Date post: | 21-Feb-2023 |
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Universidade Federal de Minas GeraisFaculdade de Ciências Econômicas
Análise da estrutura de mercado do setor– Indústria Cervejeira
Camila BorgesDerick FreitasHenrique AndradePedro Silveira
Belo Horizonte2014
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...............................................
..............................................3
2. ANÁLISE DO
MERCADO..................................................
..........................4
2.1 Concentração de
Mercado..................................................
.........................4
2.2 Diferenciação de
Produtos.................................................
..........................6
2.3 Magnitude do
Mercado..................................................
...............................7
2.4 Economias de
Escala...................................................
................................8
2.5 Barreiras a
Entrada..................................................
.....................................9
2.6 Estruturas de
Custo....................................................
.................................10
3. EMPRESA LÍDER DO SETOR: AB-
InBEV..................................................12
3.1 Histórico............................................
.........................................................
..12
3.2 Estratégias
Competitivas.............................................
................................14
3.2.1 Investimento em
Marketing..............................................
......................14
3.2.2 Inovações e Lançamentos de Novos
Produtos......................................15
3.2.3 Processo de
Diversificação.........................................
...........................16
3.2.4 Diferenciação de
Preços.................................................
.......................16
3.2.5 Otimização do Processo
Logístico..............................................
...........18
4. DINAMICA RECENTE DO
SETOR....................................................
........18
5. CONCLUSÃO................................................
.............................................19
6. REFERENCIAS
BIBLIOGRÁFICAS...........................................
.................20
3
1.INTRODUÇÃO
A estrutura do mercado de cerveja brasileiro é formada por um
oligopólio concentrado de quatro grandes empresas detentoras
de 98,6% das vendas. Estas grandes líderes (Ambev, Petrópolis,
Brasil Kirin e Heineken) coexistem com as chamadas
microcervejarias que apesar de ter participação quase
irrelevante diante deste cenário (1,4%), se tornam cada vez
mais atuantes, devido à facilidade ao crédito dentre outros
fatores que serão posteriormente abordados neste trabalho.
Desde a chegada da cerveja em 1808 no Brasil, tendo a primeira
cervejaria fundada em 1885 pela Antarctica Paulista, o setor
sofreu inúmeras modificações: fusões (Cervejaria Brahma e
Companhia Antártica), aquisições (Kaiser pela Heineken) e
novos entrantes relevantes (Grupo Petrópolis).
Nos cem primeiros anos, estas se estabelecem no mercado
nacional através do desenvolvimento do produto e
aperfeiçoamento da produção. No entanto, como as cervejarias
dos países desenvolvidos apresentam crescimento estagnado, os
países da América Latina e Central são os alvos para os
investimentos de empresas estrangeiras.
Abordaremos no presente trabalho, os reflexos destes
investimentos no setor em estudo, bem como no crescimento
econômico brasileiro. Sendo assim, está dentro do escopo deste
trabalho, apresentar dados referentes à estrutura de mercado,
identificando as principais características e, também,
4
levantar as estratégias adotadas pelas empresas líderes que
desejam sempre maior participação no setor.
2. ANALISE DO SETOR
Nós tópicos a seguir será apresentado uma visão geral da
indústria em analise, a compreensão do ambiente em que está
inserido é fundamental para se destacar a relevância da
empresa-líder e mensurar os impactos que possam ser causados
em decorrência de alguma estratégia a ser adotada por ela.
2.1. Concentração do Mercado
Uma das mais importantes medidas utilizadas para avaliar
qualquer setor industrial é a concentração de mercado, sendo
um dos principais critérios observados por agencias
regulatórias. Utilizaremos no presente tópico, a tabela e o
gráfico abaixo que terá como função justificar os fatos aqui
abordados.
5
Tabela 1 – Participação de mercado das principais cervejariasdo Brasil
Fonte: Nielsen apud Damiani et al. 2013.
Gráfico 1 – Market share da indústria cervejeira nacional
Fonte: Afrebras, 2012.
