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A literatura engajada de Toni Morrison

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2017626 O Guari Revista Eletrônica de Literatura: A LITERATURA ENGAJADA DE TONI MORRISON http://oguari.blogspot.com.br/2013/09/aliteraturaengajadadetonimorrison.html 1/19 Início Ensaios Livros A LITERATURA ENGAJADA DE TONI MORRISON Rodrigo Conçole Lage (UNISUL) Resumo: Apresentamos a vida e a obra da escritora afroamericana Toni Morrison com o objetivo de, examinando sua temática e seu estilo literário, analisar como construiu sua carreira literária a partir de dois eixos (o combate do racismo e a denuncia do sofrimento das mulheres afroamericanas). Discutimos também algumas questões referentes às traduções e a fortuna crítica da autora. Palavraschave: Literatura afroamericana, Toni Morrison, racismo, gênero. Introdução A origem colonial dos EUA deixou, em sua sociedade, marcas que estão presentes, em maior ou menor grau, em outras excolônias. O fato
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2017­6­26 O Guari ­ Revista Eletrônica de Literatura: A LITERATURA ENGAJADA DE TONI MORRISON

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Início Ensaios Livros

A LITERATURA ENGAJADA DE TONI MORRISON

Rodrigo Conçole Lage(UNISUL)

Resumo: Apresentamos a vida e a obra da escritora afro­americanaToni Morrison com o objetivo de, examinando sua temática e seu estiloliterário, analisar como construiu sua carreira literária a partir de doiseixos (o combate do racismo e a denuncia do sofrimento das mulheresafro­americanas). Discutimos também algumas questões referentes àstraduções e a fortuna crítica da autora.Palavras­chave: Literatura afro­americana, Toni Morrison, racismo,gênero. Introdução

A origem colonial dos EUA deixou, em sua sociedade, marcas queestão presentes, em maior ou menor grau, em outras ex­colônias. O fato

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de ter se tornado uma superpotência pode ter eliminado algumasmarcas ou atenuado sua presença, mas não as eliminou totalmente.Nesse ponto, o fato de ser, ou não, uma nação desenvolvida éirrelevante. O sistema colonial, por ter uma lógica própria, possuielementos universais (como os sociais e culturais) que estão presentesem todas as nações que foram vítimas desse sistema, por terem sidocolônias. Mesmo com o fim do colonialismo muitos desses elementosnão são perdidos, mesmo com as transformações sociais e econômicassurgidas com a independência.

Partindo desse princípio, iremos apresentar a vida e a obra asescritora Toni Morrison com o objetivo de mostrar como ela construiusua carreira literária e sua obra dentro de um projeto literário. Ela nãoescreve movida por ideais meramente estéticos, mas está voltada aocombate de algumas dessas marcas, que estão diretamente ligadas àcomunidade afro­americana e, em especial, as mulheres nela inseridas.Discutiremos também algumas questões referentes às traduções e afortuna crítica produzida no Brasil e em Portugal. 1­ Vida e Obra de Toni Morrison

Chloe Anthony Wofford, mais conhecida como Toni Morrison,nasceu no dia 18 de fevereiro de 1931, em Lorain, no estado de Ohio. Foia segunda dos quatro filhos do casal Ramah e George Wofford, quehavia emigrado do sul para o norte dos EUA. Toni Morrison é seupseudônimo. Toni é uma abreviação do segundo nome, cuja origem“deve­se apenas ao facto de achar que Chloe seria um nome difícil depronunciar; já o sobrenome, Morrison, trata­se simplesmente doapelido que passou a usar quando se casou” (DIAS, 2011, p. 10). Estudouna “Lorain High School, tendo sido membro do conselho estudantil etrabalhado na biblioteca da escola” (SILVA, 2007, p. 13). Apesar dapobreza ela “cresceu em meio a muitas histórias do folclore afro­americano com suas músicas, rituais e mitos” (NASCIMENTO, 2012, p.58).

Ela foi alfabetizada pelos pais, que também incentivaram o gostopela leitura (Jane Austen, Tolstoi, Flaubert e Dostoiévski estão entreseus autores preferidos) (NASCIMENTO, 2012, p. 58). Em 1949 entrouna Universidad Howard em Washington D. C., para estudar inglês, segraduando em 1953, e veio a entrar para a companhia de teatro dauniversidade. Continuou seus estudos na Cornell University, ondeobteve o titulo de Mestre em filologia inglesa, em 1955. No mesmo anocomeçou a trabalhar como professora na Texas Southern University, emHouston, onde “leciona por dois anos” (NASCIMENTO, 2012, p. 59).Trabalhou a seguir na Universidad Howard e outras instituições. Lá ela

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conhece Harold Morrison, um arquiteto jamaicano com quem se casouem 1958, que ali lecionava.

