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Exportação de artesanato por organização virtual

Date post: 22-Jan-2023
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Pró-Reitoria de Graduação Curso de Tecnologia em Comércio Exterior Trabalho de Conclusão de Curso TITULO EXPORTAÇÃO DE ARTESANATO POR ORGANIZAÇÃO VIRTUAL Autor: Elvio Siquieroli Cavaton Orientadora: Professora Érika Costa Vieira Gagliardi
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Pró-Reitoria de GraduaçãoCurso de Tecnologia em Comércio Exterior

Trabalho de Conclusão de Curso

TITULO

EXPORTAÇÃO DE ARTESANATO POR ORGANIZAÇÃO

VIRTUAL

Autor: Elvio Siquieroli CavatonOrientadora: Professora Érika Costa

Vieira Gagliardi

Brasília – DF2012

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ÍNDICE1 – INTRODUÇÃO 0

32 – INICIATIVAS PÚBLICAS E PRIVADAS DE FOMENTO ÀEXPORTAÇÃO DE ARTESANATO

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2.1 – DEFINIÇÃO DO PRODUTO A SER EXPORTADO 04

2.2 – ANÁLISE DO MODO DE PRODUÇÃO DO ARTESANATO 04

3 – IDENTIFICAÇÃO DE INICIATIVAS PARA INCENTIVO À EXPORTAÇÃO DE ARTESANATO

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3.1 – PROGRAMA BRASILEIRO DO ARTESANATO – PAB 063.2 – PROGRAMA DE CERTIFICAÇÃO DO ARTESANATO BRASILEIRO 06 3.3 – APRENDENDO A EXPORTAR ARTESANATO 06

3.4 – FEIRA NACIONAL DO ARTESANATO 07 3.5 – PROJETO BRAZIL HANDICRAFT 0

73.6 – PROJETO SETORIAL INTEGRADO ABEXA – APEX 0

74 – IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE EXPORTAÇÃO DEARTESANATO BRASILEIRO

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5 – PLANO DE CRIAÇÃO DE UMA ORGANIZAÇÃO VIRTUAL PARAEXPORTAR ARTESANATO BRASILEIRO

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5.1 DESCRIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO 105.2 DESCRIÇÃO DA OPERACIONALIZAÇÃO DA EXPORTAÇÃO 11CONCLUSÕES 1

2REFERÊNCIAS 13

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1 – INTRODUÇÃO

Consideramos o artesanato uma atividade econômica relevante emnosso país, que possui vocação para a exportação. Entretanto,essa vocação exportadora não se realiza plenamente porque aimensa maioria dos artesãos brasileiros não possui a expertisenecessária para realizar operações de comércio internacional.Assim, entendemos que, para a plena realização da vocaçãoexportadora da atividade de artesanato, é necessário suprir afalta de conhecimento do artesão sobre como exportar seusprodutos, bem como proporcionar-lhe os meios adequados paratanto.Neste trabalho, realizaremos uma pesquisa qualitativa,mediante a consulta de sítios na rede mundial de computadores,para identificar iniciativas de promoção de exportação deartesanato; analisá-las do ponto de vista de sua eficácia, eem seguida, propor alternativas para a questão.

A metodologia de pesquisa escolhida é a busca de informaçõesna apostila da disciplina e na rede mundial de computadores,com seleção rigorosa das fontes sempre com preferência aossítios oficiais do governo brasileiro e aos acadêmicos.

Informação do Ministério da Cultura baseada em dados doInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE(BRASIL, 2012d) revelam que o Brasil tem mais de 8,5 milhõesde artesãos, esse relevante número de cidadãos envolvidos coma produção artesanal demonstra claramente a necessidade deelaboração de políticas públicas para apoiar essa atividade.Nesse sentido, com o objetivo de promover medidas para amelhoria da competitividade do produto artesanal e dacapacidade empreendedora do artesão e para maior inserção doartesanato brasileiro nos mercados nacionais e internacionais,o governo brasileiro tem desenvolvido estratégias deexportação para facilitar a chegada do artesanato brasileiroao exterior por vários caminhos, não só pelas mãos dosturistas, mas também por iniciativas criadas especificamentepara isto. Tais ações, normalmente, têm sido elaboradas emparceria com associações e cooperativas de artesãos ou comconsórcios de exportação, que fazem os contatos necessárioscom as parcerias governamentais.

