Mobile-Learning: implicações no envolvimento dos alunos
na aprendizagem
Adelina Moura
Universidade do Minho
1. Introdução
As tecnologias móveis estão em contínuo desenvolvimento, quer em ganhos de
desempenho, quer no aparecimento de novos dispositivos e o futuro do ensino parece vir
a ser informal e móvel. Informal porque, cada vez mais, se pode aprender fora da escola,
fora de estruturas formais. Móvel, porque é suportado por dispositivos móveis que
permitem aprender onde e quando se quer. Assim, as instituições educativas devem
rever parcial, ou mesmo integralmente, as suas concepções de ensino/aprendizagem e
considerarem novos conceitos, tais como “one-to-one” [Peppers & Rogers 1998,1999 e
Derycke et al 2003].
A aprendizagem móvel embora sendo um conceito cuja investigação ainda está numa
fase inicial, tem levado a discussões e reflexões entre os investigadores um pouco por
todo o lado. A cada vez maior potência e disponibilidade de aparelhos portáteis com
Wireless, tem propiciado a proliferação de aplicações móveis para diversas áreas da
sociedade e em especial para o ensino. Estes aparelhos têm vindo a potenciar a criação
de novas oportunidades de aprendizagem que não seria possível sem a tecnologia
Wireless.
O m-learning (aprendizagem suportada por dispositivos móveis) é um padrão emergente
que conflui para três fluxos tecnológicos: modelo flexível de aprendizagem; padrão
pedagógico apoiado em dispositivos tecnológicos sem fios e vocacionado para a
aprendizagem. A combinação de tecnologias móveis e dispositivos móveis está a
caminho de transformar o mundo educativo. A questão é saber como é que estas
tecnologias afectarão o ambiente de aprendizagem, a pedagogia e a educação
permanente.
Foi, pois, neste contexto que se realizou um estudo piloto com computadores portáteis
1:1, com conexão à Internet GPRS 3G, com alunos do ensino profissional e patrocinado
pela IBM e VODAFONE. A motivação para o projecto que se descreve neste artigo foi
entender as implicações que as tecnologias móveis podem ter na aprendizagem
individual e colectiva e na atitude dos alunos perante a escola.
2. A construção de conhecimento: tendências teóricas
A investigação recente sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação
(TIC) na área educativa mostra uma série de novos conceitos e novos enfoques que têm
feito evoluir o campo do ensino e aprendizagem. Em ambientes de aprendizagem
mediados por computador, é possível abordar diferentes teorias de aquisição de
conhecimento que adoptem orientações sócio-culturais de aprendizagem. Assim, no
âmbito de investigação da ciência cognitiva, destacam-se a cognição situada (Lave), a
mediada (Vigotsky) e a distribuída (Hutchins) (apud Stahl, 2006). Para além destas, são
de referir a aprendizagem colaborativa, os ambientes tecnologicamente enriquecidos e
as comunidades de aprendizagem, entre outras (Waldegg, 2002). No entanto, o que
todas elas têm em comum é o facto de pertencerem a correntes de pensamento sócio-
construtivistas.
De entre todas, a teoria da cognição situada, sendo uma teoria de aquisição de
conhecimentos, é também apoiada na crença de que uma cultura é menos uma
acumulação de saberes e mais um conjunto de conhecimentos entrelaçados (Ulbricht
&Vanzin, 2004), que auxilia a integração de novos saberes em contexto de
aprendizagem. Esta teoria interliga-se com as TIC por via da Inteligência Artificial,
operando em situações de resolução de problemas em comunidades. A cognição situada
propõe uma forma diferente de abordar a interacção corpo, mente e ambiente e, ao
mesmo tempo, apresenta uma reinterpretação da visão cognitivista tradicional do
conhecimento pela via da contextualização. Esta referência teórica liga-se tanto ao
sócio-interacionismo vygotskyano, como à teoria da actividade de Leonti’ev.
Neste momento, emergem, na sociedade do conhecimento, comunidades do
conhecimento inovadoras que importa entender, e acima de tudo, ajudar a encontrar um
quadro de referência. Desta feita, a criação de conhecimento surge como um aspecto
essencial no modelo de construção do conhecimento de Bereiter (2002), que
conceptualiza processos de trabalho para a partilha de ideias, aquilo a que se pode
chamar “artefactos conceptuais”.
