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II International Meeting of Industrial Sociology, Sociology
of Organizations and Work (ISSOW)
Work, Professions and Organizations: Tensions, Paths and Public Policies
24-25 November 2016
Faculty of Sciences and Technology (FCT NOVA)- Campus of Caparica
PROGRAM
24th NOVEMBER 2016
9.00 am - Reception of Participants (Library Building)
9.30 am - Opening Session (Library Auditorium)
- Fernando Santana, Director da FCT-Universidade Nova de Lisboa
- Maria Paula Diogo, Presidente do Dpto. Ciências Sociais Aplicadas-FCT-Universidade Nova de Lisboa
- Maria Manuel Serrano, Presidente da Comissão Organizadora
- João Teixeira Lopes, Presidente da APS-Associação Portuguesa de Sociologia
- Paula Urze, Presidente da APSIOT-Associação Portuguesa de Profissionais em Sociologia (SIOT)
10.00 am – Plenary Session (Library Auditorium)
Work and Migrations
- João Peixoto (ISEG-Universidade de Lisboa)
Innovation, Work and Employment: The Challenges of Digitalization and Artificial Intelligence
- Vítor Corado Simões (ISEG-Universidade de Lisboa)
Chair: João Freire (ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa)
11.30 am – Coffee break (in Preguiçódromo)
11.45 am/1.30 pm - Parallel Sessions (3 rooms) - Presentation of papers
11.45am/1.30 pm - Theme 1): Innovation and Entrepreneurship
Building VII, Room 2.1
Chair: José Rebelo Santos, ESCE-Instituto Politécnico de Setúbal
(2) Everybody Knows
Pierfranco Malizia, LUMSA University of Rome (IT)
The technological changes, that have been taking place long since, have not only modified the learning forms of the complex
organizations, even within them, but in the large, all forms of social aggregation, generating brand new phenomenologies. In this context of technological change, the virtual communities get a foothold as new forms of organization of processes of the
collective learning and shared knowledge, “way of working” together, doing business, to know/learn. In order to develop such
topic (even synthetically), it will be useful “to start from the beginning” anyway, that is following the logic of acting on the web.Particurarly,the virtual communities (or on-line), constitute a specific and important area of online oriented interaction
involving not only general interpersonal aspects but can be differently classified according to functions, logics and practices of
learning, professionalism, organization, governance and business, knowledge learning and development.
(25) Especificidades e desafios da Gestão do Conhecimento nas organizações hoteleiras
Bernardete Dias Sequeira e João Filipe Marques, CIEO - Centro de Investigação sobre o Espaço e as Organizações, Faculdade de
Economia, Universidade do Algarve; António Serrano, Escola de Ciências Sociais, Departamento de Gestão, Universidade de Évora
No contexto atual, o ambiente dos negócios é, não apenas altamente competitivo, como, em larga medida, instável e imprevisível. A sobrevivência e o sucesso das organizações estão dependentes da sua capacidade de ajustamento em relação às dinâmicas do
ambiente através da utilização adequada das competências e conhecimentos dos seus trabalhadores (Zaei, 2014). Sendo o turismo
um dos principais sectores económicos mundiais, as organizações turísticas não podem deixar de estar sujeitas a estas condições. Tendo em conta a rápida transformação dos contextos sociais e económicos, as organizações do setor turístico, em particular, a
hotelaria, enfrentam constrangimentos vários, nomeadamente os que resultam da imposição de funcionarem numa crescente
incerteza, da rápida mudança das preferências dos clientes e, por conseguinte, do encurtamento do ciclo de vida dos produtos e serviços.
A satisfação e a consequente fidelização dos clientes são dois dos fatores mais importantes para o sucesso desta indústria. Na
hotelaria, o êxito depende fortemente da forma como os trabalhadores utilizam o conhecimento de forma a proporcionarem as melhores experiências aos clientes, uma vez que as qualidades humanas e técnicas constituem uma parte integrante dos serviços
prestados. O conhecimento é, reconhecidamente, um fator chave da competitividade na área da hoteleira. Neste sentido, a Gestão
do Conhecimento no sector turístico, em particular na hotelaria, reveste-se de uma importância especial, precisamente devido ao facto de esta atividade assentar em serviços que apresentam como características a intangibilidade, a perecibilidade e a
heterogeneidade.
Apresentam-se e discutem-se, nesta comunicação, as especificidades da Gestão do Conhecimento nas organizações hoteleiras a partir dos resultados de uma investigação empírica aprofundada, baseada em três estudos de caso da região do Algarve, cujo
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objetivo primordial foi precisamente o de analisar, na perspetiva da Sociologia, a forma como as organizações hoteleiras gerem o conhecimento dos seus membros.
(27) Empreendedorismo Feminino em Análise: uma História de Sucesso
Suélen Cristina de Miranda, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
O termo empreendedorismo indica a pessoa que assume riscos e começa algo novo, reinventando a si mesma segundo as
exigências do negócio. Nesse campo, o Brasil tem registrado um equilíbrio de gênero, inclusive com a superação feminina em alguns momentos ou categorias. Sendo assim, esse trabalho teve como objetivo compreender a constituição identitária de uma
mulher que alcançou o reconhecimento social no Brasil como empreendedora de sucesso, a partir da perspectiva da identidade
enquanto questão social e política, que materializa a dialética singular-universal. Foi utilizado o método de narrativa de história de vida, ressaltando os diversos personagens assumidos pela entrevistada ao longo do tempo, como realidade subjetiva, assim
como sua relação com os demais atores sociais, como realidade objetiva. Considerou-se que a história de vida analisada pode ser
considerada emblemática, a partir do momento que busca a emancipação e apresenta novas possibilidades identitárias ao grupo social. Embora o início de sua carreira empreendedora não tenha sido uma escolha autônoma, a entrevistada foi além da
identidade pressuposta, construindo novas facetas para a personagem mulher-empreendedora que lhe garantiram reconhecimento
e satisfação pessoal. Em seu processo de individuação, conseguiu driblar as políticas de identidade impostas, tanto no que se refere as políticas de gênero construídas socialmente (que reduzem as mulheres à personagem de mãe-cuidadora-do-lar) como na
superação das desigualdades de um ambiente majoritariamente masculino, de modo a desenvolver fragmentos emancipatórios em
busca de uma identidade política. Como o singular materializa o universal, demonstra o quanto a identidade coletiva da mulher vem sendo reconstruída e realinhada com o mundo do trabalho e com a realidade da vida familiar moderna, exigindo uma
metamorfose da sociedade como um todo, sobretudo no que diz respeito a normatividade e aos estereótipos instaurados ao longo
do tempo.
(53) As políticas, as práticas e as vivências: o ecossistema de incubação em Portugal – Apresentação e discussão do projeto de
investigação
Gonçalo Marques Barbosa e Cristina Parente, Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Integradas no paradigma do empreendedorismo, as incubadoras de empresas têm vivenciado nas últimas décadas um crescimento exponencial da sua presença no contexto português e europeu, sendo encaradas na literatura como um novo catalisador do
desenvolvimento territorial.
É um domínio cuja compreensão sociológica é reduzida e a investigação por parte desta área disciplinar escassa, não havendo maturidade teórico-conceptual em torno da problemática. Esta comunicação pretende discutir um projeto de investigação no
âmbito do Doutoramento em Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que procurará contribuir para o
preenchimento desta lacuna ao realizar um estudo aprofundado sobre o ecossistema de incubação em Portugal. Um primeiro momento da exposição irá realizar uma breve revisão da literatura, destacando os principais estudos já realizados,
ao mesmo tempo que esquematiza as grandes lacunas teóricas face a este conceito.
Em seguida, serão discutidas as principais questões de investigação e objetivos da pesquisa, que incidirão em torno de cinco dimensões fundamentais. A reter: (1) o enquadramento político-institucional destas estruturas; (2) o funcionamento e as
características organizacionais e gestionárias das estruturas de incubação, assim como a densidade proporcionada e os impactes
decorrentes da sua atividade; (3) os dirigentes que animam e procuram estes serviços; (4) os impactes socioeconómicos gerados pelas incubadoras; e (5) as relações estabelecidas entre políticas públicas, estruturas de incubação e empresas incubadas.
Por fim, será esboçada a estratégia metodológica prevista, que visa uma abordagem pós-positivista e construtivista, orientada para
uma interpretação holística do ecossistema de incubação, através da triangulação de técnicas de recolha e tratamento de dados.
(60) Working with robots - Searching for Social Dimensions in New Human-Robot Interaction in Industry
António Moniz, FCT-UNL e Bettina Krings (ITAS-KIT) The focus of our paper is on the use of new robotic systems in the manufacturing industry with respect to the social dimension.
Since “intuitive” human–machine interaction (HMI) in robotic systems becomes a significant objective of technical progress,
new models of work organization are needed. This hypothesis will be investigated through the following two aims: The first aim is to identify relevant research questions related to the potential use of robotic systems in different systems of work organization
at the manufacturing shop-floor level. The second aim is to discuss the conceptualization of (old) organizational problems of
human–robot interaction (HRI). In this context, the article reflects on the limits of cognitive and perceptual workload for robot operators in complex working systems. This will be particularly relevant whenever more robots with different “roles” are to be
increasingly used in the manufacturing industry. The integration of such complex socio-technical systems needs further empirical
and conceptual research with regard to “social” aspects of the technical dimension. Future research should, therefore, also integrate economic and societal issues to understand the full dimensions of new human–robot interaction in industry today.
(73) As Estratégias Regionais de Especialização Inteligente e o posicionamento das empresas. O caso do Alentejo
Maria Manuel Serrano, Universidade de Évora, UMPP and SOCIUS-CSG / ISEG-UL; Paulo Neto, Universidade de Évora, UMPP,
CEFAGE-UÉ e CIEO-UALG e Luís Soares, Câmara Municipal de Castro Verde As Estratégias Regionais de Especialização Inteligente (EREI) constituem, no quadro da Política de Coesão 2014-2020, uma
condição prévia para dar início, num determinado país e respetivas regiões, à aplicação dos fundos estruturais previstos no actual
período de programação e financiamento. Mas, para além de um pré-requisito, a EREI assume-se como o quadro racional lógico,
estratégico e tático, que constituirá a base para a definição de orientações regionais/nacionais futuras em matéria de
desenvolvimento social, económico, tecnológico, científico, cultural e de ordenamento do território.
A EREI do Alentejo é uma das componentes fundamentais da estratégia de desenvolvimento regional e visa melhorar a competitividade e a internacionalização da economia regional, suportada nas suas vantagens competitivas diferenciadoras e nas
capacidades e competências do Sistema Científico e Tecnológico (SCT) Regional.
Esta comunicação visa apresentar os resultados de um inquérito, concebido e aplicado pela Unidade de Monitorização de Políticas Públicas (UMPP) da Universidade de Évora, às empresas da Região Alentejo, integradas em sectores de atividade
considerados como estratégicos para a EREI do Alentejo. O inquérito permitiu a recolha de informação sobre as seguintes
dimensões: caracterização do perfil empresarial; enquadramento na EREI do Alentejo; quadro relacional empresarial; mercados de inserção empresarial; modelo estratégico empresarial e investimento empresarial.
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11.45 am/1.30 pm - Theme 5): Labour Market
Building VII, Room 2.4
Chair: Paula Ferreira, ISSSL-Universidade Lusíada
(5) Crise e qualidade do emprego
Maria da Conceição Cerdeira e João Dias, SOCIUS-Universidade de Lisboa A crise teve efeitos paradoxais sobre a qualidade do emprego. Se observarmos alguns indicadores do emprego de natureza macro
estes são reveladores de uma melhoria da qualidade do emprego em alguns países. Por exemplo, o efeito estrutural do maior peso
da perda de empregos nos níveis médios e baixos de qualificação na construção civil e nas indústrias extrativas e transformadoras traduziu-se numa melhoria da estrutura de qualificações em Portugal e Espanha. De igual modo, a expulsão do emprego de
milhares de trabalhadores com relações contratuais frágeis (temporários, recibos verdes, etc.) aumentou a permanência média no
emprego. Isto significa que é necessário uma análise multidimensional para ver como evolui a qualidade do emprego durante a crise. É este o objetivo desde texto, ou seja, analisar as consequências da crise na qualidade do emprego, com particular enfoque
do período da assistência externa económica e financeira. A análise recorre a dados de natureza macro e micro e apoia-se num
índice sintético baseado em seis componentes: qualidade dos salários, qualidade intrínseca do trabalho, perspetivas, qualidade da relação de emprego, qualidade do tempo de trabalho e conciliação da vida profissional e familiar.
(20) Por una sociología del trabajo académico: la precarización del trabajo de enseñar e investigar en la Universidad Juan José Castillo e Paloma Moré Corral, Universidad Complutense de Madrid
En esta ponencia se presenta un primer avance de resultados, de uno de los estudios de caso del Proyecto de Investigación Retos
y Alternativas a la Precarización del Trabajo y la Vida en la Crisis Actual (2013-2016), que indaga, en profundidad, sobre la precarización del trabajo y la vida, así como sus efectos en la vida social de trabajadoras y trabajadores. La enseñanza superior en
España se encuentra en un proceso de transformación constante y esto afecta al personal docente e investigador, en su trabajo y
en su vida. Con una aproximación cualitativa, nuestro propósito ha sido profundizar en la problemática social que viven los/as investigadores y docentes, identificando y analizando los factores que determinan y explican sus estrategias para enfrentar la
carrera académica. El objeto concreto de este estudio de caso son también, y principalmente, las y los investigadores y profesores
jóvenes: tratamos de caracterizar las trayectorias y estrategias laborales, académicas y vitales de los/as jóvenes investigadores y/o docentes de la universidad pública española para comprender, desde su punto de vista y a través de sus experiencias, las
transformaciones del sistema universitario español y los efectos que estas tienen sobre las vidas de quienes emprenden la carrera
académica. Para poner de manifiesto cómo afectan las transformaciones del sistema universitario español no sólo a las trayectorias laborales sino a la totalidad de la vida de las personas.
