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A pós-graduação na escola de enfermagem de Ribeirão Preto -- USP: evolução histórica e sua...

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276 A PÓS-GRADU A PÓS-GRADU A PÓS-GRADU A PÓS-GRADU A PÓS-GRADUAÇÃO N AÇÃO N AÇÃO N AÇÃO N AÇÃO NA ESCOLA DE ENFERMA A ESCOLA DE ENFERMA A ESCOLA DE ENFERMA A ESCOLA DE ENFERMA A ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRET GEM DE RIBEIRÃO PRET GEM DE RIBEIRÃO PRET GEM DE RIBEIRÃO PRET GEM DE RIBEIRÃO PRETO – O – O – O – O – USP: USP: USP: USP: USP: EV EV EV EV EVOL OL OL OL OLUÇÃO HISTÓRICA E SU UÇÃO HISTÓRICA E SU UÇÃO HISTÓRICA E SU UÇÃO HISTÓRICA E SU UÇÃO HISTÓRICA E SUA CONTRIB A CONTRIB A CONTRIB A CONTRIB A CONTRIBUIÇÃO P UIÇÃO P UIÇÃO P UIÇÃO P UIÇÃO PARA O ARA O ARA O ARA O ARA O DESENV DESENV DESENV DESENV DESENVOL OL OL OL OLVIMENT VIMENT VIMENT VIMENT VIMENTO D O D O D O D O DA ENFERMA A ENFERMA A ENFERMA A ENFERMA A ENFERMAGEM GEM GEM GEM GEM Maria Cecília Puntel de Almeida 1 Rosalina Aparecida Partezani Rodrigues 2 Antonia Regina Ferreira Furegato 3 Carmen Gracinda Silvan Scochi 4 Almeida MCP, Rodrigues RAP, Furegato ARF, Scochi CGS. A pós-graduação na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP: evolução histórica e sua contribuição para o desenvolvimento da enfermagem. Rev Latino-am Enfermagem 2002 maio-junho; 10(3):276-87. O trabalho objetiva fazer um resgate dos 25 anos da Pós-Graduação da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, 1975-2000, através de reflexão crítica sobre sua criação e desenvolvimento. A metodologia baseou-se na análise quantitativa da produção da Pós-Graduação (número de alunos, docentes, dissertações e teses defendidas, tempo médio de duração e outros) e em bibliografias sobre o assunto. Os resultados demonstram que a Pós-Graduação se consolidou nos anos 90, criando os níveis de doutorado nos três programas Enfermagem Psiquiátrica, Enfermagem Fundamental e Enfermagem em Saúde Pública. Esse patamar alcançado aponta para a necessidade de projeção internacional. DESCRITORES: educação de pós-graduação em enfermagem, pesquisa em enfermagem THE GRADU THE GRADU THE GRADU THE GRADU THE GRADUATE PR TE PR TE PR TE PR TE PROGRAMS OFFERED BY OGRAMS OFFERED BY OGRAMS OFFERED BY OGRAMS OFFERED BY OGRAMS OFFERED BY THE UNIVERSITY OF SÃO P THE UNIVERSITY OF SÃO P THE UNIVERSITY OF SÃO P THE UNIVERSITY OF SÃO P THE UNIVERSITY OF SÃO PAUL UL UL UL ULO AT RIBEIRÃO PRET T RIBEIRÃO PRET T RIBEIRÃO PRET T RIBEIRÃO PRET T RIBEIRÃO PRETO COLLEGE OF NURSING: O COLLEGE OF NURSING: O COLLEGE OF NURSING: O COLLEGE OF NURSING: O COLLEGE OF NURSING: HIST HIST HIST HIST HISTORICAL EV ORICAL EV ORICAL EV ORICAL EV ORICAL EVOL OL OL OL OLUTION UTION UTION UTION UTION AND AND AND AND AND CONTRIB CONTRIB CONTRIB CONTRIB CONTRIBUTIONS UTIONS UTIONS UTIONS UTIONS TO NURSING DEVEL O NURSING DEVEL O NURSING DEVEL O NURSING DEVEL O NURSING DEVELOPMENT OPMENT OPMENT OPMENT OPMENT This study aims at reviewing the 25 years (1975-2000) since the first graduate program was offered by the University of São Paulo at Ribeirão Preto College of Nursing based on a critical reflection about the creation and development of graduate programs. The methodology applied was a quantitative assessment regarding the scientific production published in the literature about the theme. Results showed that the graduate programs were consolidated in the 1990s, when three doctoral programs were created.: Psychiatric Nursing, Fundamental Nursing and Public Health Nursing. These accomplishments require an increase in international visibility. DESCRIPTORS: graduate education in nursing, nursing research 1 Professor Titular, Presidente da Comissão de PósGraduação, e-mail: [email protected]; 2 Professor Titular, Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Fundamental, e-mail: [email protected]; 3 Professor Titular, Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Psiquiátrica, e-mail: [email protected]; 4 Professor Associado, Coordenadora do Programa de Pós-Graduação de Enfermagem em Saúde Pública, e-mail: [email protected]. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o desenvolvimento da pesquisa em enfermagem Rev Latino-am Enfermagem 2002 maio-junho; 10(3):276-87 www.eerp.usp.br/rlaenf Artigo Original
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A PÓS-GRADUA PÓS-GRADUA PÓS-GRADUA PÓS-GRADUA PÓS-GRADUAÇÃO NAÇÃO NAÇÃO NAÇÃO NAÇÃO NA ESCOLA DE ENFERMAA ESCOLA DE ENFERMAA ESCOLA DE ENFERMAA ESCOLA DE ENFERMAA ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETGEM DE RIBEIRÃO PRETGEM DE RIBEIRÃO PRETGEM DE RIBEIRÃO PRETGEM DE RIBEIRÃO PRETO –O –O –O –O –USP:USP:USP:USP:USP: EV EV EV EV EVOLOLOLOLOLUÇÃO HISTÓRICA E SUUÇÃO HISTÓRICA E SUUÇÃO HISTÓRICA E SUUÇÃO HISTÓRICA E SUUÇÃO HISTÓRICA E SUA CONTRIBA CONTRIBA CONTRIBA CONTRIBA CONTRIBUIÇÃO PUIÇÃO PUIÇÃO PUIÇÃO PUIÇÃO PARA OARA OARA OARA OARA O