Seu casamento terminou em separação, em 1963, e eles tiveramdois filhos, Harold e Slade. Após a separação, se mudou “com os filhospara Syracuse, Nova York, e lá começa a trabalhar como editora para aRandom House Company” (NASCIMENTO, 2012, p. 59). Mais tarde,em 1968, muda para Nova York, mas continua seu trabalho na Randome se tornou a única mulher afro­americana a ocupar ali o cargo deeditora­chefe. Em 1970, quando ainda era editora­chefe da RandomHouse, publicou seu primeiro romance, O Olho Mais Azul,“originalmente concebido como conto durante os anos de faculdade”(NASCIMENTO, 2008, p. 92).

O livro foi ignorado pela crítica e pelo público, contudo, elacontinuou escrevendo, tendo publicado um total de 10 romances, setornando “a mais famosa representante das escritoras negrascontemporâneas” (NASCIMENTO, 2008, p. 37). Em 1977 recebe oPrêmio Nacional do Círculo de Críticos Literários. Ela “afirma, ementrevistas, seu objetivo maior de falar sobre e para a comunidadenegra” (NASCIMENTO, 2008, p. 47). Ao longo do tempo ela foipublicando também, com seu filho Slade Morrison, nove livros deliteratura infantil, publicando até agora 9 livros. Em 1978 sua obraadquire grande destaque, tendo recebido muitos prêmios.

Escreveu um short story, Recitatif, publicada pela primeira vezem 1983, na antologia Confirmation: An Anthology of AfricanAmerican Women Writers, editada por Amiri e Amina Baraka (DIAS,2011, p. 10). É nomeada professora da State University of New York, em1984. Escreveu posteriormente a peça Dreaming Emmet, estreada em1986, mas que não foi publicada. Morrison recebeu o Ansfield­WolfBook Award in Race Relations, em 1987. Em 1988, recebe o PulitzerPrize, o Melcher Book Award, o Robert F. Kennedy Book Award e oElmer Holmes Bobst Award for Fiction (DIAS, 2011, p. 10). Em 1989“se tornou a primeira escritora a ocupar uma cadeira em uma IvyLeague University” (SILVA, 2007, p. 13).

Em 2012, publicou a peça Desdemona. Em 2005 escreveu olibreto para a ópera Margaret Garner, composta por RichardDanielpour. Publicou também vários livros de não­ficção e artigos decrítica literária. E, em 1993, sua carreira culmina com o prêmio Nobel deLiteratura, sendo a única mulher negra a recebê­lo. Posteriormente,recebeu o “o Prêmio Pearl Buck, em 1994, e a Medalha Nacional deHumanidades, em 2000” (SILVA, 2007, p. 14).

Ana Luísa de Jesus Graça Dias, em sua dissertação “Recitatif” deToni Morrison – Uma Possibilidade de Tradução. (2011, p. 10­12),pesquisou a respeito das traduções de Toni Morrison publicadas no

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Brasil e em Portugal. Contudo, sua pesquisa foi incompleta e não incluiua tradução de Quem Leva a Melhor, de 2008, nem a de Compaixão, de2009, ambas pela Companhia das Letras. Como sua dissertação é de2011 ela não inclui o romance Home, de 2102. Além disso, nenhum dostrabalhos citados traz referências a sua peça Desdemona, de 2012, e aolivro infantil Please, Louis[1].

Em sua dissertação, Toni Morrison e a construção de paraíso:questões de crítica literária e de tradução (2007, p.17), Luciana deMesquita Silva fez uma pequena recensão da fortuna crítica produzidano Brasil. Não sendo possível discutir o tema de forma mais abrangenteapresento a bibliografia deste artigo como um complemento destarecensão. Pode­se dizer, observando­a, que ela está, quantitativamentefalando, entre as maiores produzidas dentre as referentes aosganhadores do prêmio Nobel de Literatura. Além disso, temos a fortunacrítica produzida em Portugal, que contém trabalhos importantes, comoo da própria Ana Luísa, apesar de poucos estarem disponíveis nainternet[2].

2­ Temas Centrais

Ao longo do tempo, pelos caminhos trilhados em sua carreiraliterária, Toni Morrison foi trabalhando em seus livros uma série detemas que são recorrentes. Elas derivam tanto do fato de ser umaescritora militante, que escreve voltada para a comunidade afro­americana, quanto do fato de ser mulher. Eles estão, direta ouindiretamente, conectados com outros temas importantes, mas queaparecem em maior ou menor grau, tais como: a pobreza, “perda dainocência, incesto, abuso sexual, loucura, preconceito racial e o mito dacor e da beleza brancas” (ALVES, 2010, p. 65).