(36) A inserção social no mercado de trabalho: Representações de empregadores sobre as suas experiências na adoção de medidas
de incentivo à empregabilidade
Patrícia de Oliveira Ribeiro, José Alberto de Azevedo e Vasconcelos Correia e João Carlos Pereira Caramelo, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto
As repercussões económico-sociais da mundialização, o estreitamento do mercado do emprego e o aumento do desemprego e das
precariedades vieram transformar consideravelmente as condições de trabalho. Face ao aumento do desemprego e à intensificação das problemáticas da pobreza/exclusão/desigualdades surgiram, no contexto comunitário, novas recomendações no
âmbito das políticas sociais. Estas pretendiam fazer face ao agravamento da crise económica e social, cujo marco mais saliente
era a crise do trabalho-emprego característico da sociedade salarial (Castel, 1999). Também em Portugal, durante a década de 90, se observa um movimento de mudanças nas políticas públicas, no sentido de
apresentar soluções para o desemprego estrutural, destacando-se o investimento em educação/formação/qualificação profissional
das pessoas em idade ativa e em medidas de incentivo à empregabilidade. Os estudos atuais em Portugal sobre a problemática da exclusão social e das medidas de inserção assentes na formação/emprego
centram-se, sobretudo, nos seus beneficiários diretos (indivíduos a beneficiar de prestações sociais/medidas de formação)
(Hespanha e Matos,1999; Rodrigues,2006; Diogo,2008; Lousada,2008; Amaro,2009; Botelho,2010; Dias,2010; Teixeira,2012). Escasseia, contudo, investigação sobre como as políticas de inclusão definidas ao nível central estão a ser
interpretadas/operacionalizadas pelos empregadores (Cardoso et al.,1990; Tett, 2010), pelo que estudos envolvendo estes atores,
em contextos locais, poderão contribuir para um aprofundamento do conhecimento desta problemática. Desta forma, a partir de uma investigação de doutoramento em Ciências da Educação, nesta comunicação irão ser apresentadas as
representações de 14 entidades empregadoras, responsáveis pelo emprego de mais de 2000 pessoas do concelho de Espinho,
sobre a) a aposta na formação profissional de jovens e adultos, com vista à inserção laboral; b) a aposta em medidas de incentivo à empregabilidade, concedidas aos empresários, para a contratação de pessoas em situação de desemprego e/ou exclusão social e
c) as principais vantagens e condicionantes da adoção destas medidas na ótica dos empregadores.
(41) Avaliação das (des)igualdades entre mulheres e homens no mercado de trabalho dos países da UE-28 através de um novo
indicador composto: resultados preliminares
Carina Jordão FE/CES Universidade de Coimbra; Virgínia Ferreira, Faculdade de Economia, Universidade de Coimbra e Carla Amado, Faculdade de Economia e CEFAGE, Universidade do Algarve
Neste artigo são apresentados e discutidos os resultados preliminares de um novo indicador composto (IC) desenvolvido para
aferir de forma relativa a igualdade entre mulheres e homens no mercado de trabalho dos 28 Estados-Membros da União
Europeia (EU-28). Calculado através de uma versão particular da Data Envelopment Analysis (DEA), o índice proposto, o ICIL,
agrega informação de um conjunto diversificado de indicadores simples, relacionados com a participação no mercado de
trabalho, acesso a cargos de chefia e liderança, salários e condições laborais. Na análise são usados dados recolhidos junto de entidades como o Eurostat e o Banco Mundial referentes ao período 2008-2013. Ainda que preliminares, os resultados empíricos
demonstram que nos anos mais recentes, quando o fenómeno das desigualdades é analisado numa perspetiva holística, os maiores níveis de igualdade no emprego se encontram em países como a Letónia e a Eslovénia – e não nos países nórdicos, como seria
expectável. Este trabalho faz parte de uma investigação mais alargada intitulada “As (des)igualdades entre mulheres e homens no
mercado de trabalho e a performance dos países da União Europeia” e permite dar conta das transformações que, em matéria de igualdade no emprego, têm vindo a ocorrer ao longo dos últimos anos em algumas das economias usualmente consideradas das
mais avançadas do mundo.
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(58) A participação sindical na negociação coletiva na administração pública Paulo Jorge Marques Alves, Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) e DINÂMIA’CET-IUL
Com o advento do neoliberalismo hegemónico que enforma a atual fase do capitalismo, a administração pública passou a estar
sob forte pressão. Partindo da premissa de que “menos estado é melhor estado”, facto para o qual “não existe alternativa”, como
afirmou a senhora Thatcher, iniciou-se por toda a Europa um processo visando a sua reestruturação (Treu, 1987).
A administração pública portuguesa não ficou imune a este movimento, tendo vindo a sofrer mudanças profundas, quer no plano
da sua orgânica quer no domínio das relações laborais. Para Bordogna (2008), os grandes objetivos são, por um lado, proceder à convergência das relações laborais entre este setor e o privado em cada estado nação e, por outro, à convergência entre os setores
públicos dos vários países.
Inicialmente, as mudanças ocorreram sob o impulso da conceção do New Public Management, visando o cumprimento das metas do Pacto de Estabilidade e Crescimento; posteriormente deram-se no contexto da crise iniciada em 2008 e da intervenção da
Troika.
Com elas, o direito à negociação e à contratação coletivas foram outorgados aos trabalhadores da administração pública, enquanto corolário da introdução do contrato individual de trabalho. Deste modo abriram-se novas possibilidades aos sindicatos,
num contexto que lhes é adverso e lhes cria inúmeras dificuldades. As várias organizações sindicais enfrentaram a situação
recorrendo a estratégias diferentes (Stoleroff, 2007). Com esta comunicação pretende-se analisar a participação sindical na negociação coletiva. Das várias dezenas de sindicatos com
jurisdição na administração pública, apenas um pequeno número se tem engajado nos processos negociais. Tal facto poderá
explicar-se pela introdução na lei de critérios de representatividade. Mas esse fator não explicará tudo. A pesquisa baseou-se numa análise documental de carácter extensivo incidindo sobre o clausulado dos instrumentos publicadas no Diário da República
entre setembro de 2009 e dezembro de 2015. Outros documentos foram igualmente mobilizados, como sejam a legislação
produzida nos últimos anos ou documentos sindicais.
11.45am/1.30 pm - Theme 6): Education and Training
Building VII, Room 2.5
Chair: Ana Margarida Barroso, ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa
(4) Metamorfoses escolares e stress ocupacional em professores do ensino básico e secundário
Rui Moura, Universidade Autónoma de Lisboa; Álvaro Dias, Instituto Superior de Gestão; Célia Quintas, Instituto Politécnico de Setúbal/Universidade Autónoma de Lisboa; Dilar Costa, Hospital de Santa Maria; Luísa Ribeiro, Universidade Autónoma de
Lisboa Apresenta-se resultados preliminares do estudo “Stress Ocupacional em Professores do Ensino Básico e do Ensino Secundário:
metamorfoses escolares, riscos e níveis diferenciados de gestão do stress”, promovido pela Universidade Autónoma de Lisboa e
financiado pela Autoridade para as Condições do Trabalho. É objetivo geral estudar o fenómeno do stress em situações concretas do trabalho, respostas dos professores segundo os tipos de
personalidade e instrumentos de prevenção e gestão do stress.
São objetivos específicos: (a) caracterizar o sistema de ensino-formação e sobre prevenção de riscos profissionais; (b) analisar a prevalência de experiências de stress nos professores; (c) identificar e caracterizar stressores contextuais, laborais e relacionais;
(d) analisar impactos individuais e organizacionais e avaliar riscos; (e) identificar e caracterizar práticas organizacionais de
prevenção do stress; (f) identificar boas práticas de gestão do stress; (g) elaborar instrumentos de apoio aos professores. São averiguados os níveis de stress dos professores, a existência de assédio moral e eventual agravamento dos níveis de stress, a
variação do stress segundo as personalidades, a variação do stress à medida das exigências de novas competências, a variação de
stress segundo professores com locus de controlo externo e professores com locus de controlo interno. Campo empírico: 14 escolas de 7 agrupamentos escolares das regiões Norte, Centro e Sul do Continente.
Aplicação de entrevistas a diretores de escolas e de instrumentos de inquérito aos professores: questionário sociodemográfico;
escala de satisfação profissional; escala portuguesa de stress ocupacional; coping job scale de Latack; inventário de personalidade; questionário de atos negativos.
(15) Perspectivas sobre o aprofundamento da centralização dos processos decisórios numa Instituição do Ensino Superior João Leitão, Instituto Politécnico da Guarda
Este trabalho teve por objectivo, reflectir sobre as mudanças recentes, fruto da implementação da Lei 62/2007, de 10 de Setembro
nas Instituições de Ensino Superior, que teve como consequências mais claras, a concentração de competências decisórias, no âmbito da figura do Reitor no caso das Universidades e na Presidência no caso dos Institutos Politécnicos e respectivos
Conselhos Gerais, retirando aos docentes, o espaço de participação, decisão e democraticidade típica dos sistemas de Ensino
Superior. Foi também propósito deste trabalho de auscultação da comunidade docente, promover uma atitude prospectiva relativamente à
possibilidade de maior aprofundamento dos mecanismos de decisão por parte dessa Instituição, fruto da revisão periódica dos
seus estatutos, dentro de uma lógica ainda mais centralizada, como seria o caso da extinção das Escolas/Unidades Orgânicas e consequente dissolução dos Conselhos Técnico-Científicos colocando em causa, os poucos mecanismos que ainda subsistem, de
participação dos docentes na vida da sua instituição.
O levantamento das opiniões dos docentes realizado, permitiu orientar a sua posição na defesa dos melhores interesses da
qualidade da educação superior, na procura de uma melhor representatividade e salvaguarda dos interesses legítimos dos
docentes, face ao sistema de governação implementado pela IES.
A recolha de informação decorreu entre 26/04/2016 a 26/05/2016, tendo sido recolhidos 91 inquéritos por questionário e validados 90 inquéritos por questionário. Dos 173 docentes IES, mais de metade dos docentes respondeu no espaço de um mês,
ao Inquérito por Questionário realizado.
(31) As provações do trabalho dos formadores de adultos pouco escolarizados: Uma reflexão a partir da Sociologia da Individuação
João Eduardo Rodrigues Martins, Faculdade de Economia da Universidade do Algarve Procura-se com esta comunicação fazer uma reflexão em torno das principais provações e desafios que se colocam aos
formadores de adultos no seu trabalho quotidiano com adultos pouco escolarizados. Partindo de uma investigação empírica sobre
as políticas e as práticas de educação e formação de adultos em Portugal que privilegiou a lógica da descoberta e o estudo em profundidade do trabalho dos formadores e enquadrada a pesquisa por uma sociologia da individuação e pelo conceito de
épreuve, os resultados apontam como principais provações destes trabalhadores do social o terem que trabalhar com e sobre um
público percepcionado como “difícil”; o desafio de mudar os comportamentos dos destinatários da formação; a gestão de uma ordem social potencialmente conflitual, a gestão da diferença associada a um público sentido como heterogéneo e marcado por
um baixo nível de literacia e a prova da incerteza e da imprevisibilidade, traços marcantes e estruturantes do seu ofício. Por fim,
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constata-se também os aspectos gratificantes da actividade dos formadores que remetem para a valorização da vida dos outros sobre os quais se intervém e para a sua própria valorização profissional.
(35) Emprendedores a la fuerza: la expansión idea de capital humano en los discursos de los jóvenes universitarios españoles
David Muñoz Rodríguez e Vicent Querol Vicente, Universitat Jaume I; Antonio Santos Ortega, Sandra Obiol Francès e Alicia
Villar Aguilés, Universitat de València
La extensión de la idea de capital humano en el mundo universitario es un proceso que se remonta al menos tres décadas. En este periodo, se ha transitado desde una concepción del capital humano como una macromagnitud económica a una idea de capital
humano corporeizada en el individuo. Así, hemos asistido a una progresiva infiltración de dicha ideología del capital humano en
la vida de los jóvenes universitarios, especialmente a través de la formación: las universidades han integrado esta lógica en sus acciones formativas, mediante jornadas, acciones divulgativas, cátedras financiadas por bancos, etc. Todo ello se concreta en una
difusión por parte de las universidades de mensajes relacionados con el emprendimiento (entrepreneurship) y la activación (la
cual propaga la idea del empresario de sí mismo). En esta comunicación, nos centramos en los jóvenes universitarios, para quienes, ya de forma hegemónica, el capital humano
dirige y marca sus recorridos laborales y vitales. Basándonos en el trabajo de campo de una investigación centrada en la
movilidad laboral de los universitarios y realizada a través de entrevistas en profundidad a jóvenes titulados universitarios que han salido de España por motivos laborales, desarrollamos algunas dimensiones que adopta este proceso. Desde la imposición de
la lógica de la movilidad laboral, a la sujeción a las formas de "emprendedor de sí mismo" y a la imposición y normalización de
formas de empleo progresivamente al margen de los derechos y garantías laborales clásicas del salariado. La comunicación explora las consecuencias de estos procesos sobre los recorridos sociolaborales de los jóvenes universitarios.
(56) Educação Rural em Porto Velho/Ro: Experiencias de Professores e Alunos Renata da Silva Nobre, Universidade Federal de Rondônia /UNIR
O presente trabalho apresenta aspectos da educação rural no município de Porto Velho, estado de Rondônia/Brasil, pela ótica de
professores e alunos. Tem como intuito ressaltar a necessidade de políticas públicas efetivas que atendam as necessidades
daqueles que trabalham e se formam nos espaços educacionais, principalmente, nos espaços localizados nas áreas rurais
brasileiras. O lócus da pesquisa é a Escola Municipal de Ensino Fundamental Chiquilito Erse, localizada a 120 quilômetros da cidade. A metodologia adotada tem como fio condutor a História Oral, com uso de entrevistas realizadas com professores e
alunos, protagonistas da escola rural em foco. O referencial teórico pautar-se-á em dois documentos oficiais: A Constituição
Federal do Brasil (1988) e o Plano Nacional de Educação (2014), além da contribuição de teóricos como Gadotti (1999; 2001), Bezerra Netto (1999; 2003), Nascimento (2002; 2003; 2005), Freire (1975; 1983; 1997), Caldart; Arroyo; Molina (2004).
Constata-se que 80% dos profissionais que atuam na escola rural advém da zona urbana e a partir do depoimento dos sujeitos é
possível conhecermos as reais condições da escola, as dificuldades enfrentadas para deslocamento, as experiências vivenciadas no transcurso e as dificuldades enfrentadas no aprendizado dos conhecimentos científicos. Esta pesquisa contribuirá para
conhecermos aspectos da realidade de uma escola rural do estado de Rondônia e para aventarmos possibilidades para
implementação de políticas condizentes com o contexto.
