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UNIDOS NO COMBATE À FOME NO MUNDO

Date post: 29-Mar-2023
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ANO 97 | Nº 1130 | ABRIL 2020 OÁSIS 400 artigos 56 PSICOGERONTOLOGIA As perdas fazem parte da vida MISSÕES PALOTINAS Nova missão palotina em Moçambique 26 50 UNIDOS NO COMBATE À FOME NO MUNDO
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ANO 97 | Nº 1130 | ABRIL 2020

OÁSIS400 artigos

56 PSICOGERONTOLOGIAAs perdas fazem parte da vida

MISSÕES PALOTINASNova missão palotinaem Moçambique

26 50

UNIDOS NO COMBATEÀ FOME NO MUNDO

Ano 97 | nº 1130 | Abril 2020

revistarainha.com.br 03 editorial04 de coração a coração

12 sustentabilidade14 fragmentos da vida16 educação18 miscelânea20 pérolas e bugigangas22 direitos humanos24 juventude26 psicogerontologia28 tanatologia30 teologia e cotidiano32 saber viver

11 REFLEXÃO

Quaresma e Páscoa

Expediente Publicação Mensal da Sociedade Vicente Pallotti Província Nossa Senhora ConquistadoraPadres e Irmãos PalotinosSanta Maria (RS)

Redação e Centralde Atendimento ao Assinante

Rua Tupi, 200 | CEP: 91030-520Passo D'Areia | Porto Alegre (RS) (51) 3021-5022 / 3021-5029 DDG: 0800 51 6633 | (51) 996-667-031 [email protected]

Provincial: Pe. Clesio Facco, SACDiretor: Pe. Jerônimo José Brixner, SACDesign Gráfico: Ideias e Mídias Gráficas Jornalista Resp.: Maria Guadalupe ServiçosRevisão: Maria Guadalupe Serviços e Maria BurinAssinaturas/Expedição: Bianca Bugs e Laura EchevenguáImagens: AdobeStock

Impressão: Gráfica ArtLaser Estrada Ivo Afonso Dias, 297 Fone: (51) 3081-0801 | São Leopoldo (RS)

Os artigos assinados são de responsabilidadede seus autores, não expressando necessariamente

a opinião da Revista Rainha dos Apóstolos.

Associada à

50 MISSÕES PALOTINAS

Nova missão palotinaem Moçambique

34 a voz do pastor35 inspire-se36 orientações jurídicas38 o evangelho em sua vida45 uac

52 comportamento54 educação pela arte56 oásis58 opinião60 galeria62 culinária64 piadas/passatempos

05 | ESPECIAL

Unidosno combateà fomeno mundo

2 | ABRIL 2020 revistarainha.com.br

A ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, celebrada na Páscoa cristã, é um aconteci-mento histórico que ocorreu há aproxima-damente dois mil anos e que se atualiza

anualmente através de celebrações e na vida dos cristãos e pessoas de boa vontade. A Páscoa cristã relembra a passagem de Jesus da morte para a vida, através da sua ressurreição. Mas, quando a Páscoa cristã é celebrada, não apenas faz-se memória de algo que aconteceu há tanto tempo, mas ela é atualizada celebrativamente e nos acontecimentos atuais da vida do povo.

Jesus Cristo foi enviado por Deus Pai ao mundo, para salvar a humanidade. A salvação consiste em fazer o caminho em direção ao Pai, através da con-versão. Deixa-se de lado o homem velho, marcado pelo pecado e todo tipo de mal, para revestir-se do homem novo, através da graça e da promoção do bem. Jesus realizou a sua missão, sendo plenamen-te fiel a Deus Pai, chegando ao extremo de aceitar a morte para a salvação da humanidade, como prova de amor por todos. Mas, era preciso que Jesus não ficasse morto, mas que vencesse a morte, através da ressurreição. Por isso, no terceiro dia, conforme as Escrituras, Ele foi ressuscitado por Deus. Depois, permaneceu ainda algum tempo neste mundo, na condição humana, para confirmar os discípulos na fé e confiar-lhes a missão de serem continuadores da Sua obra redentora da humanidade.

Os cristãos fazem memória desse aconteci-mento a cada ano na Páscoa cristã. Atualiza-se, celebrativamente, o que aconteceu com Jesus. Volta-se a atenção para o passado. Olha-se para Jesus que passou por este mundo fazendo o bem, curando muitas pessoas, apresentando-se como o Caminho, a Verdade e a Vida, mas que também foi perseguido, caluniado, preso e condenado a morrer

na cruz. Muitas pessoas ficam comovidas com tal acontecimento e inclusive se perguntam: "Como isso pode ter acontecido, se Jesus só fez o bem?"

Aí vem a importância de atualizar a Páscoa nos acontecimentos atuais da vida do povo. Hoje, na vida do povo continua a acontecer muito daquilo que aconteceu com Jesus. Se as pessoas nos dias de hoje olharem para o que está acontecendo, tendo como referência a vida, paixão, morte e ressurreição de Je-sus, vão perceber que também deverá acontecer uma Páscoa. No momento em que presenciamos pessoas sendo desrespeitadas em sua dignidade, menospre-zadas, caluniadas, exploradas, injustiçadas, oprimidas, por causa da indiferença, do ódio, da ganância, do egoísmo, do individualismo, faz-se necessária uma páscoa; ou seja, faz-se necessária uma passagem para novas atitudes na promoção da justiça, da paz, da fraternidade, da solidariedade, da vida.

Como contribuição para que a Páscoa possa ser atualizada nos acontecimentos atuais do povo, acontece no Brasil a Campanha da Fraternidade, que neste ano de 2020 tem o tema Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso, e o lema "Viu, sentiu compaixão e cuidou dele (Lc 10,33-34). A ressur-reição de Nosso Senhor Jesus Cristo, celebrada na Páscoa cristã, foi e é dom e compromisso. Assim também, quando os cristãos e todas as pessoas de boa vontade atualizam a Páscoa nos acontecimen-tos atuais da vida do povo, fazem-no como dom e compromisso. O dom é graça divina e o compro-misso é atitude das pessoas na promoção da vida, sendo continuadoras da missão realizada por Nosso Senhor Jesus Cristo.

FELIZ PÁSCOA A TODOS!

Páscoa: memóriae atualização

ABRIL 2020 | 3 revistarainha.com.br

EDITORIALPE. JERONIMO JOSÉ BRIXNER, SAC

[email protected]

O autor, colaborador desta Revista, é padre palotino e professor

da FAPAS em Santa Maria (RS)

4 | ABRIL 2020 revistarainha.com.br

PE. ANTÔNIO FRANCISCO [email protected]

O autor, colaborador desta revista, é pároco

em Blumenau (SC)

DE CORAÇÃO A CORAÇÃO

Ó Coração, divino espaço, me acolhe sempre em teu abraço: quero pulsar no teu compasso, Coração. Ser acolhido pelo Sagrado Coração para ser modelo na palavra e na conduta (1Tm 4,12), no amor, na fé e na pureza (1Tm 4,12), nas obras boas (Tt 2,14).

Nosso coração busca ser semelhante ao de Je-sus. Para isso acontecer, nosso coração necessita suportar todas as coisas (2Tm 2,10), com paciência à provação (Tg 1,12). Um coração puro (1Tm 1,5), ten-do compaixão e misericórdia (Tg 5,11), tornando-se santo em todo o comportamento (1Pd 1,15), vi-vendo de acordo com a graça recebida (1Pd 4,1).

Coração que se deu por inteiro no mo-mento supremo da dor. É o exemplo do ardor missionário que vence o calvário e projeta o amor. Para ter a vida verdadeira é preciso tomar o caminho estreito, sacrificar tudo, até a vida presente (Mt 16,25).

Cristo possuía a vida desde toda a eterni-dade (Jo 1,4). Encarnado, ele é a palavra de vida (1Jo 1,1), e a dá em abundância (Jo 10,10). A novi-dade do ensinamento de Jesus é que a sua doutrina não é dele, mas daquele que o enviou (Jo 7,16).

Jesus é Mestre e Se-nhor (Jo 13,13), mas veio para servir e dar sua vida (Mc 10,42). Diante dele, dobram-se os joelhos (Fp 2,5-11). Todo poder lhe foi dado (Mt 28,18), pois Ele é o Senhor (Rm 10,9).

ORAÇÃOSagrado Coração, permanece ao meu lado todos

os momentos. Concede-me coragem e disposição nas dificuldades, sofrimentos e contrariedades. Abençoa-me, meu consolo, força e auxílio. Protege com ternura e bondade a minha vida. Graças te dou, porque minhas aflições não podem ser maiores do que o teu auxílio, e meus pecados maiores do que o teu perdão. Graças te dou, porque na minha aflição

não serei esquecido. Teu coração amoroso seja meu auxílio nas mi-

nhas invocações. Assim seja.

QUERO PULSAR NO COMPASSODO CORAÇÃO DE JESUS

UNIDOS NO COMBATEÀ FOME NO MUNDO

A FOME FOI E CONTINUA SENDO UM DOS MAIORES FLAGELOS DA HUMA-NIDADE. ATUALMENTE ELA ATINGE UMA EM CADA NOVE PESSOAS, OU SEJA, QUASE 850 MILHÕES DE PES-SOAS. O QUE NÓS, COMO CRISTÃOS, PODEMOS FAZER A RESPEITO?

Há certas coisas que se tornam inesquecíveis em nossa vida. Uma delas, no meu caso, foi uma frase que ouvi há mais de 20 anos. A pessoa me disse: “Para quem está morrendo

de fome, Deus tem a forma de um prato de comida”.

Eu nunca tinha pensado sob esse ponto de vista. Morrer de fome é algo que parece estar escondido da sociedade, que a fome sempre aparenta estar lá, bem longe da nossa realidade.

Por outro lado, sempre houve polêmicas sobre os limites do ajudar, pois corremos o risco de cair-

CARLOS ALBERTO [email protected]

ABRIL 2020 | 5 revistarainha.com.br

ESPECIAL

mos em um assistencialismo. Como dizia o imortal Luiz Gonzaga, em uma das suas inúmeras canções: “mas, doutor, uma esmola para um homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”.

No entanto, basta percorrermos as grandes cidades, principalmente nas suas periferias, para vermos que a fome parece estar brotando em todos os cantos.

NA HISTÓRIA

Não vamos ingenuamente pensar que a fome é produto só da nossa sociedade ou da nossa época. Ao longo da História sempre foi possível constatar grandes calamidades humanas causadas pela fome. Os dados são assustadores e mostram claramente que a fome mata mais do que as guerras ou con-flitos.

Já no império romano, cerca de quatro séculos antes de Cristo, se identificavam sinais de fome, pois os imperadores utilizavam a distribuição da comida que chegava a Roma como forma de dominação.

No início do século XVIII, na Índia, a fome matou cerca de dois milhões de pessoas. Em meados do século XIX, na Irlanda, um fungo destruiu as lavouras de batata, causando um milhão de mortes.

Na parte final do século XIX, no norte da China, três anos de seca causaram mais de dez milhões de mortes. No entanto, nada se compara à crise na China entre 1958 e 1961, quando, por motivos diversos, 45 milhões de pessoas morreram de fome.

Na Coreia do Norte, no final do século XX, inun-dações e secas vitimaram três milhões de pessoas. Podemos ficar por aqui, com alguns exemplos, pois haveria muitos outros a serem relatados.

A solidariedadenos levaa socorreros maisnecessitados

6 | ABRIL 2020 revistarainha.com.br

Uma pessoa necessita cerca de 2.500 calorias por dia para manter seu corpo em bom funcionamento. Quando nos falta a alimentação necessária, o corpo vai perdendo energia e definhando. A fome, nesses casos, vai se tornando um inimigo silencioso, que nem sempre aparece de forma explícita, mas vai dei-xando a pessoa cansada, desanimada e com baixos batimentos cardíacos.

A grande pergunta que surge é: quais são as causas da fome? Certamente não existe só um fator que explique a fome, e sim diversos, tais como:

CAUSAS DA FOME

A

c

e

AMBIENTAIS: As mudanças climáticas, o consumo excessivo, o aumento da população, os des-matamentos, entre outros, causam devastação em áreas que antes se destinavam à agricultura. Atualmente já se pode falar em refugiados ecológicos, principalmente na África, que por não terem mais onde plantar acabam migrando para outras regiões ou países.

POLÍTICAS: Muitos governos gastam mais dinheiro em armamentos do que na produção agrícola. A má distribuição da terra, as guerras, e as falhas nas políticas de exportação e importação são alguns fatores que aumentam a incidência de fome em vários países.

TECNOLÓGICAS: Mesmo quando se consegue produzir alimentos suficientes, pode ocorrer falhas na sua distribuição. Isso se deve à falta de sistema de transportes adequado, falta de comuni-cação para formar estoques reguladores e falta de condições adequadas de armazenamento.

B

d

ECONÔMICAS: Crises econômicas sempre causaram desemprego, pobreza, desabastecimento e falta de acesso aos alimentos. O grande exemplo disso foi o que aconteceu em 24 de outubro de 1929, quando ocorreu a maior queda de ações registrada na Bolsa de Valores de Nova Iorque.

O fenômeno também ficou conhecido como a Grande Depressão e foi um dos acontecimentos mais impactantes da História Contemporânea. Os efeitos se estenderam por toda década de 1930 e afetaram diretamente todos os países industrializados.

SOCIAIS: Quem realmente defende os pobres? É muito comum perceber que eles não conseguem eleger representantes que promovam medidas de combate à miséria. Dar voz a quem não tem vez vem sendo um dos maiores desafios mundiais da nossa época.

ABRIL 2020 | 7 revistarainha.com.br

Josué Apolônio de Castro nasceu em Recife, em 05 de setembro de 1908. Ele se formou em medi-cina e lecionou em várias faculdades.

Ele também foi político (deputado federal), es-critor, cientista social e ativista no combate à fome.

Apesar de não ser geógrafo, ele escreveu um livro que ficou famoso (entre outros), intitulado “Geografia da Fome”, publicado em 1946.

Por sua militância contra a fome, ele recebeu diversos títu-los e honrarias, além de assumir vários cargos em órgãos inter-nacionais de combate à miséria.

Só para citar alguns: o gover-no francês o condecorou como

oficial da Legião de Honra e ele foi indicado ao Prê-mio Nobel da Paz por três anos: 1953, 1963 e 1964.

Pode-se resumir suas ideias da seguinte ma-neira: Josué de Castro acreditava que a fome não

era causada pelo excesso de população ou pela escassez de alimentos, e sim pela má distribuição da riqueza. Sendo assim, não adianta desmatar para aumentar a área de plantio, e sim aprendermos a compartilhar mais o que produzimos.

Essa desigualdade de recursos econômicos, presente em quase o mundo inteiro, é que fazia surgir quadros de grave miséria em alguns setores da sociedade, enquanto alguns poucos setores acu-mulavam excessivamente mais do que precisavam.

O escritor faleceu em Paris, em 24 de setembro de 1973, com 65 anos de idade.

Uma das consequências mais visíveis da fome é o estado lastimável em que vivem os mais pobres, com dificuldades para morar com dignidade, arru-mar emprego, manter e promover a saúde, enfim, todo um contexto pessoal e social degradante.

Tudo isso pode levar à violência. Como diria Herbert José de Souza, o Betinho, criador do Projeto Ação da Cidadania contra a Fome e pela Vida: “Quem tem fome, tem pressa”.

Um famoso escritor escocês, Robert Louis Stevenson (1850-1894), autor de clássicos da literatura como A ilha do tesouro e O médico e o monstro, também foi taxativo: “Um homem com fome não é um homem livre”.

Como não se desesperar vivendo uma vida sem perspectivas de melhora ou vendo os filhos passa-rem fome? É claro que isso não justifica a violência, mas ajuda a compreendê-la em alguns casos.

AÇÕES DO BEM

Felizmente a Igreja Católica vem há muito tempo lançando luz a essas questões sociais através de diversos Papas e encíclicas. Só para citar um pon-tífice mais recente, o inesquecível São João Paulo II, que afirmou: “Não há paz sem justiça, não há justiça sem perdão, não há perdão sem amor”. Essa justiça certamente engloba a justiça social.

No mundo temos 217 países, mas nem todos estão filiados à ONU (Organização das Nações

Unidas). Em quase todos eles há a presença da Igreja Católica e de outras denominações cristãs promovendo o bem-estar dos povos. No Brasil, basta lembrar a grande contribuição que a Pastoral da Criança vem dando há décadas para melhorar a saúde e alimentação da infância.

Além das igrejas envolvidas, há organizações internacionais, como a UNICEF e a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricul-

Josué de CastroUm destaque brasileiro

(1908-1973)

8 | ABRIL 2020 revistarainha.com.br

Meu nome é Rosimar Almeida, natural de Campo Grande (MS). Sou psicóloga clínica e jurídica. Espe-cialista em Neuropsicologia e Mestre em Ciências Criminais. Trabalho numa Clínica de Psicologia e em consultório particular, ambos em Porto Alegre (RS).

Fui missionária na cidade de Canchungo – Gui-né/Bissau – África Ocidental, de janeiro de 2013 a janeiro de 2016. Na ocasião, eu era religiosa da Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida. Aquele país é considerado um dos mais pobres do mundo.

No decorrer daqueles anos, eu tive a oportuni-dade de estar inserida junto ao povo guineense em diversas realidades. Tive oportunidade de realizar acompanhamento às pessoas com epilepsia por meio de visitas, formações, atendimentos indivi-duais e grupais.

Também trabalhei nas comunidades locais em diversas tabankas (vilas), nas quais ministrava pa-lestras a grupos de adolescentes, jovens e adultos, bem como participava de celebrações e eventos comunitários. Assumi a direção e a administração, bem como a construção de uma escola na cidade de Canchungo, junto a benfeitores e voluntários de países como Itália – Pordenone, San Pancrácio/Verona e Portugal - Porto.

Ainda, no decorrer desses anos como mis-sionária, senti necessi-dade de contribuir para a criação de uma Associa-ção de Apoio às Pessoas com Deficiência, na cidade de Canchungo, com apoio da ACGB – Associação de Cooperação com Guiné--Bissau, de Portugal. Além disso, contribui como coordenadora do ‘Bairo di Ermandade’, um local destinado a acolher um grupo de aproximadamente 100 jovens provindos das mais diversas tabankas da região que residiam nesse bairro a fim de estudar.

PRESENCIASTE SITUAÇÕES DE FOME?

Guiné-Bissau é um país que passou por guerras e que, até hoje, se depara com recorrentes golpes de estado e instabilidade política. Tal realidade desencadeia situações de grande vulnerabilidade social, impedindo que o país se desenvolva de maneira satisfatória. Quando questionada sobre a pobreza de Guiné, com frequência menciono que a pobreza daquele país diverge da pobreza do nosso país. Em nenhum momento, no decorrer dos anos, visualizei mendigos ou pedintes nas ruas, assim como favelas ou crianças abandonadas. A pobreza de lá é “diferente”. Ao mesmo tempo em que se vive, muitas vezes, sem recursos básicos de sobrevivên-

tura), além de entidades de classes e personalidades que contribuem para diminuir a fome, principalmen-te em regiões onde ela é endêmica. Os países mais afetados pela fome estão, em sua maioria, na África e no sul da Ásia.

O triste é constatar que quase um terço de tudo o que é produzido em alimentos acaba sendo desperdiçado, indo para o lixo. Segundo a FAO, esse desperdício de alimentos chega a 750 bilhões de dólares por ano!

Na agenda 2030 da ONU para o desenvolvimen-to sustentável há 17 objetivos, sendo que um deles trata justamente de “acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição, além de promover a agricultura sustentável”.

Todos nós cristãos e pessoas de boa vontade te-mos esse desafio, em pequena ou grande escala, de contribuirmos para mitigar a dor de quem vivencia prolongadamente o flagelo da fome.

Entrevista com Rosimar Almeida

Rosi em meio à colheita

ABRIL 2020 | 9 revistarainha.com.br

cia, como saneamento básico, escolas e moradia, há uma rede de apoio decorrente da família alargada, de missionários e benfeitores de diversos países. A alimentação e o sustento decorrem, na maioria das vezes, do ritmo da natureza, de maneira simples e natural: no tempo do caju, se come caju; no tempo ‘do mango’, se alimenta de manga. No período do plantio, adolescentes, jovens e adultos vão para as terras plantar e depois colher o arroz manualmen-te, que é guardado como garantia do sustento da família ao longo do ano.

Pude averiguar que a crença religiosa e o cos-tume/tradição do país, por vezes, influenciam na questão da subsistência, ou seja, a lógica que pre-senciei em Guiné-Bissau é diferente da que estava acostumada aqui no Brasil.

Sem sombra de dúvidas, os mais afetados pela situação de vulnerabilidade e fome são as crianças, sobretudo aquelas que residem nas ‘tabankas’ sem acesso à saúde e educação.

A IGREJA CATÓLICA TEM PARTICIPAÇÃO NO COMBATE À FOME? QUAIS ORGANIZAÇÕES IN-TERNACIONAIS AJUDAM A DIMINUIR A FOME?

Embora na Guiné-Bissau prevaleça a religião mulçumana e outras tradicionais, a Igreja Católica assume um papel crucial no atendimento ao povo guineense. No país, tanto a Diocese de Bissau quanto a de Bafatá, conta com a presença de di-

versos missionários/as de Congregações e Ordens religiosas que prestam assistência às pessoas, sobretudo às mais necessita-das. Por meio de atendimentos nos centros de saúde, acompanhamento nutricional às crianças nas tabankas, projetos contra a fome e pela evangelização, assumem um papel determinante em diferentes locali-dades no país. Além da presença da Igreja Católica e outras igrejas evangélicas, o país conta com apoio da ONU (Organização das Nações Unidas), assim como de benfeitores de diferentes países, sobretudo da Itália,

China e Portugal, que doam verbas para construção de escolas, centros de atendimentos às crianças e gestantes, centros de formação aos educadores, hospitais e centros de saúde, orientações no com-bate ao casamento forçado e a práticas desumanas como a mutilação genital feminina, dentre outros.

TENS SUGESTÕES PARA DIMINUIRESSE FLAGELO DA FOME?

São muitas as iniciativas na cooperação para a edificação do país e diminuição da pobreza; No entanto, é notório que para que Guiné-Bissau se desenvolva é imprescindível que haja estabilidade política e diminuição da corrupção. As guerras ocor-ridas, bem como os golpes de estado recorrentes, são empecilhos no trabalho em vista da erradicação da pobreza e da fome.

Por mais que o país receba auxílio da Igreja e de diversos países no combate ao flagelo da fome, o governo e o povo guineense precisam reagir e buscar formas concretas para a diminuição da cor-rupção nas mais diversas formas. Além disso, um caminho para o desenvolvimento é a valorização das riquezas naturais do país.

