AS NOVAS MÍDIAS ELETRÔNICAS E O ACESSO E USO DA INFORMAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO: TV
ESCOLA, SISTEMAS DE INFORMAÇÃO, REDES
Ursula Blattmann - CRB-14/430 - e-mail [email protected]
Professora no Departamento Ciência da Informação
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
Doutoranda em Engenharia de Produção - UFSC
Mestre em Biblioteconomia - Pontifícia Universidade Católica de Campinas -
Bacharel em Biblioteconomia pela UFSC
Resumo: O acesso e uso da informação. As novas mídias na educação. TV Escola,
Programa Nacional de Informática: ProInfo, Internet. Cursos a distância e o espaço do
bibliotecário. Programas de incentivos: Programa Nacional Biblioteca da Escola, Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação. A rede mundial de computadores na
educação. Internet nas escolas e bibliotecas. Considerações.
Palavras-chave: Bibliotecário. Educação. Educação a distância. Internet. Acesso a
Informação.
1 INTRODUÇÃO
Os valores da sociedade estão em constante mutação e para identificar quais são aceitos
ou ultrapassados é necessário contextualizar o ambiente histórico, social e econômico.
Esclarecendo conceitos, observa-se que a palavra cidadania significa a "qualidade de
cidadão", enquanto este cidadão pode ser considerado "habitante de uma cidade", e o
"indivíduo no gozo de seus direitos civis e políticos de um Estado" (Michaellis, p. 496).
Assim temos como temática desse painel um ambiente de qualidade onde o indivíduo
possa usufruir seus direitos. E o ingrediente principal é a informação.
Graeml (2000, p. 40) menciona a
"medida que a informação substitui o capital como real fonte de poder, a
política de quem detém ou acessa a informação torna-se extremamente
relevante. Como a tecnologia da informação tende a democratizar o acesso à
informação, é natural que existam pessoas que estejam perdendo poder dentro
das organizações, a partir da introdução de sistemas de informação. Essas
pessoas representam possíveis focos de resistência às mudanças."
Portanto, na sociedade da informação, só detém poder quem utiliza a informação de
maneira eficaz e eficiente.
Na formação e educação de um cidadão necessita-se estimular hábitos de leituras.
Hábitos oriundos de processos de leitura diversificados, seja através das imagens ou
palavras, observando os signos e seus significados que são sempre relacionados em
determinado contexto social, político, econômico e educacional.
Concordamos com Nunes (1994) ao mencionar que a "educação a distância não pode
ser vista como substitutiva da educação convencional, presencial. São modalidades do
mesmo processo. A educação a distância não concorre com a educação convencional,
tendo em vista que não é este o seu objetivo, nem poderá ser."
Pretende-se abordar aspectos sobre acesso e disponibilização da informação para a
formação e educação do cidadão brasileiro, com o intuito de provocar discussões e tecer
comentários sobre realidades contrastantes deste imenso Brasil.
2 O ACESSO E USO DA INFORMAÇÃO
O processo de aprendizagem implica em como o indivíduo recebe e trabalha as
informações para uso privado e público. Cada etapa do processo de aprendizagem é
importante. No Brasil, como em tantas outras nações, estamos convivendo com
diferentes categorias de analfabetos seja da escrita (da palavra), funcionais e
tecnológicos. Surge questões de como enfrentar esta realidade para que todos sejam
beneficiados.
Uma das possíveis respostas seria através da disponibilização, do acesso e uso da
informação, indiferentemente se está impressa (papel), em bits (CD-ROM, páginas
Web) ou ondas (rádio), imagens e sons (televisão, vídeo), etc. Mas, o importante é como
e onde o indivíduo pode acessar as diferentes fontes de informação? Quais são estas
fontes disponíveis pelas novas mídias? Qual o papel do Estado e da sociedade para
disponibilizar o acesso a informação? Enfim, por onde começar, a quem atender e quais
os fatores implícitos nas diferentes formas de alfabetização (da palavra, funcional e/ou
tecnológica)?
Algumas dessas perguntas estão sendo respondidas de certa maneira pelas instituições
voltadas ao aprendizado e provocando o aparecimento de outras referentes sobre a infra-
estrutura, a capacitação das pessoas, e a importância dada para o contínuo aprender (life
long learning) nas diferentes categorias profissionais e educacionais.
Necessita-se conhecer os aspectos, sejam positivos ou negativos, dos meios de
comunicação de massa, para que se possa entender e discutir outros aspectos, tais como:
alienação em massas, do consumo desenfreado ou da péssima qualidade de conteúdos.
Faz-se necessário identificar quais as estruturas existentes para que as diferentes redes e
os sistemas de informação digitais possam funcionar.