1.30 pm—Lunch
2.30 pm/6.00 pm - Parallel Sessions (3 rooms) - Presentation of papers
2.30 pm/4.00 pm - Theme 1): Innovation and Entrepreneurship
Building VII, Room 2.1
Chair: António Moniz, FCT-Universidade Nova de Lisboa
(7) Dynamics of Entrepreneurship Development Related to Technology Adoption in Brazilian Amazonian Region
António Nogueira de Sousa e Benedita do Socorro Matos Santos, University of Évora Entrepreneurs develop new technology-based enterprises under uncertain conditions, with untested technologies and limited
resources. Development, education, science, technology, innovation, entrepreneurship, environmental protection, social inclusion,
these are some of the most relevant issues to the Amazonian region. Brazil’s economic, social and cultural evolution over the past three decades enabled a very considerable change in market indicators and population well-being. Entrepreneurship is considered
as a regional key driver for economic growth. Drawing on the theoretical contributions from Kraut et al (1989); Davidsson
(2005); Creswell et al (2006); Crawford (2009); McPhee (2012); Muegge (2012); Stuetzer et al (2014); West (2015); Cascio & Montealegre (2016), our purpose is to analyze entrepreneurial attitude towards the adoption of information and communication
technology in that region. The sampling methodology considered a universe of 9972 entrepreneurs from the State of Amapá and
the response rate was quite high, in that from the 400 questionnaires distributed and entrepreneurs identified, only 30 did not respond. So, 370 questionnaires were returned, which adds up to a 92.5% response rate. Increasingly, technology entrepreneurs
can also not have exclusive control of all the resources needed to create and capture value and they must find new ways to access
those resources. However, technology entrepreneurs face many challenges to undertake and turn ideas into profitable businesses. In addition to the challenge of creating products or services that customers will want to pay, business owners also face the
challenge of creating an organization with a more effective system in order to achieve the outcomes desired and expected by
founders and investors (McPhee, 2012; Muegge, 2012).
(50) Peer-to-peer business models and financial organizations
Jesse Karjalainen, Aalto University School of Science, Finlândia Digitalization is a significant change driver in our society, impacting how work, professions, and organizations are constructed.
Digitalization has enabled new kinds of peer-to-peer business models that are disrupting industries of all sorts. These business
models are built upon social media technologies that connect individuals, forming peer-to-peer networks and enabling individuals to transact with one another more efficiently and effectively than ever before. We have already witnessed, for example, how
transportation industry has been disrupted by Uber, a company established in 2009 that rapidly grew into being the world’s
largest taxi company without owning any vehicles, and how accommodation industry has been disrupted by Airbnb, a company established in 2008 that quickly took its place as the world’s largest accommodation provider without owning any real estate.
Finance industry, nevertheless, is still being dominated by the old incumbents, although they increasingly feel the pressure to
transform themselves to avoid being disrupted by new innovative financial organizations implementing peer-to-peer business models. The transformation of the finance industry is only a matter of time, prompting many interesting questions: How and
when will this transformation happen? What kind of new peer-to-peer business models will arise? How do these business models
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change the current descriptions of work, professions, and organizations in finance industry? This article aims to shed light and prompt further discussion on these questions, first, by reviewing the current status of peer-to-peer business models in various
industries and development histories of the related industries and, second, by using analogical reasoning to hypothesize what kind
of peer-to-peer business models might arise in the finance industry given its prevailing condition especially in the areas of
payment, digital banking, crown funding, and crowd lending. This article concludes by drawing implications of peer-to-peer
business models on the prevailing descriptions of work and professions in financial organizations.
(57) Innovación y emprendimiento en Pymes florícolas de México
Fanny Janeth Muñoz Salgado, UAEMex & CPES – ULHT; Ana Lorga Silva, Universidade Lusófona e Jose Luis Barrera Canto,
Universida de Mérida, México En la actualidad, tanto la innovación como el emprendimiento son considerados factores clave para el desarrollo económico
(García, 2014); sin embargo, aún falta conocer su comportamiento en organizaciones con características especiales y bajo
contextos específicos (Hodgson, 1993; Furubotn y Richter, 2000), así como la profundidad de la dimensión humana del emprendimiento en la innovación (Orrego 2008). El principal objetivo de la presente investigación es proponer un modelo
regresión para mostrar la influencia que tiene el emprendimiento sobre la innovación en micro, pequeñas y medianas empresas
(pymes); debido a que en ellas existe mayor posibilidad de identificar las prácticas innovadoras (Suárez, 1999), y por consiguiente, de emprendimiento. Con el objeto de proporcionar evidencia empírica sobre el tema abordado, se exponen las
características de innovación y emprendimiento, a través de una encuesta a doscientos sesenta y ocho líderes de pymes mexicanas
productoras de flor. Finalmente, con base en los resultados obtenidos se proponen estrategias y líneas de acción para investigaciones futuras y prácticas organizacionales eficientes.
(69) Como se não houvesse amanhã: Do trabalho numa organização start-up
João Vasco Coelho, CIES/ISCTE
No contexto nacional, perante os relatos de sucesso efervescente, a referência a uma organização start-up, define, no momento presente, uma amenidade, uma platitude, correlativa do louvor dos seus méritos como factos consumados, anódinos, salvíficos.
Este louvor tem deixado pouca margem, no momento presente, para questionamentos de natureza sociológica. O presente artigo
toma por objectivo a ampliação do âmbito das perspectivas de análise disponíveis para referir e interrogar um fenómeno, em si mesmo relevante, para uma putativa recomposição das práticas que enformam a actividade económica nacional.
Apresentando como suporte empírico um conjunto de observações registadas num “diário de campo” constituído no decurso de
uma pesquisa de natureza longitudinal realizada entre Novembro de 2014 e Novembro 2015, numa das organizações start-up portuguesas que maior crescimento (e visibilidade) tem conhecido nos últimos três anos, considera-se que importa adoptar outros
modos de ver a organização start-up, no sentido de alargar as possibilidades de compreensão do seu funcionamento, do seu
sucesso, do seu fracasso. Perspectivar a organização start-up como forma organizacional de natureza contingente e temporária, define, é sugerido, um
modo de ver que permite ir ao encontro de especificidades sociais e organizacionais, pouco escrutinadas, de uma organização
start-up. Com efeito, como observado em termos empíricos, o foco no presente imediato, a influência opressiva da “tirania do momento”,
um sentido difuso, insinuante, de urgência, de necessidade de actividade, de estar sempre em movimento, a antecipação de um
futuro partilhado como sendo pouco provável, práticas de gestão ancoradas, não na demonstração, no planeamento estratégico ou na “qualidade total”, mas sim na descoberta, na experimentação, em viabilidades mínimas, apresentam a organização start-up e o
trabalho numa organização start-up como realidades específicas, produtoras de novas segmentações nos mercados de trabalho, de
relações de emprego ancoradas em visões transaccionais, proteanas, em relações sociais efémeras, temporárias, pouco sedimentadas.
2.30 pm/4.00 pm - Theme 5): Labour Market
Building VII, Room 2.4
Chair: Conceição Cerdeira, SOCIUS/ISEG-Universidade de Lisboa
(8) Profissionalização dos contabilistas portugueses: estratégia de mobilidade social
Paula Cristina Mendes dos Santos Coelho, ESTGOH/IPC e Lúcia Lima Rodrigues, University of Minho
Desde a década de 1970 que a profissionalização das ocupações é genericamente interpretada, pela sociologia das profissões, como um processo empreendido tendo em vista a mobilidade social coletiva ascendente dos seus membros, procurando
idealmente a construção de monopólios profissionais e a consequente recolha de vantagens económicas e simbólicas para
aqueles. Por parte do Estado apenas se justifica a criação dos referidos monopólios quando em causa está o interesse público da atividade
ocupacional. Em Portugal, e tendo em conta a atividade dos contabilistas, foi em 1963, no âmbito da reforma fiscal iniciada na
década de 1950, que o Estado criou a figura do técnico de contas assumindo a promessa da respetiva regulamentação com a qual não cumpriu durante mais de trinta anos. Tal omissão concedeu argumentos aos praticantes de funções contabilísticas para
empreenderem um projeto de profissionalização que foi longo e marcado por sucessivos avanços e recuos.
Tendo por objetivo a análise do processo histórico de construção da profissão contabilística portuguesa, na investigação conduzida recorreu-se a entrevistas aos protagonistas do processo e a uma ampla análise de documentação histórica relevante,
permitindo identificar os atores sociais envolvidos, as estratégias por eles adotadas e o impacto da sua ação no desenrolar do
processo. Das conclusões produzidas, destaca-se como determinante para o verdadeiro arranque do processo de profissionalização dos
contabilistas portugueses a referida reforma fiscal. Desde então, fatores políticos e conflitos intraprofissionais foram os principais
elementos responsáveis pelo sucessivo adiamento da regulamentação prometida. Contudo, a crescente pressão exercida sobre o poder político, por duas associações privadas de contabilistas criadas em 1977, acentuada no início da década de 1990 e
acompanhada pelo estreitamento das divergências que entre elas existia desde a respetiva formação, terá sido crucial para a
concretização, em 1995, da regulamentação almejada por décadas.
(26) Mobilização em Movimentos Sociais: Uma Análise Psicossocial da 20ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo – Brasil Débora Laís Silva de Oliveira e Suélen Cristina de Miranda, Pontíficia Universidade Católica de São Paulo
A expressão “novos movimentos sociais” passou a ser utilizada para referir-se a certas configurações de ação coletiva (que
ocorreram nas sociedades ocidentais a partir da segunda metade da década de 1970), caracterizadas pelo protagonismo heterogêneo de indivíduos e grupos, que partem de uma perspectiva transcultural e destacam a relevância da identidade. Nesse
cenário, a psicologia social contribui para uma análise ampliada do fenômeno, que considera tanto a conjuntura quanto os
aspectos psicossociais e une dialeticamente as dimensões individuais e políticas. Deste modo, este trabalho teve como objetivo
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analisar a mobilização para participação na Parada do Orgulho LGBT 2016 de São Paulo. Utilizou-se como método de coleta de dados entrevistas semiabertas realizadas com participantes do evento. A análise foi realizada a partir da dialética particular-
universal, na qual a compreensão do processo de socialização como constituinte da identidade (individual e coletiva) possibilitou
relacionar a memória histórica do movimento LGBT com o evento analisado e os participantes entrevistados. Por fim, constatou-
se que a atribuição festiva possibilita uma maior visibilidade social ao evento, enquanto seu aspecto político pode ser demarcado
pela contestação a heteronormatividade instituída. A participação no evento (mesmo com interesses diversos) possibilita uma
metamorfose identitária, seja pelo rompimento com a normatividade cotidiana, seja pelo reconhecimento à imagem positiva do grupo, que interferem na autoimagem dos participantes e nos sentidos atribuídos a história pessoal. As conquistas do movimento
associadas a garantia legal de igualdade sem distinção ainda não alcançaram uma mudança na realidade, esta enquanto
construção social e histórica. As relações sociais seguem permeadas por preconceitos e estereótipos, de modo que a parada aparece como um grito coletivo de um público que teve sua voz destituída por séculos e que busca respeito e não tolerância.
(28) Tipologias da precariedade no trabalho e emprego - rumo a um modelo integrado Alfredo Campos, Centre for Social Studies of the University of Coimbra
Tem-se por objectivo apresentar parte do enquadramento teórico da investigação de doutoramento do autor, em curso, dedicada
ao estudo dos factores que propiciam ou reduzem a precariedade no trabalho e emprego. Se até aos anos 70 imperou o modelo fordista, de estabilidade no emprego, no qual o Estado regulava as relações de trabalho e a
economia, a partir daquela década este modelo entrou em declínio, precedido uma década antes por conflitos laborais,
complementados com a crise económica e petrolífera dos anos 70. Estes acontecimentos deram lugar nos anos 80 a combinações de novos modelos produtivos.
Foram-se verificando duas vias gerais nos modelos produtivos: à valorização do trabalho qualificado correspondeu uma
precarização do desqualificado, segmentando-se o emprego em função da qualificação. No entanto, esta segmentação em função da qualificação é questionada pela crescente precarização. A precariedade que atinge atualmente os/as trabalhadores/as mais
desqualificados/as, alastra-se às funções mais qualificadas, constituindo-se como um ponto de viragem.
Considera-se que o estudo da precariedade no trabalho e emprego – teórica e empiricamente – requer a elaboração de modelos adequados, partindo das tipologias já formuladas por diversos autores. A partir da distinção entre precariedade no trabalho e no
emprego, são apresentadas as tipologias consideradas mais pertinentes, nomeadamente de Ilona Kovács, Glória Rebelo, Natália
Alves, Rodgers e Rodgers e Appay, as quais se procura articular num único modelo. Seguidamente, o estudo inicial de sete profissões – medicina, advocacia, enfermagem, engenharia, arquitectura, psicologia e
docência – mediante entrevistas, permite delinear uma distinção entre precariedade extrínseca e intrínseca. A primeira, geral, será
denotada a partir do modelo articulado, sendo a segunda específica a cada profissão e combinada com o modelo. Numa abordagem multidisciplinar e integrada destes factores, esta comunicação pode proporcionar um debate útil aos/às
interessados/as nas formas de precariedade actualmente.
(43) “Empregabilidade, Carreira e Empreendedorismo dos Psicólogos: Espaço OPP – Desenvolvimento Profissional”
José Pedro Baptista Ferreira Machado e Pedro Miguel Pimentel Félix, Ordem dos Psicólogos Portugueses Esta comunicação apresenta os resultados do programa “Espaço OPP – Desenvolvimento Profissional”, desenvolvido pela Ordem
dos Psicólogos Portugueses (OPP), que tem como um dos seus eixos estratégicos a Qualificação e o Emprego. Sendo a
empregabilidade um dos principais desafios dos psicólogos, sejam recém-formados ou não, a decisão da criação deste projeto surge como medida de apoio a todos os membros efetivos da OPP que procurem potenciar a sua empregabilidade para
a (re)integração profissional, (re)equacionar o percurso de carreira, implementação de projetos ou criação do próprio emprego.