O autor, colaborador desta Revista, é professor, jornalista e psicólogo clínico em Porto Alegre (RS)

[email protected] com a entrevistada: Envie e-mail para:

A missionária com as crianças guineenses

10 | ABRIL 2020 revistarainha.com.br

REFLEXÃO

Quaresma e Páscoa!

ABRIL 2020 | 11 revistarainha.com.br

Estamos chegando ao fim da Quaresma e esse mês nos traz a alegria de celebrarmos mais uma Páscoa!

A Quaresma representou um período de jejum, alguns dias de abstinência de carne, mas principal-mente foram quarenta dias de reflexão e preparação espiritual para a Páscoa.

A palavra Páscoa é de origem hebraica e significa passagem. Marcava o fim do inverno e o começo da primavera.

Para os cristãos, a Páscoa começa no Domingo da Ressurreição e se estende até o Domingo de Pentecostes, 50 dias depois.

Com a ressurreição de Jesus ficou ainda mais evidente de que ele realmente era o Cristo, o Mes-sias prometido!

Os apóstolos logo lembraram e começaram a entender melhor o que o Mestre lhes havia dito e prometido enquanto estava entre eles.

O Domingo de Páscoa é um dos dias mais fes-tivos e alegres para toda a cristandade, pois Cristo venceu a morte e nos ensinou o caminho para a vida eterna!

Como bem disse o apóstolo Paulo: “se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é a vossa fé” (1Cor 15,14). Como Cristo ressuscitou, todos nós que temos fé nele podemos nos regozijar com tamanho milagre que só ele, o Deus feito homem, poderia realizar.

Já o Domingo de Pentecostes é uma das datas mais importantes para os cristãos, assim como o Natal e a Páscoa.

Nesse dia os apóstolos receberam os dons do Espírito Santo (At 2,1-4) e Jesus subiu aos céus.

Celebremos, pois, a Páscoa e renovemos nossa fé em Jesus Cristo, nosso Salvador!

JUAREZ RODOLPHO DOS SANTOSSUSTENTABILIDADE

12 | ABRIL 2020 revistarainha.com.br

Nada menos do que 60% da “carne” consu-mida em 2040 não será proveniente de animais abatidos, assinala um relatório lançado recentemente pela consultoria

global AT Kearney, baseado em entrevistas com especialistas e analisado pelo jornal “The Guardian”. Segundo os autores, esse alimento oriundo de fon-te não animal será cultivado em cubas ou resultará de produtos à base de vegetais que têm aparência e gosto de carne.

Segundo os autores do trabalho, 35% de toda a carne consumida em 2040 será cultivada.

Os 25% restantes serão substituições vegetaria-nas/veganas. Os autores salientam que essas alternativas são muito mais eficientes do que a carne convencional.

A produção de carnes e outros produtos de origem animal requer extensas áreas e o uso ma-ciço de recursos naturais que já estão escassos. A pecuária ocupa em média 75% das terras ará-veis do planeta, principalmente para pastagem e produção de ração – embora seja responsável por apenas 12% das calorias consumidas globalmente. No Brasil, milhões de hectares de vegetação nativa,

Maior parte da “carne” consumidaem 2040 não virá de animais

Font

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ABRIL 2020 | 13 revistarainha.com.br

O autor, colaborador desta Revista, é designer gráfico em Porto Alegre (RS)

em ecossistemas como a Amazônia e o Cerrado, foram perdidos para a abertura de pastos e para o cultivo de grãos como a soja, usada predominan-temente como ração para animais.

Em uma conta rápida, podemos dizer que mais de 70% dos grãos produzidos são direcionados apenas para ração dos animais que serão abatidos.

A cadeia econômica ligada à indústria de carne convencional é gigantesca: responde pela criação de bilhões de animais e movimenta mais de US$ 1 trilhão por ano. Mas ela está associada também a impactos ambientais dissecados em estudos científicos recentes, como as emissões de gases estufa, a destruição de habitats silvestres em prol da agricultura e a poluição de rios e oceanos.

Companhias vem desenvolvendo o cultivo de células de carne em cultura, com o objetivo de pro-duzir carne de origem animal sem precisar criar e abater animais e com um impacto ambiental muito menor.

“A mudança para estilos de vida flexitários, ve-getarianos e veganos é inegável, com muitos con-sumidores reduzindo seu consumo de carne como

resultado de se tornarem mais conscientes em relação ao meio ambiente e ao bem-estar animal”, observa Carsten Gerhardt, sócio da AT Kearney.

Já existem empresas relevantes na produção de opções vegetarianas para hambúrgueres e outros alimentos – entre elas estão Beyond Meat, Impos-sible Foods e Just Foods. Segundo a AT Kearney, US$ 1 bilhão foi investido em produtos veganos, e parte desse valor veio de empresas que dominam o mercado convencional de carne.

Recentemente, tivemos aqui no Brasil, os lan-çamentos pelo MAC e Burger King de suas opções vegetarianas e veganas, literalmente, imitando o gosto da carne. Do mesmo modo, podemos encontrar em várias redes de supermercados o Futuro Burguer. Em resumo, um mercado em franco crescimento, num caminho sem volta.

PE. JUDINEI VANZETO, [email protected] DA VIDA

desafia modelos assistenciais em Curitiba

PROGRAMA

“Muito além de abrigar, o programa é uma chance de vencer os precon-ceitos que sofrem as pessoas que estão atualmente nas ruas”.

O programa “Moradia Primeiro” é uma inicia-tiva que desafia os modelos mais assisten-cialistas voltados para acolher as pessoas que, por diversas razões, vivem nas ruas. O

programa trabalha com a premissa de que ter um domicílio é o primeiro passo para a reestruturação da vida das pessoas que convivem com o drama de estar nas ruas e que buscam sua inserção social.

“Ter um domicílio cria as condições materiais e subjetivas para a transformação da vida, produzindo segurança e estabilidade para que essas pessoas se tornem capazes de enfrentar toda sorte de dificul-dades, tais como a dependência química, transtor-nos mentais, desemprego e reestabelecimento de vínculos familiares”, explica Tomás Melo, coorde-nador da organização INRua, parceira no programa.

Ele comenta que o atual modelo de atendimento parte de pressupostos que dificultam a reinserção social: “O fluxo de atendimento atual é etapista, se baseia na ideia de produzir etapas de adaptação, desde a abordagem na rua, depois nos abrigos

públicos, repúblicas, até a adaptação em algum programa habitacional. O problema é que, ao per-manecerem na rua na etapa inicial, essas pessoas seguem vivendo seus grandes desafios particulares e precisam buscar o merecimento frente às mes-mas condições que estão sujeitas nas ruas, sendo comuns as recaídas e desistência”. O programa en-tende que o espaço privado do domicílio, além de um direito fundamental de todas as pessoas, favorece ao desenvolvimento de aptidões, gera autoestima, aumenta o senso de identidade e potencializa a au-tonomia da pessoa. “A habitação é um direito social a ser efetivado, não um privilégio”, afirma Melo.

O programa está sendo implantado, na forma de experiência piloto, em Curitiba, proporcionando, neste ano de 2019, cinco unidades de moradia. Cada pessoa contemplada tem diferentes vivências, perfis e particularidades para identificar como cada perfil de público pode ser melhor atendido neste modelo. A iniciativa é colocada em prática pela Organização Social INRua, com o apoio da Arqui-diocese de Curitiba. A Igreja local abraça esta ideia entendendo que o programa pode ser visto pelo poder público como referência para uma política pública que responda, de forma mais adequada, à problemática das centenas de pessoas que vivem em situação de rua. Trata-se de um modelo alter-nativo que questiona o modelo atual, pouco eficaz para solucionar tal problemática.

14 | ABRIL 2020 revistarainha.com.br

EXERCÍCIO DA AUTONOMIA O incentivo ao exercício da autonomia pessoal

é um fator fundamental do programa: “Todo o pro-cesso de escolha tem a participação do beneficiário”, explica o coordenador. O beneficiário é livre para aceitar, participar ou não do programa. Depois, ele mesmo define os caminhos a serem trilhados, in-cluindo a escolha do local da moradia, de acordo com a viabilidade, contando com o apoio e suporte da equipe técnica para essa escolha. Ele recebe suporte individualizado e orientações para sua recuperação em relação aos problemas que o levou para as ruas, e conta com o reconhecimento à sua liberdade de escolhas como beneficiário neste processo.

Após ter novamente um domicílio, um dos as-pectos fundamentais para o sucesso do programa é a integração com a comunidade. O início do pro-jeto já possibilitou verificar o forte preconceito da sociedade para com estas pessoas.

Dom Francisco Cota, bispo auxiliar de Curitiba e referencial para a Dimensão Social na Arquidiocese, comenta que “são muitas as barreiras impostas pela sociedade e que dificultam a inserção social destas pessoas. É uma população que sofre com muitos preconceitos. Dentre outros, são taxados como preguiçosos, vagabundos, viciados e criminosos. Tidos assim como uma ameaça a ser combatida pelo uso da força policial. Até a locação de um imóvel é dificultada quando se toma conhecimento que se destina a um programa social voltado para oferecer moradia a pessoas em situação de rua”. O Papa Francisco, na “mensagem para o III Dia Mundial dos Pobres”, de 17 de novembro de 2019, diz: “Os pobres precisam das nossas mãos para se reerguerem, dos nossos corações para sentir de novo o calor do afeto, da nossa presença para superar a solidão”.

EXPERIÊNCIA PILOTO Dom Francisco ressalta que “a principal carac-

terística do programa é oferecer à pessoa que se encontra em situação de rua condições para morar de forma individualizada, com um referencial de endereço, conta de água ou de luz, em seu nome. Ressalve-se que se trata de uma condição básica para o requisito de comprovante de domicílio que,

por sua vez, é essencial para preenchimento de um currículo de trabalho ou do formulário para uma bolsa de estudos”.

A experiência piloto, viabilizada por uma parceria entre o InRua e a Mitra Arquidiocesana de Curitiba, tem a perspectiva de cinco moradias, contudo po-derá ser ampliada conforme a disponibilidade dos recursos financeiros. Cada moradia tem o custo aproximado de R$ 800,00 a R$ 1.000,00 mensais, incluindo aluguel, água e luz. Para as primeiras unidades, quatro paróquias e a própria Mitra estão oferecendo os valores. Outras paróquias, Organis-mos Eclesiais ou mesmo Pessoas Físicas e Jurídicas que queiram, por livre adesão, apoiar este programa, poderão fazer suas doações através de depósitos na conta bancária indicada abaixo. O doador fica livre quanto ao valor da doação. A Mitra emitirá o recibo com validade fiscal.

Cursos, possibilidades de emprego e geração de renda e outras parcerias são bem-vindas ao progra-ma. A equipe da Dimensão Social da Arquidiocese de Curitiba está à disposição para atender as pos-sibilidades de apoio pelo Fone: (41) 2105-6326.

Conta para depósito:Bradesco | Ag. 5760 | Cc. 21030-7CNPJ: 76.648.500/0001-04.Favor enviar comprovante identificandoo doador para [email protected]

Para contribuir, faça sua doaçãoem qualquer valor

ABRIL 2020 | 15 revistarainha.com.br

O autor, colaborador desta revista, é jornalista e padre palotino

em Coronel Vivida (PR)

EDUCAÇÃOSONIA MARIA DE SOUZA BONELLI

[email protected]

Em tempos de grande uso das tec-nologias, com a Inteligência Arti-ficial presente cada vez mais nos meios sociais e também nas esco-las, fica mais difícil o papel do pro-fessor na organização do proces-so de ensino e consequentemente a aprendizagem dos alunos.

Fala-se cada vez mais do papel do professor diante dessa modernidade, porém, como fica a sua presença nas escolas? É sobre esse papel que eu gostaria de falar neste artigo. Da importância do professor no desenvolvimento de seus alunos e no processo de humanização da educação.

O Papa Francisco, em um de seus discursos so-bre educação, se pronunciou da seguinte maneira: “Não se pode falar de educação católica sem falar de humanidade, porque a identidade católica é precisa-

EDUCAÇÃO E HUMANIZAÇÃOmente Deus que se fez homem. Educar cristãmente é levar por diante os jovens e as crianças nos valores humanos em todas as realidades, e uma destas reali-dades é a transcendência” (21/11/2015). Ou seja, é necessário cada vez mais trabalhar com os alunos os valores que perpassam nossa humanidade.

É preciso cada vez mais nos focarmos nos valores da solidariedade, da justiça, do respeito, da união, da gratidão e da humildade. Nossos valores nos distin-guem dos demais seres vivos e nos fazem pessoas melhores e isso precisa ser resgatado com nossos alunos. O Papa Francisco continua “... nossas escolas têm necessidade de educadores que sejam credíveis e de testemunhas de uma humanidade madura e completa”.

Também Paulo Freire nos reporta às questões da humanidade quando fala em seu texto “A quarta carta, no livro Professora Sim, Tia não – Cartas a quem ousa ensinar, sobre as qualidades de um bom professor, as quais coadunam com uma educação humanizadora.

O primeiro desses valores é a humildade, a qual nos ensina que não sabemos tudo, mas que cada

16 | ABRIL 2020 revistarainha.com.br

A autora, colaboradora desta Revista, é leiga com Compromisso Apostólico, Doutora da UFRGS

e Professora da Faced - PUCRS

pessoa, cada aluno, tem um conhecimento que faz parte de sua bagagem e a humildade nos ajuda a perceber isso nos permitindo dialogar e aprender com o outro.

A amorosidade também faz parte desse proces-so, permitindo-nos dar significado ao nosso traba-lho. Junto com ela a tolerância, sobre a qual Paulo Freire afirma que: “ser tolerante não é ser conivente com o intolerável, não é acobertar o desrespeito, não é amaciar o agressor, disfarçá-lo. A tolerância é a virtude que nos ensina a conviver com o diferente. A aprender com o diferente, a respeitar o diferente”.

Dessa forma, gostaria de trazer alguns elemen-tos que acredito podem ajudar os professores em sua jornada de educar dentro de uma formação humanizadora, sendo:

• Críticos, para descobrir-se como ser social e político.

• Solidários, para acolher o outro.• Pacientes, para suportar os desafios que surgem

ao longo da tarefa de educar.• Fraternos na acolhida aos irmãos.• Sensíveis aos desamparados e aos excluídos.• Responsáveis pela formação plena da pessoa

humana.• Confiantes, na busca do ideal a ser atingido.• Abertos às mudanças necessárias.• Acolhedores, para receber cada um na sua con-

dição.• Libertos para que tenham plena consciência do

que querem. • Sensíveis para perceber o carinho e o amor de

Deus por nós.• Humildes para aceitar o outro como ele é.• Amigos para confortar sempre que necessário.• Atualizados sobre a realidade que estão vivendo.• Compreensivos para respeitar as diferenças de

cada um.• Dinâmicos para viver em uma sociedade em

transformação.

• Alegres para fazer a cada instante a luz brilhar no coração dos educandos.

• Justos para ajudar a discernir entre o certo e o errado.

• Firmes nas decisões a serem tomadas.• Fortes diante dos obstáculos que se apresentam

durante a caminhada educacional.

Por fim, mas não menos importante:

Fazer o bem, sem ser reconhecido.Fazer o bem, aceitando que nos julguem mal.Fazer o bem, aceitando que julguem termos feito somente o mal.

Certamente teríamos uma lista com uma infini-dade maior de virtudes ou qualidades que podem nos permitir um trabalho dentro de uma educação humanizadora. Então reflita um pouco sobre o seu trabalho como professor (a) e acrescente outros elementos em sua lista para que consiga cada vez mais ser presença amorosa e significativa no pro-cesso de desenvolvimento de seus alunos, usando a tecnologia como seu auxiliar e não como a sua substituta.

Até o próximo mês!!!

Não se pode falar de educação

católica sem falar de humanidade,

porque a identidade católica é

precisamente Deus que se fez homem.

Educar cristãmente é levar por diante

os jovens e as crianças nos valores

humanos em todas as realidades, e uma

destas realidades é a transcendência

ABRIL 2020 | 17 revistarainha.com.br

18 | ABRIL 2020 revistarainha.com.br

MISCELÂNEA

DE PROCISSÕES TRADICIONAIS A ENCENAÇÕES ÉPICAS DA "PAIXÃO DE

CRISTO", O TURISMO RELIGIOSO NO BRASIL ESTÁ REPLETO DE OPÇÕES

PARA APROVEITAR A PÁSCOA! SEGUEM ALGUMAS SUGESTÕES!

A cidade de Aparecida, popularmente conhecida como Aparecida do Norte, é um destino indispen-sável para quem vai viajar na Semana Santa. Muito famosa pelas peregrinações e romarias, bem como pelo seu icônico Santuário Nacional de Nossa Se-nhora de Aparecida, a cidade está com uma progra-mação única para o feriado de Páscoa e a semana que leva a ele.

Ao longo dos dias, serão várias missas e procis-sões, com destaque para a quinta e sexta-feira. Nela ocorre a Celebração a Caminho da Ceia do Senhor, a Missa do Crisma e a Vigília para encerrar o roteiro. Já na sexta-feira, as cerimônias começam com a Oração das Laudes, passando pela Celebração do Sermão das Sete Palavras e terminam com a Pro-cissão do Senhor Morto. No sábado, será realizada a Vigília Pascal e, por fim, o domingo começa com a Missa da Procissão e Ressurreição, continuando com outras missas até o final do dia.

APARECIDA DO NORTE (SP) SÃO MIGUEL DAS MISSÕES (RS)

Este pequeno povoado é um dos assentamen-tos originais dos padres Jesuítas no país, e data de 1687. As ruínas de São Miguel das Missões, como também é conhecido o local, já até viraram sítio ar-queológico e Patrimônio da Humanidade da Unesco.

Portanto, o passeio é ideal para quem gosta não só de turismo religioso, mas também de explora-ções pelo passado distante do Brasil colonial. Lá, você encontrará o Museu das Missões, onde ficam artigos de arte sacra e indígena dos Sete Povos, nome dado ao conjunto de povoados indígenas reunidos naquela região.

A viagem é longa, já que o destino fica a 500 km de Porto Alegre, quase na fronteira com a Argentina. A boa notícia é que, segundo Luísa Dalcin, gerente de comunicação do buscador de voos Viajala.com.br, a Azul já realiza voos até a cidade de Santo Ângelo, a cerca de 50 km de São Miguel das Missões.

ABRIL 2020 | 19 revistarainha.com.br

20 DE ABRIL

ACONTECEU EM ABRIL NA HISTÓRIA

Dia do Disco de Vinil

O disco de vinil é considerado um marco na his-tória do entretenimento musical, ajudando a criar novos hábitos, seja entre os ouvintes ou entre os produtores musicais. O vinil foi desenvolvido em meados da década de 1940, permanecendo popu-lar em todo o mundo até o surgimento do CD e de outras mídias mais avançadas. Também chamado de LP (abreviação de Long Play), para reproduzir um disco de vinil é necessário um “toca disco” ou “vitrola”, como também é conhecido.

A origem da comemoração surgiu em home-nagem ao músico Ataulfo Alves, que morreu em 20 de abril de 1968. Dez anos depois, em 1978, no Rio de Janeiro, os saudosistas e colecionadores de discos decidiram dedicar esta data para celebrar a sua paixão pelo vinil.

1564 - Nasce William Shakespeare, es-

critor inglês (há versões divergentes que

afirmam que ele teria nascido nos dias

21 ou 22).

1896 - Começa em Atenas, na Grécia, a

primeira Olimpíada moderna.

1912 - O Titanic, o navio mais seguro que

já houvera sido construído, sai de Sou-

thampton, Inglaterra para sua primeira e

trágica viagem

1973 - Morre Pablo Ruiz Picasso, pintor

espanhol, aos 91 anos. Picasso foi um

dos maiores pintores do século. Criador

do cubismo.

1998 - Nasce na Escócia a ovelha Bonnie,

a primeira cria de Dolly, a ovelha clonada.

NOVA JERUSALÉM (PE)

GOIÁS VELHO (GO)

Nova Jerusalém é a "cidade-teatro" per-nambucana, que fica a cerca de 200km da capital do estado, Recife. Este é considerado o maior teatro aberto do mundo, e visa replicar uma parte da Jerusalém onde Jesus Cristo viveu.

O local é conhecido pela celebração da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, criada por Epami-nondas Mendonça. Ela reúne cerca de quinhen-tas pessoas, entre atores e figurantes, para a principal encenação da Semana Santa.

A cidade de Goiás Velho fica a 140 km da capital do estado, Goiânia, e é famosa pela en-cenação de uma perseguição ao prisioneiro, ou "Procissão do Fogaréu", uma tradição espanhola que chegou ao país ainda no Século XVIII.

Nela, homens encapuzados empunhando tochas perseguem Jesus Cristo pelas ruas da cidade ao som de tambores, trazendo um pouco mais de agito às celebrações pascais do turismo religioso no Brasil.

FLÁVIA [email protected]ÉROLAS E BUGIGANGAS

É preciso saber pedir ajuda!Passamos a vida tentando desenvolver nossa autonomiaPassamos a vida tentando desenvolver nossa autonomia

20 | ABRIL 2020 revistarainha.com.br

Quando pequenos, nos-sos pais nos estimulam a fazermos amigos sem a ajuda de ninguém, a respondermos às per-guntas da professora sem termos vergonha, a estudarmos por nós mesmos, a pegarmos o ônibus sozinhos, a escolhermos nossas próprias roupas.

Depois, quando adolescentes, temos que escolher a profissão que vamos seguir, a pessoa com quem queremos compartilhar a vida, os amigos que vamos querer por

perto, as viagens que planejamos. Já adultos, as escolhas começam a ser mais

perenes: um trabalho para pagar as contas, a casa onde vamos morar, a quantidade de tempo que passaremos com nossas famílias, o equilíbrio que daremos a nossa vida. E cada uma dessas escolhas o fazemos sozinhos. Nada de errado nisso. São escolhas pessoais mesmo, e é fundamental que sejam nossas, até para não responsabilizarmos ninguém caso algum desses caminhos escolhidos seja um equívoco.

E assim a vida vai seguindo, em um encade-amento de situações que nos obrigam a termos atitude, a tomarmos decisões, a exercermos nossa autonomia. Por um lado, é ótimo, e necessário até. Por outro, desenvolve em nós um excesso de indivi-dualismo, e acabamos achando que não precisamos de ninguém.

Centramo-nos em nós mesmos, em nosso mun-dinho, em nossos erros e acertos. Nem percebemos, mas vamos criando uma onda de autossuficiência que nos afasta dos outros. Não queremos ouvir o que o outro tem a dizer. Tampouco os outros querem ouvir a nossa opinião. Individualistas, fechamo-nos.

