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Biblioteca Pública: princípios e diretrizes

Date post: 04-Apr-2016
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A presente publicação não tem a pretensão de esgotar todas as questões que envolvem a biblioteca pública; outros trabalhos com ela relacionados deverão ser escritos, sabendo se de antemão que muito ainda terá que ser feito, posto que mais que um dever, propiciar a educação e o acesso à informação é uma obrigação inalienável do Estado. O tempo urge, e o que já se fez é muito pouco diante do muito que resta ainda por fazer. Este manual, que ora é lançado pela Biblioteca Nacional, vem na sequência de versões anteriores: a primeira, de 1995, editada pela Biblioteca Nacional, procurou atender aos apelos feitos durante o IV Encontro do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, em 1994. Fonte: http://zip.net/brpDv9
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DID110tGC3 r U D11C3 prii icipios e diretrizes 2 a EDIÇÃO REVISTA E AMPLIADA
Transcript
  • DID110tGC3 r U D11C3 prii icipios e diretrizes

    2 a ED IO R E V I S T A E A M P L I A D A

  • Biblioteca Pblica princpios e diretrizes

  • Presidente da Repblica Luiz Incio Lula da Silva

    Ministro da Cultura Juc Ferreira

    Fundao Biblioteca Nacional PRESIDENTE

    Muniz Sodr DIRETORA EXECUTIVA

    Clia Portella

    Coordenadora do Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas llce Cavalcanti

    .,: .

    0 SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PBLICAS/SNBP, institudo pelo Decreto Presidencial n 520 de 13 de maio de 1992, tem como objetivo principal o fortalecimento das bibliotecas pblicas do Pas.

    O SNBP assume como pressuposto bsico para o desenvolvimento de suas aes a funo social da biblioteca pblica. Essa Instituio Cultural ao assumir este papel na comunidade possibilita a construo de uma sociedade verdadeiramente democrtica e a formao de uma conscincia crtica do indivduo levando-o ao exerccio pleno da cidadania.

    FUNDAO BIBLIOTECA NACIONAL Coordenao Geral do Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas

    Rua da Imprensa, 16 - 1 1 andar Rio de Janeiro - RJ - 20030-120 Telefax:(0xx21) 2210-1134 www.bn.br/snbp/

  • 2 a EDIO REVISTA E A M P L I A D A

    Bibl ioteca Pbl ica princpios e diretrizes

    Rio de Janeiro, 2010

    LEI DE INCENTIVO A CULTURA

    R E A L I Z A O

    M I N 1 S T R I O O A C U L T U R A PUndafto BIBLIOTECA NACIONAL SNBP SS

    IA BIBLIOTECA NACIONAL

    PATROCNIO

    y j PETROBRAS

  • SRIE : DOCUMENTOS TCNICOS, 6 ISBN: 978-85-333-0596-0

    Biblioteca Pblica : princpios e diretrizes / Fundao Biblioteca Nacional, Coordenao Geral do Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas. - 2. ed. rev.ampl. - Rio de Janeiro : Fundao Biblioteca Nacional, 2010. 160p.: il; 26cm.- (Documentos Tcnicos; 6)

    Bibliografia: p. 159-160 ISBN: 978-85-333-0596-0 (broch.)

    1. Bibliotecas Pblicas. I Biblioteca Nacional (Brasil). II Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas (Brasil). Ill Ttulo. IV Srie.

    CDD 027.4 19 ed.

    FICHA TCNICA

    Superviso e Redao Final llce Milet Cavalcanti

    Equipe de Redao llce Milet Cavalcanti Sandra Maria de Mendona Domingues Clia Regina Costa Domingues Noecir Guimares de Oliveira Costa

    Reviso Tipogrfica Luciana Figueiredo

    Adaptao de Projeto Grfico Ventura Design

    Patrocnio Petrobrs

    Apoio SABIN - Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional

    PROIBIDA A REPRODUO TOTAL OU PARCIAL DESTA OBRA DIREITOS RESERVADOS A FUNDAO BIBLIOTECA NACIONAL

  • Prembulo

    Nenhuma dessas novas tcnicas de informao e de comunicao realmente adversria do livro. A internet concorreria, em princpio, com as bibliotecas, tal o seu poder de armazenamento e de oferta cultural. Mas, assim como o livro, biblioteca uma forma elstica, capaz de incorporar tecnologia sem alterar o seu escopo, que o de realimentao continuada do conhecimento imprescindvel construo da comunidade nacional. Neste manual que agora se reedita, permanecem intactos os princpios e as diretrizes da biblioteca pblica.

    Muniz Sodr PRESIDENTE DA FUNDAO BIBLIOTECA NACIONAL

  • Prefcio

    A implementao das polticas pblicas e culturais do Ministrio da Cultura, tem sido significativa e disponibilizada pela apresentao de Programas e Projetos voltados para o acesso informao, capazes de impulsionar o desenvolvimento cultural, educacional, social e econmico do cidado brasileiro e sobretudo, promover a incluso social.

    Dentro destas polticas est a meta do governo federal, de zerar os municpios sem bibliotecas pblicas e de modernizar as j existentes, para tanto, est sendo realizado um elevado investimento de verbas pblicas para atender as aes do Programa Livro Aberto e o Programa Mais Cultura, ambos do MinC e, desenvolvidos no Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas da Fundao Biblioteca Nacional.

    Desta forma, os programas do governo demonstram um reconhecimento contri-buio social da Biblioteca Pblica, de local pblico aberto a transmisso do conhe-cimento, oferecendo oportunidades para o cidado que vm de encontro ao que registrado no Manifesto da Unesco:

    "A biblioteca pblica o centro local de informao, tornando prontamente aces-sveis aos seus utilizadores o conhecimento e a informao de todos os gneros. Os servios da biblioteca pblica devem ser oferecidos com base na igualdade de acesso para todos, sem distino de idade, raa, sexo, religio, nacionalidade, ln-gua ou condio social. Servios e materiais especficos devem ser postos dis-posio dos utilizadores que, por qualquer razo, no possam usar os servios e os materiais correntes, como por exemplo minorias lingusticas, pessoas defi-cientes, hospitalizadas ou reclusas. Todos os grupos etrios devem encontrar documentos adequados s suas necessidades. As coleces e servios devem in-cluir todos os tipos de suporte e tecnologias modernas apropriados assim como fundos tradicionais. essencial que sejam de elevada qualidade e adequadas s necessidades e condies locais. As coleces devem reflectir as tendncias actuais e a evoluo da sociedade, bem como a memria da humanidade e o produto da sua imaginao. As coleces e os servios devem ser isentos de qualquer forma de censura ideolgica, poltica ou religiosa e de presses comerciais." (http://archive.ifla.org/VII/s8/unesco/port.htm. Disponvel em: 01.09.2009)

  • A Biblioteca Pblica leva ao indivduo o direito informao, cultura e leitura e consequentemente ao seu desenvolvimento como ser humano, tendo a oportunidade de saber ocupar com conscincia, o seu espao na sociedade.

    preciso, todavia, ter em mente que tanto a bibliografia especializada como a experincia apontam para a necessidade urgente do aprimoramento e atualizao constante dos profissionais que atuam nas Bibliotecas Pblicas a fim de que os servi-os e produtos disponibilizados aos usurios cheguem com qualidade e em tempo hbil para atender as suas necessidades de informao e propiciar que as metas de desenvolvimento do indivduo e da comunidade sejam alcanados.

    Ilce G. M. Cavalcanti COORDENADORA GERAL DO S N B P / F B N

  • Nota Explicativa

    A presente publicao no tem a pretenso de esgotar todas as questes que envolvem a biblioteca pblica; outros trabalhos com ela relacionados devero ser escritos, sabendo-se de antemo que muito ainda ter que ser feito, posto que mais que um dever, pro-piciar a educao e o acesso informao uma obrigao inalienvel do Estado. O tempo urge, e o que j se fez muito pouco diante do muito que resta ainda por fazer.

    Este manual, que ora lanado pela Biblioteca Nacional, vem na sequncia de verses anteriores: a primeira, de 1995, editada pela Biblioteca Nacional, procurou atender aos apelos feitos durante o IV Encontro do Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas, em 1994. Trabalho de bibliotecrios dedicados misso de gerir, organizar e difundir a informao e o acesso aos bens culturais em todos os recantos de nosso pas, o manual, em primeira verso, contou com a contribuio de todos os partici-pantes daquele Encontro Nacional, em especial, das bibliotecrias Sandra Mendona e Clia Domingues, do Rio de Janeiro; Gleyde Costa Victor, de Pernambuco; Rosa Maria de Sousa Lanna, de Minas Gerais, e Mira Helena Beer Maia, de Santa Catarina. Uma segunda verso, com algumas modificaes, foi publicada em Porto Alegre, em edio limitada, com patrocnio obtido pela Associao Rio-Grandense de Bibliotec-rios e a terceira, embora com outra perspectiva, utilizou material tcnico das verses anteriores, mas foi sensivelmente atualizada, reescrita e ampliada com a incluso de novos captulos, que se espera, sirvam de orientao para a utilizao de tcnicas de preservao e uso de novas tecnologias.

    A obra atual, que conta com o Patrocnio da Petrobrs, Projeto "Curso de Aper-feioamento e Multiplicador dos Profissionais que atuam nas Bibliotecas Pblicas do Pas", contm alguns acrscimos e atualizaes e vem atender as solicitaes dos novos dirigentes das Bibliotecas Pblicas e profissionais da rea, tendo em vista que as edies anteriores esto esgotadas.

    Cabe um agradecimento a todos aqueles que colaboraram para a elaborao deste manual, em todas as suas verses.

    Sandra Maria de Mendona Domingues COORDENADORA DE APOIO AOS SISTEMAS ESTADUAIS DE BIBLIOTECAS PBLICAS

    SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PBLICAS

  • Recursos humanos 44 Qualificao, aperfeioamento e educao continuada 46 Voluntrios 46

    AVALIANDO RESULTADOS 47 Estatsticas dos servios 47

    Estatstica de frequncia 48 Estatstica do movimento dirio de publicaes 49 Relatrio anual 50

    CAPTULO 3 > Um prdio funcional 51 PRINCPIOS GERAIS 51 RECOMENDAES TCNICAS 52

    Parte eltrica, comunicao e iluminao 52 Acstica 53 Previso de carga dos pavimentos 53 Controle de temperatura e umidade 53 Defesa contra sinistros 54

    REAS ESPECFICAS DO PRDIO 55 CAPACIDADE E DIMENSIONAMENTO 57

    Capacidade das estantes 58 Nmero de lugares 59

    MVEIS E EQUIPAMENTOS 60

    CAPTULO 4 > Formao do acervo 63 CRITRIOS BSICOS PARA A COMPOSIO DO ACERVO 63 TIPOS DE MATERIAIS 65

    SUGESTES DE MATERIAIS DOCUMENTAIS E BIBLIOGRFICOS 65 Obras de referncia 65 Peridicos 66 Folhetos 66 Arquivo de recortes 67 Estampas 67 Material audiovisual. Multimeios 67 Publicaes eletrnicas. Multimdia 68 Objetos reais 68 Outros materiais 68

  • SELEO DO ACERVO 69 AQUISIO 69

    Compra 69 Doao 70 Permuta 70 Novas aquisies 71

    AVALIAO PERMANENTE 71 Critrios para qualificao de obras raras 71 Descarte ou baixa 72 Crescimento da coleo 73