Iniciaremos a comunicação expondo os 5 momentos, que compõem o possível percurso neste programa, que se pretende flexível, dinâmico e personalizado: i) Sessão de Acolhimento, Informação, Diagnóstico e Encaminhamento realizado por técnicos de
Empregabilidade da OPP (sessão individual, presencial ou a distância) ii) Sessões de consultoria temáticas de Marketing Pessoal
e Profissional, Áreas Emergentes da Psicologia, Projetos e Modelos de Negócios e Coaching para a Carreira (sessões em grupo presenciais) iii) Sessões de consultoria especializada que respondem às necessidades diretas dos projetos profissionais dos
psicólogos participantes (sessão individual, presencial ou a distância); iv) Sessões de balanço da implementação do projeto
profissional do psicólogo participante realizado por técnicos de Empregabilidade da OPP (sessão individual, presencial ou a distância); e v) Sessões de Follow-Up realizado por técnicos de Empregabilidade da OPP (sessão individual, presencial ou a
distância). Seguidamente iremos apresentar os dados relacionados com o programa, que conta com 803 psicólogos membros
efetivos inscritos (entre 2014 e 2016), 63 consultores especializados em bolsa, 496 sessões de AIDE realizadas, 324 sessões de consultoria individual especializada e 1200 participantes nas sessões de consultoria em grupo. Continuaremos com uma reflexão
sobre a integração dos Psicólogos no mercado de trabalho e o impacto que este programa tem tido nesta integração. Concluímos
com a apresentação de casos e testemunhos de participantes do programa.
2.30 pm/4.00 pm - Theme 8): Human Resource Management
Building VII, Room 2.5
Chair: Bernardete Sequeira, Universidade do Algarve
(6) Gestão de Recursos Humanos e Relações de Trabalho no Brasil: a emergência da crise Amyra Moyzes Sarsur, Instituto de Sociologia –Faculdade de Letras – Universidade do Porto; Marcus Vinicius Gonçalves da Cruz,
Instituto de Sociologia – Universidade do Porto / Fundação João Pinheiro (FJP/Brasil); Wilson Aparecido Costa de Amorim, André
Luiz Fischer e Michele Ruzon Kassem, Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) - Brasil O artigo traz resultados de pesquisa qualitativa que analisa como a gestão de recursos humanos (GRH) de empresas brasileiras
interpreta as características recentes do trabalho no Brasil. No período 2000-2014 verificou-se crescimento econômico, aumento
da escolaridade na força de trabalho, queda na taxa de desocupação, melhoria do rendimento dos trabalhadores, aumento da rotatividade, envelhecimento populacional, e redução da proporção de jovens no mercado de trabalho. Nas relações de trabalho,
os sindicatos conquistaram aumentos reais nos acordos salariais e as greves retornaram. Após 2014 os fundamentos econômicos
do país começaram a se deteriorar com queda vertiginosa do PIB, desinvestimento, aumento do desemprego e inflação, caracterizando um cenário de crise. Para análise desse contexto, metodologicamente a pesquisa apoiou-se em levantamento
bibliográfico sobre mercado de trabalho, relações de trabalho e GRH, bem como documentos e base de dados oficiais. Foram
realizados dois grupos focais ao final de 2015 com gestores de RH de duas metrópoles brasileiras, a de menor e a de maior taxa de desocupação. Os resultados indicaram elevada complexidade para as organizações lidarem com o mercado de trabalho e
sindicatos. Tais fatores são tratados pelos gestores de RH intuitivamente nas decisões estratégicas ou cotidianas, sem análise dos
dados de fontes oficiais ou acadêmicas; prevalecendo informações e opiniões obtidas junto ao network da comunidade de RH. Os achados revelam três dimensões: (1) as questões referentes às relações de trabalho e ao mercado de trabalho são pouco
valorizadas no âmbito da gestão de RH, não sendo, inclusive, consideradas como parte de sua formação mandatória; (2) GRH e a
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gestão das relações de trabalho são tratadas como áreas profissionais e de conhecimento separadas e pouco integradas nas organizações; (3) a pouca leitura do contexto emergente pelos profissionais de GRH, foi evidenciada pela sua postura reativa à
crise e subserviente aos desígnios da cúpula organizacional.
(37) Avaliação de Riscos Psicossociais e Impactos Econômicos das Práticas Organizacionais no Rio de Janeiro
Wagner Salles, Daniela Salomão Ach e Jacqueline Santana Silva, Universidade Veiga de Almeida –UVA; Fernando de Oliveira
Vieira, Escopo/Universidade Federal Fluminense - UFF Esta pesquisa parte de uma lacuna entre o discurso organizacional de investimento no trabalho e as respectivas vivências de seus
atores. Com as significativas transformações do mundo do trabalho nos últimos anos, as organizações vêm experimentando
pressões cada vez maiores para uma adaptação, o que torna o trabalho real cada vez mais uma perspectiva dinâmica, instável, que demanda capacidade de um agente de mudança – o trabalhador – para providenciar os ajustes necessários, de forma a obter o
êxito. Destaca-se, então, um olhar para a relação entre o cenário da atual organização do trabalho e as pressões sobre este agente
de mudança, que pode resultar na sobrecarga de trabalho. Assim, como as atuais práticas organizacionais têm impactado a vida dos trabalhadores e que repercussões elas têm gerado sobre o investimento em pessoas? A fim de analisar a natureza dos riscos
psicossociais das práticas organizacionais e suas repercussões econômicas na atual organização do trabalho, esta pesquisa aplicou
o PROART (Protocolo de Avaliações de Riscos Psicossociais no Trabalho) a 115 sujeitos de empresas privadas, mistas e públicas, no Rio de Janeiro, sob quatro escalas: Organização Prescrita do Trabalho (EOPT), Estilos de Gestão (EEG), Sofrimento
Patogênico no Trabalho (ESPT) e Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho (EADRT). Os resultados revelaram que a
maior concentração dos sujeitos está sob níveis médios de riscos psicossociais, que representam situações limites e demandam ações a curto prazo. Em fatores como “indignidade” e “danos físicos”, por exemplo, já é possível mapear altos níveis de riscos
psicossociais, o que exige ações imediatas. Estes resultados revelaram, ainda, que a natureza destas práticas organizacionais,
associadas a um estilo de gestão normativo, promove sobrecarga e mal-estar, gerando impactos econômicos diretos sobre fatores como absenteísmo, rotatividade e baixo desempenho no trabalho.
(38) Trabalho Forçado Contemporâneo: Uma Análise Sobre Condições Degradantes e Jornada Exaustiva com Professores de
Educação Física no Rio de Janeiro
Deise de Jesus Soares Nunes, Wagner Salles, Maiara Oliveira Marinho e Fernando de Oliveira Vieira, Escopo/Universidade Federal Fluminense
O conceito de trabalho forçado, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, no Brasil, considera fatores como jornada
exaustiva e condições degradantes, dentre outras condutas, que podem se caracterizar na prática de forma conjunta ou isolada. Torna-se comum observar tais condutas em alguns paradigmas de trabalho, como trabalhadores rurais, por exemplo. Porém,
outras formas de trabalho chamam a atenção por apresentarem tais condutas de maneira banalizada, muitas vezes não explícita,
ocultas sob vínculos formais de trabalho e reforçadas por práticas em gestão de pessoas. Estas formas atípicas de trabalho emergem, sobretudo, a partir da reestruturação produtiva no processo de globalização, que fere os direitos dos trabalhadores, sob
uma ideologia de trabalho flexível, mas que potencializam o adoecimento físico e mental do trabalhador. Partindo deste cenário,
de que forma alguns vínculos formais podem se caracterizar como um trabalho forçado contemporâneo? Buscando analisar que elementos podem se caracterizar como trabalho forçado contemporâneo em vínculos formais de trabalho, esta pesquisa
considerou a aplicação do PROART (Protocolo de Avaliação de Riscos Psicossociais no Trabalho) a professores de educação
física, em academias na cidade do Rio de Janeiro. Os resultados revelaram que estes profissionais experimentavam jornadas exaustivas em nome da flexibilização do trabalho. Além disto, estes profissionais eram submetidos a condições degradantes, no
que se refere à restrição de direitos trabalhistas (férias, horas extras e 13º salário), ritmo penoso de trabalho, ausência de descanso
e baixa remuneração. Assim, esta pesquisa levanta uma discussão sobre outras formas de trabalho que manifestam elementos como jornada exaustiva e condições degradantes, muitas vezes conduzidas por práticas na gestão de pessoas, caracterizando um
possível cenário que endosse as condutas referentes ao conceito de trabalho forçado contemporâneo.
(54) HR practices in entrepreneurially based SME’s: a review of the literature
Gonçalo Marques Barbosa, Faculdade de Letras da Universidade do Porto Entrepreneurially based small and medium sized companies (SME’s) have recently collected attention in organizational research,
a fact that is mostly due to the increasing prominence that the entrepreneurial paradigm as conquered in the western society,
namely through its connections to job creation and economic development and growth. Conversely, that has not been the case in the human resources management field, as there haven’t been many research efforts
approaching its conceptual schemes to this category of enterprises, in terms of both its entrepreneurial orientation or its small and
medium dimension. In that sense, the main aim of this presentation is to review the literature already produced, whether originated from an economic
and managerial perspective or from a psychosocial point of view, comparing and contrasting the different approaches to the
framing human resources practices inside entrepreneurial SME’s. This study will be presented in two levels of analysis. A first dimension to be explored is the way these organizations are usually viewed, specifically trough the typology of
organizational metaphors created by Gareth Morgan, discussing the adaptability and the implications of these metaphors to the
specific reality of entrepreneurially based SME’s. A second dimension relates to the emphasis given to the different human resources practices, namely recruitment and selection,
training and development, or pay and compensation, debating if and how they are connected to entrepreneurship and innovation.
Thus, the main goal of this presentation is to underline the dominant trends in conceptualizing organizations with a strong
entrepreneurial orientation and a small or medium size, while at the same time identifying how those views may be related to the
human resources practices implemented in those enterprises.
(62) Profissionais dos Recursos Humanos: O que procura o mercado?
Maria Margarida Cróca Piteira, SOCIUS – Centro de Investigação em Sociologia Económica das Organizações
A área das pessoas nas organizações é, cada vez mais, estratégica para a sua diferenciação e sobrevivência. A máxima de que as pessoas são o activo mais importante das empresas está longe de ficar obsoleta. As organizações, em geral, devem, e tal como
preconizado por Schuler e Jackson (1987) adaptar a gestão de Recursos Humanos à estratégia organizacional, tendo em conta o
papel requerido ao trabalhador. Esta adaptação tem implicações críticas em áreas como a inovação, a qualidade e/ou a redução de custos. Consequentemente, as políticas de Recursos Humanos são a face mais visível de como esta gestão estratégica é
concebida. Neste contexto, e tendo em conta este tipo de implicações, questiona-se que perfil para os profissionais da Gestão de
Recursos Humanos, estão, as empresas Portuguesas a procurar? O trabalho que se apresenta tem como objectivo compreender quais as competências que o mercado, em Portugal, procura para os profissionais que operam na designada Gestão de Recursos
Humanos. O campo empírico do estudo contempla a análise de 190 anúncios de emprego para a função de Recursos Humanos.
Foram analisados 4 sites de anúncios online, durante 3 meses. Seguiu-se, metodologicamente, a abordagem qualitativa, recorrendo-se à análise de conteúdo. Os resultados descrevem as tendências do mercado de emprego na procura destes
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profissionais, ilustrando-se o perfil procurado para esta área organizacional. Finaliza-se com uma reflexão sobre a formação mais adequada para este grupo profissional; propondo-se pistas para o seu desenvolvimento, em termos do ensino superior.
4.00 pm - Coffee break (free)
4.30 pm/6.00 pm - Theme 3): Mobilities and Work
Building VII, Room 2.1
Chair: Cláudia Teixeira Gomes, FL-Universidade de Lisboa
(11) Mulheres, migrantes e iletradas: uma análise de um programa de integração laboral em Espanha Ana Margarida Barroso, CIES-ISCTE
A crise económica do final da década de 2000 e o aumento significativo da taxa de desemprego alteraram a posição de Espanha
enquanto destino desejável para trabalhar. O período de recessão económica fez-se, assim, acompanhar por um ligeiro decréscimo no número de imigrantes legais no país. Não obstante, a intensificação das crises políticas e económicas globais e a
posição geográfica de Espanha, com territórios autónomos situados no norte de África, veio aumentar exponencialmente o
número de migrantes, gerando novos desafios às instituições e organizações nacionais quanto à integração social plena de quem entra no país. A estes novos desafios, somam-se dificuldades anteriores, relativas à integração laboral da população imigrante
pré-existente.
Nesta comunicação, analisamos um programa de integração laboral desenvolvido por uma organização não governamental em Barcelona, procurando discutir, por um lado, em que medida as orientações gerais de integração laboral da população imigrante
se relacionam com as práticas quotidianas no terreno e, por outro, como é que a metodologia do programa e os recursos
disponíveis concorrerem para a promoção da coesão social e para a vivência de uma cidadania plena. O programa tem como
principais beneficiárias mulheres que não foram alfabetizadas, ou que foram pouco escolarizadas, provenientes sobretudo de
Marrocos, Nigéria, Índia, Paquistão e Nepal, e procura, através da alfabetização e da aprendizagem da língua, aumentar a sua
empregabilidade.
(34) Precariedad everywhere: las vivencias y los discursos de los jóvenes españoles que viven y trabajan en el extranjero David Muñoz Rodríguez, Mercedes Alcañiz Moscardó, Ana Martí Gual, Emma Gómez Nicolau e Xavier Ginés Sánchez,
Universitat Jaume I
Existe una notable carencia de trabajos sobre las condiciones de vida de los jóvenes que han protagonizado la salida de España en los últimos años. Conocemos algunos detalles a partir de la cobertura de los medios de comunicación, el cine y las iniciativas
activistas, como por ejemplo Marea Granate. Pero en el ámbito académico no abundan los análisis (Moldes y Gómez, 2015;
Muñoz y Santos, 2015; Muñoz, 2014; Raffini, 2014). En este sentido, en el presente trabajo realizamos una aproximación a las condiciones de vida de las personas jóvenes que han marchado recientemente del país. El objetivo general es aproximarnos tanto
a las condiciones materiales como a los procesos de subjetivación de las personas que han protagonizado el reciente episodio de
salida del país, que se ha popularizado con la etiqueta de fuga de cerebros. El trabajo se basa en entrevistas en profundidad a 32 personas de entre 25 y 30 años, con estudios universitarios y que viven en
diferentes países. A partir de las narraciones de las personas entrevistadas se analizan los discursos sobre las vivencias en el
extranjero, centrando la atención en la situación laboral. Desde la perspectiva de los individuos, marchar del país supone una decisión que probablemente marcará las trayectorias vitales durante un tiempo considerable. Las implicaciones inmediatas de la
salida del país permiten hablar de ruptura biográfica. Si bien es cierto que no se rompen los vínculos familiares y de amistad, la
modificación de la residencia y la entrada en un nuevo mercado laboral y, en general, en una nueva sociedad, suponen cambios cualitativamente importantes.
