+ All Categories
Home > Documents > ESTUDOS NA PROFECIA DE JOEL

ESTUDOS NA PROFECIA DE JOEL

Date post: 17-Nov-2023
Category:
Upload: independent
View: 0 times
Download: 0 times
Share this document with a friend
12
CENTRO DE ESTUDOS PRESBITERIANO Série Conhecendo os Profetas Menores | Rev. João Ricardo Ferreira de França CEP ESTUDOS NA PROFECIA DE JOEL www.centrodeestudospresbiteriano.blogspot.com © Novembro de 2015./ PIRIPIRI – PI.
Transcript

CENTRO DE ESTUDOS PRESBITERIANO

Série Conhecendo os Profetas Menores | Rev. João Ricardo Ferreira de França

CEP ESTUDOS NA PROFECIA DE JOEL

www.centrodeestudospresbiteriano.blogspot.com

© Novembro de 2015./ PIRIPIRI – PI.

Série Conhecendo os Profetas Menores

2

SUMÁRIO

I – QUESTÕES INTRODUTÓRIAS ............................................................................... 3

1 - O Nome do Autor .................................................................................................... 3

2 - Data do Livro .......................................................................................................... 3

3 – O Propósito do Livro .............................................................................................. 4

II – O CONTEXTO DE JOEL ......................................................................................... 4

2.1 – O mundo Político e Religioso .............................................................................. 4

2.2 – O contexto Econômico e Ecológico nos dias de Joel .......................................... 5

III – ASPECTOS TEOLÓGICOS DA PROFECIA DE JOEL. ....................................... 6

3.1 – O dia do Senhor [Joel 1.15; 2.1,11; 3.14] ............................................................ 6

3.2 – Chamada ao Arrependimento [ Joel 2.12-17] ...................................................... 7

3.3 – O Cumprimento da Promessa divina de restauração [Joel 2.18-27]................... 8

3.4 – O Papel do Espírito Santo na Profecia de Joel [Joel 2.28 a 3.1-5 – última porção

no Texto Hebraico] ....................................................................................................... 9

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 12

Série Conhecendo os Profetas Menores

3

JOEL

Pr. João Ricardo Ferreira de França*

I – QUESTÕES INTRODUTÓRIAS

1 - O Nome do Autor:

O nome deste profeta na língua original é “ ל cujo sentido é “eu sou ”(yoe’l) יֹוֵא֖

Deus”1 ou “Yahweh é Deus” temos poucas informações sobre ele. Somos informados

que o nome de seu pai é “ ל nome que tem o sentido de “persuadido ”(pethuel) ְּפתּוֵאֽ

por Deus”2 (Joel 1.1). Ele morou e profetizou para Judá (Reino do Sul). Alguns

comentaristas sugerem que ele tenha sido sacerdote ou que tinha “um vínculo oficial

com o templo”3Isto porque no seu livro há muitas referências ao “ofício Sacerdotal”4

2 - Data do Livro:

O erudito Judeu Ibn Ezra “considerava impossível saber quando foi escrita esta

obra”5 Calvino é de opinião similar ao declarar que “o tempo no qual ele [Joel]

profetizou é incerto”6 outro escritor informa que “as datas propostas para o ministério

de Joel e para a redação de seu livro variam desde o início do nono século a.C.”7 As

datas para a escrita do livro variam de 830 a.C até 325 a.C. E o período adequado para

situar a profecia é no reinado de Joás.8

* O autor deste estudo é Ministro da Palavra pela Igreja Presbiteriana do Brasil. Formado em Teologia Reformada pelo Seminário Presbiteriano do Norte (SPN) em Recife – PE. 1 FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias, Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009, p.57. 2 Idem 3 HUBBARD, David Allan . Joel e Amós : introdução e comentário, Tradução: Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Edições Vida Nova, 1996, p.32 4 FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias, Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009, p.57. 5 SCHOKEL, Luis Alonso.; DIAZ, J. L. SICRE, Profetas - Introducciones y comentario, Volume II Madrid: Ediciones Cristiandad, 1980, p. 924 6 CALVINO, João. Joel. Tradução: Vanderson Moura da Silva, Brasília: Editora Monergismo, 2008, p.13 7 HUBBARD, David Allan . Joel e Amós : introdução e comentário, Tradução: Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Edições Vida Nova, 1996, p.27. 8 KAISER, JR, Walter C. O plano da promessa de Deus : teologia bíblica do Antigo e Novo Testamentos. Tradução: Gordon Chown, A. G. Mendes, São Paulo: Vida Nova, 2011, p.167

