Date post: | 27-Feb-2023 |
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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
MARIA HELENA LIMA MATTEI
MALHARIA RETILÍNEA:
coleção feminina outono/inverno 2009
Balneário Camboriú
2008
1
MARIA HELENA LIMA MATTEI
MALHARIA RETILÍNEA:
coleção feminina outono/inverno 2009
Monografia apresentada como requisito
parcial para a obtenção do título de Bacharel
em Design de Moda pela Universidade do
Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário
Camboriú.
Orientador: Prof.(a): Mônica Krinke
Balneário Camboriú
2008
2
MARIA HELENA LIMA MATTEI
MALHARIA RETILÍNEA:
coleção feminina outono/inverno 2009
Esta monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em
Design de Moda e aprovada pelo curso de Design de Moda da Universidade do
Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário Camboriú.
Área de concentração: Moda e Malharia Retilínea
Balneário Camboriú, 24 de novembro de 2008.
______________________________________
Prof. (a): Mônica Krinke
UNIVALI – CE de Balneário Camboriú
Orientadora
______________________________________
Prof. (a): Bianka Cappucci Frisoni
UNIVALI – CE de Balneário Camboriú
Membro
______________________________________
Prof. (a) Caroline Macedo
UNIVALI – CE de Balneário Camboriú
Membro
3
DEDICATÓRIA
Dedico a todos que lerem o projeto. Por alguma razão em especial estão acessando ele. Que lhe seja no mínimo útil.
4
Agradecimentos
A Deus, por me ouvir, me guiar e proteger sempre.
Ao meu pai Celso, à minha mãe Ilka e aos meus irmãos Gabi, Lú e Di, pelo amor incondicional.
Aos meus amigos do coração.
Ao Sr. Édio e ao Sr. Vicente pelo apoio e gentileza.
À professora e orientadora Mônica Krinke, pela confiança no meu trabalho.
A todos os demais que de alguma forma me trouxeram algo de positivo.
5
RESUMO
Mesmo presente em quase todas as coleções de vestuário das marcas atuantes hoje no mercado, sendo estas de pequeno, médio ou grande porte, a malharia retilínea nem sempre foi considerada ou reconhecida como artigo de moda. Há pouco, eram percebidas raras inovações neste segmento e/ou ênfase do mesmo nos principais desfiles de moda nacionais e internacionais. Hoje, compreende-se que o mercado mundial de produtos em malha, ainda que inerme, vêm se atualizando e conquistando um espaço entre as araras e os objetos de desejo dos consumidores em geral, já no Brasil, marcas especializadas neste segmento ainda são pouco consideradas. Observando os dados mercadológicos positivos de crescimento do setor, em razão do investimento em inovações tecnológicas e em profissionais de design, o relatório desta presente pesquisa vem a ser apresentado com a finalidade de análise e de desenvolvimento de uma coleção feminina diferenciada em malharia retilínea para o outono/inverno 2009 no segmento esporte fino, buscando no estilo artístico Op Art a inspiração para a concepção dos modelos, a fim de atender as expectativas do mercado e do público alvo.
Palavras – Chave: Moda; Malharia; Arte; Coleção.
6
ABSTRACT
Even present in almost all collections of the clothing brands active in the market today, being of low, medium or large, the knitwear wasn’t always considered or recognized as a fashion article. Since shortly behind, were perceived few innovations in this segment and / or emphasis of them in the national and international fashion weeks. Today, it is understandable that the world market for knitted products, even though shy, have been updating and conquering a space between the closets and the objects of desire of consumers in general, but in Brazil, specialized brands in this segment aren’t still largely considered. Noting the positive data market for growth of the sector, in reason with the investment in technological innovations and design professionals, the report of this research is to be presented with the purpose of analysis and development of a fall 2009 knitwear innovative women’s collection in the fine sports segment, searching in artistic style Op Art the inspiration for the design of the models, in order to meet market expectations and the target audience.
Keywords: Fashion; Knitwear; Art; Collection.
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Método de MUNARI (1991) – Metodologia de Projeto............................... 16
Figura 2: Tear de Malharia Retilínea............................................................................ 22
Figura 3: Tear Jacquard Antigo.................................................................................... 23
Figura 4: Carro Intarsia................................................................................................ 24
Figura 5: René Lacoste................................................................................................. 30
Figura 6: Camisas Pólo Lacoste................................................................................... 31
Figura 7: Campanha Inverno 2008/2009 Lacoste......................................................... 31
Figura 8: Missoni 1968................................................................................................. 32
Figura 9: Campanha Inverno 2008/2009 Missoni........................................................ 33
Figura 10: Modelo do desfile Inverno 2008/2009 Sonia Rykiel.................................. 34
Figura 11: Modelo Sonia Rykiel.................................................................................. 35
Figura 12: Desfile Tributo à Sonia Rykiel.................................................................... 36
Figura 13: HQ Michael Paulus..................................................................................... 37
Figura 14: Dietrich por Vik Muniz............................................................................... 37
Figura 15: Arte de Alan Fletcher.................................................................................. 38
Figura 16: Capa novo cd Björk..................................................................................... 38
Figura 17: Drama.......................................................................................................... 39
Figura 18: Cores Drama............................................................................................... 40
Figura 19: Austeridade................................................................................................. 40
Figura 20: Cores Austeridade....................................................................................... 41
Figura 21: Performance................................................................................................ 41
Figura 22: Cores Performance............................................................................. 42
Figura 23: Evasão......................................................................................................... 42
Figura 24: Cores Evasão............................................................................................... 43
Figura 25: Vestido em Malharia Retilínea................................................................... 43
Figura 26: Gola Ampla................................................................................................. 44
Figura 27: Mix de Pontos............................................................................................. 44
Figura 28: Cartela de Cores Inverno 2009................................................................... 45
Figura 29: Padronagem Argyle.................................................................................... 45
Figura 30: Painel Semântico de Publico Alvo............................................................. 47
8
Figura 31: Painel Semântico de Conceito.................................................................... 48
Figura 32: Painel Semântico de Temática.................................................................... 49
Figura 33: Zebra de Victor Vasarely............................................................................ 50
Figura 34: Op Art na Moda dos Anos 60..................................................................... 51
Figura 35: Modelo Sandra Backlund -1....................................................................... 52
Figura 36: Modelo Sandra Backlund -2....................................................................... 53
Figura 37: Modelo Sandra Backlund -3....................................................................... 53
Figura 38: Malharia Luminosa de Mary Huang........................................................... 54
Figura 39: Cartela de Cores da Coleção....................................................................... 56
Figura 40: Cartela de Combinação de Cores da Coleção............................................. 57
Figura 41: Cartela de Padronagens da Coleção............................................................ 58
Figura 42: Cartela de Materiais da Coleção................................................................. 59
Figura 43: Cartela de Aviamentos da Coleção............................................................. 60
Figura 44: Etiqueta Informacional............................................................................... 82
Figura 45: Símbolos de Conservação para Modal........................................................ 83
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 11
1.1 Contextualização.................................................................................................... 11
1.2 Justificativa............................................................................................................ 13
1.3 Definição do Problema ......................................................................................... 13
2 OBJETIVOS........................................................................................................ 14
2.1 Objetivo Geral....................................................................................................... 14
2.2 Objetivos Específicos............................................................................................ 14
3 METODOLOGIA................................................................................................ 15
3.1 Metodologia de Pesquisa....................................................................................... 15
3.2 Metodologia de Projeto......................................................................................... 16
3.2.1 Método................................................................................................................ 16
3.2.2 Ferramentas de Projeto....................................................................................... 17
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................... 19
4.1 Design.................................................................................................................... 19
4.2 Moda...................................................................................................................... 20
4.3 Malharia Retilínea................................................................................................. 21
4.4 Traje Esporte Fino................................................................................................. 26
5 PESQUISAS........................................................................................................ 27
5.1 Pesquisa de Campo................................................................................................ 27
5.2 Pesquisa de Mercado............................................................................................. 28
5.2.1 Mercado de Moda Feminina............................................................................... 28
5.2.2 Concorrentes....................................................................................................... 29
5.2.2.1 Lacoste............................................................................................................. 29
5.2.2.2 Missoni............................................................................................................ 31
5.2.2.3 Sonia Rykiel..................................................................................................... 33
5.3 Macrotendências Inverno 2009.............................................................................. 36
5.4 Tendências Outono Inverno 2009.......................................................................... 39
5.4.1 Megatendências.................................................................................................. 39
5.4.2 Tendências de Desfiles....................................................................................... 43
5.5 PFFOA................................................................................................................... 46
10
6 CONCEITUAÇÃO.............................................................................................. 47
6.1 Painéis Semânticos................................................................................................ 47
6.1.1 Painel de Público Alvo....................................................................................... 47
6.1.2 Painel de Conceito.............................................................................................. 48
6.1.3 Painel de Temática.............................................................................................. 49
6.2 Temática................................................................................................................ 49
6.3 Estado do Design................................................................................................... 52
7 CONCEPÇÃO DA COLEÇÃO.......................................................................... 55
7.1 Técnicas de Criatividade........................................................................................ 55
7.1.1 Brainwriting ....................................................................................................... 55
7.1.2 Mescrai............................................................................................................... 55
7.2 Cartela de Cores..................................................................................................... 55
7.3 Cartela de Combinação de Cores........................................................................... 57
7.4 Cartela de Padronagens.......................................................................................... 58
7.5 Cartela de Materiais............................................................................................... 59
7.6 Cartela de Aviamentos........................................................................................... 60
7.7 Aspectos Funcionais / Estéticos / Simbólicos....................................................... 60
7.8 Coleção.................................................................................................................. 62
8 DETALHAMENTO............................................................................................ 79
8.1 Briefing.................................................................................................................. 79
8.2 Fichas Técnicas...................................................................................................... 80
8.3 Dados Ergonômicos............................................................................................... 80
8.3.1 Dados Antropométricos...................................................................................... 80
8.3.2 Dados Biomecânicos.......................................................................................... 80
8.3.3 Usabilidade/ Informacional................................................................................ 80
8.4 Marketing............................................................................................................... 83
8.4.1 Produto................................................................................................................ 83
8.4.2 Preço................................................................................................................... 84
8.4.3 Praça................................................................................................................... 84
8.4.4 Promoção............................................................................................................ 84
9 CONCLUSÃO...................................................................................................... 86
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 87
11 APÊNDICES........................................................................................................ 94
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
O mais antigo indicio da existência de têxteis na história da humanidade data de mais
de 24 mil anos, segundo Olga Soffer, professora da Universidade de Illinois e antropóloga.
Soffer, após a queda do muro de Berlim, visitou os paises do leste europeu, onde encontrou
preciosidades que documentam a presença da tecelagem no Período Paleolítico1 (PEZZOLO,
2007, p. 13).
A História documenta que as primeiras fibras têxteis cultivadas pelo homem na
Antiguidade foram o linho e o algodão, no campo vegetal, e a lã e a seda, no campo animal. A
tecelagem, considerada uma das artes mais antigas do mundo, surgiu entre os homens como
forma de proteção. O homem encontrava na trama de galhos e folhas uma forma de se
resguardar, valendo-se desse tipo de trabalho para proteger seu corpo (PEZZOLO, 2007, p.
10).
Os primeiros tecidos nasceram da manipulação das fibras com os dedos. Assim o
homem deu inicio à arte da cestaria, e de sua evolução surgiram os primeiros tecidos.
Descobrindo novos modos de entrelaçar, novos desenhos foram criados e outras texturas
foram sendo descobertas. Os primeiros cestos e os primeiros têxteis se diferenciavam não
apenas pelas técnicas usadas em sua elaboração, mas, principalmente pela escolha de
materiais a serem tramados. Fibras elásticas garantiam tecidos flexíveis (PEZZOLO, 2007 p.
11).
Os teares utilizados para a malharia variam não só por serem mais ou menos
modernos, mas também pelo sistema que oferecem para a formação da malha. Os sistemas
básicos são dois: malharia por trama (trabalha com o entrelaçamento na direção horizontal), e
malharia por urdume (trabalha com o entrelaçamento somente no sentido longitudinal). Os
retilíneos produzem qualquer tipo de malha para o vestuário, alem de golas e punhos para
camisas tipo pólo, blusões, agasalhos, entre outros (JONES, 2005 p. 124).
O segmento de malharia retilínea vive um descompasso entre a forma como as
empresas estão acostumadas a atuar no mercado interno e os movimentos da economia
1 Período Paleolítico: Também conhecido como a Idade da Pedra Lascada, que vai ate 10.000 a.C., quando começa a Idade da Pedra Polida (PEZZOLO, 2007 p. 13).