Assim, nos limitaremos a apresentar os temas centrais que estãosempre presentes em seus romances. Por tudo o que já foi dito, podemosdizer que o fato de ter se tornado uma escritora está relacionado comseu desejo de abordar essas questões, e que seu próprio estilo literáriofoi construído a partir deles. Eles são: 2.1­ Racismo

A existência, nos EUA, do preconceito racial está ligada àpresença do trabalho escravo no período colonial. Vemos que, até osdias de hoje, “a escravidão permanece ferida aberta nas gerações dedescendentes dos negros trazidos da África, como prova da crueldadeinsana de uma sociedade que, ainda nos dias de hoje, não aprendeu aver nos seus semelhantes, irmãos” (NASCIMENTO, 2008, p. 104). Porser uma escritora negra, em uma sociedade na qual a escravidão deixou

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marcas tão profundas, é compreensível que, ao escrever, ela tenha emmente a comunidade afro­americana, da qual faz parte.

Segundo Ana Luísa de Jesus Graça Dias (2011, p. 12) “através dassuas obras, quer sejam romances, short story, ou ensaios, Morrisonpretende apresentar ao mundo a comunidade afro­americana contandohistórias do seu passado, mas que podem ser aplicadas e ouvidas nacontemporaneidade”. Há também a intenção de levar seus membros arefletir sobre o passado, para que possam entender o presente, e buscarum caminho rumo ao futuro. Além disso, mesmo tendo se libertado deseu passado colonial e se tornado uma superpotência, algumas marcasdesse passado colonial estão arraigadas na sociedade norte­americana,apesar de todas as tentativas de esquecê­lo.

Encontramos também um resgate dessa memória, uma tentativade impedir esse esquecimento. Em Amada, por exemplo, ela utilizou a“história real de Margareth Garner, ocorrida poucos anos antes daguerra civil norte­americana, que, como outras escravas de seu tempo,cometeu o infanticídio” (DAIBERT, 2009, p. 112).

Contudo, para entender o processo histórico que deu origem aoracismo, é preciso entender a história dos EUA e, conjuntamente, amentalidade do homem branco que, juntamente com os índios e negros,construiu essa sociedade. Assim, é preciso entender o modo de pensar esentir tanto daqueles que procuram iniciar uma nova vida,abandonando seu passado, quanto daqueles que vivem dentro de umsistema semifeudal, que adota como referência a aristocracia europeia(NICKEL, 2012, p. 84). Todavia, o racismo não pode ser entendidoapenas como algo dos brancos em relação a eles, mas também dospróprios negros para com os outros.

A influência cultural presente numa sociedade racista pode fazercom que um negro assuma os mesmos preconceitos dos quais é vítima.Toni Morrison aborda esse fato, por exemplo, no romance O Olho MaisAzul onde:

A narrativa também sugere que o preconceito nãoparte apenas da comunidade que tem pele branca,mas parte também do próprio negro que, porcausa dos valores impostos por aquela sociedade,repudia sua cor na concepção de que ter pele negraé sinônimo de feiúra e sujeira e, ao contrário, terpele branca e olhos azuis significa beleza, amor,socialização e respeito de todos (ALVES, 2010, p.65).

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Esse preconceito pode acontecer em relação a si mesmo, quandoo personagem assimila aquela visão negativa, em relação aos outros e aomodo com que se vê. O fato de se sofrer o preconceito passa a não servisto mais como uma injustiça, mas culpa da própria pessoa, por não serbranca (por ser, de alguma forma, “inferior”). Por fim, vemos opreconceito deles em relação aos próprios brancos, uma consequêncianatural de tudo o que os escravos sofreram e que, podemos dizer, é umaresposta àquela situação. Ao trabalhar a questão do preconceito, aconstrução formal do texto pode ser tão importante quanto o tema. EmRecitatif nós sabemos que uma das personagens é negra e a outrabranca, contudo, o texto não nos diz claramente qual. Mas, saber talcoisa é importante?

Podemos entender que: “Ao necessitar de “ver”, de ter umaimagem física das personagens, ainda que se trate de uma imagemconstruída a partir das vozes de Twyla e Roberta, talvez o leitor, deforma inconsciente, já tenha decidido qual das raparigas pertence a queraça” (DIAS, 2011, p. 13). Assim, vemos como a questão pode sertrabalhada de forma mais sutil, levando o leitor a questionar as própriasideias sobre o assunto. Toni Morrison escreve com a intenção de que oleitor não seja passivo, mas participe ativamente da leitura lhe dandoum sentido pessoal. Além disso, por maior que seja a importância dotema, isso não quer dizer que ele não esteja acompanhado de outrostemas igualmente importantes:

Quando lhe é pedido que caracterize “Recitatif”,Morrison descreve­o como um texto sobre adiferença de classes, revelando dar poucaimportância à raça de cada uma das personagens.(...) Ao utilizar “Recitatif” como uma clara crítica àdiscriminação social e racial que envolve as duasprotagonistas, a autora utiliza um tipo delinguagem tendencialmente neutra para que sejadada a mesma importância a ambas as realidades(DIAS, 2011, p. 13).