Também a teoria da actividade histórico-cultural actualizada por Engestrom1 (1987)
aborda a criação de conhecimento através da reflexão das tensões e perturbações
existentes no sistema activo da comunidade. A teoria da actividade foi concebida como
uma teoria unificada do comportamento individual e social e fundada sobre sujeitos
reais e casos concretos, tendo o conceito de mediação no seu centro. Para esta teoria
todas as formas do comportamento psicológico especificamente humanas nascem de
uma necessidade e orientam-se para um objecto que por sua vez é projectado para um
resultado esperado (Engeström, 1999).
Um conhecimento colectivo novo emerge quando o indivíduo e a comunidade reflectem
e expandem as suas aprendizagens ou actividades de trabalho. Assim, as actividades
colaborativas, a interacção social, a participação em comunidades sociais e a
apropriação de ferramentas conceptuais desenvolvidas sócio-culturalmente têm um
papel fundamental em modelarem e constituírem o desenvolvimento da cognição
individual (Varela Freitas, 2003).
A forma como se processa a interacção entre indivíduo, meio e objecto e a construção
individual e colectiva do conhecimento tem sido objecto de estudo e discussão. Agora, e
dentro do conceito de aprendizagem móvel, importa reflectir sobre os processos e
actividades que podem ajudar na construção de conhecimento e saber como a
participação activa, a aprendizagem significativa e o aumento de conhecimentos do
aluno podem ser facilitados através da utilização de dispositivos móveis. Porque em
1 Engeström propõe um esquema da teoria da actividade diferente do apresentado por Leont'ev, contendo
três entidades interactivas: o indivíduo, o objecto e a comunidade, em vez de apenas duas componentes: a
individual e o objecto, no esquema original de Leont’ev.
toda a história das tecnologias da educação nenhuma tecnologia esteve tão amplamente
acessível aos cidadãos como a tecnologias móvel (Nix, etal. 2005).
3. Aprendizagem a distância: emergência de novos conceitos Depois do aparecimento do conceito de e-learning outros paradigmas têm assomado no
sentido de se adaptarem às necessidades educativas. Assim, e com o desenvolvimento
das tecnologias móveis, apareceu ao lado do e-learning o conceito de m-learning
(mobile-learning). Este novo paradigma da aprendizagem adiciona uma noção de
mobilidade que segue o aparecimento de tecnologias sem fios (PDA, Wifi, Wap, …).
Consequentemente, o conceito de m-learning tem vindo a ganhar terreno, porém não é o
único e novos conceitos estão a emergir. Igualmente se fala, por exemplo, de p-learning
ou “pervasive learning”2, de u-learning ou “ubiquity learning”, evocando a ubiquidade
da aprendizagem, ou ainda de “ambiente de aprendizagem”, para designar a noção de
ambiente ou meio inteligente.
Se o m-learning permite alargar as possibilidades do e-learning, o p-learning é um
alargamento ainda mais importante do m-learning. Todavia, por detrás da proliferação
destes novos termos, apenas se perfilam novas tendências de aprendizagem on-line que
vêm acomodar-se à volta do conceito e-learning, definido pelo European Institute for E-
Learning (EifEL)3 como “training at a time and place of the learner’s choosing, without
an attendant trainer and with customization”.
Esta perspectiva, faz com que a educação, vista como o acesso e desenvolvimento do
conhecimento, ganhe um novo significado, como é expresso por Henrik & Hundebøl
(2006), “Education is now about how you handle knowledge it is not a place where you
can access scarce information”.
3.1. As tecnologias móveis e as suas implicações na educação
A forma como se aprende tem evoluído aos longos dos séculos e novas maneiras de
aprender se perfilam. As tecnologias móveis estão numa revolução sem precedentes,
quer em serviços, quer em conteúdos e disso vão ser responsáveis.