12
mundial. Há pouco tempo, os produtores de peças de tricô disputavam clientes apenas com
concorrentes do mercado doméstico. Hoje, um dos principais protagonistas no duelo pela
conquista do mercado nacional são os produtos chineses, que entram no Brasil com preços até
60% mais baixos. Para sobreviver no cenário globalizado, as malharias instaladas nos pólos
de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo colocaram em curso uma operação de
mudança do posicionamento estratégico: para sobreviver à forte competição interna e externa,
fiações, tecelagens e confecções apostam em novos mercados, novas matérias-primas e na
modernização de maquinários ( TREPTOW, 2003 p. 18).
Observando na atualidade a intensa presença de peças em malharia retilínea nas
coleções de outono/inverno das principais grifes mundiais, percebe-se um nicho de mercado
quanto a uma marca nacional, que seja especializada no segmento de malharia por trama e
que possua capacidade produtiva e criativa para concorrer com o mercado externo.
Considerando a afirmativa relatada, o projeto de pesquisa a ser apresentado visa o
desenvolvimento de uma coleção feminina em malharia retilínea para o outono/inverno 2009
no segmento esporte fino, trazendo inovação quanto a formas e texturas a fim de atender aos
anseios das consumidoras e instigando assim, um investimento em design por parte das
marcas nacionais que atuam no setor.
Os conceitos básicos de design, de moda e de malharia por trama e urdume, são
descritos ao longo do relatório, como também um breve panorama a respeito do mercado de
moda feminina atual, somado a análise mercadológica dos concorrentes e as definições de
fios.
O público alvo a que este projeto se dirige compreende jovens mulheres de estilo
clássico/moderno, elegantes, informadas, com apelo consumista, interessadas em moda,
gastronomia, música, cinema e freqüentadoras de ambientes distintos. Costumam viajar com
freqüência, possuem um cuidado especial com a saúde física e mental praticando esportes e
priorizando sempre uma boa leitura.
A temática selecionada para o desenvolvimento da coleção trata-se do estilo artístico
Op Art2, que foi considerado pelos críticos tradicionais da década de 60 como uma derivação
do expressionismo abstrato3. Este estilo influenciará na coleção principalmente quanto à
padronagem dos panos e a cartela de cores, formada por tons contrastantes, característicos da
arte óptica. Quanto à silhueta aplicada nos modelos, o estudo das macrotendências e das
2 Op Art: Expressão derivada do inglês optical art, que se traduz por arte óptica (VANNUCHI, 2008). 3 Expressionismo Abstrato: movimento artístico americano das décadas de 50 e 60 cuja a principal característica foi a revolta contra a pintura tradicional (MÁSTER, 2008).
13
tendências de moda outono/inverno 2009, cedidas pelo portal de moda WGSN (2008)4, será
fundamental, pois as formas das criações valer-se-ão das mesmas.
A metodologia utilizada na concepção deste projeto baseia-se no modelo de MUNARI
(1998), porém sofrendo algumas modificações, visando a melhor organização e efetivação das
etapas até a conclusão do mesmo. Serão ainda aplicadas ferramentas de pesquisa como:
briefing, cronograma, PFFOA, painéis semânticos; e técnicas de criatividade como:
brainwriting e MESCRAI, que serão descritas conforme o decorrer do presente relatório.
1.2 Justificativa
As novidades e inovações na cadeia produtiva de produtos em malharia por trama
juntamente com o incentivo em design e criatividade, estão fazendo com que o setor conquiste
um espaço cada vez maior no mercado mundial de moda. Nas ultimas coleções nacionais e
internacionais de outono/inverno, observa-se a contínua presença de peças em malharia
retilínea, porém desta vez e cada vez mais, com um perceptível investimento em criação. No
Brasil, o mercado apresenta lacunas que podem ser preenchidas por produtos com qualidade
assegurada desde a matéria prima até a confecção, com design inovador e ainda com uma
forte estratégia de marketing.
1.3 Definição do Problema
Como desenvolver uma coleção feminina diferenciada em malharia retilínea para o
outono/inverno 2009 no segmento esporte fino, que possa concorrer diretamente com marcas
nacionais e internacionais especialistas no mesmo segmento?
4 WGSN: Sigla de Worth Global Style Network, é um portal fundando em 1998, em Londres, líder mundial em serviços de pesquisa, análise de tendências e notícias para as indústrias de moda e estilo (FREITAS, 2008).
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2 OJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Desenvolver uma coleção feminina diferenciada em malharia retilínea para o
outono/inverno 2009 no segmento esporte fino.
2.2 Objetivos Específicos
• Apresentar peças exclusivas, de design contemporâneo e de forte apelo visual
devido ao estilo artístico Op Art usado como referência;
• Atender às expectativas e exigências do público alvo a fim de instigar o
consumo para o crescimento do setor de malharia retilínea;
• Priorizar a qualidade da matéria prima e da confecção dos modelos aliada à
ergonomia, salientando assim o conforto característico da malharia por trama e,
• Utilizar as tendências de moda para o outono/inverno 2009 em cores e em
formas na concepção da coleção.
15
3 METODOLOGIA
3.1 Metodologia de Pesquisa
Define-se como pesquisa o conjunto de ações propostas para encontrar a solução de
um problema, tendo por base procedimentos racionais e sistemáticos. È uma atividade
cotidiana considerada uma atitude, um questionamento sistemático crítico/criativo com a
intervenção competente na realidade, ou o diálogo crítico permanente com a realidade em
sentido teórico prático, ou seja, a pesquisa é realizada quando se tem um problema e não se
têm informações para solucioná-lo (TAFNER, SILVA e WEIDUSCHAT, 2003 p. 26).
A presente pesquisa, referente ao desenvolvimento de uma coleção em malharia
retilínea, pode ser classificada em relação a sua natureza como uma pesquisa aplicada, pois
objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas
específicos, envolvendo verdades e interesses locais. Em relação à abordagem do problema,
classifica-se esta pesquisa em pesquisa qualitativa por considerar-se que há um vínculo
indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido
em números, não requerendo assim o uso de métodos e técnicas estatísticas (números),
utilizando por isso do ambiente natural como fonte direta de coleta de dados (TAFNER,
SILVA e WEIDUSCHAT, 2003 p. 26).
Do ponto de vista de seus objetivos, a pesquisa se classifica como exploratória, pois
visa proporcionar uma maior intimidade com o problema na intenção de torná-lo explícito ou
construir hipóteses, envolvendo um levantamento bibliográfico e entrevistas com quem já
obteve experiências práticas referentes ao assunto pesquisado. Já em relação aos
procedimentos técnicos, é classificada como pesquisa bibliográfica, por ser elaborada a partir
de material já publicado, constituído principalmente de livros e artigos de periódicos, no caso,
consultados na rede integrada de bibliotecas universitárias e acervo bibliográfico pessoal,
além de informações disponibilizadas pelo sistema de internet em sites de consultas idôneos e
que o conteúdo literário seja condizente com a veracidade dos fatos (TAFNER, SILVA e
WEIDUSCHAT, 2003 p. 26).
16
A pesquisa será fundamentada a partir do emprego da técnica de
observação5assistemática, individual que não tem planejamento e controle previamente
elaborados e será feita somente por um pesquisador, através de amostragem acidental em que
uma amostra é formada por aqueles elementos que vão aparecendo, que são possíveis de se
obter até completar o número de elementos da amostra, abordando o público feminino
residente nas regiões sudeste e sul do Brasil, por serem os maiores consumidores nacionais de
produtos de malharia, tendo em vista o clima frio no inverno em tais áreas. Soma-se ainda ao
contexto da pesquisa, uma entrevista direcionada e padronizada com o Sr. Édio Feron,
empresário do setor de malharia retilínea no Rio Grande do Sul, abrangendo dados referentes
a sua empresa e ao setor em questão (TAFNER, SILVA e WEIDUSCHAT, 2003 p. 26) Ver
modelo da entrevista em Apêndice A.
3.2 Metodologia de Projeto
A metodologia proporciona ao projetista a sustentação necessária para que sejam
executadas as etapas básicas do processo projetual, auxiliando na organização das tarefas
tornando-as mais claras e precisas. É um conjunto de instrumentos de navegação que tornam
mais fácil a orientação durante o processo projetual (SANTOS, 2005 p. 13).
3.2.1 Método
A metodologia a ser seguida na concepção deste projeto foi baseada no modelo de
MUNARI (1991), que auxilia na melhor organização e efetivação do projeto, dividindo a
pesquisa em etapas de ordem linear e lógica, objetivando atingir o melhor resultado com o
menor esforço. Algumas adaptações serão feitas de acordo com a necessidade das etapas de
pesquisa, a fim de garantir maiores informações e detalhamentos no projeto (MUNARI,
1991).
O modelo de MUNARI (1991) a ser seguido como metodologia de projeto está
formatado e adaptado conforme a Figura 1 abaixo:
PESQUISA DE MERCADO
PROBLEMA 1 – Déficit de oferta de produto nacional diferenciado em malharia retilínea
PROBLEMA 2 – Coleção de vestuário feminino em malharia retilínea no segmento esporte fino
5 Observação: Ocorre quando se utiliza os sentidos n obtenção de dados de determinados aspectos da realidade (TAFNER, SILVA e WEIDUSCHAT, 2003 p. 37).
17
DEFINIÇÃO DO PROBLEMA - Desenvolver uma coleção feminina diferenciada em malharia retilínea visando
atender os anseios do mercado e do público alvo.
RECOLHIMENTO DE DADOS – pesquisa de campo observacional.
ANALISE DOS DADOS – analise da pesquisa de campo.
PESQUISA TENDENCIAS – Cores, fios, formas, comportamento.
PESQUISA DO ESTADO DO DESIGN – o que há de novidade no segmento pesquisado
CRIATIVIDADE – linha feminina em malharia retilínea no segmento esporte fino, com cartela, combinação de
cores e padronagens inspiradas no estilo artístico Op Art.
MATERIAIS E TECNOLOGIAS
PEÇA PILOTO
EXPERIMENTAÇÃO / AMBIENTAÇÃO
VERIFICAÇÃO
MODIFICAÇÕES – adaptações e conserto das falhas percebidas na etapa de verificação.
DESENHO FINAL – modelo corrigido
SOLUÇÃO – produto pronto para venda e uso.
DEFINIÇÃO DE MARKENTING – escolha e introdução da melhor estratégia de venda.
Figura 1: Método de MUNARI (1991) – Metodologia de Projeto Fonte: Adaptado de Munari, 2002.
3.2.2 Ferramentas de Projeto
As ferramentas usadas durante o projeto são recursos físicos ou lógicos aplicados em
um momento específico com o objetivo de auxiliar o designer em uma tarefa específica. Na a
elaboração deste projeto de pesquisa foram utilizadas as ferramentas de projeto cronograma,
painel semântico, PFFOA e briefing, descritos em ordem de uso a seguir:
* Cronograma: como forma de divisão de tarefas em espaço de tempo, será utilizado o
cronograma como ferramenta para auxiliar na melhor organização para o cumprimento das
etapas a serem desenvolvidas no projeto, (Ver em Apêndice B).
* Painel Semântico: ferramenta que auxilia na definição das características semânticas
e conceituais que os produtos a serem desenvolvidos apresentarão, mapeando ainda o público
alvo focado;
18
* PFFOA: sigla de pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças que são
determinados como ferramenta para análise de mercado, e
* Briefing: soma de conhecimentos que abrangem a situação de mercado e o produto
ou serviço em relação a suas características intrínsecas, aos concorrentes e aos objetivos
gerais da empresa e do plano de marketing, em termos de venda ou imagem. (BAXTER,
1998).
Paralelamente, as técnicas de exploração do processo criativo têm por objetivo gerar
mais e melhores idéias em um espaço de tempo menor, trilhando caminhos muitas vezes
inovadores e não explorados anteriormente. Como técnicas de exploração do processo criativo
que serão utilizadas na etapa de geração de alternativas podem ser citadas:
* Brainwriting: técnica aplicada em grupo, onde várias idéias são discutidas para a
resolução de um determinado problema, baseando-se no princípio de quanto mais idéias
melhor, e
* MESCRAI: sigla para modifique (aumente, diminua), elimine, substitua, combine,
rearranje, adapte e inverta, atuando como uma lista de verificação para se efetuar mudanças
no produto (BAXTER,1998).
19
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4.1 Design
O termo design deriva, originalmente, de designare, palavra escrita em latim, sendo
mais tarde adaptada para o inglês, design. Portanto, design é o fator central da humanização
inovadora de tecnologias e o fator crucial para o intercâmbio econômico e cultural
(BÜRDEK, 2006).
