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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO

GROSSO CAMPUS CUIABÁ - BELA VISTA

DEPARTAMENTO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL

NAYARA TAISE DA SILVA SANCHES

PERCEPÇÃO SOCIOAMBIENTAL DOS ALUNOS DO 4º ANO DA ESCOLA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PROFESSOR EZEQUIEL POMPEU

RIBEIRO DE SIQUEIRA CUIABÁ - MT

CUIABÁ – MT 2016

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO GROSSO

CAMPUS CUIABÁ - BELA VISTA DEPARTAMENTO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL

NAYARA TAISE DA SILVA SANCHES

PERCEPÇÃO SOCIOAMBIENTAL DOS ALUNOS DO 4º ANO DA ESCOLA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PROFESSOR EZEQUIEL POMPEU

RIBEIRO DE SIQUEIRA CUIABÁ - MT

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Gestão Ambiental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Campus Cuiabá - Bela Vista para obtenção de título de graduação. Orientadora: Prof. Dra Raquel Martins Fernandes Mota Co-orientadora: Prof. Esp. Fernanda Silveira Carvalho de Souza

CUIABÁ – MT 2016

Divisão de Serviços Técnicos. Catalogação da Publicação na Fonte. IFMT ampus Cuiabá Bela Vista

Biblioteca Francisco de Aquino Bezerra S211p Sanches, Nayara Taise da Silva. Percepção socioambiental dos alunos do 4º ano da escola municipal de educação básica professor Ezequiel Pompeu Ribeiro de Siqueira Cuiabá – MT. / Nayara Taise da Silva Sanches._ Cuiabá, 2016. 62 f. Orientador: Prof.ª Dr.ª Raquel Martins Fernandes Mota Co-orientadora: Prof.ª Esp.ª Fernanda Silveira Carvalho de Souza Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação)_. Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Mato Grosso. Campus Cuiabá – Bela Vista. Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental. 1. Educação ambiental – TCC. 2. Ensino – TCC. 3. Percepção socioambiental – TCC. I. Mota, Raquel Martins Fernandes. II. Souza, Fernanda Silveira Carvalho de. III. Título. IFMT CAMPUS CUIABÁ BELA VISTA CDU 504.06(817.2) CDD 304.2.98172

NAYARA TAISE DA SILVA SANCHES

PERCEPÇÃO SOCIOAMBIENTAL DOS ALUNOS DO 4º ANO DA ESCOLA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PROFESSOR EZEQUIEL POMPEU

RIBEIRO DE SIQUEIRA – CUIABÁ - MT

Trabalho de Conclusão de Curso em Tecnologia em Gestão Ambiental, submetido à Banca Examinadora composta pelos Professores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Campus Cuiabá Bela Vista como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Graduada.

CUIABÁ – MT

2016

Dedico este trabalho a minha família, sempre compreensiva e presente, aos amigos e a minha linda e amada filha Yasmin que com apenas um sorriso me faz acreditar que tudo é possível.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me dado paciência e iluminar meu meus passos e pensamentos para enfrentar as dificuldades e nervosismo e ansiedade a cada dia.

Aos meus pais, pelo amor, dedicação, incentivo e apoio incondicional nessa fase do curso de graduação e durante toda minha vida.

A todos de minha família pela compreensão e apoio por mais essa missão cumprida. Um agradecimento muito especial a minha filha Yasmin Sanches, que ressignifica a minha vida a cada dia.

A toda equipe de professores e alunos Escola Municipal de Educação Básica Professor Ezequiel Pompeu Ribeiro de Siqueira, em especial agradeço à Diretora Fancisney Rodrigues de Moura Silva e à coordenadora pedagógica Carlene Cristina da Silva Candeias que me deram livre acesso frequentar a escola e manter contato direto com os professores e alunos.

Às minhas orientadoras professora Raquel e Fernanda que sempre estiveram atenciosas e pacientes com todas as dificuldades enfrentadas ao longo desse trabalho e pelas orientações ao longo do desenvolvimento do trabalho.

A todos os professores do Campus Bela Vista, que fizeram parte do corpo docente do curso superior de Tecnologia em Gestão Ambiental, durante esse tempo em que fui aluna do Instituto.

Aos colegas de estudo, aos colegas de trabalho e aos grandiosos amigos, o apoio, o incentivo, a escuta, enfim, o carinho que só um verdadeiro amigo pode oferecer. Em especial aos meus amigos e amigas de faculdade Meiry Andrade, Ariana Taveira, Jéssica Teixeira, Antônio Jaeder, que foram muitas vezes a minha força para não desistir, a cada um deles minha gratidão, por sempre me ajudarem nas dificuldades em certas disciplinas e momentos da minha vida.

AMÉM!

Mãe natureza está cansada de chorar, Mãe natureza já não pode nem sorrir,

Mãe natureza degradada em seu valor, naquilo que o ser humano teima tanto em

destruir.

Mãe natureza pede a chuva para avisar, chega de lixo, garrafa, alumínio, plástico pet,

inunda o caminho, arrasta casa, carro e João, vai ao jornal e anuncia destruição!

Mãe natureza pariu árvores de montão,

mas a moto serra calou toda a vegetação, fez jorrar na relva sangue de índio tupã-tupi,

Amazônia desprotegida, um deserto irá construir!

Mãe natureza, Oh mãe boa Deus nos deu, cuida dos filhos, mesmo de quem não

reconheceu, que para viver o amanhã deve preservar o que é seu!

Mãe natureza está pedindo sua atenção,

junte-se à ela, corpo, alma e coração, freio no pé, consumismo, exacerbação, para protegê-la, só com muita EDUCAÇÃO!

Por Goretti Ramos

RESUMO O presente trabalho tem como tema a escola e a Educação Ambiental (EA) com um

olhar voltado à sensibilização que os alunos do 4ª ano possuem sobre o assunto. Com o intuito de analisar a percepção socioambiental da Escola Municipal de Educação Básica Professor Ezequiel Pompeu Ribeiro de Siqueira em Cuiabá – MT, este trabalho traz uma abordagem qualitativa de método participante, para coleta de dados foram utilizados instrumentos como as entrevistas por meio de um questionário e atividades lúdicas com esses alunos. O universo de pesquisa são três turmas sendo uma do período matutino e duas do período vespertino com um total de 73 alunos que responderam os questionários antes e depois da dinâmica, desenho e palestra, sendo que nessas etapas participaram 68 alunos. Através das entrevistas podemos perceber um aumento percentual 1,21% em algumas perguntas do questionário. Quanto à representação de meio ambiente, na primeira aplicação 51% dos alunos associaram o meio ambiente a sinônimos da natureza e na segunda aplicação 37%, essa diminuição se justifica pelo fato de 27% dos alunos utilizarem um novo termo, “tudo que está ao meu redor”. Nos desenhos realizados 41% dos alunos demonstraram como atitude correta as ações através de cenas de pessoas realizando coleta seletiva, já na atitude incorreta representaram as ações antrópicas, em destaque as queimadas com 38% dos alunos. Os dados obtidos nessa pesquisa servirão para que haja novas posturas e ações diante do posicionamento entre escola e Educação Ambiental, essa quando efetiva transforma pensamentos e cria atitudes condizentes com a nossa realidade ambiental, forma cidadãos conscientes de que é preciso usufruir dos recursos naturais de maneira em que haja um equilíbrio entre homem e natureza. Palavras-chaves: Educação Ambiental, Ensino, Percepção Socioambiental.

ABSTRACT

This study focus on school and the Environmental Education (EE), looking at 4th grade students’ awareness on the subject. In order to analyze the environmental perception of the Professor Ezequiel Pompey Ribeiro de Siqueira School, in Cuiabá - MT, this work provides a qualitative approach to the participant method. Interviews through a questionnaire and recreational activities with students were used as instruments for data collection. The research comprised one morning class and two afternoon classes with a total of 73 students who answered the questionnaires before and after the activities, drawings and lectures; 68 students participated in these practices. Through interviews we noticed an increase of 1.21% in some survey questions, as the representation of the environment; in the first application 51% of the students associated environment to synonyms of nature, and in the second application 37%. This decrease is justified by the fact that 27% of students used a new term: ‘everything that is around me’. In the drawings, 41% of the students demonstrated as right attitudes actions through scenes of people performing selective collection, and as for wrong attitude, 38% of students highlighted anthropic actions, such as forest fires. The data obtained in this research will be used to set new attitudes and actions towards the positioning between school and Environmental Education. When effectively used, such initiatives can transform thoughts, create consistent attitudes within our environmental reality, and form citizens who are aware of a sustainable use of our natural resources, with a balance between man and nature. Key words: Environmental Education, Teaching, Environmental Awareness.

