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A PSICOLOGIA POLÍTICA NO MÉXICO: CONSTRIBUIÇÕES ATUAIS PARA A CONSTRUÇÃO
DE NOVOS ESPAÇOS. Revista
de Psicologia
POLITICAL PSYCHOLOGY IN MEXICO: PRESENT CONTRIBUTIONS TO THE DEVELOPMENT OF NEW PERSPECTIVES.
Antonio Caubi Ribeiro Tupinambá 1
Título do livro: Psicología política dei nuevo siglo: una ventana a la ciudadanía.
Organizadora: Graciela Aurora Mota Botello.
México: SOMEPSO, 1999. 568 páginas.
Ao longo da história, a Psicologia procurou, juntamente com outras ciências, desenvolver análises e compreender o comportamento político no âmbito das sociedades. Contudo, a sistematização de uma área de estudo que pudesse levar o título de Psicologia Política só encontrou seu espaço por volta dos anos de 1950. Mais recentemente (10 de dezembro de 2000), surgiu no Brasil uma nova interlocutora neste campo da Psicologia: A Sociedade Brasileira de Psicologia Política e com ela uma revista especializada no assunto: Revista de Psicologia Política.2
Do seu primeiro número foi retirado o texto seguinte, que bem nos explica estes caminhos iniciais da Psicologia Política no mundo:
A década de cinqüenta representa um novo patamar no desenvolvimento da Psicologia Política como campo de pesquisa. O crescimento quantitativo dos estudos sobre um grande elenco de aspectos da Psicologia Política produziu um expressivo acervo de trabalhos empíricos
fundamentados nas contribuições teóricas da década anterior. Nesses anos L.'Liciam-se os primeiros esforços de especificar uma área temática de pesquisa no sentido [de] delimitar um corpo de conhecimento teórico e empírico, de procedimentos metodológicos que surgem no mais livre intercâmbio entre a Psicologia e a Psicologia Social e as Ciências Sociais.
A Psicologia Política ganha forma institucional na década de sessenta com a criação das primeiras áreas de concentração em programas de pós-graduação nas Ciências Políticas e Psicologia Social. Claramente interdisciplinares, essas áreas de concentração estabeleceram de forma definitiva a vocação inter-disciplinar do campo. A Associação Internacional de Ciência Política cria, neste período, o grupo de pesquisa em Psicologia Política. A As-
'Professor do Departamento de Psicologia da UFC .. Email: tupinamb@ufc.br. Pós-doutorando junto à UCM-Espanha, com apoio CAPESMEC. 2 Revista de Psicologia Política: Disponível em: <http://www.psicologiapolitica.com>
lll Revista de Psicologia, Fortaleza, v. 22 n.l, p. 72-81, janljun.2004
Revista de Psicologia
sociação Americana de Sociologia também segue nessa mesma direção. Em 1978 foi fundada a Sociedade Internacional de Psicologia Política com a finalidade de ser um fórum mundial de discussão e debate de pesquisas específicas do campo da Psicologia Política. O esforço de "internacionalizar" as atividades de pesquisa do campo ganha mais projeção com o lançamento, pela Sociedade Internacional de Psicologia Política em 1982, de sua revista Política! Psychology (Psicologia Política, Ano 1, v. 1, n. 1, jan./jun. 2001, p.10).
Mas a Psicologia Política atual continua, conforme podemos ver em Cisneros3 (1999), a buscar um espaço, gue por não existir ainda, deverá ser construído. E, pois, este um dos grandes desafios que aponta a Psicologia Política do novo século.
Guardadas as limitações de território já conquistado, há hoje no México, indubitavelmente, uma forte presença desta área de estudo no contexto das ciências sociais e no próprio desenho da Psicologia como disciplina maior que abriga. Neste caso encontram-se seus antecedentes no desenvolvimento e transformação da Psicologia Social em Psicologia Coletiva, o que permite elaborar modelos interpretativos e não apenas aqueles tradicionais modelos positivistas nessa área.4
Tal investimento na produção mexicana no âmbito da Psicologia Política se viu consolidado no trabalho que ora temos o prazer de apresentar ao público leitor da Revista de Psicologia da UFC. Nascido de um esforço conjunto de instituições públicas locais e a partir da Primeira Reunião Internacional de Psicologia Política, organizada pela Sociedade Mexicana de Psicologia Social juntamente com a Sociedade Internacional de Psicologia Política, o livro Psicologia Política do Novo Século aborda exaustivamente, sob diferentes olhares, produções teóricas e empíricas na área em questão. Organiza-se em quatro diferentes partes temáticas apoiadas em um só eixo central denominado "A globalização e a atualidade das democracias."
