ANA CLARA DE FRANÇA NUNES
VITAMINA A E SINTOMAS DA ESCLEROSE
MÚLTIPLA: REVISÃO SISTEMÁTICA DE ESTUDOS
EPIDEMIOLÓGICOS E ENSAIOS CLÍNICOS
NATAL/RN
2019
ANA CLARA DE FRANÇA NUNES
VITAMINA A E SINTOMAS DA ESCLEROSE
MÚLTIPLA: REVISÃO SISTEMÁTICA DE ESTUDOS
EPIDEMIOLÓGICOS E ENSAIOS CLÍNICOS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Saúde Coletiva, Centro de
Ciências da Saúde da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, como requisito para a
obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva.
Orientadora: Profa. Dra. Grasiela Piuvezam
Natal/RN
2019
Importância da vitamina A nos sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão
sistemática
Ficha Catalográfica
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Alberto Moreira Campos - Departamento de Odontologia
Nunes, Ana Clara de França.
Vitamina A e sintomas da Esclerose Múltipla: revisão
sistemática de estudos epidemiológicos e ensaios clínicos / Ana
Clara de França Nunes. - Natal, 2019. 78 f.: il.
Orientador: Profa. Dra. Grasiela Piuvezam.
Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) - Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde,
Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva, Natal, 2019.
1. Vitamina A - Dissertação. 2. Esclerose Múltipla -
Dissertação. 3. Suplementos Nutricionais - Dissertação. 4.
Doenças Autoimunes - Dissertação. I. Piuvezam, Grasiela. II.
Título.
RN/UF/BSO BLACK D585
Elaborado por MONICA KARINA SANTOS REIS - CRB-15/393
DEDICATÓRIA
Dedido este trabalho aos meus pais, Gicélia e Nunes, por todo amor, dedicação e incentivo
oferecidos a mim durante toda a vida.
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por sempre estar ao meu lado iluminando o caminho durante
mais esta trajetória difícil, não me deixando desistir jamais frente às muitas dificuldades.
À Professora Grasiela Piuvezam, pela preciosa orientação, pela sua disponibilidade e
incentivo - mesmo em período de licença/férias - que foram fundamentais para a realização
deste estudo. As suas críticas construtivas, as discussões e reflexões foram fundamentais ao
longo de todo o percurso. Não posso esquecer a sua grande contribuição para o meu
crescimento desde os tempos da graduação. Sou uma grande admiradora da profissional que
és, e, hoje, muito grata por todo o apoio.
Aos meus pais, Gicélia e Nunes, que com muito carinho, amor e suporte não mediram
esforços para que eu chegasse até esta etapa da minha vida. Agradeço todos os dias pelos pais
maravilhosos que Deus escolheu para mim, os quais sou eternamente grata. Ao meu irmão
Renan, que mesmo distante neste momento sempre me passou toda a energia positiva, amor e
carinho. E aos demais familiares que sempre torceram e vibraram com as minhas conquistas.
Ao meu namorado Gusthavo, por ser sempre meu ombro amigo, meu melhor amigo, estando
ao meu lado e me fortalecendo nos momentos de dificuldades. Obrigada por todo amor e
carinho.
Aos meus colegas de pesquisa (Kesley, Gidyenne, Ádala, Isac, Victor e Isaac) pela
generosidade de sempre estarem dispostos a ajudar para o desenvolvimento do trabalho e pela
companhia nos momentos de discussão. Vocês são um grupo maravilhoso.
Por fim, agradeço a todos que compõem o Programa de pós-graduação em Saúde Coletiva
(PPGSCol) e à UFRN, por proporcionarem este ambiente de aprendizado.
RESUMO
Introdução: A esclerose múltipla (EM) é o distúrbio autoimune mais prevalente na
atualidade e está associado à desmielinização dos neurônios no sistema nervoso central por
meio da ativação do sistema imunológico. Estudos utilizando a vitamina A vêm se mostrando
promissores na melhora da doença. Dessa forma, a presente dissertação tem como objetivo
fornecer as melhores evidências disponíveis sobre o impacto clínico da vitamina A nos
desfechos relacionados aos sintomas de pacientes portadores de EM. Métodos: Foi utilizado o
formato de coletânea de artigos para a produção de dois artigos, sendo o primeiro um artigo
de protocolo de revisão sistemática, usado como subsídio para a produção do segundo artigo,
a revisão sistemática. Foram realizadas buscas no Pubmed, Embase, Scopus, Cinahl, Scielo,
Web of science, Biblioteca cochrane e Science direct, de estudos que avaliassem a relação da
suplementação de vitamina A e/ou concentrações séricas e os sintomas em pacientes
portadores de EM. Para o delineamento da revisão sistemática foi utilizado o protocolo
PRISMA. Para avaliar a qualidade metodológica dos estudos foi utilizada a escala JADAD
para os ensaios clínicos randomizados e a Newcastle–Ottawa para os estudos observacionais.
Para a extração de todos os dados encontrados foi criado um banco de dados no programa
Microsoft Excel. Resultados: Na busca inicial encontramos 2053 estudos, e ao final das
buscas foram selecionados 6 artigos elegíveis à pesquisa, sendo 2 Ensaios Clínicos
Randomizados e 4 coortes. Dos seis estudos incluídos, dois utilizaram a suplementação de
vitamina A e verificaram que a vitamina A é capaz de conter a progressão da doença nos
membros superiores e as deficiências cognitivas, além de melhorar significativamente os
escores de depressão, fadiga total e as três subescalas de fadiga (física, cognitiva e
psicossocial). Os outros quatro estudos realizaram as dosagens das concentrações séricas da
vitamina A e constataram que os níveis séricos de retinol não foram associados ao risco ou ao
número de recidivas, nem ao agravamento da Escala de status Status de incapacidade
Incapacidade expandida Expandida de Kurtzke. Porém, concentrações séricas elevadas de
retinol foram associadas a menor da atividade da doença e foram capazes de predizer
resultados de novas lesões por meio da ressonância magnética. Conclusão: as evidências
identificadas no presente estudo permitem recomendar a suplementação de vitamina A como
uma alternativa complementar ao tratamento da EM. Porém, novos ensaios clínicos
controlados e bem realizados se fazem necessários para uma melhor definição da dosagem
segura. Palavras-chave: vitamina A, esclerose múltipla, suplementos nutricionais, doenças
autoimunes.
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
ABSTRACT
Introduction: Multiple sclerosis (MS) is the most prevalent autoimmune disorder today and
is associated with demyelination of neurons in the central nervous system through activation
of the immune system. Studies using vitamin A have been promising to improve the disease.
Thus, the present dissertation aims to provide the best available evidence on the clinical
impact of vitamin A on the symptoms-related outcomes of patients with MS. Methods: The
article collection format was used for the production of two articles. The first one was a
systematic review protocol article, used as a subsidy for the production of the second article,
the systematic review. We searched on Pubmed, Embase, Scopus, Cinahl, Scielo, Web of
Science, Cochrane Library, and Science Direct for studies evaluating the relationship of
vitamin A supplementation and/or serum concentrations and symptoms in MS patients. For
the design of the systematic review the PRISMA protocol was used. To assess the
methodological quality of the studies, the JADAD scale was used for randomized controlled
trials and Newcastle-Ottawa for observational studies. To extract all the data found, a
database was created in the Microsoft Excel program. Results: At the initial search we found
2053 studies, and at the end of the searches 6 articles were selected for the research (2
randomized clinical trials and 4 cohorts). Of the six studies included, two used vitamin A
supplementation and found that vitamin A is capable of containing upper limb disease
progression and cognitive impairment, as well as significantly improving depression, total
fatigue, and all three subscales fatigue (physical, cognitive and psychosocial). The other four
studies measured serum vitamin A concentrations and found it was not associated with risk or
number of relapses or worsening of the Kurtzke Expanded Disability Expanded Disability
Status Scale. However, elevated serum retinol concentrations were associated with lower
disease activity and were able to predict results of new lesions by magnetic resonance
imaging. Conclusion: evidence identified in this study allow to recommend supplementation
of vitamin A as an additional alternative to the treatment of MS. However, new controlled
clinical trials well done are needed to define safe dosing better.
Keywords: vitamin A, multiple sclerosis, dietary supplements, autoimmune diseases.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AR: Ácido retinóico
ARe: Artrite Reumatóide
BHE: Barreira Hematoencefálica
CENTRAL: Cochrane Central Register of Controlled Trials
DAI: Doenças Auto-Imunes
ECR: Ensaios Clínicos Randomizados e Controlados
EDSS: Escala de status Status de incapacidade Incapacidade expandida Expandida de
Kurtzke
EM: Esclerose Múltipla
EMBASE: Excerpta Medica Database
GRADE: Manual de graduação da qualidade da evidência e a força da recomendação para
tomada de decisão em saúde
IMC: Índice de massa corpórea
LES: Lúpus Eritematoso Sistêmico
MESH: Medical Subject Headings
PRISMA: Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyse
PROSPERO: Prospective Register of Systematic Reviews
RAR: Receptor do Ácido Retinóico
SNC: Sistema Nervoso Central
VA: Vitamina A
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 8
2 REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................................... 10
2.1 DOENÇAS AUTOIMUNES ..................................................................................... 10
2.1.1. Esclerose Múltipla ...................................................................................................... 14
2.2 VITAMINA A ........................................................................................................... 20
2.2.1. Vitamina A e Esclerose Múltipla ............................................................................... 23
3. OBJETIVOS .................................................................................................................... 26
3.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 26
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 26
4. MÉTODO ......................................................................................................................... 27
4.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA .................................................................... 27
4.2 COLETA DOS DADOS ............................................................................................ 27
4.3 ANÁLISE DOS DADOS ........................................................................................... 28
4.4 ASPECTOS ÉTICOS ................................................................................................ 29
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 30
5.1 CAPÍTULO 1: ARTIGO DE PROTOCOLO DE REVISÃO SISTEMÁTICA ........ 31
5.2 CAPÍTULO 2: ARTIGO DE REVISÃO SISTEMÁTICA ....................................... 36
6. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 62
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 63
APÊNDICES ........................................................................................................................... 74
APÊNDICE 1 - CADASTRO NO PROSPERO ................................................................... 74
8
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
1. INTRODUÇÃO
A esclerose múltipla (EM) é um distúrbio inflamatório autoimune do sistema nervoso
central, e sua prevalência global apresenta variações, verificando-se um aumento de 3 casos
por 100.000 habitantes por grau de latitude, e atinge mais comumente as mulheres, com um
índice de 2,4 para cada homem (SIMPSON JR. et al., 2011).
É considerada uma patologia que varia em sua apresentação inicial e o diagnóstico é
complexo em função de ter natureza recorrente e remitente dos sintomas. Em 85% dos
indivíduos, o diagnóstico inicial ocorre durante a fase recidivante e remitente (GALEA;
WARD-ABEL; HEESEN, 2015), mas 50% passam para o estágio progressivo da doença e
isso aumenta significativamente a probabilidade de aumento da incapacidade (APPLETON,
D. et al., 2018). Fisicamente, a maior causa de incapacidade vem dos efeitos sobre a
mobilidade (FORD et al., 2001) e fadiga (KRUPP; CHRISTODOULOU, 2001). As
dificuldades cognitivas são experimentadas por 40 a 60% das pessoas com EM, o que inclui
déficits no funcionamento executivo e na memória (CHIARAVALLOTI; DELUCA, 2008).
Há também alta prevalência de ansiedade (BEISKE et al., 2008) e depressão (SIEGERT;
ABERNETHY, 2005).
Devido à incerteza em torno da etiologia da EM, não há cura completa para essa doença e
a maioria dos métodos terapêuticos pretende diminuir e controlar os sintomas (CALABRESI,
2004). As estratégias terapêuticas que apresentam a capacidade de melhorar os efeitos
deletérios da EM são consideradas clinicamente benéficas (HONARVAR et al., 2016).
Estudos in vitro e in vivo mostraram que a vitamina A é um dos micronutrientes mais
importantes que podem regular o sistema imunológico. Existem complexos mecanismos
moleculares do efeito da vitamina A na regulação da ativação das células imunológicas,
podendo afetar a expressão de genes patogênicos e reguladores de citocinas. O principal
mecanismo provável de doenças autoimunes e inflamatórias como EM, artrite reumatoide e
aterosclerose é o desequilíbrio entre proliferação ou função das células Th1, Th17 e Th9
(produtoras de mediadores pró-inflamatórios) e células T reguladoras (Th2, Treg) (SANJADI
et al., 2018; KASKOW; BAECHER-ALLAN, 2018; ZIMMERMANN et al., 2018).
Atualmente, a avaliação do efeito da vitamina A e sua atividade sobre doenças
inflamatórias e autoimunes é um tópico relevante para pesquisas (HARRIRCHIAN et al.,
2014). Estudos recentes demonstram que a suplementação de vitamina A pode ser uma
estratégia eficaz para reduzir a gravidade dos sintomas em pacientes com EM (HONARVAR
9
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
et al., 2016; HARIRCHIAN et al., 2018). Entretanto, inexiste, até o momento, uma revisão
sistemática que aborde esse tema.
Portanto, a presente dissertação teve como objetivo fornecer evidências científicas sobre o
impacto clínico da vitamina A nos desfechos relacionados aos sintomas de pacientes
portadores de EM.
10
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 DOENÇAS AUTOIMUNES
O sistema imunológico é diversificado e desenvolvido para cumprir a função primária de
proteger os hospedeiros de agentes infecciosos. Há, no entanto, duas formas em que o sistema
imunológico pode ocasionar uma patologia: primeiro, mediante síndromes de
imunodeficiência, onde há uma resposta imunológica insuficiente; e segundo, mediante
doenças autoimunes (DAI), onde há uma reação imunológica anormal que atinge células,
tecidos e órgãos sadios (WANG; WANG; GERSHWIN, 2015).
A incidência e a prevalência variam entre as doenças autoimunes. A geoepidemiologia se
torna mais complexa quando são consideradas as variações de idade, gênero, etnia e outras
características demográficas. As DAI podem ocorrer em qualquer idade, mas diferentes
doenças têm sua própria idade característica de início. Em quase todos os pacientes, a
prevalência é aumentada em parentes de primeiro grau e é ainda maior em gêmeos
monozigóticos (WAHREN-HERLENIUS; DÖRNER, 2013). Além disso, sugere-se
fortemente que fatores ambientais e/ou epigenéticos também são importantes na determinação
da suscetibilidade à autoimunidade. Essa tese é ainda apoiada pela observação de estudos
multicêntricos com análise de polimorfismo e estudos de associação genômica (BOGDANOS
et al., 2012).
Do ponto de vista geográfico a incidência e prevalência das DAI apresenta importantes
variações. Para a Doença Celíaca, entre 1990 e 2011 houve um aumento na sua incidência de
5,2 para 19,1 por 100.000 pessoas-ano no Reino Unido. O Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1)
possui uma incidência de aproximadamente 5 a 10, 10 a 20 e <1 por 100.000 pessoas/ano em
populações da Europa, EUA e China, respectivamente. No entanto, no mesmo período, o
Lupus Eritematoso Sistemico (LES) sofreu um declínio anual de 1,8% em sua incidência,
enquanto a prevalência aumentou de 64,99 para 97,04 por 100.000 pessoas (REES et al.,
2016). Para a Artrite Reumatóide (ARe), a prevalência global foi estimada em 0,24% em
2010, o que não foi essencialmente diferente da prevalência de 0,25% em 1990 (CROSS et
al., 2014).
Especificamente para a Esclerose Múltipla, os casos apresentam uma distribuição de
forma desigual pelo mundo; sua prevalência varia entre <5 casos por 100.000 pessoas em
áreas tropicais e também na Ásia, e > 200 casos por 100.000 pessoas em áreas de clima
temperado. Sua incidência foi de 0,8-8,7 por 100.000 pessoas-ano na Europa, 2,7–7,5 por
11
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
100.000 pessoas/ano na América do Norte e 0,7-3,6 por 100.000 pessoas/ano na Ásia e no
Oriente Médio (MILO; KAHANA, 2010).
Historicamente, as DAI eram consideradas raras, mas, por meio de estudos
epidemiológicos rigorosos, foi demonstrado que afetam 3-5% da população, como por
exemplo a doença autoimune da tireoide e o DM1. No entanto, existem quase 100 DAI
distintas, algumas das quais são específicas de órgãos, como a cirrose biliar primária, e
algumas delas refletem uma variedade de disfunção imunológica envolvendo múltiplos
órgãos, como LES (WANG et al., 2014; YU; GERSHWIN; CHANG, 2014).
No início do século XX, estudiosos desacreditavam do conceito de autoimunidade,
embora o trabalho pioneiro de Paul Ehrlich tivesse introduzido o conceito de “horror
autotoxicus” (SILVERSTEIN, 2005). Em 1959, o camundongo preto da Nova Zelândia
(NZB, do inglês New Zeland Black mice), foi o primeiro modelo esperimental de
autoimunidade descrito. Posteriormente, foram demonstrados autoanticorpos tireoidianos e a
tireoidite autoimune tornou-se a doença autoimune prototípica. Essas duas contribuições
científicas (camundongos New Zeland Black e tireoidite autoimune) tornaram-se o ímpeto
para a explosão de pesquisas sobre doenças autoimunes (ROSE; WITEBSKY, 1956).
