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ondas de calor e ondas de frio em coimbra. impactes na ...

Date post: 01-Feb-2023
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Faculdade de Letras

ONDAS DE CALOR E ONDAS DE FRIO EM

COIMBRA. IMPACTES NA MORTALIDADE

DA POPULAÇÃO.

Ficha Técnica:

Tipo de trabalho Dissertação de Mestrado

Título ONDAS DE CALOR E ONDAS DE FRIO EM

COIMBRA. IMPACTES NA MORTALIDADE DA

POPULAÇÃO.

Autora Carla Patrícia Pedroso Mateus

Orientador Lúcio José Sobral da Cunha

Coorientador Paulo Nuno Maia da Sousa Nossa

Júri Presidente: Doutor Luciano Fernandes Lourenço

Vogais:

1. Doutora Helena Guilhermina da Silva Marques

Nogueira

2. Doutor Lúcio José Sobral da Cunha

Identificação do Curso 2º Ciclo em Geografia Física, Ambiente e

Ordenamento do Território

Data da defesa 21-10-2014

Classificação 18 valores

i

Agradecimentos

Deixo os meus agradecimentos aos orientadores científicos desta dissertação pelos

conhecimentos académicos transmitidos, sugestões, comentários e revisões concernentes ao trabalho

desenvolvido.

Ao Instituto Nacional de Estatística pela disponibilização dos dados de mortalidade diária.

Ao Instituto Geofísico da Universidade de Coimbra pela disponibilização dos dados de

temperaturas.

Aos meus amigos e família pelo incentivo.

1

Índice

Índice 1

Índice de figuras 3

Índice de quadros 6

Resumo 8

Abstract 9

Introdução: importância do tema, objetivos e plano de trabalho 10

1. Estado da arte 12

1.1. Importância dos estudos de mortalidade relacionada com temperaturas extremas 12

1.2. Ondas de calor e mortalidade 13

1.3. Ondas de frio e mortalidade 19

1.4. Mudanças climáticas e paroxismos térmicos 23

2. Ondas de calor e ondas de frio – enquadramento teórico 26

2.1. Definição de onda de calor e de onda de frio 26

2.1.1. Definição de onda de calor 26

2.1.2. Definição de onda de frio 27

2.2. Importância do estudo do risco de ondas de calor e do risco de ondas de frio 27

2.3. Ocorrência de ondas de calor e de ondas de frio em Portugal 30

2.4. Prevenção face a temperaturas extremas em Portugal 33

2.4.1. Calor 33

2.4.2. Frio 35

3. Área de estudo 36

3.1. Localização 36

3.2. O clima de Coimbra e as suas condicionantes regionais e locais 39

3.2.1. O clima de Coimbra 39

3.2.2. Condicionantes regionais e locais do clima de Coimbra 47

3.3. Caracterização demográfica e social das freguesias do concelho de Coimbra 49

3.3.1. Demografia 49

3.3.2. Educação 57

3.3.3. Emprego 59

3.3.4. Habitação 61

3.3.5. Síntese 65

4. Vulnerabilidade Social 66

4.1. Enquadramento teórico 66

4.2. Vulnerabilidade social no concelho de Coimbra 67

2

4.2.1. Enquadramento teórico 67

4.2.1. Cartografia da vulnerabilidade social em Coimbra 67

5. Ondas de calor e ondas de frio em Coimbra 71

5.1. Metodologia para a determinação de ondas de calor e de ondas de frio 71

5.2. Ondas de calor 73

5.3. Ondas de frio 78

6. Estudo de caso de ondas de calor e das ondas de frio 82

6.1. Metodologia 82

6.2. Ondas de calor em Coimbra 83

6.2.1. Onda de calor de 29 de julho a 3 de agosto de 2003 83

6.2.2. Ondas de calor de 11 a 17 de julho de 2006 e de 4 a 11 de agosto de 2006 86

6.2.3. Onda de calor de 24 a 30 de julho de 2010 92

6.3. Ondas de frio em Coimbra 95

6.3.1. Onda de frio de 8 a 16 de fevereiro de 1983 95

Conclusões 99

Referências bibliográficas 101

3

Índice de figuras

Fig.1: Localização do concelho de Coimbra e respetivas freguesias. 36

Fig.2: Hipsometria do concelho de Coimbra. 37

Fig.3: Localização do IGUC no contexto da cidade de Coimbra. 38

Fig.4: Pormenor da localização do IGUC e área envolvente. 38

Fig.5: Gráfico termopluviométrico de Coimbra (IGUC) de acordo com a normal climatológica

de 1971-2000.

40

Fig.6: Evolução da temperatura mínima mensal (ºC) do mês de janeiro entre 1865 e 2013. 41

Fig.7: Evolução da temperatura mínima mensal (ºC) do mês de fevereiro entre 1865 e 2013. 41

Fig.8: Evolução da temperatura mínima mensal (ºC) do mês de dezembro entre 1865 e 2013. 42

Fig.9: Evolução da temperatura máxima mensal (ºC) do mês de junho entre 1865 e 2013. 42

Fig.10: Evolução da temperatura máxima mensal (ºC) do mês de julho entre 1865 e 2013. 42

Fig.11: Evolução da temperatura máxima mensal (ºC) do mês de agosto entre 1865 e 2013. 43

Fig.12: Número de dias com temperatura máxima diária igual ou superior a 30ºC durante os

meses de junho, julho e agosto entre 1865 e 2013.

43

Fig.13: Número de dias com temperatura máxima diária igual ou superior a 30°C durante os

meses de junho, julho e agosto, por décadas, entre 1865 e 2013.

43

Fig.14: Número de dias com temperatura máxima diária igual ou superior a 32ºC durante os

meses de junho, julho e agosto entre 1865 e 2013.

44

Fig.15: Número de dias com temperatura máxima diária igual ou superior a 32°C durante os

meses de junho, julho e agosto, por décadas, entre 1865 e 2013.

45

Fig.16: Número de dias com temperatura máxima diária igual ou superior a 35ºC durante os

meses de junho, julho e agosto entre 1865 e 2013.

45

Fig.17: Número de dias com temperatura máxima diária igual ou superior a 35°C durante os

meses de junho, julho e agosto, por décadas, entre 1865 e 2013.

45

Fig.18: Número de dias com temperatura máxima diária igual ou superior a 40ºC durante os meses de junho, julho e agosto entre 1865 e 2013.

46

Fig.19: Número de dias com temperatura máxima diária igual ou superior a 40°C durante os meses de junho, julho e agosto, por décadas, entre 1865 e 2013.

46

Fig.20: Número de dias com temperatura mínima diária igual ou inferior a 0ºC durante os

meses de janeiro, fevereiro e dezembro entre 1864 e 2013.

46

Fig.21: Número de dias com temperatura mínima diária igual ou inferior a 0ºC durante os

meses de janeiro, fevereiro e dezembro, por décadas, entre 1864 e 2013.

47

Fig.22: Densidade populacional (habitantes/km2)

nas freguesias do concelho de Coimbra em

2011.

50

Fig.23: Variação da população residente (%) nas freguesias do concelho de Coimbra entre

2001 e 2011.

50

Fig.24: Pirâmides etárias do concelho de Coimbra em 2001 e em 2011. 51

Fig.25: Pirâmides etárias da Região Centro de Portugal Continental em 2001 e em 2011. 51

Fig.26: Pirâmides etárias de Portugal em 2001 e em 2011. 52

Fig.27: Estrutura etária da população residente em Portugal por grupos etários em 1981, 1991, 2001 e em 2011.

52

Fig.28: Proporção de jovens (%) relativamente à população residente nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

53

4

Fig.29: Proporção da população residente com 65 e mais anos de idade (%) nas freguesias do

concelho de Coimbra em 2011.

53

Fig.30: Proporção da população residente com 75 e mais anos de idade (%) nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

54

Fig.31: Índice de envelhecimento (n.º) nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011. 55

Fig.32: Índice de longevidade (%) da população residente nas freguesias do concelho de

Coimbra em 2011.

56

Fig.33: Proporção de famílias clássicas unipessoais de pessoas com 65 ou mais anos de idade (%) nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

57

Fig.34: Taxa de analfabetismo (%) da população residente nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

58

Fig.35: População com o ensino superior completo (%) nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

58

Fig.36: Taxa de desemprego (%) nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011. 60

Fig.37: População empregada no setor primário de atividade económica (%) nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

60

Fig.38: Proporção de profissionais socialmente mais valorizados (%) na população residente nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

61

Fig.39: Densidade de alojamentos (%) nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011. 62

Fig.40: Idade média dos edifícios (ano) nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011. 62

Fig.41: Proporção de edifícios muito degradados (%) nas freguesias do concelho de Coimbra

em 2011.

63

Fig.42: Alojamentos familiares de residência habitual sem existência de ar condicionado (%)

nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

64

Fig.43: Alojamentos familiares de residência habitual sem existência de sistema de aquecimento (%) nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

64

Fig.44: Vulnerabilidade da população residente nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

70

Fig.45: Evolução da distribuição de ondas de calor por décadas em Coimbra. 77

Fig.46: Número de ondas de calor e respetiva duração em Coimbra. 77

Fig.47: Evolução da distribuição de ondas de frio por décadas em Coimbra. 80

Fig.48: Número de ondas de frio e respetiva duração em Coimbra. 81

Fig.49: Carta sinótica do geopotencial a 500 hPa e pressão à superfície no dia 2 de agosto de

2003.

83

Fig.50: Mortalidade diária total da população residente no distrito de Coimbra. 85

Fig.51: Mortalidade diária da população residente no distrito de Coimbra com idade ≥ 65 anos. 86

Fig.52: Mortalidade diária nos sexos masculino e feminino da população residente no distrito de Coimbra.

86

Fig.53: Mortalidade diária por doenças circulatórias da população residente no distrito de Coimbra.

86

Fig.54: Carta sinótica do geopotencial a 500 hPa e pressão à superfície no dia 11 de julho de 2006.

87

Fig.55: Carta sinótica do geopotencial a 500 hPa e pressão à superfície no dia 4 de agosto de

2006.

88

Fig.56: Mortalidade diária total da população residente no distrito de Coimbra. 91

5

Fig.57: Mortalidade diária da população residente no distrito de Coimbra com idade ≥ 65 anos. 91

Fig.58: Mortalidade diária nos sexos masculino e feminino da população residente no distrito

de Coimbra.

91

Fig.59: Mortalidade diária por doenças circulatórias da população residente no distrito de

Coimbra.

92

Fig.60: Carta sinótica do geopotencial a 500 hPa e pressão à superfície no dia 25 de julho de

2010.

92

Fig.61: Mortalidade diária total da população residente no distrito de Coimbra. 94

Fig.62: Mortalidade diária da população residente no distrito de Coimbra com idade ≥ 65 anos. 94

Fig.63: Mortalidade diária nos sexos masculino e feminino da população residente no distrito de Coimbra.

95

Fig.64: Mortalidade diária por doenças circulatórias da população residente no distrito de

Coimbra.

95

Fig.65: Carta sinótica do geopotencial a 500 hPa e pressão à superfície no dia 13 de fevereiro

de 1983.

96

Fig.66: Mortalidade diária total da população residente no distrito de Coimbra. 97

Fig.67: Mortalidade diária da população residente no distrito de Coimbra com idade ≥65 anos. 98

Fig.68: Mortalidade diária nos sexos masculino e feminino da população residente no distrito

de Coimbra.

98

Fig.69: Mortalidade diária por doenças circulatórias da população residente no distrito de Coimbra.

98

6

Índice de Quadros

Quadro 1: Ranking dos riscos naturais, segundo o número de óbitos, em Portugal, entre 1900 e 2014.

27

Quadro 2: Ranking dos riscos naturais – temperaturas extremas, segundo o número de óbitos, entre 1900 e 2014.

28

Quadro 3: Ranking dos riscos naturais – temperaturas extremas, segundo a população afetada,

entre 1900 e 2014.

28

Quadro 4: Ranking dos riscos naturais – temperaturas extremas, segundo o custo económico,

entre 1900 e 2014.

28

Quadro 5: Ondas de calor identificadas pelo IPMA, desde 2003, em Portugal Continental. 29

Quadro 6: Ondas de calor “fora de época”, identificadas pelo IPMA, desde 2003, em Portugal

Continental.

30

Quadro 7: Ondas de frio identificadas pelo IPMA, desde 2003, em Portugal Continental. 30

Quadro 8: Temperatura máxima mensal (ºC) entre 1865 e 2013. 39

Quadro 9: Temperatura mínima mensal (ºC) entre 1865 e 2013. 39

Quadro 10: Indicadores usados para a análise de vulnerabilidade social. 67

Quadro 11: Ranking de cada indicador demográfico e vulnerabilidade social nas freguesias do

concelho de Coimbra em 2011.

69

Quadro 12: Anos analisados de acordo com as normais climatológicas de referência

consideradas.

72

Quadro 13: Média das temperaturas máximas mensais de junho, julho e agosto das normais

climatológicas de referência e respetivo valor considerado para determinar a existência de

ondas de calor.

73

Quadro 14: Média das temperaturas mínimas mensais de janeiro, fevereiro e dezembro das normais climatológicas de referência e respetivo valor considerado para determinar a

existência de ondas de frio.

73

Quadro 15: Ondas de calor identificadas em Coimbra e duração, média da variação e valor máximo do desvio relativamente à normal climatológica de referência.

75

Quadro 16: Distribuição das ondas de calor por décadas em Coimbra. 76

Quadro 17: Número de dias com onda de calor nos meses de junho, julho e agosto em Coimbra.

77

Quadro 18: Ondas de frio identificadas em Coimbra e respetiva duração, média da variação e

valor máximo dos desvios de temperatura mínima diária relativamente à normal climatológica de referência.

78

Quadro 19: Distribuição das ondas de frio por décadas em Coimbra. 79

Quadro 20: Número de dias com onda de frio nos meses de janeiro, fevereiro e dezembro em

Coimbra.

81

Quadro 21: Onda de calor de 29 de julho a 3 de agosto de 2003 e respetivo desvio (ºC) em

relação à normal climatológica de 1981 – 2010 em Coimbra.

84

Quadro 22: Excesso de mortalidade face à média da mortalidade por grupos e por causas de mortalidade e número de óbitos durante a onda de calor de 29 de julho a 3 de agosto de 2003 e

nos 6 dias subsequentes no distrito de Coimbra.

85

Quadro 23: Mortalidade segundo grandes grupos durante a onda de calor de 29 de julho a 3 de agosto de 2003 e nos 6 dias consequentes no distrito de Coimbra.

85

Quadro 24: Onda de calor de 11 a 17 de julho de 2006 e respetivo desvio (ºC) em relação à normal climatológica de 1981 – 2010 em Coimbra.

87

Quadro 25: Onda de calor de 4 a 11 de agosto de 2006 e respetivo desvio (ºC) em relação à

normal climatológica de 1981 – 2010 em Coimbra.

88

7

Quadro 26: Excesso de mortalidade face à média da mortalidade por grupos e por causas de

mortalidade e número de óbitos durante a onda de calor de 11 a 17 de julho de 2006 e nos 6

dias subsequentes no distrito de Coimbra.

89

Quadro 27: Mortalidade segundo grandes grupos durante a onda de calor de 11 a 17 de julho de 2006 e nos 6 dias subsequentes no distrito de Coimbra.

89

Quadro 28: Excesso de mortalidade face à média da mortalidade por grupos e por causas de mortalidade e número de óbitos durante a onda de calor de 4 a 11 de agosto de 2006 e nos 4

dias subsequentes no distrito de Coimbra.

90

Quadro 29: Mortalidade segundo grandes grupos durante a onda de calor de 4 a 11 de agosto de 2006 e nos 4 dias subsequentes no distrito de Coimbra.

90

Quadro 30: Onda de calor de 24 a 30 de julho de 2010 e respetivo desvio (ºC) em relação à

normal climatológica de 1981 – 2010 em Coimbra.

93

Quadro 31: Excesso de mortalidade face à média da mortalidade por grupos e por causas de

mortalidade e número de óbitos durante a onda de calor de 24 a 30 de julho de 2010 e nos 6 dias subsequentes no distrito de Coimbra.

93

Quadro 32: Mortalidade segundo grandes grupos durante a onda de calor de 24 a 30 de julho

de 2010 e nos 6 dias subsequentes no distrito de Coimbra.

94

Quadro 33: Onda de frio de 8 a 16 de fevereiro de 1983 e respetivo desvio (ºC) em relação à

normal climatológica de 1971 – 2000 em Coimbra.

96

Quadro 34: Excesso de mortalidade face à média da mortalidade por grupos e por causas de

mortalidade e número de óbitos, durante a onda de frio de 8 a 16 de fevereiro de 1983 e nos 6

dias subsequentes no distrito de Coimbra.

97

Quadro 35: Mortalidade segundo grandes grupos durante a onda de frio de 8 a 16 de fevereiro

de 1983 e nos 6 dias subsequentes no distrito de Coimbra.

97

8

Resumo

Ondas de calor e ondas de frio em Coimbra – impactes na mortalidade da população

A temperatura do ar é dos elementos climáticos que mais condiciona as atividades humanas e

os processos biológicos, ao nível do conforto e da saúde. A exposição a ondas de calor e a ondas de

frio apresenta impactes na saúde e origina aumentos de mortalidade, dependendo da vulnerabilidade

das populações expostas, bem como da duração, intensidade e frequência destes paroxismos térmicos.

Assim, atendendo às consequências das ondas de calor e das ondas de frio na morbilidade, mortalidade

e atividades humanas, o estudo sobre a sua ocorrência, especialmente numa série temporal longa

revela-se importante. Não se pode evitar a sua ocorrência, contudo pode-se reduzir a vulnerabilidade

humana, de maneira a reduzir os seus impactes.

Quanto à metodologia, primeiro consultou-se bibliografia sobre a temática de ondas de frio,

ondas de calor e temperaturas extremas, assim como sobre a sua relação com a saúde humana,

particularmente ao nível da morbilidade e da mortalidade humanas, e da vulnerabilidade social,

partindo de literatura publicada no estrangeiro e em Portugal. Os dados sobre temperaturas extremas

foram obtidos no IGUC e foram tratados através de software Excel. A cartografia sobre os diferentes

elementos de vulnerabilidade foi elaborada com recurso ao software ArcGIS 10.1. Os dados das ondas

de calor e de frio foram cruzados com dados de mortalidade segundo a causa de morte,

especificamente cedidos pelo INE para os dias em causa. Caracterizou-se a área de estudo, o concelho

e a cidade de Coimbra, do ponto de vista administrativo, demográfico, socioeconómico, habitacional e

de emprego da população residente e cartografou-se a vulnerabilidade social das freguesias do

concelho. Contabilizou-se a ocorrência de ondas de calor e de ondas de frio na cidade de Coimbra,

caracterizando a duração, frequência e intensidade e estabelecendo-se a análise da evolução das

ocorrências por meses e por décadas. Entre 1865 e 2013, em Coimbra, ocorreram 41 ondas de calor e

9 ondas de frio. Procedeu-se a uma breve caracterização sinótica das ondas de calor de 29 de julho a 3

de agosto de 2003, 11 a 17 de julho de 2006, 4 a 11 de agosto de 2006 e 24 a 30 de julho de 2010 e da

onda de frio de 8 a 16 de fevereiro de 1983 e contabilizaram-se os óbitos ocorridos no distrito de

Coimbra, durante aqueles paroxismos térmicos, de acordo com a Classificação Internacional das

Doenças.

Durante as ondas de calor verificou-se excesso de mortalidade, aumentando no 3º dia após o

início e prolongando-se nos dias subsequentes, sendo maior nas mulheres e nos idosos, nas doenças

circulatórias e respiratórias. No caso da onda de frio, verificou-se excesso de mortalidade, aumentando

no 7º dia após o início e prolongando-se nos dias subsequentes, sendo maior nos idosos, nas mulheres

e nas doenças circulatórias e isquémica do coração.

Palavras-chave: ondas de calor, ondas de frio, vulnerabilidade, mortalidade, Coimbra.

9

Abstract

Heat waves and cold waves in Coimbra – impacts on mortality of population

Air temperature is the climatic element that most affects human activities, biological

processes, comfort level and health. Exposure to heat and cold waves results in health impacts and the

overall increment of mortality rates, albeit dependent on the vulnerability of exposed populations, as

well as the duration, the intensity and the frequency of these thermal paroxysms. Thus, given the

consequences of heat waves and of cold waves on morbidity, mortality and human activities, the study

of its occurrence, especially in a longer time series is paramount. While their occurrence cannot be

prevented, it is possible reduce human vulnerability and to reduce their impacts.

Regarding the methodology, firstly explores the available literature, both from Portugal and

abroad, on the subject of cold waves, heat waves and of extreme temperatures as well as their relation

to human health, particularly in terms of human morbidity, mortality and social vulnerability. The

extreme temperature data are from IGUC and were treated by Excel software. The mapping on the

different elements of vulnerability was developed using the software ArcGIS 10.1. Heat and cold

waves data were crossed with mortality data by cause of death, specifically ceded by INE for the days

in question. The study area, the municipality and the city of Coimbra, were characterized from the

following viewpoints: administrative, demographic, socioeconomic, housing and employment of the

resident population and was subsequently mapped according to the social vulnerability of the

municipality’s parishes. The occurrence of heat waves and cold waves in the city of Coimbra was

ascertained as the duration, the frequency and the intensity and the analysis of the evolution of the

events for months and for decades. In Coimbra city, between 1865 and 2013, 41 heat waves and 9 cold

waves took place. The heat waves of the 29th

of July to the 3rd

of August 2003, 11th to the 17

th July of

2006, 4th to 11

th August of 2006 and 24

th to 30

th July of 2010 and the cold wave of 8

th to 16

th February

of 1983 were synoptically characterized and the deaths that occurred in the district of Coimbra, during

those thermal paroxysms, were accounted for according to the International Classification of Diseases.

During heat waves the increment of mortality rates increased as of the 3rd

day after the start of

this paroxysm and continues during the subsequent days. There is a greater effect on women and the

elderly, particularly those with circulatory and respiratory diseases. In the case of cold wave, it was

found that an increment of mortality rates as of 7th day after the start of the event and continuing in the

subsequent days, having a greater incidence in the elderly, in the women and in the circulatory and

ischemic heart diseases.

Key words: heat waves, cold waves, vulnerability, mortality, Coimbra.

10

Introdução: importância do tema, objetivos e plano de trabalho

As ondas de calor e as ondas de frio são fenómenos climáticos que apresentam impactes

económicos e sociais, assim como consequências na saúde humana, originando aumentos de

mortalidade, sendo importante reduzir a vulnerabilidade face a estes paroxismos térmicos. Este

trabalho revela-se importante, visto que não foi realizado nenhum anteriormente abarcando uma série,

de dados de temperatura disponíveis, tão longa para Coimbra, constituindo um tema importante de

análise geográfica, com relevância para o ordenamento e planeamento do território.

São objetivos desta dissertação: contabilizar a ocorrência de ondas de calor e de ondas de frio

em Coimbra, utilizando os dados da estação meteorológica do Instituto Geofísico da Universidade de

Coimbra (IGUC) entre 18641 e 2013; caracterizar a duração, frequência e intensidade das ondas de

calor e das ondas de frio e averiguar variações ao longo do período em estudo, estabelecendo-se a

análise da evolução das ocorrências por meses e por décadas; averiguar relações entre a ocorrência,

duração e intensidade destes paroxismos térmicos com o número de óbitos no distrito de Coimbra2 e

apresentar as principais conclusões.

Quanto ao plano de trabalho é composto por 6 capítulos.

No primeiro capítulo, apresenta-se o estado da arte de bibliografia publicada no estrangeiro e

em Portugal, sobre a importância dos estudos sobre temperaturas extremas e mortalidade,

especialmente estudos sobre ondas de calor e ondas de frio e impactes na mortalidade, assim como

estudos sobre mudanças climáticas e importância para a compreensão de extremos térmicos.

O segundo capítulo inicia-se com o enquadramento teórico sobre ondas de calor e ondas de

frio, apresenta-se a definição de onda de calor e de onda de frio adotada nesta dissertação, mostrando-

se a importância dos estudos sobre o risco de ondas de calor e de ondas de frio, exibindo-se algumas

ocorrências destes paroxismos térmicos em Portugal identificados pelo Instituto Português do Mar e

da Atmosfera (IPMA), destacando os planos de prevenção que têm vindo a ser desenvolvidos face ao

frio e ao calor em Portugal e mencionando a sua importância.

No terceiro capítulo procede-se à localização e caracterização da área de estudo, o concelho e

a cidade de Coimbra, do ponto de vista administrativo, demográfico, socioeconómico, habitacional e

de emprego da população residente.

No quarto capítulo, inicia-se o enquadramento teórico sobre a vulnerabilidade social,

apresentando-se o caso de estudo do concelho de Coimbra.

No quinto capítulo, apresenta-se a metodologia considerada para determinar a existência de

ondas de calor e ondas de frio em Coimbra e exibem-se os principais resultados, caracterizando a

ocorrência, duração e intensidade.

1 Para o ano de 1864, só foi analisado o mês de dezembro porque só existem observações meteorológicas desde

setembro. 2 Inicialmente, o objetivo consistia em averiguar o excesso de mortalidade nas freguesias do concelho de

Coimbra, contudo devido ao segredo estatístico dos dados de mortalidade diária, teve de analisar-se para o caso

do distrito de Coimbra.

11

No sexto capítulo procede-se a uma breve caracterização sinótica e contabilização dos óbitos

ocorridos no distrito de Coimbra, de acordo com a Classificação Internacional das Doenças (CID) 9 e

10 das ondas de calor de 29 de julho a 3 de agosto de 2003, 11 a 17 de julho de 2006, 4 a 11 de agosto

de 2006 e 24 a 30 de julho de 2010 e da onda de frio de 8 a 16 de fevereiro de 1983.

Quanto à conclusão, reuniram-se os principais resultados desta dissertação, salientando os

aspetos inovadores e as limitações provenientes desta investigação.

12

1. Estado da arte

1.1. Importância dos estudos de mortalidade relacionada com temperaturas extremas

A mortalidade é considerada um indicador de saúde da população, assim como das condições

de vida (DÍAZ et al., 2002a). Existem outros indicadores definidos pela Organização Mundial de

Saúde (OMS) para avaliar o estado de saúde/morbilidade da população: esperança média de vida e

taxas de mortalidade específica de doenças crónica e infeciosas. Contudo os indicadores de

mortalidade são frequentemente utilizados para avaliar o estado de saúde da população

(GUERREIRO, 2011: 10).

A relação entre temperatura e mortalidade pode ser analisada diária ou sazonalmente. As

variações na mortalidade dependem da idade e da causa do óbito (BALLESTER et al., 1997: 551).

Temperaturas extremas estão associadas a aumentos de mortalidade diária (RAMÓN et al.,

2006: 1331), quer sejam, episódios de calor ou de frio extremos (CURRIERO et al., 2002). Assim, o

aumento da morbilidade e da mortalidade está relacionado com a ocorrência de paroxismos térmicos,

ondas de calor e ondas de frio.

A relação entre clima e saúde está documentada já na Antiguidade Clássica, no século IV a.C,

no trabalho Dos ares, águas e lugares de Hipócrates. Apesar do conhecimento da influência do clima

na saúde, nomeadamente na mortalidade sazonal, prestou-se mais atenção a este fenómeno a partir da

década de 1960, quando na Grã-Bretanha começaram a surgir estudos sobre mortalidade e admissões

hospitalares por hipotermia (PINHEIRO, 1990: 62). Em Portugal, ALCOFORADO et al. (1999)

narram a preocupação de Marino Miguel Franzini no estudo das causas da variação sazonal da

mortalidade em Lisboa no século XIX.

