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Ecovila Urbana

Date post: 09-Mar-2016
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Ecovilas no contexto urbano

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  • Akrpolis, Umuarama, v. 16, n. 1, p. 31-44, jan./mar. 2008 31

    A ECOVILA URBANA: UMA ALTERNATIVA SUSTENTVEL

    THE URBAN ECOVILLAGE: A SUSTAINABLE ALTERNATIVE

    Alexander Fabbri Hulsmeyer1

    HULSMEYER, A. F. A ECOVILA URBANA: UMA ALTERNATIVA SUSTENTVEL. Akrpolis, Umuarama, v. 16, n. 1, p. 31-44, jan./mar. 2008.

    RESUMO: Nos ltimos anos, a sustentabilidade dos ambientes urbanos tem sido uma das questes mais discutidas e debatidas no mbito da Arquitetura e Urbanismo, pois as cidades passaram a ser vistas como ecossistemas, estando interligadas a outros ecossistemas, numa situao de interdependncia. Portanto, para garantir a qualidade de vida das geraes futuras, a utilizao sustentvel dos recursos naturais na rea de construo civil se tornou algo indispensvel. Neste contexto, a ecovila urbana pode ser entendida como um condomnio residencial. Tanto a sua implantao como o projeto arquitetnico da unidade tipo, so determinados pela sua sustentabilidade, de acordo com princpios de arquitetura bioclimtica, conceitos ecossistmicos, e de qualidade ambiental. O objetivo deste artigo fazer um levantamento bibliogrfi co que subsidie a discusso sobre as bases conceituais a respeito das Ecovilas Urbanas, sua contextualizao e sua aplicabilidade.PALAVRAS-CHAVE: Arquitetura sustentvel; Ecovilas; Design ecolgico.

    ABSTRACT: Urban environmental sustainability has been one of the most discussed issues in the area of Architecture and Urbanism for the past years as the cities started to be seen as ecosystems interconnected to others ecosystems in an interdependent situation. So, in order to guarantee life quality for the next generations, the sustainable use of natural resources in the civil construction became a priority. In this context, the urban ecovillage can be conceived as a residential condominium, where both the architectonic project of the houses and its implantation on the right site are determined according to the environmental sustainability using the principles of ecological architecture and environmental quality. This article reviews the literature on the conceptual basis with respect to urban Ecovillages, its contextualization and applicability.

    Docente do Curso de Arquitetura da Universidade Paranaense - UNIPAR - Umuarama - PR. [email protected]

    Recebido em Fevereiro/2008Aceito em Abril/2008

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    HULSMEYER, A. F.

    KEYWORDS: Ecological architecture; Ecovillages; Ecological design.

    INTRODUO

    Nos ltimos anos, a sustentabilidade dos ambientes urbanos tem sido uma das questes mais discutidas e debatidas no mbito da Arquitetura e Urbanismo, pois as cidades passaram a ser vistas como ecossistemas, estando interligadas a outros ecossistemas, numa situao de interdependncia.

    Sob a perspectiva ecolgica, a sustentabilidade se assenta em trs princpios fundamentais: a conservao dos sistemas ecolgicos sustentadores da vida e da biodiversidade; a garantia da sustentabilidade dos usos que utilizam recursos renovveis e o manter as aes humanas dentro da capacidade de carga dos ecossistemas sustentadores.

    Desta forma, para garantir a qualidade de vida das geraes futuras, a utilizao sustentvel dos recursos naturais na rea de construo civil se tornou algo indispensvel (GAUZIN-MLLER, 2003).

    Neste contexto, a ecovila urbana pode ser entendida como um condomnio residencial. Tanto a sua implantao como o projeto arquitetnico da unidade tipo sero determinados pela sua sustentabilidade, de acordo com princpios de arquitetura bioclimtica, conceitos ecossistmicos, e de qualidade ambiental.

    Para a aplicao de conceitos relacionados sustentabilidade arquitetnica e a qualidade ambiental, necessria a pesquisa de novas tecnologias construtivas, assim como, o redescobrimento de tcnicas vernaculares; o conhecimento de materiais renovveis, como, por exemplo, a madeira e os tijolos de solo-cimento; sistemas biolgicos para tratamento de esgoto e resduos domsticos; tcnicas de aproveitamento de gua da chuva; tcnicas de conforto ambiental que diminuam a utilizao de energia; a anlise de experincias correlatas; etc.

    Portanto, a sustentabilidade da ecovila pode ser subdividida em dois enfoques principais: o projeto arquitetnico da unidade tipo, de forma a criar uma edifi cao sustentvel, mas com caractersticas estticas contemporneas, expressando tambm uma preocupao formal; e o enfoque da conformao do condomnio, de acordo com seu stio e entorno, incorporando sistemas de aproveitamento de gua da chuva, tratamento de esgoto, compostagem de resduos orgnicos, paisagismo, aproveitamento de energia solar, horta e pomar comunitrio.

    O objetivo deste artigo fazer um levantamento bibliogrfi co que subsidie a discusso

    sobre as bases conceituais a respeito das Ecovilas Urbanas, sua contextualizao e sua aplicabilidade.

    Com isto, busca-se incentivar metodologias que incorporem ao processo projetual conceitos de ecologia e sustentabilidade, caracterizando a interdisciplinaridade com outras reas do conhecimento inerente aos projetos arquitetnicos, urbansticos e paisagsticos.

    O Ecossistema Urbano

    As interaes entre as atividades humanas e o ambiente natural produzem um ecossistema muito diferente daquele existente anteriormente cidade. Os ecossistemas urbanos so sistemas sustentados por uma importao macia de energia e de matrias primas. Um sistema no qual os processos culturais humanos criam lugares completamente diferentes da natureza intocada, ainda que unida atravs de fl uxos de processos naturais comuns. medida que as cidades crescem em tamanho e densidade, as mudanas que produzem no ar, no solo, na gua e na vida, em seu interior e a sua volta, agravam os problemas ambientais (SPIRN, 1995).

    Essas alteraes ocorrem no micro-clima e atmosfera das cidades, no ciclo hidrolgico, no relevo, na vegetao e na fauna. A atmosfera se torna mais poluda e aquecida, pela: presena de material particulado (poeira, fuligem); liberao de gases (CO2, CO, e outros), provenientes de veculos, indstrias e construes, provocando nuvens que produzem sombra; umidade relativa menor do que no meio natural e agrrio; temperaturas mais altas, pelo aquecimento de grandes reas concretadas e escassez de vegetao e corpos dgua.

    O ciclo das guas alterado pela impermeabilizao do solo, pois a gua pluvial escorre por galerias e sistemas de drenagem, tornando essa gua imprpria para uso. Os cursos dgua so retifi cados, no respeitando a existncia e necessidade das matas ciliares. Assim as guas atingem os fundos de vale rapidamente e, no tendo condies de vazo sufi ciente, causam as enchentes.

    Alm disso, as guas carregam, para os rios, materiais como terra, lixo, entulho, que contribuem para o assoreamento dos mesmos. O maior problema com relao ao relevo so os cortes e aterros de grandes extenses, causando compactao e eroso dos solos. A vegetao nativa quase totalmente dizimada, e substituda por plantas exticas, muitas vezes com pequena funo ecolgica.

