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Item 51 - ABID

Date post: 09-Jan-2023
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ITEMNa capa, a logomarca que simboliza o ciclo hidrológico,

com as indissociáveis relações solo-água-planta, numa visão

mundial, provocando a todos sobre a segurança hídrica,

alimentar e ambiental. Um símbolo permanente para os

Congressos Nacionais de Irrigação e Drenagem (Conirds),

vislumbrando-se um mundo mais equilibrado, mais justo,

com maior eqüidade. Uma marca em favor da exploração

econômica em harmonia com a natureza, pautando o

desenvolvimento da agricultura irrigada e preservando-se os

recursos naturais para as futuras gerações.

O tO tO tO tO tema doema doema doema doema dopróximo Cpróximo Cpróximo Cpróximo Cpróximo Conironironironironirddddd

É justamente na esteira de um trabalho funda-mentado na preservação dos recursos naturais, como manejo racional das bacias hidrográficas, que seterá o maior aproveitamento dos avanços científicose tecnológicos, dos investimentos em infra-estruturabásica e em maiores oportunidades para osagronegócios com base na agricultura irrigada.

Essa visão holística, que norteou a realização doXI Conird em Fortaleza, é também propulsora do XIIConird, a ser realizado de 9 a 13 de setembro de 2002,em Uberlândia (MG). É imprescindível que haja omais amplo entendimento sobre o todo, para que osdiversos atores possam planejar e implementar seusnegócios com segurança, compartilhando conheci-mentos, difundindo seus produtos e serviços, tendo-os devidamente ajustados aos anseios dos consumi-dores e aos avanços científicos e tecnológicos.

Essa integração tecnológica, comercial e social éa essência dos Congressos Nacionais de Irrigação eDrenagem da Abid. Assim, a intervenção no ciclohidrológico, buscando-se a água em favor da segu-rança alimentar, com segurança ambiental e segu-rança hídrica, está motivando o XII Conird, em 2002.

Uberlândia tem todas as condicionantes paraque se logre um grande evento, a começar com aapresentação de uma proposta respaldada por orga-nismos de Minas Gerais, a exemplo da prefeitura deUberlândia, da UFU, da UFV, da Ufla, da Embrapa,da Epamig, de diversas organizações privadas e dosresponsáveis pelo grande e moderno Centro de Con-venções dessa próspera cidade, que souberam eviden-ciar a sua privilegiada localização e todo o dinamismoda agricultura irrigada dos cerrados, cativando atodos, quando da assembléia da Abid, em Fortaleza.

uso inteligente da água passa pela revitaliza-ção e preservação dos recursos naturais,com a exploração racional das bacias hidro-

gráficas, perseguindo-se os conhecimentos científicose tecnológicos sobre todo o ciclo hidrológico e odesenvolvimento da agricultura irrigada. Um focoindispensável para aproveitar-se ao máximo esserecurso, sem deteriorá-lo, visando a segurança ali-mentar, a segurança hídrica e todos os demais requi-sitos para um desenvolvimento em harmonia com anatureza, gerando maiores oportunidades de empre-go e de renda.

Nesta edição, com a cobertura dos eventos nacio-nal e internacional, realizados em Fortaleza (CE),tendo como tema central “o uso competitivo da água,a preservação dos recursos naturais e o desenvolvi-mento sustentável da agricultura irrigada”, preten-de-se deixar registrada essa abordagem holística,com matérias voltadas para um melhor entendimen-to da evolução dos negócios em torno da água e daagricultura irrigada.

A agricultura irrigada, o sistema Plantio Direto,a agricultura de precisão, os zoneamentos agroeco-lógicos, associados aos avanços da biotecnologia, daengenharia e da logística dos agronegócios, estãoformando uma base muito importante para que selogre esse equilibrado desenvolvimento, requerendopermanentes mobilizações em favor de melhorescondições, para que o setor produtivo brasileiro sejamais competitivo e possa prosperar com o sábio usode suas vantagens comparativas. No contínuo apri-moramento e fomento desses trabalhos, envolvendo-se toda a gama de produtores e de atividades, poder-se-á lograr o efetivo controle à erosão, com maiorinfiltração das águas e uma profícua gestão dasbacias hidrográficas, que geram riquezas.

O

Helvecio Mattana Saturnino

EDITOR

E-MAIL: [email protected]

CARTASleitores

O engenheiro agrônomo Andersen S. Perei-ra, assessor técnico em projetos e avaliaçõesde sistemas de irrigação, de Piracicaba/SP,teceu algumas considerações a respeito da in-teressante polêmica levantada por EugênioBrunheroto, gerente de Operações-Irrigaçãoda Saint Cobain Cerâmicas e Plásticos Ltda.(Carborundum), na ITEM nº50, dando uma novainterpretação sobre os dados. Ele considerouque o percentual de implantação de projetosadequadamente realizados e em funcionamen-to no país, sem desperdício de água e energiaé pequeno, atingindo apenas 10% dos 212.168hectares apontados no artigo do professorDemetrius Christofidis, ITEM nº49. “Obviamen-te, os números corretos devem ser levantadosem função de pesquisas, mas observando quea maioria dos sistemas de irrigação localizada,principalmente aqueles instalados há algunsanos, poucos funcionam adequadamente, la-mentavelmente”, comenta o especialista emcorrespondência.

O tema foi abordado novamente durante oseventos realizados em Fortaleza (XI Conird e 4thIrcew), por Nilson Schemmer, executivo comer-cial da empresa Fockink Indústrias Elétricas Ltda.e presidente da Câmara Setorial de Equipamen-tos de Irrigação da Abimaq/Sindimaq, na con-ferência sobre “A ANA e a gestão dos recursoshídricos para a agricultura irrigada”, que apre-

A VA VA VA VA VALIAÇÃO DE DESEMPALIAÇÃO DE DESEMPALIAÇÃO DE DESEMPALIAÇÃO DE DESEMPALIAÇÃO DE DESEMPE N H OE N H OE N H OE N H OE N H O“Meu trabalho é a realização de avaliações de desempenho de máquinas e de equipamentosagrícolas, entre eles, equipamentos para irrigação e drenagem. Como existem poucos profissionaisdedicados à atividade de trabalho direto com empresas, fornecendo laudos para referendar algumtipo de equipamento pré-avaliado em campo, gostaria de saber sobre a possibilidade de, periodica-mente, ter alguns desses trabalhos divulgados na ITEM”. C A R L O S A N D E R S E NC A R L O S A N D E R S E NC A R L O S A N D E R S E NC A R L O S A N D E R S E NC A R L O S A N D E R S E N (engenheiro agrícola,Universidade federal de Pelotas/RS).

Distribuição da irrigaçãono Brasil, por tipo

ÁREA IRRIGADA NO BRASIL

Área total cultivada no Brasil:38,3 milhões de hectares

A irrigação corresponde a35% da produção agrícola nacional

7,7% Irrigados:2,95 milhões de hectares

Irrigação localizada

Fonte: Dados da Associação Brasileira das Indústrias e MáquinasAgrícolas (Abimaq) apresentados durante conferência no XI Conird e4th Ircew, em Fortaleza/CE, de 27 a 31 de agosto de 2001.

sentou novos números. Para Schemmer, a irri-gação localizada no Brasil atinge a área de 185mil hectares.

Participantes do XI CongressoParticipantes do XI CongressoParticipantes do XI CongressoParticipantes do XI CongressoParticipantes do XI Congresso

Nacional de Irrigação e DrenagemNacional de Irrigação e DrenagemNacional de Irrigação e DrenagemNacional de Irrigação e DrenagemNacional de Irrigação e Drenagem

(XI Conird) e da 4ª Inter-Regional(XI Conird) e da 4ª Inter-Regional(XI Conird) e da 4ª Inter-Regional(XI Conird) e da 4ª Inter-Regional(XI Conird) e da 4ª Inter-Regional

Conference on Environment-WaterConference on Environment-WaterConference on Environment-WaterConference on Environment-WaterConference on Environment-Water

( 4( 4( 4( 4( 4ththththth Ircew) deixaram registradas Ircew) deixaram registradas Ircew) deixaram registradas Ircew) deixaram registradas Ircew) deixaram registradas

suas impressões sobre o quesuas impressões sobre o quesuas impressões sobre o quesuas impressões sobre o quesuas impressões sobre o que

representou a realização conjuntarepresentou a realização conjuntarepresentou a realização conjuntarepresentou a realização conjuntarepresentou a realização conjunta

desses dois eventos:desses dois eventos:desses dois eventos:desses dois eventos:desses dois eventos:

C A R L O S M A T O SC A R L O S M A T O SC A R L O S M A T O SC A R L O S M A T O SC A R L O S M A T O SD E L I M AD E L I M AD E L I M AD E L I M AD E L I M A

secretário deAgricultura Irrigadado Ceará

“Em primeiro lugar, foi importante o reco-nhecimento de que o Ceará vem implantan-do uma política de gestão das águas quepermite desenvolver a irrigação dentro denovos padrões e com potencialidade. Issopode representar uma nova geração de pes-soas com uma concepção mais ampla deagricultura irrigada, que inclui não só aEngenharia, mas outras vertentes como aorganização dos produtores, o acesso à tec-nologia, à infra-estrutura e à capacitação,para que se possam alcançar competitivida-de e melhor produtividade da água utiliza-da. Foi uma oportunidade de trocarmos idéi-as com os melhores especialistas do Brasil edo exterior, para fortalecer tudo o que jáestamos realizando no Ceará. É sempre umestímulo para a comunidade técnica essatroca de conhecimentos, porque sabemosque o maior desafio será transformar cadalitro de água na maior riqueza possível. E adiferença entre um fator e outro vai ser acapacidade de absorver e aplicar as tecnolo-gias disponíveis na gestão da água.”

T O R R E S D E M E L OT O R R E S D E M E L OT O R R E S D E M E L OT O R R E S D E M E L OT O R R E S D E M E L O

presidente daFederação daAgricultura do Ceará

“Foi um evento de grandes proporções, mui-to bem organizado, com os temas bem esco-lhidos. O nível dos palestrantes foi o maiselevado que se podia desejar. E trouxe umatroca de conhecimento entre os especialistasda região e os de fora, e também para opróprio produtor rural que compareceu efreqüentou todos os cursos que foram minis-trados. Acho que o Ceará saiu ganhando emter sido escolhido, inclusive porque não foiuma disputa fácil. Outros Estados deseja-vam levar o evento para lá, principalmente aBahia, e, felizmente, nós fomos contempla-dos. Não só fomos honrados, como saímoscom um maior cabedal de conhecimentos.”

J O Ã O P R A T A G I LJ O Ã O P R A T A G I LJ O Ã O P R A T A G I LJ O Ã O P R A T A G I LJ O Ã O P R A T A G I LP E R E I R A D E A R A Ú J OP E R E I R A D E A R A Ú J OP E R E I R A D E A R A Ú J OP E R E I R A D E A R A Ú J OP E R E I R A D E A R A Ú J O

gestor de Tecnologia doConvênio Embrapa/Secretaria daAgricultura Irrigadado Ceará

“O evento constituiu-se numa grande opor-tunidade para o Ceará, pela presença decientistas brasileiros e estrangeiros ligadosa questões do uso da água no meio ambientee da irrigação e drenagem. Isso nos permitiuelevar o conhecimento sobre o que de maismoderno existe nessas áreas. Também nospossibilitará discutir estratégias de utiliza-ção das tecnologias apresentadas para o de-senvolvimento sustentável dos negócios naagricultura irrigada.”

OPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃO

F R A N C I S C OF R A N C I S C OF R A N C I S C OF R A N C I S C OF R A N C I S C OM A V I G N I E R F R A N Ç AM A V I G N I E R F R A N Ç AM A V I G N I E R F R A N Ç AM A V I G N I E R F R A N Ç AM A V I G N I E R F R A N Ç A

gerente do Ambientede Políticas eDesenvolvimento doBanco do Nordeste

“A Associação Brasileira de Irrigação e Dre-nagem (Abid) trouxe para o evento um focomuito importante, que foi o do agribusiness,do agronegócio, da cadeia produtiva. Esse éo futuro! E o Nordeste tem alternativas comoa irrigação, o turismo e a piscicultura. OBrasil ganha muito com a realização desseevento na região.”

TARCÍZIO NASCIMENTOTARCÍZIO NASCIMENTOTARCÍZIO NASCIMENTOTARCÍZIO NASCIMENTOTARCÍZIO NASCIMENTO

pesquisador daEmbrapa Semi-Árido

“Apesar de inativa por vários anos, a ABIDmostrou que veio para ficar, após a organi-zação deste evento, aonde conseguiu reunirum grande número de trabalhos científicos,congressistas e palestrantes, além dos váriosminicursos realizados durante o evento.Bem-vinda a ABIB e parabéns aos organiza-dores.”

F R A N C I S C O F É R R E RF R A N C I S C O F É R R E RF R A N C I S C O F É R R E RF R A N C I S C O F É R R E RF R A N C I S C O F É R R E RB E Z E R R AB E Z E R R AB E Z E R R AB E Z E R R AB E Z E R R A

chefe-geral daEmbrapa AgroindústriaTropical

“Esse evento conjunto foi de grande impor-tância para o país, especialmente para o Nor-deste, porque discutiram e difundiram as

melhores técnicas do mundo para a raciona-lização do uso da água, bem como da energia.Esses temas são relevantes para a região, prin-cipalmente porque a água é fator limitante noprocesso de irrigação de fruteiras e de outrasespécies vegetais. Portanto, o tema incide di-retamente na produção de alimentos para apopulação mundial, que cresce e demandacada vez mais resultados da agricultura.”

M A R I A C L A R I C EM A R I A C L A R I C EM A R I A C L A R I C EM A R I A C L A R I C EM A R I A C L A R I C EF E R R E I R A G O M E SF E R R E I R A G O M E SF E R R E I R A G O M E SF E R R E I R A G O M E SF E R R E I R A G O M E S

diretora do Centro deCiências Agrárias daUniversidade Federaldo Ceará

“O tema do Congresso foi da máxima impor-tância, uma vez que essa problemática daágua diz respeito a todo cidadão. No Ceará,nós já temos um grande número de empre-sas e de instituições que trabalham com essaquestão. O evento foi muito rico e da maiorimportância para trabalharmos numa visãode futuro, numa visão de 20 anos para afrente.”

E U V A L D O B R I G E LE U V A L D O B R I G E LE U V A L D O B R I G E LE U V A L D O B R I G E LE U V A L D O B R I G E L

presidente do Sindicatodos Produtores deFrutas do Estado doCeará - Sindifruta

“É um evento tradicional do setor e impor-tante pela visão apresentada sobre a água. Acada dia que passa, essa se torna uma ques-tão mais importante a ser trabalhada, prin-cipalmente porque está claro que a crise deenergia, na verdade, é uma crise de água. Enesse e em outros eventos que tratarem des-se assunto, vale a pena investir. Acredito atéque, pela importância do tema, deveria tertido mais evidência do que teve.”

OPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃO

G I L B E R T O G O M E SG I L B E R T O G O M E SG I L B E R T O G O M E SG I L B E R T O G O M E SG I L B E R T O G O M E SC O R D E I R OC O R D E I R OC O R D E I R OC O R D E I R OC O R D E I R O

pesquisador daEmbrapa Semi-Árido

“Foi, sem dúvida alguma, um grande desafioenfrentado pela ABID e sua revista ITEM,que, através de parcerias importantes e de-cisivas, possibilitaram a retomada da enti-dade, a reedição da publicação, além davolta do Congresso Nacional de Irrigação eDrenagem, fórum importante para debatesobre avanços científicos e tecnológicos daagricultura irrigada.”

M A R C O A U R E L I OM A R C O A U R E L I OM A R C O A U R E L I OM A R C O A U R E L I OM A R C O A U R E L I OH O L A N D A D EH O L A N D A D EH O L A N D A D EH O L A N D A D EH O L A N D A D EC A S T R OC A S T R OC A S T R OC A S T R OC A S T R O

professor daUniversidade Federaldo Ceará

“A grande procura pelo minicurso “Modela-gem Computacional de Fluxo Hídrico Subter-râneo”, ministrado durante o Conird, demons-trou o interesse pelo tema oriundo da necessi-dade dos pesquisadores, agronômos, geólogose engenheiros que trabalham de alguma ma-neira com água subterrânea, de simular comrazoável precisão o fluxo hídrico subterrâneoem situação reais de trabalho. Tais situações,no caso de projetos de irrigação, podem serclaramente exemplificadas através de três ca-sos extremamente importantes para esses pro-jetos. O primeiro é a necessidade de se deter-minar, no caso de uso de água subterrâneapara a irrigação, qual a vazão ótima que umdeterminado aqüífero pode fornecer.

O segundo caso refere-se ao sistema de dre-nagem, ou seja, através de simulação defluxo subterrâneo pode-se dimensionar osistema de drenagem de maneira segura. Ouso de fórmulas empíricas neste caso, como

usualmente é feito, pode levar a graves errosno dimensionamento desses sistemas, espe-cialmente no caso de aqüíferos muito hete-rogêneos e/ou anisotrópicos.

A terceira situação, na qual a simulação émuito importante, refere-se à modelagem dapluma de contaminação da água subterrâ-nea resultante da aplicação de produtos quí-micos na forma de fertilizantes e defensivosagrícolas. Este caso, hoje, assume especialimportância, devido à escassez de fonteshídricas, principalmente no Nordeste do Bra-sil, e da necessidade de preservar tais fontes.

O minicurso consistiu-se de duas partes. Naprimeira, foram apresentados os conceitos eas equações matemáticas fundamentais queregem o fluxo hídrico subterrâneo. E nasegunda fase, foram apresentados exemplosde casos reais do uso do Software Modflowpara simulação computacional do fluxohídrico subterrâneo. Foi tão grande o inte-resse dos participantes do minicurso quehouve solicitações para a sua repetição emeventos semelhantes no futuro.

O Conird foi um completo sucesso e, semdúvida, contribuirá para a revitalização daspesquisas em irrigação e drenagem no Bra-sil, as quais careciam de encontros específi-cos para divulgação de seus resultados.”

C L E M E N T E R I B E I R OC L E M E N T E R I B E I R OC L E M E N T E R I B E I R OC L E M E N T E R I B E I R OC L E M E N T E R I B E I R OS A N T O S E J O S ÉS A N T O S E J O S ÉS A N T O S E J O S ÉS A N T O S E J O S ÉS A N T O S E J O S ÉM A R I A P I N T OM A R I A P I N T OM A R I A P I N T OM A R I A P I N T OM A R I A P I N T O

pesquisadores daEmbrapa Semi-Árido

“O evento foi muito bom, abordou temas deinteresse da agricultura irrigada relevantespara o momento, tanto tecnicamente comopoliticamente. Foi um passo importante parao renascimento de uma ABID forte e atuante.Estratégias semelhantes devem ser mantidaspara os próximos eventos. Eventos dessa en-vergadura são oportunidade para contatoscom colegas que trabalham com irrigação.”�

Clemente Ribeiro SantosClemente Ribeiro SantosClemente Ribeiro SantosClemente Ribeiro SantosClemente Ribeiro Santos

OPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃO

CONSELHO EDITORIAL:

ALBERTO DUQUE PORTUGAL

ALFREDO SULZER

ESTEVES PEDRO COLNAGO

FERNANDO ANTÔNIO RODRIGUEZ

HELVECIO MATTANA SATURNINO

JORGE KHOURY

JOSÉ CARLOS CARVALHO

LUIS CARLOS HEINZE

SALASSIER BERNARDO

COMITÊ EXECUTIVO EDITORIAL:ANTÔNIO A. SOARES; DEVANIR GARCIA DOS SANTOS; FRANCISCO

DE SOUZA; GENOVEVA RUISDIAS; HELVECIO MATTANA SATURNINO;PAULO ROBERTO COELHO LOPES

EDITOR: HELVECIO MATTANA SATURNINO

E-MAIL: [email protected] RESPONSÁVEL: GENOVEVA RUISDIAS

(MTB MG 01630 JP). E-MAIL: [email protected] E ENTREVISTAS: GLÓRIA VARELA (MTB MG 2111 JP),

FRANZÉ RIBEIRO (MTB CE 00897 JP), JOSÉ VALENTE

COLABORADORES: ROSÂNGELA MARIA MOTA ENNES E SILVANA ROCHA

(SUPORTE TÉCNICO)AUTORIA DOS ARTIGOS TÉCNICOS: ANTÔNIO HERIBERTO TEIXEIRA,

CLEMENTE RIBEIRO DOS SANTOS, GILBERTO GOMES CORDEIRO, JOSÉMARIA PINTO, LEONARDO JACINTO, LUÍS HENRIQUE BASSOI, MARCO

AURÉLIO HOLANDA DE CASTRO, NOZUMU MAKISHIMA, OSMAR ALVES

CARRIJO, TARCÍZIO NASCIMENTO, WASHINGTON L. C. SILVA

ENTREVISTAS TÉCNICAS: ALEXANDER FIGUEIREDO SÁ, ÁLVARO MOREIRA

ROCHA, ANTÔNIO FÉLIX DOMINGUES, BART SCHULTZ, CARLOS MATOS

LIMA, CLODIONOR ARAÚJO, DEVANIR GARCIA DOS SANTOS, EDSON

ZORZIN, ELIAS TEIXEIRA PIRES, ELIZEU ANDRADE ALVES, FRANCISCO

DE SOUZA, FRANCISCO MAVIGNIER FRANÇA, HANS RAJ GHEVI,HEITOR MATALLO JÚNIOR, HUMBERTO REY CASTILLA, HUMBERTO

SANTA CRUZ FILHO, HYPÉRIDES PEREIRA DE MACÊDO, JERSONKELMAN, LUÍS SANTOS PEREIRA, LUIZ FERNANDO CARNESECA,MANOELITO LEAL FILHO, MÁRIO MONTEIRO ROLIM, NILSON

SCHEMMER, PAULO AFONSO ROMANO, PAULO ROBERTO COELHO

LOPES, TED LOUDON, THALES DE QUEIROZ SAMPAIO, TIBÉRIO GUITON

INFORME TÉCNICO PUBLICITÁRIO: RAIN BIRD, SISDA E PIVOT

REVISÃO: MARLENE A. RIBEIRO GOMIDE E ROSELY A. R. BATTISTA

FOTOGRAFIAS: ARQUIVOS DA AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA),ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DE MG, CODEVASF, EMBRAPA , SECRETARIA

DE AGRICULTURA IRRIGADA DO CEARÁ, SINDICATO DOS PRODUTORES DEFRUTAS DO ESTADO DO CEARÁ, CLÁUDIO NORÕES, HELVECIO MATTANA

SATURNINO, GENOVEVA RUISDIAS, EVERARDO MONTOVANI, MAURÍCIO

ALMEIDA

PUBLICIDADE: ABID, PELO E-MAIL: [email protected] OU PELO FAX(61) 274.7245

PROGRAMAÇÃO VISUAL, ARTE E EDITORAÇÃO GRÁFICA: DESIGN GRÁFICO

COMUNICAÇÃO (RUA CÔNEGO JOÃO PIO, 150, BAIRRO MANGABEIRAS, BELO

HORIZONTE, MG, FONE: (31) 3225.5065 E FONE-FAX: (31) 3225.2330TIRAGEM: 6.000 EXEMPLARES

ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DEIRRIGAÇÃO E DRENAGEM (ABID)

SCLRN 712, BLOCO C - 18, BRASÍLIA, DF, CEP: 70760-533FONE: (61) 273-2154 OU (61) 272-3191; FAX: (61)274-7245 EE-MAILS: [email protected] E [email protected]

PREÇO DO NÚMERO AVULSO DA REVISTA: R$ 6,00 (SEIS REAIS)OBSERVAÇÕES: OS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DESEUS AUTORES, NÃO TRADUZINDO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DAABID. A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL PODE SER FEITA, DESDE QUECITADA A FONTE. AS CARTAS ENVIADAS À REVISTA OU A SEUSRESPONSÁVEIS PODEM OU NÃO SER PUBLICADAS. A REDAÇÃO AVISA QUESE RESERVA O DIREITO DE EDITÁ-LAS, BUSCANDO NÃO ALTERAR O TEOR EPRESERVAR A IDÉIA GERAL DO TEXTO. ESSE TRABALHO SÓ SE VIABILIZOUGRAÇAS À ABNEGAÇÃO DE MUITOS PROFISSIONAIS E COM O APOIO DEINSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS.

IRRIGAÇÃO & TECNOLOGIA MODERNAITEMITEM

REVISTA TRIMESTRAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

IRRIGAÇÃO E DRENAGEM – ABID

Nº 51 - 3ºTRIMESTRE DE 2001

ISSN 0101-115X.

LEIA NESTA EDIÇÃO:LEIA NESTA EDIÇÃO:LEIA NESTA EDIÇÃO:LEIA NESTA EDIÇÃO:LEIA NESTA EDIÇÃO:

Cobertura especial sobre o XI Congresso Nacionalde Irrigação e Drenagem (XI Conird) e a 4th Ircew (4ª

Inter-regional Conference on Environment Water),realizados de 27 de agosto a 1º de setembro de

2001, em Fortaleza, CE:

Águas de Agosto

Um resumo sobre os principais acontecimentos econclusões do XI Conird e da 4th Ircew. Página 10

Um bem ambiental, econômico e socialTrês especialistas, um deles consultor de uma

organização internacional, debatem sobre uma dasatuais preocupações da sociedade brasileira: a água.

Página 13

Uso da técnica de reflectometria no domínio dotempo para medir a água no solo

Minicurso ministrado pelo pesquisador Luís HenriqueBassoi. Página 15

O segredo para evitar o desperdícioUma entrevista com o consultor internacional Luís

Santos Pereira. Página 17

ANA inicia combate à lei da selva hídricaO governo brasileiro instituiu a Agência Nacional de

Águas (ANA) através da Lei 9.984/2000, que é a atualresponsável pela organização do chamado “condomínionacional” do setor. Conheça o que está sendo debatido

e deverá influenciar esta organização. Página 20

Uso das estações meteorológicas automáticas nomanejo da irrigação de fruteiras

Um minicurso ministrado pelo pesquisador AntônioHeriberto de Castro Teixeira. Página 22

O potencial brasileiro em agricultura irrigadadiante da competitividade internacional

Apenas 7,7% do total de 38,3 milhões de hectarescultivados no Brasil são irrigados. Esses dados são da

Associação Brasileira da Indústria de Máquinas eEquipamentos (Abimaq), os quais demonstram a

diferença entre o país e a realidade mundial, onde airrigação ocupa o percentual de 17% dos hectares

cultivados no planeta. Página 27

Informe Técnico Publicitário da Rain Bird(Irrigação automatizada para paisagismo, de José

Giacóia Neto) - Página 29

O Plano Nacional de Irrigação e DrenagemSaiba como está sendo construído o Plano Nacional de

Irrigação e Drenagem (Planird), cuja elaboração estásob a responsabilidade do Ministério da Integração

Nacional. Página 32

Salinidade em águas irrigadasUm minicurso ministrado pelo pesquisador Gilberto

Gomes de Cordeiro. Página 34

Os conflitos mundiais para os usos múltiplos da águaEntrevista com o presidente da Comissão Internacional de Irrigação eDrenagem (Icid), Bart Schultz. Página 37

FertirrigaçãoMinicurso ministrado pelos pesquisadores Clemente Ribeiro dos Santos eJosé Maria Pinto. Página 39

A agricultura e o racionamento de energia

Uma entrevista com o ministro interino da Agricultura, Pecuária eAbastecimento, Márcio Fortes de Almeida. Página 41

Informe Técnico Publicitário (Conheça o Sistema de Suporte à DecisãoAgrícola - Sisda, de Everardo Chartuni Mantovani) - Página 42

Reforma aguáriaEsta é uma das bandeiras defendidas por Hypérides Pereira de Macêdo,secretário de Recursos Hídricos do Ceará. Para ele, a integração das bacias éuma das formas de garantir a irrigação, criar um processo competitivo, coma valorização da água. Página 46

Cultivo protegido de hortaliças e floresMinicurso ministrado pelos pesquisadores Nozumu Makishima, Osmar AlvesCarrijo e Washington L. C. Silva. Página 47

Agricultura irrigada como instrumento de combate à pobrezaEspecialistas consideram que a agricultura irrigada tem uma participaçãoimportante a cumprir para a solução de um dos principais problemas sociaisdo Brasil. Página 48

Informe Técnico Publicitário (A pecuária do futuro com a ajuda dairrigação, minicurso ministrado pelo empresário Leonardo Jacinto) -Página 50

Reciclagem da água, uma alternativa realUm debate com a participação de Hans Raj Ghevi, professor da UniversidadeFederal da Paraíba; Antônio A. Soares, professor da Universidade Federal deViçosa, Mário Monteiro Rolim, professor da Universidade Federal Rural dePernambuco e Ted Loudon, professor da Universidade de Michigan.Página 55

Água: manejar é precisoMinicurso ministrado pelo pesquisador Tarcízio Nascimento. Página 57

Semi-Árido: aprendendo a conviver com a secaNo Brasil, desde os tempos do império, a seca já era considerada um flagelona vida do Nordeste brasileiro, onde predomina o clima semi-árido. Mas, apesquisa agropecuária vem apontando estratégias que buscam soluções eensinam uma melhor convivência com esse fenômeno climático. Página 59

Uma excursão técnica ao Baixo Jaguaribe evidencia o impacto doracionamento de água e de energia - Página 61

Matéria Especial: O VALOR ECONÔMICO DA ÁGUA

Os produtores rurais do Ceará estão vivendo uma experiência pioneira e jácomeçam a pagar pelo uso da água na agricultura. Mas, a polêmica sobre oassunto continua. Conheça as posições de quem entende e está ligadodiretamente ao assunto, além da legislação. Página 64

Navegando pela Internet - Página 74

Classificados - Página 74

O representante daSecretaria de Infra-Estrutura Hídrica doMinistério daIntegração Nacional,Edson Zorzin ressaltouque um dos impactospositivos do PlanoNacional de Irrigação eDrenagem (Planird), emelaboração, será amaior geração deempregos no Nordeste.

Com a participação de diversas entidades nacionais eestrangeiras, a realização conjunta do XI Conird e da4th Ircew representou o fortalecimento da AssociaçãoBrasileira de Irrigação e Drenagem (Abid), além dedestacar a importância do tema central em discussão

Para Antônio Félix,superintendente deCobrança eConservação daAgência Nacional deÁguas (ANA), a outorgarepresenta uminstrumento de gestãoe de disciplina do usoda água , e nãomeramente uma formade arrecadação de

recursos.

O ministro Interino daAgricultura, Pecuária eAbastecimento, MárcioFortes de Almeida falousobre a preocupaçãodo governo em relaçãoà disponibilidade deágua e de energia paraa agricultura irrigada,diante da crise no

setor vivida pelo país.

10 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

Á

Projeto deProjeto deProjeto deProjeto deProjeto deirrigaçãoirrigaçãoirrigaçãoirrigaçãoirrigação

Baixo Acaraú,Baixo Acaraú,Baixo Acaraú,Baixo Acaraú,Baixo Acaraú,localizado alocalizado alocalizado alocalizado alocalizado a

240 Km de240 Km de240 Km de240 Km de240 Km deFortaleza,Fortaleza,Fortaleza,Fortaleza,Fortaleza,

lançado peloslançado peloslançado peloslançado peloslançado pelosgovernos federal egovernos federal egovernos federal egovernos federal egovernos federal e

do Ceará,do Ceará,do Ceará,do Ceará,do Ceará,em setembroem setembroem setembroem setembroem setembro

deste anodeste anodeste anodeste anodeste ano

gua. Ao lado de irrigação, essa foi apalavra mais ouvida no XI CongressoNacional de Irrigação e Drenagem

(Conird) e 4a Conferência Inter-regional sobreágua e meio ambiente (4th Ircew), eventos reali-zados simultaneamente na cidade de Fortaleza,no Ceará. Este evento conjunto aconteceu noperíodo de 27 e 31 de agosto de 2001 e teve empauta o uso competitivo da água, a preservaçãodo meio ambiente e o desenvolvimento sustentá-vel da agricultura irrigada. A escolha dessestemas como centro do evento foi aprovada, demaneira unânime, entre os participantes que

Águasde agostoÁguasde agosto

O XI Conird e a 4th Ircew trouxeram

para o debate a escassez da água

potável e seu uso competitivo na

agricultura irrigada, temas essenciais,

mas ainda pouco discutidos no Brasil.

falaram sobre o assunto. Não é para menos,afinal a água está-se firmando cada vez maiscomo prioridade na pauta mundial de discus-sões. Embora o debate ainda esteja no início, arealização de mais um Conird após seis anos deintervalo, trazendo como enfoque a água, ajudoua colocar o assunto na berlinda.

A revista ITEM traz, nesta edição, matériasespeciais sobre os debates realizados durante oXI Conird e a 4th Ircew. Para dar uma visão daágua no mundo e de como está seu uso racionalna agricultura irrigada ao redor do globo, oevento contou com presenças ilustres, como a dopresidente da Comissão Internacional de Irriga-ção e Drenagem (Icid), Bart Schultz, e a doconsultor internacional, Luís Santos Pereira, co-ordenador de solo e água da Comissão Interna-cional de Engenharia Agrícola (CIGR). Schultzdiscutiu, em conjunto com profissionais como odiretor do Serviço Geológico do Brasil, ThalesSampaio, os “Aspectos Ambientais, Sociais, Eco-nômicos e Científicos sobre o Uso da Água”, como concurso de debatedores como o ex-secretário

FOTO SECRETARIA DE AGRICULTURA IRRIGADA DO CEARÁ

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 11

nacional de Recursos Hídricos, Paulo Romano, eo professor Renato Frota Ribeiro, da UFC. LuísPereira contou com as parcerias dos professoresEverardo Mantovani e Roberto Tezteslaf paradebater o tema “Estratégias de Planejamento eManejo para Conservação de Solo e Água”, comas experiências práticas do presidente da Asso-ciação de Agricultores e Irrigantes do Oeste daBahia, Humberto Santa Cruz Filho, e do secretá-rio executivo da APDC, consultor internacional,John Landers.

“A Agência Nacional das Águas (ANA) e agestão dos recursos hídricos para a agriculturairrigada no Brasil” – abrangendo também a criseenergética pela qual passa o país – foram contem-pladas com a participação do presidente da ANA,Jerson Kelman, e do diretor de Recursos Hídri-cos do Departamento de Águas e Energia Elétricade São Paulo, Luiz Fernando Carneseca. O semi-nário sobre “A ANA e as Parcerias na Racionali-zação do Uso da Água para a Agricultura Irriga-da”, comandado por Antônio Félix Domingues,superintendente de Cobrança e Conservação daInstituição, foi um exemplo dos proveitosos de-bates ocorridos em Fortaleza. O evento foi enri-quecido também pela apresentação do “PlanoNacional de Irrigação e Drenagem (Planird)”, doMinistério da Integração Nacional, a ser implan-tado no próximo ano.

Com o tema “A Integração Tecnológica eComercial nos Pólos de Agricultura Irrigada”, ogerente de Ambiente de Políticas de Desenvolvi-mento do Banco do Nordeste, FranciscoMavignier França, expôs em seminário a atuaçãodo Banco nessa integração na região, contandocom um profícuo debate, que incluiu a participa-ção de produtores e do presidente da câmarasetorial de equipamentos de irrigação da Abimaq,Nilson Schemmer, que já havia colocado umamplo panorama da agricultura irrigada no paíspara a discussão, reiterando a falta de apoio aosetor.

Os desafios da irrigação como estratégia decombate à pobreza e meio para se chegar àprosperidade, foram temas da conferência, as-sim como as sugestões sobre o “Uso Futuro deÁguas de Baixa Qualidade”, cujos exemplos sãoos esgotos domésticos e industriais e a água domar. O uso competitivo da água foi abordado naconferência sobre “Alternativas para a Agricultu-ra Irrigada num Cenário de Competição”, e apreocupação com a situação da água no Nordesteficou evidenciada no tema “Medidas PreventivasContra a Seca e a Desertificação”.

“Fala-se que a próxima guerra mundial será adisputa pela água”, ressalta o presidente do Ins-tituto Hidroambiental Águas do Brasil, Clodionor

Araújo. A água doce é um bem escasso que deveentrar em estado crítico dentro de 25 anos. Poucotempo, portanto, o que aumenta a necessidade deuma mudança de conscientização a partir deagora. Todos questionamentos tiveram a oportu-nidade de ser levantados na conferência “O De-senvolvimento Tecnológico e o Futuro da Agri-cultura Irrigada”, evidenciando-se as grandespotencialidades do Brasil e a necessidade demobilizar esforços nesse estratégico setor.

O evento contou com a participação de 29estrangeiros inscritos na Ircew, com uma repre-sentação bem variada. Profissionais da Bélgica,Estados Unidos, Holanda, Paraguai, Itália, Por-tugal, Colômbia, Equador, Espanha, Suíça e Rei-no Unido garantiram o ecletismo cultural. “Nósassumimos o compromisso de realizar essa con-ferência há três anos, em Portugal, e viemostrabalhando por isso”, afirma Antônio Alves So-ares, um dos representantes do Brasil nas últi-mas três conferências e integrante da comissãoorganizadora dessa realizada em Fortaleza. OConird atraiu 279 brasileiros inscritos, com re-presentantes muito expressivos praticamente detodo o Brasil, sendo a maior parte (120) do Ceará.Segundo Soares, a representatividade da federa-ção estava dentro das expectativas. “Sabíamosque o número de participantes era uma incógni-ta, mas vamos trabalhar para que com o próximocongresso consigamos fortalecer ainda mais aAbid”.

O congresso trouxe bons frutos, na opinião deSoares. “Estamos satisfeitos. Existe uma crise deágua e nós conseguimos trazer representantes dediferentes setores e isso enriqueceu muito o even-to, pois começa a haver uma discussão maispróxima entre os setores, que pode contribuirpara a solução desse problema”. A mesma opi-nião é partilhada por Helvecio Mattana Saturni-no, presidente dos eventos conjuntos. “A maiorriqueza desses eventos foi justamente essa fusãodo internacional com o nacional, ampliando-se avisão e a qualidade dos debates, dos trabalhos eda representatividade das pessoas que compare-ceram”, conclui. Com relação aos trabalhos sele-cionados, 52 foram publicados em um livro emInglês (Ircew) e 87 em resumos expandidos nosAnais do XI Conird. Assim, cada participante,além da revista ITEM no 50, com elaboradotrabalho prévio sobre os eventos, pôde contarcom essas publicações, freqüentar oito opções deminicursos, participar de reuniões e visitas téc-nicas, quatro seminários e oito conferências. Umasemana de imperdíveis oportunidades.