O design é uma atividade que diz respeito a produtos, serviços e sistemas concebidos a
partir de ferramentas, organizações e lógica introduzidos pela industrialização e não apenas
quando produzidos por meio de processos seriados. Ou seja, é um esforço criativo de
profissionais que relaciona à configuração, concepção, elaboração e especificação de um
artefato (utensílios domésticos, vestimentas, máquinas, ambientes, imagens, peças gráficas,
livros, e interfaces de programas). Esse esforço normalmente é orientado por uma intenção ou
objetivo, ou para a solução de um problema (PASTORELLO, 2008).
Existem diversas especializações, de acordo com o tipo de coisa a projetar.
Atualmente as mais comuns são o design de produto, design gráfico, design de moda e o
design de interiores (FUNCEB, 2008).
O design procura identificar e avaliar relações estruturais, organizacionais, funcionais,
expressivas e econômicas, visando:
- ampliar a sustentabilidade global e a proteção ambiental (ética global),
- oferecer benefícios e liberdade para a comunidade humana como um todo, usuários finais
individuais e coletivos, protagonistas da indústria e do comércio (ética social),
- apoiar a diversidade cultural, apesar da globalização do mundo (ética cultural) e
- dar aos produtos, serviços e sistemas, formas que expressem (semiologia) e sejam coerentes
com (estética) sua própria complexidade (A2D, 2008).
Dessa forma o termo designer se refere a um indivíduo que pratica uma profissão
intelectual, e não simplesmente oferece um negócio ou presta um serviço para empresas.
Finalmente, o design pode ser também uma qualidade daquilo que foi projetado (STEPHAN,
et. al., 2008).
20
4.2 Moda
O que a roupa reflete sobre a cultura de um povo? Por que nos vestimos diferente de
nossos antepassados? Como a sociedade se retrata através da roupa?
A roupa tem acompanhado o homem desde o inicio de sua evolução. O homem pré-
histórico cobria-se com pele de animais para enfrentar situações climáticas e ambientais
adversas. Se avançarmos um pouco no tempo veremos que as primeiras civilizações (assírios,
babilônicos e egípcios) mantinham crenças semelhantes, sendo que seus sacerdotes usam
roupas de pele para rituais religiosos, e muitos dos deuses estavam associados a figura de
animais, além de desenvolverem vestimentas diferentes mas com uma característica em
comum: o uso de fibras naturais tecidas como a lã e o linho. Outro significado místico da
roupa era visto especialmente para identificar a condição do individuo dentro da sociedade
(PEZZOLO, 2007 p. 260).
Com a revolução comercial, a burguesia enriqueceu e tinha, também, acesso a tecidos
trazidos de outros lugares principalmente do oriente. Os estilos eram ditados pelo domínio e
influencia política das nações, fazendo com que cada época da historia da humanidade
apresentasse na roupa detalhes característicos daquele momento (TREPTOW, 2003 p. 25).
È a partir desse fenômeno que podemos falar em moda, abordando-a como um
fenômeno sociocultural que expressa os valores da sociedade, seus usos, seus hábitos e seus
costumes. O design de moda é uma das áreas do design que tem como objetivo o
desenvolvimento de vestuários humanos respeitando todas as características culturais,
técnicas, mercadológicas. Já a moda é a tendência de consumo da atualidade, é composta de
diversos estilos que podem ter sido influenciados sob diversos aspectos. Acompanha o
vestuário e o tempo, que se integra ao simples uso das roupas no dia-a-dia, a um contexto
maior, político, social e sociológico (VINCI, 2008).
Os estilistas utilizam cinco elementos básicos no desenvolvimento de suas criações: a
cor (define a iluminação), a silhueta (define a forma), o caimento (define o movimento), a
textura (define o sensorial, influenciando tambem no caimento e na silhueta) e a harmonia
(define o visual, as combinações) que vão influenciar e determinar a qualidade e a estética do
produto final (TREPTOW, 2003 p. 112).
21
4.3 Malharia Retilínea
Das fibras fiadas, tecidas e coloridas artesanalmente pelos povos da antiguidade até o
que as indústrias têxteis nos oferecem hoje, uma longa e trabalhosa estrada foi percorrida.
Durante muitos séculos, a arte têxtil permaneceu como um trabalho manual em todas as suas
etapas, mas nem por isso deixou de se mostrar incrivelmente bela (PEZZOLO, 2007 p. 143).
As fibras, como matéria prima para a elaboração de tecidos, foram durante muito
tempo obtidas apenas dos animais e das plantas. A lã, antes de ser fiada, já era usada de modo
compacto e prensado. Cascas de árvores, fibras de caules e de folhas foram inicialmente
tramadas para abrigo nas cavernas e as mais maleáveis usadas na proteção do corpo
(PEZZOLO, 2007 p. 118).
Embora se desconheça a data da descoberta do método manual de fazer malha ou
tricotar, recentes descobertas de tecidos de malha no Egito, provam que este método já era
conhecido no século V a.C. Sabe-se, entretanto, que o primeiro tear de malha surgiu na
Inglaterra em 1589 (PEZZOLO, 2007 p. 221).
A malharia retilínea obedece ao principio do tricô artesanal, sendo produzida por
laçadas de agulhas em um tear plano. Difere da malha circular por utilizar o mesmo fio para
formar várias laçadas consecutivas (TREPTOW, 2003 p. 120).
Os tecidos de malharia são formados por laçadas de fios unidas entre si formando
carreiras superpostas. Elas esticam em ambas as direções e tem uma tendência maior para
esticar na largura. Sua elasticidade lhes dá um bom caimento e os faz amarrotar menos, mas
também podem fazer com que percam sua forma com o uso. Como a estrutura é
razoavelmente aberta, tecidos de malharia “respiram” e podem manter o corpo quente ou frio
conforme o fio escolhido (JONES, 2005 p. 124).
A estrutura e a geometria dos tecidos de malha diferenciam-se substancialmente dos
tecidos planos, nos quais a trama e o urdume entrelaçam-se formando uma armação rígida que
resulta em produto final resistente. A malha, ao contrario, não nasce de uma armação trama –
urdume, e pode ser chamada de:
* Malharia por Trama: formada por um único fio que corre continuamente ao longo da
largura do tecido. Ela pode resultar em tecido aberto, com bordas laterais, também chamado
de malharia retilínea, ou circular, como um tubo. Os circulares podem ter diâmetro pequeno
(para meias); diâmetro médio (para camisetas sem costura laterais, cós de cuecas, entre
outros) e diâmetro grande (para tecidos de malha comercializados na forma tubular, como
saem das maquinas, ou abertos, quando uma das laterais é aberta);
22
* Malharia por Urdume: os fios são entrelaçados no sentido do comprimento do
tecido. A largura é determinada pelo número de agulhas existentes em toda a largura da
máquina. Uma agulha para cada fio é disposta lado a lado como fios de urdume na tecelagem
comum, e
* Malharia Mista: quando por trama ou por urdume recebe a inserção periódica de um
fio de trama com a finalidade de dar mais firmeza ao produto (PEZZOLO, 2007 p. 144).
Figura 2: Tear de Malharia Retilínea
Fonte: Jones, 2005 p.124.
Em ambos os casos, o fio assume a forma de laçada, sendo que cada laçada passa por
dentro da laçada anterior sem que exista ponto de ligamento fixo entre elas. Essas laçadas
assumem aspecto de fios em forma curva que se sustentam entre si e são livres para se mover
quando submetidas a alguma tensão, determinando a conhecida flexibilidade da malha, capaz
de fazê-la abraçar as mais complexas formas do corpo humano. O tecido de malha é ainda
elástico porque as laçadas podem escorregar uma sobre as outras, quando sob tensão, e
retornar à posição inicial ao fim desta força. Outra propriedade da malha é a porosidade, o que
lhe oferece excelente conforto (PEZZOLO, 2007 p. 221).
A padronagem é o estudo dos tipos de entrelaçamento dos fios que compõem um
tecido. Na malharia retilínea, observa-se que os métodos para produzir malhas com diversas
cores na padronagem mais utilizados são o jacquard e a intarsia (RIBEIRO, 2003 p. 79).
Até 1970, para se obterem tecidos com desenhos formados pela trama dos fios eram
necessárias cinco pessoas por tear. Meninos posicionados em cima do tear levantavam os fios
23
do urdume, para a passagem da lançadeira com o fio da trama. Esse tipo de trabalho,
minucioso e demorado, foi eliminado com a invenção da maquina Jacquard, por Joseph-Marie
Jacquard, francês de Lyon e filho de tecelão. Apesar de ser inventada em 1790, a primeira
maquina ficou pronta apenas em 1800. Ela permitia movimentar os fios de urdume com um só
tecelão e, assim, diminuir o numero de funcionários. O principio da invenção é utilizar um
sistema de cartões perfurados que atua sobre cada fio de urdidura, a fim de selecionar o
levantamento dos fios que devem criar os desenhos decorativos do tecido. A realização do
tecido de jacquard pede quatro operações: esboço (representação gráfica e colorida, sobre
papel, do futuro desenho jacquard), pintura (reprodução do esboço sobre papel quadriculado
que representa o cruzamento dos fios do urdume e da trama), leitura (operação que consiste
em furar os cartões ou o papel sem fim – papel verdol – a partir do desenho pintado) e
tecimento (trabalho realizado pela máquina que obedece a perfuração dos cartões)
(PEZZOLO, 2007 p.149).
Figura 3: Tear Jacquard Antigo
Fonte: Pezzolo, 2007 p.150.
A intarsia é um acessório que permite tecer uma mesma carreira com qualquer
quantidade de cores diferentes, partindo do princípio de trabalhar uma cor por vez, ou seja,
quando a cor muda, o outro fio fica em espera (TRICOT, 2008).
24
Figura 4: Carro Intarsia
Fonte: Center, 2008.
A utilização de fibras vegetais em tecelagem é provavelmente tão antiga quanto a
agricultura. A tecelagem do linho foi aperfeiçoada no Egito, enquanto o uso do algodão foi
desenvolvido na Índia e o da seda na China. Durante muito tempo, somente as fibras naturais
(vegetais e animais) foram usadas na tecelagem, ate que a necessidade de criar o que não
havia na natureza motivou o surgimento das fibras químicas produzidas em laboratório. Estas
últimas podem ser de dois tipos básicos: fibras químicas artificiais, obtidas pelo tratamento de
matérias primas natural vegetal, animal ou mineral; e as fibras químicas sintéticas,
sintetizadas do petróleo e do carvão mineral principalmente. As primeiras fibras químicas
foram produzidas em 1885 a base de celulose extraída da madeira (PEZZOLO, 2007 p. 118).
São exemplos de fibras naturais vegetais o linho, o algodão, o cânhamo, a juta, o sisal
e a ráfia (esses tipos de fibras possuem sua qualidade aprimorada atualmente controlando
rigorosamente o cultivo, a colheita e demais processos anteriores à fiação). Entre as fibras
naturais animais destacam-se a lã, a seda, a crina, o cashmere, o mohair e o angorá (o cuidado
com os animais é o controle inicial para garantir a qualidade destas fibras, principalmente no
caso da lã onde ate a parte do corpo da qual a lã é retirada é decisiva para a qualidade da fibra,
do fio e do tecido). Como exemplo de fibras químicas artificiais temos: a viscose, o Modal, o
Liocel e o Lanital. Entre as fibras químicas sintéticas podemos citar o náilon, os acrílicos, o
poliéster e o elastano. Sob o ponto de vista industrial, uma das principais diferenças entre a
fibra natural e a química diz respeito ao tamanho, pois as naturais são fibras curtas (com
exceção da seda) e as químicas provem de filamentos contínuos. O controle da qualidade das
fibras químicas artificiais ou sintéticas é constante durante todo o processo químico com
aprimoramentos técnicos que oferecem novidades a um mercado promissor. Embora a
25
química ofereça possibilidades ainda desconhecidas no campo da criação, as fibras naturais
continuam sendo parâmetros sob todos os aspectos (ROSA, 2002 p. 17).
Embora na tecelagem os fios ganhem corpo e se transformem em tecido, o papel da
fiação é essencial nesse processo, pois é nela que fibras e filamentos se transformam em fios.
As fibras, antes de se tornarem fios, são preparadas para que se tornem homogêneas e
paralelas. Elas sofrem vários processos para limpeza, estiramento e torção, assim obtêm-se a
coesão necessária para entrarem no tear (PEZZOLO, 2007 p. 117).
Ao observar a produção de peças em malharia retilínea atualmente, identifica-se que a
principal fibra utilizada é o Modal. Segundo Pezzolo (2007), esta fibra ecologicamente
produzida da celulose encontrada na madeira acrescenta características de conforto, maciez e
suavidade aos tecidos. O Modal absorve 33% mais água que o algodão e a evapora 4 vezes
mais rápido, o que proporciona o chamado vapor seco. Modal by Leazing é a marca registrada
da fibra Modal pela empresa Leazing Fibers, da Áustria. No Brasil, a Pégaso, com o suporte
técnico e mercadológico da Leazing, fabrica com exclusividade fios 100% Modal e outras
combinações:
* Modal Algodão: a união da fibra Modal (50%) ao algodão penteado6 (50%) confere
ao algodão brilho sedoso, vivacidade de cores e maciez.
