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Boletim do Sindicato dos Professores das Universidades … · o uso de verbas da universidade...

Date post: 07-Nov-2018
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Boletim do Sindicato dos Professores das Universidades Federais de Santa Catarina | Florianópolis, novembro de 2013 | nº 788 DIVULGAÇÃO/AGECOM-UFSC Enquanto campus está em construção, sede provisória não comporta demanda da comunidade universitária Joinville: obras da UFSC serão concluídas apenas em 2016 SAÚDE 3 Propostas sobre saúde dos docentes são discutidas em reunião com a administração da UFSC PELO ESTADO 7 Em encontro, representantes da Apufsc-Sindical no interior do estado apontam falta de estrutura nos campi como principal reclamação SINDICATO 7 Eleição, no dia 26, vai escolher novos diretores para Assuntos de Aposentadoria e para Promoções Sociais, Culturais e Científicas
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Boletim do Sindicato dos Professores das Universidades Federais de Santa Catarina | Florianópolis, novembro de 2013 | nº 788

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Enquanto campus está em construção, sede provisória não comporta demanda da comunidade universitária

Joinville: obras da UFSC serão concluídas apenas em 2016

SAÚDE 3

Propostas sobre saúde dos docentes são discutidas em reunião com a administração da UFSC

PELO ESTADO 7

Em encontro, representantes da Apufsc-Sindical no interior do estado apontam falta de estrutura nos campi como principal reclamação

SINDICATO 7

Eleição, no dia 26, vai escolher novos diretores para Assuntos de Aposentadoria e para Promoções Sociais, Culturais e Científicas

2 Apufsc-Sindical | Novembro 2013

Cesare Battisti e os mitos auto referenciados da esquerda“Quantas vozes são silenciadas para que se

constitua uma verdade social? Pensando nes-sa pergunta, o PET Letras UFSC promove este evento, no qual pessoas que são caladas pelos grandes meios de comunicação, pelas institui-ções políticas, jurídicas e muitas vezes pela pró-pria universidade terão a oportunidade de se mostrar e falar. Todos dispostos a ouvi-los são convidados.”

O trecho acima se encontra disponível na página do PET Letras (http://petletrasufsc.word-press.com/evento-quem-tem-direito-ao-dizer/) e é parte da divulgação do evento “Quem tem Direito ao Dizer?”.

O convidado é Cesare Battisti, apresentado pelo PET Letras como “um escritor italiano que participou durante sua juventude do Partido Ar-mados pelo Comunismo. Sua atuação política é causa de perseguições até hoje, tendo como em-blema o pedido de extradição por parte de Silvio Berlusconi, que foi negado pelo Brasil em 2011.”

Mas, afinal, quem é realmente esse indivíduo condenado pela justiça italiana pelo assassinato de pessoas e a participação em grupo terrorista, e que o PET apresenta de forma bem simpática?

Battisti, certamente, tem o direito de narrar sua própria história e de justificar ou negar fatos que o desabonam e que o tornam presentemen-te um foragido da justiça da Itália, um país de

tradição democrática. Contudo, aquilo que Bat-tisti falar de si mesmo em relação aos fatos pelo qual foi condenado não deve ser tomado gratui-tamente como verdadeiro, pois, se fosse, deveria ter sido usado em sua defesa diante da justiça italiana, e, para alguém realmente convicto de sua inocência, deveria ser insistido até a última instância de recurso. Pesa ainda sobre Battisti a rejeição inicial de seu pedido de asilo político no Brasil pelo CONARE, órgão subordinado ao Mi-nistério da Justiça, e a lembrança de que seu asi-lo se deu unicamente por um capricho do então ministro da justiça Tarso Genro contrariando o que CONARE havia decidido (Eis a forma per-sonalista do PT governar!).

Os fatos citados acima, junto com uma ampla movimentação para formar uma opinião positi-va de Battisti da parte de militantes de organi-zações comunistas, reforça o já bem conhecido processo de mistificação dos “heróis” da esquer-da. Este processo de mistificação de Battisti não é em nada diferente do que leva notórios ge-nocidas como Lenin, Mao, Che Guevara, entre outros, a condição de modelos revolucionários, exemplos a serem seguidos incondicionalmente pelos jovens, em suma, seres “iluminados” que devem ser reverenciados. Assim, Battisti é ape-nas mais um de uma longa lista de mitos auto referenciados que os comunistas tanto precisam

Por MARCELO CARVALHO - professor do Departamento de Matemática da UFSC

cultuar para manterem-se vivos.Então, façamos um exercício mental e supo-

nhamos que seja verdade a inocência de Battisti e que ele não tenha realmente matado ninguém. É fato, contudo, que a militância dele em um gru-po comunista que tentava impor uma ditadura comunista na Itália, e que usava de terrorismo, não o torna um exemplo educativo para falar a jovens. Tal possibilidade é defendida unicamente como parte da mistificação e doutrinação comu-nista que, como sabemos, é um elemento funda-mental da formação comunista de jovens. Mas, isso só se justificaria se a vinda desse indivíduo fosse financiada com recursos de organizações (ou de simpatizantes) comunistas.