Série Conhecendo os Profetas Menores

4

3 – O Propósito do Livro:

A terceira verdade a ser estudada é a questão “qual é a finalidade da profecia de

Joel?” resposta “advertir a nação sobre a necessidade de humildade e arrependimento,

bem como sobre a certeza do julgamento vindouro.”9

II – O CONTEXTO DE JOEL

2.1 – O mundo Político e Religioso.

Vimos no estudo sobre Oséias que Samaria / Efraim (reino do Norte) havia se

corrompido com a idolatria aos bezerros de outros10 e que Judá ainda mantinha

fidelidade na adoração a Yahweh; entretanto, Judá caiu no mesmo pecado que Samaria.

Como isso ocorreu? Existiu um rei em Judá cujo nome era Acazias considerado um

total fracasso político e religioso (2º Crônicas 22.1-2) sua mãe chamava-se Atalia que

era uma nortista (do reino do Norte) idólatra e orientara o Rei Acazias para o mal

(22.3).11 Acazias em uma aliança desesperada com o Norte decide ir à guerra contra a

Síria o cronista informa que esta era a “vontade de Deus” (2º Crônicas 22.7), mas o Rei

acabou morto e não deixou descendente para ascender ao trono. Sua mãe de modo

maquiavélico aniquilou toda extirpe real de Judá (2º Crônicas 22.10) e assim, ela

usurpou o trono de Judá (2º Crônicas 22.12).

Na matança que a mãe de Acazias havia promovido em Judá a filha do rei

Jeosabeate esposa do sacerdote Jeoiada salvou a vida de um bebê chamado Joás. (2º

Crônicas 22.11).

O golpe de estado fez com que uma nortista (do reino do norte) reinasse sobre

Judá (reino do sul), e uma situação irônica uma mulher se sentou no trono de Jerusalém,

e não era da descendência de Davi.

O reinado de Atalia durou sete anos (2º Crônicas 23.1) e o menino Joás passou a

reinar com sete anos, mas claro que ele não reinava e sim o sacerdote Jeoiada e quando

este morreu foi sepultado como um rei (2º Crônicas 24.16), mas lamentavelmente, após

9 YOUNG, Edward J. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1964, P. 220. 10 Para ter acesso a este estudo solicite uma cópia via: [email protected] 11 Veja-se FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias, Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009, p.58-59

Série Conhecendo os Profetas Menores

5

a morte de Jeoiada, os príncipes de Judá, já infectados pelo mal da idolatria, levaram o

rei Joás para a idolatria. (2º Crônicas 24.17,18).

Somos informados pelo redator do livro de Reis que Joás era um bom rei,

enquanto o sacerdote estava vivo, entretanto, ele não conseguira remover

completamente a idolatria da nação (2º Reis 12.1-3), mas acabou sendo assassinado

pelos seus servos (2º Reis 12.20,21). E foi um homem que não inspirou seus súditos a

tributar-lhe honra, pois não foi sepultado como rei (2º Crônicas 24.25). Lembremos que

Joás de maneira maquiavélica mandara matar Zacarias, filho do sacerdote Jeoiada, a

quem o rei devia muito do que possuía. (2º Crônicas 24.20-22).

2.2 – O contexto Econômico e Ecológico nos dias de Joel.

O reino do Sul estava enfrentando uma grande crise econômica devido a dois

grandes problemas: a seca e a praga de gafanhotos. A seca é descrita no capítulo 1.20 e

a praga dos gafanhotos apresentada no capítulo 1.4, para aquela comunidade que vivia

da agricultura e da criação de ovelhas e gados, era sinal de uma grande calamidade.