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Maria Cecília Puntel de Almeida1

Rosalina Aparecida Partezani Rodrigues2

Antonia Regina Ferreira Furegato3

Carmen Gracinda Silvan Scochi4

Almeida MCP, Rodrigues RAP, Furegato ARF, Scochi CGS. A pós-graduação na Escola de Enfermagem de RibeirãoPreto-USP: evolução histórica e sua contribuição para o desenvolvimento da enfermagem. Rev Latino-am Enfermagem2002 maio-junho; 10(3):276-87.

O trabalho objetiva fazer um resgate dos 25 anos da Pós-Graduação da Escola de Enfermagem de RibeirãoPreto da Universidade de São Paulo, 1975-2000, através de reflexão crítica sobre sua criação e desenvolvimento. Ametodologia baseou-se na análise quantitativa da produção da Pós-Graduação (número de alunos, docentes,dissertações e teses defendidas, tempo médio de duração e outros) e em bibliografias sobre o assunto. Os resultadosdemonstram que a Pós-Graduação se consolidou nos anos 90, criando os níveis de doutorado nos três programasEnfermagem Psiquiátrica, Enfermagem Fundamental e Enfermagem em Saúde Pública. Esse patamar alcançadoaponta para a necessidade de projeção internacional.

DESCRITORES: educação de pós-graduação em enfermagem, pesquisa em enfermagem

THE GRADUTHE GRADUTHE GRADUTHE GRADUTHE GRADUAAAAATE PRTE PRTE PRTE PRTE PROGRAMS OFFERED BY OGRAMS OFFERED BY OGRAMS OFFERED BY OGRAMS OFFERED BY OGRAMS OFFERED BY THE UNIVERSITY OF SÃO PTHE UNIVERSITY OF SÃO PTHE UNIVERSITY OF SÃO PTHE UNIVERSITY OF SÃO PTHE UNIVERSITY OF SÃO PAAAAAULULULULULOOOOOAAAAAT RIBEIRÃO PRETT RIBEIRÃO PRETT RIBEIRÃO PRETT RIBEIRÃO PRETT RIBEIRÃO PRETO COLLEGE OF NURSING:O COLLEGE OF NURSING:O COLLEGE OF NURSING:O COLLEGE OF NURSING:O COLLEGE OF NURSING: HIST HIST HIST HIST HISTORICAL EVORICAL EVORICAL EVORICAL EVORICAL EVOLOLOLOLOLUTION UTION UTION UTION UTION ANDANDANDANDAND

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This study aims at reviewing the 25 years (1975-2000) since the first graduate program was offered by theUniversity of São Paulo at Ribeirão Preto College of Nursing based on a critical reflection about the creation anddevelopment of graduate programs. The methodology applied was a quantitative assessment regarding the scientificproduction published in the literature about the theme. Results showed that the graduate programs were consolidatedin the 1990s, when three doctoral programs were created.: Psychiatric Nursing, Fundamental Nursing and PublicHealth Nursing. These accomplishments require an increase in international visibility.