A associação entre clima e/ou fenómenos meteorológicos extremos, como é o caso das ondas

de calor e das ondas de frio e saúde humana está patente na Bioclimatologia Humana/

Biometeorologia Humana, considerando a influência dos elementos climáticos (neste caso, a

temperatura do ar) no conforto, saúde, morbilidade e mortalidade humanas. Exemplos deste tipo de

trabalhos encontram-se, entre outros, em MATZARAKIS e MAYER (1991), que apresentam a

importância da Biometeorologia no estudo da onda de calor de julho de 1987 em Atenas e em

ALEIXO et al. (2013).

Referem-se mais alguns estudos, a título de exemplificação da importância do tema:

HUYNEN et al. (2001) examinam o impacte de ondas de calor e de frio na mortalidade na Holanda,

entre 1979 e 1997. ALBERTI et al. (1998) estudam a mortalidade diária em Madrid entre 1986 e

1992. REVICH e SHAPOSHNIKOV (2008) indicam o excesso de mortalidade3 em Moscovo, durante

ondas de calor e ondas de frio. HARE et al. (1981) investigam a mortalidade sazonal de crianças e a

relação com a temperatura em Inglaterra e País de Gales. BACCINI et al. (2008) relacionam calor e

3 O excesso de mortalidade consiste na diferença entre a taxa de mortalidade/número de óbitos que se verificam

durante ondas de calor ou ondas de frio pela comparação com a taxa de mortalidade/número de óbitos registados

durante período(s) homólogo(s) sem o registo de ondas de calor ou de ondas de frio.

13

mortalidade. BARNETT et al. (2012) apresentam a ocorrência de ondas de calor e ondas de frio e

mortalidade nos EUA, entre 1987 e 2000. ÅSTRÖM et al. (2011) relatam impactes das ondas de calor

na morbilidade e mortalidade na população idosa. HALES et al. (2003) estudam os impactes na saúde

de extremos climáticos. BASU e SAMET (2002) apresentam um estado da arte da associação entre

temperatura e mortalidade.

Quanto a Portugal, ALCOFORADO et al. (2013: 1) referem a alteração do ritmo sazonal de

mortalidade em Lisboa, mencionando que o máximo de mortalidade, entre 1837 e 1848, ocorria no

verão e devia-se “segundo Franzini, ao facto das classes menos abastadas sofrerem de doenças

gástricas e intestinais por consumirem fruta e legumes deteriorados pelo calor”, enquanto no século

XX o pico de mortalidade ocorre no inverno, ainda que com um segundo pico de mortalidade no

verão.

Em Portugal Continental, MARQUES e ANTUNES (2009: 56) indicam que os máximos

valores de mortalidade ocorrem durante temperaturas mais baixas, enquanto o segundo pico de

mortalidade se verifica em temperaturas mais elevadas, ou seja, durante o verão. No caso do verão, a

mortalidade é influenciada pela temperatura diurna e pela temperatura noturna. O registo das

temperaturas mínima, média e máxima acima da média tende a originar mortalidade acima do

esperado (ob. cit.: 57). Os autores indicam que o número de óbitos é baixo em ótimos térmicos:

temperaturas máximas (18-29ºC), com o extremo térmico nos 23ºC; temperaturas médias (15-23ºC),

com o extremo térmico nos 19ºC e temperaturas mínimas (10-16ºC) com o extremo térmico nos 13ºC;

salienta-se que o facto do ótimo térmico ser maior nas temperaturas máximas do que nas temperaturas

mínima e média “pode evidenciar uma melhor adaptação da população à variação da temperatura

máxima do que à variação das restantes temperaturas” (ob. cit.: 56).

Apontam-se, ainda, os estudos de CARVALHO (2008) sobre o efeito da exposição às

temperaturas extremas na população portuguesa e RIBEIRO (2008) ao relacionar as temperaturas

extremas com a mortalidade na região de Entre Douro e Minho.

1.2. Ondas de calor e mortalidade

O estudo sobre temperaturas extremas de calor e de ondas de calor, no que respeita à

ocorrência, duração e intensidade tem vindo a ser desenvolvido por múltiplos investigadores, nas mais

diversas áreas geográficas, ganhando destaque com os cenários de mudança climática e com o objetivo

de diminuir a vulnerabilidade humana face a esses extremos térmicos.

Inicia-se a apresentação sobre o estado da arte de bibliografia publicada no estrangeiro e,

posteriormente, em Portugal.

KUGLITSCH et al. (2010) estudam ondas de calor na região oriental do Mediterrâneo

(Albânia, Bósnia-Herzegovina, Bulgária, Croácia, Chipre, Grécia, Israel, Roménia, Sérvia, Eslovênia e

Turquia) desde 1960 e relatam que o número, a duração e a intensidade das ondas de calor têm

14

aumentado significativamente. BALDI et al. (2006) também examinam a ocorrência de ondas de calor

na Região Mediterrânea. No caso de Itália, por exemplo, a mortalidade durante a onda de calor de

2003 é estudada por CONTI et al. (2004). DÍAZ et al. (2006a) mostram impactes da onda de calor de

2003 na Península Ibérica. Referentemente a Espanha menciona-se IZQUIERDO et al. (2012) ao

apresentar a evolução temporal das ondas de calor na meseta central espanhola; CULQUI et al. (2013)

ao averiguarem ondas de calor e mortalidade na cidade de Madrid; GARCÍA-HERRERA et al. (2010)

e NAVARRO et al. (2004) ao estudarem a onda de calor de 2003.

Relativamente aos EUA, ROBINSON (2001: 762) refere que as ondas de calor são o risco

climático que provoca maior mortalidade. WHITMAN et al. (1997) estudam a onda de calor de julho

de 1995 em Chicago, indicando um excesso de 696 óbitos. KAISER et al. (2007) apresentam os

efeitos da onda de calor de julho de 1995 em Chicago, na mortalidade. NAUGHTON et al. (2002)

examinam a onda de calor de 1999 nessa cidade.

Mencionam-se, ainda, os trabalhos de WHO (2004, 2007, 2009), MATTHIES et al. (2008) e

de KOVATS e HAHAT (2007) sobre os efeitos na saúde pública das ondas de calor. AKOMPAB et

al. (2013) investigam as atitudes das populações face a episódios de ondas de calor.

Durante ondas de calor, a poluição do ar pode aumentar e contribuir para o incremento do

excesso de óbitos (HAINES et al., 2006a: 2103). FISCHER et al. (2004) mencionam que a poluição

do ar, no caso durante o verão de 2003, contribuiu para o excesso de óbitos, nomeadamente a níveis

elevados de concentração de ozono na Holanda. LACOUR et al. (2006) relacionam a presença de

ozono e a temperatura do ar durante a onda de calor de 2003 em França, FILLEUL et al. (2006) em 9

cidades francesas e PELLEGRINI et al. (2007) no caso de Itália (Toscânia).

Quanto à mortalidade registada durante ondas de calor em áreas rurais e urbanas, GABRIEL e

ENDLICHER (2011: 2044) comparam a mortalidade verificada na área urbana de Berlim e a

observada na área rural de Brandenburg entre 1990 e 2006 durante ondas de calor, concluindo que a

mortalidade é mais elevada na cidade de Berlim, em particular nas áreas mais densamente

urbanizadas.

No caso das ondas de calor, quando ocorre mais do que uma num mesmo ano, por vezes o

excesso de óbitos é mais elevado na primeira onda de calor do que na seguinte, apesar da possibilidade

de ser mais intensa, em virtude da população mais vulnerável ter falecido durante a primeira onda de

calor e ao estabelecimento de comportamentos de adaptação/aclimatização (RIBEIRO, 2008: 15,

citando KALKSTEIN e VALIMONT, 1987), não esquecendo, porém, a importância dos planos de

prevenção e de contingência, bem como o papel da comunicação social ao alertar as populações.

DÍAZ et al. (2002: 163) referem que a existência de uma primeira onda de calor origina maiores

efeitos sobre a mortalidade devido ao maior número de pessoas vulneráveis e da respetiva duração da

onda de calor (quanto maior, maiores efeitos na mortalidade), especialmente se associada a baixa

humidade relativa do ar e à elevada concentração de ozono no ar. Por outro lado, em contraste com o

excesso de óbitos verificado durante uma onda de calor, ocorre um défice de mortalidade nas semanas

15

seguintes (RIBEIRO, 2008: 15, citando HUYNEN et al. 2001) devido à mortalidade da população

mais vulnerável. GEMMELL et al. (2000) analisam a mortalidade sazonal na Escócia, verificando que

um aumento de 1ºC na temperatura média corresponde a um aumento de 1% nos óbitos, uma semana

depois.

MICHELOZZI et al. (2005) e SCHIFANO et al. (2012) mencionam a importância dos

programas de saúde pública para a redução do impacte das ondas de calor na mortalidade, no caso de

Itália. MICHELOZZI et al. (2010) referem que a vigilância da mortalidade ocorrida durante o verão é

importante para reduzir o impacte das ondas de calor. Ou, por exemplo, no caso do Canadá

(SMOYER-TOMIC e RAINHAM, 2001). LINARES, C. e DÍAZ, J. (2007: 317) indicam que o

principal objetivo de um plano de prevenção de ondas de calor é evitar óbitos, enquadrando-se numa

visão de saúde pública (KOVATS e EBI, 2006). Por outro lado, é importante monitorizar o excesso de

mortalidade, existindo sistemas em: Bélgica, Alemanha, França (dois sistemas), Itália (dois sistemas),

Portugal, Espanha e Suíça (KANIEFF et al., 2010). O projeto EuroHEAT (Improving Public Health

Responses to extreme weather/heat waves) envolve nove cidades europeias (Atenas, Barcelona,

Budapeste, Londres, Milão, Munique, Paris, Roma, Valência) (D’IPPOLITI et al., 2010).

Constituem grupos mais vulneráveis face às ondas de calor: bebés, doentes acamados,

indivíduos obesos, pessoas com problemas renais e doenças cardiovasculares crónicas,

comportamentos de risco (exposição prolongada ao sol e ingestão excessiva de álcool;

AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO CIVIL4), pessoas com atividade ao ar livre, pessoas

em estado terminal (HUTTER et al. 2007), idosos (SCHIFANO et al., 2009), (HAINES et al., 2006a e

b), turistas, sem abrigo, população com escassos recursos económicos, pessoas socialmente isoladas

(DGS, 2011). CANÁRIO et al., (2010 citando HAVENITH, 2005) indicam que as mulheres são mais

sensíveis ao calor devido a fatores hormonais e mencionam que a percentagem de gordura corporal é

um fator importante na sensibilidade à temperatura, assim como a doença psiquiátrica, alcoolismo,

falta de autonomia física ou psíquica, uso de medicamentos que interfiram com a regulação da

temperatura corporal, população cujas habitações apresentam ausência de ar condicionado e população

urbana (MARTO, 2005: 469).

Quanto aos impactes da temperatura na saúde, destacam-se: golpe de calor, esgotamento

devido ao calor, queimaduras, cãibras, desmaios, exaustão, distúrbios do sono, enregelamento,

hipotermia, agravamento de doenças respiratórias e cardíacas, perda de sensibilidade e lesões

(MARTO, 2005; ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DE SAÚDE DE LISBOA E VALE DO TEJO,

2012). Por outro lado, as ondas de calor apresentam também impactes indiretos no turismo, na

existência de secas, na manutenção de temperaturas favoráveis a maior risco de incêndio florestal. Por

exemplo, no mês de agosto de 2003, registaram-se 280 550 ha de área ardida em Portugal (RAMOS,

4 http://www.proteccaocivil.pt/RiscosVulnerabilidades/RiscosNaturais/OndasCalor/Pages/GruposdeRisco.aspx

(acesso em 19/08/2014).

16

s/d: 1), impactes económicos e maiores gastos de energia devido ao desconforto térmico, na

agricultura e pecuária.

Relativamente aos impactes de temperaturas elevadas na saúde, nomeadamente sobre os

idosos, a mortalidade de pessoas entre os 65 e os 74 anos relacionada com o calor ocorre com

temperaturas mais elevadas em regiões mais quentes do que em regiões mais frias da Europa

(KEATING et al., 2000: 671). HUTTER et al. (2007) pesquisam efeitos na mortalidade de ondas de

calor em Viena (Áustria), visualizando um excesso significativo de óbitos na população com mais de

65 anos de idade. BARRIOPEDRO et al. (2011) analisam o verão quente de 2010 na Europa.

BACCINI et al. (2008) apresentaram relações entre a temperatura máxima diária e a mortalidade

diária em 15 cidades europeias, existindo fortes associações entre calor e mortalidade por causas

respiratórias e nos idosos. Durante ondas de calor, o excesso de mortalidade está associado a doenças

cardiovasculares, cerebrovasculares e respiratórias (ISHIGAMI et al., 2008), concentrando-se,

sobretudo, nos idosos (HAINES et al. 2006a: 2103 e HAINES et al. 2006b: 588). Um outro estudo de

DÍAZ et al. (2002b: 163) sobre o efeito das ondas de calor, entre 1986 e 1997, em Madrid, na

população idosa revela que a mortalidade pode aumentar até 28,4% para cada grau que a temperatura

sobe acima de 36,5ºC, especialmente nas mulheres com idade superior a 65 anos de idade e nas

doenças do sistema circulatório. No caso do impacte de ondas de calor em França, entre 1971 e 2003,

verificou-se mortalidade elevada em pessoas com mais de 55 anos de idade, sendo maior no sexo

feminino do que no sexo masculino em pessoas com mais de 75 anos de idade (REY et al., 2007: 615).

Em Sevilha, entre 1986 e 1997, DÍAZ et al. (2002a: 145) mencionam que a mortalidade por todas as

causas de morte aumenta 51% sobre a média, em pessoas com mais de 75 anos de idade, por cada grau

superior a 41ºC; sendo o efeito mais evidente nas doenças cardiovasculares do que nas doenças

respiratórias e, maior nas mulheres do que nos homens. Relativamente a Londres, durante tempo

quente e ondas de calor, verificou-se um aumento das emergências por doenças respiratórias e renais,

crianças com menos de 5 anos de idade e doenças respiratórias em população com mais de 75 anos de

idade; tendo ocorrido um aumento de 3,3% em todas as causas de mortalidade por cada aumento de

1ºC na temperatura acima de 21,5ºC (KOVATS et al., 2004: 893 e 895).

Díaz et al. (2002a: 148) indicam que em Sevilha, o incremento de 1ºC acima de 41ºC, resulta

no aumento da mortalidade em todas as causas de óbito, mencionando que este limiar de temperatura é

superior ao verificado na Bélgica (27,5ºC) (Díaz et al., 2002a: 148, citando SARTOR et al., 1995), em

Madrid (36,5ºC) (Díaz et al., 2002a: 148, citando DÍAZ et al., 2001), no Japão (38ºC) (Díaz et al.,

2002a: 148, citando NAKAI et al., 1999), em Chicago (37,8ºC) (Díaz et al., 2002a: 148, citando

WHITMAN et al., 1997), concluindo que o efeito de aclimatização é importante nesta cidade

espanhola.

GARCÍA-HERRERA et al. (2005) investigam as condições sinóticas associadas às

temperaturas extremas durante o verão, entre 1986 e 1997, e respetivos impactes na saúde,

nomeadamente os efeitos na mortalidade diária em Lisboa e Madrid. Afirmam que a mortalidade,

17

durante ondas de calor, ocorre com maior significância, de 1 a 3 dias depois do limiar de temperatura

ter sido ultrapassado (ou seja, durante um curto período de tempo) e mencionam que as mulheres são

mais suscetíveis do que os homens aos efeitos do calor, assim como pessoas com mais de 65 anos de

idade.

TAMERIUS et al. (2007: 609) afirmam que o melhor modelo para estimar os efeitos do calor

extremo na saúde humana, é comparar a mortalidade ocorrida durante os períodos de calor extremo

com a mortalidade ocorrida durante períodos sem extremos térmicos, ou seja, os óbitos esperados.

Durante a onda de calor de agosto de 2003 (GARCÍA-HERRERA et al., 2010) em França, o maior

excesso de mortalidade foi verificado em casa (+5 130 óbitos) e foi maior em solteiros e divorciados

do que em casados, em causas diretamente relacionadas com o calor (+3 306 óbitos) e doenças

circulatórias (+3 004 mortes); por outro lado, a maior mortalidade foi verificada na região de Paris

(+1425 óbitos), ocorrendo quase um excesso de 15 000 óbitos neste país, entre 1 e 20 de agosto

(FOUILLET et al., 2006). FOUILLET et al. (2008: 309) menciona que na onda de calor de 11 a 28 de

julho de 2006 em França ocorreram 2065 óbitos em excesso. Ainda no caso de França, REY et al.

(2007), estudam a ocorrência de ondas de calor e mortalidade entre 1971 e 2003.

Nos EUA, RAMÓN et al. (2006: 1334) indicam que os indivíduos de raça negra, idosos e

diabéticos são mais vulneráveis ao calor extremo, enquanto o número de óbitos por doenças

cardiovasculares é maior durante períodos de frio extremo. DAVIS et al. (2003: 1712) referem que a

mortalidade associada a riscos climáticos nos EUA é maior quando ocorrem períodos de calor, no

entanto apontam que a redução da vulnerabilidade da população metropolitana relativamente a calor

elevado, poderá estar associada ao uso de ar condicionado. KNOWLTON et al. (2009: 61) relatam os

impactes nas hospitalizações e emergências durante a onda de calor de 15 de julho a 1 de agosto de

2006 na Califórnia, sendo as crianças (0 a 4 anos de idade) e os idosos (idade igual ou superior a 65

anos) os grupos mais afetados; a maior morbilidade esteve associada às seguintes doenças:

insuficiência renal, cardiovasculares, diabetes e distúrbio eletrolítico.

BUSTINZA et al. (2013) indicam que durante a onda de calor de julho de 2010 no Québec, no

Canadá, a mortalidade aumentou 33% (cerca de 280 óbitos em excesso) e as emergências 4%. GUEST

et al. (1999) assinalam os efeitos da temperatura na mortalidade em Austrália entre 1979 e 1990 e a

previsão de impactes nas cinco maiores cidades em 2030.

Em Portugal, mencionam-se os estudos de PAIXÃO e NOGUEIRA (2003), NOGUEIRA et

al. (2005a e b), NOGUEIRA et al. (2013). ALMEIDA et al. (2010) analisam a mortalidade diária em

Lisboa e Porto, de abril a setembro, entre 2000 e 2004, tendo sido as causas de mortalidade divididas

em dois grupos: para todas as idades e outro para idade superior a 65 anos. ANDRADE et al. (2013)

indica efeitos do calor e MARTO (2005) aponta impactes das ondas de calor sobre a saúde. DESSAI

(2002) estuda a mortalidade ocorrida em Lisboa nos meses de junho a agosto, entre 1980 e 1998 e,

considerando cenários de mudança climática e de projeções demográficas, prevê impactes na saúde e

18

mortalidade em Lisboa nas décadas de 2020 e 2050. MORAIS (2011) busca o impacte de temperaturas

elevadas na distribuição espacial da mortalidade em Lisboa.

No que se refere às ondas de calor mais duradouras e intensas, em Portugal, durante a onda de

calor de 12 a 18 de junho de 1981, registou-se um excesso de cerca de 1906 óbitos (PAIXAO e

NOGUEIRA, 2003: 43, citando GARCIA et al., 1999), sendo que a mortalidade por doenças

cerebrovasculares foi 2,2 vezes superior ao esperado (FALCÃO e VALENTE, 1997: 537).

Mencionam-se os trabalhos de FREITAS (2011) e FALCÃO et al. (1988) ao estudarem esta onda de

calor.

A duração da onda de calor de 1991 (8 a 22 de julho) foi maior do que da onda de calor de

1981, contudo o excesso de óbitos foi maior durante a onda de calor de 1981. De 12 a 21 de julho de

1991, em Portugal, ocorreram 1002 óbitos em excesso relacionados com o calor (PAIXÃO e

NOGUEIRA, 2003: 41). Por outro lado, segundo os autores, ocorreu um excesso de mortalidade maior

no sexo feminino do que no sexo masculino; o maior excesso de óbitos verificou-se no grupo das

doenças do aparelho circulatório (472,3 óbitos) tendo sido mais significativo a partir dos 65 anos de

idade.

O verão de 2003 foi excecionalmente quente, especialmente na Europa Ocidental, com alguns

recordes de temperatura máxima diária: 38,1ºC na Grã-Bretanha, 40,2ºC na Alemanha, 41,5ºC na

Suíça e 47,5ºC em Portugal (DÍAZ, et al. 2005: 159, TRIGO et al. 2009: 845). O verão de 2003 foi

considerado o mais quente, registado na Europa, desde o século XVI (TRIGO et al. 2009: 845, citando

LUTERBACHER et al., 2004). ROBINE et al. (2008: 171) indica que ocorreu um excesso de óbitos

de 70 000 pessoas, durante o verão de 2003, na Europa. A título de exemplo, em Inglaterra e País de

Gales (todavia não especificando o intervalo de dias analisado) registaram-se 2045 óbitos em excesso,

em França (de 1 a 20 de agosto) 14802 óbitos em excesso, em Itália (de 1 de junho a 15 de agosto)

3134 óbitos em excesso (NOGUEIRA et al., 2005 a, citando KOVATS et al., 2004), em Espanha

(porém não especificando o intervalo de dias analisado) 6112 óbitos em excesso (DÍAZ et al., 2005,

citando MARTINEZ et al., 2004 e http://www.ine.es), na Holanda (junho a setembro) 1400 a 2200

óbitos em excesso e na Suíça (julho a setembro) 975 óbitos em excesso (FOUILLET et al., 2006,

citando GRIZE et al., 2005).

De acordo com o IPMA, a onda de calor de 29 de julho a 15 de agosto de 2003 apresentou a

maior duração registada desde 1941, mas teve uma extensão espacial inferior à de 1981, visto que não

ocorreu em regiões do litoral ocidental e no sotavento algarvio. Durante a onda de calor de 2003, em

Portugal, ocorreram 3 picos de mortalidade, no mês de agosto, no dia 2 (418 óbitos), no dia 8 (464

óbitos) e no dia 3 (439 óbitos) (BOTELHO et al., 2004: 4) e o excesso de óbitos foi maior na

população com mais de 75 anos de idade, tendo sido as doenças do aparelho circulatório que

apresentaram o maior número de mortes. NOGUEIRA et al. (2005a: 4) referem que durante esta onda

de calor, registou-se um excesso de 1953 óbitos, ocorreram 636 óbitos em excesso no sexo masculino

e 1317 no sexo feminino, em Portugal. No que respeita aos internamentos hospitalares, ocorreu um

19

excesso de 5% e no caso da população com 75 ou mais anos, o excesso foi de 14%, sendo que a

patologia com maiores admissões correspondeu às doenças do aparelho respiratório (43,4%)

(NOGUEIRA et al., 2009). Os efeitos desta onda de calor, sobre a mortalidade, em Portugal estão

documentados em CALADO et al. (2004) e BOTELHO et al. (2004); atendendo à sua duração,

intensidade e consequências na saúde, morbilidade e mortalidade, NOGUEIRA et al. (2005a)

investigam, através da amostra ECOS, os comportamentos dos portugueses durante as épocas das

ondas de calor, em particular, da onda de calor de 2003, bem como a origem da informação obtida

pela população sobre essa onda de calor e a mudança de comportamentos associada à obtenção dessa

informação. No caso do concelho de Coimbra, NOGUEIRA e MATEUS (2013) estudam a relação

entre a temperatura e o risco de morte analisando a mortalidade diária no concelho de Coimbra durante

o verão de 2003 com o objetivo de verificar a existência de associações estatísticas, através de

modelos de regressão polinomial de segunda ordem, entre os valores de temperatura e mortalidade por

causas específicas, segundo a classificação CID 10, por sexo.

Relativamente à onda de calor de 2006, ocorreu um excesso de óbitos de 898 pessoas (entre 10

a 27 de julho), sendo o excesso maior em pessoas com 75 ou mais anos de idade (PAIXÃO et al.,

2006), contudo segundo DGS (2013a) o excesso de óbitos foi de 1123 (não especificando o intervalo

de dias analisado).

Quanto ao calor verificado entre 23 de junho a 14 de julho de 2013 observou-se um excesso de

1684 óbitos (DGS, 2013: 17), sendo o excesso de mortalidade mais elevado nas mulheres (45%) do

que nos homens (21%) (ob. cit.: 19), em termos de significância estatística, foi observado excesso de

mortalidade de população com mais de 75 anos de idade (ob. cit: 21). Durante esta onda de calor, em

Portugal, verificou-se um acréscimo do número de chamadas para o “Saúde 24”, ocorrências

registadas pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e procura de cuidados médicos em

serviços de urgência (ob. cit., 2013). O IPMA considerou a onda de calor de julho de 2013, quer pela

sua extensão espacial e temporal, a par com a onda de calor de 2006, a mais significativa observada no

mês de julho desde 1941 (IPMA, 2013a).

Menciona-se, ainda, a título de exemplo, os estudos de CUNHA e LEAL (2013) que

examinaram a perigosidade, vulnerabilidade e risco de ondas de calor e de ondas de frio no concelho

de Torres Novas e MONTEIRO et al. (2013) ao analisar efeitos do calor de julho de 2006 no Porto.

1.3. Ondas de frio e mortalidade

O frio e as ondas de frio têm como consequências ao nível económico, social e de saúde

pública: maior mortalidade por doença isquémica cardíaca e doenças cerebrovasculares, aumento de

doenças respiratórias, gripe, pneumonia, hipotermia, possíveis incêndios em habitações (em virtude

dos sistemas de aquecimento para fazer face às temperaturas mais baixas), mortes e/ou intoxicações

por inalação de monóxido de carbono (quando não ocorre uma correta ventilação nas habitações),

20

maior consumo de energia, diminuição da acessibilidade e transportes, acidentes rodoviários em

virtude da existência de gelo, de neve e de nevoeiro, destruição de culturas hortícolas, aumento da

morbilidade, de internamentos hospitalares e de mortalidade (ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DE

SAÚDE DE LISBOA E VALE DO TEJO, 2012 e 2013; CUNHA, 2012; CUNHA e LEAL, 2013).

Relativamente à revisão bibliográfica, primeiro, indicam-se alguns estudos realizados a nível

internacional e, posteriormente, em Portugal.

De acordo com MONTERO et al. (2010: 5768) os efeitos da temperatura na mortalidade são

caracterizados pela sazonalidade, sendo a mortalidade maior durante os meses de inverno. HEALY

(2003) estuda o excesso de mortalidade durante o inverno na Europa, entre 1988 e 1997, concluindo

que Portugal apresenta a taxa mais elevada de mortalidade (28%), seguido de Espanha e da Irlanda

(21%), por oposição, Finlândia (10%), Alemanha e Holanda (10%) apresentam as menores taxas de

mortalidade. O autor apelida de “paradoxo do excesso de mortalidade” quando as maiores taxas de

mortalidade ocorrem em países com invernos mais amenos, como é o caso de Portugal, devido à baixa

eficiência térmica das habitações. Os maiores valores de eficiência térmica foram encontrados na

Suécia, Noruega e Finlândia. Por outro lado, foram averiguadas relações significativas entre a

macroeconomia e as taxas de mortalidade durante o inverno; quanto mais forte é a macroeconomia de

um estado, menor é o excesso de mortalidade. Relativamente ao excesso de mortalidade e fatores

socioeconómicos nas áreas com maior pobreza e desigualdade (Grécia, Irlanda e Portugal), foram

identificados maiores excessos de mortalidade. Segundo THE EUROWINTER GROUP (1997) a

mortalidade aumenta quando a temperatura diminui em áreas geográficas nas quais os invernos são

mais amenos, assim como em populações com casas mais frias e, entre as pessoas que usavam menos

roupas. AYLIN et al. (2001) examinam as relações entre a temperatura e condições habitacionais com

o excesso de mortalidade ocorrido na Grã-Bretanha, entre 1986 e 1996, na população com mais de 65

anos de idade e indicam que o excesso de mortalidade continua a ser um problema naquela área

geográfica, com um excesso de 40 000 óbitos durante aquele período. MCKEE et al. (1998: 268)

analisam a variação sazonal da mortalidade em Moscovo (Rússia) e apontam que há um excesso de

óbitos durante o inverno, contudo é menor quando comparado com países mais ocidentais. Referem,

ainda, que as causas de mortalidade por doenças isquémica cardíaca e cerebrovasculares estão

associadas com baixas temperaturas e mencionam que possivelmente a menor mortalidade verificada

em comparação com os países mais ocidentais está relacionada com o aquecimento das habitações.