(48) Olhar de longe para o que é próximo: O mercado de trabalho português percecionado por emigrantes diplomados Susana Amaral e Ana Paula Marques, CICS.NOVA – pólo UMinho
O significativo aumento das qualificações e das expectativas dos ativos portugueses nas últimas décadas associado à persistente
falta de competitividade da economia nacional, assente em padrões organizacionais pouco inovadores, tem vindo a introduzir novos perfis e novas questões ao paradigma da emigração portuguesa. Já observável desde finais da década de 80, a emigração de
portugueses com qualificação superior é uma tendência cada vez mais evidente, congregando formações académicas e setores de
atividade muito diversificados. No âmbito de uma investigação em curso sobre a emigração altamente qualificada, realizaram-se entrevistas aprofundadas
semidiretivas a profissionais diplomados que se encontram, atualmente, em mobilidade transnacional, convocando-os a
posicionarem-se face ao modelo socioeconómico e ao mercado de trabalho português. Nesta comunicação, analisaremos as suas perceções da realidade nacional, por comparação com as realidades observadas e vividas nos contextos profissionais dos países
de acolhimento. Sistematizaremos, também, os seus contributos para um futuro mais atrativo e inclusivo do mercado de trabalho em Portugal, em geral e de vários setores de atividade, em particular. Esta análise permitirá compreender a importância dos
obstáculos e constrangimentos do funcionamento do mercado de trabalho interno para a decisão de sair do país e para o
adiamento do regresso em idade ativa, bem como o potencial destes profissionais enquanto agentes de mudança.
(55) Desemprego e migrações em Portugal, que relação?
José Rebelo dos Santos, ESCE-IPS e CIDEHUS-Universidade de Évora Portugal está a viver nos últimos anos uma crise de grande dimensão tanto no domínio económico como no social. Com efeito a
generalidade das famílias viu diminuir o seu rendimento disponível pelo menos desde o início da década atual e mesmo nos casos
em que mantiveram o emprego que tinham ou continuaram a trabalhar em novo emprego. Uma das faces visíveis do problema português é a diminuição dos rendimentos das famílias, outra é o elevado desemprego.
Menos visível mas não menos importante é a emigração consubstanciada na saída de mais de 600 mil portugueses no período em
análise. Esta não pode dissociar-se quer dos baixos rendimentos quer do desemprego e constitui a solução encontrada por muitos para poder satisfazer as suas necessidades básicas e as da sua família face à falta de oportunidades no país. Na maior parte dos
caos em que se consegue arranjar trabalho em Portugal este é precário e mal pago. Esta razão ajuda também a compreender
porque têm diminuído os fluxos de entrada de imigrantes no nosso país. O nosso objectivo é com base na análise da evolução da taxa do desemprego, e dos fluxos quer da emigração quer da imigração,
procurar identificar eventuais relações estas variáveis.
Os dados a utilizar são da responsabilidade do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) dizem respeito ao período entre 2010 e 2015. Os resultados evidenciam que o aumento do desemprego está associado ao
aumento da emigração e à diminuição da imigração.
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4.30 pm/6.00 pm - Theme 10): Exclusion and Social Inequalities
Building VII, Room 2.4
Chair: João Eduardo Martins, Universidade do Algarve
(3) Unfolding Recognition: Young men with mild intellectual disabilities (MID) in supported employment
Melissa Sebrechts, University of Amsterdam – Amsterdam Institute for Social Science Research (AISSR)
The main characters in this research are young men diagnosed with mild intellectual disabilities (MID) and the professionals who support them in supported employment centers in Amsterdam, the Netherlands. The central focus is on how the workplace can
become a source of recognition, and ultimately how it can enable these young men to become more ‘full citizens’ in the face of
social exclusion. We are looking at a group in society who remains relatively marginalized: due to their intellectual disabilities they cannot live up to demands of autonomy made in regular workplaces. The aim of supported employment centers is then to
both be a place where young men with MID can experience recognition in a less demanding environment, and to be a place
where they can develop qualities like autonomy in order to eventually move on to a regular job. In this research, the supported employment center is ethnographically approached as a place where certain supervision styles, values, and ideals come into
configuration. I will speak of different ‘logics of recognition’ to point at how such configurations facilitate some interactions of recognition while foreclosing others. For example, we will see how the ‘Participation-professional’, when approached as part of a
broader logic, is dominant in the Dutch context. I suggest that this logic stimulates a specific kind of workwise recognition, that
for many young men with MID is a yet unfulfilled promise leading them to search and give shape to other forms of recognition (like streetwise recognition) that might not be desirable from a policy perspective. In this regard, well-intended policies aimed at
more recognition for socially excluded people are approached critically, and we shift the attention to how recognition needs to be
‘unfolded’ in order to grasp its entanglement with various forms of misrecognition.
(12) Políticas Públicas de Transferencia de Renda no Brasil: O Caso da Comunidade Pantaneira de São Pedro de Joselândia
Eloisa Rosana de Azeredo, Universidade de Coimbra; Thiago Henrique dos Santos, Universidade Federal Fluminense Dados os altos índices da desigualdade econômica e social histórica no Brasil, o governo nos últimos anos implementou uma
série de políticas públicas, algumas delas seguindo o modelo de transferência de renda, com o intuito de promover aos indivíduos
condições mínimas de existência e a sua reinserção na lógica do mercado capitalista. O “Bolsa Família”, entre outros programas, teve início nos anos 2000, e o objetivo máximo da proposta era reduzir os índices de extrema pobreza no Brasil, aliando a
proposta de transferência de renda à outras políticas sociais que promoviam a cidadania no país. Nota-se que em grande parte o
governo cumpriu sua proposta. Nossa observação no presente trabalho consiste em uma análise sobre a percepção e o impacto destes programas em grupos considerados minoritários, sobretudo as Comunidades Tradicionais no Brasil, tendo em vista que
estas possuem uma lógica econômica distinta dos outros grupos sociais. Utilizando-se de um estudo de caso ampliado, proposto
por Burawoy (2014), buscamos estabelecer uma relação causal entre elementos empíricos coletados na Comunidade Tradicional de São Pedro de Joselândia, localizada no Pantanal norte do Mato Grosso e dados oferecidos pelo poder público federal,
ilustrando a relação entre as políticas de transferências de renda – que são tidas como paliativas – e esta Comunidade Tradicional
que sobrevive, basicamente sob uma lógica de economia solidária e que, portanto, não possui como prioridade o acúmulo de capital, mas a produção da vida.
(22) “The myths and the facts of disability and work in Portugal”
José Miguel Nogueira, ISCTE
The integration of people with disabilities in the labor market is currently seen as a matter of human rights and a key factor for their inclusion. In Portugal, the right to non-discrimination in employment is enshrined in national legislation. Portugal has also
specific active employment measures for people with disabilities. However how can the employment of people with disabilities
increase in a country with a high global unemployment rate? This presentation aims to discuss the developments on access and participation of people with disabilities in the labor market in Portugal. Firstly, the research attempts to understand features such
as: i) role of the active employment measures and another public incentives; ii) the contribution of organizations of persons with
disabilities and the public training centers; iii) the main barriers to the participation in the labor market; and iv) the role of people with disabilities and their families in the activation. Secondly, the presentation also allows showing results about the integration
of people with disabilities in Portuguese companies. Results will be presented on: i) the access to a job; ii) the integration process,
iii) the professional route, iv) the remuneration policy, v) the satisfaction of employers and the satisfaction of workers with disabilities about their career. The research is based on quantitative and qualitative data. Official data has been compared with
data from recent studies and relevant information gathered through interviews with key actors, employers and peoples with
disability (Gonçalves & Nogueira, 2012). The results show that when people with disabilities have opportunities to work, they demonstrate their value. The results also show that employing people with disabilities is not merely a case of social
responsibility, is in fact “a good business for companies”.
(23) Quality Of Life For Families With Children/Youth With Autism Spectrum Disorder
José Miguel Nogueira, ISCTE
This research aims to analyze the impact of autism spectrum disorders (ASD) in families with children and youth (0-25 years) with ASD in Portugal. The impact will be evaluated on a multidimensional perspective, following the work on the concept of
quality life from WHOQOL Group (UN). The study includes quantitative and qualitative methodology. It correlates statistical
sources and other information with the data obtained through a survey of a sample of about 100 families with children/youth with ASD (October and November 2013). The results indicate a strong impact of autism on the quality of life for families in all study
dimensions. The research shows a negative impact on quality of life for families in material and financial conditions, physical and
emotional well-being, career progression, feelings of injustice, social participation and self-perception of happiness. The quality of life remained in the relationship with the family and the spouse, interpersonal relationships and beliefs about himself. The
ASD improved quality of life aspects such as interest, knowledge and exercise of rights on disability, autonomy to make
decisions and be able to deal with stress. Other dimensions are contemplated: a detailed characterization of the child/young with ASD and all family members (household composition, relationship status, academic qualifications, occupation, income and
leisure) the impact of diagnosis in the family wellbeing, medical and therapeutic processes, school inclusion, public support, social participation, and the adequacy and implementation of legislation. The study evaluates also the strengths and weaknesses
of the Portuguese public rehabilitation system and demonstrates how a good law in theory may not solve the problems of families
in practice due to the allocation of insufficient public resources, both financial and human resources.
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(30) A Escola como Espelho da Sociedade: Como Romper com a Segregação? Renata da Silva Nobre, Universidade Federal de Rondônia /UNIR
Este trabalho busca analisar os conceitos segregadores existentes no ambiente escolar, a partir de um levantamento bibliográfico.
O Sistema Educacional Brasileiro passou por momentos históricos diversos que fortaleceram a desigualdade e privilegiaram a
classe dominante. A desigualdade está baseada em três eixos: Político, Social e Educacional. No sistema educacional, a
segregação aparece no ambiente que deveria promover a socialização/interação da alteridade cultural. Manifestando o interesse
em desconstruir esses conceitos, pautamos a necessidade de uma formação mais ampla para aqueles que irão viver a realidade em sala de aula, os professores. Com a análise de conceitos definidos por Dermeval Saviani, no seu título Educação e Democracia
(1987), comparados com os conceitos existentes na obra de Paulo Freire, Pedagogia dos Oprimidos (1968), sendo Saviani (1987)
embasamento para a atual conjuntura do ensino e Freire (1968), como referencia sobre o conceito de oprimido e opressor. Concluiu-se que há uma urgência curricular em abordar, durante a formação dos professores, conteúdos que melhorem a atuação
diante de questões sociais, e assim, resulte em uma melhoria na qualidade do ensino para, também, conscientizar visando a
emancipação social.
(59) Older unemployed in Europe. Labour market exclusion and the structural dependency of old age
Rita Borges das Neves, University of Minho Job loss at an older age is a risk factor for labour market exclusion through long term-unemployment and early retirement. These
have severe impacts for individuals, namely on pensions cuts, and health as well for welfare systems. Even so, little attention is
given to the unemployment phenomenon among older unemployed and little is known about who they are, unemployment patterns, needs and potential employability. This is crucial information for adequate policy design that fulfil the European
objectives of prolonging working lives.
The current paper aims to shed some light over this group while looking into SHARE (Survey on Health Ageing and Retirement in Europe) 2011 data in over 16 European countries, including Portugal.
Results show a disturbing reality that will be discussed further on. Unemployment rates among 50+ Europeans are higher than the
overall unemployment rates (12% against 8%) and among Portuguese 50+, unemployment rates are as high as 20%. The majority
of older European unemployed have not supported by the welfare state, as nearly 60% receive no sort of benefit or pension. The
average age for the job loss is 52 (SD 6.18) years old and unemployment spells last, in average 4 years. The understanding of old age as a stage of disengagement is embedded in the capitalist social, economic and political system and
older people are still seen as dispensable, considered a burden or incapable to work.
(61) Trabalho cultural como modo de vida: percursos na arte comunitária
Rui Telmo Gomes, Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES)
Ao longo das últimas décadas têm-se desenvolvido importantes programas de intervenção social tendo por base fundamental projetos artísticos locais, promovidos por associações culturais juvenis. Tais projetos visam habitualmente processos de
dinamização comunitária em contextos sociais de pobreza e exclusão social. Têm sido também um dos terrenos de afirmação
multicultural na sociedade portuguesa através de diferentes linguagens artísticas. Mais recentemente, questões como inovação ou empreendedorismo social têm igualmente ganho destaque – arrastando aliás consigo alguma ambiguidade.
Nesta apresentação, é traçada brevemente uma panorâmica geral desta realidade e são debatidas as implicações de estratégias
políticas que cruzam o social e o cultural, envolvendo protagonistas muito diversos (políticas públicas, grandes fundações, associações locais e ONGs, ativistas, etc.). Tomando como ponto de partida casos de estudo de projetos de arte comunitária numa
pesquisa etnográfica em curso, prpõe-se uma reflexão sobre a importância dos rituais artísticos como experiência transformadora
e fator de mobilização em processos de construção identitária e participação política de populações marginalizadas. Considera-se em especial a hipótese de a prática artística comunitária e a participação associativa contribuir para a formação de carreiras
profissionais, combinando prática artística, mediação cultural e ativismo político.
4.30 pm/6.00 pm - Theme 4): Public Employment Policies
Building VII, Room 2.5
Chair: Paulo Alves, ISCTE e DINÂMIA’CET-Instituto Universitário de Lisboa
(24) Active ageing and age management policies to favour intergenerational relations in workplaces
Barbara Barabaschi, Catholic University of Sacred Heart, Itália Demographic trends, characterized by an increasing old-age dependency and a fall of birth rate, affect not only the European long
term sustainability and adequacy of pension and health care systems, but also labour markets and enterprises, which are already
faced with the integration of different generation in the workplace. The paper is part of a wider research aiming to investigate active ageing policies in Italy and France, two countries similar in
labour legislation, but France is a pioneer for active ageing policies and age management.
Paper presents two analysis levels: the organizational one and that of national policies and in this consists its distinctiveness. At the first level, case studies describe age management measures adopted by companies in recruiting, lifelong learning, workers'
age optimization and safety programs or finally flexible forms of employment. Case studies help to understand the main
criticalities, but also the advantages when age management measures are introduced and implemented in the workplaces. At the second level, the two countries are interesting because national government have promoted legal norms and reforms of
labour, training, pensions policies to favour an "age culture". The contrat de génération, "staffetta generazionale" and "solidarity
contracts" are cited as a relevant example of how governments try to favour employment for all generations at work. The final part reflect on the role assumed by work in the life course and that of the state. Literature taken as a reference concerns: diversity
management, corporate social responsibility, neo-institutionalism, human capital, activation and capability approach. Final aim of
the research is to understand which kind of labour policies would be possible in countries, such as France and Italy, with a "rigid" conception of work and rights at work, in order to answer to the growing need of flexibility required not only by firms, but also
by workers.
