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UNIVERSIDADE D

FACULDADE DE C

DEPARTAMENTO DE Q

D o u t o r a m e n t o eE s p e c i a l i d a d e Q u

Elisa Vaz Morga

Complexos Orga

com PropriedaImagiologia e/

S u p e r v i s o r : D o u t o

C o - s u p e r v i s o r : D o

E DE LISBOA

E CIÊNCIAS

DE QUÍMICA E BIOQUÍMICA

e m Q u í m i c a Q u í m i c a I n o r g â n i c a

orgado de Palma

s Organometálicos de Re

riedades Osteotrópicas pgia e/ou Terapia

t o r a I s a b e l R e g o d o s S a n t o s

D o u t o r J o ã o D o m i n g o s G a l a m

de Re e Tc

icas para

2011

o s

a m b a C o r r e i a

i

O trabalho apresentado nesta tese foi realizado no

grupo de Ciências Radiofarmacêuticas do Instituto

Tecnológico e Nuclear (ITN), sob a orientação da

Doutora Isabel Rego dos Santos e co-orientação do

Doutor João Domingos Galamba Correia.

Este trabalho foi financiado pela Fundação para a

Ciência e Tecnologia através da bolsa de

doutoramento SFRH/BD/29527/2006 e do projecto

PTDC/QUI-QUI/115712/2009.

ii

iii

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, a Doutora Isabel Rego dos Santos, agradeço o rigor

científico como me orientou e a forma exemplar, disponível e cuidada como apoiou a

realização deste trabalho, sendo para mim essencial e indispensável para o processo

de aprendizagem. Ao meu co-orientador, o Doutor João Galamba Correia agradeço o

apoio científico e a forma sempre disponível como me ajudou a esclarecer as diversas

questões que surgiram ao longo deste trabalho. A ambos agradeço o bom exemplo e o

entusiasmo científico contagiante que sempre manifestaram.

À Doutora Lurdes Gano agradeço o empenho na realização dos estudos

farmacocinéticos, assim como todo o apoio prestado.

À Doutora Guilhermina Cantinho e ao Sr Vieira Marques agradeço pela

disponibilidade e rigor com que efectuaram as imagens cintigráficas.

À Doutora Paula Campello e à Doutora Célia Fernandes quero exprimir a minha

gratidão pelo apoio científico e técnico e em especial pela amizade demonstrada.

À Doutora Goreti Morais, ao mestre Bruno Oliveira e ao mestre Maurício

Morais, agradeço o entusiasmo manifestado na discussão de diversas questões

científicas e sobretudo o bom ambiente de trabalho, o apoio moral e amizade

manifestados.

À Elisabete e ao Amadeu agradeço o apoio logístico, boa disposição e simpatia.

A todos os outros elementos do Grupo de Ciências Radiofarmacêuticas

agradeço também o excelente ambiente de trabalho, colaboração e amizade.

Ao Doutor Joaquim Marçalo agradeço a realização dos espectros de massa

apresentados neste trabalho, bem como as discussões científicas associadas.

À Doutora Isabel Cordeiro Santos agradeço todo o empenho na resolução das

estruturas moleculares no estado sólido.

Ao Sr. António Soares agradeço a realização das análises elementares e o

espírito bem disposto contagiante.

Ao Instituto Tecnológico e Nuclear agradeço o acolhimento e à Fundação para a

Ciência e Tecnologia o financiamento deste trabalho.

Finalmente, agradeço à minha família pelo apoio e incentivo fundamentais à

realização deste trabalho, e pela compreensão relativamente à minha falta de

disponibilidade, em especial ao João e à Laura.

iv

v

RESUMO

Novos ligandos bifuncionais do tipo pirazolo diamina contendo grupos mono

(L1 - L3) ou bisfosfonato (L4 - L6) foram sintetizados e caracterizados. Estes ligandos

foram utilizados para preparar complexos do tipo fac-[M(CO)3(κ3-L)]+ em que: L = L1,

M = Re (Re1), 99mTc (Tc1); L = L2, M = Re (Re2), 99mTc (Tc2); L= L4 - L6, M = Re (Re4-

Re6), 99mTc (Tc4-Tc6). Os complexos radioactivos foram obtidos com rendimentos e

pureza radioquímica elevados (≥ 95 %), tendo sido identificados por comparação dos

seus cromatogramas de RP-HPLC com os dos respectivos complexos análogos de Re.

Os estudos in vitro de ligação à hidroxiapatite revelaram que os complexos possuíam

potencial osteotrópico e os estudos em ratinhos CD-1 confirmaram que todos eram

resistentes à transmetalação, transquelatação e oxidação e que, principalmente os que

continham a unidade bisfosfonato (Tc4-Tc6), se ligavam ao osso. Os complexos Tc5 e

Tc6 foram os que apresentaram melhor perfil biológico em termos de fixação óssea,

eliminação e razões osso/órgão não alvo pelo que foram escolhidos para prosseguir

estudos noutra estirpe animal. Estudos de biodistribuição em ratinhos Balb-c e as

imagens cintigráficas de Tc5 e Tc6 em ratos Sprague-Dawley confirmaram um

excelente comportamento biológico para estes complexos, que verificámos ser

comparável ou, em alguns casos, melhor do que o encontrado para o composto em

utilização clínica 99mTc-MDP, que estudámos nas mesmas condições experimentais.

Para explorar a síntese de um complexo trifuncional, tentámos sintetizar um

ligando pirazolo-diamina com um composto citostático (docetaxel) e com uma unidade

bisfosfonato. Foram obtidos resultados animadores que terão que prosseguir.

vi

vii

ABSTRACT

New bifunctional ligands comprising a pyrazolyl-diamine backbone for metal

stabilization, and a pendant mono (L1 - L3) or bisphosphonate (L4 - L6) group for bone

targeting were synthesized. Those ligands allowed the prepararion of complexes of

type fac-[M(CO)3(κ3-L)]+ where: L = L1, M = Re (Re1), 99mTc (Tc1); L = L2, M = Re (Re2),

99mTc (Tc2); L= L4 - L6, M = Re (Re4-Re6), 99mTc (Tc4-Tc6). The radioactive species were

obtained in high yield and radiochemical purity (≥ 95%), being identified by

comparison of their RP-HPLC chromatograms with the corresponding Re surrogates. In

vitro hydroxiapatite binding studies revealed that the complexes presented bone

seeking potential and the studies carried out in CD-1 mice showed that all complexes

were resistant to transmetalation, transquelation and oxidation and, manly those

containing a bisphosphonate unit (Tc4 - Tc6), bound to bone tissues. Tc5 and Tc6

showed the best pharmacokinetic profiles in terms of bone uptake, clearance and ratio

bone/non targeting organ and for that reason they were chosen to proceed with

further studies in another animal model. The biodistribution studies in Balb-c mice and

the scintigraphic images of Tc5 and Tc6 in Sprague Dawley confirmed their excellent

biological behaviour, comparable or, in some cases, better compared to the one

observed for the compound in clinical use 99mTc-MDP, studied in the same

experimental conditions.

To explore the synthesis of a trifunctional complex, we tried toprepare a

pyrazolyl-diamine ligand with a cytostatic compound (docetaxel) and a bisphosphonate

unit. The obtained results were encouraging and must be continued.

viii

ix

Palavras-chave

Bisfosfonatos

Docetaxel

Complexos de tricarbonilo de 99mTc/Re

Cintigrafia óssea

Terapia paliativa de metástases ósseas

Keywords

Bisphosphonates

Docetaxel

99mTc/Re tricarbonyl complexes

Bone scintigraphy

Bone metastases palliative Therapy

x

xi

ÍNDICE GERAL

Agradecimentos………………………………………………………………………………………………………….iii

Resumo……………………………………………………………………………………………………………………….v

Abstract………………………………………………………………………………………………………………………vii

Palavras-chave……………………………………………………………………………………………………………ix

Índice Geral………………………………………………………………………………………………………………..xi

Índice de Figuras………………………………………………………………………………………………………xvi

Índice de Tabelas……………………………………………………………………………………………………..xxi

Índice de Esquemas…………………………………………………………………………………………………xxiii

Abreviaturas……………………………………………………………………………………………………………xxv

Preâmbulo…………………………………………………………………………………………………………………….… 1

1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………………….……………….…………….. 7

1.1. Medicina Nuclear……………………………………………………….…………………………………… 7

1.1.1. Rádiofármacos: Conceitos Básicos…………………………………………………………….. 7

1.1.2. Radiofármacos de 99mTc………………………………………………..………………………….. 13

1.2. Oncologia e Metastização Óssea…………………………………..……………………………….. 17

1.2.1. Cuidados Paliativos e Tratamento da Dor Relacionada com Metástases

Ósseas………………………………………………………………………………………………………. 19

1.2.2. Bisfosfonatos: Mecanismo de Acção…………………………………..…………………….. 21

1.3. Complexos de 186/188Re e 99mTc para terapia ou diagnóstico de metástases

ósseas…………………………………..………………………………….……………..………………………

24

1.3.1. Considerações Gerais…………………………………..…………………………………………… 24

1.3.2. Complexos para Visualização e/ou Terapia de Metástases Ósseas……………. 27

2. COMPLEXOS DE RE(I) E 99MTC(I) ESTABILIZADOS COM LIGANDOS BIFUNCIONAIS

CONTENDO GRUPOS FOSFONATO…………………………………..…………………………………. 41

2.1. Considerações Gerais…………………………………..…………………………………………………. 41

2.2. Compostos Contendo um Grupo Monofosfonato………………………………………….. 42

2.2.1. Síntese e Caracterização de Ligandos Pirazolo - Diamina Contendo um

Grupo Monofosfonato (L1 - L3) ……………………………………………………………….. 42

2.2.2. Síntese e Caracterização dos Complexos de Rénio Estabilizados por L1 47

xii

(Re1) e L2 (Re2)…………………..…………………………………..…………………………………

2.2.2.1. Caracterização do complexo Re1 por difracção de raios – X ……………………. 54

2.2.3. Síntese e Caracterização dos Complexos Tc1 e Tc2……………………………………… 56

2.2.4. Avaliação Biológica dos Complexos de 99mTc(I)…………………………………………… 60

2.2.4.1. Estudos In Vitro…………………………………………………………………………………………. 60

2.2.4.1.1. Estabilidade em Tampão Fosfato e em Soro Humano…………………………….. 60

2.2.4.2. Estudos In Vivo…………………………………..……………………………………….……………. 62

2.2.4.2.1. Estudos de Biodistribuição em Ratinhos CD-1……………………………………….. 62

2.2.4.2.2. Estabilidade In Vivo……………………………..…………………………………….………….. 64

2.3. Compostos Contendo um Grupo Bisfosfonato………………………………………………… 65

2.3.1. Síntese e Caracterização de Ligandos Pirazolo-Diamina Contendo Grupos

Bisfosfonatos (L4 – L6) ………………………………………………………………….……………. 65

2.3.2. Síntese e Caracterização dos Complexos Re4 - Re6………………………….…………. 79

2.3.3. Síntese e Caracterização dos Complexos Tc4 -Tc6………………………………………. 89

2.3.4. Avaliação Biológica dos Complexos de 99mTc(I) ………………………………….………. 92

2.3.4.1. Estudos In Vitro……………………………………………………………………………….………. 92

2.3.4.1.1. Adsorsão à Hidroxiapatite (HA) …………………………………………………….……… 92

2.3.4.2. Estudos In Vivo……………………………………………………………………………….……….. 93

2.3.4.2.1. Biodistribuição e Estabilidade em Ratinhos CD-1………………………………….. 93

2.3.4.2.2. Biodistribuição e Estabilidade em Ratinhos Balb-C……………………………….. 95

2.3.4.2.3. Estabilidade de Tc5 e Tc6 em Ratinhos CD-1 e Balb-c……………………………. 97

2.3.3. Comparação com o 99mTc-MDP………………………………………………………….……….. 98

2.4. Compostos Multifuncionais Osteotrópicos para Aplicação Terapêutica:

Estratégias de Derivatização de Bisfosfonatos……………………………………………….. 105

2.4.1. Considerações gerais………………………………………………………………………………….. 105

2.4.2. Síntese e Caracterização de Compostos Trifuncionais Contendo Grupos

Bisfosfonato…………………………………………………………………………………………..…….109

2.4.3. Síntese e Caracterização do Complexo Tc7……………………………………………..……125

2.4.4. Avaliação Biológica do Complexo Tc7…………………………………………………..……….127

2.4.4.1. Estudos In Vitro………………………………………………………………………………..………. 127

2.4.4.1.1. Adsorção à hidroxiapatite (HA) ……………………………………………………..……… 127

2.4.4.1.2.Estabilidade em Cisteína e Histidina……………………………………………..…………128

2.4.4.2.Estudos In Vivo………………………………………………………………………………..………… 130

2.4.4.2.1. Biodistribuição em Ratinhos CD-1………………………………………………….……….130

xiii

2.4.4.2.2. Estabilidade In Vivo……………………………………………………………………….………. 131

2.4.4.2.3.Estudos de Inibição da Fixação Renal…………………………………………….………..132

3. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS…………………………………………………………………………… 135

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL……………………………………………………………………….. 153

4.1. Considerações Gerais……………………………………………………………………………….……….153

4.2. Purificação de Solventes e Reagentes…………………………………………………….……….. 153

4.3. Técnicas de Purificação e Caracterização………………………………………………………… 154

4.4. Síntese de Compostos Potencialmente Úteis para Imagiologia Óssea……………. 161

4.4.1. Síntese de Compostos Contendo o Grupo Éster fosfónico………………….…………161

4.4.1.1. Procedimento Geral para a Síntese de (3-Bromopropil)Fosfonato de

Dietilo (1) e de (2-Bromoetil)Fosfonato de Dietilo (2) ……………………….…………161

4.4.1.2. Síntese de t-butil 2-((3-(dietoxifosforil)propil)(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-

il)etil)amino)etilcarbamato (4) e t-butil 2-((2-(dietoxifosforil)etil)(2-(3,5-

dimetil-1H-pirazol-1-il)etil)amino)etilcarbamato (5) ………………………………..… 162

4.4.1.3. Síntese de 2-((2-aminoetil)(2-(3,5-dimetil-1H-pirazolo-1-

il)etil)amino)etilfosfonato de dietilo (L1) …………………………………………..……….. 163

4.4.2. Síntese de Compostos com um Grupo Ácido Fosfónico…………………………………164

4.4.2.1. Síntese de ácido 2-((2-aminoetil)(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-

il)etil)amino)etilfosfónico (L2) e ácido 3-((2-aminoetil)(2-(3,5-dimetil-1H-

pirazol-1-il)etil)amino)propilfosfónico (L3) ………………………………………..………..164

4.4.3. Síntese de Compostos com o Grupo Bisfosfonato……………………………..………….165

4.4.3.1. Síntese do Éster 1-aminometileno-1,1-bisfosfonato de tetraetilo (AMDP)

…………………………………………………………………………………………………………..………… 165

4.4.3.2. Síntese de 7-(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-il)etil)-13,13-dimetil-3,11-dioxo-

12-oxa-2,7,10-triazatetradecano-1,1-diilbisfosfonato de tetraetilo (8) 166

4.4.3.3. Síntese de ácido (4-((2-aminoetil)(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-

il)etil)amino)butanamido)metilenobisfosfónico (L4) …………………….………………167

4.4.3.4. Síntese de Pamidronato (PAM) e Alendronato (ALN) ……………………..……..….168

4.4.3.5. Síntese de ácido 8-(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-il)etil)-16-hidroxi-2,2-

dimetil-4,12-dioxo-3-oxa-5,8,13-triazahexadecane-16,16-diilbisfosfónico(10) 170

4.4.3.6. Síntese de ácido 3-(4-((2-aminoetil)(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-

il)etil)amino)butanamido)-1-hidroxipropane-1,1-diilbisfosfónico (L5)….………. 171

4.4.3.7. Síntese de ácido 8-(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-il)etil)-17-hidroxi-2,2-

dimetil-4,12-dioxo-3-oxa-5,8,13-triazaheptadecano-17,17-diilbisfosfónico 172

xiv

(11) ………………………………………………………………………………………………….………….

4.4.3.8. Síntese de ácido 4-(4-((2-aminoetil)(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-

il)etil)amino)butanamido)-1-hidroxibutano-1,1-bisfosfónico (L6)………………… 173

4.4.4 . Síntese de Derivados do Ácido Glutâmico e da β-alanina……………………………. 174

4.4.4.1. Síntese de ácido 5-(benziloxi)-2-ftalimida-5-oxopentanóico (13)……………….174

4.4.4.2. Síntese de 5,5-bis(dietoxifosforil)-4-ftalimida-5-hidroxipentanoato de

benzilo (16) …………………………………………………………………………………………..………175

4.4.4.3. Síntese de ácido 4-amino-5-hidroxi-5,5-bisfosfonopentanoico (18)………….. 177

4.4.4.4. Síntese de ácido 12-(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-il)etil)-18,18-dimetil-

3,8,16-trioxo-1-fenil-2,17-dioxo-7,12,15-triazanonadecano-6-carboxílico (21) 177

4.4.4.5. Síntese de 3-amino-1-hidroxypropano-1,1-diilbisfosfonato de tetrametilo

(Me-PAM) …………………………………………………………………………………………….…….. 178

4.4.4.6. Síntese de ácido 4-(5-(benziloxi)-2-(terc-butoxicarbonilamino)-5-

oxopentanamido)-1-hidroxibutano-1,1-diilbisfosfónico (24) …………….….………179

4.4.4.7. Síntese de ácido 4-(5-(benziloxi)-2-(terc-butoxicarbonilamino)-5-

oxopentanamido)-1-hidroxibutano-1,1-diilbisfosfónico (25) ………………….…….181

4.4.4.8. Síntese de ácido 16-(terc-butoxicarbonilamino)-8-(2-(3,5-dimetil-1H-

pirazol-1-il)etil)-22-hidroxi-2,2-dimetil-4,13,17-trioxo-3-oxa-5,8,12,18-

tetraazadocosano-22,22-diilbisfosfónico (27) ……………………………………….…..… 181

4.4.4.9. Síntese de ácido 4-(2-amino-5-(3-((2-aminoetil)(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-

1-il)etil)amino)propilamino)-5-oxopentanamido)-1-hidroxibutano-1,1-

diilbisfosfónico (L7) …………………………………………………………………………….………..183

4.4.4.10. Síntese de ácido 4-(2-amino-5-(benziloxi)-5-oxopentanamido)-1-

hidroxibutano-1,1-diilbisfosfónico (28) ……………………………………………….………. 184

4.4.4.11. Síntese de 2’-sulfo-NHS-succinil-DTX (30) …………………………………….………...185

4.4.4.12. Síntese de ALN-Glu-succinil-DTX (31) …………………………………………….………..186

4.4.4.13. Síntese de ácido 4-(2-(((9H-fluoreno-9-il)metoxi)carbonilamino)-5-t-

butoxi-5-oxopentanamido)-1-hidroxibutane-1,1-diilbisfosfónico (32) 187

4.4.4.14. Síntese ácido 4-(2-amino-5-t-butoxi-5-oxopentanamido)-1-

hidroxibutano-1,1-diilbisfosfónico (33) …………………………………………..…………… 188

4.4.4.15. Síntese de ácido 4-((2-aminoetil)(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-

il)etil)amino)butanoico (34) ………………………………………………………………....………189

4.4.4.16. Síntese de ácido 4-((2-(((9H-fluoreno-9-il)metoxi)carbonilamino)etil)(2-

(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-il)etil)amino)butanóico (35) ……………………….…………189

4.4.5. Síntese de Derivado do Composto Pirazolo-Diamina Funcionalizado na

Posição 4……………………………………………………………………………………………..………..191

xv

4.4.5.1. Síntese de ácido 4-(2-(1-(2-((2-(t-butoxicarbonilamino)etil)(4-etoxy-4-

oxobutil)amino)etil)-3,5-dimetil-1H-pirazol-4-il)acetamido)-1-hidroxibutano-

1,1-diilbisfosfónico (36) …………………………………………………………………..………….. 191

4.4.6. Síntese e Caracterização de Complexos de Re(I) …………………………….…….……. 193

4.4.6.1. Síntese de fac-[Re(CO)3(κ3-L1)]+ (Re1) ………………………………………….……….… 193

4.4.6.2. Síntese de fac-[Re(CO)3(κ3-L2)]+ (Re2) ………………………………………….……….… 195

4.4.6.3. Síntese de fac-[Re(CO)3(κ3-L4)]+ (Re4) ………………………………………….…………. 195

4.4.6.4. Síntese de fac-[Re(CO)3(κ3-L5)]+ (Re5) ……………………………………….……………. 199

4.4.6.5. Síntese de fac-[Re(CO)3(κ3-L6)]+ (Re6) ……………………………………….……………. 201

4.4.7. Síntese dos complexos de 99mTc(I) ………………………………………………………………. 203

4.4.7.1. Preparação do complexo precursor fac-[99mTc(H2O)3(CO)3]+…………………….. 203

4.4.7.2. Procedimento Geral para a Síntese dos Complexos Tc1 – Tc7…………………. 203

4.5. Estudos In Vitro……………………………………………………………………………………..………... 204

4.5.1. Determinação da Carga e da Lipofilía dos Complexos………………………………….. 204

4.5.2. Estabilidade In Vitro…………………………………………………………..…………….…………..205

4.5.3. Ligação à Hidroxiapatite……………………………………………….………………….…………..206

4.6. Estudos In Vivo…………………………………………………………………………..…………….……….206

4.6.1. Ensaios de Biodistribuição e Estabilidade In Vivo……………………………..……....... 207

4.6.2. Cintigrafia em câmara-gama……………………………………………………………..………… 211

Referências Bibliográficas………………………………………………….………………………………..…. 215

Anexo:

Espectros bidimensionais de Ressonância Magnética Nuclear (1H - 1H COSY e 1H - 13C

HSQC…………………………………………….…………………………………….……………………………….. 229

xvi

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1.1 - (A) Câmara PET; (B) Princípio geral da técnica PET e obtenção de

imagem............................................................................................. 10

Figura 1.2 - Imagem SPECT renal, em função do tempo, após injecção de 99mTc-MAG3...................................................................................... 12

Figura 1.3 - Imagem cerebral obtida por SPECT (em cima) e PET (em baixo),

após injecção de [99mTc]TRODAT e [18F]FDG, respectivamente…... 13

Figura 1.4 - Representação esquemática de um radiofármaco que contém um

elemento de transição ou pós-transição: (A) de perfusão e (B)

específico......................................................................................... 14

Figura 1.5 - Estruturas de ligandos utilizados para preparação de

radiofármacos de 99mTc desenvolvidos antes de 1980.................... 15

Figura 1.6 - Radiofármacos de perfusão em utilização clínica........................... 15

Figura 1.7 - Estruturas de dois radiofármacos específicos em utilização

clínica............................................................................................... 17

Figura 1.8 - Processo de metastização óssea. .................................................... 18

Figura 1.9 - Terapia paliativa de metástases ósseas........................................... 19

Figura 1.10 - Estruturas do EDTMP (ácido etilenodiaminatetrametilenofosfóni-

co) e respectivo complexo com 153Sm……………………………….……………… 21

Figura 1.11 - Estrutura geral dos bisfosfonatos e do ácido pirofosfórico............. 21

Figura 1.12 - Estrutura química de bisfosfonatos.................................................. 22

Figura 1.13 - Processo de renovação óssea promovido pela acção dos

osteoblastos e osteoclastos............................................................. 23

Figura 1.14 - Complexos com a unidade nitreto [M ≡ N]2+…................................ 25

Figura 1.15 - Complexos com a unidade [99mTc-HYNIC]. ..................................... 26

Figura 1.16 - Exemplos de complexos de tricarbonilo de Tc(I) com ligandos

tridentados……................................................................................. 26

Figura 1.17 - Fracções do polímero [Tc(MDP)(OH)-]∞. (A) O ligando MDP

estabelecendo a ponte entre dois centros Tc; (B) O metal

estabelece a ligação entre dois ligandos de MDP........................... 28

Figura 1.18 - (A) Imagem de corpo inteiro de coelho, 1 h após a injecção do

complexo 99mTc-EC-1 e 99mTc-MDP; (B) Imagem de corpo inteiro

de macaco, 2 h após a injecção do complexo 99mTc-EC-1 e de 99mTc-MDP………………………………………………………………………………….

30

xvii

Figura 1.19 - Imagem planar obtida 24 h após injecção de 186Re-MAG3-HBP

(222 MBq/kg) (A) e 186Re-HEDP (55,5 MBq/kg) (B). As setas

indicam o local onde foram injectadas as células do cancro da

mama MRMT-1………………………………………………………………………….. 31

Figura 1.20 - Sondas osteotrópicas Pam78 e Pam800 para imagem óptica……… 34

Figura 1.21 - Imagem bimodal SPECT (a cores)/CT (cinzento) obtida após

injecção de 99mTc-MDP (A) e de 99mTc-dpa-ALN (B) em ratinhos

Balb-c………………………………………………………………………………………….. 37

Figura 2.1 - Ligando bifuncional e respectivo complexo de tricarbonilo de Re

ou 99mTc, com um grupo R com afinidade para o osso.................... 41

Figura 2.2 - Esquema representativo de complexos trifuncionais com o

quelato pirazolo-diamina, contendo um grupo com afinidade

para o osso (R1) e uma molécula citótoxica (R2). .......................... 42

Figura 2.3 - Espectros de RMN de 1H (A), 13C (B) e 31P (C) do composto L2 em

D2O……………………………………………………............................................ 45

Figura 2.4 - Espectro de IV de L2 entre 1900 – 500 cm-1 (KBr)………………………… 46

Figura 2.5 - Espectros de IV do complexo [ReBr(CO)5] e de Re1 em KBr, entre

2300 – 500 cm-1................................................................................ 48

Figura 2.6 - Espectros de 1H-RMN dos compostos L1 e Re1 em CD3OD............. 50

Figura 2.7 - Espectro de 13C-RMN do composto Re1 em CD3OD........................ 51

Figura 2.8 - Espectros de RMN de 31P do complexo Re1, em CD3OD (A), do

composto L1, em CD3OD (B), do complexo Re2 na presença de

ligando livre L2, em D2O (C) e, do ligando L2, em D2O (D)……………. 52

Figura 2.9 - Cromatogramas analíticos de RP-HPLC do composto L2 e do

complexo Re2................................................................................... 53

Figura 2.10 - Diagrama ORTEP do catião do complexo Re1. Os elipsóides

vibracionais foram desenhados com uma probabilidade de 30 %.. 54

Figura 2.11 - Caracterização do precursor fac-[99mTc(H2O)3(CO)3]+ por RP-HPLC

após a sua preparação a partir de [99mTcO4]-. Detecção γ................ 57

Figura 2.12 - Cromatogramas de RP-HPLC obtidos durante a optimização da

preparação do complexo Tc1........................................................... 58

Figura 2.13 - Cromatogramas de RP-HPLC de Re1 (detecção UV) e Tc1

(detecção γ)………………………………………………………………….................. 59

Figura 2.14 - Cromatograma de HPLC de Tc1 (detecção γ) antes (A) e após (B)

incubação em soro humano............................................................. 61

Figura 2.15 - Resultados de biodistribuição (% A.I./g órgão) dos complexos Tc1

e Tc2................................................................................................. 63

Figura 2.16 - Cromatogramas de RP-HPLC do complexo Tc2 e amostras 64

xviii

biológicas de ratinho CD-1 (detecção γ)...........................................

Figura 2.17 - Unidade quelante pirazolo-diamina funcionalizada com um grupo

carboxilato para conjugação a um bisfosfonato através de uma

função amida.................................................................................... 66

Figura 2.18 - ESI-MS do composto L5: (A) modo negativo; (B) modo positivo..... 78

Figura 2.19 - Espectros de IV do precursor [Re(CO)3 (H2O)3]Br e dos complexos

Re5 e Re6 em KBr, na região 2100 – 1500 cm-1............................... 87

Figura 2.20 - ESI-MS do complexo Re6: (A) modo negativo; (B) modo positivo... 88

Figura 2.21 - Cromatogramas de RP-HPLC dos complexos Re4, Re5 e Re6

(detecção UV, 254 nm), e os respectivos complexos análogos Tc4,

Tc5 e Tc6 (detecção γ)...................................................................... 90

Figura 2.22 - Distribuição de actividade na tira de electroforese para Tc6.......... 91

Figura 2.23 - Percentagem de ligação de Tc5 e Tc6 à HA (1 h de incubação, a 37

°C) (n = 3)………………………………………………………………………………..…… 92

Figura 2.24 - Fixação de Tc4 - Tc6 nos órgãos mais representativos de ratinhos

CD-1…………………………………………………………………………………………….. 94

Figura 2.25 - Biodistribuição (% A.I./g órgão) dos complexos Tc5 e Tc6, em

ratinhos Balb-C……………………………………………………………….……………. 96

Figura 2.26 - Cromatogramas de RP-HPLC da preparação inicial de Tc4 e de

urina e soro de ratinho CD-1, recolhidos 1 h após injecção deste

complexo (detecção γ)…………………………………………………….…………… 98

Figura 2.27 - Radiocromatograma de 99mTc-MDP em (A) acetona e (B) NaCl 0,9

%............................................................................................................... 99

Figura 2.28 - Percentagem de ligação de Tc5, Tc6 e 99mTc-MDP à HA. A) 1h, 37

°C e B) 20 mg HA, 37 °C (n = 3)……………………………………………………. 99

Figura 2.29 - Biodistribuição (% A.I./g órgão) de Tc5 - Tc6 e 99mTc-MDP, em

ratinhos CD-1 (A) e Balb-C (B)……………………………………………………… 101

Figura 2.30 - Razões de actividade no órgão alvo (osso) vs órgão não alvo para

Tc5, Tc6 e 99mTc-MDP: A) ratinhos CD-1; B) Balb-c……….…………….. 102

Figura 2.31 - Excreção total (% A.I.) de Tc5, Tc6 e 99mTc-MDP, em ratinho CD-1

(n = 4)………………………………………………………………………………………….. 103

Figura 2.32 - Excreção total (% A.I.) de Tc5, Tc6 e 99mTc-MDP, em ratinho Balb-c (n =

4)…………………………………………………………………………………………………………… 104

Figura 2.33 - Imagem de corpo inteiro de rato Sprague Dawley, 2 h após

injecção de Tc5, Tc6 e 99mTc-MDP, obtidas em câmara γ................ 104

Figura 2.34 - Estrutura química do docetaxel (taxotere) e do paclitaxel (taxol)… 107

Figura 2.35 - (A) Estrutura de raios-X do heterodímero de tubulina com um

molécula de placlitaxel; (B) interacções determinadas por 108

xix

modelação molecular entre resíduos da unidade β-tubulina do

cérebro (B-brain) e uma molécula de placlitaxel ou docetaxel……..

Figura 2.36 - Estratégias para a síntese de ligandos trifuncionais a partir do

ácido glutâmico……………………………………………………………………………. 110

Figura 2.37 - Unidades para a funcionalização do ácido glutâmico…………………… 111

Figura 2.38 - Espectros de RMN de 31P em CDCl3, dos compostos 16 e 17………… 113

Figura 2.39 - ESI-MS (-) dos compostos 18, 19 e 20………………………………………………. 114

Figura 2.40 - Espectro de massa no modo negativo do composto 31 (impuro),

obtido com ionização por electrospray………………………………………… 121

Figura 2.41 - Espectro de RMN de 1H do composto 33 em D2O………………………… 123

Figura 2.42 - ESI-MS (+) do composto 33………………………………………………………….. 124

Figura 2.43 - Cromatogramas de RP-HPLC do complexo Tc7 (detecção γ)………… 126

Figura 2.44 - Estrutura química da cisteína e da histidina…………………………………. 128

Figura 2.45 - Cromatogramas de RP-HPLC obtidos após injecção do complexo

Tc7, na presença de A) cisteína e B) histidina (detecção γ)………….. 129

Figura 2.46 - Cromatogramas de RP-HPLC obtidos após injecção do complexo

Tc7, em amostras de urina de ratinho CD-1 (detecção γ)…………….. 131

Figura 3.1 - Estrutura de raios - X do catião do complexo Re1 e ângulos e

distâncias de ligação……………………………………………………………………. 138

Figura 3.2 - Resultados de biodistribuição (% A.I./g órgão) dos complexos Tc1

e Tc2……………………………………………………………………………………………. 140

Figura 3.3 - Biodistribuição (% A.I./g órgão) de Tc4 - Tc6 e 99mTc-MDP, em

ratinhos CD-1……………………………………………………………………………….. 141

Figura 3.4 - Imagem de corpo inteiro de rato Sprague Dawley, 2 h após

injecção de Tc5, Tc6 e 99mTc-MDP, obtidas em câmara γ……………… 144

Figura 3.5 - Representação das duas estratégias utilizadas para a síntese de

complexos trifuncionais……………………………………………………………….. 145

Figura 3.6 - Síntese do composto L7 (η = 10 %)……………………………………………….. 145

Figura 3.7 - Estrutura química do intermediário ALN-Glu-succinil-DTX……………. 146

Figura 3.8 - Biodistribuição (% A.I./g órgão) de Tc7 em ratinhos CD-1…………….. 147

Figura 3.9 - Perspectiva para a funcionalização do ácido glutâmico……………….. 148

Figura 3.10 - Alternativa para a funcionalização do ácido glutâmico……………….. 148

Figura 3.11 - Síntese de um complexo trifuncional a partir de pz4-COOH 149

Figura A.1 - Ampliação do espectro de 1H - 1H COSY de L5, na zona δ 4,4 - 1,6

(D2O)……………………………………………………………………………………………. 229

Figura A.2 - Espectro de 1H – 13C HSQC de L5 (D2O)…………………………………………. 230

xx

Figura A.3 - Espectro de 1H – 1H COSY de Re5 (D2O)……………………………………….. 231

Figura A.4 - Ampliação do espectro de 1H - 1H COSY de Re5 na zona δ 4,5 - 1,7. 232

Figura A.5 - Espectro de 1H – 13C HSQC de Re5 (D2O)………………………………………. 233

xxi

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1.1 - Tipo de partículas, características físicas e aplicação terapêutica....... 9

Tabela 1.2 - Tumores primários com incidência de metástases ósseas ................. 18

Tabela 1.3 - Características físicas dos radionuclídeos utilizados para terapia e

eficácia dos respectivos radiofármacos................................................ 20

Tabela 2.1 - Comprimentos (Å) e ângulos (°) de ligação mais significativos para o

catião do complexo Re1………………………………………………………………….. 55

Tabela 2.2 - Rendimentos e condições experimentais na síntese de

Tc1…...................................................................................................... 58

Tabela 2.3 - Tempos de retenção (min) obtidos nos cromatogramas de HPLC e

valores de Log D…………………………………………………………………….………… 60

Tabela 2.4 - Resultados de biodistribuição (% A.I./g órgão) e excreção total (%

A.I.) para os complexos Tc1 e Tc2 em ratinhos CD-1 fêmea................ 62

Tabela 2.5 - Condições experimentais estudadas para a síntese de 10 e 11 e

rendimentos das reacções………………………………………………………………. 71

Tabela 2.6 - Dados de RMN dos compostos 8 e L4 em CDCl3 e D2O,

respectivamente……….......................................................................... 74

Tabela 2.7 - Dados de RMN dos compostos 10 e L5 em D2O………........................... 75

Tabela 2.8 - Dados de RMN dos compostos 11 e L6 em D2O................................... 76

Tabela 2.9 - Dados de RMN dos compostos [Re(CO)3(κ3-pzAMDP)]+ e Re4 em

D2O....................................................................................................... 83

Tabela 2.10 - Dados de RMN dos compostos Re5 e Re6 em D2O…………………………… 84

Tabela 2.11 - Dados de RMN de 31P de L4 - L6 e Re4 - Re6……………………………………. 86

Tabela 2.12 - Percentagem de ligação a 20 mg de HA, determinada para Tc5 e Tc6,

em função do tempo de incubação a 37 °C.......................................... 93

Tabela 2.13 - Resultados de biodistribuição (% A.I./g órgão) e excreção total (%

A.I.) para os complexos Tc4 - Tc6 em ratinhos CD-1............................ 94

Tabela 2.14 - Biodistribuição (% A.I./g órgão) e excreção total (% A.I.) para os

complexos Tc5 e Tc6 em ratinhos Balb-c………….................................. 96

Tabela 2.15 - Fármacos conjugados a uma unidade bisfosfonato e correspondente

indicação terapêutica……………………………………….................................. 106

Tabela 2.16 - Percentagem de ligação à hidroxiapatite determinada a 37 °C para o

complexo Tc7, em função da massa de HA, e do tempo de

incubação……………………………………………………….……………………….………. 127

Tabela 2.17 - Resultados de biodistribuição (% A.I./g órgão) e excreção total (% 130

xxii

A.I.) para o complexo Tc7 em ratinhos CD-1…………………………..…………

Tabela 2.18 - Biodistribuição (% A.I./g órgão) e excreção total (% A.I.) de Tc7, com

e sem injecção de probenecide em ratinhos CD-1………………….………… 132

Tabela 3.1 - Avaliação biológica in vivo de Tc5, Tc6 e 99mTc-MDP em ratinho CD-

1…………………………………………………………………………………………….………… 142

Tabela 3.2- Avaliação biológica in vivo de Tc5, Tc6 e 99mTc-MDP em ratinho

Balb-c………………..…………………………………………………………………..………… 143

Tabela 4.1- Dados cristalográficos do composto fac-[Re(CO)3(κ3-L1)]Cl (Re1)……. 192

Tabela 4.2- Resultados de biodistribuição (% A.I./órgão) após administração dos

complexos Tc1 e Tc2 em ratinhos CD-1 fêmea…………………………………. 205

Tabela 4.3- Resultados de biodistribuição (% A.I./órgão) após administração dos

complexos Tc4, Tc5 e Tc6 em ratinhos CD-1…………………………………….. 206

Tabela 4.4- Resultados de biodistribuição (% A.I./órgão) após administração dos

complexos Tc5 e Tc6 em ratinhos Balb-c…………………………….……………. 206

Tabela 4.5- Resultados de biodistribuição (% A.I./órgão) após administração do

complexo Tc7 em ratinhos CD-1……………………………………….……………… 207

Tabela 4.6- Resultados de biodistribuição (% A.I./órgão) após administração do

complexo 99mTc-MDP em ratinhos CD-1 e Balb-C……………………………… 207

Tabela 4.7- Resultados de biodistribuição (% A.I./g órgão) após administração

do complexo 99mTc-MDP em ratinhos CD-1 e Balb-C……………………….. 208

xxiii

ÍNDICE DE ESQUEMAS

Esquema 1.1 - Síntese de oxo-complexos de 186

Re, 99m

Tc e Re.............................. 29

Esquema 1.2 - Síntese do complexo 99m

Tc-HYNIC-HP (η = 39 %).......................... 32

Esquema 1.3 - Síntese dos complexos Pam-M-800 (M = Re, 99mTc)...................... 33

Esquema 1.4 - Síntese dos complexos M-CpTR-Gly-PAM (M = Re, η = 21 %, 186Re, η = 8 %)............................................................................... 35

Esquema 1.5 - Síntese dos complexos M-dpa-ALN (M = 99mTc, 188Re, Re)............ 37

Esquema 2.1 - Síntese dos compostos com grupos éster e ácido

monofosfónico.............................................................................. 43

Esquema 2.2 - Síntese dos complexos Re1 e Re2...................................................... 47

Esquema 2.3 - Síntese do precursor organometálico fac-[99m

Tc(CO)3(H2O)3]+..... 56

Esquema 2.4 - Síntese dos complexos Tc1 e Tc2................................................... 57

Esquema 2.5 - Síntese de aminobisfosfonatos: (A) AMDP; (B) PAM e ALN……….. 66

Esquema 2.6 - Síntese dos conjugados com bisfosfonatos L4 – L7……………….…… 68

Esquema 2.7 - Síntese dos intermediários 10 e 11……………………………………………. 69

Esquema 2.8 - Vias de síntese dos complexos Re4 - Re6…………………………………… 79

Esquema 2.9 - Síntese dos complexos Tc4 - Tc6……………………………………………….. 89

Esquema 2.10 - Síntese do ácido 4-amino-5-hidroxi-5,5-difosfonopentanoico

(18)…………………………………………………………………………………………. 111

Esquema 2.11 - Síntese do intermediário 21 e tentativas de síntese dos

compostos a - d………………………………….…………………………………… 115

Esquema 2.12 - Síntese do Me-PAM………………………………………………………………… 116

Esquema 2.13 - Tentativa de síntese do composto d………………………………..………. 117

Esquema 2.14 - Síntese do composto L7…………………………………………………………… 118

Esquema 2.15 - Síntese do intermediário 31 e estratégias para a síntese dos

compostos f - g que não foram testadas…………………………………. 120

Esquema 2.16 - Síntese dos compostos 33 e 35 e estratégia para a síntese do

composto j………………………………………………………………………………. 122

Esquema 2.17 - Síntese do composto 36…………………………………………………………. 125

Esquema 2.18 - Síntese do complexo Tc7…………………………………………………………. 126

Esquema 3.1 - Síntese dos ligandos bifuncionais L1 - L6…………………………………. 136

Esquema 3.2 - Síntese dos complexos Re1, Re2, Tc1 e Tc2 com a unidade

monofosfonato…………………………………………………………………..…… 137

Esquema 3.3 - Síntese de Re4 - Re6 com unidades bisfosfonato…………………….. 137

Esquema 3.4 - Síntese dos complexos Tc1, Tc2, Tc4 - Tc6……………………….………. 139

xxiv

xxv

ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

ADN Ácido desoxiribonucleico

A.I./g Actividade injectada por grama de órgão

ALN Alendronato

BF Bisfosfonato

BM Biomolécula ou molécula biologicamente activa

Boc terc-butoxicarbonilo

Bq Becquerel

d Dupleto

DCC N,N’-diciclohexilcarbodiimida

DCU N,N’-diciclohexilureia

DIPEA Diisopropiletilamina

DMAP 4-(dimetilamino)piridina

DMF N,N-dimetilformamida

DMSA Ácido dimercapto-succínico

DMSO Dimetilsulfóxido

DOTP Ácido 1,4,7,10–tetraazaciclododecano-1,4,7,10–tetrafosfónico

DTPA Ácido dietilenotriaminopentaacético

DTX Docetaxel

ECD Dímero de etilcisteína

EDC N-(3-dimetilaminopropil)-N’-etilcarbodiimida cloridratada

EDTMP Ácido etilenodiaminatetrametilenofosfónico

ESI-MS Espetrometria de massa com ionização por electrospray

Et Etilo

fac Facial

[18F]FDG [18F]-2-fluoro-2-deoxi-D-glicose

Fmoc 9-Fluorenylmetoxicarbonilo

g gramas

Glu Ácido glutâmico

h Hora

HA Hidroxiapatite

HATU Hexafluorofosfato de 2-(1H-7-azabenzotriazolo-1-il)-1,1,3,3-

tetrametiurónio

xxvi

HBTU Hexafluorofosfato de 2-(1H-benzotriazolo-1-il)-1,1,3,3-tetrametiurónio

HEDP Ácido 1-hidroxietano-1,1-difosfónico ou etidronato

HMDP Ácido 1-hidroximetano-1,1-difosfónico

HMPAO Hexametilopropilenoamino oxima

HOBt Hidroxibenzotriazolo

His Histidina

HYNIC Ácido hidrazinonicotínico

Hz Hertz

ITLC Cromatografia em camada fina instantânea

IV Infravermelho

J Constante de acoplamento (em Hertz) entre dois núcleos

L Ligando

Log D logaritmo do coeficiente de partição octanol-água

LET Transferência linear de energia

m Multipleto

MAG3 Mercaptoacetiltriglicina

MAMA Monoaminamonoamida

MAS3 S-acetilmercaptotriserina

MDP Ácido metilenodifosfónico ou medronato

Me Metilo

MeOH Metanol

min Minuto

MRI Imagiologia por ressonância magnética

NEt3 Trietilamina

NHS N-hidroxisuccinimida

NHS-sulfo N-hidroxi-3-sulfo-succinimida

NMM N-metilmorfolina

PAM Pamidronato

PBS Tampão fosfato salino

PET Tomografia de emissão de positrões

PFF Pentafluorofenol

Ph Grupo fenilo

p.i. Após injecção (post-injection)

Po/w Coeficiente de partição octanol/água

ppm partes por milhão

xxvii

q Quarteto

RMN Ressonância magnética nuclear

RP-HPLC Cromatografia líquida de alta eficiência em fase reversa

rpm Rotações por minuto

s Singuleto

SPECT Tomografia computorizada de fotão único

t Tripleto

t.a. Temperatura ambiente

t1/2 Periodo de semi-desintegração

TFA Ácido trifluoroacético

TFF Tetrafluorofenol

THF Tetrahidrofurano

TLC Cromatografia em camada fina

tR Tempo de retenção

TSTU tetrafluoroborato de N,N,N’,N’-Tetrametil-O-(N-succinimidil)uronio

UV Ultravioleta

Å Angstron

αααα Alfa

°C Graus centigrados

δδδδ Desvio químico

γγγγ Gama

ηηηη Rendimento

kn Hapticidade de um ligando

νννν Frequência de vibração

xxviii

1

PREÂMBULO

O equilíbrio dinâmico entre a reabsorção e a formação óssea mediada pelos

osteoclastos e pelos osteoblastos, respectivamente, é a base fisiológica da

remodelação do osso, que é regulada por um sistema complexo de factores locais e

sistémicos [1-3]. A perturbação deste equilíbrio origina patologias metabólicas

benignas e malignas osteo-articulares, como por exemplo a osteoporose, a doença de

Paget, o tumor ósseo e outras doenças associadas à destruição do osso [1, 2, 4].

A osteoporose, patologia caracterizada pela perda de massa óssea e pela

fragilização do osso, é considerada um problema grave de saúde pública e afecta

milhões de pessoas em todo o mundo. Devido ao aumento da esperança de vida esta

patologia está a aumentar, principalmente nas mulheres.

No domínio da oncologia, os avanços terapêuticos têm também contribuído

para o aumento da esperança média de vida, pelo que melhorar a qualidade da mesma

tornou-se um desafio. Neste contexto, as metástases ósseas provocadas pelas doenças

oncológicas têm merecido especial atenção visto que provocam complicações severas

tais como dor óssea, fracturas patológicas, hipercalcémia e compressão da medula

espinal. As metástases ósseas ocorrem em quase todos os tumores primários, sendo o

tumor da próstata e o da mama os que mais metastizam (65 a 75 %) [5, 6]. Tendo em

conta a elevada frequência com que ocorre a metastização e a diminuição da

qualidade de vida daí decorrente, as metástases ósseas constituem também um

problema de saúde pública de grande relevância.

Durante os últimos 30 anos, os bisfosfonatos (BFs) estabeleceram-se como uma

nova e eficaz classe de fármacos para o tratamento de patologias metabólicas

benignas ou malignas do sistema osteo-articular. Com o objectivo de aumentar a

potência dos BFs, como agentes de anti-reabsorção óssea, várias alterações na

estrutura química destes compostos foram realizadas. Os aminobisfosfonatos (e.g.

pamidronato e alendronato, figura 1) que, tal como o seu nome indica, possuem uma

função amina para além da unidade BF, têm demonstrado uma potência anti-

Preâmbulo

2

reabsortiva muito superior á dos BFs de primeira geração, como por exemplo o

medronato (MDP) que só contém a função BF (figura 1). Devido à sua acção, estes

compostos são reconhecidos como drogas efectivas na prevenção e na atenuação do

aparecimento de fracturas ósseas, na compressão da medula espinal e na atenuação

da dor associada ao aparecimento de metástases ósseas [7-11].

Figura 1

A acção in vivo destas moléculas deve-se à sua forte afinidade para ligação à

hidroxiapatite (HA), nomeadamente para a apatite biológica cristalizada

(Ca10(PO4)6(OH2)2, Ca / P = 1,66), que é o principal componente da matriz inorgânica do

osso (69 %). Essa elevada afinidade é explicada pela possibilidade que têm para se

coordenar aos iões Ca2+, através dos oxigénios desprotonados das unidades fosfonato.

A ligação dos BFs ao osso previne o crescimento de cristais e também a dissolução da

HA (modelos in vitro e in vivo), à semelhança do que já tinha sido observado para os

pirofosfatos [7, 8, 12]. Para além destes efeitos, as propriedades anti-reabsortivas dos

BFs têm sido correlacionadas com efeitos celulares nos osteoclastos.

O sucesso clínico dos BFs está também associado à sua utilização como

radiofármacos, que são compostos que têm na sua composição um elemento

radioactivo e são utilizados para o diagnóstico ou terapia de certas patologias. No caso

específico dos BFs, quando marcados com 99mTc foram utilizados na clínica para o

diagnóstico de metástases ósseas. As imagens do osso são obtidas devido à presença

do radionúclideo 99mTc, que no seu processo de desintegração emite radiação γ. Assim,

após injecção intravenosa dos BFs marcados com 99mTc eles localizam-se no osso e a

radiação emitida pelo radionuclídeo atravessa os tecidos e é detectada no exterior do

corpo do paciente. Esta técnica nuclear, designada por Tomografia Computorizada de

Preâmbulo

3

Fotão Único (SPECT), permite a obtenção de imagens designadas por cintigrafia óssea

[13].

Os BFs para cintigrafia começaram a ser estudados, no início dos anos 70, por

Subramanian, Perez, Yano e colaboradores. Estes investigadores sintetizaram e

avaliaram in vivo vários compostos contendo grupos fosfonato, nomeadamente 99mTc-

HEDP (HEDP: ácido 1-hidroxietano-1,1-difosfónico), 99mTc-MDP (MDP: ácido

metilenodifosfónico) e 99mTc-HDP (HDP: ácido 1-hidroximetano-1,1-difosfónico) [14-

17]. Alguns destes compostos foram aprovados nessa altura para utilização clínica, mas

actualmente só o 99mTc-MDP e o 99mTc-HDP continuam a ser utilizados para obtenção

de cintigrafias ósseas. Estes exames são normalmente recomendados para a detecção

de metástases ósseas mas também para o estadiamento de tumores ou para a

detecção de infecções ou de outras lesões traumáticas do osso [18]. Uma vantagem

importante da utilização destes compostos é a elevada sensibilidade da técnica de

imagem SPECT. A introdução nessa época destes radiofármacos sob a forma de kits

contribuiu também para a sua popularidade. Os centros Medicina Nuclear recebiam

uma mistura de reagentes liofilizados (kits) à qual adicionavam uma solução de

[99mTcO4]- e a formação do complexo final ocorria quando o metal se coordenava ao

bisfosfonato. Embora a verdadeira estrutura química destes compostos não seja

conhecida, pensa-se que, após adição do [99mTcO4]-, se forma uma mistura de espécies

[19, 20]. A fixação ao osso tem sido explicada considerando que após ligação do BF ao

99mTc ainda restam alguns grupos BFs livres para ligação aos iões Ca2+, que se

encontram expostos na superfície da HA. Esta fixação é mais significativa em zonas

metabolicamente activas da matriz óssea o que permite a visualização de locais de

elevada remodelação óssea [21].

A utilização de BFs como transportadores de radiação β- também foi aplicada

com sucesso na preparação de radiofármacos para tratamento paliativo da dor óssea.

Encontram-se actualmente em utilização clínica alguns compostos, como por exemplo

o 153Sm-EDTMP (EDTMP: ácido etilenodiaminatetrametilenofosfónico), o 186Re-HEDP e

o 188Re-HEDP [22-25].

Preâmbulo

4

Recentemente, os BFs têm também sido considerados bons veículos para

diferentes tipos de fármacos que, após conjugação à unidade bisfosfonato, têm sido

utilizados para tratamento específico de patologias osteo-articulares, como a

osteoporose, a osteoartrite, infecções crónicas e tumor ósseo [26, 27].

O trabalho apresentado nesta tese tinha como principal objectivo explorar a

química, radioquímica e o comportamento biológico, incluindo a afinidade para o osso,

de novos complexos de 99mTc contendo BFs. Pretendíamos explorar complexos deste

metal com estrutura química bem definida e os que apresentassem boa afinidade para

o osso deveriam ser ligados a moléculas citotóxicas. A síntese dos complexos análogos

de 188Re ou de 186Re era também um dos objectivos. Assim, os novos complexos seriam

constituídos por uma unidade BF, que conferia afinidade para o osso, uma molécula

com acção citotóxica e um elemento radioactivo emissor de radiação ionizante (β) com

capacidade para destruir células cancerígenas. Esperávamos que a utilização destes

complexos multifuncionais pudesse apresentar vantagens sobre a utilização das

actuais terapias múltiplas: quimioterapia seguida de radioterapia sistémica com um

radiofármaco.

No capítulo 1 apresenta-se uma introdução geral sobre medicina nuclear,

oncologia e metastização óssea. Faz-se também uma breve referência ao tratamento

paliativo da dor óssea e apresentamos os complexos de 186/188Re e 99mTc explorados

até ao momento para terapia e diagnóstico de metástases ósseas.

No capítulo 2 descreve-se a síntese, caracterização e avaliação biológica dos

novos complexos de Re e 99mTc contendo uma unidade monofosfonato ou

bisfosfonato. Descrevemos ainda as vias de síntese exploradas para a obtenção de

compostos contendo uma unidade citotóxica, um grupo bisfosfonato e um

radionuclídeo emissor de radiação β.