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O presente trabalho busca identificar as iniciativas públicase privadas de fomento à exportação de artesanato e proporiniciativas possíveis de serem implementadas pelo setorprivado para o desenvolvimento da exportação de artesanato.

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2 – INICIATIVAS PÚBLICAS E PRIVADAS DE FOMENTO À EXPORTAÇÃO DEARTESANATO

2.1 DEFINIÇÃO DO PRODUTO A SER EXPORTADO

A definição do produto a ser exportado encontra-se no artigo4º da Portaria nº 29, de 5 de outubro de 2010, da Secretariade Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior que conceitua o artesanatobrasileiro do seguinte modo: “Art. 4º ARTESANATO - Artesanatocompreende toda a produção resultante da transformação dematérias-primas, com predominância manual, por indivíduo quedetenha o domínio integral de uma ou mais técnicas, aliandocriatividade, habilidade e valor cultural (possui valorsimbólico e identidade cultural), podendo no processo de suaatividade ocorrer o auxílio limitado de máquinas, ferramentas,artefatos e utensílios.” (BRASIL, 2010).

Ao contrário do produto "globalizado" que é impessoal, oproduto artesanal procura personalizar diferenças culturais,imprimindo sensibilidade e carinho como valores agregados aoproduto final. A natureza especial dos produtos artesanais sebaseia em suas características distintivas, que podem serutilitárias, estéticas, artísticas, criativas, vinculadas àcultura, decorativas, funcionais, tradicionais, simbólicas esignificativas religiosa e socialmente (BRASIL,2012a).

O artesanato brasileiro é sem sombra de dúvida, um dos maisricos e diversificados do mundo. A influência de diversasculturas (nativa, européia, africana, asiática) aliada aenorme riqueza de elementos naturais (animais, vegetais,minerais) e diferenças climáticas e topográficas se fazpresente conferindo-lhe extrema beleza e diversidade. Existerelevante produção na cestaria, nos artigos em madeira, nosprodutos pintados e de papel, nos tecidos e trançados, najoalheria, nos reciclados, na estamparia, nos bordados eaplicações, nos artigos relacionados ao folclore, teatro emúsica (BRASIL, 2012e).

Trata-se de um produto com grande potencialidade de agregaçãode valor, bem como de inserção tanto no mercado interno quantono mercado externo.

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2.2 – ANÁLISE DO MODO DE PRODUÇÃO DO ARTESANATO

Como se depreende do texto do art. 4º da Portaria nº 29, de 5de outubro de 2010, transcrito acima, o artesanato é umaatividade essencialmente individual, no entanto, a mesmaportaria prevê, em seu Capítulo III, várias formas deorganizadas de produção de artesanato, a saber:“CAPÍTULO IIIDAS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO ARTESANATO/ARTESÃOSArt. 8º Núcleo de Artesãos - É um agrupamento de artesãos, compoucos integrantes, organizado formalmente ou não, comobjetivo comum de desenvolver e aprimorar temas pertinentes aoartesanato.São atividades do núcleo, entre outras: o manejo, a produção,a divulgação, a comercialização e o ensino.§ 1º O Núcleo de Artesãos pode ser classificados em:I - Grupos de produção artesanal - organização informal deartesãos atuando no mesmo segmento artesanal (até duastipologias);II - Núcleos de produção familiar - A força de trabalho éconstituída por membros de uma mesma família, alguns comdedicação integral e outros com dedicação parcial ouesporádica, podendo ser formais ou informais; eIII - Núcleos mistos - artesãos que trabalham com diferentesmatérias-primas e técnicas de produção, que se unemformalmente ou informalmente, para integrar os processos dedesenvolvimento de produtos, buscarem benefícios comuns eestabelecer estratégias conjuntas de promoção ecomercialização.Art. 9º Associação - instituição de direito privado, sem finslucrativos, constituída com o objetivo de defender e zelarpelos interesses de seus associados. Regida por estatutosocial, com uma diretoria eleita em assembléia para períodosregulares. A quantidade de sócios é ilimitada.Art. 10 Cooperativa - entidade e/ou instituição autônoma depessoas que se unem, voluntariamente, com número variável depessoas, não inferior a 20 participantes, para satisfazeraspirações e necessidades econômicas, sociais e culturaiscomuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva edemocraticamente gerida (CLT). O objetivo essencial de umacooperativa na área do artesanato é a busca de uma maior