A praga de gafanhotos é bastante discutida pelos eruditos em Antigo

Testamento, isto porque parece que o capítulo 1.4 indica que foi algo incomum, diante

deste fato surgiram uma variação de interpretação para o fenômeno entre os

hermeneutas da profecia de Joel um comentarista sobre os livros proféticos aborda este

tema tecendo os seguintes comentários:

Qual é a interpretação do gafanhoto, em 2.1-11? Três interpretações são oferecidas: (1) a interpretação alegórica – conforme esta ideia, os gafanhotos se referem a exércitos inimigos que constantemente invadiam Judá para despojá-lo de seus bens; (2) A interpretação apocalíptica – segundo esta, os gafanhotos simbolizavam os exércitos terrenos que lutarão na última batalha, como se vê em Apocalipse 9 (3) A interpretação atual ou histórica – segundo ela, os gafanhotos foram reais, literais, Joel os viu descer numa nuvem sobre a vegetação da terra para devorá-la. Sem dúvidas esta interpretação é a mais correta e satisfatória.12

Houve uma grande seca aponto da vegetação que estava seca arder em fogo (Joel

1.19-20). E o resultado disso era a grande fome reinando em Judá. (Joel 1.10-12, 17).

Entretanto, estes dois eventos calamitosos foram resultados da desobediência à Lei de

Deus; pois, Yahweh já havia pronunciado antes um juízo dessa natureza àqueles que 12 YATES, Kyle. Predicando de los Libros Proféticos. El Paso: Casa Bautista de Publicaciones, 1964, p.276.

Série Conhecendo os Profetas Menores

6

abandonam seus mandamentos e estatutos (Deuteronômio 28.15,23-24). O pastor

Isaltino nos lembra que “a idolatria de tantos anos e que recebeu estímulos de Joás,

recebia sua paga”13

O profeta Joel via nessas ações ecológicas a ação de Deus produzindo a escassez

sobre a nação. Deus não tolera o pecado do seu povo e age contra o mal da idolatria

reinando em Judá. Isso revela-nos que Deus é Senhor de todas as esferas da existência

humana.14

III – ASPECTOS TEOLÓGICOS DA PROFECIA DE JOEL.

3.1 – O dia do Senhor [Joel 1.15; 2.1,11; 3.14]

O conceito predominante na profecia de Joel é “o dia do Senhor” a expressão

hebraica “ é necessário esclarecer que aqui não se trata do dia [Yom-Yahweh] ” יֹום־ְיהָו֖ה

de adoração. Para os judeus este dia seria o dia em que Israel seria vitorioso na terra, um

dia em que haveria uma intervenção divina em seu benefício; entretanto, este não era o

sentido do uso do termo nos dias de Joel.

O conceito encerrado na expressão hebraica surge inicialmente na profecia de

Amós 5.18-20. Percebe-se que o dia do Senhor na profecia dos profetas menores tem

um aspecto escatológico significativo de julgamento divino. Mas, há profetas que usam

o termo na estrutura escatológica positiva como é o caso de Isaías no capítulo 2.1- 4

onde a expressão indica claramente uma referência aos dias do Messias; entretanto, o

dia do Senhor em Isaías assume uma tônica negativa no capítulo 13 descrevendo o juízo

divino contra a Babilônia.

Agora em Joel a expressão “o dia do Senhor” tem sempre uma evocação

negativa apontando para o juízo divino sobre o povo. Este dia, segundo a profecia de

Joel, é um dia de trevas (Joel 2.1-2). A expressão um “povo grande e poderoso” é uma

referência as nuvens de gafanhotos e a narrativa segue apresentando a marcha dos

gafanhotos devastando tudo. Um comentarista oferece uma exposição interessante deste

ponto: 13 FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias, Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009, p.58-59 14 idem

Série Conhecendo os Profetas Menores

7

A descrição da praga segue, mas há uma mudança dramática: com imagens poéticas vivas, o profeta compara os gafanhotos a um exército invasor. Esse ataque é tão terrível que de alguma forma deve relacionar-se com o Dia do Senhor (vv. 1, 11), já anunciado (1.15). O exército de gafanhotos é a linha de frente, e a revelação plena da ira de Deus seguirá em comboio. Os gafanhotos são reais, não figurados. Mas a própria realidade e tão surpreendente que traz insinuações de uma realidade ainda maior: o exercício divino do juizo universal.