No capítulo 3 apresentam-se as conclusões finais e as perspectivas para

continuar este trabalho.

Finalmente, no capítulo 4 são apresentados todos os detalhes experimentais.

5

Nova secção

Introdução

Capítulo 1

7

1 - Introdução

1.1 – MEDICINA NUCLEAR

1.1.1 – Radiofármacos: Conceitos Básicos

A medicina nuclear é uma especialidade da medicina que recorre à

administração de radiofármacos para diagnóstico ou terapia de certas patologias. Os

radiofármacos são compostos sem acção farmacológica que contêm na sua

composição um radionuclídeo emissor de radiação electromagnética e/ou partículas

ionizantes.

De um modo geral, os compostos concebidos para aplicação radiofarmacêutica

deverão possuir determinadas propriedades, tais como: serem adequados para a

administração em pacientes, serem estáveis in vivo e, idealmente, serem selectivos

para o órgão alvo. Estes compostos são geralmente preparados sob a forma de uma

solução injectável e a estabilidade é avaliada face à hidrólise, oxidação, redução,

transquelatação e transmetalação. A selectividade e a farmacocinética dos compostos

são avaliadas através de estudos de biodistribuição in vivo. No que diz respeito à

farmacocinética, ela depende de vários factores, nomeadamente, solubilidade/lipofilía,

carga ou peso molecular [28-31].

A selecção do radionuclídeo, em função das suas características nucleares, é

fundamental pois determina a aplicabilidade do radiofármaco em diagnóstico ou

terapia.

Os radionuclídeos são nuclídeos instáveis que se transformam noutros

elementos emitindo radiação γ e/ou partículas α, β-, β+ ou electrões Auger. A selecção

de um radionuclídeo para diagnóstico ou terapia depende de diferentes parâmetros,

tais como a natureza da radiação e/ou partículas emitidas, a sua energia, o período de

semi-desintegração, o modo de produção, a pureza radionuclídica com que podem ser

obtidos e o seu custo/disponibilidade. O período de semi-desintegração (t1/2) é o

1.Introdução

8

tempo necessário para que o número de átomos radioactivos existentes num dado

instante se reduza a metade [28, 32].

Os compostos radioactivos para terapia deverão possuir na sua composição um

radionuclídeo emissor de partículas α, β- ou electrões Auger, pois este tipo de

partículas é ionizante e permite a destruição dos tecidos alvo. O radionuclídeo deve

possuir um período de semi-desintegração adequado à duração do tratamento e as

partículas emitidas devem ter uma energia adequada às dimensões do tumor e à

farmacocinética do radiofármaco. Os emissores β- têm sido os mais explorados, até ao

momento, para a aplicações terapêuticas, sendo alguns exemplos o 32P (t1/2 = 14,3

dias; Eβ-(max) = 1,71 MeV), 90Y (t1/2 = 2,7 dias; Eβ

-(max) = 2,27 MeV), 131I (t1/2 = 8,0 dias; Eβ

-

(max) = 0,81 MeV), 153Sm (t1/2 = 1,9 dias; Eβ-(max) = 0,8 MeV), 166Ho (t1/2 = 1,12 dias; Eβ

-(max)

= 1,86 MeV) e 177Lu (t1/2 = 6,7 dias; Eβ-(max) = 0,5 MeV).

A emissão de raios γ pode acompanhar a emissão de partículas, como acontece

por exemplo com o 131I, 153Sm, 166Ho e 177Lu, mas não contribui para a eficácia da

terapia, aumentando apenas a dose de radiação para o paciente. No entanto, sempre

que essa radiação γ tenha energia adequada para a obtenção de imagem pode tornar-

se vantajosa pois permite acompanhar in vivo a biodistribuição do radiofármaco e

seguir a sua acção terapêutica [25, 33].

A investigação de radiofármacos com radionuclídeos emissores de partículas α

ou electrões Auger encontra-se ainda numa fase inicial de investigação. No que diz

respeito aos radionuclídeos emissores de partículas α, a maioria tem períodos de semi-

desintegração demasiado longos para serem compatíveis com a sua aplicação

terapêutica. Por outro lado, a sua produção em larga escala e com pureza aceitável é

ainda difícil, pelo que apenas o 211At (t1/2 = 7,2 h, Eα(média) = 6,8 MeV) e o 212Bi (t1/2 = 1

h, Eα(média) = 7,8 MeV) têm sido considerados para terapia.

Os emissores de electrões Auger, tais como o 125I (t1/2 = 60,5 d, 20

electrões/decaimento), 111In (t1/2 = 67,9 h, 15 electrões/decaimento), 195mPt (t1/2 = 4 d,

36 electrões/decaimento) e 99mTc (t1/2 = 6,02 h, 4 electrões/decaimento), têm vindo a

ser investigados para possível aplicação em terapia [25]. Os compostos com emissores

Capítulo 1

9

Auger, devido ao curto alcance destas partículas, têm que ser concebidos por forma a

entrarem no núcleo das células tumorais e interactuarem com o ADN [34].

Como podemos observar através dos dados da tabela 1.1, a cada tipo de

partícula (α, β- ou electrões Auger) está associado um determinado valor de

transferência linear de energia (LET) e, consequentemente, um determinado alcance

médio nos tecidos. Por esta razão, o tipo de partículas a seleccionar deverá depender

das características do tumor. As partículas α ou os electrões Auger são mais

adequados para o tratamento de pequenos aglomerados de células tumorais,

enquanto as partículas β serão apropriadas para massas tumorais de maior dimensão.

Tabela 1.1 – Tipo de partículas, características físicas e aplicação terapêutica [34, 35].

Tipo de partículas

Alcance médio nos tecidos

Transferência linear de energia

Tipo de tratamentos

ββββ 1 – 12 mm

(>50 diâmetros celulares) 0,2 KeV/µm Massas tumorais

αααα 40 – 100 µm (algumas células)

80 keV/µm Células

individuais ou clusters

Electrões Auger

<1 µm (núcleo celular)

4 keV/µm Células

individuais

Os radiofármacos utilizados para diagnóstico têm na sua composição

radionuclídeos emissores de radiação γ ou de partículas β+. Idealmente, esses

radionuclídeos devem ter periodos de semi-desintegração relativamente curtos, para

minimizar a dose de radiação para o paciente, mas suficientemente longos para

permitirem a preparação, administração, distribuição e acumulação do radiofármaco

nos órgãos ou tecidos alvo e para permitir a aquisição da imagem [28].

1.Introdução

10

Em medicina nuclear existem duas técnicas para obtenção de imagem: a

Tomografia de Emissão de Positrões (PET – Positron Emission Tomography) e a

Tomografia Computorizada de Fotão Único (SPECT – Single Photon Emission

Computerized Tomography). A técnica PET utiliza radiofármacos emissores de

positrões (β+) e a SPECT utiliza radiofármacos emissores de radiação γ.

Na técnica PET, a detecção simultânea de dois fotões γ de 511 KeV emitidos

em direcções opostas, e que resultam de uma reacção de aniquilação entre o positrão

emitido pelo radiofármaco e os electrões dos tecidos circundantes, permite a

localização in vivo do radiofármao. Usando múltiplos detectores dispostos de um

modo circular é possível adquirir imagens tridimensionais (figura 1.1).

Figura 1.1 –(A) Câmara PET; (B) Princípio geral da técnica PET e obtenção de imagem.

Os radionuclídeos usados em PET são na sua maioria produzidos por ciclotrão,

sendo os mais utilizados o 18F (t1/2 = 110 min; Eβ+

(max) = 0,64 MeV), 15O (t1/2 = 2 min;

Eβ+

(max) = 1,72 MeV), 13N (t1/2 = 10 min; Eβ+

(max) = 1,19 MeV), e 11C (t1/2 = 20 min; Eβ+

(max)

= 0,96 MeV). Todos estes radionuclídeos apresentam um período de semi-

desintegração curto, o que é uma desvantagem, especialmente para os centros de

medicina nuclear que não possuam um ciclotrão [28, 36, 37]. O aparecimento recente

de geradores de radionuclídeos emissores de positrões, tal como o gerador 68Ge/68Ga,

aumenta a possibilidade de utilização da técnica PET. O 68Ge, a partir do qual se obtém

(A) (B)

Capítulo 1

11

o 68Ga, possui um período de semi-desintegração de 270,8 dias o que permite a

manufactura de sistemas de geradores de longa duração (entre 1 a 2 anos) [38-40].

A técnica SPECT utiliza radiofármacos que têm na sua composição

radionuclídeos emissores γ como o 99mTc (t1/2 = 6,02 h, Eγ (89 %) = 140 KeV), 111In (t1/2 =

67,9 h, Eγ (90 %) = 245 KeV), 123I (t1/2 = 13,20 h, Eγ (84 %) = 159 KeV), 67Ga (t1/2 = 78,26 h,

Eγ = 92 KeV (64 %), 180 KeV (24 %), 300 KeV (22 %)), e 201Tl (t1/2 = 72 h, Eγ = 167 KeV (10

%), 135 KeV (3 %)). A energia da radiação γ emitida por estes radionuclídeos está

compreendida entre 80 e 300 KeV, valores que são adequados para que sejam

detectados com eficiência pela câmara SPECT actualmente em utilização [41-43].

As técnicas PET e SPECT, quando comparadas com outras técnicas

convencionais de imagem, nomeadamente com a tomografia computorizada (CT) e a

imagiologia por ressonância magnética (MRI), possuem uma sensibilidade superior.

Além disso, uma vantagem fundamental associada às técnicas nucleares relaciona-se

também com a possibilidade de, simultaneamente, se poder obter informação

morfológica e funcional dos órgãos e tecidos alvo em estudo. Por exemplo, a função

cardíaca pode ser avaliada após administração de um dado radiofármaco e a aquisição

de imagem pode ser realizada em situação de repouso ou de esforço físico. Outro

exemplo consiste na avaliação da função renal, após administração de um

radiofármaco e aquisição de imagens ao longo do tempo [28]. Como exemplo,

apresentam-se na figura 1.2 imagens renais e um renograma, obtidos após

administração de 99mTc-MAG3, que é um radiofármaco de perfusão utilizado para

estudar a morfologia e a função renal. A avaliação das imagens, em conjugação com o

renograma, permite concluir que o rim esquerdo apresenta uma anomalia de

funcionamento.

1.Introdução

12

Figura 1.2 - Imagem SPECT renal, em função do tempo, após injecção de 99mTc-MAG3 [44].

Qualquer uma destas técnicas, SPECT e PET, permite também obter informação

in vivo, ao nível molecular, podendo quantificar a sobre-expressão de receptores,

enzimas ou outros alvos moleculares [45]. Na figura 1.3, podem observar-se as

imagens obtidas por SPECT e PET, após injecção de [99mTc]TRODAT e [18F]FDG,

emissores γ e β+, respectivamente. O [99mTc]TRODAT possui especificidade para os

transportadores da dopamina, permitindo detectar a sub-expressão destes alvos

moleculares nos pacientes com a doença de Parkinson. A [18F]FDG permite a detecção

de determinadas patologias onde o metabolismo da glucose é alterado relativamente

ao normal. Como se mostra na figura 1.3, apesar deste composto não ser específico

para nenhum receptor ou alvo molecular, permite a detecção da doença de Alzheimer

pelo facto do metabolismo da glucose estar diminuído.

Rim Esquerdo

Rim Direito

minutos

Contagens/min

2 - 3 minutos - Captação 19 - 20 minutos - Excreção

Rim Direito

Rim Direito

Rim Esquerdo

Rim Esquerdo

Capítulo 1

13

Figura 1.3 - Imagem cerebral obtida por SPECT (em cima) e PET (em baixo), após injecção de [99mTc]TRODAT e [18F]FDG, respectivamente [46, 47].

1.1.2 - Radiofármacos de 99mTc

O tecnécio – 99m é o radioisótopo mais utilizado em exames de diagnóstico, o

que se deve essencialmente às propriedades nucleares acima referidas (t1/2, Eγ(max)), à

sua disponibilidade a baixo custo, ao modo de fornecimento (gerador de 99Mo/99mTc) e

à sua química variada.

Os radiofármacos que têm este elemento na sua composição, podem ser

classificados genericamente de acordo com as suas características de biodistribuição

como agentes de perfusão (figura 1.4, A) ou como agentes específicos (figura 1.4, B).

Os radiofármacos de perfusão são compostos cujas propriedades físico-químicas,

nomeadamente o tamanho, carga e lipofilia, determinam a sua biodistribuição. Os

radiofármacos específicos são compostos cuja biodistribuição depende das suas

propriedades físico-químicas, mas também da natureza da biomolécula que existe na

sua composição. Quando um radiofármaco específico contém na sua composição um

elemento de transição ou de pós-transição é normal que este seja estabilizado por um

ligando bifuncional. O ligando bifuncional é um composto orgânico que

PACIENTE COM PARKINSON

INDIVÍDUO SAUDÁVEL

SPECT: [99mTc]Trodat

PET: [18F]FDG

PACIENTE COM ALZHEIMER

INDIVÍDUO SAUDÁVEL

1.Introdução

14

simultaneamente estabiliza o elemento de transição ou pós-transição, ao qual se

coordena, mas também estabelece a ligação desse elemento a uma biomolécula que

pode ser, por exemplo, um péptido, um anticorpo monoclonal ou uma pequena

molécula com especificidade para um dado alvo [43].

((AA)) Radiofármaco de perfusão

((BB)) Radiofármaco específico

Figura 1.4 - Representação esquemática de um radiofármaco que contém um elemento de

transição ou pós-transição: (A) de perfusão e (B) específico.

O pertecnetato de sódio (Na[99mTcO4]) foi o primeiro composto de tecnécio a

ser administrado a doentes para visualização da tiróide, onde se fixava devido ao facto

de ter uma carga idêntica à do ião iodeto, que também se acumula preferencialmente

nesta glândula [48].

De seguida, surgiram outros radiofármacos de perfusão de 99mTc, onde o metal,

num estado de oxidação reduzido, era estabilizado por ligandos com estruturas

conhecidas (figura 1.5). Por exemplo, os complexos 99mTc-gluconato, 99mTc-

glucoheptonato, 99mTc-DMSA e 99mTc-DTPA localizavam-se nos rins e serviam para o

estudo da função renal. Os complexos 99mTc-MDP, 99mTc-HMDP e 99mTc-HEDP surgiram

também nessa época para o estudo do osso [49].

Capítulo 1

15

Figura 1.5 – Estruturas de ligandos utilizados para preparação de radiofármacos de 99mTc desenvolvidos antes de 1980. (DMSA, ácido dimercapto-succínico, DTPA, ácido dietilenotriaminapentaacético, MDP, ácido metilenodifosfónico ou medronato, HMDP, ácido 1-hidroximetano-1,1-difosfónico e HEDP, ácido 1-hidroxietano-1,1-

difosfónico ou etidronato).

Quando surgiram estes radiofármacos a química básica do tecnécio não estava

muito desenvolvida e a caracterização estrutural dos novos complexos não era um

requisito indispensável para a sua aprovação clínica.

Na década de 80 do século passado, outros radiofármacos de perfusão com

estrutura bem definida foram introduzidos no mercado. Por exemplo, os complexos

neutros e lipofílicos 99mTc-ECD e 99mTc-HMPAO são agentes de perfusão cerebral, os

complexos catiónicos e lipofílicos 99mTc-Sestamibi e 99mTc-Tetrofosmina são agentes de

perfusão do miocárdio e o 99mTc-MAG3 aniónico é um agente de perfusão renal (figura

1.6) [49].

Figura 1.6 – Radiofármacos de perfusão em utilização clínica.

99m

Tc-ECD (Neurolite®) Uso clínico: perfusão cerebral

99mTc-

HMPAO (Ceretec®) Uso clínico: perfusão cerebral

99mTc-MAG3

(Technescan® MAG3) Uso clínico: imagem renal

99mTc-

Tetrofosmina (Myoview®) Uso clínico: perfusão do miocárdio

99mTc-Sestamibi

(Cardiolite®) Uso clínico: perfusão do miocárdio; tumor da mama

Tc

C

C

C

C

C

C

N

N

N

N

N

N

R

R

R

RR

R

OMeR =

1.Introdução

16

Mais recentemente, tem-se desenvolvido uma investigação intensa no sentido

de encontrar radiofármacos específicos. Os avanços científicos conseguidos devem-se

em parte à intensa investigação em biologia molecular e, consequentemente, à

identificação e compreensão dos mecanismos moleculares responsáveis pelo

aparecimento de determinadas patologias. De toda esta temática surgiu o conceito de

imagiologia molecular que consiste na visualização, caracterização e medição in vivo e

em tempo real de processos biológicos que decorrem ao nível celular ou molecular.

Comparativamente a outras técnicas convencionais, a Imagiologia Molecular pode

permitir um diagnóstico precoce de certas patologias, visto que as alterações a nível

molecular precedem as alterações anatómicas. [38, 50-57].

Na figura 1.7 apresentam-se as estruturas químicas de dois exemplos de

radiofámacos específicos de 99mTc, nomeadamente o 99mTc-Depreotide (NeoTect®) e o

99mTc-Apcitide (Acutect®) [32]. O 99mTc-Depreotide é um oxo-complexo de 99mTc(V)

estabilizado por um ligando tetradentado ligado a um péptido análogo da

somatostatina. Este radiofármaco permite a localização de tumores pulmonares

porque reconhece os receptores da somatostatina, que estão sobreexpressos neste

tipo de tumores.

O 99mTc-Apcitide é um oxo-complexo monoaniónico de 99mTc(V) estabilizado por

um ligando tetradentado ligado a um péptido sintético que permite a visualização de

tromboses venosas agudas nas extremidades inferiores. A especificidade deste

radiofármaco advém da sua interacção específica com os receptores GPIIb/IIIa que

estão sobreexpressos nas plaquetas activadas, componente principal na formação

activa de trombos.

Capítulo 1

17

Figura 1.7 - Estruturas de dois radiofármacos específicos em utilização clínica.

1.2 - ONCOLOGIA E METASTIZAÇÃO ÓSSEA

A diferença essencial entre tumores benignos e malignos reside no facto dos

primeiros serem facilmente controláveis e não cancerígenos, enquanto os segundos

têm a capacidade de metastizar ou invadir outros tecidos. A probabilidade de

formação de metástases ósseas, após o aparecimento de um tumor primário maligno,

depende do tipo de tumor diagnosticado. Na tabela 1.2 apresentam-se alguns tumores

primários bem como a sua probabilidade de metastização óssea. Por exemplo, a

percentagem de incidência de metástases ósseas encontra-se entre 65 e 75 % nos

pacientes com cancro de mama ou próstata e entre 70 e 95 % nos pacientes com

mieloma. Outros tumores primários estão também associados ao aparecimento de

metástases ósseas embora com menor incidência, nomeadamente o tumor da tiróide

(60 %), do pulmão (30 – 40 %), do rim (20 – 25 %), melanoma (14 - 45 %) e da bexiga

(40 %) [58].

99mTc-Depreotide (NeoTect®)

99mTc-Apcitide (Acutec®)

1.Introdução

18

Como esquematizado na figura 1.8, a metastização óssea ocorre quando as

células tumorais conseguem separar-se de um tumor primário (A), seguindo-se a

angiogénese, isto é, a formação de novos vasos sanguíneos que facultam o

fornecimento de nutrientes e oxigénio às células do tumor (B), a invasão de células

malignas através da circulação sanguínea (C), embolismo (D), retenção das células

malignas seguida da adesão em capilares do tecido ósseo distante (E e F), extravasão

(G) e a proliferação no microambiente ósseo.

Figura 1.8 – Processo de metastização óssea. Adaptado de [59].

Tabela 1.2 – Tumores primários com incidência de metástases ósseas.

Tumor primário Incidência Metastização Óssea (%)

Mieloma 70 - 95

Mama 65 - 75

Próstata 65 - 75

Tiróide 60

Pulmão 30 - 40

Rim 20 - 25

Melanoma 14 - 45

bexiga 40

A. Tumor primário B. Formação de novos vasos sanguíneos C. Invasão de tecidos adjacentes D. Embolismo E. Retenção em capilares de tecidos ósseos distantes

F. Adesão G. Extravasão do caplilar sanguíneo

A metastização ósse

um conjunto de patologi

compressão da medula espin

Frequentemente, a do

seguem as fracturas, a lib

ocorrer a compressão da m

com que ocorrem e a diminu

metástases ósseas constitue

1.2.1 - Cuidados Paliativos e

A terapia das metásta

fracturas patológicas e

sobrevivência. De acordo co

local, através de cirurgia

analgésicos, hormonoterap

(figura 1.9) [6, 22, 60].

Figura 1.9 – Terapia paliativa d

LOCAL

RadioteraExterna

Cirurgi

ssea provoca o enfraquecimento sucessivo do

logias, tais como dor óssea, fracturas, hip

espinal.

a dor óssea é o primeiro sinal de metastizaçã

libertação de cálcio (hipercalcémia) e final

a medula espinal [58]. Tendo em conta a eleva

minuição da qualidade de vida que provocam no

ituem um problema de saúde pública de grande

os e Tratamento da Dor Relacionada com Metá

tástases ósseas tem como objectivo aliviar a do

conservar a actividade e mobilidade, a

o com a avaliação clínica do paciente o tratam

gia e radioterapia externa, ou sistémico, isto

erapia, quimioterapia, radiofármacos ou bisfo

iva de metástases ósseas. Adaptado de [61].

TRATAMENTO PALIATIVO DE METÁSTASES ÓSSEAS

terapiaterna

urgia

SISTÉMICO

Analgésicos

Hormonotera

Quimioterap

Bisfosfonato

Radiofármac

Capítulo 1

19

do osso e origina

hipercalcémia e

ização, ao qual se

inalmente poderá

elevada frequência

nos pacientes, as

nde relevância.

etástases Ósseas

dor, prevenir as

, aumentando a

tamento pode ser

isto é utilizando

bisfosfonatos (BF)

sicos

terapia

erapia

natos

macos

1.Introdução

20

A utilização de analgésicos e anti-inflamatórios é recomendada como primeira

abordagem pela Organização Mundial de Saúde sendo utilizada rotineiramente no

combate à dor [62, 63]. Porém, a utilização de analgésicos origina efeitos secundários,

que podem ser mais graves do que a própria dor óssea. Além disso, como esses

fármacos não agem directamente sobre a evolução das metástases, recomenda-se

frequentemente a utilização de doses crescentes ou a utilização de abordagens

terapêuticas diferentes, como a cirurgia, terapia hormonal, quimioterapia e/ou

utilização de bisfosfonatos. A radioterapia externa é frequentemente utilizada, com

efeitos paliativos consideráveis da dor localizada, sendo particularmente útil no

tratamento da compressão da medula óssea, ou sempre que existam fracturas de risco

elevado. No entanto, esta modalidade terapêutica envolve toxicidade medular e

alguma incerteza quanto à natureza dos efeitos na estrutura do osso [58].

Para tratamento paliativo da dor óssea os radiofármacos utilizados são emissores

β-. Na tabela 1.3 apresentam-se algumas das características físicas dos radionúclideos

que são considerados como paliativos da dor óssea. A eficácia deste tipo de

tratamento no alívio da dor óssea foi avaliada para alguns dos radiofármacos em

utilização clínica e oscila entre 50 e 92 % [22-25].

Tabela 1.3 – Características físicas dos radionuclídeos utilizados para terapia e eficácia

dos respectivos radiofármacos.

Radionuclídeo Radiofármaco Meia-Vida

t1/2 (d) EnergiaMax(β)

(MeV) Energia (γ)

(MeV)

Alcance máximo

(mm) Alívio da dor

32P Na332PO4 14.3 1.71 --- 8 57 – 92 %

89Sr 89SrCl2 50.5 1.46 0.91 (0.01%) 6.7 57 – 83.6 % 153Sm 153Sm-EDTMP 1.9 0.81 0.103 (28%) 3.4 61.5 – 84% 186Re 186Re-HEDP 3.7 1.07 0.137 (9%) 4.7 50 – 92 % 188Re 188Re-HEDP 0.7 2.12 --- 3 60 – 92%

177Lu 177Lu-EDTMP

177Lu-DOTP 6.7 0.497 0.208 (11%) 1.8 Avaliação pré-clinica

166Ho 166Ho-DOTP 1.1 1.86 0.081 (6.2%) 8.6 Avaliação pré-clinica

Capítulo 1

21

O Fósforo-32 (Na332PO4) e o estrôncio-89 (89SrCl2) foram os primeiros compostos

aprovados para o tratamento paliativo da dor óssea. A sua afinidade natural para o

osso metabolicamente activo com actividade osteoblástica elevada permite que sejam

incorporados na HA após injecção intravenosa [22]. Devido a várias limitações,

incluindo elevada mielotoxicidade, a utilização clínica do 32P diminuiu

consideravelmente desde os anos 80. Desde então têm sido mais utilizados o 89Sr

(89SrCl2), 153Sm (153Sm-EDTMP), 186Re (186Re-HEDP) e 188Re (188Re-HEDP) [22].

Complexos contendo os radionuclídeos 177Lu e 166Ho estão ainda numa fase de

avaliação clínica. Ao contrário do 32P e do 89Sr, os restantes radioisótopos são utilizados

após coordenação a ligandos polidentados contendo grupos fosfonato. Na figura 1.10

apresenta-se a estrutura proposta para o complexo 153Sm-EDTMP [25].

Figura 1.10 – Estruturas do EDTMP (ácido etilenodiaminatetrametilenofosfónico) e respectivo

complexo com 153Sm.

1.2.2. - Bisfosfonatos: Mecanismo de Acção

Como se mostra na figura 1.11 os bisfosfonatos (BFs) são análogos do

pirofosfato endógeno.

P

OH

OH

OP

OH

OH

O

R1

R2

OH

O

OH

O P

OH

P

OH

Bisfosfonato

Constituinte Fisiológico

Ácido pirofosfórico

C O

Figura 1.11 – Estrutura geral dos bisfosfonatos e do ácido pirofosfórico. (R1 = H ou OH, R2 =

grupo substituinte que interfere na acção biológica dos BFs).

1.Introdução

22

Na estrutura dos BFs, a ligação entre os dois grupos fosfato é feita através de

um átomo de carbono (P – C – P), enquanto no pirofosfato esta ligação é feita através

de um átomo de oxigénio (P – O – P). Esta diferença química torna os BFs resistentes à

degradação enzimática in vivo, e por isso adequados para utilização clínica.

As propriedades como agentes inibidores da calcificação, bem conhecidas para

os pirofosfatos, foram pela primeira vez observadas para os análogos BFs por Fleisch

em 1968 [64]. Após esta descoberta, foram ainda necessários vários anos até que os

BFs fossem introduzidos na clínica como agentes de anti-reabsorção óssea.

Actualmente, esta classe de compostos encontra-se bem estabelecida e a sua acção é

utilizada em desordens comuns do esqueleto, nomeadamente na osteoporose, doença

de Paget e metástases ósseas [1-4].

Desde a sua introdução, a estrutura básica dos BFs (R1 = R2 = H) tem vindo a ser

alterada por forma a aumentar a sua eficiência clínica [65]. Na figura 1.12 mostram-se

os diferentes BFs sintetizados até ao momento (R1 ≠ R2).

Figura 1.12 – Estrutura química de bisfosfonatos.

Os BFs de primeira geração, considerados os menos potentes, são o

medronato, clodronato, etidronato e tiludronato (figura 1.12). Posteriormente,

Tiludronato

OHP

OH

OHP

OH

O

O

HO

S

ClOH

POH

OHP

OH

O

O

Medronato(MDP)

OHP

OH

OHP

OH

O

O

Cl

Cl

Clodronato

OHP

OH

OHP

OH

O

O

HO

CH3

Etidronato(HEDP)

OHP

OH

OHP

OH

O

O

HO

H2N

Pamidronato

OHP

OH

OHP

OH

O

O

HO

H2N

Alendronato

OHP

OH

OHP

OH

O

O

HO

N

Ibandronato

Zoledronato

NN

OHP

OH

OHP

OH

O

O

HO

N

OHP

OH

OHP

OH

O

O

HO

RisedronatoMinodronato

N

N

OHP

OH

OHP

OH

O

O

HO

Capítulo 1

23

verificaram que a afinidade dos BFs para a hidroxiapatite (HA) era mais elevada

quando R1 = OH, o que se deve provavelmente à coordenação tridentada dos BFs ao

Ca2+ da HA [66]. Assim, os BFs das gerações seguintes possuem todos um grupo

hidroxilo (R1 = OH). O grupo R2 tem vindo a ser modificado, sendo a sua natureza

aparentemente determinante para a potência destes compostos enquanto inibidores

da reabsorção óssea [8, 67, 68].

Nos aminobisfosfonatos, tais como o pamidronato e alendronato, os grupos

aminoetil ou aminopropil torna-os 10 a 100 vezes mais potentes do que os compostos

de primeira geração. Posteriormente, demonstraram que os compostos de terceira

geração, risedronato [69] e zoledronato [70], são ∼ 10 000 vezes mais potentes do que

os de primeira geração, o que parece estar relacionado com a presença de aminas

cíclicas na sua estrutura.

Apesar da estrutura óssea parecer sólida e estável, está sujeita a uma constante

renovação. Existem determinadas células, os osteoclastos, que removem cálcio do

osso, enquanto outras células, os osteoblastos, repõem esse cálcio (figura 1.13). Em

certas patologias, este processo fica desequilibrado e quando o cálcio é removido da

estrutura óssea mais rapidamente do que é substituído surge a osteoporose. A acção

dos BFs reduz este problema inibindo a actividade dos osteoclastos [3, 71, 72].

Figura 1.13 – Processo de renovação óssea promovido pela acção dos osteoblastos e osteoclastos. (Representação esquemática de reabsorção óssea excessiva, mediada por osteoclastos, não compensada pela formação óssea mediada por osteoblástos, que se pode verificar, por exemplo, na presença de patologias como a osteoporose). Adaptado de [73].

Matriz orgânica do osso Matriz inorgânica do osso

Formação Reabsorção

Osteoblastos Osteoclastos

1.Introdução

24

De acordo com Rogers e colaboradores [74], os bisfosfonatos de primeira

geração actuam como pró-drogas, sendo convertidos em metabolitos activos, que

sofrem acumulação intracelular in vivo nos osteoclastos inibindo a sua acção e

provocando a apoptose destas células. Os aminobisfosfonatos não sofrem

metabolização mas actuam como inibidores dos componentes da via de biossíntese do

colesterol.

Existe também evidência pré-clinica da acção antitumoral dos BFs, mas este

princípio é ainda controverso na classe médica, necessitando de confirmação adicional

[67, 75-78].

1.3 - COMPLEXOS DE 186/188Re e 99mTc PARA TERAPIA OU DIAGNÓSTICO

DE METÁSTASES ÓSSEAS

1.3.1 – Considerações Gerais

O Re e Tc têm propriedades químicas semelhantes formando complexos

estruturalmente análogos. No entanto, existem diferenças significativas entre estes

dois elementos, nomeadamente a maior facilidade de oxidação e inércia cinética dos

complexos de Re. Na literatura podemos encontrar vários exemplos onde a mesma

estrutura é atribuída a complexos de 99mTc, 186/188Re ou Re natural [38, 41, 79-81]. Os

radionuclídeos 99mTc e 188Re são obtidos a partir dos geradores 99Mo/99mTc e

188W/188Re, respectivamente. O 186Re é um radionuclídeo produzido em reactores

nucleares por irradiação de 185Re com neutrões (185Re(n,γ)186Re). O 99mTc, 188Re e o

186Re são obtidos sob a forma de permetalatos [MO4]- (M = 99mTc, 188Re e o 186Re)

encontrando-se o metal no estado de oxidação +7. Para a preparação de muitos dos

complexos destes elementos, que estão em utilização clínica ou pré-clínica, o

permetalato tem que ser reduzido a um estado de oxidação mais baixo. O estado de

oxidação final depende do agente redutor, das condições reaccionais e da natureza do

agente quelante.

Capítulo 1

25

Da gama de estados de oxidação possíveis (-1 a +7) para o Re e Tc, o +5 tem

sido o mais explorado para aplicações radiofarmacêuticas. Um dos redutores mais

utilizados para a preparação de compostos de 99mTc(V) tem sido o cloreto estanoso

(SnCl2.2H2O). Podem ainda utilizar-se outros redutores, tais como o borohidreto de

sódio (NaBH4), o ditionito de sódio (Na2S2O4), as hidrazinas ou as fosfinas terciárias,

dependendo do estado de oxidação final pretendido. O pH, temperatura e

concentração dos reagentes têm também que ser optimizados [28].

O Re e Tc no estado de oxidação +5 podem formar complexos com os seguintes

fragmentos metálicos: [M = O]3+, trans-[MO2]+, [M ≡ N]2+ e [M-HYNIC](HYNIC = ácido

6-hidrazinonicotinico) [79].

Os complexos com a unidade [M = O]3+ apresentam normalmente uma

geometria de coordenação do tipo pirâmide quadrangular e os ligandos mais utilizados

para estabilizar esta unidade têm sido do tipo diaminaditiol, diamidaditiol,

monoamidamonoaminaditiol ou triamidatiol. Muitos dos radiofármacos em utilização

clínica possuem esta unidade e são estabilizados por ligandos deste tipo: 99mTc-ECD,

99mTc-HMPAO e 99mTc-MAG3, 99mTc-Depreotide e 99mTc-Apcitide (figuras 1.6 e 1.7).

Os complexos com a unidade trans-[MO2]+ apresentam normalmente uma

geometria de coordenação octaédrica. Os dois ligandos oxo ocupam as posições axiais

e as equatoriais são ocupadas por quatro ligandos monodentados, ou por um ligando

tetradentado doador de N.

Os complexos com a unidade nitreto [M ≡ N]2+ podem ser estabilizados por dois

ligandos bidentados ou por uma bisfosfina do tipo PXP (X = S ou NR) e por um ligando

bidentado doador de S, N ou O, que pode eventualmente estar ligado a uma

biomolécula. Na figura 1.14 mostra-se a estrutura de alguns destes complexos [38, 82].

Figura 1.14 - Complexos com a unidade nitreto [M ≡ N]2+.

1.Introdução

26

Os complexos com a unidade [M-HYNIC] são normalmente estabilizados

utilizando co-ligandos do tipo ácido etilelenodiaminadiacético, tricina, ou ligandos

monodentados do tipo piridina, imidazol ou fosfina hidrossolúvel. Na figura 1.15

apresentam-se exemplos de complexos com a unidade [Tc-HYNIC] explorados nos

estudos que envolvem a concepção de radiofármacos específicos [79].

Figura 1.15 - Complexos com a unidade [99mTc -HYNIC].

Recentemente, foi introduzido o precursor organometálico fac-

[99mTc(H2O)3(CO)3]+, por Alberto e colaboradores, que desencadeou o interesse pela

investigação de novos complexos no estado de oxidação +1. A facilidade de preparação

deste precursor, a robustez química da unidade fac-[99mTc(CO)3]+ e a labilidade das três

moléculas de água tornaram esta química aliciante para aplicações médicas [83]. O

precursor fac-[99mTc(H2O)3(CO)3]+ reage com uma série de ligandos de denticidade

variável por substituição de uma, duas ou três moléculas de água. Os estudos

realizados mostraram que a unidade fac-[99mTc(CO)3]+ forma complexos estáveis

quando é estabilizada por ligandos tridentados, independentemente da sua carga ou

conjunto de átomos doadores. Através da escolha criteriosa dos ligandos, os

complexos formados apresentam um carácter catiónico, neutro ou aniónico, o que

pode facilitar o controlo das suas propriedades físico-químicas e da sua

farmacocinética (figura 1.16) [41, 81, 84, 85].

Figura 1.16 – Exemplos de complexos de tricarbonilo de Tc(I) com ligandos tridentados.

Capítulo 1

27

1.3.2 – Complexos para Visualização e/ou Terapia de Metástases Ósseas

Tal como já foi referido anteriormente, o 99mTc-MDP (Technescan MDP®) e o

99mTc-HDP (Osteoscan HDP®) são os dois radiofármacos, em utilização clínica para o

diagnóstico de metástases ósseas, especialmente em casos de cancro da próstata e da

mama [22-25, 60]. Complexos análogos de 186/188Re foram também preparados e

avaliados para a terapia paliativa da dor óssea. O 186Re-HEDP já foi aprovado em alguns

países da Europa [60] e o 188Re-HEDP encontra-se em ensaios clínicos [86-90].

Apesar do sucesso obtido com estes radiofármacos eles apresentam várias

limitações que estão relacionadas com a sua falta de especificidade, lenta depuração

sanguínea e desconhecimento da sua real estrutura química [91]. Com base em

estudos de HPLC (Cromatografia líquida de alta eficiência), sabe-se que estes

complexos não são uma espécie única e bem definida. Em solução existe uma mistura

de espécies, cuja composição varia ao longo do tempo e cada uma dessas espécies

possui propriedades biológicas diferentes, tais como selectividade e estabilidade [92,

20].

Na tentativa de compreender qual a estrutura química do complexo 99mTc-

MDP, vários esforços têm sido realizados a nível macroscópico utilizando 99Tc ou Re.

Num desses estudos obtiveram monocristais adequados à análise de raios-X e com

base nessa análise demonstraram a existência de um polímero com composição

estequiométrica [Tc(MDP)(OH)-]∞. Verificaram que cada ligando MDP estabelecia uma

ponte entre dois átomos de tecnécio [figura 1.17 (A)] e cada Tc estava ligado a dois

ligandos MDP [figura 1.17 (B)]. A repetição polimérica completava-se com um átomo

de oxigénio, provavelmente um hidroxilo, que estabelecia a ponte entre dois átomos

de Tc. A geometria de coordenação era aproximadamente octaédrica, mas o estado de

oxidação continua incerto, pois não foi possível concluir se seria um grupo oxo ou um

grupo hidroxilo que estabelecia a ponte entre os dois átomos de Tc [21].

1.Introdução

28

Figura 1.17 - Fracções do polímero [Tc(MDP)(OH)-]∞. (A) O ligando MDP estabelecendo a ponte entre dois centros Tc; (B) O metal estabelece a ligação entre dois ligandos de MDP. Adaptado de [93].

Uma outra desvantagem relacionada com o 99mTc-MDP e 99mTc-HDP é o facto

dos BFs serem ligandos fracos, pelo que estes complexos se oxidam in vivo,

regenerando [MO4]- (M = 99mTc, Re). Esta oxidação contribui para diminuir a fixação

óssea e para aumentar a dose acumulada nos tecidos moles [94].

No sentido de ultrapassar algumas das desvantagens do 99mTc-MDP, 99mTc-HDP

e 186/188Re-HEDP, vários investigadores têm tentado conceber novos complexos de

99mTc e 188/186Re contendo bisfosfonatos para diagnóstico e/ou terapia de metástases

ósseas.

De todas as estratégias adoptadas, as mais bem sucedidas foram as que

utilizaram ligandos bifuncionais que permitem, estabilizar o metal de forma eficaz e

bem definida, e ligar este ao grupo bisfosfonato, que fica totalmente disponível para

ligação ao osso. Com este tipo de aproximação bifuncional seria de esperar que fossem

sintetizados complexos com estrutura bem definida e que a afinidade para o osso

fosse superior, comparativamente à afinidade dos complexos em que o bisfosfonato é

utilizado simultaneamente para estabilizar o radionuclídeo e para ligação ao osso.

No caso concreto do Tc(V) todos os complexos isolados e avaliados

biologicamente contêm as unidades metálicas [M = O]3+ e [M]HYNIC (M = 99mTc e/ou

186/188Re) (esquema 1.1, 1.2 e 1.3).

Capítulo 1

29

No esquema 1.1 apresentam-se os oxo-complexos que foram estudados para

visualização e/ou terapia de metástases ósseas. Nestes complexos a unidade [M = O]3+

é estabilizada por ligandos tetradentados, do tipo N2S2 e N3S.

Esquema 1.1 - Síntese de oxo-complexos de 186

Re, 99m

Tc e Re.

i) Ligando correspondente, SnCl2.2H2O, pH ~12, temperatura ambiente;

ii)186Re-MAMA-BP (η = 30 %) 1. síntese de 186

Re-glucoheptonato: glucoheptonato, SnCl2.2H2O, pH 8.6, a) 80 °C, 10 min; b) temperature ambiente, 50 min;

2. MAMA-BP, tampão acetato (pH 3.0), 80 °C, 10 min;

186Re-MAMA-HBP (η = 54 %)

186Re-MAG3-HBP (η = 76 %)

99mTc-MAG3-HBP (η = 73 %)

L (L = MAMA-HBP ou MAG3-HBP);

SnCl2.2H2O e tampão citrato; 90-95°C, 1h.

Re-MAG3-HBP (η = 2 %) 1. síntese de Re-MAG3: Bz-MAG3, SnCl2.2H2O, tampão citrato, refluxo, 1h;

2. a) EDC/tetrafluorofenol, pH 6, r.t., 30 min;

b) Alendronato, NEt3, pH 9, temperatura ambiente, 3 h.

Verbruggen e colaboradores utilizaram a L,L-etileno dicisteina (EC) como

ligando bifuncional para estabilização da unidade [Tc = O]3+ e para a ligação a uma ou

duas unidades bisfosfonato (99mTc-EC-1; 99mTc-EC-2; 99mTc-EC-3; esquema 1.1) [95, 96,

20]. Os complexos de 99mTc foram sintetizados através da reacção directa dos

diferentes ligandos funcionalizados com Na[TcO4], na presença de SnCl2.2H2O em meio

alcalino e à temperatura ambiente. Estes complexos, não caracterizados ao nível

1.Introdução

30

macroscópico, foram obtid

99mTc-EC-2. Do ponto de v

acumulação no osso mais e

órgão 2 h p.i.). A razão oss

que se encontrava nos rins

em comparação com o 99m

imagens de cintigráficas em

99mTc-EC-1 e 99mTc-MDP, ap

como se pode verificar na fig

Figura 1.18 - (A) Imagem de co1 e 99mTc-MDP; (complexo 99mTc-

Oxo-complexos de

MAMA-HBP [98] e 186Re-MA

foram sintetizados por Saji

(esquema 1.1). O complexo

186Re(V)-glucoheptonato, po

pelo ligando MAMA-BP. Os

preparados por reacção dire

de SnCl2 e tampão citrat

relativamente baixos (186Re

HBP: 76 %) tendo sido nece

Para o 186Re-MAMA-HBP, a

99mTc-MDP 99m

(A)

tidos como uma mistura de isómeros no caso d

de vista biológico, o 99mTc-EC-1 foi o que ap

is elevada (99mTc-EC-1: 29,4 % vs 99mTc-MDP: 1

osso/sangue (98,0) e a percentagem de activi

rins e urina dos animais em estudo eram tamb

9mTc-MDP [osso/sangue = 48,4; % A.I (rins + uri

em coelho e macaco, obtidas após injecção d

apresentaram boa qualidade e foram muito

figura 1.18.

e corpo inteiro de coelho, 1 h após a injecção do comP; (B) Imagem de corpo inteiro de macaco, 2 h apó

-EC-1 e de 99mTc-MDP.

de 186Re(V), nomeadamente o 186Re-MAMA-

MAG3-HBP (MAG3 = mercaptoacetilglicilglicilglic

Saji et al., e avaliados para o tratamento paliativ

lexo 186Re-MAMA-BP foi obtido por transquelata

, pois o glucoheptonato é lábil, sendo facilmen

. Os complexos 186Re-MAMA-HBP e 186Re-MA

directa dos respectivos ligandos com [186ReO

itrato. Estes complexos foram obtidos com

Re-MAMA-BP: 32 %, 186Re-MAMA-HBP: 54 %

ecessário purificá-los antes da realização dos e

, a percentagem de actividade injectada por g

99mTc-MDP 99mTc-EC-1 99mTc

(B)

so de 99mTc-EC-1 e

apresentou uma

: 15,4 % A.I./g de

ctividade injectada

ambém favoráveis,

+ urina) = 24,2]. As

ão dos complexos

uito semelhantes,

complexo 99mTc-EC- após a injecção do

-BP [97], 186Re-

ilglicina) [99, 100],

iativo da dor óssea

latação a partir do

lmente substituído

MAG3-HBP foram

eO4]-, na presença

com rendimentos

4 % e 186Re-MAG3-

os estudos in vivo.

or grama de osso

Tc-EC-1

Capítulo 1

31

(25,25 ± 2,04 %, 3 h p.i.) era comparável à obtida para o 186Re-MAG3-HBP (28,78 ± 3,46

%, 3 h p.i.), mas superior aos valores obtidos para 186Re-MAMA-BP (19,78 ± 1,37%, 3 h

p.i.) e 186Re-HEDP (16,65 ± 3,16%, 3h p.i.). Os três complexos apresentavam valores

elevados para a razão fémur/sangue quando comparados com o 186Re-HEDP, e os

melhores resultados foram obtidos para 186Re-MAG3-HBP e 186Re-MAMA-HBP.

O complexo 186Re-MAG3-HBP foi ainda avaliado em animais com tumor

induzido pela injecção de células de cancro da mama (MRMT-1). Foi encontrada uma

fixação específica do complexo (figura 1.19) e demonstraram que o complexo inibia o

crescimento do tumor, ao contrário do observado quando o mesmo tipo de animais foi

tratado com 186Re-HEDP. O fenómeno allodyna induzido pelo tumor ósseo foi

atenuado após tratamento com ambos os complexos, mas o 186Re-MAG3-HBP foi

ligeiramente mais eficaz. Os efeitos secundários, tais como a mielosupressão não

foram significativos [101].

Figura 1.19 - Imagem planar obtida 24 h após injecção de 186Re-MAG3-HBP (222 MBq/kg) (A) e

186Re-HEDP (55,5 MBq/kg) (B). As setas indicam o local onde foram injectadas as células do cancro da mama MRMT-1.

Saji et al. sintetizaram também os complexos 99mTc-MAG3-HBP e 99mTc-HYNIC-

HBP. 99mTc-MAG3-HBP foi obtido por reacção directa do ligando com [99mTcO4]- na

presença de SnCl2, como redutor (esquemas 1.1). O complexo 99mTc-HYNIC-HBP

também foi sintetizado a partir do precursor [99mTcO4]-, na presença do mesmo

redutor (SnCl2) e dos três co-ligandos: tricina, 3-acetilpiridina e HYNIC-HBP (esquema

1.2). Os rendimentos com que foram obtidos 99mTc-MAG3-HBP (73%) e 99mTc-HYNIC-

HBP (39 %) não foram quantitativos e os complexos tiveram que ser purificados antes

da avaliação biológica [102].

1.Introdução

32

Esquema 1.2 - Síntese do complexo 99m

Tc-HYNIC-HBP (η = 39 %).

i) Tricina, 3-acetilpiridina, HYNIC-HBP, SnCl2.2H2O, 95 °C, 35 min.

Ambos os complexos apresentavam uma acumulação óssea em ratos (60 min

p.i.) comparável à do 99mTc-MDP (99mTc-MAG3-HBP: 4,2 ± 0,2 %; 99mTc-HYNIC-HBP: 4,0 ±

0,4 % e 99mTc-MDP: 3,2 ± 0,5 %). A ligação às proteínas era elevada (97,7 %, 99mTc-

MAG3-HBP e 88,7 %, 99mTc-HYNIC-HBP), mas o 99mTc-HYNIC-HBP possuía uma razão

osso/sangue superior à do 99mTc-MDP.

Os complexos 99mTc-MAG3-HBP e 186Re-MAG3-HBP foram caracterizados por

comparação dos cromatogramas obtidos no HPLC com o obtido para o complexo não

radioactivo Re-MAG3-HBP. O complexo Re-MAG3-HBP (esquema 1.1) foi sintetizado

por reacção de Re-MAG3 com o alendronato, utilizando EDC (1-etil-3-(3’-

dimetilamino)carbodiimida clorohidratada) e TFF (tetrafluorofenol) como reagentes de

activação, mas o rendimento da reacção foi muito baixo (2 %). Os complexos Re-

MAMA-BP e Re-MAMA-HBP foram unicamente caracterizados com base em estudos

de transquelatação, que indicaram que o 186Re se encontrava coordenado ao ligando

MAMA.

Recentemente, tem sido realizada uma intensa investigação no sentido de

encontrar sondas multimodais [103]. Neste domínio, Frangioni et al sintetizaram o

composto osteotrópico Pam-99mTc-800 e avaliaram-no como sonda óptica e nuclear

(esquema 1.3) [104].

CH3

O

N

NNH

P

P

O

O

OHOH

OH

OH

OH

O

NNTcO

N O

O

HO

HO

99mTc-HYNIC-HBP

[99mTcO4]-

i)

Capítulo 1

33

Esquema 1.3 - Síntese dos complexos Pam-M-800 (M = Re, 99mTc).

i) Resina Chelex 100, [MO4]-, SnCl2; (M = Re, 90 °C, 1h; M = 99mTc, 100 °C, 8 min);

ii) TSTU, DIPEA, DMSO, (M = Re, t.a., 40 min; η = 20 %; M = 99mTc, 60 °C, 10 min; η = 75 %);

iii) Trietilamina, DMSO, t.a., 1h (M = Re; η = 83 %; M = 99mTc, pureza radioquímica 98 %).

Como se pode ver no esquema 1.3, este complexo contém uma unidade

bisfosfonato, um fluoróforo orgânico IRDye800CW (excitação máxima: 778 nm;

emissão máxima: 799 nm) e uma unidade quelante para a estabilização dos metais

Tc(V)/Re(V). A sua síntese foi realizada através da reacção em fase sólida utilizando a

resina Chelex 100. Os grupos carboxilato dessa resina vão estabelecer coordenação ao

centro metálico que é reduzido na presença de SnCl2. A formação do complexo 99mTc-

MAS3 termodinâmicamente mais estável ocorre por adição de MAS3 (S-

acetilmercaptotriserina). Esta técnica permitiu obter o complexo 99mTc-MAS3 com

elevado rendimento (99 %), evitando a metodologia de transquelatação com tartarato

de Na+/K+, que levaria á obtenção do composto final com rendimento e actividade

específica inferiores. O complexo M-MAS3 foi posteriormente activado com

HN

HN

S N

N

OHO

ON

OOH

M

O

HO

O

Pam-M-800

(M = Re, 99mTc)

i)

P(O)(OH)2

OH

P(O)(OH)2NHH2N

OHN

O Ra

O

HN

P(O)(OH)2

HO P(O)(OH)2

O

sonda de Fluorescência(IRDye800CW)

HO

S N

N

OHO

ON

OOH

M

O

HO

O

O

S N

N

OHO

ON

OOH

M

O

HO

O

N

O

O

iii)

HO

HS HN

HN

OHO

ONH

OOH

HO

O

ii)

N+N

O

SO2NaSO3Na SO3

-

NaO3S

R

R

M-MAS3-NHS

(M = Re, 99mTc)

M-MAS3

(M = Re, 99mTc)

1.Introdução

34

tetrafluoroborato de N,N,N’,N’-Tetrametil-O-(N-succinimidil)uronio (TSTU), na

presença de N,N-diisopropiletilamina (DIPEA) em DMSO à temperatura ambiente

durante 40 min (M = Re) ou com aquecimento a 60 °C durante 10 min (M = 99mTc). A

ligação do fragmento metálico (M - MAS3) ao fragmento que contém o BF e o

fluoróforo (a) (esquema 1.3), na presença de trietilamina em DMSO, decorreu à

temperatura ambiente durante 1h (η = 83 % ,M = Re; η = 98 %, M = 99mTc).

O complexo Pam-99mTc-800 demonstrou selectividade para regiões onde

existem microcalcificações do cancro da mama, tal como observado para os

compostos Pam78 e Pam800 (figura 1.20) que eram constituídos apenas por uma

unidade bisfosfonato e um fluoróforo que emitia na zona do infravermelho próximo.

Figura 1.20 - Sondas osteotrópicas Pam78 e Pam800 para imagem óptica.

Convém referir que as imagens obtidas após administração de Pam78 [105] e

Pam800 [106] apenas são detectadas in vivo a uma profundidade na ordem dos

milímetros ou centímetros, isto é, só servem para estudos pré-clinicos com animais.

Além disso, a associação da imagem óptica com a imagiologia nuclear SPECT apresenta

vantagens, não só pelo acréscimo na sensibilidade, mas também pela possibilidade de

quantificação da actividade nos diferentes órgãos e/ou tecidos ósseos ao longo do

tempo.

Quando já estava a decorrer o trabalho apresentado nesta tese e uma parte

dele até já tinha sido publicado [107], foram descritos alguns complexos

organometálicos de 186Re contendo BF. Especificamente, Hideo Saji e colaboradores

isolaram e caracterizaram complexos organometálicos de Rénio estabilizados por um

ciclopentadienilo contendo um BF (esquema 1.4) [101].

P(O)(OH)2

OH

P(O)(OH)2

N

-O

SO

N

O

SO3Na

SO3Na

SO3Na

O

O

NH

Pam78

N+N

O

SO3Na

SO3Na

SO3Na

HN

O

P(O)(OH)2

P(O)(OH)2

HO

SO3Na

Pam800

Capítulo 1

35

Esquema 1.4 - Síntese dos complexos M-CpTR-Gly-PAM (M = Re, η = 21 %, 186Re, η = 8 %).

i) NH4[ReO4], Cr(CO)6, CrCl3, metanol, 180 °, 60 min

ii) Re-CpTR-COOH

Re-CpTR-Gly

1. NaOH 2M, dioxano, 30 min, temperatura ambiente;

2. HCl conc., pH 3,0, 0 °C;

iii) Fer-Gly-OMe (3 h, -5 °C + 6 h, t.a.)