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eficiência na produção com ganho de qualidade e decompetitividade em virtude do ganho de escala, pela otimizaçãoe redução de custos na aquisição de matéria-prima, nobeneficiamento, no transporte, na distribuição e venda dosprodutos.Art. 11 Sindicatos - pessoas jurídicas de direito privado quetêm base territorial de atuação e são reconhecidas por leicomo representantes de categorias de trabalhadores oueconômicas (empregadores).A representação sindical constitui um direito fundamental dostrabalhadores e empregadores nos termos do artigo 8º daConstituição Federal de 1988.Art. 12 Federação - organização que congrega outrasassociações representativas de atividades idênticas, similaresou conexas, podendo ter base regional ou estadual.Art. 13 Confederação - coligação de federações para um fimcomum.” (BRASIL, 2010).

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3 – IDENTIFICAÇÃO DE INICIATIVAS PARA INCENTIVO À EXPORTAÇÃODE ARTESANATO

Identificamos iniciativas importantes de promoção daexportação de artesanato, tanto no setor público, como nosetor privado.

No setor público o órgão mais atuante nessa matéria é oMinistério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior –MDIC, tanto através da sua Secretaria de Comércio e Serviços,como da Agência Brasileira de Promoção de Exportações eInvestimentos – APEX Brasil. No setor privado, as entidadesmais atuantes são o Instituto Centro de Capacitação e Apoio aoEmpreendedor – ICCAPE e a recentemente constituída AssociaçãoBrasileira de Exportação de Artesanato – ABEXA, que éresultante da união de vários núcleos regionais de apoio aoartesanato. As iniciativas identificadas como vinculadas àexportação do artesanato brasileiro são as seguintes:

3.1 – PROGRAMA BRASILEIRO DO ARTESANATO – PAB

A Secretaria de Comércio e Serviços do MDIC desenvolve oPrograma Brasileiro do Artesanato – PAB que “atua naelaboração de políticas públicas envolvendo órgãos das esferasfederal, estadual e municipal, além de entidades privadas,priorizando a geração de ocupação e renda, e o desenvolvimentode ações que valorizem o artesão brasileiro, majorando seunível cultural, profissional, social e econômico” e tem entreseus eixos de atuação: “promover medidas para a melhoria dacompetitividade do produto artesanal e da capacidadeempreendedora para maior inserção do artesanato brasileiro nosmercados nacionais e internacionais”; bem como “aidentificação de espaços mercadológicos adequados à divulgaçãoe comercialização dos produtos artesanais, a participação emfeiras, mostras e eventos nacionais e internacionais, parafacilitar a comercialização do produto artesanal.” (BRASIL,2012b).

3.2 – PROGRAMA DE CERTIFICAÇÃO DO ARTESANATO BRASILEIRO

Dentro do PAB está sendo desenvolvido o Programa deCertificação do Artesanato Brasileiro que busca identificar oartesanato típico do Brasil em três categorias: o selo de

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produto artesanal, que indica que a criação é de um artesãobrasileiro, feito à mão e autêntico; a denominação de produtotípico de uma região; e a certificação de qualidade, com oobjetivo de aumentar o compromisso do artesão com a qualidadede sua produção. (BRASIL, 2012c).

3.3 – APRENDENDO A EXPORTAR ARTESANATO

É um recurso multimídia orientado para o aprendizado dosprocedimentos operacionais da exportação, incluindo umacentral de atendimento, simulador do preço de exportação e ofluxo lógico e operacional do processo de exportação. Aferramenta possui características que possibilitam a usuáriosde diferentes níveis de conhecimento a obtenção de informaçõesde acordo com o grau de interesse. Foi desenvolvida pelo MDICem parceria com APEX e SENAI. (BRASIL, 2012a).

