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iv mostra 2º semestre 2006

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CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE PROFª. DRª. BEATRIZ REGINA PEREIRA SAETA Diretora PROFª. DRª. IRANI TOMIATTO DE OLIVEIRA Coordenadora do Curso de Psicologia PROFª. MS. TÂNIA ALDRIGHI Profª. Resp. pela Área de Psicologia Institucional PROFESSORES CONVIDADOS Profª Ms. Aparecida Norma Martins - IPUSP Profª Ms. Alessandra Bonadio - UNIFESP Prof. Dr. Ailton Siqueira Fonseca - UERN Prof. Ms.Aurélio Fabrício T. Mello UPM Prof. Ms. Allan Rodrigues Dias - IPUSP Profª. Ms. Berenice Carpigiani UPM Profª.Ms. Carla Biancha Angelucci - UPM Profª. Drª. Dinorah Fernandes G. Martins UPM Prof. Ms. Erich Montanar Franco - UPM Prof. Ms. Fabiano Fonseca USP/UPM Prof. Ms. José Estevam Salgueiro UPM Profª Ms. Isabel da Silva Amaral - UNIBAN Prof. Dr. Irto de Souza - IPUSP Prof. Ms. Lineu Norio Kohatsu -UPM Prof. Ms. Luiz Fernando Bacchereti - UPM Prof. Ms. Mario Souza Costa - IPUSP Prof. Ms. Marcos Vinicius de Araujo - UPM Profª. Ms. Maria Conceição C. Uvaldo IPUSP Prof. Dr. Marcelo Afonso Ribeiro IPUSP Profª Ms. Mônica Birchler V. Meira. PUC/SP UNIP Prof. Dr. Paulo Afrânio Sant’Anna - UPM Profª Drª Sueli Galego de Carvalho - UPM Profª Sonia Regina P. P. Luque IPUSP Profª. Drª. Solange Aparecida Emílio - UPM Profª Ms. Susete Bacchereti - UPM Profª. Ms. Rejane Teixeira Coelho UPM Prof. Dr. Robson Rusche- UPM Profª Tatiana Neves IPUSP Profª Drª Tereza Hatae Mito - UPM PROFESSORES ORIENTADORES Prof. Dr. Alex Moreira Carvalho Profª. Drª. Anete de Souza Farina Prof. Drª. Claudia Stella Prof. Ms. João Garção Profª.Drª. Vânia Conselheiro Sequeira Prof. Ms. Walter Lapa Núcleo de Estudos e Pesquisas Psicossociais do Cotidiano ANAIS DA IV MOSTRA DE PSICOLOGIA DO COTIDIANO DIA: 31/10/2006 HORÁRIO: das 7h30 às 18h LOCAL: Auditório Ruy Barbosa
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Page 1: iv mostra 2º semestre 2006

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE PROFª. DRª. BEATRIZ REGINA PEREIRA SAETA

Diretora

PROFª. DRª. IRANI TOMIATTO DE OLIVEIRA

Coordenadora do Curso de Psicologia

PROFª. MS. TÂNIA ALDRIGHI

Profª. Resp. pela Área de Psicologia Institucional

PROFESSORES CONVIDADOS

Profª Ms. Aparecida Norma Martins - IPUSP

Profª Ms. Alessandra Bonadio - UNIFESP Prof. Dr. Ailton Siqueira Fonseca - UERN

Prof. Ms.Aurélio Fabrício T. Mello – UPM

Prof. Ms. Allan Rodrigues Dias - IPUSP

Profª. Ms. Berenice Carpigiani – UPM

Profª.Ms. Carla Biancha Angelucci - UPM

Profª. Drª. Dinorah Fernandes G. Martins – UPM

Prof. Ms. Erich Montanar Franco - UPM

Prof. Ms. Fabiano Fonseca – USP/UPM

Prof. Ms. José Estevam Salgueiro – UPM

Profª Ms. Isabel da Silva Amaral - UNIBAN

Prof. Dr. Irto de Souza - IPUSP

Prof. Ms. Lineu Norio Kohatsu -UPM

Prof. Ms. Luiz Fernando Bacchereti - UPM

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Prof. Dr. Marcelo Afonso Ribeiro –IPUSP

Profª Ms. Mônica Birchler V. Meira. PUC/SP – UNIP

Prof. Dr. Paulo Afrânio Sant’Anna - UPM

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Profª Sonia Regina P. P. Luque – IPUSP

Profª. Drª. Solange Aparecida Emílio - UPM

Profª Ms. Susete Bacchereti - UPM

Profª. Ms. Rejane Teixeira Coelho – UPM

Prof. Dr. Robson Rusche- UPM

Profª Tatiana Neves – IPUSP

Profª Drª Tereza Hatae Mito - UPM

PROFESSORES ORIENTADORES

Prof. Dr. Alex Moreira Carvalho Profª. Drª. Anete de Souza Farina

Prof. Drª. Claudia Stella

Prof. Ms. João Garção Profª.Drª. Vânia Conselheiro Sequeira

Prof. Ms. Walter Lapa

Núcleo de Estudos e

Pesquisas Psicossociais do

Cotidiano

ANAIS

DA

IV MOSTRA

DE PSICOLOGIA

DO COTIDIANO

DIA: 31/10/2006

HORÁRIO: das 7h30 às 18h

LOCAL: Auditório Ruy Barbosa

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AARRTTEE

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A RECEPÇÃO DE DIFERENTES ESTILOS MUSICAIS: A

ABERTURA PARA A CO-CRIAÇÃO.

Pesquisadores:

Diogo Teixeira Barbosa

Fernanda Cardoso Diniz

Isabela Mastriani Simões Tuca

Juliana Guida

Maria Alice Álvaro de Souza Camargo

Mauro Henrique Capelli

Nara Nogueira

Natalia Catalina Muñoz

Natalia Oncins, Paloma.

Orientação: Prof. Dr. Alex Moreira Carvalho

O trabalho pretende analisar as diferentes formas de recepção, construção ou co-

criação de quatro diferentes estilos musicais: a música popular brasileira, o rock, a

música erudita e o rap. O objetivo é avaliar o impacto desses diferentes objetos

estéticos em públicos específicos, isto é, em aficionados dos estilos acima

referidos. Em outras palavras, será que diferentes gêneros musicais fazem com

que os receptores mudem suas formas de sentir, pensar e se inserir no mundo,

constituindo suas subjetividades através dessas diversas linguagens? Se sim, quais

são essas transformações? Segundo Cândido (1995) a arte é uma atividade

fundamental de todos os homens em todos os tempos. Assim, o autor considera

que a luta pelos direitos humanos pressupõe a consideração de bens que

garantem tanto a sobrevivência física quanto a espiritual (como o direito à Arte).

Sempre historicamente situadas, as atividades artísticas, enquanto construções

simbólicas com estruturas próprias configuram-se como formas de significação

do mundo, formas sempre abertas a diferentes interpretações. Com efeito, como

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saliente Duarte Jr. (1985) a experiência estética se realiza como uma relação na

qual sujeito e objeto artístico estão dialeticamente articulados. Vygotsky (1998 e

2004) também considera que uma obra de arte se traduz como uma relação

dialética entre forma e conteúdo, relação essa que, por trabalhar com palavras e

imagens muitas vezes ambíguas – posto que a Arte ultrapassa os sentidos

cotidianos dos signos – pressupõe um receptor ativo, isto é, capaz de construir

sentidos múltiplos a partir da sua percepção. Assim, o receptor da arte é também

um co-autor. Segundo o psicólogo russo, embora a produção e a recepção da

Arte não sejam processos idênticos, eles têm algo em comum: há sempre, na

recepção uma recriação do ato criador. Tal recriação ocorre, para Vygotsky, a

partir das emoções suscitadas pela Arte, emoções que ocorrem no plano da

fantasia ou da imaginação e que levam à construção de múltiplas representações

da realidade, ainda que sempre em contextos culturais específicos e, muitas

vezes, colocando em discussão valores dessa mesma cultura. Ao produzir

emoções de sentidos opostos, as Arte, para o autor citado, produz catarse,

conceito tomado por Vygostky de Aristóteles mas interpretado como produção

de estranhamento, isto é, de sentidos que só se apresentam como latentes na vida

cotidiana. Assim, para alcançarmos o objetivo desse trabalho faremos entrevistas

semidirigidas, isto é, com roteiro previamente elaborado, sendo o foco das

questões o processo de re-criação dos estilos musicais acima referidos.

REFERÊNCIAS: CÂNDIDO, A. O direito à literatura. In: Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1995. DUARTE JR. J. F. O que é Beleza. São Paulo: Brasiliense, 1985. VYGOTSKY, L. Psicologia da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 1998. __________, A Educação Estética. In: Psicologia Pedagógica. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

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O PROCESSO DE CO-CRIAÇÃO NA EXPERIÊNCIA ESTÉTICA:

ANÁLISE DE PRODUÇÕES ESCRITAS SOB O IMPACTO DA

INTERSECÇÃO DE FOTOS E MÚSICAS.

Pesquisadores:

Clara Maria Okada

Débora de Carvalho

Érica Mota

Felipe Pereira

Lia Temple

Lídia Marinho

Lisa Ichinoseki;

Marcela Bertoncini

Nara Amorim

Patrícia Batistela

Ricardo Macedo

Sheila Martins

Tatiana Andrade

Vanessa Porcino.

Orientação: Prof. Dr. Alex Moreira de Carvalho.

Segundo Duarte Jr. (1985) a experiência estética se constitui como uma relação.

Assim, trata-se de um processo pelo qual a obra de arte e o receptor dialogam de

tal forma que existe não só criação, por parte do artista, mas também o que

Vygotsky (2004) chama de co-criação por parte de quem a recebe. Como a

linguagem artística se constrói com quase símbolos (cf. Duarte Jr, 1985), posto que

tem sentido conotativo, ela acaba expressando idéias e sentimentos de múltiplos

significados, o que permite, ao receptor, de forma consciente ou inconsciente,

conceber sua própria interpretação do objeto estético. A reação estética é, pois,

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segundo Vygotsky (1998), uma unidade entre percepção, emoção e imaginação,

unidade esta que se constitui na intersecção entre o plano cultural, já que a Arte,

para o autor, é uma técnica ou atividade social de expressão dos sentimentos, e o

psiquismo individual. No entanto, tal processo de recepção ou reação só se

realiza a partir da estrutura simbólica de uma obra. Assim, investigamos neste

trabalho a intersecção entre fotos e música conforme será mais explicitado no

procedimento. Agendamos três encontros com 5 estudantes de diferentes cursos

da Universidade Presbiteriana Mackenzie. No primeiro, apresentamos 3 fotos

preto e branco, retratando imagens cotidianas da cidade de São Paulo, do

fotógrafo Rafael Salvador, e pedimos que escrevessem histórias sobre as

mesmas. No segundo e terceiro, apresentamos as mesmas 3 fotos, acompanhada,

cada uma, por músicas instrumentais diferentes de Mozart, Vivaldi, Chopin,

Bach e Philip Glass, e pedimos que novamente escrevessem histórias.

