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Meque, Domingos - Apontamentos Da Cultura Do Povo Sena

Date post: 19-Oct-2015
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Uma r]apida vista de olhos sobre a cultura e religião do povo Sena do nordeste e centro da província de Sofala e sudeste das províncias de Zambezia e Tete no país de Moçambique. O autor é um dos Sena chamado Sena Podzo. Escreve dum ponto de vista Cristã evangélica
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  • 5/28/2018 Meque, Domingos - Apontamentos Da Cultura Do Povo Sena

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    Nsaiigani na Misambo ya SenaApontamentos da Cultura do

    Povo SenaPastor Domingos MequeConipilado por: dra. Barbara Heins

    "Ungakhonda dziwa kudabultika iwe, nkhabe dziwa kunendaiwe."'Se nao sabemos de onde saimos, nao havemos de saber ondevamos."

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    Apofltajiietitos da Cultura do Povo Sena

    ' Apontamentos da Cultura do Povo Sena 1999Este material prepublicado nao pode ser reproduzido de qu alquermaneira sem a autorisagSo sendo ainda provisdrio e de distribuigaolimitada. F a < q a f vor de mandar quaisquer correcgdes para melhorareste trabalho emfuturas edigdes a:Pr. Domingos Meque; Ahmed Secou Torri 2547, Maputooudra, Barbara Heins,C,P. 3025, Beira

    Impresso por;I.D.L.C.CP. 319Beira

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    Nsangani na Misambo ya Sena

    Apontamentos da CulturaPovo Sena

    Pr. Domingos J. Meque, Igrejada Nova Alian^aCompilado por; dra. Barbara Heins

    VersSo 3

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    Apontamentos da Cultura do Povo SenaINDICE

    1. Introdu^So e Agradecimentos 12. Historia do PovoSena 23. Religiao Tradicional 4

    3.1. A vida depois damorte 43.2. Nomes de seres espirituais 43.3. O nvandalo: um profeta tradicional 73.4. A cerim6nia nsembe va ntapulu.o lugar Kwambona 83.5. Uma cerimonia para tirar bichos (mabobo) queestragam amachamba 143.6. Medicos Tradicionais (Manp'anpa) 14

    3.6.1. Tribunal de mwavi 163.6.2. Danfas relacionadas com o nvansolo 163.6.3. Roupas e Instrumentosdo nvansolo 17

    3.7. Feiticismo eMagia 193.7.1. O Feiticeiro (Nfiti) 193.7.2. LeSes Magicos 204. Leis Tradicionais Do Povo Sena 22

    4.1. ONascimento: Mabzwade 224.2. Thati: 40 dias depois do nascimento 234.3. A Iniciagao das Meninas e dos Rapazes 234.4. Rundu: Formagao especial 244.5. OCasamento: Macungudzo 24

    4.5.1. Kuthupirwa kwa Atombo: Prendas para oCasal 254.5.2. Mwambo wa Kupitiswa (Lei do Acto Conjugal) 264.5.3. Manvalala: Cerimonia de Ensinaro Novo Casal 274.5.4. Kupaswa Mafuwa 284.5.5. Kudvesana kwa atombo. 29

    4.6. A Gravidez (Makhurudzu) 294.7. A Morte: Kufa 295. A Vida Familiar 31

    iii

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    Meque5.1. A Cortesia Dentro da Familia 315.2. MaVhodzo Como receber uma visita com cortesia 325.3. Disciplina dasCrianfas 335.4. Divorcio 33

    6. OrganizagSo Social 356.1. Govemo Tradicional 35

    6.1.1. 19 PontosComo seOrganizam as Suas TradigSes daGovema9ao no Meiodo Povo 35

    6.2. Termos deGeneologia 366.2.1. Mitupo doPovo Sena 366.2.2. Dzindza doPovo Sena 376.3. Nomi: Uma OrganizafSo dos Jovens 386.4. Nkati mwa kumanewa nfundo: Disciplina entre os

    Conselheiros 397. Cultura Material 40

    7.1. Roupa Tradicional 407.2. A Beleza da Mulher; Tatuagem 407.3. Tipos de comida 407.4. A ConstrufSo de Casas 427.5. Danfas Culturais 437.6. Pithankano; Contos Educativos 46

    Referencias 49

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    Apontamentos da Cultura do Povo Sena

    1. Introdu^io e Agradecimentos.O prop6sito destes apontamentos e registar e estudar

    elementos dacultura Sena no context da fe crista eo seu impacto nacultura. E o desejo doautor que atraves desta obra, o povo Senapossa valorizar ainda mais a sua propria cultura,e ganhar sabedoriapara distinguir as coisas que sao uteis ecompativeis com a sua fe emJesus Cristo das coisasque sao incompativeis e quedeyem serevitadas. Espera-se tambem que possa ser litil nas mSos daquelesservos de Deus que trabalham para alcanfar p povo Sena com a boanova doevangelho.

    Dentro de cada cultura hd coisas que sao contra Deus, econstituem pecados. Os crentes tem que saber como distinguir aspartes da propria cultura que saode Deus daS partes que sao contra aBiblia.

    Cada crente tem que escolher entre odiabo e Deus. Naopodemos ficar nos dois ladosao mesmo tempo. O diaboe capazdefazer milagres, at6as vezes dizer averdade em "profecia", mascontinua ser o inimigo de Deus. Nao podemos obedecer SatanaseDeus aomesmo tempo. Ate seria melhor morrer firmese fieis a Deusdo que aceitar a "cura"dos demonios.

    Agrade^o as seguintes pessoasque contribuiram informa9aocultural na provincia deZambezia; Antonio SozinhoMbadzo, JoGimo Caetano Chisombe Khuphi, JoneNota N^gawa, Francisco DinaMbadzo, Manuel Tomocene Arma9ao Mulimba, Domingos AntonioTembo, e Paulino Francisco Sopiyo Bande. Tambem agrade90 a dra.Bdrbara Heins pela suaajuda editorial e dr. John Heins pela ajudat^cnica que contribuiu a este trabalho.

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    2. Hist6ria do Povo Sena.No "Vocabuldrio" escrito por Antonio Augusto Pereira Cabral

    em 1924, lemos a seguinte informagSo sobrea lingua Sena naquelaaltura;

    "Dois termos da popula9ao daCompanhia de Mo9ambiqueadoptou oChissena... A palavra 'SENA' parece ser uma corrup^ao daspalavras 'Siona' ou 'Chona'."

    F. Schebeste, escreveu a seguinte sobre o povo Sena em 1924no seu prefdcio ao livro "Practical Grammatical Notes onthe SenaLanguage" do P. Alexandre Moreira;

    "O Chissena uma lingua banta, falada em ambasas margensdo Zambeze, desdeo Chindeat6 Tambara... Onumero total defalantes 6 relativamente elevado, cerca de300.000... Em minhaopiniSo, OS dialectos deChipodzo nas florestas de Chipanga e oChigombo na margem do norte do rio Zam beze representam umamais antiga forma desta lingua. O futurodo Chissena estaem ser alingua franca do rio Zambeze...

    De um ponto de vista historicoo estudoda linguaChissena ede maior interesse. Pois, fm com esta lingua que os primeirosPortugueses que subiram pelo rio Zambeze se familiarizavam para seintroduzirem depois na propriacorte doMonomotapa... Uma pequenagramdtica da lingua Chissena, do seculo 17, foi encontrada nasbibliotecas da Lisboa, e foi publicada novamente em 1920...

    "O povo assenae um povo agricola. Pela sua miscigene^Socom OS Portugueses originou-se uma raga mista entre eles, oschamados ANHAKAZUNGU ('os pequenos europ^us'), o qual formapresentemente o grosso dos Assena... Durante o periodo da ocupafSoportuguesa, o povo assena muito se misturavacom tribos

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    Apontamentos da Cultura do Povo Senaestrangeiras. Alem disso, como eles geralmente prestavam servi90militar aos Portugueses, e em consequencia foram chamados deACHDCUNDA pelos Angonis, muitos elementos estranhos foramintroduzidos na lingua Chissenae nos costumes deste povo."

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    3. ReligiSo Tradicional.3.1. A vida depois da morte.

    Quando algudm morrer, nSo 6o fim da vida. O povo Senaacredita na existSncia deDeus, por natureza. Os antepassados sSomedianeiros que podem nos levar a Deus. Quando rezam, tem que porfarinha no chSo para todos os escravosmortos, outra farinha paratodos O S senhores (importantes) mortos,e depois, outra farinha querepresenta Deus.

    O povoSena tem o conceito que uma pessoa md, depois demorrer, pode softer. As pessoas boas v5o a um bom lugar (mbutovadidiY O conceito e semelhante ao do homem em 1 Reis 13:30-31um lugar fisico.

    Depois da morte,as almas das pessoas boas estSo com Deus,mas 0 povo Sena tradicionalmente acredita queos mortos ficampertos para serem contactados pelos vivos.3.2. Nomes de seres espirituais.

    a) Nomes deDeus: Deus Verdadeiro (Mulengi) eo Criadorde tudo. (Kulenea significa "criar".) Antigamente o povo Senaconhecia Deus Verdadeiro, mas trocaram a verdade para adorar umacriatura (Romanos 1:25, Ex. 32:2-20). Comeparam a adorarMulimeu. que e o nzimu (antepassado) deum grande homem. Osprimeiros misionarios aceitaram Mulxmgu para o nome de Deus,eeste nom e usa-se agora nas igrejas. Mas Pastor Meque preferia quevoltassem para M ulengi por causa do significado historico do nomeMulungu.

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    Apontamentos da Cultura do Povo Senab) Muva: O termo significa "vento" ou "ar", masfoi

    introduzido por m isiondrios para o Espirito deDeus (MuvawaMulungu ou Muvawa Mulengi):

    Muva wa Mulengi wamoita nkati mwa ntima mwace. "Oespirito deDeus entrou dentro do corapSo dele."

    Pastor Meque prefere Muva waMulengi ao termoNzimu w aMulengi. porque no seu pontode vista, o termo nzimu referesomenteds pessoas mortas, e nunca vivas. Deus 6 vivo, por isto tem Muva.

