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ENAHPE 2011 – IV Encontro Nacional de Hidráulica de Poços de Petróleo e Gás Foz do Iguaçu - PR, 8 a 11 de agosto de 2011
LIMITE DO APERFEIÇOAMENTO DE CORRELAÇÕES DE
CONDUTIVIDADE DE FRATURAS ÁCIDAS ATRAVÉS DE
CARACTERIZAÇÃO DE SUPERFÍCIES
Valdo F. Rodrigues1 (LENEP/UENF), Marcos Antônio Rosolen2 (PETROBRAS), Ana Catarina R. M. 1
(LENEP/UENF), Wellington Campos2 (PETROBRAS)
1LENEP/UENF, P.O.Box 119562, CEP 27910-970, Macaé / RJ – [email protected]
2Av. Rep. Chile, 330 – 8º andar, CEP 20.031-170 - Centro - Rio de Janeiro, [email protected]
Resumo Este estudo realizou o ajuste entre condutividades hidráulicas de fraturas ácidas simuladas em laboratório e
modelos de condutividade hidráulica de fraturas. Verificou-se melhor ajuste com correlação de condutividade do
modelo exponencial. Este é composto por duas partes, sendo a primeira dada pela condutividade hidráulica inicial
e a segunda pela taxa de redução da condutividade com a tensão de fechamento de fratura. Através da aplicação de
abrangente caracterização em área (3D) das superfícies das fraturas ácidas, este estudo buscou aperfeiçoar as
correlações de condutividade de fraturas ácidas do modelo exponencial. Houve alta correlação entre os dados
experimentais e a condutividade inicial e baixa correlação entre aqueles e a taxa de redução de condutividade com
a tensão de fechamento de fratura. A relação entre abertura (largura) de fratura e razão de contato, obtidas da
topografia das faces das fraturas, revelou que a abertura de fratura é o fator determinante da redução de
condutividade com a tensão de fechamento de fratura. A influência da tortuosidade associada à razão de contato é
pequena. Assim, o uso de caracterização 3D das superfícies da fratura permite otimizar a estimativa da
condutividade inicial, porém não traz melhoria na taxa de redução de condutividade com a tensão de fechamento de
fratura. A correlação de condutividade mais precisa obtida para o carbonato estudado confirmou esta afirmativa,
pois seu primeiro coeficiente é função de um parâmetro de superfície e seu segundo coeficiente é função da
resistência à incrustação da rocha. Esta correlação constitui o limite de aperfeiçoamento das correlações de
condutividade de fraturas ácidas do modelo exponencial, através da consideração das características das
superfícies, para o carbonato estudado. Como o ajuste dos dados experimentais ao segundo coeficiente em função
da resistência à incrustação é pobre, há significativo espaço para melhoria neste coeficiente. Portanto, novos
estudos para aperfeiçoamento adicional das correlações de condutividade de fraturas ácidas devem ser centrados
em novos modelos de deformação de fratura.
1. Introdução Este artigo aborda o problema da condutividade inicial
de uma fratura ácida e de seu comportamento sob
tensão de fechamento. O mesmo apresenta resultados
de um estudo experimental e teórico, que se distingue
de estudos anteriores por focar um carbonato
específico, fazer uso de amostras de testemunhos de
um carbonato produtor de petróleo e gás e realizar
abrangente caracterização em área (3D) de superfícies
de fraturas geradas em laboratório.
Foram realizadas medições de topografia de fraturas
ácidas, de resistência à incrustação da rocha e de
condutividade hidráulica versus tensão de fechamento
de fratura. O texto apresenta um resumo do estudo
experimental, o ajuste dos dados experimentais a
modelos clássicos, a melhor correlação de
condutividade hidráulica de fraturas ácidas obtida para
o carbonato estudado, Quissamã-ESP, e a hipótese do
limite de aperfeiçoamento das correlações de
condutividade de fraturas ácidas do modelo
exponencial, através da consideração das
características das superfícies.