Re-CpTR-Gly-OMe (noite, t. a.) Gly-OMe, NEt3, HOBt, EDC, N,N-dimetilformamida;

iv) 186

Re-CpTR-Gly 1. 186ReO4-, SnCl2.2H2O, 95 °C, 35 min; Cr(CO)6;

2. 2N NaOH, 10 min, temperatura ambiente;

v) DCC/tetrafluorophenol diclorometano ou N,N-dimetilformamida;

vi) 186

Re-CpTR-Gly-PAM

Re-CpTR-Gly-PAM

pamidronato, acetonitrilo, 0.2 M tampão borato pH 9.5 (M = 186Re), H2O ( M = Re) , temperatura ambiente, 30 min (M = 186Re), 2h (M = Re).

Como indicado no esquema 1.4, os complexos M-CpTR-Gly-PAM (M = Re, 186Re)

foram sintetizados partir do precursor M-CpTR-Gly (M = Re, 186Re). Estes precursores

foram sintetizados por reacção de NH4[ReO4] ou [186Re]HReO4 com diferentes

derivados do ferroceno, na presença de cloreto de crómio, cloreto estanoso, e de

hexacarbonilo de crómio, conforme descrito por Katzenellenbogen em 1998 [108].

A conjugação de M-CpTR-Gly (M = Re, 186Re) ao pamidronato foi realizada

utilizando como activadores DCC (N,N’-diciclohexilcarbodiimida) e TFF

1.Introdução

36

(tetrafluorofenol). Os complexos M-CpTR-Gly-PAM (M = Re, 186Re) foram obtidos com

um rendimento global de 21 % (Re-CpTR-Gly-PAM) e 8 % (186Re-CpTR-Gly-PAM).

Após um estudo comparativo entre o complexo 186Re-CpTR-Gly-PAM e o 186Re-

HEDP, Arano et. al. investigaram o efeito da actividade específica e do pré-tratamento

com HEDP no perfil biológico, incluindo a fixação óssea de ambos os complexos. A

fixação óssea do complexo 186Re-CpTR-Gly-PAM, com elevada actividade específica

(23,4 ± 4,6 % A.I./g osso, 3 h p.i.), era superior à do 186Re-HEDP (13,2 ± 3,2 % A.I./g

osso, 3 h p.i.), enquanto a acumulação óssea de 186Re-CpTR-Gly-PAM com baixa

actividade específica [186Re-CpTR-Gly-PAM + HEDP (9 mg/Kg): 12,88 ± 2,28 % A.I./g

osso, 3 h p.i.] era comparável à do 186Re-HEDP. No entanto, o pré-tratamento com

HEDP não afectava a fixação óssea de 186Re-CpTR-Gly-PAM (22.5 ± 4,9 % A.I./g osso, 3

h p.i.) e 186Re-HEDP (14,0 ± 3,3 % A.I./g osso, 3 h p.i.), o que é concordante com a

existência de sinergismo quando se utilizam protocolos terapêuticos com

administração alternada de bisfosfonatos e radioterapia sistémica (e.g. pamidronato

alternado com 188Re-HEDP) [109].

Recentemente, foram também descritos os complexos M-dpa-ALN (M = 99mTc,

188Re e Re) (esquema 1.5) [110, 111]. Estes complexos foram sintetizados por reacção

dos precursores fac-[M(H2O)3(CO)3]+ (M = 188Re, 99mTc, Re) com dpa-ALN, sendo

isolados como espécies únicas e bem definidas, com rendimentos elevados (> 96 %) e

elevada pureza radioquímica. No entanto, enquanto o precursor fac-

[99mTc(H2O)3(CO)3]+ é obtido com elevado rendimento (>99 %) e sem qualquer passo de

purificação, adicionando apenas [99mTcO4]- a um Kit (Isolink®) com reagentes

liofilizados (secção 2.2.3), a síntese do precursor fac-[188Re(H2O)3(CO)3]+ não é tão

directa. O precursor de 186Re é sintetizado com um rendimento de 80 % por redução

de [188ReO4]- na presença de BH3NH3/CO (g) embora apresente uma pureza

radioquímica superior a 99 % após purificação por cromatografia iónica [111].

Capítulo 1

37

Esquema 1.5 - Síntese dos complexos M-dpa-ALN (M = 99mTc, 188Re, Re).

99mTc-dpa-ALN (tampão carbonato, pH 9,0; 100 °C; 30 min, η > 98 %);

Re-dpa-ALN (tampão carbonato, pH 9,0; 100 °C; 30 min, η ~100 %, síntese em tubo de RMN); 188

Re-dpa-ALN (tampão fosfato; 75 °C; 30m min, η > 96 %).

A fixação óssea de 99mTc-dpa-ALN (27 % A.I/g osso) era comparável à do 99mTc-

MDP (30 % A.I/g osso), resultados posteriormente confirmados por imagens SPECT/CT

de ratinhos Balb-c injectados com estes complexos (figura 1.21). A acumulação óssea

do complexo 188Re-dpa-ALN (21,2 ± 6,6 % A.I./g osso) revelou-se superior à do 188Re-

HEDP (13,4 ± 0,2 % A.I./g osso).

Tanto o complexo de 99mTc como o de 188Re apresentavam uma acumulação

reduzida nos tecidos moles, sofrendo acumulação preferencial nos locais do osso com

elevada actividade metabólica.

Figura 1.21 - Imagem bimodal SPECT (a cores)/CT (cinzento) obtida após injecção de 99mTc-MDP (A) e de 99mTc-dpa-ALN (B) em ratinhos Balb-c.

N s

39

Complexos de Re(I) e 99m

Tc(I) estabilizados

com ligandos multifuncionais contendo

grupos fosfonato

Capítulo 2

41

2. COMPLEXOS DE Re(I) e 99mTc(I) ESTABILIZADOS COM LIGANDOS BIFUNCIONAIS CONTENDO GRUPOS FOSFONATO

2.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

Tal como foi referido anteriormente, os fosfonatos marcados com 99mTc (MDP e

HEDP) em utilização clínica consistem numa mistura de espécies. Além disso, não está

completamente definido o estado de oxidação do metal e os grupos fosfonato têm

uma função dupla: estabilização do metal e promovem a coordenação ao Ca2+ da HA.

Para obviar alguns destes problemas, o trabalho proposto para esta tese

consistia em preparar ligandos bifuncionais cuja função era a estabilização do metal e

a ligação deste a grupos funcionais com afinidade para o osso.

Os ligandos a sintetizar eram do tipo pirazolo-diamina que se sabia

apresentarem propriedades notáveis no que diz respeito à estabilização in vitro e in

vivo de complexos tricarbonilo de 99mTc ou Re (figura 2.1) [84].

Figura 2.1 – Ligando bifuncional e respectivo complexo de tricarbonilo de Re ou 99mTc, com um grupo R com afinidade para o osso.

Os grupos funcionais com afinidade para o osso eram do tipo mono- ou

bisfosfonato.

NNH2

N

N

R

N

NH2

N

N

R

M

OC COCO

M = Re. 99mTc

Compostos Contendo um Grupo Monofosfonato

42

M = 99mTc, 186Re ou 188Re

R2 R2

Os compostos com melhores características biológicas sintetizados na primeira

fase do trabalho, deveriam servir de base para preparar complexos de Tc(I) com

afinidade para o osso e com uma molécula citotóxica (figura 2.2).

Figura 2.2 - Esquema representativo de complexos trifuncionais com o quelato pirazolo-diamina, contendo um grupo com afinidade para o osso (R1) e uma molécula citótoxica (R2).

2.2. COMPOSTOS CONTENDO UM GRUPO MONOFOSFONATO

2.2.1. Síntese e caracterização de ligandos pirazolo - diamina contendo

um grupo monofosfonato (L1 - L3)

Os compostos contendo grupos monofosfato L1 – L3 foram obtidos de acordo

com as vias de síntese apresentadas no esquema 2.1.

Capítulo 2

43

Esquema 2.1 – Síntese dos compostos com grupos éster e ácido monofosfónico. (i) 1.refluxo,

2. destilação; (ii) K2CO3/KI, acetonitrilo, refluxo; (iii) ácido trifluoroacético; (iv)

1. Me3SiBr/diclorometano; 2. metanol/água.

Assim, começámos por sintetizar os compostos (3-bromopropil)fosfonato de

dietilo (1) e (2-bromoetil)fosfonato de dietilo (2) que foram obtidos após refluxo de

trietilfosfito seco (em excesso) com dibromoetano ou dibromopropano secos. O

refluxo decorreu durante 8 a 17 horas, após o que se separou o dibromoalcano em

excesso por destilação a pressão reduzida. Este tipo de reacção, designada Michaelis–

Arbuzov [112, 113], permitiu a obtenção dos compostos 1 e 2 com rendimentos da

ordem de 56 % e 85 %, respectivamente.

De seguida, sintetizou-se o precursor t-butil 2-(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-

il)etilamino)etilcarbamate (3), conforme descrito na literatura [114]. Os compostos 4 e

5 foram preparados por alquilação directa da amina secundária do precursor 3 com 1

Compostos Contendo um Grupo Monofosfonato

44

ou com 2, respectivamente. As reacções decorreram em acetonitrilo e com refluxo

durante 20 (composto 4) ou 10 dias (composto 5). O progresso destas reacções foi

seguido por TLC (10 % metanol/diclorometano). Quando a reacção estava completa,

filtrou-se a mistura reaccional e o sobrenadante foi seco em vazio. Os resíduos sólidos

obtidos foram tratados com água e as soluções foram extraídas com diclorometano. As

fases orgânicas foram secas em vazio e os compostos 4 e 5 foram obtidos após

purificação por cromatografia. Nesta purificação utilizamos uma coluna de sílica gel e

na fase móvel um gradiente de 8 - 50 % metanol/acetato de etilo. Os compostos 4 e 5

foram obtidos sob a forma de óleos viscosos de cor amarelo pálida, com rendimentos

de 11 % e 35 %, respectivamente.

O composto L1 foi obtido com elevado rendimento (aproximadamente 90 %),

após remoção selectiva do grupo Boc do composto intermediário 5 com ácido

trifluoroacético. L1 foi obtido sob a forma de um óleo amarelo pálido, que é solúvel na

maioria dos solventes orgânicos e praticamente insolúvel em água.

O tratamento dos compostos 4 e 5 com brometo de trimetilsilano e com

metanol/água permitiu a remoção simultânea dos grupos Boc e Et. Os resíduos obtidos

foram lavados com diclorometano e secos em vazio. Os sólidos brancos daí resultantes

foram formulados como L2 (50 %) e L3 (46 %). Estes compostos são muito solúveis em

H2O.

Os compostos L1, L2 e L3, foram obtidos a partir do composto 3 com

rendimentos globais de 32, 18 e 5 %, respectivamente.

L1 e L2 foram caracterizados por espectroscopia multinuclear de RMN, e por

espectroscopia de infravermelho (IV). A título de exemplo apresentam-se na figura 2.3

os espectros de RMN de 1H, 13C e 31P do composto L2.

Capítulo 2

45

102030 ppm

Figura 2.3 – Espectros de RMN de 1H (A), 13C (B) e 31P (C) do composto L2 em D2O.

Como se pode ver na figura 2.3, L2 apresentava no espectro de RMN de 1H

cinco tripletos entre 4,35 e 3,15 ppm. O sinal dos protões do grupo CH2 mais próximo

do grupo ácido fosfónico aparecia a campo mais alto (1,89 – 1,83 ppm) e com maior

multiplicidade devido ao acoplamento adicional com o núcleo de fósforo. O protão

H(4) e os dois grupos metilo do anel pirazolilo originaram três singuletos a 6,03, 2,19 e

2,12 ppm, respectivamente. O espectro de RMN de 13C de L2 também é coerente com

a sua estrutura, pois apresentava três sinais referentes aos átomos de carbono do anel

2.03.04.05.06.0 ppm

255075100125150 ppm

NH2N

NN

POH

HO

O

H(4)pza

b c

f

de

H2O

2 x CH3pz

CH2a

CH2f

H(4)pz

C(4)pz C(3/5)pz

H

2 x CH3pz

6 x CH2 (a, b, c, d, e, f)

31P

4 x CH2 (b, c, d, e)

A)

B) C)

Compostos Contendo um Grupo Monofosfonato

46

pirazolilo a campo baixo (151 – 109 ppm), seis sinais distintos para os átomos de

carbono etilénicos (55 – 25 ppm) e, finalmente, a campo mais alto apareciam as duas

ressonâncias devidas aos grupos metilo do anel de pirazolilo (14,2 e 12,7 ppm). No

espectro de RMN de 31P observava-se um único singuleto a 20,3 ppm.

Como exemplo, apresenta-se na figura 2.4 o espectro de IV do composto L2, na

zona de frequências 1900 – 500 cm-1.

Figura 2.4 – Espectro de IV de L2 entre 1900 – 500 cm-1 (KBr).

Uma das bandas mais intensas que se observa neste espectro de IV aparece a

1136 cm-1, região onde, geralmente, se observam as frequências ν(P = O) de grupos

ácidos fosfónicos. Este espectro apresenta também uma banda de intensidade média a

1634 cm-1 associada, possivelmente, à vibração de extensão ν(P - OH) [112] e/ou à

vibração de deformação δ(N - H) da amina primária [115]. A banda forte a 1059 cm-1

está associada às vibrações de extensão das ligações P – OH e C – N das aminas

primária e terciária [112, 115].

50070090011001300150017001900

Transmitância (%)

ν(P = O)

δ(N - H) e

ν(P - OH)

ν(P - OH)

e ν(C-N)

ν (cm-1)

Capítulo 2

47

2.2.2. Síntese e caracterização dos complexos de Rénio estabilizados

por L1 (Re1) e L2 (Re2)

Os compostos L1 e L2, que continham simultaneamente uma unidade

monofosfonato e um conjunto de átomos doadores (N,N,N), foram obtidos com os

rendimentos mais elevados e por isso foram seleccionados para a síntese dos

respectivos complexos de Re e 99mTc.

Tendo em conta que a funcionalização com um grupo monofosfato da unidade

quelante pirazolo-diamina (N,N,N) poderia alterar a coordenação ao centro metálico e

considerando ainda as propriedades coordenantes do grupo monofosfato, decidimos

estudar reacções do precursor [ReBr(CO)5] com os compostos L1 e L2. Tal como se

indica no esquema 2.2, os compostos L1 e L2 reagiram com [ReBr(CO)5] em metanol

ou em água. Após refluxo, durante uma noite, observou-se a formação dos complexos

catiónicos Re1 e Re2 que permaneciam em solução.

Esquema 2.2 – Síntese dos complexos Re1 e Re2. (i) L1 ou L2, refluxo em metanol ou H2O.

O complexo Re1 foi obtido sob a forma de um sólido branco, após evaporação

do solvente da mistura reaccional e lavagem do resíduo com n-hexano. Este complexo,

estável ao ar e solúvel em água, foi caracterizado por espectroscopia multinuclear de

RMN, por espectroscopia de IV e por difracção de raios-X de cristal único. Os

resultados obtidos permitiram demonstrar que a unidade pirazolo-diamina do ligando

L1 coordenava ao centro metálico funcionando como ligando neutro e tridentado.

Como se pode observar no espectro de IV do complexo Re1, apresentado na

figura 2.5, as bandas intensas devidas às vibrações de extensão ν(C≡O), que para

Compostos Contendo um Grupo Monofosfonato

48

[ReBr(CO)5] apareciam na região 2100 - 1900 cm-1, apresentavam um perfil diferente e

característico do arranjo facial dos grupos tricarbonilo [116, 117].

Figura 2.5 – Espectros de IV do complexo [ReBr(CO)5] e de Re1 em KBr, entre 2300 – 500 cm-1.

No espectro de IV do complexo Re1 verificou-se ainda que as bandas ν(C≡O)

(2098, 2027, 1901 cm-1) apareciam desviadas para frequências inferiores, quando

comparadas com as do precursor [ReBr(CO)5] (2153, 2035, 1964 cm-1). Conclui-se

portanto que a ligação C – O nos ligandos carbonilo era mais fraca em Re1 do que no

precursor. Estes resultados confirmaram uma retrodoação π do metal para os ligandos

carbonilo mais significativa em Re1, do que no precursor. Este efeito pode estar

relacionado com o carácter doador σ dos átomos de azoto do ligando tridentado em

Re1 e com a maior densidade electrónica em torno do átomo de Re, no complexo Re1.

Ao contrário do que se verifica no complexo Re1, no precursor [ReBr(CO)5] existem

uma competição maior entre os grupos C ≡ O para a retrodoação π do centro metálico

para os ligandos carbonilo.

5007009001100130015001700190021002300

ν(cm-1)

[ReBr(CO)5]

Re1

ν(C≡O)

ν(P=O)

ν(P – O – Califático)

Capítulo 2

49

No espectro de IV de Re1 observavam-se ainda bandas relativamente fortes a

1023 cm-1 e a 1263 cm-1, provavelmente associadas a ν(P – O – Califático) e a ν(P = O),

respectivamente [112].

Na figura 2.6 apresentam-se os espectros de RMN de 1H do ligando L1 e do

respectivo complexo Re1. O espectro de RMN de L1 é semelhante ao obtido para L2

(figura 2.3), à excepção das ressonâncias devidas aos grupos OEt [CH2, δ 4,65

(multipleto) e CH3, δ 1,32 (tripleto)]. As principais diferenças entre os espectros de

RMN de 1H de L1 e Re1, estão relacionadas com o carácter diastereotópico observado

para os protões da amina primária (δ 5,57; 1H; δ 3,74; 1H), e para a maioria dos

protões metilénicos de L1 após coordenação ao centro metálico (δ 4,54; 1H; δ 3,92;

1H; δ 3,43; 1H; δ 3,21; 1H; δ 2,96; 1H e δ 2,30; 1H). Este resultado é típico para todos

os ligandos pirazolo-diamina do tipo N,X,N (X = S ou N) e respectivos complexos de

Re(I) [114, 117, 118].

Os sinais devidos aos protões H(4)pz e aos protões metilénicos 3/5Mepz em

Re1 sofreram um desvio significativo para campo mais baixo (H(4)pz, ∆ = 0,39 ppm,

3/5Mepz, ∆ = 0,21 ppm) relativamente às mesmas ressonâncias em L1 (figura 2.6). Os

desdobramentos e desvios químicos observados no espectro de Re1 confirmam a

coordenação tridentada do ligando através dos três átomos de azoto, como observado

no estado sólido (secção 2.2.2.1).

Compostos Contendo um Grupo

50

Figura 2.6 - Espectros de 1H-RM

Na figura 2.7 aprese

Re1.

H

H(4)pz

H(4)pz

NH

H

po Monofosfonato

RMN dos compostos L1 e Re1 em CD3OD.

resenta-se também o espectro de RMN de 13

CH

H2O

CD3OD CH2 + 2xCH2, OEt

CH

2 x CH3pz

2xC

2 x CH2

2 x CH2

H2O

2 x CH2, OEt

CH CH

CD3OD

CH NH CH

2 x CH2

CH

2 x CH3pz 2 x CH

13C do complexo

CH2

2xCH3, OEt

CH3, OEt

Capítulo 2

51

Figura 2.7 - Espectro de 13C-RMN do composto Re1 em CD3OD. * Solvente.

O espectro de RMN de 13C obtido para Re1 é relativamente simples e

concordante com a formulação proposta. A campo mais baixo (δ 195 - 194)

encontraram-se três sinais de fraca intensidade atribuídos aos ligandos carbonilo,

observando-se também os três sinais do anel pirazolilo [C(3/5)pz, δ 155,3; δ 145,6 e

C(4)pz, δ 109,3]. Entre δ 64 - 21 encontravam-se oito sinais dos grupos CH2 [Ca - Cf + 2 x

CH2(OEt)] e entre δ 17 - 11 observavam-se as restantes quatro ressonâncias dos grupos

CH3 [2 x CH3pz + 2 x CH3 (OEt)].

Em CD3OD, os espectros de RMN de 31P de L1 e de Re1 apresentavam apenas

um singuleto a 32,8 ppm e 29,4 ppm, respectivamente (figura 2.8: A e B). O singuleto

observado no espectro de Re1 (δ 29,4) está ligeiramente desviado para campo mais

alto (∆ = 3,4 ppm) relativamente ao desvio químico do ligando livre L1 (δ 32,8). Esse

valor ∆ era bastante inferior aos que foram encontrados para os complexos

organometálicos de Re(I) directamente estabilizados por grupos ácido fosfónicos (∆ =

16 – 30 ppm) [119]. Este resultado corrobora a inexistência de interacções entre o

grupo ácido fosfónico e o centro metálico, o que também é evidente através da análise

de RMN de 1H e da difracção de raios-X (secção 2.2.2.1).

255075100125150175200 ppm

3 x C ≡ Ο

*

C(3/5)pz C(4)pz

Compostos Contendo um Grupo Monofosfonato

52

Figura 2.8 – Espectros de RMN de 31P do complexo Re1, em CD3OD (A), do composto L1, em CD3OD (B), do complexo Re2 na presença de ligando livre L2, em D2O (C) e, do ligando L2, em D2O (D). *Referência externa (H3PO4, 85%).

Apesar de terem sido realizadas várias tentativas, nunca foi possível isolar o

complexo organometálico Re2 numa forma pura. Após o refluxo de quantidades

estequiométricas de L2 com [Re(CO)5Br] em água, durante 18 horas, obtiveram-se

sempre misturas contendo Re2 e L2. Estes dois compostos foram identificados por

RMN de 1H e 31P e por RP-HPLC (Cromatografia Líquida de Elevada Eficiência de Fase

Reversa). Nos espectros de RMN de 31P [figura 2.8 (C) e (D)] foi possível identificar uma

das espécies como L2 (δ 20,3; espectros C e D) e outra espécie como Re2 (δ 23,4;

espectro C), resultado que foi confirmado por RP-HPLC. Como se mostra na figura 2.9,

o ligando livre L2 tem um tempo de retenção de 8,0 min, enquanto no cromatograma

010203040 ppm

+

*

Re1 δ 29,4

L1 δ 32,8

Re2

δ 23,4

L2 δ 20,3

L2 δ 20,3

A

B

C

D

Capítulo 2

53

da mistura reaccional detectámos sempre duas espécies: o complexo Re2 com um

tempo de retenção 10,8 min e o ligando livre L2 com um tempo de retenção 8,0 min.

Figura 2.9 – Cromatogramas analíticos de RP-HPLC do composto L2 e do complexo Re2.

Nos espectros de RMN de 1H foram também identificadas as ressonâncias

devidas à presença de L2 e de Re2.

O espectro de RMN de 31P de Re2, em D2O, apresentava apenas um singuleto a

23,4 ppm, que foi desviado para campo baixo (∆ = 3,1 ppm) relativamente ao desvio

químico de L2 (δ 20,3 ppm). Este desvio é da mesma ordem de grandeza do observado

em CD3OD (∆ = 3,4 ppm) para o complexo Re1 caracterizado no estado sólido e em

solução. Estes dados levam-nos a concluir que, nas condições estudadas, o ligando L2

coordena ao centro metálico muito provavelmente através do conjunto de átomos

doadores N,N,N não ocorrendo interacções entre o grupo ácido fosfónico e o centro

metálico. Em ambos os complexos (Re1 e Re2) o metal é estabilizado pelo mesmo

ligando e a única diferença entre eles deve-se à natureza do grupo que tem fósforo:

P(O)(OEt)2 em Re1 e P(O)(OH)2 em Re2. O desvio das ressonâncias de 31P em Re1 e

Re2, relativamente ao dos respectivos ligandos livres L1 e L2, dá-se em sentidos

opostos. Esta inversão deve-se, certamente, ao efeito electro indutor dos grupos OEt

(Re1) quando comparado com os grupos OH (Re2).

tr = 10,8 min tr = 8,0 min

Tempo de retenção (min)

Compostos Contendo um Grupo Monofosfonato

54

As espécies químicas L2 e Re2 eram ambas muito solúveis em água não tendo

sido possível separar o ligando livre por lavagem com solventes ou por cromatografia

em coluna de sílica gel. A purificação por cromatografia em coluna preparativa de RP-

HPLC seria a mais adequada, mas não foi possível devido ao baixo rendimento com

que Re2 se formava.

2.2.2.1. Caracterização do complexo Re1 por difracção de raios – X

A recristalização de Re1 de uma mistura de clorofórmio e n-hexano originou

monocristais incolores que se revelaram adequados para análise por difracção de

raios-X de cristal único. Na figura 2.10 apresenta-se o diagrama ORTEP para o catião de

Re1 e na tabela 2.1 os ângulos e comprimentos de ligação mais significativos.

Figura 2.10 – Diagrama ORTEP do catião do complexo Re1. Os elipsóides vibracionais foram desenhados com uma probabilidade de 30 %.

Capítulo 2

55

No catião de complexo Re1, o centro metálico apresenta um número de

coordenação seis e geometria de coordenação octaédrica distorcida. Os três átomos

de carbono dos ligandos carbonilo definem uma das faces triangulares do octaedro e

as restantes três posições são ocupadas pelos três átomos de azoto do ligando

tridentado L1. Os valores dos ângulos cis e trans em torno do átomo de Re encontram-

se entre 86,0(42) - 98,4(4)° e 174,2(3) - 178,1(3)°, respectivamente.

Os comprimentos das ligações Re – CO são praticamente idênticos, variando

entre 1,876(11) e 1,895(9) Å. Os valores encontrados são comparáveis aos descritos

na literatura para outros complexos com a unidade fac-[Re(CO)3]+ estabilizada por

ligandos análogos [114, 117, 118]. O comprimentos da ligação Re – N4 [2,176(6) Å] é,

como esperado, ligeiramente mais curto do que o da ligação Re – N(3) [2,258(6) Å]. O

valor encontrado para Re – N1 [2,201(6) Å] é comparável aos publicados para outros

complexos de Re(I) com ligandos análogos [114, 117, 118].

Os dados de difracção de raios-X apresentam ainda um pico residual que foi

atribuído a um átomo de oxigénio de uma molécula de água. O oxigénio foi refinado

anisotropicamente e os correspondentes átomos de H foram ignorados.

Tabela 2.1 – Comprimentos (Å) e ângulos (°) de ligação mais significativos para o catião do

complexo Re1.

Re(1) – C(3) 1,876(11) Re(1) – C(2) 1,895(10)

Re(1) – C(1) 1,895(9) Re(1) – N(4) 2,176(6)

Re(1) – N(1) 2,201(6) Re(1) – N(3) 2,258(6)

C(1) – O(1) 1,159(9) C(2) – O(2) 1,155(10)

C(3) – O(3) 1,159(11)

C(3) – Re(1) – C(2) 87.3(4) C(3) – Re(1) – C(1) 88.5(4)

C(2) – Re(1) – C(1) 86.6(4) C(3) – Re(1) – N(4) 174.2(3)

C(2) – Re(1) – N(4) 98.4(4) C(1) – Re(1) – N(4) 93.0(3)

C(3) – Re(1) – N(1) 92.4(3) C(2) – Re(1) – N(1) 95.1(3)

C(1) – Re(1) – N(1) 178.1(3) N(4) – Re(1) – N(1) 86.0(2)

C(3) – Re(1) – N(3) 95.8(3) C(2) – Re(1) – N(3) 176.1(4)

C(1) – Re(1) – N(3) 91.2(3) N(4) – Re(1) – N(3) 78.5(2)

N(1) – Re(1) – N(3) 87.1(2)

Compostos Contendo um Grupo

56

Na estrutura de raios

conta que o precursor de

certamente ao processo de

hexano. O ião Cl- interage c

N4…Cl e o ângulo (N

°, respectivamente.

2.2.3. Síntese e cara

Os complexos de

precursor fac-[99mTc(H2O)3

único passo por redução

(K2[H3BCO2]) [120]. Este últim

como redutor do metal e com

Esquema 2.3 – Síntese do precu

A recente introdução

à síntese permite a obtençã

radioquímica. Para tal adici

mistura a 98 °C durante 2

po Monofosfonato

raios-X o contra-ião foi identificado como sendo

de Rénio tinha como contra-ião Br-, este resu

o de recristalização, que foi feito a partir de

ge com N4 através de uma ponte de hidrogén

N – H – Cl) encontrados são 3,153(6)

caracterização dos complexos Tc1 e Tc2

e 99mTc(I) foram preparados em meio aquos

3(CO)3]+. Este precursor organometálico é p

ção do Na[99mTcO4] com o boranocarbonato

último reagente, em meio alcalino, funciona sim

e como fonte de monóxido de carbono (esquem

precursor organometálico fac-[99m

Tc(CO)3(H2O)3]+.

ção de um “kit” contendo os reagentes liofilizad

nção do precursor, com elevado rendimento e e

diciona-se uma solução de Na[99mTcO4] ao ki

te 20 minutos. Após a redução do 99mTc(VII) a

“Kit” Isolink ®

ndo Cl-. Tendo em

resultado deve-se

de clorofórmio/n-

génio. A distância

6) Å e 158,1(4)

uoso a partir do

é preparado num

nato de potássio

simultaneamente

ema 2.3).

lizados necessários

o e elevada pureza

kit e aquece-se a

II) a 99mTc(I), que

Capítulo 2

57

decorre em meio alcalino, o excesso de boranocarbonato é destruído por

neutralização com uma solução de HCl/tampão fosfato pH 7,4. A pureza radioquímica

do precursor foi confirmada por RP-HPLC, imediatamente antes da preparação dos

complexos (figura 2.11).

[99mTcO4]-

Figura 2.11 – Caracterização do precursor fac-[99mTc(H2O)3(CO)3]

+ por RP-HPLC após a sua preparação a partir de [99mTcO4]

-. Detecção γ.

A preparação dos complexos Tc1 e Tc2 foi realizada fazendo reagir o precursor

fac-[99mTc(H2O)3(CO)3]+ com os ligandos L1 e L2 (esquema 2.4). As condições

reaccionais foram optimizadas em termos da concentração final do ligando [L] e do

tempo de reacção, mantendo a temperatura a 100 °C e o pH próximo de 7,4.

Esquema 2.4 – Síntese dos complexos Tc1 e Tc2. (i) Condições optimizadas de acordo com a tabela 2.2.

Tempo (min) 25 20 15 10 5

“Kit” Isolink

98 °C, 20 min

Rad

ioac

tivi

dad

e

tR = 5,8 min

Compostos Contendo um Grupo Monofosfonato

58

A título de exemplo apresentam-se na tabela 2.2, os rendimentos de Tc1

quando se variou a concentração de L1 e a temperatura da reacção. Na figura 2.12

apresentam-se alguns dos cromatogramas obtidos durante esse processo de

optimização.

Figura 2.12 – Cromatogramas de RP-HPLC obtidos durante a optimização da preparação do complexo Tc1 (100 °C; 60 min e concentração [L] variável). A: [L1] = 5 x 10-6 M; B: [L1] = 8 x 10-6 M; C: [L1] = 1 x 10-5 M; D: [L1] = 5 x 10-5 M e; E: [L1] = 1 x 10-4 M.

Após optimização das condições reaccionais para a síntese de Tc1 e Tc2, estes

foram obtidos com rendimentos de 96 % e 98 %, respectivamente. A concentração de

Tabela 2.2 – Rendimentos e condições experimentais na síntese de Tc1.

Rendimento (%) [L1] Tempo e Temperatura

41 5 x 10-6 M

60 min; 100 °C 76 8 x 10-6 M

92 1 x 10-5 M

96 5 x 10-5 M

97 1 x 10-4 M

67 8 x 10-6 M

30 min; 100 °C 82 1 x 10-5 M

96 5 x 10-5 M

96 1 x 10-4 M

E D

C B

A

Capítulo 2

59

ligando utilizada em ambos os casos foi 5 x 10-5 M. As reacções decorreram a 100 °C,

durante 30 min e em tampão PBS pH 7,4.

A caracterização dos complexos de 99mTc não pode ser efectuada pelos

métodos usuais em química inorgânica, devido às baixas concentrações dos complexos

em solução. Convém recordar, que a concentração de metal em [99mTcO4]- é da ordem

dos 10-9 - 10-12 M. Assim, admite-se que os complexos de 99mTc tenham a mesma

estrutura dos análogos de Re se apresentarem idêntico comportamento

cromatográfico, quando analisados por HPLC, nas mesmas condições experimentais.

Um detector de radiação γ permite a detecção dos complexos de 99mTc e um detector

de radiação ultravioleta-visível (UV/Vis) permite a detecção dos complexos de Re. A

título exemplificativo, apresentam-se os cromatogramas dos complexos Tc1 e Re1 na

figura 2.13.

Figura 2.13 – Cromatogramas de RP-HPLC de Re1 (detecção UV) e Tc1 (detecção γ).

Como se pode verificar na tabela 2.3, os valores dos tempos de retenção

obtidos para os complexos análogos de 99mTc e de Re são semelhantes. O ligeiro

desfasamento observado entre os tempos de retenção deve-se à ligeira diferença de

M = Re, (Re1)

tr = 15,8 min

M = 99mTc, (Tc1)

tr = 16,3 min

Compostos Contendo um Grupo Monofosfonato

60

percurso entre o detector de radiação γ utilizado para detectar o 99mTc e o detector UV

(254 nm) utilizado para detectar os complexos de Re.

Na tabela 2.3 apresentam-se também os valores de log D, através dos quais

geralmente se avalia a lipofilia/hidrofilia dos compostos. Os valores de log D para os

complexos Tc1 e Tc2 foram calculados com base no coeficiente de partição destes

complexos no sistema n-octanol/tampão PBS (pH=7.4), de acordo com o procedimento

experimental descrito na secção 4.5.1 [121]. Os valores de log D encontrados

indicaram que o complexo Tc1 era moderadamente lipofílico (log D = 0,08), enquanto

o complexo Tc2 era bastante hidrofílico (log D = -1,67), com seria de esperar devido à

presença do grupo P(O)(OH)2 livre.

2.2.4. Avaliação biológica dos complexos de 99mTc(I)

2.2.4.1. Estudos in vitro

2.2.4.1.1. Estabilidade em tampão fosfato salino e em soro humano

A determinação da estabilidade dos complexos de 99mTc in vitro é importante

na medida em que permite prever a viabilidade e o interesse dos estudos in vivo.

Através dos estudos de estabilidade in vitro é possível prever se os complexos sofrem

reoxidação ou degradação em condições fisiológicas. Os meios fisiológicos testados

foram o tampão fosfato salino (pH 7,4) e o soro humano.

Tabela 2.3 – Tempos de retenção (min) obtidos nos cromatogramas de HPLC e valores de Log D.

Complexo Tempos de retenção (min) Log D

Tc1 16,3 (15,8)a 0,08 ± 0,04

Tc2 11,4 (10,8)a -1,67 ± 0,03

a Tempos de retenção obtidos para os complexos análogos de Re.

Capítulo 2

61

Os estudos de estabilidade em tampão fosfato salino foram realizados

aquecendo a 37 °C as preparações, que já se encontravam neste meio. Nos ensaios

realizados em soro humano adicionaram-se 100 µl de uma solução do complexo

radioactivo a 900 µl de soro e as misturas foram aquecidas a 37 °C. Alíquotas das

misturas reaccionais foram sendo retiradas ao longo do tempo (0, 1, 2 e 4 horas),

tratadas com etanol, para precipitação das proteínas, centrifugadas e o sobrenadante

foi analisado por HPLC.

Os compostos demonstraram ser estáveis, pois não se observou decomposição

ou reoxidação a pertecnetato por HPLC. Como exemplo, na figura 2.14 apresentam-se

os cromatogramas de HPLC obtidos para o complexo Tc1 antes e após 4 horas de

incubação em soro humano.

Figura 2.14 – Cromatograma de HPLC de Tc1 (detecção γ) antes (A) e após (B) incubação em soro humano.

Estes resultados incentivaram a realização dos estudos biológicos in vivo e a

avaliação destes complexos em termos da sua afinidade para o osso, fixação em

órgãos não alvo e excreção.

após 4 horas de incubação em soro humano

A)

B)

Compostos Contendo um Grupo Monofosfonato

62

2.2.4.2. Estudos in vivo

2.2.4.2.1. Estudos de biodistribuição em ratinhos CD-1

O perfil biológico dos complexos Tc1 e Tc2 em ratinhos CD-1 foi estudado com

a finalidade de avaliar o efeito dos grupos éster e ácido fosfónico.

Os ensaios de biodistribuição foram realizados com grupos de quatro a cinco

ratinhos CD-1 fêmea (Charles River), com pesos de aproximadamente 20 – 25 g cada.

Os animais foram injectados com 100 µl (7,0 – 18,5 MBq) dos complexos radioactivos

na veia da cauda. Em seguida, os animais foram sacrificados por deslocação cervical,

aos 5 min, 1 e 4 horas após administração. Os órgãos foram removidos, lavados,

pesados e a sua actividade medida. A excreção total foi assumida como a diferença

entre a actividade injectada no animal e a actividade medida imediatamente após o

seu sacrifício. A actividade total no sangue, osso e músculo foi calculada assumindo

que estes órgãos constituíam 6, 10 e 40% do peso total do animal, respectivamente.

Os resultados de distribuição nos tecidos, expressos em percentagem da actividade

injectada por grama de órgão (% A.I./g órgão) e, a excreção total expressa em % A.I.,

encontram-se sumarizados na tabela 2.4

Tabela 2.4 – Resultados de biodistribuição (% A.I./g órgão) e excreção total (% A.I.) para

os complexos Tc1 e Tc2 em ratinhos CD-1 fêmea.

Tc1 Tc2

5 min 1 h 4 h 5 min 1 h 4 h

Sangue 2,8 ± 0,2 0,8 ± 0,2 0,6 ± 0,1 4,6 ± 1,5 0,5 ± 0,2 0,20 ± 0,04

Rim 19,0 ± 4,9 4,1 ± 1,8 1,3 ± 0,4 17,8 ± 3,1 2,8 ± 0,1 1,2 ± 0,3

Fígado 17,2 ± 1,9 5,6 ± 1,4 4,5 ± 0,26 19,3 ± 4,0 10,1 ± 1,4 3,5 ± 1,4

Intestino 9,3 ± 1,1 20,4 ± 2,9 18,5 ± 4,5 2,7 ± 0,5 10,1 ± 1,7 13,8 ± 6,2

Baço 2,4 ± 0,7 2,0 ± 0,6 2,2 ± 0,1 1,4 ± 0,2 0,11 ± 0,02 0,4 ± 0,2

Coração 0,8 ± 0,2 0,32 ± 0,05 0,28 ± 0,03 1,9 ± 0,5 0,22 ± 0,05 0,17 ± 0,02

Pulmões 0,6 ± 0,1 0,8 ± 0,3 0,8 ± 0,1 3,6 ± 0,9 0,4 ± 0,1 0,23 ± 0,05

Estômago 1,5 ± 1,0 0,7 ± 0,3 0,37 ± 0,06 1,0 ± 0,1 0,8 ± 0,3 0,42 ± 0,05

Músculo 0,8 ± 0,2 0,12 ± 0,02 0,10 ± 0,07 1,3 ± 0,1 0,04 ± 0,02 0,02 ± 0,01

Osso 0,6 ± 0,1 0,18 ± 0,04 0,12 ± 0,01 2,1 ±±±± 0,2 0,21 ±±±± 0,04 0,12 ±±±± 0,01

Excreção total 21,8 ± 3,4 31,7 ± 3,0 40,8 ± 5,6 20,2 ± 4,4 52,7 ± 2,5 64,0 ± 6,3

Capítulo 2

63

Na figura 2.15 apresentam-se alguns destes valores sob a forma de histograma.

Figura 2.15 – Resultados de biodistribuição (% A.I./g órgão) dos complexos Tc1 e Tc2.

Os resultados obtidos permitiram concluir que não houve acumulação

relevante de nenhum dos compostos nos órgãos ou tecidos, em particular no osso. Os

complexos apresentaram rápida depuração sanguínea, e rápida eliminação dos órgãos

não alvo, exceptuando os relacionados com a via de excreção, nomeadamente o

fígado, o intestino e o rim.

Em relação à via de eliminação, observámos que ambos os complexos eram

eliminados pelas vias renal e hepatobiliar. A eliminação de complexos Tc1 e Tc2 por via

hepatobiliar reflete-se na acumulação inicial da actividade no fígado (17 % e 19,3 %

A.I./g órgão 5 min p.i., respectivamente). Estes valores diminuiem à medida que os

compostos passam para o intestino. A excreção total foi mais rápida para Tc2 (52,7 ±

2,5 e 64,0 ± 6,3 %, 1h e 4h p.i., respectivamente) do que para Tc1. Estes resultados

correlacionam-se com o carácter mais hidrofílico de Tc2 (Log D = -1,67 ± 0,03) em

comparação com Tc1 (Log D = 0,08 ± 0,04).

Nenhum dos complexos apresentou níveis elevados de fixação no estômago, o

que indica que não sofreram reoxidação in vivo a [99mTcO4]-.

0

5

10

15

20

25

1 h4 h

1 h4 h

% A

.I./

g ó

rgão

Osso

Músculo

Sangue

Rim

Fígado

Intestino

Tc1

Tc2

Compostos Contendo um Grupo Monofosfonato

64

2.2.4.2.2. Estabilidade in vivo

Para confirmar a estabilidade de Tc1 e Tc2 in vivo foram analisadas, por RP-

HPLC, amostras de soro e urina de ratinho recolhidas no momento do sacrifício. O soro

recolhido 60 min após injecção intravenosa dos complexos não apresentou nenhuma

impureza radioquímica. Como se mostra na figura 2.16 para Tc2, observou-se no

sangue um pico que foi atribuído ao complexo injectado inicialmente. A análise da

urina recolhida 1 hora após injecção comprovou também a elevada estabilidade in vivo

destes complexos, pois não foram detectadas quaisquer outras espécies radioquímicas

resultantes de degradação e/ou metabolização (figura 2.16).

Figura 2.16 – Cromatogramas de RP-HPLC do complexo Tc2 e amostras biológicas de ratinho CD-1 (detecção γ).

Tc2

Análise da urina de ratinho 1h

após administração de Tc2

Análise de soro de ratinho 1h

após administração de Tc2

Tempo de retenção (min)

Capitulo 2

65

2.3. COMPOSTOS CONTENDO UM GRUPO BISFOSFONATO

Os resultados descritos na secção 2.2, mostraram ser possível, a partir dos

ligandos contendo a unidade pirazolo-diamina e um grupo monofosfónico (L1 e L2),

preparar complexos estáveis do tipo fac-[M(CO)3(κ3-L)]+ (L = L1, L2, M = Re e 99mTc).

Os estudos biológicos realizados com estes complexos em ratinhos CD-1

(Charles River), revelaram que, apesar de não se fixarem significativamente em

nenhum órgão ou tecido, e em particular no osso, a excreção total foi relativamente

rápida, especialmente no caso de Tc2. Tc1 e Tc2 eram preferencialmente eliminados

pela via hepatobiliar.

Nesta secção, é descrita a síntese e caracterização química de ligandos

bifuncionais análogos a L1 e L2 mas com unidades bisfosfonato. As propriedades de

coordenação face à unidade [M(CO)3]+ (M = Re e 99mTc) são também apresentadas.

Serão também apresentados e discutidos os resultados de estabilidade, as

propriedades físico-químicas, a afinidade de ligação à hidroxiapatite e o

comportamento biológico in vivo.

2.3.1. Síntese e caracterização de ligandos pirazolo-diamina contendo

grupos bisfosfonatos (L4 – L6)

Os compostos L4 – L6 foram sintetizados a partir de um ligando pirazolo-

diamina funcionalizado com um grupo carboxilato. Os aminobisfosfonato AMDP [(1-

amino-1,1-metileno)bisfosfonato de etilo], PAM (pamidronato) e ALN (alendronato)

ligaram-se a esse grupo carboxilato através de uma ligação amida (figura 2.17).

Compostos Contendo um Grupo Bisfosfonato

66

Figura 2.17 – Unidade quelante pirazolo-diamina funcionalizada com um grupo carboxilato

para conjugação a um bisfosfonato através de uma função amida.

Começámos por sintetizar os derivados bisfosfonato AMDP, PAM e ALN como

indicado no esquema 2.5.

Esquema 2.5 – Síntese de aminobisfosfonatos: (A) AMDP; (B) PAM e ALN. (i) refluxo; (ii) Pd/C, etanol, refluxo; (iii) 1. PCl3, H3PO3; 2. H2O.

O AMDP foi sintetizado de acordo com o método descrito na literatura, através

da síntese do aminobisfosfonato 6, seguido da remoção dos grupos benzilo no

segundo passo [122, 123]. O éster dibenzilaminobisfosfonato de etilo (6) foi preparado

por aquecimento de uma solução de dibenzilamina, trietilortoformato e dietilfosfito. À

medida que a reacção decorria formava-se etanol que era necessário remover para

manter a temperatura da mistura reaccional elevada. Este procedimento seguido da

purificação por cromatografia em coluna de sílica gel, utilizando um gradiente (100 – 0

%) de n-hexano/etanol como eluente, levou à obtenção do composto 6, sob a forma

de um óleo, com um rendimento de 43 %. A remoção dos grupos benzilo do composto

6 foi realizada por hidrogenação com refluxo metanólico, na presença de ciclohexeno e

H2NP

P

OEtOEtOEtOEt

O

O

H2N P

OHPO

OHOH

OHO OH

n

n = 1, PAMn = 2, ALN

H2N

O

n OH

(i)PhNH2

PhEtO P

O

OH

OEt

OEt

EtOOEt

HN

P

P

OEtOEtOEtOEt

O

O

Ph

Ph

AMDP6

(ii)

(iii)

n = 1, -alaninan = 2, ácido 4-aminobutírico

A)

B)

2

Capítulo 2

67

catalizador de Pd/C. A suspensão obtida foi filtrada e após evaporação do solvente o

composto AMDP foi obtido quantitativamente sob a forma de um óleo.

O pamidronato (PAM) e o alendronato (ALN) foram obtidos conforme descrito

por Kieczykowski [124]. Aqueceu-se a 65 °C uma mistura de H3PO3, ácido

metanosulfónico e β – alanina ou ácido 4-aminobutírico. Após adição lenta de PCl3, as

misturas reaccionais permanecem em aquecimento (65 °C) e em agitação contínua

durante a noite. As misturas reaccionais foram arrefecidas até à temperatura

ambiente, adicionou-se H2O fria (0 - 5 °C) e refluxou-se durante mais 5 h. Após o

refluxo, as soluções foram arrefecidas até 20 °C e o pH foi ajustado a 4 - 5, por adição

de uma solução aquosa de NaOH a 50 %. As suspensões obtidas permaneceram no

congelador durante a noite e os produtos PAM e ALN precipitaram sob a forma de

sólidos brancos. Após filtração e secagem em vazio os sólidos brancos obtidos PAM (50

%) e ALN (87 %) foram analisados. A análise elementar mostrou que o composto PAM

foi obtido sob a forma de ácido (3-amino-1-hidroxipropilideno)bisfosfónico

monohidratado e o composto ALN foi obtido sob a forma de sal de (4-amino-1-

hidroxibutilideno)bisfosfonato de trisódio tetrahidratado.

Os compostos L4 – L6 foram obtidos fazendo reagir o composto 7 com o

correspondente aminobisfosfonato, como se mostra no esquema 2.6. A síntese do

composto 7 foi realizada conforme descrito na literatura [114].

Compostos Contendo um Grupo Bisfosfonato

68

Esquema 2.6 – Síntese dos conjugados com bisfosfonatos L4 – L7. i) AMDP, HOBt/DCC, acetonitrilo; ii) 1. Me3SBr/diclorometano, 2. metanol/água; iii) NHS/DCC, diclorometano; iv) PAM, NEt3, acetonitrilo/H2O; v) ácido trifluoroacético vi) ALN, HOBt/HBTU, NMM, N,N-dimetilformamida/água.

Para obter o composto L4, sintetizou-se o composto intermediário 8 através da

reacção de conjugação do aminobisfosfonato AMDP com o composto 7 utilizando

como activadores N,N’-diciclohexilcarbodiimida (DCC) e 1-hidroxibenzotriazolo (HOBt)

e acetonitrilo como solvente. No decorrer da reacção observou-se a formação de um

sólido branco correspondente à N,N’-diciclohexilureia (DCU), que foi eliminado por

NNH

NN

(i)

(iv)

L4

COOH

NNH

O

NN O

O

O N

O

O

8

N

HN

O

POH

P

OHOOH

O OHOH

NN

NH

O

O

N

HN

O

POH

P

OHOOH

O OHOH

NN

NH2POH

P

O

HO

HO

OOHOH

N

HN

O

NN

NH

O

O

POH

P

O

HO

HO

OOHOH

N

HN

O

NN

NH2

L5

N

O

NH

P

P

OEtOEtOEtOEt

NN

NH

O

O

N

O

NH

P

P

O

O

OHOHOHOH

NN

NH2

7

9

11

(ii)

(vi)

(v)

L6

(iii)

O O

O O

10

(v)

Capítulo 2

69

filtração. O sobrenadante obtido foi seco em vazio e o sólido foi purificado por

cromatografia em coluna de sílica gel, com um gradiente de 2,5 – 15 %

etanol/diclorometano, originando o composto 8 com um rendimento de 58 %. O

tratamento do intermediário 8 com brometo de trimetilsilano, seguido de hidrólise em

metanol permitiu a remoção do grupo Boc e Et. O composto L4 foi obtido, sob a forma

de um sólido branco, por precipitação de uma mistura de metanol e éter etílico, com

um rendimento de 73 %. O composto L4 é muito solúvel em água e álcoois, e é

insolúvel na maioria dos solventes orgânicos.

As reacções de conjugação de 7 com PAM e ALN levaram à obtenção dos

respectivos conjugados L5 e L6, com rendimentos inferiores. A principal dificuldade

durante a preparação destes compostos foi a insolubilidade de PAM e ALN nos

solventes orgânicos normalmente utilizados nas reacções de conjugação [125], uma

vez que estes compostos são muito solúveis em água.

Nas experiências realizadas durante a optimização da síntese dos

intermediários 10 e 11 utilizaram-se dois tipos de estratégias que se apresentam no

esquema 2.7.

Esquema 2.7 - Síntese dos intermediários 10 e 11.

i) pré-activação do ácido carboxílico com NHS, PFF, TFF, DCC ou EDC; ii) conjugação do ácido bisfosfónico com adição de base; iii) reacção directa com adição simultânea de reagentes de activação (e.g. HATU, HOBt e

HBTU), ácido bisfosfónico (PAM ou ALN) e base.

N

HN

O

P OHP

OHOOH

O OH

OH

NN

NH

O

O

n

N NHNN

COOH

7O O

N NH

O

NN O

O

R

Éster activado

n = 1 (10)n = 2 (11)

O

N OO

FF

F

FF

FF

FOO

F

R

i)

ii)

iii)

PAM ou ALNBase

Compostos Contendo um Grupo Bisfosfonato

70

Como se mostra no esquema 2.7, essas estratégias consistiram no seguinte:

1) Pré-activação do ácido carboxílico do precursor 7 (1º passo), seguida da

conjugação com o ácido aminobisfosfónico (PAM ou ALN) em meio alcalino (2º

passo).

2) Reacção directa do precursor 7 com os ácidos aminobisfosfónicos (PAM ou

ALN) na presença de agentes de acoplamento e em meio alcalino.

Em ambas as estratégias, o meio manteve-se aproximadamente a pH 9 - 10,

quando se utilizaram bases como a trietilamina (NEt3), a diisopropiletilamina (DIPEA)

ou a N-metilmorfolina (NMM). Os reagentes de activação utilizados na primeira

estratégia, foram a N-hidroxisuccinimida (NHS), o pentafluorofenol (PFF) ou o

tetrafluorofenol (TFF) que, foram utilizados juntamente com N,N’-

diciclohexilcarbodiimida (DCC) ou N-(3-dimetilaminopropil)-N’-etilcarbodiimida

cloridratada (EDC), para formação de um éster activado intermediário. Nas reacções

directas utilizaram-se os reagentes de acoplamento, hexafluorofosfato de 2-(1H-7-

azabenzotriazolo-1-il)-1,1,3,3-tetrametiurónio (HATU), 1-hidroxibenzotriazolo (HOBt)

ou hexafluorofosfato de 2-(1H-benzotriazolo-1-il)-1,1,3,3-tetrametiurónio (HBTU).

Na tabela 2.5 apresentam-se as diferentes condições experimentais exploradas

para a síntese dos intermediários 10 e 11 a partir do composto 7 e do PAM e ALN, bem

como os rendimentos obtidos.

Capítulo 2

71

Geralmente, as reacções de conjugação realizam-se em solventes orgânicos

apróticos pois estas reacções envolvem a formação de um éster activado que, por ser

muito reactivo, é instável em solventes como a água ou álcoois. No entanto, para

resolver o problema de insolubilidade do PAM e ALN em solventes orgânicos

utilizaram-se misturas de água e solventes orgânicos.

Apesar de ser pouco comum em reacções de conjugação, também foram

realizadas experiências utilizando exclusivamente água como solvente, ou misturas de

água/i-propanol (iPrOH), ou tampão borato pH 9,5 (0,1 M)/CH3CN, conforme descrito

na literatura para conjugações com ALN ou PAM [98, 101, 126-130]. No entanto, a

maioria destas reacções não foi bem sucedida.

