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g - Forgotten Books

Date post: 05-Feb-2023
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562
Transcript

g.

PQD

0 0 0 3 336

T Y P . DE m sm o I RMÃ O .

Po eta s p o r po eta ssej a m li dosSej a m só p or poeta s exp li ca d a sSu a s o bra s d um a s.

"LIF T O E LYS I O

TALVE Z sej a temeridade, da p a rte de q u em não nasceu

p a ra entreter c oni merc io c om asm u sas, a ventu ra r—se a

j u lga r do meri to dº

u m p oeta , qu e m u i tosde seusp a reslo u v a ram

, qu e a l tas reg i ões a c o lheram p ra zenteiras, e

qu e c irc unstanc i as_espec i a es fi zeram tão a c ei to asm u l

tidões c om o a os a u lic os,tão c onsa grado e p o p u la risado

entre todos, qu e resiste e prom ette perdu ra r inqu ebranta vel na memori a c omm u m

,em menosc a bo da

'

a c ção

destru idora do tem p o .

"

Desc u l pem o c ommettimento a q u em se c onfessa re

ceioso .

O bel lo l ivro, qu e a gora vê a lu z p u bl ic a , pedi a o u tra

p enna p a ra m a ti za r estas p rimeiras p a g inas. A sorte

disp oz dº

o u tro m odo,e o enc a rgo to c o u a q u em menos

podi a desempenha l—o .

Entretanto tentem os a obra, q ue o u tros fa ri am . e

p orventu ra terão a inda oc c asião de fa zer mel hor.

Ha a penas meio sec u lo qu e Nic o la u To lentino de A lmeida desa p p a receu d

º

entre os v ivos,e j á p a rece as

su mp to remo to e de di lli c il a verigu a ção , u anto se lhe

refere. Se não era m u i ta a lu z q u e a os 0 hosdos c on

temp oraneos a p resenta va as c irc unstanc i as p rinc ip a esda su a v ida e escri p tos, a neg l igenc ia dosq u e m a issedev i am c onsidera r obrigados perpetu a r a mem ori a dasc ousas; a su c cessão tumu l tu osa dos temp ose seuseffei tos ina liena veis; tudo tornou m a isincerto o c am inhop or onde a go ra se p odi a c hega r às c onc l usões a p petec idas. O es iri to de su as obras

,nem semp re fa c i l de

desc obrir, isc orda as vezesdo p o u c o u e a tradiçãonos c onservou d

º

a q uella ex istenc i a a g i tada ; nem o tes

tim unho c ontradi c torio dosseus versosdeixa j u lga l—osgu i a segu ro em tão intrinc ado l a byrintho . Iremos

, p o

rem ,c omo p odermos, demandando p orto n

º

esta du p l amente di i

ªfi c il na vega ç ão .

No anno 1 741,na c idade deLisbo a

,no di a 10 de se

tembro,em qu e a egrej a celebra o santo a gostini ano

Nico l a u To lentino,ho u ve Franc isc o S o a resde Almeida

u m fi lho de su a m u lher D . Anna S oa res. O p a e, letradoe illustrado , distinc to pel a a usteridade de c ostumes a

m ãe, respei tada pelo são j u í zo , e q u a l idades dºa lm a ;fo i na p iedosa c ornc idenc ia de ta l nasc imento e ta l di a

,

q ue a mbos proc u ra ram nome p a ra o recemnasc ido .

a q uelles p rogenitores, em qu em ha v i a m a isexc ellenc iasde c a ra c ter

, qu e ba fejosda m a teri a l fortuna , osc u idadosda v ida eram peniveis, p orqu e a fam í lia era

numerosa,e o tra ba lho não a l c ança va remunera ç ão qu e

a bastasse. O p rop rio p oeta , em m a isdºu ma p a rte, serefere aq uel l a triste si tu a ção . Desi diz e repete, qu e fo i :

— Na sc ido em ba ixa p o breza (p . 192) ( 1

Entre osbra vosda p o brezaF u i desde o berc o la nc ado (p . 293)

Entre ta xa sde p obrezaMeu stristesp a esmeenvo lveram (p . 170)

Entretanto os p aes a c udi am a edu c a ç ão dos fi lhosc om m a isso l l i c i tude u e p odi a espera r

—se,em a i or c om

p l a cenc i a p a rece ter—l esmerec ido a inda a de N i c o l a u .

As p a ginas ind i ca dasd'este m o do referem—se à presente ed i ção dasObrasde Tolentino .

VI

Qu ando este fi l ho c hego u a estado de a p render as p rimeiras letrasesc o lhera m-lhe mestre.

S ão dignosde B o i lea u , pel a gra ça e esti lo cbistoso,

os versos em qu e To lentino desc reve os p rep a ra tivosq u e ho u ve p a ra o leva rem a a u l a .

Dep u i squ e p lano c a m inh oJa m eu pe tri lh a ndo v ae

,

P o bre a lfa i a te v isinh oDe u m c a p o tedem eu p a cMe engendro u u m c a p o tinh o :

Ta lh a ndo o bra , m a ldi zA em p reza q u e lhe ÍD C U lD lJ l P a ll l ,Fez ni groni a nc i a sc om g i z ,S ete vezes llie c a i ra mOso c u losdo na ri z :

S u a o bra se c o ri S a g reo p o rta l dosB ZI I

'

I'

H L u inli a s

C om g ro ssa sletra s a lru a g re ;a p o u genu s, p a sso u linh a s,Fez u m c a p o te e u m m i la gre; (p . 170—17 l l

E eis c l amoroso e m a l resignado c om p bantastic as

p romessas, o nosso pequ erru cho , c am inho da esc hola,

a o c o l lo de u m ga llego t

C o lc li ete no c a beção ,

S a i no vo A donisbelloF i ga nos c os ( Io c a lç ão ,

G a rra p i to no c a bello ,

E u m b isc o itinli o na m ão :

S o bre sisudo ga lleg o ,

Qu e v a sa ba rri l fi a rlo ,

Ja a ostra ba lh osm e entreg o ;E em tri ste p ra nto la v a do

A p o rta de u m m estre c hego . (p . 17 1)

Qu ando c hego u o temp o de entra r na c u l tu ra da ling u a dos rom anos, introdu c ção obrigada , desde remotas

eras,a o estudo das letras; antevendo de longe a imper

tinenc i a do velho mestre gra mm a tic ão , c u j o dem asi adorigor dev i a lembra r-lhe p or toda a v ida , fo i entrem e

dose v i o lenc i a q ue se resigno u a novase m a isp u ngentes a p o u qu enta ções. Qu asi trinta anu os dep o is, a indatinh a dºisso memori a tão fresc a

, q u e o p inta va assim :

Entrem edose v i o lenc i aEntra r no la tim j á p osso ,

E _] ll I'

el o bedi enc raA u m c lerigo , q u e era u m p o çoDe ta ba c o e de sc renc ra ;

D'

entre o so rdido ro u p ã o .

C om a i tada nosdedos,E o Ma u rei ra na m ã o .

Revela v a a ltosseg redosDo adverbi o e c onJu nç à o .

V I I

Era em gra mm a ti ca a bHonra v a o sec u lo nosso ;P o rém de ta l ri go rismo ,

Qu e oz na ru a o seu m o

P o r 1 e o u v i r u m so lec ismo

Entre o Jo ta e o « I » rom ano ,Ou edi fferença se a c h a sseTra b a lh a v a h a v i a u m a nno ;Obra u e, se elle a a c a b asse,Feli z o genero h um a no ! (p . 17 1—172 )

Seria a inda ins ira ç ão dºeste mestre de l a tim ,a des

c rip ção q ue fa z”

o u tro (p . q ue tambem era ve

lho e c leri o ?Prep a ra o p a ra segu ir na universidade de Co imbra

os estudos de direito a qu e seus p a es o destina vam,

el lemesm o nosc onta asc irc unstanc i asda jornada qu ando(1 758) fo i

ver a svasta sc a m p inas,Qu e b anh a o c la ro Mondego . (p . 172)

Despede—se da fam i l i a !

Pa rte!

.

(Jo'

a sc a beça sm a l c om p osta s,

X o j o entre gostose m edos,Mãe e i rm ãsa a du fa p osta stlho v i a m c ru zese c redosS o bre a sm inh a sbea tasc osta s. (p . 172)

Já em ra p ida sc a rrei ra s( la lca v a a rea l estrada

,

S em c h a peo , se m estri bei ra s;Ja a ca ta na em p resta daCo rta v a o vento e asp i teiras. (p . 172)

C am inh a q u asi a merc ê da Pro v idenc i a !Cu rta , em bru lh a da q u a nti a ,

Qu e a o desp edi r m e fo i dadaso i ronno mesm o di a ;E f u i fa zendo a jo rnadaQ u a si c om c a rta de g u i a . (p . 172)

Av ista a Athenas l usa !

Ma sj á vej o a bra nc a fronteDa a lta Co im bra

,fu nda da

Noshom brosde erg u ido m onte ;Ja sobre a a rei a do u ra daVej o a o longe a a ntiga p onte. (p . 172)

Qu a l é o elemento m a isp rep onderantedentro dºa quel

lesm u ros?

P o vo rev o ltoso e ing ra toI,:m v ão de ado ça l

—o tra to,

E u m ti tu lo de g u erraA c hega da de u m no va to . (p .

i Osestu dantes.

Vll l

Que dissa borese inc lemenc iaso esperam !

P ão a m a ssado c om fel,E env o lto em p ranto , c om i a ;Levei v i da tão c ru el,Qu e peio r não a teri a ,Se fosse estuda r a A rgel. (p . 173)

.Qu e de indemnisa ções e p ra zeres p roc u ra dep o isnaV ida de estudante!

S o ff ri c ontinu a tortu ra ,S off ri inj u ri ase a c intes;La ncei tudo em esc ri p tu ra ,E nosnov a tosseg u intesF iq u ei p a go c om u su ra .

Da bo lsa osbo feslhe a rranc oNo fresc o p a teo de Chella s,P edindo c om genio fra nc oDo ces, gra tu i ta st i ela sDo fa m oso m anj a r ranco . (p . 173)

A p a e e fi lho fo i egu a lmente penosa a q u el l a estadaem Co imbra :

o bom p a e, fa lto dem eios,Q u a nto c hei o de v i rtu de,S ó m a nda v a nosc o rrei os,No v a sda su a sa u de. (p . 173)

Sete annos assim p assados, gemeu o fi lho em segre

do . Não p odendo perm anecer a l l i m a istemp o , regressoua Lisbo a .

Qu e c onsegu i u To lentino na u niversidade? Que a provei tamento c o lheu ? Que estudos c omp leto u

“? Que gra u

obteve? Abstem—se de nosdi zer a menor c o usa a ta l

respei to .

fº Inc u lc a—nossó, qu e p assara lá a ttribu lado :

A c h a v a —m e sem p re o di aNo tec to oso lhosp regados;A sa g a z ec onom ia ,Hev o a ndo nostelh ados,A o c onselh o p residi a . (p . 173)

E se assim era , fra c a disp osi ç ão dev i a ter a q u el lo esp iri to p a ra o estudo . C usta p orém a c rer, se esse es

tado fo i q u asi norma l du rando sete anu os,c omo o m oço

se lhe resigno u , vendo qu e não ha v i a nº

isso p rovei top a ra nenhu m a dasp a rtes. Não será ma isna tu ra l su p

1 O nosso c om p rovm c i a no e am i go , o sr. Jo ão A u gu sto Am a ral Fra zão , na Vi da do p oetaN i cola u Tolentino de A lmeida (Lisbo a 1 843 , 34 p a g . de di z (p a g . 3) q u e o poet a se dem oro u o zto a rmas em C º u nbra , qu a ndo é certo qu e o propri o Tolentino , p a g . 1 73

,d'esta edi çã o ,

a ffi rm a q u e fora m sele.

Um a só vez descobrim os nassu as poesias, q u e, li berda de p oeti ce, asserção verda deirao u pro x im a da vonta de

, se ch a m a , sx, do u tor. Éna repli ca a o su pposto ca rdea lC om o dou tor nã o entendas,É d'elle esta cu ti la d a :

A ssento—te a gora a espa d a ,Pa ra ver se assum tc emend as. (p . 317)

I X

p or, que a verdadeira c rise sobreveiu nosu ltimoso

tem

gos

,ta lvez p romovida p rinc i p a lmenteJ

i el a inu ti l idadea

,su a perm anenc i a em Co imbra , on e p assa va sem

a provei tamento ? Quem sabe se se lhe p oderá a pp li c a ro qu e a lguns anu osdep o isdi z i a dos p rop riosdiser u

los, qu e m a is tra ta vam de ta fu la ri as

, qu e de esta 0 ?

Só para c onso la r-me, n'

ellesa c hoOsm a i sboni tosm o ldesde fi vela s,E desa p a tosc om entrada a ba i xo . (p . 44 )

Tema vinte e q u a tro anu osqu ando regressou a c asa

p a terna , c om grandesenc a rgosp a ra“

a c onsc ienc i a, pelo

a ba timento em q ue encontro u o p ae, e pelos a u xí liosu e a fam i l i a tinha direi to a espera r de qu em fôra o

%emj am indºellaVa gara na c orte u m a a u la de rhetoric a : To lentino

j u lgou—se ha bi l i tado a regel—a , e tinha , cu ri o assevera

v am c ontem oraneosq ue o c onheceram fundamentos

p a ra isso . xam iu adoresde m a u c a ra c ter e fa ltosdesa ber, o rep rova ram indev idamente

,exerc i tando nºelle

v ingança , c u j a c a usa não chego u a té nós. A inj usti çabradou a l to e fo i rec onhec ida . Pesso asdistinc tasse interessam pelo c andida to ; e a pesa r de m ás vontadesdeinvej osos

,o então (1 765) direc tor dosestudos, p rinc i

p a l Almeida , fez c om q ue fosse p rov ido :

m anda ra m -m e ensina rA sregrasde p ersu adi r. (p . 173 )

Não fa l tou a gradec imento a merc ê, de qu e depo issedevi a qu ei xa r tanto ; e é a o mesmo princ i p a l , qu e, emdi a de anu os

,se di rige n

º

estesversos:

P elasv ossa sm ãosa lç adoQu ebrei da desgra ç a o fi oSeda c ru a fome e fri oLiv ro 0 a e, l i v ro osi rm ãos,E o bra a svossasm ãos,E fa z o v osso elog i o . (p . 293 )

A este tem o j á a mãe,a qu em senão refere, dev i a

ser fa l lec ida . i zem qu edep º iso p a e tomou ordenssãc ras

, e a té a o fim da v ida esteve em su a c omp anh i a ,amado c omo bom p ae que era

,e tra tado o melhor que

o fi lho p ôde.

Fo i p or a qu elle tempo qu e c ontra hi u am i zade com o

1 ) Dil-o o a u c to r da V i da do p oeta , p . 3 A p . 1 , decla ra q u e ti vera feli cid a de . ema ch a r C ontemp oraneos, qu e a te conv i veram c om Tolentino Esta im portante declara çâo , desp i dada c i ta ção de u m u ni co nome, dei xo u la tente em todos a pena de fi ca rem i gno rando asfontesa uc tonsada sonde o b i ogra p ho bebeu a lgunsdos funda mentosdo seu tra ba lh o .

X

egu a lmente p oeta Dom ingos P iresMonteiro B andeira ,morando ambos na ru a da Ata l a ya . Pa rti lha vam a le

gri ase fo lga resem j anta rese rec rea ções c omm uns:

O nosso bom tem p o a ntigo ,

Qu ando a lç ando to rv a fronteJ anta v a Qu inti li anoA m esa de A na c reonte,

Qu a ndo nosbri lh a ntesc o p osDo c a sto , herda do G o risos,I a m m ergu lh a r a sa zasOsp ra zeresc om osrisos;

Qu a ndo em renh idasdisp u ta sMettiestra ido ra m ã o ,Sendo o m o t i v o da g u erraS o la p ada m a ng a ç ão ;

E sem h a ver lindosc lli os,Sem h a ver onda da stra nç as,Do a dosc om do a dostec i am'

Io

'

u rbu lenta sc ontra da i i c a s. p . 108 )

S e asm a is intensasq ueix asdo p oeta , ac erc a da su ap osi ç ão a ilflic tiva não são p osteriores a este temp o , c u j aa legre c l a ridade se vê tão na tu ra l e v i vamente p intada ;ha c ontradic ç ão entre el la e o estado d

º

a lm a ue de

nu nc i am su as insistentes pretenções. Não se p ó e su p

p or q ue a vehenienc ia dosq ueixu messó da te da m orte

do p a e,(por

que sobre el le fi c a va pesando exc l usi va

mente to 0 o enc a rgo da fam i l i a , q u e esse j á lhºo hav ia transra ittido em v ida . 1 78 )Ou fosse em verdade p o r melho ra r de fortuna , pro

c u rando nº

o u tra c olloc a ç ão meiosc om q ue sustenta r fãm i l i a numerosa

, p a ra o q ue de certo lhe não da ri a o

esc asso o rdenado de p ro fessor o u fosse p or antip a th i a

a o m a g isterio , p a ra q u e não teri a na sc ido , e c om o q u a lra ramente pode c asa r—se a effervescenc i a do ta lento p oeti c o ; o u fosse p or ambas as c a usas; não ta rdo u m u i toq ue se não q u ei xasse da c adeira e so l l i c i tasse loga r dem a is vanta gem . A esse temp o se refere o c omeç o das

su as rel a ç ões c om a lg unsfida lgosqu e q u i z levanta r emp rotec tores. Teri a isso origem nas boas gra ç as j á ganhas a o p rinc ip a l Almeida , p a rente p rox imo da c asa deAngej a ? (p .

—1 7 ) Seri a p or esta c asa qu e c omeço u,e

por introdu c ç ão dº

ella q ue adq u iri u asou trasm a isp rinc ip a esrel a ç ões? Seri a n

º

este temp o , p a ra o fim de ga

nh a r a qu el l asa m i zades,o u j á c onseq u enc i a dºellas, q ue

To lentino p ro c u rara c onvisinha r c om osAngej as, m adando de residenc i a p a ra a J unq ueira ? Não o sabemos.

0 que p a recem mostra r assu asp oesi asé q ue, entre as1 ) Nome de u m a qu inta do a m i go ,

a q u em o a u c to r escrevi a , qu a l pro du zi a bom vinho .

X I

de sollic i ta ção p a ra no voO

emprego , a qu el la a q u e se

pode assigna'

r da ta c onhec ida m a is antiga é de qu andoc onta va do ze anu osde p ro fessor : (1 778

Do ze vezesv o lta ndo o a rdente estro

C'

osferv idosa gostos,Qu a ndo o q u ente su o r a la ga em fi o

Osenc a lm a dosrostosMe a c h o u senta do em tri

podede p inho

G ri ta ndo a u m p o v o ba r a ro e da mninh o . (p . 366 )

Esta ri a sem p re resignado , o u c a l ado, em q u anto du

ro u o m inisteri o do ma rq u ez de Pomba l ?O q ue p a recem mostra r osversosde To lentino é qu e,

p o r o c c asião da m orte do p a e, as instanc i ase qu ei xumes redobra m

,e p o u c o ta rda a so l u ção qu e de tanto

temp o p roc u ra .

E não p odi a deixa r de ser assim , q ue não ha exem

p lo entre p oetasde q uem a p edir su stentasse c omba te

m a is tena z !Qu ando c omeç a ri am as qu ei xasde To lentino c ontra

a u la e ra p a zes? Não se podedi zer q u e temp o ossotfreu

resignado , c a l ado a o menos, se eq ue entre a inic i a çãodo m a g isteri o e asasp ira ções a o u tra v ida ho u ve interv a l lo . A verdade é q ue o esp iri to de grande p a rte dasp oesi as, qu e d

º

elle nos resta m , e ta l q u e“

o . lei tor sea c ha inc ommodado c om tanto pedir e insistir.

Fo rtu na inexo ra v c l, q u e onvonena sDo u ra da sesp era nç a s;

Qu e c om seep tro de ferro ni e c ondcnina sA estu p ida s c ri a nç a s

E q u e entre c a i-ti nc li osos. ro xosba nc os,

Me v a sfa zendo estesc a bellosbra nc os:

T U c a rreg a li rlu a fei a c a ta t'

lu ra ,

Qu e a m edronta osh u m a nos,

Q u eresq u e eu c heg u e a triste sep u ltu ra

C'

osdo isQu inttlia nosrE q u e e m eterna

, p o stli u ni a m em o ri a,

Me g ra vem no sep u lc li ro a p a lni a to ri a? ( p . 366 )

As l am u ri as tinha m—se repetido tanto , q ue o p rop riop oeta , o u p or desc a rgo da c onsc ienc i a

,o u p or instiga

ç ão de a c c usa ções estranhas, p a rec e rec onhecer a ne

cessidade de j usti fi c a r-se dªisto ; c omo effec tivamente

fa z,nem semp re c om asmesm as ra zões

,e c om o mes

m o a c côrdo . A o p ri i i i ogeni to de D . Ma ri a 1,o prínc i pe

D . José a c u j a p ro tec c ão se a c o l h i a , diz *

Nã o p eç o p o r a i i i b i c ão ,

P ec o p o r necess1dade : (p . 55 )

a D . D i ogo de Noronh a , dep o is c onde de V i l l a —Verde,

X I I

rogando—lhe que despertasse a lembrança de seu p ae,

o m a rq uez de Angej a D. Pedro , j á m inistro de estado,

reconhece ter sido im pertinente, m as j usti fi c a a amb ição p or m a is a l tosesp iri tos:

P edi-lhe, p o is, q u e to lereMeu rogo triste e teim oso ;Qu e estou n

'

u m loga r,Eondere,

Mesq u inh o , a inda q u e onrosoE ondenada h a q u e espere

Não desej a r é ba ixez a ;Sem p re o h u m ano c ora ç ãou er su b i r a m ór a lteza ;sta u ni versa l p a ixã ofi lh a da na tu reza . (p . 186 187 )

Temp o ho u ve em q ue não p oz o lhosem emp rego de

term inado . O qu e qu eri a era l a rga r a eschola,e me

lhora r de fortuna .

E u nada c erto lhe peço ,

S ão v a gasm inh asesp'

ranc a s;Qu anto elle (1 p ode, c onhecoE li v re—mede c ri anç a s,

Se c om p a i xã o lhe m ereç o

Meu nom e lhe i de lem bra ndo ,Ou p a ra c o u sa s

'

a fei ta s,Ou p a ra a sq u e o r c reando . ( p . 185 186 )

Entretanto m a is p a ra o fim do não pequ eno peri odode solli c i ta ções, e j á qu a tro anu os antesde m uda r de

emprego , nºu ina ode di rig ida a o então m inistro dosne

gocms do reino o V isc onde deVi l l a -Nova —da—Cerveira,

m a is ta rde ma rqu ez de Ponte-de—Lima , desp onta a idea

de entra r nº

aqu ella secreta ri a :

Se eu tiv esse a grandissim a ventu ra

Deser p o r ti m a ndado

Não m e a trev o , senh o r, a pedi r tanto ,Meu sfra c osh om brosvejo ;

A tão a ltasesp'

ra nç a snão leva ntoTemera ri o desej o (p . 367 )

Ou tro testimunho , da mesm a epocha sem du v ida,é

o q ue nosdei xo u no soneto fei to a um sonho :

B ri lh a ntesonh o na eng a nada i dea ,P o r m a i o r m a l

,ventu rasm e fi ng i a

Fez—ni e entra r na rea l sec reta ri a ,Fez—me logo dei ta r sege a bo lea

P o z—mena sa la u m esp a lda r c om p rido ,Um v a lido la c a io em c a m iso la ,E u m c o rrei o c om c h a p a no vestido p . 48 )

Conhec ido o sonho e aspretenções, inda qu e da p osrça o de o fi i a a l de sec reta ri a , q u e p o u c o m a isera quea manuense

,se não fi zesse então o mesmo c oncei to qu e

l ) O m arqu ez de Angej a .

X I I I

hoje; os l u cros do loga r eram m u i to "

m a is relevantesque nosnossosdi as, o qu e não seri a a menor dasrazões p a ra qu e hou vesse qu em levasse a m a l a qu el laambi ção

, e ta l vez o j u lgasse indigno da merc ê . Dº

a qu i

vei u di zer o p oeta nª

ou tro soneto :

C ontra ossonh osdesde h ojeme c onsp i roSe a o p rimei ro medi zem heresi as,Em sonh ando o u tra vez p regam

—me u m ti ro ! p . 49 )

Em u anto du rou o m inisterio'

do m arqu ez de P omba l

,to as asdi l igenc i asde To lentino , p ara c a p tar

-lhe

benevo lenc i a,foram ba ldadas.

Mi l v i rtudes m a rq u ez inv i c to ,C om q u e a a rte e a na tu rez a enri queceraDe tenrosanu osteu su blim e esp

'

ri to ,

Osg randesc rimessão , a osq u a esergueraMão i nfa m e, p a ti b u lo ina udi to uSem ão infame c ontra o c eo v a lera . (p . 385)

Masestesversos, que dedi c ara a

p ra gu ej ada m ão omni p o tente. (p . 8 )

fi c a ram sem ec ho . Seri a pessoa ! desa ffeição ? Teria o

grande m inistro de D . José u e tantas vezesse inc linou pro teger e a crescenta r omensde lettras

,m o

tivo p a rti c u la r p a ra esc u recer To lentino ? Seri a issoc onsequ enc i a da c a ustic idade do p oeta , qu e a ningu emperdoa va qu ando qu eri a m ostra r esp iri to ? Ha veria a l

gum a , a o menos veni a l , o ffensa da p a rte dº

elle a o me

l indre m inisteri a l ? Seri a esta m a lq u ista ção c om o primeiro m inistro

,resu lta de antip a thi a a o genio do p oeta ,

o u de a lgum pec c ado espec i a l ? ! 1 Procederi a o m a rqu ez ,c i umento da fam i l i a ridade e pro tec ção q ue a c asa de

Angej a pa rec i a disensa r a o pro fessor o u seri a em c on

sequenc i a da indi c rença,o u má vontade de Pomba l ,

q ue To lentino p roc u ro u a co lher—se a os Angej as, qu em a is cedo ou ma is ta rde promettiam ser va l idosa o reinado qu e esta va p rop inqu o ? Tudo são trevas, tudo sãoincertezas. E p orem a verigu ado , q ue a ristoc ra c i a e frada ri a foram reba ixadas a o u l timo onto no m inisterioreform ador

,e u e só p or morte o rei q u e o m anti

nha,e pel a m u anç a no

Besso a l e esp íri to do governo ,

vei u rea c ção v inga r—se a longa p rosc ri ção anteri or,

rec obrando unso antigo orgu lho , resta beecendo o u tros

a sombra desu persti çõesefana tismosantigasinfl uenc ias.

1 Seri a o a p o p li them ii , q u e a o poeta a ttribu em , das a gu asfurta das, na nova casa , defrontedo c h a fa ri z da ru a Fo rm osa

X I V

Se não fo i anim ado dºestes p reconcei tos, só a esp iri tode v ingança pessoa l , o u desej o de l isonjea r m inistrosnovos, a rrastado pela onda de p lebei asp a ixões, p odema ttribu ir—se asa llusõesqu e c ontém um soneto (1 .

º

p . 8)dedic ado a o v isc ondedeV i l l a—Nova —da—Cerveira

,e prin

c ip a lmente a sa tyra inti tu l ada Qu ixotada .

E u so u u m triste m a rq u ez ,

Qu e fu g i u m p ov o intei ro ,

A q i i em m ettera em fu ro rMinh a p ri v anç a edinhei ro

Disse este p ov o m a lv ado ,

gu e eu tinh a o reino exto rq u ido ;u e era ga tu no a fa m ado ,

E q u e em j ogosde p a rtidoT inh a c om todoslev ado :

Qu e no ta ba c o lev a v aUm q u inh ão a v a nta j ado ;

Qu e o sa bão não m e esc a p a v a ;q u esem ser dep u ta do

Na sc om p a nh ia sentra v a

Ma stoda a m a lda deesu a :V êem ri q u eza se p a la c i o ,Comem —se de invej a c ru a (p . 272-273)

Sej a, p orem ,

di to em a bono do p oeta , qu ena desforra

do m inistro dec a í do p ro cedeu c om m a ismodera ção u e

mu itos, q ue na fa ce desbo tada pel a velh ice e pelo a to

revez da fortuna p olí tic a , não so c usp i am dº

estas, e i a

c omp a ra velmente m a iores a fªfrontas

,m astambem asre

petiam e p u bl i c a vam a té a lém da sa c iedade p u bl i c a .

Não fez tanto To lentino,antes

,só m u i tos annosdep o is

da su a m orte,eq u e a qu el l asdu as p oesi as v iram a lu z

,

da imp rensa .

A srel a ç õesc om osfida lgos, fa c i l i ta ram a o oeta, em

1777,meio de fa zer chega r asmãosda ra in a

,a c om

p anhada dºum a memori a , a ode q ue fi zera p or oc c asião

da a c clam a ção da mesm a senhora . (p . 352 - 356) Isto ,p orem ,

e asrim as q u e p or intermedi o dº

a lguns c a ma

rista s fa zi a c hega r as mãos do p rinc ipe rea l D . José,

não o fi zeram m a is lembrado q u e a té a l l i,e se não fo

ra m certos versosj oc osos, quedesperta ram no p rinc ipe

o desej o de o c onhecer,não teri a o c c asião de se lhe

a presenta r e p assa r a lgunsdi asem Quel u z :

u a fo lh inh a(Joni lettra sdo u rada sp u zA q i i ellesfo rm o so sdi a s

Da sesc a da sde Qu elu z ;

XVI

o que pretendi a : basta va a llusão remota . A pretenção ,a insistenc i a impla c a vel de To lentino , era u m p roverbio v ivo . Todos o sa b iam

,e qu asi a lc ançára as hon

rasde proloqu io :

A m inh a lon fadi aJá sa beisq u a é , sen or

Lev a e—me a bem q u e a não diga . (p . 199)

A despei to de tantasdi l igenc i as, do p restig io de tantas p rotec çõesbusc adas, dasesperançasp or tantosmotivos c onceb idas, hou ve m a isde um a oc c asião qu e o

p rofessor descreu da sorte,e desadorou da rhetoric a

,

qu e ensina va , ( 1 e p unha inu ti lmente em c ontribu ição,

p a ra a lc ança r o tri ump ho desej ado .

A rteinfeli z , rhetori ca c h am ada ,Ensino as tu asleis, m a sna o a sc rei o .

Na dem anda fa ta l q u e em ti p lei tei oC i cero m esm o não venc êra

E a lingu a q u e a brando u pei tosferinos,Qu e osp ov osa ttra h i u , q u e

.

sa lvo u R om aMedei xa ri a mestredemeninos. (p .

4 4)

Não era a fa lta de p intu ras p a thetic as qu e o p oeta

deixa va de c ommover e a ttra hir beneti c ios. O eso da

p obre casa desc a rregado sobre el le (p . 1 78) as i rmãse

sobrinhosdeso l ados (p . tudo é em m u itos logares a proveitado p a ra prop ic i a r osgrandes.

Antesde vencer a demanda p ropri amente su a , c onsegu i u do v isc onde, m inistro do reino , qu e du as irmãsm a ism oças entrassem no rec o lh imento de La za ro Leitão

,onde a inda assustenta va :

Moça si rm ãsdesv a lida s,A q u em do u p obresu stento ,Fo ra m p o r v osdeferida s;V i vem em santo c onventoDignamente reco lh idas.

P ão c om la grim a s a nh adoLhesa doça a du ra p o reza ;P o r m im a o meio co rta doLhe vaeda singela mesa

C om sãosdesej osm a ndado . (p . 179)

A m orte do p ae, tão velho como honrado (p . é1) V id. (p .2) A mesm a i dea repete no memori a l a sua a ltera (p . 169) qu ando falla no seu procedi

m ento depo isda morte do p a e:Váe c om mão egu al co rta do ,Entre os irm ãos infeli zes,

P ão c om la grim as ganha do ,Qu e sem os fa zer í eli zes,Me dei xa m un desgra ça do (p . 175)

XV I I

c irc unstanc i a ha b i lmente a p ro vei tada , em qu adro desenhado c om sentimento

,e

'

c a lc u lado p a ra p rodu z i r etlei tono m am ona ! a su a a ltez a

B o tososla çosdo m u ndo ,Entre p a la v ra stru nc ada s

Qu e bem m ostra m d'

a lm a o fu ndo ,

Orp h ãsem p ra nto ba nhada sMe entreg a o p a e m o ri bu ndo .

E u entretanto su sp i ro ;S o bre o p ra nteado lei toD entre osbra ç oso não ti ro ;

8u ebro u j u nto do m eu p ei to

seu u ltim o su sp i ro . (p 175)

A oc c asião era adequ ada pa ra desperta r c omm iseração . P õe nosde Angej a as V istasm a is c onfi adas:

P ei to de ta nta bonda deDe bom p a e o nom e p reza :

Levo u -m e u m a na tu reza ,

Ma sdei xo u -m e o u tro a p iedade.

A m p a ra em inh a o rp h a ndade,P o rq u e a v ossospesme (p . 285)

Não e'

du v idosa a intenção c om qu e To lentino fa z i adº

estes a p pellos a o c ora ção dos poderosose infl u entes.

E l le mesmo a desc o bre um a vez a Cervei ra :

Senh o r, se a fi eltp intu ra ,

Com q u e a m inh a ra c a m ão

Esta scena v osfi gu ra ,Move em v osso c ora çã o

tim entosde ternu ra ;

Anim a e o j u sto a rdo r,Em q u ese a c c ende o m eu p ei to . (p . 179)

T ão estra tegic a ersistenc ia não p odi a p or longo temo ser frustrada . Bu ando não fosse a im pressão de inortuni osm a is o u menos verdadeiros, a imp ertinenc iada su a p a rte era bastante a m over p rotec tores, qu e a lmeJa ri am ver a p p la c ado tão irreq u ieto persegu idor. Qu efa ri am a o homem q ue tinha sem

pre o lhos fi tos nas

v agasqu e a morte opera va no qu a rc em qu e busc a vaentra r; homem qu enão da va temp o a q u eosp rotec toreso va rressem da mem ori a

,e os assa l ta va nas o c c asiões

,

m a isra p ido qu e um a c orrente elec tri c a ?

Ja z o defunc to enterradoE a go ra sa ber intento ,Se a c a so no testa mentoMe fi c o u a l m le ado .

A vossosp 5 a j oel adoP onho em v ósm inh a (p . 311)

B

XV I

o que p retendi a : basta va a llusão remota . A pretenção ,a insistenc i a imp la c a vel de To lentino , era um p roverbio v ivo . Todos o sab iam

,e qu asi a lc ançara as hon

rasde proloqu io :

A m inh a lon fadi a

Já sa beisqu a e, seu o r

Levae—me a bem q u e a não diga . (p . 199)

A despei to de tantasdi l igenc i as, do p restígio de tantasp rotec çõesbusc adas, dasesperançasp or tantosmotivos c onceb idas, hou ve ma isde um a oc c asião qu e o

p rofessor descreu da sorte, e desadorou da rhetoric a

,

que ensina va , ( 1 e p unha inu ti lmente em c ontribu ição ,p a ra a lc ança r o tri ump ho desej ado .

A rteinfeli z , rheto ri ca c h a m ada ,Ensino a stu asleis, m asnão a sc rei o .

Na dem anda fa ta l q u e em ti p lei tei o(11e mesm o não vencera nada .

E a língu a q u e a brando u pei tosferinos,Qu e osp ov osa ttra h i u , q u e sa lvou R om aMedei xa ri a mestredemeninos. (p .

44)

Não era a fa lta de p intu ras p a thetic as qu e o p oeta

deixa va de c ommover e a ttra hir benefi c ios. O peso dap obre casa desc a rregado sobre el le (p . 1 78) as i rmãse

sobrinhosdeso l ados (p . tudo é em m u itos logares a proveitado p a ra prop i c i a r osgrandes.

Antesde vencer a demanda p ropri amente su a , c onsegu i u do v isc onde, m inistro do reino , qu e du as irmãsm a is m oças entrassem no rec o lh imento de La za ro Leitão

,onde a inda assustenta va :

Moça si rm ãsdesv a lidas,A q u em do u p o bresu stento ,Fo ra m p o r vosdeferida s;Vi vem em santo c onventoDigna mente reco lh idas.

P ão c om la grim a s a nh adoLhesado ça a du ra p o reza ;P o r m im a o meio c o rta doLhe vaeda singela m esa

C om sãosdesejosm a ndado . (p . 179)

A morte do p a e, tão velho como honrado (p . é1) V id. (p .º) A mesm a idéa repete no memoria l a sua a lteza (p . 169) qu ando falla no seu procedi

mento depo isda morte do p a e :Váe com m ão egu al corta do ,Entre os i rmã os infeh zes,

P ão c om la grim as ganha do ,Qu e sem os fa zer fauzee,Me dei xa a m im desgra ça do . (p . 175)

XV I I

c irc unstanc i a ha b i lmente a p ro vei tada , em qu adro desenhado c om sentimento

,e

'

c a lc u lado p a ra p rodu z i r effertono mem orza l a su a a ltez a

R o tosos la çosdo m u ndo ,Entre p a la v ra stra nc a da s

Qu e bem m ostra m d'

a lm a o fu ndo ,

Orp h ãsem p ra nto ba nh ada sMe entreg a o p a e m o ri bu ndo .

E u entreta nto su sp i ro ;S o bre o p ra nteado lei toD

'

entre osbra ç oso não ti ro ;

gu ebro u j u nto do meu pei toseu u ltim o su sp iro . (p 175)

A oc c asião era adequ ada pa ra desperta r c omm iseração . P õe nosde Angej a as V istasm a is c onfi adas:

P ei to de ta nta bonda deDe bom p a e o nom e p reza :Levo u -m e u m a na tu reza ,

Ma sdeixo u —m e o u tro a p ieda de.

A m p a ra a m inh a orp h a ndade,P o rq u e a v ossosp ésm e h u m i lh o . (p . 285)

Não é du v idosa a intenção c om qu e To lentino fa z i adº

estes a p pellos a o c ora ção dos p oderosose infl u entes.

E l le mesmo a desc obre um a vez a Cervei ra :

Senh o r, se a fi elfp intu ra ,

Com q u e a m inh a ra ca m ãoEsta soena v osfigu ra ,Move em v osso co ra çã oSentim entosde ternu ra ;

Anim a e o j u sto a rdo r,Em q u ese a cc ende o m eu p ei to . (p . 179)

T ão estra teg ic a ersistenc ia não p odi a p or longo temo ser frustrada . gu a rida não fosse a impressão de i aortuni osm a is o u menos verdadeiros

,a imp ertinenc i a

da su a p a rte era bastante a m over p rotec tores, qu e a lmei a ri am ver a p p la c ado tão irrequ ieto persegu idor. Quefa ri am a o homem q ue tinha sem

pre o lhos ti tos nas

v agasqu e a morte opera va no qu a ro em qu e bu sc a vaentra r ; homem qu e não da va temp o a qu eosp rotec toreso va rressem da mem ori a

,e os assa l ta va nas oc c asiões

,

m a isra p ido qu e um a c o rrente elec tri c a ?

Ja z o defunc to enterradoE ag o ra sa ber intento ,Se a c aso no testa mentoMe fi c o u a l m 1 ado .

A vossos a j oel adoP onho em vosm inh a (p . 311)

B

XV I I I

Qu e fa ri a a quelle a q uem o p oeta tanto a p onto dissesse isto ?Fa ria , o u c onc orreri a p a ra qu e se ti zesse, qu e a

fina l se fez,não m u i to dep o isda m orte do p a e, isto

é, q ue fosse desp a ch ado , c om o desde m u i to p retendia ,o ffi c i a l da sec reta ri a de estado dosnegoc iosdo reino !H a v i a um loga r p a ra prover ; eram osp retendentes

mu i tos,todos merecedores m as a indec isão da ra inha

m ani festa . A fina l venc eu o p oeta . Proteg ia —o o p rínc ipeD . José

,a q u em To lentino a gradeceu direc ta 1 5) e

indirec tamente : (º

A o p rinc i p e a joelh ado ,

Em fa v ora vel m omento ,

P o r m im , senho r, lh o j u ra eE terno a gra dec im ento ;

'

E eu , em la rg a ndo este lei to ,

Ja sei a h o ra o i p o rtu naDe p oder :i

Ii oel a r-lhe

Qu a ndo el e c hega a tri buna (p . 73)

P eç o

Qu e p o r m im a j oelh ado ,E na bo c c a o c o ra ç ão

Bei'

eisa o p rinc i p e a m ão ,

E 1 edeiseste rec ado :

Di zei p o isa su a a lteza ,Qu e eu seu h u m i lde a fi lh ado ,

P o r elle h a p o u c o a rra nc adoD

'

entre osbra ç osda p obreza (p . 300)

D . José de Noronha , então c onde de V i l la —Verde,dep o is m a rq uez de Angej a , fo i a fina l q uem o a p adri

nho u e lhe p romoveu estedesp a c ho , a fervorando a p ro

tec ção do p rí nc ipe :

1 Ex pom ina s a q u i llo em que nos fund am os pa ra d i zer q ue a os cla m ores e em penh os q u eredo bro u p or o ec a suâo da m o i te de seu p a e deveu To lent ino, ser despa cha do , logo dep º is d'esteg o lpe domest i co . m em orwl a su a a ltez a

'

tp 169 ) e escri p to qu a ndo conta dc zeseisa nnosdepro fesso r ,

Dezoseis annos gasta dosJa no ingra to o tfi cn) vã o (p 1 74 )

T inh a lhe j a ca nta do su a s long a sfadaga s. n'

esta o c c asi ão não era pa ra as repeti r, m as pa rarecentes m a go as q u e lhe ped i a a ttenção

P a ra no v a e JU S lª dorPeço i lo j e a vossa p i eda de (p . 1 74 )( .u m a co m o lhe m o rreu o pne, e pede (gu e tenli a dó do seu la m ento . Se Tolenti no na sceu em

1 74 1 so tei i a a nnos qu a nd o entro u no ina g isteri o se esta va n'elle h a vi a 16 a nh os em que

a nno seri a fei to o m em ori a l"Cerca de 178 1 Ma s é j usta menten'

este anno que é despa ch a doni fi ei a l de sec reta r i a , logo o despa cho não se fa ri a espera r m u i to dep º isdo memori a l, e apelo fa lleC imei i to do p a e, q u e em então nova (p 1 74 ) di z q u e orfa nd a de e o despa cho do p oeta não d ista ra m m u i to u m a do o u tro . Não p a rece na tu ra l a Ordem q u e na V i da do p oeta , p . #6 ,se pa rece a S S i gna r a m o rte do p a e de To lent ino da ndo —a com o a c ontemda pelo tem p o dasam i zades c ontra li ida s c om os fi d algos, e qu ando ind a não lem bra v a a o fi lho m u da r de em p reqo , ideaq u e (di z ) se lhe o c c orreu depo is, a o ver a ngm entada a fam í li a com du a s v im/a s i rm ãs su a s e oscom petentes sobrinh os O q u e lev a m os d i to n'

estc ensa i o pa rece—nos fi o e gu i a m a issegu ro naesc u rida de d 'esta c li rono lo q i a

º), (lc-S p a c ho é de 2 1 de j u nh o 178 1 . O a g t adec rmento ind i rec to é d a do em di a de a nnos

de Jose de Noronh a ,“24 de a li i i ), q u e só p o d i a ser de 1 78 2 (p . 7 1-72 ) P o is m edi o u q u a si

u m anno entre a m erc ê o o i rco i i h c c ini cntn º Esta ri a o poeta to do elle ini pedido pela doençaSm a entã o e p o r u ltei tn rt es ta q u e a lg u m tem po não rer ebº u n c i denado p o r intei ro ” Tp 4 7 )

X I X

S o u u m dosm u itosexem p losDo v osso b om c o ra ç ão ;A m inh a felic idadeF o i o bra da v ossa m ão .

A o bom p rinc i pe p edistes

Qu e_a su a rea l g ra ndeza

Se digna ssede a rranc a r-meD entre osbra c osda p o breza (p . 7 1—72)

Deixa e, i llu stre c o'

nde, q u e em m eni o ri aF i q u e nesta sp a redesp endu rada .

Verei 3 u m a venc ida p a lm a to ri aEntre a sa rm a sde A ngela deb u xada . tp . 15)

Pelo v isc onde de V i l l a—No v a —da —Cerveira,m inistro e

sec reta rio de estado assistente a o des a c ho,é u e fo i as

signado a lva rá deºldej unho de1 7 1 , (1 qu e a va eter

no sueto a osdisc i p u losdo imp a c iente e ina la ventu rado

p ro fessor de rhetori c a . E a inda a lludindo a isto, qu e

el le di z :recebo m i l bens,

Ma stodosp or vossa m ão :

E u a beilio ; ella receba

G ra tidão ov ida e p u raEm tri bu to q u e lhe p a a

O c ri ado e a c rea tu ra . 77)

Em To lentino ha v i a u m a fei ção c a ra c teristic a , ra ra

em poetassa tyric os, e p a ra el le p ou co l isonjeira '

eram

asdependenc i as q u e c onfessa v a a c ada hora ; as l am uri as c ontra a adversidade qu e lhe fa z i a pesado e inc omp orta vel o enc a rgo da fa m i l ia ; assollic i ta çõessystem ati c as em fa vor seu e d

º

ella . A su a si tu a ção a té c hega r

a ser edi c ia l não seri a em verdade invej a vel; m as os

p ropriosdesa rranjos, a propri a inc ontinenc i a , ta lvez fossem m a isc u l adosq u e a sorte naspenasdequ esedo í a .

As l astim as ani ili a res foram m ina inexba u rivel de seusibilidade p a ra as

"q ueixas,e them a p a ra toda a c asta

de va ria çõesem c orda tão p langente. O qu e m a is adm ira é q u e sou besse a c c ommoda r em p a z B a bylom

'

a com

S i ão , a mu sa de Ju vena l c om a da ba ix a c ortezania )E l le p roprio rec onhec i a q ue não da va trego as a o pe

dir,e p a rece q uerer j usti fi c a r—se, lançando a resp onsa

b i lidade dºisso a conta do peso da c asa :

A u stera p h i loso p h i aDentro em m eu pei to m o ra ;Sendo eu so a seg u i ri a ;Ma striste fa m i lia c h o raP elo p ã o de c ada di a . (p . 180)

1 ) Costa e S i lva . na R ev ista Uni versa l Lisboncnso . v i . 473 .

X X

Porventu ra essa a u steridade não p assa va de meioora torio . Celebro u tanto osbonsboc ados; dep lorou tantoos jej uns; a bom inou tanto a p obreza ; .usou e a buso u

tanto dos meios qu e a fortuna lhe dep a rou ; q ue m a istinha nasc ido p a ra sec ta rio de E p ic u ro , qu e p a ra es

to i co .

A fam i l i a,c u j o peso proc u rou p or todos os m odos

ado ç a r, c om p unha—se de du as irmãs v iu vas e c om fi

lhos (qu e semp re teve em su a c omp anh i a); de du asso lteirasm a isnovas, qu e, c omo j á v imos

,a lgum tem p o

sustentou no rec o lh imento de La za ro "

Lei tão (p . 1 79) edep o is torno u a rec o lher em c asa ; e de um irmão de

menor edade qu e el le. Ta esforam oselementosc om qu esou be hab i lmente j oga r ; fa l l ando semp re em nome de

todos, e sa bendo p a ra todos c onsegu ir a lgu m a c ou sa .

Ta lvez qu e p a ra ser desp a chado p rofessor ,

j á a fam ili a lhe serv isse de a llega ção im p ortante) E em nome

de p a e e de i rm ãos qu e a gradece a o p rinc ip a l Almeidao p rova l—o na c adei ra de rhetoric a (p . No qu adroem qu e recebe da mão p a terna o enc a rgo da fam i l i a ,p inta o p oeentre osirm ãos (p . Qu ando o p a e lhem orre figu ra —o entre asnlbas, irm ãosinfeliz ese chorosos (p . 1 75 A p rinc ip io a presenta só i rmãsp os

tasem p obrez a , tristes orp bãsdonz ellas (p . isto é,

só asso lteiras: dep o is j á fi gu ram estas orp /zãsdemãe

e donz ellas, a p a r das irmãs com tenra s cri anças (p .

1 84) irm ãs desgrenhadas, c oº

a s cri anças innocentes

(p . sobrinhos chorosos (p . isto é , as v i u vasc om os fi lhos, tambem irmãse sobrinhosdo p oeta . De

p o isde desp a chado o li i c ia l p inta —se a legre entre irm ãose p a rentes (p . e no meio de enroup adossobrinhos(p . Na c onv a lescença de doença qu e assa lta ,sobre um p obre sobrinho enc osta o bra ço (p . e

m a is ta rde pede e c onsegu e u m benefí c io p a ra um so

brinho (p . 19) e c lerigo (p . 90) a qu em da va o p ão

pA prim ogeni ta , (um a das irmãs v i u vas) cham a va -se

D . Joa qu ina Froesde B rito , e di zem qu e era pesso a degrande ta lento e v irtude. Fora m ta lvez di l igenc i asde To lent ino qu e a eleva ram a regente da rea l c asadosexp ostos. « Governo u esta c asa c om tanto j u i zo ,qu e se fez am a r de todos os qu e a l l i ex isti am ,

e.

adm ira r pelos ha b i tantesde Lisboa , onde era grande

1 Costa e S i lva , R ev . Uni v L isb . u , fa lla em u m u os e u m as. 0 primei ro plu ra l éequ

'v o c o , porqu e o po eta se tev e u m i rm ãoº

z. ) t '] do p a etz , 8 .

XX I I

mão ; que fizesse lembrado o req u erimento da triste irmão

, q u e tinha

j á no fi mFa rda ro ta e c h a m u sc ada ;Tem m a côr e é m a lfadadaQu er m ão p iedosa e fra nc a .

Lhed c a sa c a enc a rnada . (p . 294)

Consegu iram o q u e pedi am : Franc isc o de Pa u l a fo igo verna r um forteem Paço d

º

A rc os, m asp ou c o tempo

breviveu a este desp a c ho , q ue To lentino a gradeceu em

nome dº

ambos a o m inistro Lu i z P into de S ousa C o utinho

Qu a lq u er de nóso a leg re rosto a ba ixa ;E essa m ã o bem fei to ra v osbeijam os,E lle p o r desp a c h ado , eu p o r da r ba i xa . p . 23)

D i zem,do m i l i ta r, q u e era ri va l e su perior a o oeta

na gra ça , ( inda q ue no gosto di fferente)dosa po p the

ginas.

P or a qu i se c erra o q ue de ta l fam i l i a se p ôdedi zer.

A excep ç ão da c ri ada , russa , m a gra Jose/a ªp.

nã o ha de m a isningu em memoria nas obras o p oeta .

To lentino em q u anto esteve no v igor da v ida mostro use qu asi sempre insa c i a vel. O emprego de o fi i c ia l de se

c reta ria , por tantos invej ado,não 0 c ontenta va . De

1 781 , em q u e foi desp a chado , a te'

1 788, em q ue m or

reu o prínc ipe D . José , no esp a ço de sete anu os, j á eubi ç a va melhor c ollo c a ção .

E se a inda o fa v or m ereç oDe tã o a lta p ro tec ç ão

'

Di zei q u em udei de o fii c io ,

P o rem de ventu ra nã o ;

Qu enão me enga na m zu m ba i a sDosh u m i ldessu p p li c a ntes;P o rq u e a bo lsa m a issinceraTra ta -me inda c o rno d'

a ntes. (p . 61 )

Al legando freq u entemente a su a fome o u a da fam í lia ,

na exa ggera ç ão dº

este meio, em pregado p a ra fa zer com

p assivosam igoso u pro tec tores, ha v i a um qa iddea rti fi c ioe ba i xeza q ue era exem p lo singu l a r nosp oetasdo seugenero . Sea ex ressão fa m inta ta lvez nunc a fosserigorosamente verda eira , de o is qu e m udo u de emprego p a

rece abso l u tamente ina m issivel Entretanto di z ia :E m a ta ndo c ru a fom e

,

De bom p a e nosserv i reis(p . 180)

Qu a nto doe a u m pei to a lti vo

Ma ta r fom e em c asa a lhei a (p . 138)

X X I I I

F i zestesna sc er a fom e

E a [ a me pedem a ntenç a (p . 142)

— Indo então p o r m a ta r [em— Da v ossa esp lendida m esa

Sej a elog io u m a fom e (p . 146)

C usta a c rer,e ningu em p or certo c rê

, q ue sendo j ávelho (p . 1 11) c heio de c anse ru gas(p . 109) em temp o

em q u edesfru c ta va boa c olloc a ç ão , senão envergonhasse

de emp rega r a mesm a l ingu a gem ,o usasse fa l l a r em

comp ridosj ej u ns (p . e esc revesse a Dom ingosP iresMonteiro B andei ra :

Não te fa lla v i l l isonj aFa lla —te am i za de e a fom e. (p . 1 11)

Custa a c omp rehender c om o isto p odi a ser verdade!E sem du v ida o não era . Das p rec isõesde To lentino ,c om o de m u i tas das su as mo lesti as pode j u lga r-se o

mesmo . Já no seu tem po ha v i a quem suspeitasse isso :Di zem ling u a sinim ig a s,Qu e esta doenc a efi c ti c i a ;E osp ra ti oosdo m eu p u lsoA c a p i tu la m m a li c i a (p . 143)

O c ostume,de fi ng ir assim ,

era nº

elle antigo . E l le p rop ri o não p ôde um di a a ba fa r no pei to a revela ç ão daverdade :

P o isq u e a h o rri vel so lidã oA v i v .

-i a idea c ru el

Da ga veta vã o sep u lc h roDo a gonisante q u a rtel

E a engenh osa h y p oc ondri aMe metteno a nti go em p enhoDeJu ra r, q u eesto u m o rrendoDa sm o lesti a sq u enão tenh o (p .

Qu e deve p o is j u lga r—se da p l a usibi l idade de tantosqu eixumes?O q ue p a rece verdade eq ue p adeceu sezões:

A nnosem sezõesga stados(p . 320)

e (

âu e a el l as fez do issonetos, u m q ueixando—sede não

p o er m a is c om a despeza do tra tamento a li inenta r º

Ja m isero c o tã o sa e despe adoDa sro ta sa lg i bei ra sc ri sta lina s.

To rna a su rg ir no sim p lesrefei to ri ofi el b a c a lh a u , o v i l leg u m e (p . 47 )

X

1 Não nos pa rece q u e a s ti vesse q u a ndo m o ço , com o «li /. a V ida do p oeta ,p 1 13, m asqu ando j á t inh a so brinh o s a cu i u s bra ço sse enco sta m nos pa ssei os tlm i va lrscm d 'ella s q u a ndo o

desp a c u a ra in O i ti c i a l, c a j o o rdena d o a lg u m tem po nã o recebeu p o r inte i i o , p o r nã o esta r em ex

erC i c i o

XX I V

o u tro a o p assei o q ue da va enc ostado a o bra ço do sobrinho , nos c amp osp a ra onde se m udára , p or serem la vadosde sadiosventos:

A q u i m i l vo tosfa ç o a o eeo p ro p i c i o ,ne m e m u de a lg u m di a osc resc im entos,m e p a ssem do p u lso p a ra o o ff i c i o (p . 47)

Dºesta c onva lescença é o soneto a Nossa Senho ra . (p 3)

Seri a em c onsequ enc i a de sezões o u de rheuma tismo

(p . 1 11) q u e estivera nasC a ldas—da -ra inha,das qu a es

fa l la nos seus versos? Não o diz,nas p oesi as qu e da

c omo fei tas lá (p . 12,48

,1 60

,162 , e Qu ando

fo i a l l i a primeira vez,a inda era p ro fessor. Lá se pran

teou do fado de ser mestre de meninos (p . masse

nas Ca ldas c ommemora este m a l,não a l l ude á su a

doença p hysi c a . Lastim a sim a v ista de m a les a lheios,

m asdosseussó o desgosto da a usenc i a , p or não ver de

A rm ida o lindo rosto (p . Apenasna dec ima a o

medic o Jo a qu im Igna c io de Seixas, fa l la em prescri

p çõesmedic as, qu e infringe, p orq ue devendo rec o lhercedo a c asa

,u m di a

, p a ra festej a r uns anu os,reco lhe

ta rde e perde a medi c ina o medo (p . 295 Tambem iaa o Estori l , m as fa l l ando dºelle não é de oença q ue se

qu eixa , sim do j ogo e da bolsa onde- c hegou a ter a pe

nas cotão , p orqu ea ssim o q u iz o seve endi a brado (p . 3 1)

H ou ve tem po , em fins do sec u lo p assado , q u andoma is entrado em anu os, q u e tro c ou as thermes pel asp ra i as; e p ro c u ro u no Oceano o seu Jordão :

Contra o m a l q u e me tem fei toR a i v ososc ani c u la resMe o ff

'

rece a fresc a E ri cei raSeusc la ros, sadi osm a restp . 77 )

A tendenc i a á ta fula ria não predom ina va no p oetamenos qu e a de ou trosdivertimentos. Já q u ando—professor di z i a :

S o ffrem-me osgra ndes, sou ta fu l e m o ç o (p . 45)

e a inda q ue p a rece c ontradi zer-se a lludindo pelo mesmotemp o a o

p obre vestido velho e grosso (p . 13)

su j a noj osa sa ra go ç a (p . 54)

qu e c omm ummente vesti a , não se a ttribu a esta u ltim aecla ra ção m a is qu e a c onvenienc i asdo m omento . Se

não escru p u lisa va em receber o presente dª

uma vesti a

XXV

de seti in da ue m a is ta rde fo i v isc ondessa de B a lsemão , a entra a qu e tinha nas c asasd

º

a lgunsnobrese

a su a na tura l p retenção a p a recer bem o leva va m não

só a a l inha r—se, ma s tambem a ostenta r quanto p odi a .

Mesmo j á velho só i a ás assembléas:

C om leve, ingleza ca sa caF ina,transp a rente mei a (p . 137)

Qu em v isse na sa tyra da Gu erra um c om o 1118 110 5"

p rezo de c ondec ora ç ões,cha m ando a um a d

º

ellas:

Inu ti l fi ta enc a rna da (p . 2 17 )

lhessu pp ori a c ontra rio , o u indi fferente, o animo o u a p h ilosoph ia de To lentino . Não era p orém assim

,e sedeve

mos crer o q ue dº

elle se l ê nas P oesi as'

oo i a ese sa tyri casde Lobo , p . 1 31

,era c a va l leiro de antia go , j á no

temp o de pro fessor.

Ni c o la u T a lentinoc om disp ensa a venera nda esp a da

De S ão Th i a go tra z no inc h ado p ei to .

P orm u i to temp o desejo u osdistinc tivosde o fii c ia l de

secreta ri a :

S ó m e fa lta , senh or, a fi ta p reta lp . 54)

di z i a el le a o prínc i pe antesdo seu desp a c ho ; e dep o isde o obter não p o u c o u fano se mostra c om a

c a sa c a enca rnada ,E fi ta p reta a o p esc o ç o ip . 302 )

merc ê q ue não ho u ve c om o tão inu ti l q ue não se dei

xasse a rrasta r tambem pel a onda dos p rej u í zosdo seutemp o , (q ue são a inda do temp o de a gora , e Deussa be

p or q u anto temp o du ra rão Fo i c a va l leiro da ordem de Christo -(p . e não c omp a rec i a sem venera

em festa se sa ra us (p .

Qu anto era devo to dedi vertimentosdiga m-nª

o a srom a

ri as, q u e o c c asiona ram o enc ontro dos c a rreira sda E u

xara (p . 298)— digam—nº

o asreuni õesp or ue esq uec i atudo , c hegando a té desp reza r osc onselhos a medic ina ,p a ra não perder nas C a ldas a sde D . Antoni a X a v ier !To lentino gozou qu a nto p ôde, e ta l vez m a isdo q ue

podia , sobre tudo nos u l timos trinta a nu osda su a v ida,

as c omm odidadesq u e a si tu a ç ão a q u e c hegara , e a soc iedade do seu tem p o lhe o fi

'

erec i a i i i o u exc i ta vam .

1 To lentino p a S S o u m u i so fl'

ri velmente osu lti m os a rm a sda su a V i da,e. não tinh a ra zão

de q u ei xa . Vi da do p oeta , p . 12

X XVI

Logo q u e entro u na sec reta ria dei to u sege, c omo então ,

c ostuma vam osda su a c l asseJá u m seº u ndofri zão

,

P endu rada a ling u a velh a ,Dá reboq u e c om o p ode,A a nti ga m ei a p a relh a (p . 72)

e p or m u i to m a us q ue os c a va llos fossem ,o q ue pro

va velmente o geni o c hoc a rreiro do p oeta exa ggera va , p or

m a isque dissesse q u e

osc ãesa trásdo ru sso

Espera m n'

elle a m erenda .

Qu edando a oso c os i lli'

a es,

Vae m a rc h a ndo triste e so p . 6 1)

por m a isqu e a inda na entrada dº

este sec u lo a fi i rm asse

q uetinha o a gorososm a chos(p . estegozo , esta c omm odidadenão eram menosreaes

,e invej a veis.

Em temp o , qu emenossep odi a su p p or, é quenasobrasdo oeta

1appa recem m a is tem idose c om inemorados os

cre ores. ão adm ira qu e isto a c ontec esse a q uem p rova velmente v iv i a sem orçamento

,e nas tenta ções do

jogo e dasdam as se dei xa ri a abysm a r l O fa c to é q ueos c redores lhe serv iram de grande pesadelo . Não po

dia m anda r c om imperi o os criados, p orq ue era

reo de u nsp o u c osde mezes (p . 62)

c oxosmezes (p . 139)

Só as benefi c as esc um asdo Madeira lhe fa z i a m es

q uecer

A sm o lesti a se osc redo res (p . 119)

Antev i a qu e p or su a morte

ra iv ososc redo resA q u em não eu rei asc h a gas,Da rão a m eusfriosossos,Em loga r de p ranto , p ra ga s(p . 125)

Se intenta a p u b l ic a ç ão dassu asobras, é p ara ver se

c om o l u c ro dºellas c onj u ra a qu el l a p raga .

I m pertinentesc redo resLa rga r

-me—hão em fi m a ru a (p . 76)

Pedindo q u e o livro sej a imp resso na im pressão reg i a ,a o p rotec tor q ue o c onsiga promette c um u l a ti vo testim umbo de gra tidão :

XXV I I

Fa zei q u ep o r ta esfa vo resVa m osbei j a r

—vosa m ã o ,

E u e osmeu sdos m i l c redores(p ;8 1)

Sente c u riosidade em ver a qu elle mea lheiro . E secom

a ltiv a lu netaNosp isc oso lh ostra ido resNão c onhec e u nsta ntosh om ens,P rinc i p a lm ente osc redo resr (p . 81)

A bom ina velO

idéa que p a rece rejei ta r qu em desde

tanto temp o dissera :

S o u infeliz , m a sh onra do ;Dom a c i m a da fo rtu na ,P or i sso o não tem lev a do ! (p . 180)

Inc l inado a am a r,To lentino deixou nos seusversos

vestig ios ora de so ffrimento , ora de a legria .

SenasC a ldassusp ira v a p orArm ida , q ue, qu ando tornasse a vêl—a

,lhe a rranc a ri a p ranto de a legri a (p .

no mesmo si tio,effeito ta lvez de animo inconstante, en

c ontra uma Ma ri li a bella , c u jos lindos o lhos (diz)

A fu genta ramOsm a lesm eu s(p . 162)

Entregando-se as prisõesdosbel los o lhosde Mam a

(p . q u eixa v a —se com tudo da su a ingra tidão , que

A na tu reza severa ,A q u em deu o lh osd

i

u m a nj o ,

Deu o p ei to de u m a fera (p . 156)

Obstinando—se em c omba ter a esqu ivança de La u ra :

Ou eu hei de venc er La u ra ,Ou m eda rá La u ra a m orte : (p . 159)

ra ti fi c ando o vo to e a p a i xão que tinha p or certa voz ,

qu e ca ntando enc anta va (p . a c c usa tambem“

c om

m a go a o per'

u rio de Li l ia (p . e a ingra tidão deNerina (p .

Com o em tantaso u trasc o usaso p oeta tambem se er

m itti a nos am oresc ontradic ç ão e inc onseq uenc i a . en

sa es qu e está emendado, p or do lorosa experienc i a de

amor,o qu e diz :

Ja esto u'

m u i to esc a ldado ,

Ja de a gu a sfri a shei m edo .

Choro osm a l a sta dosanu osEm q u eserv i l senhor. (p . 222)

XXV I I I

Fa rtei-te a Ssás a vonta de ; .

Em vãossu sp i rose em q u ei xa sMe lev aste a m o c idade ;E nem a o m enosm edei xa s(lsrestosda c u rta edade? p . 223)

Não ; qu e a té anc ião p esado , deba ixo de m a rchas com

p or u m a Ma rC i a sedu c tora nu tre a lti oosp ensamentos!

Vej o a q u ebrada m adeixaJa to rna da em gelo fri o ;Tu do o tem p o m e levo u ,

Ma snão m e lev o u o brio (p . 148 )

Ma rc i a q u eem a lça ndo oso lhos,Mi l setta sn

'

esta a lm a c ra v a . (p . 150)

Dize—lhe q u e não se a ssu steDe m eu c a bello nev a do ;Ju ra -lhe q u enão são a rma s,Ma sp ena sq u em e tem da do ;

Qu e a c a u sa da sm inh a sru g a s,E o seu desa brimento ;v a eda m inh a velh i ceFa zer—m e u m merec im ento tp . 15 1)

E x istenc i a p assada na p ro voc a ç ão e lu c ta dosa mores,f0 i u ma verdadeira ex istenc ia de p oeta . A velh ice não o

demuda va ; o tem po não p rodu z i a estragos qu e a a rte

não p odesserep a ra r. C ondemna -o a ca lc a ? (p . 123e256)eNão teme q ue uni a

ni a rra fa lo u raLa nç a u in veo so bre a g zrng rei i a (p . 256)

Qu e im p o rta q u e a c ô r grisa lh aMe infa me rosto ronc ei ro ,

S e em u a nto da E u ro p a ra lh aLexa fªla do r b a rbe i rot, )sni eu sa ni i osna na v a lh a ? tp . 257)

Q u eres sa ber q u em é velh o !E velh o q u em o p a rec e (p . 256)

einesta ndo esc a nli o a do ,

Nã o m e tro c o p o r ning u em tp . 259)

Mas a o c onceito , q u e de si form a va , c orresponderi aegu a l fortuna nosa m o res

“? Seri a el le o di toso , celebrado

a q u elle p ro jec to de ep i ta ph i o

Todo o am ante a nim o c o bre,Vendo q u e este fo i feli z ,Qu e a lem de c el/i o era p obre? tp . 269)

E q u e fel ic idades seria m essas? Como adq u iridas?C om a lyra não

, q u e nunc a c om el l a c onsegu i u a bran

da r c ora ções:

Dê b i lhetinh o disc reto ,De u m a no vella fu rtado

P õeda o u tra p a rte u m g inj ac om a penna na m ão .

A ss1gna ndo V inte letra sra Londrese A msterdão

A p osto q u e a sdam as toda sC i i ida m q u e o velho é Cu p ido ! (p . 132

'

e I BB)

S ão verdades qu e só se vêem depo isde desenganos.

E estes c l amoresso l tados c ontra o am or merc anti l,são

p orventu ra c onsequ enc i a do do loroso ba l anço dado a c a ixa , q u e tão c redora se a cho u aqu el l a c onta , em momen

tosde rea c c iona ria p enu ria l

Se a esta origem de penas'

e despezasj unta rdes asc onsequenc i asdo j ogo , hc a rão revel adas as c a usasdac omp l ic a ção q u e envolveu .toda a v ida de To lentino .

Deve o j ogo c a usa r di vertimento (p . 21 0)

di z i a o p oeta ; m asnem sempre os p roc u ro u dº

essa i a

do le, dei xando-se a rrasta r da p a i xão d'

u m, do q u a l “

melhor p odi a di zer o q u e disse de wh ist, q ue:

_endi a brado

Mette asseri asc a bec as a to rmento . p . 40)

Dec la rando q ue só e tenta va :

B isc a c o berta ,tru q u e fra u du lento ,

Qu e são os_| og osc om q u e f o i c ri a do (p .

'tO)

encobri a su a verdadeira tenta ção revel ada c l a ramentenº

ou tras p oesi as. S ó a banc a lhe era ídolo e a bysmo lD i zem

, q ue. assim ' c om o perdeu , ta mbem ganho u m u i

to a el l a ; m asosdo c umentosq ue restam , m a isp ro vamm a us tra tos, qu e

'

fa vo r da fortuna .

Pa ra ganha r não lhe va l i a conhecer do j ogo , c om o

se depreli ende da c onc isa m aselegante descri p ção qu edº

elle fa z :Em q u a nto u m di z q u e la v re, o u tro q u e

'

c onte,Sem v a leremoso c u losdo o lhei ro ,N

'

u ni a . p a z Ja venc ida , u m p onto a fo i to ,S u bt i linente lhe enc a ixa du a sde o i to .

O erito b a nq u eiro a ffronta osmedos,Ten 0 na sm ãosem q u e se

.

vá v ing a ndo ;C om c u sp o m i la groso u ng indo osdedos,Va c destram ente a sc a rtasrec u ando . (p . 277)

Sedevemoscrer quenão e'

força de c onso ante, o quenºo u tra p a rtedi z , era obstina ção su a Joga rnasmenores,

inda q u e. fosse p o u c o fel i z c om ellas:

XXX I

Qu e im p o rta qu e h a a nnosa nde

S em p re a p er er na sm eno res. (p . 310)

Não vemosq u e o p oeta c ommemoro ganhosde'

ogo ,

senão em temp o em q u e a inda era professor, e nem

um a no i te banc a em c asa do m a rq u ez de Angej a :

Vem a fortuna a o lado da ri q u ezaDo i ra r-m e a ba nc a , q u e eu a rm ei a medo . (p . 40 )

O qu e se vê,m u i repetidos, são c l amores c ontra as

perdasdºeste banqueiro infeliz (p . e pro testos, i a

c ilmente q u ebrantados,de não j oga r m a is. Pretendeu

desforra r—se de m il m odos,de m a l—q u e j ogo lli e fa

z i a . Tri um pho ep hemere era p a ra el le desc a rrega r o

a zedume do infortunio sobre a memori a do inventor dac orrio la l

O c o ra c ao c om ferro tem p erT inh a o du ro invento r da b a nc a inj u sta ;Jogo fa ta l, u e ta nt a sp ena sc u sta ,E q u e tem a rta sb o lsa sdespej ado

Já lá_h a de ter dado c onta estrei ta

Qu em invento u a triste c o rri o la .

Qu e cega m o c idade a p erder dei ta . (p . i l)

Os p ro testos que fa zi a de não a p onta r m a is a banc aeram em S l tão inc onsistentes, como el ie mesm o c onfessa , fa l lando de egu a es p romessasd

º

o u trem :

One to rna sa a o u ta r, p rometto e a ttesto ;Qu e eu , p a ssa ro isna u . fino g a ro to ,Dep o isde j a ter fei to o m esm o vo to ,

Jogo 0 q u e tra go , e j og a rei de resto

A inda dosa rdidosj og a do resW i o a sp ra g a ssu b i ndo sobre o vento .

Já to rna m p a ra o jogo osta essenh o res;E c a so em q u e não l ig a o j u ra m ento (p . 42)

a j oelh a do a o vencedo r banq u ei ro ,

C om m i l xo tos lo rm a es, m a ssem x i rtudcChega m a sh o ra s, resist i r não p u de (p . 43)

Qu ando e'

_q ue To lentino deixo u de j oga r? Qu andoa s perdas e desespera ra in de todo ,

diz el le : o u trosdizem q u e q u ando p ôde resti tu ir a mu i tosa ssommasq u elhes tinha ganho . A seg unda si i p p osição é menos i erosini il. C oncelie—se c omo a c onstanc i a e ellei tosgera ese p a rti c u l a resdosrevezes, c li eg uei i i um dia i l l um ina ro esp írito do j ogador, e da r—lhe força p a ra renega r o

ví c io : m a s c usta a c onceber a nimo tao mel indroso, q u e

1 Co m o ti vesse u m a rela ção da s pesso a s. a q u em tinh a q a nh ado mandessem inais,princ i pa lmente i ra dos, Wl'l ndl l ll (u m a de I SO!) i inniedn la inei i i e pa g a r-lhes, e nu nc a m a is j n

u m i Vi r/nr da ,mMn p | Q

XXX I I

tra tando de v ira r c ostas a o j ogo , não c u rasse do sa c riti c io que i a fa zer, sem c ompensa ção pel as perdasqu eel le p rop rio experi i i ientára em andasse resti tu ir assomm as q ue ganha ra , e que p or serem m a is c onsidera veisc onserva va na memori a . Percebe-se melhor qu e o rigordos antecedentese o temor dosc onseq u entes

, a fastasse

To lentino da banc a . Quedi z i a el le q u ando u m dia,a l

lu c inado pel as p erdas, fez p ro posi to , q ue não m antevede rec o lher-se a o Va ra toj o

ª?