2. Estudo Experimental A condutividade hidráulica de fraturas ácidas é
determinada pela abertura de fratura, tensão de
fechamento de fratura e rugosidade das superfícies de
fratura [1], [2], [3], o que direcionou o planejamento
do estudo experimental.
As amostras usadas neste estudo foram obtidas de
testemunhos de um poço em um carbonato produtor
de óleo da Bacia de Campos. O uso deste tipo de
amostras é um dos diferenciais deste trabalho, pois os
ensaios reportados na literatura têm sido feitos com
amostras de afloramentos. Estas são convenientes para
manuseio e repetitividade de ensaios em laboratório,
porém não levam em conta o papel do óleo na reação
ácido-carbonato. O óleo presente no espaço poroso
afeta a perda por filtrado e a velocidade da reação de
ácido com o carbonato influenciando a abertura e o
comprimento da fratura. Os testemunhos foram
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retirados em profundidades de 3515,5 m a 3545,5 m.
As amostras foram classificadas em duas faixas de
permeabilidade: baixa (1 md) e alta (143 a 368 md).
Os principais ensaios deste estudo foram realizados no
escopo do Acid-Frac Joint Industry Project conduzido
pela Texas A&M University, em College Station,
EUA. Informações detalhadas sobre os aparelhos
laboratoriais usados neste estudo podem ser obtidas
em [4], [5], [6]. Cinco metros de testemunhos
enviados para o JIP forneceram 20 amostras,
preparadas conforme Fig. 1, em peças de 17,78 cm (7
pol) de comprimento, 5,08 cm (2,0 pol) de altura e
7,62 cm (3,0 pol) de espessura, em um formato
adequado para células de condutividade API RP-61
modificadas. São necessárias duas amostras para
simular uma fratura.
Foi realizada a seguinte sequência de ensaios:
1) Medição da topografia das faces das amostras com
perfilômetro a laser, antes da dissolução ácida.
2) Medição da resistência à incrustação da rocha (SRE)
antes da dissolução ácida.
3) Colocação de cada par de amostras na célula de
simulação de fraturamento ácido com calços
inertes simulando a abertura (largura) de fratura.
4) Simulação da etapa de dissolução ácida das faces
da fratura através do bombeio de ácido à vazão de
1 litro/min., temperatura de 85 ºC (185ºF) e tempo
de contato de 20 ou 30 minutos.
5) Retirada das amostras da célula de simulação de
FA e repetição dos passos 1 e 2.
6) Colocação de cada par de amostras na célula de
condutividade e realização do teste de
condutividade com fluxo de nitrogênio e aplicação
gradual de tensão de fechamento de fratura.
Quatro ensaios adicionais com amostras de baixa
permeabilidade foram realizados em outro laboratório
com procedimentos similares, a fim de substituir
ensaios de condutividade falhos na 1ª fase. Estes
fizeram uso de corpos de prova cilíndricos de 50 mm
de comprimento por 25 mm de diâmetro, cortados
longitudinalmente em duas amostras. A avaliação da
topografia da superfície foi apenas visual. O
procedimento de medição da resistência à incrustação
foi idêntico ao dos ensaios anteriores.
O planejamento, realização e resultados dos ensaios
são apresentados em [7]. Apresentam-se aqui
informações sobre a medição da topografia das
superfícies das fraturas. A medição é feita com um
sensor a laser em uma amostra colocada sobre uma
mesa móvel. A mesa se move de sorte que as
medições são efetuadas ao longo do comprimento da
amostra. A seguir, a mesa se desloca lateralmente e se
move longitudinalmente no sentido inverso. Este
processo é repetido até que a medição seja feita em
toda a face da amostra. O perfilômetro usado neste
estudo (Fig. 2), possui resolução de medida vertical de
13,0 μm (0,0005 pol) em uma faixa de medição de
2,54 cm (1,00 pol.). A resolução nas direções X e Y do
plano da face da fratura é de 2,0 μm (0,00008 pol.). Os
passos na direção X e Y foram de 0,127 cm (0,05 pol.).
