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VICE-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO E CORPO DISCENTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

PALEONTOLOGIA

Rio de Janeiro / 2010

Todos os direiTos reservados à

Universidade CasTelo BranCo

ConteudistaMarcelo Soares

UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

Todos os direitos reservados à Universidade Castelo Branco - UCB

Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, armazenada ou transmitida de qualquer forma ou por quaisquer meios - eletrônico, mecânico, fotocópia ou gravação, sem autorização da Universidade Castelo Branco - UCB.

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Un3p Universidade Castelo Branco

Paleontologia / Universidade Castelo Branco. – Rio de Janeiro: UCB, 2010. - 32 p.: il.

ISBN 978-85-7880-080-2

1. Ensino a Distância. 2. Título.

CDD – 371.39

Apresentação

Prezado(a) Aluno(a): É com grande satisfação que o(a) recebemos como integrante do corpo discente de nossos cursos de gradu-

ação, na certeza de estarmos contribuindo para sua formação acadêmica e, consequentemente, propiciando oportunidade para melhoria de seu desempenho profissional. Nossos funcionários e nosso corpo docente es-peram retribuir a sua escolha, reafirmando o compromisso desta Instituição com a qualidade, por meio de uma estrutura aberta e criativa, centrada nos princípios de melhoria contínua.

Esperamos que este instrucional seja-lhe de grande ajuda e contribua para ampliar o horizonte do seu conhe-cimento teórico e para o aperfeiçoamento da sua prática pedagógica.

Seja bem-vindo(a)!Paulo Alcantara Gomes

Reitor

Orientações para o Autoestudo

O presente instrucional está dividido em quatro unidades programáticas, cada uma com objetivos definidos e conteúdos selecionados criteriosamente pelos Professores Conteudistas para que os referidos objetivos sejam atingidos com êxito.

Os conteúdos programáticos das unidades são apresentados sob a forma de leituras, tarefas e atividades com-plementares.

As Unidades 1 e 2 correspondem aos conteúdos que serão avaliados em A1.

Na A2 poderão ser objeto de avaliação os conteúdos das quatro unidades.

Havendo a necessidade de uma avaliação extra (A3 ou A4), esta obrigatoriamente será composta por todo o conteúdo de todas as Unidades Programáticas.

A carga horária do material instrucional para o autoestudo que você está recebendo agora, juntamente com os horários destinados aos encontros com o Professor Orientador da disciplina, equivale a 30 horas-aula, que você administrará de acordo com a sua disponibilidade, respeitando-se, naturalmente, as datas dos encontros presenciais programados pelo Professor Orientador e as datas das avaliações do seu curso.

Bons Estudos!

Dicas para o Autoestudo

1 - Você terá total autonomia para escolher a melhor hora para estudar. Porém, seja disciplinado. Procure reservar sempre os mesmos horários para o estudo.

2 - Organize seu ambiente de estudo. Reserve todo o material necessário. Evite interrupções.

3 - Não deixe para estudar na última hora.

4 - Não acumule dúvidas. Anote-as e entre em contato com seu monitor.

5 - Não pule etapas.

6 - Faça todas as tarefas propostas.

7 - Não falte aos encontros presenciais. Eles são importantes para o melhor aproveitamento da disciplina.

8 - Não relegue a um segundo plano as atividades complementares e a autoavaliação.

9 - Não hesite em começar de novo.

SUMÁRIO

Quadro-síntese do conteúdo programático ................................................................................................. 09

Contextualização da disciplina ................................................................................................................... 11

UNIDADE I

DIVISÕES DA PALEONTOLOGIA ...........................................................................................................13

UNIDADE II

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS FÓSSEIS ..........................................................................................15

UNIDADE III

TAFONOMIA ..............................................................................................................................................19

UNIDADE IV

MÉTODOS PALEONTOLÓGICOS ...........................................................................................................22

Glossário ..................................................................................................................................................... 26

Gabarito ....................................................................................................................................................... 27

Referências bibliográficas ........................................................................................................................... 29

9Quadro-síntese do conteúdo programático

UNIDADES DO PROGRAMA OBJETIVOS

I. DIVISÕES DA PALEONTOLOGIA

II. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS FÓSSEIS III - TAFONOMIA

IV - MÉTODOS PALEONTOLÓGICOS

• Apresentar os aspectos das diversas subdivisões da Paleontologia.

• Introduzir e caracterizar o estudo dos fósseis.

• Estudar as condições e processos que propiciam a preservação de restos de organismos pré-históricos ou de vestígios deixados por esses restos.

• Apresentar os aspectos técnicos do trabalho de campo e de laboratório do paleontólogo, para a coleta e estudo de fósseis ou de amostras fossilíferas.

11Contextualização da Disciplina

A vida neste planeta teve seu início há alguns bilhões de anos e, desde então, restos de animais e vegetais ou

evidências de suas atividades ficaram preservados nas rochas. Estes fragmentos e evidências são denominados fósseis e constituem o objeto de estudo da Paleontologia. A Paleontologia (do grego palaiós, antigo + óntos, ser + lógos, estudo) é a ciência natural que estuda a vida do passado da Terra e o seu desenvolvimento ao longo do tempo geológico, bem como os processos de integração da informação biológica no registro geológico, isto é, a formação dos fósseis.

A Paleontologia desempenha um papel importante nos dias de hoje. Já não é a ciência hermética, restrita aos cientistas e universidades. Todos se interessam pela história da Terra e de seus habitantes durante o passado geológico, para melhor conhecerem as suas origens.

O objeto imediato de estudo da Paleontologia são os fósseis, pois são eles que, na atualidade, encerram a informação sobre a morte do passado do Planeta. Por isso, se diz frequentemente que a Paleontologia é, simplesmente, a ciência que estuda os fósseis. Contudo, esta é uma definição que limita o alcance da Paleon-tologia, pois os seus objetivos fundamentais não se restringem somente ao estudo dos restos fossilizados dos organismos do passado. A Paleontologia não somente estuda os fósseis, mas também pretende conhecer a vida do passado geológico da Terra.

Uma vez que os fósseis são objetos geológicos com origem em organismos do passado, a Paleontologia é a disciplina científica que estabelece a ligação entre as ciências geológicas e as ciências biológicas, assim como de outras ciências importantes. Conhecimentos, por exemplo, da Geografia são fundamentais para a paleonto-logia, pois através desta pode-se relacionar o posicionamento e distribuição dos dados coletados.

13UNIDADE I

DIVISÕES DA PALEONTOLOGIA

Introdução

A informação sobre a vida do passado geológico (como eram os organismos do passado, como viviam, como in-teragiam com o meio, como evoluiu a vida ao longo do tempo) está contida nos fósseis e na sua relação com as rochas e os contextos geológicos em que ocorrem.

