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CEPPE Centro de Pós-Graduação e Pesquisa
MESTRADO EM ANÁLISE GEOAMBIENTAL
DANIELE DOS SANTOS MARQUES
ESTUDO GEOTECNOGÊNICO DAS ALTERAÇÕES PROVOCADAS PELO USO DA
TERRA DA REGIÃO DO CABUÇU, GUARULHOS, SP.
Guarulhos
2014
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CEPPE Centro de Pós-Graduação e Pesquisa
MESTRADO EM ANÁLISE GEOAMBIENTAL
DANIELE DOS SANTOS MARQUES
ESTUDO GEOTECNOGÊNICO DAS ALTERAÇÕES PROVOCADAS PELO USO DA
TERRA DA REGIÃO DO CABUÇU, GUARULHOS, SP.
Dissertação apresentada à Universidade Guarulhos como
requisito para obtenção do título de Mestre em Análise
Geoambiental.
Orientador: Professor Dr. Antonio Manoel dos Santos Oliveira
Guarulhos
2014
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CEPPE Centro de Pós-Graduação e Pesquisa
A Comissão Julgadora dos Trabalhos de Defesa de Dissertação de
MESTRADO, intitulada “Estudo Geotecnogênico das alterações
provocadas pelo uso da terra da região do Cabuçu, Guarulhos, SP”
em sessão pública realizada em 07 de Abril de 2014, considerou a
candidata Daniele dos Santos Marques aprovada com louvor.
A Banca Examinadora foi composta pelos seguintes pesquisadores:
Prof. Dr. Antonio Manoel dos Santos Oliveira
Orientador
Universidade Guarulhos - UnG
Profa. Dra. Katia Canil
Universidade Federal do ABC - UFABC
Prof. Dr. Marcio Roberto Magalhães de Andrade
Universidade Guarulhos - UnG
Guarulhos 2014
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Este trabalho é dedicado aos meus pais Renildo Onofre dos
Santos e Maria José P.C. dos Santos, a todos os meus
familiares e principalmente ao meu marido Rodrigo Maia
Marques e ao nosso estimado cão Snoopy.
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Agradecimentos
Ao meu orientador e amigo Professor Antonio Manoel, que ao longo desses doze anos,
vivemos boas experiências de fortalecimento de nossa amizade e acima de tudo manter
viva a chama dos ideais, compartilhando vitórias e perdas mas, derrotas, jamais.
Aos companheiros do mestrado Marcio Andrade, Roberto Saad, Kátia Canil, Willian
Queiroz, Sandra Sato, Ericson Silva e Adriana Oliveira por toda ajuda na cartografia,
trabalhos de campo e momentos especiais vividos no laboratório de geoprocessamento.
A FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, pela bolsa de
mestrado concedida para realização desta pesquisa.
A todos que fortalecem diariamente a Associação Cultural e Ambiental Chico Mendes e
aos amantes do Cabuçu.
Aos amigos Ivone e Romildo Felix, Vera Salvo, Miriam Pietri, Solange e Henrique Zanetta,
Antônia Costa, Marli Araújo, José Luiz Batista e todos que de alguma forma contribuíram
para a conclusão deste trabalho.
Aos meus pais Renildo Onofre e Maria José, por permitir que eu retorna-se mais uma vez
a este planeta, com a missão de lutar pelo meio ambiente.
Em especial ao meu marido Rodrigo Maia, por todo o apoio, carinho, dedicação,
compreensão, por compartilhar todos os momentos práticos e teóricos dessa dissertação,
e pela sensibilidade em registrar belas imagens que ilustram este trabalho.
A Deus e todos os espíritos de luz, que sempre me iluminaram nesta jornada no mestrado
e em minha vida, pois como psicografado por Chico Xavier ‘’ quem se ilumina, recebe a
responsabilidade de preservar a luz’’.
6
Hino do Cabuçu
Ó Cabuçu, no meio das
montanhas ficou perdido,
ficou a esperar.
Mas depois que o povo
reuniu com força, todo
Cabuçu subiu.
Os mais cansados enfraqueceram,
você é mais forte
e por ele lutará.
Não importa quantos anos
você tem, ó Cabuçu
você vencerá.
Informativo - Lata d’água, Junho 1987.
7
RESUMO
Esta pesquisa, inserida no âmbito do mestrado em Análise Geoambiental da Universidade
Guarulhos, tem por objetivo conhecer a história da ocupação e as alterações
geoambientais na região do bairro Cabuçu, do município de Guarulhos (SP). Estas
alterações correspondem à criação de novos terrenos, designados tecnogênicos e aos
processos geoambientais desencadeados, como erosão e escorregamentos. O
desenvolvimento da pesquisa considera como referenciais os problemas geoambientais
das periferias submetidas à expansão urbana desordenada da Região Metropolitana de
São Paulo e a abordagem geotecnogênica que considera o homem como agente
geológico. Para desenvolver a pesquisa foram aplicados materiais e métodos para
caracterizar as relações entre o meio físico da região e a história da ocupação,
manifestadas pelos processos geoambientais. Os resultados obtidos poderão contribuir
para a consolidação da Área de Proteção Ambiental Cabuçu – Tanque Grande que foi
criada no município em 2010, Lei n. 6.798, como resultado de pesquisa apoiada pela
FAPESP.
Palavras-Chave: Uso da terra; processos geoambientais; Cabuçu; Guarulhos;
abordagem geotecnogênica.
8
ABSTRACT
This research developed at the Geoenvironmental Analysis Master of Science Course of
Guarulhos University, aims to understand the history of occupation and geoenvironmental
modifications in the Cabuçu region, Guarulhos municipality, São Paulo State, Brazil.
Those modifications correspond to the geoenvironmental processes such as erosion.
Development of this research considers as benchmarks geoenvironmental problems of
inappropriate urban growth in suburbs of the Metropolitan Region of São Paulo and the
geotechnogenicae approach that considers man as a geological agent. Materials and
methods will be applied in order to characterize the relationships between the physical
environment of the region and the history of occupation, expressed by geoenvironmental
processes. The results obtained may contribute to the consolidation of the Environmental
Protection Area Cabuçu - Tanque Grande created in the municipality as a result of a
research supported by FAPESP.
Key words: Land use; geoenvironmental processes; Cabuçu; Guarulhos;
geotechnogenic approach.
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Mapa de localização da área objeto em Guarulhos e na RMSP..............7
Figura 2. Mapa de localização da área objeto na região da APA............................8
Figura 3. Mapa Toponímico da Região do Cabuçu.................................................9
Figura 4. Roteiro metodológico das etapas da pesquisa.......................................15
Figura 5. Mapa de localização do Município na RMSP e na RBCV.......................19
Figura 6. Amostras de Rochas mais comum na Região...........................................26
Figura 7. Morros e montanhas da Serra da Cantareira no Cabuçu ......................27
Figura 8. Exemplo da fitofisionomia da região do Cabuçu....................................29
Figuras 9a e 9b. Diagrama temporal............................................................33 e 34
Figura 10. Foto dos vestígios de mineração na região do Lavras.........................35
Figura 11. Mapa de evolução do uso da terra referente a 1962............................43
Figura 12. Mapa de evolução do uso da terra referente a 1972............................44
Figura 13. Mapa de evolução do uso da terra referente a 1980............................45
Figura 14. Mapa de evolução do uso da terra referente a 1986............................46
Figura 15. Mapa de evolução do uso da terra referente a 1993............................47
Figura 16. Mapa de evolução do uso da terra referente a 2000............................48
Figura 17. Mapa de evolução do uso da terra referente a 2007............................49
Figura 18. Gráfico de evolução do uso da terra.....................................................51
Figura 19. Vale do rio Cabuçu com produção agrícola..........................................52
Figura 20. Implantação do loteamento Parque Continental...................................53
Figura 21. Ocupação do loteamento JD. Cardoso.................................................54
Figura 22. Loteamento JD. Cardoso......................................................................56
Figura 23. Mapa de evolução do uso urbano da terra e sentido das expansões.58
Figura 24. Mapa base dos cenários.......................................................................60
Figura 25. Mapa do cenário histórico 1850............................................................61
Figura 26. Capela Bom Jesus da Cabeça..............................................................62
Figura 27. Mapa do cenário histórico 1900............................................................63
Figura 28. Desmatamento no entorno do lago da barragem do Cabuçu...............64
Figura 29. Construção da adutora e abertura da Estrada do Cabuçu...................65
Figura 30. Mapa do cenário histórico 1910............................................................66
Figura 31. Mapa do cenário histórico 1930............................................................67
Figura 32. Mapa do cenário histórico 1940............................................................68
10
Figura 33. Ruina da olaria do Sr. Hans Heitl Hohl.................................................69
Figura 34. Mapa do cenário histórico 1960...........................................................70
Figura 35. Implantação do loteamento Chácaras Cabuçu....................................71
Figura 36. Palacete de verão do Sr. Aquiles de Lima...........................................71
Figura 37. Mapa do cenário histórico 1970...........................................................73
Figura 38. Implantação do loteamento JD. Monte Alto.........................................74
Figura 39. Mapa do cenário histórico 1980...........................................................75
Figura 40. Mapa do cenário histórico 1990...........................................................77
Figura 41. Lixão na região do Cabuçu..................................................................78
Figura 42. Mapa do cenário histórico 2000...........................................................80
Figura 43. Mapa de paisagens do Cabuçu em 2007............................................86
Figura 44. Mapa do tecnógeno do Cabuçu..........................................................88
Figura 45. Mapa de legislação ambiental.............................................................91
Figura 46. Mapa de áreas com limitações legais ambientais...............................92
Figura 47. Mapa de incompatibilidade legal.........................................................94
Figura 48. Mapa de pontos de reconhecimento de processos.............................97
Figura 49. Esboço do meio físico da região do Cabuçu e traços gerais da
distribuição das rochas em relação ao relevo.......................................................98
11
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Classificação dos depósitos tecnogênicos...........................................13
Quadro 2. Classificação de materiais de depósitos tecnogênicos construídos...14
Quadro 3. Classes de terrenos artificiais dos mapas e dos modelos geológicos
tridimensionais........................................................................................................14
Quadro 4. Levantamento de Sensoriamentos remotos disponíveis da área de
estudo....................................................................................................................16
Quadro 5. Legenda dos mapas de classes de uso da terra.................................39
Quadro 6. Chaves de interpretação de fotos áreas preto e branco para
a elaboração de mapas de uso da terra................................................................40
Quadro 7. Classes de uso urbano da terra conforme tipos de ocupação............41
Quadro 8. Legenda do mapa de paisagens do Cabuçu.......................................88
Quadro 9. Classes de uso da terra, terrenos e depósitos tecnogênicos ............90
Quadro 10. Processos identificados no reconhecimento de campo....................98
Quadro 11. Síntese geo-morfo-pedológico da região do Cabuçu na APA Cabuçu -Tanque
Grande................................................................................................................100
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LISTA DE TABELAS
Tabela 01. Médias mensais e anual da estação pluviométrica da região do Parque
Estadual da Cantareira – Núcleo Cabuçu................................................................25
Tabela 02. Evolução das classes do uso da terra...................................................50
Tabela 03. Evolução das principais classes de uso da terra...................................50
Tabela 04. Distribuição de áreas com limitações legais ambientais .......................93
Tabela 05. Médias da primeira quinzena de Janeiro de 2011.................................96
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABEQUA – Associação Brasileira de Estudos do Quartenário
APA – Área de Proteção Ambiental
APM – Área de Proteção de Mananciais
APP – Área de Preservação Permanente
COMASP – Companhia Metropolitana de Água de São Paulo
DAEE – Departamento de Água e Energia Elétrica
ELETROPAULO – Empresa Metropolitana de Eletricidade de São Paulo
EMPLASA – Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo
FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
FF – Fundação Florestal
IAC – Instituto Agronômico de Campinas
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IF - Instituto Florestal
MAB – Man and Biosphere – O Homem e a Biosfera - Programa da UNESCO
MAG – Mestrado em Análise Geoambiental
ONG – Organização Não Governamental
PEC – Parque Estadual da Cantareira
PIB – Produto Interno Bruto
PJ-MAIS - Programa de Jovens, Meio Ambiente e Integração Social
PMG – Prefeitura Municipal de Guarulhos
PROGUARU - Progresso e Desenvolvimento de Guarulhos
RAE – Repartição de Água e Esgoto
RBCV – Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo
RMBS – Região Metropolitana da Baixada Santista
RMSP – Região Metropolitana de São Paulo
SABESP – Companhia de Saneamento Básico de São Paulo
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.
UNG – Universidade Guarulhos
14
SUMÁRIO
1. Introdução.............................................................................................................1
2. Objetivos...............................................................................................................4
3. Justificativa...........................................................................................................5
5. Matérias e Métodos..............................................................................................7
5.1 Fundamentos da abordagem geotecnogênica.....................................................7
5.2. Etapas da pesquisa...........................................................................................12
Etapa 1 – Atividades preliminares............................................................................12
Etapa 2 – História da região.....................................................................................13
Etapa 3 – O meio físico da região............................................................................13
Etapa 4 - Mapeamento geotecnogênico..................................................................14
Etapa 5 - Quadro de conflitos legais ambientais e processos geotecnogênicos….14
Etapa 6 – Elaboração da dissertação......................................................................14
4. Área Objeto da Pesquisa...................................................................................15
6. Aspectos Regionais: O município de Guarulhos no Contexto da RMSP e da
RBCV.......................................................................................................................18
7. Aspectos Fisiográficos da Região do Cabuçu................................................22
7.1 Aspectos Climáticos...........................................................................................22
7.2 Aspectos Geológicos..........................................................................................25
7.3 Aspectos Geomorfológicos................................................................................26
7.4 Aspectos Pedológicos........................................................................................28
7.5 Aspectos da Vegetação.....................................................................................28
8. História da Região do Cabuçu..........................................................................31
8.1 Contexto histórico..............................................................................................31
8.2 Evolução do uso da terra...................................................................................38
8.3 Evolução e sentido das expansões urbana.......................................................57
8.4 Transformações da paisagem...........................................................................59
9. Análise Geotecnogênica...................................................................................82
9.1 Aspectos fisiográficos como condicionantes do uso da terra............................82
9.2 Cartografia Geotecnogênica..............................................................................84
10. Conflitos legais ambientais ...........................................................................90
11. Reconhecimento dos processos geotecnogênicos.....................................95
12. Conclusão.......................................................................................................100
15
13. Considerações finais.....................................................................................102
14. Referências.....................................................................................................103
Anexos..................................................................................................................112
Anexo A. Cartografia Geotecnogênica da região do Cabuçu, Guarulhos, São Paulo, Brasil
Anexo B. Fichas de Campo
Anexo C. Prancha I
Anexo D. Prancha II
16
1. Introdução
A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) é considerada a mais desenvolvida do
Brasil e, também a mais populosa. A expansão urbana vem eliminando sistematicamente
as áreas verdes do seu entorno, tendo atingido, no município de São Paulo, os limites do
Parque Estadual da Cantareira (PEC), reduzindo o papel de sua zona de amortecimento,
definida conforme o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (BRASIL, 2000).
Como agravante, a expansão urbana está avançando sobre terrenos menos aptos à
ocupação, devido ao relevo de maiores amplitudes e declividades, associado às rochas
cristalinas, mais suscetíveis à erosão, que contribui para o escorregamentos, e
consequentemente à produção de sedimentos e assoreamento dos canais de drenagens,
aumentando o potencial para ocorrência de inundações.
Além disso, vem atingindo áreas com maiores restrições da legislação ambiental,
especialmente as Áreas de Preservação Permanente (APPs) do Código Florestal e Áreas
de Proteção de Mananciais (APMs), eliminando radicalmente os serviços ecossistêmicos
(ALCAMO et al., 2003) proporcionados pela cobertura vegetal e, ainda, impactando os
mananciais que hoje se destinam ao abastecimento, com graves consequências para a
Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo (RBCV).
Em Guarulhos, a expansão urbana avança de sul para norte, sobre terrenos menos aptos
à ocupação urbana, como no processo de expansão semelhante na RBCV (OLIVEIRA,
n.p.).
Segundo Andrade (2009) a RBCV se constitui no elemento autotrófico mais importante do
complexo metropolitano da capital paulista. A perda da vegetação pela expansão urbana
significa perda dos serviços ecossistêmicos. Assim, um planejamento do uso da terra que
valorize os serviços ecossistêmicos da biosfera é condição fundamental para a
sustentabilidade da ocupação na região norte do município de Guarulhos nas condições
adversas do terreno de elevadas declividades de relevo de morros e montanhas. Por isso
Andrade (2009) considera necessário um parcelamento do solo que respeite os atributos
ambientais da RBCV.
17
Esta situação da metrópole em persistente expansão vem demandando novas formas de
gestão e de políticas públicas que tenham como meta a harmonização das ações
humanas com a natureza. A região do Cabuçu situada em Guarulhos se revelou como
uma área prioritária para a gestão ambiental de um importante setor da RBCV no
município.
Tendo em vista as preocupações anteriormente expostas, em 25 de maio de 2007 foi
promulgada a Lei Municipal Nº 6.253, que trata do Uso, Ocupação e Parcelamento do
Solo ou Lei de Zoneamento (GUARULHOS, 2007), cujo artigo 42 determina a criação da
Área de Proteção Ambiental do Cabuçu – Tanque Grande por meio de lei específica. A
escolha desta unidade de conservação de uso sustentável como medida apropriada foi
efetivada por sua característica principal de proporcionar uma gestão ambiental
participativa com o funcionamento de seu Conselho Gestor, no qual participam, além de
representantes do poder público, representantes da sociedade civil organizada (BRASIL,
2000). Esta escolha foi fruto do desenvolvimento de Projeto de Pesquisa realizada pela
UNG com o apoio da FAPESP em seu Programa de Pesquisa em Políticas Públicas
(OLIVEIRA et al. 2005).
Segundo Andrade (2009) a criação da APA do Cabuçu – Tanque Grande representa uma
alternativa razoável de planejamento ao tentar compatibilizar a vocação urbana com a
ambiental.
Em 28 de dezembro de 2010, finalmente a Lei Nº 6.798 que específica a APA foi
aprovada pelo Legislativo (GUARULHOS, 2010). Em Junho de 2011 foi constituído o
Conselho Gestor, cuja autora desta pesquisa exerceu o cargo de vice-presidência por
dois anos.
A APA Cabuçu - Tanque Grande constitui assim uma alternativa de resistência às fortes
pressões imobiliárias que se manifestam na região, em direção ao Núcleo Cabuçu do
PEC, tendo sido neste sentido fortalecido pelo estudo de planejamento ambiental
realizado por Andrade (2009).
Para uma maior compreensão do avanço da ocupação na região do Cabuçu, se faz
necessário uma abordagem geotecnogênica, ou simplesmente tecnogênica (TER-
STEPANIAN, 1988), ou seja, que considera o homem como agente geológico. O tema
18
ainda é relativamente pouco difundido no Brasil, tendo sido realizado em 2005 o 1º
Encontro Brasileiro do Tecnógeno pela Associação Brasileira de Estudos do Quaternário
– ABEQUA, na cidade de Guarapari, estado do Espírito Santo (OLIVEIRA, 2005); desde
essa data até o presente momento não houve a realização de novos eventos do tema.
Entretanto, destaca-se a realização da edição especial da revista da ABEQUA -
“Quaternary and Environmental Geosciences”, sobre o Tecnógeno cuja edição está
prevista para este ano de 2014. Esta edição conta com um artigo referente a esta
pesquisa Marques, D.S.; Oliveira, A.M.S., Cartografia Geotecnogênica da região do
Cabuçu, Guarulhos, São Paulo, Brasil; apresentado no Anexo A desta dissertação.
As transformações geoambientais por ação antrópica seguem a história da civilização
humana, passando das transformações pontuais, locais, às regionais, continentais e, hoje,
globais (GOUDIE, 1997).
A transformação do ambiente pela ação antrópica tem sido comumente analisada por
meio dos mapeamentos do uso da terra, como um retrato da ocupação da época em que
são realizados, para diversas finalidades.
A adoção da abordagem geotecnogênica (OLIVEIRA et al. 1995) para a análise da
história da ocupação nesta pesquisa é relevante, porque o alvo é a caracterização dos
impactos geoambientais do uso da terra. Como este uso da terra tem uma sequência
histórica, referente ao processo de ocupação da área objeto, faz-se necessário elaborar
mapas de uso da terra que representem os fatos notáveis de alteração do meio ambiente,
especificamente o meio físico, ou seja, geoambiental.
A abordagem geotecnogênica tem como um dos seus principais desafios o mapeamento
das coberturas tecnogênicas que se superpõem aos terrenos naturais, alterados ou não
por escavações ou contaminações. Entretanto, as pesquisas sobre as formas de
representação destes elementos ainda são poucos, como Mirandola (2003) em áreas de
risco da favela Parque Real em São Paulo e Silva (2013) para a ilha de Santa Catarina.
19
2. Objetivos
O principal objetivo desta pesquisa é valorizar a importância da perspectiva histórica da
ocupação e as decorrentes alterações geoambientais na área objeto, região do Cabuçu
da APA, em Guarulhos (SP), sob o ponto de vista do homem como agente geológico, ou
seja, com uma abordagem geotecnogênica.
2.1 Objetivos específicos
Como objetivos específicos são destacados para a área objeto, os seguintes:
documentar a história geoambiental da Região desde 1850;
elaborar mapa de paisagens e do tecnôgeno;
diagnosticar os processos geotecnogênicos;
analisar os conflitos legais atuais.
20
3. Justificativa
A ocupação da região do Cabuçu é relativamente antiga, considerando como o fato mais
remoto pesquisado, a construção da Capela Bom Jesus da Cabeça em 1850, além do
fato notável da construção da primeira barragem de concreto armado do Brasil em 1904,
conforme Fonseca (2007).
Entretanto, não houve ainda uma sistematização do conhecimento histórico que se
encontra disperso em rara bibliografia e no testemunho dos moradores mais antigos.
Na bibliografia destaca-se a realização da pesquisa de arqueologia do Cabuçu na tese de
doutoramento “As águas do passado e os reservatórios do Guaraú, Engordador e
Cabuçu: um estudo de arqueologia industrial.” de Fonseca (op. cit.) que, entretanto,
objetiva especificamente a barragem do Cabuçu. Destaca-se também a pesquisa de
Graça (2007), voltada aos condicionantes geoambientais no processo histórico da
ocupação territorial de Guarulhos, desenvolvida no âmbito do Mestrado em Análise
Geoambiental da UnG que, entretanto, apresenta um quadro regional sem detalhar a
região do Cabuçu. E, finalmente, deve-se fazer menção à pesquisa de Andrade (2009),
que reconhece fases recentes de ocupação da região do Cabuçu.
