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A ARTE DE EDUCAR BASEADA NA COMPREENSÃO DO SER … Coninter 4/GT 18/18. A ARTE DE EDUCAR... ·...

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A ARTE DE EDUCAR BASEADA NA COMPREENSÃO DO SER HUMANO UM ESTUDO DE CASO - FAVARETTO, Isis Della Preve; SOUZA, Silvana Aparecida de Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4 246 A ARTE DE EDUCAR BASEADA NA COMPREENSÃO DO SER HUMANO UM ESTUDO DE CASO FAVARETTO, Isis Della Preve Mestranda do Programa de Pós-Graduação nível mestrado em Sociedade, Cultura e Fronteiras [email protected] SOUZA, Silvana Aparecida de Professora do Programa de Pós-Graduação nível mestrado em Sociedade, Cultura e Fronteiras [email protected] RESUMO A pedagogia Waldorf traz uma proposta de trabalho essencialmente baseada na compreensão do ser humano em desenvolvimento. Todo o processo de crescimento físico, anímico e espiritual do educando é estudado pela comunidade escolar, principalmente pelos educadores, e o trabalho educativo é baseado então nas forças de que disponibilizam os educandos em cada fase vivenciada, como também nas dificuldades e desafios encontrados em cada uma. Este pequeno estudo traz as propostas de currículo e atividades extra-curriculares de uma escola cujo trabalho é baseado nesta proposta, foram estudados os documentos da Escola Waldorf Aitiara, de Botucatu, e observada a vericidade de sua proposta quanto ao baseamento da mesma no conhecimento integral do ser humano proposto pela antroposofia. Palavras-chave: Pedagogia, Waldorf, Antroposofia. ABSTRACT Waldorf pedagogy brings the proposal to work essentially based in the understanding of the human being in development. All the process of growth from physical, soul and spirit of the students is studied by all the school community, especially by the educators, and the educational work is then based on the strengths that the students provide in each experienced stage, as well as the difficulties and challenges encountered in each one. This short study provides the curriculum proposals and the extracurricular activities of a school whose work is based on this proposal, we studied the documents from Aitiara Waldorf School, from Botucatu, and then we might see how true this work is based in the full knowledge of human being proposed by antroposophy. Key-words: Pedagogy. Waldorf. Antroposophy.
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A ARTE DE EDUCAR BASEADA NA COMPREENSÃO DO SER HUMANO – UM ESTUDO DE CASO - FAVARETTO, Isis Della

Preve; SOUZA, Silvana Aparecida de

Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de

dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4

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A ARTE DE EDUCAR BASEADA NA COMPREENSÃO DO SER

HUMANO – UM ESTUDO DE CASO

FAVARETTO, Isis Della Preve

Mestranda do Programa de Pós-Graduação nível mestrado em Sociedade, Cultura e Fronteiras

[email protected]

SOUZA, Silvana Aparecida de

Professora do Programa de Pós-Graduação nível mestrado em Sociedade, Cultura e Fronteiras

[email protected]

RESUMO

A pedagogia Waldorf traz uma proposta de trabalho essencialmente baseada na compreensão do ser

humano em desenvolvimento. Todo o processo de crescimento físico, anímico e espiritual do educando

é estudado pela comunidade escolar, principalmente pelos educadores, e o trabalho educativo é baseado

então nas forças de que disponibilizam os educandos em cada fase vivenciada, como também nas

dificuldades e desafios encontrados em cada uma. Este pequeno estudo traz as propostas de currículo e

atividades extra-curriculares de uma escola cujo trabalho é baseado nesta proposta, foram estudados os

documentos da Escola Waldorf Aitiara, de Botucatu, e observada a vericidade de sua proposta quanto ao

baseamento da mesma no conhecimento integral do ser humano proposto pela antroposofia.

Palavras-chave: Pedagogia, Waldorf, Antroposofia.

ABSTRACT Waldorf pedagogy brings the proposal to work essentially based in the understanding of the human

being in development. All the process of growth from physical, soul and spirit of the students is studied

by all the school community, especially by the educators, and the educational work is then based on the

strengths that the students provide in each experienced stage, as well as the difficulties and challenges

encountered in each one. This short study provides the curriculum proposals and the extracurricular

activities of a school whose work is based on this proposal, we studied the documents from Aitiara

Waldorf School, from Botucatu, and then we might see how true this work is based in the full knowledge

of human being proposed by antroposophy.

Key-words: Pedagogy. Waldorf. Antroposophy.