O mundo biológico que hoje conhecemos é o resul-tado de bilhões de anos de evolução. Assim, só estu-dando paleontologicamente o registo fóssil – o regis-to da vida na Terra – é possível entender e explicar a diversidade, a afinidade e a distribuição geográfica dos grupos biológicos atuais. E este tipo de estudo tornou-se viável através dos trabalhos do naturalista Georges Cuvier, que mediante à aplicação de suas leis da Anatomia Comparada, comprovou o fenômeno da extinção e da sucessão biótica. Ao possibilitar as reconstruções paleontológicas de seres que apresen-tavam seu registro fóssil fragmentado, por exemplo um único osso, Georges Cuvier abriu caminho para posteriores elaborações de sequências evolutivas, que deram suporte às teorias sobre a evolução orgânica.

Com base no princípio de que “o presente é a chave do passado”, enunciado por Charles Lyell, partindo do conhecimento dos seres vivos atuais e ainda de seu estudo biológico, é possível extrapolar-se muita informação sobre os organismos do passado, como o modo de vida, tipo trófico, de locomoção e de repro-dução, entre outros, e isso é fundamental para o estu-do e a compreensão dos fósseis.

A partir dos fósseis, uma vez que eles são vestí-gios de organismos de grupos biológicos do passado que surgiram e se extinguiram em épocas definidas da história da Terra, pode se fazer a datação relativa das rochas em que ocorrem e estabelecer correlações entre rochas de locais distantes que apresentem o mesmo conteúdo fossilífero. O estudo dos fósseis e a sua utilização como indicadores de idade das rochas são imprescindíveis, por exemplo, para a prospecção e exploração de recursos geológicos tão importantes como o carvão e o petróleo.

A Paleontologia é a ciência que se dedica ao estudo de restos e vestígios de animais ou vegetais pré-histó-ricos (fósseis) com o objetivo de conhecer a vida do passado geológico sob vários aspectos e obter dados de grande importância para as diversas outras ciên-cias como a Geocronologia, a Estratigrafia, a Geolo-gia Econômica etc.

A paleontologia não é uma ciência meramente des-critiva, posto que ela se preocupa, também, com o co-nhecimento dos organismos que antecederam os atu-ais, com o seu modo de vida, condições ambientais sob as quais se desenvolveram, causas da sua morte ou da sua extinção.

O progresso da paleontologia foi, em grande parte, devido ao estímulo exercido pela indústria do petró-leo, assim como também à incessante pesquisa de ca-ráter imediatista dos numerosos pesquisadores que a ela se dedicam. Entretanto, essa especialização para ser realmente produtiva exige uma estrutura sólida, buscando sempre outras ciências, conforme as suas necessidades: a Geologia, a Botânica, a Ecologia são fundamentais, assim como a Química, a Física e a Matemática.

A Paleontologia divide-se em algumas áreas, como a Paleobiologia, Tafonomia e a Biocronologia.

A Paleobiologia é a disciplina paleontológica que estu-da a vida, a Biologia, do passado geológico da Terra. A Tafonomia estuda a integração da informação biológica no registo geológico, ou seja, a formação dos fósseis e das jazidas fossilíferas e do registo paleontológico e a Biocronologia estuda o desenvolvimento temporal (a cronologia) dos eventos paleobiológicos, bem como as relações temporais entre entidades paleobiológicas (os organismos do passado) e/ou tafonômicas (os fósseis).

Também se inserem neste contexto a Paleozoologia, o estudo dos fósseis de animais, e a Paleobotânica, o estudo dos fósseis de plantas. Basicamente, qualquer disciplina biológica aplicada aos organismos do passado geológico, por via do estudo dos fósseis, constitui uma subdisciplina paleobiológica: Paleozoologia, Paleobotâ-nica, Paleoecologia (que estuda os ecossistemas do pas-sado), Paleoanatomia, Paleoneurologia etc.

Outras disciplinas paleobiológicas, que não estão limitadas a um dado grupo taxonômico, são:

• Macropaleontologia - que estuda os fósseis visí-veis a “olho nu”.

• Micropaleontologia - que estuda os fósseis de or-ganismos que necessitem de microscópio para serem visualizados.

Consideram-se macrofósseis os fósseis de dimen-

sões centimétricas (ou maiores). Frequentemente,

14usa-se o termo Macropaleontologia apenas com o sentido de caracterizar o estudo de macrofósseis e não com o propósito de reconhecimento de uma subdivisão independente com esse nome. Contudo, os métodos de preparação dos macrofósseis diferem dos usados para os microfósseis. Distinguem-se os microfósseis pelo tamanho milimétrico ou micromé-trico, citam-se, entre eles, os foraminíferos e os ostra-códeos. Na verdade, alguns “microfósseis” alcançam tamanho centimétrico. Nummulites, por exemplo, um gênero de foraminíferos, chegou a atingir 10 cm de diâmetro no Terciário Inferior. Os microfósseis são objeto de estudo da Micropaleontologia, com exce-ção dos palinomorfos.

Os palinomorfos são objeto de estudo da Paleopa-linologia, outra subdivisão importante da Paleontolo-

gia. Há algum tempo os pólens e os esporos fósseis, bem como os pólens e esporos atuais, eram estudados pela Palinologia (gr. palê = farinha fina).

A Paleopalinologia pesquisa toda sorte de micro-fósseis obtidos pelo mesmo tratamento utilizado na separação de pólens e esporos fósseis, ou seja, todo material orgânico de pequenas dimensões resistente ao ataque de um certo tipo de ácido. São os fósseis dessa natureza que chamamos de palinomorfos. Es-tes incluem, além de esporos e pólens, diatomáceas, quitinozoários etc. Muitos paleontólogos continuam, entretanto, a empregar a designação neontotógica Palinologia para esta subdivisão e em seus trabalhos “palinológicos” restringem-se, em geral, ao enfoque sobre pólens e esporos fósseis.

Exercícios de Fixação

1. A Paleontologia é a ciência que estuda evidências da vida pré-histórica preservadas nas rochas, os fósseis, e elucida não apenas seu significado evolutivo e temporal, mas também sua aplicação na busca de bens minerais e energéticos. Defina Paleontologia.

2. A paleontologia é uma ciência meramente descritiva, posto que ela se preocupa, também, com o conheci-mento total dos organismos que antecederam os atuais. Como se divide a paleontologia?

3. Defina Paleobiologia.

4. O que estuda a Tafonomia?

5. O que é Biocronologia?

6. Cite e descreva outras subdivisões da Paleontologia que estuda qualificação dos fósseis simplesmente pelo tamanho.

7. Podemos distinguir os microfósseis pelo tamanho milimétrico ou micrométrico. Cite alguns exemplos de microfósseis.

8. O que é Paleopalinologia?

Leitura Complementar

Para você saber mais a respeito das informações desta unidade, leia sobre o assunto no livro CARVALHO, I.S. 2004. Paleontologia, vol. 1. Editora Interciência. Rio de Janeiro. 861 p.