O período de frio no início de 2012 tem sido estudado por diversos autores, apresentam-se, a

título de exemplo: MAZICK et al. (2012: 2) que indicam que em fevereiro e março de 2012 ocorreu

um excesso de mortalidade, sobretudo de população idosa, em 12 países europeus; no caso de

Portugal, Espanha, França, Suíça, Finlândia, Hungria, Irlanda e Grécia a mortalidade de população

idosa coincidiu com o período de gripe. DE’DONATO et al. (2013) analisam o impacte da onda de

frio de fevereiro de 2012 na mortalidade em Itália, nomeadamente o excesso de mortalidade, dando

destaque à população idosa (com 65 ou mais anos de idade) e população muito idosa (com 75 ou mais

21

anos de idade) e em Portugal, através de um surto gripal, originou o óbito de cerca de 3 000 pessoas

num espaço de uma semana (CUNHA e LEAL, 2013: 82, citando INSA5).

Relativamente a estudos em Espanha, apresenta-se DÍAZ et al. (2006b), MONTERO et al.

(2010) confirmam que a mortalidade aumenta durante episódios de ondas de frio em Castilha – La

Mancha.

NAFSTAD et al. (2002: 621) mencionam que a mortalidade diária, em Oslo, entre 1990 e

1995, aumenta com temperaturas inferiores a 10ºC; mas no caso da Finlândia, a mortalidade

relacionada com a temperatura aumenta quando a temperatura decresce relativamente ao limiar de

18ºC (NAFSTAD et al., 2002: 625, citando THE EUROWINTER GROUP, 1997).

Quanto aos grupos mais vulneráveis a ondas de frio: mencionam-se as crianças

(principalmente recém nascidos e bebés), idosos (WILKINSON et al., 2004), pessoas que

desenvolvem atividades ao ar livre, sem abrigo, pessoas em situação de exclusão social, acamados,

pessoas com reduzida mobilidade, pessoas dependentes de segunda pessoa, pessoas com problemas de

saúde mental, pessoas com problemas de alcoolismo, pessoas a tomarem medicação que interfira com

os mecanismos de regulação de temperatura corporal, pessoas com doenças crónicas (asma, diabetes,

bonquite, tiróide, reumáticas e cardíacas) e população a viver em habitações mais degradadas

(ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DE LISBOA E VALE DO TEJO, 2013).

Quanto aos efeitos de temperaturas extremas ocorridas durante o inverno em Madrid para

população com mais de 65 anos de idade, DÍAZ et al. (2005: 179) mencionam que o máximo impacte

de temperaturas extremas, no inverno, sobre a mortalidade total ocorre entre 7 a 8 dias depois da

temperatura extrema registada; contudo no caso das doenças circulatórias, o atraso de mortalidade

registou-se entre 7 e 14 dias; relativamente às doenças respiratórias, verificaram dois picos de

mortalidade, um de 4 a 5 dias e outro de 11 dias.

No caso dos EUA, REICHERT et al. (2004) aludem a importância da gripe (influenza) no

acréscimo de mortalidade.

MORABITO et al. (2006) indicam que as admissões hospitalares por enfarte agudo do

miocárdio em Florença, no inverno, aumentaram com a presença de massas de ar, associadas a

anticiclones continentais, nomeadamente 24 horas depois. Assim, estados de tempo mais frios levam

ao agravamento do enfarte agudo do miocárdio. MCGREGOR (2005: 197) indica que o tempo frio é

um fator de risco para a doença isquémica cardíaca, mostrando que valores elevados de mortalidade

desta patologia estão associados a fortes fases negativas da NAO. BHASKARAN et al. (2010)

mencionam que por cada 1ºC e redução de temperatura, num dia, no Reino Unido, está associado a

200 episódios extra de enfarte agudo do miocárdio. VASCONCELOS et al. (2010) identificam

excessos de internamento por enfarte do miocárdio em Portugal Continental entre 2003 e 2007, entre

os meses de novembro a março.

5 Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.

22

No caso de Portugal, existem diversos estudos sobre frio extremo, ondas de frio e reflexos na

mortalidade, apresentam-se alguns exemplos. BOTELHO e GANHO (2012 e 2013) analisam

episódios de frio extremo em Portugal Continental; MARQUES e ANTUNES (2013) estudam a

influência do frio na mortalidade no início de 2012. Mencionam-se as teses de mestrado de SILVA

(2012), ALMEIDA (2012), MACHADO (2013) ao exibir a perceção de eventos extremos de frio e a

tese de doutoramento de VASCONCELOS (2012) ao apresentar a importância da qualidade

habitacional e da exposição ao frio na incidência de doenças coronárias agudas em Portugal.

O risco de morrer em Portugal Continental durante o inverno é mais elevado do que durante

outra estação, sendo os meses de novembro a março os que apresentam as maiores ocorrências de

mortalidade, existindo um pico de mortalidade no mês de janeiro (MARQUES, 2007: 91; MARQUES

e ANTUNES, 2009). Relativamente à mortalidade ocorrida no inverno, com a temperatura mínima

inferior à média, tende a registar-se mortalidade superior à média. A distribuição mensal (ao longo do

ano) da mortalidade apresenta a forma de U (SANTOS et al., 2005).

Relativamente às ondas de frio, ocorre uma diferença de cerca de dois a três dias entre o pico

de frio e o pico de mortalidade, podendo o pico de mortalidade não coincidir com o extremo das

temperaturas mínimas (RIBEIRO, 2008: 17, citando KALKSTEIN, 1984).

No que concerne às causas de mortalidade, PINHEIRO (2005) afirma que o excesso de

mortalidade durante o inverno tem como causas a doença isquémica cardíaca, acidentes vasculares

cerebrais e doenças respiratórias. ALCOFORADO (1991) estuda a influência do estado do tempo no

desencadeamento de crises de dispneia em doentes respiratórios e crises de asma na primavera.

FALCÃO e VALENTE (1997: 537) mencionam que durante a epidemia de gripe do inverno de 1988-

1989, as doenças cerebrovasculares constituíram a causa de mortalidade com maior número de óbitos

(25,8%) perante o excesso de mortalidade. ALMENDRA et al. (2013: 269) referem que “a

mortalidade por doença cardiovascular em Portugal continua a ser a principal causa de morte e de

internamento hospitalar”, concentrando-se os óbitos e os internamentos durante os meses de inverno.

A morbilidade hospitalar por enfarte agudo do miocárdio aumenta com a idade, sendo superior no

sexo masculino e que o excesso de internamentos verifica-se sobretudo nos idosos (ob. cit.;

ALMENDRA, 2010; ALMENDRA, et al., s/d).

Alusivamente à prevenção e aos efeitos do frio, o Observatório Nacional de Saúde (ONSA)

realizou em 2003 o Ecos do Frio, através da amostra Em Casa Observamos Saúde (ECOS), tendo sido

realizadas entrevistas telefónicas a famílias presentes em 1217 unidades de alojamento, numa amostra

de 3497 indivíduos. O objetivo do estudo consistiu na caracterização das unidades de alojamentos, dos

indivíduos e das condições dos agregados familiares perante o frio, nomeadamente: a caracterização

das unidades de alojamento perante o frio e queixa de saúde no agregado, alteração dos hábitos

alimentares, consumo de bebidas alcoólicas fortes durante o período de Inverno, caracterização das

precauções das famílias perante situações de frio e caracterização dos equipamentos usados pelas

famílias para fazer face ao frio (água quente canalizada, lareira, aquecedores a gás, aquecedores

23

elétricos, aquecimento central, ar condicionado quente, cobertores elétricos, botijas/sacos de água

quente, uso de cobertores e vestuário). Foram ainda caracterizados, os efeitos do frio na saúde

(problemas de saúde em épocas de frio e procura de cuidados de saúde (consultas, urgências,

internamentos)) e as casas quanto ao seu nível de conforto no período de Inverno. Segundo

NOGUEIRA et al. (2004: 7) 49,7% das famílias consideraram as suas habitações frias ou muito frias.

O estudo concluiu que os problemas de saúde em épocas de frio dependem não só dos fatores

ambientais, mas também sociodemográficos, socioeconómicos e culturais.

Relativamente a Coimbra, MATEUS e CUNHA (2013) estudam o número de dias com

temperaturas negativas na cidade de Coimbra e a maior ocorrência de ondas de frio na Região Centro

de Portugal Continental com as fases da NAO. Entre 1950 e 2010, os autores, verificaram que durante

as fases positivas da NAO ocorreu maior número de dias com temperaturas negativas em Coimbra e

maiores registos de ondas de frio na Região Centro de Portugal Continental entre 1983 e 2009.

No distrito de Coimbra, a mortalidade mensal é maior nos meses de novembro a abril e o pico

máximo de mortalidade verifica-se no mês de janeiro (GUERREIRO, 2011). No inverno, a

mortalidade aumenta à medida que a temperatura do ar diminui, existindo maiores óbitos no sexo

feminino, sendo que a morte por doenças circulatórias apresenta os valores mais elevados (ob. cit.:

58). Mais ainda, as freguesias do distrito de Coimbra com maiores quantitativos de população idosa,

população desempregada, habitação degradada e envelhecida apresentaram maior vulnerabilidade face

à mortalidade por doenças do aparelho circulatório (ob. cit: 65). A proporção de viúvos relaciona-se de

forma significativa com a mortalidade da população idosa, refletindo o isolamento físico e social como

fator de vulnerabilidade, acrescentando que “a população mais vulnerável é aquela que se localiza no

interior do distrito de Coimbra, caracterizada por ser uma população idosa, com baixo nível de

escolaridade e mais isolada, uma vez que esta vive em espaços menos urbanizados e em áreas mais

desfavorecidas e envelhecidas do ponto de vista habitacional”, concluindo que “a taxa de mortalidade

no distrito de Coimbra reflete essencialmente as características demográficas, sociais e económicas”

(ob. cit: 69). Mais, no distrito de Coimbra, há uma forte relação entre a taxa de mortalidade e a

percentagem de viúvos para os concelhos e, relevância da taxa de desemprego e do envelhecimento da

população feminina, no caso das freguesias.

1.4. Mudanças climáticas e paroxismos térmicos

Diversos estudos têm vindo a ser desenvolvidos no âmbito das mudanças climáticas, quer em

Portugal, quer no estrangeiro, ao nível de possíveis impactes na saúde humana e projetando cenários

no futuro face a fenómenos extremos, como é o caso das ondas de calor e das ondas de frio,

salientando a importância de reduzir a vulnerabilidade face a riscos climáticos.

As causas principais de mudança climática são “pequenas variações na órbita que a Terra

descreve em torno do Sol, variações na posição do eixo de rotação da Terra, flutuações na atividade

24

solar e períodos de maior atividade vulcânica” (SANTOS e MIRANDA, 2006: 21), precessão dos

equinócios e os ciclos de Milankovitch. Atualmente está-se perante um período interglaciar.

No caso da média da temperatura global à superfície, RAMOS et al. (2011: 182, citando

IPCC, 2007), indicam que ocorreu um aumento entre 1906 e 2005, contudo concentrado em dois

períodos de aquecimento: entre 1910 e 1945 e desde 1970 (ob. cit.: 182, citando JONES et al. 1999 e

KARL et al. 2000). A temperatura média global à superfície aumentou cerca de 0,6ºC no século XX,

sendo a década de 1990 a mais quente, de acordo com registos desde 1861, e 1998 o ano mais quente

do século (IPMA6, citando IPCC, 2001).

Citando MIRANDA et al. (2006: 2) “o verão de 2003 foi classificado como o mais quente da

Europa nos últimos 500 anos” e foram observados “os 5 anos mais quentes dos últimos 150 anos

(1998, 2003, 2002, 2001 e 1997)” (ob. cit.). BUTLER e DIAS (1999: 16) indicam que “o ano de 1998

foi o mais quente a nível global, pelo menos desde 1400”. O século XX foi o mais quente desde 1500

(LUTERBACHER et al., 2004: 1503).

Segundo o IPMA7, a temperatura média do ar tem aumentado desde meados do século XIX e,

retirando o efeito de ilha de calor urbano, é estimado em 0,0074ºC/ano; quanto à amplitude térmica

diária está a diminuir desde 1946 em virtude das temperaturas mínimas estarem a aumentar mais do

que as máximas.

Em Portugal foi desenvolvido o Projeto SIAM com o objetivo de avaliar os impactes das

mudanças climáticas, assim como medidas de adaptação, sendo os resultados apresentados por

SANTOS et al. (2001), MIRANDA e SANTOS (2006) e MIRANDA et al. (2006).

Segundo MIRANDA et al. (2006: 86) há uma tendência do aumento da temperatura no século

XX, particularmente de maneira mais acentuada a partir da década de 1970, quase 0,5ºC por década.

Segundo o IPMA8, em Portugal, o período de arrefecimento registou-se entre 1946 e 1975 e o período

de aquecimento verificou-se entre 1976 e 2004, ou seja, a evolução não é feita de forma absolutamente

contínua, mas registando ciclos de 30 anos. Prevê-se um aumento substancial da temperatura máxima

em Portugal Continental, com +3ºC nas áreas costeiras e +7ºC (ob. cit.: 2) nas áreas do interior bem

como o aumento da frequência e intensidade das ondas de calor (ob. cit.: 8). Verificou-se “uma subida

mais intensa das temperaturas mínimas traduzida numa redução da amplitude térmica diária” (ob. cit.:

2). Em Portugal foram detetadas significâncias estatísticas de aumento de eventos de calor extremo na

primavera e no verão e decréscimo de extremos de frio no inverno (RAMOS et al., 2011: 177).

6

http://www.ipma.pt/pt/educativa/faq/climatologia/faqdetail.html?f=/pt/educativa/faq/climatologia/faq_0003.html

(acesso em 3/6/2014). 7

http://www.ipma.pt/pt/educativa/faq/climatologia/faqdetail.html?f=/pt/educativa/faq/climatologia/faq_0004.html

(acesso em 3/6/2014).

8 http://www.ipma.pt/pt/enciclopedia/clima/index.html?page=variabilidade.prec.xml (acesso em 29/7/2014).

25

A associação entre mudança climática e a frequência e intensidade de fenómenos extremos de

calor ainda não está bem estabelecida, no entanto modelos prenunciam que as ondas de calor serão

mais frequentes e intensas nomeadamente nas altas latitudes afetando áreas metropolitanas que não

estão bem preparadas para estes paroxismos térmicos (LUBER e MCGEEHIN, 2008: 429).

GANGULY et al. (2009: 15555) mencionam o aumento da temperatura e das ondas de calor, contudo

apontam para a questão da incerteza e variabilidade. A área Mediterrânea é considerada o “hot spot”

da mudança climática, visto ser a área em que diversos modelos de circulação global e regional

concordam com o incremento de eventos extremos (TRIGO et al. 2009: 845). MEEHL e TEBALDI

(2004: 997) indicam que áreas geográficas em que já ocorreram intensas ondas de calor (sudoeste,

“meio-oeste” e sudeste dos EUA e Região Mediterrânea) podem vir a registar, no futuro, ondas de

calor ainda mais intensas. Porém, referem que áreas como o noroeste dos EUA, França, Alemanha e a

Região dos Balcãs podem registar maiores impactes decorrentes do aumento da intensidade das ondas

de calor, em virtude de não se encontrarem bem adaptadas a estes paroxismos térmicos.

Por outro lado, KODRA et al. (2005) afirmam que apesar dos cenários de calor no século

XXI, irão ocorrer fenómenos de frio extremo. CONLON et al. (2011) apresentam a importância de

prevenir a morbilidade e a mortalidade relacionadas com o frio num cenário de mudança climática.

A nível internacional, apontam-se, ainda, os trabalhos de HAINES et al. (2006a e b), DESSAI

(2001); PATZ et al. (2005), MCMICHAEL et al. (2006) ao apresentarem o impacte das mudanças

climáticas na saúde e O’NEILL e EBI (2009) ao examinarem extremos de temperatura e saúde e

impactes da mudança climática nos EUA.

Relativamente a potenciais impactes das mudanças climáticas em Portugal, SANTOS e

MIRANDA (2006: 239) indicam o “aumento do desconforto, morbilidade e mortalidade associados ao

calor” em virtude da maior frequência e intensidade das ondas de calor, ao passo que associado a

invernos moderados é possível verificar-se a “diminuição do desconforto, morbilidade e mortalidade

associados ao frio.” CASIMIRO et al. (2006: 1950) avaliam os potenciais impactes da mudança

climática em Portugal na mortalidade relacionada com o calor, na saúde e doenças transmitidas por

vetores e referem que as taxas de mortalidade relacionadas com o calor podem aumentar entre 8,5 e

12,1 por 100 000 na década de 2020 e um máximo de 29,5 na década de 2050 se não se tomarem

adaptações. DESSAI (2002) estuda relações entre o calor e a mortalidade em Lisboa, tendo em conta

potenciais impactes das mudanças climáticas (DESSAI, 2003). Indica-se, ainda a dissertação de

mestrado de FARIA (2010) ao apresentar paroxismos climáticos na Região do Porto, o trabalho de

TAVARES (2009) sobre saúde e mudanças climáticas na Região de Lisboa e Vale do Tejo e o

trabalho de MACHETTE (2011) sobre impactes das alterações climáticas no turismo.

26

2. Ondas de calor e ondas de frio – enquadramento teórico

2.1. Definição de onda de calor e de onda de frio

2.1.1. Definição de onda de calor

A definição de onda de calor, em Portugal, adotada pelo IPMA segue os princípios do

conceito da Organização Meteorológica Mundial (OMM), considerando que ocorre uma onda de calor

quando num intervalo de pelo menos seis dias consecutivos a temperatura máxima diária é superior

em pelo menos 5ºC, ao valor médio das máximas diárias do período de referência, ou seja, da normal

climatológica. Sendo esta definição adotada nesta dissertação.

Porém, o IPMA9 refere que esta definição está relacionada com o estudo da variabilidade

climática e não tanto com os impactes na saúde, já que, por exemplo, temperaturas extremas com um

elevado desvio relativamente à normal climatológica, podem ocorrer durante um curto espaço de

tempo não se considerando uma onda de calor quando adotada esta definição, mas que os impactes na

saúde poderão ser maiores, quando se verifica um desvio de +10ºC relativamente à média, durante 3

dias, do que um desvio de +5ºC durante 6 dias.

Porém, existem diversas definições de onda de calor, seguidas por diferentes instituições e

autores. ROBINSON (2001) refere que as definições de onda de calor baseiam-se: na excedência de

um valor absoluto previamente fixado, sendo um desvio relativamente à normal climatológica; ou,

ainda, em índices assentes na combinação dos valores diários da temperatura do ar e da humidade

relativa

Apresentam-se, a título de exemplo, algumas definições, que dependem e refletem o contexto

climático da área geográfica em causa:

O conceito seguido por PAIXÃO e NOGUEIRA (2003) afirma a ocorrência de onda de calor

quando se registam nos distritos de Portugal Continental dois ou mais dias consecutivos com

temperatura máxima diária superior a 32ºC.

REY et al. (2007) consideram o período de pelo menos três dias consecutivos em que as

temperaturas máxima e mínima, são simultaneamente superiores ao respetivo percentil 95, no caso de

França.

O Netherlands Royal Meteorological Institute (Holanda) segue o princípio de um período de

pelo menos 5 dias, cada com temperatura máxima diária de pelo menos 25ºC, incluindo pelo menos 3

ou mais dias com temperatura máxima de pelo menos 30ºC.

Para o National Weather Service (NWS) (EUA) em quatro observações consecutivas, é

necessário que os dois mínimos sejam superiores ao limiar de 81ºF (27,22ºC) e dois máximos

excedendo o limiar de 103ºF (39,44ºC).

9 http://www.ipma.pt/pt/enciclopedia/clima/index.html?page=onda.calor.xml (acesso em 29/7/2014).

27

No caso de REVICH e SHAPOSHNIKOV (2008), consideram, para Moscovo, Rússia, a

média da temperatura diária é superior ao percentil 97 durante 5 dias consecutivos, com pelo menos 3

dias com a média diária da temperatura superior ao percentil 99.

Relativamente a HUTTER et al. (2007), citando KYSELY (2002), seguem o conceito de um

período consecutivo de pelo menos 3 dias durante o qual a temperatura máxima diária é ≥30ºC; a onda

de calor persiste enquanto a média da temperatura máxima diária se mantém acima de 30ºC e nunca

seja inferior a 25ºC para Viena, Aústria.

LINARES e DÍAZ (2007) indicam que uma onda de calor do ponto de vista hospitalar é

considerada quando a temperatura máxima diária ultrapassa os 36ºC, para o caso de Madrid.

Para o Environment Canada, é o período de no mínimo três dias consecutivos em que a

temperatura máxima diária é de pelo menos 32ºC ou superior.

2.1.2. Definição de onda de frio

A definição de onda de frio em Portugal, adotada pelo IPMA, à semelhança do conceito de

onda de calor, também segue os princípios do conceito da OMM, considerando que ocorre uma onda

de frio quando num intervalo de pelo menos seis dias consecutivos, a temperatura mínima diária é

inferior em pelo menos 5ºC, ao valor médio diário das temperaturas mínimas do período de referência,

isto é, da normal climatológica. Esta definição é também adotada nesta dissertação.

Todavia, à semelhança do ocorrido para o caso das ondas de frio, também existem diversos

conceitos de onda de frio adotados por diferentes instituições e autores; apresentam-se a título de

exemplo, as seguintes:

HUYNEN et al. (2001) para a Holanda, consideram o período de pelo menos 9 dias com a

temperatura mínima de -5ºC ou menor, com até 6 dias com a temperatura mínima de -10ºC ou menor.

REVICH e SHAPOSHNIKOV (2008) indicam o período de pelo menos 9 dias consecutivos

com a média da temperatura diária inferior ao 3 percentil, com pelo menos 6 dias com a média da

temperatura diária inferior ao percentil 1, no caso de Moscovo (Rússia).

2.2. Importância do estudo do risco de ondas de calor e do risco de ondas de frio

Nesta dissertação, considera-se que o risco resulta da multiplicação entre a perigosidade e a

vulnerabilidade. NOSSA et al. (2013: 47), indicam que o perigo é “imprevisível e causa, por norma,

perda de vidas, ferimentos ou outros impactes na saúde, danos à propriedade, perda de meios de

subsistência e serviços, rutura social e económica e danos ambientais”, sendo a “probabilidade de

ocorrência de um processo ou ação com capacidade de destruição de elementos naturais e humanos,

sempre avaliado em função da intensidade e severidade”, podendo as consequências sobre as pessoas,

os bens ou ambiente ser contabilizadas através de danos ou de prejuízos, consistindo no risco.

De acordo com as estatísticas da International Disaster Database da Université Catholique de

Louvain - Brussels – Bélgica, quanto ao número de óbitos, em Portugal, entre 1900 e 2014, no caso

28

dos riscos naturais, a onda de calor de 2003 apresentou o maior número de mortes (quadro 1).

Também, noutras áreas geográficas, os extremos térmicos, no caso das ondas de calor e das ondas de

frio, têm como consequências, elevados quantitativos de óbitos (quadro 2); sendo elevada a população

afetada por estes riscos climáticos (quadro 3), que têm, também consideráveis impactes económicos

(quadro 4).

Como se referiu no início desta dissertação, estes riscos climáticos apresentam impactes na

economia, na saúde e originam aumentos de mortalidade, dependendo da vulnerabilidade das

populações e da duração, intensidade e frequência destes paroxismos térmicos.

Atendendo às consequências destes paroxismos térmicos, na morbilidade, mortalidade e

atividades humanas, o seu estudo revela-se importante, de maneira a adquirir um melhor

conhecimento destes riscos e para desenvolver um melhor ordenamento do território. No estado da

arte, previamente apresentado, mencionaram-se alguns exemplos de estudos de ondas de calor e de

ondas de frio e das suas consequências na morbilidade e mortalidade humanas. Visto que não se pode

evitar a sua ocorrência, revela-se importante reduzir a vulnerabilidade das populações expostas, de

maneira a reduzir as consequências inerentes a estes riscos climáticos ao nível do conforto, atividades,

saúde, morbilidade e mortalidade humanas.

Quadro 1: Ranking dos riscos naturais, segundo o número de óbitos, em Portugal, entre 1900 e 201410

.

Risco Natural Data N.º de óbitos

Temperatura extrema

(onda de calor)Ago-03 2696

Cheia 26-11-1967 462

Cheia 20-02-2010 43

Temperatura extrema

(onda de calor)Jul-06 41

Cheia 29-12-1981 30

Tempestade 30-10-1997 29

Cheia Jan-79 19

Cheia 18-11-1983 19

Incêndio 15-06-1986 15

Incêndio 15-05-2005 15 Fonte dos dados: EM-DAT

11: The OFDA/CRED International Disaster Database, www.emdat.be -

Université Catholique de Louvain - Brussels – Belgium http://www.emdat.be/database (acesso em

25/7/2014).

10 Relativamente à onda de calor de 29 de julho a 15 de agosto de 2003 registou-se segundo NOGUEIRA et al.

(2005a: 4) um excesso de 1953 óbitos.

No caso da onda de calor de julho de 2006, os óbitos diferem dos apresentados por PAIXÃO et al., (2006):

excesso de óbitos de 898 pessoas (entre 10 a 27 de julho), contudo segundo a DGS (2013a) o excesso de óbitos

foi de 1123 pessoas (todavia, não especificando o intervalo de dias analisado). 11 Emergency Events Database.

29

Quadro 2: Ranking dos riscos naturais – temperaturas extremas, segundo o número de óbitos, entre

1900 e 2014.

País Risco Natural Data N.º de óbitos

Rússia Onda de calor junho de 2010 55 736

Itália Onda de calor 16-07-2003 20 089

França Onda de calor 01-08-2003 19 490

Espanha Onda de calor 01-08-2003 15 090

Alemanha Onda de calor agosto de 2003 9 355

Portugal Onda de calor agosto de 2003 2 696

Índia Onda de calor 26-05-1998 2 541

França Onda de calor 15-07-2006 1 388

Afeganistão Condições extremas de inverno 05-01-2008 1 317

EUA Onda de calor junho de 1980 1 260 Fonte dos dados: EM-DAT: The OFDA/CRED International Disaster Database, www.emdat.be - Université Catholique de Louvain - Brussels – Belgium http://www.emdat.be/database (acesso em

25/7/2014).

Quadro 3: Ranking dos riscos naturais – temperaturas extremas, segundo a população afetada, entre 1900 e 2014.