    Assim, o ser humano tem tres partes: corpo (manungo). alma(ntima. que significa "cora^So"), e espirito (muva).

    c) Nzimu(plural mizimu): Os mizimu sao os espiritos dosantepassados mortos. Sao reverenciados entreo povo sena,econsiderados muito santos. As pessoas convidam os mizimu paraviver com elas, dSo-lhes comida, e comunicam com eles. Os mizimuprotegem as pessoas vivas,e servem comomedianeiros entre elaseDeus Criador (Mulengi). Os mizimu n5o tem corpo.

    O povo Sena nSo adora idolos. Constroem casinhas para osmizimu. mas nunca fizeram idolos.

    Depois da morte, os mizimu estSo com Deus,mas o povoSena tradicionalmente acreditaque ficam pertos para seremcontactados pelos vivos. O termo nzimu assim refereao espiritomorto da pessoa. Um crente pode dizer,

    Nzimwace akwata Mulungu. "Deus levouo espiritodele."Uma boa pessoa pode ser chamada nzimu wadidi: uma "boa

    alma". Mas normalmente o termo nzimu sose usa para uma pessoamorta. O centro do hom em vivo, a "alma" dele, 6 o ntima. ou"cora93o".5

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    MequeUma maneira Biblica deenfrentar a tradi9ao de contactar os

    mortos 6 conceder que 6 possivel contactaros mortos (veja oexemploda bruxa que contactou o Samuel morto em 1 Sam. 28), mas que estaprdtica 6 muito fortemente proibida por Deus (Deu t. 18: 9-14, Gal.5:19-21). Os que fazem isto utilizam o poder dos demoniosrmadzoka) e nimca fazem com o poder deDeus. Os mizimu estSomuito reverenciados (comomembros da familia),e nSo devemospregar que sSo demonios. Mas e odiabo que esta a tentar pessoaspara comunicar com osantepassados, eadord-los. Por isso e proibidopor Deus.

    d) Nomes de Demonios:Madzoka: Demonios, ou pessoas endemoninhadas. E o poderutilizado por curandeiros. Cristo expulsou madzoka na Biblia. Sao os

    demonios que vem a um a pessoa e dizem que sSo mizimu. Assim apessoa toma-se curandeiro.Cikwambo (pi. pikwambo): Demonio forte, como

    cikwanewali.Cikwangwali (plural pikwanewali"): SSo demonios, muito

    terriveis, cheios de maldade. O povo tem muito medo deles,quepossuem pessoas sem ser convidados, e sSo muito poderosos.Ninguem convida estesespiritos para viver com eles. Os anvansolotem dificuldades em expulsarestes demonios das pessoas. Umamaneira e metera pessoa endemoninhada numacabana e acender acasinha com fogo. A pessoa e tirada no ultimo momento da cabana aarder, e assim pode ficar livre do cikwanewali.

    Nzunzu: o cikwangwali do rioou da mar, um tipo de dem6nioterritorial que vive na agua.

    Nzimu w a cikwangwali: o "espirito"do diabo,ou, Satanas.6

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    Apontamentos da Cultura do Povo SenaNzimu wa kuipa: "espirito mau", oudembnio.Dimonvu (pltu'al madimonvuV. Um emprestimo da lingua

    portuguesa (demonio) usado somente pelos crentes, para referir aosdemonios, odiabo, o Satanas.

    Nveneere: tentador, enganador (Satanas)Mulungu w a dziko ino: o deus deste seculo (2 Cor.4:4)e) Ntumwi wa Mulengi(plural atumwi a Mulengi): A palavra

    ntumwi quer dizer "enviado",e foi adoptado pelos crentes parasignificar "anjo". Parece que o conceito dos anjos, seres espirituaisbondosos que servem Deus, nSo existe na cosmologia tradicionalsena. Os crentes explicam que os demonios sSo atumwi que pecaramcontra Deus,que hoje nos enganam para contactar os espiritos dosnossos antepassados, os mizimu.

    Atumwi a Mulungu adawa pa maso pa M ulungu. "Osanjos deDeus pecaram nos olhosde Deus."3.3. O nvandalo; um profeta tradicional.

    Entre o povo Sena surge de vez em quando nimia zona umhomem que e conhecidocomo nvandalo. (um profeta; ndalo querdizer "profecia") ou munthu waMulungu (um homem de Deus). Esteindividuo nao bebe,nunca provoca ninguem, nao tem nada aver comcurandeirismo nem feiticismo, ee considerado santo pela povoa^ao.Numa regiao assim, quando ha de aparecer grandeschuvas que vaoestragar casas e machambas, este nvandalo come9a a gritar paraavisar toda a gente: "Este ano vai acontecer isto " O povo da regiaovao aproximar-se dele e levd-lo a umapessoa responsdvel paraentregar a mensagem. Esta pessoa eouvida por todos, porque o queele diz sempre acontece. As vezes eleaconselha o povo desemearuma coisa particular porque sabe que outras coisas naocresceriam7

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    Mequebem tiaquele ano. Seo povo cumpriro seu conselho, nSo sofrira defome.

    Antigamente, havia um nvandalo por cada regulo (ou cada2ou 3 regulos). At6 os Portugueses costumavam ouvir oconselho dele.Ainda pode encontrar estes profetas no interior. A Francisca, esposado Pastor Meque, chegou aconhecer um nvandalo quando era jovem.Durante a guerra uma senhorachamada Mikaela, raptada porRenamo, viu um nvandalo la com eles.

    O nvandalo n5o avisou pelo Espirito de Deus, mas pelo poderdum demonio territorial,o principe espiritiial dazona govemada.Cada govemo tradicional foi dirigidopor um demonio de govemafSo.3.4. A cerimdnia nsembe va ntapulu. o lugar Kwam bona.

    O "culto deMbona" (UEM 1988; 77) e um a tradi9ao dentro dacultura Sena, praticada norte doRio Zambeze. O povo Senaqueviveu naquela zona foi influenciada pela chegada de emigrantesemMalawi, "provavelmente oriundosda regiao Luba do Congo eliderados pelo ciaPhiri" (ibid., p.74). Aqueles emigrantes formaramOS estados Marave em Malawi e na provincia de Zambezia emMo9ambique, e introdiLziram a cultura Sena esta tradi9ao.

    A tradi9ao dizque um homem chamado Mbona viviaantigamente na zona deTengani na provincia de Tete. Este Mbonadan9ava numa maneira maravilhosa eos outros homens ficaraminvejosos. Alguem matou o Mbona, por inveja. Apareceu outrohomem (um nvandalo) que pronunciou-se sobre a morte do Mbona,eidentificou aquele queo matou. Disse que o Mbona precisava deuma esposa, (nkazi wa Mbona). Portanto, a povoa9ao comprou panos(aqueles doscurandeiros), e constmiram um taberaaculo. Nestelugar, dali emdiante chamado Kwambona. os regulos tinham que ircada ano para oferecer as meninas como akazi aMbona.

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    Apontamentos da Cultura do Povo SenaEste lugar tomou-se um centro para o povo Sena, um lugar

    santo para orar a Deus (Mulungu) e fazer a cerimonia nsembevantapulu. um sacrificio para pedir chuva. A cerimonia tem paraleloscom O S sacrificios do povo israelita, no Velho Testamento. O povopensou que estava a fazer ofertasa Deus Verdadeiro,mas comoPaulodiz em 1 Cor. 10:20, "as ofertas queos nao-crentes oferecem saopara os demoniose nao para Deus." (tradu9ao Boa Nova)

    Quando o nvandalocome9ava a gritar, para avisar o povoduma seca que vem,o povo dirigia-se a Kwambona para fazer asofertas a Deus. Cada pessoa chegava la com um presente, eentregava a oferta a um homem. Este homem tinha que dizero ntupo(nome de louvorda cia) da pessoae anunciar aoferta dela: "EsteTambo trouxe esta coisa," ou"Esta oferta6 de Tambo", ate acabarcom todas asofertas.

    Cada tribo tinha que escolher uma pessoa designada paraapresentar a ofertada tribo. Esta pessoa nao pode ser um escravo(pessoa comprada). Se um escravo oferecesse acoisa, a chuva nao iacair, e o nvandalo come9aria a gritar osavisos dele. A pessoaprecisava a propria geneologia para a oferecer.

    Quando o povo ia a Kwambona. nao podia trazer nada demagia oude feiticismo. Tinha que deixar fora todas ascoisas dedemonios, e confessar. Naquele momento, o povo era santo,preparado. Este espa90 na cerimonia indique que antigamente o povocoiAecia a "lei" deDeus, e que adorou oCriador (Rom.2:14).

    A maneira de fazer asofertas decorria na maneira seguinte:A pessoa designada funcionava como sacerdote do tribo

    durante a cerimonia nsembe va ntapulu. Primeiro, punha-se farinhano chaoe dizia, "Esta farinha e para osescravos". Assim estava afazer a ofertaa Deus por beneficio dos escravos mortos entre o tribo9

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    Mequedele. Depois, punha-se mais farinhae dizia, "Este farinha e paramuonsene mafumu kudaeonemwe "(para oschefes antigos queftmcionavam como sacerdotes e estSo a descansar). Depois,mencionava os pedidosde povo: chuva, saude, protec^ao. Depois,dizia o nome deDeus, assim:

    "Mulungu Mulengi wa pyonsene, ngona panja" (Deus, Criadorde tudo,que nSo dorme, literalmente, quedorme fora)

    Este foi o momento de verdadeiro louvor a Deus. O povoSena conheciaDeus Criador (veja Rom.1:21). Naquele momento, achuva come9aria de cair.

    O Pastor Meque contou a seguinte historia elicitada dumavelha de Murumbala, perto de Malawi, chamada Mikaela, sobreolugar Kwambona:

    Havia uma senhora chamado Salima Mbambala. A mSe delachamava Chanadze, ea mSe tinha duas filhas. Aconteceu quandoestava a entregar o sacrificio nsembe va ntapulu.que apareceu umaventania muito forte,e a filha Salima foi levada. A irmS que ficoutinha um sonho. O sonhodisse, "Salima foi levada por Deus."