Agora, é inaceitável quando isso é feito com o uso de verbas da universidade pública, o que mais uma vez confirma o grau de marxização em que se encontram as universidades brasileiras.

Voltando a chamada inicial do evento pelo PET Letras, fiquei intrigado como o uso do termo enigmático “verdade social”. Porque não usamos simplesmente “verdade”? Por acaso, a tal “verdade social” que serve como justificati-va para a vinda desse elemento - Cesare Battis-ti - encerraria um sentido menos abrangente do que o original? Se for, não deixaria então de ser verdadeira a “verdade social” que Battisti tem a dizer? Com a palavra, Cesare Battisti!

OPINIÃO

O país da delicadeza perdida2013 é o ano em que se comemora o centená-

rio de nascimento do poeta e diplomata Vinícius de Moraes. E é também o primeiro ano em que estão se distribuindo pelas universidades fede-rais do país os estudantes beneficiados pelo sis-tema de cotas “raciais” e sociais, em obediência à lei aprovada por Dilma Rousseff em agosto de 2012. O leitor certamente estará se perguntado que diabos uma coisa tem a ver com outra. Ab-solutamente tudo.

Vinícius de Moraes não foi só o autor de belíssimas poesias e notáveis canções da bossa nova. Ninguém como ele encarnou, na vida e na atividade intelectual a integração entre morro e asfalto, já teorizada décadas antes por seu amigo Sérgio Buarque de Holanda quando, em Raízes do Brasil, obra de referência da análise socioló-gica nacional, disse ser característico de nossa formação social uma “relativa inconsistência dos preconceitos de raça e de cor”. E isto a despei-to de todas as mazelas do nosso modo cordial ‒ leia-se nada republicano ‒ de ser.

Difícil esquecer, em se falando do poetinha, as parcerias com Pixinguinha, os afro-sambas com Baden Powell e, claro, ponto de partida de tudo o mais neste verdadeiro combate pela democra-tização “racial” e social no país, a peça Orfeu da Conceição, transposição do mito grego de Orfeu para a dura realidade dos morros do Rio de Janei-

ro. E eis que a forma lírica, uma característica sua tão marcante, chega mesmo, neste caminho em direção às classes populares e às coisas das clas-ses populares trilhado por nosso poeta ‒ caminho em direção aos subalternos, diria em chave mais apropriada Antonio Gramsci ‒, a dar lugar à poe-sia participante de O operário em Construção.

Curioso como esse movimento em direção ao nacional-popular ‒ noção igualmente cara ao notável comunista sardo, tão bem encarnada na estrofe do poema em epígrafe, e que só um néscio pode associar à noção fetichista de nacionalismo ‒, muito marcante na década de 1950, e do qual nosso poeta, entre tantos intelectuais da época, é apenas um exemplo, tenha sido associado, em um especial gravado por Chico Buarque para a tevê francesa em 1990, a um país leve, otimista e em movimento. Ora, o sistema de cotas, tão contestado que foi ‒ até judicialmente ‒ e ainda o é pelos estratos mais favorecidos da sociedade brasileira (pasmem, pesquisa do Ibope de janei-ro revelou que a resistência às cotas “raciais” é maior justamente entre brasileiros que cursaram faculdade), permite que tenhamos de nosso país ‒ talvez fosse mais apropriado dizer de nossa eli-te intelectual ‒ a mesma imagem?

Não precisamos ir muito longe para saber a resposta. Nossa desigualdade social, já gritante naquela época, posto expressão de pelo menos

Por MARCOS AURÉLIO DA SILVA - professor dos cursos de graduação e pós-graduação em geografia da UFSC

quatros séculos de latifúndio e trabalho escravo e/ou semisservil (e eis como a associação entre cor e pobreza, mais que servindo a uma simples política de focalização, remete diretamente às re-lações históricas de produção), não enfrentada a contento pelo processo de industrialização capi-talista, é hoje ainda mais pronunciada. Compare--se o índice de Gini apurado em 2011 (0,50) e aquele de 1964 (0,49) para que se tenha noção do que está sendo dito. E isto após uma década fortemente distributiva (o Gini de 2003 era 0,58). Ainda assim, toda política voltada a corrigir com mais rapidez esta distorção conhece forte aversão dos mais “ilustrados”.