LISTA DE ABREVIATURAS

EA - Educação Ambiental; ECO-92 - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento; IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais; MA - Meio Ambiente; ONU – Organização das Nações Unidas; PNEA – Política Nacional de Educação Ambiental; SEDUC - Secretaria de Estado de Educação; WWF-Brasil - World Wide Fund for Nature no Brasil; 3 R’s – Redução, Reutilização e Reciclagem.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Imagem 1 - Vista externa da Escola Municipal de Educação Básica Professor Ezequiel ............................................................................................................ 20 Imagem 2- Imagem da Escola Municipal de Educação Básica Professor Ezequiel Pompeu Ribeiro De Siqueira. Fonte: Google Earth ............................ 21 Imagem 3 - Aplicação do questionário nas turmasErro! Indicador não definido. Imagem 4 - Vídeo em sala “Um plano para Salvar o planeta – Turma da MÔNICA” .......................................................................................................... 23 Imagem 5- Dinâmica no pátio da escola com cada turma ................................ 24 Imagem 6 - Elaboração dos desenhos com atitude correta e errada ................ 25 Imagem 7 - Palestra sobre educação ambiental ............................................... 25 Figura 1 - Representação do meio ambiente contendo apenas elementos naturais sem a presença humana. (Fonte: Desenhos dos alunos) .................. 29 Figura 2 - Representação do meio ambiente natural com inserção do ser humano. ............................................................................................................ 29 Figura 3 - Atitude correta com relação ao meio ambiente ............................... 30 Figura 4 - Atitude errada com relação ao meio ambienteErro! Indicador não definido.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12 2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 15

2.1 Contextualização Histórica da Educação Ambiental ............................................ 15 2.2 Educação Ambiental nas Escolas ........................................................................... 16

3. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 20 3.1 Área de estudo ............................................................................................................ 20 3.2 Procedimentos metodológicos ................................................................................. 21

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 277 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 422 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 434 8 - ANEXO................................................................................................................. 60

12 1. INTRODUÇÃO

A educação ambiental (E.A.) não é uma “forma” de educação (uma “educação

para...”) entre inúmeras outras, não é simplesmente uma “ferramenta” para a resolução de problemas ou de gestão do meio ambiente. Trata-se de uma dimensão essencial da educação fundamental que diz respeito a uma esfera de interações que está na base do desenvolvimento pessoal e social: a da relação com o meio em que vivemos, com essa “casa de vida” compartilhada. A educação ambiental visa a induzir dinâmicas sociais, de início na comunidade local, posteriormente, em redes mais amplas de solidariedade, promovendo a abordagem colaborativa e crítica das realidades socioambientais e uma compreensão autônoma e criativa dos problemas que se apresentam e das soluções possíveis para eles (SAUVÉ, 2005, p.135).

Um outro aspecto consensual sobre educação ambiental é que não há limite de idade para os seus estudantes tendo um caráter de educação permanente, dinâmica, variando apenas no que diz respeito ao seu conteúdo e a metodologia, procurando adequá-las as faixas etárias a quem se destina (DIAS, 2006).

A escolha pela Educação Ambiental passa reconhecimento da formação de uma nova ética que tem a capacidade de sensibilizar as pessoas para que se ocorra as transformações necessárias que envolvam a participação de todos (STOREY, 1998; SATO, 2000).

Para Sauvé (2005, p. 319), a relação com o meio ambiente ocorre mediante um conjunto de dimensões entrelaçadas e complementares, sendo que a educação ambiental não pode se limitar a uma ou outras destas dimensões, pois se torna incompleta e distorce a visão sobre a função de cada um no mundo. Ao pensarmos em meio ambiente, muitas vezes acabamos incumbindo aos jovens à missão de serem agentes transformadores da realidade e depositamos neles as nossas esperanças de mudança do cenário atual.

Estamos vivendo em uma era de crises, onde os valores são distorcidos e a destruição da natureza causada pela intervenção humana está afetando os processos ecológicos fundamentais para a manutenção da vida. Contudo, para que os jovens e as demais pessoas façam a sua parte e se tornem atuantes em causas ambientais, devemos refletir e pesquisar sobre como eles reagem às iniciativas e atividades de educação ambiental.

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Conforme Capra (1996, p. 23), todos estes problemas são facetas de uma única crise que é, em sua maior parte, uma crise de percepção, sendo que para solucioná-la devemos mudar radicalmente as nossas percepções, pensamentos e valores.

O termo percepção, derivado do latim perception, é definido na maioria dos dicionários da língua portuguesa como: ato ou efeito de perceber; combinação dos sentidos no reconhecimento de um objeto; recepção de um estímulo; faculdade de conhecer independentemente dos sentidos; sensação; intuição; ideia; imagem; representação intelectual. Não é difícil identificar uma amplitude considerável de possíveis significados a partir dessas definições, que vão desde a recepção de estímulos até a intuição, a idéia e a imagem, que são categorias perfeitamente distintas no discurso filosófico (MARIN, 2008, p. 206).

Um outro aspecto consensual sobre educação ambiental é que não há limite

de idade para os seus estudantes tendo um caráter de educação permanente, dinâmica, variando apenas no que diz respeito ao seu conteúdo e a metodologia, procurando adequá-las as faixas etárias a quem se destina (DIAS, 2006).

Uma pesquisa em Educação Ambiental é uma interpretação em busca de significações, produzindo um conhecimento intersubjetivo, na impossibilidade de se registrarem, como objetos dados, os movimentos e as diversidades, implica sempre em trabalho coletivo, que oferece inumeráveis possibilidades de versatilidade, assim, deve se caracterizar pela liberdade, definida esta não como manifestação antagônica às determinações sociais, mas como a possibilidade de concretização das opções que estas nos permitam realizar (SATO, 2001).

A educação para a cidadania representa a possibilidade de motivar e sensibilizar as pessoas para transformar as diversas formas de participação em potenciais caminhos de dinamização da sociedade e de concretização de uma proposta de sociabilidade baseada na educação para a participação.

Neste contexto, este trabalho tem como objetivo geral, avaliar a percepção ambiental de alunos do 4º ano da Escola Municipal de Educação Básica Professor Ezequiel Pompeu Ribeiro de Siqueira em Cuiabá – MT, contribuindo para a sensibilização dos mesmos em relação à conservação ambiental e sustentabilidade através de entrevistas através de questionários e atividades lúdicas. Assim vamos despertar a consciência da importância da participação individual e efetiva em relação à conservação e preservação do meio ambiente local, proporcionando oportunidades de aquisição de conhecimentos, valores, atitudes e interesse ativo para proteger e melhorar o seu ambiente e também proporcionar de maneira

14 cooperativa e coletiva a interação entre alunos e educadores, para a transformação humana, social e ambiental.

15 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Contextualização Histórica da Educação Ambiental

No ano de 1952 em Londres, o ar densamente poluído provocou a morte de 1600 pessoas. A Inglaterra e outros países passariam a terem maior preocupação quanto à qualidade ambiental. Na década de 60, o lançamento do livro Primavera Silenciosa da jornalista americana Rachel Carson, desencadeou uma grande inquietação internacional levantando discussões em diversos países, tornando-se um clássico em relação à história do movimento ambientalista mundial. No Brasil e no mundo começaram a surgir movimentos organizados com o objetivo de proteger o meio ambiente após serem revelados danos ambientais desconhecidos. Em 1992, no Rio de Janeiro, foi realizado a Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente, conhecida como Rio-92. Nesse período foi elaborado um documento chamado “Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global”. Neste documento ficou estabelecido que “A educação ambiental deve ter como base o pensamento crítico e inovador, em qualquer tempo e lugar, em seu modo formal, não formal e informal, promovendo a transformação e a construção da sociedade”. Reconheceu também que “A Educação Ambiental deve ajudar a desenvolver uma consciência ética sobre todas as formas de vida do planeta com as quais compartilhamos, respeitando seus ciclos vitais e impondo limites a exploração pelo ser humano” (WWF/ECOPRESS, 2000, p.22 e 24).