    Entao, depois fizeram umacasa (um tabemaculo) feito dospanos dos demonios. Salima era uma mulher nSo casada, e elaapareceu ali. Arranjaram uma pessoa para cozinhar por ela, e aSalima funcionou como nvandalo. (Normalmente o nvandalo foisempre um homem.) Ela gritava, e convidou muitagente para Id. Elatirou semente para semear,e deu-oao assistente para distribuir aopovo, porque ela ficava sempre dentro da tenda. Ela diziaque osemente veio de Deus. Cada pessoa trouxea sua oferta, e falava aora^So seguinte:

    Mulungu na Xikwembu. kutiona na vatwa iwe n'eona pania."Deus (Sena eChangana) que ve o nosso sofrimento, e nSo dorme,"10

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    i^ontamentos da Cultura do Povo SenaMulengi udalenea pvonsene "Criador que criou tudo"Imwe mafumu. dvani pvakudva "Vos os Senhores,comei

    esta comida" (Os sacerdotes mortos)Mizimu va kuipa dvani pantsi "Os espiritos maus comam nochSo" (Os espiritos dos escravos mortos)Depois, lavava as maos,e secou-as, espalhando a agua. Podia

    ouvir logo o som das chuvas.Aquele lugar foi chamado Kwambona.Ate agora, quando ha doen^a, especialmente uma tosse forte,

    dizem, "E Salima, esposa doMbona". Amarram o pesc090 eosbragos da pessoa doente com material de palha para acabar com adoen9a.

    (E interessante que a senhora que contou esta historia nSosabia falar Changana, mas usou a palavra Xikwembu para Deus. Istopode indicar a influenciado povo Tsonga no seculo passado nasprovincias centrais de Mo9ambique,ou pode ser queo nomeXikwembu vem da palavra Cikwambo emSena, o nomedum tipo dedemdnio.)

    Num lago chamado Dedha(norte do Mopeia na provinciadeZambezia) costumavam fazer osacrificio de Mbona tambem. Faziamno m6s deNovembro para pedir boa chuva, ou em tempo defomepara tirar comida do lago. O regulo dazona, chamada Chamanga,iniciava a cerimonia na seguintemaneira:

    O regulo foi ter com uma Senhora que tinha uma filhacrescida, ainda virgem. Disse a mSe damenina: "Mulungu Mbonaasafima mwanako." ("Mulungu quera sua filha. ) A mSe ficavatriste, a saber que a filha ja nao ia viver. Aconteceu que quando amenina foi chamada para sera esposade Mbona, ela come9ava a11

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    Mequesentir revimatismo, dor nos ossos. A mae da menina ficava maisconvencida por causa disto. O regulo foisempre em casa delaatechegar a convence-la deaceitar. Entao o regulo C0me90u a comprarroupa para aquela menina, tudo preta. Construiu tambem uma casapara ela viver. Cimentava a casa com lodo tresvezes por semana, emeteu dentro da casa altares feitos de terra.

    Toda a popula^So deu prendas a menina (as mesmas dadasnum casamento), e depois levaram-na para o rio, acompanhadas pelosregulos, anciaos e outras meninas. La no rio construiam umacabanapara meter toda a comida que trouxeram, e prepararam a comida la.As meninas estenderam xmia esteira onde a menina podia sentar eolhar de onde veio, comas costas ao rio. Todos comeram a comidaque trouxeram.

    Naquele momento o regulo C0me90u a falar, ate rezar, assim:"Voces todos estaoaqui neste momento. As mulheres prepararambem a comidae amarraram bem as crian9as nascostas." Dizia istoporque havia de surgir uma grande ventania.A ventania C0me90u, arrancou a menina e levou-a na agua.Ouviram-se gritos de alegria (tipo ulular) debaixo dadgua. O regulodisse: "Voces devem gritar tambem para animar esses que estaonadgua." As mulheres ulularam da mesma maneira para m ostrar alegria.A ventania passara, ea chuva C0me90u a cair. Todos voltaram para acasa.

    Depois de tres dias,o regulo chamouo povo para voltar aorio, para tirar de la nvika (flores de dgua que tem um fruto em baixosemelhante a batata) e nansomba (peixe preto). Os peixes sairamsozinhos, e nao tinhamque andar longe para tirar nvika. (Foi ummilagre.) As vezes aparecia um passarinho com uma pema so,enquanto estavam a tirar nvika. Ninguem podia rir ou desprezaraquele pdssaro, sendo a pessoa desaparecia logo. Tambem quando

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    Apontamentos da Cultura doPovo Senaforam mordidos por nsimdu (sanguessugas) nao podiam bat^-las.Tinham que dizer,"Cunhado, Cunhado "e fazer festasa elasat6 cair.

    N5o podiam comer este nvika nem assar o peixe. Secaram opeixe como bacalhau,e encheram caixas grandes feitas decanigochamadas misekete. Levaram estas caixase onvika para a casa damae da menina. Quando chegaram em casa, fizeram covas grandespara guardar o nvika para nao seestragar.

    O sitio onde come^ava a ventania chama-se Moanje. Aventania comefava la e acabava num sitio chamado Maso a Mulungu("Os Olhos deDeus").

    Este sacrificio foi feito ha pouco tempoem Dedha. O filho doRegulo Chamanga e da idade doPastor Meque. Ja nao fazemsacrificio das meninas, mas cada ano em Novembro oferecem comidaao Mulungu neste sitio.

    Note-se que o nome Mulungu invocado assim nao poderepresentar Deusverdadeiro. E uma oferta ao demoniodo rio. Ate orio estacheio de crocodilosque pertencem a este demonio, que naomordem ningu6m. Na linguagem Sena, dizem que existem mizimuva madzi.os espiritos dos mortos que vivem na agua. Cada rio, cadamar, tem oseu demonio, imi espirito territorial deagua chamadanzunzu. E cikwangwale muito forte. Foi o espiritode nzunzu quemanifestou-se na cerimonia. Deus nunca permitia o sacrificio de umser humano.

    O nzimu de Mbona 6 muito reverenciado entre o povo S ena.Pensam que e Mbona que da chuva, e pensam quee a vingan^a deMbona quando alguem nasce coxoou cego. Mas a Biblia diz quetudo vem deDeus (Ex. 4;11).

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    Meque3.5. Uma cerimonia para tirar bichos mabobo) que estragam amachamba.

    Quando entrarem bichosque estragam a machamba, hd umacerimonia entre o povo Sena para tirar estes bichos. Um conjuntodemulheres da aldeiaapanham aqueles bichos, p8em num recipiente, efecham-no. Quando est3o a apanhar osbichos, cantam;

    Nkupe (le-re-re ) wanga wangana angadva nkhabe khuta"Afasta Tenho algu6m em casa que quando come nao fica

    saciado."Levam os bichos no recipienteate o rio, e deitam osbichos norio. Tomam banho la, e voltam a casa, muito cedo de manha. AssimOS bichos desaparecem da machamba. Pensam que saoos mizimuque tiram os bichos, mas a Biblia diz que todas asben95os vem doSenhor(Dt. 7:13).

    Esta cerimonia continua at6estes dias. Sacrificios deste tipo,como ofertas de farinha aos mizimu. acontecem todos os diasdentrodum larSena, tanto na cidade como no campo.3.6. M^icos Tradicionais (Mang'anea).

    E importante distinguir, primeiro,dois tipos de curandeirosentre o povo Sena. O primeiro eaquele que cura somente com ervase raizes naturais. As vezes chama-se ng'anga w a kudziwa mitombwebasi, "ocurandeiro queso conhece medicamentos". Este curandeironao fica endemoninhado, nem sonha, nem adivinha a origem dasdoencas. O uso de plantas naturais (ou dos medicamentos do postode saude) nSo tem nadaa ver com demonios, e sao uteis para oscrentes (Col. 4:14).

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    Apontamentos da Cultura do Povo SenaHd outro tipode curandeiro,o nvansolo (plural anvansolo).

    que OS crentes nSo devem consultar (Dt. 18:9, Gal. 5:19-21). O nomerefere "aqueleque tem que sonhar". Este tipo usa o poder do diabo(os madzoka) para curar ou identificar aorigem de imia doenfaou damorte dealguem. Tem que ficar possuido por um espirito para fazero seu trabalho. Na Biblia, aqueles que praticaram isto foram mortospelo povo Israel (1 Samuel 28:9).

    Tipos de anvansolo incluem:O nvansango. que faz sorte usando escamas do crocodilo para

    responder "sim" ou "nSo" a uma pergunta.O nvanemba.que utiliza ventriloquismo para atirar a voz.O nkumbasa. que fazo tribunalde mwavi (veja 3.6,1.). E

    tambem chamado saphenda. porque ferve a palha numa caixinhachamada phenda,

    O nvankhundo.especialista na descoberta de feiticeiros. Estee muito temido pelo nfiti (o feiticeiro), porque sempre consequedescobri-lo. Toca o batuque, depois soube no telhado dacasa jaendemoninhado. Assim come9a a falar sozinho, e persegue ofeiticeiro ate apanhar. Bate o feiticeiro com a caudadum animal. Ocaso e depois levado ao regulo ou mambo(rei) para ser julgado.Muitas vezes o feiticeiro e morto.

    O nvahana (pi. anvahana).o mais forte entre os anvansolo. Etermo degrande respeito entre eles.

    O pai do Meque conhecia raizes, mas a mae dele eracurandeira endemoninhada. Mas Deus nSo permite este tipo deprofecia (Actos 16:18).

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    Meque3.6.1. Tribunal de mwavL

    Quando entrava um leSo numa area, o regulo convidava todaagente para se reimir, edizia: "Todas asmulheres, sem ter tempodedespedir em casa, tem que fazer uma viagem chamada likwekwe.Todas as mulheres reuniam-se,e arranjou-se um homem para levd-lasa um curandeiro especial, o nkumbasa.para consulta-lo. O propdsitofoi descobrir quem d que mandou o leao,quem era a dona do leSo, afeiticeira (veja 3.7.2.).