DESCRIPTORS: graduate education in nursing, nursing research

1 Professor Titular, Presidente da Comissão de PósGraduação, e-mail: [email protected]; 2 Professor Titular,Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Fundamental, e-mail: [email protected]; 3

Professor Titular, Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Psiquiátrica, e-mail:[email protected]; 4 Professor Associado, Coordenadora do Programa de Pós-Graduação de Enfermagem emSaúde Pública, e-mail: [email protected]. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de SãoPaulo, Centro Colaborador da OMS para o desenvolvimento da pesquisa em enfermagem

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EL POSGRADO EN LA ESCUELA DE ENFERMERÍA DE RIBEIRÃO PRETEL POSGRADO EN LA ESCUELA DE ENFERMERÍA DE RIBEIRÃO PRETEL POSGRADO EN LA ESCUELA DE ENFERMERÍA DE RIBEIRÃO PRETEL POSGRADO EN LA ESCUELA DE ENFERMERÍA DE RIBEIRÃO PRETEL POSGRADO EN LA ESCUELA DE ENFERMERÍA DE RIBEIRÃO PRETO DE LAO DE LAO DE LAO DE LAO DE LAUNIVERSIDUNIVERSIDUNIVERSIDUNIVERSIDUNIVERSIDAD DE SÃO PAD DE SÃO PAD DE SÃO PAD DE SÃO PAD DE SÃO PAAAAAULULULULULO:O:O:O:O: EV EV EV EV EVOLOLOLOLOLUCIÓN HISTÓRICA UCIÓN HISTÓRICA UCIÓN HISTÓRICA UCIÓN HISTÓRICA UCIÓN HISTÓRICA Y SU CONTRIBY SU CONTRIBY SU CONTRIBY SU CONTRIBY SU CONTRIBUCIÓNUCIÓNUCIÓNUCIÓNUCIÓN

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Este estudio tiene como objetivo rescatar la historia de los 25 años del Postgrado ofrecido por la Escuela de

Enfermería de Ribeirão Preto de la Universidad de São Paulo(1975-2000), a través de una reflexión crítica sobre su

creación y desarrollo. La metodología se basó en el análisis cuantitativo de la producción del posgrado (número de

alumnos, docentes, tesis y disertaciones defendidas, tiempo promedio de duración y otros) y en bibliografías relacionadas

con el tema. Los resultados demostraron que el Posgrado se consolidó en los años 90 con la creación de tres programas

del nivel de doctorado: Enfermería Psiquiátrica, Enfermería Fundamental y Enfermería en Salud Pública. El éxito

obtenido muestra la necesidad de proyectar este programa a nivel internacional.

DESCRIPTORES: educación de postgrado en enfermería, investigación en enfermería

APRESENTAÇÃO

O presente trabalho foi elaborado eapresentado no evento de comemoração dos25 anos do ensino de Pós-Graduação daEscola de Enfermagem de Ribeirão Preto, daUniversidade de São Paulo (EERP-USP), coma finalidade de fazer um resgate históricoapontando os momentos mais expressivos, ede analisar qual tem sido sua contribuição parao desenvolvimento da enfermagem. Contoucom a colaboração da Assistência TécnicaAcadêmica e da Seção de Pós-Graduaçãodessa Escola.

Para quem já conhece essa história oudela participou, este texto possibilita a(re)construção do passado em que ela seinsere. Para quem não a conheceu ajuda acompreender a conjuntura atual com maiorpossibilidade de participação, responsabilidadee solidariedade, ligando o passado ao presentee construindo pontes para o futuro.

INTRODUÇÃO

A Pós-Graduação no Brasil, aprovada

pelo Conselho Federal de Educação, em 1965,com base no Parecer Sucupira nº 977/65 einstituída pela Reforma Universitária, ocorridaem 1968, além da necessidade de ampliar acapacidade de investigação das universidadese de seu corpo docente, objetivou a formaçãode professores competentes que pudessematender à expansão quantitativa do ensinosuperior, estimular o desenvolvimento dapesquisa por meio de preparação de novospesquisadores e assegurar o treinamento eficazde técnicos e trabalhadores intelectuais do maisalto nível, para fazer face às necessidades dodesenvolvimento em todos os setores.

É consenso, na comunidade científicanacional, que o ensino da Pós-Graduação é,atualmente, o nível mais bem sucedido. “A Pós-Graduação é, hoje, um segmento consolidadoda educação brasileira. Nas últimas décadas,tem contribuído decisivamente para a formaçãode recursos humanos qualificados e para odesenvolvimento científico do país, garantindo,no seu âmbito de competência, uma posiçãode destaque do Brasil, no contexto latino-americano. A Pós-Graduação desempenha umpapel estratégico e constitui, por seu nível de

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excelência, uma das principais condições quepossibilitam o aperfeiçoamento do sistemaeducacional como um todo(1)”.