Fa ta l, rig ido ba nq u ei ro ,

Mo t i v o dosm eu s

âlÇZ d I

'

B S ,Herdei ro do meu inhei ro

Nã o te tiesem ventu ra

Q u em j o g a tem o m eu fimU i i tre i i i teda rá o sg ostos,Qu e tu m e tensda do a m im . (p . 1544 55)

E m a isna tu ra l q u e fossem l içõesdºestasqu e p or fimlhe a p roveitassein,

c onc l u indo e rec onhecendo q ue a

F ortu na era c om el le imp ie, e odi a rec rudescer a ho

tilidade,sem lhe deixa r o u tro eni tivo qu e a esmo l a do

c a ldo nas p orta ri asdos c onventos, o u a ex trema perdição de sa l tea r asestradas:

.lá p u z na stu a sm ãosg rossostostões;Ma sse em p a g a nie da sc anç a dosdi a s,Ma isnã o q u ero p ro v a r-te a ssem -ra zo es;

Qu e a osq u e a p onta m p o r fim tu sem p re env i a s,Oi i c om fa c a na m ão p a ra osP egoes, .

( i i i c om t i gela p a ra a s p o rta ri a s. (p . 43)

E adni ira vel qu e o homem q ue tanto se qu ei xo u doam or vena l

, q ue tanto experimento u ossobresa l tosdoj ogo , não proc u rasse remedio c ontra isto no c asemen

to,c u j o estado p into u c om ta ntos lo u vores.

P u ro a m o r, lim p a v erda de,seentreesp ososestão ;Desce ellesa a m i za de ;Tra z-lhesc o 'a sa nta u niã oUm a so a lm a e v o ntade. (p . 2 10)

Se a l ém da a ffeição verdadeira e dosdotesgera lmente requ eridosp a ra torna r a c omp anh i a (indissolu vel)dam u lher

,su a ve e a p petec ida , genio do p oeta req u eri a

a inda a ra a su a a l l i anca q u a l idadessu periores, permanecen cel iba ta ri o p or não as enc ontrar, não o a fri r

m a rem os, m as a lguns p odem ter oc c asião de o suspei

ta r.

S e é verdade o q ue, di zem ,respondeu a um am i o que

o interrogara acerc a de se não ter c asado , gra u e era

X X X I I I

a idea ue form a va da' disc rição e v i rtude de su a ir

mã D . o a q u ina , e não menor a da ra ridade dºestesdotes

,ex ig idos p or el le na m u lher q ue esp osasse. P or

u e não e perm i ttido c asa r c om irmãs» era a ra zão deETolentino p a ra a c a ba r so l teiro .

A té a entrada dos francezes em Portuga l m oro u naJun neira

, p orq ue a sec reta ri a era na c a lçada da A j uda .u dada esta p or então p a ra o R oc io

,não fo i sem

c u sto q ue o p oeta transferi u a residenc i a p a ra os C a r

da esde Jesus p a ra fi c a r m a is p rox imo da rep a rti ção .

Assevera in q ue a invasão estrangei ra li zera p ro fundaimpressão no a nime de To lentino

,c om o qu e ta l vez se

lhe a brev io u a m orte. Cri ado,e costum ado a v i ver nºu

m a so c iedade de tão singu l a r e na c iona l'

aspec to não

adm ira q u ea q u el lo esp iri to p adecessemu i to c om a trans

form a ção q u e nova , inda q ue ep liemera c orte,opera v a

nosha bi tosda v ida externa e ta mbem promettia rea l isa r nas ideas. De dia p a ra dia c resceu no p oeta o p re

dom ínio da mel anco l i a , e dim inu i u a espontaneidadedogra cej o . Adiantado em annos, a c u rvado a o pesadel oenorme de q u e não ha v i a j a espera r redem p ção e indoendenc i a p a ra a p a tri a , não p o u c asvezesseenc ontra vaagrim as fu rtivasp a ra m i tiga r m agoasq u e em si lenc iotra ba lha vam . Chegara a o c c asião de di zer a tudo o

u ltimo adeus, as festas, asj

asseni bleas, ásdanças qu etanto am ara . Nos u l timostres annosv iveu c oncentrado

e retiradissimo . As sezõesda m o c idade tinham legadoà velh ice um a a ggra vada deb i l idade de estom ago . Não

hav i a já ido l a tra r bonsp ra tos! Nº

um a c ha vana de choc o l a te am a rgo , c om um a torrada sêc c a

,desc onta va a o

a lmoço e antigo e c antado ep ic u risni o l Um p assei o pelou inta l a fugenta va

-

asmemori asdasp assadasrom a gensl%m OÍTÍC ÍO de Nossa Senhora , qu e a inda então os_c a va l

leiros—da Ordem de Christo (em q u e era pro fesso) re

sa vam,era p a ra el le a u l tim a oc c u p a ção domestic a da

1 Vida do poeta , p . 9 .

2 ) Qu ando m o ço , da nço u c om m u i ta gra ça , e era h a b i l no j ogo da espa da Vi da do p aeta , 1 9 .

T elinosa lgu m a dllVlda no q u e to ca a o j ogo da espa da . Qu em a espa da cha m o u e menta , (p 13 1 )qu em tanto ri di cu lo a m ette, e a pa i xão da gu erra na sa tyra destenome (p . q u em ,

a p roposne do encontro c om os ca rrei rosda E nx a ra , expli c i ta m ente decla ra qu e não sa be m o ver espa da ; não dei x a c onC i li a r a ffi rm a tiva do seu biogra phe.

Em qu a nto no du ro ch ãoMeu com pa nhei ro a rqu ej a v a ,E u m u i to h u m i lde espera vaTam bem a m inha ra ção ;B em m e lem bro u qu e esta a cçãoDeslu stra va m inha glori a ;Masnão pretende “ G lº ri a

Nem sabe m over espa daNão h a a nnos costu m a d aA da r só c om pa lm a to ri a . (p

XXX IV

m anhã , antesde entra r na sege qu e o c ondu zi a a sec reta ri a . Dep o isde lu c ta r horas, sentado , c om o peso

do j anta r,frequ entav a a lgu nsconventos, onde c om fra

desdou tosse entretinha em c o usas c ondignas.

Ata c ado p or um a vom ic a v iolenta , erc ebeu bem qu ando

,se lhe a prox im a va o termo da v i a . R ec eb idososS a

c ramentosda egre'

a,exp iro u nos bra çosde su a irmã

D . Jo a u ina a 03de j unho 1 8 11,

c ontando q u asi 70anu os e edede.

Fo i enterrado no mesmo cem i teri o da freguezi a dasMerc ês

,onde seis annos antesse sep u l tara B oc a ge, fi

c ando , ta l vez , perto u m do o u tro , p a ra u e osossosdeambostivessem o mesm o destino deseper erem

,c onfun

didos em p osteriores, tum u l tu osasexh um a ções.

To lentino,não obstantedi zer do seu c a ra c ter m ora l :

so u h om em du ro,

E rebelde asleisp rim ei ra s;Qu e nã o c h o ro nosm a ish om ensA sdesgra ça sverda dei ra s;

Qu e insensí vel v i no c i rc oB u rlesc o neto a rra sta doDeixa r c om a ro ta c a bec aterreno ensa ng u entado ;

Qu e vej o c om o lh ossec c os,C om fi rmesem bla nte intei ro ,F u g ir-ni e n'

u ni pa ro li inO m eu u lt im o dinhei ro : lp . I Oõ)

p a rece qu e esta fei ç ão de ego ísta insensí vel a desgra çasa lhei as, não era a bso l u tamenteverdadeira , antes« homemde bo a mora l e m u i to rel ig ioso . .q u ando p ôde so c cerreu a qu em necessi ta va , e a lgu masvezesnão soc c orreucom pe u enasq u ant i as. » ( 3

Dota o de mem ori a prodigi osa ,-

m u í a m ante de m u

sic a,frequ enta v a per

'

iste c om assidu idade a o pera .

E ra de esta tu ra a l ta , c hei o de c orpo , rosto redondo , pelle c l a ra e rosada

,o lhos p a rdos, na ri z regu l a r, boc c a

l a rga e engra çadissí i i i a , dentes bel los, a nda r nobre e

a u sado . Se toda a di l igenc i a qu e se tem p osto p a ra

he desc o brir o retra to,se a lgum dia tivesse ex istido

,

tem sido infru c tu osa , p orqu e a fina l se desc obre q u enunc a se retra tou ; a q u ell a descrip ção , qu e da figu rado p oeta se conserva , bem persu ade q u e não fôra desfa vorec ido de dotes pesso a es.

1 Jose Ma ri a da Costa e Si lva (R ev ista Uni versa l L isbonense, v i , 4 73) erra d a mente d isseq u e fa llec era no a nno de 1 8 10

º não se pondo S i gna l a lgum sobresu a sepu ltu ra o q u e fez q u e se não a ch assem os

seu s ossos qu a ndo o insi gne li ttera to o sr A ntoni o Feli c i a no de Casti lho , p a rente do po eta (p orter szdo ca sa do c om u m a S Ot nh a de To lenti no), ospro cu rou , pa ra ostra nsferi r—f e fa z er repetisa r decentemente no cem i teri o dos Pra zeres V ida do p orta , p . 1 4

3 ) V i da do p oeta p 1 4

4 ) lli id p . 10

C om ra zão di z i a,não ha m u i tosanu os

,0

'

sr lo'

sé Fel ic i ano de C asti lho , encetando a c rí tic a

da s obrasdº

um

dos m a isno ta veis engenhos p oetic osdº

esta terra : « Eº

sestro nos q ue se dão a o estudo de u m a u c tor, a p odera r—se

, p or el le de certa p a rc i a l idade, o u sej a de adm ira ção ou de censu ra , c om q u e o j u í zo c omp letamentese desva rí a : a c a ta ra c ta

, qu e emba rga os o lhosda rã

zão , ma l perm itte div isa r, p or entre espesso nevoeiro ,o

%no o u tros vêem , c om o o sol do mei o di a . » ( 1

rep ondo—nosa prec i a r asobras, e a fei ç ão poetí c a de

To lentino , desej am os ev i ta r a mbos os p a rceís, p or en

tre osqu a esna vega a c ri ti c a , Fel i zes,de nós

,se uder

'

m os. sa ír do p asso estrei to destas S c y l l a e Cha ry edes,sem toc a r nassyrtesq u e por todos os l ados

'

no'

samea

çam . Proc u ra rem os a v irtude entre os extremos.

A h istori a littera ri a do m undo a presenta exemp losde p oetas celebresem v ida , qu e dep o isdemortos c a í

ram em to ta l esq u ec imento ; m asp o u c osha verá de q u etem su c cedido a Ni c o l a u To lentino deAlmeida

,celebrado

na v ida e na m orte,então e semp re, a despei to depe

q ueno legado p oetic o q u e nosdeixo u ,inferior ta lvez

a tão grande rep u ta ção , e á esc assa l ição p op u l a r q u eh a d

º

essas obras, qu e p ou c osterão l ido p or inteiro , m asem qu e todos fa l l am .

Algu m a c o usa devep or certo ha verna h istori a do p oeta e do seu temp o q u e ex p l i q u e tão singu l a r phenomeno .

Concebe—se qu e To lentino p udesse, effeito de'

c írc unstanc i as

,a rreba ta r os c ontem p oraneos a té a o p onto

de l hes merecer ta manha exa l ta ção : c oncebe-se que oora tori ano p adre Jo a qu im de Foyos

,c om o el le p rofes

SOr de rhetori c a , elevado dep o is a a l tos c a rgos, a cen

sor regí o do desemba rgo do p a ço , a c hronista da c asa

de B ragança , a a rc ade, a direc torda c l assedelittera tu rada a c adem i a rea l das sc ienc í as

,etc . (que, m a isvelho

qu e To lentino , a inda lhe sobrev iveu a lgunsmezes, fa llecendo no mesm o anno

,1 811)dom inado pel as impres

sõesgera esdo seu temp o , e porventu ra pelo etfei to dem u i taspeç asp oeti c as, qu e osc ontemp oraneosc onheceram

,e qu e p or m o tivos p a rti c u l a resnem

"

as conservº u

1 ) No ti c i a da v ida e a lm a de M . M Ba rbosa du Flo/a ge (a brangendo ósi ol. “l ºi-9 5 daLiw a r i a C la ssw ; P o r tu g u em ) u m . 1 15

XXXV I

estamp a , nem v ieram a té nos; chegasse a di zerm u i tas vezes: « que nostemp osmodernosnão c onhec i aem Portuga l senão do is p oetas, u e merecessem e ti

tu lo de grandes, a sa ber : Antonio ini z da Cru z eS i lva ,e Nic o l a u To lentino de Almeida . » (1

Nenh um escrip tor em verdade c onq u isto u i iº

a q uelle

tem po m a isadm ira ção ea p reço . Osm a isdou toscobri a mnª

o de exa ggerados lo u vores: entre todas as c l assessel i am

,se

'

dec ora vam , sedisp u ta va m cep i asdosseusversos

(p . q ue a té 1 801 só c orri am m anuscri p tos. Poeta desa l ões, divertindo e l isonjeando nm c omo p a rtido , à c ustadas tortu rasd

º

o u tros,em qu anto a scena perm anec i a ,

em qu anto os a c tores eram c onhec idos e o p u b l ic o e

mesm o , pedia o fogo de adm ira ção e da p o u la ridade

c onserva r—se a teado ; m asdep o isqu e o j u í zo na lda im

pressão p a tenteou a todosa quel a m a gra c ollecção de

do is volum ínhos, p rova velmente desp oj adosdosversos

m a isfestej adospelasboase ru insp a ixõesde temp o glorioso

º? depo is qu e desapp

a receu todo a q uelle a uditoriosemp re prom p te a a p p andir o la tego sa t ri c o “

? depo isqu e as gera ções se sum iram e a soc ie ade p adeceu

tão amp l as transform a ções“? c omo p ôde o poeta c onti

nu a r a merecer, se não 6 mesm o“

c u lto anim ado dºou

trºora , p or certo a mesma adm ira ção na c i ona l ? E fa c to

c ustoso de exp l ic a r.

A m a ior p a rte das p oesiasq ue de To lentino se c on

servem ,são de temp o anterior á su a m udança de for

tim a e desp a cho de o ffi c i a l de sec reta ri a em 1 781 . De

p o isdº

esta ep o cha o u p ou c o c om poz , o u p rodu zi u ma isoesí asde na tu reza dem asi ado pesso a l , que su p p rim í u .

Dim inu indo o c ommerc io c om as m usas qu ando se

v i a c om meios p a ra v iver em mor tranqu í llidade, mas

c ontinu ando , elo qu eja fi zera,a ser festej ado eestimado

pel a espec ie e fasc ina ção q u ev

exerc i a , To lentino a re

c í a não . ter nasc ido poeta , nem ser dom inado pe o invenc ível amor da a rte

, q ue ímpelle os homensde ge

nio p a ra a c om p osição . Qu em sa be se 0 p rop rio testím unho do p oeta o qu er c onfi rm a r, c ham ando a p oesi alingu a em da mentira (p . e so a ttribu indo ástristezas a v ida

, q u e qu eri a su a vísa r, àssu asdístra c ções

p oeti c asº? « Os tristesdi as (é o oeta q uem fa l l a ), de

u e vejo ir chei a a melhor p a rte m inha / v ida ,'

me in

flu íram insensivelmente a mor da p oesi a em qu antoordeno as m inhas trovas

,fu jo de m im ,

e esq u ivo—me1 R ev ista Uni versa l Ltsbonei tse. t t , 4 7 1

9 ) Costa e S i lt a , na R ev ista L'

i i i i ei sa i L isbo l im se, H , 4 73

xxxvu i

Sem eurarmos de ana lysa r até q ue p onto a,exp res

são e a c c usação são. j ustas pelo qu e se p assou c om ÉL.

mano, pede a verdadeq uesedig a q uesão abso l utamentedesti tu ída sde fundamento pelo q u e. respei tam a o . sa t)!

rico, c ortezão .

Asmesmas imp ressõesleva ram o sr. Rebel lo da S i lvaa egu a l, immerecidó c om p adec imento. « C a usa

,triste).

Os, cultoresdo verso , as voc a ç õessinceras

,

(diz não.

podiam su bsistir, senão segu indo um . dº

estesdo is c am inhos: — o u a bdic a r a a rte p or qu a l quer o ffi c io rendo.

se— ou a rrasta l—a mendiga e su pp li cante c omo T o

lentino, c omo E lm ano , c om o tantosoutros, pelosserõesdo s a u l_i,c os, e. pela s mesas dos

"

. op u lentos. Se a lgunsba ixa ram menos, não se. c rei a p or isso , q ue se enver

gonhassem ,

de estender a mão a os benefi c ios; todos ofa z iam sem pej o, e sem rebu ço , excep to os a basta

Tolentino andou m u i to , pelossa ra use mezasdep oderosos; e esteve sem p re p romp te p a ra receber -e mesmo

pedir. benefi c ios. Entretanto se a rrasto u a osp ésdosgran

des. a m u sa mendiga e su p p l i c ante, não . fo i p or m u i totemp o , e se persisti u n

º

este meio não fo i p a ra ,su bsistir.

S ão , bem no tori os osesfo rços q ue fez p a ra a bandona r osegundo c am inho e sa ir v i c tori oso no primeiro , a lc ançando edec tivamente gra nde esteio d

ºu u i em prego im

portante.

Adsc rip to a u m a so c iedade de fidalgos, mel l ier-diria emesa um a o u du as. fa m í liassoc i a lmente p redom inantes,não ha d

º

o u tras rel a ç ões memori a nassu as p oesias. Se

c onv i veu com todososgra ndesp oeta sdo seu temp o , qu e

não era m p ou cos (

º,a nenh u m menc iona nosseusversos,

se, p or exc ep ção , esc reve a Dom ingos P iresMonteiro .

B andeira , (p . 107) rec ordando-lhe tra to e fam i l i a ridade antiga e p ro voc ando

—o q ue lhedê um j anta r. Se

teve rel a çõesc om todosessesc onfradeseu i Ap o l lo , o c ora ção p a ra lytic o nos lo u voresdadosa fida lgosem c a usa .

nanc ia edesconto de ínterm ina veispeditorios, c ostuma

rã -se a perm anecer índill'

erente e cerrado asem oçõesqu e»

tra to littera rí o c ostum a p rodu zir ; e p assa va insensí velpel osc ontemp oraneos, sem deixa r p rovasem c ontra rio .

sobretudo nªum tem p o em q u e tão c ommum era o c a r

toa rem-se p oetas. E egu a l o si lenc io q u e acerc a dº

elle.

gu a rdam os p oetas“

seu s c ontemp oraneos (sa l vas du asbreves a llusõesde E lp ino D u riense e Fi l into E lysi a)

1 Mem or ia bi ogra p hwa e lu tera n a a cerca de Ma noel Ma r ta B a rbosa du Boca ge, p .Ma noel Ma ri a de B a rbosa du Bo ca ge (a rt V l).

XXX IX

q ue p a rece c onfirm a r q ue, se To lentino c om elfei i o en

trou no seu tra to íntimo,ho u ve da a rte d

º

elle o u de

ambas asp a rtes tão p ou c a c ordia lida e, o u m o ti vosdesep a ra ção a inda m a iores

, q ue de todo desa p p a receram

osvestígiosdº

a qu elle c ommerc io p oeti c o .

D i zem q ue asx soc iedades de notas, e as a c ade

m ias qu e nº

a quelle tem p o se esta be eceram , o c onv idaram p a ra so c io ; m asa todasse

'

rec uso u ;'

a penasem 1 786

a c ceito u a nomea ção _de so c io c orrespondente da a c ade

m i a rea l das sc ienc ias de Lisbo a . » ( 1 H a a qu i a lgumerro

,

'

e vehementes indí c ios c ontra a lgum as dº

estas

asserç ões.

Não sa bemosdº

o u tra prova ma ior, q ue a qu el la asserção recente, a respei to do c onv i te fei to a To lentino e

su a esc usa a entra r na A rc adi a o u Nova—Arc adi a . 0 j u izo qu e p õe na bo c c a do ba rbeiro-poeta , na sa tyra 0 B i

lha r (p . 279 sobre a-renascença da p oesia p ortu

g u eza (tentada e em p a rte rea lisada p or a q u el lassoc iedades), verna c u lidade de termos

,c orrec ção metric a

eleva ção de pensamentos, p redom ínio de odes, bem deixa ver, q ue se insu rge c ontra astendenc i asrecem—ma

ni festadas,m a is ta lvez p o r despei to pessoa l ,, e na tu ra l

impedimento p a ra hombrea r c om m u i tosdosnossosp oetas

, qu e prim a vam nosgenerosm a ism imosos. Assimm a l se c om p adece c om a q u el l as op ini ões, q ue não seri a m então segredo , qu e assoc iedades p oetic as fossemsollic i ta r c oopera ção de q uem segu i a tri l ho tão diversoe p or assim di zer tão sing u la rinente eS p ínli

'

oso .

P or m a isq u e se diga , To lentino deveu v iver m u i segregado da soc iedade dos va tes c ontem p oraneos. Se

m u i tos,e não dosmenosno ta veis, se não envergonha

vam de pensa r em bo teq u ins,e freq u enta r ou teiros;

p orque c l am a va To lentino tanto c ontra isso

,menospre

zan osq ue leva vam a q uel la v ida, qu e aso p ini õesge

raes e c ostumesdo temp o esta vam bem longe de considera r deshonrosa

º? Não p ro fano Ap o l lo , di z i a c om v i

sí vel so branceri a,

P ela slogea sde beb ida s,P o r o i tei r-osde S a nt

'

A nna . (p . 89)

E a inda q ue. p a rece c ontradi zer—se q u ando a p roposi tode C rescentini

,di z :

Se eu h oje fosse a oso i te i rosOnde j a t i ve elo g ios(p . 106)

1 Vi d a do p oeta p . 15 .

XL

não podedu v ida r-se qu e ho u ve c a usa , por m a iso u menos temp o la tente, qu e o não dei xou c omb ina r bem c om

os o u tros p oetas, o u ossep a ro u du rando certa ep ocha .

Qu anto a entrada na a c adem i a,o p ro cesso , os fins,

e os effei toseram e foram o u tros.

A a c adem i a'

rea l das sc ienc iasde Lisbo a , nasc ida asombra do novo reinado de D . Ma ri a 1, fundada p or ump a rente da ra inha

, pro tegida pelo governo e pel a c orte,era o a lvo em q ue p unham o lhos sa udosos os então

m a isnota veisnassc ienc iase nas letras. Com panh i a , nam a ior p a rte c omp osta de indivídu os c om ti tu los leg i timos p a ra merec erem essa honra ri a , era o p inião c om

m um q u e a a c adem ia a gra c ia va a quelles a q uem abri aasportas, e m u i toso desej a vam em vão . N este c aso não

seri a To lentino sollic itado m asc andida to . Porventu ra àp rotec ç ão dos a cadem ic os c onde de S ão Lo u renço e

m a rqu ez de Alegrete fo i qu e To lentino deveu ser no

meado em 19 de j aneiro 1 780 soc io su ranumera rio

esta c orp ora ção sc ienti fi c a , e em sessão e6dedezembro do mesmo anno membro da c omm issão p a ra a c om

p osição do dic c i ona rio da l ingu a p ortu gueza .

Seri a esta distincção testim unho de merec ida c onsidera ção às letras do p ro fessor de rhetoric a e p oetic a ?Seri a mei o estra teg ic o p ro c u rado p a ra c ondec ora rem o

p oeta c om um ti tu lo, q ue, pelo ue j á va l i a na c onside

ra ç ão p u bl ic a , p odi a a p l ana r di c u ldadesna so l u ção davelha p retenç ão de To lentino , j ust i fi c ando c om el le melhor a gra ç a sollic i tada ? E m a isp a ra c rer a segunda q uea p rimeira hyp o these, c omo os fa c tossu bseq u entesta lvez q ueiram c onfirma r.

O desp a cho do p oeta a p p a receu m a isdepressa , q u ea j usti fic a ç ão dos mo ti vossu p p ostosp a ra asdistinc ç õesa c adennc as.

Não ha memori a de “

q ue To lentino p restasse me

nor a ttenção o u c olla bora ção a os tra ba lhosda a c adem i a ,e tanto é verdade ter assim p rocedido , e inc orrido napena de exc l usão q u e osesta tu tosem taes c asos c om

m ina vam, qu e o Seu nome, q u e a p p a rece na l ista dos

soc iosdºa q uella'

c orp ora ç ão (p u bl ic ada annu a lmente nosA lm ana ksde Lisboa ,) a té a o de 1 788 , d

ª

a hi p or di antedesa p p a rec e p a ra sempre.

_Acerc a dos meri tosgera es, e da op inião em qu e Te

lentino era gera lmente tido , em vão p ro c u ra rí am osdoc u mentos c ontem p oraneos seus q ue nol—o dissessem ,

1 Co m o j á V i m os, na V i da do poem erra da m ente se p õe esta elei ção em 1786 ,e se lhe c ha

m a so c i o c orreSp ondente. S u p 'a nu m era r i o era da cla sse dos effec lzvos.

XLI

isentosde p a ixão . sedep o isda su a morteseenc ontram ,

e se p odem c onsidera r menossuspei tos.

B o u terweek c onsidera—o p oeta m u i dec ididamente c ara c terisado p or esp iri to na c iona l .A lmeida « G a rrett pensa do mesmo m odo ; cham a

—lhe

em inentemente na c i ona l no seu genero , e o « m a is verdadeiro

,m a isengra ç ado , m a is bom homem de todosos

nossosescrip tores.(2

Igna c i o José deMa cedo , q u e o c i ta m u i tasvezes cha

m a—lhe fa ceta .( 3

O sr.,m a rqu ez“

de R esende, semp rechistoso “ j ovi atissime e p op u la r .

( 5

O sr. José Fel ic i ano de Casti lho,inim i ta vel ep orten

toso dena tu ra l. ( 6

José Ma ri a da Costa e S i l va,não obstante os rep a

ros crí ti c os q ue lhe fa z , c onfessa qu e el le a bunda de

bons di tos, e p inta ás vez es com energi a e vivez a .( 7

Antoni o Ca rdoso B orgesde Figu eiredo , diz q ueasm usaso fa vorecera m em mu i tosgenerosdep oesi a .

( 8

O sr. João Au gusto Ama ra l Fra zão diz q ue « as

obras de a bundam em pensamentos a gudos

,em m a x im asde mora l , e são ornadasdosm a isbel

los,

enfeitesda eloqu enc ia .( 9

Ac erc a da p u reza de su a l ingu a gem nem todosp rofessam por el l a a mesm a adm i ra ção . H a q u em lhe chame mestre da lingu a m a terna , q ue escrev i a em p a ra

lingu a gem p ortu gu ez a ( 10 ha q u em diga qu e a lingu a

gem /am i li a r, e semp re corrente e elegante qu e app a re

c c em seu ssonetos odes,ep isto las, e ou trosgeneros, Ita

merec ido os ap p la usesdos erudi tos m as todasestasva gas a sserções, c a rentes de p rovas e demonstra ç ão

q ue as a u c to rise, pedem j usta redu c ção a os termosem

q u e se exprim i u um p oeta c ri tic o c ontem poraneo nosso . «A l ingu a gem de Nico l a u Tolentino (di z ia el le) é gera lmente c o rrec ta , m as p o u c o elega nte. » ( 12

Um dos meritos m a is relevantesdo p oeta é ter deixado nas su as obras pho togra p hada , se assim o p odêmosdi zer, a soc iedadedo seu tem o

,tão c hei a de p reoc

c u p a c õesederidi c u los, c omo a de oje, m u i tosdosq u a es1 H istory of S /l 't ll lsh u m ! p m tu y m

'se lctem tu rr', I I , “28 35'2 ) Bo squ ej o da h isto ri a da p o esm e linq u u po rtu g u eza , no P -u

'nu so Lu si ta no , I , u m .

3 ) Velh a L i bera l do Do u ro , 1833 , p '27 !

4 ) Pa nora m a, u v , 4

S t I lm l M l .“2 13 .

6 ) L i vra r i a C lnsswn, xxv , 8 8 .

7 Hemsta Um vm 'sfd L isbonense, V l . 49 9 :Bosqu ej o b isterne d'e lc lleru lm u cla ssi c ”,

'I ed. p 19 0

9 ) V ldtl do ,me!“ p10 ) lb ld p . '2 1 e 34 .

H B o rqesde F i g u ei red o , B u sq u l'j o etc lo ga r c i ta do

12 ) Costa e b i lva , na R ev i sta Unwersu l L isbonense, v t,49 9

XLI I

se modiãea ra m o u troc a ra m ,o u tros a inda perm ane

cem m a is o u menos enfei tados. Aq uel las « p intu rasdos c ostumesda soc iedade

,tudo é tão na tu ra l

,tão ver

dadeiro l» ( 1 A exa ggera ç ão dostou c adosa l tos, nasmuiberes

,como hoje a dassa i as—ba l ões

, p resta va—se

di c u los,ch istosos c ommenta rios. Ora

. a m u lher, ti nh a p or to u c adoA to rrede B elem :

B a nh ada em p ra nto , desm a i ada frente,P rostra p o r terra o c o rp o deli c ado .

'

G'

o bo leo seesb anda lh a a m a tta esp essaS a em d

'

ella esg u i ões, c a ssa sla vrada s,E de belb u te tri nta e u m a p eç a

F ivela s, esp adins, renda sbo rdadasA té t i nh a esc ondido na c a beç aO m a rido e tresa rc asenc on adas. (p . 38)

Ora é. a' mãeq u e ba tendo o p ena c a sa , pede a Giba que

dê c onta do c o lchão desa p p a rec ido :

A rremette—lhe a c a ra e a o pentea do ;E is não q u a ndo (c a so nu nc a v istoSãe he o c o lc h ão dedentro do tou ca do . (p . 39)

A p a r dºestesc a pri chosfem inisc orri am p a ra llelamen

te osdoshomensa ffemm ados, tambem esc ra vosda m o

da . A quelle

c h a p eu de ta l form a desm a rcado

Qu e nem a gente a pep a ssa r p odi a : (p . 38)

a q uel la sEnei asde m a rc a a gigantada , q u e entre esqni

na s enc a lha v am ; o c ontraste q ue as fi vellinhasdo ri c o

estrangeiro fa z i am c om esses qu adrados fivelôes, nãoesqu ecerão m a is.

Ca p itão Vento-su l, ri c o h o lla ndez ,Qu ede p ra ta su bt i l peq u enosósServem so de fi vela snosteu sp és,

Vem a dm i ra r-te, vendo q u e entre nosT ra z o p o bre p a ra lta p o rtu g u ezP o r fi vela sm o ldu r de treinos. (p . 46)

E del ic iosa a p intu ra do p a ral ta q u edasv i a gens. tra z.

do c u mentos p a ra emenda r a p a tri a e

0 m u ndo q u e vae perdido (p . 236)

e nos c a fés ostenta o

pesc o u de o relh a (p .

1 A lmei da G a rrett,no Pa rna so Lu su a no , LM".

XLI I I

po isso pro vara estudo

Em ter c h a peu gadelh udo ,ter ca nh ão cerceado .

E em p ôr de m a isu m ca nudo . (p . 237 )

Osqu adrossão animadissimos: podem sem retoq ue a proveita r—se inda hoje, q ue não fa l tam typos, c omo esses

de ha qu asi u m sec u lo l

E os amoresdº

então, q ue são os amoresde hoje, e

p orventu ra serão , em si tu aç õesidentic as, osmesmossemp re? E egrej a em qi

u e pode m uda r o ri tu a l , masem q u eosdogmas. o a c to e fé são imm u ta veis. Ha verá sem p re

rga do

j á dostu to res: tp . 223)

ba sba q u e.

Qu e gra vesinh o na m o ra : (p . 224 )

c restadosp ei tosba iosQu e c om eç a ndo em ba rr i l

Ya o p o r a u gmento a la c a i os: (p . 226)

.velh a sp resu m ida sk.

Qu e tem de c omp rada sc o resA srosa sfa cest ing ida s: (p . 226)

. frei ra ticos.

Gentesde m a i sa lta estei ra (p . 228 )

ha verá sempre de tudo isto , de todasasesteiras, eesteirasd

f

este o u dºa qu elle fei ti o p a ra sa lva r am antessu rpre

hendidoslDentro de enro lada estei raF i c a m n

'

u m c a nto em bosc ados. (p . 23 1)

O! velho mo lde dosg inj as (p . 52) equ e p a rec e q uebra r—se; c omo se pode j á di zer perdido o m odelo dºaq uellasseges

. resto infel i z do terrem o to (p . 35)

q ue a velha tra qu itana su p planto u , p a ra ser tambemsu p p lantada p or nana rra s, e i rmãsda c a ridade.

O qu e não m udo u fo i a c onsidera ç ão q ue desde antigo temp o o Ch i ado tem desi tio elegante, p op u loso , c ommerc ia l e transi ta rei (p . não m uda ram

osfa m ososentremezes,

Qu e no A rsena l a o v a go c a m inh a nteSe vendem c a v a llo n

'

u m ba rba nte : (p . 278 )

não .m uda ram a inda osridi c u l osexorc ismosc om osqu aesSe exp lic a o dem o em p o rtu gu ez c o rrente : (p . 26)

m as muda ram ,ta l vez

,a q uel l as c ontradanç asnosdi as

XLI V

daspro c issõesde q u aresm a , c oroadas inda p or c im a detudo c om o j ogo dos a bra ços (p . 37) a q uel lassingula resederroc adasassembléasdevelhaspretenc iosasemeninas fei a se m a l cri ada s. (p . 240—241)O montede Santa C a tha rina , (

ªne era então o p asseio

m a is frequentado da gente do a irro—a lto , esse e u e

ma teria l e soc i a lmente está o u tro l Já não ha ranc os

q u e o p asseiem ja não ha adro de egrej a em qu e os

moços desc ancem e c onversem,em q ue dancem e des

c antem ; j á não ha cru z , em c u j a base p ousem e a l terqu em a vontade

. a cerrim osj a rreta s.

A rg u menta ndo em ga zeta s(p . 237)

c onc i li a p rofundo , qu e

Sem ter u m p a lm o de terra ,Esta rep a rtindo o m u ndo . (p . 238)

Masem c ompensa ç ão dºessa feição soc i a l e p o l itic a

seperdeu , a inda bOj echam am a medi cm a fa llwel(p . 1

j u lgam os

.medi c osm a u s,a té p intados: (p . 20)

. lo q u a z medi c o fo rte,

gu e c om a p enna h om i c idao verna a sc o u sasdeso rte,Qu enosesteiosda v idaLev a nta o th rono da m o rte : (p . 266)

e dªum e d

º

o u tro a p a i xonado sentimento c ontinu am a

tira r p a rtido osc ha rla tães u e se annunc í am na esqu ina

p u bl ic a , o u nas c o l umnas osjorna es, c om m il a ttesta

ç õesde du v idosa pro c edenc i a .

Chego u monsieu r de ta l,Ch im i c o em P a risfo rm ado ;Tra z segredo espec i a l,Um eli x i r a p p ro v a do ,Um rem edi o u ni versa l :

Não p retende a j u nta r f undoCo '

osgra ndesseg redosseu s;E c heio de «ló p ro fu ndoT i ra pelo a m o r deDeu sOsdentesa todo o m u ndo . (p . 238-239)

Temos v isto em gera l e em p a rtic u l a r a idea q ue sepode form a r dos meritos de To lentino . Vej amos agorao reverso da meda lha

,e sej a o prop rio poeta qu e p ri

meiro fa l le de si . Consc ienc i a o u modestia,são d

ºelle

e a sí refere estasp a l a vras:« Levado da invenc í vel força do amor e do rec onhec i

XLVl

da S i lva , a uc tor do Di cci ona rio bibli ograp hi co portagnez : Ni c o la u To lentino . na tu ra lmentea mb i c ioso ,e c om a idea fi xa de a ugmenta r a su a fortuna , era ín

c ança vel em c a p ta r a benevo lenc i a , e sollic ita r o fa vordº

a qu elles, que por su a jera rc h ia e v a l imento esta vam

no c aso de p oder serv ir-lhe de a p o i o em su asc ontinu asp retenções.

( 1

E o qu e sobretudo leva a form a r j u i zo menosfa veravel do p oeta ! Quem l ê u ma so d

º

a qnellas p eçaspeti teri as a cha —lhe ehiste; m as a o ler tam anha c olleeção d

ª

el

las, não ha engenho nem gra ça de esti lo qu e p ossa resga ta r o enfado , q u anto m a is as mesm as idei ase qu asiosmesmos termosrep izadosl

H a em verdade ba i xeza , inc omp a tí vel c om a dignidadede p oeta , na a llega ç ão intenc i ona l e repetida da

'

su a

fome, e da su a p obrez a : ha um ta l o u q u a l c heiro deserv i l ismo , p or m a is fa l ta de mei osq u e p adecesse, emc onsidera r—se cri ado da c asa de Angej a (p . 290

eim hum i lh a r—se a os pésdo fi lho d

º

ella , c onde de V i l l aerde :

A v ossosp ésm e h u m i lho . tp . 285)

em a bra ça r osdo c onde de S ão Lo u renço :

C om osvossosp esse a bra ç a (p . 192)

e osdoxm a rqu ez de La vradio . etc .

. a os pes, q u e a bra ç a r q u iz : (p . i 98 )

em toma r c omo inc om p a ra velhonra senta r-seamesa dºum

grande : O lh a stessem h o rro r m inh a ba ixeza ,E fi zestessenta r-m e a o v osso la do . (p . 45)

A morda c idade de To lentino , c u j as m a is fl agrantesp ro vasnão estão no p ro cesso d

º

estassu asobras, q ue só

nos c onservam meios de indu c ção p a ra j u lga rmos as

q ue desa p p a receram ,fo i no seu temp o grande m o ti vo

p a ra esc anda lo . Quem lhe o u v isse cha m a r líbellístas infames osqu e fa zem dos versos fa c as p a ra ferir :

.nu nc a em li bello infa m e

F u i tri lh a r a sV I S p i zada sDosq u edão a osdonsda sm u sa s

O p restim o da sfa c ada s: (p . 90)

m a l p oderi a su p por qu e m u i tas vezes fi zesse dosseuso mesmo uso .

1 P oesmsj ov i /i ra e sntu r í f a e de A ntmn'

n Lo bo de Ca rva lho , a ponta mentos pa ra a bi ograph i a do a u ctor,p . X V I I I .

XLV I]

Deslustra va as bel las q u a l idadesde su a a lm a c oma tendenc i a funesta p a ra a inorda c idade, persegu ia com

seusdic t'

es sa lgados, e c a ustic a va todas as pessoas eonhec idas, e não c onhec idas, p o u p ando ra ras vezes os

seus p ro prios a m igos, e o qu e é m a isp a ra nota r, é qu eninguem era menos c ap a z de so ffre-r o m a is leve metej o “

: so l ta va um a to rrente de a podaduras c ontra qu a l

q u er pessoa , q u e se lhe antoj a va , m asse a su a V i c tim alhe resp ondi a no mesmo tom ,

desc onfi a va , enfu rec i a—se

e sa i a im inedi a ta i i iente pel a p orta fora . B oc a ge q uetinha a mesm a ba lda

, era m u i to m a is to lerante do qu eelle» ( 2

.

Osqu e a cha va in nosseus versosc a ra p u ças, levantavani —se c ontra o p oeta ; m asse d

º

isto tira va l ição p a raa consel ha r a su a m usa :

T ra ta p o isde te emenda r,E dei xa X l ( l£l S a lhei a s.

Tem e o ra i v oso f u ro rDo exerc i to dos p a ra i ta s,Qu e em a rm a sse vale j a ôrTa mbem o da sp o u p a sa ta s,Qu e e inim igo pei o r

G u a rda ni no pei to odio velli oP o r m o t i v ossim i lh antes. (p . 253)

não ha v i a experienc i a q ue lhe m udasse o genio , e p orma is q u e p roc u re j usti fi c a r-se ning uem c rê nas boasintenç ões c om q u e se desc u l p a .

Se tu de. feri r não cessa s,One serve ser bom o intento ?Ma is c a ra p u ç a snã o tec a s:Qu e im p o rta da l—a sa o

º

ventoSe p odem a c h a r ea beea sz'

Tendo a ssa tyra sp o r bo a s,Do P a rna so nosdo isc u mes,E in h o ra neg ra revo as;T u dasgo lpesnosc ostu m es,E c o nta m q u e e na sp esso a s. (p . 2 14)

0 de q u e a so l tu ra dºa q uella l ingu a era c a pa z bemse deixa ver da rep l i c a aquelle

Verde neg ro c a rdea l (p . 3 13)

Exemp lo , 0 qu e se passo u ('u m a qnc lle pa dre q ue d i zia esta r elei to ca rdea l, e a qu emtez u m a dec im a a o m o te

Não tem C o r de ca l dea i (p .Porqu e o pa dre lhe respondeu , fez—lhe em rep llt

'a a qu ellªs dec im assem p a r no desa brimento

na “Trentin, qu e se lêem a p 3 13-3 18

2 ) Co sta e S i lva , na Rm t em Unu m m l ! , vslmm nc r, w , 5 73 37 4

XLV I I I

sobre o.

qu a l a c c um u la asma is origina es inj u ri as, e a

qu em di z :G ri ta doso lh osem bra z a ,Qu e te fec hem n

'

u m a ca sa ,E q u e tesa ng rem na testa . (p . 3 16)

E a quelle p adre Ma cedo (a qu em Lobo dedic a tantossonetos sa tyri c os c u j a origem a c ha na borra de inferna esdrogas,

Ferro ,veneno , v í bo ra tra ido ra ,Ca rta sda m ã o deMa c li í vello esc ri p ta s (p . 386)

m as a qu em nº

o u tra p a rte c ham a eloqu entissimo , qu e

p rega va

E m ca sta ling u a gem p o rtu g u eza ? (p . 45)

A té com o p obre velho qu e fôra seu mestre de la timm ostrou p o u c a indu lgenc i a . Mesm o qu e el le fosse impertinente e a p oqu entador de m a is, dev i a resistir a o desejo de o imm ola r a o riso da posteridade. Não c ontente,

p orém , em e p inta r um a vez no memori a l a o prínc ipe(p . p a rec e ser a inda rec orda ção su a , o qu ediz nomemori a l a D . D iogo de Noronha :

Teim oso gra m m a t ic ã o ,

Qu e em longo c h a m bre em bru lh a do ,

C o'

a do u ta penna na m ão ,Dá a. lu z rosso tra ta doS obre a s eisda c onj unç a o

Qu e a rra nc a o c a bello h i rsu to ,La stim ando a deea denei aDe nov o m u ndo c o rru p to , (2

Qu e q u er neg a r a ex istenc i aA O a bla ti o o a bso lu to . (p . 187)

Estas l iberdades de p a l a vra e esp í ri to morda z , nega ção dassu asdec l a ra çõesde [a lta r com modera ção (p .

212) lhe m otiva ram a c c usa ções a qu e p a rece a lludir,

c om o nem ro c u ra j usti fi c a r-se, na dedic a tori a qu e a ov ísc on ede ílla—Nova -da —Cerveira fa zda sa tyra da Ga erra . «E q u asi um víc io eser p oeta (diz em) ; c onfundem—n

º

o

c om o homem sem c a ra c ter, e imp u tam a p oesia oserrosda hum anidade. » (p . 213)

1 ) P OP S I N S jeu nes e sa tyrzcas, p . 18 -24 .

2 ) Este type de gra m m a ti câo , q u e, ( om o di t. o poeta , tinh a a memori a ca rrega d a de nm h a sr i a s (p . 188 ) inda nã o desa p p a rec eu de to do a peza r da necessi da de q u e h a de da r à instru c çãod i recçã o ma is u til, m a is pra ti c a , m a is a c c omm odada àsli da sda so c i ed a de m o derna . « Se enc u en

tran toda vm a lgu nos 1) pes enti e los q u e noso u tros llap i a inos h u ma nistas, q u e S iem pre p asan, a u nqu e á veces sm serlo , p o r peda ntes cu a ndo se h a ll an en una so c ied a d ilu stra da pa rec en hombres ca i dos de las nu bes. no a bren la bo c a p o r no po der tom a r pa rte eu mnguna

c onversa C i on à ca u sa de su gra ndi S im a i gno ranc i a en todoslosram osdel sa ber hum ano , representa ndo el pa pel m a s b i en de persona s entonleC idas q ue de sa bi os, se h ab la n es pa ra h a cerlocom o lo b a ri a u no de su m u ndo q u e es el a nteri o r a Jesu c ri s'o . S r. 0 . S ini ba ldo de Ma s, sobre a s P ocsms inedi tnsde D J ose Som o z a . (R ev ista P etí l rsnbvr, i i , 1396 -397)

XLI X

Se não é lí c ito nega r a To lentino , p or m a is qu e os

seu s sentimentos e a busos p oeti cos o a ttenu em,mere

c imento,e sobre tudo loga r honroso na nossa h istori a

li ttera ria , p rinc ip a lmente pel a adm ira ç ão , ta l vez a lgum as vezes p a rc i a l , qu e dos seu s tem p os tem p assado ,e p orventu ra c ontinu a rá na suecessão dasgera ç õesa p assar c omo um legado ; pede a imp a rc i a l idade u e pro

c u râmosgu a rda r nº

este breve ensa io, q u e não issimu

lemos a lgunsrep a rosgera esq ue a su a p l astic a p oeti c aestá pedindo .

Osc a c opha tossão am i udadosnosversosdeTo lentino ;assim c omo o uso de certosep í thetos, e c irc unstanc i asu e qu asi degeneram em bordões. A mão do m a rqu ezãe Pomba l só sa bi a c ham a r p ra gu ej ada :

— Na p ra gu ej ada m ão omni p o tente (p . 8)

— S obre p ra g u ej a da m ão : 270)

o seu c o l lete era sempre da s funcçôes (p . 74 e

p a ra l isonjea r a c asa deAngej a v inha sem p re a su a descendenc i a dedo isreis (p . 65

,360

,363, asanc as

ou c o iros dos ro c ins eram semp re su rdos(p . 35 ,q u anto promettia . em a ga da p rotec ção qu e lhedessemp a ra muda r de v ida e eixa r a eschola

, era sempre u m a

addição de p a lm a tori a a osvelhosbrasõesdosprotec tores:

Vereisu m a venc ida p a lm a teri aEntre a sa rm a sde A ngej a debu x ada : (p . 15)

C onsenti , q u e a la rg a h isto ri a ,

Qu e A lmeida slev a nta a osceos,Lhesdei xe no a lta r da glo ri aP endente, entre osm a istro heos

,

Um a neg ra p a lm a to ri a . (p . 02)

Os c asosde rim a p obre são em To lentino numerosos.

Fa z - a m inde conso antes egu a es temp osde verbos damesm a c onj u ga ção , e o u tras S im i lhantes p obrezas.

E q u em a l te fez na p o rtaP a e u e ronda de q u a dri lh a ,Ca be lei ra lo u ra e to rta ,

Di zer q u e peça m ã nlb aUm bo c ado de Com p o rta ? (p . 25 1)

P orta no p rimeiro verso esta mettida a i i i a rtello p a rarim a r c om C omp orta , e ta l vez se p ossa di zer q u e torta(c a bel leira) esta no mesmo c aso . A p . 175

, em tres

qu íntilhassu c cessiv as a c c um u l a dº

estesexemp los, c adaqu a l m a is triste : na q u intilha , susp iro no p rimei roverso rima c om susp iro no q u into : na [a lto no

I )

p rimeiro verso rima c om fa lto no i terceiro : na 5 .

ª

,i a

feli z es no segundo verso rim a c om feli z esno q u a rto ,etc . Não obstante são do c ontem p oraneo m a is a u c torisado n

º

esta m a teria , as segu intes p a l a vras: « B oc a ge

é a inda nºisto de rim as) u m dosmodelosmenos a rrisc ados. Em di verso genero , rim a de To lentino e»tam

bem m a g istra l . » ( 1Ta mbem pec c a em unisonanc ia s tediosas.

Di zesq u e u m ,o

-

q ti a l eu c a lo (p . 244)

P ore'

m ta m bem na o sa o c rimes (p . 245)

são versos detesta veis pelo qu e eil'

endem o o u v ido , e

p a recem dobre de S ino . A svezeseesc u ro,e não dei xa

perceber o pensamento , c omo p or exemp lo nºum a das

dec im as a o'

leigo vesgo a qu em toc o u na c a beç a a p onta

um esp adim :

epentina esto c a daC ãe o p adre desm a i a do ;Ma sq u a ndo rec u p eradoA t i oso lhosv o lveu ,

S a beso q u e te r a leuF o i j á teresa lm o c a do . (p . 304)

Masq ue su c cederi a a o a ggressor di antede o lhosvesgos,se esti vesse em jej u m “

? Quem p uder qu e adi v inhe, e

tambem desc u bra as leisdesta S ingu l a r c onc ordanC i a :E p a ra q u em a isexa ltesEste a m o r u e bem enetra s,C omn o a stu a s etra s

« P eço qu enu nc a me fa ltes. (p . 309)

Emprega m u i to o rela tivo lite p or l/ies. Se é negl igenc i ac omm um nosnossos c la S S i c os

,nem p or isso se lhedeve

cham a r S imp lesneo log ism o .

Minha s fi eisemp ressóes,F i lha sde a m o r e sa u da de.

0 q u e nã o tem em p oesi a ,

Lhe v a e su p p rido em verdade. p . 58)

S a bem osdeu ses, e p o r ellesj u ro ,

Qu e osv o tosq u e lhe o tf'

reeo . (p . 373)

As vezes a su a meta phora m anqu ej a , pela ra ida em u tu a transform a ção de mora l em p hysic o , edo p ysic oem m ora l .Tem tambem o defei to de ta u to log ía ou o ba ttolog

'

ia .

1 S r A F de ( a º lllhn. T i ri ta da do m p h inf eç ã o p o rtu g u ez /f ed.p 1 14 4

Ll

ingra ta , por não ser fi lha de insp ira ç ão m as de fraq u eza :

— De a m a r-te nu nc a nunc a m e a rrep endo (p . 53)

Conta , c onta a osc a m inh a ntes(p . 322)

Vc'

sseis,

'

o o'

sSM S e m o ti vo (p . 327)

Qu a es foram osgenerosde p oesi a qu e To lentino c u lúvo u ?O ep igramm a tic o , o ly ri c o , e o dida c tic o .

Dos p astori l , eleg i a c o , descrip tive, ep i c o , e dram a

tí c o não deixou doc umentos.

Do genero ep igramm a tic o , a penas c u l tivou asesp'

c ies soneto e dec im a , não deixando nenhum m adriga l .Da espec ie ep igra mm a p rop ri amente dito só c onhece

mosdº

elle, a qu elle qu e nosseusp rimeirosannosfez a ogrande na ri z do m a j or su isse B erm an, qu e p or não saber a l íngu a p ortu gueza e tom o u c om o grande

"

c omp rimento .

Inda Berm andisc o rr i aP ela sc o rtesestra ngei ras,E j á nasnossa sfrontei rasP a rte d

'

elle a p p a rec i a .

Não sabemosse pede a bso l u tamente di zer—se qu e nogenero ep igramm a ti co T olentino a p resenta bellez as da

primeira ordem ( 3 ; entretanto nos seu s sonetos j oc oserí ose sa tyric osh a a lgunsde merec imento , qu e einferier nos de assump to serio

,em que se não m ostra

mu i to engenhoso nas ideas, e e frio na exp ressão , p obre na rim a

,e p o u c o ha rm onioso no verso .

( 4 Se a res

p ei to de todos osdo p oeta se não pode di zer q u e sãovivos, p oeti cos, tem u m a conc isã o e ( ra ça na tu ra l, qu e

os tornam m u i bellas ( 5 , p orqu e pe assu as a pertadis

S im as di fi i c u ldades ossonetos c omo peq u enos p oem as,p a ra merecerem o nome de perfei tospedem nobreza e

eleva ção de'

pensamento , língu a em V i va e melodiosa,

c ontorno a p u rado nosversos, be lezasc rescentese 0 i ra

du adasdo p rinc íp io a o fim ; a lguns li a entre osde o

1 O sr . Bo rges de F i gu ei redo , na p i i inc i ra ed i ção do seu B osq udo h i stor i co de l i tter a tu rac la sswa

, gu i ando -se, ta lvez c om dem asi a da confi a nça , pelo R esume de l'h i stº i re l i ttera i rede P ortu g a l do sr. Ferd inand D ini z , dei xo u , c om este, de Ía lla r em N i co la u To lentino , falta q u e lo g opro c u ro u sa na r na segu nd a ed i ção , onde a ttri bu e a o poeta com posi ção de dra m a s, q u e m erecer a m no se u tem p o os a p p la u sesdoser u d i tos. Esta a sserçã o , q u e rea p pnrc ceu na tercei ra edi

çâo , não t inh a o m eno r fu nda mento p la u S i vel. sa lvo se se su p p u nh a m dra m a su m a s10 0 3 q u e, di

zem , o poeta fi zera pa ra se recu a rem e c anta rem no c imo do Ca bo ( V i du do poeta ,p . 2 1)

D'a li i na sceu um a breve m a sesp i ri tu osa c ri ti ca do sr . Jose A lf onso Bo telho A ndra de, nosso c om

p ro v incmno , q u e so b o t i tu lo N i cola u To lent i no d'

A lmeida se p u bli co u no sem ana ri o da C i d a deda H o rta ,

inti tu la do O F a y a lei ise, v i p 33 1,363 , 379 .

2 ) S r m a rqu ez de R esende,Uesa

'

i p çã o e recorda ções h isto i na s do p o ço e q u inta de Qu elu z

,no Pa nora m a , xtl , 2 13 ,

3 ) V ida do poeta ,p 24 .

4 ) C osta e S i lva , na R ev I'

ni i '. L a b .,i i . 4 74

V i da do por t” ,p 'l

'i

Lll

lentino , q ue tem merec ido a oscríti cosespec i a l c ommemora ção . Almeida Ga rrett, e Costa e S i lva c oncor

dam no merec imento do soneto acerc a do c o lchão dentro do tou c ado , qu e c omeça :

Ch a vesna m ão , m elena desgrenh ada p . 39)

Costa e S i lva (3 e B ou terweek (4 ensam da mesm aPforma sobreo do ta fu l qu e p rotestou não a p onta r a banC& I

Qu e torna s a p onta r, p romette e a ttesto p . 42)

Almeida Ga rrett distingue m a is (5 os a um a sege de

a l u guer :Qu esege, senh or c onde? eu li z u m vo to (Lº p . 35)

a do isvelhosj ogando o gamão :

Em esc u ra bo ti c a enca nto ados (Lºp . 42)

dei tando um c a va l lo á m a rgem : (6

Vae, m isero c a v a llo la za rento p . 51)

Outra esc o lha , ta lvez menosselec ta , (7 distingue ossonetosa o su jei to qu e pel a p rimeira vez se tosqu eou p a ra

pôr c abel lei ra :Desa ffronta essesca sc osca bellu dos p . 27)

p intando um a bu lha de do isbebedosDedesc a lçosm iq

'

letesrodeado (2 . p . 30)

a uns anu os

1 ) Pa rnaso lusi ta no, m , 28 .

9 ) R ev. Uni v. L isb. vr, 4 74 .

3 ) I bid.

4 H istory of sp a n. a ndp ort. li tera tu re, n, 385

5 ) Pa rnaso lusi tano , 111, 96-28 .

6 ) Este soneto de To lentino deu loga r a ou tro de Antoni o Lobo de Ca rva lh o , que está a p .133 dassu as Poesi asj ovmese sa tyr ic as, e é como se segu e :

De teu c a vallo a m orte desa stra daCubra , anngo , o Pa rnaso , de ba eta ,Qu e a um a m u sa é pesa da u m a m uleta

De v iruse sezõesj á derro ta da :A fome a qu i não teve cu lpa em na da ;

Qu e isso é bom pa ra um m isero í orreta ,E asbesta sem servi ço de poetaCom em S ilvasm elhor do qu e ceva daAlgum m orm o francez , ou rheum a im pu ra

Lhe pega ste em pello , qu e m aldi ctosR esab iosestes, qu e j am a is tem cura !Mas para glori a de ro c insbonitos,Morresse d'um a

,o u d'o u tra m a ta du ra ,

T u fa zel-o imm o rta l nosteusescri p tos.

7 ) Vida do p oeta , 24 -25

LI V

Transcreve tambem a g losa a o mote

Não tem c ôr de c a rdea l (p . 312)

e a rep l i c a de To lentino a o p adre aggredido na antecedente:

Qu e venh a m f i isc osg a rra i os(p . 3 13)

S ão tambem dignasde ler-se as qu e fez a o enc ontro

dasdu as a ç a fa ta s:

Em sege estrei ta enta i p ados(p . 285)

e asdo fam oso enc ontro c om os c a rreirosda Enxara :

N'

u m a infeliz m adru gada . (p . 298)

O fogo , a v iva c idade, devem p redom ina rno genero lyri c o : o tom pode ser m a is a p a ixonado , o esti lo m a isa trev ido q u e o qu e simp lesna rra ç ão c onsentiria . Podeasp ira r tanto a o grande e a o su b l ime, c om o entrega r-sea singel a expressão da a l

ãgri a e do pra zer.

Os p o u c osensa iosq u e olentino fez nº

este enero fo

ram c oro adosde tão infel i z resu l tado , q ue esespera

do de não oder c omp or segundo os p recei tosdo gosto , desenc a eo u i ras c ontra o l rismo .

Não ha dºelle m a is qu e a gum as p ou c as odes

,e

nenhum a merece ta l nome. Ninguem a inda m ostro um a is nega ção p a ra esta p oesi a , a q u a l não sou be da rnem c o lorido

,nem vôos, nem impetu osidade, nem a

desordem de qu e fa l l a B o i lea u .

« As odes de To lentino são asm a is p êc ase insignifi c antes obrinhas, qu e lhe sa íram da penna .

(3 A p ri

meira qu e c om p oz fo i em lo u vor da am i zade (p . 372)e todas as o u tras, q u e não a c c u sa m m a isdisp osi ç ãonem p rogresso , se lhe a recem . E l le mesm o o rec onhe

ceu logo , o u op inião a l i eia lhº

o adverti u :

T u não tensdo cesv o zesm odu lada s,Qu e osm a nsosa resta lh a m

A sno ve i rm ãs, o r ti tanto inv o c ada s,De tu a so esra lh a m . (p . 361)

E c om q ue despei to e am a r u ra,esqu ecendo m a l

su c c edidas tenta ti vas,e di S S im u ando a verdade

,di z :

1 ) Pa rna so luszta no, u,30 1

2 ) Costa e S i lva , na R ev . Unw. L isb vr,4 74

3 ) S r . Bo telh o -A ndra de, no Fny a lense, v 363

LV

deu s, q u enu nca em m i m v i u

De odesm o u ra sa m ani a ,

Qu e sem o assu m p to h onra remLhedeshonram a p oesi a

? (p . 90)

Na fi 'enetic a m ani a dºa q uelle m a u p oeta qu e introdu zna sa tyra do B ilha r c ontinua a mesm a inj usta p revenc a o :

S ei tu do e u ni c a mentem e c onfu ndoC'u nsta esversinh os, q u e eu não v i a d'

a ntes;A osno vosursostodo o m u ndo a c ode,O esti lo e S i by lli no , o nom e é ode.

F a zel a seu não osso nem desejo ,P o rém sei c onhec e —a sfa c i lm ente :

C oºa sverdesnza oso serp ea do T ej o

A lç a o tr i ling u e, m antido tridente,“

Ma s_u e G orgona p a ra ? eu vej o , eu vej o .

Em i zendo i sto , e ode certa mente ;

E fi lh a d'

a rte a esc u rida dedl

ella s.

E u m p recei to da sdesordensbella s.

A sta es oesí a s, q u e a entender não chego ,P odres p a a vra stem desenterra do ;Se lev a m no e

'

tã o o cc u lto e ce o ,

Qu e q u em q u er desa ta i-o

,v ae ogrado ;

Di zem u e i m i ta m n'

isto u m certo greg o

,

G lo ri a e Th a ba s, P inda ro c h am a do ;Se

i

isto,

é a ssim a su a lingu a de o u roSeri a grega , m asfa lla v a m o u ro . (p . 279—280)

Chegado q u asi a o termo da ex istenc ia a inda o antigoprec oncei to não esta va esqu ec ido nem extinc to , qu ede

1 804 são estes versos:

Fogososv a tesem rehenda mA ltosv ôosn

'

este i a :

Mu sa sc om m u sa sc ontendam :

S ã i a m odesá p o rfiE q u ei ra Deu sq u ese entendam . (p . _190)

'

Mas q u a l seri a a ra zão de serem inc om bina veiseste

genero e o p oeta ? Ta lvez qu e por el le ter, c om o m u itoso u tros, form ado do genero lyri c o a exa ggerada op iniãode qu e o enthusiasm o é o seu c a ra c ter uni c o , verdadeiroe c onstante, sendo

-lhe p or isso ina liena veisv iva c idade,ím peto , vehemenc i a extra ordina ri a . A essa si tu a ção équ e não p odi a remonta r—se qu em tão inim igo se m os

trara sem predasemo ç õesfortesea rrisc adas; o p or c omp leição , fo i levado a gasta r grande p a rte da v ida nosamorese nosp ra zeres.

A p oesi a do genero dida c tico , c u jo princ ip a l merec imento esta na p rec isão dos pensamentos, na -verdade

dos princ í p ios, na c l a reza e op p ortunidade dasexp l ic a1 ) Ou tra li ção :

Qu e de a lta sm a g i c as o desNu nca m e V I II a m ani a (p. 90)

ç ões e dos exem los,na introdu c ç ão de pessoase c ir

c unstanc ias q ue ivirtam a im a g ina ção e e'

nc u bram a

a ridez do assum

pto

,a formoseando-o c om p intu ras p oe

t i c as; fo i a qu e olentino p a rti c u l a rmente c u l tivo u c om

melhor e m a is celebrado ex ito . Este g'

enero que lhe fac ilita va m u i to a l iberdade nos

,ep isodios ou inc identes

a o assump to p rinc ip a l , e em toda a c asta de adornos,

q u e servem dep o isde l a rga l i tani a de a ridos receitos

de desenfada r e recrea r o lei tor, c asa va —se me hor c om

o seu animo , inda q u e não c hegasse a u sa r amp lamenteda l iberdade c oncedida

,nem emp regasse todososrec u r

sosqu e el la p unha á su a disp osição .

Na p rimeira espec iedo genero nada c om p oz : o p oemadida c tic o a inda assim pedi a ou tra c ontenção dºesp irito ,ou tro estudo , m a is p a c ienc ia , u e a na tu ra l disp osiçãodº

a qu ella a lm a p odi a da r-lhe. estringiu—se ássa tyra s

e ep ísto l as (memori a ese c a rtas), q ue tendo asma isdasvezesp or assump to c ostumese c a ra c teresordina riosdav ida

,adm ittiam em a rte a fa c i l idade e franqu eza da

c onversa ção , brev ida e na exp ressão dosprecei tos, ra p idez e c onc isão no esti lo

, gesto v ivo e animado , a gudezapenetrante p a ra ferir a im ag ina ção e c onserva r a a tten

ção semp re a cordada .

Nas ep ísto l as memori a ese c a rtas) c omeçam asver

dadeirasg lori as e To lentino . Todos osmem oria essãoc onsiderado peçasdignasde sa boreada lei tu ra , distingu i i

J

ido-se1

esobresa indo todoso q u edirig i u a o p rinc ipeD . osé zl

Senhor, senão é inj u sto . (p . 169)

entre asc a rtas,Almeida Ga rrett e Costa e S i l va

c oncordam em q ue são dignasde adm ira ç ão p a rti c u la r,u m a das m a is gra c iosas, a em que a c onselha o c abelleireiro Lu i z , qu e debu xa va e

to c a va bando l im,a q ue

não c ontinu e a fa zer versos:

P o isq u e o ta lento inq u ieto : (p . 128 )

e a p reta q ue p retendia qu e a obsequ iassem,

Dom inga s, deb a lde q u eres. (p .

A esta u l tim a c omp osi ção cham a Costa e S i lva cerdadelra mente gra c i osa e origina l n

º

este genero , mas

a crescenta qu e a idea a tiro u 0 an

etor das rimas de João Ca rdoso da Costa , p oeta não1 Pa rna so lusita no , v , 65 Vi da do p oeta , 28 .

2 )"nd. v ,59 52 R ev Uni v L isb. v i , 498 -499 .

Lv l l

des ic iendo do sec u lo de seiscentos ( 1 ; m asTo lentinoso ube fa zel—a su a p or

'

mei o das gra çasdo esti lo » .l º

Pa rece-nosha ver fundamento p a ra du v ida r dº

esta insinu ada im i ta ção

,q u ando não ha 0 menor p onto de c on

ta c to entre o desenho dasdu asp oesi as, e so do rom ance im i tando o tí tu lo a u m a ne na c antina , emu i p resani i

'

da . Pa ra fa zer o lei tor j u iz”

este nosso escm p u lo pedim osveni a p a ra lhe a p resenta r m a isesta peç a do p rocesso .

( 3

S ismonde de S ismondi diz quedasobrasde To lentino a qu el l asem qu e a chou m a iseleva ção de sentimentos

,e m a is insp ira ção p oeti c a , foram as c a rtas a um

am igo , lo u vando-lhe o estado de c asado :

Fo i este o di toso di a (p . 208)

e a o desemba rgador Sebastião Antoni o da Cru z S obra l ,

1 ) A li ássetecentos, porque nasceu em 1 693,e só tl oresc eu no secu lo segu inte.

2 ) R ev . Uni v . L isb. vr,499 .

3 ) Jo ão Ca rdoso da Costa , 10 12 dos o rfãosna C i da de de Lam ego , Musa p u er i l, L isboa , 1 736p . 390—392 :

Vem cá , p a u de ch o cola te,M inh a Clorisde ca ch imbo ,Com o te fa zessenhora,

S e em c a p ti v eiro te sm to º

Não és u m dem oni o em c a rne,M a is fei a do qu e te p into ?Monstro de p ése ca beça ,De pei tos a té o em bi go ?

Não és a m esm a , qu e em CongoT i veste o p rim ei ro ninho,

"

P or p ae u m negro da terraNeto de u m m onobu g io ?

Não é tu a m ãe a gnelleMedonli o c a ção roli ço

C om olh os com o ni a rm ellosNa pesca do grão de m i lho ?Não tens

'

as pernas c am ba i a sNão tens os p és reto rc i dos,C om o relh a sde m orcego ,Dentes pelo bra nco lisosNão tens osbra ços d isform es

,

E em ca da dedo u m ch o u ri ço ?Não tens c a ra p inh a negra ,Não tens os p ei tº s ca i dos?Não ésdos p és a ca beca

Uni ca ram u j o com pri d o,

Um m exi lh ão enca sca doNa mesm a c or do teu bri o º

Não és gran ca cho rra em tu d o,

A qu em de teus pa es tem V i ndoO sangu e, qu e só se com praEm qu a nto negro ca pti vo ?Não és a q u e vásá pra i a ,

Não és a qu e vás a o ri o ,

E p or m a is qu e lá te la ves,Não fi ca o negro c om tigo

?

Nã o és a qu ella qu e em ranc hoFa z forg amenta a o dºm ingo ,E esse ta mbor do rei M inaNã o é o teu m elhor brinco ?Não és a qu ella c a rranc a

De co ca p a ra osm inim os“?

Não tens os olhosem branco ,Som bra da nº i te dorm indo “7

Não és ho je n'esta co rteMondongu ei ra do distri c to ;Ca lca nh a r de p é de ca bra ,Unh a ssem nenhu m fei tio

“)

Não V i este em tra bu za naPa ri d a a m a ré do m i j o “?

0 m a ni ca va teu p a e,Não te fez sendo bu g io ?T u a m ãe p or bu la m é

Nã o 10 1 c a nza rrona nº

isto º

Nã o te dei x o u i i'

esse co u roE sse infa me sobresc ri p to

º

Leve-te o d i a bo a pelle,

O dem o fu j a c om ti go ,Pa ra qu e nunc a te entronhes

Em tão grandes desa tinos.

A rre lá c om a c a chorraH a de h a ver qu em so tl

'

ra isto"Qu erer p i esu m i r de brancaQ u em tem de negra 0 vesti doH ei de ver se assim te emenda s!

E se não te em enda s d'issoP or certo q u e de ou tra sorte

T e hei de da r segundo a viso .

4 ) De la li tt. du m i d i de I 'E u rop e, 68?

Lv l I I

desc u lp ando-se c om a velh ice p or não fa zer versosem

honra do c antor i ta l i ano C rescentini :B om S o bra l o q u e eu te dissei p . 103)

Almeida Garrett qu e de a lgu m asp oesiasj á c itadas,eda c a rta em q ue o p oeta o ffereceu u ni p ermi t , em c asa

onde todos osdom ingoslhe da va m este pra to :

Senho ra ta m bem u m di a (p . 138 )

diz q ue tem « bellezasq ue so não adm ira rão a tra bílí arioszangãosem perpet u o estado de gu erra c om a franc a

a legri a , c om o ingenu o gosto da na tu reza » a cha um

c ontradic tor_em Costa e S i lva : « esta c omp osi ção . me

p areceu semp re de m u i to m a u gosto , e m a is p ropri aa ra esc anda lisa r q u e p a ra divertir a pessoa a qu em éll'l ida .

C egámos àsmelhores c omp osi ç õese a g lori a de T olentino . Fo i semp re grandemente adm irado p elasp un

gentessa tyras13 : B o i lea u teve m a is força

,m asnão

tanta gra ça c omo o nosso bom mestre de rhetoric a . Ede su as sa tyras ningu em se pode esc anda lisa r ; c ome

ç ando sempre p or c asa e primeiro se ri de si antesq u e

zombeteie c om os out ros. » 14 « F ug indo da a crimoni ade Ju vena l

,so u be . im i ta r em su assa tyras a do ç ura

e m odera ção de H ora c io , q u a l idadesq u e qu adra vam a

seu genio gra c ioso ; e assim repreli endeu el le os v íc iossem desc er a persona l idade. » (õ Ni c o l a u To lent ino es

c revon com j usto ap p la uso na p oesi a sa tyri ca .(6

O p ropri o p oeta de si diz , q u e « a estim a ção de H ora c io e o desterro de J u vena l

,de m istu ra c om o meu

genio , me ensina ram a fa l l a r c om m odera ção . (p . 212)E gu a l c u idado p u nha em im i ta r B o ilean:

Medonh a sc a ra ssem ddVem fu rta r To lentino0 q u e elle fu rta B o i lea u . (p

' 87)

C ingesc a sc osenru gados,Chei osde c a ru nch o e p ó ,C om velh oslo u rosfu rtadosDo sep u lc h ro de B o i lea u . (p . 243)

O q uediz dosp rinc íp iosem qu e j u lga va qu e a sa tyradevi a assenta r? Di z q u e a sa tyra deve ter «

'

p or

objec to os c ostumes,sem q u e a su a c ri ti c a a ponte,

1 Pa rna so lusi ta no , Lxm — v,49 .

“Z ) R ev . Um i ». L isbon, ,V l , 4 9 9 .

3 ) B o u terweek , H ist of sp a nd a nd p a t tag Inter i i , 38 5

4 A lmei d a G a rrett,no Pa rnaso lusata no 1, Lv l".

5 ) S r Borgesde F i gu ei redo , B osq u eyo h ist. da J i tt. cla ss p . 190

6 ) Fra nc isco Frei re de C a i valho , L i ções elem enta resde p oeti ca na c iona l, 1 851 , p 80.

LW

nem remo tamente, indiv idu o a lg um em p a rti c u l a r . »

(p . 212) Que « o vu lgo ignora nte c onfunde assa tyrasc om os libellos infa m a torios: asq ue ha ,

(lº

esta na tu rezasão um crime do p oeta , q u e q uer emenda r erros

,i a

zendo m a is u m . » (p . 221) Que a sa ty ra « se exc i ta rriso eni

'

º

u ns,

'

não o tire das l a grim as de o u tros. » (p .

222)Dassa tyrasqu e nosrestam de To lentino so um a pode

di zer—se q ue renego u a q uel los p rinc i p ios, desga rra ndoem persona l idade : fo i a Qu ixote/l a p or o c c asião da q uedap o l i tic a do m a rqu ez de Pomba l . De todas é a menos

fel i z,e p a rece condemnada a isso pelo erro ini c i a l do

p oeta , q ue fa l to de m agnani inidade, o u desej oso de l isonjea r astros qu e de novo nasc i am ; a pedrej a v a o sol

no oc c aso l

Ou ou tras p oesias dº

esta na tu reza, que se p odem

j u lga r perdidas; o u interp reta ç ão desfa vora vel, e a p

p lic a çõespessoa esdasgenera l idadesdasou trassa ty ras,exp u zeram inda assim o a u c tor a o v i tu perio d

º

a lguns.

Não o esconde nos c onselhos, q ue da a su a m usa :

Ma isc a ra p u ca snão teça s;Qu e im p o rta da l

-a sa o ventoSe p odem a c h a r c a bec a S ?

Tendo a ssa ty ra sp o r bo as.

f u da sgo lp esnosc ostu m es,

E c u ida m q u e e na spesso a s. (p . 2 14)

P õe na bo c c a u m.

c adea do ,Fa ze 0 q u e eu m i l vezesfa ç o :Em p reg a melh o r teu c a nto ;

E p o ísq u eresq u e te lo u vei i i ,Mã o da ssa tyra slev a nto ;P oesi a sq u e oshomenso u vem ,

Um c om riso , e cem c om p ra nto. (p . 220)

Conhecendo qu anto dassa tyrasse do í am , p a ra rehaver com la cenC i as e desa rma r inim igos p a rece p rop orse a a c a a r c om el l as. Masc u mp ril-o-hi a

º? A da Gu erra

(1778) em no isto p romette, é anterior a do P a sseiootªferec ida a Ma rtinho dºA li i i eida (1779) e p rova vel

mente a do Velho !Osc ríti c osm a is c onsc ienc iosossão u nanimesem dis

tingu í r sobre todasassa tyrasde To lentino , a do B i lha r .

