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8/17/2019 Preiattelli Et Al 2005 Distribuicao Vertical Zooplancton Lago Tupe
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Diversidade BiológicaCapítulo 7
Distribuição vertical do zooplâncton esua relação com as variáveisambientais
RESUMO - A flutuação vertical da densidade zooplanctônica na coluna d'água foi estudadadurante um ciclo nictemeral, no período de seca (novembro de 2001), no Lago Tupé. Dosgrupos considerados, somente os adultos e os copepoditos de(Copepoda, Calanoida), (Cladocera) e(Cladocera) apresentaram um padrão de migração vertical noturna. Os outros grupos nãoapresentaram padrão de migração vertical, tendo no entanto, apresentado distribuiçãoheterogênea, com densidade maior de indivíduos nas camadas mais profundas durantetodo o período.A distribuição dos organismos, de uma maneira geral, está de acordo com a
hipótese da mudança na luminosidade solar induzir a migração. Porém há organismos quepossuem um comportamento diferente do esperado e que provavelmente estão sob ainfluência de outros fatores como a distribuição do alimento e a estratificação térmica e de
Aspinus acicularisBosmina longirostris Bosminopsis deitersi
Daniel PREVIATTELLI1
Edinaldo Nelson dos SANTOS-SILVA
Assad José DARWICH
2
2&
1
2
Mestrado em Biologia de Água Doce e Pesca Interior do Programa Integrado de Pós-Graduação emBiologia Tropical e Recuros Naturais INPA/UFAM
Bolsista CNPq e-mail: dpreviattelli@gmail.com
e-mail: nelson@inpa.gov.br
Coodenação de Pesquisas em Biologia Aquática, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.e-mail: ajdarwich@yahoo.com.br
Biotupé: Meio Físico,Diversidade Biológica e Sociocultural do Baixo Rio Negro, Amazônia Central
SANTOS-SILVA, APRILE, SCUDELLER,
Editora INPA, Manaus, 2005
Edinaldo Nelson Fábio Marques Veridiana VizoniSérgio MELO (Orgs.),
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oxigênio, que são discutidos.
PALAVRAS-CHAVE: migração vertical nictemeral, zooplâncton, águas pretas, AmazôniaCentral.
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Previattelli et al.
Introdução
A heterogeneidade na distribuição vertical, e emespecial a migração, é um fenômeno observado emdiferentes organismos zooplanctônicos. Segundo
Hutchinson (1967), os primeiros registros dessefenômeno foram feitos por Weissmann (1877), Forel(1877), e posteriormente por Pavesi (1882) e Francé(1894). Trabalhos como os de Clarke (1934), Wells(1960), Ferrato (1967) e Green (1967) também trazemdescrições sobre a distribuição heterogênea depopulações zooplanctônicas, incluindo movimentosativos diuturnos na coluna d'água (migração verticalnictemeral), com destaque às possíveis implicaçõesecológicas relacionadas à predação por peixes e
ciclagem de nutrientes entre diferentes estratos dacoluna d'água.São reconhecidos diferentes tipos de migração
vertical nictemeral. A classificação mais usual leva emconta o horário do dia em que há deslocamento dosindivíduos de uma profundidade para outra na coluna d'água: quando há o deslocamento para camadas maissuperficiais e oxigenadas da água durante a noite, dá-seo nome de , que por ser a maisfreqüente é também chamada de ;quando este deslocamento ocorre durante o dia, dá-se o
nome de (Lampert Sommer, 1997).A ocorrência de migração vertical é mais facilmente
observada em lagos estratificados, onde existemdiferenças marcantes entre o epilímnio e o hipolímnio(Margalef, 1983; Wetzel, 1983), sendo que a migraçãonoturna tem uma relação direta com a profundidade,transparência e produtividade do lago (Hutchinson,1967). A migração vertical é também diretamenteassociada à respostas fisiológicas desencadeadas porestímulos ambientais como luz e temperatura. As
hipóteses elaboradas para explicar a migraçãorelacionam esse comportamento à vantagensmetabólicas, em especial para organismos filtradores(Lampert Sommer, 1997; Lampert ., 1988), ou
migração noturnamigração normal
migração reversa
et al
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como uma forma de evitar predadoresque se guiam pela visão (ZaretKerfoot, 1975; Zaret Stuffern, 1976;Arcifa-Zago, 1978), ambas conferindovantagem adaptativa.