Tabela 2.5 – Condições experimentais estudadas para a síntese de 10 e 11 e rendimentos das reacções.

Síntese dos Intermediários

10 e 11

Reagentes de Acoplamento

Solventes Ácido

Bisfosfónico/Base

Rendimento

10

HBTU CH3CN PAM/NEt3 c)

PFF/DCC a)

CHCl3 a)

CH3CN/H2O b) PAM/NEt3 c)

CHCl3 a)

THF/H2O b) PAM/NEt3 c)

NHS/DCC a)

CH2Cl2 a)

iPrOH/H2O b) PAM/DIPEA c)

CH2Cl2 a)

DMSO b) PAM/DIPEA c)

CH2Cl2 a)

CH3CN b) PAM/NEt3 c)

CH2Cl2 a)

CH3CN/H2O b)

PAM/NEt3 ηηηη = 22 %

11

NHS/DCC a) CH2Cl2 a)

CH3CN/H2O b) ALN/NEt3 η = 5 %

NHS/EDC a) H2O a)

H2O b) ALN/DIPEA η = 6 %

TFF/DCC a)

CH2Cl2 a)

CH3CN/ Tampão pH 9.5 b)

ALN/NEt3 c)

CH3CN a)

CH3CN/ Tampão pH 9.5 b)

ALN/NMM c)

HATU DMF/H2O ALN/NMM c)

HOBt/HBTU DMF/H2O ALN/NMM ηηηη = 12 %

a) Reagentes ou solventes utilizadas na pré-activação da função ácido carboxílico do composto 7; b) Solventes utilizados na reacção de conjugação com PAM ou ALN; c) Rendimento não determinado devido à ausência de produto ou produto não isolado puro.

N

HN

O

POH

P

OHOOH

O OH

OH

N

N

NH

O

O

Compostos Contendo um Grupo Bisfosfonato

72

Os melhores resultados foram obtidos utilizando as condições experimentais

apresentadas no esquema 2.6.

O intermediário 10 foi obtido por reacção de activação do grupo ácido

carboxílico do precursor 7 com NHS e DCC, em diclorometano seco, à temperatura

ambiente, observando-se a formação de DCU, sob a forma de um precipitado branco.

Após 5 h, praticamente todo o precursor 7 tinha sido consumido e removeu-se o

precipitado por filtração. De seguida, fez-se reagir o éster activado 9 com PAM numa

mistura de CH3CN/H2O e NEt3 à temperatura ambiente durante 24 h. No final o PAM

que não reagiu foi removido por centrifugação. A purificação por cromatografia de

sílica gel, utilizando como eluentes o diclorometano, um gradiente de 10 – 100 % de

metanol/clorofórmio e um gradiente de 25 – 100 % de solução aquosa concentrada de

amónia/metanol, levou à obtenção do composto 10 com um rendimento de 22 %. O

compostos L5 foi obtido após remoção do grupo Boc do composto intermediário 10

com ácido trifluoroacético, e foi purificado por cromatografia de troca iónica. Esta

purificação envolveu a utilização de duas colunas diferentas, uma de troca catiónica,

fortemente acídica (DOWEX 50 x 4), eluída com água e uma solução aquosa 10 % de

piridina e uma outra coluna de troca catiónica, fracamente acídica (Amberlite GC50),

eluída com água. O composto L5 foi obtido com um rendimento de 30 %.

O intermediário 11 foi obtido através da reacção directa do precursor 7 com o

ALN na presença de HOBt/HBTU numa mistura de N,N-dimetilformamida/H2O e N-

metilmorfolina. Após 5 dias em agitação à temperatura ambiente o ALN, que não

reagiu foi removido por filtração. O solvente do filtrado foi evaporado e o resíduo foi

dissolvido em água, levando à precipitação de HOBt e HBTU em excesso. O precipitado

foi removido por filtração e o filtrado foi aplicado numa coluna SEP-PAK® C18 para

remover o restante ALN que não reagiu. Após remoção do solvente, o resíduo obtido

foi purificado por cromatografia de sílica gel, utilizando como eluentes o

diclorometano, um gradiente de 10 – 100 % de metanol/clorofórmio e um gradiente

de 25 – 100 % de solução aquosa concentrada de amónia/metanol. O composto 11 foi

obtido com um rendimento de 12 %.

Capítulo 2

73

O composto L6 foi obtido puro e com um rendimento de 40 % após remoção do

grupo Boc do composto 11 com ácido trifluoroacético, neutralização com uma solução

de NaOH 0,1 M e purificação utilizando uma coluna Sep-Pak® C18 para remoção de

sais.

Os compostos L4 – L6 foram caracterizados por análise elementar C, H, N e por

espectroscopia de RMN multinuclear. L4 foi também caracterizado por espectroscopia

de IV e os compostos L5 e L6 foram caracterizados por espectrometria de massa com

ionização por electrospray (ESI-MS).

Relativamente à análise elementar, os valores encontrados eram concordantes

com as formulações C16H32N5NaO8P2∙2H2O para o composto L5 e C17H34N5NaO8P2∙H2O

para o composto L6. Este resultado, juntamente com os dados obtidos através das

restantes análises efectuadas, permitiu caracterizar de forma inequívoca todos os

compostos sintetizados.

Nas tabelas 2.6, 2.7 e 2.8 apresentam-se os dados espectroscópicos de RMN de

1H, 13C e 31P dos compostos intermediários 8, 10, 11 e dos compostos finais L4 – L6.

Para a atribuição dos sinais de RMN realizaram-se experiências de 1H – 1H COSY

e 1H – 13C HSQC e a título exemplificativo apresentam-se em anexo os espectros de L5

nas figuras A.1 e A.2.

Compostos Contendo um Grupo Bisfosfonato

74

Tabela 2.6 – Dados de RMN dos compostos 8 e L4 em CDCl3 e D2O, respectivamente.

8

δ 17,5 (31P)

L4

δ 13,7 (31P)

δ δ δ δ (1H) δδδδ (1H) δδδδ (13C)

a – e, g

4,12 (m, 2H)* 2,86 (q largo, 2H) 2,64 (t largo, 2H) 2,45 (t largo, 2H)

2,38 (m, 4H)

3,68–3,07 (m largo, 10H)

2,38 (s largo, 2H)

55,5; 53,5; 49,7; 44,4; 37,6; 34,6;

21,6

f 1,71 (m, 2H) 1,94

(s largo, 2H)

h 5,19

(td, 1H, 2JPH = 22,2, 3JHH = 10,2) 4,38 (t, 1H) 47,9

(4)pz 5,82 (s, 1H) 6,07 (s, 1H) 109,8

(3/5)pz 2,23; 2,21 2 x (s, 3H)

2,20; 2,15 2 x (s, 3H)

150,1 (-C-) 147,6 (-C-) 13,1 (-CH3) 12,4 (-CH3)

C = O - - 175,9

BOC 1,38 (s, 9H) - -

OEt 4,12 (m, -O-CH2-, 8H)*

1,26 (m, -O-CH2-CH3, 12H) - -

NH 8,73

(d largo, NH, 1H, 3JHH = 9.0) 4,69 (s largo, NH, 1H);

- -

* Ressonâncias sobrepostas.

Capítulo 2

75

Tabela 2.7 – Dados de RMN dos compostos 10 e L5 em D2O.

10

δ 18,3 (31P)

L5

δ 18,2 (31P)

δ δ δ δ (1H) δδδδ (1H) δδδδ (13C)

a 4,07 (s largo, 2H) 4,21 (t, 2H) 45,13

b

3,32 (t largo, 2H) 3,12 (m, 2H) 2,76 (m, 4H) 2,11 (m, 2H)* 2,02 (m, 2H)* 2,24 (m, 2H); 1,69 (m, 2H)

3,34 (m, 2H)* 54,34

c 3,19 (m, 2H)* 52,07

d 3,19 (m, 2H)* 36,79

e 2,19 (t, 2H) 34,74*

f 1,76 (m, 2H) 22,0

g 2,92 (t, 2H) 55,30

h 3,34 (m, 2H)* 37,48

i 1,99 (m, 2H) 34,74*

j - - 74,85

(4)pz 5,82 (s, 1H) 5,88 (s, 1H) 108,2

(3/5)pz 2,11*; 2,02* 2 x (m, 3H)

2,14; 2,04 2 x (s, 3H)

151,6 (-C-) 144,1 (-C-) 14,2 (-CH3) 12,0 (-CH3)

C = O - - 176,5

BOC 1,25 (s, 9H) - -

*Ressonâncias sobrepostas.

Compostos Contendo um Grupo Bisfosfonato

76

Tabela 2.8 – Dados de RMN dos compostos 11 e L6 em D2O.

11

δ 18,6 (31P)

L6

δ 18,3 (31P)

δ δ δ δ (1H) δδδδ (13C) δδδδ (1H)

a 4,07 (t, 2H) 46,1 3,92 (t, 2H)

b - j

3,09 (m, 6H) 2,78 (t, 2H) 2,68 (t, 2H)

2,14 (m, 2H)* 1,74 (m, 6H)

54,5 (3 x C); 42,2; 38,7; 35,0; 33,3; 25,5; 23,3

3,04 (m, 2H) 2,72 (m, 4H) 2,51 (m, 2H) 2,36 (m, 2H)

2,01 (m, 2H)* 1,66 (m, 6H)

k - 83,2 -

(4)pz 5,84 (s, 1H) 107,4 5,79 (s, 1H)

(3/5)pz 2,14 (m, 3H)*

2,04 (s, 3H)

151,2 (-C-) 143,7 (-C-) 14,2 (-CH3) 12,1 (-CH3)

2,11 (s, 3H) 2,01 (m,3H)*

C = O - 177,4 -

BOC 1,28 (s, 9H) 160,08 -

*Ressonâncias sobrepostas.

Todos os compostos apresentaram um único singuleto nos espectros de RMN

de 31P. Nestes espectros, salienta-se que as ressonâncias dos compostos com AMDP [δ

17,5 (8); δ 13,5 (L4)] apareciam a campo mais alto do que as observadas para os

compostos com PAM [δ 18,3 (8); δ 18,2 (L4)] e ALN [δ 18,6 (8); δ 18,3 (L4)]. Estes

resultados correlacionam-se, muito provavelmente, com a presença do grupo hidroxilo

no carbono geminal de PAM e ALN.

Capítulo 2

77

Os espectros de RMN de 1H dos compostos L4 – L6 possuem um conjunto de

ressonâncias semelhantes entre si, devido à presença da unidade pirazolo-diamina.

Assim, o anel pirazolilo foi identificado em todos os compostos, através da presença no

espectro de RMN de 1H de três singuletos atribuídos ao protão 4, próximo de δ 5,8 e

aos grupos metilo 3 e 5 com desvios químicos entre δ 2,2 – 2,0. Os seis tripletos (Ha –

He, Hg) e um multipleto (Hf) devidos aos protões alifáticos do ligando pirazolo-diamina,

apareciam entre δ 4 – 1,6, sendo os desvios químicos dos protões Ha aqueles que

apareciam a campo mais baixo e os protões Hf aqueles que apareciam a campo mais

alto. Nos espectros de RNM de 13C de L4, L5 e 11, o anel pirazolilo foi identificado pela

existência de 5 sinais: dois devidos aos carbonos 3 e 5 do anel que apareciam entre δ

143 -152 ppm, um devido ao carbono 4 que aparecia entre δ 110 – 107 ppm e dois

devidos aos grupos metilo nas posições 3 e 5 que apareciam entre δ 12 – 14 ppm.

Foram também observados sinais distintos para cada um dos átomos de carbono das

cadeias alifáticas entre δ 55 – 21 ppm e os carbonos geminais dos grupos BF (PAM e

ALN) apareciam para campo mais baixo (δ 83 – 74 ppm), certamente devido ao efeito

desblindante do grupo hidroxilo.

No espectro de IV do composto L4 observou-se uma banda a 1154 cm-1

atribuída à vibração de extensão da ligação P = O do grupo ácido fosfónico, tal como

observado para L2 (secção 2.2). Observou-se ainda outra banda a 1647 cm-1, na região

onde geralmente se observam as frequências ν(C = O) e δ(N – H), dos grupos amida e

aminas primárias, respectivamente.

As formulações propostas para os compostos L5 e L6 foram também

confirmadas por ESI-MS. A título de exemplo, mostram-se na figura 2.18 os espectros

de massa obtidos em modo positivo e em modo negativo para o composto L5.

Compostos Contendo um Grupo Bisfosfonato

78

Figura 2.18 – ESI-MS do composto L5: (A) modo negativo; (B) modo positivo.

Para L5, o pico maioritário observado a m/z = 484,1, obtido em modo negativo

(figura 2.18 - A) corresponde ao ião molecular [M - H]-. Para o mesmo composto, em

modo positivo (figura 2.18 - B) encontrou-se um pico maioritário a m/z 486,0

correspondente ao ião molecular [M + H]+. Neste espectro, foram ainda identificados

outras espécies catiónicas, nomeadamente, [M + K]+ a m/z 523,9 e [M + Na]+ a m/z

507,9.

m/z484,00 486,00

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0484,2

485,2

486,2

m/z mais abundante calculado para: C16H32N5O8P2 [M-H]-

m/z486,00 487,00 488,00

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

m/z calculado C16H34N5O8P2

486,2

487,2 488,2

Capítulo 2

79

2.3.2. Síntese e caracterização dos complexos Re4 - Re6

Os complexos organometálicos fac - [Re(CO)3(κ3-L)]+ (Re4, L = L4 ; Re5, L = L5 e

Re6, L = L6) foram obtidos a partir dos precursores (NEt4)2[ReBr3(CO)3] ou

[Re(H2O)3(CO)3]Br como se indica no esquema 2.8. Os precursores de Re(I) foram

sintetizados a partir do complexo [ReBr(CO)5], conforme descrito na literatura [131-

133].

Esquema 2.8 – Vias de síntese dos complexos Re4 - Re6.

(i) HOBt/DCC/acetonitrilo, AMDP; (ii) 1. Me3SiBr/diclorometano; 2. metanol; (iii) TFF/DCC, acetonitrilo; (iv) PAM, NEt3, acetonitrilo/tampão borato pH 9,4; (v) HOBt/HBTU, NMM, ALN, DMF - H2O.

iii) iv)

v)

Re5

Re

OCCO

CO

NN N

NH2

O

HN

PP

OH

O

OHO

-O

O-

HO

+

Re6

Re

OCCO

CO

NN N

NH2

O

PP

OH

O

OHO

-O

O-

OH

HN

+

Re

OCCO

CO

NN N

NH2

O

OH

+

X = H2O, Br [Re(CO)3( 3-pzCOOH)]+

ReOC

COCO

X

X

X

+/-2

Re

OCCO

CO

NN N

NH2

O

HN P

POO

EtO OEt

OEtOEt

+

L4H2O/refluxo

i)

Re4

Re

OCCO

CO

NN N

NH2

O

HN P

POO

HO OH

OHOH

+

ii)

[Re(CO)3( 3-pzAMDP]+

afe

dcb

g

54

3

pz-COOHH2O/refluxo

Compostos Contendo um Grupo Bisfosfonato

80

O composto Re4 foi obtido por reacção de [Re(H2O)3(CO)3]Br com L4 em H2O

durante uma noite. O solvente da mistura reaccional foi removido por evaporação e o

resíduo foi dissolvido numa mistura de H2O/acetonitrilo (90/10) que, permitiu a

precipitação de uma parte dos reagentes de partida que não reagiram. O

sobrenadante foi purificado por HPLC - RP permitindo isolar o complexo Re4 puro com

um rendimento de aproximadamente 50 %.

Com a finalidade de confirmar o modo de coordenação do ligando L4 face à

unidade fac - [M(CO)3]+ (M = Re, 99mTc), e provar que a unidade bisfosfonato não

estava coordenada ao metal, foi desenvolvida uma segunda via de síntese que

também permitiu isolar Re4 puro e com um rendimento superior. Essa via de síntese

consistiu em sintetizar o composto intermediário [Re(CO)3(κ3-pzCOOH)]Br a partir do

precursor (NEt4)2[ReBr3(CO)3] conforme descrito na literatura [107]. A conjugação da

unidade bisfosfonato com o ácido carboxílico foi realizada através da reacção do

precursor [Re(CO)3(κ3-pzCOOH)]+ com o éster (1-amino-1,1-metileno)bisfosfonato de

etilo, na presença dos reagentes de acoplamento HOBt e DCC durante 20 h. A N,N’-

diciclohexilureia (DCU) que precipitou foi removida por centrifugação. O solvente do

sobrenadante foi evaporado e o resíduo seco foi suspendido numa mistura de

H2O/acetonitrilo (90/10). Esta mistura foi novamente filtrada para remover a DCU

insolúvel e o complexo intermediário [Re(CO)3(κ3-pzAMDP)]+ foi obtido com um

rendimento de 66 %, após purificação por cromatografia preparativa de RP- HPLC. O

complexo Re4 foi obtido por hidrólise dos ésteres etílicos de [Re(CO)3(κ3-pzAMDP)]+

com brometo de trimetilsilano. O rendimento desta reacção, calculado com base no

espectro de 1H RMN, foi quantitativo. O complexo Re4 foi obtido, através das duas

vias, sob a forma de um óleo amarelo pálido estável ao ar.

Para a síntese de Re5, começámos por conjugar PAM ao grupo ácido

carboxílico do precursor [Re(CO)3(κ3-pzCOOH)]Br pré-activado com NHS e DCC, em

diclorometano seco, à temperatura ambiente. No passo seguinte, a conjugação com

PAM decorreu numa mistura de acetonitrilo/tampão borato pH 9,5 (0,1 M) e

trietilamina, à temperatura ambiente durante 24 h. No entanto, este procedimento

levou à obtenção do complexo Re5 com um rendimento muito baixo (8 %).

Capítulo 2

81

Com o objectivo de optimizar este rendimento, a síntese de Re5 foi realizada

por um processo análogo, mas utilizando DCC e TFF para activação do grupo

carboxilato. O éster activado fez-se reagir com PAM em acetonitrilo/tampão borato pH

9,5 (0,1 M) e trietilamina, mantendo o pH = 9. Após 5 dias em agitação, à temperatura

ambiente, o solvente da mistura reaccional foi seco em vazio e o produto foi extraído

com água. O solvente foi evaporado novamente e o excesso de trietilamina foi

removido através da lavagem do resíduo seco com acetonitrilo. O resíduo obtido foi

dissolvido em água e purificado por SEP-Pak C18. A lavagem com água, seguida da

eluição com um gradiente de 27 - 75 % metanol/água, levou à obtenção de Re5 com

um rendimento de 24 %.

O complexo Re6 foi obtido por reacção do precursor [Re(CO)3(κ3-pzCOOH)]Br

com ALN na presença de HOBt/HBTU, numa mistura de N,N-dimetilformamida/H2O e

N - metilmorfolina, mantendo o pH próximo de 8. A reacção decorreu com agitação

constante à temperatura ambiente durante 5 dias. Após evaporação do solvente da

mistura reaccional na linha de vazio, o produto foi extraído com água. O volume da

solução aquosa foi concentrado e aplicado numa coluna Sep-Pak C18. O complexo Re6

foi obtido sob a forma de óleo incolor com um rendimento de 40 %, após lavagem da

coluna Sep-Pak com uma pequena quantidade de H2O, 20 % metanol/H2O e 30 %

metanol/H2O e eluição com 50 % metanol/H2O.

O complexo intermediário [Re(CO)3(κ3-pzAMDP)]+ e os complexos Re4 - Re6

foram caracterizados por espectroscopia de ressonância magnética multinuclear. Os

complexos Re5 e Re6 foram também caracterizados por análise elementar,

espectroscopia de IV e por espectrometria de massa (ESI-MS).

Relativamente à análise elementar, os valores encontrados eram concordantes

com as formulações C19H31N5Na2O11P2ReBr∙CH3OH para o complexo Re5 e

C20H33N5Na2O11P2ReBr∙CH3OH para o complexo Re6 (ver estruturas no esquema 2.8).

Este resultado, juntamente com os dados obtidos através das restantes análises

efectuadas, permitiu caracterizar de forma inequívoca todos os compostos

sintetizados.

Compostos Contendo um Grupo Bisfosfonato

82

A atribuição das ressonâncias nos espectros de RMN de 1H e 13C dos complexos

[Re(CO)3(κ3-pzAMDP)]+, Re4 - Re6 foi realizada com base em experiências

bidimensionais de 1H – 1H COSY e 1H – 13C HSQC, como exemplificado para Re5 (figuras

A.3 e A.4 e A.5) em anexo.

Nas tabelas 2.9 e 2.10 apresentam-se os dados espectroscópicos de RMN de

1H, 13C e 31P do complexo intermediário [Re(CO)3(κ3-pzAMDP)]+ e dos complexos Re4 -

Re6.

Capítulo 2

83

Tabela 2.9 – Dados de RMN dos compostos [Re(CO)3(κ3-pzAMDP)]+ e Re4 em D2O.

[Re(CO)3(κκκκ3-pzAMDP)]+

Re4

δ δ δ δ (1H) δδδδ (13C) δδδδ (1H) δδδδ (13C)

a 4,28 (d largo, 1H) 49,0

4,29 (d largo, 1H) 49,0

a’ 3,94 (m,1H) 4,07 (m largo, 1H)

b 3,29 (m largo, 1H)* 54,5

3,26 (m largo, 1H)* 54,6

b’ 2,54 (t largo, 1H) 2,55 (t largo,1H)

c/c’ 2,71 (s largo, 2H) 63,1 2,71 (s largo, 2H) 63,2

d 3,00 (m largo, 1H) 44,1

3,01 (m largo, 1H) 44,2

d’ 2,35 (m largo, 2H) 2,34 (m largo, 2H)

e/e’ 2,33 (t, 2H) 32,7 2,20 (s largo, 2H) 33,9

f 2,04 (m largo, 1H) 21,3

2,03 (m, 1H) 22,1

f’ 1,83 (m largo, 1H) 1,88 (m largo,1H)

g 3,54 (m largo, 1H) 67,7

3,50 (m largo, 1H) 67,7

g’ 3,29 (m largo, 1H)* 3,26 (m largo, 1H)*

h 4,51 (m, 1H) 50,1 4,53 (m, 1H) 50,9

O-CH2- 4,08 (m, 8H) 67,5 - -

O-CH2-CH3 1,15 (m, 12H) 17,7 - -

NH2 5,04; 3,64 2 x (s largo) - 5,04; 3,64

2 x (s largo) -

(4)pz 6,01 (s, 1H) 109,7 6,01 (s, 1H) 109,7

(3/5)pz 2,25; 2,13 2 x (s, 3H)

155,6 (-C-) 146,2 (-C-) 17,3 (-CH3) 12,8 (-CH3)

2,24; 2,13 2 x (s, 3H)

155,6 (-C-) 146,2 (-C-) 17,3 (-CH3) 12,9 (-CH3)

C = O - 179,5 - 180,4

C ≡ O - 196,1** - 196,5; 196,1; 194,9

* Ressonâncias sobrepostas. ** Não foi possível distinguir os outros dois sinais da linha de base.

Compostos Contendo um Grupo Bisfosfonato

84

Tabela 2.10 – Dados de RMN dos compostos Re5 e Re6 em D2O.

Re5

Re6

δ δ δ δ (1H) δδδδ (13C) δδδδ (1H) δδδδ (13C)

a 4,36 (dd, 1H) 47,2

4,31 (dd, 1H) 47,1

a’ 4,13 (dd, 1H) 4,08 (dd, 1H)

b 3,40 (m, 1H)* 52,8

3,28 (m largo, 1H)* 52,8

b’ 2,60 (dd, 1H) 2,56 (m,1H)

c/c’ 2,76 (s largo, 2H) 61,3 2,71 (s largo, 2H) 61,3

d 3,11 (m largo, 1H) 42,2

3,07 (m largo, 1H)* 42,2

d’ 2,43 (m largo, 1H) 2,38 (m largo, 2H)

e/e’ 2,19 (m, 2H)* 33,1* 2,14 (m, 2H)* 32,8

f/f’ 2,01 (m largo, 2H)* 20,7 2,07 (m, 1H) 20,7

g 3,54 (dd, 1H) 66,0

3,50 (m, 1H) 65,9

g’ 3,40 (m largo, 1H)* 3,28 (m largo, 1H)*

h/h’ 3,40 (m, 2H)* 36,1 (t) JCP = 7,9 Hz 3,07 (m largo, 1H)* 40,0

i/i’ 2,01 (m largo, 2H)* 33,1* 1,71 (m, 2H) 23,3

j - 73,2 (t) JCP = 129,4 Hz 1,82 (m, 2H) 31,1

k - - 71,8

NH2 5,11; 3,64 2 x (s largo) - 5,06; 3,64

2 x (s largo) -

(4)pz 6,07 (s, 1H) 107,8 6,02 (s, 1H) 107,7

(3/5)pz 2,30; 2,19* 2 x (s, 3H)

153,7 (-C-) 144,3 (-C-) 15,4 (-CH3) 10,9 (-CH3)

2,26; 2,14* 2 x (s, 3H)

153,7 (-C-) 144,3 (-C-) 15,3 (-CH3) 10,9 (-CH3)

C = O - 174,9 - 175,4

C ≡ O - 194,6; 194,2; 193,1 - 194,5; 194,2;

193,1

* Ressonâncias sobrepostas. ** Não foi possível distinguir os outros dois sinais da linha de base.

Capítulo 2

85

Como se pode concluir por análise dos resultados compilados nas tabelas 2.9 e

2.10, o perfil dos espectros de 1H-RMN e 13C-RMN dos complexos são semelhantes

entre si, com desvios químicos praticamente sobreponíveis.

No espectro de RMN de 1H observaram-se três singuletos atribuídos ao protão

4, próximos de δ 6 ppm e aos grupos metilo 3 e 5 do anel pirazolilo com desvios

químicos entre δ 2,3 – 2,1 ppm. A presença de 4 pares de multipletos (a - a’, b - b’, d -

d’, g - g’), integrando cada um deles para um protão é compatível com a coordenação

tridentada da unidade quelante pirazolo-diamina ao centro metálico fac - [Re(CO)3]+.

Os protões f e f’, no caso do complexo Re5 e Re6, não se puderam distinguir um do

outro devido à sobreposição ocasional com os protões Hi da unidade pamidronato ou

alendronato. Em Re5 e Re6 as ressonâncias devidas ao PAM e ALN não sofrem desvio

significativo face às mesmas ressonâncias nos respectivos ligandos L5 e L6. Este

resultado confirma que a unidade bisfosfonato, apesar de possuir grupos

potencialmente coordenantes, não se encontra envolvida na ligação ao centro

metálico. Nos espectros de RMN de 1H surgem também dois sinais largos, atribuídos

aos protões da amina primária NH2 que aparecem próximo de δ 5 e 3,6 ppm. Este

desdobramento deve-se ao carácter diastéreotépico detes protões, após coordenação

da amina ao centro metálico.

No espectro de RMN de 13C dos complexos [Re(CO)3(κ3-pzAMDP)]+, Re4 - Re6

foi possível observar todas as ressonâncias esperadas, nomeadamente, dos ligandos

carbonilo (C≡O), entre δ 196 e δ 193 ppm, do grupo C = O entre δ 180 e δ 175 ppm e

do anel pirazolilo [C(3/5)pz] entre δ 156 e δ 144 ppm. Salienta-se ainda o facto de ter

sido possível observar, no caso do complexo Re5, a ressonância do carbono Cj, da

unidade pamidronato, a δ 73,2 na forma de tripleto, devido ao acoplamento ao núcleo

de fósforo (JCP = 129,4 Hz).

Na tabela 2.11 apresentam-se os desvios químicos do 31P para os compostos L4

- L6 e para os complexos Re4 - Re6.

Compostos Contendo um Grupo Bisfosfonato

86

A diferença entre os desvios do 31P nos ligandos e respectivos complexos foi de:

∆ = 2,6 (L4/Re4), ∆ = 6,5 (L5/Re5) e ∆ = 1,3 (L6/Re6). Estas diferenças (∆) são da

mesma ordem de grandeza das observadas para o complexo Re1 caracterizado

estruturalmente por difracção de raios - X.

Os complexos Re5 e Re6 também foram caracterizados por espectroscopia de

IV. A característica mais significativa destes espectros é a presença de bandas

atribuíveis às vibrações de extensão ν(C≡O), que apareciam a frequências comparáveis

às encontradas para o complexo Re1, na região de 2100 - 1900 cm-1 e apresentavam

um perfil característico do arranjo facial dos grupos carbonilo (figura 2.19). Estas

bandas aparecem numa região entre 2033 e 1912 cm-1, ligeiramente desviadas para

frequências superiores relativamente ao precursor (NEt4)2[ReBr3(CO)3] (2000, 1869

cm-1), o que é indicativo da coordenação ao centro metálico.

Tabela 2.11 – Dados de RMN de 31P de L4 - L6 e Re4 - Re6.

LIG

AN

DO

S

L4

L5

L6

δ(31P)� 13,7 18,2 18,3

CO

MP

LEX

OS

Re4

Re5

Re6

δ(31P)� 11,1 24,7 19,6

N

HN

O

POH

P

OHOOH

O OH

OH

N

N

NH2

Figura 2.19 – Espectros de IV

KBr, na região 2

Na figura 2.19 apr

característica da vibração d

Re6, cujos ligandos continha

ou 1650 cm-1, respectivamen

As formulações pro

confirmadas por ESI-MS. A

espectros de massa obtidos

Re6.

ν(C≡O)

ν2100 1900

IV do precursor [Re(CO)3 (H2O)3]Br e dos complexoão 2100 – 1500 cm-1.

apresenta-se também a zona onde aparece

o de extensão ν(C=O) da função amida. Os com

inham um grupo destes, apresentavam uma ban

mente.

propostas para os compostos Re5 e Re6

. A título de exemplo, estão representados na

idos em modo positivo e em modo negativo pa

Re5

Re6 ν(C=O)

ν(cm-1) 00 1700 1500

Capítulo 2

87

lexos Re5 e Re6 em

rece a frequência

s complexos Re5 e

banda a 1686 cm-1

foram também

na figura 2.20 os

o para o composto

Compostos Contendo um Grupo Bisfosfonato

88

Figura 2.20 – ESI-MS do complexo Re6: (A) modo negativo; (B) modo positivo.

No espectro de massa do complexo Re6, obtido em modo negativo detectou-se

um pico maioritário a m/z = 768,0 que corresponde ao ião molecular [M - 2H]- e um

pico de menor intensidade a m/z = 383,4 correspondente ao ião [M - 3H]2- (figura 2.20

- A). No espectro de massa deste composto obtido em modo positivo (figura 2.20 - B)

detectaram-se as espécies catiónicas correspondentes a [M]+ a m/z 770,1, [M - H +

Na]+ a m/z 792,1, [M - 2H + 2Na]+ a m/z 814,1 e [M - 2H + Na + K]+ a m/z 830,0.

Capítulo 2

89

2.3.3. Síntese e caracterização dos complexos Tc4 - Tc6

Os complexos organometálicos Tc4 - Tc5 foram preparados por reacção dos

compostos L4 - L6 com uma solução contendo o precursor fac - [99mTc(H2O)3(CO)3]+

(esquema 2.9).

Esquema 2.9 - Síntese dos complexos Tc4 - Tc6.

O precursor fac - [99mTc(H2O)3(CO)3]+ foi preparado a partir de um kit Isolink®

contendo reagentes liofilizados, conforme descrito na secção 2.2.3. As reacções do

precursor com os compostos L4 - L6 foram optimizadas em termos de concentração

final do ligando, tempo de reacção e temperatura.

As melhores condições reaccionais para a obtenção do complexo Tc4, obtido

com elevado rendimento e pureza radioquímica (>96 %), consistiram no aquecimento

a 100 °C, em meio de NaCl 0,9% e a pH 7,4, durante 30 min, utilizando uma

Tc5

Tc

OCCO

CO

NN N

NH2

O

HN

PP

OH

O

OHO

-O

O-

HO

+

Tc6

Tc

OCCO

CO

NN N

NH2

O

PP

OH

O

OHO

-O

O-

OH

HN

+

L4Tc

OCCO

CO

H2OOH2

OH2

+

L5

Tc4

Tc

OCCO

CO

NN N

NH2

O

HN P

POO

HO OH

OHOH

+

L6

99m99m 99m

99m

Compostos Contendo um Grupo Bisfosfonato

90

concentração final de ligando L4 de 5 x 10-5 M. Para a síntese de Tc5 e Tc6 foram

utilizadas as mesmas condições reaccionais, mas a concentração final dos ligandos L5 e

L6 foi de 1x10-4 M, para a obtenção dos complexos com rendimentos e pureza

radioquímica elevados (> 95%).

Os complexos Tc4 - Tc6 foram caracterizados por comparação dos seus

cromatogramas de HPLC, obtidos com detecção γ, com o dos respectivos complexos

análogos de Re, obtidos com detecção UV.

Figura 2.21 - Cromatogramas de RP-HPLC dos complexos Re4, Re5 e Re6 (detecção UV, 254

nm), e os respectivos complexos análogos Tc4, Tc5 e Tc6 (detecção γ).

Como se conclui da análise da figura 2.21, os compostos apresentaram picos

bem definidos com diferenças mínimas nos tempos de retenção obtidos para os

complexos de 99mTc [Tc4 (tR = 13,2 min), Tc5 (tR = 12,0 min), Tc6 (tR = 14,2 min)] e para

os complexos análogos de Re [Re4 (tR = 13,9 min), Re5 (tR = 11,9 min), Re6 (tR = 13,8

min)].

Tempo (min) 15 20 25 10

Tempo (min) 15 20 25 10

Tempo (min) 15 20 25 10

Tc6 14,2 min

Re6 13,8 min

Tc5 12,0 min

Re5 11,9 min

Tc4 13,2 min

Re4 13,9 min

No caso dos comple

através da determinação do

literatura [121]. Os valores

indicando um forte carác

certamente à presença dos g

A determinação da c

7,2 (tampão fosfato salino 0

4.5.1 [49, 134]. Como exem

obtido quando Tc6 foi analis

Figura 2.22 - Distribuição de ac

Como se pode ver, o

positivo. A migração de amb

de migração de 1,2 cm e de

A migração para o pó

apresentam carga negativa.

ambos os complexos, no es

leva-nos a concluir que ex

(esquema 2.8).

plexos Tc5 e Tc6, a lipofilia/hidrofilia também

o dos valores de Log D, de acordo com o méto

ores obtidos foram -2,00 ± 0,02 (Tc5) e -1,94

arácter hidrofílico destes complexos (log D

os grupos ácido bisfosfónico.

da carga dos complexos foi efectuada por elect

ino 0,2M), de acordo com o procedimento desc

exemplo, apresenta-se na figura 2.22 o radio

nalisado por electroforese, a pH 7,2.

e actividade determinada por electroforese para Tc6

r, o composto migra do ponto de aplicação no s

ambos os complexos Tc5 e Tc6 é semelhante, sen

de 1,3 cm para Tc5 e Tc6, respectivamente.

o pólo positivo permite concluir que, a este pH

tiva. Tendo em conta que o metal radioactivo se

o estado de oxidação +1, a carga global negativ

e existem pelo menos dois grupos hidroxilo

Capítulo 2

91

bém foi avaliada,

étodo descrito na

1,94 ± 0,02 (Tc6),

D < 0), devido

lectroforese, a pH

descrito na secção

adiocromatograma

Tc6.

no sentido do pólo

, sendo o percurso

pH, os complexos

o se encontra, em

ativa do complexo

ilo desprotonados

Compostos Contendo um Grupo Bisfosfonato

92

2.3.4. Avaliação biológica dos complexos de 99mTc(I)

2.3.4.1. Estudos in vitro

2.3.4.1.1. Adsorção à hidroxiapatite (HA)

Como foi referido no preâmbulo e na secção 1.2, a HA é o principal

componente da matriz inorgânica do osso. Deste modo, o objectivo dos estudos de

adsorção à HA, consistiram em avaliar se a afinidade dos aminobisfosfonatos PAM e

ALN, para o osso, foi afectada pela incorporação do complexo organometálico. Os

ensaios de adsorção dos complexos Tc5 e Tc6 à HA, após incubação a 37 °C, em função

da massa de HA permitiram obter os resultados apresentados na tabela 2.12 e na

figura 2.23 [135, 136].

Figura 2.23 - Percentagem de ligação de Tc5 e Tc6 à HA (1 h de incubação, a 37 °C) (n = 3).

A análise dos resultados de adsorção apresentados na figura 2.23, permitiu

concluir que ambos os complexos se ligavam à HA de modo semelhante, apresentando

um valor máximo próximo de 75 % quando utilizámos 20 mg de HA.

Fomos então analisar a adsorção de Tc5 e Tc6 a 20 mg de HA em função do

tempo de incubação (tabela 2.12).

HA [mg]

Ad

sorç

ão [

%]

Tc5

Tc6

Capítulo 2

93

A análise dos resultados de adsorção à HA obtidos em função do tempo de

incubação (0, 1, 2 e 4 horas) permitiu concluir que, o processo de ligação é igualmente

rápido, para ambos os complexos, atingindo o seu valor máximo rapidamente.

2.3.4.2. Estudos in vivo

2.3.4.2.1. Biodistribuição em ratinhos CD-1

O comportamento biológico dos complexos Tc4 - Tc6 foi avaliado em ratinhos

CD-1 (Charles River), injectados com 100 µl (22 - 32 MBq) de cada complexo, na veia da

cauda, de acordo com o procedimento descrito anteriormente para os complexos Tc1

e Tc2. O objectivo deste estudo era avaliar a farmacocinética e a estabilidade in vivo de

Tc4 - Tc6.

Os resultados de biodistribuição nos tecidos, expressos em percentagem da

actividade injectada por grama de órgão (% A.I./g órgão) e a excreção total expressa

em % A.I. encontram-se compilados na tabela 2.13.

Tabela 2.12 - Percentagem de ligação a 20 mg de HA, determinada para Tc5 e Tc6, em

função do tempo de incubação a 37 °C.

Tempo (h) % ligação à HA

Tc5 Tc6

0 68,4 ± 0,4 69,3 ± 2,7

1 76,2 ± 0,9 75,3 ± 0,9

2 77,8 ± 0,4 76,4 ± 1,0

4 81,6 ± 1,5 80,4 ± 1,4

Compostos Contendo um Grupo Bisfosfonato

94

Na figura 2.24 apresenta-se um histograma que mostra mais claramente qual o

comportamento dos complexos nos órgão mais representativos.

Figura 2.24 - Fixação de Tc4 - Tc6 nos órgãos mais representativos de ratinhos CD-1.

0

2

4

6

8

10

12

14

1 4 1 4 1 4

Sangue Músculo Intestino Rim Fígado Osso

Tabela 2.13 – Resultados de biodistribuição (% A.I./g órgão) e excreção total (% A.I.) para

os complexos Tc4 - Tc6 em ratinhos CD-1.

Tc4 Tc5 Tc6

1 h 4 h 1 h 4 h 1 h 4 h

Sangue 0,47 ± 0,08 0,17 ± 0,01 0,32 ± 0,01 0,12 ± 0,03 0,44 ± 0.08 0,19 ± 0,03

Rim 1,9 ± 0,5 1,5 ± 0,6 2,15 ± 0,02 1,3 ± 0,3 1,9 ± 0,2 1,8 ± 0,3

Fígado 0,9 ± 0,1 0,8 ± 0,3 1,1 ± 0,3 0,7 ± 0,3 1,5 ± 0,3 1,1 ± 0,2

Intestino 0,4 ± 0,1 0,6 ± 0,2 0,5 ± 0,1 0,7 ± 0,2 0,6 ± 0,1 0,8 ± 0,1

Baço 0,5 ± 0,2 0,19 ± 0,07 0,3 ± 0,2 0,10 ± 0,04 0,34 ± 0,01 0,2 ± 0,1

Coração 0,19 ± 0,02 0,10 ± 0,02 0,11 ± 0,01 0,06 ± 0,01 0,20 ± 0,01 0,13 ± 0,02

Pulmões 0,48 ± 0,06 0,31 ± 0,19 0,30 ± 0,02 0,14 ± 0,04 0,6 ± 0,1 0,32 ± 0,08

Estômago 0,5 ± 0,3 0,5 ± 0,3 0,08 ± 0,03 0,20 ± 0,07 0,4 ± 0,3 0,23 ± 0,01

Músculo 0,13 ± 0,04 0,08 ± 0,06 0,17 ± 0,08 0,09 ± 0,03 0,4 ± 0,1 0,21 ± 0,04

Osso 2,7 ± 0,7 3,0 ± 0,5 4,6 ±±±± 0,7 4,7 ±±±± 0,9 12,7 ±±±± 0,9 9,7 ±±±± 1,7 Excreção total 72,0 ± 1,8 74,1 ± 1,2 64,5 ± 1,4 67,3 ± 3,6 58,2 ± 1,1 63,6 ± 2,2

Tc4 Tc5 Tc6

Tempo [h]

% A

.I./

g ó

rgão

Capítulo 2

95

Os resultados de biodistribuição de Tc4 - Tc6, em ratinhos CD-1, apresentaram

uma fixação preferencial no osso, com um longo tempo de permanência neste tecido.

A fixação óssea é particularmente elevada, para Tc6 (12,72 ± 0,99 % A.I./g, 1 h p.i.),

sendo Tc4 o que apresentou menor fixação óssea (2,74 ± 0,71 % A.I./g, 1 h p.i.).

Da análise dos resultados de biodistribuição obtidos após injecção dos

complexos Tc4 - Tc6 concluímos ainda que, de uma maneira geral, a depuração

sanguínea e a consequente distribuição para os tecidos é rápida. A via de eliminação

principal para estes três complexos é renal, provavelmente devido ao seu carácter

predominantemente hidrofílico. Além disso, não houve fixação nem retenção

significativa no estômago, indicando que, in vivo, a dissociação do 99mTc e a reoxidação

a [99mTcO4]-, é inexistente.

No que diz respeito à excreção total, os complexos Tc4 -Tc6, são rapidamente

excretados. Ao fim de 4 horas a actividade excretada variou entre 64 - 74 % da

actividade inicial injectada.

2.3.4.2.2. Biodistribuição em ratinhos Balb-c

Os complexos Tc5 e Tc6, que apresentaram resultados biologicamente mais

promissores em ratinho CD-1 foram escolhidos para prosseguir estudos noutra estirpe

de ratinho (Balb-c, Charles River). Estes estudos, tiveram como objectivo avaliar as

diferenças entre as duas estirpes animais e facilitar a comparação com alguns

resultados descritos na literatura para complexos análogos.

Os resultados de distribuição nos tecidos, expressos em percentagem da

actividade injectada por grama de órgão (% A.I./g órgão) e a excreção total expressa

em % A.I., encontram-se compilados na tabela 2.14.

Compostos Contendo um Grupo Bisfosfonato

96

Apresentamos ainda a fixação de Tc5 e Tc6 em órgãos mais significativos, sob a

forma de histograma na figura 2.25.

Figura 2.25 - Biodistribuição (% A.I./g órgão) dos complexos Tc5 e Tc6, em ratinhos Balb-C.

0

4

8

12

16

20

1 h 4 h 6,5 h 1 h 4 h 6,5 h

Sangue Músculo Intestino Rim Fígado Osso

Tabela 2.14 – Biodistribuição (% A.I./g órgão) e excreção total (% A.I.) para os complexos

Tc5 e Tc6 em ratinhos Balb-C.

Tc5 Tc6

1 h 4 h 6,5 h 1 h 4 h 6,5 h

Sangue 0,52 ± 0,01 0,18 ± 0,03 0,14 ± 0,03 0,6 ± 0,1 0,20 ± 0,02 0,22 ± 0,03

Rim 4,2 ± 0,4 3,2 ± 0,2 3,3 ± 0,4 3,3 ± 1,1 2,7 ± 0,4 2,6 ± 0,6

Fígado 2,1 ± 0,3 1,5 ± 0,1 1,2 ± 0,3 2,8 ± 0,6 1,8 ± 0,8 2,3 ± 0,6

Intestino 1,52 ± 0,04 0,7 ± 0,1 0,4 ± 0,1 1,3 ± 0,1 0,4 ± 0,1 0,3 ± 0,1

Baço 0,71 ± 0,08 0,64 ± 0,05 0,6 ± 0,1 1,6 ± 0,3 0,9 ± 0,4 1,3 ± 0,2

Coração 0,5 ± 0,2 0,22 ± 0,02 0,2 ± 0,1 0,4 ± 0,2 0,3 ± 0,1 0,17 ± 0,04

Pulmões 0,46 ± 0,07 0,34 ± 0,05 0,34 ± 0,06 1,8 ± 0,3 1,6 ± 0,7 1,1 ± 0,5

Estômago 0,5 ± 0,2 0,27 ± 0,05 0,19 ± 0,08 0,40 ± 0,07 0,11 ± 0,04 0,2 ± 0,2

Músculo 0,4 ± 0,1 0,32 ± 0,05 0,2 ± 0,1 0,4 ± 0,1 0,22 ± 0,02 0,20 ± 0,05

Osso 18,3 ± 0,6 15,3 ± 0,8 8,7 ± 2,4 17,3 ± 1,5 15,2 ± 1,4 13,4 ± 2,1 Excreção total 65,6 ± 1,2 74,1 ± 0,9 74,3 ± 2,5 66,8 ± 7,6 77,2 ± 0,5 78,2 ± 1,6

Tc5 Tc6

Tempo [h]

% A

.I./

g ó

rgão

Capítulo 2

97

Os resultados de biodistribuição de Tc5 e Tc6, em ratinhos Balb-c, revelaram

fixação preferencial no osso, com um longo tempo de permanência neste tecido.

Ambos os complexos sofreram uma rápida depuração sanguínea, e rápida eliminação

dos principais órgão, exceptuando os que estão relacionados com a via de excreção

(rim, fígado e intestino). Ao fim de 4h p.i., a excreção total de Tc5 e Tc6 nos ratinhos

Balb-c era muito elevada (74,1 - 77,2 %).

Comparando estes resultados com os descritos na secção 2.3.4.2.1, conclui-se

que em Balb-c a fixação no osso foi significativamente superior à determinada para os

ratinhos CD-1. A excreção total em Balb-c foi também ligeiramente superior. Dos

complexos avaliados o Tc6 era o que permanecia mais tempo fixado no osso.

2.3.4.2.3. Estabilidade de Tc5 e Tc6 em ratinhos CD-1 e Balb-C

Paralelamente aos ensaios de biodistribuição, foi também estudada in vivo a

estabilidade dos complexos Tc5 - Tc6 (ratinhos CD-1 e Balb-C). A estabilidade do

complexo Tc4 foi apenas avaliada em ratinho CD-1, pois devido ao modesto valor de

fixação óssea nesta espécie animal não prosseguimos com os estudos de

biodistribuição nos ratinhos Balb-C.

Recolheram-se amostras de urina e sangue dos ratinhos 1 h após

administração. Depois de tratamento adequado, conforme descrito na secção 4.5.4.1,

fez-se a análise das amostras biológicas por RP-HPLC. De um modo geral, podemos

concluir que todos os complexos apresentaram um comportamento semelhante em

ratinhos CD-1 e Balb-C, Como exemplo, apresentam-se os cromatogramas das

amostras de urina e soro de ratinho CD-1, recolhidas 1h após administração do

complexo Tc4 (figura 2.26).

Compostos Contendo um Grupo Bisfosfonato

98

Figura 2.26 - Cromatogramas de RP-HPLC da preparação inicial de Tc4 e de urina e soro de

ratinho CD-1, recolhidos 1 h após injecção deste complexo (detecção γ).

Como se pode concluir da análise dos cromatogramas o complexo não é

oxidado ou metabolizado in vivo.

2.3.3 – Comparação com o 99mTc-MDP

Como ficou certamente patente no capítulo introdutório, são grandes as

diferenças de fixação óssea encontradas em diferentes espécies animais, mas também

para a mesma espécie. As diferenças encontradas para a mesma espécie pode ser

devida à idade e/ou peso dos animais utilizados. Assim, constitui prática corrente que

cada laboratório analise na mesma espécie animal os novos compostos em simultâneo

com o radiofármaco 99mTc-MDP que, como já se disse, é o que se encontra em

utilização clínica. Assim, o 99mTc-MDP foi avaliado em Balb-c, utilizando condições

experimentais idênticas às utilizadas para Tc5 e Tc6.

O radiofármaco 99mTc-MDP foi preparado utilizando um kit fornecido pela GE

Healthcare ou pela Nordion. Este Kit contém ácido metilenodifosfónico, cloreto

estanoso (redutor) e ácido ascórbico (antioxidante). A estes reagentes adicionam-se 2 -

Tempo (min)

Preparação inicial de Tc4

Urina

Soro

25 20 15 10 5

Capítulo 2

99

8 ml de uma solução de [99mTcO4]-. Esta mistura é agitada vigorosamente durante

algum tempo, após o que permanece em repouso durante aproximadamente 10 min, à

temperatura ambiente.

A pureza radioquímica da preparação 99mTc-MDP foi controlada por ITLC-SG

(cromatografia instantânea de camada fina, em sílica-gel), como referido na secção 4.3

[28]. Os radiocromatogramas obtidos após eluição em acetona ou em NaCl 0,9 %

mostraram um único pico correspondente ao complexo 99mTc-MDP com Rf = 0 e 1,

respectivamente (figura 2.27).

Figura 2.27 - Radiocromatograma de 99mTc-MDP em (A) acetona e (B) NaCl 0,9 %.

Esta análise permitiu concluir que não existia [99mTcO4]- (Rf = 1 em acetona e

NaCl 0,9 %), nem quaisquer espécies coloidais (Rf = 0 em acetona e NaCl 0,9 %).

De modo semelhante ao que foi descrito para os complexos Tc5 e Tc6, na

secção 2.3.4.1.1, foram também realizados estudos de ligação à HA para o 99mTc-MDP.

Os resultados obtidos mostram-se na figura 2.28, juntamente com os obtidos para os

complexos Tc5 e Tc6.

Figura 2.28 - Percentagem de ligação de Tc5, Tc6 e 99mTc-MDP à HA. A) 1h, 37 °C e B) 20 mg

HA, 37 °C (n = 3).

HA [mg] Tempo [h]

99mTc-MDP Tc5 Tc6

Ad

sorç

ão [

%]

Ad

sorç

ão [

%]

Compostos Contendo um Grupo Bisfosfonato

100

Da análise dos resultados apresentados na figura 2.28, conclui-se que a cinética

de ligação à HA é rápida para o 99mTc-MDP, uma vez que o valor máximo de ligação,

(ca. 95 %) foi atingido quase instantaneamente. A cinética de ligação à HA dos

complexos Tc5 e Tc6 é também bastante rápida, mas o valor máximo atingido é um

pouco mais baixo (80 %) do que o encontrado para o 99mTc-MDP nas mesmas

condições.

O 99mTc-MDP foi avaliada in vivo em ratinho CD-1 e Balb-c e na figura 2.29 esses

resultados são apresentados sob a forma de histograma, juntamente com os

resultados de biodistribuição (% A.I./g órgão) obtidos para Tc5, Tc6, já descritos na

secção 2.3.4.2.2..

Capítulo 2

101

0

4

8

12

16

20

24

1 4 1 4 1 4

0

2

4

6

8

10

12

14

16

1 4 1 4 1 4

Sangue Músculo Intestino Rim Fígado OssoA)

B)

Figura 2.29 - Biodistribuição (% A.I./g órgão) de Tc5 - Tc6 e 99mTc-MDP, em ratinhos CD-1 (A) e

Balb-C (B).

Da análise dos dados apresentados na figura 2.29, concluímos que em ratinho

CD-1 o complexo 99mTc-MDP é o que apresenta maior acumulação no osso às 4h p.i.

(12,7 ± 1,4 % A.I/g), sendo a fixação óssea à 1 h p.i. comparável ao Tc6 [Tc6 (12,7 ±

0,9% A.I./g) e 99mTc-MDP (12,7 ± 2,7 % A.I./g)]. O valor de acumulação no osso do

% A

.I./

g ó

rgão

Tempo [h]

Tc6 Tc5 99mTc-MDP

Tempo [h]

% A

.I./

g ó

rgão

Tc5 Tc6 99mTc-MDP

Compostos Contendo um Grupo Bisfosfonato

102

0

20

40

60

80

100

1 h 4 h 1 h 4 h 1h 4h

Osso/Músculo

Osso/Sangue

complexo Tc5, 1h e 4 h p.i., manteve-se praticamente constante e inferior

relativamente aos complexos Tc6 e 99mTc-MDP.

Em ratinho Balb-c, a acumulação no osso dos complexos Tc5 (18,3 ± 0,6 %

A.I./g), Tc6 (17,3 ± 1,4 % A.I./g) e 99mTc-MDP (17,1 ± 2,4 % A.I./g) é comparável.

Na figura 2.30 apresentam-se as razões osso/sangue e osso/músculo, para os

complexos Tc5, Tc6 e 99mTc-MDP, em ratinhos CD-1 e Balb-c.

A)

B)

Figura 2.30 - Razões de actividade no órgão alvo (osso) vs órgão não alvo para Tc5, Tc6 e 99mTc-

MDP: A) ratinhos CD-1; B) Balb-c.

De um modo geral, para ambas as estirpes, e para todos os complexos observa-

se um aumento dessas razões em função do tempo.