    A fauna original totalmente dizimada em funo da destruio de seu habitat natural. Algumas

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    espcies de animais se sobressaem nas cidades, devido s condies favorveis que encontram para o seu aumento populacional e ausncia de seus predadores naturais, provocando um desequilbrio inigualvel nas cadeias alimentares. Baratas, ratos, pombos, pardais, escorpies, formigas, cupins, pernilongos, so os principais exemplos de animais urbanos. Muitos deles vetores de doenas e indesejveis, devido sua grande populao (SPIRN, 1995).

    A idia de que a natureza precisa ser dominada.pelo ser humano, e a idia de que a natureza uma fonte inesgotvel de recursos, sempre disponveis, e sem custos, nos tem levado a procedimentos desestabilizadores dos sistemas que asseguram a vida na Terra, confi gurando o panorama de perda crescente de habitats e de qualidade de vida, quer pela degradao generalizada dos centros urbanos onde est a maioria das populaes, quer pela brutal apropriao e destruio do patrimnio ambiental (gua, ar, solo), biodiversidade, diversidade cultural etc.

    O ser humano precisa reeducar-se em todas as suas dimenses, e a compreenso dos assentamentos humanos sob um novo paradigma, o desenvolvimento humano sustentvel, precisa ser considerado (DIAS, 1997).

    Neste contexto, o estudo dos assentamentos humanos, segundo a UNESCO (apud DIAS, 1997), considera cinco componentes:

    1 - ambiente natural (gua, ar, solo, vegetao e vida animal);

    2 - pessoas;3 - atividades (interao entre pessoas e

    destas com o ambiente urbano);4 - ambiente feito pelo ser humano (ruas,

    prdios, vias, fbricas etc). Ampliando o conceito de arquitetura

    sustentvel, ADAM (2001) utiliza o termo ecoedifcio como sendo uma perspectiva de conciliar os ecossistemas naturais e o prprio edifcio, de forma holstica e interdisciplinar. O autor estende o conceito incluindo os estudos da arquitetura bioclimtica, geobiologia, ecotech, bioconstruo, tradies do Feng-Shui, tecnologia de matrias, tecnologias de ponta, ecologia, alternativas energticas e do conhecimento contemporneo em psicologia, fsica e biologia, neurocincias, etc. Ou seja, uma tentativa de contextualizar, no mbito urbano e arquitetnico, descobertas cientfi cas recentes e tradies milenares. O Ecoedifcio um conceito dinmico e progressivo de qualifi cao que integra indivduo, edifcio e ecossistemas, permitindo que todos se assimilem harmonicamente.

    Portanto, a reformulao do nosso tipo de habitao algo fundamental para atingirmos uma vida sustentvel, economizando gua, energia e diminuindo drasticamente a gerao de lixo. Nos prximos anos, a necessidade de todos reverem o modelo atual ser cada vez maior, e muitos consumidores conscientes j esto de olho no futuro.

    Deve-se destacar ainda, que a utilizao dos conceitos de sustentabilidade na arquitetura podem produzir resultados mais efetivos quando aplicados de forma comunitria, a um grupo de pessoas, comunidade, vizinhana ou bairro, pois determinadas aes necessitam de sistemas que muitas vezes so inacessveis a uma edifi cao isolada.

    Genius Loci

    Pode algum ento perceber (...) que o carter bsico de uma cidade deriva do stio e que a excelncia est nas ocasies em que estas qualidades intrnsecas so reconhecidas e bem aproveitadas? Pode algum entender, mais ainda, que as edifi caes, os espaos e lugares, consoantes com o stio, adicionados ao genius loci, constituem no somente a adio de novos recursos, mas tambm so determinantes da nova forma? (McHARG, 1971).

    As relaes existentes entre a sociedade humana e a natureza so concebidas, ao longo da histria, de duas formas principais: na primeira, a natureza vista como uma entidade da qual o homem est ausente; na segunda, o homem considerado parte integrante, da qual originrio e agente modifi cador. Destas duas concepes, originaram-se opes fi losfi cas a respeito da identidade do homem e sua relao com a natureza, que legitimaram prticas sociais, as quais coexistem ainda hoje.

    De acordo com a cincia chinesa dos ventos (feng) e da gua (shui), a terra atravessada pelo constante sopro da natureza. As formas do cho, ou seja, o relevo revela a presena de drages azuis (o princpio masculino) e os tigres brancos (o feminino), e locais propcios para edifi caes, cidades ou mesmo jardins sero encontrados onde diferentes correntes que eles representam se cruzam. A arte do feng-shui escolher o local exato, precisamente (MOORE, 1997).

    A tradio grega clssica deu tambm uma forte contribuio para o nosso senso de lugar, resultante da combinao de uma paisagem particularmente sugestiva e da qualidade da claridade da luz: nem opressiva, nem exageradamente tnue. O carter individual e inteligvel dos lugares

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    na paisagem grega est relacionado aos Deuses Gregos, que personifi cavam as qualidades destes lugares. Isto dava aos gregos uma grande ateno quanto aos aspectos qualitativos do lugar.

    J os romanos liam os lugares como faces, como se revelassem o esprito que vivia nas suas profundezas. Cada lugar (como cada pessoa) possua seu Gnio individual. A consulta ao Esprito do Lugar nada mais era do que a tentativa de se entender o potencial perfeito do lugar e ajudar a sua emergncia, onde necessrio, por discreta interveno (NORBERG-SCHULTZ, 1979).

    A topografi a responsvel pelas principais caractersticas do stio, representando as maiores condicionantes do traado urbano. Respeitando essa caracterstica, a implantao da cidade passa a ser mais econmica, dispensando grandes movimentaes de terra e mais econmico de se manter, porque ecologicamente mais estvel. As recompensas por se projetar a cidade de acordo com a natureza aplicam-se igualmente a todas as cidades, novas ou antigas, grandes ou pequenas. Mas na maioria das vezes a potencialidade, que tem o ambiente natural, para contribuir com uma paisagem urbana mais diferenciada, memorvel e simblica, desconsiderada e desperdiada (SPIRN, 1995).

    No ambiente natural de cada cidade existem elementos diferenciados e elementos comuns. Muitas cidades devem sua localizao, seu crescimento histrico e a distribuio da populao, bem como o carter de seus edifcios, ruas e parques s caractersticas diferenciadas de seu ambiente natural (SPIRN, 1995).

    Os recursos oferecidos e as difi culdades impostas pelo stio natural de cada cidade compreendem uma constante com a qual sucessivas geraes tiveram que tratar, cada uma de acordo com seus prprios valores e tecnologia. Civilizaes e governos ascendem e caem; tradies e valores, e polticas, podem mudar; mas o ambiente natural de cada cidade permanece uma estrutura duradoura na qual atua a comunidade humana. O ambiente natural de uma cidade e sua forma urbana, tomados em conjunto, compreendem um registro da interao entre os processos naturais e os propsitos humanos atravs dos tempos. Juntos, contribuem para a identidade nica de cada cidade (SPIRN, 1995). Assim, processos erosivos, fundos de vale degradados, desrespeito topografi a do terreno, tambm podem expressar a cultura daquela populao.