    CAPTULO 5 > Tratamento tcnico do acervo 75 REGISTRO DE OBRAS 75

    Como registrar livros e folhetos 75 Como registrar peridicos 77 Outros materiais 79

    INVENTARIO 79 Acervo total 79 Carimbos 80

    VIABILIZANDO O ACESSO INFORMAO 80 A organizao do acervo 80 Processamento tcnico 81

    Classificao 81 Catalogao 83 Definio dos elementos 88

    Catlogos 89 Tipos de catlogos 90

    Ordenao fsica do acervo 92 Livros 93 Peridicos 95 Material audiovisual/Multimeios 95

    EMPRSTIMO DOMICILIAR 96 Consideraes gerais 96 Preparo do livro para emprstimo 96 Inscrio do leitor 99 Rotina para o emprstimo e devoluo de obras 101

  • CAPTULO 6 > A biblioteca como centro de informao e leitura da comunidade 103

    SERVIOS 103 Servio de referncia e informao 103 Programa de formao e orientao de usurios 104 Servio de emprstimo domiciliar 105 Servio de ouvidoria 105 Servio de memria local 105 Servios especiais 105 Servios de extenso 108 Servio de informao comunidade (SIC) 109

    Metodologia de implantao 110 Servios de ao cultural 111

    O agente cultural 112 Atividades culturais 113

    Apresentao de peas teatrais ou encenao 113 Apresentao de artistas e grupos de artistas locais 113 Clubes de leitura 113 Concursos 113 Exposies 114 Hora do conto 114 Teatro de fantoches 115

    CAPTULO 7 > Preservao e conservao do acervo 117 Principais agentes de deteriorao de acervos documentais 118 Procedimentos em caso de desastres 120 Acondicionamento para preservao 120 Tratamento de documentos fotogrficos 121

    CAPTULO 8 > Informatizao 125 Processo decisrio 125 reas de trabalho especializadas 126

    Seleo e aquisio de obras 126 Processamento tcnico 126 Circulao e emprstimo 127 Armazenamento 127 Consulta aos catlogos 127

  • Acesso e disseminao de informaes 127 Aplicao na rea de preservao 128

    Escolha de equipamentos 128 Programas 130 Participao em redes e consrcios 131

    ANEXOS 133

    ANEXO 1 Endereos dos Sistemas Estaduais de Bibliotecas Pblicas 133

    ANEXO 2 Modelos de Projetos de Integrao Biblioteca/Comunidade a serem adaptados situao local 135

    ANEXO 3 Formulrio de Pesquisa para conhecimento da comunidade 136

    ANEXO 4 Questionrio Padro para entrevista pessoal 140

    ANEXO 5 Modelo de Lei de Criao de Biblioteca Pblica 142

    ANEXO 6 Modelo de Regulamento da Biblioteca 143

    ANEXO 7 Modelo de Estatuto da Sociedade de Amigos da Biblioteca Pblica 144

    ANEXO 8 Atribuies do Tcnico em Biblioteconomia 150

    ANEXO 9 Escolas de Biblioteconomia 151

    ANEXO 10 Mveis e Equipamentos (Listagens no exaustivas) 153 ANEXO 11 Materiais de uma Biblioteca Pblica (Listagens no exaustivas) 161 ANEXO 12 Circuito da Obra na Biblioteca 162

    ANEXO 13 Partes do Livro 163

    ANEXO 14 Classificao decimal de Dewey 165

    ANEXO 15 Alfabetao 167

    ANEXO 16 Calendrio Cultural 168

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 171

  • A biblioteca pblica

    A informao, desde os primrdios da civilizao, a matria prima do processo de desenvolvimento do homem e das naes. Hoje, mais do que nunca, a capacidade de obter informao e gerar conhecimento fator fundamental na sociedade con-tempornea, onde informao poder. No entanto, cada vez mais crescem as dife-renas sociais e econmicas entre os que possuem informao e aqueles que esto destitudos do acesso a ela. Dentro deste contexto, cabe biblioteca pblica atuar, como instituio democrtica por excelncia, e contribuir para que esta situao no se acentue ainda mais e que a oportunidade seja oferecida a todos. Assim, a biblio-teca pblica deve assumir o papel de centro de informao e leitura da comunidade com esse objetivo.

    As bibliotecas, em geral, so classificadas de acordo com as funes que desempe-nham, o tipo de leitor para o qual direcionam seus servios e o nvel de especializao de seu acervo. So identificadas como bibliotecas nacionais, universitrias, pblicas, escolares, especiais e especializadas. Como, por exemplo, uma biblioteca universitria tem como funo apoiar o desenvolvimento das atividades acadmicas, e seus servios visam atender aos alunos, professores e funcionrios das universidades, sendo sua coleo voltada para o ensino e a pesquisa.

    A biblioteca , pois, uma instituio que agrupa e proporciona o acesso aos regis-tros do conhecimento e das ideias do ser humano atravs de suas expresses criado-ras. Como registros entende-se todo tipo de material em suporte papel, digital, tico ou eletrnico (vdeos, fitas cassetes, CD-ROMs etc.) que, organizados de modo a serem identificados e utilizados, compem seu acervo. Sem fins lucrativos, objetiva atender comunidade em sua totalidade.

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  • A biblioteca pblica o espao privilegiado do desenvolvimento das prticas lei-toras, e atravs do encontro do leitor com o livro forma-se o leitor crtico e contribui-se para o florescimento da cidadania.

    Evoluo do conceito O conceito de biblioteca pblica baseia-se na igualdade de acesso para todos, sem res-trio de idade, raa, sexo, status social etc. e na disponibilizao comunidade de todo tipo de conhecimento. Deve oferecer todos os gneros de obras que sejam do in-teresse da comunidade a que pertence, bem como literatura em geral, alm de infor-maes bsicas sobre a organizao do governo, servios pblicos em geral e publicaes oficiais. A biblioteca pblica um elo entre a necessidade de informao de um membro da comunidade e o recurso informacional que nela se encontra orga-nizado e sua disposio. Alm disso, uma biblioteca pblica deve constituir-se em um ambiente realmente pblico, de convivncia agradvel, onde as pessoas possam se en-contrar para conversar, trocar ideias, discutir problemas, auto instruir-se e participar de atividades culturais e de lazer.

    Assim, as bibliotecas pblicas caracterizam-se por: 1) destinar-se a toda coletividade, ao contrrio de outras que tm funes mais especficas; 2) possuir todo tipo de material (sem restries de assuntos ou de materiais); 3) ser subvencionada pelo poder pblico (fe-deral, estadual ou municipal). Ela difere da biblioteca comunitria/popular, que surge da comunidade e por ela gerida, sendo o atendimento feito, geralmente, por voluntrios.

    Novos parmetros Frente ao conceito de biblioteca pblica enunciado no Manifesto da UNESCO, torna-se evidente o papel da biblioteca pblica no Brasil de hoje - como a mais democr-tica instituio de carter cultural e educacional a qual, sem dvida alguma, tem a vocao nata para exercer um papel social de grande relevncia na insero da socie-dade brasileira na sociedade da informao.

    "A biblioteca pblica o centro local de informao, disponibilizando prontamente para os usurios todo tipo de conhecimento. Os servios fornecidos pela biblioteca pblica baseiam-se na igualdade de acesso para todos, independentemente de idade, raa, sexo, religio, nacionalidade, lngua, status social."'

    Espera-se que desempenhe com eficcia sua funo social de centro de leitura e informao, cabendo ressaltar que, ao cumprir este papel, a biblioteca pblica estar,

    1. PERIDICO DO SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PBLICAS. Biblioteca pblica: Unesco, Manifesto, 1994. Rio de Janeiro: Fundao Biblioteca Nacional, v. 1, n. 1, ago. 1995. Encarte especial.

    1 8

  • certamente, atuando nas comunidades de forma a minimizar, um dos mais graves problemas desta nova Sociedade, que o "...risco de aprofundar a desigualdade interna de cada nao, entre ricos e pobres de informao, uma vez que a economia da informao regida pelos mesmos fatores estruturais e geopolticos do sistema produtor de riquezas."2

    "O fim do sculo est trazendo tona uma nova reorganizao dos modos de produo e negcios e, consequentemente, da economia, da sociedade e da poltica. Esta mudana profunda toma por base as ideias, a informao, o co-nhecimento, a busca da eficincia e o inevitvel risco que todas as instituies tm de enfrentar para garantir seu espao e nele avanar. A globalizao ine-xorvel que estamos sofrendo tem como principal componente tecnolgico e in-dustrial a computao, a informao e a comunicao, e, no caso de pases da complexidade e dimenso do Brasil, preciso ao muito rpida e eficiente para que no apenas soframos este processo. Deste modo, importante a formula-o de uma estratgia de governo para conceber e estimular a insero ade-quada da sociedade brasileira na sociedade da informao"3

    Podem-se destacar, tambm, algumas funes face s mudanas decorrentes da ab-soro de novas tecnologias na rea da informao e que se refletem em nosso cotidiano:

    agente essencial na promoo e salvaguarda da democracia, atravs do livre acesso a todo tipo de informao proporcionando, desta forma, matria de reflexo para a gerao do verdadeiro conhecimento;

    instituio de apoio educao e formao do cidado em todos os nveis, atravs da promoo e incentivo leitura e formao do leitor crtico e seletivo capaz de usar a informao como instrumento de crescimento pessoal e transformao social;

    centro local de tecnologias da informao, atravs do acesso s novas tecnologias da informao e da comunicao, familiarizando os cidados com o seu uso;

    instituio cultural.atravs da promoo do acesso cultura e do fortalecimento da identidade cultural da comunidade local e nacional

    Histrico Criada na Inglaterra como consequncia da Revoluo Industrial, no final do sculo XIX, at a poca atual, a biblioteca pblica passou por profundas mudanas em seu conceito. Destacam-se como marcos dessas mudanas os seguintes fatos:

    2. SOCIEDADE da Informao: cincia e tecnologia para a construo da sociedade da informao no Brasil. [Braslia]: IBICT; So Paulo: Instituto UNIEMP, 1998.164 p. 3. Ibidem, p. 27

    19

  • Revoluo Industrial: o conceito inicial era vinculado classe trabalhadora e s funes educativas e moralizantes;

    crise econmica dos anos trinta e a Segunda Guerra Mundial: a imagem da bi-blioteca pblica incorpora o conceito de atuar como instrumento para a paz e a democracia e identifica-se com a classe mdia e a populao estudantil, cada vez mais numerosas;

    publicao pela UNESCO, em 1949, da Ia verso do Manifesto da Biblioteca P-blica: destacando sua funo em relao ao ensino e caracterizando-a como cen-tro de educao popular;

    dcada de 1950: incio de questionamentos crescentes por parte da classe biblio-tecria, principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra, sobre o papel da bi-blioteca pblica e sua permanente identificao com os valores da classe mdia e a cultura de elite;

    dcadas de 1960 e 1970: os movimentos culturais contestatrios desencadeiam novos questionamentos sobre o papel da biblioteca pblica. Procura-se uma nova funo - voltada para as classes mais desfavorecidas da sociedade - de carter mais social;

    publicao pela UNESCO, em 1972, da 2 a verso do Manifesto da Biblioteca Pblica: sintetizando como suas funes educao, cultura, lazer e informao;

    dcada de 1980: informao e comunicao so vinculadas ao desenvolvimento das sociedades. Inicia-se o uso generalizado dos computadores e das novas tecno-logias de comunicao nas bibliotecas, desencadeando o aparecimento das redes de bibliotecas, o que se reflete em suas funes e conceito;

    dcada de 1990: sociedade da informao/conhecimento, a revoluo digital afeta o trabalho e a vida cotidiana. Necessidade dos indivduos e das sociedades de adap-tarem-se s rpidas e crescentes mudanas.

    publicao pela UNESCO, em 1994, da 3a verso do Manifesto da Biblioteca P-blica: seu texto enfatiza o compromisso da biblioteca pblica com a democratiza-o do acesso s novas tecnologias de informao.