2.2­ A condição femininaPelo fato de ser uma escritora Morrison optou por enfatizar a

presença feminina por meio de uma “carga energética feminina” muitoforte. O fato de ser uma escritora não pode ser negligenciado na análisede seus textos, pois, “a construção da imagem da mulher em umromance a partir do olhar de uma mulher muda completamente o foco ea valorização dessa imagem. Diferente do homem que por mais quetente se distanciar de seu gênero, ele sempre falará da mulher a partir da

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sua posição de homem” (NASCIMENTO; SOARES, 2010, p. 5).Analisando seu romance, Canção de Salomão, Heloisa Nascimento dizque “o livro, ao contrário de seus outros romances, possui uma cargaenergética masculina muito poderosa, mas não o suficiente para ofuscara sua presença feminina” (NASCIMENTO, 2008, p. 112).

Assim, a presença masculina, por mais importante que seja seupapel, não chega a ofuscar a feminina. A partir desse ponto de vistapodemos apreciar melhor a forma como Morrison trabalha a questão dasexualidade, criando personagens que vão contra os estereótiposmasculinos, como Sula:

A sua sensualidade agressiva provoca repúdio,assim como o prazer destrutivo que acompanha osseus relacionamentos. Ela assume para si um papelque, até então, só aos homens era concedido: odireito de começar e terminar uma relaçãosegundo seus próprios interesses. Além disso, elaviola uma norma silenciosa da comunidade aorelacionar­se com homens brancos (CARREIRA,2010, p. 14).

Historicamente falando, a desigualdade social das mulheres foium dos fatos que motivou a luta feminina em busca de seus direitos,numa sociedade fortemente machista e, também, patriarcal. Essadesigualdade, do ponto de vista histórico e social, atingiu igualmentemulheres brancas e negras, ricas e pobres. Contudo, não se pode negarque o preconceito racial tornou a vida das mulheres negras ainda maisdifícil.

A Mercy, por meio das histórias de suaspersonagens femininas, é um romance que tratados efeitos traumáticos que a cultura decomodificação da mulher, importada doseuropeus, impôs sobre as mulheres queparticiparam dos primórdios da história norte­americana. Mas revela também as consequênciasainda mais trágicas para uma parcela dessapopulação no momento em que sexo e raçapassaram a ser associados um ao outro (NICKEL,2012, p. 98)

Partindo desse princípio, podemos entender como a autoraconstrói suas personagens femininas a partir de certas características

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que estão, em geral, muito presentes em todas as protagonistas. E,igualmente, podemos compreender a forma como Morrison caracterizasuas existências, sua vida familiar:

Suas mulheres são, de maneira geral, de origemhumilde e com pouca instrução formal. Quandoestas têm um companheiro, ele usualmente éviolento e/ou hostil, recriando no ambientefamiliar um microcosmo do patriarcado aindareinante nos dias de hoje, exacerbado quandocercado por pobreza (NASCIMENTO, 2008, p. 36).

A forte presença feminina faz da questão da maternidade umelemento que, naturalmente, adquire importância, seja de formapositiva, seja de forma negativa. A relação mão e filha também tem umaforte presença como podemos ver, por exemplo, em O olho mais azul eRecitatif. Examinando a questão Ana Luísa de Jesus afirma que “ToniMorrison caracteriza a questão da maternidade com recurso a quatroconceitos” (DIAS, 2011, p. 16). Eles são:­ Preservação: Em meio à sociedade racista em que vive a maternidadeenvolve a proteção diante do preconceito da sociedade e da violência alipresente, das quais os filhos ainda são incapazes de se defender.­ Educação (no aspecto cívico e não académico): a educação para ela nãotem o sentido de educação escolar, ou acadêmica, e sim de educaçãocívica. Essa educação cívica envolve os valores, crenças e tradições dacultura afro­americana que permitem o desenvolvimento de umaconsciência cívica e cultural, fundamentais para a construção da própriaidentidade e para a luta por seus direitos.­ Consciência cultural: É um meio de ensinar as crianças, em meio auma cultura racista, a desenvolverem uma identidade negra que sejaigualmente forte e autêntica. Essa consciência, em conjunto com aeducação, dará “os elementos necessários para que se possam preservare defender de uma sociedade onde o racismo e as diferenças entreclasses sociais ainda são uma realidade” (DIAS, 2011, p. 16­17).­ Cura: deve ser vista no sentido de conciliação consigo mesmo. AnaLuísa de Jesus, analisando Recitatif, mostra como “a falta deafectividade por parte das respectivas mães, aliada ao facto de teremsido colocadas num orfanato onde não recebiam qualquer tipo de afecto,faz destas personagens crianças com problemas que transportarão paraa idade adulta” (DIAS, 2011, p. 17). Por meio da cura elas podemrecuperar a identidade que lhes foi, de certo modo, “negada” por essestraumas.