Assim, documentar a história da região, como objetivo específico da presente pesquisa,
constitui contribuição relevante à memória da ocupação da periferia da RMSP, sujeita a
uma dinâmica acelerada de transformação que apaga os vestígios das ocupações
anteriores.
Entretanto, deve-se enfatizar que o interesse maior desta história ambiental, no escopo da
pesquisa, corresponde, essencialmente, aos fatos históricos que alteraram o uso da terra
e, portanto, especificamente os processos geoambientais.
Com esse resgate específico da história da ocupação torna-se mais viável compreender a
paisagem atual, cicatrizes de processos, ativos ou não, cujas causas podem não mais
estar presentes, como, por exemplo, a identificação de escavações como cicatrizes de
antigas olarias que forneceram tijolos para São Paulo no início do século XX (KISHI,
2007).
21
Este procedimento é aplicado na compreensão do uso da terra com base no estudo dos
depósitos tecnogênicos (CHEMEKOV, 1983; OLIVEIRA, 1990) que registram, em suas
camadas, os processos erosivos correlatos, devido ao uso da terra das bacias onde são
formados. Na região do Cabuçu, Souza (2007) detalhou a ocorrência de um depósito
tecnogênico no córrego do Pau d’Alho que registra a ocupação rural referente ao cultivo
de chuchu e a ocupação urbana relativa ao loteamento do Parque Continental. Embora,
seja um estudo pontual, a pesquisa constitui um exemplo significativo da importância dos
depósitos tecnogênicos como testemunho da história do uso da terra. Pesquisa
semelhante vem sendo desenvolvida por Oliveira (2013) sobre depósitos tecnogênicos de
diversas classes também em loteamento urbano, somando, com Souza (op. cit.) e esta
pesquisa no desenvolvimento da linha de pesquisa do MAG – UnG, recém criada:
Antropoceno (CRUTZEN; STOERMER; 2000).
Justifica-se também a presente pesquisa pela perspectiva de vir a contribuir para a gestão
da Área de Proteção Ambiental Cabuçu – Tanque Grande, propiciando a caracterização
dos passivos ambientais da ocupação, com o levantamento dos processos geoambientais
e dos conflitos legais, como impactos ambientais do uso da terra.
Destaca-se como justificativa para a realização desta pesquisa a perspectiva de vir a
contribuir para os estudos do Tecnógeno no Brasil, propostos por Oliveira et al. (2005). E
ainda, que esta pesquisa está voltada a contribuir para o avanço dos procedimentos,
conforme já referido na introdução, ou seja, poucos exemplos de mapeamento
geotecnogênico no Brasil, (MIRANDOLA, 2003; SILVA, 2013). Mesmo internacionalmente
destacam-se apenas os mapeamentos da BGS – British Geological Survey que,
entretanto, estão voltados às condições específicas da geologia e de uso da terra, da
Inglaterra.
E, finalmente, registra-se que esta pesquisa foi desenvolvida com apoio da FAPESP, por
meio da bolsa de mestrado (Processo N. 2011/16456-8)
22
4. Área Objeto
A área objeto da pesquisa corresponde a quase totalidade do bairro Cabuçu de Guarulhos
(320 km²), município que integra a Região Metropolitana de São Paulo – RMSP que
abrange 39 municípios, numa área de cerca de 8.000 km². A Figura 1 apresenta a
localização da área em Guarulhos e na RMSP.
Figura 1. Mapa de localização da área objeto em Guarulhos e na RMSP
A área objeto da pesquisa (16,2 km²), corresponde ao setor da APA Cabuçu – Tanque
Grande (32,2 km²), conhecido como região do Cabuçu, conforme delimitação da zona de
defesa no entorno do Núcleo Cabuçu (26 km²) do Parque Estadual da Cantareira – PEC
(80 km²), apresentado no Atlas Geoambiental da Região Cabuçu – Tanque Grande,
Guarulhos, SP (OLIVEIRA et al. 2008). Portanto os limites da área objeto coincidem com
os da denominada região Cabuçu, dentro da APA, conforme delimitação apresentada na
Figura 2.
Na área objeto da pesquisa, os vários locais reconhecidos pelos moradores possibilitaram
a elaboração do mapa toponímico da Figura 3 que auxilia na descrição da fisiografia e da
história local.
23
Figura 2. Área objeto de estudo correspondente à região do Cabuçu da APA Cabuçu – Tanque Grande.
Fonte: Oliveira et al. 2008.
25
5. Materiais e métodos
A abordagem adotada para o desenvolvimento da presente pesquisa foi considerar o
meio físico do ponto de vista do Tecnógeno, ou seja, o homem como agente geológico, o
que implicou em pesquisar a história local, traduzida em mapas de uso da terra e os
processos geoambientais decorrentes.
5.1 Fundamentos da Abordagem Geotecnogênica
Desde o momento em que o homem passou a usar a técnica para dominar a natureza,
especialmente a produção de alimentos na revolução agrícola, há 10.000 anos A.P.,
diferenciou-se dos outros animais assumindo o papel específico de agente cultural de
transformação do meio ambiente, iniciando o processo civilizatório, (TER-STEPANIAN,
1988).
Segundo Brown (1971), em concordância com Ter–Stepanian (op. cit.) pode-se apontar
três instrumentos significativos para o homem em seu processo de transformação da
natureza, o arado, a pá e a pólvora, segundo:
Do arado primitivo originou-se uma sucessão de meios
melhorados de revolver a terra, o trator de três ou quatro
laminas todos destinados a morder mais fundo a terra. Das
pás que cavam fossos aos bulldozers, pás mecânicas e
escavadeiras. A pólvora conduziu à dinamite, à bomba arrasa
quarteirão e à explosão nuclear muito mais poluidora debaixo
da terra.
Destaca-se o arado, instrumento participante da revolução agrícola iniciada há dez mil
anos que marca definitivamente o inicio do papel do homem como agente geológico
(TER-STEPANIAN, op. cit.). A necessidade crescente de uma população pulsante por
comida impulsionou esse agente a intensos processos de transformação do meio
ambiente seja nos campos, nos cultivos, seja nas cidades, com a transformação mais
intensa. Entre o campo e a cidade, a interligação por estradas alteraram o comportamento
das águas, se tornaram canais para as águas das chuvas e fazem parte da natureza dos
26
estreitos vales e ravinas (BROWN, op.cit.). Da mesma forma, os reservatórios construídos
com a finalidade de produção de energia elétrica e abastecimento, passaram a integrar a
natureza, como lagos.
Entretanto, é nas áreas urbanas que o meio ambiente é mais profundamente modificado,
em relação ao original. Nele não só a cobertura vegetal é eliminada ou extremamente
reduzida, como o meio físico é alterado constituindo-se novos terrenos, seja por
escavações, seja por aterros, e ambos ou os terrenos terraplenados por contaminação.
Dentro deste contexto, uma abordagem indispensável para compreender os processos
instalados numa certa região é a análise da história do uso da terra. Segundo Oliveira et
al. (2007), o mapa de uso da terra de uma dada região é normalmente considerado como
uma informação secundária em relação aos estudos geoambientais. Entretanto,
prosseguem os autores acima referidos, os mapas de uso da terra devem ser valorizados
nas questões ambientais, pois permitem compreender os processos geológicos atuais,
que resultam da ação do homem, enquanto agente transformador do meio ambiente.
As variações do metabolismo primário do meio natural, segundo Ab’Saber (1969)
caminham para a irreversibilidade de sua capacidade de regeneração das ações do
agente geológico, afastando cada vez mais o meio ambiente desse meio natural.
Os depósitos tecnogênicos podem ser testemunhos das transformações, portanto
indicadores de compreensão da ação geológica do homem em varias áreas intensamente
modificadas. Bertê (2001) define um depósito tecnogênico como:
É o testemunho material da atividade humana que, ao se
apropriar da natureza através de suas relações de produção e
do emprego de uma técnica que reflete um momento histórico
específico do seu nível de desenvolvimento, acaba por
produzir modificações na fisiografia e fisiologia das paisagens.
São vários os fatores que contribuem para criação de um depósito tecnogênico, como
descrito por Silva (2012) seja pela criação, indução, intensificação ou modificação da
erosão e da carga sedimentar correlativa, escorregamentos em geral, infiltração e
27
escoamento, drenagem pluvial e fluvial, taxas de sedimentação. Tais fatores são aliados
ao crescimento populacional e à falta de compreensão do comportamento do meio
ambiente, tornando presente a afirmação de Lyell (1830 apud ROSSATO;
SUERTEGARAY, 2000) em que os processos passados não são visíveis, somente seus
efeitos, ou seja, os depósitos testemunham os processos que os formaram.
A abordagem geotecnogênica foi proposta por Oliveira et al. (1995) para a Geologia de
Engenharia considerar os problemas geológico-geotécnicos do ponto de vista da ação do
homem como agente geológico.
A Geologia mostra que a superfície terrestre é transformada ao longo das eras pela ação
de agentes geológicos externos ou exógenos, como a chuva, o vento e o gelo, e internos
ou endógenos, como o tectonismo e o vulcanismo.
Atualmente tem sido com frequência destacado o papel dos organismos nesses
processos de alteração ao ponto de ter sido construída a Teoria Gaia que considera o
Planeta como um ser vivo (LOVELOCK, 1988).
Entretanto, o homem, como espécie, ultrapassou o papel de agente geológico natural
manifestando-se como agente cultural da transformação ambiental quando, segundo Ter-
Stepanian (1988) passou de coletor e/ou caçador para produtor de alimentos há 10.000
anos, na Revolução Agrícola (RIBEIRO, 1975).
Com base nesta análise Ter-Stepanian (op.cit.) propõe que a época geológica Holoceno
seja considerada uma transição para o Tecnógeno, quando não existirem mais paisagens
naturais no planeta, senão em unidades de conservação.
Outros autores também consideram o homem como agente geológico, embora possam
discordar do marco que assinala a mudança como é o caso de Crutzen e Stoermer (2000)
que propõem a Revolução Industrial (1800) como início do Antropoceno.
Recentemente, Wilkinson (2005) fez cálculos estimativos da ação do homem no planeta e
comparando-os com a dos agentes naturais, chegou à conclusão de que a humanidade,
atualmente, movimentou mais materiais naturais, cerca de 10 vezes mais, do que a soma
28
de todos os outros processos naturais que operam na superfície do planeta. Seus
cálculos levaram-no a identificar a última parte do primeiro milênio da era cristã, como o
momento em que o homem se tornou o principal agente geológico da Terra, não
propondo entretanto uma nova época geológica.
As alterações do meio ambiente ocorrem atualmente com maior frequência por meio das
ocupações urbanas sem planejamento. Como relata Almeida (1996) a concentração
urbana ocorre em velocidade superior à implantação de infra-estruturas, ao analisar as
relações deste uso com o meio físico e os problemas decorrentes. Essas transformações
colocam um desafio aos estudos geológicos na medida em que novos terrenos passaram
a existir na superfície terrestre.
A abordagem geotecnogênica, que tem como paradigma o homem como agente
geológico, realiza o estudo dos depósitos tecnogênicos como testemunhos das
transformações e está avançando nos mapeamentos desses novos terrenos, como e a
prática atual da British Geological Survey (PRICE et al. 2011).
Como base para esses mapeamentos podem ser consideradas as propostas de diversos
autores como a seguir apresentadas nos Quadros 1, 2 e 3.
Depósitos tecnogênicos Descrição
Construídos resultantes da ação humana direta, como aterros sanitários.
Induzidos
resultantes de processos naturais modificados, como
depósitos de assoreamento de reservatórios.
Modificados
depósitos ou terrenos naturais preexistentes mas alterados,
com solos poluídos.
Quadro 01. Classificação dos depósitos tecnogênicos (OLIVEIRA, 1990).
29
Classes de materiais de
depósitos tecnogênicos
Descrição
Materiais Úrbicos
São depósitos de artefatos manufaturados pelo homem,
como tijolos, vidros, concreto, pregos, por ex. detritos de
demolição de edifícios.
Materiais Gárbicos
São depósitos de material detrítico com lixo orgânico, de
origem humana, muito ricos em matéria orgânica para
gerar metano em condições anaeróbicas.
Materiais Espólicos
São depósitos de materiais terrosos escavados; e
redepositados por operações de terraplenagem e outras
obras civis, incluindo assoreamentos induzidos.
Materiais Dragados São depósitos de materiais terrosos provenientes da
dragagem de cursos d’água e comumente depositados
em cotas topográficas superiores às da planície aluvial.
Quadro 02. Classificação de materiais de depósitos tecnogênicos construídos, elaborado com base em
Fanning e Fanning (1989, apud PELLOGIA 1998).
Classes de terrenos
artificiais
Descrição
Terreno produzido
(made ground)
áreas onde o material foi disposto pelo homem sobre uma
superfície de terreno natural pré-existente.
Terreno escavado
(worked ground)
áreas onde uma superfície pré-existente de superfície de terreno
foi escavada pelo homem.
Terreno preenchido
(infilled ground)
áreas onde uma superfície pré-existente de terreno foi escavada
(terreno escavado) e subsequentemente parcial ou totalmente
preenchida (terreno produzido) pelo homem.
Terreno perturbado
(disturbed ground)
áreas de superfície próximas a minerações onde foram
realizadas escavações (terreno escavado); áreas de subsidência
causadas pelas escavações e bota-foras (made ground)
associadas entre si de forma complexa.
Terreno transformado
ou misto
(landscape ground)
áreas onde a superfície do terreno foi extensamente remodelada,
mas que é impraticável delinear as áreas de terreno produzido,
escavado ou perturbado.
Quadro 03. Classes de terrenos artificiais dos mapas e dos modelos geológicos tridimensionais produzidos
pela British Geological Survey. Modificado de Ford et al. (2010 apud PRICE et al. 2011).
30
5.2 Etapas da pesquisa
As principais etapas que foram realizadas no projeto estão ilustradas na Figura 4, cujas
atividades são a seguir apresentadas.
Figura 4. Roteiro metodológico das etapas da pesquisa.
Etapa 1 – Atividades Preliminares
As atividades preliminares contemplaram a atualização do conhecimento disponível sobre
a área do ponto de vista das características físicas e da história da ocupação, ou seja,
levantamentos da bibliografia e de dados disponíveis.
O levantamento bibliográfico foi direcionado para os temas principais indicados pela
fundamentação necessária a esta pesquisa, conforme item 5.1 (Fundamentos da
Abordagem Geotecnogênica) e para os temas de caracterização do geoambiente da área.
O levantamento de dados foi realizado em órgãos públicos como a Prefeitura de
Guarulhos por meio de suas Secretarias de Meio Ambiente, Secretaria da Cultura,
Secretaria do Desenvolvimento Urbano e Departamento de Informática e Tecnologia;
historiadores de Guarulhos; Arquivos Históricos Municipal e Estadual; Instituto Florestal,
Fundação Florestal e Laboratório de Geoprocessamento da UNG – LabGeopro/UNG.
Além disso, foram utilizados os dados de entrevistas com os moradores mais antigos da
área objeto, realizadas pelo Ponto de Cultura Chico Mendes/Cabuçu em sua Oficina de
Resgate Histórico do Cabuçu.
Etapa 1
Atividades Preliminares
Etapa 2
Uso da terra e
história da
região
Etapa 3
Meio físico
Etapa 4
Mapeamento Geotecnogênico
Etapa 5
Quadro de
conflitos legais
ambientais e
Processos
Geotecnogênico
Etapa 6
Elaboração da
Dissertação
31
Etapa 2 – História da Região
Com base nas atividades 1 e 2 da Primeira Etapa do método, foi descrita a história da
área objeto, desde os primeiros fatos até os dias atuais com vistas a se obter os mapas
do cenário evolutivo desta ocupação. Para completar o cenário evolutivo foram
elaborados diagramas temporais que destacam os fatos notáveis que ocorreram no Brasil,
Guarulhos e na área objeto.
Com base nas interpretações das fotos aéreas e imagens de satélite foram elaborados os
mapas de uso da terra da área. Para a região estão disponíveis até o presente momento
os levantamentos de sensoriamento remoto apresentados no Quadro 4.
Quadro 4. Levantamento de Sensoriamento remoto disponíveis da área de estudo.
Etapa 3 – O Meio Físico da Região
A caracterização do meio físico da área objeto foi realizada com base nos levantamentos
bibliográficos e em compilação de dados disponíveis no Laboratório de
Levantamento aerofotogramétrico
e cobertura por Satélite
Ano
Escala /
Resolução
Instituição
Levantamento
Aerofotogramétrico.
1962
1:25.000
IAC – Instituto Agronômico de
Campinas
Levantamento
Aerofotogramétrico.
1970
1:20.000
EMPLASA
Levantamento
Aerofotogramétrico.
1980/81
1:35.000
ELETROPAULO, SABESP,
EMPLASA
Levantamento
Aerofotogramétrico.
1984/86
1:10.000
ELETROPAULO, SABESP,
EMPLASA
Levantamento
Aerofotogramétrico.
1993/94
1:5.000
PMG – Prefeitura Municipal de
Guarulhos
Levantamento
Aerofotogramétrico.
2000
1:5.000
PMG - Prefeitura Municipal de
Guarulhos
Satélite IKONOS
2007
100 cm
UnG – Universidade
Guarulhos
32
Geoprocessamento da UNG – LabGeopro/UNG, especialmente nos já referidos Projetos
desenvolvidos com o apoio da FAPESP (OLIVEIRA et al. 2005 e 2009) e na pesquisa de
doutoramento de Andrade (2009).
Foram caracterizados os aspectos climáticos, geológicos, geomorfológicos, pedológicos e
vegetacionais da área objeto, com base nesses dados disponíveis, possibilitando a
elaboração de mapas mais detalhados que os já existentes.
Tais levantamentos possibilitaram a elaboração do mapa síntese dos fatos mais
significativos das alterações do meio físico da região, considerando-se as principais
classes de uso: vegetação, agricultura e ocupação urbana.
Etapa 4 – Mapeamento Geotecnogênico
O mapeamento geotecnogênico foi elaborado com base no mapa de uso atual da terra
(2007) traduzido em termos de abordagem geotecnogênica, apresentando as paisagens
naturais e transformadas. Nas transformadas foram aplicadas as classificações
disponíveis para caracterizar os terrenos tecnogênicos.
Etapa 5 – Quadro de conflitos legais ambientais e processos geotecnogênicos
Para a caracterização do quadro de conflitos legais ambientais foi realizada a compilação
dos estudos de Oliveira et al. (2009) e efetuada a correlação com as paisagens
geotecnogênicas. Para a caracterização dos processos da área objeto foi realizado
trabalho de campo em 23 e 27 de dezembro de 2013 e 10 e 15 de fevereiro de 2014,
elaborando-se fichas de cadastro onde se registraram os principais aspectos observados.
Este trabalho de campo possibilitou o reconhecimento dos principais componentes do
meio físico: rochas, relevo e solos.
Etapa 6 – Elaboração da dissertação.
A elaboração da dissertação consistiu na análise dos resultados obtidos, extraindo-se as
conclusões correspondentes.
33
6. Aspectos Regionais. O município de Guarulhos no contexto da RMSP e da
RBCV.
Guarulhos, com 453 anos, é hoje o segundo município paulista com maior população de
1.221.979 habitantes segundo IBGE (2010), tendo moldado seu território, planícies,
colinas, morrotes e morros com ocupações nem sempre ordenadas, dentre seus 320 km²
de extensão.
Dentro do contexto rodoviário o município possui três grandes rodovias sendo elas
Rodovia Fernão Dias, Presidente Dutra e Ayrton Senna, facilitando assim a concentração
de indústrias – pólo industrial de Cumbica, somando aproximadamente 4.266 indústrias,
(GUARULHOS, 2011). No ano de 2013, foram iniciadas as obras de implantação do
Rodoanel Mario Covas – Trecho Norte, cujo traçado passa pela a área objeto da
pesquisa.
O município está localizado a nordeste da Região Metropolitana de São Paulo – RMSP,
composta por 39 municípios, ocupando a 8ª economia do país no ano de 2011, tendo o
maior complexo aeroportuário da América do Sul (GUARULHOS, 2011). Como municípios
circunvizinhos tem Mairiporã e Nazaré ao norte, Santa Isabel ao nordeste, Arujá ao leste,
Itaquaquecetuba ao sudeste e São Paulo a sul, sudeste, oeste e noroeste.
Guarulhos é também um dos municípios da RBCV. A Figura 5 apresenta a localização de
Guarulhos na RBCV e na RMSP.
Para Ramos (2002), nas últimas décadas, a Região Metropolitana de São Paulo - RMSP,
tem passado por um processo de crescimento intenso e desordenado a uma taxa da
ordem de 20 km2/ano. Em 1991, a população era de aproximadamente 15 milhões de
habitantes e em 2006 atingiu 19,7 milhões (EMPLASA, 2007), numa área urbanizada de
cerca de 1.500 km².
O resultado é que a mancha urbana alcançou áreas onde predominam os terrenos
cristalinos, com declividades mais acentuadas e solos rasos suscetíveis ao processo
erosivo e, dependendo da forma de uso da terra, ocorre manifestação intensa de erosão,
34
capaz de proporcionar elevadas taxas de produção de sedimentos que acabam por atingir
os principais rios da região até o rio Tietê, segundo Campagnoli (2002).
Figura 5. Mapa de Localização de Guarulhos na RBCV e na RMSP.
A expansão periférica das áreas urbanas, por vezes sem bases legais, em terrenos cada
vez menos favoráveis, sobre áreas de relevo intenso como morros, vem provocando
alterações geoambientais significativas e gerando áreas suscetíveis à erosão e aos
escorregamentos.
A RMSP concentra uma população estimada em 16,3 milhões de habitantes, dos quais 10
milhões estão situados no município de São Paulo; tendo 1.747 km² de área urbanizada.
Além da concentração da urbanização a RMSP corresponde a mais de 50% do PIB do
Estado e a 18,55% da riqueza do País (SÃO PAULO, S/D).
Para manter estes dados econômicos descritos acima, a expansão na RMSP vem se
intensificando cada vez mais, resultando em menos áreas verdes e mais áreas urbanas,
com vários impactos ambientais decorrentes da perda dos serviços ecossistêmicos da
biosfera* (OLIVEIRA et al. 2009).