    Quando uma cidade criada em lugares com paisagens naturais marcantes ou singulares, sua excelncia geralmente resultado da preservao, aproveitamento e melhoria, mais do

    que da supresso do seu genius loci. Mas quando faltam estas qualidades intrnsecas, a excelncia pode ser criada pelas edifi caes e espaos livres, assim como demonstrado em Amsterd, Veneza, Paris. Quando a cidade contm tais criaes, entram no inventrio de valores do Esprito do Lugar. A cidade pode ser vista como um aproveitamento do stio como um todo, sendo as criaes humanas vistas como uma adaptao consciente a ele, que preservam, valorizam e melhoram suas qualidades bsicas (McHARG, 1971).

    A partir do Renascimento, as percepes com relao ao meio ambiente e as atitudes expressadas na planifi cao urbana se centraram, com poucas excees, em ideais utpicos, mais do que nos processos naturais, como elementos determinantes da forma urbana (HOUGH, 1998).

    Neste perodo, surgiu uma sensibilidade nostlgica da Natureza como Paraso Perdido.

    Portanto, fazia-se necessrio, agora, legitimar a explorao da Natureza pelo homem. Os fi lsofos passam ento, a defi nir a natureza como uma obra de Deus para desfrute do homem. O exemplo desta forma de pensar a natureza, a defi nio de Karl Linn, de Mquina do Universo criada por Deus, pois...

    No governo da natureza, o homem o mais alto servidor (...), a natureza inteira tende a prover a felicidade do homem, cuja autoridade se estende sobre toda a terra, podendo apropriar-se de todo produto. Assim, nesta relao, tudo foi criado para o homem (ACOT, 1992).

    Outro desastre, conseqente da fi losofi a predominante nos sculos XVIII e XIX, foi a diminuio ou mesmo desaparecimento do apelo ao sobrenatural para a explicao dos mecanismos naturais. Considerava-se que a Natureza estaria presente apenas onde o homem estivesse ausente, fruto do triunfo da fsica Newtoniana e do mecanicismo (ACOT, 1992).

    Sistemas e Mtodos de Classifi cao de Sustentabilidade

    Atualmente existem inmeros sistemas de certifi cao de edifcios segundo critrios que buscam analisar sua sustentabilidade, interao com o meio ambiente, bem como sua preocupao ecolgica. As metodologias destes sistemas so baseadas no crdito de pontuao conforme parmetros pr-defi nidos para diversos aspectos que abrangem a eco-sustentabilidade do edifcio.

    Dentre um dos mais conhecidos destaca-

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    A ecovila urbana: uma alternativa...

    se o americano LEED (Leadership in Energy & Environmental Design).

    Segundo Lam (2004), o LEED apresenta diretrizes que visam melhorar o desempenho ambiental e econmico de edifcios comerciais utilizando-se de prticas, materiais, padres e princpios j estabelecidos. Tais diretrizes so utilizadas pelos profi ssionais e entidades envolvidas no projeto como parmetros para a conceituao e desenvolvimento do edifcio (Tabela 01).

    Tabela 01 - Sistema de Classifi cao LEED - verso 21- TERRENOS SUSTENTVEIS1.1 Controle de Eroso e Sedimentao pr-requisito1.2 Seleo do Local 1 ponto1.3 Redesenvolvimento Urbano 1 ponto1.4 Redesenvolvimento de reas Con-taminadas 1 ponto

    1.5 Transporte Alternativo 1 a 4 pontos1.6 Reduo dos Distrbios do Local 1 a 2 pontos1.7 Gerenciamento da gua de Chuva 1 a 2 pontos1.8 Paisagismo / Reduo de Ilhas de Calor 2 pontos

    1.9 Reduo da Poluio da Luz 1 ponto(Fonte: USGBC - Leadership in Energy and Environmental Design apud LAM, 2004)

    2- EFICINCIA NO USO DA GUA 2.1 Efi cincia no Paisagismo 2 pontos2.2 Novas Tecnologias para gua Re-siduria 1 ponto

    2.3 Reduo do Uso da gua 2 pontos3- ENERGIA E ATMOSFERA3.1 Sistema de Comissionamento pr-requisito3.2 Desempenho de Energia Mnimo pr-requisito3.3 Eliminao de CFC em Equipamen-tos de HVAC pr-requisito

    3.4 Otimizao da Efi cincia Energtica 2 a 10 pontos3.5 Energia Renovvel 1 a 3 pontos3.6 Comissionamento Adicional 1 ponto3.7 Eliminao de HCFC e Halons 1 ponto3.8 Medio e Verifi cao 1 ponto3.9 Energia Verde 1 ponto4- MATERIAIS E RECURSOS4.1 Armazenamento e Seleo de Reci-clveis requisito

    4.2 Reutilizao do Edifcio 1 a 3 pontos4.3 Gerenciamento do Desperdcio na Construo 1 a 2 pontos

    4.4 Reutilizao de Recursos 1 a 2 pontos

    4.5 Contedo Reciclado 1 a 2 pontos4.6 Materiais Locais / Regionais 1 a 2 pontos4.7 Materiais Rapidamente Renovveis 1 ponto4.8 Madeira Certifi cada 1 ponto5- QUALIDADE AMBIENTAL INTERIOR5.1 Desempenho Mnimo pr-requisito5.2 Controle Ambiental de Fumaa Gerada pelo Tabaco pr-requisito

    5.3 Monitoramento do Dixido de Car-bono 1 ponto

    5.4 Aumento da Efi ccia da Ventilao 1 ponto5.5 Plano de Gerenciamento da Quali-dade do Ar Interno 1 a 2 pontos

    5.6 Materiais de Baixa Emisso 1 a 4 pontos5.7 Controle das Fontes de Produtos Qumicos e Poluentes 1 ponto

    5.8 Controle dos Sistemas Internos 1 a 2 pontos5.9 Conforto Trmico 1 a 2 pontos5.10 Luz Natural e Vistas 1 a 2 pontos

    No contexto das Ecovilas, podem-se destacar alguns destes objetivos, exemplifi cando-os e dando-lhes mais visibilidade (adaptado de LAM, 2004):

    1. Terrenos Sustentveis a. Controle de Eroso e Sedimentao: visa

    atenuar impactos negativos qualidade da gua e ar. Atravs de plano de prticas, deve prevenir a eroso do solo por carreamento de gua ou vento durante a construo, bem como reduzir a sedimentao de poeira e poluio do ar por disperso de materiais particulados.

    b. Seleo do Local: tem como objetivo garantir que o terreno esteja em conformidade com a legislao ambiental local e atenda a critrios de localizao especfi cos, que objetivam a preservao dos recursos naturais e do ecossistema local. Alguns destes critrios no se aplicam ao Brasil, por se referirem legislaes e normatizaes de instituies americanas.