País Risco Natural Data População afetada

China Condições extremas de inverno 10-01-2008 77 000 000

China Onda de frio 01-01-2011 4 033 472

Austrália Onda de calor fevereiro de 1993 3 000 500

Peru Onda de frio junho de 2004 2 137 467

Tajiquistão Condições extremas de inverno janeiro de 2008 2 000 000

Peru Onda de frio 07-07-2003 1 839 888

Austrália Onda de calor dezembro de 1994 1000 034

Libéria Onda de frio 1990 1000 000

Tailândia Onda de frio janeiro de 2014 1000 000

Peru Condições extremas de inverno abril de 2007 884 572 Fonte dos dados: EM-DAT: The OFDA/CRED International Disaster Database, www.emdat.be -

Université Catholique de Louvain - Brussels – Belgium http://www.emdat.be/database (acesso em

25/7/2014).

Quadro 4: Ranking dos riscos naturais – temperaturas extremas, segundo o custo económico, entre

1900 e 2014.

País Risco Natural Data Custo (1000 US$)

China Condições extremas de inverno 10-01-2008 21 100 000

França Onda de calor 01-08-2003 4 400 000

Itália Onda de calor 16-07-2003 4 400 000

EUA Onda de calor 01-05-1998 4 275 000

EUA Onda de frio 05-01-2014 3 000 000

EUA Onda de frio 1977 2 800 000

EUA Onda de calor junho de 1980 2 000 000

Canadá Onda de frio dezembro de 1992 2 000 000

EUA Onda de calor julho de 1986 1 750 000

Alemanha Onda de calor agosto de 2003 1 650 000 Fonte dos dados: EM-DAT: The OFDA/CRED International Disaster Database, www.emdat.be -

Université Catholique de Louvain - Brussels – Belgium http://www.emdat.be/database (acesso em

25/7/2014).

30

2.3. Ocorrência de ondas de calor e de ondas de frio em Portugal

De acordo com CUNHA (2012: 109) as ondas de calor e as ondas de frio num clima

temperado mediterrâneo, como o caso de Portugal Continental são “um fenómeno sazonal, esporádico,

mas recorrente, condicionado essencialmente pelas condições sinóticas”; contudo, a intensidade, a

duração e a extensão espacial destes fenómenos são influenciadas por fatores fisiográficos regionais e

locais, como o uso do solo, o relevo, a distância ao oceano, a exposição das vertentes e a altitude.

O IPMA identificou a ocorrência de ondas de calor e de ondas de frio em Portugal, estando

essa informação publicada nos Boletins Climatológicos mensais, sazonais e anuais, desde 2003.

Recolheu-se essa informação e resumiu-se a sua ocorrência e indicou-se a distribuição espacial no

período compreendido nos meses de junho, julho e agosto, no caso das ondas de calor (quadro 5). Nos

anos de 2004, 2008, 2011 e 2012 não se registaram ondas de calor nas estações meteorológicas do

IPMA. Destacam-se os anos de 2006 e 2013 com 4 ocorrências, seguindo-se os anos de 2009 e de

2010 com 3 ocorrências. Todavia, por vezes, em anos com períodos mais quentes e/ou mais longos

registaram-se ondas de calor mais cedo ou mais tardiamente, designando-se por “fora de época”12

(quadro 6), destacando-se o ano de 2009 com 4 ocorrências. E recolheu-se a informação sobre os

registos de ondas de frio nos meses de janeiro, fevereiro e dezembro (quadro 7); o ano de 2005

apresentou o maior número de ocorrências (4), seguindo-se o ano de 2011 com 3, enquanto nos anos

de 2003, 2004, 2008 e 2010 não se verificou o registo de ondas de frio.

Quadro 5: Ondas de calor identificadas pelo IPMA, desde 2003, em Portugal Continental.

2003

2004

30 de maio a 11 de junho

15 a 23 de junho

2 a 13

27 de agosto a 9 de setembro

2007

2008

27 de maio a 3 de junho

10 a 22 de junho*

3 a 8 (Guarda)

6 a 11 (Mirandela)

3 a 11 (Miranda do Douro)

1 O.C 24 a 31

2011

2012

9 a 15 (Guarda, Mirandela e Montalegre)

26 de agosto a 3 de setembro (Porto)

2009 2 O.C

2005

Junho

MesesAnos

2 O.C

1 O.C3 a 11 (Alcácer do Sal e Monção)

6 a 11 (Anadia, Dois Portos, Guarda, Monte Real, Nelas, Sagres e

Sines)

Agosto

2 O.C

Julho

1 O.C (24 de julho a 14 de agosto)

1 O.C (7 a 18)

1 O.C (11 a 19)**

20101 O.C

1 O.C (2 a 7) em Portalegre

2006

1 O.C: 24 de maio a 8 de junho

(duração de 16 dias da região Centro

e 15 dias na região de Portalegre)

* Estações meteorológicas em onda de calor: Setúbal e Amareleja (11 a 21); Sines (12 a 21); Vila Real de Santo António (10 a 17); Faro (10 a 16); Sagres (12 a 18); Dois Portos, Sintra e

Mértola (16 a 21); Guarda e Penhas Douradas (17 a 22).

** Estações meteorológicas em onda de calor: Alvega, Nelas e Sagres (11 a 16); Monção (11 a 17); Braganca (11 a 19); Benavila e Portalegre (12 a 17); Miranda do Douro (12 a 19) e

Figueira de Castelo Rodrigo (13 a 19).

*** Estações em onda de calor: Anadia, Alcobaca, Braga, Coimbra, Dois Portos, Santarém/Fonte Boa, Monte Real e Porto/P.Rubras (24 a 30); Alvega e Coruche (22 a 30);

Benavila/Avis e Portalegre (22 a 1 de julho) e Monção (24 a 30 de junho).

2 O.C1 O.C (3 a 13)1 O.C2013 22 a 30***

Fonte dos dados: Com base na informação dos boletins climatológicos mensais, anuais e sazonais do

IPMA, disponíveis em:

https://www.ipma.pt/pt/publicacoes/boletins.jsp?cmbDep=cli&cmbTema=pcl&idDep=cli&idTema=pcl&curAno=-1 (acesso em 5/8/2014).

12 Entenda-se por “fora de época”, as ondas de calor que não ocorreram nos meses de junho, julho ou agosto

(período de análise adotado nesta dissertação).

31

Quadro 6: Ondas de calor “fora de época”, identificadas pelo IPMA, desde 2003, em Portugal

Continental.

Anos Meses Ondas de calor

março7 a 9 (com maior duração em Penhas Douradas, com 21 dias; Bragança, Mirandela, Miranda

do Douro e Monção, com 18 dias).

maioiniciou-se no dia 2, com maior duração nas regiões de Évora e Miranda do Douro (8 dias) e em

Beja, Bragança e Figueira de Castelo Rodrigo (7 dias).

setembro 6 a 12 (Monção), 6 a 11 (Nelas), 22 a 28 (Monção e Braga), 23 a 28 (Anadia).

outubro10 a 18 (em alguns locais do Centro e Sul do Continente; Benavila foi a estação meteorológica

que registou mais dias em onda de calor, 9 dias).

2010 maio 17 a 23

2009

Fonte dos dados: Com base na informação dos boletins climatológicos mensais, anuais e sazonais do

IPMA, disponíveis em: https://www.ipma.pt/pt/publicacoes/boletins.jsp?cmbDep=cli&cmbTema=pcl&idDep=cli&idTema=pc

l&curAno=-1 (acesso em 5/8/2014).

Quadro 7: Ondas de frio identificadas pelo IPMA, desde 2003, em Portugal Continental.

Dezembro

2003

2004

1 O.F

3 a 10 (Braga), 7 a 12

(Alvalade), 14 a 20

(Alvalade), 15 a 20

(Braganca e Alcácer

do Sal)

2007

1 O.F: 11 a 18

(Braganca: 8 dias;

Centro e vale do

Sado: 6 dias)

2008

7 a 12 (Braga)

6 a 11 (Monção)

6 a 12 (Penhas Douradas)

2010

20111 O.F: 25 a 30 em

Alcobaça

2012

2013

MesesAnos

2005

Janeiro

1 O.F: 7 a 12 (Setúbal)

1 O.F

1 O.F

1 O.F :25 de janeiro a 5 de fevereiro (Alvalade, Mirandela e Sagres); 25 de janeiro a 2 de fevereiro (Sines e Mértola), 25 de janeiro a 12

de fevereiro (Alcácer do Sal), 31 de janeiro a 9 de fevereiro (Benavila)

200628 janeiro a 2 de fevereiro (Braga)

27 de janeiro a 1 de fevereiro (Mirandela)

2009

1 O.F: 22 a 27 (Castelo Branco)

1 O.F: 16 a 24

(Braga), 19 a 24

(Mirandela), 12 a

20 (Alcácer do Sal

e Alvalade)

Fevereiro

* Estações meteorológicas em onda de frio: Alcácer do Sal (8 a 27), Alvega (8 a 26), Alvalade (8 a 25), Alcobaca (8 a 19), Benavila/Avis (9 a 14 e 18 a 26), Mértola (9 a

17), Miranda do Douro (8 a 16), Mirandela (8 a 19), Monte Real (9 a 16), Sagres (12 a 18), Setúbal (23 a 29), Sines (8 a 14) e Vila Real (8 a 13).

1 O.F: 1 a 6 (Alcácer do Sal e Alvalade), 1 a 7 (Braga) e 31 de

janeiro a 7 de fevereiro (Braga)

1 O.F (com maior duração nas estações meteorológicas de Alcácer

do Sal (20 dias), Alvega (19 dias) e Alvalade (18 dias) *

1 O.F: Alcobaça (6 dias), Mértola (6 dias) e Alcácer do Sal (7 dias),

a partir do dia 24

Fonte dos dados: Com base na informação dos boletins climatológicos mensais, anuais e sazonais do

IPMA, disponíveis em: https://www.ipma.pt/pt/publicacoes/boletins.jsp?cmbDep=cli&cmbTema=pcl&idDep=cli&idTema=pcl&curAno=-1 (acesso em 5/8/2014).

As ondas de calor, apesar de poderem ocorrer em qualquer altura do ano, são mais frequentes

e intensas nos meses de verão, de junho, julho e agosto que correspondem, por norma, à época quente

e seca. De acordo com o IPMA13

, é durante o mês de junho que se verifica a maior ocorrência de

ondas de calor em Portugal Continental. Segundo o IPMA14

, merecem destaque pela intensidade,

13 http://www.ipma.pt/pt/enciclopedia/clima/index.html?page=onda.calor.xml (acesso em 24/08/2013). 14 http://www.ipma.pt/pt/enciclopedia/clima/index.html?page=onda.calor.xml (acesso em 24/08/2013).

32

duração e distribuição espacial, as ondas de calor ocorridas em junho de 1981, julho de 1991 e julho e

agosto de 2003; sendo que é a partir de 1990 que se verifica a maior frequência em Portugal

Continental de ondas de calor

As ondas de calor estão associadas, em termos sinóticos, a sistemas anticiclónicos com

circulação do ar de sul ou de leste. CUNHA e LEAL (2013: 82) referem que as ondas de calor

“resultam da instalação, por vezes súbita, de massas de ar muito quentes e secas oriundas do Norte de

África e/ou da Europa Oriental, ou de massas quentes e húmidas transportadas de SW”.

No caso das ondas de frio, estão associadas a circulações anticiclónicas de Norte e Este, com a

presença de massas de ar seco e muito frio, de origem continental ou de massas de ar frio e húmido de

origem ártica ou polar; sendo que nestas condições pode ocorrer a formação de geada e a queda de

neve em áreas de altitude mais elevadas, devido à redução repentina dos valores diários de temperatura

mínima (CUNHA e LEAL, 2013: 82), causando desconforto térmico.

Segundo TAVARES e CUNHA (2007: 6) os índices de suscetibilidade a ondas de calor

“aumentam progressivamente do Litoral para o Interior, sendo que os mais elevados se localizam na

Beira Interior Sul e na Cova da Beira”, existindo a influência da continentalidade na intensificação das

temperaturas máximas na Beira Interior Sul e no Alentejo (CUNHA e LEAL, 2013: 87). Assim, a

intensidade e distribuição das ondas de calor aumenta das áreas litorais para as áreas do interior de

Portugal Continental, sendo maior nas regiões do Alentejo e da Beira Interior Sul já que a ação

moderadora do Oceano Atlântico na temperatura máxima se faz sentir nas áreas litorais (CUNHA,

2012: 112).

A nível local, as áreas mais expostas à radiação solar direta, impermeabilizadas e com elevado

tráfego rodoviário reforçam os efeitos do calor ou com elevada densidade de edifícios no espaço

urbano (CUNHA e LEAL, 2013: 89). Para o concelho de Torres Novas, os autores indicam que o risco

de onda de calor é mais elevado nas áreas situadas no topo das plataformas gresosas, mais expostas à

radiação solar.

Os índices de suscetibilidade a ondas de frio são influenciados por condições topográficas e

morfológicas regionais, sendo maiores em áreas deprimidas, como nos vales interiores do Alto Tejo e

Baixo e Médio Zêzere e nas áreas montanhosas da região Centro Oeste. Relativamente ao Vale do

Mondego, a influência dos ventos oceânicos de oeste amenizam as temperaturas (ob. cit.), sendo uma

área menos suscetível a ondas de frio e a ondas de calor. A suscetibilidade é maior ao final da noite,

em fundos de vale e áreas topograficamente deprimidas devido à presença de “lagos” de ar frio

durante situações anticiclónicas no período invernal. Nos vales mais encaixados o arrefecimento

processa-se de forma mais intensa pois os maiores declives das vertentes levam ao aumento da

velocidade do escoamento do ar frio, sendo também importante a orientação das encostas. Para o

concelho de Torres Novas, os autores indicam que o risco de onda de frio é mais elevado nas áreas

situadas nos fundos de vale.

33

2.4. Prevenção face a temperaturas extremas em Portugal

Os efeitos das temperaturas extremas, das ondas de calor e das ondas de frio dependem da

intensidade e duração das mesmas, assim como da vulnerabilidade da população exposta,

apresentando efeitos no conforto e atividades humanas, bem como na saúde, morbilidade e

mortalidade. Assim, em Portugal têm vindo a ser desenvolvida prevenção face a esses efeitos das

temperaturas extremas adversas, quer elevadas, quer baixas. Seguidamente apresentam-se esses planos

e instrumentos de prevenção.

2.4.1. Calor

A exposição a temperaturas elevadas constitui fator de stress para o corpo humano, com

potenciais efeitos na morbilidade e mortalidade.

O Ministério da Saúde através da DGS (Direção Geral da Saúde) implementou, desde 2004, o

Plano de Contingência para Ondas de Calor (PCOC), com o intuito de minimizar os efeitos do calor na

saúde humana. Contudo, em 2011, a designação passou para Plano de Contingência para Temperaturas

Extremas e Adversas – Módulo Calor (PCTEA), tendo em conta que a exposição a temperaturas

prolongadas, mesmo que não seja considerada do ponto de vista climatológico uma onda de calor, tem

impactes sobre a saúde, morbilidade e mortalidade humanas. Este plano baseia-se numa estratégia de

promoção da saúde e de prevenção da doença, estando associado a um sistema de previsão, alerta e

resposta, sendo ativado de 15 de maio a 30 de setembro de cada ano; porém, pode ser ativado, antes ou

depois do período de ativação previamente definido atendendo às condições meteorológicas

verificadas (DGS, 2013b).

O objetivo geral do PCTEA é minimizar os efeitos negativos do calor intenso na saúde das

populações, através da avaliação do risco e pelo desenvolvimento de respostas face a esse risco pelas

entidades competentes da saúde. São objetivos específicos: “potenciar a coordenação

interinstitucional; melhorar o sistema de previsão, alerta e resposta; definir orientações/recomendações

de intervenção; providenciar a informação para a população em geral e para os grupos mais

vulneráveis em particular, sobre medidas e procedimentos a adotar em situação de calor intenso e

monitorizar a morbilidade e mortalidade, decorrente de eventuais ondas de calor” (DGS, 2014: 6).

Quanto à organização e articulação institucional, a coordenação geral é efetuada pela DGS,

sendo que a cocoordenação nacional é realizada pela Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) e

pelo Instituto da Segurança Social (ISS). No caso dos Grupos Operativos Regionais, têm como

competência a elaboração de um Plano de Contingência Regional para Temperaturas Extremas e

Adversas (PCRTEA). A informação e comunicação são divulgadas para a população através do sítio

da DGS, da articulação com os meios de comunicação social e da linha Saúde 24 (DGS, 2013b e

2014).

Os sistemas de alerta precoce são essenciais para reduzir as consequências para a saúde

humana decorrentes das ondas de calor (LOWE et al., 2011). Assim, os planos de ação são

34

importantes para informar a população, de maneira a adotar medidas necessárias para atenuar os

efeitos destes paroxismos térmicos.

O sistema de previsão e alerta do PCRTEA é baseado em três níveis de alerta: verde (Nível 0),

amarelo (Nível 1) e vermelho (Nível 2). “O nível verde corresponde à linha de base, ou seja, quando

não se atingem os valores definidos para desencadear o alerta amarelo. O alerta amarelo é emitido,

quando ocorre um dia com temperaturas máximas observadas iguais ou superiores a 32ºC e em que

estão previstos mais dois dias com temperaturas iguais ou superiores a 32ºC (exceto no Alentejo em

que se consideram temperaturas máximas iguais ou superiores a 35ºC). O alerta vermelho é emitido,

quando ocorrem três dias com temperaturas máximas observadas iguais ou superiores a 35ºC e em que

estão previstos mais dois dias com temperaturas iguais ou superiores a 35ºC (exceto no Alentejo em

que se consideram temperaturas máximas iguais ou superiores a 38ºC)” (DGS, 2014: 9). São ainda,

mencionadas precauções a adotar face a temperaturas extremas e a ondas de calor.

A monitorização é efetuada com base em: procura de serviços de urgência, procura do Serviço

Saúde 24, procura do Instituto Nacional de Emergência Médica, efeitos na mortalidade, ocorrências

registadas pelas autoridades de saúde e as medidas de atuação tomadas no âmbito da implementação

do Plano (DGS, 2014: 13).

O Projeto Ícaro (Importância do Calor: Repercussão nos Óbitos) é um instrumento de

observação do efeito de ondas de calor na mortalidade e morbilidade humanas. Sazonalmente, entre

maio e setembro de cada ano, aciona-se o Sistema de Vigilância Ícaro desde 1999 em parceria com o

IPMA, a DGS e a ANPC. Desde 2004 integra o PCOC. É constituído pela previsão a três dias dos

valores de temperatura máxima diária, a previsão do excesso de óbitos eventualmente associados às

temperaturas previstas e o cálculo do Índice Ícaro para os três dias seguintes com base na previsão dos

óbitos (CALADO et al., 2003: 2; NOGUEIRA et al., 2005b). Os valores do índice Ícaro são

disponibilizados duas vezes ao dia. O Índice Ícaro assume valores iguais ou superiores a zero, sendo

um valor que representa a mortalidade de acordo com o modelo de previsão do Sistema de Vigilância

Ícaro, tendo como objetivo representar a mortalidade estimada segundo os elementos climáticos

previstos (INSA15

).

A fórmula do Índice Ícaro é a seguinte: (n.º de óbitos previstos/n.º de óbitos esperados) – 1.16

Quando o valor é igual a zero, o número de óbitos previstos é igual ao número de óbitos esperados.

O objetivo do Projeto Ícaro consiste em prever e identificar a ocorrência de períodos de calor

com possíveis impactes negativos na saúde, monitorizando e vigilando a mortalidade e medindo esses

impactes na mortalidade

15http://www.insa.pt/sites/INSA/Portugues/AreasCientificas/Epidemiologia/Unidades/UnInstrObser/Paginas/ICA

RO.aspx (acesso em 28/7/2014). 16 O número de óbitos previstos está associado ao modelo da previsão da temperatura máxima. Relativamente ao

número de óbitos esperados, corresponde ao número médio de óbitos que se verificam diariamente no período de

junho a setembro (INSA).

35

O Sistema de Vigilância Ícaro é um sistema nacional, existindo modelos para a população em

geral e para a população com mais de 75 anos de idade, tendo como referência quatro regiões que

dividem Portugal Continental (ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DE SAÚDE DE LISBOA E VALE

DO TEJO, 2012: 48) e estando dividido em diferentes níveis de alerta.

Quanto ao Sistema de Vigilância Diária de Mortalidade (VDM), surgiu na sequência do

impacte da onda de calor de 2003, recolhendo variáveis como data e local do óbito, idade e sexo,

permitindo antecipar impactes no período de cinco dias e quantificar rapidamente esses impactes, com

o objetivo de melhorar o conhecimento sobre a mortalidade da população portuguesa

(ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DE SAÚDE DE LISBOA E VALE DO TEJO, 2012: 48).

2.4.2. Frio

A exposição do corpo humano a temperaturas baixas, nomeadamente a temperaturas extremas,

durante vários dias consecutivos constitui um fator de stress para o corpo humano, com potenciais

efeitos na morbilidade e mortalidade.

O Ministério da Saúde através da DGS implementou o Plano de Contingência para

Temperaturas Extremas e Adversas – Módulo Frio (PCTEA) que apresenta como objetivo geral,

minimizar os efeitos das ondas de frio na saúde da população, tendo como objetivos específicos

monitorizar os critérios para definir os alertas, comunicar os níveis de alerta e divulgar a informação

junto da população, nomeadamente de grupos mais vulneráveis de medidas e procedimentos a adotar

tendo em conta a proteção face ao frio e monitorizar os efeitos das ondas de frio. O plano encontra-se

ativo entre 15 de novembro a 31 de março de cada ano (ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DE

SAÚDE DE LISBOA E VALE DO TEJO, 2013).

São definidos 3 níveis de alerta, considerando possíveis efeitos sobre a saúde da população,

correspondendo a cada nível de alerta o desenvolvimento de medidas adequadas aos grupos

vulneráveis e respetivas necessidades. O nível 1 é verde e corresponde a uma situação de vigilância; o

nível 2 é amarelo, sendo previsíveis efeitos sobre a saúde e o nível 3 é vermelho (o mais grave), sendo

esperadas consequências graves em termos de saúde e mortalidade. A avaliação, gestão e comunicação

do risco é da responsabilidade das Autoridades de Saúde Locais, de acordo com os níveis de alerta.

Para cada nível de alerta existem medidas de intervenção. Para a avaliação do risco, de maneira a

emitir os níveis de alerta, os critérios a utilizar são: a temperatura média diária por distrito, assim

como as temperaturas mínimas e máximas; o índice UTCI (Universal Thermal Climate Index)

observado diariamente (divulgado pelo IPMA) e o valor de mortalidade observado diariamente através

do VDM, divulgado pelo INSA. São divulgadas precauções a tomar face a temperaturas extremas e a

ondas de frio. Mais ainda, este plano monitoriza as ondas de frio, a procura de serviços de urgência

dos hospitais, internamento relacionado com o frio intenso e efeitos na mortalidade associada ao frio

(ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DE SAÚDE DE LISBOA E VALE DO TEJO, 2013).

36

3. Área de estudo

3.1. Localização

A área em estudo é o concelho de Coimbra, composto por 31 freguesias (fig.1), integrando a

NUT17

III do Baixo Mondego, o distrito de Coimbra e a NUT II da Região Centro.

Quanto à população residente, em 2011, o concelho de Coimbra apresentava 143 396

habitantes, sendo uma cidade de média dimensão na hierarquia da rede portuguesa de cidades,

possuindo uma importante posição na Região Centro. A freguesia mais populosa é a de Santo António

dos Olivais, com 38 936 habitantes.

A cidade de Coimbra apresenta uma importância histórica devido à Universidade, fundada em

1290. Em 2003 a cidade foi Capital Nacional da Cultura. Em 2013 a Universidade de Coimbra, Alta e

Rua da Sofia foram declaradas Património Mundial pela UNESCO (United Nations Educational,

Scientific and Cultural Organization18

).

Fig.1: Localização do concelho de Coimbra e respetivas freguesias.

Fonte dos dados: Direção Geral do Território (Carta Administrativa Oficial de Portugal).

O concelho de Coimbra abrange duas unidades morfoestruturais a Orla Meso-Cenozóica

Ocidental e o Maciço Antigo, apresenta relevo diversificado (fig. 2), abrangendo diferentes setores

geomorfológicos, a área Este montanhosa, salientando-se o Maciço Marginal de Coimbra onde se

destaca o horst da Serra do Roxo com a cota máxima de 510m, enquanto a área Oeste apresenta

colinas e a planície aluvial do rio Mondego (FERNANDES MARTINS, 1983; REBELO, 1992;

REBELO e CUNHA, 1992), assim como outras áreas deprimidas (meandro abandonado da Arregaça;

17 Nomenclatura Comum das Unidades Territoriais Estatísticas. 18 Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

37

Vale da Ribeira de Coselhas; Vale da Ribeira dos Fornos) e áreas com maior altitude, sendo que a

urbanização se desenvolveu em áreas de colinas (FERNANDES MARTINS, 1983; MARGARIDO,

1987; CRAVIDÃO, 1989). CUNHA et al. (1999: 18) referem que as fraturas meridianas paralelas à

Falha de Coimbra “justificam no essencial a morfologia do espaço em que a urbe se inscreve”.

Relativamente à morfologia, verifica-se uma intensa fraturação visível no traçado da rede hidrográfica

e a ação modeladora do rio Mondego na paisagem. Menciona-se a falha Porto-Tomar no setor oriental,

ao separar as duas unidades morfo-estruturais: Orla Mesocenozóica Ocidental e Maciço Hespérico.

Destacam-se os Vales da Ribeira de Coselhas (NE-SW), de Eiras (E-W) e do Rio dos Fornos em

Souselas (MARQUES et al., 3396). A importância da ação do rio Mondego e da diversidade do relevo

no clima será abordada no item 3.2.2. Condicionantes regionais e locais do clima de Coimbra.

A estação meteorológica utilizada é o IGUC (figs.3 e 4), que efetua observações

meteorológicas desde setembro de 1864 até à atualidade. Localiza-se na Avenida Dr. Dias da Silva, na

cidade de Coimbra, à latitude de 40° 12’ 25’’ N, à longitude de 08° 25’ 30’’ W e à altitude de 139,61

m, encontrando-se numa posição sobrelevada relativamente à área envolvente. No início das

observações meteorológicas, o IGUC situava-se fora dos limites da cidade, contudo, com o

crescimento urbano, passou a estar envolvida pela cidade. Escolheu-se a estação meteorológica do

IGUC visto que a série de dados é mais longa e, também, porque na estação meteorológica de

Bencanta o aumento da temperatura mínima tem sido mais acentuado já que ao localizar-se no

enfiamento do Vale de Coselhas, num contexto topográfico deprimido (33m), o ar proveniente das

vertentes urbanizadas do setor setentrional da cidade é drenado para aí (GANHO, 1998: 47).

Fig.2: Hipsometria do concelho de Coimbra.

Fonte dos dados: IGeoE.

38

Fig.3: Localização do IGUC no contexto da cidade de Coimbra.

Fonte: Adaptado de Google Earth.

Fig.4: Pormenor da localização do IGUC e área envolvente.

Fonte: Adaptado de Google Earth.

39

3.2. O clima de Coimbra e as suas condicionantes regionais e locais

3.2.1. O clima de Coimbra

Vários estudos sobre o clima urbano de Coimbra têm vindo a ser publicados, nomeadamente

por GANHO (1991, 1992a, 1992b, 1992c, 1995, 1996a, 1996b, 1998, 1999, 2000, 2001a, 2001b,

2001c, 2010). Mencione-se ainda, por exemplo, MARQUES et al. (2008) e MARQUES et al. (2009)

sobre clima urbano e ordenamento do território e LEAL et al. (2008) sobre a importância dos espaços

verdes. Aponta-se, também, MATEUS (2012a e 2012b) e MATEUS e CUNHA (2013) sobre riscos

climáticos.