Estudos recentes procuraram
compreender a ação desses fatores emconjunto. Dodson (1990) e HanStraškraba (2001) elaboraram modelosmatemáticos que prevêem seuc om po rt a me n to e m f un ç ão d edeterminadas variáveis ambientais(luz, temperatura, etc.) e biológicas(presença de predadores, movimentovertical de algas, etc.). Autores comoLampert (1989) e Dini Carpenter
(1991), realizaram experimentos paraverificar as hipóteses citadas anterior-mente. Gaudy Verriopoulos (2004)usaram esses comportamentos paradescrever as espécies. Hays (2003) fezuma revisão a respeito do significadoadaptativo do deslocamento verticaldo zooplâncton e das conseqüênciasdeste fenômeno para o ecossistema.Seu trabalho aponta grandes diferen-
ças no conhecimento em diferentesregiões do globo e faz duas colocaçõesimportantes: que a razão verdadeirapara a migração é a fuga de predadorese, devido aos recentes avanços tecno-lógicos, agora podemos investigar commaior precisão padrões específicos demigração de determinadas espécies,especialmente dos vertebrados.
Mas apesar desse nível elevado deconhecimento, a desigualdade entreas regiões faz com que nas áreas ondeh á p o uc os e s tu d os , t r ab al ho sdescritivos sejam necessários. Oregistro da ocorrência desse fenômeno
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Distribuição vertical do zooplâncton e sua relação com as variáveis ambientais
no Brasil até o momento está restrito à
poucos ambientes (Arcifa-Zago, 1978;N og ue ir a Pa na re ll i, 1 99 7;Perticarrari ., 2003; Perticarrari
., 2004). Na região amazônica emespecial, Fisher . (1983)descreveram o fenômeno em águasbrancas. Brandorff (1978a) fez umestudo com o objetivo de comparar ozooplâncton em águas brancas e águaspretas. Hardy (1980) também fez essacomparação entre os lagos Cristalino eTarumã-Mirim (água preta) e os lagosRedondo, Jacaretinga e Castanho(água branca). Portanto, poucostrabalhos enfocaram a distribuiçãovertical do zooplâncton em águaspretas.
Este estudo teve como objetivoverificar a distribuição vertical dozooplâncton, a ocorrência de migraçãovertical em lagos de águas pretas na
Amazônia e apontar algumas de suasimplicações para a dinâmica dessesecossistemas, bem como discutir ainterferência da migração na metodo-logia de amostragem usada nos estu-dossobre zooplâncton na região.
Por possuir diferentes graustróficos, em função do pulso deinundação, o lago Tupé é caracterizadocomo um lago distrófico, oligotrófico,
momentaneamente meso-oligotrófi-co, chegando a ser, durante o períodode águas baixas (seca), meso-eutrófico(Rai Hill, 1982). Durante a seca, háum aumento da concentração denutrientes, especialmente fósforo,devido ao menor volume de água nosistema, alterando assim seu estadotrófico (Rai Hill, 1980; 1981a;1981b). Portanto, neste trabalho,
inferências são feitas a respeito dadistribuição vertical do zooplânctondurante o período de águas baixas.Futuros estudos deverão ser realizados
&
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et alet al
et al
para verificar possíveis diferenças entre os outros
períodos do ciclohidrológico.
O período de seca de 2001 (novembro), na estaçãoET10 (fig. 1b, Aprile ., 2005, neste volume), foicoletado um volume de 36l de água, em intervalos de 3horas, a cada metro de profundidade, da sub-superfícieaté o fundo do lago (4,5m), utilizando um coletorSchindler/Patalas de 12l. As amostras foram filtradas
através de uma rede com abertura de malha de 55 m efixadas em formol neutralizado com tetraborato desódio, com uma concentração final de 6%. Os indivíduosforam identificados com o auxílio de literaturaespecializada (Goulden, 1968; Koste, 1978; Negrea,1983; Reid, 1985; Korovchinsky, 1992; Dussart Defaye,1995; Nogrady ., 1995; Segers, 1995; Elmoor-Loureiro, 1997) e contados utilizando-se microscópicoestereoscópico. Foram considerados os seguintesgrupos: Cladocera, Copepoda e Rotifera, assumindo que
cada subgrupo possui um comportamento diferente e,conseqüentemente, uma distribuição diferente nacolunad'água.