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INTRODUÇÃO

O título deste trabalho faz menção ao título de um livro de mesmo nome, A arte de

educar baseada na compreensão do ser humano foi o último curso pedagógico proferido por

Rudolf Steiner. Steiner (1861 – 1925) foi um grande pesquisador austríaco, que atuou

primeiramente como filósofo, jornalista e pedagogo. Desenvolveu, a partir do século XX, uma

ampla atividade cultural e social que se constituiu do que ele próprio chamou de ciência

espiritual, ou Antroposofia, uma filosofia na qual foram baseadas propostas de

desenvolvimento para atividades da medicina, da farmácia, da agricultura, da pedagogia, entre

outras. Esta filosofia, ou ciência espiritual, utiliza o método científico de observação, descrição

e interpretação de fatos, mas ainda reconhece a existência de um mundo espiritual e

suprassensível, sendo entendida como uma ampliação da ciência natural. (STEINER, 1998)

Steiner acreditava que a educação podia exercer um papel fundamental nas questões

sociais, enquanto meio de obter uma reforma da sociedade e das relações humanas,

principalmente através da valorização da humanização e da espiritualidade do homem. Por esse

motivo, buscou apresentar uma estratégia pedagógica que lhe fosse afim.

A Pedagogia Waldorf tem como premissa uma educação mais humanizada e harmônica,

através do desenvolvimento das potencialidades dos alunos nas esferas física, emocional e

espiritual, levando em consideração o desenvolvimento global dos envolvidos. Objetiva uma

formação integral e o desenvolvimento da criatividade, autoestima e objetividade de

pensamento, juntamente com uma visão mais ampla e completa do mundo. Combate ainda, de

forma explicita, a visão materialista/consumista que permeia nossa sociedade e busca resgatar

um maior contato entre o indivíduo e a natureza e entre os indivíduos. (LANZ, 2011)

A pedagogia Waldorf foi conceituada por Rudolf Steiner no início do século XX, em

Stuttgart, Alemanha. Foi iniciada para atender os filhos dos operários de uma fábrica de

cigarros chamada Waldorf-Astória, a pedido do dono da fábrica. À inauguração da escola

precedeu um curso pedagógico, proferido aos primeiros professores que atuariam na escola e a

outras pessoas interessadas nessa pedagogia. O curso foi dividido em três módulos que

abordavam as bases da antropologia antroposófica, metodologia e didática no ensino com

debates sobre as práticas das disciplinas e os caminhos para solucionar os possíveis problemas

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educacionais. O conteúdo deste curso foi publicado num conjunto de livros, A arte da educação,

volumes I, II e III. (STEINER, 2003).

Em menos de cinco anos, uma nova solicitação de acompanhamento foi trazida, desta

vez, professores da Inglaterra entraram em contato com Steiner pedindo orientação para a

abertura de uma escola baseada na antroposofia também neste país. Na ocasião, Steiner proferiu

uma série de 7 palestras a fim de orientar o trabalho pedagógico desta escola, onde segundo ele,

tudo estaria orientado para a apresentação de uma prática pedagógica fundamentada no

verdadeiro conhecimento do ser humano. (STEINER, 2013) Estas palestras foram

estenografadas e constituem conteúdo do livro já citado, A arte de educar baseada na

compreensão do ser humano.

No Brasil, a primeira escola Waldorf foi fundada em 1956, na cidade de São Paulo,

através da iniciativa de um grupo de amigos que estudavam regularmente as obras pedagógicas

de Steiner e tinham como objetivo uma educação que pudesse contribuir para um mundo

melhor. Hoje a Escola Waldorf Rudolf Steiner de São Paulo conta com aproximadamente 850

alunos e 75 professores. Desde sua criação surgiram aproximadamente 1.000 escolas no mundo

inteiro, espalhadas por 50 países, sendo 25 instituições escolares oficiais no Brasil. Em 2010,

foram identificadas 73 escolas Waldorf reconhecidas pela Federação de escolas Waldorf no

Brasil, com 2050 professores e 2500 alunos de jardim de infância, 4180 alunos no ensino

fundamental, 580 no ensino médio (SETZER, 2010, s/p.).

Como uma das maiores características diferenciais da pedagogia Waldorf, analisamos a

divisão do currículo em setênios, justificada na afirmação de Rudolf Steiner de que a vida

humana não acontece de forma linear, mas em ciclos de aproximadamente sete anos. Assim, em

cada um desses ciclos um determinado aspecto da entidade humana se desenvolve de maneira

mais pronunciada (LANZ, 1998). A estruturação da vida segundo os setênios, bem como a

tipologia segundo os quatro temperamentos básicos, devem-se a Aristóteles. Rudolf Steiner

renovou as teorias aristotélicas, aprofundando de acordo com seus conhecimentos da época, na

tentativa de obter o conhecimento do homem (KÜGELGEN, 1984).

Os conteúdos e a metodologia a ser aplicada estão organizados respeitando-se as

características de cada um dos setênios (LANZ, 1998). O currículo traz todas as disciplinas

sugeridas pelos documentos oficiais, além de outras como jardinagem, desenho de formas,

marcenaria, música, etc. Cada grupo de alunos que ingressa no primeiro ano tem um(a)

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professor(a) que acompanha a turma durante os oito anos do Ensino Fundamental. Além de

ministrar as matérias básicas, o professor tem a possibilidade de conhecer em profundidade

cada criança e pode desenvolver um acompanhamento mais individualizado nas necessidades

de cada uma delas. O professor da classe acompanha o grupo em viagens, estabelece o elo entre

as famílias das crianças e cria um grupo social integrado entre elas. Em vista disso, a formação

do professor é um fator determinante na pedagogia Waldorf, pois ele deve ter conhecimento

não somente do currículo proposto, mas também de como ocorre o desenvolvimento do ser

humano de acordo com Steiner.