0

20

40

60

80

100

1 h 4 h 1 h 4 h 1h 4h

Osso/Músculo

Osso/Sangue

Tc5

Raz

ão

oss

o/ó

rgão

não

alv

o

Tempo [min] 99mTc-MDP Tc6

Tempo [min] Tc5 99mTc-MDP Tc6

Raz

ão

oss

o/ó

rgão

não

alv

o

Capítulo 2

103

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

0 50 100 150 200 250 300

Tc5Tc699mT

Em ratinho CD-1 a razão osso/músculo foi, em geral, comparável para os três

complexos, sendo ligeiramente superior para Tc5 4h p.i. [Tc5 (56,3 ± 10,5), Tc6 (46,6 ±

3,5) e 99mTc-MDP (45,6 ± 8,6)].

Em Balb-c, as razões osso/músculo e osso/ sangue encontradas para Tc5 e Tc6

são comparáveis e as diferenças mais relevantes, relativamente ao 99mTc-MDP,

observaram-se para a razão osso/músculo, 4 h p.i. [Tc5 (77,0 ± 4,2); Tc6 (79,0 ± 2,9) e

99mTc-MDP (47,9 ± 13,6)].

Relativamente à excreção total em ratinhos CD-1, os valores determinados para

os três complexos são próximos como se pode verificar através da figura 2.31.

Figura 2.31 - Excreção total (% A.I.) de Tc5, Tc6 e 99mTc-MDP, em ratinho CD-1 (n = 4).

A excreção total observada após injecção de Tc5 e Tc6 (Tc5: 66,8 ± 7,6 % A.I.;

77,2 ± 0,5% A.I. e Tc6: 65,6 ± 1,2 % A.I.; 74,1 ± 0,9 % A.I., 1 h e 4 h p.i.,

respectivamente), nos ratinhos Balb-c, foi significativamente mais elevada do que a

observada após injecção do 99mTc-MDP (49,0 ± 6,1 % A.I.; 56,8 ± 0,9 % A.I., 1 h e 4 h

p.i., respectivamente) (figura 2.32).

Tempo [min]

Tc6 Tc5

99mTc-MDP

% A

ctiv

idad

e in

ject

ada

Compostos Contendo um Grupo Bisfosfonato

104

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

0 50 100 150 200 250 300

Tc5Tc699mTc

Figura 2.32 - Excreção total (% A.I.) de Tc5, Tc6 e 99mTc-MDP, em ratinho Balb-c (n = 4).

Para confirmar o potencial de Tc5 e Tc6 como radiofármacos de imagem óssea,

injectaram-se ratos Sprague Dawley, com estes complexos e com 99mTc-MDP e

registaram-se imagens 2h após a injecção dos complexos (figura 2.33).

Figura 2.33 - Imagem de corpo inteiro de rato Sprague Dawley, 2 h após injecção de Tc5, Tc6 e 99mTc-MDP, obtidas em câmara γ.

Os resultados obtidos foram concordantes com os valores de biodistribuição. As

imagens eram elucidativas e mostraram uma elevada fixação óssea, especialmente nas

articulações, zona de maior remodelação. As imagens obtidas com os três complexos

eram semelhantes e a sua qualidade era boa, pois a fixação em órgãos não alvo era

muito baixa e a excreção total de Tc5 e Tc6 elevada. Com estes estudos pré-clínicos

confirmámos o interesse de Tc5 e Tc6 como radiofármacos para obtenção de

cintigrafias ósseas.

Tc6 Tc5

Tempo [min]

% A

ctiv

idad

e in

ject

ada

Tc6 Tc5

99mTc-MDP

Capitulo 2

105

2.4 COMPOSTOS MULTIFUNCIONAIS OSTEOTRÓPICOS PARA APLICAÇÃO

TERAPÊUTICA: ESTRATÉGIAS DE DERIVATIZAÇÃO DE BISFOSFONATOS

2.4.1 Considerações Gerais

De acordo com o que foi referido no capítulo introdutório, os BFs têm sido

utilizados não só como fármacos para terapia mas também têm sido considerados

úteis como veículo de transporte para o osso de moléculas citotóxicas e de radiação γ

ou partículas β (e.g. 188Re-HEDP). Este conceito aplicado através da ligação de unidades

BF a diferentes tipos de fármacos e a radionuclídeos tem sido referido em vários

artigos de revisão [12, 26, 27, 137-142]. Esta aproximação tem como principal

vantagem promover uma elevada concentração local de fármaco ou de radionuclídeo,

minimizando os efeitos adversos em tecidos não alvo e podendo por vezes minimizar

problemas de resistência aos fármacos, observados após longos períodos de

tratamento.

Na tabela 2.15 encontram-se exemplos de moléculas com acção terapêutica

ligadas a um BF, avaliadas para o tratamento específico de diversas patologias osteo-

articulares. As patologias consideradas foram a osteoporose, por conjugação à

prostaglandina E2 ou ao estradiol, a osteoartrite conjugando o diclofnac [143-146], a

infecção crónica conjugando a fluoroquinolona [147] e o tumor ósseo por conjugação à

gemcitabina [148-150] ou ao 5-fluoruraracilo [151]. De um modo geral confirmou-se

que todos os compostos conjugados possuíam um carácter osteotrópico, atribuído à

presença da unidade BF. À excepção do conjugado 5-fluorouracilo demonstrou-se

também que a actividade biológica continuava a observar-se após a conjugação ao BF.

No caso do derivado Fluoroquinolona/BF demonstrou-se que o ligeiro decréscimo da

actividade bactericida era compensado pela sua capacidade para ligação ao osso.

O sucesso deste conceito poderia ser previsível, uma vez que o efeito sinérgico

resultante da combinação de BFs e vários fármacos, utilizando protocolos terapêuticos

onde estes são administrados alternadamente já é bem conhecido [152].

Compostos Multifuncionais Osteotrópicos para Aplicação Terapêutica: Estratégias de Derivatização de Bisfosfonatos

106

O sinergismo entre o tratamento com BFs e radioterapia externa, quando

utilizados alternadamente, foi igualmente confirmado [109]. No caso de pacientes com

metástases ósseas múltiplas, resistentes ao tratamento convencional, foi também

reconhecida a vantagem da utilização BFs e radioterapia sistémica, por exemplo

através de protocolos terapêuticos utilizando alternadamente o pamidronato e o

188Re-HEDP ou o zolendronato com o estrôncio-89 [153-155].

Assim, seria de esperar que os complexos [188Re]-gemcitabina/BF [149] e

[188Re]-5-Fluoruracilo/BP [151] tivessem capacidades terapêuticas acrescidas devido à

Tabela 2.15 – Fármacos conjugados a uma unidade bisfosfonato e correspondente indicação terapêutica.

Fármaco/Bisfosfonato (BF) Indicação

Prostaglandina E2/BF Estradiol/BF

Osteoporose

Diclofnac/BF

Anti-Inflamatório Não Esteróide

Osteoartrite

Fluoroquinolonas/BF

Infecção Crónica

Gemcitabine/BF 5-Fluoruracil/BF

Tumor Ósseo

Capítulo 2

107

emissão de radiação β, com capacidade de destruir células cancerígenas. No entanto,

não existe na literatura qualquer referência relativamente à eficácia terapêutica destes

complexos. Os complexos [188Re]-gemcitabina/BF e [188Re]-5-Fluoruracilo/BP não

foram caracterizados estruturalmente, pois muito provavelmente é a unidade BF que

se coordena ao metal. Como já foi referido, a estabilização do metal 188Re por grupos

BF (e.g. 188Re-HEDP) não proporciona complexos com uma estrutura bem definida.

Nesta aproximação a dupla função do BF de coordenação ao metal e ligação ao Ca2+ da

HA vai certamente comprometer a ligação ao osso.

Nunca foi sintetizado um composto com uma estrutura bem definida, contendo

um grupo bisfosfonato, uma molécula citotóxica e um elemento radioactivo emissor

de radiação ionizante (β). O trabalho proposto nesta tese visava também preparar e

avaliar compostos deste tipo. Devido às limitações de tempo e às dificuldades de

síntese química encontradas, só parcialmente avançámos neste domínio. De qualquer

modo, nesta secção descrevemos os avanços conseguidos e que obviamente tiveram

como base os resultados obtidos nas secções anteriores.

Para a síntese do composto trifuncional considerou-se o docetaxel cujas

propriedades citotóxicas são conhecidas e utilizadas na clínica. O docetaxel é um dos

fármacos anticancerígenos mais potentes utilizado para o tratamento de tumores,

especialmente para pacientes com metástases ósseas provocadas pelo cancro da

mama, ovários, pulmões, cabeça e pescoço [156]. A estrutura química do docetaxel é

semelhante à do fármaco anticancerígeno placlitaxel (figura 2.34), sendo o docetaxcel

é mais potente como citostático [157].

Figura 2.34 - Estrutura química do docetaxel (taxotere) e do paclitaxel (taxol).

Compostos Multifuncionais Osteotrópicos para Aplicação Terapêutica: Estratégias de Derivatização de Bisfosfonatos

108

O modo de acção destes fármacos baseia-se principalmente na formação de um

heterodímero de α - e β - tubulina [158]. Na figura 2.35 (A) apresenta-se a estrutura

desse heterodímero com a molécula de placlitaxel, determinada por cristalografia de

raios-X.

Figura 2.35 - (A) Estrutura de raios-X do heterodímero de tubulina com um molécula de placlitaxel; (B) interacções determinadas por modelação molecular entre resíduos da unidade β-tubulina do cérebro (B-brain) e uma molécula de placlitaxel ou docetaxel [159-161].

Através da figura 2.35 (B) podem visualizar-se interacções identificadas, com

base em estudos de modelação molecular, entre resíduos da unidade β-tubulina e uma

molécula de placlitaxel ou docetaxel. Algumas regiões activas das moléculas citotóxicas

estão identificadas nessa figura como, por exemplo, a 3’-benzamidofenil (a) do

placlitaxel, 3’-fenil (b), e o anel 2-benzoil fenil (c) que apresentaram interacções

hidrofóbicas com as hélices H1 e H7 (roxo), as folhas β B8 e B10 (amarelo) e loop entre

as hélices H6 e H7 (azul claro).

A formação deste heterodímero leva à estabilização de microtúbulos

impedindo a sua desagregação. A inibição da desagregação dos microtúbulos impede o

processo de divisão celular (actividade anti-mitótica) e consequentemente, a

(Os resíduos a preto pertencem à molécula de placlitaxel sobreposta à molécula de docetaxel, a verde).

A) B)

Capítulo 2

109

multiplicação das células tumorais. Além disso, este mecanismo leva à acumulação de

microtúbulos na célula promovendo a apoptose celular [162].

Esta acção citostática dos taxanos, por estabilização dos microtúbulos, é o

principal mecanismo de acção destes fármacos. No entanto, existem na literatura

estudos in vitro indicativos da sua acção como inibidor da reabsorção óssea [163]. O

efeito sinérgico resultante da administração, em separado, de um BFs e do docetaxel

também já foi demonstrado [164].

2.4.2 Síntese e Caracterização de Compostos Trifuncionais Contendo

Grupos Bisfosfonato

Nas primeiras sínteses realizadas com a finalidade de sintetizar compostos

trifuncionais utilizou-se o ácido glutâmico uma vez que este aminoácido possui dois

grupos carboxilato (α-COOH e γ-COOH) e uma função amina (α-NH2) através das quais

poderia ser feita a sua funcionalização. Esse objectivo poderia ser conseguido por

conversão da função α-COOH ou γ-COOH em BF e conjugação da unidade quelante e

da molécula citotóxica através das restantes posições (estratégia I e II, figura 2.36).

Alternativamente, a funcionalização do ácido glutâmico poderia ser feita por

conjugação dos três constituintes: unidade quelante, aminobisfosfonato e molécula

citotóxica (docetaxel) (estratégias II - V, figura 2.36).

Compostos Multifuncionais Osteotrópicos para Aplicação Terapêutica: Estratégias de Derivatização de Bisfosfonatos

110

Figura 2.36 - Estratégias para a síntese de ligandos trifuncionais a partir do ácido glutâmico. DTX = docetaxel; ALN =alendronato; BF = bisfosfonato.

i), ii), iii) - ordem de conjugação e/ou conversão de carboxilato em BF

i) α – COOH � conversão em BF

ii/iii) α – NH2 � pz-COOH

ii/iii) γ – COOH �DTX

O

NH

O

O

O

O

O

HN O

HO

OHO

O

OH

O

O

OO

NH

NNH2

NN

O

P

POH

O

O

OHOH

HO OH

i) α – NH2 � pz-COOH

ii) α – COOH�Conjugação

com BF

iii) γ – COOH � DTX

ii) α – COOH�Conversão

em BF

iii) γ – COOH � DTX

i) α – COOH � ALN

ii) γ – COOH � pz-NH2

iii) α – NH2 � DTX

O

NH

O

O

O

O

O

HN O

O

HN

P

POH

O

O

OHOH

OHOH

HO

OHO

O

OH

O

O

OO

NH

NNH2

NN

O

i) α – COOH � ALN

ii) α – NH2 � DTX

iii) γ –COOH� pz-NH2

i) α – COOH � ALN

ii) α – NH2 � pz-COOH

iii) γ – COOH � DTX

HN

O

O

NNH2

NN

O

HN

O O

O

O

HO

O

OH

O

OH

O

O

OO

O

NH

P

PHO

O

O

OHHO

HOHO

I

V

IV

III

II

Capítulo 2

111

Na figura 2.37 mostram-se as estruturas moleculares dos compostos utilizados

nas vias de síntese.

Figura 2.37 - Unidades para a funcionalização do ácido glutâmico.

De acordo com a estratégia I (figura 2.36), o ligando trifuncional seria

sintetizado por transformação da função α-COOH do ácido glutâmico em BF, seguido

da conjugação do composto pz-COOH à função α-NH2 e conjugação do DTX à função γ-

COOH.

A função α-COOH do ácido glutâmico foi convertida em ácido bisfosfónico,

conforme indicado no esquema 2.10, utilizando um procedimento descrito na

literatura [165-167].

Esquema 2.10 - Síntese do ácido 4-amino-5-hidroxi-5,5-difosfonopentanoico (18).

i) N-(etoxicarbonil)ftalimida, K2CO3, acetonitrilo, refluxo, noite; ii) SOCl2, t.a., noite

iii) P(OEt)3, tolueno,1h, 0 °C;

iv) HP(O)(OEt)2, trietilamina, tolueno, 1h, 0 °C; v) 1. HCl 6N, refluxo, noite.

Compostos Multifuncionais Osteotrópicos para Aplicação Terapêutica: Estratégias de Derivatização de Bisfosfonatos

112

Resumidamente, no primeiro passo protegeu-se a função amina com um grupo

ftalimida através da reacção do precursor 12 com a N-(etoxicarbonil)ftalimida, na

presença de K2CO3, em acetonitrilo e em refluxo, durante uma noite [168]. A activação

do ácido carboxílico do composto 13 com SOCl2, decorreu em diclorometano e em

refluxo, durante uma noite. O bisfosfonato (16) foi obtido através das reacções de

condensação de tri- e dietilfosfito com os compostos 14 e 15, respectivamente. Todos

os compostos foram purificados e caracterizados de acordo com os procedimentos

descritos na literatura, com algumas modificações no caso do composto 16. Após a

purificação do resíduo que continha o bisfosfonato 16, por cromatografia em coluna

de sílica gel, com gradiente de 0 - 3 % metanol/clorofórmio, ainda se observa a

presença do composto 17 resultante do rearranjo do grupo bisfosfonato em fosfato-

fosfonato (esquema 2.10).

A ocorrência deste rearranjo já tinha sido observada por vários autores [165,

169] que concluíram que este seria promovido preferencialmente, na presença de

bases (alquilaminas) e/ou com temperaturas elevadas (> 80 °C). O solvente utilizado

nas reacções também foi considerado importante, não sendo adequados, por

exemplo, o éter etílico e o diclorometano. No nosso caso, o rearranjo ocorreu mesmo

na presença de tolueno e à temperatura ambiente na presença de trietilamina.

O composto 16 foi isolado puro, com um rendimento total de 28 %, após

cromatografia por RP-HPLC em coluna semi-preparativa, utilizando um sistema

isocrático, 55 % A; 45 % B; A - solução aquosa com 0,1% de ácido fórmico; B - solução

de 0,1 % de ácido fórmico em acetonitrilo.

Os compostos 16 e 17 foram identificados por RMN, sendo as diferenças mais

relevantes observadas nos respectivos espectros de 31P (figura 2.38).

Capítulo 2

113

0.05.010.015.0

Figura 2.38 - Espectros de RMN de 31P em CDCl3, dos compostos 16 e 17.

No espectro de RMN de 31P do composto 17 observou-se um par de dobletos a

ca. δ -1 (fosfato) e ca. δ 17 (fosfonato) ppm, com constante de acoplamento de 16,0

Hz. Enquanto o bisfosfonato 16 apresentava um par de dobletos a 17 ppm, com

constante de acoplamento 14,4 Hz.

Após várias tentativas para remover os grupos protectores do composto 16,

não foi possível isolar o composto final 18 numa forma pura. Um dos procedimentos

utilizados foi a hidrólise com HCl 6N, em refluxo durante a noite, conforme descrito

por Mizrahi et. al. [165]. No entanto, o composto pretendido 18 foi obtido como

15,0 10,0 5,0 0,0 ppm

31P-RMN

(CDCl3)

31P-RMN

(CDCl3)

17

,3

17

,2

-0,8

-1,0

17

,5

17

,4

17

,0

16

,9

Compostos Multifuncionais Osteotróp

114

composto minoritário, tend

compostos 19 e 20 (figura 2.

Figura 2.39 - ESI-MS (-) dos com

Também tentámos

com NaBH4, seguida do tra

bisfosfónico por reacção co

em ambos os casos não foi p

Uma vez que a síntes

sucedida, optou-se por sint

(figura 2.36). De acordo co

por conjugação do compos

seguida da conjugação ou co

função γ-COOH.

212,0 [M - H]-

220 0,0

Intens. x105

2,0

1,5

1,0

0,5

2,5

trópicos para Aplicação Terapêutica: Estratégias de Derivatizaç

endo sido identificado apenas por ESI-MS, junta

ra 2.39).

compostos 18, 19 e 20.

os a desprotecção selectiva do grupo amina atra

tratamento com ácido acético [170], e a hid

o com Me3SiBr, seguido do tratamento com M

foi possível obter os produtos pretendidos.

íntese do bisfosfonato a partir do ácido glutâmic

sintetizar o composto trifuncional adoptando

com esta estratégia, o ligando trifuncional se

posto pz(Boc)-COOH (7) à função α-NH2 do ác

u conversão em BF da função α-COOH e conjug

[M -

[M - H]-

273,9

280 260 240

tização de Bisfosfonatos

untamente com os

através da reacção

hidrólise do éster

MeOH [20], mas

âmico não foi bem

ndo a estratégia II

al seria sintetizado

o ácido glutâmico,

njugação do DTX à

- H]-

291,9

m/z

Capítulo 2

115

Assim, começámos pela conjugação do ácido glutâmico ao composto pirazolo-

diamina 7, conforme indicado no esquema 2.11.

Esquema 2.11 - Síntese do intermediário 21 e tentativas de síntese dos compostos a - d.

i) NHS/DCC, diclorometano, 18 h; ii) ácido glutâmico(OBz), NEt3, DMF/H2O, 18 h; iii) 1. TFF/DCC, acetonitrilo, noite; 2. PAM, NEt3, acetonitrilo/tampão borato pH 9,4 (0,1 M), 18 h; iv) Me-PAM, HBTU, N-metilmorfolina, DMF, 18 h;

v) 1. SOCl2, t.a., 18 h; 2. P(OEt)3, tolueno, 30 min, 0 °C; 3. HP(O)(OEt)2, NEt3, tolueno, 30 min, 0 °C; vi) 1. SOCl2, tolueno, t.a., ; 2. P(OSiMe3)3; 3. metanol, t.a. 1 h.

O composto 9 foi sintetizado de acordo com o procedimento descrito

anteriormente na secção 2.3.1 (esquema 2.6). A reacção de conjugação do ácido

glutâmico com o éster activado (9) foi realizada utilizando uma mistura de

dimetilformamida (DMF) e água, na presença de trietilamina (NEt3), durante

aproximadamente 18 h. No final filtrou-se a mistura reaccional para remover uma

parte do ácido glutâmico que não reagiu e que se encontrava em suspensão. O

solvente do filtrado foi removido por evaporação e o resíduo foi purificado por

cromatografia em coluna de sílica gel, com um gradiente de 15 - 40 % de metanol em

Compostos Multifuncionais Osteotrópicos para Aplicação Terapêutica: Estratégias de Derivatização de Bisfosfonatos

116

diclorometano. O composto 21 foi obtido sob a forma de um óleo, com um

rendimento global de 75 %.

A reacção de conjugação deste intermediário com o pamidronato (PAM) foi

testada utilizando condições experimentais semelhantes às que foram descritas na

secção 2.3 para o mesmo BF. No entanto, nunca foi possível obter o composto

pretendido, uma vez que ao fim de algum tempo de reacção o PAM precipitava. Para

resolver este problema de solubilidade experimentou-se a conjugação com o éster

bisfosfónico Me-PAM que, de acordo com a literatura [104], permitia a obtenção de

melhores resultados. O Me-PAM foi sintetizado como indicado no esquema 2.12 [171,

172].

Esquema 2.12 - Síntese do Me-PAM.

i) HCl 6N, 15 min, t.a.;

ii) SOCl2, tolueno, 50 °C, 24 h; iii) 1. P(OMe)3, tolueno, 30 min, 0 °C; 2. HP(O)(OMe)2, tolueno, 30 min, 0 °C.

Começámos por protonar a função amina da β-alanina através do tratamento

com HCl 6N, à temperatura ambiente, durante 15 min. O excesso de ácido foi

removido por evaporação, repetindo-se o procedimento de dissolução em tolueno e

evaporação do solvente três vezes. A activação do ácido carboxílico com SOCl2

decorreu com aquecimento a 50 °C, durante 24 h e em tolueno seco. O bisfosfonato

Me-PAM foi obtido após a adição de tri- e dimetilfosfito, a baixa temperatura,

utilizando uma quantidade mínima de tolueno como solvente. O produto foi purificado

por cromatografia em coluna de sílica gel utilizando como eluente uma mistura de

acetato de etilo: n-butanol: i-propanol: H2O: ácido acético a) 4:1:1:1:0,3 e b)

N+H

H P

PO

OH

O

OMeOMe

OMeOMe

-Alanina

22 23

Me - PAM

Cl-H

H2N

O

OH

N+ O

OH

Cl-H

H

H N+ O

Cl

Cl-H

H

H

i)

ii) iii)

Capítulo 2

117

4:1,1:0,9:2:1,1. O Me-PAM foi obtido na forma de um óleo com um rendimento de 40

%.

A reacção de conjugação do Me-PAM ao composto 21 foi realizada com HBTU e

N-metilmorfolina em DMF, durante aproximadamente 18 h. Nesta reacção não se

verificou a precipitação de nenhum dos reagentes, mas não foi possível obter o

composto desejado, pois ocorreu o rearranjo fosfato-fosfonato, semelhante ao que se

observou com o composto 16 (esquema 2.10).

Como se indica no esquema 2.11, foram também realizadas tentativas de

conversão do grupo ácido carboxílico do composto 21, em éster bisfosfónico

(composto c) [165] ou em ácido (composto d) [169], conforme descrito na literatura,

mas também não foi possível obter os compostos pretendidos (esquema 2.11).

Após a reacção de síntese do ácido c (esquema 2.11), verificou-se que o grupo

Boc foi removido, muito provavelmente, por não ser resistente às condições acídicas

da activação com cloreto de tionilo. Além disso, a condensação sucessiva de di- e

trietilfosfito levava à obtenção do composto fosfato-fosfonato, que se identificava por

análise de RMN de 31P.

Para a obtenção do ácido bisfosfónico d (esquema 2.11), tentou-se evitar a

remoção do grupo Boc na reacção de activação do carboxilato por adição cloreto de

tionilo previamente destilado e tolueno como solvente. Após a condensação do cloreto

de acilo com dois equivalentes de tris(trimetilsilil)fosfito [P(OSiMe3)3] e sucessiva

hidrólise com metanol (esquema 2.13) observou-se novamente a ausência do grupo

Boc e no espectro de RMN de 31P observavam-se várias espécies de fósforo.

Esquema 2.13 - Tentativa de síntese do composto d.

Compostos Multifuncionais Osteotrópicos para Aplicação Terapêutica: Estratégias de Derivatização de Bisfosfonatos

118

Outra tentativa de síntese do ligando trifuncional foi através da estratégia III

(figura 2.36). De acordo com esta via de síntese a função α-COOH do ácido glutâmico

dever-se-ia ligar a um BF, seguindo-se a conjugação do composto pz(Boc)-NH2 à função

γ-COOH e conjugação do DTX à função α-NH2 (esquema 2.14).

Esquema 2.14 - Síntese do composto L7.

i) 1. TFF/DCC, diclorometano, 18 h; 2. ALN, NEt3, acetonitrilo/tampão borato pH 9,4 (0,1 M), 2 d; ii) NaOH (aq), pH 12, t.a., 30 min; iii) HOBt/HBTU, N-metilmorfolina, DMF/H2O, 5 d; iv) TFA, t.a., 2 h.

Deste modo, começámos por sintetizar o composto intermediário 24 activando

previamente o α-COOH no ácido glutâmico OBz-Glu-Boc utilizando DCC e TFF, em

diclorometano seco durante 18 h. A reacção de conjugação com o alendronato (ALN)

foi realizada numa mistura de acetonitrilo e tampão borato pH 9,4 (0,1 M), na

presença de trietilamina durante 2 dias. Depois de evaporado o solvente da mistura

reaccional, o produto foi extraído com água e o solvente do sobrenadante foi

removido na linha de vazio. O resíduo foi lavado com clorofórmio e o composto 24 foi

obtido, após a purificação numa coluna Sep-Pak C18, com um rendimento de 64 %.

Capítulo 2

119

O grupo benzilo do composto 24 foi removido após a dissolução deste

composto em água, adição de NaOH 1N, até pH ca. 12 e agitação à temperatura

ambiente durante 30 min. O composto 25 foi obtido puro, com um rendimento

quantitativo, após purificação por Sep-Pak C18 para a remoção de sais.

O composto intermediário 27 foi sintetizado por conjugação do precursor

pz(Boc)-NH2 (26) à função γ-COOH no composto 25. O precursor 26 foi sintetizado

conforme descrito na literatura [114] e a reacção de conjugação utilizando HOBt/HBTU

e N-metilmorfolina em DMF/H2O decorreu à temperatura ambiente durante 5 dias.

Após evaporação do solvente da mistura reaccional o produto foi extraído com água. O

volume de água foi concentrado e foi purificado por Sep-Pak C18, pré-condicionada

com metanol e água. Após lavagem com água e extracção com 50 % de metanol/água

o produto foi obtido, juntamente com algum produto de partida (26). O solvente foi

evaporado e o resíduo foi aplicado numa coluna HLB C18, pré-condicionada e eluída

com água. O composto 27 foi obtido com rendimento de 23 %.

O composto L7 foi obtido com rendimento quantitativo, após hidrólise dos

grupos BOC das funções amina por reacção com ácido trifluoruacético e agitação à

temperatura ambiente durante 2 h.

Apesar de não ser o composto trifuncional pretendido, o composto L7 foi

utilizado para a síntese do respectivo complexo organometálico de 99mTc(I), com a

finalidade de avaliar a sua capacidade para a estabilização do fragmento fac-

[99mTc(CO)3]+, o seu perfil farmacocinético in vivo, e principalmente a sua afinidade

para o osso (secção 2.4.3).

Uma vez que a estratégia III da figura 2.36, foi bem sucedida, permitindo a

síntese dos compostos 27 e L7, reestruturou-se esta estratégia de modo a obter o

composto 27 com o grupo protector Fmoc na amina primária da unidade quelante,

que seria ortogonal do grupo Boc que existe na estrutura do docetaxel. Segundo a

estratégia IV (figura 2.36) sugerida, a função α-COOH do ácido glutâmico conjuga-se a

um BF, seguindo-se a ligação do DTX através da função α-NH2 e conjugação do

composto pz(Fmoc)-NH2 à função γ-COOH (esquema 2.15).

Compostos Multifuncionais Osteotrópicos para Aplicação Terapêutica: Estratégias de Derivatização de Bisfosfonatos

120

Esquema 2.15 - Síntese do intermediário 31 e estratégias para a síntese dos compostos f - g que não foram testadas.

i) TFA, t.a., 2 h; ii) Anidrido succinico, 4-(dimetilamino)piridina, piridina seca, t.a., 24 h; iii) NHS-sulfo, EDC, DMSO:DMF (7:3), t.a., 24 h; iv) DMSO:DMF: tampão fosfato 7,4; t.a., 18 h; v) HBTU/HOBt, DMF/H2O, NMM;

vi) 20 % piperidina, DMF, t.a..

Esta via de síntese iniciou-se com a hidrólise do grupo Boc da função amina do

composto 24, por reacção com ácido trifluoroacético. A neutralização da mistura

reaccional foi efectuada tendo em atenção a elevada sensibilidade do grupo benzilo

que é facilmente removido em meio alcalino, à temperatura ambiente. Por isso, essa

neutralização foi realizada a frio (0 °C) e agitação vigorosa da mistura reaccional, com a

adição de uma solução aquosa de NaOH 1N, e a purificação em Sep-Pak para remoção

de sais, levando à obtenção do composto 28 com um rendimento de 96 %. O

A O

N NHFmocNN

NH2

O

NH

O

NO

O

O

P OH

POH

O OH

OHOH

OH

24

i)

O

NH2

O

NO

P OH

POH

O OH

OHOH

OH

28

iv)

HO

HN

O O

O

O

Docetaxel (DTX)

O

HN

O O

O

OO

HO

O

AO

HN

O O

O

OO

OO

NO

SO3H

AO

HN

OO

O

OO

HNO

O

O

O

A

29 (2'-succinil-DTX) 30 (2'-sulfo-succinil-DTX)31 (ALN-Glu-succinil-DTX)

f

ii)

iii)

v)

vi)

e

HO

OOH

O

OH

O

O

OO

3' 2'

13

10

2

7

NH

P

POH

O

O

OHOH

OHOH

A

O

NH

O

O

O

O

O

HN O

NH

O O

HN

P

POH

O

O

OHOH

OHOH

NNHFmoc

N

N

g

A

O

NH

O

O

O

O

O

HN O

NH

O O

HN

P

POH

O

O

OHOH

OHOH

NNH2

N

N

Capítulo 2

121

intermediário 2’-succinil-DTX (29) foi sintetizado através da reacção do docetaxel com

anidrido succínico, na presença de DMAP [4-(dimetilamino)piridina] e piridina seca,

durante 24 h à temperatura ambiente [173]. Após a adição de acetato de etilo e de

uma solução de H2SO4 0,01 % (m/v) e agitação durante 30 min, a fracção orgânica foi

separada e lavada com H2SO4 0,01 % (m/v) e água. O composto 29 foi obtido, com um

rendimento de 42 %, após purificação por cromatografia de sílica gel, com um

gradiente de 50 - 100 % de acetato de etilo/n-hexano. A activação do ácido carboxílico

após reacção com NHS-sulfo (N-hidroxi-3-sulfo-succinimida) e EDC (1-etil-3-(3’-

dimetilamino)carbodiimida clorohidratada) em DMSO:DMF (70:30) foi seguida por TLC

(30: Rf = 0,52 em clorofórmio:metanol, 80:20). A conjugação através da função α-NH2

de 28 foi realizada numa mistura de DMSO, DMF e tampão fosfato pH 7,4, à

temperatura ambiente, durante 18 h [173]. O composto ALN-Glu-succinil-DTX (31) foi

identificado por ESI-MS, juntamente com algum DTX ([M - H]- 806,6) e outros produtos

secundários (29: [M-H]- 906,5) (figura 2.40).

Figura 2.40 - Espectro de massa no modo negativo do composto 31 (impuro), obtido com

ionização por electrospray.

O espectro de ESI-MS, em modo negativo, mostra a presença de dois picos

devidos ao composto ALN-Glu-succinil-DTX (31): [M-H]-, a m/z = 1356,7 e [M - 2H]2-, a

m/z

(29) [M - H]

- 906,5

(31) [M - H]

- 1356,7

(Docetaxel) [M - H]

- 806,6

(31) [M - 2H]

2- 677,9

(?) 1057,7

0

Intens. x105

4

2

1200 1000 800 600 1400

Compostos Multifuncionais Osteotrópicos para Aplicação Terapêutica: Estratégias de Derivatização de Bisfosfonatos

122

m/z = 677,9. As impurezas encontradas foram: o docetaxel a m/z 806,6 e o composto

29 [M - H]- a m/z 906,5.

O baixo rendimento de 31 e o número de passos envolvidos nesta estratégia,

fizeram-nos abandoná-la.

A estratégia V foi a última estratégia explorada para a síntese do ligando

trifuncional utilizando o ácido glutâmico. Nesta via de síntese, a função α-COOH do

ácido glutâmico conjuga-se ao alendronato, seguindo-se conjugação do composto

pz(Fmoc)-COOH à função α-NH2 e a ligação do DTX através da função γ-COOH

(esquema 2.16).

Esquema 2.16 - Síntese dos compostos 33 e 35 e estratégia para a síntese do composto j.

i) 1. TFF/DCC, diclorometano, 18 h; 2. ALN, NEt3, acetonitrilo/tampão borato pH 9,4 (0,1 M), 2 d; ii) 20 % piperidina, DMF, t.a., 30 min; iii) TFA, t.a., 2 h. iv) 9-fluorenilmetilcloroformato, Na2CO3, THF/H2O, 24 h; v) HBTU/HOBt, DMF/H2O, NMM; t.a., 24 h; vi) Docetaxel, DCC, 4-(dimetilamino)piridina, DMF, 24 h. vii) TFA, t.a..

Começámos por sintetizar o composto 32 por activação do carboxilato α-COOH

do precursor tBu-Glu-Fmoc, e conjugação sucessiva com o aminobisfosfonato (ALN),

N NH

FmocNN

COOH

O

NH

O

NO

P OH

POH

O OH

OHOH

OH

32

Fmoc

O

NH

O

OHO

Fmoc

tBu-Glu-Fmoc

O

NH2

O

NO

P OH

POH

O OH

OHOH

OH

33

N NH2NN

COOH

NNHBoc

NN

COOH

7 34 35

i) ii)

iii) iv) v)

NNHFmoc

N

N

h

HN

NH

O

O

P

P

OHOH

OHO

HO

OOH

O

O

na presença de trietilamina,

dias. A purificação da mistur

para o composto 24, permit

77 %. A reacção de hidrólise

de 20 % de piperidina em D

acético - 80:8:2) e após 3

evaporação do solvente e la

33 com um rendimento de 8

Na análise por RMN

espécies, que com base na

figura 2.41 encontra-se o es

Figura 2.41 - Espectro de RM

A pureza deste comp

(figura 2.42). Neste espectro

435,3 do composto 33 [m/z

3.504.00

f f

ina, em acetonitrilo e tampão borato pH 9,4 (0,1

istura reaccional foi realizada conforme descrito

rmitindo a obtenção do composto 32 com um

ólise do grupo Fmoc foi realizada na presença d

m DMF. Esta reacção foi seguida por TLC (CHCl

s 30 min à temperatura ambiente, estava co

e lavagem do resíduo com clorofórmio, obteve

de 85 %.

MN de 1H do composto 33 foi observada a exis

na estrutura do composto assumimos serem

o espectro de RMN de 33.

e RMN de 1H do composto 33 em D2O.

omposto pôde ser confirmada por ESI-MS, em

ectro aparece um único pico correspondente a

m/z (calculado) = 435,1 para C13H29N2O10P2].

1.52.002.503.00

c/b

t-Bu

d, h

g g’

Capítulo 2

123

(0,1 M), durante 2

rito anteriormente

um rendimento de

ça de uma solução

HCl3:metanol:ácido

a completa. Após

eve-se o composto

existência de duas

em rotâmeros. Na

em modo positivo

a [M + H]+ a m/z

1.50 ppm

c/b

Bu

t-Bu

Compostos Multifuncionais Osteotrópicos para Aplicação Terapêutica: Estratégias de Derivatização de Bisfosfonatos

124

Figura 2.42 - ESI-MS (+) do composto 33.

Este comportamento não foi observado para nenhum dos compostos ácido

glutâmico/alendronato (32, 24 e 25), porque provavelmente a presença de grupos

protectores (Boc ou Fmoc) impede a rotação em torno da ligação C-N do grupo amida.

A reacção de conjugação do composto 33 através da função α-NH2 com o

composto pz(Fmoc)-COOH (35) (esquema 2.16) foi efectuada utilizando HBTU, HOBt e

N-metilmorfolina, em DMF/H2O, à temperatura ambiente durante 24 h. A tentativa de

purificação por Sep-Pak não permitiu garantir com certeza a formação do composto

conjugado pretendido.

Como alternativa estudámos esta reacção em micro-ondas, e testámos um

conjunto de condições reaccionais, nomeadamente a composição do solvente,

temperatura, potência e tempo de reacção. No entanto, também não foi possível

obter o produto h (esquema 2.16) pois este não se formou em quantidade suficiente

para a sua caracterização.

Foi ainda efectuada uma última experiência utilizando o composto pirazolo-

diamina funcionalizado com um carboxilato na posição 4. A conjugação do

m/z

434,00 436,00 438,000,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

200 450 400 350 300 250

[M + H]+

435,3

Intens. x105

6

4

1

0

m/z

2

5

3

500 550 600 650

m/z mais abundante

calculado para C13H29N2O10P2

435,1

436,1 437,1

Capítulo 2

125

aminobisfosfonato ao composto pz4-COOH foi realizada conforme indicado no

esquema 2.20.

Esquema 2.17 - Síntese do composto 36.

i) 1. TFF/DCC, diclorometano, 18 h; 2. ALN, NEt3, DMF/tampão borato pH 9,4 (0,1 M), 2 d;

Começámos por sintetizar o precursor pz4-COOH conforme descrito na

literatura [174]. A activação do carboxilato de pz4-COOH foi realizada por reacção com

DCC e TFF, em diclorometano e à temperatura ambiente durante 24 h. A solução

sobrenadante foi separada da N,N’-diciclohexilureia que precipitou e o solvente

evaporado em vazio. O sólido obtido reagiu com o alendronato em

acetonitrilo/tampão borato pH 9,4 (0,1 M), na presença de trietilamina durante 4 dias.

A mistura reaccional foi seca em vazio e o sólido obtido foi purificado por Sep-Pak C18

levando à obtenção do composto 36 com um rendimento de 49 %. Por questões de

tempo não nos foi possível avançar com este composto, mas os resultados obtidos

indicam que esta estratégia parece viável para que possamos chegar a um dos

produtos finais desejados.

2.4.3 Síntese e caracterização do complexo Tc7

A capacidade de estabilização do fragmento fac-[99mTc(CO)3]+ utilizando o

ligando L7 foi avaliada e estudado o comportamento biológico do produto final.

A síntese do complexo Tc7 foi realizada conforme indicado no esquema 2.18

através da reacção do ligando L7 com o precursor fac - [99mTc(H2O)3(CO)3]+.

NHN

O

ON

O NH

P

P

OHO

O

OHOH

OHOH

N

O

OEt

36

N

pz4-COOH

HN

O

ON

O OH

N

O

OEt

i)

Compostos Multifuncionais Osteotrópicos para Aplicação Terapêutica: Estratégias de Derivatização de Bisfosfonatos

126

Esquema 2.18 - Síntese do complexo Tc7.

Esta reacção foi optimizada em termos da concentração de ligando,

temperatura e tempo de reacção. O complexo Tc7 foi obtido com um rendimento

superior a 92 %, utilizando uma concentração final de ligando de 1 x 10-4 M,

temperatura igual a 100 °C, meio salino durante 30 min. Após injecção no HPLC da

preparação obtida, imediatamente após o arrefecimento da mistura reaccional em

banho de gelo, obteve-se um pico (tR = 12,3 min) correspondente a ca. 92 % da

actividade injectada e aos 14 minutos observa-se uma espécie não identificada que

correspondia a ca. de 8 % de actividade injectada (figura 2.43).

Figura 2.43 - Cromatogramas de RP-HPLC do complexo Tc7 (detecção γ). *impureza.

Uma vez que o complexo análogo de Re não foi sintetizado não foi possível

confirmar a identidade estrutural do complexo Tc7. No entanto, os resultados obtidos

Tc7

Tc

OCCO

CO

N

N

NH2TcOC

COCO

H2OOH2

OH2

+

L799m

N

NH

NH

O

NH2

O

P OH

P

OHO

OH

OH

OHO

+

ácidoglutâmico

Tc7

12,3 min

5 10 15 20 25 Tempo (min) 0

* (tR = 14,0 min)

Capítulo 2

127

com os complexos anteriores Tc1 - Tc2 e Tc4 - Tc6 indicaram que a unidade pirazolo -

diamina estabilizava o fragmento organometálico de Tc(I), mesmo quando ligada a

grupos fosfonatos que poderiam, eventualmente, competir na ligação ao metal.

A lipofilia/hidrofilia (Log D) do complexo Tc7 também foi determinada através

do cálculo dos coeficientes de partição no sistema n-octanol/solução tampão fosfato

salino, utilizando o método descrito na literatura [121]. O valor determinado (-2,66 ±

0,06) indicou que Tc7 era fortemente hidrofílico.

Por electroforese, realizada a pH 7,2 (tampão fosfato salino 0,2 M), concluiu-se

que a carga global de Tc7 era negativa, uma vez que o complexo migrou (1,2 cm) para

o pólo positivo.

2.4.4. Avaliação biológica do complexo Tc7

2.4.4.1. Estudos in vitro

2.4.4.1.1. Adsorção à hidroxiapatite (HA)

Os ensaios de adsorção à hidroxiapatite foram realizados para avaliar o efeito

do ácido glutâmico. Os resultados de ligação à HA encontram-se resumidos na tabela

2.16.

Tabela 2.16 - Percentagem de ligação à hidroxiapatite determinada a 37 °C para o

complexo Tc7, em função da massa de HA, e do tempo de incubação.

HA (mg)

% Ligação à HA 1h após incubação

Tempo (h)

% Ligação a 15 mg de HA

2,5 60,6 ± 4,06 0 71,75 ± 0,64

10 70,7 ± 2,26 1 82,35 ± 4,31

50 74,85 ± 5,44 2 82,3 ± 2,83

4 82,05 ± 1,48

Compostos Multifuncionais Osteotrópicos para Aplicação Terapêutica: Estratégias de Derivatização de Bisfosfonatos

128

À semelhança do que se concluiu anteriormente para Tc5 e Tc6, o complexo Tc7

também apresentou uma ligação à HA elevada e rápida, atingindo valores da ordem de

grandeza dos encontrados para Tc5 e Tc6.

2.4.4.1.2. Estabilidade em Cisteína e Histidina

Determinou-se também a estabilidade de Tc7 na presença de cisteína e

histidina (figura 2.44).

Figura 2.44 – Estrutura química da cisteína e da histidina.

Estes dois aminoácidos existem na composição de proteínas em circulação

sanguínea e possuem na sua estrutura grupos funcionais susceptíveis de coordenar à

unidade fac-[99mTc(CO)3]+.

Analisando se ocorre transquelatação do ligando L7 com a cisteína ou a

histidina, é possível prever a potencial instabilidade in vivo do complexo Tc7. Para esse

efeito, adicionou-se ao complexo Tc7, em condições fisiológicas (tampão fosfato, pH

7,4; 37 °C), um grande excesso de cisteína ou histidina (100:1). Na realização destes

ensaios utilizaram-se alíquotas de 100 µl do complexo Tc7 e 900 µl de uma solução de

cisteína ou histidina (10-3 M) em tampão PBS (pH 7,4). A estabilidade do complexo Tc7

foi monitorizada através da análise por HPLC de alíquotas retiradas após 1, 3 e 24

horas (figura 2.45).

Figura 2.45 - Cromatogramas

histidina (detecçã

Os cromatogramas o

retenção era idêntico ao do

este complexo era estável na

Estas conclusões for

retenção dos complexos d

transquelatação com as mo

reacção do precursor

concentração final 10-4 M, c

retenção para os complexos

9,95 min, respectivamente.

A) tR = 12,3 min

5 10 15 0

as de RP-HPLC do complexo Tc7, na presença de

ecção γ).

as obtidos apresentaram um pico maioritário c

o do complexo Tc7 (tR = 12,3 min), pelo que

el na presença de ambos os aminoácidos.

foram confirmadas através da determinação

s de 99mTc que eventualmente se formariam

s moléculas de cisteína e histidina. Para isso,

r fac-[99mTc(H2O)3(CO)3]+ com estes amino

M, com aquecimento a 75 °C durante 30 min.

exos formados com a cisteína e a histidina eram

te.

B) tR = 12,3 min

1 h

3 h

24 h

5 10 15 0 20 25 Tempo (min)

Capítulo 2

129

de A) cisteína e B)

rio cujo tempo de

concluímos que

ção do tempo de

riam se ocorresse

so, procedeu-se à

inoácidos numa

in. Os tempos de

ram de 6,30 min e

1 h

3 h

24 h

20 25 Tempo (min)

Compostos Multifuncionais Osteotrópicos para Aplicação Terapêutica: Estratégias de Derivatização de Bisfosfonatos

130

2.4.4.2. Estudos In Vivo

2.4.4.2.1. Biodistribuição em ratinhos CD-1

O comportamento biológico do complexo Tc7 foi avaliado em ratinhos CD-1

(Charles River), injectados com 100 µl (7,0 – 18,5 MBq) de uma solução de Tc7, na veia

da cauda, de acordo com o procedimento descrito anteriormente para Tc5 e Tc6.

A distribuição nos tecidos, expressa em percentagem da actividade injectada

por grama de órgão (% A.I./g órgão), e a excreção total expressa em % A.I., encontram-

se na tabela 2.17.

A característica mais relevante observada, através da análise destes resultados,

diz respeito à fixação preferencial de Tc7 no osso e no rim. A fixação óssea de Tc7 foi

significativamente superior [14,7 ± 2,5 % A.I./g osso 4 h p.i.], à encontrada para Tc5

[4,7 ± 0,9 % A.I./g osso 4 h p.i.] e Tc6 [9,7 ± 1,7 % A.I./g osso 4 h p.i.] na mesma espécie

animal. No entanto, ao contrário do que se verificou para Tc5 e Tc6, Tc7 apresentou

uma fixação renal demasiado elevada [16,2 ± 1,1 % A.I./g órgão 1 h p.i.; 13,8 ± 3,0 %

A.I./g órgão 4 h p.i.]. Apesar de Tc7 ser fortemente hidrofílico (Log D = -2,66 ± 0,06),

este resultado pode ser devido à presença de uma função amina livre.

Tabela 2.17 – Resultados de biodistribuição (% A.I./g órgão) e excreção total

(% A.I.) para o complexo Tc7 em ratinhos CD-1.

Tc7 1 h 4 h

Sangue 0,4 ± 0,1 0,12 ± 0,03

Rim 16,2 ±±±± 1,1 13,8 ±±±± 3,0

Fígado 2,8 ± 0,7 2,3 ± 0,8

Intestino 0,7 ± 0,2 1,5 ±0,4

Baço 0,5 ± 0,2 0,7 ± 0,3

Coração 0,33 ± 0,06 0,18 ±0,03

Pulmões 0,8 ± 0,2 0,9 ± 0,2

Estômago 1,0 ± 0,3 0,8 ± 0,5

Músculo 0,4 ± 0,1 0,34 ± 0,04

Osso 14,5 ±±±± 1,0 14,7 ±±±± 2,5

Excreção total

49,6 ± 5,1 57,0 ± 3,4

Capítulo 2

131

Relativamente aos restantes resultados de biodistribuição podemos concluir

que a depuração sanguínea foi rápida. No entanto, devido à elevada retenção renal

observada para o complexo Tc7, a sua excreção total era inferior à encontrada para

Tc5 e Tc6.

2.4.4.2.2. Estabilidade In Vivo

A estabilidade de Tc7 foi avaliada em ratinhos CD-1. Após injecção de Tc7,

foram recolhidas amostras de urina que foram avaliadas por RP-HPLC, após

tratamento adequado (figura 2.46).

Figura 2.46 - Cromatogramas de RP-HPLC de urina de ratinho CD-1, após injecção de Tc7

(detecção γ).

Nos cromatogramas obtidos para as amostras de urina, recolhidas 1 hora

depois da injecção de Tc7, verificámos que o pico principal correspondia ao complexo

inicial, sendo observadas apenas pequenas quantidades de outras espécies

possivelmente resultantes da metabolização do complexo

Tc7

12,3 min

14,0 min

1 h p.i.

4 h p.i

5 10 15 20 25 Tempo (min) 0

Compostos Multifuncionais Osteotrópicos para Aplicação Terapêutica: Estratégias de Derivatização de Bisfosfonatos

132

Tabela 2.18 –Biodistribuição (% A.I./g órgão) e excreção total (% A.I.) de Tc7, com e sem

injecção de probenecide em ratinhos CD-1.

Osso Rim Fígado Excreção

1h 4h 1h 4h 1h 4h 1h 4h

Controlo 14,5 ± 1,0

14,7 ± 2,5

16,2 ± 1,1

13,8 ± 3,0

2,8 ± 0,7

2,3 ± 0,8

49,6 ± 5,1

57,0 ± 3,4

Co-injecção (Probenecide)

5,2 ± 0,9

9,2 ± 0,6

14,0 ± 2,7

9,3 ± 2,2

3,0 ± 0,7

3,5 ± 0,2

54,2 ± 3,6

65,1 ± 2,5

2.4.4.2.3. Estudos de Inibição da Fixação Renal

Uma vez que a fixação óssea do complexo Tc7 foi significativamente superior à

de Tc5 e Tc6, concluímos que a presença do ácido glutâmico não parecia contrariar o

objectivo final do trabalho. Considerámos ainda que, uma vez que Tc7 possuía uma

carga global negativa, a elevada retenção renal deste complexo poderia ser diminuída

através da co-injecção de probenecide, pois existem dados na literatura relativos à sua

acção de inibição da retenção renal [175]. Um dos mecanismos propostos refere a

acção do probenicide como inibidor dos transportadores de aniões orgânicos como

sendo a responsável pela diminuição da reabsorção renal.

Na tabela 2.18 apresentam-se os resultados de biodistribuição nos principais

órgãos envolvidos na eliminação do complexo Tc7 e no osso, expressos em

percentagem da actividade injectada por grama de órgão e a excreção total expressa

em % A.I..

Os resultados obtidos revelaram que apesar de não se ter observado inibição

significativa da fixação renal 1 hora p.i., às 4 horas verificou-se um decréscimo de ca.

30 % da fixação renal. No entanto, também se verificou um decréscimo na fixação

óssea na mesma ordem de grandeza, pelo que este método de inibição com

probenecide não foi conclusivo.

NS

Conclusões e Perspectivas

135

3 – CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

Os radiofármacos 99mTc-HDP, 99mTc-MDP e [188/186Re]HEDP estão indicados na

detecção e tratamento de metástases ósseas, especialmente em casos de cancro da

próstata e da mama. Apesar do seu sucesso clínico, estes radiofármacos apresentam

limitações clínicas e químicas. Sob o ponto de vista clínico, essas desvantagens estão

relacionadas com o tempo de espera até à aquisição da imagem (associado à

eliminação lenta destes radiofármacos), à falta de especificidade para determinadas

doenças e à sua instabilidade in vivo. Ao nível químico, destaca-se o facto destes

radiofármacos serem constituídos por uma mistura de espécies de composição

variável ao longo do tempo. Cada uma dessas espécies possui propriedades biológicas

diferentes, tais como selectividade e estabilidade. Além disso, não está

completamente definido o estado de oxidação do metal e os grupos fosfonato têm

uma função dupla, estabilizando simultaneamente o metal radioactivo e ligando-se ao

Ca2+ da hidroxiapatite, que constitui a matriz inorgânica do osso.

Com vista a obviar estas limitações a estratégia aplicada na concepção de novos

radiofármacos específicos para o osso foi a chamada aproximação bifuncional. Nesta

aproximação utilizou-se um “ligando bifuncional” que contém uma unidade quelante

do tipo pirazolo-diamina para estabilização eficiente do metal e um grupo funcional

para ligação a uma unidade bisfosfonato (BF) com afinidade para o tecido ósseo. Deste

modo, esperava-se que a afinidade para o osso fosse superior, comparativamente à

dos complexos em que o BF é utilizado simultaneamente para estabilizar o metal

radioactivo e ligar-se ao osso.

Assim, o primeiro objectivo deste trabalho era a síntese e a caracterização

biológica de complexos de M(CO)3 (M = 99mTc, Re) contendo um grupo funcional, com

propriedades químicas e biológicas adequadas para a imagiologia óssea. Para o

concretizar, prepararam-se os ligandos bifuncionais L1 - L6 (esquema 3.1), que contêm

uma unidade quelante do tipo pirazolo-diamina para estabilização do fragmento

metálico M(CO)3 (M = 99mTc, Re) e uma unidade com capacidade osteotrópica.

Conclusões e Perspectivas

136

Os compostos L1 - L3 contendo uma unidade monofosfonato foram obtidos por

alquilação da amina secundária do precursor 3 com os respectivos

bromoalquilfosfonatos. Os compostos L4 - L6, com uma unidade bisfosfonato foram

sintetizados por conjugação dos aminobisfosfonatos AMDP (1-amino-1,1-

metileno)bisfosfonato de etilo, PAM (pamidronato) e ALN (alendronato) ao carboxilato

do precursor 7, através de uma ligação amida (esquema 3.1).