6
Segundo os critérios matemáticos de mensuração, CR4 e o HHI,
este setor é classificado como altamente concentrado (i>75%).
Desde1997 uma parcela superior a 90% do mercado fica sob
“guarda” das 4 líderes, atingindo sua maior marca em 2009
(98,4%). Pelo índice HHI, que leva em conta todas as empresas
do mercado, também é possível comprovar que o setor é
extremamente concentrado.
O período posterior à criação da AmBev, 1999, aponta um
mercado mais desigual. A líder mesmo sendo responsável pela
maior fatia do mercado aplica táticas cujo objetivo é barrar
ou ao menos dificultar a entrada de novos competidores. Em
2012, tem-se a criação da Associação Brasileira da Indústria
da Cerveja - CervBrasil que conta com a participação das
quatro maiores empresas do setor . Esta instituição tem como
escopo o fortalecimento de seus interesses utilizando medidas
de caráter protecionista.
Apesar de o setor ser classificado como altamente concentrado,
é possível identificar várias adversidades. A relativa
facilidade dos consumidores encontrarem produtos substitutos
(ex.: outro tipo de bebida alcóolica), assim como as barreiras
à saída devido aos altos investimentos não recuperáveis (sunk
costs), são algum dos argumentos apontados. É válido ressaltar
também que os altos custos fixos fazem com que a rivalidade do
setor seja alta.
7
2.2. Diferenciação de Produtos
A cerveja é um produto heterogêneo e segue certas tipificações
segundo certas características abrangentes aos ingredientes e
produção, sendo que a produção é regulamentada pelo Ministério
da Agricultura. Portanto uma eventual diferenciação de
produtos nesse setor é predominantemente do tipo horizontal,
ou seja, de caráter subjetivo e é estritamente vinculado às
preferências dos consumidores.
Nesse cenário o investimento em propaganda e marketing é
fundamental para ampliar e manter as parcelas de mercado nesse
setor de natureza concentrada; segundo um estudo do Insper,
cada ponto percentual a mais conquistado na preferência dos
consumidores, a participação de mercado é ampliada em 0,08%.
O investimento em marketing, portanto, consiste em uma
ferramenta de suma importância para fidelização do cliente e
também consiste em uma barreira à entrada a novos entrantes
que terão de realizar altos investimentos em propaganda para
tentar a apropriação de novos clientes.
Entretanto, observa-se uma estratégia de “diferenciação
interna” a fim de captar um espectro maior de clientes pelas
grandes cervejeiras, essa consiste no lançamento de diferentes
marcas com diferentes preços, objetivando conquistar clientes
que veem no preço um impeditivo à aquisição das cervejas. Tal
estratégia é aplicada por todas as empresas líderes no setor,
corroborando a sua eficácia.
8
2.3. Magnitude do Mercado
A análise deste tópico considera as quatro maiores cervejarias
atuantes no Brasil em contraponto com outras cervejarias de
menor expressão como pequenas cervejarias regionais ou
microcervejarias totalizando 250 empresas, e excluindo-se a
produção artesanal de cerveja.
As grandes cervejarias também empregam cerca de 83% dos
trabalhadores do setor e os 17% restantes ficam a cargo das
pequenas cervejarias regionais e microcervejarias,
demonstrando um grande abismo no percentual de empregados e no
percentual de participação de produção total. Outro ponto que
mostra a diferença dinâmica das grandes cervejarias em relação
às menores é a quantidade de empregos gerados a partir da
produção de 1 milhão de litros.
Tabela 2 – Produção total da Indústria cervejeira em 2012.
9
A produção de cerveja no país no acumulado até novembro de 2012
somou 12,227 bilhões de litros, uma alta de 3,23% em relação ao
mesmo período de 2011. De 2005 a 2011, a média anual de
crescimento foi de 6,5%.
Entretanto, o desempenho do setor foi superior ao do PIB do país.
A expectativa de crescimento do PIB ficou por volta de 1% e 1,5%
e quase próximo a 4% de crescimento do setor cervejeiro.