Para Dias (2006, p. 92), de acordo com a Primeira Conferência Intergovemamental sobre Educação Ambiental, realizada em 1977 em Tbilisi, Geórgia (ex URSS) a educação ambiental é considerada um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do meio ambiente e adquirem os conhecimentos, os valores, as habilidades, as experiências e a determinação que os tomam aptos a agir individual e coletivamente para resolver problemas ambientais presentes e futuros.

Entre as orientações de Tbilisi destaca-se ainda que a Educação Ambiental deve considerar o meio ambiente em sua totalidade, em seus aspectos naturais e criados pelo homem. Enquanto processo contínuo e permanente a Educação

16 Ambiental, deve atingir todas as fases do ensino formal e não formal, deve examinar as questões ambientais do ponto de vista local, regional, nacional e internacional, analisando suas causas, conseqüências e complexidade. Deve também, desenvolver o senso crítico e as habilidades humanas necessárias para resolver tais problemas e utilizar métodos e estratégias adequadas para aquisição de conhecimentos e comunicação, valorizando as experiências pessoais e enfatizando atividades práticas delas decorrentes (DIAS, 1994 apud PELICIONI, 1998).

Verifica-se o surgimento da preocupação ambiental para a atividade educacional, mais precisamente a partir de dezembro de 1983, a primeira ministra da Noruega, Sra. Gro Brundtland, iniciou com um grupo de experts, a redação do relatório mundial, analisando as principais questões sobre meio ambiente e desenvolvimento. Publicada em 1987, com o titulo Nosso Futuro Comum, esse documento passaria a ser referencia para os debates a serem consolidados com a realização da RIO-92 ou ECO-92 (CASCINO, 2003).

A questão ambiental atualmente está no centro das discussões globais, uma vez que é no meio ambiente que se materializam as relações que os homens mantêm entre si, com vista ao atendimento de suas necessidades. Por esse motivo, o crescimento econômico simplesmente não atende por si só aos anseios e objetivos do desenvolvimento sustentável. É necessário, que juntamente com o crescimento econômico ocorra um desenvolvimento sustentável de forma a atender as necessidades da geração atual sem comprometer as possibilidades de atendimento das gerações futuras.

2.2 Educação Ambiental nas Escolas

Para a melhoria da relação entre seres vivos e a natureza, a educação, do

ponto de vista ético, contemplaria responsabilidades, valores, conhecimentos, capacidades, dentre outros aspectos humanísticos. Possibilita-se com a inclusão da educação ambiental na escola, uma participação nos processos sociais, culturais, políticos e econômicos quanto à preservação e a recuperação do verde do nosso planeta, assegurando uma boa convivência com a natureza. A educação ambiental tem muito a contribuir com a conscientização, entendimento e reflexão na construção de uma maior relação homem e meio ambiente. O descuido com o meio ambiente é uma das questões que nos deixa

17 preocupados, é um assunto importante que deve ser estudado em sala de aula, nas escolas, pois tem haver com o futuro da humanidade e a existência do planeta. Segundo a UNESCO (2005, p. 44), “Educação Ambiental é uma disciplina bem estabelecida que enfatiza a relação dos homens com o ambiente natural, as formas de conservá-lo, preservá-lo e de administrar seus recursos adequadamente”

Então as instituições de ensino passam de meras disseminadoras de conhecimento para formadoras de cidadãos críticos e participativos. Dessa forma percebeu-se que em relação ao meio ambiente, mais que apenas ensinar conceitos sobre o meio ambiente e os problemas ambientais é necessário estimular e despertar nesse público uma percepção, que vai além de ver ou ouvir, despertar o interesse por cuidar, preservar, conservar o meio em que vive, ressaltando que não há uma separação entre homem e natureza, ambos fazem parte do meio ambiente. O tema “Meio Ambiente” deveria estar presente em todas as matérias reforçando assim, a ideia de sua importância na educação. Os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) fortalece aos professores a importância de se trabalhar a educação ambiental em sala de aula integrando-a em diversas áreas de conhecimento para maior conscientização do indivíduo. Não há um modo de produção de conhecimento superior ao outro, mas certamente nenhum modo de produção seria capaz de trabalhar sozinho na resolução de um problema real, especialmente na área ambiental, foco principal de nossas reflexões.

A reflexão sobre as práticas sociais, em um contexto marcado pela degradação permanente do meio ambiente e do seu ecossistema, envolve uma necessária articulação com a produção de sentidos sobre a educação ambiental. A dimensão ambiental configura-se crescentemente como uma questão que envolve um conjunto de atores do universo educativo, potencializando o engajamento dos diversos sistemas de conhecimento, a capacitação de profissionais e a comunidade universitária numa perspectiva interdisciplinar (JACOBI, 2003, p. 118).

Toda ação voltada para a educação ambiental é necessário, primeiramente, um esforço conjunto da população para que melhorias na qualidade de vida sejam alcançadas, uma vez que a questão ambiental envolve todos os setores da sociedade.

Para Dias (2006, p. 148), “O fator mais importante que contribui para a especificidade da Educação Ambiental é, sem dúvida, sua ênfase na resolução de problemas práticos que afetam o meio ambiente humano”.

As principais funções das aulas práticas nas disciplinas são despertar e manter o interesse dos alunos e envolve-los em investigações científicas,

18 desenvolver a capacidade de resolver problemas e compreender conceitos básicos para desenvolver habilidades, sendo assim faz-se necessário que o professor, adote estratégias de ensino voltadas para a prática e não apenas para conteúdos teóricos, para não levar os alunos a sentirem-se frustrados no que diz respeito à descoberta das ciências (KRASILCHIK, 1996, p. 113).

Existe a necessidade de buscar um elo entre a teoria educativa e a prática pedagógica. Se o professor quiser romper com as meras convenções e experiências fortuitas de seu cotidiano, necessita também de uma reflexão científica e crítica sobre a educação. Nesse sentido, a educação permanente dos professores, e de demais profissionais, além de ser uma exigência da sociedade, torna-se uma obrigação (SATO, 1997).

Para Lacerda (2010) a transdisciplinaridade pode trazer contribuições efetivas para a realização de uma Educação Ambiental como preconizada, há mais de 30 anos, na Conferência de Tbilisi.

Assim, as práticas de Educação Ambiental devem se vincular a uma pedagogia da complexidade, dando espaço para transdisciplinaridade, a fim de se “[...] induzir e fomentar as capacidades e habilidades mentais para ver o mundo como sistemas complexos, para compreender a causalidade múltipla, a interdeterminação e interdependência dos diferentes processos” (LEFF, 2002, p. 250), estimulando o pensamento crítico, participativo dos alunos.

De acordo com Pedrini (1997, p. 89) é comum dizer-se que muitos educadores ambientais “[...] falam sobre Educação Ambiental, mas poucos a praticam e estes, em geral, não partem de um referencial teórico ou a ele retornam em suas práticas, nem sempre fazendo reflexões sobre seu trabalho.”

Sendo assim, os professores devem adotar práticas de ensino que privilegiem experimentos voltados para aprendizagem de novos conteúdos e de fixação dos mesmos já dominados pelos alunos, pois isso favorece o desenvolvimento do raciocínio científico, levando o aluno a descobertas impossíveis de serem alcançadas por meio de aulas teóricas tradicionais, aumentando o interesse dos alunos em entender e trabalhar os temas junto aos professores em sala de aula.

O professor deve chamar a atenção do aluno quanto ao conhecimento, que significa mostrar a realidade atual quanto aos problemas ambientais, e estar preparado para atuar quando necessário aos problemas encontrados no dia a dia, tratar assuntos ligados ao comportamento em relação à proteção do meio ambiente, onde o aluno deve despertar, mostrar competência para elaborar projetos e resolver

19 questões técnicas e, assim, começar a atuar junto a sua família e sociedade para proteger o meio ambiente e sensibilizar pessoas a sua volta da importância e entender a natureza de um modo geral.

20 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Área de estudo

Este trabalho foi realizado no período diurno do mês de julho de 2016, na Escola Municipal de Educação Básica Professor Ezequiel Pompeu Ribeiro de Siqueira, localizada na Rua Manoel Leopoldino, 403, bairro Araés na cidade de Cuiabá – MT, a escola possui 418 alunos matriculados no ensino fundamental (1º ao 4º ano) e na modalidade de Educação Básica, que funciona nos turnos matutino e vespertino. A série selecionada para pesquisa foi o 4ª ano do ensino fundamental, composta por 4º A matutino, 30 alunos, 4º B vespertino, 28 alunos e 4º C vespertino, 29 alunos.