A noção de “self-service” presente em toda a sociedade, é também característica da
aprendizagem móvel. Para Alexander (2004) as tecnologias móveis, e a sua adaptação
pelas jovens gerações, são chamadas a transformar a própria educação. Porque a cultura
“multitasks”, a mobilidade e a aprendizagem “à la carte” destas gerações, modificará a
própria natureza dos professores, dos programas curriculares e das abordagens
pedagógicas. Para isso, é também necessário adaptar os conteúdos pedagógicos às
plataformas utilizadoras e modelar os aprendentes como participantes criativos e
comunicantes e acima de tudo com sentido crítico, em vez de consumidores passivos.
Este autor apresenta uma perspectiva bastante avançada relativamente à reconfiguração
das salas de aula e dos campus universitários em espaços abertos, ligando presença
física e colaboração distante. Com as tecnologias móveis, deixa de haver necessidade de
equipar os espaços de forma fixa, pois os estudantes estão equipados com os seus
próprios dispositivos de comunicação, esticando as fronteiras até ao infinito.
2 A noção de p-learning encerra a mobilidade do m-learning, mas com um ambiente aumentado. Pode
significar espaços inteligentes, uma invisibilidade das tecnologias, interfaces com objectos tangíveis, etc.
3 http://www.ambafrance-au.org/IMG/pdf/FST_37.pdf
As tecnologias móveis vêm transformar a mais tradicional perspectiva de aprendizagem
ao longo da vida. Assim, poder-se-iam criar uma espécie de “zonas de aprendizagem
temporária” (Alexander, 2004), onde qualquer um poderia em qualquer sítio e em
qualquer momento, pegar num assunto, procurar uma comunidade de aprendizagem, aí
inserir-se por algum tempo e deixá-la quando o objectivo fosse atingido.
É a sociedade actual que clama por novos ambientes de aprendizagem que podem
combinar e desenvolver a aprendizagem informal nas organizações com as
potencialidades da aprendizagem formal. A facilidade com que os alunos têm acesso a
um número quase ilimitado de recursos de informação que lhes permitem obter,
partilhar e desenvolver conhecimento através de uma mescla de diferentes media, vem
propiciar as condições favoráveis à sua concretização.
Com a possibilidade de mobilidade e portabilidade proporcionados pelas tecnologias
móveis, a aprendizagem individual ou colaborativa deixa de ter lugar e hora marcada.
Por outro lado, os impactos da Web 2.0 vêm também influenciar a maneira de aprender.
4. Estudo
No ano lectivo 2005/2006 realizámos um estudo piloto com alunos do ensino
profissional equipados com computadores portáteis emprestados pela IBM e com
serviço de ligação Wireless GPSR da VODAFONE. Este estudo surge no seguimento
do projecto “Português On-line”4 (Moura, 2005), uma forma de rentabilizar a Web nas
aulas da disciplina de Português.
Neste estudo pretendeu-se avaliar o impacto do uso do computador portátil com ligação
à Internet na vida escolar. Em particular, analisou-se o impacto do m-learning na
assiduidade, na promoção do interesse pela aprendizagem e nas atitudes perante a
escola.
A ideia de munir cada aluno com um computador portátil com ligação à Internet
pretendeu favorecer novas práticas pedagógicas e assegurar a igualdade de acesso dos
alunos ao instrumento informático e em particular realizar uma experiência em que se
coloca a tecnologia ao serviço do processo de ensino/aprendizagem.
A recolha de dados para este estudo foi efectuada por entrevista (gravada) e realizada a
cada aluno individualmente (N=19) no final do estudo.
A maioria dos alunos sentiu-se minimamente à vontade a utilizar os comandos básicos
do computador portátil, no entanto, cinco alunos tiveram necessidade de um
acompanhamento individualizado no momento da instalação de algum software: Open
Office e antivírus. Antes do início deste estudo piloto apenas 4 alunos possuíam
computador portátil próprio e destes apenas dois tinham acesso à Internet. Durante o
estudo apenas dois alunos usaram os computadores portáteis pessoais em vez dos
ThinkPad emprestados.
Os alunos trabalharam através de unidades didácticas, programadas em conformidade
com as necessidades programáticas, que reuniam um conjunto de objectivos didácticos,
conteúdos, actividades de aprendizagem e avaliação.
4 www.portuguesonline2.no.sapo.pt
4.1. Análise dos resultados
Os dados que a seguir apresentamos foram obtidos através das entrevistas individuais
realizadas aos alunos.