Na década de 2010, foram registrados inúmeros avanços significativos no diagnóstico e
classificação das DAI, bem como, melhorias no prognóstico, alcançadas através do
desenvolvimento de novas tecnologias em imunologia molecular e testes laboratoriais clínicos
sofisticados baseados em evidências. No entanto, apesar desses enormes avanços, ainda há
uma escassez de dados sobre os eventos etiológicos que levam à patologia clínica (WANG;
WANG; GERSHWIN, 2015).
A identificação de fatores ambientais específicos tem importância crítica para a
compreensão da suscetibilidade individual, mas há poucos agentes que claramente
desempenham papel importante na etiologia. Assim, a identificação de fatores de risco
genéricos permanece indefinida. Esses fatores ambientais incluem nutrição, microbiota,
processos infecciosos e xenobióticos, como fumaça de tabaco, agentes farmacêuticos,
hormônios, luz ultravioleta, solventes de sílica, metais pesados, vacinas e implantes de
colágeno/silicone, além de agentes infecciosos (COLAFRANCESCO et al., 2014; KIVITY et
al., 2014; PENG et al., 2014; BOGDANOS et al., 2013).
Nesse sentido, é provável considerar que talvez mais importante do que a presença de
agentes específicos seja a sugestão de que a predisposição à autoimunidade pode ser
influenciada pela microflora. Este conceito foi denominado de “hipótese da higiene” e foi
sugerido pela primeira vez por Strachan em 1989 (STRACHAN, 1989). Sugeriu-se que o
12
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
aumento das DAI observado no mundo ocidental se devia em parte ao declínio na exposição a
doenças infecciosas e subsequente melhora na higiene. Esta hipótese aplica-se a quase todas
as DAI e tornou-se particularmente atraente em DM1 e na doença inflamatória intestinal.
Evidências iniciais de apoio foram baseadas em estudos epidemiológicos retrospectivos
(KIVITY et al., 2009).
As relações entre a microbiota, respostas imunes do hospedeiro e autoimunidade
tornaram-se um assunto de intenso interesse, particularmente porque os micróbios estão
localizados na interface hospedeiro-ambiente, por exemplo, a pele, trato gastrointestinal, trato
genital e barreira mucosa respiratória. Assim, por meio de métodos científicos melhorados,
incluindo sequenciamento genético sofisticado e tecnologia de alta produtividade, foi
demonstrado que as alterações na microbiota mesmo em hospedeiros normais são essenciais
para o desenvolvimento imunológico e homeostase normais (WANG; WANG; GERSHWIN,
2015).
No tocante aos fatores de risco para o desenvolvimento da DAI, o tabagismo é
considerado o fator de risco mais bem reconhecido para algumas dessas doenças (AFRIDI et
al., 2014; EKBLOM-KULLBERG et al., 2014). O hábito de fumar pode contribuir para o
desenvolvimento da doença através de diversas vias. A fumaça do cigarro contém vários
compostos estimulantes dos receptores Toll-like, incluindo o lipopolissacarídeo (um agonista
de TLR4), que pode desencadear uma resposta imune inata ao interagir com o haplótipo HLA
(antígeno leucocitário humano) (KLARESKOG; GREGERSEN; HUIZINGA, 2010) e mudar
a expressão gênica na articulação (OSPELT et al., 2014). A estimulação dos TLRs de
fibroblastos sinoviais é um dos principais contribuintes para a patogênese da ARe,
aumentando a produção de citocinas inflamatórias e de moléculas destrutivas (KLARESKOG;
GREGERSEN; HUIZINGA, 2010).
Os mecanismos efetores para um número de DAI ocorrem por meio da destruição
tecidual, que pode ser dividida em uma variedade de vias efetoras, dependendo da doença
autoimune. É digno de nota que o sistema imunológico é confuso e muitas vezes há uma
resposta orquestrada que envolve uma infinidade de populações celulares diversas (WANG;
WANG; GERSHWIN, 2015).
A autoimunidade é o resultado de uma resposta imune multi-orquestrada. Através de
mimetismo molecular, xenobióticos e antígenos são reconhecidos por células apresentadoras
de antígenos, que posteriormente ativam células imunes inatas, que são células dendríticas,
macrófagos e células natural killer. Os peptídeos imunogênicos de células T são gerados por
células apresentadoras de antígenos e "apresentados" a linfócitos T helper (Th0) não
13
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
comprometidos, que então se diferenciam em células reguladoras auxiliares foliculares Th2, T
(Tfh), Th17, Th1 e T (Tregs). As células Th2 e Tfh facilitam a ativação, maturação e
diferenciação de células B em células plasmáticas e, finalmente, a produção de
autoanticorpos. Através de diferentes mecanismos, os autoanticorpos podem mediar o dano
tecidual. As células Th1 estimulam o desenvolvimento de linfócitos T citotóxicos. Por
secreção de grânulos citotóxicos, ativação do ligante Fas-Fas ou liberação de citocinas,
linfócitos T citotóxicos autorreativos causam lesão tecidual. O aumento de Th17 também foi
relatado como correlacionado com a progressão da autoimunidade e diminuição de Tregs, que
regulam negativamente a imunidade inata e adaptativa, para facilitar a perda de tolerância em
várias DAI, incluindo LES, EM, DM1, ARe, doença autoimune da tireoide, psoríase, doença
inflamatória intestinal, cirrose biliar primária, colangite esclerosante primaria e hepatite
autoimune (LLEO et al., 2010).
A presença de autoanticorpos é uma característica comum das doenças autoimunes
(DAMOISEAUX et al., 2015), e um grande número de anticorpos séricos são dirigidos contra
estruturas funcionais da célula (ácidos nucléicos, moléculas nucleares, receptores ou outros
componentes celulares funcionais). Eles não só desempenham um papel central no
diagnóstico e classificação, mas também podem estar envolvidos em danos nos tecidos. Um
dos efeitos patogênicos mais bem estabelecidos dos autoanticorpos é a destruição citotóxica
das células pela ligação e lise da superfície celular. Neste processo, a ativação do
complemento e/ou a citotoxicidade mediada por células dependente de anticorpos são as vias
mais comuns de destruição (OHISHI et al., 1995).
Ao contrário dos autoanticorpos, células T autorreativas relevantes (associadas à doença)
agem no tecido alvo e circulam apenas em níveis predecessores muito baixos (HEWAGAMA
et al., 2013). Em outras palavras, o nível do precursor de células T autorreativo no tecido alvo
é muito maior, muitas vezes mais de 100 vezes no órgão-alvo, do que no sangue periférico.
Os linfócitos T citotóxicos autorreativos reconhecem uma célula alvo pela ligação do receptor
da célula T à combinação apropriada de peptídeos derivados do MHC I e do autoantígeno.
Então, um complexo de MHC I e peptídeos derivados de autoantígeno matam diretamente
células-alvo através de mecanismos diferentes: (I) secreção de grânulos citotóxicos (perforina
e granzima B) resultando na desintegração da membrana celular e apoptose induzida; (II)
ativação do ligante Fas-Fas, que induz a apoptose; e (III) liberação de citocinas (como TNF-α
e interferon-γ), levando à lesão tecidual (DAVIDSON; DIAMOND, 2001). O paradigma do
equilíbrio Th1/Th2 mudou devido ao crescente corpo de informações sobre outros
14
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
subconjuntos de CD4, incluindo Th17 (HAN et al., 2015), Tregs (GRANT et al., 2015) e
células auxiliares foliculares T (Tfh) (CRAFT, 2012).
O novo paradigma no tratamento de doenças autoimunes é o uso de agentes biológicos
que modificam vias inflamatórias e/ou efetoras específicas. Os agentes que bloqueiam o TNF-
α foram os primeiros fármacos aprovados e são utilizados em inúmeras doenças. Porém, a
autoimunidade ainda é um desafio para todos os clínicos, apesar de o prognóstico para
pacientes com essas doenças ter melhorado drasticamente na última década, e com
perspectiva de melhorias no futuro (WANG; WANG; GERSHWIN, 2015).
2.1.1. Esclerose Múltipla
A Esclerose Múltipla é uma doença que afeta o sistema nervoso central (SNC), incluindo
o cérebro, a medula espinhal e os nervos ópticos (NOSEWORTHY et al., 2000). Ela é
caracterizada pela redução global do volume do SNC e pelo acúmulo de células imunes
principalmente na substância branca de várias áreas do SNC, embora um número substancial
de placas possa ser encontrado na substância cinzenta, levando à formação de focos
inflamatórios localizados (FROHMAN; RACKE; RAINE, 2006). Os processos inflamatórios
nestes focos causam danos à mielina e destruição de oligodendrócitos, lesão de axônios e sua
perda, e prejuízo transitório ou perda permanente da função neurológica, resultando em
incapacidades de vários tipos e gravidade (ROSTAMI; CIRIC, 2013).
A EM (EM) é a doença mais comum do SNC que causa incapacidade permanente em
adultos jovens, e está implicado em uma gama diversificada de deficiências
(NOSEWORTHY et al., 2000; HONARVAR et al., 2013; BITARAFAN et al., 2014).
Embora sua etiologia seja desconhecida (CALABRESI, 2004), o sistema imunológico está
envolvido na patogênese dessa doença (SAWCER et al., 2011). A EM está associada à
desmielinização dos neurônios no SNC e aos sintomas de inflamação crônica
(LUCCHINETTI et al., 2011; BITARAFAN et al., 2013; MOHAMMADZADEH et al.,
2013).
É uma doença mediada por células T autoreativas, e é provável que as células T CD4 +
naive se diferenciem em subgrupos T auxiliares, Th17 e Th1. Embora a população dessas
células aumente, as células T reguladoras (Treg) são reguladas negativamente e podem causar
um desequilíbrio entre as células Th17 e Treg (BUC, 2013). Acredita-se que esse
desequilíbrio tenha um papel fundamental na lesão nervosa na EM (LOVETT-RACKE;
YANG; RACKE, 2011).
15
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
Na visão geral, as células T CD4 + desempenham um papel central na autoimunidade do
sistema nervoso central, e uma grande quantidade de pesquisas envolvendo a EM foi realizada
nessas células. No final dos anos 80, Mosman et al. (1986) e Stevens et al. (1988) postularam
que as células T CD4 + podem ser divididas em dois tipos de células T auxiliares (Th), Th1 e
Th2. As células Th1 são caracterizadas pela produção de IFN-γ e têm um papel principal na
defesa contra patógenos intracelulares, enquanto as células Th2 produzem IL-4 e são
principalmente responsáveis pela depuração de parasitas extracelulares. A Figura 1 abaixo
demonstra os possíveis mecanismos de lesão e reparo na Esclerose Múltipla.
(Fonte: BARTEN et al., 2010 adaptado de NOSEWORTHY et al., 2000)
Figura 1 - Possíveis mecanismos de lesão e reparo na Esclerose Múltipla.
16
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
As células T auxiliares produzem e segregam citocinas proinflamatórias, como o fator de
necrose tumoral α (TNF-α) e o interferon γ (IFN-γ). A ativação da interleucina (IL-4) via fator
de transcrição específico para células T, GATA-3, estimula a diferenciação de células Th2, o
que resulta na liberação de IL-4 e IL-5. T helper 17 células subconjunto, que são tipicamente
caracterizadas pela produção de IL-17A, IL-17 F e outras citocinas, incluindo IL-21, IL-22 e
IL-23, são promovidas por IL-1β e IL-23 (JADIDI-NIARAGH; MIRSHAFIEY, 2011; BUC,
2013).
O fenótipo Th17 é considerado um importante mediador de doenças inflamatórias
autoimunes, como a EM, e um subgrupo recém-reconhecido de células T auxiliares, Th9, que
produz citocinas pró-inflamatórias (IL-9) e exerce um papel patogênico na EM (ELYAMAN
et al., 2009). Em contraste, o fator de crescimento transformador β (TGF-β) induz as células
virgens a se diferenciarem em células T reguladoras FoxP3 + (Tregs) com funções
imunoprotetoras (SAKAGUCHI; POWRIE, 2007).
A apresentação de possíveis fatores desencadeantes, como antígenos microbianos que
reagem de forma cruzada com antígenos de mielina leva à expansão de células Th1/Th17
patogênicas autoreativas e células B (LOPEZ-DIEGO; WEINER, 2008). Defeitos na função
Treg observados em pacientes com EM causam maior desenvolvimento de subgrupos de
células T pró-inflamatórias (VIGLIETTA et al., 2004; DEN HARTOG et al., 2013). Células
patogênicas são capazes de se infiltrar no SNC por aderência e migração através da barreira
hematoencefálica (BHE), resultando em lesões axonais e desmielinização. A secreção de
metaloproteinases de matriz e molécula de adesão-1 por linfócitos ativados rompe a matriz da
BHE, promovendo extravasamento neuroinflamatório e progressão da doença ( LEUSSINK et
al., 2002; SKULINA et al., 2004).
O sistema imune inato, consistindo principalmente de células fagocitárias, também tem
um papel importante na iniciação e progressão da esclerose múltipla. Os macrófagos
promovem a resposta pró-inflamatória das células T e B, causando dano tecidual. A ativação
precoce da microglia pode ser um dos eventos iniciais no desenvolvimento de lesões de
esclerose múltipla. Quando ativadas, as células da microglia podem contribuir para a
patologia da doença através de vários mecanismos possíveis, incluindo a secreção de citocinas
pró-inflamatórias, quimiocinas, radicais livres e aumento da liberação de glutamato
(THOMPSON et al., 2018b).
Durante a fase progressiva da doença, a contribuição do sistema imunológico periférico
diminui e as respostas imunes estão confinadas ao compartimento do SNC. A patologia do
SNC muda de lesão focal para difusa da substância branca associada à ativação da microglia e
17
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
infiltrados linfocíticos e monocíticos difusos (KUTZELNIGG et al., 2005), e aumentando o
envolvimento cortical, que se acredita estar associado a folículos semelhantes à linfoide nas
meninges (HOWELL et al., 2011).
As marcas da patologia da EM são a perda axonal ou neuronal, a desmielinização e a
gliose astrocítica. Entre essas características neuropatológicas, a perda axonal ou neuronal
(denominada neurodegeneração) é particularmente relevante porque é o principal mecanismo
subjacente da incapacidade clínica permanente. A perda axonal ocorre de forma aguda em
novas lesões inflamatórias, mas também mais lentamente ao longo do tempo em lesões
cronicamente desmielinizadas. Os mecanismos que levam à perda axonal estão se tornando
mais claros. Alguns, como o déficit de energia neuronal ligado à disfunção mitocondrial,
podem ocorrer nas fases aguda e crônica, enquanto outros, como a perda do suporte trófico da
mielina, levam ao inchaço progressivo e desorganização do citoesqueleto de axônios
cronicamente desmielinizados, podendo ser único da fase crônica (THOMPSON et al.,
2018b).
Fatores de risco ambientais, como deficiência de vitamina D (relacionados à exposição
reduzida à luz solar e diminuição da produção natural da exposição ao sol em grupos étnicos
com pele escura), dieta, obesidade no início da vida e tabagismo são conhecidos por
desempenhar um papel no desenvolvimento de esclerose múltipla (MARRIE, 2004).
O risco associado ao tabagismo aumenta com a duração e intensidade, e é mais forte nos
homens do que nas mulheres. A obesidade no início da vida está associada a um aumento
duplo no risco em homens e mulheres, o que pode ser devido, em parte, à redução dos níveis
de vitamina D em indivíduos obesos. Além disso, a exposição a agentes infecciosos pode
afetar o risco de desenvolver condições que envolvam o sistema imunológico, como a
esclerose múltipla. A hipótese da higiene postula que múltiplas exposições infecciosas na
primeira infância, como é frequentemente o caso em áreas tropicais e subtropicais, reduz o
risco de desenvolver doenças autoimunes e alérgicas (BACH, 2002). Por outro lado, o
desenvolvimento da esclerose múltipla também pode estar associado a infecções específicas.
Por exemplo, a infecção tardia em um adulto jovem com o vírus Epstein-Barr aumenta o risco
para desenvolvimento tardio da doença (LEVIN, 2005).
O aumento da herança genética nas famílias e a diminuição diretamente proporcional do
risco com grau de parentesco fornecem evidências de que os fatores genéticos têm um papel
proeminente no desenvolvimento da EM. A região HLA do cromossomo 6 foi implicada no
desenvolvimento de centenas de doenças humanas, incluindo a maioria das doenças
autoimunes (SHIINA; INOKO; KULSKI, 2004). Embora se tenha conhecimento de que o
18
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
fator de risco mais forte da EM é o principal complexo de histocompatibilidade (MHC) no
cromossomo 6, ainda existem muitas questões não resolvidas sobre a identidade e a natureza
das variantes de risco no MHC (PATSOPOULOS et al., 2013).
A diversidade que envolve o MHC foi demonstrada com robustez por alguns estudos,
contribuindo assim com a parte genética que envolve a EM. Avanços no que diz respeito à
dissecação de haplótiplos de risco específicos e na base para a associação de doenças também
vêm sendo realizados. No entanto, variantes até agora identificadas por várias décadas de
trabalho, incluindo mais recentemente estudos de associação em todo o genoma, explicam
apenas aproximadamente 50% do risco herdado na EM. Existem várias explicações possíveis
sobre a base genética 'ausente' da EM, e todas precisam ser consideradas, mas evidências
recentes apontam para epistasia e epigenética no MHC como mecanismos fundamentais
(RAMAGOPALAN; KNIGHT; EBERS, 2009).
A EM é caracterizada por uma tríade de sintomas físicos, cognitivos e afetivos.
