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Disserta o+Daniele+Marques.pdf - TEDE - UNG

Date post: 20-Apr-2023
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1 CEPPE Centro de Pós-Graduação e Pesquisa MESTRADO EM ANÁLISE GEOAMBIENTAL DANIELE DOS SANTOS MARQUES ESTUDO GEOTECNOGÊNICO DAS ALTERAÇÕES PROVOCADAS PELO USO DA TERRA DA REGIÃO DO CABUÇU, GUARULHOS, SP. Guarulhos 2014
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1

CEPPE Centro de Pós-Graduação e Pesquisa

MESTRADO EM ANÁLISE GEOAMBIENTAL

DANIELE DOS SANTOS MARQUES

ESTUDO GEOTECNOGÊNICO DAS ALTERAÇÕES PROVOCADAS PELO USO DA

TERRA DA REGIÃO DO CABUÇU, GUARULHOS, SP.

Guarulhos

2014

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CEPPE Centro de Pós-Graduação e Pesquisa

MESTRADO EM ANÁLISE GEOAMBIENTAL

DANIELE DOS SANTOS MARQUES

ESTUDO GEOTECNOGÊNICO DAS ALTERAÇÕES PROVOCADAS PELO USO DA

TERRA DA REGIÃO DO CABUÇU, GUARULHOS, SP.

Dissertação apresentada à Universidade Guarulhos como

requisito para obtenção do título de Mestre em Análise

Geoambiental.

Orientador: Professor Dr. Antonio Manoel dos Santos Oliveira

Guarulhos

2014

3

CEPPE Centro de Pós-Graduação e Pesquisa

A Comissão Julgadora dos Trabalhos de Defesa de Dissertação de

MESTRADO, intitulada “Estudo Geotecnogênico das alterações

provocadas pelo uso da terra da região do Cabuçu, Guarulhos, SP”

em sessão pública realizada em 07 de Abril de 2014, considerou a

candidata Daniele dos Santos Marques aprovada com louvor.

A Banca Examinadora foi composta pelos seguintes pesquisadores:

Prof. Dr. Antonio Manoel dos Santos Oliveira

Orientador

Universidade Guarulhos - UnG

Profa. Dra. Katia Canil

Universidade Federal do ABC - UFABC

Prof. Dr. Marcio Roberto Magalhães de Andrade

Universidade Guarulhos - UnG

Guarulhos 2014

4

Este trabalho é dedicado aos meus pais Renildo Onofre dos

Santos e Maria José P.C. dos Santos, a todos os meus

familiares e principalmente ao meu marido Rodrigo Maia

Marques e ao nosso estimado cão Snoopy.

5

Agradecimentos

Ao meu orientador e amigo Professor Antonio Manoel, que ao longo desses doze anos,

vivemos boas experiências de fortalecimento de nossa amizade e acima de tudo manter

viva a chama dos ideais, compartilhando vitórias e perdas mas, derrotas, jamais.

Aos companheiros do mestrado Marcio Andrade, Roberto Saad, Kátia Canil, Willian

Queiroz, Sandra Sato, Ericson Silva e Adriana Oliveira por toda ajuda na cartografia,

trabalhos de campo e momentos especiais vividos no laboratório de geoprocessamento.

A FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, pela bolsa de

mestrado concedida para realização desta pesquisa.

A todos que fortalecem diariamente a Associação Cultural e Ambiental Chico Mendes e

aos amantes do Cabuçu.

Aos amigos Ivone e Romildo Felix, Vera Salvo, Miriam Pietri, Solange e Henrique Zanetta,

Antônia Costa, Marli Araújo, José Luiz Batista e todos que de alguma forma contribuíram

para a conclusão deste trabalho.

Aos meus pais Renildo Onofre e Maria José, por permitir que eu retorna-se mais uma vez

a este planeta, com a missão de lutar pelo meio ambiente.

Em especial ao meu marido Rodrigo Maia, por todo o apoio, carinho, dedicação,

compreensão, por compartilhar todos os momentos práticos e teóricos dessa dissertação,

e pela sensibilidade em registrar belas imagens que ilustram este trabalho.

A Deus e todos os espíritos de luz, que sempre me iluminaram nesta jornada no mestrado

e em minha vida, pois como psicografado por Chico Xavier ‘’ quem se ilumina, recebe a

responsabilidade de preservar a luz’’.

6

Hino do Cabuçu

Ó Cabuçu, no meio das

montanhas ficou perdido,

ficou a esperar.

Mas depois que o povo

reuniu com força, todo

Cabuçu subiu.

Os mais cansados enfraqueceram,

você é mais forte

e por ele lutará.

Não importa quantos anos

você tem, ó Cabuçu

você vencerá.

Informativo - Lata d’água, Junho 1987.

7

RESUMO

Esta pesquisa, inserida no âmbito do mestrado em Análise Geoambiental da Universidade

Guarulhos, tem por objetivo conhecer a história da ocupação e as alterações

geoambientais na região do bairro Cabuçu, do município de Guarulhos (SP). Estas

alterações correspondem à criação de novos terrenos, designados tecnogênicos e aos

processos geoambientais desencadeados, como erosão e escorregamentos. O

desenvolvimento da pesquisa considera como referenciais os problemas geoambientais

das periferias submetidas à expansão urbana desordenada da Região Metropolitana de

São Paulo e a abordagem geotecnogênica que considera o homem como agente

geológico. Para desenvolver a pesquisa foram aplicados materiais e métodos para

caracterizar as relações entre o meio físico da região e a história da ocupação,

manifestadas pelos processos geoambientais. Os resultados obtidos poderão contribuir

para a consolidação da Área de Proteção Ambiental Cabuçu – Tanque Grande que foi

criada no município em 2010, Lei n. 6.798, como resultado de pesquisa apoiada pela

FAPESP.

Palavras-Chave: Uso da terra; processos geoambientais; Cabuçu; Guarulhos;

abordagem geotecnogênica.

8

ABSTRACT

This research developed at the Geoenvironmental Analysis Master of Science Course of

Guarulhos University, aims to understand the history of occupation and geoenvironmental

modifications in the Cabuçu region, Guarulhos municipality, São Paulo State, Brazil.

Those modifications correspond to the geoenvironmental processes such as erosion.

Development of this research considers as benchmarks geoenvironmental problems of

inappropriate urban growth in suburbs of the Metropolitan Region of São Paulo and the

geotechnogenicae approach that considers man as a geological agent. Materials and

methods will be applied in order to characterize the relationships between the physical

environment of the region and the history of occupation, expressed by geoenvironmental

processes. The results obtained may contribute to the consolidation of the Environmental

Protection Area Cabuçu - Tanque Grande created in the municipality as a result of a

research supported by FAPESP.

Key words: Land use; geoenvironmental processes; Cabuçu; Guarulhos;

geotechnogenic approach.

9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Mapa de localização da área objeto em Guarulhos e na RMSP..............7

Figura 2. Mapa de localização da área objeto na região da APA............................8

Figura 3. Mapa Toponímico da Região do Cabuçu.................................................9

Figura 4. Roteiro metodológico das etapas da pesquisa.......................................15

Figura 5. Mapa de localização do Município na RMSP e na RBCV.......................19

Figura 6. Amostras de Rochas mais comum na Região...........................................26

Figura 7. Morros e montanhas da Serra da Cantareira no Cabuçu ......................27

Figura 8. Exemplo da fitofisionomia da região do Cabuçu....................................29

Figuras 9a e 9b. Diagrama temporal............................................................33 e 34

Figura 10. Foto dos vestígios de mineração na região do Lavras.........................35

Figura 11. Mapa de evolução do uso da terra referente a 1962............................43

Figura 12. Mapa de evolução do uso da terra referente a 1972............................44

Figura 13. Mapa de evolução do uso da terra referente a 1980............................45

Figura 14. Mapa de evolução do uso da terra referente a 1986............................46

Figura 15. Mapa de evolução do uso da terra referente a 1993............................47

Figura 16. Mapa de evolução do uso da terra referente a 2000............................48

Figura 17. Mapa de evolução do uso da terra referente a 2007............................49

Figura 18. Gráfico de evolução do uso da terra.....................................................51

Figura 19. Vale do rio Cabuçu com produção agrícola..........................................52

Figura 20. Implantação do loteamento Parque Continental...................................53

Figura 21. Ocupação do loteamento JD. Cardoso.................................................54

Figura 22. Loteamento JD. Cardoso......................................................................56

Figura 23. Mapa de evolução do uso urbano da terra e sentido das expansões.58

Figura 24. Mapa base dos cenários.......................................................................60

Figura 25. Mapa do cenário histórico 1850............................................................61

Figura 26. Capela Bom Jesus da Cabeça..............................................................62

Figura 27. Mapa do cenário histórico 1900............................................................63

Figura 28. Desmatamento no entorno do lago da barragem do Cabuçu...............64

Figura 29. Construção da adutora e abertura da Estrada do Cabuçu...................65

Figura 30. Mapa do cenário histórico 1910............................................................66

Figura 31. Mapa do cenário histórico 1930............................................................67

Figura 32. Mapa do cenário histórico 1940............................................................68

10

Figura 33. Ruina da olaria do Sr. Hans Heitl Hohl.................................................69

Figura 34. Mapa do cenário histórico 1960...........................................................70

Figura 35. Implantação do loteamento Chácaras Cabuçu....................................71

Figura 36. Palacete de verão do Sr. Aquiles de Lima...........................................71

Figura 37. Mapa do cenário histórico 1970...........................................................73

Figura 38. Implantação do loteamento JD. Monte Alto.........................................74

Figura 39. Mapa do cenário histórico 1980...........................................................75

Figura 40. Mapa do cenário histórico 1990...........................................................77

Figura 41. Lixão na região do Cabuçu..................................................................78

Figura 42. Mapa do cenário histórico 2000...........................................................80

Figura 43. Mapa de paisagens do Cabuçu em 2007............................................86

Figura 44. Mapa do tecnógeno do Cabuçu..........................................................88

Figura 45. Mapa de legislação ambiental.............................................................91

Figura 46. Mapa de áreas com limitações legais ambientais...............................92

Figura 47. Mapa de incompatibilidade legal.........................................................94

Figura 48. Mapa de pontos de reconhecimento de processos.............................97

Figura 49. Esboço do meio físico da região do Cabuçu e traços gerais da

distribuição das rochas em relação ao relevo.......................................................98

11

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Classificação dos depósitos tecnogênicos...........................................13

Quadro 2. Classificação de materiais de depósitos tecnogênicos construídos...14

Quadro 3. Classes de terrenos artificiais dos mapas e dos modelos geológicos

tridimensionais........................................................................................................14

Quadro 4. Levantamento de Sensoriamentos remotos disponíveis da área de

estudo....................................................................................................................16

Quadro 5. Legenda dos mapas de classes de uso da terra.................................39

Quadro 6. Chaves de interpretação de fotos áreas preto e branco para

a elaboração de mapas de uso da terra................................................................40

Quadro 7. Classes de uso urbano da terra conforme tipos de ocupação............41

Quadro 8. Legenda do mapa de paisagens do Cabuçu.......................................88

Quadro 9. Classes de uso da terra, terrenos e depósitos tecnogênicos ............90

Quadro 10. Processos identificados no reconhecimento de campo....................98

Quadro 11. Síntese geo-morfo-pedológico da região do Cabuçu na APA Cabuçu -Tanque

Grande................................................................................................................100

12

LISTA DE TABELAS

Tabela 01. Médias mensais e anual da estação pluviométrica da região do Parque

Estadual da Cantareira – Núcleo Cabuçu................................................................25

Tabela 02. Evolução das classes do uso da terra...................................................50

Tabela 03. Evolução das principais classes de uso da terra...................................50

Tabela 04. Distribuição de áreas com limitações legais ambientais .......................93

Tabela 05. Médias da primeira quinzena de Janeiro de 2011.................................96

13

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEQUA – Associação Brasileira de Estudos do Quartenário

APA – Área de Proteção Ambiental

APM – Área de Proteção de Mananciais

APP – Área de Preservação Permanente

COMASP – Companhia Metropolitana de Água de São Paulo

DAEE – Departamento de Água e Energia Elétrica

ELETROPAULO – Empresa Metropolitana de Eletricidade de São Paulo

EMPLASA – Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo

FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

FF – Fundação Florestal

IAC – Instituto Agronômico de Campinas

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IF - Instituto Florestal

MAB – Man and Biosphere – O Homem e a Biosfera - Programa da UNESCO

MAG – Mestrado em Análise Geoambiental

ONG – Organização Não Governamental

PEC – Parque Estadual da Cantareira

PIB – Produto Interno Bruto

PJ-MAIS - Programa de Jovens, Meio Ambiente e Integração Social

PMG – Prefeitura Municipal de Guarulhos

PROGUARU - Progresso e Desenvolvimento de Guarulhos

RAE – Repartição de Água e Esgoto

RBCV – Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo

RMBS – Região Metropolitana da Baixada Santista

RMSP – Região Metropolitana de São Paulo

SABESP – Companhia de Saneamento Básico de São Paulo

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.

UNG – Universidade Guarulhos

14

SUMÁRIO

1. Introdução.............................................................................................................1

2. Objetivos...............................................................................................................4

3. Justificativa...........................................................................................................5

5. Matérias e Métodos..............................................................................................7

5.1 Fundamentos da abordagem geotecnogênica.....................................................7

5.2. Etapas da pesquisa...........................................................................................12

Etapa 1 – Atividades preliminares............................................................................12

Etapa 2 – História da região.....................................................................................13

Etapa 3 – O meio físico da região............................................................................13

Etapa 4 - Mapeamento geotecnogênico..................................................................14

Etapa 5 - Quadro de conflitos legais ambientais e processos geotecnogênicos….14

Etapa 6 – Elaboração da dissertação......................................................................14

4. Área Objeto da Pesquisa...................................................................................15

6. Aspectos Regionais: O município de Guarulhos no Contexto da RMSP e da

RBCV.......................................................................................................................18

7. Aspectos Fisiográficos da Região do Cabuçu................................................22

7.1 Aspectos Climáticos...........................................................................................22

7.2 Aspectos Geológicos..........................................................................................25

7.3 Aspectos Geomorfológicos................................................................................26

7.4 Aspectos Pedológicos........................................................................................28

7.5 Aspectos da Vegetação.....................................................................................28

8. História da Região do Cabuçu..........................................................................31

8.1 Contexto histórico..............................................................................................31

8.2 Evolução do uso da terra...................................................................................38

8.3 Evolução e sentido das expansões urbana.......................................................57

8.4 Transformações da paisagem...........................................................................59

9. Análise Geotecnogênica...................................................................................82

9.1 Aspectos fisiográficos como condicionantes do uso da terra............................82

9.2 Cartografia Geotecnogênica..............................................................................84

10. Conflitos legais ambientais ...........................................................................90

11. Reconhecimento dos processos geotecnogênicos.....................................95

12. Conclusão.......................................................................................................100

15

13. Considerações finais.....................................................................................102

14. Referências.....................................................................................................103

Anexos..................................................................................................................112

Anexo A. Cartografia Geotecnogênica da região do Cabuçu, Guarulhos, São Paulo, Brasil

Anexo B. Fichas de Campo

Anexo C. Prancha I

Anexo D. Prancha II

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1. Introdução

A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) é considerada a mais desenvolvida do

Brasil e, também a mais populosa. A expansão urbana vem eliminando sistematicamente

as áreas verdes do seu entorno, tendo atingido, no município de São Paulo, os limites do

Parque Estadual da Cantareira (PEC), reduzindo o papel de sua zona de amortecimento,

definida conforme o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (BRASIL, 2000).

Como agravante, a expansão urbana está avançando sobre terrenos menos aptos à

ocupação, devido ao relevo de maiores amplitudes e declividades, associado às rochas

cristalinas, mais suscetíveis à erosão, que contribui para o escorregamentos, e

consequentemente à produção de sedimentos e assoreamento dos canais de drenagens,

aumentando o potencial para ocorrência de inundações.

Além disso, vem atingindo áreas com maiores restrições da legislação ambiental,

especialmente as Áreas de Preservação Permanente (APPs) do Código Florestal e Áreas

de Proteção de Mananciais (APMs), eliminando radicalmente os serviços ecossistêmicos

(ALCAMO et al., 2003) proporcionados pela cobertura vegetal e, ainda, impactando os

mananciais que hoje se destinam ao abastecimento, com graves consequências para a

Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo (RBCV).

Em Guarulhos, a expansão urbana avança de sul para norte, sobre terrenos menos aptos

à ocupação urbana, como no processo de expansão semelhante na RBCV (OLIVEIRA,

n.p.).

Segundo Andrade (2009) a RBCV se constitui no elemento autotrófico mais importante do

complexo metropolitano da capital paulista. A perda da vegetação pela expansão urbana

significa perda dos serviços ecossistêmicos. Assim, um planejamento do uso da terra que

valorize os serviços ecossistêmicos da biosfera é condição fundamental para a

sustentabilidade da ocupação na região norte do município de Guarulhos nas condições

adversas do terreno de elevadas declividades de relevo de morros e montanhas. Por isso

Andrade (2009) considera necessário um parcelamento do solo que respeite os atributos

ambientais da RBCV.

17

Esta situação da metrópole em persistente expansão vem demandando novas formas de

gestão e de políticas públicas que tenham como meta a harmonização das ações

humanas com a natureza. A região do Cabuçu situada em Guarulhos se revelou como

uma área prioritária para a gestão ambiental de um importante setor da RBCV no

município.

Tendo em vista as preocupações anteriormente expostas, em 25 de maio de 2007 foi

promulgada a Lei Municipal Nº 6.253, que trata do Uso, Ocupação e Parcelamento do

Solo ou Lei de Zoneamento (GUARULHOS, 2007), cujo artigo 42 determina a criação da

Área de Proteção Ambiental do Cabuçu – Tanque Grande por meio de lei específica. A

escolha desta unidade de conservação de uso sustentável como medida apropriada foi

efetivada por sua característica principal de proporcionar uma gestão ambiental

participativa com o funcionamento de seu Conselho Gestor, no qual participam, além de

representantes do poder público, representantes da sociedade civil organizada (BRASIL,

2000). Esta escolha foi fruto do desenvolvimento de Projeto de Pesquisa realizada pela

UNG com o apoio da FAPESP em seu Programa de Pesquisa em Políticas Públicas

(OLIVEIRA et al. 2005).

Segundo Andrade (2009) a criação da APA do Cabuçu – Tanque Grande representa uma

alternativa razoável de planejamento ao tentar compatibilizar a vocação urbana com a

ambiental.

Em 28 de dezembro de 2010, finalmente a Lei Nº 6.798 que específica a APA foi

aprovada pelo Legislativo (GUARULHOS, 2010). Em Junho de 2011 foi constituído o

Conselho Gestor, cuja autora desta pesquisa exerceu o cargo de vice-presidência por

dois anos.

A APA Cabuçu - Tanque Grande constitui assim uma alternativa de resistência às fortes

pressões imobiliárias que se manifestam na região, em direção ao Núcleo Cabuçu do

PEC, tendo sido neste sentido fortalecido pelo estudo de planejamento ambiental

realizado por Andrade (2009).

Para uma maior compreensão do avanço da ocupação na região do Cabuçu, se faz

necessário uma abordagem geotecnogênica, ou simplesmente tecnogênica (TER-

STEPANIAN, 1988), ou seja, que considera o homem como agente geológico. O tema

18

ainda é relativamente pouco difundido no Brasil, tendo sido realizado em 2005 o 1º

Encontro Brasileiro do Tecnógeno pela Associação Brasileira de Estudos do Quaternário

– ABEQUA, na cidade de Guarapari, estado do Espírito Santo (OLIVEIRA, 2005); desde

essa data até o presente momento não houve a realização de novos eventos do tema.

Entretanto, destaca-se a realização da edição especial da revista da ABEQUA -

“Quaternary and Environmental Geosciences”, sobre o Tecnógeno cuja edição está

prevista para este ano de 2014. Esta edição conta com um artigo referente a esta

pesquisa Marques, D.S.; Oliveira, A.M.S., Cartografia Geotecnogênica da região do

Cabuçu, Guarulhos, São Paulo, Brasil; apresentado no Anexo A desta dissertação.

As transformações geoambientais por ação antrópica seguem a história da civilização

humana, passando das transformações pontuais, locais, às regionais, continentais e, hoje,

globais (GOUDIE, 1997).

A transformação do ambiente pela ação antrópica tem sido comumente analisada por

meio dos mapeamentos do uso da terra, como um retrato da ocupação da época em que

são realizados, para diversas finalidades.

A adoção da abordagem geotecnogênica (OLIVEIRA et al. 1995) para a análise da

história da ocupação nesta pesquisa é relevante, porque o alvo é a caracterização dos

impactos geoambientais do uso da terra. Como este uso da terra tem uma sequência

histórica, referente ao processo de ocupação da área objeto, faz-se necessário elaborar

mapas de uso da terra que representem os fatos notáveis de alteração do meio ambiente,

especificamente o meio físico, ou seja, geoambiental.

A abordagem geotecnogênica tem como um dos seus principais desafios o mapeamento

das coberturas tecnogênicas que se superpõem aos terrenos naturais, alterados ou não

por escavações ou contaminações. Entretanto, as pesquisas sobre as formas de

representação destes elementos ainda são poucos, como Mirandola (2003) em áreas de

risco da favela Parque Real em São Paulo e Silva (2013) para a ilha de Santa Catarina.

19

2. Objetivos

O principal objetivo desta pesquisa é valorizar a importância da perspectiva histórica da

ocupação e as decorrentes alterações geoambientais na área objeto, região do Cabuçu

da APA, em Guarulhos (SP), sob o ponto de vista do homem como agente geológico, ou

seja, com uma abordagem geotecnogênica.

2.1 Objetivos específicos

Como objetivos específicos são destacados para a área objeto, os seguintes:

documentar a história geoambiental da Região desde 1850;

elaborar mapa de paisagens e do tecnôgeno;

diagnosticar os processos geotecnogênicos;

analisar os conflitos legais atuais.

20

3. Justificativa

A ocupação da região do Cabuçu é relativamente antiga, considerando como o fato mais

remoto pesquisado, a construção da Capela Bom Jesus da Cabeça em 1850, além do

fato notável da construção da primeira barragem de concreto armado do Brasil em 1904,

conforme Fonseca (2007).

Entretanto, não houve ainda uma sistematização do conhecimento histórico que se

encontra disperso em rara bibliografia e no testemunho dos moradores mais antigos.

Na bibliografia destaca-se a realização da pesquisa de arqueologia do Cabuçu na tese de

doutoramento “As águas do passado e os reservatórios do Guaraú, Engordador e

Cabuçu: um estudo de arqueologia industrial.” de Fonseca (op. cit.) que, entretanto,

objetiva especificamente a barragem do Cabuçu. Destaca-se também a pesquisa de

Graça (2007), voltada aos condicionantes geoambientais no processo histórico da

ocupação territorial de Guarulhos, desenvolvida no âmbito do Mestrado em Análise

Geoambiental da UnG que, entretanto, apresenta um quadro regional sem detalhar a

região do Cabuçu. E, finalmente, deve-se fazer menção à pesquisa de Andrade (2009),

que reconhece fases recentes de ocupação da região do Cabuçu.

