UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL – UNIJUI
CRISTIANO SCHMIDT DELLA FLORA
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE SOLOS ARENOSOS FINOS
LATERÍTICOS DO RIO GRANDE DO SUL PARA EMPREGO EM
PAVIMENTOS ECONÔMICOS
Ijuí
2015
CRISTIANO SCHMIDT DELLA FLORA
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE SOLOS ARENOSOS FINOS
LATERÍTICOS DO RIO GRANDE DO SUL PARA EMPREGO EM
PAVIMENTOS ECONÔMICOS
Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso de
Engenharia Civil apresentado como requisito
parcial para obtenção do título de Engenheiro
Civil.
Orientador: Prof. Me. Carlos Alberto Simões Pires Wayhs
Ijuí
2015
CRISTIANO SCHMIDT DELLA FLORA
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE SOLOS ARENOSOS FINOS
LATERÍTICOS DO RIO GRANDE DO SUL PARA EMPREGO EM
PAVIMENTOS ECONÔMICOS
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de
ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pelo professor orientador e pelo membro da
banca examinadora.
Ijuí, 09 de novembro de 2015
Prof. Carlos Alberto S. P. Wayhs
Mestrado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Orientador
Prof. Lia Geovana Sala
Coordenadora do Curso de Engenharia Civil/UNIJUÍ
BANCA EXAMINADORA
Prof. Carlos Alberto S. P. Wayhs (UNIJUÍ)
Mestrado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Prof. José Antônio S. Echeverria(UNIJUÍ),
Mestrado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Aos meus pais, Santo e Liane, pelo amor,
compreensão, incentivo e exemplo de vida.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Santo e Liane, por serem meu porto seguro, meus maiores motivadores, por
terem me dado todo o suporte e amor necessário, pela compreensão, pela educação, pelo amor que
me deram e pela pessoa que me tornei. Meu amor por vocês é incondicional;
Ao meu irmão, Gaspar, pela amizade e compreensão, confiante em minha capacidade e
presente em todos os momentos;
A minha avó de coração e meus afilhados por fazerem parte da minha vida;
Ao meu orientador, Carlos, pela paciência e auxílio prestado durante o desenvolvimento
deste trabalho, por acreditar na minha capacidade, por ter me apresentado a Geotecnia e pela amizade;
A todos os demais professores, que durante a graduação dividiram seus conhecimentos e
não mediram esforços para ensinar;
Ao professor Cezar, da FURG, pela disponibilização de hotel e do laboratório da
universidade de forma gratuita para a realização dos principais ensaios para este trabalho e
principalmente pelo seu tempo e ajuda sempre que preciso;
Ao Laboratório de Engenharia Civil da FURG em especial aos funcionários Régis e Bruno
pelo auxílio;
Ao Laboratório de Engenharia Civil da UNIJUÍ e principalmente aos funcionários Túlio,
Roberto e Luiz, dispostos a ajudar sempre que preciso;
A todos que me ajudaram a escolher e desenvolver este trabalho. A Cândida, Gracieli e
Tâmela por me incluírem na pesquisa que levou-me a escolher este tema. Ao Lucas, a Mariana, o
Hugo e a Anna pelo auxílio nos ensaios sempre que precisei. Ao Vinícios e ao Rafael pelo auxílio
na logística com o solo Tupã.
Às secretárias do Curso, Cassiana e Rosane, por todas as inúmeras horas de conversa
durante os dias, pelo companheirismo, pelos mates e pela competência.
A todos os colegas, pela compreensão e companheirismo, pelos momentos de distração e
aprendizagem, por estarem ao meu lado quaisquer que fossem as circunstâncias. Aos que
começaram comigo, principalmente a Geannina, o Gilnei, a Jéssica, o Maurício, a Emmanuelle e
o Dirjan. Em especial a Geisiele, que foi a primeira colega que encontrei na faculdade e pela
amizade, mesmo no período que estive fora, estando sempre presente. Aos que conheci devido ao
PET, Cândida, Eduardo, Camila, Gracieli, Caito, Pamela, Pedro, Liliane, Carine, Lucas, entre
tantos outros pelas manhãs no laboratório, almoços, ensaios e festas. Aos que conheci ao longo da
faculdade, em especial a Mariana, o Ricardo, a Gabriela e a Tatiane, pelas noites em claro neste
último semestre e pela amizade;
E por fim a DEUS, pelo dom da vida, por tudo de maravilhoso que aconteceu em minha
vida durante esta faculdade e por me manter sempre forte, guiando meus passos para a
concretização dos meus sonhos e objetivos.
Por fim gostaria de agradecer a todos os meus amigos criados durante esta faculdade,
MUITO OBRIGADO!
Agradeço todas as dificuldades que enfrentei; não fosse por
elas, eu não teria saído do lugar.
Chico Xavier
RESUMO
FLORA, C. S. D. Estudo comparativo entre solos arenosos finos lateríticos do Rio Grande do
Sul para emprego em pavimentos econômicos. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de
Engenharia Civil, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ,
Ijuí, 2015.
O uso de agregados convencionais, tais como brita graduada de rocha sã, em bases e sub-bases de rodovias tem se tornado praticamente inviável para rodovias vicinais. O alto custo de exploração destes materiais, a escassez de recursos públicos, distância de transporte e preocupação com o meio ambiente são fatores limitadores para seu uso. Por outro lado, o crescimento econômico acelerado exige a criação de rodovias vicinais para facilitar o fluxo de cargas e a comunicação entre as regiões. Soluções economicamente viáveis que divirjam da prática atual e mantenham a trafegabilidade nestas regiões são necessárias e deverão ser utilizadas cada vez mais pelas instituições responsáveis. O presente trabalho de conclusão de curso tem como objetivo comparar, caracterizar e avaliar a utilização de solos arenosos finos lateríticos do Rio Grande do Sul para utilização em bases e sub-bases de pavimentos econômicos. Contudo, as classificações de solos tradicionais definem os solos tropicais na maioria das vezes como materiais inadequados para uso em camadas de pavimento, fato que levou os pesquisadores Douglas Fadul Villibor e Job Shuji Nogami a desenvolver uma classificação mais adequada para estes solos, com enfoque na pavimentação, surgindo assim a Metodologia e Classificação MCT. Logo, esta pesquisa baseou-se predominantemente nesta metodologia para avaliar a viabilidade deste trabalho. Para a realização desta pesquisa foram ensaiados solos de três locais diferentes do estado do Rio Grande do Sul, tanto pela metodologia tradicional quanto pela metodologia MCT. A partir disso concluiu-se que todos os solos utilizados eram lateríticos, porém o solo Cipó não atendia os requisitos para utilização de forma natural. Dentre os outros dois solos, a amostra de Jóia não atendeu o quesito de Infiltrabilidade e a amostra de Tupã foi aprovada.
Palavras-chave: Pavimentação. Materiais Alternativos. Rodovias Vicinais.
ABSTRACT
FLORA, C. S. D. Comparative study of lateritic fine sandy soil from Rio Grande do Sul for
use in economic pavements. 2015. Final Paper. Civil Engineering Course, Universidade Regional
do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí, 2015.
The use of conventional aggregates such as graded crushed stone of bed rock, in bases and sub-bases of roads has become virtually unviable to be used in feeder roads. The high cost of exploration of these materials, the lack of public resources, the distance of transportation and the concern for the environment are limiting factors for its use. On the other hand, the rapid economic growth requires the creation of feeder roads to facilitate the flow of cargo and communication between regions. Economically feasible solutions that differ from current practice and maintain traffic flow in these regions are necessary and should be increasingly used by responsible institutions. This final paper aims to compare, characterize and evaluate the use of lateritic fine sandy soil from Rio Grande do Sul for use in bases and sub-bases of economic pavements. However, traditional soil classifications define tropical soils mostly as inadequate materials for use in paving layers, a fact that led the researchers Douglas Fadul Villibor and Job Shuji Nogami to develop a more appropriate classification for these soils, focusing on paving, thus resulting in the MCT Methodology and Classification. Therefore, this study is be based predominantly on this methodology to assess feasibility of this work. For this research were tested soils from three different locations in the Rio Grande do Sul state, both by traditional methodology as well as the MCT methodology. From this it is concluded that all soils used were lateritic, but Cipó soil did not meet the requirements for use in a natural way. Among the other two soils, the Jóia sample did not meet the requisite of infiltration rate and the Tupã sample was approved.