(32) Representações comparadas sobre o desemprego/ Compared representations about unemployment
Ricardo Fabrício, University of Madeira & SOCIUS Apesar do interesse que o desemprego tem vindo a despertar e a merecer, por ser um fenómeno com grande impacto no
funcionamento das sociedades contemporâneas, ainda sabemos pouco sobre o que pensam os desempregados sobre o
desemprego. As abordagens recorrentes ao desemprego tendem a privilegiar pouco as perspetivas mais endógenas do fenómeno, ou seja, as que são provenientes dos atores sociais que vivem e dão corpo ao fenómeno.
As representações sobre o desemprego que se estabelecem a partir dos desempregados são materiais com elevado potencial para a
investigação sociológica, pois, permitem compreender mais amplamente o fenómeno do desemprego e contribuir para o desenho
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de políticas públicas de emprego mais adequadas, sobretudo, se estas forem capazes de integrar a complexidade da diversidade interpretativa e representativa que o desemprego pode englobar.
Com base na aplicação de um questionário a dois grupos distintos, um formado por desempregados inscritos na autoridade
pública de emprego, outro constituído por estudantes universitários, este texto apresenta os resultados obtidos com a inquirição e
explora uma perspetiva comparada entre sistemas de representações sobre o desemprego, que nos permite conjugar o fenómeno
em termos forçosamente multidimensionais, que envolvem o (des)emprego e a (des)empregabilidade.
(51) Tendências de Precarização nas Elites. Os docentes e investigadores no ensino superior português
Mariana Gaio Alves, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa; Rosário Mauritti, Centro de
Investigação e Estudos de Sociologia (CIES), Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL); Gonçalo Leite Velho, Instituto Politécnico de Tomar
Em Portugal, a ciência e o ensino superior representam um dos domínios que mais tem sido afetado, num quadro geral de
empobrecimento e retraimento económico. Para além do “debaste” no sistema que teve lugar no âmbito da avaliação levada a cabo, em 2013, pela European Science Fundation/FCT, e que conduziu por via administrativa ao encerramento de cerca de 50%
das Unidades de Investigação, os últimos anos (2016 incluído) caracterizaram-se por um intenso desinvestimento público nesta
área. A cativação de verbas fundamentais para o funcionamento regular das instituições, o congelamento de carreiras, o alargamento do número de universidades que aderem ao regime fundacional, a diminuição brutal do orçamento afeto à ciência
são alguns dos mecanismos através dos quais o Estado se tem vindo a retirar deste sector. Que efeitos é que estes processos estão
a ter nas condições de trabalho de docentes e investigadores? Como é que o sistema se tem vindo a reconfigurar tendo em conta as características sociodemográficas e académicas dos respectivos profissionais? A situação portuguesa distingue-se da dos
restantes países europeus? Temos hoje ainda condições estruturais de criação de massa crítica e inovação, capazes de contribuir
para reposicionar o país no contexto europeu? Na comunicação, pretendemos esboçar respostas para estas perguntas, tendo por base a análise de informação estatística disponível que permite retratar a situação portuguesa e situar a mesma no quadro do
contexto europeu. Assim, mobilizaremos informação disponibilizada pela Direção Geral de Estatísticas da Educação e Ciência
(Ministério da Educação) sobre a situação portuguesa, bem como pelo Eurostat (gabinete de estatísticas da Comissão Europeia)
sobre a situação na generalidade dos países da União Europeia.
(70) Um novo paradigma na gestão das pessoas na Administração Pública
Luis Correia Botelho, ISCTE
O modelo Weberiano adotado pelas diferentes administrações públicas, pela rigidez normativa que oferece, foi confrontado com novas exigências. No pós-guerra o Estado Social encontrou caminho ao seu crescimento. Contudo, a alteração do contexto
económico, particularmente na década de 70, pela insustentabilidade gerado do seu próprio crescimento, sentenciou a
necessidade de rever a continuidade do modelo. Das primeiras respostas, associadas à Public Choice, resultou, para a Administração Pública, um novo quadro de ideias que se
impuseram – New Public Management. Hood identificou desde logo os princípios doutrinários do novo modelo de gestão pública
colhendo as primeiras experiências gestionárias trazidas por princípios económicos da era Reagan e pela governação de Margaret Thatcher.
Um dos obstáculos em Portugal na adoção das ideias gestionárias daquele novo modelo resultava na necessidade de inverter o
estatuto do funcionário público, nomeadamente no que concerne à relação jurídica de emprego. Evoluir de uma situação dominante de nomeação característica de um vínculo vitalício para um padrão de contratação semelhante ao utilizado na gestão
privada, era o passo mais significativo.
Em 2008 inscreve-se um novo modelo na jurisdicionalização estatutário do "funcionário público" e a partir de 1 de Janeiro de 2009 operacionalizava-se a mudança pela imposição legal.
Mas a opção por uma modalidade de relação laboral associada a vinculação por contrato não foi um processo de ato isolado. O
estatuto associado foi sendo alterado gradualmente desde o início do século não se assumindo ainda como um processo concluído conforme atesta a lei geral do trabalho em funções públicas, de meados de 2014.
Em última análise esta era um dos pressupostos da New Public Management aprisionada pela sua aproximação às ideias
económicas neo liberais e que começa também ela a ser questionada como modelo gestionário dando espaço à New Public Service.
7.30 pm – Dinner
::
25th NOVEMBER 2016
9.15 am/11.15 am - Parallel Sessions (3 rooms) - Presentation of papers
9.15am/11.15am - Theme 6): Education and Training
Building VII, Room 2.1
Chair: Luís Botelho, Polícia Judiciária
(42) “A importância das parcerias entre a escola e as empresas na educação e formação de adultos e de jovens: Um estudo
multicaso” Zulmira Rodrigues, Faculdade de Ciências e Tecnologia – Universidade Nova de Lisboa
A necessidade de uma maior cooperação e diálogo, entre escolas e outros setores da sociedade, como, a comunidade local, as
autarquias, as empresas, unidades de saúde, as universidades, entre outras, e, respetivos atores envolvidos, tem vindo a acontecer cada vez mais através de protocolos de parceria. No dizer de autores como Oliveira (2010), Urze e Abreu (2015), entre outros,
que sublinham a importância do fator da cooperação entre as instituições, as parcerias proporcionam uma intervenção mais ativa
na solução de problemas entre instituições (Oliveira, 2010) e facultam à escola a produção de novos saberes (Urze e Abreu, 2016). Na perspetiva de Hiernaux (1997), as parcerias propiciam benefícios aos parceiros, tendo implicação nas tarefas dos
atores, face ao processo negocial e objetivos comuns que desenvolvem. Na ordem desses benefícios poderão estar o combate ao insucesso e ao abandono escolar, tal como preconizam Rodrigues & Stoer (1998).
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Com a presente comunicação pretendemos refletir sobre a relação escola e empresas no âmbito da formação de adultos e de jovens, através das perspetivas dos atores, questionando o modo de funcionamento das parcerias. Para tal, mobilizámos
contributos teóricos e empíricos. Quanto aos primeiros, recorremos à revisão da literatura. No âmbito dos contributos empíricos,
focámo-nos num estudo de caso múltiplo (Stake, 2010), tendo-se analisado duas modalidades de formação, em contexto de
parceria entre a escola e as empresas. Uma, dedicada a adultos, através do processo de reconhecimento, validação e certificação
de competências e, outra, destinada a jovens do ensino secundário, através de um curso profissional. A abordagem qualitativa,
proveniente de diferentes fontes de informação, das quais destacamos a análise de entrevistas semiestruturas, administradas aos participantes no estudo, em número de dezoito, permitiu-nos a triangulação de dados, tendo-se evidenciado algumas
coincidências entre os dois casos em estudo. Destas, destacamos as vantagens das parcerias para a escola, para as empresas e para
os formandos e alunos, que suplantam eventuais desvantagens. A presente investigação aludiu a possíveis estudos futuros.
(46) Influencia de la cultura institucional en las representaciones del profesorado de la ESO: análisis comparativo en la
implementación de la orientación educativa y profesional en España David Doncel Abad, University of Salamanca; Sonsoles San Román, Universidad Autónoma de Madrid; Carlos Vecina Merchante,
Universidad Autónoma de las Islas Baleares
Se presentan los avances de una investigación en curso. Se trata de un proyecto de I+D+i aprobado por el Ministerio de Economía y Competitividad (España), con referencia CSO2013-47168-R, bajo la dirección de la IP Sonsoles San Román.
El objetivo es identificar la influencia de la cultura institucional en las representaciones sociales del profesorado de Secundaria
Obligatoria, para conocer la percepción que tienen sobre su función orientadora. Nos interesa conocer en qué medida las políticas de Orientación Educativa y Profesional operan como modelos culturales institucionalizados, e influyen sobre la imagen del
profesorado como orientador, pues la aceptación o rechazo de estos modelos condiciona la eficiencia de la institución en la
consecución del fin. Para ello hemos tratado de engarzar el análisis de las representaciones sociales de 10 grupo de discusión realizado en 10 CC.AA con el análisis de 10 entrevistas a expertos de las mismas Consejerías más el estudio de las pertinentes
políticas educativas. Las técnicas cualitativas utilizadas son el grupo de discusión, la entrevista en profundidad. Se trata de captar
y contextualizar, en términos culturales, las actitudes, imágenes y motivaciones básicas del grupo, que van apareciendo cargadas
de valor simbólico en la marcha del propio discurso. El diseño y composición de los grupos se ha realiza según muestreo
estratégico ajustado al objetivo. En este punto se ha priorizado perfiles y categorías que no responden a una representatividad estadística pero que, en cualquier caso, tienen que ver con las categorías y objetivos de nuestra investigación. Los resultados
obtenidos muestran algunas de las claves del proceso de implementación de la función de orientación educativa y profesional y
como se perciben los docentes como orientadores.
(47) Escuela, familia y práctica educativa. Una aproximación a sus contradicciones desde el discurso docente
Carlos Vecina Merchante, Universidad Autónoma de las Islas Baleares; Joaquín Giró Miranda, Universidad de La Rioja, David Doncel, University of Salamanca; Sonsoles San Román, Universidad Autónoma de Madrid
Este estudio procede de un Proyecto (I+D+i) Contexto socioeconómico y orientación educativa y profesional del profesorado de
Secundaria (CSO2013-47168-R, IP Sonsoles San Román) 2013-2016 del Programa Estatal de Investigación, Desarrollo e Innovación del Ministerio de Economía y Competitividad (Gobierno de España). Centrado en las representaciones sociales del
profesorado, la influencia sobre su función educativa y los factores relacionados con éstas, siendo la relación con la familia uno
de los puntos de ese campo de representación. Las grandes transformaciones sociales actuales influyen en la escuela (Fernández-Enguita, 2015). En este contexto el profesorado
realiza su función educativa. Las nuevas exigencias socioeconómicas acaban por determinar los contenidos curriculares y crean
un debate en la comunidad educativa en torno al papel de la escuela y las funciones del profesorado (Marina, 2016; San Román, Vecina y Doncel, 2016). Desde el profesorado se considera que se da una excesiva delegación de responsabilidades hacia la
escuela en todo lo pertinente a la educación de los hijos, y que las familias deberían asumir su rol educativo (Giró et al., 2014:
84), por lo que demandan de las familias mayor implicación en el proceso educativo (Doncel, 2012: 498). La necesidad de un trabajo conjunto profesorado – familia, coordinado entre los distintos agentes sociales es fundamental
(Epstein, 1995; Pereda, 2006; Bolívar, 2006 y Garreta, 2009). Profesorado y familia deben entenderse mientras el interés sea que
hijos/alumnos consigan el mayor rendimiento escolar, aunque la relación entre éstos está marcada por una elevada desconfianza del profesorado hacia ellas. Con este estudio pretendemos adentrarnos en el discurso del profesorado y analizar la contradicción
entre lo que consideran necesaria implicación familiar y la representación negativa hacia algunas de esas familias.
(49) Profissionais do Trabalho Social em Portugal
Luísa Maria da Silva Delgado, Instituto Politécnico de Santarém – Escola Superior de Educação e Joana Campos, Instituto Politécnico de Lisboa – Escola Superior de Educação
Os profissionais do Trabalho Social em Portugal têm vindo progressivamente a ganhar expressão em Portugal. Assiste-se ao
aumento da oferta formativa, ao incremento do associativismo profissional a par de um maior reconhecimento social com o recrutamento destes profissionais por instituições e programas públicos, privados e mistos. Contudo, uma razoável ambiguidade
na definição das fronteiras entre estes grupos tem, por um lado, alimentado a discussão teórica e os referenciais de formação
inicial destes profissionais, e por outro, tem tido visibilidade nos processos de recrutamento dos empregadores ao considerarem, por vezes, indistintamente a contratação destes profissionais.
É neste cenário que se inscreve a análise que procuramos desenvolver acerca do que consideramos serem, em grande medida, os
desafios que se colocam à afirmação e reconhecimento destes profissionais, nomeadamente as estratégias que enquanto grupos
definem, a relação que entre si estabelecem, os posicionamentos e matrizes de formação que se desenvolvem, isto é, os perfis
profissionais que se desenham.
A apresentação que se propõe pretende trazer para a discussão a análise preliminar dos resultados de uma pesquisa recentemente iniciada acerca dos profissionais do Trabalho Social em Portugal. Mais concretamente, apresenta-se uma primeira caraterização
da situação destes grupos profissionais, na atual etapa dos respetivos processos de profissionalização. Metodologicamente
consideram-se as seguintes dimensões analíticas: (1) formação inicial e avançada destes profissionais, com levantamento das instituições formadoras (públicas e privadas nos subsectores universitário e politécnico) em Portugal. Ainda relativamente à
formação apresentam-se as modalidades de iniciação à prática profissional desenvolvidas no 1º ciclo de formação; (2)
associativismo profissional, com identificação das associações profissionais e análise dos respetivos sites, considerando a (2.1) regulação ética e deontológica da prática profissional dos respetivos grupos, com identificação dos instrumentos de orientação e
regulação, e a (2.2) regularidade e modalidades de organização de encontros entre pares, para divulgação e discussão profissional.
