+ All Categories
Home > Documents > 2015 - SBTA

2015 - SBTA

Date post: 16-Jan-2016
Category:
Upload: gustavo-macioski
View: 23 times
Download: 0 times
Share this document with a friend
Description:
Argamassa estabilizadaGustavo MacioskiAvaliação
Popular Tags:
18
CARACTERIZAÇÃO DE ARGAMASSAS ESTABILIZADAS SUBMETIDAS À SUCÇÃO DE SUBSTRATO POROSO GUSTAVO MACIOSKI (1) ; MARIENNE M. C. DA COSTA (2) ; JULIANA M. CASALI (3) (1) Universidade Federal do Paraná - [email protected]; (2) Universidade Federal do Paraná – [email protected]; (3) Instituto Federal de Santa Catarina – [email protected]. RESUMO O uso de argamassa estabilizada tem aumentado em função do ganho de produtividade em obra, principalmente devido à manutenção da sua trabalhabilidade por um período de até 72 horas. Contudo, para o seu êxito, toda argamassa deve apresentar deformabilidade compatível com sua função. Assim, o objetivo deste trabalho é caracterizar argamassas estabilizadas submetidas à perda de água por sucção de um substrato poroso. No estado fresco foram analisados o índice de consistência, o teor de ar incorporado e densidade de massa. Já no estado endurecido resistência à compressão e tração na flexão, densidade de massa aparente, módulo de elasticidade dinâmico e estático. Os ensaios foram realizados analisando o tempo de armazenamento e lotes distintos do material. Com os resultados obtidos, foi possível verificar a influência da perda de água nas propriedades analisadas (para o módulo de elasticidade em um dos lotes houve uma diminuição de 14%). Também verificou uma variabilidade na estabilidade da argamassa, sendo obtido valores distintos das propriedades conforme o tempo de armazenamento e dos lotes. Palavras-chave: Argamassa estabilizada, revestimento, absorção de água.
Transcript
Page 1: 2015 - SBTA

CARACTERIZAÇÃO DE ARGAMASSAS ESTABILIZADAS SUBMETIDAS À

SUCÇÃO DE SUBSTRATO POROSO

GUSTAVO MACIOSKI (1); MARIENNE M. C. DA COSTA (2); JULIANA M. CASALI (3)

(1) Universidade Federal do Paraná - [email protected]; (2) Universidade Federal do Paraná – [email protected]; (3) Instituto Federal de Santa Catarina – [email protected].

RESUMO

O uso de argamassa estabilizada tem aumentado em função do ganho de produtividade

em obra, principalmente devido à manutenção da sua trabalhabilidade por um período

de até 72 horas. Contudo, para o seu êxito, toda argamassa deve apresentar

deformabilidade compatível com sua função. Assim, o objetivo deste trabalho é

caracterizar argamassas estabilizadas submetidas à perda de água por sucção de um

substrato poroso. No estado fresco foram analisados o índice de consistência, o teor de

ar incorporado e densidade de massa. Já no estado endurecido resistência à compressão

e tração na flexão, densidade de massa aparente, módulo de elasticidade dinâmico e

estático. Os ensaios foram realizados analisando o tempo de armazenamento e lotes

distintos do material. Com os resultados obtidos, foi possível verificar a influência da

perda de água nas propriedades analisadas (para o módulo de elasticidade em um dos

lotes houve uma diminuição de 14%). Também verificou uma variabilidade na

estabilidade da argamassa, sendo obtido valores distintos das propriedades conforme o

tempo de armazenamento e dos lotes.

Palavras-chave: Argamassa estabilizada, revestimento, absorção de água.