    O tribunal decorreu assim:Numa pequena panela, punham-se umas palhas pequenasduma arvore venenosachamada mwavi. Ferveram a agua, e cadamulher tinha que dizer, "Se este leao estd aqui por minha culpa, queroque estes mwavi naosaiem fora." Quando a dgua ferve, se as palhassaiem para fora, ela ndo tem culpa. Se as palhas vao para o fundo dapanela, ela tem culpa.

    Antigamente, se asmwavi nao sairem, e amulher encontrar-seculpada, ela tinha quebeber a dgua venenosa. Mais recentemente,usavam um gato. Deram a dgua a um gato para beber. Se o gatomorria, a mulher tinha culpa.

    Se a mulher 6 identificada comoculpada, ficava chicoteadapelo regulo, ou presa durante algum tempo. As mulheres iam aoregulo, com o gato vivo, ou com a cabe^a dogato morto. A culpadatinha que confessar naquela altura.3.6.2. Dangas relacionadas com o nvansolo

    As seguintes dan9as tradicionais sao ligadas com os espiritos,e fazem parte da carreira do nvansolo. Os crentes naodevemparticipar nelas:

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    Apontamentos da Cultura do Povo Senaa) Ndranee. O nome refereao tipo de batuque usado na

    dan9a. Quando alguem quiser se tomar nvansolo.faz esta cerimonia,usando 13 batuques deste tipo. Como parte da cerimonia,a pessoatem que matar um animal (um gato ou um cabrito, por exemplo) ebeber o sangue.

    b) Makung'imde. O nome refere ao outro tipo de batuque. Acerimonia faz-se com 3 batuquesdeste tipo, e6 para acrescentar opoder de um nvansolo

    c) Minemba. Esta dan9a tem como objectivo adivinhar oquetem um doente (fazer aanalise). O tipode batuque usado chama-sepfukula. e usa-se s6 um batuque na danfa. O nvansolo fica possuidopelo demonio e fala com uma voz alta, nasal e afectada.

    NSo 6 o pr6prio tipo de batuque que6 do diabo, mas amaneira de tocar. Se um nvansolo tomar-se crente, os batuques deleusados nestas cerimonias tem queser queimados, porque podem serpossessos por demonios(Actos 19:19).3.6.3. Roupas e Instrumentos do nvansolo.

    sao asseguintes as roupas usadas pelo nvansolo:a) Suli: um pano vermelhob) Sirika: (vem da palavra "silk" em ingles?): imi pano

    branco, cmc) Chiria: outro tipode pano branco, cmd) Ropa: pano azule) Biribita: pano decor preto

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    MequeO nvansolo usa estes panos como bandeiras, para mostrar aos

    outros que tem demonios. Tem que ficar sempre com estes, paraprotec^So contra os proprios demonios. Senao, vai ficar atacado.

    O nvansolo usa osseguintes instrumentos:a) Nsupa (plural mansupa): um pequeno contentor, tipode

    calice, com oleo dentro, metido num cesto.b) Mafiita a nkobwa:o 61eo docesto, nkati wa nsupa (dentro

    da cdlice).c) Ntobo (plural mitobo): um pau usado para tirar o 61eo e

    mete-lo na boca da pessoadoente para a curar.d) Kamba: concha de caurim, tipo grande, queo nvansolo usapara ver coisas. (E a "televisSo" dele.)e) Mamba: pequena concha de caurim usada para protec9ao.

    As vezes metem coisasdentro.f) Zango (plural mazango): pequeno saco pendurado nopescofo com remedio dentro para defesa, vestido pelo nvansolo. O

    remedio pode incluir unhas de leSo ou de uma pessoa, raizes, oumissanga (contas devidro). O nvansolo p5e isto primeiro, depoisospanos para ter poder (para chamar os demonios para entrar). Osdoentes tambem usam mazango pequenos para ficarem curados.

    g) Ndra (plural micira): cauda de um animal, usada parabater pessoas ou casas para expulsar espiritos(fazer exorcismo).

    h) S inde: cauda de um pequeno animal (esquilo encamado).O nome tambem refereao proprio animal.

    i) Nsando: pequeno machadousado para intimidar pessoasquando estaendemoninhado na dan^a.

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    Apontamentos da Cultura do Povo Senaj) Lumo: lamina (usada antigamente para barbear), para cortar

    pessoas, e meter remddios em baixo dapele.k) Usanea wa kucena (pi mausanea): contas brancas Apalavra "missanga" foi adoptada pelos Portugueses.1) Zankaka: contas brancas usadas para protec^ao,ou pelos

    doentes para ficarem curados. O nvansolo usa-as para se tomarendemoninhado. A palavra vem de "cor de leite" (nkaka significa"leite").

    m) Minimini: pequeno semente preto e encamado.3.7. Feiticismo e Magia.3.7.1. O Feiticeiro Nfiti)

    Os feiticeiros tem entreeles uma "religiSo secreta". Fazemmdgicos verdadeiros. Entre eles hd mais mulheres doque homens.Hd casos conhecidos em que as feiticeiras raptaram alguem para ser oescravo do gmpo. Nestes casos a pessoaaparecia morta, foi metidanuma caixSo e enterrada, mas na realidade continuava viva ao servifoda feiticeira. Era capaz de voltar depois da "morte", mas nunca serialivre. As feiticeiras tambem transformam-se em crocodilos.

    O nfiti tem o poder deandar d noite, tirar pessoas da cama,levd-las a machamba para trabalhar noite inteira (sem elas saberem),e devolve-las a cama. As pessoas acordam muito cansadas, sem saberporque.

    Quando o pastor Meque era uma crian9a, tinha umaexperiencia deste tipo. Uma noite, uma mulher entrou no quartodele,uma mulher que ele conheceu. Tentou aproximar a ele para tocar osolhos e faze-lo adormecer. O menino tentou gritar, mas ndoconseguiu. Finalmente, conseguiu gritar, e o pai veio ao quarto, mas19

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    Mequeo pai nao conseguiu ver a mulher. A mulher ajoelhou-se perante opai e desapareceu.

    O bisavd doPastor Meque (o pai do av6dele, Ren90 Nkwepa)voava de dia, e atravessou o rio Zambeze a pe, enquanto foi cheio,sem barco. Tinham um crocodilo tambem. As vezesandava em cimadele. Quando morreu, o filho nSo estava presente. Entao, nSoconfiou aquelessegredos a ele.

    Muitas vezes uma mulher inocente e falsamente acusada deser feiticeira. 0Pastor Meque conhece um didcono da igreja cujaesposa foi acusadae executada. A pratica de acusa9ao e execu9ao emuito condenada pela igreja. Ao mesmo tempo, ofeiticismo e umacoisa que a igreja tem que enfrentar. Muitas feiticeiras ja foramlibertadas dos demonios que ascontrolavam, pelas ora96es doscrentes. Uma destas testemunhou ao Pastor Meque: "Desde tu meoraste, ja nSo posso fazera magia que eu fazia."3.7.2. Ledes Mdgicos.

    Hd entes espirituaiscriados por feiticismo (magia). Hafeiticeiros que nSo sSo endemoninhados,mas compram aquele poderdos outros. Usam paus (raizes). Quando batem estes paus a noite, ospaus tomam-se le5es, queandam para matar alguem (semelhante aopau que tomou-se serpente em Ex. 7:22). Quando algu6m dizer, "Talfulano tem leoes", quer dizer que aquele homeme feiticeiro destetipo.

    Havia uma m ulher (esposa dum regulo deMopeia chamadoNzero) que pagou alguem pelo poder de produzir estes ledes,com ainten9ao de matar alguem. Os paus tomaram-se leSes, mas antes detoraarem-se paus novamente, o"dono" dos leSes morreu,e a mulhernao consequiu transforma-los de novo para paus. Porque aquelesleoes fizeram muito maldade na comunidade, ela ficou obrigada de

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    Apontamentos da Cultura do Povo Senaviver no mato com eles, que com ela permaneceram como cSesdomesticados. Ela morreu em 1962.

    O Mequeconheceu um homem chamado Misasi que ficoutransformado em leao destamaneira. Aquele homem queria muitopoder (danQar muito), e por isso foi aocurandeiro. O curandeiro deu-Ihe um remedio para ter sorte, mas avisou-oque ntmca deve subirauma arvore. Se subisse, transformava-se num leSo.

    O homem nao cumpriu a recomendafSo do curandeiro,esubiu a uma drvore. Assim tomou-se leao, e C0me50u a matarpessoas inconscientemente.

    Um dia, estavaa chover muito,e uma mulher fugiu numa casaabandonada. Mais tarde, aquele leaoentrou tambem, ea mulherescondeu-se atrds da porta. O leao C0me90u a falar em voz alta, semsaber que a mulher estava la. Disse, "Estoua sofrer. Se eu tivessealgudm que ia aocurandeiro, para me bater com uma vassoura, eutomaria mais uma vez uma pessoa "

    A mulher foi contar isto a familia de Misasi,e foram aocurandeiro. O curandeiro fez que o leao ficasse perto, bateu nele coma vassoura oua cauda,e ele tomou-se homem. Este homem foiconhecido em Caia.

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    4. Leis Tradicionais Do Povo Sena.O povoSena 6 semelhante aosJudeus. Ha muitas leis

    semelhantes k lei de Moises,que em Cristo jd nao tem que cumprir(Gal.3;24). A nova lei de Jesus liberta o povo das antigas obriga^Ses.Por exemplo, a tradi95o diz queum bebe tem que ficar num s6 lugar.Quando alguem morrer, a tradigao diz que tem que matar umagalinha e cumprir muitas cerimonias, senao outra pessoa vaimorrer.O s crentes estao livres destas leis. Ninguem vai morrer se ascerimonias na altura de morte nao secumprem, porque Jesus protegeo seu povo. Tradicionalmente, quandoo pai da familia morrer, haimia cerimonia em queo irmSo mais velhotoma-se o novo pai dafamilia. Os crentes jd nao praticam isto, mas m antem grande respeitopara o irmSo maisvelho.4.1. ONascimento: Mabzwade.

    Tradicionalmente, quando umacrian9a nasce, a mulherakhapita mabzwade (ela fazia acerimonia mabzw ade). Antes defazeresta cerimonia, elaera considerada mukho(tabu). A cerimoniaconsistia na lavagem do corpo dela num recipiente de barro. Depoisde lavar-se, a potecom a dgua suja foideitada fora num lugarespecificado, quedali a diante tomava-se mukho tambem.