Diversos estudos têm vindo a ser publicados destacando a importância da climatologia no

planeamento, como, por exemplo, ALCOFORADO (1999) destaca a importância da climatologia no

planeamento de áreas urbanas ou ALCOFORADO e ANDRADE (2007) com a associação entre clima

e saúde na cidade, ou ainda, sobre riscos climáticos e clima urbano (GANHO, 1992 e 1998). No caso

de estudos sobre a ilha de calor urbano, apontam-se, por exemplo, PEREIRA e MORAIS (2007),

LOPES (2008), GANHO (1998).

A ilha de calor urbano, definida como a diferença entre o valor mais elevado de temperatura

registado na cidade face ao valor nas áreas periurbanas ou rurais envolventes, é mais intensa durante

os meses de verão e em especial à noite, dependendo do tamanho da cidade e da densidade de

alojamentos (GABRIEL e ENDLICHER, 2011: 2044). Situações de estabilidade atmosférica e céu

limpo são favoráveis para o desenvolvimento deste fenómeno. Refira-se que a ilha de calor urbano vai

reforçar a intensidade de ondas de calor, associando-se a uma situação de maior desconforto térmico

(GANHO, 1998: 32, citando GILES et al., 1990).

O clima de Coimbra é mediterrâneo, com influência oceânica devido à relativa proximidade ao

oceano Atlântico que se faz sentir através da abertura da planície do aluvial do rio Mondego. Quanto

ao período seco estival (fig.5), verifica-se a existência de dois meses secos (julho e agosto). A

temperatura média mensal é mais elevada no mês de julho (20,8ºC) e mais baixa no mês de janeiro

(9,5ºC). A temperatura mínima mensal é menor no mês de janeiro (5,9ºC) e maior no mês de julho

(15,5ºC). Quanto à temperatura máxima mensal é maior no mês de agosto (28,7ºC) e menor no mês de

janeiro (14,1ºC). Quanto aos valores de precipitação mensal, é maior no mês de dezembro (139,8mm)

e menor no mês de julho (14,4mm).

Quanto à temperatura máxima mensal ao longo da série em estudo, nos meses de junho, julho

e agosto, o maior valor registado foi de 32,64ºC no mês de agosto (quadro 8), enquanto o menor valor

da temperatura mínima mensal foi de 1,3ºC no mês de fevereiro (quadro 9).

É importante conhecer a evolução das temperaturas mínimas mensais e das temperaturas

máximas mensais entre 1885 e 2013, para conhecer a tendência e para compreender a ocorrência de

ondas de calor e de ondas de frio ao longo da série.

40

Ocorreu um ligeiro aumento dos valores médios da temperatura mínima mensal nos meses de

janeiro (fig.6), fevereiro (fig.7) e dezembro (fig.8), sendo maior no mês de dezembro, contudo os

valores do coeficiente de determinação são baixos, razão pela qual não são mostrados nos gráficos.

Relativamente à evolução dos valores médios da temperatura máxima mensal, nos meses de

junho (fig.9), julho (fig.10) e agosto (fig.11) ocorreu um aumento em todos os meses, tendo sido maior

no mês de agosto. Refira-se que a tendência de aumento registada na temperatura máxima mensal é

superior à verificada na temperatura mínima mensal. Todavia, refira-se que os valores do coeficiente

de determinação são baixos, não sendo por esse motivo exibidos nos gráficos.

Fig.5: Gráfico termopluviométrico de Coimbra (IGUC) de acordo com a normal climatológica de

1971-2000.

Fonte dos dados: IGUC - http://www1.ci.uc.pt/iguc/dados_cllima/norm7100.htm (acesso em 31/7/2014).

Quadro 8: Temperatura máxima mensal (ºC) entre 1865 e 2013.

Junho Julho Agosto

Média 25,61 28,08 28,57

Mediana 25,7 28,14 28,40

Desvio-padrão 1,965 1,796 1,695

Máximo 29,81 32,5 32,64

Mínimo 21,51 23,43 23,45

Intervalo de variação 8,30 9,07 9,19

Quadro 9: Temperatura mínima mensal (ºC) entre 1865 e 201319

.

Janeiro Fevereiro Dezembro

Média 5,93 6,50 6,56

Mediana 5,79 6,71 6,69

Desvio-padrão 1,477 1,662 1,701

Máximo 10,20 11,7 11,13

Mínimo 2,99 1,3 2,18

Intervalo de variação 7,21 10,4 8,95 19 No caso de dezembro, 1864-2013.

41

Entre 1865 e 2013 contabilizaram-se os números de dias com temperatura máxima diária igual

ou superior a 30°C (dias quentes), 32°C (contabilizou-se visto este valor ser usado na definição de

onda de calor por PAIXÃO e NOGUEIRA (2003) e por ser também usado no sistema de previsão e

alerta do PCRTEA no alerta amarelo), 35°C (dias muito quentes) e é também o valor utilizado no

sistema de previsão e alerta do PCRTEA no alerta vermelho) e 40°C (temperaturas extremamente

elevadas).

Quanto ao número de dias com temperatura máxima diária igual ou superior a 30°C (fig.12),

ao longo da série em estudo registaram-se 3580 dias, sendo o mês de agosto aquele que registou o

maior número de ocorrências (1440 dias), seguindo-se o mês de julho com 1302 dias e junho com 838

dias. Analisando os anos, foi o de 2005 que apresentou o maior número de registos: 52 dias.

Fazendo a análise por décadas (fig.13), a de 1940 - 1949 foi aquela que registou o maior

número de dias com temperatura máxima diária igual ou superior a 30°C (346 dias), 32°C (246 dias), a

35°C (118 dias) e 40°C (17 dias) relativamente às outras décadas do período em estudo. Refira-se que

nesta década se registaram 6 ondas de calor em Coimbra, tendo sido a década com o maior número de

ocorrências deste paroxismo térmico.

Fig.6: Evolução da temperatura mínima mensal (ºC) do mês de janeiro entre 1865 e 2013.

Fig.7: Evolução da temperatura mínima mensal (ºC) do mês de fevereiro entre 1865 e 2013.

42

Fig.8: Evolução da temperatura mínima mensal (ºC) do mês de dezembro entre 1865 e 2013.

Fig.9: Evolução da temperatura máxima mensal (ºC) do mês de junho entre 1865 e 2013.

Fig.10: Evolução da temperatura máxima mensal (ºC) do mês de julho entre 1865 e 2013.

43

Fig.11: Evolução da temperatura máxima mensal (ºC) do mês de agosto entre 1865 e 2013.

Fig.12: Número de dias com temperatura máxima diária igual ou superior a 30ºC durante os meses de

junho, julho e agosto entre 1865 e 2013.

Fig.13: Número de dias com temperatura máxima diária igual ou superior a 30°C durante os meses de junho, julho e agosto, por décadas, entre 1865 e 2013.

No que diz respeito ao número de dias com temperatura máxima diária igual ou superior a

32°C (fig.14), ao longo do período em estudo, contabilizaram-se 2318 dias, tendo sido o mês de agosto

que apresentou o maior número de dias: 911, seguindo-se o mês de julho com 884 dias e o mês de

44

junho com 523 dias. Quanto à análise anual, em 1949 registou-se o maior número de ocorrências: 40.

A década de 1940-1949 apresentou o maior número de registos (fig.15).

No que concerne ao número de dias com temperatura máxima diária igual ou superior a 35°C

(fig.16), durante os meses em estudo, assinalaram-se 1038 dias. O mês de julho apresentou os maiores

quantitativos do número de dias: 438, sucedendo-se agosto com 410 dias e junho com menor número

de dias, apenas 190. O ano de 1949, tal como no número de dias com temperatura máxima diária igual

ou superior a 32°C, foi o que apresentou maiores números de dias com temperatura máxima diária

igual ou superior a 35°C: 22. Quanto à análise por décadas (fig.17), o período de 1940-1949,

apresentou o maior número de registos.

Relativamente ao número de dias com temperatura máxima diária igual ou superior a 40°C

(fig.18), ao longo da série em análise, registaram-se 74 dias, tendo sido o mês de julho com maior

número de eventos, seguindo-se agosto com 29 dias e junho somente com 6 dias. Quanto aos valores

máximos anuais, surgem os anos de 1946, 1949 e 2003 com 4 ocorrências. A década de 1940-1949

apresentou o maior registo de ocorrências (fig.19).

No que diz respeito ao número de dias com temperatura mínima diária igual ou inferior a 0ºC

(dias de geada) (fig.20) durante os meses de janeiro, fevereiro e dezembro, registaram-se 382 dias,

com o maior número de dias a verificar-se no mês de janeiro com 177 eventos, sucedendo-se o mês de

dezembro com 110 dias e fevereiro com 95 dias. O ano de 1935 apresentou o maior número total de

dias: 15, seguindo-se 1954 com 14 dias.

Relativamente ao número de dias com temperatura mínima diária igual ou inferior a 0°C,

procedendo à análise por décadas (fig.21), foi a de 1930 – 1939 a que registou o maior número de

eventos (57 dias), sucedendo-se a década de 1950 – 1959 com 56 dias, tendo-se registado nesta década

3 ondas de frio, isto é, maiores ocorrências comparativamente com as outras décadas.

Fig.14: Número de dias com temperatura máxima diária igual ou superior a 32ºC durante os meses de

junho, julho e agosto entre 1865 e 2013.

45

Fig.15: Número de dias com temperatura máxima diária igual ou superior a 32°C durante os meses de junho, julho e agosto, por décadas, entre 1865 e 2013.

Fig.16: Número de dias com temperatura máxima diária igual ou superior a 35ºC durante os meses de

junho, julho e agosto entre 1865 e 2013.

Fig.17: Número de dias com temperatura máxima diária igual ou superior a 35°C durante os meses de

junho, julho e agosto, por décadas, entre 1865 e 2013.

46

Fig.18: Número de dias com temperatura máxima diária igual ou superior a 40ºC durante os meses de

junho, julho e agosto entre 1865 e 2013.

Fig.19: Número de dias com temperatura máxima diária igual ou superior a 40°C durante os meses de

junho, julho e agosto, por décadas, entre 1865 e 2013.

Fig.20: Número de dias com temperatura mínima diária igual ou inferior a 0ºC durante os meses de

janeiro, fevereiro e dezembro entre 1864 e 2013.20

20 Relativamente ao ano de 1864, só existem dados para o mês de dezembro.

47

Fig.21: Número de dias com temperatura mínima diária igual ou inferior a 0ºC durante os meses de

janeiro, fevereiro e dezembro, por décadas, entre 186421

e 2013.

Em síntese, há uma tendência de aumento da média das temperaturas mínimas (sendo maior

no mês de dezembro) e máximas (maior no mês de agosto) mensais, sendo o aumento maior no caso

das temperaturas máximas mensais. Contudo registam-se, ao longo da série desde 1865 a 2013, ciclos

mais curtos de variação das temperaturas. Por exemplo, a década de 1940 – 1949 foi aquela que

registou o maior número de dias com temperatura máxima diária igual ou superior a 30°C, 32°C, a

35°C e 40°C, bem como a maior ocorrência de ondas de calor (6) relativamente às outras décadas do

período em estudo, como se confirmará no capítulo 5.Ondas de calor e ondas de frio em Coimbra. No

caso do frio, a década de 1930 – 1939 a que registou o maior número de dias com temperatura mínima

diária igual ou inferior a 0°C e a década de 1950-1959 a que registou maiores registos de ondas de frio

(3), como se verificará capítulo 5.Ondas de calor e ondas de frio em Coimbra.

3.2.2. Condicionantes regionais e locais do clima de Coimbra

Coimbra apresenta clima temperado mediterrâneo com influência atlântica que se faz sentir

pela abertura da planície aluvial do Mondego, com a amenização das temperaturas no verão e no

inverno, não sendo afetada com muita frequência nem com muita intensidade por ondas de frio,

todavia verifica-se a ocorrência de dias com temperaturas mínimas negativas e ondas de frio

(MATEUS e CUNHA, 2013).

Contudo, o clima de Coimbra apresenta características particulares em virtude da alteração da

cobertura natural do solo/uso do solo, com a criação de um clima urbano (GANHO, 1998) e levando a

contrastes termohigrométricos espaciais na cidade. Os contrastes espaciais mais comuns associados à

ilha de calor correspondem entre 3 a 5ºC de temperatura (GANHO, 2010). Por outro lado, a

diversidade de relevo e de diferenças altitudinais, quer na cidade, quer na sua envolvência,

especialmente no que diz respeito ao Maciço Marginal de Coimbra intensificam a ilha de calor urbano,

nomeadamente quando ocorrem circulações de Leste durante a noite (ob. cit.).

21 Relativamente ao ano de 1864, só existem dados para o mês de dezembro.

48

Também no que diz respeito às temperaturas baixas, a topografia tem importância a nível

local. Em áreas topograficamente deprimidas pode registar-se, em determinadas situações sinópticas, a

presença de lagos de ar frio, sendo mais problemática com a ocorrência de ondas de frio, como por

exemplo, na parte terminal do Vale da Ribeira de Coselhas ou na Bacia de Souselas, originando

desconforto térmico, no inverno, em noites de arrefecimento noturno. LOPES (1998: 26) indica que no

caso de arrefecimento em noites anticiclónicas, no inverno, pode originar desconforto térmico da

população residente nas áreas topograficamente deprimidas, devido à presença de lagos de ar frio,

nomeadamente quando as habitações não apresentam eficiência térmica. A drenagem de ar frio nas

vertentes ocorre desde o pôr até ao nascer do sol, sendo a irradiação terrestre e as inversões térmicas as

causas do arrefecimento radiativo junto ao solo e a gravidade a principal origem da drenagem do ar

frio (LOPES, 1995: 151). No caso de Coimbra, este fenómeno acontece através da drenagem de ar

frio, no inverno, em noites anticiclónicas, por exemplo na Avenida António Portugal e na Avenida

Elísio de Moura (MARQUES et al., 2009: 3404).

A ilha de calor urbano de Coimbra é polinucleada (GANHO, 1998), desenvolvendo-se com

maior intensidade na área de Celas, Avenida Dias da Silva e Santo António dos Olivais, com

diferenças de temperaturas superiores a 9ºC, no mês de dezembro (MARQUES et al., 2009: 3403).

Ainda, quanto à intensidade, é maior durante o período noturno. Outro núcleo da ilha de calor urbano

está presente na área da Solum, Bairro Norton de Matos, Vale das Flores e Ladeira do Chão do Bispo,

assim como outros núcleos na Alta e na Baixa da cidade e na Rua da Sofia (ob. cit.) e verificam-se

núcleos quentes no Tovim, Chão do Bispo e Celas. A intensificação da ilha de calor urbano tem

aumentado na área da Solum, expandindo-se para Sul, em virtude do aumento da urbanização na área

da Solum, Calhabé e Vale das Flores com o aumento do tráfego rodoviário e dos níveis de poluição

(FIALHO et al., 2010: 2). Por outro lado, no verão, desenvolvem-se “ilhas de frescura” nos espaços

verdes no Jardim Botânico e no Jardim de Santa Cruz (MARQUES et al., 2009: 3404). Assim, os

espaços verdes são importantes na mitigação da ilha de calor urbano, no caso da cidade de Coimbra,

sendo importante para diminuir o desconforto térmico associado a ondas de calor (LEAL et al., 2008)

e para o planeamento urbano (ANDRADE, 2005).

O aumento da população em espaço urbano, assim como de construções com a ampliação da

densidade de alojamentos, acréscimo do tráfego e agravamento dos níveis de poluição leva ao

intensificar da ilha de calor urbano. De acordo com ALCOFORADO e ANDRADE (2007) é possível

diminuir o stress térmico dos habitantes através da modificação de alguns aspetos da morfologia

urbana, ao nível da ventilação para melhorar a qualidade do ar e da existência de espaços verdes.

As temperaturas diurnas e noturnas durante a ocorrência de ondas de calor e de ondas de frio

são influenciadas pelo relevo, orientação de vertentes, pelo uso do solo e pela distância ao oceano,

assim como pela existência de massas de água, por exemplo.

49

3.3. Caracterização demográfica e social das freguesias do concelho de Coimbra

É importante conhecer a caracterização da população residente no concelho de Coimbra aos

níveis demográfico, económico, habitacional, educacional e social, nas várias freguesias, para

compreender desigualdades, visto que essas características interferem com o estado de saúde da

população (NOGUEIRA, 2008) e averiguar a vulnerabilidade social. Sendo relevante para um melhor

ordenamento do território identificar as áreas mais vulneráveis face aos riscos climáticos de ondas de

calor e de ondas de frio, no sentido de diminuir essa vulnerabilidade e de aumentar a resiliência da

população. Apresentam-se, quando pertinente, os valores dos diversos indicadores também a nível

nacional e da região Centro de Portugal Continental, de maneira a comparar a posição do concelho de

Coimbra e das várias freguesias. São utilizados os dados mais recentes, dos censos de 2011 (XIV

Recenseamento geral da população e IV Recenseamento geral da habitação).

3.3.1. Demografia

Relativamente à densidade populacional, o concelho apresenta 449 hab./km2, sendo as

freguesias de Sé Nova com 4217,5 hab./km2 e São Bartolomeu com 3748,5 hab./km

2 aquelas que

apresentam maior densidade demográfica, em oposição a freguesia de Vil de Matos apresenta apenas

91 hab./ km2 (fig.22).

Quanto à variação da população residente entre 2001 e 2011, 19 freguesias registaram

valores negativos de variação populacional, a freguesia de Almedina foi aquela que perdeu maiores

efetivos populacionais (-40,57%), seguindo-se São Bartolomeu (-26,75%) enquanto a freguesia que

ganhou mais população foi Assafarge (+21,08%), seguindo-se Vil de Matos (12,26%) num universo

de 12 freguesias com valores positivos de variação populacional (fig.23).

Analisando as pirâmides etárias do concelho de Coimbra (fig.24), entre os recenseamentos de

2001 e 2011, verificou-se o duplo envelhecimento da população (envelhecimento pela base e pelo topo

da pirâmide), isto é, com a diminuição do grupo etário dos jovens, pela diminuição do índice de

fecundidade e o aumento do quantitativo populacional no grupo etário dos idosos, devido ao aumento

da esperança média de vida; acompanhando a mesma situação que se verifica na Região Centro

(fig.25) e em Portugal (fig.26). A idade média (em anos) da população residente no concelho de

Coimbra é de 43,40 anos, superior à de Portugal (41,83 anos) e inferior à da Região Centro (43,79

anos). As freguesias de São Bartolomeu e Almedina apresentam os maiores quantitativos, com 51,83

anos e 48,19 anos, respetivamente.

Relativamente à evolução da estrutura etária da população residente em Portugal por grupos

etários em 1981, 1991, 2001 e 2011, verifica-se uma diminuição dos quantitativos populacionais no

grupo etário dos 0 aos 14 anos (jovens), enquanto no grupo etário dos idosos (65 e mais anos de idade)

ocorre um aumento (fig.27).

50

Fig.22: Densidade populacional (habitantes/km2)

nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

Fonte dos dados: INE22

(2011b).

Fig.23: Variação da população residente (%) nas freguesias do concelho de Coimbra entre 2001 e 2011.

Fonte dos dados: INE (2011b).

22 Instituto Nacional de Estatística.

51

Quanto à proporção de jovens (0 a 14 anos de idade) é de 12,44% no concelho de Coimbra,

menor do que em Portugal (14,89%) e na Região Centro (13,72%). Os menores valores surgem nas

freguesias do centro histórico, nomeadamente Santa Cruz, Almedina e Sé Nova; apresentando-se os

maiores valores na freguesia de Vil de Matos (fig.28).

Referentemente à proporção de adultos (15 a 64 anos de idade) no concelho de Coimbra é

de 67,49%, maior do que em Portugal (66,08%) e da Região Centro (63,87%). Os menores valores

averiguam-se nas freguesias do centro histórico, ocorrendo os maiores valores nas freguesias de Eiras,

Santa Clara e Assafarge.

Relativamente ao grupo etário dos idosos, cartografou-se a proporção de população com 65 ou

mais anos (população idosa) e a proporção de população com 75 ou mais anos (população muito

idosa), visto ser um grupo etário bastante vulnerável face às ondas de calor e às ondas de frio.

Fig.24: Pirâmides etárias do concelho de Coimbra em 2001 e em 2011. Fonte dos dados: INE (2001, 2011b).

Fig.25: Pirâmides etárias da Região Centro de Portugal Continental em 2001 e em 2011.

Fonte dos dados: INE (2001, 2011b).

52

Fig.26: Pirâmides etárias de Portugal em 2001 e em 2011. Fonte dos dados: INE (2001, 2011b).

No que diz respeito à proporção da população com 65 e mais anos de idade, definida como

população idosa, o concelho apresenta 20,07% (conjunto de homens e mulheres), 8,16% no caso do

sexo masculino e 11,91% referente ao sexo feminino. As freguesias de São Bartolomeu e Almedina

são as mais envelhecidas com 36,68% e 31,97%, respetivamente (fig.29). Registam-se maiores

quantitativos de população idosa no sexo feminino relativamente ao sexo masculino, sendo os maiores

valores assinalados na freguesia de São Bartolomeu com 26,95% e na freguesia de Almedina com

21,02%. No caso do sexo masculino, são também as freguesias de São Bartolomeu (9,73%) e

Almedina (10,95%) que apresentam os maiores valores. Em Portugal, o valor é de 19,03% e na Região

Centro de 22,41% para o conjunto de homens e mulheres. No caso do sexo masculino, em Portugal é

de 7,97%, na Região Centro é de 9,46%; enquanto no sexo feminino, para Portugal é de 11,06% e na

Região Centro de 12,95%.

Fig.27: Estrutura etária da população residente em Portugal por grupos etários em 1981, 1991, 2001 e

em 2011. Fonte: INE (2011a: 11).

53

Fig.28: Proporção de jovens (%) relativamente à população residente nas freguesias do concelho de

Coimbra em 2011.

Fonte dos dados: INE (2011b).

Fig.29: Proporção da população residente com 65 e mais anos de idade (%) nas freguesias do concelho

de Coimbra em 2011.

Fonte dos dados: INE (2011b).

54

No que concerne à proporção da população com 75 e mais anos de idade, considerada

como população muito idosa, o concelho apresenta 9,67% de população muito idosa, 3,56% no caso

do sexo masculino e 6,12% no caso do sexo feminino. As freguesias de São Bartolomeu e de

Almedina são as mais envelhecidas com 23,60% e 17,26%, respetivamente (fig.30). Verifica-se em

todas as freguesias que os quantitativos são superiores no sexo feminino comparativamente com o

sexo masculino, sendo a freguesia de São Bartolomeu aquela que regista maior percentagem de

população muito idosa do sexo feminino: 18,18%, seguindo-se a freguesia de Almedina com 11,39%.

No caso da população muito idosa masculina, as maiores percentagens verificam-se em São

Bartolomeu com 5,42% e Almedina com 5,86%. Em Portugal, o valor é de 9,11% e na Região Centro

de 11,18%, para o conjunto da população. Relativamente ao sexo masculino, em Portugal é de 3,49%,

na Região Centro é de 4,36%; no caso do sexo feminino é de 5,61% em Portugal e de 6,81% na

Região Centro.

Fig.30: Proporção da população residente com 75 e mais anos de idade (%) nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

Fonte dos dados: INE (2011b).

O concelho de Coimbra apresenta valores elevados de índice de envelhecimento23

: 161,4

pessoas idosas por cada 100 jovens, com 129,8 idosos por cada 100 jovens do sexo masculino e 193,7

idosas por cada 100 jovens do sexo feminino. Relativamente ao envelhecimento total (homens e

23 “Relação entre a população idosa e a população jovem, definida habitualmente como o quociente entre o

número de pessoas com 65 ou mais anos e o número de pessoas com idades compreendidas entre os 0 e os 14

anos (expressa habitualmente por 100 (10^2) pessoas dos 0 aos 14 anos).” (INE).

55

mulheres), todas as freguesias do concelho de Coimbra apresentam excesso de pessoas idosas por cada

100 jovens (fig.31). Quanto ao índice de envelhecimento no sexo feminino, todas as freguesias

apresentam valores mais elevados comparativamente ao sexo masculino; o total do concelho apresenta

193,7 mulheres por cada 100 jovens, sendo a freguesia de São Bartolomeu a mais envelhecida com

734,8 mulheres idosas por cada 100 jovens, seguindo-se a freguesia de Almedina com 441,9 idosas

por cada 100 jovens. Referentemente ao índice de envelhecimento no sexo masculino, o concelho

apresenta 129,8 homens idosos por cada 100 jovens, sendo que a freguesia de São Bartolomeu exibe

os valores mais elevados, 277,3 idosos por cada 100 jovens, seguindo-se a freguesia de Almedina com

247,5 idosos por cada 100 jovens; apenas as freguesias de Eiras (85,3), Assafarge (93,4), São Paulo de

Frades (94,9) e São Silvestre (99,2) apresentam valores inferiores a 100, registando menor população

idosa masculina por cada 100 jovens. Assim, a freguesia de São Bartolomeu é claramente a mais

envelhecida no contexto das freguesias do concelho: 511,1 (total), 734,8 (mulheres), 277,3 (homens),

seguindo-se a freguesia de Almedina: 348,2 (total), 441,9 (mulheres) e 247,5 (homens). Em Portugal,

o valor do índice de envelhecimento, em 2011, era de 127,8 e na Região Centro de 163,4. No País, o

valor era de 127,8, no caso do sexo feminino: 152 e do género masculino: 104,8; relativamente à

Região Centro, 163,4, 193,4 no caso das mulheres e 134,9 referentemente aos homens. As projeções

demográficas, por exemplo, GONÇALVES e CARRILHO (2006), apontam para um aumento da

população idosa, sendo um fator a ter em consideração visto que é um grupo vulnerável face aos

extremos de temperatura e às ondas de calor e às ondas de frio.

Fig.31: Índice de envelhecimento (n.º) nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

Fonte dos dados: INE (2011b).

56

Analisando o índice de longevidade24

, o concelho de Coimbra apresenta 48,19%, sendo a

freguesia de São Bartolomeu aquela que apresenta os valores mais elevados (fig.32): 64,35% no caso

do índice de longevidade total, 55,74% relativamente ao índice de longevidade no sexo masculino e

67,46% referente ao sexo feminino. Exceto a freguesia de Torres do Mondego, em todas as restantes, o

índice de longevidade apresenta maiores valores no sexo feminino. Referentemente a Portugal, o

índice de longevidade é de 47,86% e na região Centro de 49,86; no caso do sexo masculino, Portugal

apresenta 43,79% e a Região Centro 46,08%; relativamente ao sexo feminino, Portugal apresenta

50,79% e a Região Centro 52,62%.

Fig.32: Índice de longevidade (%) da população residente nas freguesias do concelho de Coimbra em

2011. Fonte dos dados: INE (2011b).

A proporção de famílias clássicas unipessoais de pessoas com 65 ou mais anos de idade

(%), ou seja, idosos sós, é de 10,16% no concelho de Coimbra, apresentando os maiores valores em

São Bartolomeu com 27,41% e em Almedina com 19,95% (fig.33). Em Portugal, o valor é de 10,06%

e na Região Centro é de 11,77%.

Referentemente à população residente sem abrigo em Portugal contavam-se 696 pessoas e

na Região Centro 66 pessoas. No concelho, em 2001, existiam 13 pessoas sem abrigo, 9 em Santa

Cruz, 3 em São Bartolomeu e 1 em Ceira.

