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CENTRO DE ESTUDOS PRESBITERIANO
Série Conhecendo os Profetas Menores | Rev. João Ricardo Ferreira de França
CEP ESTUDOS NA PROFECIA DE JOEL
www.centrodeestudospresbiteriano.blogspot.com
© Novembro de 2015./ PIRIPIRI – PI.
Série Conhecendo os Profetas Menores
2
SUMÁRIO
I – QUESTÕES INTRODUTÓRIAS ............................................................................... 3
1 - O Nome do Autor .................................................................................................... 3
2 - Data do Livro .......................................................................................................... 3
3 – O Propósito do Livro .............................................................................................. 4
II – O CONTEXTO DE JOEL ......................................................................................... 4
2.1 – O mundo Político e Religioso .............................................................................. 4
2.2 – O contexto Econômico e Ecológico nos dias de Joel .......................................... 5
III – ASPECTOS TEOLÓGICOS DA PROFECIA DE JOEL. ....................................... 6
3.1 – O dia do Senhor [Joel 1.15; 2.1,11; 3.14] ............................................................ 6
3.2 – Chamada ao Arrependimento [ Joel 2.12-17] ...................................................... 7
3.3 – O Cumprimento da Promessa divina de restauração [Joel 2.18-27]................... 8
3.4 – O Papel do Espírito Santo na Profecia de Joel [Joel 2.28 a 3.1-5 – última porção
no Texto Hebraico] ....................................................................................................... 9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 12
Série Conhecendo os Profetas Menores
3
JOEL
Pr. João Ricardo Ferreira de França*
I – QUESTÕES INTRODUTÓRIAS
1 - O Nome do Autor:
O nome deste profeta na língua original é “ ל cujo sentido é “eu sou ”(yoe’l) יֹוֵא֖
Deus”1 ou “Yahweh é Deus” temos poucas informações sobre ele. Somos informados
que o nome de seu pai é “ ל nome que tem o sentido de “persuadido ”(pethuel) ְּפתּוֵאֽ
por Deus”2 (Joel 1.1). Ele morou e profetizou para Judá (Reino do Sul). Alguns
comentaristas sugerem que ele tenha sido sacerdote ou que tinha “um vínculo oficial
com o templo”3Isto porque no seu livro há muitas referências ao “ofício Sacerdotal”4
2 - Data do Livro:
O erudito Judeu Ibn Ezra “considerava impossível saber quando foi escrita esta
obra”5 Calvino é de opinião similar ao declarar que “o tempo no qual ele [Joel]
profetizou é incerto”6 outro escritor informa que “as datas propostas para o ministério
de Joel e para a redação de seu livro variam desde o início do nono século a.C.”7 As
datas para a escrita do livro variam de 830 a.C até 325 a.C. E o período adequado para
situar a profecia é no reinado de Joás.8
* O autor deste estudo é Ministro da Palavra pela Igreja Presbiteriana do Brasil. Formado em Teologia Reformada pelo Seminário Presbiteriano do Norte (SPN) em Recife – PE. 1 FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias, Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009, p.57. 2 Idem 3 HUBBARD, David Allan . Joel e Amós : introdução e comentário, Tradução: Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Edições Vida Nova, 1996, p.32 4 FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias, Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009, p.57. 5 SCHOKEL, Luis Alonso.; DIAZ, J. L. SICRE, Profetas - Introducciones y comentario, Volume II Madrid: Ediciones Cristiandad, 1980, p. 924 6 CALVINO, João. Joel. Tradução: Vanderson Moura da Silva, Brasília: Editora Monergismo, 2008, p.13 7 HUBBARD, David Allan . Joel e Amós : introdução e comentário, Tradução: Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Edições Vida Nova, 1996, p.27. 8 KAISER, JR, Walter C. O plano da promessa de Deus : teologia bíblica do Antigo e Novo Testamentos. Tradução: Gordon Chown, A. G. Mendes, São Paulo: Vida Nova, 2011, p.167
Série Conhecendo os Profetas Menores
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3 – O Propósito do Livro:
A terceira verdade a ser estudada é a questão “qual é a finalidade da profecia de
Joel?” resposta “advertir a nação sobre a necessidade de humildade e arrependimento,
bem como sobre a certeza do julgamento vindouro.”9
II – O CONTEXTO DE JOEL
2.1 – O mundo Político e Religioso.