15

E este juízo torna-se mais emblemático na linguagem dramática em forma

poética em relação aos elementos cósmicos descritos no capítulo 2.31, a linguagem

empregada aqui “ transmite as imagens e os odores da batalha, enquanto o Senhor faz

guerra contra Seus inimigos, deixando tropas ensangüentadas, cidades queimadas e

destroços fumegantes em Seu rastro (cf. Is 34.5-10; Ez 32.6,7; 38.22, onde a destruição

de Edom, Egito e Gogue e descrita em termos de sangue e fogo)”16.

Vale salientar que “O sol escurecido e a lua em cor de sangue fazem lembrar os

efeitos das nuvens de gafanhotos descritas em 2.10.”17, mas na passagem aqui refere-se

a um evento escatológico a cumprir-se indicando os fins dos tempos. Entretanto, deve-

se ressaltar que o sentido pretendido deve ser encarado “como descrições dramáticas de

uma batalha que provoque uma fumaça tão espessa que os próprios luzeiros celestes

fiquem obscurecidos.”18

3.2 – Chamada ao Arrependimento [ Joel 2.12-17]

A doutrina do arrependimento é evocada na profecia de Joel. Aqui nós ficamos cientes de que “se o povo se convertesse, talvez Deus se arrependesse, diz Joel”.19 Schökel lembra-nos que “a catástrofe nacional incita a una atitude de conversão profunda, interior, manifestada externamente na jornada de jejum e arrependimento para suplicar a compaixão divina”.20 O texto fala de um “arrependimento de Deus” o que isso significa? Aqui se trata de uma antropopatia (atribuir sentimentos humanos a Deus)

a palavra hebraica usada aqui para este arrependimento é “ ם esta palavra [naham]” ִנָח֖

tem dois sentidos básicos: (1) “Conforto e consolo” o verbo é usado para “ser

15 HUBBARD, David Allan .Joel e Amós : introdução e comentário, Tradução: Márcio Loureiro Redondo. São

Paulo: Edições Vida Nova, 1996, P, 61. 16 HUBBARD, David Allan .Joel e Amós : introdução e comentário, Tradução: Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Edições Vida Nova, 1996, P, 81. 17 Ibid, p.82 18 Idem. 19 FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias, Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009, p.67. 20 SCHOKEL, Luis Alonso.; DIAZ, J. L. SICRE, Profetas - Introducciones y comentario, Volume II Madrid: Ediciones Cristiandad, 1980, p. 927

Série Conhecendo os Profetas Menores

8

confortado na pederda” (2) “sentir muito arrepender, mudar de mente” e “em muitos casos, a “a mudança” de opinião do Senhor é uma reação graciosa a fatores humanos” e por outras vezes a palavra nos levar a inferir que a “mudança se deva a sentimentos de compaixão por uma pessoa ou povo.”21 A ideia aqui é “de respirar profundamente”, com o foco de um profundo sentimento de tristeza. E, aqui é uma promessa em resposta a reação do povo em relação à conversão.

A chamada ao arrependimento era em tom da mais extrema urgência as trombetas tinham que ser tocadas (Joel 2.15) e sua necessidade era dramática conforme lemos que até as crianças de peito deveriam está presentes na convocação solene para esta necessidade (Joel 2.16) todo o povo é chamado a arrepender-se. No verso 17 vemos que os pastores do povo (os sacerdotes) deveriam orar e lamentar pelo pecado da Igreja do Antigo Testamento e clamar perdão perante Yahweh. No capítulo 1.13-14 esse clamor já fora exigido em termos dramáticos, deveria ser uma oração sincera demonstrando genuíno arrependimento.

Na cultura hebraica os lutos e arrependimentos eram demonstrados publicamente por meio do rasgar as vestes e no humilhar-se no pó e na cinza, entretanto, a atitude exigida na profecia de Joel não é externa, mas interna (Joel 2.13). O vocábulo “coração”

que é usado pelo profeta nesta passagem é “ֵלָבב”[lebab] não refere-se aos sentimentos

como nós da cultura ocidentais pensamos, ela “abrange tudo o que atribuímos à cabeça e ao cérebro: a faculdade cognoscitiva, a razão, a compreensão, o entendimento, a consciência”22 e tudo relacionado a este campo.

