24 55

Pigmentação com microcavitação.

Discreta imagem radiolúcida

ultrapassando a JAD.

Discreta lesão em dentina, ultrapassando a junção amelodentinária.

Presença de túbulos parcialmente ocluídos e com achados semelhantes

às demais amostras com mesmo nível de lesão de cárie.

Durante o preparo desse espécime, as áreas com presença de

lesão de cárie foram perdidas, fato este que,

consequentemente, impossibilitou avaliá-las.

25 55

Pigmentação sem microcavitação.

Imagem radiolúcida que se estendia

em direção à dentina, ultrapassando a

JAD.

Lesão de cárie em dentina, ultrapassando o limite da junção

amelodentinária, com túbulos dentinários abertos, e ausência de

camada esclerótica. Na área correspondente ao sítio B, observou-se

lesão de cárie ao nível de esmalte, atingindo ligeiramente a junção

amelodentinária. Foi possível visualizar, na área subjacente à lesão,

presença de túbulos dentinários parcialmente obstruídos, já indicando

injúria à dentina, mesmo antes de atingir esse tecido.

Lesão de cárie em dentina incipiente, visualizando-se

presença de discreta esclerose dentinária, com túbulos

mostrando um padrão mais regular.

26 84

Pigmentação com microcavitação.

Imagem radiolúcida em nível

dentinário, ultrapassando o 1/3 médio

da dentina.

Lesão ultrapassando ligeiramente o terço médio da dentina, com

presença de túbulos dentinários destruídos e alguns ocasionalmente

obliterados. Presença de esclerose dentinária.

Extensão de lesão de cárie em dentina ao nível do terço

médio, composta microscopicamente por dentina

desmineralizada, esclerose dentinária. Associada a esta

lesão, mais profundamente, ultrapassando a região de terço

médio dentinário, foi possível observar a existência de

dentina reacional com túbulos dentinários distribuídos de

modo aleatório.

27 65

Pigmentação com microcavitação.

Discreta imagem radiolúcida

restringindo-se ao nível de esmalte.

Presença de desmineralização superficial em esmalte e dentina,

podendo-se observar discretas áreas de esclerose dentinária subjacente

à área da JAD.

Esmalte com lesão de cárie incipiente em fissura,

desmineralizado superficialmente, associado à discreta área

de desmineralização em dentina, com esclerose dentinária.

28 84

Pigmentação com microcavitação.

Imagem radiolúcida restringindo-se ao

esmalte.

Presença de desmineralização superficial em esmalte e dentina,

podendo-se observar discretas áreas de esclerose dentinária subjacente

à área da JAD.

Esmalte com lesão de cárie incipiente em fissura,

desmineralizado superficialmente, associado à discreta área

de desmineralização em dentina, com esclerose dentinária.

Page 125: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Às alunas da Graduação, Juliane de Souza Borges e Adrielle Silva Barreto. Não tenho palavras para descrever a imensa gratidão que

122

29 75 Hígido. Nenhuma alteração

radiográfica importante.

Aspecto de esmalte e dentina normais, sem alterações microscópicas.

Superfície do esmalte apresentando irregularidades próprias do

desenvolvimento em forma de depressão. A dentina demonstra padrão

tubular regular.

Achados semelhantes ao encontrados ao MEV.

30 54 Hígido. Nenhuma alteração

radiográfica importante.

Aspecto de esmalte e dentina normais, sem alterações microscópicas.

Superfície do esmalte apresentando irregularidades próprias do

desenvolvimento em forma de depressão. A dentina demonstra padrão

tubular regular.

Achados semelhantes ao encontrados ao MEV.

31 65

Pigmentação com microcavitação.

Discreta radiolucidez ao nível de

esmalte.

Presença de desmineralização superficial em esmalte e dentina,

podendo-se observar discretas áreas de esclerose dentinária subjacente

à área da JAD.

Esmalte com lesão de cárie incipiente em fissura,

desmineralizado superficialmente, associado à discreta área

de desmineralização em dentina, com esclerose dentinária.

32 75 Hígido. Nenhuma alteração

radiográfica importante.

Aspecto de esmalte e dentina normais, sem alterações microscópicas.

Superfície do esmalte apresentando irregularidades próprias do

desenvolvimento em forma de depressão. A dentina demonstra padrão

tubular regular.

Achados semelhantes ao encontrados ao MEV.

33 54

Pigmentação com microcavitação.

Imagem radiolúcida estendendo-se ao

nível do 1/3 médio da dentina.

Presença de duas áreas com lesões de cárie em níveis distintos. Na

área correspondente ao sítio A, observa-se perda de estrutura em

esmalte estendo-se em direção à junção amelodentinária, resultando

em uma lesão de cárie dentinária incipiente. A lesão apresenta limites

bem definidos, com presença de túbulos dentinários parcialmente

obstruídos. Na área correspondente ao sítio B, pôde-se visualizar lesão

de cárie estendendo-se em direção ao terço médio da dentina, sem,

contudo, ultrapassá-la. A lesão apresentou-se com limites bem

definidos e presença de túbulos dentinários pacial e totalmente

destruídos. Ultrapassando o limite do terço médio da dentina,

constatou-se a presença de cristais no interior dos túbulos, sugerindo

resposta da dentina sadia subjacente à agressão da lesão de cárie.

Durante o preparo desse espécime, as áreas com presença de

lesão de cárie foram perdidas, fato este que,

consequentemente, impossibilitou avaliá-las.

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ANEXOS

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ANEXO A – Protocolo de aprovação do CEP

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