Vimos no estudo sobre Oséias que Samaria / Efraim (reino do Norte) havia se
corrompido com a idolatria aos bezerros de outros10 e que Judá ainda mantinha
fidelidade na adoração a Yahweh; entretanto, Judá caiu no mesmo pecado que Samaria.
Como isso ocorreu? Existiu um rei em Judá cujo nome era Acazias considerado um
total fracasso político e religioso (2º Crônicas 22.1-2) sua mãe chamava-se Atalia que
era uma nortista (do reino do Norte) idólatra e orientara o Rei Acazias para o mal
(22.3).11 Acazias em uma aliança desesperada com o Norte decide ir à guerra contra a
Síria o cronista informa que esta era a “vontade de Deus” (2º Crônicas 22.7), mas o Rei
acabou morto e não deixou descendente para ascender ao trono. Sua mãe de modo
maquiavélico aniquilou toda extirpe real de Judá (2º Crônicas 22.10) e assim, ela
usurpou o trono de Judá (2º Crônicas 22.12).
Na matança que a mãe de Acazias havia promovido em Judá a filha do rei
Jeosabeate esposa do sacerdote Jeoiada salvou a vida de um bebê chamado Joás. (2º
Crônicas 22.11).
O golpe de estado fez com que uma nortista (do reino do norte) reinasse sobre
Judá (reino do sul), e uma situação irônica uma mulher se sentou no trono de Jerusalém,
e não era da descendência de Davi.
O reinado de Atalia durou sete anos (2º Crônicas 23.1) e o menino Joás passou a
reinar com sete anos, mas claro que ele não reinava e sim o sacerdote Jeoiada e quando
este morreu foi sepultado como um rei (2º Crônicas 24.16), mas lamentavelmente, após
9 YOUNG, Edward J. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1964, P. 220. 10 Para ter acesso a este estudo solicite uma cópia via: [email protected] 11 Veja-se FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias, Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009, p.58-59
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a morte de Jeoiada, os príncipes de Judá, já infectados pelo mal da idolatria, levaram o
rei Joás para a idolatria. (2º Crônicas 24.17,18).
Somos informados pelo redator do livro de Reis que Joás era um bom rei,
enquanto o sacerdote estava vivo, entretanto, ele não conseguira remover
completamente a idolatria da nação (2º Reis 12.1-3), mas acabou sendo assassinado
pelos seus servos (2º Reis 12.20,21). E foi um homem que não inspirou seus súditos a
tributar-lhe honra, pois não foi sepultado como rei (2º Crônicas 24.25). Lembremos que
Joás de maneira maquiavélica mandara matar Zacarias, filho do sacerdote Jeoiada, a
quem o rei devia muito do que possuía. (2º Crônicas 24.20-22).
2.2 – O contexto Econômico e Ecológico nos dias de Joel.
O reino do Sul estava enfrentando uma grande crise econômica devido a dois
grandes problemas: a seca e a praga de gafanhotos. A seca é descrita no capítulo 1.20 e
a praga dos gafanhotos apresentada no capítulo 1.4, para aquela comunidade que vivia
da agricultura e da criação de ovelhas e gados, era sinal de uma grande calamidade.
A praga de gafanhotos é bastante discutida pelos eruditos em Antigo
Testamento, isto porque parece que o capítulo 1.4 indica que foi algo incomum, diante
deste fato surgiram uma variação de interpretação para o fenômeno entre os
hermeneutas da profecia de Joel um comentarista sobre os livros proféticos aborda este
tema tecendo os seguintes comentários:
Qual é a interpretação do gafanhoto, em 2.1-11? Três interpretações são oferecidas: (1) a interpretação alegórica – conforme esta ideia, os gafanhotos se referem a exércitos inimigos que constantemente invadiam Judá para despojá-lo de seus bens; (2) A interpretação apocalíptica – segundo esta, os gafanhotos simbolizavam os exércitos terrenos que lutarão na última batalha, como se vê em Apocalipse 9 (3) A interpretação atual ou histórica – segundo ela, os gafanhotos foram reais, literais, Joel os viu descer numa nuvem sobre a vegetação da terra para devorá-la. Sem dúvidas esta interpretação é a mais correta e satisfatória.12
Houve uma grande seca aponto da vegetação que estava seca arder em fogo (Joel
1.19-20). E o resultado disso era a grande fome reinando em Judá. (Joel 1.10-12, 17).