No ano 2000, estavam cadastrados, naCAPES, 1246 cursos de mestrado (41 delesprofissionalizantes) e 798 de doutorado. Nagrande área da saúde, há 419 cursos, sendo214 de mestrado e 205 de doutorado, e aenfermagem que está inserida nessa áreaconta com 16 Programas de Pós-Graduação,8 deles com mestrado e doutorado, 7 com

apenas mestrado e um com doutorado.Quanto à localização geopolítica desses

Programas da área de enfermagem, no nortee centro-oeste inexiste, no nordeste há 3, nosudeste, 11, e, no sul, 2. No Estado de SãoPaulo, estão localizados 7 programas (5 commestrado e doutorado, um só com doutorado eoutro com mestrado), conforme mostra a Tabela1. Maiores detalhes sobre os programas de pós-graduação em enfermagem no Brasil podemser encontrados no estudo quali-quantitativo(2).

Tabela 1 - Programas de Pós-Graduação em Enfermagem no Brasil, segundo a universidade, oestado e a região de origem. 2000

A EERP-USP contava, no ano 2000,com 4 Programas, sendo 3 com os níveis demestrado e doutorado (EnfermagemPsiquiátrica, Enfermagem Fundamental e

Enfermagem em Saúde Pública), 1 programasó de doutorado, entre a Escola deEnfermagem de São Paulo e a Escola deEnfermagem de Ribeirão Preto, da

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Universidade de São Paulo (ProgramaInterunidades de Doutoramento emEnfermagem).

É nesse contexto da pós-graduaçãobrasileira que se objetiva, neste trabalho, fazeruma descrição e reflexão sobre os 25 anos doensino de pós-graduação na Escola deEnfermagem de Ribeirão Preto, resgatando suasingularidade por meio da criação,desenvolvimento, consolidação e das novasperspectivas a médio prazo que se delineiam.

METODOLOGIA

A elaboração do presente texto baseou-se no levantamento dos dados empíricosquantitativos da série histórica dos 25 anos,1975 a 2000, relativos ao número de alunosmatriculados, número de titulações, tempomédio de titulação, número de docentes,avaliações recebidas dos três Programas dePós-Graduação da EERP-USP e também doPrograma Interunidades de Doutoramento(dados somente da EERP-USP). Utilizou-setambém de fontes documentais comorelatórios, projetos de criação de cursos ecatálogos, principalmente para a transcrição defatos históricos, relativos ao ensino de pós-graduação na EERP-USP. Outra fonte de dadosfoi a memória viva de alguns docentes efuncionários que vivenciaram alguns períodosdestes 25 anos.

No resgate histórico ora apresentado,considera-se que três períodos merecemdestaque: o primeiro corresponde aos últimosanos da década de 60 e início dos anos 70,quando ocorreu a qualificação de um grupo líderde docentes e a criação do primeiro curso demestrado em Enfermagem Psiquiátrica,

seguido pelo de Enfermagem Fundamental; osegundo período, nos anos 80, caracteriza aluta pela criação do nível de Doutorado, e oterceiro período, década de 90, representa aconsolidação da Pós-Graduação e dos Núcleosde Pesquisa, sem deixar de apontar os novosdesafios que já estão colocados.

PERÍODOS HISTÓRICOS

1º Período: final dos anos 60 e década de 70 –Preparando/qualificando o corpo docente paraa Pós-Graduação

Nesse período, ainda era possível obtero título de doutor sem a necessidade de cursara Pós-Graduação, como hoje está instituída. Ocorpo docente da EERP-USP contava, em seuquadro, com uma socióloga, Célia AlmeidaFerreira Santos, que organizou, juntamentecom o Departamento de Matemática Aplicadaà Biologia da Faculdade de Medicina deRibeirão Preto-USP, um curso de pós-graduação de longa duração – “Bases daExperimentação em Enfermagem”. Este foiministrado pelo então chefe do Departamento,Prof. Dr. Geraldo Garcia Duarte, no segundosemestre de 1967 e primeiro de 1968. O grupode docentes que participou do curso, teve aoportunidade de elaborar seus projetos depesquisa, origem das primeiras teses dedoutorado. Assim, as primeiras docentes queobtiveram o título de doutor foram: CéliaAlmeida Ferreira Santos, Maria AparecidaMinzoni, Maria Helena Machado, Maria CecíliaManzolli, Emília Luigia Saporiti Angerami, NilzaTereza Rotter Pelá, Judith Costa e Vera HeloisaPileggi Vinha. Dessa forma, nos primeiros anosda década de 70, estava qualificado (grau de

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doutor) esse primeiro grupo de docentes queiria liderar a pesquisa e a organização da Pós-Graduação na EERP-USP.