* Modal Acrílico: a mistura de 70% da fibra modal e 30% acrílico resulta em um
tecido levemente invernal, maleável e deslizante.
* Modal Stretsh: usado na produção de malhas com stretsh suave, é obtido da
combinação da fibra Modal (65%) com a poliamida (35%).
* Modal Cotton: mistura poliamida (34%), Modal (33%) e algodão (33%). O resultado
é um fio com elasticidade, maciez e visual opaco.
* Modal Crepe: é obtido pela combinação do Modal (45%) com a poliamida (35%) e o
acrílico (20%). Trata-se de um produto resistente que explora principalmente o visual mescla,
com propriedade stretsh.
* Modal Linho: composição de Modal (40%), algodão (32%), poliamida (20%) e linho
(8%) que resulto em um produto com o visual do linho, mas com maior flexibilidade.
* Pró Modal: combinação de Modal (70%) e Liocel (30%) que fornece produto com
maior resistência e alta estabilidade dimensional, isto é, não encolhe e também não perde sua
forma devido ao uso.
6 Penteado: grupo de fios que passam por um equipamento chamado penteadeira, na qual são eliminadas as fibras mais curtas e as impurezas que não foram retiradas em processos anteriores. Esse processo lhe confere maior qualidade, maior resistência e resultado mais regular, garantindo a menor formação de pilling (bolinhas) na malha acabada (PEZZOLO, 2007 p. 141).
26
A maioria dos equipamentos de malharia foi desenvolvido a partir da técnica do tricô
feito a mão. Hoje o maquinário moderno pode produzir tecidos e roupas muito mais
complexos do que os que poderiam ser feitos a mão. Pelo fato de a industrialização de malhas
em teares retilíneos oferecer uma velocidade impossível de ser alcançada com o tricô manual,
a modernização destes teares aumenta ainda mais a produtividade no setor, o que reforça a
positividade atual neste mercado (PEZZOLO, 2007 p. 118).
Segundo Christian Dior (STONE 2002, p. 93).
“O tecido é para o estilista como a tinta é para o artista:
o meio de expressão criativa.
Os tecidos não apenas expressam o sonho de um
designer, mas também estimulam suas idéias, sendo uma
fonte de inspiração”.
Escolher os tecidos adequados é a chave do sucesso na criação da moda. Não somente
por uma questão de gosto visual, mas também de peso e caimento, preço, disponibilidade,
desempenho, qualidade e época. A adequação de um tecido para a criação de moda provem de
uma combinação de fios, construção, peso, textura, cor, toque e estampa (JONES, 2005 p.
122).
4.4 Traje Esporte Fino
Os ambientes para o uso do traje passeio ou esporte fino ou tênue de ville7 são
ocasiões informais que pedem um toque de formalidade no vestir, assim como almoços,
teatros e vernissages8. Geralmente este traje compõe-se de blusas, túnicas, calças estruturadas,
vestidos, tailleurs ou terninhos. Quanto a tecidos, no verão usam-se algodões, microfibras,
jérseis, e no inverno; veludos, camurças, malhas e sedas. Como acompanhamento, sapatos ou
sandálias de salto, porem sem brilho, bolsa maior para o dia e pequena para a noite (KALLIL,
2004 p. 95).
7 Tênue de Ville: expressão francesa de roupa para ser usada na cidade (VELLOSO, 2008). 8 Vernissages: Pré-estréias culturais (KALIL, 2006 p.95).
27
5 PESQUISAS
5.1 Pesquisa de Campo
A coleção é direcionada a mulheres de estilo clássico, femininas, elegantes,
freqüentadoras de ambientes distintos, informadas, apreciadoras de arte, moda, gastronomia,
música, cinema e que não abrem mão da exclusividade, do bom gosto e do conforto na
compra de produtos, sem restrição de nível social. Costumam viajar com freqüência, possuem
um cuidado especial com a saúde física e mental praticando esportes e priorizando sempre
uma boa leitura. Instiga-se que o público-alvo destinado muito se relaciona ao padrão
europeu, o que induz a uma forte tendência de exportação do produto.
Não se abstendo do público alvo e observando os diferentes climas regionais dos
estados ao sul e ao sudeste do país, frequentemente percebe-se a presença de peças em
malharia retilínea em ambientes formais ou não, no cotidiano das pessoas, tanto em dias de
frio como de calor, fato este devido à instabilidade climática do nosso planeta nos últimos
tempos.
Esta pesquisa observacional percebeu que mesmo sendo alta a freqüência de uso de
peças em malharia retilínea nos mais diversos lugares e ocasiões, combinadas com outras
peças dos mais diversos materiais, a incidência de modelos diferenciados é mínima, quase que
limitada a blusas e cashcouers9, além de cartela de cores restrita e variação de padronagens
insignificante. Fatos estes comprovam a falta de investimento em diferencial no setor, desde a
formação de profissionais especializados e qualificados em desenvolvimento de coleção ou a
não contratação destes por parte das empresas até a falta de aquisição em tecnologia ou
informação.
Contudo neste nicho de mercado no Brasil, observa-se ainda que o público alvo desta
pesquisa limita-se a buscar modelos diferenciados em malharia retilínea apresentados por
marcas internacionais. Mesmo com o difícil acesso a esses produtos e com o alto valor
agregado, o conforto, a inovação, a harmonia estética e o “peso” da logomarca são fatores
positivos que induzem o consumo, fundamentando um dos objetivos específicos desta
pesquisa.
9 Cashcouer: Palavra francesa que significa esconde coração. Refere-se ao tipo de blusa inspirado nas usadas pelas bailarinas durante suas aulas. Cruzada na frente, é amarrada na cintura ou na altura do busto. Geralmente confeccionada em malha ou tricô (SABINO, 2007 p. 134).
28
5.2 Pesquisa de Mercado
5.2.1 Mercado de Moda Feminina
O mercado é definido como a instituição social na qual as pessoas trocam livremente
mercadorias (bens, recursos e serviços) (DWYER; FEGHALI, 2001).
Atrás apenas da agricultura, turismo e informática, as indústrias têxteis e de vestuário
representam juntas a quarta atividade econômica mais importante do mundo. O comércio
mundial da cadeia têxtil movimenta mais de 300 bilhões de dólares por ano. A indústria da
moda está se tornando global quanto a troca de idéias, talentos, materiais e produtos cada vez
mais universais (CASTILHO; VILLAÇA, 2006).
A moda feminina é maior segmento do setor têxtil detendo 57% da participação de
mercado e é o foco de 75% das empresas de estilismo. Um quarto da renda total do atacado é
distribuído a umas poucas empresas, mesmo assim existe uma grande competição no mercado
de moda feminina, e a rotatividade de estilistas e empresários é maior do que nos outros
segmentos. A moda muda mais rapidamente neste setor, e o ciclo da moda pressiona por
processos de “resposta rápida” e de “confecção just in time10” (JONES, 2005 p. 59).
De outra forma, a determinação do ciclo de vida de um produto apresenta limitações
que requerem cautela no processo de resposta para o desenvolvimento de novas estratégias.
Por exemplo, o período de tempo que um produto permanecerá em cada estágio do ciclo é
desconhecido e não pode ser previsto com precisão mesmo para os profissionais da área de
marketing. Assim, embora seja provável que todos os estágios do ciclo venham a ocorrer para
um produto bem sucedido não é possível prever quando um estágio terminará e outro
começará (CHURCHILL, 2000 p. 204).
Na moda o ciclo de vida dos produtos envolve um estagio de diferenciação em que os
definidores de tendência adotam um estilo, seguido por um estágio de imitação em que mais
clientes compram o estilo para se equiparar aos definidores de tendência. Em seguida, vem o
estágio econômico ou de uso em massa em que o estilo torna-se amplamente disponível por
preços de mercado popular e só assim, depois, vem o declínio quando o produto acaba por
sair de moda, onde ficara por certo tempo em desuso e retornará de forma adaptada
novamente a tendência da geração da época. Esta avaliação de ciclo de vida confirma o alto,
contínuo e crescente giro de investimento tanto em novidade quanto em saída de produto
(CHURCHILL, 2000 p. 240).
10 Confecção just in time: modalidade de confecção que atende rapidamente uma demanda do consumidor (JONES, 2005).
29
Utilizando da técnica de entrevista como forma de obtenção de dados do setor de
malharia retilínea, foram aplicadas sete perguntas diretas ao empresário Sr. Édio Feron
atuante no ramo de malharia a 18 anos na cidade de Passo Fundo, Rio Grande do Sul.
O empresário iniciou no setor através de um trabalho de graduação do curso de
Administração de Empresas pela Universidade de Passo Fundo, com objetivo já pré-
determinado a investir na área. Sua empresa hoje atua nos mercados da região sul, atendendo
a demanda de lojas varejistas. Seu público é basicamente feminino com 90% de participação
(dentre esses, 60% senhoras e 30% jovens) e os 10% restantes dirigi-se ao segmento
masculino. Como estratégias de promoção da empresa ele utiliza do meio da pronta entrega e
lança toda semana novos produtos, como forma de manter seu estoque atual e à frente dos
concorrentes. Quanto ao mercado de malharia retilínea nacional, ao contrario do
internacional, ele afirma que está em queda livre, devido ao alto custo operacional e das
máquinas, juntamente com o não surgimento de novas empresas de fios que possam concorrer
com as atuantes hoje no mercado e possibilitar uma baixa no valor do cone e por
conseqüência, do produto final. Quanto a projeções para o futuro da empresa, Édio afirma que
se posiciona em espera, observando como que se comporta o mercado devido aos produtos
chineses que chegam em território nacional com o preço muito inferior ao custo da matéria
prima nacional. Porém, enfatiza que está sempre buscando novas maneiras de trabalhar com o
mercado brasileiro.
5.2.2 Concorrentes
5.2.2.1 Lacoste
Nascido na França em 2 de Julho de 1904, René Lacoste foi o fundador da marca que
data de acordo com o mesmo, do ano de 1927. A história do crocodilo inicia quando René, até
então tenista profissional, fez uma aposta com o capitão da equipe da França na Copa Davis.
O trato consistia em, se René ganhasse um jogo importante para a equipe, em troca levaria
como premiação uma mala de crocodilo que havia gostado ao ver em uma vitrina. O jogo não
fora vencido pelo francês, mas o apelido caiu nas graças da imprensa americana a qual
afirmava que Lacoste jogara com a tenacidade de um crocodilo, não largando jamais a sua
presa. Então, o amigo pessoal do mesmo, Robert George, desenhou um crocodilo que foi
bordado na jaqueta que René usava em terreno de jogo (SABINO, 2007 p.398).
30
Figura 5: René Lacoste Fonte: Lacoste, 2008.
Em 1933, René Lacoste e André Gillier, proprietário da maior companhia francesa de
malhas da época, fundam uma sociedade destinada a fabricar e comercializar a camisa pólo
bordada com o logotipo que o tenista tinha para uso pessoal, bem como de um certo número
de outros modelos de camisas concebidas para tênis, golfe e esportes marítimos. Foi a
primeira vez que uma marca estampou sua etiqueta do lado de fora da roupa, tornando o
logotipo visível, uma idéia que prosperou desde então. Esta camisa revolucionou o hábito de
vestir dos jogadores de tênis da época, habituados a usar camisas clássicas de mangas longas
(CARVALHO, 2008).
A primeira camisa Lacoste era branca, ligeiramente mais curta que suas
contemporâneas, de mangas curtas e com colarinho de bordos cortados. O tecido, leve e
fresco, era o famoso ‘jersey de piquê míudo’. Tornou-se sinônimo de elegância sofisticação
entre os homens de bom gosto. Suas características de conforto e resistência persistem até
hoje, mantendo-o um produto diferente e único. O alto custo da camisa pólo Lacoste deve-se
ao processo de fabricação, onde são usados mais de 20 Km de fio de algodão por cada pólo, o
tingimento leva mais de 12 horas para ser completado. Estes processos fazem com que a
durabilidade da pólo Lacoste seja quase eterna (CARVALHO, 2008).
31
Figura 6: Camisas Pólo Lacoste
Fonte: Carvalho, 2008.