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As quatro partes consolidam, portanto, temáticas específicas da Psicologia Política e abrigam respectivas seções, cada uma com artigos que visam desenvolver os assuntos nela sugeridos. Apresentamos a seguir, resumidamente, o conteúdo global do livro. Deve ser ressaltado que do conteúdo do detalhado sumário do livro serão retirados apenas aqueles trechos que se façam necessários à elaboração do texto atual, não sendo, portanto, transcrito em sua íntegra. Tendo em vista se tratar de um livro cujo acesso se limita à edição mexicana original, consideramos oportuno apresentá-lo inicialmente a partir de uma transcrição do texto que explica sua primeira parte. Isso permitirá ao leitor introduzir-se em suas primeiras temáticas e conceitos, essenciais à compreensão dos pontos que deverão ser abordados posteriormente. A parte I a que ora nos referimos foi resenhada por Graciela A. Mota Botello e se intitula: "História, Método e Perfil de uma Psicologia Política Coletiva."
Aqui se encontram as seções 1 e 2 denominadas, respectivamente, "Natureza do político, do coletivo e do psicossocial" e "O Discurso Político". Por questões de espaço e objetivos do presente texto, apresentaremos de maneira mais sucinta o restante do trabalho, de modo a deixar o leitor a par dos demais assuntos abordados. A parte II, "Cidadania e Construção de Identidades", foi resenhada em co-autoria por Betty Sanders Brocado e Lidia Ferreira Nufio; a parte III, "Globalidade, Identidades e Nacionalismos", é de autoria de Maritza Montero. A esta segue a última parte do livro, parte IV: "Pensamento Social e Meios de Comunicação de Massa", que traz a assinatura de José Manuel Sabucedo.
Passemos, por conseguinte, à transcrição do texto que deve nos introduzir à obra, adequadamente intitulado de "História, método e perfil de uma Psicologia Política Coletiva":
A política, disse Aristóteles, é a arte do possível, e 25 séculos depois Heidegger acrescenta: a política é a arte de realizar o possível... Como "tempo" e "história", podemos des-
3 Cisneros, César A. 6 Y en verdad existimos? Una introducción ai psicojuego político. Em: Mola Botei lo, G. A. (org .) Psicología política dei nuevo sigla: una ventana a la ciudadanía. México: SOMEPSO, 1999, p. 89-99. 4 MOTA BOTELLO, Graciela A. Estado de I arte: Psicologia Política y colectiva Mexicana. Revista de Psicologia Política, v. 2, n. 4, jul ./dez. 2002, p. 191-208, p. 191.
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crever a ação humana por sua capacidade de "realizar o possível" e, por sua vez, por ser busca e explicação permanente do que se nos apresenta como real, em que ficam sedimentados o testemunho e o perfil de uma época, diferentemente da outra. A redescoberta da política como parte da aventura do novo século faz parte dessa busca e seu conteúdo atual nos confronta com a perplexidade de uma época na qual o "futuro" e o "passado" deixam de ter utilidade por sua caduca pretensão de viabilidade instrumental.
A política, como invenção do Ocidente, reitera, tal e qual originalmente surgiu há 25 séculos, que a "polis" representa o espaço no qual os indivíduos tematizam o sentir de suas preocupações particulares e coletivas, que, ao compartilhá-las, instauram o cenário do público.
A Psicologia Política surge e se apóia em sermos os construtores de versões permanentes de tudo aquilo que se passa conosco. E mesmo que não possamos nomear o que está acontecendo, ainda que o "interpretemos" e/ ou compreendamos em seu sentido original, nossas formas de comunicá-lo não podem ser estruturadas da mesma forma como a racionalidade lógica e reflexiva o estabelecem.
Dessa capacidade que temos os humanos de articular o sentido das conversações públicas (por mais abstratas ou efêmeras que às vezes nos possam parecer, tendo em vista a intimidade do seu sentido ao surgir nos "meus" sonhos, desejos, imagens ou fantasias), depende a exeqüibilidade para que uma Psicologia Coletiva possa apro-fundar o caráter de sua investigação na forma como os espaços sociais se ampliam ou se restringem para a gestação desse "eu-outro", que somos tu, eu ou qualquer outro. Como guia da trama e rota central de preocupação pública, o espírito da coletividade fica expresso no surgimento dos temas cotidianos.
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A partir do mundo com outros, o "eu" se constrói como um diálogo que se inventa como uma criação. "Eu" sou na medida em que vivo no cenário mundial- o meu e o dos outros- tal e qual Schelling afirmou em 1800: "[ ... ]o que chamamos de natureza (o mundo) é um poema cifrado em maravilhosos caracteres ocultos."
Congruente com esta tradição do pensamento, o gerar coletivo do" eu" enquanto mundo é uma forma de fazer poesia (poesis - Platão, Banquete, 210b e Aristóteles, Ret., I, li, 1371b7, citado por MOTA BOTELLO, 1999) que obedece a uma espécie de "arqueologia" da conversação, cujas bases respondem ao tipo de diálogo que uma sociedade é capaz de sustentar consigo mesma. Desta depende o sentido de construção do público, assim como do conteúdo mesmo da política como fenômeno.