Até então, a Escola estava estruturadaem dois departamentos: o de EnfermagemGeral e Especializada e o de EnfermagemPsiquiátrica e Ciências Humanas. Este segundosaiu à frente com o Curso de Mestrado emEnfermagem Psiquiátrica, em 1975, o terceirocurso de Pós-Graduação stricto sensu emenfermagem a ser criado no país após areforma universitária, que se deu em 1968.

A Profa. Dra. Maria Aparecida Minzonifoi a enfermeira psiquiátrica que liderou essecurso, com a colaboração e participação deoutros líderes docentes. Mesmo sendo da áreade concentração em enfermagem psiquiátrica,o curso, que, no ano de 1980, foi credenciadojunto ao Conselho Federal de Educação,aceitou alunos de outras especialidades daenfermagem. “O programa em nível demestrado – área Enfermagem Psiquiátrica,teve, na sua primeira matrícula, 30 alunos, amaioria dos quais, por força das circunstâncias,eram docentes da Escola de Enfermagem deRibeirão Preto e pertenciam a outrasespecialidades que não a EnfermagemPsiquiátrica. Isso se deu porque a USP exigiaum tempo limitado para que os docentesestivessem matriculados em um curso de pós-graduação, sem o que seriam rescindidos seuscontratos como docentes”(3).

O Departamento de Enfermagem Gerale Especializada deu início, em 1979, ao Cursode Mestrado em Enfermagem Fundamental,tendo como fio condutor a assistência clínicade enfermagem e o cuidado em saúde à pessoaadulta.

2º Período: anos 80 – A luta para a criação dodoutorado

Com uma experiência de alguns anosna formação de mestres, adquirindo vivênciana pesquisa, e considerando a não existênciado nível doutorado na enfermagem brasileira,um grupo de docentes da EERP-USP começoua colocar em ação estratégias para a criaçãode um curso de doutorado. Foram muitas idase vindas, travando-se um trabalho intenso, decorpo a corpo, com várias instâncias daUniversidade.

As dificuldades foram bem retratadas poruma reflexão crítica sobre os limites impostospela comunidade científica hegemônica, naincorporação de grupos emergentes(4).

Em 1979, a EERP-USP e a Escola deEnfermagem da Universidade de São Paulo(EE-USP) entraram, separadamente, naCâmara de Pós-Graduação da Universidade deSão Paulo, com a solicitação de curso dedoutorado. “Inicialmente, houve informações,por parte de um dos membros do ConselhoUniversitário, de que a Câmara de Pós-Graduação considerava as duas Escolas semmassa crítica para oferecer, isoladamente, odoutorado e que a única forma de tornar odoutoramento possível seria o oferecimento deum programa conjunto. A partir dessainformação, os membros das duas Comissõesde Pós-Graduação (CPG) passaram a discutira forma de reunir as idéias para elaborar umprojeto conjunto”(5).

A Comissão de seis membros, compostapelas presidentes das duas CPG (EE-USP eEERP-USP) e mais duas docentes de cadaEscola, foi assim constituída: Wanda de AguiarHorta, Amália Corrêa de Carvalho, EvaldaCançado Arantes, Maria Helena Machado,

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Maria Aparecida Minzoni e Nilza Tereza RotterPelá(5). A mesma autora informa que “o períodode trabalho foi de outubro de 1979 a abril de1981 com incontáveis reuniões que exigiamdeslocamento constante de docentes pararealizarem o trabalho”.

Em maio de 1981, o ProgramaInterunidades de Doutoramento emEnfermagem foi aprovado pela Câmara de Pós-Graduação da USP e credenciado peloConselho Federal de Educação, em 1986.

Os diretores das duas Escolasdesignaram membros para compor a ComissãoInterunidades de Pós-Graduação (CIPG), quepassou a gerenciar esse Programa. Comoorientadores, além de docentes da própriaEscola, foram também incluídos docentes deoutras unidades da USP, principalmente daFaculdade de Medicina de Ribeirão Preto.

Outro fato marcante que contribuiu paraalavancar a formação de pesquisadores daEERP-USP foi a sua designação em 1988como Centro Colaborador da OrganizaçãoMundial da Saúde para o desenvolvimento dapesquisa em enfermagem. Assim projetou-sea necessidade de qualificação do corpo docenteno nível de doutorado, a curto prazo(6-7).