Hoje, os filhos do fundador (falecido em 1996), Bernard e Michel Lacoste, estão à
frente do império. A marca se reposiciona no mercado, investindo em marketing agressivo,
lojas futuristas e coleções coloridas assinadas por designers. Em 2001, pela primeira vez, a
Lacoste integrou o calendário oficial de moda em Paris. Isso foi possível graças à chegada do
estilista Christophe Lemaire ao grupo (SABINO, 2007 p.398).
Figura 7: Campanha Inverno 2008/2009 Lacoste
Fonte: Lacoste, 2008.
5.2.2.2 Missoni
A carreira do casal Rosita e Ottavio Missoni faz também parte das histórias de sucesso
do design de moda italiano. Estes conseguiram apagar a imagem conservadora da moda de
tricô e elevá-la a uma espécie de estilo artístico; alguns de seus desenhos chegaram mesmo a
ser exibidos no Museum of Art de Nova Iorque (SEELING, 2000 p. 528).
32
Ottavio, que triunfou como atleta nos anos 50, já tinha iniciado na moda antes de
conhecer a sua mulher, já que produzira com um amigo, os uniformes de treino em lã da
equipe nacional italiana para as Olimpíadas de 1948. Em 1953, recém casados, Rosita e
Ottavio abriram nos arredores de Milão um pequeno atelier de confecções em lã e passaram a
trabalhar para os armazéns La Rinascente. O negócio, localizado em um prédio onde estvam
acoplados o estúdio de criação e a fábrica, recorre muito depressa aos princípios do estilo para
diferenciar sua produção. Com formas elaboradas pela mulher e com paleta de cores
concebida pelo marido, o casal cria em parceria uma série brilhante e alegre de coleções cuja
excelência de materiais se encontra normalmente aliada a esquemas de cores originais que
levam os pulôveres11, produzidos em pequenas séries, a parecer pequenas obras de arte
(BAUDOT, 2002 p. 256).
Figura 8: Missoni 1968 Fonte: Missoni, 2008.
A partir de 1996, entraram finalmente no mercado com coleções próprias. Os padrões
de Missoni são inconfundíveis, apesar do corte e das cores das coleções estarem sempre em
uníssono com a moda. As cores de Missoni são conseguidas através de uma multiplicidade de
jogos cromáticos e os emocionantes padrões ondulados, frequentemente inspirados em
estruturas africanas e na Op Art, surgem, por seu lado, como uma composição de vários fios,
tingidos de forma distinta. Os Missoni tornaram-se a grande revelação do mundo da moda em
11 Pulôveres: Malha tricotada sem abotoamento, de mangas longas, com comprimento até a cintura ou até os quadris, usada na virada do século para atividades esportivas. Em pontos lisos ou trabalhados, com diversos decotes e adornados com materiais contrastantes (O’HARA, 2000 p. 222).
33
1969, através da famosa diretora da Vogue Americana, Diana Vreeland. O seu entusiasmo
pela coleção jovem e desportiva, que lhe foi apresentada por Rosita Missoni, levou a que o
design Missoni brevemente atingisse um autentico estatuto de culto (BAUDOT, 2002 p. 256).
Figura 9: Campanha Inverno 2008/2009 Missoni
Fonte: Missoni, 2008.
Em 1997, a filha do casal, Ângela, assumiu a direção artística da casa Missoni, que
desde então voltou a ter um lugar de prestígio (SEELING, 2000 p. 528).
5.2.2.3 Sonia Rykiel
O que se consegue fazer com um fio, é o que mostra Sonia Rykiel a partir de 1962. Na
época estava grávida e como não encontrava roupas que lhe servissem, foi ela própria quem
acabou criando e costurando algumas peças, as quais tiveram tanto sucesso que todas as
mulheres queriam ter os mesmos modelos. Começou então a vender os seus produtos na loja
do marido. Logo que deu à luz, seguiram confeccionando a moda para gestantes com vestidos
de malha que acentuavam a silhueta e, logo depois, camisolas, casacos, saias, calças largas,
cachecóis e capas – sempre macios e confortáveis, e por isso do agrado de todas as mulheres,
que também queriam ser elegantes e magras em roupas confortáveis. Em 1968, Sonia Rykiel
abriu sua própria loja em Paris e, cinco anos mais tarde, tornou-se vice presidente da Chambre
Syndicale du Prêt-à-Porter, cargo em que permaneceu durante vinte anos. Os americanos
deram-lhe o nome de Rainha da Malha, e Sonia Rykiel mantém-se nesse trono, tendo se
tornado internacionalmente conhecida, mesmo sem pertencer à alta costura. A sua moda
adapta-se aos tempos livres, não no sentido americano do sportwear12, mas ao estilo francês
que convida a uma ociosidade elegante. Suas marcas registradas são o preto, as listras, os
12 Sportwear: Termo americano que designa roupas para o dia e peças avulsas (O’HARA, 2000 p.257).
34
cristais bordados, as rendas e os famosos suéteres13. A sua linha é solta, estreita, uma
continuação da moda jersey dos anos 30, como Chanel a apresentou pela primeira vez
(SEELING, 2000 p. 390).
Figura 10: Modelo do desfile Inverno 2008/2009 Sonia Rykiel
Fonte: Rykiel, 2008.
Sonia Rykiel se afirma, sobretudo aos olhos das americanas, como a mais legítima
herdeira de Gabrielle Chanel. Rainha da malha colante, em 1974 ela imagina os primeiros
pulôveres com as costuras à mostra e arranja um arsenal, ao mesmo tempo de personalidade e
extremamente prático, que vai permitir à nova mulher desses anos movimentados evoluir
numa sociedade mais aberta sem nada a perder de sua feminilidade. O estilo Rykiel será
depois dominado pelo tricô macio, pelos tons profundos de negro, pelo strass, pelas pequenas
boinas de crochê e pelas echarpes14 compridas como boás. Não só inventou novas técnicas de
tricotar como também criou um estilo que possibilitava a mulher vestir-se de forma
individualizada e única. Criadora, mulher de negócio inteligente, Sonia Rykiel é também uma
grande sedutora que conquistou e conserva a simpatia do mercado americano e que, num
13 Suéteres: Camisa de lã tricotada que, no final do século XIX os esportistas usavam para provocar transpiração. No século XX, a palavra suéter, descreve uma peça de malha de lã, com mangas, que chega à cintura ou um pouco mais abaixo (O’HARA, 2000 p.260). 14 Echarpes: Palavra francesa para designar um tipo de lenço longo em formato de faixa usado em volta do pescoço por homens e mulheres. Geralmente confeccionado em algodão, lã ou seda (SABINO, 2007 p. 241).
35
mundo dominado pelos homens, afirma-se como uma das raras mulheres capazes de fazer
entender sua diferença (BAUDOT, 2002 p. 249).
Em 2007, Nathaly filha de Rykiel foi nomeada presidente da empresa, enquanto que
Sonia expande suas experiências para outras áreas. Já lançou vários livros e para comemorar
seus 40 anos de moda e de contribuições artísticas, ela acaba de receber o titulo da Legião de
Honra da França. Seu papel na moda francesa é tão importante que o diretor Robert Altman
inspirou-se nela para criar a personagem interpretada por Anouck Aimée, no filme “Prêt-a-
Porter”, de 1994. Hoje a marca possui uma vasta gama de linhas, desde fragrâncias,
masculina, feminina, lingerie, infantil e até mesmo de produtos de sex-shop (LACERDA,
2008).
Figura 11: Modelo Sonia Rykiel
Fonte: Rykiel, 2008.
Em 2008, comemorando o 40° aniversario da marca, vários estilistas participaram de
um desfile em homenagem à Sonia Rykiel na semana de moda de Paris, que ocorreu em
outubro deste ano, de surpresa ao termino do desfile oficial da marca. O momento ápice foi a
entrada do último modelo criado por Jean Paul Gaultier, em que a peça simulava o ato de
fazer tricô juntamente com a figura ruiva da estilista homenageada (KALIL, 2008).
36
Figura 12: Desfile Tributo à Sonia Rykiel Fonte: Kalil, 2008.
5.3 Macrotendências Inverno 2009
As macrotendências surgem a partir de um estudo a respeito das questões
comportamentais correlacionadas com os fatos e fenômenos econômicos, de ordem natural,
científica, cultural, política e social que as influenciam. Estas devem ser entendidas como
fluxos, e não como ciclos. Isso faz com que tenha-se a impressão de que os “grandes temas”
são sempre os mesmos. Porém, são justamente as mudanças e as evoluções dos conteúdos
desses temas que importam e que são verdadeiramente estratégicos. Representações, visões de
mundo, valores, atributos, como as pessoas vivem, pensam e se relacionam com ou dentro de
determinada esfera significativa (OLIVEROS, 2007).
Segundo Sefton (2008), de acordo com o portal de moda britânico WGSN (2008), as
macrotendências para o inverno 2009 no hemisfério sul subdividem-se em:
* Perturbado: a proposta é abrir as portas para o pesadelo, para as imagens
obscuras, bizarras e horripilantes. Como referências, filmes de David Lynch, O
Labirinto do Fauno de Guillermo del Toro e o som do Hierate Mich. Nas artes
gráficas, atenção para as dissecações dos personagens de HQ, feito por Michael
Paulus.
37
Figura 13: HQ Michael Paulus
Fonte: Paulus, 2008.
* Elusivo: a segunda macrotendência requer a experimentação das estações do ano, as
mudanças que a luz e o vento podem causar no ambiente. O som é da banda escandinava
Adjágas e a arte é de Vik Muniz que trabalha com alimentos e materiais inusitados.
Figura 14: Dietrich por Vik Muniz
Fonte: Vik, 2008.
* Curadoria: as pessoas não se satisfazem mais pelas compras, elas têm escolhas
responsáveis e se preocupam com a sustentabilidade. A arte gráfica de Alan Fletcher e o
trabalho do joalheiro filipino Federico De Vera são os pontos altos desta tendência. Ouça
Arcade Fire e assista Henry V com Laurence Olivier.
38
Figura 15: Arte de Alan Fletcher
Fonte: Fletcher, 2008.
* Novas Fronteiras: Björk é a peça-chave deste tema. O seu pioneirismo musical e o
novo cd Volta são o tom de arte experimental das novas fronteiras. Turismo no espaço,
vegetais plantados no jardim de casa e o Second Life dividem espaço na nova vida do idoso,
que faz academia, se veste como jovem e mantém uma vida sofisticada.
Figura 16: Capa novo cd Björk
Fonte: Björk, 2008.
39
5.4 Tendências Outono Inverno 2009
As tendências surgiram com o próprio fenômeno da moda, a partir do renascimento.
Nessa época, a adoção de novos padrões visuais ainda não era uma constante e a quebra de
tradições era vista com reservas. Mas alguns grupos vanguardistas15 enxergaram na adoção de
novos valores não uma ruptura com o passado, mas como um processo de evolução. Desta
maneira o surgimento de novos padrões no vestir era visto positivamente como a valorização
do surgimento do “novo”, mesmo que este possua um período de existência limitado e não
tenha a pretensão de durar para sempre (TREPTOW, 2003 p. 49).
5.4.1 Megatendências
O portal nacional de moda Use Fashion (2008) apresenta as megatendências mundiais
na malharia retilínea para o inverno 2009, subdivididas em quatro temas principais:
* Drama: traduzido por suspense, inquietação, turbulências de emoções.
Imagem referência:
Figura 17: Drama
Fonte: Use Fashion, 2008.
15 Vanguarda:Define-se por dianteira, inovador (Aurélio, 2000 p.702).
40
Cartela de Cores:
Figura 18: Cores Drama
Fonte: Use Fashion, 2008.
* Austeridade: retratado pelo vazio, arquitetura minimalista, formas masculinas,
padrão elegante discreto.
Imagem referência:
Figura 19: Austeridade
Fonte: Use Fashion, 2008.
41
Cartela de Cores:
Figura 20: Cores Austeridade
Fonte: Use Fashion, 2008.
* Performance: suas palavras-chave são esporte, design, ergonomia, movimento e
tecnologia.
Imagem referência:
Figura 21: Performance
Fonte: Use Fashion, 2008.
42
Cartela de Cores:
Figura 22: Cores Performance
Fonte: Use Fashion, 2008.
* Evasão: fantasia e utopia na construção de estampas, silhuetas e naturezas. Criar
rotas de fuga para ver de fora e moldar novamente a realidade.
Imagem Referência:
Figura 23: Evasão
Fonte: Use Fashion, 2008.
43
Cartela de Cores:
Figura 24: Cores Evasão
Fonte: Use Fashion, 2008.
5.4.2 Tendências de Desfiles
Como tendências apresentadas nos desfiles internacionais para o inverno 2009, o
portal Use Fashion (2008) mostrou que a malharia retilínea apoderou-se de recursos que
exigiram muita técnica e criatividade. Modelagens desestruturadas e experimentais
apareceram principalmente em Milão e Paris, experimentando a tecnologia na construção de
pontos, incorporando uma dimensão escultórica, em golas amplas e decotes profundos (USE
FASHION, 2008).