Mais do que isso. Nossas escolhas têm que dar certo. Precisamos mostrar para a nossa família, amigos e sociedade que estamos “bem, obriga-do”. Nas mídias sociais, então, nada de fracassos, nem de solidão. Temos que ter carro, casa, viajar para lugares paradisíacos, comer em restaurantes badalados comidas que parecem obras de arte e, claro, estarmos sempre sorrindo. Nossas escolhas

ABRIL 2020 | 21 revistarainha.com.br

A autora, colaboradora desta Revista, é jornalista e escritora com

MBA em Negociação Internacional

foram as mais acertadas. Viu, mundo, não precisamos do favor de ninguém. Vence-mos sozinhos.

Até que algo acontece. Uma demissão. Um divórcio. Uma desilusão. Uma ruptura.

Algo que quebra você ao meio. Racha por dentro. Divide o seu emocional.

Algo que te faz perceber que sozinho você não dá conta.

E você percebe que precisa de ajuda. Desesperadamente.

Nem sempre esse algo é ruim. No meu caso, por exemplo, não foi por um motivo tris-te que eu precisei pedir ajuda. Muito pelo contrário. Foi pelo melhor motivo do mundo: o nascimento do meu filho amado. Mas foi só depois que me vi com uma criança no colo, dependendo de mim 100% do dia, é que a tal ficha caiu.

Como atender as necessidades de alguém que não diz nenhuma palavra sequer? Como ser 100% mãe, e ainda assim ser filha, esposa, amiga

e trabalhadora? Como dar conta de tudo se alguém precisa de ti o tempo todo?

Por mais que eu tivesse me preparado muito para esse encontro com aquele pequeno ser que eu chamaria de meu filho, quando ele aconteceu é que eu percebi que toda a teoria lida e ouvida de nada adiantava. A prática te convida a ser humilde para aprender tudo a partir do zero.

É você quem tem que interpretar cada chorinho, e socorrê-lo toda vez que tem fome (e são muitas vezes ao dia!), toda vez que faz cocô (e são muitos por dia!), toda vez que precisa dormir (e são várias sonecas por dia também!). Sua vida toda passa a girar em torno do mesmo eixo, seu filho.

E então você percebe que precisa muito de ajuda. Graças a Deus, fui abençoada com o melhor marido do mundo e os melhores pais também. Te-nho recebido todo o suporte necessário para passar pelos meses iniciais com relativa tranquilidade, e tenho refletido muito a respeito disso. É preciso saber dividir. É preciso saber pedir e aceitar ajuda, e é preciso reconhecer que pedir ajuda não te en-

fraquece, ao contrário. Você se fortifica nos laços que cria com quem te estende a mão.

E quem te estende a mão também se enche de bons sentimentos. Como é bom podermos ajudar! Como é bom sabermos ajudar! Ajudar nos coloca um sorriso no rosto, é um ato de generosidade que volta em dobro de satisfação para quem o faz, principalmente quando o outro é grato o suficiente para saber dizer “muito obrigado”. Quem não sentiu aquele calor no peito ao ouvir de alguém um “muito obrigado” verdadeiro, daquele em que a pessoa realmente está agradecida e reconhece o favor. É como se fosse um abraço apertado, franco, trans-parente, sincero!

Neste mês em que celebramos a Páscoa, mor-te e ressurreição de Jesus Cristo, um dos maiores aprendizados que levamos é a humildade com que Jesus aceitou todas as ofensas, toda a violência, toda a barbaridade cometida contra si. Ele não re-vidou, apenas aceitou, confiando na vontade do Pai.

Quando os dias na sua vida forem difíceis, e você não souber a quem recorrer, tenha a humilda-de ensinada na cruz pelo Messias e peça ajuda. De um amigo, de um familiar, de um colega de trabalho. Desabafe. A alegria que você vai sentir em dividir um problema com alguém é proporcional à alegria de quem vai poder te escutar e ajudar.

CLARIANE LEILA [email protected] HUMANOS

Vida plenae em abundância

22 | ABRIL 2020 revistarainha.com.br

Chegamos ao sagrado tempo da Páscoa. Tempo em que, diferente do Natal, vivencia-se a mor-te para celebrar a vida. Algumas mortes são

necessárias para que se possa viver. Foi também isso que Cristo ensinou ao se dar em sacrifício para que pudéssemos viver, fortalecidos e alicerçados na Nova Aliança. Não se trata de uma apologia ao homicídio ou ao suicídio, muito pelo contrário. Trata-se de um despertar para uma possível con-dição de vida plena e em abundância, que é outra promessa divina.

Muitas vezes nos deparamos com situações que parecem impossíveis de solucionar. Isso acontece com todo mundo e pode se manifestar em diver-sas áreas de nossas vidas: saúde, trabalho, família, amizades etc. Quando nos deparamos com algo que pensamos não dar conta sozinhos, recorremos aos mais diversos tipos de resgate, na tentativa de reno-var nossas esperanças. Em alguns casos, a terapias alternativas; em outros, à meditação; em outros, a familiares (quando os temos); em outros, a terapias convencionas e em outros, pasmem, ao Judiciário. Mas o que tudo isso tem a ver entre si: morte, es-perança e Judiciário? Não é uma associação fácil.

Desde que escolhi estudar Direito gosto de pensá-lo como uma espécie de religião, na qual um vocacionado faz “milagres”, quando comprometido com sua “missão”. Ainda que possa fazer estragos,

se não estiver comprometido. Para além disso, a instituição Justiça parece deter uma estrutura lógica própria, semelhante àquilo que reconheço como sendo religião.

Enquanto instituição, a Justiça precisa dos juris-dicionados para se operar na sociedade; afinal, de nada adianta a lei se não se tiver a quem, porquê e onde aplicá-la. Tal qual uma religião que não pode prescindir de seus fiéis e suas razões. Na mesma linha, a Justiça dispõe de um espaço próprio para operacionalizar-se: o Fórum, com suas salas de audiências, tribunais de júri pomposos, gabinetes, secretarias e operadores caracterizados para que cada um exerça o seu papel. Outra semelhança com a estrutura religiosa: ela dispõe de evangelizadores de igual importância, porém em funções diferentes. Ainda na mesma lógica, a Justiça dispõe de normas que se assemelham aos dogmas do catolicismo, es-truturados em documentos, os quais, para o Direito, são os códigos, leis, resoluções, medidas provisó-rias, normativas e, há algum tempo, as sentenças normativas e a jurisprudência, entre outros. Mas tudo isso ainda não é o mais importante. O cerne da percepção da Justiça como religião está no fato de que o jurisdicionado só a procura porque tem fé nela. Ele acredita que ela poderá resolver aquilo que ele não é capaz de fazer sozinho. A fé na Justiça é o que a mantém viva. Talvez seja romântico demais

A autora, colaboradora desta Revista, é graduada em Direito e Letras e meste

em Literatura Comparada pela Unioeste

ABRIL 2020 | 23 revistarainha.com.br

pensar assim, porém desconheço algum missionário que tenha se destacado mergulhando no ceticismo e no pessimismo.

“A utopia está lá no horizonte. Aproximo-me dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.” É este o sentido. A fé do jurisdicionado de que a Justiça poderá prover aquilo que ele não é ca-paz de conseguir sozinho (seja pelo motivo que for: limitações físicas, sociais, intelectuais, financeiras, psicológicas, familiares, de relação interpessoal, ou até mesmo médicas) faz com que o jurisdicionado acione a Justiça, que é, por princípio, inerte, enquan-to instituição.

Uma vez acionada, a Justiça tem o compromisso e a obrigação de dar uma resposta, que pode ou não ser considerada satisfatória para quem a acionou. Aí é que o elemento FÉ se destaca. A fé subsidia a re-cepção da decisão. Se não a recebemos bem porque fomos contrariados, isso é mais problema nosso do que da Justiça propriamente dita. A fé se fortalece na esperança de que o melhor aconteça, mas não avaliza. O problema aparece quando ela sucumbe à insatisfação do resultado, tal qual pode acontecer na religião. Aí não se trata de fé, se trata de escambo. Não troca boas ações por graças. Se age sob os

desígnios de Deus porque cremos serem bons, não como moeda de troca para futuros benefícios. Não deixamos de acreditar em Deus porque ele não nos deu a possibilidade de comprar um carro novo. Ele é Deus, não um corretor ou banco de financiamento. Ainda que muita coisa merecesse explicação Dele, este é o mistério da fé. Não é à toa que se fala que a fé é um mistério.

Ter fé não se pauta numa relação comercial em que se faz aquilo que se acha certo e por conta disso se tem aquilo que se deseja. Ter fé é estar convicto da retidão da atitude e esperar. A Justiça, acreditem, a Justiça real, se pauta nesse princípio. Não é fácil acreditar nisso em tempos em que certos opera-dores oficiais a tem a castrado ao seu bel prazer e para se promover; até mesmo usando a autoridade para exercer violência.

Em tempos de renovação, renovemos nossa fé e esperança na Justiça, não apenas enquanto instituição, mas enquanto prática. A Justiça chega na casa do faminto quando todo mundo ajuda a abrir a porta com respeito e não à base de chutes e pontapés. É preciso que se mate a hipocrisia para que a verdadeira fé e esperança possam viver e frutificar.

FELIPE MICHELON [email protected]

A Campanha da Fraternidade 2020 acertou em cheio:

reunir-se em torno da pessoa de Santa Dulce dos

Pobres para falar sobre vida, que é dom e compro-

misso. Mas é compromisso de quem? Com quem? Como

se comprometer?

Ao longo desses meses, já escrevi sobre diver-sos assuntos que estão na vida e no cotidiano dos jovens e, mais uma vez, o faço com muito

carinho e amor pelas juventudes, tão belas e plurais na Igreja e fora dela. E neste mês, mesmo já qua-se tendo concluído o tempo da Quaresma, quero partilhar um pensamento sobre a Campanha da Fraternidade, que deve se estender por todo o ano.

Em 2020, pudemos nos reunir em torno de Santa Dulce dos Pobres, que nos aponta para o jovem Jesus, para falar sobre a vida, que é dom e compromisso. O lema foi extraído da parábola do Bom Samaritano: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”. Nesse senti-do, minha reflexão é mais profunda e prática: ao olhar tantos jovens sem sentido, fazendo uso de remédios pesados para diminuir os efeitos da depressão. E o alto índice de suicídios? Estamos vendo, sentindo compaixão e cuidando dos nossos jovens?

Sinto em dizer, mas estamos vendo, sentindo pena e ignorando e, assim, infelizmente tanta vida está se perdendo. O jovem Jesus, que está presente na vida de cada jovem, está morrendo e ainda esta-mos inertes. E a vida das juventudes é compromisso de quem? É do governo? É da Igreja? É da família? Da escola? Sim, de todos esses agentes sociais no mesmo grau de comprometimento.

E aqui não é compromisso de monitorar a vida dos jovens com mensagens no WhatsApp, Facebook ou afins, do tipo: “onde você está?”, ou “com quem estás?” ou, ainda mais, “que horas voltas?” Mas algo profundo,

de compreender que essa faixa etária é extremamente cobrada para dar resultados, bater metas, adquirir bens e ter uma vida bem-sucedida. E tudo isso leva a crises de estresse e outros efeitos que afetam a saúde mental e psíquica dos jovens e das jovens.

Para termos uma pequena noção da nossa falta de compromisso para o cuidado com a vida dos jo-vens: a taxa de suicídios a cada cem mil habitantes aumentou 7% no Brasil, ao contrário do índice mun-dial, que caiu 9,8%, alerta a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Brasil, em 2016, foram contabilizados 6,1 suicídios a cada 100 mil habitantes. Já em 2010, foram registrados 5,7 suicídios a cada 100 mil ha-bitantes no país. O suicídio foi a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, per-dendo somente para os acidentes de carro.

Não podemos ser demagogos e também puri-tanos e colocar os jovens na posição de vítimas, tão somente. A vitimização leva à falta de protagonismo e, ao mesmo tempo, à troca do sentimento de com-paixão pela pena. Não podemos ter pena de quem está caído, porque isso não compromete no cuidado da vida do irmão. Na parábola do Bom Samaritano, pode ser que o sacerdote e o levita tenham sentido pena, mas ignoraram. A compaixão compromete, podemos dizer que “ela pesa na consciência” da pessoa e ela se sente no compromisso de ajudar.

“CRISTO VIVE E TE QUER VIVO!”Assim o Papa Francisco dá início à Exortação

Apostólica Christus Vivit. E ele complementa: “é Ele a nossa esperança e a mais bela juventude deste mundo! Tudo o que toca torna-se jovem, fica novo, enche-se de vida”. Mas como podemos perceber esse Cristo que vive no meio de tantas situações que degradam a vida?

Você já participou da oração da Via Sacra? Essas catorze estações que a piedade popular nos fala so-bre os últimos passos de Jesus, também podem ser

24 | ABRIL 2020 revistarainha.com.br

Ver, sentir pena e ignorar

O autor, colaborador desta Revista, é jornalista.

replicadas na vida das juventudes. A primeira fala que Jesus é condenado à morte: quantos jovens e quantas jovens são condenados à morte nos dias de hoje, pelo envolvimento com as drogas e a prostituição?

Quando Jesus carrega a cruz, podemos perceber as cruzes que estão na vida dos jovens e também dos idosos. Entre elas estão a falta de oportunida-des formais de emprego, a dificuldade em concluir os ensinos Fundamental e Médio e, muitas vezes, até a falta de alimentos para colocar na mesa.

O jovem Jesus caiu uma vez. Ele não tinha peca-do, mas tinha sobre si o peso da cruz e da inveja do povo e do poder político da sua época. Nas costas dos jovens de hoje também recai a inveja e a cobran-ça excessiva para que sejam pessoas bem-sucedi-das e, para isso, precisem sacrificar suas vidas ou quem sabe, “vender a alma para o diabo”.

Mas Jesus encontra o alento da Mãe. Maria, Mãe que Jesus nos deu, também é Mãe das Juventudes. E como é sinal de esperança ver a sintonia entre os jovens e suas mães. Mas não podemos esquecer das dores daquelas que veem seus filhos mortos ou cooptados por um sistema violento, seja por falta de oportunidades, seja pela necessidade de “vender a alma para o diabo”.

Ele não está sozinho e aqui podemos novamente recordar a importância da compaixão: o Cireneu se compadece e sua consciência pesa. O homem ajuda Jesus a carregar a cruz. E hoje, o que te ajuda a te compadecer dos jovens que estão à beira do cami-nho, carregando cruzes e sendo entregues à morte?

Na sexta estação, há o reforço da identidade. Mesmo sujo, sangrando e muito abatido, Jesus é reconhecido por Verônica. Ela faz o quê? Limpa o rosto Dele, mostra que aquela pessoa é importan-te. E hoje, quantas Verônicas enxugam o rosto dos jovens, cansados e desesperados numa sociedade que, por vezes, quer milagres e não respeita pro-cessos de crescimento e amadurecimento, e outras ainda dizem que “a juventude não tem futuro”. Es-ses jovens têm identidade e precisam que ela seja reforçada e cuidada, mesmo quando caem como Jesus, pela segunda vez.

Quando Ele passa pelas mulheres que chora-vam, disse que elas deveriam chorar pelos seus

filhos: jovens de ontem e de hoje, que não devem ter papel de vítima, mas de protagonistas de histórias de superação, mesmo diante de uma terceira queda, já no limite do cansaço seja ele físico ou psicológico. Aqui entra nosso cuidado com os jovens depressivos e aquelas pessoas que perderam o sentido da vida.

COLOCAR-SE AO LADO, PARA DAR VIDA E RESSUSCITAR SONHOS

Na décima estação, temos Jesus despido de suas vestes: nesse momento, lhe é tirado o pouco que Ele ainda tinha. Fica com o corpo todo à mostra e sua dignidade é colocada em xeque. Quantos jovens, e sobretudo do sexo feminino, são condenados a deixarem sua dignidade de lado na prostituição, justamente para poder sonhar com carreira bem--sucedida e, não podemos esquecer do tráfico de pessoas, que mata mais e mais jovens a cada ano.

Quando Ele é crucificado, recordamos de tanta juventude que morre vítima da violência e, muitas vezes, sem ter nada a ver com as situações, são atingidas por balas perdidas ou submetidas a outros tipos de suplícios. Jesus morreu na cruz e muita gen-te sentiu pena, mas pouca gente se compadeceu. Aos pés da cruz, de acordo com a Bíblia, ficaram poucas pessoas, os malfeitores, alguns amigos e a Mãe. Aqui também vai uma pergunta para os jovens leitores: quem são teus amigos de verdade que estão contigo, inclusive nos momentos de cruzes?

Ao ser retirado da cruz e depois sepultado, com-preendemos quantos sonhos de Jesus morreram com Ele. Quantos sonhos, quantas ideias, quantos planos de ser feliz, de fazer feliz e de salvar os ou-tros são enterrados quando morrem os jovens? Qual o seu compromisso diante disso?

Mas, por fim, Cristo vive e quer que os jovens tenham vida Nele e com Ele. Você: pai, mãe, avô, avó, padre, catequista, professor, psicólogo, psiquiatra, qual o seu compromisso com a vida dos jovens? Ele ressuscitou e, pelos seus atos, pela sua forma de se colocar ao lado, com compaixão, tanta vida pode ressuscitar, tantos sonhos podem ganhar um novo sopro. Veja, sinta compaixão e não ignore.

ABRIL 2020 | 25 revistarainha.com.br

A vida é feita de histórias e cabe às pessoas se perguntarem o que estão fazendo com as suas. A consciência dessa caminhada, que envolve realizações, frustrações, sonhos

e perdas, principalmente na última etapa da vida, pode ajudar na revisão de atitudes e escolhas e na busca de alternativas adequadas para alcançar uma longevidade feliz.

Nas muitas histórias vividas, são as perdas que acarretam mais emoções e tendem a se perpetua-rem nas lembranças. Por isso, entender como foram administradas no dia a dia, que reparações foram possíveis ou resignações ocorreram, são atitudes que denotam equilíbrio entre as escolhas e as suas consequências.

Na experiência com a clínica psicológica, mui-tas demandas por psicoterapia têm como causa sofrimentos decorrentes de diversos tipos de per-das. Algumas pessoas sofrem porque perderam um ente querido, outras devido à incapacidade de sonhar, alguns por perderem a fé, assim como os que perderam a esperança. Mas a pior das perdas é daqueles que não têm o que

perder, porque nunca conquistaram ou tiveram nada para si, nem para sentir a falta. Estes, nunca sonha-ram, acreditaram, amaram, confiaram ou tiveram esperança em nada. Diferentemente daqueles que lamentam por terem perdido familiares, amigos e companheiros, eles não têm histórias para lembrar, ensinamentos para transmitir ou para se consolar. Os que sonharam e acreditaram em suas fantasias, ao contrário, podem encontrar novos motivos e de-sejos e carregar em suas histórias reminiscências de bons momentos. Por isso, a crença de que só é possível ser feliz quem nunca teve uma perda é uma meia verdade, porque se houver envolvimentos, as lembranças não desaparecem com a perda.

O envelhecimento para muitas pessoas re-presenta só perdas, por isso não vivem o dia a dia, permanecem no passado lembrando o que já existiu e esquecem de encontrar novos sentidos e construir novas histórias no presente e futuro. Nessa condição, envelhecer é motivo de lamentos pela incapacidade para superar alguma coisa ou recuperar o que mais gostava de fazer.

A depressão toma conta do viver e inibe momentos emocionais, tanto pela im-

As perdas

da vida

26 | ABRIL 2020 revistarainha.com.br

HELENA FINIMUNDI [email protected]

possibilidade de adequação às mudanças corporais, como pela diminuição da visão, audição, do cansaço, da beleza que se esvai, até pela falta de desejos.

Existe, porém, uma desesperança maior, que demanda mais atenção, que é da percepção dolorida de um tempo que já não volta mais e de não saber o que fazer com o que está por vir. Nesse caso, os desejos e as esperanças tão necessários aos sonhos envelhecem também.

Esses comportamentos indicam que alguma coisa não vai nada bem com as elaborações das perdas so-fridas e de que o paciente precisa urgente de atenção.

Existe um princípio psicológico que diz que se existe vida é porque existe pulsão, isto é, energia psíquica. A esperança faz parte dessa energia, que deve pulsar sempre em busca de prazer, não impor-tando época, nem as perdas que ocorreram, muito menos pela idade. Nesses casos, a lógica da psico-terapia é procurar realimentar a motivação para a pessoa se reafetar – retomar os afetos perdidos.

Como profissionais, sabemos que os desinves-timentos afetivos, isto é, a desafetação, gera um empobrecimento nos vínculos afetivos, um aban-dono de objetivos de vida, tornando o mundo e os relacionamentos do Adulto Maduro sem sentido. Essas dificuldades impedem a realização de satis-fações narcísicas, pessoais e podem acarretar uma

desafetação parcial, ou até total, com isolamento das pessoas e do mundo.

Os afetos embotados, pela incapacidade de elaborar as diversas perdas nessa ida-de, perdem sua função principal – a de mensageiros entre o corpo e a mente.

Quando isso acontece ocorre a destruição de muitas representações psíquicas – ou talvez de todas elas, destruindo a mente, ocasionando uma perda de fun-ções intelectuais, cujas consequências são prejuízos para as capacidades de autonomia e independência necessárias a um envelhecimento saudável.

Nessa perspectiva, a ajuda que se pode oferecer pode ocorrer através de uma influência vitalizante através da estimulação para a pessoa contar sua história, falar sobre suas perdas, buscar nomear seus sentimentos para compreender sua dor, po-dendo, desta forma, desenvolver um foco de com-promisso com seu envelhecimento, assim como um senso de continuação da própria vida.

Para alguns autores, o importante nesses tra-tamentos é a retomada das conversas de todo tipo, incluindo da própria história. Isso ajuda a evitar a interrupção da função mental decorrente dos lutos não elaborados e das reações emocionais intensas que impedem o contato com a realidade objetiva e consequentemente a continuidade evolutiva, isto é, continuar compondo sua história.

Por tudo isso, as perdas nem sempre significam apenas subtrações; quando elaboradas, ajudam no crescimento emocional e na maturidade frente às intempéries da vida.

Como cita John Barrymore, “Um homem não é velho até que os lamentos ocupem o lugar dos sonhos”.

ABRIL 2020 | 27 revistarainha.com.br

A autora, colaboradora desta Revista, é psicóloga clínica, psicogerontóloga

em Porto Alegre (RS)

SONIA SIRTOLI FÄ[email protected]

E se fosse hoje?E se fosse hoje?Pensar na morte e na possibili-dade de morrer é tarefa adiada que, para alcançar êxito, são utilizados vários mecanismos, sempre com a intenção de afas-tar “maus pensamentos”. Mes-mo quando são utilizados nas conversas coloquiais, fra-ses de efeito e clichês, na maioria das vezes é com a intenção de limitar o assunto e de encerrar a reflexão sobre o tema.