3º Período: anos 90 – Consolidando a Pós-Graduação e traçando estratégias futuras

Em 26 de maio de 1985, iniciou-se odesdobramento do Departamento deEnfermagem Geral e Especializada da EERP-USP, criando-se o Departamento deEnfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública(Resolução 2960, de 20 de fevereiro de 1986).Disciplinas que já guardavam afinidade entresi puderam agregar-se, constituindo uma novaárea de conhecimento.

Desde então, a EERP-USP estáconstituída por três Departamentos queabrangem, no conjunto, a totalidade dosconhecimentos da enfermagem.

Em 1991, foi criado o terceiro curso daEERP-USP, o de Mestrado de Enfermagem emSaúde Pública, no Departamento deEnfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública.Esse curso é multiprofissional e interdisciplinar,tendo a atenção primária em saúde, comofundamentação, e a saúde coletiva, como fiocondutor.

No mesmo ano de 1991, oDepartamento de Enfermagem Geral eEspecializada solicitou a extensão do Mestradode Enfermagem Fundamental para oDoutorado, o qual foi aprovado e iniciou seufuncionamento com o oferecimento de 5 vagas.

Em 1996, portanto, a EERP-USP sócontava com o Doutorado no Programa deEnfermagem Fundamental e no ProgramaInterunidades de Doutoramento emEnfermagem (Interunidades) sendo, esteúltimo, comum às duas Escolas deEnfermagem da Universidade de São Paulo.Os Departamentos de Enfermagem Psiquiátricae Ciências Humanas e de EnfermagemMaterno-Infantil e Saúde Pública, que tinhamos Cursos de Mestrado, estavam preparadose desejavam estender seus mestrados tambémpara doutorado. Assim, organizou-se umaComissão para estudar a reestruturação daPós-Graduação da Escola de Enfermagemcomo um todo, objetivando otimização doquadro de orientadores e da infra-estruturadisponível. Uma das propostas era ter somenteum Programa de Pós-Graduação com trêsáreas de concentração, mestrado e doutorado,em cada um dos Departamentos.

A proposta de reestruturação não foi

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aceita pela maioria dos docentes, mantendo-se a tendência histórica de se criarem, em cadaDepartamento, seus próprios programas depós-graduação. Assim, os dois Departamentosprocuraram organizar as propostas de extensãode seus Mestrados para os Doutorados.

Em 1998, o Departamento deEnfermagem Materno-Infantil e Saúde Públicaestendeu seu mestrado para o doutorado e, em1999, isso ocorreu com o Departamento deEnfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas.Portanto, somente na década de 90, é que, defato, a Pós-Graduação na EERP se consolidou,quando os três Departamentos passaram acontar com os dois níveis de formação(mestrado e doutorado), constituindo os atuaisProgramas de Pós-Graduação.

Na década de 90, o ensino universitáriono país passou por graves dificuldadesestruturais devido ao ajuste econômico do paíse à reforma do Estado e da Previdência Socialcom as privatizações, enxugamento do quadrode funcionários e aposentadoria precoce degrande número de docentes universitários. Nasuniversidades públicas federais, havia oincentivo salarial para os que detinham o graude Doutor. “Esta situação conjuntural do ensinopúblico em nível superior repercutiu de maneiramais acentuada na enfermagem, pois naqueles20 anos de pós-graduação (1970-1990) nãohouve uma política deliberada de formação docorpo docente em pós-graduação naenfermagem, principalmente no nível dedoutorado. Quase todos os doutores emenfermagem concentravam-se na regiãosudeste. Somente no início da década de 90houve uma grande mobilização das Escolas deEnfermagem para a qualificação de seu corpodocente. Assim, surgiram, de várias regiões dopaís, solicitações aos cursos da região sudeste,

de assessoria para a implantação da pós-graduação. Aquelas instituições que já tinhamuma certa infra-estrutura solicitaram a aberturada pós-graduação, nível mestrado. Outras, quenão tinham doutores em seus quadros, reuniamesforços e discutiam projetos integrados comvárias universidades na modalidade deconsórcio ou rede de pós-graduação”(8).

A EERP-USP, com seus Programas dePós-Graduação consolidados, foi muitosolicitada, e ainda continua sendo, para realizarconvênios com outras instituições, a fim defazer a formação de doutores. Firmaram-seconvênios/acordos institucionais com asseguintes instituições:- Universidade Federal da Bahia (março de1995), com titulação de 4 doutores;- Universidade Federal da Paraíba (março de1995), com titulação de 4 doutores;- Universidad de Concepción - Chile (março de1996), com titulação de 4 doutores e- Universidade Federal do Rio Grande do Norte(março de 1997), com titulação de 6 doutores.