Nos espaços característicos da educação, seja a tradicional ou a distância, como detectar
o fluxo da informação entre os professores, esses transmissores e motivadores do
conhecimento e da criatividade para um público cada vez mais amplo e heterogêneo?
Outras reflexões nos levam ao descaso da política de informação para a sociedade,
principalmente sobre estruturas da rede de computadores (as auto-estradas da
informação) necessárias e desejáveis tanto nas bibliotecas públicas e escolares.
Marçal (1999, p. 50) enfoca a necessidade de produzir a interação social onde
"o acesso à informação não vai resolver os problemas sociais, pois a
disparidade social não é o resultado da falta de acesso às fontes de informação,
mas sim da falta de políticas públicas de caráter redistributivo, de modo que
não basta fazer transferência tecnológica: primeiramente, devemos promover
uma transformação dos processos sociais que dificultam a definição de políticas
de inovações tecnológicas. Além da desigualdade básica, devemos salientar que
o uso das novas tecnologias da informação e comunicação apresenta desafios
morais, políticos, legais e educacionais que não podem ser apenas
regulamentados, mas necessitam de uma ética que oriente o comportamento dos
atores envolvidos no processo de comunicação. Concluindo, a sociedade da
informação caracteriza-se pelo desenvolvimento quanto ao processamento e à
velocidade de transmissão da informação, o que não significa a conversão da
informação em conhecimento."
Fica difícil retratar em um país tão rico em contrastes e, ao mesmo tempo, tão
deficitário no que se refere a informação disponível para o povo brasileiro. Para
exemplificar, necessita-se pensar como estão servidos os nossos 5.507 municípios
brasileiros em termos de acesso a informação? Conforme relacionado pelo Cadastro das
Bibliotecas Públicas Brasileiras, elaborado pelo Sistema Nacional de Bibliotecas
Públicas (http://www.bn.br/snbp/snbp.htm), atualmente encontram-se cadastradas cerca
de 3.200 bibliotecas. Esse cadastro retrata a realidade, bem distante do desejável.
Precisamos agir também onde ainda não existem bibliotecas públicas e escolares.
Cabendo enfatizar a importância de oferecer acesso e disponibilização da informação,
indiferente de qualquer formato para atender a população sedenta de informação. Isto
engloba também atividades de incentivo a leitura - seja impressa ou na tela do
computador.
Portanto, observa-se cada vez amplas perspectivas de atuação para profissionais como
os bibliotecários, os técnicos e os auxiliares em bibliotecas quando se trata de atuação
nas bibliotecas públicas e escolares por todo este Brasil. Mas, cabe também questionar
de como as escolas de biblioteconomia preparam um profissional para atuar em um país
com desigualdades sociais, econômicas, políticas e educacionais na era da informação.
Como está sendo a formação e a educação continuada dos bibliotecários, principalmente
quando se trata em trabalhar na integração das bases de dados e das próprias redes de
computadores onde o paradigma está em acessar a informação digital online. Isto
reflete-se na Sociedade da Informação, ou seja, uma sociedade vinculada pelas redes de
computadores para facilitar o acesso e uso da informação nos diferentes aspectos:
social, educacional, político e econômico.
Assim, com este cenário múltiplo, teceremos alguns enfoques com o objetivo de
entender os caminhos abertos pelas mídias na educação pública brasileira e,
possivelmente, provocar reflexões para agirmos adequadamente na relação usuário
versus acesso a informação.
3 NOVAS MÍDIAS NA EDUCAÇÃO
O crescimento exponencial no uso da Internet comparando com as outras mídias, em se
tratando de tempo para atrair a atenção, ou como alguns preferem o termo penetração,
de 50 milhões de pessoas para o rádio demoraram cerca de 38 anos, o mesmo número
para televisão foi de 13 anos, e, para a Internet, aconteceu em apenas 4 anos, deixando
claro a facilidade de absorção dessa mídia pela população. (Communications of the
ACM, 1999)
Dizard (2000, p. 23) menciona que a
"mídia de massa, historicamente, significa produtos de informação e
entretenimento centralmente produzidos e padronizados, distribuídos a grandes
públicos através de canais distintos. Os novos desafiantes eletrônicos modificam
todas essas condições. Muitas vezes, seus produtos não se originam de uma
fonte central. Além disso, a nova mídia em geral fornece serviços especializados
a vários pequenos segmentos de público. Entretanto, sua inovação mais
importante é a distribuição de produtos de voz, vídeo e impressos num canal
eletrônico comum, muitas vezes em formatos interativos bidirecionais que dão
aos consumidores maior controle sobre os serviços que recebem, sobre quando
obtê-los e sob que forma..."