Entretanto, estes dois eventos calamitosos foram resultados da desobediência à Lei de
Deus; pois, Yahweh já havia pronunciado antes um juízo dessa natureza àqueles que 12 YATES, Kyle. Predicando de los Libros Proféticos. El Paso: Casa Bautista de Publicaciones, 1964, p.276.
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abandonam seus mandamentos e estatutos (Deuteronômio 28.15,23-24). O pastor
Isaltino nos lembra que “a idolatria de tantos anos e que recebeu estímulos de Joás,
recebia sua paga”13
O profeta Joel via nessas ações ecológicas a ação de Deus produzindo a escassez
sobre a nação. Deus não tolera o pecado do seu povo e age contra o mal da idolatria
reinando em Judá. Isso revela-nos que Deus é Senhor de todas as esferas da existência
humana.14
III – ASPECTOS TEOLÓGICOS DA PROFECIA DE JOEL.
3.1 – O dia do Senhor [Joel 1.15; 2.1,11; 3.14]
O conceito predominante na profecia de Joel é “o dia do Senhor” a expressão
hebraica “ é necessário esclarecer que aqui não se trata do dia [Yom-Yahweh] ” יֹום־ְיהָו֖ה
de adoração. Para os judeus este dia seria o dia em que Israel seria vitorioso na terra, um
dia em que haveria uma intervenção divina em seu benefício; entretanto, este não era o
sentido do uso do termo nos dias de Joel.
O conceito encerrado na expressão hebraica surge inicialmente na profecia de
Amós 5.18-20. Percebe-se que o dia do Senhor na profecia dos profetas menores tem
um aspecto escatológico significativo de julgamento divino. Mas, há profetas que usam
o termo na estrutura escatológica positiva como é o caso de Isaías no capítulo 2.1- 4
onde a expressão indica claramente uma referência aos dias do Messias; entretanto, o
dia do Senhor em Isaías assume uma tônica negativa no capítulo 13 descrevendo o juízo
divino contra a Babilônia.
Agora em Joel a expressão “o dia do Senhor” tem sempre uma evocação
negativa apontando para o juízo divino sobre o povo. Este dia, segundo a profecia de
Joel, é um dia de trevas (Joel 2.1-2). A expressão um “povo grande e poderoso” é uma
referência as nuvens de gafanhotos e a narrativa segue apresentando a marcha dos
gafanhotos devastando tudo. Um comentarista oferece uma exposição interessante deste
ponto: 13 FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias, Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009, p.58-59 14 idem
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A descrição da praga segue, mas há uma mudança dramática: com imagens poéticas vivas, o profeta compara os gafanhotos a um exército invasor. Esse ataque é tão terrível que de alguma forma deve relacionar-se com o Dia do Senhor (vv. 1, 11), já anunciado (1.15). O exército de gafanhotos é a linha de frente, e a revelação plena da ira de Deus seguirá em comboio. Os gafanhotos são reais, não figurados. Mas a própria realidade e tão surpreendente que traz insinuações de uma realidade ainda maior: o exercício divino do juizo universal.
15
E este juízo torna-se mais emblemático na linguagem dramática em forma
poética em relação aos elementos cósmicos descritos no capítulo 2.31, a linguagem
empregada aqui “ transmite as imagens e os odores da batalha, enquanto o Senhor faz
guerra contra Seus inimigos, deixando tropas ensangüentadas, cidades queimadas e
destroços fumegantes em Seu rastro (cf. Is 34.5-10; Ez 32.6,7; 38.22, onde a destruição
de Edom, Egito e Gogue e descrita em termos de sangue e fogo)”16.