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Contudo, isso não quer dizer que suas personagensobrigatoriamente irão representar esses papéis. Vemos, por exemplo,como “em “Recitatif”, a ausência materna tem como consequência ainexistência da protecção materna, da educação e da consciênciacultural” (DIAS, 2011, p. 17). Assim, esses temas podem receber tantoum tratamento positivo quanto negativo, com o objetivo de mostrar asconsequências na vida dos personagens. A forma como PaulineBreedlove trata sua filha Pecola, no romance O olho mais azul, é umexemplo dessa visão negativa da maternidade, demonstrado por meio datotal falta de amor em relação a sua filha.

Por fim, não menos importante, é a presença da violência contraa mulher. Ela se apresenta de múltiplas formas, todas igualmentepresentes em sua ficção: a violência verbal, as humilhações, a agressãofísica e, o estupro e, em seu ápice, o assassinato. Essa agressão podeocorrer tanto da parte dos brancos quanto dos próprios negros (muitasvezes da própria família ou namorados). Seus romances são umacontínua denúncia dos maus­tratos sofridos pelas mulheres em umasociedade machista. 2.3­ A comunidade afro­americana

Os dois temas anteriores, direta e indiretamente, se conectamcom este. Toni Morrison, com o objetivo de escrever sobre e para acomunidade afro­americana, não poderia deixar de falar sobre oracismo e suas consequências para a comunidade, assim como nãopoderia deixar de falar das mulheres, ali presentes, e dos males a quetem estado expostas ao longo do tempo. Ao falar da comunidade um dosgrandes destaques é a questão da memória. O resgate da história temum papel importante, pois, ela busca preservar um passado que osbrancos (e muitos negros) gostariam de esquecer, deixando­o muitasvezes esquecido, ao ser encoberto pelo tempo. Um exemplo importantedesse resgate se dá no romance Amada (Beloved, no original).

Escrito em 1987, Beloved associa a dimensão dosofrimento e da humilhação vivida durante aescravidão à lenda e à magia do imaginárioafricano. O enredo tem lugar no contexto históricologo após o fim da guerra civil americana. A ex­escrava Sethe – baseada na histórica MargaretGarner – prefere matar sua filha mais nova aretornar para a vida escrava (BORGES, 2011, p. 2).

Assim, aproveitar­se de um fato real para escrever o romance nãoé um recurso meramente literário, mas deve ser visto dentro de algo

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maior, isto é, de seu projeto de resgatar um passado muitas vezesesquecido. Esse passado histórico pode ser trabalhado de outras formas,por exemplo, a utilização da “emigração de ex­escravos de territórioscomo o Mississippi e a Louisiana para cidades negras localizadas emOklahoma” em Paraíso. Outro ponto importante é a questão daconstrução da identidade afro­americana.

O racismo, já discutido, se relaciona a questão, pois, Morrison“questiona o degradante poder de representações racistas,demonstrando o efeito do racismo internalizado na construção daidentidade afro­americana” (BORGES, p. 4). Essa construção não sebaseia somente em elementos negativos. A valorização de uma série deelementos, até então pouco valorizados, foi importante dentro doprojeto de desconstrução da identidade que lhes foi impingida, e dacriação de uma nova. Assim, diferentes elementos culturais foramutilizados nesse processo de construção e são reutilizados por Morrisonde forma ficcional. Como exemplo, podemos citar a presença da religião:

Ao empregar aspectos religiosos cotidianos nanarrativa, Toni Morrison recria uma espécie deretrato religioso da sociedade negra norte­americana, comprovando não apenas aimportância da religião na formação de seu povo,mas também a intertextualidade e ainterdiscursividade sob a qual o romance foiconcebido [...] (DIMITROV, 2008, p. 8).

A utilização do African American English é outro elemento dacultura importante em sua obra. Ao longo da história, a língua tem sidoum importante instrumento para a construção da própria identidade, e autilização desse dialeto é “uma característica extremamente relevantepara a formação da imagem da cultura e do povo afro­americanos e daprópria produção literária de Morrison” (SILVA, 2007, p. 12).Discutiremos melhor essa questão ao falarmos do estilo literário deMorrison na próxima seção.

Em menor medida, temos a utilização do folclore, que pode serentendida como uma forma de manutenção das raízes africanas que aescravidão não conseguiu destruir. Como exemplo, vemos como “emCanção de Salomão, o mito do escravo que voa de volta para a África,celebrado em canções folclóricas, inspira o protagonista, Macon Dead, aempreender a busca pela verdadeira história de sua família e dos afro­americanos, em épocas anteriores à sua escravização” (AZEVEDO,2008, p. 6).

