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Arqueologia do cinema de animação - Material prático e didático

Date post: 12-Apr-2017
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ARQUEOLOGIA DA ANIMAÇÃO MATERIAL PRÁTICO & DIDÁTICO
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Page 1: Arqueologia do cinema de animação - Material prático e didático

ARQUEOLOGIADA ANIMAÇÃOMATERIAL PRÁTICO & DIDÁTICO

ARQUEOLOGIAARQUEOLOGIAARQUEOLOGIAARQUEOLOGIAARQUEOLOGIA

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O i , e u s o u o O l i v e r B e r n a r d, m a s p o d e m e c h a m a r d e O . B ! V e n h a c o m i g o d e s v e n d a r o m a rav i l h o s o m u n d o d a A n i m a ç ã o ! ? !

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ARQUEOLOGIADA ANIMAÇÃOMATERIAL PRÁTICO & DIDÁTICO

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equipe editorial

Ilustração: Julia LibânioPesquisa e texto: Julia Libânio, Raquel Piantino e Tamara e CostaProjeto gráfi co e diagramação: Eduardo PootzRevisão: Tamara e Costa

Arqueologia da animação - Material prático & didático Impresso no Brasil1ª Edição / 2015 Licença Creative Commonspara uso não comercial

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Dedicado a todos os educadores e escolas que tornaram esse projeto realidade. E, principalmente, aos artistas mirins, nossa maior inspiração: nossa luz e sombra.*

* conceito cinematográfi co muito importante.

Dedicado a todos os educadores e escolas que tornaram esse projeto realidade. E, principalmente, aos artistas mirins, nossa maior inspiração: nossa luz e sombra.*

* conceito cinematográfi co muito importante.

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INTR

ODUÇ

ÃO Muito antes do CINEMA, da FOTOGRAFIA ou da LUZ ELÉTRICA, as pessoas já se reuniam para registrar a dinâmica da vida, os MOVI-MENTOS heróicos, as jornadas épicas ou até mesmo as guerras.

Em cavernas ou igrejas, pinturas ou foto-grafi as, nós humanos sempre nos encantamos por narrativas e mitos e tudo o que remete ao movimento da ANIMA.

Anima (em latim) é ALMA, que também quer dizer “o que anima”. Anima signifi ca também VIDA, ESPÍRITO e SEDE DO PEN-SAMENTO.

Existem alguns conceitos básicos que precisamos conhecer para compreender a DINÂMICA do movimento:

Okey. Mas o que tudo isso tem a ver com o desenho animado ou o cinema?Okey. Mas o que tudo isso tem a ver com o desenho animado ou o cinema?

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luz e

som

bra

A SOMBRA é como o silêncio, a pausa, o descanso. Se não houvessem repousos para a mente, a música, o trabalho ou os estudos, o mundo seria sobrecarregado de informações supersaturadas sem contorno ou forma.

Luz e sombra são como o yin yang. A sin-tonia perfeita entre duas polaridades.

Antes do séc. 19, quando não havia luz elétrica, nas cidades, sombras oscilavam com as labaredas das fogueiras, tochas, lareiras, velas e candelabros.

Com a descoberta da eletricidade, as sombras fi caram rígidas – sem movimento.

Você tem medo do escuro? Já viu uma sombra em movimento? A sombra de uma árvore na janela do quarto escuro que parecesse mais o monstro cabeludo do além? Teve medo?

Vejamos: num desenho, a sombra é quem dá profundidade. Num ser humano, a sombra é uma característica da personali-dade - e cada um tem sua própria sombra.

E no Cinema, a sombra é um dos princí-pios da PROJEÇÃO DA IMAGEM.

Luz e sombra, tempo e movimento, espaço e ilusão são conceitos fundamentais para entender como uma imagem estática pode se movimentar.

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Se você observar esta mesma maçã nas mesmas circunstâncias ao longo do dia, irá perceber a variação da posição desta sombra...

Você consegue imaginar essa experiência no tempo das cavernas?

// EXPERIMENTESe você colocar uma maçã em frente a sua

janela, permitindo que a luz do Sol entre in-cidindo sobre a mesa cuja maçã está apoiada, vai perceber que ela projeta uma sombra, certo?