Page 2: 2015 - SBTA

EVALIATION OF READY MIXED MORTARS SUBMITTED TO A POROUS SUBSTRACT

ABSORPTION

ABSTRACT

The use of ready mixed mortar has increased due to the improvement in work

productivity, mainly owed to the maintenance of its workability for a period up to 72

hours. However, for it succeed, all mortar shall have a deformability compatible with its

function. The aim of this paper is to characterize ready mixed mortars exposed to water

loss by suction of a porous substrate. In the fresh state were analyzed the consistency,

entrained air content and bulk density. In the hardened state it was analyzed the

compression and flexural strength, bulk density, dynamic and static modulus of

elasticity. Tests were performed analyzing the storage time in different batches. Based

on these results, it was observed the influence of water loss in the analyzed properties

(for the elastic modulus in one of the batches there was a decrease of 14%). In addition,

there is variability in the mortar stability, since it was obtained different values for its

properties according to the storage time and batches.

Keywords: Ready mixed mortar, rendering, water absorption.

Page 3: 2015 - SBTA

1. INTRODUÇÃO

A argamassa estabilizada é um produto novo no mercado brasileiro, sendo necessário o

desenvolvimento de pesquisas e estudos referentes ao comportamento desse material,

tais como a avaliação das suas propriedades e interação com demais elementos da

edificação, uma vez que muitas dessas informações ainda não são efetivamente

conhecidas e quando existentes são pouco divulgadas(1). A argamassa estabilizada é uma

argamassa úmida, à base de cimento que vem pronta para o uso e se mantém

trabalhável por 36 a 72 horas. Para promover o retardamento do início da pega os

fabricantes introduzem aditivos retardadores e incorporadores de ar para que suas

características sejam preservadas por um período de tempo pré-definido. Na Tabela 1

são apresentadas vantagens e desvantagens do uso de argamassas estabilizadas com

base em avaliações de viabilidades(2).

Tabela 1- Vantagens e desvantagens da argamassa estabilizada(2)

VANTAGENS DESVANTAGENS

Aumenta o rendimento Redução de perdas

Limpeza da obra Reduz misturas constantes Reduz a responsabilidade

Melhora a logística Reduz a demanda de mão de obra

Planejamento preciso da quantidade Tempo para adquirir rigidez Variação ao longo do tempo

Esmagamento do assentamento Tempo para desempeno

As principais funções de um revestimento de argamassa de parede são: proteger a

alvenaria e a estrutura contra a ação de intemperismo, e visando satisfazer às funções

algumas propriedades tornam-se essenciais para essas argamassas, sendo uma delas a

capacidade de absorver deformações(3). Visando satisfazer às funções deste tipo de

argamassa, algumas propriedades tornam-se essenciais: trabalhabilidade (consistência

e plasticidade adequadas), aderência, resistência mecânica e capacidade de absorver

deformações (baixo módulo de elasticidade)(4).

Page 4: 2015 - SBTA

Estudos demostraram uma variação nas propriedades do estado fresco da argamassa

estabilizada em função do tempo de armazenamento e também nas propriedades do

estado endurecido(5)(6)(7).

Desta forma, o objetivo deste trabalho foi caracterizar o comportamento da argamassa

estabilizada para revestimento em função da perda de água para o substrato e ao longo

do tempo de utilização. O estudo das argamassas estabilizadas coletadas em obra foi

realizado através da determinação de diferentes parâmetros no estado fresco e no

estado endurecido. Além de avaliar a influência da perda de água para o substrato, do

tempo de armazenamento e de diferentes lotes em algumas das propriedades da

argamassa no estado endurecido.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Foram coletados três lotes distintos de argamassas estabilizadas dosadas em central

para revestimento de 48 horas. que são utilizadas por construtoras na região de Curitiba.

Cabe ressaltar que os lotes eram do mesmo produto especificado. Para cada um dos

lotes foram realizados todos os ensaios apresentados no quadro da Figura 1.

Figura 1 - Quadro com programa experimental.