Assim, documentar a história da região, como objetivo específico da presente pesquisa,

constitui contribuição relevante à memória da ocupação da periferia da RMSP, sujeita a

uma dinâmica acelerada de transformação que apaga os vestígios das ocupações

anteriores.

Entretanto, deve-se enfatizar que o interesse maior desta história ambiental, no escopo da

pesquisa, corresponde, essencialmente, aos fatos históricos que alteraram o uso da terra

e, portanto, especificamente os processos geoambientais.

Com esse resgate específico da história da ocupação torna-se mais viável compreender a

paisagem atual, cicatrizes de processos, ativos ou não, cujas causas podem não mais

estar presentes, como, por exemplo, a identificação de escavações como cicatrizes de

antigas olarias que forneceram tijolos para São Paulo no início do século XX (KISHI,

2007).

21

Este procedimento é aplicado na compreensão do uso da terra com base no estudo dos

depósitos tecnogênicos (CHEMEKOV, 1983; OLIVEIRA, 1990) que registram, em suas

camadas, os processos erosivos correlatos, devido ao uso da terra das bacias onde são

formados. Na região do Cabuçu, Souza (2007) detalhou a ocorrência de um depósito

tecnogênico no córrego do Pau d’Alho que registra a ocupação rural referente ao cultivo

de chuchu e a ocupação urbana relativa ao loteamento do Parque Continental. Embora,

seja um estudo pontual, a pesquisa constitui um exemplo significativo da importância dos

depósitos tecnogênicos como testemunho da história do uso da terra. Pesquisa

semelhante vem sendo desenvolvida por Oliveira (2013) sobre depósitos tecnogênicos de

diversas classes também em loteamento urbano, somando, com Souza (op. cit.) e esta

pesquisa no desenvolvimento da linha de pesquisa do MAG – UnG, recém criada:

Antropoceno (CRUTZEN; STOERMER; 2000).

Justifica-se também a presente pesquisa pela perspectiva de vir a contribuir para a gestão

da Área de Proteção Ambiental Cabuçu – Tanque Grande, propiciando a caracterização

dos passivos ambientais da ocupação, com o levantamento dos processos geoambientais

e dos conflitos legais, como impactos ambientais do uso da terra.

Destaca-se como justificativa para a realização desta pesquisa a perspectiva de vir a

contribuir para os estudos do Tecnógeno no Brasil, propostos por Oliveira et al. (2005). E

ainda, que esta pesquisa está voltada a contribuir para o avanço dos procedimentos,

conforme já referido na introdução, ou seja, poucos exemplos de mapeamento

geotecnogênico no Brasil, (MIRANDOLA, 2003; SILVA, 2013). Mesmo internacionalmente

destacam-se apenas os mapeamentos da BGS – British Geological Survey que,

entretanto, estão voltados às condições específicas da geologia e de uso da terra, da

Inglaterra.

E, finalmente, registra-se que esta pesquisa foi desenvolvida com apoio da FAPESP, por

meio da bolsa de mestrado (Processo N. 2011/16456-8)

22

4. Área Objeto

A área objeto da pesquisa corresponde a quase totalidade do bairro Cabuçu de Guarulhos

(320 km²), município que integra a Região Metropolitana de São Paulo – RMSP que

abrange 39 municípios, numa área de cerca de 8.000 km². A Figura 1 apresenta a

localização da área em Guarulhos e na RMSP.

Figura 1. Mapa de localização da área objeto em Guarulhos e na RMSP

A área objeto da pesquisa (16,2 km²), corresponde ao setor da APA Cabuçu – Tanque

Grande (32,2 km²), conhecido como região do Cabuçu, conforme delimitação da zona de

defesa no entorno do Núcleo Cabuçu (26 km²) do Parque Estadual da Cantareira – PEC

(80 km²), apresentado no Atlas Geoambiental da Região Cabuçu – Tanque Grande,

Guarulhos, SP (OLIVEIRA et al. 2008). Portanto os limites da área objeto coincidem com

os da denominada região Cabuçu, dentro da APA, conforme delimitação apresentada na

Figura 2.

Na área objeto da pesquisa, os vários locais reconhecidos pelos moradores possibilitaram

a elaboração do mapa toponímico da Figura 3 que auxilia na descrição da fisiografia e da

história local.

23

Figura 2. Área objeto de estudo correspondente à região do Cabuçu da APA Cabuçu – Tanque Grande.

Fonte: Oliveira et al. 2008.

24

25

5. Materiais e métodos

A abordagem adotada para o desenvolvimento da presente pesquisa foi considerar o

meio físico do ponto de vista do Tecnógeno, ou seja, o homem como agente geológico, o

que implicou em pesquisar a história local, traduzida em mapas de uso da terra e os

processos geoambientais decorrentes.

5.1 Fundamentos da Abordagem Geotecnogênica

Desde o momento em que o homem passou a usar a técnica para dominar a natureza,

especialmente a produção de alimentos na revolução agrícola, há 10.000 anos A.P.,

diferenciou-se dos outros animais assumindo o papel específico de agente cultural de

transformação do meio ambiente, iniciando o processo civilizatório, (TER-STEPANIAN,

1988).

Segundo Brown (1971), em concordância com Ter–Stepanian (op. cit.) pode-se apontar

três instrumentos significativos para o homem em seu processo de transformação da

natureza, o arado, a pá e a pólvora, segundo:

Do arado primitivo originou-se uma sucessão de meios

melhorados de revolver a terra, o trator de três ou quatro

laminas todos destinados a morder mais fundo a terra. Das

pás que cavam fossos aos bulldozers, pás mecânicas e

escavadeiras. A pólvora conduziu à dinamite, à bomba arrasa

quarteirão e à explosão nuclear muito mais poluidora debaixo

da terra.

Destaca-se o arado, instrumento participante da revolução agrícola iniciada há dez mil

anos que marca definitivamente o inicio do papel do homem como agente geológico

(TER-STEPANIAN, op. cit.). A necessidade crescente de uma população pulsante por

comida impulsionou esse agente a intensos processos de transformação do meio

ambiente seja nos campos, nos cultivos, seja nas cidades, com a transformação mais

intensa. Entre o campo e a cidade, a interligação por estradas alteraram o comportamento

das águas, se tornaram canais para as águas das chuvas e fazem parte da natureza dos

26

estreitos vales e ravinas (BROWN, op.cit.). Da mesma forma, os reservatórios construídos

com a finalidade de produção de energia elétrica e abastecimento, passaram a integrar a

natureza, como lagos.

Entretanto, é nas áreas urbanas que o meio ambiente é mais profundamente modificado,

em relação ao original. Nele não só a cobertura vegetal é eliminada ou extremamente

reduzida, como o meio físico é alterado constituindo-se novos terrenos, seja por

escavações, seja por aterros, e ambos ou os terrenos terraplenados por contaminação.

Dentro deste contexto, uma abordagem indispensável para compreender os processos

instalados numa certa região é a análise da história do uso da terra. Segundo Oliveira et

al. (2007), o mapa de uso da terra de uma dada região é normalmente considerado como

uma informação secundária em relação aos estudos geoambientais. Entretanto,

prosseguem os autores acima referidos, os mapas de uso da terra devem ser valorizados

nas questões ambientais, pois permitem compreender os processos geológicos atuais,

que resultam da ação do homem, enquanto agente transformador do meio ambiente.

As variações do metabolismo primário do meio natural, segundo Ab’Saber (1969)

caminham para a irreversibilidade de sua capacidade de regeneração das ações do

agente geológico, afastando cada vez mais o meio ambiente desse meio natural.

Os depósitos tecnogênicos podem ser testemunhos das transformações, portanto

indicadores de compreensão da ação geológica do homem em varias áreas intensamente

modificadas. Bertê (2001) define um depósito tecnogênico como:

É o testemunho material da atividade humana que, ao se

apropriar da natureza através de suas relações de produção e

do emprego de uma técnica que reflete um momento histórico

específico do seu nível de desenvolvimento, acaba por

produzir modificações na fisiografia e fisiologia das paisagens.

São vários os fatores que contribuem para criação de um depósito tecnogênico, como

descrito por Silva (2012) seja pela criação, indução, intensificação ou modificação da

erosão e da carga sedimentar correlativa, escorregamentos em geral, infiltração e

27

escoamento, drenagem pluvial e fluvial, taxas de sedimentação. Tais fatores são aliados

ao crescimento populacional e à falta de compreensão do comportamento do meio

ambiente, tornando presente a afirmação de Lyell (1830 apud ROSSATO;

SUERTEGARAY, 2000) em que os processos passados não são visíveis, somente seus

efeitos, ou seja, os depósitos testemunham os processos que os formaram.

A abordagem geotecnogênica foi proposta por Oliveira et al. (1995) para a Geologia de

Engenharia considerar os problemas geológico-geotécnicos do ponto de vista da ação do

homem como agente geológico.

A Geologia mostra que a superfície terrestre é transformada ao longo das eras pela ação

de agentes geológicos externos ou exógenos, como a chuva, o vento e o gelo, e internos

ou endógenos, como o tectonismo e o vulcanismo.

Atualmente tem sido com frequência destacado o papel dos organismos nesses

processos de alteração ao ponto de ter sido construída a Teoria Gaia que considera o

Planeta como um ser vivo (LOVELOCK, 1988).

Entretanto, o homem, como espécie, ultrapassou o papel de agente geológico natural

manifestando-se como agente cultural da transformação ambiental quando, segundo Ter-

Stepanian (1988) passou de coletor e/ou caçador para produtor de alimentos há 10.000

anos, na Revolução Agrícola (RIBEIRO, 1975).

Com base nesta análise Ter-Stepanian (op.cit.) propõe que a época geológica Holoceno

seja considerada uma transição para o Tecnógeno, quando não existirem mais paisagens

naturais no planeta, senão em unidades de conservação.

Outros autores também consideram o homem como agente geológico, embora possam

discordar do marco que assinala a mudança como é o caso de Crutzen e Stoermer (2000)

que propõem a Revolução Industrial (1800) como início do Antropoceno.

Recentemente, Wilkinson (2005) fez cálculos estimativos da ação do homem no planeta e

comparando-os com a dos agentes naturais, chegou à conclusão de que a humanidade,

atualmente, movimentou mais materiais naturais, cerca de 10 vezes mais, do que a soma

28

de todos os outros processos naturais que operam na superfície do planeta. Seus

cálculos levaram-no a identificar a última parte do primeiro milênio da era cristã, como o

momento em que o homem se tornou o principal agente geológico da Terra, não

propondo entretanto uma nova época geológica.

As alterações do meio ambiente ocorrem atualmente com maior frequência por meio das

ocupações urbanas sem planejamento. Como relata Almeida (1996) a concentração

urbana ocorre em velocidade superior à implantação de infra-estruturas, ao analisar as

relações deste uso com o meio físico e os problemas decorrentes. Essas transformações

colocam um desafio aos estudos geológicos na medida em que novos terrenos passaram

a existir na superfície terrestre.

A abordagem geotecnogênica, que tem como paradigma o homem como agente

geológico, realiza o estudo dos depósitos tecnogênicos como testemunhos das

transformações e está avançando nos mapeamentos desses novos terrenos, como e a

prática atual da British Geological Survey (PRICE et al. 2011).

Como base para esses mapeamentos podem ser consideradas as propostas de diversos

autores como a seguir apresentadas nos Quadros 1, 2 e 3.

Depósitos tecnogênicos Descrição

Construídos resultantes da ação humana direta, como aterros sanitários.

Induzidos

resultantes de processos naturais modificados, como

depósitos de assoreamento de reservatórios.

Modificados

depósitos ou terrenos naturais preexistentes mas alterados,

com solos poluídos.

Quadro 01. Classificação dos depósitos tecnogênicos (OLIVEIRA, 1990).

29

Classes de materiais de

depósitos tecnogênicos

Descrição

Materiais Úrbicos

São depósitos de artefatos manufaturados pelo homem,

como tijolos, vidros, concreto, pregos, por ex. detritos de

demolição de edifícios.

Materiais Gárbicos

São depósitos de material detrítico com lixo orgânico, de

origem humana, muito ricos em matéria orgânica para

gerar metano em condições anaeróbicas.

Materiais Espólicos

São depósitos de materiais terrosos escavados; e

redepositados por operações de terraplenagem e outras

obras civis, incluindo assoreamentos induzidos.

Materiais Dragados São depósitos de materiais terrosos provenientes da

dragagem de cursos d’água e comumente depositados

em cotas topográficas superiores às da planície aluvial.

Quadro 02. Classificação de materiais de depósitos tecnogênicos construídos, elaborado com base em

Fanning e Fanning (1989, apud PELLOGIA 1998).

Classes de terrenos

artificiais

Descrição

Terreno produzido

(made ground)

áreas onde o material foi disposto pelo homem sobre uma

superfície de terreno natural pré-existente.

Terreno escavado

(worked ground)

áreas onde uma superfície pré-existente de superfície de terreno

foi escavada pelo homem.

Terreno preenchido

(infilled ground)

áreas onde uma superfície pré-existente de terreno foi escavada

(terreno escavado) e subsequentemente parcial ou totalmente

preenchida (terreno produzido) pelo homem.

Terreno perturbado

(disturbed ground)

áreas de superfície próximas a minerações onde foram

realizadas escavações (terreno escavado); áreas de subsidência

causadas pelas escavações e bota-foras (made ground)

associadas entre si de forma complexa.

Terreno transformado

ou misto

(landscape ground)

áreas onde a superfície do terreno foi extensamente remodelada,

mas que é impraticável delinear as áreas de terreno produzido,

escavado ou perturbado.

Quadro 03. Classes de terrenos artificiais dos mapas e dos modelos geológicos tridimensionais produzidos

pela British Geological Survey. Modificado de Ford et al. (2010 apud PRICE et al. 2011).

30

5.2 Etapas da pesquisa

As principais etapas que foram realizadas no projeto estão ilustradas na Figura 4, cujas

atividades são a seguir apresentadas.

Figura 4. Roteiro metodológico das etapas da pesquisa.

Etapa 1 – Atividades Preliminares

As atividades preliminares contemplaram a atualização do conhecimento disponível sobre

a área do ponto de vista das características físicas e da história da ocupação, ou seja,

levantamentos da bibliografia e de dados disponíveis.

O levantamento bibliográfico foi direcionado para os temas principais indicados pela

fundamentação necessária a esta pesquisa, conforme item 5.1 (Fundamentos da

Abordagem Geotecnogênica) e para os temas de caracterização do geoambiente da área.

O levantamento de dados foi realizado em órgãos públicos como a Prefeitura de

Guarulhos por meio de suas Secretarias de Meio Ambiente, Secretaria da Cultura,

Secretaria do Desenvolvimento Urbano e Departamento de Informática e Tecnologia;

historiadores de Guarulhos; Arquivos Históricos Municipal e Estadual; Instituto Florestal,

Fundação Florestal e Laboratório de Geoprocessamento da UNG – LabGeopro/UNG.

Além disso, foram utilizados os dados de entrevistas com os moradores mais antigos da

área objeto, realizadas pelo Ponto de Cultura Chico Mendes/Cabuçu em sua Oficina de

Resgate Histórico do Cabuçu.

Etapa 1

Atividades Preliminares

Etapa 2

Uso da terra e

história da

região

Etapa 3

Meio físico

Etapa 4

Mapeamento Geotecnogênico

Etapa 5

Quadro de

conflitos legais

ambientais e

Processos

Geotecnogênico

Etapa 6

Elaboração da

Dissertação

31

Etapa 2 – História da Região

Com base nas atividades 1 e 2 da Primeira Etapa do método, foi descrita a história da

área objeto, desde os primeiros fatos até os dias atuais com vistas a se obter os mapas

do cenário evolutivo desta ocupação. Para completar o cenário evolutivo foram

elaborados diagramas temporais que destacam os fatos notáveis que ocorreram no Brasil,

Guarulhos e na área objeto.

Com base nas interpretações das fotos aéreas e imagens de satélite foram elaborados os

mapas de uso da terra da área. Para a região estão disponíveis até o presente momento

os levantamentos de sensoriamento remoto apresentados no Quadro 4.

Quadro 4. Levantamento de Sensoriamento remoto disponíveis da área de estudo.

Etapa 3 – O Meio Físico da Região

A caracterização do meio físico da área objeto foi realizada com base nos levantamentos

bibliográficos e em compilação de dados disponíveis no Laboratório de

Levantamento aerofotogramétrico

e cobertura por Satélite

Ano

Escala /

Resolução

Instituição

Levantamento

Aerofotogramétrico.

1962

1:25.000

IAC – Instituto Agronômico de

Campinas

Levantamento

Aerofotogramétrico.

1970

1:20.000

EMPLASA

Levantamento

Aerofotogramétrico.

1980/81

1:35.000

ELETROPAULO, SABESP,

EMPLASA

Levantamento

Aerofotogramétrico.

1984/86

1:10.000

ELETROPAULO, SABESP,

EMPLASA

Levantamento

Aerofotogramétrico.

1993/94

1:5.000

PMG – Prefeitura Municipal de

Guarulhos

Levantamento

Aerofotogramétrico.

2000

1:5.000

PMG - Prefeitura Municipal de

Guarulhos

Satélite IKONOS

2007

100 cm

UnG – Universidade

Guarulhos

32

Geoprocessamento da UNG – LabGeopro/UNG, especialmente nos já referidos Projetos

desenvolvidos com o apoio da FAPESP (OLIVEIRA et al. 2005 e 2009) e na pesquisa de

doutoramento de Andrade (2009).

Foram caracterizados os aspectos climáticos, geológicos, geomorfológicos, pedológicos e

vegetacionais da área objeto, com base nesses dados disponíveis, possibilitando a

elaboração de mapas mais detalhados que os já existentes.

Tais levantamentos possibilitaram a elaboração do mapa síntese dos fatos mais

significativos das alterações do meio físico da região, considerando-se as principais

classes de uso: vegetação, agricultura e ocupação urbana.

Etapa 4 – Mapeamento Geotecnogênico

O mapeamento geotecnogênico foi elaborado com base no mapa de uso atual da terra

(2007) traduzido em termos de abordagem geotecnogênica, apresentando as paisagens

naturais e transformadas. Nas transformadas foram aplicadas as classificações

disponíveis para caracterizar os terrenos tecnogênicos.

Etapa 5 – Quadro de conflitos legais ambientais e processos geotecnogênicos

Para a caracterização do quadro de conflitos legais ambientais foi realizada a compilação

dos estudos de Oliveira et al. (2009) e efetuada a correlação com as paisagens

geotecnogênicas. Para a caracterização dos processos da área objeto foi realizado

trabalho de campo em 23 e 27 de dezembro de 2013 e 10 e 15 de fevereiro de 2014,

elaborando-se fichas de cadastro onde se registraram os principais aspectos observados.

Este trabalho de campo possibilitou o reconhecimento dos principais componentes do

meio físico: rochas, relevo e solos.

Etapa 6 – Elaboração da dissertação.

A elaboração da dissertação consistiu na análise dos resultados obtidos, extraindo-se as

conclusões correspondentes.

33

6. Aspectos Regionais. O município de Guarulhos no contexto da RMSP e da

RBCV.

Guarulhos, com 453 anos, é hoje o segundo município paulista com maior população de

1.221.979 habitantes segundo IBGE (2010), tendo moldado seu território, planícies,

colinas, morrotes e morros com ocupações nem sempre ordenadas, dentre seus 320 km²

de extensão.

Dentro do contexto rodoviário o município possui três grandes rodovias sendo elas

Rodovia Fernão Dias, Presidente Dutra e Ayrton Senna, facilitando assim a concentração

de indústrias – pólo industrial de Cumbica, somando aproximadamente 4.266 indústrias,

(GUARULHOS, 2011). No ano de 2013, foram iniciadas as obras de implantação do

Rodoanel Mario Covas – Trecho Norte, cujo traçado passa pela a área objeto da

pesquisa.

O município está localizado a nordeste da Região Metropolitana de São Paulo – RMSP,

composta por 39 municípios, ocupando a 8ª economia do país no ano de 2011, tendo o

maior complexo aeroportuário da América do Sul (GUARULHOS, 2011). Como municípios

circunvizinhos tem Mairiporã e Nazaré ao norte, Santa Isabel ao nordeste, Arujá ao leste,

Itaquaquecetuba ao sudeste e São Paulo a sul, sudeste, oeste e noroeste.

Guarulhos é também um dos municípios da RBCV. A Figura 5 apresenta a localização de

Guarulhos na RBCV e na RMSP.

Para Ramos (2002), nas últimas décadas, a Região Metropolitana de São Paulo - RMSP,

tem passado por um processo de crescimento intenso e desordenado a uma taxa da

ordem de 20 km2/ano. Em 1991, a população era de aproximadamente 15 milhões de

habitantes e em 2006 atingiu 19,7 milhões (EMPLASA, 2007), numa área urbanizada de

cerca de 1.500 km².

O resultado é que a mancha urbana alcançou áreas onde predominam os terrenos

cristalinos, com declividades mais acentuadas e solos rasos suscetíveis ao processo

erosivo e, dependendo da forma de uso da terra, ocorre manifestação intensa de erosão,

34

capaz de proporcionar elevadas taxas de produção de sedimentos que acabam por atingir

os principais rios da região até o rio Tietê, segundo Campagnoli (2002).

Figura 5. Mapa de Localização de Guarulhos na RBCV e na RMSP.

A expansão periférica das áreas urbanas, por vezes sem bases legais, em terrenos cada

vez menos favoráveis, sobre áreas de relevo intenso como morros, vem provocando

alterações geoambientais significativas e gerando áreas suscetíveis à erosão e aos

escorregamentos.

A RMSP concentra uma população estimada em 16,3 milhões de habitantes, dos quais 10

milhões estão situados no município de São Paulo; tendo 1.747 km² de área urbanizada.

Além da concentração da urbanização a RMSP corresponde a mais de 50% do PIB do

Estado e a 18,55% da riqueza do País (SÃO PAULO, S/D).

Para manter estes dados econômicos descritos acima, a expansão na RMSP vem se

intensificando cada vez mais, resultando em menos áreas verdes e mais áreas urbanas,

com vários impactos ambientais decorrentes da perda dos serviços ecossistêmicos da

biosfera* (OLIVEIRA et al. 2009).

35

De fato, a RMSP situa-se na RBCV, criada em 1994 pela UNESCO - Organização das

Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Esta região possui uma área total

de 17.600 km², onde residem 10% da população nacional, o equivalente a 23 milhões de

pessoas. No território da RBCV há 2.200 km² de área urbana, que ainda contrasta com a

exuberância de sua cobertura vegetal correspondente a 6.140 km². (RBCV, 2003).