24 “Relação entre a população mais idosa e a população idosa, definida habitualmente como o quociente entre o

número de pessoas com 75 ou mais anos e o número de pessoas com 65 ou mais anos (expressa habitualmente

por 100 (10^2) pessoas com 65 ou mais anos).” (INE).

57

Fig.33: Proporção de famílias clássicas unipessoais de pessoas com 65 ou mais anos de idade (%) nas

freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

Fonte dos dados: INE (2011b).

3.3.2. Educação

A taxa de analfabetismo (%) é de 3,59% no concelho, sendo mais elevada na freguesia de

Arzila com 11,84% e na freguesia de São Bartolomeu (fig.34). Em todas as freguesias, a taxa de

analfabetismo apresenta valores mais elevados no sexo feminino, sendo mais evidente na freguesia de

Arzila com 19,81%. Em Portugal é de 5,22%; no sexo masculino 3,51% e no sexo feminino 6,77%.

No caso da Região Centro a taxa de analfabetismo é de 6,38%, no sexo masculino é de 4,02% e no

sexo feminino é de 8,50%.

Quanto à proporção da população residente com o ensino superior completo (%) é de

29,27% no concelho, mostrando os maiores valores em Sé Nova com 52,24% e em Santo António dos

Olivais com 48,88% enquanto os menores valores se expõem em Lamarosa com 7,20% e em São João

do Campo com 7,65% (fig.35). A proporção da população residente com o ensino superior completo é

maior no sexo feminino, com exceção da freguesia de Almedina que apresenta 30,98%. Em Portugal é

de 15,11%, no sexo masculino é de 12,78% e para o sexo feminino é de 17,16%. Referentemente à

Região Centro é de 13,08%, no sexo masculino é de 10,50% e no sexo feminino é de 15,34%.

58

Fig.34: Taxa de analfabetismo (%) da população residente nas freguesias do concelho de Coimbra em

2011.

Fonte dos dados: INE (2011b).

Fig.35: População com o ensino superior completo (%) nas freguesias do concelho de Coimbra em

2011.

Fonte dos dados: INE (2011b).

59

3.3.3. Emprego

O concelho de Coimbra apresenta uma taxa de desemprego de 10,14%, sendo os valores mais

elevados registados na freguesia de São Bartolomeu com 24,51% e Almedina com 17,84%, enquanto

os menores valores registam-se na freguesia de Arzila com 6,85% (fig.36). Relativamente ao

desemprego no sexo masculino, o concelho apresenta 11,11% de homens desempregados e a freguesia

com maior percentagem de desempregados é São Bartolomeu com 32,54% e Almedina com 22,34%,

em oposição, Arzila é a freguesia com menor número de desempregados: 5,56%. No caso do

desemprego no sexo feminino o concelho de Coimbra apresenta 9,23%, sendo os maiores valores

registados na freguesia de São Bartolomeu com 16,54% e Vil de Matos com 14,14%, enquanto a

freguesia de Botão regista o menor valor (6,16%). Em 8 freguesias a taxa de desemprego apresenta

valores superiores no sexo feminino relativamente ao sexo masculino. Em Portugal a taxa de

desemprego total é de 13,18%, no sexo masculino é de 12,58% e no sexo feminino é de 13,83%. No

caso da Região Centro é de 10,98%, no sexo masculino é de 9,99% e no sexo feminino é de 12,08%.

Analisando a população empregada por setor de atividade económica (primário,

secundário e terciário; %) no concelho 84,26% trabalha no setor terciário, por contraste com 15,08%

no setor secundário e 0,66% no setor primário. Em todas as freguesias há uma predominância de

população empregada no setor terciário face aos outros setores. A freguesia com maior percentagem

de população empregada no setor terciário é Sé Nova com 90,48%, enquanto a menor é Botão com

64,98%. Relativamente ao setor secundário, a maior percentagem regista-se em Botão com 34,56% e a

menor em Almedina com 8,26%. No que concerne ao setor primário, a maior percentagem de

população empregada verifica-se em São João do Campo com 3,47% (fig.37) e a menor em Brasfemes

com 0%. Ocorre a predominância do setor terciário, com exceção da população masculina residente na

freguesia do Botão, em que o setor secundário (57,10%) apresenta maior população empregada que o

setor terciário (42,30%). Em Portugal a população empregue no setor primário é de 3,06%, no setor

secundário é de 26,48% e no setor terciário é de 70,46%. No caso da Região Centro, a população

empregada no setor primário é de 3,72%, no setor secundário é de 30,08% e no setor terciário é de

66,20%.

Relativamente à proporção de profissionais mais socialmente valorizados, em Portugal é de

22,24%, na Região Centro de 20,90 e em Coimbra de 37,15% (valor bastante superior aos valores

nacional e regional). A freguesia de Sé Nova apresenta o maior valor (64,90%), seguindo-se Santo

António dos Olivais (58,06%), enquanto o menor valor se encontra em São João do Campo (fig. 38).

60

Fig.36: Taxa de desemprego (%) nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

Fonte dos dados: INE (2011b).

Fig.37: População empregada no setor primário de atividade económica (%) nas freguesias do

concelho de Coimbra em 2011.

Fonte dos dados: INE (2011b).

61

Fig.38: Proporção de profissionais socialmente mais valorizados (%) na população residente nas

freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

Fonte dos dados: INE (2011b).

3.3.4. Habitação

A densidade de alojamentos (aloj./km2) é de 248,76 aloj./km

2 no concelho, sendo maior na

freguesia de São Bartolomeu com 3850,10 aloj./km2, seguindo-se Sé Nova com 3440,46 aloj./km

2, por

oposição à freguesia de Vil de Matos, apenas com 38,93 aloj./km2 (fig.39). Em Portugal é de 63,75

aloj./km2 e na Região Centro é de 51,37 aloj./km

2.

A idade média dos edifícios (ano) é de 38,01 anos no concelho de Coimbra (maior valor do

que o registado em Portugal, 37,92 anos e menor do que o registado na Região Centro 38,17 anos),

sendo o menor valor correspondente à freguesia de Torre de Vilela com 25,39 anos e o maior valor de

94,16 anos na freguesia de Almedina (fig.40).

Quanto à proporção de edifícios muito degradados (%), no concelho é de 1,71% e os

maiores valores são de 5,74% na freguesia de Torres do Mondego (fig.41). No caso de Portugal é de

1,67% e da Região Centro é de 1,74%.

62

Fig.39: Densidade de alojamentos (%) nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

Fonte dos dados: INE (2011b).

Fig.40: Idade média dos edifícios (ano) nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

Fonte dos dados: INE (2011b).

63

Fig.41: Proporção de edifícios muito degradados (%) nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

Fonte dos dados: INE (2011b).

Quanto a alojamentos familiares de residência habitual e existência de ar condicionado,

no concelho apenas 10,46% dos alojamentos tinham ar condicionado, sendo os maiores valores

registados nas freguesias de Santo António dos Olivais com 14,60% e Sé Nova com 13,71%. A nível

concelhio, 89,54% dos alojamentos não têm ar condicionado e as freguesias de Botão (96,96%),

Almedina (96,08%) e São Bartolomeu (95,96%) apresentam os valores mais elevados (fig.42). A nível

nacional 89,81% e a nível da Região Centro, 92,61% dos alojamentos não têm ar condicionado.

Quanto aos alojamentos familiares de residência habitual e existência de aquecimento, a

nível nacional 14,01% dos alojamentos familiares não possui sistema de aquecimento, a nível da

Região Centro é de 5,76% e no concelho de Coimbra é de 6,77%. A freguesia com o valor mais

elevado relativo à ausência de sistema de aquecimento é a de São Bartolomeu (21,89%) seguindo-se a

freguesia de Almedina com 14,46% (fig.43). Analisando a existência de ar condionado e de sistema de

aquecimento nos alojamentos familiares de residência habitual, verifica-se que estes estão mais bem

adaptados ao frio do que ao calor.

A nível concelhio, 1,34% dos alojamentos familiares de residência habitual não possuíam

instalação de banho ou duche (%) e a freguesia de São Bartolomeu apresenta a maior percentagem

(8,42%). Em Portugal 1,98% dos alojamentos familiares de residência habitual não possui instalação

de banho ou duche, enquanto na Região Centro o valor é de 2,20%.

64

Fig.42: Alojamentos familiares de residência habitual sem existência de ar condicionado (%) nas

freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

Fonte dos dados: INE (2011b).

Fig.43: Alojamentos familiares de residência habitual sem existência de sistema de aquecimento (%)

nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

Fonte dos dados: INE (2011b).

65

3.3.5. Síntese

Através dos mapas construídos para os diversos indicadores de demografia, educação,

emprego e habitação das freguesias do concelho de Coimbra, identificam-se diferentes três tipos de

áreas, em termos de vulnerabilidade, sendo que essa análise será mais aprofundada no capítulo sobre a

vulnerabilidade social ao nível das freguesias no concelho de Coimbra. Esta análise é importante, pois,

por exemplo, XU et al. (2013) no caso de Barcelona indicam que a vulnerabilidade face ao calor é

maior em áreas com edifícios antigos, falta de espaços verdes e com maior percentagem de

trabalhadores manuais.

Assim, a área mais crítica, com maior envelhecimento populacional, menores condições

habitacionais, baixos níveis educacionais corresponde às freguesias do centro histórico como Santa

Cruz e São Bartolomeu; seguindo-se as freguesias rurais da periferia do concelho, como São João do

Campo, Torres do Mondego ou São Silvestre; enquanto as freguesias mais urbanas e periurbanizadas

pertencentes à cidade são as que apresentam menor proporção de população idosa, maiores níveis

educacionais, maior população empregada no setor terciário e melhores condições habitacionais, como

Santo António dos Olivais e Santa Clara.

66

4. Vulnerabilidade Social

4.1. Enquadramento teórico

Apresentam-se, a título de exemplo, alguns estudos relativos à vulnerabilidade, nomeadamente

vulnerabilidade social: CUTTER et al. (2003), MENDES (2009), MENDES et al. (2009), MENDES

et al. (2011), CUNHA et al. (2011), FREITAS e CUNHA (2012), CUNHA (2013), NOSSA et al.

(2013) e FREITAS et al. (2013).

MENDES et al. (2011: 96, citando KUHLICKE et al., 2011) indicam que a vulnerabilidade é

“um produto de determinados contextos espaciais, socioeconómicos, demográficos, culturais e

institucionais, pelo que a sua abordagem é sensível às condições locais e à dimensão temporal”.

De acordo com CUNHA et al. (2011: 627, citando UN-ISDR, 2009) a vulnerabilidade é “a

propensão da população exposta ou dos recursos económicos sofrerem perdas na dependência das suas

características físicas, sociais, políticas, económicas, culturais e institucionais” envolvendo “a

exposição de pessoas e bens e, por outro, o nível de resistência e de resiliência de indivíduos e

comunidades quando expostos a processos e eventos potencialmente prejudiciais”, isto é, a

vulnerabilidade social.

NOSSA et al. (2013: 55, citando MENDES et al. 2011:98) indicam que a vulnerabilidade

social é estimada a partir de características individuais de uma população, como por exemplo, a idade,

o sexo, condições de habitação, rendimento, escolaridade; refletindo desigualdades e suscetibilidades

no espaço e no tempo; sendo uma condição de “fragilidade ou fraqueza coletiva” (NOSSA et al.,

2013: 55, citando CUTTER et al., 2003, THYWISSEN, 2006 e MENDES et al. 2011). Para MENDES

et al. (2009: 2 citando WISNER et al., 2004 e HUFSCHIMDT et al., 2005) “a vulnerabilidade social

representa o nível de resiliência e resistência dos indivíduos e comunidades, quando expostas a

processos ou eventos perigosos”. Assim, a vulnerabilidade social está relacionada com as

desigualdades sociais, económicas e ligada a situações de pobreza e à classe social.

A vulnerabilidade social pode ser decomposta em criticidade e capacidade de suporte

(MENDES et al., 2009; MENDES et al., 2011; CUNHA et al., 2011). MENDES et al. (2009: 3)

definem criticidade, como o “conjunto de características individuais e comportamentais que podem

contribuir para a rutura do sistema” enquanto capacidade de suporte do território é “o conjunto de

infra-estruturas territoriais que permitem à comunidade reagir em caso de desastre”. MENDES et al.

(2009: 5) mencionam que “quanto maior for a vitalidade económica, mais baixo será o nível de

criticidade, uma vez que as comunidades e os indivíduos aí residentes possuem maiores recursos,

sendo capazes de recuperar mais facilmente dos danos provocados” pela manifestação de um risco.

67

4.2. Vulnerabilidade social no concelho de Coimbra

4.2.1. Enquadramento teórico

CUNHA et al. (2011: 629) através de uma análise fatorial de componentes principais (ACP)

calcularam a criticidade e a capacidade de suporte através da análise de variáveis de “demografia,

edifícios, economia, educação, justiça, saúde, habitação, proteção civil, apoio social e investimento

ambiental”, resultando na vulnerabilidade social ao nível da freguesia para o concelho de Coimbra,

entre outros.

Quanto à criticidade, a freguesia de Almedina registou valores elevados, sendo uma freguesia

de urbanização mais antiga localizada no centro da cidade com elevados quantitativos percentuais de

população idosa; por outro lado, esta freguesia não apresenta uma capacidade de suporte elevada

(MENDES et al., 2011; CUNHA et al. (2011: 633).

Os elevados níveis de criticidade no concelho de Coimbra, devem-se, sobretudo, à presença de

população idosa, apresentando um elevado contraste com a boa capacidade de suporte a nível

municipal (MENDES et al. 2009; MENDES et al., 2011).

No caso da freguesia de Santo António dos Olivais, esta apresenta uma elevada criticidade

visto que possui elevados quantitativos de população residente, especialmente no que diz respeito a

população idosa e a crianças com menos de 5 a nos de idade; contudo, apresenta, também, uma

elevada capacidade de suporte, devido à “rede densa e diversificada de equipamentos de saúde,

sociais, culturais e educacionais”, sendo importantes para a “prevenção e mitigação do risco e na

implementação do socorro e emergência” (MENDES et al. 2009: 15).

O Plano de Desenvolvimento Social 2010-2013 para o concelho de Coimbra, é um documento

de Planeamento Estratégico e tem como objetivo a promoção do desenvolvimento social local, através

da redução da pobreza e da exclusão social, tendo em vista a melhoria das condições de vida da

população, o que é importante para a redução da vulnerabilidade social. Segundo o Diagnóstico Social

do concelho de Coimbra, os principais problemas da população idosa são: insuficiência de lares,

insuficiência de respostas para a patologia mental (Alzheimer), défice de serviço de apoio

domiciliário, baixos valores de reforma/subsídios, viver sozinha (CONSELHO LOCAL DE ACÇÃO

SOCIAL DE COIMBRA, 2010: 13). No caso da população sem-abrigo é objetivo desenvolver o

diagnóstico da saúde física e mental (CONSELHO LOCAL DE ACÇÃO SOCIAL DE COIMBRA,

2010: 21), mostrando, assim, a relevância do planeamento para a redução da vulnerabilidade social.

4.2.2. Cartografia da vulnerabilidade social em Coimbra

Para construir o mapa das freguesias de Coimbra mais vulneráveis, recolheram-se indicadores

referentes à demografia, educação, condições económicas e habitacionais. Foram utilizados 17

indicadores, ao nível da freguesia do concelho de Coimbra, datando do recenseamento de 2011

(quadro 10).

68

Quadro 10: Indicadores usados para a análise de vulnerabilidade social.

Indicadores

Densidade populacional (nº/km2)

Proporção da população residente com 75 ou mais anos (proporção de população muito idosa)

Índice de envelhecimento

População residente sem abrigo

Proporção de núcleos familiares monoparentais

Proporção de famílias clássicas unipessoais de pessoas com 65 ou mais anos de idade (%) (idosos sós)

Dificuldades (n.º) da população residente em ver

Dificuldades (n.º) da população residente em tomar banho ou vestir-se sozinho

Dificuldades (n.º) da população residente em compreender os outros ou fazer-se compreender

Taxa de analfabetismo

Taxa de abandono escolar

Proporção de profissionais socialmente mais valorizados

Taxa de desemprego

População empregada no setor primário de atividade económica

Idade média dos edifícios

Proporção de edifícios muito degradados

Famílias clássicas (n.º) nos alojamentos familiares clássicos e com área útil por ocupante inferior a 10 m²

Demografia

Educação

Economia

Habitação

Para cada indicador, ordenou-se de forma decrescente de “gravidade”, colocando-se o valor

que cada freguesia ocupa nessa ordem (1 a 31, pois são 31 freguesias). A título de exemplo, no caso do

índice de envelhecimento, ordenou-se por ordem decrescente, atribuindo-se o valor 1 à freguesia com

o maior valor, o valor 2 à freguesia com o segundo valor mais elevado e assim por diante. Procedendo-

se com o mesmo método para os restantes indicadores. No final, somaram-se os “rankings” de cada

freguesia relativos aos 17 indicadores em análise, resultando um “ranking” final para a vulnerabilidade

das freguesias (quadro 11).

Segundo os mapas elaborados por CUNHA et al. (2011: 634), os maiores valores de

criticidade encontram-se nas freguesias do centro histórico da cidade de Coimbra; relativamente à

capacidade de suporte é muito elevada na freguesia de Santo António dos Olivais. Sendo que

relativamente à vulnerabilidade social, há uma semelhança na distribuição do ranking de

vulnerabilidade nas freguesias, no mapa elaborado por CUNHA et al. (2011: 635) e o elaborado nesta

dissertação (fig.44).

As freguesias mais vulneráveis são Santa Cruz (117), São Bartolomeu (141), Sé Nova (153);

em oposição, as menos vulneráveis são Brasfemes (376), Torre de Vilela (360) e Assafarge (351)

(quadro 11)

São identificadas três áreas de vulnerabilidade no concelho de Coimbra: uma correspondente

ao centro histórico que é a mais vulnerável, correspondendo às freguesias de Santa Cruz, São

Bartolomeu e Sé Nova; seguindo-se uma área rural também vulnerável (mas de menor intensidade)

que corresponde às freguesias de Ceira, Torres do Mondego, São João do Campo, São Silvestre e São

Martinho de Árvore e outra área menos vulnerável, sendo uma área de expansão urbana,

correspondendo às freguesias que incluem para além de áreas urbanas consolidadas, áreas periurbanas

e áreas de expansão urbana recente, como Santo António dos Olivais e Santa Clara (fig.44).

69

Quadro 11: Ranking de cada indicador demográfico e vulnerabilidade social nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

Freguesias Dens pop Ind env Pop ≥75 anos Fam unip ≥65anos Fam monop S/abrigo Tx analf Tx aband escolar Tx des Prof socialmente + valorizados Pop setor 1º Dif banho vestir Dif compr Dif ver Edif degradados Idade edif <10 m² TOTAL

Almalaguês 28 8 11 8 22 4 13 24 28 10 7 9 11 8 29 17 21 230

Ameal 26 9 8 10 30 4 3 19 27 7 16 15 19 21 30 18 14 250

Antanhol 18 24 23 27 23 4 22 12 11 23 19 19 18 18 26 21 19 309

Antuzede 16 21 26 20 25 4 12 24 12 11 11 18 20 20 23 28 13 288

Arzila 25 10 4 5 31 4 1 24 31 2 17 30 31 30 5 6 20 251

Assafarge 15 31 30 29 27 4 25 5 19 27 16 21 24 22 14 27 15 336

Botão 30 13 19 24 13 4 11 24 30 4 17 23 25 23 31 15 14 290

Brasfemes 21 26 28 28 28 4 28 24 24 17 20 24 22 22 22 20 18 355

Castelo Viegas 19 7 10 17 11 4 10 17 14 21 14 16 15 24 3 11 19 213

Ceira 14 5 9 12 9 3 18 23 13 14 2 8 10 9 10 5 11 161

Cernache 22 17 7 15 24 4 19 8 21 22 14 7 7 10 15 25 10 225

Coimbra (Almedina) 7 2 2 2 4 4 26 2 2 28 15 29 30 27 19 1 15 208

Coimbra (Santa Cruz) 5 3 3 3 3 1 21 13 3 26 15 4 4 5 2 3 3 112

Coimbra (São Bartolomeu) 2 1 1 1 2 2 2 1 1 19 18 25 26 25 4 2 9 139

Coimbra (Sé Nova) 1 4 5 4 1 4 30 16 10 31 10 5 8 7 6 4 7 152

Eiras 4 30 31 25 5 4 27 11 7 25 10 3 3 3 11 13 5 213

Lamarosa 29 22 15 11 15 4 5 3 9 3 10 12 16 16 9 22 15 187

Ribeira de Frades 12 11 13 6 14 4 6 24 22 16 14 20 21 17 7 8 8 211

Santa Clara 6 16 16 19 7 4 29 7 20 29 6 3 5 4 17 14 4 200

Santo António dos Olivais 3 12 14 13 6 4 31 9 25 30 1 1 1 1 20 12 1 181

São João do Campo 17 20 24 9 19 4 7 21 29 1 5 17 13 14 27 19 17 246

São Martinho de Árvore 20 23 22 26 29 4 8 24 4 5 11 28 28 29 16 29 18 304

São Martinho do Bispo 8 15 18 22 10 4 20 10 18 24 3 2 2 2 13 10 2 175

São Paulo de Frades 9 28 27 23 8 4 24 22 8 18 9 6 6 6 8 16 6 219

São Silvestre 13 27 25 31 20 4 14 18 26 6 4 13 12 12 18 24 16 270

Souselas 24 14 21 21 21 4 17 6 17 8 8 10 9 11 28 26 17 238

Taveiro 23 19 17 16 18 4 15 20 16 20 12 22 23 19 12 30 16 279

Torre de Vilela 11 29 29 30 26 4 23 14 5 15 18 27 27 26 24 31 21 349

Torres do Mondego 27 6 6 7 16 4 4 24 23 13 13 14 17 13 1 7 12 180

Trouxemil 10 18 20 14 12 4 9 15 15 12 12 11 14 15 21 9 10 211

Vil de Matos 31 25 12 18 17 4 16 4 6 9 13 26 29 28 25 23 21 276

70

A vulnerabilidade é mais elevada nas freguesias com maior concentração e exposição

populacional, nomeadamente, onde a população apresenta 65 ou mais anos de idade, contudo, também

é elevada nas áreas mais rurais, embora com menor intensidade.

Para reduzir a vulnerabilidade, é importante melhorar as condições de habitabilidade assim

como de equipamentos coletivos e/ou sociais que acolhem os principais grupos de risco, como é o

exemplo de lares de idosos, creches e hospitais. Assim, importa diminuir as condições precárias de

habitabilidade, melhorar a eficiência térmica das habitações, atendendo à qualidade dos materiais de

construção e incrementar a existência de ar condicionado e de sistema de aquecimento. NUNES et al.

(2008: 34) estimaram a redução do risco de morrer em 40%, devido à existência de ar condicionado

nos serviços de internamento hospitalar durante a onda de calor de 2003, em Portugal.

Fig.44: Vulnerabilidade da população residente nas freguesias do concelho de Coimbra em 2011.

71

5. Ondas de calor e ondas de frio em Coimbra

5.1. Metodologia para a determinação de ondas de calor e de ondas de frio

A série de dados de temperaturas em estudo é longa, desde 1865 até 2013, sendo importante

para observar as variações e as tendências do clima. O conhecimento das condições climáticas de uma

determinada área é importante para o ordenamento do território, de maneira a reduzir o risco de

mortalidade associado a ondas de calor e a ondas de frio através da redução da vulnerabilidade face a

esses riscos climáticos.

Os cálculos das normais climatológicas iniciam-se no primeiro ano de cada década25

, de

acordo com a OMM, a título de exemplo 1901-1930, 1911-1940, 1921-1950 e assim sucessivamente.

Visto que a série de dados de temperaturas em estudo é longa, procurou-se um método de

análise desses dados de forma igualitária. Nesse sentido, construíram-se normais climatológicas

(conjuntos de 30 anos), para obter períodos de referência para a análise dos dados. Para a

determinação das normais climatológicas, primeiro calcularam-se os valores mensais das temperaturas

mínimas diárias e das temperaturas máximas diárias, determinando-se a média para o conjunto de 30

anos.

Consultaram-se boletins meteorológicos mensais do IGUC para a recolha dos valores de

temperatura mínima diária e temperatura máxima diária.

Recolheram-se os valores das normais climatológicas publicadas, contudo para os casos em

que não se encontravam publicadas, houve a necessidade de proceder ao seu cálculo.

Assim, as normais climatológicas calculando-se do seguinte modo, por exemplo: de 1 de

janeiro de 1901 a 31 de dezembro de 1930, 1 de janeiro de 1911 a 31 de dezembro de 1940, 1 de

janeiro de 1921 a 31 de dezembro de 1950 e assim sucessivamente, abarcando períodos de 30 anos.

Por exemplo, iniciou-se a construção da primeira normal climatológica em 1865 – 1894 (a

única exceção à regra anteriormente referida), retomando-se em 1871 – 1900, 1881 – 1910, 1891 –

1920, 1901 – 1930, 1911 – 1940, 1921 – 1950, 1931 – 1960, 1941 – 1970, 1951 – 1980, 1961 – 1990,

1971 – 2000 e 1981 – 2010.

A análise dos dados de temperatura máxima diária e de temperatura mínima diária para a

averiguação da existência de ondas de calor e de ondas de frio foi efetuada por décadas. Para cada

normal climatológica de referência analisou-se a década intermédia dessa normal. Exemplificando, a

normal climatológica de 1871 – 1900 serviu de referência para os anos de 1880 a 1889; a normal

climatológica de 1881 – 1910, foi considerada período de referência para os anos de 1890 a 1899 e

assim sucessivamente. Apenas são exceções, a normal climatológica de 1865 – 1894 que por se

reportar ao início da série em estudo serviu de referência para a análise dos dados de 1865 a 1879 e a

normal climatológica de 1981 – 2010 que para além de analisar os dados de 1990 a 1999, serviu de

referência para os anos de 2000 a 2013 (quadro 12).

25

http://www.ipma.pt/pt/enciclopedia/clima/index.html?page=normais.xml (acesso em 29/7/2014).

72

Quadro 12: Anos analisados de acordo com as normais climatológicas de referência consideradas.

Normal Climatológica Anos analisados Décadas analisadas

1865 - 1894 1865-1879 60 e 70

1871 - 1900 1880-1889 80

1881 - 1910 1890-1899 90

1891 - 1920 1900-1909 1900

1901 - 1930 1910-1919 10

1911 - 1940 1920-1929 20

1921 - 1950 1930-1939 30

1931 - 1960 1940-1949 40

1941 - 1970 1950-1959 50

1951 - 1980 1960-1969 60

1961 - 1990 1970-1979 70

1971 - 2000 1980-1989 80

1981 - 2010 1990-2013 90, 2000 e 10

Considera-se a existência de onda de calor quando num período de pelo menos seis dias

consecutivos, o valor da temperatura máxima diária é superior em pelo menos 5º C ao valor médio de

referência (definição adotada pelo IPMA que segue o conceito da OMM).

Foram analisadas as temperaturas máximas diárias dos meses de junho, julho e agosto por

corresponderem em termos climatológicos à estação do verão (IM e AEMET, 2011: 24), a estação

mais quente e seca.

Ao valor médio mensal, da normal climatológica, da temperatura máxima, para os meses de

junho, julho e agosto, foram adicionados 5°C, tendo sido esse valor considerado o limiar para se

determinar a existência de ondas de calor, ou seja, a temperatura máxima diária deve ser igual ou

superior a esse valor (quadro 13).