Analisamos, posteriormente, se o conteúdo das histórias relatadas apresentavam

emoções distintas.

REFERÊNCIAS: DUARTE JR. J. F. O que é Beleza. São Paulo: Brasiliense, 1985. VYGOTSKY, L. Psicologia da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 1998. _________ . A Educação Estética. IN: Psicologia Pedagógica. São Paulo: Martins Fontes, 2004

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O PROCESSO DE REAÇÃO ESTÉTICA DIANTE DE MÚSICA DE

WALTER FRANCO: UMA ANÁLISE DO PONTO DE VISTA DA

PSICOLOGIA DA ARTE DE VYGOTSKY

Pesquisadores:

Andrea Mataresi

Carla Cozatti

Claudete Vasconcellos de Almeida Araújo

Paola Phedra Zajdenbaum

Patrícia Azevedo Ribeiro

Patrícia Bouças Apparecido

Silvia Regina dos Santos Dermendjian

Victor Valentim de Souza

Orientação: Prof. Dr. Alex Moreira Carvalho

Investigaremos neste estudo o processo de recepção artística de um dos autores

da música popular brasileira tido como maldito, isto é, como um produtor de

obras que não se alinham com as criações delimitadas pela indústria cultural (cf.

Adorno, 1991). Com efeito, trata-se de um músico cuja produção simbólica

pauta-se pela invenção de formas de linguagem cujos sentidos não estão pré-

estabelecidos. Em outras palavras, segundo o autor citado, a razão instrumental,

no capitalismo, produziu a cultura de massas, se apropriando dos bens culturais.

Nesta cultura vendem-se representações do mundo que reiteram imagens já

estipuladas, o que significa afirmar que se trata, na arte, neste contexto criado, de

uma satisfação manipulada do receptor, que vê ou ouve aquilo que já se encaixa

em determinadas caricaturas. No entanto, para Adorno a Arte possui também

um potencial crítico: a produção de objetos estéticos que exprimam a dor ou a

alienação gerada pelo mundo do trabalho pode se constituir como estranhamento

para quem a percebe e busca colocar em questão valores já estabelecidos. A Arte,

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assim, seria, a verdadeira expressão de do que, na vida cotidiana, está reprimido.

Neste sentido, a Arte ultrapassa o cotidiano, colocando-o sob suspeita. Para

Vygotsky (1998) a arte é um campo específico do homem social: o campo do

sentimento. A arte, neste sentido, é uma forma de expressão do psiquismo social,

isto é, a atividade artística consiste na construção de objetos simbólicos cuja

força psíquica e cultural são os sentimentos. No entanto, par o autor russo a

expressão artística não se reduz a uma efusão emocional. Com efeito, a Arte só é

expressiva no interior das formas autônomas que o artista constrói. Com relação

à reação ou percepção da obra de Arte, Vygotsky considera que tal processo se

estabelece como uma relação entre o objeto artístico e o receptor. Assim, como

assinala Duarte Jr (1985) e Frayzer-Pereira (1994) a experiência estética se

constitui entre o fazer simbólico do criador e o processo de elaboração do

receptor. Sentimentos e idéias são, então construídos e sempre mediados pela

cultura, a Arte passa a ser um modo específico de dizer o que não se diz com a

linguagem conceitual que se usa no cotidiano. A Arte, para Vygotsky, vai além

do cotidiano justamente porque o coloca em questão, produzindo catarse, isto é,

uma descarga emocional que ocorre a partir da percepção da forma e se realiza

na fantasia ou na imaginação. Entende-se neste trabalho que Vygotsky interpreta

o conceito aristotélico de catarse como produção de estranhamento e, assim,

sempre mediada pela cultura, a Arte seria um modo específico de revelar

sentidos ocultos da realidade social. Neste sentido, este trabalho pretende

verificar como, para alguns receptores ocorre a leitura ou a co-criação de músicas

construídas fora dos moldes estabelecidos pela cultura vigente e avaliar as

facilidades e/ou dificuldades encontrados nos relatos dos receptores de tal

maneira de representar o mundo. Para Alcançarmos este objetivo serão

realizadas entrevistas semidirigidas com 6 pessoas, sendo eles: 3 sujeitos com

linguagem musical e 3 sujeitos que não tiveram a mesma formação. A entrevista

terá roteiro pré-estabelecido, roteiro este formulado a partir dos objetivos

propostos.

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REFERÊNCIAS ADORNO, T. E HORKEIMER, M, A dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: zahar, 1991. DUARTE JR, J., O que é beleza. São Paulu: Brasiliense, 1995. FRAYZER-Pereira, J. Os limites da arte: a abertura para a psicologia. In: Psicologia: Ciência e profissão. Ano 14 123, 1994. VYGOTSKY, S. R., Psicologia da arte. São Paulo: Ed Martins Fontes, 1998.

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FFAAMMÍÍLLIIAA

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UM OUTRO OLHAR PARA A FAMÍLIA DE PESSOAS PRESAS

Pesquisadores:

Ana Veronica C. da Silva

Eliana M. T. J. F. Ornelas

Laís P. Khoury

Thais S. Braga

Orientação: ProfªDrª Vania sequeira

Estudar a população carcerária brasileira tem relevância social, pois corresponde

a estudar a vida de muitas pessoas (223.220 presos). Historicamente, as prisões

quando foram instaladas serviam apenas de preparação para a verdadeira

punição, que era a pena de morte, mutilação, entre outras. A prisão não era

definitiva, era ante-sala da pena. A partir do final do século XVIII, passou a ser a

própria punição, que passou a atingir a liberdade do ser humano. Desde o inicio

das prisões o discurso veiculava o ideal de transformação, de regeneração dos

condenados, porém esse ideal nunca foi concretizado, já que o fracasso das

prisões, como agente possibilitador de desenvolvimento humano, foi constatado

desde o inicio desse tipo de penalização. Os mesmos problemas ainda são

encontrados hoje: superlotação, fugas e rebeliões, condições desumanas e

situações de violência. Acreditamos que estes problemas justificam estudar ainda

mais essa temática, para poder contribuir para a elucidação de tal enigma, assim

como de propiciar indicativos para intervenções nesta área. Entendemos que

estudar as vivências dos familiares de presos é importante porque eles estão

permeados por uma invisilibilidade social. Seus sofrimentos e dificuldades não

são amparados pela sociedade. Buscamos investigar por meio da própria fala

dessas pessoas o que de fato ocorre em suas vidas após o aprisionamento de um

de seus membros. Temos a intenção de contribuir para a não estigmatização

desta população. O objetivo deste estudo foi analisar as vicissitudes dos

familiares de pessoas presas. O método qualitativo foi escolhido por ser um

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método de pesquisa que valoriza a subjetividade. O paradigma qualitativo

defende a produção de conhecimento como um processo permanente em que os

resultados são momentos parciais que se entregam constantemente com novas

perguntas e abrem novos caminhos à nova produção de conhecimento. Cada

resultado está imerso em um campo infinito de relações e processos que o

afetam, no qual o problema inicial se multiplica em infinitos eixos de

continuidade da pesquisa. Realizaremos entrevistas semi-abertas com familiares

de pessoas presas. Também visitaremos o setor da Secretaria de Administração

Penitenciária do Governo do Estado de São Paulo, que atende a familiares do

sistema prisional para entrevistar profissionais deste setor e coletar dados sobre

este serviço. Os estudiosos sobre a prisão (Rocha, 1994) nos ensinam que elas

são habitadas não apenas pelos criminosos, mas por uma parcela da população, a

mais pobre. É uma ilusão acreditar que a prisão é um agente de proteção social,

na verdade é uma engrenagem na fabricação da exclusão social. Podemos

observar que há uma dinâmica entre a exclusão e a inclusão social; a exclusão

social acontece sutilmente por meio de condições de saúde insatisfatórias, falta

de atendimento durante a gestação, falta de equipamentos sociais que auxiliem

ao desenvolvimento infantil, escolas que não dão ensino de qualidade,

inexistência de qualificação profissional para os jovens nas periferias, tudo isso

constrói um tipo de inclusão perversa, pois não temos garantia de cidadania para

todos os membros de nossa sociedade. Uma parte dessa população busca sua

pertença social no crime, que dá status e acesso aos bens de consumo,

difundidos na mídia como fundamentais à vida, porém de acesso garantido

somente a uma parte da população. Entendemos as causas da criminalidade,

considerando seus aspectos sociais. A prisão é uma instituição permeada por

significados, geralmente depreciativos dirigidos aos presos e por extensão, a seus

familiares. O estigma é uma cristalização de aspectos negativos da identidade do

sujeito, ele imobiliza e não permite o desenvolvimento pleno do sujeito.

Sabemos que o preconceito se constrói por uma rotulação negativa de apenas

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um aspecto do sujeito, de forma a impedir que tenhamos a acesso ao sujeito em

sua totalidade, inclusive em suas potencialidades. Avaliamos que os familiares

dos presos vivem imersos na mesma sociedade que produz o preconceito e que

eles próprios tentam lidar sozinhos, sem amparo social e político, com a quebra

destes preconceitos, já que podem ter contato com outros aspectos de seus

familiares que não só a vida criminal. Acreditamos que nosso trabalho possa

contribuir para combater o preconceito contra o preso e sus familiares.

Atualmente, o processo de reintegração do preso à sociedade requer muito mais

esforço do preso, do que da sociedade, que deveria oferecer a reeducação e o

trabalho como processo de reintegração. Infelizmente, o sistema prisional

brasileiro se encontra em situação ainda distante do que seria necessário para

reintegrar o preso à sociedade e diminuir a incidência dos mesmos. Esse

problema social só poderá ser resolvido quando todos enxergarem essa

problemática, e efetivarem ações nas áreas da cultura, educação e trabalho, como

a formas de ressocialização de um indivíduo marcado pelo estigma.

REFERÊNCIAS

BARATTA, A. (1990). Por um Concepto Critico de Reintegracíon Social del Condenado. In: Oliveira, E. (Coord.). Criminologia Critica (Fórum Internacional de Criminologia Crítica). Belém: CEJUP, pp 141-157. BARROS, A. R. de R. Relato de experiência educação e trabalho – instrumentos de ressocialização e reinserção social. São Paulo: FUNAP, s/d. BUORO, A. B. Negociando a dignidade humana: os familiares de presos e a percepção dos direitos humanos. Dissertação de Mestrado em Antropologia Social.Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998. CHIESS, L. As Prisões em São Paulo. SALLLA, FERNANDO, São Paulo; Annablume/ Fapesp, 1999. DUPAS, G. A lógica da economia global e a exclusão social. Rev. bras. Ci. Soc., São Paulo,v.12, n.34, 1998.