Trata-se de momento crucial em conhecer os impactos resultantes das novas mídias na
sociedade, e principalmente, pensar como evitar o caos social, que possa ser decorrente
pela falta de acesso a informação e seu controle. Necessitamos utilizar os recursos das
mídias na educação de grandes massas para que todos tenham igualdade de acesso a
informação e possam utilizá-la em benefícios sociais, profissionais e pessoais.
As grandes transformações nas tecnologias da mídia de massa, conforme menciona
Dizard (2000, p. 53), podem ser representados em três fases:
"... a primeira aconteceu no século XIX, com a introdução das impressoras a
vapor e do papel de jornal barato. O resultado foi a primeira mídia de massa
verdadeira - os jornais "baratos" e as editoras de livros e revistas em grande
escala. A segunda transformação ocorreu com a introdução da transmissão por
ondas eletromagnéticas - o rádio em 1920 e a televisão em 1939. A terceira
transformação na mídia de massa - que estamos presenciando agora - envolve
uma transição para a produção, armazenagem e distribuição de informação e
entretenimento estruturadas em computadores. Ela nos leva para o mundo dos
computadores multimídia, compact discs, bancos de dados portáteis, redes
nacionais de fibras óticas, mensagens enviadas por fax de última geração,
páginas de Web e outros serviços que não existiam há vinte anos."
Laudon & Laudon (1999, p. 168) mencionam como a Internet é valorizada porque
"permite que as pessoas se comuniquem de modo fácil, rápido e barato com outras
pessoas em quase todos os lugares do mundo - ela praticamente elimina as barreiras de
tempo e espaço. A tecnologia que torna tudo isso possível inclui redes, processamento
cliente/servidor, padrões de telecomunicações e hipertexto e hipermídia."
Um dos possíveis caminhos a percorrer para atingir grandes massas está na educação a
distância. Sobre perspectivas para desenvolvimento futuro, Laaser (1994, p. 24)
menciona:
"a necessidade de se implantar a educação à distância nos países em
desenvolvimento são óbvias devido à extensão regional, crescimento
populacional e insuficiência de professores qualificados. Todavia, as idéias de
um mundo tornar-se uma "sala de aula global", com iguais oportunidades para
todos, são enganadoras e escondem o interesse dos países industrializados em
vender equipamentos de telecomunicações e computadores de alta potência.
...Sem dúvida, a tecnologia das telecomunicações e do computador já chegou
aos países em desenvolvimento, tendência que continuará no futuro. A curto
prazo, sua aplicação principal será mais na produção de material impresso, no
apoio administrativo e na avaliação, e menos no ensino. Contudo, novas
tecnologias têm que ser incorporadas progressivamente, após se ter ganho
experiência com métodos simples de distribuição e de ensino. As deficiências
principais não são, com freqüência a falta de equipamentos ou de recursos
financeiros, mas a falta de recursos humanos qualificados para o ensino e
gerenciamento. Estas deficiências não serão resolvidas, de modo eficiente, pela
adoção de sistemas projetados para as características especiais dos países
industrializados. A educação à distância não resolverá todos os problemas
educacionais nem dos países desenvolvidos nem dos em desenvolvimento, mas
ela pode dar uma contribuição muito importante se for aplicada
cuidadosamente e dimensionada para as necessidades específicas do potencial
econômico do país."
Nos casos em que os usuários dos cursos a distância não tenham tido experiências
prévias de estudo na modalidade, Litwin (1999, p. 19) menciona que
"... torna-se imprescindível informar o que significa estudar a distância e em
que consiste o conteúdo dos cursos com maior clareza e precisão possíveis. se
acrescentarmos a isso que a utilização do suporte tecnológico pode ser uma
novidade para os usuários, também será necessário ensinar a utilizá-lo.
Portanto, os sistemas ou programas de educação a distância deverão conter
uma proposta propedêutica para resolver os problemas do início e da
organização dos estudos."
Em outras palavras, independente da mídia a ser usada na educação tradicional, ou a
distância, ou ainda complementar (educação continuada) necessita-se preparar as
audiências, observar os conteúdos e principalmente trabalhar na absorção dos
conhecimentos transmitidos. É fundamental que cada indivíduo seja beneficiado pela
qualidade e que possa utilizar seus descobrimentos de forma objetiva na sociedade.
Na migração de tecnologias usadas na educação, necessita-se verificar os prós e contras
existentes, pois cada tecnologia, seja o lápis e o papel ou a tela do computador e mouse,
precisam ser assimiladas no cotidiano. O fundamental não é a tecnologia em si, mas sim
no conteúdo e a forma do que será transmitido. Eis a importância do momento da
interação. Da construção do próprio indivíduo.
3.1 Cursos a distância e o espaço do bibliotecário
Necessita-se observar como se processa a estrutura interna e externa das instituições
promotoras da educação a distância para atender aspectos do processo educacional
nessa modalidade de ensino. Certamente compete às instituições educacionais promover
acesso a informação para dar suporte ao respectivo ensino. E nesse momento se torna
vital a presença do bibliotecário, seja para definir políticas de acesso e desenvolvimento
de coleções, e, principalmente elaborar estruturas de atendimento ao usuários que se
encontram a distância.
A Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação representa a posição
do governo de investir na educação a distância e nas novas tecnologias como uma das
estratégias para democratizar e elevar o padrão de qualidade da educação brasileira.
Tem três programas específicos:
Programa de Formação de Professores em Exercício- Proformação, iniciou sua
implantação nos estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Maranhão e Tocantins,
em janeiro de 2000. A previsão é de que cerca de 15.000 professores da rede
pública que não possuem habilitação mínima exigida por lei, ingressem no
Programa no mês de julho. "Proformação oferece 3.200 horas de curso,
divididas em quatro módulos de 800 horas casa, distribuídas em 20 semanas. ...
Os conteúdos são desenvolvidos em aulas presenciais, atividades de estudo
individuais e atividades coletivas presenciais orientadas por tutores a cada duas
semanas (aos sábados)." (BRASIL/MEC/SEED/Proformacao, 2000)
Instituído em 1997, o ProInfo chegou a 2.700 escolas do país, onde estão
instalados cerca de 30 mil microcomputadores. O uso pedagógico desses
equipamentos é assegurado por meio da capacitação de professores das escolas
beneficiadas e dos multiplicadores dos Núcleos de Tecnologia Educacional
(NTE).
A TV Escola entrou na reforma do Ensino Médio. Utilizado na capacitação e
atualização do professor, o Programa é um dos instrumentos utilizados pelo
MEC na implementação da reforma nas escolas.
Cabe lembrar que novas formas de aprendizagem estão possibilitando a integração do
indivíduo com as novas tecnologias da informação. Se tradicionalmente o ensino é
efetuado por instituições escolares promotoras de ensino fundamental, médio e superior,
tidas como principais responsáveis pela formação e capacitação do indivíduo, observa-
se o surgimento de novos parceiros, de origem transnacional, onde as empresas de
tecnologia da informação, tais como Microsoft, Cisco, SUN, 3M, entre outras
corporações, oferecem possibilidades de treinamento e capacitação (Adelman, 2000).
O bibliotecário necessita estar atento para as mudanças que ocorrem tanto nas
instituições educacionais e bem como nas empresariais. São ambientes onde se valoriza
cada vez mais a informação que precisa ser organizada e disseminada seletivamente.
3.2 TV Escola
A TV Escola é um programa da Secretaria de Educação a Distância, do Ministério da
Educação – MEC, dirigido à formação, capacitação e orientação de professores de
Ensino Fundamental e Ensino Médio da rede pública. Operando em caráter definitivo
desde março de 1996, a TV transmite, atualmente, quatro horas diárias de programação
inédita. (BRASIL/MEC/SEED/TVEscola, 2000)
A televisão passou a ser considerada um dos principais meios de acesso a informação
no Brasil. A televisão, vista como uma tecnologia, já completou meio século no Brasil.
Passou por muita evolução técnica e de conteúdo. Trata-se de uma potencial ferramenta
para auxiliar na transferência e criação do conhecimento cultural, científico e
tecnológico. Mas, necessita-se aprender a utilizar os recursos dessa e das novas mídias
de comunicação de massa, para a formação do cidadão, de maneira inteligente,
buscando novas modalidades para a integração social para que o indivíduo seja parte do
processo e não mero coadjuvante ou, na pior hipótese, um espectador passivo.
A diversidade da oferta, isto é, quanto mais canais sejam disponibilizados, seja na TV
aberta ou por assinatura, maior será a necessidade de discernimento sobre fatos, ilusões,
lazer, cultura, educação e principalmente o de " formar" uma cidadania, mesmo que seja
a globalizada. Resumindo, a quantidade não repercute exatamente na qualidade
oferecida e desejada.
A evidente contribuição que a educação a distância pode prestar à consolidação de um
ensino público de qualidade deu origem à TV Escola. O programa foi criado com o
objetivo de reduzir as taxas de repetência e evasão; melhorar o rendimento dos alunos;
aumentar as taxas de conclusão das séries/graus e incentivar atitudes autônomas que
fossem a base para a aprendizagem e o desenvolvimento humano permanentes
(BRASIL/MEC/SEED/TVEscola, 2000).
Os professores são instruídos a utilizar os programas como auxílio ao planejamento
pedagógico e também como recurso didático em sala de aula. Para que possam assistir
ou gravar todos os programas de seu interesse, o bloco do Ensino Fundamental é
reprisado três vezes ao dia e o do Ensino Médio, duas. A TV Escola fica, assim, 14
horas no ar. (BRASIL/MEC/SEED/TVEscola, 2000)
Draibe & Perez (1999, p. 27) examinaram o processo de implantação dos programas
federais: Kit Tecnológico e TV Escola. Expondo os resultados resumidos da pesquisa.