E se você levar a maçã para uma fogueira dentro de uma caverna, a oscilação das laba-redas dará a impressão de que a maçã está em movimento, correto?

LUZ E SOMBRA

TEMPO E MOVIMENTO

ESPAÇO E ILUSÃO

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AS PI

NTUR

AS

RUPE

STRE

S Registros arqueológicos nos mostram que nossos ancestrais pintavam dentro das caver-nas aquilo que gostariam de caçar. Nos rituais, pinturas já nos deram poderes sobrenaturais e garantiram o bom sucesso da caça.

Na Pré-História, imagens estáticas pro-duzidas nas cavernas Altamira (Espanha), Lascaux ou Font-de-Gaune (sul da França), até hoje parecem se movimentar. Nesses locais, à medida que alguém com uma lan-terna se locomove a uma determinada velo-cidade, parte das fi guras fi cam na sombra e parte se iluminam, resultando na ilusão de que as imagens se movimentam.

Talvez, em suas representações, o homem das cavernas não estivesse apenas reprodu-zindo imagens de sua caça como prática ri-tualística, mas ORGANIZANDO quadros em um espaço e tempo específi cos. Ou seja, criando neste exercício de pintar o que hoje podemos reconhecer como os princípios básicos do Cinema e da Animação.

Vamos viajar pelo tempo !!!!

VRUMMMMM//10

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Assista: COMO A ARTE FEZ O MUNDO - documentário de 5 episó-dios produzido pela BBC em 2005 - especialmente o EPISÓDIO 2 - O DIA EM QUE AS IMAGENS NASCERAM. //11

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DA C

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O CI

NEM

AEra e não era uma vez na China, na

dinastia Han (por volta de 200 a.C.), um imperador chamado Wuti. Deses-perado após perder sua amada dança-rina num fatal acidente, pediu a um mágico que a trouxesse de volta a vida. Impossibilitado pela própria física, o mágico então usou a imaginação: pegou uma fi na escama de peixe e cortou no formato da bela jovem. Com a imagem (cortada) da mulher proje-tada em um lençol branco, fez ressurgir em sua vida a lembrança viva da dança e do encanto.

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Aproximadamente 5.000 a.C., no Oriente, nascia o Teatro de Sombras. Era então uma espécie de projeção, em cortinas brancas, de silhuetas de bonecos articulados e manipu-lados por varetas.

O teatro de sombras chinês, também co-nhecido como Chinauaka, é uma arte muito antiga que até hoje é praticada por grupos de mais de 20 paises. É também considerado um dos primórdios do Cinema.

Sombrio, não?!Mas e o cinema e a animação?

// TEATRO DE SOMBRAS

Sombrio, não?!Mas e o cinema e a animação?

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O qu

e são

br

inqu

edos

óp

tico

s?

Tudo começa com brincadeiras lúdicas que desencadearam maravilhosos objetos de pesquisa e estudo. Os chamados “brinquedos” ópticos provocam, fundamentalmente, a ilusão que os olhos e a imaginação produzem.

Os dispositivos ópticos mecânicos, ou brinquedos ópticos, foram aparelhos desen-volvidos no período Pré-Cinema, que possi-bilitavam ver imagens animadas sem neces-sariamente a utilização de energia elétrica e/ou projeção.

Estes instrumentos, que apresentavam a animação de forma mecânica, deram grande contribuição para a tecnologia da Animação e do Cinema como conhecemos hoje.

Graças a descobertas divertidas como estas, hoje podemos nos deliciar com os inú-meros programas que passam na telinha do Cinema ou da TV*.

Contudo, os brinquedos ópticos foram criados independentes do Cinema. Seus criadores não podiam prever que ainda con-tinuariam a encantar e surpreender pessoas que nasceram depois do cinema à cores.

ou qualquer outro dispositivo*//14

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Existe uma teoria chamada persistência retiniana. Ela explica que o olho humano retém uma imagem por uma fração de se-gundos (aproximadamente 1/10 de segundo) enquanto outra imagem está sendo percebi-da; e que o olho vê um único movimento ao ver várias imagens em sequência exibidas rapidamente.