S ó temosc onhec imento dºum a u nic a a p rec i a ção diversa .

q u e a todas antepoz a da Gu erra e a dos A ma ntes!Da do B i lha r disse o c o l lec tor do P a rnaso Lu si

1 « N i co la u To lentino sa bia q u e pec c'a i a , e p o c c o u Va leu —se da sa tyra pa ra a ta ca r pesso a lm ente , e esta c om ta l ri d icu lo . q u e era im possi vel a pesso a sa tyrisada , o não ser despreza da ,

m a s feli zm ente essassa tyra sdesa p p a rec era in A pena snas o bra s p ostli u ina sse leu m a c om o ti

tu lo de Qu ixota d a Vi da do p o eta ,p . 33 .

2 ) S r Bo rgesde F i gu ei red o , 8 0 37 Inst de cla ss. p 190

LX

tano : « Esta sa tyra é o lhada pelos c onhec edoresemm o um a obra p rim a no seu genero . Qiie singelezaunida a uma a rte

,infini ta ! u e p rop riedade de esti lo ,

e qu e a ttí c ism o l_E im ossive na rra r melhor . O a u c tor

p ossu í a o segredo de a r v ida e gra ç a a tudo . Dep o isdo B i lha r c onsidera va em merec imento decresc ente as

dosA ma ntes, P a ssei o e F uncção . Asda Gu erra e a

do Velho só foram c ollec c í onadasm a is ta rde q u ando serepetiram toda s aso u trasnªu m vo l umede sa tyrí cos.

(3

Costa e Si lva,dep o isda sa tyra do B i lha r, dá pro ie

renc ia ásda G u erra e dosA m antes.

S ó ana lyse e comp a ra ção m i uda de todasp odia deixa r a p rec i a r melhor asra zõesd

º

esta va ri a predi lec ção .

Mas isso , qu e a inda ninguem fez , não o em rehenderem os nos

, qu e nem lhe a chám osgrande u ti idade, nemo j u lgámos indispensa vel a o nosso tim .

A sa tyra do B i lha r (p . a lém dºa lgum assu perioridadesde form a

,sendo a unic a escrip ta em o i ta va

rim a,tem o meri to

, qu e será rec onhec ido em todos os

temp os, de p inta r c ostumes, e fl a gel la r v í c iosqu e sempre a c omp anham os homens. Quem não vê a inda p a li ta r uelle bando de casqni lhos, enc ostado as ta belas, a a terç a rem em m i l qu estões, a dec idirem do qu enão entendem ? A p i c a rí a , prov a do virgina l oretc ,o elog io e im i ta ção da dança rina , as a ventu ras º

am or,

as sensa ções do j ogo de p a ro , a uelle su jo e imp ortinente oeta q ue da loj a fa z ia a c a em i a , (5 a q u el la su rpreza p o l í c i a , c om a qu a l osjogadoresc a itu lam em

dinheiro de contado , tudo isto c ompõe q u a ro anim adissim o , a o qu a l não fa l ta unidadena prop ria va riedade,c heio de v ida e de a c c identes q u a l dºellesm a isnota vele m a is c onhec ido dosqu e são , e dosq u e serão !De m u itos inc identes das ou tras sa tyras j á se não

podedi zer o mesm o'

ácerc a de serem egu a lmente c onhec idos e a prec i adoshoje. Entretanto a dosA m antes (p .

222) « abunda depintu rasm u i v ivas

,em qu e o a u c tor

desprega a na tu ra tendenc i a p a ra a m a ledicenc i a e os

bonsdi tos.(6 N esta peça p oetic a , ha p a rtesem q ue

1 Pa rna so lusi ta no , m , 96

lb i d . , p . 107 , 1 20 e 134 To d as esta s q ua tro sa tyras torna ram a ser repro du z i d asno t. v i , c h am a do dossa tyr i cos, p . 20 1, 229 , 24 9 e 263

3 ) Ibi d . , vr, 2 11 e4 ) R ev. Uni v . Ltsb. v t

,484 4 85 .

5 ) c e rim eu r fu rieu xde ses va ins écri ts lecteu r h a rm onieu x

A borde en réc i tant qu i conqu e le sa lu e,E t pou rsu i t de ses vers les pa ssa us dans la ru e.

I l n'

est tem ple S l sa int des anges respectéQu i sº i t contre sa m u se u n lieu de súreté. ( B O ILE A U .)

6 ) Costa e S i lva, R ev . Univ . L isb. vi , 4 85 .

Lxll

A sa tyra da F uncção (p . 243) é a unic a em qu e emp rega o di a logo . Conv ida —o m usa a sa tyrisa r os ridieu losdo seu tem p o : o p oeta dec l ina a ta refa e tom a o

(pa rt

ido dos sa tyrisados, m as defende

-os e descu lp a —ose modo q u e a inda m a isosa zorra ga . O tom ironi co q u eem p rega , im i ta ção de bons m odelos, fa z dºesta sa tyrauma bella c omp osição no genero . A c a v a lga ta de bu rrinhos

,asdonzellas

,osadoradores

,asexc u rsõese

'

perdiç õespel a qu inta , o j anta r, asc ontradanças, asc antigas,osjogos o regresso , são ep isodios inu i va ri adosq uenãodeixam perceber a borrec imento o u c ança ço na descriP çãº

C o'

a p intada sobranc elh aVaesósinh a p a sseandoB o a m ãe S incera velh a ;Dosesg a íh osresgu a rda ndo ,Ora a p elli ça , o ra a telh a ;

P ondo c ontra a lu z a m ão ,E c rendo q u en

'

esta ru a'

Está S ão Seba stiã o,

De Venu sa esta tu a nu aFa z m esu ra e o ra ca o . (p . 246)

Esta u lt ima qu intilha é bel l issim a , de idea tão orig ina l c omo engra çada , p rop ri a do genero , edigna de B o ilea u .

Assa tyrasda Gu erra , do Vel/zo e da Qu ixotada , ta lvez se p ossa m di zer as inferi ores. Na p rimeira d

ªestas

ha m a isp h i losop h ia , qu e ridic u los, e p or isso o tom nãop odi a ser festivo . Ospa radoxossão exp ostose denunc iados c om hnu ra :

A s u erra sp rec isa ssão ;N

'

e a sa p a z se a sseg u ra . p . 2 15)

D igna do a u c tor do Lum'

neno seu esti lo,é a reflexão

q u e o nosso sa tyric o fa z a o T eDeum , qu ec ostum am celebra r dep o isdasV i c toriasm i l i ta res; p h i losop h i a u ehon

ra tanto m a is o esp i ri to de To lentino , einittin o-a em

1 778 , qu anto. era idea q u e não p odi a di zer—se c o lh idanas R u í nasde Vo lney qu e só a p p a re

'

ceram em 1791 .

l Este nos fa z lem bra r u m ,porq u e Na po leão nl io i ridi c u la risado em Ingla terra , qu ando

em 18 59 se enVOlVla na gu erra de I ta li a no m ei o de tervo rosaspro testa çõesde p a z N 'u m a espec ie de com ed i a representa da p or ti teresde t a m anho na tu ral, V lmOS , no thea tredo Ja rd im de C reinorne, em K ing

'

s roa d C helsa , Londres, âgu ra r a Fra nça , a G ran-Bretanh a , membrosd'

a m

bos o s go vernos e a ttrtbu tos d'u m a e d 'ou tra na ção A lbi on era representa da p or u m a gra ude e bella m u lher a França p or u m a m u lher i ta ,

pequ ena , deli ca da e a rrebi c ada . Lem bra -nosbem a primeira pergu nta d i ri g i d a pela na ção insu la r e a resposta da continental

A lb i on Pa ra q u e é esta gu erra ?Fra nça P a ra c ºnserva r a p a z

T a l era o í unda m ei i to de to da a a cção , e j á da ntes esta c ontradi c ção nos tinh a a ssa lta do o esp i ri to,qu a ndo p ensa v a m os no engenhoso cu i da do e pOllC la das casasmni 'tu a ri a s (q u e nu nca re

susc i ta i a m ninq i i c m i vrm os a s c a seu m sde P a risdesPej a reni to dos os d i a s reg imentos so bre oc a m inho de terra lll: Leão e Medi tei i 'a i i c i i ' A tlll l tantu t S V t'lU cn. S íl h íl t hu m a ni d a de ,

a lli

t a nta i i i rl i tl ei c i i ç a em : .i ri i ti r a r '

Lxll l

Entre li o rrorosostro p heosO genera l desh u m a noMa nda fa lso incenso a osceos;E de esp a lh a r sa ng u e h u m a no

Váedando lo u v o r a Deu s. (p . 2 16)

As tresqu íntilhasq ue a esta se segu em ,c omeçando :

Dizesq u e se c omp ra q u ina (p . 2 16)

e a c a bando .:

Dez m i l h omensn'

u m minu to (p . 2 17)

fora m asq ue B ou terweek esc o lheu p a ra transcreverc omo am ostra d

º

estes p oem assa tyri c os.

P or u ltimo e adm i ra vel a i roni a c om qu e, p rec u rsor

do m a lth usi anismo , se fa z p regoei ro dº

este S ingu l a r princ rp i o :

Se osh om enssenão m a tassem ,

E im p u nem ente c rescessem ,

P ode ser q u enã o a c h a ssemfontesde q u e bebessem ,

Nem c a m p osq u e semea ssem . (p . 2 18 )

Na sa tyra do Velho, (p . 2554) c omeça por si antes

de fa l l a r de Lesbi a, qu e

. fi a da no a lv al ade,Qu er tri bu tosna velh i ce,

S em oster na m o c idade (p . 26 7 )

A si tu a ção qu e vae desc rever ena tu ra l íssim a,inim i

ta velmente c om i c a,ri va l dºa qu ella qu e, na F uncção , a

esta-tu a de Venusnu a , fa zra ora ção e mesu ra :

a su rda o relh a a pp li c a ndo ,P o r m ostra r q u e o u v i ra tu do ,

Váe c o'

a c a beça a p p ro v andoMa g anão u e em a r si sudo ,

Serp ente 1 e está c h am a ndo . (p . 258)

O ep isodio do c ri ado velho , a c hado no inferno eloa tu o m oço , ambos levados a l l i , este por ter sido la rão

p a ra enri qu ecer o fi lho , a q u elleP o r ser o p a e de ta l fi lh o ; (p . 267)

ebom,e c ontado c omo está

,c om brev idadeeesp írito , ln

terrom pe a m ono toni a do m ono logo .

O fim ev idente de toda esta sa ty ra era ridic u lisa r osvelhos qu e se entregam c onhada e a p a ixonadamente a

pessoa s, de inferi or e desp rop o rc ionada edade,c om -a

c andu ra de a c redi ta rem na fidel idade e lea l retribu i cã ode a llec to da p a rte (l

ellas.

l ) H ist o f spo n a nd pr u m a h tm l l . RRR

LxlV

Da Qu ixotada temosdito u anto basta .

Na espec ie sa tyric a não fa to u p h i losoph i a a o p oeta ,

q u e sou be fustiga r os errosda hum anidade e exp orlhe os v í c ios, c obertosde ridic u lo

,no pelo u rinho do

desprezo p u bl ico . Princ i p a lmente as lou c u rasda su a

terra e do seu tem o não as po u po u . R evelo u qu e tinha grande estudo osm a is famososmestres, inda qu eta lvez hou vesse qu em desej asse vel—o a provei ta r-sem a isdº

a lgum as l iberdades q u e el les a u c torisa vam ,a perfei

çoando a inda estasma isperfeitasdassu ascomp osições,c o lorindo—asc om pa rém iasda nossa lin u a

,usando m a is

do di a logo , ep isodi ando c om anecdotase istorietas,c om o

os sa tyric os la tinos e m u i tos dos m odernosde m a iorrep u ta ção , em loga r de enl a ça r

,c omo c omm ummente

fa z,desc rip ção em desc rip ç ão , invec t iva em invec tiva .

Podia ter im itado deHora c i o , (j á qu ediz ha vel-o p referido Ju vena l

, p a ra mestre) a a l terna tiva da censu ra edo lou vor, que torna sa tyra menos pesada , e lhe tirao a r m isanthropo qu e em m u itas p a rtes obsc u rece as

su as. Podi a ter sido menos Timon, u e a ningu emp ou p a , e p a rece

q ue a ningu em ama . ntretanto,as

sim mesmo , assa tyras, c omo as c omp oz , são p a ra el lee p a ra a p oesi a p ortu gueza um titu lo de verdadeirag lori a .

Todas assa tyras (á excepção da do B i lha r), memo

ria cs e a lgum as c a rtasde olentino,são escrip tasem

qu íntilhas, metro e c omp osição na ciona l qu e fez rev ivermodernamente. E l le proprio diz, quea musa qu ep residi aássu as trovas, a ffeita ás « p rovei tosas l içõesdosnossosdo is ortugu ezes, B erna rdim R ibeiro , e Franc isc o de Sáde iranda . c rea ram insensivelmente no seu c ora çãoamor a esta espec ie de-p oesi a u “ e rimou em qu inti

(p . 1 82) E a inda qu e verdadeira ou fa lsa modesti a o leva a di zer, qu e so a p rendera o rim a l—as:

Sá deMi randa .

.em q u em da sdo cesqu inti lh a sSom ente a —rim a a p rendi : (p . 177)

e'

inc ontesta vel ue escreveu c om j usto a p p la uso em

form a de qu inti l a s; merecendo que dª

elle e dº

ellas

dissesse o grande E l p ino D u riense, c onv idando Lerenora leitu ra de peças jovi a esde Cervantes, de JorgeÉrreira de Vasc oncel los, de S á de Miranda , edeAu tonio Ferreira :

1 Frei re de Ca rva lho ,L i çõeselem enta resde p oc twa na c i ona l, 1 851 , 80

2 ) Poesi a s, 221)

LXV

se a j unta r qu i zeresObra da nossaedade, a mor, q ue temos,Aj unta—lhe asQu intilhassa borosas

Do c l a ro To lentino :

Primores c ortezãos, ric os fa lla res,P la u tinasgra ças, j ov i a esdona ires,F loresde toda a va ri a c ôr l ança rão

Em seu rega c o asMusas.

Se na p h i loso ph i a , na força e p ro fundidade do pensamento , pode ser j u lgado inferior a seu mestre S á deMiranda , p rinc í pe das qu ínti lhas p orta ga ez as, é—lhe

p or qgrto su perior no methodo e fa c i l idade de expres

sa o .

Em c onc l usão desta p a rte do nosso ensa io devemosdi zer qu e não é sem rep a ro fa lta r a commem ora ção dev ida a To lentino nºa lgum as obras a qu e essa obriga çãop a rec i a inherente. O sr. Ferdinand D inis

,om itti u —o

,

o u esq u eceu —o _no B e'

sa me'

de tº

histo ire li ttera ireda P or

tu ga l (Pa ris1 826) fa lta tanto menosdesc u lp a vel, qu antoé certo ha ver tom ado

, p or gu i a B ou terweek, S ism ondi ,e B a lb i , q u e não inc orrerani n

º

ella . Ou tro tanto se podedi zer de Ada inson

,na Lusi tani a i llustra ta

,13 onde T o

lent ino tinha q u asi di rei to i inp resc rip tivel a 1igu ra r entre Antoni o B a rbosa B a cel l a r, V iol ante do Ceo , Franc isc o de Vasc oncel los Co u tinho , Ga rção , D ini z , Qu i ta ,C l a udio Manu el da Costa, Jo a q u im Fortuna to deVa l lada resGambo a , João X a vier deMa ttos, Pa u l ino Ca bra l ,Antonio R ibeiro dosS antos, B oc a ge, Franc isco Manu el ,c onde da B a rc a , Dom ingosMa x im i ano Torres, e Cu rvode Semedo .

Tem c a u sado egu a l adm ira ção o si lenc io qu e nassu asobras

gu a rdam a

'

respei to um do o u tro,To lentino e B o

c a ge. ej amos oque ac erc a d

º

isto investigo u u m di l igente biogra p li o dE lm ano .

«Ambosp oetas, c onteni p oraneos, residindo na mesmac idade e a té fa l lec idos c om p o u c o interva l lo e enterra

dos a o p é u m do o u tro,nem B oca ge fa l l a um a

_só vez

nassu as obrasde T olentino,nem To lentino de B oca ge!

Consu l tando sôbre esta singu la ridade a lgunsam igosdo p oeta (B oca ge), fo i—nosdi to p or A ssentz

'

z-

e o sr. D .

A ssun lhe ch a m a o sr. A . F . de Ca sti lho , no Tra ta do de metr ifi ca çâo , 18 58 , p . 124 .Costa e Silva , na R ev. Uni v . L isb. v t, 4 96 .Lusi ta ni a l llustra ta : no ti c cs on the h istory , a nt i q u i tws, Portug a l, by

John A da m son, New-Ca stle u pon Tyne, 1 84 2 , 2 vo l.

S r. J . F . de Ca sti lho , na Lí i 'm rm cla ssi c a portu g u eza , 75 -78

LxVl

Gastão (os q u a es m u ito c onversa ram ambos osanc to=

res) que não só tinham fei to a mesm a observa ção qu antoas obras, m as no tado q u e, nassu as

'

cony ersa çõesnem

T olentino nem B oc a ge fa lla vam nunc a um do o u tro,

em bem nem em m a l, levando este c u idado a p onto de

a ffec ta ção , po is qu ando de ta l objec to se tra ta va , c a

l a vam—se ellest

Um a D am a, p orém , de a l tissim a intelligenc ia , qu e a

ambos os p oetas c onheceu,assevero u —nosque el lesti

veram rel a ções estrei tas,c ontando=nos, p or essa oc c a

si ão esta anecdo ta .

« Esta va B oc a ge enc ostado a o umbra l da p orta deu ma loj a , do R oc io , app a rentementepensa tivo eabso rto ,qu ando T o lentino, chegando—se—lhe a o o u v ido , pergunta

E lm ano , a lyra div inaPorq ue ra zão emm udece?

a o que logo B oca ge respondeu :

Porq ue m a is c ala no m undoQuem m a is o m undo c onhece.

Torno u T olentino :

Que tens a c hado no m undo

Que m a is assombro te fa ça ?

Diz B oca ge sem hesi ta r :Um p oeta c om ventu ra ,Um to lei rão c om desgra ça .

Dentro em p ou c osm inu tos, esta vam os improv isado resrodeados de centena res de ou vintes; e, infl u idos pel aem u l a ção

,c ontinu a ram longo tem po ; sem ceder nem

fra q u ej a r, nº

este formoso echo,em qu e já v im os ter

tambem B ressane sido em inente.

O S r. B an/ta , p a rente de B oca ge, deu-nosc onta de

o u tro echo entre ambos. Tanto um c omo . o u tro tinhamp és monstru osos, qu e m u tua mente ep igramm aram . Só

se conservam p orém ossegu intes versosde B oca ge:

Se o Padre Santo . tivesseUm p é tão longo e tão m a u

,

P odéra mesmo de R om aDa r beij a —p é em Ma c au .

T o lentino fez-lhe este (inédi to)

Lxvll

E ra m tres j untasde bo is,E dºa q uellesm a isselec tosa

pa sa r pelosE ossa p a tos qu ietos!

O espi ri to q u e T o lentino mostro u em m il i tas comp osiçõesnão o desmereceu nos a p op hthegm as, que infeliZmente não c onsta fossem c omp i l ados, c omo m u i tosfa zi am assu as p oesi as. H ão-de p or isso a ttribu ir-se—lhe

'

os t e não são d-º

elle,o u

inega rem

—s'

e-lhe os qu e lhe

pertencem . Dei xa remos a q u i reg istados algúns.

i

'

ª Cerc a da hab itaç ão do poeta m ora va um homem

no toriamente ri c o . Uma no i te, a ta c ada a c asa de To len

tino p or l adrões, brado u - lheseste da j anella z.Engana ram

—se—com'

a p orta E m a is a ba i xo .

i i Conc orrendo nºmªna c asa com a celebre» Cata l ani,

não tira va dºella o lhos, p o rqu e só a tinha v isto no thea

tro . A c antora repa rando nº

isto , pergunto u—lhe senun

c a a tinha v isto ? a o q ue el le resp ondeu :«ª De gra ça e

'

a p rimeira vez !

i i i — Indo v isi ta r um novo p a l a c i o de certo personagem , q ue na c asa tinha introdu zido a a gu a do c ano

p u b l i perguntando—so a lhe qu a l era c o usa q ue a l l i

ma islhe agrada va ? disse:-'A s a gu a sfu rtadas!

W D irig indo—lhe a'

ronda um a,

no ite a pergunta docostume “ tra z ferro ? —« resp ondeu q uesim . Dep o isdeter fei to p or m u i to temp o espera r a p a tru lha , V&S C I l-ªlªhando na a lg ibei

'

ra,tiro u fina lmente um a c ha v inha de

c a rteira tão

peq uena , q ue os espec tadoresnão p ode

ram c onter a ila ridadet

v Nªuma ru a

'

.

orª

ondec asu a lmentepasso u de'

no i te,

soldado“

da'

ronrpl'

a qu eda va c a ça a'

um l adrão , apontando um a istol

'

a a o

]pe

ito de Tolentino lhe perguntou

— pa ra On e váe2 esp ondeu—lhe p a c i fi c amente

"

:

P ara a ou tra vida , se disp ara !

V í ª -Ai qu eda do ma rq uez de P omba l tro u xera,com

a'

u sta so l tu ra dºa lgumas infel i zes v í c timaspolí tic as, ain evida de m u i tos m a l fei tores, e entre estesa dºumcerto Tori b io que fôra c arrasc o . Depo isdºisto , interro

1 Vldtt do poeta , 16-1 7 .

Lxvl ll

gado o poeta p or u ma senhora,acerc a do modo de

'

v'

lda dº

a qu elle su jei to resp ondeu :H ºj e m a e de enforca r p or ca sasp a rti cu la res!

vn— A flh c to u m di a c om dor de dentes, pergunto u

lhe o c onde de S ão—Lou renço , q u e o m a rqu ez de P omba l tivera em ferros por tantos anu os, se qu eri a -fa zeruso do segredo d

ºum jesu í ta q u e fôra seu c omp anheiro

de c a rcere2 resp on eir—lhe v ivamente:

Se é do segredo em que a . canª esteve dez enove an—í

nos, não senhor !

vm Pro c u rado u m dia p or um ma u versejador, p a ralhe di zer

,dedo issonetosq ue fi zera a um a senhora , q u a l

merec i a a p referenc i a , l ido o p rimeiro , resp ondeu logoTo lentino qu e o o u tro era o

,melhor.

— Mas,c omo pode v . i i i . di zer isso se a inda não leu

o segundo ? (lhe torno u o im portuno)E qu e e

'

imp ossivel ser p ei or qu e o p rimeiro ! tº

Sej a —nos a gora lí c ito , e tom ado c omo prova de lea ldade, encerra r este p rocesso c ri ti c o c om a íntegra das

su asm a is imp ortantes peças— testim unli osde j u lgadoresq u e nosp recederam .

Ou ç am osB a lb i .«A sp oesi assa lgri ca s(lesp oesiessa ti ri q u es)d

'

e Ni cola u Tolentino deAlmeida , sont tel lement goútéesà c a usede la na i vetedu sty le a vec lequ el el lessont écri tes, etqu i est à la ortée de tou sles lec teu rs et à c a use de

la bea u té de a versi fi c a tion et des im ages, et de la décence qu i a ec om agne tou jou rsla sa tire, qu

ºellessont

tou j ou rsp l a c ées anslesbibliothéqu esp ortu gu a isesen

tre cel lesde S á et Miranda et B o i lea u . Le ro i a c tu elles a fa i t imprimer à ses fra is, et a fa i t ensu i te p resentde tou te l

º

édi tion à lº

a u teu r. Au c un p oete nº

a a ussi biendéc ri t lesm ueu rsdu temps. ll exc el le su rtou t danslesqu ínti lha s (c ou p letsde c inq vers); son sty le est d

º

une

finesse,dº

unmo rdant,dº

une c o u leu r orig ina le et dºun

ton de décenc e et dº

u rhani té qu i le mettent dansí ce

genre a u—dessusde to uslesp oetes p ortu ga is. Ce grand

sa tiri q ue a eu le ra re ta lent de dép o u i l ler ses ou vrggesde tou t fiel . I l nºy a p asde l i ttera teu r qu i ne sa c he a r

c oeu r sesQu inti lha s.(3 I l éta it simp le p ro fesseu rde r é

'

1 S r. m a rqu ez de R esende, no Pa nora m a , x i v , 2 e 4 .

2 ) Mosa i co , 1 , 232 .

3 ) C om o c º ntra p eso a esta asserçã o de Ba lb i ," a qu i va e est'o u tra de Costa e Silv a «qu a ti

do“

eu ped i a a esses enth u S i a stasde To lentino q u e m e rec i tassem a lgu ns versos d'elle, ra ro era .

o q u e esta t e em esta do de pro du z i r u m soneto , o u a lgu m a squ m ti lh a s s'i a s B er Um i L isb .

LX X

suspei to : tanta é a p a ixão e cegu eira q ue“

tenho pelom a isverdadeiro , ma is engra çado , m a is bom homem detodososnossosescrip tores. Aq uellebi lha r

, a q uel l a funcção de ba rrinhas, a qu elle chá , a q u ellasdespedídas a o

c a va llo dei tado á ma rgem ; o memori a l a o p rínc ipe, op resente do p eru m ,

são bel lezas qu e so não adm irarão a tra bila rios zangãosem perpetu o estado de gu erra

c om a fra nc a a legri a , c om o ingenu o gosto da na tureza . »

Costa e S i lva :« A s ep ísto l as e sa tyrasde Nico l a u To lentino de Al

meida, p ro fessor de rhetoric a e dep o is o fi i c ia l de u m a

dassecreta ri asde estado são a sim í lhança dasde S á .e

Miranda , a quem :

p retendeu im i ta r, escri p tasem q u intilhase q u a rtetos. Tem el le m a isgra ça e melhor versifi c a

'

ção q ue o seu modelo, p orém menos p h í 10 50 ph ia ;

m as são ta l vez de todas as su as obras as u ni c as qu ea inda se lêein. Este p oeta go zo u em su a v ida de uma

rep u ta ção c o lossa l . Os seus nu merosos am igos, entre

os qu a esha v ia homensm u i respei ta veíspor seu sa ber,e p or su a posi ção soc i a l , exa ggera v a m o seu merito : op adre Franc isc o José Freire o tínna em grande c onta ,o p adre Jo a qu im de Foyos di z i a q ue entre os p oetas

modernosde Portu ga l não c onhec i a senão do isq ue merecessem o nome de grandes, a sa ber, Antonio D ini z , eNi c o l a u To lentino : e o desemba rgador Antoni o R ibeirodos S antosnão du v ido u de im prim ir q ue asQu inti lha ssa borosas de To lentino , eram a m a i or. obra da nossa

edade. Maso dia da im ressão vei u em fim mostra r qu e

vae m u i ta differença o j u í zo p u bl ic-o a o j u í zo dossal ões; e

.To lentino esc rev r

_ã m a is p a ra os sa l ões qu e

p a ra o p u b l ic o . A soc iedade p odi a rir e interessa r—se c omversosde p a lma tori a ereq uerimentosdeempregos, m asop u bl ic o qu er m a isa lgum a c o isa qu edo i vo l umesqu esófa l lam em ra p a zes, em tri podede p inho , em banc os, emesc hola , em Qu inti l i ano , em irmãs velhas, em fome,e

'

petí ç ões de m iseri a . A smesm assa tvra s tem perdidotodo o seu interesse

, p orqu e não tendo p or objec to os

v í c ios qu e são de todosos tem p os, m aso ridí c u lo , q uec ontinu amente va ri a

,tornam-se fri as p a ra os lei tores

q uenão c onhecem osorig ina es, c u j asc op i asse lhesa presentam . As assembléas tem hoje o u tro c a ra c ter, as

func çõesde bu rrinhosp assa ram e moda , e p ou c aspes

soassa hem hoje a onde é a qu inta de S . Ma rtinho ondetantas funcções se fi zeram . Nic o l a u To lentino e um

1 Bosquej o da h istor i a da p oesi a e líng u a p ortu gueza , no Pa rna so lusita no 1, LX I I I .

LXX I

oeta qu e todos ga bam ,e q ue m u i p o u c a s pesso as

B orgesde Figu eiredo :« P or estes temp osdeu tambem honra a o nosso P a r

naso N i cola u T olentino de A lmeida,a q u em as m u

sas fa voreceram em m u i tos generos de p oesia . A lin

g u a gem fam i l i ar,e sem pre c orrente e elegante, q ue

a p p a rece em seussonetos, odes, ep istolasy e o u trosge

neros"

,ha merec ido os a p p la u sosdos eruditos: o q u e

p orém elevo u m a issu a g loria , fo i certamente a p oesi asa tyri c a . Fu g indo da a c rimoni a de J u vena l , sou be Nicola u im i ta r em su assa tyras a do çu ra e m odera ção deHora c io

,q u a l idades q ue qu adra vam a seu genio gra

c i oso ; e assim reprehendeu el le osv í c ios,sem descer a

persona l idade. A sa tyra da Gu erra e a dos A m antessão , sobre todas, dignasde serem lidas. » t?

C oroa reinos estes testim unhos c om o do sa udoso Fi

l into E lysio , c u j o é o verso

To lentino, q u e di verte e instru em “

t i Poesia s de José Ma r i a da C osta e S i lva, I l l (Ep isto la se ep í c edi os) 184 5 , p i x e x .

2 ) Bosqu ej o h tS ÍOr tC O da li ttera tu ra cla ssi ca , p or A ntoni o Ca rdoso Borgesde F i gu ei redo ,1 856 , p . 190 .

3 ) Obra s com pleta s, 420 , ed. de Pa ris.

Se devemos c rer osqu e se'

u lgam bem i nform ados,

a lem dasc omp osi çõesqu ede olentino nosresta m,ou

trasho u ve, qu e o a u c tor c ondemnou

_ao fogo . De a l

gu m asa penasex iste menção de qu e fossem ,taesc omo :

Mem ori a sobre ora tori a, p a ra ser l ida na a c adem i a

rea l dassc ienc ias:Sermões q ue va rios p adres p rega ram ,

cheios (dizem) das m a i ores bel lezas de eloqu enc í a , e de a l tospensamentos: sermõesq ue é pena —terem—se perdido ,p a ra p odermos j u lga r da su a ora tori a

,melhor qu e o

p odemos fa zer pel asp ou c as e desenxa b idasp rosasqu enos c onservo u .

Lóas, p ara serem rec i tadas e c antadasno c irio da

Senhora do C abo .

S onetos, A na creonti ca s, e ou traspeçasp oetic as, princ ip a lmente ero ti c as.

13

T ambem a ttribuem a To lentino m u i tasp oesiaslivres;m as a inda que a lgum as c omp ozesse, esta ri am m u i lon

ge de c orresp onder a o numero dasq ue chrísm a ra m c om

o seu nome.

C om isto p a rece v ir c onc orda r o testimunho de Costae S i l va , qu ando diz 14 A s p oesi asq u c omp õem os

do ispeq u enosvo l umesqu e imp rim i u (em vida), formamum a peq u ena p a rte das q ue el le escreveu ; e não são

ta lvez asq u e osseusc ou temp oraneose a m igosa p pla udi am m a is: não deu asou trasá lu z p orq ue esta vam re

c headas de persona l idades, q ue não p odi am decente

mente a presenta r—se a o p u bl i c o .

Osp rimeirosversosdeTo lentino , qu esa bem osfossemimpressos, a inda qu e sa íram anonymos, foram

-no em

1 799 na Miscellanea cu ri osa e p rovei tosa (edi tor B o ll and), a sa ber :

S oneto á ' lo teria ingleza (p . 39) t. v,310

Memori a l a su a a l teza (p . 1 69)— t . [ V, 298 :

S a tyra a osAm antes (p . 222

× t. v

,332 :

S a tyra do Passeio qu e c am a va c a rta ) o fferec ídaem 1 779 a D . Ma rtinho dºA lmeida , estando no Alemtejo (p . 234)— t . i v

,31 1 :

Sa tyra o B i lha r (p . 275) t. 1,302 :

V i da do p oeta , 20 .Ibi d .I bi d . , p . 5 , 2 1 e 27 .

º

R ev

1

2

3

4 Uni v L tsb v i , 500

LX X I I I

Ca rta a um c ama rista (o c onde de V i l l a -Verde, D .

José,dep o ismarqu ez de Angej a) sobre os c a rreirosda

Enxara (p . 298)— t. W,306 .

Determ inando o p oeta por a q uelle temp o fa zer im

p rim ír as poesias qu e j u lgo u ma is selec tas,c ollí

as e l icenc i ou —as pela mesa do desemba rgo do p a ço , esollic ito u a o mesm o temp o a merc ê de q ue fossem ím

pressas, inc umbenc i a qu e a c ceitára o então.

m inistro deestado (hoje reino) m a rqu ez de Ponte—de-Lim a (p .

a fervorado p or seusfi lhosD . Lou renço de Lim a (p .

D . Fernando de Lim a (g

. e c onde dos Arc os,D .

Ma rc osde Noronha (p . 2)Obteve em fim a merc ê qu e desej a va , isto é, q ue na

imp rensa regi a se lhe im prim issem a s obrasem seu be

nefi c i o (p . 86) ( 1 ; m as o m inistro Ponte—de-Lima , peloseu repentino fa llec imento , em 23 de dezembro 1 800,não chego u a assígna r o a v iso . A ssigno u

—o p orém o u tro

m inistro,o da gu erra , Lu i z P into de S ou sa Cou tinho

(p . qu e um anno m a is ta rde (17 de dezembro1801) devra esc onder o nome na c ondeco ra ção de Vis

c onde de B a lsemão .

Costa e Si lva esqu ece ím perdoa velmente esta h istoria da im pressão dasobrasdeTo lentino , p or estemesmoc ontada nas su as p oesi as; p o is é esq uecel-a ou desc

'

o

nhecel—a di zer : Alguns annos antes da su a mortea chou To lentino um edi tor

, q u e lhe c omp ro u p or bom

preço osseusm anusc ri p tos, qu e deu a lu z em do isvoumesde o i ta vo p ortu gu ez ; p orem a extra c ção não c or

resp ondeu a o q ue el le espera va .tº

A im ressão , c omo j á se v i u,não se fez p or di l i

genc ia e nenhu m edi tor ; o q ue c onsta é qu e o p oetavendêra a edi ção , q u ando a inda esta va na imp rensa ,di zem qu e p or do ze m il c ru zados 13, a um seu c o l le a

Manoel José S a rmento,

u e de o fii c i a l da sec reta ri a a

uerra , p assara p a ra a o reino em o fh c í a l m a ior grau ado .

E is as indic a ções bibliogra phic asdºessa primeira edic a o :

Obrasp oeti ca sdeN i colae T o lentino de A lmeida . Lisboa

,na regi a o/bc ina tgp ograp hi ca , anno u o c cm . C om

li cença da Mesa do Desemba rgo do P a ço . Do is tomos,em o i ta vo p ortu guez , c om 232 e 223 p a g inas. 0 l tomo

c ontém 63 sonetos, odes, 3 memoria esem q u íntilhas,

1 Consta q u e a ed i ção fora de 2 000 exem pla res, q u e, Já enca derna dos, se entreg a ra m â o rdem de Tolenti no .

2 ) R ev . Uni v. L isb. vt , 4 74 .

3 Vi da do p oeta , 1 8 .

« LXXJV

e 6 sa tyras, c inc o em q u íntilhas, e um a em o i ta vas: a otodo versos

,c om sy l la ba smetric as. 0 n

tomo c ontém 18 p oesi as em dec im as dedic adas, e 1

g losada , 25 memoriaes e c a rtasem q u a rtetos, e 3 em

q u íntilhas: a o todo versos,c om sy l la bas

metric as. Este tomo c ontém m a isdu asc a rtasem p rosa ,oc c u p ando 1 1 p a g inas.

A segu nda ediç ão , feita q u ando a inda a p rimeira nãoesta va esgotada , emp rehendeu

—a c asa do livreiroeditor R o l land, a c c rescentando a m a teri a da p rimeiraum terceiro vo l ume c om a lguns inédi tos, no todo ou

na m a ior p a rte fornec idos po r Joa nim José Pedro Lopes. Os do is primeiros vo l umes, el e c orrec ta reproduc ção da 1 .

ªedi ção , sa í ram c om este tí tu lo :

Obra sp oeti casdeN i cola o T olentino de A lmeida . Nova

'

edi ção'

. Lisboa , 1828 . Na typ ograp hi a B o lla ndia na ,

Gam L i cença . Tomo I e i i in-1 6, c om 201 e 223 p a

mas.gO vo l ume de inéditos

,dado n

º

esta edição,intitu la

vã—se:

Obras p osthum as de N i cola e T olentino de A lmeida .

Lisboa,1828 . N a typ ograp hi a B olla ndi ana . C om Licenº

ça da Mesa do Desemba rgo do P a ço . Um vo l ume in16, de 150 p ag inas.

No mesmo anno,um m u i to m a isfra c o c om petidor .

li

vreiro , João Nunes Esteves, q ue ma is ta rde tão tristeade ganhou c om o desva ri o de su a pessoa ees

c rip tos ru bri c ados or N unes sem F i lho,tento u tam

bem reim prim ir T entino,lev ando isso a elfeito , c om

tí tu lo'

ustamente egu a l. a o da edição R o l land,a exec

p ção o logar da impressão e do q ue se lhe segue,

q ue nº

esta de João Nunessa í u assim :

anno de 1 828 . N a imp ressão de João

Nunes Esteves. C om li cença . Vende—sena loj a dos P obres

,na ru a dos C ap ellista s, n

º 27 E . Do is volumesi h -1 6

,de 225 e 1 71 p ag inas.

Amba s estas no vas edi çõessegu iram a ordem e dis

p osição da primeira , pel a qu a l foram fei tas,c om a dif

ferença que a de João Nu nessegu i u a p rimeira ás, c cgas, c onservando erros typogra p hj c os q ue el l a » advertira na fé. de erra tas das. p p . 1 98 do t

. i,, e p . 29 ,

42, 105 , 163 , e 186 : do t . l l . C om o u tro escru p u lo'e

c orrec ção fo i feita a . edi ção R ollandiana, qu e

:

não c om

metteu sim í lhantes fa l tas.

estasdu as ediç ões; a p rimeira qu e“

a p p areceu fo i

sem du v ida a de R o l l and, pel a qu a l Joã o Nunes:

c om

[ XX V

poria os índicesda su a . Osíndicesde R o l landc onfrontados c om osda p rimei ra edição , a presenta vam du aspequ enas inno va ções, a sa ber : a o soneto de p . 51

, que

não tinha ti tu lo , p u zera'

R o l l and o de O sonho, e á sã

tyra o lierec ida a D . Ma rtinho , p . 168, q ue esta va no

mesmo c aso , dera o ti tu lo de A Lo u c u ra doshomens,conservando p orém no tex to asdu as p oesi as, como tinham sa ido em 1801

,sem tí tu losespec ia es. A mesm a

c o usa se v ê na edição de João Nunes; e p orq ue esse tinha impedimento ímpedientex p a ra qu e fi zesse p or sita es a l tera ções, esobre tudo pa ra q ue a certasse n

º

ellas

de modo q u e c o inc idissem c om asde R o l land, forçoso éc onclu ir ha vel—as tomado dºeste. A reimpressão de JoãoNunes limi tom se á m a teri a da 1 .

ª'edi ção . No vol. de

obrasp osthum as, dado pelo edi tor R olland,

_não se a tre

veu to c a r. Mas o q u e Nunes não fez nº

a q u'

elle tem poho u ve q uem '

o fi zesse m a is"

ta rde.

A c asa dosedi tores—l i vreiros B orel,B orel C .

ªc on

serva va em ser,a inda em 1836

,ta l numero de exem

p i a res da 1 .

ªedição

, qu e j u lgou c onv ir—lhe, p a ra lhesda r extra c ção

,c

'

om p leta l—os c om 0 vo l. das obra sp os

tha mus. Pa ra esse fim mandou reimprim ir o qu e R ollandp u blic ára em 1828 . S a i u c om este tí tu lo :

Obras poeticas de Ni cola u T olentino de A lmeida .

T omo i i i . Lisboa : 1 836 . T yp . de A ntonio José da B o

eha . R u a dos C a la fa tes n.

º M — l .

ºanda r . Um vo l.

in—8 (o mesmo form a to dosdo isda L ªedi ção) de 126

p .

— A rev isão dºeste vol. fo i fei ta c om menos c u idadoq ue a do de 1828 , e não _

é ra ro lerem—se nº

elle versos

errados pel a fa lta de. sy l l abas, (ex . p . 8 , 103 , etc .

)e

p a l a vras a l teradas pel a tro c a de letras (ex . p . 41,9 ,

100,101

, etc .) fa l tasq ue não vem advertidas, p orq ue

não fi zera m ta bel l a de erra tas.

O vo l ume dasObras p ost/ru mos c omp rehende 33 sonetos

,10 p oesi as em dec im as dedic adas

,e 19 gl osa

das,6 odes, 2 memoriaese c a rtasem q u a rtetose 2 em

q u íntilhas, e 1 sa tyra em qu íntilhas: a o todoveisos

, com sy l l a bas metric as.

E m 1858 a p pa receu em Co imbra o u tro vo l ume dema is poesi as p osthumes, p ubl icado pelo sr. Franc isc oda Fonsec a Corrêa Torres, thesou reiro—mór. Fôra comi lado de um m anusc rip to da letra do sa b io Franc isc onoel Trigoso deAragão Mora to ,e dºo u tro legado por

Jo a qu im Igna c io de Frei tas á b ibl i o thec a da universidade. O ti tu lo eo seg u inteP oesiasde Ni co la u T olentino deA lmeida , obrasp os

LX XV I

lha m a s e a te'

ho'

e inédi tas. C o imbra , imp rensa da Universidade 1 85 Um vol. ín—1 6

, (form a to da ediçãoR o l l and

,e destinado a ser c omp lemento d

º

ella )de H P1 20 — Contém 6 sonetos

,10 poesi asem dec im asde

di c a as,e 20 g losadas, 2 odes, e 8 memori aese

tas em q u a rtetos: a o todo versos, c om

sy l l a bas metric as. Nº

a lgum as das dec im as g losadasha fa ltas q u e o edi tor não exp l i c a . Na 1 .

'ª dec im ap . 11

,fa l ta o 5 .

ºverso ; na g losa p . 23

,fa l ta a 4 .

ª dec im a ; na 2 ª dec ima p . 63

,fa l ta o 7 .

ºverso ; no u l timo

verso p . 64,ha uma sy l l a ba (um a p a l a vra) de m a is.

-A

p oesi a em a gradec imento a o c onde de V i l la —Verde,m i

nistro do reino, p or ter a p p ro vado uma nova tabel l a , q u e

a u gmenta va osemo l umentosdasgra çase merc ês, c omoa l l í mesmo se diz p . 91

,tinha j á sido p u b l i c ada na

R evista Universa l Lisbonense,

i i i,239

,a rtigo 2506

(e não 2605 , c omo ta lvez p or desc u ido typ ogra phí c o sel ê no vol. de Co imbra ); m asno u ede certo o edi tor c o

.

nim brí cense p adeceu nota vel eqm vo c a ç ão fo i em di zer ap . 93 q ue «este inedi to fo i c o p i ado do _

a u thogra pho pel osr. R oboredo

, contra—

p arente do a u c tor qu ando o u trac o usa di z i a o reda c tor da R evista nasp o u c as l inhasc omq u e p recedeu a p oesi a . «A o fi í c iosa benevo lenc i a do sr.

João de R oboredo (diz)devemoso segu inte inédi to , fi elmente c op i ado do a u togra p ho pelo mesmo sr. Deu c c

c asião a este a gradec i i i ieu to , feito pel o nosso p oeta e

contra —

p a rente,

T olentino Assim ,não era o sr. R o

boredo ue c om To lentino esta va a p a rentado ,m aso , en

tão re a c tor da R evista . o sr. Antoni o Fel ic i ano deC asti lho .

A dec i i i i a , dedi c ada a o m a rq uez de Ma ri a l va , queo edi tor d

º

este vo l. c onsidero u inédi ta , e p u bl icoua p . 1 10

,ha v i a 57 a nu os q u e tinha sido p u bl i c ada

p orq ue entrara na 1 .

ªedição fei ta pelo a u c tor. t . 2 .

p . 156 .

D i remos a go ra a lg umas p a l a vras sobre a presente

edição, q u e, a l ém de i llustrada e ni tidamente imp ressa ,

e a p rimeira qu e p ôde di zer—se c omp leta . A c rdem em

q u e foram disp ostas as poesi as odi a ser m a is a rtisti c a ,se em loga rdesesegu i r a dasdi erentesc ombina çõesdemetros

,sonetos

,q u adras

, q u íntilhas, o i ta vas, dec im ase odes

,levadosa té certo p onto pel a má o rdem dasp rece

dentesedições,asti vessemosc l ass i fi c ado p elosgenerose

espec iesp oetí c as, c omeç ando pelo ep igramma ti c o , c omossonetosedec im as; p assando a o lyri c o , c om asodes;e c onc l u indo pelo dida c tic o , c om osmemoria es

,c artas

Lxxvu i

ensa iou . Se podessemos eXpressa r a i—ithuietic amente

su a tende-nc i a p ro porc iona l pa ra ostres generos, poetic os

,uni cos de q ue nosdeixo u doc umentos, diri amos

q ue p ropendí a p a ra o lyric o c omo 10, p a ra o ep igramma tic o c omo 41 , e p a ra o dida c tic o c omo 50.

Os ineditos q ue ublicâmosdevemo l—os a o benevo lec oncu rso do sr. M. do R io de Janeiro , um soneto (P t

do nosso am igo o sr. Innocenc io Franc isc o da S li ª .

va , distinc to a u c tor do Dicc i ona ri o. B i bli ograp hi co P arª

tu gu ez ,e a u x i l ia r p restante em m il dilii ceisa c c identes

este tra ba l ho , do issonetos (p . do sr. Dom ingos Ga rc í a Peres antigo dep u tado da na ção , e grandea mador e possu idor de bons l ivros, um as_dec imasglosadas (p . e a defesa da Z a mperini . Esta g losa e

defesa esta vam nº

u i i i vol. ms. fei to em Co imbra em

1 791 , i h—4

,c om V i u — 351 p ag inasni tidamente escri

p tas e numeradas, a fora a lg umas. folhas no fim a indaem branc o , tendo p or tí tu lo , entre u m qu adro de l a çarí as a c a na , o segu inte: C olleeção dasp oesi asdeN icola u olentino . Co imbra ,anno MDC CLxxxxt. Dom ingosdos SantosS a rmento da; V.

ª do F undão o escreveu , etc .

As illustra ções que a comp anham esta edição sa í ramdo l ap is inspi rado do distinc to desenhador e a famado

N ada r p ortugu ez , o sr. Nogueira da S i lva . C a ric a tu rasde si tu a õesm a iso u menosc om ic as

,a o a rtista pertence

todo o ou vor q ue ellas mereçam , assim como toda aresponsa bi l idade que porventu ra p ossam lança r-lhe p orter, uma o u o u tra vez c oberto de bu rlesc o qu adrosc c o p oeta p reservo u d

ª

elle. Abstemo—nosda disc ussãoº

este p onto esthetic o i, p orq ue entra melho r na dem a r

c a c ão dº

o u tros c riti c os.

'

sta edição leva no texto 41 v inhetas, e 40 i l lust'

r'

a—ª

ções, tudo espec i a lmentedesenhado e gra vado p a ra seuo rna to , a lém de m a is 34 i llustra ç õesde m a ior tam anhoe esmero , tiradas em se a rado , referidas c olloc adas

em,

loga res p a rti c ula res as po esi as.

Acerc a de p oesi as, qu e merecem rep a ros o u foram

dadas:

c omo du v idosas nas anteri ores edições. das posthum as, fa r

—lhe—bemos agora a lgum asadvertenc i as, qu enão p odemos fazer nos proprios loga resdo texto .

O 2 .

ºsoneto , p . 8 , fo i fei to na . oc c asião da soltu ra :

dos presos do forte da J unqueira , dep ois.

: da queda doma rq uez de Pomba l .

2 .

º ' soneto , p . 25,fo i em 1852 inc l u ido :

nas P oe

si a sj ovi a es e sa lgri c asde Lobo , p ,. 1 55

,c ornea /unido

so,m asdep o isem 1 858 , a pp a rece sem essa du v ida : no

LXX IX

Vol. de ineditosim p resso em Co imbra . A sentença quec ondemno u Isa bel X a v ier C lesse óde ler-se a p . 30 do

vol. XVI I , do Ga bineteH istori co , e frei C l a udio da C onceição .

O %.

º soneto, p . 33, erradamente e com leves vã

ri antes inc l ue Diziderio Ma rq uez Leão no seu Jorna lp oeti co p . 87 , a ttribu indo

-o a Antonio Lobo de C a rva lho .

Fo i lev i andade indesc u lp a vel, p orq ue m u itos annoshãv i a qu e, em 1 801 , o prop rio a u c tor, To lentino , o derano t . 1 p . 36 dassu asobras.

O soneto, p . 321

,nas P oesi asde Lobo , p . 69 , se

da c omo dº

este p oeta . Se c om isto pode a ca ba r a du v idadeve su btra ir—se dasobrasde To lentino .

NasP oesi asde Lobo p . 51—59 ha m u i tossonetos feitos p or oc c asião de pergunta r o

Eprinc ipe do B rasi l D.

José, qu e cousa era chanfana ? o tre el les está o de

To lentino , de p . 36, qu e susc i to u o u trosdo isde rec tific a ções a os p oetas Caetano P into de Moraes S a rmento , e Lu iz Jo a qu im. da Frota .

0 1 .

ºsoneto , p . 38

,a pp a rece, inda ue c om nota

de du vidoso , a p . 71 , das P oesi as de obo . Pa recenão ha ver fundamento p a ra isso , p orqu edesde1828 fôraenc orp o rado , p . ?7

,nas obrasp osthumasde To lentino

sem sombra de hesi ta ção ; Confi rma—o ms. do sr. G a r

c ia Perez , p . 61 ;

As p oesi as p . 66 e 1 19 foram p ub l ic adas a p rimeiravez em 1 815 no n.

º 56, p art. Q.

?

p , 106.do Jorna l de

C o imbra .

A p oesi a p , 74 , fo i p u bli c ada a p rimeira vez no n º 37 ,

p a rt. º .

º'

, p . 19—30, do Jorna l de C o imbra . O u l timoverso

P osso j á ir c o '

a sc ri ada s(p . 75)

c a rece de c ommenta rio , p orq u e a l l ude a um c aso p a r

tic u la r. Estando em Ma fra a m a rq u eza deAngej a mãe,se tra to u em um a ta rde d

º

u m p asseio a o c a m 0 ; e fa l

tando a l l i um dosda c om i ti va , perguntando a gunsp orel le

,a m a rq u eza q ue ja esta va a c a va l lo

,em a ttenção

ser já de edade o q u e fa l ta va , disse vamos,vamos

,

q u e esse j á pode vir c om as cri adas.— To lentino cele

bro u m u ito o di to, e a el le fa z a u i a llusão . »

O enterro de João Xa v ier de a ttos, a q uese a l l udep . 1 30, fo i descrip to p or Lobo n

um soneto , p . 30 dassu asP oesi as.

Asq u íntilhas c omp rehendidasentre osversos

Dep o isq ue p la no Oi lI D ÍDlIO (p . 170)

No v a s da su a sa m l'e (p . 17 3 1

LXXX'

foram pelo p oeta H ughestraduz idasem ing lez, e p ubl ic adasc om o p oem a T heOcean F lower, p . 96-98

,nº

estes

term os:W heno ldenou gh to tro t a bo u t,

A neigh bo u ring ta i lo rwa sim p lo yedT O fa sh ionme a h a ndsome c o a tFrom P a

*

sca po te likem a insa i l w ide.

In c u tting o u t he c u rst the j o b ,A nec rom a nc er

'

sm ystic showsHewro u gh t w i th c h a lk , a ndseven times fell

T he sp ec ta c lesfrom o ii"h isnose.

W here lettersh u ge ino c h re redH ista i lo ring to the c i ty tell,

B y trigonemetry bem a deA c o a t, a ndeke a m i ra c le.

th dandy c a pe andwa istba ndsm a rt,sa i lliedfo rth Cu p idbland,

My h a i r so nea t w i th ri bbon t ied,

A su g a r—c ak e indexter h and.

Up on a gra ve G a llego'

sb a ck ,W h o o ft did trustedc ask exp lo re,

A ll b a thed in tea rsa t v isi onedta sks,I rea c hedthedreadsc hoo lm aster

'

sdoo r.

Inv a inthe p orter p lu ggedm griefW i th m any a reasongo o a ndso u nd;

My m ighty so rrow sc o rnedrelief

,

A p resa ge o f wh a t since I ve fo und.

;Midv i o lence and terro r thereI fa cedm y La tinso oneno u gh ,

A ndswo re o bedience to a p riest

A well o f sc ience ando f snu ff .

lnni h t—gownm any a m onth u nwa shed,i th p inc h in fing

ers, ru le in h and,W h a t sec retsdeep he ldrevea l

Of A dverb andG onj u nc tiong rand!

Hewaso f gra mm a r an a byss,Ligh t o f the age and lea rning

'

sp rism ;He tu rnedh isserv ant o u t o f do o rs

For sp eaning o f a so lec ism i

T he-di fference tw ist the andJH ewo rked a t fu ll a yea r o f gra ce;

A ta sk wh ic h dldhe bu t c om p lete,H ow h a p p y were the h u m a nra ce !

W h i le fi lledthesedo trinesgra vem y so u l,T he go lden a ge id a tta i n

T o seeMondego'

sc r sta l strea mB a the o l C o im ra

'

slovely p la in.

Mo ther andsisterssaw me o ffW i th h a i r u nkem t

, o f tea rsno la ckS ignso f the Crossan G redosp u re

B a ined th i ck u p onm y b lessedba ck !

Onsp a v inedbeast, wi th sti rru psnoneNo r h a t

,the B o xa lª ro a d I trea d;

My bo rrowedra p ier c u t thewind,Andgrea tly peri lledm y ownhead.

LX X X I

Th e slender su m a t p a rting g i venE x i red the very self

-sa meda y ;I m a rc ed a sw i th a so ldier'

sp a ssFo r the rem a inder o f thewa y .

Mi ra c u lo u swa sm y C o llege li fe,Fo r goo t P a p a , th ro u gh la c k of wea lth ,

W hene'

er hewro te me b the p ost,Sent only tidingso f ishea lth !

A p oesi a , p . 189,fo i pel a p rimeira vez p u bl i c ada no

n.

º 56,

a rt. 2 .

ª

,111 do Jorna l de C o imbra .

Aq uel e dona to hom a z dos P ós, p . 253, vestido dehab ito Franc isc ano c om ba rbas c om ridas, prego u c o

me em m issão pelasru asde Lisboa . id. a seu respei too soneto

, p . 1 91,nas P oesi asde Lobo .

0 1 .

ºsoneto , p . 386

,ha tambem qu em o a ttribu a

José B así lio da Gam a o ih c i a l da sec reta ri a do reino,e

c o l lega de To lentino . Contra o mesmo p adreMa cedo nasP oesi asde Lobo p . 1 1 —24 , ha ma issonetossa tyric os.

* T ambem a ttribuem o 2 .

ºsoneto , p . 386

, a Dom ingosMonteiro dªA lbu querqu e e Ama ra l , e

, o qu e m a is é,

pretendendo—se q ue a ta c a va n

º

elle o p roprio —To lentino,

p or fa zer versos todososassump tosridic ulosda c orte !Das p oesi as livresde To lentino não nos c onsta que

restem m a is que tres ou qu a tro sonetos, e um asdec im as; A respei to d

º

estasescreveu Costa e,S i lva Lem

bra—me de ter um a excel lente sa tyra em u e

el le (T olentino) a rvorando—se em Qu ixote da cele re

Z amperini , sa iu a c amp o or el l a , e derram a va l a rgamente o fel e o ridi c u lo so re osadm iradoresdºa qu ellaa c tri z ; m ash a vi a n

º

ella a lgunsversosdem asi adamentel ivres

,e ta lvez p or isso o p oeta a su p p rim í u .

( 1_Pa ra

mostra r qu anto a memori a e a c ri ti c a fa lha vam nºisto

a Costa e S i lva,e qu anto tanto em bem c omo em m a l

exaggera va osdotesdº

essa c omposi ção , a trevemo—nosa

da r dº

ella c onhec imento a os lei tores,fa zendo-lhe a pe

nas leve su p p ressão , menos p a ra gu a rda r, c omo devemos

,o p udor, q ue p a ra

[pou p a r a té a m a isremota sus

cep tibilidade do dec oro . u c torisâmo-nosp a ra isto , c omo j á p a ra a p ub l ic a ção do 2 .

ºsoneto , p . 386

,c om o

exemp lo ue ,nosdeu o respei ta vel edi tor dos inéditos

de To lentino , p u bl ic ados em Co imbra em 1858, p . 7

no soneto C lesse, qu e n

ª

esta edição rep rodu z imos a

p . 26 : e se este exemp lo a inda não bastara,invoc a ri a

mos o de Almeida Ga rrett, 86 —87 , nas F a bnlas e

F olhasC a ldas, p oesia « o G a ilego e o D i a bo » .

1 Her . Uni r Lísb. v l , 500

Lxxxi l

Defesa da Zamperini, respondendo a duasdec ímasdesaforadas, quesa iramcontª esta celebre canta rina

Um p oeta desc onhec idoSem ter de ti dependenc i aP or desc a rgo de c onsc ienc i aVem toma r o teu p a rtido .

C om ra zão a borrec idoDe uns versos impertinentes,C om q ue l ingu asm a ldi zentesSe q uerem metter no inferno ,S áe um Qu ixo te m odernoDesaggra vando innocentes.

Nem vem de p a ixão am ante

A defesa qu e vereis,Ju ro—o pel assantas leisDa c ava lla ri a andante.

O meu c ora ção c onstante

Tra z ha m u i to ou trasc adei as;Longe, ó imp u ras ideas,De adora r a m a is a ] u em ;Nunc a um Qu ixote e bem

Am ou du asDu l c ineas.

Mas inda q ue eu fosse ta l

Qu e amo r te p odesse ter

Que vu l to ha v i a fa zerUm amante sem rea l ?Veri as ir o na ta l ,E de perus, c omo d

ª

antesl

A is,susp iros incessantes

Não são m u i to boa peça ,Pa ra q uem tra z a c a bec a

Aba fada de bri lhantes.

Tenho em fim j usti fi c adaA m inha p u ra tenção ,E é c hegada a oc c asião

De desemba inha r a esp ada

O objec to da c u ti ladaSão uns ta esversossem gra ça ,Onde p or tu a desgra ça ,E c om p u bl ic o desdo u ro ,Teu p rec ioso thesou roFo i rem a tado em pra ça ,

LX X X I I I

T ão p o u c o , senhora , são

Os mo ti vosde q uerer—te;Que se q u izesses vender—teFosse rec iso um lei lão ? !C asta iana

,onde estão

As a rm a ç ões retorc idas,

C astigo só das p roh ibidasV istasde A c teões tra idores?Já não ha c ães v ingadoresDasdo

'

nzellas o ffendidasl

Mas onde me a rreba teiQue c omo q u em não fa z nada

Mesmo de m u rriao e esp ada

Pelo Pa rnaso a trepe—i i

Grossa p oesi a a rrotei ,Que ningu em estranha r pode,

Que u m Qu ixo te quando a c ode

Pela op prim ida innocenc ia ,Se se va ler da eloq u enc ia

H a de ser em phrase de ode.

E tornando a o c omeçadoC aso q ue adm iro u a gente,Sej a p o iso del inq uenteAnte m im a presentado .

Ser—lhe—ha'

j u ramento dadoS obre as c ru zesdºesta esp ada

De nunc a m a is c om damnada

Lingu a qu e honras a tro el l a,

Mancha r a triste donzel a ,Pena de_lbe ser c ortada .

Mas inda a q u i não p a rouAndou p a ra tra z do is fu ros,E nos enetraesesc u ros

C onli a amente entro u'

F inas c ambra ias a lço uDescobri u teu branc oFez v istori a , e no c a bo

Lança a sentença imprudente,De ser entregu e o innocenteEntre asga rrasdo di a bo .

LxxxlV

Pa ra melhor intelligenc ia da poesi a que a c a ba de lerse diremosque Anna Z am perini , venez i ana , era c om i c ac antora

,e em 1779 veiu a Lisbo a

,c omo p rim a dona , á

frente dº

um a c omp anh ia lyric a , tra z ida de Ita l i a pelonota rio a posto l ic o da nunc i a tu ra e banq ueiro em nego

c ios da c u ri a romana,Ga l l i . R ep resenta va no thea tro

da ru a dosCondes. Foram m u i tose distinc tos os adm i

E u não sei osmei ospôrDe v inga r inj u ri a ta lConfesso q ue em c aso egu a lNunc a fu i m antenedor.

Tra z nosso mestre e dou tor

Dom Qu ixo te m il lou c u ras;Tra z g igantes, e as fi gu ras

Que lhe deram fam a e g loria ;Masnão a cho em toda a h istori aS im ilhantesa ventu ras.

Porém,se deve a sentença

Ter c oº

o crime prop orção ,Vá da r a sa tisfa çãoNo p roprio loga r da o ffensa '

Chegue do c . . a presença(Co usa q ue eu lhe não invej o)Mostre sincero desejoDe ser d

º

elle perdoado ,E fi q ue 0 c rime esp i adoA força de p u ro beijo .

E tu,enc anto g lorioso ,

De qu antos te tem ou v ido,

D igno a té de ser nasc idoNos l im itesdel Toboso :No meu bra ço va lorosoB em p odessegu ra esta r;Assim de me retira rL icença me dá, senhora ,Porq ue vem c hegando a hora

De eu ir às a rmasvel a r.

radoresdº

esta bel la m u lherMu itospoetasna c ionaes e estrangeiroslhededi c a ram

enthusrasti c as insp i ra ç ões. Em todos os estados, em

todas asedadesenc ontro u rendidose rendososadorado

1 S u p p rim im os só u m a dec im a .

LX XXV I

Pel as c on u istas em gu erraSej a es tão fe iz , senhor,Qu anto so is a fortunadoNa q ue fa zeisem a mor ;

Tem vossos i l l ustres anu osDo is p oderosos c redores;O du ro deusdas ba ta lhas

,

O terno deu sdos am ores;

E a p a tria , q ue os c onta , os tem

Em fastosde o iro a p ontados;Porque em qu a l qu er das c a rreirasS ão a p a tri a c onsa grados.

Ao mesmo assumpto

Nem a rte nem o a l to assump toPodem vencer na tu reza ;Não sa be c anta r pra zeresJ usta , p rofunda tristeza ;

C om p unha esno c ora ção ,C om rosto em p ranto banhado

Como hei de fa l l a r de um dia

Pa ra ventu rasm andado ?

Musa a legre, a fasta os o lhosDe o lhos, qu e não vê enx u tos;Não se unem Pa rc as c om risos

,

Não tra j am asGra c as lu ótos;

Ou tro dia , o u tro a l to assump to

Do c éo nos ha de ba ixa r ;Então respei tosa m usaP u ro incenso irá queim a r ,

Tra ç a va hoje esta emp rezaNegros fados a estorva ra m

E do triste, u e o a c cendia ,As l a grim as l

”0 a p a ga ram ;

Masq ue fa l ta fa zem trovas?

S a lvae vós,o. grande di a ;

Vossa p o l idez se exp rimeMelhor q ue a melhor poesi a

IND ICE

Ensa io b i ogra p h i c o-c ri ti c o . a c erc a deNi c o la u To lentino deA lmeida

S O E T O S

A N ossa Senh oraSe a febre a tra i ç o ada em fim dec lina

A Su a A ltez aDe bo lorentosli vrosrodea do

sta ca nçada , triste p oesi a .

P or esp a lh a r c ru eism ela nc o li a s

gu a ] na u fra go , senh o r, q u e fo i a lça doo rna e, to rna e senh or, a o Tej o nu doso

A os a nnasdo P rínc i p eEm q u anto em a u reostec tosestu c adosFo i este. a lto senh o r, o sa nto di aN estedi a em q u e a c o rte se a lv o roçaA p rincez a rea l entra ndo no ba nh oNym p h a sdo Tej o j á p

o r m imA o secreta ri o d

iE sta do , v isc onde de l

'

: la -A'

o ra da Cerveira , de

p o is m a rqu ez de P onte-(le-Lzm m

A longa c a bellei ra bra nq u ej a ndoA os a nnosdo m esm o v i sc onde

Se asinsí gni a s : a esch o la p endu ra ndoA o m a rqu ez de Angej a D . P edro

Treze invernos, senho r, tenh oSem e vede senh o r

,a o v osso la do

A os a nnos do m esm o m a rq u e:Mi l v i rtu des, senh o r. p ondo de la do

A os a nnos do m esm o m a rq u ez, q u e t i nh a . nt u zta lzç a o de Ca m o es

N estedi a a oslo u v o resc onsa g a doA o m esm o m a rqu ez

Nã o onh o em v ossa sm ãosa p rosa fri aA os a nnosdo c onde de i lla -Vi rã o , Jose

'

m a rqu ez.

Em seu sb ra c os ro bu stosxostom a ra m

N o di a em q u e o m esm o c ondo r/wget: ( I o A lenztej oLa rg a sdo Tej o esq u erda ri ba ncei ra

E sc revendo da s Ca lda s o a u c to r a o m esm o c onde

A sferra da sm u let asenc osta ndoA os a nnos do mesm o c onde

V i r -Y OS a m ão . senh o r. não p ossoP a rtindo p a r a S a lva terra . D . D I UQU de A o ronh a . dep o is c ondede Vi lla -Verde x

Em q u a nto so bre o Tej o p ra tea doA o m esm o

Em q u a nto , o bo m No ronh a,:lS bra nc a svela s

A o m esm o, cheg a ndo de [

'

o'

m do

Inda me lem bra o xenlnroso di a

A o c onde de Vi lla -Verde. I ) . Jo seE m vo to a q u i v osdo u p inta da

A os a nnas do m esm o

E m u a nto me intla mm a r fog o sa g ra do

S a indo c onselhei ro da ?a zentla D . D i o go de N o ronh a

Nem sem p re em verdes a nnosa im p ru denc i a

A o fi lh o do m a rqu ez ( Ie A ngej a I) . P edro . em desc u lp a de na oentra r no seu q u a rto q u a ndo tei

-e bex i g a s

B em c onheç o . senh o r, sem q u em'

o dig a sN o di a em q u e na sceu D . José de A

'

o ronh aFo rm oso infa nte a o m u ndo h a p o u c o da do

[ I

N o di a em qu e o m esm o fo i ba p tisa do p or seu ti o o p rinc ip a lA lm ei da

Da a lta S i ão a storreslevantadasA os a nnoe da m a rqu ez a de Angej a

Senh o ra , h a m u i to tem p o retendi aF a z endo a nnos fora da c orte a m a/rqu ez a e La vra di o

Sede a lhei osla c a i osem p lum adosA c ondessa de Vim i ei ro

A osp ésda i llu stre Vim iei ro u m di aP edindo o a u c tor a o c onde de R ez ende u m benefic i o p a ra u m

sobrinh oSe em m eio de a ltasc ou sasem q u e tra zes

E m a gra dec imento a o mesm o c ondeOso c u los, senho r, a o a r a lc a dos

A osa nnosdo c ondede A v intesA v a roni l edade ilorecente

A o p rinc i p a l Ca stro , p edindo-lhe a so ltu ra de u m estu dante

p reso p or tu rbu lento, e em a llusa o“

a os a ntecedentesA qu ellede q u em tu o sangu e tra zes

E m a gra dec im ento a o m esm o

A sp isto la s, senh o r, dei ta ndo foraA 0 m a rqu ez de P ena lva , c heg a ndo o a u c tor á qu inta da sLa p a s

Um triste fa ti g ado c am inh anteN a desp edida da qu inta da s

La p a sN esta q u inta ondem ora a sã verdade

0 i llustre, o benc/i c e T a rou c aDem i l c redo resh o rridaslem bra nç as

A Lu i z P into de S ou sa , qu e p rom oveu o desp a ch o de u m i rm a o

do a u c tor

Senh or, d

'

este vo lc ão c onvenc i onista

A José de Sea bra da S i lva , qu e p rom oveu o desp a ch o de u m a

tença p a ra a s i rm a sdo a u c tor

C om p a rdo ca rmeli ta vestu a ri o

A o c onselheiro Fra ncesc o Feli c i a no Velh o da Costa p ro c u ra dorfi sc a l da sm erc ês

Senhor, u m triste a lferesrefo rm adoE m lou vor de Ca p ora lini , c a ntor do T hea tro de S . Ca rlos

No grão thea tro vejo sem p re enc hentesA I sa bel X a v i er Clesse, m a tando o m a rido c om u m a a j u daQu enov o invento é estede im p iedadeA u m p a dre gu a rdi a oMeu p adre gu a rdi ão , q u e exem p la rmenteA u m lei go a rra bi da vesgo desp edido da m esa de S . 0 . P . S i lva

p or tom a r a m elh or p era da m esa

O vesgo m onstro q u e c o'

a ente ra lh aA u m c a bellei rei ro qu e, p or levesc i u m esda u tu ra no i v a , qu ei

m ou o enmerg a o, e a j u stou ou tro c a sa m entoNu p c i a l enxergâo em c h a mm a sa rda

A u m su j ei to qu e p ela p r im ei ra vez se tosqu i ou p ar a p ôr c a

bellei raDesa ti ronta essesc asc osca bellu dosA m u lher qu e a c o i tou o m a ridoMu lher do c a pellista a c a ba a em p rezaA u m a velh a p resu m idaDeba lde so bre a fa c e enc a rq u i lh ada .A ina u g u ra ça o da esta tu a equ estre d

fela rei D . José I

Em q u a nto o reino c hei o de

A O m ez de j a nei roT y ranno mez , não te basta v am fri os.A im p ertinenc i a dossinosde Vi lla -V i ç osaQu e im p orta , to rre, q u edosc eosbeninos.

P inta ndo u m a bu lh a de do isbebedosDe desc a lç osm i q

'

letesrodeadoA os a nnosde u m j u i z do cr im e, em di a q u e ti nh a a c om p a nh a do

u m p a decenteE rgu eu a osc eosa legre gri ta ri a .A u ns a nnosUm ta fu l q u e p a sso u a o vosso lado .

A os a nnosde u m a orm osa da m a

ei Xa e, p a stores, na m onta nh a o gadoA u m a nnosFo este o di a em q u e a teuspésba i xa ra m

Descr ip ç u o de B a da j o zP a ssei o ri o ue to rno u a tra z

N o di a em qu e c heg ou a na u os qu intosSe a la rga p o p a tra zes

Um a festa de a rra i a lA o nu me excelso , nu mesa c rosanto

Descr i p ç a o de um p era lta a m a ltez a doUm v u lto c u j a fórm a desc onso laA u m a sege de a lu gu er

Qu esege, senh or c onde? eu l u m vo to .

A osm a ch osru ssosDosru ssosm a c h osna ca ida o relh a

A os lequ esm u i p equ enos ch a m a dosm a ro tinh osFo fo c o lch ão , a sp lu m asbem ergu idasDefini ç a o de ch a nfa naCom p rada em asq u erosoAs c ontra da nça s em di a sde p ro c issoesde qu a resm a

A inda osv a gosa resa tro a vaMettendo a ridi cu lo u m a s c ontra da nç a s

N'

u m a trêm u la sa la m a lA m oda dos c h a p eosm a i oresda m a rc a

A m igo esenho r m eu , de Franca o u Ma lta .

A os tou c a dos a ltosFo i a o Ma niq u e u m h om em a cc u sado .

0 c o lch a o dentro do tou c a doC h a vesna m ão

,melena desgrenh ada

N a oc c a si a o da lo teri a ing lez oLo u ro ra p a z em a lto leva ntado

A o j ogo do isqu e Qu a lq u er ta fu l, q u enasp a rtida srodaA o j ogo do trinta -e-u m

P or ti , senh ora i llu stre, o u v ido e h onradoA o j ogo da banc a

De infa u stosp a ro linsnu nca venc idosA os qu e a p onta m a ba nc a

O c o ra ção c om ferro tem perado .A do is velh os j oga ndo o g a m a o

Em esc u ra bo tí caA u m ta fu l qu e a p ostou na o a p onta r a ba nc a

Qu e torna sa a p onta r, p rometto eS obre p rotestosde na o a p onta r a ba nc a

B a ba ndo sobre so rdida tigelaEntreg a ndo o p onto á deusa F ortu naIm p í a deu sa , u m ta fu l desesp eradoA a rte de rhetor i c a

A rte infeli z , rheto ri ca c h am adaP ou c o p rogresso dosdisc i p u los

Em ro tospergam inhosenc osta doN o u ltim o di a de fer i a s

P rego u o eloq u entissim o Ma c edoLeva nt a ndo-se o a u c tor da m esa de u m gra nde p or serem h or a sde i r p a ra a a u la

Não tom a ndo em desp rezo o esc u ro estadoAsfivela sch a m a da sa la Ch a rtre

o h q u a ntosmexi ca nosp a ta cõesAsfi vela sgrandes

Em c u rto j osésinho rebu çado .A u m a ssez oesteim osos

Não p osso m a is, c ru eissezõesm a linasConv a lescendo o a u c tor de u m a ssez oes, na o tendo a inda o orde

na da p or inteiroA côr perdida , o gesto dem udado .