15UNIDADE II

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS FÓSSEIS

Os fósseis são restos ou vestígios preservados de animais, plantas ou outros seres vivos em rochas, sedimentos, gelo ou âmbar. Preservam-se como mol-des do corpo ou partes deste, rastros e pegadas. A to-talidade dos fósseis e sua colocação nas formações rochosas e camadas sedimentares é conhecido como “registro fóssil”. A palavra fóssil deriva do termo lati-no fossile que significa “desenterrado”.

A geração de fósseis, ao contrário do que se pode-ria supor, é um fenômeno corriqueiro e que ocorre frequentemente. O registo fóssil contém inúmeros vestígios fossilizados dos mais variados organismos do passado geológico da Terra. Tudo pode fossilizar, até mesmo os restos orgânicos mais delicados e pere-cíveis. Entretanto, a preservação de matéria orgânica ou de restos esqueléticos delicados, uma vez que estes se decompoem e são destruídos rapidamente, requer condições de fossilização fora do comum por serem especiais e por ocorrerem raramente na natureza.

Pelo contrário, a preservação de partes esqueléticas biomineralizadas, mais duras e resistentes à decom-posição e à erosão, tais como dentes, conchas, cara-paças e ossos, é bem mais frequente e, por isso, a es-magadora maioria do registo fóssil é constituída por fósseis deste tipo de restos biológicos. Em qualquer das circunstâncias, para que os restos de um qualquer organismo fossilizem, é fundamental que estes sejam rapidamente cobertos por sedimentos e enterrados.

Somente os restos ou vestígios de organismos com mais de 11.000 anos são considerados fósseis. Este tempo, calculado pela última glaciação, é a duração estimada para a época geológica do Holoceno ou Re-cente. Quando os vestígios ou restos possuem menos de 11.000 anos, são denominados de subfósseis.

Segundo outros autores, pelo contrário, um fóssil é todo e qualquer resto ou vestígio de organismos do passado preservado em contexto geológico, indepen-dentemente da sua idade. De acordo com estes pa-leontólogos, fixar uma qualquer data para se poder considerar se algo é ou não um fóssil é arbitrário. Por outro lado, sendo o Holocênico (menos de 10.000 anos) parte do registo geológico, os restos orgânicos contidos em rochas holocênicas deverão ser consi-derados fósseis. Ou seja, o que determina o fóssil é a ocorrência conjunta de um resto identificável com origem biológica num contexto geológico, indepen-dentemente do seu tipo e da sua idade.

Fonte: www.fotosearch.com

A definição de fóssil que foi referida no início tem um caráter muito geral. Essa designação é bastante abran-gente; reúne restos de organismos pré-históricos, im-pressões deixadas por restos de organismos e estruturas biogênicas que se originaram de certos tipos de atividade de antigos animais e vegetais. Encontram-se os fósseis, normalmente, em rochas sedimentares.

Como vimos, no caso dos animais, os restos pre-servados consistem, em geral, apenas nas suas partes duras (conchas calcárias, ossos, espinhos etc.), em-bora, com muito menor frequência, tenha ocorrido a preservação de restos de indivíduos de corpo mole ou das partes moles de indivíduos providos de esqueleto. Dá-se o nome de “impressões” ou “moldes” às re-produções em negativo da morfologia de organismos pelo material sedimentar que os envolve.

Quanto às estruturas “biogênicas”, elas correspon-dem a marcas produzidas em vida pelos animais (pistas, pegadas, perfurações, escavações, marcas de repouso), mas também a coprólitos, ovos e gastróli-tos. Tais estruturas são coletivamente referidas como icnofósseis (gr. Iknos = vestígios), fósseis-traços ou bióglifos.

Entende-se por “pista” um sulco contínuo produzi-do por um animal que, ao se deslocar sobre um fun-do mole, manteve parte do corpo em contato com o substrato. “Pegada” é a marca originária da pressão do pé de um animal sobre um substrato inconsolidado (areia úmida ou lama); sua preservação depende de uma rápida proteção por uma cobertura sedimentar.

Fonte: www.fotosearch.com

16As “perfurações” são causadas por ataques mecâ-

nico ou químico dos organismos a substratos duros. Qualificam-se como “escavações” diversas modali-dades de tubos que se dispõem vertical, horizontal ou obliquamente em relação ao plano de acamamento das rochas sedimentares.

As “marcas de repouso” consistem em vestígios da permanência temporária de um organismo sobre um substrato mole. Os “coprólitos” (gr. kopros excre-mento; lithos = pedra) correspondem a excrementos fossilizados. Variam, em tamanho, de menos de um milímetro a 15 cm. Apresentam a forma de um bastão ou de uma pelota; mas também podem ser torcidos e, menos frequentemente, espiralados. Podem conter material orgânico (micro-organismos, espículas, es-camas de peixe etc.).

As excreções fósseis de pequeno tamanho, de ver-

mes e outros invertebrados, não compostas de fosfa-to, recebem o nome de “pelotas fecais”.

Os icnofósseis se preservaram no local, em contraste com a maioria dos restos de organismos que, comumente, sofre-ram algum transporte. Os icnofósseis marinhos, em espe-cial, fornecem dados paleoecológicos de grande valia.

Tipos de Fósseis

Existem dois tipos básicos de fósseis: os somatofós-seis e os icnofósseis.

• Somatofóssil: Fóssil de restos somáticos (isto é, do corpo) de organismos do passado. Por exemplo, fósseis de dentes, de carapaças, de folhas, de conchas, de troncos etc.

• Icnofóssil: Fóssil de vestígios de atividade bioló-gica de organismos do passado. Por exemplo, fósseis de pegadas, de marcas de mordidas, de ovos (da casca dos ovos), de excrementos (os coprólitos), de túneis e de galerias de habitação etc.

Os fósseis – somatofósseis e icnofósseis – podem ocorrer sob a forma de diversos produtos dos proces-sos de fossilização que ocorrem após o enterramento dos restos esqueléticos ou dos vestígios de atividade orgânica. Os mais frequentes são as mineralizações e os moldes.

Processos de Fossilização

Mumificação ou conservaçãoA mumificação é o mais raro processo de fossiliza-

ção. Pode ser:

• Total - quando o ser vivo é envolvido por uma

substância impermeável (ex.: resina, gelo) que impe-de a sua decomposição.

• Parcial - quando as formações duras (carapaças, conchas etc.) de alguns organismos permanecem in-cluídas nas rochas por resistirem à decomposição.

Mineralização

Este processo, também denominado de petrificação, consiste literalmente na substituição gradual dos restos orgânicos de um ser vivo por matéria mineral, rocha, ou na formação de um molde desses restos, mantendo com alguma perfeição as características do ser. Ocorre quan-do o organismo é coberto rapidamente por sedimento após a morte ou após o processo inicial de deterioração. O grau de deterioração ou decomposição do organismo quando recoberto determina os detalhes do fóssil, alguns consistem apenas em restos esqueléticos ou dentes; ou-tros fósseis contêm restos de pele, penas ou até tecidos moles. Uma vez coberto com camadas de sedimentos, as mesmas compactam-se lentamente até formarem ro-chas, depois, os compostos químicos podem ser lenta-mente trocados por outros compostos.