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Podemos destacar também o fato das obras de Morrison, assimcomo as de outras autoras negras carregarem “no bojo uma forteligação com valores sociais africanos ancestrais, pois resgatam, de certaforma, um cenário em que a mulher tinha um papel crucial não só pelofato de a sociedade tribal basear­se em uma linhagem matrilinear”(CARREIRA, 2010, p. 18). Lendo Sula, a partir desse ângulo, vê­se que:

Toni Morrison, por sua vez, constrói uma narrativaem que a ancestralidade matrilinear africana,representada pelas mulheres da família Peace,entra em confronto com as normas da sociedadeocidental, branca e patriarcal, representada portrês gerações de mulheres submissas: a família deNel (CARREIRA, 2010, p. 19).

Por fim, vemos a utilização de outros elementos culturais como,por exemplo, a dança, a música, a magia e a oralidade. Todos utilizadoscom a mesma finalidade. Examinando um dos casos, como exemplo,vemos que:

A música em seus romances é mais uma estratégiapara situar o movimento do negro norte­americano. Morrison expressa à riqueza da voznegra nos estilos do Jazz e Blues e outros ritmosmusicais para desenhar o significado cultural pormeio da música e assim anunciar a fortalezacultural e racial dos afro­americanos (VIEIRA,2012, p. 172).

3­ O Estilo Literário de Toni MorrisonAo longo do tempo, alguns modos de se trabalhar a linguagem

foram adotados por Toni Morrison (em conjunto com certas concepçõesdo mundo, visíveis nas temáticas por ela escolhidas), configurando seuestilo literário. Podemos dizer que “nada em sua literatura é acidental.Os nomes dos personagens e dos lugares já contextualizam o enredo”(NASCIMENTO, 2008, p. 93) e os recursos literários o configuram.

Ele é marcado pela utilização de características autobiográficas(devido a influência das narrativas de escravos), pela utilização de fatoshistóricos, pela organização das obras, pelo uso da multiplicidade devozes narrativas, de uma cronologia não linear, do African AmericanEnglish, da musicalidade da prosa, do realismo mágico e daintertextualidade, utilizadas sempre em prol da denúncia da situação do

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negro na sociedade norte­americana, dando destaque as mulheresnegras, e do racismo ali presente.

A utilização das características típicas de uma autobiografiatambém faz parte de seu estilo, atuando como um elemento de conexãodos demais elementos. À medida que apresentarmos os demaispoderemos ver melhor como todos se conectam em torno deste narradorem primeira pessoa que conta, juntamente com os demais, a história.Segundo Mail Marques (2008, p. 7):

Toni Morrison atribui a autenticidade de suapresença em uma série de palestras sobreautobiografia e memória à conexão de sua própriaherança literária com as narrativas de escravos −relatos autobiográficos de escravos ou ex­escravosnegros − que atingiram um número superior a seismil, entre 1703 e 1944. Trata­se de umaexperiência única na história de grupos escravosnas Américas.

Assim, Morrison se apropria de alguns de seus traços (falando do

particular para atingir o universal), que a inserem dentro desse cânoneliterário afro­americano, “com o objetivo de estabelecer ligações com avida interior dos ancestrais” (MARQUES, 2008, p. 7) para se dirigir aopresente. O que não quer dizer que, em alguns dos textos de não­ficção,ela não aborde sua vida. Toni Morrison não produziu romanceshistóricos, mas podemos perceber em sua obra o uso constante deelementos históricos, combinados aos elementos ficcionais (o romanceAmada é um importante exemplo dessa combinação).

Toda a obra da escritora Toni Morrison possuireflexos de sua preocupação com a história não­contada ou não divulgada pelos registros oficiaisensinados nas escolas como a “verdadeirahistória”, que, na verdade, enfatiza as versões ondeo conquistador branco é o grande herói, odesbravador que subjuga os povos conquistados elhes impõe sua língua, seus costumes e suascrenças religiosas (NASCIMENTO, 2008, p. 114).

Na relação entre forma e conteúdo um traço característico de seu

estilo é o modo como eles se organizam. Toni Morrison não prioriza oconteúdo em relação a forma, ou vice­versa, “eles são inseparáveis eatuam simultaneamente” (NASCIMENTO, 2012, p. 79). A forma do

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texto é escolhida de acordo com o conteúdo a ser transmitido.Analisando a forma como Morrison trabalha essa fusão, em O Olho MaisAzul, Cleidenir afirma que:

A organização do romance de Morrison mais doque uma função de estilo, tem uma funçãoespecífica na narrativa. Seu papel é mostrar oprocesso de desconstrução identitária de Pecola –personagem principal da história. Osacontecimentos e o relacionamento das outraspersonagens com a menina atuam diretamentenesse processo de desconstrução. Considerando opressuposto de que forma e conteúdo agem emconjunto, não há como falar da forma sem falar dacomposição (NASCIMENTO, 2012, 79).