35
De fato, a RMSP situa-se na RBCV, criada em 1994 pela UNESCO - Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Esta região possui uma área total
de 17.600 km², onde residem 10% da população nacional, o equivalente a 23 milhões de
pessoas. No território da RBCV há 2.200 km² de área urbana, que ainda contrasta com a
exuberância de sua cobertura vegetal correspondente a 6.140 km². (RBCV, 2003).
As reservas da biosfera são “áreas reconhecidas pelo Programa O Homem e a Biosfera,
que inovam e demonstram abordagens para a conservação e o desenvolvimento
sustentável”. Este programa conhecido internacionalmente desde 1976 (MaB – Man and
Biosphere) e gerido pela UNESCO, (RBCV, 2003).
Ao todo 73 municípios paulistas compõem a RBCV, que também inclui a Região
Metropolitana da Baixada Santista – RMBS.
Entretanto as ameaças a RBCV remontam à época do Brasil colônia, tendo suas árvores
inicialmente substituídas pelo café, cana-de-açúcar e pasto para pecuária; como
demonstra Setzer (1955), em estudo realizado sobre o potencial do solo para agricultura
realizado na década de 1940, onde já apontava a necessidade de preservação do
cinturão verde de São Paulo, para continuidade dos serviços ambientais futuros,
principalmente na produção de alimentos. Atualmente as ameaças estão cada vez mais
intensas não dando chance à recomposição natural das áreas verdes.
Com o processo de expansão urbana da RMSP não só são eliminados os serviços
ecossistêmicos das coberturas vegetais como são geradas áreas de riscos geológicos.
Portanto, a degradação ambiental das áreas assim ocupadas soma dois ônus, a perda
dos serviços e os prejuízos econômicos e danos sociais decorrentes dos processos
geohidrológicos que se manifestam intensamente.
*Serviços ecossistêmicos da biosfera são os fluxos de matéria, energia e inspiração de áreas preservadas ou conservadas que o
homem usufrui para o se bem estar.
36
Para enfrentar esta situação o Conselho da RBCV instalado no Instituto Florestal da
Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, vem promovendo várias ações
com destaque para o Programa de Jovens, Meio Ambiente e Integração Social – (PJ –
MAIS).
O PJ é um programa de educação ecoprofissional e formação integral tendo como público
alvo adolescentes entre 15 e 21 anos de idade, habitantes de zonas periurbanas do
entorno da RBCV. Em dez anos o programa atendeu mais de 1.300 jovens, sendo que um
dos seus Núcleos de Ação corresponde ao município de Guarulhos, tendo a autora desta
dissertação participado do Programa como aluna e posteriormente educadora. (IF, S/D).
A área objeto de pesquisa situa-se nestas condições de estar sendo sujeita à ocupação
de um uso da terra com limitações legais e ambientais, no entorno do Núcleo Cabuçu do
PEC, cuja cobertura vegetal é considerada uma das maiores florestas urbanas do mundo.
Assim, estabeleceu-se um forte contraste entre uma área de conservação integral e a
área contígua, objeto da pesquisa, sujeita a um uso da terra sem sustentabilidade
ambiental.
37
7. Aspectos Fisiográficos da Região do Cabuçu
A descrição das características gerais da fisiografia da região do Cabuçu foi pautada na
análise bibliográfica disponível referente aos seguintes aspectos: climáticos, geológicos,
geomorfológicos, pedológicos e de vegetação.
Nos diversos aspectos considerados o território de Guarulhos pode ser dividido em dois
compartimentos principais: sul e norte (OLIVEIRA et al. 2009). O compartimento sul
apresenta–se mais baixo com cotas de 670 a 850 m, enquanto o compartimento norte
apresenta terrenos com cotas de 850 a 1.438 m.
Há uma relação entre o relevo e o substrato geológico nos compartimentos norte e sul. No
compartimento sul destaca-se a ocorrência predominante de sedimentos cenozóicos e
aluviões em colinas e morrotes. No compartimento norte, predominam rochas cristalinas
(metassedimentares, metavulcânicas, granitos, etc) em morros e montanhas.
A região objeto ocorre no compartimento norte, portanto nos terrenos mais declivosos de
morrotes e morros esculpidos em rochas cristalinas.
7.1 Aspectos Climáticos
O clima é descrito por Andrade (1999), como mesotérmico brando úmido, o mês de junho
apresentando a temperatura mais baixa com média de 16,6°C. Os demais meses
apresentam média de 20,9°C, segundo Monteiro (1973 apud ANDRADE, 1999).
No mapa de classificação climática do Brasil segundo Koppen, de Galvão (1968 apud
MOREIRA; PIRES NETO, 1998), a região apresenta quatro tipos de domínio climático C,
que constitui um clima temperado, com a temperatura média do mês mais frio entre 18° e
3°C, sendo eles:
- Cfa quando não há estação seca, ou seja, quando a média do mês mais seco é superior
a 60 mm e quando a temperatura média do mês mais quente é superior a 22°C;
38
- Cfb idem ao Cfa, porém com a temperatura média do mês mais quente inferior 22°C;
- Cwa quando se configura uma estação mais seca, coincidente com o inverno, com um
mês mais quente superior a 22°C;
- Cwb idem ao Cwa, mas com temperatura média do mês mais quente inferior a 22°C.
De acordo com Nimer (1989, apud GRAÇA, 2007), a posição geográfica da região
Sudeste, nas proximidades do Trópico de Capricórnio, lhe confere forte radiação solar e
uma posição de transição entre duas grandes regiões dominadas por climas muito
diferentes. Todavia, precisar qual ou quais climas são predominantes na região, somente
é possível com longo período de dados por meio da instrumentação meteorológica
necessária.
Negreiros et al. (1974) classificou o clima da região da Cantareira, onde se situa a região
do Cabuçu, como Cfb, onde o mês mais quente não atinge os 22°C. Já Silva (2000),
considera janeiro o mês que apresenta temperatura mais elevada, com média de 24,3°C e
junho como o mês com a temperatura mais baixa, com média de 16,6°C, tendo como
temperatura e média anual de 20,9°C, portanto indicando um clima Cfa. Contudo, Oliveira
et al. (2009), verificou que as temperaturas máximas dos meses mais quentes superam
os 30°C e as mínimas dos meses mais frios chegam abaixo dos 10°C, reforçando a
classificação do clima como sendo do tipo Cfa. O estudo de Negreiros et al. (op. cit.) foi
baseado em medidas ao longo de 29 anos e publicado em 1974; o de Silva (op. cit.) foi
baseado em 6 anos com publicação em 2000 e Oliveira et al. (op. cit.) foi baseado em 3
anos com publicação em 2009. As diferentes conclusões dos autores a respeito do clima
da região devem corresponder ao fato de que cada autor se fundamentou em series de
medidas diferentes e alem disso, deve-se considerar que podem ter havido alterações
provocadas pela ilha de calor da Região Metropolitana de São Paulo que segue a
expansão urbana, substituindo áreas verdes por áreas impermeabilizadas, num período
longo, dos anos de 1970 aos anos de 2000.
Ab’ Saber (1978) apud Silva (op.cit.) descreve que, na cimeira da Serra da Cantareira as
temperaturas variam de 18° a 19°C, sendo que a massa principal de umidade envolve a
39
cumeada da Cantareira, onde há um clima tropical úmido do tipo vulgarmente conhecido
como “mata fria”, que denomina o túnel da rodovia Fernão Dias no espigão da Serra.
De acordo com Lacava (2007), devido a todo este comportamento, pode-se considerar
que o trecho serrano da região estaria sujeito a um microclima local mais úmido, sem
estiagem definida, podendo caracterizar um clima Cf, a ou b.
Segundo Andrade (2009), pode-se admitir que a região apresenta condições climáticas
complexas, com diferentes fatores fisiográficos que contribuem para compor um quadro
de chuvas que apresenta variações muito significativas em seus montantes.
Portanto com base nos trabalhos descritos acima, pode-se considerar que a região possui
microclimas dependendo de sua localização, sendo que, quanto mais perto da cimeira da
Serra da Cantareira – Núcleo Cabuçu, pode-se considerar o clima tipo Cfb e à medida
que se afasta, na direção da planície do rio Tietê, o clima passa a Cfa.
Com base nos estudos pluviométricos de Lacava (2007), foi possível elaborar a Tabela 1,
referente aos dados da Estação Prefixo E3-083, que pertencia ao Departamento de
Águas e Energia Elétrica – DAEE, e estava situada no Núcleo Cabuçu – Parque Estadual
da Cantareira, portanto ao lado da região objeto de estudo. Os dados obtidos no período
de 1941 a 1964, mostram que a média anual na Serra da Cantareira era de 1.494,2 mm,
destacando-se como mês mais seco o mês de agosto com média de 33,2 mm e o mês
mais chuvoso o de janeiro, com 240 mm, no período considerado.
Infelizmente, não há series longas de medidas mais recentes. Entretanto Lacava (2007)
apresentou medidas da Estação Meteorológica do Núcleo Cabuçu, instalada pela UNG do
período de outubro de 2005 a setembro de 2006, com uma precipitação acumulada de
1777,8mm.
40
Tabela 1. Médias mensais e anual da estação pluviométrica da região do Parque Estadual da Cantareira – Núcleo Cabuçu para um período de 23 anos (1941-1964) da Estação E3-083 conforme Lacava (2007).
7.2 Aspectos Geológicos Segundo Andrade (2009), o substrato geológico da região do Cabuçu é constituído por
rochas cristalinas, sobre as quais se desenvolvem coberturas coluvionares, havendo
coberturas sedimentares muito restritas a pequenas planícies de soleira em vales fluviais
atuais.
De acordo com Oliveira et al. (2008), a região apresenta como predominância em seu
substrato cristalino rochas metassedimentares, rochas metavulcânicas básicas e, com
Estação Prefixo E3 -083
Período / Ano 1941-1964
JAN 259,7
FEV 253,5
MAR 176,6
ABR 75,8
MAI 57,2
JUN 48,0
JUL 44,7
AGO 34,8
SET 65,4
OUT 130,1
NOV 131,2
DEZ 217,3
Total médio anual 1.494,2
41
menores áreas de ocorrência, rochas graníticas, como gnaisse. A Figura 6 ilustra o
aspecto das rochas mais frequentes na região.
As rochas metassedimentares são, em sua maioria, de origem pelítica, filitos e xistos,
reconhecidas por Oliveira et al. (2008) pela forma de ocorrência em placas ou folhas que
podem ser destacadas, quando afloram ou cobertas por solos pouco espessos de cor
amarelada. Já as rochas metavulcânicas são rochas vulcânicas compostas por cinzas e
lavas, que sofreram metamorfismo, apresentando cobertura de solos mais profundos de
cor vermelha, dispondo-se em manchas intercaladas aos metassedimentos, pois se
formaram juntas, no fundo de um oceano há cerca de 1,6 bilhões de anos (JULIANI et al.
2008).
Figura 6. Amostras de rochas mais comum na região. A esquerda rocha metassedimentar (filito) e a direita
rocha metavulcânica intemperizada com um núcleo pouco alterado. Foto: A.M.S. Oliveira 10.10.2013
Segundo Andrade (2009), as estruturas geológicas da região têm forte influência sobre o
relevo, sobretudo na forma de falhas e zonas de cisalhamento, que condicionam a rede
de drenagem.
7.3 Aspectos Geomorfológicos A região do Cabuçu situa-se na Zona do Planalto Paulistano e da Mantiqueira, no Planalto
Atlântico (PONÇANO et al. 1981; ROSS; MOROZ, 1997) Como predominância de relevo,
Andrade (2009), destaca um sistema de morros e montanhas (entre 800 e 1.100m), em
42
menor proporção os morrotes paralelos (abaixo de 800m) e, de forma muito restrita, os
morros e morrotes (entre 800 e 900m), e as planícies aluviais (predominando abaixo de
800m). A Figura 7 apresenta uma paisagem de morros e montanhas da região.
Oliveira et al. (2005), destacam as altitudes da região que, formando o flanco sul da Serra
da Mantiqueira alcançam 300 m de desnível com terrenos vizinhos. Silva (2000) considera
o relevo de serras e escarpas da Serra da Pirucaia como sendo de maior expressão na
região do Parque Estadual da Cantareira, sustentado por quartzito, a norte da região
objeto.
Figura 7. Morros no primeiro plano e montanhas ao fundo da Serra da Cantareira no Cabuçu. Foto. R. Maia
26.02.13
Segundo Silva (op. cit.) há indicadores de fenômenos naturais de movimentação antigos,
tais como queda de blocos e rolamentos de matacões. Fenômenos de erosão intensa
atuais são evidentes somente em áreas alteradas pelo homem, ou seja, áreas sem
cobertura vegetal e terraplanadas, como destaca Andrade (2009) ao relatar o caso da
implantação de loteamentos urbanos, onde elevações foram reduzidas em até 20 metros
de altura, formando plataformas amplas através de aterros e taludes íngremes que
alteraram de forma significativa as amplitudes e declividades originais.
43
7.4 Aspectos Pedológicos
Rossi et al. (2009, apud ANDRADE, 2009), descrevem que a região apresenta nas áreas
de alta declividade, Cambissolos e, nas áreas com menor declividade, Latossolos, de
pequena espessura. A textura destes solos é predominantemente argilosa.
Andrade (2009) destaca a forte ligação dos solos com os aspectos naturais da região,
especialmente a geologia e o relevo. De maneira geral as rochas cristalinas nos morros
estão cobertas por Latossolos rasos e argilosos, associados aos Cambissolos, em
situação de coluvionamento.
As condições de solos pouco espessos e elevada declividade favorecem os processos
geohidrológicos de erosão, escorregamentos rasos e assoreamento quando a cobertura
vegetal é eliminada e, sobretudo, quando são realizadas movimentações de terra. Nestes
casos, são os aterros os mais suscetíveis a erosão e escorregamentos, do que os cortes,
por serem constituídos por solos pouco coesivos, em geral siltosos, nas áreas de rochas
metassedimentares, muitas vezes acrescidos de entulho e resíduos, lançados encosta
abaixo.
7.5 Aspectos da vegetação
Segundo Negreiros et al. (1974) há na região a ocorrência de tipos de vegetação da
Floresta Latifoliada Tropical Úmida de Encosta e da Floresta Latifoliada Subtropical de
Altitude. Já Brasil (1983, apud ANDRADE, 2009) considera que a vegetação da região do
Cabuçu, pode ser de transição da Mata Atlântica com a Mata de Planalto, de onde
provém elementos da Mata Semicaducifolia. Silva (2006) caracteriza como Floresta
Latifoliada Tropical de Encosta, e Fonseca (2012) considera cada vez mais marcante a
presença da Floresta Estacional Semidecídua. As diferentes classificações podem estar
refletindo fundamentações em diferentes conceitos, ou identificação de espécies.
Segundo Arzolla et al. (2011), predominam na região espécies indicadoras de Floresta
Ombrófila, sendo que, nessa pesquisa, realizada no período de 2006 a 2010, foram
encontradas 27 espécies que compõem o grupo das 38 espécies indicadoras de Floresta
Ombrófila, somente 12 espécies das 53 espécies indicadoras de Floresta Estacional.
44
Por ser os estudos mais abrangentes e recentes disponíveis foram selecionados para
servir de fundamentação para os aspectos vegetacionais o Inventário Florestal da
Vegetação Natural do Estado de São Paulo (São Paulo, 2005) e o Plano de Manejo do
Parque Estadual da Cantareira, elaborado em 2009. (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2009).
Segundo São Paulo (2005), a região do Cabuçu, esta inserida na faixa de domínio da
Floresta Ombrófila Densa Montana, cujo gradientes altitudinais vão de 500 a 1.500
metros. Sua formação detém características de regiões tropicais com temperaturas
elevadas (média 25°C) e com precipitação pluviométrica bem distribuída ao longo do ano.
Por reconhecimento de campo foi possível identificar que a fitofisionomia da região objeto
da pesquisa está composta por áreas em diferentes estágios de regeneração, atualmente
com maior predominância dos estágios inicial - tardio, em remanescentes isolados, sem
conectividade biológica, dentro de áreas particulares e médio – avançado, formando
corredor de fauna ao norte com o Parque Estadual da Cantareira – Núcleo Cabuçu. A
Figura 8 ilustra uma paisagem relativamente bem preservada da região.
Figura 8. Exemplo da fitofisionomia da região do Cabuçu. Foto: D.S. Marques 12.10.13
As espécies predominantes hoje são pioneiras e secundárias representadas
principalmente pelas espécies açoita cavalo - Luehea grandiflora, tapiá-mirim - Alchornea
triplinervia, tapiá-guaçu – Alchornea triplinervia sidifolia, pau-jacaré - Piptadenia
45
gonoacantha, mandioqueiro - Schefflera angustissima, capixingui - Croton floribundus,
jacarandá-paulista Macherium villosum, cabuçu – Miconia cabussu, dentre outras.
Na região de estudo destacam-se as áreas conhecidas como Pico Pelado e Mirante da
Proguaru, localizados na Figura 4, com possível fitofisionomia vegetacional remanescente
de cerrado, devido apresentar as características descritas por São Paulo (2005), ou seja,
vegetação composta por arbustos e árvores de até seis metros de altura, com folhas
espessas e caules tortuosos recobertos por casca espessa, tendo como representante o
barbatimão - Stryphnodendron adstringens, e apresentando solo raso, pobre em
nutrientes e afloramento de rochas, no caso filito.
46
8. História da Região do Cabuçu
Considera-se aqui, como história regional da área objeto da pesquisa, a história do
município de Guarulhos. O relato desta história tem como ilustração o diagrama temporal
das Figuras 9a e 9b, onde também são apresentados os principais fatos de ordem
econômica, social e cultural do Brasil.
8.1 Contexto Histórico
Nos primeiros dois séculos do período colonial, de 1500 a 1700, são iniciados os
primeiros ciclos econômicos do Brasil, representados pela exploração do pau–brasil e
pelos primeiros cultivos de cana de açúcar. Entretanto, na região de Guarulhos já se inicia
o ciclo do ouro em 1590, (OLIVEIRA, 2008), fato não muito conhecido, pois em âmbito
nacional destaca-se Ouro Preto, cujas primeiras descobertas datam de 1693.
Os primórdios da história de Guarulhos são pouco conhecidos, sendo poucos os autores
e menos ainda as pesquisas que se dedicaram a reconstituir a história deste município.
A maior parte dos autores (LEITE, 1937; SILVA, 1998; SANTOS, 2006; OLIVEIRA et al.
2007; OLIVEIRA, 2008) considera um aldeamento pertencente a etnia maromomi como
primeiro assentamento que deu origem a Guarulhos. Este aldeamento, não permanente,
devido ao estágio nômade desta etnia, teria sido fixado por ação da catequização dos
padres portugueses, tornado-se um aldeamento indígena-jesuítico, sendo então
denominado Nossa Senhora da Conceição dos Maromomi, nos anos de 1555 a 1560,
portanto cerca de 60 anos após o descobrimento do Brasil
Por outro lado, Ranali (2002), descreve que os índios dessa etnia, que também denomina
Guaromomis, teriam sido aldeados por ação do padre jesuíta Manuel de Paiva.
Esta ação de fixação do aldeamento é confirmada por Leite (1937):
Os padres iam a sua aldeia, periodicamente, mas deviam ter ali residência fixa, porque
senão (e é este o principal argumento para a criação da residência) os maromomis
“tornam ao seu natural que é irem para os matos”
47
Esta preocupação resulta de orientações emanadas de Roma em “Algumas advertências
para a Província do Brasil”, provavelmente de 1555, conforme mostra Leite (op.cit.).
Entretanto, a descrição deste momento inicial de Guarulhos, não vai além, pois é de
consenso de vários autores não se ter exatidão sobre sua data de fundação e quem a
fundou.
Silva (1998), com base no historiador jesuíta Helio Abranches Viotti, considera provável
1555. Ranali (2002) afirma que foi 1560. Para Santos (2006) a fundação ocorreu entre
1555 e 1560.
Em relação aos fundadores são citados os Padres João Alvares, Manuel de Paiva e
Manuel Viegas.
Em 1590, cerca de 100 anos antes do Ciclo de Ouro Preto, começa a primeira atividade
econômica correspondente à extração de ouro, iniciada por Geraldo Correia Soares, por
meio da carta de sesmaria concedida a ele (SANTOS, 2006) e por Afonso Sardinha em
1597 (OLIVEIRA et al. 2007).
Esta atividade persistiu por cerca de 200 anos. Durante o processo de extração foram
localizadas seis lavras auríferas que, segundo Noronha (1960), encontravam-se nos
bairros das Lavras, Catas Velhas, onde hoje localizam os Bairros São João e Capelinha,
Mojolo de Ferro, atual Morro Grande, Campo dos Ouros, Bananal e Tanque Grande. A
Figura 10 apresenta vestígios de mineração na região do Lavras.
No período da atividade exploratória, de 1590 a 1812, foram realizadas obras de
infraestrutura no Aldeamento, como abertura de estradas, vila de casas que serviam de
pouso dos tropeiros. Conta-se nesse período a edificação de três igrejas: Nossa Senhora
da Conceição – Matriz (1685), Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos (1750) e
Nossa Senhora do Bonsucesso (1800).
50
O termo Guarulhos aparece pela primeira vez em 1640, associado ao local. Tendo como
destaque o ano de 1655, quando, na Bahia, iniciava-se e cultivo de cacau. Pouco depois,
o Aldeamento consegue ser elevado à categoria de Freguesia, passando a ser chamado
de Freguesia de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos (1685). Em 1741 é iniciada
a conhecida Festa da Carpição em Bonsucesso que é realizada até hoje. Em 1750 ocorre
o fim da escravidão indígena no Brasil. Segundo Pinheiro (2008), a extração de ouro
chega ao fim em 1812, por causa de um grave desabamento em uma das lavras que
vitimou vários escravos. Entretanto, o local do acidente não foi identificado.
Figura 10. Vestígios de mineração na região do Lavras. Foto. Labgeoprocessamento 30.06.08
Com o declínio do ciclo do ouro e o advento do ciclo do tijolo cozido, que passou a ser
fornecido para a construção de edificações no final do Século XIX, a economia da
Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Guarulhos, passa a migrar dos morros
para os fundos de vales, em busca da argila, matéria prima para a nova economia.
Neste mesmo período que ocorria a transição econômica em Freguesia de Nossa
Senhora da Conceição de Guarulhos, a capital paulista também altera seu ciclo
econômico de cana-de-açúcar para o café.
No importante ano de 1850, quando cessa o tráfico negreiro, coincidentemente é erguida
por um escravo, Raimundo Fortes, a capela do Senhor Bom Jesus da Cabeça na parte
51
alta da Fazenda Cabuçu pertencente a Sra. Joaquina Fortes de Rendon e Toledo, que
constitui a primeira ação antrópica de uso do solo, como edificação, identificada na região.