Além dos trabalhos publicados, Helvecio Sa-turnino espera que as discussões realizadas nes-ses eventos conjuntos também deixem seu lega-

12 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

do. “Sob o ponto de vista qualitativo é muitodifícil amealhar o que tivemos nessa oportunida-de. Agora temos que trabalhar para aproveitar edifundir os resultados da melhor forma possí-vel”. Num balanço sobre os temas discutidos, eleconsidera como o mais bem-sucedido o foco naagricultura irrigada sustentável. “As principaisconclusões estão na grande oportunidade de pro-mover-se uma expansão horizontal e vertical daagricultura irrigada”. Para Helvecio Saturnino,além de poder melhorar a eficiência, agregando-se valor a cada unidade de água utilizada nairrigação, o Brasil tem a vantagem de podermultiplicar em dez vezes sua área irrigada, de-pendendo do mercado. Há um vasto campo paratrabalhar-se na regionalização, melhorando asvantagens comparativas de produtos e conse-guindo-se, assim, uma melhor inserção nos mer-cados interno e externo sem, no entanto, esque-cer da revitalização das bacias hidrográficas,uma convocação ressaltada por ele, em nome dadireção da Abid, nas solenidades de abertura eencerramento dos eventos.

KC e fertirrigação:tabela deverá sair em dezembro

Uma das grandes preocupações do evento foicom relação à democratização dos conhecimen-tos científico e tecnológico, para subsidiar o setorprodutivo no uso racional da água. Para isso,além das conferências, seminários e minicursosofertados, foram realizadas diversas reuniõestécnicas sob a coordenação de acadêmicos epesquisadores da Empresa Brasileira de Pesqui-sa Agropecuária (Embrapa), professores de di-versas universidades, empresas e institutos esta-duais de pesquisa, organizações privadas e pro-fissionais liberais. As reuniões foram centraliza-das em dois pontos: coeficiente de cultivo (kc)/demanda de irrigação e fertirrigação. O primeiroestá relacionado com a quantidade de água quecada tipo de cultura necessita. Dado essencialpara se evitar o desperdício de água. O segundoé uma técnica extremamente vantajosa, pois sig-nifica economia de mão-de-obra e de energia.Neste caso, as informações são particularmenteimportantes para determinar a quantidade cor-reta de nutrientes a ser utilizada, tanto para nãoprejudicar a planta – pois muitos nutrientes sãotóxicos e o excesso pode ser nocivo – quanto paraeconomizar investimentos. “Os processos sãomuitas vezes caros, então, aplicar mais pode, àsvezes, não ser ruim para a planta, mas é para obolso”, explica Washington Silva, um dos coor-denadores das reuniões.

“Percebemos que existe uma demanda muitogrande pelas informações sobre fertirrigação,pelo que foi exposto durante as discussões técni-cas”, relata Antônio Marcos Coelho, coordena-dor responsável pelas recomendações de fertirri-gação para culturas anuais. O mesmo pode serdito para o kc, embora Silva admita que osmédios e grandes produtores estejam mais cons-cientes em relação às vantagens que os doisindicadores podem trazer. “Os pequenos tam-bém deveriam se preocupar, só que eles são tãopequenos que talvez nem valha a pena ir atrásdisso, pois economizar um litro a mais ou amenos não é expressivo”, raciocina Silva. Quem,no entanto, já tem a partir de um hectare, temmuito a ganhar. Isso porque um milímetro dechuva nessa área equivale a dez mil litros deágua. “Portanto, qualquer milímetro que vocêaplicar tem um custo, tanto pela água, que éescassa, quanto pela energia que será utilizadapara bombear essa água”, explica.

As informações trabalhadas pelos pesquisa-dores já existem. A novidade está na organizaçãodos dados e das recomendações de maneira prá-tica, acessível ao produtor. “A Food AgricultureOrganization (FAO) já organizou um manual dekc muito bem elaborado, mas é muito técnico”,informa Silva. A intenção é trabalhar em cima dodocumento da organização americana para “tra-duzir” as informações ao produtor comum. “Parafertirrigação, a gente deverá fazer uma pequenatabela de recomendações com relação a nutrien-tes, seu parcelamento e suas fontes, dividindo emculturas anuais, fruticultura e olericultura”, com-pleta. A idéia inicial era sair com a primeiraaproximação até o final do congresso, o que nãofoi possível. “Eu já esperava por isso, porque émuito pouco tempo”, explica o coordenador defertirrigação para fruticultura, José Maria Pinto.“Mas acho que despertou a curiosidade, o que fazcom que haja cobrança, então esse documentovai surgir, não será perfeito num primeiro mo-mento, mas com o tempo deve ser aprimorado”.Silva adianta que o grupo colocará à disposiçãouma lista de discussão na internet para ajudar nacomposição das tabelas. O resultado desses tra-balhos deverá ser publicado numa das próximasedições da revista ITEM. �

ENDEREÇOS ELETRÔNICOS PARA CONTATO:

Antônio Alves Soares – [email protected]ônio Marcos Coelho –[email protected] C. Araújo – [email protected] Mattana Saturnino – [email protected]é Maria Pinto – [email protected] Silva – [email protected]

Hosé Maria Pinto,Hosé Maria Pinto,Hosé Maria Pinto,Hosé Maria Pinto,Hosé Maria Pinto,pesquisador da Embrapapesquisador da Embrapapesquisador da Embrapapesquisador da Embrapapesquisador da Embrapa

Clodionor C. Araújo, presi-Clodionor C. Araújo, presi-Clodionor C. Araújo, presi-Clodionor C. Araújo, presi-Clodionor C. Araújo, presi-dente da Abas, Núcleo Cearádente da Abas, Núcleo Cearádente da Abas, Núcleo Cearádente da Abas, Núcleo Cearádente da Abas, Núcleo Ceará

Washington Silva,Washington Silva,Washington Silva,Washington Silva,Washington Silva,pesquisador da Embrapapesquisador da Embrapapesquisador da Embrapapesquisador da Embrapapesquisador da Embrapa

Antônio Marcos Coelho,Antônio Marcos Coelho,Antônio Marcos Coelho,Antônio Marcos Coelho,Antônio Marcos Coelho,pesquisador da Embrapapesquisador da Embrapapesquisador da Embrapapesquisador da Embrapapesquisador da Embrapa

Prof. Antônio A. Soares, umProf. Antônio A. Soares, umProf. Antônio A. Soares, umProf. Antônio A. Soares, umProf. Antônio A. Soares, umdos organizadores do eventodos organizadores do eventodos organizadores do eventodos organizadores do eventodos organizadores do evento

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 13

diretor de Hidrologia e Gestão Territo-rial do Serviço Geológico do Brasil,Thales de Queiroz Sampaio, vai mais

além. “A crise não é da água, energética ouambiental”, afirma. “O que existe, na verdade, éuma crise de percepção do conjunto de todosesses problemas”. Sampaio proferiu palestra so-bre os aspectos econômicos, sociais, ambientaise científicos no uso da água, durante o XI Con-gresso Nacional de Irrigação e Drenagem (Conird)e 4a Conferência Inter-regional sobre Água eMeio Ambiente (4th Ircew). Apresentou dadospreocupantes. Apenas 2,8% dos três quartos doplaneta cobertos por água não são salinizados.Desse total, a maior parte não está disponível parao consumo humano, está retida nas geleiras, naumidade do solo ou na atmosfera sob a forma devapor. Sobra 0,627% utilizável, sendo que quasetudo é subterrâneo. Resultado: apenas 0,01% de

toda água da Terra está acessível na superfície,nos rios, açudes e bacias hidrográficas.

O Brasil pode-se considerar privilegiado, afi-nal, possui algo em torno de um décimo de todaágua potável existente no globo. O que, entretan-to, não o isenta da necessidade de racionalizaçãoe do seu compromisso ambiental. “Nós vivemoso ufanismo da abundância, de que temos a maiorreserva de água doce do mundo e esquecemosque tudo acaba”, explica Paulo Afonso Romano,ex-secretário nacional de recursos hídricos e umdos debatedores da conferência. Exemplos práti-cos mostram que Romano tem razão. Em depoi-mento à revista Exame, o diretor da OrganizaçãoNão-Governamental (ONG) de pesquisas World

Watch Institute, Lester Brown, cita o caso do rioYang-tsé, na China, que desde 1985 vem secandocontinuamente durante a estiagem anual, sendoque até 1972 nunca havia enfrentado problemas

Água,um bem

ambiental,econômico

e social

A crise de energia que pegou

os brasileiros de surpresa este

ano trouxe para muitos uma

dedução lógica: a crise energética

é decorrência da falta d’água.

Portanto, o que existe é uma crise

de água, não de energia, certo?

Ou seria uma crise de gestão

dessa água?As estiagens dosAs estiagens dosAs estiagens dosAs estiagens dosAs estiagens dosúltimos 20 anosúltimos 20 anosúltimos 20 anosúltimos 20 anosúltimos 20 anosestão secandoestão secandoestão secandoestão secandoestão secandoos rios, outroraos rios, outroraos rios, outroraos rios, outroraos rios, outroraabundantesabundantesabundantesabundantesabundantesO

FOTO GENOVEVA RUISDIAS

14 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

desta ordem. Outros rios de grande porte, comoo Colorado, nos Estados Unidos, e o Nilo, noEgito, vêm passando pelo mesmo fenômeno. OBrasil é representado pelo Rio São Francisco,segundo Romano. “A bacia tem mostrado riosque até duas décadas foram abundantes, mas queagora estão secando”, informa.

O tema da conferência chamou atenção paraa variedade de aspectos sob os quais a problemá-tica da água deve ser vista. Primeiro, há o aspectoeconômico. Além da geração de energia, a águaproduz alimentos através de sua utilização naagricultura. Essa mesma utilização tem impactossociais, à medida que gera empregos e possibilitaa sobrevivência de pequenos agricultores, cujaprodução é apenas de subsistência. Outro aspec-to é o ambiental. De acordo com Brown, há fortesevidências de que os rios supracitados estãosecando, devido a uma drenagem excessiva pelamão do homem. Sampaio lembra que o mesmoestá acontecendo com lençóis subterrâneos bra-sileiros. “Se você conhecesse a região de Mossoróhá 25 anos iria se assustar vendo como se encon-tram os aqüíferos hoje”, diz o palestrante. Nacidade potiguar, a água dos lençóis há anos estásendo utilizada na irrigação. “É possível continu-ar com a irrigação lá sim, mas é preciso fazer umestudo sério, para que não haja esgotamento dasreservas”. Não só na irrigação, mas também paraconsumo industrial estão sendo usadas – de ma-neira crescente – águas subterrâneas. No estadode São Paulo, somente no primeiro trimestredeste ano foram perfurados 600 poços, quase otriplo das licenças concedidas pelo Departamen-to de Águas e Energia Elétrica (DAEE) em todo oano de 1994, o que aumenta a preocupação comrelação à exploração sem critérios científicos.

Este foi o quarto ângulo de visão discutido naconferência e está intrinsecamente relacionadocom outros três. É através do estudo científicoque se pode chegar a um uso racional da água,evitando seu desperdício, potencializando a pro-dutividade na agricultura e prevenindo os impac-tos ambientais negativos. Com relação ao usoadequado, o Brasil ainda está engatinhando, naopinião de Sampaio. “O país encontra-se aindamuito atrasado com relação ao desperdício eespecialmente com relação ao cuidado ambien-tal”, diz, referindo-se à falta de tratamento daágua dos esgotos, que são despejados nos rios. “Apoluição da água é uma coisa gritante aqui”.Segundo ele, em cidades como Tóquio, no Japão,os canais e rios são perfeitamente limpos. “Nãosó lá, você pode andar pelos rios Sena e Tamisa,na Europa, sem sentir nenhum mau-cheiro, já oTietê, em São Paulo, é um horror, aquilo não é

mais um rio”.Além dos cuidados ambientais, o uso da ciên-

cia possibilita o ataque ao desperdício de um bemcada vez mais escasso. No caso da agriculturairrigada, esse combate é particularmente interes-sante. Boa parte dos brasileiros irrigantes usamétodos antiquados, que desperdiçam mais dametade da água utilizada. É uma realidade quepreocupa, principalmente se levados em conside-ração dados da Agência Nacional das Águas (ANA)que apontam a irrigação agrícola como consumi-dora de quase 55% de toda a água demandada pelopaís. Por isso, o uso de uma moderna tecnologia eo correto manejo na irrigação são fundamentais.“A tecnologia que temos de utilizar é a última,não é porque estamos no Brasil que não vamosutilizar tecnologia de ponta”, ressalta Sampaio,salientando a exploração criteriosa das fontesexistentes. “No caso da irrigação com águassubterrâneas, somente um conhecimento sobre otamanho real do aqüífero pode evitar seu esgota-mento e possibilitar a sustentabilidade”. Paraele, desenvolvimento sustentável agrícola é sinô-nimo de uso racional de água.

Não só no Brasil, mas também no mundo, asustentabilidade da agricultura está no foco dasatenções. De acordo com o presidente da Comis-são Internacional de Irrigação e Drenagem (Icid),Bart Schultz, os preços de certos produtos agrí-colas estão caindo no mercado internacional,tornando difícil achar soluções adequadas parainvestir na irrigação e tornar possível seu desen-volvimento sustentável. Ele chama atenção parao fato de que numa relação dos maiores produto-res agrícolas irrigantes não se encontra nenhumpaís latino-americano. Do mesmo modo, o usoindiscriminado da água é uma peculiaridade dospaíses periféricos. “Muito já foi conseguido nospaíses de Primeiro Mundo com relação à irriga-ção e drenagem, mas nos países subdesenvolvi-dos ainda falta muito para se ter eficiência econô-mica da água”, diz Schultz. “Falta suporte dopoder público, validação, regulamentação. Osucesso depende de encontrar soluções aceitaspelas partes – agências, fazendeiros, governoetc.” No caso brasileiro, o sucesso passa pelasolução da crise de percepção mencionada porSampaio. “Falta perceber e compreender as rela-ções entre água, energia, meio ambiente e socie-dade, só assim teremos sustentabilidade”. �

ENDEREÇOS ELETRÔNICOS PARA CONTATO:

Bart Schultz – [email protected] Afonso Romano – [email protected] de Queiroz Sampaio – [email protected]

Paulo Afonso Romano,Paulo Afonso Romano,Paulo Afonso Romano,Paulo Afonso Romano,Paulo Afonso Romano,consultor da ANAconsultor da ANAconsultor da ANAconsultor da ANAconsultor da ANA

Bart Schultz,Bart Schultz,Bart Schultz,Bart Schultz,Bart Schultz,presidente da Icidpresidente da Icidpresidente da Icidpresidente da Icidpresidente da Icid

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 15

O ponto crítico de um manejo de

irrigação eficiente em nível de

propriedade agrícola é o conhecimento

da quantidade de água disponível no

solo às plantas e da necessidade

hídrica da cultura. A medida e o

monitoramento da água do solo são

importantes partes desse manejo, pois

podem evitar as perdas econômicas e

de produção (quantidade e qualidade),

decorrentes do déficit ou do excesso

de irrigação. Os efeitos ambientais de

uma irrigação em excesso também

poderão ser evitados, tais como

desperdício de energia e de água,

lixiviação de nutrientes e outros

elementos químicos presentes no solo

com potencial de contaminação do

lençol freático. Na ausência de um

sistema de irrigação automatizado, um

manejo de irrigação eficiente pode

permitir também um melhor

aproveitamento da mão-de-obra.

LLLLLUÍSUÍSUÍSUÍSUÍS H H H H HENRIQUEENRIQUEENRIQUEENRIQUEENRIQUE B B B B BASSOIASSOIASSOIASSOIASSOI

EMBRAPA SEMI-ÁRIDO, CP 23, 56300-970, PETROLINA/PEE-MAIL: [email protected]

técnica de reflectometria no domíniodo tempo (TDR) tem sido utilizadadurante décadas para a localização de

defeitos em cabos elétricos. O procedimentotem como base o envio de um pulso de ondaeletromagnética ao longo do cabo e, depen-dendo do dano (ruptura parcial ou total), aonda é parcial ou totalmente refletida do pontoonde ele se encontra. Conhecendo a velocida-de com que o pulso percorre o cabo e o tempoda reflexão do pulso, pode-se determinar adistância em que o defeito se encontra. Inver-samente, se conhecermos a distância na qualo pulso viaja, o tempo de percurso nos informaa velocidade do pulso e as propriedades domaterial condutor.

A adaptação da TDR, para medir a água nosolo em condições de campo e de laboratório,foi apresentada por Topp et al. (1980), quandoa medida do tempo de percurso de uma ondaeletromagnética foi relacionada com a umida-de do solo (Q, cm3 cm-3), por meio de umaequação polinomial do terceiro grau, paradiferentes tipos de solos. A medida é feita emum pequeno volume de solo, com relativafacilidade de operação. A possibilidade dedeterminações múltiplas e de modo automati-zado permite a análise das alterações de Q, notempo e no espaço.

A

Uso da técnica dereflectometria no

domínio detempo para medir

a água no solo

Uso da técnica dereflectometria no

domínio detempo para medir

a água no solo

FOTO MAURÍCIO ALMEIDA

16 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

A propriedade principal que influencia avelocidade de condução de uma onda eletro-magnética através de um material é a constantedielétrica (e) desse material, que é uma medidada capacidade de um material não condutor detransmitir ondas ou pulsos eletromagnéticos.A constante dielétrica do solo é muito menorque a da água e pequenas mudanças na quan-tidade de água livre têm um grande efeito naspropriedades eletromagnéticas do meio águado solo. Assim, a velocidade com que um sinaleletromagnético percorre um material, variacom a constante dielétrica desse material.

Quando um campo elétrico ou sinal eletro-magnético é gerado em um material, um des-locamento parcial de elétrons ocorre dentrodos átomos e moléculas do material. As molé-culas da água, bipolares e livres, alinham-secom o campo. A constante dielétrica de ummeio é a medida de quanto um campo elétricoé reduzido (relativo ao vácuo), por esses efei-tos de polarização. Com o aumento da cons-tante dielétrica, não apenas o campo elétrico éreduzido, mas também a velocidade de propa-gação do sinal eletromagnético. Ou seja, maiora constante dielétrica, mais lento é o pulso quepercorrerá o meio. A velocidade (v) da propa-gação é inversamente proporcional à raiz qua-drada da constante dielétrica (e):

em que: c é a velocidade da luz no vácuo (3.108

m s-1).O tempo de percurso da onda eletromagné-

tica ao longo da sonda de comprimento L é:

Assim, o tempo de percurso da onda éproporcional a Q, devido ao aumento da cons-tante dielétrica do solo (e), como definido porFellner-Feldegg (1969):

Essa equação é fundamental para a TDR epara a determinação da constante dielétricaem um meio poroso. A água apresenta umaalta constante dielétrica (80,4 a 200C, 78,5 a250C). As moléculas no solo estão, em grandeparte, fixas, e o solo tem uma constantedielétrica baixa (entre 3 e 5). A constante do aré efetivamente 1, enquanto que metais e mate-riais magnéticos têm altos valores de e. Assim,em solos que não contêm componentes mag-néticos ou metálicos, a água determina o valorde e, ou seja, maior a quantidade de água, maispróximo o valor para a água. Se o solo estásaturado, o tempo de percurso da onda aolongo da sonda é prolongado devido ao maior

valor de e. Se o solo está seco, o valor de e ébaixo e o tempo de percurso é menor.

Os fabricantes fornecem curvas de calibra-ção do equipamento de TDR, com base emsolos de diferentes texturas e densidades, ge-ralmente de clima temperado. A calibração nolocal de aplicação de técnica é recomendável,principalmente, quando se deseja saber o va-lor absoluto da umidade do solo, devido àsdiferenças existentes quanto a esses atributosdo solo. Além disso, os solos tropicais apresen-tam maiores teores de óxidos de ferro e demagnésio, que influenciam a propagação daonda eletromagnética. Basicamente, a cali-bração pode ser feita pela relação entre o teorde água no solo, determinado pelo métodogravimétrico, e sua respectiva leitura do equi-pamento de TDR (tempo de percurso da ondana sonda). Essas determinações devem serfeitas em um intervalo de umidade que repre-sente a variação de umidade do solo em condi-ções de laboratório ou campo. Por se tratar deum equipamento de alto custo, tem sido utili-zado basicamente em pesquisas científicas.

Na Embrapa Semi-Árido, em Petrolina,estão sendo realizados trabalhos sobre a esti-mativa de consumo de água em espécies frutí-feras. A técnica de TDR está sendo empregadapara a estimativa do consumo e análise dadinâmica de água na zona radicular. Além delivros, anais de eventos e artigos em periódicoscientíficos, existem informações facilmentedisponíveis sobre a técnica de TDR na internet,principalmente as relacionadas com os equi-pamentos. As informações devem ser consul-tadas, para que possa ser definido o tipo deequipamento que atenda à necessidade decada usuário. Informações sobre a técnicapodem ser encontradas em www.sowacs.com,www.microirrigationforum/com/new/sensors,www.npird.gov.au/projects/finalrep_pdf/index.html, www.iti.northwestern.edu/tdr/.Outras informações sobre os tipos de equipamen-tos podem ser encontradas em www.imko.de,www.decagon.com, www.soilmoisture.com,www.delta-t.co.uk, www.eijkelkamp.com, ewww.ensica.com.

LITERATURA CONSULTADA

Fellner-Feldegg, H. The measurement of dielectric inthe time domain. Journal of Physics and Chemistry,v.73:616-623, 1969.

Topp, G. C.; Davis, J. L.; Annan, A. P. Electromagneticdetermination of soil water content; measurement incoaxial lines. Water Resour. Res., 16 (3): 574-582,1980.

v = c / e

t = 2L / v

t = (2L e ) / c

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 17

E N T R E V I S T ALLLLLUÍSUÍSUÍSUÍSUÍS S S S S SANTOSANTOSANTOSANTOSANTOS

PPPPPEREIRAEREIRAEREIRAEREIRAEREIRA

Item – A irrigação é vista noBrasil como grande contribuin-te para o desperdício de água.E como anda o desperdício nospaíses onde ela está mais adian-tada?Pereira – Todo mundo fala dodesperdício. E diz que a agricul-tura irrigada causa grandes per-das de água. Mas a verdade nãoé bem essa. Uma das grandesquestões é que o uso da águanão implica, necessariamente,que o não consumido foi perdi-do. Porque se você aplicar águaa mais e ela não for poluída, vaiser utilizada por outras pessoas,outras organizações a jusante,seja porque ela volta para o len-çol freático, seja porque elaretorna a um rio. E todo esseconjunto de retorno subterrâ-neo ou superficial entra dentrode um sistema de economia deágua, ao nível da bacia, que fi-nalmente não é maléfico. A gran-de questão está em saber utili-zar bem aquela água que se tor-na disponível. É claro que setem de diminuir o uso, porqueao reduzir a quantidade de águausada minora-se a procura e,assim, permite-se que haja umamelhor organização para distri-buir entre os utilizadores daágua. A outra questão é que ouso tem de ser com produtivida-de e sustentabilidade, para que,em vez de usar a água pararegar o milho, por exemplo, seuse água para regar melão. Estacultura apresenta um retorno

O segredo para evitaro desperdício é juntar as

técnicas de irrigação ao corretomanejo da água

O professor e consultor

português Luís Santos

Pereira, membro da CIGR

e Icid, foi uma das

atrações internacionais

do XI Congresso Nacional

de Irrigação e Drenagem

e da 4a Conferência

Inter-regional sobre Água

e Meio Ambiente.

Em entrevista à revista

ITEM, ele desmitifica a

agricultura de Israel

como exemplo a ser

seguido, e afirma que o

resto do mundo não está

muito adiantado em

relação ao Brasil no uso

racional da água.

Para o estudioso, só

tecnologia moderna não

basta para a utilização

eficiente dos recursos

hídricos. É preciso juntar

as técnicas ao correto

manejo dos

equipamentos.

muito maior que o milho. Todoum sistema de economia da águatem de estar ligado com a eco-nomia do produto.

Item – Mas esse uso produtivoacontece no mundo?Pereira – Sim, e julgo que acon-tece no Brasil também. Simples-mente, há muitas coisas que po-dem ser melhoradas, o que nãoquer dizer que tudo o que existeestá mal. É completamente dife-rente. No mundo todo, as pes-soas que tendem a falar mal daagricultura irrigada dizem sem-pre que está muito mal. Se de-pendesse desses indivíduos quepensam puramente na economiada água, não haveria agriculturairrigada no mundo. Só que tam-bém não haveria comida.

Item – Quer dizer que o Brasilestá no mesmo nível que o res-tante do mundo no uso racionalda água e do solo?

“““““ TTTTTooooodo mundo falado mundo falado mundo falado mundo falado mundo falado despdo despdo despdo despdo despe re re re re rdíciodíciodíciodíciodício.....

E diz que aE diz que aE diz que aE diz que aE diz que aagragragragragriculturiculturiculturiculturicultura irra irra irra irra irrigadaigadaigadaigadaigada

cccccausa grausa grausa grausa grausa grandesandesandesandesandesppppperererererdas de água.das de água.das de água.das de água.das de água.

MMMMMas a vas a vas a vas a vas a verererererdade nãodade nãodade nãodade nãodade nãoé bé bé bé bé bem essaem essaem essaem essaem essa”””””

18 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

Pereira – Com certeza, há zonasque estão piores e outras que es-tão melhores. Há problemas gra-ves por todo lado, questões desalinidade ou de mau uso da águaque provocam preocupações porcausa de um perigo maior, que éo encharcamento e subida do len-çol freático. O problema já estámais ou menos conhecido, as apli-cações das técnicas estão sendomelhoradas. Tudo é um processomuito lento, porque os agriculto-res são os que realmente prati-cam a irrigação. E eles só prati-cam irrigação desta maneira oudaquela, quando é economica-mente viável. Se não é, mudamou deixam de fazer.

Item – O senhor pode citar re-giões onde o uso racional podeservir de exemplo para o restantedo mundo?Pereira – Não, porque todas asregiões são sempre um pouco es-peciais. Todas elas têm regiona-lismos próprios. Todo mundo falana Califórnia e em Israel. Então,a gente quer seguir o exemplo deIsrael, que é absolutamente úni-co, não pode ser reproduzido emlugar nenhum do mundo. Vocênão pode recriar as condições queos israelitas criaram, que é a deterem doutores e engenheiros fa-zendo o trabalho que o peão fazaqui. Depois, eles têm solos abso-lutamente excelentes, um clima

propício. Como têm os tais douto-res e engenheiros, que desenvol-veram tecnologias adequadas econseguem pô-las em prática,porque as zonas onde eles as exe-cutam são relativamente restri-tas, você não pode extrair issopara o resto do mundo. Olhe paraa Califórnia, onde há grandes pro-priedades. Lá, não estão preocu-pados com o problema da eficiên-cia da água. Porque toda águaque não é utilizada a montante, éutilizada a jusante. E o sistemafunciona como se fosse uma cas-cata. Eles conseguem produzir,controlar os efeitos de má quali-dade que existam neste ou naque-le solo. De um lado, existem osproblemas do selênio, de outro, osódio, e eles vão controlando comlavagens bem executadas. Elesforam promovendo uma utiliza-ção racional dos métodos de irri-gação. Mas mantêm todos os mé-todos, os de irrigação de superfí-cie, que o Brasil mais ou menosabandonou, ou que não está dan-do atenção, os de irrigação poraspersão, microaspersão, e tudovai funcionando.

Item – O que foi determinantepara o sucesso de Israel?Pereira – A religião. Lá há umEstado religioso. Os agricultoressão religiosos. Todas as pessoasque se juntaram dentro daquiloque chamaram de cooperativas,os kibutz, por exemplo, eram pes-soas que foram para Israel porum motivo religioso. O que osuniu foi esse motivo étnico e reli-gioso. E isso fez com que todasessas pessoas das mais diversasculturas trabalhassem a terra.

Item – E nos países que não con-tam com a religiosidade de Isra-el, o que poderia determinar ouso ótimo da água e do solo naagricultura?Pereira – Só o crescimento dosaber. O que é muito complicado,

porque o saber tem de estar liga-do a várias categorias de pessoas.Mas tem de estar ligado natural-mente ao agricultor. O agricultortem de saber como é que se irrigade um modo mais eficaz.

Item – Isso depende de uma ini-ciativa governamental?Pereira – Não forçosamente, por-que os americanos não avança-ram por causa da iniciativa go-vernamental. As universidadespúblicas e privadas propõemapoio ao agricultor, pois traba-lham como empresas prestado-ras de serviços. O agricultor pagao serviço para poder fazer me-lhor. É claro que são grandes pro-dutores, e não agricultor de pe-quena dimensão. Mas tem de ha-ver conhecimento ao nível dessesprestadores de serviço, quer se-jam privados, quer sejam do ser-viço de extensão. Também tem dehaver conhecimento por parte daspessoas que são responsáveis pe-las políticas. Porque são elas quedecidem como o dinheiro vai sergasto e como é que se vai fiscali-zar um projeto. Naturalmente,tem de haver um conhecimentoao nível dos que são projetistas econsultores, mas também tem dehaver quem lhes solicite os proje-tos com as exigências adequadas.Uma das tendências que existeem todos os países é a de dizerque se transfere uma série de ini-ciativas para a sociedade civil. OEstado vai deixando de ter técni-cos com capacidade para julgaras ações que são realizadas porestes projetistas e consultores, eperde-se um elo de muita impor-tância em toda a cadeia do sabere da modernização. Onde fica amodernização? Na tal sociedadecivil, que depois é substituída pelaindústria e comércio. Quem é quefaz a difusão dos materiais deirrigação para os agricultores, sejado Ceará, seja de qualquer outroEstado? São os vendedores de

“““““ Todo mundo fala naTodo mundo fala naTodo mundo fala naTodo mundo fala naTodo mundo fala naCalifórnia e em Israel.Califórnia e em Israel.Califórnia e em Israel.Califórnia e em Israel.Califórnia e em Israel.

Então, a gente querEntão, a gente querEntão, a gente querEntão, a gente querEntão, a gente querseguir o exemplo deseguir o exemplo deseguir o exemplo deseguir o exemplo deseguir o exemplo de

Israel, que éIsrael, que éIsrael, que éIsrael, que éIsrael, que éabsolutamente único,absolutamente único,absolutamente único,absolutamente único,absolutamente único,

não pode sernão pode sernão pode sernão pode sernão pode serreproduzido em lugarreproduzido em lugarreproduzido em lugarreproduzido em lugarreproduzido em lugar

nenhum do mundonenhum do mundonenhum do mundonenhum do mundonenhum do mundo”””””

LLLLLUÍSUÍSUÍSUÍSUÍS S S S S SANTOSANTOSANTOSANTOSANTOS

PPPPPEREIRAEREIRAEREIRAEREIRAEREIRA

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 19

equipamentos. Então, aí está ou-tro grupo que tem de saber. Masisso depende de como as socieda-des podem-se organizar. Se asempresas forem todas muito gran-des, você pode exigir o chamadocontrole de qualidade. Há con-trole de qualidade no equipamen-to que é produzido, nos serviçosque são prestados, como podehaver na utilização. Mas alguémtem de fazer esse controle. E vol-tamos outra vez ao buraco abertona organização do Estado, queperdeu uma boa parte da sua es-trutura e, agora, vai buscar aEmbrapa para fazer esse tipo deserviço. Esta empresa é para fa-zer pesquisa, não para fazer con-trole de qualidade. Mas estou brin-cando, porque não conheço a es-trutura do Brasil. Isso é muitocomplicado, porque são muitascadeias de saber. Muitos elos des-sa cadeia.

Item – Como está o conhecimen-to dessa cadeia de saber ao redordo mundo?Pereira – Está mal, porque quemestá comandando é sempre a in-dústria e o comércio. Existemsociedades que estão mais evolu-ídas. E onde essa evolução se deude uma forma mais lenta e hámuitos anos, como é o caso dasociedade americana, estes pro-blemas estão menos evidentes,até porque a agricultura estámuito concentrada, não há pe-queno agricultor, só grande. E ogrande acaba por ter acesso atéaos próprios tribunais para recla-mar da qualidade do serviço quelhe prestaram.

Item – Quanto à parte tecnológi-ca, o que há de mais moderno nouso racional da água?Pereira – Eu não sei se há propri-amente um moderno, eu acho quetalvez o moderno seja a conjuga-ção do manejo com a técnica daaplicação da água. Tanto o geren-

ciamento dos calendários de irri-gação como as tecnologias deaplicação de água, sejam elas deaspersão, sejam de microirriga-ção. E isso é um passo que temsido muito lento, mas que vai sen-do dado, porque as pessoas quetrabalham em áreas diferentesnormalmente não estão em con-tato umas com as outras. Porqueos que estavam com o calendáriode irrigação eram muito mais osagrônomos, que estudavam comofuncionam as culturas, mas nãopensavam na lâmina d’água que éaplicada em função do equipa-mento com que ela é aplicada.Então davam conselhos que eramimpossíveis de ser aplicados peloagricultor. Lâminas d’água vari-áveis que a maior parte dos agri-cultores nunca pode controlar,ou lâminas d’água excessivamen-te pequenas para métodos de irri-gação como os de superfície, queprecisam de lâminas grandes, ouo contrário, lâminas excessiva-mente grandes para métodos quesão para aplicações freqüentes,como o pivô central.

Item – Uma técnica de conserva-ção do solo em grande expansãono Brasil é a do Plantio Direto.Como ela pode contribuir para ouso racional da água?Pereira – O Plantio Direto nãoteve início ligado à irrigação, masà conservação do solo na agricul-tura de sequeiro. Mas é conserva-ção da água também, principal-mente a água da chuva. Quandoaplicamos esse sistema na agri-cultura irrigada, estamos diantede novos paradigmas tecnológi-cos como, por exemplo, o daestruturação do solo, que tem deestar ligado com o tipo de métodode irrigação que será usado. Eexige, muitas vezes, maquinariaprópria, que o agricultor normal-mente não tem.

Item – As técnicas de conserva-

ção da água e do solo estão aces-síveis ao pequeno produtor?Pereira – Tenho impressão que opequeno produtor não tem nadaacessível. Ele não tem dinheiro, édescapitalizado. Cada vez que euvenho ao Brasil, vejo na televisãouma manifestação de agriculto-res em alguma região do país, àespera de que lhes paguem o di-nheiro que já devia ter sido pagohá não sei quantos meses ou anos.Isso é reflexo da descapitalizaçãoda agricultura como um todo, embenefício a outros setores, umassunto que deve merecer espe-cial atenção dos governantes, paraque o preço a pagar não se torneinsuportável para a sociedade. O

pequeno agricultor não tem capi-tal, não tem acesso ao crédito.Este, então, está muito mal. Exis-te tecnologia disponível e há ne-cessidade do comprometimentode todos, para que haja sustenta-bilidade no manejo das baciashidrográficas, com a conserva-ção dos recursos naturais. Paraisso há necessidade de apoio atodo o universo de produtores,comprometendo-os com essegrande objetivo de atender à so-ciedade. �

ENDEREÇO ELETRÔNICOPARA CONTATO:

Luís Santos Pereira –[email protected]

“““““ TenhoTenhoTenhoTenhoTenho a a a a a impressão que impressão que impressão que impressão que impressão queo pequeno produtor nãoo pequeno produtor nãoo pequeno produtor nãoo pequeno produtor nãoo pequeno produtor não

tem nada acessível.tem nada acessível.tem nada acessível.tem nada acessível.tem nada acessível.Ele não tem dinheiro, éEle não tem dinheiro, éEle não tem dinheiro, éEle não tem dinheiro, éEle não tem dinheiro, é

descapitalizado e não temdescapitalizado e não temdescapitalizado e não temdescapitalizado e não temdescapitalizado e não temacesso ao crédito. Então,acesso ao crédito. Então,acesso ao crédito. Então,acesso ao crédito. Então,acesso ao crédito. Então,

está muito mal. Existeestá muito mal. Existeestá muito mal. Existeestá muito mal. Existeestá muito mal. Existetecnologia disponível etecnologia disponível etecnologia disponível etecnologia disponível etecnologia disponível e

há necessidade dohá necessidade dohá necessidade dohá necessidade dohá necessidade docomprometimento decomprometimento decomprometimento decomprometimento decomprometimento de

todos”todos”todos”todos”todos”

E N T R E V I S T A

22 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

Os recentes avanços em tecnologias computa-cionais têm levado os fruticultores da região aadquirirem estações agrometeorológicas auto-máticas para o manejo de irrigação. Estas esta-ções consistem em aquisitores de dados eletrôni-cos com sensores que medem parâmetros climá-ticos, os quais podem ser usados para estimativasdo consumo hídrico das fruteiras.

A necessidade de estudos sobre o consumohídrico das culturas, no Vale do São Francisco,torna-se clara, pois os fruticultores estão transi-tando de uma fase, em que não utilizavam crité-rios eficientes com relação à irrigação, para ou-tra mais cuidadosa, quando, com a moderniza-ção da agricultura, através de equipamentos ele-trônicos e evolução da informática, pode-se esti-mar, com aplicabilidade, o consumo de água dasplantas nas diferentes fases fenológicas.

Com a quantificação da evapotranspiraçãodas fruteiras, conjuntamente com o cálculo daevapotranspiração de referência, utilizando-seuma estação meteorológica automática, são obti-dos valores do coeficiente de cultura. Esses po-dem então, posteriormente, ser utilizados para omanejo racional da irrigação, proporcionandouma melhoria na produtividade e qualidade dosfrutos, com um menor custo de produção.

Tanto a deficiência como o excesso hídricoafetam o comportamento dos estádios fenológicos,comprometendo a qualidade e a produtividadedos frutos. A deficiência, durante o período ini-cial de crescimento dos frutos, proporciona re-dução do tamanho, durante a maturação, atrasao amadurecimento, afeta a coloração e favorecea queima dos frutos pela radiação solar. Na fasefinal de maturação, o consumo hídrico diminui.

O excesso hídrico, combinado com tempera-turas elevadas, torna a cultura muito susceptívela doenças. Para uma boa produtividade, é reco-mendável que o desenvolvimento vegetativo daplanta ocorra em condições de escassez de preci-pitação e que as necessidades hídricas sejamsatisfeitas através da irrigação, de acordo com orequerimento de água, sendo os métodos de go-tejamento e microaspersão os mais utilizados.

A evapotranspiração ou consumo hídrico éuma função complexa dos balanços hídricos nosolo e de energia da superfície cultivada.