Por isso, a função e a relevância da política consistem em ser ela poética, possível, coletiva. E como a Psicologia Política surge a partir da organização de explicações diferentes do que existe, a forma como se constroem as identidades coletivas com suas respectivas mentalidades obedece a uma estrutura de reconhecimento do "outro" ou do "diferente" que obriga a redefinir-se de modo permanente (através da criação de vias alternativas que respondam ao caráter protagonista e constatável que tem o conteúdo destas respectivas diferenças) no âmbito da conversação.
Isso é possível porque a política aprofunda seu caráter poético nas formas e estilos de como se constrói socialmente o diálogo; isto é, respondem à dialética de negociação e debate entre os significados e referentes coletivos, que vão dando sentido e acesso a tudo aquilo que se nos apresenta como o real.
Conseqüentemente, seu objeto não pode restringir-se ao surgimento de novas epistemologias. Bem mais que isso, a Psicologia Política se dimensiona juntamente com as modalidades da ação social, quando se expressa o que Ulrich Beck (1996, citado por MOTA BOTELLO, 1999) descreve como fenômeno da "autopolitização de uma sociedade."
A Psicologia Política do novo século, título da presente obra, se lê em diferentes perspectivas e horizontes:
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a) O que surge do diálogo com a tradição quando a Psicologia Social tradicional entendeu o sentido do poder como "ação concreta de influenciar os demais." O poder e a influência (RAVEN & FRENCH, 1958, citado em MOTA BOTELLO, 1999) foram concebidos como o domínio dos indivíduos privados de si, a partir de um eixo de poder dominante e controlador. Pelo contrário, desde uma Psicologia Coletiva que parte da construção supra-individual do social(S.MOSCOVICI,1961-1988,citado em MOTA BOTELLO, 1999), a influência se faz pública e se "politiza quando as modalidades de participação e ação social provêm do diálogo que se gera nas conversações que nutrem o conteúdo das diferentes esferas da sociedade. Estas conversações são o produto do debate da negociação de conteúdos e significados que permitem construir o que AlanTourraine(1989citadoemMOTA BOTELLO, 1999) chamou de" consensos sociais."
b) Como politização da sociedade, a Psicologia Política contém o sentido e os pontos de vista das formas em que a vida cotidiana surge como tema de conversação. Disso depende a forma em que se vive o mundo e a maneira como se gera o sentido do real. Em meio à estrutura referencial de "indivíduos concretos" e não construídos pelos meios de comunicação de massa, estatisticamente, o ser e o acontecer (fato) se correspondem em uma mesma dimensão. Seu veículo é a palavra, sua ação se protagoniza nos argumentos da conversação e seu poder e hierarquia se tornam coletivos, mediante o diálogo, as possibilidades, os encontros e o poder da utopia.
c) Enquanto espetáculo, a Psicologia Política compreende o estudo das formas nas quais pretende se generalizar, um eixo dominante de interpretação do real, por cima da construção das conversações cotidianas. É nesse lugar que se gera o sentido de cliente e de consumo inerente aos mercados dos políti-
cose de suas ofertas, que na vida pública reafirmam o consumo imediatista de qualquer mercadoria, o que já foi denominado de "sociedade de públicos" por Tarde (1898), desde finais do século.
A Psicologia Política é uma disciplina "fronteiriça" do conhecimento, que reitera as perguntas sobre a origem do Ocidente e, em particular, do sentido aristotélico da política.
Neste contexto, a primeira parte do livro, intitulada "Natureza do Político, do Coletivo e do Psicossociológico", conforma um esquema de tematização no qual se situa o âmbito de investigação, reflexão e discussão desta disciplina, a partir da diferenciação das seguintes oito áreas de ingerência:
1) A Psicologia Política como poder surge a partir da explicação de quais são as razões sobre as quais se constroem as conversações públicas e sua relação com a autoridade, que contém as modalidades de ação social como forma de disseminação e controle público.
2) A Psicologia Política como participação responde a busca e antecipação da construção social, a partir da interpretação da memória coletiva, na qual se delimita a reorganização da trama entre o Estado e os espaços da vida pública e o pensamento da sociedade.
3) A Psicologia Política como educação implica o sentido da educação cívica e cidadania como princípio de compreensão dos feitos e prevenção do que pode acontecer, a partir da construção de versões e proposições sociais diferentes, como "construção da civilidade". Em sua qualidade de ação supra-individual, a cidadania requer diferentes formas de representar-se socialmente o político e assim poder construir seus argumentos para atuar nos fatos.
4) A Psicologia Política como democracia depende da capacidade de construção do "eu" coletivo como resultado do diálogo que surge entre a dialética da negação e o reconhecimento do outro, em que fique assentado o conteúdo do conjunto
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de capacidades e potencialidades dos atores sociais que protagonizam o sentido da utopia.