Esta ndo na sC a lda sP or m a isqu e vosa longu e, o lhosca nçados

lll

I V

O sonhoDe isq u e a lu z de trêm u la c a ndei a

P or a c c a sino de estra n a rem a o a u c tor u m sonho qu e a ningu emo/fenoli a

A tiça ,m oço , m o ri bu nda

A u m a c a m p onesaNão m o ra m em p a la c i osestu ca dos

A O disfa rc eda sm u lheresVensdeb a lde

,ó bellissim a

A u m a da m a interessei raP odi a m ser feli zesm eu sa m o res

0 cru el di sfa rc eSem m u rm u ra r p adec erei ca lado .

Dei ta ndo u m c a va llo á m a rgemVae

,m isero c a v a llo la z a rento

A cha ndo-se o a u c tor reso dosbelloso lh osde Ma rc i au v i a Ma rc i a bella , v i C u p ido

A m or c a p ti v a todos osc u ida dosUm g inj a , q u e ástrindadesCeg u eira , de a m or F iei-mena sp rom essa sq u e a ffec t/W a s.

S obre a ingra tida o de u m a da m a

C o ra c ão , de qu e gemes, de qu e c h ora s

Q U A R T E T I DS

Memo ri a l a su a a ltez aSe osp rinc i p esnossão da dos

A o c onde de Vi lla Verde D . José de N oronh a , dep o is m a rq u ezde Angej a

Senh o r. eu não so u c u lp a doA os a nu osdo c onde de Vi lla -Verde na o c c a si a o do seu desp a c ho

p a ra secreta r i o (F P S /0 1 10 dosneg o c i osdo reinoS enh o r, so ffrei oslo u v o res

A o eondê de V i lla —Verde a gra dec endo a so ltu ra de E zequ iel,a lc a ide do ba irro de B e em

S enho r. o m eu Ferra h ra z

A O c ondede Vi lla -Verde, m inistro do reino , a gra decendo em no

me dos seus c o lleg a s p hãcmesda sec reta ri a . o ter a p p ro va dou m a ta bella q u e a u gm enta ra os em o lum entos da s gra ç a s e

m erc êsS enh o r. p o r m i l benefi c ios

A o m a /rqu ez de Angej a D . Jo sé deN o ronh a,no di a dosseu snu

nos, esta ndo o a u c tor doe-nteSenh o r, se v c ssão a c c ei tos

A 0 m a rq u ez de Angei a , I ). Jo a o , fa zendo a nnosa fi lh a do m a r

q u ez de A bra ntes, c om qu em esta v a p a ra c a sa r

Senho r, no s flo rentesa nnosA o m esm o m a rqu ez , no di a de seu sa nnos

Senho r,di tosososno mes. LH “

A o mesm o a ssu m p toNem a rte nem o a lto a ssu m p to

A O m a rq u ez de P onte de Lim a m inistro de esta do , p edindo-lh e

a u c to r l i c enç a p a ra i r a ba nh os, na o c c a si a o em qu e se tinh a

enc a rreg a do de the p rom o ver a m erc ê de se im p rim i rem às

su a sobra sna Ulf eina R eg i aS enh o r. entreg u ei m eu l iv ro

A D . Lou renç o de Lim a,tendo p rom etti do a o a u c tor qu e q u a ndo

c heg a sseda sCa lda s h a v i a de lem bra r a m ercede se lhe im p ri

m i rem a so bra sOra do c o m o dosm ontes

A o c ondedosA r c osso bre o m esm o a ssu mp to de se im p r im i rem a s

obra sdo a u c torB a teu a osv ossosp o rta esA D . Ferna ndo de Lim a so bre o m esm o a ssu m p to da im p ressa o

da sobra sdo a u c torFo rte c o'

a v ossa p romessa

A D.Ca th a r ina Mi c /m elt! de S o u z a , esp osa ( (e Lu i z P into de

S o u z a , tendo este exp edido a v iso p a ra se i m p r im i rem a so bra s

do a u c torSenh o ra , A p o llo bem sa beA m a rqu esa de A legrete qu a ndo lhena sceu u m a [i lh aSenho ra , ec o u sa sa b ida

A c ondessa de T a rou c a or o c c a si a o do seu , c a sa m entoSenmm , o forteda Estrella

N o di a dos a nnes de D . Ma r i a deN oronh a , dep o isc ondessa deVa lla da res

Senh o ra , os p obresv estidos.

A o desem ba rg a dor S eba sti a o Antoni o S obra lB o rn S o bra l, o q u e eu tedisse

A o dep u ta do Dom ing osP i resMontei ro B andeiraA ti . a m a rel B a ndei ra

A D . Ca th a rina Mi c h a ela de S o u sa dep o isda g u erra de 1 80 1Q u a ndo dem eu sla rgosa nnos

Resp osta a u m a c a rta , qu e em bo a p oesi a c i ta v a . o a u c tor p or u ns

versosq u e tinh a p rom ettidoA tu a p o lida c a rta

T endo m a nda do -u m a da m a a o a u c tor v inh o da Ma dei ra , c omu m a c a rta em bo a

'

oeS i a

m h u m i lde a dm i rado rP edindo-se a o a u c tor u m a g losa

Menino , di zerA u m a da m a qu e em bons v ersos p edi u, a o a u c tor a sa tyra do

Velh oSenho ra .

, o q u a dro p edido .

A o j u i z do cr im e de Anda lu z da ndo-lhe este p a rte qu e esta-ra

p a ra c a sa r em ostra ndo—lhe versosqu e fiz era a no i raMa nu el, m u da o

A c onselh a ndo a u m c a bellei rei ro qu edebu wa va e to c a c a ba ndo lim

qu ena o c ontinu a sse a fa z er versosP o is u e o ta lento inq u ieto

E p i gra mm a a o na ri z de erm a nlnda Berm a ndisc o rri a

E p i gra mm a a osp ésde B o c a geE ra m tresj u nta sde bo is

Sendo o a u c tor c onv i da do p a ra o u v i r c a nta r u m a senh ora

Nu nc a v i essa senh o r aDescu lp a ndo—se o a u c tor dena o i r a u nsa nnes

Senh o ra , em h onra do di a . .Offerec endo u m p eru m em c a sa onde todososdom ingosda va m noa u c tor este p ra to

Senh o ra . tam bem u m

A gra decendo a lgu -ns p ra tosqu e desp erta ra m a v onta de de c om : r

Senh o r,a dada

Ou tro a gra dec im ento a osp ra tosqu e a br i ra m o a p p eli teSenh o r

,a ssim q u e eu la rg a r

E sta ndo o a u c tor doente em a nda ndo p edi r a lgu m p ra to a . mesa ,

a onde j a nta va u m lei g o a rra bi da vesg o , q u enu nc a teve fa sti oUm estom a go c a nc ado .A u m a p reta q u e p retendi a qu e a o bsequ i a ssemDom ing a s deba lde q u eres

N a o c c a si a o em qu e o a u c tor i a ver Va ra toj oMeu a m igo , du ro a m igoA u nso lh osOsteu svencedo reso lhosA esqu i va nça de La u raCo ra ç ão triste, em q ue c u ida S ?

N a sCa lda sda R a inh aNa sCa lda s, nastristesCa ldas

N a sm esm a sCa lda sNão h a na sCa lda s

Li li a p erf u raVo a e, su sp i rosA u m a ingra taNo sa c ro tem p lo

V l

Q v t n'n m l a s

Mem or i a l a su a a ltez aSenhor

, senão é inj u stoMem or i a l offerec ido a o v iscondede Vi lla —N o va da Cervei ra , de

p o ism a rqu ez de P onte—de-Lim a

Senão desp reza es, senh o r.

Memori a l og

'

erec ido a D . D i og o de N oronh a , dep o is conde deeVi llwVer

Lu c ta ndo em c ru a p elej aN o di a de a nnosdo c ondede Vi lld lferde

Não venho do u ra rA o c ondede S . Lou renç o

A nte v ós, c la ro

A o m ar qu ez deLa vra di oSe osversosq u e o u tra ora fi z .

Em lou vor d'u m a senhoraLyra m inh a . ro u caA u m a m ig o lou v a ndo

-lhe o esta do de c a sa doFo i este o di toso

A g u err a sa tyra o/ferec i da a o v isc ondede Vi lla —N ov a p da —C ervei ra , dep o ism a r

ídu ez de P onte-de—Lim

'

a no a nno de 1 778u sa . p o isc u ida sq u e sa l

Osa m a ntes sa tyra o/ferec i da a o m a rqu ez de Angej a D . José de

Noronh a.Am o r, é fa lso o ne di zes

S a tyra o/ferec i da a D . Ma rtinh o dª lm ei da no a nno de I 7 79A v ós

, q u e fa v o r meda esA fu ncça o sa tyraMu sa , ba sta de rim a r

O velh o — sa tyraEm v ão te q u ero fu g ir

Qu ix o ta da sa tyra fei ta p or o c c a si a o da qu eda do m a rqu ez de

P om ba lE sp ic a ça esse a ni m a l.

O I T A V A S

O bi lh a r sa tyraP or fu g i rda c ru el melanc o li a .

D É C I M A S

A o c ondede Vi lla -VerdeManda es—m e q u e osv ersostra g aA ssisti a sa g ra çãoA o c ondede Vi lla -Verde, q u a ndo m orreu o p a e do a u c torP ei to de ta nta bondade

A o c ondede Vi lla -Verde, dep o ism a rqu ez de Angej aE m sege estrei ta enta i p ados

A o c onde de Vi lla —Verde a nda ndo o a u c tor na p retenç a o desero ffi c i a l da secreta ri a d

'esta do

Senh o r venho pergu nta rA o c ondede Vi lla -Verde p erg unta ndo a o a u c tor se osseu sversos

fa z i a m c onqu ista sde a m or

Osmeu sversosm a lfadadosN o di a dosa nnosdo c ondedeVi lla Verde, dep ozsm a rqu ez deAn

gej a , em cu j a c a sa o a u c tor j a nto uS enh o r, ta lvez n

'

estedi aF a z endo a nnoso m a rqu ez deAngej a , tenente

—genera l,na o c c a si a o

q u esa i ra p rovedor da Miser i c ordi aQu e fa zem versosc anc ados.

N o di a dosa nnosdo m a rqu ez de Angej aA m inh a mu sa c a nç adaSenh o r. c o

'

a sm inh a sp oesi a sN este ventu roso di a .

vm

Mo les g losa da sG ôsto de

eu , só tu , m a isning u em .

Fo i n'

este bri lh antedi a ,

P a ra m im só estedi aA nnosOsJá. disse tu do C u p ido

A m inh a feli c idadeTode aDe m i l su sp i rosq u e eu do u .

gu e cerc am m eu c o ra ç ãou em não c hega a ter a m o r

Osteu so lhosm e

Unde m e levaA sm inh a sDesde q u a ndo , j a nãoUm a fé fa lsi fi c a daA m o r q u er do rm ir nosbra ç osUm su s tro de repenteO lh osT u teim a sem desp reza r

—me

Não sei u e q u er a desg ra çQu em a o ra oc c u ltam enteNoso lhoso am o r exp li c oOu v i , o senh o ra ,Hei de a m a r—te a té m o rrer .

Osdo cesgri lhõesde a m o r

Qu ando te não c onhec i a .

so lh osqu e bem se q u erem

A trev ido p ensamentoO m eu c o ra ç ão meS ou tã o j u sto u anto é bellaS u sp i rosq u e

'

a lm a sãoNão p osso deixa r de am a r

Dei xa —me, cru el c i u m eA v ida q u e tem u m

E u v i u m di a , o h q u edi a

o h ms

A su a sm a gesta desno di a da a c c la m a c a o da ra inh a D. Ma r i a IDa sv i rtu desg u i a r os

N o di a em qu e su a sm a gesta desv i era m de Vi lla —Vi ç osa

Tej o feli z q u e a sonda sserena v a s.

A o m a rqu ez de Angej aN

'

este desp ido tronc o pendu rada

E m di a dos a rma sdo m a rq u ez de Angej aA ro u c a ly ra , m u sa , tem perem gs.

A o v isc onde deVi lla —N o va da Cer veira , dep o ism a rqu ez deP onte

de-Lim a

Do ze vezesvo lta ndo o a rdenteA I) . Dom i ngosde A ssisMa sc a renh a s

C li o u m a sei ta ti ra .

Em lou va r da a m i z a deMu sa ,

fro u xa e ra stei ra .

Em lou vor da sa u deNão p ro c u ra p a la c iossu m p tu osos

P B O Z A S

Ca rta qu e p recede o m em o ri a l o fferec ido a D. Diogo deNoronh adep º isc onde deVi lla

Ca rta q u e p recede a sa tyra da G u erra . o fferec ida a o vi sc ondedeV i lla —Nov a -da -Cervei ra , dep o is m a rq u ez de P onte

-de-Lim a noa nno de 1778

C a rta q u e]preeede a sa tyra dosA m antes, o fferec ida a o m a rq u ez de

Angej a Josede No ronh a

C a rta ue p rec ede a sdec im asa Lo u renç o Joseda Mo tta Ma nso , o fti c i a da sec reta ri a do reino , p edindo

-lhe p rom o v a o p a gam entoda tence das i rm ãsdo a u c to r

C a rta q u e p recede a ode su a sm a gestades, no di a da a c c la m a çãoda ra inh a D. Ma ri a I

C a rta a o m a r u ez de Angej a , m i nistro de esta do , pera nte o q u a lse

p retendeu esa bona r a p oesi a e osp oeta s, o fferecendo a lgu nsdosversosdo a u c tor

A o m a rq u ez de Angej a no di a dosseu s

l N ÉD i T O S

S O N E T O S

A o m a rqu ez de P om ba lEm v a r i osceos, em c lim a s

A o p reg a dor p a dreMa nu el deMa cedo , ex-c ongreg a do ora tor i a noO c h im ic o inferna l, drog a sm a ldi ta s

A ossonetos u e fa z i a José Da nielru s

, Q u em ba te a h i ? » Um seu c ri ado 386

D E C I M A S

Mote g losa doP ergunta certa senh o ra .

Defesa da Z a m p er ini , resp ondendo a du a sdec im a sdesa /ora da sq u esa i ra m c ontra esta celebre c a nta rina

Um p oeta desconhec ido

A S U A A LTEZ A

esta c ançada triste poes i aVedes , senhor, um novo pretendente

,

Qu e a borrece o que estima toda a gente ,Que é ter no mundo c a rgos e va l ia .

Sobre a lto throno ha anu osqu e reg iaDe dc c il povo turba obedi ente :Masquer antes senta r—se hum i ldementeN i

um banc o da rea l sec reta ria ;Qu a l modesto ca pucho

'

reverendo,

Que em fim de gu a rdiania trienna lPassa a p ortei ro as cha ves recebendo .

Em m im c onheco voc a ç ão igu a l :E c o l a mesma hum i ldade hole p retendoPassa r de mestre a ser o fii c ia l.

A S U A ALT EZ A

De bo lorentos l ivros rodeadoMóro ,

senhor,al esta fa ta l c ade ira '

De qu inze invernos a vora z c a rreiraMe tem no mesmo posto semp re a chado :

Longo temp o em pedi r tenho gastado ,

E gasta re i ta lvez a v ida inteira ;p onto está em que,

"

q uem pode, qu e i ra ,

Que tudo o m a isetraba lha r errado .

Princ i p e a u gusto , seja vossa a glori a :Fa ze i que este infel i z a che ventu ra ;Ajuntae ma is um fa cto a vossa h istori a .

Mas, se inda a qu i me segu e a desventu ra ,Cedo a o meu fado

,e vou c o

'

a p a lm a tori aC a va r n

l

u m c anto da a u la sep u l tu ra .

A S UA A L I E I A

P or esp a lha r c rueis mel anco l i a sFu i segu indo do Tej o a c l a ra ve i a ;Chegu ei a o si tio , em qu e sono ro onde i aNas frescas p ra i asda rea l C a xiasº

Não vi n'

a quelle, c omo nosma isdias,De seges e de tropa a ma rgem cheia ;Não ouv i rosc a r na vasta a re iaDo rou co pa trão—mor asgrita rias

º

As T agidesgentisnão l evanta va mA o lume dªa gu a as c r ista ll ines tra nç a s ;Seushosp edesrea esnão espera vam :

Dorm ia o vento sobre as ondasm ansas;So na deserta pra i a revoa vam ,

Alto senhor,asm inhasesperanc as.

A S UA ALTEZA

Qu a l na u fra go , senhor, -qu e fo i a l ç adoP or mão p iedosa dentre as onda s fri as,'

l'

a l eu de antigasdu ras a goni asP or vossasreaesmãos fu i resga tado .

Po i s v encestes as teimasdo meu fadoE já vej o ra ia r dou radosdi as

,

Deixa e que possa em m inhas p oesiasO vosso a u gusto nome ser -c zmtado .

Não é digna de vósm inha esc rip tu ra ,Nem ha rmoni a , nem estilo adega ;Masva lha —lhe, senhor, v ontade pu ra .

Princ i pe excelso , c onsenli qu e eu p ossa

Fa zer inda m a i o r m inha venlu ra ,

Contando a o mundo que fo i obra vossa .

A S U A ÁL TÉZ A

Torna c,torna e, senhor , a o Tej o undoso ,

Vinde honra r-lhe outra vez a c la ra enchente,E deixa e que aj oelhe entre a ma i s genteUm proteg ido hum i lde e respe itoso .

Não l eva vossospesrogo te imosoDe imp ortuno cancado p retendente ;Vem beij a r-vos a mão hum i ldemente,A m a o a ugusta que o fa rá ditoso .

Po is fo i p or vósbenignamente ouv ido ,Não v a e fa zer em p retenções estudo ,Va e so m ostra r—vosque e a grademdo .

Ante vós a j oe lha hum i lde e mudo :Mostrae—lhe que inda evosso proteg ido ;Que, se isto lhe fi c ou ,

fi c ou —lhe tudo .

A OS A YNOS DO P R INC IP E

Em quanto em a u reus tec tos estu c adosEntre ima gensde pompa e de a legri aVedes, senhor, u

l esie p l a usível diaTantosj oelhos ante vósdobrados ,

Deba i xo de o u tros tec tos sustentadosP or vossa rea l mão a u gusta e p ia

A o ce'

u m inha fam i l i a hymnus env i aC om l agrim asde gosto a c om panhados:

Al l i lhe pede c om vontade puraQue j unto da do i rada v ida vossaQuebre o temp o vora z a fou ce dura

T ão j usto rogo ser ou v ido p ossaE qu e i ra p ro l onga r a a lta ventu ra

Do a u gusto co ra cão qu e fa z a nossa .

A O SECRETAR IO D ºE S T A DO , V I SCON DE DE V I LLA NOV A DA CERVEI R A,D EPO I S M ARQU EZ DE PONTE DE L I M A

A longa c abelleira branqu ej ando ,Enc ostado no bra ço de u m tenente

,

Cerc ado de infel i z chorosa genteI a p assando o velho venerando .

( 1

_Gera es respostas pa ra o l ado dando :S im ,

senhor ; bem me l embra ; brevemente ;Na p ra gu ej ada mão omnip o tenteNunc a l idos pa peis i a a c ceitando .

Maseu qu e ] a espera va a ltasmudanças,

Mel hor temp o a gu a rde i , e na a lg ibei raMetti a peti ção e asesperanc as.

Chegou ,senhor v isc onde vz

'

radeím :

Solta e-me a m im ta mbem destas c ri anc as,Onde tenho o meu forte da Junqu ei ra .

A O S ANNU S DO M ARQUEZ DE PONTE DE L I M A

Se as insígniasda eschola pendu rando,

Honrosas, p orém ríg idas a lgemas,

Fosse em hum i ldes,simpl i c es poemas

,

O teu nome asestrellas l evantando :

Se eternas feri as a os ra pa zesdando,

Me instru ísse em p o l i ti cossystemas;E esta mão

, qu e a tequ i risc a va themasB eaesdecretos fosse reg istando :

Se do a l to da Aj uda,onde osdestinos

Mel

sa lvassem dosdo isQu intlli anos,Desse o u l timo adeus a osmeusmeninos;

Quefa vores, senhor, tão soberanos!São qu asi inc ri veis; m as p o r isso dmosDo fa ustlssimo dia dos teus anu os.

0 m a rq u ez do Pomb a l

A O M ARQUEZ DE ANG EJ A

Treze invernos,senhor, tenho c ontado

Depo is que o fado meu , triste e mesqu inho ,Sobre a l to assento de l a vrado p inho ,Me fa z ser de c ri anc as esc u tado :

Metti a força este rebelde gadoDos amenos estudos no c am inho ;E a l ç ando um velho , crespo pergam inho ,P or el l e sansdou trinas lhe hei di ctado :

Entre m im ,e esta bra va gente mo ç a ,

E j a temp o , senhor, de assenta r pa zes;P orem

,sem vós, rec e i o qu e não possa :

lnterp onde pa l a vra s ehlca zes;E fa zer c om que eu de

, p or merc ê vossa ,Sueto pa ra sempre a osmeusra pa zes.

A O BI E S YI O M ARQUEZ

Se me vedes,senhor

,a o vosso l ado

,

Não me j u lgu e is teim oso requerente;Sou u m c a l ado

,manso p retendente,

E só venho fa zer-me a vós lembrado :

Qu ando a o destro c oche i ro fo r m andado,

Que os fogosos c a va llos a p resente ,P erm i tti-me qu e eu va

, entre a m a isgente ,E vosdê N u ma veni a o meu rec ado :

Se o trou xerdes, senhor, bem na memoria ,E p u zerdesem m im o lhosbeninosFa rels a c ção i l l ustre e meri toria ;E eu , p or desfei ta a osba rba rosdestinos

,

Quebra re i n'este p a lc o a p a lma tori a ,Triste msngni a dosmestresde meninos.

A O S A NNO S DO M ES M O M ARQU EZ

Mil v irtudes, senhor, pondo de l ado ,E m il l ou vores

,fi lhos da verdade

,

P or ma l í c i a só lou vo a humanidade,Qu e c om j a rretastendes pra ti cado

Um R odrigu es p or vós a gasa lhadoEm l onga , tra ba lhosa enferm idade ;O que edo sêllo , e em qu em o p oz a

Coª

seu ba rrete p a r de vóssentado :

Da r franc o abrigo a osm íseros humanos,P rinc 1p a lmente a os que Ja foram moç os

,

Fa ra a mor em c ora ç ões hirc anos;P or i sso enfei to estes c anç ados ossos

P or I S SO venho nª

este di a de annos

C o,

sentido nosmeus,lou va r osvossos.

A OS ANYOS no M ES M O M A R QUE-ZZ , QU E T I N H A M U ITA u ç l o DE c nmõ a s

Neste dia a os l ou vores c onsagrado ,P or m a teria

,senhor

,tenho a verdade;

O prestimo, a p rudenc i a , a humanidade ,

E asm a isv irtudes,de que so is ornado

º

Fa ltava só esti lo l evantado ,E de rouba r Camões tive vontade ;Mas

'

de c ôr o sabe isde tenra edade,

E c oª

fu rto nas_mãos logo era a chado '

Dos vossos anu os,pa ra nósv iv idos

,

São na pa tria sinc eros pregoe i rosDe ba i xa invej a os c ora ç õesdesp idos ;Ju ram—vos isto osversosm eusrasteiros;

Osdo vosso Camõessa o m a i s o l idos,

Porem estes,senhor

,ma isver adeí ros.

1 ) Um cri a do q u e tinh a o ffi c io na c asa do séllo

NO D I A EM QU E m esmo c o rv os: c a nso u no ALEN TE JO

La rgasdo Tej o a esquerda ribanc eira,

I l lustre c onde, e a os ventos te aba lança sE eu

,dei xando em dec u ri as as cri anças,

S a í do is p assos fora da tra peí í a :

Os o l hos a l ongando pela esteira ,Que i a a brindo o esc a ler nas ondasm ansasSentia rena scer asesperanç asDe deixa r os ra p a zese a c adeira .

Chega a l a ca io o sordido ga ro to ,Cu idadoso anspeçada a ga l ões finosE c hega o gorumete a ser p i loto :

Ou ta rde ou c edo m udam osdestinos'

Só eu,senhor

,su p ponho qu e fiz voto

De não p assa r de mestre de meninos.

ESCREV ENDO D A S CA LDA S O A UCTO R A O M ES M O CON DE

Ás ferradasmu l etasencostando ,No banho entra va u m velho m a c i lentoA quem eu em sisudo c om p rimentoSeusma les l astimei , qu asi chorando :

A trêmu la c abeç a um p ou co a l ç ando ,Me pergunta o c onvu lso rabu gento :

Qu em és tu, qu e assim vas o meu torm ento

C om tristes refl exões a c resc entando ?— E u sou

,lhe digo , um ramo desgra ç ado

Da antiga gera ç ão dosT olentinos

A da r eschola v ivo c ondemnado .

Ma ldi ze , m oço l ou c o , os teusdestinos;Qu e_não deve c hora r a l he io fado ,Quem tem o de ser mestre de meninos.

A OS A NNOS DO M ES M O CONDE

Vir be1j a l'—VOS a m a o , senhor, na o posso

Tão l ou ção , c om o o dia me a c onselha ;E de pedra enganosa a cru z verme lha

,

E este pobre vestido'

evelho , e egrosso :

Se não tra go m a is pompa , o c rime é vosso º

Já podera , senhor , em sege velhaGovernando a c ordões me ia pa relha ,O rna r c om fi ta preta 0 meu pescoc o :

Vestido em a r,de corte, festej a ra

Da prec i osa v ida a lu z primei ra,

Di

a quelle“

que osm eus ferros me quebra ra :

Na vespera a cc endera uma fogu eira ;E em honra vossa

_

a m inha mão qu e im a raQua tro banc os de p inho , e uma c ade i ra .

PART IN DO P A R A SALVATERRA D . D I OGO DE N OR ONHA ,DEPO I S CONDE DE VI LLA-VER DE

Em qu anto sobre mo Tej o pra teadoTe c u fu na fresc o vento ossoltos p annos,E vásser dos a ma veissoberanos

,

C om gra to a co lh im ento a gasa lhado :

Em qu anto c orres , de esp inga rda a rmado ,Da fria Sa l va terra os c ampo s p l anos ,E u cá fi c o entre osdo is Qu íntilianos,L i vrinhos a que v ivo condem

x

nado .

Se no m e i o de ima gensde a legriaLembra r (P um triste mestre'

a h istori aQue Ja cega s ta es crianc asse a goni a ;Fa ze, i l lu stre senhor , p or v ida tu a ,

Que el le possa , c om mu i ta c ortez ia,

Pe l a u l tima vez p ol—osna ru a .

A O M ES M O

Em quanto , bom Noronha , asbranca s vel a sVás felizmente a osventosdesfra ldando ,Sobre as a guas

'

tevão a companhandoF ilhasdo Tejo

ª

as c andidasdonzellas:

Largando de oiro tino as r i ca s tela s ,Vão diante da p roa o m a r c ortando ;No l ume d,a gu a a os a resondeandoSobre os hombrosde neve astranc asbel las:

Gi

os tristes o lhos cá de longe assigo :Sem m im

,senhor

,a osventoste aba lança s?

Não fo i assim em tempo m a i s antigo ;Masem vão fogesn

,essa s ondasm ansas,Que a traves d

'el lashão de ir c omtigomeu desej o

,e asm inhasesperanc as.

A O m esmo , CHEGANDO nr: Fom DQ RE INO

Inda me lembra o ventu roso diaEm que p ise i c omvosc o estas estradas;Hoj e asdei xei dos olhosmeus regadasC om p ranto de sa udade e de a legri a :

Não só obriga ção , m assym p a th iaAqu i vos tra zem estas c ansgelada s ,Qu e a vossa i l lustre c asa fez honradasE dªonde hão de ir a sep u ltura fria :Um g inj a a cha es, do P índo desterrado ,

Um banqu eiro infeli z, qu e em j ogo grosso

No m esmo instante ti c a desbanc ado :

Não sou qu em era no bom temp o nosso ;S o não a cha esmeu c ora ç ão mudado ;E semp re o mesmo , e sempre a berto e vosso .

SAI NDO CONSE LHE I RO DA FAZE NDA D . D IOGO DE NORONH A

Nem sempre em verdes anu os a imprudenc i aProduz i rregul a r proc edimento

"

:

Nem sempre enc ontra o humano entendimentoSó perto do sep u lchro a sã p rudenc i a .

Em vós'

não esperou a Prov idenc iaQue l onga s c ansvosdêm m erec imento :Em vósmostrou que estudos e ta l ento .

Va l em ma i s do que a l a rga exper ienc ia .

Os erudi tos velhos c onselhe iros ,Depo isque o vosso voto a l l i for dotado ,Serão de vós eternos pregoe iros:

E dirão que deveísser escu tadoOnde osm inistrosvossos c ompanhei rosNa o sej am da fa zenda

,m asdo estado .

A O F ILHO DO M ARQUEZ DE ANGEJA, EM DESCULPA DE N Ã O ENTRARN O SEU QUARTO QUAN DO TEVE BEX IGAS

Bem conheço,senhor

,sem que m

ª

o diga sQue passa a ser u m c rime este rec e i o ,Em quem p or ti se deve ir p ôr no meioDas l anç as, e de espadas inim igas:

Não me l embra r de obriga ç ões antigas,Nem p or onde a fortuna em fim me ve iu

,

E c o isa fe i a ; m as inda em a is feioO semb lante de u m velho c om bex igas

'

Das roxasma rc as, que no rosto tra zes,T u a grande bondade me dispense ;Aj unta este fa vor a osm a isqu e fa zes:E qua l fez m a ior bem ,

o mundo p ense ;Se teu p ae em l ivra r-me de ra pa zes,Se tu

,do c ru el m a l qu e lhes pertence.

NO DI A E M QU E NASCE U JOSÉmsNORONHA

Fo rmoso infante,a o mundo ha pouc o dado ,

Gloria e amordos ínc l i tos pa rentes;Que a sombra i l l ustre de tropheospendentes,No rega ço da p a z sere is c riado ;O c am inho da glor ia a cha es tri lhado

P or m il famosos, c la ro s a sc endentes ;Ou na c ôrte ,

c om m a x imas prudentes,Ou na guerra , c om sangue derram ado :

Vossa v ida pro l onguem osdestinos;Lere isdosbonsNoronhas a lgum di a

Honro sos fei to s,de seu sangu e dinos:

Lereisque o bra ço seu tanto p odia ,Que troc a va c adei i asde menino sP or banc os da rea l sec reta ri a .

NO D I A EM QUE O M ES M O FO I B A P T I S A DO P OR SEU T IOO PR INCIPAL AL M E IDA

Da a lta S ião astorres levantadas,

Já , senhor, ante vósvedes p a tentes;Já m anam sobre vóssantasenchentesDo tio i l lustre p elasmãossa gradas:

Se a cha esno mundo m a x im as errada s,

Co ,asdo p u ro Evangelho inc oherentes,Ponde os o l hosnos ínclitos p a rentes,E vereism il v i rtudes pra tic adas:

Segu i , senhor, de seus honrados pei tosNos p o l i ti c os dogmas, ou divm os,Assansdou trina s e os i l l ustres fei tos ;E qu ando m anej a rdes C a lep inos,

Da e-me a honra de ouv i r osm eus p recei tos,Se eu fo r a inda mestre de meninos.

A O S A NNO S DA M ARQUEZA DE ANGEJ A

Senhora,ha mu i to tempo pretendia

Ser do vosso favorpa troc inado :Mil vezesvcsqu iz da r esterecadoPorém sempre o respeito me impe ia .

Chegou em fim o venturoso diaA fa zer benefí õiosdestinado :Vou n

ª

este priv i l eg io c onfi ado ;Que , a não Ser isso , não mea treverí a º

Vou,

pedi r que, descendo da Cade i ra ,Onde exp l i c o os c ru e isQu inti lianos,Me ensmeis a toma r m elhor c a rrei ra .

Que «em m im p onhaes os ólhos Soberano s ,E qu e me chegu e em fi m a mrádezra “

No fa ustissimo di a dª

estes anu os.

FAZENDO A NNOS , FÓnA DA ii i A li Q í mi A D E LA v ixAni O

Se de a lhei os l a c a i os em lum ados

Tropel bri lhantenão aba a a estrada ,Nem vedesessa mão sa cri fi c adaA fa lsosbeij os, p or c ostume dados:Vedesem c amb i o cora ç ões honrados

,

E sobre o nosso rosto a a lma p intada ;Vedes

,senhora , a i l l ustre m ão beij ada

Do espo so , e fi lhos, e fi eis criados.

Este ouro, qhe a qu i bri lha , não tem fezes;

Pega innocenc ia a osc ora çõeshumanosO c am p o a berto , os a resm ontanhezes;

Aqu i não doura a v il l isonj a enganos:

V inde,senhora g a qu í p assa r cem vezes

O fa ustissimo dia dªestes anu os .

T em a llu são a o primeiro soneto da p a g ina 8 .

EM AG RADEC I M ENTO A O M ESMO CONDE

Os ocu l os , senhor , a o a r a l çados,Os fi lhos e a c onsorte c ompungindo ,Vae p iedoso j a rreta c onstru indoEm santo a lpendre os votos pendu rados

A lli mostra gr i lhões despeda çados ,R otos ba i xe i s a osm a i es resi stindo

,

E p a llidosdoentes resu rgindoD

º

entre medi c os ma u s,a té p intados :

São mas astinta s ; m asebom o intento ;E pOlS que o gra to co ra ção se esmeraEm pôr a o benefi c i o u m monumento ;Não te riasdo voto que te espera ;

Em teus a ltos p o rta es a o mundo e a o vento

Vou pendu ra r um c l erigo de c era .

A OS ANYOS DO CONDE DE AV INTES

A va roni l edade florecenteVos tec e

,i l l ustre heroe

,anu os dou rado s

Pa ra serem a p a tria c onsa grados;Po isso isde A lme idas c l a ro desc endente.

Sobre as terrase m a resdo OrienteInda vej o os trop heos a l evantadosVejo beber

m il c orpos a bo i adosDo tu rvo Ganges a ferv ida c orrente .

No di fii c il c am inho d'honi 'a e g l ori aP or ferro e fogo a seusbons reisservmdo ,Vosdei xam p or dou trina a su a h istori a .

Foram dia nte o (Im o passo abri zndo

Enti a e,senliOi

,no temp l o da MemOi í a ,

Osbons a vós e o illusti e p ae segu indo .

AO P R INC IP AL C I S T R O , PED INDO-LHE A S O L I'

U R K I DE UM E S T U D A NI E

PRESO POR TURBULENTO, E EM A LLU S Í O A O S A N'

I'

E C E DE N T L S

Aquelle de qu em tu o sangu e tra zes ,Já me l ivrou de u m intimo c u idado ;Deu ouv ido p i edoso a o meu rec ado ,O mesmo fez

, que tu a gora fa zes.

Eni . ma l p o l idas, m ashum i ldes p hra ses,Um soneto lhe fo i a presentado ;O pa pel v inha em lagrimasbanhado ,O assump to , já se sabe, eram ra p a zes.

Mostrou a o rogo meu ledo sembl ante ;E o seu i l l u stre c ora ç ão c lementeIi ou rou e desp a chou o su p p l i c ante .

T u osseu fi l ho ; e não será dec ente,Qu e sendo o c aso em tudo sim ilhante,Só o su c c esso sej a di fferei i le.

l i “ AGRA DEC I M ENTO A U Mh S i I O

Ás p isto l as, senhor, deitando fóra ,E desta vez sem verdea es a o l adoO manso Ferra b i

'

a z a j oel hadoA mão vosbe ij a a ustera e bem feitora

C ontra fa zei ido c a ra de qu em c hora ,As c u l p as a ttribu e a invej a e a o fado ;E p or dou tas a lgemas ensinado ,De ser um santo fa z tenção p o r o ra .

Não tic o pel o novo pei i itei i te :Só sei que a mão , que os ferros lhe rompcra ,

A m im p reso me dei xa eternamente ;

E a vossa porta o vu l to seu qu izera ,

Q u a l do sobrinho meu,deixa r pendente ;

Nas homem ta l, qu em o -fa rá de c era ?

A O MARQUEZ DE PENALVA, CHEGAN DO O AUCTOR A QU INT A D A S LAP AS

Um tri ste fa tigado c am inhanteChega a vós, illi istríssimo Pena l va :Co

ª

a mão na espada a a ugu sta c asa sa l va,

Segundo as l e isde c a va l l e i ro andante .

Sobre ronc eiro fra c o roc inante ,Que p esc a a dente enc ontradiça ma l va ,P or du ra s rochas, p or a reia c a lvaCem vezes p romp ta morte viu diante .

Cu idando a cha r “

a qu i m elhores fados,A os pesde outro roc im , p or novo c aso

,

Qu asi qu e V lll seusdias a cabados.

Q u i z c orrer j unto a vóssobre o Pegaso:

Ca iu,e p or S igna l c o lheis regados

Do sangue seu os l ouro s do Pa rna so .

N A DESPED I DA DA QU INTA D A S LAPAS

Nesta qu inta,onde m ora a sã verdade

,

A doc e p a z , a so l ida a legri a ,E a onde da su a v issim a p oesiaV í c orrer ou tra vez do i rada edade :

Um triste , qu e pa rti u p a ra a c idade,Chorando sobre as letrasqu e escrev i a ,No verde tronc o de um cyp reste a bri aEste padrão da su a sa udade :

« Em qu anto,o bom m a rquez , asmusas

Vão p ortí ando a qua l p rim e i ro tomeDe m irto e Io i ro pa ra vós c a pel l as;

Este tronc o, qu e o temp o não c onsome

,

li 'a erguendo as l u c idasestrel l asA m inha gra tidão , e o vosso nome.

A J OSÉ DE SEABR A DA S I LVA , QU E PRO M OVEU _O D E S DA C i i O D E UMA T E NÇA

P ARA A S I R M Ã S DO A U C'

I'OR

Com p a rdo c a rmel ita vestua rio ,Irmãsque contam j á mu i to j ane iro ,Abrindo—vos tambem um mea lhe i ro ,Tambem vos estão dando o p ão dia rio :

De reg istos a o vasto sanc tu a rí o ,C om tres lumes a c c eso o c andieiro ,A tenga que lhe destesde dinhe i roReconi pensam com ou tra de u m rosa ri o ;

Coª

asvo zes m inha unida º

Mas risca va de,

Se a tenç ão c oi

a ou v1da :

Peço,senhor

,a Eterna Po testade,

Que a o bem fei tor c onceda ma isde v idaOs anu osque asdevotas tem de edade.

A O C ON S E L u i-zi no FRANC ISCO FEL I C IANO VELH O D A COSTA ,PROCURADOR F I SCAL DA S M ERCE S

benbor, u m triste a l feres reform ado ,Pobre e c asado , a lem de pretendente,Seus pa peisme a presenta hum i ldementeE qu er que vão a Cruz do Taboado :

Apenas lhe c obri a o pei to honradoFa i 'pada c asa qu inha transpa rente :Os p obres fa zem do

,princ i pa lmente

A qu em do m esmo ma l anda a p a lp ado ;

Pegu e i nas certidões, fu i c ombina l—as'

E depo isde a rranj a l—ase c osel—as

,

Em nom e meu lhe p rometti manda l -as;

E p o is qu e são merces o objec to d'el las,E digno o ffi c io em vós tisc a lisa l—as,em m im c ostume antigo i

'

ecebel-as.

1

EM LOUVOR DE CAPORAL INI , CANTOR DO T H E A T R O DE S . CARL OS

No grão thea tro vej o sem pre enchentes :As c ans annosas, os c abel l os l ou ros,lllustradasna coes, ba rba ro s m ou ros ,Todosda tu a voz fi c am pendentes .

Que imp orta que não dei xem descendentesT eusex-v i risdeshab i tados c ou ros;Qu e importa que tu roubes a osv indo uros,Se enri qu ec es

,se enc anta s os p resentes?

Não é tra i ção a o sexo fem inino ;E só ra zão qu em te el og i a e p reza ,Com i c o mestre

,musi c o di vm o .

Oh na çã o de ha rmoi i ia e de cru eza !O teu ferro nem sem pre e assassm o º

Não msu ltou,honrou a na tu reza .

A I SABEL X AV I ER CLESSE, I T A N H O MAR IDO C OM UM A AJUDA

Que novo invento é este de imp iedade,Que extirpa r gente vem pel a tra zei ra

,

E p a ra a prove ita r—se da cegu e i raFez pel o o lho do . . a a troc idade !

Se a m u lher p o r seu gosto fosse fradeDe S . João de Deus

, p a rc a enferme ira,

C om esta voc a ç ão de cristeleira,

Ma ta ri a os i rm a os p or. c a ridade :

Mu lher, que c oncebeste tal na bo la ,E pa ra abbrev ia r do homem os di a sMetteste o bem fa zer em c a rambo la

,

Se tens desej o di estas obra s p ia s ,Va e fa zer a osherej es esta esmo l a ,Seras a extirpa ção dasheres i a s .

A UM PADRE GUARD I Ã O

Meu padre gu a rdião , qu e exem p la rmenteR egeis essa ca pu cha soc i edade ,Que munida do véu da santidadePassa c omo não passa a ma isda gente :

Vósque a forç a de bra ço omni potenteFa zeis tremer do inferno a potestade,E a osexorc ismossó de um vosso frade

Se exp l ic a o demo em portu guez c orrente:

Logo qu e dª

essa esto l a o forte esc udoB usc a r esbel ta nynfa , qu e a ta c adaSej a d,a lgum demoni o su rdo ou m udo

,

Manda e dOsMarq u es c onte a tra p a lhada :Po issó el l e

, que fo i o qu e u i'diu tudo ,

Sabe qu em c ommetteu a velha c ada .

'

A UM LE I GO A R R A B I DO VESGO DESP E D I DO DA MF S A DE S . C . P . S ILVA ,P O R TO M A R A M ELHOR PERA D A MF S A

Ovesgo m onstro qu e c oª

a gente ra lhaE de manhã a todos a tra vessa ,A c uj a h i rsu ta sordida c a beç a

Nunca c hegou j u i zo , nem na va l ha ;

Que os ga zeos o l hos pel a mesa esp a lhaP or ver se ha m a is c omer que tire, ou peç aEntrando n'el le c om ta l fome e pressaQu a l fam into frisão em branda p a lha ;Por c rimesde a l ta gu l a e pou c o siso ,

De mesa bem serv ida,massevera

,

Fo i nª

u m dia l anc ado de i mprov iso .

Hoje c horando o seu perdão espera :

Perdera m do is glotões o p a ra iso ,

O a ntigo p o r ma cã , este p or pera .

1 ) OsMárq u es com pra ra m em L isbo a u m as casas a certo h omem da mesm a p or preçoexorbi ta nte : fei ta esc ri p tu ra , e p a ssa do o d inhei ro em c a rtu xºs, vo lto u brevemente o vendedo rd i zendo q u e indo em casa a conta r os c a rtu xos, a c l [i ra c o bre e não o iro . Qu em compra p o rpreço ta l, pa rece q u e não ta z tenção de pa g a r . Q u em vende p o r preço la !

,pa rece ter dem a

S i a do c u b i ç a To dos esta va m em bo a repu ta ção .

A UM C A B E LLE I R E I R O QUE, P OR LEVES C IU M ES DA FUTUR A NO I V A ,

QUE IMOU O E NX E R G ÍI O, E AJUSTOU OUTRO CA SA M ENTO

Nupc i a l enxergão em chammas a rdaEm pena do tra hido amor primeiro ;Que este honrado , infel i z c a belleireiro ,Pelasm anhasda besta pune a a l ba rda ;

P oz l ogo a os p ésde m a is formosa Ana i'

da

Seu va go c ora ç ão a ventu re iro ;Comp rou novo enxergão p or ma i s dinhe iro ,Que amo r c onserve em su a santa gu a rda :

Ou v iram-se ternissimas promessas,A qu e ell e respondeu : P o r V ida tu a ,Dos protestosque fa zes, não te esqu eç a s .

Mas pra za a o ceo , que em qu anto el l e naB u fei ta a moda ma rtyres ca beças,Não lhe fa c am em c asa o m esmo a su a .

A UM SUJEITO QU E DE L A PR I M E IRA V E Z S E T O SQU E OU

PARA P OR CABELLE I RA

Desa tfronta esses c asco s c abe l ludos,E o so l os vej a pel a vez p rimeira ;Sá iba tambem essa vesta l ca vei ra

,

Que ha nortes frios, e a qu ilões a gudos:

Chovam -te a osp és os c resp osgadelhudosQue te aba fam a p a l l ida v isei ra ;E ro lem sobre as pra i a s da Junqu e iraA o som do vento osso rdidos c anudos:

Tesou ras,c om o gume de

'

cu tellos,

A li adasem asperos rebolos,Dei xem—te os c ascos l imp osde i i ov

'

ellos;

Porém de todo p oderás comp o l—os,Se assim c om o lhe pões ou tros c abel l os

,

P oderas enc a ixa r—lhe ou tros m io los.

t

A M ULHER QUE ACO ITOU O M AR I DO

Mulher do c a pellista , a c aba a emp reza ,Que o mundo sem ra za o chamou tyranna ;Vae a ç o i tando esse i nfel i z banana

,

Nodoa do sexo,horro r da na tu reza :

A v i l ra pa z i ada portu gu ezaC om fa lsa c anti lena o povo engana ;Nem c o i fas inventaste a c astelhanaNem asvasta s fi vel asa ma lteza ;De ma is a l ta invenç ão ebem te prezes;

Leg i s l ando me lhor qu e T i to , ou NumaEmendaste u ma lei dos p ortuguezes:

Não padec e isto du v ida nenhum a ;A lei a co i ta a qu em c asa r du asvezes;T u mostrasqu e c om tigo basta u ma .

I U MA L H A P R F S UMI I I A

Deba lde sobre. a fa ce ei i c a rqu ilhada

Pendendo l ou ros bugres emp restados,Dás inda a o lou c o am or teus vãos c u idados,Em c a rm insenganosos c onfi ada .

Posti ç a fo rm osu ra em vão c om prada ,Não torna a tra z os a ni i

'

os a p ressados:

Nem a l vosdentesde ma rfim ta l hados,Tornam em nova a ti

'

emu la qu e ixada .

De ti no mesmo tem po qu e do G ama

Cantou m il bens a deusa trombetei ra ,

A q u e osba i xos p oetas cham am Fama

Po rém sem p re fi c aste em boa este i ra ;Porq ue

,se j a não p i 'estaspa ra dam a ,

Inda servesmu i bem c omo tercei ra .

F i ll Oli j m—lo de ( (I I I I HJ

'

N do s ra p a / f º

A I M PERT INENC IA DOS S INOS DE V ILLA V I ÇOSA

Que importa , torre, que dos c eosbeninos

Chegue o dia a pa rti rmosdestinado ,Se um m i lhão de c abeça s tem qu ebradoO ingra to som de teu s te imosos sinos?

Entre osm a l es que os ba rba rosdestinosPa ra osnossos ouv idos tem c reado

,

P eí or que ir-vos ou v ir

,só' tenho a chado

I r ou v ir as l i ç õesdosm eu s meninos:Não posso fa zer mal senão c o

ª

a penna ;Se podesse

,a pontara um tiro rudo

,

E fi zera o que fez o C a rra'

cena :

S inosc rueis, vós fa zeis ra i va em tudo,

Dobrando,rep i c ando ; e em fim e pena

Que não toqu e is tambem a entra r no —estudo .

P I NTAN DO UMA BULHA DE DO I S R E RE DOS

De desc a l ç osm iqletes rodeado ,P or escu ro a rma zem da

'

B oa —v ista ,

Vinha sa indo um tremu lo c hu p istaEm ro ta c a p a as c anhasemhu c ado ;

Ou tro que ta l o tra z desa fi ado ,

Ca ch imbo no c ha pe'

o, c a l ç ão de l ista ;

E fôra o raso, p orq ue o ta l c op ista

Pa gou p rime iro ,sendo c onv idado ;

Ambos errando u ma infel i z p u nhada ,C om S igo em terra os vis a th letasderamA o som de vergonhosa su rriada ;Fam osossôc os entre osdo isse esperam ;

Mas a gente a o redor fi c ou l ograda ,Porque em vez de briga r adormeceram .

1 ) G enera l castelh a no . q u e c om u m a ba la q u ebrru u m S ino em V i lla Vi çosa .

A OS A NNOS DE UMA FOR M OS A DA I L I

Deixa e,pastores

,na montanha osgados,

Vinde a o siti o melhor desta c amp inaBeij a r a m ão a bell a

,e peregrina

Deidade tu tel a r dosnossos p rados:

Vinde o fferta r-lhe a os anu os cel ebradosO c ra vo , a rosa

,a angel i c a , a bonina '

E a o m a i s sua ve som da fla u ta fina

Dec anta r seus i l lustres p redic ado s .

Masj a a cerc am pastoras e pastoresUm a lhe beij a a mão

,ou tra o vestido ;

-El les a c oroam de vistosa s flores,

E em docesvo zes todo o rancho unidoCanta qu e el l a é a deusa dos amores;Po i s tem no rosto assettasde Cu p ido .

I I N S ANNU S

Fo i este o dia em qu e a teus pésba i xa ramVenu s

,e as l indasgra ç a s innocentes ,

E em torno do a u reo be i ço i everentesAo som de a legres hymnos te emba la ram

A os teuso l hosgentis c omm unic a ramCru el poder de c onqu ista r asgentes:Mi l susp iros, m il lagrimas a rdentesA mu i tos c ora cões p rognosti c a ram .

Deram—te u ma a lm a hero i c a , u m nobre pei to :Deram—tc disc ri ção e

'

formusu ra,

Dons a qu e o mundo está mu r pou co a fei to .

Mas,oh humana sorte

,triste, esc u ra !

Pa i a na teri a nada ha ver perfei to ,Dei am te u m c ora cão de pedra diri a .

DE S C R I P ÇÃ O DE BADAJOZ

Passe i o rio,que tornou a tra z ,

Se a caso é c erto o u e Camões nosdiz ,Em cuj a ponte um ando de a gu a z is

R eg istram tudo quanto a gente tra z .

Segu e—se u m la rgo , em frente di

el le j a zLonga fi l e ira de ba iu casv is

'

C iga rro a c ceso,fu mo no na ri z ,

E c om o a c om panh ia a l l i se fa z .

A c idade p or dentro é fra c a r'

ez ,

As m oç a s poem m anti lhas, e andam sos,

Tem boa c a ra ; m asnão tem bons pes.

Isto,c o i fasde pra ta , e de reti

'

oz,

E a cada canto u m sordido m a rqu ez,

For tudo qu anto v i em Bada j oz .

N O D I A EM QUE CHEGOU A N A U DOS QU INTOS

Se a l a rga popa tra zes a l astradaC ª

os p renhes c o fresde meta l l u zente,Q u e impo rta

,O a l ta na u , se juntamente

Vensde pranto,e penhoras c a rregada

?

Pa ra ver lanla c a ra envergonhada ,E p ôr no L im oei ro tanta gente,

Pa ra isto su l c aste a gran c o rrenteDos ventos

,e das ondas respei tada ?

Se a legras um a p a rte da c idade.

E i 'gnes na o u tra um so rdido p o rteiro ,

t endendo trastes vel hos p or metade :

Tra z bens e m a les teu fa ta l dinhei ro :Um a a l ta p a z a os homens de verdadeUm estu po r a c ada c a lo leiro .

UMA F IEST A DE ARRA IAL

Ao nume exc elso , nume sa crosanto ,Attenta devoção l ouva r qu eri a ;De Orfeosm imososdoc e com panh iaP rinc í p io da a o sa cri fi c i o santo .

Fendendo os a res c om gera l espantoR ij o foguete asbomba s espa rg ia ;Ca terva j ov ia l então nu triaLonge dosm a lesque lhe dão qu ebranto .

Bronc o sa l o i o j a no l a rgo dança ;Toca -se a ga i ta , fervem os tambores;Vaga no a rra i a l chanc a e m a i s chanc a .

Esta fo i toda a festa , meussenhores:

Lou vada sej a a bo lsa qu e não c ança ,Lou vada sej a a Mãe dos pec c adores.

D E S C R I P C Ã O D E UM PERAL'I A A MA L T E Z A D O ( 1

Um v u l to c u j a fôrma desconso l aPelo m u ito qu e m ostra o p ou c o sisoE qu e pel a p obreza do j u í zoMil trastesexqu i s i tosdesenro l a :

Cha peu qu e bem c a rrega um m a ri o l a ,E qu e a inda a ossisudos c a usa riso ,Casa qu inha c ortada de imp rov iso ,F i vela qu e lhe vem de so l a a so l a :

Esp anta lho qu e em p ra ça nunc a fa l taSem ter o c c u p a ç ão ,

nem m a,nem boa

,

Q ue a pena s m oc a vê l ogo lhe sa l ta :

E is—a qu i sem m edir qu a l quer pessoa ,B reve qu adro de um m isero pera lla ,

Que a ffec ta de m a ltez c a em Lisboa .

1 ) Du vi doso .

A UMA SEGE DE ALUGUER

Que sege, senhor c onde? eu fiz u m votoDe anda r antes por m a r, e m a r c om mo irosº

E tri ste hab i ta ção dosmaus a go iros,E um resto infel i z do terremoto :

De astuta pa lma tori a e b i co ignoto ,Em vão fu ra do ma cho os su rdos c o iros ;Em vão fu lm ina ríg idosesto irosDo bebedo a rreei ro o bra co roto ;

A pa rda c a i xa é documento antigo ;E p rova de que os annosgastadoresDe c ada ponto fa zem um postigo ;E sege ta l, que em nada pou p a dores;

P or ma i s que a feche , la vão ter c omm igo

As Inj u ri asdo temp o , e asdos credores.

A OS M ACHOS RUSSOS

Dos russosm a chosna c a ída orel haDe tres lustros a ma rc a anda estam pada ;Entre as c ã imbras, u m pa lmo p endu radaB abando rega a terra a l ingu a velha ;

Troqu e i por anda l u z serril pa relhaD e a l egre c a ra e c o rp u lenta ossada :Os péssem ferro , a c a uda tosqueada ,E o vasto boj o c heio de gu edel ha :

São m a c hos ta es, q ue na tu ra l f

'

erc za

Do [ a gora a fa ta l c a va lla riç a

Os l eva ra c o'

a sege a a rrastos presa ;Mas j a que em da r-lhe a torna hou ve p regu i c a ,

Se forem ter-lhe a c asa p or bra veza ,P ori p o a vergonha de i rem p or j usti ç a ,

A OS LEQUES MUI PEQUENOS CH A M ADOS M ARO'

I INHOS ( I

Fofo c o lchão,aspl umasbem ergu idas,

E sobre os hombros nasj u cundas frentesDe enro l ado ca bel l o anneis pendentesLongos chorões, bel lezas estendidas,

'

E ra esta dasm a trona s presum idasA moda

, qu e tra z i am bem c ontentesR ia in—se d

i

ellas asmodestasgentesVendo p equena s p oupa s esqu ec idas.

N i sto a genti l madam a a pera ltada ,Grande a u c tora de trastes exqu isi tos,Nova m oda lhe inventa a ba i ida lhada .

R eprova —lhe a u reos l equ es c om m il di tos.

E issenão qu ando (oh moda endi abr'

ada

I ba lla lll—SO c om a zasde mosqu i tos.

D im i mi ç i o D E L H A .“ A N A

Comp rada em a squ eroso ni a tado iroSangu inosa forç u ra , quente, e intei ra ,E c ortada p or gorda taverneira ,Cuj o c a c ha c o adorna um c ordão d

,

OÍl'O ;

Cabeça s de a lho com v ina gre e l o iroE a lguns c a rvões, que sa l tam da fogu e i ra ,Fervendo tudo em vasta frigide ira ,C ªos indigestos l igadosde tou ro ;S u a v issimo c heiro , qu a l a i igu ra

G ra to m anj a r,mas que p or c a usa j usta

Da u m sabor, qu e nem o demo o a tu ra ;

Isto é chanfana , e sei qu anto el la c usta ;Deu —me o berço

,da r—me-h i a a sep u l tu ra ,

A não va ler-nie a vossa mão a ugusta :1 Da vi dow

Á M ODA DOS CH A P EUS MA I OR E S DE M A R CA

Am igo e senhor meu ,de França ou Ma l ta

Um c ha peu m ande v ir a toda a p ressa ;A c óp a qu e me ajuste na c abeça ;Mas as a basna forma a m a is pera lta .

"

A de tra z qu e me fiqu e mu ito a l taA presi lha e botão pequ ena peça :Estima rei que dº isto não se esqu eça '

Qu e a dem ora me fa z bastante fa lta .

Gostei mu ito do invento,é bem tra c ado ,

Porqu e V i no Loreto u m c erto diaMu rto povo a c orrer pa ra o Ch iado

,

Pa ra ver u m senhor,quem ta l diri a !

um cha peu de ta l form a desma rc adoQue nem a gente a pe p assa r podi a .

A OS TOUCA DOS ALTOS ( 1

Fo i a o Mani qu e um hom em a cc usado

Por c ontrabandos ter ; el l e sc ienteCham a a qu adri lha , c orre di l igente,Entra

,busc a

,e não a cha o ma lsinado .

Acha a mu lher, qu e tinha p or touc adoA torre de Belem : el l a qu e o sente ,Banhada em pranto , desm a iada a frente

,

Prostra p or terra o“

c orpo deli cado .

Cªo bo leo se esbanda lha a m a ta esp essa .

Saem d,el l a esgu iões, c a ssa s l a vradas,E de belbu te trinta e uma pec a ,F i vela s

,esp adins, rendasbordadas:

A té tinha esc ondido na c a beçaO m a rido e tres a rc asenc orradas.

A rremette—lhe á c a ra e a o p enteado ;E issenão q u a ndo (ca so nu nc a v isto !)Qáe-lhe o c o lc hão de dentro do to u ca do .

A O 1 0 0 0 no I S QUE

Qua l qu er ta fu l , que nas p a rtida s rodaLogo na mesa do i sque se introm ette ;Ao Jogo da tristeza se su bmette,Escra vo v il da va ria vel m oda :

Qu ando em guerra s a rdesse a E u rºp a toda ,E su asse a osm ini stros o top ete ,Nenhum no a ferro lhado ga b ineteAndára tanto c oºa c abeca a roda .

Deve o j ogo c a usa r divertimento ;Mas o tal isqu ezinho endiabradoMette asséri as c a becas a tormento :

E u nunca o j ógo ; só me tra z tentadoB isca c oberta , tru qu e fra udul ento ,Que sa o osj ogo s c om que fu i criado .

A O JOGO DO TR INTA -E -UM

Por ti,senhora i l lu stre , ouv ido e honrado ,

Do trinta—e—um à m esa me assenta va ,E nos c amposdo j ogo a m edo entra vaD ,outra ba ta lha a inda ensanguentado ;Mostrou respe ito o meu te imoso fado

A quem c omm i go asvezes conversa va ;E sobre ou tros ta fu esdesc a rrega vaOsgo l pesque me tinha prepa rado

Já diante de m im o era ri o via ;Masera none de tão bom a go iro ,Que este era o m enor bem qu e eu receb i a .

S im me da va a fortuna pra ta,e o i ro ;

Masnosditosdisc retos que te ou v i a ,Me deram as tresgra ças u m theso iro .

A O JOGO DA BA NCA

De infa ustos p a rolinsnunca venc idos,

Mil v ezes l evante i j ogo bri lhante;Perdia—os todos, e no m esm o instanteI am a o c hão

,sem ningu em ver, , mordidos.

Alvej ando entre os lugubres vestidosA nynfa tu tela r se poz diante;Na doc e voz

,no angel ic o semb l ante

Vi logo os c irc unstantes embeb idos :

Indo lavrando o ríg ido banque iro* De m a rc asnumerosa qu antidade ,Ou vr, que me di z i a um c om panhe i ro :

«Não choremos a nossa adversidade ;Porqu e a onde p erdemos o dinheiroPerdera mu i ta gente a l iberdade. »

A OS QU E A P ONTA M Á B A NC A

Oc ora ça o c om ferro temperadoT inha o du ro invento r da banc a inj usta ;Jogo fa ta l , que tantas penas custa ,E que tem fa rtasbo lsasdespej ado :

Qu anta s vezeseu tive a o a r a l çadoV istoso p a rolim , que a banc a a ssu sta !Qu antasvezes o vi

, a m inha c usta ,Co asdoc esesperancasderribado !

Já l á ha de ter dado c onta estrei taQu em inventou a triste co rri o l a ,Que a cega m oc idade a perder dei ta ;Porqu e a inda que ásvezes nos c onso l a ,

Em m a lhando mei a hora na di re i ta,

Deixa o ma i or ta fu l pedindo esmo l a .

A no rs a nos J o G A Nno o G u l l o

Em escura botic a enc antoados,

Ao som de grossa chuVa qu e c a ia ,Passavam de j ane iro um tri ste di aDo i s ginj asno gam ão enca rni c ados:

Corra,v i s inho , c orra —me esses dados,

Grita va um d'el l es

,que nem bo i a v i a :

De sangue fri o ,

o ou tro lhe di z iaMil anexinsni aquelle j ogo usados:

Dez vezes fa lha o m isero anti qu a ri o '

E a rdendo em furia o tremulo velh inho,

Ati ra ci um a tabo l a a o c ontra ri o :

m al segu ro go l pe erra o c am inho ;Quebra a m elhor ga rra fa a o botic a ri o

,

Que fo i só qu em perdeu no ta l jogu inho .

A UM T AFU L QU E p non zsr o u ni o A p onrA'

n A B ANC A

Que torna s a a ponta r , prom etto e a ttesto ;Que eu ,

passa ro bisna u ,fi no ga ro to ,

Depo isde j á ter feito o mesmo vo to ,Jógo o que tra go , e j oga rei de resto :

Segu im os os ta fueso m esmo a restoQue segue nas tormenta s o p i loto ;Um p a rolim desfeito

,ummastro roto

Te'

m produz ido mu ito vão protesto :'Ainda dos a rdidosj ogadoresVão as praga s subindo sobre o ventoJa tornam p a ra o j ogo os ta es senhores:

Éc aso em que na o l iga o j uramento ;Qua l panda , qu e gri ta c om asdores

,

E sae p renhe no fim do regimento .

A ART E DE R H E T OR I C A

Arte infel i z , rhetori ca cham ada ,Ens ino as tu asleis

,masna o as c reiu

Ou nunc a ergu este fogo em pe ito a lheio,

Ou tu j á hoj e estás degenerada :

Da c onj unção dostempos a j udada ,Teu vão poder só dos a c asosve iu ;Na dem anda fa ta l que em ti p leitei o ,C i cero mesm o na o vencera nada .

Qu ero su pper que a m inha c a u sa toma ;Verla então que a força dosdestinosC om forc a de pa l avrasnão se doma ;E a l ingua , que a brandou p e itos ferinos,

Que os p ovos a ttra h i u , qu e sa lvou R om a ,Me de i xa ri a mestre de meninos.

POUCO PROGRESSO DOS D ISC Í P ULOS

Em ro tospergam inhosenc ostado ,Sobre nu a c ade ira a o a l to ergu ida ,Vou c onsum indo a m isera vel v ida ,De bizonhosra pa zesescu tado :

Da antiga R oma o secu l o do i radoAnda sem p re entre nós/ em cru a l ida ;De C i cero a fa cundi a c onhec ida ,Do pu ro Hora c io o gosto del i cado :

Masd'estes homens m il p assa gensbel l as,Que na c abeça a v iva voz lhe enc a ixe

Vão-lhe l á hoj e pergunta r p or el l as?

Só p a ra c onsol a r-me,ni

el l es a choOsma isboni tosm o ldesde fivel as,E de sa p a tos c om entrada a ba i xo .

NO U LT I M O DI A DE FER IAS

Pregou o el oqu enti ss imo Ma cedoEm c a sta l inguagem portugueza ;Veiu a fortuna a o l ado da r i qu ezaDo ira r-me a banc a ; que eu a rme i a m edo ;

C om modo a ffa vel, c om semb l ante ledoDava a lma a tudo a senhor il ma rqueza ;Assemb l ea p or fim de tal grandeza ,Que a c abando alta no ite

,a c abou c edo :

Sentiu ferver meu c avernoso peitoEscum ante l i c or, m anj a res finos,Func c a o a que na o anda mu ito a ffelto :

No m e i o di sto os m eus c rue isdestinosMe l embram (p or não ter gosto perfei to )Que era o ou tro dia dia de meninos.

LEV A NT Á N DO ' SE O A UCTOR DA M ESA DE UM G R A N DE ,P OR SERE M H OR A S DE I R P A R A A A U L A

Não tomando em desp rezo o escuro estadoEm qu e me poz fortuna e na tureza ,O lha stes sem horror m inha ba i xeza ,E fi zestessenta r—me a o vosso lado .

Então de ingra ta obriga ç ão chamadoDeixei a força a c ompanh i a e a mesa ,E indo cheio de itléasde grandeza

[

Vim da r por them a u m verbo c onj u gado .

Não sei c om do is op postos c onfo rma r-me;Soti

'

rem-me os grandes, sou ta fu l e m oço ,Não sei sen/tor mestre c ostuma r—me.

Ta es extremos,senho r

,u_ni r não p osso :

De do isgeni osnão sou : m anda e fec ha r—meOu a m inha a u l a

,ou o pa l a c i o vosso .

A S F IV ELA S CH A MA DA S A L A C H A R TR E

Oh qu antos m exic anos p a ta cões,Ma reados ta lheres «j á sem p a r,A tonta a vó o neto vae fu rta rDe mofendosdecrep itos c a i xões

'

Fundidosem qu adrados fivelõesPa ra a Cha rtres o neto passea r,Tra z nos pes a ba ixella s ingu la rQue podia servir em c orreões.

Ca p itão Vento—su l,ri c o hollandez,

Que de pra ta subti l pequ enos ósServem só de fi vela s nosteus p és,Vem adm i ra r-te,

vendo que entreTra z o .pobre p era l ta portugu ezPor fi velasmo ldurasde tremós.

AS F I V ELA S G ii A Nnns

Em curto j osez inho rebu çadoLouro pel a l ta a ru a passea va ;Seus votos pela ada fa lhe a c eita vaC om brando ri so um rosto del ic ado :

O p ae da mo ça , qu e era g inj a honrado ,E o c aso ha v i a di as esp rei tava ,De m embrudo c a i xe i ro se esc o ltavaC om benga l a na mão , chambre tra cadO

'

Fu gira o moço , qu a l l igei ra pel aS a as fivel asde m a rc a ag igantadaDe i xassem na vega r a na o a vela ;Masv iu uma entre esqu inasenc a lhada ;

E se ningu em c omp rou m a ior fi vel a ,Tambem ninguem levou m a i or m a ssada .

A UMA S sez õ es T E I M OS AS

Não posso ma i s , c rueissezõesmalina s ,Tra ta r—vosbem c omo voshei tra tado ;Já—m i sero c otão sae desp egadoDas rotas a lg ibe ira s c rista llinas;

B usc ae a gora quem chega r dasm ina s ,Ou qu em entro '

nqu e em linha de mo rgado ;Que a lgum v intem que eu tinha , esta fumadoEm a gua s de Ing la terra , purga s , qu inas;Mudae

ª

sitio,que eu mudo de c ostume;

Ja não revoam nª

este promontorioB o lasde peso , frangasde chorume ;

Torna a surg ir no simp l es refeitori oO fi e l ba c a lhau, o . v i l legume ,Que e o que d

,

antes da va o reportorio .

C ONVALES C ENDO O AU C T OR D E U M AS S E Z ÓE S , N AO TENDO A IN DAO OR DENA DO p o n INTE I R O

A c ôr perdida , gesto demudado ,Sobre um pobre sobrinho posto o bra c oVou ensa i ando o m a l segu ro p assoPel a s nua s pa redes encostado .

De cem pa peisde qu ina rodeado,

A am a rga dose em fresc o rim ama sso ;A o cheiro horrivel feia s c a ras fa ç o

,.

Tendo na m ão o fa ta l c opo a l ç ado :

Segu indo do bom Cunha osdocumentos,

Vim fa zer n'estes c amp os exerc i c i o ,La vadossempre de sadi os ventos ;Aqu i m il votos fa ço a o ceo prop i c i o

,

Qu e me mude a lgum di a os c resc imentos,

E me passem dospulsos p a ra o o fi i c io .

EST A N DO N A S C A LDA S

Por m a isqu e vosa l ongu e o lhos c ancados,O lhos ha tanto tempo descontentes

,

Na o vedes m a isqu e p a llidosdoentesP or m a os estranhasni a gu a su stentados .

Quantasvezes fi castesm a goadosP or ver ir entre as férv idas c orrentesEnvo lv idasm il la gr ima s a rdentesDo que em vão qu er a lea r bra c osm irradosi

Vista s sa o estasde bem pou co gosto :Porém bem pa gos fi c a re isum dia

Qu ando v irdes de Arm inda o lindo i o .sto

E o pranto que a tégora vos c a íaDe l astima

,dº

a usenc i a,e de desgosto ,

El la o fa ra c orrer ; masde a l egri a .

O SONHO

Depo is que a l uz de trêmu la c ande iaEntre os p obreslenç oesme revo lv ia ,E a o c erebro dormente j á su b iaO grosso fumo da indigesta c e ia ;Bri lhante sonho na enganada idea ,

P or m a ior m a l, ventu rasme fing ia ;Fez-me entra r na rea l sec reta ria ,Fez-me l ogo de ita r sege a boléa ;P oz—me na sa l a um esp a lda r c omprido ,

Um va l ido l a c a i o em c am iso la ,E um c orreio c om cha p a no vestido :

E isque soa na p orta a du ra a rgo la ,

Foge m— e o sonho,a c ordo espavorido ,

E ra um ra p a z qu e v inha p a ra a eschola .

A O P ! SF A R C E D A S MULDE R ES

Vensdeba lde oh bel l i ss ima perj ura ,Ci

o lindo rosto em l agrimasbanhado :Já fu i p or ti m il vezes enganado ,E sem pre me a ffectaste essa ternura .

Esse a lvo pe i to, que é de neve pura ,

Masde a ço e fino bronze temperado ,Encobre u m c ora ção refa lseado ,Um c ora c ão de v iva rocha du ra .

Em vão tra ba lha s,se engana r .

-me queres,

Vej o c orrer c om anim o serenoEsse pranto em que fundasteus poderes:

Ma l inventado a rdi l ! a rdi l pequ eno !T u mesma me ensinaste

, que asmu lheresM i stu ram com as lagrimasveneno .

A UMA DA MA I N T E R E S S E I I KA

Podiam ser fel i zes m eus amoresQu ando p or o iro o amor se não vendiaJa de pa la vrasN i ze desconfi a ,Só c rê ou em dinhei ro

,ou em penhores.

Viu -me a ssa l tado d'anc ias e tem oresQuando na porta i rada mão ba tia :P or c ostume infel i z ella sab iaQue era a lgum dos ca nc ados a credores.

Foram—se osdi a s bemaventu rados,Em qu e só a lmasgra ndes, pei tosnobres,Eram do deusde a mor a ga za lhadosz

Negro destino hoj e p reside aos p obres:P oz term o a bel l a N i ze a osseus a grados,Vendo esta bo l ca c ondemnada a c obres.

A CH A N DO-SE O A UCTOR P R ESO DOS BELLOS OLHOS DE MA R C IA

Eu vi a Ma rc ia bel la,v i Cu p ido

C om a rc o,settas e c ru el a lj ava

,

C om ímpeto sa ir de di oude estava ,

E voa r pa ra m im enfu rec ido .

Fu gi ; brade i : porem não fu i ouv ido ;E o tvranno ra p a z que me busc a va ,C om uma e ou tra setta me a tira va

,

A té de todo me dei xa r rendido .

A teu -me asmãos c om aspera s c adei asSem o m over o sangu e que c orriaDo roto c ora ça o

,das rota s v ei as.

Antes,c om frio ri so me di z ia ;

« E na o sa bras tu, qu e am or rec e i a s ,

« Que noso lhos de Ma rc i a amor vrvra ?»

A MOR CA P T IV A TODOS OS CU I DA DOS

Um g inj a , que ás trindades rec o lh idoCa l ça as ch inellas, no rou pão sªembu ça ,Pede a fi lha m a isvelha a c a ra p u ça ,E em fôfo c ana p é fi c a estendido ;

Um g inj a , qu e de amor todo esquec ido ,Mostra seusv ivo s de melena russa ,

O sa ráo , c otilhão , e esc a ramu çaSemp re reprova qu asi embra vec ido ;

Que asm odas todas cham a ba ga tella ,Um g inj a , em qu em jam a isse v iu m udado

O mo lde dªum vestido , ou da fi vela ,

Do m undo na o está tão retirado ,Qu anto eu estou

,dep o isqu e a m inha bel l a

Dei o meu c ora cão e o meu c u idado .

D E ! “ l

F i e i—me na s p rom essas qu e a lfec ta vas,Nas l a grimas tingidasque vertias,Nas ternas exp ressoesque me fa z i as.