Fonte: http://1.bp.blogspot.com/FOSSEIS3.jpg

Moldagem

Consiste no desaparecimento total das partes moles e duras do ser vivo, ficando nas rochas um molde das suas partes duras. O molde pode ser:

• Molde externo - quando a parte exterior do ser vivo desaparece deixando a sua forma gravada nas rochas que o envolveram.

• Molde interno - os sedimentos entram no interior da parte dura e quando esta desaparece fica o molde da parte interna.

Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/fosseis/imagens/fosseis.jpg

17MarcasÉ o tipo de fossilização mais abundante em que per-

manecem vestígios deixados pelos seres vivos, uma vez que é o mais fácil e simples de ocorrer. Exemplos de marcas podem ser: pegadas e ovos de animais.

Moldes e traços de fósseisUm molde de fóssil é formado por fluidos infiltra-

dos que dissolvem os restos de um organismo, crian-do um buraco na rocha com a forma do organismo. Se esse buraco for preenchido com mais minerais, é chamado de molde fóssil. Se o enterro do organismo for rápido, são grandes as chances de que até mesmo as impressões de tecidos moles permaneçam. Traços fósseis são os restos de caminhos, enterros, pegadas, ovos, conchas, ninhos e fezes. Estes últimos, chama-dos coprólitos, podem fornecer uma idéia do compor-tamento alimentício do animal, tendo assim, grande importância.

Fósseis em resinaFósseis conservados em resina é um exemplo de

mumificação (ou conservação). Animais menores, como insectos, aranhas e pequenos lagartos, quando presos em resina ou âmbar, que é segregado por certas árvores, ficam praticamente intactos por milhares de anos. Estes fósseis podem ser encontrados em rochas sedimentares, assim como os demais tipos de fósseis. Âmbar é uma substância resinosa e aromática, com consistência de cera rija, que foi produzida por uma espécie extinta de pinheiro.

Fonte: http://alogicadosabino.files.wordpress.com/2009/09/ambar2.jpg

PseudofósseisOs chamados “pseudofósseis” (do grego pseúdes,

falso + fóssil) não são fósseis, não devem ser tratados

como fósseis, nem incluídos em classificações pale-ontológicas ou em textos sobre fósseis. São desig-nados “pseudofósseis” (ou seja, literalmente, “falsos fósseis”) apenas por serem objectos geológicos que fazem lembrar estruturas orgânicas fossilizadas.

O exemplo mais típico de pseudofósseis são as den-drites, precipitações inorgânicas de minerais que fa-zem lembrar “fósseis” de plantas.

Fóssil vivo“Fóssil vivo” é um termo informal frequentemente

utilizado em textos não científicos (de divulgação) e em manuais escolares para designar organismos pertencentes a grupos biológicos atuais que são os únicos representantes de grupos que foram bem mais abundantes e diversificados no passado geológico da Terra. Por essa mesma razão, os organismos apelida-dos de “fósseis vivos” apresentam, frequentemente, aspectos morfológicos muito similares aos dos seus parentes mais antigos preservados sob a forma de fós-seis no registo geológico.

Os “fósseis vivos” não são “espécies” que não evo-luíram, não são organismos “parados no tempo”. São organismos distintos dos do passado, pertencendo a espécies distintas das representadas no registo fóssil, mas com as quais são diretamente aparentados e, por-tanto, morfologicamente muito similares.

Um exemplo típico de “fóssil vivo” são os peixes da espécie atual Latimeria chalumnae. Até a desco-berta destes peixes nos mares do Oceano Índico, em 1938, os Coelacanthiformes (grupo biológico a que Latimeria chalumnae pertence) só eram conhecidos do registo fóssil.

Outros organismos frequentemente apelidados de “fósseis vivos” são, por exemplo, os organismos das espécies Ennucula superba, Lingula anatina, um bra-quiópode inarticulado, o tuatara (Rhyncocephalus), um réptil primitivo, o caranguejo-ferradura Limulus polyphemus e os organismos do gênero Nautilus.

Exercícios de Fixação

1. O que são fósseis?

2. O que é registro fóssil?

3. O são subfósseis?

4. O que é fundamental para que os restos de um organismo fossilizem?

5. No caso dos animais, os restos preservados (fósseis) consistem, em geral, apenas de suas partes duras. Cite alguns exemplos.

186. O que são “impressões” ou “moldes”?

7. O que são icnofósseis?

8. Defina “pista”, “pegada” e “perfurações”.

9. O que são “pseudofósseis”?

10. Cite alguns exemplos de fósseis vivos.

Leitura Complementar

Para você saber mais a respeito da origem, evolução e biologia dos anfíbios, leia sobre o assunto no livro CARVALHO, I.S. 2004. Paleontologia, vol. 1. Editora Interciência. Rio de Janeiro. 861 p.

19UNIDADE III

TAFONOMIA

A Tafonomia do grego tafos (sepultamento) + no-mos (lei) é a disciplina paleontológica que se ocupa do estudo dos processos de transferência dos restos e dos vestígios biológicos (ou melhor, da informação biológica) da Biosfera do passado para a Litosfera do presente. Ou seja, a Tafonomia é o ramo da Pa-leontologia que estuda as condições e processos que propiciam a preservação de restos de organismos pré-históricos ou de vestígios deixados por esses restos.

Pode-se dividir a história da preservação de um organismo em duas fases: 1) Bioestratinomia: uma fase relativamente curta que vai da morte desse orga-nismo até o seu sepultamento em sedimentos; 2) Dia-gênese dos fósseis (Fossildiagenese) uma fase bem mais longa que tem início com o seu sepultamento e se estende até a data da coleta dos seus restos ou de vestígios deixados pelos mesmos.

Bioestratinomia

Divisão da Tafonomia que estuda as causas e tipos de morte dos organismos e com os problemas ligados à de-composição (necrólise), transporte e sepultamento.

Os organismos morrem devido, geralmente, à idade avançada, doenças, falta de alimentos, predação (ata-que de carnívoros), luta competitiva etc. Mas ocorre também a chamada “morte catastrófica”, que consiste em uma mortalidade em massa durante um curto in-tervalo de tempo. A morte catastrófica propicia farto material aos processos de fossilização. Suas causas são várias: inundações, erupções vulcânicas, tempes-tades de areia ou de neve, aumento brusco da taxa de sedimentação etc.

No caso dos vertebrados terrestres, o local de morte é imprevisível, devido à mobilidade desses animais. Há, entretanto, locais onde os carnívoros os apanham com maior frequência: são as margens de rios, cacim-bas ou fontes, procuradas pelos herbívoros para matar a sede.