    c. Reduo de Distrbios do Local: visa conservar reas naturais existentes e revitalizar reas danifi cadas atravs do plantio de espcies vegetais nativas e da reduo da taxa de ocupao do edifcio relativa ao terreno, de forma a superar em 25% o mnimo de reas livres exigido por lei. O plantio de rvores nativas pode ser facilmente incorporado ao projeto paisagstico, j a reduo da taxa de ocupao do edifcio deve ser analisada em conjunto com outros parmetros defi nidos pela legislao de ocupao urbana, entre outras, como recuos e alturas mximas para construo.

    d. Gerenciamento da gua de Chuva: tem o

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    objetivo de limitar o fl uxo de gua e promover a maior absoro da gua nos limites do terreno, ao mesmo tempo garantindo a no percolao de contaminantes para o solo. O projeto deve ser elaborado de forma a manter os fl uxos naturais de gua de chuva, minimizando as superfcies impermeveis.

    e. Paisagismo / Reduo de Ilhas de Calor: defi ne medidas e materiais que evitem gradientes trmicos acentuados, de forma a minimizar o impacto no microclima original do terreno. Entre essas medidas esto porcentagem de rea sombreada, utilizao de materiais refl exivos e cores apropriadas e sistemas de pavimentao descontnuos. O projeto deve considerar superfcies com vegetao, pavimentao do tipo grelha aberta e coloraes claras, de forma a reduzir a absoro de calor.

    2. Efi cincia no Uso da gua a. Efi cincia da gua no Paisagismo: limita ou

    elimina o uso de gua potvel para irrigao atravs de reuso de gua, utilizao de gua de chuva e/ou adoo de tecnologias com alta efi cincia de irrigao. Como princpio, deve-se fazer uma anlise do solo e do clima local para a determinao, no projeto de paisagismo, de plantas nativas com baixa necessidade de irrigao e, a partir da, projetar sistema de irrigao efi ciente, que utilize gua de chuva e residuria.

    b. Novas Tecnologias para gua Residuria: visa diminuir a descarga de gua para o sistema pblico de coleta de esgoto e guas residuais, atravs de tratamento, reutilizao e tecnologias que promovam alta efi cincia na utilizao.

    c. Reduo do Uso da gua: objetiva maximizar a efi cincia do uso da gua e reduzir a demanda por fornecimento pblico atravs do reuso de gua, utilizao de gua de chuva e adoo de tecnologias e equipamentos de alta efi cincia e sensores.

    3. Energia e Atmosfera a. Otimizao da Efi cincia Energtica: busca

    alcanar nveis crescentes de efi cincia energtica, acima do requerimento mnimo inicial, de forma a reduzir os impactos ambientais associados ao uso excessivo de energia.

    b. Energia Renovvel: busca incentivar a adoo de tecnologias de auto-fornecimento energtico atravs de meios renovveis, reduzindo os impactos ambientais associados ao uso de combustvel fssil. Parte da energia consumida no edifcio deve ser produzida no local, atravs de tecnologias renovveis e no poluentes como solar, elica, geotrmica, hidroeltrica, biomassa e biogs.

    4. Materiais e Recursosa. Gerenciamento do Desperdcio na

    Construo: tem como propsito diminuir o encaminhamento do material proveniente de demolio e resduos de construo, incluindo material de terraplanagem, para aterros para disposio fi nal. O processo deve incluir a separao e direcionamento do material reciclvel de volta ao processo de fabricao.

    b. Reutilizao de Recursos: tem o objetivo de estender a vida til dos materiais de construo, reduzindo impactos ambientais relacionados sua produo e transporte.

    Deve-se identifi car oportunidades para incorporar materiais reutilizados e recuperados ao projeto, bem como pesquisar potenciais fornecedores destes materiais, considerando entre outros: painis, portas, batentes, moblias e itens decorativos.

    c. Contedo Reciclado: visa aumentar a demanda por produtos de construo que incorporam materiais reciclados, reduzindo os impactos resultantes da extrao de novos materiais.

    d. Materiais Locais / Regionais: incentiva a utilizao de materiais originrios da regio onde desenvolvido o edifcio, diminuindo, desse modo, os impactos ambientais resultantes do transporte e benefi ciando a economia regional.

    e. Materiais Rapidamente Renovveis: busca reduzir a utilizao de matrias-primas fi nitas, materiais no-renovveis ou de longo ciclo de renovao, substituindo-os por materiais rapidamente renovveis, ou seja, que podem ser produzidos em ciclos curtos, relativamente demanda extrativista.

    f. Madeira Certifi cada: promove o gerenciamento fl orestal responsvel atravs de estmulo utilizao de madeiras certifi cadas.

    5. Qualidade Ambiental Interior a. Conforto Trmico: deve-se prover o edifcio

    de mecanismos que garantam o conforto trmico a seus usurios.

    b. Luz Natural e Vistas: incentiva a conexo do ambiente externo aos espaos internos atravs da utilizao da luz natural e viso das reas exteriores ao edifcio. O atendimento a este item se concentra no projeto arquitetnico, atravs da orientao do edifcio no terreno, da determinao do permetro do edifcio, determinao das janelas, instalao de dispositivos internos e externos de sombreamento, entre outros.

    Na tentativa de padronizar as metodologias sustentveis, os poderes pblicos franceses criaram, no inicio dos anos 90, um grupo interdisciplinar que reuniu os atores relacionados ao meio ambiente e estabeleceram uma metodologia de qualidade ambiental aplicada construo civil. A partir do

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    A ecovila urbana: uma alternativa...

    Programa Ecologia e Habitat estabeleceu-se defi nitivamente, no ano de 1996, o mtodo conhecido como Alta Qualidade Ambiental. Este mtodo se prope a satisfazer trs exigncias complementares: criar um entorno interior so e confortvel para o usurio; controlar o impacto sobre o entorno exterior do edifcio; preservar os recursos naturais mediante a otimizao de seu uso (GAUZIN-MLLER, 2003).

    Ainda segundo os autores, para promover a melhora da qualidade ambiental dos edifcios atravs do mtodo de Alta Qualidade Ambiental, proposta uma tabela com 14 objetivos, agrupados em quatro grupos (Tabela 02).

    Tabela 02 - Objetivos da Alta Qualidade Ambiental.1. EcoconstruoRelao harmoniosa do edifcio e seu entorno:Eleio integrada dos processos e dos produtos con-strutivos;Baixo impacto da obra no entorno.2. EcogestoGesto energticaGesto da guaGesto dos resduos gerados pelo usoManuteno e conservao3. ConfortoConforto trmicoConforto acsticoConforto olfativoConforto visual

    4. SadeCondies sanitriasQualidade do arQualidade da gua

    Podemos notar que os Sistemas e Mtodos de Classifi cao de Sustentabilidade e Excelncia Ambiental servem apenas como parmetros dos critrios a serem adotados, pois cada pas deve desenvolver o seu prprio sistema, de acordo com as caractersticas locais e suas condicionantes ambientais, sociais, tecnolgicas e econmicas.