Simultaneamente foram medidos , atemperatura, o oxigênio dissolvido, o potencialhidrogeniônico e a condutividade elétrica da água, comodescritono capítulode Darwich . (2005).
Os parâmetros físicos e químicos revelaram umaestratificação térmica e de oxigênio dissolvido, com ummetalímnio bastante marcado entre 2,5 e 3,0m (Figs. 1 e2).
Os valores de oxigênio dissolvido e condutividade(Fig. 3) mostraram diferenças entre as profundidades. Ooxigênio dissolvido mostra números semelhantes entre asub-superfície e 2m (zona rica em oxigênio), declínioacentuado entre 2 e 3 m (oxiclina) e entre 3 metros deprofundidade e o fundo do lago uma nova semelhança devalores próximos a zero (zona anóxica). Essaconfiguração assemelha-se com a de um lagomeromítico, como observado por Darwich . (2005,
MateriaiseMétodos
Resultados e Discussão
et al
et al
in s itu
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neste volume). Ao longo do ciclo
nictemeral estudado, flutuações maisacentuadas aparecem entre oshorários diurnos e nas camadassuperficiais da coluna d'água (até2m).
A concentração hidrogeniônicamostrou pequena alteração entre oshorários e entre as profundidades (Fig.4). No entanto, há uma discretaalteração a 2m de profundidade,diminuindo de 5,0 para 4,5 entre 1 e 4metros, compico de alteraçãoa 2,5m.
A distribuição das populações nacoluna d'água mostrou-se heterogê-nea, porém, foi observado um padrãogeral. Durante o dia os indivíduostendem a se concentrar nas regiõesmais profundas (abaixo de 2m), edurante a noite distribuem-se maishomogeneamente em toda a colunad'água. Esse comportamento seassemelha com a descrição da
migração conhecida como ounormal (Hutchinson, 1967). Essecomportamento é mais claramenteconstatado entre os adultos ecopepoditos de(Copepoda, Calanoida), apresentadonas figuras 5 e 6 e(Cladocera) sendo menos notável em
(Cladocera),como apresentado nas figuras 11 e 12.
O fato destas três espécies seremfiltradoras ajuda a explicar o seudeslocamento, que pode estarrelacionado com a otimizaçãometabólica citada por LampertSommer(1997).
A distribuição detambém apresentou uma
distribuição heterogênea, com umnúmero maior de indivíduos entre três
e quatro metros, durante todos oshorários (Fig. 13). Náuplios deCopepoda (Fig. 7) e os Rotiferaencontrados aparentemente não
noturna
Aspinus acicularis
Bosmina longirostris
Bosminopsis deitersi
Holopediumamazonicum
&
Figura 1. Variação vertical nictemeral da saturaçãodo Oxigênio(%), representada por isopletas a intervalos de 20%, emnovembrode 2001.
Figura 2. Variação vertical nictemeral da Temperatura (0 C),representada por isopletas a intervalos de 1 C , em novembrode2001.
o
o
Previattelli et al.
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apresentam migração, apesar de
terem apresentado uma distribuiçãovertical heterogênea (Fig. 14).Lass . (2000) realizaram
experimentos com “plankton tower”para verificar a capacidade doscladóceros de ficar em ambienteanóxico, encontrando respostasdiferentes no padrão de migração emdiferentes níveis de concentração deoxigênio no hipolímnio, o que podeexplicar a presença de uma migraçãodiferente encontrada em ambientecom pouco oxigênio.
Han Straškraba (2001) afirmamque o principal fator que induz amigração é a mudança relativa naintensidade luminosa. Mas a foto-resposta é modificada por outrasvariáveis ambientais: pressão depredação, alimento e a própriatemperatura.