3.4 – FEIRA NACIONAL DO ARTESANATO

Atualmente em sua 23ª edição, é uma feira de artesanato quereúne dezenas de artesãos e é visitada por brasileiros eestrangeiros que adquirem peças de artesanato brasileiro e asenviam para seus países. É promovida pelo Instituto Centro deCapacitação e Apoio ao Empreendedor – ICCAPE, uma sociedadecivil sem fins lucrativos (APEXBrasil, 2012).

3.5 – PROJETO BRAZIL HANDICRAFT

Ao se associar ao projeto de exportação o artesão recebealguns benefícios capazes de oferecer maior visibilidade aosseus produtos frente a compradores internacionais, tais como:participação em feiras internacionais, exposição de produtosna internet e divulgação dos produtos para compradoresinternacionais através de mailing periódico. É fruto daparceria entre ICCAPE e APEX (Instituto Centro de Capacitaçãoe Apoio ao Empreendedor – CentroCAPE, 2012).

3.6 – PROJETO SETORIAL INTEGRADO ABEXA – APEX

Trata-se de um projeto que pretende unificar as ações depromoção comercial do artesanato brasileiro no exterior. Um deseus projetos é um container/loja itinerante que viajará

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expondo o artesanato brasileiro nas principais feiras mundiaisde artesanato. O projeto tem como alvos prioritários:Alemanha, Espanha, Portugal, França, Itália e EstadosUnidos. É um dos resultados da parceria APEX e AssociaçãoBrasileira de Exportação de Artesanato – ABEXA (APEXBrasil,2012a).

3.7 – ANÁLISE DAS INICIATIVAS IDENTIFICADAS

Todas as iniciativas destinam-se a promover a atividadeeconômica de produção e comercialização de artesanato etambém a atividade de exportação desses produtosgenuinamente brasileiros. Entretanto, a nosso ver, apesar deajudar o artesão a exportar, não são suficientes para quequalquer artesão possa exportar seus produtos. Isto é, osprogramas analisados apresentam soluções apenas parciaispara a questão.O PAB elabora políticas para a melhoria da qualidade doproduto artesanal e para desenvolver a capacidadeempreendedora do artesão, inclusive no campo internacional,mas sua atuação limita-se ao nível institucional, deixandode efetuar ações concretas de auxílio ao artesão naexportação de seu produto.O Programa de Certificação de Artesanato, igualmente nãoauxilia o artesão na operação de exportação, mas,certamente, ao atribuir um selo de qualidade e de origem àpeça de artesanato, aumenta a credibilidade do produto juntoao comprador internacional.A ferramenta multimídia Aprendendo a Exportar Artesanato é,na verdade, um manual que apresenta, passo a passo, todos osprocedimentos envolvidos na operação de exportação, mas, emnossa opinião, é insuficiente para que qualquer artesão, oumesmo associação ou cooperativa de pequeno porte, consigarealizar uma operação de exportação, dada a complexidade dosprocedimentos necessários para tanto.A Feira Nacional de Artesanato limita-se a expor os produtosartesanais aos visitantes, entre eles compradoresestrangeiros que realizam compras e fazem sua exportaçãopara seus países de origem. Nesse caso, a participação doartesão é passiva no que se refere à exportação, pois não éo artesão que vende seus produtos, mas os visitantes que oscompram e exportam.

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O Projeto Brazil Handicraft julgamos ser uma iniciativamuito interessante, pois oferece o produto dos artesãos quese associam ao projeto a possíveis clientes no exterior pormeio de uma loja virtual, porém sua atuação é restrita e,praticamente, limita-se ao estado de Minas Gerais.O Projeto Setorial ABEXA – APEX propõe expor o artesanatobrasileiro em outros países e realizar a exportação daspeças, mas sua atuação, no momento, por opção estratégica, élimitada a alguns países da Europa e aos Estados Unidos, oque consideramos ser de pouca abrangência diante do mercadomundial.Nossa conclusão é que, apesar das iniciativas em andamento,continua muito difícil para o artesão realizar a exportaçãodos seus produtos, especialmente para aqueles que nãoestejam associados ao Projeto Brasil Handicraft ou a ABEXAou não tenham oportunidade de expor sua produção na FeiraNacional de Artesanato, que são, sem dúvida, a grandemaioria dos artesãos do Brasil.Em nossa análise detectamos que as iniciativas em vigor nãoabragem satisfatoriamente a área da oferta, nem da procurade artesanato, porque limitam-se a trabalhar com artesãossituados em algumas regiões e a oferta do produto édirigida, preferencialmente a apenas algumas regiões doglobo. Portanto, podemos afirmar que as iniciativas identificadassão claramente insuficientes para promover a exportação departe significativa da produção artesanal brasileira.