As reservas da biosfera são “áreas reconhecidas pelo Programa O Homem e a Biosfera,

que inovam e demonstram abordagens para a conservação e o desenvolvimento

sustentável”. Este programa conhecido internacionalmente desde 1976 (MaB – Man and

Biosphere) e gerido pela UNESCO, (RBCV, 2003).

Ao todo 73 municípios paulistas compõem a RBCV, que também inclui a Região

Metropolitana da Baixada Santista – RMBS.

Entretanto as ameaças a RBCV remontam à época do Brasil colônia, tendo suas árvores

inicialmente substituídas pelo café, cana-de-açúcar e pasto para pecuária; como

demonstra Setzer (1955), em estudo realizado sobre o potencial do solo para agricultura

realizado na década de 1940, onde já apontava a necessidade de preservação do

cinturão verde de São Paulo, para continuidade dos serviços ambientais futuros,

principalmente na produção de alimentos. Atualmente as ameaças estão cada vez mais

intensas não dando chance à recomposição natural das áreas verdes.

Com o processo de expansão urbana da RMSP não só são eliminados os serviços

ecossistêmicos das coberturas vegetais como são geradas áreas de riscos geológicos.

Portanto, a degradação ambiental das áreas assim ocupadas soma dois ônus, a perda

dos serviços e os prejuízos econômicos e danos sociais decorrentes dos processos

geohidrológicos que se manifestam intensamente.

*Serviços ecossistêmicos da biosfera são os fluxos de matéria, energia e inspiração de áreas preservadas ou conservadas que o

homem usufrui para o se bem estar.

36

Para enfrentar esta situação o Conselho da RBCV instalado no Instituto Florestal da

Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, vem promovendo várias ações

com destaque para o Programa de Jovens, Meio Ambiente e Integração Social – (PJ –

MAIS).

O PJ é um programa de educação ecoprofissional e formação integral tendo como público

alvo adolescentes entre 15 e 21 anos de idade, habitantes de zonas periurbanas do

entorno da RBCV. Em dez anos o programa atendeu mais de 1.300 jovens, sendo que um

dos seus Núcleos de Ação corresponde ao município de Guarulhos, tendo a autora desta

dissertação participado do Programa como aluna e posteriormente educadora. (IF, S/D).

A área objeto de pesquisa situa-se nestas condições de estar sendo sujeita à ocupação

de um uso da terra com limitações legais e ambientais, no entorno do Núcleo Cabuçu do

PEC, cuja cobertura vegetal é considerada uma das maiores florestas urbanas do mundo.

Assim, estabeleceu-se um forte contraste entre uma área de conservação integral e a

área contígua, objeto da pesquisa, sujeita a um uso da terra sem sustentabilidade

ambiental.

37

7. Aspectos Fisiográficos da Região do Cabuçu

A descrição das características gerais da fisiografia da região do Cabuçu foi pautada na

análise bibliográfica disponível referente aos seguintes aspectos: climáticos, geológicos,

geomorfológicos, pedológicos e de vegetação.

Nos diversos aspectos considerados o território de Guarulhos pode ser dividido em dois

compartimentos principais: sul e norte (OLIVEIRA et al. 2009). O compartimento sul

apresenta–se mais baixo com cotas de 670 a 850 m, enquanto o compartimento norte

apresenta terrenos com cotas de 850 a 1.438 m.

Há uma relação entre o relevo e o substrato geológico nos compartimentos norte e sul. No

compartimento sul destaca-se a ocorrência predominante de sedimentos cenozóicos e

aluviões em colinas e morrotes. No compartimento norte, predominam rochas cristalinas

(metassedimentares, metavulcânicas, granitos, etc) em morros e montanhas.

A região objeto ocorre no compartimento norte, portanto nos terrenos mais declivosos de

morrotes e morros esculpidos em rochas cristalinas.

7.1 Aspectos Climáticos

O clima é descrito por Andrade (1999), como mesotérmico brando úmido, o mês de junho

apresentando a temperatura mais baixa com média de 16,6°C. Os demais meses

apresentam média de 20,9°C, segundo Monteiro (1973 apud ANDRADE, 1999).

No mapa de classificação climática do Brasil segundo Koppen, de Galvão (1968 apud

MOREIRA; PIRES NETO, 1998), a região apresenta quatro tipos de domínio climático C,

que constitui um clima temperado, com a temperatura média do mês mais frio entre 18° e

3°C, sendo eles:

- Cfa quando não há estação seca, ou seja, quando a média do mês mais seco é superior

a 60 mm e quando a temperatura média do mês mais quente é superior a 22°C;

38

- Cfb idem ao Cfa, porém com a temperatura média do mês mais quente inferior 22°C;

- Cwa quando se configura uma estação mais seca, coincidente com o inverno, com um

mês mais quente superior a 22°C;

- Cwb idem ao Cwa, mas com temperatura média do mês mais quente inferior a 22°C.

De acordo com Nimer (1989, apud GRAÇA, 2007), a posição geográfica da região

Sudeste, nas proximidades do Trópico de Capricórnio, lhe confere forte radiação solar e

uma posição de transição entre duas grandes regiões dominadas por climas muito

diferentes. Todavia, precisar qual ou quais climas são predominantes na região, somente

é possível com longo período de dados por meio da instrumentação meteorológica

necessária.

Negreiros et al. (1974) classificou o clima da região da Cantareira, onde se situa a região

do Cabuçu, como Cfb, onde o mês mais quente não atinge os 22°C. Já Silva (2000),

considera janeiro o mês que apresenta temperatura mais elevada, com média de 24,3°C e

junho como o mês com a temperatura mais baixa, com média de 16,6°C, tendo como

temperatura e média anual de 20,9°C, portanto indicando um clima Cfa. Contudo, Oliveira

et al. (2009), verificou que as temperaturas máximas dos meses mais quentes superam

os 30°C e as mínimas dos meses mais frios chegam abaixo dos 10°C, reforçando a

classificação do clima como sendo do tipo Cfa. O estudo de Negreiros et al. (op. cit.) foi

baseado em medidas ao longo de 29 anos e publicado em 1974; o de Silva (op. cit.) foi

baseado em 6 anos com publicação em 2000 e Oliveira et al. (op. cit.) foi baseado em 3

anos com publicação em 2009. As diferentes conclusões dos autores a respeito do clima

da região devem corresponder ao fato de que cada autor se fundamentou em series de

medidas diferentes e alem disso, deve-se considerar que podem ter havido alterações

provocadas pela ilha de calor da Região Metropolitana de São Paulo que segue a

expansão urbana, substituindo áreas verdes por áreas impermeabilizadas, num período

longo, dos anos de 1970 aos anos de 2000.

Ab’ Saber (1978) apud Silva (op.cit.) descreve que, na cimeira da Serra da Cantareira as

temperaturas variam de 18° a 19°C, sendo que a massa principal de umidade envolve a

39

cumeada da Cantareira, onde há um clima tropical úmido do tipo vulgarmente conhecido

como “mata fria”, que denomina o túnel da rodovia Fernão Dias no espigão da Serra.

De acordo com Lacava (2007), devido a todo este comportamento, pode-se considerar

que o trecho serrano da região estaria sujeito a um microclima local mais úmido, sem

estiagem definida, podendo caracterizar um clima Cf, a ou b.

Segundo Andrade (2009), pode-se admitir que a região apresenta condições climáticas

complexas, com diferentes fatores fisiográficos que contribuem para compor um quadro

de chuvas que apresenta variações muito significativas em seus montantes.

Portanto com base nos trabalhos descritos acima, pode-se considerar que a região possui

microclimas dependendo de sua localização, sendo que, quanto mais perto da cimeira da

Serra da Cantareira – Núcleo Cabuçu, pode-se considerar o clima tipo Cfb e à medida

que se afasta, na direção da planície do rio Tietê, o clima passa a Cfa.

Com base nos estudos pluviométricos de Lacava (2007), foi possível elaborar a Tabela 1,

referente aos dados da Estação Prefixo E3-083, que pertencia ao Departamento de

Águas e Energia Elétrica – DAEE, e estava situada no Núcleo Cabuçu – Parque Estadual

da Cantareira, portanto ao lado da região objeto de estudo. Os dados obtidos no período

de 1941 a 1964, mostram que a média anual na Serra da Cantareira era de 1.494,2 mm,

destacando-se como mês mais seco o mês de agosto com média de 33,2 mm e o mês

mais chuvoso o de janeiro, com 240 mm, no período considerado.

Infelizmente, não há series longas de medidas mais recentes. Entretanto Lacava (2007)

apresentou medidas da Estação Meteorológica do Núcleo Cabuçu, instalada pela UNG do

período de outubro de 2005 a setembro de 2006, com uma precipitação acumulada de

1777,8mm.

40

Tabela 1. Médias mensais e anual da estação pluviométrica da região do Parque Estadual da Cantareira – Núcleo Cabuçu para um período de 23 anos (1941-1964) da Estação E3-083 conforme Lacava (2007).

7.2 Aspectos Geológicos Segundo Andrade (2009), o substrato geológico da região do Cabuçu é constituído por

rochas cristalinas, sobre as quais se desenvolvem coberturas coluvionares, havendo

coberturas sedimentares muito restritas a pequenas planícies de soleira em vales fluviais

atuais.

De acordo com Oliveira et al. (2008), a região apresenta como predominância em seu

substrato cristalino rochas metassedimentares, rochas metavulcânicas básicas e, com

Estação Prefixo E3 -083

Período / Ano 1941-1964

JAN 259,7

FEV 253,5

MAR 176,6

ABR 75,8

MAI 57,2

JUN 48,0

JUL 44,7

AGO 34,8

SET 65,4

OUT 130,1

NOV 131,2

DEZ 217,3

Total médio anual 1.494,2

41

menores áreas de ocorrência, rochas graníticas, como gnaisse. A Figura 6 ilustra o

aspecto das rochas mais frequentes na região.

As rochas metassedimentares são, em sua maioria, de origem pelítica, filitos e xistos,

reconhecidas por Oliveira et al. (2008) pela forma de ocorrência em placas ou folhas que

podem ser destacadas, quando afloram ou cobertas por solos pouco espessos de cor

amarelada. Já as rochas metavulcânicas são rochas vulcânicas compostas por cinzas e

lavas, que sofreram metamorfismo, apresentando cobertura de solos mais profundos de

cor vermelha, dispondo-se em manchas intercaladas aos metassedimentos, pois se

formaram juntas, no fundo de um oceano há cerca de 1,6 bilhões de anos (JULIANI et al.

2008).

Figura 6. Amostras de rochas mais comum na região. A esquerda rocha metassedimentar (filito) e a direita

rocha metavulcânica intemperizada com um núcleo pouco alterado. Foto: A.M.S. Oliveira 10.10.2013

Segundo Andrade (2009), as estruturas geológicas da região têm forte influência sobre o

relevo, sobretudo na forma de falhas e zonas de cisalhamento, que condicionam a rede

de drenagem.

7.3 Aspectos Geomorfológicos A região do Cabuçu situa-se na Zona do Planalto Paulistano e da Mantiqueira, no Planalto

Atlântico (PONÇANO et al. 1981; ROSS; MOROZ, 1997) Como predominância de relevo,

Andrade (2009), destaca um sistema de morros e montanhas (entre 800 e 1.100m), em

42

menor proporção os morrotes paralelos (abaixo de 800m) e, de forma muito restrita, os

morros e morrotes (entre 800 e 900m), e as planícies aluviais (predominando abaixo de

800m). A Figura 7 apresenta uma paisagem de morros e montanhas da região.

Oliveira et al. (2005), destacam as altitudes da região que, formando o flanco sul da Serra

da Mantiqueira alcançam 300 m de desnível com terrenos vizinhos. Silva (2000) considera

o relevo de serras e escarpas da Serra da Pirucaia como sendo de maior expressão na

região do Parque Estadual da Cantareira, sustentado por quartzito, a norte da região

objeto.

Figura 7. Morros no primeiro plano e montanhas ao fundo da Serra da Cantareira no Cabuçu. Foto. R. Maia

26.02.13

Segundo Silva (op. cit.) há indicadores de fenômenos naturais de movimentação antigos,

tais como queda de blocos e rolamentos de matacões. Fenômenos de erosão intensa

atuais são evidentes somente em áreas alteradas pelo homem, ou seja, áreas sem

cobertura vegetal e terraplanadas, como destaca Andrade (2009) ao relatar o caso da

implantação de loteamentos urbanos, onde elevações foram reduzidas em até 20 metros

de altura, formando plataformas amplas através de aterros e taludes íngremes que

alteraram de forma significativa as amplitudes e declividades originais.

43

7.4 Aspectos Pedológicos

Rossi et al. (2009, apud ANDRADE, 2009), descrevem que a região apresenta nas áreas

de alta declividade, Cambissolos e, nas áreas com menor declividade, Latossolos, de

pequena espessura. A textura destes solos é predominantemente argilosa.

Andrade (2009) destaca a forte ligação dos solos com os aspectos naturais da região,

especialmente a geologia e o relevo. De maneira geral as rochas cristalinas nos morros

estão cobertas por Latossolos rasos e argilosos, associados aos Cambissolos, em

situação de coluvionamento.

As condições de solos pouco espessos e elevada declividade favorecem os processos

geohidrológicos de erosão, escorregamentos rasos e assoreamento quando a cobertura

vegetal é eliminada e, sobretudo, quando são realizadas movimentações de terra. Nestes

casos, são os aterros os mais suscetíveis a erosão e escorregamentos, do que os cortes,

por serem constituídos por solos pouco coesivos, em geral siltosos, nas áreas de rochas

metassedimentares, muitas vezes acrescidos de entulho e resíduos, lançados encosta

abaixo.

7.5 Aspectos da vegetação

Segundo Negreiros et al. (1974) há na região a ocorrência de tipos de vegetação da

Floresta Latifoliada Tropical Úmida de Encosta e da Floresta Latifoliada Subtropical de

Altitude. Já Brasil (1983, apud ANDRADE, 2009) considera que a vegetação da região do

Cabuçu, pode ser de transição da Mata Atlântica com a Mata de Planalto, de onde

provém elementos da Mata Semicaducifolia. Silva (2006) caracteriza como Floresta

Latifoliada Tropical de Encosta, e Fonseca (2012) considera cada vez mais marcante a

presença da Floresta Estacional Semidecídua. As diferentes classificações podem estar

refletindo fundamentações em diferentes conceitos, ou identificação de espécies.

Segundo Arzolla et al. (2011), predominam na região espécies indicadoras de Floresta

Ombrófila, sendo que, nessa pesquisa, realizada no período de 2006 a 2010, foram

encontradas 27 espécies que compõem o grupo das 38 espécies indicadoras de Floresta

Ombrófila, somente 12 espécies das 53 espécies indicadoras de Floresta Estacional.

44

Por ser os estudos mais abrangentes e recentes disponíveis foram selecionados para

servir de fundamentação para os aspectos vegetacionais o Inventário Florestal da

Vegetação Natural do Estado de São Paulo (São Paulo, 2005) e o Plano de Manejo do

Parque Estadual da Cantareira, elaborado em 2009. (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2009).

Segundo São Paulo (2005), a região do Cabuçu, esta inserida na faixa de domínio da

Floresta Ombrófila Densa Montana, cujo gradientes altitudinais vão de 500 a 1.500

metros. Sua formação detém características de regiões tropicais com temperaturas

elevadas (média 25°C) e com precipitação pluviométrica bem distribuída ao longo do ano.

Por reconhecimento de campo foi possível identificar que a fitofisionomia da região objeto

da pesquisa está composta por áreas em diferentes estágios de regeneração, atualmente

com maior predominância dos estágios inicial - tardio, em remanescentes isolados, sem

conectividade biológica, dentro de áreas particulares e médio – avançado, formando

corredor de fauna ao norte com o Parque Estadual da Cantareira – Núcleo Cabuçu. A

Figura 8 ilustra uma paisagem relativamente bem preservada da região.

Figura 8. Exemplo da fitofisionomia da região do Cabuçu. Foto: D.S. Marques 12.10.13

As espécies predominantes hoje são pioneiras e secundárias representadas

principalmente pelas espécies açoita cavalo - Luehea grandiflora, tapiá-mirim - Alchornea

triplinervia, tapiá-guaçu – Alchornea triplinervia sidifolia, pau-jacaré - Piptadenia

45

gonoacantha, mandioqueiro - Schefflera angustissima, capixingui - Croton floribundus,

jacarandá-paulista Macherium villosum, cabuçu – Miconia cabussu, dentre outras.

Na região de estudo destacam-se as áreas conhecidas como Pico Pelado e Mirante da

Proguaru, localizados na Figura 4, com possível fitofisionomia vegetacional remanescente

de cerrado, devido apresentar as características descritas por São Paulo (2005), ou seja,

vegetação composta por arbustos e árvores de até seis metros de altura, com folhas

espessas e caules tortuosos recobertos por casca espessa, tendo como representante o

barbatimão - Stryphnodendron adstringens, e apresentando solo raso, pobre em

nutrientes e afloramento de rochas, no caso filito.

46

8. História da Região do Cabuçu

Considera-se aqui, como história regional da área objeto da pesquisa, a história do

município de Guarulhos. O relato desta história tem como ilustração o diagrama temporal

das Figuras 9a e 9b, onde também são apresentados os principais fatos de ordem

econômica, social e cultural do Brasil.

8.1 Contexto Histórico

Nos primeiros dois séculos do período colonial, de 1500 a 1700, são iniciados os

primeiros ciclos econômicos do Brasil, representados pela exploração do pau–brasil e

pelos primeiros cultivos de cana de açúcar. Entretanto, na região de Guarulhos já se inicia

o ciclo do ouro em 1590, (OLIVEIRA, 2008), fato não muito conhecido, pois em âmbito

nacional destaca-se Ouro Preto, cujas primeiras descobertas datam de 1693.

Os primórdios da história de Guarulhos são pouco conhecidos, sendo poucos os autores

e menos ainda as pesquisas que se dedicaram a reconstituir a história deste município.

A maior parte dos autores (LEITE, 1937; SILVA, 1998; SANTOS, 2006; OLIVEIRA et al.

2007; OLIVEIRA, 2008) considera um aldeamento pertencente a etnia maromomi como

primeiro assentamento que deu origem a Guarulhos. Este aldeamento, não permanente,

devido ao estágio nômade desta etnia, teria sido fixado por ação da catequização dos

padres portugueses, tornado-se um aldeamento indígena-jesuítico, sendo então

denominado Nossa Senhora da Conceição dos Maromomi, nos anos de 1555 a 1560,

portanto cerca de 60 anos após o descobrimento do Brasil

Por outro lado, Ranali (2002), descreve que os índios dessa etnia, que também denomina

Guaromomis, teriam sido aldeados por ação do padre jesuíta Manuel de Paiva.

Esta ação de fixação do aldeamento é confirmada por Leite (1937):

Os padres iam a sua aldeia, periodicamente, mas deviam ter ali residência fixa, porque

senão (e é este o principal argumento para a criação da residência) os maromomis

“tornam ao seu natural que é irem para os matos”

47

Esta preocupação resulta de orientações emanadas de Roma em “Algumas advertências

para a Província do Brasil”, provavelmente de 1555, conforme mostra Leite (op.cit.).

Entretanto, a descrição deste momento inicial de Guarulhos, não vai além, pois é de

consenso de vários autores não se ter exatidão sobre sua data de fundação e quem a

fundou.

Silva (1998), com base no historiador jesuíta Helio Abranches Viotti, considera provável

1555. Ranali (2002) afirma que foi 1560. Para Santos (2006) a fundação ocorreu entre

1555 e 1560.

Em relação aos fundadores são citados os Padres João Alvares, Manuel de Paiva e

Manuel Viegas.

Em 1590, cerca de 100 anos antes do Ciclo de Ouro Preto, começa a primeira atividade

econômica correspondente à extração de ouro, iniciada por Geraldo Correia Soares, por

meio da carta de sesmaria concedida a ele (SANTOS, 2006) e por Afonso Sardinha em

1597 (OLIVEIRA et al. 2007).

Esta atividade persistiu por cerca de 200 anos. Durante o processo de extração foram

localizadas seis lavras auríferas que, segundo Noronha (1960), encontravam-se nos

bairros das Lavras, Catas Velhas, onde hoje localizam os Bairros São João e Capelinha,

Mojolo de Ferro, atual Morro Grande, Campo dos Ouros, Bananal e Tanque Grande. A

Figura 10 apresenta vestígios de mineração na região do Lavras.

No período da atividade exploratória, de 1590 a 1812, foram realizadas obras de

infraestrutura no Aldeamento, como abertura de estradas, vila de casas que serviam de

pouso dos tropeiros. Conta-se nesse período a edificação de três igrejas: Nossa Senhora

da Conceição – Matriz (1685), Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos (1750) e

Nossa Senhora do Bonsucesso (1800).

48

49

50

O termo Guarulhos aparece pela primeira vez em 1640, associado ao local. Tendo como

destaque o ano de 1655, quando, na Bahia, iniciava-se e cultivo de cacau. Pouco depois,

o Aldeamento consegue ser elevado à categoria de Freguesia, passando a ser chamado

de Freguesia de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos (1685). Em 1741 é iniciada

a conhecida Festa da Carpição em Bonsucesso que é realizada até hoje. Em 1750 ocorre

o fim da escravidão indígena no Brasil. Segundo Pinheiro (2008), a extração de ouro

chega ao fim em 1812, por causa de um grave desabamento em uma das lavras que

vitimou vários escravos. Entretanto, o local do acidente não foi identificado.

Figura 10. Vestígios de mineração na região do Lavras. Foto. Labgeoprocessamento 30.06.08

Com o declínio do ciclo do ouro e o advento do ciclo do tijolo cozido, que passou a ser

fornecido para a construção de edificações no final do Século XIX, a economia da

Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Guarulhos, passa a migrar dos morros

para os fundos de vales, em busca da argila, matéria prima para a nova economia.

Neste mesmo período que ocorria a transição econômica em Freguesia de Nossa

Senhora da Conceição de Guarulhos, a capital paulista também altera seu ciclo

econômico de cana-de-açúcar para o café.

No importante ano de 1850, quando cessa o tráfico negreiro, coincidentemente é erguida

por um escravo, Raimundo Fortes, a capela do Senhor Bom Jesus da Cabeça na parte

51

alta da Fazenda Cabuçu pertencente a Sra. Joaquina Fortes de Rendon e Toledo, que

constitui a primeira ação antrópica de uso do solo, como edificação, identificada na região.

A partir de 1870, inicia-se a busca por mão–de-obra assalariada oriunda principalmente

dos imigrantes, pois como cita D’Alambert (1993) ‘os tijolos solucionaram problemas

técnicos e construtivos das fazendas’, entre os problemas técnicos se destacam o

armazenamento dos grãos, pois a partir da construção de galpões com os tijolos foi

possível ter maior resistência às intempéries.