O que mais distingue a Pedagogia Waldorf de outras teorias pedagógicas é o fato de ela

se basear na observação íntima do ser criança e das condições necessárias ao desenvolvimento

infantil. Segundo os preceitos desta prática, ninguém pode ser um bom educador se não

conhece a fundo a natureza humana e as leis segundo as quais ela se desenvolve. Para Rudolf

Lanz, conceituado teórico no tema, “a grande arte pedagógica consiste em trabalhar, em cada

fase do desenvolvimento, com as forças que estão disponíveis na criança.” (LANZ, 2011, p.89)

Steiner enfatiza que a responsabilidade do professor é muito maior do que a tarefa de

matéria de ensino. O professor Waldorf deve levar em conta a totalidade do homem, concebido

como corpo, alma e espírito. Sua maneira de ensinar tem influências sobre a saúde física e

psíquica da criança. O grande desafio de cada professor é transformar a dedicação e seriedade

com que a criança se entrega ao brinquedo em uma seriedade para com o estudo e o trabalho. É

responsabilidade do professor o trabalho de mostrar que a seriedade da vida, que começa na

escola, não precisa ser cinzenta e tristonha, mas pode ser cheia de entusiasmo e fervor.

(KÜGELGEN, 1984)

Considerando o exposto, o objetivo central desse estudo é observar a proposta de ensino

baseada na fundamentação de Rudolf Steiner, a partir da análise do material disponibilizado no

PPP da Escola Waldorf Aitiara. Buscaremos identificar principalmente momentos onde a

proposta de educar sobre a compreensão do ser humano se dá de forma prática, clara e concreta

no currículo e nas propostas extracurriculares. A observação também se deu de forma prática, a

partir de um estágio nela realizado, no último mês de julho.

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1. AITIARA - ESCOLA WALDORF DE EDUCAÇÃO INFANTIL, ENSINO

FUNDAMENTAL E MÉDIO

A Escola Waldorf Aitiara está localizada à rodovia Gastão dal Farra, km 4, s/n. no bairro

Demétria da cidade de Botucatu/ SP. Atende alunos no Maternal, educação infantil, ensino

fundamental (1º a 9º ano) e ensino médio (10º a 12º) com faixa etária de 1 a 18 anos,

aproximadamente. Seus alunos são oriundos de diversos níveis sócio-economicos, 50% são

pagantes e 50% necessitam de bolsa de estudo (sendo em média 20% bolsistas filantrópicos,

20% bolsistas parciais e 10% gratuidade de funcionários.). Os alunos vem tanto da zona urbana

quanto da rural, o bairro da escola é rural. (AITIARA..., 2015, p.5)

A equipe de gestão é composta por diferentes grupos: 1) Coordenação Pedagógica -

grupo de professores efetivos, com no mínimo 2 anos de experiência na escola, eleitos pelo

colegiado - que se reúne uma vez por semana ou mais e fica responsável pela grade curricular,

pelo calendário escolar, por horários, conteúdos, planejamentos, eventos, acompanhamentos

dos planos escolares, dentre outros. 2) Colegiado de professores, ao que cabe a instancia

máxima para tomadas de decisões e formação de imagem, composto este pelos Jardineiros

(responsável por acompanhar alunos de maternal e jardim), Professores de classe (responsável

por acompanhar a turma, do 1º ao 8º ano) e Professores tutores (responsáveis por acompanhar a

turma do 9º ao 12º ano, e ministrar a disciplina de habilidades sociais). O colegiado se reúne

semanalmente com atividades de aprofundamento e trocas pedagógicas, desenvolvimentos

artísticos e planejamento de atividades, além de encontros de áreas para observação e avaliação

sobre o processo de aprendizado. 3) Secretaria escolar que se organiza a modo de permitir a

verificação da identidade de cada aluno, a autenticidade e a regularidade de sua vida escolar,

bem como da documentação do pessoal docente. 4) Mantenedora Associação Assistencial e

Pedagógica Aitiara, composta por pais e amigos da escola que defendem os princípios

pedagógicos da escola dentro de todos os processos observados, e constitui uma diretoria

responsável pelo aspecto jurídico e administrativo da escola. 5) Gerente administrativo

financeiro que oferece suporte operacional à Associação Mantenedora. 6) Assistente social, que

elabora programas e visitas domiciliares a fim de acompanhar a realidade social e familiar do

educando. 7) Auxiliar de limpeza, manutenção e jardinagem. 8) Merenda, 9) Recepção de

atendimentos, 10) Auxiliar Administrativo. (AITIARA..., 2015, p.20)

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A escola tem por objetivo desenvolver seres humanos integrais, considerando os

aspectos da realização (âmbito da vontade), das relações sociais (âmbito afetivo) e da

compreensão (âmbito cognitivo), viabilizando e aplicando a Pedagogia e o currículo Waldorf.