Keywords: Paving. Alternative Materials. Feeder Roads.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Seção transversal típica de um pavimento rodoviário com base SAFL ............. 21
Figura 2: Sistema unificado de classificação de solos ....................................................... 24
Figura 3: Gráfico da plasticidade ...................................................................................... 24
Figura 4: Classificação dos solos HRB ............................................................................. 25
Figura 5: Ábaco para classificação MCT .......................................................................... 27
Figura 6: MCT - Método da pastilha ................................................................................. 29
Figura 7: Localização dos materiais alternativos do RS.................................................... 31
Figura 8: Faixa Granulométrica Recomendada para Bases de SAFL ............................... 33
Figura 9: Hierarquização dos SAFL com base na classificação MCT .............................. 34
Figura 10: Delineamento de pesquisa ................................................................................ 37
Figura 11: Cidades de coleta dos solos .............................................................................. 38
Figura 12: Coleta da amostra Cipó .................................................................................... 39
Figura 13: Coleta da amostra Jóia ..................................................................................... 40
Figura 14: Coleta da amostra Tupã ................................................................................... 41
Figura 15: Preparo de amostras ......................................................................................... 43
Figura 16: Ensaio de granulometria por sedimentação ..................................................... 43
Figura 17: Ensaio de compactação .................................................................................... 45
Figura 18: Ensaio de CBR ................................................................................................. 46
Figura 19: Ensaio de compactação mini-Proctor ............................................................... 48
Figura 20: Rompimento do mini-CBR .............................................................................. 50
Figura 21: Ensaio de contração ......................................................................................... 52
Figura 22: Ensaio de perda de massa por imersão............................................................. 54
Figura 23: Classificação expedita das amostras ................................................................ 55
Figura 24: Curva granulométrica por sedimentação e peneiramento das amostras .......... 56
Figura 25: Faixa Granulométrica Recomendada para Bases de SAFL ............................. 57
Figura 26: Curvas de compactação das amostras .............................................................. 60
Figura 27: Curva de compactação mini Proctor intermediária .......................................... 62
Figura 28: Curvas de variação dos Mini-CBR .................................................................. 63
Figura 29: Ensaio de contração das amostras .................................................................... 64
Figura 30: Exemplo de curvas de compactação ................................................................ 65
Figura 31: Exemplo de curva Mini-MCV ......................................................................... 66
Figura 32: Exemplo de curva Mini-MCV x Pi .................................................................. 67
Figura 33: Classificação MCT e hierarquização das amostras .......................................... 68
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Comparação de preços, por m², de diferentes tipos de bases ............................ 22
Tabela 2: Valores Recomendados para Bases de SAFL.................................................... 33
Tabela 3: Granulometria com defloculante em percentagem das amostras ...................... 57
Tabela 4: Limites de Atterberg das amostras .................................................................... 58
Tabela 5: Classificação SUCS e HRB das amostras ......................................................... 59
Tabela 6: Resultados do ensaio de Proctor ........................................................................ 60
Tabela 7: CBR das amostras .............................................................................................. 61
Tabela 8: Mini Proctor Intermediário das amostras .......................................................... 62
Tabela 9: Mini-CBR e expansão das amostras .................................................................. 63
Tabela 10: Valores de contração ....................................................................................... 64
Tabela 11: Coeficientes e Classificação MCT .................................................................. 67
Tabela 12: Compilação de critérios de aceitação .............................................................. 69
LISTA DE SIGLAS
AASHTO American Association of State Highway Transportation Officials
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
CBR California Bearing Ratio
DAER Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem
DER Departamento de Estradas e Rodagens
DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
FURG Fundação Universidade Federal do Rio Grande
Ho Umidade ótima do ensaio de compactação na metodologia MCT
HRB Highway Research Board
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IP Índice de Plasticidade
ISC Índice de Suporte Califórnia
LA Areia laterítica
LA’ Solo arenoso laterítico
LEC Laboratório de Engenharia Civil
LG’ Solo argiloso laterítico
LL Limite de Liquidez
LP Limite de Plasticidade
MCT Miniatura, Compactado, Tropical
MCV Moisture Condition Value
MEAS Massa Específica Aparente Seca
NA Areia não laterítica
NA’ Solo arenoso não laterítico
NG’ Solo argiloso não laterítico
NS’ Solo siltoso não laterítico
PET Programa de Educação Tutorial
PSI Perda de Suporte de Imersão
RIS Índice ou relação RIS
RS Rio Grande do Sul
SAFL Solo Arenoso Fino Laterítico
SUCS Sistema Unificado de Classificação de Solos
SP São Paulo
TRB Transportation Research Board
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 16
1.1 CONTEXTO ..................................................................................................... 16
1.2 PROBLEMA ..................................................................................................... 17
1.2.1 Questões de Pesquisa ....................................................................................... 18
1.2.2 Objetivos de Pesquisa ..................................................................................... 18
1.2.3 Descrição do trabalho ..................................................................................... 18
2 REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................... 20
2.1 PAVIMENTOS ECONÔMICOS ...................................................................... 20
2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS ..................................................................... 22
2.2.1 Sistema Unificado de Classificação de Solo (SUCS) .................................... 23
2.2.2 Sistema Rodoviário de Classificação - HRB/AASHTO ............................... 25
2.2.3 Classificação MCT .......................................................................................... 26
2.3 SOLOS ARENOSOS FINOS LATERÍTICOS (safl) ....................................... 30
2.3.1 Ocorrência dos SAFL no estado do Rio Grande do Sul .............................. 30
2.3.2 Bases e sub-bases de SAFL ............................................................................. 32
2.3.3 Especificações dos SAFL para Bases de Pavimentos ................................... 32
2.3.4 Peculiaridades sobre o comportamento de pavimentos com bases SAFL . 34
3 MÉTODO DE PESQUISA ............................................................................. 36
3.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA ........................................................................ 36
3.2 DELINEAMENTO ........................................................................................... 36
3.3 ESCOLHA DAS JAZIDAS E MATERIAIS .................................................... 37
3.3.1 Solo Capão do Cipó ......................................................................................... 39
3.3.2 Solo Jóia ........................................................................................................... 40
3.3.3 Solo Tupã ......................................................................................................... 41
3.4 SEQUÊNCIA EXECUTIVA E ENSAIOS LABORATORIAIS ...................... 42
3.4.1 Ensaios tradicionais ........................................................................................ 42
3.4.1.1 Preparação das amostras ................................................................................. 42
3.4.1.2 Análise Granulométrica das Amostras ............................................................. 43
3.4.1.3 Consistência do solo – Limites de Atterberg ..................................................... 44
3.4.1.4 Compactação do solo ........................................................................................ 44
3.4.1.5 Índice de Suporte Califórnia (ISC) ................................................................... 45
3.4.2 Metodologia MCT ........................................................................................... 47
3.4.2.1 Ensaio de Compactação Mini-Proctor (M1) .................................................... 48
3.4.2.2 Ensaio Mini-CBR e Expansão (M2) .................................................................. 49
3.4.2.3 Ensaio de Contração (M3) ................................................................................ 51
3.4.2.4 Ensaios de Infiltrabilidade e Permeabilidade (M4) .......................................... 52
3.4.2.5 Ensaio de Compactação Mini-MCV (M5) ........................................................ 53
3.4.2.6 Ensaio de Perda de Massa por Imersão (M8) .................................................. 53
3.4.2.7 Classificação Geotécnica MCT (M9) ................................................................ 54
4 RESULTADOS ................................................................................................ 55
4.1 MÉTODO DAS PASTILHAS .......................................................................... 55
4.2 CARACTERIZAÇÃO PELA GEOTÉCNICA TRADICIONAL .................... 56
4.2.1 Granulometria ................................................................................................. 56
4.2.2 Limites de Atterberg ....................................................................................... 58
4.2.3 Classificação Tradicional ................................................................................ 58
4.2.4 Compactação dos solos ................................................................................... 59
4.2.5 Índice de Suporte Califórnia (ISC) ................................................................ 61
4.3 CARACTERIZAÇÃO PELA METODOLOGIA MCT ................................... 61
4.3.1 Compactação Mini-Proctor (M1) .................................................................. 61
4.3.2 Mini-CBR e Expansão (M2) ........................................................................... 62
4.3.3 Contração (M3) ............................................................................................... 64
4.3.4 Compactação Mini-MCV (M5) ...................................................................... 65
4.3.5 Perda de massa por imersão (M8) ................................................................. 66
4.3.6 Classificação Geotécnica MCT (M9) ............................................................. 67
4.4 COMPILAÇÃO FINAL DOS CRITÉRIOS DE ACEITAÇÃO ...................... 68
5 CONCLUSÕES ............................................................................................... 70
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 72
16
_____________________________________________________________________________________________Cristiano Schmidt Della Flora (cristiano.sc[email protected]). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEEng/UNIJUÍ, 2015
1 INTRODUÇÃO
Este projeto tem como tema a utilização de materiais alternativos locais para a confecção
de pavimentos econômicos. Nele foi realizado um comparativo entre três amostras de diferentes
locais de solos arenosos lateríticos finos do Estado do Rio Grande do Sul e uma análise de possíveis
utilizações suas em bases e sub-bases de pavimentos econômicos de acordo com os resultados dos
ensaios realizados.
1.1 CONTEXTO
Foi proposto em meados de 2012 o projeto de pesquisa denominado “Estudo de Solo
Argiloso Laterítico para Uso em Pavimentos Econômicos” vinculado ao Grupo de Pesquisa
institucional da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ:
“Pesquisa em Novos Materiais e Tecnologias para Construção”. Como bolsista PET na época, o
autor ingressou no projeto e desenvolveu grande interesse pela área de Geotecnia. Ainda como
parte desta pesquisa, em 2012, um artigo apresentado pelo autor no Salão de Iniciação Científica
da UNIJUÍ foi premiado como destaque da área das Engenharias. Devido a isto e por motivos
práticos, como estradas vicinais que precisam ser pavimentadas na região onde mora, o autor optou
por este tema, sendo o mesmo relacionado ao projeto de pesquisa acima citado.
A utilização de solos na engenharia é uma técnica já conhecida, e seus estudos tecnológicos
são frequentemente tema de muitas pesquisas. Por ser um material facilmente encontrado,
abundante em todas as regiões e com menor valor de aquisição, é de grande importância o
conhecimento de suas propriedades para o seu melhor aproveitamento.
Dados atualizados do Sistema Nacional de Viação indicam que 78,6 % do total da malha
rodoviária brasileira são compostos de rodovias não pavimentadas, sendo 91,26% de jurisdição
municipal. O Rio Grande do Sul tem apenas 7,25% de sua malha pavimentada, correspondendo a
11.377,1 km, e 97,76% da porção não pavimentada é de jurisdição municipal. (DNIT, 2014)
A razão para estes índices está diretamente relacionada aos altos custos de materiais
convencionalmente empregados na pavimentação e na escassez de recursos públicos. Sabe-se que
a maioria absoluta das vias não pavimentadas do estado são municipais muitas vezes nomeadas de
17
______________________________________________________________________________Estudo Comparativo entre Solos Arenosos Finos Lateríticos do Rio Grande do Sul para Emprego em Pavimentos
Econômicos
estradas vicinais. Segundo DER/SP (2012) “as vicinais, são em geral estradas municipais,
pavimentadas ou não, de uma só pista, locais, e de padrão técnico modesto, compatível com o
tráfego que as utiliza. Estabelece-se que as vicinais pavimentadas são denominadas rodovias
vicinais e as não pavimentadas estradas vicinais”.
As vicinais são mais tolerantes as especificações de seus materiais constituintes, por serem
destinadas ao tráfego leve. Portanto, aumenta-se o interesse e a necessidade da busca de materiais
alternativos, visando-se a viabilização da pavimentação econômica e o progresso, contribuindo
para o crescimento das economias locais e diminuindo os danos ao meio ambiente. A utilização de
materiais locais na pavimentação gera uma enorme redução nos custos das obras, tornando mais
viável a execução de pavimentos por prefeituras, mesmo com os baixos orçamentos.
Logo, uma das formas de viabilizar economicamente a construção de rodovias é a utilização
de materiais locais, alternativos aos materiais tradicionais. Oliveira (2001, apud WAYHS, 2004, p.
4) relata a utilização de materiais alternativos ou com potencialidade de uso no estado do Rio
Grande do Sul como plintossolo, saibros de granito/gnaisse, basaltos alterados, lateritas e solos
arenosos finos lateríticos (SAFL).
1.2 PROBLEMA
A ocorrência de solos arenosos finos lateríticos que podem ser empregados em bases de
pavimentos perfaz cerca de 57% da área do estado de São Paulo. Outras ocorrências significativas
são registradas nos estados do Paraná, Goiás, Mato Grosso, Bahia e Minas Gerais. Segundo dados
de Villibor et al. (2000), até o ano de 2000 mais de 8.000 km de estradas utilizando bases de SAFL
já haviam sido executadas, sendo 5.500 km no estado de São Paulo. Alguns destes pavimentos
apresentam-se em boas condições após mais de 25 anos de serviço. Em termos de vias urbanas já
foram construídos mais de 10 milhões de metros quadrados de bases em SAFL em todo o território
nacional.
Contudo, quando se trata do Rio Grande do Sul, dados e estudos referentes ao tema são
escassos. Porém, pesquisas em levantamentos geológicos e pedológicos têm revelado a
possibilidade de novas ocorrências de SAFL, até mesmo no Rio Grande do Sul. Passos, Davidson
Dias e Ceratti (1991 apud FELTEN, 2005, p. 31) estudaram a ocorrência de solos arenosos finos
18
_____________________________________________________________________________________________Cristiano Schmidt Della Flora (cristiano.sc[email protected]). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEEng/UNIJUÍ, 2015
no Rio Grande do Sul, com destaque à Latossolos Vermelho-Escuros, ocorrentes no Planalto Médio
e associados à presença da Formação Tupanciretã.
1.2.1 Questões de Pesquisa
� Quais solos são apropriadas para a utilização em bases e sub-bases de pavimentos?
� As amostras estudadas podem ser utilizadas com sucesso em base e sub-base de
pavimentos econômicos?