Quanto à evapotranspiração de referência(ET

0), o conceito refere-se à grama, em cresci-

mento ativo, e mantida a uma altura uniforme de0,08m a 0,12m, sombreando completamente oterreno, sem escassez de água.

Da razão entre a evapotranspiração máximada cultura e a evapotranspiração de referênciaoriginam-se os coeficientes de cultura (K

C), que

dependem do estádio de desenvolvimento, dosistema de irrigação, da configuração de plantioe das condições meteorológicas reinantes. Essescoeficientes, após calculados, podem ser utiliza-dos para a estimativa da evapotranspiração, ne-cessitando-se apenas de dados meteorológicos.

No minicurso, foram apresentados os méto-dos de obtenção da evapotranspiração de frutei-ras sob condições padrões (ETC), que é evapo-transpiratória de uma cultura livre de doenças,com boa fertilização, cultivada em áreas gran-des, sob condições ótimas de umidade edáfica eapresentando o seu potencial de produção parauma dada condição climática.

Uso de estaçõesmetereológicas automáticas

no manejo de irrigação defruteiras

O crescente aumento do cultivo de fruteiras na área

irrigada correspondente à bacia hidrográfica do Vale do

São Francisco deve-se às excelentes condições climáticas.

Avaliando-se os diversos fatores que viabilizam as

possibilidades fruitícolas do Vale, a escassez de chuvas

diminui o risco de perdas na produção e a irrigação, através

do Rio São Francisco, compensa a heterogeneidade

espacial e temporal do regime pluviométrico.

AAAAANTÔNIONTÔNIONTÔNIONTÔNIONTÔNIO H H H H HERIBERTOERIBERTOERIBERTOERIBERTOERIBERTO DEDEDEDEDE C C C C CASTROASTROASTROASTROASTRO T T T T TEIXEIRAEIXEIRAEIXEIRAEIXEIRAEIXEIRA

PESQUISADOR DA EMBRAPA SEMI-ÁRIDO

E-MAIL: [email protected]

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 23

Foram abordados os métodos do balanço deenergia e do balanço hídrico no solo, para adeterminação da ET

C e, para a determinação da

evapotranspiração de referência (ET0), foi abor-

dado o método de Penman-Monteith.Enfatizou-se que, com os valores de Kc (ET

C/

ET0) e de posse de dados de radiação solar global,

temperatura do ar, umidade relativa e velocidadedo vento, obtidos de uma estação meteorológicaautomática, o produtor dispõe de uma ferramen-ta, com grande aplicabilidade, para estimativado consumo das culturas, permitindo um critériobastante eficiente para quantificar a água a serreposta pela irrigação.

Resultados já obtidos pela Embrapa Semi-Árido, com relação aos experimentos sobre coe-ficientes de cultura para fruteiras irrigadas fo-ram os seguintes:

O experimento, com relação a cultura davideira, foi conduzido na Estação Experimentalda Embrapa Semi-Árido, localizada no municí-pio de Petrolina-PE (latitude 09º09'S, longitude40º24'W e altitude 365,5m), no período de 03/06/94 a 11/09/94. O clima da região é do tipo BSwh,segundo a classificação de Köepen, correspon-dendo a uma região climaticamente árida, sendoa quadra chuvosa de janeiro a abril.

A cultura analisada foi a videira (Vitis viniferaL.), cultivar Itália, com três anos de idade,conduzida no sistema de latada, em LatossoloVermelho-Amarelo, num espaçamento de 4m x2m, sob irrigação por microaspersão, com emis-sores Dansprinkler mod. 2001 invertidos e sus-pensos na latada, vazão de 38,65 L/h, sob pressãode serviço de 1,5 atm, com um microaspersorpara cada duas plantas. As lâminas líquida ebruta de irrigação aplicadas durante o ciclo deprodução, foram da ordem de 518,13mm e de843,17mm, respectivamente. A umidade do solo(% de umidade em volume, obtida pelo métodogravimétrico) ficou em torno de 10%, 12% e 14%nas profundidades de 30cm, 60cm e 90cm, res-pectivamente. O estudo foi realizado no períodocompreendido entre a poda de produção e acolheita dos frutos.

Foi utilizado para cálculo da evapotranspira-ção da cultura da videira (ET

C) o método do

balanço de energia. Para cálculo da evapotrans-piração de referência (ET

0), foram utilizados os

métodos de Penman-Monteith e do Tanque Clas-se “A”. Com base nos valores de ET

C e de ET

0,

determinou-se o coeficiente de cultura (KC) ao

longo dos subperíodos de brotação das gemas,floração, chumbinho e maturação dos frutos. Osresultados indicam que, nas condições de climae solo do experimento, a evapotranspiração dacultura variou de ET

C = 2,8mm/dia, aos 18 dias

após a poda e a 7mm/dia, aos 94 dias após a poda

(subperíodo de chumbinho), decrescendo emseguida para atingir 4,4mm/dia, aos 117 diasapós a poda (final do subperíodo de maturaçãodos frutos). O consumo hídrico da cultura emtodo o ciclo vegetativo foi de 503mm. Os valoresdo coeficiente de cultivo variaram de acordo como método de cálculo da ET

0, porém mostraram-se

superiores aos recomendados pela Food andAgriculture Organization (FAO) (Doorenbos &kassam, 1979).

Alguns dos valores médios de ETC, durante o

período da poda de produção à colheita dosfrutos, estão representados no Quadro 1, os quaisvariaram de acordo com as condições climáticaspredominantes e as fases fenológicas da cultura.A evapotranspiração acumulada ao longo do ci-clo produtivo da cultura foi de 503mm, corres-pondendo a um valor médio de 4,2mm/dia, du-rante o ciclo. O valor mínimo ocorreu no períodoentre a poda até 65 dias após, com o valor médionesse período de 3,8mm/dia. O valor máximoocorreu entre 80 e 100 dias após a poda, sendo ovalor médio de 6,5mm/dia nesse período. Após100 dias da poda a ET

M diminuiu novamente,

chegando ao valor de 4,3mm/dia próximo dacolheita dos frutos. O valor médio de ETc para ociclo completo mostrou-se dentro dos limites dosvalores apresentados por Winkler et al. (1974) epor Doorenbos e Kassam (1979).

Q U A D R O 1Q U A D R O 1Q U A D R O 1Q U A D R O 1Q U A D R O 1 – Variação da evapotranspiração da cultura (ETC) e do

coeficiente de cultura determinado pelos métodos de Penman-Monteith[ET

0(PM)] e do Tanque classe A (CA), ao longo do período entre a poda de

produção e a colheita dos frutos na cultura da videira, cv. Itália, emPetrolina, PE, 1994

DataDataDataDataData D A PD A PD A PD A PD A P E TE TE TE TE TCCCCC

E TE TE TE TE TCCCCC

E TE TE TE TE T00000

KKKKKCCCCC

KKKKKCCCCC

(PM)(PM)(PM)(PM)(PM) (CA)(CA)(CA)(CA)(CA) (PM)(PM)(PM)(PM)(PM) (CA)(CA)(CA)(CA)(CA)

03/06/94 18 2,80 4.50 4.13 0.62 0.6805/06/94 20 4,40 5.62 6.16 0.78 0.7107/06/94 22 3.60 4.76 4.41 0.76 0.8209/06/94 24 3.40 5.52 4.13 0.62 0.8215/06/94 30 3.60 5.15 4.50 0.70 0.8029/06/94 44 3.90 5.49 5.46 0.71 0.7130/06/94 45 2.80 3.25 3.00 0.86 0.9309/07/94 54 3.10 5.57 5.18 0.56 0.6013/07/94 58 4.10 5.31 4.90 0.77 0.8414/07/94 59 5.40 5.32 4.55 1.02 1.1920/07/94 65 4.50 5.10 4.34 0.88 1.0421/07/94 66 4.10 5.61 5.25 0.73 0.7811/08/94 87 6.50 5.72 5.25 1.14 1.2418/08/94 94 7.00 6.10 6.58 1.15 1.0620/08/94 96 4.50 4.78 5.04 0.94 0.8921/08/94 97 4.60 4.99 5.11 0.92 0.9029/08/94 105 5.50 6.55 6.72 0.84 0.8210/09/94 116 4.30 7.19 7.42 0.60 0.5811/09/94 117 4.40 6.80 8.54 0.65 0.52

24 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

A Figura 1 apresenta a curva do coeficiente decultura, pelo método de Penman-Monteith[K

C(PM)], ao longo dos diferentes estádios da

cultura da videira.

F I G U R A 1F I G U R A 1F I G U R A 1F I G U R A 1F I G U R A 1 – Variação do coeficiente de cultura KC, pelo método dePenman-Monteith, ao longo do período entre a poda de produção e a co-lheita dos frutos na cultura da videira, cultivar Itália, em Petrolina, PE, 1994.

O coeficiente de cultura apresentou valoresmínimos (Kc < 0,7) no subperíodo de brotaçãodas gemas (até 20 dias após a poda) e máximos nosubperíodo de desenvolvimento das bagas (80 a100 dias após a poda).

A variabilidade observada entre os valores deK

C obtidos pelos dois métodos propostos, não

invalida a aplicação desses coeficientes, desdeque se utilize o valor específico para cada métodode estimativa de ET

0. Assim, a escolha por um ou

outro valor de KC restringe-se à disponibilidade

de parâmetros agrometeorológicos locais.Em termos de magnitude, os valores de K

C

foram, em geral, superiores aos apresentadospor Doorenbos & Kassam (1979), porém deve-selevar em consideração que estes últimos foramdeterminados em solo seco na maior parte daavaliação. Deve-se salientar, ainda, que os valo-res de Kc variam também com a cultivar, manejocultural, tipo e cobertura do solo e método deestimativa de ET

0.

O experimento, com relação à cultura damangueira, foi conduzido nas mesmas condiçõesdo experimento anterior, com a cultivar TommyAtkins, espaçadas de 9m x 6m, durante o períododo experimento, em 1998 e 1999. Foram estuda-das as fases fenológicas entre a indução floral e acolheita.

Os métodos dos balanços de energia e hídricono solo foram utilizados na determinação da eva-potranspiração do pomar de mangueiras. Para ocálculo da evapotranspiração de referência (ET

0),

foram utilizados os métodos de Penman-Monteith.A evapotranspiração diária ao longo do ciclo

produtivo do pomar de mangueiras, obtida pelométodo do balanço de energia, variou de 3,0mm/dia, no início da floração, a 5,5mm/dia durante aformação de frutos; decresceu para 3,7mm/diano início do estádio fenológico de maturação,devido ao total pluviométrico registrado no pe-ríodo e, em seguida, apresentou tendência cres-cente acentuada, chegando a superar a taxa de5,0mm/dia no final desse estádio fenológico.

Com relação ao método do balanço hídrico nosolo, a evapotranspiração diária média foi de4,6mm/dia, com taxas mínimas no início e nofinal do período, respectivamente de 3,9 e 4,1mm/dia e máxima de 5,5mm/dia, na formação defrutos, que correspondeu ao período de maiordesenvolvimento vegetativo das plantas.

Os valores obtidos do coeficiente de culturapara o pomar de mangueiras, utilizando-se, nadeterminação da evapotranspiração, os métodosdo balanço hídrico no solo e do balanço deenergia são apresentados nas Figuras 2 e 3 que seseguem.

FIGURA 3FIGURA 3FIGURA 3FIGURA 3FIGURA 3 – Comportamento do coeficiente de cultura ao longo do cicloprodutivo do pomar de mangueiras, cultivar Tommy Atkins, em Petrolina(PE), obtido pelo método do balanço de energia, em 1999

Figura 2Figura 2Figura 2Figura 2Figura 2 – Comportamento do coeficiente de cultura ao longo do cicloprodutivo do pomar de mangueiras, cultivar Tommy Atkins, em Petrolina(PE), obtido pelo método do balanço hídrico no solo, em 1999

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

0 20 40 60 80 100 120 140 160

Dias após floração (DAF)

Coe

fici

ente

de

cultu

ra (K

c )

Formação de frutos MaturaçãoQueda de frutosFloração

Formação de frutos MaturaçãoQueda de frutosFloração

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

0 20 40 60 80 100 120 140 160

Dias após floração (DAF)

Coe

fici

ente

de

cultu

ra (K

c)

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 25

Pelo método do balanço de energia, o KC

manteve-se praticamente constante, em torno

0,76, durante todo o ciclo produtivo do pomar de

mangueiras. Pelo método do balanço hídrico no

solo, o coeficiente de cultura do pomar de man-

gueiras aumentou de 0,39 no estádio fenológico

de floração, para 0,85, no meio do estádio

fenológico de formação de frutos, quando a plan-

ta encontrava-se em seu desenvolvimento vegeta-

tivo máximo, decrescendo, em seguida, para atin-

gir o valor de 0,58, durante a maturação de

frutos. A média do coeficiente de cultura do

pomar de mangueiras, em 1999, foi de 0,71.

O experimento, com relação à cultura da bana-

neira, foi conduzido nas mesmas condições do

anterior, com a cultivar Pacovan, irrigada por

microaspersão, e determinado durante dois ciclos

de produção de janeiro de 1999 a novembro de

2000. O método da razão de Bowen foi utilizado

para a estimativa de ETC, enquanto o de Penman-

Monteith foi empregado para a estimativa da eva-

potranspiração de referência (ET0). A ET

C acumu-

lada entre maio de 1999 (120 dias após o plantio

- DAP) até o término da colheita do primeiro

ciclo, em abril de 2000 (437 DAP), foi de 1.210mm,

correspondendo a um valor médio de 4,0mm/dia;

no segundo ciclo, entre abril (438 DAP) e novem-

bro de 2000 (término da colheita aos 658 DAP),

o consumo de água foi de 880mm, equivalendo a

um valor médio de 4,2mm/dia. O valor mínimo

de 1,7mm ocorreu em junho de 1999 (140 DAP),

na fase vegetativa do primeiro ciclo, enquanto o

valor máximo de 6,3mm ocorreu em setembro de

2000 (580 DAP), no período de colheita do segun-

do ciclo. O coeficiente de cultura apresentou

valores entre 0,6 e 1,1 e entre 1,1 e 1,3, respecti-

vamente, no primeiro e segundo ciclos.

A Figura 4 apresenta as fases fenológicas em

função dos meses dos anos e dos DAP. Em julho de

1999 e em setembro de 2000, os perfilhos foram

desbastados para a seleção daqueles que origina-

ram as plantas do segundo e terceiro ciclos, res-

pectivamente. No segundo ciclo, o período de

colheita de algumas plantas iniciou-se quando

outras ainda encontravam-se em florescimento e

enchimento de frutos. O balanço de energia foi

inciado aos 120 DAP e finalizado aos 658 DAP.

A evapotranspiração acumulada da cultura

entre 120 DAP (maio de 1999) e 437 DAP, no

término da colheita do primeiro ciclo (abril de

2000) foi de 1.210mm, tendo um valor médio de

4,0mm/dia. Dessa data, até 658 DAP, no término

da colheita do segundo ciclo (novembro de 2000),

o consumo total de água foi de 880mm, com um

valor médio de 4,2mm/dia. O valor mínimo de

1,7mm ocorreu aos 140 DAP (junho de 1999),

enquanto o que máximo foi de 6,3mm e ocorreu

aos 580 DAP (setembro de 2000), durante o

período de colheita do segundo ciclo. Os valores

de ETC para o período analisado estão apresenta-

dos na Figura 5. O valor médio de ETC para os

ciclos completos mostrou-se dentro dos limites

dos valores apresentados por Santana et al. (1993),

que é o de 1,5 a 4,6mm e pouco inferior ao

consumo de água obtido por Bhattacharyya &

Madhava Rao (1984) de 1.560mm.

FIGURA 4FIGURA 4FIGURA 4FIGURA 4FIGURA 4 – Fases fenológicas da bananeira, cultivar Pacovan, em Petrolina (PE), com as respectivas épocas doano e dias após o plantio (DAP)

� � � � � �

� � � �

� �

1 9 9 91 9 9 91 9 9 91 9 9 91 9 9 9 2 0 0 02 0 0 02 0 0 02 0 0 02 0 0 0J A NJ A NJ A NJ A NJ A N M A IM A IM A IM A IM A I S E TS E TS E TS E TS E T A G OA G OA G OA G OA G O DEZDEZDEZDEZDEZ J A NJ A NJ A NJ A NJ A N F E VF E VF E VF E VF E V A B RA B RA B RA B RA B R M A IM A IM A IM A IM A I J U NJ U NJ U NJ U NJ U N N O VN O VN O VN O VN O V

I I I I I I I I I0 120 211 335 366 380 437 472 504 658 DAP

FV 1C I FR 1C I I CO 1C II FV 2C I FR 2C I

I CO 2C I

F VF VF VF VF V – fase vegetativa; F RF RF RF RF R – fase reprodutiva; COCOCOCOCO – colheita; 1C1C1C1C1C – 1º ciclo; 2C2C2C2C2C – 2º ciclo

A produção de frutos na primeira e segunda

colheitas foi de 10.834,4 e 14.705,7kg/ha, respec-

tivamente. Pelo desenvolvimento concomitante

FIGURA 5FIGURA 5FIGURA 5FIGURA 5FIGURA 5 – Evapotranspiração da cultura da bananeira (ETC) em Petro-lina (PE), em função dos dias após o plantio (DAP)

1.5

2

2.5

3

3.5

4

4.5

5

5.5

6

6.5

ET

c (m

m/d

ia)

126 145 202 222 254 273 368 405 495 610

DAP

26 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

de plantas do primeiro e segundo ciclos a partir

de julho de 1999, e do segundo e terceiro ciclos a

partir de setembro de 2000, quando da seleção

dos perfilhos, considerou-se a produção e o con-

sumo de água total nos dois ciclos. Assim, o valor

de EUA encontrado foi o de 12,2kg/ha.mm. Paraa bananeira, cultivar Robusta, plantada em umespaçamento de 1,8m x 1,8m, Hedge & Srinivas(1989) encontraram a EUA em duas colheitasvariando de 28 a 37kg/ha.mm. A diferença entreos valores está relacionada com as diferentesdensidades de plantio.

A Figura 6 apresenta a curva do coeficiente decultura em função de DAP, e pode ser represen-tada pela equação: K

C = – 4.E – 06.DAP2 +

0,0043DAP + 0,1446, com R2 = 0,91. Observa-seque os valores aumentaram de 0,6 a 1,1, devidoao crescimento das plantas na fase vegetativa doprimeiro ciclo. Na fase reprodutiva desse mesmociclo, os valores apresentaram um pequeno au-mento até 1,3, em função do crescimento conco-mitante dos perfilhos selecionados para o segun-do ciclo. Após 550 DAP, houve uma reduçãomínima do valor de K

C até 1,2 e, apesar do

desenvolvimento dos perfilhos selecionados parao terceiro ciclo, não se observou um aumento docoeficiente, o que indica que o K

C atingiu o seu

valor máximo. A magnitude de seus valores este-ve dentro dos intervalos relatados por outrosautores, ou seja, 0,68 a 1,28 (Bhattacharyya &Madhava Rao; 1984), 0,48 a 1,68 (Santana et al.;1993), e 0,5 a 1,2 (Allen et al.;1998).

O experimento, com relação à cultura dabananeira, foi conduzido no Projeto SenadorNilo Coelho, Núcleo 09, distante, aproximada-mente, 8,5km da cidade de Petrolina (PE).

A variedade utilizada foi a ‘Paluma’, com 2,5anos, no espaçamento 6,0m entre plantas e 6,0 mentre fileiras, totalizando 532 plantas em 1,92 há.

A pesquisa teve início em 10 de maio de 2000e término em 30 de novembro do mesmo ano. Asfases fenológicas iniciaram-se a partir da data dapoda de frutificação, caracterizadas da seguinteforma:

Fase 1Fase 1Fase 1Fase 1Fase 1 – brotação, crescimento vegetativo ematuração, durante o períodode 24/05 a 03/07;

Fase 2Fase 2Fase 2Fase 2Fase 2 – crescimento vegetativo e floração,de 04 a 25/07;

Fase 3Fase 3Fase 3Fase 3Fase 3 – crescimento dos frutos,de 05/08 a 03/10;

Fase 4 Fase 4 Fase 4 Fase 4 Fase 4 – maturação e colheita,de 04/10 a 30/11.

O método da razão de Bowen foi utilizadopara a estimativa de ET

C, enquanto o de Penman-

Monteith foi empregado para a estimativa daevapotranspiração de referência (ET

0).

A evapotranspiração atingiu um mínimo de2,9mm/dia na FASE 1 e um máximo de 6,33mm/dia durante a maturação (FASE 4). Os valores decoeficiente de cultivo apresentaram comporta-mento crescente da FASE 1 para a FASE 3,quando o K

C passou de 0,76 (valor mínimo) para

o máximo de 0,81. Após a FASE 3, verificou-sequeda do K

C, que na FASE 4 atingiu 0,78. O valor

médio observado durante todo o ciclo produtivofoi de 0,78. Nas FASES 2 e 3, o K

C apresentou

maior variabilidade, enquanto que menoresflutuações estão associadas à FASE 2. �

FIGURA 6FIGURA 6FIGURA 6FIGURA 6FIGURA 6 – Coeficientes de cultura da bananeira (KC) em Petrolina (PE), em função dos dias após o plantio (DAP)

0.8

0.9

1.0

1.1

1.2

1.3

1.4

1.5

Kc

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 27

m real aplicado na irrigação agrícola dáum retorno maior do que se investido naagricultura de sequeiro. É este argumento

que o engenheiro agrônomo e doutor em Engenha-ria de Recursos Hídricos, Álvaro Moreira Rota,utilizaria para convencer os produtores brasileirosa explorar as potencialidades da agricultura irriga-da no Brasil. “Isso levando em conta todos osaspectos de um planejamento agrícola dentro deuma propriedade, onde um hectare de agriculturairrigada produz muito mais do que outro sem irri-gação”, diz Rota. A atividade ainda é bastanteincipiente no país. De acordo com dados da Associa-ção Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipa-mentos (Abimaq), apenas 7,7% do total de 38,3milhões de hectares cultivados aqui são irrigados. Épouco, se compararmos a realidade brasileira coma do restante do mundo: 17% dos 1,5 bilhão dehectares cultivados no planeta corresponde à irri-gação agrícola.

O maior retorno econômico citado por Rota estáperfeitamente estampado nos números do ProdutoInterno Bruto (PIB). Mesmo contando com menosde um décimo da área explorada pela agriculturano Brasil, a irrigação responde por um terço do PIBtotal do setor. A enorme produtividade da irrigaçãoagrícola faz com que os 17% de cultivo irrigado nomundo sejam responsáveis por 40% dos alimentosproduzidos. No Brasil, essa relação é ainda propor-cionalmente maior – 35% da produção vem dos 3milhões de hectares irrigados. Além do impactoeconômico, também se destaca o caráter social.“Enquanto na indústria são necessários 100 milreais para gerar um emprego, para cada hectareirrigado são criados dois empregos”, informa NilsonSchemmer, presidente da Câmara Setorial de Equi-pamentos de Irrigação da Abimaq. Schemmer apre-sentou dados que comprovam o que muitos pesqui-sadores e técnicos já dizem: o Brasil tem possibili-dades de multiplicar, em até dez vezes, a áreairrigada atualmente.

Com tanto potencial, é inacreditável que o paísainda esteja distante do padrão do restante domundo. “O Brasil só ainda não está no topo doagribusiness mundial, porque, ao longo de sua his-tória, a agricultura foi relegada a um segundoplano”, explica Paulo Afonso Romano, consultor eex-secretário nacional de Recursos Hídricos. Opi-

nião semelhante tem Rota. “Falta manutenção deuma determinada política por diversos anos. Nós játivemos a criação de um Ministério da Irrigação,que não existe mais. Houve vários planos, projetos,programas nacionais que entram e saem, trazendoinstabilidade e insegurança para o agricultor quevai investir”, diz. Também para Schemmer, a ques-tão requer uma iniciativa do governo federal. “Nósdefendemos a criação de uma política que contem-ple o desenvolvimento auto-sustentável da agricul-tura brasileira, porque não é com ações isoladasque conseguiremos sobrepor todas as necessida-des, para fazer parte desse mercado global”.

Para o executivo da Abimaq, o curto espaço detempo que falta para a implantação da Área de LivreComércio das Américas (Alca) está forçando o Bra-sil a queimar etapas no que se refere à pesquisa, àaquisição de tecnologia e à capacitação de mão-de-obra. “A Alca já tem uma data predefinida paraacontecer, que é dezembro de 2005, e agora é corrercontra o tempo porque, se ela for efetivada, é otempo que nós temos para nos organizar e nostornar competitivos”, explica. Segundo o diretor daPlena Consultoria de Engenharia Agrícola Ltda.,Elias Teixeira Pires, o Brasil já estaria preparado,se dependesse exclusivamente dos produtores quejá trabalham com irrigação. “Há uma busca muitogrande por aperfeiçoamento tecnológico, não sóem qualidade do produto, mas também de reduçãode consumo da água e energia”, diz

No entanto, no que tange à expansão das áreasirrigadas, Pires tem observado uma desaceleraçãonos últimos anos. “Não estamos deixando de cres-cer, mas estamos avançando em ritmo menor”, diz.Um dos entraves ao maior crescimento é a capaci-tação de grande parte dos agricultores brasileiros.“A agricultura irrigada não permite meio termo. Ouvocê usa ou não usa tecnologia. Então, o pequenoprodutor quer usar, mas muitas vezes ele não temacesso ao nível financeiro requerido para tocar onegócio”. O problema, segundo Pires, é mais per-ceptível em perímetros públicos de irrigação. Elecalcula entre 6 e 7 mil dólares por hectare o valornecessário para se investir na agricultura irrigada.“É um valor médio, mas você pode ter culturas cujocusto chegue a 10 mil dólares por hectare”. Faltamrecursos para o setor produtivo e é difícil viabilizarprojetos com os custos financeiros vigentes. Para o

O potencial brasileiro emagricultura irrigada diante da

competitividade internacional

U

consultor, a solução seria ajustar uma política decrédito adequada ao processo, que permitisse tam-bém a participação dos pequenos produtores, umassunto que passa por exigências de garantias,soluções de passivos e outros problemas fora docontrole dos produtores.

Tecnologia ainda deixa a desejarNo que se refere a um dos pontos-chave para a

inserção do Brasil no mercado global – o seu poten-cial tecnológico –, Pires acha que o país ainda temmuito a avançar. De acordo com ele, há duas facetasna questão tecnológica que devem ser confrontadas:uma referente à engenharia de irrigação – nesta oconsultor considera o Brasil adiantado, ou porquedesenvolveu tecnologia, ou porque a importou –, eoutra relacionada com a adaptação dessa engenha-ria às especificidades de clima, solo e cultura. “Nissonós ainda temos de avançar, as tecnologias têm deser adaptadas regionalmente”, explica. “Não adian-ta desenvolver uma tecnologia para a região doApodi e pensar que está tudo resolvido. Certamen-te, ela não vai servir para a região de Petrolina. Domesmo jeito, a tecnologia de Petrolina não servepara a região do Norte de Minas”, completa.

Para Schemmer, essa é outra questão de caráterpolítico. “Coréia, Taiwan e Japão são países, onde ocrescimento econômico está associado ao desen-

ENDEREÇOS ELETRÔNICOS PARA CONTATO:

Álvaro Moreira Rota – [email protected] Teixeira Pires – [email protected] Mavignier França – [email protected] Schemmer – [email protected]

Elias Teixeira PiresElias Teixeira PiresElias Teixeira PiresElias Teixeira PiresElias Teixeira Pires

Álvaro RotaÁlvaro RotaÁlvaro RotaÁlvaro RotaÁlvaro Rota

Francisco Mavignier FrançaFrancisco Mavignier FrançaFrancisco Mavignier FrançaFrancisco Mavignier FrançaFrancisco Mavignier França

Nilson SchemmerNilson SchemmerNilson SchemmerNilson SchemmerNilson Schemmer

volvimento tecnológico, e nós carecemos de umapolítica de estímulo à produção de tecnologia”.Para o gerente do Ambiente de Políticas do Desen-volvimento do Banco do Nordeste, FranciscoMavignier França, o que falta é uma legislaçãodefinida com relação ao registro de patentes. “Oargumento dos empresários é esse: como vou inves-tir em pesquisa, se no final não serei dono doproduto que eu gerei?”, afirma. Desde 1971, oBanco financia a pesquisa em tecnologia aplicadano Nordeste, a fundo perdido. Atualmente, o Fundode Desenvolvimento Científico e Tecnológico tornadisponível 3 milhões de reais por ano para univer-sidades e centros de pesquisa da região, o que,segundo Mavignier, é insuficiente para atender àdemanda, que ele calcula em torno de 30 milhões dereais. O Banco também tem linhas de financiamen-to com retorno, mas que, praticamente, não sãosolicitadas. “A procura é pequena, porque o empre-sário que desenvolve a pesquisa não é o dono – porcausa da questão das patentes – e, além disso, ogoverno e as universidades fazem de graça”. �

EFICIÊNCIA DO USO DA ÁGUA PARA AS PRINCIPAIS CULTURAS IRRIGADASEFICIÊNCIA DO USO DA ÁGUA PARA AS PRINCIPAIS CULTURAS IRRIGADASEFICIÊNCIA DO USO DA ÁGUA PARA AS PRINCIPAIS CULTURAS IRRIGADASEFICIÊNCIA DO USO DA ÁGUA PARA AS PRINCIPAIS CULTURAS IRRIGADASEFICIÊNCIA DO USO DA ÁGUA PARA AS PRINCIPAIS CULTURAS IRRIGADAS

CulturaCulturaCulturaCulturaCultura DotaçãoDotaçãoDotaçãoDotaçãoDotação ProdutividadeProdutividadeProdutividadeProdutividadeProdutividade RendimentoRendimentoRendimentoRendimentoRendimento EficiênciaEficiênciaEficiênciaEficiênciaEficiência EficiênciaEficiênciaEficiênciaEficiênciaEficiênciade águade águade águade águade água físicafísicafísicafísicafísica brutobrutobrutobrutobruto físicafísicafísicafísicafísica econômicaeconômicaeconômicaeconômicaeconômica

(m3/ha/ano)(m3/ha/ano)(m3/ha/ano)(m3/ha/ano)(m3/ha/ano) (t/ha/ano)(t/ha/ano)(t/ha/ano)(t/ha/ano)(t/ha/ano) US$/ha/ano)US$/ha/ano)US$/ha/ano)US$/ha/ano)US$/ha/ano) (kg/m3)(kg/m3)(kg/m3)(kg/m3)(kg/m3) (US$/m3)(US$/m3)(US$/m3)(US$/m3)(US$/m3)

F R U T A SF R U T A SF R U T A SF R U T A SF R U T A S AAAAA BBBBB CCCCC B / AB / AB / AB / AB / A C/AC/AC/AC/AC/AAbacate 5.578 10,00 3.000 1,79 0,54Abacaxi 4.003 30,00 6.000 7,49 1,50Acerola 4.613 15,00 4.500 3,25 0,97Banana 11.762 40,00 12.500 3,40 1,06Caju 5.172 45,00 16.000 8,70 3,09Goiaba 4.613 20,00 10.000 4,34 2,71Graviola 4.613 10,00 9.500 2,17 2,06Limão 4.613 20,00 13.5 00 4,34 2,93Manga 4.003 20,00 12.000 5,00 3,00Maracujá 5.973 12,00 9.000 2,01 1,51Melão 8.000 50,00 11.000 6,25 1,38Mamão 8.396 25,00 12.000 2,98 1,43Tangerina 4.613 20,00 6.000 4,34 1,30Uva 4.918 40,00 30.000 8,13 6,10G R Ã O SG R Ã O SG R Ã O SG R Ã O SG R Ã O SArroz 21.000 12,00 300 0,57 0,01Feijão 8.000 4,80 1.600 0,60 0,20Milho 16.880 12,00 660 0,71 0,04Soja 8.000 6,00 400 0,75 0,05O U T R A SO U T R A SO U T R A SO U T R A SO U T R A SAlgodão 12,00 8,00 4.800 0,67 0,40Cana-de-açúcar 15.590 100,00 2.100 6,41 0,13

Fontes: Frupex (1994), Oliveira (1999) e Banco de Dados do Laboratório de Hidráulica e Irrigação da Universidade Federaldo Ceará (modificado)

28 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

Irrigação automatizadapara paisagismo

ste ramo de irrigação é, hoje, o segundo maisdesenvolvido tecnicamente, só perdendo parasistemas de irrigação de campos de golfe.A preocupação com o meio ambiente e a utiliza-ção otimizada de água tornam os sistemas de

irrigação automatizados para paisagismo de extremaimportância para o uso racional de água e melhoria daqualidade de vida nas áreas urbanas.

A irrigação para áreas paisagísticas e gramadosesportivos faz parte da cultura européia e americanahá mais de quarenta anos. No Brasil, os primeirostrabalhos iniciaram-se há apenas onze anos e, infeliz-mente, esse tema sequer é abordado em cursos dasáreas de Agronomia, Engenharia Agrícola, EngenhariaCivil e Arquitetura.

Somente há dois anos, um trabalho de divulgaçãovia palestras, seminários e cursos foi iniciado em uni-versidades, prefeituras, escolas de paisagismo e Creascom o intuito de levar o conhecimento dos equipa-mentos, técnicas de projetos (totalmente diferente deprojetos agrícolas) e critérios de avaliação.

Uma recente novidade foi o lançamento de umvídeo técnico-comercial a respeito de critérios técni-cos e empresariais para abertura de pequenas empre-sas de irrigação de jardins e de gramados esportivos.

A água é o elemento indispensável para a vida dasplantas; uma boa safra ou a manutenção da beleza

ornamental de qualquer projeto de paisagismo só épossível através de um perfeito sistema de irrigação.

A irrigação automatizada é, basicamente, um sis-tema em que culturas, jardins e gramados são irriga-dos em dias e horários pré-programados, com a dura-ção de tempo determinado para atender às necessi-dades específicas de cada área e do tipo de vegetação.Após implantado, cessa a preocupação com a rega,pois tal serviço é executado automaticamente.

Para a elaboração do projeto são analisados osseguintes aspectos:• tamanho e forma da área;• paisagismo a ser implantado;• horas de radiação direta de cada área;• declividade do terreno;• necessidades hídricas das plantas;• profundidade efetiva do sistema radicular;• ação de ventos predominantes;• tipo de solo;• sombreamento.

E

JJJJJOSÉOSÉOSÉOSÉOSÉ G G G G GIACÓIAIACÓIAIACÓIAIACÓIAIACÓIA N N N N NETOETOETOETOETO

ENGENHEIRO AGRÍCOLA COM MESTRADO EM IRRIGAÇÃO E DRENAGEM PELA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV), GERENTE NACIONAL DE PAISAGISMO

E GOLFE DA RAIN BIRD DO BRASIL

Atualmente, ao tratarmos do temaAtualmente, ao tratarmos do temaAtualmente, ao tratarmos do temaAtualmente, ao tratarmos do temaAtualmente, ao tratarmos do tema

de irrigação para paisagismo, oude irrigação para paisagismo, oude irrigação para paisagismo, oude irrigação para paisagismo, oude irrigação para paisagismo, oupopularmente irrigação para jardins,popularmente irrigação para jardins,popularmente irrigação para jardins,popularmente irrigação para jardins,popularmente irrigação para jardins,deparamos com os seguintes pontos:deparamos com os seguintes pontos:deparamos com os seguintes pontos:deparamos com os seguintes pontos:deparamos com os seguintes pontos:

falta de critérios e normas para avaliaçãofalta de critérios e normas para avaliaçãofalta de critérios e normas para avaliaçãofalta de critérios e normas para avaliaçãofalta de critérios e normas para avaliaçãode projetos, falta de parâmetros básicos,de projetos, falta de parâmetros básicos,de projetos, falta de parâmetros básicos,de projetos, falta de parâmetros básicos,de projetos, falta de parâmetros básicos,

de pouquíssimos profissionais e dede pouquíssimos profissionais e dede pouquíssimos profissionais e dede pouquíssimos profissionais e dede pouquíssimos profissionais e deempresas realmente capacitadasempresas realmente capacitadasempresas realmente capacitadasempresas realmente capacitadasempresas realmente capacitadas

tecnicamente para elaboração e instalaçãotecnicamente para elaboração e instalaçãotecnicamente para elaboração e instalaçãotecnicamente para elaboração e instalaçãotecnicamente para elaboração e instalaçãodestes sistemas. E, o mais importante emdestes sistemas. E, o mais importante emdestes sistemas. E, o mais importante emdestes sistemas. E, o mais importante emdestes sistemas. E, o mais importante em

nível de mercado, falta de cultura.nível de mercado, falta de cultura.nível de mercado, falta de cultura.nível de mercado, falta de cultura.nível de mercado, falta de cultura.

Irrigação automatizadapara paisagismo

A irrigaçãoA irrigaçãoA irrigaçãoA irrigaçãoA irrigaçãoautomatizada éautomatizada éautomatizada éautomatizada éautomatizada éum sistema emum sistema emum sistema emum sistema emum sistema emque culturas,que culturas,que culturas,que culturas,que culturas,jardins ejardins ejardins ejardins ejardins egramados sãogramados sãogramados sãogramados sãogramados sãoirrigados em diasirrigados em diasirrigados em diasirrigados em diasirrigados em diase horáriose horáriose horáriose horáriose horáriospré-programadospré-programadospré-programadospré-programadospré-programados

O paisagismo éO paisagismo éO paisagismo éO paisagismo éO paisagismo éo segundo ramoo segundo ramoo segundo ramoo segundo ramoo segundo ramoda irrigaçãoda irrigaçãoda irrigaçãoda irrigaçãoda irrigaçãomaismaismaismaismaisdesenvolvidodesenvolvidodesenvolvidodesenvolvidodesenvolvidotecnicamentetecnicamentetecnicamentetecnicamentetecnicamente

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 29

Feita tais análises, passa-se à escolha dos equipa-mentos necessários à implantação do sistema deirrigação.

Os equipamentos que compõem tal sistema são:• redes hidráulicas, secundária e principal;• emissores de água (sprays, rotores, gotejadores,

micro-sprays, borbulhadores);• rede elétrica;• válvulas solenóides (registros);• controladores (timer eletrônico).

As redes hidráulicas a serem utilizadas geralmentesão de PVC nas bitolas dimensionadas, em função davazão do sistema e da extensão da área a ser irrigada.