Objetivando seguir os princípios de:

Apresentar o mundo de uma forma vivencial para as crianças, para que se tornem, pouco

a pouco, protagonistas de sua própria educação, promover a integração da criança com a

natureza e com seu meio social e cultural, despertando o respeito, a admiração e a vontade de

contribuir com o todo, para que possam se tornar pessoas livres e seguras na idade adulta. Ter

ênfase não no contato com a tecnologia, ou na antecipação de vivências que torna as crianças

cada vez mais precoces, e ao invés disso, preservar a infância em sua particularidade, a partir de

um estudo profundo do que cada fase de desenvolvimento tem de específico, a nível físico,

emocional e mental. Incentivar, desenvolver e encorajar a criatividade, nutrir a imaginação e a

fantasia, e proporcionar aos alunos liberdade para o desenvolvimento de um pensamento livre e

autônomo. Manter a arte, o movimento e o ritmo como meios de exercitar capacidades e

elementos que permeiam todo o processo de aprendizagem, encarar o elemento artístico, além

de como uma faculdade em si, como o próprio veículo didático. (AITIARA..., 2015, p.2)

Desenvolver a personalidade de forma equilibrada e integrada, estimulando o

florescimento na criança e no jovem de: clareza do raciocínio, equilíbrio emocional e iniciativa

de ação. Para atingir a formação do ser humano, atuar no desenvolvimento físico, anímico e

espiritual do aluno, incentivando a ação por meio da atividade corpórea das crianças em todas

as aulas, o sentimento na constante abordagem artística e nas atividades artesanais específicas

para cada idade e o pensamento por meio de contos, lendas e mitos, no início da escolaridade,

até o pensar abstrato rigorosamente científico do Ensino Médio - pois não se exige o cultivo

precoce do pensamento abstrato. (AITIARA..., 2015, p.3)

Apresentar os conteúdos de acordo com a fase de desenvolvimento dos estudantes,

relacionando-os com sua vida ou com a história dos homens, não forçar a criança a aprender

algo que não faz parte de sua vida, em que não vê sentido, nem tampouco estimular a trabalhar

incessantemente por prêmios ou resultados de avaliações, mas trazer o impulso do aprender, a

cada aluno, pela vontade de trabalhar com fim em si mesmo. Defender um desenvolvimento

saudável, protegendo a saúde integral da criança através da oferta de uma alimentação saudável

para o corpo, proposta com a oferta de alimentos orgânicos e naturais, da mente com incentivos

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a imaginação e ao raciocínio e do espírito com toda a parte imagética e sensível apresentada no

estudo. Integrar a criança com a natureza, com sua própria natureza a partir do conhecimento

de si mesma, e da natureza de seu meio, físico, social e cultural. Despertar a admiração, o

respeito e a vontade de contribuir com seu meio, estimular a integração social e cooperação,

através do trabalho rotineiro das crianças, desde o preparo de seus alimentos até a limpeza e

manutenção da escola, refletir este trabalho dos educandos com o trabalho das famílias, manter

a integração de escola e família constante através do trabalho voluntário dos familiares, sempre

presentes no dia a dia escolar, na manutenção da escola, nas festas e eventos escolares ou ainda

em reuniões, mutirões, assembleias e bazares.(AITIARA..., 2015, p.16)

Propiciar um desenvolvimento adequado a cada faixa etária nos âmbitos físico,

emocional e cognitivo, com conteúdos e atividades que visam ir ao encontro das necessidades

próprias de cada fase do desenvolvimento dos alunos. Executar o currículo Waldorf, através

atividades curriculares e extra-curriculares, com excursões, passeios, teatros, festas e eventos,

(AITIARA..., 2015, p.2)

Desenvolver avaliação contínua e diversificada, considerando o estudante em seus

diversos aspectos, para obter tanto um retrato da situação de aprendizagem quanto um ponto de

partida para desenvolvimentos posteriores. Verificar o rendimento escolar e avaliar o

aproveitamento através de observações do professor, considerando o interesse, o senso de

responsabilidade, a atenção e a aplicação aos estudos, a participação, o esforço e o progresso, as

habilidades sociais, afetivas e a compreensão intelectual. Aplicar avaliações e testes apenas no

ensino médio, e manter os boletins com indicações qualitativas e não quantitativas, com

observações e indicações dos professores, e não notas. (AITIARA..., 2015, p. 8)

Ofertar oportunidades de aperfeiçoamento e atualização do corpo docente, além de

encontros semanais de aprofundamento pedagógico e participação docente na administração

escolar. Aplicar os projetos educacionais previstos. (AITIARA..., 2015, p.6)

2. O CURRÍCULO PROPOSTO

A proposta pedagógica da escola é desenvolvida a partir das modalidades atendidas. Em

função do tempo e do espaço disponíveis para exposição, nesta observação faremos um recorte

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do currículo da escola observada, apresentando apenas o trabalho proposto nos primeiros cinco

anos do ensino fundamental.