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GOMES, M., A. & PEREIRA, M., L., D. Família em situação de vulnerabilidade social: uma questão de políticas públicas Rev. bras. Ci. Soc., Rio de Janeiro, v.10, n.2, 2005. ROCHA, L. C. A prisão dos pobres. Tese de Doutorado. USP, 1994. SANTOS, T., S. Globalização e exclusão: a dialética da mundialização do capital. Rev. bras. Ci. Soc., Porto Alegre, n.6, 2001. SEQUEIRA. Família e pertencimento. Vidas Abandonadas. Tese de Doutorado. PUC/SP, 2005. SOUZA, Ceila M et al. O trabalho no sistema penitenciário. Brasília, 2002, mimeo. STELLA, C. A Socialização dos filhos de mulheres presas. Tese de Doutorado. PUC/SP, 2004. ZAFFARONI, E. Raul (1998). Criminologia: aproximación desde um margen. Santa Fé de Bogotá (colômbia): Editorial Temis S. A. ZALUAR, A.Exclusão e políticas públicas: dilemas teóricos e alternativas políticas. Rev. bras. Ci. Soc., São Paulo, v. 12, n. 35, 1997.

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MST: OUTROS LAÇOS FAMILIARES?

Pesquisadores:

André K. Miyake

Carolina M. N. Betti

Daniella Diddio

Flávia I. Carnielle

Isabel N. Rinaldi

Isabela M. F. A. dos Santos

Mariana B. Pioltini

Neuma P. de Souza

Sônia M. B. Campos

Talitha R. Antonucci

Thatiana S. Riva

Tiago E. Farah

Orientação: Profª Drª Vania Conselheiro Sequeira

Buscamos uma compreensão sobre a atual configuração familiar no Movimento

dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a partir de aspectos históricos,

sociais, culturais e subjetivos, contextualizando o maior movimento social do

Brasil contemporâneo e a questão agrária brasileira, com o intuito de não só

entender a família em sua diversidade, mas como parte de um movimento com

rupturas com o sistema capitalista, procurando compreender até que ponto a

estrutura social, no caso mais próxima do ideal socialista, influencia as relações

cotidianas da família e se ela se difere da família inserida no contexto capitalista.

Pretendemos analisar o cotidiano das famílias acampadas, suas relações, suas

atividades para compreender seus vínculos afetivos e sociais, valores e crenças, e

a partir dessa perspectiva compreender como funciona uma família que vive

num contexto social diferente do que conhecemos. Acreditamos que a família

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integrada a um movimento que tem como desafio a elaboração de um programa

para o campo, por meio de lutas massivas, com organização da população deve

apresentar alguma diferença em termos de valores, diferente da família nuclear

da sociedade atual neoliberal, que exclui os mais pobres, deixando-os sem

trabalho, sem direitos e sem dignidade. Objetivo: Compreender a configuração

familiar num acampamento do MST. Método: Observação participante

acompanhada de entrevistas semi-dirigidas com pessoas do acampamento

visitado. Optamos pelo método qualitativo porque nos permite ter acesso ao

cotidiano e ao relato das pessoas, o que nos remete não apenas a vivencia

pessoal, mas às relações e experiências de todo um grupo. Discussão: A

reforma agrária no Brasil é uma questão histórica. A luta pela terra existe desde

nossa colonização, e persiste hoje com um histórico de violência, conquistas e

derrotas. O MST existe oficialmente desde 1984 e tem como principal objetivo a

justa distribuição de terra para todos. No Brasil existe uma enorme desigualdade

social, fazendo com que milhões de pessoas vivam sem condições adequadas.

Grande parte da população não tem lugar para morar e nem formas de

subsistência garantidas. A luta pela terra é, portanto, uma questão social de

grande importância no nosso país. Espalhado por todo território nacional e com

repercussão internacional, o MST ao longo dos anos adquiriu uma identidade

própria, que representa uma cultura de luta e contestação. O movimento pode

ser considerado um lugar de formação do sujeito social sem terra, dentro de uma

ideologia de luta e de um sentimento que valoriza em primeiro lugar a

coletividade. (CALDART, 1999). E será que isso nos remete a uma outra

configuração familiar? Qual é a função da família? Entendemos, assim como

Sequeira (2005), que ela deve garantir o desenvolvimento da personalidade do

sujeito e ao mesmo tempo oferecer laços de pertença com a comunidade. A

filiação nos parece fundada biologicamente, mas não é, ela é uma regra social que

define o pertencimento de um indivíduo ao grupo. Em muitas sociedades, a

filiação não possui relação com a procriação em si. A função de educar e o afeto

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criam as relações simbólicas que definirão o lugar do indivíduo dentro da família

e da sociedade. O fato de a família apresentar diferentes configurações não muda

sua função de dar pertença ao indivíduo por meio de um lugar social. As famílias

no MST se organizam em acampamentos até conseguirem assentar-se na terra.

Posteriormente, esta configuração é desfeita e as famílias não conseguem se

separar dos moldes tradicionais de organização familiar e de propriedade privada.

Inclusive as terras recebidas são dadas para cada família. Os papéis sociais são

bem delimitados, não conseguindo estabelecer uma relação sem hierarquização

baseada na dominação, embora os ideais do movimento preguem o inverso.

REFERÊNCIAS

BRENNEISEN, E. C. Relações de poder, dominação e resitência:a organização social e da produção em assentamentos rurais na região oeste do Paraná. Tese de doutorado em Ciências Sociais, PUC-SP, 2000.

CALDART, R. S. O MST e a formação dos sem terra: o movimento social como princípio educativo. Texto produzido para o Primeiro Seminário Internacional do GT CLACSO Educação, Trabalho e Exclusão Social na América Latina. Rio de Janeiro, 1999.

CARDOSO, S. Os significados do envelhecimento e do ser velho no movimento sem terra. Dissertação de mestrado em Gerontologia Social, PUC-SP, 2002. COMPARATO, B. K. A ação política do MST. Revista São Paulo em Perspectiva, 15(4),2001. FERNANDES, B. M. A ocupação como forma de acesso à terra. Trabalho organizado para apresentação no XXIII Congresso Internacional da Associação de Estudos Latino-Americanos. Washington – DC, 2001. HÉRITIER, F. Masculin/Féminin La Pensée de la Différence. París, Éditions Odile Jacob, 1996. MARCONI, M. A; PRESOTTO, Z M. N. Família e sistema de parentesco. In: Antropologia, uma introdução. 4° ed., São Paulo, Atlas, 1998.

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MORISSAWA, M. A história da luta pela terra e o MST. Editora Expressão Popular, 2001. NARITA, S. Estudo dos processos sociais que motivam um grupo de trabalhadores à participação no Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra no Pontal do Paranapanema - SP. Dissertação de mestrado em Psicologia. USP/SP, 2000. OSORIO, L. C. Família hoje. Porto Alegre, Artes Médicas, 1996. REIS, J. R. T. Família Emoção e ideologia. In: Psicologia Social: o homem em movimento. 13° ed., São Paulo, Brasiliense, 1994. RIBEIRO, S. L. S. Processos de mudança no MST: História de uma família cooperada. FFCH/USP-SP, 2002. SEIXAS, A. M. R. A família como transmissor e modelador da sexualidade e gênero femininos. In: Sexualidade feminina; história, cultura, família, personalidade e psicodrama. São Paulo, SENAC São Paulo, 1998. SEQUEIRA, V. C. Vidas abandonadas: crime, violência e prisão. Tese de Doutorado, PUC/SP, 2005. WINNICOTT, D. W. A família e o desenvolvimento individual. São Paulo, Martins Fontes, 2005.

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VIVÊNCIAS DAS FAMÍLIAS MONOPARENTAIS NA ATUALIDADE

Pesquisadores:

Aline Pizarro Riguete

Andréa Alves Klawa

Andréa Maria Pojo do Rego

Cecília Maria Galvão de Barros

Cláudia Bonfily Pimentel

Erileide Ferreira Alves

Fernanda Pavan Carvalho

Jayna Fontes

Larissa Soares Lima

Lilian Yumi Matsuo

Natália Bianchi Rosa

Sandra Boscatto

Thiago Rodrigo Heine dos Santos

Orientação: Profª Drª Vania Conselheiro Sequeira

A família sofreu várias transformações no decorrer do tempo. Até o final da

Idade Média, a idéia de intimidade era inexistente, não havia separação entre o

público e o privado, a vida era totalmente voltada para o social e não

sentimental. No fim do século XVIII, ocorre uma mudança marcante no lugar

da criança na família, o valor social da linhagem transferiu-se para família

conjugal, firmando o modelo nuclear. Embora esse modelo tenha sido

questionado, a família não foi substituída por nenhum outro grupo ou instituição

social. Desde o século XIX, têm-se registros de famílias monoparentais. O termo

monoparental foi criado em substituição às expressões mãe solteira e pai solteiro,

que possuíam uma conotação moral negativa. Este arranjo familiar possui

diferentes motivações: separação, morte, abandono de um dos genitores,

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IV Mostra de Psicologia do Cotidiano

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também podemos ter a família monoparental por escolha de um das partes,

como nas chamada “produções independentes”. Pode contar com participação

ou não, do membro ausente na criação dos filhos. Atualmente a família

monoparental tem se mostrado cada vez mais freqüente, sobretudo as chefiadas

por mulheres o que se deve em parte, pelo ingresso da mulher no mercado de

trabalho. No ano de 2000 encontramos 12,53 % das mulheres sozinhas

responsáveis por seus filhos, enquanto apenas 1,58% eram homens na mesma

situação. Podemos observar que este fenômeno é crescente e merece maior

aprofundamento. Objetivo:Compreender as vivências das famílias

monoparentais na atualidade.Método: Realizaremos entrevistas com roteiro

semi-dirigido com os adultos responsáveis pelas famílias monoparentais.

Optamos pelo método qualitativo por não se expressar em termos numéricos,

priorizando a subjetividade, a linguagem e imagens (COZBY, 2003). Trata-se de

um modelo que busca compreender o fenômeno em suas particularidades, de

forma a aprofundar os aspectos subjetivos presentes. Discussão: Para a

psicanálise, o desenvolvimento psíquico da criança ocorre a partir das funções

materna e paterna, necessárias para a estruturação da subjetividade. Essas

funções possuem diferentes atributos de acordo com a fase de desenvolvimento

da criança, sendo exercidas por adultos como mãe, pai, familiares com laços

biológicos ou não. A principal função de uma família é dar sustentação aos seus

membros e inseri-los na cultura, e isso ocorre de diferentes maneiras, incluindo

as novas configurações familiares atuais (SEQUEIRA, 2005).A família

monoparental feminina é mais comum em nosso meio, presente em nosso país

desde a colonização, porque existiam famílias oriundas do duplo vínculo dos

colonos, que tinham uma família oficial com direitos reconhecidos e outra,

chefiada por mulheres, sem reconhecimento social porque não era oficial. Além

disso, ainda hoje encontramos muitas mulheres responsáveis por seus lares, por

diferentes fatores como abandono, separação, gravidez não planejada.

Atualmente, a família monoparental pode ser decorrente de uma escolha

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IV Mostra de Psicologia do Cotidiano

20

individual da mulher, essa configuração familiar se dá pela adoção de crianças

por mulheres solteiras, viúvas ou separadas, e também pela “produção

independente”, que é uma alternativa mais recente. As mulheres que chefiam a

família monoparental, devem garantir além dos cuidados afetivos e domésticos, a

sustentação social e econômica de seus filhos. A função do pai pode ser muito

bem desenvolvida com as novas tendências da chamada paternidade ativa.