Alunos de outros países da AméricaLatina, como Chile, Colômbia, Peru, Argentina,e também de Angola - Continente Africano, têmprocurado titulação nos Programas da EERP-USP, com apoio financeiro das instituições deorigem ou pelo Programa Estudante ConvênioPEC/PG, da Fundação Coordenação deAperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior- CAPES, para alunos estrangeiros.

No final dos anos 90 e durante o ano de2000, com a criação do MestradoInterinstitucional (MINTER) pela CAPES, osProgramas da Escola de Enfermagem têm sidosolicitados por outras Instituições de EnsinoSuperior, para elaborar esse tipo de convênio.Já foi realizado um convênio MINTER (1998-1999), através do Programa de Enfermagem

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Fundamental, tendo, como instituiçãoreceptora, a Universidade do Oeste do Paraná- Departamento de Enfermagem do campus deCascavel. Foram titulados 11 mestres. OutrosMINTER encontram-se em negociação, bemcomo outros convênios com outros estadosbrasileiros, no sentido de contribuir para aformação de doutores. Estão em andamentoas negociações com o México, para elaboraçãode um convênio que propiciará a formação deenfermeiros doutores para aquele país.

A consolidação da Pós-Graduação naEscola de Enfermagem está evidenciada nastabelas e gráficos apresentados a seguir.

A Figura 1 e a Tabela 2 mostram o iníciodos cursos, a evolução do número de alunosregularmente matriculados nos Programas, atéo ano de 2000. Percebe-se o aumento gradativodo número de matrículas ano a ano, desde1975, ao longo dos 25 anos. Observa-se que éna década de 90, que, de fato, a Pós-Graduação se consolida, pois conta-se com onível de mestrado e doutorado nos trêsProgramas. Quanto ao número de alunos, háuma curva ascendente bastante acentuada; em1980, contava-se com 41 alunos, em 1990, com101, em 1995, com 198 e, em 2000, conta-secom 288 pós-graduandos.

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Figura 1 - Número de alunos de mestrado e doutorado matriculados nos Programas de Pós-Graduação da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo. 1975-2000

Tabela 2 - Programas de Pós-Graduação da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, daUniversidade de São Paulo, segundo o ano de início e número de alunos regularmente matriculadosno ano de 2000

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É preciso que se diga que, enquanto, noensino de graduação da EERP-USP, há 320alunos matriculados, e o número de vagas (80ao ano) é constante há alguns anos, na pós-graduação, o número de alunos vem crescendoacentuadamente, principalmente nos últimos 5anos, atendendo a demanda da região e país.Esse aumento anual, crescente, de alunos napós-graduação vem ocorrendo em todas asáreas da Universidade de São Paulo.

A demanda de alunos, até meados dosanos 80, era constituída, em grande parte, pordocentes de instituições públicas de ensinosuperior e uma porcentagem menor porenfermeiros dos serviços de saúde.Atualmente, está em crescimento a demandade enfermeiros de serviços e de docentes de

instituições privadas, possivelmente devido àexigência de titulação mínima de mestre paraa docência universitária, segundo a Lei deDiretrizes e Bases do Ensino.

Espera-se, ainda, um aumento donúmero de vagas, nos próximos anos. Acapacidade da pós-graduação ainda não estáno seu limite em relação ao número dedocentes credenciados e ao número deorientandos por orientador, como pode ser vistona Tabela 3. Porém, sabe-se que não sãosomente esses parâmetros quantitativos quedeterminam o número de vagas, mas outros,como, por exemplo, o compromisso social dauniversidade na formação de pesquisadorespara regiões carentes do país.

Tabela 3 - Número de docentes credenciados e de alunos regularmente matriculados nosProgramas de Pós-Graduação da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade deSão Paulo. Setembro/2000

O número de dissertações e tesesdefendidas também cresce em curvaascendente, conforme Tabela 4 e Figura 2.Nesses 25 anos, foram titulados 525 pós-graduandos, sendo 376 mestres e 149

doutores. A média anual de defesas, nos cincoperíodos analisados, tem aumentadoacentuadamente, correspondendo a 5,4 (M) 9,0(M e D), 15,2 (M e D), 28,6 (M e D) e 58,5 (M eD), respectivamente.

Tabela 4 - Número de defesas de mestrado e doutorado dos Programas de Pós-Graduação daEscola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo. 1977 a 2000

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Figura 2 - Número de titulações de mestrado edoutorado dos Programas de Pós-Graduaçãoda Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto,da Universidade de São Paulo. Período de 1977a 2000

Quanto às avaliações da CAPES, noúltimo biênio (1996-1997), a maioria dosProgramas obteve nota 5, que corresponde aoconceito Bom. As notas menores (3 e 4) devem-se ao fato de que os cursos de doutorado estãoiniciando. As notas do sistema de avaliação daCAPES variam de 2 a 7, sendo que sãoreconhecidos pelo MEC os programas comnota igual ou maior de 3. O critério das notas 6e 7 é para o curso de excelência e que temprojeção internacional. Nenhum programa deenfermagem do país obteve, até então, notaacima de 5. Estes dados estão na Tabela 5.