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4 – IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE EXPORTAÇÃO DEARTESANATO BRASILEIRO

É notável o interesse que o turista estrangeiro demonstra porprodutos do artesanato brasileiro quando visita nosso país.Logo, podemos inferir que, no país de origem desse turista,existe uma demanda em potencial por produtos artesanais doBrasil a ser explorada. Ao mesmo tempo, podemos notar, emqualquer viagem que façamos pelo Brasil, que existe uma grandeoferta local de produtos artesanais.Em nossa opinião, não acontece um encontro adequado entre aoferta e a demanda de artesanato porque esse encontropraticamente só acontece em território brasileiro, quando davisita do turista. Essa restrição está ligada à insuficiênciade iniciativas que possibilitem ao artesão divulgar ecomercializar seu trabalho no exterior e que lhe permitamsuperar as dificuldades de realizar uma operação deexportação. O que confirma esse raciocínio é o sucesso daspoucas iniciativas de incentivo à exportação de artesanatoexistentes no Brasil, como a Feira Nacional de Artesanato, oProjeto Brazil Handicraft e o Projeto Setorial ABEXA - APEX.No entanto, nos parece clara a inviabilidade de um artesãoexportar sua produção por conta própria, de forma isolada, semnenhum tipo de ajuda, pois ofertar os produtos no exterior,realizar a operação de exportação e receber o pagamento doexterior não são tarefas fáceis e demandam conhecimentoespecífico nessa área. Consideramos natural essa falta deaptidão do artesão para exportar, afinal resolver questõesburocráticas não é sua especialidade, tampouco é com esse tipode questão que ele deve despender seu tempo. Consideramos, igualmente, razoável inferir que a grandemaioria das associações e cooperativas de artesanato tambémnão têm a expertise necessária para exportar porque, salvo rarasexceções, sua atuação restringe-se a promover e comercializaro artesanato de seus associados no mercado interno.Portanto, acreditamos que as medidas necessárias para promoverum encontro de mais qualidade entre a oferta e a procura deartesanato são, em primeiro lugar, divulgar de forma adequadao artesanato brasileiro para o resto do mundo; em segundolugar, tornar a operação de exportação das peças artesanaisacessível ao artesão individual, assim como a todas ascooperativas e associações.

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5 – PLANO DE CRIAÇÃO DE UMA ORGANIZAÇÃO VIRTUAL PARAEXPORTAR ARTESANATO BRASILEIRO

5.1 DESCRIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

Nossa proposta para suprir a lacuna encontrada nasiniciativas de exportação de artesanato é criar um espaçovirtual que promova o encontro adequado entre oferta eprocura de artesanato brasileiro a nível mundial, mediante acriação de uma organização virtual que utilize a Internetpara captar as ofertas de peças artesanais produzidas emqualquer rincão do nosso território e para divulgar essasofertas em todas as partes do mundo onde possa haverinteressados em adquirir esse tipo de produto, bem como sejacapaz de viabilizar o transporte, os trâmites burocráticos ea cobrança relativos ao processo de exportação, sem exigirqualquer conhecimento de comércio exterior por parte doartesão ou de suas cooperativas e associações. A idéia oraproposta baseia-se no conceito expresso por Levy (1996) ecitado na pág. 23 da apostila desta disciplina:

“O uso do cyberespaço (Internet) se dá em qualquer lugar(espaço) e a qualquer momento (tempo), mesmo que asorganizações existam em somente um ponto geográficoespecífico (região) e funcionem somente dentro de umintervalo de tempo regulamentar (digamos, da 8h às 18h).Com isso é possível supor que as organizações, mesmo quenão possuam operações virtuais (que funcionam via WEB,por exemplo), podem ser contatadas a qualquer tempo e emqualquer lugar, mediante a informação que oferecem pormeio de computadores”.