28 | ABRIL 2020 revistarainha.com.br

A autora, colaboradora desta Revista, é doutora Tanatóloga e Teóloga

Daí que, sentenças como “A morte é a única certeza que temos na vida”, “Desde o nascimento já se começa a morrer”, “Acontece com todos” e outras frases similares, quando proferidas, dizem, mas não explicam por onde passa a reflexão. Até porque a lógica (e essas frases são lógicas) é dado irrefutável, enquanto a reflexão é opcional. Refletir sobre a morte exige entrar em contato consigo mesmo, com sua realidade, suas limitações e seus medos, por isso, o tema é adiado.

Paradoxalmente, quando uma pessoa passa por uma situação na qual não pode fugir do pen-samento da morte ou do morrer, sua vida muda e, falar do tema já não causa medo, por isso, deixa de ser evitado. Ao contrário, quem viu a morte perto de si tende a falar dela com maior serenidade e frequência. Falar sobre a morte é uma forma de ser superior a ela, é um modo de vencê-la, porque só é maior que nós aquilo com o qual não conseguimos lidar. O enfrentamento deixa de ser luta para ser re-alidade a ser decifrada. E é assim que se ressignifica essa condição humana, Sim, porque a morte não é adversária, nem punição, nem revanche da vida, mas é uma dimensão natural da existência, como nascer, crescer, passar pelos ciclos etários.

Para se manter atento a essa realidade, propo-nho a você um exercício de aproximação do tema.

Pegue um material de anotação e escreva as coisas que você faria se soubesse que este é seu último ano de vida. Depois escreva o que faria se

tivesse apenas um mês de vida. Por fim, escreva como seria este dia se fosse o seu último.

Escrever que vai fazer uso de um procedimento para escapar da morte é uma atestação do quanto o tema é negado. Por isso, faça sua lista com coragem e no tempo que você precisar. Ao longo das décadas em que venho trabalhando esse tema com milhares de pessoas, noto sempre que as listas apresentam emoções, relacionamentos e pessoas que realmen-te importam. Nunca vi numa lista alguém escrever que vai trabalhar mais, estudar mais, se qualificar ou dar um up no seu currículo. Não. Invariavelmente, as pessoas apresentam sonhos possíveis e cotidianos, conversas e silêncios confortáveis junto de quem ama. Imagino que será mais ou menos assim a sua lista, também.

Deste exercício resulta uma constatação mara-vilhosa: por que é preciso esperar que seja hoje o último dia?

Coloque em prática a sua lista e, então, enten-derá que a morte ilumina a vida.

ABRIL 2020 | 29 revistarainha.com.br

TEOLOGIA E COTIDIANO MARIA CLARA BINGEMER

O ano de 2020 abriga diversos centenários de gente ilustre de nossa terra. Entre eles está o poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto, em 09 de janeiro. Considerado

por muitos um dos grandes poetas lusófonos, João Cabral foi galardoado em vida com diversos prêmios, entre eles o Prêmio Camões, o maior concedido a autores que contribuíram ao enriquecimento do patrimônio cultural e literário da língua portuguesa.

A poesia de João Cabral tem um misto raro de realismo e transcendência. Trata-se de traço intri-gante para o agnóstico declarado que ele sempre assumiu ser. No entanto, sua fé na imanência da vida, no concreto duro da existência, é algo sempre presente em seu fazer poético. E em meio às muitas expressões poéticas de seu indiscutível gênio, esta é uma das que mais o tem notabilizado mundo afora.

Sou leitora devota de João Cabral. O encontro com sua poesia deu-se por Morte e Vida Severina, o poema épico sobre seu povo nordestino, cantado em versos rigorosos e belos com métrica impecável e contida, mas inegável paixão.

Foi no teatro que, por vez primeira, vi e ouvi os versos de Cabral musicados por Chico Buarque. Foi uma experiência estremecedora de encontro com a realidade de um povo que era o meu, mas do qual vivia tão distante.

O poema, ao mesmo tempo em que traz no título o nome do personagem central – Severino – nome muito comum no Nordeste, deixa claro que se trata de mais do que um nome próprio de um indivíduo. Severino, figura simbólica e emblemática, é um retirante, ou seja, um migrante, um nômade, um caminhante. Vai em busca de vida. Tem sede dela,

JOÃO CABRAL DE MELO NETO E A VIDA SEVERINA

30 | ABRIL 2020 revistarainha.com.br

A autora, colaboradora desta Revista, é professora do Depto. de Teologia da PUC-Rio

de trabalho e remuneração justos, de plenitude de vida. Sede de viver uma vida que não seja apenas morte adiada. Severino é a personalidade corporati-va dos sertanejos nordestinos. Severina na verdade é a vida que levam. Vida dura e castigada, pela seca, pela opressão, pelo latifúndio, sempre ameaçada pela morte.

Severino migra porque esse é o seu destino. Retirante, vive saindo de um lugar e rumando para outro, em busca de vida, de trabalho, de recursos de sobrevivência. Neste sentido, é paradigmático não apenas do nordestino, mas do ser humano, sempre um caminhante, um peregrino nesta vida guiado pela sede de viver mais plenamente. Seu destino é o mesmo do povo de Deus no deserto e de todos os migrantes que hoje cruzam o planeta em busca de melhores condições de trabalho e de vida. E que nessa migração encontram muitas vezes a morte nas águas do mar ou na aridez do deserto.

Em seu itinerário, Severino se encontra várias vezes com aqueles e aquelas que, como ele, são con-denados a viver a vida Severina. Talvez uma das pas-sagens mais belas de todo o poema é aquela em que o retirante se depara com o funeral de um trabalhador da terra, de cuja morte os companheiros expõem a causa. Sua morte é fruto da injustiça, da acumulação do capital, do impiedoso latifúndio e da ganância dos proprietários de terra, que exploraram sua força de

trabalho e nada lhe deram. Vai ser depositado na terra, a terra que bebeu seu suor, sua juventude, sua força de marido. A poesia de João Cabral, indissolu-velmente unida à sua agudeza de perspectiva sobre a realidade, vai dar aí toda a sua medida.

Já desesperado de encontrar melhor vida e pensando em interromper a sua antes do tempo para amenizar o sofrimento, Severino encontra na conversa com um humilde carpinteiro palavras inspiradoras. E o nascimento da criança, filho de seu interlocutor, vai desviá-lo da morte para voltar a crer na vida.

Severino vai concluir que, embora seja difícil defender só com palavras uma vida Severina, a pró-pria vida respondeu mostrando-se teimosamente mais forte que a morte que procura engoli-la. E João Cabral, poeta e cantor, foi para mim, naquele momento, um mensageiro da Boa Notícia.

É este o outro nome do Evangelho que Jesus Cristo anunciou em plenitude e continua se fazendo ouvir por muitas vias, inclusive pela poesia compro-metida de um diplomata pernambucano que até muito perto do final de sua vida não se assumia como crente.

Obrigada, João Cabral, e feliz centenário!

ABRIL 2020 | 31 revistarainha.com.br

PE. DENILSON GERALDO, [email protected] VIVER

Iniciamos um estudo, em diversas etapas, da exortação apostólica pós-sinodal Que-rida Amazônia. Neste artigo verificaremos alguns elementos presentes nos capítulos I e II,

denominados como sonho social e sonho cultural. Inicialmente, Francisco afirma que essa Exortação não substitui o Documento Final do Sínodo, mas é uma síntese de suas grandes preocupações sobre a região Amazônica, que é formada por nove países: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Guiana Francesa.

No debate internacional, a abordagem ecoló-gica sobre a Amazônia exige sempre a abordagem social, considerando principalmente clamores dos pobres. O comércio da madeira e a indústria de minérios atentaram diretamente contra as comunidades indígenas e ribeirinhas, causando o movimento migratório dos indígenas para as periferias das cidades. Neste sentido, o clamor também vem dos pobres moradores no interior das

SOCIAL

cidades amazônicas e é preciso indignar-se, como se indignaram Moisés (cf. Ex 11, 8) e o próprio Jesus (cf. Mc 3, 5), contra um novo colonialismo revestido de globalização.

Todavia, o Papa nos convida a construir redes de solidariedade e desenvolvimento, aprendendo com os povos indígenas o senso da fraternidade, a fim de sanar os danos causados pela emigração para as cidades e, consequentemente, a desintegração e o desenraizamento cultural.

Cristo redimiu o ser humano inteiro para recom-por em cada um a sua capacidade de se relacionar com os outros. Na Encíclica Laudato si’, da qual celebramos cinco anos de promulgação, nos foi

O DIÁLOGO

CULTURAL NA AMAZÔNIA

32 | ABRIL 2020 revistarainha.com.br

apresentado que tudo está relacionado. Todavia, também o estado de saúde das instituições de uma determinada sociedade é condicionado pelo ambiente. Neste sentido, os povos amazônicos não são alheios à corrupção, mas tornam-se suas prin-cipais vítimas. Tais práticas de corrupção também entram na Igreja mediante a participação nas redes de corrupção política e na aceitação de doações

que não tenham uma procedência legal e honesta.

Podemos evitar a instalação de um ambiente de corrupção se o

diálogo, como discípulos e mis-sionários, for iniciado pelos

últimos, pelos pobres. Es-ses não são apenas inter-

locutores para o convenci-mento, mas são os principais

interlocutores e deles devemos aprender escutando.

Essa é uma obra educativa que implica em “cultivar sem desenraizar,

fazer crescer sem enfraquecer a iden-tidade, promover sem invadir” (n. 28). Tais gestos protegem as culturas presentes na Amazônia (mais de cento e dez povos indígenas considerados er-roneamente de selvagens ou não civilizados), que ainda não foram ouvidas e que correm o risco de desaparecer (n. 29).

Os jovens indígenas são convidados a assumir as raízes, pois das raízes provém a força que faz crescer, faz florescer e faz frutificar, recebendo dos mais idosos a sabedoria cultural. Nesta perspectiva, os grupos humanos poderão ter cosmovisões que se enriquecem e, mesmo as cidades, serão lugares de encontro e não um palco doloroso de descarte. Deus se manifesta em um território, daqui o concei-to de Igreja local, e reflete sua beleza nos diferentes grupos humanos, provocando uma síntese vital com o ambiente circundante.

Considerando, infelizmente, a possibilidade de desaparecimento de algumas culturas, alguns

povos começaram a escrever suas histórias e des-crever o significado dos seus costumes. É magní-fico reconhecer que diversas expressões artísticas foram influenciadas pela água, pela floresta e pela vida em que se movimentam. Em outras palavras, as etnias presentes na Amazônia desenvolveram um tesouro cultural em conexão com a natureza, com forte sentido comunitário, e se deram conta das sombras da cultura industrializada com seu suposto progresso (n. 36).

Todavia, a diversidade cultural não pode repre-sentar uma barreira, mas uma ponte, pois a identi-dade e o diálogo não são inimigos. Do mesmo modo como se afronta o tema da migração no ocidente, também aqui uma cultura pode tornar-se estéril quando se fecha em seus próprios limites. O Papa não defende um “indigenismo absoluto”, mas um diálogo cultural e social que deve interessar a to-dos porque a riqueza da cultura indígena interessa também ao ocidente e vice-versa. O lugar por ex-celência para esse diálogo é a família que sempre contribuiu para manter viva a cultura.

Concluindo os capítulos sobre o sonho social e o sonho cultural, o Papa recorda o conceito de eco-logia humana de Bento XVI, quando dizia que “ao lado da ecologia da natureza, existe uma ecologia que podemos designar humana, a qual, por sua vez, requer uma ecologia social. E isto requer que a humanidade (…) tome consciência cada vez mais das ligações existentes entre a ecologia natural, ou seja, o respeito pela natureza, e a ecologia humana” (n. 41). Afinal, tudo está interligado.

ABRIL 2020 | 33 revistarainha.com.br

O autor, colaborador desta Revista, é padre palotino, membro do Conselho Geral da SAC e

Doutor em Direito Canônico

DOM APARECIDO DONIZETI DE [email protected] VOZ DO PASTOR

34 | ABRIL 2020 revistarainha.com.br

O autor, colaborador desta Revista,é Bispo Auxiliar da Arquidiocese

de Porto Alegre (RS)

Vivemos em um contexto cultural onde a liberdade de expressão é defendida como um direito fundamental do ser humano. De fato, poder se exprimir na liberdade de

pensamento é, sem dúvida, algo fabuloso, mas supõe discernimento e responsabilidade pessoal, pois aquilo que se diz pode afetar positivamente ou negativamente a vida de outros. E um bom discernimento supõe também uma boa educação.

Não precisamos fazer muito esforço para percebermos o quanto discursos de algumas lideranças, sobretudo religiosas e políticas, têm influenciado pessoas em nosso tempo. Conforme o conteúdo dos discursos e a forma com a qual são feitos, os impactos são profundos e vão gerando ou fortalecendo comportamentos diversos em muitos. Quando a pessoa tem um conhecimento fundamentado numa sã antropologia cristã e filo-sófica, certamente saberá fazer juízos e formulará ideias em vista da construção de um mundo melhor onde todas as pessoas tenham uma vida mais digna. Mas se um líder “falar coisas aos ventos”, sem discernimento adequado, poderá favorecer o contrário. Poderá com suas palavras fomentar o ódio, a violência, a indiferença para com os mais necessitados, enfim o desrespeito para com a vida humana e também a vida do planeta.

O fato é que todos nós somos corresponsáveis para que o mundo seja melhor. Vale nos perguntar o que queremos com aquilo que expressamos por meio das palavras ditas no cotidiano. Assim, se dese-

jamos de fato que situações como desigualdade social, ganância, preconceito, discriminação,

racismo, indiferentismo, individualismo, violência e todo tipo de guerra, bem como a perda de sentido da vida, deem espaço para um mundo melhor, mais humano, solidário e justo, onde as pessoas sejam respeitadas em seus direitos de uma vida digna e a paz possa predominar em nosso meio, precisa-mos cuidar bem do que falamos e como falamos. Conhecemos bem a expressão: “quem semeia vento, colherá tempestade” e, certamente, quem semeia coisas boas, bons frutos colherá.

Até o que lemos na Sagrada Escritura, se não soubermos interpretar à luz de Cristo, que veio ao mundo para salvar e não condenar (cf. Jo 3,17), po-deria sofrer interpretações fundamentalistas que não favoreçam a vida digna e plena para todos, pois Cristo veio também “para que todos tenham vida e tenham em abundância” (Jo 10,10).

Assim, que o amor a Cristo, que deu a vida pela salvação da humanidade, leve todos a viver a vida com responsabilidade e saber se comunicar, seja na família ou na sociedade, em vista do bem de todos e da restauração do meio ambiente que é nossa Casa Comum.

Textos: Michele IracetIlustrações: Juliana Basile

A verdade é sempre o melhor caminhoAmiguinho, o dia primeiro deste mês de abril é

lembrado como o Dia da Mentira. Você já contou

alguma coisa para alguém que não era verdade?

Você sabia que isso não é legal? Leia como os

nossos Super-Heróis se meteram numa enrascada

por causa de uma mentira.

Lucca e Lipe estavam indo para a casa de Enzo

para brincar. No caminho, encontraram Jasmin

chorando. Preocupados, pararam para ajudar a

amiga:

– O que houve Jasmin? Por que está aflita?

– perguntaram nossos amiguinhos.

– Eu disse para a minha mãe que já tinha feito o

dever de casa para poder sair para a rua e brincar.

Mas eu não fiz. E agora ela me chamou para ver

os exercícios do caderno e eu saí correndo dizendo

que ia comprar algo e já voltava. Mas estou com

medo de ir para casa e ela perceber que eu menti –

relatou nossa indiazinha.

Todos ficaram pensando em alguma forma de

ajudar Jasmin. Decidiram ir para a casa de Enzo

e tentar solucionar o problema junto com nosso

amigo oriental.

Ao chegarem, encontraram Enzo e Nick lendo

um livro e rindo muito.

– Do que estão rindo? – perguntou Lucca.

– Da história que estamos lendo. Um boneco

de madeira que, cada vez que contava mentiras,

ficava com o nariz comprido – explicou Enzo.

– E você, Jasmin, por que está chorando? –

questionou Nick.

– Porque eu devo estar com o nariz de um metro.

Buááááááááá – disse Jasmin aos prantos.

– Ela contou uma mentira para a mãe dela, para

poder sair e brincar na rua. Disse que já tinha feito

o tema de casa. Daí a mãe dela pediu para verificar

o caderno e ela saiu correndo – relatou Lipe.

– Mas agora tenho que voltar para casa e ela

vai descobrir a verdade – falou chorando Jasmin.

Nossos amigos se reuniram para tentar

solucionar o problema. O esperto Nick buscou a

bíblia para encontrar nas palavras de Deus uma

maneira de ajudar a amiga.

– Lembram da história de Adão e Eva no

paraíso? A serpente disse para Eva comer do fruto

da árvore da vida, mesmo Deus tendo pedido para

ninguém fazer isso.

– Sim. A serpente mentiu para que eles

contrariassem a ordem de Deus e caíssem no erro.

Todos ficaram muito tristes com isso – lembrou

Lipe.

- Anos mais tarde, Deus, por meio de Moisés,

deu ao povo um mandamento: Não levantar falso

testemunho. Para que a gente não diga o que não

for verdade, pois a falta de verdade nos afasta de

Deus – explicou Nick.

– Então, quer dizer que eu também deixei

Deus triste com essa história. Me sinto muito mal

– desabafou Jasmin.

– Não fica assim. Você já percebeu que cometeu

um erro. Este é o primeiro passo para corrigir tudo.

Agora, você precisa fazer isso em casa – disse Nick.

No final, todos chegaram à conclusão de que o

certo era Jasmin contar a verdade para a sua mãe.

– Vou falar com ela e pedir desculpas. Fiz com

a intenção de me beneficiar, mas isso faria com

que eu prejudicasse meu desempenho escolar e a

confiança que a minha mãe tem em mim. Imagina

se tudo que eu contar para ela agora, ela achar

que é mentira?

Todos concordaram com a indiazinha e ficaram

felizes com a decisão da amiga. Em casa, tudo se

resolveu. A mãe de Jasmin a desculpou e a ajudou

com as tarefas da escola. Depois de tudo concluído,

nossos amigos puderam brincar juntos até o fim

do dia.

Viram amiguinhos? Sempre é bom contar a

verdade, pois assim seremos como nosso melhor

amigo JESUS, pois ele é “O Caminho, a Verdade e a

Vida”.

CULINÁRIA

Quer variar do pão com manteiga? Pão com pastinha de abacate! Ela tem a consistência perfeita e, de quebra, você já começa o dia comendo uma fruta.

Ingredientes• ½ avocado maduro

• caldo de ¼ de limão

• 1 colher (chá) de azeite

• sal a gosto

Modo de preparoCorte o avocado ao meio, no sentido do comprimento. Descasque e corte uma das metades em cubos e transfira para um prato. (Mantenha o caroço na metade que não vai ser usada, pingue gotinhas de caldo de limão para que não escureça, embale com filme e guarde na geladeira para utilizar em outra receita.)

Regue o avocado com o caldo de limão, o azeite e amasse com um garfo para formar uma pastinha. Tempere com sal e sirva a seguir.

FONTE: site Panelinha.

PASTA DEABACATE

AULINHA DE INGLÊSAULINHA DE INGLÊSAULINHA DE INGLÊS

Pinte as frutas conforme as cores correspondentes escritas em inglês

PINEAPPLE WATERMELON BANANA GRAPE

STRAWBERRY PEAR APPLE ORANGE

Preencha oshoráriosabaixo

Oi, pessoal!! Que tal colorir o desenho abaixo e depois enviar pra gente? Na próxima edição da revista seu desenho pode estar aqui

na nossa galeria!! Vamos lá! Mãos à obra!

por Celso Sisto

CONTAR DE NOVO

Desde pequeno que eu penso em como se-riam as histórias clássicas se elas conti-nuassem depois do “e foram felizes para sempre”. E ainda mais depois que o poeta

Vinícius de Morais relativizou esse “para sempre”, quando disse que o sempre (ele usou mesmo a palavra “eterno”) é infinito enquanto ele dura! Pronto! O para sempre estava salvo da eternida-de, da repetição monótona e da mesmice!

Mas, quando se trata do universo infantil, toda e qualquer mudança numa história clássica, cos-tuma vir acompanhada de reclamações do tipo: “não é assim”!; “você trocou tudo”!; “a história está errada”… As crianças gostam de ouvir as mesmas histórias, muitíssimas vezes, e do mesmo jeito, por uma série de motivos. Sabe-se lá que concei-tos elas vão fechando em suas cabeças enquanto ouvem e vão reconhecendo os diversos papeis so-ciais, as ações e reações esperadas etc… no míni-mo aprendem a lidar com as soluções, os possíveis enredos da vida e com a força dos sentimentos. E claro, aprendem também sobre a esperança (o que é um grande alívio para esse reino de lágrimas em que muitas vezes vivemos!): o início pode ser difícil e cheio de provações, mas o final pode com-pensar todas as agruras. E como a solidariedade ainda impera e predomina nos contos clássicos, há sempre um ajudante (mágico ou não) para auxiliar o herói a atingir os seus objetivos.

Só que como uma história é um “recorte”, mui-tas vezes não sabemos o que veio antes e o que vem depois! E claro, essa zona obscura, oferece ao escritor, ao leitor, ao sujeito uma infinidade de possibilidades imaginativas! Todo mundo é livre para criar essas informações que estão nes-se “entre-lugar”. E além do mais, essa “fatia a ser

preenchida” guarda um grau de independência tão grande que vai permitir as mais variadas lei-turas, propostas, exercícios de imaginação, por-que está diretamente ligada ao universo de quem propõe. É a bagagem do leitor, do escritor, do imaginador que vai fazer surgir e vigorar (no sen-tido mesmo de dar vigor, de tornar potente, crível) outras camadas de uma velha história.

Ao longo dos anos, lidando com os contos po-pulares, fui percebendo, cada vez mais, que as histórias clássicas que povoam o meu imaginário, desde a mais tenra idade, são guardados de afe-tos. Elas estão carregadas de uma porção afetiva, porque envolvem tempos e lugares… como casa da avó, voz da mãe, canção cantada pela tia, ou seja, todos os narradores orais que foram tran-çando a minha infância. Com os outros leitores

O autor, colaborador desta Revista,é doutor em Teoria da Literatura e

escritor de literatura infantil e juvenil

também é igual. Nossas histórias infantis vem carregadas desses perfis, dessas biografias que vão dando opulência maior para umas e menor para outras histórias.