*Ensaios incluíram a simulação da sucção de água da argamassa

•Índice de consistência

•Densidade de massa

•Teor de ar incorporado

ESTADO FRESCO

•Resistência à tração na flexão*

•Resistência à compressão*

•Densidade de massa aparente*

•Módulo de elasticidade dinâmico*

•Módulo de elasticidade estático

ESTADO ENDURECIDO

Page 5: 2015 - SBTA

As argamassas estabilizada foram transportadas até o laboratório dentro de bombonas

lacradas. Antes dos ensaios, o material era homogeneizado durante dois minutos com o

auxílio de uma haste metálica. No dia 1 de utilização, com aproximadamente 2 horas

após a entrega na obra, foram realizados os ensaios conforme descrito anteriormente.

No dia seguinte, 24 horas após o início dos ensaios do dia anterior, os mesmos

procedimentos foram realizados para obter as amostras do dia 2 de armazenamento.

Durante este intervalo de 24 horas as bombonas permaneciam lacradas, impedindo

alterações externas e perda de água da argamassa.

2.1. Índice de consistência

O índice de consistência foi obtido com base nas indicações da ABNT NBR 13276:2002(8)

através do ensaio na mesa de abatimento (flow table). O ensaio foi realizado nos dois

dias de armazenamento para verificar a alteração do índice de consistência.

2.2. Densidade de massa

A avaliação da densidade de massa foi realizada com base na ABNT NBR 13278:2005(9),

através do preenchimento de um recipiente metálico, tanto para o dia 1 e dia 2 de

armazenamento.

2.3. Teor de ar incorporado

O teor de ar incorporado foi realizado com o auxílio de um picnômetro de boca larga

através de um método experimental(10). No ensaio foi utilizada uma solução de 50% de

álcool etílico hidratado com água destilada para facilitar o desprendimento de bolhas de

ar da argamassa quando agitados. Os procedimentos do método desenvolvido pode ser

melhor visualizado na Figura 2.

Figura 2 - Método do picnômetro para determinação do ar incorporado (10).

Page 6: 2015 - SBTA

2.4. Resistência à tração na flexão e compressão

Para os ensaios de resistência à compressão e resistência à tração na flexão, foram

moldados corpos de prova prismáticos de acordo com a ABNT NBR 13279:2005(11), isto

é, sem sucção ou perda de água. E ainda, durante a moldagem dos corpos de prova

também foi simulada a absorção do substrato, isto é, com sucção ou com perda de água.

O molde prismático foi colocado sobre um bloco de concreto com um filtro previamente

umedecido em sua superfície e todo o conjunto foi fixado na mesa de adensamento,

que realizou as quedas como previsto em norma (Erro! Fonte de referência não

encontrada.3).

Cabe salientar que a moldagem dos corpos de prova foram realizadas para cada lote no

dia 1 e dia 2 de armazenamento e resistências foram obtidas aos 28 dias de moldagem.

Figura 3 - Mesa de adensamento adaptada.

Page 7: 2015 - SBTA

As amostras foram desmoldadas após 7 dias, garantindo que a argamassa estabilizada

já possuísse uma resistência suficiente para ser manuseada. A cura dos corpos de prova

foi seca ao ar e os rompimentos seguiram as prescrições de norma aos 28 dias de

moldagem.

2.5. Densidade de massa aparente e módulo de elasticidade dinâmico

O módulo de elasticidade dinâmico das argamassas foi obtido de acordo com a norma

ABNT NBR 15630:2008(12) com o auxílio de um aparelho de ultrassom da marca PUNDIT.

Além dos ensaios realizados nos corpos de prova prismáticos (4x4x16) cm, foram

moldados corpos de prova cilíndricos no tamanho (10x20) cm. Este ensaio foi avaliado

com 28 dias de moldagem.

2.6. Módulo de elasticidade estático

O módulo de elasticidade estático foi obtido nos corpos de prova (10x20) cm com 28

dias de moldagem, sendo a deformação do material registrada por dois relógios

comparadores acoplados nas laterais do corpo de prova.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir são apresentados os resultados obtidos para argamassa estabilizada estudada.