Figura 25: Vestido em Malharia Retilínea
Fonte: Use Fashion, 2008.
44
Figura 26: Gola Ampla
Fonte: Use Fashion, 2008.
Figura 27: Mix de Pontos Fonte: Use Fashion, 2008.
45
Cartela de Cores:
Figura 28: Cartela de Cores Inverno 2009
Fonte: Use Fashion, 2008.
A clássica padronagem masculina argyle também aparece como tendência no
vestuário feminino, misturada a modelagens assimétricas e a itens essencialmente femininos
(USE FASHION, 2008 p. 11).
Na malharia retilínea, a argyle é confeccionada com o uso da técnica intarsia,
porém até a década de 90 a composição era feita em jacquard, o que acabava por restringir a
suéteres masculinos. Seu nome deriva de uma região do oeste da Escócia e compreende de
quadrados em forma de diamante que se encadeiam uns aos outros. Usam-se em peças de
malha fina, sobretudo meias, mas também em pulôveres (USE FASHION, 2008 p. 11).
Figura 29: Padronagem Argyle
Fonte: Piza, 2008.
46
5.5 PFFOA
* Pontos Fortes: Mercado em expansão, novas tecnologias.
* Pontos Fracos: Custo de produção e de maquinários.
* Oportunidades: Escasso investimento quanto a design e propostas criativas para
malharia retilínea.
* Ameaças: Marcas internacionais já posicionadas no mercado nacional.
47
6 CONCEITUAÇÃO
6.1 Painéis Semânticos
6.1.1 Painel de Público Alvo
Figura 30: Painel Semântico de Publico Alvo
Fonte: Arquivo do Autor
Público alvo composto de mulheres vaidosas, consumistas, que apreciam viagens,
leitura e moda.
48
6.1.2 Painel de Conceito
Figura 31: Painel Semântico de Conceito:
Fonte: Arquivo do Autor
A coleção tem por conceito conforto (característico da estação a que se dirige), design,
produtos com diferencial se comparado ao ofertado no mercado atualmente, a beleza e a
elegância nas peças.
49
6.1.3 Painel de Temática
Figura 32: Painel Semântico de Temática:
Fonte: Arquivo do Autor
Como temática, a Op Art com suas figuras geométricas e tons contrastantes vem a
somar principalmente quanto as padronagens e a cartela de cores da coleção.
6.2 Temática
A Op Art (abreviatura de Optical Art), nasceu e desenvolveu-se simultaneamente nos
Estados Unidos e na Europa em meados da década de 60. O termo foi empregado pela
primeira vez na revista Times em 1965 e designa uma derivação do expressionismo abstrato.
A razão deste estilo artístico é a representação do movimento através da pintura apenas com a
utilização de elementos gráficos. Com suas pinturas voluptuosas, a Op Art brinca com a
percepção óptica. As cores são usadas a fim de criar efeitos visuais como sobreposição,
movimento e interação entre fundo e o foco principal. Os tons vibrantes, círculos concêntricos
e formas que parecem pulsar são características mais marcantes deste estilo artístico. A Op-
50
Art possui um conceito contemporâneo e deu à arte moderna uma nova visão, levando o
apreciador das artes a fazer uma análise de cada obra (CULTURAL, 2008).
Por ser pouco difundida e estar imersa entre várias influencias que vão desde o
surrealismo à arte moderna, a Op Art não é considerada um movimento genuíno dentro das
artes visuais, sendo reconhecida mais como uma vertente de outras linhas artísticas, como por
exemplo, a arte cinética (Kinetik Art). O limite entre a arte óptica e a arte cinética é bastante
tênue, o que gera confusão entre os dois estilos. A diferença entre ambos é que na arte cinética
os processos ópticos são baseados na percepção do movimento real ou aparente da obra, que
pode ser plana, bi ou tridimensional, enquanto que na arte óptica há apenas movimentos
virtuais, utilizando-se de objetos planos e formas geométricas. Os padrões mais rígidos fazem
com que o apuro nas formas e o estudo detalhado dos fenômenos ópticos sejam os principais
enfoques da Op Art (LOPES, 2008).
A primeira obra que se enquadra neste movimento foi “Zebra”, do artista Victor
Vasarely nos anos 30. A obra era composta por listras diagonais pretas, brancas e curvadas,
passando ao observador a impressão de uma visão tridimensional (EDUCAÇÃO, 2008).
Figura 33: Zebra de Victor Vasarely Fonte: Vasarely, 2008.
A primeira exposição da Op Art, chamada de “The Respondive Eye” (O Olho que
Responde) ocorreu no museu de Arte Moderna de Nova Iorque em 1965. Entre os principais
artistas que expuseram na amostra estão Victor Vasarely, Richard Anusziewicz, Bridget
Riley, Ad Reinhardt, Kenneth Noland e Larry Poons. No entanto, a exposição na teve muito
51
sucesso pelo fato de que, durante um bom tempo, a arte óptica foi renegada aos meios
considerados alternativos nos Estados Unidos e na Europa. No período após a mostra, a Op
Art quase caiu no esquecimento devido à concorrência com o ímpeto atual e apelo emocional
da Pop Art que tomava conta de praticamente todo o cenário artístico mundial. O
aparecimento do computador com suas cores metálicas, formas praticamente matemáticas e
com a facilidade de organização dos elementos, no entanto, reavivou a arte óptica (LOPES,
2008).
A dinâmica da Op Art é alcançada com a oposição de estruturas geométricas idênticas
que interagem umas com as outras, produzindo o efeito óptico. São utilizados também
diferentes níveis de iluminação criando a ilusão de perspectiva. A interação de cores, baseado
nos grandes contrastes (preto e branco) ou na utilização de cores complementares são a
matéria prima da Op Art (LOPES, 2008).
Figura 34: Op Art na Moda dos Anos 60
Fonte: Moda, 2008.
Pintor e escultor húngaro, Victor Vasarely é considerado o pai da Op Art. Estudou em
Budapeste e logo foi para Paris onde trabalhou como designer gráfico em várias empresas de
publicidade. Entre 1946 e 1948, depois de um período de expressão figurativa, Vasarely
decidiu optar por uma arte construtivista e geométrica abstrata. Experimentou o uso de
transparências e cores em projeções, produziu tapeçarias e publicou suas primeiras gravuras.
Seus quadros combinam variações de círculos, quadrados e triângulos, por vezes com
gradações de cores puras, para criar imagens abstratas e ondulantes (MAIOR, 2008).
52
Os críticos mais acerbos da Op Art afirmam que o estilo não é senão arte gráfica, pelo
fato de que a maior parte das obras produzidas dentro dos princípios da tendência, podem
prescindir da cor, funcionando perfeitamente em preto e branco (PITORESCO, 2008).
No estudo dos elementos da comunicação visual, o designer sempre deverá projetar
imagens e levar em conta o fundo sobre o qual elas aparecerão, projetando a figura desejada
de tal modo que ela se destaque do fundo sem possibilidade de outras interpretações, ou então,
conscientemente, pode projetar uma ambivalência de imagens, de maneira que o seu negativo
também tenha valor de comunicação visual o mais exato possível. Grande parte desta
projeção pictória é o que se distingue por Op Art, ou seja, por mais que, possam tratar este
estilo artístico como uma simples arte gráfica banal em preto e branco, o dom principal e
natural de um designer é conseguir alcançar este plano imaginário em qualquer que seja o
produto a ser desenvolvido (MUNARI, 1997 p.18).
6.3 Estado do Design
O estado do design compreende em relacionar o que há de novidade, de inovação na
área pesquisada. E ao analisar malharia retilínea, o trabalho de Sandra Backlund representa o
novo, tanto nesse segmento como na moda como um todo. A designer vem se destacando nos
últimos anos, colecionando prêmios, além de ter sido convidada a criar a coleção especial de
tricô para a marca Luis Vuitton em 2007 (MAG, 2008).
Figura 35: Modelo Sandra Backlund -1
Fonte: Backlund, 2008.
53
Figura 36: Modelo Sandra Backlund -2
Fonte: (Backlund, 2008).
Figura 37: Modelo Sandra Backlund -3
Fonte: Backlund, 2008.
Partindo ainda do princípio de inovação, a designer Mary Huang criou as peças do
projeto “Rhyme & Reason”, em que echarpes e vestidos de malharia de algodão, ganharam
nova leitura ao serem iluminados por duas dúzias de leds luminosos. As baterias das peças
podem ser recarregadas garantindo que nunca percam seu brilho (ABRIL, 2008).
54
Figura 38: Malharia Luminosa de Mary Huang
Fonte: Reason, 2008.
Como material de informação atualizado, a revista Use Fashion, jun/jul 2008 p. 11,
publicou um artigo referente aos novos fios para malharia retilínea verão 2009. As fiações
brasileiras estão apostando em composições de fios que permitam leveza, maleabilidade e
conforto. A fiação Lansul, da Paramount Têxteis, propõe fios leves e finos nos lançamentos:
Mendoza, Seridó 2/36 e Naturale. Já a Trifil apresenta como novidade o fio Flex e o Oyster
(de composição peculiar, onde o filamento do poliéster metalizado é inserido em retorção
especial, proporcionando toque diferenciado) e ainda, a Fios Amparo, apresenta as linhas
Freddo Stretch(que possuem toque gelado) e Premier (toda em algodão, tem a vantagem de
permitir diversos tipos de acabamentos como o tye dye, marmorizado, plissado e peletizado)
(USE FASHION, 2008 p. 11).
55
7 CONCEPÇÃO DA COLEÇÃO
7.1 Técnicas de Criatividade
7.1.1 Brainwriting
É a soma de conhecimentos que abrangem a situação de mercado e o produto ou
serviço em relação a suas características intrínsecas, aos concorrentes e aos objetivos gerais
da empresa e do plano de marketing, em termos de venda ou imagem. (BAXTER, 1998).
A técnica de criatividade braiwriting foi utilizada na geração das alternativas da
coleção para definir os aspectos da temática a serem utilizados nos modelos.
7.1.2 Mescrai
É a sigla para modifique (aumente, diminua), elimine, substitua, combine, rearranje,
adapte e inverta, atuando como uma lista de verificação para se efetuar mudanças no produto
(BAXTER,1998).
A técnica foi utilizada na concepção da coleção quando uma imagem referência,
principalmente as de tendência, foi aproveitada como inspiração, porém modificada aos
padrões da coleção em si, levando em consideração as características predefinidas de estilo,
temática e da idéia inicial para o modelo.
7.2 Cartela de Cores
A indústria têxtil, no segmento de fios, indica que a primeira reação causada no
consumidor frente a uma confecção de vestuário é a cor. Essa reação é seguida pelo interesse
quanto ao desenho do modelo, depois pela sensação tátil da roupa e só então pela avaliação do
preço. Escolher cores (ou paleta), para montar uma cartela, é uma das primeiras decisões à
tomar ao se criar uma coleção. A escolha das cores determinará o clima da estação da coleção,
ou sua “sintonia” com esta estação, e ajudara a diferenciá-la da sua predecessora (MUNARI,
1997 p. 340).
O estudo da psicologia das cores indica que as pessoas reagem intuitivamente,
emocionalmente e ate fisicamente às cores. Diz-se que o azul e o verde (as cores do céu e da
grama) diminuem a pressão sanguínea, enquanto que o vermelho e outras cores intensas
aceleram os batimentos cardíacos e transmitem sensualidade. O branco pode fazer sentir frio,
56
o amarelo (que é a cor do sol) é amigável, o cinza deprimente e o “pretinho básico” traduz
sofisticação e elegância (MUNARI, 1997 p. 340).
As estações do ano e o clima definem algumas cores: o outono e o inverno atraem as
cores vivas, quentes e escuras, que ajudam a reter o calor do corpo; já o branco (que reflete
calor) e os tons pastéis são mais usados na primavera e no verão. Ao criar uma coleção é
importante levar em conta o contexto do público alvo a ser atingido, principalmente por que
em alguns paises existe uma forte crença em relação às cores, por exemplo, nos paises do
ocidente o verde trás má sorte (MUNARI, 1997 p. 340).
Figura 39: Cartela de Cores da Coleção
Fonte: Arquivo do Autor
A cartela de cores utilizada na coleção baseia-se no principio da temática em que o uso
de cores contrastantes define o estilo. Tons fortes em combinações harmônicas remetem a
estação a qual as peças são destinadas.