Os emissores são os elementos responsáveis pelaemissão de água. Cada modelo possui característicasespecíficas. Os aspersores podem ser sprays, de im-pacto, rotores entre outros. Os raios de alcance po-dem variar de 0,50m a 46m. Podem ser ainda do tipoescamoteáveis, que são instalados submersos no soloe emergem somente na hora de realizar a irrigação.

As principais vantagens do uso dos aspersoresescamoteáveis são:• não ferir a estética do paisagismo;• permitir trânsito livre de pedestres e veículos sobre

os gramados;• permitir a poda manual ou mecanizada com absolu-

ta segurança.

Os aspersores devem ser distribuídos de formaque proporcione uma superposição adequada do jatod’água, para garantir uma uniformidade de aplicaçãoda lâmina de água sobre o terreno.

O aspersores são divididos em dois grupos:

SPRAYSSPRAYSSPRAYSSPRAYSSPRAYS – Podem ser do tipo escamoteáveis ou apa-rentes. Possuem o jato de água fixo em 11 opções deângulos pré-determinados e de trajetórias variadas,somando-se 72 opções de bocais. No caso de seremescamoteáveis, podem possuir diferentes alturas deelevação do pop-up (3”, 4”, 6” e 12”). Possuem raio dealcance mínimo de 0,60m e máximo de 4,5m. Podemvir com opcionais para adequação em situações parti-culares como válvula anti-drenagem e regulador depressão interno. São geralmente utilizados em áreasde menores dimensões, recortadas e com paisagismomais denso.

ROTORESROTORESROTORESROTORESROTORES – Também podem ser do tipo escamoteá-veis ou aparentes. Como o próprio nome diz, sãogiratórios. Possuem um jato de água e giram por meiode turbina de engrenagens, turbina de esferas ou porimpacto de um braço oscilante. O raio de alcancedentro da família de rotores varia de 6,5m até 24m. Sãomais indicados para áreas maiores, com paisagismode baixo porte e densidade.

Os aspersores devemOs aspersores devemOs aspersores devemOs aspersores devemOs aspersores devemser distribuídos,ser distribuídos,ser distribuídos,ser distribuídos,ser distribuídos,

como forma decomo forma decomo forma decomo forma decomo forma degarantir agarantir agarantir agarantir agarantir a

uniformidade deuniformidade deuniformidade deuniformidade deuniformidade deaplicação da lâminaaplicação da lâminaaplicação da lâminaaplicação da lâminaaplicação da lâmina

de água sobre ode água sobre ode água sobre ode água sobre ode água sobre oterrrenoterrrenoterrrenoterrrenoterrreno

30 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

Em face dos raios de alcance e ângulos de atuação,os aspersores garantem que a irrigação seja realizadasó nos locais necessários, evitando molhar paredes,muros e acessos de pavimentação gerando, conse-qüentemente, uma grande economia de água.

Outra linha de produtos que está cada vez mais emuso é a de irrigação localizada de baixo volume, que érealizada através de microaspersores, gotejadores eborbulhadores. Este método de irrigação é adequadopara áreas não gramadas. A água é aplicada de formaprecisa e diretamente na zona radicular de árvores,arbustos, flores e vasos. Este segmento está em gran-de crescimento em jardins de edifícios, além de seruma grande alternativa para economia de energia.

A automação é executada através de controladorese válvulas solenóides.

O controlador eletrônico é o cérebro do sistemade irrigação automatizado. Com ele é possível progra-mar o horário, ligando e desligando o sistema emtempos projetados para cada área a ser irrigada (se-tor). Hoje, no mercado, existem diversas opções decontroladores para atender a demandas específicas.

O nível de automação está tão evoluído que, atual-mente, há controles remotos para controladores e,para projetos de maior porte, há o monitoramento devários sistemas através de um computador centralintegrado a uma estação meteorológica.

Os setores são comandados por válvulas solenói-des, que são componentes que respondem à progra-mação do quadro controlador. Dado o horário pro-gramado, elas se abrem e permitem que a águadirecione-se aos aspersores comandados por ela.Após decorrido o tempo programado ela fecha-se.Existem em vários modelos e tamanhos que sãodimensionados de acordo com as características doprojeto em questão.

Acoplado ao sistema, existe um sensor de chuvasque interrompe automaticamente o funcionamentodo sistema e só permite que este volte a funcionar,quando o solo estiver novamente necessitando deágua.

Outro grande benefício da irrigação automatizadaé a sua utilização em mineradoras e pedreiras. A poei-ra gerada nestes processos é sedimentada através deaplicação de volumes de água, evitando o desconfor-to da poluição causada.

Além das vantagens e benefícios descritos com aimplantação de um perfeito sistema de irrigaçãoautomatizada, é importante ressaltar ainda os aspec-tos econômicos, entre eles:• redução de mão-de-obra;• eliminação de aquisição de mangueiras e acessórios;• sensível redução do consumo, devido ao uso efi-

ciente e racional de água;• maior produção;• plantas mais saudáveis e bonitas;• valorização da propriedade.

É muito importante lembrar que a plena obten-ção dos resultados descritos só é possível através deum projeto bem elaborado. Procure executá-lo atra-vés de empresas com profissionais especializadosem irrigação.

Os setores deOs setores deOs setores deOs setores deOs setores deirrigação sãoirrigação sãoirrigação sãoirrigação sãoirrigação sãocomandadoscomandadoscomandadoscomandadoscomandadospor válvulaspor válvulaspor válvulaspor válvulaspor válvulassolenóidessolenóidessolenóidessolenóidessolenóides

O controlador eletrônico é o cérebro do sistema de irrigaçãoO controlador eletrônico é o cérebro do sistema de irrigaçãoO controlador eletrônico é o cérebro do sistema de irrigaçãoO controlador eletrônico é o cérebro do sistema de irrigaçãoO controlador eletrônico é o cérebro do sistema de irrigaçãoautomatizadoautomatizadoautomatizadoautomatizadoautomatizado

I N F O R M E T É C N I C O P U B L I C I T Á R I O

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 31

32 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

A agricultura irrigada brasileira vai ganharum grande aliado nos próximos anos.

O Ministério da Integração Nacional,através da Secretaria de Infra-estrutura

Hídrica, está-se preparando para lançar, apartir de 2002, o Plano Nacional de

Irrigação e Drenagem (Planird). Este planotem como objetivos aumentar a

produção e as exportações do setor, bemcomo diminuir a pobreza no Nordeste.

Plano foi apresentado aos participantespelo diretor de DesenvolvimentoHidroagrícola da Secretaria de Infra-

Estrutura Hídrica do Ministério da IntegraçãoNacional, Edson Zorzin, quando da solenidadede abertura, e detalhado pelo consultor do De-partamento de Desenvolvimento Hidroagrícolado Ministério, Humberto Rey Castilla, que res-salvou que este Plano ainda não estava completa-mente pronto. Segundo Castilla, as diretrizesapresentadas durante o XI Conird formam ape-nas a base do que pode vir a ser o documentofinal, após discussão com todos os interessadosna área de irrigação, como os governos estaduais,municipais e órgãos gestores. “Não queremosatropelar, fazer o que se fazia muitas vezes nopassado, como produzir um documento emBrasília e no outro dia sair implantando”, explicao consultor.

A pressa na implantação é apenas um doserros presentes em programas anteriores e oMinistério da Integração espera que eles não serepitam. Segundo Castilla, no passado haviamuitos projetos com viés assistencialista, benefi-ciários selecionados sem observar a capacidadeempresarial e pouca ou nenhuma preparaçãopara a fase produtiva, com a intervenção maciçado setor público. Como conseqüência, a assistên-cia técnica era precária e mal dirigida, engenhei-ros eram delegados para conduzir as fases deoperação e produção sem o preparo necessário,ocasionando baixa produtividade e desestímulonos produtores. São erros que acabaram prejudi-cando a imagem do setor de agricultura irrigadae causaram um “desprestígio político”, de acordocom o consultor, levando também a um desinte-

resse por parte do setor privado, o que atrasou odesenvolvimento da irrigação. “Nossa agricultu-ra não está atingindo a produtividade que teriacom a irrigação”, afirma.

Para impulsionar a agricultura irrigada erecuperar sua importância política, o Planirdinvestirá, nos próximos cinco anos, a vultosaquantia de 917,5 milhões de reais. Com essevalor, espera atrair 1,66 bilhão de reais do setorprivado, dividido em investimentos em maquina-ria e benfeitorias, sistemas parcelares e forma-ção de culturas permanentes. Ao final dos cincoanos de atuação do plano, a área pública sobirrigação deverá ter passado dos atuais 77.200para 193.000 hectares. Além de ampliar a áreacultivada, o Planird vai-se concentrar na utiliza-ção de boa parte da estrutura que foi implantada,mas que, segundo o consultor, encontra-se ocio-sa. “Há muitos projetos que temos de recuperar,porque possuem infra-estrutura hidráulica, semnunca tê-la utilizado, é triste isso”. O aproveita-mento de 100% da estrutura deve aumentar aprodução e, assim, pagar os investimentos feitos,evitando o caráter deficitário verificado na mai-oria dos projetos implantados anteriormente.

Nordeste será privilegiadoUma prática comum nos programas anterio-

res de irrigação era selecionar os projetos combase na coincidência favorável de fatores natu-rais. Recebiam recursos somente as áreas queapresentassem solo propício e boa disponibilida-de de água. Com o Planird será diferente. O Planoirá direcionar sua atuação para a região seca doNordeste. “Enquanto nas outras regiões, tem-seabundância de água, no Nordeste eu diria que éuma questão de sobrevivência implantar a irriga-ção e investir nela”, afirma o diretor Edson Zorzin,que adianta não ter o Plano a pretensão de resol-ver o problema de água para a agricultura nor-destina, mas ressalta os impactos positivos queele deve gerar, principalmente com relação àgeração de empregos.

A previsão é de que 213 mil empregos diretose indiretos devam ser criados a um baixo custocaracterístico da agricultura irrigada. Com isso,espera-se diminuir o nível de miséria da região,que concentra 63% da pobreza rural do país –, ereduzir o fluxo migratório para o Sudeste. O

Plano Nacional de Irrigaçãodeve impulsionar a agricultura

O

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Ministério calcula que cerca de 12 dos 15 milhõesde nordestinos que residem na zona rural sãopotenciais migrantes que poderiam permaneceronde estão, caso lhes fossem dadas oportunidadesde trabalho. Tendo um clima extremamente favo-rável, o que entrava a agricultura da região éessencialmente a falta d’água. “O potencial deirrigação do Nordeste é muito grande, isso não énenhuma novidade”, completa o consultor Castilla.

DDDDDiririririretretretretretrizizizizizesesesesesZorzin aponta as quatro linhas principais que

devem guiar o Planird. A primeira é a priorizaçãode investimento privado – cada real do governodeve atrair 1,81 real do empresariado. A segun-da, pré-requisito para a primeira, é estabeleceruma plataforma de informação. “O que você temhoje são grandes projetos de irrigação que foramimplantados sem uma boa disseminação, não sóreferente à propaganda ou marketing, mas infor-mação sobre a situação econômica do projeto, degarantia de água, por exemplo”, explica. “Exis-tem vários outros fatores que os empresáriossempre interrogam, é esse nível de conhecimentosobre a região que faz os empresários participa-rem desses projetos”.

A terceira linha refere-se à transferência dainfra-estrutura de uso comum – toda ela perten-cente ao governo federal – para a iniciativa priva-da. “Se você permite que isso seja vendido paraos empresários, você privatiza o processo todinhoe descarrega esse ônus do governo, que hoje temde manter isso permanentemente”. A quarta ver-tente do plano é o estabelecimento de um fundoque permita aos pequenos produtores custearsua assistência técnica. “Uma das alternativaspara bancar esse custo é através da cobrança deum percentual da produção comercializada, queseria destinado para isso”. Os usuários do Planirdserão micro e pequenos empresários seleciona-dos por licitação.

OS NÚMEROS NÚMEROS NÚMEROS NÚMEROS NÚMEROS DO PLOS DO PLOS DO PLOS DO PLOS DO PLANIRDANIRDANIRDANIRDANIRD

• 1,89 bilhão de reais é quanto deve produziro Plano;

• 100 mil empregos diretos;• 113 mil empregos indiretos;• 500 mil beneficiários;• 12.116,74 reais é o custo por emprego criado;• 7.795 reais é a renda líquida por hectare;• 18,6 milhões de reais serão economizados

por ano em assistência técnica;• 1,9 vez é o aumento que será obtido na

produtividade.

Participantes reclamamcrédito adequado

Durante as discussões sobre o Plano Nacionalde Irrigação, em elaboração no Ministério daIntegração Nacional, questionou-se sobre umdos instrumentos mais importantes para a irriga-ção, que é o crédito adequado às condições depagamento do produtor.

O exemplo do convênio que está em vias deassinatura no estado da Bahia serviu como estí-mulo, para que os participantes questionassem ainexistência de condições de crédito similarespara a agricultura irrigada de todo o país. Oconvênio Banco do Brasil/ Desenbanco/BNDESGoverno do Estado possibilita o fortalecimentodos perímetros irrigados, administrados pelaCodevasf, e é especificamente para culturas vol-tadas para exportação. A assinatura do convêniodeverá ocorrer ainda em setembro, com vigênciaprevista até dezembro de 2004.

Os recursos vão beneficiar pessoas físicas ejurídicas, em até 10 mil hectares, no perímetroirrigado, com limite de até 500 mil reais, porprodutor. Serão contemplados investimentos fi-xos e semi-fixos, relacionados com a atividade,em até 80% do investimento total. Segundo con-firmou o chefe do Crédito Rural do Desenbanco,Manoelito Vargas Leal Filho, o prazo total parapagamento é de até 144 meses, com prazo decarência da data da contratação até seis mesesapós o início da produção comercial. Os juros sãode 5% ao ano, mais TJLP (teto de 6% ao ano paraa TJLP).

O então ministro da Integração Nacional,Ramez Tebet, mesmo sem conhecer os dados doprotocolo a ser assinado na Bahia, declarou, emFortaleza, que defende a extensão do benefíciopara todo o país. “Todo projeto de irrigação écaro, pois envolve um bem a ser preservardo, queé a água. O governo deve contar com uma linhade financiamento compatível, para que os produ-tores possam realmente ter condições de usufruirdesse financiamento, aplicá-lo, ter como pagar euma condição rentável pra isso.” O ministrocompletou dizendo que “estaremos ajudando oprocesso produtivo do Brasil, de maneira geral,porque a irrigação é um componente indispensá-vel hoje para aumentar a produção e melhorar aprodutividade”. �

ENDEREÇO ELETRÔNICO PARA CONTATO:

Edson Zorzin – [email protected]

Edson Zorzin apresentouEdson Zorzin apresentouEdson Zorzin apresentouEdson Zorzin apresentouEdson Zorzin apresentouo Planird aos participanteso Planird aos participanteso Planird aos participanteso Planird aos participanteso Planird aos participantesdo Conirddo Conirddo Conirddo Conirddo Conird

34 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

Introduçãomaior parte dos solos salinos e sódicosocorre em regiões áridas e semi-áridas,onde os processos de salinização e sodi-

ficação são freqüentemente acelerados por irri-gação pouco eficiente e drenagem insuficiente.Os sais solúveis do solo consistem, em grandeparte e em proporções variadas, de cátions sódio,cálcio e magnésio e de ânions cloreto e sulfato, e,em quantidades menores, encontram-se os ânions,bicarbonato, carbonato e nitrato. As fontes origi-nais, das quais provêm estes sais, são os mine-rais, expostos da crosta terrestre.

Alguns dos problemas relacionados com ex-cesso de sais e sódio trocáveis são inerentes aosolo no estado virgem. Outros, entretanto, apare-cem após terem sido submetidos à irrigação.Assim, nas áreas irrigadas é comum o surgimen-to de salinidade provocada pela água que contémou não concentrações elevadas de sais. Isso de-corre não só de práticas de manejo que não visamà conservação da capacidade produtiva dos so-los, mas também de sistemas de drenagem insu-ficientes, com quantidades inadequadas de águae uso indiscriminado e excessivo de fertilizantesalém de elevação do lençol freático e sistematiza-ção do solo.

Os efeitos adversos da salinidade sobre asplantas constituem um dos fatores limitantes daprodução agrícola, devido, principalmente, aoaumento da pressão osmótica do solo e à toxidezresultante da concentração salina e dos íonsespecíficos. Em solos sódicos, o problema maioré sobre suas as características físicas, devido àdispersão dos colóides, que criam problemas decompactação e diminuem, conseqüentemente, aaeração, o que dificulta o movimento de água edesenvolvimento radicular, além do efeito tóxicodo sódio.

A experiência brasileira em irrigação e drena-gem é muito recente e a vivência de outros paísescom tecnologia avançada não pode ser facilmentetransferida para o Brasil, país de dimensões con-tinentais, onde as condições de solo e de clima sãoas mais diversas e os aspectos socioeconômicos eculturais diferem de região para região.

Dentre os inúmeros problemas que afetam asáreas irrigadas do Nordeste brasileiro, tem-semencionado, com freqüência, o da salinização.Nos meios técnicos, este problema tem chegadomesmo a gerar sérias inquietações, diante dasnotícias sobre a sua gravidade a das perspectivasde dificuldades que poderão acarretar, compro-metendo o esforço que está sendo realizado.Desse modo, o problema deverá ser encaradocom a maior seriedade possível, pela importân-cia que se reveste, oferecendo um vasto campo deoportunidades para pesquisas. De acordo com omarco de referência disponível até o momento,as pesquisas têm sido desenvolvidas mais fre-qüentemente nas áreas de metodologia de carac-terização do problema.

Neste contexto, os esforços da pesquisa de-vem ser direcionados, além dos já citados, nosentido de conhecer os sistemas de produçãoirrigados em uso e as especificidades do solo, doclima e da água com o objetivo de melhorar aeficiência, na utilização da água disponível. Jun-to a isto, o aumento, tanto da produção quanto daprodutividade por unidade de área, permitiráampliar com segurança e responsabilidade aárea atualmente irrigada.

Dada a importância do problema e o grandeinteresse em gerar e/ou adaptar tecnologias quepossam manter em produção os solos irrigados,manejar aqueles afetados pelo sal e recuperar osabandonados do Nordeste, tendo em vista a ne-cessidade de maximizar a utilização racional dosrecursos edáficos e hídricos desta Região Nor-deste do Brasil, levando-se em consideração agravidade que o problema poderá vir a assumir,a Embrapa Semi-Árido, de Petrolina, tem-se pre-ocupado bastante com o problema e vem mobili-zando um amplo esforço do ponto de vista insti-tucional, financeiro e técnico, que visa o seuequacionamento.

Áreas afetadas pelasalinização e sodificaçãono nordeste

Os problemas de degradação dos solos porsalinização e sodificação, no Brasil, encontram-se particularmente na região semi-árida do Nor-deste, onde o déficit hídrico atinge mais de2.000mm por ano, favorecendo, assim, a acumu-lação de sais solúveis e sódio trocável. De acordocom revisão realizada (Pereira, 1983) no levanta-

Salinidade em áreas irrigadasGGGGGILBERTOILBERTOILBERTOILBERTOILBERTO G G G G GOMESOMESOMESOMESOMES C C C C CORDEIROORDEIROORDEIROORDEIROORDEIRO

ENGENHEIRO AGRÔNOMO, MSC, EMBRAPA SEMI-ÁRIDO. CX POSTAL 23-56300-00, PETROLINA/PE

A

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 35

mento de solos dos estados da Bahia ao Ceará,totalizando 1.110 mil km2 na escala de 1:500.000,foram delimitadas áreas correspondentes a85.931km2 de solos afetados por sais, represen-tando 7,74% da área mapeada destes Estados.Estão incluídos aí planossolos solódicos, Solonetzsolodizados, Solonchack solonétzicos, soloshalomórficos e outros, sem considerar as áreascom problemas de sais e sódio nos perímetrosirrigados em operação e solos aluviais dos valesdos rios.

As áreas irrigadas do Nordeste concentram-se em três grandes situações, a saber: perímetrosirrigados e áreas de aluviões (ilhas e margens) aolongo do São Francisco e perímetros irrigadosnas diversas represas construídas em quase to-dos os Estados. Em alguns pontos destas áreas, jáse observa um processo de salinização em anda-mento, acompanhado de sódio no complexo detroca. As fontes de água para irrigação no Nor-deste são constituídas de reservatórios superfici-ais, onde a água é armazenada durante a estaçãochuvosa (açudes) e rios. De maneira geral, essaságuas são de boa qualidade, variando de C

1 a C

2

e de S1 a S

2. A mais importante fonte é o rio São

Francisco, cuja água contém baixos teores desais, sendo classificada como C

1S

1. O uso destas

águas não deveria apresentar maiores problemaspara irrigação sob condições adequadas de ma-nejo. Todavia, em decorrência do inadequadobalanço de sais comumente verificado, devido aproblemas de drenagem, observa-se uma grada-tiva salinização do perfil irrigado e um progres-sivo aumento das áreas problemas.

Caracterização e classificaçãodos solos com problemas desalinidade e sodicidade

Uma vez que os sais acumulam-se no solo,apresentam grande variabilidade, tanto no tem-po como no espaço, torna-se muito difícil a carac-terização dos problemas. As variações no temposão conseqüência principalmente dos diferentesprocessos que estão ocorrendo, como a evapo-transpiração, salinização, sodificação, lavagemdo solo, consumo e/ou acumulação de nutrientes.Ao passo que as variações no espaço, principal-mente na superfície, são devidas à heterogenei-dade dos solos, do microrelevo, da aplicação econsumo de água e nutrientes. Sem dúvida, comtodos estes fatores que influem no conteúdo totalde sais de uma determinada área, estamos obri-gados a seguir certas metodologias que assegu-rem uma boa caracterização.

Para caraterizar um solo com problemas desais e estar apto a tomar decisões acertadas, é

indispensável a realização de amostragem desolo com uma metodologia específica de acordocom o tipo de estudo que se pretende efetuar, combase no qual se devem definir a freqüência deamostragem, a extensão da área de estudo, ométodo de amostragem, o tamanho da amostra eo processamento posterior a esta, que, por suavez, estão ligados aos recursos disponíveis, àcapacidade de trabalho do laboratório de análi-ses e à precisão desejada.

Richards (1954) divide os solos em salinos,salino-sódicos e sódicos de acordo com às carac-terísticas de condutividade elétrica, pH e percen-tagem de sódio trocável (Quadro 1).

QUADRO 1QUADRO 1QUADRO 1QUADRO 1QUADRO 1 - Síntese da classificação

S o l o sS o l o sS o l o sS o l o sS o l o s C .C .C .C .C .E. (mmhos/cm)E. (mmhos/cm)E. (mmhos/cm)E. (mmhos/cm)E. (mmhos/cm) P S TP S TP S TP S TP S T p Hp Hp Hp Hp H

NormaisNormaisNormaisNormaisNormais < 4 millimhos < 15 < 8,5

SalinosSalinosSalinosSalinosSalinos > 4 millimhos < 15 < 8,5

Salinos sódicosSalinos sódicosSalinos sódicosSalinos sódicosSalinos sódicos > 4 millimhos > 15 < 8,5

SódicosSódicosSódicosSódicosSódicos < 4 millimhos > 15 < 8,5

• solos salinos: a condutividade elétrica do extrato de saturação é maior que 4millimhos/cm a 25oC, e a porcentagem de sódio trocável é menor que 15.Geralmente, o pH é menor de 8,5. Estes solos correspondem aos tipos descri-tos por Hilgard e citados por Richards (1954), como solos “Alcali Branco” e aos“Solonchaks” dos autores russos. Estes solos podem, mediante o estabeleci-mento de uma boa drenagem, voltar novamente a ser solos normais.

• Solos salino-sódicos: a condutividade elétrica do extrato de saturação é maiorque 4 millimhos/cm a 25oC, e porcentagem de sódio trocável é maior que 15.Este tipo de solo forma-se como resultado dos processos combinados desalinização e sodificação.

• Solos sódicos: aqueles cuja porcentagem de sódio trocável é maior que 15 e acondutividade elétrica do extrato de saturação é menor que 4 millimhos/cm a25oC, e o pH geralmente varia entre 8,5 a 10. Estes solos correspondem aoschamados “Alcali Negro” por Hilgard e “Solonetz” pelos russos.

Efeitos de altos conteúdos desais no solo e na planta

NO SOLOProduzem variações nos estados físico e quí-

mico do solo da seguinte forma:a. diminuição da disponibilidade de água no

solo, através da elevação de tensão osmóticana solução do solo;

b. na presença do sódio, os solos se desfloculame modificam o estado da agregação das partí-culas, que dá origem à mudança na estrutura,reduzindo a aeração, infiltração e a condutivi-dade hidráulica a limites desfavoráveis paraas plantas;

c. produzem variações desfavoráveis no pH dosolo, o que reduz a solubilidade dos nutrien-tes com conseqüente baixa na disponibilidadepara as plantas.

36 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

NA PLANTAQuando as plantas desenvolvem-se sob condi-

ções de salinidade e/ou sodicidade, um dos sinto-mas mais característicos é a inibição do cresci-mento produzido pelos sais, o qual se manifestapor uma marcada desuniformidade, apresentan-do manchas desnudas, plantas definhadas e umagrande variação no crescimento geral o que resul-ta em uma baixa produção por unidade de área.

O acúmulo excessivo de sais solúveis na zonaradicular dos cultivos é um fator limitante daprodução na agricultura sob irrigação. A salini-dade e a sodicidade dos solos produzem condi-ções extremamente desfavoráveis para o desen-volvimento das plantas.

Sob condições de salinidade, um dos princi-pais problemas é o de obter uma porcentagem degerminação adequada. Este aspecto deve serconsiderado, já que, se a porcentagem da germi-

nação for baixa, o cultivo pode fracassar. A tole-rância dos cultivos a concentrações de sais du-rante a germinação é geralmente menor que emoutros estádios de crescimento.

Classificação dos cultivossegundo sua tolerância aossais e a presença de íons tóxicos

Geralmente as plantas têm comportamentosdiferentes diante dos problemas de salinidade e desodicidade. Estes comportamentos dependem dotipo de afetação (excesso de sais solúveis, conteú-do de sódio e presença de íons tóxicos) e do graudesta. De acordo com este critério, tem-se realiza-do amplos estudos que permitem classificar oscultivos, segundo estes comportamentos. No Qua-dro 2, verifica-se a produtividade potencial dealgumas culturas em função da salinidade. �

QUADRO 2QUADRO 2QUADRO 2QUADRO 2QUADRO 2 – Produtividade potencial de algumas culturas em função da salinidade

P R O D U T I VP R O D U T I VP R O D U T I VP R O D U T I VP R O D U T I V IIIIID A D E D A D E D A D E D A D E D A D E P O T E N C I A LP O T E N C I A LP O T E N C I A LP O T E N C I A LP O T E N C I A L

100% 90% 75% 50% 0%

C e e sC e e sC e e sC e e sC e e s CeiCeiCeiCeiCei C E e sC E e sC E e sC E e sC E e s CeiCeiCeiCeiCei C e e sC e e sC e e sC e e sC e e s CEiCEiCEiCEiCEi C E e sC E e sC E e sC E e sC E e s CEiCEiCEiCEiCEi C E e sC E e sC E e sC E e sC E e s

Cevada 8,0 5,3 10,0 6,7 13,0 8,7 12,0 18,0 28Feijão 1,0 0,7 1,5 1,0 2,3 1,5 3,6 2,4 07Milho 1,7 1,1 2,5 1,7 3,8 2,5 5,9 3,9 10Algodão 7,7 5,1 9,6 6,4 13,0 8,4 17,0 12,0 27Amendoim 3,2 2,1 3,5 2,4 4,1 2,4 4,9 3,3 07Arroz inundado 3,0 2,0 3,8 2,6 5,1 3,4 7,2 4,8 12Girassol 5,3 3,5 6,2 4,1 7,6 5,0 9,9 6,6 15Sorgo 4,0 2,7 5,1 3,4 7,2 4,8 11,0 7,2 18Soja 5,0 3,3 5,5 3,7 6,2 4,2 7,5 5,0 10Trigo 6,0 4,0 7,4 4,9 9,5 6,4 13,0 8,7 20Beterraba 4,0 2,7 5,1 3,4 6,8 4,5 9,6 6,4 15Brócolis 2,8 1,9 3,9 2,6 5,5 3,7 8,2 5,5 14Repolho 1,8 1,2 2,8 1,9 4,4 2,9 7,0 4,6 12Melão 2,2 1,5 3,6 2,4 5,7 3,8 9,1 6,1 16Cenoura 1,0 0,7 1,7 1,1 2,8 1,9 4,6 3,1 08Pepino 2,5 1,7 3,3 2,2 4,4 2,9 6,3 4,2 10Alface 1,3 0,9 2,1 1,4 3,2 2,1 5,2 3,4 09Cebola 1,2 0,8 1,8 1,2 2,8 1,8 4,3 2,9 08Pimenta 1,5 1,0 2,2 1,5 3,3 2,2 5,1 3,4 09Batatinha 1,7 1,1 2,5 1,7 3,8 2,5 5,9 3,9 10Rabanete 1,2 0,8 2,0 1,3 3,1 3,1 5,0 3,4 09Espinafre 2,0 1,3 3,3 2,2 5,3 3,5 8,6 5,7 15Batata doce 1,5 1,0 2,4 1,6 3,8 2,5 6,0 4,0 11Tâmara 4,0 2,7 6,8 4,5 10,9 7,3 12,3 17,9 32Tomate 2,5 1,7 3,5 2,3 5,0 3,4 7,6 5,0 13Abacate 1,3 0,9 1,8 1,2 2,5 1,7 3,7 2,4 06Figo 2,7 1,8 3,8 2,6 5,5 3,7 8,4 5,6 14Uva 1,5 1,0 2,5 1,7 4,1 2,7 6,7 4,5 12Laranja limão 1,7 1,1 2,3 1,6 3,2 2,2 4,8 3,2 08Pêssego 1,7 1,1 2,2 1,4 2,9 1,9 4,1 2,7 07Morango 1,0 0,7 1,3 0,9 1,8 1,2 2,5 1,7 04Alfafa 2,0 1,3 3,4 2,2 5,4 3,6 8,8 5,9 16Capim-bermuda 6,9 4,6 8,5 5,7 10,8 7,2 14,7 9,8 23

Fonte: Ayers e Westcot, 1976 – Irrigation an Drainage paper, 24 FAO; CROPWATER/REQUERIMENT.Cees – Condutividade do extrato de saturação do solo em mmhos/cm ou dS/m.Cei – Condutividade da água de irrigação em dS/m.

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 37

Item – Qual o futuro econômicoda água?Bart Schultz – É uma perguntadifícil. Atualmente, cerca de 70%da água doce do mundo é usadapara a irrigação e o restante parao consumo humano e outros usos,como para as indústrias. Para osconsumos humano e industrial,vejo um bom futuro, pois mesmose tivermos de apelar para adessalinização da água do mar,podemos convencer as pessoas apagarem por isso. Já para a irri-gação na agricultura, a situaçãoé mais complexa. Nesse caso, ocusto da água vai depender dosagricultores, do que eles conse-guem pela sua produção. Pode-mos dizer que é um esforço mui-to grande convencer os fazen-deiros a destinar cerca de 5% docusto de sua produção para in-vestir na água, tanto em mão-de-obra para trabalhar nos novossistemas de irrigação, como nacompra de máquinas e equipa-mentos. Isso custaria cerca de5% do valor da produção. Se vocêder uma olhada no preço dosprodutos agrícolas, vai ver que éextremamente baixo. O preço doarroz, em quatro anos, estarácaindo pela metade. Então, paraos fazendeiros é quase economi-camente impossível investir emnovos sistemas de irrigação e dre-nagem. Na América Latina, háum tremendo potencial para odesenvolvimento da irrigação.Mas isso se você falar em termosde fontes de água. Desenvolvi-mento econômico é uma coisadiferente. Os preços da agricul-tura terão de crescer para darsustentabilidade à agricultura.Por enquanto, os consumos hu-

mano e industrial terão priori-dade no uso da água, mas umdia teremos de voltar à agricul-tura. Isso, porque nós sabemosque, em cerca de 25 anos, aprodução mundial de alimentosterá de ser dobrada para aten-der à demanda.

Item – Como as autoridades go-vernamentais vêem esse proble-ma?

Schultz – Gosto de fazer a distin-ção entre países desenvolvidos epaíses emergentes, porque vá-rios deles estão-se desenvolven-do bem, na América Latina e naÁsia. O que você vê é que, prova-velmente, na América Latina e naÁsia, todos os sistemas de irriga-ção foram desenvolvidos pelo go-verno central. E estes governoscentrais são incapazes de manteresses sistemas de forma apropria-da. Todos esses países estão emprocesso de transferência para osetor privado – talvez os gover-nos mantenham a responsabili-dade somente para os principaissistemas, para as grandes estru-turas de distribuição hídrica –,

E N T R E V I S T ABBBBBARTARTARTARTART S S S S SCHULTZCHULTZCHULTZCHULTZCHULTZ

Os conflitos mundiais paraos usos múltiplos da água

“Atualmente, cerca“Atualmente, cerca“Atualmente, cerca“Atualmente, cerca“Atualmente, cerca

de 70% da água docede 70% da água docede 70% da água docede 70% da água docede 70% da água doce

do mundo é usadado mundo é usadado mundo é usadado mundo é usadado mundo é usada

para a irrigação e opara a irrigação e opara a irrigação e opara a irrigação e opara a irrigação e o

restante para orestante para orestante para orestante para orestante para o

consumo humano econsumo humano econsumo humano econsumo humano econsumo humano e

outros usos, comooutros usos, comooutros usos, comooutros usos, comooutros usos, como

para as indústrias”para as indústrias”para as indústrias”para as indústrias”para as indústrias”

Para o presidente da

Comissão Internacional

de Irrigação e Drenagem

(Icid), Bart Schultz, a

agricultura irrigada

deverá entrar numa

encruzilhada. Em 25

anos, a produção de

alimentos precisará

dobrar e a participação

do setor no consumo

total de água – hoje em

70% – terá de aumentar.

Schultz discorreu sobre

os aspectos econômicos,

sociais, científicos e

ambientais da água e

falou à revista ITEM sobre

os impactos do uso

inadequado dos recursos

hídricos, o nível de

conhecimento ao redor

do mundo sobre o

assunto e as atividades

da Icid.

38 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

mas os fazendeiros terão de es-forçar muito para alcançar o ní-vel de capacidade necessáriopara tocar esses sistemas.

Item – Como está o nível de co-nhecimento das pessoas em re-lação à finitude da água?Schultz – Vejo que o conheci-mento ainda é muito limitado.As pessoas não consideram aágua como um problema. Partedisso explica-se devido ao fato deque, se você fizer uma reflexão,vai ver que é uma questão dealimentação, essencialmente. Aspessoas não vêem que a produ-ção de alimentos pode-se tornarum problema. Especialmente asdas cidades. A população rural

percebe bem mais como as coi-sas estão caminhando. Mas apopulação urbana entende ape-nas de supermercados. E o quevocê vê é que a urbanização estáaumentando em todo o mundo e,cada vez mais, os políticos sãopessoas urbanas, eles vêm dascidades, não da zona rural. Nomeu país – eu sou holandês – etambém nos Estados Unidos, apopulação rural é de apenas 2%.Então, a população rural não temmais poder de persuasão. As de-cisões estão sendo tomadas pe-las pessoas das cidades, que es-tão mais ligadas ao lazer, às ne-cessidades urbanas.

Item – Quais os impactos que ouso inadequado da água tem nomeio ambiente?Schultz – Existem vários tiposde usos inadequados. Por exem-plo, nas áreas áridas, vê-se a ex-tração de água subterrânea parairrigação. Extrai-se mais águado que se consegue repor. En-tão, o lençol de água está dimi-nuindo, está-se esgotando. Es-pecialmente nessas áreas áridas,como nos países árabes e algu-mas partes da Ásia, eles estãosentindo esse problema de esgo-tamento dos recursos hídricos.

Item – Quais as conseqüênciaspráticas desse tipo de problemana vida do cidadão comum?Schultz – Já visitei esses paísesvárias vezes – como o Iêmen, quetem aqüíferos muito bem defini-dos. Portanto, você pode prevera vida útil desse aqüífero. Exis-tem alguns lugares, onde os aqüí-feros foram esgotados e, por isso,a população teve de se mudar,não pode mais viver naquele lo-cal por falta d’água. Sem agri-cultura, eles não têm o ganha-pão, não têm comida. Mas esse éum caso extremo. Em algunspaíses, o problema é a utilizaçãoexcessiva da água na irrigação, oque acaba gerando um acúmulode salinização. Você pode resol-ver esse problema instalando umsistema de drenagem, mas a pri-meira questão é o melhor usodessa água de irrigação, evitan-do o desperdício. Para economi-zar água, você vai ter muitosproblemas.

Item – Quais as propostas daIcid para a economia e o usoracional da água no mundo?Schultz – A Icid pode somentedebater essas questões e é o queestamos fazendo. Deixamos cla-ro que são os próprios países quetêm de resolver seus problemasde uso de água. O Brasil tem deresolver seus próprios proble-mas. O que podemos fazer é

montar grupos de pessoas de di-ferentes nacionalidades paraintercambiar experiências e ospaíses aprenderem uns com osoutros. A Icid não gosta de deter-minar o que deve ser feito. Tra-balhamos como fórum de dis-cussão. Através de nossos fórunse publicações, discutimos e pro-movemos o melhor uso da água.Procuramos identificar o proble-ma previamente. Por exemplo,em 1990, estabelecemos um pro-grama de irrigação, drenagem econtrole de enchentes que, nocomeço da década de 90, não eraum problema, mas hoje em diaverificamos que é e tornou-sesério. Começamos a trabalharcom grupos sobre o uso de águade baixa qualidade, agriculturae escassez de água, e teremos umencontro em setembro, naCoréia, quando estaremos inici-ando um novo grupo de traba-lho, pois existem várias ativida-des nessa faixa da Ásia, com agri-cultura e piscicultura. Estamostrabalhando nesse aspecto, comestuários, nas áreas costeiras.

Item – Como o setor agrícola,desde o pequeno até o grandeprodutor, pode ajudar na cons-cientização do uso apropriadoda água?Schultz – Isso é difícil. Acho quetem de ser feita uma distinçãoaqui. Os pequenos produtorestêm uma agricultura de subsis-tência e por isso têm uma possi-bilidade limitada de vender o seuproduto. Os de médio e grandeportes usam a agricultura paraproduzir em larga escala, comouma indústria. Acho que as fa-zendas estão crescendo cada vezmais, principalmente aqui noBrasil. Então, isso significa umaumento na produção e, portan-to, maior uso da água.