Esquema 3.1 - Síntese dos ligandos bifuncionais L1 - L6.

Complexos do tipo fac-[Re(CO)3(κ3-L)]+ (Re1, L = L1; Re2, L = L2; Re4, L = L4;

Re5, L = L5; Re6, L = L6) foram sintetizados por reacção directa dos respectivos

ligandos com os precursores [ReBr(CO)5] (Re1 e Re2, esquema 3.2) ou por via

indirecta, por conjugação do aminobisfosfonato correspondente à função carboxilato

do precursor fac-[Re(CO)3(κ3-pzCOOH)]Br (Re4 - Re6, esquema 3.3).

O complexo Re4 foi também sintetizado por reacção directa do ligando L4 com

o precursor (NEt4)2[ReBr3(CO)3], afastando-se assim a hipótese de qualquer interacção

entre o metal e a unidade bisfosfonato.

Capítulo 3

137

Esquema 3.2 - Síntese dos complexos Re1, Re2, com a unidade monofosfonato.

Esquema 3.3 - Síntese de Re4 - Re6 com unidades bisfosfonato.

CO

Re

Br

OC CO

OC CO

Re

OCCO

CO

NN N

NH2

P

+

O OEtOEt

Re

OCCO

CO

NN N

NH2

P

+

O OHOH

Re1

Re2

= 96 %

= ~36 %

L1

L2

[Re(CO)3( 3-pzCOOH)]+

Re4

Re

OCCO

CO

NN N

NH2

O

HN P

POO

HO OH

OHOH

+

Re5

Re

OCCO

CO

NN N

NH2

O

HN

PP

OH

O

OHO

-O

O-

HO

+

Re6

Re

OCCO

CO

NN N

NH2

O

PP

OH

O

OHO

-O

O-

OH

HN

+

Re

OCCO

CO

NN N

NH2

O

OH

+X

X XRe

OC COCO

Re

OCCO

CO

NN N

NH2

O

HN P

POO

EtO OEt

OEtOEt

+

[Re(CO)3( 3-pzAMDP]+

AMDP ALNPAM

pzCOOH

= 54 % = 24 % = 40 %

~ 100 %(RMN)

L4

= 66 %

= 71 %

+/-2

X = H2O, Br

Conclusões e Perspectivas

138

Os complexos Re1

analíticas usuais em química

RMN, espectroscopia de IV

alta eficiência em fase reve

adequados para análise p

estrutura de raios - X do c

ligação relevantes.

Figura 3.1 - Estrutura de raios

Os resultados obtido

resultados obtidos pelas o

ligando L2 coordena ao cen

metálico apresenta um núm

octaédrica distorcida. Nessa

definem uma das faces tri

ocupadas pelos três átomos

Por reacção de L1, L2

precursor fac-[99mTc(H2O)3(C

fac-[99mTc(CO)3(κ3-L)]+ (Tc1

rendimentos e pureza radioq

Re

N3

N1 N

N2

C2

C3O3

O2

e1, Re2, Re4 - Re6 foram caracterizados

mica inorgânica, nomeadamente através de esp

e IV, análise elementar C,H,N e por cromatogr

reversa (RP-HPLC). No caso de Re1, foi possíve

e por difracção de raios-X. Na figura 3.1

o catião do complexo Re1 e alguns ângulos e

ios - X do catião do complexo Re1 e ângulos e distân

tidos por cristalografia de raios-X foram consis

as outras técnicas de caracterização, conclui

centro metálico através dos três átomos de a

número de coordenação seis e geometria de

essa estrutura, os três átomos de carbono do

s triangulares do octaedro e as restantes três

mos de azoto do ligando tridentado.

L2, L4 - L6 (concentração final: 5 x 10-5 M - 1 x

(CO)3]+ (100 °C, 30 min), obtiveram-se os com

c1, L = L1; Tc2, L = L2; Tc4, L = L4; Tc5, L = L5; Tc

dioquímica elevados (95 - 98 %) (esquema 3.4).

Re – C1: 1,895(9) Å C2 – Re1

Re –C2: 1,895(10) Å C1 – Re1

Re –C3: 1,876(11) Å C1 – Re1

Re –N1: 2,201(6) Å

Re –N3: 2,258(6) Å

Re –N4: 2,176(6) Å

P

N4

C1 O1

2

os pelas técnicas

espectroscopia de

tografia líquida de

sível obter cristais

apresenta-se a

los e distâncias de

stâncias de ligação.

nsistentes com os

luindo-se que o

e azoto. O centro

a de coordenação

o dos ligandos CO

três posições são

1 x 10-4 M) com o

complexos do tipo

Tc6, L = L6), com

).

e1 – N3: 176,1(4)°

e1 – N1: 178,1(3)°

e1 – N3: 91,2(3)°

Capítulo 3

139

Esquema 3.4 - Síntese dos complexos Tc1, Tc2, Tc4 - Tc6.

A caracterização estrutural dos complexos de 99mTc efectuou-se por comparação

dos seus tempos de retenção nos cromatogramas de RP-HPLC com os dos complexos

análogos de Re [Tc1/Re1: 16,3 min/15,8 min; Tc2/Re2: 11,4 min/10,8 min; Tc4/Re4:

13,2 min/13,9 min; Tc5/Re5: 12,0 min/11,9 min; Tc6/Re6: 14,2 min/13,8 min].

Os valores de log D encontrados indicaram que o complexo Tc1 era

moderadamente lipofílico (log D = 0,08), enquanto Tc2, Tc5 e Tc6 apresentavam maior

hidrofilía [log D = -1,67 (Tc1); -2,00 (Tc5); -1,94 (Tc6)], certamente devido à presença

dos ácidos mono- e bisfosfónicos.

Os complexos Tc1 e Tc2 revelaram-se bastante estáveis in vitro, tal como

demonstrado por estudos de estabilidade em tampão fosfato salino, NaCl 0,9 % e soro

humano. O comportamento biológico de Tc1 e Tc2 foi avaliado em ratinhos CD-1 e os

resultados obtidos são apresentados sob a forma de histograma na figura 3.2.

Tc

OCCO

CO

NN N

NH2

P

+

O OEtOEt

Tc

OCCO

CO

NN N

NH2

P

+

O OHOH

Tc1 Tc2

= 96 % = 98 %

OH2H2O OH2Tc

OC COCO

99m

99m 99m

Tc5

Tc

OCCO

CO

NN N

NH2

O

HN

PP

OH

O

OHO

-O

O-

HO

+

Tc4

Tc

OCCO

CO

NN N

NH2

O

HN P

POO

HO OH

OHOH

+

99m 99m

= 96 % = 95 %

Tc6

Tc

OCCO

CO

NN N

NH2

O

PP

OH

O

OHO

-O

O-

OH

HN

+

99m

= 95 %

L4 L5L6L1

L2

Conclusões e Perspectivas

140

Figura 3.2 – Resultados de biodistribuição (% A.I./g órgão) dos complexos Tc1 e Tc2.

Os complexos Tc1 e Tc2 não possuem capacidade de fixação óssea, nem sofrem

acumulação em nenhum órgão ou tecido em particular, à excepção dos que estão

relacionados com as vias de excreção, nomeadamente o fígado, o intestino e o rim. A

depuração sanguínea foi rápida para ambos, mas a excreção da actividade total foi

mais rápida para Tc2 (52,7 ± 2,5 e 64,0 ± 6,3 %, 1h e 4h p.i., respectivamente). Estes

resultados correlacionam-se com o carácter mais hidrofílico de Tc2 em comparação

com Tc1.

Quanto a Tc5 e Tc6, os estudos de adsorção à HA in vitro, permitiram concluir

que a capacidade osteotrópica destes complexos era semelhante à de 99mTc-MDP

estudado nas mesmas condições. Os valores da percentagem de ligação encontrados

para 20 mg de HA após 4h de incubação a 37 °C foram próximas: 81,6 ± 1,5 % para Tc5,

80,4 ± 1,4 % para Tc6 e 97,7 ± 1,2 % para 99mTc-MDP.

A farmacocinética dos complexos Tc4 - Tc6 e do composto padrão 99mTc-MDP

(gold standard) foi avaliada em ratinhos CD-1 (figura 3.3).

0

5

10

15

20

25

1 h4 h

1 h4 h

% A

.I./

g ó

rgão

Osso

Músculo

Sangue

Rim

Fígado

Intestino

Tc2

Tc1

Capítulo 3

141

Figura 3.3 - Biodistribuição (% A.I./g órgão) de Tc4 - Tc6 e 99mTc-MDP, em ratinhos CD-1.

Concluímos que os complexos Tc4 - Tc6 e 99mTc-MDP apresentavam uma

fixação preferencial no osso, com um longo tempo de permanência neste tecido e a via

de eliminação dos quatro complexos era essencialmente renal. O complexo Tc6 foi o

que apresentou uma acumulação óssea mais próxima do 99mTc-MDP, principalmente

1h p.i. (17,3 ± 1,5 %, Tc6 e 17,1 ± 2,4 %, 99mTc-MDP).

Através dos resultados de fixação óssea, das razões alvo/não alvo e da excreção

total da actividade injectada apresentados na tabela 3.1 podemos ainda fazer uma

comparação entre os três complexos Tc5, Tc6 e 99mTc-MDP que apresentaram maior

fixação óssea.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

1 4 1 4 1 4 1 4

Sangue Músculo Intestino Rim Fígado Osso

Tc4

Tc5

Tc6

Tempo [h]

% A

.I./

g ó

rgão

99mTc-MDP

Conclusões e Perspectivas

142

Apesar dos complexos Tc5 e Tc6 possuírem uma unidade bisfosfonato com um

grupo hidroxilo na posição geminal, verificou-se que a acumulação óssea de Tc5 foi

inferior à de Tc6 [Tc5: 4,6 ± 0,7 % A.I./g, 1h p.i.; 4,7 ± 0,9 % A.I./g, 4h p.i.; Tc6: 12,7 ±

0,9 % A.I./g, 1h p.i.; 9,7 ± 1,7 % A.I./g, 4h p.i.]. Deve salientar-se o facto dos estudos

de biodistribuição de Tc5 terem sido obtidos em ratinhos com massa superior aos

utilizados para os ensaios com os restantes complexos. As diferenças observadas

reflectem-se sobretudo nos valores de acumulação da actividade injectada expressos

em % A.I./g órgão. Tendo em conta este facto e comparando os valores obtidos em

termos de % A.I., concluimos que as diferenças observadas entre os valores de fixação

óssea, em ratinhos CD-1, dos complexos Tc5 [18,5 ± 1,2 % A.I. 1h p.i.; 18,7 ± 2,8 % A.I.

4h p.i.] e Tc6 [30,3 ± 1,3 % A.I. 1h p.i.; 22,8 ± 2,2 % A.I. 4h p.i.] são inferiores.

Em ratinhos CD-1, apesar da acumulação óssea de Tc5 ser inferior à de Tc6 e de

99mTc-MDP, verificou-se uma razão osso/músculo ligeiramente superior para Tc5 às 4h

p.i. [Tc5: 56,3 ± 10,5; Tc6: 46,6 ± 3,5; 99mTc-MDP: 45,6 ± 8,6]. A excreção total da

actividade injectada foi elevada e comparável para os três complexos, sendo também

ligeiramente superior para Tc5 [64,5 ± 1,4 % A.I. 1h p.i.; 67,3 ± 3,6 % A.I. 4h p.i.]. O

facto de Tc5 e Tc6 serem eliminados essencialmente por via renal, apresentarem uma

excreção total favorável e rápida depuração sanguínea está provavelmente

relacionado com o seu forte carácter hidrofílico [Log D (Tc5) = -2,00 ± 0,02; Log D (Tc6)

= -1,94 ± 0,02].

Tabela 3.1 – Avaliação biológica in vivo de Tc5, Tc6 e 99mTc-MDP em ratinho CD-1.

Tc5 Tc6 99mTc-MDP

Fixação Óssea

(% A.I./g)

1h 4,6 ± 0,7 12,7 ± 0,9 12,7 ± 2,7

4h 4,7 ± 0,9 9,7 ± 1,7 12,7 ± 1,4

Osso

Sangue

1h 14,5 ± 2,4 29,3 ± 2,2 67,6 ± 9,0

4h 40,4 ± 10,7 51,7 ± 5,5 84,5 ± 10,4

Osso

Músculo

1h 29,8 ± 8,2 34,6 ± 6,1 34,8 ± 6,6

4h 56,3 ± 10,5 46,6 ± 3,5 45,6 ± 8,6

Excreção total

(% A.I.)

1h 64,5 ±±±± 1,4 58,2 ± 1,1 53,1 ± 5,0

4h 67,3 ± 3,6 63,6 ± 2,2 57,6 ± 1,7

Capítulo 3

143

Pelo facto de Tc5 e Tc6 terem apresentado resultados biológicos mais

promissores em ratinho CD-1, foram escolhidos para prosseguir estudos noutra estirpe

de ratinho (Balb-c, Charles River) (tabela 3.2).

Ao contrário do que se tinha observado em ratinho CD-1, em Balb-c as

diferenças encontradas na fixação óssea de Tc5, Tc6 e 99mTc-MDP foram menos

significativas, principalmente 1h p.i. (18,3 ± 0,6 %, Tc5; 17,3 ± 1,5 %, Tc6 e 17,1 ± 2,4

%, 99mTc-MDP). A via de eliminação era também essencialmente renal e a eliminação

sanguínea e dos tecidos moles era rápida. Os valores das razões osso/músculo para

Tc5 e Tc6 foram significativamente superiores às 4h p.i. (Tc5: 77,7 ± 4,2 ; Tc6: 79,0 ±

2,9) à do 99mTc-MDP (47,9 ± 13,6) e as razões osso/sangue eram próximas,

observando-se para Tc5 um valor ligeiramente superior às 4h p.i. (Tc5: 86,2 ± 9,4; Tc6:

74,7 ± 6,9; 99mTc-MDP: 70,9 ± 9,2).

Em ratinhos Balb-c, os valores de excreção total da actividade injectada

também foram superiores para Tc5 e Tc6, comparativamente ao 99mTc-MDP,

principalmente às 4h p.i. (Tc5: 74,1 ± 0,9; Tc6: 77,2 ± 0,5; 99mTc-MDP: 56,8 ± 0,9).

Os complexos Tc1, Tc2, Tc4 - Tc6 demonstraram elevada estabilidade e

resistência à metabolização em amostras biológicas (urina e soro de ratinho)

recolhidas após injecção destes complexos. Além disso, os complexos não sofreram

Tabela 3.2 – Avaliação biológica in vivo de Tc5, Tc6 e 99mTc-MDP em ratinho Balb-c.

Tc5 Tc6 99mTc-MDP

Fixação Óssea

(% A.I./g)

1h 18,3 ± 0,6 17,3 ± 1,5 17,1 ± 2,4

4h 15,3 ± 0,8 15,2 ± 1,4 19,8 ± 1,5

Osso

Sangue

1h 35,4 ± 0,3 29,8 ± 7,2 41,9 ± 8,1

4h 86,2 ± 9,4 74,7 ± 6,9 70,9 ± 9,2

Osso

Músculo

1h 44,0 ± 8,1 45,5 ± 14,4 31,7 ± 4,0

4h 77,7 ± 4,2 79,0 ± 2,9 47,9 ± 13,6

Excreção total

(% A.I.)

1h 65,6 ± 1,2 66,8 ± 7,6 49,1 ± 6,1

4h 74,1 ± 0,9 77,2 ± 0,5 56,8 ± 0,9

Conclusões e Perspectivas

144

retenção significativa no estômago, indicando que não ocorreu, in vivo, a dissociação

do 99mTc do ligando pirazolilo, com reoxidação a [99mTcO4]-.

As imagens obtidas 2h após administração de Tc5, Tc6 e 99mTc-MDP em ratos

Sprague Dawley, confirmaram o seu potencial como radiofármacos por imagem óssea

(figura 3.4).

Figura 3.4 - Imagem de corpo inteiro de rato Sprague Dawley, 2 h após injecção de Tc5, Tc6 e

99mTc-MDP, obtidas em câmara γ.

Tirando partido dos resultados promissores de Tc5 e Tc6, em termos de

estabilidade in vivo, perfil farmacocinético e fixação óssea, passámos à segunda parte

do trabalho que consistiu na tentativa de síntese de um complexo trifuncional para

aplicação terapêutica. O complexo seria constituído por um ligando tridentado, do tipo

pirazolo-diamina, para estabilizar o fragmento fac-[M(CO)3]+ (M = 188Re ou 186Re)

(emissor β), e teria na sua composição um BF e uma molécula citotóxica (docetaxel).

Esperávamos que a utilização destes complexos multifuncionais pudesse

apresentar vantagens sobre a utilização das actuais terapias múltiplas: quimioterapia

seguida de radioterapia sistémica com um radiofármaco.

Para a síntese dos complexos trifuncionais utilizámos dois tipos de estratégias:

na primeira utilizámos uma molécula de ácido glutâmico para ligação das unidades BF

e docetaxel (DTX) à amina secundária da unidade quelante (figura 3.5 - A) e na

segunda tentámos a ligação destas unidades directamente ao ligando pirazolo

diamina, isto é, à posição 4 do anel pirazolilo e ao carboxilato do braço pendente da

unidade quelante pz4-COOH (figura 3.5 - B).

Tc5 Tc6 99mTc-MDP

Capítulo 3

145

Figura 3.5 - Representação das duas estratégias utilizadas para a síntese de complexos

trifuncionais.

Os resultados obtidos na estratégia com ácido glutâmico conduziram à síntese

do composto L7, (η = 10 %). Neste composto, o BF foi ligado à função α-COOH do

ácido glutâmico e este ligou-se através da função γ-COOH ao grupo NH2 do ligando

pz(Boc)-NH2 (26) (figura 3.6).

Figura 3.6 - Síntese do composto L7 (η = 10 %).

A função NH2 do ácido glutâmico seria para ligaçõa ao docetaxel. O rendimento

da reacção foi relativamente baixo (10 %), mas como a aproximação funcionou

decidiu-se então recomeçar este método utilizando pz(Fmoc)-NH2 e conjugando a este

ligando o ácido glutâmico já com o BF e o docetaxel. O grupo protector Fmoc na amina

primária da unidade quelante, sendo ortogonal do grupo Boc que existe na estrutura

A) B)

Conclusões e Perspectivas

146

do docetaxel, seria facilmente removido sem que tal acontecesse ao grupo Boc do

docetaxel. Assim, de acordo com esta nova estratégia o alendronato ligou-se à função

α-COOH do ácido glutâmico e o docetaxel à função α-NH2 conduzindo à obtenção do

composto ALN-Glu-succinil-DTX (figura 3.7) com baixo rendimento (η = ca. 15 %).

Figura 3.7 - Estrutura química do intermediário ALN-Glu-succinil-DTX.

O baixo rendimento com que obtivemos ALN-Glu-succinil-DTX, e a falta de

tempo, impediram a continuação desta via de síntese e a concretização deste

objectivo.

A reacção de L7 com o precursor fac - [99mTc(H2O)3(CO)3]+ permitiu a síntese do

complexo fac-[99mTc(CO)3(κ3-L)]+ (Tc7, L = L7) com um rendimento superior a 92 % e o

comportamento biológico in vitro e in vivo deste complexo foi avaliado. Os resultados

de adsorção à HA permitiram concluir que a percentagem de ligação de Tc7 a 15 mg de

HA, após 1h de incubação a 37 °C, era 82,4 ± 4,3 %. O composto era também estável in

vitro, na presença de histidina e cisteína. Deste modo, concluimos que a presença do

ácido glutâmico, entre a unidade quelante e o bisfosfonato, não impedia a fixação

óssea desse complexo e levava à obtenção de um complexo estável.

A avaliação deste complexo em ratinhos CD-1 permitiu obter os resultados de

biodistribuição que se mostram na figura 3.8.

Capítulo 3

147

Figura 3.8 - Biodistribuição (% A.I./g órgão) de Tc7 em ratinhos CD-1.

Concluímos que a capacidade de fixação óssea era muito elevada (14,5 ± 1,0

A.I./g osso, 1 h p.i.; 14,7 ± 2,5 % A.I./g osso, 4 h p.i.) e superior a Tc6 (12,7 ± 0,9 %

A.I./g osso, 1 h p.i.; 9,7 ± 1,7 % A.I./g osso, 4 h p.i.). No entanto, observou-se também

uma retenção renal demasiado elevada (16,2 ± 1,1 % A.I./g, 1 h p.i.; 13,8 ± 3,0 %

A.I./g, 4 h p.i.). Este facto poderá estar relacionado com a carga global do complexo e

para investigar isso realizámos estudos de biodistribuição com co-injecção com

probenecide, pois este composto tem sido utilizado como inibidor dos transportadores

de aniões orgânicos levando à diminuição da retenção renal. O estudo de

biodistribuição não foi conclusivo uma vez apesar de termos verificádo um decréscimo

de ca. 30 % na fixação renal 4 horas p.i., também observámos um decréscimo na

fixação óssea na mesma ordem de grandeza.

Uma vez que os resultados biológicos obtidos com Tc7 foram favoráveis, em

termos de fixação óssea e de estabilidade in vitro e in vivo, consideramos que

futuramente deve ser explorada e concretizada a aproximação que iniciámos e que

deverá envolver: a ligação do alendronato à função α-COOH do ácido glutâmico, a

conjugação do pz(Fmoc)-NH2 à função γ-COOH e finalmente a ligação do 2’-succinil-

DTX através da função α-NH2 (figura 3.9).

0

4

8

12

16

20

1 4

Sangue

Músculo

Intestino

Rim

Fígado

Osso

Tempo [h]

% A

.I./

g ó

rgão

Conclusões e Perspectivas

148

Figura 3.9 - Perspectiva para a funcionalização do ácido glutâmico.

A principal dificuldade que encontrámos nesta aproximação foi a ligação do

ácido glutâmico ao aminobisfosfonato, devido à baixa reactividade destes compostos.

Os baixos rendimentos obtidos estão certamente relacionados com a baixa

solubilidade dos BFs em solventes orgânicos e também com o facto do carboxilato α

do ácido glutâmico poder estar sujeito a impedimentos estéreoquímicos devido à sua

proximidade da função α-NH2.

No caso da estratégia do ácido glutâmico, outra via a explorar seria a ligação da

função NH2 de pz(Fmoc)-NH2 ao grupo α-COOH do ácido glutâmio, conjugação do

aminobisfosfonato à função γ-COOH do ácido glutâmico (estereoquimicamente menos

impedida) e finalmente a conjugação do docetaxel ao NH2 do ácido glutâmico (figura

3.10).

Figura 3.10 - Alternativa para a funcionalização do ácido glutâmico.

O

O

NH

O

NNH2

N

N

NH

NH

O

O

P OH

P

OHO

OH

OH

OHO

HN

O O

O

O

HO

O

OH

O

OH

AcOOO

Ph

NNHN

N

NH2

pz(Fmoc)-NH2

NH2

O O

OHHO

ALENDRONATO

H2NP OH

POH

O OH

OHOH

O

3

21

Fmoc

O

HN

O O

O

OO

HO

O

2'-succinil-DTX

HO

OOH

O

OH

O

O

OO

O

O

NH

O

NH

NH

O

O

HN

O

O

O O

HO

O

OH

O

OHAcO

O

O

Ph

P OH

P

OHO

OH

OH

OHO

NNH2

N

N

NNHN

N

NH2

pz(Fmoc)-NH2

NH2

O O

OHHO

ALENDRONATO

H2NP OH

POH

O OH

OHOH

O

21

3

Fmoc

O

HN

O O

O

OO

HO

O

2'-succinil-DTX

HO

OOH

O

OH

O

O

OO

Capítulo 3

149

DTX

Finalmente, ainda nos foi possível explorar outra alternativa para a síntese do

composto trifuncional. Esta alternativa consistiu em utilizar o composto pz4-COOH

(figura 3.11) e em ligar o alendronato ao grupo 4-COOH. Esta síntese foi possível e o

produto resultante dessa conjugação (36) foi obtido com rendimento razoável (49 %).

Figura 3.11 - Síntese de um complexo trifuncional a partir de pz4-COOH.

O passo seguinte seria a remoção do grupo etilo do ligando pirazolo-diamina e

conjugação do carboxilato livre ao docetaxel. Por questões de tempo, este segundo

passo não foi realizado, mas consideramos que é bastante viável e que deverá ser

prosseguido trabalho neste sentido. Obviamente, após a síntese dos ligandos

bifuncionais (pirazolo-diamina/BF/docetaxel) por qualquer das vias atrás referidas

dever-se-ão sintetizar os respectivos complexos de Re e 99mTc(I) e avaliar o

comportamento destes complexos com células e in vivo. Finalmente, dever-se-á

escolher o melhor complexo, preparar o correspondente complexo de 188Re e avaliar o

seu efeito terapêutico face à terapia combinada em utilização.

Conclusões e Perspectivas

150

NS

Procedimento Experimental

Procedimento Experimental

152

Capítulo 4

153

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

4.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

A manipulação de reagentes e compostos sensíveis ao ar e à humidade foi

efectuada sob atmosfera inerte, recorrendo à utilização da linha de vazio e de técnicas

de schlenk.

Os compostos precursores t-butil 2-(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-

il)etilamino)etilcarbamate (3), ácido 4-((2-(t-butoxicarbonilamino)etil)(2-(3,5-dimetil-

1H-pirazol-1-il)etil)amino)butanoico (7), ácido 4-((2-aminoetil)(2-(3,5-dimetil-1H-

pirazol-1-il)etil)amino)butanoico (pz-COOH), [ReBr(CO)5], fac-[Re(Br)3(CO)3](NEt4)2 e

fac-[Re(H2O)3(CO)3]Br foram sintetizados de acordo com os métodos descritos na

literatura [117, 114, 131, 132, 120].

4.2. PURIFICAÇÃO DE SOLVENTES E REAGENTES

Os reagentes e solventes foram utilizados tal como adquiridos sem qualquer

purificação, excepto o trietil fosfito, o diclorometano, o tolueno, a N,N-

dimetilformamida, o metanol e a trietilamina que foram secos e destilados de acordo

com procedimentos descritos na literatura [176], que a seguir se descrevem de forma

resumida.

���� Acetonitrilo: O solvente foi submetido a pré-secagem com CaH2 e destilado, sob

atmosfera inerte, de P2O5 e colocado em contacto prolongado com peneiros

moleculares 3 Å.

���� Diclorometano: O solvente permaneceu em pré-secagem em contacto com CaCl2 e

foi destilado, sob atmosfera inerte, de P2O5 e colocado em contacto prolongado com

peneiros moleculares 3 Å.

���� Metanol: O solvente permaneceu em pré-secagem com peneiros moleculares 4 Å e

foi destilado, sob atmosfera inerte, na presença de magnésio metálico e de iodo

Procedimento Experimental

154

molecular. O solvente destilado manteve-se em contacto com peneiros moleculares

4 Å.

���� Piridina: o solvente manteve-se em pré-secagem com KOH e foi destilado, sob

atmostfera inerte. O solvente destilado manteve-se em contacto com peneiros

moleculares 4 Å.

���� Tolueno: Os solventes permaneceram em pré-secagem com peneiros moleculares 4

Å e foi destilado, sob atmosfera inerte, na presença de sódio usando benzofenona

como indicador.

���� Trietilamina: foi destilada de peneiros moleculares 4 Å, sob atmosfera inerte, e

colocada em contacto com peneiros moleculares 4 Å.

���� Trietilfosfito: Após o tratamento com sódio, para remover água e/ou dialquil

fosfonatos, decanta-se e destila-se a pressão reduzida. Armazena-se em atmosfera

de azoto.

4.3. TÉCNICAS DE PURIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO

Cromatografia em coluna

A cromatografia em coluna foi usada para purificar alguns dos compostos

sintetizados. Utilizou-se sílica-gel (MercK) com granulometria 0,060 mesh. O

enchimento das colunas de vidro foi preparado com uma mistura de sílica-gel e

eluente adequado para permitir a separação do composto pretendido. As fracções

foram separadas através do controlo por TLC e foram concentradas recorrendo a um

evaporador rotativo e à linha de vazio.

Cromatografia em camada fina (TLC)

A cromatografia em camada fina (TLC) foi utilizada para seguir as reacções de

síntese química e para identificar os produtos da reacção. Foram usadas tiras de sílica-

gel F254 em suporte de alumínio (MercK). Foi efectuada a localização e visualização das

manchas dos compostos por irradiação no Ultra-violeta (254 nm), por revelação com

vapor de iodo, com reagente de Dittmer ou com permanganato de potássio. A

detecção de compostos com função amina foi realizada utilizando um revelador de

ninidrina. A detecção de compostos com bisfosfonatos foi realizada com o reagente de

Capítulo 4

155

Dittmer. A detecção de compostos derivados do docetaxel foi realizada com revelador

de permanganato de potássio.

O revelador de ninidrina foi preparado e utilizado da seguinte forma [177]:

A uma solução de ácido acético (5 ml) em metanol (100 ml) adicionam-se 3 g de

ninidrina. Esta solução utiliza-se sob a forma de spray sobre as tiras de TLC que foram

posteriormente aquecidas numa placa de aquecimento (100 ᵒC) até ao aparecimento

das manchas dos compostos com funções amina com cor vermelho-violeta.

O reagente de Dittmer foi preparado e utilizado da seguinte forma [178]:

Solução I: Uma mistura de óxido molibdico (4 g) em ácido sulfúrico

concentrado (100 ml) foi fervida, com agitação contínua, até à dissolução completa

dos reagentes.

Solução II: À solução I (50 ml) foi adicionado molibdénio em pó (0,180 g) que foi

dissolvido com aquecimento.

Solução III: Após arrefecimento das soluções anteriores, adiciona-se 50 ml de

cada uma das soluções I e II. Esta solução permanece estável pelo menos durante um

ano num recipiente fechado.

A detecção de compostos com bisfosfonatos foi realizada utilizando a solução

III (2,5 ml) diluída com água destilada (5 ml) e etanol (7,5 ml). As tiras de TLC foram

levemente humedecidas por vaporização uniforme com esta solução. Após

aquecimento (100 ᵒC) as manchas dos compostos com bisfosfonatos apareciam com

uma cor azul escura que aumentava de intensidade durante o arrefecimento até à

temperatura ambiente após 10 a 15 min. A cor de fundo azul escura desaparece

totalmente e aparecem as manchas azuis intensas.

O revelador de permanganato de potássio foi preparado e utilizado da seguinte

forma [179]:

Dissolvem-se 3 g de KMnO4, 10 g K2CO3 e 300 ml de água. Este revelador é

estável em média durante três meses.

Procedimento Experimental

156

Após mergulhar a placa de TLC nesta solução, compostos do tipo alcenos e

alcino são detectados imediatamente, como manchas amarelas claras num fundo de

cor púrpura claro. Os álcoois, aminas, sulfuretos, mercaptanos e outras funções,

susceptíveis de serem oxidadas, podem ser visualizados após o aquecimento das

placas de TLC depois de imersas na solução de permanganato. As manchas observadas

são amarelas ou castanhas claras num fundo de cor púrpura, ou cor de rosa.

Este revelador foi utilizado para a detecção de compostos derivados do

docetaxel.

Cromatografia instantânea de camada fina - sílica gel (ITLC-SG)

A cromatografia instantânea de camada fina foi utilizada para seguir a cinética

e a eficiência das reacções de síntese dos complexos radioactivos bem como avaliar a

pureza radioquímica das soluções com os complexos de 99mTc. Foram utilizadas tiras de

sílica-gel (Polygram, Macherey-Nagel).

A distribuição da radioactividade nas tiras foi analisada utilizando um detector

Berthold LB 505 acoplado a um radiocromatógrafo.

Os eluentes utilizados para o controlo da pureza radioquímica do 99mTc-MDP

foram a acetona ([99mTcO4]-, Rf = 1; 99mTc-MDP, Rf = 0; espécies hidrolisadas de 99mTc, Rf

= 0) e uma solução de NaCl 0,9% ([99mTcO4]-, Rf = 1; 99mTc-MDP, Rf = 1; espécies

hidrolisadas de 99mTc, Rf = 0) [28].

Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC)

A cromatografia líquida de alta pressão (HPLC) foi usada para efeitos de

purificação e controlo analítico de compostos orgânicos, dos complexos de Re, e

dos complexos de 99mTc. As análises de HPLC foram realizadas num sistema

cromatográfico equipado com uma bomba Perkin-Elmer LC 200 acoplado a dois

detectores em série: um detector UV/Vis regulável LC 290 e a um detector de radiação

γ Berthold LB-507A. As análises químicas e radioquímicas foram feitas utilizando uma

coluna Macherey-Nagel de fase reversa C-18 (nucleosil 10 µm, 250 x 4mm - fluxo: 1

mL/min). As purificações dos compostos foram realizadas utilizando uma coluna semi-

preparativa, EP 250/8 Nucleosil 100-7 C18, Macherey Nagel e uma pré – coluna EP

30/8 Nucleosil 100-7 C18, Macherey Nagel; fluxo 2 ml/min.

Capítulo 4

157

Todos os solventes utilizados eram de qualidade HPLC. A água utilizada foi

bidestilada em aparelho de quartzo. Os solventes utilizados foram filtrados por filtro

Millipore de 0,22 µm e desarejados com hélio ou em banho de ultrassons.

Na sequência de eluição, utilizando os métodos 1, 2 e 3, os gradientes de

utilizados foram os seguintes:

Método 1:

Passo Tempo (min) % A % B

1 0 - 3 100 0

2 3 - 3,1 100 → 75 0 → 25

3 3,1 - 9 75 25

4 9 - 9,1 75 → 66 25 → 34

5 9.1 - 20 66 → 0 34 → 100

6 20 - 24 0 100

7 24 - 26 0 → 100 100 → 0

8 26 - 30 100 0

Método 2:

Passo Tempo (min) A % B

1 0 - 5 90 10

2 5 - 30 90 → 0 10 → 100

3 30 - 34 0 100

4 34 - 35 0 → 90 100 → 10

5 3 - 40 90 10

Método 3:

Passo Tempo (min) % A % B

1 0 - 25 100 0

2 25 - 27 100 → 75 0 → 25

3 27 - 28 75 25

4 28 - 30 75 → 66 25 → 34

Procedimento Experimental

158

Nas análises dos compostos L1, L2, Re1, Tc1, Re2 e Tc2, utilizou-se a sequência

de eluição do método 1. Os eluentes utilizados foram uma solução 0,1 % de ácido

Trifluoroacético (eluente A) e acetonitrilo (Eluente B).

Nas análises dos compostos Re4, Tc4, Re5, Tc5, Re6, Tc6 e Tc7 utilizaram-se

solventes diferentes e a sequência de eluição do método 1. Os eluentes utilizados

foram uma solução aquosa com 0,5 % de ácido trifluoroacético (eluente A) e uma

solução 0,5 % de ácido trifluoroacético em acetonitrilo (eluente B).

Nas análises e/ou purificação dos compostos fac-[Re(CO)3(κκκκ3-pz-COOH)]+

utilizou-se a sequência de eluição do método 2. Os eluentes utilizados foram uma

solução aquosa com 0,5 % de ácido trifluoroacético (eluente A) e metanol (eluente B).

As misturas reaccionais das sínteses do composto 32 com irradiação por micro-

ondas foram analisadas utilizando a sequência de eluição do método 3. Os eluentes

utilizados foram uma solução aquosa com 0,5 % de ácido trifluoroacético (eluente A) e,

uma solução 0,5 % de ácido trifluoroacético em acetonitrilo (eluente B).

Os cromatogramas dos compostos não radioactivos foram todos obtidos

monotorizando a absorção de UV a λ = 254 nm, à excepção do composto 32 que

apresentava maior absorção de UV a λ = 280 nm.

Purificação utilizando cartuchos Sep Pak C18

A purificação de alguns compostos contendo bisfosfonatos foi realizada

utilizando cartuchos Sep Pak de fase reversa C18 (Waters Co., 12 cc/2 g ou 0,85 cc/360

mg) pré-condicionados de acordo com o protocolo do fabricante. Isto é, os cartuchos

são previamente lavados primeiro com metanol (10 ml, para os de 12 cc/2 g ou 2 ml,

para os de 0,85 cc/360 mg) e depois com H2O (50 ml, para os de 12 cc/2 g ou 5 ml,

para os de 0,85 cc/360 mg). A eluição é feita utilizando um gradiente de metanol/H2O,

começando com H2O, utilizando posteriormente misturas de metanol/H2O (20 – 100

%). A presença de compostos contendo bisfosfonatos foi monitorizada por TLC,

utilizando o reagente de Dittmer como agente de revelação.

Capítulo 4

159

Espectroscopia de ressonância magnética nuclear de 1H, 13C e 31P

Os espectros de RMN foram obtidos num espectrómetro Varian Unity Inova-

300, com uma frequência de ressonância de 300 MHz para o 1H, de 121,5 MHz para o

31P e de 75,5 MHz para o 13C. Os solventes deuterados utilizados foram o CD3OD, o

CDCl3, e D2O. Os desvios químicos dos sinais de 1H e de 13C foram medidos utilizando

como referência interna o desvio químico residual do solvente relativamente ao

tetrametilsilano [CDCl3, δ (ppm): 7,24 (1H); 77,0 (13C)] e [CD3OD, δ (ppm)): 3,30 (1H);

49,0 (13C)]. Os desvios químicos dos sinais de 13C, das amostras dissolvidas em D2O,

foram obtidos usando como referência externa uma solução de 1,4-dioxano (90 %)

[δ (ppm): 69,2]. Os desvios químicos dos sinais de 31P foram obtidos usando como

referência externa uma solução de H3PO4 (85%) [δ (ppm): 0,00].

A atribuição dos desvios químicos foi feita com a ajuda de experiências

bidimensionais de espectroscopia de RMN (correlação homonuclear 1H – 1H, COSY, e

correlação heteronuclear 1H – 13C, HSQC).

Espectroscopia de Infra Vermelho (IV)

Os espectros de IV foram obtidos num espectrómetro Perkin-Elmer 577. As

amostras foram preparadas sob a forma de pastilhas de KBr.

Espectrometria de massa

Os espectros de massa ESI-MS foram obtidos num espectrómetro Bruker HCT

(ITN, Sacavém) pelo Doutor Joaquim Marçalo. O instrumento foi adquirido com o

apoio do Programa Nacional de Reequipamento Científico da Fundação para a Ciência

e Tecnologia e, faz parte da Rede Nacional de Espectrometria de Massa – RNEM.

Análise Elementar C, H, N

A análise elementar de C, H, N foi efectuada através de um analisador

automático Perkin-Elmer 240 ou EA 1110 CE Instruments. As análises foram efectuadas

pelo Sr. António Soares (ITN).

Procedimento Experimental

160

Cristalografia de raios-X de cristal único

Os dados de difracção de raios-X, do complexo Re1, foram obtidos à

temperatura ambiente, num difractómetro automático Enraf-Nonius CAD-4, com

radiação monocromática de Mo Kα (λ = 0,71073 Å). Os cristais foram montados em

capilares de vidro. A correcção empírica da absorção (ψ scans) e a redução de dados

foi efectuada com o programa WINGX [180]. As estruturas foram resolvidas

utilizando métodos directos (SIR97 [181]) e o refinamento foi efectuado com a ajuda

do programa SHELXL–97 [182]. Todos os átomos à excepção do hidrogénio foram

refinados com parâmetros térmicos anisotrópicos, enquanto os átomos de hidrogénio

foram colocados em posições geometricamente idealizadas. A representação gráfica

das estruturas foi efectuada com o programa ORTEP-3 [183].

A resolução e refinamento das estruturas foi da responsabilidade da Doutora

Isabel Cordeiro Santos da Unidade de Ciências Químicas Radiofarmacêuticas do ITN.

Medição da actividade das soluções radioactivas

A actividade das soluções de 99mTc foi medida numa câmara de ionização

(Aloka, Curiemeter IGC-3, Tokyo, Japan). As amostras com menor actividade foram

medidas num contador gama (Berthold, LB2111, Alemanha).

Electroforese [49, 134]

A carga dos complexos radioactivos foi determinada por electroforese.

Foi aplicada uma gota da solução dos complexos radioactivos em tiras de papel

(Whatman 3MM). As tiras de papel foram expostas a uma tensão constante (300 V) e

em contacto com uma solução 0,1M de tampão fosfato salino (pH = 7,2) durante uma

hora. A distribuição da radioactividade nas tiras foi analisada utilizando um detector

Berthold LB 505 acoplado ao radiocromatógrafo, para determinar a migração dos

complexos.

Capítulo 4

161

4.4. SÍNTESE DE COMPOSTOS POTENCIALMENTE ÚTEIS PARA IMAGIOLOGIA ÓSSEA

4.4.1. Síntese de Compostos Contendo o Grupo Éster Fosfónico

4.4.1.1. Procedimento Geral para a Síntese de (3-Bromopropil)Fosfonato de Dietilo (1) e de (2-Bromoetil)Fosfonato de Dietilo (2) [113]

Uma mistura constituída por dibromopropano (0,175 mol; 18 ml) ou

dibromoetano (0,058 mol; 5 ml), e trietilfosfito (POEt3; 1: 0,0175 mol, 3 ml; 2: 0,0117

mol; 2 ml) foi refluxada durante duas (1) ou 17 (2) horas. Os compostos pretendidos

foram obtidos após destilação fraccionada e com controlo de temperatura. Este

procedimento permitiu remover o dibromoalcano em excesso, no caso do

dibromoetano destilou aproximadamente entre os 30 e os 40 ᵒC a pressão

atmosférica, o dibromopropano destilou á mesma temperatura, mas com pressão

reduzida. Os compostos pretendidos destilaram-se no fim aproximadamente entre os

70 e os 90 ᵒC a pressão reduzida.

Br(CH2)3P(O)(OEt)2 (1): (2,53 g, η= 56 %)

1H - RMN (CDCl3, δ (ppm)): 4,11 – 4,02 [m, OCH2CH3, 4H]; 3,43 (t, CH2, 2H); 2,14

– 2,06 (m, CH2, 2H); 1,90 – 1,79 (m, CH2, 2H); 1,28 (t, OCH2CH3, 6H).

31P - RMN (CDCl3, δ (ppm)): 31,19.

Br(CH2)2P(O)(OEt)2 (2): (12,00 g; η= 85 %)

1H - RMN (CDCl3, δ (ppm)): 4,12 – 4,00 [m, OCH2CH3, 4H]; 3,52 – 3,44 (m, CH2,

2H); 2,39 – 2,28 (m, CH2, 2H); 1,28 (t, OCH2CH3, 6H).

31P - RMN (CDCl3, δ (ppm)): 26,16.

Procedimento Experimental

162

4.4.1.2. Síntese de t-butil 2-((3-(dietoxifosforil)propil)(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-il)etil)amino)etilcarbamato (4) e t-butil 2-((2-(dietoxifosforil)etil)(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-il)etil)amino)etilcarbamato (5)

A uma solução de t-butil 2-(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-

il)etilamino)etilcarbamate (3) (1,76 g, 6,23 mmol) e 20,40 mmol de (2-

bromoetil)fosfonato de dietilo ou (3-bromopropil)fosfonato de dietilo em acetonitrilo

(40 mL) foram adicionados K2CO3 (1,37 g; 9,91 mmol) e uma quantidade catalítica de

KI. Após refluxo [4: 20 dias, ou 5: 10 dias], as soluções foram filtradas através de Celite,

e adicionaram-se H2O e diclorometano ao filtrado. A fase orgânica foi separada, e a

fase aquosa foi posteriormente extraída (duas vezes) com diclorometano.

As fases orgânicas foram reunidas, secas com MgSO4 anidro e filtradas, e o

solvente foi evaporado até se obter um resíduo viscoso. Este resíduo foi purificado por

cromatografia em coluna de sílica - gel e o produto foi eluído com um gradiente de 8 –

50 % metanol/acetato de etilo e os compostos foram obtidos na forma de óleos

viscosos amarelo pálidos.

4: (0,32 g; 11 %)

1H RMN [CDCl3, δ δ δ δ (ppm)]: 5,75 [s, H(4)pz, 1H]; 5,40 (s largo, NH, 1H); 4,13–3,99

(m, CH2, 6H (OEt + CH2); 3,11 (s largo, CH2, 2H); 2,79 (s largo, CH2, 2H); 2,52 (s

largo, CH2, 4H); 2,22 (s, CH3, 3H); 2,18 (s, CH3, 3H); 1,62 (m, CH2, 4H); 1,40 (s,

CH3 (Boc), 9H); 1,28 (t, CH3 (OEt), 6H).

31P NMR [CDCl3, δδδδ (ppm)]: 33,1.

5: (0,96 g; 35 %).

1H RMN [CD3OD, δ δ δ δ (ppm)]: 5,82 [s, H(4)pz, 1H]; 4,05 (m, CH2 (OEt), 6H); 3,03 (t,

CH2, 2H); 2,81 (t, CH2, 2H); 2,73 (q, CH2, 2H); 2,54 (t, CH2, 2H); 2,27 (s, CH3, 3H);

4 5

Capítulo 4

163

2,16 (s, CH3, 3H); 1,87(m, CH2, 2H); 1,42 (s, CH3 (Boc), 9H); 1,31 (t, CH3 (OEt),

6H). 31P NMR [CD3OD, δδδδ (ppm)]: 32,8.

4.4.1.3. Síntese de 2-((2-aminoetil)(2-(3,5-dimetil-1H-pirazolo-1-il)etil)amino)etilfosfonato de dietilo (L1)

O grupo protector Boc foi removido por dissolução do composto 5 (0,41 g; 0,92

mmol) em CF3COOH (3 mL), com agitação durante 1 hora à temperatura ambiente.

Após evaporação do solvente, o resíduo foi dissolvido em 30 % de NaOH, e a solução

foi extraída com diclorometano (três vezes). As fracções orgânicas foram reunidas e

secas com MgSO4 anidro, filtrou-se, e o solvente do filtrado foi evaporado na linha de

vazio. O composto foi obtido como um óleo amarelo pálido (0,28 g; 88 %)

1H RMN [CD3OD, δ (δ (δ (δ (ppm)]: 5,82 [s, H(4)pz, 1H]; 4,06 (m, CH2, 6H); 2,78 (m, CH2,

4H); 2,59 (m, CH2, 2H); 2,52 (m, CH2, 2H); 2,26 (s, CH3, 3H); 2,16 (s, CH3, 3H);

1,92 (m, CH2, 2H); 1,32 (t, CH3, 6H).

31P RMN [CD3OD, (ppm)]: 32,8.

IV (KBr, νννν/cm–1): 1553, 1464, 1206 (P=O); 1027, 969, 796.

Tempo de retenção (HPLC de fase reversa, RP-HPLC): 9,5 min.

Procedimento Experimental

164

4.4.2. Síntese de Compostos com um Grupo Ácido Fosfónico

4.4.2.1. Síntese de ácido 2-((2-aminoetil)(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-

il)etil)amino)etilfosfónico (L2) e ácido 3-((2-aminoetil)(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-il)etil)amino)propilfosfónico (L3)

A uma solução de 5 (0,21 g; 0,48 mmol) ou 4 (0,10 g, 0,22 mmol) em

diclorometano seco (2 - 3 ml) a 0 ᵒC foi adicionado brometo de trimetilsilano (5: 0,5

mL; 3,6 mmol ou 4: 0,25 ml; 1,8 mmol). Após agitação à temperatura ambiente

durante 72 horas, as misturas reaccionais foram evaporadas e adicionaram-se metanol

e H2O aos resíduos. Após agitação durante 1,5 horas, o solvente foi removido por

evaporação. Os óleos obtidos foram lavados com diclorometano e os compostos

pretendidos foram obtidos na forma de sólidos brancos.

L2: (0,11 g; 50 %)

1H RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 6,03 [s, H(4)pz, 1H]; 4,35 (s largo, CH2, 2H); 3,37 (s

largo, CH2, 2H); 3,19 (m, CH2, 6H); 2,19 (s, CH3, 3H); 2,12 (s, CH3, 3H); 1,86 (m,

CH2, 2H).

13C RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 150,9 [C(3/5)pz]; 146,1 [C(3/5)pz]; 109,5 [C(4)pz]; 55,5

(CH2); 52,3 (CH2); 45,9 (CH2); 37,7 (CH2); 26,8 (CH2); 25,1 (CH2); 14,2 (CH3); 12,7

(CH3).

31P RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 20,3.

Análise de C,H,N (%) para C11H23N4O3P.2HBr:

Calculada: C, 29,22; H, 5,57; N, 12,39.

Experimental: C; 29,42; H; 5,40; N; 12,28.

Tempo de retenção (RP-HPLC): 8,0 min (Nucleosil 100-10 C18; 1 mL/min;

Eluentes: A - solução aquosa de TFA 0,1 %; B - CH3CN).

IV (KBr, νννν/cm–1): 1634, 1629, 1473, 1384, 1258, 1136 (P = O), 1059 (P – OH).

L2 L3

Capítulo 4

165

L3: (47 mg; 46 %)

1H RMN [CD3OD, δ δ δ δ (ppm)]: 6,07 [s, H(4)pz, 1H]; 4,53 (t, JHH = 6,2 MHz, CH2, 2H);

3,66 (t, JHH = 6,3 MHz, CH2, 2H); 3,56 (m, CH2, 2H); 3,45 (m, CH2, 2H); 3,38 (t, JHH

= 7,5 MHz, CH2, 2H); 2,38 (s, CH3, 3H); 2,28 (s, CH3, 3H); 2,06 (m, CH2, 2H); 1,82

(m, CH2, 2H).

31P RMN [CD3OD, δ δ δ δ (ppm)]: 20,6.

4.4.3. Síntese de Compostos com o Grupo Bisfosfonato

4.4.3.1. Síntese de éster 1-aminometileno-1,1-bisfosfonato de tetraetilo (AMDP) [122, 123]

AMDP

A. Síntese do éster N,N – dibenzilamino-1,1-metilenobisfosfonato de tetraetilo (6):

Num balão de duas tubuladuras, em atmosfera de azoto, adicionou-se

trietilortoformato (36 mmol; 6,1 ml), dietilfosfito (93 mmol; 12,3 ml) e dibenzilamina

(30 mmol; 6 ml). A mistura reaccional permanece em refluxo durante 5 horas. O etanol

que se forma durante a reacção remove-se por destilação e, a mistura reaccional

permanece em refluxo durante a noite.

No dia seguinte, a mistura foi arrefecida em banho de gelo e adicionou-se 300

ml de CH2Cl2. A solução resultante foi lavada, primeiro com uma solução de NaOH 2M

(3 x 60 ml) e, depois com uma solução saturada de NaCl (2 x 75 ml). A fracção orgânica

resultante foi seca com Na2SO4, filtrada e o solvente foi removido por evaporação. O

resíduo resultante foi purificado por cromatografia em coluna de sílica gel e eluído

com gradiente (100 – 0 %) de n-hexano/etanol. O produto foi obtido na forma de óleo

(6,2 g; 43 %).

Procedimento Experimental

166

1H RMN [CDCl3, δ δ δ δ (ppm)]: 7,26 (m, 10 H, 2 x C6H5-CH2); 4,10 [m, 8H (OEt) + 4H

(C6H5-CH2)]; 3,54 (t, 1H, N-CH-P, 2JPH = 25 Hz); 1,32 (m, 12 H, OEt).

31P RMN [CDCl3, δ δ δ δ (ppm)]: 20,54.

B. Síntese do éster 1-aminometileno-1,1-bisfosfonato de tetraetilo (AMDP):

Dissolveram-se 200 mg (0,207 mmol) de 6 em 10 ml de etanol. De seguida,

adicionaram-se 0,053 g de Pd/C. Esta mistura permaneceu em agitação e em refluxo

em atmosfera de azoto durante 24 horas. A suspensão foi arrefecida à temperatura

ambiente, filtrada e o catalizador foi lavado com etanol. A solução de lavagem foi

adicionada ao filtrado. O solvente foi removido por evaporação e o AMDP foi obtido

como um óleo castanho claro (124 mg; 99 %).

1H RMN [CDCl3, δ δ δ δ (ppm)]: 4,19 (m, 8H, OEt); 3,43 (t, 1H, N-CH-P, 2JPH = 20,7);

2,25 (s largo, 2H, H2N-CH-P); 1,27 (m, 12 H, OEt).

31P RMN [CDCl3, δ δ δ δ (ppm)]: 20,63.

4.4.3.2. Síntese de 7-(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-il)etil)-13,13-dimetil-

3,11-dioxo-12-oxa-2,7,10-triazatetradecano-1,1-diilbisfosfonato de tetraetilo (8)

A uma solução de ácido 4-((2-(t-butoxicarbonilamino)etil)(2-(3,5-dimetil-1H-

pirazol-1-il)etil)amino)butanóico (7) (0,100 g; 0,27 mmol) e 1-hidroxibenzotriazolo

(HOBt: 0,036 g; 0,27 mmol) em acetonitrilo (20 mL) a 0–5 ᵒC foi adicionada N,N’-

diciclohexilcarbodiimida (DCC: 0,055 g; 0,27 mmol), e a mistura foi agitada durante 30

min. Após adição de 1-amino-1,1-metilenodifosfonato de tetraetilo (0,082 g; 0,27

mmol) dissolvido em acetonitrilo (aproximadamente 1 mL), a agitação manteve-se

N

O

NH

P

P

OEtOEt

OEt

OEt

N

N

NHH(4)pza

fed

cb

hg

O

O

O O

Capítulo 4

167

durante a noite à temperatura ambiente. A DCU que precipitou foi removida por

filtração através de celite, e o filtrado foi evaporado. O resíduo obtido foi purificado

por cromatografia em coluna de sílica - gel, o produto foi eluído com um gradiente de

2,5 – 15 % etanol/diclorometano e o composto foi obtido na forma de óleo viscoso

amarelado (0,10 g, 58%).