Atualmente, um bom pai, deve além de sustentar economicamente o filho, ser

carinhoso e estar presente no dia-a-dia, ajudando nos afazeres de casa e em

relação aos filhos, mesmo ainda havendo uma dificuldade por padrões impostos

pela sociedade como naturalmente do feminino. Concluímos que independente

das diferentes configurações familiares, o adulto responsável pela criança pode

ser capaz de possibilitar um ambiente adequado e proporcionar um

desenvolvimento emocional saudável. Cabe à sociedade acompanhar as

transformações e dar um suporte social e político para amparar o cotidiano

desses adultos em seus cuidados com sua família.

REFERÊNCIAS

BORGES, M.L.S.F. Função materna e função paterna, suas vivências na atualidade. Dissertação - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2005. BUSTAMANTE, V. Ser pai no subúrbio ferroviário de Salvador: um estudo de caso com homens de camadas populares. Psicol. estud., Dez 2005, vol.10, no.3, p.393-402.

BRAGA, M. da G. R. e AMAZONAS, M. C. L. de A. Família: maternidade e procriação assistida. Psicolog. estud., abril 2005, vol. 10, nº 1, p. 11-18.

BRASIL, Lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990, disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L8069.htm BRASIL, Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002, disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm BRASIL, Constituição, 1988, disponível emhttp://www.senado.gov.br/sf/legislacao/const/

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IV Mostra de Psicologia do Cotidiano

21

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EIZIRICK, C.L, KAPCZINSKI, F & BASSOLS, A.M.S. O ciclo da vida humana: uma perspectiva psicodinâmica. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.

JABLONSKI, Bernardo; DANTAS, Cristina; FERES-CARNEIRO, Terezinha. Paternidade: Considerações sobre a relação pais-filhos após a separação conjugal. Paidéia. 14(29), 347-357. 2004. LEVY, L., FÉRES-CARNEIRO, T. Famílias monoparentais femininas: um estudo sobre a motivação de mulheres que adotam. p. 243-250. PUC-RJ, 2002. PAIVA, ISABEL. As mulheres chefes de domicílios e a formação de famílias monoparentais: Brasil, Século XIX , 2000.

PONCIANO, Edna Lúcia Tinoco; FERES-CARNEIRO, Terezinha. Modelos de Família e Intervenção Terapêutica – Interações, jul-dez, ano/vol. VIII, número 016, Universidade São Marcos, São Paulo – Brasil, pp. 57-80.

ROUDINESCO, Elisabeth. (2002). A família em desordem. Tradução André Telles. Rio de janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.

SEQUEIRA, V. C. Famílias e Pertencimento. Vidas Abandonadas: crimes, violência e prisão. 2005. Tese de Doutorado. PUC-SP, 2005.

SOUSA, Aline Delias de. A família informal: as novas espécies de família não fundadas no casamento. Dissertação de Mestrado. Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2003. SOUZA, Rosangela Gomes. Maternidade Solitária: Relatos de mães solteiras de classes populares. Dissertação de Mestrado.USP, 2002. SOUZA, Rosangela M. Depois que mamãe e papai se separaram:um relato dos filhos. Psico: teoria e Pesquisa, set/dez, 2000, vol.16, nº3, p.203-211.

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IV Mostra de Psicologia do Cotidiano

22

SOUZA, Rosangela M. Família, minha família, a família do papai, uma família sem papai e outros desafios à compreensão infantil. Psicologia Revista,1998, 7,11-31. SZAPIRO, A. M., FÉRES-CARNEIRO, T. Construções do feminino pós anos sessenta: o caso da maternidade como produção independente. Porto Alegre, 2002. WEBER, L.N.D.; PRADO.; P.M, VIEZZER, A.P.; BRANDENBURG, O.J. Identificação de estilos parentais: o ponto de vista dos pais e dos filhos. Psicologia: Reflexão e Crítica. Porto Alegre, 2004.

WAGNER, Adriana et al . Compartilhar tarefas? Papéis e funções de pai e mãe na família contemporânea. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, v. 21, n. 2, 2005. Disponível em: <http://test.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722005000200008&lng=es&nrm=iso>. Acesso em: 19 Sep 2006. doi: 10.1590/S0102-37722005000200008. WINNICOTT, D.W. A família e o desenvolvimento individual. 2° ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. ZAVASCHI, M.L.S, COSTA,F &BRUNSTEIN, C. O bebê e os pais In: EIZIRICK, C.L, KAPCZINSKI, F & BASSOLS, A.M.S. O ciclo da vida humana: uma perspectiva psicodinâmica. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.

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MMÍÍDDIIAA

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UM ESTUDO SOBRE A SOCIEDADE DE CONSUMO

Pesquisadores:

Ana Moreira Cotrim

Bianca Greco dos Santos

Fernanda Rocha de Moraes

Lívia Lopes

Marilia Gabriela Gonçalves

Rebeca Anafe

Tatiana Pereira

Thomás Leite

Orientação: Prof. Ms. João Garção

Este estudo teve por objetivo refletir sobre a sociedade contemporânea que

apresenta como uma de suas características principais a inscrição do sentimento

de felicidade relacionado à posse de um bem material, o que confere a sociedade

contemporânea para denominação de “sociedade de consumo”. Essa lógica

influencia os consumidores a desejarem muito e sentirem que podem dar-se ao

luxo de possuir, comer e vestir o melhor, e encontrar no produto as qualidades

que a propaganda atribui a eles. Hoje os produtos em sua grande maioria são

iguais. Diferenciá-los fica a cargo da comunicação publicitária, que com os seus

mecanismos de persuasão, recursos psicológicos, tais como: emoções,

percepções, motivações, entre outros, cria e exibe um mundo perfeito e ideal,

conciliando o princípio do prazer com o da realidade, e dessa maneira agrega

valores subjetivos ao produto. Isto é a marca. A função persuasiva na linguagem

publicitária consiste em tentar mudar a atitude do receptor. Para isso, ao elaborar

o texto o, publicitário, leva em conta o receptor ideal da mensagem (público

alvo). O vocabulário é escolhido de forma pontual.. A mensagem faz crer que

falta algo para completar a pessoa: prestígio, amor, sucesso, lazer, vitória. Para

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preencher esse vazio, utiliza palavras adequadas que desperta o desejo de ser

feliz, natural de cada ser. Por meio das palavras, o receptor “descobre” o que lhe

faltava, embora logo após a compra sinta a frustração de permanecer insatisfeito.

Por isso que a marca é de extrema importância na publicidade, guarda sentido de

estratégia corporal, buscando mais expressão, propicia movimentos de

“simulação e dissimulação, aumentando o poder do corpo de afetar e ser

afetado” (in Baudrillard, apud Santaella, p. 118). É assim que a marca, diferencia

os produtos, ao se tornar o objeto de desejo da maioria dos consumidores. Em

suma, estudar marcas e produtos é perceber a utilização das principais teorias

psicológicas a serviço do consumo.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, N. Publicidade: A Linguagem da Sedução. 3 ed. Editora Ática, 2003. São Paulo. SANTAELLA, L. Corpo e Comunicação: Sintoma da Cultura. Editora Paulus, 2006. São Paulo. HOPKINS, C. A ciência da propaganda. Editora Cultrix, 1923.São Paulo

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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DAS TRIBOS URBANAS.

Pesquisadores:

André Pereira Ribeiral

Carolina de Araújo Malaquias

Fernanda Saad França Bastos

Greta Sarah Peres Sunhog

Joana Robertiello Guimarães

Miriam B. Peres Sunhog

Nívea Evangelista

Rafael Petit Imthurn

Rafaela Bello Sampaio

Simone Oliveira

Vinicius Costa Fontes

Orientação: Prof. Ms. João Garção

A cidade de São Paulo oferece inúmeras opções de consumo e por ser uma

megalópole, apresenta múltiplas opções para os distintos estilos de

consumidores. A Galeria do Rock, como parte do cenário urbano, representa a

diversidade de estilos tribais da cidade. Tentar entender o consumo, de certa

forma, passa por entender a galeria, por sua estória e característica. Ela possui

450 estabelecimentos comerciais, sendo 190 dedicados ao mundo do rock. São

vendidos CDs, discos, vídeos, camisetas, acessórios, bandeiras, pôsteres e itens

de decoração. Há também estúdios de piercing e tatuagem e sedes de fãs-clube.

O prédio onde hoje se encontra a Galeria foi fundado em 1963, com o nome de

Shopping Center Grandes Galerias. O objetivo deste estudo foi verificar como

se constituiu o público que freqüenta a Galeria do Rock, os produtos que são

consumidos, bem como contemplar as diferentes representações das tribos

urbanas que a freqüentam. Além disso, procurou-se identificar o tipo de

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consumo apresentado por essas diferentes tribos, em relação aos produtos que

caracterizam cada tribo que age como elemento de tipificação e, portanto,

inserção. Como estratégia de coleta de dados, foram realizadas visitas ao local

acima mencionado, entrevistas semidirigidas e coleta de material fotográfico. A

análise e discussão do material foram baseadas em conceitos como indústria

cultural, representações sociais, necessidade de pertencimento e as características

das “tribos”.

REFERÊNCIAS ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, M. A Indústria Cultural: O Iluminismo como Mistificação das Massas. In: LIMA, L. C. (org.). Teoria da cultura de massa. São Paulo: Paz e Terra, 2000. BAUMAN, Zygmunt; COSTA, João Rezende, Trad. Ética pós-moderna. São Paulo, SP: Paulus, 1997. COELHO, T. O que é indústria cultural. 17ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1998. CALDAS, W. Cultura de massa e política das comunicações. São Paulo: Global, 1986. DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. 1ª reimpressão Rio de Janeiro: Contraponto, 1997. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 10ª ed, Rio de Janeiro: DP&A, 2005. JAMESON, Fredric. Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio. 2. ed. São Paulo, SP: Ática, 1997. SANTAELLA, L. Cultura das mídias. 3ª ed. São Paulo: Experimento, 2003.

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DOUTORES DA ALEGRIA

Pesquisadores:

Prof. Paulo Manetta

Profª Drª. Regina Ferreira

Profª Ms.Sandra Salgado

UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

Doutores da Alegria é uma organização não governamental que busca amenizar

as dificuldades das crianças internadas tais como a distância do ambiente

familiar, dos amigos assim como restrições quanto a brincadeiras,alimentação,

atividade física através da pura e simples “alegria” levada por atores profissionais

para os hospitais. Em 1986, Michael Christensen, um palhaço americano, diretor

do Big Apple Circus de Nova Iorque, apresentava-se numa comemoração em

um hospital da cidade quando pediu para visitar as crianças internadas que não

puderam participar do evento. Improvisando, substituiu as imagens da

internação por outras alegres e engraçadas. E, assim, surgiu o projeto Clown

Care Unit, grupo de artistas treinados para levar a alegria a crianças internadas

em hospitais .Em 1988, o ator Welligton Nogueira passou a integrar a trupe

americana. Em 1991, quando voltou ao Brasil, resolveu tentar um projeto

parecido e, com o nome Doutores da Alegria. Os Doutores da Alegria acreditam

que o sorriso é coisa séria, contam com atores profissionais especializados nas

áreas de teatro clown e técnicas circenses, que recebem treinamento médico

específico para melhorar a interação com as crianças.Visitam 350 mil crianças e

adolescentes internados em 12 hospitais em três estados: São Paulo, Rio de

Janeiro e Pernambuco. O trabalho objetivou verificar a linguagem do humor

utilizada pelos “palhaços” e suas representações e interações para dar suporte o

processo de criação de peças publicitárias que visam sensibilizar o receptor

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para a importância de contribuir para o bem estar e a alegria de crianças

hospitalizadas, seus pais e profissionais de saúde. Para tanto, optou-se pela

metodologia qualitativa com um estudo exploratório baseado em dados

secundários e posteriormente a observação natural em hospitais e entrevistas

semidirigidas com pais e profissionais da alegria. A análise e discussão do

material foram baseadas nas repercussões e significados das brincadeiras para as

crianças.