    A evoluo do seu conceito pode ser traada atravs dos diversos Manifestos da UNESCO publicados ao longo dos anos. A UNESCO publicou pela primeira vez o Manifesto da Biblioteca Pblica, em 1949. Como resultado da publicao do Manifesto, houve, em vrias partes do mundo, um grande movimento para o seu desenvolvimento.

    A segunda verso, publicada em 1972, teve grande repercusso na Amrica Latina e lanava como grandes atribuies da biblioteca pblica: educao, cultura, lazer e in-formao. Aps sua publicao, vrias conferncias foram realizadas na Amrica Latina,

    2 0

  • sendo que a de 1982, em Caracas, endossando o Manifesto, prope algumas aes espe-cficas para a regio:

    propiciar o livre acesso informao; estimular a participao da populao na vida nacional e na vida democrtica; promover a difuso e a proteo das culturas nacionais, autnomas e de minorias,

    tendo em vista a formao da identidade nacional, como tambm o conhecimento e o respeito s outras culturas;

    formar o leitor crtico e seletivo; ser um instrumento de educao formal e no formal; ser o centro de comunicao e informao da comunidade.

    A funo da biblioteca em relao comunidade, informao e cultura foi sempre objeto de ateno dos participantes de reunies de bibliotecrios atuantes na rea.

    Em reunies latino-americanas posteriores surgiram outras propostas, tais como a que se refere preocupao com a vida das populaes menos favorecidas nas reas rurais e nas periferias das grandes cidades e atuao da biblioteca como centro de de-senvolvimento cultural da comunidade.

    Por sua vez, a Federao Brasileira de Associaes de Bibliotecrios, FEBAB, na sua Declarao de Princpios da Biblioteca Pblica Brasileira4, sugere que a biblioteca atue como centro de memria social e centro de disseminao da propriedade cultural da comunidade. Assim, face s mudanas ocorridas na sociedade no decorrer de 30 anos, desde o aparecimento da 2a verso, a UNESCO decidiu atualizar seus conceitos e, em 1994, durante a reunio do "PGI Council Meeting" da UNESCO, realizada em Paris, aprovou a ltima verso do Manifesto.

    Essa verso ressalta como bsicas as misses da biblioteca que se relacionam com a informao, alfabetizao, educao e cultura, e as descreve em doze itens. Essas doze misses incorporam algumas aes propostas pelas reunies da Amrica Latina e Ca-ribe, como as relativas herana cultural, ao apoio tradio oral, ao acesso infor-mao comunitria e ao apoio educao em todos os seus nveis.

    Incorporando as novas tecnologias em seu texto, a UNESCO, prope como misso: facilitar o desenvolvimento da informao e da habilidade no uso de computador. Pro-pe, ainda, a formao de redes nacionais de bibliotecas, obedecendo a padronizao de normas de servios e criando o relacionamento destas redes entre si e com as outras bi-bliotecas do pas, independentemente do tipo de biblioteca.

    4. MACEDO, Neusa Dias de. Das diretrizes para bibliotecas "Declarao de Princpios da Biblioteca Pblica Brasileira": comunicao. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentao. So Paulo, v. 25, n.3/4, p.69-78, jul./dez. 1992.

    21

  • O Manifesto da UNESCO sobre a Biblioteca Pblica deve servir como fonte de re-flexo sobre seu papel e suas funes no mundo globalizado, mas cabe aos dirigentes de bibliotecas priorizar o desenvolvimento de suas funes de acordo com a realidade local e, at mesmo, identificar novas funes dentro de suas comunidades.

    Como a leitura do Manifesto bsica para a ao de qualquer biblioteca em qual-quer parte do mundo, a Biblioteca Nacional efetuou sua traduo para o portugus para o V Encontro do Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas (Salvador, BA - 1995). O Manifesto foi lanado, em portugus, oficialmente, em forma de cartaz, na reunio Regional da IFLA/LAC: Manifesto da UNESCO sobre Bibliotecas Pblicas, Salvador, Bahia, maro de 1998, e distribudo para todo o Pas.

    O texto do Manifesto transcrito a seguir.

    UNESCO Biblioteca Pblica. Manifesto 1994

    Durante o "PGI Council Meeting da UNESCO, ocorrido em Paris em 29/11/94, o conselho aceitou e aprovou o Manifesto da Biblioteca Pblica preparado sob os auspcios da seo de Bibliotecas Pblicas da IFLA.

    Liberdade, prosperidade e desenvolvimento da sociedade e dos indivduos so valores humanos fundamentais. Eles sero alcanados somente atravs da capa-cidade de cidados, bem informados, para exercerem seus direitos democrticos, e terem papel ativo na sociedade.

    Participao construtiva e desenvolvimento da democracia dependem tanto de educao adequada, como do livre e irrestrito acesso ao conhecimento, pen-samento, cultura e informao.

    A biblioteca pblica, porta de entrada para o conhecimento, proporciona condies bsicas para a aprendizagem permanente, autonomia de deciso e desenvolvimento cultural dos indivduos e grupos sociais.

    Este Manifesto proclama a crena da UNESCO na biblioteca pblica como fora viva para a educao, cultura e informao, e como agente essencial para a promoo da paz e bem estar espiritual da humanidade.

    Em decorrncia, a UNESCO estimula governos nacionais e locais a apoiar e comprometerem-se ativamente no desenvolvimento das bibliotecas pblicas.

    2 2

  • A Biblioteca Pblica A biblioteca pblica o centro local de informao, disponibilizando pronta-mente para os usurios todo tipo de conhecimento.

    Os servios fornecidos pela biblioteca pblica baseiam-se na igualdade de acesso para todos, independente de idade, raa, sexo, religio, nacionalidade, lngua ou status social. Servios e materiais especficos devem ser fornecidos para usurios inaptos, por alguma razo, a usar os servios e materiais regulares, por exemplo, mi-norias lingusticas, pessoas deficientes ou pessoas em hospitais ou prises.

    Todas as faixas etrias devem encontrar material adequado s suas necessidades. Colees e servios devem incluir todos os tipos de suporte apropriados e tecno-logia moderna bem como materiais convencionais. Alta qualidade e adequao s necessidades e condies locais so fundamentais. O acervo deve refletir as ten-dncias atuais e a evoluo da sociedade, assim como a memria das conquistas e imaginao da humanidade. Colees e servios no podem ser objeto de nenhuma forma de censura ideolgica, poltica ou religiosa, nem de presses comerciais.

    Misses da Biblioteca Pblica As seguintes misses bsicas relacionadas informao, alfabetizao, educao e cultura devem estar na essncia dos servios da biblioteca pblica: 1. Criar e fortalecer hbitos de leitura nas crianas desde a mais tenra idade; 2. Apoiar tanto a educao individual e autodidata como a educao formal em todos os nveis; 3. Proporcionar oportunidades para o desenvolvimento criativo pessoal; 4. Estimular a imaginao e criatividade da criana e dos jovens; 5. Promover o conhecimento da herana cultural, apreciao das artes, realiza-es e inovaes cientficas; 6. Propiciar acesso s expresses culturais das artes em geral; 7. Fomentar o dilogo intercultural e favorecer a diversidade cultural; 8. Apoiar a tradio oral; 9. Garantir acesso aos cidados a todo tipo de informao comunitria; 10. Proporcionar servios de informao adequados a empresas locais, asso-ciaes e grupos de interesse; 11. Facilitar o desenvolvimento da informao e da habilidade no uso do computador; 12. Apoiar e participar de atividades e programas de alfabetizao para todos os grupos de idade e implantar tais atividades se necessrio.

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  • Recursos, Legislao e Redes A biblioteca pblica deve por princpio ser gratuita.

    A biblioteca pblica de responsabilidade das autoridades locais e nacionais. Deve ser apoiada por uma legislao especfica e financiada pelo governo nacional e local. Deve ser componente essencial de uma estratgia a longo prazo para cultura, infor-mao, alfabetizao e educao.

    Para assegurar a coordenao e cooperao das bibliotecas por todo o pas, a legisla-o e planos estratgicos devem tambm definir e promover uma rede nacional de bi-bliotecas baseada em normas de servio.

    A rede de bibliotecas pblicas deve ser concebida tendo em vista sua relao com as bibliotecas nacionais, regionais, especializadas tanto quanto, as bibliotecas escola-res e universitrias.

    Operao e Administrao Deve ser formulada uma poltica clara definindo objetivos, prioridades e servios re-lacionados com as necessidades da comunidade local. A biblioteca pblica deve ser efetivamente organizada e respeitar padres profissionais de operao.

    Deve ser assegurada a cooperao com parceiros adequados, por exemplo grupos de usurios e outros profissionais, em mbito municipal, regional, nacional e internacional.

    Os servios devem ser fisicamente acessveis a todos os membros da comunidade. Isto requer que o prdio da biblioteca esteja bem localizado, com instalaes corretas para leitura e estudo, assim como tecnologias adequadas e horrio de funcionamento conveniente aos usurios. Isto implica tambm na extenso dos servios aos usurios impossibilitados de frequentar a biblioteca.

    Os servios da biblioteca devem ser adaptados s diferentes necessidades das co-munidades em reas rurais e urbanas.

    O bibliotecrio um intermedirio ativo entre usurios e recursos. A educao pro-fissional e contnua do bibliotecrio indispensvel para assegurar servios adequados.

    Programas de extenso e educao do usurio devem ser promovidos visando ajud-lo a beneficiar-se de todos os recursos disponveis.

    Implantao do Manifesto Os administradores em mbito nacional e regional e o universo da comunidade biblio-tecria, em nvel mundial, esto desta forma convocados a implantar os princpios ex-pressos neste Manifesto.

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  • No Brasil A primeira biblioteca pblica brasileira foi criada em 1811, na cidade de Salvador, Bahia. A anlise dos documentos de criao desta biblioteca demonstram a preocu-pao com a funo de apoio educao.

    Hoje, no Brasil, o apoio educao ainda uma das prioridades da ao da bi-blioteca pblica, no somente em relao educao formal, mas principalmente, no processo de educao continuada.

    Para exercer essa funo necessrio que a biblioteca trabalhe em parceria com outras entidades da comunidade, buscando desta forma conjugar esforos para erradicar o anal-fabetismo e promover a insero social dos indivduos atravs da leitura. A educao e a promoo da leitura no podem ser confiadas totalmente escola e famlia, especialmente quando dirigidas s faixas sociais menos favorecidas da populao.

    Apesar do forte papel assumido pelos modernos meios de comunicao de massa, na sociedade brasileira contempornea, a leitura condio essencial para que o indivduo tenha acesso informao. A leitura - considerada no apenas como a decodificao de signos grficos, mas a capacidade de percepo crtica e inter-pretativa da informao - instrumento essencial para transformar a informao em conhecimento.