1H RMN [CDCl3, δδδδ (ppm)]: 8,73 (d largo, NH, 1H, 3JHH = 9.0); 5,82 [s, H(4)pz, 1H];

5,19 (td, P–CH–P, 1H, 2JPH = 22,2, 3JHH = 10,2); 4,69 (s largo, NH, 1H); 4,24 – 4,00

(m, CH2, 10H); 2,86 (q largo, CH2, 2H); 2,64 (t largo, CH2, 2H); 2,45 (t largo, CH2,

2H); 2,38 (m, CH2, 4H); 2,23 (s, CH3, 3H); 2,21 (s, CH3, 3H); 1,71 (m, CH2, 2H);

1,38 (s, CH3, 9H); 1,26 (m, CH2, 12H).

31P RMN [CDCl3, δδδδ (ppm)]: 17,5.

4.4.3.3. Síntese de ácido (4-((2-aminoetil)(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-il)etil)amino)butanamido)metilenobisfosfónico (L4)

A uma solução do composto 8 (0,068 g; 0,104 mmol) em diclorometano seco (5

mL) a 0 ᵒC foi adicionado gota-a-gota brometo de trimetilsilano (1,5 mL; 11 mmol). A

mistura atingiu a temperatura ambiente a foi agitada durante 72 horas. O solvente foi

evaporado, e adicionou-se metanol (15 ml) ao resíduo. Após agitação durante 1,5

horas, o metanol foi removido por evaporação e o resíduo foi purificado por

precipitação em metanol e adição de éter etílico. O precipitado foi separado por

centrifugação, lavado com éter etílico e seco na linha de vazio obtendo-se o composto

L4 como sólido branco (0,046 g; 73 %).

N

O

NH

P

P

O

O

OHOH

OH

OH

N

N

NH2H(4)pz

afe

d

cb

hg

Procedimento Experimental

168

1H RMN [D2O, δδδδ (ppm)]: 6,07 [s, H(4)pz, 1H]; 4,38 (t, CH, 1H); 3,68–3,07 (m

largo, CH2, 10H); 2,38 (s largo, CH2, 2H); 2,20 (s, CH3, 3H); 2,15 (s, CH3, 3H); 1,94

(s largo, CH2, 2H).

13C RMN [D2O, δδδδ (ppm)]: 175,9 (COOH); 150,1 [C(3/5)pz]; 147,6 [C(3/5)pz];

109,8 [C(4)pz]; 55,5 (CH2); 53,5 (CH2); 49,7 (CH2); 47,9 (CH); 44,4 (CH2); 37,6

(CH2); 34,6 (CH2); 21,6 (CH2); 13,1 (CH3); 12,4 (CH3).

31P RMN [D2O, δδδδ (ppm)]: 13,7.

Análise de C,H,N (%) para C14H29N5O7P2.2HBr:

Calculada: C, 27,88; H, 5,18; N, 11,61.

Experimental: C, 28,25; H, 5,13; N, 11,25.

IV (KBr, νννν/cm–1): 1647 (C=O), 1527, 1154 (P=O), 1064, 915.

4.4.3.4. Síntese de pamidronato (PAM) e alendronato (ALN) [124]:

Num balão de 250 mL de 3 tubuladuras equipado com um condensador de

refluxo e uma ampola de adição, sob atmosfera de azoto, adicionaram-se 4g (38,8

mmol) de ácido 4-aminobutírico, 3,2 g (38,8 mmol) de H3PO3 e 16 mL de ácido

metanosulfónico. A mistura foi aquecida a 65 ᵒC durante alguns minutos e adicionou-

se PCl3 gota-a-gota durante aproximadamente 30 min. A mistura manteve-se a 65 ᵒC

durante a noite.

No dia seguinte a mistura arrefeceu até à temperature ambiente. Adicionaram-

se 40 ml de H2O arrefecida a 0 – 5 ᵒC, com agitação vigorosa. Adicionaram-se mais 20

ml de H2O destilada e refluxou-se durante 5 h. Ao fim desse tempo arrefeceu-se a

mistura reaccional até à temperatura ambiente e ajustou-se o pH até 4-5 com adição

de uma solução aquosa de NaOH (50%). A mistura reaccional ficou durante a noite no

Pamidronato Alendronato

Capítulo 4

169

congelador, e no dia seguinte separou-se o composto sob a forma de precipitado

branco lavado com 2x10 ml de H2O e 20 ml de etanol.

Pamidronato (pH = 4 – 5): (5,63 g, η= 50 %)

1H - RMN (D2O, δ (ppm)): 3,18 [t, CH2a, 2H], 2,14 (m, CH2

b, 2H).

31P - RMN (D2O, δ (ppm)): 17,52.

13C – RMN (D2O, δ (ppm): 72,3 (t, JC-P = 148 Hz, Cc), 36,70 (t, JC-P = 8 Hz, Cb),

30,69 (s, Ca).

Análise elementar C,H,N (%) para C3H10NNaO7P2.1H2O:

Calculada: C 13,10 %; H 4,40 %; N 5,09 %.

Experimental: C 13,70 %; H 4,75 %; N 5,31 %.

Alendronato (pH = 4 – 5): (11,00 g, η= 87 %)

1H - RMN (D2O, δ (ppm)): 2,88 [s largo, CH2a, 2H], 1,85 (s largo, CH2

b, CH2c, 4H).

31P - RMN (D2O, δ (ppm)): 18.14.

13C – RMN (D2O, δ (ppm): 75,5 (Cd-OH, t, JC-P = 135 Hz), 41,9 (s, CH2a), 32,5 (s,

CH2b), 24,2 (t, JC-P = 7 Hz, CH2

c-COH).

Análise elementar C,H,N (%) para C4H10NNa3O7P2.4H2O:

Calculada: C 14,78 %; H 5,58 %; N 4,31 %.

Experimental: C 14,79 %; H 7,23 %; N 4,50 %.

Procedimento Experimental

170

4.4.3.5. Síntese de ácido 8-(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-il)etil)-16-hidroxi-2,2-dimetil-4,12-dioxo-3-oxa-5,8,13-triazahexadecane-16,16-diilbisfosfónico (10)

A uma solução de ácido 4-((2-(t-butoxicarbonilamino)etil)(2-(3,5-dimetil-1H-

pirazol-1-il)etil)amino)butanóico (7) (0,200 g; 0,54 mmol) e N-hidroxisuccinimida (NHS)

(0,075 g; 0,65 mmol) em diclorometano seco (4 mL) foi adicionada gota – a – gota

N,N’-diciclohexilcarbodiimida (DCC; 0,134 g; 0,65 mmol) à temperatura ambiente, e a

mistura reaccional foi agitada durante 5 horas. A N,N’-diciclohexilureia (DCU) que

precipitou foi removida por filtração e o solvente do filtrado evaporado. O resíduo

obtido foi dissolvido em acetonitrilo (3,5 ml) e usado na reacção seguinte sem mais

purificação. A solução de acetonitrilo foi adicionada gota – a – gota a uma solução de

PAM (0,209 g; 0,82 mmol) em água (150 µl) e trietilamina (3,5 ml). A mistura

reaccional foi agitada à temperatura ambiente e após 24 horas, o PAM que não reagiu

foi separado por centrifugação. O solvente do sobrenadante foi evaporado e o resíduo

foi purificado por cromatografia em coluna de sílica - gel, o produto foi eluído com

CH2Cl2, gradiente de 10 – 100 % metanol/CHCl3 e gradiente de 25 – 100 % amónia

aquosa/metanol para remoção de reagentes de partida e DCU. O composto 10 foi

obtido na forma de óleo viscoso incolor (0,070 g, 22 %).

1H RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 5,82 [s, H(4)pz, 1H]; 4,07 (s br, CH2, 2H); 3,32 (t, CH2,

2H); 3,12 (m, CH2, 2H); 2,76 (m sobreposto, CH2, 4H); 2,24 (m, CH2, 2H); 2,11 (m

sobreposto, CH2 e CH3, 5H); 2,02 (m sobreposto, CH2 e CH3, 5H); 1,69 (m, CH2,

2H); 1,25 (s, CH3, 9H).

31P RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 18,3.

Capítulo 4

171

4.4.3.6. Síntese de ácido 3-(4-((2-aminoetil)(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-il)etil)amino)butanamido)-1-hidroxipropane-1,1-diilbisfosfónico (L5)

Uma solução do composto 10 (0,070 g; 0,12 mmol) em CF3COOH (2 mL) foi

agitada durante 1 hora à temperatura ambiente. Após evaporação do solvente, o

resíduo foi dissolvido em água (1 ml) e purificado por cromatografia utilizando uma

resina de troca catiónica fortemente acídica (Dowex 50 × 4, a eluição foi efectuada

com água, seguida de uma solução aquosa com 10% de piridina). Após evaporação dos

solventes, o resíduo obtido foi dissolvido em água e purificado por cromatografia com

uma resina de troca catiónica fracamente acídica (Amberlite CG50, a eluição foi

efectuada com água) para remover a piridina. O produto L5 foi obtido na forma de

óleo incolor (0,0176 g, 30 %).

1H RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 5,88 [s, H(4)pz, 1H]; 4,21 (t, CH2a, 2H); 3,34 (m

sobreposto, CH2b e CH2

h, 4H); 3,19 (m sobreposto, CH2c e CH2

d, 4H); 2,92 (t,

CH2g, 2H); 2,19 (t, CH2

e, 2H); 2,14 (s, CH3pz, 3H); 2,04 (s, CH3 pz, 3H); 1,99 (m,

CH2i, 2H); 1,76 (m, CH2

f, 2H).

13C RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 176,5 (C=O); 151,6 [C(3/5)pz]; 144,1 [C(3/5)pz]; 108,2

[C(4)pz]; 74,85 (Cj); 55,30 (Cg); 54,34 (Cb); 52,07 (Cc); 45,13 (Ca); 37,48 (Ch);

36,79 (Cd); 34,74 (Ce + Ci); 22,0 (Cf); 14,2 (CH3pz); 12,0 (CH3pz).

31P RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 18,2.

ESI-MS [+]: valor calculado para C16H34N5O8P2 [M + H]+ 486,2; valor

experimental 486,0. Valor calculado para C16H33N5NaO8P2 [M + Na]+ 508,2;

valor experimental 507,9. Valor calculado para C16H33N5KO8P2 [M + K]+ 524,2;

Procedimento Experimental

172

valor experimental 523,9. ESI-MS [-]: valor calculado para C16H32N5O8P2 [M - H]-

484,2; valor experimental 484,1.

4.4.3.7. Síntese de ácido 8-(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-il)etil)-17-hidroxi-2,2-dimetil-4,12-dioxo-3-oxa-5,8,13-triazaheptadecano-17,17-diilbisfosfónico (11)

Uma solução de ALN (0,092 g; 0,283 mmol) e 4-metilmorfolina (NMM; 190 µl;

1,74 mmol) em H2O (5 mL) foi adicionada gota – a – gota a uma solução de ácido 4-((2-

(t-butoxicarbonilamino)etil)(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-il)etil)amino)butanóico (7)

(0,064 g; 0,174 mmol), 1-Hidroxibenzotriazolo hidratado (HOBt; 0,070 g; 0,521 mmol) e

O-Benzotriazol-N,N,N’,N’-tetrametiluronio-hexafluoro fosfato (HBTU; 0,198 g; 0,521

mmol) em N,N-dimetilformamida (5 mL). O pH final foi ajustado até 8 com adição de

NMM (95 µl; 0,87 mmol). A mistura reaccional foi agitada à temperature ambiente

durante 5 dias e no final separou-se por centrifugação o Alendronato livre na forma de

um sólido branco. O solvente do sobrenadante foi evaporado na linha de vazio e o

resíduo foi dissolvido em H2O (2 mL), precipitando material de partida em excesso

(HOBt/HBTU) na forma de cristais finos. O precipitado foi separado por filtração e o

filtrado foi purificado utilizando um cartucho Sep – Pak C18 (Waters, 12 cc, 2 g) pré –

condicionado com metanol e água. Após a lavagem do cartucho com água, o composto

11 e algum material de partida foram eluídos com 50 % de metanol/água. Depois de

remover o solvente, o resíduo obtido foi posteriormente purificado numa coluna de

sílica gel e eluido com a) diclorometano, b) gradiente de 10 – 100 %

metanol/clorofórmio e c) gradiente de 25 – 100 % solução aquosa de amónia

concentrada/metanol, obtendo-se o composto 11 na forma de óleo incolor (0,012 g;

12 %).

Capítulo 4

173

1H RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 5,84 [s, H(4)pz, 1H]; 4,07 (t, CH2a, 2H); 3,09 (m

sobreposto, CH2, 6H); 2,78 (t, CH2, 2H); 2,68 (t, CH2g, 2H); 2,14 (m sobreposto,

CH2e + CH3, 5H); 2,04 (s, CH3pz, 3H); 1,74 (m sobreposto, CH2, 6H); 1,28 (s, CH3

(BOC), 9H).

31P RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 18,6.

13C RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 177,4 (C=O); 160,08 (C=O, BOC); 151,2 [C(3/5)pz];

143,7 [C(3/5)pz]; 107,4 [C(4)pz]; 83,2 (C - OH); 54,5 (sinais sobrepostos CH2c,

CH2d, CH2

g); 46,1 (CH2a); 42,2 (CH2); 38,7 (CH2); 35,0 (CH2

e); 33,3 (CH2); 29,6

(CH3, BOC); 25,5 (CH2); 23,3(CH2); 14,2 (CH3pz); 12,1 (CH3pz).

4.4.3.8. Síntese de ácido 4-(4-((2-aminoetil)(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-il)etil)amino)butanamido)-1-hidroxibutano-1,1-bisfosfónico (L6)

Uma solução do composto intermediário 11 (0,012 g; 0,020 mmol) em

CF3COOH (2 mL) foi agitada à temperatura ambiente durante 1 hora. De seguida, o

solvente foi evaporado e o resíduo resultante foi dissolvido em água (5 mL) e

neutralizado com NaOH 0,1 M. O volume da solução obtida foi concentrado até 1 mL e

purificado num cartucho Sep Pak C18 (Waters, 12 cc, 2 g) pré-condicionado. Os

primeiros 2 mL eluídos, contendo principalmente sais de CF3COONa, foram eliminados,

e o composto L6 foi eluído com H2O (4 mL) (0,004 g; 40 %).

1H RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 5,79 [s, H(4)pz, 1H]; 3,92 (t, CH2a, 2H); 3,04 (m, CH2,

2H); 2,72 (m sobreposto, CH2, 4H); 2,51 (m, CH2, 2H); 2,36 (m, CH2, 2H); 2,11 (s,

CH3pz, 3H); 2,01 (m sobreposto, CH2e + CH3, 5H); 1,66 (m sobreposto, CH2, 6H).

31P RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 18,3.

Procedimento Experimental

174

ESI-MS [-] m/z: valor calculado para C17H35N5O8P2 [M]- 499,2; valor observado

499,3. Valor calculado para C17H33N5O8P2 [M - 2H]2- 448,6; valor observado

449,1. Valor calculado para C17H34N5NaO8P2 [M - H + Na]- 521,2, valor

observado 521,3.

4.4.4. Síntese de Derivados do Ácido Glutâmico e da ββββ-alanina

4.4.4.1. Síntese de ácido 5-(benziloxi)-2-ftalimida-5-oxopentanóico (13)

O ácido 2-amino-5-(benziloxi)-5-oxopentanoico (12: 1,64 g; 6,9 mmol) e o

reagente N-(etoxicarbonil)ftalimida (1,515 g; 6,9 mmol) foram suspendidos em

acetonitrilo seco e em atmosfera de azoto, na presença de NaHCO3 (0,697 g; 8,3

mmol). A mistura reaccional permaneceu em agitação e em refluxo durante 18 h. A

mistura reaccional foi evaporada e o resíduo foi purifacado por cromatografia em

coluna de sílica gel, com um gradiente de 5 - 10 % de metanol/clorofórmio. O

composto 13 foi obtido na forma de óleo incolor (1,73 g; 68 %).

1H RMN [CDCl3, δ δ δ δ (ppm)]: 7,66 (s largo, Ftalimida, 2H); 7,51 (s largo, Ftalimida,

2H); 7,23 (s largo, C6H5, 5H); 4,91 (s largo, CH2f); 4,07 (s largo, CHb, 1H); 2,34 (m,

CH2c + CH2

d, 4H).

1H RMN [CD3OD, δ δ δ δ (ppm)]: 7,79 (m, Ftalimida, 4H); 7,30 (s largo, C6H5, 5H); 4,97

(s, CH2f, 2H); 4,73 (q, CHb, 1H); 2,49 (m, CH2

c + CH2

d, 4H).

13C RMN [CD3OD, δ δ δ δ (ppm)]: 175,56 (Ca); 174,31 (Ce); 169,68 (Ck); 137,40 (Cg);

135,48 (Cn); 133,31 (Cm); 129,49; 128,14 (Ch + Ci + Cj); 124,22 (Cl); 67,35 (Cf);

54,14 (Cb); 32,35 (Cd); 25,67 (Cc).

IV (KBr, νννν/cm–1): 2021, 1900, 1714, 1609, 1390, 1172, 1114, 722.

ESI- MS m/z (-): valor calculado para C20H17NO6 [M-H]- 366,1; valor observado

365,9.

Capítulo 4

175

4.4.4.2. Síntese de 5,5-bis(dietoxifosforil)-4-ftalimida-5-hidroxipentanoato de benzilo (16) [165]

Uma mistura do composto 13 (0,095; 1,20 mmol) em SOCl2 (9 ml; 0,12 mol) foi

agitada à temperatura ambiente durante 18 h. O excesso do SOCl2 foi evaporado na

linha de vazio, adicionou-se tolueno seco e o solvente foi evaporado a pressão

reduzida. O produto foi utilizado na reacção seguinte sem mais purificação. O

rendimento foi quantitativo com base na análise por RMN.

(14): 1H RMN [CDCl3, δ δ δ δ (ppm)]: 7,88 (m, Ftalimida, 2H); 7,80 (m, Ftalimida, 2H); 7,34

(m, C6H5, 5H); 5,15 (q, CHα, 1H); 5,05 (s, CH2-C6H5, 2H); 2,67 (m, CH2, 1H); 2,64

(m, CH2, 1H); 2,43 (m, CH2, 2H).

13C RMN [CDCl3, δ δ δ δ (ppm)]: 171,50 (Ca); 171,20 (Ce); 166,82 (Ck); 135,43 (Cg);

134,74 (Cn); 131,41 (Cm); 128,59; 128,39; 128,35 (Ch + Ci + Cj); 124,04 (Cl); 66,76

(Cf); 59,39 (Cb); 30,25 (Cd); 24,30 (Cc).

Adicionou-se trietilfosfito (206 µl; 1,2 mmol) a uma solução arrefecida em

banho de gelo do composto 14 em tolueno seco (ca. 1 ml) e em atmosfera de azoto,

mantendo a mistura arrefecida a 0 °C. Após duas horas de reacção adiciona-se

dietilfosfito (0,15 ml; 1,2 mmol) e adiciona-se gota-a-gota trietilamina (168 µl; 1,2

mmol), mantendo a mistura arrefecida em banho de gelo. Depois de 3 h, o tolueno foi

evaporado na linha de vazio. O bisfosfonato pretendido foi purificado por

cromatografia em coluna de sílica gel, com gradiente de 0 - 3 % metanol/clorofórmio,

seguida de cromatografia por RP-HPLC em coluna semi-preparativa, utilizando um

sistema isocrático, 55 % A; 45 % B; A - solução aquosa com 0,1 % de ácido fórmico; B -

solução de 0,1 % de ácido fórmico em acetonitrilo (299 mg; 40 %).

Procedimento Experimental

176

Bisfosfonato (16):

1H RMN [CDCl3, δ δ δ δ (ppm)]: 7,80 (m, Ftalimida, 2H); 7,70 (m, Ftalimida, 2H); 7,27

(m, C6H5, 5H); 5,53 (d, 3JPH = 28 Hz, C-OH, 1H); 4,94 (m sobrepostos, CHb + CH2f,

3H); 4,30 (m, CH2 (OEt), 4H); 4,14 (m, CH2 (OEt), 2H); 4,97 (m, CH2 (OEt), 2H);

2,93 (m, CHc, 1H); 2,55 (m, CHc, 1H); 2,31 (m, CHd, 2H); 1,36 (t, CH3 (OEt), 6H);

1,16 (m, CH3 (OEt), 6H).

31P RMN [CDCl3, δ δ δ δ (ppm)]: 17,44 (d, J = 14,5 Hz); 16,91 (d, J = 14,5).

13C RMN [CDCl3, δ δ δ δ (ppm)]: 172,11 e 171,85 (Ca + Ce); 166,75 (Ck); 135,65 (Cg);

134,34 (Cn); 131,76 (Cm); 128,45; 128,20; 128,15 (Ch + Ci + Cj); 123,61 (Cl); 66,34

(Cf); 64,30 [2 x CH2 (OEt), J=7 Hz]; 64,05 [CH2 (OEt), J=7 Hz]; 64,33 [CH2 (OEt), J =

7 Hz]; 54,08 (Cb, J = 8 Hz); 31,40 (Cd); 22,38 (Cc, J = 7 Hz); 16,40 [m sobrepostos

3xCH3 (OEt)]; 16,05 [d, CH3 (OEt), J = 6 Hz].

Fosfato-fosfonato (17):

1H RMN [CDCl3, δ δ δ δ (ppm)]: 7,81 (m, Ftalimida, 2H); 7,68 (m, Ftalimida, 2H); 7,28

(m, C6H5, 5H); 5,21 (m, CHa, 1H); 4,98 (s, CH2f, 2H); 4,65 (m, CHb, 1H); 4,23 (m,

CH2 (OEt), 4H); 4,16 (m, CH2 (OEt), 2H); 3,74 (m, CH2 (OEt), 2H); 2,51 (m, CH2d,

2H); 2,31 (t, CH2d, 2H); 1,35 (t, CH3 (OEt), 6H); 1,19 (t, CH3 (OEt), 3H); 0,9 (t, CH3

(OEt), 3H).

31P RMN [CDCl3, δ δ δ δ (ppm)]: 17,25 (d, J = 15,8 Hz); -0,891 (d, J = 15,9).

13C RMN [CDCl3, δ δ δ δ (ppm)]: 171,84 (Ca + Ce); 168,15 (Ck); 135,65 (Cg); 133,97 (Cn);

131,92 (Cm); 128,50; 128,28; 128,20 (Ch + Ci + Cj); 123,22 (Cl); 66,45 (Cf); 64,24

[m, 2 x CH2 (OEt)]; 63,64 [m, 2 x CH2 (OEt)]; 51,87 (m, Cb); 31,07 (Cd); 22,92 (Cc);

16,32 [m sobrepostos 2xCH3 (OEt)]; 15,92 [d, CH3 (OEt), J = 7 Hz]; 15,53 [d, CH3

(OEt), J = 7 Hz].

Capítulo 4

177

4.4.4.3. Síntese de ácido 4-amino-5-hidroxi-5,5-bisfosfonopentanoico (18)

O composto 16 (80 mg; 0,13 mmol) foi suspendido em HCl 6N e refluxado

durante 18 h. O ácido ftálico que precipita foi removido por filtração. O solvente do

filtrado foi evaporado e foi dissolvido numa pequena quantidade de água. Foi

adicionada a esta solução uma solução aquosa de NaOH 5N, até atingir o pH próximo

de 4. O composto foi obtido impuro, na presença dos compostos 19 e 20 (esquema

2.13).

ESI-MS [-] m/z: valor calculado para C5H13NO8P2 [M-H]- 292,0; valor observado 291,9.

4.4.4.4. Síntese de ácido 12-(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-il)etil)-18,18-dimetil-3,8,16-trioxo-1-fenil-2,17-dioxo-7,12,15-triazanonadecano-6-carboxílico (21)

Dissolveu-se o ácido 4-((2-(t-butoxicarbonilamino)etil)(2-(3,5-dimetil-1H-

pirazol-1-il)etil)amino)butanoico (7: 0,092 g; 0,25 mmol) e N-hidroxisuccinimida (NHS:

0,029 g; 0,25 mmol) em diclorometano seco (5 ml) e adicionou-se gota-a-gota uma

solução de N,N’-Diciclohexilcarbodiimida (DCC: 0,062 g; 0,30 mmol) em diclorometano

seco (1 ml). A mistura reagiu com agitação à temperatura ambiente, durante 18 h. A

DCU que precipitou foi removida por filtração e o solvente do filtrado evaporado. O

resíduo obtido foi dissolvido em N,N-dimetilformamida (3 ml) e usado na reacção

seguinte sem mais purificação. Esta solução foi adicionada gota – a – gota a uma

Procedimento Experimental

178

suspensão arrefecida de ácido 2-amino-5-(benziloxi)-5-oxopentanoico (0,113 g; 0,475

mmol) previamente suspendido numa mistura de DMF (6 ml), H2O (2 ml) e trietilamina

(73 µl). Após 24 horas esta mistura reaccional estava quase totalmente solúvel. O

solvente da mistura foi evaporado a pressão reduzida e o resíduo foi purificado por

cromatografia em coluna de sílica - gel, através da eluição com um gradiente de 5 - 50

% de metanol/diclorometano (0,110 g; 75 %).

1H RMN [CD3OD, δ δ δ δ (ppm)]: 7,31 (m, C6H5, 5H); 5,80 [s, H(4)pz, 1H]; 5,08 (CH2n,

2H); 4,27 (q, CH2i, 1H); 4,02 (t, CH2

a, 2H); 3,03 (t, CH2d, 4H); 2,81 (t, CH2

b, 2H);

2,53 (m, CH2c + CH2

g, 4H); 2,42 (t, CH2l, 2H); 2,19 (m sobreposto, CH2

e + CHk, 3H);

2,24 (s, CH3pz, 3H); 2,14 (s, CH3 pz, 3H); 1,96 (m, CHk, 1H); 1,69 (m, CH2f, 2H);

1,40 (s, CH3, 9H).

13C RMN [CD3OD, δ δ δ δ (ppm)]: 178,5; 175,4 (Cj + Ch); 174,6 (Cm); 158,3 (C = O,

Boc); 148,7 [C(3/5)pz]; 141,4 [C(3/5)pz]; 137,6 (Co); 129,5; 129,2; 129,1 (Cp + Cq

+ Cr); 106,1 [C(4)pz]; 80,1 [C(Boc)]; 67,3 (Cn); 55,2 (Cb); 54,9 (Cc); 54,6 (Cg); 54,6

(Ci); 47,5 (Ca); 39,3 (Cd); 34,4 (Ce); 31,8 (Cl); 28,9 (Ck); 28,8 [CH3(Boc)]; 24,2 (Cf);

13,3 (CH3pz); 11,2 (CH3pz).

4.4.4.5. Síntese de 3-amino-1-hidroxypropano-1,1-diilbisfosfonato de tetrametilo (Me-PAM)

Após a dissolução de β-alanina (0,294 g; 3,3 mmol) numa solução aquosa de

ácido clorídrico 1N a solução permaneceu em agitação durante 2h. O solvente foi

evaporado, o resíduo foi dissolvido em tolueno seco e voltou-se a evaporar o solvente.

Este procedimento repetiu-se três vezes para remover o excesso de ácido e água. O

produto obtido (22) foi utilizado na reacção seguinte sem mais purificação.

(22): 1H RMN [CD3OD, δ δ δ δ (ppm)]: 3,18 (t, CH2, 2H); 2,72 (t, CH2, 2H).

Capítulo 4

179

O produto obtido anteriormente foi dissolvido em tolueno (4 ml) e adicionou-se

SOCl2 (1,5 ml; 0,020 mol). A mistura foi agitada com aquecimento a 50 °C, durante 24

h. O excesso do SOCl2 e o solvente foram evaporados na linha de vazio, adicionou-se

tolueno seco e o solvente foi evaporado novamente a pressão reduzida. O produto

obtido (23) foi utilizado na reacção seguinte sem mais purificação.

Adicionou-se trimetilfosfito (870 µl; 7,4 mmol) a uma solução arrefecida em

banho de gelo do composto 23 em tolueno seco (ca. 2 ml) e em atmosfera de azoto,

mantendo a mistura arrefecida a 0 °C. Após duas 30 min de reacção adiciona-se

dimetilfosfito (676 µl; 7,4 mmol), mantendo a mistura arrefecida em banho de gelo.

Depois de 30 min, o tolueno foi evaporado na linha de vazio. O bisfosfonato

pretendido foi obtido após purificação por cromatografia em coluna de sílica gel e

eluição com uma mistura de acetato de etilo: n-butanol: i-propanol: H2O: ácido acético

a) 4:1:1:1:0,3 e b)4:1,1:0,9:2:1,1. O Me-PAM foi obtido na forma de óleo, com ácido

acético em contra-ião, de acordo com a análise de RMN (0,464 g, 40 %).

1H RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 3,76 (m, CH3, 12H); 3,15 (t, CH2, 2H); 2,24 (m, CH2, 2H);

1,86 (s, CH3 (ácido acético), 3H).

31P RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 21,69.

13C RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 180,44 [C=O (CH3COO-)]; 74,73 (C-OH, J = 157,5 Hz);

57,07 (m, 4 x C(OCH3); 36,94 (CH2); 32,60 (CH2); 23,48 [CH3 (CH3COO-)].

4.4.4.6. Síntese de ácido 4-(5-(benziloxi)-2-(terc-butoxicarbonilamino)-5-oxopentanamido)-1-hidroxibutano-1,1-diilbisfosfónico (24)

A uma solução de (ácido 5-(benziloxi)-2-(terc-butoxicarbonilamino)-5-

oxopentanoico) (OBz-Glu-Boc: 0,200 g; 0,592 mmol) e tetrafluorofenol (TFF: 0,216 g;

1,30 mmol) em diclorometano seco (10 mL) a 0 – 5 ᵒC foi adicionada gota-a-gota uma

solução de DCC (0,270 g; 1,30 mmol) previamente dissolvida em 5 ml de

diclorometano.

Procedimento Experimental

180

Após alguns minutos a mistura reaccional começa a turvar devido à

precipitação de DCU. A mistura fica em agitação à temperatura ambiente durante 14 h.

A DCU é removida por filtração e o filtrado seca-se e dissolve-se novamente em

acetato de etilo para a precipitação de mais DCU. A suspensão filtra-se, o filtrado seca-

se na linha de vazio e o éster activado obtido utiliza-se na próxima reacção sem mais

purificação.

O resíduo obtido foi dissolvido em acetonitrilo (20 ml), filtrado para eliminar a

DCU residual e adicionado a uma mistura de alendronato, na forma de sal de trisódio

tetrahidratado (ALN; 0,156 g; 0,592 mmol) e trietilamina (NEt3: 0,414 ml, 2,96 mmol, 5

eq.) em 16 mL de tampão borato (pH 9,4). A mistura reaccional ficou em suspensão e

adicionaram-se mais 100 µl de NEt3 que facilitou ligeiramente a dissolução do

alendronato. O pH final era próximo de 10. A reacção decorreu com agitação à

temperatura ambiente e após 3 dias o solvente da mistura foi evaporado na linha de

vazio.

O resíduo foi extraído com H2O e, após remoção do solvente do sobrenadante,

na linha de vazio, o resíduo foi lavado com clorofórmio para remover uma parte do

trietilamónio. O resíduo obtido após lavagem foi seco e dissolvido em 10 ml de água. A

purificação fez-se utilizando cartuchos Sep-Pak C18 (Waters, 12 cc, 2 g), por aplicação

de 2 ml da solução anterior, lavagem do cartucho com 20 ml de H2O extracção com

uma solução de 25% de metanol/H2O (20 ml). Após repetição deste procedimento

cinco vezes obteve-se o composto 24 puro (0,215 g; 64 %). (0,215 g; 64 %).

1H RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 7,27 (m, C6H5, 5H); 4,99 (s, CH2j, 2H); 3,83 (m, CHf, 1H);

3,06 (m, CH2d, 2H); 2,35 (t, CH2

h, 2H); 1,96 (m, CHg, 1H); 1,72 (m sobreposto,

CH2c +CH2

b + CHg, 5H); 1,25 (s, CH3 (Boc), 9H).

31P RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 18,63.

13C RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 176,9; 176,1 (Ce + Ci); 159,3 (C = O, Boc); 137,5 (Ck);

130,9; 130,6; 130,3 (Cl + Cm + Cn); 83,5 [C(Boc)]; 75,8 (t, JCP = 131 Hz, Ca); 69,1

(Cj); 56,1 (Cf); 42,2 (Cd); 33,2 (Cc); 32,4 (Ch); 29,6 [CH3(Boc)]; 28,6 (Cg); 25,6 (t, JCP

= 7 Hz, Cb).

Capítulo 4

181

4.4.4.7. Síntese de ácido 4-(5-(benziloxi)-2-(terc-butoxicarbonilamino)-5-oxopentanamido)-1-hidroxibutano-1,1-diilbisfosfónico (25)

Após dissolução do composto 24 (0,030 g; 53 µmol) em água, adicionou-se uma

solução aquosa de NaOH 1N até atingir o pH 11-12. A mistura permanece em agitação

à temperatura ambiente durante 30 min. O solvente da mistura reaccional foi

concentrado até 1 ml e a solução foi aplicada num cartucho Sep-Pak C18 (Waters, 0,85

cc/360 mg) para remover os sais. O produto obtido foi utilizado na reacção seguinte

sem mais purificação. O rendimento foi quantitativo com base na análise por RMN.

1H RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 3,78 (m largo, CH2f, 1H); 3,07 (m largo, CHd, 2H); 2,09

(m largo, CH2h, 2H); 1,7 (m largo, CH2

c + CH2b + CH2

g, 6H); 1,26 (s, CH3 (Boc), 9H).

31P RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 18,82.

4.4.4.8. Síntese de ácido 16-(terc-butoxicarbonilamino)-8-(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-il)etil)-22-hidroxi-2,2-dimetil-4,13,17-trioxo-3-oxa-5,8,12,18-tetraazadocosano-22,22-diilbisfosfónico (27)

Uma suspensão do composto 25 (0,052 g; 0,108 mmol) e 4-metilmorfolina

(NMM; 59 µl; 0,54 mmol) em H2O (2 mL) foi adicionada gota – a – gota a uma solução

NNH

O

N

N O

NH

NH

O

NH

O

P OH

P

OHO

OH

OH

OHO

O O

a

fe

dcb

hg

i

jk l

mno

p

Procedimento Experimental

182

de terc-butil 2-((3-aminopropil)(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-il)etil)amino)etilcarbamato

(26) (0,073 g; 0,215 mmol), 1-Hidroxibenzotriazolo hidratado (HOBt; 0,045 g; 0,333

mmol) e O-Benzotriazol-N,N,N’,N’-tetrametiluronio-hexafluoro fosfato (HBTU; 0,122 g;

0,322 mmol) em N,N-dimetilformamida (2 mL). O pH final foi ajustado até 8 com

adição de NMM (59 µl; 0,54 mmol). A mistura reaccional foi agitada à temperatura

ambiente durante 5 dias e no final evaporou-se o solvente da mistura reaccional e

extraiu-se o produto com água. O solvente do sobrenadante foi concentrado até

aproximadamente 2 ml e foi aplicado num cartucho Sep – Pak C18 (Waters, 12 cc, 2 g)

previamente condicionado com metanol e água. Depois de lavar com água (25 ml), o

composto 27 e algum material de partida foram eluidos com 50 % de metanol/água

(30 ml). Depois de evaporado o solvente, metade do resíduo (ca. 38 mg) foi aplicado

num cartucho HLB C18 (Oasis, 12 cc, 500 mg) pré – condicionado com metanol e água

e eluído com 25 ml de água. Repetiu-se este procedimento para purificar o restante

resíduo e obteve-se o composto 27 na forma de óleo incolor (0,020 g; 23 %).

1H RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 5,92 [s, H(4)pz, 1H]; 4,32 (t largo, CH2a, 2H); 3,78 (m

largo, CH2k, 1H); 3,51 (t largo, CHb, 2H); 3,30 (m largo, CH2

d, 2H); 3,25 (m largo,

CH2i, 2H); 3,12 (m largo, CH2

c + CH2g + CH2

m, 6H); 2,19 (m, CH2e, 2H); 2,17 (s,

CH3pz, 3H); 2,07 (s, CH3pz, 3H); 1,76 - 1,68 (m sobrepostos, CH2f + CH2

j + CH2o +

CH2n, 8H); 1,24 (s, CH3 (Boc), 9H).

31P RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 18,58.

13C RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 177,2; 176,0 (Ch + Cl); 160,2; 159,3 (2 x C=O, Boc);

151,4 [C(3/5)pz]; 144,6 [C(3/5)pz]; 108,4 [C(4)pz]; 83,7 [C(Boc)]; 75,5 (t, JCP =

121 Hz, Cp); 56,3 (CHk); 54,7 (CH2b); 54,4 (CH2); 53,2 (CH2); 43,6 (CH2

a); 41,8

(CH2); 38,0 (CH2); 37,2 (CH2); 33,7 (CH2); 33,0 (CH2); 31,7 (CH2); 29,5 [CH2+

CH3(Boc)]; 25,4 (CH2o); 14,3 (CH3pz); 11,9 (CH3pz).

ESI-MS m/z (-): valor calculado para C31H59N7O13P2 [M-H]- 798,3; valor

observado 798,3.

Capítulo 4

183

4.4.4.9. Síntese de ácido 4-(2-amino-5-(3-((2-aminoetil)(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-il)etil)amino)propilamino)-5-oxopentanamido)-1-hidroxibutano-1,1-diilbisfosfónico (L7)

Uma solução do composto intermediário 27 (0,020 g; 0,025 mmol) em

CF3COOH (2 mL) foi agitada à temperatura ambiente durante 1 hora. De seguida, o

solvente foi evaporado e o resíduo resultante foi dissolvido em água (5 mL) e

neutralizado com NaOH 0,1 M. O volume da solução obtida foi concentrado até 1 mL e

purificado num cartucho Sep Pak C18 (Waters, 12 cc, 2 g) pré-condicionado. Os

primeiros 2 mL eluídos, contendo principalmente sais de CF3COONa, foram eliminados,

e o composto L6 foi eluído com H2O (4 mL) (5,2 mg; 70 %).

1H RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 5,82 [s, H(4)pz, 1H]; 3,93 (t largo, CH2a, 2H); 3,21 (t, CH,

1H); 3,09 (t largo, CHb, 2H); 2,95 (m, CH2, 2H); 2,74 (m largo, CH2, 6H); 2,59 (m,

CH2, 2H); 2,36 (m, CH2, 2H); 2,12 (s, CH2e+ CH3pz, 3H); 2,02 (s, CH3pz, 3H); 1,74

(m sobrepostos, CH2, 4H); 1,46 (m, CH2, 2H).

31P RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 18,74.

NNH2

N

N

NH

NH

O

NH2

O

P OH

P

OHO

OH

OH

OHO

a

fe

dcb

hg

i

jk l

mno

p

Procedimento Experimental

184

4.4.4.10. Síntese de ácido 4-(2-amino-5-(benziloxi)-5-oxopentanamido)-1-

hidroxibutano-1,1-diilbisfosfónico (28)

Uma solução do composto 24 (0,028 g; 50 µmol) em CF3COOH (1 mL) foi

agitada à temperatura ambiente durante 2 horas. De seguida, o solvente foi evaporado

e o resíduo resultante foi dissolvido em água (5 mL). Esta solução foi arrefecida em

banho de gelo (0 °C) e adicionou-se NaOH 0,1 M até pH 6-7, com agitação vigorosa. O

solvente foi evaporado e o resíduo foi lavado com clorofórmio. O resíduo insolúvel foi

seco, dissolvido em água (1 ml) e purificado com três cartuchos Sep Pak C18 (Waters,

0,85 cc/360 mg) pré-condicionados. Os primeiros 3 mL eluídos, contendo

principalmente sais de CF3COONa, foram eliminados, e o composto L6 foi eluído com

H2O (8 mL) (22,5 mg; 96 %).

1H RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 7,29 (m, C6H5, 5H); 5,02 (s, CH2j, 2H); 3,80 (t, CHf, 1H);

3,23 (m, CH2d, 1H); 2,90 (m, CH2

d’, 1H); 2,42 (t, CH2h, 2H); 2,01 (q, CHg, 2H); 1,70

(m sobreposto, CH2c +CH2

b, 4H).

31P RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 18,50.

13C RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 175,9; 171,1 (Ce + Ci); 137,4 (Ck); 130,8; 130,7; 130,4

(Cl + Cm + Cn); 75,8 (t, JCP = 132 Hz, Ca); 69,3 (Cj); 54,7 (Cf); 42,0 (Cd); 33,0 (Cc);

31,4 (Ch); 27,5 (Cg); 25,4 (t, JCP = 7 Hz, Cb).

Capítulo 4

185

4.4.4.11. Síntese de 2’-sulfo-NHS-succinil-DTX (30) [173]

Após a secagem de 4-(dimetilamino) piridina (DMAP: 0,22 mg) na linha de vazio

durante 2 horas, adicionaram-se o DTX (16 mg) e o anidrido succínico (3,61 mg)

previamente dissolvidos em 0,2 ml de piridina seca. A mistura foi agitada, à

temperatura ambiente, durante 24 h. A esta mistura foram adicionados 10 ml de

acetato de etilo e 10 ml de uma solução de H2SO4 (0,01 %, m/v) e agitou-se durante 30

min. A fase orgânica foi separada e lavada com 10 ml da solução de H2SO4 (0,01 %,

m/v) e 10 ml de água, respectivamente. A água residual presente na fase orgânica foi

removida com a adição de sulfato de sódio anidro. Esta mistura foi filtrada e

concentrada até obter um volume final de 1 ml. Esta solução foi purificada por

cromatografia de sílica gel, utilizando um gradiente de 50 - 100 % de acetato de

etilo/n-hexano na fase móvel. O composto 29 foi obtido na forma de óleo com um

rendimento de 42 % (7,5 mg).

1H RMN [CD3Cl, δ δ δ δ (ppm)]: 8,10 (s largo, H2,6-OBz, 2H); 7,63 (m, 1H, H4-OBz); 7,52

(t, H3,5-OBz, 2H); 7,38 – 7,44 (m, H4, H3,5 e H2,6-aromático lateral, 5H); 6.14 (s

largo, H13,1H); 5,63 (s largo, H20, 1H); 5,45 - 5,34 (m largo , H20 e H30, 3H); 5,26

(s largo, H10, 1H); 4,96 (m largo, H7, 1H); 3,84 (m, H3, 1H); 3,2 (m, H6, 1H); 2,56

(m, -OCOCH2CH2COOH, 4H); 2,39 (m, H14, 2H); 1,98 (s, OAc, 3H); 1,87 (t, H6,

1H); 1,72 (s, Me18, 3H); 1,33 (s, t-Bu, 9H); 1,27 (s, Me19, 3H); 1,17 (s, Me16, 3H);

1.10 (s, Me17, 3H).

Adicionaram-se 3,1 mg de N-hidroxi-3-sulfo-succinimida e 3,5 mg de N-(3-

dimetilaminopropil)-N’-etilcarbodiimida cloridratada (EDC) a 7,5 mg de succinil-DTX

Procedimento Experimental

186

(29) dissolvido numa mistura de DMSO:DMF (70:30). A mistura permaneceu em

agitação e à temperatura ambiente durante 24 h. O progresso da reacção foi

controlado por TLC (Rf = 0,52 em clorofórmio:methanol, 80:20). Esta solução foi

utilizada na reacção seguinte sem mais purificação.

4.4.4.12. Síntese de ALN-Glu-succinil-DTX (31) [173]

À solução obtida anteriormente contendo o composto 30 foi adicionado o

composto 28 dissolvido numa solução de tampão fosfato pH 7,4. A mistura

permaneceu em agitação à temperatura ambiente, durante 18 h. O composto 31 foi

identificado por ESI-MS, na presença do reagente de partida DTX ([M - H]- 806,6) e

produtos decundários (29: [M-H]- 906,5).

ESI-MS m/z (-): valor calculado para C63H80N3O26P2 [M-H]- 1356,4; valor

observado 1356,7. Valor calculado para C63H79N3O26P2 [M-2H]2- 677,6; valor

observado 677,9.

Capítulo 4

187

4.4.4.13. Síntese de ácido 4-(2-(((9H-fluoreno-9-il)metoxi)carbonilamino)-5-t-butoxi-5-oxopentanamido)-1-hidroxibutane-1,1-diilbisfosfónico (32)

A uma solução de (ácido 5-(benziloxi)-2-(terc-butoxicarbonilamino)-5-

oxopentanoico) (tBu-Glu-Fmoc: 0,400 g; 0,9 mmol) e tetrafluorofenol (TFF: 0,343 g;

2,1 mmol) em diclorometano seco (5 mL) a 0 – 5 ᵒC foi adicionada gota-a-gota uma

solução de DCC (0,427 g; 2,1 mmol) previamente dissolvida em 5 ml de diclorometano.

Após alguns minutos a mistura reaccional começa a turvar devido à

precipitação de DCU. A mistura fica em agitação à temperatura ambiente durante 18 h.

A DCU é removida por filtração e o filtrado seca-se e dissolve-se novamente em

acetato de etilo para a precipitação de mais DCU. A suspensão filtra-se, o filtrado seca-

se a pressão reduzida e o éster activado obtido utiliza-se na próxima reacção sem mais

purificação.

O resíduo obtido foi dissolvido em acetonitrilo (20 ml), filtrado para eliminar a

DCU residual e adicionado a uma mistura de alendronato (ALN; 0,237 g; 0,9 mmol) e

trietilamina (NEt3: 630 µl, 4,5 mmol, 5 eq.) em 20 mL de tampão borato (pH 9,4). A

mistura reaccional ficou em suspensão e adicionaram-se mais 5 ml de tampão borato

pois o pH já estava bastante alto (ca. 11). Adicionei mais 150 ml de NEt3 para facilitar a

dissolução do alendronato. O pH final era próximo de 10. A reacção decorreu com

agitação à temperatura ambiente e 3 dias e depois o solvente da mistura foi removido

a pressão reduzida.

O resíduo resultante foi extraído com H2O e, após evaporação do solvente do

sobrenadante. O volume de água foi reduzido e o composto 32 foi obtido puro após

aplicação num cartucho Sep-Pak C18 (Waters, 12 cc, 2 g) previamente condicionado,

lavado com água e extraído com uma solução de 25% de metanol/H2O (0,458 g; 77 %).

Procedimento Experimental

188

1H RMN [CD3OD, δ δ δ δ (ppm)]: 7,77 (d, H(8)Fmoc, 2H); 7,56 (t, H(5)Fmoc, 2H); 7,33

(m, H(6,7)Fmoc, 4H); 4,37 (m, H(2)Fmoc, 2H); 4,20 (m, H(3)Fmoc, 1H); 3,07 (m,

CHf, 1H); 3,20 (t largo, CH2d, 2H); 2,28 (t, CH2

h, 2H); 2,05 - 1,80 (m, CH2c + CH2

b +

CHg, 6H); 1,42 (s, CH3 (t-Bu), 9H).

31P RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 20,57.

13C RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 174,3; 173,9 (Ce + Ci); 158,4 [C(1)Fmoc];

145,3[C(4)Fmoc]; 145,1 [C(9)Fmoc]; 128,8 [C(7)Fmoc]; 128,2 [C(8)Fmoc]; 126,2

[C(6)Fmoc]; 120,9 [C(5)Fmoc]; 81,8 [C(t-Bu)]; 74,1 (t, JCP = 146 Hz, Ca); 67,9

[C(2)Fmoc]; 55,8 (Cf); 48,4 [C(3)Fmoc]; 41,0 (Cd); 32,7 (Ch); 32,3 (Cc); 28,6 (Cg);

28,3 [CH3(t-Bu)]; 24,8 (Cb).

Tempo de retenção (RP-HPLC): 14,3 min.

4.4.4.14. Síntese ácido 4-(2-amino-5-t-butoxi-5-oxopentanamido)-1-hidroxibutano-1,1-diilbisfosfónico (33)

Dissolveu-se o composto 32 (52 mg; 79 µmol) numa solução de 20 % de

piperidina em DMF (1,5 ml) e a mistura permanece em agitação durante 30 min. O

composto 33 foi obtido após evaporação do solvente e lavagem do resíduo com

diclorometano (29 mg, 85 %).

1H RMN [CD3OD, δ δ δ δ (ppm)]: (Rotâmeros) 3,76 (t, CHf, ½H); 3,26 (m, CHf’, ½H);

2,96 (m largo, CH2d + CH2

h, 4H); 2,27 (t, CHg, 1H); 1,95 (t, CHg’, 1H); 1,73 (m,

CH2c/b, 2H); 1,59 [s, CH3 (t-Bu), 9/2H]; 1,49 (m, CH2

c/b, 2H); 1,27 [s, CH3 (t-Bu),

9/2H].

31P RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 18,47.

13C RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 175,5; 171,0 (Ce + Ci); 84,9 [C(t-Bu)]; 75,7 (t, JCP = 135

Hz, Ca); 54,7 (Cf); 46,5; 42,1 (Cd); 32,9; 32,5; 29,2; 27,8 (Cc + Cg); 26,4 (t, JCP = 7

Hz, Cb); 25,2; 24,5 [CH3(t-Bu)].

Capítulo 4

189

ESI-MS m/z (+): valor calculado para C13H29N2O10P2 [M + H]+ 435,1; valor

observado 435,3.

4.4.4.15. Síntese de ácido 4-((2-aminoetil)(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-il)etil)amino)butanoico (34) [114]

Uma solução de ácido 4-((2-(t-butoxicarbonilamino)etil)(2-(3,5-dimetil-1H-

pirazol-1-il)etil)amino)butanoico (7: 125 mg; 0,34 mmol) em CF3COOH (2 mL) foi

agitada à temperatura ambiente durante 1 hora. De seguida, o solvente foi evaporado

e o resíduo resultante foi lavado com diclorometano. O composto 34 foi obtido na

forma de óleo e foi utilizado na reacção seguinte sem mais purificação.

1H RMN [CD3OD, δ δ δ δ (ppm)]: 5,82 (s, H4pz, 1H); 4,05 (t, CH2a, 2H); 2,79 (m

sobreposto, CH2b + CH2

d, 4H); 2,62 (t, CH2c, 2H); 2,52 (m, CH2

g, 2H); 2,26 (s,

MePz, 3H); 2,15 (s, MePz, 3H), 2,05 (t, CH2e, 2H); 1,67 (m, CH2

f, 2H).

4.4.4.16. Síntese de ácido 4-((2-(((9H-fluoreno-9-il)metoxi)carbonilamino)etil)(2-(3,5-dimetil-1H-pirazol-1-il)etil)amino)butanóico (35)

A uma solução do composto 34 (0,34 mmol) e Na2CO3 (72 mg; 0,68 mmol) em 5

ml de H2O em agitação e imersa num banho de gelo, adiciona-se alternadamente

Procedimento Experimental

190

DIPEA (65 µl; 0,54 mmol) e 9-Fluorenilmetil cloroformato (Fmoc-Cl; 0,34 mmol; 88 mg)

dissolvido em 10 ml de THF. O pH final após a adição está próximo de 9. Duas horas

após o fim da adição foi efectuado o controlo por TLC (20% MeOH/CHCl3) e a reacção

estava completa.

Evaporou-se o THF e a solução aquosa obtida acidifica-se até pH 5 - 6 com HCl

1N. Extraiu-se esta solução com 4 x 50 ml de CH2Cl2 e secou-se a fase orgânica com

sulfato de sódio anidro. Após evaporação do solvente a pressão reduzida, o resíduo

obtido é purificado por cromatografia de sílica gel com gradiente de 0 - 50% de

metanol/diclorometano. O composto 35 obteve-se sob a forma de óleo amarelo (0,132

g; 79 %).

1H RMN [CD3OD, δ δ δ δ (ppm)]: 7,70 (d, H(8)Fmoc, 2H); 7,56 (t, H(5)Fmoc, 2H); 7,33

– 7,19 (m, H(6,7)Fmoc, 4H); 5,67 (s, H4pz, 1H); 4,28 (m, H(2)Fmoc, 2H); 4,09 (t,

H(3)Fmoc, 1H); 3,96 (t, CH2a, 2H); 3,10 (t, CH2

b, 2H); 2,83 (t, CH2d, 2H); 2,55 (m,

CH2c + CH2

g, 4H), 2,18 (m sobreposto, CH2e, 2H); 2,12 (s, MePz, 3H); 2,06 (s,

MePz, 3H), 1,62 (m, CH2f, 2H).