1.2.2 Objetivos de Pesquisa
Este projeto tem como objetivo geral comparar, caracterizar e avaliar o potencial de solos
arenosos finos lateríticos encontrados no Estado do Rio Grande do Sul para construção de bases e
sub-bases de pavimentos econômicos destinados a baixo volume de tráfego. Os objetivos
específicos são:
� Identificar jazidas de solos arenosos finos com presumível comportamento
laterítico;
� Realizar ensaios tradicionais de caracterização e compactação;
� Caracterizar os solos destas jazidas pela Metodologia MCT;
� Avaliar o solo SAFL de melhor desempenho para emprego em bases e sub-bases na
pavimentação aplicando critérios estabelecidos com base na Metodologia MCT para
seleção de solos arenosos finos lateríticos.
1.2.3 Descrição do trabalho
Este trabalho está dividido em cinco capítulos:
O capítulo 1, Introdução, faz considerações sobre a importância do trabalho, seus objetivos
e sua estrutura.
O capítulo 2, Revisão da Literatura, aborda os diversos assuntos envolvidos na utilização
de SAFL em vicinais. Os assuntos revisados são: pavimentos econômicos, classificação dos solos
e solos arenosos finos lateríticos.
19
______________________________________________________________________________Estudo Comparativo entre Solos Arenosos Finos Lateríticos do Rio Grande do Sul para Emprego em Pavimentos
Econômicos
O capítulo 3, Método de Pesquisa, descreve a estratégia de pesquisa, o seu delineamento, a
forma de escolha das jazidas e amostras e os ensaios a serem realizados, sendo estes divididos entre
a metodologia tradicional e a metodologia MCT.
O capítulo 4, Resultados, apresenta os resultados de todos os ensaios realizados, das
metodologias tradicional e MCT, contendo análises sobre os mesmos e classificação das amostras.
O capítulo 5, Conclusão, sintetiza os resultados, fazendo o fechamento de ideias, e faz
sugestões para trabalhos futuros.
20
_____________________________________________________________________________________________Cristiano Schmidt Della Flora (cristiano.sc[email protected]). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEEng/UNIJUÍ, 2015
2 REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo será feita a revisão bibliográfica de temas pertinentes ao assunto, como
forma de introduzir os conceitos que já foram e serão posteriormente abordados. Os tópicos
abordados serão pavimentos econômicos, solos arenosos finos lateríticos e classificação dos solos.
A classificação foi avaliada comparando a tradicional e a metodologia MCT, que é assunto chave
deste projeto.
2.1 PAVIMENTOS ECONÔMICOS
Segundo Bernucci et al. (2006), pavimentos são um sistema de sobreposição de camada
sobre uma fundação chamada de subleito, em que seu comportamento estrutural depende da
espessura de cada uma das camadas.
De forma geral os pavimentos podem ser classificados em: rígidos e flexíveis. De acordo
com Senço (19--?), os rígidos são pouco deformáveis, constituído principalmente de concreto. Já
os pavimentos flexíveis são aqueles em que as deformações, até certo limite, não levam ao
rompimento.
O DAER/RS (apud JOHNSTON, 2010, p. 73) considera pavimento de baixo custo quando,
são utilizados materiais cujos custos de execução são substancialmente menores que os
convencionais por m3 depois de acabado.
De acordo com Villibor e Nogami (2001) pavimentos ditos de “baixo custo” são
caracterizados por:
� Utilizar bases compostas por solos, que tem custos de execução substancialmente
menores que as convencionais, como por exemplo: brita graduada, macadame
hidráulico, solo cimento, etc;
� Utilizar revestimento betuminoso tipo tratamento superficial, com espessura de não
mais que de 3 cm, geralmente, da ordem de 1,5 cm;
� Considerar o trânsito no máximo do tipo médio, com Nt<106 solicitações.
A Figura 1 ilustra uma seção transversal de um pavimento de baixo custo.
21
______________________________________________________________________________Estudo Comparativo entre Solos Arenosos Finos Lateríticos do Rio Grande do Sul para Emprego em Pavimentos
Econômicos
Figura 1: Seção transversal típica de um pavimento rodoviário com base SAFL
Fonte: Villibor e Nogami (2001, p. 857)
Senço (19--?) distingue as seguintes camadas em um pavimento rodoviário:
� Subleito: é o terreno de fundação do pavimento. Comumente, isto é a estrada já em
tráfego há algum tempo, e a qual se pretende pavimentar, apresenta-se como
superfície irregular, exigindo a regularização;
� Regularização: é a camada de espessura irregular, construída sobre o subleito e
destinada a conformá-lo, transversal e longitudinalmente, com o projeto;
� Reforço de subleito: é uma camada com espessura constante, constituída, se
necessário, acima da regularização, com características técnicas inferiores aos
usados na camada que lhe for superior, porém superiores ao material do subleito;
� Sub-base: é a camada complementar a base, quando, por circunstâncias tecno-
econômicas, não for mais aconselhável construir a base diretamente sobre a
regularização ou reforço do subleito;
� Base: é a camada destinada a receber ou distribuir esforços oriundos do tráfego,
sobre a qual se constrói o revestimento;
� Revestimento (capa de rolamento): é a camada, tanto quanto possível impermeável,
que recebe diretamente a ação do tráfego, e destinada a melhorar a superfície de
rolamento quanto as condições de conforto e segurança, além de resistir ao desgaste
(durabilidade).
22
_____________________________________________________________________________________________Cristiano Schmidt Della Flora (cristiano.sc[email protected]). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEEng/UNIJUÍ, 2015
Villibor e Nogami (2009) citam como tipos de bases de baixo custo utilizados para
pavimentos econômicos, os seguintes:
� Bases de SAFL (Solos Arenosos Finos Lateríticos), material de ocorrência natural;
� Bases de Solo Laterítico-Agregado: ALA (Argila Laterítica – Areia) e SLAD (Solo
Laterítico – Agregado Descontinuo).
Villibor e Nogami (2009) ainda apresentam uma comparação de custos entre a execução de
pavimentos econômicos e pavimentos que usam bases tradicionais. Na Tabela 1 apresentam-se
comparações de preços utilizando como referência o pavimento de SAFL, onde percebe-se que o
preço total da base de brita graduada representa um valor cerca de 90 % mais oneroso do que o
preço total da base de SAFL.
Tabela 1: Comparação de preços, por m², de diferentes tipos de bases
Fonte: Villibor e Nogami (2009, p. 202)
“O emprego de materiais regionais, mais econômicos, podem tornar possível a
pavimentação de muitas destas rodovias, proporcionando a evolução econômica e integração a
muitas áreas rurais hoje necessitadas de desenvolvimento” (OLIVEIRA, 2000?, p. 2).
2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS
Segundo Pinto (2000), a diversidade e a enorme diferença de comportamento apresentada
pelos diversos solos perante as solicitações de interesse da engenharia levaram ao seu natural
agrupamento em conjuntos distintos, aos quais podem ser atribuídas algumas propriedades. Os
sistemas de classificação surgiram desta tendência racional de organização da experiência
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acumulada. Um dos principais motivos da classificação, sob o ponto de vista de engenharia, é o de
poder estimar o provável comportamento do solo ou, pelo menos o de orientar o programa de
investigação necessário para permitir a análise adequada de um problema.
Balbo (2007) caracteriza uma classificação ideal de solos como aquela que busca relacionar
o potencial de um solo quanto a uma dada aplicação em camada de pavimento. Isto depende não
somente de testes de suas propriedades físicas, mas também de correlações com o comportamento
observado em obras quando empregado.
Dentre as classificações tradicionais estão: Sistema Unificado de Classificação de Solos –
SUCS e o Sistema Rodoviário de Classificação - HRB/AASHTO. Além destas, será dado ênfase
para a Classificação MCT, que é a grande chave para a realização deste projeto.
2.2.1 Sistema Unificado de Classificação de Solo (SUCS)
De acordo com DNIT (2006) o SUCS é resultante de um trabalho conjunto do Bureau of
Reclamation e do Corps of Engineers, assistido pelo professor Arthur Casagrande, da Universidade
de Harvard, sendo publicado, em 1953, pelo Waterways Experiment Station como aperfeiçoamento
e ampliação do sistema elaborado por Casagrande para aeroportos em 1943. O SUCS baseia-se na
identificação dos solos de acordo com as suas qualidades de textura e plasticidade, agrupando-lhes
de acordo com seu comportamento quando usados em estradas, aeroportos, aterros e fundações.
Segundo DNIT (2006) as principais divisões são: solos de granulação grossa (mais de 50%
em peso retido na peneira nº 200), solos de granulação fina (mais de 50% em peso passando na
peneira nº 200) e solos altamente orgânicos. Neste sistema, consideram-se as seguintes
características dos solos:
• Percentagens de pedregulhos, areia e finos (fração passante na peneira nº 200: silte e argila);
• Forma da curva granulométrica;
• Plasticidade e Compressibilidade.
Na Figura 2 está representado o SUCS e como classifica-lo(DNIT, 2006). Já na Figura 3 abaixo,
é um diagrama cartesiano com limite de liquidez (LL) na abcissa e o índice de plasticidade (IP) na
ordenada.
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Figura 2: Sistema unificado de classificação de solos
Fonte: DNIT (2006, p. 59)
Figura 3: Gráfico da plasticidade
Fonte: DNIT (2006, p. 60)
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2.2.2 Sistema Rodoviário de Classificação - HRB/AASHTO
De acordo com DNIT (2006), os solos, nesta classificação, são reunidos em grupos e
subgrupos, em função da granulometria, limites de consistência e do índice de grupo. Na Figura 4
mostra-se o quadro de classificação dos solos, segundo o Sistema Rodoviário. Determina-se o
grupo do solo, por processo de eliminação da esquerda para a direita, no quadro de classificação.
Será a classificação correta o primeiro grupo a partir da esquerda, com o qual os valores do solo
ensaiado coincidir.
Figura 4: Classificação dos solos HRB
Fonte: DNIT (2006, p. 56)
DNIT (2006) descreve o Highway Reasearch Board (HRB) como um sistema de
classificação de solos bastante utilizado em pavimentação. Foi aprovado em 1945 e constitui um
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aperfeiçoamento do antigo sistema da Public Roads Administration, proposto em 1929. Neste
sistema, denominado HRB, consideram-se a granulometria, o limite de liquidez, o índice de
liquidez e o índice de grupo. Este sistema de classificação liga-se intimamente ao método de
dimensionamento de pavimentos pelo índice de grupo. Atualmente denomina-se Transportation
Reasearch Board (TRB).
2.2.3 Classificação MCT
Com o desenvolvimento dos países de clima tropical e obras geotécnicas de porte, como
estradas, barragens, aterros etc., observou-se uma incongruência entre as propriedades esperadas
dos solos finos e as que realmente exibiam. A prática da engenharia mostrou que as técnicas
tradicionais de classificação e hierarquização aplicadas aos solos tropicais lateríticos e saprolíticos
eram ineficientes e inadequadas, pois não inferiam corretamente as propriedades mecânicas. Os
professores Nogami e Villibor, engenheiros do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado
de São Paulo e professores da Universidade de São Paulo, publicaram em 1981 uma classificação
de solos aplicável a solos tropicais para obras viárias. A classificação tem como finalidade principal
separar solos de comportamento laterítico (L) daqueles de comportamento não-laterítico (N), uma
vez que os lateríticos exibem propriedades peculiares como elevada resistência, baixa
expansibilidade apesar de serem plásticos, e baixa deformabilidade. A classificação é conhecida
por MCT (Miniatura Compactada Tropical) e foi concebida para solos que passam integralmente
ou em grande porcentagem na peneira nº 10 (2,00mm) (BERNUCCI et al., 2006).