De fato, o país leve do especial de Chico Buarque ‒ o mesmo Chico que, na estética e na política, soube levar adiante a utopia divisada na obra do pai e pelo parceiro Vinícius ‒, certamen-te em movimento (estão aí, não obstante todas as contradições, os êxitos dos governos petistas), parece, todavia, querer ainda aferrar-se, como diz o título do espetáculo francês, ao país da deli-cadeza perdida. E, certamente, não só toda a po-lêmica em torno das cotas “raciais” é um exem-plo disto. A ver toda esta indigna polêmica em torno das medidas governamentais destinadas a levar médicos às classes populares.

Pobre pátria minha, não é só meias e sapatos que te faltam.

3Apufsc-Sindical | Novembro 2013

SAÚDE

JURÍDICO

Reitoria responde questionamentos sobre saúde na Universidade

o dia 19 de junho, a Apufsc-Sin-dical enviou à Reitoria um ofício que apresentava cinco propostas de encaminhamento para ques-

tões ligadas à saúde na Universidade. Em reu-nião que aconteceu no dia 31 de outubro com a Reitora Roselane Neckel, a Vice-Reitora Lúcia Helena Pacheco, diretores do sindicato e membros da equipe do Departamento de Atenção à Saúde (DAS) da UFSC, algumas dessas propostas foram esclarecidas.

Marilza Moriggi, diretora da DAS, expli-cou a questão de atuar em parceria para obter um aumento no subsídio governamental ao plano de saúde da Universidade. “O subsídio é um piso nacional, especificado pelo Minis-tério do Planejamento através de uma porta-ria que determina os valores, relacionando-os com a faixa salarial e a idade do servidor. Nós não temos interferência nesse sentido. Nossas reitoras e os sindicatos até podem providen-ciar uma solicitação e se posicionar em relação ao aumento, mas nós temos esse valor fixado pelo governo”. Moriggi falou o mesmo sobre

a possibilidade de ingresso dos pós--graduandos no plano de saúde da Universida-de: “O Ministério de Planejamen-to também regulamenta através de portaria normativa quem são aqueles que podem ser beneficiados. Ano passado houve uma atuali-zação e os alunos nesse caso não seriam bene-ficiários do plano”.

Outros dois pontos levantados pela Apu-fsc no ofício foram respondidos através de um memorando enviado no dia 17 de outubro. Quanto à nova licitação do plano de saúde da UFSC e a divulgação de informações sobre a mesma, o documento informa que o DAS aguarda as definições e encaminhamentos da Pró-Reitoria de Administração (PROAD) so-bre o processo. E quanto ao andamento dos processos relativos a ambientes insalubres, perigosos ou danosos envolvendo professores filiados ao sindicato, o documento identifica

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Lote com 11 ações coletivas é ajuizado pelo SindicatoAssessoria Jurídica da Apufsc--Sindical, através do escritório de advocacia Pita Machado, que atende na área Administrativa e

Trabalhista do Sindicato, ajuizou um lote de 11 ações coletivas em favor dos associa-dos que já entregaram a procuração com a autorização individual. Os professores que não entregaram o documento poderão par-ticipar da ação mediante a apresentação da autorização, que pode ser retirada nas sedes ou no site do Sindicato.

Neste primeiro lote foi ajuizada ação para atualização dos valores do auxílio pré--escolar com atualização dos valores, que não é reajustado desde 1995 e está com-pletamente defasado devido à significativa variação das mensalidades escolares. Outra

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em uma tabela as posições de atendimento desses professores “conforme data de aber-tura do processo e agrupamento de cargos/riscos afins”.

Durante a reunião, Moriggi também co-mentou a disponibilidade da Apufsc de con-tratar algum especialista para ajudar a agilizar estes processos. Ela agradeceu, porém expli-cou que acabaria demandando mais tempo, pois a equipe envolvida no trabalho já possui conhecimento das legislações vigentes em cada período analisado e dos laudos médicos. “Já conseguimos finalizar os anos de 2009, 2010, 2011 e agora estamos com a lista de 2012 e 2013. O objetivo é que até o final do ano a gente chegue o mais próximo possível dessa lista atualizada.”

ação refere-se à licença prêmio não gozada. De acordo com os advogados, a Adminis-tração vem negando o direito de convertê--la em pecúnia, quando não utilizada para fins de aposentadoria.