3.1. Índice de consistência

A Tabela 2 apresenta os valores para o índice de consistência para os dois dias de

armazenagem (dia 1 e dia 2).

Tabela 2- Valores de índice de consistência (valores em mm).

DIA 1 DIA 2 Lote 1 242,8 235,8 Lote 2 221,5 234,0 Lote 3 278,5 246,5

Page 8: 2015 - SBTA

Pode-se observar na Tabela 2 que houve uma pequena perda de consistência ao longo

do tempo de armazenamento, com exceção do lote 2 que apresentou um pequeno

aumento de 5,64% no índice de consistência. Este comportamento do índice de

consistência pode ter influenciado na trabalhabilidade da argamassa em obra de um dia

para o outro de armazenamento, porém não inviabilizou a utilização da mesma.

3.2. Densidade de massa e teor de ar incorporado

Na Figura 5, são apresentados os resultados de densidade e teor de ar incorporado para

os dias 1 e 2 de utilização no estado fresco.

Figura 5 – Densidade de massa e teor de ar incorporado.

Nota-se na Figura 5 que os valores de densidade de massa obtidos apresentaram um

pequeno aumento em relação ao tempo de armazenamento (dia 1 para o dia 2) para

todos os lotes. Em relação ao teor de ar incorporado, em média, também houve uma

pequena diminuição em relação ao tempo de armazenamento, com exceção do lote 3

que apresentou um aumento na média dos resultados mas também obteve a menor

variação da densidade de massa.

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

14%

16%

1,7

1,8

1,8

1,9

1,9

2,0

Dia 1 Dia 2

Teo

r d

e ar

inco

rpo

rad

o (

%)

Den

sid

ade

de

mas

sa (

g/cm

³)

Densidade - L1 Densidade - L2

Densidade - L3 Ar Incorporado - L1

Ar Incorporado - L2 Ar Incorporado - L3

Page 9: 2015 - SBTA

A partir dos resultados apresentados foi possível obter uma correlação entre os

resultados do teor de ar incorporado e densidade de massa, como apresentado na

Figura 6.

Figura 6 – Densidade de massa versus teor de ar incorporado.

Desta forma, observa-se na Figura 6 que como tempo ocorre uma redução do teor de ar

incorporado, e, consequentemente um aumento da densidade. É possível que esta

variação tenha causado alterações na trabalhabilidade do produto, conforme

apresentado na Tabela 2.

3.3. Resistência à tração na flexão e compressão

Os valores de resistência à tração na flexão e compressão dos corpos de prova com e

sem à sucção do substrato são apresentados no gráfico da Figura 7 e da Figura 8.

y = -0,4446x + 0,9384R² = 0,9446

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

14%

16%

1,75 1,80 1,85 1,90 1,95

Teo

r d

e ar

inco

rpo

rad

o (

%)

Densidade de massa (g/cm³)

Page 10: 2015 - SBTA

Figura 7 – Resistência de compressão.

Figura 8 – Resistência de tração na flexão.

Pode-se observar na Figura 7 e na Figura 8, além da variação dos resultados entre os

lotes, que os valores de resistência à compressão e tração foram superiores para o lote

1 em relação aos outros lotes. Além disso, os valores de resistência, tanto à compressão

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Sem sucção Com sucção Sem sucção Com sucção

Dia 1 Dia 2

Res

istê

nci

a à

com

pre

ssão

(M

Pa)

Lote 1 Lote 2 Lote 3

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Sem sucção Com sucção Sem sucção Com sucção

Dia 1 Dia 2

Res

istê

nci

a à

traç

ão n

a fl

exão

(M

Pa)

Lote 1 Lote 2 Lote 3

Page 11: 2015 - SBTA

quanto à tração na flexão, maioria dos casos, foram maiores para os corpos de prova

sem à sucção, com queda de 13% nos valores tanto para à compressão como para à

tração na flexão.