Relativamente às ondas de frio, como se referiu, a definição seguida nesta dissertação é a

adotada pelo IPMA que segue o conceito determinado pela OMM, ao considerar a existência de onda

de frio quando num período de no mínimo seis dias consecutivos, o valor da temperatura mínima

diária é inferior em pelo menos 5º C ao valor médio de referência (da normal climatológica).

Foram analisadas as temperaturas mínimas diárias dos meses de dezembro, janeiro e fevereiro

por corresponderem em termos climatológicos à estação de inverno (IM e AEMET, 2011: 24), a

estação mais fria.

Ao valor médio mensal, da normal climatológica, da temperatura mínima, para os meses de

janeiro, fevereiro e dezembro, foram subtraídos 5°C, tendo sido esse valor considerado o limiar para se

determinar a existência de ondas de frio, ou seja, a temperatura mínima diária deve ser igual ou

inferior a esse valor (quadro 14).

73

Quadro 13: Média das temperaturas máximas mensais de junho, julho e agosto das normais

climatológicas de referência e respetivo valor considerado para determinar a existência de ondas de

calor.

Junho Julho Agosto Junho Julho Agosto

1865 - 1894 24,9 26,8 27,4 29,9 31,8 32,4

1871 - 1900 24,5 27,3 27,6 29,5 32,3 32,6

1881 - 1910 24,7 27,6 27,8 29,7 32,6 32,8

1891 - 1920 24,9 27,6 27,8 29,9 32,6 32,8

1901 - 1930 25,1 27,5 28,1 30,1 32,5 33,1

1911 - 1940 25,4 27,8 28,8 30,4 32,8 33,8

1921 - 1950 26,3 28,6 29,6 31,3 33,6 34,6

1931 - 1960 26,1 28,9 29,3 31,1 33,9 34,3

1941 - 1970 26,5 29,0 29,2 31,5 34,0 34,2

1951 - 1980 25,5 28,5 28,6 30,5 33,5 33,6

1961 - 1990 25,6 28,3 28,8 30,6 33,3 33,8

1971 - 2000 25,5 28,4 28,7 30,5 33,4 33,7

1981 - 2010 26,3 28,7 29,2 31,3 33,7 34,2

Normal ClimatológicaMédia das temperaturas máximas mensais (°C) Média das temperaturas máximas mensais + 5°C

Valor limiar considerado para determinar a

existência de ondas de calor

Quadro 14: Média das temperaturas mínimas mensais de janeiro, fevereiro e dezembro das normais

climatológicas de referência e respetivo valor considerado para determinar a existência de ondas de

frio.

Janeiro Fevereiro Dezembro Janeiro Fevereiro Dezembro

1865 - 1894 6,1 6,7 6,1 1,1 1,7 1,1

1871 - 1900 5,8 6,8 6,1 0,8 1,8 1,1

1881 - 1910 5,5 6,2 6,3 0,5 1,2 1,3

1891 - 1920 5,5 6,6 6,7 0,5 1,6 1,7

1901 - 1930 5,7 6,1 6,6 0,7 1,1 1,6

1911 - 1940 5,7 6,2 6,5 0,7 1,2 1,5

1921 - 1950 5,4 5,9 6,0 0,4 0,9 1,0

1931 - 1960 5,4 3,8 6,1 0,4 -1,2 1,1

1941 - 1970 5,7 5,9 6,0 0,7 0,9 1,0

1951 - 1980 5,8 6,1 6,0 0,8 1,1 1,0

1961 - 1990 5,9 6,7 6,6 0,9 1,7 1,6

1971 - 2000 5,9 7,0 7,4 0,9 2,0 2,4

1981 - 2010 6,4 7,1 7,6 1,4 2,1 2,6

Média das temperaturas mínimas mensais - 5°C

Valor limiar considerado para determinar a

existência de ondas de frio

Normal ClimatológicaMédia das temperaturas mínimas mensais (°C)

5.2. Ondas de calor

Ao longo da série em estudo, entre 1865 e 2013, foram identificadas 41 ondas de calor (quadro

15), segundo a metodologia adotada e descrita anteriormente.

Para a contabilização de ondas de calor, por décadas e meses, segue-se a metodologia de

YAGÜE et al. (2006: 3), quando ocorrem em mais do que um mês, considera-se o mês com maior

número de dias em onda de calor, todavia referindo a ocorrência no outro mês com menor número de

dias através de parêntesis no quadro. Exemplificando, no caso da onda de calor de 30 de julho a 5 de

agosto de 1882, considerou-se ocorrência em agosto, mas indicou-se também no quadro na década de

1880 – 1889 no mês de julho a sua ocorrência entre parêntesis “(1)”, contudo não contabilizando para

74

o mês de julho mas para o mês de agosto. No caso de ocorrência de onda de calor em dois meses, com

igual número de dias nos dois meses, como é o exemplo da onda de calor de 29 de julho a 3 de agosto,

considerou-se a contabilização no primeiro mês (julho) e colocou-se entre parêntesis a ocorrência no

mês de agosto na década de 2000 – 2009 (quadro 16).

A década de 1940 – 1949 apresentou o maior número de ocorrências, ou seja, 6 ondas de calor

(quadro 16, fig.45). Sucedendo-se as décadas de 1870 – 1879, 1920 – 1929, 1960 – 1969 e 2000 –

2009, com 4 episódios por década. Mencione-se que nas décadas de 1950 – 1959 e 1970 – 1979 não se

registaram ondas de calor.

Quanto à distribuição dos registos de ondas de calor, o mês de junho registou o maior número

de eventos (19), seguindo-se julho com 14 registos e agosto com 8 casos. A maior persistência de uma

onda de calor foi de 13 dias, de 8 a 18 de junho de 1887. Sucedendo-se outras duas com duração de 12

dias: de 29 de julho a 9 de agosto de 1926 e de 25 de junho a 6 de julho de 1949. Registaram-se 16

ondas de calor com duração de apenas 6 dias e 13 ondas de calor que duraram somente 7 dias (fig.46).

Relativamente aos anos em que ocorreram mais do que uma onda de calor, nesses casos, duas

por ano, identificam-se os seguintes: 1865, 1870, 1962, 2006 e 2013.

Quanto ao valor máximo do desvio da temperatura máxima diária relativamente à normal

climatológica de referência, o maior valor ocorreu na onda de calor de 12 a 20 de junho de 1981 com

16,8 ºC de diferença no dia 14. Segue-se a onda de calor de 18 a 23 de junho de 1870 com diferença

de 15 ºC no dia 20. Calculou-se a média dos desvios de temperatura máxima diária durante a

ocorrência de ondas de calor relativamente à normal climatológica de referência, sendo que a onda de

calor de 12 a 20 de junho de 1981 apresenta os maiores valores da série com 12,09 ºC, seguindo-se a

onda de calor de 18 a 23 de junho de 1870 com 11,8 ºC.

O mês de junho apresentou o maior número de dias com ondas de calor, existindo no total, ao

longo da série em estudo, 299 dias com ondas de calor (quadro 17).

Há coincidência de 6 ondas de calor identificadas pelo IPMA na sua rede de estações

meteorológicas em Portugal Continental, desde 2003, e as verificadas em Coimbra (IGUC), embora

com durações diferentes: 29 de julho a 3 de agosto de 2003, 11 a 17 de julho de 2006, 4 a 11 de agosto

de 2006, 24 a 30 de julho de 2010, 24 a 30 de junho de 2013 e 4 a 9 de julho de 2013 (duração das

ondas de calor registadas em Coimbra/IGUC).

75

Quadro 15: Ondas de calor identificadas em Coimbra e duração, média da variação e valor máximo do

desvio relativamente à normal climatológica de referência. Anos Ondas de calor Duração (n.º de dias) Média da variação (ºC) Valor máximo da variação (ºC)

5 a 13 de junho 9 9,1 11,1

25 a 30 de julho 6 9,6 10,7

18 a 23 de junho 6 11,8 15,0

17 a 23 de julho 7 8,71 12,7

1874 16 a 22 de agosto 7 8,54 12,4

1876 10 a 16 de julho 7 9,06 11,6

1882 30 de julho a 5 de agosto 7 8,63 10,4

1887 8 a 18 de junho 13 6,91 9,7

1890 14 a 19 de junho 6 6,70 8,3

1891 16 a 21 de junho 6 8,57 10,7

1896 30 de junho a 5 de julho 7 8,11 12,2

1901 1 a 7 de agosto 7 7,79 9,1

1911 7 a 14 de julho 8 8,05 9,5

1916 28 de julho a 3 de agosto 7 7,84 9,8

1919 21 a 29 de junho 9 7,77 10,5

1921 10 a 17 de junho 8 7,05 9,6

1926 29 de julho a 9 de agosto 12 7,68 10,7

1928 16 a 21 de julho 6 9,80 11,9

1929 16 a 23 de junho 8 9,81 13,5

1932 4 a 9 de agosto 6 8,80 10,3

1942 1 a 6 de junho 6 9,65 12,2

1944 12 a 19 de junho 8 9,18 13,0

1945 9 a 15 de junho 7 9,57 14,6

1946 28 de julho a 2 de agosto 6 9,10 14,3

1948 23 a 28 de junho 6 11,47 13,9

1949 25 de junho a 6 de julho 12 8,96 12,6

1961 21 a 27 de agosto 7 8,63 12,2

21 a 27 de junho 7 9,37 12,0

23 a 28 de agosto 6 7,97 13,7

1966 25 a 30 de junho 6 10,47 12,4

1981 12 a 20 de junho 9 12,09 16,8

1989 25 de julho a 1 de agosto 8 9,49 11,8

1991 14 a 19 de julho 6 9,17 11,9

1996 25 a 30 de junho 6 6,87 8,4

2000 12 a 17 de junho 6 9,10 11,0

2003 29 de julho a 3 de agosto 6 8,47 12,3

11 a 17 de julho 7 9,37 11,3

4 a 11 de agosto 8 8,15 9,6

2010 24 a 30 de julho 7 8,06 11,3

24 a 30 de junho 7 8,90 10,7

4 a 9 de julho 6 10,17 11,5

1865

1870

1962

2006

2013

Durante a onda de calor de 24 de julho a 14 de agosto de 2003, foram atingidos extremos

climáticos de temperatura26

máxima absoluta em 12 estações meteorológicas do IPMA localizadas em

capitais de distrito, a saber: no dia 1 de agosto em Beja (45,4ºC), Castelo Branco (41,6ºC), Coimbra

Cernache (40,9ºC), Évora C.C. (44,5ºC), Évora Cid. (43ºC), Guarda (36,1ºC), Leiria Bar. (41,4ºC),

Lisboa/I.G (41,8ºC), Lisboa/Gago Coutinho (42,0ºC), Santarém/F.B. (45,2ºC) e no dia 7 de agosto em

Viana do Castelo Meadela (39,5ºC). De referir que a temperatura máxima absoluta mais elevada,

registada em Portugal Continental, durante esta onda de calor, no dia 1 de agosto, foi de 47,4ºC em

Amareleja. No caso do período de ocorrência da onda de calor de 24 a 31 de julho de 2010, foram

26 Fonte dos valores de extremos de temperatura máxima diária: IPMA

http://www.ipma.pt/pt/oclima/extremos.clima/ (acesso em 29/7/2014).

76

atingidos extremos climáticos de temperatura máxima absoluta, no dia 27, em 3 estações

meteorológicas: Aveiro (39,3ºC), Braga/M. (39,4ºC) e Leiria (38,9ºC).

Quadro 16: Distribuição das ondas de calor por décadas em Coimbra. Década Mês Número de ondas de calor

Junho 1

Julho 1

Agosto 0

Junho 1

Julho 2

Agosto 1

Junho 1

Julho (1)

Agosto 1

Junho 2 (1)

Julho 1

Agosto 0

Junho 0

Julho 0

Agosto 1

Junho 1

Julho 2

Agosto (1)

Junho 2

Julho 1 (1)

Agosto 1

Junho 0

Julho 0

Agosto 1

Junho 5

Julho 1 (1)

Agosto (1)

Junho 0

Julho 0

Agosto 0

Junho 2

Julho 0

Agosto 2

Junho 0

Julho 0

Agosto 0

Junho 1

Julho 1

Agosto (1)

Junho 1

Julho 1

Agosto 0

Junho 1

Julho 2

Agosto 1 (1)

Junho 1

Julho 2

Agosto 0

1970 - 1979

1980 - 1989

1990 - 1999

2000 - 2009

2010 - 2013

1910 -1919

1920 - 1929

1930 - 1939

1940 - 1949

1950 - 1959

1960 -1969

1865 - 1869

1870 - 1879

1880 - 1889

1890 - 1899

1900 - 1909

77

Fig.45: Evolução da distribuição das ondas de calor por décadas em Coimbra.

Fig.46: Número de ondas de calor e respetiva duração em Coimbra.

Quadro 17: Número de dias com onda de calor nos meses de junho, julho e agosto em Coimbra.

N.º de dias com onda de calor

Junho 140

Julho 95

Agosto 64

Total 299

78

5.3.Ondas de frio

Na série em estudo, entre 186427

e 2013, apenas foram averiguadas 9 ondas de frio, de acordo

com a metodologia adotada e descrita anteriormente (quadro 18).

Quadro 18: Ondas de frio identificadas em Coimbra e respetiva duração, média da variação e valor

máximo dos desvios de temperatura mínima diária relativamente à normal climatológica de referência. Anos Ondas de frio Duração (n.º de dias) Média da variação (ºC) Valor máximo dos desvios (ºC)

1907 2 a 7 de fevereiro 6 -6,50 -7,4

1917 27 de dezembro a 1 de janeiro de 1918 6 -7,20 -8,8

1933 14 a 20 de dezembro 7 -6,60 -7,6

1941 3 a 9 de janeiro 7 -6,46 -7,9

3 a 8 de janeiro 6 -6,65 -7,9

31 de janeiro a 7 de fevereiro 8 -7,25 -8,9

1956 6 a 12 de dezembro 7 -5,93 -7,3

1983 8 a 16 de fevereiro 9 -7,69 -9,6

2001 24 a 29 de dezembro 6 -6,42 -7,1

1954

Para a contabilização de ondas de frio (tal como realizado para as ondas de calor), por décadas

e meses, segue-se a metodologia de YAGÜE et al. (2006: 3), quando ocorrem em mais do que um

mês, considera-se o mês com maior número de dias em onda de frio, porém referindo a ocorrência no

outro mês com menor número de dias através de parêntesis no quadro. Como é o exemplo da onda de

frio de 31 de janeiro a 7 de fevereiro de 1954, considerou-se o mês com maior número de dias em

onda de frio (neste caso, fevereiro) e referiu-se a ocorrência (mas não contabilizando) no mês de

janeiro, no quadro, através da indicação entre parêntesis (quadro 19).

A década de 1950 – 1959 apresentou maior número de ocorrências (3), registando-se apenas 1

onda de frio nas décadas de 1900 – 1909, 1910 – 1919, 1930 – 1939, 1940 – 1949, 1980 – 1989 e 2000

– 2009, não se verificando nenhum registo nas restantes décadas analisadas (quadro 19, fig.47).

O mês de dezembro registou o maior número de eventos (4), sucedendo-se o mês de fevereiro

(3) e o mês de janeiro com apenas 2 ondas de frio.

27 O ano de 1864 apenas contempla o mês de dezembro.

79

Quadro 19: Distribuição das ondas de frio por décadas em Coimbra.

Década Mês Número de ondas de frio

Janeiro 0

Fevereiro 0

Dezembro 0

Janeiro 0

Fevereiro 0

Dezembro 0

Janeiro 0

Fevereiro 0

Dezembro 0

Janeiro 0

Fevereiro 0

Dezembro 0

Janeiro 0

Fevereiro 1

Dezembro 0

Janeiro (1)

Fevereiro 0

Dezembro 1

Janeiro 0

Fevereiro 0

Dezembro 0

Janeiro 0

Fevereiro 0

Dezembro 1

Janeiro 1

Fevereiro 0

Dezembro 0

Janeiro 1 (1)

Fevereiro 1

Dezembro 1

Janeiro 0

Fevereiro 0

Dezembro 0

Janeiro 0

Fevereiro 0

Dezembro 0

Janeiro 0

Fevereiro 1

Dezembro 0

Janeiro 0

Fevereiro 0

Dezembro 0

Janeiro 0

Fevereiro 0

Dezembro 1

Janeiro 0

Fevereiro 0

Dezembro 0

1970 - 1979

1980 - 1989

1990 - 1999

2000 - 2009

2010 - 2013

1910 -1919

1920 - 1929

1930 - 1939

1940 - 1949

1950 - 1959

1960 -1969

1865 - 1869

1870 - 1879

1880 - 1889

1890 - 1899

1900 - 1909

80

A maior duração de uma onda de frio foi de 9 dias e correspondeu ao período de 8 a 16 de

fevereiro de 1983, sucedendo-se a de 31 de janeiro a 7 de fevereiro de 1954 com duração de 8 dias.

Registaram-se 4 ondas de frio com duração de apenas 6 dias (o mínimo de número de dias que a

definição exige) (quadro 22, fig.48).

No ano de 1954 ocorreram 2 ondas de frio (quadro 18).

Quanto ao valor máximo do desvio da temperatura mínima diária relativamente à normal

climatológica de referência, o maior valor registou-se na onda de frio de 8 a 16 de fevereiro de 1983

com -9,60ºC no dia 10, sendo a média dos desvios de -7,69ºC. Segue-se a onda de frio de 31 de janeiro

a 7 de fevereiro de 1954 com -8,90ºC e a onda de frio de 27 de dezembro de 1917 a 1 de janeiro de

1918 com -8,8ºC (quadro 18).

O mês de dezembro apresentou o maior número de dias com ondas de frio (25), existindo, no

total, 62 dias com onda de frio (quadro 20).

Relativamente à menor temperatura mínima absoluta registada em Portugal Continental foi de

-16,0ºC no dia 5 de fevereiro de 1954 em Penhas da Saúde. Em Coimbra, a onda de frio registou-se

entre 31 de janeiro e 7 de fevereiro. Durante este período de frio, registou-se, em outras estações

meteorológicas, extremos climáticos de temperatura mínima absoluta28

: Beja (-5,5ºC) no dia 3 de

fevereiro e em Santarém Escola Agrária (-4,5ºC) no dia 5 de fevereiro. Seria interessante averiguar se

durante este período também se registou a ocorrência de onda de frio nestas estações meteorológicas.

Fig.47: Evolução da distribuição de ondas de frio por décadas em Coimbra.

28 Fonte dos valores de extremos de temperatura mínima diária: IPMA

http://www.ipma.pt/pt/oclima/extremos.clima/ (acesso em 29/7/2014).

81

Fig.48: Número de ondas de frio e respetiva duração em Coimbra.

Quadro 20: Número de dias com onda de frio nos meses de janeiro, fevereiro e dezembro em Coimbra.

N.º de dias com ondas de frio

Janeiro 15

Fevereiro 22

Dezembro 25

Total 62

82

6. Estudo de caso de ondas de calor e das ondas de frio

6.1. Metodologia

Analisam-se as ondas de calor de 29 de julho a 3 de agosto de 2003, 11 a 17 de julho de 2006,

4 a 11 de agosto de 2006, 24 a 30 de julho de 2010 e a onda de frio de 8 a 16 de fevereiro de 1983,

visto que apenas foram disponibilizados pelo INE dados diários de mortalidade referentes a estes

períodos, atendendo aos custos e ao tempo de disponibilização dos dados.

Inicialmente o objetivo consistia em averiguar o excesso de mortalidade nas freguesias do

concelho de Coimbra durante a ocorrência de períodos de ondas de calor e de ondas de frio. Por isso,

se procedeu à caracterização demográfica, educacional, de emprego e habitacional das freguesias do

concelho de Coimbra, bem como à elaboração de um mapa da respetiva vulnerabilidade para mais

tarde relacionar com os quantitativos de mortalidade, nomeadamente, para averiguar se a maior

mortalidade se registava nas freguesias mais vulneráveis do concelho. Contudo, face ao segredo

estatístico inerente aos dados de mortalidade diária, procedentes do INE, quando o número de óbitos é

inferior a 3 pessoas, ficou impossibilitada esta análise mais profunda visto que, devido ao baixo

número de óbitos diários por freguesia, a maior parte dos dados estava sob segredo estatístico. Assim,

analisou-se o excesso de óbitos para o conjunto do distrito de Coimbra.

Analisa-se, para os períodos de onda de calor e de onda de frio, a mortalidade diária total, os

óbitos ocorridos na população com mais de 65 anos de idade, por sexo e por causa de morte.

Estudaram-se as causas de morte, de acordo com a classificação CID, referenciadas na

bibliografia como mais associadas aos efeitos do calor (CALADO et al., 2004) e do frio (DÍAZ et al.,

2005), apresentadas no estado da arte. No caso das ondas de calor, é averiguado o excesso de óbitos

nas seguintes causas de mortalidade: efeitos do calor e da luz/golpe de calor; desidratação e outros

distúrbios metabólicos; diabetes mellitus; doenças do aparelho respiratório; doenças do aparelho

circulatório; insuficiência cardíaca; doença isquémica do coração; doenças cerebrovasculares e

sintomas, sinais, exames anormais, causas mal definidas. Relativamente às ondas de frio, o excesso de

óbitos é identificado em 6 causas de mortalidade: doenças circulatórias; doença isquémica cardíaca;

doenças cerebrovasculares; doenças respiratórias e pneumonia, gripe; outras doenças respiratórias.

Foram identificadas as causas de mortalidade com maior número de óbitos.

Comparou-se a mortalidade diária durante o período em que ocorreu a onda de calor/frio do

ano em análise, com a média da mortalidade diária registada no ano precedente e no ano subsequente

durante o mesmo período, que foi alargado 6 dias depois do término da onda de calor/frio para se

visualizar o efeito das temperaturas extremas no número de óbitos. O excesso de óbitos foi

determinado, primeiramente multiplicando a duração (o número de dias) da onda de calor/frio pela

média de mortalidade registada no ano anterior e no ano subsequente, sendo que esse valor foi

subtraído ao número de óbitos registado durante a onda de calor/frio. O mesmo procedimento foi

adotado para o caso das ondas de calor/frio e 6 dias subsequentes.

83

São objetivos: apresentar o número de óbitos e os óbitos em excesso, assim como o excesso de

óbitos face à média por causas de mortalidade, identificar os picos de mortalidade, nomeadamente,

quando ocorreu o maior excesso de mortalidade, comparando com a intensidade das ondas de calor e

de frio.

6.2.Ondas de calor em Coimbra

6.2.1. Onda de calor de 29 de julho a 3 de agosto de 2003

No caso do dia 2 de agosto de 2003, é possível visualizar um anticiclone dinâmico ao largo do

Arquipélago dos Açores estendendo-se em direção à Europa Ocidental, em conexão com um outro

anticiclone na área do Norte da Europa (fig.49). Durante esta onda de calor Portugal Continental era

afetado por massas de ar quentes e secas, provenientes do quadrante Leste. A presença de uma

depressão pouco cavada no SW da Península Ibérica foi responsável pela advecção de ar quente e seco

originário do Norte de África.

Durante esta onda de calor, com a duração de seis dias, o maior valor de temperatura máxima

diária foi registado no dia 1 de agosto (41ºC), com 12,3ºC de desvio relativamente à normal

climatológica de referência (quadro 21).

Fig.49: Carta sinótica do geopotencial a 500 hPa e pressão à superfície no dia 2 de agosto de 2003. Fonte: http://www.wetterzentrale.de/topkarten/fsreaeur.html (acesso em 6/2/2014).

84

Quadro 21: Onda de calor de 29 de julho a 3 de agosto de 2003 e respetivo desvio (ºC) em relação à

normal climatológica de 1981 – 201029

em Coimbra.

Data

Julho de 2003 Temperatura máxima diária (ºC)Temperatura média das máximas (°C)

(normal climatológica de 1981 - 2010)Variação (ºC)

29 37 28,7 8,3

30 38 28,7 9,3

31 36 28,7 7,3

1 de agosto 41 28,7 12,3

2 36 28,7 7,3

3 35 28,7 6,3

Analisou-se a média do excesso de óbitos e o número de óbitos durante a onda de calor, assim

como durante a onda de calor e nos 6 dias subsequentes (fig.50). Analisando os resultados, durante a

onda de calor e nos 6 dias subsequentes, o excesso de mortalidade foi de 63 óbitos (quadro 22).

Verificou-se um elevado excesso de óbitos na população com idade igual ou superior a 65 anos de

idade (fig.51), correspondendo a 98% dos óbitos averiguados (quadro 23). Ocorreu maior excesso de

mortalidade nas mulheres do que nos homens (fig.52), ou seja, 62% dos óbitos corresponderam a

mulheres (quadro 23). No que respeita às causas de mortalidade, aquela que apresentou maiores

quantitativos diz respeito às doenças circulatórias (fig.53), equivalendo a 38% dos óbitos.

Durante esta onda de calor, verificou-se o pico de mortalidade nos dias 2 e 3 (18 óbitos, em

cada dia), tendo o segundo pico de mortalidade sido registado no dia 7 (20 óbitos), ou seja, 4 dias após

o término da onda de calor (fig.50). No caso da população idosa, o segundo e maior pico de

mortalidade também se registou no dia 7 (21 óbitos).

29 Os dados de temperatura máxima diária concernem à estação de Coimbra/Bencanta, visto que utilizando os

dados de Coimbra/IGUC de acordo com a metodologia apresentada e seguida não se encontra a ocorrência de

onda de calor. Decidiu-se apresentar a ocorrência de onda de calor na estação de Bencanta visto que esta onda de

calor desencadeou elevados impactes na mortalidade a nível nacional (CALADO et al., 2004).

85

Quadro 22: Excesso de mortalidade face à média da mortalidade por grupos e por causas de

mortalidade e número de óbitos durante a onda de calor de 29 de julho a 3 de agosto de 2003 e nos 6

dias subsequentes no distrito de Coimbra. Durante a onda de calor Durante a onda de calor + 6 dias

Excesso de óbitos 0 1

N.º de óbitos 0 1

Excesso de óbitos -1 0

N.º de óbitos 0 1

Excesso de óbitos -2 -3

N.º de óbitos 2 4

Excesso de óbitos 4 13

N.º de óbitos 9 22

Excesso de óbitos 8 24

N.º de óbitos 27 62

Excesso de óbitos 0 10

N.º de óbitos 4 17

Excesso de óbitos 1 1

N.º de óbitos 4 6

Excesso de óbitos 4 8

N.º de óbitos 15 31

Excesso de óbitos 3 9

N.º de óbitos 8 19

Excesso de óbitos 19 63

N.º de óbitos 69 164

Excesso de óbitos 19 64

N.º de óbitos 67 160

Excesso de óbitos 5 17

N.º de óbitos 28 62

Excesso de óbitos 13 45

N.º de óbitos 41 101

Efeitos do calor e da luz / Golpe de calor

Desidratação e outros distúrbios metabólicos

Diabetes Mellitus

Doenças do aparelho respiratório

Excesso de mortalidade total

≥ 65 anos de idade

Homens

Mulheres

Doença isquémica do coração

Doenças cerebrovasculares

Sintomas, sinais, exames anormais, causas mal definidas

Doenças circulatórias

Insuficiência cardíaca

Quadro 23: Mortalidade segundo grandes grupos durante a onda de calor de 29 de julho a 3 de agosto de 2003 e nos 6 dias subsequentes no distrito de Coimbra.

N % N %

Mortalidade total 69 100 164 100

≥ 65 anos de idade 67 97 160 98

Mulheres 41 59 101 62

Doenças circulatórias 27 39 62 38

Óbitos

Onda de calor +6 diasOnda de calor

Fig.50: Mortalidade diária total da população residente no distrito de Coimbra.