    Desta forma, a anlise das metodologias anteriores resulta na constatao de que a sustentabilidade pode tambm ser considerada como uma linha de ao tica. Portanto, a metodologia de projeto para o edifcio e para cidade pode ser defi nida conceitualmente atravs dos seguintes passos: (adaptado de ADAM, 2001):

    - escolher o terreno, observando as condies do stio urbano, orientao, topografi a, articulao

    funcional (localizao, proximidade de servios, comrcio, transporte...) carta climtica da localidade (sol, temperatura, umidade, ventos, precipitaes atmosfricas);

    - articulao arquitetnica entre as propriedades fsicas da massa edifi cada e do entorno, buscar a melhor relao ecolgica entre o terreno (permeabilidade do solo, topografi a, projees do entorno, massas de gua, vegetao, sombras, composio da envolvente relao entre espaos abertos e fechados), e o edifcio (dimenses e geometria de fechamentos, aberturas, estrutura e cobertura, volumetria, materiais, pinturas, cores, cheios e vazios, propriedades termoacsticas, toxicidade e reciclabilidade dos materiais);

    - escolher materiais de construo segundo princpios ecolgicos de reciclagem, fl exibilidade e adaptabilidade arquitetnica do edifcio a reformas, ampliaes e alteraes do lay-out, facilitando mudanas com o mnimo custo de materiais e energias;

    - transparncia e permeabilidade da pele do edifcio, que deve funcionar como moderadora (luz, calor, ar, umidade), permitindo efi ciente controle e interao entre as necessidades do espao interno e condies exteriores;

    - incorporar dispositivos bioclimticos nos edifcios; integrados aos condicionadores artifi ciais, dentro do conceito ecolgico de auto-sustentabilidade energtica, os recursos tcnicos e energticos devem adequar-se funo do edifcio.

    - o partido arquitetnico pode facilmente integrar os sistemas naturais aos sistemas artifi ciais, trabalhar o edifcio mesclando iluminao, ventilao, aerao natural a sistemas artifi ciais de tecnologia limpa;

    - o potencial dos sistemas naturais deve ser explorado ao mximo e os sistemas artifi ciais devem ser efi cientes;

    - o uso dos ciclos de energia local, sem interrupo nos ciclos naturais e sem originar sistemas insustentveis e no renovveis, trabalhando conjuntamente, ao invs de tentar superar os ciclos de energia da Terra;

    - o desenho de conforto do usurio e qualidade de vida devem encontrar-se em todo o edifcio, incorporando ergonomia e sociabilidade, principalmente em reas de trabalho, que merecem estudo cauteloso (lay-outs e tipologia do mobilirio);

    - expandir o corpo do conhecimento, simular, calcular e dimensionar, enfi m, avaliar sistematicamente o desempenho energtico do edifcio, obtendo controle ecolgico dele; estas informaes servem de base para alteraes e

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    interferncias na dinmica home e edifcio, programa de necessidades, tipo e diversifi cao das atividades que so realizadas, manter o conceito de reforma; sempre que necessrio, alterar fl uxogramas, lay-outs e espaos. Tanto cidades como edifcios devem atentar para a comunicao visual, seja pela falta ou pelo excesso;

    - apropriao do ambiente, com adensamentos racionalizados e programas ocupacionais, otimizando custos com infra-estrutura e transportes e reduzindo a explorao de terrenos novos e distantes;

    - evitar a ocupao de terrenos junto a cursos dgua, e com lenol fretico alto, desfavorvel habitao devido umidade excessiva, perigo de enchentes e inundaes;

    - triagem na coleta de lixo, estmulo reciclagem (gua e matrias primas em geral) e utilizao de produtos retornveis;

    - disposio paisagstica das reas verdes e vegetao, com baixo custo de manuteno, porm com gerao de recursos;

    - uso de ecotecnologias com recursos renovveis e no poluentes.

    Implantao dos Lotes Urbanos

    Os loteamentos habitacionais, sejam pblicos ou privados, sejam legais ou irregulares, tm se constitudo o principal fator responsvel pela extenso e intensidade dos processos erosivos nas frentes de expanso urbana (SANTOS, 2006).

    Manda o bom senso, segundo o autor, que se trabalhe tambm junto s causas da eroso, o que implica, de incio, compreender que a expanso urbana de nossas cidades vem se processando, via-de-regra, atravs de intensas e extensas terraplenagens que retiram a capa protetora de solos superfi ciais mais argilosos (e portanto mais resistentes eroso) implicando exposies cada vez maiores e mais prolongadas dos solos de alterao (mais profundos, menos argilosos, mais erodveis) aos processos erosivos, em uma prtica nociva e nada criativa do ponto de vista tcnico, pela qual persistentemente se privilegia a adaptao dos terrenos aos projetos (produo de reas planas) ao invs de adequar os projetos s caractersticas naturais dos terrenos.

    No entanto, plenamente possvel fazer-se esses loteamentos de uma forma tcnica mais inteligente, criativa e econmica, de sorte a reduzir a necessidade de terraplenagens intensas, assim evitando a ao dos processos erosivos. Obviamente, a reduo cabal da eroso urbana exigir um conjunto de aes combinadas, de ordem legal, de ordem tcnica e de ordem informativa/educativa.

    Porm, ainda segundo SANTOS (2006), a deciso de loteadores e autoridades municipais em alterar a forma tcnica com que vm sendo implantados os loteamentos habitacionais certamente poder resolver em grande parte esse to grave problema, e ser adotada independentemente de qualquer outra ao. E as principais recomendaes tcnicas seriam:

    a) adaptar o projeto topografi a e no a topografi a ao projeto;

    b) demarcar os lotes sem retirar a vegetao e o solo superfi cial. Somente retirar a vegetao e o solo superfi cial se realmente necessrio, no momento da construo de cada edifi cao, ou seja, lote a lote;

    c) em terrenos com declividade acima de 30% (17) adotar lotes com a maior dimenso paralela s curvas de nvel e estimular que as habitaes tenham a parte frontal apoiada sobre pilotis (ou expedientes equivalentes), assim evitando encaixes profundos na encosta;

    d) em terrenos muito inclinados reduzir o nmero de ruas a nvel, devendo ser privilegiado o acesso a p s moradias. As ladeiras perpendiculares s curvas de nvel devero ser descontnuas;

    e) no implantar loteamentos em terrenos com declividade superior a 57% (30). Acima dessa declividade criar reas verdes refl orestadas permanentes;

    f) caso alguma terraplenagem seja mesmo indispensvel, retirar antes a capa de solo superfi cial (+ou- 100 cm) e estoc-la, para depois utiliz-la no recobrimento de reas terraplenadas a serem protegidas com vegetao. O solo superfi cial o solo de melhores caractersticas agronmicas e construtivas: mais frtil, mais resistente eroso e melhor para compactar;

    g) nunca lanar o solo resultante de escavaes e terraplenagens encosta abaixo. Retir-lo da rea e lev-lo para um bota-fora regularizado, sugerido pela Prefeitura;

    h) logo de imediato abertura, promover a pavimentao das ruas e a instalao do sistema de drenagem das guas pluviais;

    i) taludes de cortes e aterros resultantes de terraplenagem devero ser de imediato protegidos com pintura de calda de cal. Mais tarde essa proteo poder ser substituda por alguma opo vegetal de carter paisagstico;

    j) programar os eventuais servios de terraplenagem para os meses menos chuvosos, de forma que, na poca das chuva,s as superfcies de solo porventura expostas j estejam devidamente

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    A ecovila urbana: uma alternativa...

    protegidas.