    Se esta cerimonia no era praticada, a crianpa podia teranemia ou podia ficar inchada. O marido tambem ficou obrigado deciunprir certas regras cuidadosamente. Sendo, a crian^a tambempodia ficar inchada.

    Esta cerimonia nao tem nadaa ver com oscurandeiros. MasOScrentes ndo praticam isto, porque foi uma grande escravatura.Quando um crente nao pratica estas coisas, ea crian^a ndo fica

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    Apontamentos da Cultura do Povo Senadoente, todos na comunidade acreditam em Deus. Com estacerimonia, o diabo intimidavao povo. Em Cristo, a mulher jaestalimpa.4.2. Thati; 40 dias depois do nascimento.

    Ha uma outra cerimonia que se faz quando imi bebe estdtirado dacasa pela primeira vez, maisou menos 40 diasdepois donascimento, chamado thati. So asmulheres dan^am, para ensinar anova mae como tomar contado bebe.4.3. A Inicia^So das Meninas e dos Rapazes.

    Quando uma menina atingir 14 anos, as jovens da mesmaidade (jd iniciadas) dan^am omaseseto para ensinar a nova mulher.Os homens nao estao admitidos para assistir a esta dan9a; e paramulheres so, que tiram a roupa para dan9a-la. Durante a dan9a batempalmas e usam os makacha. A festa pode acabar imia semana;depende da comida disponivel. Estas dan9as sao aulas de inicia9ao eforma9ao de uma pessoa bem-educada.

    A igreja deve substituir a inicia9ao tradicional com um tipo deseminario para ensinar as jovens como secomportar como mulheresadultas. Ha grande falta deste ensino entreos crentes.

    A inicia9ao dos meninos faz-se numa maneira diferente.Difere muito de regiao para regiao, masem Zambezia leva 2 ou 3mdses. Durante este tempo os meninos ficam no mato, ficamcircuncidados, e aprendem como preparar um corpo morto, e tomaroutras responsabilidades. Durante este periodo, nao podem ficar emcasa, mas roubam comida da casa anoite.) Esta cerimonia ja naoemuito praticada.

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    MequeA igreja pode ter um tempode forma5ao dos jovens tambem,

    com treinamento pratico (comoconstruir casas e trabalhar bem)juntos com ensino espiritual sobre a vida adulta.4.4. Rundu: FormafSo especial.

    Quando ospais dum jovem pensam que e pronto para receberinstru^So especial (com 23 anose tal),convidam pessoasespecializadas para ensind-lo. Estuda muitas coisas, at6 aestructurado corpo humano (esqueleto, orgaos vitais).

    W k xmia cerimonia de consagra?^ deuma pessoa que passoupor toda esta forma9ao, chamada rundu. Deitam bebida sobre acabe^a (tipo debaptismo) e dSo um novo nome a pessoa. E umadan9a com um batuque, para mulheres usualmente, mas homenspodem participar. A festa e organizada pelo pai do individuo, queconvida pessoas para dan9ar, comer e ensinar o jovem. Depois deuma semana,o jovem recebe o novo nom e; dzina va kueonekwa.Nomes tipicamente Senasao Ntsai eMazalale.4.5. O Casamento: Macungudzo.

    O casamento tradicional entreo povo Sena realiza-se damaneira seguinte;

    O rapaz que quer casar fala com um medianeiro, queconvidameninas recomendadas, de bom comportamento, para a casa. Omedianeiro diza cada convidada,"Vem pilar " O rapaz escolha umamenina entre elase fala com o medianeiro sobre a escolha dele. Amenina recebe um sinal dele, queela mostra aos pais dela. Depois, orapaz da um outro sinal a ela.

    Nesta altura, os pais dorapaz visitam os pais damenina, eoferecem mais um sinal a menina. Ela entrega isto aos paisdela, para24

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    Apontamentos da Cultura do Povo Senamostrar que ela aceita de livre vontadeo casamento. As vezes, ospais do rapazentregam o lobolo (pagamento tradicional) aos pais damenina durante estavisita. Combinam o dia do casamento.Quando a menina e muito nova, fazem uma cerimonia naaltura em que atingea idade para casar,chamada kudvesana.

    Casam-se seis meses ate um ano depois deste encontro entreas familias. Durante este periodo a meninaestd sempre acompanhadacom uma irmd quando visita com o rapaz,ou em casa dos sogros.(Tudo isto deveser preservado entre os crentes )

    O dia do casamento podeser combinado pelas duas familias,para ter uma festa grande. Ou pode ser realizado por outra maneira:No dia do casamento, os sogros mandam pessoas para prender amenina por "surpresa". Ela fmge que naoquer sair da casa dos pais.Os homens enviados pelos sogros pedem dgua d ela, e quando ela dd,apanham a menina. Levam-na d casa dos sogros. Ela tem que chorarmuito, e parecer que nao tem coragem. Os sogros ficam "zangados"com S raptores e devolvem a menina d sua casa.

    A madrinha dela e o padrinho do noivo chamam-se mapungo("conselheiros") do casal. A madrinha leva a menina at6 a casa ondeela vai casar.4.5.1. Kuthupinva kwa Atombo: Prendas para o CasaL

    Nesta altura, ou asvezes depois de todas as cerimonias,osamigos dos noivos oferecem prendas. Ndo podem oferecer coisaspr6prias para mulheres aos homens,nem as coisas de homens aosmulheres.

    Coisas pr6prias para oferecer a noiva incluem: cisero(pineira), n'sengwa (cesto recipiente), nTchali. n'kate. e n'kafii(recipientes de barro para dgua), mulinga(tipo de garrafafeito de

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    Mequebarro), libwe na mwana mbeu (pedraspara moer)^ handa na minsi(pilao e pilador), makando (caixinha especial para no iva).

    Coisa proprias para o noivo incluem: medza na mipando(mesa e cadeiras), makando (tipo de malade madeira), supada(catana), n'semu (pequena machada), n'golo (lata para agua),maparatu ou ndiro (pratos), makhamico(copos), n'khumha (porcovivo).4.5.2. Mwambo wa Kupitiswa Lei do Acto Conjugal).

    Antes de viverem juntos,os mapimeo (singular phuneo.tambem chamados masabweni. singular sabweni)dao conselhos aosnoivos, O S homens separados das mulheres. Explicam as coisas quetem que ser cumpridos na primeira noite jimtos:

    Quando seconhecerem pela primeira vez, estende-se um panoque vai mostrar o sinal devirgindade da menina e tambem prova queo marido pode ter filhos. Depois do acto, o rapaz bate a porta paradar sinal aos conselheiros (podem ser os padrinhos do casamento ouas irmSs do rapaz). Estes conselheiros entram no quarto para ver ossinais no pano,e comeram a cantar n'thungulo (ulular).

    Nesta altura os conselheiros metem missanga (contas) nopescogo da mulher e no bra90 do homem, Os noivos usam estascontas durante os primeirosdias do casamento. Contas vermelhaspara a mulher indica que foi encontrada virgem. No pulso dohomempodem meter contas de tres cores diferentes, depende dos casos:Brancas indicam que omarido e homem que pode dar filhos.Amarelas indicam que nao pode dar filhos. Contas pretas indicamque nenhum sinal foi encontrado; n2o homem verdadeiro.

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    Apontamentos da Cultura doPovo Sena4.5.3. Manvalala: Cerimdnia de Ensinar o Novo CasaL

    Depois da primeira noite, a conselheira, junto com outrasmulheres, faz uma dan^a(tipo espectaculoao novocasal, para ensind-los como viver juntos nolar. As vezes aconselheira tiraa roupa dela,as vezes nSo. Ela ensina a noiva comose dan9a anvongolo. umadan^a para animar o marido. E uma dan^aque ela vai usar paraagradecer o marido pelas ofertasde roupa que vai comprar paraeladurante a vida caseira. A conselheira usa mahviniro a nkwanewa.trSs paus que sao postos na parede, para mostrar a noiva como fazertambem ao marido. Depois a noiva levanta-se e faz com o maridoaquilo que foi ensinado. O marido esfrega as palmas das mSos (masnSo as bate) para agradecer a esposa.

    A noiva e tambem instruida na cerimonia de kuphata nfuta(ac9ao de ungir com 61eo). A mulher senta-se na cadeira especialdela fm'phandoy Ela vai ungir o corpo dela enquantoo marido estapresente. E um tipo de teatro tradicional para animar o marido.

    Durante o manvalalaa noiva aprende marembo a mamuna.amaneira de mostrar respeitoe preparar ofertas de comida (veja 5.1.).Ela recebe tambem pimboti e mikanda (fios de contas),o m'phando (acadeira especial), um frasco de nfuta e uma caixinhaespecial paraguardar estas coisas, chamada makando.

    E durante o manvalalaque o marido tambem aprende comorespeitar a esposa, especialmente na area das ofertas de roupa (veja5.1.).

    Ninguem pode observar estes conselhos senSo aquele quetamb^casou-se tradicionalmente. Os conselhos dados durante omanvalala criam uma alian9a forte entre mulher e homem.

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    Meque4.5.4. Kupaswa Mafuwa.

    Algims dias depoisdo manvalala. fazem esta cerimonia paradar instru93o k noiva sobre a cozinha. E a cerimonia de entregar dnoiva as pedrasde cozinhar.

    Ou a sogra (mSe do rapaz) ou a irmado rapaz (depende dazona) chega com astres pedras do lare uma galinha. E preciso pegara galinha pelosdedos do p6, e a galinha deve ficar calada; nSo podegritar. Ela cozinhaa galinhae kansima (pequenos bolos de nsima(feitos de farinha demilho). Depois ela chamao novo casal. Elaensina a noiva que quando ela tira ocaril, tem que deixar um pouco,porque as vezeschegam hospedes nao-esperadas a noite. Se naochegam hospedes, o marido pode matabichar aquela comida namadrugada.

    Ela tambem ensina sobraa divisao da galinha (kudziwakueawa nkhukhu). As coisas mais importantes para oferecer aohospede (ou marido) sSo o finvinii (moela?) eo figado. A cabefa, opesco^o e as costelas sSo reservadas ao lado para a mulher.