(Referencial ao ano de 2011). Mostrando-se que mesmo em tempos de
um menor crescimento econômico o mercado manteve-se aquecido,
registrando crescimentos constantes.
Com faturamento de R$ 63 bilhões em 2012, o Brasil é o
terceiro maior fabricante mundial de cerveja. A estimativa de
investimentos do setor para 2013 girou em torno de R$ 4
bilhões (R$ 3 bilhões deles apenas da Ambev). Por ora, o valor
não está muito distante da média dos últimos três anos, de R$
4,4 bilhões.
2.4. Economias de Escala e Escopo
As grandes cervejarias possuem vantagens sobre as pequenas
empresas do setor em todos os níveis, como ganhos de escala na
produção e na negociação com fornecedores, na conduta
Fonte: Afrebras, 2013.
10
mercadológica e nas estratégias de adaptação frente às
mudanças na concorrência e no perfil do consumidor. Os
principais vetores de concorrência do mercado de cervejas
estão concentrados na etapa de produção, distribuição e
fortalecimento da marca. As estratégias vinculadas à etapa de
produção são as de economia de escopo e de escala. Enquanto a
primeira se refere aos ganhos obtidos com a produção de itens
diferentes da mesma fábrica, a segunda está relacionada à
produção em grande volume. Para ter economias de escopo, os
fabricantes de cerveja produzem outras bebidas, principalmente
refrigerantes, e tem neste tipo de estratégia economias
fundamentais para seu negócio. A economia de escala é obtida
nas etapas da cadeia de valor, com ganhos na:
Negociação e compra de maior volume de matéria prima;
Produção por meio da maior produtividade a partir de um
volume maior produzido por planta;
Distribuição, pela redução dos custos logísticos e de
propaganda por volume negociado;
As estratégias de economia de escala e de escopo são seguidas
principalmente pela Ambev e pela Brasil Kirin. Esta última
busca ganhar mercado a partir da implantação e ampliação de
fábricas. A Ambev segue com mais vigor a estratégia de
economia de escala e de escopo. Portanto, estes fatores estão
relacionados basicamente a economias de escala e de escopo, a
partir do crescimento da empresa pela prática de fusões e
aquisições.
11
2.5. Barreiras à Entrada
Percebe-se que das barreiras à entrada, a diferenciação de
produto é a mais significativa e a Ambev tem esta barreira
atuando completamente ao seu favor. Por tratar-se de um setor
de histórica e forte concorrência, todas as forças
competitivas que movem este segmento são intensas, destacando-
se a própria rivalidade entre os concorrentes diretos. Além de
concorrer com marcas rivais como Kaiser e Schin, a Ambev se
depara com a concorrência e canibalização de suas próprias
marcas no mercado. Em relação às estratégias genéricas, a
Ambev é a líder em diferenciação, visto que suas marcas (Skol,
Brahma e Antarctica) tem uma forte preferência dos
consumidores finais em relação às marcas concorrentes.
Existem muitas barreiras para a entrada de novos competidores
no âmbito nacional, por isso, as novas empresas desejam entrar
nesse mercado tão competitivo quando as grandes empresas
necessitam expandir suas atividades ou aumentar sua
participação no mercado, recorrem a processos de fusão ou
incorporação. O setor envolve concorrência acirrada as
12
barreiras de entradas são muito fortes, as empresas entrantes
sofrem retaliações, e quando conseguem uma determinada fatia
são adquiridas pelas maiores, a concorrência fica por conta
da diferenciação e qualidade dos produtos.
2.6. Estrutura de Custo
A composição do panorama de custos da indústria cervejeira é a
seguinte: Depreciação dos seus equipamentos, mão de obra e
encargos trabalhistas, no entanto, os maiores custos se
concentram nas matérias primas e na embalagem.
Sobre a análise da matéria prima, encontram-se os seguintes
elementos basicamente: água (92% da cerveja), malte, lúpulo e
fermento.