Vale salientar que “O sol escurecido e a lua em cor de sangue fazem lembrar os
efeitos das nuvens de gafanhotos descritas em 2.10.”17, mas na passagem aqui refere-se
a um evento escatológico a cumprir-se indicando os fins dos tempos. Entretanto, deve-
se ressaltar que o sentido pretendido deve ser encarado “como descrições dramáticas de
uma batalha que provoque uma fumaça tão espessa que os próprios luzeiros celestes
fiquem obscurecidos.”18
3.2 – Chamada ao Arrependimento [ Joel 2.12-17]
A doutrina do arrependimento é evocada na profecia de Joel. Aqui nós ficamos cientes de que “se o povo se convertesse, talvez Deus se arrependesse, diz Joel”.19 Schökel lembra-nos que “a catástrofe nacional incita a una atitude de conversão profunda, interior, manifestada externamente na jornada de jejum e arrependimento para suplicar a compaixão divina”.20 O texto fala de um “arrependimento de Deus” o que isso significa? Aqui se trata de uma antropopatia (atribuir sentimentos humanos a Deus)
a palavra hebraica usada aqui para este arrependimento é “ ם esta palavra [naham]” ִנָח֖
tem dois sentidos básicos: (1) “Conforto e consolo” o verbo é usado para “ser
15 HUBBARD, David Allan .Joel e Amós : introdução e comentário, Tradução: Márcio Loureiro Redondo. São
Paulo: Edições Vida Nova, 1996, P, 61. 16 HUBBARD, David Allan .Joel e Amós : introdução e comentário, Tradução: Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Edições Vida Nova, 1996, P, 81. 17 Ibid, p.82 18 Idem. 19 FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias, Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009, p.67. 20 SCHOKEL, Luis Alonso.; DIAZ, J. L. SICRE, Profetas - Introducciones y comentario, Volume II Madrid: Ediciones Cristiandad, 1980, p. 927
Série Conhecendo os Profetas Menores
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confortado na pederda” (2) “sentir muito arrepender, mudar de mente” e “em muitos casos, a “a mudança” de opinião do Senhor é uma reação graciosa a fatores humanos” e por outras vezes a palavra nos levar a inferir que a “mudança se deva a sentimentos de compaixão por uma pessoa ou povo.”21 A ideia aqui é “de respirar profundamente”, com o foco de um profundo sentimento de tristeza. E, aqui é uma promessa em resposta a reação do povo em relação à conversão.
A chamada ao arrependimento era em tom da mais extrema urgência as trombetas tinham que ser tocadas (Joel 2.15) e sua necessidade era dramática conforme lemos que até as crianças de peito deveriam está presentes na convocação solene para esta necessidade (Joel 2.16) todo o povo é chamado a arrepender-se. No verso 17 vemos que os pastores do povo (os sacerdotes) deveriam orar e lamentar pelo pecado da Igreja do Antigo Testamento e clamar perdão perante Yahweh. No capítulo 1.13-14 esse clamor já fora exigido em termos dramáticos, deveria ser uma oração sincera demonstrando genuíno arrependimento.
Na cultura hebraica os lutos e arrependimentos eram demonstrados publicamente por meio do rasgar as vestes e no humilhar-se no pó e na cinza, entretanto, a atitude exigida na profecia de Joel não é externa, mas interna (Joel 2.13). O vocábulo “coração”
que é usado pelo profeta nesta passagem é “ֵלָבב”[lebab] não refere-se aos sentimentos
como nós da cultura ocidentais pensamos, ela “abrange tudo o que atribuímos à cabeça e ao cérebro: a faculdade cognoscitiva, a razão, a compreensão, o entendimento, a consciência”22 e tudo relacionado a este campo.