Imagem 1 - Vista externa da Escola Municipal de Educação Básica Professor Ezequiel Pompeu Ribeiro de Siqueira.

(Fonte: Autor próprio, 2016)

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Imagem 2 - Imagem da Escola Municipal de Educação Básica Professor Ezequiel Pompeu Ribeiro De Siqueira.

Fonte: Google Earth

3.2 Procedimentos metodológicos Neste momento, vamos abordar como o tema educação ambiental foi trabalhado junto aos alunos, e destacar as formas de como é representado o ambiente para os alunos, ou seja, sua percepção sobre o tema. Durante períodos diferentes e com intuito somente de conhecer, a fim de verificar a melhor metodologia e estratégia para se trabalhar a questão da Educação Ambiental para os alunos na escola. Esse trabalho será baseado em seis etapas as quais se consistiram em: questionários, palestras, desenhos e dinâmicas com a temática ambiental sempre sendo abordada. Foi realizada uma análise descritiva e qualitativa de método participante.

Segundo Chizzotti (2003) a pesquisa qualitativa é uma denominação que possui meios de pesquisa diferenciada dos modelos experimentais, pois adotam métodos e técnicas diferenciadas que permitem uma relação dinâmica entre o pesquisador e os pesquisados. A pesquisa participante segundo Haguette (1999) define como sendo um processo de investigação, de educação e de ação e também de organização como um componente desse tipo de pesquisa.

Através deste método utilizado podemos concluir e analisar os resultados de forma mais concreta, e discutir o resultado de forma mais critica e real.

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Os desenhos foram organizados em categorias e analisados de acordo com a frequência. A percepção ambiental foi avaliada através de uma conversa participativa com todos os alunos do 4ª ano do período matutino e vespertino da unidade escolar, com o objetivo de despertar o interesse dos alunos pelo assunto e avaliar o conhecimento destes quanto à educação ambiental e sustentabilidade.

As atividades sobre vivências ambientais foram desenvolvidas efetivamente com alunos do 4º ano ensino fundamental turma A matutino e turmas B e C vespertino, envolvendo um total de participantes de 73 alunos. Em maio de 2016, procuramos a diretora da unidade escolar Professora Ezequiel Pompeu Ribeiro de Siqueira, para expor os objetivos do presente trabalho e elaborar o plano de atividades, neste mesmo mês se firmou o compromisso através de um ofício. As atividades foram realizadas em três dias no mês de junho e julho as datas foram agendas conforme cronograma de atividades de cada professor das turmas do 4ª ano. Etapa 1 - Aplicação do questionário Inicial: No dia 27/06 na turma A e no dia 04/07 nas turmas B e C foi aplicado um questionário com intuído de verificar com a atitude e percepção ambiental dos alunos e professores antes de iniciar as atividades. A aplicação dos questionários foi realizada junto com os alunos, utilizando o PowerPoint, e para os professores o questionário foi entregue antes de iniciar as atividades com os alunos.

Imagem 3 - Aplicação do questionário nas turmas

(Fonte: Autor próprio, 2016)

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Etapa 2 - Vídeo: Inicialmente no dia 28/06 na turma A e no dia 04/06 nas turmas B e C, foi apresentado um vídeo a estes alunos que aborda temas como educação ambiental, 3R’s e sustentabilidade. O vídeo “Um plano para Salvar o planeta – Turma da Mônica” com duração aproximadamente de 30 minutos com a abordagem de coleta seletiva, prática dos 3Rs, reciclagem e Meio Ambiente. As expressões e comentários dos alunos foram registrados para posterior análise dos comportamentos e descrição nos resultados obtidos com a realização deste trabalho.

Imagem 4 - Vídeo em sala “Um plano para Salvar o planeta – Turma da MÔNICA”

(Fonte: Autor próprio, 2016)

Etapa 3 - Dinâmica: Essa etapa foi realizada no dia 28/06 na turma A e no dia 05/07 nas turmas B e C abordando temas como ecologia, diversidade, reutilização e decomposição de materiais na natureza entre outros. O nome da dinâmica é O destino que você dá. O grupo recebeu diversos recortes de imagens de uma série de itens, tais como pneus usados, garrafas pets, cascas de frutas e embalagens de agrotóxicos.

De posse destes recortes, tiveram que optar pelos destinos para cada um dos itens, segurando as figuras com frases prontas (Atear fogo, enviar ao lixão, reciclar, compostagem...). Atrás de cada imagem havia mensagens para reflexão e

24 discussão, como: Enviar ao lixão – “tem certeza que não há aproveitameto para esse item? Praticamente tudo que descartamos pode ser reaproveitado...”.

Essa atividade foi realizada a fim de incentivar desde cedo às crianças a se preocuparem com o bem estar do meio ambiente e sensibilizar esses alunos da importância da reutilização de matérias para o bem do meio ambiente, além de ser passado como reutilizar de modos diferentes alguns matérias que iriam para o lixo. Os resultados foram avaliados considerando-se o desempenho dos alunos na atividade e também os efeitos da experiência com a vivência da dinâmica sobre os comportamentos destes alunos.

Imagem 5- Dinâmica no pátio da escola com cada turma

(Fonte: Autor próprio, 2016)

Etapa 4 - Desenho: Após a realização da dinâmica com os alunos solicitou-

se aos mesmos que expusessem em forma de desenho em uma folha de papel oficio uma atitude correta com relação ao meio ambiente e outra atitude incorreta de acordo com a percepção de cada um. Para a confecção dos desenhos foram disponibilizados papéis ofício, giz de cera e lápis de cor.

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Imagem 6 - Elaboração dos desenhos com atitude correta e errada

(Fonte: Autor próprio, 2016)

Etapa 5 - Palestra: No dia seguinte, exatamente dia 29/06 na turma A e

07/07 nas turma B e C ministrou-se uma palestra com o tema “cidade grande” em termos ambientais, sustentabilidade, educação ambiental, 3R’s, utilizando o PowerPoint.

Imagem 7 - Palestra sobre educação ambiental

(Fonte: Autor próprio, 2016)

26 Etapa 6 - Aplicação do questionário Final: Após a realização da palestra aplicou-se o mesmo questionário inicial para avaliar o conhecimento adquirido pelos alunos. Aplicou-se os questionários para todos presentes nos dois dias, mesmo aqueles alunos que não participaram da primeira aplicação e das oficinas (desenhos e dinâmica), pois considera-se que as atividades são uma forma de participação, e não exclusão, e mediante a participação com apenas um questionário o aluno também está enriquecendo seus conhecimentos.

27 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com os dados coletados na pesquisa, o sexo feminino representou 55% do universo amostral. Os alunos pesquisados apresentaram faixa etária média de nove anos de idade.

Cada turma possui um perfil: no dia da aplicação dos questionários, a turma A teve um total de participantes de 27 alunos sendo 52% meninas e 48% meninos. De modo geral, a turma é muito entrosada têm um bom relacionamento entre os colegas, são participativos, interessados e amorosos. A turma B, na aplicação do questionários, tiveram um total de participantes de 22 alunos, sendo 45% meninas e 55% meninos. Os alunos dessa turma são muito agitados, mas tem facilidade de organizar a sala de aula, às vezes alguns brigam, ocorreram alguns casos de agressividade verbal entre eles durante as atividades. E na turma C, na aplicação do questionários, tiveram um total de participantes de 24 alunos, sendo 63% meninas e 38% meninos, são participativos, interessados, possui alguns momentos de muita agitação dentro de sala e nas atividades desenvolvidas fora da sala de aula. Foi realizada uma sondagem no início das atividades fazendo algumas perguntas entre as atividades, e quem soubesse responder seria necessário se manifestar levantando a mão. No primeiro dia antes de iniciar as atividades foi feita a seguinte pergunta: o que é Educação Ambiental; com isso foi observado que 95% dos alunos não possuem conhecimento sobre o assunto e 5% já ouviram falar a respeito, porém não possuem uma definição.