57
7.3 Cartela de Combinação de Cores
Figura 40: Cartela de Combinação de Cores da Coleção
Fonte: Arquivo do Autor
60
7.6 Cartela de Aviamentos
Figura 43: Cartela de Aviamentos da Coleção
Fonte: Arquivo do Autor
7.7 Aspectos Funcionais / Estéticos / Simbólicos
As peças têm a função de proteger o corpo devido às condições climáticas e do
ambiente. Por se tratar de uma coleção para o outono/inverno, a funcionalidade dos produtos é
ainda mais ressaltada.
Quanto à estética, nas peças foram utilizados elementos gráficos que correspondem à
temática definida, valendo-se ainda de silhuetas que valorizam as curvas e da preocupação em
padronizar o estilo da coleção como clássico atemporal, com a finalidade de deixá-la
harmônica obedecendo as preferências do público-alvo.
Segundo Treptow (2003, p.134), os princípios da criação de moda nem sempre são
ensinados, discutidos em uma avaliação ou empregados de forma consciente. Não obstante,
são uma parte importante do conjunto de ferramentas estéticas e o meio pelo qual os estilistas
podem sutilmente ajustar o foco e os efeitos de um modelo. Saber onde encontrá-los e como
61
modificá-los ajuda a observar as criações com objetividade. Geralmente esses princípios são a
chave para entender porque um modelo deu certo ou não. São apresentados como:
* Repetição: Devido à simetria do corpo humano é quase inevitável a presença da
repetição para unificá-lo. A maioria das roupas são simétricas, de forma a espelhar em
igualdade os lados direito e esquerdo. Como exemplo do princípio da repetição podemos citar
a simples seqüência da distância de botões em uma camisa, a ausência ou adulteração desse
princípio tende a ser mais chamativa, esteticamente, do que sua presença. Outros exemplos
podem ser citados: decote simétrico, pregas de uma saia e característica do próprio tecido
como listras, estampas ou aplicações;
* Ritmo: o ritmo é caracterizado pela repetição em padrão elaborado, como em uma
música, criando efeitos marcantes. Como por exemplo, distibuir botões de dois em dois em
uma camisa ou repetir desenhos de estampas de tecidos;
* Gradação: é o tipo mais complexo de repetição em que as características das roupas
são trabalhas em tamanhos ou distâncias cada vez maiores ou menores. Um vestido de festa,
por exemplo, pode ter uma grande quantidade de lantejoulas na barra que vai diminuindo de
baixo para cima, ou o franzido total no centro de um pala pode ir diminuído em direção às
laterais. O olhar acompanha os diversos graus de mudanças no modelo, de modo que a
gradação pode ser usada como um meio de chamar ou desviar a atenção das partes do corpo;
* Radiação: é o uso de linhas que se abrem em forma de leque a partir de um eixo
central. Uma saia plissada rodada é um bom exemplo, mas a radiação pode ser trabalhada de
forma mais sutil em roupas drapeadas que geram linhas em um ponto de origem, mas que
seguem direções distintas;
* Contraste: dentre os princípios do design, é o mais utilizado fazendo com que o olhar
reavalie a importância de uma área focal em relação à outra, ou seja, o contraste faz com que
o olhar humano divida seus focos de atenção sobre duas áreas, avaliando a qual área dar a
maior importância, assim a atenção se volta para os elementos contrastados. Como exemplo,
podemos citar um vestido usado com um cinto contrastante, as cores chamam a atenção para
si e para as características dos detalhes q a emolduram. Outro exemplo é o contraste de
texturas quando um paletó é usado com uma blusa de seda;
* Harmonia: não é exatamente o oposto do contraste, mas implica em combinações de
elementos com características próprias, com a justaposição de cores ou mistura de texturas
com o mesmo grau de aspereza. A harmonia gera sensação de unidade e continuidade ao
propor que as partes apresentem uma característica que seja comum a um todo, ou seja, é fácil
de usar e combinar;
62
* Equilíbrio: é a distribuição do peso e a importância visual dos elementos do design,
buscando por um equilíbrio simétrico vertical ou horizontal. O principio do equilíbrio atua na
relação entre tops e bottons (parte de cima e parte de baixo da figura) quando o corpo é
dividido por um eixo imaginário horizontal na altura da cintura. Assim o equilíbrio é obtido
compensando-se com maior riqueza de detalhes a parte superior, cuja área na figura é
proporcionalmente menor que a parte inferior. Como exemplo de equilíbrio vertical, podemos
citar o desejo de ver características espelhadas nos lados esquerdo e direito, como quando as
lapelas se encaixam, os bolsos estão alinhados e existe distancias iguais entre os botões;
* Proporção: a proporção diz respeito a maneira como comparamos cada uma das
partes em relação ao todo, no design de uma peça. Seu principal uso é avaliar a utilização de
aviamentos, como por exemplo, botões grandes parecem tão fora de propósito em uma camisa
justa quando botões pequenos desapareceriam se usados em um casaco amplo e,
* Sensação Corporal: a roupa não é uma experiência apenas visual, mas também tátil e
sensorial. É essencial manusear os tecidos e testar suas sensações, como contrastes de texturas
(roupas justas, escorregadias, elásticas), detalhes nos punhos e transparências, que ampliam as
sensações imaginárias dos nossos sentidos.
Na coleção desenvolvida, foram utilizados os princípios de repetição (na
construção das peças e pelo uso repetido de botões simétricos), ritmo (na padronagem dos
tecidos baseados no estilo artístico Op Art), contraste (de cores e de padronagens aliado ao
uso de acessórios), harmonia (mesmo com cores contrastantes, se percebe uma combinação de
elementos com características próximas gerando uma sensação de continuidade nas peças),
equilíbrio (na distribuição do peso visual dos elementos nas peças), proporção (na utilização
de botões grandes em blusa de caráter amplo) e o precipício de sensação corporal (que
desperta os sentidos na textura dando sensações de aconchego, proteção e conforto, através da
composição e trama dos fios).
7.8 Coleção
Segundo Rech (2002 p.68), coleção é “um conjunto de produtos com harmonia
do ponto de vista estético ou comercial, cuja fabricação e entrega são previstas para
determinadas épocas do ano”.
Até a metade do século XIX não existia a profissão de criador de moda. As roupas
eram confeccionadas por um artesão que seguiam as instruções de quem encomendava a peça
e, se realizavam criações, não recebiam reconhecimento pelo fato. O primeiro registro que se
63
tem de lançamentos de coleções refere-se aos eventos organizados pelas maisons16, em que as
clientes eram convidadas a assistir o desfile das criações. A organização desses eventos marca
uma divisão importante: as maisons começam a trabalhar com coleções outono/inverno e
primavera/verão, assim, os lançamentos de moda tornam-se vinculados ao calendário
climático como acontece ate os dias de hoje (TREPTOW, 2003 p.42).
Para criar coleções de moda não basta saber desenhar, a aparente desenvoltura dos
grandes criadores, esta sempre vinculada à precisão do trabalho. O design de moda é uma
divisão do design industrial e, atualmente, a formação em moda se aproxima dos conceitos de
design, cuja função é prever necessidades ainda não expressas, traduzindo nossa vontade de
novas formas de viver trazendo uma visão intuitiva dos rumos que irão seguir os padrões
estéticos. Assim, o designer é o responsável por esses novos rumos através de propostas
oriundas de sensibilidade estética (TREPTOW, 2003 p. 44).
A coleção a que este relatório de pesquisa se destina e que será apresentada a seguir
possui o número limite de quinze composições, dentre calças, golas avulsas, vestidos, colete e
blusas, todos em malharia retilínea para a estação outono/inverno 2009.
16 Maison: Palavra francesa que designa casa (GOOGLE, 2008).
64
Croqui 1.
Comentário: Calça pantalona listrada em branco e preto com cós alto, blusa decote V vichy
branco e verde manga longa ponto malha, colete sobre tudo e maxi gola avulsa.
65
Croqui 2.
Comentário: Blusa dois tons, preto e branco manga longa ponto, bermuda listrada branco e
preto cós alto, meias pretas 1 fio malha cheia
66
Croqui 3.
Comentário: Calça skinny cós alto, blusa manga longa bicolor gola virada, lenço vichy azul e
amarelo creme.
67
Croqui 4.
Comentário: Vestido bordado manga longa gola alta xadrez, legging preta ponto malha cheia
1 fio.
68
Croqui 5.
Comentário: Calça capri, blusa listrada azul e preta com gola diferenciada, meia calça ponto
malha cheia 1 fio.
71
Croqui 8.
Comentário:Calça pantalona listra preta e branca com cós alto, blusa manga curta, maxi gola
preta avulsa.
72
Croqui 9.
Comentário: Calça saruel com cós alto, blusa regata preta com botões brancos de porcelana,
maxi gola preta avulsa.
73
Croqui 10.
Comentário: Bermuda bufante xadrez, meia calça padronizada preta e branca, blusa regata
gola alta tie dye verde e preto.
74
Croqui 11.
Comentário: Vestido curto listrado verde, amarelo ouro e amarelo creme, echarpe preta e
branca com barra laranja, meia calça preta 1 fio ponto malha cheia.
75
Croqui 12.
Comentário: Vestido xadrez preto, branco e rosa, meia calça preta 1 fio ponto malha cheia.
76
Croqui 13.
Comentário: Bolero gola alta xadrez preto, branco e rosa, blusa regata decote V preta e
branca, bermuda preta.
79
8 DETALHAMENTO
8.1 Briefing
O termo brief, do inglês possui vários significados como: conciso, curto em duração
ou extensão, ou forma de transmitir instruções finais ou informação essencial (TREPTOW,
2003 p. 108).
• Objetivo:
Apresentar peças inovadoras em malharia retilínea no mercado nacional.
• Produto:
* Principal função de uso: Proteção do corpo.
* Benefícios esperados do produto: Um design estético que estimule o desejo de compra
aliado à ergonomia.
* Ponto positivo: Inovação em formas para segmento referido.
* Diferencial do produto: Ergonomia e design contemporâneo.
* Influências: Estilo clássico.
* Local de uso: Almoços, vernissages, teatro; para uso em turno integral.
* Categoria: Funcional.
* Formas de uso: Vestindo o corpo.
* Temática: Op Art.
* Linha: Feminina
* Estação do ano: Outono / Inverno
• Consumidor:
Jovens mulheres distintas, informadas, consumistas, que priorizam o conforto e a
beleza da peça na compra.
• Mercado:
* Principais mercados onde será distribuído: Mercado interno (região Sul e Sudeste).
• Concorrentes:
80
* Marcas: Lacoste, Missoni e Sonia Rykiel.
8.2 Fichas Técnicas
Pode-se consultar em Apêndice C as fichas técnicas das peças confeccionadas.
8.3 Dados Ergonômicos
Ergonomia é ciência que busca, com varias abordagens, formas e soluções para
proporcionar ao homem bem estar e conforto em seu ambiente de trabalho, assim como no
seu dia a dia (JARUFE, 2005, p. 2).
8.3.1 Dados Antropométricos
Antropometria é um processo ou técnica de mensuração do corpo humano como um
todo, ou de suas partes isoladamente, de forma independente. A antropometria estuda as
medidas do corpo humano mais direcionadas a parte da estética. No Brasil é muito difícil
obter-se um padrão de medidas antropométricas padronizadas pelas variáveis (colonização de
etnias) de cada região do país (JARUFE, 2005 p. 6).
Levando em consideração o objetivo da busca por ergonomia e conforto nas peças da
coleção, a confecção das mesmas foi feita a partir da técnica de sob medida, podendo ser
ajustada conforme os padrões estéticos de cada etnia, ainda que a malharia retilínea
proporcione um auto ajuste aos vários padrões antropométricos.
8.3.2 Dados Biomecânicos
Esta relacionada com as posturas que adotam as pessoas durante o desenvolvimento de
suas atividades ou esforços físicos. Avalia a postura do usuário perante o produto e se os
esforços necessários estão dentro dos parâmetros toleráveis (JARUFE, 2005 p. 5).
A própria malharia retilínea, devido ao entrelaçamento espaçado dos fios, tem a
característica de se ajustar aos movimentos e esforços corporais do usuário.
8.3.3 Usabilidade/ Informacional
É a facilidade de uso, manipulação, conservação, cuidados, armazenamento e
transporte de um produto, alem da prevenção de acidentes (JARUFE, 2005 p. 4).