3.3 – O Cumprimento da Promessa divina de restauração [Joel 2.18-27]
Quando o povo da aliança arrepende-se diante de Deus. Ele cumpre a sua
promessa de abundância prometida na porção bíblica anterior. Este cumprimento da
promessa está ligado inevitavelmente ao arrependimento do povo. O comentarista
Hubbard tece os seguintes comentários:
O versículo 18 é o ponto decisivo do livro. De 1.2 a 2.11, o tema era a invasão de gafanhotos, com todas suas alarmantes insinuações do Dia do Senhor. A graça, ofertada em 2.12-17, marca a transição do juízo para a restauração. O versículo 18, a narrativa de introdução do profeta para o discurso de salvação de Javé a partir do versículo 19, começa a delinear essa restauração com suas implicações tanto locais quanto cósmicas, tanto imediatas quanto futuras. Devemos presumir que, entre os versículos 17 e 18, o convite e as ordens dos versículos 12 a 17 foram aceitos e obedecidos.
23
21VANGEMEREN, Willem A. Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento, Tradução: Afonso Teixeira Filho e outros. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2011, p. 84-85. 22 WOLFF, Hans. Antropologia do Antigo Testamento. São Paulo: Edições Loyola, 1975, p.76. 23 HUBBARD, David Allan .Joel e Amós : introdução e comentário, Tradução: Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Edições Vida Nova, 1996, p. 70.
Série Conhecendo os Profetas Menores
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Esta passagem supracitada revela-nos que o povo tendo “ouvido o chamado ao
arrependimento e se convertido”24, Yahweh mudou o destino deles.Que conseqüências
reais são trazidas pelo arrependimento genuíno do povo nos dias de Joel?
a) As lavouras voltariam a produzir (Joel 2. 19)
b) A nação não seria alvo dos escárnios das nações vizinhas (Joel 2.19b)
c) Os gafanhotos seriam retirados (Joel 2.20)
d) O povo teria conhecimento de Deus ( Joel 2.27)
Isso tudo seria o resultado de um arrependimento sincero e contrito perante
Deus. Nada do que foi esboçado acima havia acontecido ao povo, entretanto, havia uma
promessa de que isso ocorreria em breve no momento em que o povo abandonasse seu
pecado.
3.4 – O Papel do Espírito Santo na Profecia de Joel [Joel 2.28 a 3.1-5 – última porção
no Texto Hebraico]
Joel desenvolve, em sua profecia, uma teologia pneumatológica significativa que
trata do derramamento universal do Espírito Santo sobre o povo do pacto. O
arrependimento demonstrado pelo povo “ensejou a restauração, um trato novo de
Iahweh com o povo” e o conteúdo deste novo pacto consiste no fato de que o “Espírito
será derramado sobre toda a carne”.25
Na pericope, que é objeto de nosso estudo neste momento, acima mencionada
temos o tema da universalidade da ação do Espírito de Deus. Isso aqui é importante,
pois, nos tempos do Antigo Testamento o Espírito divino era dado apenas uma elite bem
seleta. E o desejo de Moisés conforme expresso em Números 11.29 encontra-se, de
certo modo, manifestado aqui nesta passagem. O grande profeta do Antigo Testamento
gostaria que o Espírito Santo fosse partilhado com todo o povo do pacto, isto porque,
conforme afirmamos acima, naquele tempo apenas a elite religiosa tinha a ação do
Espírito de Deus sobre suas vidas, por exemplo:
24 FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias, Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009, p. 71. 25 Ibid, p.74
Série Conhecendo os Profetas Menores
10
a) Os Juízes (Juízes 6.34)
b) Os Reis (1º Samuel. 10.6,10)
c) Os profetas (Isaías 61.1; Miquéias 3.8)
d) Eventualmente o Espírito vinha sobre outras pessoas como é caso de José onde o
Faraó reconheceu nele a ação do Espírito de Deus (Gênesis 41.38).
