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SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MINAYO, M.C.S. Prefácio. In: ESCOREL, S. Vidas ao léu: trajetórias de exclusão social [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1999, pp. 11-14. ISBN: 978-85-7541-605-1. Available from: doi: 10.7476/9788575416051.0001. Also available in ePUB from: http://books.scielo.org/id/rbtvb/pdf/escorel-9788575416051.pdf. All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International license. Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribição 4.0. Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento 4.0. Prefácio Maria Cecília de Souza Minayo
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MINAYO, M.C.S. Prefácio. In: ESCOREL, S. Vidas ao léu: trajetórias de exclusão social [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1999, pp. 11-14. ISBN: 978-85-7541-605-1. Available from: doi: 10.7476/9788575416051.0001. Also available in ePUB from: http://books.scielo.org/id/rbtvb/pdf/escorel-9788575416051.pdf.

All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International license.

Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribição 4.0.

Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento 4.0.

Prefácio

Maria Cecília de Souza Minayo

nhecidos informantes, proporcionando-lhes um lugar nobre e de distinção, nas páginas do trabalho. Aí, pelo menos aí, sua palavra vale, seus sentimentos exis­tem e sua existência faz sentido.

No livro A Miséria do Mundo, organizado por Bourdieu (1998), o autor e sua equipe também tentam colocar, com as próprias palavras dos informantes, a crueldade de sua vida, em um mundo de contrastes entre a ostentação, a riqueza e a sobrevivência que conquistam dia por dia. A construção literária de Bourdieu, porém, conserva a clássica dicotomia que distingue o discurso do senso comum e a interpretação erudita. Sarah, ao contrário, vai tecendo, pouco a pouco, um bordado cujo fio condutor sai de sua mente, mas o desenho e as cores são dados pelos sujeitos da pesquisa. Vai mostrando como os laços habi­tuais com a família e a sociedade vão se rompendo paulatinamente. E como a redução do consumo, o alheamento político, o isolamento social, a redução da vida à sua dimensão do hoje, do aqui e do agora, transformam as pessoas ao seu quase estado de 'pura humanidade'. Aí as mediações institucionais públicas e privadas são subvertidas e reconstruídas. O estudo expressa, também, a exa­cerbação do medo e das idéias de exclusão moral por parte dos que têm um lar e sua vida organizada convencionalmente, sentimentos que se alimentam das situações de extrema anomicidade. Desta forma, considero que os cientistas sociais que valorizamos as abordagens empíricas ganhamos um presente, uma referência que não poderá ser ignorada, ainda quando não concordarmos com as interpretações elaboradas pela autora.

Porém, Vidas ao Uu não é um elogio à estética da pobreza e da miséria. Seu desenrolar leva o leitor a se integrar na trama de uma realidade em que percebe seu destino vinculado à humanidade dos excluídos. Portanto, a estética que a autora apresenta é a da necessidade de transformação social. É a de um movimento que se processa concomitantemente no andar de cima e no de baixo do edificio social, pois todos somos cúmplices e complementares, mes­mo que antagônicos. Como este livro deverá ser lido principalmente pelos que não fazem parte do exército dos excluídos e sobretudo pelos que, de alguma forma, podem se integrar nos processos de mudanças, é a esses que dedico este prefácio. Que a contribuição de Sarah e da Editora FrOCRUZ consiga nos mobilizar contra a maldição do conformismo e da indiferença para construir­mos saídas históricas de inclusão. Essa resposta militante nos levará a desmentir a profecia anunciada pelo Banco Mundial, que, em última instância, é o reco­nhecimento de, que cada vez mais, muitos deverão estar privados das conquis­tas de bens e riquezas produzidas socialmente, para que muito poucos reafir­mem a terrível lei da seleção social.

1 J

Maria Cecília de Souza Minayo

Vice-presidente de Ambiente, Informação e

Comunicação da Fundação Oswaldo Cruz


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