Devido ao fato de que o poder não é assimétrico, não se restringe ao mero desenrolar de atividades cidadãs, senão que aprofunda nas formas como se reconhecem o outro e o diferente, ao modo de um processo de construção do "si mesmo". O papel que desempenha o poder nas novas democracias dependerá do tipo de referências e capacidades que uma sociedade se disponha desenvolver em seu interior para depor o caráter espetacular de uma cultura clientelista e para articular também o sentido, a função e a redefinição do" outro."
5) A Psicologia Política como dimensão espacial se desdobra na forma do "mundo" enquanto construção intersubjetiva das relações sociais, dirigida ao encurtamento de distâncias entre o privado e o público, a partir da "construção" de uma politização dos espaços sociais. Essa politização abre horizontes e cenários para imaginar o protagonizar na forma de ação participativa, na dinâmica e aventuras em torno do diferente, no qual esteja contido o outro e sua heterogeneidade. A Psicologia Política como intersubjetividade implica o sentido auto-referencial do ilimitado e inacabado como confluência da comunicabilidade.
6) A Psicologia Política como pósmodernidade se abre a todas as esferas da vida e à expressão da coletividade como ação convencional e não convencional.
7) A Psicologia Política como método está direcionada para tornar inteligível, comunicável, de possível tematização e conversacional o interesse por aprofundar e interpretar o papel da diferença nos feitos que se sucedem no final do milênio.
Na primeira seção, o leitor verá que o artigo de GonzálezNavarro (citadoemMOTABOTELLO, 1999) parte de uma análise da nova era, não só pela culminação de suas bipolarizações (norte-sul), senão
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também pelo cancelamento de posições que antes orientaram o sentido da esperança. Devido ao impacto do progresso tecnológico centrado no fetiche da "estabilidade" de um destino comum compartilhado, a atualidade traz consigo uma dupla preocupação: a) responder às necessidades da globalização desde as dimensões dos problemas específicos e b) responder à modernidade sem esquecer da dinâmica da história.
A Psicologia Política como disciplina se vê obrigada a se construir em parte nos espaços sociais de elaboração das propostas sobre as formas de organização, relações políticas e comerciais; a partir da relação dos âmbitos próprios da Psicologia e da Política.
A aplicação dos processos psicossociais aos fenômenos políticos constitui um desafio em dimensionar a força de um olhar interdisciplinar, à guisa de uma apreensão das inovações do comportamento e da ação pública centradas nos três seguintes aspectos:
1) Participar na construção do destino comum a partir de uma interpretação vigente da memória coletiva.
2) Dimensionar os limites da relação entre o Estado e a sociedade, através da incorporação do papel dos cenários de participação, junto aos espaços de reorganização da vida social e mental.
3) Definir o político como espaço coletivo das diferentes formas de participação pública, assim como do conjunto de capacidades e potencialidades que os atores sociais sejam capazes de desenvolver, para conceituar e protagonizar o sentido da utopia.
E enquanto a Psicologia Política se preocupa com as maneiras como se constroem os consensos e se levam a cabo as ações sociais, um dos principais problemas da modernidade, afirma González Navarro (citado em MOTA BOTELLO, 1999), não se restringe à falta de participação pública de amplos setores da sociedade, mas, sim, diz respeito às formas e direções em que essa participação acontece, em face da crescente influência da temologia e da manipulação instrumental. Acerca de ambos o autor afirma que deve ser aprofundada a análise da disciplina.
Em meio a este panorama crítico, o segundo artigo questiona o sentido dos paradigmas psicológicos tradicionais em relação ao caráter metodológico da investigação.
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Ante o desenvolvimento da Psicologia Política e o ressurgimento das "subjetividades sociais" (o sentido do indivíduo, dos movimentos sociais etc.), Steven Brown afirma que na realidade aquilo que os investigadores exigem atualmente não é a produção de mais dados, senão a geração de formas novas e alternativas para instrumentá-los e interpretá-los, com o objetivo de formular explicações mais exaustivas e profundas.
Para Steven Brown, (citado em MOTA BOTELLO, 1999) o sentido da subjetividade foi abordado tradicionalmente a partir de três conotações: "parcialidade", "emoção" e "voluntarismo" . Kantor (citado em MOTA BOTELLO, 1999) se propôs a superá-las ao caracterizar os processos psicológicos como uma "subjetividade não mentalista", centrada no fenômeno que denomina: "naturalismo intercomportamental."
Parte-se do uso da metodologia de Stephenson (1951 citado em MOTA BOTELLO, 1999) (referências), que coloca no papel da subjetividade exatamente o centro de todo empreendimento psicológico de medida. Nomeado autor afirma que a subjetividade representa a consciência que temos para expressar nossos estados percebidos, gerados a partir da aprendizagem de "ver as coisas" com nossa própria mente . Em conseqüência, o desafio para compreender as estruturas funcionais dessa subjetividade não se reduz à interpretação de categorias sociais e cognitivas pelos tipos de informação que os sujeitos nos aportam.