Mas, “agora cada pessoa do povo de Deus se tornará profeta, e o desejo de
Moisés será cumprido”.26 Aqui Joel salienta que Deus dará o seu “espírito a todos, sem
distinção”, quebrando as seguintes barreiras:
1. A barreira da idade (velhos e jovens);
2. A barreira social (escravos e escravas);
3. A barreira de sexo [gênero] (filhas e filhos).27
O profeta encerra a sua profecia apresentando a linguagem poética da profecia
sobre prodígios nos céus e na terra. Bem como “sangue e fogo, colunas de fumaça, o sol
convertido em trevas e a lua em sangue”.28
Estes elementos cósmicos formam o corpo da mensagem profética apontando
para o juízo sobre os rebeldes ao pacto e as nações inimigas. Devemos considerar que
“sol” e “lua” tem seus precedentes nas Escrituras como luzeiros que governam, ou seja,
que regem o mundo (Gênesis 1.14-16); no progresso da revelação estes elementos
cosmológicos são usados para representar as autoridade e governantes terrenos.
A literatura profética do Antigo Testamento está sobeja desses exemplos,
conforme vemos em Isaías 13:9-10; esta passagem trata especificamente da queda do
império Babilônico. Outra passagem das escrituras que evoca o mesmo vocabulário
poético-profético está em Amós. 8.9 quando profetiza a ruína de Samaria (Israel / reino
do Norte). E o último exemplo é o de Ezequiel 32:7-8 quando profetiza contra o Egito.
26 HUBBARD, David Allan .Joel e Amós : introdução e comentário, Tradução: Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Edições Vida Nova, 1996, p. 79. 27 STORNIOLO, Ivo; BALANCIN, Euclides Martins. Bíblia Sagrada – Edição Pastoral. São Paulo: Paulus, 1990, p.1121 (comentário sobre Joel 3.1-5) 28 FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias, Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009, p. 77
Série Conhecendo os Profetas Menores
11
Os eventos aqui profetizados (assombrosos - sol em trevas, lua em sague) não se
cumpriram literalmente, mas de forma poética e profética sim, porque as luzes desses
reinos se apagaram, e suas vidas foram findas em sangue.
A profecia de Joel encontra lugar de predição em cumprimento no dia de
Pentecoste no que tange a efusão do Espírito Santo (Atos 2); entretanto, as descrições
dramáticas dos elementos cósmicos (sol em trevas, lua em sangue) faz alusão a
intervenção divina para livrar Israel (no tempo de Joel) das nações inimigas; bem como
tem um elemento escatológico norteador que diz respeito ao juízo de Deus sobre Israel
que rejeitara o messias e não acolheram a redenção de Yahweh.
Série Conhecendo os Profetas Menores
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1. CALVINO, João. Joel. Tradução: Vanderson Moura da Silva, Brasília: Editora
Monergismo, 2008.
2. FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias, Joel, Amós,
Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009.
3. HUBBARD, David Allan . Joel e Amós : introdução e comentário, Tradução:
Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Edições Vida Nova, 1996.
4. KAISER, JR, Walter C. O plano da promessa de Deus : teologia bíblica do
Antigo e Novo Testamentos. Tradução: Gordon Chown, A. G. Mendes, São
Paulo: Vida Nova, 2011.
5. SCHOKEL, Luis Alonso.; DIAZ, J. L. SICRE, Profetas - Introducciones y
comentario, Volume II Madrid: Ediciones Cristiandad, 1980.
6. STORNIOLO, Ivo; BALANCIN, Euclides Martins. Bíblia Sagrada – Edição
Pastoral. São Paulo: Paulus, 1990.
7. VANGEMEREN, Willem A. Novo Dicionário Internacional de Teologia e
Exegese do Antigo Testamento, Tradução: Afonso Teixeira Filho e outros. São
Paulo: Editora Cultura Cristã, 2011.
8. WOLFF, Hans. Antropologia do Antigo Testamento. São Paulo: Edições
Loyola, 1975.
9. YATES, Kyle. Predicando de los Libros Proféticos. El Paso: Casa Bautista de
Publicaciones, 1964.
10. YOUNG, Edward J. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova,
1964.
Informações:
Este material foi elaborado para estudos sistemáticos dos Profetas Menores
Ministrados pelo Pr. João Ricardo Ferreira de França na Escola Dominical da 1ª
Igreja Presbiteriana de Piripiri – PI. Caso o leitor deseje os estudos anteriores ou
posteriores relacionados a esta disciplina pode enviar um e-mail ao autor solicitando
E-mail: [email protected] .