Fisicamente, a maior causa de incapacidade vem dos efeitos sobre a mobilidade (FORD et al.,
2001) e fadiga (KRUPP; CHRISTODOULOU, 2001). As dificuldades cognitivas são
experimentadas por 40 a 60% das pessoas com EM, o que inclui déficits no funcionamento
executivo, e na memória (CHIARAVALLOTI; DELUCA, 2008). Há também alta prevalência
de ansiedade (BEISKE et al., 2008) e depressão (SIEGERT; ABERNETHY, 2005).
O curso clínico da esclerose múltipla pode variar (VOLLMER, 2007). É recidivante-
remitente desde o início em 85% dos casos, caracterizado por episódios de déficit neurológico
(recaídas) que se recuperam (ou seja, remitem) em vários graus; Se as recaídas são graves e
frequentes, o termo “esclerose múltipla grave em rápida evolução” é algumas vezes usado.
Nos outros 15% dos casos, ocorre uma progressão gradual desde o início (esclerose múltipla
progressiva primária). A esclerose múltipla recorrente-remitente se converte em esclerose
múltipla secundária progressiva após 15 anos em 50% dos casos (SCALFARI et al., 2014).
Essa conversão é gradual (LUBLIN et al., 2014), com um declínio no número de recaídas e
uma deterioração estável na função neurológica entre as recaídas (SCALFARI et al., 2010;
TREMLETT et al., 2008).
O diagnóstico de esclerose múltipla é baseado na integração de achados clínicos, de
imagem e laboratoriais. O conhecimento clínico é necessário para demonstrar evidências de
disseminação no tempo e no espaço e, mais importante, para excluir outras condições
neurológicas. A ressonância magnética pode fornecer essa evidência e auxiliar na exclusão de
outras condições, permitindo o diagnóstico precoce com maior certeza com versões
sucessivas dos critérios diagnósticos (BROWNLEE et al., 2015). Os critérios diagnósticos,
19
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
conhecidos como “McDonald Criteria”, evoluíram à medida que a tecnologia melhorou para
refinar as definições, tornar-se mais simples e mais acessível e aplicável a uma proporção
maior da população, mantendo a especificidade e a sensibilidade (POLMAN et al., 2011;
THOMPSON et al., 2018a).
Tem-se reconhecido cada vez mais que várias permutações de recaídas e progressão
ocorrem dentro e entre pacientes, independentemente do curso da doença. Portanto, um novo
sistema de classificação foi desenvolvido por consenso em 2001, que permeia totalmente a
prática clínica da vida real. Este sistema subclassifica a esclerose múltipla secundária
progressiva e a esclerose múltipla primária progressiva, com base na atividade (ativa versus
não ativa) e na progressão (com progressão versus sem progressão). A atividade é
determinada por recidivas ou atividade na ressonância magnética, enquanto a progressão é
determinada pelo acúmulo sustentado de incapacidade (MCDONALD et al., 2001; LUBLIN
et al., 2014). Em 2017 foi realizada sua última atualização, a qual apresentou alterações nos
critérios de diagnóstico baseados em evidências e não apenas na opinião de especialistas
(THOMPSON et al., 2018a).
Vários tratamentos modificadores da doença foram descobertos e aprovados para
pacientes com EM remitente recidivante e síndrome clinicamente isolada. Em geral, os
tratamentos visam a neuroinflamação e podem ter um efeito indireto na neurodegeneração. No
entanto, sua eficácia para reduzir o desenvolvimento de atrofia cerebral em ensaios clínicos
tem sido moderada na melhor das hipóteses. Apenas um tratamento modificador da doença
(ocrelizumab) demonstrou retardar a progressão em pacientes com esclerose múltipla primária
progressiva. Embora seu mecanismo de ação seja desconhecido, após a ligação da superfície
celular aos linfócitos B, o ocrelizumab causa citólise celular dependente de anticorpo e lise
mediada por complemento (MONTALBAN et al., 2017).
Esse distúrbio tem impacto negativo nas atividades de vida diária e na qualidade de vida
principalmente de pacientes socialmente desfavorecidos (MCCABEW; DE JUDICIBUS,
2005), pois perdem frequentemente seus empregos, status econômico e social, amigos e
familiares (COSTA; MARQUES SÁ; CALHEIROS, 2013; PACK et al., 2014). Patten et al.
(2003) relataram que a prevalência de 12 meses de depressão para pessoas com EM foi de
25,7% em comparação com 8,9% na população geral. Estimou-se que a prevalência da
ansiedade ao longo da vida é de 37% e a depressão é superior a 50% em pessoas com EM
(KOROSTIL; FEINSTEIN, 2007; SIEGERT; ABERNETHY, 2005). Os sintomas de
depressão têm amplas implicações para a saúde e bem-estar das pessoas com EM, incluindo
20
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
aumento da fadiga, dor, diminuição da adesão à medicação, funcionamento imunológico,
exacerbação da doença e redução da qualidade de vida (FEINSTEIN, 2002).
A diversidade de efeitos da doença, a apresentação individual imprevisível e a progressão
idiossincrática oferecem um conjunto único de desafios para aqueles que desempenham um
papel de cuidado. Mudanças cognitivas e afetivas parecem ser mais onerosas para o bem-estar
psicológico do cuidador (FIGVED et al., 2007). Pelo menos 30% das pessoas com EM
precisam de cuidados em casa, e isso geralmente é feito por cônjuges ou parceiros (MINDEN
et al., 2004), que geralmente são colocados em um papel de cuidador em um momento em que
um casal está tentando administrar as demandas de um relacionamento, filhos e uma carreira.
As consequências físicas, emocionais e cognitivas da EM podem ter um impacto profundo nas
suas vidas, incluindo o aumento do risco de redução do emprego e das dificuldades
financeiras (HAKIM et al., 2000), bem como separação e divórcio (BERNEISER et al.,
2014). Dado o viés de gênero na apresentação da doença, é mais comum encontrar homens
atuando como cuidadores, o que distingue a EM de outras condições neurológicas
(APPLETON et al., 2018).
Os serviços de apoio às pessoas com esclerose múltipla e suas famílias enfrentam desafios
relacionados à natureza idiossincrática da doença, incluindo a necessidade de lidar com as
rápidas mudanças nas necessidades de cuidados no momento do diagnóstico e auxiliar nas
decisões sobre quando o cuidado profissional deve ser envolvido (GIBSON; FRANK, 2002).
Cuidadores relatam barreiras e dificuldades no acesso aos cuidados adequados, tornando os
serviços responsivos e eficazes uma questão pertinente para os profissionais (AOUN;
KRISTJANSON; OLDHAM, 2006; BOWEN; MACLEHOSE; BEAUMONT, 2011).
Nesse sentido, a literatura aponta para a capacidade de algumas vitaminas modularem uma
ampla gama de respostas imunes, incluindo a ativação de linfócitos, homing e diferenciação
de células T auxiliares (GOSWAMI; KAPLAN, 2016).
2.2 VITAMINA A
A vitamina A (VA) é um termo genérico que se refere a uma forma de retinóides (grupo
de hidrocarbonetos insaturados lipossolúveis), incluindo retinol, retinal e ácido retinóico.
Utilizando um sistema de peroxidação in vitro, Das e colaboradores demonstraram que as
atividades antioxidantes dos retinóides foram classificadas como retinol ≥ retinal> ácido
retinóico (DAS, 1989; PALACE et al., 1999), sendo uma das formas mais ativas de vitamina
21
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
A o all-trans-retinol (TESORIERE et al., 1993). Os metabolitos biológicos do retinol são
únicos. Eles contêm cinco ligações duplas conjugadas localizadas em seu anel ciclohexenil,
bem como cadeias laterais específicas da isoforma. Essa estrutura interessante tem um efeito
significativo sobre sua reatividade, como ações antioxidantes (ROSS, 1999).
O principal metabólito bioativo da vitamina A, o ácido all-trans retinóico, controla a
expressão gênica pela ativação de receptores do ácido retinóico (RARs) que se
heterodimerizam com receptores de retinóide X (RXRs). Mais de 532 genes foram
identificados como genes alvo do ácido retinóico (BALMER; BLOMHOFF, 2002).
A VA, incluindo o retinol, os ésteres retinílicos e os carotenóides, exerce a sua função
fisiológica através do seu metabolito ativo, o AR. O retinol no sangue é transportado por uma
complexa gama de processos, compreendendo proteína de ligação ao retinol e transtirretina
(pré-albumina) para as células-alvo (O’BYRNE; BLANER, 2013). O retinol circulante é
esterificado pela lecitina retinol aciltransferase antes do armazenamento como um éster
retinílico no fígado (FRAGOSO; STONEY; MCCAFFERY, 2014). Um esquema ilustrativo
desse processo pode ser observado na Figura 2 a seguir.
(Fonte: O’BYRNE; BLANER, 2013)
Figura 2 - Processos envolvendo o retinol no organismo.
22
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
Dentro da célula, a produção de AR a partir do retinol ocorre por um processo de duas
etapas. O primeiro retinol é convertido em retinaldeído e depois convertido irreversivelmente
em AR pela retinol desidrogenase (RDH) e pelas desidrogenases do retinaldeído (RALDH 1,
2 e 3), respectivamente. A enzima RDH é ubiquamente expressa, mas a RALDH é específica
do tecido com expressão limitada; assim, a disponibilidade de AR nos tecidos depende da
expressão local de RALDH (VIEIRA; SCHNEIDER; VIEIRA, 1995). Além disso, a AR é
metabolizada e inativada através de um grupo de enzimas pertencentes à família do citocromo
P450 (incluindo o CYP26A1, CYP26B1 e CYP26C1). Portanto, a produção líquida de AR
depende do equilíbrio de enzimas sintéticas e catabólicas (O’BYRNE; BLANER, 2013).
Na dieta humana, a maior parte da VA pré-formada ocorre como palmitato de retinila,
enquanto o β-caroteno é o carotenoide pro-VA mais abundante, e a proporção de carotenoides
pré-formados de VA e pro-VA que comemos depende dos nossos hábitos alimentares. Uma
análise dos resultados de 11 estudos em oito países desenvolvidos (representando 120.000
participantes) mostrou que a ingestão pré-formada de VA foi responsável por cerca de 65% da
ingestão total de VA, enquanto os carotenoides representaram 35% da ingestão total de VA
(β-caroteno: 86 %; α-caroteno: 10%; β-criptoxantina: 4% do mesmo, respectivamente)
(WEBER; GRUNE, 2012).
A VA é essencial para a saúde e está envolvida em muitos processos metabólicos e
fisiológicos, como a visão (DOWLING, 1997; WRIGHT; REDMOND, 2015), a
diferenciação celular (LOVE; GUDAS, 1994; ROSS; GARDNER, 1994), o desenvolvimento
embrionário (CLAGETT-DAME; DELUCA, 2002; ZILE, 2001) e a imunidade (RUBIN et
al., 2017). Sua deficiência leva a defeitos bem descritos na visão e fertilidade, bem como a
infecções graves, anemia e câncer (WISEMAN; BAR-EL DADON; REIFEN, 2017).
A toxicidade, na forma aguda, ocorre quando adultos e crianças ingerem >100× e >20× a
RDA, respectivamente, durante um período de horas ou alguns dias é menos problemática do
que a toxicidade crônica da VA pré-formada. Essa toxicidade crônica resulta da ingestão de
grandes quantidades de vitamina A pré-formada por meses ou anos. A ingestão diária de
>25.000UI por >6 anos e >100.000UI por >6 meses é considerada tóxica, mas existe uma
grande variabilidade interindividual para a menor ingestão necessária para obter toxicidade
(PENNISTON; TANUMIHARDJO, 2006).
A VA é obtida a partir da dieta como retinol, ésteres retinílicos ou β-caroteno, e é
conhecida por exercer efeitos pleiotrópicos pela ligação à família de receptores de ácido
retinóico nuclear, receptores X de retinóide e receptores ativados por proliferadores de
peroxissomas. Como consequência, a vitamina A é capaz de modular uma ampla gama de
23
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
processos imunológicos, que incluem a: apresentação de antígeno, exercendo um efeito direto
sobre a função das células dendríticas; a proliferação, a diferenciação, ativação e apoptose de
células T e B e o funcionamento de micróglia e astrócitos. Com base nisso, o ácido retinóico
tem sido usado com sucesso para tratar várias condições imunomediadas, como é o caso da
EM (FILIPPI; PREZIOSA; ROCCA, 2013).
2.1.2. Vitamina A e Esclerose Múltipla
Entre os diferentes e potencialmente relevantes fatores ambientais investigados até agora,
tem sido sugerido que os hormônios lipofílicos, como vitamina D e vitamina A (e seus
metabolitos), podem ter propriedades imunomoduladoras, e, portanto, influenciar o curso e
gravidade da EM (MORA; IWATA; VON ANDRIAN, 2008).
O AR é capaz de modular o equilíbrio entre as células Th1/Th2 e Th17/Treg, bem como
as funções das células dendítricas e B. Contribui também para o aumento da tolerância e
redução dos processos inflamatórios (HALL et al., 2011), e na modulação da plasticidade e
regeneração dos neurônios (SHEARER et al., 2012).
Com base em tais evidências, a deficiência de vitamina A está correlacionada com a
diminuição das respostas Th2, enquanto a suplementação com vitamina A suprime Th1 e
promove a diferenciação de Th2. O ácido retinóico aumenta a diferenciação de Th2 através da
indução do gene GATA3 e IL-4, inibindo reciprocamente a expressão de Tbet, levando à
inibição da formação de Th1 (JADIDI-NIARAGH; MIRSHAFIEY, 2011). Foi demonstrado
que as células dendríticas tratadas com AR dirigem células Th0 para uma resposta Th2
inibindo a secreção de IFN-γ e IL-12, que são conhecidas por serem citocinas dominantes
para o fenótipo Th1 (BUC, 2013). O AR também promove a produção de IL-10 e IL-4; IL-10,
aumentando as respostas Th2 e podendo atuar como supressora do fenótipo Th1
(ABDOLAHI et al., 2015). É também capaz de inibir a proliferação de células Th17 (HALL
et al., 2011), além de muitos outros processos moleculares. Ikeda e colaboradores (2010)
sugeriram que níveis inadequados de vitamina A e AR resultam em incapacidade de manter a
tolerância e o equilíbrio normal dos subgrupos de células T. A Figura 3 abaixo caracteriza a
regulação celular mediada pelo ácido retinóico em algumas doenças auto-imunes.
2.2.1
24
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
(Fonte: ABDELHAMID; LUO, 2018)
Figura 3 - Regulação celular mediada pelo ácido retinóico em algumas doenças auto-imunes.
A ideia de que a deficiência de VA pode estar relacionada à EM foi inicialmente derivada
de uma observação de Warren (1984) na Escócia. Ele observou que a chance de progressão da
EM mais tarde na vida foi maior em bebês que foram desmamados precocemente e
alimentados com leite de vaca nos meses de inverno. Com base nestas observações, foi
hipotetizado que a baixa concentração de iodo no solo no inverno leva à ação reduzida da
tiroxina, que é essencial para a conversação de caroteno em retinol em vacas. Estes resultados
indicam uma relação entre a deficiência de VA e EM.
Dois estudos mostraram uma redução dos níveis de retinol em pacientes com EM. No
primeiro, observou-se que pacientes com EM tinham níveis mais baixos de beta-caroteno e
retinol que controles saudáveis durante o curso de uma recaída (BESLER; COMOGLU;
OKCU, 2002). Os níveis de beta-caroteno também foram inversamente correlacionados com a
carga de estresse oxidativo, refletido pela detecção de produtos de peroxidação lipídica. Já no
segundo, demonstrou-se que pacientes com EM apresentam níveis plasmáticos de retinol mais
baixos em comparação com pacientes afetados por outras condições neurológicas (ROYAL;
GARTNER; GAJEWSKI, 2002). Curiosamente, tais anormalidades foram menos
pronunciadas em pacientes com EM tratados com IFN-β1a, sugerindo que os derivados de
25
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
ácido retinóico e os IFNs podem ter um efeito sinérgico na modulação da atividade da doença
(FILIPPI; PREZIOSA; ROCCA, 2013).
Além disso, existem vários estudos de suplementação de vitamina A que indicam a
importância da deficiência dessa vitamina na progressão da EM. No estudo de Bitarafan et al.
(2013) a suplementação de vitamina A resulta em desregulação da RARα e RARγ em células
mononucleares do sangue periférico (PBMCs) de pacientes com EM. Além disso, a
suplementação de vitamina A reduz significativamente os níveis de IL-17 e inibe a expressão
gênica de RORγt (HONARVAR et al., 2013), promovendo reciprocamente a produção de
TGF-β e induzindo a expressão de FoxP3 em pacientes com EM (SABOOR-YARAGHI et
al., 2015). Esses achados mostram que a vitamina A desempenha um papel fundamental na
imunopatogênese da EM (REZA DOROSTY-MOTLAGH et al., 2016).
No estudo realizado por Honarvar et al. (2016), a suplementação com palmitato de retinila
reduziu significativamente os níveis de IFN-γ e da expressão de T-bet. Esses dados fornecem
evidências de que o tratamento com palmitato de retinila inibe as atividades das células Th1,
podendo ser um tratamento eficaz para reduzir a gravidade dos sintomas em pacientes com
EM (HONARVAR et al., 2016). Bitarafan et al. (2015) obtiveram como resultado que a
suplementação com VA (na forma de palmitato de retinila) diminuiu a progressão dos
sintomas nos membros superiores e a incapacidade cognitiva em pacientes com EM
recidivante-remitente. E melhora da fadiga e da depressão em pacientes com EM
(BITARAFAN et al., 2016).