Nesse sentido, Stephenson renuncia à dependência de qualquer "controle" sobre a avaliação do significado, ao propor que o pesquisador deva partir de um princípio: "respeitar a livre classificação dos objetos que os indivíduos nos trazem, sem promover qualquer manipulação."
Dando ênfase ao caráter metodológico que subjaz a essa forma de avaliação do significado e da subjetividade, Brown observa como o sentido kantoriano do "intercomportamentismo naturalista" se contrapõe ao uso de conceitos baseados em atitudes, emoções ou mecanismos cognitivos que a tradição psicossocial havia priorizado. Estes, afirma Kantor (citado em MOTA BOTELLO, 1999), se restringem ao tipo de observações empíricas sobre aqueles comportamentos suscitados por objetos e acontecimentos concretos.
Não obstante, quando o autor assume que a limitação desses feitos se radica precisamente naquilo que põe à prova o sentido mesmo da subjetividade, coloca que ao ter esta um caráter auto-referencial, conseqüentemente não pode ter mais limites que os próprios fatos.
A subjetividade, afirma Brown (citado em MOTA BOTELLO, 1999), é capaz de ser compartilhada por outros, porque se expressa nas coisas mais comuns da vida (no sentido da análise do discurso, narrativa ou construção social), e não pode ser reduzida à lógica do conhecimento estruturado. Brown parte do princípio que Stephenson (1978 citado em MOTA BOTELLO, 1999) denomina "confluência" e que se refere ao processo que surge quando os pensamentos e a discussão "fluem juntos" numa conversa. Eles levam implicitamente a existência de uma comunidade subjetiva entre seus membros.
Para analisar a forma como o fenômeno da "confluência" e da "comunicabilidade" se expressa em uma experiência empírica, a última parte do artigo termina mediante a descrição de uma pesquisa aplicada a uma amostra de jovens sujeitos estadunidenses que expressaram quais eram o tipo de pensamentos que lhes geravam o sentido e o significado da frase: "sou americano."
Ressaltando o papel da subjetividade na Psicologia Política, o sentido de e do "outro" aparece como o eixo das idéias propostas por Carlos Silva5 no seu artigo, quando afirma que o "outro" no espaço público é a conseqüência do despeito do hiperindividualismo (desapreço ao reducionismo individualizador), porque o ser humano é do tamanho de uma construção social que se articula e submete sua vigência no intercâmbio apalavrado que se dá entre as pessoas, os contos e os mundos sociais.
É claro que Silva parte do fato de que a publicidade do público é gerada por meio de argumentos transitórios e emergentes que se fabricam e se constroem no âmbito do diálogo. "Ser" e "acontecer" estão ligados às práticas discursivas. Ambos referem-se à forma como se compreende a identidade, a natureza da mente, a construção do si mesmo, do outro, do mundo, da ação social e da interação coletiva.
O outro constitui a figura coletiva por excelência porque nesse núcleo ontológico, se dá lugar o cumprimento da lei. O cidadão representa a figura central
5 SILVA, C. La ilusión crítica o el sí como otro. Micrología del saber psicosocial actual. In: MOTA BOTELLO, G. A. (Org.). Psicologia política dei nuevo sigla (p. 79-85). México: SOMEPSO, 1999.
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da Psicologia Política, porque é a partir do ele - com um "outro" - que podem ser relatadas as formas do seu esforço e do seu horizonte, da sua comunidade e do seu país, da sua identidade e pertinência.
O fenômeno do "outro" está também presente no artigo de Mireya Lozada6 quando analisa a democracia a partir de três dimensões: "teóricoideal", "prático-real" e "prospectivo-ideal."
A democracia é uma entidade que tem sido constantemente traída por uma práxis que a condena a ter a lógica de um "como se", da qual não pode desprender nada além de falsas representatividades, corrupção administrativa e protagonismos personalistas do poder, no qual o cidadão fica excluído do resto de suas esferas de realização, uma vez limitado ao sufrágio eleitoral.
A possibilidade de reinstitucionalizar a trama de seus espaços e encurtar as diferenças e distâncias entre o privado e o público é a possibilidade de sua prospectiva ideal como sinônimo do dissenso, a descentralização, o fenômeno da liberdade de expressão e as vicissitudes entre a negociação e o reconhecimento do outro. O importante é que a política como dimensão pública responda e possa privilegiar o papel que desempenham "nossos atores" principais (as pessoas, o povo, nós) juntamente com "eles" (o Estado, os governantes, seus aliados), e, nesta interação, se legitime o contexto da esfera pública e da sociedade.