REFERÊNCIAS

CARRASCOZA,J. A .Razão e Sensibilidade no do Texto Publicitário, São Paulo, Futura, 2004 JUNQUEIRA, M. F. P. S. A relação mãe-criança hospitalizada e o brincar. Pediatria Moderna, São Paulo, v. 38, n. 1/2, p. 44-46, jan./fev. 2002. MASETTI, M. Soluções de palhaços: transformações na realidade hospitalar. São Paulo:Palas Athena, 1998. 80 p. SOIFER, R. Psiquiatria infantil operativa. 3. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.424p WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. 1 ed. Rio de Janeiro: Imago, 1975. 203 p.

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RREELLIIGGIIOOSSIIDDAADDEE

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“PIOR CEGO É AQUELE QUE NÃO QUER VER”:

UMA VISÃO DOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS

SOBRE CRENÇAS E RELIGIÕES.

Pesquisadores:

Ana Carolina B. Gonçalves

Ana Priscila Sanches

Cleber do C. Oliveira

Denise Silva

Gabriela de Faria

Marcela Del Bianco

Michele Paes

Tatiana Carvalho

Prof. Walter Lapa

A sociedade em que vivemos é uma sociedade seletiva e julgadora, que diferencia

os indivíduos por classe social, credo ou cor. Mas essas não são as únicas

diferenças contidas na nossa sociedade, pessoas com necessidades especiais

fazem parte do convívio social e muitas vezes são excluídas, sem alicerce social o

único meio que encontram de acolhimento é a religião, onde que para Deus

todos somos iguais. A questão que levantamos no nosso trabalho é sobre o que

está entre a linha de normalidade e anormalidade? O que é normal ou

“patológico”? qual o conceito de excepcional, como a religião ajuda as pessoas a

enfrentar a sociedade, e seus problemas, mesmo sabendo que a sociedade é

injusta com qualquer indivíduo que nela se adequar. Temos a intenção neste

trabalho de não tratar uma pessoa como excepcional ou deficiente e sim como

diferente, como todos os seres do mundo são diferentes, entre si essa diferença

se molda de acordo com a subjetividade da cada um, e essa diferença que faz

com que sejamos um diferente do outro. Este trabalho será constituído por

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relatos, vídeos e entrevistas, feitas com pessoas portadoras de necessidades

especiais verificando a posição da religião na vida dessas pessoas, se acreditam

em Deus ou não, se há um acolhimento por meio da comunidade e participantes

religiosos, se os templos e suas dependências são adaptados para suas

necessidades e questionar se a sociedade de hoje ainda exclui o indivíduo de

participar ativamente no meio social, se há questionamento de mudança vinda

do próprio indivíduo portador, o que poderemos fazer para que esse ponto de

vista seja levado para a sociedade, apelando para que essas vozes nunca se calem.

Ainda fingimos que o mundo, a sociedade, a religião, o indivíduo como

participante ativo da sociedade seja visto apenas como diferente, a construção

que fazemos de um mundo melhor (que não existe) a cada dia se torna mais

distante, e não só por parte da religião, mas também das políticas, as instituições,

públicas ou privadas. Até quando tamparemos nossos olhos para as injustiças do

nosso mundo? Como dito por Jesus: “Pior cego é aquele que não quer ver!”

REFERÊNCIAS:

FREUD, S.(1921). Psicologia de Grupo e Análise do Ego in: Obras Completas. Imago, RJ., Vol. XVIII. 1922; BÍBLIA SAGRADA, Sociedade Bíblica Católica. Internacional e Paulus. 1990, 25° impressão.

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ALGUMAS QUESTÕES DE GÊNERO NAS RELAÇÕES

INTERPESSOAIS SOB A PERSPECTIVA DA RELIGIÃO.

Pesquisadores:

Danit Zeava Falbel Ponde

Fernanda Maluf Ferreira

Juliana de Freitas Bevilacqua

Márcia Badin de Melo

Mariana Rauchfeld

Raquel Athayde Couri

Sílvia Regina Kusaba

Tássia Bittar Pires

Orientação: Prof. Ms.Walter Lapa

Em nosso trabalho procuramos pesquisar, sob as perspectivas religiosas, se

existem questões específicas de gênero na tessitura de um cotidiano de casais.

Para isso foram realizadas entrevistas, semi-estruturadas, com perguntas amplas

para que os entrevistados que expusessem suas idéias, falassem o que lhes é

considerado importante, tendo assim uma maior abertura em suas respostas.

Nestas entrevistas investigamos o cotidiano de casais em relação às questões de

gênero que estão envolvidas no seu relacionamento no âmbito religioso. Em

nossa pesquisa três casais foram colaboradores, um judeu, um católico e um do

candomblé. Partindo-se do pressuposto que a filiação a uma instituição religiosa

é um determinante na orientação de comportamentos envolvendo a obediência

as regras, dogmas, crenças, valores pré-estabelecidos por esta, há que se verificar

como isto afeta o relacionamento cotidiano de casais. Se por um lado as questões

de gênero são naturais no reconhecimento das diferenças no âmbito fisiológico

que elas apontam ao indivíduo, não o são no que tange às atribuições,

subjetividade, comportamento que são construídas pelo contexto cultural no

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IV Mostra de Psicologia do Cotidiano

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qual este indivíduo está inserido. Da mesma forma o relacionamento sexual,

considerado como uma expressão física instintual, será balizado e intermediado

pelas regras das instituições sociais das quais o indivíduo faz parte. Assim

emergem categorias simbólicas tais como amor, virgindade, namoro, noivado,

casamento, adultério, divórcio, opção sexual, que compõe o universo do

relacionamento interpessoal. Todas estas submetidas as particularidade de cada

contexto cultural. Ao longo da história as relações conjugais promoviam alianças

sociais, econômicas sob a égide de uma rigidez de valores amplamente

internalizados no indivíduo. Entretanto a sociedade contemporânea se depara

com uma flacidez quando o indivíduo tem dificuldade de identificar-se com uma

dinâmica que proporcione uma modelação da estrutura de sua vida cotidiana. A

busca imediatista por felicidade, prazer, satisfação dos desejos, fruto da

exacerbação do individualismo promovido pelos ideários capitalistas, trouxe a

problematização da permissividade na conduta, refletindo diretamente na

qualidade dos vínculos afetivos. Um relacionamento interpessoal de

compromisso demanda a prevalência da maturação de certos aspectos como

responsabilidade, intimidade, respeito, aspectos estes que estão constantemente

presentes no discurso religioso. Portanto este discurso proporciona segurança ao

servir como bússola norteadora no percurso existencial do casal. Ao nos

questionarmos sobre tal realidade confirmamos, através das entrevistas, que

discurso religioso realmente exerce esta função norteadora para os casais.

REFERÊNCIAS: BÍBLIA SAGRADA. São Paulo: Edições Paulinas, 1989. BERGER, Peter L.; LUCKMAN, T.. A Construção Social da Realidade. 23ª edição. Petrópolis: Editora Vozes, 2003. BAUMAN, Zygmunt. Identidade. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar., 2005.

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UM UNIVERSO AFRO: MACUMBA, UMBANDA OU CANDOMBLÉ?

Pesquisador: Ítalo do Lago Pinha ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA

UNIVERSIDADE MACKENZIE

Orientador: Prof. Ms.Walter Lapa As doutrinas dos cultos africanos em formação apresentam divergências comuns

em suas teologias, em razão das difusões sincréticas ocorridas no Brasil. As

diferenças têm sua história marcada pelo tráfico de pessoas de diferentes nações

africanas, cada um com sua própria cultura; e pelo inculturação diacrônico destes

povos, em solo brasileiro, com a cultura ameríndia, a religião católica e,

posteriormente, kardecista. Não sabemos ao certo a procedência dos negros

africanos em relação às suas respectivas tribos. Isso se deve ao fato do ministério

da Fazenda do Brasil ter ordenado a destruição dos documentos históricos sobre

a escravidão, em circular número 29 de 13 de maio de 1891, perdendo-se com

essa ação parte da história e os dados exatos. Neste estudo a intenção é refletir

sobre algumas questões que, equivocadamente, a partir da cultura cristã

medieval, promoveu o diálogo ético entre as culturas. Além disso, problematizar

as diferenças básicas entre umbanda e candomblé; musicalidade africana e valor

de sua cultura; sincretismo religioso; alguns rituais iniciáticos; preconceitos

religiosos e religião para os excluídos, como um exercício importante para

compreender essas práticas religiosas. Resumidamente este trabalho não tem a

pretensão de solucionar a falta de diálogo e o desconhecimento do universo

africano, mas sugere o proveito das imagens para despertar o desejo pelo

diálogo. Temos muito em comum: “Se o cristianismo lida com a certeza do

sagrado, em contra partida, encontramos o sagrado em múltiplos universos”.

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REFERÊNCIAS: BÍBLIA SAGRADA. São Paulo: Edições Paulinas, 1989. FREUD, S.(1921). Psicologia de Grupo e Análise do Ego in: Obras Completas. Imago, RJ., Vol. XVIII. 1922.

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SSUUBBJJEETTIIVVIIDDAADDEE

EE CCUULLTTUURRAA

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BIG BROTHER E SOCIEDADE DO ESPETÁCULO: UM

FENÔMENO SOCIAL

Pesquisadores

Adriana Akemi Sato

Amanda Leal

Camila Bombonato Vitório

Cláudia Soares Abude

Danilo Paiva Pescarmona

Emily Minami

Laryssa Paperetti Delgadillo Toro

Luiz Alberto de Oliveira

Maria Cristina Pimentel

Sofia Nery Lieber

Stela Ribeiro de Mendonça

Thiago Chaves Kevork Hassesian

Orientação: Profª. Drª. Cláudia Stella

" A vida é um show. No palco contemporâneo, o espetáculo em cartaz é a vida.