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(67) Que envolvimento social em ciclos de vida mais avançados? Um estudo focado em práticas de envelhecimento ativo na ‘Universidade’
Cláudia Teixeira Gomes, ISCTE/IUL-FL/UL
As projeções demográficas apontam para um envelhecimento progressivo, acompanhado por elevados índices de longevidade
resultantes do incremento generalizado das condições de saúde e qualidade de vida da população. O movimento multiforme do
envelhecimento (Bourdelais, 1994), sugere o impacto do fenómeno em várias realidades, desafiando sistemas de segurança
social, de educação, das organizações e do trabalho, demonstrando a existência de alternativas ajustadas às necessidades das sociedades que vão envelhecendo e partilha de boas práticas. Mais do que uma ameaça num ciclo de vida da pessoa, ou uma
sobrecarga para a sociedade, o envelhecimento afigura-se como um dos grandes compromissos de vida enquanto ser-social. Na
verdade, um crescente número de pessoas ‘mais velhas’ goza de boa saúde, possui saberes, competências e experiências acumuladas, e anseia por continuar a contribuir de forma significativa para a sociedade. Desta participação e deste envolvimento
as gerações mais novas poderão beneficiar fortemente. É com base neste eixo temático se propõe esta comunicação, a qual
decorre de uma pesquisa de doutoramento em sociologia (orientada pela Professora Rosário Mauritti, no CIES/ISCTE-IUL). No caso concreto, destaca-se o papel das estruturas educativas nas sociedades envelhecidas, nomeadamente na promoção de formas
de participação social destes estudantes ‘não-tradicionais’ na Universidade, palco de partilha intergeracional. Da recolha de dados
empíricos junto dos estudantes com mais de 50 anos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (a frequentar cursos no quadro de educação formal e não-formal), uma evidência acabou por ser comum à maior parte das orientações que os conduzem
nesta retoma ao contexto de educação-formação: a necessidade de ‘manter-se ativo’, a importância de ‘continuar a trabalhar’, a
vontade de ‘dar voz’ a projetos de vida adiados ou inacabados ou, tão simplesmente, ‘o não parar’ só porque se é ‘mais-velho’. Para alguns casos as trajetórias profissionais acabam por orientar escolhas ou determinar as opções assumidas pelos sujeitos em
fases mais tardias da sua existência. É na constatação deste facto que se pretende uma discussão acerca das estruturas de ensino
superior, considerando a sua capacidade de dinamização de espaços de participação ativa em contexto educativo.
(68) Educação/Formação para a Paz Mundial
António da Silva Mendes, Universidad Complutense de Madrid - Universidade Lusófona Lisboa/CPES
Passamos por uma época de turbulência, própria da mudança rápida de paradigmas que sempre origina uma certa fragilidade
sobretudo nas economias menos abertas à inovação e nas pessoas menos preparadas para os novos desafios. O novo desafio consiste em pôr a tecnologia ao serviço da pessoa humana e do saber. O homem será o fator diferencial num
mercado cada vez mais competitivo, em que a qualidade tende a ser o principal atrativo para os clientes e o consequente sucesso
das organizações. As profundas mudanças políticas e económicas mundiais colocam um desafio importante para a sobrevivência das organizações e
incluso do próprio homem.
Assiste-se ao aparecimento de um novo tipo de economia posto em marcha com a globalização e a implementação crescente das novas tecnologias que pode pôr em causa a Paz Mundial.
É a chamada economia informacional que exige formação que muitos trabalhadores não possuem. Por tudo isso, existe o risco de
que se abra um fosso entre os trabalhadores, as organizações, os países desenvolvidos e os pouco desenvolvidos, o que implica a necessidade dos vários atores sociais desenvolverem novas competências que lhes permitam adaptar-se a este contexto
emergente. A chave é uma cultura/educação axiológica, baseada na solidariedade e na tolerância.
(64) A estandardização em inovação e a influência no agendamento de Políticas Públicas: Um ensaio reflexivo entre normas da
ABNT e do IPQ
Tiago Hideki Niwa, Instituto Universitário de Lisboa- ISCTE-IUL A estandardização é um fenômeno que se originou, essencialmente, da industrialização, influenciando o desenvolvimento de
tecnologias e inovação. Assim, surgiram organismos nacionais e internacionais de normalização, emitindo normas técnicas para o
fim de contribuírem com governos, organizações e instituições em relação a processos, produtos e serviços. O presente estudo procura instigar à reflexão de como a normalização pode apresentar elementos que influenciam no agendamento de políticas
públicas. Para isso, são estudadas normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e do Instituto Português
de Qualidade (IPQ), que tratam de diretrizes para a Gestão da Pesquisa/Investigação, Desenvolvimento e Inovação (IDI/PDI). Enquanto resultados do estudo realizado, respeitando o conteúdo e os direitos de propriedade intelectual das respectivas normas,
dispõe-se de três produtos que, sinteticamente, representam o desenvolvimento de pessoas, a infraestrutura e o bidirecionamento
interdependente entre fatores internos e externos às organizações, que implicam no desenvolvimento de políticas públicas.
9.15am/11.15am - Theme 8): Human Resources Management
Building VII, Room 2.4
Chair: Ricardo Fabrício, Universidade da Madeira
(17) “Forças Armadas, Cultura Organizacional e Valores Partilhados: Estratégia, Profissionalismo Militar e Desafios na Gestão de Recursos Humanos do Exército”
David Pascoal Rosado, Academia Militar/CINAMIL & Universidade Europeia; Ana Romão, Academia Militar/CINAMIL; Maria
da Saudade Baltazar, Academia Militar/ CINAMIL, CICS.NOVA, Universidade de Évora; Dinis Fonseca, Academia Militar/ CINAMIL, CICS.NOVA, Universidade de Évora; Helga Santa Comba Lopes, Academia Militar/CINAMIL
As Forças Armadas, fruto de constrangimentos financeiros adstritos ao Estado Português e também em consequência de
contextos económicos adversos internacionais, têm sido sujeitas - à semelhança de outros organismos públicos e privados - a uma redução significativa dos seus efetivos, decorrente de vários factores que estão identificados, mas que carecem de explicações
assertivas sobre as razões que materializam essas preocupações numa das áreas mais críticas da Instituição Castrense. Esta
diminuição de efetivos tem implicado adaptações na gestão de recursos humanos nos Ramos das Forças Armadas, sendo que, no caso do Exército, o fenómeno de passagem à situação de Reserva tem revelado contornos sociais que merecem análise, naquilo
que pode constituir uma rotura de paradigma com ligações aos clássicos modelos de profissionalismo militar.
A visão, a missão e os valores partilhados no seio do Exército Português estão bem caraterizados e refletem todo o compasso histórico e as evoluções organizacionais que aconteceram ao longo de vários séculos, mas onde se destacam, para aquilo que é o
cenário atual, sobretudo, as últimas quatro décadas. Não despiciendo, o Exército Português acompanhou a evolução da própria
Estratégia, pois que era necessário aludir, até para efeitos de doutrina militar, a uma aferição do enquadramento conceptual que continuasse a reconhecer hoje, tal como no passado, que a Estratégia tem evoluído como Ciência, mas continua a ser, além de
Ciência, uma Arte.
E tudo isto, também perspetivado no que diz respeito às circunstâncias imprevistas das guerras, dos conflitos e das ameaças. Neste mundo globalizado em pleno século XXI, a Sociologia, a Gestão e a Estratégia apresentam contributos teóricos que se
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afiguram úteis para melhor explicar as preocupações ao nível de recursos no Exército Português, e que tendem a perspetivar propostas de melhoria que, no estrito sentido técnico, podem auxiliar a ação de comando e a tomada de decisão.
(18) A instrumentalidade das Competências Organizacionais na promoção do Comprometimento Organizacional: Estudo de Caso
em duas Companhias de Seguros
Carla Cristina Valeiras Caracol, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa e Ivo Antunes Dias,
Universidade Europeia Um modelo de Competências Organizacionais tem como pressuposto ser o referencial base orientador de atitudes e
comportamentos dos trabalhadores em contexto organizacional, potenciando o sentimento de pertença e, consequentemente, o
Comprometimento com a organização. A presente comunicação, tendo por base o estudo de caso de duas companhias de seguros, em Portugal, a “SEB Seguros”1 e a “SEB Vida”1, analisa essa relação, recorrendo às práticas de Socialização Organizacional, na
condição de sua mediadora. De igual forma, são analisadas as estratégias desenvolvidas ao nível da mudança planeada sobre o
processo de Intervenção Organizacional mencionado. Com o propósito de investigar as relações enunciadas, recorreu-se a uma metodologia mista que incluiu análise documental aos documentos suporte às Políticas, Processos e Práticas relativas ao
subsistema Recursos Humanos vigentes, tratamento quantitativo e qualitativo de dados secundários, recolhidos em Questionário
de Diagnóstico sobre Motivação e Compromisso Organizacional, aplicado por uma consultora, assim como das contribuições registadas em reuniões realizadas com trabalhadores considerados chave neste processo de Desenvolvimento. Adicionalmente,
foi efetuada uma análise longitudinal quantitativa, recorrendo-se a técnica estatística, aos resultados obtidos no período 2011–
2014 no que diz respeito à mobilização das Competências Organizacionais, aferida através do processo de Avaliação de Desempenho. Complementarmente, analisou-se a evolução das companhias em termos da sua caracterização sócio-demográfica,
no sentido de comparar o status quo antes e após a introdução deste modelo de Competências, tendo-se recorrido,
designadamente, a indicadores como taxa de abandono voluntário de trabalhadores, taxa de reposição de efetivos, etc. Este estudo tem assim uma abordagem pluridisciplinar, que concilia a perspetiva Sociológica com a de Gestão, o que num fenómeno de
características holísticas como o presente, será uma mais-valia para a sua análise aprofundada.
(21) A relação entre gestão de recursos humanos e desempenho organizacional na Europa
Maria Leonor Abrantes Pires, ESTSetubal/IPS Desde os anos 90 em que a problemática do desempenho organizacional surgiu no campo das Gestão de Recursos Humanos
(GRH) que as pesquisas empíricas sobre as relações entre GRH e desempenho organizacional sugerem a existência de
associações positivas entre estas variáveis, nomeadamente através de estudos de meta-análise (Boselie et al. 2005, Combs et al., 2006; Crook et al. 2011, Saridakis et al., 2016).
Embora exista um forte contributo anglo-saxónico para esta corrente de pesquisa, também existem pesquisas realizadas em países
da Europa continental (ex. Cabello-Medina, C., López-Cabrales, A. &Valle-Cabrera, R., 2011; Boselie, P., Paauwe, J., Jansen, P., 2001; Beltrán-Martín, I., Roca-Puig, V., Escrig-Tena, A., & Bou-Llusar, J. C., 2008; Fey, C. F., Bjorkman, I., & Pavlovskaya, A.,
2000) e algumas pesquisas com amostras de empresas europeias (Campos Cunha, Pina e Cunha, Morgado e Brewster, 2002;
Campos Cunha e Pina Cunha; 2004; Nikandrou, Apospori, Panayotopoulu, Stavrou e Papalexandris, 2008), cujos resultados têm corroborado a existência de relações entre a GRH e vários indicadores de desempenho, embora partindo de quadros de análise
diferenciados.
O objetivo desta pesquisa é analisar as relações que se estabelecem entre as práticas de GRH enquanto sistema e o desempenho organizacional, operacionalizado através de medidas perceptivas, numa amostra extensa e com dados recentes; para tal foram
utilizados dados do European Company Survey 2013, referentes a 27019 empresas/estabelecimentos em 32 países europeus.
Através da análise de equações estruturais foi possível encontrar relações positivas e estatisticamente significativas entre o conjunto de PGRH definido e várias medidas de desempenho, reforçando a literatura nesta área; as implicações para a prática
assim como as limitações da pesquisa são igualmente discutidas.
(33) A Gestão de Recursos Humanos e a Competitividade das PME na Região de Lisboa
Maria Isabel Alves Duarte e Luís Filipe Gomes da Cunha, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
A Gestão de Recursos Humanos (GRH), em especial a gestão estratégica, desempenha um papel importante na competitividade das Pequenas e Médias Empresas (PME. O sucesso das PME depende das pessoas que as integram, e da forma como elas são
geridas.
As PME desempenham uma importante função na economia, contribuindo para o crescimento económico, para o emprego, para a integração das pessoas na sociedade e para o bem-estar das mesmas. Em Portugal elas representam 99,9% do total das empresas,
valor que não se altera desde 2004, contribuindo com 67% do Valor Acrescentado Bruto e com 79% do emprego total, acima dos
valores médios UE28 que são, respetivamente de 58% e 67%. O presente estudo analisa a intensidade da utilização de práticas de Gestão Estratégica de RH e a existência de uma relação entre
a utilização de um sistema integrado de GRH - políticas, práticas e procedimentos - e a competitividade das PME na região de
Lisboa, com base nas respostas de 110 empresas. Após a realização de um conjunto de análises de correlação sobre os dados recolhidos, verifica-se que a relação entre a GRH e a competitividade é mais forte nas médias do que nas pequenas empresas não
apenas em termos globais, como também em todas as dimensões analisadas, com exceção da relacionada com a avaliação de
desempenho. Este estudo pretende contribuir para um maior conhecimento do funcionamento da gestão dos recursos humanos nas PME da
região e consequentemente para uma melhor gestão dos mesmos promovendo assim uma maior competitividade, mais riqueza e
mais lugares de trabalho para a região. Pode servir de base para realização de futuros estudos alargados quer a nível geográfico,
quer a nível do número de empresas.
(40) Gestão de Recursos Humanos no Turismo
Helena Maria Saraiva Pimentel Lourenço e Isabel Duarte, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
O turismo é uma actividade económica de grande importância e crescimento nas economias mundiais, responsável em Portugal por 6% do Produto Interno Bruto (PIB).
O sucesso da indústria do turismo depende, em larga medida, de uma gestão estratégica dos recursos humanos que esteja alinhada
com os objectivos do negócio. A satisfação dos clientes está directamente relacionada com a qualidade dos serviços prestados pelos colaboradores e é por isso um factor de competitividade das empresas turísticas.
O estudo analisa, do ponto de vista teórico, as diferentes abordagens de gestão estratégica de recursos humanos na indústria do
turismo e tem como objectivo perceber as competências individuais necessárias dos colaboradores e como é que estas podem ser utilizadas de forma mais efectiva.