    O novo conceito de biblioteca pblica deve ser implementado, promovendo am-plamente as facilidades oferecidas pelas novas tecnologias da informao (registros eletrnicos, comunicao e transferncia de arquivos) e disponibilizando esses mo-dernos meios de comunicao e informao, atravs do treinamento e orientao dos usurios para o seu uso cotidiano. A biblioteca pblica deve, ainda, atuar como um centro de informao de cultura popular promovendo a melhor integrao comuni-dade/biblioteca, visando a coleta, preservao e disseminao da documentao re-presentativa dos valores culturais que expressam as razes, jeito de ser e identidade de nosso povo.

    Existem, atualmente, no pas 5187 bibliotecas pblicas (2009), na sua maioria di-rigidas por leigos. Dentro deste contexto, faz-se necessrio, em paralelo criao de bibliotecas no Pas, um forte investimento na formao de recursos humanos pos-sibilitando a atuao das bibliotecas pblicas como agentes de desenvolvimento das comunidades locais.

    Programas de aes e apoio a bibliotecas pblicas Os programas do Ministrio da Cultura (MinC), atravs do Programa Livro Aberto e do Programa Mais Cultura tem fomentado a ampliao do nmero de bibliotecas pblicas no Pas, tendo como objetivo que em cada municpio brasileiro exista ao menos uma biblioteca pblica.

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  • Algumas experincias dos estados tm comprovado a eficcia do engajamento e participao da comunidade junto com os governos estaduais e municipais, e a cola-borao com rgos do Governo Federal, na implantao, desenvolvimento e criao de redes de bibliotecas.

    Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas No mbito nacional, toda biblioteca pblica deve estar registrada no Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas (SNBP), institudo na Fundao Biblioteca Nacional (FBN) pelo Decreto Presidencial nu 520 de 13 de maio de 1992, que tem como objetivo principal o fortalecimento das bibliotecas pblicas no Pas.

    O Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas da Fundao Biblioteca Nacional (FBN) tem uma unidade coordenadora nacional cuja funo coordenar e promover aes articuladas junto aos Sistemas Estaduais de Bibliotecas Pblicas, potencializando a atuao destes segmentos em mbito estadual e viabilizando, desta forma, a inte-grao e interao das bibliotecas pblicas brasileiras.

    O Sistema Nacional tem como segmentos: a coordenadoria nacional, os sistemas es-taduais e as bibliotecas pblicas estaduais e municipais. Os Sistemas Estaduais funcio-nam em cada estado da federao, encabeados, geralmente, pelas bibliotecas pblicas estaduais, que passam, por sua vez, a articular-se com as bibliotecas pblicas municipais.

    Para integrar-se ao Sistema Nacional, as bibliotecas pblicas devem procurar o sistema de bibliotecas de seu estado e efetuar seu cadastramento (ver Anexo 1 - Ende-reos dos Sistemas Estaduais de Bibliotecas Pblicas). Uma vez cadastrada, a biblio-teca passar a usufruir dos programas desenvolvidos pelo Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas, em mbito nacional e estadual.

    O Sistema Nacional desenvolve um Programa de Treinamento de Recursos Huma-nos para Bibliotecas Pblicas, do qual faz parte esta publicao. Edita, distribui e divulga livros, manuais, material informativo e de divulgao (cartazes, prospectos, folders etc.) para as bibliotecas pblicas, instituies e autoridades relevantes para o desen-volvimento das aes de fortalecimento das bibliotecas pblicas.

    A Fundao Biblioteca Nacional/Coordenadoria do Sistema Nacional de Biblio-tecas Pblicas tem priorizado dentro de suas aes a formao de recursos humanos objetivando melhorar a qualidade dos servios prestados pelas bibliotecas pblicas. Este programa visa qualificar os dirigentes de bibliotecas pblicas e os coordena-dores dos Sistemas Estaduais objetivando uma ao mais efetiva por parte desses ge-rentes, atualizando-os com as modernas tcnicas de administrao e informao aplicadas s bibliotecas. Para atingir estes objetivos tm sido realizados cursos e ela-boradas publicaes, em apoio ao treinamento aos bibliotecrios e auxiliares que trabalham em bibliotecas pblicas.

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  • Um dos objetivos principais do SNBP manter atualizado o Cadastro de Bibliote-cas Pblicas Brasileiras, integrantes do Sistema divulgando no site http:// HYPERLINK http://www.bn.br.

    As bibliotecas cadastradas podem solicitar diretamente e/ou atravs dos sistemas estaduais os servios e assessorias abaixo relacionados:

    Programa de treinamento de recursos humanos: realizao de cursos, palestras e publicaes de apoio formao de recursos humanos.

    Edio de cartazes, folders etc.: edio, distribuio e divulgao de material de apoio ao marketing institucional das bibliotecas pblicas e dos Sistemas Estaduais de Bibliotecas.

    Preservao de acervo: assessoria na instalao de laboratrios de restaurao, ofi-cinas de encadernao e setores de higienizao de acervo e treinamento de tcni-cos em preservao bibliogrfica e encadernao.

    Informao documental: servios a longa distncia, levantamento bibliogrfico, re-produo de material bibliogrfico, localizao de documentos em outras instituies.

    Intercmbio de publicaes. Receber e oferecer duplicatas e novas publicaes doa-das Fundao Biblioteca Nacional para distribuio.

    Plano Nacional de Recuperao de Obras Raras - Planor: assessoria para identifi-cao e processamento tcnico de acervo antigo (sc. XV a XVIII e XIX Brasil), trei-namento e visitas tcnicas.

    Plano Nacional de Microfilmagem. Assessoria na implantao de laboratrios e treinamento. Intercmbio de microfilmes de peridicos.

    Programa Nacional de Incentivo Leitura - PROLER: assessoramento permanente para desenvolvimento, em parceria, de programas e aes para a promoo da leitura.

    Consrcio Eletrnico de Bibliotecas: permite s bibliotecas pblicas cadastradas, atravs de estabelecimento de convnio especfico para este fim, compartilharem os recursos informacionais relativos ao acervo da Biblioteca Nacional - disponibi-lizados via Internet - possibilitando a estas bibliotecas enorme economia de re-cursos e agilizando a formao de bases locais atravs do download de registros da Biblioteca Nacional.

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  • Gesto da biblioteca pblica

    Os responsveis enfrentam enorme desafio ao se empenharem nas atividades de ges-to de sua bibliotecas. Os relatos de dificuldades e frustraes se fazem cada vez mais comuns. Frequentemente so vividas situaes em que a exiguidade de recursos locais impedem as bibliotecas de oferecerem servios com as qualidades possveis e desejveis.

    Tal paradoxo decorre, muitas vezes, de interpretaes equivocadas de documentos internacionais como, por exemplo, o "Manifesto da UNESCO" e outros documentos que divulgam conceitos e princpios referentes biblioteca pblica na sociedade atual.

    , pois, essencial, ao interpretar esses documentos, lembrar que eles visam estabe-lecer conceitos, princpios e valores de consenso internacional para a valorizao da biblioteca pblica. Foram elaborados com o objetivo de nortear polticas nacionais e di-vulgar conceitos e princpios gerais vigentes universalmente, num determinado mo-mento histrico da sociedade.

    No contexto local, ao gerenciar a biblioteca pblica, o responsvel pela biblioteca deve utiliz-los como subsdios para visualizar a ampla gama de servios e formas de atuao possveis e desejveis para a biblioteca pblica na sociedade contempornea e, dentro deste leque de possibilidades, selecionar as formas de atuao e servios que melhor atendem comunidade local.

    "Sem dvida, a biblioteca pblica latino-americana est convencida de que deve cum-prir mltiplas funes, interpretao demaggica do ideal de ser tudo para todos".5

    5. ALVAREZ ZAPATA, Didier. Productividad y misin de la biblioteca pblica latino-americana. Hojas de Lectura, na 51, p. 10, abr./jun. 1998.

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  • Esses documentos "tratam de servios gerais que pretendem abarcar toda a popula-o, uma vez que teoricamente a populao, como um todo, considerada usuria po-tencial da biblioteca. Isto propicia um estilo tradicional de planejamento, que consiste em desenvolver pouco a pouco os servios bibliotecrios em todas as direes".6

    Outro problema a falta de conhecimentos bsicos de modernas tcnicas de administrao e gerncia.

    O contexto atual da sociedade tem acarretado substanciais mudanas nas reas de gesto e administrao. Dentre elas cabe ressaltar o planejamento estratgico aliado ao marketing.

    Para fazer face ao papel social que a biblioteca pblica deve desempenhar na so-ciedade brasileira contempornea, necessrio utilizar conhecimentos, ainda que bsicos, destas ferramentas de gerenciamento.

    O planejamento estratgico caracteriza-se por basear-se na anlise do contexto onde a biblioteca est inserida, ou seja, anlise da comunidade e pelo estabelecimento de pla-nos com viso a longo prazo. Por outro lado, dentro desta metodologia, o planejamento, a longo prazo norteia os programas e projetos a curto e mdio prazos, visualizando opor-tunidades e riscos para sua implementao, bem como os pontos fortes e os pontos fra-cos da biblioteca. A aplicao de alguns conceitos bsicos de planejamento estratgico associados s estratgias de marketing possibilita ao responsvel - enquanto gerente -evitar a situao paradoxal, acima citada, que certamente o leva frustrao, pois ao tentar ser tudo para todos, a biblioteca deixa de atuar de forma eficaz na comunidade.

    A definio de projetos e servios baseados nas tcnicas de segmentao de mer-cado e o estabelecimento de prioridades na implementao destes projetos evitam que o responsvel pela biblioteca tente abarcar toda a gama de servios possveis de serem oferecidos hoje por uma biblioteca pblica. " sabido que as empresas no podem satisfazer todos os consumidores de um mercado - pelo menos no todos da mesma forma. H muitos tipos diferentes de desejos..."7

    Gesto e administrao so duas palavras que muitas vezes so usadas com o mesmo significado. No entanto, gesto mais abrangente, englobando tarefas como planeja-mento, organizao, direo e controle, enquanto que a administrao mais voltada para a produo de uma empresa, tendo significado mais restrito do que gesto.

    Administrao refere-se utilizao dos recursos para alcanar os objetivos da biblioteca. Estes objetivos devem ser definidos a partir da identificao e expectativas da populao em relao sua biblioteca pblica.

    6. DOMlNGUEZ SANJURJO, Maria Ramona. Nuevas formas de organizacin y servidos en la biblioteca pblica. Astrias: TREA, 1996. p.16. 7. KOTLER, Philip, ARMSTRONG, Gary. Princpios de marketing. 7. ed. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1995. p. 30

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  • Marketing em Bibliotecas Pblicas A biblioteca pblica ainda no faz parte da paisagem urbana como o fazem o correio, o banco, a igreja e o hospital. necessrio que ela se faa conhecer para atingir os usurios em potencial. Deve ter seus servios valorizados pelos que tomam deciso, pelos polticos e pelo pblico em geral.

    Suas atividades precisam tambm ser divulgadas para manter o interesse dos seus leitores habituais e eventuais, despertar o interesse de leitores em potencial e promo-ver seus servios, encorajando o uso e o apoio que a biblioteca necessita.