    No caso de servir porco (nkhumba).as partes mais valorizadaspara oferecer ao homem sSo o nariz, asorelhas e a boca.Nesta altura a sograou irmS do rapaz entrega as pedras anoiva e diz, "A partir de agora voce cozinha sozinha. Tem aresponsabilidade de cuidar do marido, porque voce agora 6 a mae do

    rapaz." As vezes osconselheiros fazem uma imagem de barrochamada cidzimunthu. Mostra o marido com a barriga que tem fome.E para ensinar a mulher que agoraelae "mde" do marido,e tem quetomar conta dele. Se ele estar doente, sera necessario Ihe dar comida.

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    Apontamentos da Cultura do Povo Sena4.5.5. Kudvesana kwa atombo.

    Durante este diade kupaswa mafuwa. ocasal faz umacerimonia de dar comida um ao outro, semelhantecom a cerimdniade cortar um bolo noscasamentos modemos. O casal come jimtos agalinha e kansima preparados pela sogra. A mulher oferece bolo(kansima) ao marido, masele recusa. A segunda vez que ela oferece,ele aceita. Depois o marido faz a mesma coisaa mulher.

    Depois de todas estas cerimonias, o novo casal come9a a suavida nova.4.6. A Gravidez (Makhurudzu)

    Quando uma mulher casada fica gravida 3 meses, ela faz umadan^a para mostrar que ela jd chegou num outro nivel da vida. Apartir dai, ela pode tirar o seio fora do vestido (que e proibida ateaquela altura). Na dan9a s6 dan^am as mulheres idosase a jovem.Uma parte desta dan^a ea verifica9ao na parte dasogra que a nora erealmente gravida. Se a nora mentiu, ela pode morrer.4.7. A Morte: Kufa.

    Se alguem morrer, tem que se praticar acerimonia de kufa.Quando nSo se pratica, outras pessoas tambem podem m orrer. Paracumprir a cerimonia, matam uma galinha (ou mais) que representaapessoa morta. Comem juntos todos. Assim comunicam comunhdo, eficam purificados. Guardam os ossos,e quandooutros veem de longemais tarde,estes pegam os ossos, para mostrar comunhSo com afamilia, Se leva um ano ou muito tempo para chegar Id, a familia quevem de longe tem que tomar tobaco juntos ou fumar domesmocigarro.

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    MequeAt6 estd completa acerimonia da galinha, ningu6m pode ter

    qualquer contacto sexual. Toda a aldeia tem que ter cuidado, masespecialmente a familia enlutada. Se alguem nSo cumpre esta regra,tem que ir aodono da kufa.e confessar, "Nao consegui cumprir avossa kufa. SenSo, vai tossir sangue e morrer.

    Os crentes nSo cumprem a cerimonia kufa. e nao morrem.Outros veem e convertem-se.

    Depois de cadamorte (ou outra coisa md que acontece), opovo consulta um curandeiro para acusar a pessoa que causou.Os crentes tambem nSo fazem esta consulta. Acreditam quetudo esta nas mdos de Deus, e podem confiar nele. Se alguem causoua morte, isto tambem esta nas maos deDeus.

    Antes doenterro, uma danga de tristeza (chamada i edan9ada, usando um so batuque. Isto pode ser uma lata qualquer.

    Depois do enterro, dan^a-seo sedo.usando 9 batuqes devdrias altiiras. Os participantes poem mdscaras, comose fosse umcarnival, para animar econsolar as pessoas entristecidas.

    A dan9a diaeadia. esemelhante como o sedo. porque dan9a-se com mdscaras (mas n3o com tantas mdscaras) para alegrar pessoasdepois de alguem morrer. Usam -se 3 batuques,e todos oshomens emulheres que sabem dan9ar podem participar.

    NSo 6 pecado dan9ar nesta maneira, mas este tipo deconsola9ao (que nunca deu resultados) jd foi substituida pelaconsola9ao verdadeira que temos em Cristo (1 Ts. 4:16).

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    Apontamentos da Cultura do Povo Sena

    5. A Vida Familiar.5.1. A Cortesia Dentro da Famflia.

    Durante as primeiras semanasdepois decasar, os noivosvivem na sua propria casa no quintal dos paisdo marido. Duranteeste periodo, a sograexige muito da nora. Depois, a sogra ddindependencia aela.

    As mulheres que vivem no quintal (esposas do pai, e esposasdos filhos) cozinham juntos, edividem a comida para servir aoshomens. Quando uma mulher cozinha uma coisa, outra mulher naopode servi-la, se ela ndo diz especificamentea outra mulher, "Estou asair; pode servir."

    A sogra equem da asordens as noras naquela casa. Quandotm\a nora chega a casa, ela nSo pode dividira comida. Mesmo seasogra disser a ela "Pode servir "a nora vai recusar por respeito dela.

    As mulheres escolhem aspartes melhores dimia galinha paraservir aos homens: a pema, as moelas, o pesc090, o peito,o rabo, ofigado. Ficam para as mulheres somente ascostelas, pes, asas, ecabe9a.

    Para servir nsomba (um peixe preto com barba), o peixedivide-se em 4 partes: a cabe9a vai no prato dos homens, a barriga asmulheres, a primeira parte atras da barriga aos homens,e a segundaas mulheres.

    Os homens comem sozinhos, com os rapazes. Isto faz parteda educa9ao dos filhos. Assim os rapazesaprendem que na mesaprimeiro serve o hospede, depoisos homens, e finalemente, ascrian9as. As mulheres e meninascomem juntas separadas doshomens (pode ser na mesma sala).31

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    M6queAntigamente, osdois grupos comeram de um so prato, com asmaos. Antes de comer,todos lavam as maos(uma menina traz dgua)

    e depois servem, os mais respeitados primeiro.No campo,o dia come9a muito cedo. A familia levanta-se

    para ir trabalhar na machamba. Levam com eles batata doce cozidodo dia anterior, e comem fruta na machamba duranteo dia. A tarde,as mulheres voltam para a casa para preparar a comida dojantar. Afamilia come as 18:00 horas. Se a comida atrasa, contam historias dscrian^as para elas naodormirem.

    Depois do jantar, os membrosda familia falam sobre osacontecimentos dodia, trocam anecdotas,e contam h istorias queensinam as crian^as. Estes contos tradicionais e educativas chamam-se pithankano (singularcithankano. veja 7.6.).

    Hd uma cerimonia de cortesia entre o casal,que mostra oamor que tem um para outro. De vez em quando,o marido vaicomprar roupa para a esposa. Tem que ser um jogo completo deroupa, incluindo o cinto que vai em baixo. Se nao e completoaesposa vai recusar a oferta. O maridoe tambem proibido de abrirapacote de roupa comprada para a mulher para mostrar ds pessoas. Sea mulher saber disso,ela jd nSo vai receber. Vai queixar aopadrinho,porque o padrinho ndo tinha aconselhado bem o marido durante omanvalala. Mas se tudo estiver certo, ela vai agradecer o maridotradicionalmente, na maneira que foi ensinadadurante o manvalala(veja 4.5.3.).5.2. Makhodzo; Como receber uma visita com cortesia.

    Para receber uma pessoa respeitada, as mulheres entregamtoda a panela ao hospede, para ele escolher. Ele vai escolher oqueele quiser. Se o hospedee bem educado,ele vai especificar quequeroferecer todo o resto d familia. 32

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    Apontamentos da Cultura do Povo SenaSe a familia quer oferecer um cabrito ou um porco, vai

    chamar o hospede antes de mataro animal,e dizer; "E caril paravocS e quiser, pode levd-lo para a casa." Mas o hospedebemeducado vai responder, "NSo, podem matar," eassim compartilha acomida com a familia.

    Quando alguem na comunidade recebe um hospede, toda avizinhanfa traz galinhas ou comida preparada para saudar o hospede.Cada vizinho apresentaa sua oferta a visita.

    Quando os rapazes atingem a idade de 18anos (e as meninas14 anos), come9am a fazer makhodzo quando visitam uns aos outros.Quando uma menina visita uma amiga dela,ela faz makhodzo paraela, levandogalinha, arroz, etc. Os pais tambem fazem makhodzo damiga que esta a visitar, para mostrar queela e bem recebida.Semelhantemente, quando um amigo do filho chegaemcasa, os paistambem tratam-no bem.5.3. Disciplina das Crian^as.

    Uma mulher, quandoesta zangada com umacrian^a, podepedir o marido para chamar a crian^a, disciplind-la e educa-la. Omarido tem que tomar esta responsabilidade, porque o homen nSopode deixar toda a educapao dascrian9as com a mulher.5.4. Div6rcio.

    Quando o marido ja nSo quer a mulher, leva um pau pequenoque parte-se na presen9a da mulher. Indique o div6rcio. Outramaneira de desprezd-la 6 tirar fora acaixinha dela dadadurante ocasamento. Da mesma maneira, se umamulher sai dacasa e levaacaixinha com ela,ela estd muitozangada e quer um divorcio.

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    MequeOs motivos dedivorcio na parte domarido incluem: nSoobediSncia na parte da mulher, incapacidade de ter filhos, e

    adulterio. Na parte da mulher, pede divdrcio se o homem nSo esta adar filhos, por causa de adult6rio,e outros m otivos negativoscomprovados pela familia dos dois conjuges (ex. feiti9aria, etc.).

    Quando um membro do casal quer divorciar, vio aos pais damulher. Tentam fazer conselhos com os padrinhos, e as vezesamulher volta aomarido com prendasde paz. Se a mulher fosseofendida, o marido arranja prendas para a sogra, e o casamentocontinua.

    Mas quando partir o pau,o casamento acaba e a mulher (ou omarido) pode casar de novo. Os filhos pertencem ao pai, mas se eleficar com os filhos, nSo pode pedir odinheiro de lobolo dos sogros.Neste caso, mesmo se os filhos viverem com a mSe, mantem oapelido do pai. Seele levar odinheiro de lobolo, os filhos v5o com amSe, e mudamo apelido para a familia dela. Se ela casar de novo,aqueles filhos continuam com o nome dos avos.