Tem-se dado muita atenção à atividade predatória de diversos organismos como causa de morte. Enten-de-se por “predação” um tipo de reação entre espécies distintas de animais em que uma mata a outra para se alimentar. Nos ambientes marinhos de águas rasas, os predadores mais comuns de conchas são os carangue-jos, peixes, gastrópodes e estrelas-do-mar.

Embora com frequentes exceções, a maioria dos fós-seis consiste em restos de partes duras. É o caso dos esqueletos internos dos vertebrados, a possibilidade da sua preservação depende não só da sua composi-ção química, resistência ou forma, como, também, do que ocorre com os cadáveres na fase intermediária entre a morte e o sepultamento. Um dos fatores que favorecem a preservação é o sepultamento rápido, o outro é a mortalidade em massa.

Nos ambientes continentais, os cadáveres que esca-pam ao ataque dos necrófagos e ficam expostos ao ar livre ou cobertos por uma delgada lâmina de água estão sujeitos, desde logo, à ação microbiana. Tem início, então, a putrefação. Desta resulta a produção e escape de gases como o hidrogênio, gás carbônico, oxigênio, nitrogênio, gás sulfídrico etc. Após a necró-lise, o material mineralizado do esqueleto, sob ação dos agentes atmosféricos, transforma-se em pó ou é dissolvido e levado pelas águas.

Os esqueletos dos vertebrados raramente se conser-vam completos e sem distorção. Em geral os cadá-veres sofrem o ataque dos animais necrófagos, que podem desintegrá-los. De qualquer maneira, quando o esqueleto fica completamente descarnado a ação mecânica das correntes fluviais o desintegra antes de um eventual sepultamento. Assim, as suas partes se separam. Só em circunstâncias de rápido sepultamen-to do cadáver é que o respectivo esqueleto encontra a possibilidade de não se dissociar. O sepultamento mais favorável à preservação é o que se dá em sedi-mento isento da circulação de ar e de água.

No ambiente marinho, os cadáveres dos mamíferos mortos por causas naturais (baleias, golfinhos) geral-mente flutuam na superfície do mar até que a decom-posição propicie a sua desintegração. As baleias ricas em gordura boiam logo após a morte; as pobres em gordura vão primeiro ao fundo, depois estufam e so-bem à superfície devido à acumulação de gases (pro-duzidos pela putrefação) nas cavidades do corpo. Mas se ao descer caírem num ambiente anaeróbico, não saem mais dali, porque essa modalidade de ambiente é nociva à atividade dos organismos que causam a pu-trefação e assim não se formam os gases necessários à ascensão.

No caso dos cadáveres boiantes, com o prossegui-mento da decomposição, a cabeça separa-se do tron-co e a coluna vertebral se dissocia, dispersando-se as vértebras.

20Muitas vezes os cadáveres são arrastados para a

praia antes de se decomporem. Se um cadáver “enca-lhar”, em vez de voltar a boiar por efeito da preamar, alguns dias após os gases escapam e ele se transforma em uma massa flácida. As correntes podem movi-mentá-lo, deformando a coluna vertebral e deslocan-do as demais peças do esqueleto das suas posições originais. Mas, na hipótese de ocorrer o soterramento antes do escape dos gases, a coluna vertebral poderá manter-se retilínea e as demais partes do esqueleto conservarem-se na posição original. A temperatura influi na velocidade da decomposição: o frio inibe o processo e o calor acelera.

Os peixes são muito vulneráveis à decomposição (mais do que os outros vertebrados). Dificilmente se consegue fósseis de peixes com o esqueleto completo e com todas as escamas. Em geral, as mortalidades catastróficas são consideradas o fator mais predispo-nente à preservação. Progride com muita rapidez a destruição das conexões entre as partes do esqueleto. Os cadáveres dotados de grande cavidade abdominal boiam graças à produção de um volume de gases sufi-ciente para tal. Mas submergem logo que esses gases escapam (devido à destruição das paredes do corpo).

Não só a temperatura influi na produção dos gases e consequente flutuabilidade, mas também a salini-dade (uma hipersalinidade não permite a ascensão). Os esqueletos dos cadáveres que boiam chegam ao fundo dissociados e sem algumas das suas partes. As nadadeiras e respectivos raios, por exemplo, em geral se destacam. Quando a decomposição se processa no fundo, a chance de preservação do esqueleto comple-to é maior, desde que não haja ataque de necrófagos nem ação de correntes.

Diagênese dos Fósseis

A Diagênese dos Fósseis corresponde ao que comu-mente se refere como fossilização, ou seja, ao con-junto de processos que propiciam a preservação dos restos de organismos ou de vestígios desses restos.

Alguns autores, entretanto, relatam que seu objetivo

da é a inferência dos mecanismos que, atuando após a morte dos organismos, determinam os padrões de disposição espacial dos seus restos nas camadas sedi-mentares. Outras definições sugerem que é o estudo da história deposicional dos restos orgânicos. adotam o mesmo ponto de vista, dela excluindo, portanto, a Tanatologia (investigação das causas da morte e das suas consequências diretas). Outros autores, conside-ram como uma ciência voltada a tudo que se relaciona com a formação de jazigos fossilíferos.

A diagênese pode ocorrer durante o sepultamento e até antes dele, e a necrólise pode acontecer após o

sepultamento em casos, por exemplo, de morte catas-trófica por soterramento rápido sob sedimentos.

Efeitos da Abrasão

As partes duras dos organismos estão sujeitas à destruição física, biológica e química. A destruição biológica atuante ainda em vida (predação) pode con-tinuar atuante na longa fase de pós-sepultamento. Da mesma forma, a destruição química (dissolução) pode ocorrer ainda em vida (ex.: conchas de moluscos).

A destruição física restringe-se aos ambientes depo-sicionais, a menos que nela se incluam as deforma-ções que os fósseis podem sofrer nas fases diagenéti-ca e pós-diagenética (compactação).

No ambiente marinho de águas rasas os agentes da destruição física são as “ondas” e as “correntes” e o fator principal da mesma, a abrasão. A resistibilidade das partes duras à abrasão tem sido objeto de pesquisa experimental de laboratório e de campo e de observa-ção de fósseis.

Efeitos do Transporte e da Hidrodinâmica Deposicionais

Normalmente a preservação ocorre em ambientes subaquáticos. Os cadáveres boiantes, como os das ba-leias e de peixes referidos anteriormente, podem ser transportados por considerável distância pelas cor-rentes antes de submergirem. Os rios carregam para os mares e lagos restos de organismos terrestres ou fluviais. Outro fator importante é o vento, como agen-te de transporte, em especial de pólens e esporos.

Nos ambientes subaquáticos as partes duras dos organismos que neles morrem ou que estarão neste ambiente depois de mortos ficam sujeitas à hidrodinâ-mica deposicional. Dependendo do nível de energia do ambiente e do tamanho unitário das partes duras, estas se mantêm praticamente imobilizadas, sofrem apenas um pequeno deslocamento, ou são transpor-tadas e separadas seletivamente. Entre os agentes de transporte citam-se as correntes de turbidez, que po-dem mobilizar material por grandes distâncias.