Após essa pergunta foi realizada outra a respeito do que é desenvolvimento sustentável, 98% dos alunos não possuem o conhecimento do que poderia ser desenvolvimento sustentável e 2 % já ouviram falar nessa palavra, mas não tem o conhecimento que Desenvolvimento Sustentável é algo capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Após essas perguntas foi realizada uma explicação com exemplos e assim foi observado que os alunos associam esses temas utilizando outros termos, como por exemplo, coleta seletiva, não fazer queimadas, não jogar lixo no chão entre outros.

28 A etapa da dinâmica “O destino que você dá”, proporcionou o entusiasmo dos alunos, a atividade foi muito positiva, os alunos se envolveram e participaram das brincadeiras, observa-se que todos eles absorveram melhor os temas trabalhados fora da sala de aula, alguns alunos até associaram algumas atitudes trabalhadas com seu cotidiano, compartilhando exemplos vivenciados no entorno do bairro no caminho para a escola.

Segundo Moscovici (1965), quando o indivíduo aprende vivendo os conceitos, e não apenas ouvindo ou lendo informações a respeito, obtém mudanças marcantes nos seus processos cognitivos e emocionais. Tais mudanças ocorrem tanto em termos de novas percepções, conhecimentos, sentimentos quanto em termos de aprendizado de novas formas de abordar situações interpessoais, de se desempenhar, se comunicar e conduzir grupos (LEVISKY, 2008). Pode-se afirmar que o grande diferencial do uso da dinâmica é a oportunidade de criar uma vivência lúdica, instigante e motivadora, rompe os modelos tradicionais de didática. Aproxima-se, assim, de um modelo de ensino mais holístico e integrado. Na etapa dos desenhos foram elaborados 68 desenhos pelos alunos que demonstrassem uma atitude correta e uma incorreta relacionada ao meio ambiente. A análise deles nos possibilitou agregá-los de forma simples em duas categorias diferentes, de acordo com os elementos presentes relacionados ao tema ‘meio ambiente’, são elas: meio ambiente natural sem a presença do ser humano (53%) e meio ambiente natural com a presença do ser humano (47%). A representação do ambiente natural traz uma paisagem perfeita sem a interferência humana, apresentando apenas elementos naturais tais como, seres bióticos (pássaros, peixes, árvores, flores, borboletas, relva) e fatores abióticos (nuvens, água, solo, sol). Esta visão naturalista onde o ser humano não interage com o ambiente ameaça a sustentabilidade do nosso planeta, e consequentemente a vida terrestre, pois não se percebe a inter-relação existente entre os seres vivos (SILVA, 2002).

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Figura 1 - Representação do meio ambiente contendo apenas elementos naturais sem a presença humana.

(Fonte: Desenhos dos alunos)

Figura 2 - Representação do meio ambiente natural com inserção do ser humano.

(Fonte: Desenhos dos alunos)

Desenhar para a criança é como uma brincadeira, um jogo, que é ligado a sua realidade ambiental numa associação de elementos tangíveis ou não e presentes em suas vivências, representando algo das dimensões concretas ou imaginárias do meio ambiente. Essa forma de representação é uma expressão do mundo vivido e não uma simples imitação, ela se expressa ao ser registrado na folha de papel todo o seu imaginário, suas representações oriundas da percepção do seu entorno. A potencialidade do desenho infantil vai ainda mais longe, como nos mostra Merleau-Ponty (1990, p. 223), ao afirmar que “o desenho infantil prolonga a percepção infantil”.

Nos desenhos que demonstram a atitude correta representaram as ações através de cenas de pessoas realizando coleta seletiva (41%), lugar limpo (22%) e cuidando da natureza (37%).

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Figura 3 - Atitude correta com relação ao meio ambiente

(Fonte: Desenhos dos alunos) Porém nos desenhos que demonstram a atitude errada representaram as

ações antrópicas no seu desenho, através de cenas de pessoas jogando lixo nos rios (19%), nas ruas (32%), desmatando (4%), poluição (6%) e queimadas (38%). Alguns desenhos fazem referência à educação ambiental, quando reproduzem pessoas jogando lixo em locais indevidos e lixeira próxima com indicação da atitude correta a ser tomada, a grande maioria representou as queimadas em seus desenhos, isso pelo fato das professoras já trabalharem a temática com os alunos e outro provável motivo é o agravante de Mato Grosso liderar o número de focos de queimadas no Brasil neste ano de acordo com dados do satélite referência do sistema de monitoramento de focos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Figura 4 - Atitude errada com relação ao meio ambiente

(Fonte: Desenhos dos alunos)

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Como observado nos desenhos feitos pelas crianças estas entenderam quais atitudes devemos ter para preservar/conservar o meio ambiente e quais atitudes são errôneas e ocasionam a destruição do mesmo.

Na etapa dos questionários foi realizada uma análise descritiva e qualitativa de método participante e nessa análise foram privilegiados os aspectos comparativos e destaca-se algumas especificidades de algumas turmas.

Para análise do questionário, no que se refere às perguntas quatro, cinco, seis e sete, que possuem desenhos que abordam temas sobre a atitude ambiental, nessas foi necessário que os alunos marcassem quais imagens e palavras são as corretas. A análise foi realizada atribuindo nota de 0 a 100 pontos para cada pergunta, dando ao final uma média de todas as perguntas.

Gráfico 01 - Resultados da 1º e 2º aplicação dos questionários

(Fonte: Autor próprio, 2016)

Conforme gráfico 01 acima nessas perguntas a média geral das turmas foram

acima de 90%, isso mostra que os alunos tiveram facilidades de compreensão para responder essas perguntas. É necessário destacar que na turma B houve uma redução do percentual de acertos da primeira para a segunda aplicação, de 5,76%, sendo que essa pode ser justificada pelo motivo da segunda aplicação ter sido realizada próximo do horário de fim de aula e último dia de aula do semestre, outro fator é da turma já ser inquieta e a professora não ter acompanhado a turma durante as atividades realizadas. Destacamos que o índice foi ainda menor na questão seis da turma B, onde não conseguiram ir acima de 90% nas duas aplicações, na primeira aplicação foram com média de 89,77% e na segunda aplicação foram com média de 82,50%, então se observou a maior diminuição na nota comparado as

32 duas aplicações de 7,27% de diminuição e o maior índice em todas as questões de todas as turmas. No que diz respeito à média geral de todas as questões, a turma A e a turma C se destacaram, pois nessas turmas obteve-se um aumento percentual 1,21 % na média geral, isso pode ser justificado pelo fato das professoras terem acompanhado a aplicação dos questionários, auxiliando os alunos também. Vale salientar que a que somente a professora da turma A e a coordenadora que entregaram o questionário aplicado; e a professora desta turma esteve disponível durante todo o processo de pesquisa, e se demonstrou comprometida com o projeto Preservando o Meio Ambiente adotado pela escola.

Na questão 6 (seis) os alunos tinham que marcar as palavras que representam perigo para os rios, na turma A o item poluição aumentou o percentual de acertos de 85% para 93% e na turma C o item óleo aumentou o percentual de acertos de 83% para 88%, foram temas abordados na palestra e vídeo que apresentaram um nível maior de compreensão nestas turmas. Apesar do índice geral de redução de acertos alto nesta questão, ainda assim percebeu-se um certo entendimento do que foi proposto e, possivelmente, uma confusão ao responder o questionário.

Quando questionados sobre o que faria parte do meio ambiente (questão 08), os alunos poderiam escolher qualquer uma das seguintes opções: cidades, água, homens, esgoto, animais, matas, ar, lixo, rios ou todos os elementos citados, sendo que apenas a última alternativa estava correta (todos os elementos citados). Percebeu-se que 86% dos alunos na primeira aplicação e 79% na segunda aplicação responderam que a água faz parte do meio ambiente, apresentando uma dissociação deste elemento, a princípio sem motivo aparente. Referente à alternativa correta na primeira aplicação 12% responderam como todos elementos citados e na segunda aplicação houve um aumento para 32%, esse aumento mostra que o nível de conhecimento desses alunos possivelmente melhorou. Podemos perceber que o meio ambiente para a maioria dos ainda não é algo perceptível, o que é preocupante, já que a pergunta refere-se à EA formal e se aplica à disciplina de ciências naturais.