3.3 – O Cumprimento da Promessa divina de restauração [Joel 2.18-27]

Quando o povo da aliança arrepende-se diante de Deus. Ele cumpre a sua

promessa de abundância prometida na porção bíblica anterior. Este cumprimento da

promessa está ligado inevitavelmente ao arrependimento do povo. O comentarista

Hubbard tece os seguintes comentários:

O versículo 18 é o ponto decisivo do livro. De 1.2 a 2.11, o tema era a invasão de gafanhotos, com todas suas alarmantes insinuações do Dia do Senhor. A graça, ofertada em 2.12-17, marca a transição do juízo para a restauração. O versículo 18, a narrativa de introdução do profeta para o discurso de salvação de Javé a partir do versículo 19, começa a delinear essa restauração com suas implicações tanto locais quanto cósmicas, tanto imediatas quanto futuras. Devemos presumir que, entre os versículos 17 e 18, o convite e as ordens dos versículos 12 a 17 foram aceitos e obedecidos.

23

21VANGEMEREN, Willem A. Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento, Tradução: Afonso Teixeira Filho e outros. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2011, p. 84-85. 22 WOLFF, Hans. Antropologia do Antigo Testamento. São Paulo: Edições Loyola, 1975, p.76. 23 HUBBARD, David Allan .Joel e Amós : introdução e comentário, Tradução: Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Edições Vida Nova, 1996, p. 70.

Série Conhecendo os Profetas Menores

9

Esta passagem supracitada revela-nos que o povo tendo “ouvido o chamado ao

arrependimento e se convertido”24, Yahweh mudou o destino deles.Que conseqüências

reais são trazidas pelo arrependimento genuíno do povo nos dias de Joel?

a) As lavouras voltariam a produzir (Joel 2. 19)

b) A nação não seria alvo dos escárnios das nações vizinhas (Joel 2.19b)

c) Os gafanhotos seriam retirados (Joel 2.20)

d) O povo teria conhecimento de Deus ( Joel 2.27)

Isso tudo seria o resultado de um arrependimento sincero e contrito perante

Deus. Nada do que foi esboçado acima havia acontecido ao povo, entretanto, havia uma

promessa de que isso ocorreria em breve no momento em que o povo abandonasse seu

pecado.

3.4 – O Papel do Espírito Santo na Profecia de Joel [Joel 2.28 a 3.1-5 – última porção

no Texto Hebraico]

Joel desenvolve, em sua profecia, uma teologia pneumatológica significativa que

trata do derramamento universal do Espírito Santo sobre o povo do pacto. O

arrependimento demonstrado pelo povo “ensejou a restauração, um trato novo de

Iahweh com o povo” e o conteúdo deste novo pacto consiste no fato de que o “Espírito

será derramado sobre toda a carne”.25

Na pericope, que é objeto de nosso estudo neste momento, acima mencionada

temos o tema da universalidade da ação do Espírito de Deus. Isso aqui é importante,

pois, nos tempos do Antigo Testamento o Espírito divino era dado apenas uma elite bem

seleta. E o desejo de Moisés conforme expresso em Números 11.29 encontra-se, de

certo modo, manifestado aqui nesta passagem. O grande profeta do Antigo Testamento

gostaria que o Espírito Santo fosse partilhado com todo o povo do pacto, isto porque,

conforme afirmamos acima, naquele tempo apenas a elite religiosa tinha a ação do

Espírito de Deus sobre suas vidas, por exemplo:

24 FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias, Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009, p. 71. 25 Ibid, p.74

Série Conhecendo os Profetas Menores

10

a) Os Juízes (Juízes 6.34)

b) Os Reis (1º Samuel. 10.6,10)

c) Os profetas (Isaías 61.1; Miquéias 3.8)

d) Eventualmente o Espírito vinha sobre outras pessoas como é caso de José onde o

Faraó reconheceu nele a ação do Espírito de Deus (Gênesis 41.38).