Em conseqüência, Lozada (1999) descreve a democracia como o processo de construção do "eu coletivo", dirigido à reconversão de espaços que deixem de girar em torno de um só eixo dominante. O caráter crítico que marca o sentido da Psicologia Política vigente consiste em responder ao enfoque pós-moderno descrito por Claudette Dudet, (citado em MOTA BOTELLO, 1999) porque permite abordar o estudo do "real" como um feito de linguagem e comunicação a partir do qual podemos interpretar-nos. Os conceitos não podem se separar das modificações que ocorrem nas formas como nos expressamos e nos relacionamos. A pós-modernidade como projeto contribui para recuperar, nos discursos sociais, os sentimentos e valores de subjetivação que passam do indivíduo ao sujeito coletivo como protagonista sempre inacabado, inter-pretador, criador e ator coletivo lúdico que resulta e se recria no fenômeno da coletividade.
A ruptura da Psicologia pós-moderna com os paradigmas tradicionais pode ser resumida, de acordo com os esquemas de Gergen (1989, 1991) e Ibáfiez (1994,1996) (citados em MOTA BOTELLO, 1999) em torno dos seguintes quatro pontos-chave:
a) a ruptura com a dicotomia" sujeito-objeto" em que os objetos não são independentes de nós;
b) a concepção de caráter representativo do conhecimento: o conhecimento não é a representação do real, mas algo que se constrói a partir dele;
c) ruptura com as verdades absolutas: a crítica da verdade implica o reconhecimento de que são acordos relativos e contingentes de comunidades lingüísticas que se fom1am como parte de uma construção social;
d) o cérebro não é a fábrica do pensamento. O pensamento se constrói e se manifesta no diálogo.
Para finalizar, Dudet engloba as cinco perspectivas nas quais fica marcada esta tendência: "a etogenia" de Harré, a "representação social" de S. Moscovici, a "corrente socioconstrutivista" de Gergen e Ibáfiez, a "análise do discurso" de Billing, Potter y Shotter e a "psicologia social crítica" de Buss, Sampson e Sullivan.
A segunda seção do livro, intitulada "O Discurso Político" destaca a inexistência do fato sem discurso. Cabe recordar que, apesar da epistemologia situada na reflexão e privilegiada pela ciência quando prioriza o plano dos objetos em relação ao sujeito, para a nossa disciplina, ao contrário, é a linguagem que funda o caráter dos fatos. E como exemplo basta uma pista nessa direção deixada por Wittgenstein7
ao concluir o seu Tratactus: "Los límites de mi lenguaje significan los límites del mundo". Graças à linguagem podemos falar daquilo que existe e daquilo que não existe. Nosso mundo é o que se diz e o que se conversa, exista ou não. Ser e acontecer se correspondem mutuamente, ambos constituem uma relação dialógica que expressa uma preocupação mais que uma relação cognoscente.
6 LOZADA, M. La democracia sospechosa: construcción dei colectivo en el espacio público. In : MOTA BOTELLO, G. A.(Org.). Psicología política dei Nuevo Sigla. México: SOMEPSO, 1999. 7 WITTGENSTEIN, L. Tractatus logico-philosophicus (T.L.P.). Madrid: Alianza, 1979, p. 5-6.
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Obedece a isso o "acordo" que se gera no diálogo, reflete também a forma e normatividade que rege o sentido e a maneira como "se dizem" os fatos no conhecimento científico mesmo.
A Psicologia Científica como disciplina fronteira entre o real e a possibilidade da construção social não pode restringir-se, em conseqüência, à pretensão mesma de conhecimento algum dos fatos, prescindindo da linguagem, tal e como se pensássemos que são os objetos da natureza que falam por si mesmos.
Ao contrário, a Psicologia Política concebe os "fatos" sem linguagem prévia e sem correspondentes ou equivalentes que restringem suas limitações a "etiquetas conceituais" caducas. Tudo aquilo que aparece a nossa experiência e que nos outorga o sentido de um conteúdo "inteligível" ou "convencional", constitui a forma como nossas preocupações modelam o conteúdo do nosso mundo e que, ao marcar-se em torno de um caráter discursivo e dialógico, são conseqüentes ao nosso principal objeto de tematização.
Esta seção inicia mediante a relação e recombinação possível entre o trinômio: "espaçopsicologia-política", que César Cisneros8 propõe julgar para nos fazer recorrer às diferentes opções e alternativas de análise da Psicologia Política atual. Suas derivadas incluem-se em quatro tópicos:
a) o espaço da Psicologia Política como estudo de identidades que geram os tipos de ação política: não convencional e convencional (militância, parlamento e conduta eleitoral associadas à análise do comportamento coletivo);
b) o espaço político da Psicologia ligado à história de seus pesquisa
dores;
c) o espaço psicológico da política como discurso individualista e
paradigmático e finalmente:
d) o espaço da Psicologia Política: que
ao não existir está por constituir-se.
O autor propõe duas alternativas espacializantes da disciplina:
1) a psicologia da política espacial como uma psicologia das estratégias para encurtar e/ ou aumentar as distâncias entre o público e o privado é o sentido de conceber uma política dos espaços como politização dos mesmos. Essa psicologia envolve o desenvolvimento das distâncias interpessoais, despregando-se em todos os espaços do humano, como
configuração das possibilidades de ordem e relação;
2) a psicologia do espaço que permita imaginar formas criativas de construção da discussão, que reconheça a geografia dos espaços na dinâmica diferencial da heterogeneidade social.
