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Livro Viarco 74-99

Date post: 12-Mar-2016
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2 76 Radicalmente heteróclito, este lápis vai ser sujeito a uma última intervenção quando a Viarco o entrega ao pintor José Emídio, fazendo-o ingressar no círculo de influências da Cooperativa Árvore onde, depois de passar por Luísa Gonçalves e Carlos Reis, terminará o seu percurso. 77 Cooperativa de Gravadores Portugueses Maus Hábitos Moda Viarco 78 Cooperativa Árvore MCO FBAUP 79
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The second pencil in the VIARCO Express series began its journey close to the factory where it was produced. Miguel Vieira’s studio is in São João da Madeira, and delivering the pencil to this important Portuguese fashion designer was in line with the intention of building a heterogeneous and multidisciplinary cartography of drawing. Again in the same spirit, the designer chose the name of the writer Margarida Rebelo Pinto, whom he has run across many times in the diverse events that fashion in Portugal revolves around. The pencil would be in the hands of the writer for some time, while she hesitated in deciding who would follow her in the project. Due to this impasse, the production decided to intervene; the first violation of the rules of the game by its promoters. The pencil was freed from this obstacle and sent to António Charrua, who belongs to the circle of friends of one of the Maus Hábitos partners.

At this point a new trail begins, which will also be short and will define a restricted group of people, all associated with the Portuguese Engravers Cooperative and with the movement that it was associated with in the second half of the 1950s. António Charrua, Fernando Conduto and Maria Velez all also took part in the “50 Independent Artists” exhibition (SNBA, 1959) and form part of the Third Generation together with José-Augusto França, Júlio Pomar, Fernando Lanhas, Júlio Resende and Nikias Skapinakis.

In the hands of Maria Velez, during the period that followed the death of Charrua in August 2008, the pencil saw a further long halt, which required a second intervention. Deciding to break the rules, the choice of the next name was discussed between Viarco and Maus Hábitos and their selection was Jorge Abade, an artist who participated in collectives in Maus Hábitos and São João da Madeira (both in 2002). Abade forwarded the pencil to Fabrizio Matos, an artist represented by the same gallery, MCO, and belonging to the same generation, having left Fine Arts of Porto at the end of the 1990s.

Radically wide-ranging, this pencil would be subject to a final intervention when Viarco delivered it to the painter José Emídio, joining the circle of influence of the Árvore Cooperative where, after passing via Luísa Gonçalves and Carlos Reis, it would end its journey.

Breaking all the rules of the game, this pencil ended up producing sketches of relationships and complicities between very different creators and artists, but the brevity of each possession prevents any conclusive reading. Between them, the Portuguese Engravers Cooperative (Gravura) and Árvore show two very different moments and groups of people, but they come together within a language of political activism and a history of civil struggle against the dictatorships of Salazar and Marcelo Caetano. Even though the artists who represent the Árvore cooperative do not belong to the founding generation (Armando Alves, Pulido Valente, José Rodrigues and Ângelo de Sousa), they are faithful representatives of a fundamental moment of artistic activity in the city of Porto.

An unruly mix

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O segundo lápis da série VIARCO Express inicia o seu percurso perto da fábrica onde foi produzido. O atelier de Miguel Vieira situa-se em São João da Madeira, e a entrega do lápis a este autor incontornável da moda portuguesa obedeceu à intenção de construir um mapa heterogéneo e multidisciplinar do desenho. Ainda neste espírito, o designer escolheu o nome da escritora Margarida Rebelo Pinto, com a qual se cruza muitas vezes na diversidade dos eventos que em Portugal giram em torno da moda. O lápis vai ficar nas mãos da escritora algum tempo, que hesita em apontar alguém que dê seguimento ao projecto. Num impasse, a produção decide intervir, naquela que será a primeira violação das regras do jogo por parte dos seus promotores. O testemunho é resgatado desta dificuldade e entregue a António Charrua, que pertence ao círculo de amizades de um dos sócios dos Maus Hábitos.

Neste momento inicia-se um novo percurso, que também será curto e definirá um conjunto restrito de pessoas, todas associadas à Cooperativa de Gravadores Portuguesa e ao movimento que lhe esteve associado na segunda metade da década de 50. António Charrua, Fernando Conduto e Maria Velez coincidem também na exposição «50 Artistas Independentes» (SNBA, 1959) e fazem parte da Terceira Geração de José-Augusto França, Júlio Pomar, Fernando Lanhas, Júlio Resende e Nikias Skapinakis.