Para as amostras usadas neste estudo a área útil de
medição sem recortes é de 17,78 cm (7,0 pol.) por
4,50 cm (1,7 pol.). O valor de X varia 141 vezes para
cada Y, o qual varia 35 vezes, gerando assim um total
de 4935 pontos para cada amostra.
O arquivo de saída do perfilômetro vem em três
colunas de coordenadas em formato ASCII. Estes
dados foram convertidos em três matrizes
bidimensionais (X(i,j), Y(i,j), Z(i,j)) por um código em
MATLAB. Em cada matriz as posições correspondem
ao número de pontos em cada direção. Os dados
contêm distância, para X e Y, e altura para Z. A
estrutura da matriz Z permite os cálculos entre
distintos conjuntos de dados, como dados antes e após
a simulação de fraturamento ácido, cálculo de
rugosidade e ondulação.
A filtração dos dados gera a separação dos
componentes, permitindo a análise independente da
rugosidade. A filtração foi realizada de acordo com
padrão ISO [8], fazendo uso de um algoritmo de
média móvel. Como esta filtração separa os
comprimentos de onda longos do perfil, a mesma não
deve ser usada quando a principal característica da
superfície é um grande canal. Para este caso a
ondulação conserva os aspectos dos canais e a
rugosidade da superfície exibe a rugosidade dentro e
fora do canal.
3. Seleção de Parâmetros de Caracterização
em Área (3D) de Superfície A transição da caracterização de superfície através de
perfis para caracterização em área tem sido
considerada um dos componentes de uma mudança de
paradigma em metrologia de superfície. A
caracterização em área busca obter os aspectos
topográficos fundamentais da superfície incluindo
avaliação da forma e direção da textura e a distinção
entre aspectos conectados e isolados [10]. Os critérios
de seleção, a classificação dos parâmetros e a
justificativa da seleção adotada são apresentados em
[7]. Foram selecionados os seguintes parâmetros, a
maioria da norma ISO/TS 25178-2 [10]: Sq (média
rms ou média quadrática); Ssk (assimetria); Sku
(curtose); Sp (altura dos maiores picos); Sv
(profundidade dos maiores vales); Sz (altura máxima
da superfície; Sa (média aritmética das alturas); Sal,
comprimento de auto correlação do decaimento mais
rápido; Str, razão de aspecto da textura da superfície;
Sdq, gradiente rms da superfície; Sdr, razão interfacial
da área desenvolvida; Std, direção da textura da
superfície; Vvv (volume de vazios de baixos da textura
da superfície); Vvc (o mesmo agora para o núcleo);
Vmp (volume material dos picos); Vmc (idem para o
núcleo); Sbi (índice de rolamento); Sci (índice de
retenção de fluido no núcleo da área); Svi (índice de
retenção de fluido nos vales); Sds (densidade de
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máximos locais); Ssc (curvatura da média aritmética
dos picos); S10z (altura dos 10 pontos); S5p (altura dos 5
pontos); S5v (altura dos 5 vales).
As equações e métodos de cálculo adotados foram
obtidos de [11], [12], [13], [14]. Os cálculos e
respectivas figuras foram realizados através de
códigos em MATLAB. Os parâmetros Sal e Str foram
calculados com um código específico, que
primeiramente calcula a função autocorrelação em
área normalizada (AACF) e então a curva de nível
correspondente ao valor de AACF de 0,2. A seguir,
calcula o comprimento dos segmentos, máximo e
mínimo, que partindo da origem interceptam a curva
de nível. O segmento mínimo corresponde a Sal e a
razão entre o segmento mínimo e o máximo
corresponde a Str.
4. Resultados Experimentais Os resultados experimentais completos são
apresentados em [7]. Esta seção apresenta apenas os
resultados diretamente relacionados ao tema deste
artigo.
O ajuste dos valores de condutividade medida a
modelos clássicos de condutividade de fratura [15],
[16], [17] revelaram melhor qualidade com o modelo
exponencial [15]. Um refinamento deste ajuste gerou
as listas de valores dos coeficientes C1 e C2 (Tabela1)
do modelo exponencial (Eq. 1), os quais constituíram
a base para o desenvolvimento de correlações de
condutividade de fratura ácida [7].