Com relação à pergunta “Como você fica sabendo de informações sobre o meio ambiente?” (questão 09), houve uma diversidade de respostas, com destaque para a televisão como fonte de informações principal. O percentual de diferença entre o primeiro e segundo questionário gira em torno de 1% a 3%, não é tão

33 significativa à diferença e constitui uma subjetividade e liberdade do aluno ao responder. Das respostas que poderiam escolher a de maior destaque é a TV com 82% dos alunos, seguida de jornal, internet e escola, ocorreu também aumento do percentual da resposta ‘palestra’ com diferença foi de 12%; mostrando a influência expressa da palestra realizada como meio de informação para os mesmos. Houve aumento do percentual também nos itens ‘disciplina da escola, livros, internet, observando a cidade’ comparando a primeira e segunda aplicação. A pesquisa revela o quanto à mídia ainda tem grande influência na formação do indivíduo. Os alunos de ambas as escolas recebem informações sobre o meio ambiente na sua maioria através da TV.

A mídia é uma das principais formadoras de opinião, visto que muitas pessoas interpretam e também disseminam o que assistem, lêem ou escutam como uma verdade. Até mesmo nas escolas há muitos professores e recursos didáticos que repassam a mesma concepção aos alunos que estão em fase de construção de conhecimento. Sobre isso, Marise Basso Amaral afirma que:

as representações de natureza produzidas pela publicidade, bem como aquelas transmitidas pelo currículo escolar perpetuam e ao mesmo tempo atualizam o paradigma da ciência moderna que traz em seu centro a separação cultura/natureza (AMARAL, 2000, p. 145). Quanto à importância de falar sobre o meio ambiente, a grande maioria das

crianças considera importante, conforme resposta de 96% dos alunos. A Educação Ambiental possui um papel transformador, diante do que vivemos atualmente, na busca por um desenvolvimento sustentável. Ela não é o suficiente, porém é uma ferramenta indispensável nessa restrita consciência da sociedade, de caráter predatório marcada também pelas desigualdades socioambientais. O resultado expressivo de que é importante sim falar sobre o Meio Ambiente (MA), comprova que esses estudantes, estão abertos ao conhecimento deste assunto, uma vez que o educador facilita essa aprendizagem e os faz ter a percepção, de que podem contribuir para uma sociedade mais sustentável, eles começarão a mudar seus hábitos para a conservação do meio ambiente. Perguntou-se a respeito da participação em palestras e eventos sobre: dengue, água, lixo, meio ambiente, reciclagem, aquecimento global, coleta seletiva. Na primeira aplicação 66% dos alunos responderam que já participaram, enquanto na segunda aplicação foram 68%, tendo uma diferença de 2% de uma aplicação

34 para outra. Mais da metade dos estudantes das respectivas aplicações participaram das palestras ou eventos, relacionados a problemas socioambientais.

A Educação Ambiental se faz necessária com tais palestras e eventos, pois os alunos tomam conhecimento das consequências do uso indevido dos recursos naturais, como uma alternativa eficaz ao ensino formal e pontual. As disciplinas precisam estar interligadas, com tais assuntos, conforme Penteado apud Silveira (2010), as disciplinas são os recursos didáticos através dos quais os conhecimentos científicos de que a sociedade já dispõe são colocados ao alcance dos alunos.

Ao questionar os alunos quanto aos impactos “No seu dia-a-dia você acha que, causa algum impacto sobre o meio ambiente?”, 37% dos alunos na primeira aplicação responderam que sim e segunda aplicação, 51%. Essa questão por ser complexa, houve uma explanação e exemplificação do que seria um impacto negativo e positivo.

Percebe-se que mais de 50% dos alunos na segunda aplicação, responderam que sim, os mesmos reconhecem que são causadores de impactos, porém esperava-se que todo o público-alvo, já deveria ter o conhecimento de que tudo o que fazemos causa algum tipo impacto sobre o meio ambiente, porém ocorreu uma melhora de 14% na percepção desses alunos comparadas as duas aplicações.

Temos uma ferramenta importante criada para tentar contabilizar, o consumo das populações sobre os recursos naturais, a pegada ecológica. A mesma permite comparar diferentes padrões de consumo e verificar se estão dentro da capacidade ecológica do planeta.

A Pegada Ecológica é o indicador mais conhecido quando se fala em medir os impactos da ação humana sobre o meio ambiente. O projeto tem como uma de suas características, incentivar as pessoas a novos estilos de vida para diminuir a “pegada ecológica”. Uma maneira que pode ser trabalhada em sala de aula, o site da WWF Brasil tem um conteúdo educativo interessante, existe até o cálculo da pegada ecológica de cada pessoa.

Ainda falando de economia, de uso racional, temos a pergunta: “Você já parou para calcular quanto tempo leva com o chuveiro ligado, quando está tomando banho?” (questão 13), 79% dos alunos da primeira aplicação, responderam que sim, enquanto na segunda aplicação apenas 77%, valor inferior à primeira aplicação. Isso reforça a ideia de que a Educação Ambiental nas escolas precisa estar interligada com o cotidiano dos alunos, é necessário ensinar a eles que é nas atividades do dia-

35 a-dia, que se pode economizar água, energia elétrica, contribuindo com a sustentabilidade ambiental.

Na pergunta: “O que você considera como problema ambiental?” ocorreu contradições, pois todas as respostas do questionário aumentaram o percentual de acerto, mas a resposta, todos os elementos citados não aumentou na soma geral das turmas. Isso prova que eles entenderam as oficinas (dinâmica, desenhos e palestras), porém ocorreu alguma confusão ao marcar a respostas. Observou-se que na turma B, todas as respostas aumentaram o percentual, menos a resposta de todos os elementos citados, isso reforça que os alunos entenderam o que é um problema ambiental, mas também percebe-se que estavam desatentos ao questionário e com dificuldades de entender o questionário, no entanto, absorveram as informações repassadas na palestra e oficinas (dinâmica e desenhos). Conforme gráfico 02 :

Gráfico 02 - Resultados da 1º e 2º aplicação dos questionários

(Fonte: Autor próprio, 2016)

Isso reforça a ideia de que a Educação Ambiental nas escolas precisa estar

interligada com o cotidiano dos alunos, é necessário ensinar a eles que é nas atividades do dia-a-dia, que se pode economizar água, energia elétrica, contribuindo com a sustentabilidade ambiental. Na última questão a pergunta era: “No seu entender, quem deveria ajudar a resolver os problemas ambientais?” (questão 15), a resposta que se destacou foi ‘o povo’ com 73% dos alunos da primeira aplicação e na segunda aplicação 74%, assim tendo um aumento de 1% entre as aplicações, porém na resposta, ‘você

36 individualmente’ ocorreu aumento de 8% no geral, sendo que na turma C essa resposta se destacou-se comparando as duas aplicações dos questionários, pois aumento foi de 27%, percebe-se que os alunos demonstraram-se mais responsáveis por solucionar os problemas ambientais. Na questão subjetiva ‘O que é meio ambiente para você?”, quanto à representação social de meio ambiente, o conjunto dos estudantes fizeram ao todo 68 evocações mediante o termo, utilizando palavras diferentes. Essas evocações foram organizadas em categorias, sendo que uma categoria se mostrou mais saliente. Esta categoria mais saliente englobam 42 evocações, correspondendo a 51% do total de evocações desses alunos na primeira aplicação.

Tabela 1 - Distribuição das categorias segundo a frequência 1º aplicação e 2º aplicação

Percepção

1º APLICAÇÃO

2º APLICAÇÃO

TOTAL

F % F % F % Associada a lugar limpo 12 16% 5 7% 17 12% É tudo que está ao meu redor 0 0% 20 27% 20 14% Não souberam/ responderam 3 4% 2 3% 5 3% Respostas sem sentido 14 19% 11 15% 25 17% Sinônimo de biosfera 1 1% 3 4% 4 3% Sinônimo de lugar para viver 6 8% 5 7% 11 8% Sinônimo de natureza 37 51% 27 37% 64 44%

TOTAL 73 100% 73 100% 146 100%

(Fonte: Autor próprio, 2016)

Como mostra a tabela 1, os dados demonstram que a categoria de ‘Sinônimo de natureza’ é aquela mais prontamente evocadas e com maior frequência nas duas aplicações, porém na segunda aplicação ocorreu diminuição de 15% dessa evocação, isso se justifica pelo surgimento de um novo termo, é ‘tudo que está ao meu redor’ com 27% dos alunos representando esse termo para a pergunta, a maioria dos alunos citava o termo e depois especificava citando o que faz parte do tudo ao meu redor. Isso mostra o quanto as atividades tiveram influência sobre os mesmos, visto que esta expressão foi largamente utilizada na palestra e na dinâmica. A seguir são apresentados trechos de respostas em que os estudantes ligam a expressão meio ambiente a elementos naturais:

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“meio ambiente é preservação de matas, floresta e as árvores para a respiração de nosso corpo e dos animais”.