A partir de 1870, inicia-se a busca por mão–de-obra assalariada oriunda principalmente
dos imigrantes, pois como cita D’Alambert (1993) ‘os tijolos solucionaram problemas
técnicos e construtivos das fazendas’, entre os problemas técnicos se destacam o
armazenamento dos grãos, pois a partir da construção de galpões com os tijolos foi
possível ter maior resistência às intempéries.
Segundo D’Alambert (op.cit.), o uso do tijolo em terras paulistas ocorreu na metade do
século XIX, ocasionado pela mudança de status social e econômico. Tendo a imigração
contribuído para a rápida propagação das olarias, pois consigo traziam técnicas mais
aprimoradas sobre a fabricação do tijolo cozido.
Este novo modelo de emprego de mão de obra paga se multiplica por vários bairros
paulista, como Bom Retiro, Barra Funda, Freguesia de Ó, Penha e outros. De modo não
diferente, o mesmo ocorre também pelos bairros de Freguesia de Nossa Senhora da
Conceição de Guarulhos, com destaque para as olarias localizadas nos bairros da Ponte
Grande, Vila Augusta, Gopouva, Vila Galvão e Cabuçu.
Em 1880, a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Guarulhos, consegue sua
emancipação em relação a São Paulo, passando a ser chamada de Conceição de
Guarulhos. Segundo Oliveira et al. (2008), “a nova economia marca também o período de
transição da escravidão para o trabalho assalariado”. Em âmbito nacional é construída em
Diamantina - Minas Gerais a primeira usina hidrelétrica – 1883.
O escoamento dos tijolos para a Capital era feito por meio de tração animal e hidroviário –
Rio Tietê; tendo contribuído para construção de grandes obras como a Pinacoteca do
Estado, Muro da Santa Casa de Misericórdia, Teatro Municipal, Museu do Ipiranga e
Palácio das Indústrias (OLIVEIRA, 2008).
Em 1889 o Brasil é proclamado república. No estado de São Paulo em 1890, o
abastecimento de água começa a demonstrar sinais de sua fragilidade devido ao
desmatamento oriundo das fazendas localizadas na floresta da Cantareira, obrigando o
52
governo da época desapropriar as fazendas a fim de se recuperar a vegetação para
proteger os recursos hídricos.
O relacionamento econômico com São Paulo avança ainda mais com a implantação, em
1904, do sistema de captação e adução de águas do Cabuçu para abastecer São Paulo,
segundo plano de saneamento da capital de aproveitamento das águas da Cantareira
(FONSECA, 2007). Este fato, importante para Guarulhos, tem forte destaque na região
objeto desta pesquisa, por se tratar de obra de engenharia civil pioneira na América do
Sul (TELLES,1993).
Todo este processo concorreu para que em 1906, Conceição de Guarulhos conquistasse
o status de Cidade passando a ser chamada de Guarulhos.
Contudo toda a fartura de matéria prima para a fabricação de tijolos encontrada em
Guarulhos (argila, madeira e água), chamou a atenção do cafeicultor Gabriel Silveira
Vasconcelos, que em 1911 instalou a primeira indústria de Guarulhos na região da Vila
Galvão, a Cerâmica Paulista (OLIVEIRA, 2008), localizada as margens do rio Cabuçu,
que, além da produção de tijolos, também passou a fabricar telhas e cerâmicas.
Com uma demanda operária e um fluxo de produção oleira crescente, em 1915, chega a
Guarulhos o primeiro transporte ferroviário o Ramal Tramway Cantareira, que ligou os
bairros Vila Galvão, Torres Tibagy, Gopouva e Vila Augusta a Capital (FERNANDES et al.
2008). O transporte ferroviário possibilitou a instalação de indústrias ao longo do
perímetro férreo chegando a contabilizar em 1945 cinquenta e oito indústrias em
Guarulhos, e a instalação da indústria automobilística no país em 1957. Todo este
processo industrial potencializou-se com a construção das duas principais rodovias que
corta a Cidade - Dutra (1944) e Fernão Dias (1961).
Até a década de 1960, Guarulhos era uma cidade completa em relação ao transporte
servida de sistema hidroviário – (Rio Tietê), Rodoviário – (ligação Capital, Rio de Janeiro
e Minas Gerais) e Ferroviário (Bairro-Capital). A chegada das estradas coincide na
mesma década em que o governo passou a estimular a ocupação da Amazônia. Em
1965 o ramal Traway Cantareira – Guarulhos foi desativado, ficando assim uma lacuna no
53
transporte da Cidade, que, também perdeu a navegação do Tietê, devido ao processo de
industrialização e ocupação habitacional.
Em 1985 Guarulhos passa a ser conhecida mundialmente pela sigla GRU, devido à
construção do Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro, tendo a região
de Cumbica se transformado em um polo industrial de Guarulhos.
Guarulhos se torna uma cidade de grandes oportunidades econômicas devido sua
posição geográfica dentro da Região Metropolitana de São Paulo – RMSP. Hoje
concentra uma população estimada em 1.221.979 habitantes (IBGE, 2010), distribuída em
45 bairros; ostenta a oitava posição da economia nacional com um grande contraste de
distribuição de infra-estrutura nos bairros. O município prossegue em sua vocação
industrial com perspectivas de forte expansão urbana. Segundo site oficial da Prefeitura,
desde 2008, Guarulhos passou a tratar 25% do esgoto que é produzido pela população
(GUARULHOS, 2012)
8.2. Evolução do uso da terra Os mapas da reconstituição da evolução do uso da terra na região do Cabuçu foram
realizados com base nas interpretações de fotos aéreas e imagem de satélite referente às
décadas de 1960 a 2007.
Para a interpretação das fotos aéreas foram elaboradas a legenda de classes do uso da
terra e as chaves de interpretações conforme os quadros 5 e 6.
Para a caracterização mais detalhada do uso urbano da terra, foram consideradas as
formas de ocupações, os tipos de terraplanagem e os impactos nas coberturas vegetais,
considerando-se as várias modalidades reconhecidas nos loteamentos e propriedades da
região; esta análise e classificação estão expressas no quadro 7.
Esta classificação segue o observado por Andrade (2009) quanto aos dois modelos de
ocupação, Modelo Parque Continental e Modelo Recreio São Jorge, traduzidos
respectivamente nas classes UQ e UL.
54
A classe UQ (Modelo Parque Continental) compreende o loteamento regular que foi
implantado por terraplenagem mecanizada e generalizada por quadras. A classe UL
(Modelo Recreio São Jorge) corresponde ao loteamento regular ou irregular com
terraplenagem manual, lote a lote.
Sigla Nomenclatura
M Mata
C Campo, Capoeira e Arbustivas.
R Reflorestamento.
A Agricultura.
H Chácara de lazer.
UQ
UQ1
Área Urbana – Quadra: inicio de implantação.
UQ2
Área Urbana – Quadra: em consolidação, sem
pavimentação.
UQ3
Área Urbana - Quadra: consolidada com pavimentação.
UL
UL1 Área Urbana – Lote: inicio de implantação.
UL2
Área Urbana – Lote: em consolidação, sem
pavimentação.
UL3
Área Urbana - Lote: consolidada com pavimentação.
E
E1 Solo Exposto – Área destinada a disposição de resíduos.
E2
Solo Exposto – Área destinada a Empreendimentos.
E3
Solo Exposto – Área destinada a Empréstimos.
O
Olaria
L Lago
X Lixão
Quadro 5. Legenda dos mapas de classes de uso da terra.
55
Siglas Nomenclatura Características
M Mata Apresenta tonalidade de cinza escuro, forma heterogênea,
presença de vegetação arbórea.
C
Campo,
Capoeira e
Arbustivas
Apresenta tonalidade cinza claro, ausência de vegetação
arbórea e de ocupação.
R
Reflorestamento
Apresenta tonalidade de cinza escuro e preto, com
vegetação homogênea e às vezes plantio linear ou
concentrado.
A Agricultura Apresenta tonalidade de cinza, com forma geométrica
retangular e uniforme.
UL1 e
UQ1
Área Urbana
Lotes e Quadras 1
Apresenta solo exposto, com abertura de vias, poucas
casas, de tonalidade cinza claro a branco.
UL2
Área Urbana
Lotes 2
Apresenta solo exposto com menor evidência, número
maior de casas que U1, ruas sem pavimentação, em tons
mesclados de cinza claro e escuro.
UQ3
Área Urbana
Quadras 3
Apresenta grande quantidade de casas, quadras bens
definidas, ruas em tons de cinza escuro representando
pavimentação.
H Chácaras Apresenta casas isoladas.
E 3
Solo Exposto
Empréstimo
Apresenta tonalidade cinza claro, ausência de vegetação,
solo nu.
O Olaria
Localizada próximo a corpos d’água, formando cavidades.
Às vezes, enfileiramento do material produzido
L Lago Apresenta tonalidade cinza escuro e preto, perímetro
sinuoso.
X Lixão Coberta por vegetação arbustiva.
Quadro 6. Chave de interpretação de fotos áreas preto e branco para a elaboração de mapas
de uso da terra.
56
Siglas Ocupação Terraplenagem Cobertura
Vegetal
Loteamentos
UQ
Área
Regular
Mecanizada –
generalizada por
quadras.
Supressão total da
vegetação,
exposição do solo.
Jardim Cambará e
Parque Continental
III.
UL
Regular
Manual - por lotes.
Perda gradual da
vegetação.
Chácaras Cabuçu,
JD. Monte Alto, JD.
Siqueira Bueno,
Morro do Sabão,
Recreio São Jorge e
JD. Santa Mônica.
Irregular
Novo Recreio, Vila
Julieta e JD.
Cardoso.
E1 Solo Exposto
(Disposição de
Resíduos).
Mecanizada –
generalizada.
Supressão total
da vegetação,
exposição do solo.
Aterro Sanitário -
Quitaúna.
E2 Solo Exposto
(Empreendimento
Particular).
Instituto Manoel
Gesteira e Aterro do
vale do rio Piracema.
E3 Solo Exposto
(Área de
Empréstimos).
Propriedade Zariff e
Fazenda Três
Marias.
UQ: Loteamento regular com terraplanagem mecanizada e generalizada por quadras;
UL: Loteamentos regulares e irregulares com terraplanagem manual por lotes;
Quadro 7. Classes de uso urbano da terra conforme tipos de ocupação.
57
Com base nessas legendas foram elaborados por fotointerpretação dos levantamentos
disponíveis, conforme Quadro 4, os mapas de uso da terra de 1962 (Figura 11), 1972
(Figura 12), 1980 (Figura 13), 1986 (Figura 14), 1993 (Figura 15), 2000 (Figura 16) e 2007
(Figura 17), apresentados a seguir. As áreas de ocorrência de cada classe de uso da terra
foram quantificadas (Tabela 2), destacando-se as principais (Tabela 3) e colocadas em
gráficos na Figura 18, sendo acrescentada a evolução da população do Cabuçu que em
1991 apresentava 28.709 habitantes, em 2000 apresentava 59.675 habitantes e em 2010
atingindo o numero de 73.076 habitantes (IBGE, 2010), também apresentado em
sequência.
65
Tabela 2: Evolução das classes do uso da terra (1962 – 2007).
Tabela 3: Evolução das principais classes de uso da terra.
Classes
1962
1972
1980/81
1986
1993
2000
2007
Mata
40%
32%
30%
27%
23%
23%
21%
Agricultura
7%
9%
7%
7%
5%
3%
1%
Urbano
0% 9% 10% 11% 21% 24% 27%
Classes
1962 1972 1980/81 1986 1993 2000 2007
Mata
40% 32% 30% 27% 23% 23% 21%
Campo/Capoeira
36% 33% 36% 38% 41% 29% 29%
Reflorestamento
7% 11% 11% 9% 5% 13% 13%
Agricultura
7% 9% 7% 7% 5% 3% 1%
Chácara
10% 4% 3% 4% 4% 5% 5%
Olaria
0% 1% 1% 1% 0% 0% 0%
Solo Exposto: E1, E2, E3
0% 1% 2% 3% 1% 3% 4%
Urbano: UQ1 e UL1 0% 9% 10% 11% 8% 7% 3%
Urbano: UQ2 e UL2 0% 0% 0% 0% 11% 11%
4%
Urbano: UQ3 e UL3 0% 0% 0% 0% 2% 6% 20%
Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
67
No primeiro mapa, de 1962, (Figura 11), verifica-se que as matas predominavam no
entorno do Parque Estadual da Cantareira – Núcleo Cabuçu. Verifica-se também que a
agricultura estava presente em áreas de fundo de vale – Figura 19. A ocupação mais
densa estava então no loteamento das Chácaras Cabuçu. As Tabelas 2 e 3 e o gráfico da
Figura 18 mostram que o território do Cabuçu ainda tinha cobertura verde expressiva
(83%) sendo (40%) mata, 36% campo/capoeira e 7% reflorestamento. A agricultura era
pouco expressiva (7%), e 10% estava ocupada por chácaras.
Figura 19: vale do rio Cabuçu com produção agrícola – chuchu. Foto: autor desconhecido -1972.
Em 1972 (Figura 12) aparece a primeira mancha urbana implantada mais
expressivamente na forma de lotes (UL1), nas áreas do Recreio São Jorge, Chácaras
Cabuçu, Jardim Dorali e na forma de quadras (UQ1) Parque Continental – Figura 20. No
loteamento Chácaras Cabuçu verifica-se que restaram poucas chácaras, tendo sido a
maioria desmembrada em lotes. As olarias aparecem como resultado de opção
econômica na região. Outra classe de uso nova é o solo exposto destinado a
empréstimos de terra (E3). Com as novas alterações o cenário do Cabuçu (Tabelas 2 e 3
e o gráfico da Figura 18) apresenta redução de área de mata para 32%. As áreas de
agricultura permanecem pouco expressiva (9%), mas destaca-se a mancha de 9% na
classe urbano inicial – lote/quadra.
68
Figura 20: Implantação do loteamento Parque Continental, em destaque abertura do sistema viário. Fonte:
EMPLASA – 1970, escala original 1:20.000.
No ano de 1980, verifica-se na Figura 13, que não há mais remanescentes de chácaras
no loteamento Chácaras Cabuçu, ampliando-se a mancha urbana inicial por lotes (UL1).
Crescem as áreas de solos expostos na região para empréstimos (E3). Inicia-se a
atividade de descarte de lixo na região e construção de lagos, embora ambos apresentem
baixa expressão em área. Assim a região, segundo as Tabelas 5 e 6 e o gráfico da Figura
18, a mata continua sendo reduzida e a área urbana crescendo 10%, embora não tenha
havido alteração significativa em relação a 1972.
A década de 1980 é marcada pelo aparecimento de maior área urbana inicial (UL1 e
UQ1), como mostra o mapa de 1986, (Figura 14). Em contrapartida a mata continua
perdendo território. É notório também o crescimento da área de solo exposto na região e
a diminuição das áreas agricultáveis. Neste período o cenário do Cabuçu, segundo as
Tabelas 2 e 3 e o gráfico da Figura 18, está composto por 27% de mata, 38% de
campo/capoeira, 9% de reflorestamento, 7% de agricultura, 4% de chácaras, 1% de
olaria, 3% de solo exposto empréstimo, 11% de urbano inicial – lote/quadra.
69
Em 1993, a Figura 15 mostra que no Cabuçu se intensifica a mancha urbana,
apresentando estágios diferentes de ocupação, urbano inicial - lote/quadra (UL1 e UQ1),
urbano em consolidação – lotes (UL2) sem pavimentação e urbano consolidado – quadra
(UL3) com pavimentação. Destaque para Figura 21, que mostra o início da ocupação do
JD. dos Cardoso. As olarias deixam de existir, devido à substituição do barro pelo
cimento, sendo que em alguns casos o abandono da mineração levou suas cavas a se
transformarem em lagoas. Destaca-se o crescimento das áreas compostas por
campo/capoeira, pressupondo-se que essas áreas já sofreram algum tipo de alteração e
podem estar à disposição da ocupação urbana. As Tabelas 2 e 3 e o gráfico da Figura 18
mostram que havia então em 1993, 23% de mata, 41% de campo/capoeira, 5% de
reflorestamento, 5% de agricultura, 4% de chácara, 1% de solo exposto empréstimo, 8%
de área no estagio de urbano inicial – lotes/quadra, 11% de urbano no estagio em
consolidação – lotes, 2% de urbano no estágio consolidado – quadra.
Figura 21: Início da ocupação do Jd. dos Cardoso. Fonte: M. I. Carvalho, final da década de1990.
Com relação a 2000, a Figura 16 mostra áreas cada vez menores de fragmentos de mata;
que a área da agricultura continua em declínio, e que a região passa a ter mais dois
diferentes usos de solo exposto destinados a disposição de resíduos (E3) e
empreendimentos (E2). Verifica-se um aumento na introdução de espécies exóticas,
elevando a taxa de reflorestamento, e com a concomitante diminuição de as áreas de
campo/capoeira. O estágio de ocupação do urbano inicial - lotes (UL1) continua
70
crescendo, enquanto que as áreas de estagio urbano em consolidação – lotes (UL2) não
apresentam aumento e as áreas de urbano consolidado – quadra (UQ3) apresenta
expansão em sua área. Conforme as Tabelas 2 e 3 e o gráfico da Figura 18 a região
apresenta 23% de mata, 29% de campo/capoeira, 13% de reflorestamento, 3% de
agricultura, 5% de chácaras, 1% de solo exposto – resíduos, 1% de solo exposto –
empreendimentos, 1% de solo exposto – empréstimo, 7% urbano inicial – lotes, 11%
urbano em consolidação – lotes, 6% urbano consolidado – quadra.
O último mapa, referente ao ano de 2007, apresentado na Figura 17, também pode ser
considerado o mapa atual da região do Cabuçu, antes da intervenção das obras do trecho
norte do Rodoanel Mario Covas, pois não apresentou mudanças substanciais com o
cenário atual verificado em reconhecimento de campo no ano de 2012. O atual cenário
do Cabuçu apresenta cerca de 21% de mata, 29% de campo/capoeira, 13% de
reflorestamento, 1% de agricultura, 5% de chácaras, 1% de solo expostos – resíduos, 1%
de solo exposto – empreendimentos, 2% de solo exposto – empréstimo, 3% de urbano
inicial – lotes, 4% de urbano em consolidação – lotes, 20% de urbano consolidado –
lotes/quadra (Tabelas 2 e 3 e gráfico da Figura 18).
As Tabelas 2 e 3 e a Figura 18 apresentam os dados que resumem a distribuição das
diversas classes de uso no período de 1962 a 2007, verificando-se que a mata foi
reduzida quase que pela metade embora o reflorestamento tenha apresentado pequeno
crescimento.
O mapeamento da região revelou não possuir vocação para a agricultura senão em áreas
restritas de fundo de vale e sofreu redução drástica ao longo dos anos. Restaram também
pequenas manchas de áreas ocupadas por chácaras. As áreas de uso do solo exposto,
destinadas a empréstimos de terra (E3) teve aumento em comparação às áreas
destinadas a resíduos (E1) e empreendimentos (E2) que se mantiveram constantes.
Entretanto, notável da distribuição dos componentes do cenário do Cabuçu, em relação
ao uso da terra, foi o avanço das ocupações urbanas na região, que tiveram seu auge em
1986 com o urbano inicial – lotes (UL1), que hoje apresentam a menor taxa de ocupação
devido terem se transformado em áreas de estágio urbano em consolidação – lotes (UL2).
Estas áreas, que aumentaram nos anos de 1993 e 2000 – Figura 22 apresentaram queda
71
em 2007. Já o estágio urbano consolidado – lotes/quadra (UL3 e UQ3), que em 2000
apresentavam 6% das áreas tiveram aumento de quase 14% em apenas 7 anos.
Figura 22: Loteamento Jd. dos Cardoso. Fonte: D.S. Marques, 2012.
Na Tabela 3 esta evolução da mata, agricultura e uso urbano fica evidenciada. Da mesma
forma, o gráfico da Figura 18 acrescido da população destaca esses aspectos,
verificando-se que a queda da área de mata (de 40% para 21%) é acompanhada pelo
aumento das áreas urbana (0% a 27%) sendo que elas invertem a predominância por
volta do inicio da década de 1990. Verifica-se também que área agrícola nunca foi
expressiva, jamais superando 10% e mesmo assim decai a partir de 1986 ao mesmo
tempo em que se verifica um intenso aumento das áreas urbanas de 11% em 1986 para
21% em 1993. Revela-se assim que, se a região não possuía vocação agrícola, o pouco
que tinha foi reduzido em 2007 a 1% da área, confirmando a fragilidade do cinturão verde
da RBCV já sinalizada por Setzer (1955 apud OLIVEIRA et al. 2009).
Estas alterações provocaram modificações importantes nos serviços ecossistêmicos,
alterando o balanço hídrico com intensificação dos escoamentos superficiais. Em paralelo
a forma de ocupação frequentemente inadequada gerou áreas de riscos e processos
erosivos com assoreamentos dos fundos de vale.
72
8.3 Evolução e Sentido da Expansão Urbana
No sentido de sintetizar a evolução do uso da terra e de se observar as tendências da
expansão urbana na região, foi elaborado o mapa de evolução do uso urbano da terra
sobre o qual foi possível identificar o sentido das expansões.
A análise desta evolução permitiu delinear os principais ciclos de mudanças significativas
da paisagem, com implicações na manifestação de processos geotecnogênicos:
- ciclo inicial: de 1850 a 1960
- ciclo de mudança do meio rural para o urbano: 1960 a 1990
- ciclo de expansão urbana: de 1990 – 2010
A Figura 23 apresenta a síntese dos elementos que compõem estes 3 ciclos,
responsáveis pela manifestação dos processos geotecnogênicos, considerando a
disponibilidade dos levantamentos de sensoriamento remoto de 1962 (primeiro
levantamento disponível), 1980 (para o período de 1960 a 1990) e de 2007 (para o
período de 1990 a 2010).
Este mapa revela os principais sentidos das expansões urbanas e de chácaras:
1 - expansão interna, que parte do núcleo pré-existente, o loteamento Chácaras
Cabuçu em direção aos loteamentos Recreio São Jorge e Novo Recreio;
2 - a partir da expansão externa, que resulta do crescimento urbano da cidade,
como no caso do Parque Continental em direção ao Cabuçu;
3 - composto pelas chácaras que se concentravam na maior parte na borda da
Estrada do Cabuçu e que depois migram para o loteamento Morro do Sabão;
4 - refere-se aos empreendimentos que atraem novos loteamentos em seu entorno,
como no caso do Centro de Convenções e Hotel Santa Mônica que possibilitou o
surgimento do loteamento JD. Santa Mônica;
5 - surge a partir de pequenos núcleos urbanos consolidados que vão se
expandindo por ações internas irregulares de moradores, como o Jardim dos
Cardosos.