N 'essasmãos c om qu e asm inhasa perta vas.

Ta l vez,c ruel , que quando as am ima vas,

Qu e eram d'

ou trem na idea ling irias,E qu e os o lhosbanhadosm ostra ri asD e p ranto , qu e p or ou trem derra ma vas.

Maseu sou ta l,ingra ta , qu e inda vendo

Osmeus tristes a moresma l segu ros,De ama r—te nunc a nunc a me a rrependo .

Ainda adoro os o lhos teus perj u ros,A inda amo a quem me m a ta , a inda a c cende

Em a ras fa lsas ho loc a ustos p u ros.

SOBR E A lNG nA T ro ã O m s wu ",u m

Cora ção , de que gemes, de que choras?

Que p a rece tens odio a p ro p ri a v ida !Se perdeste teu bem , fo i mão perdida ,C om te p ôr a morrer nada mel horas.

E u bem sei que a belleza a q u em ado ras,Fo i-te ingra ta e c ru el

,fo i fementida ;

Mas qu e espera vas tu , se elei sa bida

O m uda r—se a mu lher todas as ho ras.

So c ega ,c o ra ção

,dei xa a tristeza r

Q uem te mandou q uerer c om fe tão p u ra

f luem te m andou mostra r tanta fi rmeza !

Erraste, tem p a c ienc i a , em fim proc u raNão fa zer p o r mu lher j ama is fineza ,

Acha rasma is amor, m a i o r ventu ra .

A OS A N NOS DO P R I N C u'P E

Neste dia em que a c orte se a lvoroc aTambem se enfei ta o m isero p

'

oeta,

E pondo sobre si nova rou peta

R a sga a suj a noj osa Sa ra go ç a :

N inguem hoj e ha verá, qu e a Ssenta r possa

Que anda esta bo lsa em rig ida di etaSó me fa l ta

,senhor

,a f i ta preta

,

Masvós tendes a cu l pa,ou c ousa vossa :

F iou -me a ga l a u m merc ador de p annos,E m anejei

, p orqu e rebelde o vna ,Qu anto a p rendi nosQu inti lranos:

P or vósme envergonhei , e assim pedi a ,Qu e p o is o fiz pa ra vosda r bons annos,Vosme p a gassersdando

—me u m bom di a .

Em m im O c u idado c ae

De i rmãs p ostasem pobreza :A p iedade e a na tu rezaMe fa zem i rma o

,e p a e.

O lhos em p ranto banhados,Que eu sem dor não p osso ver

,

Vos fa zem a o ora ler"

Estesverso stD

m a l l im ados.

São tristes orfãsdonzellas,E merecem su asdores

Ou e vós, _a ugu stossenhores

H aj aes p iedade d'

el l as.

P or m a isesforços qu e eu

Com o hei de da r—lhes fa vor,

Se o seu triste bemfeito rV i ve na mesma desgra ç a ?

Da m iseria as tira reis,Se eu da m iseria sa i r :Sobre mu i tosvae c a irO fa vor qu e me fa zeis.

Vós,

a ugusta princ eza ,Em qu em o ceo qu i z junta rO m e lhor qu e p odem da r

A fo rtuna , e na tureza ,

Tende dó de seu ta mento ;E da e a mão fa vora velA u m sexo reSpei ta vel,De qu e vósso is ornamento .

A petiç ão qu e vos- fa c o

Não ede fa c i l indu lto ;Pa ra pou co , fora insu l toVa ler—me do vosso br .a co

Não ela c i l, m as j ustaE será bem despa c hada ,Se uma vez a presentadaFor p or vósa irmã a ugusta ,

P rínc ipes, tende p i edade :Ponde a meus qu eixumes p a usaPro tege i na m inha c a usa

A c ansa da humanidade

O que de T ito se diz ,Um i ei vosso avô dizia ;Chamava perdido o di a ,Se não fez a lgu em fel i z .

Motivo de tri stes a isQu aesquer ma os o podem da r ;Másv entu ras emenda rSó pertenc e a ma os rea e

'

s.

Doshomensk inda qu e ingra tos,Ou ve Deus os rogosj ustos:Vós

,ó princ i pes

b

a u gustos,So isna terra osseus retra tos.

Masj a o tem p o opp ortunoApressa as a zas esc assas

,

E não devo àsma isdesgra ç asAj unta r a de imp ortuno .

Ac abe a triste esc ri ptu i a ,D igna p or ta l de p iedade:Eu dei lhe p ranto e verdade,Vós podeisda r—lhe ventu ra .

Ao condedeVilla -Verde,D. JosédeNoronha , depoismarquezdeAngeja

Senho r,eu não Sou c u l p ado :

T ra ç a r ou tros versos qu i z ;Mastenho perdido o tri lhoC om as trovasdo Lu i z :

A musa , que ha pouc o as fez ,Outra rima na o me insp i ra ;P or m a i s que m ordo nasunha s ,E que em vão tempero a l yra .

A c cei ta e meus bons desej os;E c omo hom em de ra zãoNão desprezeisba i xosversos ,Qu ando os dieta 0 c ora cão :

Minhas fieis expressões,

F i lhasde amor e saudade ,O qu enão tem em poesi a ,Lhe váe sup prido em verdade .

Em quanto c o,

a s so l ta s vela s,

Forçadasdo , vento rij o,

Demandava a ga leotaOs a reaes

"

do Montijo ;

__iio

De ta l hosp ede soberbasO lenho rodea ri am ;E as a gu as c

7

o branc o pei toA p orti a lhe abririam :

O fa tí dic o Proteo,

Cheio de saber div ino ,R evelara a o novo heroeOssegredosdo destinO

'

Famosas a c ç ões c antaraLevantando a sab i a voz

,

Mo ldadassobre ash istori asDos a ugu stos p a es, e a vós.

Mas, senhor, a m inha“

musa

Sem tino a o a r se remonta“

E vae-se m ettendo em obra,

De qu e não p ôde da r c onta :

Esta levantada emprezaA té a B o i lea u deu sustos;D i z i a qu e só Virg i l i osP odiam lou va r Au gu stos

'

E qu eima r-lhe ba i xo inc enso ,C ança l

-o c om versos frios;Am or respei toso , e votos

Serão osmeus'

elogios.

Vós,i l lustre V i l la -Verde

,

Com q uem semp re me hei a chado ,Fa zei que sej a o meu nome

'

A seus ou v idos levado :

Se lhe der a colh imento ,S igam osde Hora c io as tra ç as,Fa ç amos qu e a p a r dasm u sasMa rchem as risonhasgra ç as:

D i ze i—lhe, qu e na fo l h inha ,C om

_

letrasdou radas p u z

A quelles formososdi asDas esc ada s de Quelu z ;

A quellesdiasdi tosos,Qu ando a seus pes a j oelhado ,Era a o abrigo dasmu sasBenignamente escu tado ;

Qu ando , tendo j á tra çadoMelhora r-me osmeusdestinos ,Se digna va p ergunta r-meCom o esta vam osm eninos;

Qu ando me mandou ,que em verso

Conta sse como esca p araN

,

a quelle funesto enc ontroDos ta es c a rreirosda Enxara :

E se a inda o fa vor mereç oDe tão a lta protec ção ;D izei

, que m ude i de o fii c io,

Porém'

de ventura,não ;

Qu e não me enganam zumba iasDoshum i ldessu p p lic antes;Porqu e a bo lsa m a issinceraTra ta -me inda c om o dantes;

Ou e inda os c ães a trásdo russoEsp era m n

ª

elle a m erenda ,Qu ando eu vou p a ra L isboaFa zendo verso s e renda ;

Que dando a os ôc os ilha es,Vae ma rchando tr iste e só ;Que asma isseges fa zem sec ia

,

Porém que a m inha fa z dó ;1 ) A llu de ás dec im as.

Que a té o boç a l“

ga l l ego ,Que eu tinha p or innoc ente,Já me c onhece a fra qu eza ,E j á me rev ira o dente;

Depo is que asvela s de c eboJá cerce ia no top ete ,E vae c onqu ista r o ba irroDe po la ina s e c o l ete ;

Depo isque em cha peu de Braga ,Que só põe em dia c la ro

,

Coseu em devota rosc a

Candeia de Santo Ama ro ;

Depo i s que em destrosm ene iosO suado Corpo bo l e

,

E abre guerra -as c oz inheirasAo som da ga ita de folie;

Já resp onde foc inhudo ,E eu me c a l o asm a isdasvezes :

Porqu e,pel osmeus pecc ados,

Sou reu de uns pou cosde mezes .

Aosannosdo condedeVilla —Verde,na occasião do seu despa cho

pa ra secreta rio dº

cstado dosnegociosdo reino

Senhor, soffrei os lou vo res;Hoje não me são vedados:São estesso l emnesdiasA el og ios c onsa grados .

A os homens, qu e a o bem dos outros

Seu s i l l ustres di asderamA p a tria assim sancti fi c a

Osdi a s em que nasc eram .

E em honra di

um sentimentoQue honra o humano c ora c a o

,

A m a is a ustera m odestiaCede a gera l gra tidão .

O dia p o isme a u ctorisa ,E m anda

,senhor

, que ou ç ães

Qu e o throno vosda fa vo rPor saber que vós o da es .

Ou er que“

todos osnegoc i o sAnte vós sej am l evados,Pondesna frente de todo sA c a usa dosdesgra ç ados.

Junta esa o dom de c onselhoTernosdons de sentim entosEm vósvae sempre a bondadeGu iando osvastos ta l entos.

Enxu ga es a lheio p ranto ,So is c om todos terno e j usto ;P or i sso deu a Mec enasSu a c onfi anc a Au gu sto .

Sei que v indesde do is reis,Não c hamo a gora nenhum ,

E m elhor que v ir de do is,O serv i r assim a u m .

Santo dia,eu te a bençõe ;

Na frente dos portuguezesSobre nossos horisontesPossas tu -ra i a r cem vezes.

T u nosdeste um pei to i llustreFei to p a ra bemfeitor,Em qu e osec os foram c rea ndo

O va l ido e o va l edo r.

Mas, ,senhor

,meu estro fra c o

Pro fana a g lori a do diaC om os inu teisesforç osD

'

esta ceu ceda poesi a .

Já osse l lados tli esou rosD

'

A p ollo me não são fra ncos;Em vão na doce H yp oc rene

Mergulho os c abel l osbranc os.

Tem a c u l pa fogo extinc to ,Tem a cu l pa o frio pei to ,A diff

'

renç a em nossos a nnos

E a c a usa deste effei to .

Qu anto el lessão di lTerentcs,

E u vo u fa c i lmente expel—o :Os vossos honra m a pa tri a ,Os meus infamam Ap o l lo .

Ao condedeVilla-Verde, agradecendo a soltura deEzequiel,alca idedo ba irro deBelem

Senhor,o meu Ferrabra z ,

Que c o i a s ma os fa z obra grossa ,P rom ette aba i xa r a su a ,E vem be ij a r-vos a vossa .

T inha força,e tinha amor

,

Poz em l inda fa c e a ma o ,E fineza , p or ser suaTeve a res de bofetão .

Quei xou-se a nympha soberba ,Fa lsa dor c om '

a rte exp rim e ,Fez a p p a recer o amorC om osvestido s de c rime .

Them is tambem é mu lher,Deu—lhe ouv idos e c a rinho ,Qu i z fa vorec er o seu sexo ,Deu a ba l anca um geitinho .

Su c cumbe o amante va l ente ,E no seu c ora ça o disse« Se eu ta l pa ga adiv inhára ,Fizera m a ior meigu ic e.

Mas ferro a branda leões,C om pranto os ferrosbanha va ;P romettia m il em enda sDo del i c to qu e nega va .

Da r a o vento a filictas que ixa sE u o v i p or mu i tos dias:Já não era Ezequ iel ,Converteu —se em Jerem ia s .

Ao condedeVilla -Verde, ministrodo reino, agradecendo em nomedosseuscollegasolli craesda secretaria

, o ler approvado uma tabella queaugmentara

osemolumentosdasgraçasemercês

Senhor, p or m il benefi c ios

Tenho as vossas m a os be ij ado ;Dasm a isvezesv inha só

,

Hoje venho a companhado .

E u venho em nom e de m u i tos,E em nome da gra tidão ,P ôr nossas hu m i ldesboc c asSobre a vossa i l l u stre mão ;

El la as tira de o c iosasEl l a lhesdá que fa zerNa obriga ção de

beij a rNo exerc íc io de c omer ;

A h , senhor, qu e obra tão j usta !E obra da vossa m ão º

E fa zer qu e p a gu e o lu xoTributosa p rec isão ;

Qu em ha vera tão ini q u o ,E di u rna amb i ç ão tão cru a ,

Que infame a nossa fo rtu na

Que fez o ca m inho a su a !

Qu em por mu i to fo r da r p o u c o ,Mas c om forç ada v ontade,E sec ta ri o do ego ísmo ,E tra idor da soc iedade.

Fa zem p or vós puros vo tosOs pe itos imp a rc ia es,Que assim as c ommuns fortunasSab iamente equ ilibra es.

De a l ta s gra çasdespenseirolntenta es c om mãos p rudentes

Bep a rtil—asde ta l a rte ,

Que fi qu em todos c ontentes.

Pelo qu inhão qu e nos c a beVossa rec ta mão beijamos;E sem sermos a trev idos,Tambem nós vosdesp a cham os.

Bençãos, amor merec ido ,Gra tos

,ternossentimentos

,

Pa ra uma a lma c omo a vossa ,Não são ma usem o l umentos.

Ao ma rque/. ile ilii qi-j a , D. Joséde horoi ilial no dia dosseusannos,estando o a uctordoente

Senhor, se vossão a c cei tos

Pobres versos,ma l l imados

Entre v idrose rec e i tas,

Em triste leito tra ç ados;

Se de u m sombrio doenteA funebre p oesi aOs p ra zeresnão pertu rbaB

i

este fa ustissimo dia '

Consenti, que a branda l yra ,

P o r vós ou trª

ora esc u tada

E qu e te im osa m o lesti aTem ha mu i to p endu rada ;

Sobre este c anç ado pei to ,

Ferida c om deb i l mão ,Mande a o ceo singel os hvninos,Nasc idosdo c ora c ão :

Consenti, que eu lou ve o dia

Pa ra m im assigna lado ,

Que ra i a em nosso horisonte,De nova lu z c oroado ;

Dia, qu e v os v iu nascer º

E que qu i z tra zer c omsigoQuem u ne a o nome de grande ,O santo nome de am igo ;

__ 7ç _

A o bom pr inc i pe pedistes ,Que c om mão compadec ida ,Lhes c onc edesse umas ferias,Que du rassem toda a v ida ;

“ Pedistesdep o is, senhor,Que a su a rea l grandezaSe dignasse de a rranc a r—meDentre osbra c osda pobrez a

Sei que n,el le ena tu ra l

Ter dó das a lhe ias penas;Mas ouve-asmelhor Augu sto ,Qu ando lbi as

"

c onta Mecenas;

P or este modo a legrastesA triste fam i l ia m inha ;E em casa nos levanta stesO interdi c to da c o z inha :

Já um segundo frizão ,Pendurada a lingu a ve lha ,Da reboque , c omo pôde ,A antiga mei a p a relha ;

Já o sórdido ga llego ,Me

'

u antigo c om p anhe iro ,De gra va ta e c a rra p ito

Arvorado em boleeiro ;

A ç ou tando surdas a nc as

De do issendeiros roa zes,No mesmo ba irro a p regoa ,Ora ba rris, ora p a zes :

Mas, senhor, de ixando gra ça s ,Po isnão as pede a m a teria ,E pedindo a m inha m usa ,

Qu e sej a c omvosc o séri a ;

Ao ma rquezdeAnqej a , fazendo annosa lilha do ma i quezdeAbrantes,com quemesta i a para casa r.

Senhor,a os llerentes annos

Hoje em p om p a festej adosE u devera tambem ir

,

Po is vão c om vosco c ri ados.

G ôsto e obriga ção mª

o pedem ;Mas vós

,herc u leo c adete

Sa beis a fa tiada h istori aDo meu antigo c ollete.

E el le o neo que hoje impedeDev idos respeitosmeus;Não vae a annos a l hei os

,

Pelo del i c to dosseus.

Fo i c o l lete das func ç ões,Cumpri u seu em p rego a risc aHojedomestic as leisO tem c ondemnado a isc a .

Sei qu e dev i a ha ver ou tro ;Mas

,senhor

,não me cu lpeis,

Cu l p aesu rdosm erc adores,E p regu ic osos qu a rteis.

I de vós,a mor vosmanda ;

Na i l lustre,adorada mão

Ponha a boc ca respeitosaTribu tosdo c ora cão .

-l í )

Se a c aso a a ustera eti quetaImp ede obsequ io tão p u ro .

Ao c ortezão respei tadoConso le e esp oso fu tu ro .

Fa ze i em terna l ingu a gemMil discretos c ump rimentosA qu elles que vos insp i ramO dia , e vossos ta lentos.

Mi l b i ilhantes conv idadosAo c orte jo assi stirão ,Os amores vão c omvosco ,

Asgra c asj a lá estão .

E u , anc ião ex—poeta ,Ergu ida a testa engelhada ,Ferindo c om tortosdedos

A m inha lvra c anc ada,

Pedire i a o duro temp oC om l a grimasd

º

a legri a

Nosdei xe ra ia r cem vezesEste fa ustissimo dia .

E a vós, dep o isdº

ou tro di a,

Nos lusos fastosm a rcado,

Da a legria , dos p ra zeres,Dasv irtudesdesej ado ,

Peço c ontinu as func ç ões,A pei ta asseges postadas,E qu e eu vá

, p o i qu e tambemPosso j á ir c o as c ri adas.

_ m

Ao marquezdePontedeLima , ministro deestado, pedindo—lheo auctor licença para ir

e banhos, na occasião em quese tinha encarregado de lhepromover a mercê

dese imprimirem assuasobrasna Ollicina Regia

Senho r, entreguei meu l i vro ;Fo i esse fi l ho mesqu inhoC o a estei il benç ão do p a e

Lanc a r—se a os pésdo p adi inho:

Dei-lhe em dote inu teis rim asDei—lhe vasie thesou ro ;Masvossasmãosm i l a grosasConvertem nadasem ou ro :

Do m a l fadado Pa rnasoQuebra reise injusto enc anto ;Nem sem p re seusverdes l ou rosSerão regados c om pranto :

Impertinentes c redoresLa rga r—me—hão em fim a ru a

O meu cego abrindo boc c a

Lhes ha de fecha r a su a :

A té a pertadosgeni osSem vontade c ompra rão ;Fa rão foc inho a poesia ,E obsequ ios â p rotec c a o :

Mas, senhor, de l ivro basta ;E insu l to asm ãos em qu e anda

Passa r de ser o meu l ivroA ser a m inha dem anda :

Fo i esse meu rogo ou v ido ;Deixa e qu e pa ra ou tro m ude;Tem obj ec to inda m a is a lto

,

E m a isdo que ou ro , é sa ude :

A D. Lourenço de L ima , tendo promettido ao auctorquequando chegassedasCaldasha via delembrar a mercê dese lhe i i iiprimireni asobras

ºra de c ume dosm ontes,

Ora em su asverdes fra ldasla estender osmeus o lhosNa l onga estrada das Ca ldas'

Sobre escu m osos c a va llos

T retando emp oada sege,D isse qu em fez osmeusversos

« A h-i veinqu em

Alçando-me,hi-a ,a .dizeí 'i vos»

« Senhor,. c hegene meu praso ;

Honrasteshóje Ou trosm ontes,H onra e a gora o Pa rnaso ;

« P romettestesfa zer ferteisSeusestereis-myrto e l o iro ;P romettestesqu e a H yp ocrene

Leva ria a reiasde o iro ;

Su a c l a ra,inu ti l ve ia

Rega chão que na o se l a vra ;V inde fa ze l—o fecundo

,

Vinde c ump ri r—me a p a l a vra .

— 80

Assigne po ism eu a v isoP ia c bedec ida ma o ;Masna o cu ideisque com issoDa es fér i asa p rotec c a o :

O m a is áv ido leitor,

Dasqu íntilhas p regoeiro ,H a de a cha l-as insoffriveisEm lhe c ustando dinheiro ;

E só em n_oj osa tenda

De bra gu ez cha tim mesqu inhoTera o sa ída osmeus versos

,

Embru lhando o seu tou c inho ;

Só ra pa zes a cha rãoMinha musa doc e e meiga ;Não porque tenha poesi a ,Mas porqu e teve m anteiga ;

Mettei p o is, senhor, em briosR i c os pei tos a va rentos ;D i ze i qu e c omprem p a rtidas,Que ehonra honra r os ta l entos;

Qu e sera o c omm igo eternosSe me ev ita rem o m a l

De ir a o temp lo da memori aPel a p orta do hosp ita l ;

E então da esc ondida bu rraOu v i rá a su rda a ldra baNão asvozesda poesi a ,Masa voz de qu em lh i a gaba ;

lndo a brindo , j u ra rãoA du as a rtes odio e medo ;A da guerra , em a l ta voz ;A da p oesia , em segredo .

Entretanto a o digno p a ePedi que me fa ca a u c tor ;Sej am pu bl i cosno mundoMeusversos e o seu fa vo r :

De L imasna honrosa h istori aNão serão titu los fa lsosFa zer que as a u gustas a rtesNa o ma rchem c

i

os pesdesc a l ces.

E vós,fi rme protec tor,

Fa zei que por ta es fa voresVamos be ij a r-vos a m a o

,

E u,e osmeusdo ism il c redores.

Ao condedosArcossobreo mesmo assumpto dese iuiprini irem asobras

do a uctor

B a teu a os vossos p ortaes

Um m orador do ou tro p ó lo ;Vein a o templ o de MinervaDa r u m rec ado de Apo l lo :

Vós seis dosseus obrigados,Bebeisseu l i c or di v ino ;Manda que l embreisna R osaO esquec ido To lentino '

Sei qu e a l li meu p obre l ivroA l tos p rotec tores tem ;Mas a gora só se fa l l aN i

este m a g ic a B a rein lº

Apo l l o não troc a as a rtes;Masvendo a a rtí fi ce, enfi a ;Recei a qu e c om ta esbra c os

A danc a a faste a p oesi a :

Tambem so is l'éO ; masbem podeA mag i a dos p assosseusEnc anta r os vossos o l hos,Sem fa zer chora r osmeus.

4 ) Mora va m u ito d istante.

S i ti o onde m ora v a. e m inistro d'

estado

3 ) Dança rina celebre.

R e isde Hespanha a vo ssa honra ram,

E eu espero o mesmo d,el l e ;

Fi zeram—vos r i coshomens,

O mesm o me fa rá el le.

Vós so is p rotec tor das a rtes,E dªa hi meu ma l v iri a ;Ta lvez qu e pela da danç aVosesqu ec a a da p oesi a

P or Detein esqu ece tudo ;Estesgru p os tão gabados,Não digo que sa o osvossos

,

Porém são osmeus pec c ados:

As tresGra c as a fada ram ,

Masseusdons funestossa o *

T ira asdeusas a ma ç ã,

E a um triste p oeta o pão .

Se a vosso pae vou quei xa r—me,Ju ro qu e a c c ei ta a qu erel la ;Ju ro

, que vos quer os o lhosAntes em m im

,do que n

'

el l a .

Mas,senhor, dei xando gra ç as

De p oetic a l ic enç a ,

Este brinc o qu er di zerQu e a p resseis a ta l imp rensa ;

A té p or c u ri osidadeForj ae—me este mea lheiro ;Só p a ra verm osqu e effei to

Fa z em m im o ter dinhei ro :

Ta l vez que a l tiva l unetaNos p isc os o lhos tra idoresNão c onheç a uns tantos homens,P rinc i pa lmente os credores

Fa zi a a fi gura de Venusna pantom ima em qu e serepresento u a fab u lade Páris, j u lga ndo -lhe o pom o de º i ro destina do à m a is fo rm osa .

Ta lvez que o novel ga l l ego ,Qu e sôltasbra gas tra z i a ,

Enta ip ado em p anta lonesDea o amo senhori a :

Ta lvez qu e inventando heranc asB isneto do grão senhorA fa lso espec tro a gradeçaO que deve a o protector.

Senhor, se o oi ro ta l pode ,Levanta e da empreza a mão ;

Antes réo do meu tendei ro ,Do que réo de ingra tidão .

Mas inda a gora é qu e eu vejoQu anto me fu i desmentindo ;D isse qu e v inha ra lha r,P or fim a cho—me pedindo :

Não pude a c aba r a fa rc a ;Costume c usta a vencer ;

Comvosce a m inha l ingu agemE pedi r e a gradecer.

— 86

AD. Ca tharina lllichaela deSouza , esposa deLuiz Pinto deSouza , tendo esteexpedido

aviso pa ra se imprimirem asobrasdo auctor

Senhora,A p ol lo bem sabe

Que so i s digna c omp anh iaDe qu em em do irados a nnosLhe honra va a doce p oesi a :

Inda de V i çoso lo iroLhe gu a rda a verde c oroa ;Fez—lhe fa lta em su a corte,Mas a bem de ou tra o perdoa :

Manda, p o i s lhe esta es a o l ado ,

Canteis p o l idos lou voresA qu em em honra a o Pa rnasoFez versose fa z fa vo res'

Vi u o p ra zer generosoC om que a c a bou a tenç ão

,

Que c ru a p a rc a a rrancara

De ou tra bem feitora mão :

Viu qu e a p ressou seusnegoc iosPerante qu em todos—rege;E qu e am igo do seu m onteOra e sobe

,ora o p ro tege :

Gra to a o grande benefi c ioVosenv ia e esti lo e a ]vra :

Manda—vos c anta r—lhe os hymnes,

Q ue lhe trec a e vos insp ira :

Diz que esta em p reza vos toc a ,E que não adm i tte esc usas;Ou e fa vo r fei to a o Pa rnasoH ão de a gradec el

—o asMusas.

1 ) O m a rq uez de Ponte de Lim a , m inistro de esta do , tinha obti do mercê de se i i i i p rim iremas obra sdo a u ctor, em seu benefi C i o , m as nã o chego u a ssi gner o a v iso p o r seu repentino ta llec rm ento

P u lsa e'

a lyi a , enf i ea eB ra vos ventos ru g

º idores;C antae a g i adec imentos

A qu emc antastes a mo i es

Em má honra a l ongas c ansD '

esta empreza esc uso fi c o ;Fechou —me A p o l lo a su a a rte

E q uer que a p renda . a de,—. ri c o .

Dni a,enganosa se leu c i a !

Incómmoda , tu mu ltu a i i a !Mu i to m a is a quem andou

Semp re na eschele c onti a ria :

Já em socegado semne

Não vej o doc es fi c ç ões;lnda a obra está na imp rensaE j a sonho c om l adrões:

Sonho qu e, esc a lada a p orta ,Medonhas c a rassem dóVem fu rta r a To lentino0 qu e el le fu rta B o i lea u

Ce”

esse meta l tu rbu lentoJa d

'

antemão me m a l qu isto :Que me não fa rá a p osse ,S e, a espera nç a ja fa z isteº

Sei qu em p oz a u l tim a tei c aA o p unha l de que me dôo ;Mas, em fim

,nada de ra ivas

,

D i zei—lhe qu e eu lhe perdôo ;

E que é ta l nª

esta v irtudeMeu c onforme c ora ç ão ,Que não só perdôo e m a l

,

Masbeij o p c i el le a mãe

A ni arqueza deAlegretequando lhenasceu uma filha

Senhora , ec ousa sab idaQu e a osdeusesnão são vedadosOsesc ondidos segredosDo escu ro livro dos fados;

E p o is qu e em tem pos antigosJá ti ve a lguma v a l i aC o

'

a qu elle, a qu em c oube em sorte

O governo da poesi a ;

Não esp erando do tempoO v a ga roso progresso ,E desej ando a

'

u gu ra r-v os

O vosso fel i z su c cesso ;

O deus, qu e nunc a em m im v iu

De odesm ou ras a m ania ,Que sem o assump to honra rem ,

Lhe deshonram a p oesia ;

Que em ou te irosde ora torioNão lhe p u z lyra a o frio

,

Arrisc ando-a ter p or p a ga

Ou pedrada“

,ou assobiO ' (º

E mu i to m a is p orque v iu,

Que da m inha peti ç ãoEram

,

sa gradosm o tiv osA a m i zade

,e a gra tidão ;

Fez fu z i l a r em m eus o lhosNov a lu z , vedada

,e pu ra ;

E de tudo o que então v i ,Vosvou fa zer a p intura :

Vi,senhora , as l ou rasgra ç as

C om doce, e risonho aspei to ,Tec endo engenhosas, danç as

Em torno de Um a u reo leito ;

E abrindo as ri cas c ortinasTra zerem nos c astosbra ç os

O digno e prec ioso fru c toDe i l lustres

,sa grados la c os.

1 P rim eira li c a o

Qu e de a lta s m a g icas odesNunca m e v i u a m a ni a ,

A s q u a essem o a ssu m p to h onra remDesh onra m p oesi a .

2 ) P r im ei ra lí c a a

Qu e nu nca em libello infame

F u i tri lh a r a s v is p isa da sDos q u e dão a osdeu sdasm u sasO p restim o da s fa c ada s.

MasApollo a qu i fechandoAs a l tas c ousas fu tu ras,E dei xando o pobre velhoA l egre, mas às esc u ras;

Me disse: « Conta e qu e v istaO ma is, em temp o v indou roF iel

, a p u rada h istoria ,O di rá em letrasde ou ro . »

( º

Corri : m as trému l as p ernasTem semp re estrada c omp rida ;E p o is a cho a p rophec ia ,

G i a c as a os c eos, j a c ump rida , (

3

P o is b a h i ta s j á seu s c a m p os,Ca m p os benra veri tu ra do s,A reseirta os no v os vo tos

D estesdei s fi eis c ri ados.

Qu e )OSSEI a tenra m enina,Chei a '

a ltos donsm o ra es,Do i ra r c om p rida velh i ceDosm o ç os, a ves, e p a es.

Qu e ella dê em la rga edadeDi rrnos fi lh os edu c a dosS o re os lienrosos m odelos,Dos seu s i llu streS p a ssa dos.

Qu e c om a esp a da da lei ,E c om O sa ng u e p o r a bonoSej a m g u a rda i nvenc i velDa s x i rtu des e do th rono .

h o u ver a lg u em , q u e em m o c o

A p ra zeresnã o resista ,

Qu e nu nc a j og u e O b i lh a r,Sem dinheiro ter a v ista . .

Ma s q u a ndo ,i llu stre senh o r

,

Esta fa lta a q u 1 exp ostaI a na s a za s dos v

,entos

E eu espera v a a resp osta ;

1 ) P rim eira Li ç a o :

O deu s o u tra vez fec h a ndoA s a lta s c o rsa s f u tu ra s,E dei xa ndo c omo d

'

a ntesO p obre velho à sesc u ra s,

2 ) P rim ei ra Li c a o Entre este e o seg u inte q u a rteto , h a v i a

t'

o u tro :

E u desej a v a v o a r,

E o P eg a so em v ão c h a m a ndo ,

?u e a m inh a m ãe im p o rtu navae a s elinosnega ndo ,

3 ) P rim ei ra Li ç a o .

Chego ta rde p elos c rimesD

'

esta mu sa ento rpec ida ;

E c oª

a _testa descobertaA v i ra ca o bem fei tora ,Tra ç a rei m a isdignosversosD o que estes, que ou v i s a gora ;

C om tem po os i re i fa zendo ;O Deus tambem me fez ver,

Que sobre este mesmo assump to

Tenho m u ito que escrever.

Qu i z q u eeu v iesse conta !—a s

A o som dª

osta ro u c a lyra ,

De longosannosa fei ta

A a com p a nh a r qu em su sp i ra .

Sobre ra p idosg inetes,Q uebrando a du ra c a l ç ada ,C om o Franc isco a reboqu e,Anda ra semp re na estrada :

Tambem das c a ras irmãsNão venho asm a goas p inta r ;C o

ª

a terna m a e mu itasvezesAsv irão desa foga r ;

Fa l lo da triste fam i l ia,

Que em amorosa m aniaAc c usa o ceo

, qu e vosdeuFormosu ra

,e fida lgu ia ;

Dons, de seu ma l c a usadores;E que de i xam c oroado ,Na ma is i l lu stre c onqu ista ,O m a isdi toso so ldado ;

R a lham dª

elle a _toda a hora ;Fo i c a usa do seu tormento ;E log i am ,

e p ra gu ej amSeu a lto m erec imento :

« Se é soldado,siga a gu erra ,

E as funestasg loriasdº

ella ;A ta que m i lhõesde fortes,Masdei xe em p a z o da Estrel la ;

Tem figu ra , tem ta lentos;Tem a l ta estirpe p rec l a ra ;Oxa l á que assim não fosse

,

El la então o desprezara :

Mas,senhores

, perdoa e—lhes;

Asvezesna grande dorFa l lam pa la vra s de ra ivaA l ingu a gem do amor :

0 S i l va , o a u toma to honrado ,Anda ma isa bstra c to , e mudo ;P oe o do ce antesda sep a ;Qu eima o c a fé , qu ebra tudo :

O h i rsu to , a ustero R odrigu es,Semb l ante de p ou c as p a zes,Desa foga a su a dor,

Dando mu rrosnosra pa zes:

Vossa a va , de tresedades,

Em c anto escu ro assentada

Vosm anda c a l ado p ranto ,

c obertor aba fada :

O u tras vezes esqu ec idaDe qu anto seu fado ee

'

,eru

No queixo a j ustando o lenç o ,E sobrep ondo o bajú,

E rgu o a o a r c anc ados ossos;E sem temer ventos frios,T i rando—lhe amo r o pesoDosgelados pes ta rdios,

1 C op ei ra .

Do bom c ostume enganada ,E c om la êusada c a u tel a , ªPa ra da r

,e ter, bonsdi a s ,

Vos va e a brir a j anel la :

A j anel la desengana ;Renova —lhe a dor no peito ;Chama em vão o vosso nome

Abra c ando u m erm o l e i to .

Do:pei to dasm a is c riadasA sa udade se não ri sc a ,Desde aservas ra lhadora sTea l adina Franc isc a .

Ef

p o is qu e o sangu e de reisPo is qu e a a u gusta ceremoni aB em a pesa r das cri adas,Yos trou xe a Santa Ap o l lonia ;

Ide, senhora , m il vezesCu ra r- l hes a fresc a cha ga ;Seu p ranto efi lho de amor,E am or c om amor se pa ga .

Na ri c a,a i rosa berl inda ,

Dando a o digno esp oso p a rte,A os p a trios la res vos leveAmo r nosbra c osdeMa rte.

O Tej o,aba ixando as ondas,

Vossos pe'

sv i ra be ij a r ;Váe dasnymp has que

c riou ,

Ver a nymp ha tu tela r.

Os p ra zeres c om os risosSej am vossa equ ip a gem ;R evôem em torno asgra ç as,De qu em so is a invej a , . e a im agem : .

Menino

Entra e nos tec tos dou rados,Hoj e l oga r

de sa udade ;[de

,dosbra c osdo am or,

Lanca r—vosnosda am i zade :

Leva e—nos asdocesno i tes,Em qu e a voz que se esc u ta va ,Sobre as a zasda ha rmoni a ,Nosnossos pei tosentra va '

Qu ando o c om i co tra vessoEntre geitos, e c orc ovos,

Hab ilmente a rremeda vaTodos osmusi c osnovos:

O triste, c a lado cra vo ,Já não sente a destra mão '

Apenasepersegu idoPel o senhor dom João .

J: M

100

Ide, senhora , leva r—nosNo vosso rosto a a legria ;Fa ze i a triste Junqu eira ,O qu e fa z o sol a o dia :

Mas, senhora , a m inha musaTem ta lvez errado os cu l tos:

Cu idando ter fei to obsequ i o s,

Ta lvez “

tenha feito insu l tos:

Dirão, qu e, troc ando as c ordas,

P orão m eussonsdesegu aes;Que errei em fa l l a r—a os ti lhosSem fa l l a r primeiro a os pa es;

Qu e p odia esta emba ixadaSe desse em ma i s hab i l m a oCumprir as lei s da sa udadeSem v iola r asda ra zão :

. Mas,P ena lvas, di to , di to ;

Defendo o meu sa cri l eg io ;So is tudo ; m asnão so isno ivo s ,E eeste o seu priv ilegio .

Nodia dosanosdel). lla ria denoronha , depoiscondessa dela lladares.

Senhora,os p obresvestidos

Do Vosso hum i lde comp adre,Não o dei xam ir a os annos

Da su a i l lustre c omadre

O c onhec ido c olleteDe bordadas gu a rni çoes,Enc a rtado ha long o temp oEm c o l lete dasfunc c oes;

Sobre os“ seusc ancados an os;

De hum ido inverno"

assa ltado ,Chei o de invenc íveism anchasMe fo i hoje a presentado :

Em vão bem feitor m i o l oLhe esfrega o qu a rto offendido ;A m inha chorosa m anaDá o c aso p or perdido ;

E se'

assim me a p resentasseA tão a l ta c omp anh i a ,A ssu asnodoasseri amManchasda seda

,e do dia :

Do tempo a l'

ou ce ra ivosaNão me da só uni revez ;A lem de me fa zer vel ho

,

Fa z—me tambem descorteZ '

Masel l e honrou hoje o m undo ;So isdo mundo orna to

,e invej a ;

Deu hoje m a is uma p a gaA i l lustre c asa de Angej a .

Su a m a o, que a perfei c

'

oa

Al tosdons—

da na tu reza ,A uns l indos

,m odestos o lhos

Váe a u gmentando a belleza º

A ltea a a irosa fi gura »

Sobre a dasGra ç asm o ldada ;A uma a lm a a m a isdigna e nobreDá a m a isdigna m orada :

Justo tem p o , eu abenc ôoO teu p oder desegu a l ;E em honra de tantosbensE u te p erdoo o meu

m a l ;

Cem vezesnastu as a zasNosm ande este dia o ceo ;As v irtudes o c onsa grem

Nos a l ta resde hvmeneo .

E vós,i l lustre senhora

,

P erdoae co l etesro tos;Va lem m a is

, qu e inu teissedasPu ro inc enso

, p u ros vo tos:

Qu i z m anda l—osem bons versos;Soou em vão meu - top ete :

Fu i a cha r a m inha m usaComo a c hei o meu c olete.

I ti ti

Se a ou tra me diz Apo l lo ,Que eu sou ja dos reformados;Qu e em seu tribuna l não tornamA serv i r a posentados?

Longa edade, é longo m a l ,Velho , só ebom o am igo ;O teu mesmo C rescentiniH a de p rova r o qu e eu digo :

Este homem , qu e a seu a rbí trio

Move ashum anas p a ixoes;Que tra z na su a voz o scep tro

Dossensiveis c ora c oes;

Q ue nosdeixa du v idososQu aes forçasm a ioressão ,Se osenc antosda ha rmoni a ,Ou '

se a v iveza da a c ção ;

— 105

Que em m im, qu e sou homem du ro

E rebelde as l e is primeira s ;Q u e não c horo nosma ishomensAsdesgra ça sverdadeiras

:

Qu e, insensível , v i no c ircoBu rlesco Neto a rrastadoDei xa r c o'a rôta cabeçaO terreno ensangu entado

'

Que vej o c om o lhossec c os,C om fi rme semblante inteiro ,Fu g ir-me nªu m pa rolímO meu u ltimo dinheiro ;

O

Que em m im, digo , a rranc a pranto ;

Que am o lga u m pei to de sei xo ;Que m u ita vez c

i

o c ha peoEncu bro o tre

'

mu l o qu eixo ;

Que qu ando dos tenros fi lhosChora va o triste destino

,

T inha este peito de bronzec ora ca o de Sab ino ;

Este homem, qu e so l to o panno

,

V ivasvem a forç a ou v ir ;Se c anta r de hoje a dez l ustrosEm vez de chora r

,fa z rir:

Sobre os levantados a resA envergonhada ha rmoni a ,B a tendo a p ressadas a zasDo seu fi lho fu g iria ;

E o Jeronimo estendidoC o

ª

asp ernasnostamboretes,Cabeceara entre asrimasDos oc i osos b i lhetes:

O vendedor dosbilhetes.

l tlti

E c u ida vas tu , qu e a fouc eQue a ta esdonsha de pôr fim ,

Ou e ha de feri r C rescentíníMe tinha pou pado a m im ?

Se eu hoje fosse a osouteiros,

Onde j á tive e log ios,Dir—me—h i am c rueis verdades

Mil sinc erosassob i os:

Este genio dos/ p oetas

E fug i ti vo , e m esq u inho ;A p rimeira c annosdeixaNa ametade do c am inho :

Não e irma o do teu genio :Esse estende mão segu ra ;Ac om p anha osseus va l idosA borda da sep u l tu ra ;

Fa rá que sem pre asdesgra çasEm tristes pei tosemendes;Qu e sigas sem p re osexem p l os,Que dentro de c asa a p rendes:

Lastima , p o is, m inhasrugasQue a té me c a usam o ma lDe fa l ta r a o teu p rec ei to ,E a lou va r um homem ta l ;

Masvasto,chei o thea tro ,

One el le enc a lm a em tem p o frio ,Fa l la m elhor

, que dez odes,E m a is uti l elog io ;

E nºelle estasvelhasma osC o

ª

as forç asqu e na sc em dº

a lm a ,Da ra o

,em l oga r de versos,

Mu i to p into,

e mu i ta p a lma .

1 ) Cru z a do no vo .

— I O8

Vou ver se posso esqu iva r—meA tanto morta l í mm igo ,A'

c o lhendo me ás l embrançasDo nosso bom temp o antigo

l

Tem a sol ta fantasiaFa rto , m i l a groso a rm a rio ;Cu ra -me p enasreaesCom pra zer imag ina rio :

O nosso bom tem p o antigo ,Qu ando a lçando a torva fronte

Jantav a Qu inti l i anoA m esa de Ana creonte ;

Qu ando nosbri lhantes c oposDo c asto

,herdado Gorísos,

I am m ergu lha r as a zasOs pra zeres c om osrisos;

Qu ando em renh idasdisp u tasMettí as tra idora mão ,Sendo o m otivo da guerraSo la p ada m anga ção ;

E sem ha ver l indos o lhos,

Sem haver ondadas tranças,Doudos c om doudos tec i amTu rbulentas c ontradanc as:

Qu ando o assu stado m inistro ,Que asma rgensdo Dou ro tri lha

,

Pôde sa l va r da p roc el l aA su a estímavel b i lha ;

Clama em va o p or tão bom tem poM inha disc reta sa udade ;Doc e , fug itivo temp o ,Da nossa dou rada edade!

1 ) Nome de u m a qu inta do am igo , a qu em o a u ctor escrev i a , a qu a l produ zia bom vinh o .

— 109

Ante m eus o lhos sa udososCru as a zasdesp regou ;E em c amb i o de tantos bens ,Cans e ru gasme dei xou .

Só tu podes , c a ro am igo ,Vira r—lhe o vôo a pressado ;E fa zer que el l e me tra gaO u tra vez o meu reinado :

Não p eço bru xosprestig i os,Basta ou v ires meu a lv itrePõe ru a da Ata l a i aNa c a l cada do Sa l itre :

Prepa ra fa rta v ingançaA m eu s c om pridosjej uns;Lança em nome da a m i zade ,Ma isnozes a osteusperuns ;

Lance fum o fa c a tintaNasv íctimasdego l ladas;B evôem pel o qu inta lAs p enna s ensanguentada s ;

Tornem a da r os teu s l a resGu a rida á m inha desgra ç a ;Tornem a ter teus am igosPo l ido Isidro de gra ça ;

Vae na franc a , la u ta mesa ,Versos ou v indo

,e tecendo ;

Entre asmusa s , entre asgra çasVae

, a rir,empobrecendo ;

Correntesdo Dou ro,e R h eno

Esc a ldem meu estro fra c o ;Abram-me o temp lo de Ap o l l oAtrev ida s mãosde B a c cho ;

1 ) O a u ctor j anta va m u itasvezesna ru a da A ta la i a em casa do am igo , a qu em escreve oqu a l se m u do u pa ra o Sali tre.

2 ) Casa de [ni sto .

110

_ w

l”

So l te o rosado ta fu lA fa lsa eloquenc ia su a ;E m a rche pel assc ienc i asComo ma rcha pel a ru a :

E a lma'

das c ompanh ias;Alegresmesas governa ;Depo isde esta r assentado ,Não c on ec o m elhor perna :

Tomando amo l ada fa c aTeu s isudo c a p itão ,Nosdemonstre, sobre u m lombo ,A guerra do R ossi lhão .

C oxea u a .

AD. Catharina llí chaela deSouza , depoisda guerra de1801

Qu ando de m eus la rgos annosR evo lvo a c hroni c a antiga ,Vej o m il ou trasjdesordens,Porém não vej o um a briga .

Zunindo a o sa i r da eschola

A usada m u tu a p edrada ,E ra meu pa i z neu tra lA prime i ra aberta esc ada .

Se em honra de l indos o lhosNa esqu ina o lenço p u xa va ,Em vendo bri gão c adeteLogo o c ampo lhe l a rgava .

Ju rando um odio eternoA tu rbu l entas panc adas,Asque l eve i e asqu e deiForam só pa lma toadas.

D ,

a qu i,senhora

,vereis

Qu a l eu tinha o c ora ção,

Vendo o flagel lo da gu erraDentro da m inha na cão .

Gu erra, detesta vel a rte,

Esc a rneo da humanidade ,Que a riosde sangu e hum anoP õe nome de hero í c idade !

— 113

Eu na o v i em c amp o a rmadoFu z i la r c ru enta espada ,Não v i c ontra inerme pei toAc cesa boc c a a pontada .

Mesmo entre os c a ros pena tesAc erbosm a l essoti ria ,Unseffeitosda verdade

,

Ou trosda m elanco l i a .

Já nie su p punha ma rchandoC om ferru genta esp inga rdaUm dosbu rl escosso ldadosDa herege p a í zana gu a rda .

Arrostando ventos frios,Me p inta va a fantasi aConsti pada sentinel laA porta da c ordoa ria .

Outra s vezesj unto á m inhaS u p punha imm iga fi lei ra ,Pedindo c om a rma a c a ra

C astí c aese c a fete ira .

Vi a desgrenhada irmãEntre fisc a esa trev idoslr tirando dasroup inhasOs ta lheres esc ondidos .

Vi feroz ba rba ro esbi rroAl çando fa taesdesp a chos,Pa ra l eva r-me depressaOsmeusva ga rososm a chos.

Ví c om pei to enternec idoMeu a lva r, masbom ra p a z ,O q u a l vei u despedi r—seC om seu tio c a p a ta z ,

— 114

Grossos sa pa tosas c ostas,

R usso cha peo desabado ,O lou ro na scente bu ç oDe gra to

'

pranto banhado ,

Chora r sobre a mão am igaQu e lhe leva pa ra a terraNí za ta l, qu e p a rec ia

Já um effeito, da gu erra .

Contra m im ta em G a llizaDa r a o ma tador fu z ilPobres hombrosqu e c rescera mDeba i xo do meu ba rril.

Entretanto i l l u stre m a oDi tosamente a l c anç a vaFa zer-me c essa r osm a les;Qu e eu v ia

,e que ima g ina va .

A p a z , fug ida p a zAssu asvozes c edia

,

E p a ra os c amp osde Ma rteAsbranc as a zas a bri a .

Em qu anto formososdiasOsm ansos a res fendendo ,A a c a ba r—lhe digna obra

De ou tros c eosnos vem descendo

Abra ç a o , senhora , e eSposo ,C uj as ra zões p onderosasMerla es sustosdissi p a ramA tantasmães l a c rimosas.

C inj am demoradosbra c os

O fel i z c onsorte am ado,

Qu e. entre nos i l l ustres tec tosDe o l i vei ra c oroado .

— 116

Resposta a uma carta , queemboa poesia c itava o auctorporunsversos

que tinha promettido

A tu a po l ida ca rta ,Que honrou um p oeta ra so ,Escrip ta em pu ra linguagem ,

E assignada no Pa rna so ;

Da ma is inj usta amb i ç ãoTra z testímunhos fi eis;P ossu esgrossos thesou ros,E c i tas—me p or dez ré is?

Qu em de doc e Ana creonte'

Bebeu o esti lo div ino,

Qu er p rostitu ir seus o lhosC o

º

astrovasdo To l entino ?

Pago , em fim,div ida lou c a ;

Ma s q u em qu er pontu a l idade,Cu ide tambem em paga rAs dív idasda am izade ;

Sabes qu e intento impr im ir ;E p orqu e o p ovo não fuja ,Sab io am igo , emenda , risca ,Põe sabão na rou pa su j a :

Não te vendo fa lso inc enso ;Esj u i z da c onfra ria ;Oxa l á qu e a ltosnegoc iosSe tra tassem em p oesi a

:

-A p a z , a fug ida p a z ,Vo ltara seu a lvo co l lo ;E dera brandos ou v idosA branda lyra de A p o l lo :

Resisto humana c a beçaA m a isdi screta ra zão ;Mas a o poder da ha rmoniaNão resiste o c ora cão :

Fa ze , po i s , o que eu te peço ;Qu e inda que ha vo tosdiversos

,

Se lhe pões a tu a l im a ,Quem m ordera nosmeusversos?

Dá-lhe, depo i s , teus louvores;Compra ra toda L isboa ,Se uma vez te ou v ir di zer :« Que c omprem , que a obra é boa .

Fa rta —me a bo l sa ; e se qu eresVer tambem m inha a lma fa rtaManda ri quezasde AthenasEmbru lhadasnlo u tra c a rta .

118

Tendo mandado uma dama ao a uctor vinho da Madeira , com uma carta em boa -poesia

Um hum i lde adm iradorDa vossa bondade, e esti loBeij a a ca rta p rec i osa ,Que ve iu honra l—o , e instru í l—o :

Desde hoje,do mestre Hora c io

Minha a lma a l i ç ão escusa ;Qu i z a m inha bem feitoraSer tambem a m inha musa :

De fino l ic or m andastesA m inha c a va p rover ;A vossa mão generosaSabe da r

,c om o esc rever :

A p a rc a m esa a ssentado ,Em v inho

,e c a rta pegava ;

I a bebendo , i a lendo ,E tudo me embebeda va :

Deixe o velho Ana creonte,

Hoje mettído '

a um c antinho ;S u a mesa nunc a teve

T ão bons versos,tão bom v inho :

1%

O tal Hora c i o enganou-se ;Na o c onheceu a p a rre ira ;Não se cham ava Fa l erno ;Se era bom ,

era Made ira :

E bom ,mastira o ju í zo ;

Mandae—m o , em vez de e beber ;Não se a rri squ e neste j ogoQuem tem tanto qu e perder .

Pedindo-seao auctoruma glosa

Menino,di zer fineza s ,

Só o p rep rio p retendente ;Amor não pôde im ita r—seSó o p inta quem e sente :

Se adora a lgum a Ner ina ,Se é pa ra ell a a ta l g l osa ,Qu e vão fa zer osmeusversos,Onde esta a su a p resa ?

Al ém di sso,essa fi gura ,

Fa c es tem as,e coradas

,

Fa llam m a isdiscretamente ,Que m il c antigasg losada s ;

Lenço nasp onta s bordado ,C ip ó , tísi c as fivel as,Sobre fum c orp o assim ta lhado ,Se eu gósto , que fa ra o el las?

Versossão mu i fra c a s a rm asPa ra vencer c ora ç õ es,E c l a ra a l etra redonda

,

Lei a a v ida de C am ões:

S u a div ina p oesi aTeve m u i c u rtos p oderes;Tra ta ram—no ma l os hom ens

,

E inda peior asmu lheres:

Po is entra de amor na estrada,

S iga nº

ella ou tro fa ro l ;Embu c e—se a um a esqu ina

,

So ffra chu va,soffra sol :

1%

O tal Hora c io enganou-se ;Na o c onheceu a p a rre ira ;Não se cham ava Fa l erno ;Se era bom ,

era Made ira :

E bom ,mastira o ju i zo ;

Mandae-mo , em vez de o beber ;Não se a rri sque n

º

este j ogoQuem tem tanto qu e perder .

— 1QQ

Erga a l l i o a lta r do amor ;Queime a l l i hum i lde inc enso ;Suba a o a lto do c a poteB ranc o

,a l cov iteiro lenc o :

Que importa qu e ossa pa te irosDem assob io insul tante,Se osnegoc io s vão m a rchandoC om passadasde g igante?

Cem vezes na m esm a ta rdeP i ze esbelto a feli z ru a :

Alhe ia s c adei a s de a ço ,R el og i o de ho l landa c ru a :

Vá p or a qu i , qu e por versosDá em vão lou çaspassadas;Sa o divertimento inuti l

,

S a o ash istori asdas fada s :

Inda que pa ra c anta l—osLhe desse Ga rção a l yra ,Com o ha o de c rer—lhe v erdadesNa l inguagem da mentira ?

Sej a a cerrímo chorão ;Pranto entendem ra p a riga s ;Fa ça em lagrima s seu fundo ,E não o fa c a em c antiga s :

P a lêe co'

estes remedi osPo isna o tem o verdadeiro ;E el l e a qu i em segredo )O m i lagroso dinhe iro :

Mas se te ima em pedir versos,

E c onselhos na o su pporta,

Então perdoe,meu menino

P ôde ba ter a ou tra p orta .

A uma dama queem bonsversospediu a o auctor a satyra do Velho

Senhora,o qu adro pedido

Na o estava retoc ado ,Masbrevemente o remette;Deixa e isso a o meu c u idado :

Mostra os errosda velh ic e :

P oe a lgunsvelhosa rasa ;Custou —m e p ouco a p intu ra ,P or ter as tinta s de c asa :

Que j a um am igo o v iu,

E u,senhora , vos c onfesso ,

Porém m ostrei—lho inda em c a lvaComo eu tambem lhe a p p a rece :

Vósseisde ma is c eremoniaE pesa es c om m a isrigor ;Tem í

, qu e sem ri r c ª osversos,

Só vos v issem rir do a u c tor'

Tómo ou tra vez o p incel ,Vou -lhe p ôr a ttenta m ão ;Abençoa re i meu tra ba l hoSe lhe derdes p ro tec cão :

Po isque a deve o sangu e i l lustreTem do i s direitosmeu c aso ;Porque a peç o a u ma fida lga ,Que o etam bem no Pa rnaso :

De tão a lto voto esp ero ,Qu e gera l favo r me tra gaA unsversos

,que antesde l ides

T iveram tamanha paga .

A o favor de mi

espedi rdes,Honra , que eu não m erec i a

,

A junta stes o thesou roDe m ªo s pedi r em poesi a :

Que fa c e is, que amenos versos !Tra zem dasmusas o ba fo ;A m ora l o s fa z ser vossos

,

Que qu anto a o m a issa o de Sa pho :

Só na p intura dos annosErrou essa m estra ma o ,Porque inda qu e era em poesiaFo i puxa r mu ito a fi c ção :

A doc e , egu a l ha rmonia ,A ima g ina ção fogosa ,Dep ozeram c ontra vós

,

E vos chamam m entirosa .

Se occ ulto, p hysi c o a c aso

Branqu eou uns fi osde ouro ,Vosso v ingador Apo l l oOs c obre de myrto , e l ou ro :

Qu em m a rcha a o lado dasGra c a s ,Não sabe o que é fr ia edade;Deixa e-me di zer a m imEssa funesta verdade ;

E em m im que o vora z tempoJá emp o lgou a mão forte ;Se inda me m exo em p oes ia ,E j á c oªa anc i a da m orte;

Ao juizdo crimedeAndaluzdando-lheestepartequeestava para casaremostrando-lheversosquefizera a noiva

Manoel,muda o c u idado

,

Aba fa essa chamma a rdente :Não fa l la um sa o a um doente ;Fa l la—te outro exp

ª

rimentado .

Já serv i a o deusde engano ,Forte c om força s a lheia s

,

P assei nas su a s c adei asA p oz um anno eu tro anno .

P rometteu —me a l to favor ;Mas sabe

,po i s qu e c om eça s ,

Que o que tive das p rom essa sForam l a gr im a s e dor.

Não te dei xesengana rDe resto brando

,e sereno :

Tempéra em riso o veneno :

Afa ga pa ra m a tar.

C om m il m odos a ttra c tivesCham a a cega , e inc a uta gente :Lança-lhe du ra c orrente

,

E esc a rnec e dos c a tivos.

Com o tra ta os infel i zes,

Que andou am imando,

Meu p eito to está m ostrandoN

i

estas frescas c i c a tri zes.

— 127

A té em c ousa s de petaQu er m ostra r o seu r igor :Fa z entra r ni um prosadorA m ania de poeta .

Mas esses l a çosque tra zes,Dom d

i esse deu s inim igo ,Ta lvez qu e sej am c a stigoD

ª

ou tras prisões , qu e tu fa zes .

Fere a mu itos tu a ma o ,Inda “

que tanto a reprimes ,E vens a pa ga r teu s crim esCom pena de Ta l ião .

Aconselhando a um cabelleireiro quedehuxava etocava bandolim, quenão continuasse

a fazerversos

Po isque o ta l ento inqu ietoA té em p oesia provas,E qu eres asma i s desgra ç a sAj unta r desgra çasnovas:

Po i s que em ga l antes c antigasTeu riva l p u zeste raso ,E c oroado de trovasVás entrando no Pa rna so ;

Quero em trevasa v isa r-teQu e ha ba i xios n

i

esta ba rra ;Vou ser pregado r trov ista ,Vou ser um novo B anda rra ;

A oc cup a ç ão do poetaE nobre p or na tu reza ;Mas todo o o ff i c io tem esses

,

E os deste são a p obreza :

Os dentesdo bom Cam õesSej am fieistestemunhas;Mu ita s vezes esfa imadosNão a cha ram senão unhas:

Dep o isqu e seu s frios o lhosSe fecha ram no hosp ita l ,Logo as fi lha s da m emori aLhe ergu eram busto imm orta l :

Mil vezes tra vessasmusasDa ba i xa obra o desv iam ;E m ostrando—lhe o tinte iro ,P ós, e banha lhe escondiam :

Masde qu e servem ta l entosA qu em nasceu sem ventu ra ?Va le ma is, qu e cem sonetos,

A peior pentead-u ra .

Am igo , vamos errados ;Esc o lhemosmu ito m a l ;E o fado dospoetasNão p ro fessa rem rea l :

Pega no pa rdo ba ra lho ,E sobre a c ama assentado ,F isga asb isc as c onhec idasA o pa rceiro desc u idado :

— 132

Pou ca s dam a s a c onhec em ;Se a pedem

,e se a festej am ,

Gostam de que não entendem ,

Pedem o que na o desej am :

Inda qu e p or moda qu erem ,

Que lhes rep i tam versínhos,

Tem por m oda s de ma i s gostoConvu l sões

,e j osésinhos:

Um a Venus me pediu,

Por quem inda eu hoj e p eno ,Que lhe fi zesse um soneto

,

Inda que fosse pequeno :

D inhe iro,inv ic to dinhe i ro

,

seem ti é qu e eu me fundo ;Tens o dire ito da força ,Es tvranno do mundo

Am igo , esc o lhe um pa ra lta ,Corpo esbelto

, p erna tesa ,O cha peo toc ando asnuvens , .

As fi vela s a m a lteza ;

Ornem-lhe l ouros c anudos ,Pendentes c om egu a ldade,Tenras fa ces, ondem oram

A sa ude, e a m oc idade ;

Chegue a boc c a rub icundaChei roso lenço ani lado ;Deb i lhetinho discreto ,De u ma novela fu rtado º

Põe da ou tra pa rte um g inj a ,F ivela de ou ro no p é,B om vestido de lem iste,B oa me i a grudi fé ;

1 Certo vestu a ri o .

— 13'i

Sendo o auctor convidado para em ir cantar uma senhora

Nunc a ,v i essa senhora ;Mas p a ra saber qu e encanta ,Ou sej a boni ta ou fei a ,Basta—me sa ber que c anta .

Tambem na o sei do seu genro ;Mas a inda a ser feroz ,Não imp ortam mas pa l a vras

,

Se el l a tiver boa voz .

Inda no c aso de fei a,

P or c anta r agrada ri a ,

Mu i tas vezesvôa am or

Sobre as a zasda ha rmonia .

Masda ta l nymp ha encobe rtaQu e a lma fi c a ra segu ra ,Se a lem do dom da ha rmoniaT i ver o da formosura ?

Fa l le nº isso quem o sabe,Que em m im so fa lla o desej o ;P or m inha grande desgra c aNem a ou c o nem a v ej o .

Só sei que, se tem a moresNão lhe ha de fa zer tra ição º

Q uem é Candida no nomeDeve-o ser no c ora cão .

Desculpando—seo a uctordenão i ra unsannos

Senhora,em honra do dia ,

Esforçando a m ão p esada ,Tomo lyra , ha l ongo temp oAo s i lenc i o c onsagrada ;

E em quanto lhe a limp o as c orda s ,Que bo l or a osdedosdão ,E a ta rantadas a ranhas

D espej ando o b'

êc o

Cªos o l hos a o a r a leadosA m inha m usa pedi aMc desse -sonoros versos

,

Dignosde A p o l lo , e do dia

— 136

Que me ensinasse a l ouva rO di toso nasc imento ,Q ue ao vosso bri lhante sexoTrou xe m a is u m o rnamento ;

Que p intasse a l oura VenusVosso rosto ba fej ando ;Qu e me

'

m ostrasse as tresGra c a sO ri co berc o emba l ando ;

Que me ensinasse a canta r,

C ing ida testa de l o i ro,

Uns c l a ros, trium phantçs o lhos ,Uns finos c abel losde o i ro ;

Que me fi zesse a u gm'

a r,

Rasgando a o fu tu ro o veo,

Amor c onsa grando assei tas

Nos a l ta resde H ymeneo ;

Mas asmusas,c om o asnymphas,

Tem p a ra m im os p ésm anc os;Fogem de tremu las vozes,Tremem de Ca bel l osbrancos:

F i quei,po is

,desampa rado ;

E merecendo desc u lp a ,De não vosm anda r bons versos,Pec o perdão ; sem ter c u lp a ;

Sei que dev ia i r pedil-oRespei toso edi l igente;Mas im pede-me essa honra

Um defluxo impertinente ;

E qu em em c asa tra z botas,E v inte xa ro pesbebe,

E , q u ando são , são mettidoN um a loj a di

a tg ibebe;

Se fosse em tempo invernosoEntra r na i l l ustre assembleaC em leve

,ingleza c asa c a

,

F ina , transpa rente m e i a ;

Sem a c a ba r c omprim entos,Logo . o c orpo a rri p i ado ,G e lada a voz sobre osbeí c os,Ca iri a c onstip ado ;

E o Ma rc os , la rgando osbules,

Pondo velho em quentes p annes,Entre os a pp la usesdosvossosP ra gu ej a r i a osm eus annos:

Vossa bondade não querPô r o corteza o em risc o

,

De ir c om hab i to de Ch r isto,

E v ir no de São FranC isc o :

A c ceita e dª

ah i m eusvotos ;Da qu i a mão vosbe ij e i ;E dosdoc es que na o c omo ,Dom ingo me v inga rei ;

Da rei esc umantes cep osA o perum e a osmôlhosseus;Brinda re i osvossos annos

,

Tra tando mu i bem dosm eus.

138

tltlerecendo um perum em casa ondetodososdomingosdavam ao auctorestepra to

Senhora,tambem um di a

Entra rei c o ºa frente ergu ida ;Não serei na v ossa mesa

Dependente toda a v ida ;

Nem semp re aba tido pej oD irá nªesta '

c a ra fe iaQu anto doe a u m pei to a ltivo

Ma ta r fome em c asa a lhe ia :

A iroso, gordo p eru

'

m,

E meu soberbo presente ; “

T ra z inda as p ennasm o lhadasCª

o p ranto da m inha gente:

—1 ÍrO

Cu rae todos osdom ingosA m inha doenç a interna ;Sobre a mesa m ila grosaSej a esta a ve

,uma a ve eterna :

De outra qu e finge a p oesia ,T roc ae em verdade a p eta ;E sej a um negro perumA pheni x di este poeta :

Na ondada , p i a toa lhaCo

a benção da vossa m a o

Seus frios, desp idos ossos,

De c a rne se c obrirã'

o :

Consenti , que este ôco pe itoAo prodígio se c onsa gre ;E qu e dentro em si c o l l oqueA mór pa rte do m i lagre ;

Qu anto a o padre pregador,Meu voto é não c onvida l—o ;Porqu e ha de comer o assump to ,Mu ito melhor qu e préga l—o .

1 ) C a pellão da casa .

- Ml

Agradecendo algunspra tos, quedespertaram a vontadedecomer

Senhor,a dada perdi z ,

A c erej ada e fresqu inha ,Vein_emenda r osestra go sDa enj oa tiva ga llínha :

Esta a ve é sempre odi o saA melancolic osdentes ;Fa z l embra r ul timos c a ldosDe j á perdidos doentes :

E,a l ém disto

,um c ruzado

Fug ido do mea lhei ro ;Este meu m orta l fastioCustou ri o s de dinhe i ro

Masda vossa lauta m es aBoc adosmedí c ínaesForam tão bem a p p lic ados,Que me cura ram de ma is :

Venc eu vosso c oz inhe i roO tal fastio crue l ;Meu estomago j á p odeMec a s c om frei Manuel :

Mas, senhor , vossa p iedadeVáe ser—vos um dom fa ta l ;Qu izestes fa zer um bem ,

Que redunda em vosso m a l;

MQ

Fi zestes nasc er a fome,E a fom e pede m antença ;Se a deixaes entregu e a m im ,

Pôde morrer a nascenç a :

A .vessa fi lha amp a rae;Não ede pe itoshonradosPôr as su a s c rea tu rasNa roda dosengeitados.

Em soando asdu a s horas,Sabe i qu e esta c a ra m inhaTem l ongos, áv idos o lhos ,Fitosna vossa c oz inha :

E u não vou ,porqu e inda fra c o

,

Indo a rrosta r a r delgado ,Antesde m a ta r a fome

,

Morrer i a consti pado .

Que em meu c a pote a ba fada sEsta s guelas fel i zes ,Em vez de c o zerem lymphas,Estão a rmando ás perdi z es.

Senhor, na o devea ta lha rE ste c onj urado assedi o ;Porqu e era prova r doença ,Ingra tidão a o remedi o ;

Só digo , que na o ganhaes,Dando ouv ido ásvezes su a s ;Aqu i da es—me u ma perdi z

,

E se lá vou,ti ro du a s .

1415

Estando o auctordoenteemandando pedir algumpra to 5 mesa aondejau tava um leigo

arrahí do vesgo, quenunca tevefastio

Um estom a go c ançado ,De c u j a antiga ru ínaTem sido c anº asegu a es

A mo l esti a e a medi c ina ;

Que tendo em si dos tres reinosAs perigosas heranç asSó não bebeu dasboti c asOs São Migu e i s , e asba lanç as;

Um estomago sem fo rç a s ,E as lei s gera es infiel ,One não traba lha em diamante,Como o de frei Manuel ;

One não tem , c omo este padreTanta fome obediente;E o lha j á p a ra a ga llínha

Como el le o lha p a ra -a gente ;

Pa ra emenda r semra zoes,One fa z a rte e na tu reza ,

Vae, fu g ido das bo ti c as,A co u ta r—se a vossa mesa :

— ld6

Mil vezesp or ou tra c a usaTeve a honra de busc a l—a ;Indo então p or m a ta r fomeVae hoje p or desperta l-a :

Perdi z,ou branda v i tel la ,

São di

este remedi o o nom e ;Da vossa eS plendida mesaSej a el og i o uma fome ;

E porq u e , o p adre e não sa iba ,Será a m elhor c a u tel a ,Manda r tira r a igu a ri aQu ando el l e o lha r pa ra ella .

— M8

Deba lde a lteas as a nc asEsgu ias, e enganadoras;C o

º

a svelha s a lgibeirinhas'

,

Que vão dei xando as senhoras:

Amor , fing indo dota r—te,Te p oz , c om tra idora mão

,

Junto dosdentesde neve,

,

Fa c estintasde c a rvão .

Inda qu e anc ra o pesado ,Desp rezo teus vãos intentos;Deba i xo de m a rchas c ansNutro a l tivos pensamento s :

Vej o qu ebrada m adei xaJá tornada em gelo fri o ;Tudo o tempo me levou

,

Masna o me l evou'

o *brío .

Deba i xo da zona a rdenteJura r—te—hi a am or e fé ;Masnão tem cu l to na Eu rºpaAs de idadesde Gu iné :

Se ás vezes te ponho os o lhos,

Não é de am or signarcertoSão desej osde l eva r—teA c a sa de João Alberto.

A engomm ada c asa qu inhaTe desc obre nova s fa l tas;Pa ra ou tro c orpo fo i feita ,D i zem—no as fei ç õesma is a l ta s .

Ja ni

ou tros pes teu s sa p a tosSoft

'

reram do tem po o a ceite;C anç ada , fendida seda ,,Mostra dedos c ôr da no i te.

A Com pra dor e contra ta dor de pretas

1719

E po isque a amor qu eres da r-te,E u te a p onte um c ha fa ri z ,Onde a c hes dignos am antesAssentado s em b a rris:

Acha rás o p a e Franc i sc o ,Homem a bu lhas c ontra rio ,Já du asvezesj u i zNa i rmandade do R osa rio :

Acha ras o forro Antoni o ,Que o taba c o e v inho enj oa ;E tem nos c a lmososj unhosCa iado mei a L isboa :

Veras esbel to c ri o ilo,

Dado a o vento o p e i to nú,Levantando a i rosossa l tosNo m anej o do bambu;

Que áv idos c ãesenxo tande,Tem

,c om bra ço a rrega çado ,

Nas erm as p ra i asdo Tej oCem c a va llosesfo l ado .

N estes,va idosa Dom ingas

Assenta bem teu am or ;Chovam settasde teus o lhosEm pei tosda tu a c ôr :

Váe da janel la da esc adaA co lher, com doce a grado ,Ossusp i ros que te env i am ,

A o som do lendum chorado :

E dei xa de a torm entar-meC om tu a s l o u c as ideas;Tambem sinto dores p i op i ias,E esc u to p ou c o as a l hei as.

"

S im ,Dom ing"as, nósma rc hamo s

Na mesma infel i z estrada ;E do amo r

, que eu te nãe'

p age,Assa z estasbem v ingada :

T u p u zeste em m im teus o lhos,E eu fu i p ôr em Ma rc i a osmeus;Q ue me p aga m i l extremos,Assim c omo eu p a go os teus:

Ma rc i a , que em a l ç ando oso lhosMil settasn'esta a lm a c ra va ;E em c uj a c asa

'

tu tens

A di ta deser esc ra va :

Tens-me a m im p or c omp anhei ro ;Temos 0 mesmo senhorT u

, p o r c asosda fo rtuna ,E u

, p or c astigo de amor :

—13 t2

E po isç qu e o teu c ora çãoSómente é ba i xo , e grosseiro ,:Em preferir l iberdadeA tão fel iz .c a p tiveiro ;

P or amor serei m esqu inho ;Meu s gastos verás c orta r ;Pa ra aj unta r-te qu antiaCom que te possas forra r :

Chei a de teus benefí c iosM inha mãe a gradec idaTe i rá

"

p ôr em la rga pra c aR endoso modo de v ida ;

E a ssentada em novo estrado ,De fasqu iada madei ra ,Ondeando a o som do ventoTremnlo tec to de esteira ,

Teus negros, a irosos bra co s ,Choc a lhando um assado r

,

Encherão fam intos pei tosDe c astanha s , e de amor :

Terásboj udas tigela sSobre incendidos ti ções ,Onde fervam em c a rdumesSa borososmexi lhões:

Teusdoc es, sonoros echosSem m entir, a pregoa rãoO a ze i te de Santa rem ,

O c ra vo do Ma ranhão .

Dom ingas, segu e este rumo ;Qu e teu a mor relou c ado

Sem te fa zer ventu rosa ,Me deixa a m im desgra çado ;

— 153

E se sem dó dosmeus a is,

Teimasnosproj ec tos teus,Fa l lando nosteus amores,Em vez de fa l l a r nosmeus;

Troc ando bo a am i zadeP or entranhado ranc or,Vou descobri r teus intentosA teu a ustero senhor ;

Que em ze l o honroso intla mmado,

Sem ser prec iso a tiç a l—oVae a c asa do La gei aTroca r-te p or u m c ava l lo .

1 Co mpra dor.

— 15&

Na occasião em queo a uctor ia ver o l'

ara tojo

Meu am igo , du ro a m igo ,”

Fa ta l , rí gido / banquei ro ,Motivo dosmeus peza res,Herde i ro de meu dinhe i ro ;

Em ta es termosme deixasteQue sou d

i

este rancho o noj o ,E co

i

as l a grimasnoso lhosPa rto pa ra o Va ra toj o ;

P or ti fi lho da pobreza ,Irei ser nºa quelle m a to ,Qu a l fo i São Sebastião ,Não na v ida , m asno fa to ;

Váe tu segii indo a fortuna ,E l eva a bande ira a l çadaDe ta rde na la rang inha ,A no i te na a rrenegada ;

— 156

Adosolhos

Os teus vencedores o lhos,

Que honra á natureza dão ,S ão a obra ma is p erfeita ,Que sa iu da su a m a e,

Caem chuveirosde sottasSobre m il adoradores,Quando a lçam as p estanasTeus olhosenc antadores.

Seu o lha r m odesto e brando,

S ua gra ve form osu ra ,

A inda em p e itosde bronzelnsp ira ria ternu ra .