13C RMN [CD3OD, δ δ δ δ (ppm)]: 179,1 (C=O); 158,7 [C(1)Fmoc]; 145,3 [C(4)Fmoc];

145,1 [C(9)Fmoc]; 142,6 [C(3/5)pz]; 141,4 [C(3/5)pz]; 128,7 [C(7)Fmoc]; 128,1

[C(8)Fmoc]; 126,1 [C(6)Fmoc]; 120,9 [C(5)Fmoc]; 106,1 [C(4)pz]; 67,6

[C(2)Fmoc]; 55,0; 54,6; 54,5 (Cd + Cc + Cg); 48,4 [C(3)Fmoc]; 47,1 (CH2a); 39,4

(CH2b); 33,7 (CH2

e); 23,5 (CH2f); 13,2 (CH3pz); 11,0 (CH3pz).

Capítulo 4

191

4.4.5. Síntese de Derivado do Composto Pirazolo-Diamina Funcionalizado na Posição 4

4.4.5.1. Síntese de ácido 4-(2-(1-(2-((2-(t-butoxicarbonilamino)etil)(4-etoxy-4-oxobutil)amino)etil)-3,5-dimetil-1H-pirazol-4-il)acetamido)-1-hidroxibutano-1,1-diilbisfosfónico (36)

A uma solução de ácido 2-(1-(2-((2-(t-butoxicarbonilamino)etil)(4-etoxi-4-

oxobutil)amino)etil)-3,5-dimetil-1H-pirazol-4-il)acético (pz4-COOH: 0,045 g; 99 µmol) e

tetrafluorofenol (TFF: 0,216 g; 1,30 mmol) em diclorometano seco (2 mL) a 0 – 5 ᵒC foi

adicionada gota-a-gota uma solução de DCC (0,045 g; 0,22 mmol) previamente

dissolvida em 1 ml de diclorometano.

Após alguns minutos a mistura reaccional começa a turvar devido à

precipitação de DCU. A mistura fica em agitação à temperatura ambiente durante 14 h.

A DCU é removida por filtração e o filtrado seca-se e dissolve-se novamente em

acetato de etilo para a precipitação de mais DCU. A suspensão filtra-se, o filtrado seca-

se na linha de vazio e o éster activado obtido utiliza-se na próxima reacção sem mais

purificação.

O resíduo obtido foi dissolvido em N,N-dimetilformamida (2 ml), filtrado para

eliminar a DCU residual e adicionado a uma mistura de alendronato, na forma de sal

de trisódio tetrahidratado (ALN; 0,156 g; 0,592 mmol) e trietilamina (NEt3: 69 µl, 0,5

mmol) em 2 mL de tampão borato (pH 9,4). A mistura reaccional ficou em suspensão e

adicionaram-se mais 70 µl de NEt3 e umas gotas de água permitindo a dissolução

completa da mistura. O pH final era próximo de 10. A reacção decorreu com agitação à

temperatura ambiente e 3 dias e depois o solvente da mistura foi evaporado na linha

de vazio.

Procedimento Experimental

192

O resíduo resultante foi extraído com H2O (10 ml) e o sobrenadante foi

concentrado na linha de vazio até obter 2 ml. A purificação fez-se por aplicação da

solução obtida num cartucho Sep-Pak C18 (Waters, 12 cc, 2 g) pré-condicionado,

lavado com H2O (20 ml), uma solução de 25 % de metanol/H2O (4 ml) e extraído com

uma solução de 50 % de metanol/H2O (8 ml). O composto 36 foi obtido na forma de

óleo transparente (0,033 g; 49 %).

1H RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 4,34 (t largo, CH2a, 2H); 4,05 (q, O-CH2-, 2H); 3,59 (t

largo, CHb, 2H); 3,34 (m largo, CH2c + CH2

d, 4H); 3,28 (s, CH2i, 2H); 3,22 (t, CH2

g,

2H); 3,10 (t, CH2k, 2H); 2,39 (t, CH2

e, 2H); 2,13 (s, CH3pz, 3H); 2,06 (s, CH3pz, 3H);

1,88 (m sobrepostos, CH2f + CH2

m, 4H); 1,71 (m largo, CH2l, 2H); 1,28 (s, CH3

(Boc), 9H); 1,13 (t, O-CH2-CH3, 3H).

31P RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 19,17.

13C RMN [D2O, δ δ δ δ (ppm)]: 176,8; 175,9 (Ch + Cj); 160,2 (C=O, Boc); 150,8

[C(3/5)pz]; 142,4 [C(3/5)pz]; 112,9 [C(4)pz]; 83,8 [C(Boc)]; 75,5 (t, JCP = 121 Hz,

Cn); 64,1[CH2(Et)]; 55,0 (CH2b); 54,9 (CH2

c/d); 54,4 (CH2g); 43,9 (CH2

a); 42,0 (CHk);

37,3 (CH2c/d); 32,9 (CH2

f/m); 32,5 (CH2e); 32,2 (CH2

i); 29,6 [CH3(Boc)]; 25,4 (CH2l);

20,5 (CH2f/m); 15,4 [CH3(Et)]; 12,9 (CH3pz); 10,7 (CH3pz).

ESI-MS m/z (+): valor calculado para C26H49N5O12P2 [M+H]+ 686,3; valor

observado 686,4.

ESI-MS m/z (-): valor calculado para C26H49N5O12P2 [M-H]- 684,3; valor

observado 684,4.

Capítulo 4

193

4.4.6. Síntese e Caracterização de Complexos de Re(I)

4.4.6.1. Síntese de fac-[Re(CO)3(κ3-L1)]+ (Re1)

A uma suspensão de [Re(CO)5Br] (0,036 g; 0,089 mmol) em metanol, em

agitação, foi adicionado pz – MPOEt (0,029 g; 0,13 mmol) dissolvido no mesmo

solvente e a mistura reaccional foi refluxada durante a noite. O resíduo obtido, após

evaporação do solvente, foi lavado (três vezes) com n-hexano, obtendo-se um sólido

branco, que foi seco na linha de vazio (0,053 g; 96 %).

1H RMN [CD3OD, δδδδ (ppm)]: 6,21 [s,H(4)pz, 1H]; 5,57 (q largo, NH, 1H); 4,54 (dd,

CH, 1H); 4.19 (m, CH2, 6H); 3,91 (m, CH, 1H); 3,74 (m, NH, 1H); 3,43 (dd, CH,

1H); 3,21 (m, CH, 1H); 2,96 (d largo, CH, 1H); 2,77 (m, CH2, 2H); 2,54 (m, CH2,

2H); 2,45 (s, CH3, 3H); 2,38 (s, CH3, 3H); 2,29 (m, CH, 1H); 1,37 (t, CH3, 6H).

13C RMN [CD3OD, δδδδ (ppm)]: 195,0; 194,7; 193,6 (C ≡ O); 155,3 [C(3/5)pz]; 145,6

[C(3/5)pz]; 109,3 [C(4)pz]; 64,0 (CH2); 63,9 (CH2); 62,1 (CH2); 61,3 (CH2); 53,4

(CH2), 43,5 (CH2); 23,0 (CH2); 21,2 (CH2); 16,8 (CH3), 16,7 (CH3); 16,1 (CH3); 11,6

(CH3).

31P RMN [CD3OD, δδδδ (ppm)]: 29,4.

IV (KBr, νννν/cm–1): 2027 (C ≡ O), 1901 (C ≡ O), 1263, 1023 (P=O), 798, 739.

Análise de C,H,N (%) para C18H31N4O6PBrRe:

Calculada: C, 31,04; H, 4,49; N, 8,04.

Experimental: C, 31,30; H, 4,40; N, 7,89.

Tempo de retenção (RP-HPLC): 15,8 min.

NNN NH2

Re

OC COCO

POEtOEt

O

Procedimento Experimental

194

Dados cristalográficos do complexo fac-[Re(CO)3(κ3-L1)]+ (Re1)

Os cristais foram obtidos por evaporação lenta de uma solução concentrada do

complexo numa mistura de clorofórmio e n-hexano, e a montagem foi feita em

capilares de vidro de parede fina.

Os dados cristalográficos utilizados na resolução e refinamento da estrutura

apresentam-se na tabela 4.1.

Tabela 4.1 – Dados cristalográficos do composto fac-[Re(CO)3(κ3-L1)]Cl (Re1).

Fórmula empírica C18H31ClN4O7PRe Massa molecular 668,09 Sistema cristalográfico Monoclínico

Grupo espacial P21/n

Dimensões da célula unitária a = 13,5880 (17) Å b = 13,7897(10) Å c = 14,870(3) Å

α = 90° β = 106,929(9)° γ = 90°

Volume, Å3 2665,4(7)

Z 4 T, °C 21(2)

ρcalc., gcm-3 1,665

µ(MoKα), mm-1 4,760

Nº reflexões obtidas 5989 Nº reflexões independentes 5745 [R(int) = 0,0355] Ajuste final [I>2σ(I)]a R1 = 0,0551; WR2 = 0,0867 Ajuste final (todos os dados)a R1 = 0,1073; WR2 = 0,1014

a R1 = ΣΣΣΣFo - Fc/ ΣΣΣΣFoe wR2 = [ΣΣΣΣ(w(Fo2 - Fc

2)2) / ΣΣΣΣ(w(Fo2)2)]1/2.

Capítulo 4

195

4.4.6.2. Síntese de fac-[Re(CO)3(κ3-L2)]+ (Re2)

A uma solução de [Re(CO)5Br] (0,018 g; 0,044 mmol) em água e em agitação foi

adicionada uma solução de pz-MPOH (0,020 g; 0,044 mmol) dissolvido no mesmo

solvente, e a mistura resultante foi refluxada durante a noite. Após evaporação do

solvente, o resíduo obtido foi seco na linha de vazio e analisado por HPLC-RP e

espectroscopia de RMN. O produto bruto consiste numa mistura de pz-MPOH livre e

complexo [Re(CO)3(pz-MPOH)] (36 %, calculado a partir do espectro de 1H RMN).

1H RMN [D2O, δδδδ (ppm)]: 6,01 [s, H(4)pz, 1H]; 5,07 (q largo, NH, 1H); 4,30 (dd, H, 1H);

4,08 (m, CH, 1H); 3,64 (m, CH, NH, 3H); 3,08 (m, CH, 1H); 2,69 (m, CH, 1H); 2,56 (m, CH,

1H); 2,37 (m, CH, 1H); 2,25 (s, CH3, 3H); 2,14 (s, CH3, 3H). 31P RMN [δδδδ (ppm)]: 25,3

(CD3OD); 23,4 (D2O).

Tempo de retenção (HPLC - RP): 10,8 min.

4.4.6.3. Síntese de fac-[Re(CO)3(κ3-L4)]+ (Re4)

Método directo:

Uma solução de fac - [Re(H2O)3(CO)3]Br (0,011 g, 0,029 mmol) e pz-BPOH (0,010

g; 0,023 mmol) em H2O foi refluxada durante a noite. Após remoção da água na linha

de vazio, o resíduo obtido foi dissolvido numa mistura de H2O/acetonitrilo (90:10). O

NNN NH2

Re

OC COCO

POHOH

O

Procedimento Experimental

196

precipitado foi eliminado por centrifugação e o sobrenadante foi purificado por RP-

HPLC (coluna Macherey-Nagel semipreparativa C18, Nucleosil 100 – 7, 250 nm ∙ 8 mm)

com fluxo de 2 mLmin-1. O produto foi obtido após eluição com gradiente de 0 a 100 %

de acetonitrilo com 0,5 % de CF3COOH/ H2O com 0,5 % CF3COOH. Os cromatogramas

foram obtidos monitorizando a absorção de UV a 254 nm. Após evaporação do

solvente obteve-se o complexo Re4 na forma de um óleo amarelo pálido (8,8 mg; 54

%).

Método indirecto:

A. Síntese de precursor fac-[Re(CO)3(κ3-pzCOOH)]

+ [107, 184]

O composto (NEt4)2[ReBr3(CO)3] (0,100 g; 0,131 mmol) fez-se reagir com uma

quantidade equimolar de pz–COOH (0,050 mg; 0,131 mmol) em H2O e em refluxo

durante 18 horas. De seguida, o solvente foi removido na linha de vazio e o resíduo

resultante foi lavado com clorofórmio para remover o excesso de [NEt4]Br. O resíduo

foi dissolvido em água, e foi purificado por RP-HPLC (coluna Waters l Bondapak C18 (19

mm ∙ 150 mm) com fluxo de 5 mLmin-1. O produto foi obtido utilizando como eluentes

uma solução de 0.1 % de CF3COOH (A) e metanol (B) e a eluição fez-se utilizando o

método 2 descrito na secção 4.3.

Os cromatogramas foram obtidos monitorizando a absorção de UV a 254 nm.

Após evaporação do solvente obteve-se o composto [Re(CO)3(κ3-pz-COOH)]+ na forma

de um óleo incolor transparente (50 mg; 71 %).

1H NMR [D2O, δδδδ (ppm)]: 6,01 [s, 1H, H(4)pz]; 5,07 (q largo, 1H, NH); 4,33 (dd,

1H, CHa); 4,07 (m, 1H,CHa´); 3,62 (s largo, 1H, NH); 3,50 (m, 1H, CHg); 3,37 (m,

2H, CHg’ + CHb); 3,05 (s largo, 1H, CHd); 2,72 (d, 2H,CHc + CHc’); 2,54 (t largo, 1H,

Capítulo 4

197

CHb’); 2,37 (m largo, 1H, CHd’); 2,33 (t, 2H, CHe + CHe’); 2,24 (s, 3H, CH3pz); 2,14

(s, 3H, CH3pz); 2,04 (m, 1H, CHf); 1,88 (m, 1H,CHf’).

13C NMR [D2O, δδδδ (ppm)]: 196,6; 196,2; 196,1 (C ≡ O); 179,8 (C = O); 155,7

[C(3/5)pz]; 146,3 [C(3/5)pz]; 109,8 [C(4)pz]; 67,8 (Cg); 63,2 (Cc); 54,5 (Cb); 49,1

Ca); 44,2 (Cd); 33,1 (Ce); 21,5 (Cf); 17,3 (CH3pz); 12,9 (CH3pz).

IV (KBr, νννν/cm–1): 2031 (C ≡ O), 1974 (C ≡ O), 1901 (C ≡ O), 1686, 1432, 1205,

1143, 848, 800, 728, 588.

ESI-MS (+): Valor calculado para C16H24N4O5Re [M + H]+ 539,1; valor observado

a 539,0.

Tempo de retenção (RP-HPLC): 18,6 min.

B. Síntese do intermediário [Re(CO)3(κ3-pz-AMDP)]

+

A uma solução de [Re(CO)3(κ3-pz-COOH)]+ (0,020 g; 0,037 mmol) e HOBt (8 mg;

0,056 mmol) em acetonitrilo seco (5 mL) a 0 – 5 ᵒC foi adicionada DCC (12 mg; 0,056

mmol), e a mistura foi agitada durante 30 min. Após adição de éster 1-

aminometildifosfonato de tetraetilo (17 mg; 0,056 mmol) dissolvido em acetonitrilo

(aproximadamente 1 mL), a agitação manteve-se à temperatura ambiente. A reacção

estava completa 20 horas depois por controlo através de cromatograma de RP-HPLC. A

DCU que precipita foi removida por centrifugação e o solvente do sobrenadante foi

evaporado. O resíduo obtido foi dissolvido numa mistura de H2O/CH3CN (90:10),

filtrou-se novamente para remover a DCU e, purificou-se por RP – HPLC utilizando uma

coluna Waters l Bondapak C18 (19 mm ∙ 150 mm) com fluxo de 5 mLmin-1 e detecção

UV a 254 nm. Os eluentes utilizados foram uma solução de 0.5 % de CF3COOH (A) e

Procedimento Experimental

198

uma solução de 0.5 % de CF3COOH em acetonitrilo (B) e a e a eluição fez-se utilizando

o método 1 descrito na secção 4.3.

Após evaporação do solvente obteve-se o composto [Re(CO)3(κκκκ3-pz-BPOEt)]+

na forma de um óleo incolor transparente (20 mg; 66 %).

1H NMR [D2O, δδδδ (ppm)]: 6,01 [s, 1H, H(4)pz]; 5,04 (s largo, 1H, NH); 4,51 (m, 1H,

CHh); 4,28 (d largo, 1H, CHa); 4,08 (m, 8H, P – OCH2CH3); 3,94 (m, 1H, CHa’); 3,64

(m largo, 1H, NH); 3,54 (m largo, 1H, CHg); 3,29 (m largo,2H, CHg’ + CHb); 3,00

(m largo, 1H, CHd); 2,71 (s largo, 2H, CHc + CHc’); 2,54 (t largo, 1H, CHb’); 2,35 (m

largo, 1H, CHd’); 2,33 (t, 2H, CHe + CHe’); 2,25 (s, 3H, CH3pz); 2,13 (s, 3H, CH3pz);

2,04 (m largo, 1H, CHf); 1,83 (m largo, 1H, CHf’); 1,15 (m, 12H, P – OCH2CH3).

13C NMR [D2O, δδδδ (ppm)]: 196,1 (3 x C ≡ O); 179,5 (CO); 155,6 [C(3/5)pz]; 146,2

[C(3/5)pz]; 109,7 [C(4)Pz]; 67,7 (Cg); 67,5 (P – OCH2CH3); 63,1 (Cc); 54,5 (Cb);

50,1 (Ch, P–CH–P); 49,0 (Ca); 44,1 (Cd); 32,7 (Ce); 21,3 (Cf); 17,7 (P – OCH2CH3);

17,3 (CH3pz); 12,8 (CH3pz). Os desvios químicos foram atribuídos com a ajuda

de experiências bidimensionais de espectroscopia de RMN (correlação

homonuclear 1H – 1H, COSY, e correlação heteronuclear 1H – 13C, HSQC).

31P RMN [D2O, δδδδ (ppm)]: 17,9.

Tempo de retenção (RP-HPLC): 16,1 min.

C. Síntese de fac-[Re(CO)3(κ3-L4)]

+ (Re4)

A uma solução de fac-[Re(CO)3(κ3-pz-AMDP)]+ (20 mg; 0,024 mmol) em

diclorometano seco (5 mL) a 0 ᵒC foi adicionado gota – a – gota brometo de

Capítulo 4

199

trimetilsilano (0,5 mL; 3,7 mmol). A mistura atingiu a temperatura ambiente e

permaneceu em agitação durante a noite. O solvente foi evaporado, e dissolvido em

metanol (5 mL) permanecendo em agitação mais 1,5 horas. O solvente foi evaporado e

o resíduo foi lavado com clorofórmio. O produto foi obtido na forma de óleo amarelo

pálido e o rendimento foi quantitativo com base no espectro de 1H RMN.

1H NMR [D2O, δδδδ (ppm)]: 6,01 [s, H(4)pz, 1H]; 5,04 (s largo, NH, 1H); 4,53 (m,

CHh, 1H); 4,29 (d largo, CHa, 1H); 4,07 (m largo, CHa’, 1H); 3,64 (s largo,NH, 1H);

3,50 (m largo, CHg, 1H); 3,26 (m largo,CHg’ + CHb, 2H); 3,01 (m largo, CHd, 1H);

2,71 (s largo, CHc + CHc’, 2H); 2,55 (t largo, CHb’, 1H); 2,34 (m largo, CHd’, 1H);

2,24 (s, CH3pz, 3H); 2,20 (s largo, CHe + CHe’, 2H); 2,13 (s, CH3pz, 3H); 2,03 (m,

CHf, 1H); 1,88 (m largo, CHf’, 1H).

13C NMR [D2O, δδδδ (ppm)]: 196,5; 196,1; 194,9 (C ≡ O), 180,4 (CO); 155,6

[C(3/5)pz]; 146,2 [C(3/5)pz]; 109,7 [C(4)Pz]; 67,7 (Cg); 63,2 (Cc); 54,6 (Cb); 50,9

(Ch, P-CH-P); 49,0 (Ca); 44,2 (Cd); 33,9 (Ce); 22,1 (Cf); 17,3 (CH3pz); 12,9 (CH3pz).

Os desvios químicos foram atribuídos com a ajuda de experiências

bidimensionais de espectroscopia de RMN (correlação homonuclear 1H – 1H,

COSY, e correlação heteronuclear 1H – 13C, HSQC).

31P RMN [D2O, δδδδ (ppm)]: 11,1 (largo).

Tempo de retenção (RP-HPLC): 13,9 min.

4.4.6.4. Síntese de fac-[Re(CO)3(κ3-L5)]+ (Re5)

A uma solução de fac-[Re(CO)3(κ3-pz-COOH)]Br (I) (0,039 g; 0,063 mmol) e

tetrafluorofenol (TFF; 0,023 g; 0,138 mmol) em acetonitrilo seco (4 mL) a 0 – 5 ᵒC foi

Procedimento Experimental

200

adicionada DCC (0,028 g; 0,138 mmol), e a mistura foi agitada durante 14 horas. A DCU

que precipita foi removida por centrifugação e o solvente do sobrenadante foi

evaporado. O resíduo foi suspendido num volume adequado de acetate de etilo, a DCU

que precipita foi removida por filtração, e o solvente do filtrado foi evaporado na linha

de vazio. O resíduo obtido foi dissolvido em acetonitrilo (2,5 mL), filtrado para eliminar

a DCC – ureia residual e adicionado a uma solução de PAM (0,017 g; 0,067 mmol) em

2,5 mL de tampão borato (pH 9,4) e trietilamina (60 µl). O pH final era próximo de 9 e a

mistura reaccional foi agitada durante cinco dias à temperatura ambiente. A mistura

foi concentrada até estar completamente seca, o resíduo resultante foi extraído com

H2O e, após remoção do solvente do sobrenadante na linha de vazio, o resíduo obtido

foi lavado com acetonitrilo para remover o excesso de trietilamónio. O complexo fac -

[Re(CO)3(κ3-pz-PAM)] foi obtido após purificação com cartuchos Sep-Pak C18 (Waters,

0,85 cc/360 mg) previamente condicionados. O composto fac - [Re(CO)3(pz-PAM)]+ (2)

foi eluído com gradiente de 25 - 75 % metanol/H2O após lavagem com 10 mL H2O

(0,014 g; 24 %).

1H NMR [D2O, δδδδ (ppm)]: 6,07 [s, H(4)pz, 1H]; 5,11 (m, NH, 1H); 4,36 (dd, 2JHH =

15.8 Hz, 3JHH = 3.2 Hz, CHa, 1H); 4,13 (dd, , 2JHH = 15.8 Hz, 3JHH = 10.6 Hz, CHa´,

1H); 3,64 (m, NH, 1H); 3,54 (dd, 2JHH = 12.4 Hz, 3JHH = 3.5 Hz, CHg, 1H); 3,42 -

3.37 (m, CH2h/h’+ CHg’ + CHb, 4H); 3,11 (m, CHd, 1H); 2,76 (m, CH2

c/c’, 2H); 2,60

(dd, 2JHH = 14.4 Hz, 3JHH = 10.8 Hz, CHb’, 1H); 2,43 (m, CHd’, 1H); 2,30 (s, CH3pz,

3H); 2,19 (m, CH3pz + CH2e/e’, 5H); 2,01 (m, CH2

f/f’ + CH2i/i’, 4H).

13C NMR [D2O, δδδδ (ppm)]: 194,6; 194,2; 193,1 (C≡O); 174,9 (C=O); 153,7

[C(3/5)pz]; 144,3 [C(3/5)pz]; 107,8 [C(4)pz]; 73,2 (t, JCP = 129.4 Hz, Cj); 66,0 (Cg);

61,3 (Cc); 52,8 (Cb); 47,2 (Ca); 42,2 (Cd); 36,1 (t, JCP = 7.9 Hz, Ch); 33,1 (Ce + Ci);

20,7 (Cf); 15,4 (CH3pz); 10,9 (CH3pz).

31P NMR [D2O, δδδδ (ppm)]: 24,7.

IV (KBr, νννν/cm–1): 2033, 1927, 1913 (C ≡ O), 1686, 1210, 1141, 845, 803, 726.

ESI-MS [-] m/z: Valor calculado para ReO11N5C19H30P2 [M - 3H]2- 376,5; valor

observado 376,5. Valor calculado para ReO11N5C19H31P2 [M - 2H]- 754,1; valor

observado 753,9. Valor calculado para ReO11N5C19H30P2Na [M – 3H + Na]- 776,1;

Capítulo 4

201

valor observado 775,9. Valor calculado para ReO11N5C19H30P2K [M - 3H + K]-

792,1; valor observado 791,9.

Análise de C,H,N (%) para C19H31N5Na2O11P2ReBr∙CH3OH:

Calculado: C, 26.35 %; H, 3.87 %; N, 7.68 %.

Experimental: C, 26.45 %; H, 3.74 %; N, 7.66 %.

Tempo de retenção (RP-HPLC): 11,9 min.

IV (KBr, νννν/cm–1): 2033 (C ≡ O), 1927 (C ≡ O), 1913 (C ≡ O), 1686, 1442, 1210,

1141, 845, 803, 726.

4.4.6.5. Síntese de fac-[Re(CO)3(κ3-L6)]+ (Re6)

Uma solução de ALN (0,017 g; 0,052 mmol) e NMM (36 µl; 0,325 mmol) em H2O

(2 mL) foi adicionada gota – a – gota a uma solução de fac-[Re(CO)3(κ3-pz-COOH)]Br

(0,025 g; 0,040 mmol), 1-Hidroxibenzotriazolo hidratado (HOBt; 0,013 g; 0,097 mmol)

e O-Benzotriazol-N,N,N’,N’-tetramethyluronium-hexafluoro phosphate (HBTU; 0.037 g,

0,097 mmol) em N,N-dimetilformamida (2 mL). O pH final foi ajustado até 8 com

adição de NMM (18 µl; 0,163 mmol). A mistura reaccional foi agitada à temperature

ambiente e, após cinco dias, o solvent foi evaporado na linha de vazio e o resíduo foi

extraído com H2O (~ 5 mL). Este volume foi reduzido até 2 mL e o concentrado foi

purificado com um cartucho Sep Pak (Waters, 12 cc, 2 g) pré-condicionado. O

composto fac - [Re(CO)3(κ3 - pz-ALN) foi eluído com uma mistura de 50 % Metanol/H2O

Procedimento Experimental

202

após lavagem com pequenas quantidades de H2O, 20 % Metanol/H2O e 30 %

Metanol/H2O (0,015 g; 40 %).

1H NMR [D2O, δδδδ (ppm)]: 6,02 [s, H(4)pz, 1H]; 5,06 (m, NH, 1H); 4,31 (dd, 2JHH =

25.7 Hz , 3JHH = 3.0 Hz CHa, 1H); 4,08 (dd, 2JHH = 15.4 Hz , 3JHH = 11.0 Hz, CHa´,

1H); 3,64 (m, NH, 1H); 3,50 (m, CHg, 1H); 3,27 (m, CH2b + CHg’, 2H); 3,07 (m,

CHh/h’+ CHd, 1H); 2,71 (m, CH2c/c’, 2H); 2,56 (m, CHb’, 1H); 2,38 (m, CHd’, 1H);

2,26 (s, CH3pz, 3H); 2,14 (m, CH2e/e’ + CH3pz, 5H); 2,07 (m, CH2

f/f’, 2H); 1,82 (m,

CH2j, 2H); 1,71 (m, CH2

i, 2H).

13C NMR [D2O, δδδδ (ppm)]: 194,6; 194,2; 193,1 (C≡O); 175,4 (C=O); 153,7

[C(3/5)pz]; 144,3 [C(3/5)pz]; 107,7 [C(4)pz]; 71,8 ( Ck); 65,9 (Cg); 61,3 (Cc); 52,8

(Cb); 47,1 (Ca); 42,2 (Cd); 40,0 (Ch); 32,8 (Ce); 31,1 (Cj); 23,3 (m, Ci); 20,7 (Cf); 15,3

(CH3pz); 10,9 (CH3pz).

31P NMR [D2O, δδδδ (ppm)]: 19,6.

IV (KBr, νννν/cm–1): 2026, 1930, 1912 (C≡O), 1650 (C=ONH), 1172, 1064, 526.

ESI-MS [-] m/z: Valor calculado para C20H32N5O11P2Re [M - 3H]2- 383,5; valor

observado 383,4. Valor calculado para C20H33N5O11P2Re [M - 2H]- 768,1; valor

observado 768,0. ESI-MS [+] m/z: Valor calculado para C20H35N5O11P2Re [M]+

770,1; valor observado 770,1. Valor calculado para C20H34N5O11P2ReNa [M - H +

Na]+ 792,1; valor observado 792,1. Valor calculado para C20H33N5O11P2ReNa2 [M

- 2H + 2Na]+ 814,1; valor observado 814,1. Valor calculado para

C20H33N5O11P2ReKNa [M - 2H + Na + K]+ 830,1; valor observado 830,0.

Análise de C,H,N (%) para C20H33N5Na2O11P2ReBr∙CH3OH:

Calculado: C, 27,25 %; H, 4,03. %; N, 7,57 %.

Experimental: C, 27.76 %; H, 4.19 %; N, 7.31 %.

IV (KBr, νννν/cm–1): 2026 (C ≡ O), 1930 (C ≡ O), 1912 (C ≡ O), 1650 (C=ONH), 1172,

1064, 526.

Tempo de retenção (RP-HPLC): 13,8 min.

Capítulo 4

203

4.4.7. Síntese dos complexos de 99mTc(I)

As manipulações das substâncias radioactivas foram efectuadas utilizando

como protecção uma barreira de chumbo com visor impregnado de sais de chumbo.

Os frascos com produtos radioactivos foram colocados dentro de contentores de

chumbo. A exposição à dose de radiação foi monitorizada por leitura de dosímetro

individual de corpo e de mãos.

4.4.7.1. Preparação do complexo precursor fac-[99mTc(H2O)3(CO)3]+

Após eluição de um gerador de 99Mo/99mTc com uma solução de NaCl 0,9% a

actividade do Na[99mTcO4] eluído foi medida numa câmara de ionização Atomlab 100

plus (Biodex Medical Systems). De seguida, o precursor fac-[99mTc(H2O)3(CO)3]+ foi

preparado utilizando um Kit Isolink®

Mallinckrodt, da seguinte forma:

-adicionaram-se 1 – 2 mL de Na[99mTcO4] ao kit de reagentes liofilizados e agitou-se,

-aqueceu-se num banho termostatizado a 100 ᵒC durante 20 min,

-arrefeceu-se num banho de gelo durante aproximadamente 5 min,

-adicionou-se uma mistura de HCl 1M até atingir um valor de pH entre 6,8 e 7,4.

4.4.7.2 – Procedimento geral para a síntese dos complexos Tc1–Tc7

A uma solução (50 - 100 µl, 10-3 M) de ligando em etanol (L1), ou em H2O (L2,

L4, L5, L6 ou L7), introduzida num frasco de vidro selado e sob atmosfera de azoto,

adicionaram-se 950 – 900 µL de uma solução de fac-[99mTc(CO)3(H2O)3]+ (5 mCi), em

tampão fosfato pH 7,4 (Tc1 e Tc2) ou em NaCl 0,9 % pH 7,4 (Tc4, Tc5, Tc6 e Tc7). A

preparação foi aquecida a 100 ᵒC durante 30 min, arrefecida num banho de gelo e

analizada por RP-HPLC. Os tempos de retenção obtidos para Tc1 - Tc7 e para Re1 - Re6

foram os seguintes:

tR = 16,3 min (Tc1), 15,8 min (Re1);

Procedimento Experimental

204

tR = 11,4 min (Tc2), 10,8 min (Re2),

tR = 13,2 min (Tc4), 13,9 min (Re4);

tR = 12.0 min (Tc5), 11.9 min (Re5);

tR = 14,2 min (Tc6), 13,8 min (Re6);

tR = 12,3 min (Tc7).

4.5. ESTUDOS IN VITRO

4.5.1 - Determinação da Carga e da Lipofilía dos Complexos

A carga dos complexos Tc5, Tc6 e Tc7 foi determinada por electroforese, nas

condições experimentais descritas na secção 4.3.

A lipofilía dos complexos de 99mTc foi determinada através do método

“shakeflask” [121]. Isto é, o radiocomplexo foi adicionado a uma mistura de octanol (1

mL) e uma solução 0,1 M de tampão PBS pH = 7,4 (1 mL). Esta mistura foi agitada no

vortex antes e após a adição do radiocomplexo, e de seguida centrifugou-se (3000

rpm, 10 min, temperatura ambiente) para separação das duas fases. A actividade das

aliquotas de ambas as fases (octanol e tampão PBS) foram contadas no contador

gama, e o coeficiente de partição (Po/w) foi calculado dividindo a actividade no octanol

pela actividade na solução tampão PBS. Os resultados foram expressos como Log D.

Log D = 0,08 ± 0,04 (Tc1)

Log D = -1,67 ± 0,03 (Tc2)

Log D = -2.00 ± 0.02 (Tc5)

Log D = -1,94 ± 0.02 (Tc6)

Log D = -2,66 ± 0.06 (Tc7)

Capítulo 4

205

4.5.2. Estabilidade In Vitro

Estabilidade em PBS

As soluções dos compostos (Tc1 e Tc2) preparados em tampão PBS (pH = 7,4),

foram aquecidas durante 0, 1, 2, 4 e 24 horas em banho termostatizado a 37 ᵒC. Para

os diferentes tempos foram retiradas alíquotas e analisadas por RP-HPLC.

Para os complexos preparados em meio salino (Tc4, Tc5 e Tc6), o estudo de

estabilidade em tampão PBS foi realizado adicionando 900 µL de tampão PBS 0,1 M pH

= 7,4 a uma alíquota de 100 µL do complexo de 99mTc. As soluções obtidas foram

posteriormente sujeitas ao tratamento e análise descritos anteriormente.

Estabilidade em soro humano

Num frasco de vidro selado e com atmosfera de N2, adicionou-se 100 µl de uma

solução do complexo (Tc1 ou Tc2) a 900 µl de soro humano de forma a obter uma

concentração final de 10-3 M. A mistura foi mantida durante 0, 1, 2 e 4 horas em banho

de água a 37 ᵒC e após cada um dos tempos referidos retiraram-se alíquotas de 100 µl

e precipitaram-se as proteínas com etanol (200 µl). As soluções foram centrifugadas a

3000 rpm durante 15 min a 4 ᵒC e procedeu-se à sua análise por RP-HPLC.

Estabilidade na presença de histidina e cisteína

Num frasco de vidro selado e com atmosfera de N2, adicionou-se 100 µl de uma

solução do complexo (Tc6) a 900 µl de uma solução de histidina (ou cisteína) de forma

a obter uma concentração final de 10-3 M destes substratos. A mistura foi mantida

durante 1, 2, 4 e 6 horas em banho de água a 37 ᵒC, após o que se retiraram alíquotas

das soluções e se procedeu à sua análise por HPLC.

Procedimento Experimental

206

4.5.3. Ligação à Hidroxiapatite

A adsorção à hidroxiapatite foi determinada seguindo um método descrito na

literatura [185]. Assim, foram adicionados 50 μL de cada complexo (ca. 300 µCi/500

µL) a 2,5; 10; e 50 mg de HA, em 500 µL de tampão PBS pH = 7,2 (GIBCO®). Esta

mistura foi incubada num banho de água a 37 ᵒC durante 1 h. Imediatamente após a

incubação, a mistura foi centrifugada (7500 rpm/ 3 min) e a fase líquida separada. A

fase sólida foi lavada 2 vezes com 500 µL de tampão PBS (pH = 7,2), e a actividade foi

lida numa câmara de ionização. A ligação à hidroxiapatite calcula-se conforme indicado

na equação 4.1:

% Ligação à hidroxiapatite =�(���)

�(��� �) x 100 (4.1)

A(sol) = actividade da fase sólida; A(total) = actividade total.

Alternativamente, a absorção dos complexos de 99mTc foi também calculada ao

longo do tempo. Para isso, 50 µL de cada complexo (~300 µCi/500 µL) foram incubados

com 15 mg de HA em 500 µL de tampão PBS pH = 7,2, durante 0, 1, 2 e 4 horas num

banho de água a 37 ᵒC. As suspensões obtidas foram tratadas de acordo com o

procedimento descrito anteriormente.

4.6. ESTUDOS IN VIVO

Todas as experiências in vivo foram realizadas de acordo com os padrões da lei

europeia relativos ao alojamento, cuidados e protecção dos animais para fins

científicos (Decreto-lei 129/92 de 6 de Julho e 197/96 de 16 de Outubro da Portaria

1131/97, que transpõem para a ordem jurídica interna a Directiva Comunitária nº

86/609/CEE).

Capítulo 4

207

4.6.1. Ensaios de Biodistribuição e Estabilidade In Vivo

A biodistribuição ex-vivo dos complexos avaliados foi determinada em grupos

de quatro a cinco ratinhos fêmea (Charles River), das estirpes CD-1 (20 – 25 g), e Balb-c

(15 g). Os animais foram injectados por via intravenosa, na veia da cauda, com 100 µL

(7,0 – 32 MBq) de cada preparação, e mantiveram-se em condições controladas de

temperatura, luz e humidade, e com uma dieta normal ad libitum.

Imediatamente após injecção mediu-se a actividade injectada em cada ratinho

na câmara de ionização. Os animais foram depois sacrificados por deslocação cervical,

1 hora e 4 horas após injecção. De seguida, foram dissecados e recolheram-se os

órgãos de interesse. Mediu-se a actividade em cada órgão numa câmara de ionização

ou num contador gama (Berthold) e, após determinação da respectiva massa, os

resultados da biodistribuição foram expressos como uma percentagem da dose

injectada por cada órgão (% A.I./órgão) ou por grama de órgão (% A.I./g órgão).

A excreção total da actividade assume-se como a diferença entre a actividade

injectada no animal e a actividade medida imediatamente após o seu sacrifício do

animal, expressa como percentagem da dose injectada (% A.I.). A actividade total no

sangue, osso e músculo foi calculada assumindo que estes órgãos constituíam 6, 10 e

40 % do peso total do animal, respectivamente.

Procedimento Experimental

208

Tabela 4.3 – Resultados de biodistribuição (% A.I./órgão) após administração dos

complexos Tc4, Tc5 e Tc6 em ratinhos CD-1.

Tc4 Tc5 Tc6

1 h 4 h 1 h 4 h 1 h 4 h

Sangue 0,8 ±±±± 0,1 0,27 ± 0,03 0,77 ± 0,08 0,30 ± 0,05 0,62 ± 0,04 0,27 ± 0,04

Rim 0,7 ± 0,2 0,5 ± 0,2 1,27 ± 0,07 0,8 ± 0,1 0,81 ± 0,05 0,66 ± 0,05

Fígado 1,5 ± 0,4 1,0 ± 0,4 2,6 ± 0,7 1,3 ± 0,5 2,17 ± 0,09 1,43 ± 0,06

Intestino 1,2 ± 0,2 1,5 ± 0,3 1,8 ± 0,6 2,7 ± 1,5 1,6 ± 0,1 1,9 ± 0,2

Baço 0,04 ± 0,02 0,02 ± 0,01 0,06 ± 0,03 0,04 ± 0,02 0,051 ± 0,007 0,03 ± 0,01

Coração 0,02 ± 0,01 0,010 ± 0,005 0,03 ± 0,01 0,01 ± 0,005 0,029 ± 0,004 0,02 ± 0,01

Pulmões 0,11 ± 0,03 0,07 ± 0,04 0,100 ± 0,005 0,06 ± 0,02 0,16 ± 0,02 0,08 ± 0,01

Estômago 0,3 ± 0,2 0,25 ± 0,08 0,12 ± 0,04 0,15 ± 0,07 0,2 ± 0,1 0,14 ± 0,02

Músculo 1,2 ± 0,6 0,9 ± 0,6 1,9 ± 0,3 1,4 ± 0,4 3,6 ± 0,7 1,9 ± 0,3

Osso 7,5 ±±±± 1,8 7,9 ±±±± 1,4 18,5 ± 1,2 18,7 ± 2,8 30,3 ±±±± 1,3 22,8 ± 2,2

Tabela 4.2 – Resultados de biodistribuição (% A.I./órgão) após administração dos

complexos Tc1 e Tc2 em ratinhos CD-1 fêmea.

Tc1 Tc2

5 min 1 h 4 h 5 min 1 h 4 h

Sangue 4,4 ± 0,2 1,1 ±0,3 0,8 ± 0,1 6,4 ± 2,2 0,7 ± 0,3 0,26 ± 0,05

Rim 6,7 ± 1,8 1,5 ± 0,7 0,4 ± 0,2 5,3 ± 0,9 0,8 ± 0,2 0,40 ± 0,06

Fígado 28,2 ± 2,6 8,9 ± 2,7 6,2 ± 0,3 26,2 ± 1,4 14,1 ± 1,7 4,5 ± 1,5

Intestino 23,5 ± 3,9 50,8 ± 5,0 43,3 ± 12,0 5,8 ± 1,3 22,8 ± 1,6 23,9 ± 6,3

Baço 0,3 ± 0,1 0,26 ± 0,03 0,32 ± 0,06 0,18 ± 0,06 0,02 ± 0,01 0,03 ± 0,02

Coração 0,12 ± 0,02 0,04 ± 0,01 0,04 ±0,01 0,25 ± 0,06 0,03 ± 0,01 0,02 ± 0,01

Pulmões 2,3 ± 0,6 0,3 ± 0,1 0,19 ± 0,02 0,7 ± 0,3 0,08 ± 0,03 0,05 ± 0,01

Estômago 0,7 ± 0,4 0,3 ± 0,1 0,22 ± 0,05 0,6 ± 0,1 0,4 ± 0,1 0,17 ± 0,05

Músculo 4,1 ± 0,7 1,1 ± 0,2 0,92 ± 0,07 11,7 ± 0,4 0,6 ± 0,2 0,17 ± 0,04

Osso 1,4 ± 0,2 0,4 ± 0,1 0,38 ± 0,03 4,6 ± 0,4 0,3 ± 0,1 0,22 ± 0,02

Capítulo 4

209

Tabela 4.5 – Resultados de biodistribuição (% A.I./órgão) após administração do

complexo Tc7 em ratinhos CD-1.

Tc7

Sem Probenecide Com Probenecide

1 h 4 h 1 h 4 h

Sangue 0,5 ± 0,1 0,16 ± 0,04 2,3 ± 0,5 0,35 ± 0,09

Rim 5,5 ± 0,6 5,1 ± 0,5 5,6 ± 1,1 3,5 ± 0,8

Fígado 3,7 ± 0,2 3,1 ± 0,8 5,10 ± 0,09 4,5 ± 0,2

Intestino 1,9 ± 0,4 3,8 ± 1,1 3,9 ± 0,2 4,2 ± 0,2

Baço 0,08 ± 0,02 0,09 ± 0,04 0,19 ± 0,01 0,14 ± 0,03

Coração 0,04 ± 0,01 0,03 ± 0,01 0,09 ± 0,05 0,044 ± 0,008

Pulmões 0,24 ± 0,06 0,22 ± 0,02 0,4 ± 0,1 0,235 ± 0,006

Estômago 0,5 ± 0,1 0,3 ± 0,2 0,27 ± 0,06 0,16 ± 0,01

Músculo 3,9 ± 0,6 3,0 ± 0,2 3,5 ± 1,5 1,9 ± 0,3

Osso 33,3 ±±±± 1,1 32,9 ± 5,2 12,5 ±±±± 1,6 21,1 ±±±± 3,1

Tabela 4.4 – Resultados de biodistribuição (% A.I./órgão) após administração dos

complexos Tc5 e Tc6 em ratinhos Balb-c.

Tc5 Tc6

1 h 4 h 6,5 h 1 h 4 h 6,5 h

Sangue 0,48 ± 0,01 0,16 ± 0,04 0,13 ± 0,03 0,43 ± 0,04 0,18 ± 0,04 0,18 ± 0,01

Rim 1,1 ± 0,1 0,90 ± 0,02 0,7 ± 0,2 0,8 ± 0,1 0,6 ± 0,1 0,6 ± 0,1

Fígado 1,82 ± 0,05 1,3 ± 0,1 1,1 ± 0,3 2,3 ± 0,07 1,5 ± 0,6 2,0 ± 0,2

Intestino 3,0 ± 0,2 1,4 ± 0,1 0,73 ± 0,01 2,18 ± 0,02 0,7 ± 0,2 0,7 ± 0,3

Baço 0,06 ± 0,02 0,06 ± 0,01 0,04 ± 0,01 0,11 ± 0,02 0,02 ± 0,04 0,11 ± 0,02

Coração 0,06 ± 0,02 0,03 ± 0,01 0,03 ± 0,01 0,03 ± 0,002 0,03 ± 0,02 0,02 ± 0,003

Pulmões 0,09 ± 0,02 0,06 ± 0,01 0,05 ± 0,07 0,32 ± 0,04 0,23 ± 0,08 0,20 ± 0,07

Estômago 0,17 ± 0,05 0,06 ± 0,01 0,06 ± 0,01 0,09 ± 0,01 0,05 ± 0,01 0,07 ± 0,05

Músculo 2,6 ± 0,6 2,0 ± 0,4 1,5 ± 0,8 1,9 ± 0,4 1,2 ± 0,1 1,1 ± 0,3

Osso 28,,,,6 ±±±± 0,,,,4 23,,,,2 ±±±± 2,,,,6 12,,,,8 ±±±± 2,,,,4 20,,,,7 ±±±± 4,,,,9 20,,,,9 ±±±± 2,,,,2 18,,,,9 ±±±± 1,,,,5

Procedimento Experimental

210

A estabilidade in vivo dos complexos foi determinada por análise por RP-HPLC

de amostras de urina e sangue. As amostras foram recolhidas após sacrifício dos

ratinhos efectuado 1 hora após injecção dos complexos de 99mTc.

Tabela 4.7 – Resultados de biodistribuição (% A.I./g órgão) após administração do complexo 99mTc-MDP em ratinhos CD-1 e Balb-C.

CD-1 Balb-c

1 h 4 h 1 h 4 h 6,5 h

Sangue 0,19 ± 0,03 0,15 ± 0,01 0,4 ± 0,1 0,28 ± 0,02 0,24 ± 0,02

Rim 1,7 ± 0,3 2,0 ± 0,6 2,4 ± 0,4 2,2 ± 0,3 1,7 ± 0,2

Fígado 4,9 ± 1,9 1,0 ± 0,2 3,7 ± 1,6 3,0 ± 0,5 2,2 ± 0,4

Intestino 0,19 ± 0,05 0,38 ± 0,05 0,24 ± 0,04 0,6 ± 0,1 0,2 ± 0,1

Baço 1,9 ± 1,0 1,7 ± 0,7 2,9 ± 0,6 9,7 ± 0,7 7,6 ± 1,6

Coração 0,21 ± 0,07 0,2 ± 0,1 0,3 ± 0,2 0,6 ± 0,1 0,5 ± 0,2

Pulmões 0,26 ± 0,03 0,4 ± 0,2 0,4 ± 0,3 1,1 ± 0,3 0,7 ± 0,2

Estômago 0,57 ± 0,4 0,4 ± 0,2 1,0 ± 0,7 1,5 ± 0,4 0,4 ± 0,1

Músculo 0,4 ± 0,1 0,3 ± 0,1 0,5 ± 0,1 0,4 ± 0,1 0,5 ± 0,1

Osso 12,7 ±±±± 2,7 12,7 ±±±± 1,4 17,1 ±±±± 2,4 19,8 ±±±± 1,5 18,2 ±±±± 3,1 Excreção total 53,1 ± 5,0 57,6 ± 1,7 49,1 ± 6,1 56,8 ± 0,9 59,7 ± 1,7

Tabela 4.6 – Resultados de biodistribuição (% A.I./órgão) após administração do

complexo 99mTc-MDP em ratinhos CD-1 e Balb-C.

CD-1 Balb-c

1 h 4 h 1 h 4 h 6,5 h

Sangue 0,23 ± 0,02 0,19 ± 0,02 0,4 ± 0,2 0,25 ± 0,01 0,21 ± 0,02

Rim 0,6 ± 0,1 0,7 ± 0,2 0,7 ± 0,1 0,58 ± 0,05 0,49 ± 0,06

Fígado 5,8 ± 2,1 1,3 ± 0,4 3,8 ± 1,9 2,5 ± 0,2 2,0 ± 0,3

Intestino 0,44 ± 0,05 0,8 ± 0,1 0,4 ± 0,07 0,9 ± 0,2 0,4 ± 0,1

Baço 0,25 ± 0,11 0,19 ± 0,06 0,13 ± 0,06 1,0 ± 0,1 0,8 ± 0,2

Coração 0,03 ± 0,01 0,03 ± 0,01 0,04 ± 0,02 0,06 ± 0,02 0,07 ± 0,03

Pulmões 0,07 ± 0,01 0,10 ± 0,06 0,08 ± 0,02 0,22 ± 0,05 0,14 ± 0,04

Estômago 0,3 ± 0,2 0,3 ± 0,2 0,2 ± 0,2 0,27 ± 0,03 0,18 ± 0,04

Músculo 3,1 ± 0,7 2,4 ± 0,6 3,1 ± 0,7 2,4 ± 0,8 2,7 ± 0,4

Osso 26,0 ± 4,1 25,9 ± 1,9 24,7 ±±±± 5,1 29,2 ±±±± 4,1 26,9 ±±±± 3,8

Excreção total 53,1 ± 5,0 57,6 ± 1,7 49,1 ± 6,1 56,8 ± 0,9 59,7 ± 1,7

Capítulo 4

211

As amostras de urina foram previamente centrifugadas e filtradas (filtro

Millipore 0,22 µm) antes de analisadas por RP-HPLC.

As amostras de sangue foram centrifugadas (3000 rpm, 15 min, 4 ᵒC), o soro foi

tratado com etanol, numa razão de 2:1 (v/v de etanol/soro), para precipitar as

proteínas. As misturas foram novamente centrifugadas (3000 rpm, 15 min, 4 ᵒC) e o

sobrenadante foi filtrado (filtro Millipore 0,22 µm) e analisado por RP-HPLC.

4.6.2. Cintigrafia em câmara - gama

Para a vizualização da biodistribuição in vivo, administraram-se por via

intravenosa ca. 37 MBq de cada um dos complexos Tc5, Tc6, Tc7 e 99mTc-MDP, a

grupos separados de ratos Sprague Dawley. As imagens de corpo inteiro foram obtidas

com uma câmara - gama (GE) equipada com um colimador LEAP e ligada a um

computador Starcam 4000i. Todas as imagens foram obtidas numa matriz de 128 x

128, 2h após injecção dos complexos radioactivos.

A aquisição das imagens cintigráficas foi realizada com o apoio da Drª

Guilhermina Cantinho e do Sr. Vieira Marques, no Instituto de Medicina Nuclear da

Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

Referências Bibliográficas

Referências

215

REFERÊNCIAS

1. Raggatt, Liza J. and Partridge, Nicola C., Cellular and Molecular Mechanisms of Bone

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Referências

226

Anexos

229

ANEXOS

Espectros Bidimensionais de Ressonância Magnética Nuclear:

1H –

1H COSY e

1H –

13C HSQC.

Figura A.1 – Ampliação do espectro de 1H -

1H COSY de L5, na zona δ 4,4 - 1,6 (D2O).

2.002.503.003.504.00

2.00

2.50

3.00

3.50

4.00

ppm

ppm

a b

a

b + h

b

a

a b

h

h

i

i

i g

g

g

f

f

f

e f

e

e

e

f

f g

h

i c + d

c + d

Mepz Mepz

Mepz

Mepz

L5

Anexos

230

Figura A.2 – Espectro de 1H –

13C HSQC de L5 (D2O).

13253850637588100

2.0

3.0

4.0

5.0

c

ppm

ppm

2 x Mepz

a

b

a

b + h

b

a

d

d

h

h

i

g

g

f

f

f

e i

e

e + i

g c + d

c

C(4)pz

Mepz

Mepz

H(4)pz

H(4)pz

C(4)pz

Mepz

L5

Figura A.3 - Espectro de 1H –

ppm

Re5

1H COSY de Re5 (D2O).

3.04.05.06.0ppm

a’

H(4)pz

a b’

NH

d d’

NH

g

NH

NH d’

d

NH

d’

NH

c + c’

NH

H(4)pz

2 x Mepz

NH NH

h/h’ b g’

Mepz

NH

d

H(4)pz

Zona ampliada Fig. A.4

Anexos

231

2.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

ppm

f/f’ + i/i’

d’

e + e’

2 x Mepz

H(4)pz Mepz

Fig. A.4

Anexos

232

Figura A.4 - Ampliação do espectro de

ppm

Re5

Ampliação do espectro de 1H –

1H COSY de Re5 na zona δ 4,5 - 1,7.

2.503.003.504.00ppm

a’ a b’ d d’ g

c + c’

2 x Mepz

NH

h/h’ b g’

d’ d c d’

NH d’

b’ b

b b’

c d

d c

d’

d

d’

c

ga’

a

a’

a b a

b a

a’ b’

a’ b’

d’ NH

f g

i h

1,7.

2.00

2.00

2.50

3.00

3.50

4.00

ppm

f/f’ + i/i’

e + e’

2 x Mepz

d’

d’

f g

i h

Anexos

233

Figura A.5 – Espectro de 1H –

13C HSQC de Re5 (D2O).

1733506783100

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

ppm

ppm

a’ a

f/f’ + i/i’

b’

d

d’

g

e + e’

c + c’

H(4)pz

2 x Mepz

NH

NH

h/h’ + b + g’

2 x Mepz

a b d

h

g f

e + i

c C(4)pz

j

H(4)pz

C(4)pz

g/g’

a/a’

e + i f/f’ Mepz b’

b

c

d’

d

h

Re5


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