A organização proposta deve estabelecer uma ponte virtual,entre o artesão individual, associação ou cooperativa e ocomprador externo, de modo a promover e viabilizar o tráfegoreal de mercadorias e moedas de um para outro.A parte real da organização estará sediada em um endereço noBrasil, sob a forma de pessoa jurídica de direito privado eterá finalidade lucrativa. O lucro será obtido a partir dacobrança de uma porcentagem sobre as vendas efetuadas e darenda obtida com anúncios publicitários em seus sítios.A parte virtual da organização será composta por duasinterfaces, isto é, dois sítios na Internet, uma voltada

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para o relacionamento com os artesãos e outra, sob a formade loja de comércio eletrônico, voltada para o compradorexterno.A primeira interface será voltada para o artesão e lhepermitirá o envio de foto, descrição e preço do produto quedeseja exportar. Este sítio conterá informações sobre ofuncionamento da organização virtual e as condições para suaparticipação. O sítio também conterá informações relativasao processo de exportação, como as referentes à documentaçãonecessária e à embalagem adequada. Haverá também um canalsempre aberto de comunicação, pelo aplicativo Skype, poronde serão esclarecidas as dúvidas do artesão relativas àoperacionalização da exportação de seu produto, tais comocodificação NCM da mercadoria, prazos de recebimento,operações de câmbio. Esta interface também conterápublicidade de fornecedores de matérias-primas, ferramentase acessórios utilizados por artesãos. A divulgação e apromoção de acessos a esta interface será feita pelainserção de publicidade em sítios da Internet em línguaportuguesa, governamentais e privados, preferencialmente nosque divulguem informações e promovam o artesanatobrasileiro. A segunda interface será voltada para o comprador externo,será uma loja de comércio eletrônico contendo foto doproduto, e informações sobre suas características,composição, dimensões, peso, assim como informações sobre oartesão e sobre a cultura, o clima, a fauna, a flora, aculinária, os costumes da região onde a peça tenha sidoproduzida. Além do preço do produto em moeda local, estainterface também informará o comprador externo, como faztoda loja de comércio eletrônico, sobre o prazo de entrega,o preço do frete, do seguro, a forma de pagamento, tudo nomaior número possível de línguas, incluindo as árabes easiáticas, que são faladas em regiões de elevado poderaquisitivo e, como vimos neste estudo, vêm sendonegligenciadas pela promoção de exportação de artesanatogovernamental e privada. Esta interface conterá publicidadede agências de turismo, empresas de aviação, meios dehospedagem, restaurantes, e outros estabelecimentosdestinados a turistas no Brasil. A divulgação dessainterface será feita pela inserção de publicidade em sítiosda Internet, no maior número de línguas possível, que tratem

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de assuntos ligados a artesanato em geral e à culturabrasileira.

5.2 DESCRIÇÃO DA OPERACIONALIZAÇÃO DA EXPORTAÇÃO

O processo de exportação de artesanato, descrito em passos,será o seguinte:1 - o artesão envia as fotos e as informações sobre oproduto que deseja exportar;2 - a organização agrega as informações relativas à culturavinculadas ao produto, ao artesão que o produziu, e à regiãoem que foi produzido;3 – a organização realiza a oferta pela loja virtual;4 – o comprador externo faz o pedido e encaminha o pagamentopela loja virtual;5 – a organização encaminha o pedido da peça ao artesão;6 – o artesão produz a peça e consulta a organização, viaSkype, para obter os esclarecimentos necessários sobredocumentação, embalagem, classificação NCM e qualquer outraque necessite para realizar a exportação diretamente aocomprador externo.7 – o artesão realiza diretamente a exportação utilizando oprograma Exporta Fácil dos Correios.8 – a organização recebe o pagamento do exterior, desconta orelativo à sua remuneração, e repassa o pagamento aoartesão.