Temos visto surgir no mercado editorial, pelo menos ao longo dessas últimas três décadas uma série de continuações, releituras, versões dos contos clássicos. Há uma tentação grande em querer “atualizar” essas histórias. Não necessa-riamente trazê-las para o nosso tempo, mas inje-tar nelas vida nova para que sigam fazendo parte do imaginário popular. Quase sempre o caminho escolhido é o da paródia, ou seja, o do humor, do deboche, da brincadeira com personagens e en-redos tão largamente conhecidos. Talvez a mais conhecida “mexida” nessas histórias, no Brasil, seja a que oferece o livro “A verdadeira história dos três porquinhos”, de Jon Scieszka (aqui pu-blicado pela editora Companhia das Letrinhas em 1993), um verdadeiro mestre em brincar com as histórias populares mais queridas dos leitores espalhados pelo mundo! Um sucesso arrebata-dor que o levou a publicar mais algumas histó-rias modificadas, como as dos livros “O patinho realmente feio e outras histórias malucas (1997)”, “O sapo que virou príncipe (1998)” etc.

Mas não podemos esquecer que em solo bra-sileiro, o autor Pedro Bandeira, desde os anos 80, fez do seu “O fantástico mistério de Feiuri-nha” (publicado primeiramente pela editora FTD e atualmente pela Moderna) um clássico obriga-tório. Com essa proposta de investigar o que ha-via acontecido com as princesas dos contos de fadas depois do “e foram felizes para sempre”, o livro conquista leitores até hoje e já virou peça de teatro, filme da Xuxa e foi o ganhador da catego-ria infantil do Prêmio Jabuti de 1986.

Portanto, revisitar de forma transformado-ra a tradição dos contos de fadas clássicos é uma constante aqui e no mundo. E nessa linha, o que me arrebatou nos últimos tempos foi o livro “O dia em que chapeuzinho vermelho desenca-lhou”, de Mônica Martins, com ilustrações de An-dré Flauzino, publicado pela Moma Editora (2019). A autora parte da ideia de que Chapeuzinho Ver-melho foi a única personagem dos contos de fadas a ficar solteira e resolve dar a ela um par, depois de tantos anos de reclamações e espera.

A história é bem divertida, escrita numa linguagem fluente, atual, com muitos elementos trazidos da tradição mesclados com elementos dos novos tempos… O que o leitor não espera é uma Chapeu-zinho Vermelha distraída, comilona, contrariada e ousada a ponto de escrever uma carta aos Irmãos Grimm, para reclamar da sua solteirice!

Particularmente gosto do encaminhamento que a autora dá para a história e as instituições que inventa, como o CPCOF (Centro de Pesquisa dos Contos de Fadas), UFF (União Federal das Fa-das), PROALE (Patrimônio Real Ostensivo e Aler-ta), além da CPI (Comissão Perguntadora Interna) e da Fada SOS (Socorro Orientador de Solteirice), que é uma personagem atrapalhada, com uma vestimenta vermelha que a faz parecer mais um abajur do que qualquer outra coisa! A busca que elas fazem, com um catálogo telefônico que a fada tira do bolso e o computador, que ela tira do chapéu, tornam os diálogos entre elas divertido e dinâmico. E mais não conto, para não estragar a história que é contada por uma narradora disfar-çada na tal fada fofa Moma…

As ilustrações de Flauzino captam e ampliam o humor do texto. Trazem cortes e ângulos inusi-tados, além de se esbaldarem no uso da cor ver-melha e numa certa brasilidade na configuração das personagens.

Abril é o mês em que se comemora interna-cionalmente o livro infantil, o mês em que o dia 02 é dedicado a divulgar a literatura para os peque-nos leitores no mundo inteiro e destacado para se pensar em estratégias para a conquista de novos leitores. A data é relativa ao nascimento de Hans Christian Andersen, considerado o pai da litera-tura infantil. Mas junto com eles, também havere-mos de celebrar Charles Perrault, Irmãos Grimm que também trouxeram para as suas coletâneas a clássica história da Chapeuzinho Vermelho. Também haveremos de celebrar Pedro Bandei-ra e sua vasta obra, que também serviu de base para esse gostoso livro de Mônica Martins (an-teriormente publicado pela Scortecci Editora e finalista do Prêmio Jabuti em 2017). Viva o livro infantil de qualidade!!!!

[email protected]

Rua Tupi, nº 200 91039-520 - Passo D'Areia

Porto Alegre, RS

Kimberly Rodrigues Moroni

Maria Luisa Baggio Santana

São Francisco de Paula (RS)

6 anos | Dois Lajeados (RS)

Anna Laura4 anos | São Borja (RS)

Arthur Inácio7 anos | São Borja (RS)

Gabriela Alto Reginatto10 anos | Querência do Norte (RS)

VOCÊ É O QUE ESPALHAE NÃO O QUE JUNTA. (ANÔNIMO)

INSPIRE-SE

O TEMPO É A IMAGEM MÓVELDA ETERNIDADE IMÓVEL.(PLATÃO)

ÀS VEZES NÃO SABEMOSO VERDADEIRO VALOR DE UM MOMENTO ATÉ QUE ELE SE TORNA MEMÓRIA.(ANÔNIMO)

PARA ESTAR JUNTONÃO É PRECISO ESTAR PERTO,E SIM DO LADO DE DENTRO.(LEONARDO DA VINCI)

QUANDO VOCÊ ESCUTA O OUTRO,ESTÁ DIZENDO PARA ELE:

EU TENHO UM LUGAR PARA VOCÊ EM MIM.(ANÔNIMO)

DEIXA QUE OS OUTROS SEJAM COMO QUISEREM, MAS TU SÊ COMO DEUS QUER QUE SEJAS.

(S. PEDRO POVEDA)

NÃO SE DEVE CONFUNDIR A VERDADECOM A OPINIÃO DA MAIORIA.

(JEAN COCTEAU)

OS ESPELHOS SÃO USADOS PARA VER O ROSTO;A ARTE, PARA VER A ALMA.

(GEORGE BERNARD SHAW)

O AMOR COMEÇA NOS PAISE VAI SE PLENIFICAR NO PAI.

(CARLOS A. VEIT)

INCLINAI OS VOSSOS OUVIDOS E VINDE A MIM; OUVI E VOSSA ALMA VIVERÁ.

(IS 55, 3)

ABRIL 2020 | 35 revistarainha.com.br

FERNANDA [email protected]ÇÕES JURÍDICAS

Mesmo após mais de 20 anos da decisão do Superior Tribunal de Justiça, que estabeleceu a res-ponsabilidade da empresa que guarda o estacionamento pela re-paração de danos ou furto de veí-culo ocorridos no local, a maioria dos usuários desconhece o seu direito.

Ao parar o carro em qualquer estabelecimento em que seja oferecido estacionamento para o uso dos clientes, é comum ver o alerta: “Não

nos responsabilizamos por objetos deixados no interior dos veículos”.

Esse aviso é tão utilizado que o consumidor, muitas vezes, crê que todo e qualquer dano que ocorra no seu automóvel será imputado apenas a ele. Porém, de acordo com a lei, a culpa recai sobre o comércio que mantém o estacionamento, seja ele pago ou gratuito.

A justificativa para questionar a responsabi-lidade ao estacionamento por avarias e furtos é complexa. Todavia, a jurisprudência complementa a discussão. E é ela quem garante a proteção do con-sumidor em uma disputa “empresa contra cliente”.

A súmula n° 130, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), estabelece: “A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de danos ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento”.

O julgado é de 1995, mas até hoje, os estaciona-mentos se valem de alertas quanto à sua isenção. A deter-

Danos no carro dentro do estacionamento

a quem recorrer?

36 | ABRIL 2020 revistarainha.com.br

A autora, colaboradora desta Revista,é advogada - OAB/MS 13.291

minação baseia-se em decisões precedentes que datam de 1990 a 1993. Nessas, há as mais variadas situações de responsabilização civil do prestador de serviço.

O estabelecimento comercial, na função de es-tacionamento, é um prestador de serviços. Então, pode ser enquadrado no artigo 14, do Código de Defesa do Consumidor (CDC), que diz: “O fornecedor de serviços responde, independentemente da exis-tência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços”.

Ainda no parágrafo 1° e inciso II do mesmo arti-go, está explicitada a razão da culpabilidade. “O ser-viço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam”.

Além disso, o consumidor está amparado pelo Código Civil brasileiro. Ao deixar o carro aos cuidados de um estacionamento, o consumidor e o respon-sável pela guarda do veículo estão firmando um contrato chamado de “contrato de depósito”, em que o empresário se compromete entregar o bem conforme lhe foi entregue. Como é um contrato de adesão – em que o consumidor não tem como discutir as cláusulas –, a lei é expressa em dizer que, em caso de dúvidas, prevalece a cláusula que beneficia o contratante.

Amparado nesse embasamento legal e com aporte jurídico, a relação de consumo se torna mais justa e o usuário do serviço tem seus direitos resguardados. A proteção vale para a prevenção de equívocos gerados pelos avisos que eximem a culpa dos estacionamentos.

Vale salientar que, com fundamento no artigo 37 do CDC - “é enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação capaz de induzir ao erro o consumidor -. Desse modo, poderá ser ajuizada ação para que esse aviso não seja mais exposto nos estabelecimentos. Contudo, esse assunto desrespeita o direito coletivo e, para impetrar uma ação na Justiça, há legitimados específicos, como o

Ministério Público e os entes federados, ou seja, a União, estados, municípios e o Distrito Federal.

Além do tíquete, o que mais pode ser usado como prova pelo dano no veículo quando em um esta-cionamento?

Podem ser utilizados todos os meios de provas admitidas, como o boletim de ocorrência, fotogra-fias do local, além de eventuais testemunhas. É im-portante também que o consumidor lesado procure a administração do estacionamento para obtenção do circuito interno de tevê. Se for o caso, deve fazer isso por escrito e guardar uma cópia da solicitação.

Há um prazo para o consumidor apresentar a reclamação?

O Código de Defesa do Consumidor registra, em seu artigo 27, que o prazo para reparação de danos é de cinco anos. Contudo, é prudente que o consumi-dor busque a Justiça o quanto antes, principalmente, para que sejam preservadas as provas.

Caso o estabelecimento negue a responsabilidade pelo dano, o que o consumidor pode fazer?

Em caso de estacionamento privado, o con-sumidor pode procurar a Justiça, tendo em vista que é entendimento dos nossos tribunais que a empresa responde, perante o cliente, pela repa-ração de danos ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento, nos termos da súmula 130 do Superior Tribunal de Justiça. Na hipótese de o dano ter ocorrido em estacionamento público e externo ao seu estabelecimento, a empresa não possui responsabilidade pelo ocorrido, tendo em vista que a utilização do local não é restrita aos seus consumidores.

Em caso de dúvidas, consulte um advogado!

Três perguntas maisfrequentes sobre esse tema:

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PE. ERNO ALOÍSIO SCHLINDWEIN, [email protected]

À primeira vista causa-nos estranheza que a Pai-xão e morte de Jesus Cristo seja inserida jus-tamente no dia do domingo de Ramos. Este

se caracteriza por um clima de festa e de triunfo. Iniciamos a celebração de hoje com os cânticos de Hosanas! e, durante a leitura do Evangelho, grita-mos: crucifica-o!.. Mais do que ser um contrassenso, antes é manifestação do mistério único e paradoxal da Semana Santa, que culmina na ressurreição.

O horizonte profundo deste mistério nos quer fazer compreender que Jesus culmina sua vida por livre vontade de amor incondicional: “Ninguém me tira a vida, mas eu a dou por própria liberdade” (Jo 10, 18). Neste infinito amor-doação à humanidade, obediente ao amor extremo ao Pai, “Jesus, sabendo que tinha chegado a sua hora, hora de passar deste mundo ao Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1).

Ademais, as narrativas da Paixão estão na ori-gem, não no fim do Evangelho. As biografias de homens e mulheres ilustres sempre começam com o nascimento. A pregação das primeiras comuni-dades, bem como os primeiros escritos do Novo

Testamento, inicia com a proclamação da morte e ressurreição do Senhor, centro e culminância da nossa fé e esperança, fonte do amor que apaga os pecados e derrota as mortes. Mais tarde, redigiram--se também os acontecimentos de seu nascimento, bem como sobre sua obra e ensinamentos. Tanto que os Evangelhos foram definidos: “Narrativas da paixão precedidas por uma ampla introdução” (Max Kaeler).

Portanto, cabe a cada um de nós escolher com que atitude iniciar e vivenciar esta Santa Semana: com a atitude de Maria Madalena, que enxuga o rosto ensanguentado do Senhor? Com a atitude do Cirineu, que se coloca ao lado de Jesus, ombro a ombro? Como as mulheres que o choram; como o centurião que bate no peito; como Maria, sua Mãe, que caminha junto de seu amado, e fica silenciosa ao pé da cruz? Ou como os populares e discípulos que “olham de longe”, ou ainda como os algozes que agridem com violência a quem os perdoa e salva?

EVANGELHO EM SUA VIDA

Com que atitudes começar a Semana Santa?

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Em comunhão com toda a Igreja católica univer-sal, iniciamos hoje a Semana Santa, que começa com a alegre entrada messiânica de Jesus em Jerusalém, sua amada cidade, e termina com o Tríduo Pascal: Paixão, Morte e Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Os ritos especiais desta “semana de todas as semanas”, a bênção e procissão dos ramos, a trasladação do Santíssimo Sacramento depois da comunhão, a ação litúrgica da Sexta-feira da Paixão do Senhor e a Vigília Pascal, devem ser celebradas em todas as comunidades cristãs da terra. Ainda que em geografias e povos diversos, a mesma Palavra de Deus e as mesmas celebrações litúrgicas, proporcio-nam e atuam a unidade na fé e na esperança fiel e amorosa de todo o Povo de Deus.

Depois da proclamação do Evangelho, que narra o episódio da entrada triunfal de Jesus em Jerusa-lém, da bênção e procissão dos ramos, prossegue-se com a leitura da Paixão. Na longa e detalhada nar-ração da paixão e morte de Jesus, segundo o Evan-gelho de Mateus (cujo destacaremos durante todo o ano de 2020), emergem algumas características próprias que os outros três evangelistas não subli-nham. Vejamos:

Na primeira, extremamente importante, Ma-teus destaca que tudo o que acontece com Jesus está prenunciado no Antigo Testamento. Por exemplo, quando ainda sentado celebra a ceia de despedida e permanência com sua comunidade, Jesus afirma: “O Filho do Homem vai ser entregue, conforme está escrito a seu respeito” (Mt 26,24). No Jardim das Oliveiras, quando os guardas se aproximam para prendê-lo como um malfeitor, Jesus diz: “Tudo isso acontece para que se cumpra o que está escrito nos profetas” (Mt 26,56).

Por que, mais do que os outros evangelistas, Mateus faz isto? Ele escreve seu Evangelho a destinatários judeus, que esperavam um Messias vencedor, dominador poderoso, um rei superior a todos os reis deste mundo. Como pode Jesus ser este Messias? Ele foi derrotado! Os judeus, os sol-dados e o povo o insultava: “Salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!” (Mt 27,40). E se Jesus tivesse descido da cruz, o que aconteceria? Ainda que apenas uma hipótese – pois o amor é fiel até a morte -, nós continuaríamos “pendurados” na cruz de nossos pecados e no enigma fatal da própria morte. Da cruz do Crucificado brilha a ressurreição da vitória sobre os pecados e a morte. Nós sim, em nossa vida e missão, continuamente queremos “descer da cruz”; resistimos a assumir a vida do Evangelho e, inclusive, queremos instrumentalizar Deus segundo os nossos interesses, mais vezes distantes do espírito do Evangelho.

O segundo ensinamento típico de Mateus é o repúdio à violência e ao uso de armas. Quando Pedro quer recorrer ao uso da espada, Jesus o adverte: “Guarda a tua espada, porque todos aqueles que usam a espada, perecerão pela espada. Ou pensas que eu não poderia recorrer ao meu Pai, que me mandaria mais de doze legiões de anjos?” (Mt 26,52-53). Tertuliano, um famoso cristão dos primeiros séculos, fazia este comentário: “Desarmando Pedro, Jesus tirou as armas de todos os que o seguem”. No mesmo sentido, Orí-genes escreveu: “Nós cristãos não empunhamos mais a espada, não aprendemos mais a arte das guerras, porque através de Jesus nos tornamos filhos da Paz”. Como o Mestre, os discípulos de Jesus devem dar a vida pelos irmãos e irmãs; jamais tirar-lhes a vida!

Por estranha coincidência de motivos religiosos e políticos, Jesus foi condenado pelos judeus, espe-

05 de AbrilDOMINGO DE RAMOS E DA

PAIXÃO DO SENHOR JESUSHumilhou-se a si mesmo obedecendo até

à morte e morte de cruz

Is 50,4-7 | Sl 21(22) | Fl 2,6-11 | Mt 26,14-27,66Vermelho | II Semana do Saltério

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cialmente por suas lideranças, e pelo poder político de Roma. Mesmo quando fechamos o Evangelho ainda no início da Semana Santa, permanece uma interrogação: Por que Judas o traiu, Pedro o rene-gou e Pilatos lavou as mãos! E nós hoje, com quais atitudes humanas e cristãs queremos iniciar esta semana santa? Ao lado de quem nos colocamos: dos que renegam e acusam ou no lado daqueles que o seguem e deixam-se amar?

Na história em nossos dias, o processo de Jesus continua em cada pessoa que sofre, é perseguida e excluída. Enquanto dura este mundo de pecados e dores, nos mais diversos cenários de calvários da humanidade, Jesus continua misteriosamente no sepulcro; não ressuscitou totalmente ainda. “Cristo – escreve um autor do século II – está na prisão, está no sepulcro, está na coluna, está nas prisões, está ofendido e sob processo; porque com aqueles que so-

frem, sofre ele também” (Atos de João). Enfim, toda a nossa vida, em certo sentido, é uma “semana santa”, sobremodo quando a vivemos sob o horizonte do “oitavo dia”, que será o grande dia do repouso e da glória eterna.

LEITURAS DA SEMANA

Seg. Is 42,1-7 | SI 26(27),1-3.13-14 (R/. 1a) | Jo 12,1-11. Ter. Is 49,1-6 | SI 70(71),1-4a.5-6ab.15.17 (R/. 15) | Jo 13,21-33.36-38. Qua. Is 50,4-9a | SI 68(69),8-10.21 bcd-22.31.33-34 (R/. 14cb) | Mt 26,14-25. Qui. Ex 12,1-8.11-14 | Sl 115(116B),12-13.15-16bc.17-18 (R/. cf. 1Cor 10,16) | 1Cor 11,23-26 | Jo 13,1-15. Sex. Is 52,13-53,12 | S1 30(31),2.6.12-13.15-17.25 (R/. Lc 23,46) | Hb 4,14-16; 5,7-9. Sáb. Gn 1,1-2,2 | Ex 14,15-15,1 | Is 54,5-14 | Rm 6,3-11 | SI 117(118),1-2.16ab-17.22-23 (R/. 3x Aleluia) | Mt 28,1-10 | Jo 18,1-19,42.

“A fé dos cristãos – diz Santo Agostinho – é a ressurreição de Cristo. Que Cristo tenha morrido, todos admitem, também os pagãos, também seus inimigos. Que ele tenha ressuscitado, só os cristãos acreditam, e sem admitir esta verdade não se é cristão”. Depois das intensas e significativas celebrações de sexta, do sábado santo, silencioso e prenhe de vida que eclode na vigília pascal, “noite mais clara que o dia”, nesta manhã do primeiro domingo da luz Pascal, continuamos a proclamar nossa adesão de fé e alegria à novidade da ressurreição.

Por que a ressurreição de Cristo é a prova central e irrefutável de nossa fé, sem a qual, como afirma Agostinho, não somos cristãos? A ressurreição é o protagonismo e o testemunho de Deus sobre Cristo Jesus. Na primeira leitura, em poucas palavras, Paulo resume o núcleo essencial de nossa fé, destacando

quatro verdades: A) “Ele andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos”. Efetivamente, segundo os Evangelhos, Jesus somente fez o bem, até ao extre-mo de doar a sua vida pelas fraquezas e pecados da humanidade. B) Após ter feito o bem a todos, o que fizeram – e o que fazemos – a este enviado de Deus? Mataram-no pregando-o numa cruz!

C) Os calvários e as crucificações de uma por-ção considerável da humanidade prosseguem em nossos dias. Em todos os momentos acontecem mortes, violências e aumentam as exclusões. Esta realidade desencantada deve ser alentada com a proclamação do apóstolo Paulo: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e também é vã a nossa fé. E se Cristo não ressuscitou, é vazia a vossa fé, e ainda estais em vossos pecados” (1Cor 15,14.17). D) “Mas Deus o ressuscitou ao terceiro dia. Nós, que

12 de Abril MISSA DO DOMINGO DA PÁSCOAEle devia ressuscitar dos mortos

At 10,34a.37-43 | Sl 117 | Cl 3,1-4 ou 1Cor 5,6b-8 | Jo 20,1-9 ou Lc 24,13-35 Branco | Ofício Solene

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Continuamos a viver a partir das premissas da cultura atual, que reduz nossas pessoas ao mandamento do mercado que produz e consome? Nós fizemos efeti-vamente uma experiência da ressurreição e vivemos coerentes segundo ela? Uma perspectiva desta “Igreja em saída” nos solicita empenharmo-nos para aumentar a alegria em nossas relações com os irmãos e irmãs. Confira ao seu redor, e em seu inte-rior sobre o que predomina: a alegria ou a tristeza, a esperança ou os desalentos? Nestes cinquenta dias pós pascais, até Pentecostes, procuremos entrar na espiritualidade vibracional da alegria e da espe-rança! E no Magnificat de Nossa Senhora, sejamos muito agradecidos, conforme propõe o Salmo 117 da liturgia: “Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! Eterna é a sua misericórdia!”

LEITURAS DA SEMANA

Seg. At 2,14.22-33 | Sl 15(16), 1-2a.5.7-11 (R/. 1) | Mt 28,8-15. Ter. At 2,36-41 | Sl 32(33), 4-5.18-20.22 (R/. 5b) | Jo 20,11-18. Qua. At 3,1-10 | SI 104(105),1-4.6-9 (R/. 3b) | Lc 24,13-35. Qui. At 3,11-26 | SI 8,2a.5-9 (R/. 2ab) | Lc 24,35-48. Sex. At 4,1-12 | SI 117(118),1-2.4.22-27a (R/. 22) | Jo 21,1-14. Sáb. At 4,13-21 . SI 117(118),1.14-21 (R/. 21a) | Mc 16,9-15.

comemos e bebemos com ele, depois que ressusci-tou dos mortos”, confirma a primeira leitura de hoje.

“Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retira-da do túmulo”. Foi meditativa e saudosa ao sepulcro, surpresa e veloz retorna; se dirige aos apóstolos Pedro e o discípulo amado, que a tradição identificou com o evangelista João. Diante deste anúncio, per-plexos correm para o local. Mais idoso, Pedro chega depois, mas entra primeiro no sepulcro vazio, onde estão todos os objetos da morte de Jesus. Pedro apenas viu; o outro discípulo “viu e acreditou”.