Nas mãos de Maria Velez, nos momentos que se seguiram à morte de Charrua em Agosto de 2008, o lápis vê-se novamente num longo impasse, que exige uma segunda interferência. Decididos a quebrar as regras, a escolha do nome seguinte é discutida entre a Viarco e os Maus Hábitos e recai em Jorge Abade, um artista que participou em colectivas nos Maus Hábitos e em São João da Madeira (ambas em 2002). Abade entrega o lápis a Fabrizio Matos, um artista representado pela mesma galeria, a MCO, que pertence à mesma geração, saída das Belas Artes do Porto no final dos anos 90.

Radicalmente heteróclito, este lápis vai ser sujeito a uma última intervenção quando a Viarco o entrega ao pintor José Emídio, fazendo-o ingressar no círculo de influências da Cooperativa Árvore onde, depois de passar por Luísa Gonçalves e Carlos Reis, terminará o seu percurso.

Quebrando todas as regras do jogo, este lápis acaba por produzir esboços de relações e cumplicidades entre criadores e artistas muito diferentes, mas a brevidade de cada apropriação inviabiliza qualquer leitura conclusiva. Ainda assim, entre a Cooperativa de Gravadores Portuguesa (Gravura) e a Árvore são evidenciados dois momentos e grupos de pessoas muito distintos, mas que se aproximam no âmbito de uma linguagem de intervenção política e história de combate cívico ao regime autoritário de Salazar e Marcelo Caetano. Ainda que os artistas que representam a cooperativa Árvore não pertençam à geração fundadora (Armando Alves, Pulido Valente, José Rodrigues e Ângelo de Sousa), são fiéis representantes de um momento fundamental da actividade artística na cidade do Porto.

Uma mistura desregrada

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Viarco

Moda

Cooperativade GravadoresPortugueses

MausHábitos

50 ArtistasIndependentes

(1959)

Miguel Vieira

Margarida Rebelo Pinto

António Charrua

Fernando Conduto

Maria Velez

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CooperativaÁrvore

FBAUP

MCO

Jorge Abade

Fabrizio Matos

José Emídio

Luiza Gonçalves

Carlos dos Reis

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“Penso que foi com dois anos de idade que fiz os primeiros rabiscos com um lápis, como qualquer criança, e daí resolvi desenhar um auto-retrato aos dois anos de idade.”

“I think that I was two years old when, like any child, I made my first doodles with a pencil, and from then I decided to draw a self portrait at the age of two”.

1966Grafite sobre papel Graphite on paper29,5 x 42 cm

Miguel Vieira

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s/título untitledGrafite sobre papel Graphite on paper21 x 29,7 cm

Margarida Rebelo Pinto

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s/título untitledGrafite sobre fotocópia Graphite on photocopy61 x 45 cm

António Charrua

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s/título untitledGrafite sobre papel Graphite on paper70 x 50 cm

Fernando Conduto

“O Desenho é uma parte muito importante do meu trabalho e o lápis da Viarco foi o meu lápis em menino.”

“Drawing is a very important part of my work and Viarco pencils are the ones that I used as a child.”

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s/título untitledGrafite sobre papel Graphite on paper70 x 50 cm

Maria Velez

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Rest in PeaceGrafite sobre papel Graphite on paper65 x 50 cm

Jorge Abade

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GattopardoGrafite sobre papel Graphite on paper36 x 34 cm

Fabrizio Matos

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s/título untitledGrafite sobre papel Graphite on paper30 x 42 cm

José Emídio

“A Viarco é a única empresa de fabrico de lápis do nosso país, deve também por isso merecer todo o apoio, particularmente dos artistas.”

“Viarco is an important pencil manufacturer of our country. For this reason, it deserves all of our support, particularly the support of artists.”

[DP]

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s/título untitledGrafite sobre papel Graphite on paper32,5 x 40 cm

Luísa Gonçalves

“O desenho é o meu principal meio de expressão, ainda que tome proporções diferentes a nível conceptual e formal. As fronteiras do que entendo por desenho e o modo como me expresso através dele, é algo que está em constante mutação no que diz respeito aos seus limites, desígnios e territórios.”

“Drawing is my main way of expression, even though it assumes different proportions on the conceptual and formal levels. The borders of what I understand to be drawing and how I express myself through it issubject to a constant mutation in regards to limits, objectives and territories”.

[DP]

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s/título untitledGrafite sobre papel Graphite on paper49,5 x 44 cm

Carlos dos Reis

“O desenho é um espaço de exploração, de construção e de formulação de possibilidades. É um espaço de inscrição do positivo e do negativo, do visível e do não visível em contraste ou plasmados numa única camada. É o espaço do aparecimento e do espanto.”

“Drawing is a space in which to explore, construct, and formulate possibilities. It is a space in which to inscribe the positive and the negative, the visible and the invisible, either in contrast to each other or moulded into a single layer. It is the space of appearance and wonder”.

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