    A divulgao dos servios da biblioteca pblica j vem sendo feita, por muitos, h muito tempo, mas de uma maneira emprica ou intuitiva. Essa ao resulta mais da vontade pes-soal de expandir seu uso, do que da utilizao de tcnicas apropriadas de marketing.

    O marketing o trabalho de planejamento, implementao e controle das ativi-dades de uma organizao, visando estabelecer uma relao de troca com o consumi-dor de seu produto ou com o usurio de seu servio.

    Identificando o pblico-alvo Face ampla gama de usurios em potencial que, por princpio, a biblioteca pblica deve atender e a diversidade de servios e recursos desejveis de serem oferecidos hoje por esta instituio, a segmentao de mercado apresenta-se como instrumento es-sencial para identificar e dividir a populao em grupos, de acordo com suas afinida-des e, assim, planejar e implantar servios especiais com o objetivo de melhor atend-la.

    As aes da biblioteca devem ser agrupadas de acordo com as chamadas tcnicas de marketing: mudana de atitudes da biblioteca e da sua imagem; estudo de usurios e de suas expectativas e necessidades; adequao dos produtos que oferece ao seu usu-rio; controle e avaliao.

    So bem conhecidos em marketing, os 4Ps em ingls (product, price, place, pro-motion), que em portugus se tornam: produto (servios e programas), preo (custo do tempo do usurio), praa (bibliotecas ramais, carro biblioteca), e promoo (como nos comunicamos?, quem somos? ou seja, o que a biblioteca pblica, relaes p-blicas, publicidade).

    Todo trabalho voltado ao marketing necessita de um programa, como os exem-plificados, (ver Anexo 2 - Modelos de projetos que integraro biblioteca/comunidade a serem adaptados situao local).

    O por qu? Como? Quando? Com qu? Onde?, no podem ficar sem resposta. Que produtos e servios oferecer? Que novos servios? Quem atingir (definir os segmen-tos da populao): leitores ou leitores em potencial? donas de casa, analfabetos? Que tipo de mensagem vai ser usada? Que mdia? Quais os recursos financeiros? Qual o custo/benefcio?

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  • O marketing, pode ser utilizado para criar ou "vender" a prpria imagem da bi-blioteca, isto denominado marketing institucional. Consiste em uma srie de ativi-dades desenvolvidas com o objetivo de criar, manter ou modificar as atitudes e comportamento do pblico-alvo com relao biblioteca. Normalmente, as institui-es sem fins lucrativos, como as bibliotecas, os museus, as igrejas etc, tm no mar-keting institucional um poderoso instrumento para atrair patronos, buscar parcerias e atrair patrocnios para seus projetos.

    Atravs do marketing institucional possvel tornar a biblioteca pblica parte integrante da paisagem da comunidade.

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    Igreja Correio Escola

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    Banco

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    Figura 1 - A biblioteca como parte integrante da comunidade.

    A imagem da biblioteca Para formar e continuar a manter sua imagem, a biblioteca precisa marcar sua presena ou estar presente em todas as comemoraes da comunidade, at com barraquinha na festa junina ou na feira semanal.

    Uma atividade j aprovada a TARDE DE LAZER NA BIBLIOTECA caso a bi-blioteca precise de um mecanismo muito forte para atrair o cidado comum e criar uma imagem de que pode servir a todos (muitas pessoas pensam que ela lugar s de estudante). Este um mega evento com mltiplas atividades, numa tarde de prefe-rncia de fim de semana em perodo de frias escolares, contando com recursos da comunidade para:

    divulgao (jornais, rdio e TV locais); realizao e demonstrao de atividades artsticas, de artesanato ou de cultura po-

    pular com a participao de artistas locais que apresentam suas habilidades. Por exemplo, um marceneiro da comunidade, que ensina a fazer caixinhas de madeira;

    programao para pais e filhos (um pai ensina e todos fazem as pipas, com con-curso para escolher a mais bonita).

    Estas so algumas das atividades que podem ser programadas, mas sempre deve-se ter a preocupao de expor livros sobre as atividades desenvolvidas e estimular o emprstimo domiciliar e o uso da biblioteca. Com este evento, chama-se a ateno

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  • da comunidade e cria-se uma imagem de acessibilidade e simpatia em relao bi-blioteca, estimulando a continuidade de seu uso pelos participantes.

    Divulgao dos servios da biblioteca A imagem marcante da biblioteca na comunidade cria um ambiente favorvel para obter-se apoio dos meios de comunicao (jornais, rdio, TV) e espao para divulga-o dos servios da biblioteca e suas atividades culturais.

    A biblioteca, para sua publicidade e divulgao, precisa contar com outros parcei-ros, principalmente aqueles que tenham uma afinidade com seus objetivos ou sejam outros rgos da municipalidade, como por exemplo: uma papelaria pode oferecer cpias de folhetos; a livraria que fornece os livros para compra; uma grfica que preste servios ao municpio pode imprimir alguma publicao; o setor de arquitetura da prefeitura pode executar um desenho ou colocar setas indicativas do local da biblio-teca em ruas adjacentes.

    O trabalho de divulgao dos servios deve ser regular e constante, externo e in-terno. Os cartazes da biblioteca devem estar nos locais de maior circulao de pblico - supermercados, mercearias, estaes de trens, metr, clubes, escolas, igrejas etc.

    Internamente, a biblioteca deve dispor de cartazes de localizao dos espaos com indicaes tcnicas (funcionamento dos catlogos, servios existentes) e quadros de informaes e avisos diversos e de atividades da biblioteca (grficos sobre o movi-mento de consulta etc.)

    A atuao pessoal do responsvel pela biblioteca um fator imprescindvel para a divulgao da biblioteca.

    Relacionamento da biblioteca com o governo local Subordinada a uma fundao cultural, s secretarias de educao e cultura ou direta-mente ao gabinete do prefeito, a biblioteca depende do poder pblico para sua im-plantao e continuidade dos trabalhos. Assim sendo, essencial que o responsvel pela biblioteca tenha um timo relacionamento com a administrao local.

    Algumas estratgias podem ser adotadas para criar esse relacionamento. Atividades de carter excepcional - a palestra de um escritor de renome, uma grande exposio -devem ser apresentada ou inaugurada pelo prefeito ou autoridade da rea da cultura, incluindo a imprensa e convidados, usurios ou no. O relatrio anual deve ser en-viado para a prefeitura e para o presidente da cmara e o responsvel da biblioteca deve comparecer a solenidades oficiais etc.

    O responsvel deve esforar-se para que a biblioteca seja vista pelo governo como um servio comunitrio de importncia e procurar o apoio dos seus leitores mais fiis e de pessoas da comunidade.

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  • Relacionamento biblioteca/escola Os estudantes so os maiores usurios da biblioteca pblica, mesmo em pases onde existe um sistema eficiente de bibliotecas escolares. O estreitamento da relao da bi-blioteca/escola promove o mtuo conhecimento, tornando-se altamente produtiva para o desempenho das funes das duas instituies. A escola, ao conhecer melhor a biblioteca, certamente ir us-la de forma mais adequada e eficaz, trazendo benef-cios para o ensino/aprendizado e a educao dos estudantes. A biblioteca, por sua vez, ao conhecer as demandas e necessidades dos professores e alunos, poder oferecer me-lhores servios para esta importante parcela da comunidade. Com este objetivo deve-se divulgar a biblioteca junto s escolas, promovendo uma apresentao da biblioteca, seus servios, programao cultural e realizando visitas de estudantes acompanhados de seus professores.

    A integrao biblioteca/escola possibilita o desenvolvimento de um trabalho con-junto com os professores para uma melhor orientao da pesquisa escolar na biblio-teca pblica.

    Atravs da parceria biblioteca/escola podem ser promovidas atividades conjuntas tais como: a visita de um escritor biblioteca integrada s atividades pedaggicas das escolas, feiras de livro ou de cincias, encontros culturais, exposies etc.

    Publicaes As publicaes auxiliam a divulgao da biblioteca, promovem seus servios e fazem com que a biblioteca esteja presente diante dos seus leitores reais em potencial. Vrios so os tipos de publicaes de uma biblioteca, desde os mais simples, como marca-dores de livros, at um boletim peridico. Os mais comuns so:

    folhetos de divulgao da biblioteca ou de algum servio especfico, como por exemplo, carro-biblioteca;

    listas bibliogrficas sobre determinado assunto a serem enviadas a um pblico es-pecfico. Por exemplo, em comum acordo com as professoras, uma lista sobre um trabalho escolar, o material de que dispe a biblioteca para a dona de casa, para a me (sobre crianas, problemas com adolescentes);

    jornal infantojuvenil; cartazes a serem distribudos nos locais de maior afluncia de pblico; sacolas com dizeres sobre a biblioteca para os livros emprestados: os textos das sa-

    colas podem ser caracterizados como uma publicao.

    As publicaes podem integrar um projeto de marketing, contando com o apoio de empresas ou instituies locais, sendo que, usualmente, o apoio documentado pela logomarca da empresa na publicao.

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  • Planejamento

    - P ^ ;* e

    it? r&-

    onde pretendemos

    ir?

    onde estamos?

    O planejamento pode ser definido como um conjunto de tcnicas, mtodos e proce-dimentos que objetiva intervir de forma programada por meio de planos, programas e projetos.

    Plano - conjunto de informaes sistemicamente ordenadas que estabelecem os objetivos e polticas gerais referenciadoras de programas e/ou projetos.

    Programa - conjunto de informaes setorialmente organizadas que procuram operacionalizar os objetivos do plano por meio de projetos.

    Projeto - conjunto de informaes delimitadas no tempo, espao e recursos para a execuo de aes setoriais.

    Toda situao de planejamento traz em seu bojo uma insatisfao e um desejo de mudanas, ou seja a partir do conheci-mento de uma realidade atual (diagnstico da situao atual) objetiva-se empreender uma srie de processos para atingir uma si-tuao almejada no futuro.

    Na maioria das vezes, um plano com viso a longo prazo existe de maneira in-formal na "cabea" das altas gerncias das instituies e - refletem seus valores, ideais, atitudes polticas - no caso das bibliote-cas pblicas, pode-se chamar de altas gerncias os prefeitos e os secretrios de cultura.

    No entanto, altamente desejvel que seja estabelecido, formalmente um Plano de Desenvolvimento para a Biblioteca com uma viso a largo prazo - normalmente este prazo de 4 a 5 anos - onde esteja formalmente expressa a situao almejada no fu-turo. Isto permite um melhor acompanhamento e avaliao da execuo dos progra-mas e projetos, possibilitando maior eficincia na correo dos eventuais desvios e a retroalimentao do processo de planejamento, em mbito geral.

    Por outro lado, deixar formalmente re-gistrado o "desejo" e as expectativas que a comunidade tem em relao biblioteca,

    plano ^e c e r t a forma pode ser um instrumento \ % estratgico precioso para evitar a descontinuidade de

    trabalhos em pocas de mudanas de pre-feitos e/ou secretrios de cultura. impor-tante enfatizar que o envolvimento destas altas gerncias fundamental, portanto, sempre que acontecerem estas mudanas

    plano operacional

    m 35

  • governamentais, procure o prefeito e/ou o secretrio para que esta viso a largo prazo seja revista em conjunto com eles.

    importante que o plano de viso macro, ou seja a largo prazo, reflita os valores, ideais, atitudes polticas da nova administrao. possvel imprimir a "marca" desta nova administrao sem descontinuar programas e projetos que esto sendo bem su-cedidos em sua implementao. Sugira acrescentar algo aos programas e projetos em curso que reflita essa nova administrao, ou a criao de novos programas e proje-tos que imprimam a "marca" e vendam a imagem da nova administrao.