De acordo com DNIT (2006), a execução da classificação MCT é baseada, em resumo, no
seguinte procedimento:
a) Compactação de cerca de 200 g de solo com diferentes umidades, em molde de diâmetro
cilíndrico de 50 mm, para determinação de curvas de compactação (gd x h) em diferentes
energias, ou número de golpes aplicados por soquete padronizado e curvas correlacionando
a redução de altura do corpo-de-prova (Δh) em função do número de golpes aplicados;
b) Perda de massa por imersão (Pi) dada pela relação percentual entre as massas seca e úmida
da parte primitivamente saliente de cerca de 1,0cm desprendida por imersão do molde de
compactação. Os resultados obtidos são associáveis ao valor mini-MCV definido pela
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expressão: MINI - MCV = 10 log N, em que N é o número de golpes a partir do qual o solo
compactado não sofre redução sensível de altura (Δh ≤ 1 mm).
c) Conforme Figura 5, determinam-se os parâmetros classificatórios c', d', Pi e e', onde: c' é a
inclinação da reta que passa pelo ponto de mini-MCV = 10, interpolada entre os trechos
retos das curvas mais próximas; d' é a inclinação, multiplicada por 100, do ramo seco da
curva de compactação correspondente a 10 golpes; Pi é determinado para o mini-MCV =
10 e na curva que relaciona as perdas por imersão dos corpos-de-prova ensaiados e os mini-
MCVs correspondentes, para ΔH = 2 mm;
d) Com os valores de e' e c', o solo é classificado em subclasses (Figura 5);
Figura 5: Ábaco para classificação MCT
Fonte: Modificado de DNIT (2006)
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A parte superior da Figura 5 mostra a classificação de solos tropicais MCT e seus 7 grupos,
sendo três de comportamento laterítico L e quatro de comportamento não-laterítico N, separados
por uma linha tracejada.
Nogami e Villibor (1995) classificam os grupos da seguinte forma:
� GRUPO NA - Composto por areias, siltes e misturas de siltes e areias, onde os grãos
são constituídos essencialmente de quartzo e/ou mica (sericita principalmente).
Praticamente não possuem finos argilosos coesivos e siltes caoliníticos;
� GRUPO NA’ - Granulometricamente, os solos desse grupo são misturas de areias
quartzosas (ou de minerais de propriedades similares) com finos passando na
peneira de 0,075 mm, de comportamento não laterítico;
� GRUPO NS’ - Compreende, principalmente, os solos saprolíticos silto-arenosos
peculiares, resultantes do intemperismo tropical nas rochas eruptivas e
metamórficas, de constituição predominantemente feldspática-micácea-quartzosa;
� GRUPO NG’ - Composto por saprolíticos argilosos, que derivam de rochas
sedimentares argilosas (folhelos, argilitos, siltitos) ou cristalinas, pobres em quartzo
e ricas em anfibólios, piroxênios e feldspatos cálcicos. São classificados neste grupo
os solos superficiais pedogenéticos não lateríticos, como os vertissolos, bem como,
muitos solos transportados;
� GRUPO LA – Se incluem neste grupo areias com poucos finos de comportamento
laterítico, típicas do horizonte B dos solos conhecidos pedologicamente como areias
quartzosas e regossolos;
� GRUPO LA’ - Os solos deste grupo são tipicamente arenosos e constituintes do
horizonte B dos solos conhecidos pedologicamente no Brasil por latossolos
arenosos e solos podzólicos ou podzoliados arenosos (textura média, de acordo com
terminologia adotada nos mapeamentos pedológicos);
� GRUPO LG’ - Os integrantes mais frequentes deste grupo têm sido as argilas e as
argilas arenosas, que compõem o horizonte B dos solos conhecidos
pedologicamente por latossolos, solos podzólicos e terras roxas estruturadas.
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Segundo DER/SP (2012), outra forma de classificar os solos de comportamento laterítico é
por meio do método das pastilhas, que utiliza equipamento simples, e a determinação dos
parâmetros de forma expedita: contração do material e penetração da agulha na amostra a ser
ensaiada.
De acordo com Villibor e Nogami (2009), as pastilhas são inicialmente moldadas em estado
de pasta (solo passante na peneira 0,42 mm), em anéis de 5mm de altura e 20 mm de diâmetro
interno. Esses corpos de prova são submetidos à secagem à baixa temperatura, após a qual a
contração diametral é medida. Essa contração correlaciona-se, de forma rezoável, com o
coeficiente c’ (eixo x do gráfico classificatório). Em seguida, as pastilhas são submetidas à
embebição de água, por capilaridade. Após a embebição, é determinada a consistência das pastilhas
com o uso de um mini-penetrômetro padronizado. O valor da consistência obtida após embebição
se correlaciona, razoavelmente, com o coeficiente e’, possibilitando classificar a amostra ensaiada.
A classificação MCT expedita é obtida por meio da plotagem desses parâmetros no gráfico da
classificação apresentado na Figura 6.
Figura 6: MCT - Método da pastilha
Fonte: DER-SP (2012)
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2.3 SOLOS ARENOSOS FINOS LATERÍTICOS (SAFL)
Os SAFL são solos caracterizados por possuir uma série de propriedades que os classificam
segundo a classificação MCT, como solo de “comportamento geotécnico laterítico” (OLIVEIRA,
2000?).
De forma geral, DNIT (2006, p. 24) conceitua:
Solo laterítico é um solo que ocorre comumente sob a forma de crostas contínuas, como concreções pisolíticas isoladas ou, ainda, na forma de solos de textura fina mas pouco ou nada ativos. Suas cores variam do amarelo ao vermelho mais ou menos escuro e mesmo ao negro. Diversas designações locais existem para os solos ou cascalhos lateríticos, tais como: piçarra, recife, tapiocanga e mocororó.
Bernucci et al. (2006) descrevem SAFL como sendo uma mistura de argila e areia
encontrada na natureza ou de formal artificial composta por mistura de areia de campo ou rio com
argila laterítica. Seu emprego começou a ser difundido a partir da década de 1970, chegando hoje,
somente no estado de São Paulo, a mais de 8.000km de rodovias de baixo volume de tráfego com
a utilização desse material como base. Como reforço do subleito ou como sub-base, pode ser usado
em pavimentos para tráfegos médios ou pesados. Villibor e Nogami (2009) conceituam,
tecnologicamente, como SAFL aquele que:
� Possui menos de 10 % de fração retida na peneira de 2,00 mm (nº 10);
� Possui mais de 50 % de fração retida na peneira de 0,075 mm (nº200);
� Essas frações devem ser constituídas, predominantemente, de grãos de quartzo;
� Pertence à classe de solos de comportamento laterítico e a um dos grupos LA, LA’
ou LG’, da Classificação Geotécnica MCT (conforme ensaio M9 da Metodologia).
De acordo com Bernucci (1995, apud BERNUCCI et al., 2006, p. 360) pesquisas têm
mostrado que esse material pode apresentar módulos de resiliência de cerca de 100MPa a 500MPa
(1.000 a 5.000kgf/cm2), ou mesmo superiores, dependendo do tipo de solo laterítico, sendo que os
mais argilosos tendem a mostrar módulos menores que os mais arenosos.
2.3.1 Ocorrência dos SAFL no estado do Rio Grande do Sul
“Os solos arenosos finos lateríticos tem uma considerável área de ocorrência no RS,
abrangendo unidades pedogenéticas como Latossolos e Podzólicos, sobretudo os vermelho
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escuros, cuja ocorrência está localizada na Região do Planalto, sobre as formações Serra Geral e
Tupanciretã [...]” (OLIVEIRA, 2000?, p. 8).
Figura 7: Localização dos materiais alternativos do RS
Fonte: Oliveira (2001, apud JOHNSTON, 2010, p. 44)
Na Figura 7 está ilustrado um mapa do Rio Grande do Sul elaborado pelo DAER/RS,
contendoa localização de materiais alternativos. É possível identificar a área de ocorrência do
SAFL, estando contidos, inteira ou parcialmente, os municípios de Santiago, Jóia, Tupanciretã,
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Capão do Cipó, Júlio de Castilhos, Cruz Alta, Panambi, Santa Bárbara do Sul, Palmeira das
Missões, etc.
2.3.2 Bases e sub-bases de SAFL
Segundo Senço (2001) trata-se de base ou sub-base executada com a utilização de material
que, de acordo com a metodologia MCT, recebeu o nome de Solo Arenoso Fino Laterítico, o que
já define suas características arenosas, de graduação fina e laterizado. Para seu enquadramento nas
normas que orientam a execução desse tipo de base e sub-base, é preciso que o solo atenda aos
requisitos da classificação, contendo mais de 50% de material retido na peneira nº 200 (0,074 mm),
sendo essa fração constituída de areia de grãos de quartzo. No estado de São Paulo, este tipo de
trabalho tem importância especial, pois mais de 5.000 km de estradas vicinais que já foram
pavimentadas no estado tiveram como base, em sua grande maioria, a base de SAFL, dada a
abundância de jazidas em toda a região de cobertura da Formação Arenito Bauru. Contudo, para
que sejam usados como base ou sub-base, especificações devem ser atendidas.
Oliveira (2000?) argumenta que é preciso usar e adaptar ao Rio Grande do Sul a experiência
bem sucedida de emprego dos Solos Arenosos Finos Lateríticos (SAFL) como base ou sub-base de
pavimentos de baixo volume de tráfego, desenvolvidas em outros estados brasileiros.
2.3.3 Especificações dos SAFL para Bases de Pavimentos
Villibor et al. (2009) enfatizam que as especificações do solo arenoso fino laterítico são
fundamentadas em determinações das propriedades mecânicas e hídricas dos mesmos. Essas
especificações impõem as seguintes condições para o emprego desses solos como base de
pavimento:
� Composição granulométrica do solo tal que, 100% seja constituído por grãos que
passem integralmente na peneira de abertura de 2,00 mm ou que possua uma
porcentagem de grãos de 5% retidos nessa peneira, no máximo.
� Os solos devem pertencer à classe de solos de comportamento laterítico de acordo
com a classificação MCT, ou seja, devem ser do tipo LA, LA´ ou LG´.
� Os solos devem apresentar propriedades mecânicas e hídricas dentro dos intervalos
indicados na Tabela 2, quando compactados na Energia Intermediária do Mini-
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Proctor. A curva granulométrica destes solos é descontínua e eles devem apresentar
uma granulometria que se enquadre na faixa indicada na Figura 8, servindo,
portanto, esta faixa como orientação para o emprego desses solos como bases de
pavimento.
Figura 8: Faixa Granulométrica Recomendada para Bases de SAFL
Fonte: Villibor et al. (2009)
Tabela 2: Valores Recomendados para Bases de SAFL
Fonte: Villibor e Nogami (2009, p. 145)
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2.3.4 Peculiaridades sobre o comportamento de pavimentos com bases SAFL
De acordo com Villibor e Nogami (2009) preliminarmente, a escolha dos tipos mais
recomendados pode ser feita através do uso simples da classificação MCT, ou por procedimentos
expeditos tátil-visuais. Na fase de projeto, entretanto, deve-se utilizar o procedimento baseado no
comportamento de amostras compactadas pela sistemática MCT como forma de obtenção dos tipos
de SAFL para base.