Como observado, nos últimos anos vêm se desenvolvendo o interesse na relação entre a
vitamina A e EM, apesar de ainda ser um número considerado pequeno de estudos. Porém,
podemos ressaltar que a ciência pode trazer cada vez mais contribuições para este tema, a fim
de que benfeitorias sejam adquiridas para a saúde de maneira geral.
26
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
3. OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Fornecer evidências disponíveis sobre o impacto clínico da Vitamina A nos desfechos
relacionados aos sintomas em pacientes portadores de Esclerose múltipla.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) Produzir um manuscrito que retrate o protocolo da Revisão Sistemática e seu registro
no PROSPERO;
b) Produzir o artigo científico de Revisão Sistemática.
27
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
4. MÉTODO
4.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA
Foi realizada uma pesquisa com dados secundários, no formato de coletânea de artigos,
desenvolvida da seguinte maneira:
Protocolo de Revisão Sistemática - Eficácia da suplementação de vitamina A no manejo
da esclerose múltipla: uma revisão sistemática. Submetido para registro no International
prospective register of systematic reviews (PROSPERO), no idioma inglês, com o seguinte
título: “The efficacy of vitamin A supplementation for the management of multiple sclerosis:
a systematic review”, e aprovado sob o número CRD42019121757 (Apêndice 1).
Artigo 1 - Suplementação nutricional de vitamina A e desfechos relacionados à saúde em
pacientes portadores de esclerose múltipla: um protocolo para revisão sistemática e metanálise
de ensaios clínicos randomizados. Publicado em junho na revista Medicine, Qualis A2, no
idioma inglês, com o seguinte título: “Nutritional supplementation of vitamin A and
health-related outcomes in patients with multiple sclerosis: a protocol for a systematic
review and meta-analysis of randomized clinical trials.”
Artigo 2 - Vitamina A e sintomas da Esclerose Múltipla: revisão sistemática de estudos
epidemiológicos e ensaios clínicos, que será submetido na revista Critical Reviews in Food
Science and Nutrition, Qualis A1 no idioma inglês, com o título: “Vitamin A and Symptoms
of Multiple Sclerosis: A Systematic Review of Epidemiologic and Clinical Trial Studies”.
4.2 COLETA DOS DADOS
Foi empregada estratégia de busca eletrônica, incluindo as seguintes bases de dados:
Pubmed, Excerpta Medica Database (Embase), Scopus, Cinahl, Scielo, Web of Science,
Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) e Science Direct. A estratégia de
busca incluiu os seguintes Medical Subject Headings (MeSH): “Vitamin A”, “Tretinoin”,
“Retinol palmitate”, “Carotenoids”, “Multiple sclerosis” e “MS”. Também foram revisadas as
referências dos manuscritos incluídos para identificar potencialmente quaisquer tentativas
perdidas. Para identificar estudos não publicados e evitar o viés de publicação, procuramos no
28
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
ClinicalTrials.gov e ensaiosclinicos.gov.br por ensaios clínicos registrados com
suplementação de vitamina A em pacientes portadores de EM, porém, nenhum estudo foi
encontrado.
Os artigos foram importados para o Mendeley (versão 1.17.11) e a avaliação inicial dos
estudos foi feita por meio do título e do resumo, usando as estratégias de busca (Tabela 1 do
artigo de protocolo, item 5.1), seguindo os critérios de inclusão e exclusão (descritos no artigo
de revisão sistemática, item 5.2), por dois pesquisadores independentes (K.F. e R.P.). Os
resumos que não foram fornecidos usando a estratégia de pesquisa acima, o texto completo do
manuscrito foi revisado e avaliado. No caso de discordância entre os dois pesquisadores
independentes sobre um estudo específico atender ou não aos critérios de inclusão para a
revisão, um terceiro investigador (A.C.) decidiu pela inclusão ou não do estudo. O texto
completo de todos os estudos considerados elegíveis para inclusão foi então revisado por
todos os pesquisadores para análise.
Para o delineamento da revisão sistemática foi utilizado o PRISMA (Preferred Reporting
Items for Systematic reviews and Meta-Analyse).
4.3 ANÁLISE DOS DADOS
Os dados extraídos dos estudos incluíram as seguintes informações em uma planilha
do programa Excel: autor e ano do estudo, tipo do estudo, quantidade da amostra, idade e sexo
dos participantes, IMC, tipo da intervenção, tempo de duração do estudo, métodos utilizados
para avaliação dos sintomas, análises estatísticas utilizadas, os desfechos e a avaliação da
qualidade do estudo.
Dois autores independentes (A.C. e K.P.) avaliaram a qualidade metodológica de
todos os estudos elegíveis. Para isso, a escala de JADAD foi utilizada para avaliar os ECR,
enquanto a escala Newcastle-Ottawa para avaliar os de Coorte. Em seguida, o coeficiente
Kappa foi utilizado para determinar o nível de acordo entre os avaliadores. Segundo Landis e
Koch (1977), o acordo entre autores é avaliado em um intervalo de <0 a 1, onde 0,00–0,19
significa concordância fraca, 0,20–0,39 pouco acordo, 0,40 a 0,79 acordo substancial e 0,80-
1,00 acordo total.
29
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
4.4 ASPECTOS ÉTICOS
A presente pesquisa não necessitou de submissão ao Comitê de Ética e Pesquisa por se
tratar da utilização de base de dados secundários, disponibilizados virtualmente.
30
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na presente coletânea serão apresentados dois artigos sobre o tema em discussão. O
primeiro refere-se a um artigo de protocolo, publicado no periódico Medicine
(https://journals.lww.com/md-journal/pages/default.aspx), em junho de 2019, com o título:
“Nutritional supplementation of vitamin A and health-related outcomes in patients with
multiple sclerosis: a protocol for a systematic review and meta-analysis of randomized
clinical trials”.
O segundo artigo trata-se de uma revisão sistemática que será enviada para o periódico
Critical Reviews in Food Science and Nutrition
(https://www.tandfonline.com/action/authorSubmission?journalCode=bfsn20&page=instructi
ons) a ser submetido com o seguinte título: “Vitamin A and Symptoms of Multiple
Sclerosis: A Systematic Review of Epidemiologic and Clinical Trial Studies”.
31
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
5.1 CAPÍTULO 1: ARTIGO DE PROTOCOLO DE REVISÃO
SISTEMÁTICA
32
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
33
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
34
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
35
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
36
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
5.2 CAPÍTULO 2: ARTIGO DE REVISÃO SISTEMÁTICA
Vitamina A e sintomas da Esclerose Múltipla: revisão sistemática de estudos
epidemiológicos e ensaios clínicos.
Ana Clara de França Nunes, MSca; Kesley Pablo Morais de Azevedo, PhD
a; Francisco Alves
Bezerra Neto, MScb; Renan Flávio de França Nunes, MD
c; Grasiela Piuvezam, PhD
a
aDepartment of Public Health, Federal University of Rio Grande do Norte, Natal/RN, Brasil.
bDepartment of Rheumatology, Onofre Lopes Hospital, Natal/RN, Brasil.
cDepartment of Neurology, Clinic Hospital of Porto Alegre, Porto Alegre/RS, Brasil.
Correspondence: Ana Clara de França Nunes, Department of Public Health, University
Campus Lagoa Nova, CEP 59078-970, PO Box 1524, Natal/RN, Brasil. E-mail:
37
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
Resumo
Introdução: a esclerose múltipla (EM) está associada à desmielinização dos neurônios no
sistema nervoso central. Estudos utilizando a vitamina A vêm se mostrando promissores na
melhora da doença. Esse estudo tem como objetivo fornecer as melhores evidências
disponíveis sobre o impacto clínico da vitamina A nos desfechos relacionados aos sintomas da
EM. Métodos: foram realizadas buscas nas principais bases de dados que avaliassem a
relação da suplementação de vitamina A e/ou sua concentração sérica com os sintomas em
pacientes portadores de EM. Para o delineamento da revisão sistemática foi utilizado o
PRISMA. Para avaliar qualidade metodológica dos estudos foi utilizada a escala JADAD para
os ensaios clínicos randomizados e a Newcastle–Ottawa para os estudos observacionais. Para
a extração de todos os dados encontrados foi criado um banco de dados no programa
Microsoft Excel. Resultados: seis estudos foram incluídos, sendo dois ensaios clínicos
randomizados (ECR) e quatro coortes. Os ECR utilizaram a suplementação de vitamina A e
realizaram associações com a progressão da doença, número de recaídas, lesões cerebrais,
fadiga e depressão. Os estudos de coorte analizaram as concentrações séricas da vitamina A e
relacionaram com os parâmetros clínicos de atividade da doença. Conclusão: recomenda-se a
suplementação de vitamina A como alternativa complementar ao tratamento da EM.
Palavras-chave: vitamina A, esclerose múltipla, suplementos nutricionais, inflamação,
doenças autoimunes.
38
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
Introdução
A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença inflamatória e neurodegenerativa,
geralmente definida por respostas autoimunes mediadas por células T autorreativas, células B
e monócitos contra proteínas da bainha de mielina no sistema nervoso central (SNC). Seus
principais sintomas são lesão do nervo óptico, dor, fadiga e dificuldade de movimento
(Abdolahi et al., 2015; Riccio, 2011).
A prevalência global da EM foi estimada em 2,3 milhões de pessoas em 2013, um
aumento de 0,2 milhões de pessoas nos últimos 5 anos, embora seja provável que esses dados
sejam subestimados, dada a relativa falta de informações sobre grandes populações, incluindo
Índia e China. Além disso, sabe-se que a proporção no sexo feminino é mais elevada (2:1)
(Browne et al., 2014).
No processo fisiopatológico da EM é provável que as células T CD4 + naïve se
diferenciem em subgrupos T auxiliares (Th) 17 e Th1. Embora a população dessas células
aumente, as células T reguladoras (Treg) são reguladas negativamente e podem causar um
desequilíbrio entre as células Th17 e Treg. Acredita-se que esse desequilíbrio tenha um papel
fundamental na lesão nervosa na EM (Buc, 2013; Lovett-Racke, Yang, & Racke, 2011).
Alguns estudos vêm sugerindo que níveis inadequados de vitamina A resultam em
incapacidade de manter a tolerância e o equilíbrio normal dos subgrupos de células T, e sua
deficiência leva a condições inflamatórias excessivas ou prolongadas no organismo (Ikeda et
al., 2010; Ross, 2012; Ross, Chen, & Ma, 2011).
O ácido retinóico apresentou um papel de supressão da proliferação de células Th17
(Duriancik, Lackey, & Hoag, 2010; Hall, Grainger, Spencer, & Belkaid, 2011; Kimura &
Kishimoto, 2010), bem como indução da produção de células Treg (Chang et al., 2013), que
são críticas para manter a homeostase imune e inibir a indução de células T autorreativas
39
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
(Ross, 2012). No geral, o equilíbrio das populações de células Th17 e Treg pode desempenhar
um papel crucial na patogênese da EM. Além disso, a vitamina A pode manter este equilíbrio
através de numerosos mecanismos que aumentam a função e produção de células Treg e
também suprimindo células Th17 patogênicas (Abdolahi et al., 2015).
Essas investigações demonstram os possíveis benefícios da suplementação de vitamina A
na patogênese da EM e, diante disso torna-se imperativo estabelecer recomendações sobre o
uso da vitamina A no manejo da doença, desde o desenvolvimento de pesquisas nessa área até
a construção de protocolos de tratamentos para os diferentes níveis de atenção (primária,
secundária e alta complexidade). Nessa perspectiva, o objetivo da presente revisão sistemática
é fornecer evidências disponíveis sobre o impacto clínico da Vitamina A nos desfechos
relacionados aos sintomas em pacientes portadores de EM.
Materiais e Métodos
Delineamento da pergunta de pesquisa
A pergunta de pesquisa foi definida baseada no PICOS: P (population), I
(interventions), C (comparators), O (outcomes), S (study designs) (Centre for Reviews and
Dissemination 2008). Os principais elementos presentes na pesquisa estão representados na
Tabela 1.
Protocolo e registro
Essa revisão foi registrada no International Prospective Register of Systematic
Reviews (PROSPERO) em 30 de Janeiro de 2019 (Registro: CRD42019121757). Disponível
em: http://www.crd.york.ac.uk/PROSPERO/display_record.php?ID=CRD42019121757.
40
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
O estudo em questão é uma revisão sistemática, por isso não foi necessário que um
comitê de ética o aprovasse.
Plano de Análise
Esta revisão foi desenvolvida seguindo o protocolo publicado por (Nunes & Piuvezam,
2019), com alguns ajustes referentes aos tipos de estudos incluídos, critérios de inclusão e
desfechos. Foi utilizado o PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic reviews and
Meta-Analyse) para o desenvolvimento do estudo (Moher, Liberati, Tetzlaff, Altman, &
PRISMA Group, 2009), e as buscas estão descritas no diagrama de fluxo (Figura 4).
Estratégia de busca
Uma ampla estratégia de busca eletrônica foi empregada, incluindo os bancos de
dados: PubMed, Excerpta Medica Database (Embase), Scopus, Cinahl, Scielo, Web of
Science, Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) e Science Direct para
identificar os artigos publicados. A estratégia de busca incluiu os seguintes medical subject
headings (MeSH): "Vitamin A", "Tretinoin", "Retinol palmitate", "Carotenoids", "Multiple
sclerosis" and "MS".
Seleção dos estudos e Extração dos dados
Os critérios de elegibilidade incluíram estudos de intervenção e estudos observacionais
com indivíduos portadores de EM, que necessariamente continham dados sobre a vitamina A
e desfechos relacionados à sintomatologia. Estudos in vitro, animal, revisões e publicações em
congressos ou que não se tratassem de artigo científico foram excluídos. Além disso, estudos
que não incluíssem adultos eram excluídos também. Não houve restrição de idioma ou
período de publicação. Os artigos foram importados para o Mendeley (1.17.11), e a avaliação
41
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
inicial dos estudos (por título e resumo) foi feita por dois pesquisadores independentes (KF e
RP) utilizando as estratégias de busca e seguindo os critérios de inclusão e exclusão. Qualquer
discordância foi resolvida por um terceiro pesquisador (AC).
Os dados extraídos dos estudos incluíram as seguintes informações em uma planilha
no programa Excel: autor e ano do estudo, tipo do estudo, quantidade da amostra, idade e sexo
dos participantes, IMC, tipo da intervenção, tempo de duração do estudo, métodos utilizados
para avaliação dos sintomas, análises estatísticas utilizadas, os desfechos e a avaliação da
qualidade do estudo.
Avaliação do risco de viés
Dois autores independentes (A.C. e K.P.) avaliaram a qualidade metodológica de
todos os estudos elegíveis. Para isso, a escala de JADAD foi utilizada para avaliar os ECR,
enquanto a escala Newcastle-Ottawa para avaliar os Estudos Observacionais. Em seguida, o
coeficiente Kappa foi utilizado para determinar o nível de acordo entre os avaliadores.
Segundo (Landis & Koch, 1977), o acordo entre autores é avaliado em um intervalo de <0 a 1,
onde 0,00–0,19 concordância fraca, 0,20–0,39 pouco acordo, de 0,40 a 0,79 acordo
substancial e 0,80-1,00 acordo total (Landis; Koch, 1977).
Resultados
Na busca inicial foram encontrados 2053 estudos. Um total de 1858 foi analisado pelo
título e resumo após a exclusão das duplicatas. Após as etapas de seleção, seis estudos foram
selecionados. Os passos da seleção dos estudos de acordo com as recomendações do PRISMA
são apresentados na Figura 4.
42
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
Dos seis estudos, dois foram caracterizados como Ensaios Clínicos Randomizados
(Bitarafan et al., 2015; Bitarafan et al., 2016) e quatro como observacionais de coorte (Filippi,
Preziosa, & Rocca, 2013; Loken-Amsrud et al., 2013; Runia, Hop, de Rijke, & Hintzen, 2014;
Yokote, Shuta, Kamata, Sanjo, & Yokota, 2017). Ao analisar os estudos na íntegra, observou-
se que o estudo de Bitarafan et al. (2016) correspondeu ao acompanhamento da população
avaliada no estudo de Bitarafan et al. (2015), assim, considerando o fato de serem duas
publicações realizadas em anos e periódicos distintos, mantivermos a apresentação dos dados
em separados na tabela de caracterização dos estudos.
Os estudos foram desenvolvidos no Irã (Bitarafan et al., 2015 e 2016), Noruega
(Loken-Amsrud et al., 2013 e Filippi, Preziosa, & Rocca, 2013), Tóquio (Yokote et al., 2017)
e Holanda (Runia et al., 2014), e um total de 461 pacientes foram incluídos nos seis estudos.
Em relação à sintomatologia, todos utilizaram a Escala EDSS, quatro utilizaram a ressonância
magnética adicionalmente, um utilizou a medição da exacerbação da doença, um utilizou a
Escala MSFC (Composição Funcional da Esclerose Múltipla) em adição aos outros
parâmetros e um utilizou as Escalas MFIS (Modified Fatigue Impact Scale) and BDI-II (Beck
Depression Inventory-II) para avaliar fadiga e depressão.