Segundo D’Alambert (op.cit.), o uso do tijolo em terras paulistas ocorreu na metade do

século XIX, ocasionado pela mudança de status social e econômico. Tendo a imigração

contribuído para a rápida propagação das olarias, pois consigo traziam técnicas mais

aprimoradas sobre a fabricação do tijolo cozido.

Este novo modelo de emprego de mão de obra paga se multiplica por vários bairros

paulista, como Bom Retiro, Barra Funda, Freguesia de Ó, Penha e outros. De modo não

diferente, o mesmo ocorre também pelos bairros de Freguesia de Nossa Senhora da

Conceição de Guarulhos, com destaque para as olarias localizadas nos bairros da Ponte

Grande, Vila Augusta, Gopouva, Vila Galvão e Cabuçu.

Em 1880, a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Guarulhos, consegue sua

emancipação em relação a São Paulo, passando a ser chamada de Conceição de

Guarulhos. Segundo Oliveira et al. (2008), “a nova economia marca também o período de

transição da escravidão para o trabalho assalariado”. Em âmbito nacional é construída em

Diamantina - Minas Gerais a primeira usina hidrelétrica – 1883.

O escoamento dos tijolos para a Capital era feito por meio de tração animal e hidroviário –

Rio Tietê; tendo contribuído para construção de grandes obras como a Pinacoteca do

Estado, Muro da Santa Casa de Misericórdia, Teatro Municipal, Museu do Ipiranga e

Palácio das Indústrias (OLIVEIRA, 2008).

Em 1889 o Brasil é proclamado república. No estado de São Paulo em 1890, o

abastecimento de água começa a demonstrar sinais de sua fragilidade devido ao

desmatamento oriundo das fazendas localizadas na floresta da Cantareira, obrigando o

52

governo da época desapropriar as fazendas a fim de se recuperar a vegetação para

proteger os recursos hídricos.

O relacionamento econômico com São Paulo avança ainda mais com a implantação, em

1904, do sistema de captação e adução de águas do Cabuçu para abastecer São Paulo,

segundo plano de saneamento da capital de aproveitamento das águas da Cantareira

(FONSECA, 2007). Este fato, importante para Guarulhos, tem forte destaque na região

objeto desta pesquisa, por se tratar de obra de engenharia civil pioneira na América do

Sul (TELLES,1993).

Todo este processo concorreu para que em 1906, Conceição de Guarulhos conquistasse

o status de Cidade passando a ser chamada de Guarulhos.

Contudo toda a fartura de matéria prima para a fabricação de tijolos encontrada em

Guarulhos (argila, madeira e água), chamou a atenção do cafeicultor Gabriel Silveira

Vasconcelos, que em 1911 instalou a primeira indústria de Guarulhos na região da Vila

Galvão, a Cerâmica Paulista (OLIVEIRA, 2008), localizada as margens do rio Cabuçu,

que, além da produção de tijolos, também passou a fabricar telhas e cerâmicas.

Com uma demanda operária e um fluxo de produção oleira crescente, em 1915, chega a

Guarulhos o primeiro transporte ferroviário o Ramal Tramway Cantareira, que ligou os

bairros Vila Galvão, Torres Tibagy, Gopouva e Vila Augusta a Capital (FERNANDES et al.

2008). O transporte ferroviário possibilitou a instalação de indústrias ao longo do

perímetro férreo chegando a contabilizar em 1945 cinquenta e oito indústrias em

Guarulhos, e a instalação da indústria automobilística no país em 1957. Todo este

processo industrial potencializou-se com a construção das duas principais rodovias que

corta a Cidade - Dutra (1944) e Fernão Dias (1961).

Até a década de 1960, Guarulhos era uma cidade completa em relação ao transporte

servida de sistema hidroviário – (Rio Tietê), Rodoviário – (ligação Capital, Rio de Janeiro

e Minas Gerais) e Ferroviário (Bairro-Capital). A chegada das estradas coincide na

mesma década em que o governo passou a estimular a ocupação da Amazônia. Em

1965 o ramal Traway Cantareira – Guarulhos foi desativado, ficando assim uma lacuna no

53

transporte da Cidade, que, também perdeu a navegação do Tietê, devido ao processo de

industrialização e ocupação habitacional.

Em 1985 Guarulhos passa a ser conhecida mundialmente pela sigla GRU, devido à

construção do Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro, tendo a região

de Cumbica se transformado em um polo industrial de Guarulhos.

Guarulhos se torna uma cidade de grandes oportunidades econômicas devido sua

posição geográfica dentro da Região Metropolitana de São Paulo – RMSP. Hoje

concentra uma população estimada em 1.221.979 habitantes (IBGE, 2010), distribuída em

45 bairros; ostenta a oitava posição da economia nacional com um grande contraste de

distribuição de infra-estrutura nos bairros. O município prossegue em sua vocação

industrial com perspectivas de forte expansão urbana. Segundo site oficial da Prefeitura,

desde 2008, Guarulhos passou a tratar 25% do esgoto que é produzido pela população

(GUARULHOS, 2012)

8.2. Evolução do uso da terra Os mapas da reconstituição da evolução do uso da terra na região do Cabuçu foram

realizados com base nas interpretações de fotos aéreas e imagem de satélite referente às

décadas de 1960 a 2007.

Para a interpretação das fotos aéreas foram elaboradas a legenda de classes do uso da

terra e as chaves de interpretações conforme os quadros 5 e 6.

Para a caracterização mais detalhada do uso urbano da terra, foram consideradas as

formas de ocupações, os tipos de terraplanagem e os impactos nas coberturas vegetais,

considerando-se as várias modalidades reconhecidas nos loteamentos e propriedades da

região; esta análise e classificação estão expressas no quadro 7.

Esta classificação segue o observado por Andrade (2009) quanto aos dois modelos de

ocupação, Modelo Parque Continental e Modelo Recreio São Jorge, traduzidos

respectivamente nas classes UQ e UL.

54

A classe UQ (Modelo Parque Continental) compreende o loteamento regular que foi

implantado por terraplenagem mecanizada e generalizada por quadras. A classe UL

(Modelo Recreio São Jorge) corresponde ao loteamento regular ou irregular com

terraplenagem manual, lote a lote.

Sigla Nomenclatura

M Mata

C Campo, Capoeira e Arbustivas.

R Reflorestamento.

A Agricultura.

H Chácara de lazer.

UQ

UQ1

Área Urbana – Quadra: inicio de implantação.

UQ2

Área Urbana – Quadra: em consolidação, sem

pavimentação.

UQ3

Área Urbana - Quadra: consolidada com pavimentação.

UL

UL1 Área Urbana – Lote: inicio de implantação.

UL2

Área Urbana – Lote: em consolidação, sem

pavimentação.

UL3

Área Urbana - Lote: consolidada com pavimentação.

E

E1 Solo Exposto – Área destinada a disposição de resíduos.

E2

Solo Exposto – Área destinada a Empreendimentos.

E3

Solo Exposto – Área destinada a Empréstimos.

O

Olaria

L Lago

X Lixão

Quadro 5. Legenda dos mapas de classes de uso da terra.

55

Siglas Nomenclatura Características

M Mata Apresenta tonalidade de cinza escuro, forma heterogênea,

presença de vegetação arbórea.

C

Campo,

Capoeira e

Arbustivas

Apresenta tonalidade cinza claro, ausência de vegetação

arbórea e de ocupação.

R

Reflorestamento

Apresenta tonalidade de cinza escuro e preto, com

vegetação homogênea e às vezes plantio linear ou

concentrado.

A Agricultura Apresenta tonalidade de cinza, com forma geométrica

retangular e uniforme.

UL1 e

UQ1

Área Urbana

Lotes e Quadras 1

Apresenta solo exposto, com abertura de vias, poucas

casas, de tonalidade cinza claro a branco.

UL2

Área Urbana

Lotes 2

Apresenta solo exposto com menor evidência, número

maior de casas que U1, ruas sem pavimentação, em tons

mesclados de cinza claro e escuro.

UQ3

Área Urbana

Quadras 3

Apresenta grande quantidade de casas, quadras bens

definidas, ruas em tons de cinza escuro representando

pavimentação.

H Chácaras Apresenta casas isoladas.

E 3

Solo Exposto

Empréstimo

Apresenta tonalidade cinza claro, ausência de vegetação,

solo nu.

O Olaria

Localizada próximo a corpos d’água, formando cavidades.

Às vezes, enfileiramento do material produzido

L Lago Apresenta tonalidade cinza escuro e preto, perímetro

sinuoso.

X Lixão Coberta por vegetação arbustiva.

Quadro 6. Chave de interpretação de fotos áreas preto e branco para a elaboração de mapas

de uso da terra.

56

Siglas Ocupação Terraplenagem Cobertura

Vegetal

Loteamentos

UQ

Área

Regular

Mecanizada –

generalizada por

quadras.

Supressão total da

vegetação,

exposição do solo.

Jardim Cambará e

Parque Continental

III.

UL

Regular

Manual - por lotes.

Perda gradual da

vegetação.

Chácaras Cabuçu,

JD. Monte Alto, JD.

Siqueira Bueno,

Morro do Sabão,

Recreio São Jorge e

JD. Santa Mônica.

Irregular

Novo Recreio, Vila

Julieta e JD.

Cardoso.

E1 Solo Exposto

(Disposição de

Resíduos).

Mecanizada –

generalizada.

Supressão total

da vegetação,

exposição do solo.

Aterro Sanitário -

Quitaúna.

E2 Solo Exposto

(Empreendimento

Particular).

Instituto Manoel

Gesteira e Aterro do

vale do rio Piracema.

E3 Solo Exposto

(Área de

Empréstimos).

Propriedade Zariff e

Fazenda Três

Marias.

UQ: Loteamento regular com terraplanagem mecanizada e generalizada por quadras;

UL: Loteamentos regulares e irregulares com terraplanagem manual por lotes;

Quadro 7. Classes de uso urbano da terra conforme tipos de ocupação.

57

Com base nessas legendas foram elaborados por fotointerpretação dos levantamentos

disponíveis, conforme Quadro 4, os mapas de uso da terra de 1962 (Figura 11), 1972

(Figura 12), 1980 (Figura 13), 1986 (Figura 14), 1993 (Figura 15), 2000 (Figura 16) e 2007

(Figura 17), apresentados a seguir. As áreas de ocorrência de cada classe de uso da terra

foram quantificadas (Tabela 2), destacando-se as principais (Tabela 3) e colocadas em

gráficos na Figura 18, sendo acrescentada a evolução da população do Cabuçu que em

1991 apresentava 28.709 habitantes, em 2000 apresentava 59.675 habitantes e em 2010

atingindo o numero de 73.076 habitantes (IBGE, 2010), também apresentado em

sequência.

58

Figura 11. Mapa do uso da terra referente a 1962

59

Figura 12. Mapa do uso da terra referente a 1972

60

Figura 13. Mapa do uso da terra referente a 1980/81

61

Figura 14. Mapa do uso da terra referente a 1986

62

Figura 15. Mapa do uso da terra referente a 1993

63

Figura 16. Mapa do uso da terra referente a 2000

64

Figura 17. Mapa do uso da terra referente a 2007

65

Tabela 2: Evolução das classes do uso da terra (1962 – 2007).

Tabela 3: Evolução das principais classes de uso da terra.

Classes

1962

1972

1980/81

1986

1993

2000

2007

Mata

40%

32%

30%

27%

23%

23%

21%

Agricultura

7%

9%

7%

7%

5%

3%

1%

Urbano

0% 9% 10% 11% 21% 24% 27%

Classes

1962 1972 1980/81 1986 1993 2000 2007

Mata

40% 32% 30% 27% 23% 23% 21%

Campo/Capoeira

36% 33% 36% 38% 41% 29% 29%

Reflorestamento

7% 11% 11% 9% 5% 13% 13%

Agricultura

7% 9% 7% 7% 5% 3% 1%

Chácara

10% 4% 3% 4% 4% 5% 5%

Olaria

0% 1% 1% 1% 0% 0% 0%

Solo Exposto: E1, E2, E3

0% 1% 2% 3% 1% 3% 4%

Urbano: UQ1 e UL1 0% 9% 10% 11% 8% 7% 3%

Urbano: UQ2 e UL2 0% 0% 0% 0% 11% 11%

4%

Urbano: UQ3 e UL3 0% 0% 0% 0% 2% 6% 20%

Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

66

Figura 18. Gráfico de evolução do uso da terra.

67

No primeiro mapa, de 1962, (Figura 11), verifica-se que as matas predominavam no

entorno do Parque Estadual da Cantareira – Núcleo Cabuçu. Verifica-se também que a

agricultura estava presente em áreas de fundo de vale – Figura 19. A ocupação mais

densa estava então no loteamento das Chácaras Cabuçu. As Tabelas 2 e 3 e o gráfico da

Figura 18 mostram que o território do Cabuçu ainda tinha cobertura verde expressiva

(83%) sendo (40%) mata, 36% campo/capoeira e 7% reflorestamento. A agricultura era

pouco expressiva (7%), e 10% estava ocupada por chácaras.

Figura 19: vale do rio Cabuçu com produção agrícola – chuchu. Foto: autor desconhecido -1972.

Em 1972 (Figura 12) aparece a primeira mancha urbana implantada mais

expressivamente na forma de lotes (UL1), nas áreas do Recreio São Jorge, Chácaras

Cabuçu, Jardim Dorali e na forma de quadras (UQ1) Parque Continental – Figura 20. No

loteamento Chácaras Cabuçu verifica-se que restaram poucas chácaras, tendo sido a

maioria desmembrada em lotes. As olarias aparecem como resultado de opção

econômica na região. Outra classe de uso nova é o solo exposto destinado a

empréstimos de terra (E3). Com as novas alterações o cenário do Cabuçu (Tabelas 2 e 3

e o gráfico da Figura 18) apresenta redução de área de mata para 32%. As áreas de

agricultura permanecem pouco expressiva (9%), mas destaca-se a mancha de 9% na

classe urbano inicial – lote/quadra.

68

Figura 20: Implantação do loteamento Parque Continental, em destaque abertura do sistema viário. Fonte:

EMPLASA – 1970, escala original 1:20.000.

No ano de 1980, verifica-se na Figura 13, que não há mais remanescentes de chácaras

no loteamento Chácaras Cabuçu, ampliando-se a mancha urbana inicial por lotes (UL1).

Crescem as áreas de solos expostos na região para empréstimos (E3). Inicia-se a

atividade de descarte de lixo na região e construção de lagos, embora ambos apresentem

baixa expressão em área. Assim a região, segundo as Tabelas 5 e 6 e o gráfico da Figura

18, a mata continua sendo reduzida e a área urbana crescendo 10%, embora não tenha

havido alteração significativa em relação a 1972.

A década de 1980 é marcada pelo aparecimento de maior área urbana inicial (UL1 e

UQ1), como mostra o mapa de 1986, (Figura 14). Em contrapartida a mata continua

perdendo território. É notório também o crescimento da área de solo exposto na região e

a diminuição das áreas agricultáveis. Neste período o cenário do Cabuçu, segundo as

Tabelas 2 e 3 e o gráfico da Figura 18, está composto por 27% de mata, 38% de

campo/capoeira, 9% de reflorestamento, 7% de agricultura, 4% de chácaras, 1% de

olaria, 3% de solo exposto empréstimo, 11% de urbano inicial – lote/quadra.

69

Em 1993, a Figura 15 mostra que no Cabuçu se intensifica a mancha urbana,

apresentando estágios diferentes de ocupação, urbano inicial - lote/quadra (UL1 e UQ1),

urbano em consolidação – lotes (UL2) sem pavimentação e urbano consolidado – quadra

(UL3) com pavimentação. Destaque para Figura 21, que mostra o início da ocupação do

JD. dos Cardoso. As olarias deixam de existir, devido à substituição do barro pelo

cimento, sendo que em alguns casos o abandono da mineração levou suas cavas a se

transformarem em lagoas. Destaca-se o crescimento das áreas compostas por

campo/capoeira, pressupondo-se que essas áreas já sofreram algum tipo de alteração e

podem estar à disposição da ocupação urbana. As Tabelas 2 e 3 e o gráfico da Figura 18

mostram que havia então em 1993, 23% de mata, 41% de campo/capoeira, 5% de

reflorestamento, 5% de agricultura, 4% de chácara, 1% de solo exposto empréstimo, 8%

de área no estagio de urbano inicial – lotes/quadra, 11% de urbano no estagio em

consolidação – lotes, 2% de urbano no estágio consolidado – quadra.

Figura 21: Início da ocupação do Jd. dos Cardoso. Fonte: M. I. Carvalho, final da década de1990.

Com relação a 2000, a Figura 16 mostra áreas cada vez menores de fragmentos de mata;

que a área da agricultura continua em declínio, e que a região passa a ter mais dois

diferentes usos de solo exposto destinados a disposição de resíduos (E3) e

empreendimentos (E2). Verifica-se um aumento na introdução de espécies exóticas,

elevando a taxa de reflorestamento, e com a concomitante diminuição de as áreas de

campo/capoeira. O estágio de ocupação do urbano inicial - lotes (UL1) continua

70

crescendo, enquanto que as áreas de estagio urbano em consolidação – lotes (UL2) não

apresentam aumento e as áreas de urbano consolidado – quadra (UQ3) apresenta

expansão em sua área. Conforme as Tabelas 2 e 3 e o gráfico da Figura 18 a região

apresenta 23% de mata, 29% de campo/capoeira, 13% de reflorestamento, 3% de

agricultura, 5% de chácaras, 1% de solo exposto – resíduos, 1% de solo exposto –

empreendimentos, 1% de solo exposto – empréstimo, 7% urbano inicial – lotes, 11%

urbano em consolidação – lotes, 6% urbano consolidado – quadra.

O último mapa, referente ao ano de 2007, apresentado na Figura 17, também pode ser

considerado o mapa atual da região do Cabuçu, antes da intervenção das obras do trecho

norte do Rodoanel Mario Covas, pois não apresentou mudanças substanciais com o

cenário atual verificado em reconhecimento de campo no ano de 2012. O atual cenário

do Cabuçu apresenta cerca de 21% de mata, 29% de campo/capoeira, 13% de

reflorestamento, 1% de agricultura, 5% de chácaras, 1% de solo expostos – resíduos, 1%

de solo exposto – empreendimentos, 2% de solo exposto – empréstimo, 3% de urbano

inicial – lotes, 4% de urbano em consolidação – lotes, 20% de urbano consolidado –

lotes/quadra (Tabelas 2 e 3 e gráfico da Figura 18).

As Tabelas 2 e 3 e a Figura 18 apresentam os dados que resumem a distribuição das

diversas classes de uso no período de 1962 a 2007, verificando-se que a mata foi

reduzida quase que pela metade embora o reflorestamento tenha apresentado pequeno

crescimento.

O mapeamento da região revelou não possuir vocação para a agricultura senão em áreas

restritas de fundo de vale e sofreu redução drástica ao longo dos anos. Restaram também

pequenas manchas de áreas ocupadas por chácaras. As áreas de uso do solo exposto,

destinadas a empréstimos de terra (E3) teve aumento em comparação às áreas

destinadas a resíduos (E1) e empreendimentos (E2) que se mantiveram constantes.

Entretanto, notável da distribuição dos componentes do cenário do Cabuçu, em relação

ao uso da terra, foi o avanço das ocupações urbanas na região, que tiveram seu auge em

1986 com o urbano inicial – lotes (UL1), que hoje apresentam a menor taxa de ocupação

devido terem se transformado em áreas de estágio urbano em consolidação – lotes (UL2).

Estas áreas, que aumentaram nos anos de 1993 e 2000 – Figura 22 apresentaram queda

71

em 2007. Já o estágio urbano consolidado – lotes/quadra (UL3 e UQ3), que em 2000

apresentavam 6% das áreas tiveram aumento de quase 14% em apenas 7 anos.

Figura 22: Loteamento Jd. dos Cardoso. Fonte: D.S. Marques, 2012.

Na Tabela 3 esta evolução da mata, agricultura e uso urbano fica evidenciada. Da mesma

forma, o gráfico da Figura 18 acrescido da população destaca esses aspectos,

verificando-se que a queda da área de mata (de 40% para 21%) é acompanhada pelo

aumento das áreas urbana (0% a 27%) sendo que elas invertem a predominância por

volta do inicio da década de 1990. Verifica-se também que área agrícola nunca foi

expressiva, jamais superando 10% e mesmo assim decai a partir de 1986 ao mesmo

tempo em que se verifica um intenso aumento das áreas urbanas de 11% em 1986 para

21% em 1993. Revela-se assim que, se a região não possuía vocação agrícola, o pouco

que tinha foi reduzido em 2007 a 1% da área, confirmando a fragilidade do cinturão verde

da RBCV já sinalizada por Setzer (1955 apud OLIVEIRA et al. 2009).

Estas alterações provocaram modificações importantes nos serviços ecossistêmicos,

alterando o balanço hídrico com intensificação dos escoamentos superficiais. Em paralelo

a forma de ocupação frequentemente inadequada gerou áreas de riscos e processos

erosivos com assoreamentos dos fundos de vale.

72

8.3 Evolução e Sentido da Expansão Urbana

No sentido de sintetizar a evolução do uso da terra e de se observar as tendências da

expansão urbana na região, foi elaborado o mapa de evolução do uso urbano da terra

sobre o qual foi possível identificar o sentido das expansões.

A análise desta evolução permitiu delinear os principais ciclos de mudanças significativas

da paisagem, com implicações na manifestação de processos geotecnogênicos:

- ciclo inicial: de 1850 a 1960

- ciclo de mudança do meio rural para o urbano: 1960 a 1990

- ciclo de expansão urbana: de 1990 – 2010

A Figura 23 apresenta a síntese dos elementos que compõem estes 3 ciclos,

responsáveis pela manifestação dos processos geotecnogênicos, considerando a

disponibilidade dos levantamentos de sensoriamento remoto de 1962 (primeiro

levantamento disponível), 1980 (para o período de 1960 a 1990) e de 2007 (para o

período de 1990 a 2010).

Este mapa revela os principais sentidos das expansões urbanas e de chácaras:

1 - expansão interna, que parte do núcleo pré-existente, o loteamento Chácaras

Cabuçu em direção aos loteamentos Recreio São Jorge e Novo Recreio;

2 - a partir da expansão externa, que resulta do crescimento urbano da cidade,

como no caso do Parque Continental em direção ao Cabuçu;

3 - composto pelas chácaras que se concentravam na maior parte na borda da

Estrada do Cabuçu e que depois migram para o loteamento Morro do Sabão;

4 - refere-se aos empreendimentos que atraem novos loteamentos em seu entorno,

como no caso do Centro de Convenções e Hotel Santa Mônica que possibilitou o

surgimento do loteamento JD. Santa Mônica;

5 - surge a partir de pequenos núcleos urbanos consolidados que vão se

expandindo por ações internas irregulares de moradores, como o Jardim dos

Cardosos.