74
8.4 Transformações da paisagem
Com o intuito de aprofundar o conhecimento das transformações ambientais, com base
na abordagem geotecnogênica foram elaborados os cenários sucessivos desde as
primeiras intervenções de que se tem conhecimento até os dias atuais, fundamentando-se
no estudo da história da região e nos mapas de uso da terra gerados por interpretação de
fotos aéreas e imagem de satélite.
Antes que qualquer vestígio de ocupação humana pudesse ser reconhecido, o estado
original do bioma Mata Atlântica, com sua flora diversa e seus límpidos recursos hídricos
dominava a região. A Figura 24 constitui a base cartográfica, somente com a rede de
drenagem e a delimitação da área de estudo, como cenário base, a partir do qual as
transformações geoambientais irão se suceder.
A transformação da paisagem, iniciada no final do século XIX, foi seriada em ciclos
decenais, desde a primeira década de 1850 até 2010, com desenhos que, década a
década, ilustram o cenário histórico em transformação.
A década de 1850 revela os primeiros indícios de ocupação, que vem a se expandir até
hoje, com a construção da capela Bom Jesus da Cabeça e os possíveis caminhos de
acesso, que foram reconstituídos conforme os vestígios atuais, representados no mapa
do cenário histórico da Figura 25. A capela (Figura 26) foi construída na área da antiga
Fazenda Cabuçu, de propriedade da Sra. Joaquina Fortes que segundo Herling (2002),
pertencia à população neo-européia que, por quase quatro séculos, explorou os recursos
florestais locais, inclusive da que viria a ser reserva da Cantareira e Parque Estadual da
Cantareira.
No cenário histórico da Figura 27, destacam-se as transformações induzidas pela
construção da primeira grande obra de concreto armado do país, a barragem do Cabuçu
(TELLES,1993). Sua construção, pela recém criada Repartição de Água e Esgotos –
RAE, deveu-se à crise de abastecimento de água que a cidade de São Paulo passou a
enfrentar na década de 1890, motivada pelo aumento da população e pela deterioração
das fontes de água que abasteciam os chafarizes da cidade, pela substituição das
florestas por fazenda produtoras, principalmente, de café, chá
77
e cana - de - açúcar, além da expansão da cidade (HERLING, 2002; FONSECA, 2007).
Figura 26. Capela Bom Jesus da Cabeça – construída em 1850. Fonte desconhecida.
A primeira ação proposta pelo RAE, no final do século XIX, foi à desapropriação das
terras pelo governo do Estado, com caráter de proteção dos mananciais e a delimitação
da Reserva da Cantareira (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2009).
Assim no início do século XX iniciou-se a construção da barragem, sendo possível
observar na foto da Figura 28, o desmatamento que foi gerado em todo o entorno do lago
artificial, sendo reflorestado mais tarde com vegetação exótica como pinheiro (Pinus sp) e
bambu (Bambusa sp).
79
Figura 28. Desmatamento no entorno do lago artificial da barragem do Cabuçu. Foto: Relatório da
Repartição de Água e Esgoto de 1906. Acervo do Arquivo do Estado de São Paulo.
Para que a água do Cabuçu fosse conduzida à cidade de São Paulo, foram construídos
17.000 m de adutora com o mesmo material da barragem – concreto armado – Figura 29,
com capacidade de 500 litros de água por segundo (FONSECA, 2007). A adutora segue o
fundo do vale em paralelo com o rio Cabuçu e, entre um e outro, foi aberto um caminho
por onde passavam os carros de boi e os animais carregando os materiais para as obras,
que viria a ser hoje a conhecida Estrada do Cabuçu. Outras duas vias também surgem
nesse cenário, as Estradas dos Veigas e do Morro do Sabão, descritas no mapa de 1904
da Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo. Para acomodar os
operários foram construídas casas para os mesmos na borda da Estrada do Cabuçu.
80
Figura 29: Construção da adutora e abertura da Estrada do Cabuçu. Foto: Relatório da Repartição de Água
e Esgoto de 1906. Acervo do Arquivo do Estado de São Paulo.
Conforme a Figura 30, do cenário histórico, destacam-se as olarias, que encontraram no
Cabuçu o local ideal para fabricação dos tijolos cozidos, com matéria prima farta como
argila, água e madeira. As olarias localizavam-se ao lado de cursos d’água, onde os
trabalhadores aos poucos iam montando núcleos familiares no entorno das cavas
lavradas.
Mas a região do Cabuçu também apresentou outra vocação econômica, por meio da
imigração portuguesa que trouxe para o bairro a prática agrícola, principalmente por meio
do cultivo do chuchu, como pode-se observar no mapa cenário histórico da Figura 31.
Na década de 1940 as olarias estavam em plena expansão no Cabuçu (D’ Alambert,
1993), como mostra o cenário histórico da Figura 32, motivadas principalmente pelo início
do período de desenvolvimento urbano - industrial de Guarulhos, no qual se destaca a
construção da Base Área e pela construção de fábricas que somavam 58 neste período
(OLIVEIRA, 2008). No mesmo período, ocorria a expansão da capital
84
paulista e Guarulhos que escoava os tijolos para São Paulo, considerando a proximidade
das olarias do Cabuçu (Figura 33) com a Estação de Trem da Vila Galvão – Ramal
Tramway.
Figura 33: Ruína da olaria que ficava localizada na Vila Julieta de propriedade do Sr. Hans Heitel Hohl.
Foto: D.S. Marques - 2004.
Na década de 1960, o cenário histórico apresentado na Figura 34, o Cabuçu, além de
moldar seu solo para a fabricação de tijolos, começa a receber as construções da
expansão urbana, inicialmente com abertura de lotes por quadras nos loteamentos
Chácaras Cabuçu (Figura 35) e do Parque Continental III. Acompanham estas atividades,
as chácaras de lazer e recreação, com destaque para o Palacete de Verão do banqueiro
paulista Aquiles de Lima – Figura 36. Esta nova moldagem do solo migra também para a
mineração que inicia suas atividades por meio da Pedreira FIRPAVI. A agricultura ganha
um novo cultivo o de estrelítzia (Strelitzia reginae) e o chuchu continua se expandindo.
Fato importante nessa década de 1960 foi criação do Parque Estadual da Cantareira, por
meio da Lei Estadual Nº 6.884 de 29 de agosto de 1962, depois regulamenta pelo Decreto
Estadual n° 41.626 de 30 de janeiro de 1963, mas o
86
Figura 35: Implantação do loteamento Chácaras Cabuçu, em destaque abertura do sistema viário. Fonte:
IAC – 1962, escala original 1:25.000.
Figura 36. Palacete de verão do banqueiro Aquiles de Lima. Foto: M. Kishi - S/D.
87
decreto só foi publicado em 1968 – Decreto Estadual n°10.288 de 24 de setembro.
(FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2009).
Ainda nos anos de 1960, o Cabuçu, recebe seu primeiro prédio público o Grupo Escolar
Maria Helena Faria Lima e Cunha, composto por dez salas, que atendeu a primeira
geração de estudantes do bairro, todos os filhos dos trabalhadores das olarias, das
agriculturas e da barragem.
Nesses anos a flora local começa a perder espaço para as espécies exóticas, de
crescimento rápido e fácil cultivo, os eucaliptos e pinheiros começam a dar o toque
exótico e homogêneo na cobertura vegetal, representado pela baixa diversidade desses
maciços florestais.
Como continuidade a esses anos de 1960, no cenário histórico de 1970, ilustrado na
Figura 37, observa-se a criação de duas novas áreas urbanas, a do Jardim Monte Alto
(Figura 38) e o loteamento do Recreio São Jorge. Acompanham a expansão urbana, a
ampliação da mineração e a expansão da agricultura, motivadas principalmente pelo fim
das atividades de abastecimento de água pelo Sistema Cantareira Antigo, composto pelos
reservatórios do Cabuçu, Engordador e Guaraú.
Após as duas décadas de 1960 e 1970, Guarulhos aparece como uma cidade em franca
expansão, revelando no cenário histórico da década de 1980, três rodovias cortando a
cidade – Dutra, Fernão Dias e Trabalhadores, o Aeroporto Internacional Governador
Andre Franco Montoro. Com todo este desenvolvimento e as novas tecnologias de
construção, o cimento ganhou cada vez mais espaço, levando ao final da década a
extinção das olarias do Cabuçu.
89
Figura 38: Implantação do loteamento JD. Monte Alto, em destaque abertura do sistema viário. Fonte:
EMPLASA – 1970, escala original 1:20.000.
Neste cenário, ilustrado na Figura 39, o loteamento Parque Continental III, ganha mais
habitantes e avança para a consolidação urbana e os loteamentos das Chácaras Cabuçu,
do Jardim Monte Alto e Recreio São Jorge ganham dois novos vizinhos, o Jardim Siqueira
Bueno e o Jardim Cabuçu ou São Luiz.
Como nova atividade econômica, a região recebe seu primeiro pesqueiro, denominado de
Cabo Sol, de propriedade da Associação de Cabos e Soldados da Policia Militar do
Estado de São Paulo. Já no Morro do Sabão, que ainda possuía características de
grandes chácaras, é construído, na propriedade do Sr. José Carlos Pannocchia um lago
artificial com 18 m de profundidade, formado por barramento, tendo uma das suas bordas
coberta com areia, que veio a ser chamada popularmente de Prainha do Ginão.
Com o crescimento da cidade de Guarulhos, e o início da industrialização dos alimentos,
o descarte do lixo começou a ser um problema para a Cidade. A região do Cabuçu foi
escolhida para a sua disposição Em paralelo, inicia-se a prática de criação de suínos na
região, alimentados pelo lixão que era descartado sem nenhum
91
tratamento. Entretanto esta atividade econômica sempre permaneceu restrita a dois ou
três empreendimentos: no Morro do Sabão e Estrada do Vila Rio.
A década de 1990, que a Figura 40 ilustra como cenário histórico, foi palco de invasões
que abriram novos loteamentos no Cabuçu, em terras sem condições de serem ocupadas
legalmente, seja pela cobertura vegetal que a Lei Municipal considera Área de
Preservação Permanente, seja pelas elevadas declividades que impedem o parcelamento
(BRASIL,1979). Na época, ouvia-se a máxima: “hoje é mato, amanhã é cidade”. E assim,
algumas áreas, como aquelas onde nasceram o Jardim dos Cardosos e o Novo Recreio,
foram domadas com facão, pá, enxadas e carrinhos de mão. Nesta última, Novo Recreio,
manifestaram-se então áreas de risco a escorregamentos com graves acidentes para os
moradores (GOMES, 2008; SATO, 2008).
Nesse período, o Parque Continental III consolida-se como loteamento urbano com
adensamento de casas, revestimento das ruas com asfalto e sem cobertura vegetal. Na
parte baixa desse loteamento, surge o Jardim Cambará, que até então não desfrutava dos
mesmos benefícios de consolidação urbana do loteamento vizinho.
À medida que a população guarulhense cresce, atingindo 787.866 habitantes em 1990,
seu volume de lixo também cresce, e o Cabuçu continua a ser a principal região receptora
do lixo urbano. Provavelmente por essa razão várias pequenas áreas de disposição de
resíduo reciclável começam a aparecer, atraindo famílias que tinham no lixão sua fonte de
sobrevivência – Figura 41.
Entretanto, a agricultura vai assim deixando de ser o forte da economia local, e a nova
geração começa a buscar emprego fora da área agrícola. Com isto e o fim das olarias, o
Cabuçu começa a ser tornar o que é designado como um bairro dormitório, onde a
população somente dorme, exercendo suas atividades econômicas fora da região. Este
quadro de evolução dos cenários indica fortes condicionantes para a perda da cultura
local.
93
Figura 41. Lixão na região do Cabuçu no início da década de 1990. Foto: site da empresa Quitaúna, acesso
em 20.02.14,
Em contrapartida, o sentimento de pertencimento dos nascidos no Cabuçu, teve vez
através dos movimentos sociais com o propósito de consegui melhorias para a região,
que sofria com toda a ocupação não planejada, ausência do poder público, e a demanda
cada vez maior por serviços básicos para o bem estar da comunidade. As primeiras
reivindicações foram a pavimentação da Estrada do Cabuçu, ampliação do transporte
público, iluminação pública na vias e nas casas, abastecimento por água encanada,
postos de saúde e escolas. Muitas dessas lutas foram vitoriosas, tendo um final feliz,
outras continuam até os dias atuais.
Enfim, a última década do cenário histórico de 2000 a 2010, apresentada na Figura 42,
inicia-se com mudanças positivas para a região. A primeira mudança consiste na
revitalização do reservatório do Cabuçu, para abastecimento de 10% da população de
Guarulhos, contemplando principalmente os moradores do Cabuçu que, após quase cem
anos de construção da barragem, passaram somente então a ser beneficiados por ele.
Esta revitalização do empreendimento compreendeu, além da barragem, a construção da
Estação de Tratamento de Água do Cabuçu.
94
Destaca-se ainda, a abertura do Núcleo Cabuçu – Parque Estadual da Cantareira para
visitação pública e a aplicação de políticas públicas para o ordenamento da ocupação da
região. Este momento favoreceu a proposição da criação da Área de Proteção Ambiental
Cabuçu – Tanque Grande (Lei 6.798/10), originada em pesquisa desenvolvida pela
Universidade Guarulhos, apoiada pela FAPESP (Processo – 01/02767/2005) (OLIVEIRA
et al. 2005), sendo propiciado seu planejamento ambiental pela pesquisa de Andrade
(2009).
O lixão se transformou em aterro controlado em 1999 e, em 2002, foi transformado em
aterro sanitário, expandindo a área de disposição.
Toda essa expansão aguçou a instalação de grandes empreendimentos, como o Hotel e
Centro de Convenções Santa Mônica, Instituto Manoel Moreira Giesteira de Promoção
Humana, Fazenda Três Marias, que foi utilizada como área de empréstimos e deposição
de resíduos. A indústria também se instalou com a Empresa Higie Topp de Produtos
Higiênicos e Beneficiadora de Legumes Batista.
Nessa última década o Cabuçu ganhou mais dois loteamentos o Jardim Santa Mônica e a
Vila Julieta, unindo-se aos já existentes Morro do Sabão, Jardim Siqueira Bueno, Jardim
Monte Alto, Jardim dos Cardosos, Chácaras Cabuçu, Recreio São Jorge e Novo Recreio,
compondo o cenário urbano atual da região do Cabuçu.
Neste processo de transformação da paisagem, pode-se descrever o processo segundo
vários pontos de vista econômicos, sociais e ambientais.
Com relação ao potencial hídrico, o Cabuçu iniciou sua vida contemporânea com o
abastecimento de água para São Paulo, de 1900 a 1973. Após a desativação dessa
atividade, durante quase 30 anos, foi reativado em 2001 e hoje abastece a população de
Guarulhos. Essa trajetória revela uma política de uso dos recursos hídricos, desde os
empreendimentos pioneiros realizados no início do século XX, à adoção de grandes
empreendimentos nos anos de 1970 Sistema Cantareira da COMASP – Companhia
Metropolitana de Água de São Paulo atual SABESP – Companhia de Saneamento Básico
de São Paulo) e por fim, revalorização dos recursos hídricos de pequeno porte no século
XXI.
96
Do ponto de vista da agricultura, tudo começou com uma grande fazenda em 1850,
seguida de vários sítios produtores de chuchu, quando Guarulhos chegou a ser o terceiro
maior produtor do estado de São Paulo em 1970. Hoje, esta é uma atividade em extinção.
Do ponto de vista do solo local, as olarias tiveram um período de existência de cerca de
70 anos, de 1910 a 1980. Desapareceram e foram sendo substituídas por pequenas
fábricas de blocos de cimento.
Do ponto de vista da disposição dos resíduos, acompanhando o crescimento da cidade de
Guarulhos, o Cabuçu recebeu durante 20 anos, de 1980 a 1999, todo lixo que era
produzido na cidade, sem nenhuma forma de tratamento. Entre 1999 e 2001 passou para
aterro controlado em uma área adjacente e em 2002 começou a operar como aterro
sanitário até os dias atuais. Esta vocação vem sendo acompanhada pela instalação de
pequenos empreendimentos de reciclagem.
Do ponto de vista dos moradores, houve uma fase em que a população encontrava-se
estável, até o ano de 1981. Em seguida, a ocupação por imigrantes atingiu seu auge com
as invasões em 1997, descaracterizando a cultura local que começava a se formar. E a
região passou a ter características de bairro – dormitório. Entretanto, a criação da APA
Cabuçu – Tanque Grande em 2010, e as iniciativas locais como a criação da ONG Chico
Mendes, vem estimulando os moradores a lutarem por um melhor meio sócio-ambiental
da região.
A construção, iniciada este ano, do Trecho Norte do Rodoanel Mario Covas, cujo traçado
se estende longitudinalmente sobre o território da APA, constituirá uma nova e intensa
transformação da paisagem.
97
9. Análise Geotecnogênica A análise geotecnogênica fundamenta-se no princípio de que o homem é o agente
geológico predominante do ambiente atual, conforme fundamentada no item 4.1.
Entretanto, este agente também é condicionado pelo meio ambiente que encontra ou, em
outras palavras, ele transforma em seu processo de ocupação os elementos naturais em
recursos econômicos, o que pode ser compreendido como aspectos fisiográficos que
condicionaram o uso da terra.
9.1 Aspectos Fisiográficos como Condicionantes do Uso da Terra
Assim como há intrínseca relação entre os componentes ambientais de fisiografia vegetal
– solo – relevo – rocha, o uso da terra também é conduzido por essas condições.
De fato, as formas e intensidade do uso da terra são condicionadas pelos aspectos
fisiográficos de uma região. Portanto, o uso da terra não se deu por acaso, mas de forma
dirigida pelas potencialidades e limitações da fisiografia.
Na região do Cabuçu, a primeira atividade econômica de uso da terra é considerada a
oleira que foi instalada nos fundos de vale, onde sedimentos aluvionares argilosos
estavam depositados.
Os mesmos fundos de vale, especialmente do rio Cabuçu, mais largos, favorecem o
desenvolvimento da agricultura, que não se estendeu para o restante da região devido às
limitações de solos rasos e declividade acentuada das vertentes.
Entretanto, onde os solos eram mais espessos e férteis, ou seja, nas áreas de ocorrência
de latossolo vermelho resultante de alterações das rochas metavulcânicas, mesmo em
condições de declividades acentuadas, as áreas foram ocupadas pelos loteamentos
Chácaras Cabuçu e Recreio São Jorge. Estas ocupações, pioneiras da região, foram
dirigidas para a única mancha de ocorrência desses solos.
98
A implantação da maior obra local, a barragem do Cabuçu, foi privilegiada pelo
estreitamento acentuado do canal homônimo onde foi construída. A “garganta” desse
canal tão estreita e a rocha resistente favoreceram o projeto dessa barragem do tipo arco-
gravidade de concreto.
Mas também pequenas intervenções foram guiadas pelas condições que as favoreceram
como a construção do campo de futebol “Esporte Clube Três Marias”, em 1948. O terreno
para sua construção, doado pelo banqueiro Aquiles de Lima e o nome foi dado em
homenagem as suas três filhas, é um terreno de várzea do rio Cabuçu.
Por outro lado, ao não contemplar as limitações geotécnicas, o uso inadequado do solo
levou à manifestações de processos geológicos intensos como erosão, escorregamentos
e assoreamentos na região.
O loteamento Parque Continental, envolvendo intensas terraplenagens favoreceu a
instalação de processos erosivos, sulcos e ravinas de grande porte, cujos sedimentos
assorearam córregos como o Pau d’alho (SOUZA, 2007) contribuindo para o
assoreamento do rio Cabuçu e consequentemente o rio Tietê.
No Novo Recreio, cuja ocupação não envolveu terraplenagem de grande porte, mas por
implantação manual de lotes, devido às elevadas declividades, foram geradas áreas de
risco com a manifestação de escorregamento que destruíram edificações nas encostas e
contribuíram para o assoreamento do córrego Taquara do Reino (QUEIROZ, 2005;
GRAÇA, 2007; GOMES, 2008; SATO, 2008).
Conforme Gomes (op cit) há uma relação das condicionantes dos escorregamentos que
determinam a configuração do modelo fenomenológico: as encostas com maiores
declividades exigem maiores cortes para o assentamento das casas, que por sua vez,
produzem maiores volumes de aterro que, sendo lançados nas maiores declividades,
favorecem os escorregamentos.
99
9.2 Cartografia Geotecnogênica
No sentido de expressar o processo tecnogênico de transformação da paisagem foram
elaborados dois mapas da região objeto, com base no mapa de uso da terra de 2007. O
primeiro, da Figura 43, apresenta o mapa das paisagens naturais e transformadas, cuja
legenda explicativa encontra-se no Quadro 8 que mostra a transformação da paisagem do
natural para a biotecnogênica e a geotecnogênica. Esta classificação de paisagens tem
como critério principal a intensidade da transformação ambiental provocada pelo homem.
A paisagem denominada natural corresponde às áreas de coberturas vegetais não
plantadas, sejam elas originais ou geradas por recuperação espontânea, campo, matas
secundárias em estágios iniciais ou médio de regeneração. Ou seja, estas áreas podem
até ter sido desmatadas e podem por isso apresentar cicatrizes indicadoras de antigas
erosões, porem não sofreram ações tecnológicas que tenham modificado o solo e não
foram cultivadas nem reflorestadas.
A paisagem denominada biotecnogênica indica que a transformação da sua condição
natural implicou somente na mudança da cobertura vegetal sem ter havido modificações
significativas do solo. A paisagem biotecnogênica corresponde a áreas de
reflorestamento, áreas agrícolas e áreas de chácaras. As áreas agrícolas podem ter
recebido terras para regularização da superfície, assim como lixo de compostagem e
terem sofrido assoreamento.
A paisagem denominada geotecnogênica corresponde a áreas em que tanto o
componente biótico quanto o físico sofreram transformações, por ações tecnológicas mais
intensas como a urbanização, terraplenagem de bota fora, empréstimo e aterro sanitário.