    Se possvel, estabelea, formalmente ao menos, a misso da biblioteca pblica em sua comunidade.

    A melhor maneira de implementar este Plano de Desenvolvimento para a Biblio-teca de forma participativa. Monte uma equipe onde estejam envolvidos represen-tantes dos segmentos mais representativos de sua comunidade. de extrema importncia o envolvimento das altas gerncias nesta fase do planejamento, ou seja, neste macro planejamento. Se existe uma Sociedade de Amigos da Biblioteca, certa-mente ela tambm dever ser envolvida.

    Alguns conceitos importantes: Misso - a misso estabelece a razo da existncia da biblioteca na comunidade.

    Esta deve ser definida de forma bastante abrangente de modo que seja vlida como ele-mento norteador de todo o processo de planejamento a longo prazo. Mais uma vez importante conhecer as necessidades de informao e expectativas da comunidade com relao biblioteca.

    Exemplo - A Misso da biblioteca pblica municipal pode ser assim estabelecida: assegurar comunidade, atravs da promoo do acesso amplo e democrtico in-formao, elementos para seu desenvolvimento econmico e social.

    Com base nesta misso sero estabelecidas as polticas, objetivos e funes a serem desenvolvidas pela biblioteca.

    Objetivos - entende-se como objetivo a situao que se deseja alcanar. Ao confi-gurarem uma situao futura, os objetivos indicam a orientao que a instituio pro-cura seguir e estabelecem linhas mestras para o desenvolvimento das atividades.

    Polticas - as polticas so princpios ou grupos de princpios de carter genrico e abrangente, que constituem balizamentos ao comportamento dos integrantes da instituio. Constituem guias para a tomada de decises e regras para a ao, contri-buindo para o alcance dos objetivos. Assim, as polticas fazem parte da estratgia geral da instituio.

    Funes - as funes de uma instituio constituem um complexo de obrigaes e responsabilidades exercidas atravs das aes ou atividades executadas pelas unida-des operacionais que a integram. Tais funes devem garantir a implementao das

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  • polticas dentro das quais se enquadram, de forma a permitir a consecuo dos obje-tivos da instituio.

    importante ressaltar que o planejamento um processo que no finda com a criao da biblioteca, a construo e/ou reforma do prdio ou a criao de um novo servio. A biblioteca pblica uma instituio dinmica e para tanto deve estabelecer como rotina de suas atividades o acompanhamento e avaliao dos resultados de seus programas e projetos com o objetivo de retroalimentar o processo de planejamento.

    Planejando um servio para a comunidade O profissional que recebe a incumbncia de organizar ou reorganizar uma biblioteca, ou seja, um prdio com uma coleo bibliogrfica e um conjunto de servios, deve empenhar-se, antes de tudo no processo de planejamento, estabelecimento dos obje-tivos a serem alcanados e das aes necessrias para atingi-los. Tendo em vista a si-tuao particular de cada biblioteca, este processo de planejamento pode desenvolver-se de diferentes formas, mas em qualquer circunstncia, o estudo da co-munidade o ponto de partida do planejamento.

    Quando o planejamento objetiva reorganizar uma biblioteca j existente, faz-se ne-cessrio efetuar um diagnstico da situao atual da biblioteca. Com base neste diag-nstico possvel avaliar suas instalaes, servios e nvel de satisfao de seus usurios.

    O diagnstico deve levantar informaes sobre: edifcio e suas instalaes; estrutura organizacional; funes; servios; recursos humanos; recursos econmicos.

    Estudo da comunidade O sucesso de uma biblioteca pblica pode ser medido pela resposta que oferece s ex-pectativas e demandas da comunidade, bem como pela sua habilidade em mobilizar apoio dos vrios grupos comunitrios para o desenvolvimento de suas funes. Seus servios e espao fsico devem ser planejados visando o desempenho dessas funes e o atendi-mento das expectativas da comunidade. Esta etapa do estudo da comunidade j um primeiro passo para a participao e identificao da comunidade com a biblioteca.

    Existem muitas definies do conceito de comunidade. Para efeito do planeja-mento aqui proposto, considera-se a comunidade um grupo organizado de pessoas que ocupam um determinado espao geogrfico e cujos membros esto em contnua relao entre si. Essas relaes so determinadas por interesses comuns de produo, tradio, cultura etc.

    A anlise da comunidade , sem dvida alguma, um dos pontos fundamentais do pro-cesso de planejamento. As formas de efetuar o estudo ou anlise da comunidade so am-plas e variadas. Assim, necessrio delimitar previamente os mtodos e instrumentos

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  • que sero utilizados, as informaes a serem obtidas e, consequentemente, os dados a serem coletados. Este procedimento evitar obter informaes desnecessrias, que no sero utilizadas no planejamento.

    importante levar em conta alguns problemas tpicos da sociedade contempor-nea e verificar como estes afetam a comunidade local como, por exemplo: globaliza-o, desemprego, expanso do nmero de trabalhadores e reduo de salrios, drogas e avanos tecnolgicos etc.

    Nesta fase de grande utilidade o estabelecimento de um roteiro das informaes relevantes para o conhecimento da comunidade local: sua origem e evoluo histrica, tendncias e ciclos de desenvolvimento, caractersticas demogrficas, econmicas, cul-turais e sociais. O modelo (Anexo 3 - Formulrio de pesquisa para conhecimento da comunidade) apresenta formulrio bsico de pesquisa e um questionrio a ser apli-cado, em entrevista por amostragem, para identificar caractersticas da populao.

    Basicamente essas informaes podem ser obtidas por coleta de forma indireta (informaes j coletadas e elaboradas por outras instituies) ou por coleta de forma direta (coletadas pela prpria biblioteca).

    Coleta de forma indireta Muitas das informaes necessrias anlise e estudo da comunidade j se encon-tram coletadas por outras instituies, ou rgos governamentais e muitas vezes dis-ponveis em publicaes impressas ou eletrnicas.

    Entre as publicaes e instituies que podem facilitar a coleta de informaes destacam-se:

    Publicaes: censos; boletins e publicaes estatsticas; listas telefnicas; listas amarelas etc.

    Instituies: representaes e delegacias locais dos governos federal e estadual (use tambm as

    informaes disponveis na Internet); sindicatos; associaes comerciais; IBGE; IBAM etc.

    Coleta de forma direta Os mtodos mais utilizados para efetuar esta coleta direta so pesquisas e entrevis-tas. No entanto, a observao direta de alguns aspectos da vida da comunidade tam-bm de grande valia para seu conhecimento. A observao direta possibilita conferir e avaliar melhor alguns dados e informaes obtidas de formas mais ortodoxas. Den-tre os fenmenos passveis de avaliao atravs da observao direta, pode-se exem-plificar: os dias e as horas de maior movimento nas ruas, hbitos culturais e de lazer,

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  • tradies locais. Cabe ressaltar que, ao fazer o estudo da comunidade, a coleta de in-formaes atravs da forma direta deve ser realizada aps a coleta de informaes de forma indireta. Desta maneira, evita-se incluir perguntas desnecessrias cujas res-postas se encontram nas fontes j existentes e permite concentrar-se em atualizar dados desatualizados ou pouco confiveis e obter novos dados.

    Apesar das caractersticas das comunidades serem muito variadas, pode-se definir alguns tipos de informao de importncia fundamental para estabelecer o seu perfil:

    dados gerais sobre a cidade-sede e/ ou municpio: localizao geogrfica, limites territoriais, extenso territorial, populao (dados do ltimo censo), identificao dos distritos e bairros, clima. Informaes atualizadas sobre instituies e em-presas governamentais sediadas no municpio, prefeitura e seus departamentos (organograma), Cmara dos Vereadores, lideranas polticas e, se possvel, dados biogrficos das lideranas locais. Incluir, tambm, os dados dos deputados eleitos pela regio;

    dados histricos: evoluo histrica da comunidade nos ltimos anos, desenvol-vimento econmico e social (principalmente tendncias e ciclos de crescimento, como subsdios para melhor compreenso da situao atual);

    dados demogrficos: nmero de habitantes, sexo, idade, carter urbano ou rural da comunidade, condies de moradia (nmero de habitantes em favelas e/ou con-juntos habitacionais populares);

    dados econmicos: atividades econmicas mais importantes, nvel econmico da populao, incidncia de desemprego, existncia de indstrias, bancos e empresas em geral (esses dados alm de proporcionar informaes sobre caractersticas da comunidade como um todo, permitem detectar possibilidades de patrocnio), existncia de organizaes sindicais, desenvolvimento de atividades artesanais, comerciais e de servios, horrios do comrcio, existncia de feiras semanais;

    dados sociais: existncia de instituies sociais de qualquer tipo, orfanatos, asilos para idosos, presdios, ONGs (Organizaes No Governamentais), associaes comunitrias (identificao de lderes comunitrios), clubes de servio (Lions, Rotary, Escoteiros), associaes beneficentes;

    dados educacionais: nvel de escolaridade da populao, taxa de analfabetismo, existncia de escolas ou instituies de ensino governamentais ou privadas dos di-ferentes nveis, nmero de estudantes matriculados nos diferentes nveis (Ensino Fundamental, Ensino Mdio e Ensino Superior);

    dados culturais: organizaes e grupos culturais existentes, centros culturais e de diverso (cinemas, teatros, centros desportivos etc), expresses culturais tpicas da comunidade, eventos culturais realizados com maior frequncia, jornais locais, emissoras de rdio e/ou televiso, livrarias, editoras, outras bibliotecas;

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  • dados sobre transportes e comunicaes: principais meios de transporte, princi-pais estradas, servios de comunicao como telefonia, correio, TV, rdio, Internet.;

    dados sobre servios bsicos: gua, esgoto, eletricidade, sade (existncia de hos-pitais, postos de sade etc.)

    Entrevista pessoal As entrevistas pessoais devem limitar-se a um nmero reduzido de pessoas selecionadas de modo a obter-se uma pequena amostragem dos diferentes segmentos da populao.

    Portanto, fundamental selecionar entrevistados influentes na comunidade, que ocupem cargos de direo nas instituies e empresas locais, permitindo conhecer as expectativas existentes sobre a biblioteca, do ponto de vista oficial e institucional. Para completar a amostragem, as entrevistas restantes devero ser feitas com pessoas da comunidade de diferentes segmentos socioeconmicos e distintos grupos de escola-ridade, profisso e sexo.

    Para entrevistas com pessoas da comunidade em geral, aconselhvel utilizar um questionrio padro (ver modelo Anexo 4 - Questionrio padro para entrevista pes-soal). As perguntas visam conhecer as necessidades de informao do entrevistado, seus hbitos culturais e de leitura.

    Todas as entrevistas devem ser planejadas com antecedncia. No caso de autori-dades e lderes da comunidade necessrio prepar-las individualmente de acordo com a rea de especializao da pessoa a ser entrevistada.