(1) )( 21 cCexpCC f
onde Cf é a condutividade da fratura ácida em
µm2.mm, C1 é a condutividade inicial em µm2.mm, C2
é a taxa de redução da condutividade com a tensão de
fechamento de fratura em 1/ KPa e σc a tensão de
fechamento de fratura em KPa.
Os resultados da caracterização das superfícies das
fraturas ácidas revelaram rugosidade maior do que as
superfícies de engenharia em geral, assimetria
negativa, alta curtose e isotropia intermediária,
predominantemente randômica, mas sempre com
alguma orientação espacial [18].
A correlação entre os coeficientes C1 e C2 e os
parâmetros de caracterização de superfície foi
verificada através do coeficiente de correlação linear
ou coeficiente de Pearson, r. A faixa de valores de r
varia de -1,00 a 1,00. O valor zero significa que não
há correlação linear entre dois parâmetros, enquanto
1,00 significa perfeita correlação positiva e -1,00
perfeita correlação negativa. Como as distribuições
estatísticas dos parâmetros de superfície são não-
Gaussianas a correlação linear calculada tem valor
apenas descritivo e não de inferência [19]. As Tabelas
2 e 3 apresentam os valores de r para C1 e C2,
respectivamente [7].
5. Cálculo da Largura Topográfica de
Fraturas Ácidas Desenvolveu-se um método de cálculo da largura
inicial média de fratura que coloca as faces da fratura
uma contra a outra até o primeiro contato (Fig. 3).
Inicialmente, determina-se a distância relativa entre as
duas faces justapostas (DR0 = Max (Z1+Z2)). A
seguir, calcula-se a diferença entre esta distância e a
soma das alturas locais (Z1k + Z2k), obtendo-se a
largura local (wk). Finalmente, calcula-se a média
(aritmética, geométrica, harmônica) da largura.
Denominou-se wall à média aritmética das larguras
locais calculada considerando toda a extensão de cada
par de amostras e wtopm a mesma média, porém
considerando apenas a parte posterior das amostras,
mais representativa da condutividade medida [7].
Para o par de amostras de máxima condutividade,
5&6, obteve-se RD0 = 24,59 mm, wk máxima = 12,65
mm, wtopm = 1,74 mm e, naturalmente, wk mínima = 0.
Para o par de amostras de mínima condutividade,
13&14, obteve-se RD0 = 26,13 mm, wk máxima = 1,41
mm, wtopm = 0,62 mm e, naturalmente, wk mínima = 0.
A Fig. 4 apresenta os gráficos de wall, wtopm e wideal. A
largura ideal, wideal, é calculada com a aplicação da lei
cúbica (Cf = w3/12) nos valores de condutividade
inicial medidos [7]. Verifica-se que wtopm é de 3,0 a
7,5 vezes maior do que wideal. Este aumento grande da
largura para compensar os efeitos da rugosidade das
faces da fratura se deve parcialmente ao fato do
cálculo da largura topográfica, wtopm, incluir vales
profundos que não contribuem para o fluxo ao longo
da fratura. Sabe-se que a largura calculada pelos
procedimentos laboratoriais rotineiros gera valores
maiores do que wtopm [7], [20]. Note-se ainda que a
presença dos wormholes (pequenos túneis causados
pela dissolução ácida) constitui o grande diferencial
das fraturas ácidas em relação a fraturas naturais e
hidráulicas. Já wall é de 2,0 a 3,4 vezes maior do que
wtopm por se referir à área de análise geral, que inclui a
parte anterior das amostras onde houve dissolução
aumentada por efeitos hidrodinâmicos [7].
6. Razão de Contato Versus Redução da
Abertura de Fratura Ácida A interação entre as protuberâncias das faces da
fratura tem influência significativa na condutividade
da fratura. Um parâmetro que explica esta interação é
a razão de contato, rc, que é a razão entre a área
superficial das protuberâncias que se tocam e a área
nominal da face da fratura. Vários modelos teóricos
dão conta do efeito da rc no fluxo através de fraturas
rugosas [17], [21].