A multiplicidade de vozes narrativas é um dos elementos típicos

da literatura pós­moderna, sendo comumente utilizado por Morrison.Não é um mero recurso estilístico objetivando um fim estético, nóspodemos dizer que as diferentes vozes “auxiliam no processo de atribuirsentidos à história que tem em mãos” (NICKEL, 2012, p. 101). Assim,essas diferentes vozes, mesmo sem uma ligação direta, secomplementam e auxiliam na compreensão da história a partir domomento em que o leitor interligá­las. A utilização de um narradoronisciente em terceira pessoa em conjunto com outro(s) na primeirapessoa é um recurso usual.

O tratamento cronológico não linear é outro procedimento usualem Toni Morrison. Ele é trabalhado e conjunto com a multiplicidade devozes narrativas, que permite essa quebra da linearidade temporal. EmCompaixão, por exemplo, a “aparente falta de lógica entre as partes doromance, que não avançam teleologicamente – pelo contrário,interrompem o já problemático fluxo narrativo da fala de Florens paralançar o leitor ora mais a frente ora para trás” (NICKEL, 2012, p. 101­102) por meio da utilização da técnica do flashback.

No que se refere à linguagem, a utilização do African AmericanEnglish, em conjunto com a língua padrão, é outro aspecto importanteno seu estilo. Esse dialeto “muito distante do inglês falado pelaInglaterra ou mesmo pelo senado americano, (...) foi a marca que asubversão dos escravos deixou nos Estados Unidos. Para citar Deleuze, éa marca que uma minoria pôde fazer em uma língua maior” (DAIBERT,2009, p. 115).

Se a utilização do African American English é um aspectoimportante, o leitor que a lê por meio de traduções não tem como

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perceber a forma com que é utilizado e de que forma o dialeto modificagramaticalmente o inglês padrão. Isso ocorre tanto pelo fato de que, emalguns casos, o tradutor se limitar a traduzi­la em um português padrão,quanto pelo fato de que a utilização de um português coloquial nãoreproduz com fidelidade as características do African American English.

A musicalidade dos textos, também é um elemento essencial deseu estilo. Ela está presente no texto de muitas formas (prosa poética,versos). João de Mancelos, analisando um ritual descrito no romanceAmada, diz que:

A narradora descreve este ritual usando sugestivosverbos de movimento, como run, step out e,evidentemente, dance. Ao mesmo tempo,estabelece um paralelismo nas falas de Baby, queprincipiam pelo verbo let, usado no imperativo.Esta estratégia acentua o ritmo do texto; recria aestrutura discursiva de uma cerimónia religiosa detipo “call and response”, frequente entre os afro­americanos; e vinca o carácter apelativo dodiscurso da xamã (MANCELOS, 2007, p. 125­126)

Toni Morrison se destaca no universo literário de língua inglesa,

sendo um dos principais nomes, no que se refere a utilização dochamado “realismo mágico” (classificação passível de crítica), mesmoque não esteja presente em seus romance com a mesma intensidade comque é utilizado, por exemplo, em Gabriel García Márquez. Amada, Acanção de Solomon e Paraíso são exemplos de sua utilização. Aoexaminar o uso que Morrison faz da imaginação, com o objetivo depenetrar a vida interior de seu povo, Mail Marques (2008, p.5) afirmaque:

Em conseqüência, o trabalho de Morrison, para amaioria das pessoas, se enquadra no fantástico,mítico, mágico, inverossímil. Mas como evitá­lo,pergunta­se ela, se o seu trabalho deve transmitiruma realidade diferente daquela veiculada emnarrativas históricas aceitas oficialmente.

O realismo mágico deve ser visto, então, como um recursonecessário para trazer a tona uma realidade que, de outra forma, nãopoderia ser alcançada, por não termos registro; e que muitas vezes vaicontra o que foi oficialmente registrado. Mehri Razmi e Leyli Jamaliestudam o tema em seu artigo Magic(al) Realism as Postcolonial Device

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in Toni Morrison’s Beloved; assim como Begoña Simal González, noartigo Magic Realism in Toni Morrison.

A intertextualidade é outra característica presente em alguns deseus livros, onde vemos como a inserção de determinado textos temdiferentes funções. A utilização de “uma popular cartilha dealfabetização utilizada em 1930 e 1970 nos Estados Unidos”(NASCIMENTO, 2012, p. 80), no romance O Olho Mais Azul serve decontraste a vida da família da cartilha e a de Pecola. Vamos encontrá­latambém, com uma função diferente, no romance Paraíso, onde ocorrepor meio da inserção de textos bíblicos (DIMITROV, 2008, p. 8).

Por fim, devemos ressaltar a riqueza da linguagem utilizada porMorrison. Segundo Andréa Santos (p. 5) ela é “rica de metáforas,eufemismos, símbolos, antonímias, antíteses, antífona, parodia,paradoxo, ironia, inversão, hipérbole e excessos. É uma linguagemgrotesca em relação às histórias que conta”. Esses elementos serãoutilizados em maior ou menor grau em cada um de seus livros. Conclusão

O fato de ser uma mulher negra, em uma sociedade machista eracista, é de fundamental importância para compreendermos como, aooptar pela carreira de escritor, a obra de Toni Morrison se configura. Pormais importantes que sejam os aspectos meramente literários, Morrisonfez de sua obra um instrumento de denúncia dos males da escravidãosofridos pelos afro­americanos, com destaques para as mulheres. Paraisso ela optou por trabalhar com determinado conjunto de temasdesenvolvendo um estilo com as características que ela via comonecessárias para abordá­los.