“meio ambiente é o “lugar” são as florestas, as matas, os rios, os animais, e tudo que se encontra na natureza”. “Tudo que nos rodeia, fauna, flora e humanos, mas principalmente vegetação, árvores, plantas e animais”. Nas categorias citadas possuem algumas observações realizadas em cada questionários. Por exemplo, na categoria “não souberam”, “não responderam” e “respostas sem sentido”: são os questionários que em momento algum expressou qualquer relação com a ideia principal do tema, ou aquele que deixou claro que o aluno não demonstrou o mínimo interesse pelas questões propostas, deixando-as sem resposta. Agora nas categorias “sinônimo de natureza”, “associada a lugar limpo”, “sinônimo de biosfera” e “sinônimo de lugar para viver” são respostas que demonstraram que o aluno possui um entendimento vago dos assuntos tratados, ou seja, ele usa palavras chaves, mas não consegue expressar claramente a sua ideia de Meio Ambiente, não se inserindo neste contexto. E, por final, a categoria “É tudo que está ao meu redor” são respostas que demonstraram ter uma visão formada sobre o conceito de Meio Ambiente, mas ainda não percebem a importância do mesmo para a continuidade da vida. Na pergunta “Você faz parte do meio ambiente? Por quê?” Cerca de 5% dos alunos na primeira aplicação afirmaram não fazer parte do meio ambiente e esse percentual diminuiu para 1% na segunda aplicação. Percebe-se que 38% dos alunos justifica fazer parte do meio ambiente pelo fato de ajudar e cuidar do meio ambiente, observa-se também o grau de dificuldades dos alunos para responder à pergunta. Na segunda aplicação, percebe-se um aumento de 17% na categoria é o ‘lugar onde vivo, meu mundo’, e observou-se uma melhora na interpretação da pergunta, pois ocorreu uma diminuição de 4% na categoria de respostas sem sentido. Conforme mostra tabela 2.

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Tabela 2 - Distribuição das categorias segundo a frequência 1º aplicação e 2º aplicação

Percepção 1º APLICAÇÃO

2º APLICAÇÃO

TOTAL F % F % F %

Ajudar e cuidar do meio ambiente

28 38% 20 27% 48 33% Não jogar lixo nas ruas e rios 12 16% 11 15% 23 16% É o lugar onde vivo, é meu mundo

3 4% 15 21% 18 12% Sou um ser vivo 2 3% 4 5% 6 4% Não fazer queimadas 3 4% 3 4% 6 4% Não souberam/ responderam 4 5% 2 3% 6 4% Respostas sem sentido 21 29% 18 25% 39 27%

TOTAL 73 100% 73 100% 146 100%

(Fonte: Autor próprio, 2016)

A seguir são apresentados trechos de respostas em que os estudantes

justificam fazer parte do meio e não fazer parte do meio ambiente.

“sim porque eu moro na terra” “sim porque eu gosto de pindurado na arvore e comer as frutas dela”. “não, porque eu não sou um bicho” “Não porque não sou uma árvore” Na pergunta: “Qual é a sua contribuição? O que você faz para melhorar o seu meio ambiente?” No geral, das duas aplicações, 59% dos alunos colocaram em suas respostas que sua contribuição para o meio ambiente é não jogar lixo nas ruas e rios, percebe-se também um aumento de 7% na categoria desperdiçar água, que também foi um tema trabalhado na palestra e nas oficinas (dinâmica, desenhos, vídeo), conforme mostra a tabela 3:

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Tabela 3 - Distribuição das categorias segundo a frequência 1º aplicação e 2º aplicação.

Percepção

1º APLICAÇÃO

2º APLICAÇÃO

GERAL

F % F % F % Cuidar de árvores e plantas 9 12% 7 10% 16 11% Não desmatar 3 4% 4 5% 7 5% Não desperdiçar água 3 4% 8 11% 11 8% Não fazer queimadas 6 8% 9 12% 15 10% Não jogar lixo nas ruas e rios 45 62% 41 56% 86 59% Não souberam/ responderam 5 7% 2 3% 7 5% Respostas sem sentido 2 3% 2 3% 4 3%

TOTAL 73 100% 73 100% 146 100%

(Fonte: Autor próprio, 2016)

Através das entrevistas realizadas por questionários, onde somente a professora da turma A e a coordenadora entregaram, podemos constatar que a maioria dos professores estão cientes das responsabilidades sócio-educativas a eles confiadas, porém muitas dificuldades e desafios são encontrados na Educação Ambiental, dessa forma existe um consenso da importância do tema de modo transversal, no entanto, observa-se uma barreira quanto à aplicação de atividades relacionadas a este tema.

Segundo a coordenadora a escola possui um projeto para tratar questões ambientais o nome é “Preservando o Meio Ambiente” esse já está em desenvolvimento atualmente. A mesma informa que nesse projeto a participação e envolvimento dos estudantes é satisfatório, já que desenvolvem estudos acerca das questões ambientais e relacionam o dia a dia na mudança de hábitos. A mesma informa que a escola realiza visitas a campo para trabalhar a realidade local sobre as questões ambientais, os locais visitados são o Horto Florestal e o Parque Mãe Bonifácia.

Quando questionada se os professores são incentivados e motivados para estarem desenvolvendo pequenos projetos ou atividades ambientais com seus alunos, a coordenadora respondeu que sim e justificou que trabalhar a educação ambiental com os alunos favorece o desenvolvimento de outras aprendizagens e, principalmente, a construção e formação cidadã.

Percebe-se que a professora possui o conhecimento sobre o tema, mas não participou e nem são oferecidas capacitações referentes ao mesmo, porém mesmo

40 diante dessa dificuldade a mesma inclui a Educação Ambiental como temas transversais em seu plano de aula.

Outra dificuldade é sobre a falta de material didático, onde o próprio livro didático é ausente de conteúdos relacionados à questão ambiental, se fazendo necessário outras métodos com outros materiais que poderiam auxiliar. Além de que, falta uma maior compreensão e colaboração por parte da comunidade escolar em colocar em prática ações que contribuam para a melhoria do meio ambiente.

Então, esses problemas ambientais são tratados como algo possível e não concreto. Observa-se que a escola procura transmitir para os alunos de maneira isolada e fragmentada um conhecimento pronto sobre o meio ambiente e suas questões, onde o modo como a Educação Ambiental é praticada nessas escolas, é apenas como projeto especial, extracurricular, sem continuidade, descontextualizado, fragmentado e desarticulado, e apesar da disposição do MEC sobre a educação ambiental, não há efetivamente o desenvolvimento de uma prática educativa que integre disciplinas.

Diante disso, as questões ambientais são apresentadas de maneira confusa aos alunos, pois aprendem apenas que é preciso preservar a natureza, mas não são levadas a elas as políticas de impactos capazes de lhes fazer compreender o que é preciso preservar e utilizar de forma consciente os recursos naturais que se tem no planeta. Acabam sendo apenas ouvintes e não praticantes, quando deveriam ser estimulados através de atividades e projetos a exercer essa consciência a partir de sua realidade e comunidade.

Pode-se perceber que a Educação Ambiental é trabalhada de forma precária, devido ao fato dos professores não serem estimulados e nem capacitados, a escola não oferece condições adequadas para desenvolver este tipo de trabalho e como sabemos o professor não é valorizado como deveria, recebendo baixos salários, não tem motivação para ir além do que sua disciplina deve propor aos alunos. Tendo em vista que a Educação Ambiental deveria ser trabalhada de forma integrada por todas as disciplinas, mas as condições precárias levam ao total desanimo dos docentes.

É preciso que haja inter-relação entre as disciplinas do currículo escolar e a comunidade, para que juntos realizem uma educação ambiental voltada para a mudança do comportamento humano, tendo a Escola como um agente transformador da cultura e, principalmente, propiciador da conscientização das pessoas para o problema ambiental a partir de sua própria realidade.