Os ingressos na bilheteria dão direito a entrar na intimidade dos atores, formar

alteridades e idealizar heróis, mas a platéia não está satisfeita e quer ela mesma

encenar o espetáculo. E na esquizofrenia de ser ao mesmo tempo personagem e

espectador, ela tenta ler o letreiro em neón que anuncia o título da obra:

realidade." (Felipe Pena). Inspirado no livro "1984", do escritor inglês George

Orwell, em que todos os habitantes de um país fictício são vigiados diariamente

por câmeras que funcionam como os olhos do governo, nasceu o "Big Brother"

em 1999, na Holanda. Em 2002 estreiou no Brasil como um fenômeno de

audiência. Objetivamos analisar o fenômeno social do BBB e compreender a

sociedade de consumo, massificada pela Indústria Cultural, que privilegia e é

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IV Mostra de Psicologia do Cotidiano

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transformada em um espetáculo pela mídia. São questões que levam a reflexão

sobre o poder da mídia e da necessidade do público sair do seu cotidiano e fazer

uma catarse a partir de eventos que expõem pessoas ao julgamento público.

Foram realizadas pesquisas por meios eletrônicos (matérias e entrevistas dos

participantes do BBB), entrevistas com participantes do programa e livros

relacionados. A formação do caráter do homem ocorre através da vida privada e

da tolerância no espaço público. O homem, alienado não consegue se

desvencilhar da manipulação econômica e científica e mesmo política imposta

pela sociedade. Feuerbach diz “sem dúvida nosso tempo prefere a imagem à

coisa. A ilusão é sagrada, a verdade profana”. O efeito hipnótico e político da

exposição pode ser visto no panóptico de Benthan, onde ver e ser visto reforçam

o narcisismo, como forma de uma recompensa simbólica, cujos papéis

incorporados e manipulados, se tornam dóceis ao telespectador. O espetáculo

submete os homens e define toda a realização humana, transformando o ser em

ter. O capitalismo conduz a uma busca generalizada do ter e do aparecer, onde

toda a realidade individual se tornou social e diretamente dependente do poderio

social obtido. A televisão se coloca em uma espécie de função deformativa em

relação à consciência do indivíduo, divulgando ideologias e induzindo o

indivíduo à uma falsa consciência e ocultamento da realidade, desenvolvendo

valores padronizados e servindo como referencial ao fazer cotidiano. De acordo

com Adorno, os ídolos que surgem na indústria cultural são pessoas comuns, tais

como seus espectadores, descobertos por caçadores de talentos e lançados na

grande mídia, seguindo a lei do acaso, onde qualquer indivíduo pode se tornar

ídolo na sociedade atual. O culto ao corpo é também algo imposto pela indústria

cultural através de um modelo legitimado pela sociedade, sendo utilizado na

obtenção de lucro pessoal, já que o valor atribuído a ele é concreto. Essa

ideologia massificada é transportada aos telespectadores através de imagens e

diálogos. “A ilusão não pode ser substituída por nada melhor porque não existe

nada melhor” (F. Nietzche). A tragédia, vivenciada no BBB, consiste nos

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IV Mostra de Psicologia do Cotidiano

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conflitos pessoais entre duas obrigações igualmente fortes, como jogar ou não

jogar e lidar com o que a sociedade exige dele e o que ele realmente deseja. Para

que não haja uma exclusão social, o indivíduo acaba desenvolvendo papéis, ainda

que de forma superficial, se adequando às padronizações e transformando-se em

mercadoria. “A recompensa simbólica não é apenas a satisfação pessoal, o

narcisismo de ter aparecido na televisão, de ter conseguido fazer uma única e

efêmera passagem. Agora é tornar-se a personagem de uma história.” (Ignácio

Ramonet). Consideramos, preliminarmente, que o BBB propicia o

fortalecimento da indústria cultural, uma vez que massifica os indivíduos, tendo

em vista os números crescentes de audiência e inscrição de participantes. Em

uma sociedade sem perspectivas do sujeito se tornar indivíduo, as pessoas

projetam ascensão social em um reality show na esperança de que possam vir a

ter um lugar na sociedade de consumo.

REFERÊNCIAS MATOS, Olgaria. Sociedade, Tolerância, Confiança e Amizade. Revista USP. São Paulo, 37, p.92-100, mar-maio, 1998. ADORNO, Theodor. A Indústria Cultural in: A Dialética do Esclarecimento. Editora Jorge Zahar. São Paulo. FREUD, Sigmund. O Mal estar na civilização. Rio de janeiro, Editora Imago. São Paulo. ADORNO. Televisão e Formação. in: Educação e Emancipação. Editora Paz e Terra. São Paulo. FIGUEIREDO, Luiz Cláudio. Subjetividade Privatizada in Psicologia: Uma Nova Introdução. São Paulo: Educ, 2000.

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IV Mostra de Psicologia do Cotidiano

43

AS CORES DO ARCO-ÍRIS: PARADA GLBT, PRECONCEITO E

CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE

Pesquisadores:

Claudia Montanari Gitti

Danielle Guimarães Dalcin

Ester Hsu

Grinis Miyashiro

Hidaline Izabelle de França Silva

Julia Camarinha

Júlia Severino Duarte

Juliana Belloni Mendes Barreto

Mariah Theodoro da Silva

Marina Benez Madrid

Renata Reed Rocha

Talita Vinche Badra

Orientação:Profª Drª Claudia Stella

A mobilização da população GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros)

iniciou-se em 28 de junho de 1970, com uma grande marcha comemorativa do

primeiro aniversário dos “motins do Stonewall”, bar gay de Nova York, que era

alvo freqüente de ações policiais. Este fato configura um momento histórico

bastante significativo para a militância GLBT. No Brasil, o final dos anos 70

marca o início da mobilização em grupos de ativismo homossexual, durante o

período de “abertura política”. Em 1990, a visibilidade da chamada “peste

gay”(aids) e a expansão de mercado voltado ao público GLS (gays, lésbicas e

simpatizantes) foram grandes fatores para a articulação e expansão da militância.

Em São Paulo, a primeira Parada aconteceu em 28 de junho de 1997, reunindo

cerca de 2 mil participantes. O aumento significativo de participantes gerou a

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IV Mostra de Psicologia do Cotidiano

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necessidade dos organizadores fundarem uma associação para promoção da

Parada. Assim, nasceu a Associação do Orgulho de GLBT de São Paulo. Em

2006, a Parada do orgulho GLBT em São Paulo comemorou seu 10º aniversário,

com 2,5 milhões de pessoas. Um dos principais problemas encontrados por seus

integrantes, é a questão da homofobia, discriminação por orientação sexual e

identidade de gênero, que pode ser superada quando ocorre a hipótese de

contato, isto é, a possibilidade da percepção de características semelhantes a

partir do contato entre membros de grupos distintos – aumentando a tolerância

à diversidade e diminuindo o preconceito. Na hipótese de contato, o apoio social

é fundamental para a redução do preconceito. O preconceito contra os

homossexuais, é visto como um problema social e psíquico – o que é de extrema

importância, sendo esta uma sociedade capitalista e cambial, que visa a

domesticação dos indivíduos para que possa exercer seu controle dissimulado,

fazendo-nos pensar que somos livres. A sociedade do espetáculo, o “fazer ver e

deixar-se ver”, atribui à aparência um papel importantíssimo. Os objetivos deste

trabalho foram o de refletir, a partir de várias paradas com repercussão na mídia,

se houve redução do preconceito e maior tolerância quanto à diversidade sexual

na cidade de São Paulo, e, verificar na fala dos integrantes do movimento GLBT,

a questão da subjetividade homossexual na cultura do consumo e na sociedade

do espetáculo. O método utilizado foi o de pesquisa bibliográfica, pesquisas em

meios eletrônicos sobre a parada e sobre a diversidade sexual e entrevistas semi-

dirigidas com os integrantes do movimento GLBT. Tendo em vista as

informações coletadas, percebeu-se que apesar da parada ter perdido seu caráter

político, ela serviu ao objetivo a que se propôs inicialmente, ou seja, o de fazer

com que a sociedade se tornasse ainda que implicitamente mais tolerante em

relação à diversidade sexual, ao menos em uma determinada época do ano.

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IV Mostra de Psicologia do Cotidiano

45

REFERÊNCIAS: ASSESSORIA DE DEFESA DA CIDADANIA. Relatório de Atividades 2005. São Paulo, 2006. Disponível em <www.justica.sp.org.br>. Acessado em 25.08.06.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE GAYS, LÉSBICAS E TRANSGÊNEROS. Resoluções do I Congresso da ABGLT: Avanços e perspectivas. Curitiba, 2005. Disponível em <www.abglt.org.br>. Acessado em 05.09.06.

ASSOCIAÇÃO DA PARADA DO ORGULHO GLBT DE SÃO PAULO. Histórico das Paradas em São Paulo. São Paulo, 2006. Disponível em <www.paradasp.org.br>. Acessado em 25.08.06

ASSOCIAÇÃO DE JOVENS LÉSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS, TRANSGÉNEROS E SIMPATIZANTES. A origem do Movimento Civil LGBT. Lisboa, 2005. Disponível em <www.ex-aequo.web.pt>. Acessado em 08.09.06.

CENTRO LATINO-AMERICANO EM SEXUALIDADE E DIREITOS HUMANOS. Atuação premiada. Rio de Janeiro, 2006. Disponível em <www.clam.org.br>. Acessado em 28.08.06.

CARRARA, S; RAMOS, S; SIMÕES, J. A; FACCHINI, R. – Política, Direito, Violência e Homossexualidade Pesquisa 9º Parada do Orgulho GLBT – São Paulo 2005. 1. ed. Rio de Janeiro: CEPESC, 2006. CROCHICK, J. L. Teoria Crítica da Sociedade e estudos sobre o Preconceito. In: Revista Sociedade Brasileira de Psicologia Política, ano 1, vol. 1, n. 1. 2001.

DINIZ, A. Uma história em 7 capítulos. In: Revista Oficial da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo. São Paulo, 2004. FACCHINI, R. Na ordem do dia: movimento GLBT e paradas. São Paulo, 2006. Disponível em <www.paradasp.org.br>. Acessado em 25.08.06.

FIGUEIREDO, L. C. Psicologia: uma nova introdução. São Paulo: Educ, 2000.

MATOS, Olgária. Sociedade, Tolerância, Confiança, Amizade. Revista USP. São Paulo, 37, p. 92-100, mar.-maio, 1998.

SALIS, V. D. Mitologia Viva: Aprendendo com os deuses a arte de viver e amar. São Paulo: Nova Alexandria, 2003.

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IV Mostra de Psicologia do Cotidiano

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FUTEBOL: A CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE NA CULTURA

DO ESPETÁCULO

Pesquisadores:

Adriana W. Amato

Carina P. Curti

Camila P. Sampaio

Cinthia B. Gonçalves

Claudio L. Palombo

Danielli A. Caravieri

Danielly T. Penido

Débora S. Nascimento

José Dantonio

Marina B. Ceron, Paloma P. dos Santos.