Os dados de resistência foram submetidos a análise de variância e ao teste de separação

de médias de Duncan ao nível de 5% de probabilidade de erro. Desse modo não houve

diferença significativa entre os valores obtidos dos corpos de prova com e sem sucção

para todos os lotes, com exceção do lote 3 no dia 1 de armazenamento que houve

diferença significativa entre os valores de com e sem sucção.

Para os valores de resistência à compressão, analisando os valores somente dos corpos

de prova sem sucção, houve diferença significativa entre os lotes. Demonstrando

claramente que existe diferença entre os lotes mesmo sendo comercializados como o

mesmo produto.

Na Figura 9 é apresentada a correlação entre a densidade de massa no estado aparente

no endurecido e a resistência à compressão.

Figura 9 – Densidade de massa versus resistência à compressão.

y = 23,195x - 33,29R² = 0,7791

y = 17,037x - 22,484R² = 0,5574

0

2

4

6

8

10

1,55 1,6 1,65 1,7 1,75 1,8

Res

istê

nci

a à

com

prs

são

(M

Pa)

Densidade de massa aparente (g/cm³)

Com sucção Sem sucção

Linear (Com sucção) Linear (Sem sucção)

Page 12: 2015 - SBTA

Na Figura 9, apesar das baixas correlações observadas, é possível verificar uma

tendência que com o aumento da resistência à compressão ocorre um aumento da

densidade de massa aparente no estado endurecido para ambos os corpos de prova

submetidos ou não à sucção. Este fenômeno é esperado uma vez que ocorre a expulsão

do ar incorporado e, possivelmente, a quantidade de vazios dentro da amostra foi

reduzida.

Na Figura 10 é apresentada a correlação entre a resistência à compressão e a resistência

de tração na flexão.

Figura 10 – Resistência à compressão versus resistência de tração na flexão.

Já na Figura 10, observa-se que existe uma boa correlação entre os resultados de

resistência à compressão e tração na flexão para os corpos de prova submetidos ou não

à sucção. Em média, os valores de resistência à resistência à tração na flexão foram em

média de 41% menores que os valores de resistência à compressão.

y = 0,3262x + 0,4136R² = 0,9376

y = 0,4826x - 0,4561R² = 0,888

0

1

2

3

4

0 2 4 6 8 10

Res

istê

nci

a à

traç

ão n

a fl

exão

(M

Pa)

Resistências à compressão (MPa)

Com sucção Sem sucção

Linear (Com sucção) Linear (Sem sucção)

Page 13: 2015 - SBTA

3.4. Módulo de elasticidade estático e dinâmico

Na Figura 11 são apresentados os valores para os módulos de elasticidade obtidos

através dos ensaios dinâmicos, analisando a influência da sucção e na Figura 12 são

apresentados os resultados avaliando a influência da geometria dos corpos de prova.

Figura 11 – Módulo de elasticidade dinâmico em corpos de prova (4x4x16) cm.

Figura 12 – Módulo de elasticidade dinâmico em função da geometria do corpo de

prova sem sucção.

02468

1012141618

Com sucção Sem sucção Com sucção Sem sucção

Dia 1 Dia 2

du

lo d

e el

asti

cid

ade

din

âmic

o

(MP

a)

Lote 1 Lote 2 Lote 3

0

2

4

6

8

10

12

14

4x4x16 10x20 4x4x16 10x20

Dia 1 Dia 2

du

lo d

e el

asti

cid

ade

din

âmic

o (

MP

a)

Lote 1 Lote 2 Lote 3

Page 14: 2015 - SBTA

Nota-se, na Figura 11 que ocorre um aumento no módulo de elasticidade após perda de

água (sucção) nos corpos de prova ensaiados, exceto para primeiro dia do lote 3.