Também foi protocolada ação para atu-alização do auxílio-alimentação, o bene-fício permaneceu longo período sem ser reajustado (de 2004 a 2010) e está defasado em face da significativa variação do valor da alimentação. A revisão geral e anual da remuneração dos servidores é outra ação ajuizada, como a do reajuste dos proventos de aposentadoria.

Foi ajuizada, ainda, ação sobre a con-tribuição previdenciária dos servidores na incidência sobre parcelas não incorpo-ráveis aos proventos. Foi pedida também

a revisão geral em índices diferenciados e o abono de permanência, ou seja, o pa-gamento após o preenchimento dos re-quisitos, sem a necessidade de apresentar requerimento.

Outra ação refere-se à conversão em pecúnia das férias não gozadas. Segundo os advogados, o servidor federal que se aposentou ou os pensionistas do servidor que tenha falecido na ativa não recebem qualquer indenização pelas férias que não tenham sido gozadas.

Há, ainda, o pedido para incidências so-bre pagamento acumulados do Imposto de Renda e a correção monetária dos valores pagos em atraso administrativamente, ou seja, exige que sejam aplicados os índices legais de correção.

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Reitora afirma que processo de licitação do plano de saúde está na PROAD

4 Apufsc-Sindical | Novembro 2013

Professores reclamam das condições no campus da UFSC em JoinvilleClasse defende autonomia administrativa e financeira devido ao sentimento de abandono

Universidade Federal de San-ta Catarina (UFSC) aderiu ao Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das

Universidades Federais Brasileiras (Reu-ni), em 2008, e, com os recursos, foram instalados, em 2009, três campi no interior do estado: Araranguá, Curitibanos e Join-ville. Ocorre que a infraestrutura nessas unidades é precária e a comunidade uni-versitária está preocupada com a qualida-de do ensino oferecido pela Universidade. Em setembro, o Boletim da Apufsc mos-trou a realidade no campus de Curitibanos e, nesta edição, aponta o que está aconte-cendo na unidade de Joinville. Para isto, foram entrevistados professores, técnicos administrativos e estudantes - que falaram em grupo com a reportagem, e direção do campus.

O site oficial da UFSC afirma que “o Campus Joinville é constituído atualmente pelo Centro de Engenharias da Mobilidade (CEM), uma estrutura de ensino, pesquisa e extensão, que se destina à formação de profissionais, tanto em nível de bacharela-

do como de engenharia, de alta competên-cia técnica e gerencial, com foco no desen-volvimento de sistemas técnicos no campo veicular (automobilístico, metroviário, fer-roviário, marítimo, fluvial, aéreo, espacial e mecatrônica) e no estudo de cenários e projetos para resolver problemas de infra-estrutura, operação e manutenção de siste-mas de transporte. Doravante deverão ser integrados outros conhecimentos ao Cam-pus Joinville para responder as necessida-des nas áreas ambiental, social, econômica, humana, de urbanismo, de informação e de fundamentos em física, química, biologia e matemática”, mas, pelos relatos apontados, a realidade é bem diferente.

O campus da UFSC da maior cidade de Santa Catarina foi inaugurado em agosto de 2009, numa sede provisória dentro da Uni-versidade da Região de Joinville, com a pro-messa de em pouco tempo funcionar em uma sede própria, localizada às margens da BR 101, conhecida como a Curva do Ar-roz. Como as obras não ficaram prontas e com a necessidade de ampliar a estrutura, os cursos passaram a funcionar em prédios

alugados no bairro Santo Antônio, que hoje também não comporta mais as necessida-des da comunidade universitária.

A tão prometida obra do campus defini-tivo está parada e a nova previsão da Reito-ria é que só seja entregue no início de 2016. Enquanto isso, professores, técnicos admi-nistrativos e alunos reclamam que não há mais condições de trabalho na atual sede. O espaço não comporta a demanda. Não há salas de aulas suficientes, faltam labo-ratórios e salas de estudos. Para trabalhar, os atuais 60 professores contam com ape-nas quatro salas, sendo que em uma delas trabalham 27 docentes e um TA ao mesmo tempo, prejudicando, desta forma, o plane-jamento de aulas e o atendimento dos mais de 1.300 alunos. “Como atender vários alu-nos ao mesmo tempo numa única sala de aula. Os próprios alunos estão se sentindo constrangidos, quando vão três ao mesmo tempo, dois ficam esperando no corredor”, relatam os docentes. Devido a este proble-ma, muitos professores estão fazendo o pla-nejamento das aulas em casa e atendendo os alunos fora do expediente.