Após o término do primeiro setênio de vida, no qual as forças formativas realizaram

grandes transformações no corpo da criança, o cérebro e os outros órgãos vitais adquirem certa

maturidade fisiológica, e a criança pode dispensar as forcas que atuavam nesta formação para o

processo de aprendizado escolar. Torna-se possível, então, solicitar a memória sem prejudicar o

desenvolvimento sadio da criança. (AITIARA, 2015, p.26). Neste momento, de acordo com a

pedagogia Waldorf a criança está pronta para entrar na vida escolar.

Os três primeiros anos escolares formam, devido à disposição anímica da criança, uma

unidade. Esta fase é caracterizada pela boa memória, pela capacidade de imaginação, fantasia e

imitação. A criança confia no adulto e tem grande disposição para o aprendizado. O professor

deve realmente possuir em sua alma o sentido artístico para aproximar-se da criança com a

vivacidade necessária. A antroposofia dá ao professor o conhecimento da mais alta verdade

contida nas lendas, contos de fadas e mitos, tornando as narrativas, permeadas por nossa crença,

uma verdade que liga a criança ao professor. Tudo que for levado à criança deve ser

transformado em imagens. É impossível acessar a criança desta idade através de uma descrição

já intelectualizada, o caminho deve e precisa ser através de imagens. Essas imagens são

pintadas com palavras pelo professor. (AITIARA..., 2015, p.26)

Ao chegar no 1º ano escolar, a criança ainda se sente plenamente integrada ao mundo. É

extremamente aberta para incorporar os hábitos do ambiente escolar. Pelo fato da criança ainda

se sentir unida, integrada ao mundo, é o momento em que o professor deve desenvolver a classe

enquanto grupo. As aptidões do grupo devem ser estimuladas, em detrimento de uma ênfase

muito grande nas faculdades individuais. Estas últimas terão, de acordo com a Pedagogia

Waldorf, seu lugar mais tarde. O professor que souber conduzir as crianças adequadamente

nesta nova fase logo perceberá como a sua postura é uma referência importante para os

pequenos seres humanos em formação. A fim de integrar o grupo socialmente, propõe-se:

trabalhar a lateralidade, orientação espacial e corporal; vivenciar com as crianças e ajuda-las a

assimilar gradualmente as atividades e o ritmo de trabalho do ensino fundamental; trabalhar

ainda concentração, expansão e atenção; participação nas rodas rítmicas (recitação, contagem,

movimentos rítmicos); participação na retrospectiva das aulas e das histórias; envolvimento

com os conteúdos das matérias; dedicação nos trabalhos dos cadernos; organização com os

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materiais; postura corporal ao sentar-se e ao apresentar-se diante do grupo; pontualidade na

execução das tarefas de classe e de casa; acato e respeito à autoridade dos professores.

(AITIARA..., 2015, p.27)

Ao chegar ao segundo ano escolar, a criança ainda percebe sua integração ao mundo,

sentindo que o mundo inteiro lhe é afim, e, como consta no documento da escola, é necessário

falarmos de tudo o que existe no ambiente da criança, sejam plantas, animais ou pedras de tal

maneira que as coisas conversem entre si, se relacionando como fazem os humanos: falando,

pensando, sentindo e até mesmo desenvolvendo simpatias e antipatias. Tudo que for trazido

para a criança desta idade tem que ser permeado pelo elemento mágico dos contos e das lendas

que são vivenciados pelos sentimentos da criança, é através deste sentimento que a criança

recebe a melhor das disposições para a manifestação instintiva de sua fantasia. (AITIARA...,

2015, p.31)

Objetiva-se no 2º ano: conduzir o aluno rumo ao mundo em que vivemos, levando em

consideração as necessidades básicas da boa comunicação e das técnicas desenvolvidas pelo ser

humano; desenvolver a capacidade de respeitar e venerar o que existe, bem como o

conhecimento trazido pelo professor e o próprio educador; dar continuidade ao processo de

alfabetização, dando consistência à leitura e à escrita; proporcionar ao aluno agilidade no

trabalho com cálculo mental e tabuadas, bem como segurança ao executar as 4 operações,

sempre trabalhadas a partir de imagens; treino regular da memória através do recontar histórias

e vivências realizadas nas aulas; vivenciar os ritmos da natureza e as relações do ser humano

com os mesmos. (AITIARA..., 2015, p.31)

Próxima a completar nove anos, a criança passa a ter uma percepção cada vez mais

consciente do mundo que a rodeia, diferenciando pouco a pouco as coisas à sua volta. Neste

momento, não de forma conceitual ou explicativa, mas através de historias e belas imagens e

vivências, a turma começa a trilhar o caminho que a própria humanidade percorreu, do

nomadismo e das primeiras formas de subsistência à fixação na terra com as primeiras

construções. O aprendizado e as vivencias de aspectos relacionados à agricultura primitiva,

considerando especialmente o papel dos cereais e as necessidades e possibilidades de

construção de casas e profissões manuais primordiais são alentadores aos 9 anos, quando a

criança vive uma crise de desenvolvimento, passando a perceber mais o mundo a sua volta e

perdendo pouco da inocência e da fantasia que lhe eram tão presentes até pouco. As histórias