As características gerais dos estudos incluídos estão descritas na Tabela 2. Observou-
se que as mulheres corresponderam a pelo menos 64% dos participantes em todos os estudos e
o intervalo de idade variou de 18 a 58 anos entre os estudos. Todos os estudos informaram o
tempo de duração da doença, e o IMC variou de 17,9 a 38,6kg/m², entretanto dois estudos não
trouxeram essa informação (Yokote et al., 2017; Runia et al., 2014).
A análise dos artigos mostrou a existência de resultados complementares entre os
estudos sobre a relação da vitamina A com a sintomatologia. Quatro estudos sugerem melhora
da incapacidade e atividade da doença (Bitarafan et al., 2015 e 2016, Yokote et al., 2017 e
43
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
Loken-Amsrud et al., 2013), e dois não demonstraram associação com a incapacidade e risco
de recaídas (Filippi, Preziosa, & Rocca, 2013 e Runia et al., 2014).
Em relação à avaliação da qualidade metodológica dos estudos, destaca-se que os
estudos de Ensaio Clínico tiveram o cumprimento de 100% dos cinco itens avaliados pela
escala Jadad. Em relação aos estudos observacionais de Coorte, constatou-se que todos
atingiram cumprimentos de itens superiores a 66% (Tabela 2), e, portanto, todos os 6 estudos
foram considerados com adequada qualidade metodológica.
A avaliação de concordância entre os examinadores aconteceu por meio do cálculo do
índice Kappa e foram os seguintes: 100% de concordância para os ECR; E no caso dos
estudos de coorte o percentual de concordância variou de 75% a 100%. Estes resultados
demonstram um percentual de concordância adequado entre os avaliadores.
Discussão
Considerando-se o objetivo da presente revisão sistemática que é evidenciar o impacto
clínico da suplementação nutricional de Vitamina A nos desfechos relacionados aos sintomas
em pacientes portadores de Esclerose múltipla, observou-se que dos seis estudos incluídos,
dois (Bitarafan et al., 2015 e 2016) utilizaram a suplementação de vitamina A na forma de
palmitato de retinila e dosagem de 25.000 UI/dia (6 meses) and 1000 UI/day (6 meses).
Esses estudos (Bitarafan et al., 2015 e 2016) avaliaram as associações entre a progressão
da doença, número de recaídas, lesões cerebrais, fadiga e depressão. Os resultados foram
promissores e demonstraram que a vitamina A é capaz de conter a progressão da incapacidade
nos membros superiores e as deficiências cognitivas, porém não mostrou ser capaz de inibir a
progressão da incapacidade de membros inferiores.
A avaliação dos artigos (Bitarafan et al., 2015 e 2016) também mostrou que não houve
mudanças significativas nas lesões de substância branca e taxas de recaída. Segundo (Meyer-
44
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
Moock, Feng, Maeurer, Dippel, & Kohlmann, 2014), a MSFC apresenta uma melhor
sensibilidade e confiabilidade em comparação com o EDSS. Em relação aos resultados, os
autores sugeriram que a vitamina A pode ter um melhor efeito sobre as características
neurodegenerativas, em vez de características inflamatórias da EM (Bitarafan et al., 2015).
Ademais, esses ensaios clínicos (Bitarafan et al. 2015 e 2016) também verificaram que
os escores de depressão, fadiga total e as três subescalas de fadiga (física, cognitiva e
psicossocial) melhoraram significativamente com o consumo de vitamina A.
Os quatro estudos observacionais (Filippi, Preziosa, & Rocca, 2013, Yokote et al.
2017, Loken-Amsrud et al. 2013 e Runia et al., 2014) realizaram a dosagem sérica da
vitamina A e relacionaram com os parâmetros clínicos de atividade da doença. Filippi,
Preziosa, & Rocca (2013) constataram que os níveis séricos de retinol não foram associados
ao número de recidivas e ao agravamento da Escala Expandida de Incapacidade, porém,
observaram que um aumento de 1 μmol / l de retinol sérico reduziu o risco de desenvolver
novas lesões que aumentam o Gd em 49%, novas lesões do T2 em 42% e lesões ativas (uma
combinação dos dois primeiros) em 46%.
Loken-Amsrud et al. (2013) em seu estudo identificaram associação inversa entre
níveis crescentes de retinol e resultados de ressonância magnética, além do retinol predizer
resultados de novas lesões na ressonância magnética nos meses subsequentes. Sabe-se que a
ressonância magnética é a ferramenta paraclínica mais objetiva e sensível para a investigação
diagnóstica de pacientes com suspeita de ter EM, bem como, para o monitoramento da
evolução da doença e eficácia do tratamento em pacientes com EM definida (Filippi et al.,
2011; Barkhof et al., 2012). As sequências de ressonância magnética (RM), muito utilizadas
nos estudos, que visualizam e quantificam a inflamação focal e a cicatriz da substância branca
associada à remissão da EM são marcadores altamente sensíveis para os eventos clínicos
45
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
(O’Riordan et al., 1998), sendo a quantificação da atrofia cerebral uma medida promissora
para monitorar a neurodegeneração (Rudick, Lee, Nakamura, & Fisher, 2009).
No estudo realizado por Yokote et al. (2017) os autores encontraram correlação
significativa entre o nível sérico de retinol e perda de volume cerebral, constatando que níveis
mais baixos de retinol podem sugerir perda de volume correlacionada com maior
incapacidade. E Runia et al. (2014) concluiram que a vitamina A não está associada ao risco
de recaída em pacientes com EM.
A sugestão inicial de que a vitamina A pode estar ligada à EM é baseada no princípio
do desequilíbrio entre a proliferação ou função das células T patogênicas (Th1, Th17, Th9) e
reguladoras (Th2, Treg) (Sanjadi et al., 2018; Kaskow & Baecher-Allan, 2018; Zimmermann
et al., 2018). As células Th1 secretam interleucina-2 (IL), interferon gama (IFN-g), fator de
necrose tumoral beta (TNF-b). As células Th2 secretam IL-4, IL-5, IL-6, IL-10, IL-13 e o
fator de crescimento transformador beta (TGF-b). Assim, as citocinas são divididas em dois
grupos, pró-inflamatório e anti-inflamatório (Moutsopoulos, Zampeli, & Vlachoyiannopoulos,
2018).
Ao contrário da influência da vitamina D na EM, que tem sido o assunto de centenas
de artigos nos últimos anos, a vitamina A não desencadeou o mesmo nível de interesse.
Talvez isso seja surpreendente, considerando que a vitamina A e a vitamina D compartilham
uma série de efeitos fisiológicos, particularmente relacionados à inflamação e à tolerância
(Petkovich, Heersche, Tinker, & Jones, 1984; Yamanaka et al., 2008; Székely & Pataki, 2012;
Ikeda et al., 2010). Ainda há poucos estudos abordando a temática da vitamina A e EM,
principalmente quando se trata da sua relação com os sintomas/manifestações da doença nos
pacientes.
A nível molecular, uma série de estudos já foram realizados e constataram o papel da
vitamina A na EM. Um ensaio clínico duplo-cego testou os efeitos da suplementação de
46
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
vitamina A (25.000 UI/dia de vitamina A como palmitato de retinila) por 6 meses em EMRR
versus placebo em termos da proliferação de células mononucleares do sangue periférico em
estimulação com glicoproteína de oligodendrócito de mielina (MOG) ou fito-hemaglutinina
antes e após o período experimental. A proliferação evocada de MOG diminuiu no grupo de
pacientes em uso de suplementos de vitamina A, sugerindo-se que a suplementação com
palmitato de retinila em pacientes com EM reduz os efeitos estimulatórios da MOG nas
células-T (Jafarirad et al., 2012).
Uma revisão sistemática com metanálise publicada recentemente sobre o efeito da
suplementação de vitamina A na expressão gênica de citocinas ou níveis séricos de citocinas
em pacientes com doença inflamatória e autoimune, dentre elas a EM, concluiu que a
vitamina A pode reduzir a expressão gênica de citocinas inflamatórias e aumentar a expressão
gênica de citocinas anti-inflamatórias (Harirchian, Mohammadpour, Fatehi, Firoozeh, &
Bitarafan, 2018).
Com relação ao estado nutricional, a revisão trouxe dados de uma ampla variação da
medida do IMC, desde a magreza (17,9kg/m²) até a obesidade (38,6kg/m²). Schawarz e
Lewling (2005) sugerem que não é incomum muitos pacientes sofrerem de várias formas de
desnutrição, obesidade, perda de peso ou deficiências de vitaminas. Para eles, estudos sobre o
estado nutricional na EM depende muito do paciente ou do grupo selecionado. No estudo
realizado por Saka et al. (2012) com 37 pacientes (22 mulheres e 15 homens), foi possível
inferir que o estado nutricional prevalemte foi a eutrofia (54,1%), seguido do excesso de peso
(24,3% sobrepeso e 16,2% obesos). Payne (2001) considera a desnutrição como uma
consequência mais insidiosa da incapacidade na EM, pois pode confundir os sintomas como
fraqueza e fadiga muscular.
Os desequilíbrios nutricionais na EM são comuns e podem ter um efeito negativo no
curso da doença, bem como, mais importante, na qualidade de vida do paciente. Portanto, uma
47
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
abordagem multidisciplinar se faz necessária para tratar o paciente com EM (Schawarz;
Lewling, 2005).
Além disso, pode-se inferir que o objetivo da terapia na EM está mais relacionado com
a prevenção ou o adiamento da incapacidade a longo prazo. Desta forma, os resultados de
curto prazo que são comumente usados na prática diária e nos ensaios clínicos requerem
validação em estudos observacionais prospectivos como substitutos para a incapacidade a
longo prazo, sendo então esses estudos muito válidos (O’Riordan et al., 1998).
Medicamentos complementares e alternativos (CAM) para tratar a EM ou sintomas
associados vem sendo muito utilizado em conjunto com os tratamentos farmacológicos,
consistindo em dieta, exercício, cannabis, suplementos vitamínicos e minerais, acupuntura e
células estaminais (Pucci, Cartechini, Taus, & Giuliani, 2004; Claflin, van der Mei, & Taylor,
2018). O interesse em tratamentos CAM dentro da comunidade MS pode resultar das
deficiências percebidas e reais dos tratamentos farmacológicos disponíveis. Medicamentos de
EM podem resultar em efeitos colaterais sérios e são ineficazes para alguns pacientes,
particularmente entre 10% e 15% dos casos de EM com esclerose múltipla primária
progressiva (Koch, Kingwell, Rieckmann, & Tremlett, 2009). Sintomas persistentes,
percepção de falta de eficácia e reações adversas a tratamentos imunomoduladores podem
explicar o interesse contínuo de pacientes com EM na CAM (Schwarz, Knorr, Geiger, &
Flachenecker, 2008).
Muitos tipos de suplementos vitamínicos e fitoterápicos são utilizados pelos
portadores de EM (Claflin et al., 2018). Os efeitos da suplementação de vitamina A em
diferentes resultados (moleculares, celulares e clínicos) em pacientes com EM são devido a
conversão da vitamina A em ácidos retinóicos e o aumento do nível de ácidos retinóicos
circulantes (Bitarafan et al., 2015), gerando a sua ligação com a RAR-alfa e gama nas células
48
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
mononucleares do sangue periférico (Bitarafan et al., 2013), alterando sua expressão e
regulando assim a resposta imune em pacientes com EM (Lovett-Racke & Racke, 2002).
As limitações desta revisão estão relacionadas à dificuldade em encontrar estudos de
Ensaios clínicos com a vitamina A. Buscou-se, não apenas artigos com análise de suas
concentrações séricas, mas igualmente estudos que realizassem associações com a
sintomatologia/manifestação da doença, levando em consideração a visão holística da
Esclerose Múltipla. No tocante a realização do estudo de metanálise, a variabilidade entre as
intervenções propostas e as heterogeneidades clínica, metodológica e estatística
inviabilizaram a sua realização. No entanto, os resultados apresentados refletem um relevante
sumário da evidencia científica a respeito do tema abordado.
Conclusão
A partir deste estudo, podemos evidenciar que a vitamina A está relacionada
positivamente com a regressão da atividade e progressão da doença, e que a sua
suplementação pode trazer benefícios para a qualidade de vida dos pacientes. Desta forma,
por meio desses achados, considerando dois ECR com avaliação JADAD 5/5, podemos
recomendar a utilização da vitamina A no formato de suplemento alimentar como uma
alternativa complementar ao tratamento da EM, principalmente no nível secundário de
assistência à saúde.
Porém, novos ensaios clínicos com metodologia bem delineada são necessários para que a
dosagem segura seja definida. As formas alternativas de tratamento para as doenças
neurológicas devem ser incentivadas, visando contribuir com a qualidade de vida dos
pacientes. Além disso, uma dieta rica em carotenoide e antioxidantes deve ser estimulada.
49
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
Abreviações
BDI-II: Beck Depression Inventory-II
CAM: Medicamentos complementares e alternativos
CENTRAL: Cochrane Central Register of Controlled Trials
ECR: Ensaios Clínicos Randomizados e Controlados
EDSS: Escala de status Status de incapacidade Incapacidade expandida Expandida de Kurtzke
EM: Esclerose Múltipla
EMBASE: Excerpta Medica Database
GRADE: Manual de graduação da qualidade da evidência e a força da recomendação para
tomada de decisão em saúde
IMC: Índice de massa corpórea
MESH: Medical Subject Headings
MFIS: Modified Fatigue Impact Scale
MOG: Glicoproteína de oligodendrócito de mielina
MSFC: Composição Funcional da Esclerose Múltipla
PRISMA: Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyse
PROSPERO: Prospective Register of Systematic Reviews
SNC: Sistema Nervoso Central
VA: Vitamina A
50
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
Declaração de Divulgação
Nenhum potencial conflito de interesse foi relatado pelos autores.
Financiamento
A pesquisa foi financiada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, por
meio da Pró-reitoria de Pós-Graduação, e pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde
Coletiva. Além disso, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), órgão vinculado ao Ministério da Educação, ofereceui bolsa de mestrado para
incentivar essa pesquisa.
Referências
Abdolahi, M., Yavari, P., Honarvar, N. M., Bitarafan, S., Mahmoudi, M., & Saboor-Yaraghi,
A. A. (2015). Molecular Mechanisms of the Action of Vitamin A in Th17/Treg Axis in
Multiple Sclerosis. Journal of Molecular Neuroscience : MN, 57(4), 605–613.
https://doi.org/10.1007/s12031-015-0643-1
Barkhof, F., Simon, J. H., Fazekas, F., Rovaris, M., Kappos, L., de Stefano, N., … Filippi, M.
(2012). MRI monitoring of immunomodulation in relapse-onset multiple sclerosis trials.
Nature Reviews Neurology, 8(1), 13–21. https://doi.org/10.1038/nrneurol.2011.190
Bitarafan, S., Harirchian, M. H., Sahraian, M. A., Keramatipour, M., Beladi Moghadam, N.,
Togha, M., … Saboor-Yarghi, A. A. (2013). Impact of vitamin A supplementation on
RAR gene expression in multiple sclerosis patients. Journal of Molecular Neuroscience,
51(2), 478–484. https://doi.org/10.1007/s12031-013-0090-9
51
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
Bitarafan, S., Saboor-yaraghi, A., Vvl, M. S., & Togha, M. (2015). Impact of Vitamin A
Supplementation on Disease Progression in. Archives of Iranian Medicine, 18(7), 435–
440.
Bitarafan, S., Saboor-Yaraghi, A., Sahraian, M., Soltani, D., Nafissi, S., Togha, M., …
Harirchian, M. (2016). Effect of Vitamin A supplementation on fatigue and depression in
multiple sclerosis patients: A double-blind placebo-controlled clinical trial. Iranian
Journal of Allergy, Asthma and Immunology, 15(1), 13–19. Retrieved from
http://www.embase.com/search/results?subaction=viewrecord&from=export&id=L6081
34953
Browne, P., Chandraratna, D., Angood, C., Tremlett, H., Baker, C., Taylor, B. V., &
Thompson, A. J. (2014). Atlas of Multiple Sclerosis 2013: A growing global problem
with widespread inequity. Neurology, 83(11), 1022–1024.
https://doi.org/10.1212/WNL.0000000000000768
Buc, M. (2013). Role of Regulatory T Cells in Pathogenesis and Biological Therapy of
Multiple Sclerosis. Mediators of Inflammation, 2013, 1–11.
https://doi.org/10.1155/2013/963748
Chang, J., Thangamani, S., Kim, M. H., Ulrich, B., Morris, S. M., & Kim, C. H. (2013).
Retinoic acid promotes the development of Arg1-expressing dendritic cells for the
regulation of T-cell differentiation. European Journal of Immunology, 43(4), 967–978.
https://doi.org/10.1002/eji.201242772
Claflin, S. B., van der Mei, I. A. F., & Taylor, B. V. (2018). Complementary and alternative
treatments of multiple sclerosis: a review of the evidence from 2001 to 2016. Journal of
Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, 89(1), 34–41. https://doi.org/10.1136/jnnp-
52
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
2016-314490
Duriancik, D. M., Lackey, D. E., & Hoag, K. A. (2010). Vitamin A as a Regulator of Antigen
Presenting Cells. The Journal of Nutrition, 140(8), 1395–1399.
https://doi.org/10.3945/jn.110.124461
Filippi, M., Preziosa, P., & Rocca, M. A. (2013). Vitamin A: yet another player in multiple
sclerosis pathogenesis? Expert Review of Clinical Immunology, 9(2), 113–115.
https://doi.org/10.1586/eci.12.105
Filippi, M., Rocca, M. A., De Stefano, N., Enzinger, C., Fisher, E., Horsfield, M. A., …
Comi, G. (2011). Magnetic Resonance Techniques in Multiple Sclerosis. Archives of
Neurology, 68(12), 1514. https://doi.org/10.1001/archneurol.2011.914
Hall, J. A., Grainger, J. R., Spencer, S. P., & Belkaid, Y. (2011). The Role of Retinoic Acid in
Tolerance and Immunity. Immunity, 35(1), 13–22.
https://doi.org/10.1016/j.immuni.2011.07.002
Harirchian, M. H., Mohammadpour, Z., Fatehi, F., Firoozeh, N., & Bitarafan, S. (2018). A
systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials to evaluating the
trend of cytokines to vitamin A supplementation in autoimmune diseases. Clinical
Nutrition (Edinburgh, Scotland). https://doi.org/10.1016/j.clnu.2018.10.026
Ikeda, U., Wakita, D., Ohkuri, T., Chamoto, K., Kitamura, H., Iwakura, Y., & Nishimura, T.