As informações obrigatórias e necessárias exigidas dentro do Regulamento Técnico de
Etiquetagem do Produto Têxtil, aprovada pela Resolução número 02/2001 para a etiqueta e
para todo ou qualquer produto têxtil de procedência nacional e estrangeira, deve conter os
seguintes itens de forma verídica, legível e visível no mínimo com 2 mm de altura:
81
a) Nome ou razão social da empresa (fabricante nacional ou importador);
b) Identificação:
b1. Identificação Fiscal (fabricante nacional ou importador – CNPJ – CUTI – RUC);
b2. Identificalção Marca: só poderá ser usada se for registrada no INPI (Instituto Nacional da
propriedade Nacional), se não for, use conforme informação do item “a” acima;
c) País de origem: Brasil, Indústria Brasileira, feito ou fabricado no Brasil, sem abreveaturas,
não será aceito denominações de blocos econômicos, como por exemplo, UE17 –
MERCOSUL18 – ALCA19;
d) Nome das Fibras ou Filamentos, acompanhado de seu percentual em ordem decrescente e
em igual destaque. Qualquer material decorativo que represente ate 7% do total do produto
podem ser excluídos da etiqueta. Exemplo 1 - composição: 100% algodão ou algodão 100%
ou puro algodão; exemplo 2 – composição: 65% de algodão; 35% de viscose;
e) É obrigatório constar na etiqueta Cuidados e Conservação do Produto Têxtil através de
Símbolos e/ou texto, ou ambos, ficando a cargo do fabricante ou importador, utilizar os
mesmos na NBR 8719/94 nos seguintes processos: Lavagem, Alvejamento à Base de Cloro,
Secagem, Passadoria à Ferro e Limpeza à Seco;
f) Uma indicação de Tamanho: P, M, G ou GG, ou 42, 44, 46 ou Único (U);
g) Poderão constar em um mesmo produto têxtil: dois nomes, razão social ou marcas e o
CNPJ, do fabricante nacional e importador, estas observações não poderão ser consideradas
contraditórias;
h) A Etiqueta deve estar em caráter permanente e com máxima durabilidade para não soltar,
desbotar ou dissolver, quando aplicar procedimentos de tratamento e de cuidados de
conservação no produto têxtil;
i) Pode-se usar uma ou mais etiquetas, ou frente e verso da mesma desde que nela constem as
informações obrigatórias da Resolução número 02/2001;
j) Ao exportar um produto têxtil, as informações na etiqueta deve ser correspondente ao
idioma do país vigente de consumo, e
k) Não existe tamanho padrão para as letras escritas nos tags ou etiquetas (ROSA, 2002 p.
25).
17 UE: Sigla de União Européia (EUROPA, 2008). 18 Mercosul: Sigla para Mercado Comum do Sul (MERCOSUL, 2008). 19 Alca: Sigla de Área de Livre Comercio das Américas (ALCA, 2008).
82
A indústria global levou a um sistema de padronização (ISO) de etiquetas, adotado por
vários países. O esquema europeu de etiquetas chamado de Gintex consiste em um grupo de
símbolos consubstanciado no International Textile Care Labelling Code (Código Internacional
de Etiquetagem sobre Cuidados com Produtos Têxteis), e é hoje utilizado pelos principais
paises confeccionistas. Veja no quadro abaixo os principais símbolos com sua definição
(JONES, 2005 p. 122).
Figura 44: Etiqueta Informacional
Fonte: Etiquetas, 2008.
Saber o conteúdo das fibras de um tecido é essencial para estar ciente das maneiras
apropriadas de manuseá-lo, mantê-lo e da sua adequação para os propósitos que o usuário tem
em mente. Exemplo, se o usuário pretende fazer acabamentos como estampas ou plissados, o
material tende ser compatível (JONES, 2005 p. 122).
Partindo da premissa de que a peça em malharia retilínea é confeccionada a partir do
entrelaçamento de fios, a etiquetagem de tal peça seguirá os padrões de conservação e
manuseio predefinidos na etiqueta dos próprios fios utilizados na trama, como indicado
abaixo:
83
Figura 45: Símbolos de Conservação para Modal
Fonte: Etiquetas, 2008.
8.4 Marketing
O marketing consiste em delinear atividades e montar programas integrados para criar,
comunicar e entregar valor aos consumidores. Uma maneira tradicional de descrevê-las é em
termos do composto de marketing, que vem sendo definido como o conjunto de ferramentas
que as empresas usam para perseguir seus objetivos, traduzidas, segundo McCarthy20, em
quatro “P’s”: produto, preço, praça e promoção. Os quatro “P’s” devem ser combinados de
forma coerente para obter a máxima eficácia (KOTLER, KELLER, 2006 p. 17).
8.4.1 Produto
Define-se por algo oferecido por profissionais de marketing para clientes com
propósito de troca. A orientação de produto sustenta que os consumidores dão preferência a
produtos que ofereçam qualidade e desempenho superiores ou que tenham características
inovadoras. As marcas que seguem esta linha de raciocínio concentram-se em fabricar
produtos de qualidade e em aperfeiçoá-los ao longo do tempo (KOTLER, KELLER, 2006 p.
13).
A coleção aqui desenvolvida, seguindo esta afirmativa, apresenta produtos com
características inovadoras no segmento a que se dirige, se tratando do design aplicado e da
qualidade das matérias primas utilizadas e de todo o processo de produção das peças, visando
atingir um produto diferenciado que possa ter alto valor agregado e satisfazer as necessidades
de inovações que o mercado e os consumidores exigem.
20 McCarthy: Autor norte-americano criador dos quatro “P’s” do marketing (Wikipédia, 2008).
84
Um produto novo ou aperfeiçoado não será necessariamente bem sucedido a menos
que tenha o preço certo e seja distribuído, promovido e vendido de forma adequada
(CHURCHILL, 2000, p. 20).
8.4.2 Preço
Define-se por quantidade de dinheiro ou outros recursos que devem ser dados em troca
de produtos e serviços (CHURCHILL, 2000, p. 20).
As faixas de preço para as mercadorias de moda são relacionadas à qualidade de
confecção, a disponibilidade de produtos, ao conteúdo de estilo e ao grupo demográfico
visado (JONES, 2005 p. 71).
Para determinar preços apropriados para seus produtos, podem ser aplicados conceitos
econômicos como curvas de demanda que se caracterizam pela representação gráfica da
quantidade de um produto demandada em vários níveis de preço (CHURCHILL, 2000, p.
314).
Seguindo esta estratégia e avaliando as principais características que possibilitam
agregar valor na coleção apresentada, as decisões de preço deverão ser baseadas nas
percepções dos clientes sobre o valor da troca. Isto significa que uma pesquisa de marketing
será fundamental para descobrir estas percepções de valor pelos clientes, priorizando a visão
dos mesmos em relação aos benefícios e custos.
8.4.3 Praça
Praça s]ao os chamados canais de distribuição usados para levar produtos e serviços ao
mercado (CHURCHILL, 2000, p. 20).
Como possíveis canais de distribuição a serem utilizados como estratégia de marketing
no sentindo de distribuir os produtos da coleção, pode-se citar inicialmente venda através de
multimarcas como também no próprio atelier de criação.
8.4.4 Promoção
Refere-se aos meios pessoais e impessoais de informar, convencer e lembrar os
clientes sobre produtos e serviços. Compõem a promoção a propaganda, força de vendas,
relações públicas e marketing direto (CHURCHILL, 2000, p. 20).
Uma marca, normalmente constrói uma reputação e cria uma fidelidade por satisfazer
as expectativas de seus consumidores no decorrer de muitos anos, sem deixar de anunciar suas
qualidades exclusivas. Ao aderir uma marca muitos consumidores esperam se apropriar
dessas qualidades, por isso a construção de um sólido empreendimento é o ponto chave do
marketing de moda. Baseando nisso, um estudo de marca se torna fundamental no segmento
de moda como técnica de promoção, e consequentemente uma motivação poderosa para o
85
consumo (JONES, 2005 p. 31). O nome da marca desenvolvida para identificar esta coleção,
foi fundamentado a partir da palavra e do contexto de luminescente.
Luminescente se determina por: que tem a propriedade de se tornar luminoso, sem
incandescência, ou seja, luz própria. Com isso, a definição de nome de marca Lumni, é
intencionada a caracterizar o estilo de roupa da grife, com o intuito de transmitir uma
percepção de luminosidade, brilho, a fim de que as consumidoras se identifiquem com o
conceito e fidelizem à marca em si.
Para a escolha das melhores mídias a serem utilizadas na promoção da coleção foi
levado em consideração critérios como cobertura e alcance, impacto, freqüência de
visualização, eficiência da estratégia de mídia, habilidade de alcance dos objetivos dentro do
orçamento e força para negociar e executar a programação. Baseando-se nestes critérios, as
principais mídias foram a mídia impressa (em revistas especializadas em moda através de foto
publicitária e editoriais) e a mídia eletrônica (site), tendo ainda como mídia de apoio a mídia
externa com a utilização de frontlights. A participação em semanas de moda também seria
uma forma de promoção eficiente na divulgação da coleção (CHURCHILL, 2000, p. 479).
Em Apêndice D, poderá ser visto o resultado de uma produção fotográfica que servirá
como editorial e catálogo da coleção.
86
9 CONCLUSÃO
No mundo dos tecidos, desde suas raízes com os primeiros exemplares que surgiram
pela mão do homem (tramas, cores, padronagens, comércio, evolução), e com toda a arte, toda
a história e todas as técnicas, formou um imenso universo que nos envolve, onde não faltam
disputas, conquistas, e também muita vaidade (PEZZOLO, 2007 p. 9).
A moda surge no momento histórico em que o homem passa a valorizar-se pela
diferenciação dos demais através da aparência, o que podemos traduzir em individualização.
Todavia esta diferenciação de uns, visa uma identificação com outros, pois a moda se dá
através da cópia do estilo daquelas a quem se admira. Simplificando: a moda é um fenômeno
social de caráter temporário que descreve a aceitação e disseminação de um padrão ou estilo,
pelo mercado consumidor, ate a sua massificação e conseqüente obsolescência como
diferenciador social. (TREPTOW, 2003 p.26).
A pesquisa deve ser uma constante na vida do designer de moda, as mudanças, a
valorização do novo e as oportunidades para o uso de sua criatividade é o que torna tão
cativante as carreiras no mercado da moda. O designer de moda precisa conhecer a
capacidade e as limitações da indústria têxtil, é preciso dominar conceitos de produtividade,
de metas, de faturamento, bem como a capacidade de absorção dos produtos pelo público
alvo, além, de saber distinguir todo o processo técnico do segmento em que atua, sempre
considerando sua intuição e sensibilidade estética (TREPTOW, 2003 p.65).
Ao concluir o projeto de pesquisa apresentado se percebe a grandiosidade da tarefa de
desenvolvimento de coleção. Para que as peças finais não sejam simplesmente roupas, para
que tenha fundamento cada detalhe, é necessária uma pesquisa incessante. Além de dominar
técnicas e ter um lado criativo manifesto, é de suma importância a curiosidade e a atenção
perspicaz a tudo o que poderá vir a somar como conhecimento e enriquecer o trabalho. Após
meses de pesquisa e observação, avalia-se como positivo o resultado. Os objetivos foram
alcançados e superados. Tanto em know how adquirido como o prazer inigualável de ver algo
criado, recém saído da imaginação, tomando forma e tendo aceitação. Em suma, é gratificante
arriscar-se rumo ao desconhecido, viver e aprender com ele.
87
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94
11 APÊNDICES
APÊNDICE A
Modelo da entrevista aplicada como instrumento de coleta de dados.
Instrumento de Coleta de Dados como parte Integrante do Trabalho de Graduação
Interdisciplinar para a obtenção do título de Bacharel em Design de Moda pela Universidade
do Vale do Itajaí – UNIVALI
Acadêmica Maria Helena Lima Mattei
Orientadora: Professora Mônica Krinke
Entrevistado: Sr. ________________________________________________________
Questão 1.
Como se iniciou no mercado de malharia retilínea? Questão 2.
Quantos anos de empresa? Questão 3.
Que mercados atinge? (Regiões) Questão 4.
Como define seu público alvo? Questão 5.
95
Que estratégias de promoção utiliza na empresa? Questão 6.
Como definiria o mercado de malharia retilínea nacional atualmente? Questão 7.
Quais suas projeções para o futuro da empresa?
96
APÊNDICE B
Cronograma.
CRONOGRAMA TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTERDISCIPLINAR
AGO SET OUT NOV
1 SEMANA
2 SEMANA
3 SEMANA
4 SEMANA
Entrega Ante - Projeto
Banca 1
Banca 2
Entrega Relatório Final
Introdução
Metodologia
Fundamentação Teórica
Definição TGI
Orientação
Orientação
Orientação
Orientação
Orientação
Orientação
Orientação
Orientação Orientação
Orientação
Orientação
Orientação Orientação
Orientação
Orientação
Conceituação
Geração de Alternativas
Geração de Alternativas
Geração de Alternativas
Geração de Alternativas
Geração de AlternativasConceituação
Gestão Projetual
Gestão Projetual
Gestão Projetual
Gestão Projetual
Confeccção
Conclusão
Confeccção
Confeccção
CD PDF Relatório