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    6. Organiza^ao Social.6.1. Governo Tradicional.

    No govemo tradicional havia estadosgrandes onde reinavaum mamho (rei), junto como ajudante dele (saphanda). Umaassembleia de conselheiros (mathubo) tambeni serviao rei. Onvandalo avisava o rei deacordo com a vontade do espirito territorialda regiao. Atras de cada govemohavia espiritos que controlavam asdecis5es do rei.

    Antigamente havia donos das areas que promo viam guerra,chamados anvacitho. (Eram os prazeiros do Vale Zambeze noseculopassado?) Estes queriam dominar outros, para expandir os reinosdeles. Cada nvacitho tinha o seu exercito, chamado n'khondo.

    O chefe duma aldeia chama-se mweni.Ha dois termosde respeito utilizados para lideres: mpfumo(pi. rnafmno), usado para mostrar respeito para qualquer pessoa, e

    mbuva. reservado para Deus, osavos, ou o compadre (o pai dogenro). Utilizava-se tambem por escravos a falar com o dono.6.1.1.19 Pontos Como se Organizam as Suas Tradigdes daGovernag o no Meio do Povo.

    1. Mambo 8. Mapfimio nyapyawo2. Saphanda 9. Anyacitho3. Mathubo 10. Alangi4. Amambo ou mwana mambo 11. Akazi a mambo5. Amweni Mpfumo 12. Anyakhondo6. Mang'anga 13. Anthu7. Anyandalo 14. Ntupo/Mitupo

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    Meque15. Dzindza nkhonda ngana 18. Cisa16. Mudzi 19. Nzinda17. Midzi6.2. Termos de Geneologia.

    Uma pessoa Sena pode identificar asua geneologia emidentificar tres coisas: o dzindza dele (Sena), ontupo dele e o n'khondodele. Dentro dodzindza (tribo)Sena ha varios mitupo. O ntupo e onome de louvordo cia, e onome do tabuassociado com ocia. Podeidentificar familiares distantes com a pergunta: "Ntupo ano ndimweani?" (Qual eo vosso ntupo?) Com a resposta, "Ndife Thambo,"identifica-se com todosos outrosSenas com o ntupo Thambo, queindique o tabu de beber agua da chuva. Dentro do ciaThambo, pode sermuitos ankhonda. como, por exemplo, Nkwepa, Ntonganyika, eNsakama.6.2.1. Mitupo do Povo Sena.Amwamba NthiraBande SakudziBiwi GwenjereBiwi KalengaBonzo GudoBonzo KhutwaBonzo NsineBotha MaraBotha NjedzeraBwari MbawadziCheda NyanguwoCirenjeDembo GanungaDembo Mphete

    Dzangwa BaruzoDzowa CandoDzowa KacitiDzowa MunikiraDzowa PfambiraFuruma SokaFuruma Soka MochaKhothi NguniKhoti MangalaKhoti MulimbaLimani Likwali DzanyiraMakate Akudza KwawoMasapa MasadedziMasape Cimoyo

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    Apontamentos da Cultura do Povo SenaMbadzo AmadMbadzo DzangwaMbadzo Dzangwa SabuweMbadzo LomweMbadzo Lomwe LemwaMbadzo MacingaMbadzo NgwindiMbadzo NkutaMbadzo NkwawaMbadzo NtadziraMbadzo ThangataMbidzi SasimbeniMbira GerariMoyo MbadzoNgawa GondaNgawa MatayaNgawa MatayaNgawa MatopeNgawa NzeruNgombe NyacumaNgurumba MarobveNkuyana SunzumwaNyangwaRondo KasisiSawe NkwiriSawe NyowaSopa NkutaTembo Bambala6.2.2. Dzindza do Povo Sena.Akhonda Bonga

    Tembo KongoTembo SamatenyeThambo CatalaThambo CipwadzoThambo CocomaThambo DongoThambo DzanyaThambo GimiamasanzeThambo LombwaThambo MoyowayaThambo MpitaThambo Mwana PinaThambo NkolomoraThambo NsakamaThambo NtombweThambo Ntonga NyikaMagudumiraThambo NyamalembaThambo NyambaniThambo Nyanguli DimoMakombeThambo Nyani SungaThambo Nzumw a NkwepaThambo PhadzaThambo PinkwenkweThambo SumbuleroThambo ZimbaweTsoka Berenga

    Anyabwere37

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    MequeAponta VidaAsambaBakhalaDembeDzade MwanambwaKasairaKhalukoMalambaMbalameMindodzoMpanjeNadziNcenga

    NderembeNkanteraNkudzi WaleraNtangaNtowaNyumSambaSambaliSapauVembeVumbeYayaSapfuli Sangaladza

    6 3 Nomi: Uma Organiza^So dos Jovens.Todos OS homens nlo-casados (jovens de 13 anos e para frente)

    fazem parte de um "clube"' em cada regiSo chamado nomi. Se alguemna comunidadequer construir uma casa, matam galinhasou imi cabrito.As mulheres cozinham, a os homens constroem juntos a casa. Sealgu6m na comunidade atrasa com a machamba dele, todos vSo la paraajudar semear, lavrar oucolher. No fim do ano, fazem uma festa,durante a qual todos comem jxmtos, por alegria.

    Este sistema de nomi ainda funciona. Cada nomi tem um chefe,escolhido pelo grupo, que serve comodirigente ate secasar. O maldeste grupo 6 que praticam imoralidades proibidas por Deus. Mas valemuito o sistema. Os jovens da igreja podem aproveitardeste conceitopara ajudar acomunidade. Entre oscrentes, ja ajudam um aooutro, commachambas e casas.

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    Apontamentos da Cultura do Povo Sena6.4. Nkati mwa kumanewa nfundo: Disciplina entre osConselheiros.

    As maes duma aldeia tem a fun^ao de discipular as meninas nocomportamento correcto. Ha outros conselheiros (no casamento, porexemplo) que tambem tem a responsabilidade dentro dacultura deensinar osmais novos. Se um discipulo comportar-se numa maneiraimpropria, 6o conselheiro que estd castigado,e estadisciplina imp6e-senas reuniSes dosconselheiros. Por exemplo, se uma menina falha nasregras de mostrar respeito aos velhos (ela estende-se no chao nocaminho dum mais velho numa maneiraerrada) o homem ofendidovaichegar a conselheira da menina,a dizer, "Este discipulo vosso meinsultou." As maes vao reunir, e amarrar um pano para aplicar adisciplina a conselheira. Ela vai pagar qualquer coisa (uma galinha, porexemplo) aoofendido. Isto equivale a multa.

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    7. Cultura Material.7.1. Roupa Tradicional.

    A roupa tradicional do povo Sena foi muito influenciada pelosarabes que fizeram os primeiros negocios noRio Zambeze. Os homensiitilizavam k^hundu. um len^ol que passava entre os pemase foiamarrado, junto com uma camisacomprida. As mulheres ricas tambemutilizava roupa comprida com m angas com pridas.Por influencia destes "munyes", o povo Sena aprendeu a tecnicade tecer panos. As mulheres ate hoje utilizam p anos que cobrem osseios e chegam ate em baixodos joelhos. Quando uma mulher veste-senesta maneira, ninguem critica. E bem vestida. As meninas saoobridadas de manter os seios cobertos. Depois da cerimonia degravidez(makhurudzu) a senhora ja nSo tem esta obrigagao.

    7.2. A Beleza da Mulher: Tatuagem.Depois da cerimonia deinicia^ao das meninas,tradicionalmente havia tatuagem de varios tipos: ncecete. naspemas; cikudzire.na coluna; n'saeo. no bra9o; nlcwenvabwerera. nos ombros; pithatha. na barriga; emaborosa. nascostelas. Havia tatuagem na cara tambem para identificar opovo Sena, mas pequenas tatuagens, nSo muitas comofaz o

    povo Makonde.7.3. Tipos de comida.bambava batata docebatata batatambawala gazela mais alta do

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    Apontamentos da Cultura do Povo Senacimbamba feijaoepolvu repolhokacolo pimento pequenomacuwere milho pequenomafalinva mandiocamafuta 61eomandui amendoimmapira manea milhomasamba verdura, folhasmatimati tomatesmpalapala impalampunea arrozmunvu salmurumbi milho muito pequenonasi gazela muito pequenankati paonkulupini tipo de ratonsendzi ratazananseneo kutwa gazela vermelho-

    castanhonseneo tipo de gazelansima farinha cozinhadansomba came ou peixe

    (palavra usada poraqueles que nSo vivemperto do rio)nvakodzwe tipo de gazela

    nvama za madzi peixenvama za mpanda camenvati bufalo

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    Mequenvawanie milho ainda mais

    pequenonzou elefantemphenembe tipo de legartopiripiri pimentorundzwa outra gazela muito

    pequenasabola cebolasinora cenourasulo coelhosunea hortali9a (tipode

    masamba)tirigu trigoufa farinhazimba Pangolim7.4. A Constru^do de Casas.

    Antes decasar, um jovem 6 levado ao mato pelo padrinho. Ojovem corta o primeiro arvore,e o padrinho as outrasestacas paraensina-lo. Depois constroem uma casapara o casamento.sao sempre os homensque fazem a constru9ao, mas as mulherespodem limpar o sitioantes deconstruir.Na construfao de outras casa, os vizinhos ajudam a familiaconstruir, e a familia prepara comida parao evento.O povo Sena tem dois tiposde casas tradicionais: nvumba vandzulu (tipo primeiroandar) e nvumba va pantsi (construida no chao).0primeiro tipoconstroi-se daseguinte maneira:Metem-se mphanda na terra. Sao ascolunas que levantam a casapara cima. Depois metem-se vigas transversals chamadas miamha (sing.