(2010). 1α,25-Dihydroxyvitamin D3 and all-trans retinoic acid synergistically inhibit the
differentiation and expansion of Th17 cells. Immunology Letters, 134(1), 7–16.
https://doi.org/10.1016/j.imlet.2010.07.002.
Jadad, A. R., Moore, R. A., Carroll, D., Jenkinson, C., Reynolds, D. J., Gavaghan, D. J., &
McQuay, H. J. (1996). Assessing the quality of reports of randomized clinical trials: is
53
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
blinding necessary? Controlled Clinical Trials, 17(1), 1–12. Retrieved from
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8721797.
Jafarirad, S., Siassi, F., Harirchian, M., Sahraian, M.-A., Eshraghian, M.-R., Shokri, F., …
Saboor-Yaraghi, A. (2012). The effect of vitamin A supplementation on stimulated T-
cell proliferation with myelin oligodendrocyte glycoprotein in patients with multiple
sclerosis. Journal of Neurosciences in Rural Practice, 3(3), 294–298.
https://doi.org/10.4103/0976-3147.102609
Kaskow, B. J., & Baecher-Allan, C. (2018). Effector T Cells in Multiple Sclerosis. Cold
Spring Harbor Perspectives in Medicine, 8(4), a029025.
https://doi.org/10.1101/cshperspect.a029025
Kimura, A., & Kishimoto, T. (2010). IL-6: Regulator of Treg/Th17 balance. European
Journal of Immunology, 40(7), 1830–1835. https://doi.org/10.1002/eji.201040391
Koch, M., Kingwell, E., Rieckmann, P., & Tremlett, H. (2009). The natural history of primary
progressive multiple sclerosis. Neurology, 73(23), 1996–2002.
https://doi.org/10.1212/WNL.0b013e3181c5b47f
Landis, J. R., & Koch, G. G. (1977). The Measurement of Observer Agreement for
Categorical Data. Source: Biometrics (Vol. 33). Retrieved from
https://www.dentalage.co.uk/wp-
content/uploads/2014/09/landis_jr__koch_gg_1977_kappa_and_observer_agreement.pdf
Loken-Amsrud, K. I., Myhr, K.-M., Bakke, S. J., Beiske, A. G., Bjerve, K. S., Bjornara, B. T.,
… Holmoy, T. (2013). Retinol levels are associated with magnetic resonance imaging
outcomes in multiple sclerosis. Multiple Sclerosis (Houndmills, Basingstoke, England),
19(4), 451–457. https://doi.org/10.1177/1352458512457843
54
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
Lovett-Racke, A. E., & Racke, M. K. (2002). Retinoic acid promotes the development of Th2-
like human myelin basic protein-reactive T cells. Cellular Immunology, 215(1), 54–60.
Lovett-Racke, A. E., Yang, Y., & Racke, M. K. (2011). Th1 versus Th17: Are T cell
cytokines relevant in multiple sclerosis? Biochimica et Biophysica Acta (BBA) -
Molecular Basis of Disease, 1812(2), 246–251.
https://doi.org/10.1016/j.bbadis.2010.05.012
Meyer-Moock, S., Feng, Y.-S., Maeurer, M., Dippel, F.-W., & Kohlmann, T. (2014).
Systematic literature review and validity evaluation of the Expanded Disability Status
Scale (EDSS) and the Multiple Sclerosis Functional Composite (MSFC) in patients with
multiple sclerosis. BMC Neurology, 14(1), 58. https://doi.org/10.1186/1471-2377-14-58
Moher, D., Liberati, A., Tetzlaff, J., Altman, D. G., & PRISMA Group. (2009). Preferred
reporting items for systematic reviews and meta-analyses: the PRISMA statement. BMJ
(Clinical Research Ed.), 339, b2535. https://doi.org/10.1136/bmj.b2535
Moutsopoulos, H. M., Zampeli, E., & Vlachoyiannopoulos, P. G. (2018). Autoimmune
Rheumatic Disorders: Pathogenetic and Laboratory Aspects. In Rheumatology in
Questions (pp. 21–36). Cham: Springer International Publishing.
https://doi.org/10.1007/978-3-319-71604-6_2
Nunes, A. C. de F., & Piuvezam, G. (2019). Nutritional supplementation of vitamin A and
health-related outcomes in patients with multiple sclerosis. Medicine, 98(25), e16043.
https://doi.org/10.1097/md.0000000000016043
O’Riordan, J., Thompson, A. J., Kingsley, D. P., MacManus, D. G., Kendall, B. E., Rudge, P.,
… Miller, D. H. (1998). The prognostic value of brain MRI in clinically isolated
syndromes of the CNS. A 10-year follow-up. Brain, 121(3), 495–503.
55
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
https://doi.org/10.1093/brain/121.3.495
Payne, A. Nutrition and diet in the clinical managementof multiple sclerosis. Journal of
Human Nutrition and Dietetics, 14(5), 349-357. https://doi-
org.ez18.periodicos.capes.gov.br/10.1046/j.1365-277X.2001.00308.x
Petkovich, P. M., Heersche, J. N. M., Tinker, D. O., & Jones, G. (1984). Retinoic acid
stimulates 1,25-dihydroxyvitamin D3binding in rat osteosarcoma cells. Journal of
Biological Chemistry, 259(13), 8274–8280.
Pucci, E., Cartechini, E., Taus, C., & Giuliani, G. (2004). Why physicians need to look more
closely at the use of complementary and alternative medicine by multiple sclerosis
patients. European Journal of Neurology, 11(4), 263–267.
https://doi.org/10.1046/j.1468-1331.2003.00758.x
Riccio, P. (2011). The molecular basis of nutritional intervention in multiple sclerosis: A
narrative review. Complementary Therapies in Medicine, 19(4), 228–237.
https://doi.org/10.1016/j.ctim.2011.06.006
Ross, A. C. (2012). Vitamin A and retinoic acid in T cell-related immunity. The American
Journal of Clinical Nutrition, 96(5), 1166S–72S.
https://doi.org/10.3945/ajcn.112.034637
Ross, A. C., Chen, Q., & Ma, Y. (2011). Vitamin A and retinoic acid in the regulation of B-
cell development and antibody production. Vitamins and Hormones, 86, 103–126.
https://doi.org/10.1016/B978-0-12-386960-9.00005-8
Rudick, R. A., Lee, J.-C., Nakamura, K., & Fisher, E. (2009). Gray matter atrophy correlates
with MS disability progression measured with MSFC but not EDSS. Journal of the
Neurological Sciences, 282(1–2), 106–111. https://doi.org/10.1016/j.jns.2008.11.018
56
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
Runia, T. F., Hop, W. C. J., de Rijke, Y. B., & Hintzen, R. Q. (2014). Vitamin A is not
associated with exacerbations in multiple sclerosis. Multiple Sclerosis and Related
Disorders, 3(1), 34–39. https://doi.org/10.1016/j.msard.2013.06.011
Sanjadi, M., Rezvanie Sichanie, Z., Totonchi, H., Karami, J., Rezaei, R., & Aslani, S. (2018).
Atherosclerosis and autoimmunity: a growing relationship. International Journal of
Rheumatic Diseases, 21(5), 908–921. https://doi.org/10.1111/1756-185X.13309
Schwarz, S., Knorr, C., Geiger, H., & Flachenecker, P. (2008). Complementary and
alternative medicine for multiple sclerosis. Multiple Sclerosis Journal, 14(8), 1113–
1119. https://doi.org/10.1177/1352458508092808
Schawarz, S. & Lewling, H. (2005). Multiple sclerosis and nutrition. Multiple Sclerosis
Journal, 11(1), 24–32. https://doi.org/10.1191/1352458505ms1119oa
Saka, M., Saka, M., Koseler, E., Metin, S., Bilen, S., Aslanyavrusu, M., … Kızıltan, G.
(2012). Nutritional status and anthropometric measurements of patients with multiple
sclerosis. Saudi medical journal, 33(2), 160–166.
Székely, J. I., & Pataki, Á. (2012). Effects of vitamin D on immune disorders with special
regard to asthma, COPD and autoimmune diseases: a short review. Expert Review of
Respiratory Medicine, 6(6), 683–704. https://doi.org/10.1586/ers.12.57.
Wells, G., Shea, B., O’Connell, D., Peterson, J., Welch, V., Losos, M., & Tugwell, P. (2011).
The Newcastle-Ottawa Scale (NOS) for assessing the quality of nonrandomised studies
in metaanalyses. Ottawa Hospital Research Institute [accessed on 2019 July 28].
http://www.ohri.ca/programs/clinical_epidemiology/oxford.asp.
Yamanaka, K., Dimitroff, C. J., Fuhlbrigge, R. C., Kakeda, M., Kurokawa, I., Mizutani, H., &
Kupper, T. S. (2008). Vitamins A and D are potent inhibitors of cutaneous lymphocyte-
57
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
associated antigen expression. Journal of Allergy and Clinical Immunology, 121(1), 148–
157.e3. https://doi.org/10.1016/j.jaci.2007.08.014
Yokote, H., Shuta, T., Kamata, T., Sanjo, N., & Yokota, T. (2017). Serum Retinol Levels are
Associated with Brain Volume Loss in Patients with Multiple Sclerosis. Multiple
Sclerosis Journal, 23(2), 331.
Zimmermann, J., Emrich, M., Krauthausen, M., Saxe, S., Nitsch, L., Heneka, M. T., …
Müller, M. (2018). IL-17A Promotes Granulocyte Infiltration, Myelin Loss, Microglia
Activation, and Behavioral Deficits During Cuprizone-Induced Demyelination.
Molecular Neurobiology, 55(2), 946–957. https://doi.org/10.1007/s12035-016-0368-3.
58
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
Tabela 1 - Elementos da questão de pesquisa de acordo com a estratégia PICOS.
Descrição Abreviação Elementos da questão
População P Adultos com esclerose múltipla.
Intervenções I Suplementação de vitamina A ou análise das
concentrações séricas de vitamina A e avaliação dos
sintomas.
Controle ou
Comparação
C Adultos que receberem suplementação de vitamina A
serão comparados com aqueles que não receberam
suplementação ou análise de vitamina A sérica em
parâmetros sintomáticos.
Desfechos O Melhoria em pelo menos um dos seguintes fatores: níveis
séricos de vitamina A, taxa de recaída, estado de
deficiência de acordo com os escores do EDSS, qualidade
de vida e efeitos adversos.
Tipos de estudos S Ensaios clínicos randomizados, ensaios clínicos, estudos
observacionais.
59
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
Records after duplicates removed
(n=1858)
Records identified through database
searching
(n=2053)
Scr
eenin
g
Incl
ud
ed
Eli
gib
ilit
y
Iden
tifi
cati
on
Additional records identified
through other sources
(n=0)
Records screened
(n=54)
Full-text articles assessed
for eligibility
(n=14)
Full-text articles excluded, with reasons
- Not scientific articles = 3
- Reviews = 3
- Not about the symptoms = 2
Studies included in
systematic review (n=6)
PUBMED
(n=78)
WOS
(n=25)
Science Direct
(n=725)
CINAHL
(n=617)
SCIELO
(n=141)
EMBASE
(n=70)
COCHRANE
(n=350)
SCOPUS
(n=47)
FIGURA 4. Diagrama de Fluxo do PRISMA
Records excluded
- No identification= 71
- Not about vitamin A and/or MS= 1737
- Animal studies/reviews/books/ jornal
article/protocol= 36
2 RCT 4 Cohortes
60
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
Autor
(ano) Tipo do
estudo Amostra
Faixa
etária
média Gênero
IMC
médio
Tipo de
intervenção
Tempo de
Acompanhamento Variáveis
Análises
estatísticas Desfechos
Avaliação
da
qualidade
do estudo
Bitarafan et
al. (2016) ECR 93 20-45
24 Homens
e 69
Mulheres
24,2
Suplementação
(25.000 UI/dia (6
meses) and 1000
UI/dia (6 meses))
1 ano
Escala
EDSS e
MFIS and
BDI-II
Mann-
Whitney
and teste t
Melhora
significativa da
depressão total e
fadiga
5/51
(100%)2
Bitarafan et
al. (2015) ECR 93 20 - 45
24 Homens
e 69
Mulheres
24,2
Suplementação
(25.000 UI/dia (6
meses) and 1000
UI/dia (6 meses))
1 ano
Escala
EDSS,
MSFC e
MRI
Mann-
Whitney
and teste t
↓progressão do
MS e da
incapacidade
cognitiva
5/51
(100%)2
Filippi;
Preziosa;
Rocca
(2013)
Coorte 91 18 - 55
32 Homens
e 59
Mulheres
25,6 Retinol Plasmático 2 anos
Escala
EDSS e
MRI
Mann-
Whitney-
Wilcoxon,
Hodges-
Lehmann,
Poisson,
risco
proporciona
l de Cox,
resgressão
logística e
teste exato
de Fisher
Os níveis séricos
de retinol não
foram associados
ao número de
recidivas e ao
agravamento da
Escala EDSS;
Um aumento de
1 µmol / l de
retinol sérico
reduziu o risco
de
desenvolvimento
de novas lesões
6/93
(67%)4
Yokote et
al. (2017) Coorte 23 33 - 55
6 Homens e
17 Mulheres Ø Retinol Plasmático 8,1 anos
Escala
EDSS e
MRI
Teste t de
Welch,
Mann-
Whitney ou
teste exato
de Fisher,
coeficiente
↓níveis de retinol
binding protein
(RBP) podem
estar associados
a incapacidade
dos pacientes
com EM
7/93
(78%)4
Tabela 2 - Características dos estudos incluídos na revisão sistemática.
61
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
1. Escala Jadad para avaliação de Estudos de Ensaios Clínicos (contendo 5 itens de avaliação); 2. Percentual de cumprimento dos itens da Escala Jadad; 3. Escala New Castle
Otawa (NOS) para avaliação de Estudos de Coorte (contendo 9 itens de avaliação); 4. Percentual de cumprimento dos itens da Escala NOS. Ø. O estudo não utilizou a
variável em questão.
de pearson,
coeficiente
de
correlação
bisserial de
pontos e
correlação
de
Spearman e
regressão
linear
múltipla
Loken-
Amsrud et
al., (2013)
Coorte 88 19 - 58
31 Homens
e 57
Mulheres
28,2 Retinol Plasmático 2 anos
Escala
EDSS e
MRI
Regressão
logística,
teste t,
correlação
de
Spearman
Sugere-se que os
níveis de
vitamina A no
soro influenciam
a atividade da
doença por meio
de MRI na EM
8/93
(89%)4
Runia et al.,
(2014) Coorte 73 19 - 55
17 homens e
56 Mulheres Ø Retinol Plasmático 0,4 a 2,3 anos
Escala
EDSS e
medição
da
exacerbaç
ão da
doença
Poisson e
regressão de
modelo
misto
A concentração
sérica de retinol
não está
associada ao
risco de recaída
em pacientes
com EM
8/93
(89%)4
62
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
6. CONCLUSÕES
A presente dissertação de mestrado vem contribuir com a literatura oferecendo o que está
atualmente no topo da evidência científica, que é a revisão sistemática, gerando novas
informações e trazendo para discussão um importante assunto de interesse para a saúde
coletiva, que é a relação dos benefícios da vitamina A sob os sintomas de pacientes com
Esclerose Múltipla.
Pudemos observar que a mesma está intimamente relacionada à doença, e o presente
trabalho orienta a utilização da suplementação alimentar da vitamina A de forma
complementar ao tratamento da EM. Contudo, também orienta o desenvolvimento de novos
estudos, envolvendo intervenções e controles com diferentes dosagens da vitamina A para se
definir uma faixa segura de utilização.
63
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
REFERÊNCIAS
ABDELHAMID, L.; LUO, X.M. Retinoic Acid, Leaky Gut, and Autoimmune Diseases.
Nutrients, v. 10, n. 1, p. 1-29, 12 jun. 2018.
ABDOLAHI, M. et al. Molecular Mechanisms of the Action of Vitamin A in Th17/Treg Axis
in Multiple Sclerosis. Journal of Molecular Neuroscience, v. 57, n. 4, p. 605–613, 2015.
AFRIDI, H. I. et al. Relationship between toxic metals exposure via cigarette smoking and
rheumatoid arthritis. Clinical laboratory, v. 60, n. 10, p. 1735–45, 2014.
AGMON-LEVIN, N. et al. Vitamin D in Systemic and Organ-Specific Autoimmune Diseases.
Clinical Reviews in Allergy & Immunology, v. 45, n. 2, p. 256–266, 14 out. 2013.