Quanto da construção de bases de SAFL, sabe-se que os solos apresentavam variados tipos
de problemas construtivos, de forma que os solos comumente utilizados foram separados em quatro
grupos, com localizações distintas do gráfico de classificação MCT, como apresentados em
Villibor et al. (2009) ilustrado na Figura 9.
Figura 9: Hierarquização dos SAFL com base na classificação MCT
Fonte: Villibor et al. (2009)
Segundo Nogami e Villibor (1995), esta hierarquização foi elaborada com base na
experiência acumulada com obras no interior de São Paulo e permite identificar as seguintes
peculiaridades aos diferentes tipos:
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O SAFL dos tipos I e II, com prioridade àqueles próximos a interface entre os mesmos –
apresentam excelente compactabilidade, com alcance de 100% do grau de compactação na energia
do proctor intermediário, fácil acabamento da superfície, receptividade à imprimadura satisfatória
e superfície e bordas resistentes ao amolecimento por umedecimento, resultando em boa resistência
hídrica. O SAFL do tipo I pode apresentar excessiva contração por secagem e danos demasiados
na superfície da base pelo tráfego de serviço associados ao trincamento excessivo;
O SAFL dos tipos III e IV, com prioridade aos primeiros – apresentam menor grau de
compactabilidade que os tipos I e II, alcançando no campo um máximo de 90% de grau de
compactação na energia do Proctor intermediário, propensão a formação de lamelas, dificuldade
de acabamento superficial da base, desgaste intenso sob ação do tráfego de serviço e superfícies e
bordas muito susceptíveis ao amolecimento por absorção excessiva de umidade. Segundo os
autores, só é indicado o uso do tipo IV para base de pavimentos urbanos, com execução de solo-
cimento junto às bordas, em faixas de 1 m, próximas às sarjetas.
Villibor e Nogami (2009) recomendam que seja obedecida a ordem de preferência dos tipos,
para as condições prevalecentes no interior do Estado de São Paulo (ou similares), que é
apresentada a seguir:
• Tipo I, com prioridade da subárea próxima à interface com o tipo II;
• Tipo II, com prioridade da subárea próxima à interface com o tipo I;
• Tipo III, com prioridade da subárea próxima à interface com o tipo II;
• Tipo IV.
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3 MÉTODO DE PESQUISA
Neste item será abordada a metodologia de pesquisa utilizada, através da apresentação das
estratégias para o desenvolvimento da pesquisa, da escolha das jazidas e materiais, dos métodos de
ensaios e finalmente, do cronograma de realização.
3.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA
O tipo desta pesquisa pode ser definido como:
� APLICADA do ponto de vista de sua natureza;
� QUANTITATIVA do ponto de vista de abordagem do problema;
� EXPLORATÓRIA e EXPLICATIVA do ponto de vista de objetivos.
� BIBLIOGRÁFICA e EXPERIMENTAL do ponto de vista dos procedimentos
técnicos.
3.2 DELINEAMENTO
Finalizada a revisão bibliográfica e a fundamentação teórica, foram coletadas as amostras
de SAFL, sendo posteriormente preparadas e caracterizadas para a utilização nos ensaios de
laboratório visando avaliar propriedades físico-mecânicas relevantes à utilização do solo em
camadas de base e sub-base de pavimentos econômicos.
Os ensaios tradicionais de caracterização, compactação e suporte e ensaios da classificação
expedita MCT foram realizados no Laboratório de Engenharia Civil (LEC) da UNIJUÍ –
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul e os ensaios da metodologia
MCT no Laboratório de Engenharia Civil da FURG – Fundação Universidade Federal de Rio
Grande.
Posterior a conclusão dos ensaios realizou-se a compilação dos dados e a análise e
interpretação de resultados com o intuito de avaliar a viabilidade da aplicação dos solos em bases
e sub-bases, no uso em pavimentos econômicos, para identificar a melhor jazida.
A descrição das etapas da pesquisa encontram-se ilustradas na Figura 10:
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Figura 10: Delineamento de pesquisa
Fonte: autoria própria
3.3 ESCOLHA DAS JAZIDAS E MATERIAIS
A escolha dos locais de retirada das amostras guiou-se pelo mapa da Figura 7 que indica a
localização de materiais alternativos no estado, mais especificamente, a localização dos SAFL.
Também se realizou uma análise tátil visual in loco para avaliar se o solo do local teria uma textura
argilo arenosa, característica dos SAFL. Foram coletadas amostras de três locais diferentes
compreendidos na área indicada como local de ocorrência deste tipo de solo. As três cidades
escolhidas para coleta foram Tupanciretã, Jóia e Capão do Cipó.
Todas as amostras foram retiradas e preparadas da mesma forma. A profundidade de
extração das amostras foi em torno de 2 metros da superfície, pertencente ao horizonte B do
latossolo. Elas foram devidamente secas, e posteriormente foram realizados os procedimentos para
prepará-la aos ensaios de caracterização. Os próximos itens apresentam fotos dos locais de retirada
das amostras de solo, bem como a localização em coordenadas das mesmas utilizando o software
online Google Mapas.
A Figura 11, foi modificada a partir do site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), destacando as cidades onde os solos foram coletados e contém dados referentes as mesmas.
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Figura 11: Cidades de coleta dos solos
Fonte: Modificado de Brasil (2015)
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3.3.1 Solo Capão do Cipó
A amostra de solo da cidade de Capão do Cipó, ou amostra Cipó, foi retirada nas margens
da BR-377, no local de coordenada aproximada 29º00’59’’S 54º29’08’’O. O município pertence à
Mesorregião Centro Ocidental Rio-grandense e à Microrregião Santiago. Na Figura 12 é possível
observar o local de retirada da amostra.
Figura 12: Coleta da amostra Cipó
Fonte: autoria própria
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3.3.2 Solo Jóia
A amostra de solo da cidade de Jóia, ou amostra Jóia, foi retirada nas margens de uma
estrada vicinal próximo ao acesso pela BR-377 para a localidade de São João Mirim, com
coordenada aproximada 28º42’48’’S 54º10’46’’O. O município pertence à Mesorregião Noroeste
Rio-grandense e à Microrregião Cruz Alta. Na Figura 13 é possível observar o local de retirada da
amostra.
Figura 13: Coleta da amostra Jóia
Fonte: autoria própria
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3.3.3 Solo Tupã
A amostra de solo da cidade de Tupanciretã, ou amostra Tupã, foi retirada de um talude em
uma localidade próxima a cidade, no local de coordenada aproximada 28º59’25’’S 53º49’55’’O.
O município pertence à Mesorregião Centro Ocidental Rio-grandense e à Microrregião Santiago.
Na Figura 14 é possível observar o local de retirada da amostra.
Figura 14: Coleta da amostra Tupã
Fonte: autoria própria
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3.4 SEQUÊNCIA EXECUTIVA E ENSAIOS LABORATORIAIS
A sequência de execução estipulada para a realização dos ensaios, com intuito de maior
rendimento e não execução de ensaios desnecessários, foi a seguinte:
I. Coleta, preparo e classificação expedita MCT de uma pequena amostra do solo para
verificação de comportamento laterítico, se positivo, a amostra é aceita segue para o
segundo passo;
II. Coleta definitiva da amostra aprovada a ser utilizada em todos os ensaios seguintes e
preparo da mesma;
III. Ensaios da metodologia tradicional;
IV. Checagem, através da granulometria, do enquadramento no conceito tecnológico de solo
arenoso fino laterítico apresentado no item 2.3 e enquadramento da granulometria na faixa
recomendável para uso em bases que está ilustrada na Figura 8;
V. Realização dos ensaios da metodologia MCT nas amostras aprovadas nos itens anteriores;
VI. Realização dos ensaios de classificação MCT de todas as amostras, com o intuito de
confirmar o comportamento laterítico demonstrado na classificação expedita;
Nesta seção serão descritos os ensaios necessários para a análise das amostras, tanto da
metodologia tradicional quando da metodologia MCT.
3.4.1 Ensaios tradicionais
Nesta seção serão descritos os ensaios relacionados a metodologia tradicional, indicando as
normas que regem os mesmos e serão utilizadas para a classificação de amostras para esta pesquisa.
3.4.1.1 Preparação das amostras
A ABNT-NBR 6457 (1986) prescreve os métodos para preparação de amostras de solos
para os ensaios de compactação e de caracterização (análise granulométrica, determinação dos
limites de liquidez e plasticidade, massa específica dos grãos que passam na peneira de 4,8 mm,
massa específica aparente e absorção de água dos grãos retidos na peneira 4,8 mm). A norma
contém um anexo apresentando um método para determinação do teor de umidade de solos, em
laboratório. Na Figura 15 pode-se observar parte da preparação.
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Figura 15: Preparo de amostras
Fonte: autoria própria
3.4.1.2 Análise Granulométrica das Amostras
A norma preconizando a análise granulométrica dos solos é a ABNT-NBR 7181 (1984
versão corrigida 1988) indicando que a análise pode ser realizada por peneiramento (para partículas
maiores que 0,075 mm de diâmetro) ou por combinação de sedimentação e peneiramento (para
partículas menores que 0,075 mm de diâmetro).
Na Figura 16 observa-se a realização de ensaio de sedimentação na foto da esquerda e na
foto da direita o que restou de solo, após lavar as amostras na peneira nº200, para a realização do
peneiramento fino.
Figura 16: Ensaio de granulometria por sedimentação
Fonte: autoria própria
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Com os resultados obtidos a partir da sedimentação, do peneiramento fino e do
peneiramento grosso é possível montar a curva de granulometria do material estudado.
3.4.1.3 Consistência do solo – Limites de Atterberg
“As classificações HRB-AASHTO e Unificada apoiam-se nos índices de consistência do
solo, que foram denominados como Limites de Atterberg, para o enquadramento do material”
(BALBO, 2007, p. 78)
Segundo Das (2007), quando minerais de argila estão presentes em um solo com granulação
fina, este pode ser moldado na presença de alguma umidade sem esfarelar. Essa propriedade
coesiva é causada pela absorção da água que circunda as partículas de argila. O cientista sueco
chamado Atterberg, desenvolveu um método para descrever a consistência de solos com grãos
finos e teor de umidade variável.
De acordo com o teor de umidade presente no solo, seu comportamento pode ser dividido
em quatro etapas: sólido, semissólido, plástico e líquido. O teor de umidade no ponto de transição
do estado semissólido para o estado plástico é o limite de plasticidade (LP), e o ponto de transição
do estado plástico para o estado líquido é o limite de liquidez (LL). (ABNT-NBR 6459, 1984)
O método para determinação de limite de liquidez é prescrito pela ABNT-NBR 6459 (1984
versão corrigida 1988), já a NBR 7180 (1984) prescreve como determinar ao limite de plasticidade
e o cálculo do índice de plasticidade dos solos. O índice de plasticidade dos solos (IP) é resultado
da diferença entre LL e LP.
3.4.1.4 Compactação do solo
Segundo Das (2007), a compactação é a densificação do solo por meio da remoção dos
vazios, o que requer a utilização de energia mecânica. O grau de compactação dos solos é medido
de acordo com seu peso específico aparente seco. A água ao ser adicionada no solo atua como um
agente de amolecimento das partículas do solo, que deslizam umas sobre as outras e se posicionam
em uma formação compacta e de alta densidade.