Winder . (2003) tambémdiscutiram a relação das condições dealimentação e as grandes profundidades. Kessler (2004) trabalhou com aotimização do “fitness” balanceandoalimento e temperatura em ,encontrando um menor gasto deenergia nos indivíduos em regiões maisfrias da coluna d'água em relação aosque permaneciam em temperatura
mais alta.O fato de não haver mistura dascamadas mais profundas também podeinfluenciar na distribuição, uma vezque se não há mistura de água, não hádeslocamento de matéria ou energiapara os extratos mais superficiais. Issoinfluencia na distribuição do alimentona coluna d'água, fazendo com que boaparte da matéria fique em extratos
mais profundos e, conseqüentemente,aqueles organismos que utilizam essematerial. Espécies como
tem um comportamento queparece seguiressa distribuição.
et al
et al
-
Daphnia
H. amazoni-cum
&
Figura 3. Variação vertical nictemeral da Condutividade( S.cm-1), representada por isopletas a intervalos 1 S.cm ,em novembro de2001.
-1
Figura 4. Variação vertical nictemeral do PotencialHidrogeniônico, representada por isopletas a intervalosde 0,1,em novembro de2001.
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Figura 5. Distribuição vertical nictemeralde adultos de, representada por isopletas,em novembro de 2001.
Aspinusacicularis
Figura 6. Distribuição vertical nictemeral de copepoditos de, representada por isopletas, em novembro
de 2001. Aspinus acicularis
Previattelli et al.
A. acicularis
A. acicularis
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Figura 7. Distribuição vertical nictemeral de nauplius de, representada por isopletas, em novembro
de 2001.
Aspinus acicularis
Figura 8. Distribuição vertical nictemeral de adultosCyclopoida, representada por isopletas, em novembro de2001.
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A. acicularis
Cyclopoida
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Figura 9. Distribuição vertical nictemeral de copepoditosCyclopoida, representada por isopletas,em novembro de 2001.
Figura 10. Distribuição vertical nictemeral de nauplius deCyclopoida, representada por isopletas,em novembro de 2001.
Previattelli et al.
horário (h)
horário (h)
Cyclopoida
Cyclopoida
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Figura 11. Distribuição vertical nictemeral derepresentada por isopletas, em novembro de
2001.
Bosminalongirostris,
Figura 12. Distribuição vertical nictemeral de, representada por isopletas,em novembrode 2001.
Bosminopsisdeitersi
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B. deitersi
B. longirostris
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Figura 13. Distribuição vertical nictemeral derepresentada por isopletas, em novembro de
2001.
Holopediumamazonicum,
Figura 14. Distribuição vertical nictemeral de sp.,representada por isopletas,em novembro de 2001.
Brachionus
Previattelli et al.
Conclusão
Foi observada migração verticalnictemeral de alguns taxa componen-tes do zooplâncton, no Lago Tupé, noperíodo da seca. Adultos e copepoditosdo copépodo calanóide
e os cladócerose
apresentaram um padrão de migraçãovertical noturna. Os outros grupos nãoapresentaram padrão de migração
vertical, tendo apresentado distribui-ção heterogênea, com densidademaior de indivíduos nas camadas maisprofundas durante todo o períododiurno.
A distribuição dos organismos queapresentam migração vertical, de umamaneira geral está de acordo com ahipótese da mudança na luminosidades ol ar i nd u zi r a m ig r aç ão . O s
organismos que possuem um compor-tamento diferente do esperadoprovavelmente estão sob a influênciade outros fatores como a distribuiçãodo alimento e a estratificação térmicae de oxigênio.
Quanto às estratégias de amostra-gem, a constatação da presença destefenômeno implica em uma mudança nametodologia de coleta de zoo-
plâncton. No lago Tupé, em virtude dosorganismos planctônicos analisados seconcentrarem abaixo dos 2m deprofundidade, a estratégia usual deamostragem próximo à superfícieresulta numa subestimativa dadiversidade e da abundância dozooplâncton. Mesmo que esse padrãonão se repita nos outros lagos de águapreta da região, estes resultadosindicam fortemente que, a partir deagora, em estudos desta natureza, sepasse a amostrartodaa coluna d'água enão apenas determinadas profundida-des.
Aspinusacicularis Bosminalongirostris Bosminopsis deitersi
Holopedium amazonicum
Brachionus sp.
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