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preparadas para o terceiro ano também respondem a este anseio interno próprio da idade,

quando a criança tem a possibilidade de percorrer este caminho de aprendizado ela se fortalece,

pois os temores e questionamentos que surgem em seu interior são trabalhados e respondidos

naturalmente no dia a dia escolar. (AITIARA..., 2015, p.35)

Objetiva-se no terceiro ano, principalmente: propiciar à criança uma visão de mundo em

que ela perceba as relações do ser humano com esse sistema vivo (planta - animal - homem),

numa concepção ampla de ambiente; valorizar a capacidade humana de transformar o mundo e

a realidade em que vive, com qualidade e responsabilidade; despertar o olhar para as formas da

natureza e perceber as suas relações; promover a interdisciplinaridade propiciando vivências da

matemática ligadas ao estudo das construções, do manejo da terra e do plantio, principalmente

dos cereais bem como das profissões primordiais; compreender e construir o sistema de

numeração decimal; construir os mecanismos básicos das operações a partir de

situações-problema; obter e exercitar as primeiras noções de medida de tempo, volume,

comprimento e massa; desenvolver o vocabulário, a fluência da fala e a fala poética, com suas

diferentes qualidades; praticar a escrita cursiva, ortografia e a autocorreção; produzir textos;

praticar e estimular o hábito da leitura; vivência da diferença entre as classes gramaticais

(substantivos, verbos, adjetivos). (AITIARA..., 2015, p.35)

Ao chegar a seu décimo ano de vida, a criança dá um importante passo em seu

desenvolvimento, abandonando definitivamente a sua primeira infância, e sua antiga relação

com o mundo não pode mais ser mantida. Os laços da influência do lar se afrouxam em certa

medida e a criança passa por um período de insegurança e medo. Surgem muitas perguntas e

dúvidas que nem sempre são expressas verbalmente. O corpo perde suas dimensões

harmoniosas características da primeira infância e agora começa a predominar o crescimento

dos membros. Do ponto de vista psíquico a visão crítica aumenta. A relação com a natureza

torna-se mais distante. (AITIARA..., 2015, p.39)

A criança que se sentia como parte do mundo, numa totalidade de tempo e espaço,

percebe agora o mundo com meio ambiente e sente a necessidade da diferenciação espacial e

temporal. Uma nova consciência e uma nova capacidade de raciocínio começam a desabrochar

e a criança deseja que essa capacidade seja alimentada. Com o trabalho desenvolvido no quarto

ano, espera-se auxiliar a criança, principalmente, a: localizar-se no tempo e espaço: conhecer a

história e a geografia da região (escola, bairro, cidade, estado); desenvolver habilidades para

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leitura, redação e linguagem oral; despertar a noção dos tempos verbais; fixar e ampliar o

conhecimento das classes gramaticais; fazer a transição dos números cardinais às frações; fixar

e ampliar o estudo das quatro operações e tabuadas; introduzir o estudo do homem e dos

animais. (AITIARA..., 2015, p.39)

Chegando ao quinto ano escolar, as crianças conquistam em geral uma certa harmonia.

A ruptura com o mundo já está para a maioria delas superada, voltam-se então para o que as

rodeia com curiosidade: fazem perguntas, querem saber o que anima as coisas, o que está por

trás dos movimentos; abrem-se às relações sociais, querem entender o próximo e suas

diferenças, vivenciam o espaço com segurança e habilidade, são fortes e ágeis. Todo o currículo

volta-se para apresentar à criança o mundo físico e o mundo espiritual, afim de sensibilizar

sobre a natureza que a circunda, de cultivar o caráter mitológico da atuação do homem no

mundo. As histórias contadas falam sobre como os homens a partir de uma sutil consciência de

si mesmo chegam a elaborar leis sobre o conhecimento e o exercício do pensamento – como

atividades internas, e ainda sobre a realidade exterior a eles. São narradas mitologias da Índia

Antiga, Persa, Egito, Mesopotâmia, culminando na mitologia Grega. (AITIARA..., 2015, p.43)

Objetiva-se neste quinto ano escolar instrumentalizar o aluno para que ele possa

desenvolver-se e atuar como bom leitor, bom produtor de textos e bom falante; desenvolver

habilidades para um escrever mais elaborado e criativo; desenvolver habilidades para uma

leitura mais dinâmica e fluente, com a boa compreensão e interpretação dos textos; ampliar o

conhecimento do aluno para uma compreensão do território brasileiro; reconhecer a

diversidade cultural existente nas diferentes regiões do Brasil; vivenciar os contrastes

existentes no clima e nas paisagens brasileiras; adquirir uma noção das realidades econômicas e

sociais do nosso país; vivenciar e relacionar os números e suas qualidades, especificamente em

relação às diferenças entre números inteiros e números fracionários; trabalhar através de

vivências variadas, as diferentes figuras geométricas e conceitos básicos de Geometria; acordar

no aluno o entusiasmo para as forças do pensar que começam a aparecer; estudar os quatro

elementos (ar, água, terra e luz); cultivar no aluno o respeito e cuidado pela natureza; e

despertar o interesse do aluno pelo reino vegetal. (AITIARA..., 2015, p.43)

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3. OS PROJETOS EXTRACURRICULARES

Novamente aplicamos o recorte para observação dos projetos destinados aos primeiros

cinco anos escolares.