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CONCLUSÃO

Durante a realização deste trabalho, pudemos constatar queexistem iniciativas de caráter governamental e privado depromoção da exportação de artesanato brasileiro. Tambémpudemos constatar que tais iniciativas são insuficientespara o total aproveitamento do potencial de exportação deartesanato. As principais insuficiências percebidas foramduas. A primeira, em relação à falta de abrangência nacaptação de oferta de produtos, porque as entidades quepromovem exportações atuam em caráter regional, portanto nãocaptam as ofertas existentes em todo o território nacional.A segunda insuficiência diz respeito à falta de abrangênciana publicidade para o consumidor, pois as entidades queatuam na exportação de artesanato concentram suas atividadesem determinados países alvo, especialmente os situados naEuropa e os Estados Unidos. Esses pontos fracos detectados nas iniciativas de apoio àexportação de artesanato tornam-se ainda mais agudos aopensarmos no aumento de interesse por produtos artesanais doBrasil que deverá ocorrer em várias partes do mundo devido àrealização, em nosso território, da Copa do Mundo em 2014 e daOlimpíada em 2016. Essas competições darão causa a uma imensaexposição de nosso país e de nossa cultura, o que, certamente,despertará o interesse pelo artesanato brasileiro em milhõesde pessoas que, provavelmente, jamais terão oportunidade defazer turismo em terras brasileiras, mas são consumidorespotenciais de nosso artesanato.Esse quadro de insuficiências na promoção da exportação deartesanato, somado à razoável expectativa de um grandecrescimento no curto prazo da demanda por produtos queincorporem elementos da cultura brasileira, entre os quais oartesanato é o exemplo mais típico, estabelece, a nosso ver,as condições favoráveis à criação de uma organização virtualcapaz de, com o uso da Internet, captar ofertas de artesanatooriginadas em qualquer município brasileiro, divulgar essasofertas pelos quatro cantos do mundo, captar os pedidos dosinteressados, encaminhá-los para serem atendidos pelo artesão,e estabelecer a ponte virtual entre artesão e consumidor, demodo a fazer com que a peça chegue ao destino e ocorrespondente pagamento chegue ao artesão. As milhares depontes de milhares de quilômetros de extensão que precisam

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existir ligando as casas dos artesãos às casas dosconsumidores estrangeiros só podem ser construídas por umaorganização virtual.

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REFERÊNCIAS

ApexBrasil. Artesanato brasileiro em alta no mercado internacional.Disponível em: http://www.apexbrasil.com.br/portal/. /acesso em 13 mai 2012

ApexBrasil. Disponível em: http://www.apexbrasil.com.br/portal/publicacao/engine.wsp?tmp.area=551&tmp.texto=7535. acesso em 13 mai 2012ª

Apostila da disciplina “Tópicos Avançados em Gestão” da UniversidadeCatólica de Brasília, 2012

BRASIL. Ministério da Cultura. Disponível em:https://www.google.com.br/#hl=pt-BR&sclient=psy-ab&q=brasil+tem+8%2C5+milh%C3%B5es+de+artes%C3%A3os&oq=brasil+tem+8%2C5+milh%C3%B5es+de+artes%C3%A3os&aq=f&aqi=&aql=&gs_l=serp.3...7953.20250.0.20469.34.33.0.0.0.1.2094.16203.2-10j12j2j1j1j1j1j2.30.0...0.0.BQvc_3sbTuI&pbx=1&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.r_qf.,cf.osb&fp=94c47e8741a83636&biw=1280&bih=778. Acesso em 12 mai 2012d

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Secretaria de Comércio e Serviços. Portaria nº 29 de5 de outubro de 2010. Diário Oficial da União. Brasília, nº 192, p. 100, 6 out 2010. Disponível em http://www.in.gov.br/visualiza/index.jsp?data=06/10/2010&jornal=1&pagina=100&totalArquivos=152. Acessoem 07 mai 2012.

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BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Programa do Artesanato Brasileiro – PAB. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=4&menu=2046. Acesso em 04 mai 2012b.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Programa de certificação do Artesanato Brasileiro – PAB. Disponível em: http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/noticia.php?area=4&noticia=10724. Acesso em 04 mai 2012c

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