1 As designações “SEB Seguros” e “SEB Vida” são fictícias, a fim de garantir o anonimato das designações reais das organizações em estudo.
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Através da análise realizada conclui-se que as principais competências que os recursos humanos que trabalham na indústria do turismo devem possuir são: competências técnicas, comportamentais e comunicacionais, nomeadamente, relacionamento
interpessoal, desenvolvimento de relações positivas com os clientes, capacidade de resolução de problemas, adaptabilidade às
mudanças do ambiente, flexibilidade e aprendizagem, competências de autocontrolo, entre outras.
Este estudo serve para dotar a área de gestão de recursos humanos com conhecimento e instrumentos que lhes permitam uma
gestão mais efectiva das competências dos colaboradores, contribuindo assim para um maior sucesso das empresas turísticas e
serve de base para futuras investigações de carácter empírico.
(52) O processo identitário e o consumo: um estudo de caso em contexto juvenil
Cristina Santos, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (CPES) Se alguns autores defendem que o trabalho mantém, na contemporaneidade, uma posição privilegiada na formação identitária
(Costa et al., 2000; Doherty, 2009), outros investigadores esbatem a relevância da esfera produtiva, focalizando-se no lazer. No
seu entender, a preponderância do labor, que sempre foi uma dimensão importante para a identidade, sofreu um revés, ao desempenhar, actualmente, um papel menor na construção identitária, centralidade assumida pelo consumo (Ransome, 2005;
Cunha, 2008). Com o presente artigo pretendemos inferir, precisamente, qual será o lugar que as práticas de consumo poderão
assumir no processo identitário juvenil. Para atingir este propósito, operacionalizámos uma pesquisa empírica, inserida na nossa investigação de doutoramento. Para o efeito, estudámos um sector de actividade específico: vestuário e calçado, dada a relevância
que a aparência detém para a juventude. Assim, aplicámos um inquérito por questionário à nossa amostra, constituída por 194
estudantes, dos sexos feminino e masculino, que se encontram a frequentar o 9º ano de escolaridade, num dos seguintes estabelecimentos de ensino de Cascais: o Colégio do Amor de Deus, a EB 2,3 Escola Matilde Rosa Araújo ou a Escola Salesiana
de Manique. Os resultados obtidos indicam que, e de acordo com as percepções da população em estudo, prevalece o consumo
estratégico, em que os bens são seleccionados pelo facto de permitirem transparecer o eu do utilizador, sendo utilizados enquanto um reflexo identitário. Menos consensual do que a capacidade construtiva identitária do consumo é a sua aptidão enquanto
complemento identitário, ao funcionar enquanto um sistema compensatório e reconstrutivo, isto é, capaz de auxiliar os
consumidores a tornarem-se na pessoa que querem ser. De acordo com as construções que emanam das respostas dos inquiridos,
o consumo limitar-se-ia a espelhar quem o indivíduo é e não quem eventualmente procuraria ser.
(65) Avaliação de Desempenho: aspetos autoritativos, cognitivos, tecnológicos e comunicacionais
Ana Maria Nunes Lopes Fernandes, Centro Social Paroquial de Dornelas e Ivo Manuel Pontes Domingues, Universidade do Minho
– Instituto de Ciências Sociais Recentemente, no sector social português, foram adoptados referenciais para construir o Sistema e Gestão da Qualidade (SGQ).
A Norma Equass é um desses referenciais e a organização estudada adoptou este referencial, o qual integra a Avaliação de
Desempenho (AD). Os objectivos desta reflexão são os seguintes: i) compreender as práticas de avaliação de desempenho e ii) explicar os seus efeitos na eficácia e eficiência dos processos organizacionais e iii) avaliar o impacto da avaliação de desempenho
na gestão da qualidade da organização. Para isso, recorrer-se-á à estratégia do estudo de caso: as fontes são primárias (registos de
auto e heteroavaliação de desempenho) e secundarias (conversas espontâneas e entrevistas a chefias funcionais sobre o processo de avaliação de desempenho). O sistema teórico de análise terá a seguinte composição: os conceitos de autoridade e poder
(Weber), para analisar as práticas de avaliação e melhoria do desempenho das equipas chefiadas; o conceito de controlo panótico
(Foucault) para analisar a reação das chefias e chefiados à visibilidade do seu desempenho permitida por plataforma informática que oferece infraestrutura tecnológica ao SGQ; os conceitos de racionalidade limitada (Simon) e de tecnologia incerta (March)
para analisar os erros de avaliação cometidos e a satisfação com as decisões operacionais de AD; os conceitos de agencia, de
actantes humanos e não humanos (Taylor, Taylor and Cooren) para analisar os processo de comunicação realizados no âmbito da AD. Consequentemente, este modelo de analise permitirá focar as dimensões autoritativas, tecnológicas, cognitivas e
comunicacionais da AD.
9.15am/11.15am - Theme 7): Gender Relations
Building VII, Room 2.5
Chair: Fátima Assunção, ISCSP - Universidade de Lisboa
(14) Discrimination Against Women In Workplaces: An Appraisal Of The Nigerian Situation
Adekunle Theophilius Tinuoye, Micheal Imoudu National Institute For Labour Studies, Nigéria Discrimination against women is as old as mankind. From the earliest records of human interactions, whether at home, society, in
the family, in business, in religious, social and cultural spheres, women have endured immense discrimination. Even during
wars, humanitarian crises and conflict situations, women have been disproportionately affected and have borne the brunt in the most severe ways. The gradual opening of educational opportunities to women led to the entry of more women into paid
employment and the perception that accessibility to qualitative employment is a key instrument to empowering women and
maximizing their potentials. With the unfolding global attempts to remove all impediments against the optimization of women abilities and the gradual
integration of women in diverse political and economic spheres, we have seen women thrive across various disciplines, sectors
and countries. There is the pervasive realization that the unfettered enjoyment of socio-economic rights by women is central to building thriving societies, families and nations. Yet, despite great progress at work and the array of instruments, legislations and
campaigns to protect and advance women workers rights, discrimination against women at work is still widespread across the
developing and developed world. Today’s Woman worker still face discrimination in terms of hiring, bias, progression, training, rights, dignity and treatment at work etc which has further served to hinder their progress and the quest for gender equality at
work. This paper will examine the practical aspects of various types of discrimination women encounter in the Nigerian world of
work
(16) Um olhar sobre o REBIDES o Registo Biográfico de Docentes do Ensino Superior 2001-2014
João Leitão, Instituto Politécnico da Guarda Neste trabalho procura-se descrever a população de docentes, por relação à sua evolução, verificando-se que no período em
análise os diversos subsistemas perdem docentes, ao contrário do que se poderia pensar, sobretudo num período grande exigência quanto à quantidade e qualidade dos docentes. Caracteriza-se também a distribuição etária dos docentes e género (masculino,
feminino), para o mesmo período. Verifica-se de um modo geral em todo o sistema, a necessidade de implementar uma estratégia
de renovação dos quadros de docentes, dado que a análise da estrutura etária dos nossos docentes tende a envelhecer, muito por razão da não abertura de novos concursos, promovendo o envelhecimento da classe profissional.
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Um outro olhar lançado ao REBIDES, diz respeito à divisão de género nos docentes do Ensino Superior verificando-se, que o número de docentes do género masculino é em muito superior aos docentes do género feminino, sendo que ainda assim se
verifique, que nas classes etárias mais novas o equilíbrio é maior.
Esta mesma questão, não se fica a dever simplesmente pela não abertura de novos concursos, para substituição dos docentes que
se aposentam, fica também a dever-se ao facto das docentes terem contratos mais precários, uma vez que entraram mais tarde no
sistema, tendo por essa razão relações contratuais mais vulneráveis.
Na análise destes mesmos dados há um outro aspeto fundamental facilmente verificável neste conjunto de dados agora analisados, é a aposta inequívoca dos diversos docentes dos diferentes subsistemas na sua qualificação, dando conta do profundo
investimento dos docentes em processos de qualificação para a obtenção do grau de doutoramento, tendo em conta as exigências
de qualidade hoje bem presentes no sistema de Ensino Superior, num espaço cada vez mais aberto e comparável de que são exemplos os “rankings” ao qual o sistema de ensino e científico está cada vez mais confinado.
Na comparação entre géneros, categoria profissional dos docentes e segurança do vínculo contratual, verifica-se que os docentes
que mais progrediram na carreira foram os do género masculino, não só porque são mais velhos no sistema e por isso com mais segurança nos seus contratos, mas também porque parece existir, uma maior destruição de postos de trabalho junto dos docentes
do género feminino.
(19) Diferenças de género nos percursos estudantis e de inserção profissional de licenciados, mestres e doutores
Mariana Gaio Alves, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa
A variável género revela-se muito pertinente na análise das transições entre educação e trabalho/emprego que subjazem aos processos de inserção profissional. Por um lado, no decorrer da expansão dos sistemas educativos assistiu-se a uma inversão das
assimetrias entre os grupos feminino e masculino: de uma situação minoritária entre os estudantes em geral, nomeadamente no
ensino superior, o sexo feminino passou a estar sobre representado nos grupos de alunos que têm melhores resultados escolares, os quais em maior número prolongam os seus percursos até aos níveis de escolaridade superiores. Por outro lado, no plano do
trabalho/emprego observa-se desde há muitas décadas que as diferenciações entre mulheres e homens são marcantes, significando
que o grupo feminino é mais frequentemente protagonista de situações e posições profissionais menos favorecidas por
comparação com o grupo masculino.
Neste contexto, a comunicação proposta visa contribuir para aprofundar a análise da forma como, atualmente, a variável género configura diferenciações nos percursos estudantis e profissionais de licenciados, mestres e doutores. Para tal mobilizam-se
resultados de pesquisas sobre inserção profissional de diplomados, bem como dados nacionais e internacionais sobre esta
população e ainda resultados que vêm sendo obtidos no OBIPNova (Observatório de Inserção Profissional de Diplomados da Universidade Nova de Lisboa) desde 2010. Pretende-se retratar os efeitos da feminização da população estudantil do ensino
superior (da licenciatura ao doutoramento) na respectiva inserção profissional, identificando eventuais especificidades do caso
português no contexto europeu e ainda possíveis diferenças entre os percursos de licenciados, mestres e doutores.
(29) “A divisão industrial da sexualidade: (re)pensar o trabalho a partir de da ação feminista e queer”
Fernando Manuel André Rosa, ISCTE - Lisbon University Institute e Maria José Magalhães, FPCE – University of Porto ; CIEG University of Lisbon
Em Portugal nos últimos anos as políticas de igualdade de género têm-se focado na desconstrução da imagem tradicional
associada à mulher, passando a incidir numa lógica de conciliação entre as responsabilidades familiares e carreiras profissionais para ambos os sexos. Novos modelos de família foram reconhecidos no plano jurídico e a orientação sexual e identidade de
género são protegidas legalmente no Código do Trabalho (Santos, 2013).
As políticas no trabalho alteraram-se decorrentes da transformação da vida privada, no entanto surgem novas formas de desregulamentação do trabalho, dos direitos dos trabalhadores/as e das relações contratuais (Matos, 2015). Num contexto de
precariedade, as categorias associadas aos significados do masculino e do feminino, bem como as regras (formais ou informais)
que regulam as relações de trabalho fazem com que determinadas performances (Butler,1990, 2012) sejam mais eficazes, vantajosas ou perigosas do que outras.
Nesta comunicação, recorrendo a dez entrevistas narrativas com ativistas queer e feministas, pretendemos pensar cada percurso
individual como uma tensão com a presunção de neutralidade acadêmica que inviabiliza o papel do corpo e da experiência genderizada na construção da ação política (Yañez, 2011). Recorremos para análise a uma sociologia disposicional e contextual
(Lahire, 2003, 2005) que nos permita compreender a relação entre experiência vivida (Plumer, 1995), a subversão da identidade e
o lugar do trabalho na agência política. Verificamos das entrevistas analisadas que o movimento queer questiona formas controlo social, algumas apresentadas como direitos concedidos pelo Estado, por atuarem sob as condições do capitalismo, tornando as
comunidades mais vulneráveis dependentes das relações de poder e exclusão no campo do trabalho. A subversão das identidades
disciplinadas ao quotidiano hierárquico, é nesta perspetiva queer o ponto de encontro de todos os corpos que resistem em todos movimentos sociais.
(45) Gender Discrimination in Russian Labour Market as a consequence of “Conservative Turn”
Liubov Bronzino, Peoples’ Friendship University of Russia
According to The Global Gender Gap Report (2015) women in Russian Federation get 30% less salary then man. Gender stereotypes are one of the most important reasons of this discrimination. The studies, conducted by Russian researches argue that
there are two different ways of its manifestation. On the one hand, the employers offer less salary for women, even if they take
the same position as men; on the other hand, the women consent and accept lower payment for the same work, and don't expect
to have equal salary. So all the participants of Russian labour market share gender prejudice and transmit gender stereotypes.
Gender inequality in different parts of Russian society is nowadays growing up with the expansion of the traditionalism as
officially approved ideology and politics, which penetrate all spheres of Russian life, including economy. Scholars have already called this situation a ‘conservative turn’, which means the conservation of traditional gender relations – such as fixing of
traditional womens’ roles (wife, mother, daughter, etc.) in private sphere and, consequently, their discrimination in public sphere.
My study is aimed to argue that ‘conservative turn’ influences gender discrimination in labour market. It is based on researches provided by Russian Public Opinion Research Center (VCIOM) and data of Russian Federation State Statistics Service. The
analysis shows that gender discrimination in labour market links to the growth of traditional values. According to my results
majority of both Russian men and women believe that womens’ role have to be limited by childbirth and that’s why a woman can’t work as effectively as a man. The study also argues that the situation is in conflict with fundamental globalization trends,
which is strongly linked to modernization of Russian society.
11.15 am - Coffee break (in Preguiçódromo)
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11.30 am - Round Table ((Library Auditorium)
Cinema and Work
Movie: “Criando Fontes de Trabalho”, 1961, João Mendes
Movie: “A Divisão Social do Trabalho Segundo Adam Smith”, 2001, Fátima Ribeiro
Commentators:
- Ilona Kovács (ISEG-Universidade de Lisboa)
- Luísa Veloso (CIES/ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa)
Chair: João Leitão (ESS-Instituto Politécnico da Guarda)
1.30 pm - Closing Session (Library Auditorium)
- Paula Urze, Presidente da APSIOT
- Maria Manuel Serrano, Coordenadora da Comissão Organizadora
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