As conchas se acumulam, com frequência, onde se dissipa a energia das correntes e das ondas. E o que acontece nas praias, logo abaixo das linhas de deixa e nas planícies de maré perto do nível médio das águas. Mas há acumulação de conchas devido à migração de marcas de ondas e outras que correspondem ao sítio de vida de uma determinada associação.

Os restos de organismos ou de partes de organismos transportados para ambientes deposicionais não coinci-

21dentes com os seus sítios de vida são qualificados como alóctones. É o caso dos restos de vegetais vasculares sepultados em sedimentos lacustres ou lagunares, dos esporos e pólens dispersos pelos ventos e sepultados em vários tipos de ambiente, inclusive marinho.

Muitos organismos marinhos morrem no próprio

sítio em que viveram e, normalmente, mantêm a po-sição original de vida. São também conhecidos os ca-

sos de preservação de vegetais com parte do tronco e raízes em posição vertical. Os icnofósseis preservam-se no local sem sofrer qualquer tipo de transporte.

Não se deve pensar sempre, porém, numa grande distância de transporte. Os estudos efetuados sobre transporte de conchas nos ambientes atuais mostra-ram que elas raramente se deslocam mais de poucas centenas de metros do sítio original de vida.

Exercícios de Fixação

1. Defina Tafonomia.

2. O que é Bioestratinomia?

3. O que é diagênese dos fósseis?

4. Os organismos morrem devido, geralmente, à idade avançada, doenças, falta de alimentos, predação (ataque de carnívoros), luta competitiva etc. Cite outro tipo de morte que propicia um farto material paleotológico.

5. Embora com frequentes exceções, a maioria dos fósseis consiste em restos de partes duras. É ocaso dos esqueletos internos dos vertebrados. Do que depende a possibilidade da sua preservação?

6. Por que os esqueletos dos vertebrados raramente se conservam completos e sem distorção?

7. Não só a temperatura influi na produção dos gases e consequente flutuabilidade, mas também um outro fator, cite-o.

8. Diferencie diagênese e necrólise.

9. As partes duras dos organismos estão sujeitas à destruição física, biológica e química. A destruição bio-lógica atuante ainda em vida pode continuar atuante na longa fase de pós-sepultamento. Da mesma forma, a destruição química pode ocorrer ainda em vida. Como é denominada a destruição química?

10. Como são denominados os restos de organismos ou de partes de organismos transportados para ambientes deposicionais não coincidentes com os seus sítios de vida?

Leitura Complementar

Para você saber mais a respeito da origem e evolução dos répteis e diversas outras informações comple-mentares e importantes, leia sobre o assunto no livro CARVALHO, I.S. 2004. Paleontologia, vol. 1. Editora Interciência. Rio de Janeiro. 861 p.

22 UNIDADE IV

MÉTODOS PALEONTOLÓGICOS

O trabalho do paleontólogo inicia-se no campo com a coleta de fósseis ou de amostras fossilíferas. Não só a qualidade, mas também a quantidade dos espécimes influencia nas conclusões do paleontólogo, tanto de ordem sistemática, quanto de ordem paleoecológica.

São indispensáveis as anotações a respeito da posi-

ção dos fósseis e da sua situação geográfica. Devem ser anotadas também as variações de densidade dos fósseis tanto no sentido vertical como no horizontal.

Depois de embalados, os fósseis ou amostras fossilífe-

ras são cuidadosamente transportados para o laboratório. Com o equipamento adequado, o paleontólogo procede à preparação completa dos macrofósseis que idealmen-te, consiste em livrá-los de todo resquício possível de matriz. Isso é feito mecanicamente, com muita paciên-cia, ou com emprego de métodos químicos (dissolução da matriz com ácido, por exemplo). Os microfósseis são separados por técnicas especiais.

Separados os espécimes, tem início a sua classifica-

ção. É a parte mais delicada do trabalho, pois deman-da a consulta de muita bibliografia. A classificação deve incluir, sempre que possível, a comparação di-reta do material em estudo com material previamente estudado.

A descoberta de fósseis é, muitas vezes, acidental: abertura de um poço, de uma rodovia ou de uma fer-rovia etc. Mesmo os leigos percebem a presença de fósseis quando estes, seja devido à erosão, seja ao intemperismo, se expõem à superfície das rochas ou ficam soltos sobre o solo.

Mas as pesquisas de campo realizadas pelos geólo-gos ou as levadas a efeito por paleontólogos, com o objetivo da busca de fósseis, é que têm contribuído, consistentemente, para a ampliação do acervo pale-ontológico. Tem sido assim no Brasil e em todas as partes do mundo.

Os fósseis se distribuem nas sequências sedimenta-

res com frequentes descontinuidades verticais e hori-zontais. Sua ausência é explicada por condições ad-versas à vida durante um certo intervalo deposicional (regiões de deserto, por exemplo) ou por condições adversas à preservação nas fases deposicional (am-biente fortemente oxidante).

Normalmente as rochas calcárias, os argilitos, os si-litos e os arenitos são as mais fossilíferas, entretanto,

encontram-se fosseis também em cinzas vulcânicas e até em lavas antigas.

Coleta de Campo

Antes de entrarmos na consideração dos trabalhos de coleta propriamente ditos, convém chamar a aten-ção para os seguintes requisitos fundamentais a serem observados no campo: 1) o paleontólogo deve cuidar sempre de anotar para cada espécime ou amostra co-letados a localidade e o horizonte de procedência, jamais confiando apenas na memória; 2) deve esbo-çar a seção estratigráfica completa (com escala), de-marcando sobre ela os horizontes de procedência dos espécimes.

Em outras palavras, deve estar munido de uma ca-derneta de campo, de uma régua ou trena, para poder esboçar a seção requerida, e de uma bússola, para orientá-la de acordo com os quadrantes cardeais. Nessa caderneta devem constar anotações sobre a li-tologia, estruturas sedimentares e tudo mais que pos-sa ser útil para o contexto da palentologia, tafonomia e estratigrafia.

O trabalho de coleta varia, de caso para caso, em

função de uma série de fatores, entre os quais as ca-racterísticas do aforamento pesquisado (topografia, acessibilidade etc.), a natureza da rocha fossilífera, a resistibilidade dos fósseis aos processos mecânicos de extração e, em certos casos, até as condições cli-máticas regionais. O trabalho de coleta varia também em função de seu objetivo, se esta visa fósseis em geral, macrofósseis ou microfósseis. Analisando os diferentes fatores locais, o paleontólogo estabelece a sua estratégia de coleta.

Na obtenção de macrofósseis em rochas não exces-sivamente duras, os instrumentos geralmente mais usados são o martelo de geólogo e a picareta. Os fo-lhelhos, argilitos e silitos podem ser trabalhados com um martelo de massa média e ponta chata.

As rochas duras requerem técnicas especiais de des-monte, com aproveitamento das fraturas e dos planos de disjunção das camadas; nesse caso, empregam-se talhadeira e martelo, ou até marreta e alavanca, con-forme o caso.