3.1 Música na escola

Canto e coral do 1º ao 12º ano, iniciação musical, formação do coral escolar, aulas de

instrumentos musicais como flauta doce, flauta barroca, kântele, piano, violão, etc. Objetiva-se

desenvolver o senso e o gosto estético musical, através de aulas integradas ao currículo escolar,

de acordo com a faixa etária de cada educando. (AITIARA..., 2015, p.13)

3.2 Viajar para aprender e ser

Viagens e passeios, propostos do 3º ao 12º ano, com o objetivo de aprofundar, pelas

vivencias, a compreensão do conteúdo e das diferentes realidades. São as indicações

curriculares, podendo ter adaptações alterações e inovações segundo critérios pedagógicos

pertinentes. Para além de outras visitas e passeios propostos pela turma durante o ano, são

realizados, principalmente: para o 3º ano, a partir do aprendizado das profissões e do projeto de

construção de um forno, propõe-se visitas à olarias, artesanais e industriais. Para o 4º ano são

sugeridas visitas a pontos turísticos em Botucatu, a nascente do rio Tietê e a Eclusa de Barra

Bonita. A turma do 5º ano tem prevista uma visita a Ilha do Cardoso e a locais de vegetação

diversificada. O objetivo atribuído a todas estas viagens é ampliar as possibilidades de

aprendizagem, propiciar vivências e promover encontros e convívio intenso entre os alunos e a

comunidade. (AITIARA..., 2015, p.13-14)

3.3 Resgate a cultura brasileira.

Este projeto é desenvolvido a partir da apresentação de danças folclóricas brasileiras nas

festas da escola. São trabalhadas danças como coco, samba de gafieira, maracatu, entre outras.

(AITIARA..., 2015, p.15)

3.4 Euritmia

Euritmia é uma disciplina do movimento que desenvolve gestos elevando-os a

verdadeira expressão corporal artística daquilo que na fala e na música se ouve, mas não se vê.

A prática de Euritmia, segundo a antroposofia, fortalece a vontade, qualidade fundamental para

o aprender e o trabalhar, harmoniza os sentimentos e estimula a clareza dos pensamentos. Esta

prática é trabalhada duas vezes por semana, em cada turma da escola. (AITIARA..., 2015, p.15)

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3.5 Unidade de integração social

Este projeto permeia todas as atividades da escola, curriculares ou

extracurriculares, por meio de atividades integrativas baseadas no currículo social que orienta

pais, funcionários, professores, educandos, parceiros, e toda a comunidade. (AITIARA..., 2015,

p.16)

3.6 Artes integrativas

Projeto desenvolvido do Jardim ao Ensino Médio, com trabalhos manuais como

tricô, crochê, costura, bordado, etc; artes aplicadas, com marcenaria, trabalhos em metais,

xilogravura, pintura, modelagem em argila, de acordo com a idade do educando. Objetivando

desenvolver a capacidade artística e social. (AITIARA..., 2015, p.16)

3.7 Horta na escola.

Do jardim ao 8º ano, atividades de jardinagem e agricultura semanais. Objetiva, além de

fornecer alimento aos alunos e a própria escola, desenvolver o respeito pela natureza e pelo

trabalho orgânico. (AITIARA..., 2015, p.16)

3.8 Escola de pais

O caminho em direção à auto-sustentabilidade de uma instituição sem fins

lucrativos, com 50% de seus usuários isentos de taxas e cobranças e sem financiamento externo

regular, demanda um grau de comprometimento muito alto de sua comunidade. Este projeto

visa a assistência social, moral, educacional e cultural dos educandos, de sua família e de toda a

comunidade. Através de um fórum que aglutina pais, professores e comunidade, o assunto da

diversidade que norteia a escola desde sua formação é reavivado por palestras, oficinas e

encontros periódicos. É promovida uma Escola de Pais, com palestras e debates sobre temas

pedagógicos; além da organização do Conselho de Pais, com representantes de classe que

apoiam a escola e aumentam o intercambio entre família e escola; junto com a colaboração dos

pais em tarefas específicas, mutirões, eventos e festas. (AITIARA..., 2015, p.16)

3.9 Alimentação

No projeto de alimentação, são criadas parcerias com produtores locais para a

socialização de produtos saudáveis e de qualidade. Oportunidade de educação nutricional, com

consciência ecológica e social. (AITIARA..., 2015, p.17)

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3.10 A arte da palavra e do som

Promovido e organizado pelos responsáveis das áreas de português e literatura, o

projeto propõe transformar o trabalho com contos, poesias e crônicas em atividades

experimentais de caráter prático. (AITIARA..., 2015, p.17)