ANTICO, A. et al. Can supplementation with vitamin D reduce the risk or modify the course
of autoimmune diseases? A systematic review of the literature. Autoimmunity Reviews, v.
12, n. 2, p. 127–136, dez. 2012.
AOUN, S.; KRISTJANSON, L.; OLDHAM, L. The Challenges And Unmet Needs of People
with Neurodegenerative Conditions And Their Carers. ECU Publications Pre. 2011, 1 jan.
2006.
APPLETON, D. et al. Our disease: a qualitative meta-synthesis of the experiences of
spousal/partner caregivers of people with multiple sclerosis. Scandinavian Journal of
Caring Sciences, v. 32, n. 4, p. 1262–1278, 2018.
BABRI, S. et al. Effect of intrahippocampal administration of vitamin C and progesterone on
learning in a model of multiple sclerosis in rats. Advanced pharmaceutical bulletin, v. 5, n.
1, p. 83–7, mar. 2015.
BACH, J.-F. The Effect of Infections on Susceptibility to Autoimmune and Allergic Diseases.
New England Journal of Medicine, v. 347, n. 12, p. 911–920, 19 set. 2002.
BALMER, J. E.; BLOMHOFF, R. Gene expression regulation by retinoic acid. Journal of
lipid research, v. 43, n. 11, p. 1773–808, nov. 2002.
BARTEN, L. J. et al. New approaches in the management of multiple sclerosis. Drug Design,
Development and Therapy, v. 4, n.1, p. 343-366, 24 nov. 2010.
BEISKE, A. G. et al. Depression and anxiety amongst multiple sclerosis patients. European
Journal of Neurology, v. 15, n. 3, p. 239–245, mar. 2008.
BERNEISER, J. et al. Impaired recognition of emotional facial expressions in patients with
multiple sclerosis. Multiple Sclerosis and Related Disorders, v. 3, n. 4, p. 482–488, jul.
2014.
BESLER, H. T.; COMOGLU, S.; OKCU, Z. Serum levels of antioxidant vitamins and lipid
peroxidation in multiple sclerosis. Nutritional neuroscience, v. 5, n. 3, p. 215–220, jun.
2002.
BITARAFAN, S. et al. Dietary intake of nutrients and its correlation with fatigue in multiple
sclerosis patients. Iranian journal of neurology, v. 13, n. 1, p. 28–32, 2014.
64
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
BITARAFAN, S. et al. Impact of vitamin a supplementation on disease progression in
patients with multiple sclerosis. Archives of Iranian Medicine, v. 18, n. 7, p. 435–440, 2015.
BITARAFAN, S. et al. Impact of vitamin A supplementation on RAR gene expression in
multiple sclerosis patients. Journal of Molecular Neuroscience, v. 51, n. 2, p. 478–484,
2013a.
BITARAFAN, S. et al. Impact of Vitamin A Supplementation on RAR Gene Expression in
Multiple Sclerosis Patients. Journal of Molecular Neuroscience, v. 51, n. 2, p. 478–484, 17
out. 2013b.
BLANCHARD, B. et al. Tocopherol Derivative TFA-12 Promotes Myelin Repair in
Experimental Models of Multiple Sclerosis. Journal of Neuroscience, v. 33, n. 28, p. 11633–
11642, 10 jul. 2013.
BOGDANOS, D. P. et al. Infectome: A platform to trace infectious triggers of autoimmunity.
Autoimmunity Reviews, v. 12, n. 7, p. 726–740, maio 2013.
BOGDANOS, D. P. et al. Twin studies in autoimmune disease: Genetics, gender and
environment. Journal of Autoimmunity, v. 38, n. 2–3, p. J156–J169, maio 2012.
BOWEN, C.; MACLEHOSE, A.; BEAUMONT, J. G. Advanced multiple sclerosis and the
psychosocial impact on families. Psychology & Health, v. 26, n. 1, p. 113–127, 18 jan. 2011.
BROWNLEE, W. J. et al. Earlier and more frequent diagnosis of multiple sclerosis using the
McDonald criteria. Journal of neurology, neurosurgery, and psychiatry, v. 86, n. 5, p.
584–5, 1 maio 2015.
BUC, M. Role of Regulatory T Cells in Pathogenesis and Biological Therapy of Multiple
Sclerosis. Mediators of Inflammation, v. 2013, p. 1–11, 2013.
CALABRESI, P. A. Diagnosis and management of multiple sclerosis. American family
physician, v. 70, n. 10, p. 1935–44, 15 nov. 2004.
CHIARAVALLOTI, N. D.; DELUCA, J. Cognitive impairment in multiple sclerosis. The
Lancet Neurology, v. 7, n. 12, p. 1139–1151, dez. 2008.
CLAGETT-DAME, M.; DELUCA, H. F. T HE R OLE OF V ITAMIN A IN M AMMALIAN
R EPRODUCTION AND E MBRYONIC D EVELOPMENT. Annual Review of Nutrition,
v. 22, n. 1, p. 347–381, 28 jul. 2002.
COLAFRANCESCO, S. et al. Sjögren’s syndrome: Another facet of the
autoimmune/inflammatory syndrome induced by adjuvants (ASIA). Journal of
Autoimmunity, v. 51, p. 10–16, jun. 2014.
COSTA, D. C.; MARQUES SÁ, M. J.; CALHEIROS, J. M. Social Characteristics and
Quality of Life of Portuguese Multiple Sclerosis Patients. Neurology and Therapy, v. 2, n.
1–2, p. 43–56, 8 dez. 2013.
CRAFT, J. E. Follicular helper T cells in immunity and systemic autoimmunity. Nature
Reviews Rheumatology, v. 8, n. 6, p. 337–347, 1 jun. 2012.
CROSS, M. et al. The global burden of rheumatoid arthritis: estimates from the Global
Burden of Disease 2010 study. Annals of the Rheumatic Diseases, v. 73, n. 7, p. 1316–1322,
65
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
jul. 2014.
DAMOISEAUX, J. et al. Autoantibodies 2015: From diagnostic biomarkers toward
prediction, prognosis and prevention. Autoimmunity Reviews, v. 14, n. 6, p. 555–563, jun.
2015.
DAS, N. P. Effects of Vitamin A and Its Analogs on Nonenzymatic Lipid Peroxidation in Rat
Brain Mitochondria. Journal of Neurochemistry, v. 52, n. 2, p. 585–588, 1 fev. 1989.
DAVIDSON, A.; DIAMOND, B. Autoimmune Diseases. New England Journal of
Medicine, v. 345, n. 5, p. 340–350, 2 ago. 2001.
DEN HARTOG, G. et al. The Mucosal Factors Retinoic Acid and TGF-ɑ1 Induce
Phenotypically and Functionally Distinct Dendritic Cell Types. International Archives of
Allergy and Immunology, v. 162, n. 3, p. 225–236, 2013.
DOWLING, J. E. obituary: George Wald(1906–97). Nature, v. 387, n. 6631, p. 356–356,
maio 1997.
EKBLOM-KULLBERG, S. et al. Smoking, disease activity, permanent damage and dsDNA
autoantibody production in patients with systemic lupus erythematosus. Rheumatology
International, v. 34, n. 3, p. 341–345, 30 mar. 2014.
ELYAMAN, W. et al. IL-9 induces differentiation of TH17 cells and enhances function of
FoxP3+ natural regulatory T cells. Proceedings of the National Academy of Sciences, v.
106, n. 31, p. 12885–12890, 4 ago. 2009.
FEINSTEIN, A. An examination of suicidal intent in patients with multiple sclerosis.
Neurology, v. 59, n. 5, p. 674–8, 10 set. 2002.
FIGVED, N. et al. Caregiver burden in multiple sclerosis: the impact of neuropsychiatric
symptoms. Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, v. 78, n. 10, p. 1097–
1102, 1 out. 2007.
FILIPPI, M.; PREZIOSA, P.; ROCCA, M. A. Vitamin A: yet another player in multiple
sclerosis pathogenesis? Expert Review of Clinical Immunology, v. 9, n. 2, p. 113–115, 10
fev. 2013.
FORD, H. L. et al. Health status and quality of life of people with multiple sclerosis.
Disability and rehabilitation, v. 23, n. 12, p. 516–21, 15 ago. 2001.
FRAGOSO, Y. D.; STONEY, P. N.; MCCAFFERY, P. J. The Evidence for a Beneficial Role
of Vitamin A in Multiple Sclerosis. CNS Drugs, v. 28, n. 4, p. 291–299, 21 abr. 2014.
FROHMAN, E.M; RACKE, M.K.; RAINE, C.S. Multiple Sclerosis — The Plaque and Its
Pathogenesis. The New England Journal of Medicine, v. 354, n. 9, p. 942-955, 2 Mar. 2006.
GALEA, I.; WARD-ABEL, N.; HEESEN C. Relapse in multiple sclerosis. BMJ, v. 350, n.1,
p. 1-8, 2015.
GIBSON, J.; FRANK, A. Supporting individuals with disabling multiple sclerosis. Journal of
the Royal Society of Medicine, v. 95, n. 12, p. 580–6, dez. 2002.
GILLETTE-GUYONNET, S.; SECHER, M.; VELLAS, B. Nutrition and neurodegeneration:
66
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
epidemiological evidence and challenges for future research. British Journal of Clinical
Pharmacology, v. 75, n. 3, p. 738–755, mar. 2013.
GOSWAMI, R. ; KAPLAN, M.H. Essential vitamins for an effective T cell response. World
Journal of Immunology, v. 6, n. 1, p. 39-59, 27 Mar. 2016.
GRANT, C. R. et al. Regulatory T-cells in autoimmune diseases: Challenges, controversies
and—yet—unanswered questions. Autoimmunity Reviews, v. 14, n. 2, p. 105–116, fev.2015.
HAKIM, E. A. et al. The social impact of multiple sclerosis--a study of 305 patients and their
relatives. Disability and rehabilitation, v. 22, n. 6, p. 288–93, 15 abr. 2000.
HALL, J. A. et al. The Role of Retinoic Acid in Tolerance and Immunity. Immunity, v. 35, n.
1, p. 13–22, 22 jul. 2011.
HAN, L. et al. Th17 cells in autoimmune diseases. Frontiers of Medicine, v. 9, n. 1, p. 10–
19, 4 mar. 2015.
HARIRCHIAN, Mohammad et al. A systematic review and meta-analysis of randomized
controlled trials to evaluating the trend of cytokines to vitamin A supplementation in
autoimmune diseases. Clinical Nutrition, v. 2018, p. 2-7, 2018.
HARRIRCHIAN, Mohammad et al. The effect of vitamin a supplementation on disease
progression, cytokine levels and gene expression in multiple sclerotic patients: study protocol
for a randomized controlled trial. Acta Med Iran, v. 52, n. 2, p. 94-100, 2014.
HEWAGAMA, A. et al. Overexpression of X-Linked genes in T cells from women with
lupus. Journal of Autoimmunity, v. 41, p. 60–71, mar. 2013.
HONARVAR, N. M. et al. In vitro effect of human serum and fetal calf serum on CD4+ T
cells proliferation in response to myelin oligodendrocyte glycoprotein (MOG) in correlation
with RBP/TTR ratio in multiple sclerotic patients. Journal of molecular neuroscience : MN,
v. 50, n. 3, p. 571–576, jul. 2013.
HONARVAR, N.M et al. The effect of vitamin A supplementation on retinoic acid-related
orphan receptor γt (RORγt) and interleukin-17 (IL-17) gene expression in avonex-treated
multiple sclerotic patients. Journal of Molecular Neuroscience, v. 51, n. 3, p. 749–753,
2013.
HONARVAR, N.M. et al. Retinyl Palmitate Supplementation Modulates T-bet and Interferon
Gamma Gene Expression in Multiple Sclerosis Patients. Journal of Molecular
Neuroscience, v. 59, n. 3, p. 360–365, 2016.
HOWELL, O. W. et al. Meningeal inflammation is widespread and linked to cortical
pathology in multiple sclerosis. Brain, v. 134, n. 9, p. 2755–2771, set. 2011.
IKEDA, U. et al. 1α,25-Dihydroxyvitamin D3 and all-trans retinoic acid synergistically
inhibit the differentiation and expansion of Th17 cells. Immunology Letters, v. 134, n. 1, p.
7–16, 30 nov. 2010.
JADIDI-NIARAGH, F.; MIRSHAFIEY, A. Th17 Cell, the New Player of
Neuroinflammatory Process in Multiple Sclerosis. Scandinavian Journal of Immunology, v.
74, n. 1, p. 1–13, jul. 2011.
67
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
JIMÉNEZ-JIMÉNEZ, F. J. et al. Cerebrospinal fluid levels of alpha-tocopherol in patients
with multiple sclerosis. Neuroscience Letters, v. 249, n. 1, p. 65–67, 1998.
JR, S. S. et al. Higher 25-hydroxyvitamin D is associated with lower relapse risk in multiple
sclerosis. Annals of Neurology, v. 68, n. 2, p. 193–203, ago. 2010.
KASKOW, Belinda; BAECHER-ALLAN, Clare. Effector T cells in multiple sclerosis. Cold
Spring Harb Perspect Med, v. 8, n. 4, p. 1-14, 2018.
KHOSRAVI-LARGANI, M. et al. A review on potential roles of vitamins in incidence,
progression, and improvement of multiple sclerosis. eNeurologicalSci, v. 10, p. 37–44, mar.
2018.
KIVITY, S. et al. Infection and autoimmunity in Sjogren’s syndrome: A clinical study and
comprehensive review. Journal of Autoimmunity, v. 51, p. 17–22, jun. 2014.
KIVITY, S. et al. Infections and autoimmunity – friends or foes? Trends in Immunology, v.
30, n. 8, p. 409–414, ago. 2009.
KLARESKOG, L.; GREGERSEN, P. K.; HUIZINGA, T. W. J. Prevention of autoimmune
rheumatic disease: state of the art and future perspectives. Annals of the Rheumatic
Diseases, v. 69, n. 12, p. 2062–2066, 1 dez. 2010.
KOROSTIL, M.; FEINSTEIN, A. Anxiety disorders and their clinical correlates in multiple
sclerosis patients. Multiple Sclerosis Journal, v. 13, n. 1, p. 67–72, 2 jan. 2007.
KRUMAN, I. I. et al. Homocysteine elicits a DNA damage response in neurons that promotes
apoptosis and hypersensitivity to excitotoxicity. The Journal of neuroscience : the official
journal of the Society for Neuroscience, v. 20, n. 18, p. 6920–6, 15 set. 2000.
KRUPP, L. B.; CHRISTODOULOU, C. Fatigue in multiple sclerosis. Current neurology
and neuroscience reports, v. 1, n. 3, p. 294–8, maio 2001.
KUTZELNIGG, A. et al. Cortical demyelination and diffuse white matter injury in multiple
sclerosis. Brain, v. 128, n. 11, p. 2705–2712, 1 nov. 2005.
LANGEMANN, H.; KABIERSCH, A.; NEWCOMBE, J. Measurement of Low-Molecular
Weight Antioxidants, Uric Acid, Tyrosine and Tryptophan in Plaques and White Matter from
Patients with Multiple Sclerosis. European Neurology, v. 32, n. 5, p. 248–252, 1992.
LEUSSINK, V.I. et al. Blockade of signaling via the very late antigen (VLA-4) and its
counterligand vascular cell adhesion molecule-1 (VCAM-1) causes increased T cell apoptosis
in experimental autoimmune neuritis. Acta Neuropathologica, v. 103, n. 2, p. 131–136, 1
fev. 2002.
LEVIN, L. I. Temporal Relationship Between Elevation of Epstein-Barr Virus Antibody
Titers and Initial Onset of Neurological Symptoms in Multiple Sclerosis. JAMA, v. 293, n.
20, p. 2496, 25 maio 2005.
LLEO, A. et al. Definition of human autoimmunity — autoantibodies versus autoimmune
disease. Autoimmunity Reviews, v. 9, n. 5, p. A259–A266, mar. 2010.
LOKEN-AMSRUD, K. I. et al. Alpha-tocopherol and MRI Outcomes in Multiple Sclerosis -
Association and Prediction. PLOS ONE, v. 8, n. 1, jan. 2013.
68
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
LOKEN-AMSRUD, K. I. et al. Vitamin D and disease activity in multiple sclerosis before
and during interferon- treatment. Neurology, v. 79, n. 3, p. 267–273, 17 jul. 2012.
LOPEZ-DIEGO, R. S.; WEINER, H. L. Novel therapeutic strategies for multiple sclerosis - a
multifaceted adversary. Nature Reviews Drug Discovery, v. 7, n. 11, p. 909–925, nov. 2008.
LOVE, J. M.; GUDAS, L. J. Vitamin A, differentiation and cancer. Current Opinion in Cell
Biology, v. 6, n. 6, p. 825–831, 1 dez. 1994.
LOVETT-RACKE, A. E.; YANG, Y.; RACKE, M. K. Th1 versus Th17: Are T cell cytokines
relevant in multiple sclerosis? Biochimica et Biophysica Acta (BBA) - Molecular Basis of
Disease, v. 1812, n. 2, p. 246–251, fev. 2011.
LUBLIN, F. D. et al. Defining the clinical course of multiple sclerosis: The 2013 revisions.
Neurology, v. 83, n. 3, p. 278–286, 15 jul. 2014.
LUCCHINETTI, C. F. et al. Inflammatory Cortical Demyelination in Early Multiple
Sclerosis. New England Journal of Medicine, v. 365, n. 23, p. 2188–2197, 8 dez. 2011.