Mas, ao mesmo tempo, que sua obra tem um caráter regional elase torna universal. Isso ocorre pelo fato dos males sofridos pelos afro­americanos, devido a sua cor, e os das mulheres, pelo machismo semprepresente, estarem, de uma forma ou outra, presentes em todas associedades. Esses fatos contribuíram para que a autora fosse muitotraduzida e estudada no Brasil e em outros países. E foram tambémresponsáveis pelo sucesso de sua carreira, concretizado por meio dosmuitos prêmios recebidos, com destaque para o Nobel de Literatura.Como a escritora é uma dos poucos ganhadores do Nobel de Literaturaainda vivos, e atuantes, podemos acompanhar os rumos que sua obra irátomar. BibliografiaALVES, Francisco Francimar de S.. Cor, beleza e mito em The BluestEye, de Toni Morrison. Revista Ártemis, João Pessoa, Vol. 11, p. 64‑72, 2010. Disponível em:

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_________. Pérola Negra. Trad. Augusto Meyer Filho. Best Seller,1990. 362p._________. Amada. Trad. José Rubens Siqueira. São Paulo:Companhia das Letras, 2007. 368p._________. Paraíso. Trad. José Rubens Siqueira. São Paulo:Companhia das Letras, 1998. 368p._________. Amor. Trad. José Rubens Siqueira. São Paulo:Companhia das Letras, 2005. 248p._________. Compaixão. Trad. José Rubens Siqueira. São Paulo:Companhia das Letras, 2009. 160p._________.; MORRISON, Slade. Quem leva a melhor. Trad. AndréConti. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. 104p._________. Recitatif. In: DIAS, Ana Luísa de Jesus Graça. “Recitatif”de Toni Morrison – Uma Possibilidade de Tradução. Lisboa:Universidade de Lisboa, 2011. p. 41­60.NASCIMENTO, Cleideni Alves do. Toni Morrison e Carolina Mariade Jesus: dois timbres marcantes da voz autoral feminina. 139 f.Dissertação (Mestrado em Linguagem, Identidade e Subjetividade) –Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, 2012. Disponívelem: <http://bicen­tede.uepg.br/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=569>._________.; SOARES, Marly Catarina. A representação da identidadefeminina nas personagens de O olho mais azul. Atas Eletrônicas. 1ºCIELLI – Colóquio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários,Maringá, 2010. Disponível em:<http://www.cielli.com.br/downloads/90.pdf>.NASCIMENTO, Heloisa do. Com quantos retalhos se faz umquilt? – Costurando a narrativa de três escritoras negrascontemporâneas. 158 f. Tese (Doutorado em Letras) – UERJ, Rio deJaneiro, 2008. Disponível em:<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=198136>.NICKEL, Vivian. Trauma, memória e História em A Merci, deToni Morrison. 107 f. Dissertação (Mestrado em Letras) – UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012. Disponível em:<http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/61717>.SANTOS, Andréa. O reescrever Morrisoniano através dos fantasmas,Jornal de Poesia. Disponível em:<http://www.jornaldepoesia.jor.br/morrisoniano.pdf>SILVA, Danielle de Luna e. Representações de gênero e etnia emAmada, de Toni Morrison, e Ninguém para me acompanhar, deNadine Gordimer. 127 f. Dissertação (Mestrado em Literatura) –

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[1] O lançamento oficial deste livro será no dia 4 de março de 2014, masem alguns sites ele já se encontra em pré­venda. Ver em:<http://www.barnesandnoble.com/w/please­louise­toni­morrison/1112672492?ean=9781416983385>.[2] Podemos citar, entre outros, a tese de doutorado de Maria IsabelCarvalho G. Caldeira, História, mito e literatura: A cicatriz da palavrana ficção de Toni Morrison (FLUC – 1992); A representação damaternidade e a construção da identidade na ficção de Toni Morrison(FLUC – 1998), dissertação de mestrado de Adonay Custódia dos Santosde Moreira; a dissertação de mestrado de Ana Paula MachadoMagalhães, Da memória à palavra: reminiscências Africanas em Sulade Toni Morrison (FLUC – 1998); Valores alternativos àamericanidade em Song of Solomon de Toni Morrison (FLUC – 1998),dissertação de mestrado de Teresa Maria de Oliveira Gomes de Martins;Padrões de fragmentação e consolidação de identidade em Sula de

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Toni Morrison (FLUC – 2002), dissertação de mestrado de Magda PintoEliseu de Mesquita.

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