Tabela 5 - Avaliação da CAPES referente aosProgramas de Pós-Graduação da Escola deEnfermagem de Ribeirão Preto, daUniversidade de São Paulo. Biênio 1996/1997

Fonte: Capes(9)

Considera-se que alcançar um nível deexcelência é um dos desafios que já estãocolocados para os próximos 5 anos e, para tal,é imprescindível intensificar a produçãocientífica internacional e em periódicos da áreaindexados e reconhecidos pelos pares, bemcomo a realização de pós-doutorado no exterior,para que ocorra a projeção internacional dapesquisa.

A porcentagem de evasão dosmestrados nos Programas da EERP-USP,segundo dados da Pró-Reitoria de Pós-Graduação-USP, é de 5%, no período de 1994a 1998, sendo um dos mais baixos, não só naárea da saúde, como também nas demaisáreas do conhecimento.

O tempo de conclusão dos mestrados,ao longo dos 25 anos, vem diminuindoconforme mostra a Tabela 6. No triênio 1997/1999, foi de 39 meses, tempo ainda elevado,segundo critérios da CAPES, que estipula 24meses. No doutorado, o tempo de titulaçãoaumentou no período de 1987 a 1991, a partirdaí decresceu, chegando a 42 meses, o que éconsiderado bom.

Tabela 6 - Tempo de conclusão (em meses)dos mestrados e doutorados dos Programasde Pós-Graduação da Escola de Enfermagemde Ribeirão Preto, da Universidade de SãoPaulo. 1977 a 1999

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A consolidação do ensino de Pós-Graduação foi um dos fatores determinantes

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do desenvolvimento da enfermagem brasileira.

Na EERP-USP, a Pós-Graduação

produziu impacto considerável na produção

científica da área, permitindo elucidar várias

lacunas do conhecimento da enfermagem e

aprofundar muitas outras temáticas, garantindo,

dessa forma, o seu espaço junto aos pares da

comunidade científica.

Esse novo conhecimento tem sido

utilizado no ensino de graduação, renovando-

o e atualizando-o, bem como na assistência de

enfermagem e no setor saúde de forma geral,

quando se tem oportunidade de melhorar a

assistência de enfermagem prestada à

população, promovendo-se a qualidade de vida.

A produção de conhecimento gerada na Pós-

Graduação tem contribuído para uma efetiva

articulação entre a universidade e a sociedade,

contemplando uma variedade de contextos da

prática de enfermagem, desde a promoção da

saúde, prevenção de doenças, tratamentos,

reabilitação até o cuidado hospitalar de maior

complexidade.

Atender a demanda crescente de alunos

de várias localidades e, principalmente, de

regiões carentes de Pós-Graduação tem

possibilitado formar lideranças em pesquisa

para essas regiões.

Outros impactos do ensino de pós-

graduação da EERP/USP e que vêm

contribuindo para a enfermagem brasileira são:

- consolidação dos grupos e núcleos de

pesquisa na enfermagem;

- definição e consolidação das linhas de

pesquisa;

- intercâmbio nacional e internacional de

conhecimento científico de enfermagem com

professores e pesquisadores;

- maior visibilidade da profissão de enfermagem

no setor saúde e na sociedade;

- conquista de espaço participativo nas

instituições científicas e tecnológicas (Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico - CNPq, Fundação Coordenação

de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior - CAPES, Fundação de Amparo à

Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP,

Sociedade Brasileira para o Progresso da

Ciência - SBPC, etc.).

Como o conhecimento é um processo

cumulativo e contínuo, alguns desafios já estão

colocados para atingir-se o nível de excelência

e projeção internacional. O volume da produção

científica, nos próximos 5 anos, tem que ser

intensificado, devendo ser divulgada, também,

em periódicos indexados internacionais.

Intensificar o intercâmbio internacional dos

pesquisadores brasileiros de enfermagem é

também outro desafio colocado para os

Programas de Pós-Graduação da EERP-USP.

Uma das estratégias para alcançar o

nível de projeção internacional é o

desenvolvimento de centros de excelência,

aglutinando-se pesquisadores em torno das

prioridades de pesquisa em enfermagem,

formando-se células que, em futuro próximo,

poderão reproduzir-se, constituindo-se

sistemas consolidados em pesquisa.

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Recebido em: 26.12.2000Aprovado em: 12.4.2002

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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