Masda ingra ta na tu rezaDesegu a es as obrassão ;Qu e imp orta da r-te bons olhosSe te deu máo c ora cão ?

Zombando de ternos a is,A teus pés vêsderrama rPu ras l a grim as a rdentes,Que na o qu eres enxu ga r .

Ma rc ia ingra ta , ouve os meusvotos,Cede uma vez á ra zão

,

O m a l que fa zem teus olho sPagu e—m o o teu c ora c a o .

Mas fa l l o a su rdos ou v idos;A na tu reza severa ,A qu em deu o lhosdi um anj o

,

Deu o peito duma f .era

à esquivança de Laura

Cora ção tr iste , em qu e cu idas?Que é d

'el la a tu a a l egria ?Po r qu e c a usa ass im te entregasA negra m elanc ol ia ?

A revezes c o stumadoT riumphavasda tristez a ,Hoj e te vej o a ba tido ,Ver de dia a lu z te p êsa .

Quanto amo r é tri ste! Aquela ]A quem c om tanto a lvo ro çoJulgava s ser mór ventu ra ,Fo i o teu ma ior destroce.

Antes La u ra nunc a'

vi ra s !Nem eu infeli z seria ,Nem seu pe i to delic adoNota de c ru el teri a .

D'

ambos a sorte c ontra riaQu i z da r ca usa a meus c uidados

,

El l a soffre a m inha te ima ,

E u s into os seus desagrados

O peior é qu e eu na o posseDeixa r jama i s de adora l-a ;D'

el la,qu em sabe se amo r

Inda poderá muda l-a .

Ah ! que a ssim é que el la enga naPeitos desa percebídostVáe su stentando esperancesInda a pesa r dossentidos .

158

Que mons tro seu eu tão fero lDu v ido

,m a ior nasc esse ;

Po i s entre todos os homenssea m im La u ra a borrece.

Masnão é esse o motivo ,E só zm ínha dura estrel la ;Logo quando nasceu La u ra .

,

P or meu ma l nasceu tão bel la .

Em m im a'

mor qu i z v inga r-seDa fa lta dªidola tria

,

Po is a adora l—o em seu temploE u não tinha , entrado um di a .

No tou el le este desprezo,

E che io d'enfado . e di iraA os o lhos vôa de La u ra ,E de l á feroz me a tira .

Fo i deba lde a resi stenc ia ;Depo isdas forçasunida s ,Pa ssou do p eito a offensa ,Encheu—m,

o de m il ferida s .

Vingado logo se a usenta,

Sem que ma is o odio dei xasse;Ah ! que importa va v ic tori a ,Se amor em La u ra fi c assel

Desde então as c ru e isdoresS into no ra sgado p e ito ;E se La ura me não va le,Toda a cu ra é sem effeí to .

Masdi el la que espera r p osse,Se gosta do meu tormento ?O meu ma l é sem remedio ,Em vão p roc u ra !-o intento

Eu bem sei que os seu s desp rezosServem de amor á v ingança ;Mas ta lvez que inda e l l e mesmoCastigue a sua esqu i vanc a .

Va l e-se amor da bel l ezaPa ra castiga r a offensa ;Masnão qu er que .o instrumentoDe seu poder na o se venc a .

Em fim, c ora ção,j á a gora

Destinei a m inha sorte ;_Ou eu hei de vencer La u ra ,Ou me da rá La ura morte.

NasCaldasda Ra inha

NasCa ldas, nastri stes Ca lda sAlegria v im busca r ;Qu iz de no ite ver o sol,Qu iz a cha r fogo no m a r;.

Olhosmeus, cansados olhos,G _ oesse optem e

'

chora r .

Que importa muda r de terra ,E ba ldados pa ssos da r,Se a toda a pa rte a que osvoltoVáe c om igo o meu pesa r?

Vejo p a llidosdoentesPela c opa p assea r ,Ou ço de antiga s m olestia sTristes effeitos c onta r .

Vej o nas férv idas a gua sM irrados c orpos banha r,E deba lde a ossurdos c eosConvu lsesbra c os a lea r.

Vej o de p erdido p rantoTri stes a is a c om panha r,C om as lagrimas a lhe i a sVou , asm inhasm istu ra r.

Que imp orta ver nympha s bel las,Se a c resc entam m

'

eu pel a r?Gostam de a ttra hir os olhos,E as a lma s '

tyrannísa r.

166

NasCaldasda Ra inha

NasCa ldas, nas tri stes Ca lda sAlegria v im busca r ;Qui z de no ite ver o sol,Qu i z a cha r fogo no ma r;.

Olhosmeus, cansados olhos,O_vosso o,?i czo e

'

chora r .

Qu e importa muda r de terra ,E ba ldados passosda r,Se a toda a pa rte a que osvo ltoVae c om igo o meu pesa r?

Vejo p a llidosdoentesPela cep a pa ssea r ,Ou ço de antigasm olestia sTristes efi'eitos c onta r .

Vej o nas férv idas a gua sM irrados c orpos banha r,E deba lde a ossurdos c eosConvu l sesbra c os a lc a r.

Vej o de p erdido p rantoTri stes a is a c om p anha r,C om as lagrimas a lhei a sVou , asm inhasm istu ra r.

Que importa ver nympha s bella s ,Se a cresc entam m

'

eu peza r?

Gostam de a ttra hir os o lhos,E as a lmas tyrannisa r.

— 161

A o som de feridascordasDa o doc es vezesa o a r

,

Qu aes enganosa s serêas,Que c antam pa ra m a ta r .

Se o meu pobre cora c a oSe de ixa uma vez toc a r ,Com esc a rneos, c om risada s ,Meu pranto vej o pa ga r .

Fa rtae—vos, po is, olho s meus ,De lagr ima s derrama r ;Vós na sc estes pa ra tristes ,E esc olhestes o logar.

Olhosmeus, c a nsados olhos,O

vosso olhem e'

chora r

NasmesmasCaldas

Não ha nasCa lda sMel anc o l ia

,

Dão a l egriaOs a res seus .

Negra s tristezas,A deu s, adeu s.

Sara -me a terra ,E na o as a gu a s :Não curam ma geas

Osbanhosseu s .

Uns lindos o lhes,Qu e o dia a c l a ram

,

Afugenta ramOs m a lesmeus.

B randessorri sosA fu rto dadosFa zem dou rados

Osdiasmeus.

Se entra nosbanhosMa ri l ia bella ,Entra com el laO cego deus.

Al l i temperaNas a gu as p uras

As p ontasdu ra sDos ferro s seus.

L ilia perjura

Voae, susp iros ,Nos va gos a res,Uni c o a l l iv ioDosm eus pesa res .

Fostes de L i l iaA gasa lhadosQu ando o qu í zeramBenignos fados,

, Quando em seus olhosThrone dasGra c a s ,T inham a brigoM inha s desgra ç a s .

Hoj e ensurdec eA m eus c l amores,Toma por c rimeTernos amores.

O lhos p iedososLhe v i a l ça r ,Fi ei s amo resLhe ouv i ju ra r.

Foram nas a zasDosmansosventosOsmentirosos ,Seusj u ramentos.

—165

R iva l ditoso ,Tensm al segurosDe Li l i a os votos,Votos perju ros.

Fra gosasp enhas,Ermos rochedos,Q

ª

ou trºera ou v istes

Nossos segredos,

G u a rdae o nomeDe L i l ia

,bella ,E osva ossusp i rosQue eu dou p or ella .

166

A uma ingra ta

No S aero [eu

Que ampr

M inha a má áfii ic taFu i immola r.

Na ru iva ma ,

Qu e si lva a do ,A má detendoJu re i e amár.

Fum oso sangue,Ma l findo o voto

,

De peito roto

Vi gotej a r

D'

a lma op p rim ida

A insana penaCansou —lhe HelenaQue soube ama r

Nos fidos pe i tosO m orto lum eNegro c iumela a teia r.

Vu lca no fereAnte Ma vorteO riva l forteNão pôde o lha r .

Dosdesp rezados,Qu e soffrem tanto

,

O rou c o prantoFeri a o a r.

168 —ª

Conhec e a amadaO infel i z erro

,

Ousa ímp io ferroEm si cra va r.

Serve—lhe terra

De du ro leito,

Vê—se—lhe o peitolnda a rquej a r :

As perdassombrasQue amor m istu ra

,

Na Estyge escu raVa o a porta r :

Desenru gandoA c resp a fronte,Ledo A cheronteAs fo i busc a r.

E eu c omba tidoDe m il pel a res,Vou pelosa resA susp ira r.

Sei ser-te amante,Sem p rem i osv i vo ,Este o metivoDo meu p ena r.

Vêsm il exemp los,E jam a i s pensasQu e p ôde o ffensasAm or v inga r.

A h ! sê p iedosa :As c ru as penasTorne serenasTeu brando o l ha r.

Q U INT ILH A S

llemorial a sua alteza

Senhor,se não e injusto ,

Que um triste a hnando a lyra ,Entre esperançase sustoAs c ançadas cerda s fi raAnte vós

,princ ip e a ugusto ;

Nosseusque el l a der a o'

a r

Irão m eusa is_de m i stu ra ;

E digna e-vosde escu ta rDesc oncertosda ventu ra

,

Qu e vós p ode is em enda r .

Em nada a verdade fa lto ,

A dor me a v íva a m emo ri a ;E p or não entra r de sa l to ,Deixa e, senhor, que esta h istori aTome o fio de ma i s a l to .

— l7 il

Entrefaxasde pobrezaMeus tristespa esme envo lveram :

Desde então, em cru a em p reza ,

Contra m im asm a osse deram

A fortuna e a na tureza .

Da terna ma e abra ç ado ,Fu i em

'

silenc io p ro fundo

C om triste pranto banhado :

Já antev i a que o mundoT inha m a is um desgra ç ado .

Meu bem p ae deba lde qu i zEnxu ga r-lhe o p ranto a rdente ,Que ell a a l ç ando-me

,me diz :

« Vem,o v í c tim a innoc ente,

De um am or c asto'

e infel iz :

« Toma os tristes c abedaes,Em que teu fado to lança ;Toma p ranto e inu teis a is,Entra na funesta herançaDe teusdesgra c ados p a es.

Mas, senhor, é p ouc o a v iso

Beaes ou v idosmagoa r,M uda r de esti lo é p rec iso ;E se a dor me der loga r,Unirei pranto c om riso .

Depo is"

qu e p l ano c am inheJá meu pé tri lhando vae

,

Pobre a lfa i a te v isinhoDe um c a p ote de meu p a e

Me engendrou um c a p otinho :

Ta lhando a obra,ma ldi z

A empreza que lhe incumb i ram ,

Fez nigromanc í as c om g iz,Sete vezes lhe ca i ramOs oc u losdo na ri z :

— 1 1?

Entre 0 Jota e. o romano,

Qu e differença se a chasse ,T raba lha va hav i a um anno ;Obra que, se el l e a ac a basse ,Fel iz do genero humano !

Em qu anto a m inha a lm a empregoNesta s c ançadasdoutrina sA dou rada edade Chego

De ir ver asvastas c amp inas,Que banha o c l a ro Mondego,

C o,

as cabeçasm a l compostas,

Vej o entre gestose medos ,Mãe e i rmãs á adu ta p ostas;Chov ia m cru zes e c redosSobre asm inhasbenta s c ostas.

Já em ra p idas c a rreira sCa l c a va a rea l estrada ,Sem cha peo , sem estribe irasJá

,a c a tana emp restada

C orta va o vento e as p i tei ras.

Cu rta,embru lhada qu antia ,

Qu e a o despedi r me fo i dada ,Esp irou no m esmo dia ;E fu i fa zendo a j ornadaQu asi c om c a rta de gu ia .

Masj a vej o a branc a fronteDa a l ta Co imbra , fundadaNoshombresde ergu ido monte ;Já sobre a a re i a dou radaVej o a o longe a antiga p onte .

Povo revol toso e ingra toDentro em seusm u ros encerra ;Em vão de adoça l

-o tra to,

Éum tí tu lo de gu erraA chegada de u m nova to

— 173

P ão am a ssado com fel,E envo lto em pranto

,com i a ;

Levei v ida tão c ru el ,Que peior na o a teri a ,Se fosse estuda r a Argel .

Soffri c ontinu a tortu ra ,Soffri inj u riase a c intes;Lanc ei tudo em escri ptu ra ,E nos

,

novatos segu intesFi que i pago , e com usu ra .

Da bo lsa osbofes lhe a rranc oNo fresc o p a teo de Cel l as,Pedindo com geni o franc oDoc es

, gra tu itas tigel a sDo famoso m anj a r branco .

Sete annosde verde edadeFu i mettendo a destra m a oEm multa s desta entidade ;Chamou—se boa fei ção ,Masera nec essidade .

Acha va -me sempre o diaNo tecto os

'

o lhos p regados;A saga z ec onom i a ,Revoando nos telhados,A o c onselho p residia ;

Gemer em segredo p ude ;Que o bom p a e, fa l to de me i os ,Qu anto che i o de v irtude

,

Só manda va nos c orrei osNova s da su a saude .

Qu i z de taes-ondassa i r ,E a lgum bem perto a terra r ;Qu i z a o pu bl i co serv i r

,

E m andaram—me ensina rAs regrasde p ersuadi r.

— 174

Triste,enganosa sc ienc ia !

Dão—lhe l ouvores,m as fa l sos;

D izem que pode a eloquenc ialr ti ra r dos c ada fa lsosA persegu ida innocenc ia :

Que chega de peito a o fim ,

Que a rranca forçado p ranto ;Mas

,senhor

,não e assim ;

Esta a rte, que l ouvam tan ,to

Só me fa z c hora r a m im :

Pende da hora opportuna ;Semella verá rasgadasAssôltasvela s que enfuna ;Arrasta vestesdou rada s

,

E é esc rava da fortuna :

Não a vej o em m im fru strada ,Só porqu e pou ca me c oube

,

De si m esm a e'

m a l fadadaA língu a qu e m a is a sou beFo i em R oma reta lhada .

Dezeseis annosgastadosJá no ingra to Offi C ÍO va o

Tristes versos,m a l l imados

Puz na Vossa a u gusta m a o

Em dor,e em pranto forj ados:

N ,elles,senhor

,vos c ontei

Asm inhas lengas fadigas;Hoj e o mesmo não direi

,

Nem co,

as l a grimas antigasOsvosso s p és banha rei .

Pa ra nova e j usta dorPeço hojea vossa p iedade;P resta e-lhe ou vidos

,senhor,

Funda—se na humanidade,

Merec e o vosso favor.

Antes qu e as força s se «

vão,

E,qu e eu v iva a ga sa lhado ,

B oldrié sobre o rou p ão,N

ª

uma boti c a sentado ,

Vendo j oga r o gama o :

Antes que entre v is-

sequa zes ,Sendo v íctima i rr isoriaDe m il galopinsvora zesEm l oga r da p a lma tori a ,Dê c i o borda o nos

'

ra p a zes:

Tende dó “

do meu lam ento,

Po i s que benigno o escu taes;A p iedade , e o a co lh im entoSão dos cora ções rea es_O m a ishonroso ornamento

Pobres, chorosos i rma os,

Que em m im tem deh il c o l umna ,Na o ergam desejosvãos;Vej am na m inba

'

fortuna

A obra dasvossasm ãos:

Proteger ,a c a usa honesta ,

Ter dostristesdó p rofundo ,Troc a r-lhe a sorte funesta ,Senhor

, a g loria do mundo ,Ou a não ha

,ou é esta .

Masj a l onga na rra ç ãoVae levando longe a meta ;Já pa rece

,e c om ra za o ,

Ma i s qu e pa pel'

de poeta ,testam ento ou sermão .

Minha dor me fez , fa lla r ;Fiz qu ei xa s assa z c om pridas;Digna e

—vosde descu l p a r ,Qu e m ostre o

'

enfermo asf eridas

A qu em lhas pode sa ra r:

'ª '- 177

Memorial ollerecido ao viscondedeVilla—nora da Cerveira , depoismarquezdePontoale-Lirna

Se não despreza es, senhor,Asva l ia s qu e hoje levo ,Que são l a grima s e dor,A su p p lic a r

-vosme a trevo

Queiraesser meu p rotector.

Minhassu pp lic asna o temDas leis o dire i to a ustero ;A presenta r—se hoj e vem

,

Não a o m inistro severo,

S ómente a o homem de bem :

Vão sobre o dó e a verdade

Meussingelos rogos fei tos;E meu j u i z a p iedade,Vem fundadosmeusdirei tosSobre as l e isda humanidade .

Sá de M i randa, em q uem v i

Que de Jove aslou ras tl i basAbrigára j unto a si ,E em qu em dasdo ces qu íntilhas

S órrrerrte a rirrra a p rendi ;

Qu i z que um dia o seu bom rei

Perc a c orn el le rrreia hora :Menostem p o pedi rei ;E a lguns instantes a goraC omrnigo , senhor, perdei .

De m il traba lhos c ortado ,E de longos annos

che io ,P a e tão velho

,c om o honrado ,

P ôr sobre osmeushombros veiuDa pobre c asa o c u idado .

« A c cei ta , i'

) fi lho , me diz ,Este peso triste e honroso ;Ja a o ceo m il votos frz ,Qu e p ossasser tão ditoso ,

Qu anto eu fu i sempre infel i z :

« Passei m eusCançadosdiasSobre osma is i ilbos chorandoEntretanto tu c resc ias;Já de l onge esperançasdando ,Que

de p ae lhesserv iri as:

«Na longa desgraça m inhaTername

'

nte. osabra çava ;Em doce p a z osmantinha ;E m u itasvezes lhesdav aC onsola cões, qu e eu na o tinh a :

« F i lhosnasc idosem dor,Na sc idospa ra infel i zes,S ou

vosso p ae só no am or;E u qu i z de i xa r-vos fel i zes,N inguem a certou peior :

Masdesta dor importunaSomente os fados c u lp a e

'

Qu i z ser a vossa c o l umna ;lntenta i-o é de bom p a e,Sel—o

,ou na o , é da fortuna :

« Triste velh i c e e p obrezaT iram-m

'

e a obra da'

mao ;Tom a tu ,

ó fi lho , a emp reza ,Tom a a honrosa obriga ção ,Que eu te p onho , e a na tu reza :

— 180

Quem tem riqueza inlinita ,E fa rta a os seu s osdesej os,Só de mão o nome ev ita ;N ingu em deve ter sobej os,Em quanto ba qu em nec essi ta ;

Mas eu p obre e desgra çadoSou dos irmãos c o lumna ;Sou infel i z

,mashonrado ;

Dom a c ima da fortuna ,Por isso o não tem l evado .

Au stera ph i lo soph iaDentro de meu pe i to m ora ;Sendo eu só, a segu i ri a ;Mastriste fam i l ia c horaPelo p ão de c ada dia .

De inu teis l agrima s c ru a sVer ossobrinhosbanha rAs m imo sa s ca rnesnua s ,E ir sómente m i stu ra rM inha s lagrimas c o

i

as sua s :

E ra da r redea a imp i edade ,C om que a desgra ça os opprime ;Pel a s le isda hum anidadeNa o esta longe do c rimeUma oc i osa p i edade .

Dae-me vós, senhor, a mão ,E 11 esta obra a j untem os

,

Vós poder, eu c ora ça o ;Uma fam í lia ti remo sDe m iseria e de a ftlicção .

No sso bem feitor sere i s ;E m a tando c rua fome ,De bom p ae nos serv i rei s ;De a o o sagrado nome

Na oc c a nosouv ire is;

— 18 1

Não usa r pa l a vra s dobres ,Na o a j uda r c om mão p a rc a

Osdesva l idos, e osp obres ,E,senho r

, a honrosa m a rc aD

i

a lmas, c omo a v ossa,nobres .

Mas onde asvel a s enfuno ª?Ta lvez j a tenho abusadoDo esc asso tempo Op portuno ;Fez-me a sorte desgra çado ,Masnão me fa c a importuno .

S ão ma goas, v im repetil—as

,

Possa a p i edade esc u ta l—as;Gasta reis

,depo i s de onv il—as

,

Menos temp o em c onso la i -as,

Do que eu p u z em referil—as.

llrrrroria l olh—rerido a ll. Diogo deNoronha . depoiscondedelrlla-rei rlr

X

I ll.'m º e ex . sr.

-As provei tosas l i ções dosnossosdo i s portu guezes, Berna rdim R ibei ro , eFranc iscode Sá de Mi randa

,c om que v . ex .

ª fa z i a u teis a oseu esp í rito a qu el l ashoras qu e a na tu reza , e mu i toma is a m o lesti a , lhe tinbanr destinado a o desc ançodo c orpo , c rea ram insensivelmente no meu c ora çãoa mor a esta espec i e de p oesi a , na qua l osseus a uc tores sou beram tra ta r a a l teza dos pensamentos, ede so l ida ph i losop h i a de que vão cheios osseus | ivros

,em u m esti lo fa c i l e desa tfec tado , e em uma

l ingu a gem verdadei ramente p ortu gueza , que p a recefug iu de nós com osbonsa u c tores

, qu e então a fa l

la ra m .

V . ex .

ªme fa z ia a honra de manda r qu e eu lhe

lesse estesdo is p rec iosos l ivros e a musa , qu e p reside as m inhas trovas, a lfeita a qu el l a l ição , rimouem qu íntilhas, e c a rregou de mora l idades

,ta lvez

intempestivas, o memori a l , que ponho nasmãos dev . ex .

ªc om mu ito respeito

,e c om mu itas espe

ranças.

Os meus versos, que nunc a fora m bons, soa rão

a gora mu i to peior nosou v idosde v . ex .

ª

,bem c os

tu madosaqu el l asdocespoesi as, asmelhoresque noseu genero ennobr'ecera m —

o nosso bonr sec u l o dequ inhentos; rrras c om o neste p a pel fa ç o a figu ra depoeta e de pretendente, c ontento-me de qu e v . ex .

ª

j a qrre não pode a c ha r doçu ra nos meus versos,

a che j usti ç a no meu requerimento ; e espero do seu

benigno c ora ção , qu e o homem infel i z a c he hoje a ospés de v . ex.

ªa quelle a c o lh imento

, qu e não deve

espera r o m a u p oeta . Isto desej a , senho r, e isto espera de v . ex.

o c ri ado ma is h um i lde e m a is venerador.

Po is que - c orre em vosso peitoSangue que de re is c orreu ,Pa ra fa zer bem so is feito ;Vo ssa grandeza me deuSobre vós

este direi to :

Fazer com que um triste possaP or vósma i s fel iz v iver ;Ter dó da desgra ça nossa ,E o subl im e pra zerD

ª

a lm asgrandes, c omo a vossa

Em vósm esmo a p render vimPrinc ip io s d

i

esta doutrina ;Pa ra a l eva rdes a o fim ,

Acha reism a teria dina ,I l lustre senhor

, em m im :

Não a chaesum ma l feitor,Que fuj a a o j usto castigo ;Não infam e m a tador,Que em peito do bom am igoCrava sse punha l tra idor :

A cbaessim um desgra çadoQue seus m a lesvosdesc obre ;E em qu em aj untou seu fadoA os inc ommodesde p obreAs obriga õõesde honrado :

Irmãs c om tema s c rianças,Cho rando pranto innocente,

Que errxugam c oi

asso l tas tranc as,Põem em m im inuti lmenteOs o lhos e asesper

'

anc as:

Orfãsde mãe. e donzellas,Choram—me o u trasde redor ;E m vão me c o rrdôo (PB HH S '

O seu triste bem feito rE outro infel i z c o rire el las:

— 18F'

Meus inj ustos , negros fados,D ias funestos, meurdi am ,

T ão tr i stes, tão desgra çados,Que dasPa rc a s que os tec i am ,

Oxa l á fossem c ortados !

Mas o destino a va rentoNa o podera derriba r—me,Nem cumpr ir seu duro intentoSe em vósna o p uder tira r-meA p iedade e o a co lhimento

E se não for importunaA p eti ção que escu taes,Serv i—lhe vósde c o l umna ;O pa rtido não sigaes,Que tem segu ido a fortuna :

P rometteu—me prompte a brigoLevantou—me o pensamento ,Foram prom essasde imigo ;Eram fundada s no vento ;O vento as l evou comsigo :

Tenho a vosso p a e contadoQuanto v ivo c ontra fei to ;Não tenho sido escutado ;Masser-lbe—hã meu rogo a c ceito ,Se lhe fer por vóslevadO '

D ize i—lhe, senhor , qua es sãoMinha s força s

,se as a chaes;

Masc omec e a informa çãoPor lhe di zer

,que me honraes

C om a vossa p roteccão:

Eu nada c erto lhe peço ,São va ga s m inha s esp

º

ranças;Quanto el le pôde

, c onheço ,E l ivre—me de c r iança s ,Se c ompa i xão lbe m ereço

— 186

Se ante os re is,seu voto dando

S a o su a s ra zões a c cei tas,'

Meu nom e lbe ide l embrandoOu pa ra c ousasj á fei tas,Ou pa ra asqu e for creando :

Pedi—lhe po isqu e to l ereMeu rogo triste,

e teimoso ;Qu e estou nªum loga r , p ondere,Mesqu inbo , a inda que honroso ,E onde nada ha que espere :

Embeb ido em esp eranças,Fra c o p i loto põe pei toAs ondasbra vas, ou m ansas;E em c ampo sem pa ra peitoEspera o so ldado aslanc as:

Se tosse c lerº i go velho ,

Qu e enxu ga ,á p orta sentado

Q lerrço sobre o joelh o .

— 187

Não desej a r , é ba i xeza ;Semp re o humano c ora çãoQuer sub ir a mór a l teza ;Esta universa l p a i xa oE fi lha da na tu reza :

Se eu v isse no fiel espelhoJa meu c a bel lo nev ado ;Se fosse c lerº igo v elho ,Q ue enxu ga , a p orta sentado ,O lenc o sobre o j oelho :

Teimoso gramma ticão ,

Qu e em longo”

cha mbre embru lhado ,Cei a dou ta penna na mão ,Dá a lu z grosso tra tadoSobre as lei s da conj unç ã o :

Que a rranc a o c abel lo birº

su to ,

Lastinrando a dec adenc iaDe novo mu ndo c orru p to ,Que qu er nega r a ex istenc iaA o a bla t í vo a bsolu to :

— 188

Se eu ca rrega sse a memoriaD'

estas e outra s ninha ri a s,De que estes ta es fazem g lori a ,Vivera em p az osmeusdia sP reso a uma p a lma toria :

Outros meus esp i ritos são ;E se de forçassou fa lto ,Na o 0 sou de c ora ça o ;Ergu ere i vôo m a is a ltoSe vósmederdes a ma o :

Senhor , eu tenho a cabado ;Já da m a o penna eae;Fel i z se o meu verso ousadoFor de vosso i l lustre p aeBenignamente escu tado :

Vós ambosna o me estrº

anbeis

De meu verso a rima fri a ;P or ba i xa na o a engei teis,

Qu e nesta m esm a poes iaSe tem—escrev ido a re is:

Na o tenho s ido o prime i ro ,Qu e a gr

º

andesta es versosmanda ;N ,el l es c om j u i zo - inte iroEscreveu Sá de M irandaAo bom rei Dom João Terceiro .

Não o im i to na bel l eza ,De que el l e ossoube adornar :

Fa l ta—me a rte e na tu reza ;Mas p ude d

i

el le im ita rA verdade e singel eza .

E o throno a os p ovos p rop ic i o ,Que v ig ia em seu fav or,Fez—lhe o gera l benefi c i oDe manda r

, qu e em vós, senhor ,O que é genio fosse o fli c io .

Pa rti u ofii c ios p esadosCom qu em os serv i sse bem :

São p roj ec tos a certadosQu em do throno o sangue tem ,

Tenha tambem os c u idados.

Dae a osgra tos lusitanõsLongo temp o m a o seguraContra inj usti ças e enganos ;E sej a a su a ventu raO louvo r dos vossos annes .

Mas,senhor

,moços poetas

Vingu em m eus esforçosvãos:Musa s z ombam de j a r

º

retas:

Pedem—me as tremu la s ma osMa i s do qu e l yra , m o l eta s .

Fogosos va tesemp rehendamAltos vôos neste dia :Musa s c omm usas c ontendam :

Sáiam odesa p orfra ;E que ira Deusqu e se entendam .

191

Ao condedeSão Lourenço

Ante vós, c l a ro senhorQue p ondes os sãos cu idadosDe bons estudos no am or

,

E que dªhomens a p plic adosSo is o exemp l o e o p rotector

"

Levanto sem pej o a voz ;

Que essa a lma nunc a desp rezaO p ouc o que enc ontra em nós

Não p roduz a na tu rezaMu i toshomens c omo vós;

Po isv i ou tri ora ampa radoO discreto e doc e Brito ,Triste moço

,em fl or c ortado ,

Que i a a l evantando o esp i r ito ,De vossas lu zes gu i ado :

Po isna v ida lhe adoça stesDe seu fado a ma v entu ra ;E na o vosenvergonhastesQu ando fria sepu l tu raCom as l a grimas lhe honra stes;

Se osseusversossonorºososInda repeti s c om m agoa ;E pensamentossa udososVos tra zem a os o lhos a gu a ,Que osdei xa , senhorºç íformosos;

— 19º

Hoj e,outro tr iste vos fa c a

Na sc er egu aessentimentos :Com osvossos p ésse a bra ça ;Não tem osm esm osta lentos ;Mas tem a mesm a desgra ça :

Nasc ido em '

ba ixa pobrezaQu iz bu sc a r um a c olu

i

na ;Fo i sem pre ba ldada a empreza ,Achou ingra ta a fortuna ,Inda m a is

, qu e a na tureza .

Em vão pa terna l ternuraCom v ivo zelo me assi ste ;Fo i traba lho sem ventura ,

Cresc i a no filho tr i ste,

Com a edade,a desventura

Dasboa s a rtes no estudoB om p ae empenha r—me quiz ;Tra çava o velho s isudoQue fosse um fi lho felizDosoutros fi lhos o escudo :

Foram seu s intentos va os;Zombou desgra ça importunaD'estes

'

p ensam entossa o s ;Pa ra vencer a fortunaNão ha lagrimas, nem ma os:

Cortado então de a gonia s ,Só esperei ter ventura

,

Quando envo lto em c inzas fr ia sEsc ondesse a sep u ltu raMeu nome

,e m eustri stesdia s :

E em quanto o vento forcej a ,E no m a r, que em f lor rebenta ,Meu fra c o l enho vel ej a

,

Demando, em tanta tormenta

Por porto a c a sa de Angeja :

193

Su rg i em l oga r segu ro ,

Onde a che i m il a c olh idosº

Cl a reou o dia escu ro ;

E m eus mo lhados vestidosPel as p a redes pendu re :

— l%

De meu fado a forç a duraFo i um p ou c o enfra quec endo ;E a inda qu e em sombra esc u ra ,Vem-me a o longe a pp a recendoO bom rosto da ventu ra :

Vossossobrrnhosme da o(Po rqu e de meusm a les sabem )P rinc í p iosde p r

º

otecça o ;Manda e—lhes que em m im a c abemEsta obra da su a m a o :

Manda e qu e a pressem o p asso ,Qu e inda longe a meta vej o ,Po isnassu p p lic asqu e fa ço ,Não se venc e c om desej o ,

Verrce-se a forc a de brºa co :

196

Massigo inu ti l empreza ,Po i s sabeis qu a essão seus pei tos ;M istu ra-se esta finezaCom os sa grado s direitosDo sangue e da na tu reza :

Todo o .mundo , em vosso a bono ,Põe na boc ca osc ora ç ões,E dºellesvos chama dono ;Ou ço m il a c clama çõesDesde a p l ebe a tea o throno :

A gerºa l estima ca oNos a rma de a u c torº idade;Vinde pô r nªesta obra a mão

,

E dae—me fel i c idade ,Com o me da es instru c cão :

Sabeis a fundo , e de côr,Tudo quanto ha bom , escri pto ;Juntae extremos , senhor ;A o homem ma iserudi to ,Ju rrtae o ma is bem feitor.

Po is sa be isda antigu idadeProsassãs

,e sã poesia ,

Deve is,

sentir ma is p i edade;Q u em tem ma is p h ilosoph ia ,Vê melhor a hu manidade:

Que eu n'

esta fresca espessu ra ,Entre estes l ou rossagradosSentado sobre a verdu ra ,Ca nta rei versos linradosA qu em me fez ler ventu ra :

Deixa rei em m i l letreirosO vosso noni e enta lhadoNostronc osd

i

estes lou reiros

Possa el le ser respeitadoDo negro vento

,e chu ve iros :

R amossobrº

e el le estendendo ,Da phne no seu pei to o tome;

E eu, doc esbymnos tecendo ,

Verei i rº o tronc o e o nomeTe estrel las c rescendo .

198

Ao ma rquez deLa vradio

Se osversos,que ou tra hora fi z

E scu ta stespromp te e a ttento ;E sea os p és, qu e abra ça r qu i z ,Achou gra to a co lh imentoA m inha musa infel i z ;

Dae—me benignos ou v idosA ou tros , em dor tra çado s

,

Di

a rte,e de enfei te desp idos ;

Pela verdade di c tados ,E a vós

,senhor

,dirig idos :

Em l ouvoresna o os fundoPo i s sei que semp re os p izasteS

'

E c oª

asm a i s a cçoes c onfundoA sdo tem po , em que tomastes

As redeasdo Novo Mundo ;

Mas se eu disser p a rte"

d'

el la s,

Não me j u lgu eis l isonjeiro :Qu e vos pou p o em não dizel—as,Se vedes, que o mundo inte iroAs vae ergu endo asestrel l as?

Diz que v iu a c a p ita lChei a de pompa e grandeza ,

E qu e a ergu eis a lustre ta lD entre osbra çosda mo l l eza ,Qu e é no c l ima na tu ra l ;

QOU

Mostra r—lhe os olhosma goados,Onde inu ti l p ranto assiste,Immoveisno c hão p regados,Nu trindo um si lenc io triste,Fa lsa p a z dosdesgra çados:

Conta r—vos, que entre os irmãos,Diz o —bom p a e, c om ternu ra

,

Qu e a o c eo levantem asmãos;Que assim se em enda a ventu ra

,

E não c om qu eixumesvão s :

Qu e é do esp irito fra qu ezaPerder susp irosno vento ;

Qu e vençam a na tu reza ;Que fa çam c

º

o soffrimentoHonrosa a du ra p obreza :

Não lhe ver dedor signa es;Ter no rosto o lhosserºenos

,

E no p ei to a gudos a is;

Qu e p orqu e se esc u tam menos,

P or isso me c ortam m a is:

Da r—vos um a inte ira ideaDa desgr

º

a ç a m inba,e d

i el l es,

P intu ra de.

-pranto cheia ;Se é p r

º

ec isa,é p a ra a qu elles,

A qu em não dóe dor a lheia .

As a lmas tão bem nasc idas,Como a vossa vej o serºPa ra serem c ondo ídas

,

Não tem p rec isão de ver

Correr sangu e das feridas:

Sabeis, que soff ro a impi edade

D e vã fortuna tra idora ;Mudae p o isde hero i c idade ;Vinde p lei tea r a goraA c a usa da hu manidade:

901

P or vós tirºa rº não podeisPenas, qu e a a lma me a ba fa ram ;Mas ante o throne va l e i s ;E se o sc eptre vos f i a ram ,

Que vosnega rão os re is?

R eger-lhe osvastosestados,lrº da r-lhe u m novo esp lendor,São fei tos fam igeradosMas inda o será ma i orI r p edir por desgra çados;

D isse a Cesa r o orador,Que osso ldados tinham pa rteNo perigo , e no l ou vor ;e e fosse em ou tro estanda rteEl le só o venc edor ;

Que era , de'

doc e brandu raO dei xa r—se então vencer,Mór v i c tor ia , e m a issegura ;Onde não tinham p oderNem ferro

,nem ma ventu ra .

Vencei vósserm ter soldados;Fa zei de dia s de dorD iasbemaventu rºados;E possa essa ma o ,

senhorMa isdo qu e p odem m eus fados.

C l a ros a vós im i tastes,Que o mundo a penas a brange;No berç o p a lmas a chastes;Dosheroes que v i u o Gange ,O sangu e e as a c c oesher

ºdastes:

R emotos povos venceram ,

E ma resbra vos abrindo,

As qu ina s desenv o lvera m ;Ante el les o Gange e o [ndoT intos de sangue c orrera m .

Vós, que em obra s —S im ilhantes

Fostesser a cop i a honrosaDo que el l es fi zera m d

º

antes,

Na serie m a ra v i lhosaDasvossas a c c õesbri lhantes ;

Consenti, qu e la rga h istoria

QueA lmeidas l evanta a os c eos ,Lhesdei xe no a l ta r da glorº iaPendente

,entre osm a i s tropheos,

Um a negra pa lma toria .

Bra ço a i rº

oso , a mão de neveProp orc ionada c intu ra ;E is a tu a c op i a breve:Porém vôa formosuraNas a zasdo tempo leve .

Ou trosbens ma isdu radou rosNão são a tu a a lma esqu ivos,Bensque nos annosv indo u rosVa lem ma is que unso lhosv ivos,Que unsso l tos c abe l l os lou ros.

A destru ir a bel l ezaA cu rva velh ice corre :Nada c onserva fi rmeza ;Só a v irtude não m orre :Venc e as l e i s da na tu reza .

T u, que p rezas a verdade :

Que tra tas fa lsossu j e itosSó c om a côr de am i zade,E pa ra ossinceros p e itosMostras ter s inceridade ;

Tu, que os enganosdeslisas;

Que sabesvencer desgosto s ;Qu e l isonj a u fana p isas;Que não vêssómente osrostos

:

Que a té c ora ç õesdiv isas;

T u , qu e da séri a p rudenc iaSegu es osdic tam es pu ro s ;Que tens amado a innocenc ia ,E nos c onselhosm adu rosMostra s de edade exp er i enc ia ;

Teu nom e eterno ha de serEstamp ado entre as estrel las;H asde asma isnym

'

phasvenc er ,Que sómente em serem bel lasFundam todo o seu p oder .

Amam a fo fa va idade;Doshomens a seu sa borPrendem a so l ta vontade :T rºa zem noso lhos a mo r ,No

'

. c o ra cão fa lsidade .

Mu i tas fingem desp reza rF ineza s de a mante rude;Fingem ossab io s ama rº :Não o fa zem p or v irtudeQu erem ta lentosmostra r.

De qu e serve um a a lma p u raSe os pesadosmembros c obreB ota , hum i lde vestidu ra ºNada va l e um p e i to nobreN i

uma grosse ira figu ra .

Corp o esbe lto,onde a j ustado

B rº ilba , chei o de“ ou ro imm enso

,

Curto fra que a fra ncezado ;C heirºoso , c andido lenço ;O c abel l o a po lv i lhado ;

Jocosas p a l a vra s ôc as;Estes osdons rel evantes

,

Que de ixam de vencer pouc asDasqu e fingem ser

º

amantes,E não pa ssam de ser l ou c a s .

T u tens ou tro entendimento :Es sem p re egua l : na o te va l esDas côrºesdo fing imento :Qu er séria , quer rindo fa l les,Não fundas torºresno vento .

B isda ba i xa adu l a ção ,Ma l que os teus ou vidos toc aA c ontr

º

a feita exp ressão :Conhec es na fa l sa boc caO enganoso c ora cão .

QOS

Ver sobre moll e ta peteCurvando aspernas e os bra c os,Pera lta de a lto top ete ,C om destrºosm iudos passos,Danca r francez m inu ete;

Vêl—o nutrindo esp eranç asEntre a gradave is p a rce ira s ,Fa zer ra p idasmudanç as,Torc endo asm a osnas l igei ra sB u li cosas c ontradanç as;

Fervente rebeca ouv ir,Que infunde v ivospra zeres,Jama i s te fa z distra hir ;Po is antes dossa b i os queresSa b i os c onc eitos ouvir.

Só te vej o a ttenta em qu antoOuves pa la vra s disc reta s ;Asmu sas estim as tanto ,Qu e a té dostristes'

p oetas

Te c ommove o triste pranto .

Conhec es seu du ro m al ;Que sempre tri bu tam fé

A c ora ça o des l ea l :Que por i sso em todos éA tri steza na tu ra l .

Que asnymphas endu rec idasLhes na o c a u sam terno effeito ;Que tri u—mpbam das tingidas,Gu a rdando dentro no peitoInda fresca s as ferida s

Porém j a qu e ousei fa lla rDe am or nas sangu ínea s reixas,Vou a lyra pendu ra r :Na o qu ero com m inha s qu eixasTeus l ou voresm i stu ra r .

9 08

A um amigo, louvando—lheo estadodecasado

Fo i este o ditoso dia ,Qu e te deu a esp osa be l l a ;Doce

,so l ida a legr

º i a ,Pa ra ti , j unto c om el la ,No m esmo berc o na sc ia :

P or tu a ma io r ventu rºaNa tu reza lhe qu iz p ôr,Entre osdonsda formosu ra ,Outro dote inda m a i o r,Qu ee, a lma innoc ente e pu r

º

a :

Eu sei teu c ostume antigo ,A mu lher

, qu e é só forºm osa ,Na o va le tudo comtigo ,

Soubeste esc olher esposa ,Em quem tens esposa e am igo :

Quer sempre ter um senho rNosso humano co ra c a o ;E na ventu ra m a i o rInda sente em si um va o ,

Que só enche o c asto amor

De quantos m a l este ex imes,Dando a o teu tão bom senhor'Damnosas pa ixões reprimes ;R ec ebes dasm a o s do amorOs pra zeres

,sem os crim es :

Cega moc idade errº

ada ,A c onj uga l unra oQu i z chama r vida c ançada ;Diz que é triste escrav idãoDe m il p ensões c a rr

º

egada :

'209

Chanra a p a z um dissa borº ;D i z

, qu e de susto e desderrsSe a l imenta o deusde amor ;E que a certeza dos bensLhesdim inu e o va l o r :

Fecham o lhos a verdade ,Cam inhando a pós seu s erros;E em fa lsa trºanqu illidade,A o som de pesados ferros,Vão c antando l iberdade :

Mi l rem orsosna a lm a estão ,

Que inda qu e o rosto ossu ffoc a ,B oendo asentra nhas vão ;

Que im porta riso na bo c c a ,

Se ba p unhaesno c ora c a o ”

Amor é fogo sub l ime,Qu e nas a lmasse a c cerrdeu º

As ou tra s p a i xões rº

eprime;El le edadiva do ceo

,

O abuso eque o fa z ser c rime :

Beij a , am igo , os teusgri lhões;Um p a ra o ou tro er

º

am feitosOs vossosbons c ora çoes;Cra va em vossos ternos pei tosSanto a mor osseus fa rºp oes.

Onde a chas pessoa estranha ,

Qu e não c ontra fa ça o rosto,

Porque vê, qu e assim te ganha ?

Q uem equ e na pena , eu gosto ,Com verdade te a com p anha

?

Contas teus c asossem medo

A qu em p or am igo p assa ;F iaste-te em rosto ledo ;Foste no mei o da p ra ç aAssoa lha r

º

teu segredo :

— 9 10

Mal os hom ens c onhec euPu ra am i zade enganada ,O santo rosto esc ondeu ,

E tornou -se envergonhadaPa ra o ceo

, _d'

ondedesc eu ;

O am igo que te rode ia ,Veste dastu as p a i xões;C om el l as te l isonj e ia ;São ra ros os c ora ções,Em que dôa dor a lheia :

Quando a c erta resde l erº ,Que houve entre homens união

,

O esc ri p tor a qu i z fa zer ;Na o os p intou c omo são

,

Mas com o dev iam ser :

S a o c ousa s im ag inadasDosN z

'

zos o amor p rofundo ;São fabul asbem c ontada s ;Ou osnão hou ve no mundo ,Ou na o de ixa ram pegadas:

Puro am or, l impa verdade,

Só”

entre eSp osos estão ;Desc e a el l es a am i zade ;Tra z- lhes c o º

a santa uniãoUm a só a lma e vontade :

C ommunic a a esposa amadaTeu s ma is internos cu idados;E v ive em p a z desc ançadaA v ida dosbem c asados,Vida bema ventu rada :

Sem rec e io de p erigoDorme somno saboro so ;Que na o tensj unto c om tigoLisonjeir

º

o suspei toso ,Tra idor

,c om rosto de am igo :

A G U E R R A

Sa tj ra ofl'

erecida ao viscondedeVilla-nova da Cerveira , depoismarquez dePonle-de—Lima ,

no anno de 1778

I l l . m º e ex . srº

. A sa tyra da gu erra , qu e ponho nas respeita veismãosde v . ex.

ª

,tem p or obje

c to os costumes, sem qu e a su a c r

º itic a a p onte, nemrem otamente , indiv idu o a lgum em pa rtic u l a r; este eo seu uni c o nrerec imerrto , o qu a l me esforç a a l evantal—a a grande honra de ser o fferec ida a v . ex.

ª

Não me a cova rda o nonre de sa tyra ,só odioso a o

vu lgo ignorante: v . ex.

ªsa be que, qu ando el la fere

nos c ostumes,sem assigrra la r os homens, ea espe

c ie de p oesia em que ma isvezesse dão as mãosos

seusdo is fins,a u ti l idade e o rec reio .

A estim a ção de Hora c io , e o desterro de Juvena l ,de m istu ra c om o meu genio , me ensina rºa m a fa lla rº

c om modera ção ; e a inda que ta l vez sej a esta a unic ainstru c ção qu e eu tir

º

e dassu as obras,c om el l a me

a trevo a esp era r bom a col h imento a u ma sa tyra, que

se em v . ex .

ªnão a grada r a o homem de bom saberº ,

a o menosnão esc anda lisa ra o homem de bons c os

tumes.

V . ex .

ª

, qu e”

sa be c o lher dos l ivros m a is fr'u c toqu e o do pra zer

,não se envergonhou de lerº osp h i

losop hos que escrevera m em verº

so : a a l ta p h ilosoph i a de c ostumes

,de que vão cheios os l ivrosda

a ntigu idade , nada perºde noso lhosde v . exi

ª

,qu an

do vae ornada c om asbel lezasda p oesi a .

As diversas espec i esdesta a rte são intei ramentec onhec idasp or v . ex .

ª: eu tive a lgum asvezesa hon

ra de ou virº fa l la r a v . ex .

ªnas p oesiasdosgregos,

dosromanos e dosfrancezes, fa zendo entre el lastãoj ustos p a ra l leles, e fa l lando tanto dedentro , qu e mepa rec ia imp ossível qu e v .

'

ex .

ª

a chasse temp o p a raos ou tros estudosma is importantes, com que escla

rec en o seu esp í ri to , se eu não ti vesse l ido que C ic ero no me io do tumu l to e das tempestadesde B oma , enca rregado dosm a is importantesnegoc i osdarepub l ic a , a cha

'

va tempo p a rº

a ler, e disp u ta r sobreos p oetas e p hilosop bosda Grec i a e da su a p a tria .

Não me va lbo da experº ienc ia que tenho do qu an

to v . ex .

ª é dado a o estudo dasboasa rtes, pa ra lhetecer c om isto um elog io : tenho a honra de c onhe

cer a v . ex.

ª

,e sei que osseu s lo u voresseriam o

unico modo de se lhe fa zer odi osa a verdade.

Va lho-med'esta experº ienc ia , senhor, p a ra desenl

p a de ir c ança r a v . ex .

ª

c om a - Ieitu ra dosmeus

versos . O nom e de poeta é desprezado da m a i orpa rte doshomens; fa zem c onsisti r a p oesi a em nu

merº

o de syl l abas, e na união dosc onsoa ntes, e p rovam c om isto a fu ti l idade da a rte: equ asi u m

__vic io

o ser p oeta ; c onfundem—ni

o c om o homem sem ç a

ra cter, e imp u tam' a poesia oserrosda hu manidade ;

e por isso a c hei na tu ra l , qu e uma a rte,

_

desprezada

pel a ignoranc i a , fosse v inga r osseusdirº

ei tosa ospés

de v . ex .

ª

Osmeus versosterão o su c c esso dedesa gra da rema v . ex .

ª

, por serem m a us; mas, p or serem versos,

é im possível que sej a nr lei tu ra odiosa a qu em dec orou e ana l ysa os p oetasde Au gusto e de Lu ix xlv .

Pa ra p rotector dosversosque ofl'

er'

eço , não p ro

cu rei só em v . ex .

ªo homem de letras, p rocurei

tambem o m inistro de estado . Vej o a Europ a em a r

mas; ou ço o Hagello da gu erra a o rºedor dosc onfinsda m inha p a tri a ; e p a rec eu —me qu e não desa p p ro

va ri a a sa tyra da gu erra a quellem inistro hab i l , q i redeba i xo dasdi rec çõesdos'seussoberanos, i rrtenta ec onsegu e m anterº uma p a z profunda no m e io dos fogosdasna ções a rmada s .

E eu a benç oa rei este traba lho de meu c u rto err

genho , se v . ex .

ª

sedigna r de. p ôr benignamente oso l hos sobre el le e sobrºe o seu a uelor

,o x qu a l ede

v ex.

ª

c riado ma i s hum i lde.

Musa , po is c u idasque esa lO fel de a u ctores perversos

,

E o mundo l evas m a l,

Porque leste qu a tro v ersosDe Hora c io e de Ju vena l :

Agora osveras queima r,Ja que em va o os fecho , e os sumo ;E l eve o volu vel a rº ,De env ol ta c

i

o tu rº

vo fum o ,O teu fu ror de rima r :

Se tu de feri r não c essas,Que serve ser bom o intento ?Ma is c a ra pu çasnão teças;Que im p orta da l—as a o vento

,

Se podem a cha r c abec as?

Tendo assa tyrasp or boa s ,Do Pa rna so nosdo is cum es,Em hora negra revoas;Tu dásgo l pesnos c ostumes ,E cu idam que é naspessoa s :

Deixa esqu i p a r Ingl a terraCem na usde a lterosa pep a ;Deixa rega r sanguea terra ;Qu e te im p or

º

ta qu e na Eu rop aHa j a p a z , ou ha ja gu erra ?

Deixa que os bons e a gen—ta lhaBriga r a o C a sa c a vão ;E que em quanto a tu rba ralha ,Vá rec ebendo o ba l cãoOsdespoj osda ba ta lha :

4 ) Loj a de beb i das.

— º2 16

Sem c a usa entre dentes tra zesA grande a rte dasba ta lhas;Mu rm u ra s dosseussequ a zes;E quando da gu erra ra lhas,Outra c om a l ingu a fa zes:

D i zesque um a guerra a c c esaE thea tre de imp i edade ;Chamas-lhe c ru a fereza ,Fla gel lo da hum anidade ,Triste horror da na tureza :

P inta s um bravo gu erreiro ,E a meus o lhos vensmostra l—o ,Pa ra feri r ma i s l igei ro ,Mettendo o a rdente c ava l l oSobre o exanguec ompanhe iro :

A u m l ado e a ou tro l adoA morte m andando vae

C'o sangu inoso terçado ,

A té que el l e mesmo eaeD e um p elou ro a tra vessado :

C oª

as c abeças aba tidasVão deferro vil m a rc ados

,

Ma ldi z endo as tr istes v idas,Mil c a p tives m ania tados,Vertendo sangue as feridas;

Entre horrorosos trop heosO genera l deshumanoManda fa lso incenso a os c eosE de espa lha r sangu e humanoVae dando lou vor a Deus:

D i zesque se c omp ra qu ina ,Porqu e a ltas febresdesterra ;E qu e em c ollegiosse ensina ,Em um a au l a , a a rte da gu erraEm ou tra , a da m edic ina :

%17

Queno . frio,vasto norte .

Cem B oer/ra ces eloqu entesEnchem de ouro o c ofre forte,Porqu e perdidosdoentesArrancam dasmãosda morte :

Que a l l i mesm o grº

osso frº

u c to

Colhe S a cre entre osso ldados,Porqu e em m inado reductoFez voa r despeda ç adosDez m il homensnªu m m inuto :

T irando então c onsequenc i as,Zomba r doshomens procuras,E dassu a s vans sc ienc ias;Sem p re che iosde lou cu ra s,E cheiosde inc oherenc ias:

Se a p a z , em di as fel i zesA cha ra pa tri a os c onduz ,D i zesqu e estes infel i zesMo stram ,

rindo,os peitosnús,

Cortados de c ic a tri zes:

Q ue este reconta a os p a rentesComo em per

º igoso p asso ,Zunindo ba l a s a rdentes,Um a lhe qu ebrou u m bra ço ,Ou tra

lhe l evou osdentes:

Qu e outro , da p erna c ortadaAbenç oa a horri vel cha ga ,Po rqu e a o pe ito pendu r

º

ada

Tra ra a lgum dia,em p a ga ,

Inuti l fi ta enc a rnada :

D i z es que entre os anima esP roh ibe gu erra s e instincto ;E que su rdo a tri stes a is,Vês c om horrºor o homem tintoNo sangu e dosseus egu a es

Musa , não di scorresbem ;Po isse uns. com os ou tros c a bem

,

E juntos a um p asto vem ,

E só porque inda não sa bemA v i rtude que o ou r

º

o tem :

. P or p rº

ec iososmeta es

Não po em pe ito a bra vosmares;Tra ze exemp l osma isegu aes:

Sa b ios homensnão c omp a resCom os.

bru tos anima es;

Tra zem foc inho no chão,,

E nóssempre a o a l to o lhamos;Temosem dote a ra za o ;E p or i sso l evantam osUns contra os ou tros a ma o :

Seosl homensse não m a ta ssem ,

E impunemente crescessem ,

Pôde ser que na o a chassemNem fontesde quebebessem ,

Nem c amposque semeassem :

Em vão febres, rnrmrgas

Os m irºrados c orºp osga sta m ;Tornam as,

forças antigas;E esta v isto que não bastamNem ma l ignas, nem bexigas:

Travem—se c ruasba ta lhas,A rra zem ba tidosm u rosOs so ldados de qu em ta lhas:

Adornem—lhes. osmembros, durasGrossa s

,tresdobradasm a lhas:

Sa be . que m il m a les fa z

A m olle tranqu illidade

E que em seu semnos,traz

Brando lu xo e oc iosidade ,Damnosos fi lhosda p a z ;.

— QQO

Masa va , que em ti na o ca bes,Osgu errei ros a

'

rra iaes

Nem v itu perº

es, nem gabes ;E não te mettasjama isA fa lla rº no que não sabes

º

Ha j a bl oque i o , haj a a ssédi o ,O sangue h umano espa lhadoNem sem re te c a use tédio ;Que em oa dóse tomado ,Teo veneno eremedio º

Deixa ir o mundo seu p asseE c ontra si mesmo a rmadoCôrte c ªum bra ço o ou tro bra co ;Põe na boc ca u m c adeado ,Fa ze o que eu m il vezes fa co :

Em prº

ega m elhor teu c anto ;E p o is

'

queresque te louvem ,

Mão dassa tyras l evanto ;Poesiasqu e os homens ou vemUm c om ri so

,e cem c om p r

º

anto :

De bons annesna func c a oLeva a Filis frº ia glosa ;Beij a —lhe a nevada m a o ;Chama—lhe Venus formosa ,Inda qu e sej a u m dra ga o :

Éc logas tambem”

dão fama ;Fa l l a em su rr

º

a o , e em cu rra l ;E do vu lgo oso lhos cham aNas p a redesdo a rsena l ,Cheia

'

de a ppl a uso e de lama :

De ga l l egosrodeadaA os a rista rc os esca p a ;Té qu e dastendas chamadaSej asprotec to ra c a paDe m anteiga e m a rmel ada .

r— Qºl l

O S A M A N T E S

Sa tyra offerecida ao marquezdeAngeja D. JosédeNoronha

lll.'no e ex.

sr, Os dias tr i stes, de qttetr:

,

ebela melhor pa rte da m inha v ida , me influ iram insensivelmente o amor da poesi a ; em qllanto

ordeno asm inha s trova s , fujo dem im ,e esqu ivo-me

c om ellas a o peso dosmeu s cu idados: a imag ina çãocançada de obj ec tosque a a filigem,

bu Sca , pa ra distrah i r-« se , o c omm erc i o dasmusa s ; e osverso s quea lguma vez . fi zeram r

º ir osou v intes , tinham a erigem

nas lagrim a s do seu a uctor .

Hoje,

e sr. ,motivo m a i s a lto , qua l é

o desejo de agrada r a v . ex.

ªme fez emprehender a

presente sa tyra . Osm eus v ersosa cha ram o seu Mec ena s ;

,

v . ex .

ªse digna de os l ouva r, e de osp ro

teger ; e um voto de tanto peso , a lvoroçando a m inha musa , a fa z c orrºer, ta lvez sem tino , a trasdeuma protec ção , que tanto a honra .

B epeti os versos antigos; e a primei ra vez que

me a presenta sse a v . ex .

ª

, tinha de a p p a recer c omasmãos vaz ia s : intente i poes ia nova ; lembrou—meque um fida lgo moço , a qu em a ph ilo soph ia temperara sempre os fogosda moc idade , e qu e a fastandodo am or os crimes

,fa z d

i el l e m a isuma v irtude , goza ria melhor do seu triumpho pondo—lhe a os o lhosuma p intu ra fiel do amor

º

m a l entendido .

Como o meu intento era diverti r a v . ex .

ª

,ajunte i

o pra zer a ph i l osop h ia da obra , e trº

a cei u ma sa tyra :este nome a ssusta o vulgo ignora nte ; c onfunde assa tyra s com os libellos infama tori o

'

s ; asque ha d'

es

ta na tu reza são u m crº imedo po eta

, que qu er emen

da r erros, fa zendo m a i s um ; das m elhores c ou sa sse pode usa r ma l : a esp ada nasm a osdo assa ssinoeo esc anda l o da hu manidade; nasmãos do so ldadofi el

, e a gua rda do throne e das l e is: v . ex.

ª

sabeque a severa Athenasp roh ibindo sa tyra da c om edi a antiga e média , l evantou thea tres p a ra a nova ,porqu e exp unha a . i rrisão do p ovo osv í c ios

, sem a

penta r os homens. O r iso não imp l i c a c om a dou tri

na : P la tão e Hora c io c am inha ra m por estrada s diversas; mas ambos foram p hilosop hos, ambos instru iram oshom ens; im itando—osna tenção , me animei a ordena r, e a o fferecer a v .

'

exaªuma Sa tyra ,

ue se exc ita r ri so em uns, não e tira dasl agrimasãe ou tros ; e v . ex ª

c onsinta que a m inha musa bitfmilde p onha este tribu to. de

'

agra dec imento nasmãosbem feitorasdo protector qu e a honra : isto pede , se

nhor, dev , ex.

ª“ o

Amor,é fa lso e que dizes;

Teu bom rosto é c ontra fe itoTenta novos. infel izes ;Que eu a inda trago no peitoMu i fresc as as c ic a trizes:

O teu mel emel a zedo ;Não c reio em teu gasa lhado ,Mostra s—me em vão rosto ledo ,Já estou muito esc aldado ,Ja d

i

a gu as fri a s hei medo

Teus prem iossão pranto e dorChoro os ma l ga stados

'

anu os,Em que servi ta l senhor ;Mastirei dosteus enganosO sa i r bem pregador .

— 9f24

Dando a o moch i l a o la zão ,De P i l isa escada embóca ,

Sempre em a rº de p rotecc a o ;

Alvo pa l ito na bocca ,Branda va rinha na mão

Zomba dos fa lsos bra zões,Que na o sa o no berço a chados;E diz a m oça asra zoes

De ter no teliz bordadosDo is c ães

, e qu inze l eões;

Ash i stori a s lhe dec l a raD

i

a quellasgu erras fel i zes;E mostra , c om mão a va ra ,Os ossosde dez na r i zes

,

Que seu qu into a vô c ortara :

Aturde a moça boça lC om c em qu intas, cem commendas

E a rm ando um ma ppa gera lDassua s immensas rendas,Vae—se sem lhe da r rea l:

Masse a teus fa rp õesdou ra dosNa o a chasdigno consumo ,E osj ulgasma l emp regadosN,esta s c abeça s de fumo ,N,estes peitos a ltanados,

Busc a a lgum novel basba que,Que p or pobre não sa ía ,Masj a mette o ba irro a sa qu e

,

Dep o is que engenhosa tiaLhe a rmou de uma sa ia um fra que :

Que gra vesinho namoraC om brando e risonho aspeito ,Ponta de lenço de fóra ,Mólho de floresno peito ,Prenda de certa senhora :

Qu e um tra po a seu ge i to ordena ,Temendo o p ó das c a l çada s ;E antes de entra r na novena ,C om cusp o , pela s esc adas,Vae dando a os sa pa tos c rena :

De gelo asp edras c oberta s ,Com o asvezesme fi zeste ,Alta no ite, e a hora s c ertas,Qu ando o rig ido nordesteDe i xou as ru asdesertas;

Ou ça duros assob i os ,Precu rsoresde a l to insu l to :Reta lhem—n

ª

o ventos frios;Ladrem a o p ostado vu l toCem noc tu rnos cães vadios:

De pa isanossa lteado ,R onda sem fé e sem lei ,De esp adasvelhas c erc ado ,E a o som da pa rte de e l-rei ,P or forc a desembu cado ,

Membrudo c abo verºmelhoO a pa l pe ante osm a issenhores:

Acha u ma escova e um espelho ,Dezo i to escri ptosde am ores,E u m su jo l enc inho velho º

Fi ram teus a c cesos rºa iosTambem na genta lha v i l

,

De crestados p e itosba ios,Que c om eç ando em ba rri l

,

Vão p or a u gmente a l a c a ios:

Busc a a lgum que da cocheirºa ,

Qu ando o pa trão na o sae fóra ,

C om os o lhosna trºa peira ,L impando a sege,

º

namorº

a

Desgrenhada c oz inhe ira :

Que de no ite a su a porta ,Com famosos tang

'

edorºes,Que o T a la veí ra s c onfor

º

ta ,Lhe manda ternos amoresSobre as a zasda C omp orta : (

ºA qu em a su j a donzel la ,

Por a lmoço do c ostume ,Manda em so rdida tigel laO prim itivo c horumeDa desflorada panel la

E se te na o sa ti sfa zesC om tanta c onqu i sta bra va ,Que nªesta c ana lha fa zes,E a inda a funesta a lj a vaPej ada de settas tra zes;

Não tensvelhas presu m ida s ,Que em fim de mez fingem dores ,Só asm oça s c oncedida s ,E tem de c om pradas côrºesAsrôxas fa ces ting ida s?

1 Casa de povo .

Mo da qu e canta va gente da plebe.

Amor , fa ze esta s em postas;Vac—lhe das lagrima s r indo ,Já qu e de lagrimasgosta s ;E na o andespersegu indoA quem te v irou as c ostas

º

Porém se da p l ebe esc u raEm pou c o o triumpho preza s

,

E qu eres fina ternu ra ,Extremos

, del icadeza s ,Os freira tí cos proc u ra :

Gentes de ma i s a lta esteira ;Ternos

,finos c ora ções ,

Que em fechada p a c l a i raVão gu a rdando em

[ba ta lhõesAs c a rtasda su a frei ra :

Em chegando a c ondu c tora,

Que ossa cri leg i os a tea ,Um d

ª

estesde gosto chora ,Lambe com respeito a ebrea

,

P or ter c uspo da senhora :

Posto na ins ip ida grade ,Em a lm ísca r perfumado ,Todo amor

,todo sa udade ,

Com endo em doc e babado ,Ossobej os de a lgum frade :

Ao subl im e esti lo gu indaSu a di sc r i ção noto r i a ;A que l ogo a freir

º

a l inda,

R evo l vendo na m emor i aOsdou s livros de Flor inda

R esponde : « Os c onc eito s sigamOs holoca u stos do a lta r ;Po issão ,

e as chammas o digam ,

Pedir,quem pode m anda r,

Prece i tos que ma i s obrigam .

“2%

Entretanto um chantre velho ,A quem a rodeira engoda ,E que em fechando o Evangelho ,Vae metter dentro da rodaO seu ca cha c o vermelho ;

Freira tic o p or fada rí o ,Tão go l oso , c om o am ante ,C ondec inhaspel o a rm a ri o ,E sobre a deserta estanteManj a r branc o , e o brev ia rio

'

Que em p õdre ph ilosoph iaSec ta ri o da antiga lei ,Os Um

'

vcrsa cssabi a

E a rmado do a p a rte rei ,Tudo a e ito distingu ia ;

Arranc a_o l eoso esc a rro

º

Diz a rodeira um c once itoD

i

a quelles, que j á tem sa rro ;Mette os ocu los no pe ito ,T hrono de amor

,e c a ta rrhe.

Po isj a que estes pe itos va oFrºanc a entrada offerecer-te

,

Am or c a rrega—lhe a m a o ;Aprendam a c onhec er-te,Mas paguem c a ro a licão :

Mette ni um c a rcere a dama ;De bem chantre os c a lc anha resVão c u rtir gotta na c ama ;E o secul a r cru ze osma res

,

Que fo i desc obri r o Gama ;

E se qu eres em prega rAs tuassettasde prova ,

Qu ando a lva lu a ra i a r,

Vae sobrºe a R ibei ra NovaAsa za s equ i l ibra r:

E30

Brancosvestidos tomados ,Desc obrindo assaias a ltas;Entre asnu vensos tou c ados;E c om esbeltos p a ra ltasOsbra c os entrela ç ados:

Verasser a c ceito l ogoTeu riso enganoso e brando ;Não esperam p or teu rogo ;E em _tu de a l to assoprando ,Veras chammej a r o fogo

Que a lvos dedosdel ic adosA fu rto se vão beij ando ,Em qu anto os pa es descu idadosA loj a nova adm irandoPa ra ram embasba c ados!

Verassisudo .estrº

angeiro

Contando grossos tostoesA o refrnado brºejeiroCorre io de c ora çoes,Que se c om p ram p or dinheiro :

/ XX

A

A

— 923l

Veras moça rebu cada ,Na c abeça l enço su j o ,R ota c a pa sobra çada ,Rec ebendo do m a ru j oUm c opo de l im onada :

E em quanto esc u to osgem idos,Que a rranc asde tantos se ios,Deixa que em montes ergu idosVej a osna ufrag i os a lhe ios,Enxugando osmeu s vestidos:

Se a té nos teus estimadosH ervadassettas se embebem ;Se do teu r iso enganadosC om boc c as sedentasbebemVeneno em vasosdou rados:

Va o pé,ante-pé gu iados

P or peitada c oz inheira ;Masvendo osp a es l evantados ,Dentro de enro lada estei raF ic am n

º

um c anto embosc ados:

Qu ando a lta no ite susu rraR-ij o s ib i l ante vento ,Que asgrossa s porta s empu rraE a corda e velho a va rentoC om os cu idadosna bu rra ;

Sa lta da c am a l igeiroCorre p ortase j ane l l as,Reg istando o qu a r

º

to inteiroEm c erou l ase c h inellas,C om p isto la e c a rrdieiro :

Que trem or de co ra ção ,

Qu e semb l antes enfi adosOs amantesna o terão ?Que c ªos c ollos levantadosOu v indo o r

º

u rrror estão !

— Q32

Da j anel l a debru ç adaDesenvo lve degraos fa lsosP a l l ida dam a assustada ;

Osm imosos pésdesc a l cesA m adei xa a o vento dada .

Po isse estes teus esc olh idos,P or c abedaes, p or fi gu ra ,DasNizes fa vorec idos,Ma ldi zem su a ventu ra ,

E desc em a rrependidos:

Como hei de eu crer-te, que a penas

Vi de l onge tra nç asde ou ro ?

Deba lde ou tro engano ordenas

A qu em de teu vão thesou ro

Nunc a teve m a is que penas:

934

S A T Y R A

Ofl'

erec ída a D. Martinho deAlmeida , no anno de 4779

A vós, qu e favor me da es,

I l lustre e sab io Ma rtinho ,Que meu fra c o engenho a lc a es ;E das l etras o c am inhoDentro di el lasme mostraes:

H omem'

sa o e sem reserva ,Qu e pondes sangu e de pa rte ,Que va osresp eitos c onserva ;Nutrido a osbra ç os de Ma rteCom o l e ite de M inerva :

Vosso servo hoj e se a treveA m anda r em ma p oesiaBonsdesej osque ter dev e ;Qu e tenhaesp a z e a legria ,

º

Ma isqu e o tr iste , que isto esc reve :

Qu e n'essa s va stas c am pina s ,

Que assombram erm os outei ros ,Vivaeshora s m a isbenignas,L ivre de du ros banqu eiros,Livre de ingra tasNerinas:

Em boa ta rde m anda eFa rpea r bra vo nov ilhoC om o c onde p asseae;Ide adoçando c i o fi lhoJustassa udades-do p ae:

Ensina e—lhe a ltasverdades ,A os vossos o lhos p a tentes ;Mostrae—lhe ni essasherdadesOsp ra zeres innocentes,Que fu g ira m das c idades:

Qu e ame a pu ra singel eza ,De que os c ampossão figura ;Qu e na o se fie em gra ndeza ,Que u ma é obra da ventura

,

E a ou tra , da na tu reza :

Masvo l tando a nós a ma o ,Vós

,ph i losophe p rofundo ,

Que c onversa es com P l a tão ,Vede se lhe a chaes um mundo

,

Que nos encha o c ora c a o :

Que este em qu e estamos , senhor,Semp re surdo a sãos conselhos ,Volve a roda a seu sabor ;E di zem p i l otosvelhos,Qu e vaede m a l peior ;

Qu anta s vezesnós fa llâmosSobre a su a na tureza ?Qu antasm a zellas lhe a chamos?Po rém temos a fra qu ezaDe am a r o que c ondemnamos:

O bom Democrº ito ria

Do que a nósnos c ap sa'

dorº º

E l l e m u i bem o entendia ;Vamosnós tambem

,senhorº

,

Fa zer o qu e el le fa z ia :

Doshom ensna vã l oucuraUm p ou c o m edita remos;E c om a l qu im i a segu ra ,Do ma l a lheio fa rem osPa ra o nosso ma l a cura :

Quando v i erdes,então

C orrºeremos a c idade;Unsque vem , e ou trosque va o ;Acha remosa vontadeOnde mettamos a ma o :

— 9Z36

Veremos o va o pa ra ltaCalcando importuna l ama ,Que as alvasm ei a s lhe esm a l ta

,

Na este ira de esqu iva dama ,Que de pedra em pedra sa lta :

A os ca fés i remos vel—oNo m ostrador enc ostadoSobre o cu rvo c otoveloTendo a esquerda sobra çadoGigante cha peo de pêllo :

Al l i em regrasde dança ,Com outro s ta es c onversando

,

D i ra que desde crianç aAndou sempre v iaj andQue viu Londres

, que viu Fra nca ;

Que ga stou grosso s dinhei ros:

Po isver c om socego qu izC idades

,reinos inteiros;

Ju ra que c omo em P a ris

Nunc a a chou c abelleireiros:

Exalta os môlhos francezesDosbanqu etes qu e lhe deram ;E ba l bu c ia ra asvezes

,

Fingindo que lhe esquec eramMu itos term osportu gu ezes:

Chama ra a pa tria ingra ta ;Murmura ra do governo ,Que, do bom gosto não tra ta ,E c onsente que de invernoHaj a fi vela s de p ra ta :

Em doi s m inu tosemendaO mundo qu e vão p erdido ;E quer que c om el le a prendaEm que qu adra , e em que vestidoSão p ropri os punhosde renda :

Ca rregando a sobrancelha ,A fa l la r na h i stori a sa lta ;E logo da França velhaR ec onta o pobre p ara ltaCousasqu e pescou de orelha :

Fa z a o bom S u ll'í j usti ç a ,Que os fi osda esp ada embota

A o rei , que em fu ror se a ti ça ;E na o lhe esqu ec e a anecdota .

«Que um reino vale uma m issa

Fa l la em São Ba rtho lomeuE qu asi que asgettas c ontaDo sangu e que então c or

º

reu ;

E a o c erto as fo lhas a p ontaDa h istor i a qu e nunca l eu :

R iremosdo seu estudo ;Porqu e só o tem m ostrado

Em ter cha peo gadelhudoEm ter c anhão c erc eado ,E em p ôr de m a is um c anudo .

Irem os ou v i r m il p etas,Qu ando m a is o sol se emp ina ,

Vendo a cerrimos j a rretas,Junto a Santa Ca tha rina ,Argumentando em ga zeta s :

Um quer a c abeç a da r,Se

o c onde de E sta z'

ng na o fez

Trinta nausdesa rvora r ;Ou trºo l evanta em um mez

O cêrco de G i bra l ta r :

Um ,r i sc ando a terºra , ensina

C oª

a benga la a geogra phia ;E nosdiz c om qu em c onfrna

Ao poente e a o rrreiodia

A Georg ia e a Ca ro l ina :

Outro a os inglezesdesej aNa a rmada o fogo a teado ;E p inta em cru a p elej aDez l ords fug indo nadoSobre barrisde c ervej a :

Ou tro c onta osgraves damnosQue esta gazeta dec l a raT ivera m os c a ste lhano s ;E o t riumpho ing l ez c ompa raC

os tri umphesdosromanos :

Ao seu pa rtido se a ferra ;Diz que inda c

i

osm astes rotosAo mundo fa rão a guerra ;Mas fi c a venc ido em votos,E leva a brec a Ingla terra :

Dão a o l eão fu ribundoG ibra lta r em justa gu erra ;E este c onc í lio p rofundo ,Sem ter um p a lmo de terra ,Está repa rtindo o mundo :

Dado em fim o inglez a so laQu a l qu er dosditos c onfrºadesNa rota c a pa se enro laE tendo dado c idades,Nosvem pedir um a esmo la :

Di

alli , senhor, vo lta remosPel as p ra ças p rinc í p aes;Que bel las c ousasveremos!Que famosos edita esPelas esqu inasteremos!