A psicologia do espaço é uma disciplina cheia de imaginação e de buscas de multiplicidade nos horizontes que oferece a vida cotidiana ao pensamento de fim de século; busca de multiplicidade nas aventuras da diferença e da atualidade do" outro" como negatividade, que se patenteia no espaço com a forma de "um mundo" e de "ação coletiva". A política da psicologia do espaço situa seu objeto como categoria central da Psicologia Política.
A linguagem abre e fecha, instaura e aniquila, possibilita e obstrui, por isso o artigo de Montero aparece como uma preocupação central em tomo daquilo que se diz, a partir da pergunta sobre o porquê, o onde e o para que decidir algo.
O diálogo existe com silêncio ou com palavras, ambos podem ser comunicação ou não comunicação, sentido, engano, confusão, desespero ou nobres sentimentos. Analisar o discurso implica, para Montero, o saber que se diz, mas também o como se diz: "o que diz nas linhas" e o que "se diz nas entrelinhas".
No caso do discurso político, os autores reúnem uma série de proposições para convencer seus interlocutores sobre seus programas de ação governamental, assim como a estrutura na qual se encontram as relações de poder e a forma de mantê-las ou mudá-las.
8 Cisneros, César A. ;_ Y en verdad existimos? Una introducción ai psicojuego político. In: MOTA BOTELLO, G. A. (Org.). Psicología política dei nuevo sigla: una ventana a la ciudadnía. México: SOMEPSO, 1999. p. 89-99.
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O discurso político tem a peculiaridade de ser público, isto é, alude ao campo que a todos interessa e envolve, porque representa o espaço no qual se entrecruzam e opõem os interesses de cada setor. Por isso, sua estrutura é argumentativa.
A base dos discursos políticos, afirma Montero, é sua variação e posto que cada discurso é único, se desenvolve em meio a estratégias verbais e não verbais específicas que permitem obter a "persuasão desejada".
A autora revela que cada caso exibe suas próprias tendências, analogia, intenções e interesses, a partir do esclarecimento da relação entre as seguintes variáveis:
a) justaposição criadora de temas implícitos ou esclarecimentos de contrastes para a "associação de idéias"; b) generalização e vagueza; c) despersonalização do referente, às vezes acompanhada do desdobramento do discurso; d) atribuição da passividade do outro; e) despolitização que evade o conflito ou as referências da arena política; f) o uso de muitos detalhes destinados a criar a impressão de grande capacidade de observação; g) integração de formas narrativas de tudo o que aparece como necessário; h) invocação ao princípio de autoridade acompanhado do consenso e corroboração; i) uso de hipérboles e metáforas ligadas à cultura popular; j) ordenação do discurso em listas para gerar a sensação de exaustão; k) o silêncio ou a moderação; l) utilização de ícones ou imagens como discurso.
Como tema central de uma cultura milenar, o nacionalismo constitui-se de um tema "eixo", para compreender a transformação do Estado no contexto da globalização contemporânea. Por sua vez, o nacionalismo é um dos temas que constituiu e constitui um grande interesse para a Psicologia Social e para a Psicologia Política de fim de século e princípios do novo milênio.
Para analisá-lo, o artigo de José Manuel Sabucedo se propõe ir mais além de ideologias e discursos vinculados ao sentido da investigação tradicional que privilegiou a relação "autoritarismonacionalismo."
II!I Revista de Psicologia, Fortaleza, v. 22 n.l, p. 72-81, janJjun. 2004
O nacionalismo é uma força que levou à formação do Estado-nação nos últimos dois séculos. Ao mesmo tempo representa a corrente que identifica e compartilha uma comunidade regional ou local que também se autopercebe enquanto nação e por esse motivo demanda do Estado o respeito ao seu sentido de autodeterminação. Essa problemática está na raiz de muitos conflitos nacionalistas da atualidade e que envolvem o sentido de vínculo duplo, isto é, o vínculo nacional com a comunidade regional e o vínculo com o Estado que a contém.
Em seu artigo, José Manuel Sabucedo expõe o caso do nacionalismo galego, assumindo que todo o processo psicopolítico não pode ser analisado com se fosse um fenômeno universal sem características próprias. Cada caso se constitui na narração de uma situação e de um contexto específico e se concretiza como o produto de uma construção social com significado peculiar, do que emana a funcionalidade de práticas sociais específicas, uma vez que é percebida uma situação de ilegitimidade.
De acordo com a tradição, a investigação psicossocial assinala que o fenômeno da ilegitimidade pode ser abordado a partir de duas perspectivas:
a) a que se refere às crenças e opiniões
quesurgemdoendogrupoeexogrupo,
aqui entenda-se o grupo da popula
ção regional e o grupo da população
do Estado-nação, respectivamente.
b) a forma como se expressa oca
ráter da "desprivação."