Por que o segundo discípulo não tem nome? Pode-mos entender a mensagem desta maneira: Para que cada um de nós possa colocar o seu próprio nome em lugar dele e possa compreender o que fazer para ser testemunha da ressurreição! A segunda leitura nos indica uma resposta iluminadora: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus”.

A partir da morte e ressurreição de Cristo em nossas vidas, famílias e comunidades, como nós nos posicionamos? Apenas interpretamos os nu-merosos sinais de morte presentes nos dias atuais?

19 de AbrilSEGUNDO DOMINGO DA PÁSCOA

ou DIVINA MISERICÓRDIAOito dias depois, Jesus entrou

At 2,42-47 | Sl 117 | 1Pd 1,3-9 | Jo 20,19-31Branco | Ofício Solene

A primeira leitura de todos os domingos do período pascal é tirada dos Atos dos Apóstolos, o livro que narra como, após a ressurreição de Jesus, o Evangelho se difundiu, “até os confins da terra”. Ao redor dos anos oitenta, Lucas escreve primeiro o “caminho de Jesus”, isto é, o seu Evangelho; na con-tinuidade, em Atos, escreve o “caminho da Igreja”. Para animar aos fiéis daqueles tempos de perse-guição, apresenta as bases sólidas da Palavra para as comunidades cristãs. Nos dois versículos iniciais

(vv. 42-43) expõe os quatro pilares das mesmas: fi-delidade à catequese dos apóstolos; comunhão nos bens humanos e financeiros; celebração semanal da Eucaristia (chamada “ partir o pão”); a oração em comum e os sinais extraordinários, qual o seguinte: “E, cada dia, o Senhor acrescentava ao seu número mais pessoas que seriam salvas”.

A partir destes fundamentos, podemos deduzir algumas consequências comunitárias e pastorais

ABRIL 2020 | 41 revistarainha.com.br

para as nossas comunidades atuais. Também hoje a Palavra de Deus deve ser o fundamento primordial sobre o qual se apoia nossa fé. As emoções religio-sas pomposas das Missas das redes de televisão, as sensações passageiras, as “revelações” pessoais são expedientes frágeis diante da solidez normativa da Palavra de Deus. Na sociedade regida pelas leis do mercado de nossos dias, como entender a comu-nhão de bens? Não se trata de um desprezo pelas coisas deste mundo, mas da renúncia voluntária e solidária ao uso egoísta e abusivo dos bens e recur-sos da nossa terra. Não podemos prosseguir com o modelo de desenvolvimento que criamos nestas últimas décadas. A terra está esgotada; tiramos dela mais do que ela pode nos oferecer. Neste déficit, certamente colheremos consequências caóticas.

O mal não consiste na riqueza, mas em enrique-cer sozinhos, enquanto maior número de pessoas empobrece cada vez mais. A pobreza é um mal. Por isso, o Reino de Deus exige a prática da partilha e a implementação de políticas de inclusão, espe-cialmente aos mais necessitados. Os cristãos de Jerusalém levam uma vida diferente do ambiente no qual convivem. A alegria, a simplicidade de co-ração, a caridade que têm uns para com os outros, atraem a simpatia de todo o povo. Qual foi a causa inspiradora desta nova e interpelante forma de viver e conviver? A resposta é: A ressurreição de Cristo! O resultado desta maneira de viver em comunidade, irradia uma verdade que prova que Cristo está vivo.

O trecho do Evangelho de hoje está claramente dividido em duas partes. Depois do sepulcro va-zio do domingo passado, hoje se manifestam “as Aparições”. As duas acontecem no “domingo”. Os primeiros dons do Ressuscitado são a paz que vem de Cristo (por três vezes), o dom do Espírito Santo, no qual se concede o perdão dos pecados e a missão apostólica: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. Quero ater-me à lógica intrínseca deste envio,

que São Vicente Pallotti (1795-1850), Fundador da União do Apostolado Católico, tanto apreciava e tanto o inspirava. Jesus se declara o enviado, o apóstolo do Pai. A este envio pessoal, associa a todos os que lhe pertencem e testemunham. Por-tanto, cada cristão e todos eles, são enviados a ser Igreja discípula missionária de Jesus. Que privilégio participar desta nobre missão! Dizia Madre Tereza às suas coirmãs: “Quando não se dá Deus às pessoas, dá-se muito pouco! ”

No episódio de Tomé, mais do que fazer uma crítica a este, João objetiva dar uma resposta aos cristãos dos anos noventa. Domiciano imperava em Roma. Inundou o Império com estátuas, a cujos pés fazia inscrever: “Domiciano, o nosso senhor e nosso deus! “ Nesta propaganda atraente, o evangelista recorda que para reconhecer o ressuscitado, que sempre se apresenta com os sinais da crucificação, não se pode afastar-se da comunidade, como o fizera Tomé. Pois, são felizes tanto os que viram Jesus histórico quanto os que o reconhecem e expe-rimentam na vida comunitária eclesial de todos os tempos, até o ocaso do tempo. Quando presente na comunidade, Tomé professa uma verdade perene, que nós professamos quando recebemos Cristo no pão eucarístico: “Meu Senhor e meu Deus”! Os cris-tãos não devem criar seus “ídolos e estátuas”, pois já têm seu Senhor e seu Deus!

LEITURAS DA SEMANA

Seg. At 4,23-31 | Sl 2,1-9 (R/. cf. 12d) | Jo 3,1-8. Ter. At 4,32-37 | Sl 92(93),1-2.5 (R/. 1a) | Jo 3,7b-15. Qua. At 5,17-26 | S1 33(34),2-9 (R/. 7a) | Jo 3,16-21. Qui. At 5,27-33 | SI 33(34),2.9.17-20 (R/. 7a) | Jo 3,31-36. Sex. At 5,34-42 | SI 26(27),1.4.13-14 (R/. cf. 4ab) | Jo 6,1-15. Sáb. 1Pd 5,5b-14 | Sl 88(89),2-3.6-7.16-17 (R/. cf. 2a) | Mc 16,15-20.

Neste mês você poderá acessaro Evangelho na íntegra acessando nosso site:

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A narração dos discípulos de Emaús é uma das páginas mais lindas e didáticas dos Evangelhos. Os discípulos da terceira geração, ao redor dos anos 80-90, se perguntam: De que modo nós também podemos fazer a experiência do Ressuscitado? Como crer e testemunhar que ele está vivo, se nós não o vimos com os nossos olhos, se nós não o ou-vimos com os nossos ouvidos, nem o tocamos com as mãos e nem sentamos com ele à mesa? Seremos obrigados a acreditar no que os outros nos disseram ou poderemos, ao invés, encontrarmo-nos também nós com o Ressuscitado? Ao lermos a narração do episódio de Emaús, Lucas nos ajuda a encontrar respostas a estas e outras perguntas!

Um dos dois discípulos chama-se Cléofas, do outro não se menciona o nome. Poderia ser inter-pretado como um espaço vazio no qual cada um é chamado a inserir o seu próprio nome. É um convite para percorrer junto com Cléofas o caminho que conduz ao reconhecimento do Ressuscitado. Os dois discípulos estão tristes: todos os seus sonhos caí-ram por terra diante da derrota da morte de Jesus de Nazaré. Os rabinos haviam ensinado que o Messias deveria viver mil anos, e Jesus, ao invés, morrera! Todas as esperanças também desmoronaram, visto que “os nossos chefes o entregaram para condená-lo à morte e o crucificaram” (v. 20).

Assim foi a história dos cristãos das comuni-dades de Lucas; assim também é a fisionomia das comunidades de nossos dias! Dá a impressão de que as injustiças e as desonestidades políticas e sociais são vitoriosas. Muitos são perseguidos, não enxergam mais horizontes de esperanças. Muitos membros das comunidades abandonam-se ao sentimento de tristeza e decepção; até abandonam a comunidade, a fim de voltar ao estilo de vida an-terior, já que o sonho fora fugaz.

Dentro deste caminho triste e desolador, Jesus caminha junto, embora não o reconhecessem, pois “estavam como que cegos” (v. 16). De que modo Clé-ofas e o discípulo sem nome conseguem descobrir que Jesus, o derrotado, é o Messias? Como alcançam entender e sentir que a vida nasce da morte?

A estrada que o peregrino lhes propõe é o de percorrer o caminho das Escrituras, censurando-os por não serem atentos e sensíveis às mesmas: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar na sua glória? E, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicava aos discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele” (v. 26).

Eles ontem, e nós hoje, quando não somos ins-pirados pela espiritualidade bíblica, permanecemos apenas nos critérios humanos e sociais para inter-pretar a vida e a história. Porém, não é suficiente ler a Palavra de Deus. Jesus explica a eles a Palavra (em grego hermeneusen; daí vem hermenêutica, o corre-to método para entender e explicar as Escrituras), de tal modo que se lhes “abrasava o coração”. A nós hoje, o que nos abrasa o coração? Será que o acú-mulo de riquezas, glória e poder abrasa o coração das pessoas? Na verdade, a graça transformadora acontece efetivamente pela ação do Espírito Santo em nossa alma. Ocorre quando meditamos a Bíblia individualmente, seja em família, mas, especialmen-te na celebração eucarística dominical. Nela, o pão eucarístico não pode ser repartido se antes não se realiza a partilha da Palavra.

No texto do Evangelho podemos destacar ainda um gesto louvável nos dois caminhantes: “Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez de

26 de Abril TERCEIRO DOMINGO DA PÁSCOAReconheceram-no ao partir o pão

At 2,14.22-33 | Sl 15 | 1Pd 1,17-21 | Jo 24,13-35Branco | III Semana do Saltério

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conta que ia mais adiante. Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando”! Como a nossa vida de cada dia seria diferente se no decorrer e no declinar de nossos dias convidássemos Jesus a permanecer conosco! Como a velhice teria mais sentido e alegria, se no declínio de nossos dias nesta terra, sempre com desejo mais sincero, convidássemos Jesus a estar presente em nossa vida!

Depois de toda a catequese da Palavra, agora já à mesa, ao receberem o pão partido, os dois discí-pulos, já com os olhos da fé abertos, reconhecem o Ressuscitado. Esta experiência lhes causa um sen-timento novo: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?” E os move a uma ação: “Naquela mesma hora, eles se levantaram e voltaram apressados para Jerusalém ...”

Diante destas cenas e atitudes acode-nos uma pergunta: Por que quando nós nos reunimos para a assembleia dominical os nossos corações não ardem e nem os nossos olhos se abrem para reconhecer na fé a presença sacramental – que é real – do Ressuscitado? Por que voltamos para casa com o coração triste e angustiado de como quando viemos? Em parte, pelo menos, a resposta é: Nós não reconhecemos o Senhor ao partir do pão porque

nós, por nossa vez, não partimos o pão com nossos irmãos e irmãs mais próximos e necessitados. Ade-mais, nós católicos, não obstante termos uma ri-quíssima tradição litúrgica e espiritual, estamos em débito com a leitura e a meditação das Escrituras. Há uma analogia entre o gesto dos discípulos que convidam Jesus a entrar em suas casas e quando tomarmos a Bíblia em mãos e convidarmos Jesus a “entrar” em nossos olhos e ouvidos através da Palavra de Deus. Não cremos suficientemente o quanto o Espírito Santo pode operar em nossa alma quando lemos e rezamos com a Bíblia. Com toda a certeza, Jesus escolheu permanecer conosco até o fim do mundo nestes três “lugares”: em sua Palavra, ao “partir do pão” e no serviço caritativo aos nossos irmãos e irmãs.

LEITURAS DA SEMANA

Seg. At 6,8-15 | Sl 118(119),23-24.26-27.29-30 (R/. 1b) | Jo 6,22-29. Ter. At 7,51-8,1a | SI 30(31),3cd-4 6ab.7b.8a.17.21ab (R/. 6a) | Jo 6,30-35. Qua. At 8,1b-8 | SI 65(66),1-3a.4-7a (R. 1) | Jo 6,35-40. Qui. At 8,26-40 | SI 65(66),8-9.16-17.20 (R/. 1) | Jo 6,44-51.

O autor, colaborador desta Revista, é padre palotino em Santa Maria (RS)

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AIRTON JOSÉ [email protected]

DE MISSÃO A PROVÍNCIADepois de uma fecunda expansão territorial e

numérica, por razões pouco claras hoje e pouco esclarecidas na época, os palotinos em terras bra-sileiras foram divididos, durante a Assembleia Geral de 1919. A divisão criou o Distrito Brasileiro.

O pequeno Distrito era formado por doze mem-bros, dez padres (Schwinn, incluso) e dois irmãos. Alguns trabalhos antigos assumidos precisaram ser devolvidos. Outros foram assumidos. A previsão do futuro fez logo os confrades se dedicarem às vocações e à construção do seminário. No dia 02 de fevereiro de 1922, Pe. Caetano Pagliuca, tendo

como orador o Pe. Frederico Schwinn Gonzalez, lançou a pedra fundamental do seminário Rainha dos Apóstolos, em Vale Vêneto.

Este seminário foi frequenta-do pelo Diac. João Luiz Pozzobon, fundador da Campanha da Mãe Peregrina e que está em processo de beatificação. A síntese obriga a omitir muitas informações, mas vale dizer que, no ano santo de 1950, centenário da morte de Vicente Pallotti e ano de sua beatificação, a já Província Nossa Senhora Conquis-tadora anunciava na Revista Rainha a conquista de "300 vocações". É um número que impressiona. Atualmente são 47, distribuídos entre Palotina (PR), Ariquemes (RO), Manaus (AM), Cornélio Procópio (PR), Santa Maria (RS), Inharrime - Moçambique, Arusha - Tanzânia.

O pequeno Distrito, cujo primeiro Reitor foi o Pe. Caetano Pagliuca, prosperou. No dia 02 de fe-vereiro de 1929, com quinze padres, dois irmãos e 40 seminaristas, foi elevado a Região. Seu primeiro Reitor foi o Pe. João Iop. Ao ser elevada a Província aos 07 de março de 1940, contava com 32 padres, 26 entre diáconos e irmãos e 110 postulantes. Seu primeiro Reitor foi o Pe. Rafael Iop. Atualmente, a Província conta com 124 membros, entre padres, irmãos e consagrados perpétuos. Seminaristas, como vimos são 47. O Reitor Provincial é o Pe. Clesio Facco. Seus Conselheiros são os PP. Alison Valduga, Gilberto Orsolin, Ronaldo Kuhnen e Juliano Dutra.

JUBILEU DE CARVALHOPROVÍNCIA NOSSA SENHORA CONQUISTADORA

DANDO CONTINUIDADE À MATÉRIA DO MÊS PASSADO, QUE TRATOU DOS 80 ANOS DA PROVÍNCIA NOSSA SENHORA CONQUISTADORA, COM SEDE EM SANTA MARIA (RS), VAMOS TRATAR DO PROSSEGUIMENTO DA HISTÓRIA DOS PALOTINOS NA NOS-SA REGIÃO, QUE TEVE INÍCIO NO FINAL DO SÉCULO XIX, QUANDO OS PRIMEIROS MISSIONÁRIOS CHEGA-RAM EM VALE VÊNETO (RS).

PARTE II

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TRÊS COMOÇÕES MISSIONÁRIASOs palotinos herdaram de São Vicente Pallotti

um lema colhido nas cartas de São Paulo. Pallotti a transmitiu em latim: "Caritas Christi urget nos". A pa-lavra original permite traduzir por "O amor de Cristo me comove". Há o sentido de movimento recíproco entre quem ama e quem é amado. O movimento é em sentido físico e emocional e, por isso, comove. O amor de quem ama movimenta quem é amado e quem é amado se movimenta pelo amor de quem o ama. Comoção é a mesma palavra usada no título deste subcapítulo para tentar vincular a ação mis-sionária dos palotinos a Pallotti.

A Província Nossa Senhora Conquistadora teve três grandes comoções missionárias. Claro que a única atuação missionária não é a geográfica, mas é nela que agora se concentra. Inicialmente todas as atividades da Província estiveram limitadas ao Rio Grande do Sul. Com o crescimento numérico e outras circunstâncias adicionais, os palotinos tive-ram a oportunidade de assumir muitos trabalhos. Atualmente, no RS, os palotinos estão em Dona Francisca, Faxinal do Soturno, São João do Polêsine, Vale Vêneto, Cachoeira do Sul, Salto do Jacuí, Porto Alegre e Santa Maria.

A primeira comoção foi em 1954, quando os PP. Hermogênio Borin, Rafael Pivetta, Amadeu Amadori e José Daniel foram em busca e assumiram novas missões no Paraná e no Mato Grosso do Sul. Na dé-cada de 50, houve grandes migrações internas para essas regiões. Tais padres construíram, juntos com o povo, cidades como Vicentina (MS) e Palotina (PR). Cidades que homenagearam os palotinos inspirando seus nomes em Vicente Pallotti.

Outras paróquias em outras cidades também acolheram os palotinos, na maioria das quais eles permanecem até hoje. Atualmente, no Paraná, os palotinos estão nos municípios de Palotina, Terra Roxa, Cascavel, Coronel Vivida, Itapejara D'Oeste, Verê, Paranaguá e Francisco Beltrão. No Mato Grosso do Sul estão em Campo Grande, São Gabriel

D'Oeste, Corumbá, Dourados, Fátima do Sul, Deo-dápolis, Glória de Dourados e Nova Alvorada do Sul.

A segunda comoção missionária foi ao Norte do país. Na década de 70, borbulhava uma aspira-ção missionária entre os palotinos. No auge dessa fermentação missionária, em 1971, chegou o Pe. José Maslanka. Ele era polonês e pertencia à Re-gião Mãe da Misericórdia, do Rio de Janeiro. Tendo abandonado seu mestrado, na Europa, dizendo que os professores não lhe poderiam ensinar mais do que estava escrito na Bíblia, veio para o Brasil para ser missionário na Amazônia. Assim o fez até 06 de janeiro de 2017, quando faleceu em Manaus, tendo trabalhado em Novo Airão (AM).

A Província seguiu os passos do entusiasmado missionário. No dia 07 de março de 1974, chegaram a Manaus os PP. Ilvo Santo Rorato e Elói Roggia. Atualmente, os palotinos trabalham em três locais em Manaus. O Pe. Elói Roggia, tendo recebido a ordenação episcopal, trabalhou na Prelazia de Borba até sua aposentadoria compulsória, em 2017. Em Rondônia, os palotinos entraram por Colorado do Oeste. Foi em fins de março de 1981, com os PP. Aldo Piovesan e Vitor Pasa. Hoje essa paróquia já não é mais atendida pelos palotinos. Neste Estado, os palotinos estão presentes em Ariquemes, Porto Velho, Extrema e Nova Califórnia. Atualmente, no Amazonas, os palotinos estão apenas em Ma-naus. No recente Sínodo da Amazônia, dois padres

Seminário Palotino em Moçambique

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palotinos foram convidados a participar: os padres Celestino Ceretta e Gilberto Orsolin. Fruto colhido da dedicação de toda a Província.

A terceira comoção é a Missão em Moçambi-que, chamada oficialmente de Delegação Rainha dos Apóstolos. Os padres Gentil Lorenzoni e Casimi-ro Facco, na Assembleia Provincial de 1999, foram enviados para a Diocese de Inhambane, onde Dom Alberto Setele os acolheu nas Missões de Quissico e Mavila. Inesperadamente, antes mesmo de assumir a missão, Pe. Gentil Lorenzoni faleceu. Pairou a dú-vida quanto ao regresso, porém, os padres Geraldo Werle e Miguel Klauck se dispuseram à Missão.

OBRAS DA PROVÍNCIANOSSA SENHORA CONQUISTADORA

Ao fundar a União do Apostolado Católico, São Vicente Pallotti desejava que ela fosse capaz de reavivar a Fé e de reacender a Caridade. Ao fundar a parte central e motriz desejou que ela fosse capaz de buscar a santificação de seus membros e do pró-ximo. A única Regra é a vida de nosso Senhor Jesus Cristo. A Província Nossa Senhora Conquistadora mantém o objetivo.

A Província tem hoje 132 membros falecidos. Perceber que ela foi um local seguro para a desco-berta, amadurecimento e vivência da vocação con-sagrada a Deus na castidade, pobreza, obediência, perseverança e no espírito de serviço, nos enche de satisfação. Quem os conheceu poderá dizer, embora talvez nunca sejam reconhecidos oficialmente pela Igreja como santos, quantos entre eles foram de fato santos. Viveram de forma heroica as virtudes cristãs. Maior alegria surge quando se percebe que ela oferece a mesma esperança aos seus 124 mem-bros consagrados e aos seus 47 seminaristas. A vo-cação é dom de Deus e precisa do trabalho humano para amadurecer. Ao promover a vocação de seus membros, ela realiza uma grande obra de salvação.

A obra mais numerosa e evidente da Província é o seu trabalho paroquial. A paróquia é o lugar privi-legiado do encontro dos fiéis entre si e com Deus na frequência aos sacramentos. Talvez seja uma conta-bilidade desnecessária, mas é gratificante imaginar quantos cristãos receberam através dos palotinos o batismo, a absolvição, a sagrada comunhão, a unção dos enfermos e tantos outros benefícios eclesiais de fé. A busca da salvação do próximo está intima-mente ligada à busca da salvação própria.

Para além das obras já descritas há ainda a construção de igrejas, escolas, salões paroquiais, centros de formação, auxílio aos pobres e ativida-des empresariais. São numerosas e auto elogiar-se pode ser vaidade. A ostentação não é virtude; a gratidão é. Na sequência serão apresentadas três

No dia 16 de maio, Dom Alberto Setele deu posse aos dois missionários, PP. Casimiro Facco e Miguel Klauck, nas Missões de Quissico e Mavila, em duas celebrações independentes. A missão pros-perou e, por ocasião do vigésimo ano da Missão, o Pe. Casimiro Facco publicou um livro de Memórias da Missão Palotina em Moçambique. Atualmente, os palotinos estão em cinco paróquias e possuem um seminário menor. Estão nas cidades de Quis-sico, Inharrime, Namuno e Maputo. Três padres já foram ordenados em Moçambique: Eusébio Gastão Mauaie, Gildo Bumane Naene Nhone e Castigo Antônio Psere. Há outros a caminho.

Seminário Palotino em Pemba, África

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obras dos palotinos escolhidas entre muitas para manifestar simbolicamente a gratidão a todas as suas atividades.

REVISTA RAINHA DOS APÓSTOLOSA Revista Rainha dos Apóstolos foi fundada pelo

Pe. Rafael Iop, em abril de 1923, em Vale Vêneto, e dirigida por ele até sua morte. Talvez não seja de-mais notar que o nome da Revista é a padroeira da União do Apostolado Católico. O nome original é em latim Regina Apostolorum. Houve um tempo em que foi chamada somente de Rainha. Atualmente, usa o nome original traduzido em português. No início foi bimestral. Logo, em 1924, tornou-se mensal e assim permanece.