O mapa da Figura 43 mostra áreas expressivas de paisagem natural correspondentes a
mata, campo e capoeira, e áreas transformadas biotecnogênicamente (reflorestamento,
agricultura e chácaras), sem modificações significativas no solo. As áreas de paisagem
natural somam cerca de 50% e as de paisagem biotecnogênicas cerca de 19% da região
do Cabuçu na APA. Portanto a região (cerca de 16,0 km) apresenta quase 70% (11,0 km)
de áreas ainda não intensamente modificadas, que oferecem um certo nível de serviços
ecossistêmicos.
100
Por outro lado, há uma grande mancha geotecnogênica a leste (Chácaras Cabuçu,
Recreio São Jorge e Novo Recreio) e a sul (Parque Continental III) que concentram as
mais intensas transformações pelo uso urbano dos terrenos e onde se destaca a
presença mais acentuada de processos geotecnogênicos: escorregamentos e áreas de
risco na mancha leste (GOMES, 2008) e erosões intensas na mancha sul com
correspondente assoreamento (SOUZA, 2007). As áreas de paisagem geotecnogênicas
somam cerca de 30% (5,0 km)
Este quadro geotécnico e seus processos tecnológicos indutores foram caracterizados na
região por Andrade (2009) a partir do seu estudo da ocupação.
As diferentes classes de paisagens geotecnogênicas estão apresentadas no mapa da
Figura 44, elaborado com base no Quadro 9 e na classificação de Fanning & Fanning
(1989 apud PELOGGIA, 1998).
Observa-se na distribuição dessas paisagens uma certa concentração de terrenos
produzidos e preenchido a oeste da região da margem direita do rio Cabuçu, qualificando
esta sub-região para uma certa vocação para disposição de resíduos. Esta característica
foi considerada no zoneamento ecológico econômico da APA, Oliveira et al. (2008),
indicando para esta sub-região a ZEMR – zona de extração de minério e disposição de
resíduos sólidos.
Destacam-se na região os terrenos tecnogênicos mistos correspondentes as áreas
urbanizadas – UL e UQ, respectivamente denominadas modelo Recreio São Jorge e
Parque Continental por Andrade (2009).
102
Quadro 8: Legenda do Mapa de Paisagens da Região do Cabuçu
Unidade
ou
Paisagem
Ações
Antrópicas
Intensidade
da Ação
Tecnogênica
no Meio
Físico
Alteração
Tecnogênica
Modificações
Físicas
Predominantes
do Solo
Processos
Geotecnogênicos
Predominantes
Mais Expressivos
Depósitos
Correlatos
Substratos
geológicos
Natural
Preservação
Abandono
Nula ou Muito
Baixa
Com ou sem
alteração
significativa da
biota. Solo
natural não
modificado
diretamente.
Não ocorrem ou
cicatrizes de
erosão
Não ocorrem ou
cicatrizados
Podem ocorrer
depósitos
induzidos
antigos
Estáveis
Biotecnôgenica
Silvicultura,
Agricultura e
Pecuária
Baixa e Média
Biota natural
eliminada.
Solo pouco
modificado.
Indiretas e
induzidas
Erosão difusa e
linear,
assoreamento
Induzidos
Modificados
Geotecnogênica
Urbanização,
aterros,
empréstimo e
infra-estrutura
civil.
Alta
Biota natural
eliminada.
Solo muito
modificado.
Complexas. - De
Subtração
(cortes, cavas,
lavras). -De
Adição (aterros,
bota-foras) -De
Modificação
(contaminação) -
Mistas (aterros
sanitários)
Erosão linear,
movimentos de
massa,
assoreamentos,
alagamentos,
inundações e
recalques.
Induzidos,
construídos,
remobilizados,
contaminados
Modificados,
escavados.
104
Uso da Terra
Terreno Tecnogênico (1)
Deposito Tecnogênico
(2)
Agricultura (chuchu e strelitzia)
Modificado
________
Solo Exposto –Empréstimo
(E3) (Zarif, Três Marias)
Escavado
________
Aterro - Bota-Fora (E2)
(Ex: Piracema, DME 10)
Produzido
Espólico e Dragado
Aterro Sanitário (E1)
(Quitauna)
Preenchido
Gárbico
Empreendimento (E2 )
(Giesteira)
Misto
Espólico
Urbano UL
Misto
Espólico, Gárbico e
Úrbico
Urbano UQ
Misto
Espólico
(1) - Com base na classificação de terrenos artificiais de Price et al. (2011) e OLIVEIRA (1990).
(2) - Com base na classificação de depósitos tecnogênicos de Fanning e Fanning (1989).
Quadro 9: Classes de uso da terra, terrenos e depósitos tecnogênicos.
105
10. Conflitos legais ambientais
As condições da região do Cabuçu apresentam várias restrições legais ambientais
relativas a áreas de preservação permanente segundo o Código Florestal do Brasil
(BRASIL, 2012). Estas áreas correspondem a fundos de vale e topos de morros. Somam-
se a estas, áreas de mata atlântica acima de 1 ha, segundo Lei Municipal Nº 4.566/94
(GUARULHOS, 1994) e também a declividade limite de 45% determinada pela Lei Nº
6.766/79 (BRASIL, 1979).
O mapeamento dessas áreas foi realizado por Oliveira et al. (2009), para todo o município
de Guarulhos conforme legislação vigente até esse ano, cujo recorte para a área de
estudo está apresentado na Figura 45. A soma dessas áreas com limitações atinge cerca
de 13 km2, ou seja, cerca de 84% da região, conforme pode ser observar na Figura 46 e
na Tabela 4.
108
Tabela 4: Distribuição de áreas com limitação legal ambiental, com base em Oliveira et al. (2009).
Área com limitação legal
ambiental
Área em km2 Área em %
APP de corpo d’água 3,42 21,33
APP de topo de morro 2,56 15,97
APP de mata atlântica 4,71 29,38
Declividade > 45% 2,75 17,16
Total 13,44 83,84
Nota: segundo a legislação vigente até 2009.
Verifica-se que a maior parte da região estudada (quase 84%) apresenta restrições legais
ambientais relativas ao parcelamento do uso da terra e de APPs de corpos d’água, de
topos de morro e de mata.
A cartografia da incompatibilidade legal determinada pelo cruzamento das limitações com
o uso da terra de 2007, elaborada por Oliveira et al. (2009), está apresentada na Figura
47 verificando-se a maior incidência de casos de incompatibilidade nas áreas
geotecnogênicas (Figura 43), correspondentes a áreas urbanas.
As incompatibilidades existentes, relativas ao ano de 2007, se concentram nos terrenos
geotecnogênicos correspondentes aos loteamentos urbanos.
110
11. Reconhecimento dos Processos Geotecnogênicos
O reconhecimento de processos geotecnogênicos, ou seja, gerados pela ocupação, foi
realizado por meio de levantamento de campo planejado por pontos criteriosamente
escolhidos em base cartográfica com curvas de nível, rede de drenagem e malha viária
pela qual foram identificados os diversos loteamentos.
Uma primeira tentativa de planejamento deste reconhecimento, em fotos aéreas se
revelou infrutífero dada a pequena escala da maior parte do acervo de fotos áreas não
permitirem a identificação de processos. Por outro lado, cicatrizes que podem ser
identificadas em levantamentos antigos, hoje não são mais reconhecidas no campo.
Os principais critérios para locação desses pontos na base cartográfica foram fundos de
vales e arruamentos a jusante de loteamentos; dentro dos próprios loteamentos
recentemente consolidados ou em processo de consolidação; o conhecimento prévio da
existência de processos; e a acessibilidade.
O reconhecimento, realizado em dezembro de 2013 e fevereiro de 2014 permitiu elaborar
as fichas de campo que estão apresentados no Anexo B.
Complementando este levantamento de campo foram selecionadas fotos do arquivo
pessoal dos eventos desencadeados pelas chuvas de janeiro de 2011, nos dias 11 e 16,
que dado seu caráter extraordinário provocaram vários escorregamentos e inundações.
De fato ocorreram chuvas excepcionais antecedendo os referidos eventos. De 01 a 11 de
janeiro de 2011, as chuvas que antecederam os eventos atingiram 271,1mm medidos na
Estação Agroclimatologica INMET 83075 instalada no campus Centro da Universidade
Guarulhos. Nos dias 10 e 11 de janeiro de 2011, da primeira série de eventos, acumulou-
se 101,4mm. As chuvas de 12 a 16 de janeiro, antecedendo a segunda série, somaram
70,3mm totalizando, nos primeiros 15 dias de janeiro de 2011, 341,4mm, conforme Tabela
5.
111
Na Estação Meteorológica Núcleo Cabuçu – EMNC, instalada no Parque Estadual da
Cantareira - Núcleo Cabuçu, no período de 01 a 11 de janeiro de 2011, as chuvas
somaram 286,8mm. Nos dias 10 e 11 de janeiro de 2011, 119,0mm. As chuvas de 12 a 16
de janeiro de 2011 foram de 80,0mm totalizando, nos primeiros 15 dias de janeiro de
2011, 366,8mm, ou seja, 107,1mm acima da média mensal do mês que é de 259,7mm,
conforme já foi apresentado na Tabela 1.
Tabela 5: Médias da primeira quinzena de janeiro de 2011.
Chuvas em Janeiro de
2011 (dias)
UNG EMNC
01-11 271,1 mm 286,8 mm
10 -11 101,4 mm 289,0 mm
12 -16 70,3 mm 80,0 mm
01 -16 341,4 mm 366,8 mm
Aos pontos do reconhecimento de campo e desses eventos foram acrescentados pontos
complementares que identificam os locais de fotos selecionadas do acervo pessoal e do
Laboratório de Geoprocessamento da UnG que complementam a ilustração dos
processos presentes na região. Todos estes pontos estão localizados no Quadro 10 e no
mapa da Figura 48. Os pontos referentes aos eventos de janeiro de 2011 e os pontos
complementares estão apresentados nas Pranchas 1 e 2, respectivamente Anexos C e D.
O Quadro 10 apresenta uma síntese dos processos reconhecidos destacando-se a
frequência do assoreamento, como resultado dos processos erosivos e de movimentos de
massa, acrescidos de restos de construção, entulho e lixo, que formam depósitos
tecnogênicos induzidos nos fundos dos vales. Verificou-se também a presença de
processos de recalque que provocaram trincas em edificações, resultantes do
adensamento dos aterros que não foram compactados nos loteamentos.
O reconhecimento de campo permitiu, além da identificação de processos, fazer
observações sobre o substrato geológico, o relevo e os solos correspondentes, no sentido
de se caracterizar as correlações entre eles, configurando um quadro geo-morfo-
112
pedológico que sintetiza o meio físico da região em seus traços gerais, conforme a Figura
49, e Quadro 11. Estas ilustrações indicam as tendências gerais das ocorrências das
associações rocha-relevo-solo, devendo-se esclarecer que os afloramentos de granitoide
verificados em no fundo do vale do rio Cabuçu, ocorrem na porção sul da área.
Quadro 10: Processos identificados no reconhecimento de campo.
Pontos Erosão Escorregamento Assoreamento Inundação Recalque
1 X
2 X
3 X
4 X
5 X
6 X
7 X X
7A X X X
8 X
9 X
10 X X
11 X X
12 X X
13 X X
14 X X
15 X
16 X
17 X X
18 X
114
Figura 49. Esboço do meio físico da região e traços gerais da distribuição das rochas em relação
ao relevo.
Unidade
Litológica
Metassedimentar Metavulcânica Granitóide
Tipo mais
frequente
Filito Anfibolito Granito
Relevo associado Topo e alto de encostas Encostas e fundos
de vale memores
Fundo de vale do rio
Cabuçu
Cor da alteração Vermelho claro Amarelo ouro Róseo
Solo
Latossolo / Cambissolo
vermelho-amarelo
(7,5yr 6/8)
e amarelo
(10yr 6/8)
Latossolo vermelho
Espesso escuro
(2,5yr 4/6)
Latossolo vermelho
espesso claro
(10r 6/8)
Quadro 11. Síntese geo-morfo-pedológico da região do Cabuçu na APA Cabuçu -Tanque Grande.
O reconhecimento dos processos de dinâmica superficial identificou sua origem
tecnogênica, não tendo sido identificados processos geológicos naturais. Dentre os
processos reconhecidos destacam-se os de assoreamento, correspondentes à deposição
não só de sedimentos oriundos de erosões e escorregamentos mas também de restos de
construção e de resíduos sólidos. O assoreamento se estende ao longo de todo o fundo
115
do vale do rio Cabuçu, cobrindo os aluviões. Este assoreamento corresponde a depósitos
tecnogênicos induzidos, sobre os quais, frequentemente, são implantados aterros, como
depósitos tecnogênicos construídos.
As erosões e escorregamento são mais frequentes nos aterros do que nos cortes, em
vários tipos litológicos nas paisagens geotecnogênicas dos loteamentos, confirmando o
que foi observado por Andrade (2009) quanto a fragilidade intrínseca dos modelos de
ocupação reinantes.
Entretanto os eventos de chuvas mais intensas deflagram os processos de
escorregamentos em solos naturais, sobretudo em cortes de estradas, como verificado
em janeiro de 2011.
As chuvas de janeiro de 2011 também revelaram várias áreas com inundação conforme
apresentado na Prancha 1.
116
12. Conclusão
O desenvolvimento da pesquisa alcançou o objetivo principal de conhecer a história da
ocupação da região do Cabuçu da APA Cabuçu – Tanque Grande para caracterizar as
alterações geoambientais decorrentes.
A análise do uso da terra, com base em fotointerpretação e um levantamento que
praticamente esgotou as fontes orais e documentais, levou a criação de cenários
detalhados por década, desde 1850 até 2000, que contam cartograficamente a história da
região do Cabuçu. O relato histórico também foi ilustrado por diagramas temporais.
Esta ênfase na história do uso da terra, como ponto de partida para a abordagem
geotecnogênica, revelou-se produtiva tendo em vista que o conhecimento das ações
tecnológicas na região permitiu identificar as paisagens naturais e transformadas, bio e
geotecnogenicamente. Este procedimento foi seguido por Andrade (2009) que considera
a caracterização do processo de ocupação e a identificação dos problemas, ponto de
partida para a cartografia geotécnica.
A caracterização geotecnogênica possibilitou inicialmente a elaboração do mapa de
paisagens naturais e transformadas, com seus atributos e, em seguida, o mapa do
tecnôgeno, elaborado com base em classificação de terrenos tecnogênicos.
A partir deste conhecimento foram dados passos seguintes de análise das limitações
legais ambientais e de reconhecimento dos processos geotecnogênicos que constituíram
os objetivos específicos desta pesquisa.
As limitações legais ambientais, que atingiram um total de quase 84% da área e a
presença de 21% de matas confirmam a vocação da região para ser gerida uma APA.
Os processos geotecnogênicos de erosão e escorregamentos incidem mais
frequentemente nos solos expostos, especialmente dos aterros, muitas vezes misturados
a entulhos, nas diversas formas de ocupação.
117
As chuvas mais intensas, como as de janeiro de 2011, deflagram outra série de processos
que mobilizou solos naturais nos cortes é inundações junto à várzea do rio Cabuçu.
Este quadro da alteração geotecnogênica da região do Cabuçu indica que o fator
essencialmente responsável pelos processos geotecnogênicos é a forma de ocupação,
confirmando como plenamente adequada a criação da APA que pode, tecnicamente, zelar
pelas formas de ocupação que sejam, mais adequadas, respeitem o meio físico e os
serviços ecossistêmicos, como estabelecida pela lei Nº 6.798/10 e indicado por Oliveira et
al. (2008) e Andrade (2009).
118
13. Considerações Finais
Os resultados desta pesquisa constituem um fortalecimento do conhecimento científico da
região do Cabuçu, como contribuição ao registro da memória das transformações da
região, relatando 160 anos de sua história, e ao diagnóstico dos processos
geotecnogênicos decorrentes.
A perspectiva de aprender com o passado para planejar o futuro foi um dos norteadores
desta pesquisa, pois ao serem analisados os referidos processos, sob a ótica do
tecnógeno, observa-se a fragilidade da região, frente às formas inadequadas de ocupação
urbana, e a necessidade da aplicação das diretrizes da APA para evitar a deflagração de
novos processos.
Este fortalecimento científico é significativo para a gestão da APA e do seu Conselho,
enfim para a sua comunidade, na iminência de desenvolver seu Plano de Manejo.
De fato, sua comunidade, que tem a APA como uma vitória pela sua luta para aprovação,
tendo acompanhado a entrada da lei, cerca de 40 vezes, no plenário das sessões
ordinárias da Câmara Municipal de Guarulhos, agora tem novo desafio que é a passagem
do Rodoanel Trecho Norte de forma longitudinal no seu território.
Neste novo desafio, o fortalecimento do conhecimento científico propiciado por esta
pesquisa, deverá enriquecer os instrumentos de luta para continuar defendendo os
serviços ecossistêmicos da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São
Paulo.
119
14. Referências
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128
Anexo A: Artigo Cientifico – Cartografia Geotecnogênica da Região do Cabuçu, Guarulhos, São
Paulo, Brasil.
Anexo B: Fichas de Campo
Anexo C: Prancha I
Anexo D: Prancha II
130
CARTOGRAFIA GEOTECNOGÊNICA DA REGIÃO DO CABUCU, GUARULHOS,
SÃO PAULO, BRASIL.
GEOTECHONOGENIC CARTOGRAPHY OF CABUÇU REGION, GUARULHOS CITY,
SÃO PAULO, BRAZIL.
Daniele dos Santos Marques, Antonio Manoel dos Santos Oliveira (UnG)
Resumo
O processo de transformação das paisagens
naturais em culturais ou tecnogênicas vem
exigindo novas abordagens e mapeamentos
dos novos terrenos e depósitos produzidos
pelo homem. Há ainda poucos exemplos de
cartografia geotecnogênica no país e este
trabalho busca apresentar um exemplo que
possa contribuir para o desenvolvimento da
terra. A cartografia elaborada para a região do
Cabuçu foi fundamentada no estudo do uso da
terra local, sua evolução e nas classificações
disponíveis de terrenos e depósitos
tecnogênicos.
Palavras – Chaves: tecnógeno, tecnogênicos,
geotecnogênicos, Cabuçu, Guarulhos.
Abstract
The process of transformation of natural
landscapes into cultural or techogenic ones
require new approaches and new mappings of
the land and man-made deposits. There are
still few examples of geotechonogenic
cartography in the country and this study aims
to presente na example trat may contribute to
the development of this issue. The mapping
elaborated for the Cabuçu region in
Guarulhos city, São Paulo satte, was based on
the study of use of local soil and the available
classifications on artificial land and
techogenic deposits.
Key-Words: Technogene, technogenic
deposits, geotechonogenic approach, Cabuçu,
Guarulhos.
131
1. INTRODUÇÃO
A abordagem geotecnogênica tem como um
dos seus principais desafios o mapeamento
das coberturas tecnogênicas que se superpõem
aos terrenos naturais, alterados ou não por
escavações ou contaminações. Entretanto, as
pesquisas sobre as formas de representação
destes elementos ainda são muito poucas no
Brasil, como Mirandola (2003) em áreas de
risco da favela Real Parque em São Paulo e
Silva (2013) para a ilha de Santa Catarina.
O objetivo deste trabalho é o de apresentar a
história da ocupação e as decorrentes
alterações geoambientais na região do
Cabuçu, Guarulhos (SP), sob o ponto de vista
do homem como agente geológico, ou seja,
com uma abordagem geotecnogênica
(OLIVEIRA,1990).
2. FUNDAMENTOS
Para uma maior compreensão das
transformações ambientais, se faz necessária
uma abordagem geotecnogênica do uso da
terra, conforme proposta de Oliveira
(1990,1995) para a Geologia de Engenharia
considerar os problemas geológico-
geotécnicos do ponto de vista da ação do
homem como agente geológico, com base em
Ter-Stepanian (1988).
O tema ainda é relativamente pouco difundido
no Brasil, tendo sido realizado, em 2005, o 1º
Encontro Brasileiro do Tecnógeno pela
Associação Brasileira de Estudos do
Quaternário – ABEQUA, na cidade de
Guarapari, estado do Espírito Santo
(OLIVEIRA, 2005).
A Geologia mostra que a superfície terrestre é
transformada ao longo das eras pela ação de
agentes geológicos externos ou exógenos,
como a chuva, o vento e o gelo, e internos ou
endógenos, como os terremotos e o
vulcanismo. Atualmente tem sido com
frequência destacado o papel dos organismos
nesses processos de alteração ao ponto de ter
sido construída a Teoria Gaia que considera o
Planeta como um ser vivo (LOVELOCK,
1988).
Entretanto, o homem, como espécie,
ultrapassou o papel de agente geológico
natural manifestando-se como agente cultural
da transformação ambiental quando, segundo
Ter-Stepanian (1988), passou de coletor e/ou
caçador para produtor de alimentos há 10.000
anos, na Revolução Agrícola diferenciando-se
dos outros animais assumindo o papel
específico de agente cultural de transformação
do meio ambiente, iniciando assim o processo
civilizatório (RIBEIRO, 1975).
Com base nesta análise Ter-Stepanian
(op.cit.) propõe que a época geológica
Holoceno seja considerada uma transição para
o Tecnógeno, quando não existirem mais
paisagens naturais no planeta, senão em
unidades de conservação.
Outros autores também consideram o homem
como agente geológico, embora possam
discordar do marco que assinala a mudança,
como é o caso de Crutzen e Stoermer (2000)
que propõem a Revolução Industrial (1800)
como início do Antropoceno.
Recentemente, Wilkinson (2005) fez cálculos
estimativos da ação do homem no planeta e
comparando-os com a dos agentes naturais,
chegou à conclusão de que a humanidade,
atualmente, movimenta cerca de 10 vezes
mais materiais naturais, do que a soma de
todos os materiais mobilizados pelos
processos naturais que operam no planeta.
Seus cálculos levaram-no a identificar a
última parte do primeiro milênio da era cristã,
como o momento em que o homem se tornou
o principal agente geológico da Terra, não
propondo, entretanto uma nova época
geológica.
Segundo Brown (1971), em concordância
com Ter–Stepanian (1988), pode-se apontar
três instrumentos significativos para o homem
em seu processo de transformação da
natureza, o arado, a pá e a pólvora.
132
Do arado primitivo originou-se uma sucessão
de meios melhorados de revolver a terra, o
trator de três ou quatro laminas todos
destinados a morder mais fundo a terra. Das
pás que cavam fossos aos bulldozers, pás
mecânicas e escavadeiras. A pólvora
conduziu à dinamite, à bomba arrasa
quarteirão e à explosão nuclear muito mais
poluidora debaixo da terra. (BROWN, op.
cit.).