Sabucedo opta pela segunda para explicar o processo de construção do discurso nacionalista e o exemplifica com o caso galego. O autor considera que para que a percepção social do fenômeno da ilegitimidade possa chegar a converter-se em ação política, deve construir um discurso próprio, no qual as conversações públicas expressem a base específica de sua variação, em meio aos seguintes argumentos do endogrupo:
a) atribuir ao exogrupo a situação em que se encontra;
b)perceberqueasituaçãopodemudar;
c) tender a criar identidades que protagonizem o sentido da ação;
d) assumir uma percepção de eficácia política;.
Revista de Psicologia
Sabucedo (em MOTA BOTELLO, 1999) assinala que é um erro pretender que cada situação possua uma mesma estrutura por sobre a própria situação. A variação, como afirma Montero, é sua base. Em conseqüência, o desafio que a Psicologia Política tem que enfrentar para explicar a complexidade do nacionalismo contemporâneo é ir mais além de pretensões que não respondam à diversidade das manifestações concretas; isso só poderá ser assumido caso se aprofunde o caráter das diferenças, mais do que aquele das similitudes.
Mediante o considerado na diversidade de conteúdos nesta primeira parte do livro, o leitor se aperceberá de como "o outro", "a linguagem" e "a coletividade" constituem o horizonte temático da Psicologia Política. Ao mesmo tempo de sua perspectiva e dimensão, podemos abordar o sentido da ação humana e sua diversidade.
"De seus sonhos até seus fantasmas, desejos e dramas brotam somente por meio da palavra que reitera velhos temas com novo significado e atualidade extemporânea. A partir dela, somos "outros": coletividade e interpretação. Espetáculo sem preâmbulos. Trama sem narrativa que se faz pública como um novo século."
A parte II do livro, "Cidadania e construção de identidades", é composta pelas seções 3: "Cidadania e socialização cívica"; 4: "Participação e ação política" e 5: "Gênero e política". Conforme nos mostram Betty Sanders e Lidia Ferreira (citado em MOTA BOTELLO, 1999), é o conceito de identidade social que vem contextualizar os trabalhos desta parte do livro, na qual especialistas convergem neste campo comum de reflexão com suas metodologias próprias, orientações teóricas particulares e mesmo posições ideológicas diferentes:
as diferentes investigações e ensaios colocam e avaliam os grupos estudados de acordo com valores estruturais e modos de interação em situações específicas no eixo da identidade coletiv a [ ... ] Dentro deste marco os trabalhos apresentam a identidade como um significado social construído como outros significados, a identidade se apresenta como uma realidade social viva, composta pela totalidade de tipos de identidades relacionados com uma estrutura social conformada por instituições." (p.l31).
"Globalização, identidades e nacionalismos" intitula a terceira parte do livro e, segundo Montero, autora que a introduz, "ao longo desta terceira parte se incorporam vários discursos, nos quais se contextualizam o sentido da emotividade e afetividade coletiva, a negociação como espírito dialógico da construção social e o papel das transições, tanto em espaço temporal como no debate documental com a história que dá lugar à investigação de corte hermenêutica." (p. 271). Tais temas são abordados em duas diferentes seções, a saber: seção 6: "Emoções e política" e 7: "Globalização, transação e cultura política".
Apesar de se denominar "Pensamento social e meios de comunicação de massa", a quarta e última parte do livro prima por uma diversidade temática. Conforme aponta José Manuel Sabucedo, a pluralidade de questões abordadas nesse momento conclusivo da obra é facilmente apreendida a partir da variedade de títulos de seus artigos correspondentes abrigados nas três seções correspondentes a saber: seção 8: "Meios de comunicação de massa e Psicologia Política"; seção 9: "Pensamento social e democracia"; e seção 10: "Poder e autoridade".
A riqueza temática do livro que apresentamos a partir de algumas poucas idéias extraídas de seu todo, impede-nos de querer ter dado conta das suas mais diversas facetas. Tratamos, pois, apenas de tentar, por meio desta breve apresentação dos assuntos abordados na obra, localizar o tema da Psicologia Política em um espaço que se mostra em construção, no qual o leitor é incentivado a se colocar e colaborar. Não podemos mais ignorar a relevância da Psicologia Política para a análise e compreensão das relações entre o psicológico, o social e o político, seja em perspectiva histórica ou na contemporaneidade e em especial no atual e perverso contexto da globalização, que muitos correm o risco de aceitar como fato consumado, sem reconhecer que é o próprio homem quem a constrói, podendo, portanto, nela influir. Nessa perspectiva, encerramos com as oportunas palavras da organizadora do livro objeto de nossa atual resenha, Graciela Aurora Mata Botello9 (1999, p. 15):
"A Psicologia Política surge e se apóia em sermos os construtores de versões permanentes de tudo aquilo que se passa conosco."
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