Enquanto isso, a partir da Figura 12, não houve diferença significativa para os lotes 1 e

3 no dia 1 nos valores do módulo de elasticidade dinâmico entre os corpos de prova sem

sucção e corpos de prova (10x20) cm. Para o lote 2, não houve diferença significativa

entre os valores obtidos de módulo.

Destaca-se, ainda, que os valores do módulo de elasticidade dinâmico para as

argamassas variaram entre 8,8 e 15,38 GPa, apresentando resultados divergentes entre

os lotes.

Por sua vez, para os ensaios estáticos, nota-se um comportamento semelhantes ao

encontrado para o módulo de elasticidade dinâmico, com variações entre os lotes. Na

Figuras 13 são apresentadas a baixa correlação obtida entre os resultados das diferentes

geometrias de corpos de prova no ensaio dinâmico e valores de módulo de elasticidade

para corpo de prova cilíndrico.

Figura 13 – Módulo de elasticidade estático versus dinâmico.

y = 1,2467x - 7,2314R² = 0,4726

y = 2,1106x - 17,939R² = 0,4162

0123456789

1011

8 9 10 11 12 13 14

du

lo d

inâm

ico

(G

Pa)

Módulo estático - cilíndrico(GPa)

Prisma - Dinâmico Cilindro - Dinâmico

Linear (Prisma - Dinâmico) Linear (Cilindro - Dinâmico)

Page 15: 2015 - SBTA

Apesar de não terem sido obtidas boas correlações entre os ensaios para nenhum dos

formatos de corpos de prova, em geral os valores para módulo de elasticidade dinâmico

foram superiores aos estáticos. Mas, de uma forma geral, os valores encontrados para

a deformabilidade das argamassas são aceitáveis. Na Figura 14 é apresentada a

correlação estre os resultados de módulo de elasticidade dinâmico em amostras

prismáticas não submetidas à compressão e a resistência à compressão destas

amostras.

Figura 14 – Módulo de elasticidade dinâmico versus resistência a compressão.

Observa-se também na Figura 14 uma correlação entre os resultados, uma vez que o

aumento da resistência à compressão causada pelo aumento da densidade de massa

torna o material mais rígido e com menor capacidade de deformação.

4. CONCLUSÕES

A partir dos resultados obtidos nos ensaios realizados nos três lotes de argamassa

estabilizada no estado fresco demonstra a falta de homogeneidade e de estabilidade

entre os lotes. Cabe ressaltar que o produto é vendido como sendo o mesmo. Nota-se

y = 0,8631x - 3,7583R² = 0,764

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

8 9 10 11 12 13 14

Res

istê

nci

a à

com

pre

ssão

(M

Pa)

Módulo dinâmico prismático sem sucção (GPa)

Page 16: 2015 - SBTA

uma grande variação nos resultados com os diferentes dias de utilização (dia 1 e dia 2),

dificultando-se a adaptação do operário ao produto ao longo do dia de trabalho. Os

valores médios para a densidade de massa e para o teor de ar incorporado foram de

1,83 g/cm³ e 12,47%, respectivamente. Com o aumento da densidade de massa houve

uma redução do teor de ar incorporado ao longo do tempo e foi possível obter uma

correlação entre essas duas propriedades.

A partir dos resultados obtidos dos ensaios no estado endurecido das argamassas

estabilizadas foi possível observar a variabilidade do produto quando comparados os

seus diferentes lotes, bem como os resultados dos diferentes dias de armazenamento.

Algumas destas variações estão vinculadas ao comportamento da argamassa

estabilizada no estado fresco. A influência do substrato poroso que ocasionou valores

inferiores na resistência à tração na flexão e resistência à compressão para as

argamassas estudadas, que apresentaram variações de 1,0 a 3,8 MPa e 2,5 e 8,0 MPa

respectivamente. Também verificou-se que ocorreu uma redução da resistência

conforme o aumento do teor de ar incorporado das argamassas.