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Hoje, 60 docentes contam com somente quatro salas de trabalho. Em uma delas (acima), dividem o local com 27 colegas e um técnico administrativo

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5Apufsc-Sindical | Novembro 2013

atender a demanda de todos os cursos, mas esbarram na falta de estrutura para imple-mentá-los. “Podemos incentivar os docen-tes a buscar recursos, mas não tem como implantar por falta de espaço. Isso acaba limitando nosso trabalho”, desabafam. Se-gundo eles, já foi aprovado projeto de R$ 2,5 milhões para implantação de novos la-boratórios que eram previstos para serem colocados na sede própria da Curva do Ar-roz, mas com a não conclusão das obras e a falta de espaços no atual prédio, não serão viabilizados.

Os professores afirma que se sentem abandonados pela Reitoria da UFSC. De acordo com eles, a reitora Roselane Ne-ckel já esteve no campus duas ou três ve-zes, ouve as reclamações da comunidade universitária, mas não dá nenhum tipo de retorno. “Parece que não temos espaço para falar com a Reitoria. De maneira geral, não temos informações do cronograma das obras. Mas, independente de ficar pronta a obra na Curva do Arroz ou não, o que que-remos são condições de trabalho. Precisa-mos de espaço físico”, afirmam.

“Não se tem clareza de quando a obra vai ficar pronta, nem se tem dinheiro para a conclusão. Estamos numa situação provisó-ria que está quase virando permanente. O espaço físico é cada vez mais insuficiente. Os cursos estão avançando e cada vez mais alunos entrando. Para nós, a prioridade máxima deveria ser a de implantar o cam-pus definitivo”, reclamam os professores. Atualmente, só com o aluguel do principal prédio, a Universidade gasta cerca de R$ 150 mil mensais.

Outro problema é com a biblioteca. O espaço é pequeno e conta apenas com dez mesas de duas ou quatro cadeiras, mesmo assim mal distribuídas. Também faltam tomadas para o uso de computadores. Por falta de espaço, muitos alunos precisam es-perar ou estudar nos corredores. Por falta de atendentes, o local funciona apenas das 9h às 12h e das 13h às 17h.

Além do espaço físico, há sérios proble-mas com material de expediente e pessoal. Para atender toda a estrutura, o campus conta com 27 técnicos administrativos. O ideal, seriam, no mínimo, 60 profissionais. Para se ter uma ideia, existe apenas um téc-nico em informática para atender todo o campus. De acordo com professores e téc-nicos administrativos, faltam desde papel até canetas. Em muitos casos, para suprir as necessidades, eles mesmo compram com dinheiro próprio o material. “A gente faz a solicitação que o professor pediu, manda-mos todo o processo para a Reitoria que aprova, mas na hora na execução afirmam que não tem recursos. Ficamos um bom período sem papel e caneta”, citam os técni-cos administrativos.

Tanto professores, quanto TAs defen-dem mais autonomia financeira para o cam-pus, para não precisar da autorização da Reitoria para a aquisição de material. “Não temos orçamento próprio, todas as com-pras dependem da Administração Central em Florianópolis. Defendemos uma gestão

mais democrática, com autonomia admi-nistrativa e financeira”, declaram eles.

Nas questões acadêmicas, a situação também é complicada. Os cursos ainda não foram reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC) e os alunos não conse-guem vagas de estágio por esse motivo. “Es-tamos quase formando alunos e os cursos ainda precisam de autorização. Foi estrutu-rado um curso de pós-graduação que corre o risco de não ser implantado por falta de estrutura”, reclamam os professores.

Com cursos considerados inovadores e que precisam de equipamentos modernos e de alta tecnologia para preparar o aluno, os laboratórios também não correspondem com a necessidade. O campus conta apenas com três unidades estruturadas, mesmo assim, de acordo com os docentes, limi-tados e que não suportam o trabalho de mais de três alunos por vez, prejudicando, desta forma, a pesquisa. As oficinas não fi-cam dentro da sede principal, são galpões alugados foram do campus. Os professores afirmam que correm atrás de recursos para a implantação de mais laboratórios para

Por falta de espaço, planejamento de aulas e atendimento aos alunos é feito fora do expediente

UFSC-Joinville em números

• Engenharia Aeroespacial• Engenharia Automotiva• Engenharia Naval• Engenharia Mecatrônica• Engenharia Ferroviária e Metroviária• Engenharia de Infraestrutura• Engenharia de Transportes e Logística• Bacharelado Interdisciplinar em Mobilidade:- Ênfase veicular - Ênfase em transportes

60professores

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Estudantes afirmam que falta de estrutura da Universidade prejudica a qualidade do ensino

as condições são precárias e afirma que a obra da Curva do Arroz vai ficar pronta so-mente no início de 2016. “Enquanto isso, estamos trabalhando para melhorar a es-trutura. Estamos alugando novos prédios que vão abrigar o setor administrativo, bi-blioteca, locais para o desenvolvimento de projetos e salas para os professores. A ideia é termos uma estrutura adequada para ope-rar”, afirma ele, acrescentando que está com dificuldades para encontrar imóveis na re-gião e nos valores altos dos aluguéis.