O Pe. Rafael constatou que, tanto na Europa como nos Estados Unidos, existiam muitas revistas missionárias, mas poucas na América Latina. Para preencher essa lacuna fundou uma revista eminen-temente missionária para levar os seus leitores a tomarem parte ativa na obra das Missões. Ao longo do tempo seu objetivo permaneceu o mesmo, muito

embora tenha se adaptado às mudanças do tempo. Ela orgu-lha-se de ser a segunda revista religiosa mais antiga de publica-ção contínua no Brasil.

Hoje, a revista continua a ser impressa e sua distribuição aos assinantes e locais como paró-quias, hospitais e escolas é feita via correio. O seu atual diretor é o Pe. Jerônimo Brixner.

HOSPITAL DE PASSO FUNDOA história do Hospital de Passo Fundo é como-

vente. Em 1918, houve o surto mundial de Gripe Espanhola, também chamada de Peste Espanhola. Ela dizimou muitas pessoas também no Brasil, entre elas, muitos palotinos.

Desde 1902, o bispo de Porto Alegre havia confiado aos palotinos a então imensa Paróquia de Passo Fundo. Comovido, na ocasião da peste, o Pe. Rafael Iop começou a reunir as pessoas para aten-der as vítimas. Em 24 de junho de 1918, o Pe. Rafael Iop e um grupo de leigos católicos, os Vicentinos, fundaram a Associação Hospitalar São Vicente de Paulo (AHSVP). Uniam-se as forças para construir a Casa de Saúde. De acordo com o estatuto da fun-dação, a entidade desejava agasalhar os doentes e pobres, dar-lhes médico, remédios, conforto mate-rial e espiritual, sem distinção de crença religiosa ou política. Em muitas outras paróquias, como em Nova Palma e Sobradinho, os palotinos dedicaram seme-lhantes cuidados aos vitimados da peste, embora suas iniciativas não tenham progredido na história como progrediu em Passo Fundo, testemunhou o Pe. Danilo Pedro Cerezer.

Os princípios dos fundadores foram consoli-dados e impulsionaram o crescimento do Hospital São Vicente de Paulo, que hoje é a maior instituição hospitalar do interior do estado do Rio Grande do Sul. Esta dimensão não se reflete apenas no aspecto físico, mas no conceito, na filosofia de um hospital pioneiro, que, a cada ano, torna-se mais preparado para atender casos complexos, com resolutividade, qualidade e humanização, afirma o site do AHSVP.

Nas comemorações do centenário de sua funda-ção, o Reitor Provincial Palotino foi convidado pelo Sr. Décio Ramos de Lima, Presidente do Hospital, nestes termos: "É com muita honra que o Hospital São Vicente de Paulo o convida para representar um de seus fundadores, Padre Rafael Iop, SAC, na Missa de Ação de Graças pelos 100 anos de fundação da Instituição. A história centenária do HSVP passa pelas mãos sonhadoras e dedicadas de cada um destes grandes homens". A missa foi realizada no dia 24 de junho de 2018, às 10h, na Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, em Passo Fundo (RS). Atualmente, os palotinos não estão mais nem no Hospital e nem na cidade de Passo Fundo, mas é gratificante ver as sementes, que outrora os

Primeira Revista Rainha impressa, 1923

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O autor, colaborador desta Revista, é padre palotino em Porto Alegre (RS)

confrades plantaram, crescidas em árvores frondo-sas e produtivas.

SEMINÁRIO DE PALOTINAHá muitos motivos para apresentar aqui o

Seminário de Palotina, tais como a importância reconhecida da vocação consagrada, a relevância do seminário para a Sociedade, e particularmente, porque, neste ano ele completa o seu Jubileu de Ouro. O Pe. Valmor Righi escreveu um livro para contar sua história.

Uma casa de família não se constrói da noite para o dia. Tudo leva tempo. O seminário é uma casa de família de grande porte. Entre os minuciosos projetos, devidamente feitos, o início das obras e sua conclusão, passaram-se anos.

Foram os padres Rafael Pivetta e Hermogênio Borin que rezaram a primeira missa em Palotina. Foi no dia 06 de janeiro de 1954. Desde o início havia o sonho de construir um seminário. No dia 08 de julho de 1956, foi fundada uma Entidade Jurídica provisória, com o nome de Internato Agrícola e Vocacional (semi-nário). Em 1958, foi escolhido São Miguel como seu padroeiro. No dia 08 de dezembro de 1962, diante das mais representativas autoridades civis, eclesiásticas e militares foi feita a bênção da Pedra Fundamental.

O seminário iniciou suas atividades em março de 1970, com a presença de 58 seminaristas internos e 22 seminaristas externos. Compunham o corpo docente, os PP. Gervásio Pivetta, Valmor Righi,

Antônio Marin e os seminaris-tas estagiários Deoclécio Dal-maso e Elói Roggia. Os semina-ristas frequentavam o Colégio Estadual Santo Agostinho, pela manhã. O restante do tempo, recebiam formação específica no próprio Seminário. Embora tenha iniciado as atividades já em março, sua inauguração solene ocorreu apenas dois

meses depois, aos 10 de maio de 1970. Esta é a data do jubileu de ouro.

Atualmente, o Seminário, chamado Vicente Pallotti, acolhe oito seminaristas. Seu Reitor é o Pe. Eliton Pagnussato.

CONCLUSÃOA história pode ser entendida de muitos modos.

Não é a única. Uma afirmação clássica a define como "mestra de vida". Ao se conhecer o passado se poderia gerenciar melhor o futuro. Em contrário, há também quem diga que quem vive de passado é museu, não lhe reconhecendo valor maior que o entretenimento. Em todo o caso, há uma anedota que cabe bem aqui. Certa vez dois litigantes foram justificar-se a um sábio. Depois de ouvir as queixas de ambos, o sábio teria dito a um: "Você tem razão." Teria dito o mesmo ao outro. Vendo isso o discípu-lo teria reagido: "Mestre, ambos disseram coisas contrárias. Não podem os dois estarem certos!". Ao que o mestre teria respondido: "Você também tem razão!" Desconheço lugar no mundo onde a escolha deliberada da vontade seja dispensada. Em todo o caso, um breve texto numa data festiva tem o ob-jetivo simples de celebrar entre amigos os feitos do passado. Foi apenas isso que esse artigo quis ser. Se conseguiu, ótimo, se não, onde estão as falhas?

Seminaristas em Palotina (PR), 2019

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No dia 12 de janeiro de 2020, So-lenidade do Batismo do Senhor, Padre Ademar Luiz Fighera e eu, Irmão Alexander Aquino Correia, assumimos a nova missão palo-tina na cidade da Matola, região periférica da grande Maputo, ca-pital de Moçambique.

NOVA MISSÃO PALOTINAEM MOÇAMBIQUE

Neste dia além da presença do Senhor Arcebispo de Maputo, Dom Francisco Chimoio, esteve presente um bom núme-ro de padres Missionários da Consolata,

que até então atendiam esta missão, bem como o Padre Leandro Aparecido Ramos, atual delegado da missão, as irmãs palotinas, um grupo de leigos da paróquia São Maximiliano Kolbe de Inharrime e muitos membros das diversas comunidades da paróquia.

A nova paróquia que assumimos leva o nome da grande padroeira das missões, Santa Teresinha do Menino Jesus, o que nos traz consolação ao as-sumirmos esta nova missão, na certeza de que ela intercederá para o bom êxito da mesma.

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IR. ALEXANDER AQUINO CORREIA, SACMISSÕES PALOTINAS

O autor, colaborador desta Revista,é irmão Palotino e trabalha na paróquia

Santa Terezinha, Matola, Moçambique

Além da comunidade sede, a paróquia é formada por outras cinco comunidades: São Miguel Arcan-jo, São Luiz Gonzaga, Santos Mártires de Uganda, Santa Ana e Beata Clementina Anuarite. Todas as comunidades são de grandes dimensões, quase com estrutura de paróquias, com grande participa-ção de povo e com boa organização dos diversos ministérios. Em todas as comunidades, incluindo a da sede, as igrejas já não suportam o número de fiéis e, em sua maioria, já deram início a construções de capelas maiores ou tem projeto de aumento das mesmas.

A paróquia era atendida, já há 73 anos, pelos Missionários da Consolata, que nos deixaram, além de uma boa estrutura física, também uma riqueza humana nas diversas organizações dos ministérios e apostolados existentes na paróquia.

A nova missão nos é bastante exigente. A paróquia é muito viva em seus vários ministérios existentes e os fiéis, em sua maioria, tem certo ní-vel de formação acadêmica. Além do atendimento paroquial, há um intenso programa de formação nos diversos ministérios. Para podermos atender razoavelmente as comunidades, contamos com ajuda de alguns padres que estão presentes nas

proximidades da paróquia, especialmente nas ca-sas de formação, mas ainda carecemos de mais missionários palotinos dispostos a trabalharem nesta missão.

No que se refere ao aspecto econômico, a pa-róquia é praticamente autossustentável e contribui significativamente para a manutenção dos missio-nários. A nova missão assumida é de suma impor-tância para que a formação filosófica de nossos seminaristas moçambicanos passe a acontecer em Moçambique, já que a mesma possui certa estrutura para acolhermos alguns candidatos e fica perto do Seminário Filosófico.

Ainda estamos em processo de adaptação à nova realidade de cidade, que se diferencia em grande parte das nossas outras paróquias, que são mais do interior. No entanto, com a ajuda da comu-nidade e contando com a oração de cada um, vamos aos poucos continuar ajudando o Reino de Deus a crescer nestas terras a partir da espiritualidade e carisma que nos foi confiado pelo nosso Fundador São Vicente Pallotti.

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PE. SERGIO LASTA, [email protected]

Este artigo é uma continuidade da edição anterior da Revista Rainha, quando escrevi sobre o cuidado de si e do outro, enlaça-

do com as questões do capitalismo. Tal sistema econômico não leva em conta o ser humano como tal, mas como um sujeito consumidor. O capi-talismo rompe com a alteridade e com a solidarieda-de e quem não participa do poder econômico tende a ser marginalizado, ou seja, deixado à margem da sociedade, sobretudo de consumo. Porém, o capita-lismo também se enlaça com o individualismo, que é outro comportamento muito presente em nossa sociedade atual e leva, muitas vezes, à indiferença.

O individualismo possibilita àqueles que se com-portam como sujeitos individualistas viverem como alguém distinto dos outros, sobretudo em relação aos que considera inferiores. Por isso é importante pensar nesse individualismo isolado, que sugere a Campanha da Fraternidade/2020, e abrir brechas para mudanças interiores das pessoas ao refletir sobre o tema nesses tempos de globalização em que surgiu um novo individualismo, ou como se chama: neo-individualismo.

O neo-individualismo produz uma nova identi-dade nos sujeitos, por isso opera também no eixo vertical porque reorganiza as identidades pessoais e culturais. Segundo Anthony Elliott: “Nas circuns-tâncias sociais correntes – nas quais a vida pessoal é remodelada pela globalização induzida pela tec-nologia e pela transformação do capitalismo – não é a individualidade particular de um indivíduo que é mais importante. O que é cada vez mais significativo é como os indivíduos recriam identidades, as for-

mas culturais pelas quais as pessoas simbolizam a expressão e o desejo individuais e, talvez, acima de tudo, a velocidade com que as identidades podem ser reinventadas e instantaneamente transformadas”.

Há uma transformação pessoal em curso que também acontece na sociedade e na cultura. Cria-se, assim, uma identidade individualista em que a ten-dência é se preocupar com seus próprios desejos e quem poderia dificultar a satisfação de desejos tende a ser não olhado. Não se refreiam as pró-prias paixões, seus impulsos não são controlados e as pessoas perdem aos poucos a capacidade de governar a si mesmos. Com isso cria-se uma linguagem que seja capaz de modelar as pessoas, que autentica modos de ser e de fazer as coisas e se inscrever nas múltiplas formas de poder. O que está em jogo também é o poder sobre os outros.

A era do novo individualismo cria o fascínio pela novidade, pelo novo. Isso transforma as pessoas, projeta e dirige suas próprias vidas sem a neces-sidade dos outros, e propõe que tudo o que fizer tenha a sua marca porque essa marca simboliza a expressão dos seus desejos. Portanto, o outro não importa, a não ser que possa ser utilizado para imprimir uma marca do desejo. Mas tudo isso é instantâneo, passageiro, porque hoje em dia as pessoas estão com contínuo deslocamento.

Outra característica do novo individualismo é a autorreinvenção, ou seja, a pessoa olha somente para si mesma e isso abre brechas para vícios e ou-

“Viu e...”

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O autor, colaborador desta Revista, é psicólogo, doutor em Educação e padre palotino em Santa Maria (RS)

tros comportamentos neuróticos em muitos casos. Citando novamente o autor referido: “Em nenhum lugar, hoje, isso é tão evidente quanto na pressão que o consumismo exerce sobre nós para “trans-formar” e “melhorar” cada aspecto de nós mesmos: não apenas nossas casas e jardins, mas nossas car-reiras, nossa comida, nossas roupas, nossas vidas sexuais, nossos rostos, mentes e corpos”.

As gratificações tendem a ser instantâneas e alguém “caído à beira do caminho”, como no caso do bom samaritano, poderá atrapalhar as pretensões de mudança e de satisfação imediata de desejos. Não se pode parar para olhar e ajudar o outro que necessita de ajuda porque no novo individualismo tudo se resolve num click, num apertar de botões, que imediatamente resolve tudo, inclusive os relacionamentos são resol-vidos num único click e não se criam relações de longo prazo, mas de curto prazo porque o outro também é um produto descartável. Nessa sociedade frívola as pessoas querem mudanças rápidas e não sobra tempo para olhar o outro que necessita, que esteja precisando de ajuda. Há um desejo do quero-agora e não se pode parar. Entra em cena a sedução do tudo fácil e rápido desde que isso faça alguém feliz, mesmo que seja por alguns instantes. Não se tem tempo para se preocupar com a dor do outro, pois a dor de outro é desprazerosa.

A presença do outro tende a não ser vista com satisfação, mas que incomoda. Porém a tecnologia resolve isso, possibilita que se esteja com outras pessoas e, ao mesmo tempo, isolado, ocupado com seus celulares, por exemplo. Por isso, a visão de mundo que muitos têm é a distância entre seus próprios olhos e o aparelho. Ou seja, um mundo extremamente pequeno que não abre espaço para olhar além e ver, sobretudo, as necessidades dos outros, os seus sofrimentos e suas dores.

Por trás dessas atitudes está a busca da felici-dade e nenhuma sociedade é capaz de realizá-la. Mas, segundo Baumann, a promessa está sempre presente e sedutora desde que o desejo fique insa-tisfeito, porque a satisfação, mesmo que mínima, colocaria em risco o consumo. Escreveu o citado autor: “A não satisfação dos desejos e a crença firme e perpétua de que cada ato para os satisfazer deixa muito a desejar e pode ser aprimorado são os pro-

pulsores da economia direcionada ao consumidor”. Assim, o ser humano envolto nesse individualismo mantém a firme esperança que seus desejos serão satisfeitos e volta-se para si mesmo nessa ânsia para satisfazê-los. Rompe com o mundo ao redor e canaliza todas as suas energias nesse propósito.

Entretanto, dificilmente a sociedade como um todo se dá conta de que tudo isso é um engano. Um produto, por exemplo, em seguida ao seu lan-çamento é desvalorizado e outro mais avançado é apresentado, sendo que a durabilidade tende a ser curta para desenvolver novos desejos e realimen-tar a esperança da felicidade, que nunca acontece. Os próprios indivíduos são explorados e não se dão conta disso, e a vida se torna acelerada. Novamente trazendo o tema da CF/2020, não se tem tempo para olhar o outro. Olhar para o outro sugere uma parada e, consequentemente, as pessoas não olham nem para si mesmas.

Percebe-se que na sociedade existe uma utopia sobre a felicidade. Facilmente se acredita que o con-sumo, por exemplo, trará a tão desejada felicidade. Com isso o outro tende a ser descartado, não visto, não olhado. No entanto, ao pensar no bom samari-tano e lendo o relato da parábola contada por Jesus Cristo, pode-se sentir a felicidade daquele homem ao ajudar o outro caído após ter sofrido ataques violentos que o deixou com ferimentos graves. Não se importou em saber quem era esse homem caído e ferido, o que importou foi ajudar, socorrer alguém que necessitava. Nisso reside a felicidade e o prazer: olhar para o outro que necessita, olhar e sentir suas dores, suas angústias e ajudá-lo. Esse homem saiu do campo do individualismo e entrou no campo da solidariedade. É isso que a CF/2020 propõe: sair desse campo em que se olha somente para si mesmo e rompe com o mundo ao redor, para olhar mais além e perceber que existem muitas pessoas caídas à beira do caminho precisando de algum tipo de ajuda. Sugere também romper com a indiferença e que o altruísmo seja um modo de viver de todos.

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CELSO [email protected]ÇÃO PELA ARTE

Apesar desse ser o título de um livro muito lindo e importante, que chegou às minhas mãos em 2019 várias vezes e ago-ra novamente em 2020, não quero falar só do livro! Mas vou começar por ele, evidentemente...

O livro “Arte brasileira para crianças”, publica-do em 2016 pela editora Cobogó, é assinado por quatro autoras: Isabel Diegues, Márcia Fortes, Mini Kerti e Priscila Lopes. É um livro

grande, de 224 páginas, exatamente porque apre-senta 100 artistas brasileiros, de diferentes épocas, mas com ênfase na arte contemporânea. Partindo da ideia de que toda criança gosta de fazer arte, o livro se propõe a apresentar cada artista, com uma linguagem simples e divertida. Para cada um deles o livro apresenta uma pequena biografia, mostra uma obra de arte específica e propõe uma ativi-dade relacionada à obra daquele artista. Com isso, pode-se experimentar muitos caminhos, materiais e maneiras de fazer e pensar as artes visuais. Ao final, há um glossário com termos utilizados fre-quentemente nas artes visuais.

Eu acho o livro uma delícia! Os artistas apresen-tados cobrem uma enorme variedade de estilos, lin-guagens, suportes, materiais, efeitos. A maior parte deles ainda está aí produzindo seus trabalhos e são acessíveis em museus, centros culturais, salas de exposições e acervos públicos e privados, espalha-dos pelo país. O livro tem um formato grande e uma diagramação adequada para se “falar” de imagem… E, principalmente, as reproduções das obras dos artistas têm boa definição e boa impressão (a pior

coisa é livro de arte com imagens em baixa definição e qualidade!). E claro, os artistas são de alto nível: Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Cândido Portinari, Hélio Oiticica, Leonilson, Lygia Clark, Tarsila do Amaral, Tunga estão entre os mais conhecidos. Mas há ainda outros que admiro muito: Cildo Meireles, Arthur Bispo do Rosário, Ernesto Neto, Antonio Dias, Abraham Palatnik, Alfredo Volpi, Athos Bulcão, Carybé e tantos outros. Além de ser um livro de consulta, para voltarmos muitas vezes, as atividades propostas podem ser levadas a cabo ao longo de um período grande de tempo e com pú-blicos bem variados, apesar do livro ser direcionado às crianças.

Bem, com esse exemplo, me senti tentado a começar, a partir de hoje, nes-sa coluna, uma série de publicações para apresentar também artistas vi-suais (e não apenas brasileiros), que realizam trabalhos com materiais e suportes bem diferentes, mostrar es-pecificamente uma obra dele e tam-bém, propor alguma atividade a partir da obra apresentada. Vamos juntos?

Então, quero apresentar hoje o trabalho do grupo Matizes Dumont, que usam o bordado espontâneo e livre como linguagem poética. Eu sou apaixonado pelo trabalho desse grupo!

O grupo Matizes Dumont é formado por vários membros de uma família mi-neira, mais precisamente de Pirapora. Há mais de trinta anos elas se dedicam às artes plásticas e gráficas e usam o

BRASILEIRA para criançasa r t e

54 | ABRIL 2020 revistarainha.com.br

O autor, colaborador desta Revista, é doutor em Teoria da Literatura e escritor

de literatura infantil e juvenil

bordado livre, feito à mão, como expressão artística e instrumento para promover trocas culturais e transformações sociais. Não é só o fazer técnico que interessa, é o fazer consciente, pensante, ques-tionador e propagador de ideias e belezas.

Elas trabalham com uma grande mistura de matizes, te-

cidos, tessituras e traçados para criarem telas, ilustrações, painéis e andam pelo país oferecendo cursos práticos que têm sempre como ins-piração a natureza e a diversidade cultural brasileira.

Na verdade, estou falando “de-las” o tempo todo, mas o grupo é formado pela mãe (Antonia Zulma Diniz Dumont), o filho Demóstenes, as filhas Angela, Marilú, Marta e Sávia. São seis integrantes que partilham

cores, amores, histórias e talentos. Em geral, eles trabalham com linhas,

sedas e linhos. E dizem que as primeiras paixões vieram exatamente dos causos contados pelo pai e dos barrados dos vestidos e bordados feitos pela mãe dias e noites adentro. É da observação da mãe artista e das primeiras expe-

riências, ainda na infância, com linhas, formas e agulhas, que vêm o domínio deles. Aprender a olhar e a escutar as coisas com a sensibilidade pessoal: eis o segredo que eles revelam.

E como queriam ir além dos en-xovais das noivas e das encomendas para crianças que iam nascer e do uso obrigatório dos bastidores, começaram

a produzir obras para enfeitar primeiro seus próprios quartos, depois com o traço contemporâneo do irmão Demóstenes, que se graduou em Artes Plásticas, os desafios foram se ampliando.

O que se pode ver com força total no trabalho de bordado dessa família é a

alma de criança, estimulada pela intimidade com o rio São Francisco e as formas absorvidas do cerra-do. É daí que tudo emerge. Eles foram expandindo o trabalho das peças utilitárias para as primeiras ilustrações de livros e telas, que hoje ocupam mesmo esse espaço importante nas artes visuais contemporânea.

O currículo da família de bordadeiras é vasto. Já com uma carreira internacional e centenas de obras produzidas (quase sempre coletivamente), já estiveram na Bienal de Arte de Kaunas (Lituânia); nas embaixadas do Brasil, na Itália e na França; em outras exposições mais recentes, como no Paço Imperial (RJ), Cine Teatro Brasil (BH), Caixa Cultu-ral (RJ) e Museu Nacional (Brasília). O trabalho do grupo também pode ser conferido em livros como “A moça tecelã”, de Marina Colasanti (editora Global), e “Menino do rio doce”, de Ziraldo (editora Com-panhia das Letrinhas), entre muitos outros (como obras de Jorge Amado, Manoel de Barros, Thiago de Mello… e até a capa do álbum Pirata, o CD de Maria Bethania). Para conhecer mais do trabalho deles, o leitor pode acessar a página matizesdumont.com.