73

Figura 23. Mapa de evolução do uso urbano da terra e sentido das expansões de 1962 a 2007.

74

8.4 Transformações da paisagem

Com o intuito de aprofundar o conhecimento das transformações ambientais, com base

na abordagem geotecnogênica foram elaborados os cenários sucessivos desde as

primeiras intervenções de que se tem conhecimento até os dias atuais, fundamentando-se

no estudo da história da região e nos mapas de uso da terra gerados por interpretação de

fotos aéreas e imagem de satélite.

Antes que qualquer vestígio de ocupação humana pudesse ser reconhecido, o estado

original do bioma Mata Atlântica, com sua flora diversa e seus límpidos recursos hídricos

dominava a região. A Figura 24 constitui a base cartográfica, somente com a rede de

drenagem e a delimitação da área de estudo, como cenário base, a partir do qual as

transformações geoambientais irão se suceder.

A transformação da paisagem, iniciada no final do século XIX, foi seriada em ciclos

decenais, desde a primeira década de 1850 até 2010, com desenhos que, década a

década, ilustram o cenário histórico em transformação.

A década de 1850 revela os primeiros indícios de ocupação, que vem a se expandir até

hoje, com a construção da capela Bom Jesus da Cabeça e os possíveis caminhos de

acesso, que foram reconstituídos conforme os vestígios atuais, representados no mapa

do cenário histórico da Figura 25. A capela (Figura 26) foi construída na área da antiga

Fazenda Cabuçu, de propriedade da Sra. Joaquina Fortes que segundo Herling (2002),

pertencia à população neo-européia que, por quase quatro séculos, explorou os recursos

florestais locais, inclusive da que viria a ser reserva da Cantareira e Parque Estadual da

Cantareira.

No cenário histórico da Figura 27, destacam-se as transformações induzidas pela

construção da primeira grande obra de concreto armado do país, a barragem do Cabuçu

(TELLES,1993). Sua construção, pela recém criada Repartição de Água e Esgotos –

RAE, deveu-se à crise de abastecimento de água que a cidade de São Paulo passou a

enfrentar na década de 1890, motivada pelo aumento da população e pela deterioração

das fontes de água que abasteciam os chafarizes da cidade, pela substituição das

florestas por fazenda produtoras, principalmente, de café, chá

75

Figura 24. Mapa base dos cenários.

76

Figura 25. Mapa do cenário histórico 1850.

77

e cana - de - açúcar, além da expansão da cidade (HERLING, 2002; FONSECA, 2007).

Figura 26. Capela Bom Jesus da Cabeça – construída em 1850. Fonte desconhecida.

A primeira ação proposta pelo RAE, no final do século XIX, foi à desapropriação das

terras pelo governo do Estado, com caráter de proteção dos mananciais e a delimitação

da Reserva da Cantareira (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2009).

Assim no início do século XX iniciou-se a construção da barragem, sendo possível

observar na foto da Figura 28, o desmatamento que foi gerado em todo o entorno do lago

artificial, sendo reflorestado mais tarde com vegetação exótica como pinheiro (Pinus sp) e

bambu (Bambusa sp).

78

Figura 27. Mapa do cenário histórico 1900.

79

Figura 28. Desmatamento no entorno do lago artificial da barragem do Cabuçu. Foto: Relatório da

Repartição de Água e Esgoto de 1906. Acervo do Arquivo do Estado de São Paulo.

Para que a água do Cabuçu fosse conduzida à cidade de São Paulo, foram construídos

17.000 m de adutora com o mesmo material da barragem – concreto armado – Figura 29,

com capacidade de 500 litros de água por segundo (FONSECA, 2007). A adutora segue o

fundo do vale em paralelo com o rio Cabuçu e, entre um e outro, foi aberto um caminho

por onde passavam os carros de boi e os animais carregando os materiais para as obras,

que viria a ser hoje a conhecida Estrada do Cabuçu. Outras duas vias também surgem

nesse cenário, as Estradas dos Veigas e do Morro do Sabão, descritas no mapa de 1904

da Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo. Para acomodar os

operários foram construídas casas para os mesmos na borda da Estrada do Cabuçu.

80

Figura 29: Construção da adutora e abertura da Estrada do Cabuçu. Foto: Relatório da Repartição de Água

e Esgoto de 1906. Acervo do Arquivo do Estado de São Paulo.

Conforme a Figura 30, do cenário histórico, destacam-se as olarias, que encontraram no

Cabuçu o local ideal para fabricação dos tijolos cozidos, com matéria prima farta como

argila, água e madeira. As olarias localizavam-se ao lado de cursos d’água, onde os

trabalhadores aos poucos iam montando núcleos familiares no entorno das cavas

lavradas.

Mas a região do Cabuçu também apresentou outra vocação econômica, por meio da

imigração portuguesa que trouxe para o bairro a prática agrícola, principalmente por meio

do cultivo do chuchu, como pode-se observar no mapa cenário histórico da Figura 31.

Na década de 1940 as olarias estavam em plena expansão no Cabuçu (D’ Alambert,

1993), como mostra o cenário histórico da Figura 32, motivadas principalmente pelo início

do período de desenvolvimento urbano - industrial de Guarulhos, no qual se destaca a

construção da Base Área e pela construção de fábricas que somavam 58 neste período

(OLIVEIRA, 2008). No mesmo período, ocorria a expansão da capital

81

Figura 30. Mapa do cenário histórico 1910.

82

Figura 31. Mapa do cenário histórico 1930.

83

Figura 32. Mapa do cenário histórico 1940.

84

paulista e Guarulhos que escoava os tijolos para São Paulo, considerando a proximidade

das olarias do Cabuçu (Figura 33) com a Estação de Trem da Vila Galvão – Ramal

Tramway.

Figura 33: Ruína da olaria que ficava localizada na Vila Julieta de propriedade do Sr. Hans Heitel Hohl.

Foto: D.S. Marques - 2004.

Na década de 1960, o cenário histórico apresentado na Figura 34, o Cabuçu, além de

moldar seu solo para a fabricação de tijolos, começa a receber as construções da

expansão urbana, inicialmente com abertura de lotes por quadras nos loteamentos

Chácaras Cabuçu (Figura 35) e do Parque Continental III. Acompanham estas atividades,

as chácaras de lazer e recreação, com destaque para o Palacete de Verão do banqueiro

paulista Aquiles de Lima – Figura 36. Esta nova moldagem do solo migra também para a

mineração que inicia suas atividades por meio da Pedreira FIRPAVI. A agricultura ganha

um novo cultivo o de estrelítzia (Strelitzia reginae) e o chuchu continua se expandindo.

Fato importante nessa década de 1960 foi criação do Parque Estadual da Cantareira, por

meio da Lei Estadual Nº 6.884 de 29 de agosto de 1962, depois regulamenta pelo Decreto

Estadual n° 41.626 de 30 de janeiro de 1963, mas o

85

Figura 34. Mapa do cenário histórico 1960.

86

Figura 35: Implantação do loteamento Chácaras Cabuçu, em destaque abertura do sistema viário. Fonte:

IAC – 1962, escala original 1:25.000.

Figura 36. Palacete de verão do banqueiro Aquiles de Lima. Foto: M. Kishi - S/D.

87

decreto só foi publicado em 1968 – Decreto Estadual n°10.288 de 24 de setembro.

(FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2009).

Ainda nos anos de 1960, o Cabuçu, recebe seu primeiro prédio público o Grupo Escolar

Maria Helena Faria Lima e Cunha, composto por dez salas, que atendeu a primeira

geração de estudantes do bairro, todos os filhos dos trabalhadores das olarias, das

agriculturas e da barragem.

Nesses anos a flora local começa a perder espaço para as espécies exóticas, de

crescimento rápido e fácil cultivo, os eucaliptos e pinheiros começam a dar o toque

exótico e homogêneo na cobertura vegetal, representado pela baixa diversidade desses

maciços florestais.

Como continuidade a esses anos de 1960, no cenário histórico de 1970, ilustrado na

Figura 37, observa-se a criação de duas novas áreas urbanas, a do Jardim Monte Alto

(Figura 38) e o loteamento do Recreio São Jorge. Acompanham a expansão urbana, a

ampliação da mineração e a expansão da agricultura, motivadas principalmente pelo fim

das atividades de abastecimento de água pelo Sistema Cantareira Antigo, composto pelos

reservatórios do Cabuçu, Engordador e Guaraú.

Após as duas décadas de 1960 e 1970, Guarulhos aparece como uma cidade em franca

expansão, revelando no cenário histórico da década de 1980, três rodovias cortando a

cidade – Dutra, Fernão Dias e Trabalhadores, o Aeroporto Internacional Governador

Andre Franco Montoro. Com todo este desenvolvimento e as novas tecnologias de

construção, o cimento ganhou cada vez mais espaço, levando ao final da década a

extinção das olarias do Cabuçu.

88

Figura 37. Mapa do cenário histórico 1970.

89

Figura 38: Implantação do loteamento JD. Monte Alto, em destaque abertura do sistema viário. Fonte:

EMPLASA – 1970, escala original 1:20.000.

Neste cenário, ilustrado na Figura 39, o loteamento Parque Continental III, ganha mais

habitantes e avança para a consolidação urbana e os loteamentos das Chácaras Cabuçu,

do Jardim Monte Alto e Recreio São Jorge ganham dois novos vizinhos, o Jardim Siqueira

Bueno e o Jardim Cabuçu ou São Luiz.

Como nova atividade econômica, a região recebe seu primeiro pesqueiro, denominado de

Cabo Sol, de propriedade da Associação de Cabos e Soldados da Policia Militar do

Estado de São Paulo. Já no Morro do Sabão, que ainda possuía características de

grandes chácaras, é construído, na propriedade do Sr. José Carlos Pannocchia um lago

artificial com 18 m de profundidade, formado por barramento, tendo uma das suas bordas

coberta com areia, que veio a ser chamada popularmente de Prainha do Ginão.

Com o crescimento da cidade de Guarulhos, e o início da industrialização dos alimentos,

o descarte do lixo começou a ser um problema para a Cidade. A região do Cabuçu foi

escolhida para a sua disposição Em paralelo, inicia-se a prática de criação de suínos na

região, alimentados pelo lixão que era descartado sem nenhum

90

Figura 39. Mapa do cenário histórico 1980

91

tratamento. Entretanto esta atividade econômica sempre permaneceu restrita a dois ou

três empreendimentos: no Morro do Sabão e Estrada do Vila Rio.

A década de 1990, que a Figura 40 ilustra como cenário histórico, foi palco de invasões

que abriram novos loteamentos no Cabuçu, em terras sem condições de serem ocupadas

legalmente, seja pela cobertura vegetal que a Lei Municipal considera Área de

Preservação Permanente, seja pelas elevadas declividades que impedem o parcelamento

(BRASIL,1979). Na época, ouvia-se a máxima: “hoje é mato, amanhã é cidade”. E assim,

algumas áreas, como aquelas onde nasceram o Jardim dos Cardosos e o Novo Recreio,

foram domadas com facão, pá, enxadas e carrinhos de mão. Nesta última, Novo Recreio,

manifestaram-se então áreas de risco a escorregamentos com graves acidentes para os

moradores (GOMES, 2008; SATO, 2008).

Nesse período, o Parque Continental III consolida-se como loteamento urbano com

adensamento de casas, revestimento das ruas com asfalto e sem cobertura vegetal. Na

parte baixa desse loteamento, surge o Jardim Cambará, que até então não desfrutava dos

mesmos benefícios de consolidação urbana do loteamento vizinho.

À medida que a população guarulhense cresce, atingindo 787.866 habitantes em 1990,

seu volume de lixo também cresce, e o Cabuçu continua a ser a principal região receptora

do lixo urbano. Provavelmente por essa razão várias pequenas áreas de disposição de

resíduo reciclável começam a aparecer, atraindo famílias que tinham no lixão sua fonte de

sobrevivência – Figura 41.

Entretanto, a agricultura vai assim deixando de ser o forte da economia local, e a nova

geração começa a buscar emprego fora da área agrícola. Com isto e o fim das olarias, o

Cabuçu começa a ser tornar o que é designado como um bairro dormitório, onde a

população somente dorme, exercendo suas atividades econômicas fora da região. Este

quadro de evolução dos cenários indica fortes condicionantes para a perda da cultura

local.

92

Figura 40. Mapa do cenário histórico 1990.

93

Figura 41. Lixão na região do Cabuçu no início da década de 1990. Foto: site da empresa Quitaúna, acesso

em 20.02.14,

Em contrapartida, o sentimento de pertencimento dos nascidos no Cabuçu, teve vez

através dos movimentos sociais com o propósito de consegui melhorias para a região,

que sofria com toda a ocupação não planejada, ausência do poder público, e a demanda

cada vez maior por serviços básicos para o bem estar da comunidade. As primeiras

reivindicações foram a pavimentação da Estrada do Cabuçu, ampliação do transporte

público, iluminação pública na vias e nas casas, abastecimento por água encanada,

postos de saúde e escolas. Muitas dessas lutas foram vitoriosas, tendo um final feliz,

outras continuam até os dias atuais.

Enfim, a última década do cenário histórico de 2000 a 2010, apresentada na Figura 42,

inicia-se com mudanças positivas para a região. A primeira mudança consiste na

revitalização do reservatório do Cabuçu, para abastecimento de 10% da população de

Guarulhos, contemplando principalmente os moradores do Cabuçu que, após quase cem

anos de construção da barragem, passaram somente então a ser beneficiados por ele.

Esta revitalização do empreendimento compreendeu, além da barragem, a construção da

Estação de Tratamento de Água do Cabuçu.

94

Destaca-se ainda, a abertura do Núcleo Cabuçu – Parque Estadual da Cantareira para

visitação pública e a aplicação de políticas públicas para o ordenamento da ocupação da

região. Este momento favoreceu a proposição da criação da Área de Proteção Ambiental

Cabuçu – Tanque Grande (Lei 6.798/10), originada em pesquisa desenvolvida pela

Universidade Guarulhos, apoiada pela FAPESP (Processo – 01/02767/2005) (OLIVEIRA

et al. 2005), sendo propiciado seu planejamento ambiental pela pesquisa de Andrade

(2009).

O lixão se transformou em aterro controlado em 1999 e, em 2002, foi transformado em

aterro sanitário, expandindo a área de disposição.

Toda essa expansão aguçou a instalação de grandes empreendimentos, como o Hotel e

Centro de Convenções Santa Mônica, Instituto Manoel Moreira Giesteira de Promoção

Humana, Fazenda Três Marias, que foi utilizada como área de empréstimos e deposição

de resíduos. A indústria também se instalou com a Empresa Higie Topp de Produtos

Higiênicos e Beneficiadora de Legumes Batista.

Nessa última década o Cabuçu ganhou mais dois loteamentos o Jardim Santa Mônica e a

Vila Julieta, unindo-se aos já existentes Morro do Sabão, Jardim Siqueira Bueno, Jardim

Monte Alto, Jardim dos Cardosos, Chácaras Cabuçu, Recreio São Jorge e Novo Recreio,

compondo o cenário urbano atual da região do Cabuçu.

Neste processo de transformação da paisagem, pode-se descrever o processo segundo

vários pontos de vista econômicos, sociais e ambientais.

Com relação ao potencial hídrico, o Cabuçu iniciou sua vida contemporânea com o

abastecimento de água para São Paulo, de 1900 a 1973. Após a desativação dessa

atividade, durante quase 30 anos, foi reativado em 2001 e hoje abastece a população de

Guarulhos. Essa trajetória revela uma política de uso dos recursos hídricos, desde os

empreendimentos pioneiros realizados no início do século XX, à adoção de grandes

empreendimentos nos anos de 1970 Sistema Cantareira da COMASP – Companhia

Metropolitana de Água de São Paulo atual SABESP – Companhia de Saneamento Básico

de São Paulo) e por fim, revalorização dos recursos hídricos de pequeno porte no século

XXI.

95

Figura 42. Mapa do cenário histórico 2000.

96

Do ponto de vista da agricultura, tudo começou com uma grande fazenda em 1850,

seguida de vários sítios produtores de chuchu, quando Guarulhos chegou a ser o terceiro

maior produtor do estado de São Paulo em 1970. Hoje, esta é uma atividade em extinção.

Do ponto de vista do solo local, as olarias tiveram um período de existência de cerca de

70 anos, de 1910 a 1980. Desapareceram e foram sendo substituídas por pequenas

fábricas de blocos de cimento.

Do ponto de vista da disposição dos resíduos, acompanhando o crescimento da cidade de

Guarulhos, o Cabuçu recebeu durante 20 anos, de 1980 a 1999, todo lixo que era

produzido na cidade, sem nenhuma forma de tratamento. Entre 1999 e 2001 passou para

aterro controlado em uma área adjacente e em 2002 começou a operar como aterro

sanitário até os dias atuais. Esta vocação vem sendo acompanhada pela instalação de

pequenos empreendimentos de reciclagem.

Do ponto de vista dos moradores, houve uma fase em que a população encontrava-se

estável, até o ano de 1981. Em seguida, a ocupação por imigrantes atingiu seu auge com

as invasões em 1997, descaracterizando a cultura local que começava a se formar. E a

região passou a ter características de bairro – dormitório. Entretanto, a criação da APA

Cabuçu – Tanque Grande em 2010, e as iniciativas locais como a criação da ONG Chico

Mendes, vem estimulando os moradores a lutarem por um melhor meio sócio-ambiental

da região.

A construção, iniciada este ano, do Trecho Norte do Rodoanel Mario Covas, cujo traçado

se estende longitudinalmente sobre o território da APA, constituirá uma nova e intensa

transformação da paisagem.

97

9. Análise Geotecnogênica A análise geotecnogênica fundamenta-se no princípio de que o homem é o agente

geológico predominante do ambiente atual, conforme fundamentada no item 4.1.

Entretanto, este agente também é condicionado pelo meio ambiente que encontra ou, em

outras palavras, ele transforma em seu processo de ocupação os elementos naturais em

recursos econômicos, o que pode ser compreendido como aspectos fisiográficos que

condicionaram o uso da terra.

9.1 Aspectos Fisiográficos como Condicionantes do Uso da Terra

Assim como há intrínseca relação entre os componentes ambientais de fisiografia vegetal

– solo – relevo – rocha, o uso da terra também é conduzido por essas condições.

De fato, as formas e intensidade do uso da terra são condicionadas pelos aspectos

fisiográficos de uma região. Portanto, o uso da terra não se deu por acaso, mas de forma

dirigida pelas potencialidades e limitações da fisiografia.

Na região do Cabuçu, a primeira atividade econômica de uso da terra é considerada a

oleira que foi instalada nos fundos de vale, onde sedimentos aluvionares argilosos

estavam depositados.

Os mesmos fundos de vale, especialmente do rio Cabuçu, mais largos, favorecem o

desenvolvimento da agricultura, que não se estendeu para o restante da região devido às

limitações de solos rasos e declividade acentuada das vertentes.

Entretanto, onde os solos eram mais espessos e férteis, ou seja, nas áreas de ocorrência

de latossolo vermelho resultante de alterações das rochas metavulcânicas, mesmo em

condições de declividades acentuadas, as áreas foram ocupadas pelos loteamentos

Chácaras Cabuçu e Recreio São Jorge. Estas ocupações, pioneiras da região, foram

dirigidas para a única mancha de ocorrência desses solos.

98

A implantação da maior obra local, a barragem do Cabuçu, foi privilegiada pelo

estreitamento acentuado do canal homônimo onde foi construída. A “garganta” desse

canal tão estreita e a rocha resistente favoreceram o projeto dessa barragem do tipo arco-

gravidade de concreto.

Mas também pequenas intervenções foram guiadas pelas condições que as favoreceram

como a construção do campo de futebol “Esporte Clube Três Marias”, em 1948. O terreno

para sua construção, doado pelo banqueiro Aquiles de Lima e o nome foi dado em

homenagem as suas três filhas, é um terreno de várzea do rio Cabuçu.

Por outro lado, ao não contemplar as limitações geotécnicas, o uso inadequado do solo

levou à manifestações de processos geológicos intensos como erosão, escorregamentos

e assoreamentos na região.

O loteamento Parque Continental, envolvendo intensas terraplenagens favoreceu a

instalação de processos erosivos, sulcos e ravinas de grande porte, cujos sedimentos

assorearam córregos como o Pau d’alho (SOUZA, 2007) contribuindo para o

assoreamento do rio Cabuçu e consequentemente o rio Tietê.

No Novo Recreio, cuja ocupação não envolveu terraplenagem de grande porte, mas por

implantação manual de lotes, devido às elevadas declividades, foram geradas áreas de

risco com a manifestação de escorregamento que destruíram edificações nas encostas e

contribuíram para o assoreamento do córrego Taquara do Reino (QUEIROZ, 2005;

GRAÇA, 2007; GOMES, 2008; SATO, 2008).

Conforme Gomes (op cit) há uma relação das condicionantes dos escorregamentos que

determinam a configuração do modelo fenomenológico: as encostas com maiores

declividades exigem maiores cortes para o assentamento das casas, que por sua vez,

produzem maiores volumes de aterro que, sendo lançados nas maiores declividades,

favorecem os escorregamentos.

99

9.2 Cartografia Geotecnogênica

No sentido de expressar o processo tecnogênico de transformação da paisagem foram

elaborados dois mapas da região objeto, com base no mapa de uso da terra de 2007. O

primeiro, da Figura 43, apresenta o mapa das paisagens naturais e transformadas, cuja

legenda explicativa encontra-se no Quadro 8 que mostra a transformação da paisagem do

natural para a biotecnogênica e a geotecnogênica. Esta classificação de paisagens tem

como critério principal a intensidade da transformação ambiental provocada pelo homem.

A paisagem denominada natural corresponde às áreas de coberturas vegetais não

plantadas, sejam elas originais ou geradas por recuperação espontânea, campo, matas

secundárias em estágios iniciais ou médio de regeneração. Ou seja, estas áreas podem

até ter sido desmatadas e podem por isso apresentar cicatrizes indicadoras de antigas

erosões, porem não sofreram ações tecnológicas que tenham modificado o solo e não

foram cultivadas nem reflorestadas.

A paisagem denominada biotecnogênica indica que a transformação da sua condição

natural implicou somente na mudança da cobertura vegetal sem ter havido modificações

significativas do solo. A paisagem biotecnogênica corresponde a áreas de

reflorestamento, áreas agrícolas e áreas de chácaras. As áreas agrícolas podem ter

recebido terras para regularização da superfície, assim como lixo de compostagem e

terem sofrido assoreamento.

A paisagem denominada geotecnogênica corresponde a áreas em que tanto o

componente biótico quanto o físico sofreram transformações, por ações tecnológicas mais

intensas como a urbanização, terraplenagem de bota fora, empréstimo e aterro sanitário.