Destaca-se o arado, instrumento participante
da revolução agrícola iniciada há dez mil anos
que marca definitivamente o inicio do papel
do homem como agente geológico (TER-
STEPANIAN, op. cit.). A necessidade
crescente de uma população pulsante por
comida impulsionou esse agente a intensos
processos de transformação do meio ambiente
seja nos campos, nos cultivos, seja nas
cidades, com a transformação mais intensa da
paisagem natural para a cultural. Entre o
campo e a cidade, a interligação por estradas
alteraram o comportamento das águas,
tornando-se canais para as águas das chuvas,
passando a fazer parte da natureza dos
estreitos vales e ravinas (BROWN, op.cit.).
Da mesma forma, os reservatórios construídos
com a finalidade de produção de energia
elétrica e abastecimento passaram a integrar a
natureza, como lagos.
Entretanto, é nas áreas urbanas que o meio
ambiente é mais profundamente modificado,
em relação ao original. Nele, não só a
cobertura vegetal é eliminada ou
extremamente reduzida, como o meio físico é
alterado constituindo-se novos terrenos, seja
por escavações, por aterros, ou por
contaminação.
As ocupações do meio ambiente ocorrem
atualmente com maior frequência por meio
das ocupações urbanas sem planejamento.
Como relata Almeida (1996) a concentração
urbana ocorre em velocidade superior à
implantação de infraestruturas, provocando
problemas decorrentes no meio físico, como
erosões, escorregamentos, etc.
Dentro deste contexto, uma abordagem
indispensável para compreender os processos
instalados numa certa região é a análise da
história do uso do solo. Segundo Oliveira et
al. (2007), o mapa de uso da terra de uma
dada região é normalmente considerado como
uma informação secundária em relação aos
estudos geoambientais. Entretanto,
prosseguem os autores acima referidos, os
mapas de uso da terra devem ser valorizados
nas questões ambientais, pois permitem
compreender os processos geológicos atuais,
que resultam da ação do homem, enquanto
agente transformador do meio ambiente.
As variações do metabolismo primário do
meio natural, segundo Ab’Saber (1969)
caminham para a irreversibilidade de sua
capacidade de regeneração das ações do
agente geológico, afastando cada vez mais o
meio ambiente desse meio natural.
Os depósitos tecnogênicos podem ser
testemunhos das transformações, portanto
indicadores de compreensão da ação
geológica do homem em varias áreas
intensamente modificadas. Bertê (2001)
define um depósito tecnogênico como: O
testemunho material da atividade humana
que, ao se apropriar da natureza através de
suas relações de produção e do emprego de
uma técnica que reflete um momento histórico
especifico do seu nível de desenvolvimento,
acaba por produzir modificações na
fisiografia e fisiologia das paisagens.
São vários os fatores que contribuem para
criação de um deposito tecnogênico, como
descrito por Silva (2012) pela criação,
indução, intensificação ou modificação da
erosão e da carga sedimentar correlativa,
escorregamentos em geral, infiltração e
escoamento, drenagem pluvial e fluvial, taxas
de sedimentação. Tais fatores são aliados ao
crescimento populacional e à falta de
compreensão do comportamento do meio
ambiente, tornando presente a afirmação de
Lyell (1830 apud ROSSATO;
SUERTEGARAY, 2000) em que os
processos passados não são visíveis, somente
seus efeitos.
133
3. ÁREA OBJETO
A área objeto da pesquisa, com 16,2 km²,
situa-se em Guarulhos (320 km²), na Área de
Proteção Ambiental Cabuçu – Tanque
Grande (32,2 km²), no entorno do Núcleo
Cabuçu (26 km²) do Parque Estadual da
Cantareira – PEC (80 km²). Guarulhos
integra a Região Metropolitana de São Paulo
– RMSP que abrange 39 municípios, numa
área de cerca de 8.000 km². A Figura 1
apresenta a localização da área em Guarulhos
e na RMSP.
Guarulhos, com 453 anos, é hoje o segundo
maior município paulista em população,
estimada em 1.221.979 habitantes (IBGE,
2010), tendo moldado suas planícies, os
morros e morrotes a favor das ocupações,
nem sempre ordenadas.
Dentro do contexto rodoviário o município
possui três grandes rodovias sendo elas
Rodovia Fernão Dias, Presidente Dutra e
Ayrton Senna, facilitando assim a
concentração de indústrias – pólo industrial
de Cumbica, somando aproximadamente
4.266 indústrias. (GUARULHOS, 2011).
Neste ano de 2013, foram iniciadas as obras
de implantação do Rodoanel Mario Covas –
Trecho Norte, cujo traçado atravessa a área
objeto da pesquisa.
A região do Cabuçu situa-se no município de
Guarulhos, cujo clima é descrito por Andrade
(1999), como mesotérmico brando úmido, o
mês de junho apresentando a temperatura
mais baixa com média de 16,6°C. Os demais
meses apresentam media de 20,9°C, segundo
Monteiro (1973 apud ANDRADE, 1999). A
pluviosidade da região está por volta de 1500
mm conforme medidas da Estação
Agroclimatologica UNG/INMET no período
de 1985 -2008, conforme Andrade (2009).
De acordo com Oliveira et al. (2008), a
região do Cabuçu apresenta, como
predominância em seu substrato cristalino,
rochas metassedimentares e rochas
metavulcânicas básicas e tendo, em menores
áreas de ocorrência, rochas granitóides
(OLIVEIRA, et al. 2009).
A região do Cabuçu de acordo com Ross e
Moroz (1997) localiza-se no Planalto e Serra
da Mantiqueira, unidade geomorfológica do
Cinturão Orográfico do Atlântico. Como
predominância de relevo, Andrade (2009),
destaca um sistema de morros e montanhas
(entre 800 e 1.100m), em menor proporção
os morrotes paralelos (abaixo de 800m) e, de
forma muito restrita, os morros e morrotes
(entre 800 e 900m), e as planícies aluviais
(predominando abaixo de 800m).
Segundo São Paulo (2005), a região do
Cabuçu, esta inserida na faixa de domínio da
Floresta Ombrófila Densa Montana, cujo
gradientes altitudinais vão de 500 a 1.500
metros. Sua formação detém características
de regiões tropicais com temperaturas
elevadas (média 25°C) e com precipitação
pluviométrica de ordem de 1500 mm bem
distribuída ao longo do ano.
4. MATERIAIS E METODOS
A abordagem adotada foi a de considerar o
meio físico do ponto de vista do Tecnógeno
(TER-STEPANIAN, 1988), ou abordagem
geotecnogênica (OLIVEIRA, 1995), ou seja,
que considera o homem como agente
geológico, o que implicou em pesquisar a
história local, traduzida em mapas.
Etapas da pesquisa
As principais etapas que foram realizadas na
pesquisa estão ilustradas na Figura 2, cujas
atividades são a seguir apresentadas.
Etapa 1 – Atividades Preliminares
As atividades preliminares contemplaram a
atualização do conhecimento disponível
sobre a área do ponto de vista das
características físicas e da história da
ocupação, ou seja, levantamentos da
bibliografia e de dados disponíveis.
O levantamento de dados foi realizado em
órgãos públicos como a Prefeitura Municipal
de Guarulhos através de suas Secretarias de
134
Meio Ambiente, Secretaria da Cultura,
Secretaria do Desenvolvimento Urbano e
Departamento de Informática e Tecnologia;
historiadores de Guarulhos; Arquivos
Históricos Municipal e Estadual; Instituto
Florestal e Fundação Florestal e Laboratório
de Geoprocessamento da UNG –
LabGeopro/UNG. Além disso, foram
utilizados os dados de entrevistas com os
moradores mais antigos da área objeto,
realizadas pelo Ponto de Cultura Chico
Mendes/Cabuçu em sua Oficina de Resgate
Histórico do Cabuçu.
Etapa 2 – O Meio Físico da Região
A caracterização do meio físico da área
objeto foi realizada com base nos
levantamentos bibliográficos e em
compilação de dados disponíveis no
Laboratório de Geoprocessamento da UNG –
LabGeopro/UNG, especialmente nos já
referidos Projetos desenvolvidos com o apoio
da FAPESP (OLIVEIRA et al., 2005 e 2009)
e na pesquisa de doutorado de Andrade
(2009).
Etapa 3 – História da Região
Com base na etapa 1, foi elaborada a história
da área objeto, desde os primeiros fatos até
os dias atuais com vistas a se obter os mapas
do cenário evolutivo desta ocupação,
juntamente com o mapa de toponímia e o
diagrama temporal com destaque para os
fatos notáveis que ocorreram no Brasil,
Guarulhos e na região do Cabuçu.
Com base nas interpretações das fotos aéreas
e imagens de satélite foram elaborados os
mapas de uso da terra da área. Para a região
estão disponíveis até o presente momento os
levantamentos de sensoriamento remoto
apresentados no Quadro 1.
Tais levantamentos possibilitaram a
elaboração do mapa síntese dos fatos mais
significativos das alterações do meio físico
da região, considerando-se as principais
classes de uso: vegetação, agricultura e
ocupação urbana.
Etapa 4 – Mapeamento Geotecnogênico
O mapa do tecnógeno foi elaborado com base
no mapa de uso atual da terra traduzido em
termos de abordagem geotecnogênica,
apresentando as alterações ocorridas no meio
físico, ou seja, os registros tecnogênicos por
tipos de ocupação, escavação, aterro ou
intervenção mista.
Com esta finalidade foram usadas as
classificações de depósitos tecnogênicos
apresentadas nos Quadros 2 a 4, segundo
Oliveira (1990), Fanning e Fanning (1989,
apud PELLOGIA, 1998) e do Serviço
Geológico Britânico (PRICE et al, 2011).
5. HISTÓRIA DA REGIÃO DO
CABUÇU
Com o intuito de aprofundar o conhecimento
das transformações ambientais, com base na
abordagem geotecnogênica foram elaborados
os cenários sucessivos desde as primeiras
intervenções de que se tem conhecimento, até
os dias atuais, fundamentando-se no estudo
da história da região e nos mapas de uso da
terra gerados por interpretação de fotos
aéreas e imagem de satélite.
A transformação da paisagem, iniciada no
final do século XIX, foi seriada em ciclos
decadais, desde a primeira década de 1850
até 2010, com desenhos que, década a
década, ilustram o cenário histórico em
transformação.
A década de 1850 revela os primeiros
indícios de ocupação, que vem a se expandir
até hoje, com a construção da capela Bom
Jesus da Cabeça e os possíveis caminhos de
acesso, que foram reconstituídos conforme os
vestígios atuais. A capela foi construída na
área da antiga Fazenda Cabuçu, de
propriedade da Sra. Joaquina Fortes que
segundo Herling (2002), pertencia à
população neo-européia que, por quase
quatro séculos, explorou os recursos
florestais locais, inclusive da que viria a ser
reserva da Cantareira e Parque Estadual da
Cantareira.
135
Este processo de transformação da paisagem
pode ser descrito segundo várias abordagens,
econômico, social e ambiental, como
apresentado a seguir.
Em relação a água, o Cabuçu iniciou sua vida
contemporânea com o abastecimento de água
para São Paulo, de 1900 a 1973. Após a
desativação dessa atividade, durante quase 30
anos, foi reativado em 2001 e hoje abastece a
população de Guarulhos. Essa trajetória
revela uma política de uso dos recursos
hídricos, desde os empreendimentos
pioneiros realizados no inicio do século XX,
à adoção de grandes empreendimentos nos
anos de 1970 com o Sistema Cantareira da
COMASP – Companhia Metropolitana de
Água de São Paulo, atual SABESP –
Companhia de Saneamento Básico de São
Paulo) e, por fim a revalorização dos
recursos hídricos de pequeno porte no século
XXI, como Serviço Autônomo de Água e
Esgoto – SAAE.
Na agricultura, o inicio pode ter sido uma
grande fazenda em 1850 relatada por
Oliveira et al (2007), seguida de vários sítios
produtores de chuchu, quando Guarulhos
chegou a ser o terceiro maior produtor do
estado de São Paulo em 1970. Hoje, esta é
uma atividade em extinção.
As cavas realizadas para a extração de argila
nas olarias, contribuiu em um dos primeiros
ciclos econômicos, durando cerca de 70 anos,
1910 a 1980, quando desapareceram e foram
sendo substituídas por pequenas fábricas de
blocos de cimento.
Quanto à disposição dos resíduos,
acompanhando do crescimento da cidade de
Guarulhos, a região do Cabuçu recebeu
durante 20 anos, de 1980 a 1999, todo lixo
que era produzido na cidade, sem nenhuma
forma de tratamento. Entre 1999 e 2001
passou para aterro controlado em uma área
adjacente e em 2002 começou a operar como
aterro sanitário até os dias atuais. Esta
vocação da região de receber resíduos vem
sendo acompanhada pela instalação de
pequenos empreendimentos de reciclagem.
A população do Cabuçu encontrava-se
estável, até o ano de 1981. Em seguida, a
ocupação por imigrantes atingiu seu auge
com as invasões em 1997, descaracterizando
a cultura local que começava a se formar. E a
região passou a ter características de bairro –
dormitório. Entretanto, a criação da APA
Cabuçu – Tanque Grande em 2010, e as
iniciativas locais como a criação da ONG -
Associação Cultural e Ambiental Chico
Mendes, vem estimulando os moradores a
lutarem por um melhor meio sócio-ambiental
da região.
Toda essa expansão catalisou a instalação de
grandes empreendimentos, como o Hotel e
Centro de Convenções Santa Mônica,
Instituto Manoel Moreira Giesteira de
Promoção Humana, Fazenda Três Marias,
que foi utilizada como área de empréstimos e
disposição de resíduos. A indústria também
se instalou na região com a Empresa Higie
Topp de Produtos Higiênicos e Beneficiadora
de Legumes Batista.
A construção, iniciada no ano de 2013, do
Trecho Norte do Rodoanel Mario Covas,
cujo traçado se estende longitudinalmente
sobre o território da APA, constituirá uma
nova e intensa transformação da paisagem.
Nessa ultima década, o Cabuçu ganhou mais
dois loteamentos o Jardim Santa Mônica e a
Vila Julieta, unindo-se aos já existentes,
Morro do Sabão, Jardim Siqueira Bueno,
Jardim Monte Alto, Jardim dos Cardosos,
Chácaras Cabuçu, Recreio São Jorge e Novo
Recreio, compondo o cenário urbano atual da
região do Cabuçu.
Até o ano de 1962, ano do primeiro
levantamento aerofotogramétrico disponível
(IAC) foi possível, com base no
levantamento histórico, elaborar o cenário da
década de 1960, conforme apresentado na
figura 3.
Por meio de interpretações de fotos aéreas e
imagens de satélite, foram elaborados os
mapas da evolução do uso da terra da região
do Cabuçu referente às décadas de 1960 a
136
2007, ilustrados na Figura 4, cuja legenda
encontra-se no Quadro 5.
O Quadro 6 apresenta as sub-classes dos usos
urbanos e dos solos expostos.
As áreas de ocorrência de cada classe de uso
da terra foram quantificadas destacando-se as
principais que foram analisadas nos gráficos
da Figura 5, às quais foi acrescentada a
evolução da população do Cabuçu que, em
1991, apresentava 28.709 habitantes, em
2000 apresentava 59.675 habitantes e em
2010 atingiu o numero de 73.076 habitantes
(IBGE, 2010).
A região revelou não possuir vocação para a
agricultura senão em áreas restritas de fundo
de vale tendo sofrido redução drástica ao
longo dos anos. Restaram também pequenas
áreas ocupadas por chácaras. As áreas de
solo exposto, destinadas a empréstimos de
terra (E3) tiveram aumento em comparação
com as áreas destinadas a resíduos (E1) e
empreendimentos (E2), que se mantiveram
constantes. A análise dos gráficos da Figura
5 mostra como mais notável o avanço das
ocupações urbanas na região, que tiveram seu
auge em 1986 com a classe de uso urbano
inicial – lotes (UL1), conforme legenda do
Quadro 5.
Hoje esta classe apresenta a menor área de
ocupação devido terem se transformado em
áreas de estágio urbano em consolidação –
lotes (UL2) e consolidadas (UL3). Estas
áreas, que aumentaram nos anos de 1993 e
2000, apresentaram queda em 2007. Já o
estágio urbano consolidado – lotes/quadra
(UL3 e UQ3), que em 2000 apresentavam
6% das áreas tiveram aumento de quase 14%
em apenas 7 anos.
6. ANALISE GEOTECNOGÊNICA
Conforme fundamentado no item 2, a análise
geotecnogênica fundamenta-se no principio
de que o homem é o agente geológico
predominante do ambiente atual.
No sentido de expressar o processo
geotecnogênico de transformação da
paisagem foram elaborados dois mapas da
região objeto.
O primeiro, apresentado na Figura 6 mostra o
Mapa do Tecnógeno cuja legenda explicativa
encontra-se no Quadro 7, que revela a
transformação da paisagem da natural para a
paisagem biotecnogênica e geotecnogênica.
A análise da Figura 6 revela que há uma
grande mancha geotecnogênica a leste
(Chácaras Cabuçu, Recreio São Jorge e Novo
Recreio) que concentra as mais fortes
transformações pelo uso urbano dos terrenos
e onde se destaca a presença mais acentuada
de áreas de risco a escorregamentos
(GOMES, 2008). As demais paisagens
geotecnogênicas encontram-se mais
disseminadas na região.
O segundo mapa apresentado na Figura 7,
identifica as classes dos terrenos dessa
paisagem tecnogênica, cuja legenda
explicativa está no Quadro 8.
7. CONCLUSÕES
As transformações antrópicas do meio
ambiente, resultando em terrenos alterados
por escavações, aterros, contaminações, estão
exigindo o desenvolvimento de uma
cartografia especifica dos novos terrenos.
Esta cartografia geotecnogênica demanda a
elaboração de novas legendas, tendo ainda
poucos exemplos no Brasil.
Entretanto, alguns critérios de tal cartografia
ou mapeamento podem ser apontados, a
partir do fundamento da abordagem
geotecnogênica, ou seja, é necessário
conhecer, além dos principais componentes
naturais do meio físico (clima, geologia,
geomorfologia e pedologia), o uso da terra
que constitui a manifestação objetiva do
homem como agente geológico. Este é o
primeiro critério: o conhecimento da história
do uso da terra, em detalhes pertinentes do
objeto do mapeamento da área de estudo.
Os critérios seguintes dependem da escala e
objeto do mapeamento geotenogênico. No
caso de mapeamentos regionais como é o
137
caso do presente trabalho, um segundo
critério é o de realizar uma primeira
aproximação ao problema elaborando um
mapa de paisagens em que seja possível
distinguir diferentes graus de transformação.
No presente trabalho a legenda deste mapa
foi sintetizada em três categorias; natural,
biotecnogênica e geotecnogênica.
Um terceiro critério é o de considerar as
legendas elaboradas com base nas
classificações disponíveis procurando-se
adaptá-las as necessidades de mapeamento.
Neste momento em que os pesquisadores
buscam soluções para a realização de
mapeamentos geotecnogênicos, espera-se
que o presente trabalho constitua efetiva
contribuição.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FAPESP pelo apoio
a pesquisa com a bolsa de mestrado da
primeira autora (Processo N. 2011/16456-8).
8. REFERÊNCIAS
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141
Ficha de Campo
LLlocalização
Ficha de Campo
LOCALIZAÇÃO
Estrada do Cabuçu - Ponte do Frangalio – Divisa do município de Guarulhos com o município de São Paulo.
Fonte: Google Earth
OBSERVAÇÕES DE CAMPO
ILUSTRAÇÕES
FAPESP – 2011/16456-8
PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da
Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.
DATA:
27/12/2013 MESTRANDA
Daniele dos Santos Marques
PONTO
1
Neste ponto foi possível observar a presença de granitoide metamorfizado e cisalhado, no talude da estrada. Também observa-se o encontro de duas drenagens, dos rios Cabuçu e Piracema. Suas margens apresentam vegetação típica de área degradada e em sua margem direita observa-se a construção de um muro em conflito com a legislação ambiental, conforme Foto 2. PROCESSO: assoreamento.
Foto 1. Vista de afloramento de granitoide
metamorfizado no talude da Estrada.
Orientador
Antonio Manoel S. Oliveira
Participação
Ericson Silva
(mestrando do MAG)
Foto 2. Vista das drenagens da jusante para
montante sobre a Ponte.
UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)
GEOLOGIA - aluvião / granitoide GEOMORFOLOGIA - planície ampla PEDOLOGIA - gleissolo
USO DO SOLO - cobertura arbórea mista
142
Ficha de Campo
LLlocalização
Ficha de Campo
LOCALIZAÇÃO
Estrada Dona Ana Diniz.
Fonte: Google Earth
OBSERVAÇÕES DE CAMPO
ILUSTRAÇÕES
FAPESP – 2011/16456-8
PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da
Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.
DATA:
27/12/2013
MESTRANDA
Daniele dos Santos Marques
PONTO
2
Neste ponto foi possível observar a presença de granitoide metamorfizado e cisalhado. Observa-se que na margem direita do rio há um deposito tecnogênico complexo. Na margem esquerda apresenta vegetação típica de área degradada. Devido a Estrada ter acesso aos dois aterros sanitários há um grande fluxo de caminhões com todas as espécies de resíduos que também espalham-se pelas margens da mesma. PROCESSO: assoreamento.
Foto 1. Vista de afloramento de granitoide
metamorfizado no talude da Estrada.
Orientador
Antonio Manoel S. Oliveira
Participação
Ericson Silva
(mestrando do MAG)
Foto 2. Vista do rio Cabuçu da jusante para
montante.
UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)
GEOLOGIA – aluvião / granitoide GEOMORFOLOGIA – planície ampla PEDOLOGIA - gleissolo
USO DO SOLO - campo
143
Ficha de Campo
LLlocalização
Ficha de Campo
LOCALIZAÇÃO
Encosta do Vale do Continental lII – Final da Rua Cento e Dezenove com a Rua Durvalino Trevissan.
Fonte: Google Earth
OBSERVAÇÕES DE CAMPO
ILUSTRAÇÕES
FAPESP – 2011/16456-8
PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da
Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.
DATA:
27/12/2013
MESTRANDA
Daniele dos Santos Marques
PONTO
3
Neste ponto foi possível observar a presença de filito, cambissolo amarelo com trechos descontínuos de coluvião e talus. A encosta do morro apresenta em alguns pontos capas de aterro e entulho lançado. A vegetação é composta por eucalipto e capim.
PROCESSO: escorregamento.