De modo geral, a argamassa estabilizada, apesar de manter-se no estado fresco por um

longo período de tempo, não apresentou uma estabilização, uma vez que os lotes de

argamassa estabilizada estudados neste trabalho variaram suas características ao longo

do tempo de utilização e dos lotes. E mais uma vez destaca-se uma possível falta de

controle dos lotes produzidos que apresentaram grandes variações em seus resultados.

Assim, destaca-se a necessidade de se estabelecer limites de desempenho para a

avaliação deste tipo de argamassa, uma vez que as normas já existentes não

contemplam as características e nem o controle de qualidade para argamassas

estabilizadas, bem como já apontado por outros trabalhos. A verificação da influência

da sucção do substrato em outras propriedades da argamassa também é de extrema

importância uma vez que esta variável influenciou nos resultados em que foi avaliada.

5. REFERÊNCIAS

Page 17: 2015 - SBTA

1. MACIOSKI, G. Avaliação do comportamento de argamassas estabilizadas para revestimento. 2014. 117 f. Trabalho Final de Curso (Graduação) - Engenharia Civil - Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2014.

2. HERMANN, A.; ROCHA, J. P. A. Pesquisa da viabilidade da utilização da argamassa estabilizada modificada para revestimento sem a necessidade de aplicação do chapisco. Trabalho de conclusão de curso. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Pato Branco. 2010.

3. MOHAMED, G.; ROMAN, H. R.; RIZATTI, E.; ROMAGNA, R. Alvenaria Estrutural. In: ISAIA, G. C. (org.). Materiais de construção civil e princípios de ciência e engenharia de materiais. São Paulo, 2010. v-2, p. 1045-1075.

4. CARASEK, H. Argamassas Cap. 26. In: ISAIA, G.C. Materiais de Construção Civil e Princípios de Ciência e Engenharia de Materiais. São Paulo: IBRACON, 2010

5. CALÇADA, L. M. L.; PEREIRA, L.; SOUZA, R. A.; OLIVEIRA, A. L.; CASALI, J. M. Influência das características do molde e da superfície de contato nas propriedades da argamassa estabilizada. In: X Simpósio Brasileiro de Argamassas, 2013, Fortaleza. X Simpósio Brasileiro de Argamassas, 2013.

6. CASALI, J. M. ; MANN NETO, A. ; ANDRADE, D. A. ; ARRIAGADA, N. T. . Avaliação das propriedades do estado fresco e endurecido da argamassa estabilizada para assentamento e revestimento. In: IX Simpósio Brasileiro de Argamassas, 2011, Minas Gerais. IX Simpósio Brasileiro de Argamassas, 2011.

7. MACIOSKI, G.; KUSZKOWSKI, H.; COSTA, M. R. M. M.; CASALI, J. M. Avaliação de propriedades no estado fresco e endurecido de argamassas estabilizadas. In: X Simpósio Brasileiro de Argamassas, 2013, Fortaleza. X Simpósio Brasileiro de Argamassas, 2013.

8. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13276: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos – Preparo da mistura e determinação do índice de consistência. Rio de Janeiro, 2005.

9. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13278: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação da densidade de massa e do teor de ar incorporado. Rio de Janeiro, 2005.

10. SCHANKOSKI, R. A.; GRAEFF, E. R.; COSTA, F. O. ; PRUDÊNCIO, L. R. J. Comparação entre diferentes métodos de determinação do teor de ar incorporado em argamassas. Anais do 54º Congresso Brasileiro de Concreto - IBRACON. Maceió, Alagoas. 2012

11. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13279: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação da resistência à tração na flexão e à compressão. Rio de Janeiro, 2005.

Page 18: 2015 - SBTA

12. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15630: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação do módulo de elasticidade dinâmico através da propagação de onda ultra-sônica. Rio de Janeiro, 2008.


Recommended