3.11 Projeto Pedagógico Cultural Sabiá

Projeto desenvolvido em parceria com a prefeitura municipal de Botucatu, onde

é oferecido atendimento a crianças de diversas realidades econômicas, com acompanhamento

pedagógico e oficinas de diversas naturezas (esportivas, culturais, etc.) (AITIARA..., 2015,

p.18)

3.12 Educação física

As aulas de Educação Física e a prática esportiva colaboram para que a criança e

o jovem desenvolvam seu físico em toda sua potencialidade, trabalham coordenação motora,

noção espaço-temporal, força, agilidade e saúde, bem como atuam no âmbito social através de

atividades coletivas. São aplicadas atividades como a ginástica Bothmer (especialização dos

movimentos), atletismo, ginástica artística, circo, esportes com bola, etc, a fim de desenvolver e

fortalecer o físico, a força de vontade e o trabalho em equipe. (AITIARA..., 2015, p.18)

3.13 Trabalhos manuais

Através dos trabalhos manuais os educandos são conscientizados das suas mãos

e da possibilidade de usá-las para confecção. No 1º ano as crianças aprendem a tricotar com

duas agulhas, o tricô forma a consciência e a habilidade das duas mãos, colaborando com o

estudo da escrita, no 2º ano os alunos aprendem a arte do crochê, alternando entre pontos

correntes retos e baixos, fechados e abertos, colaborando com a harmonização sobre o

temperamento e o comportamento da criança; no 3º ano os educandos produzem peças de

vestuário, começando a produzir gorros em tricô. Ao 4º ano é ensinado o ponto cruz, por meio

da sua simetria colabora com a fase da primeira autonomia infantil, a adquirir segurança e

firmeza interna. Ao 5º ano os alunos tricotam com cinco agulhas, de acordo com a nova busca

de harmonia que surge nesta idade, como algo cheio de tranquilidade.

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CONSIDERAÇÔES FINAIS

Pode-se observar na proposta de trabalho da escola em questão, tanto quanto pode-se

ver a veracidade dos documentos em prática, como a indicação de trabalhar o pedagógico a

partir da compreensão do ser humano é real. Primeiramente observa-se como o estudo do ser

humano é indispensável e condição sine qua non para o início de qualquer trabalho na proposta

antroposófica, somente a partir da compreensão do ser integral que é o educando é que o

educador pode se propor a trabalhar; o estudo e o preparo do professor e de toda a comunidade

escolar são realmente levados a sério. A compreensão de ser humano antecede ainda este

trabalho na fundamentação de educação para Steiner, que considera a auto-educação anterior a

qualquer proposta de trabalho com educação, portanto o auto-conhecimento antecede ainda o

estudo dos educandos a quem se propõem os educadores. A partir do estudo, pouco

aprofundado neste trabalho, mas disponível nas obras citadas, do ser humano integral que se

apresenta a cada ano de forma diferente, a escola Aitiara propôs seu planejamento de trabalho.

Pode-se observar com bastante clareza como as necessidades dos estudantes foram levadas em

consideração no trabalho proposto para cada ano escolar, como ainda as dificuldades e os

desafios comumente encontrados em cada faixa etária foram observados, apresentando-se

atividades e curriculares e extracurriculares para que a criança pudesse desenvolver-se da forma

mais assegurada possível. O acompanhamento dos estudantes, e o prestar-se a favor dos

mesmos com disposição e carinho podem ser observados nos documentos que baseiam o

trabalho pedagógico e na prática rotineira da escola. Neste pequeno estudo de caso, pode-se ver

a prática da educação verdadeiramente a serviço do desenvolvimento do ser humano, da

aquisição cultural, do desenvolvimento de cada ser envolvido cognitiva, sensível e socialmente.

REFERÊNCIAS

KÜGELGEN, Helmut Von. 1989 A educação Waldorf: Aspectos da prática pedagógica.

Tradutor: Alcides Grandisoli. 2. ed. São Paulo: Antroposófica.

LANZ, Rudolf. A Pedagogia Waldorf: caminho para um ensino mais humano. 10.ed. São

Paulo: Antroposófica.

LIEVEGOED, Bernardus Cornelius Johannes. Desvendando o crescimento: as fases evolutivas

da infância e da adolescência. Tradutor: Rudolf Lanz. São Paulo: Antroposófica.

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SETZER, Valdemar. Pedagogia Waldorf. Em: Sociedade Antroposófica do Brasil. Disponível

em: < http://www.sab.org.br/portal/pedagogiawaldorf/27-pedagogia-waldorf> acesso em set.

2015.

STEINER. Rudolf. 1998. A ciência oculta. Tradutor: Rudolf Lanz. 4. ed. São Paulo:

Antroposófica.

_________. 2003. A arte da educação. Tradutor: Rudolf Lanz. 2. ed. São Paulo: Antroposófica.

_________. 2013. A arte de educar baseada na compreensão do ser humano. Tradutora: Maria

do Carmo Sousa Filardo Lauretti. 2. ed. São Paulo: Antroposófica.


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