« Chegou m onsi eur de ta l,Ch im ic o em Pa ris form ado ;Tra z segredo espec ia l ;Um elixí rº a pp rovado ,Um remedi o universa l :

ere

Então,meu senhor

,teremos

Func ça o de ma is a lto prec o :

A certa assemblea iremosDe uma gente que eu conhec o ,Onde a vontade rirem os:

Feita a gera l c ortezia ,Pé a trás

,segundo a m oda ,

Da remos a m ãe e a tia ,E depo is a toda a roda ,Alto e ma l o senhor-ia :

A m ae, j a dra gão fo rma l ,Espelho de desengan

'

o s,

E que, por seu gra nde m a l,H a j á ma i s de'

v inte anu os,

Que gu a rda a fé c onj u ga l ;

P osta de roda no c entroCruza a perna

,m estra abe lha ;

E de l onge a ver—lhe eu entro

Sa pa tosde seda velha,

B ic osde p és pa ra dentro :

A tia,séria m u lher

, ,

Que os l ongosvestidosseusA o Carmo manda fa zer ;E dºestasque dão a DeusO que o m undo j a na o qu er;

Sente u m desgosto infinito ,e e o mundo a deixe tão c edo ;Affecta mystic o esp

ª

rito ;Porém susp ira em segredoPela s c ebo la s do Egyp -to :

B A bbe'

, qu e encu rta asba tinas,P or mostra r bordadasmea s ,E presidindo em m a tinas,Vae

'

dep o is as assembléasCanta r moda s c oªasmenina s ;

—% f2

Sa iremos de improv iso,

Despedidosa fra nceza :E iremos

,po iseprec iso ,

Na vossa esplendida _mesa

La rºga r redea a fom e-

e a o ri so :

De"

tudo noslenrbra rem os;A famosa digr

º

essa o

A o bom ma rqu ez c onta remos,

E do vermelho Monça oMil sa údes lhe fa remos:

Mas, senhor, a gora vej oQu anto o pensam ento vôa ;Esta r c omvosc o desej o ;Não p odendo ce

i

a pessoa ,Fu i a o menos c

i

o desej o :

Correu c om l a rgu eza a m a o ;Escrev i ma isdo que devo :Fo i cu lp a do c ora ção ;Qu ando vos fa l lo , eu escrevo ,Ashoras instantes sa o :

Qu em me sej a pou co a ffeito,

Vendo estas regrassingel as,Dirºa c om damnado peito ,Qu e escrever-vosba ga tellas,E fa l ta r-vos a o respeito ;

Masvósso issab io , e so is justo ;Sabeis quem me enc ostei ;Bo i lea u qu e escreveu sem susto

,

Fez o mesmo a o grande rei ,Fez o mesmo Hora c i o a Au gusto .

A F U N C ÇA O

Musa,ba sta de .rima r ;

Ja fa zesesforçosvãos,Vae a lyra pendu ra r ;Não sabem trému l a s m a osCom as c o rdasa c erta r ;

Já a velh ice pesadaTe encheu de ru gas a testa ;Ja c o i a

x

du ra ma o geladaTe poz a m a rc a funestaNa m ade ixa branqu eada ;

Teu estro,fa lto de m e i os,

Ja fu rta m a i s do qu e im ita ;Vasdando a irosos pa sseios

,

E todo o povo te grita ,« La rga os vestidos a lheios»

º

T u a va idade fa z dó ;C inges c asc os enru gadosChei osde c a runcho e pó

,

C om velhos louro s furtadosDo sepu l chre de Bo i l ea u :

Leste por teu m a l um dia

Este livro endiabrado ;T a l te poz a phantasia

,

Que o c orpo velho e c ancadoInda te pede fo l i a :

Depo is qu e v i sto sa qu intaTe deu bri lhante func ça o ,Tu de di sc ordias fam inta

,

Vens c om damnada tença o

Pôr—me a o pé pa pel e tinta :

Bem me lembra o si ti o ameno ;Qu anto v i tenh o p resente ;Mas a ti é qu e eu c ondemno ,

Qu e na a c ç ão ma is innoc enteVássempre de i ta r veneno :

Com felpudos cha pelinhosQue estofada p luma orna v a

,

P or a p rº

a ziveis c am inhosFormoso esqu adr

º

ão montava

Aj aezadosbu rrinhos:

Ma rcha a tropa ; amor a gu i a ;T u que a m esma estra da tri lhas

,

Mostra —me em todo esse diaCou sas

, qu e na o fossem fi lhasDa innocenc ia e da a legri a ?

D i zesque p obresdonzellasVão os o lhosenganandoC om p osti ças tra nça s bel la s ,E c h i tasde Contrabando ,Que a inda são das adellasº

E que em qu anto em ta esdesrnanc hosA irºmã

, c om títu los fa l sos,Fa z a gloria d estesra nchos,C orºre o i rmão , c

'

os pe'

sdesc a lcos

Vendendo em L isbo a ganchos:

Di zes qu e um,o qu a l eu c a l o ,

Assentando qu e assenhorasQuerem todasnamora l—o ,Cra vando a fu rto as esp oras,Metli a em obra o c a va l lo :

Que ou tro , fa lto de expressão ,Tra fi c a r de l onge qu i z ;E c om o lenç o na mão

,

Pa ga va o p obre na ri zOs c rimesde c ora c ão :

Qu a l c o ºa na va l ha a fi adaDesegu a l c orti ça a planaD

i

antiga a rvo re c op ada ,E enta lha ,

em letra romana ,

O rronre de su a am ada ;

Berj a então as letrasbel las:E de versos c u rº ioso

,

Pondo brandos o lhosn'e l la s ,Pede a o tronc o ventu roso ,

Que as va erguendo asestrel las:

Di zesque p or ma isque eu p regu e ,São ba ldado s meus o fii c ios;Que ningu em jama is c onsegu eMa rcha r sobre p rec i pi c i os,Sem qu e a lgum pelhe esc orregu e :

Sentam—se entretanto os p a es;Vem ga zeta , e rei da Prussia ,Vem os EstadosGera es;Ma rºcham com as trop as, da R ussiaAs trºop as imperiaes:

Um c onta da Porta o estado ;D i z que das p a zes o a rtigoVae mu i pou c o a c a u tel ado ;E tendo a fi lha em perigo ,R i do tu rc o desc u idado :

Coº

a p intada sobrº

ancelha

Vae sósinba p asseandoBoa mãe

,sinc era velha :

Dosesea lhos resgu a rdando ,Ora a pellic a , ora a telha ;

Pondo contra a lu z a mão ,E c rendo que n

'esta rº

u a

Esta São Sebastião,

De Venusa esta tu a nu a

Fa z mesu ra e o ra ção ;

P ondo contra a lu z a mão .

E c rendo q u en'

esta ru a

Está São Seba stião,

De Venusa esta tu a nu aFa z mesu ra e o ra ção .

248

Masda tu a semra zãoE u v i p r

º

ova verdadei ra ;De hab i l velha a c respa mãoFo i a ta c ando a a lg ibeiraCªo s sobej osda func cão :

Se N i ze, qu e fa z estudoDe a ffec ta rº m ora l v i rtude

,

Com a r a ustero e sisudoFa z c rim inosa sa udeCom os o lhosno seu T udo ;

Se o c lrich isbeo seu v isinhoLhe vae a fagando osdedosDo tenrºo , su rdo pesinho ,E p o r saber—lhe ossegredosLhe bebe o resto do v inho ;

Se m a u trinc hante nova to ,Mostrºando annel de brilhantes,Maserrando a forç a e o ta cto

,

C om riso dos c irºc unstantesT rº incbou o perú e o p ra to ;

Se gordo beirº

ão m orgado ,

A qu em seus c anhões a ffrontamE em p a r de m eia s bordado ,T r

º

a idoresv incosnos c ontamAsvezesqu e as tem c a l c ado ;

Segu indo a Nerº ina o trº i lho ,

Lhe está di zendo que adora ;

Qu e de fa rº

tos p a esefi lho ,E qrre venha ser senhor

º

a

De v inte mei osde m i lho :

Se este infel i z namoradoB o rºdou de a rro z 0 vestido ;Se du ro ga r

ºfo a gu çado ,

Na nov i ça mão meltido ,

Lhe dei xa u m bei c o espetado :

— ºz.re

Tudo isto são merºosnadas;E toda a indu lgenc ia pedemMesasem b a rºu lho a rm adas;P eiorºes c ousassu c cedem

Nasque ju lga s del icadas:

E u j a v i boça l c ri ada ,Qu e o fa ta l segredo esp a lha ,

De esta r u m moço na esc ada ,Que vem busc a r a toa lha ,Se j á esta desoc c u p ada :

D e ixa po is tenção ru im ;Fo i um soffrivel j anta r

º

;

E dep o isqu e el le deu fim,

Fo i ma u ver contra dança r

Toda a ta rde no j a rºdim ?

Destros pa res perfi l ados,

Que o bri lhante enredo tec em,

Deram p rº

omptos e a c ertados,Um p r

º

a zer, q ue só c onhecem

Os c orºa c õesdel i c ados:

Venus rrresma na o hzerºaJogos m a isenc antadores,Qu ando di zem que desceraEntre asgrºa çase os amoresSobre osj a rdins de C i thera :

E que m a l te fez então ,No fu ror das c ontradancas

Ver p a rcei ro c orº

tezão

I r l eva r a dam a as tranças,

Qu e lhe c a irº

am no c hão ?

Das tresvelhas qu e danç a ram ,

Se uma grº í tou de repente ,

Fo i porque os p és a entrega rº

am ,

Quando desgrº

a çadamente

Osdo is ca l lo s se enc ontra ram

E se a ca so em ti na o ha

Gosto porº ta l passa tem po ,Enfrera essa l ingua m a ;São modasque vem e o tempo ,

O temp o as a c aba ra:

Não são osgostoseternosº

Teve 0 P assa p ieam igos,A inda não ha q u inze inverºnos;Fo i a gloria dos antigos,Hoje em ofa dosmoderºnosº

Deba lde em ra lha r: te c ança s;De ixa a o temp o osseus c am inhos;i r-se hão p ou p as, i r

—se—hão tra nc as,Hysteric os, j osésinhos,Fe iti ços , e c ontradanc asº

Em bando l im m a rchetado ,Os l igei rosdedos p r

º

omp tos,Lou rºo p a ra l ta adam ado ,Fo i dep o is toc a r p or p ontosO doc e loa dum c/zo- zrado

Se Ma rc ia se bambo leiaN

ª

este innocente exerc i c io ;Se os qu adrissa ra cotei a ;Qu em sabe se tra z c ilí c io ,E p or v i rtude osmeneia º

Não sentencêesde esta l o ;Tem asdanç as frm decente;A ma o p a e; ma s, p or dei xa !-0 ,Dança a donzel la innoc enteD iante de São Gonc a lo :

C obrºando o pa rdo dinhe i ro ,De qu e o p ovo etribu ta ri o ,Velho p reto p ra zenteiroPa ra g lori a do rosa rio ,R em exe o c orpo e o p andeir

º

o :

E se c oi

a l ingu a damnadaSem moti vo envenenasteA ta rde tão bem pa ssada ,Com m enos c a usa gri tasteA no i te na r

º

etirº

ada º

Se a pe, dando oª

j osésinhoEsc o l tou Al c ino ledoA Ma rc ia todo o c am inho ,

Fo i p orqu e ella tinha m edoQue lhe c a ísse o burrinho :

Todas c ontentes chega ra m :

Nenhum a c hegou m o ída ;E depo isque se a pea r

º

am ,

Al l i mesm o,a despedida ,

Ou trºa func cão a j usta ram :

Vês, musa , c om o a tropel l a sA innocenc ia das func ç ões?Confessa qu e em todas el lasO ma l não vem dasa c ç oes,Vem de qu em j u lga m a l d

i el las:

Segu e ou tra ph i losop h ia ;Nem semp re seriedade,Com o nem sem p re fo l i a ;Na discrºeta v a ri edadeEsta do mundo a ha rmoni a :

Bra vo inglez sangu ino l ento ,Dep o is_de dei xa r votado ,Que se a ffronte o m a r

º

e o ventoCu idasqu e fi ca fechadoNassa la S

'

do pa rl amento ?

Se pela p a tri a se c ança ,Tambem p ra zeres

'

desej aDe manhã assu s ta a Franc a ;Arrota a no i te c ervej a ,Canta m a l

,e c ontr

º

adanca :

Tra ta p o isde te emenda r,E deixa v idas a lhei a s ;Que o p o vo está a zornba rº

Em q u anto te i rrchanr as veiasC om a forc a de prega r :

Thoma z dosP ós fez nrissões;Ajuntou gente infini ta ;Mas inda em negr

º

osverº

gões

Tra z nos a rtelhosesc rº i ptaA pa ga dosseussermões:

Tom a em fim a l i ção m inha ;Masse estasna mesma frºagoaD

i

a quella mu lher mesqu inha ,

Que a l ç ando a mão fóra di a gu a ,Fez c 'osdedos tesou rirrha ;

Teme o rº

a ivoso furorDo exerc i to dos p a ra ltas,Que em a rmasse vão j a pôr ;Tambem o das p ou p a s a ltas,Que é inim igo peior

º

:

Gu a rºda rn no pei to odio velhoP or nrotivossim i lha rrtes;E se c rêsno meu c onselho

,

Ma ta—lhe antes os amantes,Qu ebra—lhe o melhor espelho ,

Proh i be-lhe as c onvulções;Abre-lhe a o cãosinho asveias

,

Que p a ra tudo ha p erdões;Masnunc a lhe chames feias

,

Nem lhe entendas c o i as func ç ões.

eses»

Dºna to , qu e p or prega r fo i p a ra a s ga lés.

O V E L H O

Em vão te quero fug i r ;Fa ta l velh i ce, as tuassettasDe perto me vem ferº ir ;B em ouço o som dasmo letas,E bem te sinto tossirº :

Assim na tu reza o qu iz ;Já em teu r

º

ol me a l istaste;Já em triump ho infel i zUns oc u los a rvorºasteN'este venc ido na ri z :

Venha o nra l, masnão se a p resse;Sobre o c onsu ltado espel hoMeu rosto não esnro r

º

ece:

Qu eressaberº quem evel ho ?E velho quem o p a r

º

ece:

Sei qu e a c a lva me condamna ;Que im p ortuna côr desdou ra

A grenha , p ou c a , e peq uena ;Masesta ma rra fa lou rºaLanca u m”

veo sobre a gangrº

ena :

Não me venha j a fecha rA p r

º

essada mão ferina ;Tenho uma a lma , e posso anda r ;Quer

º

o da fi el Nerº inaPela ru a passea r :

5 T ª º c

Sisudo amo r nos prendeu ;Nerina não qu er v erº rotosOsla çosque me tec eu ;Qu er c onsagra r nossos vo tosAnte a fa ixa de H ymeneo :

Velhosda u l tima edade,Ao longo c a l ção estr

º

eito

Mandam a p erta r m etadePorqu e inda tra z o defei toDe anda rem nel l e a vontade;

Po isse ha tantos rº

efundidos

C om quem fa zesgrº

ossa a v istaSej a eu dos fa vorec idos;Au gmenta c ornnrigo a l istaDos teusesc ra vos

D

fugidosº

Dei xa,em fim

,dei xa abranda r—te;

Qu ando não , rº

ebelde p rº

esa ,

H ei de as forçasdispu ta r—te;Tens po r ti a rra tu r

º

eza ,

Eu tenho o c ostume e a a rºte:

T rºoc a a a rte a rrnosos frºeixos

Em dou rado bergantirn;T rºoc a em nyrnp hastoscossei xos;E tor

º

na em a l vo m a rfimPodres

,so l i ta ri 'os qu ei xos:

Qu e inrp orº

ta que a c ôr grisa l haMe infame o rosto roncei ro ,Se em qu anto da Eu rop a ra lhaLeva fa llado r ba rbei roOsmeus anrrosna na va lha ?

Se em c o rteza so c iedadeLesbi a c ontra fa z dengu i ce ;E frada no a l va i ade.

Ou er trº ibu tosna vel h i c e .

Sem os ter na rrro c idade :

"e tigel as rodeada ,Se a vontade os anu os troc a :E p o r fi c a r bem p intadaC om c o lher dentrºo da boc c aAl teia a fa ce eng ilhada :

Se a su rºda orelha a ppli c ando ,P o r mostra rº qu e ou v ira tudo

Vae c o'

a c a beç a a p p rovando

Ma ganão , qu e em a r sisudo ,Serpente lhe está chamando :

«

259

Se assim mesnro querº amantes;Se Al c ino a j ustando a lyr

º

a

Mentirºosos c onsoantes,A seusj oelhos susp ir

º

a

Pelosbrº inc osde diamantes:

Mo ç o de mesq u inha sorte,

Que tendo a índigenc ia horrº

or,

Vende amorº

oso transp orte,E entoa oshymnosde amor

º

A o sim u la c ro da m orte º

Po isse a Lesb i a eperm i ttidoRebella r—se a na tu reza ,E a seu du ro a çou te ergu ido ;Po rqu e estu p ida ba i xezaH ei de eu da r—me porº venc ido ?

Cedam trenru losj a rretas,Que j á q u a tro edades c ontam ;De Cu p ido asnrãosdiscretasSobrºe c inzasnão a pontamAssu a s dou rºadassettas:

Ceda Antronie, que assentado ,

O qu e ixo em vão m astigando , »Na po l trona a gasa lhado ,Vire sendo de qu a ndo em qu andoPelas fi lhas a ssoado :

Que dando rº isadas tontas

Da c ontra dança a osenredos,

E reza ndo a o som de a ffrº

ontas,

Asnetas a pertanr dedos

Em qu anto el le passa c ontas:

Sobrºe Anfrºonio assenta bemTeu a çou te levantado :Contra m im sem tem po vem ;

Qu e em estando esc anlroado ,

Não me tro c o por ninguemº

ªl li !)

Debalde de a lc a trºu za rº—me

Agora em v ingança gostas:Vej o Nerina a espera r

—me,

G rº ita rº

ei c om do r de costas,Po rem hei de endi rei ta r-me :

Gema m , sub indo a c a lçada ,Meus to rºc idos ossosvel hos'

Que c om a p o rta cerº

ra da , ,

Pondo a c ara nos j oelhosT orna r

º

eir fo lgo na esc ada :

Entra re i fa zendo a gra dos,Comp radosdentes rnostr

º

ando

Osmeusbe i ç osensinados:

E nos a ventaes la rreandoMãos chei a s de rebu ç ados:

D i rei m il a rnorºes ternosAnte Ner

º ina a j oelhado ;Masc a ra ndo os_meus ínver

ºnos

C om cabeção enc a rºnado ,

E bo tõesínhosm odernos:

—?6Q

Que dossete amantesseusQue susp iram

'

os ferº idos

(Joi

assettasdo c ego deusEscu ta osternosgem idos;Mas por mófa , só osmeus:

Que oso lhos, que'

eu chamo soes,Mestres de a ttra c tivas

ç

tretas,Tem só ou ro p or fa roes;Que a l l i forj a Amor m il settasQue lev am na p onta anzoes:

Masqu e ba rba ra inso l enc ia !Que inj usto , inferna l c onc e ito !E es tu i rmã da prudenc i a ?lnfama r um c asto pei to ,Thrºono de a morº e innocenc ia ?

Uni r-se a no i te c o i a a u rora ,

Ver rebenta r di

a gu a frº ia

Viva chamma abrasadora ,Ma is fa c i l isto seria ,Qu e ser Ner

º ina trai dora :

Seus fisc aesmeus o lhossa o ,Inda d

º

antesqu e osseus passosToc assem p a ter

º

no chão ;Vi—a crescer nosm eusbra ços;Leio no seu c ora cão :

Sem m im nunc a p ôde esta r º

Ci

o meu m oço a no ite vouA su a porta ronda r

,

Quer saber que a l l i estou ,Gosta de

'

ouv ir-me esc a rra r :

Contando h istoriasde fada s,

Em horas'

qu e o pa e na o vem ,

E coi

as pernasenc ru zadas,Sentado a o pé do meu bem ,

Lhe dóbo as a lvasmeadas:

_ zsr

Fa b io,antigo c a va lhei ro ,

Masque herdou só pergam inhos,Qu ebrando hoje o m i a lheirºo

Dei xou rotosos fi lh inhos,

E c ornprº

ou u m reposteirº

o :

Pede esmola em ba ixa voz ;E a legre su a a lrrra nobrºe,Zomba da Pobreza a troz

,

Beij ando no dado c obre

As a rm asde seusa vós;

Tiei o de versos fa l l idosFa bri c ante imp ertinente ,Uns c u rtos, o u tr

º

osc omp ridos,Qu erº qu e gem am egu a lmenteAs im p rensas, e os ou v idos:

Enfastiado s frºegu ezesJu rºam que este a u c to r

º e lou co ;O cego gr

º

ita se isnrezes;E a no i te, ra ivoso e rou c o ,

Conta os nresmosentrº

emezes:

Masq

freí ra, que tem dinhei ros

E da P /zem'

a: R ena sc ida

Repete tomos inteiros;Do is triennios inc unrbidaDe da r ni o tesnoso itei ros;

Que hoje c om do isestu p orº

es,

Busc ou dos banhos o a brigo ;Pródiga em c há e em lo u vo resE q u em desforra este a m igo

Do desp rº

ezo dos lei torº

es:

T i c io rº i de sernrºa zões

,

Vende as lendas pelo vu ltoAsdiv inas p rodu c ç ões;E tem dó de p ovo estulto ,

Oue gosta m a isdo Cam ões:

Po isse a qu i na terº rºa du rºa ,

Que tu empeiorº

ado tens,Não ha so l ida ventu r

º

a ,

Deixa -lhe a o menos osbens,

Qu e frnge a humana lou c ura :

Mas ta es a rg umentossãoP a r

º

a o meu c aso esc u sados;De Nerina a estim a ção .

Fi rme amo r, doces a grº

ados,Não são bensde Op inião :

Velho que a ttento namora ,Que a rrosta c a lmas intensasP or serv i r a qu em adora ;Que lhe c obr

º

a logo astenç as,

Qu e é c omp rº

adorº da senho rº

a :

Qu e é c a l ado , que é p o l ido ,

Que tem u m c orºa ção l isoC om ou trasnão div idido ,Pe l asdamasde j u i zoE a os rno c os p r

º

eferido ;

Que fa z sobra nc elha p reta ,Corpo esbel to , o lhosboni tos,Se sabe a dama disc reta ,

Que nos c a fésseusesc ri p tosSão a segunda ga zeta ;

Mil relog ios, m il fi vel asQue a osAdonismu itas deramPa ra um a i rmã ir a Bel l as,A ter

º

ça feirº

a penderº

a m

Nas c a banasdas adella S '

Cu idas que é u m c o rº

o lla rio

Ser velho a rrra rrte infel i z ?Amor é mu ito a r

ºbi tra riO º

Manda este sab io j u i zMu i tasvezes o corrtrºa rº i o º

B eto dic c iona rio antigoMe da n'este assum pto a mão ;Tra ta d'este mesmo a rtigo ;E a inda que

'é mera fi c ção,

Atic a a l uz a o que eu digo :

B rºanda doença toc a vaDe m oço ma rido o peito ;Terna esp osa

o não dei xava ;Desgrenhada sobr

º

e o l e i to,

Tri ste pranto derrama va :

Vem loqu a z medic o forte ,Que c om a penna hom ic idaGoverna as c ousasde sorºte

,

Que nos esteios da v idaLevanta o throno da m orte:

P or elle os a isderradei rosEm m i lhões de tec tosvoa o ;Por el l e folgam herdeirºos;E em m il ermos adrossôamAs. enxadasdos c ovei ros:

A trº iste v í c tima então ,

Que o u l timo instante go za ,Porqu e ca íra em ta l m a o ,

Pa ssou dosbra çosda esposaPa ra asga rrasde P lu tão

Não fo i ver a c l a ra lu z ,

Que em doc e si lenc io ra iaN'essesvastos c amposnús,Aonde o fi lho de Ma iaP iedosas sombras c ondu z :

Fo i a o reino dosesp antos;O c o itadinho p a sma va ,Qu ando a l l i v iu ta es, e tantos;Viu mu itosqueel le c u ida vaQue eram neste mundo uns santos:

1 Merc urro , fi lho de Ma ra , era na fa bu la o cond u ctor da s a lm a sa osCam posE lysí os.

nos

E l la v ir'

a a j uda rº

Meus ta rdes. m a l fi rmes p assosº

E p or não me c onstip a r,lrão osseus a l vosbra cosAs v idra ca s a ba ixa rº :

Su a boc c a esfrº ia raMeu c ha

,se quente o senti r ;

Meus oc u l os l imp a ra ;E pa rºa me fa zer rrr

na ri z os p ora :

Perdesem fim os c u idadosSem v i res c ªos teussequ a zes,T riu mp hantesa pu p ados,B rincO e medo dos ra p a zesOssu j osga tosç p ingados:

Então qu ando tendo a leadoDas tristes

,feridas casas

,

A m orte seu vôo o usado ,

Enco lher asnegrasa zas,E pousa rº no meu telhado ;

Qu ando osdiasqu e me a gou ra sSentirem o u l timo fri oQu e em teus c o fr

º

esenthesou ras.

E a P a rº

c a em meu deb i l fi oFec ha r as fa ta es tesou ras;

Então sim,então venceste ;

Os teus o lhos fa rta rºasNo trº iunrp ho que ti veste:Mas tambem então verásA lou c u ra que fi zeste :

Sem u m vel ho assí rrr j u c undo ,Que p onha c ôr

, p onha dentes,Qu a essão teus bens, qu a l teu fundo ?E S 0 terr

º

o rº dosv iventes,

És o rna iorº

m a l do m undo :

Sem m im,sem m inhas tra p a ç as,

Sem ternu ra , sem meigu ice,Sem estudada s nega ças,Como anda rº ia a velh i ceA p a r do amor e das gr

º

a ças?

Chorºa então qu em te a rrº

a nc ou

O a rrº

a igado v i tu perio :Q ue os horro rºes te a fastou º

Que adoçou o teu imperº io ,

E qu e, em te nega r, te honrº

ou :

E sobrºe um a c a rrrp a breve,C om profundado l a vor

,

Que a mão do tempo não leve,

Em honrºa tu a , e do am o r,

Este ep í ta p h io me esc rº

eve

« Aqu i,l isa pedra enc obre,

Um pei to nunc a infeli z ,

Todo o amante animo c obré,Vendo que este fo i fel i z ,Que a lenr de velho , era pobre .

Q7O

Q U I X O T A D A

ºEsp i ca ç a esse anima l,Comp anheiro Sancho Panc a ,Entremos em Po rtu ga l,E vamosmolha r a lançaA pró do triste Pomba l.

Poetasprinc ip iantes,Ja

'

estou em c irc o ra so :Tambem Apollo é Cervantes

,

Tambem cria no Pa rnasoSeus ca va lleiros andantes .

Nao voschamo , ó suj o rancho ,Que a té os versos erraes;Em ta l sangu e asmãosnão mancho :Pa ra vós e ou tros

ç que taes

Sobej a a espada de Sancho .

Sobre vósc a rrégo a ma o ,Sobre vós

,fo lhasvelhas,

Que da esnª

umç homem no cha o

,

Sem voslembra r, que entre ovelhasE fra qu eza ser leão .

Essa bocca enganado ra ,Que é hoj e da ma ldrça o ,Mil vezesse _p oz ou tra bor

º

a

Sobre a praguej ada m a o ,E lhe cham ou bem feitora .

Poisj a qu e vósso is a ssim ,

Povo revoltoso e ingrato ,Hoj e c a stiga r-vosv im :

Ire is pel o p é do ga to ,Nem esp reis qu a rtel em m im .

Essas c inzasdenigrº idas,

Q ue a o vel ho pou p am m i l ma goa s,Leve-as o Tej o envo l v idas,F iquem no fundo das a gu as

Pa ra semp re submerg idas.

Vês, S ancho, do nome nreu

C omo v ôa a c la ra fama ?Nem v iva a lma a p p a receu

A a pa ga rº

a v o rº

a z cha mma ,

N ingu em , ningu em se a trº

eveu !

Vés c om o a j uda o destinoA u m bom c a va l leiro a ndante?

Não p rec isei de a ço fino ,

Nem de pésde ro c inante.

Nem do elmo de Mambrino .

O tu que a l çaste a v isei raForcej ando osnervos vel hos

,

E p a ra ver a fogueiraLim paste os o l hosverºnrellrosNa fel puda c a bel leira :

Aba i xa a p roa u ma vez

Chega a Du l c ine i a be l la ,

E di ze p osto a seus pés:Forºmosissim a donzel l a ,

E u sou um triste m a rqu ez ,

Qu e fug indo a u m p o vo inteirº

o ,

A qu em mettérº

a em fu ror

Minha p rº ivanç a e dinhei ro ,

Vim a cha r m antenedo rEm teu nobre c a va l lei ro .

« D isse este p ovo m a l vado ,

Queeu tinha o re ino extorº

qu ido ;

Que era ga tuno a famado ,

E ue em j ogosde p a rº

tido

T igba com todos levado ;

« Qu e no ta ba c o leva vaUm q u inhão a vanta j ado ;Que o sabão não me esc a p a va ;E que sem ser

º depu tadoNas c om p anh i as entra v a .

| )asm inhas leis rnu rmu ra va rrr:

E o seus peq u enosj u í zosTão p ouc o o p onto toc a va m ,

Q ue semp re me era m p rec isosAssentos que asdec l a ra va m .

Té na l ingu a sem nroti vo

Deram c ri tieos revezesFiz n

i

el l a estudo excessivoBeb i nosbons p or

º

tu guezes

Monop olz'

o , e resp ectivo .

D isse m a is o p o vo insanoQue per

ºdi de Roma o trº ilho ;

Que fu i su l tão soberºano ;

Que a ndei c asa ndo meu fi lhoSegundo o r

º i to o thom ano .

« Mas toda a m a ldade é su a :Vêm r

º iquezase, p a l a c i o ,Come

'

m —se de invej a c rº

u aº

São unsnovos cãesde Ho ra c ioLadrando deba lde a lu a .

« Ja se -me da pou c o o u nadaDa su a guerra pequ ena :Tenho gente em c am po a rmada ,Tenho Mendonç a c o

i

a penna ,

E Dom Qu i xote c oº

a esp ada .

Esta fa l la , ou ou tra egu a l ,Ac a bada , meu nra rºquez ,Fa ze r

º

everº

errc ia form a l,

E a rrº

asta osgo tosos pésP a rºa a v i l l a do Pomba l

N'el la vive descançado ,Porque asa gu asva o serenas:

Semp re m inistro de estado ,Mandando c ousas pequ enasNo teu Lopesenc ostado .

Junto a esta tu a v il cana lhaDesp rende as língu as tyrannas:E se esta rude genta lhaArranc a r com m a osp rofanasA ca rrancuda meda lha ;

Arm asem ou ro gra vadasSer-te—ha o p or m im erig idasE p or ti m esm o tra çadas;Em sangue hum ano ting ida s ,E c om m il le ispendu radas.

an;

A l l i se a j unta bando de c asq u i lhes,A qu e o vu lgo m orºda z chama r

º

a fadosº

A lto topéte, p renhe de p olv ilhos,Qu e desc a l ço ga l lego deu frados;De quebrados ta fu es, vadios fi lhos,Pel asva stas tablilhas enc ostados

,

Al terc am m il qu estões; p rº

om p tos c ontendern,P romptesdec idem no que nada entendem .

Um qu erº ver,enfrºonhado em p ic a ri a ,

S i lvada testa no anda l u z g inete;Ou trºo pro va no chão a p onta fri aDe l u z idio , v i rg ina l florete ;Ma is amante da p a z , ou tr

º

o el og iaDo bom Dup re

'

o a irºoso m inuete;E posto em pé, pa r

º

a im ita r—lhe os p assos,A ltêa o pei to ,

e vae torcendo osbra cos.

Aventu rasde amo r o u trº

o c ontandoMostra os esc r

º i ptosde'

Nerina bel la ;Onde a m ão adora vel fo i lançandoC om p enna de perú l etra am a rel l a ;Vae com tra ba lho o triste so letrandoAs torºtas regras, qu e boça l donzel l aDe emp restadas finezas c a rregaraOue p iedosa v isinha lhe di c tara .

Então diz , qu e finíssim a rrradeixa

Lhe ondêa sobrºe o hornbrºo torneado ;Al l i susp ir

º

a o triste,a l l i se quei xa

De i rº j á sendo p orº el l a desp rº

ezado ;Conta , c ho rando , que esta ingra ta o dei xaP or

º

esbel to c adete, qu e ra fado ,P orº m a isq ue a o usu r

º

a rio osso ldos p eç a .

A bo lsa sem pre tem c omo a c a bec a .

— Q78

Ma is a o longe, com pa l l ida vrserrº

,a

Su j o poeta esta voc i fera ;ndo

Da noj osa , enrpeç ada c a belleirº

,a

Vári as pontasde p a lha vem brºotando ;Os p a p e is, que lhe pej am a a lg ibe i ra ,Vão pelo forr

º

o l a rga porta a chando ,

Fa z da véstia c am isa , e é c olla rinho

T orºc ido so l i ta rio pesc oc inho .

Fôra cem vezesem noc tu rno ou te i roDa sab i a p ada r

º ia a p adrinhado ;E diz-se que g l osa va p orº dinheir

º

o ;Mas c re io qu e a téqu i não tem c obr :ado

Segu indo em m oço o ofh c io de ba rbeiro ,E das fi lhasde Jove namorº ,ado

Abri u a o mundo asperrº ima ba ta lha ,

Tanto c o i a penna,c om o c o

i

a na va lha .

Fa l lou, p or a ffec ta r musa c ampestre,

Em su rrao e c a j ado mu i tas vezes;E ra um flagel lo este tyranno mestreDos ou v idose fa cesº

dos freguezes;Todos os versos leu da esta tu a equ estr

º

e,

E todos os fam ososentrºemezes,Que no A r

º

sena l a o va go cam inhanteSe vendem a c a va l lo nªum ba rbante .

'

De c ançada ,ra rrçosa p oesi a ,

Grosso vo lum e na a lg ibei ra anda va ;Em vendo gente, logo la c orria ,E o fa ta l c a rta p a c io lhe empu rra va ;Ac róstic os sonetosrepetraQue só el le entendia

,e so lou va va ;

P unha em p rosa tambem mu i ta p a ro l a ,E a c a ba va p o rº fim pedindo esmo l a .

279

liste ou v indo da tu rºba as p rº

osas fri as,E a c c eso do P a rnaso em santo zelo ,A lç a rrdo a voz , c a ntou do ces p oesi as,Qu e invej o u de La tona o fi lho bel lo ;J u rando que as fizer

º

a em p o u c osdi as,P rometteu qrre as ha v i a da r a o p rel o ;Masda r

º

oda u m dosnrerrosdep ra vados,Em desc onto as ou v iu dosseu

*

s—pec c ados.

Deba lde, diz , o p ovo v il, perº

verº

so,

Sobrºe m irrr desc a rrega tirº

os rº

udos;

Qu e eu não só seu poeta desde o berºc o,

Mas tanrbem tenho so l idosestudoSei qu e syl l abas leva c ada verso ,

E não m istrrro gra ves c om a gudos;ltom p i ou tei r

º

osem S anVAnna , e Chel las,Cha mei sol a p relada , asm a is, estrel las.

Cei

assono ras pa la vrº

as P rado , e P lectro ,Ponho em meusversos loc u ç ão div ina ;E sei

, p a rº

a c ump ri r as leisdo nretrº

o,

Qu anto a h istori a das fa bu lasme ensina ;Sei q i re dos c eos tem Ju p i ter

º

o scep tre,

Que nos inferº

rros rº

eina Proserº p ina ;Á rnadrrrgada sem p re c hamo a u r

º

o ra,

Senrp re c ha mo a u m j asm im rrrimo de Flo ra .

« Sei de c erto em qu e tem po v iu o m undo

Fi l hosda terra os q u a tro irrrrãos g igantes;S ei fina lmente c o nhecer a fu ndo

O'

que são c onsoa ntes, o u to a rrtes;

Sei tudo,e unic a mente me c onfundo

Gi

nns ta es versínhos, que eu não v ia d'

a rrtes;A osnovos u rºsos todo o p ovo a c ode

,

O esti lo é sybillino , o rro rrre é ode.

Fa zel -aseu , não p osso , nem desej o ,

Po rém sei c onirec el—as fa c i lmente :C o

'

a s verdes m ã os o scrº

p ea clo T ej oA [pa o tr

º í lz'

nga e,«má ,

/tido tridente,

º

Ma s que (í orgo a a ;?ltra ? eu. vej o , euEm di zendo isto ,

e ode certamente;É filha d

'

a rte a cscu ridade d'

el l as,E um p recei to dasdesordens bella s.

As ta es p oesias, que a entenderº

não

Podres p a l a vra s tem desenterra do ;Se leva m nó

, etão oc c u l to e cego ,One quem q uer desa ta l—o , vae logrado ;Di zem que im i tam n

i

isto um certo gregG lo ria de T hebas, Pínda ro c hamado ;Se isto é assinr, a su a l ingu a de ou ro

Seria grega , mas fa l l a va mo u ro .

« .Ou a tro rº

a pa zes estendendo o p anno ,De ixam as gentes a o r

º

edor absortas;Fa ltando em Venu z ino e Mantu ano ,Asnrusas p ortugu ezas p õem p orº p or

º

tas;Ap rendendo francez e i ta l i ano ,E uma s ta es l íngu as a qu e c hamam m ortas

,

T rº

a zem c om el l as perº í gosasmodas;

Mas a rnda bem qu e eu as igno ro todas.

Diz uni sa b i o q ue o secu lo presentela emendando oserrosdo p assado ;Mas que das odes a infel i z to rrenteT inha a l ingu a o u tra vez estropeado ;( lue amontoam c om mão impertinenteQu antas p a l a vra svelhas tem a chado ;

Que se envergonham dasque usamos todos,

E vão busc a l—asmu i to a l ém dosgodos.

(( Como a c a runcho e p odridão condemna

A l i ç ão a ffec tada dos antigos,Não l e i o B a rrºos, Sousa , nem Lucena ,Porque sempre fo i bom fugi r

º dos p'

rigos;Ou sempre esc reveu m a l a su a penna ,Ou nunc a o s lerºam bem os taes am igos;E p or c a u tela , a rreda , bolo r

º

entos

G inj as fa taes, do tem p o de qu inhentos.

Não podem c rer os geni os l usitanos,Que asm odas, c om o asv idas, são pequ enas;Que j á m

'urc ho u esse estrº

o dos romanos,E influ em sobre nós o u tras Ca menas;One e tempo trºa gador, vo lvendo os anrros,

ez c a ir Roma , fez c a i r A thenas;Que j az no pó a I l íada envo l v ida .

E que a lça a. frente a P /zenir B ena sc ida .

Ma is ,i a p or di ante o monslro horrendo

Cio sermão , que ninguem lhe errc ornmendara ;Mas inim iga mão lhe fo i ba tendoCª

um ba ra lho de c a rtas p el a c a ra ;

Erºa um p onto infel i z , qu e estando a rdendo ,No innocente poeta se v ingaraQue na o sentiu ver-se ma l tra tado ,Mas ter a porc os per

º

olas l anc ado .

E is que o dono da c asa espa vorido ,Em c astigo da so rºdida c ub i c a ,

Vem c om as mãosna c a beça : Esto u perºdido ,

Tenho as c asas c erc adasde j usti ç a :E rºa

'

dom i rrgo , e u m p onto a rrependidoSentiu então o não ter ido a m rssa :

Não va l e ur rºogosseus, nem do ba nque i ro ,

m a i s brºando u m leão, que um qu adri lheiro .

982

Masj a fam into a l c a ide c a rrancudoG rº ita no meio da vora z p r

º

ocella :Bota c ordão , Manteiga , a ga rr

º

a tudo ,E sentido não sa l tem da j ane l la . »

Forçoso qu adri lheiro,a l to e membrudo ,

Aosdesgra çados p õe de sentinel la ;Soanr a lgem as, l anç am-se c ordões,Corºtam-se a tra z os c o zesdos c a l ç ões;

Enta o o triste povo sitiadoFa z dasbo lsasbande irasde am i zade ;C a p itúla em dinhe iro de c ontado

,

Negocea—se a p a z c om brev idade ;

Senti u—se o bom esbirrºo l astimado ,E a os infel i zesdeu a liberºdade;Pa gou

-lhe o ec o ta o santo benefi c io ,

Ja z na enxov i a , e tem perºdido o o fii c io .

E is—a qu r, meu Al c ino tenho exp osto ,A medi c ina que me tem sa r

º

ado ;E como tr

º

a zes o quebrado rº

osto

De l a grimasde dor sem pre inundado,Vem v isita r-me um dia , que eu a p osto ,

Que pa ra c asa vo l ta ras curado ,Nos c ostumes tambem ; qu e a qu i enfr

º

eias

Asba ldas p rº

o p rº ias, rindo das a lhei as.

à o condedeVilla -Verde

Assisti a sagra ção ,Ac to , senh or, dosnra ísserios,Que envo l ve a ugustosmysteriosDa nossa rel ig ião .

Lembro u—me cbrísma r—me entãoPor ser a c to ep isc op a l ;P or perm ittir a c ção ta l

Que ou trº

o a p pellido se tome,Lembrou-me troc a r o nomeDe mestre em o ffi c ia l .

Busque i asc

horasmelhores,E

'

encommendei—me a fortuna ;Cheguei , e pa ra a tribunaT inham j á ido os senhores.

Pe los fri osc orredoresO bom L ima me enc am inha ;Fo i—me p ôr na ta l por

º

tinha

Onde os p rº

etendentesvão

P ôr os j oelhosno chão ,E os o lhosna m inh a .

Coªa c a beca estopetada ,

Com o qu em“

dorme sem c ama

B o to fumo e a lguma lamaSobre a c asa ca enc a rnada ,Vi o ta l qu e grita , e brada ,Querº na sa la

,qu er na ru a .

P or ma i s qu e trº

a balha , e su a ,Gu a rda—rou p a é l ouc a idéa :Como ha de gu a rºda r a a lbeaQu em tr

º

a ta tão m a l da su a ?

Ao pe a fi gu rºa ra ra

Do pa rdo c a rdea l astu to ,Que p a ra cumpri r o luc toLhe ba sta mostrºar c a ra ,

Dosdo isna justi ça c la rºa

G randes fundamentos a cho :

Mas fuj o ma is p a ra ba i xo ,E di sp enso am igosta es,P or não fic a rm osegu aesNa j usti ça , e no despa cho .

Ao condedeVilla —Verde, quando mºrreu o pao deanotar

Peito de'

tanta bondadeDe bom p ae o nom e p rezaLevou-me um a na tureza ,Masdeixou—me ou tro a p iedade :

Amp a raeminha orfandade,Porque vossos pésme h itm ilhoSe na o me abrº is ou trºo trº ilho ,Ta l a m inha estrada vae,Que i rão c o*a v ida de p a oAsesper

º

ancasdo fi lho .

Ao condedeVllla -Verde, depoisma rquezdeAngeja

Em sege estre i ta enta ip ados,Sol a i lha rºga , sol porº c ima ,Vinha eu

,e o padre L ima

Chei o s de pó,e enca lmados.

E is-qu é na estrºada a ta cados,P a rºam asmu la s ba ra ta s ;Cuidei eu que era m p ira tas,ue ti ram vida e dinheirºo ;u i ver se era o c la vineiro ,E a chei duas a c a fa tas.

Tra z iam a a rm a m a isdu rºa ,Que no pei to se tem p osto ;Tra z iam ambasno r

º

ostoº

O rº

espeito , e a formosura .

Querem sege ma issegu ra ,Porqu e a su a esta q uebrada ;E em quanto o p adre na estr

º

adaLhe diz p a l a vras pomposa s ,Asm inhasm a os respeitosaLhe a fou fa vam a a lmofada .

T rºaba lho infel iz fi zeram ,

Porque m eu s fados. sa o ta es ,Que a c ceitando tudo o m a is

,

A“

a lmofada não qu í zeram .

Deba ixo dos ésp u zeram

Minha obra esp rezada .

Senhor, não fa zemos nada ,T oma r va ostra ba lhos ousa sTem todas asm inha s c ousasO destino da a lmo fada .

Porém não desesp eremosDa fortuna cega e va r

º ia,

Vença —se a rna rºé c ontrºa ria

A força de véla e rº

emos:

A o bom porto enc am inhemosEm qu e a o longe oso lhos pu z ;Verºemosda nova lu z

.M inha esperº

ança a llum iada ,Se a qu i houver uma esc ada

,

:

Como a qu e hou ve em Qu eluz .

Embora no velho c a c oMurche o c ançado m iolo ;Se os lou rºos lhe tira Apo l lo ,C om p a rras o adorna B a c cho

Poe'

m ira meu pe ito fra coNos vosso s pu ros a lmudesE em honra de m il v i rtudes,De m il ta lentosdiverºsos,Em vez de fa zer do is versos,Fa rei duasm il sandes.

Fazendo anoso marquezdeAngeja , tenente general, na occasião emquesa ira

provedorda misericordia

Que fa zem Versosc ançados,A ppla udindo osvossos annos,Se dosnossossoberanosSão melhor e l og iados?Se ostra zem sem pre empregadosEm serv i r mona rch ia ,Se a r

º

ea l sec rºeta ria

Esc rºeve em vosso fa vor,Ta es p ros

'

as lou va m melhor&De que a melhorº p oesia ;

Da vossa dexteridadeF iam c ousas enc ontradas:Dão—Vos asduasestradas,A do sangrte, e da p iedade .

Vivei p o is c omp rº ida edade

Sempre entre p ovos a m igos;Masse c resc erem per

º igos,C rescerºão as

a cções nobresE a mão qtte defende os pobres ,Corta rá os inim igos.

.

li odia dosanosdo marquezdeAngej a

A m inha musa c anc ada ,

Perdendo osvôos lrgerros,E a o p é de mu rchoslou reiros

C om ra zão a posentada ,Hoj e

,senhor

,animada

Do amorº

e da grº

a tidão ,Esq uec endo a mu ltidão ,

De frº ios c abel l osbrºanc os,Vem , for

º

c ej ando os pésmancos,Motter—me a l yra na m a o .

G rº

a tidão seus p assos rege;Qu erº qu e em linrada poesi aVenha lou va r n'este diaQuem em todosme p rotege:Nas corºdasde ou ro

, qu e el ege ,Querº que, invoc ando as Camena s

,

E u c ante as horº

asserenasEm que o ceo p iedoso e j ustoP a rºa o lado de um Au gustoMe fez nascer um Mecenas.

E u respondi , que a ba rº

m onia

Me fug iu c o i a m oc idade ;E qu e a so l ida v erdadeNão depende da poesi a ;Que em p rosa sem p re segu i aSeu a cer

º

tado c onselhoE qu e em frm poeta ve lhoPor teima qu erer rim a rº

,

E o m esmo qu e irº danç a rº

O vosso g inj a Botelho .

No dia dosarmasdo marquezdeAngej a

Senhor, c o

i

asm inhas p oesiasFestej a va os annos teus;Porém mandam ja osmeus

,

Que eu venha c oi

a s mãos vasias:Gel adasmadei xas fri asFecham do P a rºnaso o p asso ;Po isque j a o tempo escasso

Esfri a r meusv ersos qu i z :Qu em me a c cei tou os que fi z ,Me agradec a os que não fa c o .

Mas é da'

tu a grandeza ,E a ta l dia a c ç ão adequ ada ,Inda qu e não trºa go nada ,Não perder a c asa e a mesa :

P or c u l pasda na tu rezaNão per

º

c a osmeus orºdenados;tlubr

º

a m teustec tosdou rºados

Inu ti l , mudo j a rreta :Não e merece o p oeta ,Mas é c ostume a os c ri ados.

Cr i a do m u rro velh o ,tenta do com m inu etes.

99?

Ao marquezdePenalva

I l l ustri ss im o Pena lva,

Ja que me da es p rotec cãoSentido na oc casra o ,

P orºque bem sabe is que é ca lva .

Se o vosso bra ço me sa lvaDas crianças pertina zes

,

Se a p oder dasvossas phra sesMeu du ro gri lhã o se c orta ,Por trium pho a vossa portaPendura rei do isra pa zes.

Ao ma rquezdePenalva

Hontem soube o qu e podiaEsti lo su ave e brºando º

E qu anto podeis fa llandoEu o v i na a c adem ia .

Nas a lma s fogo a c cendiaVo ssa disc reta ora ça o .

Sobre a m inha pretençãoVos peço qu e a ssim ore is

,

E qu e a o p rí nc ipe fa llé isComo fa lla es a na c a o .

No dia dosanrrosdo princ ipal Almeida

P or ma i s que esse sangu e honradoVos insp ire os pundonoresDe merecerº os l ou voresE não querer ser lou vado ,Este dia é consagradoA elog iossoberanos:Sem v ir enfe i ta r enganosC om mão vena l e fingida ,Em c onta r a m inha v ida

Lou va re i os vossoseunos.

— 293

Teceram-me em ba i xo estado

A fortuna e a na tureza :Entre os bra çosda pobrezaFu i desde o berço l ançado .

Pel asvo ssasmãos a lçadoQu ebre i da desgra ça o fi o :

Se da c rua fom e e fri oLivro 0 p a e, l ivro os i rmãos ,E obrºa dasvossa s mãos,E fa z o vosso elog io .

Emdespedida a D. Diogo deNoronha quando partiu para a emba ixada deHespanha

E esta a unic a vez,

Que vosbusc o a meu pezer ;Té recusa vamanda rMeus frouxos

,ta rdio s p és:

Grande m a l, senhor, me fezQu em fez tal nom ea ção ;Masem fim pede—o a ra zão ,E a inda que um orp hão fi co ,Sem mu rmu ra r sa cri fi coO meu bem a o da na ção .

AD. iliguelde. Portuga l, fa zendo a rrnosemdia deSanta Luzia . e tendo-secontado

va riashistoriasdesermõescapuclros

Qu a l qu er c a pu cho diria,

Vendo o bem qu e te c ondu zes ,Qu e qu em te deu tantas lu zes,Fo i a —santa deste di a :Provara po is q ire Lu z i aTe dotara de a l to a v i so

,

Que te derº

a di

imp rov iso ,P or novo e r

º

a rº

o p ortento

O dia do nasc imentoJunto com o de j u i zo .

1 ) Fsta s dec rm as fez o a u ctor em a q radec imento de ser pro v i do pelo p rinc rp a l, então directo r dosestu d os, na c a de i ra de ri u—ro m a

, de q u e depo isse qu erxo u tam o

| O

?96

Eu,senho r, c om a , verdade

D issera c ousasm a iores,

Mas tu não tensdos l ouv oresPra zer

,nem necessidade

Qu em a a l ta qu a l idadeUne osni a isdotes hum anos,Qu em chora , ou em enda osda mnosDa p obreza desva l ida ,Já tem na h istori a da v idaO elog io dosseus anrros.

A ll. Ca tharina llirlraela de Sti ll/"fi tendo feito a honra a o a uctorde. lhe a lterem uma réstia

deselim ; epedindo—Iheque lembrasseo requerimento em. queseu irmão

pretendia o governo d'

um forte

M inh a rº

espeitosa mão

De seu s l im i tesnão são ;A esc ri p tu r

º

a qu e a qu i vaeNão é c a rta

,é peti ção ;

A té ante osthronos va o

Vo zes em p a pel inc l usas;As m inhasna o v a o confusas;São m em ori a l bem c l a ro ;Sou poeta , dae—me am p a r

º

o,

E obriga ç ão dasmusas.

Não peço hoje p a ra m im ;Bem c oberto anda meu peito ;Inda beij o , inda respei to

Uma véstia dé setim .

Tri ste i rmão tem j á no fimFa rda reta e chamusc ada ;Tem ma c ôr

,e é m a l fadada ;

Qu er que a mão p iedosa e frºanc a ,

Qu e a m im me deu véstia brºanc a

Lhe dé c asa ca enca rnada .

A Lourenço Joséda Motta” Manso, oilioial da secretaria do reino

Am igo Lourenço : Se tu não sabes o que é não terdinhe iro

,eu t

ª

o exp l ic o : aba i xo de estu p ores é o

ma i or m al do mundo , princ ip a lmente pa ra quemherdou irmãssem nenhum rendimento

,e c om mu ito

bom estom a go .

P or ver se a l igeira va esta c a rga , empenhe i—meem um m i lhão pa ra lhes c ompra r tenças, e em ou

tro p a ra lhi

as assenta r ; m as c omo as não c obram ,

m o rrem de fome,e depo isquesão ri c as, tornam-se

a m im,e d,e l l as a p rendo o qu e sa o lu c ros cessan

tes,edamnosemergentes. C u idei x

que tinha mettidouma l ança em A fri c a , e vej o qu e a metti em m im

mesmo ; e a rde a go ra a vel a pel asdu as p ontas.

T u qu e tens bom c ora ção,e qu e estas a o pé do

senhor m a rquez, qu e o tem melhor, pede-lhe p o r

c a ridade o desp a cho ,

di

essa peti ção .

Não te assustem ostresanu os; p orqu e a inda m a lque ou ço que no de 93 não tiveram c a b imento . P e

de—lhe qu e j á qu e me l i vrou de c ri anç as, me l ivretambem de vel has, gado a inda ma is impertinente, eque se não c ontenta c om ti gu rasde rhetoric a . Interessa -te pelo teu Ni colae, am igo e c o l lega , e

'

sabe

qu e, se lhe não m andasasp orta ri as, terás a vergo

nha de o ver anda r pelas ou tras. Recommenda —se

á tu a efli c a ria o teu Íi e]

—Q97

Pec o que m a tes a fomeA este meu povo immenso

,

E p eço— ,te meu Lou renço

,

P elo santo do teu nom e .

Po r um bom serv i ço tom eA paga das ta es tenc inhas.

Po i s teve as c a rnesm esqu inhasEm v ivasbra zasvermelhas

,

Em lou vor dassu a s grelhasPec o me l ivres dasm inha s .

C om esta tenho env iadoTres c a rtas

,segundo p enso ,

Ao meu am igo Loúrenço :Nem resposta

,nem mandado.

A dor de qu e estou tomadoS im desej o a llivi a l—a '

Mas a tu a m a isme a ba l a ,E

p a rece m a is intensa :Po iseu sim ti c o sem tenc a ;Porém tu estássem fa lta .

l um conta rista sobre oscomum da Entra r:!

C a rt.!

Numa infel iz m adru gada ,Antes que o sol esc la reça

,

Mettido em pobre c a leça ,P u z p e i to , senho r , à

estrada :

S a í em hora m ingoada ,Po i s negra tra ica o me espera ;Hom ens

, c om geni osde fera ,Me a ta c a ram sem motivo ;P or m i la gre ti qu ei v ivo ,E devo p esa r-me C êra .

Vi revo ltoso s ca rreirosCom du ro a gu ilhao a rmados;Vi nu vensde pães a l çadosPe los c umesdosou teiros:R o ldão

,e o bra vo O l ivei ros,

Qu e a l ta p enna heroesdec la ra ,Ta lvez vo ltassem a c a ra

Qu e a tantos tremer fa z i a ,Se nos c amp osda Turqu iaVissem c a rreirosda Enxa ra .

Vi os c amp os inundado sDe gentes v a gase inc ertas;Vi asestradas c obertasDe c a cheiras, e c a j ados:Não va lem rogosnem brado s ,Não va lem l igei ras pernas;A ra iva e o deusdas ta vernas

A c cendeu tanto os c amp inos,Qu e cu idei qu e osmeusmenino sTeri am feriaseternas.

1 0 m i r—to r era p ro í o c m r de rh r-to rnc a . e pretend i a pa ssa r pa ra o u tro em p reqo .

A um camarista , tendo o auctorsido despa chado

(c a rta )

Á ra ra benignidade,Que qu i z o ceo c onceder-vosP erm itta que de esc rever-vosTome eu hoj e a l iberdade;Po is tendes tanta bondade,Peço

,nº

ella c onúado ,

Que p or m im a j oelhado,

E'

na boc ca o c ora ça o , »Beijeis a o princ ipe m a o

,

E lhe deiseste recado :

D i zei,po is

, a su a alteza,

Qu e eu,seu hum i lde a fi lhado

P or el le ha p ou co a rrancado

entre osbra çosda pobreza ,Na simp les

,m as fa rta mesa ,

Entre os irm a os e os p a rentes,A os ceos

,c om votos a rdentes,

Pedimosqu e, em p aga j usta ,Prosperem a mão

"

a ugusta ,Qu e nos fa z v iver c ontentes.

E se entre as pu ras verdades,

Qu e vós lhe p odeis c onta r,Vi rdes, qu e tera o loga rAlgum asj ov i a l idades,P intae—lhe as fel ic idades,Que vae tendo a gente m inha ;D i zei—lhe qu e na c o z inhaArdem j á m ontõesde bra zas;Que em todas asm inhasc asas,E ra a ma is fresc a , qu e eu t inha

— 301

Que os enroupados sobrinhos ,Affrontando vento fri o ,Vem todos mostra r a o tioOsseu s novos j osésinhos;Que então lhes c onto , e a osvisrnhos,P or quem a roupa fo i dada ;Que ma o

,nunc a assas louvada ,

Mão rea l , p i edosa , e j usta ,Me p oz li e a ru a AugustaP or va ri os c rimes vedada

Que um tendei ro, que os seus

Me fi ava dando a rranc os,

Vein em ba rrete e tam anc osDa r-me l ogo os pa rabens ;Espera que os meus vintonsO fa çam tambem fel i z ;Porqu e , segundo el l e diz ,H a de ha ver na su a tendaMa i s sa ída na fa zenda

,

E menos ga sto no giz .tº

A onde se vende p anno .

Costu m a m m a rca r c om g i z o q u e dão Ga do .

Maseu tim c rime c ommetto ,Qu ando de ensina r-vostra to ;Qu i z ser a o princ ip e gra to ,Mas fu i c omvosc o indiscreto ;Homem , c omo vós

,disc reto

Não precisa formu l a rio ;A egoa do sem ina ri oMe de

'

ve os roni 'pãescra va r,P o r eu querer ensina rO p adre-nosso a o v iga ri o .

Aninfidalgo quepedia pa ra o auctor tlm logarna secreta ria , na occasião emquepretendia o seu proprio despa cho

Se vemosrirqtlem chora va ,E tantos“ exemp los temos,Senhor, não desesp eremos,B em a inda está onde estava

Agua branda'

as pedras c ava ;Em tudo o tempo ep rec iso ;Saber teima r c om j u i zoTem m il m ontes a pl anado ,

Ta l vez sej aesdesp a chado ,

E ta l vez qu e eu la vre o'

aviso .

Ah ! senho r , com que a lvoro c o ,Na l iza banca forrada ,Eu de casa ca enca rnadaE ti ta p reta a o pesc oço ,Lançaram desp a cho vosso ,

Que tanto temp o esqueceu !QUe grande fa vor,

do ceo ,

Se o meu p rimei ro exerc íc i oFosse serv i r—medo o ffi c i oA fa vor de q u em m

ª

o dent

T inh a a llusão pa rti cula r

— 3M

Homem de tenção damnada ,Só tu c onsegu iste o fimDe entra r o teu espadimAonde na o entra nada :Da repentina estocadaCâe o padre desma iado ;Mas qu ando recup eradoA ti os o lhosvo l veu ,

Sabes o que te va l eu ?Fo i teres j á a lmoc ado .

Todo o mundo te p ra guej a ,Porqu e em detestavel guerraI asdeitando p or terraEsta c o lumna da egrej a ;Masse triumphasse a invej a ,E o padre morresse então

,

D i ze , ó ímp io c ora ça o,

Que tanto em fu ror te a ti c asQuem a j uda ri a ásm issas?Qu em toca ri a a o sermão ?

Quem nosda ri a a c ertezaDe ha ver outro homem sisudõ,Que podesse c omer tudoQu anto se p u zer na mesa ?Da p róv ida na tu rezaQu em ha v i a as l e issegu ir?Observante em digerir,Qu a l ou tro ha v ia saberDep o isde a c orda r, c omerDepo isde c omer, dorm ir?

Qu e importa , c ruel so ldado ,Pa ra desculp a r teu erro

,

Ter sido o teu ím p io ferro

lá pel a pa tri a a rranc ado ?

Qu e imp orta qu eem c am p o a rmado

Junto a si Lip pe te vej a ?Qu e im p orta que o mundo sej aDas tu as a c ções o abono ,Se a mão qu e defende o throno ,Ata c a dep o is a egrej a ?

— 305

E tu , que segu es os tri lhos,Qu e São Franc isc o te fez ,E ões os teusgordos pésSo re os seu s santos l adri lhos;Po isque a seusdevotos fi lhosGu a rda no eeo l a rgas pagas,Nos o lhos é bem qu e o tragas,E de model o não mudes ;E po isnão é nasv irtudes ,Que o sej a a o m enosnas chagas.

A um prégador celebre (frei João Ja cintho)estando jantar com o auctor

Se dfeste potente v inhoNão c erc e ia s as ra ções ,Tem o qu e nosteus serm õesAl l eguessó São Ma rtinho .

Se lhe das l a rgo c am inhoPel o teu fecundo pe i to ,Seu fa ta l m agic o effeitoDei xando-te a tresde fundo ,Te fa rá ser o segundoQue diga : semp re me dei to .

Na despedida de um ministro que. partia levando seusfilhos

A lei da pura am i zadeMinhas l a grimas c ondemna ;Qu er qu e ceda a m inha p enaA tu a fel ic idadeVae, e em qu anto a v il m a ldade

,

E a intrigante c u b i c a ,

A ba i xa invej a , a inj usti çaPesa s na rec ta ba l anç a ,Conserva de m im lembrança ,Qu e etambem fa zer j usti c a .

1 Ou tro preg a do r, lendo beb i do den-a sunto . C ll C llOlI a o p u lp i to ,só p l

'fm u m'

l l l ll esta s p ala v ra s Sem pre me deno '

E vós, l indos innoc entes,Que n

i

essas tenrasedadesJa sabeismover sa udades

Nos am igos, nosp a rentes.;Qu ando lhe v i rdespendentesAs ba l ançasda ra zão ,lde. enternecel—o entãoC om ri sos c om gesto s novos;Lembrae—lhe, qu e/ a quellespovos,Como vós, seus fi lhos são .

Em agradecimento do uma moeda de tresréise umvintemdenão , quemandaram ao'

anctor

lendo ciumesde um trade

Anasta c i a , estim a re iQue esta s ,. que a qu i fa zer pude ,Te encontrem c om a sa ude ,Que sem pre te desej ei :Eu ha diasque passe iA lgum tanto mo l estadoPorém hoj e

,Deu s lou vado ,

Ja dª

esta ba ta lha c onto ,E assim me a cha ras m u i p romp toNo qu e for do teu agrado .

Do teu l ibera l primorFu i

'

entregue em p ropri a mão :Receb i o di abrão

,

De que me fa zes fa vor'

Mas c a u sa—me tal horror,

Que a o longe o tenho fechado ,E medei xou adm iradoO terrivel desa rranj oDe sa ir dasmãosdtum anj oUm dinheiro endiabrado .

—308

Po isdo p a pel debuxado ,Que m anda ste u ltimamente ,A letra é tão differente ,Como do vivo a o p intado :Elle m ostra que o a gradoTeu não terá ex i stenc ia ,

No debuxo se figu raQue esta s c ousa s de p inturaNunc a p assiam da a p p a renc ia .

Que tu sabes disfa rça r,Do ta l pa pel se interpreta

,

Pois podes fing i r a l etraMesmo a l l i a o p inta r :Esta a cça o de me engana rNão c abe em honrados buchos ;E se os a ffectosma chu chosMe queres paga r sem p eta s ,Te peço queme na o mettasOutra vez Nestesdebu xos.

Se me na o v iste,só vens

isso a fa l l a r sem refo lhos,

P orsna o p odes p ôr-me os olhosPel a ra iva

, que me tens :Mas

,se de i xando osdesdens,

P ozessesdo o lho um na c o

Sobre m im fam into e fra c o,

T ão grande escu ro fa ri a ,Qu e inda assim duv ida ri aSe isso eo lho ou bu ra c o .

Tambem a c a rta c ontinhaQue eu era bem estreado º

Já estou m u ito a c abado,

Isto echão que ja fo i v inha ,Porém se a ventu ra m inhaMe a branda o teu c ora ça o ,Sa irei da tu a ma oA imp u lsosda sorte p ia ,Com o a gente sa íaW entre as a gu asdo Jorda o .

l Fa lta este verso no vo l de p oesras inedi ta s im presso em Co imbra

309

Dos tens amoresna c hamma

Tanto me derretere i ,Que fundido sa ireiUm ra pa z c omo uma dama :

Do nosso c onso rc io fam a

Não qu ero qu e então se enc ubra :

As v isinhasse desc u bra ,E dir—te—hão c om a lvo roço

,

O lhe , mana , ebel lo m oço ,

A bencão de Deus o c ubra u

Em quanto o teu c ora ção"

Na o me é de todo inc l inado,

E deste nosso no ivadoNão chega a a lta func çao ,Peço que te tenhasmão ;Não te mereça p i edadeNenhum sec u l a r

,nem frade

,

Po isnossos ama ntes tra tosBem sa bes que. são c ontra tos,

Que não qu erem soc i edade.

Pelo p ortador p rime i roMe ma nda logo di zer,Se a c aso p a ra c omer

Prec isasdªa lgum dinhei ro :Serei o teu thesou reiro ,

E p rometto assim c ump ril-o ,

Qu e inda que tensbom asylo ,E não passas v ida a tilic ta

,

Semp re a gente necessitaPa ra isto

,ou p a ra a qu illo .

E p a ra que ma isexa l tesEste amor que bem p enetras,Comm igo das tu as letrasPeço que nunc a me fa l tesC om desprezosnão me a ssa l tes

,

Antes te peç o que osdomes,E em tudo o que gôsto t omes

Me a cha ras obedi ente ;Hoj e do ze do c orrente,Teu m eno r servo João Gomes.

Sa indo porsortescompadrede uma senhora da primeira grandeza

Devo pou c o a na tureza ,E mu i to a

_um brinc o innocente ;

Porque el le me fa z p arenteDa m a isdistinc ta nobreza .

Embora esqu iva ri qu eza “

P retas so rtesme não m ande;Que importa qu e ha annosande

Sem p re a perder nas'

menores,

Se nasdos prem iosm a ioresMe sa iu o p rem io grande !

Cantando th na senhora pelauqual o a uctor tinha pa ixão

Senh ora,se eu não tivera

P or ti j a tanta pa i xa o ,Ago ra o meu c ora ç ão

De j ustiça te rendêra :

Que tigre h irc ano , que fera ,”

Que pei to rebelde,e immotoSe não v ira aberto

,e rôto

Como o meu só de te vêr?O c anto só vem fa zer ,Com qu e eu ra tilique o voto .

Bloguede uma senhora

Quem vos quer elog ia rMotivos ta '

es chega a ter,Que só lhe c usta o sa ber

P or qu a l ha de c omeca r :Formosura singu la r,Alm a nobre

, genio , brioEm fim v irtudes a ti o ,Não sei de qu a l lanc e m a oE j a n

ª

esta c onfusãoComeca o vosso elog io .

Sa indo porsortescompadrex

deuma senhora da prime-ira grandeza

Devo pou c o a na tu reza ,E m u i to a

_um brinc o innoc ente;

Porq ue; el le me fa z p a renteDa m a isdistinc te nobreza .

Embora esqu iva ri qu ezaP retasso rtesme não m ande;Qu e importa qu e ha anu osande

Sem pre a perder nas'

menores,

Se nasdos prem iosm a ioresMe sa iu o prem io grande !

Cantando uma senhora pelaxqual o auctor tinha pa ixao

Senh ora , se eu não tiveraP or ti j á tanta p a i xão ,Agora o meu c ora çãoD e j usti ça te rendêra :

Que tigre h irc ano , que fera ;Que pei to rebelde,e immotoSe não v ira aberto

,e rôto

Como o meu só de te vêr?O c anto só vem fa zer,Com qu e eu ra tilique o vo to .

Elogio de uma senhora

Qu em vos qu er elog ia rMotivos ta '

es chega a ter,Que só lhe c usta o, saberP or qu a l ha de c omeca r :

Formosu ra singu la r,Alm a nobre

, geni o , brioEm fim v irtudes a fro ,Não sei de qu a l lanc e m a oE j a n

ª

esta confu sãoComec a o vosso el og io .

No dia dosa uri asdo ummenino

De p luma chosemp lumadoManso , a legº re c a va llinho

Ou torzb

neado c a rrinhoD

ª

a lvosc a rne i ros p uxadoDevia m m a rcha r a o l adoD *

este p a pel que remettezMasmostrando o meu a ffectoComo p ôde o meu destino ,Em ohsequ io de um menino ,Vou da r a os outrossneto .

Va gando umolhem queoauctor pretendia

Ja z o defuncto enterrado

E a gora saber intento ,Se a c aso no testamentoMe fi c ou a lgum legado .

A vossos pes a j oelhadoPonho em'

vósm inha esp eranc aTenho p a rte, e na o desc anc a :E n'esta c a usa infel i z ,Se não fordes o j u rz ,Ferdererde c erto a heranca ,

Assistindo o auctor a um jantarem quehavia caberlotla masnão appa receu perú

Vi tenra assada v i tella ,Vi ornada fa rta mesa ,Mas c omm oveu —me a tristezaVer a or ha c a bedella :

Qu ero sa er do p ae dª

ella

Não fi c o n isto em j ej um,

De c a l otesbasta u m,

E fiqu emos no p rimei ro ,Dou —vos espera no dinhe iroMas p a gae—me hoj e o p erú .

llandando uma gallínha a uma pretrnlra horri la quegosta ra debrincar com ellas

As tu as fu l asmãosinhasQue a fome ja não desc a rna ,E que de c ri a rem sa rna

Passa m a c ri a r ga llínhas,A c ceitem c ri a çõesm inhas,Qu e eu a ou tros finsgu a rda va :Senhora c om c ôr de esc ra va ,

Al ta estrel l a , que em ti bri lha ,Manda qu e se dê a fi lhaA qu illo qu e o p a e fu rta v a .

llotedado a respeito deum padre, quedizia tersido mestrede rhetorica ; quetomava

triaga contra o veneno'

quelhehaviamdeda r ; quedizia queestava

eleito ca rdea l equeera demasiadamente trigueiro

Nã o tem c ô r de c a rdea l

Não a j uda a o p adre a c a raº

R evo lvo antigos anna esE vej o qu e os c a rdea es

T inham a pel le m a is c l a ra :Será m a ra v i lha ra ra

Ac ha r um de'

côr egu a l ;Foram branc os c omo a c a l

Ma za rino,e Alberoni ,

E a não ser este o Negroni ,Não tem em de c a rdea l .

Se"

em rhetoric o exerc i c ioJa sou beste regra s dar,T ambem eu p osso fa l la r,P orqu e sou do m esmo o fii c io .

Qu e o teu c erebro tem v i c io ,E verdade assasnotoria ;Na p oes ia e na ora tori a ,

Vasem tota l dec adenc i a ;Col lega , tem pa c ienc ia ,H asde Vir a p a lma tori a .

No teu escu ro pa pel ,A osbons ouvidos ingra to ,

Achei um v ivo retra to

Da c onfusão de Babel :A p a tri a l ingua infi elEsda na ça o o desdou ra ;B em sei que te chego a o c ouro :

Masna o m erece pa ssagem ,

Que a batina e a l inguagemAjuntem c l erigo e monro .

A qu em me qri eria a rgu i r,Mostro

,padre , o ta l

/pa pel ;

E testimunha fi el,

Não me deixa rá menti r :Em novos termos u rdirMettes a todosnªum c anto ;

Qu e u sas pa l a vrasde enc anto

Assentam gentesm a chu chas,B oas p ara a j unta r bru xas,Ou pa ra ti ra r quebranto .

De ixe i—me, p o i s , de c riteri o ,E

"

tom e i melhor c am inho ;Meu am igo , a Um l ouqu inhoE loucu ra fa lta r seri o ;Chova

, p o is, o v i tu perioSobre esse tostado c ou ro ;Sáia o ta l c a rdea l m ouro ,

Que o c a p inh a , a l voroçado ,Vac , p or ordem do senado ,

Metter ga rrochasno tou ro .

_ a rs

Fu la esc ra va ameri c anaJa m anda va a lu z do dia

Um c riou l o , que seri aNodoa da curia romana ;Ca rregado de banana ,

Porque no ca m inho c oma

O rumo da Eu ropa toma ;E em terra , m a rchando a pa ta ,C om sa c c o e fo lha de l a ta ,Deu a su a entrada em R oma .

Assim mesm o estropeado ,E envo lv ido em grosso panno ,Fo i entre o p ovo romano

C om m il resp e itos tra tadoDo vento e do sol que imado ,Semb lante quebrado e a filic to ,Tem ta l dom na ca ra escrip toQue grita vam deredor,Uns, que é o rei Bel ch i o r ,Outros, que é São Benedi c to .