// TAUMATRÓPIOCriado 1825, quem leva o crédito pela in-

venção deste brinquedo é John Ayrton Paris, físico e matemático belga. Ele é extremamen-te simples e não sugere um movimento, mas exemplifi ca bem a teoria da persistência reti-niana. O aparelho consiste em um disco pequeno, com um desenho na frente e outro no verso, preso por duas cordas amarradas. As cordas, ao serem torcidas, fazem duas imagens se fundirem.

Nossa, esses brinquedos são maneiros! Mas... como funcionam? Nossa, esses brinquedos são maneiros! Mas... como funcionam?

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// FENAQUITOSCÓPIO Idealizado em 1828, o fenaquitoscópio

é um brinquedo com dois discos paralelos presos a uma haste. Ao girar o disco, ob-servando através das frestas, as imagens ganham movimento.

// ESTROBOSCÓPIO Idealizado em 1832, o estroboscópio

consiste em um único disco com frestas abertas entre as imagens. O observador vê as imagens através das frestas com o dispositivo em frente a um espelho.

// ZOOTROPOIdealizado em 1834, o zootropo é um

tubo giratório com frestas em que o ob-servador, ao girar o aparelho, tem a ilusão de que os desenhos em sequência feitos em tiras de papel estão em movimento.

// FENAQUITOSCÓPIO

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// KINEÓGRAFO, OU FLIP BOOKSimples, barato e até hoje bastante

popular, o flip book, idealizado em 1868, é hoje o famoso livro de fotos ou desenhos em sequência. Ao passar as páginas rapi-damente com a mão, vemos uma sequên-cia de imagens em movimento.

// PRAXINOSCÓPIOIdealizado em 1877, o praxinoscópio é

um aparelho semelhante ao zootropo, mas ,no lugar das frestas, tem um espelho interno onde o observador vê a sequência de imagens em movimento.

// KINEÓGRAFO, OU FLIP BOOK

LANTERNA MÁGICAA lanterna mágica fi cou conhecida no

século 17, quando o padre jesuíta alemão, Athanasius Kircher, a descreveu e começou a utilizá-la. O aparelho era constituído de uma fonte de luz gerada por uma chama de querosene e um espelho curvo dentro de uma caixa, que projetava imagens pin-tadas com cores transparentes - em pedaços de vidro - , em uma tela branca.

//17

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Para fazer o estroboscóPio você vai Precisar de:

- uma tesoura- um percevejo- um palito grande (churrasco ou sushi)

faça

voc

ê mes

mo

3- Fure o palito em uma das extremidades;

4- Fure o centro do disco com o percevejo deixe o percevejo perfurado no disco e agora encaixe no furo do palito;

5- O seu estroboscópio está pronto!

//Dúvidas? acesse:arqueologiadaanimacao.blogspot.com.br

1- Recorte o disco desenhado;2- Recorte as frestas na borda;

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Para fazer seu Tau-matrópio, recorte o círculo onde está o Oliver Bernard. Depois, faça dois furinhos nas laterais e coloque duas cordinhas. Gire as cordas com as mãos e veja nosso amiguinho no espaço. Whohooo!

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Com a projeção da lanterna mágica somada ao mecanismo dos brinquedos ópticos, e o surgimento da fotografi a (1826), temos o Cinema como conhecemos hoje.

Assim nasceu L'Arrivée d'un Train à La Ciotat (A chegada do trem na cidade), dos irmãos Lumière, considerado o primeiro fi lme da história do Cinema.

Dos b

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uedo

sao

cin

ema

E quando o público viu o trem em direção à câmera pela primeira vez na história, toda a plateia levou o maior sustão! UHAuhauahHA. Imagina só?!

//21

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// LUMIèREOs irmãos Lumière não eram «cineastas»

de primeira. Na verdade, eles eram bons co-merciantes. Filhos de um fotógrafo e vendedor de papéis fotográfi cos, os dois irmãos soube-ram tirar proveito da clientela vendendo fi lmes e câmeras que eles mesmos faziam.

O grande sucesso dos irmãos Lumière na disputa tecnológica da época, era que o Cine-matógrafo (artefato criado por eles) funcio-nava como projetor, câmera e ainda podia fazer cópias a partir dos negativos.

Seus fi lmes não contavam uma historinha linear, com personagens fi ctícios ou qualquer dramaturgia aparente. Eram fi lmes documen-tais, “fi lmes de registro”. Como, por exemplo, os funcionários saindo da fábrica - além de outras documentações.