MACKENZIE, I. S. et al. Incidence and prevalence of multiple sclerosis in the UK 1990-
2010: a descriptive study in the General Practice Research Database. Journal of neurology,
neurosurgery, and psychiatry, v. 85, n. 1, p. 76–84, 2014.
MARRIE, R. A. Environmental risk factors in multiple sclerosis aetiology. The Lancet
Neurology, v. 3, n. 12, p. 709–718, dez. 2004.
MAUMENEE, A. E. The History of Vitamin A and Its Ophthalmic Implications. Archives of
Ophthalmology, v. 111, n. 4, p. 547, 1 abr. 1993.
MCCABEW, M. P.; DE JUDICIBUS, M. The Effects of Economic Disadvantage on
Psychological Well-being and Quality of Life among People with Multiple Sclerosis. Journal
of Health Psychology, v. 10, n. 1, p. 163–173, jan. 2005.
MCDONALD, W. L. et al. Recommended diagnostic criteria for multiple sclerosis: guidelines
from the International Panel on the diagnosis of multiple sclerosis. Annals of Neurology, v.
50, n. 1, p. 121-127, Jul. 2001.
MILLER, A. et al. Vitamin B12, demyelination, remyelination and repair in multiple
sclerosis. Journal of the neurological sciences, v. 233, n. 1–2, p. 93–7, 15 jun. 2005.
MILO, R.; KAHANA, E. Multiple sclerosis: Geoepidemiology, genetics and the environment.
Autoimmunity Reviews, v. 9, n. 5, p. A387–A394, mar. 2010.
MINDEN, S. L. et al. Disability in elderly people with multiple sclerosis: An analysis of
baseline data from the Sonya Slifka Longitudinal Multiple Sclerosis Study.
NeuroRehabilitation, v. 19, n. 1, p. 55–67, 2004.
MOGHADDASI, M. et al. Homocysteine, vitamin B12 and folate levels in Iranian patients
with Multiple Sclerosis: A case control study. Clinical Neurology and Neurosurgery, v.
115, n. 9, p. 1802–1805, set. 2013.
MOHAMMADZADEH HONARVAR, N. et al. Retinyl Palmitate Supplementation
Modulates T-bet and Interferon Gamma Gene Expression in Multiple Sclerosis Patients.
Journal of Molecular Neuroscience, v. 59, n. 3, p. 360–365, 28 jul. 2016.
69
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
MONTALBAN, X. et al. Ocrelizumab versus Placebo in Primary Progressive Multiple
Sclerosis. New England Journal of Medicine, v. 376, n. 3, p. 209–220, 19 jan. 2017.
MORA, J. R.; IWATA, M.; VON ANDRIAN, U. H. Vitamin effects on the immune system:
vitamins A and D take centre stage. Nature Reviews Immunology, v. 8, n. 9, p. 685–698, set.
2008.
MOSMANN, T.R. et al. Two types of murine helper T cell clone. I. Definition according to
profiles of lymphokine activities and secreted proteins. The Journal of Immunology, v. 136,
n. 7, p. 2348-2357, 1 Abr. 1986.
MOWRY, E.M. et al. Vitamin D status is associated with relapse rate in pediatric-onset
multiple sclerosis. Annals of Neurology, v. 67, n. 5, p. 618–624, maio 2010.
NOSEWORTHY, J.H. et al. Multiple Sclerosis. The New England Journal of Medicine, v.
343, n. 13, p. 938-952, 28 Set. 2000.
O’BYRNE, S. M.; BLANER, W. S. Retinol and retinyl esters: biochemistry and physiology.
Journal of Lipid Research, v. 54, n. 7, p. 1731–1743, jul. 2013.
OHISHI, K. et al. Complement activation by cross-linked B cell-membrane IgM. Journal of
immunology (Baltimore, Md. : 1950), v. 154, n. 7, p. 3173–9, 1 abr. 1995.
OSPELT, C. et al. Smoking induces transcription of the heat shock protein system in the
joints. Annals of the Rheumatic Diseases, v. 73, n. 7, p. 1423–1426, jul. 2014.
PACK, T. G. et al. Quality of life and employment in persons with multiple sclerosis. Work
(Reading, Mass.), v. 49, n. 2, p. 281–7, 2014.
PALACE, V. P. et al. Antioxidant potentials of vitamin A and carotenoids and their relevance
to heart disease. Free radical biology & medicine, v. 26, n. 5–6, p. 746–61, mar. 1999.
PANTZARIS, M. C. et al. A novel oral nutraceutical formula of omega-3 and omega-6 fatty
acids with vitamins (PLP10) in relapsing remitting multiple sclerosis: a randomised, double-
blind, placebo-controlled proof-of-concept clinical trial. BMJ open, v. 3, n. 4, 2013.
PATSOPOULOS, N. A. et al. Fine-Mapping the Genetic Association of the Major
Histocompatibility Complex in Multiple Sclerosis: HLA and Non-HLA Effects. PLoS
Genetics, v. 9, n. 11, p. 1-10, 21 nov. 2013.
PATTEN, S. B. et al. Major depression in multiple sclerosis: a population-based perspective.
Neurology, v. 61, n. 11, p. 1524–7, 9 dez. 2003.
PENG, J. et al. Long term effect of gut microbiota transfer on diabetes development. Journal
of Autoimmunity, v. 53, p. 85–94, set. 2014.
PENNISTON, K. L.; TANUMIHARDJO, S. A. The acute and chronic toxic effects of vitamin
A. The American Journal of Clinical Nutrition, v. 83, n. 2, p. 191-201, fev. 2006.
POLMAN, C. H. et al. Diagnostic criteria for multiple sclerosis: 2010 Revisions to the
McDonald criteria. Annals of Neurology, v. 69, n. 2, p. 292–302, fev. 2011.
RAHN, K.; SLUSHER, B.; KAPLIN, A. Cognitive impairment in multiple sclerosis: a
forgotten disability remembered. Cerebrum : the Dana forum on brain science, v. 2012, p.
70
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
14, nov. 2012.
RAMAGOPALAN, S.V. ; KNIGHT, J.C. ; EBERS, G.C. Multiple sclerosis and the major
histocompatibility complex. Current Opinion in Neurology, v. 22, n. 3, p. 219-25, Jun.
2009.
RAMAGOPALAN, S. V. et al. Multiple sclerosis: risk factors, prodromes, and potential
causal pathways. The Lancet Neurology, v. 9, n. 7, p. 727–739, jul. 2010.
RANDO, R. R. The Chemistry of Vitamin A and Vision. Angewandte Chemie
International Edition in English, v. 29, n. 5, p. 461–480, 1 maio 1990.
REES, F. et al. The incidence and prevalence of systemic lupus erythematosus in the UK,
1999–2012. Annals of the Rheumatic Diseases, v. 75, n. 1, p. 136–141, 1 jan. 2016.
REYNOLDS, E. H.; LINNELL, J. C.; FALUDY, J. E. Multiple Sclerosis Associated With
Vitamin B12 Deficiency. Archives of Neurology, v. 48, n. 8, p. 808–811, 1 ago. 1991.
REZA DOROSTY-MOTLAGH, A. et al. The Molecular Mechanisms of Vitamin A
Deficiency in Multiple Sclerosis. Journal of molecular neuroscience : MN, v. 60, n. 1, p.
82–90, set. 2016.
ROSE, N. R.; WITEBSKY, E. Studies on organ specificity. V. Changes in the thyroid
glands of rabbits following active immunization with rabbit thyroid extracts. Journal of
immunology (Baltimore, Md. : 1950), v. 76, n. 6, p. 417–27, jun. 1956.
ROSS, A. C.; GARDNER, E. M. The function of vitamin A in cellular growth and
differentiation, and its roles during pregnancy and lactation. Advances in experimental
medicine and biology, v. 352, p. 187–200, 1994.
ROSS, A. Vitamin A. In:__. Modern Nutrition in Health and Disease. 11ª ed. Baltimore:
Williams & Wilkins, 2012. Cap. 17, p. 305– 313.
ROSTAMI, A.; CIRIC, B. Role of Th17 cells in the pathogenesis of CNS inflammatory
demyelination. Journal of the Neurological Sciences, v. 333, n. 1, p. 76-87, 15 Out. 2013.
ROYAL, W.; GARTNER, S.; GAJEWSKI, C. D. Retinol measurements and retinoid receptor
gene expression in patients with multiple sclerosis. Multiple Sclerosis Journal, v. 8, n. 6, p.
452–458, 2 dez. 2002.
RUBIN, L. P. et al. Metabolic Effects of Inflammation on Vitamin A and Carotenoids in
Humans and Animal Models. Advances in Nutrition: An International Review Journal, v.
8, n. 2, p. 197–212, 15 mar. 2017.
SABOOR-YARAGHI A.A. et al. The Effect of Vitamin A Supplementation on FoxP3 and
TGF-β Gene Expression in Avonex-Treated Multiple Sclerosis Patients. Journal of
molecular neuroscience, v. 56, n. 3, p. 608-612, 19 Maio 2015.
SAKAGUCHI, S.; POWRIE, F. Emerging Challenges in Regulatory T Cell Function and
Biology. Science, v. 317, n. 5838, p. 627–629, 3 ago. 2007.
SALEMI, G. et al. Blood lipids, homocysteine, stress factors, and vitamins in clinically stable
multiple sclerosis patients. Lipids in Health and Disease, v. 9, n. 1, p. 19, 2010.
71
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
SAMUEL, S.; SITRIN, M. D. Vitamin D’s role in cell proliferation and differentiation.
Nutrition Reviews, v. 66, n. 10 Suppl 2, p. S116–S124, 25 set. 2008.
SANJADI, M. et al. Atherosclerosis and autoimmunity: a growing relationship. International
Journal of Rheumatic Diseases, v. 21, n. 5, p. 908–921, 2018.
SAWCER, S. et al. Genetic risk and a primary role for cell-mediated immune mechanisms in
multiple sclerosis. Nature, v. 476, n. 7359, p. 214–219, 11 ago. 2011.
SCALFARI, A. et al. Onset of secondary progressive phase and long-term evolution of
multiple sclerosis. Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, v. 85, n. 1, p. 67–75,
1 jan. 2014.
SCALFARI, A. et al. The natural history of multiple sclerosis: a geographically based study
10: relapses and long-term disability. Brain : a journal of neurology, v. 133, n. Pt 7, p.
1914–29, jul. 2010.
SCHROECKSNADEL, K. et al. Moderate Hyperhomocysteinemia and Immune Activation.
Current Pharmaceutical Biotechnology, v. 5, n. 1, p. 107–118, 1 fev. 2004.
SHEARER, K. D. et al. A vitamin for the brain. Trends in Neurosciences, v. 35, n. 12, p.
733–741, dez. 2012.
SHEN, L. Associations between B Vitamins and Parkinson’s Disease. Nutrients, v. 7, n. 9, p.
7197–7208, 27 ago. 2015.
SHIINA, T.; INOKO, H.; KULSKI, J. K. An update of the HLA genomic region, locus
information and disease associations: 2004. Tissue Antigens, v. 64, n. 6, p. 631–649, dez.
2004.
SIEGERT, R. J.; ABERNETHY, D. A. Depression in multiple sclerosis: a review. Journal of
neurology, neurosurgery, and psychiatry, v. 76, n. 4, p. 469–75, abr. 2005.
SILVERSTEIN, A. M. Paul Ehrlich, archives and the history of immunology. Nature
Immunology, v. 6, n. 7, p. 639–639, jul. 2005.
SIMPSON JR. et al. Latitude is significantly associated with the prevalence of multiple
sclerosis: a meta-analysis. Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, v. 82, n. 10,
p. 1132–1141, out. 2011.
SKULINA, C. et al. Multiple sclerosis: Brain-infiltrating CD8+ T cells persist as clonal
expansions in the cerebrospinal fluid and blood. Proceedings of the National Academy of
Sciences, v. 101, n. 8, p. 2428–2433, 24 fev. 2004.
STEVENS, T.L. et al. Regulation of antibody isotype secretion by subsets of antigen-specific
helper T cells. Nature, v. 334, n. 6179, p. 255-258, 21 jul. 1988.
STRACHAN, D. P. Hay fever, hygiene, and household size. BMJ (Clinical research ed.), v.
299, n. 6710, p. 1259–60, 18 nov. 1989.
SUMMERDAY, N. M. et al. Vitamin D and Multiple Sclerosis: Review of a Possible
Association. Journal of Pharmacy Practice, v. 25, n. 1, p. 75–84, fev. 2012.
TESORIERE, L. et al. Antioxidant Activity of All-trans-retinol in Homogeneous Solution and
72
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
in Phosphatidylcholine Liposomes. Archives of Biochemistry and Biophysics, v. 307, n. 1,
p. 217–223, 1 nov. 1993.
THOMPSON, A. J. et al. Diagnosis of multiple sclerosis: 2017 revisions of the McDonald
criteria. The Lancet Neurology, v. 17, n. 2, p. 162–173, fev. 2018a.
THOMPSON, A. J. et al. Multiple sclerosis. Lancet, v. 391, n. 10130, p. 1622–1636, 21 abr.
2018b.
TOURBAH, A. et al. MD1003 (high-dose biotin) for the treatment of progressive multiple
sclerosis: A randomised, double-blind, placebo-controlled study. Multiple Sclerosis Journal,
v. 22, n. 13, p. 1719–1731, 28 nov. 2016.
TREMLETT, H. et al. Relapses in multiple sclerosis are age- and time-dependent. Journal of
Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, v. 79, n. 12, p. 1368–1374, 1 dez. 2008.
VIEIRA, A. V; SCHNEIDER, W. J.; VIEIRA, P. M. Retinoids: transport, metabolism, and
mechanisms of action. The Journal of endocrinology, v. 146, n. 2, p. 201–7, ago. 1995.
VIGLIETTA, V. et al. Loss of Functional Suppression by CD4 + CD25
+ Regulatory T Cells
in Patients with Multiple Sclerosis. The Journal of Experimental Medicine, v. 199, n. 7, p.
971–979, 5 abr. 2004.
VOLLMER, T. The natural history of relapses in multiple sclerosis. Journal of the
Neurological Sciences, v. 256, p. S5–S13, 15 maio 2007.
WADE, D. T. et al. A randomised placebo controlled exploratory study of vitamin B-12,
lofepramine, and L-phenylalanine (the "Cari Loder regime") in the treatment of
multiple sclerosis. Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, v. 73, n. 3, p. 246–
249, 1 set. 2002.
WAHREN-HERLENIUS, M.; DÖRNER, T. Immunopathogenic mechanisms of systemic
autoimmune disease. The Lancet, v. 382, n. 9894, p. 819–831, 31 ago. 2013.
WANG, L. et al. Breach of Tolerance: Primary Biliary Cirrhosis. Seminars in Liver Disease,
v. 34, n. 03, p. 297–317, 24 jul. 2014.
WANG, L.; WANG, F.-S.; GERSHWIN, M. E. Human autoimmune diseases: a
comprehensive update. Journal of Internal Medicine, v. 278, n. 4, p. 369–395, out. 2015.
WARREN, T. R. The increased prevalence of multiple sclerosis among people who were born
and bred in areas where goitre is endemic. Medical hypotheses, v. 14, n. 2, p. 111–114, jun.
1984.
WEBER, D.; GRUNE, T. The contribution of β-carotene to vitamin A supply of humans.
Molecular Nutrition & Food Research, v. 56, n. 2, p. 251–258, 1 fev. 2012.
WEINSTEIN, S. J. et al. Null association between prostate cancer and serum folate, vitamin
B(6), vitamin B(12), and homocysteine. Cancer epidemiology, biomarkers & prevention :
a publication of the American Association for Cancer Research, cosponsored by the
American Society of Preventive Oncology, v. 12, n. 11 Pt 1, p. 1271–2, nov. 2003.
WISEMAN, E. M.; BAR-EL DADON, S.; REIFEN, R. The vicious cycle of vitamin a
deficiency: A review. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, v. 57, n. 17, p.
73
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
3703–3714, 22 nov. 2017.
WRIGHT, C. B.; REDMOND, T. M. A History of the Classical Visual Cycle. Progress in
Molecular Biology and Translational Science, v. 134, p. 433–448, 1 jan. 2015.
YU, C.; GERSHWIN, M. E.; CHANG, C. Diagnostic criteria for systemic lupus
erythematosus: A critical review. Journal of Autoimmunity, v. 48–49, p. 10–13, fev. 2014.
ZHU, Y.; HE, Z.-Y.; LIU, H.-N. Meta-analysis of the relationship between homocysteine,
vitamin B₁₂, folate, and multiple sclerosis. Journal of clinical neuroscience : official
journal of the Neurosurgical Society of Australasia, v. 18, n. 7, p. 933–8, jul. 2011.
ZILE, M. H. Function of Vitamin A in Vertebrate Embryonic Development. The Journal of
Nutrition, v. 131, n. 3, p. 705–708, 1 abr. 2001.
ZIMMERMANN Julian et al. IL-17A promotes granulocyte infiltration, myelin loss,
microglia activation, and behavioral deficits during cuprizone-induced demyelination. Mol
Neurobiol, v. 55, n. 2, p. 946-957, 2018.
74
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
APÊNDICES
APÊNDICE 1 - CADASTRO NO PROSPERO
75
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
76
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática
77
Vitamina A e os sintomas da Esclerose Múltipla: uma revisão sistemática