    O Novo Urbanismo

    Segundo IRAZBAL (2001), um novo movimento, chamado Novo Urbanismo, est ganhando espao de uma maneira expressiva nas discusses sobre planejamento, desenho urbano e arquitetura na Amrica do Norte. Nos ltimos anos, nos Estados Unidos, destacados arquitetos, urbanistas e profi ssionais de outras disciplinas tm discutido em congressos, projetado e construdo vrias comunidades urbanas, com destaque aos condomnios, inclusive algumas Ecovilas.

    Segundo a autora, o que deve ser destacado, entretanto, que o movimento surgiu basicamente como resposta ao incontido crescimento dos subrbios nos Estados Unidos, espcie de grandes urbanizaes que, sem ser cidade ou campo, tampouco conseguem defi nir um carter prprio entre esses extremos que lhes d um sentido de lugar. Os subrbios norte-americanos, fato que ocorre tambm nas cidades satlites que crescem nas imediaes das grandes cidades brasileiras, carecem de uma adequada mescla de funes que permita a um grupo signifi cativo de seus habitantes trabalhar e desenvolver outras atividades sociais em sua prpria vizinhana. As pessoas dependem excessivamente de seus automveis privados, porque o transporte pblico, quando existe, insufi ciente ou no est adequadamente ligado rede urbana para acessar facilmente.

    Baseado nestas experincias, foi elaborada uma Carta, aos moldes da Carta de Atenas do movimento moderno. A Carta do Novo Urbanismo enfatiza a necessidade de diversidade social, mescla de atividades e tipos de circulao, acessibilidade pedestre, participao democrtica e respeito expresso da cultura local.

    Os projetistas do Novo Urbanismo, cujo estilo lhes conferiu tambm o dstico de Neotradicionalismo, ou Urbanismo Sustentvel, esto a favor de comunidades menores e mais densas que os subrbios tradicionais, com limites defi nidos e onde exista uma adequada mescla de funes que incorporem espaos de recreao, comerciais, institucionais e de servio, em estreita vinculao com residncias de vrios tipos. Estas habitaes seriam acessveis a diversos grupos socioeconmicos, e seriam apropriadas de maneira em que propiciem a diversidade tambm em termos de idade, sexo, raa, etc. As viagens para fora da vizinhana so minimizadas, reduzindo a dependncia do carro e a contaminao e o consumo de energia que esta

    gera. As distncias de um lugar a outro poderiam ser percorridas a p, e se poderia chegar caminhando at s estaes de transporte pblico (nibus, trens, metrs e outros, segundo o caso), que conectem com outras comunidades similares. Todas estas caractersticas propiciariam o carter nico do lugar e a sensao de pertencimento comunidade do grupo de habitantes que ali convivem (IRAZBAL, 2001).

    J existem vrias comunidades que foram projetadas baseando-se nos conceitos da Carta do Novo Urbanismo, chamando a ateno, tanto de profi ssionais, como do pblico em geral: Seaside, na Flrida, em 1981, um exemplo pioneiro para o movimento do Novo Urbanismo; e mais recentemente, Celebration, tambm na Flrida; Suisun City e The Crossings, na Califrnia, etc., projetadas nos anos noventa.

    Apesar de o Novo Urbanismo defender a adoo do Ecological Design, aplicado em muitas Ecovilas americanas, a anlise de alguns destes exemplos citados anteriormente torna claro que o objetivo principal de parte destas comunidades mercadolgico, cujos conceitos so introduzidos com superfi cialidade, criando lugares artifi cializados em demasia.

    Estes problemas so confi rmados por LARA (2001a), onde o autor destaca que nem tudo so fl ores na prtica do New Urbanism. O outro lado da agenda mostra um aumento signifi cante no nmero de condomnios fechados, gentrifi cao, conservadorismo estilstico, homogeneidade e uma imagem geral de intolerncia.

    Com relao ao conservadorismo esttico dos empreendimentos New Urbanists construdos at agora, pode-se observar a predominncia de casinhas vitorianas com telhados de duas guas, revestimento de madeira e varanda frontal, num revival que casa com o historicismo dos anos 70 e 80 e com o conservadorismo da classe mdia americana. No por acaso que as referncias internacionais dos New Urbanists so Leon e Rob Krier, sempre citados quando preciso defender o uso de tipologias do sculo 19.

    Em Celebration, por exemplo, como em qualquer outro parque de diverses da Disney, tudo foi cuidadosamente planejado, projetado e executado para a satisfao dos visitantes, ou no caso, residentes. Cada visada de rua foi pensada para que a distncia entre as casas seja perfeitamente agradvel, nem to perto que parea uma vila operria, nem to longe que d a impresso de isolamento e disperso to comuns s cidades americanas, j no valorizadas atualmente pelo mercado imobilirio (LARA, 2001b).

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    HULSMEYER, A. F.

    Segundo BOHL (2003), o Novo Urbanismo possui princpios de design que operam em um nmero de escalas, de edifi caes, lotes e quadras condomnios, bairros, distritos e ultimamente em cidades e regies. Os princpios compartilhados referem-se ao desenvolvimento organizado em padres consistentes com vilarejos histricos e cidades que sejam compactas, que estimulem andar a p, de uso misto, com trnsito tranqilo e que contenham uma gama diversifi cada de unidades habitacionais.

    Entretanto, muitos dos conceitos de sustentabilidade defendidos pelo Novo Urbanismo encontram equivalncia no chamado no movimento Smarth-Growth nos EUA. Segundo Andres Duany, um dos fundadores do Congresso do Novo Urbanismo (BOHL, 2003), a diferena entre Novo Urbanismo e Smart-Growth que, enquanto ambos buscam os mesmos resultados, o Novo Urbanismo concebido como um movimento do setor privado e com tendncias de mercado, enquanto o Smart Growth baseado na poltica governamental e suas regulamentaes.

    Com relao ao Brasil, segundo Tramontano & Santos (2001), compostos por casas ou por edifcios altos, em grandes centros ou em cidades menores, abrigando ricos ou menos ricos, a verdade que os condomnios fechados j fazem parte da paisagem urbana brasileira de vrias regies do pas, como se fossem apenas mais uma modalidade de habitao, no leque restrito costumeiramente acenado pelo mercado imobilirio nacional. O modelo, cujos primeiros exemplares brasileiros viram a luz em meados dos anos 1970, foi concebido visando s parcelas mais abastadas da populao, e revelou-se, ao longo do tempo, uma mina de ouro para investidores e agentes imobilirios. Pode-se, hoje, sem exagero, considerar esta prtica um fenmeno urbano consolidado, tpico dos anos 1990, j que foi nesta dcada que se tornou acessvel a bolsos menos profundos.

    Ainda segundo os autores, deve se atentar para diversos problemas que podem ser causados s cidades pelos condomnios fechados, como a perda das vrias dimenses da vida urbana, da diversidade que a cidade prope, que abre caminho ao conhecimento do outro, experimentao das diferenas, ensinando a aceitao e a tolerncia. A heterogeneidade da esfera pblica, cede lugar, aos poucos, a um universo em que predomina a homogeneidade, o reino dos pares, dos iguais, e, pior, iguais em renda, porque este o recorte mercadolgico, em ltima instncia, mas no forosamente iguais no que diz respeito aos demais

    valores necessrios vida em coletividade. Por trs da imagem de exclusividade, o principal problema social que a frmula Condomnio Fechado coloca , sem dvida, o seu aspecto de cidadela, de gueto.