E para brincar com essa linguagem artística, sugiro que as crianças coletem fios coloridos de todos os tamanhos e espessuras, linhas para bordar em meadas ou em novelos, que escolham páginas de revistas (com um papel não tão maleável, mas nem tão duro) e com uma agulha (monitorada por um adulto), comece a contornar as figuras, testando pontos pequenos, pontos maiores, primeiro para definir as formas, depois para cobrir as imagens ou mesmo mudar as cores das imagens… e, por fim, decorem ao redor do desenho ou da imagem, tes-tando os pontos livremente. É um gostoso exercício de descobertas e de soltura do traço, da criatividade e da imaginação. Como disse Ana Maria Machado, na quarta capa do livro que comecei citando nesse artigo: “todos precisamos desenvolver uma sen-sibilidade estética que nos permita conviver com a arte”. Seja para virarmos criadores ou apenas admiradores das obras de outros artistas! Então, mãos às obras! (é esse o nome que quero dar para as nossas próximas colunas de 2020…).

ABRIL 2020 | 55 revistarainha.com.br

CARLOS ALBERTO [email protected]ÁSIS

Essa matéria foi publicada na seção Especial em junho de 2002, ocupou cinco páginas e foi capa. Foi muito bom recor-dar meus tempos de garoto, quando colecionava figurinhas de futebol e era um torcedor apaixonado, principal-mente pela nossa seleção.

Quem, como eu, teve a sorte de ver Pelé, Gar-rincha, Zico e outros craques jogarem, não tem como não ter ficado encantado com o esporte mais popular do nosso país.

Para aumentar ainda mais essa memória afetiva, tive a sorte de que naquele mês o Brasil conquistou o pentacampeonato mundial no Japão, derrotando a Alemanha na final. Lá se vão quase 18 anos e desde então não conquistamos mais nenhuma Copa do Mundo.

Essa matéria foi publicada na seção Especial em maio de 2007, também ocupou cinco páginas, sendo igualmente capa.

No mês passado eu cheguei à marca de 400 artigos publicados na Revis-ta Rainha dos Apóstolos, onde co-mecei a escrever em julho de 1996. Nessa contagem não estou incluin-do as frases da página do Inspire--se, pois não as considero artigos. Comemoro essa conquista com muita satisfação e humildade, pois nada mais fiz do que retribuir toda a confiança e carinho com que sem-pre fui acolhido pela comunidade palotina e pelos leitores da nossa revista. Espero conseguir ainda por algum tempo continuar nessa cami-nhada com todos vocês.Recordar é viver e fiquei pensando em quais matérias me marcaram mais. Não que sejam necessaria-mente as melhores, mas as que afe-tivamente tiveram para mim uma maior ressonância. Escolha difícil, mas vou tentar organizar as dez e recordar um pouco de cada uma.

10ºUma paixãochamada futebol

Santo de casa também fazmilagres

56 | ABRIL 2020 revistarainha.com.br

O autor, colaborador desta Revista, é professor, jornalista e psicólogo clínico em Porto Alegre (RS)

Essa matéria saiu em duas partes: uma em maio e outra em junho de 2012, ocupando quatro páginas.

Foi uma matéria difícil de fazer e posso dizer que tive sorte de encontrar pessoas que me relataram a história da assim chamada “vidente de Erechim” (RS). Dorothea Menegon Farina teve essas visões de Nossa Senhora (a serem confirmadas pela Igreja) de 1944 a 1988, quando faleceu. A cada dia 14 de setembro, dia da Festa da Exaltação da Santa Cruz, ocorre uma romaria no local.

À medida em que eu ia conhecendo todos os detalhes, fui me interessando cada vez mais e, o que era para ser contado em uma edição, teve que ser estendido para uma segunda matéria. Foi enri-quecedor ter conhecido aquele local e toda a história que o envolvia.

Não é possível colocar as dez matérias no espaço de uma edição. Sendo assim, no próximo mês descrevo as cinco matérias de minha autoria que mais me marcaram.

Foi uma valorização da espiritualidade nacional, dando destaque a pessoas marcantes da nossa Igreja, como Frei Galvão, nascido em São Paulo e que foi canonizado naquele mês, tornando-se o primeiro santo brasileiro.

Também foram feitas breves biografias da beata Albertina Berkenbrock, de Santa Catarina, da beata Irmã Lindalva, do Rio Grande do Norte, e dos már-tires de Nonoai, no Rio Grande do Sul.

Foi emocionante visitar Nonoai e Imaruí (onde está sepultada Albertina). Além disso, em Imaruí tive o privilégio de falar com o irmão mais velho dela, que descobriu o corpo da jovem assassinada.

A meninaque viuNossa Senhora

Aspectosmarcantesde umatrajetóriainesquecível

Essa matéria foi publicada na seção Oásis em julho de 2008, sendo igualmente capa.

Naquele ano se come-moravam os 150 anos das aparições de Nossa Senhora em Lourdes, na França.

A matéria contou a história de Bernadette Sou-birous, a jovem vidente que viu Nossa Senhora e dialogou com ela.

A devoção a Nossa Senhora de Lourdes é uma das mais populares do mundo, sendo que cerca de nove milhões de peregrinos a visitam anualmente.

Essa matéria foi publi-cada em 1998, por oca-sião do 75º aniversário da Revista Rainha dos Apóstolos. Na verdade,

NossaSenhorada Santa Cruz

foram oito artigos publicados entre março e outu-bro daquele ano.

Essas matérias foram fruto de um exaustivo tra-balho de pesquisa que eu fiz, tendo acesso ao arquivo onde se guardam todas as edições da nossa revista.

Apesar de todo o trabalho, valeu a pena o esfor-ço, pois acredito ter conseguido passar aos leitores um breve resumo de tudo que aconteceu de mais marcante ao longo de décadas de publicação dessa revista.

ABRIL 2020 | 57 revistarainha.com.br

HENRIQUE [email protected]ÃO

Violência contra a mulher: sintoma de falta de amorCresce a consciência de que diferenças de gênero só prejudicam a sociedade mundial

No último “Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres” (25/11), a ONU pediu ao mundo que acabe com a pan-demia mundial de assassinatos de mulheres e coopere para proteger suas garantias fundamentais em igualdade de condições.

Um novo relatório da ONU também revelou que o lugar mais perigoso para as mulheres é a sua própria casa, já que 58% das vítimas são mortas por seus parceiros íntimos e

familiares. Quando nos deparamos com números tão alarmantes, inevitavelmente passamos a refletir o que esse tema representa em nosso dia a dia.

Quando eu estava na faculdade, assisti à apre-sentação de uma monografia sobre a mulher no mercado de Relações Públicas. Apesar de ser uma profissão que no Brasil a maioria dos profissionais seja mulher (cerca de mais de 70%), somente 30% delas ocupam cargos de gestão. Apesar destes dados não terem uma ligação direta com o tema violência, revelam como estas diferenças de gênero atingem todas as áreas, inclusive no mercado de trabalho.

Voltando ao tema central deste texto, a violência contra o gênero feminino é uma pandemia global que, além de um delito moral para todas elas, é mo-tivo de vergonha para todas as nossas sociedades e um grande obstáculo ao desenvolvimento inclusivo, equitativo e sustentável. Em essência, é um sintoma de profunda deterioração da raça humana e sinal da ausência de Deus na vida de quem a comete.

António Guterres, um estudioso do tema, afir-mou que a violência contra as mulheres não só pre-judica as vítimas, mas também afeta as famílias e a sociedade, e tem uma importante dimensão política,

58 | ABRIL 2020 revistarainha.com.br

O autor, colaborador desta Revista, é fotógrafo, relações-públicas e atua com

comunicação organizacional

pois está relacionada ao poder e controle em nossas sociedades. Dados das Nações Unidas mostram que 80% das vítimas de todos os assassinatos que ocorrem em casais são mulheres, o que nos leva a entender que isso ocorre fruto de relacionamentos abusivos, em que os parceiros cometem agressões psicológicas e físicas por não assimilarem que res-peito e consideração são a base de relacionamentos saudáveis.

Especialistas afirmam que, embora os movi-mentos #MeToo e #NiUnaMenos tenham quebrado o silêncio e demonstrado que a violência contra mu-lheres, meninas e adolescentes esteja acontecendo em nossas comunidades, governos e lideranças locais e regionais não se mobilizaram o suficiente para promover políticas, leis e programas que as protejam, e que gerem uma transformação no co-tidiano das mulheres.

Mesmo que nas últimas décadas as mulheres tenham conquistado espaço no mercado de tra-balho e na política, cada vez mais as diferenças e desníveis entre os gêneros se revelam em indica-dores sociais assustadores que denunciam que a sociedade mundial precisa mudar.

A violência de gênero, incluindo suas novas for-mas, incluindo as que ocorrem digitalmente, ainda não é punida em todo o mundo. Como tal, os esta-dos devem cumprir suas obrigações internacionais e regionais de investigar, identificar os responsá-veis e responsabilizá-los. E para que isso ocorra, é

necessária uma maior cooperação entre mecanis-mos regionais e internacionais independentes.

Nesse sentido, outro tipo de violência surge: a distribuição não consensual de conteúdo íntimo, uma prática conhecida como "vingança pornô", está sendo usada como um método de intimidação contra mulheres quando há conflitos de relacionamento.

No cenário atual, vemos o crescente surgimento de defensoras de direitos humanos, política, jorna-listas, blogueiras, jovens, pertencentes a minorias étnicas, indígenas, afrodescendentes, dentre ou-tras, lutando por visibilidade e direitos. Penso que seja um lento caminhar para uma consciência de igualdade de gênero, que só tem a somar para a evolução espiritual.

Do ponto de vista espiritual, buscar inspiração nas palavras de Jesus, principalmente no manda-mento central de amar o próximo como a si mesmo. Ele pode ser um ponto de partida para uma mudan-ça de mentalidade em relação às mulheres.

Como raça humana já devíamos ter superado o entendimento que a força física permite a opressão, seja por qualquer razão, mas a caminhada para essa transformação é longa. Somente com profunda reflexão e mobilização, poderemos mudar esse quadro desolador de violência feminina.

ABRIL 2020 | 59 revistarainha.com.br

GALERIA

Há cinquenta anos atrás iniciava uma família, de Roque Ruscheinsky e Irene Catarina Rohr. No

dia 05 de julho de 1969, na Igreja Nossa Senhora das Mercês, Iporã do Oeste (SC), foram abençoados pelo Padre Jerônimo Zimmer, e foram testemunhas Pedro Rohr e Pio Ruscheinsky.

Foram muitos anos de esperanças, conquistas, momentos difíceis, mas também de muitas alegrias e realizações. Hoje, passados 50 anos, novamente reunidos, mas com a aprovação e admiração de olhares diferentes: dos filhos, genros, noras, netos, bisneta, parentes, amigos e diante de outro sacer-dote, o sonho se repete através do sim, renovando os votos de amor e união.

Homenagem pelas Bodas de Ouro do casal

ROQUE RUSCHEINSKYE IRENE CATARINA ROHR

Em agradecimento à Mãe Rainha Três Vezes Admirável por uma graça alcançada em favor do meu filho

CLEBER RONAN ANTOLINIque, aos quatro anos, dependia do tratamento ser concluído em tempo para ter sua vida salva e sua saúde recuperada. Obrigada à Mãe Rainha por ter me atendido em tempo de concluir o tratamento.

Selene de Freitas Antolini | Santa Maria (RS)

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Rua Tupi, 200 | Bairro Passo D’AreiaPorto Alegre (RS) - 91030-520

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Lembrança do passeio no

SANTUÁRIO MÃE RAINHAocorrido no dia 26 de outubro de 2019, na Vila Assunção, em Porto Alegre (RS)

Elmi da Costa Cunha - Porto Alegre (RS)

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O grupo de oração CORRENTE DA ESPERANÇA agradece a toda a equipe da Revista Rainha dos Apóstolos pela dedicação e pela atenção durante o ano de 2019. Desejamos um feliz ano de 2020.

Coordenadora Terezinha Fava Quaini | Primavera do Leste (MT)

Lembrança da formatura do

VITOR HUGOocorrida no dia 18 de dezembro de 2019 em Porto Alegre (RS). Parabéns!

Elmi da Costa Cunha - Porto Alegre (RS)

Lembrança dos 25 anos de Ordenação do

PADRE GELSONocorrida no dia 08 de dezembro de 2019 em Porto Alegre (RS), no Santuário de Fátima.

Elmi da Costa Cunha - Porto Alegre (RS)

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MODO DE PREPARO

Numa tigela média, misture o alho, o tahine, a água e o caldo de limão, até a pasta ficar lisa. Tempere com sal, misture bem e verifique o sabor. Transfira para uma molheira e reserve.

MODO DE PREPARO

Numa tigela, tempere os filés de pescada com li-mão, sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto. Deixe em temperatura ambiente enquanto prepara os outros ingredientes.Num prato fundo, coloque a farinha de trigo e tem-pere com sal e pimenta-do-reino. Passe os filés de

INGREDIENTES PARA O MOLHO

• 2 colheres (sopa) de tahine (pasta de gergelim)• 1 dente de alho picado fino• 2 colheres (sopa) de água• 1 colher (sopa) de caldo de limão• sal a gosto

INGREDIENTES PARA O PEIXE

• 4 filés de pescada• ½ limão• sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto• ½ xícara (chá) de farinha de trigo• óleo para fritar

INGREDIENTES• 1 lata de atum sólido em água• ½ xícara (chá) de ervilhas congeladas• 1 fatia de pão (de preferência caseiro)• ½ cebola• 1 maço de alface-romana baby• 1 colher (sopa) de mostarda de Dijon• 1 colher (sopa) de mel• 3 colheres (sopa) de vinagre de vinho tinto• azeite a gosto• sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto

CULINÁRIA

Receitas retiradas do site:www.panelinha.com.br

peixe pela farinha, empanando bem dos dois lados.Leve uma panela ao fogo médio com cerca de um dedo de óleo para aquecer. Forre um prato raso com papel-toalha e reserve.Quando o óleo estiver quente, coloque os filés de peixe em etapas, no máximo dois por vez. Frite por cerca de quatro minutos de cada lado ou até ficar com a casquinha dourada. Com uma escumadeira, retire do óleo e transfira para o prato forrado com papel-toalha. Repita o procedimento com os ou-tros filés. Transfira os filés para um prato e sirva a seguir, com o molho de tahine à parte.

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FILÉ DE PESCADA FRITACOM MOLHO TAHINE

BARQUINHA DE ALFACECOM ATUM E ERVILHA

MODO DE PREPARO

Lave as folhas de alface sob água corrente e trans-fira para uma tigela com um litro de água e um bac-tericida da sua escolha. Deixe de molho por 15 min. Enquanto isso, separe os outros ingredientes. Retire as ervilhas do congelador e transfira para uma peneira. Coloque sobre uma tigela e deixe em temperatura ambiente até descongelar. Se prefe-rir, coloque as ervilhas numa tigela e leve ao micro-ondas por alguns segundos. Corte o pão em cubinhos de 2cm. Leve ao fogo bai-xo uma frigideira para aquecer. Regue com uma colher (sopa) de azeite e doure os cubos de pão por cerca de dois minutos, mexendo com uma espátu-la para dourar por igual. Tempere com sal e pimen-

INGREDIENTES• 500g de chocolate ao leite picado ou em gotas• 500g de chocolate branco picado ou em gotas• 200g de confeitos coloridos

MINI OVINHOSDE CHOCOLATE

MODO DE PREPARONuma tigela grande, leve o chocolate ao leite para derreter no micro-ondas, em potência média, de 30 em 30 segundos, mexendo bem nos intervalos para não queimar - a ideia é que o chocolate derreta sem precisar voltar muitas vezes ao micro-ondas, e a temperatura não passe de 45 graus. Assim que

ta-do-reino a gosto e transfira para um prato para esfriar. Descasque e pique fino a cebola. Numa pe-neira, escorra a água do atum, transfira para uma tigela e, com um garfo, misture a ervilha e a cebola. Para o molho: num pote de vidro com tampa, co-loque a mostarda, o mel, o vinagre de vinho tinto, uma pitada de azeite. Tempere com sal e pimenta do reino. Tampe e chacoalhe bem para misturar. Reserve. Retire as folhas de alface da água, em vez de escorrer – assim as sujeirinhas ficam no fundo da tigela. Enxágue sob água corrente e passe pela centrífuga de saladas para secar bem. Preencha o centro das folhas de alface com a mis-tura de atum e ervilhas, transfira para uma tra-vessa e regue com o molho. Sirva a seguir com os croutons.

o chocolate derreter e ficar liso, faça a temperagem (atenção: esse passo só é necessário se o chocola-te usado foi puro do cacau; chocolate que conte-nha gordura fracionada ou hidrogenada, dispensa a temperagem. Porém, não se engane, o sabor e o produto são inferiores). Transfira uma parte do chocolate para o saco de confeitar, até completar no máximo um terço do volume. Corte apenas a pontinha do bico e preen-cha as cavidades de metade das fôrmas - a outra metade será usada para o chocolate branco. Man-tenha as fôrmas com as cavidades para cima e bata, delicadamente, contra a bancada para eliminar possíveis bolhas de ar - assim os ovos ficam lisinhos quando desenformados. Em seguida, para deixar os ovinhos coloridos e divertidos, salpique os confei-tos sobre o chocolate de cada cavidade. Coloque as fôrmas sobre as assadeiras e leve para firmar na geladeira por cerca de 25 minutos ou até que os ovinhos descolem facilmente. Enquanto isso, repita todo o procedimento com o chocolate branco. Retire a primeira leva de ovinhos da geladeira, vire as fôrmas com as cavidades para baixo e bata na assadeira de uma só vez: todos os ovinhos devem cair - se algum mais resistente sobrar, bata nova-mente. (Se muitos ficarem grudados, ainda preci-sam de mais um tempo na geladeira). Deixe os ovinhos em temperatura ambiente por 30 minutos antes de embalar ou servir.

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HORIZONTAIS01. Qualquer coisa cujo preço é muito baixo02. Um móvel da sala de estar/ Enérgico, vigoroso03. Circo/ A erva-pipi ou raiz-da-guiné04. Cabeça de gado/ Os governantes do antigo Egito05. Carinhosa, cheia de amor06. Transmissão, cessão07. Terminar/ Nelson (...): cantor brasileiro falecido em 201408. Volume de obra impressa ou manuscrita/ Diferente, diverso09. Erguida, de pé/ Número de jogadores de um time de vôlei10. Lamentável (feminino).

VERTICAIS01. Um dos pratos típicos do Nordeste02. Contudo/ Ato de tingir03. Antiga cidade grega que era uma das sete congregações da Ásia Menor citadas no Apocalipse/ Palavra litúrgica que indica concordância04. O Correio Aéreo Nacional/ Um fundamento, no basquetebol05. Afônica, sem voz/ Prefixo que dá ideia de negação, como em anarquia06. Quatro (romanos)/ Corpo celeste07. Tratar uma substância com ácido nítrico/ Aplicação, emprego08. Animal que ainda mama/ Coisas, objetos09. Prefixo: embaixo, escassez, como em hipoderme/ Administrava, gerenciava10. Inscritos para o serviço militar.

PECHINCHA

SOFAVIRIL

ARENATIPI

RESFARAOS

AMOROSAT

PENTREGA

ACABARNED

TOMOOUTRO

ERETASEIS

LAMENTOSA

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QUEM ARRANHOU OS LOUCOS?O diretor do hospício vai ao pátio e vê que todos os loucos estão com machucados na cabeça.Preocupado, ele pergunta em voz alta.– Quem é o responsável por isso? – quis saber ele.E um dos loucos responde:– É o Leovegildo... Ele desenhou uma linha no chão e duvidou que a gente conseguisse passar por baixo!

EU CONHEÇO!Um polonês vai ao oftalmologista.O médico lhe aponta a parede para ler:C Z J W I N O S T A W C ZO médico pergunta:–Você consegue ler isto?– Ler? Eu conheço esse cara!

PERDEU A GRAÇAO professor começa a devolver as provas e chama o Pedrinho:– Meu garoto, você tirou quatro na prova, que valia dez.A turma toda começou a rir.O professor, na sequência, diz:– E essa foi a maior nota da turma!Silêncio Total !

GUERRA AOS MOSQUITOSJoãozinho acorda o pai no meio da noite:– Pai, meu quarto está cheio de mosquitos. Não consigo dormir!O pai se levanta e vai até o quarto do filho e diz:– Filho, apaga a luz que os mosquitos vão embora.Passados alguns minutos, um vagalume entra no quarto do Joãozinho.Ele vê o inseto e grita:– Pai, socorro! Agora eles voltaram com lanternas!

PIADAS E PASSATEMPOS

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Cons

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MORTE NA TEOLOGIAE NA LITERATURA

Uma coletânea com belas frases e pensamentos que marcam e edificam nossas vidas.

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MEMÓRIAS DA MISSÃOPALOTINA EMMOÇAMBIQUE

Este livro conta a as histórias vividas pelo Pe. Casimiro Facco por anos na missão palotina na África.

ABRIL 2020 | 67 revistarainha.com.br

APROVEITA O DIA!Não deixes que ele termine sem

teres crescido um pouco.Sem teres sido feliz, sem teres

alimentado teus sonhos.Não te deixes vencer

pelo desalento.Não permitas que alguém te

negue o direito de expressar-te, que é quase um dever.

Não abandones tua ânsia de fazer de tua vida algo extraordinário.

Não deixes de crer que as palavras e as poesias, sim, podem

mudar o mundo.Porque passe o que passar, nossa

essência continuará intacta.Somos seres humanos,

cheios de paixão.A vida é deserto e oásis. Walt Whitman

Ela nos derruba, nos lastima, nos ensina, nos converte em protago-nistas de nossa própria história.

Ainda que o vento sopre contra, a poderosa obra continua, tu podes

trocar uma estrofe.Não deixes nunca de sonhar,

porque só nos sonhos pode ser livre o homem.

Não caias no pior dos erros: o silêncio.

A maioria vive num silêncio espantoso. Não te resignes,

nem fujas.Valorize a beleza das coisas

simples, se pode fazer poesia bela mesmo sobre as pequenas coisas.

Não atraiçoes tuas crenças.Todos necessitamos de aceitação, mas não podemos remar contra

Carpe Diemnós mesmos.

Isso transforma a vida em um inferno.

Desfruta o pânico que provoca ter a vida toda adiante.

Procures vivê-la intensamente, sem mediocridades.

Pensa que em ti está o futuro, e encara a tarefa com

orgulho e sem medo.Aprendes com quem pode ensinar-te as experiências

daqueles que nos precederam.

NÃO PERMITAS QUE A VIDA SE PASSE SEM TERES VIVIDO!


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