Relativamente à pergunta sobre a utilização do computador portátil e a assiduidade às
aulas (tabela 1) nenhum aluno considerou que durante o tempo em que teve o
computador portátil em seu poder, tivesse alterado negativamente a sua assiduidade. A
maioria dos alunos (74%) considerou não ter havido alteração na assiduidade e 26% dos
alunos referiram que foram mais assíduos, por sentirem mais vontade em ir à escola
durante este período.
Tabela 1. Utilização do computador portátil e a assiduidade às aulas (N=19)
Assiduidade às aulas Alunos
f %
Mais 5 26
Igual 14 74
Menos 0 0
Relativamente à questão sobre se passaram a aceder mais à página da disciplina fora da
escola (anteriormente apenas acediam aos conteúdos da disciplina a partir da sala de
informática), todos os alunos responderam afirmativamente. Quando se lhes perguntou
que itens visitaram mais no site da disciplina (tabela 2) todos os alunos referiram o
cronograma e o caderno Wiki, tanto na escola, como fora. O cronograma foi acedido
para seguirem as actividades planeadas e a realizar e o Wiki que serviu de eCaderno, foi
usado para a realização das tarefas e apresentação do produto final.
Tabela 2. Itens mais acedidos no site da disciplina fora da escola (N=19)
Itens visitados f %
Cronograma 19 100
Wiki 19 100
Podcast 14 74
Fórum 13 63
Blogue 11 58
Fotos/vídeo 6 32
Dicionário 3 16
Inquiriu-se qual a implicação do computador portátil na promoção do interesse pela
aprendizagem (tabela 3). A maioria dos alunos (63%) mencionou o factor motivacional
e 53% dos alunos aludiram que o computador lhes permitiu trabalhar a qualquer hora e
em qualquer lugar. Referiram ainda como factores de promoção do interesse pela
aprendizagem, o facto de terem ajuda para a realização de trabalhos extracurriculares
(37%), a oportunidade de consultar o professor e os colegas on-line (32%), ser um
instrumento facilitador da aprendizagem (26%), possibilitar melhor aproveitamento do
tempo e a oportunidade de poder trabalhar para outras disciplinas (21%) e, finalmente,
dois alunos sentiram que o portátil os ajudou a escrever mais (11%), por ser mais fácil
escrever com o teclado.
Tabela 3. Promoção do interesse pela aprendizagem (N=19)
Categorias f %
Maior motivação 12 63
Poder trabalhar a qualquer hora e em qualquer
lugar
11 53
Ajudar na realização de trabalhos
extracurriculares
7 37
Poder consultar o professor e colegas on-line 6 32
Facilitar a aprendizagem 5 26
Ajudar a aproveitar mais o tempo 4 21
Permitir trabalhar para outras disciplinas 4 21
Ajudar a escrever mais 2 11
No que concerne à pergunta referente à alteração da atitude perante a escola, a maioria
dos alunos (63%) respondeu que se considerava integrada no ambiente da escola e por
isso durante este período a atitude manteve-se. No entanto, 37% dos alunos
consideraram que se sentiram mais motivados para virem para a escola durante este
período, por poderem usar o computador tanto nas aulas como fora delas.
Tabela 4. Alteração da atitude perante a escola (N=19)
Alteração da atitude
perante a escola
Alunos
f %
Mais 7 37
Igual 12 63
Menos 0 0
Questionados sobre o facto de terem um portátil emprestado influenciou o seu uso,
todos os alunos referiram que o usaram como se lhes pertencesse, tirando partido de
todas as suas potencialidades. De referir que dois alunos usaram os portáteis pessoais.
Porém, três alunos afirmaram ter procedido à personalização do ambiente de trabalho
para sentirem que durante o período do estudo o aparelho lhes pertencia.
Relativamente à avaliação que os alunos fizeram do estudo piloto foi muito positiva,
todos os alunos gostaram de participar nele. Uma aluna que não gostava muito das aulas
no laboratório de informática, passou a encarar a aprendizagem baseada nas tecnologias
de uma forma mais positiva depois deste estudo e sentiu-se mais confiante em usar as
tecnologias no futuro.