    Portanto, visando atender ao aumento da procura por condomnios horizontais, mas evitando-se tambm a formao de guetos isolados do restante da comunidade, novas frmulas devem ser discutidas.As Ecovilas

    A busca da qualidade ambiental retoma uma antiga aspirao do homem em seu esforo por estabelecer um equilbrio harmonioso com a natureza que o rodeia. Praticada durante sculos por necessidade, principalmente na arquitetura popular e vernacular, caiu, sem dvidas, em desuso depois da Revoluo industrial, uma poca em que o homem se julgou onipotente e explorou, at o esgotamento, os recursos naturais do planeta.

    O conceito das ecovilas surgiu h apenas dez anos, quando nove comunidades provenientes dos Estados Unidos, da ndia, da Esccia, da Dinamarca e da Austrlia se reuniram. Hoje, existe uma Rede Global com 15 mil comunidades de todo o mundo cadastradas. No Brasil, so cerca de 30. Estes conjuntos habitacionais, que investem em tecnologias alternativas ambientalmente corretas buscam o mximo de sustentabilidade e o mnimo de impacto ambiental como a utilizao de tcnicas construtivas sustentveis, placas para captar energia solar, moinhos para aproveitar a energia elica, sistemas biolgicos para tratamento de esgoto, coleta e aproveitamento de gua da chuva, biomassa e reciclagem, etc. (IWASSO, 2004).

    No s a moradia (construda com madeira com certifi cao ambiental, de preferncia da mesma regio e sem passar por tratamento com produtos txicos), mas tambm o trabalho realizado de forma ambientalmente sustentvel. Como exemplo, o adubo usado para a agricultura orgnica obtido do prprio lixo que a comunidade produz, aps passar pelo processo da compostagem.

    Entretanto, existem diferenas entre as ecovilas rurais, precursoras do conceito, e as chamadas ecovilas urbanas. Nos projetos pilotos de ecovilas urbanas (Los Angeles Eco-village, Cleveland EcoVillage, Cincinnatis Price Hill/Seminary Square Eco-village, e Detroit Eco-village), o entendimento quanto ao que os diferencia das ecovilas rurais que eles esto aptos a utilizar a infra-estrutura urbana j existente e esto prximos dos seus locais de trabalho, alm das oportunidades na comunidade j estabelecida, e disponibilidade de materiais com

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    A ecovila urbana: uma alternativa...

    potencial de reciclagem. Uma ecovila urbana pode ser agrupamento de casas, uma quadra, um condomnio residencial, edifcios de apartamentos, ou mesmo uma vizinhana j existente (SIZEMORE, 2004).

    Fugindo do esteretipo de condomnio horizontal convencional, a EcoCity Cleveland se defi ne como:

    um processo, no um estado: baseado no local, dimenses em pequena escala e relacionado sistemas integrados; diferente de outras ecovilas pois conectada a uma comunidade maior, no isolada. Ela interliga raas e classes. Oferece uma alternativa real para se viver de forma conveniente e acessvel. E uma real demonstrao das possibilidades. No meio-oeste (americano), ecovilas urbanas esto contemplando reas ps-industriais (EcoCity Cleveland, apud SIZEMORE 2004).

    A ecovilas, portanto, no precisam, necessariamente, ser comunidades rurais; tambm possvel a elaborao de ecobairros, localizados em reas urbanas, ou at em ecocasas, bem mais baratas do que as residncias normais. Trata-se, simplesmente, de aplicar as tecnologias de uma casa sustentvel em edifcios, condomnios e at quarteires inteiros dentro de cidades. Experincias do tipo esto sendo realizadas em cidades como Curitiba e Porto Alegre, e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul j pesquisa as construes ecolgicas e as comunidades sustentveis (REVISTA TERRA, 2005).

    No Brasil, j h exemplos de ecovilas em vrios Estados do pas, como Amazonas, So Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul, Paran e Rio de Janeiro. Na cidade goiana de Pirenpolis, por exemplo, h uma ecovila de perfi l mais rural, que rene cerca de cem famlias, que tm como atividade principal a agricultura orgnica. Em Ubatuba, no litoral norte de So Paulo, outra foi construda recentemente (IWASSO, 2004).

    Em comum, ambas investem na permacultura, uma tcnica que consiste num tipo de design de casas e de comunidades que procura usar todos os recursos do terreno e do clima.

    Comprovando o grande potencial deste conceito, a cidade de So Paulo desenvolve o projeto Ecovilas, modelo de assentamento considerado pela ONU uma promessa em questo ambiental e at mesmo social, e o Ecobairro, projeto que pretende implantar aes que demonstrem a importncia de uma vida sustentvel em bairros j construdos.

    O Ecovila So Paulo dever ser lanada nos

    prximos trs anos e o grande diferencial est no design social, visto como um processo de construo do grupo. Quer dizer, alm da preocupao ecolgica com gua, energia e lixo, sero respeitadas as relaes humanas e a cultura local. A idia aproximar os moradores e para isso sero implantadas aes integradoras e espaos fsicos como praas, centros de treinamentos que congreguem as pessoas. Pensa-se at em uma moeda corrente diferente da pblica nessas vilas. O primeiro Ecobairro do Brasil deve ser implantado na Vila Mariana, bairro antigo de So Paulo, ao longo de 3 anos. O lema O Planeta a Nossa Casa e consiste em fazer com que as pessoas consigam transformar suas casas num ncleo de responsabilidade ambiental, baseado na ecologia profunda, j que o que acontece no planeta o resultado do que acontece na casa de cada um (REVISTA TERRA, 2005).

    A Edifi cao Eco-Sustentvel

    Entre os critrios que defi nem um edifcio eco-sustentvel esto a efi cincia das instalaes eltrica, hidrulica e conforto trmico, o tipo de material empregado, condies para os usurios e o impacto sobre a vizinhana, englobando todas as fases do empreendimento, desde a sua concepo e implantao at o ciclo operacional, renovao e demolio. Somando-se a isso, os processos construtivos devem causar menor impacto ambiental e utilizar materiais adequados, reduzindo desperdcios e proporcionando condies saudveis de trabalho.

    Segundo EDWARDS (apud LAM, 2004), princpios bsicos para a conceituao de edifcios ecosustentveis podem ser resumidos em:

    - projeto ambiental apropriado ao contexto (existem alguns princpios a serem seguidos, mas cada projeto tem seu desenvolvimento determinado pelas caractersticas e condies locais);

    - utilizao de tcnicas simples e robustas em detrimento de complexidades desnecessrias (muitos dos problemas e baixo desempenho ambiental observados nos modernos edifcios atuais so resultados de super especifi caes);

    - explorao de capacidade trmica do material estrutural;

    - eaximizao da utilizao de luz natural;- explorao da ventilao natural;- eaior controle e possibilidade de interveno

    do usurio sobre o ambiente interno;- evitar, durante o estgio de projeto, o

    superdimensionamento, como forma de possibilitar futuras modifi caes ou adaptaes ao uso (a fl exibilidade e adaptabilidade do edifcio a novas

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    HULSMEYER, A. F.

    tecnologias deve ser analisada e adotada sem a necessidade de projetar folgas no utilizadas j no incio da operao).