13
A água, fundamental no processo, deve ser insípida e inodora
para que não interfira no gosto do produto final. A estimativa
é de 10 litros de água para a produção de 1 litro de cerveja.
A utilização da água é de extrema relevância para o processo
produtivo, razão pela qual algumas das mais tradicionais
cervejarias estão localizadas em regiões conhecidas pela
pureza da água.
A qualidade do malte e do lúpulo também é fundamental para a
fabricação de cerveja. O malte é responsável pela cor, sabor,
aroma e “corpo” da cerveja, 70% desta matéria prima utilizada
no Brasil é importada. O lúpulo responsável pela maior
retenção de espuma, amargor, aroma e sabor da cerveja é ainda
uma matéria prima 100% importada da Europa.
A embalagem é o principal agente de custos, representando 49%
dos custos de uma cervejaria. Os principais materiais
utilizados no processo de envasamento são: garrafas de vidro
ou latas de alumínio ou aço. O uso de garrafas de plástico, do
tipo pet, é bem limitado no Brasil. Mesmo já tendo sido
discutido internacionalmente como estratégia de venda para
entrar com maior força na venda de cerveja em eventos
artísticos e esportivos, a idéia não é muito bem aceita entre
os especialistas e consumidores devido à significante mudança
do sabor que este material implicaria.
Embalagens retornáveis representam 71% do total de embalagens
utilizadas, sendo que 67% são garrafas de vidro e 4% no
formato de barril. Entre as embalagens descartáveis 26% são
compostas por latas e 3% por garrafas no estilo long neck.
14
A grande discussão corrente no setor de embalagens, não apenas
no âmbito da cerveja, é a sustentabilidade da produção de
embalagens, tendo em vista aumentar a reciclagem do setor e
também elevar a proporção de embalagens retornáveis.
No gráfico a seguir é possível observar a estrutura e divisão
desses custos no processo produtivo da cerveja:
Gráfico 2 – Composição do Custo das Cervejas
15
3. Empresa Líder do Setor: AB-InBev
Como já fora exposto a indústria cervejeira é marcada pela
liderança incontestável da AB-Inbev. Desde a sua criação em
1999, a empresa se consolidou à frente as demais e nos tópicos
a seguir veremos um breve histórico de formação da mesma e as
estratégias adotadas para atingir e se manter na posição de
líder em um mercado tão volátil.
3.1. Histórico
O processo de formação da empresa líder tem início ainda em
junho de 1999 quando foi submetido às autoridades competentes
a proposta para instituição de uma nova sociedade anônima
derivada da união entre a Companhia Cervejeira Brahma e a
Companhia Antártica Paulista. No ano seguinte, a Ambev obtém o
parecer favorável do Conselho Administrativo de Defesa
Econômica – CADE e inicia suas operações.
Seguindo o que fora proposto no plano enviado ao CADE, em 2002
a empresa inicia seu processo de internacionalização ao formar
uma aliança com a Quilmes, à época a maior cervejaria da
Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai, assim se tornando a
terceira maior em operação comercial no setor de bebidas no
16
mundo inteiro. Nos anos seguintes, seguiram com pontuais
associações a fim de ampliar a participação na América Latina.
Em 2004, dá-se outra movimentação estratégia de grande
impacto: a fusão com a cervejaria belga Interbrew, se tornando
conhecida como InBev. Esse processo marca a entrada de
cervejas brasileiras no mercado europeu e americano,
capitaneada pela marca Brahma.
Quatro anos depois, em 2008, ocorre a ultima grande fusão,
entre a InBev e a cervejaria belga Anheusen-Busch, dando
origem à AB-InBev. A atual empresa hoje é líder na indústria
cervejeira global e a quinta maior companhia de bens de
consumo do mundo. Essa união consolidou a participação de
produtos brasileiros no mercado norte-americano e vice versa,
como a incorporação das cervejas Budweiser em seu portfólio.
Vale ressaltar que durante todo esse processo
internacionalização da empresa, foram também realizados
consistentes investimentos em âmbito nacional, com a abertura
de novas filiais e modernização de antigas unidades fabris,
entre as quais se destaca a planta situada em Sete Lagoas
(MG), cuja capacidade instalada lhe dá o posto de segunda
maior fábrica da Ambev das Américas.