Entre as constatações principais sobre a implementação e funcionamento do Programa
TV Escola, observa-se: presença do Programa atingindo em cerca de 73% dos alunos
(21, 9 milhões) e 70% dos docentes (840 mil) do ensino fundamental público. Os
autores inferiram, com base nos indicadores de eficácia, o avanço do processo de
institucionalização do Programa, sugerindo um crescente "amoldamento" das atividades
da TV Escola às estruturas e rotinas pedagógicas escolares. Os índices de melhorias
verificadas entre 1997 e 1998, mostram que reduziram as diferenças entre grupos de
escolas, reforçando os impactos redistributivos da TV Escola. Ao final, praticamente
todos os indicadores revelam melhoras entre 1997 e 1998, registrando êxitos do
processo de implantação em superar as dificuldades e obstáculos que enfrentou no seu
início.
Em duas avaliações realizadas, 1992 e 1997, sobre o Programa de Educação a Distância
intitulado "Um Salto para o Futuro", efetuado por Barreto, Pinto & Martins (1999,
p.81), analisaram os resultados alcançados. Destacando aspectos fundamentais deste
modelo de ensino a distância, tendo em conta o fato de que a sua concepção e o teste de
realidade por que passou (professores) têm muito a acrescentar à experiência nacional
sobre o assunto, devido, principalmente, em diferenciar-se de outros programas de
educação a distância que prevêem modalidade de recepção menos controladas.
Certamente as redes de televisão educativas colaboram na formação continuada do
usuário. Apresentam uma alternativa educacional resgatando a viabilidade de canais
culturais em todo o território brasileiro, observando os requisitos da qualidade técnica e
principalmente de conteúdo. Cabe portanto destacar a importância de adequar conteúdos
de acordo com as diferentes realidades regionais para preservar culturas e coerência
com os valores aceitos localmente.
O bibliotecário deve ser iniciado e estimulado em sua formação a operacionalizar as
diferentes mídias, no caso a televisiva. Para tornar-se elemento chave, considerado
como um facilitador e motivador no uso desses recursos no ambiente educacional.
Precisa mostrar seus serviços desde a seleção de vídeos, seus conteúdos e sua
organização, para que os usuários desses ambientes de aprendizagem - seja continuada
ou permanente, possam receber os benefícios do trabalho especializado que o
bibliotecário possa promover na recepção e no uso da informação independente do
formato (livro, vídeo, CD-ROM ou Internet, etc).
3.3 Programa Nacional Biblioteca da Escola - PNBE
O Programa Nacional Biblioteca da Escola - PNBE, criado pelo Ministério da Educação
no dia 23 de abril de 1997 - Dia Mundial do Livro, tem como objetivo a
"distribuição de obras literárias juvenis e infantis, abordando temas sobre
formação histórica, econômica e cultural do País, além de obras de referência
como enciclopédias e dicionários às escolas de ensino fundamental da rede
pública, devidamente cadastradas no Censo Escolar. As obras literárias
distribuídas servirão de subsídio para incentivar a leitura e a conseqüente
formação da consciência crítica dos alunos e dos professores, além de ser
disponibilizado à comunidade em geral." (BRASIL/MEC/PNBE, 2000)
Conforme o PNBE, o PRIMEIRO ACERVO - PNBE/98 foi composto de 215 livros,
dois globos e um Atlas Histórico Brasil 500 Anos. Sendo distribuído em 1998 e está
disponível em 20 mil escolas públicas do ensino fundamental que registraram
matrículas igual ou superior a 500 alunos, por ocasião do Censo Escolar de 1996. Nos
municípios onde não existia escola que atendesse o critério estabelecido, foi
contemplada aquela com maior número de alunos. O público-alvo foram professores e
alunos de 1ª a 8ª série. Sendo beneficiados 16,6 milhões de alunos, e distribuídos 123
títulos em 215 livros. Resultando na distribuição de 4,2 milhões de obras. Considerando
o investimento de R$ 23,4 milhões.
Enquanto o SEGUNDO ACERVO - PNBE/99: conteve 109 obras de literatura infantil e
juvenil, sendo quatro obras voltadas às crianças portadoras de necessidades especiais,
indicadas pela Secretaria de Educação Especial do MEC. Foram escolhidas todas as
escolas de primeira a quarta série cadastradas no Censo Escolar de 1999 com mais de
150 alunos receberam essa coleção, exceto aquelas escolas que atendiam,
exclusivamente, as quatro primeiras séries no Censo Escolar 1996 e que já haviam sido
contempladas no PNBE de 1998. Foram 36 mil escolas que receberam esse acervo
acondicionado em uma caixa-estante. Foram 10,8 milhões de alunos beneficiados.