    Documentos legais e estrutura organizacional No mbito municipal, as bibliotecas pblicas so criadas e mantidas pelas prefeituras municipais e/ou fundaes culturais, as quais destinam recursos humanos, financei-ros e materiais para sua manuteno.

    A biblioteca pblica municipal deve ser criada por lei municipal, de iniciativa do prefeito ou da cmara dos vereadores, motivada pela comunidade.

    A Lei de Criao (Anexo 5 - Modelo de lei de criao de biblioteca pblica) cons-titui o primeiro documento legal da biblioteca, oferecendo-lhe amparo legal, regula-mentando e padronizando seu funcionamento.

    Vrios outros documentos complementam a Lei de Criao, regulamentando suas atividades administrativas:

    convnios, como os efetuados com os sistemas estaduais; regulamentos (Ver Anexo 6 - Modelo de regulamento da biblioteca); regimentos: incluem as polticas adotadas (objetivos, prioridades, servios), as po-

    lticas de aquisio e as estratgias de interao com a comunidade; manuais de servios incluindo rotinas e descrio de tarefas dos funcionrios;

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  • atas de reunies administrativas; livro de decises decorrentes de reunies administrativas ou tcnicas; projetos em estudo.

    Cabe ao responsvel pela biblioteca organizar esses documentos num arquivo ad-ministrativo, visando preserv-los e facilitando sua localizao e uso.

    A Lei de Criao estabelece as ligaes essenciais dentro da estrutura organizacio-nal. Numa biblioteca de mdio a grande porte, o organograma (grfico representativo da estrutura de um rgo) pode ser departamentalizado por funes, finalidade, clien-tela e servios.

    Vrios modelos podem ser utilizados, como o exemplo a seguir:

    Processos Tcnicos Preservao

    Atendimento Referncia e Informao

    Emprstimo Atividades Culturais

    Administrao Pessoal

    Manuteno Finanas

    Servios de Extenso Bibliotecas Ramais

    Carro Biblioteca Servios Comunidade

    Figura 4 - Exemplo de organograma

    Potencializando Recursos Redes/Consrcios/Parcerias A biblioteca pblica no pode ser uma instituio isolada, ilhada em si mesma. No contexto da sociedade atual seus servios no devem estar restritos ao seu acervo. Para atender necessidade de informao da comunidade, a biblioteca deve utilizar os mais variados recursos.

    fundamental trabalhar em rede com diversos organismos, bem como organizar-se, em mbito estadual, participando dos Sistemas Estaduais de Bibliotecas Pblicas e, consequentemente, integrar-se ao Sistema Nacional de Bibliotecas Pbicas. impor-tante tambm integrar-se a outros sistemas ou redes, por exemplo, s bibliotecas uni-versitrias da regio, ou a arquivos e museus do mesmo municpio. A reunio de bibliotecas em redes e sistemas amplia sua capacidade de acesso informao e sua

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  • atuao fora de seu espao fsico. Possibilita ainda, atravs do compartilhamento de recursos, o barateamento de custos e uma maior racionalizao de servios e recursos.

    A biblioteca deve trabalhar com suas congneres em sistema de parceria. Essas par-cerias devem ser formalizadas atravs de convnios que estabeleam os compromis-sos firmados, garantindo desta forma o cumprimento dos mesmos e a manuteno e continuidade dos programas e projetos desenvolvidos dentro desta filosofia de traba-lho. Por exemplo: pode-se fazer um convnio de parceria entre bibliotecas para am-pliar a coleo de revistas. Atravs deste convnio as bibliotecas comprometem-se a assinar revistas e a cumprir as rotinas de emprstimo entre bibliotecas, de acordo com os critrios estabelecidos no convnio. Neste tipo de convnio uma biblioteca com-promete-se a fazer as assinaturas de determinados ttulos, enquanto a outra encar-rega-se de assinar outros ttulos. Este procedimento, certamente ir otimizar o intercmbio entre as parceiras, potencializar o acesso informao pelos usurios das duas bibliotecas e redundar em economia de recursos para as duas.

    Sociedade de Amigos da Biblioteca (SAB) A Sociedade de Amigos da Biblioteca (SAB) uma associao sem fins lucrativos cons-tituda por membros da comunidade que decidem voluntariamente unir seus esfor-os para apoiar a biblioteca no seu trabalho dirio, visando a otimizao dos servios prestados. o instrumento mais importante para agilizar a gesto da biblioteca e o mais eficaz canal de comunicao e integrao com a comunidade, promovendo um clima favorvel em relao biblioteca. Da mesma maneira, importante seu apoio aos contatos da biblioteca com o governo local da qual depende. Seus rgos direti-vos devem contar com a participao de lderes de diferentes segmentos da comuni-dade - representantes das reas cultural, educacional, comercial, industrial, ONGs, grupos religiosos, clubes de servio - fortalecendo e ampliando, desta forma, sua ca-pacidade de dilogo com a comunidade.

    A exemplo do que ocorre com escolas, as SABs esto cada vez mais disseminadas e constituem um grande apoio para a execuo da poltica de bibliotecas, a realizao de suas atividades culturais e captao de recursos. Este objetivo alcanado estimulando a iniciativa privada para que d seu apoio financeiro biblioteca ou promovendo even-tos que proporcionem recursos adicionais ao seu oramento. Um modelo de estatuto de SAB (Anexo 7 - Modelo de estatuto de Sociedade de Amigos da Biblioteca Pblica) exemplifica as caractersticas, a finalidade e o funcionamento de uma SAB.

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  • Administrando os recursos Recursos financeiros Os recursos da biblioteca pblica provm do oramento municipal ou estadual sendo que algumas bibliotecas tm dotao prpria no oramento de suas secretarias. Os responsveis podem ser ordenadores de despesas, tendo que apresentar, anualmente, a proposta oramentria. Embora esta seja a situao ideal, a maior parte das biblio-tecas depende de outras unidades municipais ou estaduais para efetuar seus gastos, o que limita sobremaneira sua atuao. Talvez, esta dependncia seja uma das causas do desenvolvimento limitado das bibliotecas em nosso pas, sendo necessrio um grande esforo pelo responsvel para que a biblioteca tenha seu prprio oramento.

    Face s limitaes de verbas pblicas que afetam o seu servio, a biblioteca no pode depender unicamente delas, necessitando dispor de recursos adicionais.

    Onde procurar estes recursos? Uma das alternativas a apresentao de projetos para financiamento pelas leis de in-centivos fiscais federais, estaduais ou municipais ou pelas companhias federais ou es-taduais de financiamento de projetos. A lei federal de incentivo cultura, ou Lei Rouanet, Lei 8313, de 23 de dezembro de 1991, um timo instrumento para finan-ciamento de projetos. Sugere-se a leitura da publicao "Guia prtico de elaborao de projetos culturais", de autoria de Antnio Leal e Renato Oswaldo Kamp, que esclarece quais so os mecanismos.

    Com as leis de incentivos fiscais os empresrios tm demonstrado interesse em projetos apresentados pelas bibliotecas. O patrocnio de projetos deve ser apresentado s empresas tambm como uma oportunidade de publicidade de seus servios e pro-dutos. Esses projetos podem encontrar receptividade entre os proprietrios de em-presas da comunidade, principalmente daquelas relevantes para a operao da biblioteca ou seja, livrarias, bancas de jornal, lojas de brinquedos e de msica, lojas de lembranas, agncias de turismo.

    Oramento A municipalidade ou o estado s concede verbas para a biblioteca pblica se a mesma for considerada como um servio relevante para a populao e se o oramento for apre-sentado com metas bem justificadas. O trabalho de relaes pblicas com as autorida-des responsveis, primordial para a dotao oramentria da biblioteca. No oramento a ser repartido entre educao, sade, transporte, cultura e outras reas, a fatia de cada um muito pequena, mas pode se tornar ainda menor, ou crescer de acordo com o de-sempenho da biblioteca frente populao e s autoridades governamentais.

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  • Tipos de verbas pblicas As verbas pblicas so separadas em diferentes tipos: material permanente, material de consumo, servios. Material permanente todo o material que forma o patrim-nio pblico, como mveis, equipamentos, livros e revistas etc.

    O oramento para material de consumo inclui material de escritrio, material de limpeza e produtos utilizados para a conservao do acervo.

    Os servios de terceiros incluem despesas de: luz, gua, telefone, correio, trans-porte, limpeza e segurana e outros servios tais como: manuteno de equipamen-tos, encadernao, contrato de professores e artistas, podendo ser efetuados atravs da contratao de pessoas fsicas ou jurdicas

    Recursos humanos A biblioteca deve ser um servio de utilidade pblica. Para que desempenhe este papel e a comunidade a reconhea como tal, deve buscar a qualidade dos seus servios. Esta qualidade diretamente afetada pelos seus recursos materiais (instalaes fsicas, mo-bilirio, equipamentos, acervos etc.) e humanos, sendo importante investir na quali-ficao de seus funcionrios.

    Os funcionrios que nela atuam devem conhecer bem o acervo, os servios que a biblioteca presta e serem treinados para lidar com o pblico. Para isso so necessrios alguns conhecimentos bsicos sobre princpios e normas de relaes humanas. Fun-cionrios qualificados e atenciosos so elemento primordial para um bom atendi-mento e o desempenho efetivo e eficaz das funes da biblioteca pblica.

    O responsvel por uma biblioteca deve ser um bibliotecrio, ou seja, profissional ha-bilitado legalmente. O papel do responsvel pela biblioteca de contribuir para o desen-volvimento da comunidade explorando ao mximo os recursos de que dispe, mesmo escassos, para satisfazer s necessidades de informao dos membros da comunidade.

    Os municpios com populao acima de 5000 habitantes devem ter, no mnimo, um bibliotecrio profissional, e 2 tcnicos em biblioteconomia (Ensino Mdio). (Ver Anexo 8 - Atribuies do tcnico em biblioteconomia).

    Pequenos municpios no possuem condies de arcar com as despesas de um pro-fissional, assim algumas alternativas so possveis para solucionar este problema:

    numa poca em que se desenvolvem trabalhos em consrcios e parcerias, um nmero determinado de municpios de uma mesma diviso administrativa, ou prximos e acostumados a trabalhar em conjunto, podem contratar um biblio-tecrio supervisor;

    o estado ao qual pertence o municpio pode contratar bibliotecrios supervisores de outros municpios, ou manter uma equipe supervisora na sede da diviso administrativa, que atenderia os municpios integrantes daquela diviso.

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  • Compete ao responsvel pela biblioteca, alm de suas funes tcnicas: planejar; realizar contatos externos; obter fundos, elaborar projetos; coordenar servios administrativos: servios gerais de escritrio, arquivos internos

    (expediente, finanas, pessoal), correspondncia, compra de material e contabili-dade, manuteno, limpeza e segurana do prdio;

    avaliar as estatsticas e os resultados do trabalho da biblioteca; distribuir e definir as tarefas dos funcionrios e saber aproveitar as potencialida-

    des de cada um. Cuidar do aperfeioamento profissional ou tcnico do pessoal. Desenvolver em todos a auto-estima pelos seus servios e pela biblioteca. Manter o esprito de trabalho em equipe.