ENDEREÇO ELETRÔNICO PARACONTATO:

Bart Schultz –[email protected]

E N T R E V I S T ABBBBBARTARTARTARTART S S S S SCHULTZCHULTZCHULTZCHULTZCHULTZ

Bart Schultz, presidente da Icid, ao lado de Helvecio Mattana Saturnino,Bart Schultz, presidente da Icid, ao lado de Helvecio Mattana Saturnino,Bart Schultz, presidente da Icid, ao lado de Helvecio Mattana Saturnino,Bart Schultz, presidente da Icid, ao lado de Helvecio Mattana Saturnino,Bart Schultz, presidente da Icid, ao lado de Helvecio Mattana Saturnino,um dos organizadores do Conird e do movimento de revitalização da ABIDum dos organizadores do Conird e do movimento de revitalização da ABIDum dos organizadores do Conird e do movimento de revitalização da ABIDum dos organizadores do Conird e do movimento de revitalização da ABIDum dos organizadores do Conird e do movimento de revitalização da ABID

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 39

FertirrigaçãoFertirrigação

Introduçãoaplicação de fertilizantes por meio desistema de irrigação é, hoje, de compro-vada eficácia. Em países onde a agricul-

tura irrigada é desenvolvida, uma das práticasutilizadas para atingir altas produtividades é aaplicação de fertilizantes via água de irrigação,que, principalmente com o desenvolvimento dairrigação por gotejamento, tornou-se de uso ge-neralizado.

No Brasil, a aplicação de fertilizantes, viaágua de irrigação, está começando a ser utilizadapelos produtores para diferentes culturas e siste-mas de irrigação. Embora exista falta de informa-ções sobre dosagens, tipos de fertilizantes e épo-ca de aplicação, admite-se que a fertirrigaçãopode ser utilizada com muitas vantagens.

A agricultura irrigada no Nordeste brasileirodesempenha um papel de grande significado nodesenvolvimento regional. A irrigação exige um

alto padrão tecnológico, que tem por objetivo amelhor oportunidade de aplicar novas tecnolo-gias, cuja redução de custos precisa ser estudadaem profundidade.

Considerações geraisNo sentido de gerar tecnologias para áreas

irrigadas, a Embrapa Semi-Árido vem desenvol-vendo pesquisas que visam solucionar os proble-mas e definam os critérios técnicos da aplicaçãode fertilizantes através de sistemas de irrigação.

A fertirrigação é efetuada pela adição de pe-quenas quantidades de fertilizantes durante todoo período de crescimento das plantas, sem cau-sar-lhes problemas de deficiência ou toxidez denutrientes. A aplicação em pequenas doses evitaa lavagem dos fertilizantes, tão comum na aduba-ção convencional, mantém o nível ideal de nutri-entes no solo e permite um melhor aproveita-mento do adubo que, dissolvido na água, seráfacilmente absorvido pelas plantas.

Os fertilizantes aplicados por fertirrigação te-rão que ser solúveis em água. Em sua maioria, sãoricos em nitrogênio e potássio e não apresentamnenhum problema de uso. Os fertilizantes ricosem fósforo, no entanto, são mais problemáticospara o uso na fertirrigação, por serem, em suamaioria, pouco solúveis em água. Além dos ma-cronutrientes principais, os micronutrientes tam-bém podem ser utilizados através de fertirrigação.

CCCCCLEMENTELEMENTELEMENTELEMENTELEMENTE R R R R RIBEIROIBEIROIBEIROIBEIROIBEIRO DOSDOSDOSDOSDOS S S S S SANTOSANTOSANTOSANTOSANTOS

ENGENHEIRO AGRÔNOMO, MSC, EMBRAPA SEMI-ÁRIDO, CX POSTAL 23,56300-970, PETROLINA/PE – E-MAIL: [email protected]

JJJJJOSÉOSÉOSÉOSÉOSÉ M M M M MARIAARIAARIAARIAARIA P P P P PINTOINTOINTOINTOINTO

ENGENHEIRO AGRÔNOMO, PHD. EMBRAPA SEMI-ÁRIDO, CX POSTAL 23,56300-970, PETROLINA?PE – E-MAIL: [email protected]

AFO

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I

40 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

A fertirrigação combinada com a água deirrigação é perfeitamente adaptável a diferentessistemas, sejam eles fixos, sejam eles semifixosou convencionais. Os mais apropriados para apli-cação de fertilizantes são aspersão, gotejamentoe microaspersão. Isto porque tais sistemas trans-portam a água em componentes fechados (tubu-lação sob pressão), assegurando uma boa distri-buição e pouca perda de fertilizantes. Todavia, afertirrigação é mais utilizada em irrigação loca-lizada.

Vantagens da fertirrigaçãoa. Utilização intensiva do sistema de irrigação: o

trabalho necessário para realizar a fertirriga-ção é pouco maior que para irrigação. Evita ouso de tratores, aviões e custa, em geral, umterço do preço dos métodos convencionais deaplicação. Com os mesmos equipamentos defertirrigação, podem-se aplicar herbicidas eoutros produtos químicos, utilizando-os tam-bém para desobstrução de gotejadores pelaaplicação de ácidos.

b. Flexibilidade de aplicação: pode-se fracionare dosar a aplicação de fertilizantes tanto quantose deseja, economizar mão-de-obra, reduzir alixiviação e distribuir melhor os nutrientes noperfil do solo.

c. Eficiência de uso e economia de fertilizantes:a aplicação fracionada dos nutrientes aumen-ta a sua assimilação pelas plantas e limita asperdas por lixiviação, o que proporciona umaproveitamento mais eficiente do fertilizantee reduz a quantidade de adubo aplicado emcomparação com os outros métodos. Possibi-lita melhor controle, o que pode diminuir oscasos de contaminação de águas da superfíciee subterrâneas e, também, o risco de intoxica-ção de trabalhadores.

d. Controle da profundidade de aplicação dofertilizante: de acordo com as característicasdo solo, do fertilizante e da cultura, às vezes éconveniente aplicar o fertilizante pouco antesde finalizar a irrigação, para impedir alixiviação dos nutrientes.

e. Quantidade de fertilizantes e época de aplica-ção: quantidades exatas podem ser aplicadasno momento mais propício da fase do ciclofenológico da cultura.

f. Aplicação de micronutrientes: geralmente,na adubação em pequenas dosagens por área,dificilmente se consegue, por métodos manu-ais, uma boa uniformidade de distribuição doadubo, o que facilmente é conseguido com afertirrigação.

Limitações da fertirrigaçãoEmbora com diversos aspectos favoráveis,

a fertirrigação também apresenta algumas limi-tações:

• Contaminação e envenenamento: as águas deirrigação, que contêm fertilizantes ou outrassubstâncias, podem contaminar ou envene-nar trabalhadores.

• Tipos de fertilizantes: o método não é apro-priado para produtos pouco solúveis ou inso-lúveis. Fertilizantes fosfatados podem provo-car reações químicas, o que origina precipita-dos e causa o entupimento de componentes dosistema de irrigação.

• Corrosão: algumas partes metálicas do siste-ma de irrigação podem sofrer danos pelaatividade corrosiva dos fertilizantes.

Equipamentos de injeçãode fertilizantes

A injeção de fertilizantes nos sistemas deirrigação pode ser feita mediante diversos méto-dos, que funcionam por diferença de pressão oubombeamento e gravidade. Podem ser utilizadosos métodos do tanque de fertilizantes, bombasinjetoras, aplicadores tipo Venturi ou tubo ligadoà sucção da bomba de irrigação, sendo o dotanque de uso mais comum e o das bombasinjetoras o mais preciso.

TANQUE DE FERTILIZANTETANQUE DE FERTILIZANTETANQUE DE FERTILIZANTETANQUE DE FERTILIZANTETANQUE DE FERTILIZANTEEste sistema opera com um tanque herméti-

co, conectado em paralelo à tubulação de irriga-ção, em que a diferença de pressão entre a entra-da e saída do tanque de fertilizante, causadora dofluxo através do tanque, é conseguida por inter-médio da instalação de um registro na linhaprincipal do sistema, entre os pontos de saídapara o tanque e de retorno a ele. Parte do fluxo daágua de irrigação flui através do tanque e dilui asolução de nutrientes, a qual vai sendo injetadana rede de irrigação.

BOMBAS INJETORASBOMBAS INJETORASBOMBAS INJETORASBOMBAS INJETORASBOMBAS INJETORASA solução contida num reservatório aberto é

introduzida ao sistema de irrigação por meio deuma bomba. Existem dois tipos delas: bombasoperadas por uma fonte de energia independenteda bomba de irrigação e aquelas acionadas pormeio da própria pressão da água do sistema deirrigação. Há os seguintes aspectos favoráveis: épossível controlar a taxa de injeção e é permitidoo uso de tanque grande, com pouca necessidadede recarga. Em contraposição, o custo do equipa-mento é elevado.

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 41

APLICADORES TIPO VENTURIAPLICADORES TIPO VENTURIAPLICADORES TIPO VENTURIAPLICADORES TIPO VENTURIAPLICADORES TIPO VENTURIO princípio de funcionamento consiste em

estrangular o fluxo da água de irrigação, de modoque provoque uma variação na sua velocidade epressão. Com o objetivo de fertirrigar, prepara-se uma peça, na qual as medidas de redução eampliação sejam tais, que provoquem sucção emdeterminado trecho de tubulação. Neste local,conecta-se um recipiente aberto. O equipamentofica instalado na linha de irrigação e, atravésdele, passa toda a vazão.

As vantagens deste equipamento são a cons-trução simples, sem peças móveis, não necessitade uma fonte de energia especial e o custo é baixo.Quando se opera em condições definidas de pres-são-vazão, obtém-se uma proporção de diluiçãoconstante.

Técnicas de fertirrigaçãoA adição de produtos químicos à água de

irrigação deve atender aos seguintes requisitos:não ser corrosivo; não obstruir os componentes dosistema; ser econômico; ser solúvel em água e nãoreagir adversamente com sais ou outros elementosquímicos contidos na água de irrigação.

A aplicação de fertilizantes via água de irriga-ção deve atender à disponibilidade de nutrientesna região ocupada pelo sistema radicular, à uni-formidade de distribuição de nutrientes e à ab-sorção de nutrientes pelas raízes. Periodicamen-te, análises químicas do solo e da planta devemser feitas para checagem do estado nutricional.

Manejo de fertirrigaçãoCom um manejo correto, a fertirrigação pode

assegurar ótimos níveis de água e nutrientes nazona radicular. Os intervalos entre fertirrigaçõesafetam o comportamento do sistema radicular.Intervalos curtos, com pequenas lâminas d’água,induzem à formação de sistema radicular raso,enquanto que os intervalos longos, com irriga-ções pesadas, induzem à formação de sistemaradicular profundo.

O procedimento comum na aplicação de ferti-lizantes, via água de irrigação, envolve três etapas.Durante a primeira etapa, o sistema opera com afinalidade de molhar o solo. Durante a segundaetapa, o fertilizante é aplicado na água de irriga-ção. O período de aplicação, raramente, deveráser menor que 30min, sendo aconselhável utilizarum período entre uma e duas horas. Tempo defertirrigação mais longo leva a uma melhor unifor-midade de distribuição de fertilizantes na linha degotejadores. A terceira etapa deverá ser suficientepara lavar completamente o sistema de irrigação.Esta etapa tem como objetivo carrear o fertilizantepara baixo e colocá-lo à profundidade compatívelcom o sistema radicular da cultura. �

P A L A V R A D O M I N I S T R O

Racionamentode energia eagriculturaO ministro interino da Agricultura, Pecuária eO ministro interino da Agricultura, Pecuária eO ministro interino da Agricultura, Pecuária eO ministro interino da Agricultura, Pecuária eO ministro interino da Agricultura, Pecuária eAbastecimento, Márcio Fortes de Almeida,Abastecimento, Márcio Fortes de Almeida,Abastecimento, Márcio Fortes de Almeida,Abastecimento, Márcio Fortes de Almeida,Abastecimento, Márcio Fortes de Almeida,concedeu uma rápida entrevista à revista ITEM,concedeu uma rápida entrevista à revista ITEM,concedeu uma rápida entrevista à revista ITEM,concedeu uma rápida entrevista à revista ITEM,concedeu uma rápida entrevista à revista ITEM,um pouco antes de participar da abertura da 8ªum pouco antes de participar da abertura da 8ªum pouco antes de participar da abertura da 8ªum pouco antes de participar da abertura da 8ªum pouco antes de participar da abertura da 8ªSemana Internacional da Fruticultura, FloriculturaSemana Internacional da Fruticultura, FloriculturaSemana Internacional da Fruticultura, FloriculturaSemana Internacional da Fruticultura, FloriculturaSemana Internacional da Fruticultura, Floriculturae Agroindústria (Frutal 2001), no Centro dee Agroindústria (Frutal 2001), no Centro dee Agroindústria (Frutal 2001), no Centro dee Agroindústria (Frutal 2001), no Centro dee Agroindústria (Frutal 2001), no Centro deConvenções de Fortaleza, quando falou sobre aConvenções de Fortaleza, quando falou sobre aConvenções de Fortaleza, quando falou sobre aConvenções de Fortaleza, quando falou sobre aConvenções de Fortaleza, quando falou sobre a

crise energética perante a agricultura.crise energética perante a agricultura.crise energética perante a agricultura.crise energética perante a agricultura.crise energética perante a agricultura.

ITEM – Como o Ministério da Agricultura, Pecu-ária e Abastecimento avalia os efeitos do raciona-mento de energia na produção agrícola?Márcio Fortes – Sempre foi preocupação nossa,desde o início, a disponibilidade de água tantopara a irrigação quanto para a energia que move asmáquinas, que puxam as águas do rio, que fazem ospivôs centrais funcionarem. Inclusive, pensamosaté em criar um programa de irrigação em que sepoderia fazer uma substituição de equipamentos.Hoje, tem-se muita perda de água e seria o caso derever tubulações e potência de bombas, porquemuita água é desperdiçada. Pensamos em colocarnas linhas do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES) um programa nestesentido. Não identificamos ainda como será, esta-mos estudando, mas é uma preocupação que mes-mo com crise ou sem ela, possa-se ter um uso maisracional da água no programa de irrigação.

ITEM – O Brasil tem feito um esforço muito grandepara convencer os produtores a usarem a tecnologiae, assim, ter condições de competir no mercadointernacional. Existe alguma chance de esses pro-dutores ficarem livres do ônus do racionamento?Márcio Fortes – Para o campo já foi estabelecidoum nível de racionamento menor que o do restanteda população, da indústria e de outras atividadesprodutivas. Já é um bom caminho. Vamos ver qualserá o comportamento doravante. Vamos ver oresultado das chuvas, a situação dos reservatórios,a economia que vamos conseguir, as novas condi-ções com respeito ao bônus etc. Tenho uma expec-tativa que o quadro possa mudar. Agora, de qual-quer maneira, já houve uma determinação da Câ-mara de Gestão de Energia de que a agriculturatenha um tratamento prioritário e que o raciona-mento seja menor. Inclusive, porque o consumo nocampo é bem menor que o global da economia e não

haveria porque impor tanto sacrifício a um setor. �

Ministro interino daMinistro interino daMinistro interino daMinistro interino daMinistro interino daAgricultura, Pecuária eAgricultura, Pecuária eAgricultura, Pecuária eAgricultura, Pecuária eAgricultura, Pecuária eAbastecimento, MárcioAbastecimento, MárcioAbastecimento, MárcioAbastecimento, MárcioAbastecimento, MárcioFortes de AlmeidaFortes de AlmeidaFortes de AlmeidaFortes de AlmeidaFortes de Almeida

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 41

Durante o XI Conird e a 4th Ircew realizadosem Fortaleza (CE), estava previsto um minicursosobre Sistema de Suporte à Decisão Agrícola(Sisda), o que vem sendo bastante utilizado emdiversas propriedades irrigadas de todo o Brasil,especialmente com pastagens, culturas de café,de grãos, fruticultura e olericultura. Mas, devidoa imprevistos de última hora, este minicurso foicancelado. Seus responsáveis, no entanto, assu-miram o compromisso de realizá-lo em novadata, através da Associação Brasileira de Irriga-ção e Drenagem (Abid).

A idéia é formar grupos de interessados, soba coordenação da Abid, que se encarregará deestabelecer local e programação para a realiza-ção desse curso. O tempo médio necessário é de20 horas, envolvendo uma parte inicial deconceituação (manejo de irrigação e Sisda), emsala de aula; e outra, de utilização prática dosistema, com o uso de computadores.

Cada usuário receberá um exemplar do pro-grama com manual e os exemplos a serem discu-tidos envolverão as principais culturas de inte-resse do grupo ou da região onde o curso estejasendo oferecido. Uma visita técnica poderá serincluída na programação, inclusive com instala-

ção e teste do Sisda, funcionando em condiçõesde campo, caso haja interesse do grupo envolvi-do. Os contatos deverão ser feitos com a Abid,pelo e-mail [email protected], ou diretamentecom o professor Everardo Mantovani, pelo e-mail [email protected] ou fax (31)3899.2735, para os devidos acertos de logística erecursos para realização do curso.

IntroduçãoPara que a implantação de um projeto de

irrigação atinja seus objetivos, é necessário que,além de um projeto adequadamente dimensiona-do, haja também um manejo eficiente da irriga-ção e dos diversos fatores a ela relacionados, taiscomo: nutricionais, fitopatológicos, edáficos, cli-máticos e fitotécnicos. O conceito de manejoeficiente da irrigação é complexo e, em sentidomais amplo, relaciona tanto o aspecto do manejoda água como do equipamento, com o objetivo deadequar a quantidade de água a ser aplicada e omomento certo desta aplicação. O manejo ade-quado da irrigação não pode ser consideradouma etapa independente dentro do processo deprodução agrícola, tendo por um lado o compro-

Conheça o Sistema deSuporte à Decisão Agrícola

EEEEEVERARDOVERARDOVERARDOVERARDOVERARDO C C C C CHARTUNIHARTUNIHARTUNIHARTUNIHARTUNI M M M M MANTOVANIANTOVANIANTOVANIANTOVANIANTOVANI

PROFESSOR TITULAR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV), COORDENADOR NACIONAL DO NÚCLEO DE

CAFEICULTURA IRRIGADA (PNP&D - EMBRAPA) – FAX: (31) 3899-2735 – E-MAIL: [email protected]

Vários fatores,Vários fatores,Vários fatores,Vários fatores,Vários fatores,entre eles, umentre eles, umentre eles, umentre eles, umentre eles, um

manejo eficiente,manejo eficiente,manejo eficiente,manejo eficiente,manejo eficiente,são fundamentaissão fundamentaissão fundamentaissão fundamentaissão fundamentais

para um projetopara um projetopara um projetopara um projetopara um projetode irrigação bemde irrigação bemde irrigação bemde irrigação bemde irrigação bem

implantadoimplantadoimplantadoimplantadoimplantado

FOTO EVERARDO MANTOVANI

42 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

I N F O R M E T É C N I C O P U B L I C I T Á R I O

misso com a produtividade da cultura exploradae, por outro, o uso eficiente da água, promovendoa conservação do meio ambiente.

Em meados da década de 80, como resultadode programas de incentivo, houve uma grandemudança no perfil da agricultura brasileira, comgrande expansão da agricultura irrigada. Resul-tados médios da safra de 1998 servem para ava-liar essa importância: nesse ano agrícola, 5% daárea plantada foi irrigada, proporcionando 17%do total produzido e 35% da renda econômicagerada. Os números são expressivos para de-monstrar a importância da irrigação na agricul-tura moderna, que possibilita maiores produtivi-dades, melhor qualidade do produto e normal-mente trabalha com produtos com maior valor demercado, fazendo com que 55% da renda sejaobtida em apenas 1/20 da área.

Por outro lado, a agricultura irrigada é amaior responsável pelo consumo de água dentreos diversos usuários finais deste recurso natural,chegando em muitos países a totalizar 80% doconsumo. No Brasil, estima-se que metade daágua consumida ocorra na agricultura irrigada.Estes números indicam que qualquer política outrabalho relacionado com o manejo dos recursoshídricos deve considerar a irrigação como umcomponente fundamental.

Dentro deste contexto e considerando a ne-cessidade de uma utilização mais eficiente da

água, desenvolveu-se um sistema informatizadoespecializado, o Sisda, voltado para o monitora-mento de áreas irrigadas, que visa dar sustenta-bilidade à irrigação em áreas agrícolas, o quepossibilita um uso mais eficiente dos recursoshídricos e racionaliza o uso da água em lavourasirrigadas.

A concepção do sistema considera três aspec-tos fundamentais:• rigor científico, sem perder de vista a pratici-

dade na utilização;• sistema de fácil comunicação e interação com

o usuário, tanto do ponto de vista de manusearo programa, quanto de informações, resulta-dos e serviços prestados;

• sistema que considera o gerenciamento inte-grado dos recursos hídricos, com visão amplados aspectos água, solo, clima, planta (fitotecniae fitopatologia) e sistema de irrigação.

Interface com o usuárioUma análise do manejo da irrigação atual-

mente praticado indica uma total carência deresultados, muitas vezes proporcionada pelasdificuldades de atuação dos técnicos, que nãodispõem de instrumental necessário para toma-da de decisão de forma simples, rápida e combase científica. O Sisda dispõe de todos os dispo-sitivos para revolucionar este processo, pois inte-gra as informações e auxilia o usuário na tomadade decisão.

O sistema é apresentado em CD-ROM, desen-volvido em linguagem Delphi 4.0, para Windows95/NT, de fácil instalação, cuja concepção técni-ca envolveu especialistas das áreas de agrome-teorologia, manejo e engenharia de irrigação,solos, fitopatologia, fitotecnia e informática, sen

O Sisda possibilita uso mais eficiente e racionalização dos recursosO Sisda possibilita uso mais eficiente e racionalização dos recursosO Sisda possibilita uso mais eficiente e racionalização dos recursosO Sisda possibilita uso mais eficiente e racionalização dos recursosO Sisda possibilita uso mais eficiente e racionalização dos recursoshídricos em lavouras irrigadashídricos em lavouras irrigadashídricos em lavouras irrigadashídricos em lavouras irrigadashídricos em lavouras irrigadas

FOTO EVERARDO MANTOVANI

InformaçõesInformaçõesInformaçõesInformaçõesInformaçõessobre o sistemasobre o sistemasobre o sistemasobre o sistemasobre o sistemade irrigação sãode irrigação sãode irrigação sãode irrigação sãode irrigação sãoutilizadas para autilizadas para autilizadas para autilizadas para autilizadas para aindicação doindicação doindicação doindicação doindicação domanejo corretomanejo corretomanejo corretomanejo corretomanejo correto

FOTO EVERARDO MANTOVANI

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 43

do utilizadas interfaces intuitivas, que tor-nam o sistema amigável e de fácil uso.

O Sisda foi desenvolvido com base em doisobjetivos: manejo e simulação. No módulo mane-jo, o usuário alimenta periodicamente o progra-ma com as informações climáticas, e o sistemacalcula a disponibilidade atual de água para acultura, fornecendo relatórios, gráficos e orien-tações padronizadas e personalizadas. Conside-rando uma base histórica de dados climáticosdisponíveis no programa, o sistema faz a previsãode chuva e orienta o usuário quanto ao momentode irrigar e à lâmina de água a ser aplicada,diminuindo as chances de perdas por aplicaçõesdesnecessárias. Tais previsões são úteis para ou-tras aplicações como planejamento de pulveriza-ções, tratamentos preventivos, preparo do solo,colheita etc. Em tempo real , o sistema enfatiza aimportância da previsão climática para tomadade decisão e utiliza a base climática históricapara definir a expectativa de precipitações paraum determinado nível de probabilidade.

Na simulação, o usuário define para umadeterminada cultura as condições como época deplantio, localidade etc., e o sistema gera umabase de dados correspondente ao consumo deágua, déficit hídrico, probabilidade de ataque dedoenças, duração do ciclo da cultura, que são degrande importância no planejamento das ativi-dades agrícolas.

Antes de utilizar os sistemas de manejo esimulação de irrigação, o usuário deve fornecerinformações básicas ao computador, compondoum cadastro do seu sistema de produção agríco-la. Esta etapa, muitas vezes, pode inviabilizartodo o processo, pela forma e excesso de informa-

ções solicitadas, associadas às limitações de co-nhecimento do usuário e disponibilidade dasinformações. Para contornar este problema, noSisda, esta etapa foi dimensionada de formacriativa e interativa, tornando disponível ao usu-ário, caso necessário, a maioria das informaçõesexternas (clima, coeficientes da planta e do solo)e exigindo dele apenas aquelas inerentes à suapropriedade e à atividade a ser desenvolvida,além de motivá-lo a amostragens futuras paramelhor precisão nas simulações.

O Sisda dispõe de uma base de dados climá-ticos, que abrange todo o território nacional.Com ajuda de um mapa do Brasil, o usuárioacessa aproximadamente 8.834 localidades, iden-tificando aquela em que está localizado o projeto,e imediatamente o programa identifica a latitu-de, longitude e altitude do local. Além disso,indica as estações meteorológicas mais próxi-mas, para que o usuário selecione uma ou maisestações para o cálculo da evapotranspiração.

O cadastramento da água e do solo é facilitadocom um sistema de ajuda que indica por exem-plo, classes de solo de uma ampla região brasilei-ra e, em caso de dúvida, o programa informacomo coletar amostras de água e de solo a seremenviadas para análise, identificando os laborató-rios mais próximos, com endereço e telefone.Com os dados de análise química do solo, oprograma oferece em primeira aproximação umarecomendação de adubação.

O cadastro necessita, por último, de informa-ções sobre o sistema de irrigação do usuário(aspersão convencional, pivô central, microas-persão, gotejamento e superfície), contidas namemória do projeto de irrigação. Estas informa-ções serão utilizadas para o manejo da irrigação.

O usuário pode dividir a área de manejo emvárias subparcelas, que caracterizem distintasculturas, época de plantio, tipos de solo, sistemade irrigação etc. Um sistema de cadastramentoinicial permite ao usuário escolher as variáveisque ele vai dispor no dia-a-dia e suas respectivasunidades. Por exemplo, para um usuário quedisponha de um pluviômetro e um termômetrode máxima e mínima, após configurar o sistema,terá estes dados climáticos cadastrados e solici-tados diariamente.

Na versão 3.0 (última) é possível ainda utili-zar as seguintes prestações de serviço:1. leitor e conversor de arquivo de clima;2. Ks (correção de intervalo entre irrigações)

linear, logarítimo ou unitário;3. Kl (fator de correção da ET para irrigação

localizada) pelos métodos de Fereres e Keller;

Entre os usuáriosEntre os usuáriosEntre os usuáriosEntre os usuáriosEntre os usuáriosda água, ada água, ada água, ada água, ada água, a

agriculturaagriculturaagriculturaagriculturaagriculturairrigada éirrigada éirrigada éirrigada éirrigada é

apontada como aapontada como aapontada como aapontada como aapontada como amaior respnsávelmaior respnsávelmaior respnsávelmaior respnsávelmaior respnsável

pelo consumopelo consumopelo consumopelo consumopelo consumo

FOTO EVERARDO MANTOVANI

44 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BERNARDO, S. Manual de irrigação. 6. ed. Viçosa, MG: UFV,1996. 657 p.

BORLAND. Delphi 2.0: Manual do usuário. 1996.

BRADY, N. C. Natureza e propriedade dos solos. 7. ed. Rio deJaneiro, Freitas Bastos, 1989. 878p.

DOORENBOS, J., PRUITT, J, O. Guidelines for predictingcrop water requeriments. Rome: FAO, 1977. 179 p. ( FAOIrrigation and Drainage, 24).

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KELLER, J., BLIESNER, R. D. Sprinkle and trickle irrigation.New York: Van Nostrand Reinhold, 1990. 652 p.

MANTOVANI, E. C., RAMOS, M. M. Sistemas de irrigação eseus componentes. In: COSTA, E. F., VIEIRA, R. F.,VIANA, P. A., (Eds.). Quimigação: aplicação de produtosquímicos e biológicos via irrigação. Brasília, DF: Embra-pa-SPI, 1994. 315p.

SEDIYAMA, G.C. Evapotranspiração: Necessidade de águapara as plantas cultivadas. Abeas, Módulo 2 do Curso deEngenharia e Manejo de Irrigação, 1996, 173p.

I N F O R M E T É C N I C O P U B L I C I T Á R I O

4. estimativa da ET em condições de pivô tipo“lepa”;

5. módulo simplificado para uso diário, em nívelde propriedade agrícola;

6. cálculo do consumo de energia na irrigação.

O Sisda dispõe de um sistema de ajuda poten-te que, além de apresentar o programa e orientaro usuário iniciante com exemplos, contém infor-mações gerais sobre clima, solo, fitotecnia, doen-ças de plantas, sistemas de irrigação, orientaçõesde cuidados, instalação de equipamentos, comimagens ilustrativas.

O Sisda mantém um programa de desenvolvi-mento constante, com planejamento de inclusõesde novos assuntos, ajustes permanentes, que se-rão informados aos usuários cadastrados, perio-dicamente, por correio e através da Rede Sisdana internet.

ResumoO Sisda foi desenvolvido como um sistema de

apoio à decisão agrícola, com ênfase em manejosadequados da irrigação e dos recursos hídricos.Na concepção do sistema, consideraram-se osseguintes aspectos fundamentais: rigor científi-co, sem perder de vista a praticidade na utiliza-ção; sistema de fácil comunicação e interaçãocom o usuário, tanto do ponto de vista do manu-seio do programa quanto das informações, resul-tados e serviços prestados; gerenciamento inte-grado dos recursos hídricos, com visão amplados aspectos água, solo, clima, planta (fitotecniae fitopatologia), e sistemas de irrigação. O Sisdaé apresentado em CD-ROM, desenvolvido emlinguagem Delphi 4.0, de fácil instalação, cujodesenvolvimento envolveu especialistas das áreasde agrometeorologia, manejo e engenharia deirrigação, solos, fitopatologia, fitotecnia e infor-mática. São utilizadas interfaces intuitivas tor-nando o sistema amigável e de fácil uso.

O programa tem como meta principal o ma-nejo da irrigação em tempo real, embora tambémpermita simulações de desenvolvimento da cul-tura durante todo o ciclo fenológico, em qualquerlocal do país. O programa dispõe de uma base dedados e informações relacionadas com o clima, aplanta, o solo, o sistema de irrigação, os equipa-mentos, a localização de laboratórios para análi-ses de água e solo, que facilitam a utilização dosoftware, para diversos níveis técnicos de usuári-os. Na versão atual, o sistema permite a incorpo-ração de arquivos de clima, utilização de fator decorreção de intervalo entre irrigações (Ks) line-

ar, logarítimo ou unitário, utilização do fator decorreção da ET para irrigação localizada (K

L)

pelos métodos de Fereres e Keller, e tambémestimativa da ET em condições de pivô tipo “lepa”.

Para o uso no dia-a-dia das propriedadesagrícolas, o Sisda dispõe de um módulo simplifi-cado, onde o usuário cadastra as informações doclima e das irrigações do dia anterior e o sistemafornece uma tabela, indicando o tempo de irriga-ção das diversas parcelas da propriedade. Tam-bém apresenta um módulo, que permite ao usu-ário calcular o consumo de energia e os custosassociados. �

O Sisda é umO Sisda é umO Sisda é umO Sisda é umO Sisda é umsistema de apoiosistema de apoiosistema de apoiosistema de apoiosistema de apoioà decisãoà decisãoà decisãoà decisãoà decisãoagrícola, comagrícola, comagrícola, comagrícola, comagrícola, comênfase emênfase emênfase emênfase emênfase emmanejosmanejosmanejosmanejosmanejosadequados daadequados daadequados daadequados daadequados dairrigação e dosirrigação e dosirrigação e dosirrigação e dosirrigação e dosrecursos hídricosrecursos hídricosrecursos hídricosrecursos hídricosrecursos hídricos

FOTO EVERARDO MANTOVANI

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 45

46 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

“Reformaaguária”

“Reformaaguária”

posse da terra por reforma agrária estáassociada a um título da terra. Mas con-forme previne o secretário Hypérides

Macêdo, vem aí o título da água. “Por sinal, essetítulo é independente da terra. Você pode, inclu-sive, negociar a água que tinha direito na suaterra”, explica o responsável pela gestão dosrecursos hídricos do Ceará. “Vai ser uma revo-lução que eu chamaria de “reforma aguária”,complementa Hypérides Macêdo.

Ao defender a integração de bacias, o secre-tário de Recursos Hídricos do Ceará disse queela elimina a dependência espacial e temporalda irregularidade das chuvas. Ele explicou queo Ceará é o Estado mais semi-árido do país,porque todo o seu território está no polígono dassecas. No entanto, vem-se organizando e conse-guindo manter Fortaleza sem crise de abasteci-mento. “Nós temos praticamente 180 municí-pios do Ceará abastecidos com água, do total de184 municípios. Então, é uma demonstração deque a gestão é um instrumento poderoso”, entu-siasma-se.

O gerente da Divisão de Gestão de RecursosHídricos da Companhia Hidro Elétrica do SãoFrancisco (Chesf), Alexander Figueiredo Sá,concorda que a interligação de bacias é eficien-te, mas é algo que tem de estar num contexto depleno uso de recursos hídricos. “A transposiçãodas águas do rio São Francisco mais uma vez

AA integração deA integração deA integração deA integração deA integração debacias de rios ébacias de rios ébacias de rios ébacias de rios ébacias de rios é

defendida comodefendida comodefendida comodefendida comodefendida comoforma de eliminarforma de eliminarforma de eliminarforma de eliminarforma de eliminar

a irregularidadea irregularidadea irregularidadea irregularidadea irregularidadedas chuvasdas chuvasdas chuvasdas chuvasdas chuvas

Hypérides PereiraHypérides PereiraHypérides PereiraHypérides PereiraHypérides Pereirade Macêdode Macêdode Macêdode Macêdode Macêdo

“Uma das formas de garantir a irrigação

e, ao mesmo tempo, criar um processo

competitivo, com valorização da água,

é a integração de bacias. É a mistura

dos rios e dos açudes”, definiu o

secretário de Recursos Hídricos do

Ceará, Hypérides Pereira de Macêdo,

durante a conferência: “Alternativas

para a agricultura irrigada em um

cenário de uso competitivo da água”.

Ele aproveitou a presença heterogênea

de pesquisadores e técnicos, do Brasil e

do exterior, para lançar o que chamou

de “reforma aguária”, prevendo um

cenário de grande disputa, como

ocorre, atualmente, na luta pela

reforma agrária.

saiu do plano do governo. Mas eu acho que éalgo perfeitamente viável. Não só do São Fran-cisco para o Jaguaribe, mas do Tocantins para oSão Francisco, do São Francisco para o Parnaíbae do Parnaíba para o Acaraú. Isso faz parte doprocesso. Evidentemente, temos que ter cuida-do com a viabilidade técnica, econômica, oimpacto ambiental etc.”, pondera Alexander.

O uso da água permeia todas as atividades docidadão na sociedade. Ele é necessário, envolvea produção de energia elétrica, o lazer, o turis-mo, a pesca etc. Na visão da Chesf, o problemada água é uma questão de gestão. E gerir osrecursos hídricos passa pela elaboração de umorçamento das águas. Para Alexander, “cabe aoEstado e à sociedade decidirem claramente osobjetivos futuros, para que possa ser feito oorçamento. Ele seria feito através de instrumen-tos como a outorga, que é o quanto cada um dosusuários teria disponível para utilizar na irriga-ção, na piscicultura ou em outras atividades”.

A água para o abastecimento humano entrano orçamento de forma prioritária, porque éuma questão de vida humana, em sua formamais básica e essencial, informa a Chesf. �

ENDEREÇO ELETRÔNICO PARA CONTATO:

Alexander Figueiredo Sá – [email protected]érides Pereira de Macêdo – [email protected]

FOTO GENOVEVA RUISDIAS

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 47

aparência atrativa e o sabor característicodas hortaliças, bem como a beleza e o perfu-me das flores, dependem não só dos cuida-

dos e das tecnologias empregadas pelos horticultorese floricultores em suas produções, mas também defatores climáticos como as temperaturas noturna ediurna, a intensidade da luz e o comprimento do dia,para que as plantas desenvolvam-se normalmente.

Hortaliças como alface, agrião, espinafre, couve-flor, brócolis, cenoura e repolho necessitam de climaameno, dias mais curtos e menos claros para sedesenvolverem, mas outras como abóbora, abobri-nha, pepino, quiabo, vagem, pelo contrário, desen-volvem-se melhor em condições de temperaturasmais elevadas, dias mais claros e mais longos. Omesmo acontece com as diversas espécies de flores,tanto aquelas cultivadas no solo quanto as cultivadasem vasos. Por outro lado, fenômenos climáticosadversos como chuvas pesadas, ventos fortes, grani-zo, geada, ou ainda umidade relativa do ar elevada,podem causar danos às plantas e aos produtos aserem colhidos.

O cultivo de hortaliças e flores é uma atividadeque, em geral, utiliza o solo intensivamente e porlongo tempo. Estes fatos podem causar diversosproblemas, tais como compactação, salinização einfecção do solo, dificultando ou até mesmoinviabilizando a sua utilização futura.

As hortaliças e flores estão ainda sujeitas aoataque de insetos, fungos, bactérias, vírus, nematóidese outros organismos que podem danificar as plantasou inutilizar as partes comerciais delas.

Para contornar os problemas de clima, de solo,de pragas e de doenças, as instituições oficiais eprivadas de pesquisa e ensino e as empresas ligadasprincipalmente à produção e comercialização de

sementes ou de outros materiais propagativos desen-volvem pesquisas de melhoramento, visando à ob-tenção de cultivares adaptadas às diferentes condi-ções climáticas, com tolerância ou resistência àspragas e doenças, à acidez ou à salinidade dos solos.

Os resultados de tais pesquisas são as cultivaresdas diversas espécies de hortaliças classificadas comode primavera ou verão, e com tolerância ou resistên-cia a um ou mais fitopatógenos, principalmente dosolo.