Orientação: Profª Drª Claudia Stella

O futebol está presente no Brasil desde o fim do séc XIX, quando foi

introduzido por Charles Miller. Desde então, este fenômeno cresceu muito,

sendo possível encontrar aqueles que digam que o “...futebol no Brasil é uma

função da alma, uma função que enreda em todos os ramos da grande árvore

psíquica: o amor, o ódio, o medo, a bravura, a solidariedade, a piedade, o

sadismo, o senso estético, o sentimento de solidão e da morte” (Museu dos

Esportes). Para acompanhar isso, temos aqueles que torcem pelo time ao qual se

sentem mais atraídos, existindo aqueles torcedores que, faça chuva ou faça sol,

eles estarão no estádio vibrando por tal time. Voltando um pouco no tempo,

mais exatamente à Roma Antiga, vamos encontrar um momento no qual,

preocupado com o rápido crescimento do contingente de desempregados que

migravam para as cidades romanas, o imperador decidiu oferecer comida e

diversão a essas pessoas como meio de evitar possíveis rebeliões: isso ficou

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IV Mostra de Psicologia do Cotidiano

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conhecido como a política do “pão-e-circo”. É diante desses quadros que

colocamos o futebol como mais um produto da Indústria Cultural, como um

instrumento destinado a suprir diversão às pessoas para que estas não tenham

uma possibilidade de reflexão, ocupando todo seu tempo disponível. Como

objetivo deste trabalho nos propomos a fazer um paralelo da dinâmica social da

população para com o futebol na sociedade atual e a política do pão e circo da

Roma antiga e, tentar investigar o papel e a importância do futebol na

constituição da subjetividade de crianças/adolescentes de baixa renda com

idades entre 11 e 14 anos, freqüentadoras do programa Escola da Família no

bairro do Ipiranga em São Paulo. Para tal, recorremos às leituras de textos de

Freud, como o Mal-Estar na Civilização e Psicologia de Grupo e Análise do Ego,

e do texto de Adorno e Horkheimer, a Dialética do Esclarecimento, com maior

ênfase na definição de Indústria Cultural. A seguir, recorremos à Internet para

levantarmos notícias sobre o panorama político e cotidiano, nacional e

internacional, quando da época da Copa do Mundo de 2006, para então

contrapor, tanto as próprias notícias referentes a esse panorama social e o modo

como estas foram veiculadas, às notícias referentes à atuação da seleção

brasileira. Por fim, recorremos a entrevistas semi-dirigidas com as crianças e

adolescentes de baixa renda para investigarmos o papel do futebol na

constituição de suas subjetividades: nessas entrevistas questionamos o papel do

futebol em suas vidas, em seus planos futuros, sobre o impacto do futebol em

suas relações familiares e de amizades, e finalmente sobre o papel da escola para

eles (como são suas relações para com a escola e qual a importância desta para

eles). Dessas entrevistas, pudemos ver que estas crianças e adolescentes

depositam no futebol grande parte do seu futuro: querem ser jogadores, para

poderem ganhar muito dinheiro e então ajudarem suas famílias (desejo

partilhado pela maioria dos entrevistados). Acreditam ser realidade o panorama

do futebol brasileiro por meio das notícias veiculadas sobre os “medalhões” do

esporte, tais como “Ronaldinho Gaúcho”, “Kaká”, entre outros grandes nomes

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IV Mostra de Psicologia do Cotidiano

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do futebol nacional. Esquecem que na verdade apenas alguns poucos conseguem

chegar a tal patamar, sendo a realidade dos aspirantes permeada por dor e

sofrimento (Alcântara, 2006). Como considerações preliminares do estudo,

podemos citar o destaque dado pela mídia aos jogadores do Brasil em

detrimento das noticias e negociações políticas, bem como, a importância que o

futebol tem na vida de crianças de baixa renda como uma das poucas

oportunidades de se tornar um indivíduo reconhecido nesta sociedade fazendo

essas crianças e adolescentes aderirem assim à Industria Cultural por meio do

desenvolvimento de sua identidade espelhada dos “astros” do futebol.

REFERÊNCIAS ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zaar Editor, 1985. FIGUEIREDO, L. C. Psicologia: uma nova introdução. São Paulo: Educ, 2000. FREUD, S. O Mal-Estar na Civilização. Rio de Janeiro: Imago, 1997.

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TTRRAABBAALLHHOO

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ADMIRÁVEL MUNDO DO TRABALHO: ASAS OU GRILHÕES?

Pesquisadores:

Danielle Ambrózio

Gabriel Ornellas

Jaqueline Murauskas

Juliana Bennatti

Michele Prado

Thiago Ribeiro

Orientação: Profª Drª Anete Souza Farina

”A palavra “trabalho” deriva da palavra latina tripalium, que era um instrumento

de suplício composto de três paus, usado para torturar escravos. A palavra latina

labor significa “dor”. Alguma razão existe em esquecer a origem das palavras

‘trabalho’ e ‘labor’.” (Vaneigem, 2002). Há muito que todas as forças dirigentes

da modernização ocidental pregam a santidade do trabalho, construindo o

dogma segundo o qual o trabalho é o destino natural do homem. Foi após o

iluminismo que o trabalho se tornou o elemento “humanizador” do homem. O

homem moderno, ou o sujeito burguês, era o homem livre para trabalhar,

ficando o trabalho atrelado a juízos morais e a um sistema ético que ao longo do

desenvolvimento capitalista se transformou, transformando o próprio homem.

O cristianismo, talvez a primeira intenção de glorificar o trabalho árduo,

inaugurou a autodisciplina e o sacrifício, e o protestantismo a idéia de

autonegação do prazer, no mundo do trabalho que, segundo Weber (2004),

representa éticas combinadas. Desde então, o trabalho aparece como uma

sombra do homem, o elemento principal da máquina capitalista, que através dos

aparelhos estatais, lhe impôs a necessidade do trabalho. Os indivíduos tinham

que produzir, não para si, mas para o Estado militarizado do início da

modernidade. Foi assim que veio ao mundo a finalidade circular do trabalho. O

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IV Mostra de Psicologia do Cotidiano

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ganho se transformou em motivação central da sociedade, e o trabalho em

exigência social. Porém, o desenvolvimento das tecnologias e da comunicação e

os esforços, talvez em vão, dos trabalhadores por melhores condições nas

fábricas, apresentou uma nova ética e uma nova configuração do trabalho. Com

a administração científica, peça chave nesse velho contexto ético da

modernidade, até então vigente, surge o toyotismo. A ideologia que esse modelo

de produção apresenta é a formação de equipes, que devem agir com

cooperação, flexibilidade, descentralização e diversidade. O toyotismo configura

a nova organização do trabalho, e do próprio modo de produção capitalista. “As

empresas buscaram eliminar camadas de burocracia, tornaram-se organizações

mais planas e flexíveis. Em vez das organizações do tipo pirâmide, a

administração quer agora pensar nas organizações como redes” (SENNETT, p.

23). O chefe passa então a ser um líder do grupo, um aliado do empregador, a

partir de um novo discurso repleto de simbologias igualitárias. As equipes

competem entre si, e trabalhador e fiscalizador já não se distinguem. Esta nova

modalidade de trabalho, entretanto, traz consigo um fardo: o desemprego. Não

se trata de uma novidade em nossa sociedade, o desemprego vem aumentando

em função dessa nova fase do trabalho, que exige qualificação especifica, o que

deve transformar a todos em “competentes, flexíveis, cooperativos, de fácil

interação grupal entre outras inúmeras qualificações”. Ainda nesse contexto, o

desenvolvimento tecnológico implica dispêndio da força humana, e o mercado

especulativo de ações gera mais lucro do que investimentos em produtividade. É

em meio a esse novo cenário que o trabalhador procura um espaço para se

submeter a essas determinações. .Uma contradição ronda o trabalho, e a própria

organização social capitalista. De um lado, ele vive do fato de sugar maciçamente

energia humana. De outro, impõe, pela lei da concorrência empresarial, um

aumento de produtividade, no qual a força de trabalho humano é substituída por

tecnologia. Por fim, as asas desmistificadas do trabalho se mostram grilhões,

porque com a escassez de postos de trabalho e a submissão à lógica da

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sobrevivência o trabalho se torna um cárcere na vida do homem

contemporâneo. O presente estudo teve por objetivo verificar a participação do

trabalho na constituição da subjetividade, a partir do discurso de diferentes

atores sociais. Fizeram parte do estudo vinte pessoas: 04aposentados; 04

desempregados; 04 recém- ingresso no mercado de trabalho; 04 trabalhadores há

mais de dez anos no mercado de trabalho; 04 trabalhadores informais. Todos

com idade superior a 21 anos. Como estratégia de investigação, adotou-se a

entrevista semidirigida que procurou verificar: (1) tempo de trabalho, (2)

significado do trabalho, (3) a participação do trabalho na vida pessoal. As

entrevistas foram realizadas após os voluntários serem informados dos objetivos

da pesquisa e assinarem o termo de livre consentimento garantido. Os dados

obtidos foram analisados qualitativamente e informam que o trabalho, como

atividade cotidiana, atua na constituição da subjetividade e, portanto, na vida de

cada um dos entrevistados. A partir de uma visão histórica observa-se que as

transformações ocorridas no mundo do trabalho também transformou o homem

e suas condições de existência. Pode-se identificar uma estrutura ideológica que

como um véu encobre os sentidos que o trabalho apresenta, desviando a

verdadeira função, quando colocado no campo da moralidade e da formação

pessoal, as atividades relacionadas ao mercado, a economia e a situação política.

A frase “o trabalho dignifica o homem”, é recorrente entre os entrevistados,

independente da idade e condição que apresentam no mercado de trabalho.

Aposentados, recém-empregados, desempregados, trabalhadores, todos vêem o

trabalho como o elemento que concede ao homem sua humanidade. Eles

acreditam que o reconhecimento social, enobrecimento pessoal, formação do

caráter, são elementos construídos na relação entre homem-trabalho. A vontade

de trabalhar e o medo do desemprego impõem uma pressão social e psicológica,

submetendo-os às mais diversas coações e humilhações. Assim, o trabalho é

visto como um dos imperativos máximos, além de escasso, ampliando a legião

de servos voluntários. A historia da modernidade é a historia da imposição do

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trabalho. Para Arendt (2001) o trabalho é a atividade correspondente ao

artificialismo da existência humana. A ideologia do trabalho é a própria

submissão ao trabalho, que aparece como uma “missão civilizadora”. Entretanto,

uma contradição surge através da historia o trabalho. De um lado ele suga a

energia humana em escalas grandiosas, por outro, vem substituindo essa força

humana por tecnologias.