    Algumas recomendaes teis: reunies regulares com a equipe da biblioteca so um bom mtodo de solucionar

    problemas, ao mesmo tempo criando oportunidades de promover melhor inte-grao. A troca de experincias sempre um fator de enriquecimento dos conhe-cimentos da equipe;

    algumas qualidades devem ser estimuladas na equipe: conscincia social, flexibi-lidade, adaptabilidade, capacidade de anlise, curiosidade mental, iniciativa, uma boa dose de bom humor e criatividade;

    dentre as qualidades acima, a criatividade um fator indispensvel para o desen-volvimento de qualquer empresa, e precisa ser estimulada em toda a equipe. Esta qualidade de grande utilidade na administrao e na prestao dos servios da bi-blioteca, onde muitas vezes se esbarra com dificuldades para seu funcionamento.

    O primeiro passo para ter novas ideias e inovar acreditar que se pode ser criativo. O responsvel pela biblioteca deve sempre dar oportunidade aos funcionrios de apre-sentarem novas ideias ou proporem mudanas ou adaptaes, que venham melhorar o desempenho e otimizar os trabalhos ou a qualidade dos servios prestados.

    Sugestes sobre o relacionamento com o pblico para que a biblioteca tenha uma boa imagem junto comunidade:

    As pessoas que atendem ao pblico so o carto de visitas da instituio e pelo tipo de atendimento, que a maioria dos usurios julga uma instituio. De nada adianta a biblioteca ter um acervo rico e instalaes perfeitamente adequadas se os funcionrios que nela trabalham no prestam um bom atendimento ao pblico;

    A cordialidade um comportamento primordial do funcionrio no seu relacio-namento com o usurio. O modo afvel de receber um leitor, o contato do olhar,

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  • um sorriso, um cumprimento (bom dia, boa tarde e at logo) contribuem para aproxim-lo da biblioteca;

    O funcionrio da biblioteca o intermedirio entre o pblico e a informao, por-tanto deve estar sempre bem informado e atualizado sobre os servios e o acervo da biblioteca;

    Procure encontrar o difcil meio termo entre deixar o leitor vontade e, ao mesmo tempo, se necessrio ou solicitado, dar-lhe plena ateno. A pergunta: "Ser que tem aqui o livro tal?" merece mais do que uma simples resposta: "Procure no catlogo";

    A tranquilidade deve ser uma atitude constante do funcionrio. Atitudes extremas somente devem ser tomadas se o usurio assumir comportamento desrespeitoso em relao s pessoas e destrutivo em relao ao acervo e ao patrimnio da bi-blioteca. Normas e regulamentos so instrumentos necessrios e especialmente teis para orientar decises e apoiar atitudes dos funcionrios em tais ocasies.

    Qualificao, aperfeioamento e educao continuada O responsvel pela biblioteca no pode, por si s, ser a nica pessoa envolvida com o aperfeioamento de pessoal. Deve procurar apoio das pessoas da comunidade, bem como estabelecer parcerias com outras instituies, como por exemplo universida-des/faculdades, especialmente as escolas de biblioteconomia, educao, administra-o, letras e outras. (Ver Anexo 9 - Escolas de Biblioteconomia)

    A participao, quando possvel, do pessoal da biblioteca em encontros, seminrios, congressos e reunies sempre til para o aperfeioamento profissional da equipe.

    Voluntrios Um curso de encadernao e/ou reparos em livros, por exemplo, pode despertar o in-teresse de alguns participantes para que oferea os seus servios por algumas horas por dia. Uma me que acompanha o filho pode ficar entusiasmada com o atendi-mento e propor-se a colaborar com os servios da biblioteca. Dessa forma, pode-se mobilizar pessoas da comunidade e formar um corpo de voluntrios.

    No entanto, no s gostar de ler e aparecer de vez em quando, que faz de um usurio, um voluntrio. Este precisa se comprometer a ter um horrio fixo depen-dendo de suas disponibilidades, e aceitar as normas que regulam o funcionamento da biblioteca. necessrio um termo de compromisso, e que no mesmo se esclarea a caracterstica de no prestador de servio pblico do voluntrio.

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  • Avaliando resultados Cabe ao responsvel da biblioteca, alm de dirigi-la, acompanhar os trabalhos verifi-cando se esto sendo feitos de acordo com as normas e regimentos internos, se os lei-tores esto sendo bem atendidos; se a coleo est atualizada; se a biblioteca est limpa e ordenada etc.

    Para controle e avaliao dos resultados e comparao com os objetivos estabele-cidos no planejamento, so imprescindveis os relatrios mensais, que oferecem dados para o relatrio anual das atividades. Este o melhor ndice para julgar a eficincia e a utilidade da biblioteca e um grande auxlio para: seleo de obras (aponta as mais consultadas), a identificao dos horrios mais procurados (necessidade de mais fun-cionrios), verificao de diminuio ou crescimento de frequncia etc.

    A anlise dos relatrios, seja mensal, anual, ou de projetos especficos, possibilita a avaliao dos objetivos estabelecidos, tornando possvel detectar eventuais desvios e efetuar as correes necessrias. um instrumento essencial para a avaliao de de-sempenho servindo, tambm, para justificar pedidos de aumento de funcionrios, de verbas para as atividades etc.

    Estatsticas dos Servios Para essa avaliao, devem ser computados diariamente os seguintes servios, preen-chendo-se a folha anexa:

    Nmero de publicaes adquiridas, registradas, catalogadas, classificadas; Fichas datilografadas e inseridas (ou registros feitos em computador); Obras preparadas para emprstimo.

    FOLHA DIRIA DE SERVIOS ANO MS

    Dia Obras adquiridas

    Compra Doao

    N' de obras

    Registradas Catalogadas Classificadas Prep. p/ emprstimo

    Fichas

    Datilografadas Inseridas

    Figura 5 - Folha diria de servios executados MODELO N. /00

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  • Estatstica de frequncia Tambm, diariamente, deve-se anotar:

    Nmero ou quantidade de inscries; Nmero de frequncia de usurios; Nmero de emprstimos; Nmero de consultas.

    No fim do ms, esses dados serviro de base para a elaborao da estatstica mensal.

    FOLHA DE CONTROLE DE FREQUNCIA

    Dia

    ANO MS Quantificao Inscries Emprstimo Frequncia Consultas

    Totais

    Figura 6 - Folha de controle de frequncia Modelo no. /OO

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  • Estatstica do movimento dirio de publicaes Essa estatstica serve para auxiliar no julgamento do movimento de uma biblioteca e, at mesmo, para saber que assuntos so mais procurados e quais os horrios de maior frequncia.

    ESTATSTICA DO MOVIMENTO DIRIO DE PUBLICAES Nome da Biblioteca: Movimento: Data: / / Assunto

    Obras gerais - 000 Enciclopdias - 030 Filosofia- 100

    Religio- 200 Cincias Sociais - 300 Filologia - 400 Cincias Puras - 500 Cincias Aplicadas - 600 Artes, Divertimentos - 700

    Literatura - 800

    Histria, Geografia - 900 TOTAL

    Manh Tarde Noite Total

    Figura 7 - Estatstica do movimento dirio de publicaes

    Como utilizar este modelo: no fim de cada expediente (manh, tarde, noite), todas as obras consultadas devem

    estar sobre as mesas, para que os funcionrios (jamais o prprio leitor) as colo-quem nas estantes;

    essas obras devem ser separadas de acordo com a sua classificao geral (tal qual consta no modelo), contadas e anotadas nas folhas;

    aps contabilizadas, as obras podem ser recolocadas nas estantes.

    No fim do ms, deve ser preenchida uma nova folha em que o item data repre-sente o ms. Nela se dar o somatrio de todo movimento ocorrido naquele ms.

    Caso a biblioteca possua computador, esse trabalho pode ser feito atravs de algum programa especfico. O Excel, do Office muito bom para estatstica pois permite a ela-borao de grficos que auxiliam a visualizar a atuao da biblioteca ms a ms, ano a ano.

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  • Relatrio anual O relatrio anual compe-se de duas partes:

    a soma de todos os dados estatsticos dos relatrios mensais, sendo estes efetuados por pessoa encarregada de todas as estatsticas (dirias e mensais) e que dever consolidar o relatrio anual.

    outros dados que permitam uma avaliao das atividades da biblioteca: resultados alcanados atravs de projetos desenvolvidos, os principais eventos culturais rea-lizados, as dificuldades encontradas, as solues implementadas para problemas surgidos, as derrotas e as vitrias etc. Deve ser um retrato do que aconteceu durante o ano.

    As informaes devem ser completas, porm claras, exatas, compreensveis e su-cintas (um relatrio confuso e/ou longo demais, ningum l). O relatrio deve tra-tar de um assunto por vez, com um pargrafo para cada ideia ou argumento. Devem ser usados grficos, menos ridos que os simples dados estatsticos, para ilustrar um desempenho.

    Um relatrio bem feito e completo pode reverter em grande benefcio para a bi-blioteca, na hora de solicitar verbas para aquisio de obras, para conservao e para recuperao de acervo, bem como para requerimento de material de consumo, ins-trumental tcnico, mveis etc.

    Os relatrios de uma biblioteca pblica no so feitos apenas para serem arquiva-dos. Devem ser, pelo contrrio, amplamente divulgados na comunidade, enviando-se cpias ao rgo mantenedor, imprensa local etc, chamando ateno do pblico para o que est sendo feito pela biblioteca.

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  • Um prdio funcional

    De posse de um perfil demogrfico e sociocultural da comunidade, pode-se avaliar quais sero as demandas de informao e de servios a serem oferecidos pela biblioteca. O planejamento poder prosseguir estabelecendo-se algumas diretrizes quanto ins-talao da biblioteca, seja uma nova construo ou a adaptao de prdio j existente.

    O espao fsico a ser planejado dever prever os servios que foram identificados como necessrios comunidade.

    Princpios gerais: a biblioteca deve estar, sempre que possvel, em local central, de fcil acesso por

    parte da populao, tanto adulta quanto infantil. Incluir acessos para deficientes fsicos e idosos;

    o projeto arquitetnico deve propor solues funcionais, atendendo relao custo/benefcio. Um prdio bem construdo e funcional mais fcil de ser conservado;

    o ambiente deve ser bastante amplo visando possibilitar a separao, quando pos-svel, de reas com finalidades diferentes e permitir acomodaes confortveis para os usurios. A biblioteca deve ser um ambiente agradvel, um local aprazvel, onde seja bom permanecer;

    o ambiente da biblioteca deve ser funcional e agradvel, e a disposio dos mveis e equipamentos deve refletir esse clima, no dificultando, por exemplo, a circula-o de usurios e funcionrios;

    a planta baixa parte integrante da documentao necessria para o planeja-mento da biblioteca; caso no seja possvel localiz-la, deve-se providenciar pelo menos um esboo da rea, por mais simples que seja, em que se registrem, em

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  • forma de desenho, os limites do espao fsico ocupado pela biblioteca e sua rea circunvizinha;

    o posicionamento das janelas deve levar em conta a entrada de luz natural e a ven-tilao do ambiente. Recomenda-se que o acervo no seja colocado muito pr-ximo s janelas ou diretamente exposto ao sol, evitando o possvel extravio de obras e a sua deteriorao pela ao do sol, vento e umidade;

    o piso deve ser de material resistente e de fcil conservao. Nos lugares de clima quente conveniente utilizar material que no concentre calor, como pisos de ce-rmica, granilite (korodur) ou at mesmo o piso cimentado com corante, que ainda uma boa opo;

    materiais coloridos do vida biblioteca. Exemplos: uma parede de cor diferente ou mobiliri


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