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Nas análises dos questionários aplicados aos alunos se percebe contradições em algumas perguntas em um mesmo questionário, também podemos citar as dificuldades dos alunos de entender certas perguntas. Outro agravante é o fato de alguns alunos não terem participado das oficinas, pois essas se mostraram com maior aproveitamento dos alunos, trabalhos mais participativos do que diagnósticos obtém melhor resultado nesta faixa etária.

Outra dificuldade encontrada foi o pouco tempo de atividades de um questionário para outro e o tempo curto para poder realizar mais oficinas, no que diz respeito aos dias disponibilizados para trabalhar com os alunos, pois a professora da turma B não foi muito flexível com as datas atribuídas inicialmente. Outro fator é o fato do questionário ser muito amplo e extenso e, também, para realidade desses alunos algumas perguntas foram mais complexas, mesmo tomando alguns cuidados para aplicação do questionário, pois esse realizado com os alunos com apresentação no PowerPoint no ritmo da turma. Outro resultado interessante foi nas questões dissertativas que surgiu um novo elemento nas respostas do segundo questionário “tudo que está ao meu redor”, isso mostra que conseguiram absorver conhecimento com as atividades.

42 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos observar através deste trabalho que Educação Ambiental envolve o aluno, o professor e a sociedade, quando trabalhada de maneira correta e eficiente desperta maior interesse de modo geral dentro e fora da sala de aula podendo se expandir para a família e a sociedade. O professor deve se atualizar constantemente em relação à Educação Ambiental e aos fatos ligados ao meio ambiente, podendo transformar as monótonas aulas, em aulas mais dinâmicas e produtivas.

Com a realização dessa pesquisa conclui-se que os estudantes de ambas as instituições de ensino apenas têm uma leve percepção ambiental, sem ter um conhecimento crítico da importância do meio ambiente em que vivem. As turmas do 4º ano apresentaram em seu quadro de ensino dificuldades em sua prática pedagógica isso reforça a ideia de que é necessário investir no conhecimento do educador, pois ele é peça fundamental, essencial na formação do individuo.

Diante disso as questões ambientais são apresentadas de maneira confusa aos alunos, pois aprendem apenas que é preciso preservar a natureza, mas não são levadas a elas as políticas de impactos capazes de lhes fazer compreender o que é preciso conservar e utilizar de forma consciente os recursos naturais que se tem no planeta. Acabam sendo apenas ouvintes e não praticantes, quando deveriam ser estimulados através de atividades e projetos a exercer essa consciência a partir de sua realidade e comunidade. Dentre as atividades de sala de aula pode ser trabalhado os temas através de seminários, debates, dinâmica, atividades lúdicas, pois essas despertam maior interesse dos alunos e possuem melhor aproveitamento.

Foi alcançado o objetivo de representar a percepção dos alunos e também foi levantado junto à equipe gestora maneiras de despertar maior interesse dos alunos pelo tema. Como sugestão para melhorar as aulas dos professores quanto ao tema Educação Ambiental, destacamos as aulas que através de sala de vídeo, teatro, levar os alunos para reconhecer o bairro como exemplo mostrar elementos bióticos e abióticos, aulas de campo para que o aluno aprenda na teoria e na prática.

Outra proposta é buscar parcerias com órgãos públicos e privados, para criação de projetos ambientais, adotar estratégias, para que os alunos percebam que são parte do meio ambiente e que precisam se envolver na busca de soluções de problemas ambientais, sejam na escola, em casa, na sua comunidade e cidade.

43 Dessa forma, o aluno poderá colocar em prática, o que aprendeu em sala de aula e ainda contribui ativamente para a melhoria da qualidade ambiental e social da sua região. Não é uma tarefa fácil sensibilizar os alunos à mudança de comportamentos para uma diminuição da degradação ambiental e promoção da qualidade de vida, mas as pessoas envolvidas demonstram interesse e isso já é o primeiro passo.

Fica claro a opinião de que Educação Ambiental deve ser de grande importância para a vida de todos e que a cada mudança que ocorrer através da sensibilização individual, assim podemos chegar a um grande avanço ao tratar de respeito ao meio ambiente atual.

Afinal a EA no ambiente escolar só será efetiva, quando fazer com que o indivíduo compreenda que há uma interdependência econômica, social, política e ecológica e que precisamos lutar por um desenvolvimento ambiental sustentável, para minimização dos problemas ambientais, já presentes em nosso meio e garantia de recursos naturais suficientes para as nossas gerações futuras.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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46 SILVEIRA, À. et al. Projeto Educação Ambiental no contexto escolar. Revista conhecimento online, ano - 2, 2010. UNESCO. Década da Educação das Nações Unidas para um Desenvolvimento Sustentável, 2005-2014: documento final do esquema internacional de implementação, Brasília, Brasil, 2005. 120 p. ZEPPONE, Rosimeire. Educação Ambiental: Teorias e Práticas Escolares. 1ª ed. São Paulo: Jm, 1999. WWW/ECOPRESS. A Importância da EA na Proteção da Biodiversidade no Brasil. Proteção da Biodiversidade no Brasil. Disponível em http://www.ebah.com.br/a-importancia-da-ea-na-protecao-da-biodiversidade-no-brasil-pdf-pdf-a6515.html. Acesso em 28 mar. 2011.

47 7. APÊNDICES

1 - Levantamento do Perfil Ambiental dos alunos do Ensino Fundamental

Nome da Escola:________________ ___________________________Turma:_____ Sexo: ( )1. Masculino ( )2. Feminino Data de nascimento: _____/_____/_________

01) O que é meio ambiente para você? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 02) Você faz parte do meio ambiente? Por quê? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 03) Qual é a sua contribuição? O que você faz para melhorar o seu meio ambiente? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 04) Circule o que é bonito na natureza?

48

05) Ligue as figuras:

06) Marque com um X as palavras que representam perigo para os rios:

PEIXE

TARTARUGA

ÓLEO

SAPO

SECA

CHUVA

POLUIÇÃO

ESGOTO

49 07) Circule o que é preciso fazer para cuidar da natureza:

08) Para você o que faz parte do meio ambiente? ( ) Cidades ( ) matas ( ) água ( ) ar ( ) homens ( ) lixo ( ) esgoto ( ) rios ( ) animais ( ) todos os elementos citados 09) Como você fica sabendo de informações sobre o meio ambiente? ( ) palestras ( ) livros ( ) TV ( ) internet ( ) jornal ( ) observando a cidade ( ) disciplina da escola ( ) revistas 10) Falar sobre o meio ambiente é importante para você?

( ) sim ( ) não 11) Você já participou de palestras e eventos sobre: dengue, água, lixo, meio ambiente, reciclagem, aquecimento global, coleta seletiva? ( ) sim ( ) não

50 12) No seu dia-a- dia você acha que, causa algum impacto sobre o meio ambiente?

( ) sim ( ) não 13) Você já parou para calcular quanto tempo leva com o chuveiro ligado, quando está tomando banho? ( )sim, quanto minutos?_____ ( ) não 14) Quais problemas ambientais você encontra em sua rua, escola em casa? ( ) desperdício de água e energia ( ) poluição em geral ( ) queimadas ( ) outros_____________________ ( ) lixo ( ) não sei ( ) desmatamento 15) No seu entender, quem deveria ajudar a resolver os problemas ambientais? ( ) Os cientistas ( ) Os partidos políticos ( ) Você individualmente ( ) As pessoas que se sentirem prejudicadas ( ) Os políticos (os vereadores, os deputados, os senadores) ( ) As igrejas ( ) A comunidade unida ( ) O povo ( ) As Associações de Bairros ( ) As escolas ( ) Os empresários, os industriais ( ) Os jornalistas ( ) Os artistas ( ) O governo ( ) As organizações ecológicas ( ) Outros

Para confecção do questionário foram realizadas pesquisas em outros artigos e pesquisas, a elaboração foi realizada através de consulta nos endereços:

http://docslide.com.br/documents/questionario-educacao-ambiental.html

http://www.apoema.com.br/volnei.htm

51 2 - DIFERENÇA DE PERCENTUAL DE CADA APLICAÇÃO

52

53

54

55 3 - NOTAS DAS QUESTÕES VALENDO DE 0 A 100

(continua)

56

57

(continua)

58

59 4 - Oficio para aplicação de projeto de pesquisa

60

61 8 - ANEXO


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