E que

m fo

ram

?

//22

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// MéLIèS Muitos cineastas eram mágicos de forma-

ção e usavam o cinema como um dos seus números de ilusionismo. Por isso foram cha-mados de trickfilms (filmes de truques), cuja característica principal eram os cortes e edições muito elaboradas; como desapareci-mentos, mutilações e metamorfoses.

George Méliès foi um marco para os trickfilms. É considerado o primeiro cineasta de ficção.

Contudo, seus filmes passaram a perder público quando o Cinema encontrou uma narrativa própria e fez com que o ex-mágico entrasse em falência no ano de 1913.

// Émile ReynaudInventor do praxinoscópio e do Teatro

Óptico, o francês Émile Reynaud fez a primei-ra projeção pública de um espetáculo de imagens animadas no dia 28 de outubro de 1892, três anos antes da conhecida primeira projeção do Cinematógrafo realizada pelos Irmãos Lumière.

O Teatro Óptico era uma volumosa enge-nhoca que utilizava tiras flexíveis de imagens enroladas em um carretel que, passando diante da lente de uma lanterna mágica, pro-jetava uma animação.

Além de inventor, Reynaud era um grande artista e seu novo aparelho foi utilizado para exibição de seu espetáculo chamado Panto-mimes Lumineuses. Com aproximadamente 1.500 imagens coloridas pintadas à mão, o espetáculo continha narrativa, ação dramá-tica, personagens, trilha sonora e participação do público e, durante alguns anos, fez imenso sucesso. Devido a este acontecimento, hoje em dia, pessoas de todo o mundo comemo-ram o dia 28 de outubro como o Dia Interna-cional da Animação.

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bibl

iogr

afia

MASCARELLO, Fernando (org). História do cinema Mundial. Campinas: Papirus, 2007.

LUCENA JUNIOR, Alberto. arte da animação – técnica e estética através da História. São Paulo: Senac, 2002.

MANNONI, Laurent. a Grande arte da Luz e da sombra: arqueologia do cinema. São Paulo: Senac/Unesp, 2003.

MACHADO, Arlindo – Pré-cinemas & pós-cinemas. Campinas/SP: Papirus, 1997.

CASATI, Roberto. a descoberta da sombra. São Paulo: Companhia das letras, 2001.

WILLIAMS, Richard. the animator’s survival Kit. Londres: Faber and Faber Ltd., 2001.

CAMPBELL, Joseph. o Herói de Mil faces. São Paulo: Editora Cultrix/Pensamento, 1995.

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SOBRE O PROJETOEste material acompanha o projeto “Arqueologia da Animação”, realizado pelo Coletivo Ora Bolas, em

Brasília (DF). A iniciativa contemplada pelo Fundo de Apoio à Cultura do DF inclui uma exposição itinerante de brinquedos ópticos, além de ofi cinas criativas, por escolas públicas e instituições privadas. A publicação é destinada a estudantes, professores e educadores interessados em explorar os sentidos da fi cção e da realização do Cinema, de construção da memória imagética.

Você sabia?Desde o dia 27 de junho de 2014, o uso de recursos audiovisuais passou a ser obrigatório em escolas da

educação básica do Brasil. A regra passou a integrar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei nº 4.394). A diretriz é: escolas devem exibir filmes nacionais por, no mínimo, duas horas mensais, como com-ponente curricular complementar integrado à proposta pedagógica da escola.

arqueologiadaanimacao.blogspot.com.brwww.coletivoorabolas.com.br

VENHA NOS VISITAR!

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Apresentação Realização Apoio

“... É simples: quando acordo aterrorizado, vendo as grandes sombras incompreensíveis erguerem-se no meio do quarto, quando a pequena luz se faz na ponta dos dedos, e toda a imensa melancolia do mundo parece subir do sangue com a sua voz obscura... Começo a fazer meu estilo. Admirável exercício, este. Às vezes uso o pro-cesso de esvaziar as palavras. Sabe como é? Pego numa palavra fundamental. Palavras fundamentais, curioso... Pego numa palavra fundamental: Amor, Doença, Medo, Morte, Metamorfose. Digo-a baixo vinte vezes. Já não significa. É um modo de alcançar o estilo.”

Herberto Helder (1930-2015)


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