O método mais usado para calcular rc é o de
Greenwood e Williamson [22]. Este modelo admite
que o contato entre duas superfícies rugosas pode ser
considerado como uma superfície efetiva em contato
com uma superfície plana. As duas superfícies se
aproximam até que seus planos de referência fiquem
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separados por uma distância fixa, geralmente
assumida como 95% da máxima altura de
protuberância da superfície de referência. O corte de
95% é o valor típico usado em estudos sobre este tema
[5], [23]. Este modelo funciona bem para os estudos
clássicos de tribologia, onde uma das superfícies em
contato tem rugosidade muito baixa podendo ser
considerada plana.
Para o caso de fraturas ácidas ambas as superfícies
têm rugosidades significativas. Assim, desenvolveu-se
o seguinte método de cálculo da rc em função da
redução da abertura inicial da fratura, w0.
Primeiramente, calcula-se w0 a partir da topografia das
superfícies das fraturas ácidas, a qual na área mais
representativa para medição de condutividade foi
denominada wtopm. Define-se a aproximação entre as
faces da fratura como uma fração desta abertura.
Estimando-se a abertura média da fratura sob tensão
se pode estimar a correspondente razão de contato.
Localizam-se os pontos onde a soma pontual das
alturas é maior ou igual ao máximo referido diminuído
da redução de abertura. Assume-se que a razão de
contato é a razão entre o número de pontos que atende
a este critério e o número total de pontos com medição
de altura em cada amostra. Portanto, há a
simplificação de que cada contato obstrui toda a área
referente aos pontos em contato.
A aplicação deste método nos sete pares de amostras
com caracterização de superfícies, considerando a área
de análise de condutividade, gerou os resultados
ilustrados na Fig. 5. Focando os pares de mínima e
máxima condutividades, 13&14 e 5&6,
respectivamente, verificou-se que a razão de contato,
rc, variou de 0,02% (um ponto de contato) a 50,2%
(449 pontos de contato) para o par 13&14 e de 0,02%
(um ponto de contato) a 66,6% (566 pontos de
contato) para o par 5&6.
Tomando como referência a aproximação das faces da
fratura em 50% da largura inicial média, verifica-se o
valor mínimo de rc, 4,1%, no par 7&8 e máximo,
28,8%, no par 5&6 (Fig. 5). A redução de 50% da
largura média inicial significa um grande impacto na
condutividade, posto que esta é função da largura a
uma potência entre 2 e 3. Portanto, a redução de
largura é dominante sobre a razão de contato para a
determinação da taxa de redução da condutividade
com a tensão de confinamento.
7. Melhor Correlação de Condutividade
Hidráulica de Fratura Ácida Obtida Rodrigues [7] desenvolveu 4 tipos de correlação de
condutividade de fraturas ácidas para o carbonato
Quissamã-ESP. A correlação mais precisa relacionou
C1 a um parâmetro de caracterização de superfície,
Vmc, e C2 à resistência à incrustação da rocha.
40,62087,01 VmcC
(2)
00035,0)(000036,02 RESlnC
(3)
onde C1 é a condutividade inicial em µm2.mm, Vmc é
o volume material do núcleo da curva de razão
material em µm, C2 é a taxa de redução da
condutividade com a tensão de fechamento em 1/KPa
e SRE é a resistência à incrustação em KPa.
Aplicando C1 e C2 na Eq. 1 obtém-se a correlação de
condutividade. Esta correlação apresentou os
seguintes desvios em relação às condutividades
medidas nos 11 ensaios: desvio médio de 16,7%,
desvio padrão de 17,7%, desvio geral máximo de
145,2% e desvio máximo na faixa de operação normal
esperada para o Quissamã-ESP de 49,5%. A aplicação
da correlação de Nierode e Kruk [15], tomada como
referência, apresentou desvio médio de 112,4%,
desvio padrão de 92,4%, desvio máximo de 456,1% e
desvio máximo na faixa de tensão de fechamento de
fratura de produção normal de 127,0%. Portanto, a
correlação desenvolvida constitui um aperfeiçoamento
significativo para o carbonato estudado.