O mapa da Figura 43 mostra áreas expressivas de paisagem natural correspondentes a

mata, campo e capoeira, e áreas transformadas biotecnogênicamente (reflorestamento,

agricultura e chácaras), sem modificações significativas no solo. As áreas de paisagem

natural somam cerca de 50% e as de paisagem biotecnogênicas cerca de 19% da região

do Cabuçu na APA. Portanto a região (cerca de 16,0 km) apresenta quase 70% (11,0 km)

de áreas ainda não intensamente modificadas, que oferecem um certo nível de serviços

ecossistêmicos.

100

Por outro lado, há uma grande mancha geotecnogênica a leste (Chácaras Cabuçu,

Recreio São Jorge e Novo Recreio) e a sul (Parque Continental III) que concentram as

mais intensas transformações pelo uso urbano dos terrenos e onde se destaca a

presença mais acentuada de processos geotecnogênicos: escorregamentos e áreas de

risco na mancha leste (GOMES, 2008) e erosões intensas na mancha sul com

correspondente assoreamento (SOUZA, 2007). As áreas de paisagem geotecnogênicas

somam cerca de 30% (5,0 km)

Este quadro geotécnico e seus processos tecnológicos indutores foram caracterizados na

região por Andrade (2009) a partir do seu estudo da ocupação.

As diferentes classes de paisagens geotecnogênicas estão apresentadas no mapa da

Figura 44, elaborado com base no Quadro 9 e na classificação de Fanning & Fanning

(1989 apud PELOGGIA, 1998).

Observa-se na distribuição dessas paisagens uma certa concentração de terrenos

produzidos e preenchido a oeste da região da margem direita do rio Cabuçu, qualificando

esta sub-região para uma certa vocação para disposição de resíduos. Esta característica

foi considerada no zoneamento ecológico econômico da APA, Oliveira et al. (2008),

indicando para esta sub-região a ZEMR – zona de extração de minério e disposição de

resíduos sólidos.

Destacam-se na região os terrenos tecnogênicos mistos correspondentes as áreas

urbanizadas – UL e UQ, respectivamente denominadas modelo Recreio São Jorge e

Parque Continental por Andrade (2009).

101

Figura 43. Mapa de paisagens naturais e transformadas do Cabuçu em 2007.

102

Quadro 8: Legenda do Mapa de Paisagens da Região do Cabuçu

Unidade

ou

Paisagem

Ações

Antrópicas

Intensidade

da Ação

Tecnogênica

no Meio

Físico

Alteração

Tecnogênica

Modificações

Físicas

Predominantes

do Solo

Processos

Geotecnogênicos

Predominantes

Mais Expressivos

Depósitos

Correlatos

Substratos

geológicos

Natural

Preservação

Abandono

Nula ou Muito

Baixa

Com ou sem

alteração

significativa da

biota. Solo

natural não

modificado

diretamente.

Não ocorrem ou

cicatrizes de

erosão

Não ocorrem ou

cicatrizados

Podem ocorrer

depósitos

induzidos

antigos

Estáveis

Biotecnôgenica

Silvicultura,

Agricultura e

Pecuária

Baixa e Média

Biota natural

eliminada.

Solo pouco

modificado.

Indiretas e

induzidas

Erosão difusa e

linear,

assoreamento

Induzidos

Modificados

Geotecnogênica

Urbanização,

aterros,

empréstimo e

infra-estrutura

civil.

Alta

Biota natural

eliminada.

Solo muito

modificado.

Complexas. - De

Subtração

(cortes, cavas,

lavras). -De

Adição (aterros,

bota-foras) -De

Modificação

(contaminação) -

Mistas (aterros

sanitários)

Erosão linear,

movimentos de

massa,

assoreamentos,

alagamentos,

inundações e

recalques.

Induzidos,

construídos,

remobilizados,

contaminados

Modificados,

escavados.

103

Figura 44. Mapa do Tecnógeno do Cabuçu com base no mapa de uso da terra de 2007.

104

Uso da Terra

Terreno Tecnogênico (1)

Deposito Tecnogênico

(2)

Agricultura (chuchu e strelitzia)

Modificado

________

Solo Exposto –Empréstimo

(E3) (Zarif, Três Marias)

Escavado

________

Aterro - Bota-Fora (E2)

(Ex: Piracema, DME 10)

Produzido

Espólico e Dragado

Aterro Sanitário (E1)

(Quitauna)

Preenchido

Gárbico

Empreendimento (E2 )

(Giesteira)

Misto

Espólico

Urbano UL

Misto

Espólico, Gárbico e

Úrbico

Urbano UQ

Misto

Espólico

(1) - Com base na classificação de terrenos artificiais de Price et al. (2011) e OLIVEIRA (1990).

(2) - Com base na classificação de depósitos tecnogênicos de Fanning e Fanning (1989).

Quadro 9: Classes de uso da terra, terrenos e depósitos tecnogênicos.

105

10. Conflitos legais ambientais

As condições da região do Cabuçu apresentam várias restrições legais ambientais

relativas a áreas de preservação permanente segundo o Código Florestal do Brasil

(BRASIL, 2012). Estas áreas correspondem a fundos de vale e topos de morros. Somam-

se a estas, áreas de mata atlântica acima de 1 ha, segundo Lei Municipal Nº 4.566/94

(GUARULHOS, 1994) e também a declividade limite de 45% determinada pela Lei Nº

6.766/79 (BRASIL, 1979).

O mapeamento dessas áreas foi realizado por Oliveira et al. (2009), para todo o município

de Guarulhos conforme legislação vigente até esse ano, cujo recorte para a área de

estudo está apresentado na Figura 45. A soma dessas áreas com limitações atinge cerca

de 13 km2, ou seja, cerca de 84% da região, conforme pode ser observar na Figura 46 e

na Tabela 4.

106

Figura 45. Mapa de legislação ambiental.

107

Figura 46. Mapa de áreas com limitações legais ambientais

108

Tabela 4: Distribuição de áreas com limitação legal ambiental, com base em Oliveira et al. (2009).

Área com limitação legal

ambiental

Área em km2 Área em %

APP de corpo d’água 3,42 21,33

APP de topo de morro 2,56 15,97

APP de mata atlântica 4,71 29,38

Declividade > 45% 2,75 17,16

Total 13,44 83,84

Nota: segundo a legislação vigente até 2009.

Verifica-se que a maior parte da região estudada (quase 84%) apresenta restrições legais

ambientais relativas ao parcelamento do uso da terra e de APPs de corpos d’água, de

topos de morro e de mata.

A cartografia da incompatibilidade legal determinada pelo cruzamento das limitações com

o uso da terra de 2007, elaborada por Oliveira et al. (2009), está apresentada na Figura

47 verificando-se a maior incidência de casos de incompatibilidade nas áreas

geotecnogênicas (Figura 43), correspondentes a áreas urbanas.

As incompatibilidades existentes, relativas ao ano de 2007, se concentram nos terrenos

geotecnogênicos correspondentes aos loteamentos urbanos.

109

Figura 47. Mapa de incompatibilidade legal.

110

11. Reconhecimento dos Processos Geotecnogênicos

O reconhecimento de processos geotecnogênicos, ou seja, gerados pela ocupação, foi

realizado por meio de levantamento de campo planejado por pontos criteriosamente

escolhidos em base cartográfica com curvas de nível, rede de drenagem e malha viária

pela qual foram identificados os diversos loteamentos.

Uma primeira tentativa de planejamento deste reconhecimento, em fotos aéreas se

revelou infrutífero dada a pequena escala da maior parte do acervo de fotos áreas não

permitirem a identificação de processos. Por outro lado, cicatrizes que podem ser

identificadas em levantamentos antigos, hoje não são mais reconhecidas no campo.

Os principais critérios para locação desses pontos na base cartográfica foram fundos de

vales e arruamentos a jusante de loteamentos; dentro dos próprios loteamentos

recentemente consolidados ou em processo de consolidação; o conhecimento prévio da

existência de processos; e a acessibilidade.

O reconhecimento, realizado em dezembro de 2013 e fevereiro de 2014 permitiu elaborar

as fichas de campo que estão apresentados no Anexo B.

Complementando este levantamento de campo foram selecionadas fotos do arquivo

pessoal dos eventos desencadeados pelas chuvas de janeiro de 2011, nos dias 11 e 16,

que dado seu caráter extraordinário provocaram vários escorregamentos e inundações.

De fato ocorreram chuvas excepcionais antecedendo os referidos eventos. De 01 a 11 de

janeiro de 2011, as chuvas que antecederam os eventos atingiram 271,1mm medidos na

Estação Agroclimatologica INMET 83075 instalada no campus Centro da Universidade

Guarulhos. Nos dias 10 e 11 de janeiro de 2011, da primeira série de eventos, acumulou-

se 101,4mm. As chuvas de 12 a 16 de janeiro, antecedendo a segunda série, somaram

70,3mm totalizando, nos primeiros 15 dias de janeiro de 2011, 341,4mm, conforme Tabela

5.

111

Na Estação Meteorológica Núcleo Cabuçu – EMNC, instalada no Parque Estadual da

Cantareira - Núcleo Cabuçu, no período de 01 a 11 de janeiro de 2011, as chuvas

somaram 286,8mm. Nos dias 10 e 11 de janeiro de 2011, 119,0mm. As chuvas de 12 a 16

de janeiro de 2011 foram de 80,0mm totalizando, nos primeiros 15 dias de janeiro de

2011, 366,8mm, ou seja, 107,1mm acima da média mensal do mês que é de 259,7mm,

conforme já foi apresentado na Tabela 1.

Tabela 5: Médias da primeira quinzena de janeiro de 2011.

Chuvas em Janeiro de

2011 (dias)

UNG EMNC

01-11 271,1 mm 286,8 mm

10 -11 101,4 mm 289,0 mm

12 -16 70,3 mm 80,0 mm

01 -16 341,4 mm 366,8 mm

Aos pontos do reconhecimento de campo e desses eventos foram acrescentados pontos

complementares que identificam os locais de fotos selecionadas do acervo pessoal e do

Laboratório de Geoprocessamento da UnG que complementam a ilustração dos

processos presentes na região. Todos estes pontos estão localizados no Quadro 10 e no

mapa da Figura 48. Os pontos referentes aos eventos de janeiro de 2011 e os pontos

complementares estão apresentados nas Pranchas 1 e 2, respectivamente Anexos C e D.

O Quadro 10 apresenta uma síntese dos processos reconhecidos destacando-se a

frequência do assoreamento, como resultado dos processos erosivos e de movimentos de

massa, acrescidos de restos de construção, entulho e lixo, que formam depósitos

tecnogênicos induzidos nos fundos dos vales. Verificou-se também a presença de

processos de recalque que provocaram trincas em edificações, resultantes do

adensamento dos aterros que não foram compactados nos loteamentos.

O reconhecimento de campo permitiu, além da identificação de processos, fazer

observações sobre o substrato geológico, o relevo e os solos correspondentes, no sentido

de se caracterizar as correlações entre eles, configurando um quadro geo-morfo-

112

pedológico que sintetiza o meio físico da região em seus traços gerais, conforme a Figura

49, e Quadro 11. Estas ilustrações indicam as tendências gerais das ocorrências das

associações rocha-relevo-solo, devendo-se esclarecer que os afloramentos de granitoide

verificados em no fundo do vale do rio Cabuçu, ocorrem na porção sul da área.

Quadro 10: Processos identificados no reconhecimento de campo.

Pontos Erosão Escorregamento Assoreamento Inundação Recalque

1 X

2 X

3 X

4 X

5 X

6 X

7 X X

7A X X X

8 X

9 X

10 X X

11 X X

12 X X

13 X X

14 X X

15 X

16 X

17 X X

18 X

113

114

Figura 49. Esboço do meio físico da região e traços gerais da distribuição das rochas em relação

ao relevo.

Unidade

Litológica

Metassedimentar Metavulcânica Granitóide

Tipo mais

frequente

Filito Anfibolito Granito

Relevo associado Topo e alto de encostas Encostas e fundos

de vale memores

Fundo de vale do rio

Cabuçu

Cor da alteração Vermelho claro Amarelo ouro Róseo

Solo

Latossolo / Cambissolo

vermelho-amarelo

(7,5yr 6/8)

e amarelo

(10yr 6/8)

Latossolo vermelho

Espesso escuro

(2,5yr 4/6)

Latossolo vermelho

espesso claro

(10r 6/8)

Quadro 11. Síntese geo-morfo-pedológico da região do Cabuçu na APA Cabuçu -Tanque Grande.

O reconhecimento dos processos de dinâmica superficial identificou sua origem

tecnogênica, não tendo sido identificados processos geológicos naturais. Dentre os

processos reconhecidos destacam-se os de assoreamento, correspondentes à deposição

não só de sedimentos oriundos de erosões e escorregamentos mas também de restos de

construção e de resíduos sólidos. O assoreamento se estende ao longo de todo o fundo

115

do vale do rio Cabuçu, cobrindo os aluviões. Este assoreamento corresponde a depósitos

tecnogênicos induzidos, sobre os quais, frequentemente, são implantados aterros, como

depósitos tecnogênicos construídos.

As erosões e escorregamento são mais frequentes nos aterros do que nos cortes, em

vários tipos litológicos nas paisagens geotecnogênicas dos loteamentos, confirmando o

que foi observado por Andrade (2009) quanto a fragilidade intrínseca dos modelos de

ocupação reinantes.

Entretanto os eventos de chuvas mais intensas deflagram os processos de

escorregamentos em solos naturais, sobretudo em cortes de estradas, como verificado

em janeiro de 2011.

As chuvas de janeiro de 2011 também revelaram várias áreas com inundação conforme

apresentado na Prancha 1.

116

12. Conclusão

O desenvolvimento da pesquisa alcançou o objetivo principal de conhecer a história da

ocupação da região do Cabuçu da APA Cabuçu – Tanque Grande para caracterizar as

alterações geoambientais decorrentes.

A análise do uso da terra, com base em fotointerpretação e um levantamento que

praticamente esgotou as fontes orais e documentais, levou a criação de cenários

detalhados por década, desde 1850 até 2000, que contam cartograficamente a história da

região do Cabuçu. O relato histórico também foi ilustrado por diagramas temporais.

Esta ênfase na história do uso da terra, como ponto de partida para a abordagem

geotecnogênica, revelou-se produtiva tendo em vista que o conhecimento das ações

tecnológicas na região permitiu identificar as paisagens naturais e transformadas, bio e

geotecnogenicamente. Este procedimento foi seguido por Andrade (2009) que considera

a caracterização do processo de ocupação e a identificação dos problemas, ponto de

partida para a cartografia geotécnica.

A caracterização geotecnogênica possibilitou inicialmente a elaboração do mapa de

paisagens naturais e transformadas, com seus atributos e, em seguida, o mapa do

tecnôgeno, elaborado com base em classificação de terrenos tecnogênicos.

A partir deste conhecimento foram dados passos seguintes de análise das limitações

legais ambientais e de reconhecimento dos processos geotecnogênicos que constituíram

os objetivos específicos desta pesquisa.

As limitações legais ambientais, que atingiram um total de quase 84% da área e a

presença de 21% de matas confirmam a vocação da região para ser gerida uma APA.

Os processos geotecnogênicos de erosão e escorregamentos incidem mais

frequentemente nos solos expostos, especialmente dos aterros, muitas vezes misturados

a entulhos, nas diversas formas de ocupação.

117

As chuvas mais intensas, como as de janeiro de 2011, deflagram outra série de processos

que mobilizou solos naturais nos cortes é inundações junto à várzea do rio Cabuçu.

Este quadro da alteração geotecnogênica da região do Cabuçu indica que o fator

essencialmente responsável pelos processos geotecnogênicos é a forma de ocupação,

confirmando como plenamente adequada a criação da APA que pode, tecnicamente, zelar

pelas formas de ocupação que sejam, mais adequadas, respeitem o meio físico e os

serviços ecossistêmicos, como estabelecida pela lei Nº 6.798/10 e indicado por Oliveira et

al. (2008) e Andrade (2009).

118

13. Considerações Finais

Os resultados desta pesquisa constituem um fortalecimento do conhecimento científico da

região do Cabuçu, como contribuição ao registro da memória das transformações da

região, relatando 160 anos de sua história, e ao diagnóstico dos processos

geotecnogênicos decorrentes.

A perspectiva de aprender com o passado para planejar o futuro foi um dos norteadores

desta pesquisa, pois ao serem analisados os referidos processos, sob a ótica do

tecnógeno, observa-se a fragilidade da região, frente às formas inadequadas de ocupação

urbana, e a necessidade da aplicação das diretrizes da APA para evitar a deflagração de

novos processos.

Este fortalecimento científico é significativo para a gestão da APA e do seu Conselho,

enfim para a sua comunidade, na iminência de desenvolver seu Plano de Manejo.

De fato, sua comunidade, que tem a APA como uma vitória pela sua luta para aprovação,

tendo acompanhado a entrada da lei, cerca de 40 vezes, no plenário das sessões

ordinárias da Câmara Municipal de Guarulhos, agora tem novo desafio que é a passagem

do Rodoanel Trecho Norte de forma longitudinal no seu território.

Neste novo desafio, o fortalecimento do conhecimento científico propiciado por esta

pesquisa, deverá enriquecer os instrumentos de luta para continuar defendendo os

serviços ecossistêmicos da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São

Paulo.

119

14. Referências

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127

Anexos

128

Anexo A: Artigo Cientifico – Cartografia Geotecnogênica da Região do Cabuçu, Guarulhos, São

Paulo, Brasil.

Anexo B: Fichas de Campo

Anexo C: Prancha I

Anexo D: Prancha II

129

Anexo A

130

CARTOGRAFIA GEOTECNOGÊNICA DA REGIÃO DO CABUCU, GUARULHOS,

SÃO PAULO, BRASIL.

GEOTECHONOGENIC CARTOGRAPHY OF CABUÇU REGION, GUARULHOS CITY,

SÃO PAULO, BRAZIL.

Daniele dos Santos Marques, Antonio Manoel dos Santos Oliveira (UnG)

Resumo

O processo de transformação das paisagens

naturais em culturais ou tecnogênicas vem

exigindo novas abordagens e mapeamentos

dos novos terrenos e depósitos produzidos

pelo homem. Há ainda poucos exemplos de

cartografia geotecnogênica no país e este

trabalho busca apresentar um exemplo que

possa contribuir para o desenvolvimento da

terra. A cartografia elaborada para a região do

Cabuçu foi fundamentada no estudo do uso da

terra local, sua evolução e nas classificações

disponíveis de terrenos e depósitos

tecnogênicos.

Palavras – Chaves: tecnógeno, tecnogênicos,

geotecnogênicos, Cabuçu, Guarulhos.

Abstract

The process of transformation of natural

landscapes into cultural or techogenic ones

require new approaches and new mappings of

the land and man-made deposits. There are

still few examples of geotechonogenic

cartography in the country and this study aims

to presente na example trat may contribute to

the development of this issue. The mapping

elaborated for the Cabuçu region in

Guarulhos city, São Paulo satte, was based on

the study of use of local soil and the available

classifications on artificial land and

techogenic deposits.

Key-Words: Technogene, technogenic

deposits, geotechonogenic approach, Cabuçu,

Guarulhos.

131

1. INTRODUÇÃO

A abordagem geotecnogênica tem como um

dos seus principais desafios o mapeamento

das coberturas tecnogênicas que se superpõem

aos terrenos naturais, alterados ou não por

escavações ou contaminações. Entretanto, as

pesquisas sobre as formas de representação

destes elementos ainda são muito poucas no

Brasil, como Mirandola (2003) em áreas de

risco da favela Real Parque em São Paulo e

Silva (2013) para a ilha de Santa Catarina.

O objetivo deste trabalho é o de apresentar a

história da ocupação e as decorrentes

alterações geoambientais na região do

Cabuçu, Guarulhos (SP), sob o ponto de vista

do homem como agente geológico, ou seja,

com uma abordagem geotecnogênica

(OLIVEIRA,1990).

2. FUNDAMENTOS

Para uma maior compreensão das

transformações ambientais, se faz necessária

uma abordagem geotecnogênica do uso da

terra, conforme proposta de Oliveira

(1990,1995) para a Geologia de Engenharia

considerar os problemas geológico-

geotécnicos do ponto de vista da ação do

homem como agente geológico, com base em

Ter-Stepanian (1988).

O tema ainda é relativamente pouco difundido

no Brasil, tendo sido realizado, em 2005, o 1º

Encontro Brasileiro do Tecnógeno pela

Associação Brasileira de Estudos do

Quaternário – ABEQUA, na cidade de

Guarapari, estado do Espírito Santo

(OLIVEIRA, 2005).

A Geologia mostra que a superfície terrestre é

transformada ao longo das eras pela ação de

agentes geológicos externos ou exógenos,

como a chuva, o vento e o gelo, e internos ou

endógenos, como os terremotos e o

vulcanismo. Atualmente tem sido com

frequência destacado o papel dos organismos

nesses processos de alteração ao ponto de ter

sido construída a Teoria Gaia que considera o

Planeta como um ser vivo (LOVELOCK,

1988).

Entretanto, o homem, como espécie,

ultrapassou o papel de agente geológico

natural manifestando-se como agente cultural

da transformação ambiental quando, segundo

Ter-Stepanian (1988), passou de coletor e/ou

caçador para produtor de alimentos há 10.000

anos, na Revolução Agrícola diferenciando-se

dos outros animais assumindo o papel

específico de agente cultural de transformação

do meio ambiente, iniciando assim o processo

civilizatório (RIBEIRO, 1975).

Com base nesta análise Ter-Stepanian

(op.cit.) propõe que a época geológica

Holoceno seja considerada uma transição para

o Tecnógeno, quando não existirem mais

paisagens naturais no planeta, senão em

unidades de conservação.

Outros autores também consideram o homem

como agente geológico, embora possam

discordar do marco que assinala a mudança,

como é o caso de Crutzen e Stoermer (2000)

que propõem a Revolução Industrial (1800)

como início do Antropoceno.

Recentemente, Wilkinson (2005) fez cálculos

estimativos da ação do homem no planeta e

comparando-os com a dos agentes naturais,

chegou à conclusão de que a humanidade,

atualmente, movimenta cerca de 10 vezes

mais materiais naturais, do que a soma de

todos os materiais mobilizados pelos

processos naturais que operam no planeta.

Seus cálculos levaram-no a identificar a

última parte do primeiro milênio da era cristã,

como o momento em que o homem se tornou

o principal agente geológico da Terra, não

propondo, entretanto uma nova época

geológica.

Segundo Brown (1971), em concordância

com Ter–Stepanian (1988), pode-se apontar

três instrumentos significativos para o homem

em seu processo de transformação da

natureza, o arado, a pá e a pólvora.