O resultado de todo esse processo de expansão pode ser
resumido nos dados divulgados referentes à 2013, a empresa
fechou o ano com um lucro líquido na ordem de aproximadamente
11,4 bilhões de reais – um acréscimo de 8,4% em relação ao ano
anterior (AMBEV, 2014). A seguir veremos as estratégias
17
adotadas pela empresa para se manter na liderança do setor e
apresentando resultados financeiros consistentes.
3.2. Estratégias competitivas
Dado seu tamanho e seu peso para a indústria, qualquer
movimento gera grande impacto sobre a dinâmica do setor. Tais
movimentos têm como objetivo reafirmar a posição da líder e
18
ampliar sua participação no mercado, assim podemos destacar as
seguintes ações implementadas nos últimos anos pela Ambev:
investimento em marketing, inovações, processo de
diversificação, diferenciação de preços, otimização do
processo logístico e economias de escopo e escala.
3.2.1 Investimento em marketing:
Em um mercado que movimenta cerca de 56 bilhões de reais por
ano, as cervejarias nacionais chegam a investir quase 1 bilhão
de reais em propagandas por ano (EXAME, 2011). Em relação à
Ambev, a empresa adota posicionamentos diferentes em seus
produtos focando nos públicos consumidores específicos
consolidando sua imagem e evitando que seus clientes enxerguem
as rivais como substitutos perfeitos.
Ressalto a estratégia adotada em três de suas principais
marcas: Bohemia, Skol e Brahma. A primeira se posiciona como
uma cerveja high-end, sendo consumidas por pessoas mais velhas e
mais abastadas, logo é mais comum a presença de propagandas da
marca em revistas e em estabelecimentos mais requintados. Em
relação às duas ultimas é notório sua preferência entre os
jovens, portanto a empresa opta por associar suas marcas à
datas festivas (ex.: Carnaval), shows e eventos esportivos.
Destaca-se a presença da Brahma como patrocinadora do
Campeonato Brasileiro, da Seleção Brasileira e da Copa do
Mundo 2014; posicionamento semelhante ao que foi adotado em
2010, porém à época a marca destacada para a campanha foi a
Skol.
19
3.2.2. Inovações e lançamento de novos produtos:
Assim como fora exposto uma linha cronológica da expansão
industrial da Ambev, pode-se estabelecer algo semelhante com o
lançamento de novos produtos e inovações referentes a esses.
A estratégia ofensiva de inovação é adotada por empresas que
buscam liderança tecnológica em determinados segmentos da
indústria. Por se tratar de ideia nova, o inovador corre
riscos sujeitos à inovação pioneira, por isso, deve estar
preparado para auferir ganhos no longo prazo, caso a inovação
tenha êxito. Como resultado deste processo, o investimento em
P&D se torna contínuo e o marketing assume papel de
aperfeiçoamento e desenvolvimento do mercado. É necessário uma
boa infraestrutura de serviços técnicos que precisam funcionar
bem e estar integrados aos demais setores da empresa.
Apesar de liderar o mercado, a Ambev ainda vê espaço para
crescer através de meio de aquisições, bem como de forma
orgânica. Desde 2007, o setor é marcado por lançamentos de
novos produtos e segundo Paulo Quartiermeister, diretor do
centro de inovações da Escola Superior De Propaganda e
Marketing- ESPM, a Skol encabeça esse processo inovativo. Em
2009, a companhia garantiu um forte crescimento através dessas
novidades.
Nesse processo adotado pela Ambev, se sobressai a incorporação
de novas embalagens e o design dessas às linhas de produto,
como as latas de 269 ml e as garrafas de 300 ml e 1litro. Tais
inovações, segundo consta no Relatório de Resultados da
20
empresa, constituem uma importante estratégia para entregar
produtos com preços mais acessíveis em contraponto ao recente
impacto inflacionário no Brasil. A fabricante em 2009
comemorou um crescimento de 11% na receita líquida, marcado
pelos efeitos da crise econômica internacional.