8. Limite do Aperfeiçoamento de Correlações
de Condutividade de Fratura Ácidas Através
de Características de Superfície Nas fraturas ácidas a variação da largura é pequena
comparada com a magnitude da largura, enquanto nas
fraturas naturais a largura é pequena e a variação de
largura é relativamente grande [24], [7]. Assim, as
fraturas ácidas dispõem de maior espaço efetivo para o
fluxo de fluidos e apresentam predomínio dos vales
sobre os picos. A análise intuitiva de como seria a
variação dos caminhos de fluxo versus σc nas fraturas
ácidas pode ser ilustrada pela Fig. 6. O gráfico
superior (a) representa a situação de σc nula, que
corresponde ao primeiro contato entre as faces da
fratura e à abertura e condutividades iniciais. O
gráfico inferior (b) representa uma situação com σc
causando deformação das protuberâncias em contato.
A hipótese física concebida foi de que à medida que σc
aumenta, os vales mais profundos passam a contribuir
para o fluxo ao longo da fratura. Daí, a tortuosidade
teria influência significativa na condutividade inicial
(C1) e influência insignificante na taxa de variação da
condutividade com a tensão de fechamento de fratura
(C2). A influência negligenciável em C2 decorreria da
compensação exercida pelos vales à medida que
aumenta a perda de carga devido às obstruções.
A alta influência dos parâmetros de superfície, ou em
outras palavras da rugosidade, em C1 é provada pela
alta correlação linear entre aqueles parâmetros e C1
(Tabela 2) e pela melhor correlação obtida.
A influência negligenciável dos parâmetros de
superfície em C2 é provada pela baixa correlação
linear entre estes e C2 (Tabela 3) e pelo lento
crescimento da razão de contato com a redução de
abertura de fratura (Fig. 5). Esta conclusão é
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confirmada pela melhor correlação obtida na qual C2
foi correlacionado à SRE. Embora apresentando um
ajuste pobre à lista de valores de C2 por ensaio a
correlação com SRE é melhor do que com os
parâmetros de superfície.
Conclui-se que os parâmetros de caracterização de
superfície permitem aperfeiçoar a correlação de C1,
porém, não permitem aperfeiçoar as correlações de C2.
Como a correlação de C2 em função de SRE apresentou
baixa qualidade de ajuste à lista de valores de C2 por
ensaio, há significativo espaço para melhoria nesta.
Tal melhoria deve ser buscada através de um novo
modelo de deformação de fraturas ácidas sob tensão
de fechamento de fratura.
9. Conclusões e Sugestões
1. Foi desenvolvido um método de calculo de largura
ou abertura inicial de fratura a partir da topografia
das superfícies de fraturas ácidas.
2. Foi desenvolvido um método de calculo da razão
de contato entre as faces da fratura em função da
redução percentual da largura inicial de fratura.
3. Foi estabelecida e verificada a hipótese de que nas
correlações de condutividade hidráulica de fraturas
ácidas do modelo exponencial as características
das superfícies têm alta influência na
condutividade inicial (à tensão de fechamento de
fratura nula) e influência insignificante na taxa de
variação da condutividade com a tensão de
fechamento de fratura. Este achado é relevante na
definição de linhas de pesquisa no tema
condutividade hidráulica de fraturas ácidas.
4. A melhor correlação de condutividade hidráulica
de fratura ácida obtida para o carbonato Quissamã-
ESP constitui o limite de aperfeiçoamento através
do uso de caracterização de superfície para este
carbonato. Esta correlação apresentou previsões de
condutividade mais precisas do que a correlação de
Nierode e Kruk usada como referência.