86

Fig.51: Mortalidade diária da população residente no distrito de Coimbra com idade ≥ 65 anos.

Fig.52: Mortalidade diária nos sexos masculino e feminino da população residente no distrito de

Coimbra30

.

Fig.53: Mortalidade diária por doenças circulatórias da população residente no distrito de Coimbra.

30 No caso do dia 5, o valor relativo à mortalidade no sexo masculino aparece como zero, contudo esse valor

deve-se à falta de dados disponíveis e não à possível ausência de mortalidade.

87

6.2.2. Ondas de calor de 11 a 17 de julho de 2006 e de 4 a 11 de agosto de 2006

Relativamente à onda de calor de 11 a 17 de julho de 2006, o anticiclone dinâmico situado na

área do Arquipélago dos Açores, com o centro de pressão atmosférica de 1030 hPa (no dia 11),

estendia-se em direção à Europa, o que é visível através do “alongamento” do eixo, originando a

entrada de massas de ar quentes e secas, provenientes do quadrante Leste (fig.54). Por outro lado,

segundo o IPMA, ocorreu uma “intrusão de uma massa de ar mais quente” oriunda do Norte de África

(IM, 2006: 3), que é visível através da “deformação” da isobárica dos 1020 hPa a sul do território

continental português, devido à presença de uma depressão de origem térmica. Esta situação sinótica

foi semelhante à verificada durante a onda de calor de 29 de julho a 3 de agosto de 2003.

Nesta onda de calor, com a duração de 7 dias, o maior valor de temperatura máxima diária foi

registado no dia 16 (40ºC), com 11,3ºC de desvio relativamente à normal climatológica de referência

(quadro 24).

Fig.54: Carta sinótica do geopotencial a 500 hPa e pressão à superfície no dia 11 de julho de 2006.

Fonte: http://www.wetterzentrale.de/topkarten/fsreaeur.html (acesso em 6/2/2014).

Quadro 24: Onda de calor de 11 a 17 de julho de 2006 e respetivo desvio (ºC) em relação à normal

climatológica de 1981 – 2010 em Coimbra.

Data

Julho de 2006 Temperatura máxima diária (ºC)Temperatura média das máximas (°C)

(normal climatológica de 1981 - 2010)Variação (ºC)

11 36,5 28,7 7,8

12 36,4 28,7 7,7

13 38,6 28,7 9,9

14 38,8 28,7 10,1

15 38,0 28,7 9,3

16 40,0 28,7 11,3

17 38,2 28,7 9,5

Quanto à onda de calor de 4 a 11 de agosto de 2006, verificou-se um anticiclone dinâmico na

área do Arquipélago dos Açores, com o centro de pressão de 1025 hPa (no dia 4), estendendo-se pela

88

Europa Ocidental, estando o flanco Este “deformado” na área da Península Ibérica e parte do Norte de

África com a introdução de ar quente e seco do quadrante Leste e, verificando-se a presença de uma

depressão de origem térmica, com o centro de pressão de 1010 hPa posicionada no sul da Península

Ibérica (fig.55). Esta situação sinótica é também semelhante à verificada durante as duas ondas de

calor averiguadas anteriormente.

No caso da onda de calor de 4 a 11 de agosto de 2006, com a duração de 8 dias, o maior valor

de temperatura máxima diária foi registado no dia 6 (38,8ºC), com 9,6ºC de desvio relativamente à

normal climatológica de referência (quadro 25).

Fig.55: Carta sinótica do geopotencial a 500 hPa e pressão à superfície no dia 4 de agosto de 2006. Fonte: http://www.wetterzentrale.de/topkarten/fsreaeur.html (acesso em 6/2/2014).

Quadro 25: Onda de calor de 4 a 11 de agosto de 2006 e respetivo desvio (ºC) em relação à normal climatológica de 1981 – 2010 em Coimbra.

Data

Agosto de 2006 Temperatura máxima diária (ºC)Temperatura média das máximas (°C)

(normal climatológica de 1981 - 2010)Variação (ºC)

4 36,0 29,2 6,8

5 37,4 29,2 8,2

6 38,8 29,2 9,6

7 37,4 29,2 8,2

8 36,5 29,2 7,3

9 36,5 29,2 7,3

10 38,0 29,2 8,8

11 38,2 29,2 9,0

Analisou-se a mortalidade diária desde o início da onda de calor de 11 a 17 de julho de 2006

bem como nos 6 dias subsequentes (fig.56). O excesso de mortalidade associado a esta onda de calor e

nos 6 dias subsequentes foi de 28 óbitos (quadro 26). No caso da população com idade igual ou

superior a 65 anos (fig.57) foi de 91% dos óbitos verificados (quadro 27). Relativamente ao sexo

89

feminino (fig.58), correspondeu a 68% dos óbitos. Relativamente às causas de morte, as doenças

circulatórias (fig.59) equivaleram a 34% dos óbitos.

Durante a onda de calor de 11 a 17 de julho de 2006, o primeiro pico de mortalidade registou-

se no dia 13 (19 óbitos), isto é, 3 dias após o início da onda, sendo que o segundo pico de mortalidade

foi averiguado no dia 17 (21 óbitos), tendo ocorrido uma diminuição da mortalidade depois do término

desta onda de calor (fig.56).

Quadro 26: Excesso de mortalidade face à média da mortalidade por grupos e por causas de

mortalidade e número de óbitos durante a onda de calor de 11 a 17 de julho de 2006 e nos 6 dias

subsequentes no distrito de Coimbra. Durante a onda de calor Durante a onda de calor + 6 dias

Excesso de óbitos 0 0

N.º de óbitos 0 0

Excesso de óbitos -1 0

N.º de óbitos 0 1

Excesso de óbitos 1 0

N.º de óbitos 3 5

Excesso de óbitos 8 13

N.º de óbitos 16 28

Excesso de óbitos 11 9

N.º de óbitos 34 52

Excesso de óbitos 0 -2

N.º de óbitos 7 10

Excesso de óbitos 1 0

N.º de óbitos 5 8

Excesso de óbitos 12 22

N.º de óbitos 19 29

Excesso de óbitos 4 1

N.º de óbitos 13 18

Excesso de óbitos 31 28

N.º de óbitos 97 151

Excesso de óbitos 28 21

N.º de óbitos 90 137

Excesso de óbitos -19 -35

N.º de óbitos 26 48

Excesso de óbitos 33 33

N.º de óbitos 71 103

Excesso de mortalidade total

≥ 65 anos de idade

Efeitos do calor e da luz / Golpe de calor

Desidratação e outros distúrbios metabólicos

Diabetes Mellitus

Doenças do aparelho respiratório

Doenças circulatórias

Homens

Mulheres

Doença isquémica do coração

Doenças cerebrovasculares

Sintomas, sinais, exames anormais, causas mal definidas

Insuficiência cardíaca

Quadro 27: Mortalidade segundo grandes grupos durante a onda de calor de 11 a 17 de julho de 2006 e

nos 6 dias subsequentes no distrito de Coimbra.

N % N %

Mortalidade total 97 100 151 100

≥ 65 anos de idade 90 93 137 91

Mulheres 71 73 103 68

Doenças circulatórias 34 35 52 34

Óbitos

Onda de calor Onda de calor + 6 dias

Analisou-se a mortalidade diária desde o início da onda de calor de 4 a 11 de agosto de 2006,

bem como nos 4 dias subsequentes31

(fig.56). O excesso de mortalidade associado a esta onda de calor,

foi de 31 óbitos (valor igual ao registado na onda de calor de 11 a 17 de julho de 2006) e nos 4 dias

subsequentes foi de 34 óbitos (quadro 28). No caso da população com idade igual ou superior a 65

31 Apenas são analisados 4 dias subsequentes a esta onda de calor porque só existem dados disponibilizados de

mortalidade diária até esta data.

90

anos (fig.57) foi de 93% dos óbitos verificados (quadro 29). Relativamente ao sexo feminino (fig.58),

correspondeu a 51% dos óbitos. Relativamente às causas de morte, as doenças circulatórias (fig.59)

equivaleram a 32% dos óbitos.

O pico de mortalidade verificou-se no dia 5 com o registo de 26 óbitos, sendo que a

mortalidade decresceu a partir deste dia, com exceção no dia 7 em que voltou a aumentar.

Ocorreram duas ondas de calor num curto espaço de tempo no mesmo ano. Apesar de no

estado da arte se ter mencionado que alguns autores (RIBEIRO, 2008: 15, citando KALKSTEIN e

VALIMONT, 1987), referem que nestes casos, durante a primeira onda de calor morre mais população

do que na segunda onda de calor, em virtude da população mais idosa e mais frágil assim como com

patologias ter falecido. Todavia, neste caso de estudo não é possível averiguar essas conclusões, visto

que em ambas as ondas de calor, o excesso de mortalidade foi de 31 óbitos.

Quadro 28: Excesso de mortalidade face à média da mortalidade por grupos e por causas de mortalidade e número de óbitos durante a onda de calor de 4 a 11 de agosto de 2006 e nos 4 dias

subsequentes no distrito de Coimbra. Durante a onda de calor Durante a onda de calor + 4 dias

Excesso de óbitos 0 0

N.º de óbitos 0 0

Excesso de óbitos 1 2

N.º de óbitos 2 3

Excesso de óbitos 1 2

N.º de óbitos 4 6

Excesso de óbitos 6 11

N.º de óbitos 15 25

Excesso de óbitos 6 8

N.º de óbitos 33 48

Excesso de óbitos 9 8

N.º de óbitos 17 19

Excesso de óbitos -1 -2

N.º de óbitos 4 5

Excesso de óbitos 0 0

N.º de óbitos 14 20

Excesso de óbitos 6 4

N.º de óbitos 16 20

Excesso de óbitos 31 34

N.º de óbitos 107 148

Excesso de óbitos 27 31

N.º de óbitos 98 138

Excesso de óbitos -2 -5

N.º de óbitos 49 72

Excesso de óbitos 14 11

N.º de óbitos 57 75

≥ 65 anos de idade

Homens

Mulheres

Insuficiência cardíaca

Doença isquémica do coração

Doenças cerebrovasculares

Sintomas, sinais, exames anormais, causas mal definidas

Excesso de mortalidade total

Efeitos do calor e da luz / Golpe de calor

Desidratação e outros distúrbios metabólicos

Diabetes Mellitus

Doenças do aparelho respiratório

Doenças circulatórias

Quadro 29: Mortalidade segundo grandes grupos durante a onda de calor de 4 a 11 de agosto de 2006 e nos 4 dias subsequentes no distrito de Coimbra.

N % N %

Mortalidade total 107 100 148 100

≥ 65 anos de idade 98 92 138 93

Mulheres 57 53 75 51

Doenças circulatórias 33 31 48 32

Óbitos

Onda de calor Onda de calor + 4 dias

91

Fig.56: Mortalidade diária total da população residente no distrito de Coimbra.

Fig.57: Mortalidade diária da população residente no distrito de Coimbra com idade ≥ 65 anos.

Fig.58: Mortalidade diária nos sexos masculino e feminino da população residente no distrito de

Coimbra32

.

32 Os valores relativos à mortalidade diária que surgem como zero devem-se à falta de dados disponíveis e não

devido à possível ausência de mortalidade nesses dias.

92

Fig.59: Mortalidade diária por doenças circulatórias da população residente no distrito de Coimbra.

6.2.3. Onda de calor de 24 a 30 de julho de 2010

O anticiclone dinâmico na área do Arquipélago dos Açores, com o centro de pressão de 1030

hPa (no dia 25), estendia-se em direção à Europa Ocidental levando à advecção, pelo quadrante Leste,

de ar quente e seco do interior da Europa (fig.60). De acordo com o IPMA, durante o período em que

ocorreu esta onda de calor existiu uma depressão de origem térmica centrada na Península Ibérica

conjuntamente com o anticiclone dinâmico posicionado na área do Arquipélago dos Açores

estendendo-se em direção à Europa Ocidental, sendo o território continental português afetado por ar

quente e seco proveniente do Norte de África, e existindo valores baixos de humidade relativa, tendo

sido um mês quente e seco (IM, 2010). Esta situação sinótica é semelhante à averiguada para as ondas

de calor que ocorreram anteriormente.

Durante esta onda de calor, com a duração de 7 dias, o maior valor de temperatura máxima

diária foi registado no dia 27 (40ºC), com 11,3ºC de desvio relativamente à normal climatológica de

referência (quadro 30).

Fig.60: Carta sinótica do geopotencial a 500 hPa e pressão à superfície no dia 25 de julho de 2010.

Fonte: http://www.wetterzentrale.de/topkarten/fsreaeur.html (acesso em 3/8/2014).

93

Quadro 30: Onda de calor de 24 a 30 de julho de 2010 e respetivo desvio (ºC) em relação à normal

climatológica de 1981 – 2010 em Coimbra.

Data

Julho de 2010 Temperatura máxima diária (ºC)Temperatura média das máximas (°C)

(normal climatológica de 1981 - 2010)Variação (ºC)

24 34,5 28,7 5,8

25 37,0 28,7 8,3

26 39,0 28,7 10,3

27 40,0 28,7 11,3

28 38,3 28,7 9,6

29 34,0 28,7 5,3

30 34,5 28,7 5,8

Durante e nos 6 dias subsequentes ao término desta onda de calor, o excesso de mortalidade

foi de 44 óbitos (quadro 31, fig.61). No que concerne à população com idade igual ou superior a 65

anos correspondeu a 92% dos óbitos (fig.62). Relativamente ao sexo feminino foi de 56% dos óbitos

(fig.63). Quanto às causas de morte, as doenças circulatórias (fig.64) foram responsáveis pela maior

mortalidade em excesso equivalendo a 36% dos óbitos (quadro 32).

Nesta onda de calor, o primeiro pico de mortalidade ocorreu no dia 26 (16 óbitos), três dias

após o início deste paroxismo térmico; no caso do segundo pico de mortalidade aconteceu no dia 29

(20 óbitos), sendo que a mortalidade decresceu a partir desse dia (fig.61).

Quadro 31: Excesso de mortalidade face à média da mortalidade por grupos e por causas de

mortalidade e número de óbitos durante a onda de calor de 24 a 30 de julho de 2010 e nos 6 dias

subsequentes no distrito de Coimbra. Durante a onda de calor Durante a onda de calor + 6 dias

Excesso de óbitos 0 0

N.º de óbitos 0 0

Excesso de óbitos 1 0

N.º de óbitos 1 1

Excesso de óbitos 1 0

N.º de óbitos 4 5

Excesso de óbitos 2 10

N.º de óbitos 10 24

Excesso de óbitos 15 20

N.º de óbitos 31 50

Excesso de óbitos 4 7

N.º de óbitos 7 15

Excesso de óbitos -3 -4

N.º de óbitos 1 3

Excesso de óbitos 8 5

N.º de óbitos 18 23

Excesso de óbitos 5 3

N.º de óbitos 13 18

Excesso de óbitos 34 44

N.º de óbitos 86 140

Excesso de óbitos 31 43

N.º de óbitos 77 129

Excesso de óbitos 8 11

N.º de óbitos 33 58

Excesso de óbitos 21 19

N.º de óbitos 53 79

Excesso de mortalidade total

≥ 65 anos de idade

Homens

Mulheres

Doença isquémica do coração

Doenças cerebrovasculares

Sintomas, sinais, exames anormais, causas mal definidas

Efeitos do calor e da luz / Golpe de calor

Desidratação e outros distúrbios metabólicos

Diabetes Mellitus

Doenças do aparelho respiratório

Doenças circulatórias

Insuficiência cardíaca

94

Quadro 32: Mortalidade segundo grandes grupos durante a onda de calor de 24 a 30 de julho de 2010 e

nos 6 dias subsequentes no distrito de Coimbra.

N % N %

Mortalidade total 86 100 140 100

≥ 65 anos de idade 77 90 129 92

Mulheres 53 62 79 56

Doenças circulatórias 31 36 50 36

Óbitos

Onda de calor Onda de calor +6 dias

Fig.61: Mortalidade diária total da população residente no distrito de Coimbra.

Fig.62: Mortalidade diária da população residente no distrito de Coimbra com idade ≥ 65 anos.

95

Fig.63: Mortalidade diária nos sexos masculino e feminino da população residente no distrito de

Coimbra.33

Fig.64: Mortalidade diária por doenças circulatórias da população residente no distrito de Coimbra.

6.3. Ondas de frio em Coimbra

6.3.1. Onda de frio de 8 a 16 de fevereiro de 1983

Verificou-se a presença de um centro de altas pressões prolongando-se até à área do Reino

Unido com a conjugação de vários centros de baixas pressões dinâmicas localizados na Europa; uma

depressão de origem dinâmica com o centro de pressão de 1000 hPa (no dia 13), localizada a W da

Península Ibérica condicionava o estado do tempo em Portugal Continental, resultando na entrada de

de ar frio e seco vindas da Europa Central (fig.65).

Durante esta onda de frio, com a duração de 9 dias, o maior valor de temperatura mínima

diária foi registado no dia 10 (-2,6ºC), com -9,6ºC de desvio relativamente à normal climatológica de

referência (quadro 33).

33 Os valores relativos à mortalidade diária que surgem como zero devem-se à falta de dados disponíveis e não

devido à possível ausência de mortalidade nesses dias.

96

Fig.65: Carta sinótica do geopotencial a 500 hPa e pressão à superfície no dia 13 de fevereiro de 1983.

Fonte: http://www.wetterzentrale.de/topkarten/fsreaeur.html (acesso em 6/2/2014).

Quadro 33: Onda de frio de 8 a 16 de fevereiro de 1983 e respetivo desvio (ºC) em relação à normal

climatológica de 1971 – 2000 em Coimbra.

Data

Fevereiro de 1983 Temperatura mínima diária (ºC)Temperatura média das mínimas (ºC)

(normal climatológica de 1971 - 2000)Variação (ºC)

8 0,1 7,0 -6,9

9 2,0 7,0 -5,0

10 -2,6 7,0 -9,6

11 -1,1 7,0 -8,1

12 -1,6 7,0 -8,6

13 -1,9 7,0 -8,9

14 0,1 7,0 -6,9

15 -0,2 7,0 -7,2

16 -1,0 7,0 -8,0

Durante e nos 6 dias subsequentes ao término desta onda de frio, este período esteve associado

a um excesso de 23 óbitos (quadro 34, fig. 66), sendo que 51% dos óbitos corresponderam ao sexo

feminino e, no caso da população com idade igual ou superior a 65 anos, foi de 85% óbitos (quadro

35, fig. 67 e fig.68). Relativamente às causas de mortalidade, as doenças circulatórias (fig.69) foram

responsáveis pelo maior excesso de mortalidade, concernindo a 28% da mortalidade.

O pico de mortalidade verificou-se no dia 14 (13 óbitos), isto é 7 dias depois do início deste

paroxismo térmico, tendo o segundo pico ocorrido no dia 17 (13 óbitos) (fig.66). Todavia, apesar da

onda de frio ter terminado no dia 16 ainda se verifica mortalidade acima da média nos dias

subsequentes, existindo um novo pico de mortalidade no dia 23 (13 óbitos).

97

Quadro 34: Excesso de mortalidade face à média da mortalidade por grupos e por causas de

mortalidade e número de óbitos, durante a onda de frio de 8 a 16 de fevereiro de 1983 e nos 6 dias

subsequentes no distrito de Coimbra.

Durante a onda de frio Durante a onda de frio + 6 dias

Excesso de óbitos 10 14

N.º de óbitos 24 37

Excesso de óbitos 2 5

N.º de óbitos 8 15

Excesso de óbitos -6 -3

N.º de óbitos 35 66

Excesso de óbitos 1 5

N.º de óbitos 3 8

Excesso de óbitos 0 0

N.º de óbitos 0 0

Excesso de óbitos 2 1

N.º de óbitos 4 5

Excesso de óbitos 9 23

N.º de óbitos 74 131

Excesso de óbitos 5 17

N.º de óbitos 62 112

Excesso de óbitos 2 12

N.º de óbitos 33 64

Excesso de óbitos 6 8

N.º de óbitos 41 67

Excesso de mortalidade total

≥ 65 anos de idade

Homens

Mulheres

Doenças circulatórias

Doença isquémica do coração

Doenças cerebrovasculares

Doenças respiratórias; Pneumonia

Gripe

Outras doenças respiratórias

Quadro 35: Mortalidade segundo grandes grupos durante a onda de frio de 8 a 16 de fevereiro de 1983

e nos 6 dias subsequentes no distrito de Coimbra.

N % N %

Mortalidade total 74 100 131 100

≥ 65 anos de idade 62 84 112 85

Mulheres 41 55 67 51

Doenças circulatórias 24 32 37 28

Óbitos

Onda de calor Onda de calor +6 dias

Fig.66: Mortalidade diária total da população residente no distrito de Coimbra.

98

Fig.67: Mortalidade diária da população da população residente no distrito de Coimbra com idade ≥ 65

anos.

Fig.68: Mortalidade diária nos sexos masculino e feminino da população residente no distrito de Coimbra.

34

Fig.69: Mortalidade diária por doenças circulatórias da população residente no distrito de Coimbra.

34 O valor relativo à mortalidade diária no sexo feminino que surge como zero deve-se à falta de dados

disponíveis e não devido à possível ausência de mortalidade nesse dia.

99

Conclusões

A temperatura do ar é dos elementos climáticos que mais condiciona as atividades humanas e

os processos biológicos, ao nível do conforto e da saúde. A exposição a ondas de calor e a ondas de

frio apresenta aumentos de mortalidade, dependendo da vulnerabilidade das populações expostas,

assim como da duração, intensidade e frequência destes paroxismos térmicos. Desse modo, é

importante reduzir a vulnerabilidade da população face a esses impactes.

Em Coimbra, a vulnerabilidade social é mais elevada nas freguesias com maior concentração e

exposição populacional, nomeadamente, naquelas que têm maior percentagem de população idosa

(≥65 anos de idade). As freguesias com maior vulnerabilidade às ondas de calor e de frio dizem

respeito às freguesias do Centro Histórico da Cidade (Santa Cruz, São Bartolomeu e Sé Nova),

enquanto as menos vulneráveis correspondem a Brasfemes, Torre de Vilela e Assafarge. As áreas de

expansão recente da cidade (Santo António dos Olivais, S. Paulo de Frades, Antanhol, Assafarge,

Torre de Vilela) apresentam uma vulnerabilidade baixa e as freguesias mais rurais e mais distantes da

cidade apresentam novamente uma vulnerabilidade elevada (S. João do Campo, S. Silvestre, S.

Martinho de Árvore, Lamarosa, Ceira e Torres do Mondego).

Entre 1865 e 2013, ocorreram 41 ondas de calor e 9 ondas de frio em Coimbra.

As situações sinóticas que estiveram associadas às ondas de calor analisadas no estudo de caso

corresponderam à existência de um anticiclone dinâmico na área do Arquipélago dos Açores, que se

estendia em direção à Europa, levando à circulação em Portugal, de uma massa de ar vinda do

quadrante Leste, ou seja de ar quente e seco proveniente do interior da Europa. Nalguns casos, esteve

presente uma depressão de origem térmica centrada na Península Ibérica ou a sul do território

continental português, levando a que este fosse afetado também por ar quente e seco originário do

Norte de África.

Durante a ocorrência de ondas de calor e de frio registou-se o aumento da mortalidade, no

distrito de Coimbra, contudo apresentando diferentes padrões.

Apesar do reduzido número de ondas de calor e de frio analisadas, ao estabelecer-se uma

comparação, as ondas de calor são responsáveis por uma sobremortalidade maior. A onda de calor de

29 de julho a 3 de agosto de 2003 resultou em 19 óbitos em excesso. A onda de calor de 11 a 17 de

julho de 2006 apresentou 31 óbitos em excesso e a onda de calor de 4 a 11 de agosto de 2006 também

apresentou 31 óbitos em excesso. No caso da onda de calor de 24 a 30 de julho de 2010 originou 34

óbitos em excesso. Relativamente à onda de frio de 8 a 16 de fevereiro de 1983, esteve associada a 9

óbitos em excesso (valor bastante inferior aos valores de mortalidade em excesso anteriormente

apresentados associados às ondas de calor), visto que a mortalidade associada ao frio aumentou 7 dias

após o início da onda, prolongando-se nos dias subsequentes. No caso das ondas de calor, verificou-se

que a mortalidade aumenta nos 3 dias após o início dos eventos e prolongando-se nos dias

subsequentes.

100

Referentemente às principais causas de morte, no que concerne às ondas de calor, averiguou-

se maior mortalidade nas doenças circulatórias e respiratórias e no que diz respeito à onda de frio de 8

a 16 de fevereiro de 1983, foi responsável por maior mortalidade nas doenças circulatórias e isquémica

do coração. A mortalidade foi maior nos idosos (≥ 65 anos de idade) e nas mulheres (que constituem

grande parte da população idosa).

No caso das ondas de calor verifica-se uma relação entre a intensidade, a duração e a

mortalidade. A onda de calor de 29 de julho a 3 de agosto de 2003, com a duração de 6 dias, esteve

associada a 19 óbitos e abarcando os 6 dias subsequentes averiguaram-se 63 óbitos em excesso. A

onda de calor de 11 a 17 de julho de 2006, com a duração de 7 dias, apresentou 31 óbitos em excesso e

englobando os 6 dias subsequentes apresentou o excesso de 28 óbitos. No que concerne à onda de

calor de 4 a 11 de agosto de 2006, com a duração de 8 dias, esteve associada a um excesso de 31

óbitos e, abarcando os 6 dias subsequentes, a mortalidade em excesso foi de 34 óbitos; assim devido à

ocorrência destes dois eventos num curto espaço de tempo conduziu a mortalidade elevada. Quanto à

onda de calor de 24 a 30 de julho de 2010 (com a duração de 7 dias) esteve associada a 34 óbitos em

excesso e, abarcando os 6 dias subsequentes, contabilizaram-se 44 óbitos em excesso.

Em 2006 ocorreram duas ondas de calor num curto espaço de tempo (11 a 17 de julho e 4 a 11

de agosto). Apesar de no estado da arte se referido que alguns autores (RIBEIRO, 2008: 15, citando

KALKSTEIN e VALIMONT, 1987), indicam que nestes casos, durante a primeira onda de calor

morre mais população do que na segunda onda de calor, em virtude da população mais idosa e mais

frágil assim como com patologias ter falecido. Porém, neste caso de estudo não é possível averiguar

essas conclusões, visto que em ambas as ondas de calor, o excesso de mortalidade foi de 31 óbitos.

Não se pode prevenir a ocorrência de ondas de calor e de ondas de frio, porém podem-se

prevenir os efeitos destes riscos climáticos através do desenvolvimento do ordenamento e planeamento

do território, nomeadamente no que diz respeito à diminuição da vulnerabilidade, essencialmente da

vulnerabilidade social.

Quanto às limitações desta dissertação, inicialmente o trabalho consistia em analisar a

mortalidade ocorrida nas freguesias do concelho de Coimbra. Contudo, face ao segredo estatístico

inerente aos dados de mortalidade diária, procedentes do INE, quando o número de óbitos é inferior a

3 pessoas, ficou impossibilitada esta análise mais profunda às escalas de freguesia e de concelho, visto

que, devido ao baixo número de óbitos diários por freguesia, a maior parte dos dados estava sob

segredo estatístico. Assim, analisou-se o excesso de óbitos para o conjunto do distrito de Coimbra.

Esta limitação condiciona, de alguma forma, as conclusões, impedindo um nexo de vulnerabilidade

analisada à escala de freguesia e os resultados finais em termos de mortalidade, todavia, tendo em

atenção anteriores investigações (GUERREIRO, 2011) aplicou-se semelhante metodologia, apesar das

diferentes escalas territoriais usadas.

101

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