132

Do arado primitivo originou-se uma sucessão

de meios melhorados de revolver a terra, o

trator de três ou quatro laminas todos

destinados a morder mais fundo a terra. Das

pás que cavam fossos aos bulldozers, pás

mecânicas e escavadeiras. A pólvora

conduziu à dinamite, à bomba arrasa

quarteirão e à explosão nuclear muito mais

poluidora debaixo da terra. (BROWN, op.

cit.).

Destaca-se o arado, instrumento participante

da revolução agrícola iniciada há dez mil anos

que marca definitivamente o inicio do papel

do homem como agente geológico (TER-

STEPANIAN, op. cit.). A necessidade

crescente de uma população pulsante por

comida impulsionou esse agente a intensos

processos de transformação do meio ambiente

seja nos campos, nos cultivos, seja nas

cidades, com a transformação mais intensa da

paisagem natural para a cultural. Entre o

campo e a cidade, a interligação por estradas

alteraram o comportamento das águas,

tornando-se canais para as águas das chuvas,

passando a fazer parte da natureza dos

estreitos vales e ravinas (BROWN, op.cit.).

Da mesma forma, os reservatórios construídos

com a finalidade de produção de energia

elétrica e abastecimento passaram a integrar a

natureza, como lagos.

Entretanto, é nas áreas urbanas que o meio

ambiente é mais profundamente modificado,

em relação ao original. Nele, não só a

cobertura vegetal é eliminada ou

extremamente reduzida, como o meio físico é

alterado constituindo-se novos terrenos, seja

por escavações, por aterros, ou por

contaminação.

As ocupações do meio ambiente ocorrem

atualmente com maior frequência por meio

das ocupações urbanas sem planejamento.

Como relata Almeida (1996) a concentração

urbana ocorre em velocidade superior à

implantação de infraestruturas, provocando

problemas decorrentes no meio físico, como

erosões, escorregamentos, etc.

Dentro deste contexto, uma abordagem

indispensável para compreender os processos

instalados numa certa região é a análise da

história do uso do solo. Segundo Oliveira et

al. (2007), o mapa de uso da terra de uma

dada região é normalmente considerado como

uma informação secundária em relação aos

estudos geoambientais. Entretanto,

prosseguem os autores acima referidos, os

mapas de uso da terra devem ser valorizados

nas questões ambientais, pois permitem

compreender os processos geológicos atuais,

que resultam da ação do homem, enquanto

agente transformador do meio ambiente.

As variações do metabolismo primário do

meio natural, segundo Ab’Saber (1969)

caminham para a irreversibilidade de sua

capacidade de regeneração das ações do

agente geológico, afastando cada vez mais o

meio ambiente desse meio natural.

Os depósitos tecnogênicos podem ser

testemunhos das transformações, portanto

indicadores de compreensão da ação

geológica do homem em varias áreas

intensamente modificadas. Bertê (2001)

define um depósito tecnogênico como: O

testemunho material da atividade humana

que, ao se apropriar da natureza através de

suas relações de produção e do emprego de

uma técnica que reflete um momento histórico

especifico do seu nível de desenvolvimento,

acaba por produzir modificações na

fisiografia e fisiologia das paisagens.

São vários os fatores que contribuem para

criação de um deposito tecnogênico, como

descrito por Silva (2012) pela criação,

indução, intensificação ou modificação da

erosão e da carga sedimentar correlativa,

escorregamentos em geral, infiltração e

escoamento, drenagem pluvial e fluvial, taxas

de sedimentação. Tais fatores são aliados ao

crescimento populacional e à falta de

compreensão do comportamento do meio

ambiente, tornando presente a afirmação de

Lyell (1830 apud ROSSATO;

SUERTEGARAY, 2000) em que os

processos passados não são visíveis, somente

seus efeitos.

133

3. ÁREA OBJETO

A área objeto da pesquisa, com 16,2 km²,

situa-se em Guarulhos (320 km²), na Área de

Proteção Ambiental Cabuçu – Tanque

Grande (32,2 km²), no entorno do Núcleo

Cabuçu (26 km²) do Parque Estadual da

Cantareira – PEC (80 km²). Guarulhos

integra a Região Metropolitana de São Paulo

– RMSP que abrange 39 municípios, numa

área de cerca de 8.000 km². A Figura 1

apresenta a localização da área em Guarulhos

e na RMSP.

Guarulhos, com 453 anos, é hoje o segundo

maior município paulista em população,

estimada em 1.221.979 habitantes (IBGE,

2010), tendo moldado suas planícies, os

morros e morrotes a favor das ocupações,

nem sempre ordenadas.

Dentro do contexto rodoviário o município

possui três grandes rodovias sendo elas

Rodovia Fernão Dias, Presidente Dutra e

Ayrton Senna, facilitando assim a

concentração de indústrias – pólo industrial

de Cumbica, somando aproximadamente

4.266 indústrias. (GUARULHOS, 2011).

Neste ano de 2013, foram iniciadas as obras

de implantação do Rodoanel Mario Covas –

Trecho Norte, cujo traçado atravessa a área

objeto da pesquisa.

A região do Cabuçu situa-se no município de

Guarulhos, cujo clima é descrito por Andrade

(1999), como mesotérmico brando úmido, o

mês de junho apresentando a temperatura

mais baixa com média de 16,6°C. Os demais

meses apresentam media de 20,9°C, segundo

Monteiro (1973 apud ANDRADE, 1999). A

pluviosidade da região está por volta de 1500

mm conforme medidas da Estação

Agroclimatologica UNG/INMET no período

de 1985 -2008, conforme Andrade (2009).

De acordo com Oliveira et al. (2008), a

região do Cabuçu apresenta, como

predominância em seu substrato cristalino,

rochas metassedimentares e rochas

metavulcânicas básicas e tendo, em menores

áreas de ocorrência, rochas granitóides

(OLIVEIRA, et al. 2009).

A região do Cabuçu de acordo com Ross e

Moroz (1997) localiza-se no Planalto e Serra

da Mantiqueira, unidade geomorfológica do

Cinturão Orográfico do Atlântico. Como

predominância de relevo, Andrade (2009),

destaca um sistema de morros e montanhas

(entre 800 e 1.100m), em menor proporção

os morrotes paralelos (abaixo de 800m) e, de

forma muito restrita, os morros e morrotes

(entre 800 e 900m), e as planícies aluviais

(predominando abaixo de 800m).

Segundo São Paulo (2005), a região do

Cabuçu, esta inserida na faixa de domínio da

Floresta Ombrófila Densa Montana, cujo

gradientes altitudinais vão de 500 a 1.500

metros. Sua formação detém características

de regiões tropicais com temperaturas

elevadas (média 25°C) e com precipitação

pluviométrica de ordem de 1500 mm bem

distribuída ao longo do ano.

4. MATERIAIS E METODOS

A abordagem adotada foi a de considerar o

meio físico do ponto de vista do Tecnógeno

(TER-STEPANIAN, 1988), ou abordagem

geotecnogênica (OLIVEIRA, 1995), ou seja,

que considera o homem como agente

geológico, o que implicou em pesquisar a

história local, traduzida em mapas.

Etapas da pesquisa

As principais etapas que foram realizadas na

pesquisa estão ilustradas na Figura 2, cujas

atividades são a seguir apresentadas.

Etapa 1 – Atividades Preliminares

As atividades preliminares contemplaram a

atualização do conhecimento disponível

sobre a área do ponto de vista das

características físicas e da história da

ocupação, ou seja, levantamentos da

bibliografia e de dados disponíveis.

O levantamento de dados foi realizado em

órgãos públicos como a Prefeitura Municipal

de Guarulhos através de suas Secretarias de

134

Meio Ambiente, Secretaria da Cultura,

Secretaria do Desenvolvimento Urbano e

Departamento de Informática e Tecnologia;

historiadores de Guarulhos; Arquivos

Históricos Municipal e Estadual; Instituto

Florestal e Fundação Florestal e Laboratório

de Geoprocessamento da UNG –

LabGeopro/UNG. Além disso, foram

utilizados os dados de entrevistas com os

moradores mais antigos da área objeto,

realizadas pelo Ponto de Cultura Chico

Mendes/Cabuçu em sua Oficina de Resgate

Histórico do Cabuçu.

Etapa 2 – O Meio Físico da Região

A caracterização do meio físico da área

objeto foi realizada com base nos

levantamentos bibliográficos e em

compilação de dados disponíveis no

Laboratório de Geoprocessamento da UNG –

LabGeopro/UNG, especialmente nos já

referidos Projetos desenvolvidos com o apoio

da FAPESP (OLIVEIRA et al., 2005 e 2009)

e na pesquisa de doutorado de Andrade

(2009).

Etapa 3 – História da Região

Com base na etapa 1, foi elaborada a história

da área objeto, desde os primeiros fatos até

os dias atuais com vistas a se obter os mapas

do cenário evolutivo desta ocupação,

juntamente com o mapa de toponímia e o

diagrama temporal com destaque para os

fatos notáveis que ocorreram no Brasil,

Guarulhos e na região do Cabuçu.

Com base nas interpretações das fotos aéreas

e imagens de satélite foram elaborados os

mapas de uso da terra da área. Para a região

estão disponíveis até o presente momento os

levantamentos de sensoriamento remoto

apresentados no Quadro 1.

Tais levantamentos possibilitaram a

elaboração do mapa síntese dos fatos mais

significativos das alterações do meio físico

da região, considerando-se as principais

classes de uso: vegetação, agricultura e

ocupação urbana.

Etapa 4 – Mapeamento Geotecnogênico

O mapa do tecnógeno foi elaborado com base

no mapa de uso atual da terra traduzido em

termos de abordagem geotecnogênica,

apresentando as alterações ocorridas no meio

físico, ou seja, os registros tecnogênicos por

tipos de ocupação, escavação, aterro ou

intervenção mista.

Com esta finalidade foram usadas as

classificações de depósitos tecnogênicos

apresentadas nos Quadros 2 a 4, segundo

Oliveira (1990), Fanning e Fanning (1989,

apud PELLOGIA, 1998) e do Serviço

Geológico Britânico (PRICE et al, 2011).

5. HISTÓRIA DA REGIÃO DO

CABUÇU

Com o intuito de aprofundar o conhecimento

das transformações ambientais, com base na

abordagem geotecnogênica foram elaborados

os cenários sucessivos desde as primeiras

intervenções de que se tem conhecimento, até

os dias atuais, fundamentando-se no estudo

da história da região e nos mapas de uso da

terra gerados por interpretação de fotos

aéreas e imagem de satélite.

A transformação da paisagem, iniciada no

final do século XIX, foi seriada em ciclos

decadais, desde a primeira década de 1850

até 2010, com desenhos que, década a

década, ilustram o cenário histórico em

transformação.

A década de 1850 revela os primeiros

indícios de ocupação, que vem a se expandir

até hoje, com a construção da capela Bom

Jesus da Cabeça e os possíveis caminhos de

acesso, que foram reconstituídos conforme os

vestígios atuais. A capela foi construída na

área da antiga Fazenda Cabuçu, de

propriedade da Sra. Joaquina Fortes que

segundo Herling (2002), pertencia à

população neo-européia que, por quase

quatro séculos, explorou os recursos

florestais locais, inclusive da que viria a ser

reserva da Cantareira e Parque Estadual da

Cantareira.

135

Este processo de transformação da paisagem

pode ser descrito segundo várias abordagens,

econômico, social e ambiental, como

apresentado a seguir.

Em relação a água, o Cabuçu iniciou sua vida

contemporânea com o abastecimento de água

para São Paulo, de 1900 a 1973. Após a

desativação dessa atividade, durante quase 30

anos, foi reativado em 2001 e hoje abastece a

população de Guarulhos. Essa trajetória

revela uma política de uso dos recursos

hídricos, desde os empreendimentos

pioneiros realizados no inicio do século XX,

à adoção de grandes empreendimentos nos

anos de 1970 com o Sistema Cantareira da

COMASP – Companhia Metropolitana de

Água de São Paulo, atual SABESP –

Companhia de Saneamento Básico de São

Paulo) e, por fim a revalorização dos

recursos hídricos de pequeno porte no século

XXI, como Serviço Autônomo de Água e

Esgoto – SAAE.

Na agricultura, o inicio pode ter sido uma

grande fazenda em 1850 relatada por

Oliveira et al (2007), seguida de vários sítios

produtores de chuchu, quando Guarulhos

chegou a ser o terceiro maior produtor do

estado de São Paulo em 1970. Hoje, esta é

uma atividade em extinção.

As cavas realizadas para a extração de argila

nas olarias, contribuiu em um dos primeiros

ciclos econômicos, durando cerca de 70 anos,

1910 a 1980, quando desapareceram e foram

sendo substituídas por pequenas fábricas de

blocos de cimento.

Quanto à disposição dos resíduos,

acompanhando do crescimento da cidade de

Guarulhos, a região do Cabuçu recebeu

durante 20 anos, de 1980 a 1999, todo lixo

que era produzido na cidade, sem nenhuma

forma de tratamento. Entre 1999 e 2001

passou para aterro controlado em uma área

adjacente e em 2002 começou a operar como

aterro sanitário até os dias atuais. Esta

vocação da região de receber resíduos vem

sendo acompanhada pela instalação de

pequenos empreendimentos de reciclagem.

A população do Cabuçu encontrava-se

estável, até o ano de 1981. Em seguida, a

ocupação por imigrantes atingiu seu auge

com as invasões em 1997, descaracterizando

a cultura local que começava a se formar. E a

região passou a ter características de bairro –

dormitório. Entretanto, a criação da APA

Cabuçu – Tanque Grande em 2010, e as

iniciativas locais como a criação da ONG -

Associação Cultural e Ambiental Chico

Mendes, vem estimulando os moradores a

lutarem por um melhor meio sócio-ambiental

da região.

Toda essa expansão catalisou a instalação de

grandes empreendimentos, como o Hotel e

Centro de Convenções Santa Mônica,

Instituto Manoel Moreira Giesteira de

Promoção Humana, Fazenda Três Marias,

que foi utilizada como área de empréstimos e

disposição de resíduos. A indústria também

se instalou na região com a Empresa Higie

Topp de Produtos Higiênicos e Beneficiadora

de Legumes Batista.

A construção, iniciada no ano de 2013, do

Trecho Norte do Rodoanel Mario Covas,

cujo traçado se estende longitudinalmente

sobre o território da APA, constituirá uma

nova e intensa transformação da paisagem.

Nessa ultima década, o Cabuçu ganhou mais

dois loteamentos o Jardim Santa Mônica e a

Vila Julieta, unindo-se aos já existentes,

Morro do Sabão, Jardim Siqueira Bueno,

Jardim Monte Alto, Jardim dos Cardosos,

Chácaras Cabuçu, Recreio São Jorge e Novo

Recreio, compondo o cenário urbano atual da

região do Cabuçu.

Até o ano de 1962, ano do primeiro

levantamento aerofotogramétrico disponível

(IAC) foi possível, com base no

levantamento histórico, elaborar o cenário da

década de 1960, conforme apresentado na

figura 3.

Por meio de interpretações de fotos aéreas e

imagens de satélite, foram elaborados os

mapas da evolução do uso da terra da região

do Cabuçu referente às décadas de 1960 a

136

2007, ilustrados na Figura 4, cuja legenda

encontra-se no Quadro 5.

O Quadro 6 apresenta as sub-classes dos usos

urbanos e dos solos expostos.

As áreas de ocorrência de cada classe de uso

da terra foram quantificadas destacando-se as

principais que foram analisadas nos gráficos

da Figura 5, às quais foi acrescentada a

evolução da população do Cabuçu que, em

1991, apresentava 28.709 habitantes, em

2000 apresentava 59.675 habitantes e em

2010 atingiu o numero de 73.076 habitantes

(IBGE, 2010).

A região revelou não possuir vocação para a

agricultura senão em áreas restritas de fundo

de vale tendo sofrido redução drástica ao

longo dos anos. Restaram também pequenas

áreas ocupadas por chácaras. As áreas de

solo exposto, destinadas a empréstimos de

terra (E3) tiveram aumento em comparação

com as áreas destinadas a resíduos (E1) e

empreendimentos (E2), que se mantiveram

constantes. A análise dos gráficos da Figura

5 mostra como mais notável o avanço das

ocupações urbanas na região, que tiveram seu

auge em 1986 com a classe de uso urbano

inicial – lotes (UL1), conforme legenda do

Quadro 5.

Hoje esta classe apresenta a menor área de

ocupação devido terem se transformado em

áreas de estágio urbano em consolidação –

lotes (UL2) e consolidadas (UL3). Estas

áreas, que aumentaram nos anos de 1993 e

2000, apresentaram queda em 2007. Já o

estágio urbano consolidado – lotes/quadra

(UL3 e UQ3), que em 2000 apresentavam

6% das áreas tiveram aumento de quase 14%

em apenas 7 anos.

6. ANALISE GEOTECNOGÊNICA

Conforme fundamentado no item 2, a análise

geotecnogênica fundamenta-se no principio

de que o homem é o agente geológico

predominante do ambiente atual.

No sentido de expressar o processo

geotecnogênico de transformação da

paisagem foram elaborados dois mapas da

região objeto.

O primeiro, apresentado na Figura 6 mostra o

Mapa do Tecnógeno cuja legenda explicativa

encontra-se no Quadro 7, que revela a

transformação da paisagem da natural para a

paisagem biotecnogênica e geotecnogênica.

A análise da Figura 6 revela que há uma

grande mancha geotecnogênica a leste

(Chácaras Cabuçu, Recreio São Jorge e Novo

Recreio) que concentra as mais fortes

transformações pelo uso urbano dos terrenos

e onde se destaca a presença mais acentuada

de áreas de risco a escorregamentos

(GOMES, 2008). As demais paisagens

geotecnogênicas encontram-se mais

disseminadas na região.

O segundo mapa apresentado na Figura 7,

identifica as classes dos terrenos dessa

paisagem tecnogênica, cuja legenda

explicativa está no Quadro 8.

7. CONCLUSÕES

As transformações antrópicas do meio

ambiente, resultando em terrenos alterados

por escavações, aterros, contaminações, estão

exigindo o desenvolvimento de uma

cartografia especifica dos novos terrenos.

Esta cartografia geotecnogênica demanda a

elaboração de novas legendas, tendo ainda

poucos exemplos no Brasil.

Entretanto, alguns critérios de tal cartografia

ou mapeamento podem ser apontados, a

partir do fundamento da abordagem

geotecnogênica, ou seja, é necessário

conhecer, além dos principais componentes

naturais do meio físico (clima, geologia,

geomorfologia e pedologia), o uso da terra

que constitui a manifestação objetiva do

homem como agente geológico. Este é o

primeiro critério: o conhecimento da história

do uso da terra, em detalhes pertinentes do

objeto do mapeamento da área de estudo.

Os critérios seguintes dependem da escala e

objeto do mapeamento geotenogênico. No

caso de mapeamentos regionais como é o

137

caso do presente trabalho, um segundo

critério é o de realizar uma primeira

aproximação ao problema elaborando um

mapa de paisagens em que seja possível

distinguir diferentes graus de transformação.

No presente trabalho a legenda deste mapa

foi sintetizada em três categorias; natural,

biotecnogênica e geotecnogênica.

Um terceiro critério é o de considerar as

legendas elaboradas com base nas

classificações disponíveis procurando-se

adaptá-las as necessidades de mapeamento.

Neste momento em que os pesquisadores

buscam soluções para a realização de

mapeamentos geotecnogênicos, espera-se

que o presente trabalho constitua efetiva

contribuição.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a FAPESP pelo apoio

a pesquisa com a bolsa de mestrado da

primeira autora (Processo N. 2011/16456-8).

8. REFERÊNCIAS

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Dissertação (Mestrado em Análise

Geoambiental) Centro de Pós Graduação,

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140

Anexo B

141

Ficha de Campo

LLlocalização

Ficha de Campo

LOCALIZAÇÃO

Estrada do Cabuçu - Ponte do Frangalio – Divisa do município de Guarulhos com o município de São Paulo.

Fonte: Google Earth

OBSERVAÇÕES DE CAMPO

ILUSTRAÇÕES

FAPESP – 2011/16456-8

PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da

Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.

DATA:

27/12/2013 MESTRANDA

Daniele dos Santos Marques

PONTO

1

Neste ponto foi possível observar a presença de granitoide metamorfizado e cisalhado, no talude da estrada. Também observa-se o encontro de duas drenagens, dos rios Cabuçu e Piracema. Suas margens apresentam vegetação típica de área degradada e em sua margem direita observa-se a construção de um muro em conflito com a legislação ambiental, conforme Foto 2. PROCESSO: assoreamento.

Foto 1. Vista de afloramento de granitoide

metamorfizado no talude da Estrada.

Orientador

Antonio Manoel S. Oliveira

Participação

Ericson Silva

(mestrando do MAG)

Foto 2. Vista das drenagens da jusante para

montante sobre a Ponte.

UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)

GEOLOGIA - aluvião / granitoide GEOMORFOLOGIA - planície ampla PEDOLOGIA - gleissolo

USO DO SOLO - cobertura arbórea mista

142

Ficha de Campo

LLlocalização

Ficha de Campo

LOCALIZAÇÃO

Estrada Dona Ana Diniz.

Fonte: Google Earth

OBSERVAÇÕES DE CAMPO

ILUSTRAÇÕES

FAPESP – 2011/16456-8

PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da

Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.

DATA:

27/12/2013

MESTRANDA

Daniele dos Santos Marques

PONTO

2

Neste ponto foi possível observar a presença de granitoide metamorfizado e cisalhado. Observa-se que na margem direita do rio há um deposito tecnogênico complexo. Na margem esquerda apresenta vegetação típica de área degradada. Devido a Estrada ter acesso aos dois aterros sanitários há um grande fluxo de caminhões com todas as espécies de resíduos que também espalham-se pelas margens da mesma. PROCESSO: assoreamento.

Foto 1. Vista de afloramento de granitoide

metamorfizado no talude da Estrada.

Orientador

Antonio Manoel S. Oliveira

Participação

Ericson Silva

(mestrando do MAG)

Foto 2. Vista do rio Cabuçu da jusante para

montante.

UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)

GEOLOGIA – aluvião / granitoide GEOMORFOLOGIA – planície ampla PEDOLOGIA - gleissolo

USO DO SOLO - campo

143

Ficha de Campo

LLlocalização

Ficha de Campo

LOCALIZAÇÃO

Encosta do Vale do Continental lII – Final da Rua Cento e Dezenove com a Rua Durvalino Trevissan.

Fonte: Google Earth

OBSERVAÇÕES DE CAMPO

ILUSTRAÇÕES

FAPESP – 2011/16456-8

PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da

Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.

DATA:

27/12/2013

MESTRANDA

Daniele dos Santos Marques

PONTO

3

Neste ponto foi possível observar a presença de filito, cambissolo amarelo com trechos descontínuos de coluvião e talus. A encosta do morro apresenta em alguns pontos capas de aterro e entulho lançado. A vegetação é composta por eucalipto e capim.