Além dessas mudanças estéticas houve também um processo mais
radical de inovação no qual a marca formulou um novo produto
baseado em uma pesquisa com os consumidores, a Skol 360 que
segundo a própria Ambev foi o investimento mais alto realizado
na inovação de produtos nos últimos anos.
O processo de inovação já está tão enraizado na cultura da
empresa que já se tornou a “principal ferramenta para buscar
um forte desempenho em diferentes ocasiões de consumo e para
incrementar nosso portfólio.” (AMBEV, 2014). O objetivo com as
inovações é preencher as áreas menos exploradas. Para isso, a
empresa pretende aumentar a sua participação em segmentos nos
quais ainda não é líder, ou ainda, desenvolver nichos pouco
empreendidos, como é o caso da Cerveja Premium.
3.2.3. Processo de diversificação:
Entende-se por diversificação a busca por novos mercados e
aumento dos produtos finais. Esta estratégia permite a empresa
entrar em linhas de negócios adicionais que são diferentes dos
produtos, serviços ou mercados atuais. No processo de
expansão, as empresas usufruem dos mesmos mecanismos já
estabelecidos como canais de comercialização e, ainda,
21
apropriam-se de outros visando aumento de arket share. Essa
técnica é motivada pelo aumento das competências e mudanças no
modelo organizacional. É motivada externamente por variações
no mercado e na estrutura da indústria. Internamente gera nova
capacidade produtiva, como dito anteriormente.
No setor em análise a diversificação é predominantemente do
tipo horizontal, posto que há uma grande quantidade de
produtos substitutos a cerveja e uma mudança radical poderá
acarretar em perda de Market-share. Assim o processo de
diversificação se restringe a criação de novos produtos
correlacionados à atividade original da empresa que porventura
pode gerar economias de escala. Nessa seara destacam-se a
entrada da Ambev no mercado de bebidas energéticas vinculados
a uma marca já estabelecida no grupo, o Guaraná Antárctica.
Esse processo se faz fundamental na minimização de riscos
oriundos a choques de demanda vis-a-vis um aumento em sua
flexibilidade operacional e financeira.
3.2.4. Diferenciação de preços:
Tal estratégia está correlacionada a variedade de produtos
comercializados pela empresa. Atualmente, a AMBEV conta em seu
portfólio 17 marcas de cerveja, 9 marcas de refrigerante, 1
marca de bebida energética, 1 marca de isotônico e 1 marca de
ice tea.
Essa ampla gama de produtos geralmente é diferenciada em
relação ao seu preço, objetivando atingir ao maior numero de
clientes possíveis, independente da alguma possível restrição
22
financeira. Esse posicionamento é importante, sobretudo porque
a cerveja é um produto que devido à presença de substitutos
diretos é bastante sensível a variações de preços, ou seja,
tem uma alta elasticidade-preço da demanda. Logo essa
diferenciação realizada pela Ambev minimiza esse efeito,
contribuindo para reter sua parcela de mercado.
Essa estratégia de diferenciação de preços, conjugada a uma
alta concentração de mercado, pode abrir espaço para manobras
agressivas de preço visando afastar possíveis novos entrantes
(barreira à entrada), assim como minar a participação de algum
concorrente direto. Práticas dessa natureza tendem a ser
ilícitas, cabendo o órgão responsável a fiscalização a
possíveis transgressões.
3.2.5. Otimização do processo logístico:
Um dos pontos críticos na cadeia produtiva da cerveja é a
etapa de distribuição e comercialização, uma rede logística
eficiente e bem integrada se traduz em uma maior dinamicidade
e alcance de áreas de vendas, portanto tal aspecto é
compreendido como um artifício de se obter vantagens sobre
seus concorrentes. Isso pode ser corroborado durante o
processo de formação da AMBEV, quando o CADE determinou que a
empresa deveria compartilhar sua capacidade logística por
determinado período de tempo como medida compensatória à
fusão.