Tomou a benç a o pa p a l ;E teve tanto p oder,Que sem o p a p a o saber

,

"

F i c ou fei to ca rdea l :Vo l tou pa ra Portu ga lJa ca rdea l protec tor ;Achou ca pouco fa vor ;E zombam-lhe do ca pel lo ,P or ter mu i c respo o c abel lo

,

E ser mu ito ba ca a c ôr.

Erra o vu lgo os p assosseus;E um c ego e ma ldi zente ;A c ôr é mero a c c idente ,Todossão fi lhosde Deus.

Porém pa ra os l u cros teusO c a pel lo te fa z ma l ;No São João e Na ta lTer ia s gorda gu edelha ,Armado de fa ca velha ,P incel e pote de c a l.

b arra

Padre , vae—te o mundo a o pelloº

E c oª

a l ingu a m a ldi zenteTe vae c ortando egua lmenteAs poesias e o c a pel lo ;Po rem eu que sou singelo ,E meus c ontra rios ameigo ,Te a fhrm o p i edoso e m e igoQue se não tensp or,

/teu ma l,Em R om a o de c a rdea l ,Tensno Pa rnaso o de l e igo .

Devesvo l ta r ou tra vez,

E dizem que nª

isso fa ltas;Mas pegam—se pelassa lasTeus m o l l es

,ta rdi os p és.

Se a juda de c usto vês,

Fa zes—te c oxo , e ronc e iro '

Meu padre,ésmu ito m a tre iro ,

Ja todosestão de a c côrdo ;E sem te verem a bórdo ,Não p ões a mão no dinhei ro .

T u a sa ude se estra ga ,Masteu m edic o c ondemnO '

Meu '

am igo , o teu venenoNão *

se cura c om tri aga ;Pa ra a tu a antiga cha ga

Medic ina im p ropria eesta ;Muda

, p o is vês qu e na o p resta ;Grita das o lhos em bra za ,Que te fechem n

i

uma c asa ,

E que te sangrem na testa .

Deba lde em L isboa gritas,Attestando a I ta l i a inteira ,Que regeste u ma cadei raNos c l a ustrosdos—j esuítas;As obrasque vej o esc rip tas

Provam que nos“

teusmentido ;A té dasordens du v ido ,Qu ando as tem c abeças tontas;Tu

,c a pel asm inhas c ontas,

Es u m m u la to fug ido .

Pedra um a/aj uda de custo .

Na o te tinge fa lso a gradoMeu sembl ante Contra feito ;Não enc obre honrado peitoCora ção refa lseado t

Se me ju lgasdisfa rçado ,Alta injusti ç a me fa zes;Eu te j u ro eternas p a zesE se fa lto a osvotosmeu sAh padre

, permitta Derls

Que eu semp re ensine ra p a zes.

E tu, qu e sem estessustos

Vives chei o de a l egr ias,Serenos

, douradosdias,A os p ésde tensreis angUStos;Tu

, que p or titu l osj ustosTe chamas o novo Ho ra c io ,Qu ando

,entra iºesem p a l a c io

Conserva de m im lembranças,Po rque tenho '

asesperanç as

Postasem"

ti , e no'

E sta cr'

o .

Ma sp a re du ra c ontenda ,P adre meu , c a la

-tee foge,

Qu ando não na m inh a oge

Inda h a m a isd'

esta fa zenda

Se não q u eresm a isda.

tendaFec h a essesbei ç osp erj u ros:Cra v a ste—m e osdentesdu ros,E a q u em tom a essa vereda ,

P a go na m esm a m oeda ,

E p a go sem p re c om j u ros.

1 B obo celebre.

MO T E S G L O Z A D O S

G osto de a m o r o q u e e

Senhora , mu i mao dou torN

º

isto v indes p ergunta r,Qu e eu só saberei conta rQu a essão as penasd

l

a mor

Se da m inha cha mm a o a rdor

Nunc a refr igeri o vê ,Se em m inha a mo rosa féDesp rezos semp re enc ontre i ,Vede c omo eu sabereiGosto de am or o que é .

S ó eu , só tu ,m a isningu em

Em c a sa em dando u ma hora ,Se a c aso ri

ª

isto assenta rmos ,Te

'

espero p a ra j antarmo sMesmo de ba rrete fora :Aq uel l a c erta senhoraCreio que esta vez na o vem ;Podesi r mesmo sem trern

Na o c u idesem te a cea r,

Po isra,

ha vemosesta r,seeu

,só tu

,ma i s ninguem .

Fo i n'

este bri lh a nte di a

Fo i a o p ra zer c onsa gradodia

,em qrre te encontrei ,

Dia , que sempre tra re iNa m emoria assigna lado ;Dia

,a que o meu negro fado

Ter resp e ito p a rec i a ,Po isse da intensa a l egriaJá me ench i intei ramente

,

Crê, senhora , que sómente

Fo i n'este bri lhante dia .

P a ra m im se este di a

Se eu no anno todo a cha sseUm dia

,em que N i ze esqu iva

Ma is terna,m a is c omp a ssiva

Osmeusvotosescuta sse,

Um dia , em que se dignasseDe ouv i r o qu e eu lhe diz ia ,Do

,anno repa rtiria

,

E p or um bem j usto m odo,

Pa ra os ma i s o anno todo ,Pa ra m im só este dia .

Anfros bem a ventu rados

Anuosmeu s,no vosso dia

Sempre a tégora me v istesChe io de l a grimas tri stes ,Che io de melanc o l i a :Ja a c aba r-vos qu eria ,Annosem seZões gastados;Mas

,se assim so is festej ados,

Ja mudo de p a rec er,Po isdesde hoj e entraes a serAnu osbema venturados.

Os rrfeu s o lhos a c ho ra r

Pranto inuti l sa o osme i osDas pessoasdesgra ç adas:P a gae, l a grim as c ançadas,P a gae delic tos a lhe ios.

Ja que de ou ro c o fres che i osNunca pude a N i ze dar ,

Ja ' qu e deve em fim p a ga r

Cu l p a , que só tem meus fados,F iqu em sem pre c ondemnadoOsmeus o lhos a chora r.

ann

T oda a m u lher o perj u ra

Triste so l ita rio freixo ,Ma is triste do que erasd

antes,Conta , c onta a os c am inhantesA ra za o c om que eu me que ixo .

Em teu tronco escrip ta de i xoMinha funesta a ventura :B ec onta esta h istoria du ra ,P or qu e vej a qu em a ler,Que depo isde Arm ida o ser

Toda a mu lher e perjura

De m i l su sp i ros q u e eu do u ,

Pa rto em fim desesperado ,

E , sem que o m otivo c onte ,Vou a estranho horisonteChora r o meu triste fado .

Ja vej o o l a ço qu ebradoQue a ventu ra me forj ou ;E c omo N i ze o qu ebrou

,

Conservando os o lhossec c os,A o m enos na o ou ç a os echosDe m il susp irosque eu dou .

Qu e cerca m m eu c o ra cão

Que eu c ante a l egre me ordenas?

Qu e c ru el , qu e du ra lei !P orém obedec er—ei ,Canta rei a l egres penas:P or todo o mundo envenenasA m inha infel i z pa ixa o :

T u derasva l or a a cça oDe eu a ffec ta r a l egrias,Se

_v isses as a goni as

Que cerc am meu c ora ça o .

Qu em não c hega a ter a m o r

Deusde amor, semp rea ventu raDe tu asmãospendente vi :

T u p odes tudo : sem“

ti

Nada no mundo figu ra .

R ecolhe da terra du raFru cto immenso o l avradorMas oc c u l to dissaborNo fundo da a lm a . lhe diz,

Que na o chega a ser fel i zQu em não chega a ter amor.

Os teu s o lh os me m ostro u

Mirbel lezasme fez ver,

Porqu e a lgu ma me rendesse ,Não sa b ia o que fi zesseAmor

, p a ra me p render.

Mil l a çosme fo i tec er,La ços vãos, qu e em vão me a rm ou ;Provada s _sei tas ti rou ,

Qu e ia em veneno ensop ando ;P orém só me rendi “qu andoOs teus o lhos me mostrou .

Onde m e lev ar o desej o

Vão pensamento , desc ança ,

R ec onhec e as força s m inhasTu na o sabes

, qu e c am inhasP or passossem esp eranç a ?Junto da c orrente mansaMe p oes do dou rado Tej o :ca de l onge o si ti o vejo :Masnão devo um passo da r

,

Que eu não m ereço chega rOnde me leva o desej o .

A S m inh a s inc lina ç ões

Que nunca teu doce a gradoDe am i zade simp lesp assa ,P orm inha grande desgra çaE u j a tenho exp er imentado .

Antes odio dec la rado ,Qu e estasequ ivoc a ções!Qu ero asternasexp ressoesDe —

qu e as a lmasse a l imentam :

C om menosna o se c ontentamAsm inh as inc l ina ç ões.

A sm inh as inc lina ções

Senhora , eu tenho enc ontradoNo teu amor m il intrigas:Não p rec iso que m

i

o digas,E u ja tenho experimentado .

São prem iosdo meu cu idadoEnganos, e ingra tidões,E p or o cc u ltas ra zoesSão

,inda que m

,

o não di zes,T ão j ustas, c omo infel i zesasm inhas inc lina coes.

Desde q u a ndo ,j á nã o disse

D '

u ma dor Fi lis chorandoA u m medi c o se quei xou ;Este então lhe perguntouOnde a tinha , e desde qu andoNo cora ção ,

disse, dandoUm a i

, p orqu e lhe a cudisse ,E

,sem que o qu ando exprim isse,

Fitis c a iu e m orreu ,E p osto que respondeu ,

Desde qu ando , j á não disse.

3%

Nada fa z c a u tel a , ou medoN

ª

a lm a qu e deverasam a ;Esta tu rbu lenta chamm a

Não sabe a rder em segredo ;Sobe a o rosto , ou ta rde , ou cedo

,

Do esc ondido fogo o a rdor ;Basta a decla ra r a

'

dor,

Vãmente nª

a lma gu a rdada

Um a p a l a vra trunc ada .

Um certo muda r de c ôr.

Du ro amor, que c ora çãoSabera nunc a oc c ultar—te?

Que vae fa zer forç a ou a rte,Onde as tu assettasv ao ?

Cegos amantes, em vão

O v ivo fogo aba fa es;Essesdescu idados a is

,

Qu e sem tino a o vento da veis

S a o provas inc ontesta veis,

S a o ev identessignaes.

De que serve esta r fa ltando

S isudos e c om edidos,Se esses o lhos insoffridosVosestão sempre entregando ?Al ç adosde qu ando em qu andoVão di zendo a oc cu l ta dor ;Aba ixa l—os, epei or ;

Qu e essas v istas c ontra feitasDão asvezesma is susp e itas,De qu e o p e i to o c c u l ta a mo r.

Olh os de Li ze, o lhos betlos,O lh os p a ra m rmj

fa ta es,Qu e u m v osso g i ra r sómenteMe fa z temer m i t rrv a es.

Da a lva Li z e osbranc os dentes,O rosto a fl

º

a vel e brando,

A boc c a,d,

onde em fa ltando

Fic amos todos pendentes,Nos l i zoshombros p a tentesSo ltos os longos c abel lo sNão são ca usa dosdesvelos,Nem das anc iasem

-

que v ivo ;Vós so is

,vósso is o motivo

,

Olhosde L i ze, o lhosbel los.

Vósso is osmeus venc edores,E so isgloria do venc ido :D e vósme a tira Cup idoMil fa rpados p assadores.

Se vence o deusdos amores,Vós as a rmas lhe empresta es.

Qu e ternossa udosos a is,Que pranto em vão derramado ,Me não tendes vós c ustado ,O lhos p a ra m im fa ta esl

Se o rosto a o ceo levantadoA lç a es as pestanas pretas.

Logo de bri l hantessei tasVej o todo o a r c ru zado .

Cu p ido , que tem j uradoCru a gu erra a hu mana gente,Dasnu as costas pendenteD u ra a lj ava , e passadores,Fa ra conqu ista s menoresQue um vosso g ira r sómente.

Qu ando dªesses c l a ros l umesSaem as chamm asbri lhantes

,

De m il rendidos amantesOuço sa udosos qu eixumes.

Não chame is lou c os c i umes,

O N i ze,osque em m im c a usaes:

Do p oder de uns o lhos ta esQuem ha que l i va r-se p ossa ,Se a menor

p erfei ção vossa

Me fa z temer m il riva esª?

T u teim a s em des reza r me,E u teim o em te ido . a tf a r,Ju nta rei teim a c om teim a

,Teim a ndo te hei de a branda r.

De ser c omm igo p iedosaNão das, Ma ri l i a , eSperanças:Inda , c ru el , não te c anças

De ser esqu iva e te imosa !Qu e imp orta , nymp ha formosa ,Vir neste pego a rrisc a r—me,

De mergu lho a o m a r l ança r—me,

E os l ivrespe i xes c o lher—teSe quanto eu teimo em qu el'er-te,Tu te imasem despreza r—me?

C,

os o lhos a o ceo ergu idos,Ou postosnos longosm a res,P or ti encho osva gos a res

De m il sa udososgem idos:Nos rochedosdesa br idos,Que em vão ba te o ronc o ma r

Devo rando o meu pesa r,Ja que de onv i l—o te c anças,Sem p rem i o , sem esperancas

Eu teimo em te ido l a tra r.

- 33tl

Deba lde ou trosgostos pintas,Amo r , pa ra captiver-me:Já não tornas a enganar-me,P or ma i s e

'

ma isquentemintaSº

Inda tens as Seitas tintas,Indã enxugo inuti l pranto :A o teu venenoso encantoNovasv íc timasprocura ;E da ª lhed

ªessa ventu ra ,

Que a tra z dem im co rre tanto .

Fizeste, ó desgra ça , um erroEm Viresdo amo r Va lerí te:Como ha de ell e soc c orrerª tejSe eu ja Conheço—o seu ferro?A su a voz o ou v ido cerro f

Custou-me sangue o esca par-lhe:E p a ra melhor p rovar-lhe,

Qu eç

eu j a sou dos seus certados,Signees inda ma l feChadosHei de pa ra r e m ostra r-lhe.

T u só me deste u m desgosto ,Outro j a na o p odesda r-me:Ja a gora semp re hasde a cha r-meA m esm a a lma , e o mesmo rosto .

Se em ferros p or ti for posto ,Verasque a o som d

i el l es c anto :Se envo lta em sangu ineo m antoMe p ões a m orte diante ,Nota rasno meu semblante,Qine de vêl—a na o me espanto .

Qu em a do ra o c c u lta menteSem dec la ra r seu a m o r

,

Sente m i t a nc i a sno perto ,

V i ve cerc ado de do r.

P or que ba rba ra ra zãoUm j usto amor se rep rime,E ha de j u lga r—se p o r c rimeP ôr na boc c a o c ora ç ão ?

Cl a ros o lhos feri r va o

Um c ora ç ão innocente !Nem a o triste se c onsenteDa r S ignaesde seu cu idado !Deuses! quanto edesgra çadoQ uem adora oc cu l tamente !

No pei to a chamm a a c cendida

As entranhas the a bra zou ;Masda ingra ta , qu e a a teou ,

E c rimeser perc eb ida .

Se deita sangue a feridaA v ista do m a tador

,

Vej am de qu e nova dor

Sente o triste a a lm a c o rtada ,Fa ltando c o

l

a su a am ada

Sem dec la ra r seu amor !

Arde em um fogo esc ondido :Po isse c onta o seu c u idado

,

Além de ser desgra ç ado ,

Chamam—lhe em c ima a trev ido .

A teq u asi tem perdidoDe o lha r O l ivre direi to ;Vive sem p re c ontra fei to ;E entre m il c ontra riosposto ,Mostra a l egria no rosto ,Sente m it anc i ãsno pei to .

— 33º).

Busc a alegres c omp anh ias,P or c u ra r o ma l que sente ;Entra a ingra ta derepente,Despertam—se as c inzas fria s .

Ternasa rias, symphonias,Tudo a v iva o seu am or ;Masdos fados o rigorTem sobre ette -taes poderes

,

Qu e no m e io dos p ra zeresVive c erc ado de dor.

Nos o lhos o a m o r exp li c o

gu e tra go em m eu c o ra ç ã o ;u e nã o se p ode o c c u lta rNo perto a do ce p a i xão .

Mandas—me, Ana rda,em vão

Os o lhosmeus rep rim i r ;Que el l essempre hão de segu i rO imp u lso do c ora ç ão .

Sem qu erer si gna esda rãoDo a ffec te qu e não p u bl i coC o

ª

a boc c a , que morti fi c o ,Que imp orta

que o não revele,Se eu , p or ma isqu e me a c a u tele,Nos o lhos o am or exp l i c o ?

Amo r os fa z desc u idados:Em vão , Ana rda , os a ba i xo ;Po isdªa h i a p ou c o os a cho

Ou tra vez nos teus pregados.

Tra zel—osm a is c astigadosNão esta na m inha mão :Esta c ontinu a omrssa o

,

Este erro, c om o tu di zes,

E tnm fru c to das ra í zes,Que tra go no c ora cão .

ftíi 'r

Perdei u ma vez o horror

A ou v i r ternosgem idos;Nunc a feriram ouv idosBrandasp a la vrasde amor.

Qu e hora , e qu e s i tio melhor,De qu e este em que estamossós?

Qu e cu lp a , qu e c rime a tro zTemeis qu e ante vosfa rão

Asquei xasde um c ora ção,

Ossusp i rosdeu m a voz?

Meu c ora ç ão vosadora ;Sem saber o c onqu istaes:

Estas anc i as,estes a is

São obra vossa , ó senhora .

Em segredo amou tegora ;De amo r v ive ; amor resp ira ;E se vós

,depende a ira ,

Lhe p rornetteis c omp a i xão ,Qu e melhor o c c asião ,Que quando p or vóssusp i ra ?

elte,senhora , na o p osso

Nu trir estranha p a i xa o :Em fi m este c ora ç ão

Fo i fei to p a ra ser vossoº

Pa ra encher—se de a lvo roc oBasta ou v ir a vossa voz :

Passa indi fferente e vel ozP or m il bel l ezas

, que adm ira ,Nada o enche, a nada asp ira ;Asp ira sómente a vós.

Hei de a m a r—te a té a m o rte,

Qu er tu m e q u ei ras, q u er não :Serei no a m o r des ra ç ado ;Masc om disc reta e ei cã o .

Não fuj o,podes rasga r

Este peito desgra ç ado ;Que o teu gesto retra tadoH asde

,c ru el

,n'el le a c ha r.

Posto que vej a rou ba rA Pa rca a tesou ra forteE da r-me na v ida c ôrte

,

Inda ou v i ras, qu e te digo :« Ingra ta , não me desdigo ,

H ei de a ma r—te a té a morte.

Vem,amor

,a u c torisa r

O sa grado j u ramentoDe a té a o fina l a lentoFirmemente te adora r.

De j oelhos, no a lta r

C o”

a dev ida su bm issãoR eso l u to p onho a mão ;Ju ro nassettas tremendasDe te ama r

,qu er tu me o ffendas

,

Qu er tu me qu eira s,qu er não .

Amo r co ªasmãos a p ressadasE rgrre dos o lhosa venda ,

E pa sma da j'

u ra horrenda,

Que assusta as a rassa gradas.

E is as c orrentes pesadas,Que te esperam ,

diz i rado .

E u asa c ceito hum i lhado,

« Não,deus

,não esm orec o

C'

osferros,posto c onheç o

Serei no am or desgra ç ado .

336

A l iberdade u l tra j adaLanç a—me a revez a v ista ;R isc a—me da honrada listaE cham a—me escra vo irada .

Não c rim ines indignadaEsta nobre snj erç a o .

A rraste o ferreo gri lhão ;Mas p or qu em ? P or Ni ze bel l a .

Ah ! sim te de i xo p or ella ;Mas c om disc reta eleic ão .

Osdo ces gri lhõesde a m o r

A rra sto com ta l v a idade,

Qu e a bo rreço a qpelle tem p o

Qu e v i v i c om tr erdade.

Eu fi z conce itos erradosDe am or e seu c a ptiveiro ,Masj a fel i z prisi onei roBe ij o os seus ferrosdourados ;Seusp assadores fa rpadosFerem ,

m asnão ca usam dor,

Não é tyranno , é senhor,Que a osescra vossem p re a faga ,Na o p esam ,

não fa zem cha ga

Osdo ces gri l hõesde amor.

D iscreto amor,e que ideas

Pa ra p render—me busc astelA betta N ize rogasteQue me l ançasse as c ade ia s :F i zeste c om m ãos a lheia sA m inha fel ic idade ;Ja va idoso a l iberdadePerco

,e N i ze é o m otivo

P or qu e asp risõesem que v ivoA rraste com ta l va idade.

— 338

Ah ! v il am or, e que ideasPa ra p render

—me busc aste!A bella N i ze rogasteQu e me l ançasse as c adeia S '

Va l em—te as forças a lhei as,Qu e das tu a s eu zomba va ;Já d”

essa funesta a lj a vaOstiros m ortaes rec e i o ,Que se na o tenseste meioNada de ti se me da va .

Venceste,am or

,j á c om tigo

Na o di sputo o venc imento ,Maspa ga —m e este tormentoC om torna r—me a o temp o antigo ,Temp o feli z , em que o p

ª

rigoDo teu ferro na o senti a ;Como a gora , a no i te e o diaNunc a em l a grimasgasta va ,Sem a ti lic ç õesmedita va ,Sem pensamentosdorm i a .

Se de penassu p p orta veisT inha ás vezes a a lma p resa ,

Que na humana na tu rezaSemp re são indispensa veis,Eram tão p ou c o du raveis,Ou e fa c ilmente asdei xa va ,

No doce somno lhe a cha va

Remedi o certo e p resc ripto ,

PO I S se adormec ia a tilic to

Sem c u idados a c orda va .

Oso lh osq u e bem se q u eremNão se p odem disfa rç a r,A necessa ri a c a u telaMi l vezeslhe h a de fa lta r.

P or ma is qu e a c a u tel a ou medoFa ça am antes c omedidos,Sempre os o lhos insotfridosH ão de entrega r o segredo :São fi ei s

,e,ou ta rde ou cedo

D'el l es a verdade esperem ;P or ma i s queem fing ir se esmeremDu ram p ou c o estes refo lhos;Po ism a issão língu asdo qu e o lhosOs o lhos qu e bem se qu erem .

Qu e imp orta em a lguns instantesSer o amante a c a u tel ado ,Se um susp iro desc u idadoConta tudo a os c ircunstantesº

Finasdores p enetrantesJá so ffri

,sem u m a i da r ;

D isfa rc e i,sem m u rmu ra r

,

De vãos am igos tra i ç oes;Mas amorosas p a ixõesNão se p odem disfa rc a r.

Uns o l hossemp re c riadosEm o seu í dolo verem ,

Acham—se sem o saberemNos o u tros o lhos p regados;Mil segredosdel i c adosP or c llcs a mor revela :Entretanto int

'

a usta estrel l a,

Po rqu e a ventu ra Ihe imp eç a ,

Pa z que de todo lhe esqu ecaA necessa ri a c a u tel a .

Qu em tem o furto na ma oDeba lde Jura l ea ldade ,Não finge bem l iberdadeQu em tra z nos p és o gri lhão ;Pu ro e fi el c ora ça oEm va o se qu er a ffecta r

,

Na o pôde semp re occu lta rDe amor a extremosa anc iaEsta estudada c onstanc i aMil v ezeslhe ha de fa l ta r .

Entre o di zer e o c a la rH a gu erra v iv a em m eu p ei to ,

O a m o r m a nda q u e fa lle,

Qu e c a le, di z o respei to .

Senhora,di zer—vos tudo ,

Qu anto em m im sinto,desej o ;

Porém, assim que vosvej o

De ixa —me o respei to mudo ;Fa ço um cu idadoso estudo

Pa ra sem su sto fa l l a r ;Mas esse modesto o lha r,Que em vós

,senhora , di v iso ,

Me deixa semp re indec isoEntre o di zer e o c a l a r.

Uma chamma v iva e a rdenteA bra za o meu c ora ção :Se rep rimo esta pa i xão

,

S ou c ontra a mor del inqu ente;|) i zel—a não m ª

o c onsenteVosso inv iola vel resp e i to ,E ass im c om ty i anno etfeito ,Porqu e sem remedi o fi que,

Sempre,ou me c a le

,ou m expl i qu e ,

H a guerra v iva em meu pe i to .

— 3 /4 .

º2

Senhora , di

esta lou c u raPa ra esta r bem c astigado ,S into c ora ç ão chagado ,Sem ter esperança de cura ;Nº

este estado era ventu ra

Tão triste v ida a c aba r,Mas p a ra m a isgosto da rA o teu geni o enfu rec ido ,Conserva —me assim feridoNão me a c abesde ma ta r.

B em sei que sou del inqu ente ,Qu e em vão desc u l pasmedito ,Porém se ama r-te edel i c to

,

Quem a cha rás innocente?Bem sei que este fogo a rdenteDev i a oc cu lta r c omm igo ,Porém de eu esta r c om tigoPerder sequ er u m m omento

A h ! senhora,eum tormento

Que ba sta pa ra c astigo .

Masdesta m inha desgra ç aE u v ivo tão sa tisfei to

,

Qu e inda vendo roto o peito ,Amo a setta que o trasp assa :

Fere,ingrata , despeda c a

Este c ora ção lea l ,Qu e o amor

, qu e te tenho , é ta l,Q ue hei de, porqu ema i s se esmere,Beij a r a ma o que me fere,Q

ª

rer bem a qu em me quer m a l.

O m eu c o ra çã o m e (llZ ,u a ndo p a lp i ta em segredo ,

u e c om tigo , o u ta rde o u cedo ,

ei de v i r a ser feli z .

Meu c ora ça o a trev idoMe diz

"

qu e este amor não cale ,Qu e me reso lva , e qu e fa l l e,Porqu e hei de ser a ttendido :Mas c omo eu j á não du v idoDe ser em tudo infeli z ,Observa r teus o lhos qu i z ,E elles

, qu e me fogem tanto"

Mostram ser m enti ra qu antoO meu c ora c a o me diz .

Da empreza então o retiro,

E c om l a grim a s lhe disse ,Que p or ti nem se lhe ou v isseUm só a í , u m só susp i ro :Fez um voto

,m as infi ro

,

Que 0 ha de qu ebra r mu i c edoEu c rei o qu e só p or medoOs p ub l i c os a isev i ta ,Po issem p re p or ti p a lp i taQu ando p a lp i ta em segredo .

Qu a l m a is'

qu c r, p o r qu a l m a isSaber d'clle um dia q u i z

,

Ser c om ou trem j á fel i z,

Ou c omtigo inda qu e ta rdo ;Que

'

oc c u l ta a'

esco lha na o gu a rde

E m i

a dec l a re em segredo ;Masel le oc cu l tando o medo ,

Que o triste deba lde esc ondeSusp i rando me responde,

Qu e c omtigo ,o u ta rde ou cedo .

Assim p assa um desc ontente

Qu e encheste de p a i xão forte,(,

Iu j a desgra çada sorteE chora r inu ti lmente:Que eu fosse um a vez contente

,

Inda o i rado ceo na o qu i z,

P oz-me a m a rc a de infel i zA m inha estrel l a tra idora

,

E em tem po nenhum j á a go raH ei de v ir a ser feli z .

S o u tã o j u sto q u anto é bellaA nym p h a , q u e me enfei ti ç a ,

O am o r q u e eu sm to p o r ellaNão o bseq u i o ,

ej u sti c a .

No rosto de Jonia estão,

Qu antosdonsdas gra ç asvem ,

Masqu e im p orta ? se na o temComo o rosto o c ora ça o :Mi lhões de susp iros

"va o

B evoa r em torno di

el la,

Mas,se osque m orrem p or ell a

Vej o de i rrisão serv i r—lhe,Em am a l-a e em fu g i r—lheSou tã o j usto qu anto é bel la .

Imperfeita na tu reza ,Se qu eres pou p a r-nosdores ,Ou da c ora çõesm elhores,Ou não dês tanta bel l eza :O a lto dom da gentilezaRep a rte c om ma isj usti ça ,Fi zeste a o m undo injusti ç a ,Em c rea r c om m a o ra ivosa ,T ão cru el e tão formosaA nymp ha , qu e me enfeitiça .

Osque de amanteso stentamAndam sem pre sem v intem

,

Perdem no i tes,e tambem

Asvezesbem osa qu entam :

Porém el l as a inda assentamQue m a i s devemo s fa zer ;E qu anto a o seu p a recer,Tem isto p or ba ga tellas,Assentando que por el l asPou co imp orta o p adec er.

Nós lhesdi zemos, « senhoras,

Da ru a as ou v im osm a l,Estas c asas tem qu inta l

,

La vamos ter a ta esho ras;El la s , que sa o m angadoras,Vendo qu e temos p a i xãoEntram a te ima r então ,D i zendo c om o em segredoQue é de no i te, e qu e tem m edoQu e se perc am ,

qu ando va o .

Se a lgum se chega a obriga r,E seu escri p tinho fez ,Sem pre m a ismez , menosmez ,

A o a lj ube vae p a ra r :Não tem po is qu e se qu ei xa rDe a liberdade p erderSe os homens c hegam a ver

Que este eo fim di

um amante ,Não c am inhem p or diante ,Se sabem onde hão de ir ter.

Não p osso deixa r de a m a r-te

Nã o h a fa do m a isty ra nnoConhecer o p ro p ri o erro ,

E v iver no mesm o eng a no .

Esta vontade qu e presaA os teus enganos tra re i ,Não sei , ingra ta , na o seiSe é am or

,ou se eba i xeza ;

De i xa de ou tros c onqu ista r-te,D

i

essa abom ina vel a rte

Fa z o crim inoso estudo,

Qu e eu inda a pesa r de tudoNa o p osso de ixa r de ama r-te.

Em vergonhososgri lhõesQue eu fosse o meu fado qu i zSemp re v í ctim a infel i z"

Dasm inhas c ru e isp a i xões!Descu bro infames tra i ç ões,Inda me na o desengano !H a de ser meu fa ta l damno

P or m im mesmo proc u rado !Deuses, se este é o meu fado ,Não ha fado ma i s tyranno .

Se eu não tivesse observado

Da tra idora a infame c u l pa ,

E ra digno de descul pa ,

E digno de ser chorado :Porém se eu desenganadoInda d,a lma a não desterro

,

Se a j oelhado be ij o o ferro ,

Que el la c ontra m im esgrime ,Fa z inda ma i o r meu c rime

,

Conhecer o proprio erro .

1 ) Fa lta este veno no volume de poesi as inédi ta s, im presso em Co imbra em 1858 .

— 3/rS

Da verdade os sa os prec e ito sMe di zem que i sto é deshonra ,Lá no fundo di a lma a honra

C lama pel os seusdire itos;Masnosnamorados pe i tosA honra é um m ero tyranno ;Qu ando grita o desengano ,E rem edi o dos perdidosTa pa r co i a s m a o s os ou v ido s ,E v iver no m esmo engano .

Deixa -m e, c ru el c i u me,

gu e ta nto m em orti fi c as,q u enã o sa bessu s elta s,

O q u e nã o vêsc erti ca s.

Em vão,c iume enganoso ,

Usa s teu fa ta l direito ;de N ise o brando p e ito

Tão fi el , c omo formoso ;Se ésum fa lsa rio orgu lhoso ,_Se a tormenta s p or c ostume,Se nunca a rdeu ou tro lum eNf

a quelle c ora ça o pu ro ,Se eu sou o mesmo , que o ju ro

,

De ixa—me, c ruel c i ume .

Que importa que mutu amenteC om a a lma asmãosnosdemos,E qu e sobre el l a j u remosAm a r-nos eternamente?Se a esta c hamm a

'

innocente

O teu fa vor c ommuni c as,A fu rto em meu peito fi cas;E que imp orta amor tão bel lo ,Se és um c ontinu o flagel l oQue tanto me mortifi cas

ª

?

—' J U

Ma l qu e chegou a panel l aA grade c resc e o susu rro ,E em du ra gu erra de m u rroVae embu tindo a tigela :Dão—lhe a

'

ra ção , pega nª

ella ,Que efeijão

, c ou ve , ou erv ilha º

Ma l que na ba rriga a p i lha ,Sem se a l impa r, besuntadoVáe ass im mesmo enga sgadoBeber agua d

ª

uma b i lha .

Depo i s v ira a descanc a r

Lá pa ra o seu a posento ,Po is j á tem c onhec imentoDo c am inho

, qu e ha de anda r'

Conversa,põe-se a j oga r,

Mente,fa l tando a verdade ,

Chora não ter l iberdade ,Pa ssa o tem po de c ade i aA solfrer a fome feia ,E pedir esmo la a grade .

E u v i u m di a , o h q u edi a !Cu p ido fo rj a ndo setta s;E u q u ebrei

—lh'

a s: q u e a legri a !

Qu e a ssu m p to p a ra osp oeta s!

A ofii c ina de Vul c anoE u vi nos T rina cr

'

iosmontes

Onde Esteropes e BrontesSe ou vem gemer todo o anno .

Cobre enfa rruscado pannoA entrada escura e sombri a :Lá

,qu ando na pedra fria

Vu lc ano os a l entos cobra ,Amor a ftlic to com obra

Eu v i um dia,oh qu e dia !

Qu ando um m a rtel lo se erguiaOu tro do a r a c a ir torna ,A qu elle cáe na b igorna ,Este no a r a p p a rec ia ;A abobada retini a ,

E as tosc asmura lhas pretasAbri am p rofundasgretas;Todo che i o de c a rvão

E u v i c om a suj a mãoCup ido forj ando settas.

Uma a pós outra gua rda vaAs settas o deus freche iroNa ric a a lj a va

,e prime iro

Na du ra pedra as prova va ;Alta empreza m edita va ,

Que no rosto -bem se vi a :

Já as pennassa c udi a ;Masnão sei que lhe fa ltou ,Que em quanto fo i e vo l tou ,

Eu qu ebrei -lhªas: que a legria !

Ju rou dasnymphas o estra goJu rou v inga r seusqueixumes,Não p or meio de c iumes,Nem de am or

, bem o u m a l pagoJu rou pelo Estygio l agoDe qu ebra r o

'

a rc o e settasIntrodu z i r asdisc reta sE p ôr em m oda o rigor,Que v ingança pa ra amor .

Que assump to p a ra os p oetas!

Ó DE S

ll suasmagestadesno dia da a cclama ção da ra inha D. Ma ria

A v ida escu ra em que a na tu reza e a fortuna melança ram tão l onge dosreaes p ésde vossas ma gestades; o medo j usto de manda r uma voz fra c a e desc onhec ida a os ouv idos de re i s

,prenderi am hoje a

m inha língu a temerosa , se o a mor da pa tria e o

gosto de a ver fel i z,dando—me novo esp iri to , me

não p u zessem na boc c a esta l inguagem de uma a l

m a s ingel a , estes versos sem arte, dic tados peloa mor respe i toso

,e que em l oga r de enganosa e en

feitada poes ia,desc obrem uni c amente ossentimen

tosde um c o ra ção fiel , onde vossasm a gestadesreinam soberanamente.

N,este throne, a que p oucosmona rchas sobem ,

tem a na ção portu gueza colloc ado a vossasmagesªtades p or a quelle ta lento de a grada r, dom do c eo ,

p rec ioso e ra ro na sa grada pessoa dos re is, que

querem (como vossa s '

m agestades c onsegu i ra m )sera c c la mados pel a a legria publ i c a , e pel a to rrente del a grimas, c om que u m povo inte i ro , transportado degosto , levanta va as

estrellas os a ugustosnomesdeseusnovos reis. E u vi

,senhores

,este grande espe

c ta cu lo ; fo i Uma sc ena de ternu ra , qu e a rranc a ri al a grimas a inda a u m c ora ção qu e não fosse p o rtuguel . Vi so ldados velhos que, endu rec idos a o frioe a c a lm a

,queimados c om o fogo da po lvo ra , an

nanc i a va m u m c ora ç ão de ferro , b'

anha rem pel a p rimei ra vez de l agrimas ternissimas a qu elles honrados rostos

, a quel lasc erradas feridas, qu e recebe

ram pel a p a tria , e que torna r ia m a a bri r c om gosto ,se o fel i c issimo reinado de vossas m a gestadesnão

Dasv i rtudes gu iadosSubi a o a lto throno , oh reis a ugu stos;

Nem sempre esqu ivos fadosSe noshão de m o str a r surdos e injustos :

A brem vasto thesou ro ,E nosmandam p or vós edade de ouro .

Do rei a os c eos ergu ido ,O re ino e o c ora ça o tendes herdado .

Benigno , enternec idoDe m il v irtudesso l ida s dotado :

P or geni o p i edoso ,E digno em fim de temp o m a isditoso .

Da eterna Prov idenc i aOsbenefí c osra ios fu z i l a ram ;

Já se estim a a innocenc ia ,

Já os temp osde ferro se a branda ram ,

Já vem o a r ta lhando

A p iedade e a j usti ca osbra c osdando .

C om su b i ta a legria

T ornae. a ver os c onhec idos la resT orna e a ver o dia ,

Vósque hab i tastes horrídos l oga res,Loga resdeshumanos

Onde p assastesdez , e ou trosdez annos.

Do c hão desentranhadosV inde j u ra r osnovos reis fel i zes:

Nospu lsosdesc a rnadosMostra e a o p ovo asroxas c i ca tri zes

E osgri l hões inda quentesNa pra c a triump ha l deixa e pendentes.

Qu e lagrim as l eva ste ,Pa trio Tej o , na tu a escu ra veia

Qu ando tu rvo p assastelE as ondas que qu ebra vassobre a a re ia ,

Que c inzas que rega ram !Que triste sangu e p a ra o ma r l eva ram !

Mas torna , ob manso Tej o ,Torna a vo lver c orrente pra teada :

Já ta esm a lesnão vej o :E a té j á foge a nu vem c a rregada ,

Qu e a triste l usa terraP romettia fa ta l e p romp ta gu erra .

De p elou ro v i o l entoNão vê c a ir o exangue c ompanheiro ;

E dorm e a o som do ventoEm c am po a berto o moll e pegu reí ro ;

O l avrador c antandoEm p a z herdados c amposvae c ortando .

Da sorte dasba ta lhasLivra e, p i edosos reis, os p ortu guezes;

Pendu rem du rasm a lhas,E os temperadoslu c idos a rnezes,

Osa rdidosso ldadosDasla grimosasmãesem va o chamado s .

Ou e dias llorecentesAo vosso fiel povo p repa rastes!

Qu ando c om m ãos p rudentesO peso dosnegoc ios espalhastes

Sobre oshombros robustosDe m inistros intei ros

,sab ios

,j u stos.

Gemeu m ani a tadoLongo tem p o o infel i z merec imento ;

Masj á,o c o l l o a l ç ado

,

Sa c ode o negro p ó do esquec imento,

E a v i rtude innocenteDe i l lustres pa lmas lhe c o roa a frente.

Já v ingada s sera oDo v il tutor astím idasdonzellas;

Já não erguem em va o

As ma os , e os tristeso lhos ás estrel la s ;Nu a de fa lsidade

A os ouvidos dos reis chega a verdade.

Mil l ou vores lhe c antam ,

O limp o cora ça o pondo no rosto :E nªa lma lhe l evantam

Novo throno,sobre el la melhor posto

,

Queentre espessas fa l anges,Que sobre ouro

,ou perola s do Ganges .

Novos re issoberanos,Que hoj e as rédea s tomaesdo reino vosso

,

Os- fa stos lusi tanosD i ra o de vós o qu e eu di zer na o posso :

Vossa a u gusta memoriaAbrí ra largo c ampo

'

a longa h istori a .

Sem traba lho p odeisFa zer feliz a gente portu gu eza ,

Segu indo assantas le is,Que n

'

a lm a vosgra vou a na tu reza ,A ra ra humanidade

A inc orru pta j usti ca e sa verdade.

— 358

Se não vej o na v a ga fantasiaMil ima gensbri lhantes,

C om que exa lta enganosa p oesi aI l l ustresna vegantes,

Fa lsos enfei tesde vena l mentira ,

Indignosda a lta musa, qu e me insp i ra :

Nos o lhosme fuz i la santo l umeDe singel a verdade;

Offendem vãos o rna tosde c o stumeA a ustera rea lidade ;

As la grim asqu e vej o , ternas, puras,Não sa o , na o são fantastic as p intu ras.

Um p ovo , que vos ama ,a lvoroc adoCobrindo as p ra i asvej o ;

Ou tro deixaes, em l agrima s banhado ,Ao su l do c l a ro Téj o ,

Erguendo os vossosnomes asestrel l as,E dos o lhossegu indo asbranc as vel a s .

Não chega esem triump ho a a u gusta c orteC om frota em gu erra a rm ada ;

Não vej o a bri r diante o horror e a m orteA S angu inosa estrada :

Fostes venc er c o i as a rm asda brandu ra ;Todo o p ranto qu e v istes fo i ternu ra .

Não tra zeis ante vósm ani a tadosLa grim osos c a p tivos;

Pa ternos c amp osnão deixaes j unc adosDe c o rp os sem iv ivos;

Não vejo vo ltea r no a l ta r de Ma rte ,Tinto de sangu e, bell ic o estanda rte.

S ingelos c ora ções vósrendidosP or triump ho tra zeis;

T ropheo m a i or, do qu e tra zer venc idosBi c os, soberbos reis;

Ta lento de re ina r, que vos fo i dado ,Nos vence os c ora cõcs, não bra c o a rmado .

Fa ze i s a l egre entra r na p a tri a terraO ameri c ano adusto ;

R ec onta os c asosda passada gu erraA esposa

, que c om sustoLhe vae banhando em l a grima s de gostoAs c i c a tri zes do c ortado rosto .

A forte m a o, que a inda fu mega va

C,

o sangu e não pou pado ,

Na du ra terra c om m a i s gosto c ra va

O c onhec ido a rado ;E a melhor uso o ferro c onvertendo ,Em p a z herdados c amp os vae rom pendo .

Espa lhe sobre exerc í tos cerradosS ib i lantes pelou ros;

Colha,de sangue e l agr imasbanhados,Os fantastic os lou ros

Quem da sorte'

cham a r dom soberanoBanha r as c ruasmãos em sangue humano '

Ama r a p a z , ama r a sã verdade ,Enfrea r a c ub ica ,

Saber unir a so l ida p iedadelnflex ível j usti ça ,

Esta é do throno a verdadeira gl oria ;E esta de meus reis a honrosa histori a .

' Ao marquez ileAngej a

N'

este desp ido tronco pendu rada ,Ac aba , o triste l yra ,

Dosdesabridosnortes a çou tada '

Mão branda não te fi ra ,E fi c a volteando a o som do vento

,

Qu a l sel l a do c a va l l o la za rento .

Sem p re, l yra infel i z , semp re toc asteA fechados ou v idos;

Fem inis c ora çõ esnunc a amolgasteCom teusechossentidos;

Em vão lou va vas, j unto a Ap o l lo"

lou ro,

Uns a lvosdentes, uns c a bel losde ou ro .

Dei xaste o l ouc o am or, e tem perada

Novas c ordas forc ej as;Em ti a c l a ra fama fo i c antada

Dos i l lustresAngej as;D

i

este que em ma r e terra o m ando estende,

Que serve um throno,e qu e de do isdescende.

De m eus p esadosdias lhe c ontasteA l a grim osa h isto ri a ;

Na esqu erda mão um l ivro me p intasteNa ou tra a p a lm a tori a ;

Com c a rregado , risp ído fo c inho ,

D i c tando leisem tribuna l de p inho .

Condoer-se mostro u da v ida esc u ra ,

Que a os o lhos lhe tens p osto ;Pa rec eu -me que

'

v i no va ventu ra

Mostra r-me o ledo rosto ;Cu idei

, que nunc a m a is, q u ando toc asse,C om teussons o meu p ra nto m istu rasse.

1 ) T em a llusão a o segundo soneto p a g õ l .

Dosj ustos reis os o lhospenetrantesS u a a lma c onheceram ;

Mil pesadosnegoc i os importantesNoshombros lhe p u zeram ;

E a grandes c ousas p or seus reis cha mado ,T irou de ti os o lhos, e o c u idado .

Deba lde a p rende torto c orc ovado

a í rosa danç a os p assos;Em vão destro Dup ré, im pertígado ,

Lhe pu xa os c u rtosbra ç os;Em vão lhe ensina as l e isda l ige ireza :

Na o muda m sa biasmãos a na tu reza .

Lyra infel i z , deba lde se a tro pel l aA forç a dosdestinos;

A m inha infa usta,sangu inosa estrel l a

Influ iu nos teus hymnosº

Que etfeí to ha de fa zer teu som serenoSe da mão que o tirou leva o veneno

ªt

De ba i xos versossegu e o v il fada rí o,

D iverte a rude gente;P inta longevo , tonto boti c a rio ,

De do isdados pendente,Que a l çando a fra c a m ão , ba te nas pernas,Porque inda a temp o v iu dei ta r qu aderna s.

T u não tensdoces vozesmodu l adas,

Que osm ansosa res ta lha m ;Asnove irmãs

, p or ti tanto invoc adas,D e tu as odes ra lham ;

Deba lde lhe p ediste o santo fogo ,São maos teusversos

,porqu e esqu ec em

este deserto funebre te a rroj o,

E de ti me envergonho ;F i ca , dosventosm ísero desp oj o ,

N'este sitio medonho,

De lugubres cyp restes assombradoA sol idão

,e á no i te c onsagrado .

1) T em a llusão a o primei ro soneto p a g 42

Fa ra echo dosm ontesna q u ebradaO som

, qu e a o vento esp a lhas;Do cu rvo b ic o te verás p i c ada

Das a gou re i'

rasgra lhas;E c oberta de sec co , inu ti l funcho ,Manj a r serásdo roedor ca ru ncho .

Se a lguma vez a o pé dªeste deserto ,

Onde o c amp o verdej a ,V iesse resp ira r u m a r a berto

O c l a ro , o i l l ustre Angej aE a o socego dos c ampos c onsa grasseUma hora

,em que a os emp regosse furtasse :

Se v i esse este dia que a p peteces,Então na o te a cova rdes

,

Im i ta p a ra ver se o enterneces,A lyra de Berna rdes;

E em qu anto for p assando , o triste lyra ,Em l oga r de tanger, gem e , e susp ira . »

Vias c o rrer teusdi assocegadosNu trindo esse a lto '

esp'rí to

No que fi c ou dossec u losdou radosEm p rosa , ou verso escri p to ;

R ec o lhendo na p róvida mem oriaDe estranhos reis

,e de teus reis a h istoria .

Ou trasvezes rasgando a vasta terraSeu peito c a vernoso ,

Ou descobrindo qu anto o m a r enc erraDe ra ro e p rec i oso ,

Profunda vas c om sería m adu rezaOs segredosda oc c u lta na tu reza .

De tão docesestudos a rranc ado

P or m a is a ltosdestinos,

Da l usa gente , e de seus re i s chamadoA empregos de ti dino

'

s,

Sa c ri fi c as a osnovossoberanosDe madu ro saber teus cheios annos.

P erm itta o ceo qu e em ta es tra ba lhosv ivasC la ro nome entendendo ;

E qu e asdou radas horas fug iti vas,Asa zasenc o lhendo

,

Fa çam que o temp o demorando o p asso

S inta a fou ce c a ir do frou xo bra c o .

Que c em vezesra iando este bom dia

O oriente esc l a reç a ;Que impertu rba vel solida a legria

C om el l e te am anheça ;Que em na tu raes ternissím os a ffec tos

A mão te beij em netosde teusnetos.

Masdei xa , 6 musa , a frou xa p oesiaPa ra assump tosmenores;

Não p rofanem de Angej a a g loria e o dialmp ortunos lou vores;

Po is inda qu e soubessesdirigil—os,Quer merecel-os; masna o quer ou vil-os.

Engana —te o desej o , que te insp ira ,R econhec e O teu erro ;

Se vês, que só aj ustam nº

esta l yraNegras c orda s de ferro ,

Não torças,na o

,teu m isero fada rio :

Torna a o gamão , e a o triste bo ti c a rio .

Ao viscondedeVílla-Nova—da-Cerveira depoismarquezdePonte—de-lima

Doze vezes vo l tando o a rdente estíoC'os férv ido s agostos,

Quando o qu ente suor a la ga em fi o

Os enc a lmado s rostos ,Me a chou sentado em trip ode de p inho ,Gritando um povo ba rba ro , e damninho .

Doze chuvosos, ríg idosj aneiro s ,Os tec tos destronc ando ,

Me destru iram p ennas e tinteirosSobre el l es gotej ando ;

E o ronco sul , que em torno assov ia va ,Das friasmãos os themasme l eva va .

Fortuna inexora vel,que envenenas

Douradas esp eranças;Que c om scep tro de ferro me c ondemnas

A estUp idas c rianç as,E que entre c a runchosos, c oxosbanc os,Me vás fa zendo estes c a bel losbranc os:

Tu c a rregando a fei a c a tadu ra ,

Que a medronta os humanos ,Qu eres qu e eu chegue a triste sepu ltu ra

Cªosdo isQu íntilí anos?E que em eterna , posthuma memori a ,

Me gra vem no sep u lc ro a p a lma toriaº

?

Que meus orphãosdisc ip u los chorandoA p erda que fi zeram ,

Os livrossobre o feretro rasgando ,

Que nu nc a p erceberam ,

D igam : « C om p ranto nosso mestre honremos,Qua tro solu c os a seus ossosdemos?

Masnão enco lhas,inc l ito Cerveira

A m ão de que eu me va lho ;Converta—se o traba lho da c ade ira

ou tro qu a l qu er traba lho ;Longe de escholas

,l onge de cri ança s ,

Fa rto c om p ou co m inhasesp eranças.

Se em'

nome de teu s reis a m il tirasteDasm a osda c ru a morte;

Se as cha peada s p ortas franqu easteDe soterrado forte ;

Ac ção ma i or,e inda ma is p ia fa zes,

T irando—me das ga rra s dosra pa zes .

Consente—me dep o is que a l yra tome,Em que a ureas cordas vej o ;

E qu e invoc ando teu i l l ustre nomeSobre as p ra iasdo Téj o ,

O L ima c ante . em sonoroso verso ,

O L im a, qu e te deu o nome e o berc o .

E em memori a do grande benefi c io ,Lá nasm a rgensdo L im a

I re i c ra va r a insígnia deste ofií c í o ,Lançando a reia em c im a ;

E em tronco annoso de c op ado fre ixo ,Cortada em verso

,esta esc ri p tu ra dei xo .

« Fu g i , ra p a zes, a qu i c orre risc oMoc idade a tra zada ;

Não é l ea o,ou fero basi l isc o ;

Não é serpe enrosc adaO que enc obre esta funebre memori a ;É peior que isso tudo , é p a lm a tori a .

AD. DomingosdeAssisMasca renhas

C l io uma setta ti raDa a lj ava de ou ro , que pelo a r vasio

Longe c orrendo fi raJunto a o Mondego , sa udoso rio :

Al l i em torno assu asm a rgensvôeE por feli z tres vezes o a pregôe.

As c l a ra s a gu as regamP lanta s bel las

,fec undas

, generosas:Com desvel o se emp regam

Em cu ltival—asma os industri osas:Qu a o doces fru c tos, qu ão cheirosas floresDe ta es a gu as, taes p lantas, ta es c u ltores!

Ergu e , i l l ustre Mondego ,Ergu e tu a ca beça sobre as a gu as:

Assa z no fundo pegoChoraste u m tempo tu a s tristesm agoas.

O l ha teus c amp os c om o esma l ta a goraEm formosa união Pomona e Flora .

Oh ! se io de c andu ra ,Masc a renhas

,tu és o a l vo

,a meta

Qu e anc iosa p roc u raDa m inha C l io a cmpennada setta .

T u na a lm a p a z , na sangu inosa guerraPodes o rna r a tu a e a l hei a terra .

Masboa so rte mudeMeu dito

,e a o u tra p a rte te não c ha me :

E onde tanta v i rtudeTem a ra iz

,os fru c tosseusderra me :

Nem menos tempo o so l i l l ustre e a q uenteA qu em o v iu desde o seu c l a ro o riente.

—370

Porém ,se é ordenado

Da Prov idenc i a sa bia,santa , eterna ,

Christão peito hum i lhadoAdora o Summo Ser que assim governa :

Antes se goza , e dentro ni

a lm a estim aQue astro tão bel lo a legre ma isd

'

um c l im a .

Entre tanto dí ff undeNa pa tria tu a lu z c op iosa e c l a ra

Que, se logo c onfunde

Os fra cos o lhos, depo is gu i a e a c l ara .

Arda ante inc ertos pés (e gri tem v í c ios)Alta tocha , que m ostre os prec i p i c i os.

Constanc i a ! qu e gu a rdadoEstá o ga la rdão a teussu ores,

Onde em cum e estrel l adoVibra o temp lo da g lori a resp l ando res.

a lli o lhos na o tires; que a o tra ba l hoE doc e V ira ção , efresc o orva lho)

T u,e esse c oro i l lustre

De m anc ebosheroes, qu e se obr iga ram“

A da r a o mundo lustreQu ando o a l to sangu e dos a vosherda ram ;Concebei novo fogo e no vo bri oOuv indo onde vos chama a m inha Cl io .

Oh ! se a lgu em me p u ze'

sse

Nasm a rgensdo Mondego c l a ro e fri o !Certo me não venc esse

Cvsnede D i rc e sobre o p a tri o rí o .

Al l í tão doc emente vos c antara ,Qu e, a ou v i r-me, feras, montes a ba lára .

Masengenho ir rec usa

Onde ir am or e gra tidão me inc ita :Nesc i a , se o esperas musa !

Não õorre l asso p éi

strada infini ta .

Almas i l l ustres, ha vereissómenteO dom sincero de um desej o a rdente.

Em louvorda amizade

Mu sa frou xa e ra steira ,Que o lou c o am or, e seu s triumphos c antas,

E hoj e a vez p rime iraQue a c ima das estrel l aste l evanta s ;

Na o a rda o santo fogoSempre em ma teria s vãs, de riso e j ogo .

A v irtude su bl ime ,Fi lha do eeo , a c andida am i zade ,

Que cham a feio c rimeVolta r

,

a c a ra a p obre hu manidadeE qu em hoj e te insp i ra ,

Quem te a presenta a desusada l yra .

Deba lde negro fadoCobriu m eusdiasde fortuna esc u ra ;

Deba lde tem j u radoSer meu c ontra rio a té á sepu ltu ra ;

Não da r—me'

va limento ,Dei xa r meu nome em ba i xo esqu ec imento .

De so la res antigos,Nem thesou ro

'

s herdei , nem vã grandeza ;No sei o dos am igos

Me p oz o eeo m a issolida ri q ueza ;Não teme du ro fado

Qu em a lc anc ou fiel a m igo a o l ado .

Sobre inhosp ita pra i aLance o m a r o na v i o destronc ado ;

No ro lo d'a gu a sa laO na u fra go p i lo to descórado ;

Areiasnão p isadasEnsope o triste em l a grimas c anc adas;

Se em tão du ro c a stigoO eco , p or nov o c a so não pensado ,

O enc ontra sse c ºo am igo ,Que anda da c a ra p a tri a desterrado

Chorara de a l egria ,Fel i z ta lvez chamasse o triste dia .

O escra vo na c orrente,Em m ísero su or banhado o rosto

,

Encha di ou ro l uzenteA ma o cru el

, qu e os ferros lhe tem p osto ,Do m ine iro a va rento ,

Que tem no seu thesou ro o seu tormento :

Alb ino imp a c i enteCª os o lhos

,e as es erançasno Oc eano ,

Vej a v ir do ri enteA não c om ou ro

,e com m a rfim indiano ;

Vej a o porto a ferrado,

Chame-se embora bema ventu rado :

Nada dª ísto a p peteço ;Sa bem osdeuses

,e p or el l es j uro ,

Que osvotosqu e lhe odº

reç o,

Na sc idos vem de c ora ça o m a i s pu ro ;Que estesbensnão invej o ,

Que l evanto a ma is a l to o meu desej o .

Se nosserenos a resLhe v a o susp irosm eus, d

i

a lma m andados ;Se dei xo seusa lta res

De m inhas p u ras l a grimasbanhados ;Se os c ommovo a p iedade ,

Meu s votossão p or ti , santa am i zade .

Dêem-me fi eis am igo s ,Mostrem-se embora , em tudo o ma is

,í rosos;

_No me i o dos c astigosLhes c hama rei benignose p iedosos:

Am igo verdadei ro ,Tu va lesma isque o universo intei ro .

Em louvorda sa ude

Na o procu ra pa la c iossump tu ososA bri lhante sa ude ;

O seu rosto a grada ve l e risonhoA té a os reisse esc onde :

El l a fa z com que sej a ventu rosoO roto peregrino ,

Se entre a negra gadelha lhe a p p a receUm semb lante sadio .

O c a p tivo remei'

ro fa tigado ,Do a rdente sol não fuj a :

Em ferrosenvo lv ido o duro c orpo ,Traba lhe o dia intei ro .

O qu eim ado sembl ante ande banhandoDe v i o l ento su or :

Apressado m astigu e, e pou c asvezesO c orru p to b isc o ito :

Mas tenha o rosto a legre e socegadoEntre asdu rasp risões ,

Se a pa l l ida doença não tem v istoO ma c i l ento aspeito ;

Se c om bra ço membrudo e v igorosoFôrç a o remo pesado .

Inda sinto inflamma r—me em teus lou voresOh sa ude a p ra z ív el !

Tu es fi lha do ceo ,mãe da a legri a ,

Dom de Deus p iedoso .

Se osm íserosmorta esexp oem a v idaP or damnosas ri qu ezas;

P or ell asque fa riam ,se serv issem

De te fa zer p rop ic i a ?Fi lha do ceo benigno , se te deras

P or ou ro , ou fina p ra ta ,Eu não temera as tempestu osasondas

Do ferv ido oc ea no :

P R O Z A S

Ao ma rquez deAngeja , ministrodeestado, peranteo qualsepretendeu desabona ra poesia e ospoetas, offereccndo

-lhealgunsdosversosdo auctor.

I l l . m º

e ex . sr. V . ex .

ª

se digne de não j u lga ra trev imento ir eu a p resenta r um l ivro de inu te i s versosn

i

a qu ellasmesma s mãosem qu e se a presentampa peis que dec idem dos interessesdo estado

,edos

destinosdos hom ens.

—A p oesia , senhor, só é odiosaa qu em n

i

el l a não e instru í do . V . ex .

ª

sabe ori

gem e osp rogressosdesta a rte div ina ; sabe quedeseu berço fo i c onsa grada a o uso da rel ig ião e da p ol í tic a ; qu e p or m e io d

ª

ella o homem na tu ra l , quenu tri a va gamente entre fra gase penedí asum c oração tão c ontra ri o a o do homem c iv il, c onheceu a

humanidade, e tomou sobre seus hombros o j ugoda ra zão e da justi ça ; que osp rime iros l eg isladoresescrev iam as l e is em verso , p a ra que a ha rmonialhes a p l anasse ou enc obrisse a qu elles p assos esc abrosos, qu e ferem e revo ltam a nossa na tu reza

,sem

p re am iga da l iberdade ; qu e os p h ilos0phose sa

cerdotes do E gyp to'

ensina vam em p oesi a os seusdogmas; que os bons tempos dos gregos, model odos secu los de Au gusto e de Lu i z xi v

,a o mesm o

p asso qu e se a la rga vam os l im i tesdo seu imperio ,v i ram levadas a u ltim a perfei ça o de que sa o c a p a

zes as obrasdos homens,a lyric a , a ep ic a , e a p oe

sia de thea tro

V ex .

ª

sabe qu e os p oetas de Au gusto , ma isdoque as V i c tori as de Fa rsa l i a , fi zeram cham a r-se o

seu sec u l o,o sec u lo de o iro ; que a p assa gem do

— 377

Rheno e a c onqu ista de Hollanda j a zeri anr no esqu ec imento

, c om o nome de Lu i z X lV,se Corne i l l e e os

que o segu iram não mandassem asextrem idadesdom undo a fama de su asV i ctori as; que a inda hoj e aFrança c onta c om p ra zer, entre as a c cõesd

'

a quelle

m ona rcha , a p rotec ç ão e a co lh imento qu e a c ha ramante el le asa rtes, p rinc ip a lmente a da p oesia ; e quea s u l timas pa l avrasdo grande Corne i l l e m oribundoforam a gradec imentosas l ibera l idadesde Lu i z xrv .

V . ex .

ª sabe que a a u gusta theologí a da escri p tu ranos ínstru e mu itas vezesdosa ttribu tes de Deusp orima gens inteiramente p oetí c as; que os p r0 phetas,unindo ma ra v i lhosamente o simp l es a o sub l ime, fa llam da existenc ia e da omnip otenc ia de Deu s , c oma l ocu ç ão , —e c om as figu rasda ma i s a lta p oesi a .

Mas, senhor, eu ,insensívelmente

,vou fa zendo de

u ma 'dedic a tori a um a disserta ção .

V . ex .

ª

se dignea ttribu í r este erro de methodo a desordem de ani

m o em qu e me põe a ingra ta sem—ra zão de ver os

p oeta s desfa vo rec idosde a lgunshomens, ta lvez semma is c rime, qu e serem fav orec idosdasmusas.

V. ex. em c u j a a lma ra ia a ra zão illustrada,lim

pa dassombrasdo a buso ,não fa z c a i r sobre o p oeta

os defe itos qu e são do homem : a inconstanc ia de

genio , o desc onc erto das a c ç ões, a p h i losop h i a m a lentendida qu e c am inha a p asso cheio a devassidãode c ostumes, são os c rimesde que o vu lgo erradoa c cusa indi fferentemente todos os p oetas; m as sevemos qu e estasmas qu a l idadesbrotam no cora ção

de tantos homens qu e não são p oetas, pa ra que hãode el l essós lev a r o ferrete qu e a na tu reza c orru p tap õe, indístinc ta mente, sobre todos os que não deixam gu i a r-se da rel ig ião e da honra ? Semp re ho uve poetas bem e m a l nrorígerados, assim c omo os

o u tros homens: e p o r qu e. lei ba rba ra ha de p a ga ra p oesia as fra q uezasda hu manidade ? P o r que fa lsalog i c a ha vem os inferi r que o c ommerc io dasmusas,

a su a ve l i ç ão dos antigos, em qu e vem os p intada ana tu reza , e exp l i cada docemente a boa p h i losop h ia ,

ha de a foga r no c ora ç ão do p oeta asv i rtudesque aindo le ou a

,edu ca ç ão ta lvez a l l i p lanta ram ?

V. ex .

ª j u lga m a is rec ta menle; sa be qu e em to

378

dos os ram os da v ida christa e c iv i l tem ha v idop oetas; qu e u m ta lento não exc l ue os ou tros; qu eR ichel i eu fa z i a versos, e fo i m inistro ; que entre os

poetas, como entre todos osm a ishomens,unssão

ventu rosos,ou tros desgra ç ados; nos cham ados a os

grandes empregos, ou tros intei ramente esqu ec idos;que se hou veum Camõese um Berna rdes

,c u j a me

moria posthuma fo i a uni c a p ag a do seu merec imento

,tambem hou ve um sa e Menezes levantado a c a

ma rc iro—mór dossrs. reisD . João o tu,e D . Sebas

tiao ; u m Pedro de Andrade Cam inha,c a ma rei ro

mór“

do infante D . Du a rte ; u m Ga rc i a de R ezende,m u ito estimado do sr. D. João o 11 ; u m Sá de Miranda

,feito c ommendador pelo sr. D. J oão o nr; e

p a ra não fa zer um c a ta logo qu asi infini to , hou ve o

grande Ferre ira , e Gabriel P ere ira de Castro , os

qu aes, c ada um no gosto do seu sec u lo , m istu rando

Ba rtho lo e Ac c u rsio c om Homero e c om Virgí l io , foram tão estimados p elosversos qu e fa z iam no seu

gab inete , c om o pelassentenç asqu e l ança ram nosdiversostribuna es a que foram p romov idos.

O c onhec imento da h istori a portugueza , um a dasl i ções qu e rec re iam o esp iri to de v . ex .

ª

,ta lvez

c onc orra , j unto c om o gosto qu e tem pelas a rtes, aque, segu indo o exemp lo de tantosreis, se não desp reze de ou v i r os

, poetas: eu sou u ma p rova v ivade qu e v . ex .

ª

os ou ve,e os p rotege: nos tem pos

da antiga R oma ,Au gusto fa z i a o mesm o ; nos tem

p osda moderna , lem os qu e Benedi c to xrv não se

envergonhou de fa zer a a p o log ia a os versosde u m

poeta franc ez , c om a qu el l a mesma mão de que pendi a m as cha vesdo ceo .

Esta j usti ç a e bom a co lh imento que v . ex .

ª fa z a

p oesia , fo i qu em me esforç o u a por nasrespeita veis

mãosde v . ex .

ªum l ivro de versos; o terem a lguns

a gradado a v . ex .

ª fa z o seu unic o merec imento :um ta l voto fez c om que eu j u lgasse bem d

,

el l es, eos levantasse a grande h onra de serem o fferec idos

a v . ex.

ª Não me a cova rdam a lguns assu mp tosj ov iaes

, qu e ni

el les tra to ; v ex .

ª

sabe, qu e se a tra

gedia c astiga os c ostum es pelosgrandes a ffec tosdac ompa i xão e do terror

,tambem a sa tvra os c astiga

Ao ma rquezdeAngeja , no dia deseusanuos

I l l . m o e ex. sr. Os lou vo resnem semp re são filhos da l isonj a , nem sempre são a l ingu a gem ba i xaem que os infel i zes fa zem o seu c ommerc io c om os

poderosos; qu ando assentam em merec imento so l ido , são uma paga dev ida asv irtudes; o ceo asda ;osreisdevem-lhe os prem ios ; os ou tros homens osl ou vores.

Iloj e , e ex . sr. ,nos a pontam osfastos de

Portu ga l o fel i z nasc imento de v ex.

ª

; o c o stum ec onsa gra c om el og i os estesdi asso lemnes; a p a triarecompensa assim os annos que a ell a se dera m ; ese em um

'

dia destinado a osobsequ ios, eu fosse ummero esp ec tador, um assistente oc ioso , o si lenc io

,

tantas vezes v i rtude,seri a a gora um crime

,seria

u ma prova da m inha ingra tidão .

A força do a gradec imento e a abundanc i a da materia me p ori am na boc c a u ma torrentede

r

lou vores;masv . ex.

ª põe tanto c u idado em merecel-os, c omo

em não querer onv i l—os; temo a su a modestia ; euma v irtude de v . ex . me não deixa fa l la r-lhe nasoutras; porém ,

a o menossej a -me perm ittido qu e am inha a lm a se encha de c ompl a cenc ia , l embrandose de que tresreisel og ia ra m a v . ex .

ª

,

c hamando—o

a grandes c o isas; não q u í zera m que estes ta l entosj a zessem

deba i xo da terra ; sobre el l a eª

sobre os

ma res os'

fi zeram l u z ir- Na flor

'

dos anu os, qu ando as p a i xões , osexemplos

,a na tu reza abrem gu erra v iva a o c ora ção do

homem ,então v iu a severa m agestade do sr. rei

D . João o v, que v . ex .

ª

,tão moço nosannos, era j á

anc ião no c onselho e nos c ostumes, qu eria o seuvotom os tribuna es, e o seu bra ço nasa rm adas: negrosventos, m a res c a vados, ferro , sangu e , eram os

l e i tosbrando s em que v . ex .

ª ia desc anc a rdashon

rosas fadigasda terra .

Que di rei do a u gusto , p i edoso , e a inda de frescobanhado dasnossas l a grima s , o sr. José o 1? O me

rec imento , j unto c om a sim ilhanç a dosgenios e dasedades, p ozeram semp re a v . ex .

ª

a o lado dªa qu ellemona rcha ; m andou

—lhe que a ccei tasse novos e imp ortantes empregos; recebeu m il p rovasdo seu p oder e da su a fam i l ia ridade, e entre el l as a quel l aqu e v . ex.

ªnão disse, m asque todossa bem ; a quel la

de que v . ex .

ªnunc a p oderá lembra r-se sem dor e

sem g l ori a .

Osbenignos e ama veissoberanos, que vemos sobre o throno , p ozeram o sêllo na obra que seusangustos predec essores tinham c om eçado ; enc a rregaram a v . ex .

ª

dosma is importantes negoc io s do estado : a madu reza nos c onselhos

,o severo esp irito

de inte i reza , os reis, a lei , a uti l idade pu b l ic a , sãoos objectos que v iram sempre na frente dosc u idadosde v . ex .

ª

Mas,senhor

,eu vou a busando da bondade c om

que v . ex .

ªse digna ou v ir—me: eu c onverto a m i

nha fa ll a a o throno do Todo-Poderoso , que tem na

su a mão as v ida s e os su c cessosdoshom ens ; a l l ip eço a rdentemente quedi l a te, que prospere tão bemc u ltivados annos; que c onserve em v . ex .

ª

o bom

p ae, o vassa l l o zel oso,o grande m inistro .

Vós,i l lustresmo rtos

,antigosinstitu idoresda c asa

de Angej a , que trou xestes no pei to o sangu e dedo is re is

,não peç a es c onta d'e l l e ; desc anç a e em

p a z nos fri osmo imento s , cheiosde V i c torias, c he io sde

"

serv iç os, que p aga ram Deu s e os rei s p or qu em

se fi zeram . O vosso herde i ro edigno de vós; c am inha sobre as vossas p isadas; herdou os vossos titu los e as vossas v i rtudes.

E vós,m oç os i l lustres

,seusdignos fi lhos, c u jos

c ostumes,fru c tos do exemplo

,são a lto el og i o da

m ão q ue vos edu c a , j á osre i s vosc hamam ; queremnos fi lhos perpetu a r o p ae. Os l a rgose fel i zes annos que o ceo lhe c onc edera de v ida , serão a vossa

eschola . Serv i os reis e a pa tria ; sa c ri fi c ae-lhe os

vossos anu ose asvossasfadigas; sede a tfa veis, j ustos

, inte i ros; sede como el le.

erguera

— 386

A O c r a v o u vnÉG A no n M A N UEL na M A CEDO ,ex-c o xc nsc a no no o nA r o nm

Och im ic o inferna l drogas ma ldi tasAj untou n'

u m la mbique sem demora ;Ferro ,

veneno ,v íbora tra idora ,

Ca rtasda mão deMa ch ivello esc rip tas:

C om fogo lento , pra gas infini tasDestillou tudo . e em p ou c o ma isdum

i

hora

Pelo ga rga lo do lambique fóraSa í ram p a r a p a r do isjesu í tas:

Mostrou a su a obra a o reino escu ro ;

Tornou a desti lla r mu i to em segredo

S a i u um .Manigrepo rnda ma is p u ro :

O dono, que o fo rj ou , teve

—lhemedo :

Despej ou o lambiqu e nª um montu ro

E sa iu d'esta borra o grão Ma cedo .

a o s so na r es om : m z"J o sé na u n ].

Trus, trus. «Quem ba te a h i ?» -«Um seu c riado . »

« Quem p roc u ra? » « Um senho r qu e fa z poesia .

« Pode entra r, meu senhor, mu i to bomP óde senta r-se. « Eu j a estou sentado . »

« Que tem p o rc a? » « Senhor, a o meu c u idadoA l impeza de u m ba i rro se c onfia :

Aonde , c om l i c ença e c ortel la ,

Fo i u m ba c io eno rme '

esc anga l hado .

« E o c aso : u ma p reta v inha anda ndo

C'

um serv i ç o : eis que um p reto . dosdo NetoLhe sae pel a l i cenc a perguntando :

« C'

o susto ento rna o vaso sobre o p reto .

Dou —lhe p a rte ; pode i r—se prepa rando ,

Que tem assu mp to p a ra u m bom soneto » .

D E C I MA S

P ergu nta certa senh o ra ,Sem p resu m ir m a l a lgu m ,

Se u m só bei j o a sexta ferraFa ra perder o jej u m ?

«Padre_

mestre ApresentadoPergunto ,

e sa ber desej o ,

Se p erde o jejum um beij o ,

Sendo a sexta fei ra dado ? »« Eu ,

no La rra ga enc ontradoNão tenho o c aso a tégora

'

P or isso a lgum a dem ora .

« Não , não , na o se c anc e mu i to ,

Que eu cá p or m im não pergunto ,

P ergunta c erta senhora »

« O l he, se el l a o beij o deu

S ímp lí c í têr, não pec cou ,

Que a lei a ningu em ti ro uPoder da r o que for seu ;C om tudo se fô ra eu ,

Beij o não dera nenhum '

P orém c omo deu só u m ,

Não tem o jej u m q uebrado ,

E m u i to m a issendo '

dado ,

Sem p resum i r m a l a lgum . »

« Porém seu mestre Melga ço ,Qu e eu p or cá segu ido vej o ,Nosdiz qu e o so l ido beij oSustenta ma is, qu e o a bra ç o : »

« E u ta l distinc ção não fa ço ,Nem distinc ça o verdadei raAcho , inda queda r—lh

'

a quei ra ;Nem eu sei qua l ma i s seri a .

Se u m abra ço em qu a l qu er diaSe u m só beij o a sexta fei ra . »

« Logo pode um beij o da rMu ito bem a sexta feiraQu a l qu er sec u l a r, ou fre ira ,Sem n

ª

isso o jej um qu ebra r? »« Pode sim ;

massem forma rNesse instante gosto algum ;Nem ha de da r m a isdo qu e u m ,

Po isse deu m a is, ou f ez gosto ,Com o o be ij o é j á c om posto ,Fa rá p erder o jej um . »


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