Mas, “agora cada pessoa do povo de Deus se tornará profeta, e o desejo de

Moisés será cumprido”.26 Aqui Joel salienta que Deus dará o seu “espírito a todos, sem

distinção”, quebrando as seguintes barreiras:

1. A barreira da idade (velhos e jovens);

2. A barreira social (escravos e escravas);

3. A barreira de sexo [gênero] (filhas e filhos).27

O profeta encerra a sua profecia apresentando a linguagem poética da profecia

sobre prodígios nos céus e na terra. Bem como “sangue e fogo, colunas de fumaça, o sol

convertido em trevas e a lua em sangue”.28

Estes elementos cósmicos formam o corpo da mensagem profética apontando

para o juízo sobre os rebeldes ao pacto e as nações inimigas. Devemos considerar que

“sol” e “lua” tem seus precedentes nas Escrituras como luzeiros que governam, ou seja,

que regem o mundo (Gênesis 1.14-16); no progresso da revelação estes elementos

cosmológicos são usados para representar as autoridade e governantes terrenos.

A literatura profética do Antigo Testamento está sobeja desses exemplos,

conforme vemos em Isaías 13:9-10; esta passagem trata especificamente da queda do

império Babilônico. Outra passagem das escrituras que evoca o mesmo vocabulário

poético-profético está em Amós. 8.9 quando profetiza a ruína de Samaria (Israel / reino

do Norte). E o último exemplo é o de Ezequiel 32:7-8 quando profetiza contra o Egito.

26 HUBBARD, David Allan .Joel e Amós : introdução e comentário, Tradução: Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Edições Vida Nova, 1996, p. 79. 27 STORNIOLO, Ivo; BALANCIN, Euclides Martins. Bíblia Sagrada – Edição Pastoral. São Paulo: Paulus, 1990, p.1121 (comentário sobre Joel 3.1-5) 28 FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias, Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009, p. 77

Série Conhecendo os Profetas Menores

11

Os eventos aqui profetizados (assombrosos - sol em trevas, lua em sague) não se

cumpriram literalmente, mas de forma poética e profética sim, porque as luzes desses

reinos se apagaram, e suas vidas foram findas em sangue.

A profecia de Joel encontra lugar de predição em cumprimento no dia de

Pentecoste no que tange a efusão do Espírito Santo (Atos 2); entretanto, as descrições

dramáticas dos elementos cósmicos (sol em trevas, lua em sangue) faz alusão a

intervenção divina para livrar Israel (no tempo de Joel) das nações inimigas; bem como

tem um elemento escatológico norteador que diz respeito ao juízo de Deus sobre Israel

que rejeitara o messias e não acolheram a redenção de Yahweh.

Série Conhecendo os Profetas Menores

12

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1. CALVINO, João. Joel. Tradução: Vanderson Moura da Silva, Brasília: Editora

Monergismo, 2008.

2. FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias, Joel, Amós,

Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009.

3. HUBBARD, David Allan . Joel e Amós : introdução e comentário, Tradução:

Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Edições Vida Nova, 1996.

4. KAISER, JR, Walter C. O plano da promessa de Deus : teologia bíblica do

Antigo e Novo Testamentos. Tradução: Gordon Chown, A. G. Mendes, São

Paulo: Vida Nova, 2011.

5. SCHOKEL, Luis Alonso.; DIAZ, J. L. SICRE, Profetas - Introducciones y

comentario, Volume II Madrid: Ediciones Cristiandad, 1980.

6. STORNIOLO, Ivo; BALANCIN, Euclides Martins. Bíblia Sagrada – Edição

Pastoral. São Paulo: Paulus, 1990.

7. VANGEMEREN, Willem A. Novo Dicionário Internacional de Teologia e

Exegese do Antigo Testamento, Tradução: Afonso Teixeira Filho e outros. São

Paulo: Editora Cultura Cristã, 2011.

8. WOLFF, Hans. Antropologia do Antigo Testamento. São Paulo: Edições

Loyola, 1975.

9. YATES, Kyle. Predicando de los Libros Proféticos. El Paso: Casa Bautista de

Publicaciones, 1964.

10. YOUNG, Edward J. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova,

1964.

Informações:

Este material foi elaborado para estudos sistemáticos dos Profetas Menores

Ministrados pelo Pr. João Ricardo Ferreira de França na Escola Dominical da 1ª

Igreja Presbiteriana de Piripiri – PI. Caso o leitor deseje os estudos anteriores ou

posteriores relacionados a esta disciplina pode enviar um e-mail ao autor solicitando

E-mail: [email protected] .


Recommended