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Econômicos
A ABNT-NBR 7182 (1986 versão corrigida 1988) preconiza o método para determinar a
relação entre o teor de umidade e a massa específica aparente seca dos solos quando compactados,
de acordo com as especificações descritas pela mesma.
A norma classifica as energias de compactação em normal, intermediária e modifica.
Independente da energia, o resultado final deve ser uma curva de compactação, de formato
parabólico, traçada em um plano cartesiano tendo nas abcissas o teor de umidade e nas ordenadas
as massas específicas aparentes secas respectivas. O pico da curva de compactação determina a
umidade ótima para a amostra. (ABNT-NBR 7182,1986)
A Figura 17 ilustra a realização do ensaio de compactação na energia Proctor Modificada
realizado no laboratório da UNIJUÍ.
Figura 17: Ensaio de compactação
Fonte: autoria própria
3.4.1.5 Índice de Suporte Califórnia (ISC)
O Índice de Suporte Califórnia (ISC) representa a capacidade de suporte do solo se
comparado com a resistência à penetração de uma haste de cinco centímetros de diâmetro em uma
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camada de pedra britada, considerada como padrão (ISC = 100%) (ABNT-NBR 9895, 1987). O
método foi desenvolvido na Califórnia e por isso recebe esse nome, que é tradução de California
Bearing Ratio (CBR).
De acordo com a ABNT-NBR 9895 (1987), para esse ensaio usa-se cilindro e soquete
grande, nas três energias: normal, intermediaria e modificada, respectivamente: 12, 26 e 55 golpes
por camada, num total de cinco camadas. Esta norma prescreve o método para determinar o valor
do ISC e da expansão dos solos em laboratório, utilizando amostras deformadas, não reusadas, de
material que passa na peneira de 19 mm, com um mínimo de 5 corpos-de-prova. As amostras
devem ser compactadas de acordo com os resultados do ensaio de compactação. Depois de
compactados os moldes são pesados e levados para a imersão em água por quatro dias, com um
extensômetro, para a medição da expansão. Após o termino da imersão, o corpo-de-prova é levado
para o ensaio de penetração em uma prensa. A partir deste ensaio é possível traçar a curva pressão
aplicada pelo pistão versus penetração do pistão.
Na Figura 18 pode-se observar os corpos de prova em imersão durante a realização do
ensaio de CBR com os extensômetro acoplados para as leituras de expansão.
Figura 18: Ensaio de CBR
Fonte: autoria própria
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3.4.2 Metodologia MCT
A Metodologia MCT depende de uma série de ensaios que se presta para a determinação
de parâmetros relacionados a propriedades mecânicas e hidráulicas dos solos tropicais finos. Todos
os procedimentos de ensaio são realizados com amostras de solos compactados em moldes
cilíndricos de 50 mm de diâmetro. (VILLIBOR et al., 2009)
Esta Metodologia abrange dois grupos de ensaios a saber: Mini-CBR e associados e Mini-
MCV e associados. Villibor et al. (2009, p. 27) se refere a estes grupos da seguinte forma:
A partir dos ensaios de Mini-CBR e associados, pode-se obter as características dos solos apropriados para bases de pavimentos. Geralmente após a compactação dos corpos de prova, determina-se uma série de propriedades, tais como: capacidade de suporte (Mini-CBR), expansão, contração, infiltrabilidade, permeabilidade, etc.
Os ensaios Mini-MCV e associados fornecem parâmetros para a determinação dos coeficientes c’ e e’ que, por sua vez, permitem a classificação dos solos de acordo com a metodologia MCT, além de permitirem a determinação de todas as propriedades referidas nos ensaios Mini-CBR e associados.
De acordo com Villibor e Nogami (2009) a série da nova Sistemática, que engloba os
ensaios classificatórios da MCT (M5, M8 e M9), constitui o elenco de Ensaios da Sistemática
MCT, sendo eles:
� M1 – Ensaio de Compactação Mini-Proctor
� M2 – Ensaio Mini-CBR e Expansão;
� M3 – Ensaio de Contração;
� M4 – Ensaios de Infiltrabilidade e Permeabilidade;
� M5 – Ensaio de Compactação Mini-MCV;
� M6 – Ensaio de Penetração da Imprimadura Betuminosa;
� M7 – Ensaio Mini-CBR de Campo – Procedimento Dinâmico;
� M8 – Ensaio de Perda de Massa por Imersão;
� M9 – Classificação Geotécnica MCT.
Destes ensaios, para a realização da pesquisa, os principais ensaios são: M1, M2, M3, M4,
M5, M8 e M9, pois deles provem os resultados expostos na Tabela 2 de Villibor e Nogami (2009).
Todos estão preconizados e detalhadamente descritos no anexo 2 do livro Pavimentos Econômicos
escrito por Villibor e Nogami, publicado em 2009 e disponibilizado na versão digital gratuitamente
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online no site Portal da Tecnologia, de um dos autores. A seguir, apresenta-se os ensaios
significativos para esta pesquisa, relacionados a metodologia MCT.
3.4.2.1 Ensaio de Compactação Mini-Proctor (M1)
Villibor e Nogami (2009) caracterizam este ensaio como obedecendo ao mesmo
procedimento no ensaio de compactação proposto por Proctor, para compactar os solos em
laboratório e fornecer a curva de compactação que corresponde a uma dada energia aplicada por
meio de um soquete. Essa curva permite determinar a massa específica aparente seca máxima
(MEASmáx) e a umidade ótima (Ho) para a energia utilizada.
A Figura 19 ilustra o equipamento usado e o preparo da amostra para o ensaio no laboratório
da FURG. Para a medição da altura durante o ensaio, era utilizado um extensômetro acoplado na
parede. No preparo das amostras, depois de adicionado o teor de água adequado, as mesmas
ficavam em homogeneização por 24 horas.
Figura 19: Ensaio de compactação mini-Proctor
Fonte: autoria própria
O Mini-Proctor difere do tradicional “Proctor” ou “AASHTO”, nos seguintes aspectos:
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a) Tipo de soquete, de seção plena: com pé de diâmetro praticamente igual ao da parte interna
do molde de compactação;
b) Diâmetro interno do molde medindo 50,0 mm (Mini);
c) Utiliza somente os solos que passam, integralmente ou aqueles que possuem porcentagem
muito baixa da fração retida (<10%), na peneira de 2,00 mm.
Dentre as principais vantagens deste procedimento em relação ao tradicional pode-se citar
a diminuição considerável de material e também do número de golpes necessários para a execução
do ensaio, a exatidão na medição da altura dos corpos de prova e a maior uniformidade entre eles
após a compactação. A maior limitação do ensaio é a limitação granulométrica na execução.
(VILLIBOR; NOGAMI, 2009)
3.4.2.2 Ensaio Mini-CBR e Expansão (M2)
Este ensaio fornece a capacidade de suporte é usado para o dimensionamento de pavimentos
e na escolha de solos e solos-agregados para base, reforço e sub-base e, também, para pode ser
usado para caracterizar os solos do subleito. O procedimento de ensaio é similar ao adotado para o
ISC tradicional, no entanto, requer mais cuidado, pois dele serão apresentados os principais
resultados a serem considerados. Foi proposto para a energia intermediária. (VILLIBOR;
NOGAMI, 2009)
Foram ensaiados corpos-de-prova compactados na umidade ótima na energia intermediária,
sem e com prévia imersão de 24 horas. Os ensaios eram realizados em uma prensa Willie
Geotechnik UL60, com controle de velocidade digital. Os dados de carga e deformação sobre o
corpo de prova foram obtidos através de células de carga e defletômetro ligados a um sistema de
aquisição de dados HBM Spider 8. A calibração dos transdutores e aquisição dos dados foram
feitas com o Software Catman 4.5. A Figura 20 ilustra os equipamentos do laboratório.
Tendo como base as curvas Carga-Penetração geradas no ensaios, o índice de suporte mini-
CBR pode ser obtido por dois métodos de cálculo apresentados a seguir: método de correlações e
método de cargas padrão. (VILLIBOR; NOGAMI, 2009)
50
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• Método de correlações: é calculado utilizando as equações 1 e 2, onde C1 e C2 são,
respectivamente, as cargas em kgf correspondentes às penetrações 2,00 e 2,50 mm, obtidas
das curvas Carga-Penetração. Deve-se adotar o maior dos Mini-CBR obtidos.
��� ����� − ��1� = −0,254 + 0,896 x ���1 (1)
��� ����� − ��2� = −0,356 + 0,937 x ���2 (2)
• Método de cargas padrão: este método compara os valores de carga para penetrações
específicas D1 e D2, através das equações 3 e 4, com o valor correspondente de carga
padrão para a brita graduada, apresentando valores de penetração, respectivamente, de 0,84
e 1,7 mm. O procedimento das cargas padrão é, segundo Villibor e Nogami (2009), mais
correto, porém exige maior precisão das leituras de carga iniciais na penetração do pistão.
Portanto, para este trabalho, foi adotado o método anterior.
���� − ��1 =��
!,"# $ 100% (3)
���� − ��2 =�!
�#&,'#$ 100% (4)
Figura 20: Rompimento do mini-CBR
Fonte: autoria própria
51
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Um parâmetro muito importante associado ao ensaio mini-CBR, de acordo com Villibor e
Nogami (2009), sendo um dos critérios na avaliação tecnológica dos solos tropicais pela
Metodologia MCT, é o índice RIS. Este índice serve para quantificação indireta da diferença de
comportamento do mini-CBR, é dado pela equação 5. Algumas bibliografias não utilizam o índice
RIS, mas sim a percentagem de Perda de Suporte por Imersão (PSI). A PSI pode ser obtida como
resultado de 100% - RIS e também pela equação 6.
�() =*+,+-./0 +*1234
*+,+-./0 3/+*123ã4 $ 100% (5)
7)( =*+,+-./0 3/+*123ã4 - *+,+-./0 +*1234
*+,+-./0 3/+*123ã4 $ 100% (6)
Onde:
mini-CBR imerso – ensaio mini-CBR na condição imerso sem sobrecarga padrão de 490 g
na imersão e penetração;
mini-CBR s/imersão – ensaio mini-CBR na condição sem imersão com sobrecarga padrão
de 490 g na umidade ótima Ho.
Como o PSI é o oposto do RIS, e o RIS deve ser maior que 50%, logo, PSI deve ser menor
que 50%, isso significa que sua perda de suporte após a imersão não deve ser superior a metade de
seu suporte sem imersão. Portanto, quanto menor o valor de PSI, melhor é a amostra.