Paralelamente, tem sido desenvolvidos outrossistemas de cultivo, em épocas ou regiões onde osfatores climáticos não são favoráveis para a espécieou espécies que se deseja produzir. Tais sistemas sãochamados cultivos protegidos, nos quais são utiliza-dos artifícios como a cobertura do solo, a coberturada cultura ou ainda o plantio em túneis ou casas devegetação. Essas casas, em geral, têm o tetoconstruído com filme de plástico e as laterais, frentee fundo com filme de plástico ou tela. Assim, pode-secontornar o problema de temperaturas baixa ou alta,o excesso de chuvas, ventos fortes, como tambémminimizar o ataque de pragas e doenças.

Quando a estrutura, o túnel ou a casa de vegeta-ção, tem por objetivo manter a temperatura internamaior do que a externa, diz-se que ela tem a “funçãoestufa”. Caso o objetivo seja proteger a planta daschuvas, diz-se que ela tem a “função guarda-chuva”.

A evolução dos conhecimentos sobre o cultivoprotegido de hortaliças e flores nos diversos países,inclusive no Brasil, permitiu o desenvolvimento defilmes de plástico, telas e outros materiais com ca-racterísticas específicas. Por isso, são encontradosno comércio filmes de plástico de baixa densidade,com diversas espessuras e larguras e aditivados, queapresentam propriedades como: filtrar a radiaçãoinfra-vermelha, ser térmico, antigotejamento e resis-tir à oxidação. Quanto às telas, além de reduzirem aluminosidade, também promovem a reflexão da ra-diação e, assim, reduzem a tendência de aquecimen-to do ambiente. Estas características facilitam o ma-nejo do microclima interno das casas de vegetação deacordo com a necessidade da espécie cultivada.

No Brasil, o cultivo em casa de vegetação, inade-quadamente chamado cultivo em estufa, foi implan-tado nas regiões Sul e Sudeste primeiramente para ocultivo de flores e depois para hortaliças. Ultima-mente, este sistema tem-se expandido também parao Centro-Oeste, Nordeste e Norte.

Sendo uma tecnologia viável para as mais dife-rentes regiões, a Embrapa Hortaliças promoveusimultaneamente, ao XI Conird e 4th Ircew realiza-dos em Fortaleza, em agosto de 2001, o minicurso“Cultivo protegido de hortaliças e flores”. Naquelaoportunidade foram discutidos os seguintes temas:exigências das hortaliças e flores, alternativas deproteção das culturas, tipos de estruturas de prote-ção, manejo do solo e da água, fertirrigação e cultivosde tomate e alface em casa de vegetação. O minicur-so contou com 21 participantes que se mostrarambastante interessados nos temas. �

Cultivoprotegido de

hortaliças eflores

NNNNNOZOMUOZOMUOZOMUOZOMUOZOMU M M M M MAKISHIMAAKISHIMAAKISHIMAAKISHIMAAKISHIMA

E-MAIL: [email protected]

OOOOOSMARSMARSMARSMARSMAR A A A A ALVESLVESLVESLVESLVES C C C C CARRIJOARRIJOARRIJOARRIJOARRIJO

E-MAIL: [email protected]

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E-MAIL: [email protected]

A

48 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

s números da pobreza no mundo sãoestarrecedores: 1,2 bilhão de pessoas vivecom menos de um dólar por dia. Em

1999, 10 milhões de crianças morreram antes decompletar cinco anos de idade, vítimas da pobre-za. No Brasil, 27,6% das famílias têm rendimen-to mensal inferior a dois salários mínimos (R$360,00). Na Região Nordeste, a situação é aindapior: 47,5% das famílias vivem com menos dedois salários mínimos, conforme dados apresen-tados durante a conferência do XI Conird sobre“Os desafios da agricultura irrigada: do combateà pobreza à prosperidade”.

Qual o papel da agricultura irrigada na solu-ção da pobreza que há no mundo? Na conferên-cia, discutiu-se o tema sob dois ângulos de visãonão excludentes. Um deles, refletiu a opinião dogoverno federal, por meio do Ministério da Inte-gração Nacional. O outro, tratou da mudança deconcepção que vem norteando o Programa deAgricultura Irrigada, em implantação no estadodo Ceará.

O engenheiro agrônomo e consultor do Minis-tério da Integração Nacional, Humberto ReyCastilla, disse não acreditar que a agriculturairrigada seja a única saída para vencer a pobreza.Na sua opinião, o problema é mais complexo eexige uma ação integrada dos setores público eprivado. Ele disse que, nesse aspecto, o papel dosetor público é muito mais de catalisador do quede controlador das ações em desenvolvimento.“O setor público é um facilitador e estimuladordas ações do setor privado. Deve promover adistribuição de benefícios, incentivando a inicia-tiva privada a fazer a sua parte”, explica.

A agricultura irrigada vem sendo incluída emtodos os programas de redução da pobreza. Issoacontece, porque 40% dos alimentos produzidosno mundo provêm de áreas irrigadas, que repre-sentam 17% das terras cultivadas no planeta. A

expectativa é de que, nos próximos anos, o volu-me de alimentos provenientes de plantios irriga-dos chegue a 60%, com uma pequena expansãodas áreas irrigadas, em função do uso da tecno-logia. Segundo Humberto Castilla, as grandestransformações vão ocorrer nos países em desen-volvimento, principalmente junto aos pequenosprodutores. “Os pequenos agricultores não sãosimplesmente pessoas que precisam de ajuda.Deles depende a segurança alimentar futura”,prevê Castilla.

A situação da agricultura irrigada brasileiranão é considerada boa pelo consultor do Ministé-rio da Integração Nacional. O Brasil possui,aproximadamente, 3 milhões de hectares de áreairrigada, dos quais 6% foram implantados peloPoder Público. Humberto Castilla considera queo país possui uma das relações mais baixas entrea área agrícola e a área irrigada, no mundo. Poresse motivo, o Ministério da Integração Nacionalestá envidando esforços para a implantação deuma nova política, que estabeleça, em primeirolugar, o foco na cadeia produtiva. Este Ministériotem como meta corrigir o passado para ajustar ofuturo, que deverá ser projetado segundo as ne-cessidades. Outro aspecto positivo da nova polí-tica é o estímulo às ações regionais de desenvol-vimento. Para alcançar os objetivos, o Ministérioconta com nove programas, incluindo o Progra-ma de Fruticultura Irrigada, o Programa de Ca-pacitação de Produtores, o Programa de Irriga-ção e Drenagem, o Pró-água, dentre outros. To-dos com avaliação sistemática de resultados, queobjetivam corrigir as ações em tempo hábil.

Experiência do CearáO secretário de Agricultura Irrigada do Cea-

rá, Carlos Matos Lima, fez uma reflexão sobre osprimeiros assentamentos de pessoas em períme-tros irrigados no Nordeste. “Houve um esforçoenorme do governo, mas podemos constatar queé preciso fazer alterações”, informa. O secretáriodefende que a agricultura irrigada é uma “indús-tria viva” e que, por si, não distribui renda. “Nopassado, a atividade era implantada para mantera sobrevivência do agricultor. Mas o que conside-ro importante é que ele tenha uma vida digna.Para isso, quer seja colono, quer seja empresário,o pensamento de gerar lucro tem de ser o mes-mo”.

A política da Secretaria de Agricultura Irriga-da (Seagri) do Ceará é estimular a difusão detecnologias, para que o pequeno, o médio e ogrande produtor possam ter maior produtivida-de sobre seu esforço, seu trabalho e seu investi-mento. A idéia do governo do Ceará é apoiar ospequenos produtores dando-lhes condições de

Agriculturairrigada como

instrumento decombate à

pobreza

O

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 49

inserção no mercado. “Desta forma, nós estamoscombatendo a pobreza, porque haverá uma maioreficiência na distribuição da riqueza gerada. Agrande equação é gerar crescimento econômicocom distribuição de renda, e, apoiar o pequenoprodutor, é a forma mais concreta para propiciarisso”, completa Carlos Matos.

Atualmente, o Ceará tem 62 mil hectares deárea irrigada, com um potencial para chegar a170 mil hectares, dentro do Programa de Agri-cultura Irrigada. Este potencial do Estado podeser comparado ao do Chile, que possui 180 milhectares irrigados, e ao de Israel, com 200 milhectares irrigados. Mas o secretário Carlos Ma-tos rejeita que o avanço seja calculado apenascom base no crescimento da área física. Ele disseque hoje a área física irrigada não é o maisrelevante e, sim, o quanto ela gera de renda. “Euposso, perfeitamente, ter mil hectares de rosas,gerando mais renda do que 20 mil hectares deuma cultura sem valor agregado. O grande pro-blema é como agregar valor à água que estádisponível”, define o secretário.

Dentro dessa visão, a Seagri utilizou duasestratégias, ou seja, dos 184 municípios do Esta-do, 64 foram selecionados com base no potencialde desenvolvimento e na coincidência de fatorespropícios para irrigação, como solo e água dequalidade. A segunda estratégia foi dar um trata-mento regional às iniciativas, visando levar emconta aspectos específicos. Os 64 municípiosequivalem a 35% do território cearense e abri-gam 60% da população do Estado.

A organização dos produtores em grupos éum dos critérios fundamentais para o apoio daSeagri que mantém 40 projetos em desenvolvi-mento, neste ano, e deve chegar a 60, em 2002.Organizados, os produtores têm acesso a váriosbenefícios que elevam o patamar tecnológico e acompetitividade do agronegócio. Juntos, elespodem arcar com os custos de consultores etécnicos que antes não tinham condições de pa-gar. “A questão não é, se banana é viável ou não.Depende do pacote tecnológico”, define CarlosMatos. O professor da Universidade Federal doCeará, Francisco de Souza, disse que o agricultorestá receptivo para a capacitação. Ele quer apren-der o que é novo”.

No Programa Caminhos de Israel, por exem-plo, o Ceará apóia produtores com até dez hecta-res. O governo do Estado entra com 25% deinvestimento em infra-estrutura (porto, estrada,energia etc.) e com o fundo de aval, que permiteo crédito aos produtores que utilizem modernosmétodos de irrigação. Antes, isso não era possí-vel, porque eles não tinham garantias reais paraoferecer ao banco. Assim, não recebiam o créditoe nem desenvolviam o seu negócio. Com o fundo

de aval, o governo do Estado dá a garantia neces-sária ao produtor, para que o crédito seja libera-do e o grupo de produtores organizados possadesenvolver o seu negócio. A participação daSeagri inclui o apoio à promoção comercial, comorientações e indicações de mercado.

Na conferência, o secretário Carlos Matosdisse que o Ceará vem conseguindo descobriralternativas para combater a pobreza, gerandoprosperidade. “A produção de rosas é apenas ocomeço. Mas nós pretendemos desenvolver ahorticultura, já existem empresários interessa-dos. O Estado tem condições de ser um grandefornecedor para o Nordeste, o Brasil e o mundo”,finalizou. �

ENDEREÇOS ELETRÔNICOS PARA CONTATO:

Carlos Matos Lima – [email protected] de Souza – [email protected]

EEEEE fffffe i te i te i te i te i tos da agros da agros da agros da agros da agriculturiculturiculturiculturicultura irra irra irra irra irrigadaigadaigadaigadaigada• emprego de mão-de-obra altamente qualificada nas fases de planejamento;• emprego de mão-de-obra qualificada e não qualificada durante a construção;• qualificação e emprego de mão-de-obra para operação;• incremento substancial da produtividade (até 400%);• menor custo por unidade produzida;• maior produtividade da terra;• aumento do nível de emprego permanente e maior estabilidade dos

empregos temporários;• transmissão de efeitos em toda a cadeia agroprodutiva e em outros

setores da economia.

Fonte: Ministério da Integração Nacional

A agrA agrA agrA agrA agriculturiculturiculturiculturicultura irra irra irra irra irrigada no passadoigada no passadoigada no passadoigada no passadoigada no passado

• projetos “eternos”, em função da engenharia e dairregular alocação de recursos;

• engenheiros foram colocados na posição de dirigira fase de operação e produção, na maioria dasvezes, sem preparo e com excessivo poder;

• população local deslocada, em muitos casos,sem a devida compensação em tempo adequado.Parte voltando à área como “irrigantes”, sem adevida preparação;

• assistência técnica precária e mal dirigida;• irrigantes não conseguiam organizar-se para a pro-

dução e o mercado, nem adquiriamvínculos sociais;• pesquisa e extensão não acompanharam

adequadamente;• baixas produtividades com desestímulo dos

produtores;• incapacidade de coletar as taxas: paternalismo e

incapacidade institucional para reverter a situação.

Francisco de SouzaFrancisco de SouzaFrancisco de SouzaFrancisco de SouzaFrancisco de Souza

Carlos Matos LimaCarlos Matos LimaCarlos Matos LimaCarlos Matos LimaCarlos Matos Lima

-A pecuciria do futuro com

a ajuda da iri'iga~io

A pastagem irrigada e uma atividade que teve inlcio por

volta de 1991 e consolidou-se a partir de 1997. Ap6s

alguns anos morando no estado de Goias, e assistindo o sofrimento de pecuaristas com o efeito sanfona de seu

rebanho, surgiu o anseio de desenvolver tecnicas para

irrigar estas pastagens e, consequentemente, diminuir

a pressao da abertura de novas areas de produ~ao.

Mediante todos os fatores que implicam neste sistema

de produ~ao serao mencionados os principais t6picos observados e desenvolvidos ao Iongo desses anos.

Figura 1- Area de pastagem irrigada com tn!s lotes, 1.180 Uasem area de 135ha

0 processo de irriga<;:iio para pastagens esta apoiado em alguns t6picos que niio podem ser esquecidos, no momento da implanta<;:iio de urn projeto. 0 primeiro deles e atender as exigencias do capim para atingir a maxima produ<;:iio de materia seca, que sera o alimento para o gado. Para pleno desenvolvimento do capim devem-se fornecer agua, luminosidade, temperatura (ca­lor) e nutri<;:iio da planta.

0 fator agua pode ser controlado, conforme a carencia da planta, por isso requer tecnicas de manejo para economia de energia e preserva<;:iio do meio ambiente.

LEONARDO UBIALI JACINTO

ENGENHEIRO AGRICOLA PELA UNICAMP/SP - PIVOT EQUIPAMENTOS AGRICOLAS

E I RRIGA~AO LTDA- E-MAIL: [email protected]

0 fator luminosidade para 0 capim e muito importante, pois atinge seu metabolismo, dimi­nuindo seu desenvolvimento no inverno (dias curtos). Em algumas regi6es, por niio ter dia nublado, a luminosidade acaba sendo maior do que em alguns dias chuvosos do veriio. Em con­junto com a luminosidade, a temperatura e outro fator realmente limitante, pois percebe-se que nos dias frios (abaixo de l5°C), o capim tern uma redu<;:iio significativa de produ<;:iio de materia seca. Esta redu<;:iio varia de 20% a 60%, conforrne a intensidade de dias frios.

0 ultimo fator a ser observado e a nutri<;:iio da plantae atraves desta procura-se suprir as neces­sidades do capim. Ressalta-se que ainda ha muito o que estudar sobre o potencial das variedades de capim, quando as tratamos como uma cultura, atendendo todas as suas necessidades de nutrien­tes e de agua.

Figura 2 - A faixa escura mostra uma pastagem com uma dosagem de adubo superior ao resto da area, apresentando urn desenvolvimento bern melhor

Ap6s a observa<;:iio de todos os fatores mencio­nados faz-se a escolha do local de implanta<;:iio do projeto. A prindpio podemos usar qualquer tipo de relevo, precisando somente adequar o melhor tipo de sistema de irriga<;:iio a topografia do terreno.

0 solo deve ser de facil drenagem, pois, alem da dificuldade de adequa<;:iio da variedade de capim, tem-se o problema de pisoteio pelos ani­mais, que, em fun<;:iio da alta densidade, causam urn enorme dano a pastagem.

50 ITEM · N° 51 • 3° trimestre 2001

INFORME T~CNICO PUBLICITARIO

0 local do projeto deve ter agua em abundan­cia para atender as suas necessidades, ou sera preciso estocar o volume necessaria para funcio­namento durante o periodo de estiagem. Ressal­ta-se que ha uma varia<;:ao muito grande de vazao dos mananciais de urn ano para outro, com isso e recomendado, em alguns casos, estocar pelo menos uma parte, com aguas oriundas de chuva.

figura3- Duas barragens para estoou agua. A primeira irriga 53ha e a segunda irriga 104ba. 0 ccirrego, antes das barragens, secava a partir de maio, com o final das chuvas

A pastagem irrigada conta hoje com duas variedades, o capim-momba<;:a ou o tanzania, para as regi6es de inverno ameno. Para as re­gi6es de inverno rigoroso, tern sido utilizado o capim-tifton o ano todo.

Uma outra pratica bastante utilizada eo plan­tio direto de aveia em cima do capim-momba<;:a e tanzania, para o pastejo no periodo frio. No final do ciclo da aveia, o capim-momba<;:a ou tanzania volta a dominar a area.

Para o pleno desenvolvimento da pastagem, o solo devera ser bern preparado e corrigido. Em caso de reforma de pasto com troca de variedade de capim, convem gradear duas ou tres vezes a area, com intervalos de tempo suficientes para a germina<;:ao das sementes remanescentes na area. Neste processo ocorre a total elimina<;:ao do ban­co de sementes de alto vigor da cultura anterior, diminuindo a competi<;:ao com as novas semen­tes.

Na forma ou reforma de pastagem, a semente devera ser de excelente procedencia para garan­tir alto vigor e germina<;:ao mais rapida em rela­<;:ao as outras plantas competidoras.

A corre<;:ao do solo devera ser feita em duas profundidades, sendo a primeira com grade ara­dora e a segunda com grade niveladora. A incor­pora<;:ao devera ser cruzada em rela<;:ao a distri­bui<;:ao, isto resultara na melhor homogeneidade de distribui<;:ao dos fertilizantes: f6sforo, calcio, magnesio e enxofre. 0 nitrogenio e o potassio deverao ser usados no plantio.

A semeadura da semente podera ser feita a lan<;:o ou com plantadoras. E muito importante fazer uma leve compacta<;:ao sobre ela, afundan­do-a, o que favorece sua germina<;:ao. Como a area de pastagem e nobre, aconselha-se a distri­bui<;:ao da semente em duas etapas, metade em urn sentido de plantio e a outra metade em outro sentido, garantindo melhor uniformidade de sua distribui<;:ao na area. Ap6s a semeadura da se­mente, a irriga<;:ao bem-feita e imprescindivel para o desenvolvimento da cultura.

Figura4- Problema na distribui~o da semente e do adubo

figura5- Boa forma~o da pastagem

Ap6s o plantio da cultura, o passo seguinte e a divisao do numero de piquetes. A determina<;:ao do numero deles varia com a escolha do capim, sendo igual ao numero de dias do ciclo ideal de cada variedade. Exemplos: Momba<;:a e Tanzania - de 20 a 40 dias Tifton - de 22 a 26 dias

3° trimestre 2001 • N° 51 · ITEM 51

..

- , .PiY.g_l

Figuras 6 e 7 - Divisao de piquetes

No caso do capim-momba~a e tanzania, a grande varia~ao e em fun~ao da luminosidade e temperatura, pois no periodo de setembro a abril tem-se urn ciclo ideal de 20 a 24 dias e no periodo de inverno este ciclo ideal varia de 35 a 40 dias.

Em fun~ao dessa varia~ao no ciclo, aconse­lha-se de 20 a 24 piquetes, deixando os am­maisl,S a 2 dias no periodo de inverno.

Figuras 8 e 9- Divisiio de piquetes com colchetes para passagem das rodas

52 ITEI!\ • N° 51 • 3° trimestre 2001

0 tipo de cerca fica a criteria do proprietario, podendo ser fixa em forma radial; fixa com divi­s6es em forma oitavada; eletrica com colchetes para passagem de cada roda; eletrica com poste tipo "Joao Bobo"; eletrica que solta no chao os arames dos piquetes que nao estao sendo utiliza­dos. 0 tipo de cerca mais recomendado e utiliza­do hoje e a cerca eletrica, que solta os fios no chao, ap6s a saida dos animais, por causa dos custos e da facilidade do seu manejo.

Figuras 10 e 11 - Divisao de piquetes com cerca eh!trica que solta o arame no chao

No processo de pastagem irrigada e muito importante a area de lazer, onde o rebanho rece­bera agua e suplementa~ao mineral.

A quantidade e o tamanho de bebedouros sao definidas a partir do estoque necessaria de agua para fornecimento ao gado, partindo-se do pressu­posto de estocar agua pelo menos dois dias. Isto clara maior seguran~a, caso haja alguma falta de energia. 0 numero de bebedouros varia, tambem, conforme o manejo projetado. Se for com dois lotes, o ideal sao dois ou quatro bebedouros. Para tres lotes de rebanho, 0 ideal sao tres bebedouros.

0 abastecimento dos reservat6rios e feito com uma deriva~ao da agua da adutora. Neste caso, e projetada uma motobomba pequena que injeta agua na adutora para abastecer OS bebedouros. Evita-se, assim, que no periodo das chuvas, haja necessidade de ligar a motobomba principal, s6 para jogar uma pequena quantidade de agua nos reservat6rios.

INFORME T~CNICO PUBLICIT RIO

Ja os cochos de sal mineral sao definidos a partir do tamanho e tipo de cada urn. 0 ideal e que eles sejam cobertos, para evitar que o sal se molhe no periodo chuvoso.

A cerca externa devera ser feita com, pelo menos, lOrn a mais do raio irrigado, para se ter uma area em cada piquete sem capim onde os animais podem-se deitar com menos esterco do que na area de lazer do centro. No final da cerca, sera feito urn colchete, por onde se transferem os animais de urn piquete para o outro.

Figuras 14 e 15 - Area de lazer no centro do pivo, com dois e tres bebedouros

Manejo do rebanho para corte A divisfw do rebanho podera ser de urn , dois

ou tres lotes, a escolha dependera do tipo de animal e/ou objetivo da propriedade.

Exemplos: 1. Podem ser colocados no primeiro lote, ani­

mais para termina<;:ao (de 380kg acima); no segundo, animais de 300 a 380kg e, no tercei­ro, animais de 240 a 300kg. Dessa forma, a medida que os animais mais erados chegam no peso de abate, serao retirados e transferi­dos, em equivalente peso vivo, animais do segundo lote e o mesmo ocorrera com ani­mais do terceiro lote.

2. Colocam-se apenas dois lotes, sendo animais acima de 400kg, no primeiro lote, e de 350 a 400kg, no segundo lote.

3. Ha produtor fazendo como no exemplo 2, porem com tres lotes, colocando vacas no

terceiro lote. 4. Alguns clientes que ja tinham estrutura de

confinamento, colocam apenas desmama para tirar os animais do piv6 com 380 a 400kg para termina-los no confinamento.

5. Ha produtores colocando s6 vaca parida, para desmamar os bezerros mais cedo ( 6 a 7 me­ses) com peso de 220 a 230kg, e as vacas, por nao perderem peso, enxertam, com apenas poucos dias ap6s a pari<;:ao.

Manejo do rebanho para Ieite Serao colocados animais em lacta<;:ao comen­

do apenas ponta de capim. Se for necessario repasse, faremos o mesmo com os animais soltei­ros ou com o animal para corte, garantindo, assim, uma excelente qualidade do alimento para as vacas em lacta<;:ao. A lota<;:ao dos animais em lacta<;:ao, por hectare, devera variar de 3 a 7 Uas.

Para a qualidade do capim ser sempre a melhor antes de cada ordenha, podem-se subdi­vidir os piquetes, com apenas urn fio de arame, em duas partes, permitindo, assim, que os ani­mais comam ponta de capim pela manha, na primeira parte do piquete, e tambem a tarde, na segunda parte do piquete.

Alem do baixo custo de produ<;:ao do leite a pasto, deve-se tambem mencionar a qualidade deste leite, pois o animal nao come ra<;:ao, nao ingerindo, assim, os hormonios nela contidos, o nivel de doen<;:as do animal a pasto e menor que o do estabulado, recebendo uma quantidade de remedios bern menor.

lnforma~oes sobre o manejo 0 ganho de peso de cada lote varia conforme

a lota<;:ao, o peso vivo dos animais, a genetica etc. Os ganhos vao de 600g ate 1.300g por dia, para o primeiro lote, de 300 a 800g para o lote 2, e, no lote 3, ganha de 100 a 400g.

E necessario fazer a reposi<;:ao dos nutrientes que se retira, podendo ser mensalmente com nitrogenio e potassio via piv6. A reposi<;:ao de f6sforo, calcario e micronutrientes podera ser feita uma ou duas vezes ao ano, distribuindo via piv6 ou a lan<;:o.

A lota<;:ao varia em fun<;:ao da disponibilidade de materia seca, que, por sua vez, depende da fertilidade, disponibilidade de agua e luminosi­dade, variando de 3Uas no periodo e regi6es menos favoravel, indo ate 11 Uas no periodo e regi6es mais favoraveis.

A aplica<;:ao de lamina media de agua para o capim, no periodo seco, varia de 4 a 6,0 mm/dia.

3° trimestre 2001 • N° 51 • ITEM 53

..

-Planilha de viabilidade

A e econom1ca para gado de corte

AREA DO PROJETO 100ha RAIO IRRIGADO 564, 19m

NUMERO DE LANCES (TORRES) 11 lances VALOR DO EQUIPAMENTO R$ 249.000,00

NUMERO DE CABE<;:AS POR ha 11 cabe~as PESO DE ENTRADA DOS ANIMAlS 11 arrobas GANHO DE PESO/ CABE<;:A/ MES 0,8 arroba

VALOR DA ARROBA R$ 43,00 NUMERO DE MESES PARA ABATE 6 VALOR DE COMPRA DO ANIMAL R$ 470,00

I. INVESTIMENTOS

A. FORMA~AO DE PASTAGEM

CALCARIO 4 t/ha SUPER SIMPLES 1.000 kg/ha

SEMENTE SELECIONADA 20 kg/ha ARA<;:AO 2 h/ha

GRADE NIVELADORA 1 h/ha PLANTIO 1 h/ha

CALCARIO R$ 35,00/t SUPER SIMPLES R$ 345,00/t

SEMENTE SELECIONADA R$ 4,00/kg HORA TRATOR MEDIO R$ 25,00/h

OBS: a aduba~ao ira variar com a analise de solo

CALCULOS APLICA<;:AO DE CALCARIO R$ 14.000,00

ADUBA<;:AO C/ SUPER SIMPLES R$ 34.500,00 DESPESA COM SEMENTE R$ 8.000,00

DESPESA C/ PREPARO E PLANTIO R$ 10.000,00 TOTAL R$ 66.500,00

B. VALOR DA TERRA (area total utilizada em ha = 1 DOha)

AREA TOTAL 100,00 ha VALOR DO HEGARE R$ 1.200,00/ha

VALOR TOTAL DA TERRA R$ 120.000,00

C. CUSTO DAS CERCAS

NUMERO DE PIQUETES 20 VALOR DE 1.000m DE ARAME R$ 90,00

VALOR DO POSTE DE CERCA R$ 6,00 COMPRIMENTO DE CERCAS 14.773,83 m

NUMERO DE POSTES DE CERCA 590,96 m

CALCULOS CUSTO DE ARAME R$ 2.659,29

CUSTO DE POSTE DE CERCA R$ 3.545,72 CUSTO DE 1 ELETRIFICADOR R$ 1.100,00

MAO-DE-OBRA R$ 2.200,00 TOTAL R$9.505,01

54 ITEM • N° 51 • 3° trimestre 2001

D. MONTAGEM DO PIVO CENTRAL

ABERTURA DE VALETA R$ 1.726,42 CONSTRU<;:AO DE CASA DE BOMBA R$ 5.500,00

CONSTRU<;:AO DE BASE DO PIVO R$ 1.900,00

TOTAL R$ 9.126,42

FORMAc;:Ao DE PASTAGEM R$ 66.500,00 CERCAS R$ 9.505,01

MONTAGEM DO PIVO R$ 9.126,42 VALOR DA TERRA R$ 120.000,00

TOTAL R$ 454.131,43

II. CUSTO OPERACIONAL

A. COMPRA DOS ANIMAlS

NUMERO DE CABE<;:AS/ha 11 CABE<;:AS NUMERO DE CABE<;:AS

NO PROJETO 1.100 CUSTO DO ANIMAL R$ 470,00

VALOR TOTAL DA COMPRA DOS ANIMAlS R$ 517.000,00

OBS: A lota~ao aumentara com o passar do tempo em fun~ao de urn solo mais corrigido e com a experiencia de manejo

B. DESPESAS COM 0 REBANHO

CONSUMO DE MINERAL 0,06 kg/dia CUSTO DO SACO DE SAL MINERAL R$ 0,70 kg

2 x AFTOSA + 3 x DEGOMAX + 1 x SINTOXAN + 4 x BUTOX R$9,50cab/ano

CALCULOS DESPESAS COM SAL MINERAL R$ 8.454,60

DESPESAS DIVERSAS PELO PERfODO R$ 5.225,00

TOTAL R$ 13.679,60

C. CUSTO OPERACIONAL DO PIVO

POTtNCIA CONSUMIDA NO EIXO DA BOMBA 146,02 CV

CONSUMO DE DIESEL POR HORA 27,11 LITROS CUSTO DO DIESEL R$ 0,88/LITRO

NUMERO DE HORAS DE FUNCIONAMENTO/ANO 2.200 media

NUMERO DE MESES/IRRIGA<;:AO 6 M CUSTO DO CONSUMO DE

DIESEL PELO PERiODO R$ 26.242,48

CALCULOS TOTAL R$ 26.242,48

D. CUSTO DE MANUTEN~AO DO PIVO (pelo perfodo)

TROCA DE OLEO DOS REDUTORES E MOTOREDUTORES R$ 3.630,00

DESPESAS COM MATERIAlS ELETRICOS R$ 650,00

DESPESA DE MAO-DE-OBRA R$ 400,00 MANUTEN<;:AO NA BOMBA

A CADA DOIS ANOS R$ 485,00

TROCA DE KIT DE ASPERSAO A CADA CINCO ANOS R$ 812,44

PE<;:AS DIVERSAS R$ 145,00 TOTAL R$ 6.122,44

TOTAL PELO PERfODO R$ 3.061 ,22

E. CUSTO DE ADUBA~AO E MAO-DE-OBRA

NUMERO DE VAQUEIROS PARA FUNCIONAMENTO DO PROJETO 1

SALARIO DO VAQUEIRO R$ 650,00 UREIA 60 kg/ha

CUSTO DA UREIA R$ 520,00/t CLORETO DE POTASSIO 30

CUSTO DO CLORETO DE POTASSIO R$ 550,00 MAP 25 kg/ha

CUSTO DO MAP R$ 510,00/t CALCARIO (via piv6) CADA 30 DIAS 100 kg/ha

VALOR DA TONELADA DO CALCARIO FEELER R$ 45,00/t

OBS: A aduba~ao ira variar com a analise do solo.

SALARIOS PELO PERfODO R$ 3.900,00 APLICA<;:Ao DE ADUBO VIA PIVO R$ 38.970,00

TOTAL R$ 42.870,00

F. REMUNERA~AO DO CAPITAL INVESTID.,O

VALOR DO CUSTO OPERACIONAL MEDIA DO PERfODO R$ 44.457,26

VALOR INICIAL DO REBANHO R$ 517.000,00 VALOR TOTAL DO INVESTIMENTO R$ 454.131,43

JUROS EQUIVALENTES 12% CUSTO FINANCEIRO NO PERfODO R$ 60.935,33

G. DEPRECIA~AO

VALOR DO BEMA SER DEPRECIADO R$ 249.000,00 PERCENTUAL DE

DEPRECIA<;:AO POR ANO 5,0% (20 anos) CUSTO DE DEPRECIA<;:AO

NO PERfODO R$ 6.225,00

H. RESUMO COMPRA DO REBANHO R$ 5'17.000,00

DESPESAS COM 0 REBANHO R$ 13.679,60 CUSTO OPERACIONAL DO PIVO R$ 26.242,48 CUSTO MANUTENc;:Ao DO PIVO R$ 3.061,22

CUSTO DE ADUBAc;:Ao E MAO-DE-OBRA R$ 42.870,00

REMUNERAc;:Ao CAP. INVESTIDO R$ 60.935,33 TOTAL PELO PERIODO R$ 663.788,63

Ill. RECEITA DO PROJETO NO PERIODO DE 6 MESES

QUANTIDADE DE CABE<;:AS NO PROJETO 1.100

PESO MEDIO VENDA ANIMAlS 15,8 VALOR DA ARROBA R$ 43,00

RECEITA TOTAL R$ 747.340,00 LUCRO LfQUIDO DO

PROJETO DO PERfODO R$ 155.160,54

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 55

odos os dias, cerca de um bilhão de litrosde dejetos são lançados no rio Paraíbado Sul, principal abastecedor do estado

do Rio de Janeiro. É muito lixo que ajuda adegradar a principal fonte de água de 15 mi-lhões de cariocas. Estimativas apontam a ne-cessidade de 620 milhões de reais para despoluirsó o trecho paulista, num trabalho que levariadez anos. Mas, e se toda essa água de baixaqualidade, antes de ser despejada no rio, fossereciclada e pudesse ser reutilizada de algumamaneira? Esta idéia está longe de ser umafantasia. “A população do mundo está crescen-do e os recursos hídricos talvez não sejamsuficientes para atender à demanda num futurobreve, de modo que a gente tem de explorar aspossibilidades de utilização de águas que hojesão consideradas de baixa qualidade, tanto paraa agricultura, como para outros fins”, explica oprofessor titular de Agronomia da Universida-de Federal da Paraíba, Hans Raj Gheyi.

Segundo este professor, o país já utilizaáguas residuárias na agricultura, porém demaneira clandestina e sem o tratamento ade-quado. “Fizemos levantamentos em CampinaGrande (PB), com a alface, e constatamos quea cultura estava contaminada com coliformes”,diz. Mas, desde que bem tratada, a água dosesgotos pode ter várias utilidades. Além deevitar a poluição de rios e de servir para airrigação agrícola, pode ser utilizada para con-sumo industrial e até mesmo residencial (vejaquadro). No Brasil, algumas grandes empresasjá estão investindo na reciclagem. Aengarrafadora da Coca-Cola, Panamco, utilizaágua disponível da rede pública de Jundiaí, nointerior de São Paulo, no processo de industri-alização do refrigerante. Em torno de um terçoda água seria desperdiçado, naturalmente, masestá sendo reciclado e usado na limpeza, jardi-nagem e para lavar cascos de garrafas. A fábri-ca da Kaiser, em Fortaleza, faz girar em circui-to fechado os 400 mil litros de água captadospor hora, gastando praticamente só o que éincorporado à cerveja, reciclando o resto.

A agroindústria é outro exemplo, em que jáhá o despertar para as potencialidades da água

residuária. “Na Bacia de Campos, no interiorde São Paulo, além de parte do Paraná, MatoGrosso e nos estados de Sergipe, até o RioGrande do Norte, na faixa costeira, os grandesprodutores da agroindústria açucareira já usammuito bem essa tecnologia”, exemplifica MárioMonteiro Rolim, do Departamento de Tecnolo-gia Rural da Universidade Federal Rural dePernambuco. Além da vinhaça - resíduo prove-niente do tratamento da cana e que pode perfei-tamente ser reciclado -, Rolim cita a água resul-tante do trabalho industrial na avicultura,suinocultura e bovinocultura como extrema-mente potenciais. “Para cada quilo de ave, dei-xam de ser aproveitados 18 litros de água, ecada boi de 600kg gera no matadouro 1,5m3 deágua”. Isso sem contar com a indústria decelulose, de alimentos e as cervejarias. Sãotodas fontes que poderiam atender à enormedemanda da irrigação, pois são ricas em nutri-entes e contribuem inclusive na economia defertilizantes e adubo.

O professor titular do Departamento de En-genharia Agrícola da Universidade Federal deViçosa, Antônio Alves Soares, salientou que ouso de água residuárias para irrigação seria degrande importância em termos de planejamen-to para proteção do meio ambiente. Por outrolado, parte da água de boa qualidade utilizada,atualmente, na irrigação pode ser substituídapor água residuária de baixa qualidade, possi-bilitando maior preservação desse bem econô-mico, que está cada dia mais escasso. Enfatizouainda, que com uma contribuição per capta de180 litros de água por pessoa em um dia, umacomunidade de 10.000 habitantes produz1.800m3 de esgotos por dia, o que correspondea uma vazão média de 20L/s, suficiente parairrigar de 20ha a 30ha de culturas diversificadas,conforme condições climáticas, cultura, solo emétodo de irrigação utilizados. O que é degrande importância nos dias de hoje, com acrise de água.

Apesar do enorme potencial dos resíduosagroindustriais, é nos centros urbanos que seencontra a maior fonte de água de baixa quali-dade, inaproveitada. São bilhões de metros

Reciclagem da água,uma alternativa real

T

56 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

cúbicos desperdiçados por casas e indústrias,que poluem rios, mas que poderiam serreutilizados com retorno econômico. Para tor-nar isso possível, entretanto, o Brasil precisariafazer quase uma revolução. Apenas um, emcada dez domicílios brasileiros tem ligaçãocom rede de tratamento de esgoto. “Além defazer novas estações de tratamento, que sãopoucas, o governo teria de investir na criaçãode mecanismos de utilização desses afluentes”,afirma Rolim. De acordo com o Banco Nacio-nal de Desenvolvimento Econômico e Social(BNDES), seria necessária a soma expressivade 42 bilhões de reais para levar água e sanea-mento a toda a população brasileira no prazode dez anos.

Mas não são apenas os resíduos industriaise o esgoto doméstico que compõem as chama-das águas de baixa qualidade utilizáveis. Aságuas salinas, tanto a do mar, quanto a prove-niente da drenagem de projetos de irrigação,representam outro potencial bastante explora-do no Oriente Médio, mas ainda desconhecidono Brasil. “Enquanto no Brasil, uma água comteor superior a 1,5 deci Siemens/metro* de salé considerada salina e portanto imprópria paraa irrigação, em outros países, uma água comeste mesmo teor tem sido utilizada com suces-so”, explica o professor Gheyi. Segundo ele,apenas algumas universidades e centros depesquisa do Nordeste têm-se dedicado ao estu-do do tema. “Estudamos há algum tempo atolerância de fruteiras em relação ao teor desal, e foi uma surpresa constatar que o maracu-já pode tolerar salinidade de até 8 deci Siemenspor metro, para a formação de mudas. Já parao cultivo, águas de até 5 dS/m podem ser utili-zadas em solos de boa permeabilidade e preci-pitação de 800mm/ano”, diz.