A seguir listamos os aspectos positivos e negativos mencionados pelos alunos na
entrevista e que traduzem as suas representações sobre a experiência. Assim, os aspectos
positivos referidos pela maioria dos alunos prendem-se com a percepção do aumento do
trabalho produzido (58%) e da aprendizagem e o acesso aos conteúdos a qualquer hora e
em qualquer lugar (56%). Relativamente aos aspectos negativos, a maioria dos alunos
(63%) salientou o reduzido tempo em que decorreu a experiência (um período lectivo) e
a dificuldade que alguns alunos tiveram em gerir o tempo de lazer e o tempo de estudo
(47%), no entanto, também referiram que depois da fase inicial de deslumbramento,
pela posse de um computador portátil com acesso à Internet, notaram que passaram a ter
maior autocontrolo.
Tabela 5. Aspectos positivos e negativos (N=19)
Positivos f % Negativos f %
Aumentou o trabalho
produzido
11 58 Reduzido tempo da
experimentação
12
63
Permitiu aprender mais 10 56 Alguns alunos tiveram
dificuldade em gerir o tempo
de lazer e de estudo
9 47
Possibilitou aceder aos
conteúdos a qualquer hora
em qualquer lugar
10 56 O portátil foi um instrumento
de distracção
7 36
Melhorou as condições de
trabalho
8 42 Falhas de ordem técnica e de
conexão
5 26
Permitiu tirar dúvidas 8 42
Permitiu trabalhar para
outras disciplinas
7 36
Proporcionou maior
interligação entre os
alunos/alunos e
alunos/professora
7 36
Também inquirimos se o uso do computador portátil promoveu mais o trabalho
individual ou o trabalho colaborativo ou ambos. Desta feita, a maioria dos alunos (58%)
considerou ter trabalhado mais de forma individualizada, todavia 26% dos alunos
consideraram ter trabalhado de ambas as formas, ora só, ora com outros colegas,
sobretudo na realização de trabalhos de outras disciplinas.
Tabela 6. Promoção do trabalho individual e colaborativo (N=19)
Promoção do trabalho
individual e
colaborativo
Alunos
f %
Individual 11 58
Colaborativo 3 16
Ambos 5 26
6. Conclusões A pergunta que gostaríamos de ter visto respondida era saber se os alunos se
envolveram verdadeiramente nos conteúdos escolares quando tiveram um laptop com
ligação à Internet. Porém, esta resposta só seria viável com um estudo mais aprofundado
e de carácter experimental. Apesar dos alunos terem mostrado grande satisfação pela
experiência que tiveram, verificou-se que inicialmente os alunos tiveram dificuldade em
olhar para o computador como um instrumento de trabalho. De relevar alguns abusos
iniciais na utilização dos equipamentos, pelo facto de para grande parte dos alunos ser a
primeira vez que usufruíam de acesso ilimitado à Internet. Essencialmente os rapazes
declararam ter utilizado o computador em casa para jogar e fazer download de músicas.
Estes dados não estão distantes de resultados de outros estudos reportados por Russell et
al. (2003), (MEPRI, 2003), Russell et al. (2004), Bebell (2005).
É nossa convicção que deve haver desde o início do uso do laptop ou outra tecnologia
dentro da sala de aula, um conjunto de regras e deveres a serem respeitados por todos.
Por outro lado, o professor deve estar muito bem preparado para criar e coordenar os
trabalhos e resolver problemas técnicos ou de outra natureza que possam surgir.
Este projecto ajudou a compreender o poder dos laptops como uma ferramenta útil e
flexível, “just in time”, dentro e fora da sala de aula, pronta para ajudar a procurar,
organizar, criar, manipular, armazenar e rever informação. Ajudou a mediar o processo
de ensino/aprendizagem de diferentes maneiras e múltiplas estratégicas educacionais.
Mas sem uma cuidadosa planificação das actividades e implicação firme dos alunos, a
presença do laptop de pouco servirá para elevar os padrões do sucesso. É também
necessário que o professor tenha um conhecimento claro dos objectivos a atingir com
cada projecto e compreenda o verdadeiro valor pedagógico das tecnologias.
Embora os resultados aqui apresentados não possam ser generalizados, eles deixam
antever alguns caminhos que poderão ser um ponto de partida para outros trabalhos
experimentais com dispositivos móveis de bolso (SmatPhone/PDA, Pocket PC).
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