Sendo também um dos critérios na avaliação tecnológica dos solos tropicais pela
Metodologia MCT, a expansão é analisada durante o período de imersão dos mini-CBR imersos
durante as 24 horas, onde ∆h é a diferença da altura final com a inicial, h, e é representada pela
equação 7. (VILLIBOR; NOGAMI, 2009)
8$9 =∆;
; $ 100% (7)
3.4.2.3 Ensaio de Contração (M3)
É um dos ensaios suplementares mais importantes para o melhor aproveitamento de solos
tropicais em pavimentação, utilizado como critérios na avaliação tecnológica dos solos tropicais
pela Metodologia MCT. O ensaio avalia a variação porcentual do comprimento axial de amostras
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compactadas, geralmente, após cerca de 14 horas, os corpos de prova atingem uma variação
constante que é considerada como a leitura final do extensômetro. Como os extensômetro estavam
sendo utilizados nos ensaios de imersão, as medidas foram feitas com paquímetro digital. A Figura
21 ilustra os corpos de prova durante a realização do ensaio. (VILLIBOR; NOGAMI, 2009)
Figura 21: Ensaio de contração
Fonte: autoria própria
3.4.2.4 Ensaios de Infiltrabilidade e Permeabilidade (M4)
O ensaio de Infiltrabilidade determina a penetração de água em corpos de prova de solos
compactados afim de que se possa, de forma quantitativa, prever esse fenômeno nas camadas dos
pavimentos e suas adjacências, principalmente depois da compactação. Observe-se que em solos
tropicais, principalmente nos lateríticos, essa penetração pode se afastar bastante dos resultados
obtidos em corpos de prova compactados em laboratório, isso se deve à interferência de fissuras e
trincas que se desenvolvem, geralmente pelo uso de técnica construtiva não convencional, que
inclui a secagem nesta fase ou após vários anos de serviço. Villibor e Nogami (2009) especificam
que o uso prático dos resultados deste ensaio, por enquanto, se limitam à escolha de solos para
acostamentos e para bases revestidas de camadas betuminosas delgadas, sujeitas eventualmente a
considerável infiltração de água, com provável desenvolvimento de panelas.
53
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Este ensaio não pode ser realizado por motivos técnicos, pois no laboratório da UNIJUÍ o
tudo de vidro, necessário para o ensaio, encontrava-se danificado e na FURG o recipiente basal,
também necessário para a execução, estava com vazamento. Felizmente, este é o menos relevante
dos critérios de avaliação tecnológica, pelos motivos apresentados no parágrafo anterior, não
interferindo significativamente na análise e avaliação das amostras.
3.4.2.5 Ensaio de Compactação Mini-MCV (M5)
A Compactação Mini-MCV consiste na miniaturização do método de compactação
apresentado por Parsons, do Road Research Laboratory da Grã- Bretanha, em 1976 e difere do
Proctor tradicional, pois varia simultaneamente a energia de compactação e o teor de umidade
durante a execução do ensaio. Obtendo-se como resultado uma família de curvas similares às do
Proctor. O ensaio apresentado por Parsons foi, originalmente, desenvolvido como um
procedimento para avaliar rapidamente o teor de umidade de compactação no campo. O Mini-MCV
tem como objetivo principal a classificação geotécnica dos solos tropicais. A sigla MCV,
abreviatura de “Moisture Condition Value”, é uma nova propriedade geotécnica de solos. Através
deste ensaio, obtém-se as de curvas de deformabilidade ou de mini-MCV e as curvas de
compactação. A inclinação do ramo seco da curva de compactação de 12 golpes gera o parâmetro
classificatório d’. Com a curva de deformabilidade correspondente ao mini-MCV igual a 10 obtém-
se o coeficiente c’. Ambos necessários para a classificação MCT, como apresentado no item 2.2.3
deste projeto. (VILLIBOR; NOGAMI, 2009)
3.4.2.6 Ensaio de Perda de Massa por Imersão (M8)
Este ensaio fornece uma das propriedades dos solos tropicais compactados que é
considerada na Classificação Geotécnica, da Sistemática MCT. Para este ensaio são utilizados os
corpos de prova compactados no ensaio mini-MCV. Esses corpos de prova são parcialmente
extraídos de seus moldes de maneira que fiquem com 10 mm expostos. Em seguida são submetidos
à imersão em água na posição horizontal. Após 24 horas em imersão recolhe-se a parte
eventualmente desprendida e a leva para a estufa para determinar a massa seca. A perda de massa
por imersão (Pi) é expressa em porcentagem relativa à massa seca da parte exposta do corpo de
prova, que juntamente com o parâmetro d’, possibilita a determinação do coeficiente e’, utilizado
na classificação. A Figura 22 ilustra a realização do ensaio. (VILLIBOR; NOGAMI, 2009)
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Figura 22: Ensaio de perda de massa por imersão
Fonte: autoria própria
3.4.2.7 Classificação Geotécnica MCT (M9)
A classificação MCT nada mais é do que a compilação de dados gerados pelos ensaios M5
e M8 para classificar os solos como lateríticos ou não, como já exposto no início deste projeto e
ilustrado na Figura 5. (VILLIBOR; NOGAMI, 2009)
55
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4 RESULTADOS
Neste item serão apresentados os resultados de todos os ensaios realizados, comentários
referentes aos mesmos e classificação das amostras. Os resultados serão apresentados na ordem de
execução conforme estipulado na metodologia e englobam a metodologia tradicional e MCT.
4.1 MÉTODO DAS PASTILHAS
Este método de classificação expedito foi adotado para a investigação de comportamento
laterítico nas amostras escolhidas por ser de execução rápida e utilizar pouco material, tese
reforçada por Villibor e Nogami (2009) que recomendam o uso da expedita em situações
preliminares.
Na Figura 23 é possível observar que todos os solos apresentaram comportamento laterítico,
ficando as amostras de Jóia e Tupanciretã classificadas como LA’-LG’ bem próximos da área LA´
e a amostra Capão do Cipó, classificada como LG’.
As três primeiras amostras testadas foram aceitas por apresentarem caráter laterítico e,
portanto, atendendo ao inciso I do item 3.4. Passou-se, então, para as próximas etapas, conforme
estipulado no início do projeto, considerando três amostras como suficiente de forma a viabilizar
tempo e logística para a conclusão da pesquisa.
Figura 23: Classificação expedita das amostras
Fonte: autoria própria
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4.2 CARACTERIZAÇÃO PELA GEOTÉCNICA TRADICIONAL
Dando sequência ordem de execução estipulada, passou-se a etapa do inciso II do item 3.4
e coletou-se 200 kg de cada solo. Na sequência, passou-se para a etapa do inciso III do item 3.4
que seria a realização de todos os ensaios da geotécnica tradicional, caracterizando os três solos
através da granulometria, limites de consistência, compactação e suporte (ISC).
4.2.1 Granulometria
Na Figura 24 estão ilustradas as curvas do ensaio da granulometria por sedimentação e
peneiramento das três amostras com uso de defloculante. A Tabela 3 traduz os resultados das curvas
numericamente, classificando as amostras por percentagem de pedregulho, areias, silte e argila de
acordo com as peneiras ABNT. A porcentagem passante na peneira nº 200 foi de 62,33%, 40,57%
e 31,72 % respectivamente para os solos Cipó, Jóia e Tupã.
Figura 24: Curva granulométrica por sedimentação e peneiramento das amostras
Fonte: autoria própria
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Tabela 3: Granulometria com defloculante em percentagem das amostras
Fonte: autoria própria
Analisando estes resultados, observa-se coerência com os resultados da classificação
expedita, que demonstra que o solo Cipó é consideravelmente o mais argiloso dentre as três
amostras e que o solo Jóia e Tupã são mais arenosos, sendo o solo Tupã o mais arenoso (cerca de
70 % na fração areia) fato reforçado pelo gráfico da classificação expedita da Figura 23, pois quanto
menor a contração diametral mais arenoso é o solo, caso do solo Tupã.
Figura 25: Faixa Granulométrica Recomendada para Bases de SAFL
Fonte: Modificado de Villibor et al. (2009)
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A Figura 25, modificada da Figura 8 do item 2.3.3 de Villibor et al. (2009), sobrepondo a
faixa granulométrica recomendada para bases de SAFL com o resultado do processo de
peneiramento simples. Observa-se que a amostra Cipó não se enquadra totalmente na faixa
recomendada (apenas para a peneira nº 200 (0,074 mm), ao contrário das amostras Jóia e Tupã, que
se enquadram totalmente na faixa.
Quanto ao enquadramento no conceito tecnológico de solo arenoso fino laterítico do item
2.3, mesmo sendo classificado como solo laterítico, a amostra Cipó não se enquadra pois possui
menos de 50 % de fração retida na peneira de 0,075 mm (nº200). Portanto, para fins deste projeto,
a amostra Cipó foi descartada na realização dos ensaios da metodologia MCT, pois não se enquadra
como material natural para uso em bases e sub-bases de pavimentos econômicos.
4.2.2 Limites de Atterberg
Na Tabela 4 estão representados os valores dos limites de consistência ou de Atterberg
(limite de liquidez, limite de plasticidade e índice de plasticidade) de cada uma das três amostras.
Os resultados dos ensaios de limites das amostras se mostraram coerentes com os resultados
anteriores. Os limites de liquidez e de plasticidade, por exemplo, são maiores no solo Cipó e
consideravelmente menor nos solos Jóia e Tupã, sendo Tupã o menor deles, isso se deve ao fato
do solo Cipó ser mais fino e argiloso, portanto, normalmente mais plástico.
Tabela 4: Limites de Atterberg das amostras
Fonte: autoria própria
4.2.3 Classificação Tradicional
Neste item serão apresentadas a classificação das amostras, através dos resultados dos
ensaios de granulometria e dos limites de consistência, pela SUCS e HRB, conforme revisado
respectivamente nos itens 2.2.1 e 2.2.2. A Tabela 5 apresenta os dados:
59
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Tabela 5: Classificação SUCS e HRB das amostras
Fonte: autoria própria
O solo Cipó, de acordo com a SUCS, é classificado como siltes inorgânicos ou areias muito
finas ou areias finas siltosas ou argilosas. Já na classificação HRB se enquadra como um solo
argiloso de IG=6, considerado erroneamente pela mesma como de comportamento sofrível a mau
como subleito de rodovias.
Curiosamente, os solos Tupã e Jóia são classificados da mesma forma pela SUCS e não
pela HRB. Ambos, de acordo com a SUCS, são areias argilosas. Já quando classificados pela HRB,
o solo Jóia é um solo siltoso, considerado também erroneamente, de comportamento sofrível a mau
como subleito e o solo Tupã uma areia siltosa ou argilosa, considerado acertadamente, de
comportamento como subleito excelente a bom.
De acordo com DNIT (2006), os materiais do subleito devem apresentar uma expansão,
medida no ensaio CBR, menor ou igual a 2% e um CBR maior ou igual a 2%. Sendo contraditório,
portanto, o resultado da classificação HRB do solo Jóia, que o classifica com presumível mau
comportamento como subleito, uma vez que o CBR do mesmo na energia intermediária foi de 28%
com expansão menor que 1%, demonstrando deficiências deste tipo de classificação para solos
tropicais.
4.2.4 Compactação dos solos
Os resultados deste ensaio seguiram um comportamento padrão esperado, aumentando a
massa específica aparente seca e diminuindo a umidade ótima conforme aumenta-se a energia de
compactação em cada amostra. Comparando as amostras umas com as outras, percebe-se que a
amostra Cipó apresenta umidades ótimas maiores que as outras devido a maior porção de finos e
que as amostras Jóia e Tupã tem valores próximos, demonstrando, mais uma vez, coerência com
os resultados anteriores.
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A Tabela 6 apresenta os resultados do ensaio de compactação para as três amostras, nas três
energias de compactação.
Tabela 6: Resultados do ensaio de Proctor
Fonte: autoria própria
A Figura 26 ilustra as curvas de compactação de todas as três amostras nas três energias de
compactação, delas foram retirados os dados apresentados na tabela anterior.