Sugere-se a realização de um novo estudo constituído
pela obtenção de parâmetros de resistência mecânica
da rocha e de caracterização de superfícies após ciclos
de carregamento e descarregamento de esforços, que
simulem as variações de abertura de um poço típico ao
longo de sua vida produtiva. Com tais informações
deve-se desenvolver um modelo de deformação de
fraturas ácidas que permita a geração de correlações
de condutividade mais precisas. Propõe-se um modelo
de deformação que leve em conta as deformações
plásticas, elásticas e viscosas.
Agradecimentos
Os autores agradecem à Agência Nacional de
Petróleo, Gás Natural e Bio-combustíveis, ANP, pela
liberação dos testemunhos usados neste estudo.
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College Station, Texas, USA, 2009.
(a) (b) (c)
Figura 1: (a) Caixas de testemunhos; (b) amostras antes
(acima) e após (abaixo) fluxo de ácido; (c) amostra em
perspectiva. * Dimensões em cm.
Figura 2. Principais componentes do perfilômetro a laser
Caixa controle Sensor a
laser
Mesa móvel
Mesa vertical
ENAHPE 2011 – IV Encontro Nacional de Hidráulica de Poços de Petróleo e Gás Foz do Iguaçu - PR, 8 a 11 de agosto de 2011
Figura 3. Desenho esquemático para cálculo de largura de fratura.
Figura 4. Larguras de fratura.
RD0 =Max
(Z1+Z2)
Z1i
Z2i
Z1k
Z2k
wk
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Figura 5. Razão de contato versus redução da largura média inicial.
Figura 6. Perfis médios da parte posterior das amostras 3A e 4 B justapostos. Acima (a) à tensão
de fechamento nula e abaixo (b) a uma tensão de fechamento positiva.
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Tabela 1. Coeficientes C1 e C2 por ensaio Tabela 2. Correlação linear entre C1 e parâmetros de superfície
Parâmetro r Parâmetro r
Vmc (µm) 0,98 Sp (µm) 0,84
Sdr (%) 0,95 S5v(µm) -0,84
Sa (µm) 0,94 Sv (µm) -0,85
Sdq (grau) 0,93 Sds (1/mm2) -0,70
Vvc (µm) 0,92 rc (adim.) 0,66
Sq (µm) 0,91 Sbi (adim.) -0,37
Vvv (µm) 0,88 Sci (adim.) -0,35
wtopm (mm) 0,86 Ssk (adim.) -0,30
Sz (µm) 0,86 Sku (adim.) 0,32
Vmp (µm) 0,86 Str (adim.) 0,20
S10z (µm) 0,85 Svi (adim.) 0,16
S5p (µm) 0,84
Tabela 3. Correlação linear entre C2 e parâmetros de superfície.
Parâmetro r Parâmetro r
Sp (µm) -0,28 S5p (µm) 0,11
Sal (mm) 0,19 Vmp (µm) -0,11
Vvv (µm) 0,19 Svi (adim.) 0,10
S10z (µm) -0,18 Str (adim.) -0,07
Sci (adim.) -0,16 Rmax (mm) 0,06
Ssk (adim.) -0,16 Sds (1/mm2) -0,06
Sz (µm) -0,16 Sbi (adim.) -0,04
S5v (µm) 0,15 Sa (µm) 0,02
Vvc (µm) 0,14 Sdq (grau) -0,02
Sdr (%) -0,13 Sv (µm) 0,01
Sq (µm) -0,13 Sku (adim.) -0,01
Vmc (µm) -0,13
Pares de
Amostras
C1
(μm2.mm)
C2
(1/KPa)
LC1G 692,0 -0,000075
13&14 709,0 -0,000075
LC1V 722,0 -0,000077
15&16 773,5 -0,000115
LC1E 776,1 -0,000076
3&4 805,0 -0,000100
7&8 811,9 -0,000080
11&12 820,0 -0,000080
LC1S 983,7 -0,000095
9&10 1030,0 -0,000070
5&6 1042,7 -0,000090
Média 833,3 -0,000086
DP 127,0 0,000014
Máximo 1042,7 -0,000070
Mínimo 692,0 -0,000110