Outras culturas, como o algodão, aspargose coco, também são tolerantes, segundo o pro-fessor. “Temos experiências em Natal com autilização de água de 15 deci Siemens de sal pormetro em plantações de coco, que foram preju-diciais ao formato do fruto, mas, por outrolado, a água ficou mais doce, mais saborosa ecom mais sais minerais”. Quando simplesmen-te despejadas nos rios, as águas salinas prove-nientes dos processos de drenagem ajudam acontaminar os mananciais. Se reutilizadas,apresentam uma vantagem dupla: além de evi-tar a poluição, aumentam a oferta de água paraa agricultura irrigada. �

EUEUEUEUEUA:A:A:A:A: p p p p população jáopulação jáopulação jáopulação jáopulação jáutiliza água rutiliza água rutiliza água rutiliza água rutiliza água recicladaecicladaecicladaecicladaeciclada

Você já imaginou se a água gasta nobanho e lavagem de pratos e roupas fossenovamente utilizada pela sua família emvez de ir para o esgoto? Pode parecer nojen-to, mas essa é uma realidade que está-setornando cada vez mais comum nos Esta-dos Unidos e na Europa. O professor deEngenharia Agrícola da Universidade deMichigan, Ted Loudon, é um estudioso doassunto, e apresentou um sistema de reci-clagem adotado em alguns lares norte-ame-ricanos. O mecanismo divide-se em duaspartes: uma para destinar a água limpa, dis-ponível pela rede pública, para as pias echuveiros, e outra para reaproveitar essamesma água, após o uso, através de umcircuito fechado, que bombearia o volumepara o vaso sanitário ou para a máquina delavar roupas, por exemplo, uma vez que areciclagem é imprópria para ingestão e ba-nho. Cerca de 75% de toda a água éreaproveitada. O custo de implantação dosistema fica entre 7 e 10 mil dólares e o demanutenção varia entre um mínimo de 10dólares e um máximo de 15 dólares men-sais. Bem mais barato, portanto, que o siste-ma de reciclagem convencional do governoamericano, entre 10 e 12 mil dólares para ainstalação, e de 30 dólares até 100 dólaresmensais, para operacionalização, sujeitosainda à variação na tarifa de energia elétrica.No entanto, o mecanismo está bem maispopularizado no Japão e no Canadá. “O go-verno não promove porque é uma coisadiferente, sem experiência a longo prazo,por isso eles estão cautelosos”, explicaLoudon. Outra barreira que começa a sertransposta é o preconceito da populaçãoem relação à água reciclada, o que pode serdeterminante na política de racionamentode água nos Estados Unidos. Em Nova Iorque,a prefeitura investiu, em 1997, 295 milhõesde dólares para trocar um terço das descar-gas de todos os banheiros da cidade, redu-zindo o volume gasto de 23 para 6 litros ederrubando o consumo residencial em 29%.(*) A salinidade da água é expressa em termos de condutivida

de elétrica (CE), cuja unidade é deci Simens por metro.Prof. Antônio A. SoaresProf. Antônio A. SoaresProf. Antônio A. SoaresProf. Antônio A. SoaresProf. Antônio A. Soares

Hans Raj GheyiHans Raj GheyiHans Raj GheyiHans Raj GheyiHans Raj Gheyi

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 57

A atual crise de água deverá ser encarada

como um alerta sobre o risco de ter um

colapso no seu fornecimento, devido ao

seu uso indiscriminado.

A irrigação, no Brasil, é responsável pelo

consumo de mais de 61% da água

disponível. Esta tem crescido

rapidamente e constitui, hoje, um

importante segmento da economia, que

movimenta por ano milhões de dólares

de investimentos públicos e privados.

No entanto, o crescimento não tem sido

planejado e a capacidade de suporte dos

mananciais não tem sido adequadamente

avaliada.

om o estímulo à agricultura irrigada, estáhavendo uma crescente competição pelouso da água, e a falta de conhecimento da

maioria dos assentados nos projetos de irrigaçãopúblicos e particulares, com relação aos métodosde manejo da irrigação, às necessidades hídricasdas culturas e à operação dos equipamentos, temlevado a uma aplicação, ora excessiva, ora defici-tária de água, promovendo a degradação am-biental e impondo sérios limites no rendimentodas culturas. Os usuários da água deverão serconscientizados de que a água de qualidade paraconsumo e irrigação é um recurso finito e que seuuso deverá ser feito de maneira racional, a fim deevitar desperdícios e contaminação de manan-ciais, já que prevalece ainda na cabeça da maio-ria a idéia de que quanto mais água for aplicadamelhor para a planta. Esta idéia deve-se ao fatode que a maioria dos produtores, principalmenteno Nordeste, antes praticava uma agriculturadependente de chuvas e a produção era exclusi-vamente para sua subsistência. Hoje, essas mes-mas pessoas são proprietárias de áreas irrigadas,onde são cultivadas culturas que têm um padrão

exigido pelos mercados interno e externo, e, paramanter este padrão e obter a máxima resposta dacultura com relação à produtividade e à conser-vação, é necessário um mínimo de conhecimentodo sistema água - solo - planta - atmosfera.

Para um manejo adequado, o produtor deveráter resposta para os seguintes questionamentos:

Quando irrigar ?A irrigação deverá ser realizada antes que a

deficiência de água no solo seja capaz de causardecréscimo nas atividades fisiológicas da plantae, conseqüentemente, afetar seu desenvolvimen-to e produtividade.

Os métodos mais utilizados para se definirquando irrigar são:

TURNO DE REGA CALCULADTURNO DE REGA CALCULADTURNO DE REGA CALCULADTURNO DE REGA CALCULADTURNO DE REGA CALCULADO – apesar de não sermuito preciso no controle da irrigação deverá serutilizado quando não se dispuser de dados ouequipamentos que permitam a utilização de ummétodo mais eficiente. O turno de rega possibili-ta o cálculo para dimensionamento de projetosde irrigação.

TTTTTARCÍZIOARCÍZIOARCÍZIOARCÍZIOARCÍZIO N N N N NASCIMENTOASCIMENTOASCIMENTOASCIMENTOASCIMENTO

PESQUISADOR DA EMBRAPA SEMI-ÁRIDO – TELS: (81) 3862-1711 E 3862-1744 – E-MAIL: [email protected]

Água: manejar é preciso

Produção deProdução deProdução deProdução deProdução demudas demudas demudas demudas demudas decoco-anão emcoco-anão emcoco-anão emcoco-anão emcoco-anão emGorutuba,Gorutuba,Gorutuba,Gorutuba,Gorutuba,norte de Minasnorte de Minasnorte de Minasnorte de Minasnorte de Minas

C

58 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

BALANÇO DE ÁGUA NO SOLOBALANÇO DE ÁGUA NO SOLOBALANÇO DE ÁGUA NO SOLOBALANÇO DE ÁGUA NO SOLOBALANÇO DE ÁGUA NO SOLO – consiste na reali-zação de um controle sistemático da precipita-ção, evapotranspiração, lâmina de irrigação, per-das por percolação profunda e escoamento su-perficial. Na prática, dependendo de como seusparâmetros são avaliados, este método tem sofri-do muitas variações e simplificações. Uma dessasvariações consiste em avaliar, diariamente, alâmina d’água disponível, por meio da evapo-transpiração estimada e da precipitação local.Quando a disponibilidade de água no solo estiverreduzida a um valor mínimo que não prejudiqueo desenvolvimento da cultura, deverá ser realiza-da a irrigação.

TENSÃO DE ÁGUA NO SOLOTENSÃO DE ÁGUA NO SOLOTENSÃO DE ÁGUA NO SOLOTENSÃO DE ÁGUA NO SOLOTENSÃO DE ÁGUA NO SOLO – é um método rela-tivamente simples, onde a irrigação é efetuada atodo momento em que a tensão atingir um valormáximo que não prejudique o desempenho dacultura. As tensões de água no solo aceitáveispara o manejo das irrigações dependem do tipode solo. Para os arenosos, as tensões podemvariar entre 15 e 25 kPa e, para os argilosos,essas tensões podem alcançar de 40 a 60 kPa. Asleituras desses tensiômetros servem para ajus-tar a lâmina ou o volume de água aplicados aolongo de uma semana, sendo necessário o moni-toramento contínuo da tensão no solo, que podeser feito com auxílio de tensiômetros commanômetro metálico ou de mercúrio. Este mé-todo torna-se ineficiente para tensão no solosuperior a 70 kPa.

Quanto irrigar ?O quanto irrigar será definido com base na

capacidade de armazenamento do solo e na taxaevapotranspiratória da cultura, que pode serestimada com base na evaporação medida notanque Classe “A” , que é o método-padrão e omais simples para ser utilizado pelo produtor,ou mediante a utilização de equações empíricas,tais como Hargreaves, Benevide & Lopez, Penman& Monteith.

Como irrigar ?O manejo da água aplicada no solo deverá

obedecer as exigências hídricas ao longo do ciclovegetativo da cultura. Em alguns casos é necessá-ria a suspensão das irrigações por um determina-do período, com a finalidade de provocar umestresse hídrico, controlado, na cultura, objeti-vando escalonar a produção e também melhorara qualidade e a conservação pós-colheita dosfrutos. O método de irrigação a ser utilizadodeverá ser aquele capaz de atender às necessida-des hídricas da cultura, em função do tipo desolo, da topografia e dos recursos hídricos. Nasáreas implantadas com fruteira, os produtores jáestão optando pela instalação de sistemas deirrigação localizada em virtude das vantagensque este método oferece, tais como: economia eeficiência de aplicação de água , maior produçãoe melhor qualidade do produto, facilidade e efi-ciência na aplicação de fertilizantes, reduzidamão-de-obra e baixo consumo de energia e adap-tação a diferentes tipos de solos e topografia.

A Embrapa Semi-Árido vem desenvolvendotrabalhos de pesquisas em irrigação, visando àotimização do manejo de água em fruteiras noSubmédio São Francisco, com os objetivos dedefinir parâmetros técnicos para o manejo desistemas de irrigação por gotejamento subsuper-ficial, em solos predominantes na região; ajustaro manejo de água na fase de poda, floração ematuração, em culturas sob irrigação por goteja-mento e microaspersão e determinar a freqüên-cia e a intermitência do tempo de irrigação, porgotejamento e microaspersão em Latossolo eVertissolo, na cultura da videira.

Trabalhos de pesquisas que visam o aumentoda eficiência do uso de água deverão ser incenti-vados, e os resultados divulgados através depublicações científicas, meios eletrônicos, con-gressos etc. �

Produção deProdução deProdução deProdução deProdução debananas com abananas com abananas com abananas com abananas com a

utilização dautilização dautilização dautilização dautilização dairrigaçãoirrigaçãoirrigaçãoirrigaçãoirrigação

Produção de coco-anão irrigado no norte de MinasProdução de coco-anão irrigado no norte de MinasProdução de coco-anão irrigado no norte de MinasProdução de coco-anão irrigado no norte de MinasProdução de coco-anão irrigado no norte de Minas

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ntra ano, sai ano, e boa parte do cenárionordestino continua do mesmo jeito: seco emiserável. Apesar de ser uma velha conhe-

cida dos brasileiros – desde os tempos do Impé-rio, D. Pedro II já prometia doar até a última jóiade sua coroa para que nenhum cearense morres-se de fome –, a seca continua a flagelar boa parteda população residente no Nordeste. Mais dametade dos 1.785 municípios da região sofre como problema. “Combate à seca é um termo que nãose deve utilizar, deve-se conviver com ela porqueé um fenômeno normal do Nordeste”, afirma opalestrante Paulo Roberto Coelho Lopes, chefe-geral da Embrapa Semi-Árido.

O semi-árido é o mais afetado pela estiagem.De acordo com Lopes, 66% da área dessa faixaclimática está ambientalmente degradada. O quecorresponde a 12% de toda a região nordestina.Os estados da Paraíba e do Ceará são os maisproblemáticos, com mais da metade de seusterritórios comprometidos. Algumas estratégiasforam apresentadas pelo palestrante para possi-bilitar a convivência com a seca. A primeira é apreservação e recuperação de recursos naturais.“Para você conviver com a seca, tem de conheceros recursos naturais, tem de saber conviver semdegradar”, diz. A recuperação e a implantação desistemas de utilização racional das grandes ba-cias do São Francisco e do Parnaíba, e a expansãoda oferta e do uso eficiente de águas de superfície

e subterrâneas são meios para isso. A segundaestratégia – e talvez a mais complexa – refere-seao reordenamento espacial agroeconômico. “Deacordo com a diversidade de climas, você vainecessitar de uma determinada área, para queuma família possa sobreviver na região”.

A mudança do padrão tecnológico, com rees-truturação e fortalecimento da rede de assistên-cia técnica é outro fator determinante, segundoLopes. “Nós dispomos de um acervo tecnológicoconsiderável, em que são abordados todos osaspectos, como aproveitamento de recursos hí-dricos, pecuária e culturas adequadas à faixaclimática”. A Embrapa está patrocinando, esteano, em todos os Estados do Nordeste, um cursosobre As Bases Tecnológicas de Convivência coma Seca, destinado aos secretários municipais deagricultura e técnicos de extensão rural. O cursoinsere-se na quarta estratégia proposta pelopalestrante, que seria proporcionar a inserção deagricultores no mercado, através da capacitaçãotécnica, da organização profissional e do estabe-lecimento de sistemas de crédito adequado. “Achoque o crédito diferenciado, com certo nível desubsídio, seria capaz de minimizar os problemasdo semi-árido”, opina. No entanto, de nada adi-antam essas estratégias, se não forem trabalha-das de maneira articulada. “É preciso decisãopolítica”, diz Lopes, tocando num dos pontoscruciais do problema.

Semi-Árido: aprendendo aconviver com a seca

Semi-Árido: aprendendo aconviver com a seca

E

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a desertificação. De acordo com Heitor MatalloJúnior, membro do painel ad hoc das NaçõesUnidas para o tema Indicadores de Desertifica-ção, cerca de 180 mil km2 do semi-árido (prati-camente um quinto da área total) são considera-dos graves ou muito graves, em níveis de avançodo problema. Ao contrário do que se pode pensara princípio, a desertificação não se caracterizapela ausência completa de fauna e flora. “Deser-tificação não é um estado, e sim um processo queé definido como a queda da produtividade agrí-cola nas regiões secas”, explica Matallo.

O pesquisador realizou um estudo levantandodados de 1977 a 1996 sobre a produção dasquatro principais culturas da agricultura nordes-tina – milho, mandioca, feijão e arroz –, e consta-tou uma queda de 59% na produtividade, o quecaracteriza a presença do fenômeno. “Isso vemocorrendo e as pessoas não se dão conta, porqueelas compensam a queda na produtividade com oaumento da área plantada, mantendo o volumeglobal constante”. Para Matallo, a “invisibilidade”do fenômeno é o que mais preocupa. Segundoele, as autoridades governamentais têm cons-ciência da gravidade do problema, mas não in-vestem de maneira eficaz para combatê-lo. Algu-mas medidas seriam necessárias para a preven-ção, na opinião do pesquisador, como a criaçãode órgãos especialmente destinados para isso,um sistema eficiente de monitoramento das áreasque estão sendo atingidas e a disponibilidade derecursos financeiros para ajudar o produtor aevitar o problema.

Para o agricultor, o combate é economica-mente vantajoso, pois evita a queda na produtivi-dade de suas terras. No entanto, implica emcustos econômicos que elevariam o preço de seuproduto. Portanto, ou ele arca com os custos, ouabandona a terra por não ter condições de susten-tá-la. No caso do pequeno agricultor, geralmentea segunda opção é a escolhida. “O nosso produtortradicional do semi-árido é pobre, não tem mei-os, então não vai fazer nada, nem que ele queira”,explica o pesquisador. Um crédito agrícola sub-sidiado seria a solução, segundo Matallo, masteria de ser diferenciado para o semi-árido. “Se oagricultor dessa região for incorporar os custosde conservação e prevenção da terra e, em espe-cial, o controle da salinização do solo, provavel-mente o seu produto não vai ser competitivo nomercado, quando comparado com outras regiões.Então, tem de haver diferenciação”, conclui.

ENDEREÇOS ELETRÔNICOS PARA CONTATO:

Clodionor Araújo – [email protected] Mattalo Júnior – [email protected] Roberto Coelho Lopes – [email protected] Roberto Coelho LopesPaulo Roberto Coelho LopesPaulo Roberto Coelho LopesPaulo Roberto Coelho LopesPaulo Roberto Coelho Lopes

Heitor Mattalo JúniorHeitor Mattalo JúniorHeitor Mattalo JúniorHeitor Mattalo JúniorHeitor Mattalo Júnior

Para o presidente da Associação Brasileira deÁguas Subterrâneas (Abas), Clodionor Araújo, asolução ainda não veio por uma simples questãode vaidade. “É preciso ter um planejamento paradez, vinte ou trinta anos, mas os políticos nãoquerem programas desse tipo, porque as pessoasnão perceberiam o que ele fez”, explica. “Imagi-ne que eu sou um médico e você está gripando. Eeu penso: deixa ele gripar que depois eu trato.Assim, você vai me agradecer por ter curado oseu mal. Se eu tivesse prevenido, você nem per-ceberia que só não adoeceu porque eu não deixei,e nunca me agradeceria por isso”, completa,explicando porque as medidas tomadas são, em

sua grande maioria, emergenciais. Mas o proble-ma não pode depender só de boa vontade políti-ca, segundo Araújo. “Qualquer pessoa pode le-vantar uma bandeira e organizar esse planejamen-to, vamos procurar ser uma referência como oGreenpeace, que já tem vinte anos, buscar alterna-tivas e pô-las em prática”, sugere, citando a pró-pria experiência de voluntário do movimentoAmigo das Águas e do Instituto HidroambientalÁguas do Brasil. Para ele, o país tem tecnologia desobra para diminuir os impactos negativos daestiagem, como cisternas rurais, açudes, aprovei-tamento de águas salinas e barragens subterrâne-as. Segundo ele, estas últimas têm enorme poten-cial, pois estão livres do maior inimigo – a evapo-ração provocada pelo sol –, permanecendo sem-pre em grande quantidade. “De todas as catástro-fes naturais, a mais fácil de conviver é a seca. Oproblema é que as pessoas não querem resolver”.

Desertificação também preocupaAlém da seca, outro fenômeno menos comen-

tado, mas com o mesmo potencial devastador, é

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Rodovia BR-116, no interior cearense. Esta-mos fazendo uma das viagens técnicas, últimaatividade prevista no cronograma do XI Congres-so Nacional de Irrigação e Drenagem (Conird). Odestino é o Baixo Jaguaribe, um dos seis agropólosescolhidos pela Secretaria da Agricultura Irriga-da do governo do Estado para impulsionar aagricultura irrigada no Ceará. Debaixo de umatemperatura de mais de 30ºC, o forte vento cea-rense ajuda a amenizar o calor emanado pelo sol,sempre implacável nestas terras. Outro atenuan-te é o bate-papo conduzido pelo cicerone, RicardoLangnesse, que ajuda a abreviar as quase trêshoras de viagem que separam o Baixo Jaguaribeda capital Fortaleza.

Ricardo, com doutorado na Alemanha, apro-veita o tempo para falar do Centro Regional deEnsino Tecnológico (Centec), onde é professor,atuando em Irrigação, na área de Solos. O Centecsurgiu em 1997, por iniciativa da Secretaria daCiência e Tecnologia do Estado. O objetivo é deatender à demanda de mão-de-obra qualificada,artigo raro na região. Cinco anos após sua im-plantação, o Centec é um sucesso entre os jovensde nível médio residentes nos 25 municípios queformam o Vale do Jaguaribe. Não à toa, pois oCentro é uma das raras oportunidades de conse-guir diploma de nível superior no interior cea-rense. Possui, atualmente, cerca de 450 alunosselecionados através de vestibular, todos futurostecnólogos que estudarão durante três anos emeio uma das áreas disponíveis: SaneamentoAmbiental, Irrigação, Tecnologia de alimentos e

Eletromecânica. Outro grande atrativo é o fato deser completamente gratuito, ficando as despesasdos alunos resumidas à taxa de inscrição novestibular e transporte entre a cidade de Limoei-ro do Norte, onde se localiza o Centro, e ascidades vizinhas. Duas turmas de tecnólogos jásaíram das salas do Centec. Além dos cursos denível superior, há também cursos de curta dura-ção, de 40 a 60 horas-aula, que formam técnicosem Irrigação Localizada, por exemplo.

Após sua criação, o Centro tornou-se umaorganização social denominada Instituto Centec,desvinculada do Estado, que, no entanto, perma-nece como o mantenedor da Instituição, atravésde um contrato de prestação de serviços. Com umsistema descentralizado de filiais localizadas nospólos do Baixo Acaraú, em Sobral, e do Cariri,em Juazeiro do Norte, o Instituto ajuda a desva-necer a deficiência de qualificação que aindaimpera na agricultura irrigada cearense e torna-se um dos entraves ao seu desenvolvimento. Pa-ralelos aos Centecs, existem os Centros de Voca-ção Tecnológica (CVT), que dão apoio aos cursosde primeiro e segundo graus da região e ofere-cem uma estrutura privilegiada de mais de 20laboratórios muito bem aparelhados disponíveispara as áreas de Informática, Química, Física eBiologia, ministram-se, ainda, minicursos parabombeiros hidráulicos, eletricistas domésticos,entre outros. O Centec mais parece uma ilha deprosperidade no meio do sertão cearense. “Aspessoas se perguntam como é que no interior doCeará tem um negócio desses?”, confirmaRicardo, com orgulho. “A maior dificuldade énivelar os alunos, pois muitos nunca entraramnum laboratório, enquanto outros vêm de escolaparticular, onde você encontra outro nível”.

Ricardo lamenta o atraso na viagem, o quenos impedirá de conferir as maravilhas propa-gandeadas por ele. Já perto de Limoeiro doNorte, ele chama a atenção para uma muralhaque se avizinha no horizonte. É a Chapada doApodi, onde se encontra boa parte das culturas

Excursão técnica aoBaixo Jaguaribe evidencia

o impacto do racionamentode água e de energia

A Chapada do Apodi

conta com modernos equipamentos de

irrigação e com centros de capacitação

de mão-de-obra. Só está faltando um

pequeno detalhe: água.

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irrigadas do Baixo Jaguaribe. O Projeto do Ja-guaribe compreende uma pequena área do semi-árido, formada pelas cidades de Limoeiro doNorte, Morada Nova, Russas, Jaguaruana, Itai-çaba, Aracati, São João do Jaguaribe e Quixeré.É um dos agropólos cearenses mais promissores,pela eqüidistância de centros consumidores (For-taleza, Natal, João Pessoa, Recife) e de portoscomo Mucuripe, Pecém, Natal e Recife/Suape, epela topografia plana e suavemente ondulada,que possibilita a exploração da agricultura meca-nizada e o emprego de alta tecnologia. Os gran-des centros produtores distam menos de 200kmda capital cearense. As deficiências ficam porconta da qualidade irregular das rodovias, e dafalta de estradas vicinais com interligaçãoasfáltica. Ao todo, existem cerca de 18 mil hecta-res irrigados, número que tem potencial de ex-pansão para 65 mil hectares. Atualmente, predo-minam as culturas de arroz, fruticultura e oleri-cultura. As maiores plantações encontram-se noTabuleiro de Russas (10.600ha), Apodi (4.500ha)e Morada Nova (3.600ha). Na área que vamos

visitar, do Projeto Jaguaribe/Apodi, o plantio émais diversificado e mais moderno, com a utili-zação de vários métodos de irrigação, como ospivôs centrais (nas culturas de algodão, feijão,milho, tomate e melancia), irrigação localizada(melão, melancia, mamão, tomate) e gotejamen-to (banana). Nas áreas exploradas pela iniciativaprivada – que permeiam todo o Baixo Vale –sobressaem as culturas de banana, melão, coco,manga, acerola e inícios de uva, graviola e goia-ba. A visita vai-se concentrar no bananal de 400hectares do fazendeiro João Teixeira Júnior, maiorprodutor dessa fruta no Baixo Jaguaribe.

De fato, a passagem no Centec é suficienteapenas para esticar as pernas. Continuamos emdireção à Chapada, uma estrada de terra, ondeum nevoeiro de poeira levantado pelo carro quevai à frente, é um dos pontos negativos da viagem.Pouco antes de começar a subida da Chapada,havíamos cruzado com um braço completamenteseco do rio Jaguaribe, reflexo indefectível dofenômeno da seca. No caminho para a fazenda deTeixeira, encontramos o canal que possibilita asustentabilidade econômica da agricultura irri-gada do Apodi: a água é oriunda do açude Orós,retirada dos rios Banabuiú/Jaguaribe a uma va-zão de 2,8 m³/s entre 16 e 22 horas por dia. Ascinco motobombas instaladas pelo projeto deirrigação têm capacidade para bombear maisque o dobro disso, mas ninguém quer causar umdesastre ecológico. “Se bombearmos mais, o rioseca”, explica Solerne Costa, coordenador dasculturas experimentais do Centec. Pode parecerbrincadeira, mas Costa tem certa razão. A faltad’água parece ser realmente o maior entrave aodesenvolvimento econômico do projeto. Daí anecessidade de uso racional na irrigação, paraevitar o desperdício de um bem tão caro. Caromesmo, pois já desde agosto João Teixeira paga

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dez reais para cada mil metros cúbicos de águautilizados na irrigação de suas bananeiras. Ovalor foi estabelecido pela Secretaria da Agricul-tura Irrigada, em conjunto com a Agência Nacio-nal das Águas (ANA), mesmas instituições quecriaram o Plano de Uso Racional das Águas doBanabuiú e Vale do Jaguaribe, previsto para ospróximos sete meses. O Plano foi instituído to-mando como base a conclusão de que, paragarantir a irrigação dos 800 a 1.000 hectaresocupados com fruticultura, 70% dos outros pro-dutores teriam de parar com a irrigação menoseficiente em uso da água, como a do arroz inun-dado por superfície. A idéia é privilegiar a irriga-ção localizada. Tudo em nome das frutas, que nocaso das bananas de Teixeira chegam a ter umaprodutividade de até 45 toneladas por hectare(banana-prata-pacovã). Os outros produtores re-cebem 106 reais por hectare ocioso, podendoconvertê-los em alternativas mais eficientes, commaior valor agregado a cada metro cúbico deágua utilizado na irrigação. Assim, um produtorde grãos com irrigação por aspersão, utilizando-se de um pivô, por exemplo, estará avaliando oscustos benefícios de sua exploração naquelascondições.

Com tamanha disputa pela água, a adoção detecnologia e o correto manejo da irrigação aca-bam sendo um diferencial. Teixeira foi o primei-ro a perceber isso, segundo João Filho, um dos 11técnicos que gerenciam o bananal do fazendeiro,responsável por 130 hectares, e nosso guia nopasseio pela fazenda. “Ele é um homem de visãoprivilegiada”, assegura. De acordo com João Fi-lho, Teixeira foi o pioneiro em tecnologia deirrigação na região. A julgar pela sua participa-ção em uma rede experimental com a utilizaçãodo lisímetro (equipamento para determinar, commaior precisão, a evapotranspiração e o coefici-ente de cultivo, com dados de radiação, tempera-tura, umidade relativa do ar, precipitação, dire-ção e velocidade do vento) na fazenda, os elogiosdo técnico não são infundados. O instrumento fazparte de um projeto da Universidade Federal doCeará (UFC), cujos resultados demoram, comotoda pesquisa científica. Por sinal, o professorFrancisco de Souza, coordenador desse trabalhona UFC, foi um dos responsáveis pelas reuniõestécnicas realizadas ao longo do XI Conird, quan-do pesquisadores das mais diversas regiões doBrasil procuraram um maior consenso para es-ses coeficientes de cultivos, justamente tendocomo referência experimentos como esse dolisímetro, localizado estrategicamente na Chapa-da. Além de proporcionar essas bases de apoio eestudar os dados em conjunto com professores ealunos da pós-graduação da UFC, a equipe dafazenda está sempre fazendo testes para elevar a

produtividade. Metade do bananal é irrigadoatravés do gotejamento, a outra metade é con-templada pelo sistema de microaspersão. Cadamicroaspersor abrange três plantas, enquantocada linha de gotejo irriga uma linha do bananal.“Já constatamos que a produtividade por mi-croaspersão supera a do gotejo, mas vamos fazertestes de duas linhas de gotejo para cada linha deplantas”, informa João Filho. “Numa fazendacomo essa você tem de ficar fazendo testes”.

Teixeira mantém como parceiros, em um sis-tema de integração, sete pequenos produtores nacomercialização e no manejo. Segundo o técnico,a parceria é vantajosa para os dois lados. Parte daprodução dos pequenos é entregue a Teixeira emtroca de assistência técnica e de um preço melhorna venda das frutas e aquisição de insumos.Apesar da tecnologia utilizada, João Filho admiteque ainda há muito desperdício de água, o quedeveria ser inadmissível diante da escassez. “Omaior déficit é no gotejo”. O desperdício é umreflexo da falta de capacitação de mão-de-obra.“Nosso sistema é um dos mais modernos, masfalta pessoal especializado no manejo”, explica.

A passagem pelo Centro de Experimentaçãodo Instituto Centec, uma área de 58 hectaresdisponíveis para cultivos experimentais, é umaprova de que ele tem capacidade para garantir aespecialização da mão-de-obra. Ao contrário davisita à Unidade Central, lá conseguimos averi-guar o potencial instalado. Sala de meteorologia,laboratórios de hidráulica, hidrotécnica e hidro-metria, e de bombas, máquinas e equipamentosdistribuem-se pelo Centro Experimental, que tam-bém conta com um painel solar ainda inativo,mas com capacidade para abastecer um hectarede cultivo e para a iluminação noturna de todo oCentro. A visita ao Centro Experimental é aúltima parada antes do almoço que antecederá àvolta.

O proprietário da fazenda, João Teixeira dásua visão para a problemática da água em suasterras e na região em geral. “Por enquanto, nósestamos escapando, mas no próximo ano não seicomo vai ser”, afirma. “Todos nós estamos rece-bendo apenas 50% da água que tivemos no anopassado, é um dos momentos mais difíceis”. Afalta d’água também trouxe a escassez de ener-gia, que é outro problema. E até quando essasituação vai durar? “Só São Pedro pode dizer”,conforma-se. Para se adequar à realidade, ofazendeiro reduziu em 30% as lâminas de aplica-ção, e já iniciou a escavação de poços profundos.Malgrado os problemas, Teixeira prevê a dupli-cação de sua área cultivada num prazo de três ouquatro anos. Uma previsão que denuncia a confi-ança do produtor no potencial da agriculturairrigada do Apodi. �

João Teixeira, engenheiro eJoão Teixeira, engenheiro eJoão Teixeira, engenheiro eJoão Teixeira, engenheiro eJoão Teixeira, engenheiro eprodutor líder na fruticulturaprodutor líder na fruticulturaprodutor líder na fruticulturaprodutor líder na fruticulturaprodutor líder na fruticultura

A agricultura já começaa pagar pela água

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A lei já está valendo. Para captar água, usuários de todos os setores precisam decredenciamento, de outorga. A cobrança pelo uso da água começa a ser

delineada. A experiência pioneira dessa modalidade de gestão de recursos

hídricos está sendo implantada no Ceará, nos vales dos rios Jaguaribe e Banabuiú,que correspondem a 50% das áreas de agricultura irrigada no Estado.

Mas a polêmica sobre a cobrança estabeleceu-se no meio rural desde que foi

promulgada a lei nº 9.433, de 1997, que regulamenta a gestão dos recursoshídricos no país: quem deve pagar pelo direito de uso de água? Qual é a situação

dos produtores que têm suas terras cortadas por rios ou córregos? E se transforma

a água captada em produção agrícola, é justo que o agricultor pague pela água?

O valor econômico da água

radicionalmente, a atividade agrícola temdificuldades para repassar os custos deprodução para o preço final do produto.

Vem daí a cautela com que a Confederação Na-cional da Agricultura (CNA) acompanha o pro-cesso de implantação da outorga e da cobrançapelo uso de água no Brasil. Para a entidade, umaumento nos custos de produção poderá dimi-nuir a competitividade das culturas irrigadas eaté mesmo comprometer o abastecimento dedeterminados produtos.

E mais: as culturas irrigadas ficariam compro-metidas não apenas diante das de sequeiro, mastambém em relação à agricultura irrigada dosEstados, onde ainda não se implantou a cobrança.

A situação de mercado leva a CNA a posicionar-se, em princípio, contra a cobrança. E deixa bemclaro: sem estimar o impacto que a medida terásobre os custos de produção, ela não poderá serimplantada. “O produtor rural não é um usuáriocomum. Ele devolve a água captada em forma deprodução agrícola, de alimentos”, argumentaTiberio Guiton, assessor técnico da CNA. E é emnome da segurança alimentar que a entidadereivindica um tratamento diferenciado na fixa-ção dos valores estipulados para uso da água pelaagricultura.

Se é que se deve cobrar. Para a CNA, oprincípio do usuário pagador se aplicaria emregiões com dificuldades em obter água. O quenão é o caso do Brasil, privilegiado quanto àdisponibilidade de recursos hídricos, emboracom uma distribuição geográfica desigual.

Mesmo reconhecendo na outorga um instru-mento importante para administração racionaldo uso de água, Tiberio Guiton levanta outrosaspectos em que ela poderia prejudicar o produ-tor: o processo não pode ser complicado, doponto de vista burocrático, e nem caro, como têmsido os processos de obtenção de licenças am-bientais ou para atividades irrigadas. Segundoele, estudos do Ministério do Meio Ambienteprovam que o custo dessas licenças varia de 8 a110 mil reais. “Elas dependem de estudos deimpacto ambiental, de projetos de uso do solo,laudos feitos por profissionais especializados. Ereunir todos esses documentos encarece e buro-cratiza o processo”, reclama.

Outorga não é punição, explica Antônio FélixFernandes, superintendente de Cobrança e Con-servação da Agência Nacional de Água (ANA),entidade que deverá promover o desenvolvi-mento do Sistema Nacional de Gerenciamentode Recursos Hídricos. “É um instrumento degestão, disciplinador do uso e não meramentearrecadatório.

Em todo o mundo, as propriedades com aces-so direto a fontes de água – superficiais ou subter-

râneas, têm maior valor de mercado. No Brasil,a lei 9.433/97 – a Lei das Águas, estabelece que aágua é um bem público, embora dotado de valoreconômico e, portanto, não sujeito estritamenteàs leis de mercado. E como “bem de domíniopúblico” não significa “bem de livre acesso”, alegislação prevê mecanismos para regular a uti-lização privada dos recursos hídricos. Os objeti-vos são garantir a sustentabilidade do uso, inclu-sive por gerações futuras, e preservar o meioambiente.

Assim, o fato de estar ao lado da fonte não dáao proprietário da terra o direito de uso dessaágua e nem de indenização, se for dada outrautilização ao rio. A vantagem do produtor comacesso direto à água é o baixo custo de captação,pela proximidade. Nascentes e poços tubularesprecisam ser cadastrados e informar a utilizaçãoda água, mesmo no caso de não necessitar deoutorga, devido ao uso insignificante.

A ANA faz questão de afirmar que no modelorecomendado pela legislação brasileira, não háimposição do governo na abordagem dos proble-mas relacionados com a administração dos re-cursos hídricos. O usuário participa da regula-mentação e das decisões através dos Comitês deBacias Hidrográficas, fórum onde a sociedadecivil tem maioria. É o que o superintendenteAntônio Félix Fernandes chama de “decisãocondominial”. O comitê, com representação detodos os usuários – agricultura, indústria, turis-mo e abastecimento urbano, é o órgão oficial degestão, que define o volume de água que pode sercaptado, a instalação da cobrança, o valor a sercobrado e a aplicação dos recursos arrecadados.

“Sem outorga, é a lei da selva”, define AntônioFélix, “onde não há regras definidas, vence omais forte”. O exemplo do Verde Grande, afluen-te do São Francisco, é sempre lembrado. Empouco mais de cinco anos, no início da década de90, a implantação sem controle de áreas irrigadascomprometeu os recursos do rio, já cortado emquase toda a sua extensão, e, consequentemente,os investimentos.

“Cada um visualizou a disponibilidade naporta de sua casa, da sua propriedade. Não teveuma visão holística da bacia”, reclama DevanirGarcia dos Santos, assessor da Superintendênciade Cobrança e Conservação da ANA. “Não podeser assim. O comitê precisa somar a água dabacia e dividi-la para todos os usuários. Todostêm direito, mas a outorga vai ser decidida naproporção da disponibilidade dos recursos”. Se-gundo Devanir Garcia, o prejuízo e o custo socialimpostos à bacia são dimensionados em funçãodas populações e dos produtores que ficam im-possibilitados de usar o rio, pela falta de água oupela má qualidade do produto.

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Nas regiões onde já existe situação de confli-to, em decorrência de poluição ou de escassez,como é o caso do Verde Grande, a outorga e acobrança são fortemente disciplinadoras do usoracional de água. “A região é propícia à produçãode frutas, uma cultura de grande valor econômi-co. Como fazer a gestão dessa bacia? Se o comitêinstituir a cobrança, vai garantir a permanênciados produtores mais eficientes, com vantagenspara toda a bacia”, defende o superintendenteAntônio Félix.

É que, pela lei, a massa de recursos arrecada-dos deve ser aplicada na própria bacia, de acordocom critérios definidos pelo comitê. Em obras,por exemplo, para aumentar a capacidade hídricaou perenizar o curso do rio. Como explica DevanirGarcia: “A partir de estudos técnicos, o comitêdefine o volume de captação para cada usuário.Obras coletivas que visam à continuidade dosistema, em prazos mais longos, podem ser agarantia para os investimentos feitos individual-mente pelos produtores”.

A lógica da cobrança é retornar, para osmoradores da bacia, o dinheiro arrecadado. Se-gundo Antônio Félix, a resistência ao sistema decobrança diminui sensivelmente, quando a po-pulação discute essa lógica: “Quem se apropriada água vai financiar obras de saneamento, cole-ta e tratamento de lixo, recomposição de matasciliares, educação ambiental, tudo que possabeneficiar a bacia como um todo e gradativamentemelhorar a qualidade delas”.

A cobrança pelo uso de águanuma economia de mercado

Nos países onde se estabeleceu a cobrançapelo uso de água, a indústria e as populações

urbanas aceitaram o sistema mais facilmente.A indústria, por internalizar o custo do serviço noseu produto, e o abastecimento urbano por diluira conta entre uma grande massa de usuários. Jáno segmento da agricultura, o reflexo da capaci-dade de pagamento é mais complicado pelascaracterísticas próprias da atividade.