Sendo 109 títulos. Resultando na distribuição 3,9 milhões de livros. O investimento foi
de R$ 17,4 milhões. Tendo como público-alvo os professores e alunos de 1ª a 4ª série do
ensino fundamental.
3.4 Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE
"Autarquia vinculada ao Ministério da Educação, o Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação - FNDE - é responsável pela captação de recursos
financeiros para o desenvolvimento de uma gama de programas que visam a melhoria
da qualidade da educação brasileira. Os recursos são canalizados para escolas
públicas de ensino fundamental, municípios, Distrito Federal, Governos Estaduais e
entidades não governamentais, em consonância com a estratégia educacional e as
diretrizes definidas pelo Ministério da Educação que abrange, ainda, ações de
pesquisa, capacitação de professores e de fiscalização do poder público por parte da
sociedade". (BRASIL/MEC/FNDE, 2000)
Cabe aos bibliotecários acompanharem a distribuição dos recursos públicos, sejam este
federais, estaduais, municipais ou de instituições privadas destinados ao incentivo da
leitura e promoção ao acesso da informação. Necessitam participarem ativamente nas
diretrizes das escolas para a criação e desenvolvimento do hábito da leitura.
Proporcionando atividades pedagógicas perante os professores e alunos. Integrando
completamente a dinâmica do fluxo da informação para que sejam gerados novos
conhecimentos em ampla escala social.
3.5 Programa Nacional de Informática: ProInfo
O ProInfo é um programa educacional que visa a introdução das Novas Tecnologias de
Informação e Comunicação na escola pública, como ferramenta de apoio ao processo
ensino-aprendizagem. O ProInfo é uma iniciativa do Ministério da Educação, por meio
da Secretaria de Educação a Distância – SEED, criado pela Portaria nº 522, de 09 de
abril de 1997, sendo desenvolvido em parceria com os governos estaduais e alguns
municipais. Em cada unidade da federação há uma Comissão Estadual de Informática
na Educação cujo papel principal é o de introduzir as novas tecnologias de informação e
comunicação nas escolas públicas de ensino médio e fundamental.
A base tecnológica do ProInfo nos estados é o Núcleo de Tecnologia Educacional –
NTE que é uma estrutura descentralizada de apoio ao processo de informatização das
escolas, auxiliando tanto no processo de incorporação e planejamento da nova
tecnologia, quanto no suporte técnico e capacitação dos professores e das equipes
administrativas das escolas.
A proposta da informática educativa é uma forma de aproximar a cultura escolar dos
avanços que a sociedade vem desfrutando com a utilização das redes técnicas de
armazenamento, transformação, produção e transmissão de informações
(BRASIL/MEC/SEED/PROINFO, 1997).
Os resultados recentes apontam para uma lenta execução e uma série de problemas na
implantação. Pois em 1996, no Seminário Catarinense de Redes Acadêmicas, a intenção
do Governo Federal era adquirir 200.000 computadores para rede escolar. Até o
momento foram capacitados mais de 20 mil professores e 223 NTE estão instalados.
(BRASIL/MEC/SEED, 2000)
Segundo depoimento da pesquisadora Edna Corrêa Batistotti, técnica instrucional da
Secretaria de Educação do Estado de Santa Catarina e mestranda da Engenharia de
Produção da UFSC, trata-se de um projeto bem elaborado. Mas, se os estados tivessem
apoiado com sua parcela certamente haveriam avanços mais significativos. Entre as
observações realizadas, pondera que as escolas não estavam preparadas para as
mudanças decorrentes das novas tecnologias, surgindo problemas, tais como: a falta de
suporte técnico, qual a rede a escolher, o tipo de placa, sistema operacional, orientações
no uso de aplicativos e equipamentos. Além das estruturas escolares necessitarem da
aculturação: o que se pode fazer nas disciplinas, professores com altas expectativas e
baixo retorno gerando frustrações sobre o uso das novas tecnologias de informação e
comunicação.
Observa-se, portanto, um espaço de atuação ao bibliotecário envolvido no uso das
tecnologias da comunicação e informação: um facilitador no uso dos recursos para
acessar a informação. São os formatos e recursos, os quais o bibliotecário está
acostumado em operacionalizar serviços desempenhados por muito tempo por detrás
dos bastidores, passa a compartilhar seus saberes com o usuário na linha de frente. O
usuário sentirá a importância do bibliotecário como essencial no processo do acesso a
informação, onde esse profissional consegue separar o joio do trigo.