Portanto a empresa em análise opta por integrar verticalmente
(integração para frente dado que o produto já está pronto) o
23
processo de distribuição à própria cadeia a fim de assegurar
uma maior eficiência econômica e produtiva.
Ademais, a indústria cervejeira é marcada pelo processo de
logística reversa. O recipiente de vidro necessariamente já
utilizado é reaproveitado no envase, reduzindo seu custo médio
ao longo tempo. Alem da justificativa econômica, há também o
aspecto ambiental do reaproveitamento do vidro, fatos por si
só agregam valores à empresa e corroboram para a integração
vertical de logística.
4. DINAMICA RECENTE DO SETOR
Nos últimos anos o a dinâmica no setor da indústria cervejeira
vem se modificando, com a expansão e crescimento de pequenas e
micro cervejarias. Obviamente estas ainda não se veem em
condições nenhumas de competir com as líderes nos mercados
nacionais e mundiais, embora seu espaço já venha sendo
conquistado nos mercados regionais.Tal mudança no
24
comportamento pode ser atribuído à elevação da renda da
população e a busca por produtos mais refinados, de caráter
mais exclusivo.
Ainda no aspecto mercadológico, outra mudança recente que
impactou a indústria é a presença forte das cervejas Nova
Schin e Itaipava nas regiões Norte e Nordeste do país,
mostrando assim uma estratégia mais agressiva da Brasil Kirin
e do Grupo Petrópolis em buscar mercados fora do eixo Sul-
Sudeste. Evidenciando uma novoa estratégia de focar em
mercados relegados a segundo plano pela líder.
No âmbito legislativo, destacam-se a Lei Seca (Lei nº 11.705),
a qual pune com maior rigidez pessoas que consomem bebidas
alcoólicas e dirigem num curto intervalo de tempo, foi
promulgada no ano de 2008, e teve um impacto negativo sobre as
vendas no setor, principalmente em bares e restaurantes. Outra
mudança recente para a indústria será o aumento da alíquota de
impostos sobre bebidas frias em 2,25%, previsto para Setembro
de 2014, que aumentará o preço das cervejas, o que pode levar
os consumidores a comprar seus substitutos próximos dado a
sensibilidade aos preços (vodca, cachaça, whiskies).
A Indústria Cervejeira nos últimos tempos também vem
associando sua marca fortemente com eventos esportivos em todo
o mundo. A Ambev mesmo, por meio da Cerveja Brahma, é
patrocinadora tanto do Campeonato Brasileiro de Futebol como
da Copa do Mundo e espera um grande aumento na demanda este
ano devido a realização da Copa no Brasil.
25
5. CONCLUSÃO
A indústria cervejeira na ultima década passou por várias
transformações – fusões, aquisições e novos entrantes – até
apresentar a configuração atual: um setor altamente
concentrado – a AMBEV detém 68% do mercado (Afrebrás, 2012) –
e sensível a preços – foco de diferenciação no setor.
Todavia a indústria ainda está longe de alcançar sua
estabilidade visto o impacto de variáveis endógenas
(crescimento de microcervejarias) e exógenas (mudanças
legislativas). Além disso vale ressaltar a ligação entre as
performances das companhias e o acesso de pontos de venda, o
que torna o processo de logística fundamental para as empresas
estabelecidas.
Toda essa modificação certamente influenciará as estratégias
das empresas de modo singular: em relação à AMBEV, no que
tange a manutenção da sua posição; e em relação às
concorrentes, em alguma oportunidade de ameaçar líder e ganhar
parcela de mercado.
26
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Brasil. Composição de Mercado. Disponível em: <
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http://www.ambev.com.br/nossas-marcas/todas-as-marcas/todas-
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2014. AMBEV, Brasil, 2014.
27
CLARO, Danny e WOLFF, André. Estratégias para ampliar o
mercado no setor de cervejas. Insper Instituto de Ensino e
Pesquisa. São Paulo, 2012. Disponível em: <
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