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    Ap ontamentos da Cultura do Povo Senamwamba). As tabuas dochao chamam-se waliso ou waliro Deixam astabuas estender-se para fazer um tipo de varanda chamadombidza.Depois erguem-se outras coiunas,chamadas maniingo (sing, niingo). Acoiima principal no meio do chSo que vai para o tecto chama-se n'zati(pi. rmz ati). As vigas transversais dotecto chamam-se mitanda amachiru (sing, ntanda a machiru) que significa onde correm os ratos".Para fazer o tecto,estendem-se estacas principals, chamadas mivendo eoutras estacas chamadas m'palopalo. Se todas as estacas vao para ocentro (o tecto e quadrado),o ciimulo chama-se batete. As vezes fazemnthupi (pi. mithupi) no cumulo de capim, para embelezar a casa. Se otecto e rectangular, a viga principal em cimado tecto chama-se khasa(pi. makasa). O tecto faz-se de capim amarrado em molho, chamadophembo (pi. mapembo). Cobre-se a casa com capim chamado nsanzi.As vezes fazem uma porta feita decani^o (mitete) chamadaciseko.

    Em baixo da casa fazem a cozinha (chindoYNo segundo tipoda casa, nvumba va pantsi. utilizam colunas

    (macikwa. sing, chikwa) As paredes sSo feitasde capim, chamado nfufu(pi. mafufu). As vezes fazem pequenos buracos (janelas) para espreitarfora, chamadosmampengo (sing, mphengo).7.S. Dan^as Culturais.

    Nesta secgao trataremos das dan9as tradicionais que nSotem nada a ver com os demonios, mas simplesmente fazem partedo patrimonio cultural do povo Sena. As dan9as do povo Sena sSodistinctivas e facilmente reconhecidas. Todos sabem que aqueleestilo eSena. Tambem podem comemorar eventos e datas nahistoria. Fazem lembrar o quS passou.

    a) Sedo: Uma dan9a que usa9 batuques de vdriasalturas, dan9ada quando alguem morrer, depois do enterro. Os

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    Apontamentos da Cultura doPovo SenaSo as mulheresdan9am, para ensinar a nova mSe como tomar contadobebe.

    h) Rimdu: Uma cerimonia deconsagra95o de uma pessoa quepassou por toda esta forma9ao. Deitam bebida sobrea cabe9a (tipodebajjtismo) e d3o um novo nome a pessoa. E uma dan9a com umbatuque, para mulheres usualmente, mas homens podem participar. Afesta 6 organizada pelo pai do individuo, que convida pessoas paradan9ar, comer eensinar o jovem, Depois deuma semana, o jovemrecebe o novo nome: dzina va kueonekwa. Nomes tipicamente Sena s3oNtsai e Mazalale

    i) Cikudzire: Uma dan9a dos rapazes e meninas, dan9ada numcirculo. Uma pessoa entra e sai do circulo, Dan9a-se com 3 batuques ebatem palmas. E para ocasiSesespeciais, s6 por alegria, ou paraconsolar uma familia depois dum falecimento.

    i>Likhuba: Uma dan9a de rapazes com meninas, com 3batuques, com o mesmosignificado docikudzire. E so por alegria.

    k) Valimba: Uma dan9a com musica da marimba (mbango).Todos dan9am conjuntos, por alegria. Para fazer uma festa uma pessoapode chamar imi grupo para dan9ar

    1) Neundula: Uma dan9a para todos, com 3 batuques,especialmente para jovens, em festasquaisquer.

    As dan9as i) atd I) podem ser substituidas nas igrejas com corosou conjuntos musicais para jovens. Os crentes naopraticam estasdan9as, mas podem utilizar os instrumentos musicais (como o mbango)para cantar aoSenhor (Ps. 150:1-6).

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    Meque7.6. Pithank : Contos Educativos.

    O objectivodo conto cithankano foi ensinar valores importantesas crianfas. Este tipo de conto tem uma secgSo em que aquela pessoaque conta a hist6ria canta uma pequena can^ao, com respostas cantadaspelos ouvintes.

    Utti exemplo6 a hist6ria deum casal que nSo tinham filhos, epor isso construiram uma meninade palha. Quando um rapaz veio paracasar coma menina,os pais aconselharam o rapaz que a filha delesnunca deve dormir aolado do fogo. Ele concordou, e casaram-se. Umanoite, o rapaz esqueceu oconselho dos sogros, e a menina ficou obrigadade dormir perto do fogo. Ela gritou, "Mama Eu n5o durmo perto dofogo " e ela morreu. O objectivo dahist6ria 6 que o genro tem quesempre ouvir o que os sogros dizem sobre a esposa dele, ou pode matar amulher sem saber.

    Outra historia conta dumamenina que casou com um rapaz queveio, de longe, que ninguem conhecia. Depois docasamento, o noivotomou-se hiena, e matou a menina. A li^ao: Nao deve casar-se comalguem que nSo conhece.

    Um conto tipo cithankano:Havia uma mulher chamada NtsaiKhanasembwa. O pai desta

    Ntsai nSo queria que os rapazes trouxessem dinheiro para o lobolo.Antes, exigia que os rapazes tinham que encher um celeiro com came.EntSo, apareceu um jovem chamado Nyakatembo. O pai dele chamou-se Tebo Tebo. Foi informado pelo sogro que tinha que fazer isso. Eledisse, "Bemiivgu vero que posso fazer."

    fent&o, ele foi no'mato; Quando chegou Id, come^oua murmurarsozinho jwa c&ntar, porqiie eletinha citumwa (uma droga de magia).Come^Ou a cantar, dizendo,

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    Meque7 6 Pithankano; C ontos Educativos

    O objectivodo conto cithankano foi ensinar valores importantesM crianfas. Este tipo de conto tern uma secgao em que aquela pessoaque conta a histdria canta uma pequena cah^^o, com respostas cantadaspelos ouvintes.Um exemplo e a hist6ria de umcasal que nSo tinham filhos,epor isso construiram uma menina de palha. Quando um rapaz veio paracasar com a menina, os pais aconselharam o rapaz que a filha deles

    nunca deve dormir ao lado do fogo. Ele concordou, e casaram-se. Umanoite, o rapaz esqueceu o conselho dos sogros, e a menina ficou obrigadade dormir pe;rto do fogo. Ela gritou, "Mama Eu nao durmo perto dofogo " e ela morreu. O objectivo da hist6ria e que o genro tem quesempre ouvir o que os sogros dizem sobre a esposa dele, ou pode matar amulher sem saber.

    Outra hist6ria conta dumamenina que casou com um rapaz queveio de longe, que ninguem conhecia. Depois do casamento, o noivotomou-se hiena, e matou a menina. A li^ao; Nao deve casar-se comalguem que nSo conhece.

    Um conto tipo cithankano:Havia uma mulher chamada Ntsai Khanasembwa. O pai destaNtsai nSo queria que os rapazes trouxessem dinheiro para o lobolo.Antes, exigia que os rapazes tinham que encher um celeiro com came.

    Entao, apareceu um jovem chamado Nyakatembo. O pai dele chamou-se Tebo Tebo. Foi informado pelo sogro que tinha que fazer isso. Eledisse, "$em,;yQuyero que posso fazer."EritSOi ele foi no mato. Quando chegou la, C0me90ua murmurarsozinho |)ara i tar porqiie ele tinha citumwa (uma droga'de magia).Come0u a cantar,dizendo,

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    Apontamentos da Cultura do Povo Sena"Ndine Nyakatembo, mwana TeboTebo, (Eu sou Nyakatembo,

    filho de Tebo Tebo)Nkufera Ntsai, NtsaiKhanasembwa" (Ndiri kufera, nkhabesembwa) (Estou a morrer por causa de Ntsai, ela nao namora)Quando estava a cantar assim tranformou-se num leSo.EntSo, conseguiu matar muitos animais. Levou estes animaispara perto da casa dos paisda menina. Transformou-se mais uma vezpara ser uma pessoa. E foi em casa da menina, vmi pouco fraco, eapresentou-se a menina; "Eu fiz alguma coisa ~ esta ali." E tinha

    montado muita came.A menina disse ao pai. Quando o pai chegou, disse, "Xi Como

    6 que este rapaz fraco conseguiu matar tantos animais?"EntSo o rapaz outro dia pensou em ir ca^ar, e o cimhado (irmSode Ntsai) decidiu segui-lo. Quando o rapaz olhou para trds, sempreo

    outro escondeu-se, para nao ser descoberto. Chegou no destineonde eleia, e aquele cunhado tambem apareceu ali. O rapaz perguntou, "C omochegaste aqui?"

    Respondeu, "Bem, vim com os meus amigos."O rapaz disse, "Eu tenho que trabalhar. Para trabalhar, tenho que

    te amarrar e pendurar num arvore."EntSo, amarrou aquele homem, e o rapaz C0me90u de novo

    cantar a can95o dele,e transformou-senum leSo.EntSo, este homem continuou a cantar e consequiu matar muitosanimais. Depois, quando acabou, tranformou-se novamente,e tirou ohomem da d^ore. O cunhado pendurado ficou com febre,causado pelomedo, e o rapaz disse-lhe para nSo dizer a ninguem estas coisas queaconteceram la. Quando chegou em casa,e os outros perguntaram,disse, "NSo, estou so com febre."47

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    Mas come^ou a ensinar a canfao queele ouviads outras meninas. Quando estavam a moer numapedra, comearam a cantar aquela cangSo. Naquelaaltura, quando estavam a cantar,o rapaz regressou acasa dos pais,e ouviu-asa cantar. Quando ouviu,ficou muito animado. EntSo, ele tambem comcQOu acantar e transformou-se num leSo. Quandotranformou-se, como la nao havia animal para matar,come^ou a matar o sogroe a sogra. Aquele rapaz queensinou a can^So fugiu. Depois de morrer os sogros,transformou-se de novo numa pessoa.

    A li^So deste conto e nos seguintes conselhos:NSo arranja os curandeiros, porque pode setransformar, sem querer. E aos pais: Nao pedemmuito de lobolo, porque pode ser que uma pessoa mavai conseguir a filha.

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    ReferenciasBiblia Boa NovaCabral, Ant6nio Augusto Pereira. 1924. Vocabuldrio.Schebeste SVD. Viena: 1924. Prefacio no come? do PracticalGrammatical Notes on the Sena Language do P. Alexandre Moreira SJ,na edifSode ANTHROPOS.Universidade Eduardo Mondlane, Departamento de Historia. Maputo:1988. Historia de Mozambique Vol. L

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