PROCESSO: escorregamento.

Foto 1. Presença de filito.

Orientador

Antonio Manoel S. Oliveira

Participação

Ericson Silva

(mestrando do MAG)

Foto 2. Vista da encosta do morro no Parque

Continental III.

UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)

GEOLOGIA – metassedimentar GEOMORFOLOGIA – morro médio

PEDOLOGIA – cambissolo / latossolo amarelo

USO DO SOLO – área urbana

144

Ficha de Campo

LLlocalização

Ficha de Campo

LOCALIZAÇÃO

Cabeceira do Vale do Continental lII – Final da Rua Natalina de Mello Gouveia Norkivicius.

OBSERVAÇÕES DE CAMPO

Neste ponto foi possível observar a presença de filito, cambissolo amarelo com trechos descontínuos de coluvião e talus. Também foi possível observar a crista da cicatrização do escorregamento e lançamento de entulho.

PROCESSO: escorregamento.

UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)

GEOLOGIA – metassedimentar GEOMORFOLOGIA – morro médio

PEDOLOGIA - cambissolo / latossolo amarelo USO DO SOLO – área urbana

FAPESP – 2011/16456-8

PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da

Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.

DATA:

27/12/2013

MESTRANDA

Daniele dos Santos Marques

PONTO

4

Foto 1. Presença de filito e cambissolo

amarelo.

Orientador

Antonio Manoel S. Oliveira

Participação

Ericson Silva

(mestrando do MAG)

Foto 2. Vista da crista da encosta do morro

Parque Continental III com lançamento de

entulhos.

Fonte: Google Earth

ILUSTRAÇÕES

145

Ficha de Campo

LLlocalização

Ficha de Campo

LOCALIZAÇÃO

Parque Continental III - Rua Cento e Sete com Rua Cento e Nove.

Fonte: Google Earth

OBSERVAÇÕES DE CAMPO

ILUSTRAÇÕES

FAPESP – 2011/16456-8

PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da

Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.

DATA:

27/12/2013 MESTRANDA

Daniele dos Santos

Marques

PONTO

5

Neste ponto foi possível observar a presença de filito. Foi possível observar também um escorregamento estabilizado e duas drenagens circundadas por vegetação típica de área alterada. . PROCESSO: escorregamento.

Foto 1. Localização das drenagens com

vegetação alterada.

Orientador

Antonio Manoel S. Oliveira

Participação

Ericson Silva

(mestrando do MAG)

Foto 2. Vista da

cicatriz do

escorregamento.

UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)

GEOLOGIA – metassedimentar GEOMORFOLOGIA – morro médio

PEDOLOGIA - latossolo amarelo USO DO SOLO – área urbana

146

Ficha de Campo

LLlocalização

Ficha de Campo

LOCALIZAÇÃO

Parque Continental III - Rua H.

Fonte: Google Earth

OBSERVAÇÕES DE CAMPO

ILUSTRAÇÕES

FAPESP – 2011/16456-8

PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da

Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.

DATA:

27/12/2013

MESTRANDA

Daniele dos Santos Marques

PONTO

6

. Observou-se o porte da terraplenagem

executada para a implantação do

loteamento que produziu cortes de uma

dezena de metros de altura e aterros

espessos que sofrem recalque provocando

trincas como da Foto 2.

PROCESSO: recalque.

Foto 1. Vista do corte realizado para

implantação do loteamento.

Orientador

Antonio Manoel S. Oliveira

Participação

Ericson Silva Ferreira

(mestrando do MAG)

UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)

GEOLOGIA – metassedimentar GEOMORFOLOGIA –morros médios PEDOLOGIA - neossolo litólico

USO DO SOLO - capoeira

Foto 2. Vista de trinca em residência devido recalque do

aterro.

147

LLlocalização

Ficha de Campo

LOCALIZAÇÃO

Parque Continental – Rua Jovelino Martins de Araújo.

Fonte: Google Earth

OBSERVAÇÕES DE CAMPO

ILUSTRAÇÕES

FAPESP – 2011/16456-8

PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da

Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.

DATA:

15/02/2014

MESTRANDA

Daniele dos Santos Marques

PONTO

7

Neste ponto observa-se o córrego Pau

d’alho, que encontra-se em processo de

assoreamento devido as obras de

implantação dos loteamentos Parque

Continental III e Vila Operaria.

Observa-se também erosão na encosta do

sitio da família Gregório, e presença de

eucalipto em toda margem do córrego e

encosta.

PROCESSOS: erosão e assoreamento.

Foto 1. Vista da erosão na encosta do sitio da Família

Gregório.

Orientador

Antonio Manoel S. Oliveira

Participação

Rodrigo Maia

UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)

GEOLOGIA – aluvião / granitoide GEOMORFOLOGIA – planície ampla PEDOLOGIA – gleissolo / latossolo amarelo

USO DO SOLO - campo

Foto 2. Presença de eucalipto.

148

Ficha de Campo

LLlocalização

Ficha de Campo

LOCALIZAÇÃO

Curva dos Cavalos - Estrada do Cabuçu, altura do n° 2500

Fonte: Google Earth

OBSERVAÇÕES DE CAMPO

ILUSTRAÇÕES

FAPESP – 2011/16456-8

PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da

Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.

DATA:

10/02/2014

MESTRANDA

Daniele dos Santos Marques

PONTO

7A

Neste ponto existem dois córregos

denominados de Pau d’alho e Laranja

Azeda, que passam em tubulão sob a

Estrada do Cabuçu e desembocam no rio

Cabuçu, área sujeita a inundação por

extravasamento na Estrada provocando

erosão.

PROCESSOS: erosão, assoreamento e

inundação.

Foto 1. Vista da erosão da Estrada no córrego

Laranja Azeda.

Orientador

Antonio Manoel S. Oliveira

Participação

Ericson Silva Ferreira

(mestrando do MAG)

UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)

GEOLOGIA – aluvião / granitoide GEOMORFOLOGIA – planície ampla PEDOLOGIA – gleissolo / latossolo amarelo

USO DO SOLO - campo

Foto 2. Vista do afloramento de granitoide na

margem da Estrada.

149

LLlocalização

Ficha de Campo

LOCALIZAÇÃO

Casa do Sr. Cicero - Estrada do Cabuçu, altura do n° 1114

Fonte: Google Earth

OBSERVAÇÕES DE CAMPO

ILUSTRAÇÕES

FAPESP – 2011/16456-8

PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da

Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.

DATA:

10/02/2014 MESTRANDA

Daniele dos Santos Marques

PONTO

8

. Neste ponto observa-se a presença de

filito como rocha metassedimentar, como

mostrado na foto 1.

Observa-se também o córrego Rita de

Cassia, que encontra-se em processo de

assoreamento, com presença de taboa.

PROCESSO: assoreamento.

Foto 1. Presença de filito.

Orientador

Antonio Manoel S. Oliveira

Participação

Ericson Silva Ferreira

(mestrando do MAG)

UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)

GEOLOGIA – aluvião / metassedimento GEOMORFOLOGIA – planície ampla PEDOLOGIA - gleissolo / latossolo amarelo

USO DO SOLO - campo

Foto 2. Vista do córrego Rita de Cassia e ao fundo

presença de taboas sobre o corpo de assoreamento.

150

LLlocalização

Ficha de Campo

LOCALIZAÇÃO

Palacete - Estrada do Cabuçu altura do n° 203

Fonte: Google Earth

OBSERVAÇÕES DE CAMPO

ILUSTRAÇÕES

FAPESP – 2011/16456-8

PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da

Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.

DATA:

10/02/2014

MESTRANDA

Daniele dos Santos Marques

PONTO

9

Observou-se a presença de granito e o

horizonte B do seu solo com cor entre 7,5 R

e 10 R 6/8 (latossolo vermelho).

Na margem esquerda do rio Cabuçu a

confluência do córrego Mackenzie que

encontra-se em processo erosivo ao lado da

Estrada.

PROCESSO: assoreamento.

Foto 1. Presença de granito.

Orientador

Antonio Manoel S. Oliveira

Participação

Ericson Silva Ferreira

(mestrando do MAG)

UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)

GEOLOGIA – aluvião / granitoide GEOMORFOLOGIA – planície ampla PEDOLOGIA - gleissolo / latossolo amarelo

USO DO SOLO - campo

Foto 2. Vista do rio Cabuçu da jusante para montante.

151

Ficha de Campo

LLlocalização

Ficha de Campo

LOCALIZAÇÃO

Campo Três Marias - Estrada Morro do Sabão, altura do n°2

Fonte: Google Earth

OBSERVAÇÕES DE CAMPO

ILUSTRAÇÕES

FAPESP – 2011/16456-8

PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da

Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.

DATA:

10/02/201

4

MESTRANDA

Daniele dos Santos Marques

PONTO

10

Neste ponto o rio Cabuçu está assoreado, com suas tubulações obstruídas. Está sendo feito a dragagem do mesmo e os sedimentos sendo depositados à margem. A Estrada está sendo utilizada como caminho de serviço para acesso ao deposito de material excedente das obras do Rodoanel Trecho Norte, foto 1. PROCESSOS: assoreamento e inundação.

Foto 1. Vista do rio Cabuçu com tubulações obstruídas.

Orientador

Antonio Manoel S. Oliveira

Participação

Ericson Silva Ferreira

(mestrando do MAG)

UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)

GEOLOGIA – aluvião GEOMORFOLOGIA – planície ampla PEDOLOGIA - gleissolo /latossolo amarelo

USO DO SOLO - mista

Foto 2. Vista da jusante para montante do rio Cabuçu

sendo dragado.

152

LLlocalização

Ficha de Campo

LOCALIZAÇÃO

Maria Helena - Estrada do Cabuçu, altura do n°7611

Fonte: Google Earth

OBSERVAÇÕES DE CAMPO

ILUSTRAÇÕES

FAPESP – 2011/16456-8

PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da

Região do Cabuçu, Guarulhos SP.

DATA:

10/02/2014

MESTRANDA

Daniele dos Santos Marques

PONTO

11

Neste ponto observa-se a incompatibilidade ambiental com construções irregulares sobre a APP do curso d’água. Este córrego na Foto 1 apresenta água limpa vinda de antiga cava de olaria. Ao atravessar a Estrada recebe esgoto e apresenta assoreamento com deposito tecnogênico induzido.

PROCESSOS: assoreamento e inundação.

Foto 1. Vista do córrego da jusante para montante

em trecho limpo.

Orientador

Antonio Manoel S. Oliveira

Participação

Ericson Silva Ferreira

(mestrando do MAG)

UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)

GEOLOGIA – aluvião GEOMORFOLOGIA – planície ampla PEDOLOGIA - latossolo amarelo

USO DO SOLO – área urbana

Foto 2. Vista de construções irregulares e deposito

tecnogênico induzido.

153

LLlocalização

LOCALIZAÇÃO

Caminho de servidão do Sitio do Banco e Pico Pelado.

Fonte: Google Earth

OBSERVAÇÕES DE CAMPO

ILUSTRAÇÕES

FAPESP – 2011/16456-8

PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da

Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.

DATA:

10/02/2014

MESTRANDA

Daniele dos Santos Marques

PONTO

12

Neste ponto observa-se que o lago encontra-se assoreado a jusante, formando um deposito entalhado e com presença de taboa. Supressão da vegetação pelas obras de implantação do Rodoanel Trecho Norte. Presença de filito e metavulcânica. . PROCESSOS: assoreamento e inundação.

Foto 1. Vista do lago assoreado com vegetação

de taboa ao fundo.

Orientador

Antonio Manoel S. Oliveira

Participação

Ericson Silva Ferreira

(mestrando do MAG)

UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)

GEOLOGIA – metassedimento GEOMORFOLOGIA – planície restrita PEDOLOGIA - cambissolo

USO DO SOLO - mata

Foto 2. Vista de solo exposto pelas obras do Rodoanel e

curso d’água assoreado.

Á a

‘.

154

Ficha de Campo

LLlocalização

Ficha de Campo

LOCALIZAÇÃO

Bica da Julieta - Rua Hans Heitel Hohl

Fonte: Google Earth

OBSERVAÇÕES DE CAMPO

ILUSTRAÇÕES

FAPESP – 2011/16456-8

PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da

Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.

DATA:

10/02/2014

MESTRANDA

Daniele dos Santos Marques

PONTO

13

Neste ponto observa-se a presença de sedimentos compostos por entulho oriundos das construções localizadas na montante como mostra a foto 2. Presença de filito em forma cisalhada. Erosão na trilha de acesso a bica. PROCESSOS: assoreamento e erosão.

Foto 1. Vista da Bica da Julieta com cisalhamento

de filito.

Orientador

Antonio Manoel S. Oliveira

Participação

Ericson Silva Ferreira

(mestrando do MAG)

UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)

GEOLOGIA – metassedimento GEOMORFOLOGIA – morro baixo PEDOLOGIA - cambissolo / neossolo litólico

USO DO SOLO - mata

Foto 2. Detalhe de sedimentos vindo de construções

irregulares à montante da Bica.

155

LLlocalização

Ficha de Campo

LOCALIZAÇÃO

JD Monte Alto - Rua dos Unidos

Fonte: Google Earth

OBSERVAÇÕES DE CAMPO

ILUSTRAÇÕES

FAPESP – 2011/16456-8

PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da

Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.

DATA:

10/02/2014

MESTRANDA

Daniele dos Santos Marques

PONTO

14

Neste ponto observa-se uma obra de contenção que está sofrendo rompimento em vários pontos, com fendas de tração paralelas e transversais à encosta. . PROCESSOS: escorregamento e recalque.

Foto 1. Vista da obra em processo de ruptura.

Orientador

Antonio Manoel S. Oliveira

Participação

Ericson Silva Ferreira

(mestrando do MAG)

UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)

GEOLOGIA – metassedimentar GEOMORFOLOGIA – morro baixo / morrote PEDOLOGIA - latossolo amarelo

USO DO SOLO - mista

Foto 2. Vista de um trecho do rompimento da obra.

156

LLlocalização

LOCALIZAÇÃO

Recreio São Jorge - Rua Terra Boa.

Fonte: Google Earth

OBSERVAÇÕES DE CAMPO

ILUSTRAÇÕES

Neste fundo de vale, observa-se a construção irregular de moradias e o descarte de materiais de diversas origens. PROCESSO: assoreamento.

UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)

GEOLOGIA – metavulcânica GEOMORFOLOGIA – morros baixos e morrotes

PEDOLOGIA - latossolo vermelho –amarelo /

gleissolo USO DO SOLO – área urbana

FAPESP – 2011/16456-8 PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da

Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.

DATA:

23/12/2013

MESTRANDA

Daniele dos Santos Marques

PONTO

15

Orientador

Antonio Manoel S. Oliveira

Participação - Adriana

Oliveira e Ericson Silva

(mestrandos do MAG)

Foto 1 – Construção irregular de moradias. Foto 2 – Vista do fundo de vale.

FAPESP 2011/16456-8

157

Ficha de Campo

LLlocalização

Ficha de Camp

LOCALIZAÇÃO

Recreio São Jorge - Rua Agudos do Sul.

Fonte: Google Earth

OBSERVAÇÕES DE CAMPO

ILUSTRAÇÕES

Neste ponto observa-se as margens do córrego bastante alteradas, com um deposito tecnogênico complexo (construído, lançado e induzido). A vegetação apresenta espécies de áreas modificadas (mamona, capim gordura, etc). Este local e conhecido como um ponto viciado de descarte de todo tipo de material rejeitado. PROCESSO: assoreamento.

UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)

GEOLOGIA – aluvião GEOMORFOLOGIA – planícies restritas PEDOLOGIA - latossolo vermelho - amarelo USO DO SOLO - área urbana

FAPESP – 2011/16456-8

PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.

DATA:

23/12/2013

MESTRANDA

Daniele dos Santos Marques

PONTO

16

Orientador

Antonio Manoel S. Oliveira

Participação - Adriana

Oliveira e Ericson Silva

(mestrandos do MAG)

Foto 1 – Vista da drenagem e construção irregular. Foto 2 – Vista da drenagem com ponto viciado de

descarte de resíduos.

158

Ficha de Campo

LLlocalização

Ficha de Campo

LOCALIZAÇÃO

Novo Recreio - Rua Coqueiro.

Fonte: Google Earth

OBSERVAÇÕES DE CAMPO

ILUSTRAÇÕES

Neste ponto observa-se na drenagem lateral do Taquara do Reino, erosão remontante, tendo sua cabeceira aproximadamente seis metros de largura por 4 metros de profundidade. Presença de um deposito construído e grande quantidade de resíduos. PROCESSOS: assoreamento e erosão

remontante no afluente.

UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)

GEOLOGIA – metavulcânica GEOMORFOLOGIA – morros médios PEDOLOGIA – latossolo vermelho - amarelo USO DO SOLO - área urbana

FAPESP – 2011/16456-8

PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da

Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.

DATA:

23/12/2013 MESTRANDA

Daniele dos Santos Marques

PONTO

17

Orientador

Antonio Manoel S. Oliveira

Participação - Adriana

Oliveira e Ericson Silva

(mestrandos do MAG)

Foto 1 – Vista do latossolo vermelho. Foto 2 – Vista do Taquara do Reino com descarte de

resíduos a jusante da confluência da drenagem lateral.

159

Ficha de Campo

LLlocalização

LOCALIZAÇÃO

Novo Recreio - Rua Restinga.

Fonte: Google Earth

OBSERVAÇÕES DE CAMPO

ILUSTRAÇÕES

Neste ponto observa-se outro trecho do Taquara do Reino com as mesmas características de degradação, suas margens com depósito complexo, muito resíduo descartado e vegetação alterada. PROCESSO: assoreamento.

UNIDADES DA PAISAGEM (OLIVEIRA et al, 2009)

GEOLOGIA – aluvião GEOMORFOLOGIA – planícies restritas PEDOLOGIA - latossolo amarelo / gleissolo USO DO SOLO - campo

FAPESP – 2011/16456-8

PESQUISA: Estudos geotecnogênicos das alterações provocadas pelo uso da terra da

Região do Cabuçu, Guarulhos, SP.

DATA:

23/12/2013 MESTRANDA

Daniele dos Santos Marques

PONTO

18

Orientador

Antonio Manoel S. Oliveira

Participação - Adriana

Oliveira e Ericson Silva

(mestrandos do MAG)

Foto 1. Vista para jusante do Córrego Taquara do Reino.

160

Ponto 1. Rompimento do aqueduto em

trecho da Estrada do Cabuçu – Palacete.

Foto: D.S. Marques, 11/01/2011.

Ponto 2. Escorregamento em solo de

talude de corte da Av. Benjamim Harris

Hunnicutt. Foto: R. Maia, 11/01/2011.

Ponto 3. Escorregamento em aterro na Estrada Morro do

Sabão. Foto: R. Maia, 16/01/2011.

Ponto 3. Escorregamento em aterro na Estrada Morro do

Sabão. Foto: R. Maia, 16/01/2011.

Ponto 3. Escorregamento em aterro na Estrada Morro do

Sabão. Foto: R. Maia, 16/01/2011.

Ponto 3. Escorregamento em aterro na Estrada Morro do

Sabão. Foto: R. Maia, 16/01/2011.

Ponto 3. Escorregamento em aterro na Estrada Morro do

Sabão. Foto: R. Maia, 16/01/2011.

Ponto 3. Escorregamento em aterro na Estrada Morro do

Sabão. Foto: R. Maia, 16/01/2011.

Ponto 3. Escorregamento em aterro na

Estrada Morro do Sabão. Foto: R. Maia,

16/01/2011.

Ponto 4. Inundação do rio Cabuçu – Rua

Maria Guilhermina - JD. Monte Alto. Foto:

R. Maia, 11/01/2011.

Ponto 7. Escorregamento em solo de talude

de corte em um trecho da Estrada do Cabuçu.

Foto: R. Maia, 11/01/2011.

Ponto 5. Enchente do rio Cabuçu –

Rua da Ponte - JD. Monte Alto. Foto:

R. Maia, 11/01/2011.

Ponto 6. Escorregamento em solo de talude de

corte em um trecho da Estrada do Cabuçu –

Curva da Igreja. Foto: R. Maia, 11/01/2011.

Ponto 8. Escorregamento em solo de talude de

corte em um trecho da Estrada do Cabuçu –

Pesqueiro Cabosol. Foto: R. Maia, 11/01/2011

Ponto 10. Escorregamento em solo de talude de

corte da Rua Urupês – Chácaras Cabuçu. Foto:

R. Maia, 11/01/2011.

Ponto 11. Escorregamento de solo em talude

de corte – Rua Palmira Rossi – Recreio São

Jorge. Foto: D. S. Marques, 16/01/2011.

Ponto 9. Inundação do rio Cabuçu na

Estrada do Cabuçu – Chácaras Cabuçu. Foto:

R. Maia, 11/01/2011.

161

Ponto 6. Escorregamento em solo de talude de corte em um trecho

da Estrada do Cabuçu – Curva da Igreja. Foto: R. Maia, 11/01/2011.

Ponto 6. Escorregamento em solo de talude de corte em um trecho

da Estrada do Cabuçu – Curva da Igreja. Foto: R. Maia, 11/01/2011.

Ponto 9. Inundação do rio Cabuçu na Estrada do Cabuçu –

Chácaras Cabuçu. Foto: R. Maia, 11/01/2011.

Ponto 1. Terreno tecnogênico produzido

– solo exposto – empréstimo, Fazenda

Três Marias. Foto: R. Maia, 27/11/2012.

Ponto 1. Terreno tecnogênico produzido –

solo exposto – empréstimo, Fazenda Três

Marias. Foto: R. Maia, 27/11/2012.

Ponto 1. Terreno tecnogênico produzido

– solo exposto – empréstimo, Fazenda

Três Marias. Foto: R. Maia, 27/11/2012.

Ponto 2. Escorregamento ocasionado pelo

rompimento do vertedouro de lago localizado a

montante. Morro do Sabão. Foto: R. Maia,

02/11/2011.

Ponto 2. Escorregamento ocasionado pelo

rompimento do vertedouro de lago localizado

a montante. Morro do Sabão. Foto: R. Maia,

02/11/2011.

Ponto 2. Escorregamento ocasionado pelo

rompimento do vertedouro de lago localizado

a montante. Morro do Sabão. Foto: R. Maia,

02/11/2011.

Ponto 3. Assoreamento da bacia do

Pesqueiro Cabosol por sedimentos de erosão

de leito de rua. Foto: D.S. Marques,

05/05/2012.

Ponto 3. Assoreamento da bacia do Pesqueiro

Cabosol por sedimentos de erosão de leito de

rua. Foto: D.S. Marques, 05/05/2012.

Ponto 4. Desplacamento de filito em talude de corte

– Rua Agudos do Sul, Recreio São Jorge. Foto: A.M.

Oliveira, 18/02/2014.

162


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