Foto 1. Presença de filito.
Orientador
Antonio Manoel S. Oliveira
Participação
Ericson Silva
(mestrando do MAG)
Foto 2. Vista da encosta do morro no Parque
Continental III.
UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)
GEOLOGIA – metassedimentar GEOMORFOLOGIA – morro médio
PEDOLOGIA – cambissolo / latossolo amarelo
USO DO SOLO – área urbana
144
Ficha de Campo
LLlocalização
Ficha de Campo
LOCALIZAÇÃO
Cabeceira do Vale do Continental lII – Final da Rua Natalina de Mello Gouveia Norkivicius.
OBSERVAÇÕES DE CAMPO
Neste ponto foi possível observar a presença de filito, cambissolo amarelo com trechos descontínuos de coluvião e talus. Também foi possível observar a crista da cicatrização do escorregamento e lançamento de entulho.
PROCESSO: escorregamento.
UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)
GEOLOGIA – metassedimentar GEOMORFOLOGIA – morro médio
PEDOLOGIA - cambissolo / latossolo amarelo USO DO SOLO – área urbana
FAPESP – 2011/16456-8
PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da
Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.
DATA:
27/12/2013
MESTRANDA
Daniele dos Santos Marques
PONTO
4
Foto 1. Presença de filito e cambissolo
amarelo.
Orientador
Antonio Manoel S. Oliveira
Participação
Ericson Silva
(mestrando do MAG)
Foto 2. Vista da crista da encosta do morro
Parque Continental III com lançamento de
entulhos.
Fonte: Google Earth
ILUSTRAÇÕES
145
Ficha de Campo
LLlocalização
Ficha de Campo
LOCALIZAÇÃO
Parque Continental III - Rua Cento e Sete com Rua Cento e Nove.
Fonte: Google Earth
OBSERVAÇÕES DE CAMPO
ILUSTRAÇÕES
FAPESP – 2011/16456-8
PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da
Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.
DATA:
27/12/2013 MESTRANDA
Daniele dos Santos
Marques
PONTO
5
Neste ponto foi possível observar a presença de filito. Foi possível observar também um escorregamento estabilizado e duas drenagens circundadas por vegetação típica de área alterada. . PROCESSO: escorregamento.
Foto 1. Localização das drenagens com
vegetação alterada.
Orientador
Antonio Manoel S. Oliveira
Participação
Ericson Silva
(mestrando do MAG)
Foto 2. Vista da
cicatriz do
escorregamento.
UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)
GEOLOGIA – metassedimentar GEOMORFOLOGIA – morro médio
PEDOLOGIA - latossolo amarelo USO DO SOLO – área urbana
146
Ficha de Campo
LLlocalização
Ficha de Campo
LOCALIZAÇÃO
Parque Continental III - Rua H.
Fonte: Google Earth
OBSERVAÇÕES DE CAMPO
ILUSTRAÇÕES
FAPESP – 2011/16456-8
PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da
Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.
DATA:
27/12/2013
MESTRANDA
Daniele dos Santos Marques
PONTO
6
. Observou-se o porte da terraplenagem
executada para a implantação do
loteamento que produziu cortes de uma
dezena de metros de altura e aterros
espessos que sofrem recalque provocando
trincas como da Foto 2.
PROCESSO: recalque.
Foto 1. Vista do corte realizado para
implantação do loteamento.
Orientador
Antonio Manoel S. Oliveira
Participação
Ericson Silva Ferreira
(mestrando do MAG)
UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)
GEOLOGIA – metassedimentar GEOMORFOLOGIA –morros médios PEDOLOGIA - neossolo litólico
USO DO SOLO - capoeira
Foto 2. Vista de trinca em residência devido recalque do
aterro.
147
LLlocalização
Ficha de Campo
LOCALIZAÇÃO
Parque Continental – Rua Jovelino Martins de Araújo.
Fonte: Google Earth
OBSERVAÇÕES DE CAMPO
ILUSTRAÇÕES
FAPESP – 2011/16456-8
PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da
Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.
DATA:
15/02/2014
MESTRANDA
Daniele dos Santos Marques
PONTO
7
Neste ponto observa-se o córrego Pau
d’alho, que encontra-se em processo de
assoreamento devido as obras de
implantação dos loteamentos Parque
Continental III e Vila Operaria.
Observa-se também erosão na encosta do
sitio da família Gregório, e presença de
eucalipto em toda margem do córrego e
encosta.
PROCESSOS: erosão e assoreamento.
Foto 1. Vista da erosão na encosta do sitio da Família
Gregório.
Orientador
Antonio Manoel S. Oliveira
Participação
Rodrigo Maia
UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)
GEOLOGIA – aluvião / granitoide GEOMORFOLOGIA – planície ampla PEDOLOGIA – gleissolo / latossolo amarelo
USO DO SOLO - campo
Foto 2. Presença de eucalipto.
148
Ficha de Campo
LLlocalização
Ficha de Campo
LOCALIZAÇÃO
Curva dos Cavalos - Estrada do Cabuçu, altura do n° 2500
Fonte: Google Earth
OBSERVAÇÕES DE CAMPO
ILUSTRAÇÕES
FAPESP – 2011/16456-8
PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da
Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.
DATA:
10/02/2014
MESTRANDA
Daniele dos Santos Marques
PONTO
7A
Neste ponto existem dois córregos
denominados de Pau d’alho e Laranja
Azeda, que passam em tubulão sob a
Estrada do Cabuçu e desembocam no rio
Cabuçu, área sujeita a inundação por
extravasamento na Estrada provocando
erosão.
PROCESSOS: erosão, assoreamento e
inundação.
Foto 1. Vista da erosão da Estrada no córrego
Laranja Azeda.
Orientador
Antonio Manoel S. Oliveira
Participação
Ericson Silva Ferreira
(mestrando do MAG)
UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)
GEOLOGIA – aluvião / granitoide GEOMORFOLOGIA – planície ampla PEDOLOGIA – gleissolo / latossolo amarelo
USO DO SOLO - campo
Foto 2. Vista do afloramento de granitoide na
margem da Estrada.
149
LLlocalização
Ficha de Campo
LOCALIZAÇÃO
Casa do Sr. Cicero - Estrada do Cabuçu, altura do n° 1114
Fonte: Google Earth
OBSERVAÇÕES DE CAMPO
ILUSTRAÇÕES
FAPESP – 2011/16456-8
PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da
Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.
DATA:
10/02/2014 MESTRANDA
Daniele dos Santos Marques
PONTO
8
. Neste ponto observa-se a presença de
filito como rocha metassedimentar, como
mostrado na foto 1.
Observa-se também o córrego Rita de
Cassia, que encontra-se em processo de
assoreamento, com presença de taboa.
PROCESSO: assoreamento.
Foto 1. Presença de filito.
Orientador
Antonio Manoel S. Oliveira
Participação
Ericson Silva Ferreira
(mestrando do MAG)
UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)
GEOLOGIA – aluvião / metassedimento GEOMORFOLOGIA – planície ampla PEDOLOGIA - gleissolo / latossolo amarelo
USO DO SOLO - campo
Foto 2. Vista do córrego Rita de Cassia e ao fundo
presença de taboas sobre o corpo de assoreamento.
150
LLlocalização
Ficha de Campo
LOCALIZAÇÃO
Palacete - Estrada do Cabuçu altura do n° 203
Fonte: Google Earth
OBSERVAÇÕES DE CAMPO
ILUSTRAÇÕES
FAPESP – 2011/16456-8
PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da
Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.
DATA:
10/02/2014
MESTRANDA
Daniele dos Santos Marques
PONTO
9
Observou-se a presença de granito e o
horizonte B do seu solo com cor entre 7,5 R
e 10 R 6/8 (latossolo vermelho).
Na margem esquerda do rio Cabuçu a
confluência do córrego Mackenzie que
encontra-se em processo erosivo ao lado da
Estrada.
PROCESSO: assoreamento.
Foto 1. Presença de granito.
Orientador
Antonio Manoel S. Oliveira
Participação
Ericson Silva Ferreira
(mestrando do MAG)
UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)
GEOLOGIA – aluvião / granitoide GEOMORFOLOGIA – planície ampla PEDOLOGIA - gleissolo / latossolo amarelo
USO DO SOLO - campo
Foto 2. Vista do rio Cabuçu da jusante para montante.
151
Ficha de Campo
LLlocalização
Ficha de Campo
LOCALIZAÇÃO
Campo Três Marias - Estrada Morro do Sabão, altura do n°2
Fonte: Google Earth
OBSERVAÇÕES DE CAMPO
ILUSTRAÇÕES
FAPESP – 2011/16456-8
PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da
Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.
DATA:
10/02/201
4
MESTRANDA
Daniele dos Santos Marques
PONTO
10
Neste ponto o rio Cabuçu está assoreado, com suas tubulações obstruídas. Está sendo feito a dragagem do mesmo e os sedimentos sendo depositados à margem. A Estrada está sendo utilizada como caminho de serviço para acesso ao deposito de material excedente das obras do Rodoanel Trecho Norte, foto 1. PROCESSOS: assoreamento e inundação.
Foto 1. Vista do rio Cabuçu com tubulações obstruídas.
Orientador
Antonio Manoel S. Oliveira
Participação
Ericson Silva Ferreira
(mestrando do MAG)
UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)
GEOLOGIA – aluvião GEOMORFOLOGIA – planície ampla PEDOLOGIA - gleissolo /latossolo amarelo
USO DO SOLO - mista
Foto 2. Vista da jusante para montante do rio Cabuçu
sendo dragado.
152
LLlocalização
Ficha de Campo
LOCALIZAÇÃO
Maria Helena - Estrada do Cabuçu, altura do n°7611
Fonte: Google Earth
OBSERVAÇÕES DE CAMPO
ILUSTRAÇÕES
FAPESP – 2011/16456-8
PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da
Região do Cabuçu, Guarulhos SP.
DATA:
10/02/2014
MESTRANDA
Daniele dos Santos Marques
PONTO
11
Neste ponto observa-se a incompatibilidade ambiental com construções irregulares sobre a APP do curso d’água. Este córrego na Foto 1 apresenta água limpa vinda de antiga cava de olaria. Ao atravessar a Estrada recebe esgoto e apresenta assoreamento com deposito tecnogênico induzido.
PROCESSOS: assoreamento e inundação.
Foto 1. Vista do córrego da jusante para montante
em trecho limpo.
Orientador
Antonio Manoel S. Oliveira
Participação
Ericson Silva Ferreira
(mestrando do MAG)
UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)
GEOLOGIA – aluvião GEOMORFOLOGIA – planície ampla PEDOLOGIA - latossolo amarelo
USO DO SOLO – área urbana
Foto 2. Vista de construções irregulares e deposito
tecnogênico induzido.
153
LLlocalização
LOCALIZAÇÃO
Caminho de servidão do Sitio do Banco e Pico Pelado.
Fonte: Google Earth
OBSERVAÇÕES DE CAMPO
ILUSTRAÇÕES
FAPESP – 2011/16456-8
PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da
Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.
DATA:
10/02/2014
MESTRANDA
Daniele dos Santos Marques
PONTO
12
Neste ponto observa-se que o lago encontra-se assoreado a jusante, formando um deposito entalhado e com presença de taboa. Supressão da vegetação pelas obras de implantação do Rodoanel Trecho Norte. Presença de filito e metavulcânica. . PROCESSOS: assoreamento e inundação.
Foto 1. Vista do lago assoreado com vegetação
de taboa ao fundo.
Orientador
Antonio Manoel S. Oliveira
Participação
Ericson Silva Ferreira
(mestrando do MAG)
UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)
GEOLOGIA – metassedimento GEOMORFOLOGIA – planície restrita PEDOLOGIA - cambissolo
USO DO SOLO - mata
Foto 2. Vista de solo exposto pelas obras do Rodoanel e
curso d’água assoreado.
Á a
‘.
154
Ficha de Campo
LLlocalização
Ficha de Campo
LOCALIZAÇÃO
Bica da Julieta - Rua Hans Heitel Hohl
Fonte: Google Earth
OBSERVAÇÕES DE CAMPO
ILUSTRAÇÕES
FAPESP – 2011/16456-8
PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da
Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.
DATA:
10/02/2014
MESTRANDA
Daniele dos Santos Marques
PONTO
13
Neste ponto observa-se a presença de sedimentos compostos por entulho oriundos das construções localizadas na montante como mostra a foto 2. Presença de filito em forma cisalhada. Erosão na trilha de acesso a bica. PROCESSOS: assoreamento e erosão.
Foto 1. Vista da Bica da Julieta com cisalhamento
de filito.
Orientador
Antonio Manoel S. Oliveira
Participação
Ericson Silva Ferreira
(mestrando do MAG)
UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)
GEOLOGIA – metassedimento GEOMORFOLOGIA – morro baixo PEDOLOGIA - cambissolo / neossolo litólico
USO DO SOLO - mata
Foto 2. Detalhe de sedimentos vindo de construções
irregulares à montante da Bica.
155
LLlocalização
Ficha de Campo
LOCALIZAÇÃO
JD Monte Alto - Rua dos Unidos
Fonte: Google Earth
OBSERVAÇÕES DE CAMPO
ILUSTRAÇÕES
FAPESP – 2011/16456-8
PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da
Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.
DATA:
10/02/2014
MESTRANDA
Daniele dos Santos Marques
PONTO
14
Neste ponto observa-se uma obra de contenção que está sofrendo rompimento em vários pontos, com fendas de tração paralelas e transversais à encosta. . PROCESSOS: escorregamento e recalque.
Foto 1. Vista da obra em processo de ruptura.
Orientador
Antonio Manoel S. Oliveira
Participação
Ericson Silva Ferreira
(mestrando do MAG)
UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)
GEOLOGIA – metassedimentar GEOMORFOLOGIA – morro baixo / morrote PEDOLOGIA - latossolo amarelo
USO DO SOLO - mista
Foto 2. Vista de um trecho do rompimento da obra.
156
LLlocalização
LOCALIZAÇÃO
Recreio São Jorge - Rua Terra Boa.
Fonte: Google Earth
OBSERVAÇÕES DE CAMPO
ILUSTRAÇÕES
Neste fundo de vale, observa-se a construção irregular de moradias e o descarte de materiais de diversas origens. PROCESSO: assoreamento.
UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)
GEOLOGIA – metavulcânica GEOMORFOLOGIA – morros baixos e morrotes
PEDOLOGIA - latossolo vermelho –amarelo /
gleissolo USO DO SOLO – área urbana
FAPESP – 2011/16456-8 PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da
Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.
DATA:
23/12/2013
MESTRANDA
Daniele dos Santos Marques
PONTO
15
Orientador
Antonio Manoel S. Oliveira
Participação - Adriana
Oliveira e Ericson Silva
(mestrandos do MAG)
Foto 1 – Construção irregular de moradias. Foto 2 – Vista do fundo de vale.
FAPESP 2011/16456-8
157
Ficha de Campo
LLlocalização
Ficha de Camp
LOCALIZAÇÃO
Recreio São Jorge - Rua Agudos do Sul.
Fonte: Google Earth
OBSERVAÇÕES DE CAMPO
ILUSTRAÇÕES
Neste ponto observa-se as margens do córrego bastante alteradas, com um deposito tecnogênico complexo (construído, lançado e induzido). A vegetação apresenta espécies de áreas modificadas (mamona, capim gordura, etc). Este local e conhecido como um ponto viciado de descarte de todo tipo de material rejeitado. PROCESSO: assoreamento.
UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)
GEOLOGIA – aluvião GEOMORFOLOGIA – planícies restritas PEDOLOGIA - latossolo vermelho - amarelo USO DO SOLO - área urbana
FAPESP – 2011/16456-8
PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.
DATA:
23/12/2013
MESTRANDA
Daniele dos Santos Marques
PONTO
16
Orientador
Antonio Manoel S. Oliveira
Participação - Adriana
Oliveira e Ericson Silva
(mestrandos do MAG)
Foto 1 – Vista da drenagem e construção irregular. Foto 2 – Vista da drenagem com ponto viciado de
descarte de resíduos.
158
Ficha de Campo
LLlocalização
Ficha de Campo
LOCALIZAÇÃO
Novo Recreio - Rua Coqueiro.
Fonte: Google Earth
OBSERVAÇÕES DE CAMPO
ILUSTRAÇÕES
Neste ponto observa-se na drenagem lateral do Taquara do Reino, erosão remontante, tendo sua cabeceira aproximadamente seis metros de largura por 4 metros de profundidade. Presença de um deposito construído e grande quantidade de resíduos. PROCESSOS: assoreamento e erosão
remontante no afluente.
UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)
GEOLOGIA – metavulcânica GEOMORFOLOGIA – morros médios PEDOLOGIA – latossolo vermelho - amarelo USO DO SOLO - área urbana
FAPESP – 2011/16456-8
PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da
Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.
DATA:
23/12/2013 MESTRANDA
Daniele dos Santos Marques
PONTO
17
Orientador
Antonio Manoel S. Oliveira
Participação - Adriana
Oliveira e Ericson Silva
(mestrandos do MAG)
Foto 1 – Vista do latossolo vermelho. Foto 2 – Vista do Taquara do Reino com descarte de
resíduos a jusante da confluência da drenagem lateral.
159
Ficha de Campo
LLlocalização
LOCALIZAÇÃO
Novo Recreio - Rua Restinga.
Fonte: Google Earth
OBSERVAÇÕES DE CAMPO
ILUSTRAÇÕES
Neste ponto observa-se outro trecho do Taquara do Reino com as mesmas características de degradação, suas margens com depósito complexo, muito resíduo descartado e vegetação alterada. PROCESSO: assoreamento.
UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)
GEOLOGIA – aluvião GEOMORFOLOGIA – planícies restritas PEDOLOGIA - latossolo amarelo / gleissolo USO DO SOLO - campo
FAPESP – 2011/16456-8
PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da
Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.
DATA:
23/12/2013 MESTRANDA
Daniele dos Santos Marques
PONTO
18
Orientador
Antonio Manoel S. Oliveira
Participação - Adriana
Oliveira e Ericson Silva
(mestrandos do MAG)
Foto 1. Vista para jusante do Córrego Taquara do Reino.
160
Ponto 1. Rompimento do aqueduto em
trecho da Estrada do Cabuçu – Palacete.
Foto: D.S. Marques, 11/01/2011.
Ponto 2. Escorregamento em solo de
talude de corte da Av. Benjamim Harris
Hunnicutt. Foto: R. Maia, 11/01/2011.
Ponto 3. Escorregamento em aterro na Estrada Morro do
Sabão. Foto: R. Maia, 16/01/2011.
Ponto 3. Escorregamento em aterro na Estrada Morro do
Sabão. Foto: R. Maia, 16/01/2011.
Ponto 3. Escorregamento em aterro na Estrada Morro do
Sabão. Foto: R. Maia, 16/01/2011.
Ponto 3. Escorregamento em aterro na Estrada Morro do
Sabão. Foto: R. Maia, 16/01/2011.
Ponto 3. Escorregamento em aterro na Estrada Morro do
Sabão. Foto: R. Maia, 16/01/2011.
Ponto 3. Escorregamento em aterro na Estrada Morro do
Sabão. Foto: R. Maia, 16/01/2011.
Ponto 3. Escorregamento em aterro na
Estrada Morro do Sabão. Foto: R. Maia,
16/01/2011.
Ponto 4. Inundação do rio Cabuçu – Rua
Maria Guilhermina - JD. Monte Alto. Foto:
R. Maia, 11/01/2011.
Ponto 7. Escorregamento em solo de talude
de corte em um trecho da Estrada do Cabuçu.
Foto: R. Maia, 11/01/2011.
Ponto 5. Enchente do rio Cabuçu –
Rua da Ponte - JD. Monte Alto. Foto:
R. Maia, 11/01/2011.
Ponto 6. Escorregamento em solo de talude de
corte em um trecho da Estrada do Cabuçu –
Curva da Igreja. Foto: R. Maia, 11/01/2011.
Ponto 8. Escorregamento em solo de talude de
corte em um trecho da Estrada do Cabuçu –
Pesqueiro Cabosol. Foto: R. Maia, 11/01/2011
Ponto 10. Escorregamento em solo de talude de
corte da Rua Urupês – Chácaras Cabuçu. Foto:
R. Maia, 11/01/2011.
Ponto 11. Escorregamento de solo em talude
de corte – Rua Palmira Rossi – Recreio São
Jorge. Foto: D. S. Marques, 16/01/2011.
Ponto 9. Inundação do rio Cabuçu na
Estrada do Cabuçu – Chácaras Cabuçu. Foto:
R. Maia, 11/01/2011.
161
Ponto 6. Escorregamento em solo de talude de corte em um trecho
da Estrada do Cabuçu – Curva da Igreja. Foto: R. Maia, 11/01/2011.
Ponto 6. Escorregamento em solo de talude de corte em um trecho
da Estrada do Cabuçu – Curva da Igreja. Foto: R. Maia, 11/01/2011.
Ponto 9. Inundação do rio Cabuçu na Estrada do Cabuçu –
Chácaras Cabuçu. Foto: R. Maia, 11/01/2011.
Ponto 1. Terreno tecnogênico produzido
– solo exposto – empréstimo, Fazenda
Três Marias. Foto: R. Maia, 27/11/2012.
Ponto 1. Terreno tecnogênico produzido –
solo exposto – empréstimo, Fazenda Três
Marias. Foto: R. Maia, 27/11/2012.
Ponto 1. Terreno tecnogênico produzido
– solo exposto – empréstimo, Fazenda
Três Marias. Foto: R. Maia, 27/11/2012.
Ponto 2. Escorregamento ocasionado pelo
rompimento do vertedouro de lago localizado a
montante. Morro do Sabão. Foto: R. Maia,
02/11/2011.
Ponto 2. Escorregamento ocasionado pelo
rompimento do vertedouro de lago localizado
a montante. Morro do Sabão. Foto: R. Maia,
02/11/2011.
Ponto 2. Escorregamento ocasionado pelo
rompimento do vertedouro de lago localizado
a montante. Morro do Sabão. Foto: R. Maia,
02/11/2011.
Ponto 3. Assoreamento da bacia do
Pesqueiro Cabosol por sedimentos de erosão
de leito de rua. Foto: D.S. Marques,
05/05/2012.
Ponto 3. Assoreamento da bacia do Pesqueiro
Cabosol por sedimentos de erosão de leito de
rua. Foto: D.S. Marques, 05/05/2012.
Ponto 4. Desplacamento de filito em talude de corte
– Rua Agudos do Sul, Recreio São Jorge. Foto: A.M.
Oliveira, 18/02/2014.