A coleta de ossadas de grandes vertebrados concen-tradas em horizontes da base de um afloramento pode

23impor o desmonte de volumes consideráveis de ma-terial não fossilífero que forma a cobertura do jazigo (“estéril”). Nesse desmonte empregam-se desde pás e picaretas até explosivos ou máquinas escavadoras. Exposto o horizonte fossilífero, o paleontólogo deve fotografar e “mapear” a ossada na sua caderneta, an-tes de removê-la. O uso de uma escala nas fotografias é indispensável.

A coleta de ossos friáveis (frágeis) demanda cuida-dos especiais. Procura-se, inicialmente, tratá-los com substâncias endurecedoras ou adesivas (cimento, goma-laca etc.) introduzidas nos poros ou fendas do fóssil.

No caso de um grande fêmur de mamífero pleistocê-nico, por exemplo, procede-se, após esse tratamento, à remoção da matriz ao seu redor, com muito cuidado. Isso feito, protege-se a parte exposta com uma banda-gem de tiras de aniagem ou gaze embebidas em gesso calcinado. Entre o osso e a bandagem coloca-se papel (lenço de papel ou papel higiênico) para evitar a ade-rência. Seca a bandagem, passa-se a remover a matriz situada sob o osso até que ele fique solto. Então, vira-se o osso ao contrário, retira-se o resto da matriz re-manescente até o ponto em que não se ponha em risco a integridade da peça e completa-se a bandagem. Esta será retirada no laboratório.

O acondicionamento de fósseis deve sempre mere-cer cuidado especial para evitar danificações durante o transporte. São muitos os meios de acondiciona-mento, mas, em geral, embrulham-se os macrofós-seis, já etiquetados, em lenço de papel ou papel hi-giênico, colocando-se depois os embrulhos dentro de saquinhos de pano ou plástico. Fósseis muitíssimo delicados podem ser protegidos com algodão.

Se a eliminação da matriz puser em risco a integri-dade física de um macrofóssil é preferível deixar esse trabalho para ser feito no laboratório.

Os folhelhos fossilíferos não devem ser longamente expostos ao sol antes do acondicionamento, pois a ro-cha, perdendo rapidamente a umidade, fratura-se.

As amostras destinadas à pesquisa de microfósseis são guardadas em saquinhos plásticos para tratamen-to no laboratório.

No caso de coletas efetuadas por meio de sondagens,

os microfósseis são recuperados ou das chamadas amostras de calha ou de testemunhos. As amostras de calha correspondem ao material detrítico isolado da lama que traz à superfície o produto da trituração da broca rotativa que aprofunda o poço. No seu per-curso, esse material é “contaminado”, frequentemen-te, por outros microfósseis da parede do poço, que só

é revestida após o término da sondagem. Misturam-se, desse modo, microfósseis de diferentes níveis estratigráficos. Em vista dessas “contaminações” o palentólogo só leva em consideração as “novidades” sucessivamente evidenciadas e não as repetições. Os testemunhos de sondagem são amostras de rocha de forma cilíndrica com um ou vários metros de com-primentos. Destes se recuperam, no laboratório, tanto microfósseis como macrofósseis sem o risco de con-taminação.

Acrescente-se que os moldes também devem ser co-letados independentemente da eventual abundância de partes duras ou de outras sortes de restos que os produzam. Eles oferecem, informações morfológicas de grande importância sistemática.

O paleontólogo precisa ter em mente que, se a tafo-nomia já reduz significativamente a informação so-bre antigas associações bióticas, uma coleta mal feita pode contribuir para agravar ainda mais tal situação.

Preparação de Fósseis no Laboratório

Na maioria dos casos, os fósseis coletados pelos pa-leontólogos destinam-se a investigações científicas. Mas há os que são procurados para figurar em exposi-ções de museus ou para uso no ensino.

Muitos fósseis chegam ao laboratório parcialmente ou quase totalmente envolvidos pela matriz. Sua se-paração da matriz é feita por métodos mecânicos ou químicos, ou pela combinação dos dois métodos.

Os instrumentos tradicionalmente usados na elimi-nação mecânica da matriz são os martelos de tipos diferentes dos de geólogo e as talhadeiras. Confor-me as características da rocha matriz e o tamanho do fóssil, recorre-se a um tipo distinto de martelo mais leve, ou mais pesado, e a uma talhadeira de tamanho adequado. O fragmento de rocha contendo um ma-crofóssil é colocado sobre um pequeno saco de lona cheio de areia, tendo então início o paciente trabalho de eliminação da matriz. Em geral, o palentólogo dis-põe não só de talhadeiras como de uma variedade de instrumentos pontiagudos que prestam grande auxílio nesta tarefa. No caso de rochas moles, ele os utiliza sem o recurso do martelo. O trabalho, quando neces-sário, faz-se sob uma lupa. Pincéis de vários tama-nhos são usados para eliminar os detritos produzidos na preparação.

Hoje em dia, a preparação mecânica de macrofósseis, no caso de rochas duras, é feito principalmente com aparelhos elétricos providos de brocas rotativas ou de pontas de aço percussoras. Os primeiros removem a ma-triz por desgaste, os segundos através de choques me-

24cânicos. Empregam-se, ainda, com a mesma finalidade, aparelhos que produzem jatos de areia.

Se a matriz envolvente for porosa, e portanto pe-netrável por líquidos, pode-se empregar um aparelho

ultrassônico na sua eliminação. Este aparelho opera na base da cativação, que consiste na formação e im-plosão de bolhas microscópicas.

Exercícios de Fixação

1. O trabalho do paleontólogo inicia-se no campo com a coleta de fósseis ou de amostras fossilíferas. Não só a qualidade, mas também a quantidade dos espécimes influencia nas conclusões do paleontólogo. Quais são os instrumentos indispensáveis no trabalho do paleontólogo?

2. No trabalho do paleontólogo, quais são os requisitos fundamentais a serem observados no campo?

3. O trabalho de coleta do paleontólogo varia, de caso para caso, em função de uma série de fatores, cite-os.

4. Quais são os instrumentos geralmente mais usados na obtenção de macrofósseis em rochas não excessiva-mente duras?

5. O que são amostras de calha ou de testemunhos?

6. Como é feita a preparação mecânica de macrofósseis?

7. Muitos fósseis chegam ao laboratório parcialmente ou quase totalmente envolvidos pela matriz. Sua sepa-ração da matriz é feita por métodos mecânicos ou químicos, ou pela combinação dos dois métodos. Quais são os instrumentos tradicionalmente usados na eliminação mecânica da matriz?

Leitura Complementar

Para você saber mais a respeito da origem, evolução e biologia das aves e diversas outras informações impor-tantes, leia sobre o assunto no livro CARVALHO, I.S. 2004. Paleontologia, vol. 1. Editora Interciência. Rio de Janeiro. 861 p.