Mesmo com o grande número de variáveis –região, clima, disponibilidade de água, tipo deprodução, nível técnico do produtor – existemmétodos para se avaliar o valor intrínseco daágua para o produtor e o impacto da cobrançasobre a sua atividade.

Segundo a ANA, a maioria das bacias aindaestá em estudos para se chegar a um planejamen-to global de uso, ante a disponibilidade real dosrecursos hídricos. Dessa forma, as outorgas estãosendo concedidas atualmente por tempo defini-do, normalmente de curto prazo, até que osestudos de vazão sejam aprofundados.

O benefício imediato de se trabalhar comoutorga é a segurança de menores riscos para osinvestimentos, em função da garantia de forneci-mento de água. Numa economia de mercado, asegurança implica em ressarcimento de prejuí-zos, quando a atividade econômica for afetada.Uma das hipóteses que estão sendo analisadaspela ANA é a implantação de um sistema deoutorga e cobrança com níveis de garantia defornecimento de água e uma contrapartida deindenização nos casos de falhas do serviço. Osvalores da cobrança e o pagamento de indeniza-ções seriam definidos de acordo com o nível deatividade do produtor. Culturas que necessitammenos de água pagariam menos pelo produto,mas seriam as primeiras a ser racionadas emcaso de seca.

Outro ponto que afeta diretamente o mercadoé a definição do uso insignificante, objeto decontrole, mas não de outorga. Como só é passívelde cobrança o que é outorgado, produtores que seenquadrarem no consumo de vazões insignifi-cantes estarão isentos do pagamento pelo uso daágua. A decisão do nível insignificante é do Comi-tê de Bacia, segundo as características de cadaregião. No Distrito Federal, por exemplo, foiestabelecido que a vazão insignificante é de 1litro/segundo. “Em outras regiões, essa vazãopode significar um exagero de água”, comenta osuperintendente da ANA.

A Agência acredita que em 2002 as definiçõessobre cobrança de água já estarão feitas emvárias bacias hidrográficas. Segundo AntônioFélix Fernandes, alguns comitês já avançarambastante no processo de discussão e estão emcondições de implementar o sistema de cobrançae as demandas necessárias à melhoria da quali-dade da bacia. �Antônio Félix FernandesAntônio Félix FernandesAntônio Félix FernandesAntônio Félix FernandesAntônio Félix Fernandes Devanir Garcia dos SantosDevanir Garcia dos SantosDevanir Garcia dos SantosDevanir Garcia dos SantosDevanir Garcia dos Santos

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le não admite contestação: “O agricultortem que ter um título de uso de água quepossa ser transferido em herança e negoci-

ado no mercado”. A opinião contundente é dopesquisador da Embrapa, Eliseu Andrade Alves.Embora ninguém acredite, ele afirma que desco-nhece o Sistema de Gestão de Recursos Hídricosque está sendo implantado no Brasil. E faz ques-tão de ressaltar: “Eu não estou propondo que issoseja implantado aqui. Digo apenas que um siste-ma que não inclua esse mecanismo de transfe-rência, é péssimo”.

Na opinião do pesquisador, o título de água éum direito do produtor, que pode negociá-loassim como pode vender a sua terra. Adepto davenda direta, sem complicação ou burocracia,Eliseu Alves considera que “o direito de comer-cialização do título permite que o produtor orga-nize melhor o sistema de produção e lhe dá anoção exata do valor de mercado do título”,garante.

A possibilidade de negociação do título deágua traria benefícios também para a sociedade.Ou o produtor desenvolve todo o potencial do seusistema de produção, maximizando o valor dotítulo, ou vende o direito de exploração da águapara uma pessoa com mais competência para tal.Segundo o pesquisador, “à medida que o títulosai das mãos de um agricultor incompetente paraas de um mais capaz, toda a sociedade sai ga-nhando”. A transferência pode ser feita tambémpara o abastecimento urbano, evitando que pre-feituras tenham que captar água muito longe dospontos de distribuição, o que onera os serviços.

Nos vários continentes, o mercado de uso deágua existe em países com uma economia demercado consolidada. Onde a interferência dogoverno é mais acentuada, os títulos são outorga-dos apenas em regime precário, a gestão dosrecursos hídricos pode até se transformar emfonte de renda para a burocracia. De acordo com

informações de Eliseu Alves, o Banco Mundialvem enfrentando dificuldades para alterar a situ-ação da água em países como Índia e Paquistão.A proposta é colocar as duas regiões numa pers-pectiva de mercado para implementar um siste-ma mais produtivo de gestão de água.

Na ótica de Eliseu Alves, os comitês de baciadeveriam ser formados apenas por usuários. Re-presentantes do governo, com função de assesso-ria, não teriam direito a voto, à semelhança doque acontece nos distritos irrigados. Afinal, jáexiste toda uma legislação para ordenar o uso deágua e o respeito ao meio ambiente. E a amplitu-de de ação do comitê deve ter limites bem defini-dos: ela não pode restringir os direitos do usuárioque respeita a finalidade do projeto e as leisambientais. Poder de cassar um título de uso deágua, só a Justiça.

A cobrança pelo uso da água na agriculturatambém provoca reações fortes em Eliseu Andra-de Alves. O pagamento só se justifica em situa-ções de escassez, quando há competição de múl-tiplos usos. Se tem abundância de água, para quecobrar?

Pagar, entretanto, pode até trazer benefíciospara o produtor. É uma forma de assegurar odireito de uso, é o recibo de que é dono do queestá usando. Se não é contra o princípio dacobrança... o valor a ser cobrado é outra história.“Tem que levar em consideração a disparidadedo poder de compra dos agricultores, vis-à-vis osoutros usuários. As conseqüências negativas des-sa cobrança podem chegar aos consumidores”,dispara o pesquisador.

Valor elevado de água é certeza de desabaste-cimento. Alimento mais escasso e mais caro. Equem vai ser mais prejudicado são os consumido-res pobres. “A tarifa que inflar o custo de produ-ção em mais do que 2% ou 3% é um absurdo”. Aopinião do pesquisador pode ser polêmica, mas éa de quem já foi presidente de órgãos como aCodevasf e a Embrapa, que sabe como o mercadofunciona. E também, segundo ele mesmo, “comonão funciona”.

E os recursos arrecadados? A resposta tam-bém é taxativa: “Devem ficar na própria bacia.Não devem ser destinados aos cofres do governoe nem à outra bacia”. �

A opinião de um técnicomuito experiente

E

Eliseu Andrade AlvesEliseu Andrade AlvesEliseu Andrade AlvesEliseu Andrade AlvesEliseu Andrade Alves

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 67

FOTO

EM

BRA

PA

al limitação contrasta com o restante da regiãoCentro-Oeste, de grande disponibilidade hídricae baixa densidade populacional, onde se registra

a presença de empresas estrangeiras e multinacionaiscom forte demanda de água. “É a água agregando valorà terra”, explica o subsecretário de Recursos Hídricosdo Distrito Federal, José Aparecido Torsani.

Aqui não se fala ainda em cobrança de água.A formação dos comitês de bacia está engatinhando, nosdois rios que cortam a região, o Paranoá e o Descoberto.A legislação que prevê a instalação da política de gestãodos recursos hídricos já está regulamentada (Lei 2.725,de 13 de junho de 2001). O Distrito Federal é a terceiraunidade da Federação a ter uma legislação específicapara recursos hídricos, logo depois de São Paulo e doCeará. A Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídri-cos (Semarh) trabalha a pleno vapor na implantação dossistemas de informação e de outorga, e começa a esboçaro de cobrança, na esteira da formação dos comitês.

Peculiaridadesdo Planalto Central

No Distrito Federal, a pressão demográfica levou àformação de uma ampla rede de condomínios residen-ciais, com uma população de cerca de 500 mil habitantesusando água de poços tubulares, de maneira indiscrimi-nada. A empresa concessionária de água calcula queexistam entre quatro mil e seis mil poços nas áreas doscondomínios, no entorno do Plano Piloto de Brasília.E indicadores do mapa hidrológico da região, prepara-do pela Universidade de Brasília, já preocupam as auto-ridades quanto à possibilidade de contaminação daságuas subterrâneas.

Essa peculiaridade fez a Semarh avançar mais rapi-

damente na outorga de águas subterrâneas que na deáguas superficiais. O sistema está sendo implantado noscondomínios habitacionais, na zona rural e tambémpara atividades industriais. Os poços condominiais eparticulares já existentes estão sendo cadastrados, coma ajuda da associação que congrega as empresas perfu-radoras. O registro inclui a definição de uso (consumohumano, lançamento de efluentes, irrigação, criação deanimais, turismo, serviços, etc) e cálculo do volume decaptação pelo tempo de bombeamento.

Perfuração de poços tubulares, agora, só com auto-rização. E daqui para a frente, o que vai ajudar nafiscalização da atividade e evitar a existência de poçosirregulares é o cadastro obrigatório das empresas pres-tadoras de serviços de perfuração, instalação, operaçãoe manutenção de poços tubulares, o Cadepoços.

Segundo Torsani, o Distrito Federal está na van-guarda do controle de águas subterrâneas. “É funda-mental disciplinar o uso e principalmente evitar a con-taminação”, diz o subsecretário, matemático especi-alizado em física atmosférica. Atualmente, cerca de 12%do abastecimento do Distrito Federal é feito a partir derecursos hídricos subterrâneos. Para Torsani, afora operigo da contaminação, a limitação dos reservatóriosjustifica o controle desse recurso estratégico.

Do discurso à práticaO discurso do Distrito Federal está afinado com o da

Agência Nacional de Águas - ANA: o objetivo da outorgae da cobrança é disciplinar a demanda e conscientizar osusuários de que a água é um bem finito, dotado de valoreconômico, cuja disponibilidade precisa ser preservada.São instrumentos de regulação de demanda, de conser-vação dos recursos hídricos em termos de quantidade equalidade, por meio da aplicação dos recursos financei-ros arrecadados em projetos de proteção e conservaçãoambiental das bacias hidrográficas.

Além de sair na frente, a Semarth-DF reconheceu depronto que o sistema só vai funcionar se for implantadocom a participação dos usuários. Na opinião do subse-cretário Torsani, para ser entendida como instrumentodisciplinador, a cobrança talvez devesse ter outra desig-nação. “É que não se trata de uma cobrança nos moldestradicionais, semelhante à que é feita pelas concessioná-rias de água. Na verdade é uma forma de corrigir atendência de as pessoas de encararem a água comopropriedade privada”, afirma. Mais que fomentar o usoracional, a cobrança, na opinião do subsecretário, trazbenefícios concretos para toda a bacia – é só respeitar arecomendação de que os recursos financeiros geradosdestinam-se a projetos de preservação ambiental naprópria bacia.

“A produção de qualquer material exige o uso deágua. Alguns produtos são obtidos somente com água deboa qualidade. Quem internaliza esse valor ao seu pro-duto não pode devolver água poluída à natureza, preju-dicando os usuários rio abaixo”, diz Torsani para justi-ficar a correção dos princípios do usuário-pagador e dopoluidor-pagador.

A equipe da Semarh-DF estuda mecanismos de com-pensação para o bom uso da água. Uma das propostas éa criação de um selo, distinguindo o produto ou serviço

T

A experiência doDistrito Federal

Distrito Federal é uma região de nascentes, queabastecem três grandes bacias brasileiras –

Tocantins/Araguaia, São Francisco e Paraná.Curiosamente, a disponibilidade de água para a

população é de apenas 1.752 metros cúbicos/habitante/ano, semelhante a de Estados como

Sergipe (1.743), Alagoas (1.751), Rio Grande do Norte(1.781) e Paraíba (1.437). Essa baixa disponibilidade

ameaça a exploração da água em usos múltiplos eimpõe a necessidade de se estabelecer usos

prioritários e instrumentos de controle da demanda.

68 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

conduz o processo.Como a agricultura é a grande usuária de água e a

mais diretamente afetada pela quantidade e qualidadedo produto, a gerência de Meio Ambiente da Emater-DFadotou como linha de ação o apoio ao agricultor naobtenção de licenciamento ambiental e outorga do direi-to de uso de água.

Quem pensa que a arquitetura moderna e monu-mental de Brasília é a única tradução do DF pode seespantar com o desenvolvimento agrícola da região. Sãomais de 10 mil agricultores. Cerca de 6 mil enquadram-se no nível da produção familiar e o restante vai depequenos a grandes empresários. A área irrigada égrande e algumas culturas, como a do pimentão, sãodestaques nacionais.

O engenheiro agrônomo Lúcio Valadão, gerente deMeio Ambiente da Emater e especialista em irrigação edrenagem, sustenta que a política de gestão de recursoshídricos mudou o papel da extensão rural. Para ele, osprofissionais não trabalham mais com projetos de pro-dução específicos. “Ninguém apresenta ao agricultorum projeto apenas de irrigação de hortaliças ou depecuária. A sustentabilidade do projeto hoje inclui estu-dos sobre a disponibilidade de água, a utilização amontante da propriedade, o limite de captação a ser

que utilizar água de uma bacia preservada. A certifica-ção é ampla, podendo ser conferida a produtos agrícolase industriais ou até mesmo à prestação de serviços,como hotelaria e turismo. Para o subsecretário, essesprodutos e serviços teriam grande aceitação no merca-do, um prêmio para quem faz um bom uso dos recursoshídricos.

Na trilha da formação decomitês de bacias

No Distrito Federal, a lei estabelece que o consumode até 1 litro por segundo, em qualquer atividade produ-tiva, é considerado uso insignificante. O levantamentoda disponibilidade da bacia poderá, mais tarde, alteraressa quota. O nível de consumo insignificante não de-pende da concessão de outorga e, portanto, está isentodo pagamento. Mas o usuário precisa deixar registradoque manancial vai usar e a finalidade da água.

Os dois principais cursos d’água do Distrito Federalestão vivendo, simultaneamente, a experiência de estru-turar os comitês de bacia. Já estão operando as comis-sões pró-formação do comitê de bacia do Paranoá e doDescoberto, esse último é o grande manancial da região,

responsável pelo abastecimento de 63% da população.O processo não é simples, envolve interesses de

múltiplos segmentos de usuários e até definições deordem legal, como a do enquadramento – bacia ou sub-bacia, comitê ou subcomitê – já que os dois rios concor-rem para a formação de uma bacia de maior amplitude,a do Corumbá/Paranaíba/Paraná.

O assunto precisa ser exaustivamente debatido e oresultado depende diretamente da mobilização da socie-dade. Qual a abrangência de atuação do comitê ousubcomitê? Qual a competência da bacia, estadual oufederal? O rio Paranoá se enquadra na categoria estadu-al mas o Descoberto é nitidamente federal.

Arbitrar todas essas decisões, adequá-las à legisla-ção, realizar os estudos técnicos de vazão e disponibili-dade, prever usos futuros são tarefas que vêm sendodesenvolvidas pelos grupos que estruturam a implanta-ção dos futuros comitês. Não há receitas prontas paraconciliar interesses e nivelar informações. Cada expe-riência é única e exige equilíbrio por parte do grupo que

respeitado, enfim, o respeito à legislação ambientalpermeia o nosso trabalho”, diz o extensionista.

Um fator de mercado reforça o papel da extensãojunto aos agricultores. Agentes financeiros que trabalhammais intensamente com crédito rural, como o Banco doBrasil e o Banco de Brasília, só financiam equipamentosde irrigação ou custeio de lavouras irrigadas mediante aoutorga do direito de uso de água. Para tal, técnicos daEmater estão orientando os produtores quanto aos as-pectos legais da outorga e sobre o processo de obtençãodo título, seja na preparação de laudos técnicos, nopreenchimento de formulários ou na organização degrupos para projetos coletivos de irrigação.

Lúcio Valadão acha que o processo de cobrançaainda vai demorar um pouco a ser implantado no Distri-to Federal, mas acompanha de perto a preparação dosagricultores para a instalação do sistema. “Mesmo nãosendo um órgão de gestão, a Emater pode contribuir, emuito, com a administração dos recursos hídricos”,garante. �

Para José A. Torsani,Para José A. Torsani,Para José A. Torsani,Para José A. Torsani,Para José A. Torsani,o DF está afinado como DF está afinado como DF está afinado como DF está afinado como DF está afinado como discurso da ANA.o discurso da ANA.o discurso da ANA.o discurso da ANA.o discurso da ANA.Para Lúcio ValadãoPara Lúcio ValadãoPara Lúcio ValadãoPara Lúcio ValadãoPara Lúcio Valadão(em pé), o processo de(em pé), o processo de(em pé), o processo de(em pé), o processo de(em pé), o processo decobrança pela águacobrança pela águacobrança pela águacobrança pela águacobrança pela águaainda demora umainda demora umainda demora umainda demora umainda demora umpouco maispouco maispouco maispouco maispouco mais

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 69

Constituição Brasileira, em vigência des-de 1988, modificou, em vários aspectos,o texto do Código de Águas. Uma das

alterações feitas foi a extinção do domínio priva-do da água, previsto em alguns casos naqueleantigo diploma legal. Todos os corpos d’água, apartir de outubro de 1988, passaram a ser dedomínio público.

Uma outra modificação introduzida pela Cons-tituição foi o estabelecimento de apenas doisdomínios para os corpos d’água no Brasil: i) odomínio da União, para os rios ou lagos quebanhem mais de uma unidade federada, ou quesirvam de fronteira entre essas unidades, ou defronteira entre o território do Brasil e o de umpaís vizinho ou dele provenham ou para ele seestendam; ii) o domínio dos Estados, para aságuas superficiais ou subterrâneas, fluentes,emergentes e em depósito, ressalvadas, nestecaso, as decorrentes de obras da União.

Essa definição não desobriga o processo comoum todo. Deve-se considerar, inicialmente, a realindissociabilidade das águas integrantes do ciclohidrológico. O rio São Francisco, por exemplo, éde domínio da União, porque banha mais de umEstado. O rio Paranapanema também o é, pelofato de servir de fronteira entre dois Estados, ouseja, São Paulo e Paraná. O rio Paraguai é dedomínio da União, por servir de fronteira, em umtrecho, ao Brasil e à Bolívia e, em outro, estende-se em território estrangeiro. Já o rio Paracatu éde domínio estadual, porque tem todo o seu cursoinserido no território de Minas Gerais.

Quanto às águas subterrâneas, a Constituiçãodefiniu que elas são de domínio dos Estados.

Em 8 de janeiro de 1997, foi sancionada a Leino 9.433 (a chamada Lei da Águas, que teve oexemplo francês, como inspiração), que organizao setor de planejamento da gestão de recursoshídricos em âmbito nacional, introduzindo vá-rios instrumentos de política para o setor. VáriosEstados, tendo em vista o fato de serem detento-res de um domínio sobre as águas, aprovaramsuas respectivas leis de organização administra-tiva para o setor de recursos hídricos e, hoje,alguns deles encontram-se em avançado estádiode regulamentação.

A Lei no 9.433 criou o Conselho Nacional deRecursos Hídricos, cuja presidência é ocupadapelo titular da pasta do Ministério do Meio Am-biente e a secretaria executiva, pela Secretaria deRecursos Hídricos deste mesmo Ministério.

PRINCÍPIOSPRINCÍPIOSPRINCÍPIOSPRINCÍPIOSPRINCÍPIOS – O texto da Lei nº 9.433 procla-ma os princípios básicos praticados atualmenteem quase todos os países que avançaram nagestão dos recursos hídricos. O primeiro deles éo da adoção da bacia hidrográfica como unidadede planejamento. Tendo-se os limites da baciacomo o que define o perímetro da área a serplanejada, fica mais fácil fazer o confronto entreas disponibilidades e as demandas, essenciaispara o estabelecimento do balanço hídrico. Noentanto, a bacia hidrográfica, segundo o seuconceito holístico, não exclui a tomada em consi-deração das águas subterrâneas de sua projeçãovertical, tanto quanto deve incorporar, também,as demandas e as relações com bacias colidantese o restante do território da unidade federadacoberto apenas parcialmente por ela.

O segundo princípio é o dos usos múltiplos daágua, que coloca todas as categorias de usuáriosem igualdade de condições em termos de acessoa esse recurso natural. No Brasil, tradicional-mente, o setor elétrico atuava como único agentedo processo de gestão dos recursos hídricos su-perficiais, sendo favorecido em detrimento deoutros usuários. E não foi outro fator, senão orápido crescimento da demanda por água paraoutros usos, que fez florescer e tomar corpo oprincípio dos usos múltiplos.

Conheça a legislação brasileirasobre o uso da água

A

70 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

Para quem não sabe, existe todo um

arcabouço de leis relativo à gestão de recursos

hídricos no Brasil. Para se ter uma idéia do assunto,

a Lei de Direito da Água do Brasil é o

Código das Águas, de 10 de julho de 1934, que,

apesar de seus 67 anos, ainda é considerada pela

doutrina jurídica, como um dos textos modelares

do Direito Positivo brasileiro.

O terceiro princípio, traduzido no espírito dalei, é o reconhecimento da água como um bemfinito e vulnerável, que serve de alerta para anecessidade de uma utilização preservacionistadesse bem natural.

O quarto princípio é o de reconhecimento dovalor econômico da água, fortemente indutor deseu uso racional, dado que serve de base para ainstituição da cobrança pela utilização dos recur-sos hídricos.

O quinto e último princípio é o da gestãodescentralizada e participativa. A filosofia exis-tente por trás deste tipo de gestão é a de que tudoquanto pode ser decidido em níveis hierárquicosmais baixos de governo, não será resolvido porníveis mais altos dessa hierarquia. Isso significaque o que pode ser decidido no âmbito dosgovernos regionais, e mesmo locais, não deve sertratado pelo governo federal. Quanto à gestãoparticipativa, esta constitui-se em um métodoque enseja aos usuários, à sociedade civil organi-zada, às ONGs e a outros agentes interessados apossibilidade de influenciar no processo da to-mada de decisão.

INSTRUMENTOSINSTRUMENTOSINSTRUMENTOSINSTRUMENTOSINSTRUMENTOS – São ainda aspectos rele-vantes da Lei 9.433 o estabelecimento de cincoinstrumentos de política para o setor:

1º Planos de Recursos Hídricos – é o documen-to programático para o setor no espaço dabacia. Trata-se de um trabalho de profundi-dade, não só de atualização das informaçõesregionais que influenciam a tomada de deci-são na região da bacia hidrográfica, mas quetambém procura definir, com clareza, a re-partição das vazões entre os usuários inte-ressados;

2º Enquadramento dos corpos d’água em clas-ses de usos preponderantes – é importantepara estabelecer um sistema de vigilânciasobre os níveis de qualidade da água dosmananciais. Aliado a isso, trata-se de uminstrumento que permite fazer a ligação entrea gestão da quantidade e a gestão da qualida-de da água, isto é, fortalece a relação entre agestão de recursos hídricos e a gestão do meioambiente, tomando por base a Resolução no20/86, do Conama;

3º Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hí-dricos – é o mecanismo pelo qual o usuáriorecebe uma autorização, ou uma concessão,para fazer uso da água. A outorga de direito,com a cobrança pelo uso da água, constituirelevante elemento para o controle e a disci-plina do uso dos recursos hídricos;

4º Cobrança pelo uso da água – essencial paracriar as condições de equilíbrio entre as for-ças da oferta (disponibilidade de água) e dademanda, promovendo, conseqüentemente, aharmonia entre os usuários competidores, aomesmo tempo em que promove a redistribui-ção dos custos sociais, a melhoria da qualida-de dos efluentes lançados, além de ensejar aformação de fundos financeiros para o setor;

5º Sistema Nacional de Informações sobre Re-cursos Hídricos – é destinado a coletar, orga-nizar, criticar e difundir a base de dados rela-tiva aos recursos hídricos, seus usos, o balançohídrico de cada manancial e de cada bacia,provendo os gestores, os usuários, a sociedadecivil e os outros segmentos interessados decondições necessárias para opinar no processodecisório ou mesmo para tomar suas decisões.

A Lei no 9.433 estabeleceu, também, um ar-ranjo institucional, com base nos novos tipos deorganização para a gestão compartilhada do usoda água. Esses novos organismos são: o ConselhoNacional de Recursos Hídricos, os comitês debacias hidrográficas, as agências de água, alémde órgãos e entidades dos serviços públicos fede-ral, estadual e municipal, que têm relevante atua-ção na gestão dos recursos hídricos, devendoatuar em estreita parceria com os demais agentesprevistos na Lei no 9.433/97.

A Agência Nacional de Águase a Lei das Águas

A Lei Federal no 9.984/00 foi a responsávelpela criação da Agência Nacional de Águas (ANA),que sofreu alguns vetos por parte da Presidênciada República, quando de sua sanção. O poderexecutivo federal deu entrada no Congresso Na-cional ao Projeto de Lei no 1.616/99, que aperfei-çoa alguns dispositivos da Lei no 9.433/97 (Leidas Águas), com o objetivo de fortalecer as açõesdos agentes integrantes do Sistema Nacional deRecursos Hídricos.

A ANA é a entidade federal responsável pelaimplementação da Política Nacional de RecursosHídricos e de coordenação do Sistema Nacionalde Gerenciamento de Recursos Hídricos. Alémdisso, estará a cargo dela a implementação da Leidas Águas, de 1997.

A exemplo da União, muitos Estados já avan-çaram na edição de leis e regulamentos de recur-sos hídricos. Atualmente, 18 Estados e o DistritoFederal instituíram suas políticas e sistema esta-duais de gerenciamento de recursos hídricos. �

3º trimestre 2001 • Nº 51 • ITEM 71

O QUE É UMA OUTORGA?O QUE É UMA OUTORGA?O QUE É UMA OUTORGA?O QUE É UMA OUTORGA?O QUE É UMA OUTORGA?

É o ato administrativo mediante o qual oPoder Público outorgante (União, Estadosou Distrito Federal) faculta ao outorgado ouso de recurso hídrico, por prazo determi-nado, nos termos e nas condições expressasno respectivo ato.

O referido ato é publicado no Diário Oficialda União (como no caso da ANA), ou nosDiários Oficiais dos Estados e Distrito Fe-deral, onde o outorgado é identificado eonde estão estabelecidas as característicastécnicas e as condicionantes legais do usodas águas que ele está autorizado a fazer.

POR QUE A OUTORGA É NECESSÁRIA?POR QUE A OUTORGA É NECESSÁRIA?POR QUE A OUTORGA É NECESSÁRIA?POR QUE A OUTORGA É NECESSÁRIA?POR QUE A OUTORGA É NECESSÁRIA?

A água pode ser aproveitada para diversasfinalidades, como: abastecimento huma-no, dessedentação animal, irrigação, in-dústria, geração de energia elétrica, pre-servação ambiental, paisagismo, lazer, na-vegação etc. Porém, muitas vezes, essesusos podem ser concorrentes, gerando con-flitos entre setores usuários, ou mesmoimpactos ambientais.

Nesse sentido, gerir recursos hídricos éuma necessidade premente com o objetivode buscar acomodar as demandas econô-micas, sociais e ambientais por água emníveis sustentáveis, de modo que permita aconvivência dos usos atuais e futuros daágua sem conflitos.

É nesse instante que o instrumento da ou-torga mostra-se necessário, pois é possível,com ele, assegurar ao usuário o efetivoexercício do direito de acesso à água, bemcomo realizar os controles quantitativo equalitativo dos recursos hídricos.

A QUEM DEVE SER SOLICITADA A OUTORGA?A QUEM DEVE SER SOLICITADA A OUTORGA?A QUEM DEVE SER SOLICITADA A OUTORGA?A QUEM DEVE SER SOLICITADA A OUTORGA?A QUEM DEVE SER SOLICITADA A OUTORGA?

A ANA é a responsável pela análise dospleitos e emissão de outorgas de direito deuso de recursos hídricos em corpos hídri-cos de domínio da União.

Em corpos hídricos de domínio dos Esta-dos e Distrito Federal, a solicitação deoutorga deve ser feita às respectivas autori-dades outorgantes estaduais.

Atualmente, 20 unidades da Federação pos-suem legislações sobre recursos hídricos.

QUE USOS DEPENDEM DE OUTORGA?QUE USOS DEPENDEM DE OUTORGA?QUE USOS DEPENDEM DE OUTORGA?QUE USOS DEPENDEM DE OUTORGA?QUE USOS DEPENDEM DE OUTORGA?

� A derivação ou captação de parcela daágua existente em um corpo d’água paraconsumo final, inclusive abastecimento pú-blico, ou insumo de processo produtivo;

� a extração de água de aqüífero subterrâ-neo para consumo final ou insumo de pro-cesso produtivo;

� lançamento em corpo d’água de esgotose demais resíduos líquidos ou gasosos, tra-tados ou não, com o fim de sua diluição,transporte ou disposição final;

� uso de recursos hídricos com fins de aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;

� outros usos que alterem o regime, aquantidade ou a qualidade da água existen-te em um corpo d’água.

QUE USOS INDEPENDEM DE OUTORGA DEQUE USOS INDEPENDEM DE OUTORGA DEQUE USOS INDEPENDEM DE OUTORGA DEQUE USOS INDEPENDEM DE OUTORGA DEQUE USOS INDEPENDEM DE OUTORGA DEDIREITO DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS?DIREITO DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS?DIREITO DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS?DIREITO DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS?DIREITO DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS?

� Uso de recursos hídricos para a satisfa-ção das necessidades de pequenos núcleospopulacionais, distribuídos no meio rural;

� derivações, captações e lançamentos con-siderados insignificantes, tanto do pontode vista de volume como de carga poluente;

� acumulações de volumes de água consi-deradas insignificantes.

COMO SOLICITAR UMA OUTORGA?COMO SOLICITAR UMA OUTORGA?COMO SOLICITAR UMA OUTORGA?COMO SOLICITAR UMA OUTORGA?COMO SOLICITAR UMA OUTORGA?

O interessado deverá preencher os formu-lários correspondentes ao(s) uso(s)pretendido(s), anexando a documentaçãorelacionada nesses formulários, e encami-nhá-los à entidade estadual responsávelpela administração dos recursos hídricosem seu Estado.

OBS: Este texto baseou-se na publicação Po-

lítica Nacional de Recursos Hídricos, de 1999,

da Secretaria de Recursos Hídricos, do Minis-

tério do Meio Ambiente e em informações

retiradas da página da ANA na Internet.

O bê-a-bá da outorga da água

72 ITEM • Nº 51 • 3º trimestre 2001

A REVISTA ITEMREVISTA ITEMREVISTA ITEMREVISTA ITEMREVISTA ITEM tem como objetivo principal o intercâmbio técnico, oassociativismo, o maior conhecimento do que está ocorrendo na irrigaçãobrasileira e no mundo, exercitando-se uma permanente integração tecno-lógica, comercial, econômica, ambiental e política, para o fortalecimentoda ABID que, em síntese, precisa dar suporte para fazer florescer, cada vezmais, o agronegócio da agricultura irrigada, em benefício de todos.

A organização da ABID é compreendida pelas seguintes CATEGORIASCATEGORIASCATEGORIASCATEGORIASCATEGORIASDE SÓCIOSDE SÓCIOSDE SÓCIOSDE SÓCIOSDE SÓCIOS:

SóciosSóciosSóciosSóciosSócios PATROCINADORES I E II PATROCINADORES I E II PATROCINADORES I E II PATROCINADORES I E II PATROCINADORES I E II – PESSOAS FÍSICAS e PESSOAS JURÍDI-CAS interessadas em apoiar os objetivos, a manutenção e o de-senvolvimento da ABID. O sócio patrocinador I pode eleger oueleger-se para membro do Conselho Diretor. Para ser sócio patro-cinador, favor entrar em contato direto com a ABID ou encami-nhar e-mail para [email protected].

SóciosSóciosSóciosSóciosSócios TITULARESTITULARESTITULARESTITULARESTITULARES – profissionais de nível superior, interessados nodesenvolvimento da irrigação, drenagem e áreas conexas.

SóciosSóciosSóciosSóciosSócios IRRIGANTESIRRIGANTESIRRIGANTESIRRIGANTESIRRIGANTES – agricultores e pecuaristas de escolaridade até onível médio, que atuem na área de irrigação e drenagem.

SóciosSóciosSóciosSóciosSócios JUNIORESJUNIORESJUNIORESJUNIORESJUNIORES – técnicos de grau médio e alunos de escolas superio-res interessados no desenvolvimento da irrigação e drenagem.

VALORES DA ANUIDADEVALORES DA ANUIDADEVALORES DA ANUIDADEVALORES DA ANUIDADEVALORES DA ANUIDADE da ABID, incluindo a assinatura da revista ITEM:Sócio TITULAR – R$75,00R$75,00R$75,00R$75,00R$75,00 Sócio IRRIGANTE e JÚNIOR – R$55,00R$55,00R$55,00R$55,00R$55,00

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Associação Brasileira de Irrigação e DrenagemAssociação Brasileira de Irrigação e DrenagemAssociação Brasileira de Irrigação e DrenagemAssociação Brasileira de Irrigação e DrenagemAssociação Brasileira de Irrigação e Drenagem - ABID - ABID - ABID - ABID - ABID FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃOFORMULÁRIO DE INSCRIÇÃOFORMULÁRIO DE INSCRIÇÃOFORMULÁRIO DE INSCRIÇÃOFORMULÁRIO DE INSCRIÇÃOAssocie-se à ABID. Preencha este formulário e envie para: ABID, SCLRN 712, Bloco C, nº 18, Cep 70.760-533, Brasília, DF ou pelo fax: (61) 274-7245.Depósito ou DOC para: ABID/APDC CNPJ 37880192 - Banco Itaú 341- Ag.: 1584 Cc.: 10.323-6. E-mail: [email protected] ou [email protected]ÃO SE ESQUEÇA DE ENCAMINHAR O COMPROVANTE DE DEPÓSITO E AVISAR POR E-MAIL. COLABORE COM OS CONTROLES DE SUA ASSOCIAÇÃO.

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ORGANIZAÇÃO EM QUE TRABALHA ORGANIZAÇÃO EM QUE TRABALHA ORGANIZAÇÃO EM QUE TRABALHA ORGANIZAÇÃO EM QUE TRABALHA ORGANIZAÇÃO EM QUE TRABALHA

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www.www.Navegando pelas“águas” da internet

Como o assunto principal destapublicação é a água, nada melhor doque buscar na Internet informaçõessobre as bacias hidrográficas brasileirase atualidades em relação à política dosetor de Recursos Hídricos e AgriculturaIrrigada. Nossas dicas de sites e portaiscom informações preciosas são:

.agricultura.gov.brPortal do Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento, onde se obtém informaçõessobre estrutura da instituição governamental,legislação, recursos humanos, qualidade e no-tícias atualizadas diariamente. Através dele,pode-se chegar aos sites de quaisquer órgãosligados ao Ministério e às informações que elestrazem. São eles: Embrapa, Instituto Nacionalde Meteorologia (Inmet), Ceagesp, Agrofit,Proagro, Secretaria de Apoio Rural e Cooperati-vismo (Sarc), Serviço Nacional de Proteção deCultivares (SNPC) etc.

.ana.gov.brSite da Agência Nacional de Águas, com infor-mações atualizadas sobre a política de recursoshídricos, informações para os produtores ruraisem relação à legislação vigente.

.banconordeste.gov.br/irrigaSite do Banco do Nordeste, que divulga a redede irrigação, criada no âmbito do estudo quesubsidiará o projeto Novo Modelo de Irrigação

do programa Brasil em Ação. Traz informaçõessobre consultas, links e contatos de interesse.

.bhnet.com.br/~ecominas/eduhidric/bacias1.htm

Site com informações sobre as bacias hidrográfi-cas do estado de Minas Gerais.

.cemig.com.brSite da Companhia Energética de Minas Gerais(Cemig), que traz informações sobre bacias hi-drográficas do Brasil, por regiões.

.clubedofazendeiro.com.brSite com informações e notícias de interesse doprodutor rural.

.codevasf.gov.brSite da Companhia de Desenvolvimento do ValeSão Francisco e do Paranaíba, que traz os progra-mas de irrigação da Codevasf, além de informa-ções sobre agricultura irrigada, barragens etc.

.cprm.gov.brSite sobre o Serviço Geológico do Brasil, ligado àSecretaria de Minas e Metalurgia do Ministériode Minas e Energia, que abrange as águas super-ficiais e subterrâneas, levantamentos e estudossobre recursos hídricos desenvolvidos nas di-versas sedes regionais.

.embrapa.gov.brSite da Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope-cuária, onde poderão ser acessadas, diretamen-te, informações sobre qualquer uma das Unida-des da empresa.

.icid.orgSite da International Commission on Irrigation andDrainage (em inglês). Traz informações sobre a

CL ASS I F I CADOSCL ASS I F I CADOS

RAIN BIRDDO BRASILAv. Com. Alexandrino Garcia,821 – Uberlândia MGCep. 38302-228Tel: (34) 3212-8484Fax: (34) 3212-5469E-mail: [email protected]

organização, temas estratégicos, eventos, notí-cias, publicações, catálogo de serviços etc.

.folhadomeioambiente.com.brSite do jornal Folha do Meio Ambiente, atualiza-do mensalmente e sempre com informações deinteresse sobre meio ambiente, formação decomitês de bacias.

.integracao.gov.brSite do Ministério da Integração Nacional. Atra-vés deste site chega-se às informações daCodevasf (ou através do site codevasf.gov.br),além de poder acessar publicações como oFrutiséries, cuja edição está sob a responsabili-dade do Departamento de Projetos Especiaisda Secretaria de Infra-Estrutura Hídrica.

.mma.gov.brSite do Ministério do Meio Ambiente, onde po-dem-se obter informações institucionais e so-bre políticas de desenvolvimento, educaçãoambiental, Agenda 21, Fundação Nacional doMeio Ambiente, Ibama e ANA. Tem até quiz, umjogo interativo para testar seus conhecimentosno setor. Por este site, pode-se chegar a infor-mações interessantes sobre as principais baciashidrográficas brasileiras (Amazônica, São Fran-cisco, Araguaia/Tocantins, do Atlântico Sul e doAraguaia), acompanhadas por mapas.

.rededasaguas.org.brSite que trata da questão das águas, bacias hi-drográficas, comitês de bacias, fórum, legisla-ção, sociedade civil e educação ambiental.

.sosmatatlanticaSite da organização não-governamental Fun-dação SOS Mata Atlântica, onde se pode obteratlas dos remanescentes florestais da MataAtlântica, entre outras informações.

Avenida Castelo Branco,3.646 - Setor RodoviárioGoiânia/GOCEP:74.430-130Tel: (62) 295-6636Fax: (62) 295-1309E-mail: [email protected]


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