Além da infraestrutura, Calil reconhe-ce que o número de professores e técnicos administrativos é insuficiente para atender a demanda. Para ele, o número ideal seria de 110 docentes e 150 TAs. Ele também le-vanta a questão de o campus ainda não ter o regimento aprovado pelo Conselho Uni-versitário e isso colabora para o atraso em atender muitas das reivindicações da co-munidade universitária. “Minha expectati-va era de resolver os problemas muito mais rapidamente. Sou um dos mais apavorados com a situação, mas estou aqui justamente para isso, trabalhar para melhor o campus”, declara.

angústia dos professores e dos téc-nicos administrativos do campus de Joinville é compartilhada com os alunos. Para eles, a qualidade

do ensino é prejudicada por falta de infra-estrutura adequada. “Se os professores não têm espaço, nós também não temos e isso prejudica a qualidade do ensino oferecido pela Instituição. O que adianta dizer que fui formada pela UFSC, mas sem qualidade”, destaca a estudante Aline Fernandes de Sou-za, do curso de Engenharia Ferroviária.

Na avaliação da acadêmica, que está na sétima fase, portanto acompanha a im-plantação do campus desde o início, o di-ferencial são os professores. “Eles são mui-to bons. Têm muita vontade de ensinar e crescer, mas a instituição não dá apoio. Não fornecem nem um mísero canetão para es-crever no quadro. Os alunos não têm local de convivência. Não cabem 30 pessoas na nossa lanchonete”, reclama Aline. Ela tam-bém relata os problemas com a biblioteca. “O número de livros até que é bom, mas têm horas que não tem como entrar num lugar que cabem apenas 20 pessoas. Os alu-nos chegam a fazer fila para conseguir mesa para poder estudar”, revela.

Outra reclamação dos estudantes é em relação à sala de monitoria, que foi desati-vada para ser ocupada para outras funções. “A qualidade do atendimento é prejudica-da pela falta de espaço. A sala de monitoria foi tirada. A sala de estudo tem apenas três tomadas. Os alunos e monitores utilizam salas de aulas quando estão vagas. Depen-demos até da padaria da esquina para es-tudar”, afirma André Bonato, do curso de Engenharia Mecatrônica. Para os estudan-tes, o projeto de colocar 200 alunos numa única sala de aula, nas primeiras fases, tam-bém compromete a qualidade do ensino oferecido.

Os alunos relatam, ainda, os problemas com os laboratórios. De acordo com eles, vários projetos desenvolvidos exclusiva-mente por estudantes já foram premiados, mas que as condições das oficinas preju-dicam o andamento dos trabalhos. “Tive-mos várias premiações com esta estrutura,

imagina se tivéssemos condições melhores”, destaca Marco Antônio Rosso, acadêmico do curso de Engenharia Automotiva. “Te-mos que disputar espaço com outras equi-pes nos laboratórios. Tem maquinário lá e não tem técnico capacitado para ajudar. Em alguns casos, temos que comprar ou ar-rumar emprestado material para realizar o trabalho. Uma equipe acaba prejudicando a outra por falta de espaço”, complementa Jonathan Cristofolin, aluno de Engenharia de Infraestrutura.

De acordo com os estudantes, várias reinvindicações sobre as condições do cam-pus já foram encaminhadas à Reitoria, mas nenhuma resposta foi obtida. Segundo eles, a evasão no campus é alta e um dos fatores é justamente a falta de estrutura. “Você não tem onde encontrar estudos. Ir para exte-rior é o melhor caminho. Não para aumen-tar o currículo, mas porque a UFSC não dá condições. O número de evasão é muito alto, principalmente pelo descaso com o campus”, destaca Aline.