    Moderno, Vernacular e Identidade Cultural

    Na busca por tcnicas construtivas sustentveis, segundo Hertz (1998), no se deve supervalorizar o tradicional, simplesmente por ser histrico, tampouco se deve adotar o moderno, por tratar-se de uma novidade. Ainda mais grave que a atrao excessiva pelos materiais novos, so as infl uncias culturais do exterior e o impacto que elas representam em relao s formas e s expresses arquitetnicas. Tais novidades, muitas vezes cpias mal adaptadas, pouco tm a ver com a realidade climtica e cultural dos pases tropicais.

    Esta realidade climtica e cultural so os pilares da identidade arquitetnica. Cox (2004) destaca que as alienaes arquitetnicas costumam estar ligadas ao anseio de ser moderno; porm, um anseio mal compreendido entre os arquitetos, como o de estar na moda das manifestaes de modernidade de outras sociedades mais desenvolvidas, outras sociedades, outras histrias, outras realidades. Ou seja, um anseio de pseudomodernidade, que a raiz de nossa alienao arquitetnica.

    Durante sculos, ainda segundo Cox (2004), as elites chilenas confundiram o ser moderno com ser la francesa, e mais tarde com ser la norte-americana. Isto no quer dizer no aproveitar as lies que podemos aprender com os pases desenvolvidos, que nos antecederam na modernizao: ao contrrio, esse um patrimnio precioso no mbito do civilizatrio, mas que atua de forma bem diferente no mbito cultural onde se situa a fundamentao da identidade. O autor se indaga se seria moderno fazer em Santiago do Chile edifcios totalmente envidraados sem qualquer proteo, em um entorno cuja radiao mdia equivale de Marrakesh no norte da frica, a 33 graus de latitude. Os efeitos negativos provocados por esses acumuladores de calor (os curtain-walls) costumam ser contrabalanados por grande gasto de energia de ar-condicionado em edifcios chamados inteligentes, simplesmente porque administram tal gasto de forma computadorizada.

    Para exemplifi car seu enfoque, o autor cita tambm o exemplo de uma casa colonial de campo, em Lo Orrego Arriba, no vale central chileno. Originalmente, essa casa de paredes de adobe e coberta com telhas de barro era de uma arquitetura totalmente apropriada ao clima, aos usos, costumes e tecnologias disponveis no Chile da poca.

    Neste sentido, era uma arquitetura autenticamente apropriada... a partir de sua realidade e para ela. Tal autenticidade foi ridiculamente desfi gurada no incio do sculo XIX, quando a casa foi pseudo-modernizada com a sobreposio de um fronto de tabuado pintado, imitando um estuque neoclssico la francesa. Tal pseudo-modernizao ao estilo francs pattica, como mais tarde, na protomodernidade chilena, as cpias do fetiche do concreto aparente a la Corbusier (outro modo de estilo francs). Embora o Chile ainda fosse uma sociedade pr-industrial, foi empregada a tecnologia do concreto aparente para aplicar o anseio moderno de coerncia entre esttica e tecnologia, com uma tecnologia ento inexistente entre os chilenos.

    Sob o ponto de vista conceitual, Maciel (2003) considera que a compreenso e a interpretao do lugar podem contribuir para gerar o espao arquitetnico, na medida em que tem o potencial de induzir modos diferenciados de ordenao da construo e das relaes de uso que ali acontecem.

    A conformao pr-existente do terreno natural, sua planimetria e altimetria, e ainda a sua relao com a estrutura urbana, com a paisagem e com os aspectos naturais inerentes ao stio, relativos ao clima, permitem a identifi cao de diretrizes latentes de ordenao do espao e da forma. Tais diretrizes, uma vez interpretadas pelo arquiteto, podem repercutir diretamente na confi gurao fi nal do objeto arquitetnico, seja de modo a reafi rmar os aspectos espaciais e formais pr-existentes no lugar, seja de modo a neg-los, ou ainda de modo a inclu-los como referncia parcial realizao da construo, em uma dialtica permanente entre as determinaes do lugar, do programa e da construo.

    Portanto, ainda segundo o autor, a compreenso do lugar em todos os aspectos citados traz o conhecimento necessrio para se evitarem equvocos banais que podem comprometer a habitabilidade dos espaos, gerando incompatibilidades em relao ao clima e natureza, que interferem na vida cotidiana e exigem remendos posteriores, nem sempre pertinentes.

    Essas correes posteriores, na maioria dos casos, interferem nas solues formal e construtiva pretendidas para o edifcio e chegam a comprometer a arquitetura nas suas relaes de uso. Esses mesmos equvocos decorrentes da desconsiderao do lugar podem implicar ainda graves incompatibilidades tcnicas na relao entre a construo e o stio, agindo negativamente sobre o equilbrio das foras naturais e acarretando ao edifcio desgaste mais acelerado pela ao do tempo

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    A ecovila urbana: uma alternativa...

    em virtude da inadequao da sua insero, seja no que diz respeito relao com o terreno natural ou com os aspectos do clima ou mesmo com uma estrutura urbana pr-existente.

    CONCLUSES

    As questes de sustentabilidade ligadas arquitetura e ao urbanismo chegaram para fi car. Considerando o ambiente urbano como um ecossistema, a reformulao dos atuais tipos de habitao algo fundamental para se atingir uma vida sustentvel, economizando gua, energia e diminuindo drasticamente a gerao de lixo. Nos prximos anos, a necessidade de reviso dos modelos atuais ser cada vez maior.

    Atualmente, existem inmeros sistemas de certifi cao de edifcios segundo critrios que buscam analisar sua sustentabilidade, interao com o meio ambiente, bem como sua preocupao ecolgica. Entre eles podemos destacar o LEED americano e a metodologia Alta Qualidade Ambiental francesa. Ambos podem ser utilizados como referncias de construes sustentveis.

    Estas, inclusive, passaram a ser aes consideradas por muitos como necessrias tica profi ssional.

    A utilizao dos conceitos de sustentabilidade na arquitetura podem produzir resultados mais efetivos quando aplicados de forma comunitria, a um grupo de pessoas, comunidade, vizinhana ou bairro, pois determinadas aes necessitam de sistemas que muitas vezes so inacessveis a uma edifi cao isolada.

    Visando atender ao aumento da procura por condomnios horizontais, mas evitando-se tambm a formao de guetos isolados do restante da comunidade, novas frmulas devem ser discutidas, e as Ecovilas surgem como uma alternativa bastante vivel.

    Entretanto, a busca por solues sustentveis, sejam elas arquitetnicas ou urbansticas, deve ser feita com equilbrio entre o moderno e o vernacular, o local e o estrangeiro, preocupando-se com a contextualizao da sua aplicao, para evitar a perda de identidade cultural.

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