REFERÊNCIAS ALBORNOZ, Susana. O que é trabalho?. Coleção Primeiros Passos. Ed. Melhoramentos, 199 ARENDT, Hannah. A condição humana. 10ª edição – Rio de Janeiro. Forense Universitário, 2001 CADERNOS DE PSICOLOGIA SOCIAL E DO TRABALHO. Centro de Psicologia Aplicada ao Trabalho.IPUSP.São Paulo, 1999-2005. GORZ, André. Metamorfoses do Trabalho. São Paulo: Annablume, 2003. SENNETT. Richard. A Corrosão do Caráter: as conseqüências pessoais do trabalho no novo capitalismo – 5ª edição. Rio de Janeiro. Record, 2001. KURZ, Robert. O colapso da modernização. Da derrocada do socialismo de caserna à crise da economia mundial. - São Paulo: Paz e Terra, 1992. KRISIS, Grupo. Manifesto Contra o Trabalho. - São Paulo. Conrad Editora, 2001. WEBER; Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo.Companhia das Letras,2004 VANEIGEM, Raoul. A arte de viver para as novas gerações. – São Paulo. Conrad Editora do Brasil, 2002

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IV Mostra de Psicologia do Cotidiano

54

TRABALHO E GÊNERO: REFLEXÕES SOBRE A

IDENTIDADE FEMININA EM UM MUNDO MASCULINO

Pesquisadoras:

Natália Lobas

Thais Vega

Ticiane Cruz

Orientação: Profª Drª Anete Souza Farina

Historicamente, coube para a mulher a condição de submissão ao homem, em

praticamente todas as culturas. Nas antigas civilizações, cabia à mulher, quase

que exclusivamente, a maternidade e a manutenção da prole, assim

exemplificado na sociedade grega. A mulher nessa época sob uma rígida

disciplina, era reduzida à semi-escravidão. Ela não desfrutava de nenhum poder

político e era tratada como mercadoria, além de estritamente ligada às atividades

domésticas e à reprodução. Da mesma forma, na antiga Mesopotâmia, a mulher

exercia o papel de escrava sob a autoridade absoluta do homem. A mulher

sozinha nunca recebeu consideração e respeito, que só eram alcançados a partir

do casamento e da maternidade. Esses papéis. de mãe e esposa, lhes garantiam

alguns direitos. Foi uma longa e árdua jornada até a mulher alcançar um relativo

progresso em sua condição social. Depois de séculos de subserviência ao sexo

masculino, foi a partir do século XVIII, permeado por revoluções sociais, que a

mulher deixou de viver exclusivamente no âmbito privado, passando a atuar

também no espaço público, desenvolvendo atividades no comércio e em outros

segmentos da economia, contudo, essa autonomia era muito restrita. Com a

passagem do século XVIII para o século XIX, as mulheres começam a

conquistar uma maior liberdade para exercer algumas profissões e essa

“liberação” passou a se constituir como uma ameaça à estrutura familiar, alvo de

preocupação da sociedade, trazendo a necessidade de se desenvolver uma

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ideologia que preservasse o papel destinado à mulher, desde o inicio da

civilização e assegurar a instituição familiar. Essa ideologia reproduzida desde a

infância, sedimentou a superioridade masculina. A educação que também

reproduz a idéia da mulher voltada para o âmbito privado e o homem para o

público, enfraquecendo a imagem de uma mulher bem sucedida no espaço

publico, garantindo, de certa forma até hoje, a manutenção da supremacia entre

os gêneros. Já na segunda metade século XIX, com o surgimento do movimento

feminista, as mulheres passaram a reivindicar a supressão do patriarcado e o

direito ao voto, em busca de uma equiparação de seus direitos políticos em

relação ao homem, rompendo com as barreiras que impediam que a mulher

participasse da esfera pública. As feministas propunham uma atuação da mulher

com direito à auto-expressão, à realização individual e independência. E foi a

partir dessa luta que as mulheres começaram a ingressar no mundo masculino e

exercer funções que antes só eram executadas por homens, como no caso das

profissões que este estudo aborda. O presente estudo teve por objetivo explorar

o cotidiano de trabalho com mulheres que exercem profissões comuns ao sexo

masculino. Fizeram parte deste estudo cinco mulheres que exercem as seguintes

profissões: Frentista de Posto de Combustível, Mecânica, taxista, Cobradora de

ônibus e Caminhoneira. Todas com idade superior a 25 anos. Como estratégia de

investigação adotou-se a técnica de entrevista semidirigida, que procurou

verificar: (1) motivo de ingresso na profissão, (2) o cotidiano de trabalho, (3)

vivência de preconceito, (4) satisfação no trabalho e (5) implicações do tipo de

trabalho na vida pessoal. As entrevistas foram realizadas após as voluntárias

serem informadas dos objetivos do estudo e assinarem o termo de livre

consentimento esclarecido. Os dados, após serem analisados informam que as

entrevistadas ingressaram nas atividades que executam por uma questão de

sobrevivência. Em relação ao cotidiano de trabalho expressão desgaste físico e

psicológico pela carga e tipo de trabalho. As vivências de preconceito

relacionadas ao gênero são vividas na relação com colegas, clientes e, em relação

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à autocrítica. Todas se sentem satisfeita com o trabalho e não expressam

implicações do tipo de trabalho com a vida pessoal. Observou-se que a atuação

ainda se mostra como um desafio que a cada dia elas têm que resignificar.

Segundo Berger (2000) a identidade é formada por processos sociais e, uma vez

solidificada é mantida, modificada ou mesmo remodelada pelas relações sociais.

Sendo assim, as distinções entre mulher e homem são produtos do meio em que

vivem, e suas identidades estão associadas aos papéis tipificados na vida

cotidiana. Estas mulheres procuram se integrar socialmente, resistindo ao

julgamento, embora sofra com o preconceito por parte de diversos atores

sociais. Dizem ter passado por situações de preconceito e negam sua identidade

feminina a fim de evitar constrangimentos. Permanentemente reafirmam sua

identidade feminina e consideram que possuem capacidades, como os homens,

para exercerem suas profissões. A partir desta pesquisa pode-se identificar que o

mercado de trabalho ainda é muito segmentado, criando por vezes um abismo

entre os gêneros. Um mundo onde a mulher ainda é alvo de preconceito, quando

ultrapassa a barreira criada há muito tempo. A mulher associada à idéia de

responsável pela casa e família, deixa para o homem a responsabilidade pelo

sustento financeiro e define as identidades, pessoal e coletiva, que são

amplamente reconhecidas. Ao longo dos séculos essa questão ainda não se

modificou. No exercício profissional as entrevistadas buscam afirmação e

garantir um espaço nesse mercado tradicionalmente masculino. Essa ruptura

entre produção e reprodução, que é apenas uma das muitas questões presentes

na relação gênero e trabalho, deve necessariamente ser considerada quando da

construção e desenvolvimento de um plano de ação transformadora da rígida

divisão entre gêneros.

REFERÊNCIAS BERGER; P. & LUCKMANN;T. A Construção Social da Realidade: Tratado de Sociologia do Conhecimento. Ed. Vozes, Petrópolis 2003.

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IV Mostra de Psicologia do Cotidiano

57

HELLER, Agnes. O Cotidiano e a História. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1972. RABELOFABIOLA; & PEREIRA; TELMA. Profissão delegada de polícia: Um estudo sobre a representação social de uma profissão tipicamente masculina. Universidade São Judas Tadeu. SP.1999 MATOS; M.I.S. Delineameando corpos As representações do feminino e do masculino no discurso médico. SP 1980-1930

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58

REFLEXÕES SOBRE A REPRESENTAÇÃO DO TRABALHO

ENTRE PROFISSIONAIS DE DISTINTOS CONTEXTOS.

Pesquisadores:

Andréa Marques Gomes

Carina Ferreira Guedes

Carla Regina Visti Luner

Carolina Cardoso Fiussi

Carolina Gomes Martins Ramos

Cássia de Oliveira Fernandez

Dailza Pineda;

Flávio Kaspinski Gerab

Guilherme Borges Valente

Isabel Tatit

João Vitor Hernandez Gonçalves

Ketty-Keila Neto da Silva Borges

Marjorie El Khouri

Renata Fernandez Targino

Simone Marques Yamada

Tiago B. M. Barbuto

Thais Mariana A. Ferreira.

INSTITUTO DE PSICOLOGIA

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO-USP

Orientação: ProfªDrª. Anete de Souza Farina

A Psicologia do Trabalho discute os temas relacionados ao mundo do trabalho,

envolvendo a representação do trabalho na sociedade atual, procurando ampliar

a compreensão sobre os efeitos psicossociais do trabalho na vida

contemporânea. Entende que o trabalho sob relações de dominação impõe-se ao

homem como simples meio de existência, isto é, como uma atividade que tem

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IV Mostra de Psicologia do Cotidiano

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como único sentido o de garantir a sobrevivência física. (Marx,1984). A atividade

vital humana é tanto a responsável ou a base para prover as condições materiais

de existência, quanto engendra a vida genérica do homem. Isto quer dizer que,

além de produzir os meios necessários para a existência física, a atividade vital

humana produz, ao mesmo tempo, a humanização ou a autocriação do gênero

humano. Na atualidade, frente às inúmeras dificuldades vividas pelo país, o

trabalho alienado, como meio de existência, não é um ato que desenvolve novas

capacidades e cria novas necessidades, não como essência humana no sentido da

realização das potencialidades alcançadas pelo gênero humano.Heller (1972)

menciona que "existe alienação quando ocorre um abismo (...) entre a produção

humano-genérica e a participação consciente do indivíduo nessa produção".

Considerando este referencial, o trabalho é alienado quando seu sentido não

corresponder ao significado previsto socialmente, isto é, quando o sentido

pessoal do trabalho separa-se de sua significação. Se o sentido do trabalho for

apenas o de garantir sua sobrevivência, trabalhando só pelo salário, estamos

diante de uma prática que reflete um pronunciado limite para a vida humana. Em

relação à representação, num primeiro momento é o conteúdo concreto

apreendido pelos sentidos, pela imaginação, pela memória ou pelo pensamento;

é, em síntese, a reprodução daquilo que se pensa. Nesta definição, a ênfase situa-

se na natureza do conhecimento, na possibilidade mesmo do conhecimento e da

apreensão da realidade. As representações sociais, sendo definidas como formas

de conhecimento prático, inserem-se mais especificamente entre as correntes que

estudam o conhecimento do senso comum, em contraste, as correntes que se

debruçam sobre os saberes enquanto saberes formalizados, ou não, mas as

manifestações como construções sociais, sujeitas às determinações sócio-

históricas. Com base no exposto, o presente estudo teve por finalidade verificar

a representação do trabalho a partir de depoimentos coletados entre

profissionais que atuam em contextos distintos, procurando verificar a

representação que têm do trabalho. Participaram do estudo vinte entrevistados

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IV Mostra de Psicologia do Cotidiano

60

que foram estimulados a falarem sobre o seu cotidiano de trabalho. Os

depoimentos, após serem analisados, apresentam em seu conteúdo um

pronunciado medo do desemprego, quer na forma explícita ou implícita. Essa

construção define a relação que esses estabelecem com o trabalho, bem como as

repercussões dessa relação para a vida de cada entrevistado. O estudo ainda não

foi concluído, contudo, sinaliza para uma significativa mudança na relação entre

trabalhador, trabalho e empregador, configurando um campo de importante

discussão para todas as ciências e, principalmente para a Ciência Psicológica.

REFERÊNCIAS BERGER; P. & LUCKMANN; T. A construção Social da Realidade. São Paulo: Vozes, 2004. CADERNOS DE PSICOLOGIA SOCIAL DO TRABALHO. Centro de Psicologia Aplicada ao trabalho. IPUSP. São Paulo, 1999-2005 HELLER, Agnes. O Cotidiano e a História. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1972. SPINK; Mary. J. O conceito de representação social na abordagem psicossocial. Cadernos de Saúde Pública. vol.9 no.3 Rio de Janeiro. July/Sept. 1993.


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