O diretor geral do campus, professor Luiz Fernando Peres Calil, que assumiu o cargo em março deste ano, reconhece que

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Para alunos, colocar 200 pessoas numa sala de aula compromete o aprendizado nas fases iniciais

“O número de evasão é alto, principalmente pelo descaso com o campus”, destaca discente

7Apufsc-Sindical | Novembro 2013

PELO ESTADO

Pauta de reivindicações do Sindicato é encaminhada a representantes políticos e órgãos do governoA Diretoria da Apufsc-Sindical elaborou uma pauta de reivindi-

cação que será defendida pela Entidade na defesa dos direitos dos professores e das universidades públicas. O documento, contendo dez itens, será encaminhado aos deputados federais, senadores, Ministério da Educação (MEC), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) e a presidente Dilma Rousseff. “As demandas são em favor do ma-gistério público federal, tanto para o Magistério Superior, como para o Ensino Básico, Técnico e Tecnológico para que verdadeiramente valorizem o trabalho do professor”, destaca o presidente da Apufsc, Marcio Campos.

Na lista de reivindicações, apresentada pelo Sindicato, está: a regulamentação da Convenção 151 da OIT para dignificar as re-

lações de trabalho na administração pública municipal, estadual e federal; criação de carreira de Estado para o Magistério Público Federal; fixação da data base para correção salarial dos servidores públicos; isonomia e paridade no tratamento entre aposentados e ativos dos servidores públicos; garantia de acesso à creche e edu-cação fundamental aos filhos dos servidores públicos; realização de ações concretas para a promoção e prevenção da saúde dos servidores públicos; elevação do subsídio ao plano de saúde pela parte patronal ao funcionalismo; oportunizar o ingresso dos pós--graduandos nos planos de saúde dos servidores públicos; apro-vação da PEC 555, que prevê a extinção gradativa da contribuição previdenciária dos aposentados; e lutar pela consolidação e am-pliação da autonomia das universidades públicas.

Eleição para recomposição da Diretoria do Sindicato

No dia 26 de novembro, a Apufsc--Sindical realiza eleição para recompo-sição da Diretoria. O pleito vai escolher os novos diretores de Assuntos de Aposentadoria e de Promoções Sociais, Culturais e Científicas. Os dois cargos estão vagos devido à renúncia dos professores Milton Muniz e Antônio Pedro Schlindwein que, respectivamen-te, ocupavam as funções e que foram eleitos juntamente com a atual Diretoria em outubro de 2012.

A inscrição de candidatos vai até às 18h do dia 14 de novembro. Poderão candidatar-se aos cargos sócios que estiverem em pleno gozo de seus direi-tos, serem associados ao Sindicato no mínimo 30 dias antes da eleição e não estejam vinculados a cargos administra-tivos em Universidades Federais.

As eleições ocorrem das 9h às 19h no Centro de Ciência Agrárias da UFSC, no hall central da Reitoria da UFSC para todos os professores ativos (exceto os lotados no CCA), nos campi da UFSC de Araranguá, Curitibanos e Joinville, na sede da Apufsc do Campus Universitário para os aposentados e no campus da UFFS em Chapecó.

As instruções para a eleição e o Estatuto estão disponíveis no site do Sindicato. O edital foi publicado no dia 24 de outubro.

Encontro discute situação dos campi da UFSC no interior

Professores dos campi da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) de Araranguá, Curitibanos e Joinville realizaram encontro no dia 19 de outubro, em Florianópolis, para discutir a situação de cada uma das unidades da Instituição no interior do estado. A falta de estrutura foi o principal pro-blema apontado pelos par-ticipantes, que elaboraram uma lista com os principais pontos a serem defendidos pelos professores e pela Apufsc-Sindical para melhorar as condições de trabalho.

A melhoria nas condições de espaço físico para as atividades de ensino, pesquisa e extensão, assim com a publicidade e compro-metimento para o andamento das obras nos campi foram alguns dos pontos defendidos pelos professores presentes no encontro. Eles também reclamam da falta de docentes e téc-nicos administrativos para atender a demanda e defendem uma contrapartida institucional para garantir condições de pesquisa, como a flexibilização de interstícios, garantia de substi-tutos para viabilizar os afastamentos e políticas para fixação dos profissionais nos campi.

Para aperfeiçoar a relação entre a sede da UFSC em Florianópolis e as unidades do interior, foi sugerido levar à Reitoria a ideia de

criação de um órgão de apoio administrativo dos campi na Administração Central. Eles também defendem a representação permanen-te nos Conselhos Superiores da Universidade, por meio de membros eleitos pela comunidade universitária, pelo menos até a efetivação do reconhecimento institucional. Atualmente os campi não têm voz e voto nestes órgãos.

A conclusão dos participantes é de que os professores dos campi precisam se unir para, desta forma, fortalecer a negociação com a Reitoria. Para isso, de acordo com eles, a Apufsc terá papel fundamental.