4 A REDE MUNDIAL DE COMPUTADORES NA EDUCAÇÃO
Heide, Stilborne & Johnston (2000, p. 40) mencionam que
"a tecnologia educacional continuará a progredir a passos cada vez mais
rápidos. Como educadores, é nosso trabalho planejar e implementar o seu uso
da melhor maneira possível para todos os nossos alunos. A tecnologia deve ser
entendida em um contexto; na educação, o contexto é a aprendizagem. Isso
significa integrar a utilização da Internet no currículo de um modo significativo
e incorporá-la às atuais práticas de sala de aula bem-sucedidas, como a
educação baseada em resultados, a aprendizagem cooperativa, a aprendizagem
ativa e os portfólios estudantis. Os projetos de Internet podem fornecer um
contexto autêntico em que os alunos desenvolvem conhecimento, habilidades e
valores. Saber como utilizá-la não é um fim em si próprio; antes, é uma
abertura para a aprendizagem por toda a vida."
A Internet tornou-se uma tecnologia muito atraente pois integra outras tecnologias, tais
quais nem imaginávamos que existissem a uma década, com as inúmeras possibilidades
de uso, como por exemplo usar em uma página de hipermídia, hiperdocumentos,
agregando som, vídeo, imagens, gráficos e outros, certamente mostram-nos
possibilidades, limitações e indicações que essa tecnologia provoca (ou como alguns
queiram tumultar) o cotidiano do profissional da informação.
As mudanças são radicais, pois requerem pessoal técnico altamente motivado e
capacitado, re-estruturação tanto do ambiente profissional como dos equipamentos
(software e hardware) e muita paciência de todos envolvidos no processo.
Após a instalação, surgem outra série de precauções que vão desde o treinamento das
pessoas, disponibilidade dos recursos, até observar os aspectos de segurança. Pois, a
simples falta de energia, ou pessoa despreparada no atendimento ou processamento
técnico, ou até mesmo um vírus podem provocar danos e causar prejuízos incalculáveis
nessa nova estrutura em redes.
Sem dúvida as bibliotecas necessitam utilizar os recursos disponíveis das novas
tecnologias da informação (comunicação, telecomunicação e telemática) para facilitar e
disponibilizar o acesso da informação aos usuários. A integração das novas mídias
requer treinamento da tecnologia, orientações dirigidas aos usuários, e provoca
mudanças na busca e entrega da informação.
Para tanto, compete aos dirigentes das instituições educacionais e das bibliotecas, traçar
políticas de transição, onde são necessários observar aspectos sobre recursos técnicos e
profissionais facilitando a integração das novas tecnologias de informação e
principalmente desenvolver serviços que atendam as necessidades das diferentes
categorias de usuários.
4.1 Internet nas escolas e bibliotecas
Ao analisar o acesso a informação digital, sob o prisma das bibliotecas públicas e
escolares, pode-se dizer que ainda tem muito a ser realizado tanto pelos dirigentes
políticos e os responsáveis pela educação e cultura brasileira.
No levantamento realizado por Blattmann (1999)
(http://www.ced.ufsc.br/~ursula/papers/publica_net.html) sobre as bibliotecas públicas
brasileiras com algum tipo de presença na Internet, seja pelo endereço eletrônico ou
pelo Uniform Resource Locators - URL e, descrevendo informações e os serviços que
estão disponibilizados aos seus usuários, foi possível identificar categorias de
bibliotecas: públicas estaduais - 6, municipais - 6, e, em outras categorias - 7 com algum
tipo de presença na Internet.
A Construção da Sociedade da Informação (http://www.socioinfo.gov.br) no Brasil está
se consolidando. Isto pode ser visto no desenvolvimento da espinha dorsal (backbone),
mas, programas como o PROINFO necessitam serem respaldados pelos órgãos
competentes para que se faça uso social da informação. Claro que políticas direcionadas
para conseguir o envolvimento de empresas e das comunidades locais favoreceriam
muito a consolidação da proposta governamental.
A elaboração de diagnósticos podem oferecer uma análise talvez até correta da situação
na implantação do Programa Sociedade da Informação. Mas, a pergunta que fazemos é
sobre o que foi proposto e executado no que se refere a medidas para resolver o
problema de acesso a informação a longo prazo? Quais políticas que se pretende
implantar? Qual a estrutura que será disponibilizada?
Por exemplo, nos Estados Unidos o presidente Clinton esboçou metas a serem atingidas
em sua segunda administração, entre elas estava em ligar cada sala de aula e biblioteca
no país à Internet, uma iniciativa apoiada por líderes do governo, empresas,
comunidades e organizações sem fins lucrativos. (Heide, Stilborne & Johnston (2000, p.
258)
Resultados preliminares desta política são apresentados por Bocher (1998) sobre o
acesso a Internet nos Estados Unidos referente ao ano de 1997, sendo que nas escolas é
de 72,3%, enquanto nas bibliotecas públicas é de 78%, e, na educação superior é de
97% (neste caso são apenas estimativas). A grande contribuição desse autor é que seja
incorporado o acesso a Internet na missão das bibliotecas públicas.