Figura 26: Curvas de compactação das amostras
Fonte: autoria própria
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4.2.5 Índice de Suporte Califórnia (ISC)
Os ensaios de CBR apresentam bastante variabilidade, por este motivo foram feitos mais
corpos de prova para uma mesma energia e solo, obtendo o resultado final através de média, com
o intuito de obter um número mais representativo. Devido à alta demanda o LEC da UNIJUÍ, ao
fato de existirem equipamentos para a realização de cinco ensaios por vez e ao tempo que o ensaio
de ISC demanda, optou-se por não executá-lo na energia normal e também pela não execução dele
para o solo Cipó, já que o mesmo não pode ser utilizado como amostra natural pela metodologia
MCT. Os resultados das expansões e mini-CBR encontram-se na Tabela 7:
Tabela 7: CBR das amostras
Fonte: autoria própria
O solo Tupã apresentou resultados de ISC, em ambas as energias, superiores aos do solo
Jóia.
4.3 CARACTERIZAÇÃO PELA METODOLOGIA MCT
Conforme estipulado, após a realização dos ensaios da metodologia tradicional e de acordo
com o inciso IV, V e VI do item 3.4, os ensaios MCT foram realizados apenas para as amostras
Jóia e Tupã.
4.3.1 Compactação Mini-Proctor (M1)
O ensaio de mini Proctor foi realizado na energia intermediária, como preconizado nas
bibliografias, para a obtenção da umidade ótima que será utilizada para encontrar os valores
necessários nas curvas de mini-CBR e outros parâmetros. A Figura 27 ilustra as curvas e a Tabela
8 os resultados referentes as umidades ótimas.
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Figura 27: Curva de compactação mini Proctor intermediária
Fonte: autoria própria
Tabela 8: Mini Proctor Intermediário das amostras
Fonte: autoria própria
4.3.2 Mini-CBR e Expansão (M2)
A Figura 28 ilustra as curvas de mini-CBR imerso e não imerso na energia intermediária
para os dois solos representados nos dois métodos de obtenção de valor do CBR.
Na Tabela 9 encontram-se o resultado da expansão dos dois solos na umidade ótima de
compactação obtida no ensaio de mini-Proctor e os valores de mini-CBR com seus respectivos
índices RIS e PSI para cada método.
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Figura 28: Curvas de variação dos Mini-CBR
Fonte: autoria própria
Tabela 9: Mini-CBR e expansão das amostras
Fonte: autoria própria
Como já estipulado anteriormente, o método adotado para a análise final será o de
correlações. Com isso estaremos a favor da segurança, pois para ambos os solos neste método
apresentaram valores menores de CBR. Independentemente da variação entre os métodos, os dois
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solos atendem à todos os quesitos relacionados à este ensaio, tanto no método de correlações quanto
no de cargas padrão.
4.3.3 Contração (M3)
Para este ensaio foram moldados 3 corpos de prova para cada solo, sendo um na umidade
ótima e os outros dois com umidade dos pontos anterior e posterior da curva de compactação do
Proctor Intermediário, com intuito de traçar a tendência. Com isso é gerado uma reta, onde o valor
da contração é obtido para o valor da mesma que intercepta com a umidade ótima do mini Proctor
da respectiva amostra.
Na Figura 29 estão ilustradas as retas obtidas no ensaio de contração e na
Tabela 10 o resultado da contração de cada amostra para sua respectiva umidade ótima.
Tabela 10: Valores de contração
Fonte: autoria própria
Figura 29: Ensaio de contração das amostras
Fonte: autoria própria
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4.3.4 Compactação Mini-MCV (M5)
Para o ensaio foram moldados cinco corpos de provas para cada amostra em umidades
diferentes (umidades 2% acima e abaixo da umidade ótima na energia normal de cada amostra) e
aplicado um número crescente de golpes até não haver acréscimo sensível em sua densidade.
A Figura 30 apresenta como exemplo a curva de compactação da amostra do solo Tupã, de
onde é obtido o coeficiente d’, que é a inclinação da parte retilínea do ramo seco na curva de
compactação correspondente a 12 golpes.
Figura 30: Exemplo de curvas de compactação
Fonte: autoria própria
O coeficiente é obtido dividindo o resultado da diferencia das massas específicas aparentes
secas da reta do ramo seco em kg/m3 pela variação de percentagem de umidade da mesma.
O coeficiente c’ é a inclinação da curva de afundamento correspondente ao valor de Mini-
MCV = 10 (hipotética). Para tal, através das inclinações das outras curvas, interpola-se uma curva
que passe pelo ponto de abscissa igual a 10 golpes e ordenada 2,0 mm. A Figura 31 apresenta como
exemplo a curva mini-MCV da amostra do solo Tupã.
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Figura 31: Exemplo de curva Mini-MCV
Fonte: autoria própria
4.3.5 Perda de massa por imersão (M8)
A partir dos valores calculados para cada teor de umidade, foi representada a curva Mini-
MCV x Pi, o Pi a ser adotado para fins de classificação do solo é obtido nesta curva, para valores
de Mini-MCV igual a 10 ou 15, dependendo se a massa específica aparente for considerada baixa
ou alta. Quando o corpo de prova de 200 gramas tiver uma altura final superior a 48 mm a MEAS
será considerada baixa (10) e alta (15) para uma altura final do corpo de prova inferior a 48 mm.
A Figura 32 apresenta a curva Mini-MCV x Pi para a amostra do solo Tupã. Neste caso o
valor de Mini-MCV foi considerado alto, igual a 15, e o valor de Pi encontrado, onde a reta 15
intercepta a curva, foi de 40%.
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Figura 32: Exemplo de curva Mini-MCV x Pi
Fonte: autoria própria
4.3.6 Classificação Geotécnica MCT (M9)
Na Tabela 11 estão presentes os coeficientes encontrados de cada amostra e utilizados na
classificação MCT. A Figura 33 ilustra a classificação das três amostras, bem como as áreas de
hierarquização.
Tabela 11: Coeficientes e Classificação MCT
Fonte: autoria própria
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Figura 33: Classificação MCT e hierarquização das amostras
Fonte: Modificado de Nogami e Villibor (1995)
Pode-se observar que no que diz respeito aos solos de Tupã e Jóia o resultado da
classificação MCT, se comparado com a expedita foi muito coerente. Já para amostra Cipó, ficou
um pouco mais acima que na expedita no fator e’. Logo, o método expedito foi representativo e
válido para classificação destas amostras e a classificação final MCT comprovou o comportamento
laterítico das mesmas.
Analisando a localização dos solos Jóia e Cipó em relação as áreas de hierarquização,
percebe-se que eles ficaram entre as duas melhores áreas de utilização, o que serve como indício
da qualidade dos mesmos.
4.4 COMPILAÇÃO FINAL DOS CRITÉRIOS DE ACEITAÇÃO
Na Tabela 12 encontram-se compilados os critérios de aceitação para o uso de base e sub-
base com seus valores mínimos e máximos, juntamente com os resultados obtidos para os solos de
Jóia e Tupã.
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Tabela 12: Compilação de critérios de aceitação
Fonte: autoria própria
Como pode ser observado, os resultados do solo Tupã foram aceitos em todos os quesitos
analisados. Já o solo Jóia excedeu a contração máxima em 0,38%. Os ensaios de Infiltrabilidade e
Penetrabilidade não puderam ser realizados pois o segundo depende do primeiro e a execução dos
mesmo não foi possível em nenhum dos laboratórios por problemas técnicos.
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5 CONCLUSÕES
O presente trabalho buscou avaliar a possibilidade de utilização do solo arenoso fino
laterítico do Rio Grande do Sul em bases e sub-bases de pavimentos econômicos destinados a baixo
volume de tráfego. Nele foram analisadas amostras de solos das cidades de Capão do Cipó, Jóia e
Tupanciretã, tanto pela metodologia tradicional, quanto pela metodologia MCT. Esta análise foi
realizada através de ensaios, a partir dos quais foram obtidas as seguintes conclusões.
Em relação a granulometria, os solos Jóia e Tupã apresentam curvas parecidas e próximas,
sendo ambos arenosos contendo respectivamente 62% e 70% de areia em sua composição,
diferentemente do solo Cipó, com predominância de argila correspondendo a 45% de sua
composição. Em consequência da granulometria a amostra Cipó se mostrou mais plástica que as
outras com um índice de plasticidade igual a 11, contra um índice de 10 e 9 dos solos de Jóia e
Tupã, respectivamente. Por não atender aos quesitos básicos de granulometria para aplicação
natural, a amostra Cipó não foi ensaiada pela metodologia MCT, sendo apenas feita a Classificação
MCT da mesma, o que não descarta o seu emprego com misturas SLAD ou ALA em comprovado
seu caráter laterítico.
Os resultados dos ensaios de compactação também foram coerentes com o que foi
apresentado na granulometria, onde os solos Tupã e Jóia apresentaram curvas bem próximas
comparativamente em todas as energias e o solo Cipó apresentou valores maiores de umidade ótima
e menores de peso específico aparente seco, em virtude de ser mais plástico. Os solos Tupã, Jóia e
Cipó apresentaram na energia intermediária PEAS de 19, 18.9 e 16.2 kN/m3, respectivamente. O
solo Jóia apresentou um CBR de 28% nesta energia e o solo Tupã um CBR de 34%, sendo ambos
considerados como excelentes resultados de suportes para solos.
Quanto a Classificação MCT, os três solos foram classificados como lateríticos, sendo o
solo Tupã LA’, o solo Jóia um LA’/LG’ e o solo Cipó um LG’, tanto na classificação expedita
quanto na MCT referente ao ensaio M9, mostrando que a metodologia expedita foi realmente
representativa nas amostras estudadas.
No ensaio de Mini-Proctor, referente a Metodologia MCT, o solo Jóia obteve PEAS de 19.5
kN/m3 e o solo Tupã obteve PEAS de 19.7 kN/m3 na energia intermediária. Percebe-se o ensaio de
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Mini-Proctor foi representativo em relação ao Proctor tradicional para estes solos finos e que pode
substituí-lo, nestas condições, utilizando uma quantidade consideravelmente menor de amostra
sem perder a precisão.
Em relação as exigências mecânico hídricas que precisam ser atendidas como critérios de
aceitação da Metodologia MCT:
• A amostra Tupã foi aprovada em todos os quesitos analisados, e posterior a execução e
comprovação de atendimento dos requisitos dos ensaios de Infiltrabilidade e
Permeabilidade, a mesma pode ser aprovada para utilização, de acordo com as normas e
resultados obtidos, em base e sub-bases de pavimentos econômicos de baixo volume de
tráfego;
• A amostra Jóia excedeu o valor limite de contração e, portanto, não pode ser utilizada na
forma natural para o fim estudado;
Portanto, conclui-se que o objetivo deste trabalho, de forma geral foi cumprido, apesar de
não ter sido possível realizar o ensaio de Infiltrabilidade.
Sugestões para trabalhos futuros:
• Realização dos ensaios de Infiltrabilidade, penetrabilidade e imprimadura betuminosa
no solo Tupã e posterior a isto a possível execução de um trecho experimental;
• Caracterizar pela metodologia MCT o solo Cipó e estudar a possibilidade de misturas
ALA e SLAD para o mesmo, bem como para o solo Jóia;
• Fazer a realização de ensaios de módulo de resiliência, pois estes valores permitem o
dimensionamento de pavimentos por métodos mecanísticos;
• Estudar amostras de outras cidades que se enquadrem na área de ocorrência de solos
arenosos finos lateríticos dentro do estado.
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