25

Se você:

1) concluiu o estudo deste guia;2) participou dos encontros;3) fez contato com seu tutor;4) realizou as atividades previstas;

Então, você está preparado para as avaliações.

Parabéns!

26Glossário

Âmbar – resina de plantas leguminosas.Diatomáceas – algas microscópicas.Fosfato – elemento químico formado por fósforo e oxigênio.Glaciação – períodos de frio intenso, dentro de uma era do gelo.Hermética – firmemente fechada.Quitinozoários – protozoários com carapaça quitinosa.

27Gabarito

Unidade I

1. A Paleontologia é a ciência que se dedica ao estudo de restos e vestígios de animais ou vegetais pré-histó-ricos (fósseis) com o objetivo de conhecer a vida do passado geológico sob vários aspectos.

2. A Paleontologia divide-se em algumas áreas, como: a Paleobiologia, Tafonomia e a Biocronologia.

3. A Paleobiologia é a disciplina paleontológica que estuda a vida, a Biologia, do passado geológico da Terra.

4. A Tafonomia estuda a integração da informação biológica no registo geológico, ou seja, a formação dos fósseis e das jazidas fossilíferas e do registo paleontológico.

5. A Biocronologia estuda o desenvolvimento temporal (a cronologia) dos eventos paleobiológicos, bem como as relações temporais entre entidades paleobiológicas (os organismos do passado) e/ou tafonômicas (os fósseis).

6. A Macropaleontologia, que estuda os fósseis visíveis a olho nu, e a Micropaleontologia, que estuda os fós-seis de organismos que necessitem de microscópio para serem visualizados.

7. Distinguem-se os microfósseis pelo tamanho milimétrico ou micrométrico, citam-se, entre eles, os forami-níferos e os ostracódeos.

8. A Paleopalinologia pesquisa toda sorte de microfósseis obtidos pelo mesmo tratamento utilizado na sepa-ração de pólens e esporos fósseis, ou seja, todo material orgânico de pequenas dimensões resistente ao ataque de um certo tipo de ácido.

Unidade II

1. Fósseis são restos ou vestígios preservados de animais, plantas ou outros seres vivos em rochas, sedimen-tos, gelo ou âmbar. Preservam-se como moldes do corpo ou partes deste rastros e pegadas.

2. Quando os vestígios ou restos possuem menos de 11.000 anos, são denominados de subfósseis.

3. Para que os restos de um qualquer organismo fossilizem, é fundamental que estes sejam rapidamente co-bertos por sedimentos e enterrados.

4. Conchas calcárias, ossos, espinhos etc.

5. São reproduções em negativo da morfologia de organismos pelo material sedimentar que os envolve.

6. São reproduções em negativo da morfologia de organismos pelo material sedimentar que os envolve.

7. São fósseis de vestígios de atividade biológica de organismos do passado. Por exemplo, fósseis de pegadas, de marcas de mordidas, de ovos (da casca dos ovos), de excrementos (os coprólitos), de túneis e de galerias de habitação etc.

8. Pista é um sulco contínuo produzido por um animal que, ao se deslocar sobre um fundo mole, manteve parte do corpo em contato com o substrato. Pegada é a marca originária da pressão do pé de um animal sobre um substrato inconsolidado (areia úmida ou lama). Perfurações são causadas por ataques mecânico ou químico dos organismos a substratos duros.

9. São designados "pseudofósseis" ("falsos fósseis") apenas por serem objetos geológicos que fazem lembrar estruturas orgânicas fossilizadas.

2810. Os peixes da espécie atual Latimeria chalumnae, o tuatara (Rhyncocephalus) um réptil primitivo, o caran-

guejo-ferradura Limulus polyphemus e os organismos do gênero Nautilus.

Unidade III

1. É a disciplina paleontológica que se ocupa do estudo dos processos de transferência dos restos e dos vestí-gios biológicos (ou melhor, da informação biológica) da Biosfera do passado para a Litosfera do presente.

2. Divisão da Tafonomia que estuda as causas e tipos de morte dos organismos e com os problemas ligados à decomposição (necrólise), transporte e sepultamento.

3. Fase mais longa da preservação do organismo que tem início com o seu sepultamento e se estende até a data da coleta dos seus restos ou de vestígios deixados pelos mesmos.

4. A morte catastrófica propicia farto material aos processos de fossilização.

5. A possibilidade da sua preservação depende não só da sua composição química, resistência ou forma, como, também, do que ocorre com os cadáveres na fase intermediária entre a morte e o sepultamento. Um dos fatores que favorecem a preservação é o sepultamento rápido, o outro, é a mortalidade em massa.

6. Porque em geral os cadáveres sofrem o ataque dos animais necrófagos, que podem desintegrá-los. Quando o esqueleto fica completamente descarnado a ação mecânica das correntes fluviais o desintegra antes de um eventual sepultamento.

7. A salinidade (uma hipersalinidade não permite a ascensão).

8. A diagênese pode ocorrer durante o sepultamento e até antes dele, e a necrólise pode acontecer após o se-pultamento em casos, por exemplo, de morte catastrófica por soterramento rápido sob sedimentos.

9. Dissolução.

10. Alóctones.

Unidade IV

1. Caderneta de campo, uma régua ou trena, uma bússola, martelo de geólogo e a picareta.

2. Primeiramente o paleontólogo deve cuidar sempre de anotar para cada espécime ou amostra coletados a lo-calidade e o horizonte de procedência, jamais confiando apenas na memória. Ele também deve esboçar a seção estratigráfica completa (com escala), demarcando sobre ela os horizontes de procedência dos espécimes.

3. As características do aforamento pesquisado (topografia, acessibilidade etc.), a natureza da rocha fossi-lífera, a resistibilidade dos fósseis aos processos mecânicos de extração e, em certos casos, até as condições climáticas regionais. O trabalho de coleta varia, também, em função de seu objetivo, se esta visa fósseis em geral, macrofósseis ou microfósseis.

4. O martelo de geólogo e a picareta.

5. As amostras de calha correspondem ao material detrítico isolado da lama que traz à superfície o produto da trituração da broca rotativa que aprofunda o poço.

6. É feito principalmente com aparelhos elétricos providos de brocas rotativas ou de pontas de aço percusso-ras. Os primeiros removem a matriz por desgaste, os segundos, através de choques mecânicos. Empregam-se, ainda, com a mesma finalidade, aparelhos que produzem jatos de areia.

7. Os instrumentos tradicionalmente usados na eliminação mecânica da matriz são os martelos de tipos dife-rentes dos de geólogo e as talhadeiras.

29Referências Bibliográficas

CARVALHO, I.S. Paleontologia. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2004. 861 p. v. 1.______. Paleontologia. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2004. 258 p. v. 2.FERNANDES, A.C.S.; BORGHI, L.; CARVALHO, I.S. & ABREU, C.J. Guia dos Icnofósseis de Invertebra-dos do Brasil. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2002. 260p.


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