Certamente espera-se que, ao melhorar as condições técnicas das escolas e das
bibliotecas (sejam estas escolares ou públicas), deveriam atender as demandas
reprimidas de informação da população. Mas, para que as condições desejáveis existam,
necessita-se considerar as enormes diferenças da realidade predominante nas bibliotecas
públicas e escolares brasileiras.
A complexidade do problema necessita um conjunto de medidas a serem tomadas pelo
Estado no que se refere em proporcionar acesso à informação para que todos aspectos
sociais, educacionais e econômicos sejam alterados a longo prazo. O fato da proporção
de pobres no Brasil ser de 32,7% em 1998, difere positivamente entre os números
oficiais de 1994 onde era de 44,2% e significativamente distante dos 51% retratados em
1983. Os números existem, a realidade nua e crua é lastimável e isto afeta a sociedade
na íntegra.
A colocação de Dizard (2000, p.15), aplica-se em nosso cotidiano e sintetiza as
angústias sobre o acesso a informação
"existem indícios perturbadores de que os novos recursos de informação
poderiam forçar ainda mais o tecido social americano. Isso se revela na
crescente divisão entre aqueles que têm acesso fácil à informação e aqueles que
são privados de informação mais ampla. A continuar a atual tendência, os
primeiros dominarão totalmente os recursos de informação de que todos
necessitamos para sobreviver e prosperar, e os segundos se tornarão um
lumpem proletariado pós-industrial, relegados ao entretenimento irracional e
outras trivialidades. A garantia de acesso eqüitativo aos recursos de informação
de última geração parece ser a questão mais urgente que enfrentamos à medida
que penetramos no padrão da nova mídia."
Compete a nossa classe bibliotecária pressionar os representantes políticos e
empresariais para que possamos promover o acesso e disponibilidade de meios de
informação digital: desde microcomputadores conectados a Internet, meios de imprimir
e salvar as pesquisas, oferecer espaços para que o indivíduo possa acessar qualquer
informação, seja ela digital ou não, e com isto espera-se que o saber seja a mola
propulsora de uma sociedade digna e próspera.
5 CONSIDERAÇÕES
Os fatores de acesso e promoção aos diferentes processos de leitura e da alfabetização
da palavra, funcional e tecnológica devem ser uma constante nos debates profissionais,
bem como, na formação de novos bibliotecários e também na educação continuada dos
mesmos.
As novas mídias da comunicação possibilitam a interação do sujeito. Onde se pode
participar ativamente do processo de comunicação. Deixa-se a posição de um leitor
passivo para um militante (pró-ativo).
O trabalho de "formiguinha" tem seu efeito de elefante. Pois na rede pode-se ler,
navegar e participar. Encontrar seus pares, criar sua turma nos mais fantásticos
ambientes Web. Seja em uma lista de discussão, ou em um site específico, ou na
publicação eletrônica. O mais importante é participar desse universo. Criar novas
fronteiras. Criar novos mundos. Para finalmente ser um cidadão que pensa no global
mas age e interage no local.
Cabe as bibliotecas públicas oferecerem um mínimo de condições para contribuir
significativamente no desenvolvimento da cidadania, por exemplo: disponibilizar
pessoal de apoio para as atividades de leitura, orientação a pesquisa e dispor de
ferramentas da tecnologia da informação (sejam equipamentos e programas aplicativos)
e oferecer auxílio instrucional.
A classe profissional necessita acompanhar atentamente e colaborar na definição das
políticas governamentais na área de educação e cultura. E buscar cada vez mais recursos
financeiros, tecnológicos, humanos para atender adequadamente os usuários,
principalmente, onde o acesso da informação ainda é utopia.
Também, é de fundamental importância, que estejamos acompanhando a evolução
tecnológica e assumir a posição de mediadores da informação nos diferentes ambientes,
seja nas bibliotecas públicas ou dentro das escolas. Os profissionais de outras áreas
precisam estar cientes da importância e que podem contar com profissionais dedicados e
competentes.
Existem novos espaços a serem desbravados na biblioteconomia, tais como, a presença
virtual de bibliotecas "abertas" 24 horas, onde os usuários possam utilizá-las conforme
suas necessidades informacionais, eliminando entre outras, barreiras consideradas como
o distanciamento físico e horários de atendimento das bibliotecas. Cabe mostrar novas
perspectivas de ação bibliotecária no envolvimento social e educacional dessa Era do
Conhecimento.
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Este artigo foi apresentado no painel do XIX Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação - Porto Alegre 2000
http://www.pucrs.br/cbbd2000
Disponibilizado na Web em 15 de junho de 2000.
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