Participaram do encontro os professores Eduardo de Carli da Silva, representante de Joinville, Bernardo Borges, representante de Araranguá, Marcelo C. Scipioni e Alexandre Magno, representantes de Curitibanos.

União dos professores busca fortelecer negociações com a Reitoria

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INFORMES

Agenda de eventos em novembro e dezembro

Publicação mensal do Sindicato dos Professores das Universidades Federais de Santa Catarina (Apufsc-Sindical)

DIRETORIA GESTÃO 2012/2014 PRODUÇÃO

Jornalista Responsável Clodoaldo Volpato (SC - 2028 JP)Projeto Gráfico Cristiane Cardoso (SC-634 JP)Editoração Eletrônica Bianca EnomuraTextos Marilia Labes

Impressão Gráfica Rio SulTiragem 3.800 exemplaresDistribuição gratuita e dirigida

ENTRE EM CONTATO

Endereço: Sede da Apufsc, Campus Universitário, CEP 88040-900, Florianópolis/ SC

(48) 3234-5216 | 3234-3187

www.apufsc.org.br

[email protected]

O conteúdo dos artigos assinados é de responsabilidade dos autores

Presidente Marcio Campos

Vice-Presidente Alexandre Verzani Nogueira

Secretário Geral Bernadete Limongi

1ª Secretária Rose Elaine de Liz Waltrick

Diretor Financeiro Mauro Amaral Caldeira de Andrada

Diretor Financeiro Adjunto Antônio de Miranda Wosny

Diretor de Divulgação e Imprensa Raquel Carolina Souza Ferraz D'Ely

Diretor de Promoções Sociais, Culturais e Científicas

Diretor de Assuntos de Aposentadoria

CONSELHO FISCAL 2013/2015

Titulares João Randolfo PontesJosé Arno ScheidtSinésio Stefano Dubiela OstroskiSuplentes Altamiro Damian PréveNivaldo João dos Santos

Novas liberações judiciaisNo site da Apufsc está disponível a lista com os nomes dos professores que foram beneficia-

dos com as novas liberações judiciais do vale alimentação, liberação dos 28,86%, liberação dos 3,17 e da GED. O professor que ainda não recebeu os valores devidos, basta ir a uma agência da Caixa Econômica Federal (CEF), munido de RG, CPF e comprovante de residência.

Palestra: Uso de hormônios em fran-go de cortesPalestrante: Pro-

fessor José Carlos F. PadilhaLocal: Sede da Apufsc do Campus UniversitárioHorário: 14h

Membros do CF assumem responsabilidade de exercer a fiscalização financeira da Apufsc-Sindical

Conselho Fiscal do Sindicato é empossadoConselho Fiscal da Apufsc-Sindical para o biênio 2013/2015 foi empossado nesta quarta-feira (23). O ato aconteceu na sede do

Sindicato no Edifício Max & Flora. Tomaram posse os professores: João Randolfo Pontes (efetivo), Sinésio Stefano Dubiela Ostroski (efetivo), José Arno Scheidt (efetivo), Altamiro Damian Préve (suplente) e Nivaldo João dos Santos (suplente).

A eleição para o CF ocorreu no dia nove de outubro em todos os campi da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e no campus da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) de Chapecó. A única chapa inscrita foi eleita com 199

votos. Participaram do pleito 207 associados.De acordo com o Estatuto da Apufsc,

o Conselho Fiscal, órgão de fiscalização do Sindicato, constituído de três membros titulares e dois suplentes, sócios efetivos da Apufsc-Sindical, é eleito em chapa desvinculada da Diretoria. Cabe ao CF: exercer a fiscalização financeira da Apufsc- Sindical, mediante análise semestral dos documentos contábeis; emitir parecer sobre o balanço, as contas e as despesas constantes do Relatório Anual da Diretoria; prestar esclarecimentos sobre a situação financeira da Apufsc-Sindical, sempre que solicitado por qualquer outro órgão da entidade ou por seus associados.

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28nov

Lançamento do livro “SolidWorks - Modelagem 3D”Autores: Profes-

sores Antonio Carlos de Souza, Henderson José Speck, Luis Alberto Gómez e Edison Roh-lederLocal: Sede da Apufsc do Edi-fício Max & FloraHorário: 18h30

* Também haverá a divulga-ção do projeto “Saúde Física e Mental, QI Gong” para 2014.

29nov

Palestra: Geopo-lítica e Segurança na AmazôniaPalestrante: Pro-

fessor Luis A. GuadaluppeLocal: Sede da Apufsc do Campus UniversitárioHorário: 14h

12dez


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